Você está na página 1de 87

Professores Organizadores:

Ana Telma Monteiro de Sousa


Antonio Serafim Azeredo
Maria das Graças da Silva

Belém-
Pará Jun-
2011
Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR

Material organizado para desenvolvimento da disciplina Metodologia Científica no Curso de Li-


cenciatura Plena em Pedagogia, a ser ofertado por meio de convênio firmado entre o Ministério da
Educação - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – MEC/CAPES e a
Universidade do Estado do Pará – UEPA.

Universidade do Estado do Pará


Reitora Marília Brasil Xavier
Vice-Reitora Maria das Graças da Silva

Pró-Reitor de Graduação - PROGRAD Ruy Guilherme Castro de Almeida Jofre

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação - PROPESP Jacob da Silva Freitas

Pró-Reitor de Gestão - PROGESP Manoel Maximiano Júnior

Pró-Reitora de Extensão - PROEX Mariane Cordeiro Alves


Diretora do Centro de Ciências Sociais e Educação - CCSE Franco Maria José de Souza
Coordenador Geral do PARFOR- Cravo Neivaldo Oliveira da
UEPA Coordenadora Adjunta do Silva
PARFOR-UEPA Coordenadora do Curso Léa Maria Gomes da
de Pedagogia Costa Creusa Barbosa dos
Assessora Pedagógica do PARFOR - Curso de Pedagogia Santos Ivanete Onofre

Magalhães
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO, 7
PLANO DE ENSINO, 9
UNIDADE 1
SABER-FAZER DO TRABALHO ACADÊMICO E SUAS DIRETRIZES
METODOLÓGICAS, 11
1.1 DIRETRIZES METODOLÓGICAS PARA SABER-FAZER O ESTUDO DE TEXTOS
TEÓRICOS , 11
Síntese da unidade, 20
Para saber mais, 20
Referências, 21

UNIDADE 2
A INSTAURAÇÃO DO CONHECIMENTO E SUAS FORMAS, 23
2.1 O CONHECIMENTO COMO INSTRUMENTO DE COMPREENSÃO E TRANS-
FORMAÇÃO DO MUNDO, 23
2.2 OS PRINCIPAIS TIPOS DE CONHECIMENTO, 24
Síntese da unidade, 30
Para saber mais, 30
Referências, 31

UNIDADE 3
PESQUISA: INSTRUMENTO DO SABER-FAZER CIÊNCIA , 32
3.1 AS ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS QUE ORIENTAM O SABERFA-
ZER PESQUISA, 34
3.1.1 Enfoques para a apreensão da realidade social, 34
3.2 AS DIMENSÕES QUALITATIVA E QUANTITATIVA DA PESQUISA, 36
3.2.1 Abordagens qualitativas, 26
3.2.1.1 Formas de pesquisa qualitativa , 36
3.2.2 Abordagem quantitativa, 38
3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS PESQUISAS SEGUNDO OS PROCEDIMENTOS TÉCNI-
COS DE COLETA, 40
3.3.1 Pesquisa documental, 40
3.3.2. Pesquisa bibliográfica,

40 Referências, 41

UNIDADE 4
O PLANEJAMENTO DA PESQUISA CIENTÍFICA: O PROJETO DE PESQUISA, 42
4.1 A NECESSIDADE DE FORMULAÇÃO DE UM PROJETO DE PESQUISA , 42
4.2 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO PROJETO DE PESQUISA, 44
Sintese da Unidade, 51
Referências, 55

UNIDADE 5
A EXECUÇÃO DA PESQUISA E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS, 56
5.1 O TRABALHO DE CAMPO, 56
5.2 A CONSTRUÇÃO DOS DADOS, 57
5.3 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS, 57
5.4 RELATÓRIO DE PESQUISA, 60
Referências 61
CONSIDERAÇÕES FINAIS, 62
APÊNDICE A, 63
APÊNDICE B, 72
APÊNDICE C, 77
APRESENTAÇÃO
Esta coletânea de textos tem como objetivo geral proporcionar ao aluno do curso de graduação à
distância e que diante desta experiência buscará conhecimentos na disciplina Metodologia do Trabalho
Cientifico sistematizado com vistas à elaboração de trabalhos acadêmicos junto a outras disciplinas e que
culminará com a elaboração do Projeto de Pesquisa e a Monografia no final de curso.
Com o objetivo de contribuir para que você enfrente o desafio de saber-fazer os seus estudos neste
nível de ensino e de pesquisa científica, a disciplina metodologia científica tem a responsabilidade de lhe
possibilitar um conjunto de diretrizes básicas, recursos metodológicos, abordagens teórico-metodológicas e
técnicas de pesquisa que orientarão a sua trajetória de estudos acadêmicos.
Destacamos então, a importância da leitura, do esquema, do resumo, da resenha, do fichamento, do
entendimento dos métodos, das técnicas, das abordagens, das normas técnicas, da elaboração do projeto – do
saber fazer científico. Este quadro assinala a importância da metodologia da pesquisa, na medida em que ela
fornece o conjunto de subsídios teóricos e práticos que conduzem o aluno ao “saber fazer” no contexto
universitário.
Portanto, o trabalho científico requer um critério rigoroso em todo o seu processo de elaboração, e que
em um curso de nível superior, a perspectiva é do estudante ampliar e produzir conhecimentos, o que não
pode ser feito de qualquer forma, ou seja, “dizer ou fazer qualquer coisa, em qualquer lugar e de qual- quer
maneira”.
A experiência docente mostra-nos que são muitas as dificuldades que estudantes manifestam no início
da sua vida acadêmica, por isso a idéia é de orientá-lo para alcançar bons resultados nos seus estudos e na
construção do seu próprio conhecimento, para que não se restrinja a receber somente informações.
Nesta perspectiva teórico-metodológica, cada unidade foi elaborada, visando atender os objetivos pro-
postos em cada uma delas no sentido de oferecer as ferramentas necessárias ao trabalho de pesquisa.
Este acervo pedagógico não tem a intenção de completar-se em si mesmo, senão estaria fora do con-
texto da ciência; mas de oferecer subsídios necessários que norteiem a prática acadêmica do aluno em sua
trilha pelo mundo do conhecimento.
A metodologia científica tem como meta educativa que você esteja apto a avaliar e se posicionar
criticamente em relação aos temas estudados em diferentes disciplinas. Portanto, que a incorporação do
desafio do estudo e da produção do conhecimento seja encarado e vivenciado por você como um processo
constante de saber-fazer.
Saber-fazer é enfrentar desafios!

Os autores
PLANO DE ENSINO
I – IDENTIFICAÇÃO
CURSO: LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
DISCIPLINA: METODOLOGIA CIENTÍFICA CH: 80
PROFESSOR(A):
SEMESTRE: PERÍODO: TURMA:

II – EMENTA
O conhecimento e suas formas. O método científico e as vias de raciocínio lógico. As principais concepções
teórico-metodológicas – abordagens: positivismo (empirismo e o neopositivismo). Funcionalismo, Fenomenologia,
Racionalismo e o Materialismo Histórico Dialético. A pesquisa e sua aplicação: tipos e fases. A construção do Projeto
de Pesquisa (Pré-Projeto). O Trabalho de campo: elaboração dos instrumentos de coleta, sistematização e tratamento
dos dados, análise dos dados. Elaboração do relatório final de pesquisa.

III – OBJETIVOS
3.1. Geral
Proporcionar ao aluno conhecimento de métodos e técnicas para busca do saber científico sistematizado, com
vistas na elaboração de projeto de pesquisa e monografia de final de curso.
3.2. Específico
Descrever o processo de construção do conhecimento, como conhecemos o mundo e os tipos de conhecimentos;
Elaborar e apresentar trabalhos acadêmicos conforme normas da ABNT em vigor;
Identificar métodos e técnicas de estudo: leitura, fichamento, esquema, resumo, resenha, artigo, relatório.
Planejar uma pesquisa na área da habilitação do curso e elaborar instrumentos de coleta de dados;
Aplicar ao problema de pesquisa o enfoque, o método e o tipo de pesquisa adequado;
Reconhecer princípios éticos inerentes à prática acadêmica e da pesquisa;
Identificar procedimentos de implicação social do pesquisador nos contextos e/ou campos de investigação.

IV – CONTEÚDOS (organizados em unidades)


UNIDADE 1 - SABER-FAZER DO TRABALHO ACADÊMICO E SUAS DIRETRIZES METODOLÓGICAS
1.1 DIRETRIZES METODOLÓGICAS PARA SABER-FAZER O ESTUDO DE TEXTOS TEÓRICOS
Síntese da unidade
Para saber mais
Referências
UNIDADE 2 - A INSTAURAÇÃO DO CONHECIMENTO E SUAS FORMAS
2.1 O CONHECIMENTO COMO INSTRUMENTO DE COMPREENSÃO E TRANSFORMAÇÃO DO
MUNDO
2.2 OS PRINCIPAIS TIPOS DE CONHECIMENTO
Síntese da unidade
Para saber mais
Referências
UNIDADE 3 - PESQUISA: INSTRUMENTO DO SABER-FAZER CIÊNCIA
3.1 AS ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS QUE ORIENTAM O SABER FAZER PESQUISA
3.1.1 Enfoques para a apreensão da realidade social
3.2 AS DIMENSÕES QUALITATIVA E QUANTITATIVA DA PESQUISA
3.2.1 Abordagens qualitativas
3.2.1.1 Formas de pesquisa qualitativa
3.2.2 Abordagem quantitativa
3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS PESQUISAS SEGUNDO OS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS DE COLETA
3.3.1 Pesquisa documental
Referências
UNIDADE 4 - O PLANEJAMENTO DA PESQUISA CIENTÍFICA: O PROJETO DE PESQUISA
4.1 A NECESSIDADE DE FORMULAÇÃO DE UM PROJETO DE PESQUISA
4.2 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO PROJETO DE PESQUISA
Referências
UNIDADE 5 - A EXECUÇÃO DA PESQUISA E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
5.1 O TRABALHO DE CAMPO
5.2 A CONSTRUÇÃO DOS DADOS
5.3 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS
5.4 RELATÓRIO DE PESQUISA
Referências
V – METODOLOGIA

A disciplina Metodologia Científica será ministrada através de aulas expositivas, análise de textos, debates,
seminários, vídeo aulas, estudo dirigido.

VI – RECURSOS
Quadro magnético, pincel atômico, textos fichas-resumo, tv, vídeo, data-show, filmes e outros se forem
necessários.

VII – AVALIAÇÃO
A avaliação terá caráter processual, considerando a participação, a freqüência e a produção do aluno no
decorrer das aulas. O processo avaliativo culminará com um trabalho final – Pré-Projeto de Pesquisa: versão pre-
liminar.
VIII – REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS IX –
CRONOGRAMA: 80 h

10 Metodologia Científica
UNIDADE 1

1. SABER-FAZER DO TRABALHO ACADÊMICO E SUAS DIRETRIZES


METODOLÓGICAS
Caro(a) cursista, esperamos que ao final, desta unidade, você seja capaz de:

● Elaborar as formas básicas de apresentação do trabalho acadêmico: fichamento, esquema,


resumo, resenha e artigo.

● Organizar a normalização do trabalho acadêmico segundo a ABNT: citação de autores, orde-


nação das referências (bibliográficas) e a estruturação do trabalho (escrito).

1.1. DIRETRIZES METODOLÓGICAS PARA SABER-FAZER O ESTUDO DE


TEXTOS TEÓRICOS
Em geral, as leituras de textos teóricos (existem outros tipos de texto) você realizará a partir da
recomendação de um professor ou da necessidade que você mesmo sentir de examinar, compreender ou
avaliar determinado tema.
Nesta unidade, você encontra a sua disposição alguns procedimentos metodológicos que poderão
auxiliá-lo(a) na escolha e organização de suas leituras.
Após selecionar o seu material (livros, documentos), leve em consideração algumas recomendações
necessárias para se obter bons resultados na aprendizagem.
Primeira recomendação: você precisa ter clara a questão ou o tema que deseja estudar; evite sobre-
carregar a seleção. É preferível que você leia poucas páginas de cada vez de maneira aprofundada e
crítica, do que ler superficialmente muitas páginas.
A segunda recomendação: antes da leitura defina claramente o que busca alcançar, ou seja, com que
objetivo fará o estudo.
Então, vamos conhecer quais diretrizes metodológicas podemos dispor?
a) Fichamento
b) Esquema
Ao ler um texto você, estudante, pode ter acesso a um conjunto de idéias que facilitem melhor a
compreensão do tema que está trabalhando. Isso requer que você seja capaz de se apropriar dessas idéias,
compreendê-las e fazer articulação de forma coerente com aquilo que está estudando. Neste exercício, é
possível que você encontre dificuldades devido à sua formação teórica ainda estar iniciando. Lembre-se,
ler mecanicamente é uma coisa, compreender e reter as idéias é outra.
Como atividade preparatória para compreensão do texto, fique atento para a enunciação do tema a
ser abordado, procure situar historicamente o texto, buscando identificar o seu autor, o contexto em que
escreveu, a postura (crítica ou conservadora) que assume em relação ao conteúdo da temática.
Uma primeira leitura geral do texto é preciso para que você possa ter uma idéia de conjunto
da estrutura do pensamento do autor. Nesse primeiro contato, é possível que você encontre conceitos,
idéias e/ou termos com os quais ainda não está familiarizado, mas que a falta de esclarecimento pode
comprometer o entendimento e os resultados da leitura. Calma! Isso não pode ser obstáculo ao seu
processo de aprendizagem. A recomendação é de que eles sejam destacados e pesquisados. A consulta a
dicionários, enciclopédia, textos didáticos e literatura especializada e a consulta a outros professores e/ ou
especialistas podem ser fontes de esclarecimentos para você.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 11


Esse procedimento metodológico, que você vai ver é bem simples, além de enriquecer com novos
conhecimentos e informações, evita que a sua leitura seja prejudicada pela falta de esclarecimentos neces-
sários acerca dos termos e/ou expressões utilizados pelo autor.
Ao final dessa “viagem panorâmica”, você tem o desafio de recompor a estrutura redacional do
texto. Tente ao final da leitura dar conta das idéias contidas em cada parte da unidade trabalhada (capítu-
lo, parágrafo etc). Ao fazer isso, você pode sintetizar as idéias do autor num esquema, incluindo tema e
subtemas. Ao elaborar o esquema você estará recompondo a seqüência lógica de exposição das idéias do
autor.
Como trabalho acadêmico, você pode fazer uso do esquema para fazer um resumo (vamos ver mais
na frente), para fazer apresentações em seminários ou outra atividade que necessite situar os participantes
em relação ao conteúdo a ser tratado, como uma aula, por exemplo. O esquema também é útil na elabo-
ração de seus textos, com ele você garante a ordenação de suas idéias numa seqüência coerente, ou seja,
com início, meio e fim, facilitando a compreensão do leitor acerca do que se quer comunicar.

Exemplo de aplicação de um Esquema


Identificação bibliográfica
FURLAN, Vera Irmã. O estudo de textos teóricos. In: CARVALHO, Maria Cecília M. de (ORG.). Metodologia
Científica. Fundamentos e Técnicas – Construindo o saber. 9. ed. Campinas. SP: Papirus, 2000. CAP. II

O Estudo de Textos Teóricos


O que é texto?
O texto é obra humana, produto humano, e se expressa por meio dos mais variados meios simbólicos: peças de teatro,
filmes, televisão, pinturas, esculturas, literatura, poesia, livros científicos e filosóficos, artigos de revistas e jornais etc. Os tex-
tos são a memória do homem na qualidade de ser-no-mundo e se constitui na herança que possibilita dar continuidade à obra
humana na história.

Autor do texto é um homem historicamente situado, que vive a experiência do mundo com os homens, que participa do
existir num tempo e espaço específicos a partir de determinadas condições econômicas, políticas, ideológicas e culturais.
Enquanto produto das suas relações com o mundo, é ao mesmo tempo produtor, que transforma o mundo colocando algo de si,
mesmo quando não existe o desejo intencional de faze-lo.

O texto, a obra, é a expressão do viver, experienciar, participar, é o produto colocado no mundo, tem a marca humana. É
a manifestação do que o homem produz nos vários campos das artes, da literatura, do saber. É carregado de significações ... O
texto ilumina e esconde, escurece o mundo e, ao mesmo tempo em que pretende dar respostas aos questionamentos susci- tados
pelos homens, levanta outras questões, outras perguntas. Esclarece, obscurece ...

A obra é histórica, sempre guarda um sentido subjacente; portanto, não é objeto, não é algo pronto, acabado, defi-
nitivo, absoluto. É um eterno fazer-se, o resultado do conjunto de experiências que o homem vivencia na história.

Furlan (2000, p.123/24), ao tratar do esquema, indica os seguintes procedimentos para a elaboração:

● Durante a fase inicial da leitura, você deverá grifar (sublinhar) as “palavras- chave” dos pa-
rágrafos. Esteja atento, pois cada parágrafo do texto é um momento de desenvolvimento do
raciocínio, do desdobramento da argumentação, na apresentação das idéias ou conceitos que,
no conjunto, demonstram a posição assumida pelo autor. Por isso, para que você tenha uma
boa compreensão do texto que estiver lendo, é necessário ter clareza das idéias apresentadas
nos parágrafos. Para o levantamento destas pode-se proceder da seguinte forma:
● Pergunta-se: de que fala o parágrafo?

● Deve-se grifar estas palavras.


Os textos, via de regra, apresentam vários parágrafos que tratam do mesmo conceito, sendo assim,

12 Metodologia Científica
grifa-se apenas quando aparece pela primeira vez.
Não confundir as “palavras-chaves” com as idéias que exercem maior atração, maior interesse por
parte do leitor. Estas devem ser destacadas na fase posterior da leitura, no momento da interpretação do
texto.
A partir do levantamento das “palavras-chaves” nos parágrafos, elabora-se o Esquema destas
idéias. Os textos teóricos normalmente apresentam a seguinte estrutura lógica:
a) Introdução (composta pelos primeiros parágrafos) – onde o autor apresenta o assunto, o
problema levantado em torno dele e a posição que defende a partir do problema.
b) Desenvolvimento – neste o autor apresenta os argumentos que justificam a posição assu-
mida.
c) Conclusão (últimos parágrafos) – nesta o autor “fecha” o texto apresentando o resultado de
sua pesquisa.
Por isso, na elaboração do seu Esquema, procure identificar nos parágrafos nos quais o autor intro-
duz, desenvolve e conclui o texto. Em seguida sublinhe em cada um destes parágrafos as “palavras-
chave” grifadas, que, no seu conjunto, constituem o esquema do raciocínio lógico do autor,
possibilitando, as- sim, a “visão do todo” do texto.
O esquema pode ser elaborado a partir do vocabulário utilizado pelo autor do texto.
No caso do texto anterior “O Estudo de Textos Teóricos”, acompanhe uma possibilidade de ela-
boração do esquema:

● No primeiro parágrafo (introdutório) a autora define texto como: obra humana expressa de
diferentes formas, como memória torna-se herança na história da humanidade.

● No segundo e terceiro parágrafos ela desenvolve os argumentos que sustentam as idéias de-
fendidas no parágrafo anterior (introdutório): no segundo caracteriza o autor do texto como:
ser humano historicamente situado, produto e produtor de relações sociais e no terceiro, indica
qual é função de um texto: fruto da subjetividade humana, os seus significados contri- buem
tanto para esclarecer como suscitar novas questões.

● No quarto parágrafo a autora conclui seu pensamento: o texto enquanto obra histórica é
produto inacabado.
Com base nesse exercício de compreensão geral das idéias do autor do texto, você tem a possibili-
dade de elaborar um resumo.
b) Resumo
Resumo (em francês: analyse, compte-rendu analytique; em inglês: abstract)” é a apresentação
concisa e freqüentemente seletiva do texto de um artigo, obra ou do outro documento, pondo em relevo os
ele- mentos de maior interesse e importância, sendo freqüentemente redigido por outra pessoa.
O resumo de um escrito, artigo, livro ou qualquer outra publicação, apresenta as seguintes carac-
terísticas:
a) Como a sinopse, o resumo é uma mera apresentação condensada de um texto (FURLAN,
1999, p. 17);
b) Os resumos podem ser seletivos e não abarcar tudo o que está contido na publicação;
c) Os resumos são independentes do trabalho resumido e como tais podem ser publicados
(FURLAN, 1999, p. 17);
d) O resumo costuma ser redigido por outra pessoa que não o autor, mesmo quando possa estar

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 13


baseado na sinopse (do autor) que acompanha o artigo ou obra.
Os resumos podem ser de três categorias: (FURLAN, 1999, p. 18);
a) Informativos ou analíticos, quando contém todas as informações apresentadas no
texto e dispensam a leitura desse último;
Indicativos ou descritivos, quando não dispensam a leitura do texto completo, pois apenas
descrevem a natureza, a forma e o propósito do escrito, cuja matéria não é possível de apresentação
abreviada;
Críticos, quando formulam julgamento sobre o trabalho que resumem.

RESUMO traz somente as idéias do autor lido. Você escreve com as suas palavras as idéias do
autor e também pode fazer transcrições, ou seja, trazer para o resumo trechos com as palavras do autor
exatamente como estão no texto lido, que sempre estarão com destaque gráfico (ou aspas, ou negrito, ou
itálico (TEIXEIRA, 2001 p.28).
O Resumo de Textos: É um trabalho didático comumente exigido em escolas superiores é resumo
ou síntese de textos, seja de toda uma obra ou de um único capítulo. È o que se faz, muitas vezes, quando
do fichamento de livro (SEVERINO, 2002, p.131).
Contudo, não se trata propriamente de um trabalho de elaboração, mas de um trabalho de extração
de idéias, de um exercício de leitura que nem por isso deixa de ter enorme utilidade didática e significati-
vo interesse científico (SEVERINO, 2002, p. 131).
O leitor que deseja RESUMIR UM TEXTO poderá lê-lo e a partir daí hierarquizar as idéias que se
destacam nos títulos, sub-títulos e dentro do próprio texto (palavras-chave). Depois poderá criar um
sistema de códigos, setas, desenhos e/ou um diagrama, como o que apresentamos sobre o que é leitura
(TEIXEIRA, 2001, p.24).
O Resumo poderá ser produzido com base no esquema elaborado, como se estivéssemos escreven-
do o que o esquema representa e/ou destaca.
O leitor que deseja ANALISAR UM TEXTO poderá, após elaborar o resumo, procurar resposta
para as seguintes questões:
O resumo do texto é, na realidade, uma síntese das ideías e não das palavras do texto. Não se trata
de uma “miniaturização” do texto. Resumindo um texto com as próprias palavras, o estudante mantém- se
fiel às ideías do autor sintetizando (SEVERINO, 2002, p.131).
Não se deve confundir este resumo/síntese, muitas vezes exigido como trabalho didático, com o
resu- mo técnico-científico, solicitado em situações acadêmicas e científicas especiais (SEVERINO, 2002,
p.131).
No resumo técnico-científico de teses, dissertações, monografias (inclusive o TCC) e artigos, ele
pre- cede (vem antes) o texto. Quando não integra o texto original, ou seja, quando ele é um produto
individual, a primeira coisa que você tem que fazer é a identificação bibliográfica completa do texto
resumido.
Ao fazer o seu resumo, procure ser objetivo, colocando apenas as informações mais significativas,
respeitando a estrutura e as idéias do texto original. O resumo deve conter de 50 a 100 palavras, para
comunicações breves; de 100 a 250 para artigos de periódicos; de 150 a 500 palavras, para trabalhos aca-
dêmicos e relatórios técnicos, e limitar-se a um parágrafo.

14 Metodologia Científica
Agora que você já conhece como fazer um resumo, exercite sua aprendizagem realizan- do a
Atividade 1 – Resumo.
Tomando por base as palavras sublinhadas que compõem o esquema das idéias do ator, elabore um
resumo do texto a seguir, organizando frases com as palavras do esquema de forma seqüêncial:
“Na psicanálise freudiana muito comportamento criador, especialmente nas artes, é substituto e
continuação do folguedo da infância, Como a criança se exprime em jogos e fantasias, o adulto
criativo o faz escrevendo ou, conforme o caso, pintando. Além disso, muito do material de que ele
se vale para resolver seu conflito inconsciente, material que se torna substância de sua produção
criadora, tende a ser obtido das experiências da infância” (KNELLER, 1976, p.42-3).

Um lembrete! A sua preocupação maior não deve ser se vai usar vocabulário próprio ou do autor,
mas apresentar as principais idéias do texto, de forma reduzida. O exercício desta técnica vai possibilitar
que você resuma não apenas um parágrafo, mas capítulos e mais tarde uma obra inteira.
Resenha
Ainda que a elaboração da resenha (também chamada de resumo crítico ou recensão) não esteja
normalizada pela ABNT, ela, além de apoiar você no seu processo de leitura de maneira proveitosa, tem
sido usada como uma forma de elaboração e comunicação do trabalho acadêmico-científico.
De um modo geral, podemos considerar a resenha como uma apreciação criteriosa sobre determi-
nada obra. Por meio de um “diálogo” com os autores das obras, você começará a exercitar uma postura
crítica diante do conteúdo do texto, ou seja, na elaboração de uma resenha o aluno é “chamado” a co-
mentar as idéias do autor.
Resenha, recensão de livros ou análise bibliográfica é uma síntese ou um comentário dos livros pu-
blicados feito em revistas especializadas das várias áreas da ciência, das artes e da filosofia (SEVERINO,
2002, p. 131).
Uma resenha pode ser puramente informativa, quando apenas expõe o conteúdo do texto; é crítica
quando se manifesta sobre o valor e o alcance do texto analisado; é crítico-informativa quando expõe o
conteúdo e tece comentários sobre o texto analisado.
Tal como as formas anteriores de trabalho acadêmico, na elaboração de uma resenha, você tem de
observar a delimitação do espaço (que dependendo da finalidade, pode variar entre duas a dez laudas), os
objetivos que se propôs e a finalidade (publicação, atividade acadêmica etc.). O objetivo principal da
resenha é fazer uma apreciação crítica, comentada sobre uma determinada obra para publicação ou divul-
gação. De acordo com Severino (1986, p.181), além do caráter puramente informativo, a resenha é útil
por contribuir com comentários críticos.
A resenha estrutura-se em várias partes lógico-redacionais.
Abre-se com um cabeçalho, no qual são transcritos os dados bibliográficos completos da publicação
resenhada; uma pequena informação sobre o autor do texto, dispensável se o autor for muito conhecido;
Uma exposição sintética do conteúdo do texto, que deve ser objetiva e conter os pontos principais e mais
significativos da obra analisada, acompanhando os capítulos ou parte por parte (SEVERINO, 2002, p. 131).
Deve passar ao leitor uma visão precisa do conteúdo do texto, de acordo com a análise temática,
destacando o assunto, os objetivos, a idéia central, os principais passos do raciocínio do autor.
Finalmente deve conter um comentário crítico. Trata-se da avaliação que o resenhista faz do texto
que leu e sintetizou.Trata-se da avaliação que o resenhista faz do texto que leu e sintetizou.Essa avaliação
crítica pode assinalar tanto os aspectos positivos quanto os aspectos negativos do mesmo.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 15


Esse comentário é normalmente feito como último momento da resenha, após a exposição do con-
teúdo. Mas, pode ser distribuído difusamente, junto com os momentos anteriores: expõe e comenta-se
simultaneamente as idéias do autor.
As críticas devem ser dirigidas às idéias e posições do autor, nunca a sua pessoa ou às suas
condições pessoais de existência. Quem é criticado é o pensador/autor e suas idéias, e não a pessoa
humana que as elabora.

Passo 1 – Leitura Dirigida

Seção 1: leia o texto sem marcar nada. Para identificar a idéia/mensagem


central. Não sublinhe, não marque o texto, não anote nada, simplesmente leia do início
ao fim. Ao final pergunte-se: qual é a idéia/mensagem principal do texto. E as
secundárias? Do que trata o texto? Se você não conseguir responder a essas perguntas,
leia de novo.

Se responder, passe para o segundo momento.

Seção 2: Leia para destacar os trechos significativos e representativos da idéia


cen- tral e informações complementares> Agora sublinhe, marque, faça os destaques
dos pa- rágrafos significativos.

Passo 2 – A Resenha

Momento 1: Faça uma folha de rosto para o seu fichamento.

Momento 2: Comece escrevendo a Bibliografia do texto segundo as normas da


ABNT.

Momento 3: Comece fazendo um resumo, sintetizando o conteúdo do texto.


Exemplo:

O texto trata do tema meio ambiente. O autor defende a idéia que..Segundo o


autor.... Para o autor.... O autor também refere que.......

Momento 4: Faça as transcrições para o seu fichamento dos trechos que


marcou, que sublinhou. Após cada trecho coloque o número da página entre
De acordo com (SEVERINO, 2002, p.132), uma resenha estrutura-se várias partes lógico-redacio-
nal. Inicia-se com um cabeçalho, no qual são transcritos os dados bibliográficos completos da publica-
ção resenhada;uma pequena informação do autor do texto;dispensável se o autor for muito conhecido;
uma exposição sintética do conteúdo do texto,que deve ser objetiva e conter os pontos principais e mais
significativos da obra analisada,acompanhando os capítulos ou parte por parte;destacando o assunto,os
objetivos,a idéia central ,os principais passos do raciocínio do autor. introdução, que precisa ser breve.
Nela, você, além de contextualizar o assunto de que trata o livro, precisa discutir a relevância do assunto,
localizando-o no tempo e no espaço. Dessa forma, você estará incentivando o leitor a ler o trabalho.
Na segunda seção, você vai fazer o resumo da obra. Conforme vimos nos três últimos parágrafos
anteriores, você pode fazer o resumo sem a crítica, apenas apresentando as idéias principais do autor de
forma concatenadas e ordenadas ou, incluindo a crítica, neste caso você vai exercendo a sua opi- nião,
mostrando os pontos falhos, revelando as ideologias, destacando os pontos válidos etc. Nesta seção você
pode incorporar as citações formais, com aspas seguidas de indicação das páginas de onde foram
extraídas,seguindo as normas da ABNT.
A terceira seção é reservada para você dar a sua opinião, uma espécie de conclusão/considerações.
Enfim, a obra tem alguma validade? Que tipo de validade? O que falta ao livro? Há alguma originalidade?
A leitura é agradável?

16 Metodologia Científica
Modelo de Resenha
MACHADO, I.F.; RIBAS, O.T.; OLIVEIRA,
T. A. Cartilha: procedimentos básicos para uma arquitetura no trópico úmido. São Paulo: Pini, 1986.
Trata-se de um pequeno manual para sép- ticas para o tratamento de esgotos sanitários,
inician- tes nos problemas do projeto de em
habitações nas re- giões do Brasil, situadas
residências situadas em áreas pouco urbanizadas, os
basicamente na bacia do Amazonas.
autores deveriam dar um dimensionamento dessas
O livro inicia-se com uma visão geral do fossas em relação ao número de usuários. Ou, quan-
que se deve obter com uma casa, propondo do, propõem a utilização de madeira para estrutu- ras
também uma teoria de como se deve “construir de coberturas, sugerem sua impermeabilização, mas
corretamen- te”. Esta primeira parte critica o não dão nenhuma regra prática de como pro- ceder a
atual panorama das atividades construtivas, mais essa impermeabilização (e proteção contra xilófagos,
voltadas para ob- jetivos de “representação de de uma maneira geral).
status” do usuário que para o conforto físico e
Uma outra crítica mais grave pode ser, entre-
psicológico, e para a econo- mia dos recursos
tanto, feita: todo o manual está montado em torno de
disponíveis.
considerações sobre a cãs isolada, de acordo com a
Em contraposição a essa postura, o livro tradicional ocupação rural da região amazônica. De
enu- mera os condicionantes “corretos”, o clima, fato a população dessa área do país sempre foi muito
o solo, a paisagem e os cuidados que devem ser rarefeita. Entretanto, não é essa a tendência que se
tomados para obter-se o máximo de desfrute verifica atualmente, nem é o que se pode prever para
desses fatores, sugerindo inclusive algumas o futuro. Nesse sentido o manual não orienta, não faz
providências para que a intervenção humana seja menção de agrupamentos concentrados de habi-
a menos predatória pos- sível. Sabe-se que a tações, seja sobre o solo, seja em altura.
região em apreço é de extrema fragilidade, e o
Considerada a pobreza de manuais no país, não
risco de desertificação da região é um perigo
podemos deixar de registrar o meritório esfor- ço dos
presente, como já alertaram biólogos e outros
autores e da editora, que se dispôs a editá-lo.
estudiosos da Amazônia.
Pela correção do método empregado e pela
Quanto aos recursos econômicos, o
segurança das informações contidas, julgamos que
trabalho enfatiza a utilização de soluções já
esse manual será útil para estudantes de arquite- tura,
consagradas pelo uso, descrevendo cada elemento
no sentido de introduzi-los em problemas de
construído da ha- bitação, desde os alicerces,
conforto ambiental e conservação da natureza,
estruturas portantes, co- berturas, vedações,
qualquer que seja a latitude onde um dia irão atuar.
aberturas (portas e janelas) bem como os
equipamentos sanitários.
Júlio Roberto Katinky
Aqui nota-se um pequeno senão no traba- Faculdade de Arquitetura e Urbanismo,
lho, ou seja, as recomendações não atingem o USP, São Paulo.
nível quantitativo. Por exemplo, ao propor fossas Resenhista

A partir do modelo de resenha apresentado, agora faça a Atividade 2 – Resenha.


Marque no texto resenhado anteriormente apresentado palavras desconhecidas ou que não saiba o
seu significado. Pesquise em dicionários, enciclopédia o significada de cada uma.
Identifique quantas seções o texto resenhado possui, indicando onde cada uma começa e termina.
Que tipo de resenha é feito nesse texto. Cite dois trechos dele que ilustre a sua resposta.
Boa Sorte!

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 17


d) Artigo
Trata-se de um trabalho completo, sua estrutura pode variar entre 5 a 20 laudas, dependendo das
diretrizes do solicitante. Em geral, o artigo é elaborado para publicações em revistas especializadas. Mas
você, durante a sua vida acadêmica pode ser solicitado a elaborar o seu artigo.
Categorias de artigos e suas dimensões (AZEVEDO, 1992, p.81):

● Ensaio: artigo teórico sobre determinado tema (12 a 20 laudas);

● Relato:resulta da intenção de publicar resultados de pesquisa de campo ou de laboratório (10 a


12 laudas);

● Revisão de literatura: artigo que trata do levantamento do estágio atual de determinado as-
sunto à luz da bibliografia disponível (8 a 10 laudas);

● Resenha: comentário crítico de uma obra (2 a 10 laudas).


Em relação ao formato de apresentação, em geral, inclui: título e subtítulo, se houver, autor(es),
credenciais do(s) autor(es), resumo, introdução, corpo do artigo (com subtítulos, porém não é em forma
de capítulo), conclusão, referências bibliográficas (segundo a ABNT).
Ao final desta Disciplina, você encontrará um manual de normalização, segundo a ABNT em vi-
gência (Apêndice A).
Ao finalizarmos o estudo desta unidade é importante refletirmos que em nossas jornadas acadê-
micas, sempre seremos cobrados como prova da compreensão do nosso conhecimento, a trabalhar com
resumos, resenhas, artigos científicos, segundo os princípios pautados na NBR 6028.
Um artigo é um instrumento de comunicação científica. Tem por finalidade comunicar os resul-
tados de um estudo e/ou pesquisa (pesquisa bibliográfica: artigo de revisão teórica; pesquisa de campo:
artigo resultado de pesquisa; descrever uma experiência vivida: artigo relato de experiência); divulgar
conhecimentos; contestar, refutar ou apresentar soluções para uma situação controvertida.
O artigo científico “é um texto escrito para ser publicado num periódico especializado e tem o
objetivo de comunicar os dados de pesquisa, seja ela experimental, quase experimental ou documental”
(AZEVEDO, 2001, p.82). De acordo com a ABNT (NBR 6022, 2003, p.2), três definições são apresenta-
das para o artigo, são elas:

● ARTIGO CIENTÍFICO

● Artigo original: Parte de uma publicação que apresenta temas ou abordagens originais (Gon-
çalves, 2004, p.19).

● Antes de iniciar a redação de um artigo científico, é conveniente considerar alguns aspectos,


dentre eles: sobre o que escrever, por que escrever, para quem e como escrever.
Algumas qualidades que deve ser inerentes ao pesquisador, conforme segue:

● o interesse e a curiosidade para pesquisar sobre a temática selecionada;

● o prazer da produção científica, a ponto de dedicar-lhe tempo indefinido para visualizar, sele-
cionar e entender os detalhes do objeto de estudo, sob seus diversos prismas;

● capacidade de se autojulgar e aceitar a crítica, bem como outras contribuições que permitam e
favoreçam a realização do trabalho científico;
As notas prévias (Notas de Pesquisa) trazem informações teórico-metodológicas sobre um tema o
qual ainda se esteja pesquisando, porém ainda não conclui, podendo apresentar resultados parciais ou
primeiros resultados.

18 Metodologia Científica
A introdução (para todos os tipos de artigos) apresenta o tema do artigo, qual é o objetivo de escre-
ver sobre ele, a razão da escolha (justificativa) e porque o tema é importante. Deve ser escrita no tempo
presente.
ARTIGO DE REVISÃO TEÓRICA
Apresenta o resultado da pesquisa bibliográfica sobre o tema escolhido, podendo ser subdividido
em subtítulos. Deve conter as citações dos autores lidos e consultados de acordo com os sistemas de ci-
tação da ABNT.
ARTIGO DE RESULTADO DE PESQUISA
Apresenta: a Revisão da Literatura (pesquisa bibliográfica), a Metodologia utilizada para realizar
a pesquisa de campo (método, local, informantes, técnicas de coleta e análise e discussão com base na
revisão da literatura.
Exemplo: O autor refere que: “o meio ambiente deve ser preservado” (p.34), “ a natureza precisa de
cuidados tanto quanto os seres humanos” (p.35).....
ARTIGO DE RELATO DE EXPERIÊNCIA
Apresenta o relato de uma experiência/vivência, como por exemplo: a aplicação de uma técnica, a
realização de uma atividade etc.
CONCLUSÃO (para todos os tipos de artigos) deve estar coerente com o desenvolvimento do tra-
balho; pode evidenciar o que foi alcançado com o estudo, possíveis contribuições; pode sugerir e incluir
recomendações de ordem prática.
As características da redação científica são as seguintes: clareza, precisão e objetividade, coerência,
brevidade e/ ou concisão, correção, encadeamento, fidelidade e originalidade.
O PAPER, segundo (SOUZA, 1999. p.32) é um pequeno artigo cujas características podem con-
vencionalmente, consistir em atividade acadêmica, servindo usualmente como um trabalho escrito para a
avaliação do desempenho em seminários, cursos e disciplinas. Devem possuir a mesma estrutura formal
de um artigo.
Podem ser de quatro características segundo a autora: a) estudo sobre o autor; b) estudo de uma
tema num autor; c) estudo de uma obra de um autor; e d) estudo de um tema/questão/problema em
divresos autortes.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 19


RELATÓRIO
O Professor solicita que você desenvolva uma determinada atividade, que pode ser uma observa-
ção, uma coleta de dados, uma atividade de ensino etc. Depois ele solicita um a relatório. O relatório é a
parte final da pesquisa. Seu objetivo consiste em dar às pessoas interessadas o resultado completo do
estudo, apresentado fatos, dados, procedimentos utilizados, resultados obtidos, chegando a certas con-
clusões e recomendações.

Geralmente os relatórios têm a seguinte estrutura:


Seção Preliminar
capa
folha de rosto
agradecimento (se houver)
prefácio (dispensável)
resumo/abstrat
lista de tabelas e/ou figuras (se houver)
sumário

Corpo do relatório
Introdução – apresenta a escolha do assunto, com sua delimitação, justificativa e seus objetivos.
Revisão bibliográfica – apresentação de uma pesquisa bibliográfica-resumo de
assunto sobre a questão delimitada.
Esquema de investigação – procedimentos empregados, fonte dos dados, meto- dologia
empregada na obtenção dos dados
Apresentação, análise e interpretação dos dados
Conclusão
Seção de referências
Anexos e/ou apêndice
Bibliografia/referência

SÍNTESE DA UNIDADE
Nesta unidade, colocamos a sua disposição alguns procedimentos metodológicos que poderão au-
xiliá-lo(a) na escolha e organização de suas leituras. Após selecionar o seu material (livros, documentos),
leve em consideração algumas recomendações estudadas para se obter bons resultados na aprendizagem.

PARA SABER MAIS


Pearson Education– site da editora do livro Metodologia científica.
< http://www.pearson.com.br/>
Google maps – serviço gratuito de mapas e fotos via satélite.
<http://maps.google.com/>
The Library of Congress – biblioteca do Congresso Americano; possui um exemplar de cada publicação
indexada no mundo.
<http://www.loc.gov/index.html>

20 Metodologia Científica
Fundação Biblioteca Nacional – possui um exemplar de cada publicação indexada no Brasil.
<http://www.bn.br/>
Wikipedia – enciclopédia on-line gratuita e construída colaborativamente.
<http://www.wikipedia.org/>
Internet Archive – arquivo histórico da Internet.
<http://www.archive.org/>
Portal Periódicos (Capes) – acesso a textos completos de artigos de revistas nacionais e internacionais.
<http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/>
Prossiga – Bibliotecas virtuais temáticas – reúnem e organizam informações, presentes na Internet, sobre
determinadas áreas do conhecimento.
<http://prossiga.ibict.br/bibliotecas/>

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Normas ABNT sobre referências
bibliográficas. NBR 6023/2002. Rio de Janeiro: 2002.
ALVES, Rubem. Filosofia das ciências. São Paulo: Ars Poética, 1996.
ANDRADE, Maria M. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1989.
BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia:
um guia para a iniciação científica. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1986. 131 p.
. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis: Vozes, 1990. 102 p.
BARROS, Severino Antônio; AMARAL, Emília. Escrever é desvendar o mundo. 3. ed. Campinas:
Papirus, 1988. 180 p.
BOAVENTURA, Edivaldo M. Como ordenar as idéias. São Paulo: Ática, 1988. 59 p.
CARVALHO, Maria Cecília (Org.). Construindo o saber: técnicas de Metodologia Científica. Campi-
nas: Papirus, 1988. 180 p.
FRANÇA, Júnia Lessa. Manual para normalização de publicações técnicocientíficas. 4. ed. rev. aum.
Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1998. 213 p.
FOUREZ, G. A construção das ciências: introdução à filosofia e à ética das ciências. São Paulo: UNESP,
1995.
FURLAN, Vera Irmã. O estudo de textos teóricos. In: CARVALHO, Maria Cecília M. de (ORG.).
Metodologia Científica. Fundamentos e Técnicas – Construindo o saber. 9. ed. Campinas. SP: Papirus,
2000. CAP. II
GALLIANO, A. Guilherme. O Método Científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986.
HÜHNE, Leda Miranda (org.). Metodologia Científica: cadernos de textos e técnicas. Rio de Janeiro:
Agir, 1992.
KNELLER, G.F. A ciência como atividade humana. Rio de Janeiro: Zahar; São Paulo: EDUSP, 1995.
KUHN, Thomas S. A Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1978.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São Paulo:
Atlas, 1983.
LUCKESI, Cipriano et al. Fazer universidade: uma proposta Metodológica. 8. ed. São Paulo:

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 21


Cortez, 1996. 233 p.
MACHADO, I.F.; RIBAS, O.T.; OLIVEIRA, T. A. Cartilha: procedimentos básicos para uma arquite-
tura no trópico úmido. São Paulo: Pini, 1986.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio de conhecimento: Pesquisa qualitativa em Saúde. São
Paulo-Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 1993. 269p.
PEDRON, Ademar João. Metodologia Científica: auxiliar do estudo, da leitura e da pesquisa. 4. ed.
Brasília: edição do autor, 2003.
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 11. ed. Porto: Edições, 1999.
SEVERINO, Antônio J. Metodologia do Trabalho Científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

22 Metodologia Científica
UNIDADE 2

2 A INSTAURAÇÃO DO CONHECIMENTO E SUAS FORMAS


Nesta unidade esperamos que você, como objetivo de aprendizagem, seja capaz de:

● Reconhecer o papel do conhecimento para a compreensão da realidade.

● Caracterizar os principais tipos de conhecimento.

● Identificar a natureza do método científico.

● Compreender a ciência enquanto uma das formas de conhecimento.

2.1 O CONHECIMENTO COMO INSTRUMENTO DE COMPREENSÃO E TRANS-


FORMAÇÃO DO MUNDO
Considerando que a capacidade de conhecer é a essência do ser humano, nesta unidade, vamos dis-
cutir com você acerca das diversas formas de conhecimento que utilizamos na construção da nossa cultu-
ra (ou seja, os meios necessários para a organização e a facilitação dos nossos modos de viver em grupo),
ao longo da história da civilização da humanidade. É importante que você, não só como estudante, mas
também como ser humano, compreenda como o conhecimento é construído. Essa compreensão lhe dá a
possibilidade de avançar cada vez mais no seu desenvolvimento intelectual e na construção do seu pensar.
Você sabia que a faculdade de pensar humana denomina-se “intelecto”?
O conhecimento, enquanto resultado do ato de conhecer, é produto da percepção do ser humano em
relação ao objeto do conhecimento e da idéia que se cria sobre esse objeto. É o processo de construção da
representação (que significa a imagem, ou a idéia da “coisa” presente no pensamento) da realidade. Nesse
processo, o ser humano pode utilizar tanto as sensações como a mente, ou seja, razão e sentimento. Por
meio da mente ou das sensações, ele constrói imagens abstratas de um determinado objeto. Um obje- to
de conhecimento pode ser uma entidade (por exemplo: uma igreja, uma escola), um fato (por exemplo:
uma festa, uma procissão), uma coisa (uma bola, uma panela etc.) ou uma realidade (o cotidiano de uma
comunidade ou de uma escola). Podemos entender a abstração como o ato (ação) de isolar aspectos de um
objeto.
Dito de outra forma, o conhecimento é o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre
o sujeito que conhece (cognoscente) e o objeto a ser conhecido (cognoscível). A apropriação intelectual
do objeto supõe que haja regularidade nos acontecimentos do mundo.
O conhecimento tanto pode se referir ao ato de conhecer, relação que se estabelece entre a consci-
ência que conhece e o mundo conhecido, como ao produto, resultado do conteúdo desse ato, ou seja, o
saber adquirido e acumulado pelo ser humano.
No ato de conhecer, o ser humano não parte do nada, mas dos conhecimentos adquiridos e acumu-
lados em uma determinada realidade. As formas de conhecer dependem da maneira como este ser entra
em contato com o mundo que o cerca.
Nem sempre a apreensão que fazemos do mundo é feita de forma refletida. O homem das socieda-
des tribais, as crianças e nós mesmos, no nosso cotidiano, agimos de maneira pré-reflexiva, pois a abor-
dagem que fazemos dele é feita primeiro no nível da nossa intuição, da nossa experiência. A propósito,
reflita um pouco sobre isso. Constate como é que você pensa o seu dia-a-dia.
No início da história da civilização, o ser humano explicava os acontecimentos e os fenômenos da
natureza por meio de crenças e opiniões (mitos e senso comum), até que ele alcançou um estágio de
desenvolvimento de sua mente e passou a criticar as verdades que pareciam sedimentadas e assim, foi
construindo outras formas de explicar e interpretar a realidade (usando a religião e a filosofia). Em um

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 23


período mais recente, a partir da idade moderna, o método científico passou a predominar. Portanto, a
ciência é uma dessas formas.
Esteja atento(a), pois é das formas de conhecimento utilizadas pelo ser humano, que falaremos neste
próximo item.

2.2 PRINCIPAIS TIPOS DE CONHECIMENTO


No campo da teoria do conhecimento foram identificados formas e tipos de conhecimento, que não
podem ser tomados como estanque, isolados, na medida em que eles se interpenetram e se
complementam.
Os tipos de conhecimentos se distinguem pela origem e pelo método de investigação, pela posição
que assumimos diante da realidade, pelo nível de exatidão e consistência, pela atitude mental para
alcançá-lo.
Assim, você precisa não só discutir o conhecimento científico, como também saber contrapô-lo a
outros tipos de conhecimento, ou às suas diversas formas de conhecer.
Existem diversas formas de nós apreendermos o real. Apreendemos pela razão (mente), pelo dis-
curso e pela intuição. A intuição é uma forma de conhecimento imediato, uma apreensão feita sem inter-
mediários. O contato sensorial do ser humano com o objeto resulta no conhecimento. Ela se constitui no
ponto de partida do conhecimento, portanto, não pode ser ignorada no ato de conhecer.
Por sua vez a razão tem a possibilidade de superar as informações concretas e imediatas, organizan-
do-as em conceitos ou idéias gerais. Diferente da intuição, a razão tem a capacidade de julgar.
Outra forma de conhecimento é o discursivo, conhecimento mediato que se constrói por meio do
raciocínio, portanto, de forma diferenciada da intuição. Esse conhecimento é construído a partir de
conceitos decorrentes da operação que o pensamento realiza de forma sucessiva e seqüencial, encadeando
idéias, juízos e raciocínios orientando uma determinada conclusão.
O conhecimento compreensivo é a terceira forma de conhecer. Compreender significa passar de
uma experiência para uma totalidade de atos que formam a exteriorização do conhecimento do sujeito,
sob as formas de gestos, linguagens e símbolos.
O ser humano no seu processo de desenvolvimento e construção da sua realidade individual e
social, na relação com os outros seres, reflete e questiona. Enfim, busca o conhecer o real, ou seja, repre-
sentar o mundo dos fenômenos. Na história do pensamento, existem alguns tipos principais de represen-
tação (Martins, 1979): senso comum (empírico), mítico, teológico, filosófico e científico.
a) Senso comum
É um tipo de conhecimento que é adquirido por meio das experiências vividas e acumuladas por
nós, no nosso dia-a-dia, independente de métodos ou pesquisa. Ele é transmitido de geração para geração
por meio da educação informal, por tradição, herdado dos antepassados. Cada realidade possui o seu sen-
so comum, de acordo com o seu tempo. Por ser empírico, as idéias que temos em relação ao mundo, são
construídas sem questionamentos. É por meio dessas idéias que nos interpretamos a realidade, são obtidas
por meio de observações, vivências e de um corpo de valores que nos ajuda a avaliar, julgar e agir.
Trata-se de um tipo de conhecimento que não é refletido e se encontra misturado a crenças e pre-
conceitos. Por ser fragmentário (porque difuso, assistemático), não ser crítico, ele, em geral, não explica a
origem ou razão dos fatos. É mais vivenciado do que propriamente conhecido. Essa forma de pensar da
maioria dos seres humanos, principalmente, do homem comum, assume enorme importância, pois se
trata do primeiro estágio de conhecimento, ou seja, do primeiro nível de contato entre o intelecto eo
mundo sensível (mundo percebido pelos sentidos). Para alcançar outros estágios, precisa de uma
abordagem crítica e coerente, atributos de outras formas de conhecimento (filosofia e ciência), isto é, e a
transformação do senso comum em bom senso.

24 Metodologia Científica
Você pode encontrar outras denominações para o senso comum, alguns livros nomeiam de conhe-
cimento vulgar, popular ou empírico (por se basear na experiência).

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 25


A identificação de algumas de suas características, pode ajudar você a diferenciar a essa forma de
conhecimento, que se constitui no “ saber que preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver
procurado ou estudado, sem aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo” (BABINI apud
LAKATOS; MARCONI, 1986, p.19).
De acordo com Ander-Egg (1978, p.13-4 apud LAKATOS; MARCONI, 1986, p.19), o senso co-
mum caracteriza-se por ser:

● Superficial,isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simples-
mente estando junto das coisas: expressa-se por frases como “porque o vi”, “porque o senti”,
porque o disseram”, porque todo mundo o diz”;

● Sensitivo, ou seja, referente a vivências, estados de ânimo e emoções da vida diária;

● Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto os
que adquire por vivência própria quanto os “por ouvir dizer”;

● Assistemático, pois esta “organização” das experiências não visa a uma sistematização, nem
na forma de adquiri-las nem na tentativa de validá-las;

● Acrítico, pois, verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos o sejam não se
manifesta sempre de uma forma crítica.

TIPOS DE CONHECIMENTO:
Conhecimento Popular O QUE É SENSO COMUM?
Senso Comum é um saber informal que se adquire de uma forma natural através do nosso contato
com os outros e das situações vividas no nosso cotidiano, como:
● Acender a luz;
● Ligar a TV;
● Fazer uma ligação;
● Fazer um chá
O Senso Comum e o nosso cotidiano
● Pegue a sua carteira de identidade. Qual é o seu número? Existe nele algo que lhe chama a
atenção? Imaginemos que ele é 6.872.451. Um número como milhares de outros. Mas, e se
ele for 5.000.000? Por que você se surpreende agora?
● Seria muito estranho se o diretor de uma exposição dissesse: Vamos dar um automóvel ao
visitante número 937.421. Mas acharíamos natural que ele dissesse: Vamos dar um automóvel
ao visitante número 500.000. Por quê?
● A ciência não acredita em magia. Mas o senso comum teimosamente se agarra a ela. Você já
viu uma pessoa jogando boliche? Não é curioso que ela entorte o corpo, depois de lançada a
bola, num esforço para alterar a sua direção, à distância? Esta torcida de corpo é um ritual
mágico, uma tentativa de mudar o curso dos eventos por meio do desejo.
Aí está o senso comum. A crença no poder do desejo, um ritual mágico na tentativa de mudar o curso
dos eventos por meio de uma vontade forte.
● As principais características do Senso Comum
● Caráter empírico: baseia-se na experiência cotidiana
● Caráter ametódico: não segue nenhum conjunto de regras formais
● Caráter aparente: se contenta com as aparências, formando uma representação ilusória, de-

26 Metodologia Científica
turpada e falsa, da realidade
● Caráter coletivo: é um saber partilhado pelos seus membros
● Caráter subjetivo: cada indivíduo vê o mundo à sua maneira, formando as suas próprias opiniões
● Caráter prático: é um saber que nasce da prática cotidiana
● Caráter acrílico: não faz uma elaboração racional e não questiona a experiência
● CONCLUSÃO
● O senso comum é um saber que está presente em todas as sociedades e em todos os indivíduos.
● É princípio de equilíbrio essencial a toda a sociedade, entre a dimensão do indivíduo e a do
coletivo.
● Transporta e naturaliza um conjunto de convenções implícitas ou intrínsecas ao agir humano
coletivamente dimensionado.
É fruto da aprendizagem e educação que, espontânea e/ou institucionalmente, recebemos enquan- to
membros de uma comunidade.
b) conhecimento mítico
Trata-se de um tipo de conhecimento característico do ser humano em seus estágios primitivos. O
mito configura-se como uma crença dotada de poder explicativo do real limitada. Esse tipo de conhe-
cimento é decorrente da necessidade que o ser humano tinha e ainda tem de explicar a sua realidade e
resolver seus problemas.
Desde sempre houve a preocupação com o conhecimento da realidade. “As tribos primitivas, por
meio dos mitos, explicaram e explicam os fenômenos que cercam a vida e a morte, o lugar dos indivíduos
na organização social, seus mecanismos de poder, controle e reprodução” (MINAYO, 1998, p.9).
c) Conhecimento teológico ou religioso
O conhecimento teológico, ou religioso como é mais conhecido, está relacionado com a pos-
sibilidade que o ser humano tem de criar imagens abstratas da realidade a partir do sentimento,
usando um mínimo de razão, ou até mesmo em oposição a ela. Este tipo de conhecimento não deve ser
confundido com religião (definida como “o uso de formas sistematizadas e institucionalizadas desse
conhecimento” (VIEGAS, 1999), na medida em que se constitui como uma das formas de representação
que o ser humano tem de se relacionar com a sua realidade, nesse caso por meio das crenças.
É um tipo de conhecimento que não depende das especulações humanas, mas da experiência
que o ser humano vincula com a fé. As verdades acerca da realidade são alcançadas por meio do que
acei- to como revelação divina, e não pela razão. Ele apóia-se em doutrinas que contém proposições
sagradas (valorativas), por terem sido reveladas pelo sobrenatural, são infalíveis e indiscutíveis (exatas).
Como um conhecimento sistemático do mundo (tem origem, significado, finalidade e destino), obra
de um criador divino; suas evidências não são verificadas.
Conhecimentos religiosos, quando organizados e sistematizados em um corpo coerente de dou-
trina, transformam-se em religião, mais ou menos institucionalizada, a exemplo, podemos identificar o
judaísmo, o cristianismo e o islamismo.

Características do conhecimento religioso:


De acordo com Viegas (1999, p.39), algumas características diferenciam o conhecimento religioso,
a saber:

● Inspiracional, por não se basear na razão, sua fundamentação surge da mente, soprado pela
divindade que governa o objeto da crença, portanto, não verificável.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 27


● Ele busca sua fundamentação na crença. Dessa forma, torna-se um conhecimento da ordem da
inspiração na divindade e não admite dúvida.

● Tem papel pragmático, explica de forma global toda a realidade.

● Como guia sistêmico de conduta é valorativo. Conceitos como bom certo são utilizados para
atrair graças, mau e errado são relacionados ao castigo, e de expiação, para evitar o castigo.

Conhecimento Religioso

● Desde o surgimento da consciência de sua existência, o homem tem procurado explicar os


fatos e os fenômenos naturais que o rodeia. Pela falta de base do conhecimento científico, que
só veio a se firmar a partir do século XVI,ele teve que se basear em seus instintos,experiência
de vida e assim construir mitos que explicassem os mistérios naturais e assim aplacasse a sua
insegurança.A partir dessa necessidade surgiu as religiões e um estudo mais detalhado desse
assunto,pois começou a aparecer cada vez mais questões complexas.
● O conhecimento religioso procura explicar coisas ainda sem resposta e não se baseia em fatos
científicos.

● As pessoas também buscam na religião um porto seguro quando tem algum problema ou uma
decisão a ser tomada.

● As religiões sao muito mais que crenças pessoais, representam na verdade as características
históricas de um povo.

● Forma de conhecimento baseada na Fé e na crença, ou seja, na aceitação de princípios dog-


máticos (irrefutáveis e indiscutíveis) ligados à existência de entidades supra-humanas (p. ex.
Deus) e/ou fenômenos sobrenaturais.

● Trata-se de conhecimento por revelação divina, experiência religiosa ou mística. Algumas


pessoas afirmam “saber” algo que Deus diretamente o revelou (assim por exemplo os escrito-
res da bíblia e livros religiosos).

Características:

● apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas valorativas;

● doutrinas reveladas pelo sobrenatural - verdades consideradas infalíveis;

● é um conhecimento sistemático do mundo (origem, significado, finalidade, destino);

● é obra de um criador divino; suas evidências não são verificadas;

O que mais se pode dizer?


Contribuições relacionadas com a ética
“Neste aspecto ético, a religião tem uma função muito importante. É ela que, em conjunto com a
sociedade, deve discutir os limites da ciência e toda a ética nela implicada.” – As pesquisas envolvendo
embriões.
“A religião, em várias épocas, inibiu a ciência em nome da ética. Hoje, por exemplo, há uma
preocupação muito grande com a genética e a questão ética. As possibilidades que a genética traz para
as mãos do ser humano são muito radicais e profundas. Mudam nosso universo, nossa história, nossa
natureza” (Diego Sartorato)
O ensino da religião pelas escolas : “Para pensadores moderados como Guerriero, o principal problema

28 Metodologia Científica
não é levar

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 29


a religião para dentro da escola, mas a forma como ela será abordada dentro das instituições de ensino.”
Contribuições relacionadas com a ética: “Neste aspecto ético, a religião tem uma função muito
importante. É ela que, em conjunto com a sociedade, deve discutir os limites da ciência e toda a ética
nela implicada.” – As pesquisas envolvendo embriões.

● O conhecimento religioso procura explicar coisas ainda sem resposta e não se baseia em fatos
científicos.

● As pessoas também buscam na religião um porto seguro quando tem algum problema ou uma
decisão a ser tomada.

● As religiões são muito mais que crenças pessoais, representam na verdade as características
históricas de um povo.
d) Conhecimento Filosófico
No conhecimento filosófico a reflexão sobre a realidade é orientada pela razão. Ele busca uma res-
posta sobre a realidade a partir da razão do ser. A filosofia estuda o seu objeto, em sua generalidade mais
alta.
Chauí (2000, p.19), define como “a decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as
idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana: jamais aceitá-
las sem antes havê-los investigado e compreendido”. Do que se pode inferir que o conhecimento
filosófico se contrapõe ao pensamento religioso ou mítico, ao se propor a desenvolver no ser humano a
possibi- lidade de reflexão ou a capacidade de raciocínio. A filosofia não é uma ciência tal como a
conhecemos atualmente, mas a busca do saber.
Historicamente (delimitação do tempo e espaço), o início da filosofia foi na Jônia (Ásia Menor),
com Tales de Mileto, um pré-socrático, no século VI a.C. No desdobramento do conhecimento filosófi-
co, desde a era da antiguidade até o período moderno, quando a institucionalização do método científico
ocasionou a desvinculação da ciência da filosofia, a preocupação foi de ultrapassar a opinião, os juízos de
valores e os sentimentos, e assim, afastar as possibilidades de erro na produção do conhecimento em
relação a realidade e ao mundo.

Características do conhecimento filosófico:

● É valorativo, suas hipóteses, ponto de partida, não podem ser submetidas à observação;

● Não é verificável, pois os enunciados das hipóteses filosóficas, não podem ser confirmadas ou
refutadas;

● É racional, baseia-se em conjunto de enunciados logicamente correlacionados;

● É sistemático, pois suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da reali-
dade estudada, cuja tentativa é apreendê-la em sua totalidade;

● É infalível e exato, pois na busca da realidade, na definição dos instrumentos, seus postulados
e hipóteses, não são submetidos ao teste da observação e experimentação.
e) Conhecimento científico
O conhecimento científico se caracteriza pelo tratamento metódico e sistemático dos fatos
referentes à realidade sensível. Diante do contexto em que emerge, o período moderno, por meio da
utilização da experiência sensível, da explicação divina ou do campo hipotético, a sociedade emergente
não mais conse- guia explicar os fenômenos da realidade. A preocupação passou a ser a compreensão do
mundo de forma sistemática, metódica e crítica, portanto, ir para além do senso comum, da religião e da
própria filosofia.

30 Metodologia Científica
O desejo ou a necessidade de ultrapassar as “evidências” do senso comum, não significa uma rejei-
ção a essa forma de conhecimento. Lakatos (1988, p.21), considera que a separação entre as formas de
conhecimento é mais metodológica do que prática, pois no processo de apreensão da realidade do objeto,
o sujeito cognoscente pode penetrar nas diversas áreas.
A teoria científica foi se constituindo por meio da sistematização de hipóteses e de leis em um
sistema de proposições descritivas da realidade, ou seja, a institucionalização da ciência, que se tornou
hegemônica (predominante em relação às outras formas de conhecimento) na sociedade ocidental na
construção e explicação da realidade.
Ciência, entendida “como um conjunto de atividades ou atitudes humanas voltadas para o conheci-
mento sistemático, sujeito à verificação” (VIEGAS, 1999, p.43). O que você, estudante, não pode esque-
cer é que a ciência não é um saber neutro, desinteressado, à margem do questionamento social e político.
O conhecimento científico, tal como conhecemos hoje, data de um período muito recente. O cará-
ter científico dos estudos e pesquisas só adquiriu status de ciência na idade moderna da história, quando a
ciência moderna passou a determinar um objeto específico de investigação, necessitando criar um mé-
todo para estabelecer o controle desse conhecimento.
Com a utilização do método, a ciência passou a produzir conhecimento sistemático, mais preciso em
relação às outras formas, hoje sabemos que a verdade absoluta em relação ao conhecimento não exis- te,
ela é sempre aproximada.
Com o conhecimento científico, os cientistas e pesquisadores começaram a descobrir relações uni-
versais e necessárias entre os fenômenos, permitindo a previsão de acontecimentos e um agir sobre a
natureza de forma mais segura.
De acordo com Aranha e Martins (1993, p. 129), cada ciência se torna uma ciência particular, no
sentido de ter um campo delimitado de pesquisa e método próprio. O seu curso, por exemplo, está inse-
rido no campo das ciências matemáticas.
A ciência é uma das poucas realidades que podem ser legadas às gerações seguintes. Em cada
período histórico, a sociedade assimila os resultados científicos das gerações anteriores, desenvolvendo e
amplian- do alguns aspectos novos. Portanto, cada um de nós podemos contribuir com novos
conhecimentos para as gerações futuras.
Agora você já sabe que, além do conhecimento científico, existem outros tipos de conhecimento
que o ser humano dispõe para explicar a sua realidade.
Contudo, é preciso ter claro que este se tornou hegemônico (predominante) na realidade ocidental, a
partir da revolução industrial.

Características do conhecimento científico (LAKATOS, 1988, p.21):

● É um conhecimento contingente, na medida em que suas proposições ou hipóteses têm vera-


cidade ou falsidade conhecida por meio da experimentação e não apenas pela razão, postura
típica do conhecimento filosófico;

● É sistemático, pois configura-se como um saber ordenado logicamente, constituindo um sis-


tema de idéias (teoria) e não conhecimentos dispersos e desconexos.);

● É verificável, suas hipóteses ou pressupostos são confrontadas com a realidade objeto da in-
vestigação, que pode ser confirmada ou negada;

● É um conhecimento falível, pois não é definitivo, absoluto ou final;

● É aproximadamente exato, na medida em que novas proposições e o desenvolvimento de


técnicas podem reformular o acervo de teoria existente.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 31


Com o término da Unidade, você, caro (a) aluno (a) percorreu algumas das etapas do trabalho
científico, etapas estas, que servirão de guia nas suas atividades acadêmicas, além de iniciá-lo nos proces-
sos metodológicos dos diversos tipos de conhecimento, no qual o ser humano dispõe para explicar a sua
realidade.
Com base no que você estudou até aqui, faça a Atividade 3 – Tipos de Conhecimento.
Elabore um quadro no qual que seja possível identificar as características específicas de cada tipo de
conhecimento sistematizado estudado nesta unidade. Em caso de dúvida ou dificuldade retome a leitura,
quantas vezes for necessária para que você possa perceber as formas diferenciadas de explicar a realidade.

Conhecim Conhecim Conhecim


Senso
en- to en- to en- to
comum
religioso filosófico científico

SÍNTESE DA UNIDADE
Nesta unidade, discutimos com você acerca das diversas formas de conhecimento que utilizamos na
construção da nossa cultura (ou seja, os meios necessários para a organização e a facilitação dos nossos
modos de viver em grupo), ao longo da história da civilização da humanidade.
Você estudou o papel do conhecimento para a compreensão da realidade; as principais caracterís-
ticas dos tipos de conhecimento; assim como a natureza do método científico e a importância da ciência
enquanto uma das formas de conhecimento.

PARA SABER MAIS


Pearson Education– site da editora do livro Metodologia científica.
< http://www.pearson.com.br/>
Google maps – serviço gratuito de mapas e fotos via satélite.
<http://maps.google.com/>
The Library of Congress – biblioteca do Congresso Americano; possui um exemplar de cada publicação
indexada no mundo.
<http://www.loc.gov/index.html>
Fundação Biblioteca Nacional – possui um exemplar de cada publicação indexada no Brasil.
<http://www.bn.br/>
Wikipedia – enciclopédia on-line gratuita e construída colaborativamente.
<http://www.wikipedia.org/>
Internet Archive – arquivo histórico da Internet.
<http://www.archive.org/>
Portal Periódicos (Capes) – acesso a textos completos de artigos de revistas nacionais e internacionais.
<http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/>
Prossiga – Bibliotecas virtuais temáticas – reúnem e organizam informações, presentes na Internet, sobre
determinadas áreas do conhecimento.
<http://prossiga.ibict.br/bibliotecas/>

32 Metodologia Científica
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Normas ABNT sobre referências
bibliográficas. NBR 6023/2002. Rio de Janeiro: 2002.
ALVES, Rubem. Filosofia das ciências. São Paulo: Ars Poética, 1996.
ANDRADE, Maria M. Introdução à metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1989.
BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. undamentos
de Metodologia: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1986. 131 p.
. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. Petrópolis: Vozes, 1990. 102 p.
BARROS, Severino Antônio; AMARAL, Emília. Escrever é desvendar o mundo. 3. ed. Campinas:
Papirus, 1988. 180 p.
BOAVENTURA, Edivaldo M. Como ordenar as idéias. São Paulo: Ática, 1988. 59 p.
CARVALHO, Maria Cecília (Org.). Construindo o saber: técnicas de Metodologia Científica. Campi-
nas: Papirus, 1988. 180 p.
FRANÇA, Júnia Lessa. Manual para normalização de publicações técnicocientíficas. 4. ed. rev. aum.
Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 1998. 213 p.
FOUREZ, G. A construção das ciências: introdução à filosofia e à ética das ciências. São Paulo: UNESP,
1995.
FURLAN, Vera Irmã. O estudo de textos teóricos. In: CARVALHO, Maria Cecília M. de (ORG.).
Metodologia Científica. Fundamentos e Técnicas – Construindo o saber. 9. ed. Campinas. SP: Papirus,
2000. CAP. II
GALLIANO, A. Guilherme. O Método Científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986.
HÜHNE, Leda Miranda (org.). Metodologia Científica: cadernos de textos e técnicas. Rio de Janeiro:
Agir, 1992.
KNELLER, G.F. A ciência como atividade humana. Rio de Janeiro: Zahar; São Paulo: EDUSP, 1995.
KUHN, Thomas S. A Estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1978
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia do trabalho científico. São Paulo:
Atlas, 1983.
LUCKESI, Cipriano et al. Fazer universidade: uma proposta Metodológica. 8. ed. São Paulo: Cortez,
1996. 233 p.
MACHADO, I.F.; RIBAS, O.T.; OLIVEIRA, T. A. Cartilha: procedimentos básicos para uma arquite-
tura no trópico úmido. São Paulo: Pini, 1986.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio de conhecimento: Pesquisa qualitativa em Saúde. São
Paulo-Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco, 1993. 269p.
PEDRON, Ademar João. Metodologia Científica: auxiliar do estudo, da leitura e da pesquisa. 4. ed.
Brasília: edição do autor, 2003.
RAMPAZZO, Lino. Metodologia Científica: para alunos dos curso de graduação e pós-graduação. São Paulo:
Edições Loyola, 2002.
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 11. ed. Porto: Edições, 1999.
SEVERINO, Antônio J. Metodologia do Trabalho Científico. 21. ed. São Paulo: Cortez, 2001.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 33


UNIDADE 3

3. PESQUISA: INSTRUMENTO DO SABER-FAZER CIÊNCIA


Como a produção do conhecimento é inerente à dinâmica da vida acadêmica vamos, nessa unidade,
tratar dos requisitos mínimos necessários ao saber-fazer ciência.
Os assuntos que serão desenvolvidos nesta unidade começam a orientar o seu raciocínio para o
desenvolvimento de uma pesquisa. Você, ao final do seu curso, apresentará um trabalho de conclusão de
curso (TCC), que terá como base os resultados de uma pesquisa, teórica ou empírica. Por isso, nossa
expectativa é de que, ao final desta unidade você esteja habilitado para:

● Caracterizar as abordagens teórico-metodológicas que orientam o saber-fazer pesquisa.

● Fazer a relação entre pesquisa qualitativa e quantitativa.

● Utilizar os diferentes tipos de pesquisa (experimental, participante, etnográfica, estudo de


caso, documental, bibliográfica).
Vamos começar por entender o que é “pesquisa”? No nosso cotidiano fazemos pesquisa a qualquer
momento (de preço, de material que pode ser utilizado numa determinada atividade, de um termo que
desconhecemos o sentido etc.).
E você, na sua vida pessoal e profissional, em que sentido ou ocasião tem utilizado a palavra
pesqui- sa? Pare um pouco e faça uma lista de suas utilizações.
Mas, a pesquisa para poder ser qualificada de científica (sentido que é utilizado neste texto) pressu-
põe sistematização, método próprio e técnicas específicas na interação com a realidade empírica, proble-
matizando-a, questionando-a e investigando-a, em um processo inacabado e permanente. É a atividade
básica da Ciência na sua indagação e construção da realidade.
De acordo com Rudio (1998, p.9), o que distingue a pesquisa científica de outras modalidades é o
uso do método, de técnicas e a forma de comunicar os resultados obtidos.
Em um sentido amplo, pesquisar é produzir conhecimento novo (preencher uma lacuna), relevante
teórica e/ou socialmente, utilizando-se de um conjunto de atividades que orientam a busca e a produção
desse novo conhecimento.
No seu processo de realização, temos que relacionar pensamento e ação, ou seja, teoria e prática.
Uma coisa você não pode esquecer, as questões de investigação estão relacionadas a interesses e circuns-
tâncias socialmente condicionadas; elas estão associadas a um problema, a uma dúvida articulada a
conhe- cimentos anteriores ou a uma necessidade.
O caráter social da pesquisa sustenta-se no julgamento que é feito pela sociedade em geral, e, par-
ticularmente pela comunidade científica, por meio de um conjunto de normas que guiam o pesquisador na
produção do seu conhecimento. É esta comunidade que referendará ou não a relevância e a qualidade dos
resultados de uma pesquisa.
As normas representam a busca pela sustentação metodológica da pesquisa e no decorrer do tempo,
podem ser alteradas, superadas e/ou retomadas o que demonstra a relatividade do status científico.
Como você já deve ter percebido, fazer pesquisa não é um ato mecânico, pois está além do simples
uso de técnicas para levantamento de dados. Requer teoria, método e uma dose de criatividade
(MINAYO, 1999), e iniciativa própria (DEMO, 1990). Por isso, requer procedimentos, disciplina e
sistematicidade.
Dessa forma, você precisa considerar que para o desenvolvimento da pesquisa, a teoria representa
um suporte importante. Na realidade ela é um conhecimento de que nos servimos no processo de inves-
tigação, com um sistema organizado de proposições, que orientam a obtenção de dados, e de conceitos,

34 Metodologia Científica
que veiculam seu sentido.
É com apoio da teoria que o pesquisador compreende e interpreta um fenômeno, um processo,
recorta, separa determinados aspectos significativos da realidade para trabalhá-los. Mas, você não pode
es- quecer que, mesmo com o suporte teórico, o que se obtém são explicações parciais da realidade.
Podemos entender por proposições as declarações afirmativas sobre fenômenos e/ou processos. São
construções lógicas. São aprofundadas nas obras dos autores que trabalham os temas que nos preocupam,
inclusive aqueles com os quais não concordamos ideologicamente.
O Método, por sua vez, possibilita que você trace o “roteiro”, ou seja, construa as diversas fases in-
dicadoras do caminho a ser percorrido, demarcado, do início ao fim da pesquisa. É um guia para o estudo
sistemático do enunciado, compreensão e busca de solução do problema. Ele possibilita o ato reflexivo.
Como um “mapa” que orienta os diferentes processos necessários para atingir um certo fim ou
resultado, o método não pode ser inventado. A sua definição depende do objeto da pesquisa. O esforço
para selecionar os meios e processos mais adequados precisa atender às exigências do seu objeto de
estudo. Por isso, não pode ser tomado como um modelo, uma fórmula ou receita que, uma vez, seguida
garante os resultados previstos.
Considere o método científico como um instrumento de trabalho, os resultados que você vai alcan-
çar com a sua pesquisa vai depender de como vai usá-lo. Lembre-se, contudo, que ele segue o caminho da
dúvida sistemática, metódica, o que não tem o mesmo significado do impossível, do cético.
No decorrer da pesquisa, o uso do método busca revelar a realidade empírica por meio de fatos. Es-
ses fatos ao serem descobertos, tornam a guiar o uso do método. Por isso consideramos que a construção
do conhecimento é um processo.
Como procedimento de investigação e controle, o método possibilita o desenvolvimento e or-
denação do raciocínio, portanto, orienta a argumentação e a reflexão (requer esforço e concentração),
diferente do simples pensar.
Dentre os mais usuais, destacam-se:
a) Método dedutivo, os fundamentos lógicos que o sustentam, o tornam característico das ciên-
cias exatas e naturais, mas como modelo teorético, ligado a formalização moderna, foi ampla-
mente utilizado não apenas na lógica e na matemática, mas também nas ciências humanas.
b) Método indutivo, um procedimento que dê uma situação particular, os resultados são gene-
ralizados (universalizados). Esse foi, aliás, ainda é, um método adotado por todas as ciências.
Compreende as seguintes fases: observação, hipótese e experimentação.
c) Método dialético, que se caracteriza pelo confronto entre dois enfoques contraditórios sobre
um mesmo tema, resultando uma compreensão mais abrangente sobre a questão. A dialética
incorpora as duas dimensões anteriores, que não contemplam a subjetividade das ciências
humanas.

Agora, com base no que você estudou até aqui, faça a Atividade 4 – Pesquisa.
Identifique duas características da pesquisa científica que a diferencie da pesquisa senso comum.
Enumere cinco atividades do seu cotidiano em que você faz pesquisa do tipo senso comum.
Qual a importância do método na pesquisa científica?
Estabeleça a diferença entre método dedutivo e método indutivo.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 35


Você deve estar imaginando sobre a sua capacidade de fazer uma pesquisa científica. Calma! A pri-
meira iniciativa é superar a idéia de espontaneidade da pesquisa. Ela é uma construção, e, enquanto tal, o
seu saber-fazer vai exigir de você uma elaboração, consciente e organizada, dos diversos procedimentos
que orientam a realização do ato de pesquisa. Isso por certo não é tarefa fácil. É preciso esforço por meio
de leituras sistemáticas e aprofundamento teórico-metodológico.
O estágio atual das ciências pode ser constatado por meio de uma série de avanços tecnológicos,
resulta da realização de pesquisas em que os procedimentos metódicos e científicos foram superando as
fases anteriores.
Vamos tratar desses procedimentos daqui para frente.

3.1 AS ABORDAGENS TEÓRICO-METODOLÓGICAS QUE ORIENTAM O SABER-


FAZER PESQUISA
A preocupação com a utilização do método para o fazer ciência deu origem a diversas abordagens
que, apoiando-se nos métodos tratado no item anterior, configuram-se como enfoques específicos de
abordar a realidade empírica.
Antes de tratarmos, especificamente, das diversas abordagens metodológicas, convém informar a
você acerca da metodologia da pesquisa ou metodologia científica.
É no campo da metodologia que vamos encontrar os paradigmas de pesquisa vigentes, o que atesta a
sua importância. Uma de suas funções é preparar o caminho de iniciantes à pesquisa – isso não significa
substituir a prática da pesquisa pela metodologia. Lembre-se, falar sobre pesquisa não substitui o fazer
pesquisa.
A metodologia é apenas um “roteiro” para atividades de pesquisa. Não tem status próprio, é defi-
nida em um contexto teórico-metodológico. Daí a necessidade de se entender que a sua concretização se
dá dentro de um referencial teórico condicionado por pressupostos epistemológicos. As regras sugeridas
devem ser compreendidas dentro de um contexto de análise – que começa com a relação teoria-problema.
A metodologia adquire uma utilidade na medida em que orienta a discussão teórico-metodológica
sobre a realidade, possibilitando a construção de suas representações e orientando a análise dos fatos.
O papel do pesquisador é de ser um intérprete da realidade de acordo com os instrumentos defini-
dos pela opção teórico-metodológica. Precisa ser capaz de demonstrar que o conhecimento que produziu é
fidedigno e relevante teórica e/ou socialmente.
A dimensão epistemológica da pesquisa possibilita superar as alternativas de pesquisa que a redu-
zem às opções técnicas, desligadas de outros aspectos, excluindo a idéia de que elas são utilizadas com
intensidade e pesos diferenciados.
O que não podemos esquecer que técnica é a expressão prático-instrumental do método. Por si só
não se torna alternativa para a pesquisa. Isto porque, a escolha de uma técnica de coleta (vamos tratar na
próxima unidade), registro, implica na explicitação das concepções de sujeito e de objeto. Embasam os
processos científicos e as visões de mundo.

3.1.1 Enfoques para a apreensão da realidade social


Ao realizar sua pesquisa você terá que optar por um destes enfoques, sabendo que ele orienta o
método e as técnicas que serão utilizadas para levantar os dados. Por isso esteja atento para a
característica de cada um.
a) Enfoque empírico-analítico, comumente conhecido como positivismo
Prioriza as técnicas quantitativas e os instrumentos “objetivos”, nega a importância de outras for-
mas de coleta, pelo temor de perder o rigor e a objetividade; separa sujeito e objeto em nome da neutra-
lidade científica; toma como objeto àquilo que pode ser mensurável e constatado como fato objetivo;
36 Metodologia Científica
separa teoria e prática; admite como único e válido, o método e o conhecimento científico; adota proce-
dimentos experimentais, correlacionais e estatísticos.
No processo de investigação, prioriza o objeto por meio de uma observação controlada a partir da
origem dos dados, desconsidera o contexto em que o objeto se situa; adota a explicação como método de
análise; objeto de estudo constitui o todo em direção as partes; o sujeito precisa ficar distante, excluir seus
valores, suas interpretações, ou seja, tem que ter neutralidade, em geral, utiliza técnicas que filtram a
subjetividade.
A ciência empirista, como produtora de conhecimentos em continuidade com o senso comum,
acrescenta sistematicidade e rigor.
b) Enfoque crítico-dialético: síntese dos contrários
Por este enfoque, o caráter relacional da relação sujeito objeto é priorizado no processo de produ-
ção do conhecimento. Na realidade esses dois elementos essenciais da pesquisa, são considerados como
dois pólos de uma mesma totalidade. Configuram-se como os elementos fundamentais da relação, que é
mediatizada e modificada pelas condições materiais históricas.
De um lado, o sujeito adquire uma dimensão histórico-social e estabelece uma relação dinâmica
com um objeto que se constrói. Incorpora o conceito de totalidade e processo. Por outro, a construção do
objeto gera também um processo de transformação no sujeito que se enriquece e se realiza enquanto tal.
Como resultante desse processo tem-se o conhecimento – “o concreto do pensamento”, entenden-
do que no processo o que prevalece é a relação e não a prioridade de um dos pólos.
Um outro aspecto interessante nesse enfoque é que as categorias de explicação e compreensão
implicam-se mutuamente. Elas resultam do processo de análise, síntese e de movimento. As dimensões
qualitativas e quantitativas dos fenômenos são incorporadas como parte do movimento.
O conhecimento na perspectiva dialética, não reside no sujeito e nem no objeto, mas se constrói na
interação do sujeito com o objeto por meio de uma prática relacional a partir de situações problematiza-
doras. Enquanto resultado de uma construção coletiva supera-se a dicotomia sujeito-objeto. Dessa forma,
o conhecimento torna-se sempre uma aproximação do real, provisória, condicionada pelo contexto so-
ciocultural e pelas condições de produção. Logo, não existem verdades absolutas.
O método dialético, em contraposição ao positivismo, rejeita a objetividade e neutralidade da ci-
ência e não considera a realidade como um aglomerado de objetos, ou fenômenos isolados, e destacados
uns dos outros, mas articulado e interagindo reciprocamente. Daí a importância do contexto da pesquisa.
c) Enfoque fenomenológico
Utilização de técnicas que permitam a utilização densa de um fato, a recuperação do sentido, com
base na manifestação do fenômeno e na recuperação dos contextos de interpretação.
Neste enfoque a importância dos dados quantitativos é relativizada, embora sejam aceitos como
indicadores que precisam ser interpretados à luz dos elementos qualitativos.
Questiona a unidade da ciência e do método para todas as ciências, defende a especificidade das
ciências humanas e sociais, em virtude da presença da subjetividade, uma vez que os objetos de estudo
são sujeitos, homens ou grupos sociais, portanto, não podem ser tratados como coisas ou dados distantes.
Ao priorizar as técnicas qualitativas, enfatiza a interpretação, à compreensão e descrição densa;
priori- za o sujeito em razão da necessidade da compreensão do sentido em vez da observação controlada.
O sujei- to, ao intervir, procura identificar o sentido e utiliza técnicas que permitam a manifestação dos
fenômenos.
Portanto, enfatiza a interpretação dos fenômenos, os significados e sentidos. Ao iniciar o processo,
vale-se dos símbolos, dos gestos, da expressão, do texto, enfim, da manifestação do fenômeno. Logo, a
realidade é socialmente construída a partir de participações individuais e coletivas na situação.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 37


Exercite o que você aprendeu! Faça a Atividade 5 – Enfoques.
Elabore um quadro com as características de cada enfoque: Enfoque empírico-analítico; Enfoque
crítico-dialético; Enfoque fenomenológico.

3.2 AS DIMENSÕES QUALITATIVA E QUANTITATIVA DA PESQUISA


3.2.1 Abordagens qualitativas
No campo das ciências sociais e humanas, principalmente, o pesquisador encontra fenômenos que
em face de sua complexidade, torna-se difícil a sua quantificação. Nessas situações recorre-se às aborda-
gens qualitativas. Elas configuram-se, nesse campo, como as mais adequadas para compreensão contex-
tual do fenômeno.
De acordo com Bogdan e Biklen, (1982 apud LÜDKE; ANDRÉ, 1986), as abordagens qualitativas
se caracterizam por ter como fonte direta de dados o ambiente natural e o pesquisador como principal
instrumento. Em geral, para a sua operacionalização é necessário:

● um contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente, trabalho intensivo de campo;

● reconhecer a influência do contexto/circunstâncias particulares na inserção do objeto;

● considerar que as pessoas, gestos, as palavras precisam ser referenciadas no contexto.


Por possuir essas características, os dados que o pesquisador (iniciante ou profissional) coleta, são
predominantemente descritivos. São objeto de descrição, pessoas, situações, acontecimentos, depoimen-
tos, fotografias, desenhos e extratos de documentos; também permite o uso freqüente de citações para
subsidiar uma afirmação ou esclarecer um ponto de vista.
Ao contrário das abordagens muito formais, do ponto de vista qualitativo todos os dados são im-
portantes. Por isso, o pesquisador precisa estar atento para a dinâmica do processo que se quer descrever.
É necessário identificar e compreender como o problema se manifesta nas atividades, nos procedimentos
e nas interações cotidianas.
Neste caso, o pesquisador tem que dar uma atenção especial para o “significado” que as pessoas dão
às coisas e à sua vida. Apreender a “perspectiva dos participantes” – as diferentes percepções dos sujeitos
sobre as questões.
A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo. Como não há hipótese para ser compro-
vada. As abstrações se constroem a partir da inspeção dos dados.

3.2.1.1 Formas de pesquisa qualitativa


a) Abordagem Etnográfica
A abordagem etnográfica foi incorporada na educação na década de 70. Até então era utilizada pela
Antropologia. Por etnografia entende-se a descrição de um sistema de significados culturais de um deter-
minado grupo (SPRADLEY, 1979). Na educação a incorporação da dimensão etnográfica possibilitou a
pensar o ensino e a aprendizagem dentro de um contexto cultural amplo, envolvendo acontecimentos de
dentro e fora da escola.
Os autores estudiosos da pesquisa etnográfica acreditam que no envolvimento com as situações prá-
ticas, o pesquisador tem a possibilidade de aprimorar o seu problema; por isso o trabalho de campo além
de ser duradouro o suficiente para que se possa entender as regras, os costumes e as normas que orientam
a vida do grupo estudo, precisa ser realizado diretamente pelo pesquisador.
Na pesquisa etnográfica você tem a possibilidade de combinar várias técnicas de coleta: a observação

38 Metodologia Científica
direta, entrevistas, levantamentos, história de vida, análise documental, vídeo, fotografias, cartografias.
Dados levantados diretamente pelo pesquisador denominam-se de primários. Durante este tra- balho
além da descrição da situação estudada, você pode incluir na pesquisa material produzido pelos
informantes como: histórias, canções, frases, desenhos etc.
a.1) Pressupostos da pesquisa etnográfica

● O comportamento humano é influenciado pelo contexto em que se situa (totalidade do fenô-


meno) – hipótese naturalístico-ecológica;

● O comportamento humano situa-se num quadro referencial por meio do qual orientam seus
pensamentos, sentimentos e ações – o significado manifesto e latente dos comportamentos dos
indivíduos;

● O pesquisador deve exercer o papel subjetivo de participante e o papel objetivo de observa-


dor.
a.2) Método

● A escolha do método se faz em função do tipo de problema estudado:


- Exploração: seleção e definição do problema, escolha do local do estudo, contatos para a
entrada em campo e as primeiras observações (familiaridade com o fenômeno).
- Decisão:após definir um esquema conceitual que oriente a elaboração das questões norte-
adoras, busca-se sistematicamente os dados relevantes para a compreensão e interpretação
do fenômeno – forma e conteúdo da interação verbal com o pesquisador, comportamento
não-verbal, padrões de ação e não-ação, traços, registros de arquivos e documentos – sele-
cionar os dados necessários para responder às suas questões e definir os meios de ter
acesso as informações.
- Explicação da realidade: encontrar os princípios subjacentes ao fenômeno estudado e
situar as descobertas num contexto amplo. Envolve a interação entre os dados reais e as ex-
plicações teóricas possíveis, que possibilita a interpretação e a compreensão do fenômeno.
Buscar as evidências (positivas) que provem determinada afirmação teórica ou se contrapu-
nha (evidências negativas) na perspectiva de construir a sua própria teoria. A inserção do
pesquisador na realidade estudada.
a.3) O papel do observador de acordo com Hall (1978)

● Tolerar as ambigüidades, trabalhar sobre a sua responsabilidade, inspirar confiança, compro-


metimento, ética (guardar informações confidenciais), evitar envolvimento com um grupo
particular;

● Ter capacidade teórica para recortar o fenômeno em seus aspectos mais relevantes;

● Ter domínio das várias possibilidades metodológicas para abordar a realidade.


b) Pesquisa-ação e a perspectiva de mudança

● Trata-se da perspectiva do professor como pesquisador – o professor que pesquisa a sua práti-
ca; de um meio de produzir conhecimento sobre os problemas vividos na sua prática docente,
com vista a atingir uma melhora da situação, de si mesmo e da coletividade;

● Caracteriza-se como uma contraposição à visão do professor como simples reprodutor e exe-
cutor de conhecimentos;

● Tem como preocupação a melhoria da prática, conhecer e atuar. Busca mudança no contexto

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 39


concreto estudando as condições e os resultados da experiência efetuada;

● Envolve a participação da universidade na colaboração das mudanças com as escolas inovadoras;

● Revela que toda prática traz de forma implícita teorias;

● Em geral as suas práticas não são problematizadas pelo processo de pesquisa, a busca de mu-
dança, em geral, não envolve qualquer reconstrução conceitual teórica da prática;

● Os problemas práticos vistos como passíveis de soluções técnicas; a ação se torna um empre-
endimento teórico, contrastando com a idéia de criação e testagem de soluções inovadoras
para os problemas educacionais da pesquisa-ação.
b.1) Características da pesquisa-ação

● É uma atividade empreendida por grupos com o objetivo de modificar suas circunstâncias;

● Não se configura como um processo solitário de auto-avaliação;

● É uma prática reflexiva de ênfase social que se investiga;

● É um processo que se modifica continuamente em aspirais de ação e reflexão.


b.2) Objetivos da pesquisa-ação

● Melhorar a prática do que gerar conhecimento. A produção e utilização de conhecimento se


subordina a este objetivo;

● Aclarar e diagnosticar uma situação prática ou um problema prático que se quer melhorar ou
resolver;

● Formular estratégias de ação;

● Desenvolver essas estratégias e avaliar sua eficiência;

● Ampliar a compreensão da situação resultante;

● Proceder os mesmos passos para a nova situação prática.


b.3) O desenvolvimento da pesquisa-ação

● O professor-pesquisador trabalha o conhecimento já existente, convertendo-o em hipóteses-


ação, procurando estabelecer uma relação entre teoria, a ação e o contexto particular – o
envolvimento do prático;

● Delinear o problema, compreender e melhorar a atividade educativa. Preocupação mais com


mudança que com a interpretação;

● No processo tanto os agentes como a situação-problema se modificam;

● Propor um currículo e uma mudança pedagógica como experimento educacional inovador,


envolvendo a atuação de professores em classes laboratórios: buscar mudança educacional
negociada e com a colaboração de professores, na pesquisa e avaliação do desenvolvimento
de suas atividades.
3.2.2 A Abordagem Quantitativa
Trata-se de uma abordagem de inspiração positivista. Por ter a pretensão de basear-se em dados
objetivos passíveis de mensuração, ela teve grande desenvolvimento na escola funcionalista. Parte do

40 Metodologia Científica
princípio de que, para estudar o ser humano e a sociedade, é possível utilizar a mesma metodologia e o
mesmo instrumental das ciências naturais, ou seja, advoga a objetividade e a neutralidade da ciência.
Nesse tipo de abordagem, o pesquisador busca exprimir as relações de dependência funcional en-
tre variáveis para tratar do como dos fenômenos. Ele procura identificar os elementos constituintes do
objeto estudado, estabelecendo a estrutura e a evolução das relações entre os elementos. Seus dados são
métricos (medidas, comparação/padrão/metro) e as abordagens são experimental, hipotético-dedutiva,
verificatória. As verdades aparecem como absolutas e objetivas.
A pesquisa quantitativa tem sido muito criticada por procurar reduzir as relações humanas a nú-
meros exatos. Um exemplo disso seria a preferência das pessoas por determinada comida, digamos pão e
bolo. De acordo com a abordagem quantitativa, essa questão pode ser tranqüilamente explicada com
números: As pessoas gostam mais de pão ou de bolo? 55% das pessoas gostam de pão, 40% prefere bolo
e 5% não gosta de pão e nem de bolo.
Esta metodologia é baseada em rígidos critérios estatísticos, que servem de parâmetro para defini-
ção do universo a ser abordado pela pesquisa. Como o nome já diz, o método quantitativo é útil para o
dimensionamento de mercados, levantamento de preferências por produtos e serviços de parcelas da
população, opiniões sobre temas políticos, econômicos, sociais, dentre outros aspectos.
A metodologia quantitativa, de modo geral, é a mais utilizada em levantamentos, em pesquisa
amostral, de mercado, de opiniões. Esta metodologia permite mensurar opiniões, reações, sensações,
hábitos e atitudes etc., de um universo (público) por meio de uma amostra que o represente de forma
estatisticamente comprovada. Conforme estudaremos nos elementos constitutivos do projeto, item 4.2
metodologia, as amostras podem ser aleatórias ou por cotas (extratos pré-definidos de sexo, idade, classe
social, região etc).
O método quantitativo orienta para a utilização de questionário estruturado predominantemente com
perguntas fechadas (lista de respostas pré-codificadas). Em toda pesquisa quantitativa, sem exceção, é
necessário calcular a margem de erro para o grau de confiança que se pretende.
A pesquisa quantitativa é realizada a partir de entrevistas individuais, apoiadas por um questionário
convencional (impresso) ou eletrônico, quando é possível (Computador ou Pocket PC). As entrevistas são
conduzidas por um entrevistador ou através de auto-preenchimento.
Os passos para o desenvolvimento e aplicação do método quantitativo tem início com a definição
dos objetivos que o pesquisador pretende alcançar. Em seguida faz-se o levantamento amostral do univer-
so, ou seja, o número de entrevistas a serem realizadas; elaboração aplicação de pré-teste para validação
do questionário e, posteriormente, a pesquisa em campo; apuração, cruzamento e tabulação dos dados; e,
por fim, elaboração de relatório.
Nos últimos anos esse tipo de pesquisa vem sofrendo diversas críticas. A cibernética por exemplo,
argumenta que a sociedade é um demônio, que muda de estratégia de acordo com as informações que
recebe, sendo, portanto, impossível matematizar o ser humano, explicá-lo a partir de números.
A principal vantagem desse tipo de abordagem é a automaticidade e precisão, controle de bias.
Porém, fica limitada na medida em que trabalha com determinação prévia de resultados. Exige um
número maior de entrevistados para garantir maior precisão nos resultados, que serão projetados para a
população representada.
As Pesquisas Quantitativas e Qualitativas oferecem perspectivas diferentes, mas não são necessa-
riamente pólos opostos. De fato, elementos de ambas as abordagens podem ser usados conjuntamente em
estudos mistos, para fornecer mais informações do que poderia se obter utilizando um dos métodos
isoladamente.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 41


Diferenças entre abordagem Quantitativa e abordagem Qualitativa

Quantitat Qualitat
iva iva
- Objetivo - Subjetivo
- Testa a teoria - Desenvolve a teoria
- Redução, controle e precisão - Descoberta, descrição e compreensão
- Mecanicista: as partes são iguais ao todo - Organicista: o todo mais que as partes
- Análises estatísticas - possibilita narrativas ricas e interpretações;
- Unidade de análise: os números - Os elementos básicos das análises são as palavras e as idéias
- O pesquisador assume um postura de neutralidade diante - O pesquisador participa do processo
do contexto - Depende do contexto
- Testa hipóteses - Gera idéias e questões para a pesquisa
- Raciocínio lógico e dedutivo - O raciocínio e dialético e indutivo
- Estabelece relações de causa-efeito - Descreve os significados e descobertas
- Busca a generalizações - Busca particularidades
- Preocupa-se com a quantidade - Preocupa-se com a qualidade das informações
- Utiliza-se de instrumentos específicos - Utiliza as informações e as comunicações

A idéia que está presente nesta distinção é a contraposição entre abordagem do tipo positivista
(privilegia a mensuração) com a do tipo hermenêutico-dialética (privilegia a compreensão qualitativa dos
significados).
Na realidade, tal distinção não poder ser vista como uma rígida dicotomia, mas como um meio útil
para evidenciar dimensões diversas da pesquisa, mas complementares do ponto de vista metodológico.

3.3 CARACTERIZAÇÃO DAS PESQUISAS SEGUNDO OS PROCEDIMENTOS


TÉCNI- COS DE COLETA
3.3.1 Pesquisa documental
De acordo com Chizzotti (1991), documentação é toda informação sistematizada, comunicada de
forma oral, escrita, visual ou gestual, fixada em um suporte material, como fonte de comunicação.Docu-
mento é qualquer informação sob a forma de textos, imagens, sons, sinais etc., contida em um suporte
material (madeira, papel, tecido, pedra etc.), fixados por técnicas especiais como impressão, gravação,
pintura, incrustação etc.).As informações orais (diálogo, exposições, aula, reportagens faladas) tornam-se
documentos quando transcritas em suporte material.
Em geral, os documentos são fontes de informações que ainda não receberam organização, trata-
mento analítico e publicação. A pesquisa documental é a que serve dessas fontes. Ela assemelha-se muito
à pesquisa bibliográfica. A natureza das fontes é quem estabelece a diferença. A pesquisa bibliográfica
utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores, a pesquisa documental usa materiais que
não receberam ainda tratamento analítico, chamados de “primeira mão”.
Dessa forma, o pesquisador para realizar uma pesquisa documental precisa recorrer a vários luga-
res, pois, em geral, as fontes são muito diversificadas e dispersas.

3.3.2 Pesquisa bibliográfica


É um tipo de pesquisa desenvolvida a partir de material já elaborado, sistematizado em livros e ar-
tigos científicos, chamado de fontes secundárias. Ela tanto pode ser uma pesquisa independente (pesquisa
baseada exclusivamente em fontes bibliográficas), como fazer parte de outra pesquisa, uma vez que todo
estudo científico requer uma pesquisa bibliográfica.
A pesquisa bibliográfica tem a vantagem de permitir ao pesquisador ter acesso a um conjunto mui-
to mais amplo de fenômenos, do que na pesquisa direta (de campo, por exemplo). Há que se ter, contudo,

42 Metodologia Científica
o cuidado com a seleção das fontes para não cair no erro de utilizar fontes que apresentam dados coleta-

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 43


dos ou processados de forma equivocada.

Chegamos ao final de uma unidade. Propomos a você a Atividade 6 - Abordagens e


instrumentos de pesquisa.
Selecione uma das abordagens de pesquisa e instrumentos de coleta de informações e explique
com suas palavras como estes funcionam. Em seguida aplique o instrumento selecionado em uma
situação real de pesquisa e descreva como esses elementos podem con- tribuir para seu trabalho
de pesquisa.
Participe de um chat para debater os temas da aula. (veja o horário de sua turma).

REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6320 Informação e documentação:
Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, Ago, 2002
ARANHA, M. Lúcia de A. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1986.
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 1999.
AZEVEDO, Israel Belo. O prazer da produção científica. Piracicaba: Ed. Unimep, 1992.
CARVALHO, M. Cecília M. de. Construindo o Saber: metodologia científica, fundamento e técnicas.
3. ed. Campinas, SP: Papirus,1996.
FRANÇA, Júnia L.; VASCONCELOS, Ana Cristina de. Manual para normelização de publicações
técnico-científicas. 7. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
HÚHNE, Leda M. (Org.). Metodologia Científica: cadernos de textos e técnicas. 4 ed. Rio de Janeiro:
Agir, 1990.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo:
EPU,1986.
LUCKESI, Cipriano et al. Fazer Universidade: uma proposta metodológica. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execu- ção
de pesquisas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
MINAYO, M. Cecília de S. (Org.) Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 10. ed. Petropólis, RJ: Vozes,
1999.
MOURA, Maria L. Seid de; FERREIRA, Maria Cristina; PAINE, Patrícia Ann. Manual de elaboração de
projetos de pesquisa. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.
PÁDUA, Elizabete M. Marchesini. Metodologia da Pesquisa: abordagem teórico-prática. 3. ed. Campi-
nas, SP: Papirus, 1996
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petropólis, RJ: Vozes, 1998.
SEABRA, Giovanni de Farias. Pesquisa científica: o método em questão. Brasília: UnB, 2001.
SZYMANSKI, Heloísa (org.). A entrevista na pesquisa em educação: a prática reflexiva. Brasilia: Edi-
tora Plano, 2002.
SANTOS, Clóvis Roberto dos; NORONHA, Rogéria T. da Silva de. Monografias científicas: TCC,
dissertação e tese. São Paulo: Avercamp, 2005.
VERA, Asti. Metodologia da pesquisa Científica. Porto Alegre: Globo, 1974.

44 Metodologia Científica
UNIDADE 4

4 O PLANEJAMENTO DA PESQUISA CIENTÍFICA: O PROJETO DE PESQUISA

Como objetivo de aprendizagem, esperamos que, ao final desta unidade, você seja capaz de:

● Planejar teórico-metodologicamente uma pesquisa.

● Elaborar os elementos constitutivos do projeto de Pesquisa.

● Discutir teórico-praticamente cada elemento constitutivo.

● Identificar as regras reconhecidas para a construção de um projeto.

4.1 A NECESSIDADE DE FORMULAÇÃO DE UM PROJETO DE PESQUISA


Esperamos que os assuntos tratados até aqui tenham despertado em você o interesse pela pesquisa
científica.
A pesquisa não se faz por si só, como toda e qualquer atividade que o ser humano desenvolve, ela
precisa ser planejada. No nosso dia-a-dia, mesmo que mentalmente, vamos definindo (planejando) nossas
atividades: vou fazer isso, vou fazer aquilo. Para a realização de uma pesquisa científica, não é diferente.
A diferença está, como já vimos nos itens anteriores, que ela requer uma organização sistemática de todas
as suas etapas.
A pesquisa científica precisa ser planejada. O planejamento da pesquisa se consolida em um “pro-
jeto de pesquisa”. Mas, até chegar ao formato de um projeto, o pesquisador passa por várias fases: realiza
estudos preliminares acerca da temática que quer pesquisar, faz o recorte da realidade, define o problema
que vai estudar.
A elaboração de um anteprojeto, também denominado de pré-projeto, é um momento em que o
pesquisador começa a dar uma organização mais sistemática aos diversos ítens que integrarão o projeto
final, que por sua vez vai incorporar aspectos mais precisos do problema, com mais detalhamento e rigor
metodológico.
Assim, por meio da construção de um projeto de pesquisa o pesquisador não só faz a “montagem”
de sua pesquisa, como também mapeia a trajetória da sua execução. Pois, conforme Rudio (1998) nos
recomenda, iniciar uma pesquisa, sem projeto, é lançar-se à improvisação.
Dessa forma, o planejamento da pesquisa enquanto um ato de reflexão, questionamento e busca de
respostas, evita a improvisação. Planejar significa por ordem nas idéias, sistematizar as “etapas” da
pesquisa.
O projeto enquanto planejamento da pesquisa define a direção da “viagem” (o que pesquisar, para
quê, como, por quanto tempo); e, ao mesmo tempo, estabelece uma forma de comunicação reconhecida
pela comunidade acadêmica.
Por meio do projeto de pesquisa, o pesquisador buscará responder às seguintes questões: o que fa-
zer? (envolve a definição do problema, hipóteses, base teórica e conceitual); por quê? (justificar a escolha
do problema); para que? (objetivos); como? (definição da metodologia); quando fazer? (cronograma de
execução da pesquisa); com que recursos? (orçamento); por quem? (equipe da pesquisa).
Nessa perspectiva, o projeto de pesquisa é a mobilização de informações teórico-metodológicas que
possibilitam você avançar até o objetivo predeterminado, justificado econômico e socialmente, em prazo
determinado e com detalhamento das diversas fases a serem efetivadas até à execução.
Projetar pressupõe definir o ponto de partida (onde estamos) e o de chegada (onde queremos che-
gar), combinando-se, equacionando-se, os diferentes fatores que influem a pesquisa:

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 45


● A motivação da pesquisa (problema).
● O lugar de onde partimos (estado do conhecimento).
● A escolha do caminho a seguir para chegarmos aonde queremos (método).
● A luz que iluminará nosso caminho (teoria).
● As ferramentas que levaremos para abrir o caminho (técnicas).
● Os recursos disponíveis (aspectos operativos).
● O lugar onde queremos chegar (objetivos e resultados).
Convivendo com a realidade é comum identificarmos uma série de problemas práticos, alguns
relacionados com alguma dificuldade social. Mas, nem todo problema prático pode ser considerado um
problema de pesquisa. Por não está dado na realidade, um problema de pesquisa precisa ser construído
(formulado). Ao formular um problema, o primeiro passo é fazer um recorte da realidade. Diante da
impossibilidade que o pesquisador tem de dar conta de tudo, ele seleciona um tema que tem interesse de
pesquisar. Nesse momento, o cuidado é não escolher temas muito gerais.
Na definição do seu tema é necessário que você leve em consideração o seu interesse por ele, as
motivações que despertaram esse interesse, algum tipo de conhecimento que já possui acerca dele. Em
relação o estado da arte, o tema faz parte do debate atual, que estudos já foram realizados acerca desse
tema, há material disponível, há possibilidades concretas de você contribuir com novos conhecimentos. É
relevante estudá-lo?
Uma reflexão acerca desses aspectos pedagógicos pode ser útil para as escolhas que você terá que
fazer. Ao delimitar o tema, defini-se a área de interesse da pesquisa. É importante que seu assunto de
pesquisa guarde relação com suas atividades profissionais ou com suas aspirações pessoais, uma vez que
pesquisar envolve vontade própria e capacidade intelectual.
Vamos tentar deixar claro para você, a diferença entre tema e problema, pois aí reside uma grande
dificuldade prática que o(a)s alunos(as), em geral, manifestam, quando da construção do seu projeto de
pesquisa. Tema é o assunto do qual provém o problema. Pode suscitar vários problemas. Tem caráter
geral e é mais abrangente do que o problema. Problema é a pergunta que o pesquisador formula para ser
respondida no decorrer da pesquisa. “Fazer ciência é procurar a pergunta adequada”. O senso comum
formula mais respostas que perguntas; o cientista, ao contrário, formula mais pergunta do que resposta
(TOBAR; YALOUR, 2001).
A formulação de um problema de pesquisa pressupõe a elaboração de uma pergunta que se preten-
de responder, e cujas respostas se mostrem novas e relevantes teórica e/ou socialmente. Agora reflita:
Quais os efeitos da inexistência de um problema de pesquisa? Sem problema não há pesquisa. É a partir
da formulação do seu problema que você vai definir o seu trabalho de coleta de dados e como eles serão
organizados. A análise desses dados vai indicar qual era o problema original. A clareza em relação ao
pro- blema de pesquisa é passo fundamental dentro do processo de pesquisar. O problema que gera a
pesquisa não pode ser respondido diretamente – isto significa que a realidade não pode ser apreendida
diretamente
– depende de um recorte que faça sentido. Toma-se um “pedaço”, uma amostra de um fenômeno para o
estudo.
Ao se definir por um assunto, você, estudante, estará lidando com uma problemática ainda
provisória. Podemos considerar a problemática como um conjunto construído (por você, enquanto
pesquisador(a) em torno de uma questão principal, pelas hipóteses da pesquisa e pelas linhas de análise
que permitem tratar o assunto escolhido. Ela configura-se como um elemento essencial para a elaboração
do seu projeto de pesquisa.
A formulação do problema de pesquisa, não cessa os desafios do pesquisador, pois a partir daí ele se
vê diante de várias interrogações: que dados colher? Que métodos utilizar? Como analisar os dados? Qual
é a questão? Quais são os conceitos? Que contribuição a pesquisa pode trazer? Entre outras.

46 Metodologia Científica
Nas diferentes etapas, incluindo desde a decisão por um tema até a definição do problema, é pos-
sível que você encontre algumas dificuldades. Mas, não hesite em consultar seu material ou o seu tutor
sempre que se fizer necessário, detendo-se naquela etapa em que está enfrentando dificuldade.
No próximo ítem vamos tratar de cada um dos elementos que fazem parte de um projeto de pesquisa.

4.2 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO PROJETO DE PESQUISA


a) A escolha do assunto: o que fazer (pesquisar)
Quando o pesquisador escolhe o assunto que deseja pesquisar, ele ainda está situado numa área bem
abrangente do conhecimento. Trata-se da “área de Interesse” que corresponde a um conjunto de práticas,
que existem e continuarão a existir independente do seu projeto específico. Temos que estar atentos para
seu signi- ficado e relevância social e científica, para as aptidões e tendências pessoais e a opção
metodológica que se fará.
Assim, a partir da escolha do assunto, você começa a elaborar a sua intenção de pesquisa, mas sua
problemática ainda não está construída. No item anterior já nos referimos sobre a compreensão do que
seja a problemática em termos de pesquisa. Para construí-la é necessário um trabalho de pesquisa explora-
tória, que envolve sumariamente falando: levantamento e exame de documentação disponível acerca do
assunto; ler o material para ter uma visão de conjunto, priorizar o material bibliográfico que trate mais
diretamente do assunto escolhido; fazer contato com o lócus lócus da pesquisa, falar com as pessoas que
estão direta ou indiretamente relacionadas com o seu assunto.
Ainda não é a pesquisa de campo.
É hora de rever a aprendizagem! Faça a Atividade 7 - Área de interesse.
Em uma folha de papel coloque assuntos referentes ao campo da educação matemática que você
tem interesse de conhecer mais profundamente, ou esclarecer suas dúvidas, e apre- sente num
“chat” (bate papo) com sua turma
Na realidade você está sendo convidado para definir sua área de interesse, um assunto de
pesquisa. Vamos em frente!

b) A delimitação do tema
A delimitação do tema é necessária em virtude da dificuldade para qualquer pesquisador desenvol-
ver uma pesquisa sobre uma área abrangente do conhecimento. Dessa forma, tematizar é selecionar e
assumir um aspecto delimitado da realidade na perspectiva da formulação de um problema. Um tema
pode suscitar vários problemas.
Ao fazer o recorte o pesquisar tem possibilidades concretas de deter-se em aspectos mais detalhados
e originais da realidade, afastando-se de perspectivas generalistas. Ao tomarmos um assunto geral como
aprendizagem escolar,temos várias possibilidades e objetivos para estudarmos, dentre elas, podemos
enfocar as dificuldades de aprendizagem em matemática por alunos surdos, indicando da seguinte for-
ma: - Dificuldades de aprendizagem em matemática de alunos surdos: uma contribuição ao processo de
inclusão em turmas regulares.
Neste caso, além de estarmos definindo os contornos da pesquisa e criando possibilidades de al-
cançarmos uma compreensão mais aproximada possível da realidade a ser estudada, estamos indicando
também o título. O título não é o tema, ele indica a sua nomeação. Ao ser enunciado de forma clara e
objetiva, ele informa preliminarmente o teor da investigação.
Agora é vez de você delimitar o seu assunto, escolhendo um tema que mais aproxime-se de suas
necessidades e condições objetivas de realizar uma pesquisa. Não desanime. Coloque no papel seu
esforço e construa seu tema de pesquisa. Nada de coisa muito abrangente, seja objetivo. Caso necessário,
releia o seu material, consulte o seu tutor.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 47


c) Justificativa (por que minha pesquisa é importante?)
Neste item o pesquisador tem que declarar os motivos de ordem teórica ou prática que justificam a
realização de tal pesquisa, destacando as contribuições para compreender, interpretar e/ou solucionar o
problema a ser estudado. Qual a contribuição que a pesquisa poderá trazer para o problema investigado,
no nosso exemplo, para a educação inclusiva de forma geral, para o avanço teórico-metodológico rela-
cionado às dificuldades de aprendizagem escolar de alunos surdos, particularmente, em relação à inclusão
deles em turmas regulares.
Análises a respeito da atualidade do tema tornam-se importante, é um tema atual? Quem está ou já
estudou? Sob que recorte? Quando foi ou foram realizados estes estudos?. Não se trata de indicar as
referências bibliográficas, estas farão parte do referencial teórico. Estes questionamentos podem ajudar
você a construir seus argumentos em relação a insuficiências de informações sobre o seu tema e, em que
isso implica do ponto de vista prático, metodológico e/ou teórico.
Portanto, além de expor os motivos de ordem pessoais e/ou institucional, você apresenta argumen-
tos quanto à importância do ponto de vista social, acadêmico e/ou científico de realizar uma pesquisa
sobre a temática, e indica fatores teóricos e/ou práticos que tornam viável a realização do seu projeto.
Mesmo com dificuldade você conseguiu avançar na sua construção.

Agora faça mais um item de sua pesquisa, realizando a Atividade 8 - Justificativa.


As razões que te levam a pesquisar o tema, motivação e importância/relevância do
es- tudo. Porque fazer o estudo e possíveis aspectos inovativos do trabalho.
Relação do Tema-Problema com o contexto social

d) Formulação do Problema
Retomando um pouco, você até aqui escolheu o seu assunto (área de interesse), fez a delimitação do
seu tema e construiu os argumentos que servem de justificativa para a realização da pesquisa acerca do
tema, agora é hora de formular o problema, ou seja, colocar o seu tema em forma de um problema.
Já esclarecemos em item anterior que o tema por si só não se constitui um problema de pesquisa. Ao
se formular pergunta ao tema, provoca-se sua problematização, ou seja, coloca-se o tema sob a forma de
problema. Portanto, a construção do seu problema de pesquisa resulta da problematização de seu tema,
colocado em forma de pergunta. Significa do ponto de vista prático construir a questão que vai orientar a
realização da pesquisa. Dito de outra forma, é para essa pergunta que você vai no decorrer da pesquisa
buscar dados no sentido de esclarecê-la.
Tomando nosso tema como referência podemos formular nosso problema da seguinte forma: que
dificuldades em relação à aprendizagem em matemática alunos surdos que freqüentam turmas regulares
têm demonstrado? Ou como a inclusão em turmas regulares de alunos surdos tem refletido na sua apren-
dizagem em matemática?
Agora, faça uma descrição sucinta do quadro problemático, identificando situações em que o
problema se evidencia, na Atividade 9 - Problema.
Obs: pode ser contextualizado o problema e conclua o parágrafo com uma pergunta
(?). A situação que está causando o interesse pela pesquisa. Exemplos: uma
ausência, uma falta/carência, dificuldades sentidas/observadas, uma mudança, uma
descontinuidade, uma crise, uma contradição, afastamentos, desinteresses,
despreparo, desconhecimen- to, dúvidas etc. o que você detectou como
problemático e deseja estudar para desven- dar/compreender/transformar. Deverá
vir acompanhada das questões norteadoras ou hipóteses.

48 Metodologia Científica
e) Elaboração de questões norteadoras ou hipótese(s)
Como forma de melhor esclarecer e traçar nortes mais específicos para o estudo, o pesquisador, de-
pendendo do seu objeto de estudo e do tipo de pesquisa, pode orientar-se por questões norteadoras (mais
utilizadas nas pesquisas qualitativas), ou por hipótese(s) (nas pesquisas quantitativas e experimentais).
Nesta atividade você tem que convencer seu leitor da importância da sua pesquisa. Fale da contri-
buição que ela pode trazer para compreensão ou solução do problema estuda. Prevalece o seu poder de
argumentação.
A partir de então formule a sua questão (ões) de pesquisa. Lembre-se nem toda questão é uma ques-
tão de pesquisa científica, é necessário estabelecer relação entre duas variáveis.
Caso a sua opção seja por questões norteadoras, você toma como referência o seu problema e espe-
cifica, ou seja, formula indagações mais detalhadas, cujas respostas podem indicar a compreensão acerca
da problemática.
Tomando o exemplo de problema que construímos neste texto: que dificuldades em relação ao
processo de aprendizagem alunos surdos que freqüentam turmas regulares têm demonstrado? Ou
como a inclusão em turmas regulares de alunos surdos tem refletido na sua aprendizagem? É
possível formular algumas questões norteadoras:
Como se dá o processo de inclusão de alunos surdos em turmas regulares?
Que elementos caracterizam as dificuldades de aprendizagem em matemática de alunos surdos que
freqüentam turmas regulares?
Que procedimentos pedagógicos são adotados pela escola para trabalhar essas di- ficuldades?
Que relação é possível fazer entre dificuldades de aprendizagem e situação sócio- econômica dos
alunos?

Contudo, você pode ensaiar respostas provisórias a sua questão problema. Neste caso, essas res-
postas imediatas ao problema identificado são construídas em forma de hipótese(s).Tal como as questões
norteadoras, as hipóteses servem apenas para orientar o pesquisador, portando, não têm caráter defini-
tivo.
Como resposta(s) provisória(s), a(s) hipótese(s) poderá (ão) ser negada(s) ou confirmada(s) a partir
dos resultados da pesquisa, ou outras poderão emergir a partir da realização do estudo.
Em relação ao exemplo do problema construído, podemos formular algumas hipóteses:

● Considerando que a política de inclusão de pessoas portadores de necessidades especiais (PP-


NES) se fez de forma normativa, excluindo a participação de profissionais que lidam diaria-
mente com a problemática, pode-se afirmar que em grande parte as dificuldades demonstradas
por alunos surdos que freqüentam turmas regulares estão associadas a mudança repentina do
paradigma da integração para o da inclusão, sem que houvesse uma preocupação com a
formação continuada dos profissionais da educação; ou as dificuldades de aprendizagem em
matemática de alunos surdos que freqüentam turmas regulares podem ser associadas a vários
fatores, dentre eles, a falta de formação especifica dos professores, de participação e acompa-
nhamento da família, os procedimentos pedagógicos adotados de forma comuns aos alunos
ouvintes e surdos, e, na maioria dos casos, a sua condição sócio-econômica.
A base que fundamenta a formulação de hipóteses ou de questões norteadoras é a observação, os
resultados de outras pesquisas, teorias ou mesmo a intuição. Ela serve de caminho e de baliza no confron-
to do estudo com a realidade.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 49


Chegou o momento de exercitar seus conhecimentos, faça a Atividade 10 –
Questões ou hipóteses.
1. Os Questionamentos: As perguntas que devem ser respondidas com a pesquisa;
2 - As Hipóteses: Supostas respostas às perguntas formuladas acima.

f) Definição dos Objetivos: para que você vai fazer a pesquisa


O que se pretende alcançar com a pesquisa, quais os propósitos que você enquanto pesquisador tem
ao buscar dados que sirvam para a produção de conhecimentos relacionados ao seu problema, que
contribuição pretende dar.
Dessa forma, os objetivos decorrem do problema, ou seja, são definidos tomando como base o
problema da pesquisa.
Ao definir os objetivos, o pesquisador amplia as possibilidades de conhecimento sobre o problema,
tornando mais explicito o sentido, a utilidade, o produto e o resultado esperado da pesquisa.
Os enunciados de objetivos iniciam por um verbo no infinitivo.
Geral: é a espinha dorsal, precisa expressar claramente aquilo que o pesquisador pretende com sua
investigação. Não é o que vai fazer (procedimentos).
Em se tratando de investigação e não de ação (intervenção), os estágios cognitivos podem ser: co-
nhecer, compreender, aplicar, analisar, sintetizar, avaliar, dentre outros.
- De acordo com nosso exemplo: analisar as dificuldades e fatores que interferem na aprendiza-
gem em matemática de alunos surdos em turmas regulares
Específicos: o problema da pesquisa pode ser detalhado em tantas partes quantas forem possíveis
ou necessárias para se alcançar o objetivo geral. Neste caso, ao definir os seus objetivos específicos, você,
estudante, estará particularizando as diversas situações contidas no objetivo geral. Os estágios cognitivos
podem ser orientados no sentido de: diagnosticar, identificar, examinar, verificar, relacionar, realizar,
pesquisar, sugerir, dentre outros.

Agora, formule os seus objetivos. Faça a Atividade


11.
 Objetivo Geral: o que se pretende alcançar/atingir com a pesquisa realizada. Re-
fere-se ao tema.
 Objetivos Específicos: o que será feito ao longo do estudo para responder às per-
guntas. Referem-se ao assunto.

g) Revisão da literatura (fundamentação teórica)


Nesta parte de seu projeto, você vai procurar anunciar o estado do conhecimento acerca do seu
objeto de estudo, tomando como referência os estudos já publicados sobre o assunto. As obras (autores)
que constituem marcos de conhecimento da sua área são analisadas, em um texto de elaboração própria,
em que o pesquisador faz uma apreciação do conteúdo das obras.
Tomando como referência o seu problema, elabore questões mais específicas (se sua pesquisa for
qualitativa) ou hipótese(s) no caso de uma opção por uma pesquisa quantitativa. Diante de qualquer di-
ficuldade não esqueça de consultar o seu material, ou o seu tutor. O importante é que você realize suas
atividades com domínio.
Considere o que de fato você quer alcançar com sua pesquisa. Lembre-se que existe uma diferença
entre investigação e ação. No caso seu caso você vai investigar determinado fenômeno no campo da edu-

50 Metodologia Científica
cação matemática. Mesmo que depois proponha metodologias.
Neste sentido, você pode:
● Demonstrar o seu conhecimento acerca da literatura básica sobre o assunto, resumindo os
resultados de estudos de outros autores;
● Apresentar em blocos de assunto, mostrando a evolução do tema de forma integrada;
● Fazer citações de obras de outros autores que vão fundamentar teoricamente o trabalho;
● Fazer uma análise interpretativa própria das idéias dos autores;
● Toda obra analisada precisa constar na lista de referências e referenciar conforme a ABNT.
Neste momento faça a Atividade 12 – Revisão da Literatura, você vai precisar muito do que foi
estudado na primeira unidade deste caderno, pois o volume de texto que terá que ler vai exigir que
faça esquemas e resumos.
Você está sendo convidado a elaborar um texto próprio com base nas idéias dos autores utilizados de
referências, constituindo o seu quadro de fundamentação teórica. Não esqueça de se preocupar com a
ordenação da idéias. O texto tem que ter seqüência lógica (início, meio e fim).

h) Metodologia (Como minha pesquisa será desenvolvida?)


Neste item, você, estudante, deve proceder o detalhamento de como pretende desenvolver a sua
pesquisa. Que método vai utilizar para atingir os objetivos formulados. Os procedimentos que serão
necessários para se chegar aos participantes da pesquisa e, obter deles as informações de forma clara.
Quem serão os sujeitos da pesquisa, que tipo(s) de técnica(s) será(ão) utilizada(s) para coletar os dados e
que método dará sustentação as análises dos dados e informações. Contempla a fase do trabalho de cam-
po – definição do tipo de pesquisa, área física da pesquisa, escolha do universo dos sujeitos (informantes),
definição dos critérios de escolha dos informantes (amostragem qualitativa ou quantitativa) -, e a defi-
nição dos instrumentos e procedimentos de análise dos dados. Por isso ela é um dos elementos muito
importante para o desenvolvimento da pesquisa.

● Área da pesquisa: onde o estudo será realizado? A definição do lugar pesquisa, do campo de
trabalho, precisa ser justificado, que tipo de contexto existe nesse lugar que torna-o relevante
como campo de investigação.

● Definição da amostra: quem serão os sujeitos da pesquisa? Nesse momento você não pode
perder de vista os seus objetivos, é a partir deles que será definido o conjunto de pessoas que
farão parte do estudo.
- Nas pesquisas de natureza qualitativa não é necessário adotar um procedimento sistemá-
tico de amostragem, uma vez que elas voltam-se mais para a descrição, compreensão e
interpretação do fenômeno objeto do estudo. Portanto, a preocupação não é com a ge-
neralização dos resultados. A preocupação volta-se para a identificação daqueles sujeitos
sociais que têm vinculação mais significativa com o problema a ser investigado. Nesse
caso, a melhor amostra é aquela que assegure abranger o problema investigado em suas
múltiplas dimensões. Ainda assim, o pesquisador faz uma descrição desses sujeitos, em
que atividades estão engajadas, quantos pretendem envolver no estudo, que tipo de critério
qualitativo irá utilizar (por exemplo, professores com mais tempo de serviço, ou aqueles
que têm nível superior etc).Mesmo na opção por escolha aleatória, isso tem que ficar claro
na descrição.
- Nas pesquisas de natureza quantitativa, principalmente, no caso de levantamentos (surveys)
tem que haver uma preocupação com a questão da representatividade quantitativa, para que
os sujeitos que compunham a amostragem possam caracterizar o coletivo das pessoas.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 51


Alguns procedimentos são adotados para selecionar a amostra.

● Coleta de dados: neste item o pesquisador tem que definir como os dados serão levantados,
ou seja, quais serão as técnicas que ira utilizar. A escolha precisa estar associada ao problema,
aos objetivos e hipótese da pesquisa. Assim, na pesquisa de campo as principais técnicas para
levantar dados são: observação, entrevista, história de vida, questionário, formulário. Veja-
mos cada uma delas:
a) Observação: como técnica para coletar dados, o pesquisador obtém dados sem neces-
sitar de informações de pessoas, o pesquisador utiliza-se dos seus sentidos para coletar
dados acerca do fenômeno a ser observado. No contexto das pesquisas qualitativas é
uma técnica imprescindível.
- Objetiva obter informações sobre a realidade dos atores sociais em seus próprios
contextos;
- Possibilita captar uma série de situações ou fenômenos que não são obtidos por
meio de perguntas, ou seja, obter a informação na ocorrência do fato;
- Existem algumas modalidades de observação: aquelas que se definem de acordo
com a forma de registro adotada (assistemática e sistemática); aquelas que se dife-
renciam de acordo com a participação do pesquisador (participante e não-partici-
pante).
a.1) Observação assistemática: também denominada de não-estruturada ou livre, não
exige o estabelecimento de critérios prévios. Trata-se de um procedimento mais
utilizado em estudos exploratórios.
a.2) Observação sistemática: também denominada de estruturada, requer decisões
prévias acerca das situações e/ou elementos a serem observados (comportamentos
individuais, p.ex.), para que o pesquisador possa efetuar o controle, como por
exemplo, traçado de roteiros, definição de fatos a serem observados, localização,
tempo de duração.
a.3) Observação participante: orientada por uma relação interativa entre o pesqui-
sador e a realidade pesquisada. Trata-se de uma técnica que possibilita que o pes-
quisador vivencie a realidade do objeto investigado. Buscando compreender os
aspectos inerentes a essa realidade, o observador assume um determinado papel
dentro do grupo e participa das suas atividades. O observador, enquanto parte do
contexto de observação, estabelece uma relação face a face com os observados.
a.4) Observação não-participante: ao contrário da observação participante, aqui ela é
orientada por uma não interação do observador à realidade investigada. Neste
caso, o pesquisador limita-se observar à distância o fato sem participar dele.
b) Entrevista: trata-se de uma técnica de coleta de dados que requer um contato face a
face entre pesquisador e pesquisado. Pode ser anotada ou gravada pelo pesquisador. É
um dos procedimentos metodológicos mais usual no trabalho de campo.Por meio da
entre- vista o pesquisador busca informações contidas na fala dos sujeitos da pesquisa.
Quanto ao seu grau de estruturação, ela pode ser classificada em:
b.1) Entrevista estruturada: configura-se por meio de um roteiro de perguntas previa-
mente elaborado, tendo como base os objetivos da pesquisa.
b.2) Entrevista não-estruturada ou aberta: o informante aborda livremente o tema
desenvolvido, sem a utilização de um roteiro prévio. Contudo, não se pode deixar
de levar em consideração os objetivos da pesquisa.
b.3) Semi-estruturada: situada numa situação intermediária entre os dois tipos ante-

52 Metodologia Científica
riores, caracteriza-se pela elaboração de um roteiro preliminar de perguntas, que
pode ser acrescido no decorrer da entrevista, na perspectiva de aprofundar aspec-
tos relevantes aos objetivos do estudo.
c) Questionário: consiste em um conjunto de questões pré-elaboradas de forma sistemáti-
ca e seqüencialmente dispostas em itens que dê configurações ao tema da pesquisa.
- As questões são elaboradas com a finalidade de obter dados que ajudem a dar
resposta(s) ao problema da pesquisa;
- Para que o questionado não ofereça resistência, as questões precisam ser claras e o
número não deve ser extenso;
- Sua estrutura precisa ser articulada, palavras simples, evitar ambigüidades, dúvi-
das ou incompreensão, iniciando pelas perguntas mais fáceis;
- Em geral, são utilizados três tipos de perguntas: abertas, fechadas e múltipla es-
colha. As perguntas abertas dão ao entrevistado oportunidade de expressar sua
opinião livremente (por exemplo: como você trabalha as dificuldades que alunos
surdos apresentam na aprendizagem em matemática?).
As perguntas fechadas, o entrevistado opta por respostas já formuladas (por exem-
plo: Você encontra dificuldade para trabalhar assuntos de matemática com alunos
surdos? Sim ( ) Não ( ). As perguntas de múltipla escolha incluem questões com
diversas opções de respostas.
- É recomendável testar o questionário para identificar problemas de linguagem ou
de outras ocorrências que pode prejudicar os instrumentos.
d) História de vida: trata-se de um procedimento metodológico que configura-se como
uma entrevista em profundidade, também denominada de autobiográfica.
d.1) É um instrumento que privilegia a coleta de dados e informações que retratem
experiências pessoais vivenciadas. Eles são fornecidos por pessoas, grupos ou or-
ganizações. Pode ser escrita ou verbalizada;
d.2) Completa: retrata todo o conjunto da experiência vivida;
d.3) Tópica: focaliza uma etapa ou setor da experiência.
- O uso de fotografias como recurso de registro visual amplia o conhecimento do
estudo e possibilita documentar momentos ou situações que ilustram o cotidiano
vivenciado.
- O uso do diário de campo como um instrumento ao qual recorremos em qual- quer
momento da rotina do trabalho que se está realizando. Nele podem ser colo- cadas
percepções, angústias, questionamentos e informações que não são obtidas por
meio das técnicas. É pessoal e intransferível.
- Na pesquisa suplementar de dados: consulta a documentos, anuários, censos, ma-
terial cartográfico e outros inerentes ao estudo.

● Organização e análise de dados: neste item o pesquisador tem que descrever como os dados
levantados serão construídos, organizados, representados graficamente e analisados; com base
em que método os resultados da pesquisa serão discutidos. Como opção metodológica o pes-
quisador pode se definir pela análise de conteúdo, análise de discurso ou análise qualitativa
(dialética). Não exclui a incorporação de gráficos, tabelas e quadros, evitando-se, assim, a
falsa dicotomia entre a dimensão qualitativa e quantitativa da pesquisa.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 53


i) Cronograma de Execução (Quando?)
Definir o tempo que será necessário para a realização da pesquisa, envolvendo as suas várias etapas.
j) Referências
Aqui você lista por ordem alfabética todas as obras consultadas, mesmo aquelas que não foram
citadas, de acordo com as normas da ABNT (Apêndice A).
O planejamento da Pesquisa Científica é um dos itens mais trabalhoso do projeto de pesquisa.
Exercite cada sub-item. Na dúvida volte ao material.
Lembre-se! Toda e qualquer opção metodológica você tem que justificar a escolha, considerando o
seu problema e os objetivos que pretende alcançar com a realização da pesquisa. Quando tratar-se das
técnicas de pesquisa, é necessário mencionar com quem será utilizado e porque.
Espero que você tenha conseguido acompanhar e entender a construção de cada elemento constitu-
tivo do projeto. Agora chegou a hora de construir o seu projeto. Além do detalhamento dos itens nesta
unidade, no Apêndice B deste caderno você encontra a construção de um projeto.

SÍNTESE DA UNIDADE
Nesta unidade, discutimos com você o projeto de pesquisa
1. APRESENTAÇÃO/INTRODUÇÃO
2. TEMA/DELIMITAÇÃO
3. JUSTIFICATIVA
4. OBJETIVOS
5. PROBLEMA
6. HIPÓTESE (S)
7. MARCO TEÓRICO / REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
8. METODOLOGIA
9. CRONOGRAMA
10. REFERÊNCIAS
11. APÊNDICE(S)
12. ANEXO(S)

1. APRESENTAÇÃO/INTRODUÇÃO
Parte essencial em que são anunciados, em linhas gerais, os itens contidos no SUMÁRIO.
A linguagem deve ser clara, simples e objetiva, sem extrapolações e erudição desnecessárias.

2. TEMA
A escolha do TEMA é, talvez, a parte mais difícil para qualquer pesquisador.
No entanto, ele deve surgir com base nas inquietações do próprio pesquisador e estar vinculado a
área de conhecimento pretendido e/ou do curso que está atrelado.
Entre os fatores principais na escolha de um TEMA estão:
a) afetividade ou grande interesse pelo tema;
b) disponibilidade de tempo que o estudo do tema requer;

54 Metodologia Científica
c) limites da capacidade do pesquisador; e
d) o valor acadêmico e social.

2. TEMA/DELIMITAÇÃO
O Projeto de Pesquisa deve ser iniciado com a apresentação e a contextualização, no tempo e no
espaço, do TEMA da pesquisa.
Definido, aqui, em linhas gerais, a fim de informar o leitor o que vai ser abordado na Monografia,
ou seja, o estudo é SOBRE:
● uma obra.
● um autor.
● um fenômeno lingüístico.
● um conceito.
● etc.
Deve indicar também os limites do Tema, sua extensão e profundidade, que nortearão o tratamen-
to do assunto.

3. JUSTIFICATIVA
Indica o porquê da escolha do TEMA, evidencia, chama a atenção para a relevância acadêmica e
social. Usa, para isso, uma linguagem racional, evita chavões e lugares-comuns, como:

● “o tema é muito complexo, discutível e interessante.”


Porque não o sendo, para que discuti-lo?
Ela não deve tentar responder ou concluir o que vai ser buscado no trabalho de pesquisa, ou seja,
não tentar justificar a(s) HIPÓTESE(S) levantada(s).
Ela deve explicar, interpretar o tema escolhido.

4. OBJETIVOS
4.1 Geral
Indica o que se pretende alcançar, encerra um fim em si, quais os resultados possíveis e a que con-
clusões se espera chegar.

4.2 Específicos
Indicam as etapas, as metas a serem cumpridas para se alcançar o OBJETIVO GERAL.
Portanto, devem estar necessariamente relacionados ao OG. Em ambos os casos, devem:
● iniciar com verbos na forma infinitiva e indicar exatamente o que será feito;
● incluir apenas um sujeito e um complemento;
● em média, serem três.

5. PROBLEMA
O PROBLEMA é a alavanca da pesquisa.
Qual é a QUESTÃO CENTRAL a investigar?

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 55


Ou seja, é a questão central que se pretende pesquisar ao longo do trabalho, formulada, geralmente,
na forma interrogativa.
Não é possível realizar uma pesquisa sem a definição e a enunciação do problema, que é elaborado
pelo autor e está estreitamente relacionado ao TEMA escolhido.
A partir do momento em que definimos o PROBLEMA da pesquisa, todos os outros passos são
direcionados para buscar responder às questões geradas pela situação-problema.

6. HIPÓTESE(S) ou QUESTÕES NORTEADORAS:


Ao contrário do PROBLEMA deve(m) ser formulada(s) na forma afirmativa, mas não deve(m) ser
uma repetição do PROBLEMA.
É ou São Resposta(s) provisória(s) ao PROBLEMA da pesquisa ou a questões a serem estudadas,
podendo ser negada(s) ou confirmada(s) ao término da pesquisa.
A função da(s) hipótese(s) é buscar respostas provisórias, indicar explicações para determinado
acontecimento.
É uma solução prévia (antes de qualquer estudo) e deve fornecer indícios para a solução do PRO-
BLEMA da pesquisa.
Como hipótese é sinônimo de suposição, pode ser rejeitada, mas isso não desmerece o trabalho.
Ela(s) funciona(m) como indicador (es) do caminho a ser seguido.

6.1- QUESTÕES NORTEADORAS:


São questões relacionadas a partir dos objetivos da pesquisa,são formuladas em forma de perguntas
e não devem ser em grande numero para que se possa alcançar em tempo hábil em consonância os obje-
tivos propostos.
Obs: deve ser inserida no projeto uma única opção hipótese ou questões norteadoras

7. MARCO TEÓRICO/REVISÃO BIBLIOGRÁFICA


É a localização e a obtenção de fontes (documentais ou não) para avaliar a disponibilidade de mate-
rial que subsidiará o tema do trabalho de pesquisa.
Objetiva também verificar o quanto o TEMA já foi explorado, para se evitar repetições.
Após o levantamento, deve ser realizada a leitura crítica do material, selecionando aquele que é
relevante e será usado no trabalho.
O resultado é um texto que apresente e discuta as opiniões dos autores consultados (selecionados)
sobre o TEMA.

8. METODOLOGIA
Processo organizado, lógico e sistemático de pesquisa. Um corpo de regras estabelecidas para rea-
lizar uma pesquisa.
Detalhamento dos métodos, técnicas e materiais que serão utilizados na realização da pesquisa, ou
seja, de todos os passos realizados para a construção do trabalho científico.
A escolha de métodos, técnicas e instrumentos está estreitamente relacionada ao PROBLEMA de
pesquisa.

56 Metodologia Científica
8.1 TIPO DE ESTUDO / ABORDAGEM
1) Métodos: procedimentos mais amplos de raciocínio.
2) Técnicas: procedimentos mais restritos que operacionalizam os métodos, mediante em-
prego de instrumentos adequados.
Segundo Severino (2002), existem dois Métodos de Pesquisa, não excludentes:
a) quantitativo – voltado para dados mensuráveis, por meio de recursos e técnicas, como
questionários e entrevistas, entre outros;
b) qualitativo – direcionado para o âmbito social, com abordagens sociopolíticas, econômi-
cas, culturais e educacionais.

9. CRONOGRAMA
Indica o tempo necessário para a execução da pesquisa, especificando todas as fases ou etapas, de
acordo com a duração do Curso, estipulado por cada Universidade e no tempo disponível de cada aluno.
Ajuda a planejar e detalhar todas as etapas. Lembrar que podem surgir imprevistos, por isso o
tempo destinado a cada etapa deve ser dividido de forma harmoniosa e sempre que possível cumprido.
Não se deve ‘pular’ etapas, isso pode ajudar a falsear os resultados da pesquisa.

10. REFERÊNCIAS
Registro de todas as obras, consultadas, citadas e/ou transcritas no Texto da Monografia. Obs.
Nem todo autor/obra citados nas Referências necessitam estar no corpo da Monografia.
No entanto, todo autor/obra citados no Corpo do Texto da Monografia devem constar nas Referências.

11.APÊNDICE(S)
Material elaborado pelo autor no qual constam os instrumentos utilizados para a coleta de dados
(roteiro de entrevistas, questionários, fichas, etc.).

12. ANEXO(S)
Material elaborado por terceiros (formulários, questionários, fotografias, mapas etc.) que é destaca-
do do texto para não quebrar a seqüência lógica das seções.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 57


REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6320 Informação e documentação:
Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, Ago, 2002
ARANHA, M. Lúcia de A. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1986.
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 1999.
AZEVEDO, Israel Belo. O prazer da produção científica. Piracicaba: Ed. Unimep, 1992.
CARVALHO, M. Cecília M. de. Construindo o Saber: metodologia científica, fundamento e técnicas.
3. ed. Campinas, SP: Papirus,1996.
TEIXEIRA, Elizabeth. As Três Metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. Belém. Vozes, 2003.
TEIXEIRA, Elizabeth. NBR 6023/2000: simplificada para consulta. Rio de Janeiro, 2000. Disponível
em: <http://www.astresmetodologias.com.br>. Acesso em: 10 jan. 2002.
FRANÇA, Júnia L.; VASCONCELOS, Ana Cristina de. Manual para normalização de publicações
técnico-científicas. 7. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
HÚHNE, Leda M. (Org.). Metodologia Científica: cadernos de textos e técnicas. 4 ed. Rio de Janeiro:
Agir, 1990.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo:
EPU,1986.
LUCKESI, Cipriano et al. Fazer Universidade: uma proposta metodológica. 6. ed. São Paulo: Cortez,
1991.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execu- ção
de pesquisas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
MINAYO, M. Cecília de S. (Org.) Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 10. ed. Petropólis, RJ: Vozes,
1999.
MOURA, Maria L. Seid de; FERREIRA, Maria Cristina; PAINE, Patrícia Ann. Manual de elaboração de
projetos de pesquisa. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.
PÁDUA, Elizabete M. Marchesini. Metodologia da Pesquisa: abordagem teórico-prática. 3. ed. Campi-
nas, SP: Papirus, 1996
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petropólis, RJ: Vozes, 1998.
SEABRA, Giovanni de Farias. Pesquisa científica: o método em questão. Brasília: UnB, 2001.
SZYMANSKI, Heloísa (org.). A entrevista na pesquisa em educação: a prática reflexiva. Brasilia: Edi-
tora Plano, 2002.
SANTOS, Clóvis Roberto dos; NORONHA, Rogéria T. da Silva de. Monografias científicas: TCC,
dissertação e tese. São Paulo: Avercamp, 2005.
VERA, Asti. Metodologia da pesquisa Científica. Porto Alegre: Globo, 1974.

58 Metodologia Científica
UNIDADE 5
5 A EXECUÇÃO DA PESQUISA E APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
Agora que você já elaborou, ou, pelo menos, esboçou o seu projeto de pesquisa e por meio do qual
construiu o seu objeto de estudo, nesta unidade vamos tratar das formas possíveis de investigação que
pode dispor para realizar o seu estudo e apresentar os seus resultados.
A nossa expectativa em relação a sua aprendizagem, é que ao término desta unidade você seja capaz
de:

● Definir os procedimentos metodológicos adequados


ao trabalho de campo.

● Utilizar alternativas metodológicas para organização


e sistematização dos dados da pesquisa.

● Elaborar relatório da pesquisa de acordo com as


normas técnico-científica.

5.1 O TRABALHO DE CAMPO


O trabalho de campo possibilita uma aproximação com aquilo que foi definido como objeto de
estudo, e configura-se como uma estratégia de realização da pesquisa para a obtenção de dados e infor-
mações necessários à compreensão e interpretação do problema, e, conseqüentemente, à construção de
novos conhecimentos. Enquanto tal precisa ter unidade com o tema a ser estudado.
O trabalho de campo configura-se na realidade onde se materializa a relação do pesquisador com
os sujeitos a serem estudados (pessoas, grupos sociais que estão vivenciando uma situação peculiar dentro
de um contexto histórico-social).
Campo no sentido amplo refere-se aos espaços de manifestações de inter-subjetividades e
interações entre pesquisador e grupos pesquisados. Trata-se do recorte que o pesquisador faz em termos
de espaço, representando uma realidade empírica a ser estudada a partir de concepções teóricas que
fundamentam o objeto de investigação; do lugar ocupado por pessoas e/ou grupos sociais convivendo
numa dinâmica de interação social.
Existem vários “campos” onde a sua investigação pode ser realizada. Nas ciências sociais e huma-
nas, nas últimas duas décadas tem sido mais freqüente o espaço das realidades sociais. Em outras áreas de
conhecimento, além das realidades sociais, é comum a utilização de laboratórios enquanto espaços de
pesquisa, o que exclui, em geral a relação do pesquisador com os sujeitos envolvidos no estudo.
No caso de pesquisa documental ou bibliográfica, o espaço da investigação circunscreve-se nos es-
paços de bibliotecas, de arquivos institucionais e/ou de empresas ou de centros especializados.
Como você, estudante, pode perceber, a definição de trabalho de campo, está associada à idéia de
espaço físico onde a pesquisa vai se desenvolver, particularmente quando o processo de investigação
envolve uma realidade empírica. Portanto, pode ser um bairro, uma escola, uma biblioteca, uma uni-
versidade, um município. O que você não pode esquecer que o campo da pesquisa tem haver com o seu
objeto de estudo.
A entrada em campo para iniciar o seu processo de investigação está condicionada à construção do
seu objeto de estudo, à elaboração dos instrumentos técnicos e à definição do espaço de realização da
pesquisa, ou seja, a elaboração de um projeto de pesquisa.
Conforme estudamos na unidade anterior, ao elaborar os seus instrumentos técnicos para coletar os
dados você vai estar orientando-se por seu objeto de estudo, ou seja, por seu problema e objetivos que
pretende alcançar.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 59


Daí o cuidado na organização dos dados que serão necessários levantar.

60 Metodologia Científica
Diretrizes para a entrada em campo:
a) Estabelecer uma aproximação com as pessoas da área selecionada.
Essa atitude busca facilitar a realização da pesquisa – precisa ser feita de forma gradual,
avalia- da e anotada de acordo com os objetivos pré-estabelecidos;
b) Apresentar a proposta de estudo aos grupos envolvidos. Esclarecer as pretensões da investiga-
ção e as prováveis repercussões positivas advindas do processo investigativo;
c) A postura do pesquisador em relação à problemática a ser estudada. Evitar postura de que já
sabe as respostas que vai encontrar e, possibilitar a emergência de novas revelações e o
diálogo com o saber que se busca entender;
d) Cuidado teórico-metodológico com a temática. O objeto não se explica por si só, a teoria
informa o significado dinâmico daquilo que ocorre no espaço que buscamos captar;
e) Firmar compromisso de retornar os resultados do trabalho para a comunidade.

5.2 A CONSTRUÇÃO DOS DADOS


Após a coleta de dados, oportunidade em que o pesquisador busca reunir informações necessárias à
compreensão e interpretação do seu objeto de estudo, chegou o momento em que ele vai tratar da ela-
boração dos dados.
A fase de elaboração dos dados inclui a seleção, categorização e tabulação.
a) A seleção dos dados: diante do material coletado, o pesquisador procede a seleção dos dados
no sentido de checar as informações, para evitar dados confusos e/ou incompletos.
b) Categorização dos dados: trata-se de incorporar os dados em um sistema de codificação. É um
processo por meio do qual o pesquisador transforma os dados levantados em símbolos, o que
do ponto de vista prático facilita a contagem e a sistematização dos resultados obtidos. Por
exemplo, pode-se atribuir um número ou uma letra para identificar o sujeito da pesquisa.
Categoria – esco- laridade: nível fundamental (A ou 1), Nível Médio (B ou 2), Nível Superior
(C ou 3).
c) Tabulação dos dados: ao tratar-se de dados quantitativos, o pesquisador pode organizá-los em
tabelas ou quadros, facilitando dessa forma a representação e a construção de relações entre
eles.Quando a pesquisa não incluir dados numerosos, esse procedimento pode ser feito ma-
nualmente, utilizando-se processos de contagem simples: traços ( ///// = 5), riscos (╫ = 2) ,
quadrados (| = 4).

5.3 ORGANIZAÇÃO E ANÁLISES DOS DADOS


A organização ou sistematização é um procedimento metodológico por meio do qual o pesqui-
sador faz a “redução”, a indexação dos dados de acordo com os critérios definidos no planejamento da
pesquisa, no item metodologia.
Ao efetivar a organização das informações, o pesquisador passa a dispor de um conjunto de dados
que utilizará para fazer suas descrições, explicações e análises.
Esse é um momento importante da pesquisa. Durante o trabalho de campo o pesquisador reúne um
conjunto de dados (documentos,notas de observações, transcrições de fitas, estatísticas etc.) obtidas por
meio dos procedimentos técnicos que utilizou. Esses dados foram documentados utilizando-se de tipos de
registros disponíveis, escrita, gravada, filmadas, fotografadas. Após o processo de organização
(construção), esses se constituem em informações que fundamentarão a análise dos dados, e os seus re-
sultados serão apresentados no formato de um relatório de pesquisa. Este relatório tornar-se-á objeto de
análise e apreciação pública como um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), no caso de um curso de

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 61


graduação, como é o seu.

62 Metodologia Científica
A análise dos dados configura-se como uma atividade de interpretação, por meio da qual o
pesquisa- dor vai desvelar o lugar e o significado dos diferentes fatores que estão presentes ou orientam as
práticas e processos inerentes ao problema da pesquisa. Portanto, vai fazer inferências (deduções) tendo
como referência a opção teórico-metodológica que ele definiu para a realização de sua pesquisa.
De acordo com Minayo (1992), o pesquisador ao chegar na fase da análise ele busca, firmar uma
compreensão dos dados coletados, confirmar ou não os pressupostos da pesquisa e/ou responder as
questões formuladas, e ampliar o conhecimento acerca do assunto pesquisado associando-o aos contextos
culturais para ultrapassar o nível espontâneo das mensagens.

Análise do material qualitativo


Os dados qualitativos, em forma de descrição eles resultam de transcrição de entrevistas e de anota-
ções provenientes de observações. Diante do volume de dados obtidos, o pesquisador pode organizá-los
por título de identificação ou uso de etiquetas.
Minayo (1996) nos indica algumas tendências que têm sido tomadas no debate teórico-metodológi-
co como orientação para a análise de dados qualitativos.
A autora chama a atenção, contudo, que não existe um consenso em termos de métodos e técnicas
de análise. A análise de conteúdo, a análise de discurso e a hermenêutica-dialética. Alguns autores, no
entanto, como é o caso de Bardin (1979), toma a “análise do discurso” como uma técnica de “Análise de
Conteúdo”.
Na análise de conteúdo o pesquisador busca encontrar padrões ou regularidades nos dados. Ao exa-
minar parte do texto, eles são colocados dentro desses padrões. As categorias (ou códigos) são colocadas
nas partes dos textos a elas associadas.
As categorias podem estar definidas antecipadamente no referencial teórico, mas podem surgir du-
rante o trabalho de análise. É necessário guarda a ligação entre as categorias e os dados, pois desta forma
elas possibilitarão a compreensão dos mesmos.
Do ponto de vista operacional a utilização dessa técnica possibilita que o pesquisador não somente
encontre respostas para as questões formuladas ou confirme ou não as afirmações que tinham caráter
provisório no início do trabalho, no caso, as hipóteses, como também, pode descobrir outros significados
nos conteúdos manifestos, ultrapassando a aparência da comunicação.
Essas duas funções da técnica podem ser utilizadas em pesquisas qualitativas ou quantitativas.
Para analisar o conteúdo de uma informação, o pesquisador de acordo com os seus objetivos e ques-
tões ou hipótese de estudo organiza os dados obtidos em unidades de registro, unidade de significados e
categorias. As unidades de registro podem ser a palavra,a frase ou a oração, a mais usual tem sido o
tema, enquanto uma unidade maior. As unidades de significados são construídas pelo pesquisador para
destacar os significados, em função do fenômeno que está sendo investigado, eles não são unidades
rígidas na medida em que são respostas para suas indagações. A partir de então o pesquisador passa a
elaborar de categorias.
A decomposição permite ao pesquisador elaborar uma divisão de todos os dados em um conjunto de
categorias, que são empregadas para se estabelecer classificações, na medida em que abrange elementos
ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre si. A categorização (que é a forma
particular do pesquisador agrupar os seus dados, de acordo com a sua compreensão) permite elementos,
idéias ou expressões em torno de um conceito capaz de tudo isso.
Observe o exemplo a seguir de construção de categorias.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 63


Situação hipotética de pesquisa 1 - temática “gestão e construção de projeto escolar”

Significados
Categor
(Falas com características
ia
comuns)
- Os professores passaram a usar o “nós”; “Constituição do Grupo”
- A integração entre os professores levou dois anos para
ser conseguida;
- A integração se deu porque havia um ideal
comum a todos;
- O grupo tinha um trabalho a realizar;
- Aprender a ouvir permitiu a troca das experiências;
- Todos os problemas eram discutidos por todos;
- Os problemas eram resolvidos pelo grupo
Fonte: SZYMANSKI (Org.), 2004, p.79/80 – Adaptação Graça Silva, mar.2006.

Situação hipotética de pesquisa 2 - temática: “Trabalho e lazer”


“O que é o lazer para você”
Catego
(Fala livres) ria
a) “lazer é o mesmo que ir pra praia ou ao cinema, acho ● Relaciona lazer como algo em oposição ao trabalho
(res- postas “b” e “c”);
que é isso”;
b) “pra mim é quando tou sem trabalhar”; ● Relaciona lazer como diversão (respostas “a” e “e”);
c) “eu tou de lazer quando não tou fazendo nada”;
● Não associa lazer a nada (resposta “d”)
d) “lazer? Não sei o que é não...”;
e) “a gente ta de lazer quando ta bebendo ou dançando ...”
Fonte: GOMES, 1999, p. 71/72 – Adaptação Graça Silva, mar.2006.

Após a formulação das categorias específicas, o pesquisador faz suas análises articulando esses
dados com as categoriais teóricas definidas na fase que antecedeu ao trabalho de campo, ou seja, o seu
referen- cial teórico calçado numa determinada opção metodológica. A análise dos dados tem que dar
conta da maneira como o fenômeno objeto do estudo se insere no contexto do qual faz parte.
Outras questões podem ser discutidas a partir das categorias. Assim, com todo o material decor-
rente das entrevistas, observações (sistemática ou participante), após a sua organização, ele possibilita a
discussão de outros temas correlatos a temática da pesquisa.
Em síntese, no processo de análise você, com base na organização dos dados identifica no material
os significados, a partir deles elabora as suas categorias, que por sua vez serão agrupadas aos temas referi-
dos. A discussão dos resultados da pesquisa se faz a partir dos temas, voltando-se às categorias. Na
redação final, você pode citar trechos dos depoimentos para dar suporte e legitimação às suas
interpretações.
Tomando como referência os métodos qualitativos, ao seu texto você pode incorporar as falas dos
sujeitos, pois ele irá se configurar como descritivos e interpretativos, cabendo suas reflexões pessoais.

Análise de material quantitativo


Trata-se de uma elaboração em que o texto apresenta os dados coletados segundo número e fre-
qüência. É organizado segundo a seqüência das questões formuladas e discutido à luz referencial teórico
com ênfase em tabelas, gráficos e quadros. Na realidade configura-se como um texto explicativo.
A análise dos dados em pesquisa quantitativa requer a sua classificação e mensuração, ou seja,
preci- sam ser convertidos para uma forma numérica. Em geral, são os registros provenientes de
64 Metodologia Científica
observação siste- mática, de perguntas fechadas ou de múltipla escolha dos questionários. Busca dar uma
explicação para os dados reunidos, utilizando-se do método estatístico. Os dados são expostos em tabelas,
quadros ou gráficos.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 65


A tabela é um meio de expor os dados, ela facilita a sua compreensão e interpretação. Eles são apre-
sentados em colunas verticais e fileiras horizontais de acordo com a classificação do material da pesquisa.
O título de uma tabela indica a natureza do conteúdo dos dados, aparece na parte superior da tabela
e deve ser o mais claro e completo possível. A fonte dos dados e outras informações correlatas (notas e
chamadas) são colocadas no rodapé.

Exemplo de construção de uma tabela simples


Titulação dos docentes da UEPA
Titulação N %
.
- Graduação 1 40
- Especialista 2 26.
- Mestre 0 66
- Doutor 8 20
0 13.
6 33
0
4
0
Total 300 1
0
0
Fonte: Departamento de Recurso Humanos/UEPA, mar.2006

Também para expor dados quantitativos o pesquisador pode recorrer aos gráficos, que são figuras
para a representação de dados numéricos.
Exemplo de construção de um gráfico simples

5.4 RELATÓRIO DE PESQUISA


É um documento que obedece as mesmas normas de apresentação de trabalhos técnico-científicos.
Tem por objetivo consolidar e apresentar os resultados obtidos com a realização da pesquisa acerca do
objeto de estudo. Nele o pesquisador apresenta os múltiplos aspectos que identificou em relação ao pro-
blema, sua relevância, o contexto em que está situado, assim como indica possibilidades de intervenção
na perspectiva de mudanças da problemática. Os relatórios podem ser do tipo descritivo, narrativo ou
analítico, conter ilustrações como mapas, fotografias etc.
Podendo inclui elementos pré-textuais, textuais (introdução, desenvolvimento e conclusão) e pós-
textuais ( apêndices e anexos).

66 Metodologia Científica
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6320 Informação e documentação:
Referências – Elaboração. Rio de Janeiro, Ago, 2002
ARANHA, M. Lúcia de A. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1986.
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 1999.
AZEVEDO, Israel Belo. O prazer da produção científica. Piracicaba: Ed. Unimep, 1992.
CARVALHO, M. Cecília M. de. Construindo o Saber: metodologia científica, fundamento e técnicas.
3. ed. Campinas, SP: Papirus,1996.
FRANÇA, Júnia L.; VASCONCELOS, Ana Cristina de. Manual para normelização de publicações
técnico-científicas. 7. ed. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2004.
FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2001.
HÚHNE, Leda M. (Org.). Metodologia Científica: cadernos de textos e técnicas. 4 ed. Rio de Janeiro:
Agir, 1990.
LÜDKE, Menga; ANDRÉ, Marli E. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU,1986.
LUCKESI, Cipriano et al. Fazer Universidade: uma proposta metodológica. 6. ed. São Paulo: Cortez, 1991.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execu- ção
de pesquisas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.
MINAYO, M. Cecília de S. (Org.) Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 10. ed. Petropólis, RJ: Vozes,
1999.
MOURA, Maria L. Seid de; FERREIRA, Maria Cristina; PAINE, Patrícia Ann. Manual de elaboração de
projetos de pesquisa. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1998.
PÁDUA, Elizabete M. Marchesini. Metodologia da Pesquisa: abordagem teórico-prática. 3. ed. Campi-
nas, SP: Papirus, 1996
RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petropólis, RJ: Vozes, 1998.
SEABRA, Giovanni de Farias. Pesquisa científica: o método em questão. Brasília: UnB, 2001.
SZYMANSKI, Heloísa (org.). A entrevista na pesquisa em educação: a prática reflexiva. Brasilia: Edi-
tora Plano, 2002.
SANTOS, Clóvis Roberto dos; NORONHA, Rogéria T. da Silva de. Monografias científicas: TCC,
dissertação e tese. São Paulo: Avercamp, 2005.
VERA, Asti. Metodologia da pesquisa Científica. Porto Alegre: Globo, 1974.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 67


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao iniciar a vida acadêmica, você deve ter se defrontado com uma “rotina” nada convencional até
então. Mas, calma! Não desanime diante da necessidade de realizar tantos trabalhos acadêmicos solicita-
dos pelas diferentes disciplinas que fazem parte do seu curso de graduação.
A sua instrumentação nesse ingresso no mundo acadêmico é uma necessidade inadiável. Quan- do
você for solicitado a fazer uso de conhecimentos já sistematizados, de se posicionar em relação as
diferentes produções a que tiver acesso, não será um mero reprodutor de um conhecimento que nem
sempre corresponde a sua realidade, tampouco se habituar ao uso de um conhecimento de segunda mão,
requentado.
Nesse mundo acadêmico, você precisa ser instrumentado para realizar comunicação de dados e/ ou
informações, de forma oral ou escrita, e dar conta da ordenação de suas idéias de forma coerente e de
acordo com o raciocínio lógico.
Assim, nesta unidade, você encontrou alguns procedimentos metodológicos que servirão de orien-
tação à elaboração de seus trabalhos acadêmicos.
Trata-se de diretrizes básicas para elaboração e/ou apresentação dos tipos mais usuais de trabalhos
solicitados nos cursos de graduação.
Essas diretrizes auxiliam o seu processo de formação e construção de seu conhecimento, para isso é
necessário de você organização e disciplina, seriedade na escolha de dados e informações, referenciando-
as conforme estabelece a normalização do trabalho acadêmico e/ou científico.
Sucesso na continuidade de seus estudos!

68 Metodologia Científica
APÊNDICE
ATIVIDADES NÃO PRESENCIAIS – EAD

APÊNDICI A
MARIA DAS GRAÇAS DA SILVA

A NORMALIZAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO:


seguindo a trilha da ABNT

Belém/PA
Set. 2003

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 69


SUMÁRIO

1 ELEMENTOS DA ESTRUTURA DE TRABALHOS ACADÊMICOS (NBR 14724 – AGO


2002)

1.1Elementos pré-textuais
a) Primeira Capa
b) Folha de rosto
c) Folha de aprovação
d) Dedicatória
e) Agradecimentos
f) Epígrafe
g) Sumário
h) Listas: Ilustrações, tabelas e quadros, abreviaturas e siglas
i) Apresentação
j) Resumo

1.2 Elementos textuais


a) Introdução
b) Revisão da literatura
c) Desenvolvimento
d) Conclusão

1.3 Elementos pós-textuais


a) Referências Bibliográficas
b) Anexos
c) Glossário
d) Última Capa

2 APRESENTAÇÃO GRÁFICA (NBR 14724 – AGO. 2002)


2.1 Formatação: papel, margens, espacejamento

3 CITAÇÃO (NBR 10520 –AGO 2002)


3.1 Tipos de Citação
3.1.1 Citação Direta
a) Citação de até três linhas
b) Citação com mais de três linhas
c) Omissões de citações
d) Acréscimo em citação
e) Incorreções em citações
f) Ênfase em citações
g) Dúvida em citações
h) Destaque em citações

3.1.2 Citação Indireta


3.1.3 Citação da citação

3.2 Sistemas de chamada de citações


3.2.1 Chamada por autor (Sistema alfabético)

70 Metodologia Científica
3.2.2 Chamada por número
3.2.3 Chamada por Asterisco

4 NOTAS DE RODAPÉ
4.1 Tipos
4.1.1 Nota explicativa
4.1.2 Nota de tradução
4.1.3 Nota para qualificar a autoridade
4.1.4 Remissivas

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (NBR 6023 – AGO 2002)


5.1 Elementos de referências:
5.1.1 Elementos essenciais
5.1.2 Elementos complementares
5.2 Especificação e ordem dos elementos de referências

APRESENTAÇÃO

Este pequeno manual contém orientações básicas para a elaboração de trabalhos acadêmicos seguin-
do as disposições estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e suas diferentes
normas (NBR).
A NBR 14724 de AGO de 2002, p.3 da ABNT define Trabalho Acadêmico “documento que
repre- senta o resultado de estudo, deve expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser
obrigato- riamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso , programa e outros
ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador.” Inclui-se Trabalho de Conclusão de
Curso –TCC, Trabalho de Graduação Interdisciplinar – TGI, Trabalho de Conclusão de Especialização
e/ou aperfei- çoamento e outros trabalhos monográficos como dissertação de mestrado e tese de
doutorado.
A idéia de elaborar este pequeno manual foi com o intuito de fornecer princípios gerais e orien-
tações básicas aos que são exigidos organizar e apresentar algum tipo de trabalho acadêmico, particular-
mente para os meus alunos de graduação e de especialização.

Todo trabalho acadêmico independente da área de interesse


2002) orienta-se pelos seguintes elementos:
1 ELEMENTOS DA ESTRUTURA DE TRABALHOS 1.1Elementos pré-textuais
ACADÊMICOS (NBR 14724 – AGO São aqueles elementos que auxiliam na identificação do
trabalho.

1.1.1 Capa (obrigatório)


Contém as informações indispensáveis a sua identificação e são dispostas na ordem seguinte: nome
da instituição (opcional), nome do autor, título e subtítulo (se houver) do trabalho (negritado), local
(cidade), data (da entrega).

1.1.2Folha de rosto (obrigatório)


1.1.2.1 Anverso da folha de rosto e a ordem dos elementos:
a) nome do autor do trabalho;
b) título principal do trabalho: deve ser claro e preciso;
c) subtítulo: se houver, evidenciar a sua subordinação ao título principal, precedido de dois-pontos;
d) natureza (trabalho de conclusão, projeto de pesquisa e outros) e objetivo (aprovação em disci-
plina, grau pretendido e outros); nome da instituição a que é submetido; área de concentração. O texto

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 71


deve ser alinhado do meio da mancha para a margem direita.
e) nome do orientador e, se houver, do co-orientador;
f) local (cidade) da instituição onde deve ser apresentado;
g) data da entrega.
1.1.2.2 Verso da folha de rosto
Apresenta a ficha catalográfica
1.1.3Folha de aprovação (obrigatório)
É constituída pelo nome do autor do trabalho, título do trabalho e subtítulo (se houver), natureza,
objetivo, nome da instituição a que é submetido, área de concentração, data da aprovação, nome, titula-
ção e assinatura dos componentes da banca examinadora e instituições a que pertencem.

1.1.4Dedicatória (opcional)
Texto curto, por meio do qual o autor dedica seu trabalho a alguém. É transcrita na parte inferior da
página e dispensa a palavra dedicatória.

1.1.5Agradecimento(s) (Opcional)
Página que o autor expressa agradecimento a pessoas e instituições que colaboraram para a execu-
ção do trabalho. Coloca-se a palavra agradecimentos no espaço superior da folha observando a margem.

1.1.6Epígrafe (Opcional)
É a inscrição colocada no início de um trabalho, pode figurar também nas folhas de abertura de cada
capítulo ou partes principais. A fonte é indicada abaixo do texto, alinhada na margem direita.

1.1.7Resumo na língua vernáculo (obrigatório)


Apresentação concisa e objetiva do texto, destacando o objetivo, o método, os resultados e as con-
clusões do trabalho. Redigido em um único parágrafo, em espaço simples, com no máximo 500 palavras.
Abaixo incluir palavras-chave, representativas do conteúdo do trabalho.

1.1.8Resumo em língua estrangeira (obrigatório)


Texto transcrito com as mesmas características do resumo em língua vernácula, digitado em folha
separada.

1.1.9Listas de Ilustrações, tabelas e quadros e abreviaturas e siglas (opcional)


Inclui-se elementos como desenhos, fotografias, gráficos, mapas, organogramas, quadro, tabelas e
outros, que devem ser apresentados de acordo com a ordem apresentada no texto, com cada item desig-
nado por seu nome específico, acompanhado pelo respectivo número de página.

1.1.10 Sumário (obrigatório)


Trata-se das partes que indicam o conteúdo do trabalho são acompanhadas dos respectivos núme-
ros de páginas.

1.2 Elementos textuais


1.2.1 Introdução
1.2.2 Desenvolvimento
1.2.3. Conclusão

1.3 Elementos pós-textuais


1.3.1Referências (Bibliográficas)
Trata-se da lista de autores lidos e citados.

1.3.2 Bibliografia Consultada (Obrigatório)

72 Metodologia Científica
Trata-se da lista de autores lidos mas não citados.

1.3.3 Bibliografia (Obrigatório)


Trata-se da lista de autores citados e não citados.

1.3.4 Anexos (opcional)

1.3.5 Glossário (opcional)

2 APRESENTAÇÃO GRÁFICA (NBR 14724 – AGO. 2002)

2.1 Formatação
Na apresentação de texto deve-se observar as seguintes regras gerais: papel branco A4, digitados na
cor preta, exceto as ilustrações. Fonte da digitação recomendada é o Arial ou Times New Roman, salvo
nos casos em que outra fonte for indicada. O tamanho do texto é 12 e para efeito de alinhamento deve ser
utilizado o justificado.

2.2 Margem
Observar margem de 3 cm na esquerda e superior das folhas e 2 cm na direita e inferior.

2.3 Espacejamento
Recomenda-se a digitação em espaço 1,5, embora a ABNT recomende espaço duplo. Os títulos das
subseções devem ser separados por dois espaços. As citações longas, as notas, as referências e os resumos
são digitados em espaço simples.

2.4 Paginação
As páginas, a partir da folha de rosto, devem ser contadas seqüencialmente, mas não numeradas. A
numeração é colocada, a partir da primeira folha da parte textual (introdução), em algarismo arábicos, no
canto superior da folha, inclusive os anexos.

3 CITAÇÃO

A NBR 10520 (AGO 2002, p. 1) define citação como a “menção de uma informação extraída de
outra fonte”. Pode ser feita no texto ou em notas de rodapé. As citações chamadas pelo sobrenome do
autor, instituição ou título incluído na sentença devem ser em letras maiúscula e minúscula e, quando
estiverem entre parênteses, devem ser em letras maiúsculas.
Exemplos: Segundo Silva (2002, p.12): “o meio ambiente é uma construção social”. Ou
“O meio ambiente é uma construção social”(SILVA, 2002, p.12).

3.1 Tipos de Citação


3.1.1 Citação Direta: trata-se da transcrição textual (mesma grafia, pontuação, o uso de maiúscula e
o idioma original) de parte da obra do autor consultado com o objetivo de esclarecer, ilustrar ou sus-
tentar o assunto apresentado. Especificar página, volume, seção seguindo a data, separado por vírgula.

3.1.1.1 Citação de até três linhas: feitas no próprio texto, com o mesmo tipo e tamanho de fonte e
aspa dupla (“ ”).

3.1.1.2 Citação com mais de três linhas: deve ser destacada com recuo de 4 cm da margem
esquerda, com letra tamanho 11, sem aspas e separada do texto que a precede ou sucede por três espaços
simples.
3.1.1.3 Omissões de citações: [. ]
Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 73
3.1.1.4 Acréscimo em citação: [ ]

74 Metodologia Científica
3.1.1.5 Incorreções em citações: erro ortográfico ou erro lógico devem ser indicados pela expressão
sic, entre colchetes.
3.1.1.6 Ênfase em citações: para dar ênfase grifar, negritar ou colocar em itálico.
3.1.1.7 Dúvida em citações: usa-se o ponto de interrogação entre colchetes.
3.1.2 Quando os dados foram obtidos por informação verbal (palestras, debates, comunicação etc.),
indicar, entre parêntese, a informação verbal, mencionando-se os dados disponíveis, em nota de rodapé.
3.1.3 Citação Indireta: Toma-se como referência a idéia do autor consultado, resgardando o sentido
do texto original.
3.1.4 Citação da citação: utilizada na impossibilidade de acesso ao original, usa-se a expressão apud.

3.2 Sistemas de chamada de citações


As citações são indicadas no texto por um sistema de chamada numérico ou autor-data. O método
optado deve ser seguido ao longo do trabalho.
3.2.1 Chamada por autor ou instituição (Sistema alfabético)
Segundo Silva (2002, p.12) ou (SILVA, 2002, p.12); Universidade Estadual do Pará (2003, p.4) ou
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ (2003, P.4).
3.2.2 Chamada por número: as citações devem ter numeração arábica única e consecutiva. O nú-
mero deve figurar, no texto, após o sinal de pontuação que encerra uma citação ou após o termo a que se
refere. O sistema numérico não deve ser utilizado quando há notas de rodapé.
Exemplo: Segundo Silva (1)

4 NOTAS DE RODAPÉ

Recomenda-se a utilização do sistema autor-data para as citações no texto e o numérico para as


notas explicativas. Observar o alinhamento a partir da segunda linha da mesma nota, abaixo da primeira
letra da primeira palavra, sem espaço entre elas e com fonte 10.

4.1 Tipos
4.1.1 Notas explicativas: são notas para apresentar comentários, esclarecimentos ou considerações
complementares que não podem ser incluídas no texto. A numeração é feita de forma única e consecutiva
para cada capítulo ou parte e em algarismo arábico.

4.1.2 Notas de referência: trata-se de notas que indicam fontes consultadas ou remetem a outras
partes da obra onde o assunto foi tratado. A numeração é feita de forma única e consecutiva para cada
capítulo ou parte e em algarismo arábico. Devem conter o sobrenome do autor, data da publicação e
outros dados para localização da parte citada.

4.1.2.1 A primeira citação de uma obra, em nota de rodapé, deve ter sua referência completa.

4.1.2.2 As citações subseqüentes da mesma obra podem ser referenciadas de forma abreviada, desde
que na mesma página ou folha da citação a que se referem, utilizando-se as seguintes expressões:
a) Idem – mesmo autor – Id.;
b) Ibidem – mesma obra – Ibid.;
c) Opus citatum – obra citada – op. cit.;
d) Confira, confronte – Cf.;

5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS OU BIBLIOGRAFIA (NBR 6023 – AGO 2002)

5.1 Referência: conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que


permite sua identificação individual. É constituída de elementos essenciais e, quando necessário, acresci-
da de elementos complementares.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 75


5.2 Elementos de referências:
5.2.2 Elementos essenciais – trata-se das informações indispensáveis à identificação do documento:
autoria (pessoa física ou entidade coletiva), título e subtítulo, edição e imprenta (local, editora e data).

5.2.3 Elementos Complementares: trata-se de informações que, acrescentadas aos elementos essen-
ciais, permitem melhor caracterizar os documentos: número de páginas ou volume, nome ou o número de
série.

5.3 Regras gerais de apresentação de referências:


5.3.2 Os elementos essenciais e complementares da referência devem ser apresentados em seqüência
padronizada.
5.3.3 As referências são alinhadas somente à margem esquerda do texto, em espaço simples e sepa-
radas entre si por espaço duplo.
5.3.4 O recurso tipográfico (negrito, grifo ou itálico) utilizado para destacar o elemento título deve
ser uniforme em todas as referências de um mesmo documento.
5.3.5 A opção pela utilização de elementos complementares, estes devem ser incluídos em todas as
referências daquela lista.

5.4 Autoria
5.4.2 Autoria pessoal: efetua-se a entrada pelo último sobrenome, em maiúscula, do autor seguido
dos prenomes abreviados ou não. Para documentos elaborados por até três autores, mencioná-los na
mesma ordem em que constam da publicação, separados por ponto e vírgula. No caso de mais de três
autores, indica-se o primeiro autor, acrescentando-se a expressão et al.
5.4.3 Responsabilidade intelectual destacada: quando houver indicação explícita de responsabili-
dade pelo conjunto da obra, em coletânea de vários autores, a entrada é feita pelo nome do responsável,
seguida da abreviação, no singular, do tipo de participação (organizador – Org.; compilador, editor,
coordenador etc.), entre parênteses.
5.4.4 Outros tipos de responsabilidade (tradutor, revisor, ilustrador e outros) acrescenta-se após o
título.
5.4.5 Autor entidade: as obras de responsabilidades de entidades têm entrada, de modo geral, pelo
seu próprio nome, por extenso e em maiúscula.
Exemplo: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ. Catálogo de teses. Belém, 2002.

5.4.4.1 Quando a entidade tem uma denominação genérica, seu nome é precedido pelo nome do
órgão superior. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Relatório de Atividades. Brasília, DF, 2001.

5.4.6 Congressos, Conferências, Simpósios, Seminários e outros: incluir nome do evento, número,
ano e local da realização. Exemplo: SIMPÓSIO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES, 4., 2003, Ca-
panema, PA.

5.4.7 Publicações consideradas no todo:

5.4.6.1 LIVRO
SOBRENOME, prenome (do autor). Título: subtítulo. Edição. Local de publicação (cidade): Edi-
tora, data (ano da publicação).

5.4.6.2 Trabalhos Acadêmicos


SOBRENOME, prenome (do autor) Título: subtítulo. Ano. Número de paginas ou volumes. Ca-
tegoria (grau e área) – Instituição, cidade, ano.
Exemplo: SILVA, M. das G. da. Discurso educativo e apropriação do meio ambiente. O caso da
UHE Tucuruí/PA. 2002. 184 f. Tese (Doutorado em Planejamento Urbano e Regional) – Insti- tuto de
Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de janeiro,
2002.
76 Metodologia Científica
5.4.7.1 Parte de publicações
a) Capítulo, volume, fragmentos e outros: autor (es), título da parte, seguido da expressão “In:”, e
da referência completa da monografia no todo. Informar a paginação da parte referenciada. Quando
necessário, acrescentar elementos complementares.
b) Quando o autor da parte for o mesmo da obra principal referencia-se a obra no todo, caso deseje-
se destacar o capítulo o nome do autor deve seu substituído por travessão equivalente a seis espaços. In: .

5.4.7.2 Parte de publicações em meio eletrônico: deve obedecer os mesmos padrões indicados na
alínea a do item 5.4.6.3, acrescida das informações relativas à descrição física do meio eletrônico (disque-
tes, CD-ROM, online etc.)
a) Quando tratar-se de obras consultadas online deve-se acrescentar-se as informações sobre o endere-
ço eletrônico, apresentado entre os sinais < >, precedido da expressão Disponível em: < http://www.
...> . Acesso em: (data). Os dados referentes a hora, minutos e segundo é opcional.

5.4.7.3 Publicação periódica


a) Incluir os dados referentes a coleção como um todo: fascículo ou número de revista, número de
jornal, caderno, etc. na íntegra, e a matéria consultada.
TITULO DO PERIÓDICO. Local da publicação (cidade): Editor, ano do primeiro volume e ano do
último (se houver)
Exemplo: REVISTA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS SOCIAIS. São Paulo: ANPOCS, 2002 – Qua-
drimestral. ISSN 0102-6909.
b) Artigos de publicações periódicas (revista, boletim, etc.): inclui partes de publicações periódicas.
Os elementos essenciais são: SOBRENOME, Prenome (autor do artigo).Título do artigo. Título do pe-
riódico, local da publicação (cidade), número do volume, número do fascículo, página inicial-final, mês
e ano.
Exemplo: ABREU, R. Emblemas da nacionalidade: o culto a Euclides da Cunha. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, são Paulo, n.24, ano 9, p. 66-84, fev. 1994.

c) Artigos de publicações periódicas (revista, boletim, etc.) em meio eletrônico: obedecem as mes-
mas referências da alínea b do item 5.4.7.3, acrescidas das informações relativas à descrição física do
meio eletrônico (disquetes, CD-ROM, online, etc.).
Exemplo: SILVA, M. das G. da. Hidrelétricas e discursos educativos. SBS, Fortaleza/CE, n. 2,
2001. 1 CD-ROM.
SILVA, M. das G. da. Hidrelétricas e discursos educativos. UNICAMP, Campinas/SP, set.2003.
Disponível em: <http://www.unicampsbs.org.br/anais>. Acesso em:15 set. 2003

d) Artigo de jornal: os elementos essenciais são: SOBRENOME, Prenome (Autor do artigo)> Tí-
tulo do Artigo, Título do jornal, local, data da publicação (dia, mês e ano), n. ou título do caderno, seção
ou suplemento, páginas inicial-final.
Exemplo: AMORIM, P. Reforma Tributária. Jornal do Brasil, Rio de janeiro, 12 set. 2003. Atua-
lidade, caderno 3, p.8.

e) Artigo de jornal em meio eletrônico: obedece os mesmos padrões indicados no item anterior,
acrescidas das informações relativas à descrição física do meio eletrônico.
Exemplo: : AMORIM, P. Reforma Tributária. Jornal do Brasil, Rio de janeiro, 12 set. 2003. Atua-
lidade, caderno 3, p.8. Disponível em: < http://www.folhasãopaulo.com.br/Atualidade.htm>. Acesso
em:15 set. 2003.

f) Trabalho apresentado em evento: os elementos essências são: SOBRENOME, Prenome (do autor
do trabalho). Titulo:subtítulo. In: NOME DO EVENTO, número (se houver), ano e local da re- alização.
Título do documento (anais, atas etc.). Local da publicação (cidade): editora, ano da publicação e pagina
inicial-final do trabalho.
Exemplo: SILVA, M. das G. da. Aspectos Sociológicos e realidades locais. SIMPÓSIO DE FOR-

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 77


MAÇÃO DE PROFESSORES, 4., 2003, Capanema/PA. ATAS... Belém:UEPA/CCFP, 2003, p.5.

g) Trabalho apresentado em evento em meio eletrônico: as referências obedecem os mesmos pa-


drões da alínea anterior (f), crescidas das informações relativas à descrição física do meio eletrônico (dis-
quetes, CD-ROM, online, etc.).
Exemplo de online: SILVA, M. das G. da. Aspectos Sociológicos e realidades locais. SIMPÓSIO
DE FORMAÇÀO DE PROFESSORES, 4., 2003, Capanema/PA. ATAS... Belém:UEPA/CCFP, 2003,
p.5.
Disponível em: <http://www. uepa.org.br/Eventos>. Acesso em:15 set. 2003.

h) Arquivos em Disquete: SILVA, M. das G. da. Normalização. doc. Belém, 21 de setembro de


2003. Disquete 3 ½. Word for Windows 6.0.

i) Referências via CD-ROM: UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ. Memória do III Sim-


pósio de Formação de Professores. Belém: UEPA/CCSE, 2002. CD-ROM.

j) Correio Eletrônico (E-mai)l cujos elementos essências são: AUTOR DA MENSAGEM. As-
sunto da mensagem [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por < e-mail do destinatário> data do
recebimento.
Exemplo: SILVA, M. das G. Artigo para a Revista [mensagem pessoal]. Mensagem recebida por
mariagg@uol.com.br em 15 set. 2003.

k) BIBLIA. Idioma. Título. Tradução ou versão. Local:Editor, data. No. de páginas ou n. de volu-
mes. Notas.
Exemplo: BÍBLIA. Português. Bíblia Sagrada. Trad. Pe. Antonio Vieira. Erechim:Edelbra, 1995. 1102 p.

l) Trabalhos Escolares e notas de aula.


Exemplo: SILVA, M. das G. da. Anotações de aulas ministradas no curso de Doutorado em Plane-
jamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), disciplina Sociedade e
Território, 1 º Sem. 2000.

5.5. Observações gerais


5.5.1 Quando houver indicação de edição, esta deve ser transcrita, utilizando-se abreviaturas dos
numerais ordinais e da palavra edição de forma abreviada.
5.5.2 Quando a cidade não aparecer no documento, mas pode ser identificada, indica-se entre col-
chetes [Belém]. Não sendo possível determinar o local, utiliza-se a expressão sine loco, abreviada, entre
colchetes [S.l).
5.5.3 Quando a editora não poder ser identificada, utiliza-se a expressão sine nomine, abreviada,
entre colchetes [s.n].
5.5.4 Sempre que necessário à identificação da obra, devem ser incluídas notas com informações
complementares, ao final da referência, sem destaque tipográfico.
Exemplo: SILVA, M. das G. da. Aspectos Sociológicos e realidades locais. SIMPÓSIO DE FOR-
MAÇÃO DE PROFESSORES, 4., 2003, Capanema/PA. ATAS... Belém:UEPA/CCFP, 2003, p.5. Mi-
meografado.

6 REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÀO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, Rio de janeiro. Apresentação de cita-
ções em documentos: NBR 10520. Rio de Janeiro, 2002.

. Informação e documentação: trabalhos acadêmicos – apresentação: NBR 14724:2002. Rio


de Janeiro, 2002.

78 Metodologia Científica
. Informação e documentação: Referências – Elaboração: NBR6023:2002. Rio de Janeiro de 2002.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 79


“Não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino. Esses que-fazeres se encontram
um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo buscando, reprocurando. Ensino
porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar,
constatando, intervenho, intervindo, educo e me educo. Pesquiso para conhecer e o
que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”. (FREIRE, 2002, p.16)

APÊNDICI B
MONOGRAFIA CIENTÍFICA

Como monografia científica são considerados: o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC –


graduação e pós-graduação lato sensu) (NBR 14724, ABNT, 2002 d).

O QUE É UMA MONOGRAFIA?

Monografia é uma abordagem sistemática sobre um tema específico que resulta na inter-
pretação científica com o escopo de apresentar uma contribuição. Embora não pretenda esgotar
a discussão (SALOMON, 1970).
É um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo e
que obedece as normas metodológicas dos trabalhos científicos. Sua principal característica é a
abordagem de um tema único.

O QUE É UM TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO - TCC

TCC é um documento que representa uma primeira experiência de relato científico, ex-
pressa conhecimento de determinado assunto e constitui-se numa preparação metodológica
para futuros trabalhos de investigação. Sua estrutura assemelha-se à das dissertações de
mestrado e tese de doutorado.

A ESTRUTURA DE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Embora muitas instituições acadêmicas adotem ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS


normas e modelos próprios para orientar a elaboração de Capa (Ob.)
Folha de rosto (ob.)
trabalhos acadêmico-científicos, é possível considerar a Dedicatória (Op.)
necessidade que em qualquer trabalho com a perspectiva Agradecimentos (Op.)
desse formato (técnico-acadêmico) sejam levados em Epígrafe
Resumo na língua do texto (ob.)
consideração alguns critérios básicos da comunicação Resumo em língua estrangeira (ob.)
científica. Listas (siglas, figuras, tabelas etc.) (op.)
Assim, embora a estrutura ao lado possa passar por Sumário (ob.)
al- gum tipo de adaptações para atender recomendações
ELEMENTOS TEXTUAIS
inter- nas de colegiado de um curso, ela é uma opção. Introdução (obrigatorio.)
Observe que: Desenvolvimento (ob.)
Conclusão (ob.)
- A estrutura do trabalho é uma unidade, obedece a
uma necessidade lógica. ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
Referências (ob.)
- A organização do trabalho intelectual depende do Glossário (op.)
tema e do plano de idéias no qual se realiza a pesquisa. Por- Apêndice (op.)
Anexos (op.)
tanto, não é possível estabelecer de antemão as partes inte-
grantes de sua estrutura geral.
Legenda: ob.(elemento obrigatório), op. (elemento opcional)

80 Metodologia Científica
ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS DE TRABALHOS ACADÊMICOS

Formatação das margens:


3 cm
Margem Superior

← 3cm Margem esquerda Margen direita 2cm→

Margem inferior
2cm

• CAPA: consta na margem superior da folha o nome do(s) autor (es) centralizado na linha; o título
do trabalho, centralizado na folha, destacado em negrito e o tamanho deve ser fonte 12; a cidade, o nome
da instituição onde o trabalho foi realizado e o ano aparece na margem inferior da folha.

GERALDO AZEVEDO

O ENSINO FUNDAMENTAL E AS INFORMAÇÕES


TRANSMITIDAS NO LIVRO DIDÁTICO

Belém –Pará

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 81


• FOLHA DE ROSTO: repetem-se as informações contidas na capa, mantendo a mesma diagrama-
ção, acrescentando-se nota indicativa sobre a natureza do trabalho.

GERALDO AZEVEDO

O ENSINO FUNDAMENTAL E AS INFORMAÇÕES


TRANSMITIDAS NO LIVRO DIDÁTICO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado à Coordenação do
Curso .../UEPA, como requisito
parcial para obtenção do grau de
licenciatura em Matemática. Sob
a orientação da Profa. dra. Graça
Silva.

Belém –Pará
Out.2005

• FOLHA DE AVALIAÇÃO: deve conter os seguintes elementos: título do trabalho; nome do


autor; nome dos examinadores; data da avaliação; nome da instituição, cidade e ano da realização.

O ENSINO FUNDAMENTAL E AS INFORMAÇÕES


TRANSMITIDAS NO LIVRO DIDÁTICO

Geraldo Azevedo

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Coordenação do Curso.../UEPA, como requisito
parcial para obtenção do grau de Licenciado em
Matemática. Sob a orientação da Profa. Dra. Graça
Silva.

Examinadores:

Avaliado em: / /
Nota:

82 Metodologia Científica
• Folha de dedicatória: é destinada a homenagem do autor para alguém. Deve ser breve e discreta.
É opcional.
• Folha de Agradecimentos: em geral é utilizada para fazer os agradecimentos pessoais e ou insti-
tucionais.
• Lista de quadros, ilustrações ou tabelas: na mesma ordem em que se apresentam no documento,
indicando seus títulos ou legendas, acompanhada dos respectivos números de páginas.
• Sumário: onde aparecem as principais divisões do trabalho, obedecendo à mesma ordem com que
parecem no texto. A indicação do número da página deve localizar-se à direita.

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO

PARTE 1 – CONTEXTO E MÉTODOS DA PESQUISA


CAP. 1 A Trajetória da Pesquisa
CAP. 2 Caracterização da Área da Pesquisa

PARTE 2 – CAMPO AMBIENTAL E DISCURSO


EDUCATIVO
CAP. 1 Meio Ambiente, Política e Cultura
CAP. 2 Discurso Ambiental e Práticas Educativas

PARTE 3 – DESVENDANDO OS RESULTADOS DA


PESQUISA
4.1 A configuração dos Processos
socioecológicos
4.2Dinâmicas socioculturais e práticas educativas
Conclusão

Referências

Apêndice (s)

Anexos (s)

ELEMENTOS TEXTUAIS
INTRODUÇÃO
• É nesta parte do trabalho que você vai anunciar e situar o seu assunto. Deve fornecer uma visão
global do trabalho realizado;
• Expor as razões do trabalho sobre o tema, mostrando a sua relevância, referindo-o no contexto de
um quadro teórico em que se fundamenta, apresentar a formulação do problema e as questões norte-
adoras e/ou hipótese;
• Não deve conter citações de outros autores
• Indicar trabalhos congêneres referentes ao mesmo tema mostrando o que há de novo e o de co-
mum nos trabalhos.
• Orientar o leitor sobre o assunto abordado, ou seja, como o corpo do trabalho está estruturado,
indicando o assunto em suas partes principais, não é o sumário. Por exemplo, a monografia está organi-
zada em parte ou capítulo, do que trata cada um(a).

DESENVOLVIMENTO
• Revisão da literatura: trata-se do capítulo teórico, nele o pesquisador faz uma revisão teórica da
literatura que trata do assunto objeto da pesquisa, demonstrando conhecimento dessas referências. O
resumo dos resultados desses estudos pode ser apresentado por blocos de assunto, destacando a compre-
ensão do tema de maneira integrada.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 83


• Metodologia: trata-se da descrição dos métodos e técnicas adotados para o desenvolvimento do
trabalho. Apresenta o enfoque e o tipo de estudo realizado, destaca o local, as características das fontes de
informação, as técnicas que utilizou para a coleta de dados. Indica e caracteriza os instrumentos e os
cuidados éticos adotados. Guarda coerência com o problema que se propôs investigar.
• Resultados: trata-se de um capítulo que expõe de forma detalhada os resultados obtidos com o
desenvolvimento da pesquisa. Precisa ser feito de forma clara e objetiva de modo que o leitor tenha uma
boa percepção desses resultados. É recomendável o uso de ilustrações, como quadros, tabelas, gráficos,
mapas, fotografias e outros recursos compatíveis com a natureza do trabalho científico.
• Discussão dos resultados: configura-se em um exercício de interpretação em que os resultados
alcançados são confrontados com a teoria utilizada na revisão. É o momento em que o pesquisador vai
expor os novos achados da pesquisa para além dos descritos na revisão de literatura.

CONCLUSÃO
Precisa estar coerente com o desenvolvimento do trabalho; evidencia em síntese o que foi alcan-
çado com o estudo, possíveis contribuições; pode sugerir e incluir recomendações de ordem prática.
Responde os objetivos e as questões da pesquisa.

ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
• Referências: A ABNT (NBR 6.023, 2002) define referência como “um conjunto padronizado de
elementos descritos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual”. Trata-se,
portanto, do conjunto de publicações consultadas, citadas e/ou transcritas no desenvolvimento do texto.
Elas são obrigatórias, mesmo nos casos em que não são aproveitadas para citações ou transcrições. São
ordenadas por ordem alfabética. Todo trabalho científico fundamenta-se em pesquisa bibliográfica. Não
confundir com bibliografia.
• Bibliografia: é um item optativo segundo a ABNT, podendo ter também Bibliografia Consulta-
da.
• Apêndices (op.): Trata-se daqueles documentos que são redigidos pelo autor do trabalho, como
por exemplo, o(s) instrumento(s) de coleta de dados, figuras, mapas, glossário. Alguns desses documentos
podem constar no corpo do trabalho, como é o caso de mapas e fotografias. Os apêndices são utilizados
quando a quantidade de informações ao longo do texto, compromete a leitura, tornando-a cansativa, assim
como para o pesquisador possa complementar a sua argumentação. Quando houver mais de um apêndice
no trabalho, sugere-se que seja inserido uma lista antes. A paginação é continua à do texto.
• Anexos (op.): Corresponde a documentos elaborados por terceiros, mas que podem complemen-
tar o trabalho. Em geral, são utilizados para fundamentar, comprovar, documentar, esclarecer, provar ou
confirmar informações apresentadas no texto. São exemplos de anexos, as atas, estatuto, lei, recorte de
jornal, fotografias, folheto etc.
• Glossário: é uma lista de palavras, expressões ou termos técnicos pouco conhecidos ou de uso
restrito ao trabalho de pesquisa, organizados em ordem alfabética e acompanhados de uma definição.

84 Metodologia Científica
APÊNDICI C
ROTEIRO BÁSICO PARA O PROJETO DA PESQUISA

a) CAPA
b) IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
- Título: Corresponde ao Tema em Estudo e deve obedecer aos critérios de relevância,
viabilidade e originalidade. A apresentação do tema e de seus conceitos mais gerais.
- Autor
- Finalidade
- Instituição
c) OBJETIVO:
- Objetivo Geral: o que se pretende alcançar/atingir com a pesquisa realizada. Refere-se ao
tema.
- Objetivos Específicos: o que será feito ao longo do estudo para responder às perguntas.
Referem-se ao assunto.
d) JUSTIFICATIVA: As razões que te levam a pesquisar o tema, motivação e importância/
relevância do estudo. Porque fazer o estudo e possíveis aspectos inovativos do trabalho.
Relação do Tema-Problema com o contexto social.
e) A SITUAÇÃO PROBLEMA: A situação que está causando o interesse pela pesquisa.
Exem- plos: uma ausência, uma falta/carência, dificuldades sentidas/observadas, uma
mudança, uma descontinuidade, uma crise, uma contradição, afastamentos, desinteresses,
despreparo, desconhecimento, dúvidas etc. o que você detectou como problemático e deseja
estudar para desvendar/compreender/transformar. Deverá vir acompanhada das questões
nortea- doras ou hipóteses.
e.1 - Os Questionamentos: As perguntas que devem ser respondidas com a pesquisa;
e.2 - As Hipóteses: Supostas respostas às perguntas formuladas acima.
f) REFERENCIAL TEÓRICO ou REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: Autores que serão refe-
rência para o estudo; teorias que serão utilizadas etc. Os aspectos definidores do Tema, suas
características, peculiaridades, modalidades, etc.
g) METODOLOGIA (explicitando o tipo de pesquisa, universo da amostra se necessário,
como procederá a coleta dos dados e como estes serão tratados, etc.).
g.1 – Tipo de Estudo: Suas características, razões da escolha
g.2 – Local/Contexto: Onde será feito o estudo. Aspectos definidores.
g.3 – Fontes de Informação: O que será consultado (fontes orais, documentais,etc.), quem
irá fornecer os dados, critérios de escolha, suas características.
g.4 – Técnicas de Coleta e Análise de Dados: Questionário, Formulário, Entrevista, Análise
de Documentos, História de vida;oral, Observação, Fotografia/Filmagem etc. Referir
quais técnicas para quais sujeitos, etapas que pretende desenvolver e as técnicas de
análise dos dados que pretende adotar.

Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR 85


h) REFERÊNCIAS: lista bibliográfica que contenha obras referentes aos pressupostos teó-
ricos do tema, ou a seu embasamento teórico. Esta bibliografia não precisa ser exaustiva,
completa, mas deverá ser organizada de acordo com as normas da ABNT.
i) ANEXOS:
i.1 - O Cronograma: qual o tempo necessário, aproximadamente, para desenvolver cada
etapa da pesquisa: discriminar quantas semanas ou meses serão destinados a cada
etapa.
i.2 - Modelo dos instrumentos de Coleta de Dados.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA:

ANDRADE. Maria Margarida. Como Preparar Trabalhos Para Cursos De Pós-Graduação:


noções práticas. 2ª ed. São Paulo. Atlas, 1997.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e docu-


mentação – Referencias – Elaboração. Rio de Janeiro, 2000.

LIMA, Teófilo Lourenço. Manual Básico Para Elaboração de Monografia. Canoas. Ed. UL-
BRA, 1999.

NÚCLEO DE PESQUISA E EXTENSÃO DE MEDICINA – CCBS – UEPA. Manual do tra-


balho de conclusão de curso: TCC. 1ª ed. Belém/Pará, s/n.

TEIXEIRA, Elizabeth. As Três Metodologias: acadêmica, da ciência e da pesquisa. Belém.


Vozes, 2005.

TEIXEIRA, Elizabeth. NBR 6023/2000: simplificada para consulta. Rio de Janeiro, 2000. Dis-
ponível em: <http://www.astresmetodologias.com.br>. Acesso em: 10 jan. 2002.

86 Metodologia Científica

Você também pode gostar