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SANTANA
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS EXATAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM REDE
NACIONAL PARA ENSINO DAS CIÊNCIAS
AMBIENTAIS-PROFCIAMB-UEFS
Feira de Santana - BA
2019
ABÍLIO CLÁUDIO DO NASCIMENTO PEIXOTO
Feira de Santana - BA
2019
Agradecimentos
The number of studies and research on comic books in basic education has grown, evidencing
its importance as a didactic strategy. However, there are few studies dealing with the
elaboration of comic books by students, from a Critical Environmental Education perspective
articulated with the skills and competences of the Reference Matrix of the National
Examination for Certification of Youth and Adult Competences (Encceja). In this research we
investigated the relationship between the elaboration of a comic book from themes of socio-
scientific and socio-environmental relevance around the school with some competences and
skills necessary for the student to participate in his academic life and in society. The general
objective of the research was to identify skills worked during the elaboration of the comic
book, using as base the Reference Matrix of the National Examination of Certification of
Competences of Youth and Adults (Encceja). One of the tools used as a strategy to track
students 'trajectory during the activities needed to prepare the comic was to develop a
spreadsheet capable of collecting data on students' behavioral engagement. These data showed
that the students who participated in the tasks had the opportunity to work skills and
competences from the various areas of knowledge described in the Encceja Reference Matrix.
The learning situations generated for the elaboration of comics, related to the place of lived
and perceived experiences, stimulated the initiative of some students to resort to research
procedures to explain transformations that occurred in the place.
1. INTRODUÇÃO 12
6. REFERÊNCIAS 78
APÊNDICE 87
ANEXOS 173
FIGURAS
LISTA DE QUADROS
Quadro 01 - Modelo para coletar dados sobre a entrega e frequência nas atividades ............ 40
Quadro 02 - Desempenho do grupo durante as atividades iniciais ....................................... 56
Quadro 03 - Habilidades identificadas nas atividades iniciais com base na Matriz de
Referência do Encceja - Ensino Médio ................................................................................. 61
Quadro 04 - Competências mobilizadas na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias
tendo como base a Matriz de Referência do Encceja - Ensino Médio.................................... 62
Quadro 05 - Competências mobilizadas na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias
tendo como base a Matriz de Referência do Encceja - Ensino Médio.................................... 63
Quadro 06 - Competências mobilizadas na área de Matemática e suas Tecnologias tendo
como base a Matriz de Referência do Encceja - Ensino Médio ............................................. 63
Quadro 07 - Competências mobilizadas na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
tendo como base a Matriz de Referência do Encceja - Ensino Médio.................................... 64
Quadro 08 - Eixos cognitivos mobilizados nas áreas do conhecimento ................................ 66
Quadro 09 - Relação com as Competências Gerais da Educação Básica da BNCC .............. 70
Quadro 10 - Habilidades dos Itinerários Formativos associadas às Competências Gerais da
BNCC identificadas ............................................................................................................. 71
LISTA DE TABELAS
1 INTRODUÇÃO
A pesquisa nasceu das indagações feitas a partir das vivências profissionais, pois
considero que os espaços formais e não formais da educação devem apresentar estratégias
didáticas capazes de contribuir para a aprendizagem dos estudantes. Por isso, cabe ao
professor de regência de classe em unidades escolares investigar se as atividades educativas
desses espaços estão em convergência com competências e habilidades exigidas para sua vida
acadêmica, com reflexos na sociedade.
O lugar, por sua vez é definido por e a partir de apropriações afetivas que decorrem
com os anos de vivência e a experiências atribuídas às relações humanas. Para Tuan (2013), o
lugar é uma área que foi apropriada afetivamente, é um mundo de significado organizado.
Assim sendo, nesta pesquisa utilizamos o conceito de lugar como um espaço percebido
e vivido, dotado de significado, a partir do qual se desenvolvem e se estabelecem os sentidos,
as percepções e as representações (SOUZA, 2015, p. 114).
A partir do cenário aqui descrito e das reflexões sobre o assunto, surgiram outros
questionamentos para esta pesquisa, uma vez que não podemos desconsiderar as
intencionalidades dos processos educativos. Decidi, então, delimitar o problema de estudo da
pesquisa para que conseguisse responder à seguinte pergunta: em que medida é possível
elaborar uma história em quadrinhos a partir das narrativas de estudantes do Clube de
Ciências do Colégio Estadual Plataforma sobre as fontes de água existentes no local?
uma intensa busca por diversos títulos, em diversas plataformas de consulta e encontramos
muito pouco de referências ligadas às fontes de água do bairro de Plataforma.
Ressaltamos que a relevância dessa pesquisa reside no estudo para constatar que no
processo educativo necessário para a elaboração de narrativas para uma história em
quadrinhos competências e habilidades da Matriz de Referência do Exame Nacional para
Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) são trabalhadas.
Partindo do contexto descrito e com base nos referenciais teóricos utilizados nesta
pesquisa de mestrado, emergiu o objetivo geral da pesquisa, qual seja o de registrar os
processos educativos presentes na elaboração de uma HQ, que contribuem para produzir uma
história em quadrinhos a partir de narrativas dos estudantes sobre as fontes de água do local.
Nesse último constitui-se parte do resultado dos processos educativos, com um dos
efeitos deste mestrado, no transcurso do andamento das ações planejadas e realizadas.
O Capítulo 2 apresenta a base teórica que deu suporte à pesquisa. Esse referencial foi
importante para tornar viável o desafio de permitir aos estudantes de um Clube de Ciências de
Plataforma construir uma narrativa para ser transcrita para uma HQ, a partir de uma questão
sociocientífica e socioambiental do lugar.
O uso das histórias em quadrinhos na educação básica é uma estratégia didática que
pode ser explorada para facilitar ou tornar mais acessível à informação, tornando-se um
18
Para Vergueiro (2018, p. 10) não foi fácil o caminho das HQ até a sala de aula e no
Brasil existiram três fases nesse trajeto: rejeição, infiltração e inclusão. Nessas fases é
possível entendermos a relação entre histórias em quadrinhos e educação básica. Atualmente
estamos na fase de inclusão, pois as HQ já são utilizadas com maior frequência na Educação
Básica.
Um dos objetivos da pesquisa foi a criação de uma HQ, mas para desenvolvê-la foi
fundamental conhecermos todo o processo de: criação de uma HQ; conceitos; origem;
evolução; elementos presentes na narrativa gráfica das histórias em quadrinhos e, também,
conhecer um pouco do universo e história das HQ.
Foi muito importante dar voz e vez aos estudantes que participaram da elaboração da
HQ e aproveitar toda a riqueza e contexto do lugar foi uma estratégia válida para promover o
conhecimento, a aprendizagem e fortalecer o pertencimento. Ao refletir a partir das HQ, os
educandos podem compreender melhor não apenas os conteúdos, mas também a vida e a
sociedade em que se inserem (SANTOS e SANTOS, 2017, p. 32-33), ou seja, produzir novos
conhecimentos, sem desconsiderar os conhecimentos prévios dos estudantes e suas
experiências sociais. Essa articulação criou situações favoráveis para a aprendizagem:
Para que haja uma aprendizagem significativa é necessário que o aluno relacione o
conteúdo escolar com seu conhecimento prévio, com suas construções pessoais e
que, de modo espontâneo interaja em seu cotidiano de forma que o conhecimento
científico se mostre útil na vida cotidiana deles. Assim, será mais fácil a modificação
de suas idéias, na medida em que ele vá construindo novos significados, novas
aprendizagens (COLL, 2000, apud PUIATI et. al., 2007, p. 4).
Entendemos que as fontes de água do entorno da escola, onde o estudo foi realizado,
apresentaram-se como uma QSC com relevância socioambiental, e as propostas de ensino
baseadas nas QSC podem ser adotadas como estratégia didática para possibilitar o diálogo e a
ressignificação social da ciência, no ambiente escolar (SANTOS; CONRADO; NUNES-
NETO, 2018, p. 206). Ou seja, as ações foram planejadas para proporcionarem a
(re)significação de saberes, produção de conhecimento e fortalecer o senso de pertencimento.
Os temas que envolvem QSC não são desvinculados dos conteúdos dos diferentes
componentes curriculares e as QSC permitem abordar as dimensões conceituais,
procedimentais e atitudinais (CPA) dos conteúdos no ensino (CONRADO; NUNES-NETO,
2015, p.433). A abordagem de questões socioambientais e questões sociocientíficas (QSC)
foram trabalhadas de forma inter-relacional, em contexto interdisciplinar, apresentando-se
20
como uma estratégia válida para possibilitar a produção de conhecimento. Nessa abordagem,
as QSC podem se constituir como veículos para o trato das dimensões CPA do conteúdo, uma
vez que são interdisciplinares, envolvendo aspectos éticos, políticos, econômicos e culturais
do conteúdo científico (ANDRADE et. al., 2016, p. 173).
1
O termo em si matriz de referência é usado no contexto de avaliações em larga escala com a intenção de indicar habilidades que serão
avaliadas em cada etapa da escolarização. Esse tipo de ação, portanto, deverá orientar a elaboração de itens de testes e provas – como o
Encceja. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), ainda é importante usar essas
matrizes na construção de escalas de proficiências que definem exatamente o que e quanto os estudantes conseguem realizar no contexto de
avaliação. A matriz referência Encceja leva em consideração, portanto, as competências do sujeito, isto é, seus eixos cognitivos ligados aos
campos do conhecimento do Ensino Fundamental e Médio como: o domínio de linguagens, compreensão de fenômenos, capacidade de
argumentar e elaborar propostas e resolução de situações-problema. Retirado de <https://www.encceja2018.pro.br/matrizes-de-referencia-
encceja-2019/>. Acesso em: 23 de jul. 2019.
21
A Matriz de Referência do Encceja foi escolhida para a pesquisa por estabelecer uma
relação entre as habilidades, descritas a partir dos eixos cognitivos e competências das áreas
de conhecimento, com as atividades necessárias para a elaboração da HQ. Como trabalhamos
numa perspectiva de promover uma Educação Ambiental Crítica, a Matriz de Referência foi
importante para identificarmos as habilidades que, decorrentes do processo formativo do
educando, possibilitaram a construção de saberes necessários para sua vida em sociedade.
Desta forma, entendemos que a proposta de trabalho junto aos estudantes deveria
oportunizar a emancipação, pois consideramos relevante a criação de espaços que
favoreceram o diálogo entre os participantes do CC e o protagonismo discente. Afinal, Freire
(1996, p. 47) afirma que saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.
Propor uma Educação Ambiental como estratégia de emancipação dos sujeitos requer
espaços que favoreçam a aprendizagem e exercitem a cidadania e, para Loureiro (2005, p. 72)
na Educação Ambiental (numa perspectiva emancipatória) as relações estabelecidas em cada
campo educativo, formal ou não, constituem espaços pedagógicos de exercício da cidadania.
Guimarães, Carvalho e Loureiro também foram citados, por meio da obra Caminhos
da Educação Ambiental: Da forma a ação, publicada em 2006. Organizada por Guimarães,
trouxe contribuições importantes para a pesquisa, pois o trabalho aborda temas relacionados
com a experiência profissional dos educadores ambientais através da suas narrativas e auto-
invenção, condições necessárias para o ato educativo e trabalho em conjunto com a sociedade.
Dessa leitura, percebemos a conexão com outros autores que destacam a relação dos
educandos com seus espaços de vivências e ajudam a definir formas adequadas para mensurar
se a prática de Educação Ambiental esta sendo de fato autônoma e emancipatória.
pedagógico que dialoguem com a realidade socioambiental local; iii) a identificação dos
educandos com a comunidade a que pertencem.
Condição essencial para a existência da vida em nosso planeta, a água sempre esteve
presente na história da humanidade. Sem esforços, a água foi essencial para duas grandes
revoluções promovidas pelos seres humanos, Revolução Agrária e a Revolução Industrial.
A arquitetura de Roma revela sua história com relação ao uso da água desde sua
fundação. Ainda hoje é marcante a presença de inúmeras fontes e chafarizes na cidade, que
são verdadeiras obras de arte e visitadas por milhares de turistas.
Para Tourinho e Costa (2012, p. 88), Salvador é a cidade das fontes d’águas. No
povoamento da cidade as fontes antigas sempre foram usadas para abastecimento da
população e, sem dúvida alguma, as fontes de água de Salvador fazem parte da história da
cidade. Em 1952, a Prefeitura Municipal de Salvador publicou o Roteiro Turístico da Cidade
24
do Salvador, que entre outros temas populares destaca um capítulo para descrição das fontes
(BAHIA, 1952 apud TOURINHO, 2008).
Segundo Nunes Neto (2014, p. 136) durante mais de três séculos as fontes, os
chafarizes, o dique do Tororó assim como as lagoas do Abaeté, funcionaram como principais
lugares onde a população soteropolitana buscava água para as suas necessidades cotidianas,
configurando-se como uma nova prática cultural. Entre o final do século XIX e a primeira
metade do século XX, Salvador não contava com sistema de abastecimento de água, tecendo
particularidades nas relações sociais e na economia soteropolitana.
Marcada por suas belas paisagens, Plataforma também poder ser apresentada como um
bairro histórico, pois consegue exibir seu passado de maneira simples, sendo um dos bairros
mais antigos do Subúrbio Ferroviário de Salvador.
A Igreja de São Braz, localizada na praça que recebe o mesmo nome, encanta os
visitantes e admiradores com sua simplicidade e beleza da sua arquitetura de tendências art
décor, com frontão contendo binóculo nas platibandas, além de pilastras ressaltadas nas
laterais (Barreto, 2016, p. 173). Na figura 04, registramos o cotidiano de moradores que
frequentam a Praça São Braz e ao fundo a imagem da Igreja São Braz.
27
Por volta de 1638, os jesuítas ergueram de “taipa”, próxima a uma aldeia indígena, a
Capela de São Brás. Um ano depois, ela serviu de abrigo para os invasores
holandeses. Em 1919, essa capela foi reformada e a imagem de São Brás, levada
para restauração em Portugal – e nunca mais voltou. A imagem existente hoje na
igreja foi trazida pela família Almeida Brandão, dona da fábrica São Braz. No dia 3
de janeiro, acontece a festa do padroeiro do bairro, com lavagem da capela e banda
de música (SANTOS et al., 2010, p. 404).
O bairro também registra seu passado histórico ligado a Independência da Bahia, uma
vez que nos bairros de Itacaranha e Plataforma, ao amanhecer do dia 08 de novembro de
1822, desembarcou a Infantaria Portuguesa liderada pelo Coronel João de Gouveia Osório. De
acordo com a Fundação Gregório de Matos, os portugueses bombardearam o bairro em 1823.
ferroviário, que tiveram sua origem datada a partir do início do século XX, Plataforma
cresceu com a instalação da fábrica de tecidos São Bráz (FIGURA 05), em 1875,
impulsionando a ocupação do local com a criação da vila.
Não podemos deixar de fora da história de Plataforma a União Fabril dos Fiais, mais
conhecida como União Fabril, de propriedade da família Martins Catharino, pois a fábrica
também contribuiu para o povoamento do local até o século XX.
Nesse cenário, é importante considerar que cada lugar se caracteriza por um certo
arranjo de variáveis, espacialmente localizado e, de certa maneira, espacialmente determinado
(SANTOS, M. 2014, p. 104). Por isso, conviver em Plataforma é experimentar um pouco da
riqueza cultural, gastronômica, histórica e ambiental, sendo fundamental entender essa
dinâmica e como suas relações são construídas, pois a experiência é constituída de sentimento
e pensamento (TUAN, 2013, p. 19).
partir das relações com o lugar, lembrando que é impossível discutir o espaço experiencial
sem introduzir os objetos e lugares que o definem (TUAN, 2013, p. 167).
Se Salvador é a cidade das fontes d’água (SANTOS et al., 2010, p. 435), Plataforma é
o território das águas (BARRETO, 2016, p. 176). Fazendo limites com o Parque São
Bartolomeu, o bairro é banhado pelo mar da Baía de Todos os Santos e pelas águas da
Enseada do Cabrito. São várias as nascentes de água no bairro e diversos os fatores que
explicam a existência dessas nascentes: clima, cobertura vegetal, geomorfologia, a
proximidade do mar e, principalmente, a geologia do local.
A relação dos moradores com as águas do bairro sempre foi muito próxima. De acordo
com as informações levantadas entre os anos de 2017 a 2019, os moradores usavam no
passado e ainda hoje usam com frequência a água das nascentes para o consumo, em que se
inclui lavagem de veículos, dentre outras atividades.
Vida e pertencimento se entrelaçam nesse vínculo e dão identidade ao bairro. Esta foi
a conclusão dos jovens pesquisadores do Clube de Ciências do Colégio Estadual Plataforma.
Os dados foram coletados a partir das entrevistas com seus vizinhos e familiares, como uma
das tarefas iniciais necessárias para a elaboração da HQ. O trecho abaixo traz mais evidências
do uso das águas das nascentes pelos moradores.
O bairro tem um local chamado Morada de Oxum, onde existem quedas d’água,
porém impróprias para banho, devido ao comprometimento da qualidade das suas
águas. Antigamente, era um lugar muito utilizado para banhos e lazer (SANTOS et
al., 2010, p. 404).
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Figura 10 - Cachoeira Oxum/Nanã na foz do riacho Mané Dendê, no Parque São Bartolomeu
O bairro de Plataforma, por meio da sua história, cultura, culinária, beleza das
paisagens e bens naturais registra a influência dos agentes sociais que nele conviveram e
servem como referência das transformações adstritas à relação com a sociedade no espaço.
Por isso, trabalhamos na perspectiva de lugar como espaço percebido e vivido, dotado de
significado, e com base no qual se desenvolvem e se extraem os sentidos de lugar e as
imagens de lugar (SOUZA, 2015, p. 114). Portanto, foi fundamental entender as possíveis
relações de afeto que marcam o lugar.
33
Para Tuan (2013), o espaço pode ser experienciado de várias maneiras. Assim, é
possível conhecer e construir a realidade por meio de uma perspectiva vivencial. Essa
experiência foi partilhada por meio das atividades para elaborar a HQ, como: entrevistar
moradores e parentes; mapear as fontes de água; observar as relações dos moradores com as
nascentes e ao analisar o atual estado de conservação delas.
O bairro de Plataforma é um livro, o contexto que envolve suas ruas são capítulos da
sua história criada e recriada por seus moradores, suas nascentes de água são páginas que
narram a relação dos plataformenses com o uso desse recurso natural. Mas, não é preciso
apenas ler esse livro, é necessário reconhecer seu valor e interpretá-lo. Ao trabalharmos com
uma questão de relevância sociocientífica e socioambiental do entorno da escola, envolvendo
as nascentes de água do bairro, oportunizamos uma vivência de valorização sócio-espacial
numa perspectiva de uma Educação Ambiental de caráter crítica e emancipatória, um passo
importante para que novos capítulos e páginas sejam escritos pelos nossos estudantes. Para
Tuan (2013), objetos e lugares são núcleos de valor e preocupar-se com eles, mesmo
momentaneamente, é reconhecer sua realidade e valor.
Assim, a conexão entre o currículo formal da escola e a vida cotidiana foi estabelecida.
Por estarmos trabalhando na escola, com uma ação voltada para os estudantes integrantes do
Clube de Ciências, precisávamos transformar informação em conhecimento e aproveitar o que
os estudantes e moradores já sabiam sobre as nascentes de água do local como disparador para
novas aprendizagens (BORDNAVE e PEREIRA, 2001; BERBEL, 2012; MACEDO et al.
2018). Mais especificamente, foi necessário identificar os processos educativos e sua
interlocução com competências e habilidades descritas em documentos oficiais no mesmo
nível de ensino que os estudantes integrantes do CC estavam matriculados.
Nos textos indicados, dois conceitos foram trabalhados: Bacias Hidrográficas e Bacias
de Drenagem Natural e a figura 11 apresenta o resultado do estudo com a delimitação das
bacias, a localização da escola e da Enseada do Cabrito, que é abastecida pelas Bacias de
Drenagem Natural de Itapagipe e Plataforma e pela Bacia Hidrográfica do Cobre.
Para os processos educativos, estudar o lugar dos estudantes foi fundamental. Laços
foram (re)estabelecidos, já existia um conhecimento prévio sobre as fontes e como os
moradores as usavam e mais informações poderiam ser conseguidas facilmente com os
parentes mais velhos e com pessoas conhecidas dos estudantes que moravam próximas a elas.
Por isso, usar as nascentes de água do entorno da escola, como ponto de partida para estudo as
questões ambientais locais foi uma estratégia válida. Trabalhar na perspectiva do lugar
permitiu a incorporação da subjetividade, também por meio de emoções e sentimentos, que
são representados nos processos de construção dos significados. Assim, como afirma Tuan
(2013), o espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e significado.
A topofilia não é a emoção humana mais forte e sim o sentimento com o lugar. Este
sentimento não nasce apenas da extração das imagens do meio ambiente, mas estas
construções e vivências oferecem estímulo sensorial para despertar sentimentos topofílicos
(TUAN, 2012, p. 161). Porém, este autor considera que os estímulos sensoriais são
potencialmente infinitos. Assim, ao propormos a investigação dos estudantes sobre fontes de
água, questão socicientífica e socioambiental de relevância para a comunidade local, foram
coletadas informações sobre a realidade vivida e percebida pelos moradores, isso possibilitou
o delineamento de laços afetivos que refletiram a percepção sobre a realidade. Assim, a partir
do novo olhar sobre as fontes de água e desta perspectiva experencial, resulta no
reconhecimento do lugar e na (re)afirmação da identidade.
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3 MÉTODOS E ANÁLISES
Para atendermos os objetivos do nosso estudo, optamos por adotar uma abordagem
qualitativa. Para Minayo (2001, p. 21), a pesquisa qualitativa responde a questões muito
particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode
ser quantificado. A pesquisa qualitativa:
Além da importância para a pesquisa, os dados coletados por esta técnica foram úteis
para o enredo da HQ. Para a produção de textos a prática da leitura é fundamental, pois as
informações levantadas comporão a narrativa que terá como desafio atrair e informar o leitor
sobre a situação socioambiental das fontes do local. A responsabilidade de se contar uma
história em quadrinhos é tanto das palavras quanto das imagens (TAVARES, 2016, p. 214
apud Eisner, 2005); para Vergueiro (2011) é a relação entre o código escrito e imagético que
permitirá uma fruição única de leitura.
O Colégio Estadual Plataforma (CEP), onde a pesquisa foi realizada, está localizado
no bairro de Plataforma no Subúrbio Ferroviário de Salvador, dentro da Bacia de Drenagem
Natural de Plataforma (FIGURA 12).
Nos encontros seguintes a partir de novos registros coletamos dados sobre o perfil e
predisposição para algumas atividades dos discentes, pois, para a pesquisa era fundamental
estabelecer essa relação para melhor conhecer a realidade e o contexto no qual esses sujeitos
estavam inseridos. Nessa etapa foi possível descobrir o que pensam os sujeitos da pesquisa.
Na Etapa II, que chamamos de gestão do processo utilizamos para a coleta de dados
planilhas, entrevistas, observação e registros. Nessa etapa tínhamos que dar continuidade às
investigações propostas na pesquisa e começarmos a dar corpo ao produto desse Mestrado.
Precisávamos ter isso bem claro para estabelecermos uma metodologia que contemplasse os
objetivos da pesquisa.
Ainda na Etapa II, algumas atividades foram solicitadas aos estudantes do CC. Essas
tarefas eram necessárias para compor as narrativas da HQ. Além disso, precisavam estar em
consonância com uma proposta de Educação Ambiental e articuladas com as habilidades
descritas nas áreas do conhecimento da Matriz do Encceja (Ensino Médio – EM).
Os instrumentos utilizados para a coleta de dados nessa etapa foram construídos para
capturar informações sobre as atividades pedidas, frequência nas reuniões do CC, identificar
habilidades trabalhadas tendo como base a Matriz do Encceja (EM) e mensurar a participação
dos estudantes nas atividades iniciais.
Por não ser professor regente da turma e devido às questões estruturais e de logística,
optamos por analisar apenas uma das dimensões do engajamento escolar2. Por isso, na
pesquisa decidimos pela escolha do engajamento comportamental:
Para a pesquisa esta estratégia foi a mais adequada, uma vez que, conseguimos coletar
dados relacionados as atividades pedidas e frequência nas reuniões do CC. O quadro 01 traz o
modelo que foi criado para anotar a presença e entrega das tarefas.
Quadro 01 - Modelo para coletar dados sobre a entrega e frequência nas atividades
Engajamento comportamental
CEP Assiduidade Elaboração da HQ
2 nível: Razoavelmente
Professores/discussões
Identificar os usos das
3 nível: Muito assíduo
1 nível: Pouco assíduo
Moradores/discussões
Familiares/discussões
Pesquisar sobre as
(acima de 4 faltas)
fontes/discussões
fontes/discussões
fontes/discussões
Fotografar as
(1 a 4 faltas)
Entrevistar
Entrevistar
Entrevistar
Estudantes
(0 faltas)
Gênero
assíduo
Classe
Série
2
Fredricks, Blumenfeld e Paris (2004) destacam que há um consenso entre os estudos sobre o surgimento do engajamento: ele se estabelece
pela interação do sujeito com o contexto e responde às mudanças no ambiente. De acordo com esse pressuposto inicial é de se e sperar que
alterações no contexto de ensino e nos ambientes de aprendizagem promovam alterações no engajamento dos estudantes. Além disso, esses
autores destacam também a natureza multifacetada do engajamento escolar, que pode ser identificada sob três formas: o engajamento
comportamental, engajamento emocional e engajamento cognitivo (COELHO e AMANTES, 2014, p. 50).
A escolha pelo engjamento comportamental foi uma opção do pesquisador, uma vez que não estava previsto avaliar ou mensurar a
aprendizagem de conteúdos por meio de testes e provas (engajmaneto cognitivo) e nem coletarmos dados do engajamento emocional
(incapacidade técnica de construir instrumentos para coletar esses dados). Como o engajamento comportamental compõem uma das facetas
do engajmento escolar e consequentemente repercute na aprendizagem. Assim, foi feita a esscolha pelo engajamento comportamental, que
por meio do instrumento chamado de check list, capaz de coletar dados relacionádos à frequência ou assiduidade e da entrega ou
cumprimento e prticipação nas tarefas e atividades relacionadas à pesquisa.
41
Em seguida esses dados foram transpostos para uma planilha Excel, e após serem
tratados foi possível construir um indicador de engajamento relacionado às atividades iniciais:
assiduidade nas atividades e desempenho nas atividades.
Estes dados, relativos à frequência e entrega das atividades, estão ligados há uma das
facetas do engajamento escolar, que neste caso diz respeito ao engajamento comportamental.
De acordo com Fredricks, Blumenfeld e Paris (2004), o engajamento comportamental envolve
a participação e o envolvimento dos estudantes em atividades escolares e em atividades
extracurriculares e as condutas positivas empreendidas pelos estudantes na realização das
atividades. Para Coelho (2011, p. 74), é possível acompanhar e mensurar a participação dos
estudantes na realização das atividades cotidianas, com vistas à construção de um indicador
do engajamento comportamental. Esses dados foram importantes para entendermos o
processo de aprendizagem e se referem ao envolvimento em tarefas relativas à instrução.
Assim o número de tarefas realizadas, dedicação e tempo destinados para as tarefas, a
produção e entrega de materiais são parâmetros relacionados a esse envolvimento e foram
observados nessa pesquisa.
42
Para a Etapa III, já com informações coletadas sobre o que os sujeitos pensam e com a
etapa de gestão do processo concluída, retomamos a planilha que mensura o engajamento
comportamental, haja vista que tivemos tarefas ligadas à entrega do produto.
A partir dos indicadores e dos parâmetros que foram selecionados para avaliarmos se
nossa proposta estava alinhada com uma EA Crítica, associados ao contexto onde a pesquisa
foi aplicada, foi possível identificarmos quão qualificada foi a participação dos sujeitos
envolvidos. A avaliação em EA Crítica inclui subjetividades em suas prioridades e evita a
43
classificação por meio da atribuição de notas ou conceitos (LUZ e TONSO, 2015, p. 7). Nessa
fase o instrumento escolhido foi uma entrevista com os sujeitos da pesquisa.
Isto por que nem todas as HQs são produzidas com desenhos (embora a maioria o
seja), mas com fotografias, pinturas, recortes e colagens, entre outros recursos. Por
isso, se seus alunos não souberem desenhar, não tem problema, podem utilizar esse
artifício para criar as suas HQs em sala de aula, ampliando as possibilidades
pedagógicas, desde que mantenham os recursos particulares da linguagem, como o
44
requadro, balão, onomatopeia etc. Quando utilizamos fotografias para construir uma
HQ, a denominamos de fotonovela (BRANDÃO, p. 38, 2018).
Na figura 14, duas imagens foram comparadas, uma com a proposta do desenho da
estudante e a outra com a fotografia processada pelo aplicativo e já com o balão, as linhas
cinéticas e a narrativa elaborada pelo segundo estudante.
Por conta do tempo, a melhor escolha foi transformar as fotografias em desenhos, por
meio de aplicativos e incluir os balões e outros recursos das histórias em quadrinhos também
por aplicativo. O teste foi realizado, em abril de 2019, para ver a reação dos participantes do
CC e dos demais estudantes com a HQ.
45
Os resultados deste estudo apresentam informações coletadas nas três fases desta
pesquisa. Eles foram distribuídos em tabelas, quadros, gráficos e relacionam-se com as
planilhas que foram preenchidas, observações realizadas, questionários e entrevistas aplicadas
aos estudantes e professores integrantes do Clube de Ciências do Colégio, reiterando que os
CC são espaços não-formais de educação em ciências e promovem a curiosidade, a criticidade
e a autonomia dos participantes.
3
O Programa Ciência na Escola (PCE) é uma ação estratégica da Secretaria da Educação do Estado da Bahia que visa promover a Educação
Científica e Empreendedora para professores e estudantes da Educação Básica da Rede Pública Estadual da Bahia. Tendo em vista o seu
propósito, o PCE atua em quatro dimensões: a) Produção, divulgação e popularização da ciência; b) Formação de professores integrada a
prática escolar; c) Orientação e acompanhamento da gestão pedagógica; d) Disseminação de inovações tecnológicas na educação. Promover
a Educação Científica na Educação Básica, por meio de uma tecnologia educacional que possibilite o desenvolvimento profissional do
professor e a formação do estudante crítico, criativo, autônomo, capaz de protagonizar o seu processo de aprendizagem, considerando os
paradigmas emergentes, a dialogicidade, o ensino e a pesquisa como referências para consolidação de uma rede colaborativa na perspectiva
de inovação educacional e tecnológica. O PCE é o responsável pela Feira de Ciências, Empreendedorismo e Inovação da Bahia (FECIBA),
espaço de mostra de experiências, de difusão da cultura científica e de estímulo ao protagonismo dos estudantes que promove o
46
cursos de formação continuada que ela ministrou. Assim, resolveu criar um CC em uma das
escolas onde ela atua. Os docentes afirmaram conhecer a Matriz de Referência do Encceja,
mas não a usavam com frequência nas atividades do Clube de Ciências; nas suas aulas
procuravam variar as estratégias pedagógicas, contudo alertaram que a Unidade Escolar
Estadual (UEE) dispunha de poucos recursos tecnológicos em decorrência das diversas
ocorrências de furto desses equipamentos.
Esse fato foi útil para a nossa pesquisa, e além disso, a localização geográfica do
Colégio Estadual Plataforma (CEP) reunia variáveis bem interessantes para o andamento da
pesquisa. O CEP está localizado dentro da Bacia de Drenagem Natural de Plataforma 4
(FIGURA 15), os relatos dos estudantes sobre a existência de diversas fontes de água no local,
e a descrição sobre os como os moradores fazem uso desse recurso, na relação com os
problemas ambientais do bairro.
desenvolvimento do pensamento autônomo e o domínio de habilidades próprias ao campo das Ciências, exercitando os valores da cidadania
que são imprescindíveis para compreensão da vida cotidiana.
4Por Bacia de Drenagem Natural compreende-se a região de topografia que não caracteriza uma bacia hidrográfica podendo ocorrer veios
d’água, os quais não convergem para um único exutório. No caso de Salvador correspondem às regiões costeiras da Baía de Todos os Santos,
como a Península de Itapagipe, o Comércio, a Avenida Contorno e a Vitória; e, da Orla Atlântica, compreendida entre a Praia d e Jaguaribe
até o limite entre este município e Lauro de Freitas. Portanto, a ausência de cursos d’água perenes foi um dos critérios para a definição das
bacias de drenagem natural (BAHIA, 2010, p. 16).
47
Uma vez que, as questões ambientais podem ser trabalhadas de diversas maneiras na
escola, optamos por uma estratégia que mobilizasse o conhecimento prévio dos estudantes em
articulação como novas informações que foram obtidas através das diversas atividades
propostas na ação para elaborar uma HQ. Desafios surgiram na elaboração da narrativa
gráfica, pois as questões ambientais não podiam ser deixadas de lado e tínhamos que
encontrar instrumentos adequados para investigar os processos educativos presentes na
elaboração da HQ e a importância das histórias em quadrinhos como estratégia didática.
Registrar esses locais foi parte chave do trabalho, pois lugares e objetos definem o
espaço, dando-lhe uma personalidade geométrica. (TUAN, 2013, p. 28). A figura 22 apresenta
o produto do workshop de mapeamento, com os locais sugeridos pelos estudantes e as fontes
catalogadas, que estão localizadas no entorno da escola, configurando-se um polígono
fechado dos espaços contíguos à ela, no qual as fontes estão contidas.
Figura 22 - Fontes mapeadas no entorno da escola, Workshop sobre o My Maps com estudantes do CC
Para Milton Santos (1985), o espaço é resultado da ação humana, e ele é reflexo e
condição da sociedade. Portanto, se temos uma sociedade desigual, o espaço será
desigualmente ocupado, distribuído e significado. Ainda para este autor, é necessária a criação
de situações para sairmos da condição de indivíduo e passarmos a condição de cidadão, figura
capaz de reconstruir a sociedade de acordo com os moldes ideais para favorecer o conjunto e
não apenas o pessoal. As questões socioambientais não estão de fora desse contexto e, para
muitos, não é tão simples compreender essa dinâmica. Oportunizar experiências pessoais e
coletivas aos estudantes do CC, com questões sociocientíficas e socioambientais do lugar
como disparadores, contribuem para compreender a estrutura e a composição socioambiental
do espaço, afinal como afirma Ferraro (2016), à consciência crítica da realidade é
mobilizadora e estimula os sujeitos à ação. Considerar essas dimensões é revelar como foi
fundamental a pesquisa. Não poderíamos esquecer que o lugar é uma área que foi apropriada
afetivamente, transformando um espaço indiferente em lugar (TUAN, 2013). A partir desses
laços afetivos, construídos pelos anos de vivência e as experiências atribuídas às relações
humanas, construímos a proposta de (re)leitura socioambiental do lugar. Esta foi a estratégia
utilizada para orientar os estudantes a construírem a narrativa, sobre as fontes do entorno da
escola, transposta para a HQ.
Por isso, imagens das fontes visitadas, foram incluídas nos mapas elaborados
(FIGURA 23). As fotografias que foram tiradas nas atividades de campo registram um pouco
da relação entre os moradores com as fontes e a presença de papéis, jornais e embalagens que
evidenciam os problemas com o descarte inadequado ou coleta irregular do lixo, dentre
outros.
Considerei a missão aprovada e um sinal verde para dar sequência com as atividades
necessárias para a elaboração da HQ. O próximo passo foi selecionar as imagens, do acervo
fotográfico, que se relacionassem com o roteiro. As imagens registram momentos da oficina
de seleção de imagens para a HQ (FIGURAS 25 e 26).
55
O passo seguinte foi encontrar uma maneira de mensurar a participação dos estudantes
nas atividades iniciais. Por isso, elaboramos uma planilha no Excel para preenchermos os
campos. Para a frequência, optamos por utilizar níveis de assiduidade: 1 pouco assíduo, 2
razoavelmente assíduo e 3 muito assíduo, que foram dados em decorrência da presença nas
atividades. Ao todo foram 12 encontros realizados com os estudantes do Clube de Ciências.
Para indicarmos a entrega ou cumprimento das tarefas iniciais, optamos pelo preenchimento
de modo binário: 0 (zero) para as atividades não realizadas ou entregues e 1(um) para as
tarefas realizadas ou entregues. Ou seja, os dados são referentes ao cumprimento ou não das
56
tarefas. Esse instrumento foi elaborado para identificar o engajamento comportamental dos
estudantes do Clube de Ciências e estão relacionados com o envolvimento desses sujeitos com
as tarefas pedidas.
No Quadro 02, estão os dados que foram coletados para mensurar o engajamento
comportamental dos estudantes do CC que participaram das atividades iniciais.
Entrevistar Professores/discussões
Entrevistar Moradores/discussões
Entrevistar Familiares/discussões
2 nível: Razoavelmente assíduo
Fotografar as fontes/discussões
Engajamento comportamental
Identificar os usos das
3 nível: Muito assíduo
1 nível: Pouco assíduo
(acima de 6 faltas)
fontes/discussões
(1 a 6 faltas)
Estudantes
(0 faltas)
Gênero
Classe
Série
Adriely F 2ª 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
Cledson M 9ª 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
Mikael M 2ª 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
Cássio M 2ª 1 1 0 2 1 1 1 1 1 1 88,89
Jéssica F 1C 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
Gilsielen F 1D 1 0 1 2 1 1 1 1 1 1 88,89
Dailton M 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
Pauliane F 9B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
Diogenes M 2 1 1 0 2 1 1 1 1 1 1 88,89
Sthephanie F 2B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
Yasmin F 2B 1 1 0 2 1 1 1 1 1 1 88,89
Aminadabe F 1B 1 1 0 2 1 1 1 1 1 1 88,89
A* F 2B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
B* F 2B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
C* M 2B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
D* F 2B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
E* F 2B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
F* M 2B 1 0 0 1 1 1 1 1 1 1 77,78
G* F 2B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
H* M 2B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
I* F 2B 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 100,00
Média da turma 96,30 Desvio padrão 6,415
Fonte: Próprio autor. *não entregaram o TLCE
5Exceto a categorização da Classe (que resulta do somatório dos níveis de assiduidade), as demais colunas tem o registro binário (0 ou 1)
para indicar o cumprimento (1) ou não (0) das tarefas. O engajamento comportamental resulta da soma da classe com as atividades
necessárias para elaboração da HQ dividida por 100.
57
pesquisa eram confiáveis para que eles buscassem informações para concluírem suas
atividades.
Uma segunda planilha foi elaborada pelo pesquisador juntamente com os docentes
responsáveis pelo CC para identificar as habilidades, eixos cognitivos e competências
trabalhadas. Para elaborar esse instrumento, utilizamos como base a Matriz de Referência do
Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), ouvimos os
docentes e observações e registros realizados em campo foram necessários para realizarmos
essa identificação.
Essa análise foi extremamente importante, pois nos trouxe evidências que a elaboração
de história em quadrinhos é uma estratégia didática importante para trabalhamos as questões
ambientais com estudantes do ensino médio.
Matrizes de referência são documentos bases que são utilizados no contexto das
avaliações em larga escala e servem para indicar as habilidades que serão avaliadas e para
orientar na elaboração dos itens utilizados nas avaliações.
Esta compreensão foi adotada na pesquisa, de maneira que as ações foram planejadas
para que, por meio de temas de relevância socioambiental e sociocientífica relacionados ao
seu contexto, pudéssemos aperfeiçoar e articular as habilidades e, ainda, possibilitar nova
reorganização das competências, com vistas à caracterização da Educação Ambiental de
caráter emancipatória.
Desta forma, foi possível construir um quadro síntese capaz de apresentar o resultado
dessa investigação. Assim, no quadro 03 listamos as habilidades e indicamos as competências
e eixos cognitivos por área de conhecimento que foram mobilizados nas atividades iniciais
necessárias para a elaboração da HQ. A área de Ciências Humanas e suas Tecnologias
mobilizou 7 habilidades nas atividades iniciais, seguida de 6 habilidades nas áreas de Ciências
da Natureza e suas Tecnologia e Matemática e suas Tecnologias, e por último, 4 habilidades
na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, demonstrando as possibilidades
pedagógicas que podem ser exploradas a partir dessas atividades iniciais.
61
Quadro 03 - Habilidades identificadas nas atividades iniciais com base na Matriz de Referência do Encceja -
Ensino Médio
Competências
conhecimento
Cognitivos
Área do
Eixos
Habilidades
qualidade de vida.
H9 - Compreender a importância da água para a vida em diferentes ambientes em termos M4 II
de suas propriedades químicas, físicas e biológicas, identificando fatos que causam
perturbações em seu ciclo.
H10 - Analisar perturbações ambientais, identificando fontes, transporte e/ou destinos M4 III
dos poluentes ou prevendo efeitos nos sistemas naturais, produtivos e sociais.
H16 - Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e M6 I
representação usadas nas Ciências, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações
matemáticas ou linguagem simbólica.
H23 - Utilizar códigos e nomenclatura da química para caracterizar materiais, M8 I
substâncias e transformações químicas.
H1 - Utilizar no contexto social diferentes significados e representações dos números
M1 I
naturais, inteiros, racionais ou reais.
Matemática e suas
entretenimento).
H15 – Estabelecer relação entre o texto literário e o momento de sua produção, situando
M5 II
aspectos do contexto histórico, social e político.
H18 - Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a
M6 II
organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H25 - Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que
M8 I
singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
Total de habilidades 23
Fonte: Próprio autor
62
A partir das informações do quadro 03, vimos que ao menos 23 habilidades nas
diversas áreas do conhecimento foram trabalhadas e que, além disso, outras habilidades
podem estar transversalizadas nos eixos e aqui não elencadas. Com a identificação das
habilidades foi possível mapear as competências e os eixos cognitivos que foram mobilizadas
durante as atividades iniciais, sem dúvida, foi uma ação importante para alcançarmos um dos
objetivos da pesquisa.
4.3.2 Competências mobilizadas nas diversas áreas do conhecimento com base na Matriz do
Encceja - Ensino Médio
Neste subitem apresentaremos quadros com as competências, habilidades e eixos
cognitivos trabalhados durante as atividades iniciais. Ficou mais claro que nas etapas iniciais
necessárias para a elaboração de uma HQ foi possível trabalharmos com Educação Ambiental
e, ao mesmo tempo, oportunizar aos estudantes o contato com tarefas que auxiliaram no
desenvolvimento de competências e habilidades importantes para sua vida acadêmica e em
sociedade.
Quadro 04 - Competências mobilizadas na área de Ciências Humanas e suas Tecnologias tendo como base a
Matriz de Referência do Encceja - Ensino Médio
Competências Habilidades Eixos cognitivos
M1 – Compreender os elementos culturais que constituem as
H1, H2 I, II
identidades.
M4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto
nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na H19 IV
vida social.
M6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas H26, H27,
I, II, IV e V
interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H29, H30
Fonte: Próprio autor
63
Quadro 05 - Competências mobilizadas na área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias tendo como base a
Matriz de Referência do Encceja - Ensino Médio
Competências Habilidades Eixos cognitivos
M1 - Compreender as ciências naturais e as tecnologias a elas associadas
como construções humanas, percebendo seus papéis nos processos de H3 IV
produção e no desenvolvimento econômico e social da humanidade.
M2 - Identificar a presença e aplicar as tecnologias associadas às ciências
H7 IV
naturais em diferentes contextos relevantes para sua vida pessoal.
M4 - Associar alterações ambientais a processos produtivos e sociais, e
instrumentos ou ações científico-tecnológicos a degradação e preservação H9 e H10 II e III
do ambiente.
M6 - Entender métodos e procedimentos próprios das ciências naturais e
H16 I
aplicá-los a diferentes contextos.
M8 - Apropriar-se de conhecimentos da química para compreender o
mundo natural e para interpretar, avaliar e planejar intervenções científico- H23 I
tecnológicas no mundo contemporâneo.
Fonte: Próprio autor
Quadro 06 - Competências mobilizadas na área de Matemática e suas Tecnologias tendo como base a Matriz de
Referência do Encceja - Ensino Médio
Competências Habilidades Eixos cognitivos
M1- Construir significados e ampliar os já existentes para os números
H1 I
naturais, inteiros, racionais e reais.
M2 - Utilizar o conhecimento geométrico para realizar a leitura e a
H6 I
representação da realidade e agir sobre ela.
M3 - Construir e ampliar noções de grandezas e medidas para a
H11 II
compreensão da realidade e a solução de problemas do cotidiano.
M6 - Interpretar informações de natureza científica e social obtidas da
H22, H23 e
leitura de gráficos e tabelas, realizando previsão de tendência, I, II e IV
H25
extrapolação, interpolação e interpretação.
Fonte: Próprio autor
64
Quadro 07 - Competências mobilizadas na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias tendo como base a
Matriz de Referência do Encceja - Ensino Médio
Competências Habilidades Eixos cognitivos
M1 - Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no
H1 I
trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
M5 Analisar, interpretar e aplicar os recursos expressivos das linguagens,
relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função,
H15 II
organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de
produção e recepção.
M6 - Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens
como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de H18 II
significados, expressão, comunicação e informação.
M8 - Compreender e usar a língua portuguesa como língua
materna,geradora de significação e integradora da organização do mundo e H25 I
da própria identidade.
Fonte: Próprio autor
Isso se depreende pelos produtos das atividades dos estudantes, acerca das
investigações sobre as fontes no entorno da escola, descrevendo elos que conectam a vida
cotidiana, conhecimentos escolares e lugar social das fontes na escala cotidiana das
necessidades das pessoas. Contudo, a pesquisa revelou a situação incômoda implícita ao não
envolvimento maior de docentes da área de linguagens que pudessem dar conta de mais
correlações entre “linguagem”, “saberes escolares” e “processos sociais de relacionamentos
com objetos e equipamentos”, que marcam as tecnologias resultantes da busca pelo uso de
recursos naturais, bem como da praticidade dessas tecnologias no contexto dos afazeres
cotidianos da vida. Mas, reafirmam-se outros focos: a educação científica (e dentro dela a
educação ambiental) é fio condutor para compreensão da realidade e para o fomento a sua
leitura crítica. De mesmo préstimo, a “boa” educação científica é aquela que formata a
dimensão do entendimento da realidade pela via das questões sociocientíficas e seus elos com
a vida cotidiana, para além de instituir uma metodologia didática poderosa e socialmente
relevante.
4.3.3 Eixos Cognitivos mobilizados nas áreas do conhecimento com base na Matriz do
Encceja - Ensino Médio
Os quadros elaborados foram planejados para que possibilitem uma visão mais ampla
das particularidades do processo educativo e das oportunidades de ganho para os estudantes.
A partir desses quadros podemos buscar informações que poderão ser relacionadas com
alguns indicadores, que serviram para identificarmos se eixos cognitivos, as competências e
as habilidades dialogam com a realidade socioambiental dos discentes. Isso é importante para
que as ações executadas sejam avaliadas e nos fornece dados para sabermos se caminhamos
na direção de uma Educação Ambiental Crítica.
Tabela 3 - Habilidades, competências e eixos cognitivos mobilizados nas atividades iniciais com base na Matriz
do Encceja
Área do conhecimento Habilidades Competências Eixos cognitivos
Ciências Humanas e suas Tecnologias 7 3 4
Ciências da Natureza e suas Tecnologias 6 5 4
Matemática e suas Tecnologias 6 4 3
Linguagens Códigos e suas Tecnologias 4 4 2
Totais 23 16 ...
Fonte: Dados da pesquisa
68
Em 2020 as escolas de ensino médio de todo país terão que atender à nova
formatação do ensino médio, dada pela Lei 13.415 de 16 de fevereiro de 2017 e planejar
itinerários formativos para:
consonância com a nova formatação proposta para o ensino médio. Em decorrência do tempo,
foi elaborada pelo pesquisador e validada pelos docentes responsáveis do Clube de Ciências.
É importante entender que Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece mais
que diretrizes e referenciais, ela aponta para uma reforma na institucionalidade dos currículos
escolares. Apesar das críticas feitas ao documento é preciso se adequar, obrigatoriamente, às
novas orientações. Contudo, podemos transformar as orientações da BNCC e os itinerários
formativos propostos, em oportunidades. Trago o exemplo das atividades do CC do CEP,
ligadas à pesquisa e, num olhar preliminar, esboçamos um desenho da estratégia didática
utilizada e sua articulação com os itinerários formativos da BNCC, bem como com as
Competências Gerais da Educação Básica.
Para isso, colocamos a escola como ponto central da ação. Escolhemos como tema
disparador do conhecimento um problema sociocientífico e socioambiental do lugar e, com
isso mobilizamos conhecimento prévio dos estudantes. O esquema da figura 28 apresenta
parte da estratégia utilizada nas ações para a elaboração da HQ.
com os saberes prévios em conexão com os saberes escolares produziu novo conhecimento
associado aos aspectos concretos da realidade. Os questionamentos, a criação de hipóteses, o
trabalho investigativo, a observação, as entrevistas e os questionários utilizados durante as
atividades para a elaboração da HQ e as experiências vividas e percebidas pelos estudantes
com o lugar, proporcionam um mergulho em diversos procedimentos de pesquisa e a
(re)significação dos espaços e do lugar, agora com um olhar mais atento, mais crítico e
socialmente referendado.
Para definirmos os itinerários formativos e seus eixos o exercício foi mais demorado,
porque precisávamos entender toda a proposta para o Novo Ensino Médio. A nova
arquitetura curricular propõe ampliação da carga horária, possibilitando novos arranjos na
distribuição do tempo curricular. Outro ponto a destacar são as possibilidades de construção
própria por pelas escolas.
Após a leitura do documento, fizemos uma breve discussão acerca das condições
necessárias para o cumprimento da lei e as vantagens e desvantagens desses novos arranjos.
Em seguida, chegamos às conclusões que foram resumidas no quadro 10.
Quadro 10 - Habilidades dos Itinerários Formativos associadas às Competências Gerais da BNCC identificadas
Eixo Linguagens e Matemática e Ciências da Ciências Formação
Estruturante suas suas Natureza e Humanas e Técnica e
Tecnologias Tecnologias suas Sociais Profissional
Tecnologias Aplicadas
HABILIDADES RELACIONADAS AO PENSAR E FAZER CIENTÍFICO:
(EMIFCG01) Identificar, selecionar, processar e analisar dados, fatos e evidências com
curiosidade, atenção, criticidade e ética, inclusive utilizando o apoio de tecnologias digitais.
Investigação (EMIFCG02) Posicionar-se com base em critérios científicos, éticos e estéticos, utilizando
Científica dados, fatos e evidências para respaldar conclusões, opiniões e argumentos, por meio de
afirmações claras, ordenadas, coerentes e compreensíveis, sempre respeitando valores
universais, como liberdade, democracia, justiça social, pluralidade, solidariedade e
sustentabilidade.
HABILIDADES RELACIONADAS AO PENSAR E FAZER CRIATIVO:
Processos (EMIFCG06) Difundir novas ideias, propostas, obras ou soluções por meio de diferentes
Criativos linguagens, mídias e plataformas, analógicas e digitais, com confiança e coragem,
assegurando que alcancem os interlocutores pretendidos.
HABILIDADES RELACIONADAS À CONVIVÊNCIA E ATUAÇÃO
SOCIOCULTURAL:
(EMIFCG07) Reconhecer e analisar questões sociais, culturais e ambientais diversas,
Mediação e
identificando e incorporando valores importantes para si e para o coletivo que assegurem a
Intervenção
tomada de decisões conscientes, consequentes, colaborativas e responsáveis.
Sociocultural
(EMIFCG09) Participar ativamente da proposição, implementação e avaliação de solução
para problemas socioculturais e/ou ambientais em nível local, regional, nacional e/ou global,
corresponsabilizando-se pela realização de ações e projetos voltados ao bem comum.
Fonte: Elaboração próprio autor, 2019
Destarte, temos que ressaltar que o processo educativo decorrente das atividades
promoveu situações didáticas onde um estudante demonstrou a incorporação de práticas de
pesquisa para explicar fenômenos. Em uma das reuniões do CC, um estudante pediu o
smartphone para localizar uma das fontes. Contudo, as imagens do aplicativo utilizado não
são atuais, o discente questionou sobre os motivos dessa desatualização. A partir da imagem
da tela do dispositivo móvel descreveu com detalhes como era a situação da “bica” antes das
intervenções, indicou que o coletor de lixo ficava próximo da bica e identificou um dos
problemas que o bairro enfrenta até os dias atuais.
Para explicar essas alterações provocadas no espaço geográfico pela ação antrópica, no
decorrer de uma das atividades e por iniciativa própria, decidiu capturar a imagem da tela do
dispositivo móvel, por meio do app Google Maps. Em seguida, fotografou o local com um
ângulo parecido para compará-las. O resultado encontra-se mais adiante e, as imagens
serviram para identificar que o lixo é um dos maiores poluidores do bairro e que intervenções
podem ser feitas para a recuperação de áreas. As imagens da Bica do Cajá foram usadas pelo
estudante do CC para explicar os problemas socioambientais decorrente do lixo e a
requalificação da área (FIGURAS 29 e 30).
73
Fonte: Imagem capturada por Cledson dos Santos Fonte: Foto de Cledson dos Santos
elas propiciam contextos férteis para uma aprendizagem ativa do estudante, que não
se limita, ademais, aos conteúdos de uma dada disciplina, mas se estende a uma
diversidade de conhecimentos de natureza, não somente científica, mas também
ética, política e social. Tampouco se restringe a aprendizagem de conteúdos
conceituais, por tais questões abarcarem também conteúdos de outra natureza, como
os atitudinais e procedimentais.
74
Isso ilustra, pois, que envolver a comunidade do entorno da escola foi a forma de
tornar a ação mais eficiente e dar ao processo educativo mais legitimidade e uma maneira de
exercitar a reflexão crítica.
Por isso, foi importante planejar e colocar em prática ações pedagógicas de caráter
crítico que colaborem para a ruptura de práticas voltadas apenas para a mudança
comportamental do indivíduo, que muitas vezes estão descontextualizadas da realidade
socioambiental em que as escolas estão inseridas (GUIMARÃES, 2004, p. 31). Ademais,
identificar os processos educativos presentes na pesquisa possibilitou dimensionar a eficiência
das ações pedagógicas, pois é importante elaborar estratégias que favoreçam a emancipação
dos estudantes (LOUREIRO, 2004, p. 73).
A pesquisa aqui realizada evidencia que não se faz Educação Ambiental sem
compromisso, interesse, participação, sem envolvimento dos sujeitos e sem experiências e
vivências na área, tornando o exemplo do comportamento dos estudantes nesta pesquisa como
um fato que mostra que a ciência se imiscui na vida das pessoas com ato cultural. Para
Carvalho (2006, p. 33), as trajetórias profissionais são parte viva dessa produção cultural com
base na qual se torna possível pensar em uma Educação Ambiental conexa à realidade
objetiva. A Educação Ambiental Crítica se propõe a desvelar a realidade, para, inserindo o
processo educativo nela, contribuir na transformação da sociedade atual, assumindo de forma
inalienável a sua dimensão política como confirma Guimarães (2004). Percebemos que
construir ações que investiguem a realidade e que possibilitem intervenções através da
mobilização do conhecimento científico, em conexão com aspectos concretos do contexto em
que vivem os estudantes, pode gerar um novo conhecimento e isso é fundamental para uma
atuação socialmente referendada.
75
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Vale ressaltar que a transcrição para as narrativas gráficas possibilitou que outras
competências e habilidades, da Matriz de Referência do Encceja (EM) e da Base Nacional
Comum Curricular (EM) fossem trabalhadas, inclusive na perspectiva da Educação Ambiental
Crítica. A proposta pedagógica utilizada na pesquisa levou em consideração o contexto
socioambiental da comunidade, sublinhado o foco no conhecimento que fizesse sentido para a
prática social concreta (LUZ e TONSO, 2015, p. 4), uma vez que, foram mobilizadas
habilidades e competências conectadas a conteúdos e a conhecimentos específicos. Por isso,
nossa proposta abordou ações que possibilitaram além da aprendizagem de conteúdos, ações
socialmente referendadas.
Crítica e reitera o argumento de Tuan (2012) sobre a construção de imagens e sentidos dos
lugares enquanto espacialidades vividas e percebidas (SOUZA, 2015, p. 115).
Por não ser professor regente na escola onde o estudo foi realizado, a pesquisa poderia
ser enriquecida se a dimensão cognitiva fosse estudada. Desta forma poderíamos coletar
dados sobre o entendimento dos estudantes sobre os conteúdos específicos das diversas áreas
do conhecimento.
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ZABALA, Antoni. A Prática Educativa: Como ensinar. Tradução Ernâni F. da F. Rosa. Porto
Alegre: Artmed, 1998.
87
APÊNDICE
88
Caro Docente;
Esta pesquisa é um estudo sobre história em quadrinhos como ferramenta educativa do clube
de ciências e está sendo desenvolvida por Abílio Cláudio do Nascimento Peixoto, do Programa de
Pós-Graduação em Rede Nacional para o Ensino das Ciências Ambientais, da Universidade Estadual
de Feira de Santana, sob a orientação do Professor Nildon Carlos Santos Pitombo.
Os objetivos do estudo são: Identificar os processos educativos presentes na elaboração de
uma HQ e identificar habilidades trabalhadas durante a elaboração da HQ. A finalidade deste
trabalho é contribuir para que metodologias ativas possam ser usadas na escola, como forma de
melhorar a qualidade da educação pública.
Todos os dados informados serão tratados com total confidencialidade pelo pesquisador e
pela Universidade, devendo-se destacar que os resultados serão apresentados de forma global, sem
qualquer possibilidade de identificação dos estudantes participantes da pesquisa. Após a conclusão
da pesquisa e sua homologação pela UEFS, caso seja do seu interesse na pesquisa, teremos o maior
prazer em enviar cópia do trabalho.
Sua participação é vital para o sucesso do trabalho e para que cheguemos a um cenário
fidedigno sobre o uso das HQ como ferramenta pedagógica, portanto, contamos com a sua adesão ao
nosso trabalho e com o máximo de subsídios que possam nos fornecer.
Qualquer dúvida quanto ao questionário ou outras informações sobre o trabalho, não hesitem
em contatar o Prof. Abílio Peixoto.
2. Faixa etária
( ) 30 a 35( ) 35 a 40( ) 40 a 45( ) 45 a 50
8. Você considera essa carga horária ideal para desenvolver atividades em sala? Explique.
11. Já solicitou que seus estudantes elaborassem uma HQ? Conte-nos como foi essa experiência.
( ) Sim ( ) Não
89
Formulário EST1
Caro estudante;
2. Professora na sala dos Professora: Criei o Clube de Ciências, porque houve uma necessidade
professores com os alunos de vocês estudantes agirem em prol do nosso Colégio.
Estudante 1: Que bom!!
Estudante 2: Quer dizer que nos tornaremos cientistas?
Professora: Isso mesmo, fazer ciência pode ser algo simples, a ciência
está relacionada o tempo todo com nossa vida.
4. Na reunião seguinte, na sala de Estudante 1: O que acham de pesquisar sobre a qualidade da nossa praia?
professores, com a presença do Estudante 2: Porque não pesquisar sobre as fontes de água existentes no
Professor, que está sentado ouvindo bairro, pois eu percebi várias pelo bairro.
tudo. Professor: Pode ser uma boa ideia, eu mesmo conheço dez bicas.
Professora: Então está decidido começaremos a pesquisar sobre bicas e
fontes de Plataforma.
5.De volta para casa(numa rua Estudante 1: Já que vamos falar sobre bicas e fontes de Plataforma eu
próxima a escola) estudantes tive sorte, pois tenho uma bem ao lado da minha casa.
procuram bicas e fontes Estudante 2: Engraçado moro aqui há um bom tempo, mas não sei o
nome dessa bica.
6. Ainda na rua conversando Estudante 1: Sabe de uma coisa, vou até a casa do meu avô, ele deve
saber algo sobre essa bica.
7. Chegando na casa do avô, ele logo Estudante 1: O senhor sabe qual é o nome dessa bica aqui ao lado?
inicia a conversa.
Avô: Rapaz, é a Bica do Cajá, é que antigamente tinha um pé de cajá bem
ao lado e todo mundo queria um pouco.
9. Ainda em casa com seu avô. Estudante 1: E essa água serve para consumo?
Avô: Serve, mas não é natural, na verdade ela é salobra Mas, é importante
fazermos testes para que a qualidade da água seja comprovada.
10. Ainda em casa com seu avô. Estudante 1: Tem algum dono? Ou já teve?
11. O estudante agradece e se Estudante 1: Obrigado pelas informações, mas agora estou indo. Tchau
despede de seu avô. vovô!
Avô: Tchau!
12. Já voltando para casas ele pensa.
Entrevista Pro2
Na sua opnião conseguimos trabalhar algumas habilidades descristas na Matriz de
Referência do Encceja?
Quais as habilidades que foram trabalhas durante as atividades iniciais que estão
presentes na Matriz de Referência do Ennceja?
Entrevista com os estudantes para identificar algumas ruas onde ficavam as bicas, o uso
e o estado em que se encontravam.
Entrevista Est1
Quaisas ruas onde essas bicas ficam?
Os moradores usam a água dessas bicas?
Vocês perceberam algum problemas como lixo ou esgotos próximos da bica?
.
Entrevista com os estudantes para identificar a grau de interesse para trabalhadar nas
etapas seguintes necessárias para a elaboração da HQ.
Entrevista Est2
Quais foram os grupos que entregaram as fotos e fizeram as pesquisas iniciais sobre
as bicas do entorno da escola?
Após a conclusão dessas atividades, começaremos a produzir nossa HQ, que m tem
interesse em participar dessa etapa?
93
Quadros elaborados para identificação das habilidades das áreas de conhecimento tendo
como documento base a Matriz de Referência do Exame Nacional para Certificação de
Competências de Jovens e Adultos (Encceja)
Sala preparada para a mostra mostra fotográfica e Mostra com o acervo fotográfico da pesquisa
mesa redonda
Após as sessões os visitantes foram convidados à darem sua nota e opinião sobre a HQ
96
Resultados
Comentário 1
“Muito bom, gostei da história em quadrinhos. Pois, fala das fontes de água de Plataforma. É muito criativo e
interessante, mostra também como cuidar de tudo, porque não podemos jogr lixo nas ruas”.
Comentário 2
“Gostei muito da ideia de usar história para o projeto das fontes de água de Plataforma. É muito importante
conscientizar a população sobre manter as fontes limpas e sem lixo, pois é pro bem da população”.
Comentário 3
“As explicações ficaram boas, gostei das fotografias e au acho que poderia explicar mais sobre o lixo. As
legendas ficaram boas e a contribuição das pessoas deverria ser maior, o lixo está destruindo a Terra”.
97
Mapa gerado na oficina com os estudantes do CC para o mapeamento das fontes e bicas
de Plataforma
98
Produto educacional
102
103
104
105
106
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
119
120
121
122
123
124
125
126
127
128
129
130
131
132
133
134
135
136
137
138
139
140
141
142
143
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
155
156
157
158
159
ANEXOS
174
ABÍLIO PEIXOTO
UEFS - PROFCIAMB
PRODUTO EDUCACIONAL
Feira de Santana
2019
ABÍLIO CLÁUDIO DO NASCIMENTO PEIXOTO
Feira de Santana
2019
COMO ELABORAR UMA HQ A
PARTIR DE NARRATIVAS DOS
ESTUDANTES
SUMÁRIO
11
APRESENTAÇÃO
13
AGRADECIMENTOS
15
AOS PROFESSORES
17
ESTRUTURAÇÃO DA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA (SD)
18
ETAPA I
20
ETAPA II
22
ETAPA III
25
ETAPA IV
27
CRITÉRIOS PARA AVALIAR A
SD
32
SÍNTESE DA SEQUÊNCIA
DIDÁTICA
33
COMO PRODUZIR UMA
HISTÓRIA EM QUADRINHOS
A PARTIR DE NARRATIVAS
DOS ESTUDANTES DO
CLUBE DE CIÊNCIAS DO
COLÉGIO ESTADUAL
PLATAFORMA SOBRE AS
FONTES DE ÁGUA DO
LOCAL?
42
ENGAJAMENTO
COMPORTAMENTAL
43
ORIENTAÇÕES PARA
ACOMPANHAR O PERCURSO
FORMATIVO DOS
ESTUDANTES
45
ANALISANDO O
DESEMPENHO
46
DESEMPENHO DOS
ESTUDANTES
47
RELAÇÃO COM A MATRIZ DE
REFERÊNCIA DO EXAME
NACIONAL PARA
CERTIFICAÇÃO DE
COMPETÊNCIAS DE JOVENS
E ADULTOS
49
REFERÊNCIAS
53
SAIBA MAIS
54
AMPLIE SUA LEITURA
APRESENTAÇÃO
11
AGRADECIMENTOS
13
AOS PROFESSORES
15
ESTRUTURAÇÃO DA
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
(SD)
As quatro etapas desta Sequência Didátiva devem estar conectadas de modo que se uma
etapa for retirada ou não for aplicada a SD ficará comprometida.
17
ETAPA I - EXPLORAR O CONCEITO
1. Apresentar o tema;
2. Despertar para um desafio;
3. Mobilizar conhecimentos sobre o tema;
4. Avaliar processualmente.
18
NÃO ESQUEÇA
19
ETAPA II - INVESTIGAR O CONCEITO
20
NÃO ESQUEÇA
21
ETAPA III - SOLUCIONAR PROBLEMAS OU
PROBLEMATIZAR
22
NÃO ESQUEÇA
23
NÃO ESQUEÇA
24
ETAPA IV
25
NÃO ESQUEÇA
26
CRITÉRIOS PARA
AVALIAR A SD
27
3. Vivenciar algumas Sequências Didáticas.
A experiência de aplicar uma SD é extremamente valiosa para apropriar-se de
toda a dinâmica que envolve a utilização dessa estratégia metodológica. A partir
de um olhar mais sensível, é possível perceber durante a aplicação da SD os
objetivos de cada uma das etapas e como elas se articulam e se completam.
Observe, que se você retirar uma das etapas o trabalho fica comprometido.
[1] Conteúdos factuais: Segundo Zabala (1998, p. 41), “por conteúdos factuais se entende o
conhecimento de fatos, acontecimentos, situações, dados e fenômenos concretos e singulares: a
idade de uma pessoa a conquista de um território, a localização ou altura de uma montanha, os
nomes, os códigos, os axiomas, um fato determinado num determinado momento, etc.” (ZABALA,
1998).
[2] Conteúdos conceituais: Para o autor “os conceitos e os princípios são termos abstratos. Os
conceitos se referem ao conjunto de fatos, objetos ou símbolos que têm características comuns, e
os princípios se referem às mudanças que produzem num fato, objeto ou situação em relação a
outros fatos, objetos ou situações que normalmente descrevem relações de causa-efeito ou de
correlação.” (ZABALA, 1998, p. 42). A aprendizagem de conceitos ou princípios deve ser o mais
significativa possível, provocando um verdadeiro processo de elaboração e construção pessoal do
conceito, ou seja, o aluno deverá ser capaz de interpretar, compreender e expor esses conceitos
(ZABALA, 1998).
29
[3] Conteúdos conceituais: Zabala enuncia que “um conteúdo procedimental (...) é um conjunto de
ações ordenadas e com um fim, quer dizer, dirigidas para a realização de um objetivo. São conteúdos
procedimentais: ler, desenhar, observar, calcular, classificar, traduzir, recortar, saltar, inferir,
espetar, etc.” Ex.: analisar: (Ler; Calcular; Interpretar; Elaborar). A realização de ações que formam
os procedimentos é uma condição sine qua non para aprendizagem, essas ações são necessárias para
que ocorra a aprendizagem dos conceitos e princípios. (ZABALA, 1998).
[4] Conteúdos atitudinais: O termo conteúdos atitudinais engloba valores, normas e atitudes. No
plano descrito anteriormente, pode-se dizer que os conteúdos atitudinais serão desenvolvidos
durante a tarefa em dupla e no momento de socialização das perguntas e respostas das atividades.
Estas propostas exigem que o aluno tenha respeito com o outro, ajude o colega e coopere com o
grupo (ZABALA, 1998).
7. Aplicar a SD
É muito importante aplicar a SD. Convidar outros professores para acompanhar
essa experiência. Pois, dá uma maior dimensão entre planejamento e execução da
atividade, isso permitirá ajustes, se necessário, para validar a SD.
8. Há desafio alcançável?
Propor algo que possa ser realizado, que seja alcançável a partir das 4 etapas da
SD.
30
9. As ações e atividades descritas são capazes de alcançar os objetivos propostos?
Consigo avaliar os estudantes em todas as etapas? Como?
As etapas da SD devem estar conectadas de modo que se uma etapa for retirada
ou não for aplicada a SD ficará comprometida.
31
SÍNTESE DA SD
Como produzir uma história em quadrinhos a partir de narrativas dos estudantes do Clube
de Ciências do Colégio Estadual Plataforma sobre as fontes de água do local?
TEMA MATERIAIS
Construção de narrativas dos estudantes para Computador, smarthpone ou tablet conectado
uma história em quadrinhos, a partir de com internet e com aplicativos Google Maps,
questões sociocientíficas e socioambientais Deep Art Effects e Photo Talks;
do lugar.
Canetas de tinta nanquim e gel branca;
OBJETIVO
Construir narrativas, por meio de Xerox, Impressora;
procedimentos de pesquisa, para compor
uma HQ utilizando temas de relevância Caderno, lápis, borracha, régua, tesoura, cola,
sociocientífica e socioambiental do lugar. papel A4 ou similar;
32
COMO PRODUZIR UMA HISTÓRIA EM QUADRINHOS A PARTIR
DE NARRATIVAS DOS ESTUDANTES DO CLUBE DE CIÊNCIAS
DO COLÉGIO ESTADUAL PLATAFORMA SOBRE AS FONTES DE
ÁGUA DO LOCAL?
A. Iniciar a atividade conversando com os estudantes sobre a importância da água para a vida no
planeta, perguntar sobre a relação deles com este recurso e se já ficaram sem água, pedir para
eles relatarem como foi essa experiência.
D. Solicitar que os estudantes façam registros fotográficos para compor o banco de imagens e
anotações em seu diário de bordo sobre todas as etapas e atividades dessa SD.
Leituras indicadas:
FURLAN, Sueli Ângelo (Coord). Bahia, Brasil: Vida, Natureza e Sociedade. São Paulo: Geodinâmica, 2014.
Disponível em: <https://issuu.com/atinaedu/docs/bahiabrasil_2014>. Acesso em 10 jun. 2018.
O Caminho das Águas em Salvador: Bacias Hidrográficas, Bairros e Fontes. SANTOS, Elisabete; PINHO, José
Antonio Gomes de; MORAES, Luiz Roberto Santos; FISCHER, Tânia (Org.). Salvador: CIAGS/UFBA; SEMA, 2010
(p. 6-7, 281-287, 299-301, 396-397, 404-407). Disponível em: <
http://www.meioambiente.ba.gov.br/arquivos/File/Publicacoes/Livros/caminhodasaguas.pdf>. Acesso em 10 jun.
2018.
Obs.: a) Nesta etapa os estudantes responderam um questionário que serviu como diagnose para identificarmos
quantos já haviam lido uma HQ e os que tinham aptidão para elaboração de textos e imagens. b) Os estudantes ou
seus responsáveis legais devem assinar o TLCE e autorização do uso de imagens.
33
ETAPA II - INVESTIGAR O CONCEITO
E. Iniciar a atividade com uma discussão sobre algumas ideias e conceitos (Bacia Hidrográfica,
Bacia de Drenagem Natural, Lençol Freático) abordados nos textos recomendados. Explicar como
se formam as nascentes e a problemática que gera em torno delas.
F. Recolher as reportagens e abrir uma discussão sobre os materiais que os estudantes levaram
para a aula.
G. Pedir que os estudantes apresentem as fotografias das bicas e fontes do bairro que eles
conseguiram registrar (FIGURA 1). Com o uso do Google Maps, identificar as ruas onde as fontes
e bicas de água estão localizadas (FIGURA 2).
Figura 2 - Imagem da Bica da Rua Chile, capturada do Google Maps (2018), durante a atividade.
34
Dicas:
1. Como usar o Google Maps:
https://www.youtube.com/watch?v=Zv6033aC6qY&list=PL68dldzUtJa-IrIAjRtpuymTgVZQYtDI1&index=7.
I. Planejar uma atividade de campo para mapear as fontes (identificar as ruas, coordenadas
geográficas), utilizar o Google Maps. Entrevistar moradores, fotografar e observar o uso das fontes e
o estado de conservação cada uma delas.
35
ETAPA III - SOLUCIONAR O PROBLEMA OU PROBLEMATIZAR
Figura 4 - Resultado das observações em campo sobre o estado das fontes e bicas.
Nº fontes
visitadas
Dicas:
Você pode descobrir as coordenadas geográficas nas atividades de campo, utilizando o aplicativo Google
Maps com o seu smartphone. Basta abrir o aplicativo, ao iniciar a aula de campo, e quando chegar ao local que
você quer as coordenadas basta pressionar a tela do dispositivo móvel por alguns segundos; na tela seguinte as
coordenadas irão aparecer (FIGURA 6).
36
Figura 6 - Marcando os pontos dos locais visitados em campo
K. Com as informações das coordenadas geográficas conseguidas em campo, elaborar um mapa com
as informações, utilizar o My Maps. Além das fontes catalogadas, perguntar quais os outros locais que
dão identidade ao lugar e que podem ser incluídos no mapa.
Figura 8 - Fontes mapeadas no entorno da escola, Workshop sobre o My Maps com estudantes do CC.
M. Relacionar a narrativa com as fotografias do banco de imagens para montar a HQ. Poderá imprimir
as imagens e fazer a seleção pela tela do computador.
38
ETAPA IV - AVALIAR
N. Fazer uma discussão sobre os elementos que compõem uma narrativa gráfica: requadro, balão,
onomatopéia, tipos de balões das histórias em quadrinhos, interjeições, traços sintéticos, e
storyboard, etc. Conversar sobre as formas alternativas para elaborar uma HQ.
Isto por que nem todas as HQs são produzidas com desenhos (embora a maioria o
seja), mas com fotograas, pinturas, recortes e colagens, entre outros recursos. Por
isso, se seus alunos não souberem desenhar, não tem problema, podem utilizar esse
artifício para criar as suas HQs em sala de aula, ampliando as possibilidades
pedagógicas, desde que mantenham os recursos particulares da linguagem, como o
requadro, balão, onomatopeia etc. Quando utilizamos fotograas para construir uma
HQ, a denominamos de fotonovela (BRANDÃO, p. 38, 2018).
Se liga:
HQ é imagem e texto.
Caso não tenha estudantes com habilidades para desenhar, utilizar as imagens conseguidas ao longo das atividades
para fazer uma fotonovela.
Para a construção foram utilizados dois aplicativos. O primeiro transformava as fotos em desenhos,
Deep Art Effects. O segundo para inserir os balões e recordatórios, caixas de textos que acompanham
os quadrinhos foi o Photo Talks. Ambos são gratuitos, podem ser utilizados em dispositivos móveis
com sistema operacional Android.
Resultados das imagens antes e depois da utilização dos programas (FIGURAS 13, 14, 15)
39
Figura 16 - Resultado da HQ montada
Para o uso das linhas cinéticas e metáforas visuais (BRANDÃO, 2018) você poderá usar caneta
nanquim, hidrocor, caneta esferográfica e caneta gel branca, ver figura 17.
Figura 17 - Utilizando as canetas de nanquim e gel
40
P. Organizar uma exposição fotográfica e fazer o lançamento da HQ.
Para explicar essas alterações provocadas no espaço geográfico pela ação antrópica, por iniciativa própria, o estudante
decidiu capturar a imagem da tela do dispositivo móvel, o app utilizando para gerar a imagem foi Google Maps. Em
seguida, fotografou o local com um ângulo parecido para compará-las. O resultado está nas figuras 18 e 19, as imagens
serviram para identificar que o lixo é um dos maiores poluidores do bairro e que intervenções podem ser feitas para a
recuperação de áreas. As imagens da Bica do Cajá foram usadas pelo estudante do CC para explicar os problemas
socioambientais decorrentes do lixo e a requalificação da área.
41
ENGAJAMENTO COMPORTAMENTAL
Fredricks, Blumenfeld e Paris (2004) destacam que há um consenso entre os estudos sobre o
surgimento do engajamento: ele se estabelece pela interação do sujeito com o contexto e
responde às mudanças no ambiente. De acordo com esse pressuposto inicial é de se esperar
que alterações no contexto de ensino e nos ambientes de aprendizagem promovam
alterações no engajamento dos estudantes. Além disso, esses autores destacam também a
natureza multifacetada do engajamento escolar, que pode ser identificada sob três formas: o
engajamento comportamental, engajamento emocional e engajamento cognitivo (COELHO e
AMANTES, 2014, p. 50).
Para cada tarefa estipulada, o professor deverá marcar 1 se o aluno realizou e 0 se não
realizou a atividade. No caso das tarefas em que um nível corresponder a intervalos (como
por exemplo: nível 1 corresponder a mais de 10 faltas, nível 2 de 5 a 10 faltas e nível 3 de
zero a 4 faltas), as marcações devem ser efetuadas considerando-se os níveis anteriores,
pois nesse caso o nível 3 significa que o estudante passou pelo nível 1 e pelo nível 2 (Se o
estudante é muito assíduo, está no nível 3, por isso deve ganhar 3 pontos ao invés de 1.)
Após o estabelecimento das tarefas e de seus níveis, uma tabela deverá ser montada para
que sejam marcadas todas as atividades efetuadas/entregues. É preciso uma demarcação
das tarefas que são de responsabilidade de todos os estudantes. Isso porque ao fazer a
média para o engajamento comportamental, deve-se considerar o que cada estudante deve
entregar.
Por isso, para acompanhar o percurso formativo dos estudantes durante as etapas da SD
optamos pelo engajamento comportamental. Desta forma, foi possível coletar dados
relacionados as atividades pedidas e frequência nas reuniões do CC.
42
ORIENTAÇÕES PARA ACOMPANHAR O PERCURSO
FORMATIVO DOS ESTUDANTES
43
Após preencher a tabela você terá uma noção do desempenho da turma. Observe a figura 21
que traz o modelo após ser preenchido, para facilitar a compreensão.
Os dados serão transpostos para a planilha do Excel e após serem tratados novas
conclusões podem ser realizadas e o professor terá uma maior dimensão, agora com um
valor de referência. do desempenho dos estudantes durante a SD (FIGURA 22).
44
ANALISANDO O DESEMPENHO
75
50
25
0
a
m
ão
ru
t
dr
a
Pa
d
a
id
io
é
sv
M
De
45
DESEMPENHO DOS ESTUDANTES
100
75
50
25
0
A B C D E
28%
Média da turma
72%
46
RELAÇÃO COM A MATRIZ DE REFERÊNCIA DO EXAME
NACIONAL PARA CERTIFICAÇÃO DE COMPETÊNCIAS DE
JOVENS E ADULTOS
47
Habilidades identificadas nas atividades iniciais com base na Matriz de Referência do
Encceja- Ensino Médio - Ciências Humanas e suas Tecnologias - Matemática e suas
Tecnologias
48
REFERÊNCIAS
49
BERBEL, Neusi Aparecida Navas. As metodologias ativas e a promoção da
autonomia de estudantes. Seminário: Ciências Sociais e Humanas, Londrina, v. 32,
n. 1, p. 25-40, jan./jun. 2011.
Como saber as coordenadas de algum ponto com Google Maps. Youtube. 4 out.
2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=68FvBeaEM7Q>.
Acesso em: 10 mai. 2018.
50
Como usar o Google Maps .G. Suite. Google. Youtube. 22 mar. 2018. 08min30s.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=Zv6033aC6qY&list=PL68dldzUtJa-IrIAjRtpuymTgVZQYtDI1&index=7>. Acesso
em: 10 mai. 2018.
PEIXOTO, Abílio Cláudio do N; et al. Cigarro: por que faz tal mal? Práticas para
Compartilhar: Programa Ciência na Escola. ANDRADE, Júlia Pinheiro (Org.)São
Paulo: Atina, 2015. p. 141-148.
51
SANTOS, Elisabete; PINHO, José Antonio Gomes de; MORAES, Luiz Roberto
Santos; FISCHER, Tânia (Org.). O Caminho das Águas em Salvador: Bacias
Hidrográficas, Bairros e Fontes. Salvador: CIAGS/UFBA; SEMA, 2010.
52
SAIBA MAIS
53
AMPLIE SUA LEITURA
EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
55
JACOBI, P. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de
Pesquisa, n. 118, 2003. p. 189-205. Disponível em
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PIRES, M. G. S.; DALARIVA, K. C.; FERNANDES, C.; FRAGA, C. S.; SALDANHA, T.;
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mai/ago. 2005.
59
LAYOUT
ABÍLIO PEIXOTO
ARTE-FINAL
ABÍLIO PEIXOTO
REVISÃO
MARCELO DOS SANTOS DE
OLIVEIRA
COLABORAÇÃO
ATIVIDADES DE
CAMPO (PIBIEX-
UFBA)
LARISSA OLIVEIRA
MATHEUS CARVALHO
FOTOGRAFIA
ABÍLIO PEIXOTO
CLEDSON SANTOS
GESSE REIS
MOSELENE REIS
PARCEIROS:
PLATAFORMA
Sua localização e as particularidades do relevo local
U M A A V E N T U R A D O C L U B E D E
C I Ê N C I A S D O C E P
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PLATAFORMA
Sua localização e as particularidades do relevo local
FIGURE 1.
According to Wikipedia, an
annual report is a
comprehensive report on a
company's activities
year.