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VILA VELHA - ES
2022
AMANDA TRASPADINI SARCINELLI
VILA VELHA - ES
2022
DECLARAÇÃO DE AUTORIA
Aos meus pais, sogros, irmãos, cunhados, sobrinhos... à minha família, que mesmo
não entendendo muito bem o que faço, sempre esteve ao meu lado.
À toda equipe de professores do IFES com os quais tive a honra de receber tanto.
Cada aula que tive foi essencial para o meu crescimento profissional e pessoal.
Aos meus colegas da turma 2019, em especial ao meu grupo do GEPAC, Verônica,
minha gêmea, e Thiago Ouverney. Nossas trocas – e fofocas! – ao longo desse tempo
foram essenciais e revigorantes!
Aos meus queridinhos, os alunos da escola BTP, em especial ao 7v1 e ao 7v2, pela
compreensão com a professora estressada em muitos momentos e pela dedicação a
este trabalho. O caminho que trilho para ser uma professora melhor é por vocês, para
vocês!
À equipe do BTP, por estar sempre presente para compartilhar minhas alegrias,
vitórias e também os momentos difíceis. Vocês não são apenas colegas de trabalho,
vocês são família!
Enfim... agradeço a todos que passaram pela minha vida e que me fizeram chegar até
aqui, e por todos aqueles que ainda virão. Tenho certeza que saio dessa jornada uma
pessoa e professora muito melhor, graças a todos vocês!
Quando não houver esperança,
Quando não restar nem ilusão,
Ainda há de haver esperança,
Em cada um de nós, algo de uma criança.
Inicio este trabalho trazendo a minha trajetória acadêmica, que começou em 2008, ao
ingressar no curso de Ciências Biológicas na Universidade Federal do Espírito Santo
(UFES). Assim que fui aprovada na graduação, tive a possibilidade de cursar as
modalidades bacharelado e licenciatura concomitantemente, mas estava certa de que
apenas a primeira opção me interessava. Nunca me imaginei sendo professora! E
assim me mantive até o quarto período do curso, quando começou a oferta das
disciplinas pedagógicas. Aí surgiu a dúvida: já que tenho essa oportunidade... faço ou
não faço licenciatura?
E foi durante uma primeira conversa com minha orientadora, que conheci a
Aprendizagem Baseada na Resolução de Problemas (ABRP), metodologia escolhida
para conduzir esta pesquisa. A escolha deveu-se ao fato de que essa é uma estratégia
inovadora que permite aos alunos não só aprenderem Ciências, mas também
aprenderem a fazer Ciência de maneira contextualizada, integrada e cooperativa,
desenvolvendo diversas habilidades e competências relevantes para o cidadão
comum (LEITE; AFONSO, 2001).
Corroborando com Chassot (2018) sonho que, com o meu fazer pedagógico, os
estudantes possam tornar-se agentes de transformações - para melhor - do mundo
em que vivem.
O capítulo 2 traz a fundamentação teórica que subsidia esse trabalho. Discutimos aqui
a relação entre a educação problematizadora de Freire e as questões sociocientíficas
tratadas por Mortimer; a Alfabetização Científica com enfoque CTSA à luz de Chassot,
Sasseron, Carvalho, Auler e Santos; a complementaridade entre educação formal e
não formal com os estudos de Gohn e Gadotti; e a metodologia da ABRP e seus
fundamentos a partir de Vasconcelos, Almeida e Amado.
Finalizamos esse texto com as suas considerações finais, onde retomamos suas
conclusões, seus pontos negativos e positivos, e possibilidades de futuras pesquisas
acerca dos temas aqui tratados.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 23
1.1 PERGUNTA DA PESQUISA ............................................................................ 24
1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA ............................................................................ 25
1.3 ESTADO DA ARTE .......................................................................................... 25
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS .......................................................................... 37
2.1 APROXIMAÇÕES ENTRE A EDUCAÇÃO PROBLEMATIZADORA DE PAULO
FREIRE E AS QUESTÕES SOCIOCIENTÍFICAS ........................................... 37
2.2 ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA E O ENFOQUE CTSA ................................... 40
2.3 APRENDIZAGEM BASEADA NA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ................ 45
2.4 COMPLEMENTARIDADE ENTRE A EDUCAÇÃO FORMAL E
NÃO FORMAL .................................................................................................. 48
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS......................................................... 52
3.1 A ABORDAGEM ............................................................................................... 52
3.2 A PESQUISA.................................................................................................... 53
3.3 LOCAIS DE PESQUISA ................................................................................... 54
3.3.1 A escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Belmiro Teixeira
Pimenta ........................................................................................................... 55
3.3.2 A Mata Paludosa ............................................................................................. 56
3.3.3 O Refúgio de Vida Silvestre da Mata Paludosa ........................................... 57
3.4 SUJEITOS DA PESQUISA............................................................................... 62
3.5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS .................................................................... 63
3.6 LIMITES DA PESQUISA .................................................................................. 65
4 INTERVENÇÃO DIDÁTICA ............................................................................. 67
4.1 PLANEJAMENTO DA INTERVENÇÃO ............................................................ 67
4.2 CONSTRUÇÃO DO CENÁRIO PROBLEMÁTICO ........................................... 69
4.3 VALIDAÇÃO A PRIORI DO PLANEJAMENTO DA ABRP ............................... 71
4.4 DESCRIÇÃO DA INTERVENÇÃO DIDÁTICA .................................................. 81
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................................. 95
5.1 ANÁLISE DOS SUJEITOS ............................................................................... 95
5.2 ANÁLISE DA ABRP ....................................................................................... 104
5.2.1 Análise das questões problema .................................................................. 105
5.2.2 Análise da avaliação da metodologia pelos alunos .................................. 109
5.3 ANÁLISE DA EDUCAÇÃO NÃO FORMAL .................................................... 120
5.4 ANÁLISE DA ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA ............................................... 126
6 DESENVOLVIMENTO DO PRODUTO/PROCESSO EDUCACIONAL.......... 135
7 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PESQUISA ................................................... 140
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 143
APÊNDICE A – CARTA DE ANUÊNCIA PARA DESENVOLVIMENTO DE
PESQUISA NO REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE DA MATA PALUDOSA .. 153
APÊNDICE B – CARTA DE ANUÊNCIA PARA DESENVOLVIMENTO DE
PESQUISA NA EEEFM BELMIRO TEIXEIRA PIMENTA ............................ 154
APÊNDICE C – TERMO DA ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .. 155
APÊNDICE D – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO 159
APÊNDICE E – CENÁRIO ............................................................................. 163
APÊNDICE F – PLANEJAMENTO FINAL DA ABRP ................................... 166
APÊNDICE G – QUESTIONÁRIO INICIAL.................................................... 172
APÊNDICE H – AVALIAÇÃO DA ABRP ....................................................... 174
APÊNDICE I – QUESTIONÁRIO DE AUTOAVALIAÇÃO ............................. 177
APÊNDICE J – QUESTIONÁRIO DE AUTO E HETEROAVALIAÇÃO ......... 178
APÊNDICE K – QUESTIONÁRIO FINAL ...................................................... 179
APÊNDICE L – PLANEJAMENTO INICIAL DA ABRP ................................. 180
ANEXO A – APROVAÇÃO DO PROJETO PELO COMITÊ DE ÉTICA EM
PESQUISA (CEP) .......................................................................................... 186
26
1 INTRODUÇÃO
Sobre o ensino de ciências nos anos finais do Ensino Fundamental, a Base Nacional
Comum Curricular (BRASIL, 2017) afirma que é importante motivar os alunos com
desafios cada vez mais abrangentes, permitindo que os questionamentos, tanto
aqueles apresentados a eles quanto os que eles próprios formulam, sejam mais
complexos e contextualizados. O ensino de Ciências, e o período escolar como um
todo, deve contribuir para a formação integral e contextualizada do indivíduo
autônomo, solidário, curioso, criativo e reflexivo, participante ativo das transformações
no seu entorno social, cultural e natural (ESPÍRTIO SANTO, 2009). Quando às
necessidades do ensino de ciências Sasseron e Carvalho (2008) afirmam que este
deve ser capaz:
Diante do exposto aqui, espero com esta pesquisa responder à seguinte pergunta:
como a metodologia da Aprendizagem Baseada na Resolução de Problemas
articulada a abordagem CTSA pode ser utilizada para discutir, com alunos do Ensino
Fundamental, questões sociocientíficas dentro de uma unidade de conservação de
Mata Paludosa com fins de promoção da Alfabetização Científica?
28
Para o segundo item da pesquisa, “Refúgio de Vida Silvestre da Mata Paludosa” and
“Espírito Santo” não trouxe nenhum resultado nas buscas, em nenhuma das três
plataformas. Provavelmente isso se deve à recente mudança de categoria do parque
para uma unidade de conservação, que data de 2018.
As buscas se iniciaram a partir dos termos “ABRP” / ”PBL” / ”ABP” and “Ensino de
Ciências” and “Ensino Fundamental” and “Alfabetização Científica” and “CTSA”
“Questões sociocientíficas”, porém os resultados foram insatisfatórios, uma vez que
os descritores foram muito abrangentes. Para o termo “ABRP” foram encontrados 2
resultados que foram excluídos pois um trata de análises de pesquisas acadêmicas
apresentadas nos anais do Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências
(ENPEC) e o outro, da produção acadêmica de livros didáticos. Para o termo “PBL”
associado aos demais descritores, foram encontrados 9 resultados, sendo a maioria
abordando segmentos diferentes dos da nossa pesquisa, como a educação
profissional ou cursos de licenciatura, ou ainda, outras disciplinas, como física,
geografia e química. Por fim, quando o termo “ABP” foi pesquisado, encontramos 14
resultados – sendo 12 deles também encontrados na busca por “PBL”, um sobre
análise do conteúdo e do método de ensino adotado em publicações, e o último, os
anais de do IX Congresso Iberoamericano de Educação Científica e I Seminário de
Inclusão Educativa e Sociodigital, realizado na Argentina em 2017 – novamente, a
maioria deles relacionados com as pesquisas realizadas nesse trabalho, exceto um,
que será discutido aqui por relacionar o enfoque CTS com a metodologia da ABP.
Na sequência reduzimos os termos buscados para “ABRP” / ”PBL” / ”ABP” and “Ensino
de Ciências” and “Ensino Fundamental” and “Alfabetização Científica”. Para ABRP
31
Com intuito de refinarmos ainda mais os resultados, finalizamos o estado da arte com
busca pelos descritores “ABRP” / ”PBL” / ”ABP” and “CTSA” and “Ensino
Fundamental”. Vale reforçar, novamente, que, apesar desta pesquisar adotar o termo
ABRP, devido ao referencial teórico utilizado, as buscas foram feitas com os três
termos pois ainda existem divergências entre os pesquisadores dessa metodologia
em diferentes países. Para a busca por “ABRP” foram encontrados 19 resultados; para
“PBL” foram 83; e para “ABP” foram 80 resultados levantados no período de 2010 a
2020 nas plataformas pesquisadas. A maioria dos resultados encontrado nessas
assim como aqueles que envolvem formação de professores, os segmentos Ensino
Médio, superior, educação de jovens e adultos, e outras disciplinas que não a de
ciências ou os desenvolvidos em outros países.
Entre os trabalhos levantados nas buscas com todos os descritores citados, nove
serão analisados e discutidos nesta seção, por se aproximarem mais das temáticas a
serem desenvolvidas nessa pesquisa.
Uma visão resumida de todos esses trabalhos está apresentada no Quadro 1 a seguir.
32
Aprendizagem
Qual a classificação É necessário que os
Baseada na Patrícia Regina
cognitiva das questões professores adotem
Resolução de Carvalho Ottz, Antônio
formuladas pelos uma postura dialógica
Problemas e a Henrique Pinto e
alunos após exposição e que os alunos
elaboração de Manuella Villar Amado
à um cenário passem a construir seu
questões no Ensino / 2017
problemático? próprio conhecimento.
Fundamental.
A metodologia
O ensino de contribui para a
Qual a potencialidade
ecossistemas aquisição desse
da ABRP para
amazônicos por meio conhecimento e os
Carlos Henrique favorecer o
da Aprendizagem alunos passaram de
Nascimento / 2018 aprendizado sobre os
Baseada na uma visão homogênea
ecossistemas
Resolução de da ciência para uma
amazônicos?
Problemas (ABRP). compreensão
conceitual desta.
(conclusão)
A proposta possibilitou
Quais as
o desenvolvimento de
potencialidades da
Resolução de habilidades
resolução de
problemas no ensino fundamentais para
Elizete Terezinha da problemas para o
de Ciências baseada formar cidadãos
Silva / 2019 ensino –
em uma abordagem críticos, conscientes e
aprendizagem do
investigativa. responsáveis pelo
conteúdo matéria e
desenvolvimento
suas transformações?
sustentável.
A partir do enfoque
CTSA e da
Como utilizar a
Investigação no ensino interdisciplinaridade,
Aprendizagem
contextualizado de os alunos foram
Karina Nomidome de Baseada em
Ciências: formação capazes de usar os
Senna / 2020 Problemas para
para a participação conhecimentos
discutir a temática
cidadã. científicos para atuar
água?
como cidadãos diante
de um problema.
A interlocução existe,
O enfoque Ciência,
pois ambas tem muitos
Tecnologia e
pontos em comum,
Sociedade e a
como a
metodologia da Leandro dos Santos Que aproximações e
interdisciplinaridade, a
Aprendizagem Furtado, Licurgo contribuições são
contextualização, a
Baseada em Peixoto de Brito, Ana possíveis a partir da
participação ativa e
Problemas: um ensaio Cristina Pimentel interlocução entre o
colaborativa, e por isso
sobre as Carneiro de Almeida / enfoque CTS e a
tem potencial para a
possibilidades para a 2021 metodologia da ABP?
promoção da
promoção da
Alfabetização
educação científica na
Científica na Educação
educação básica.
Básica.
A ABP melhorou a
Quais as contribuições motivação dos
Aprendizagem
Ana Paula Santos da da Aprendizagem estudantes, estimulou
Baseada em
Silva, Natal dos Baseada em sua criatividade,
Problemas como
Santos Soares, Problemas (ABP) para desenvolveu o
proposta para o ensino
Adriana Andrade o ensino e raciocínio crítico,
e aprendizagem de
Ruas, Rivia Arantes aprendizagem de favoreceu o trabalho
botânica na educação
Martins / 2021 botânica no Ensino colaborativo e um
básica
Básico? aprendizado mais
efetivo sobre botânica.
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
34
Após fazer uma revisão do conceito de Alfabetização Científica por diferentes autores,
Lamim-Guedes a caracteriza como uma iniciativa complexa, por várias razões, entre
elas o fato de o conhecimento científico ser dinâmico, portanto, a Alfabetização
Científica deve ir muito além do vocabulário científico; deve permitir a pessoas
interagirem como o mundo de forma crítica. No texto, ele assume a posição de que
sempre estamos nos alfabetizando cientificamente, tanto os cientistas, experts,
quanto a população em geral.
Para alcançarem os objetivos propostos, uma oficina com o tema água foi estruturada
em quatro encontros, que foram conduzidos pela professora-pesquisadora e por um
grupo de seis estudantes-bolsistas do projeto “Formando estudantes-investigadores
em Ciências e Matemática” do Programa de Iniciação Científica em Matemática,
Ciências, Tecnologia e Linguagem da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do
Rio Grande do Sul. Estes bolsistas são alunos do 8º e 9º ano da mesma escola em
37
que o projeto foi desenvolvido, uma escola municipal de Caxias do Sul, no Rio Grande
do Sul.
Nos encontros realizaram-se busca por soluções para problemas que envolviam o
tratamento da água usada pelos animais de uma floresta, a montagem e a observação
de armadilhas para microrganismos que causaram doenças, o levantamento de
hipóteses e o debate sobre o uso consciente e sustentável da água. As pesquisadoras
chegaram à conclusão de que a metodologia proposta promoveu uma maior
participação, interesse e interação dos estudantes, além de ser uma ferramenta
essencial para a construção de momentos de aprendizagem significativa e
desenvolvimento de habilidades para formação de cidadãos cientificamente
alfabetizados.
formação de alunos que saibam resolver problemas por meio do uso social do
conhecimento científico e tecnológico e suas múltiplas dimensões para o exercício da
cidadania.
A leitura e análise desses trabalhos, nos permite concluir, portanto, que a metodologia
da ABRP para discutir temáticas com enfoque CTSA ainda é pouco utilizada no ensino
de ciências no Ensino Fundamental no Brasil, mesmo apesar dos benefícios que pode
trazer para a formação dos indivíduos, tanto para a aquisição de conhecimentos de
maneira mais sólida e autônoma, já que se trata de uma metodologia ativa, quanto
para a formação de cidadãos mais engajados e participantes na sociedade, uma vez
que promove uma maior reflexão e criticidade frente à situações problemáticas.
40
2 FUNDAMENTOS TEÓRICOS
arquivamento dos depósitos que lhes são feitos, tanto menos desenvolverão em si a
consciência no mundo, como transformadores deles (FREIRE, 2019)
Busca-se nesta pesquisa uma educação problematizadora, que, como prega Paulo
Freire (2019), visa romper os esquemas verticais característicos da educação
bancária, superando a contradição educador e educando, por meio do diálogo,
realizando-se práticas de liberdade. Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
as possibilidades para a sua produção ou a sua construção (FREIRE, 2015). Enquanto
a concepção “bancária” dá ênfase à permanência, a concepção problematizadora
reforça a mudança (FREIRE, 2019, p. 100).
Neste trabalho, será adotado o termo Alfabetização Científica (AC), apoiado nas ideias
de alfabetização de Paulo Freire. Em seu livro Pedagogia da esperança: um
reencontro com a pedagogia do oprimido, Freire (2011) diz que é preciso perceber a
relação entre a leitura da palavra, a leitura do mundo e sobretudo a transformação do
mundo. O autor afirma ainda que ler o mundo é um ato anterior à leitura da palavra, e
o ensino da leitura e da escrita da palavra a que falte o exercício crítico da leitura e da
releitura do mundo é, científica, política e pedagogicamente, capenga.
Segundo Freire (2011) leitura da palavra é sempre precedida pela leitura do mundo,
e a escrita da palavra, implicando uma releitura mais crítica do mundo, como
“caminho” para “reescrevê-lo”, é capaz de transformá-lo. E o ensino de ciências, como
dito por Chassot (2018), tem a responsabilidade maior de transformar os alunos e
alunos em homens e mulheres mais críticos.
Corroborando com Sasseron (2008, p. 12):
A ABRP é considerada uma metodologia centrada no aluno, uma vez que parte
sempre de um problema real do cotidiano, cuja resolução se revela importante em
termos pessoais, sociais e/ou ambientais (VASCONCELOS; ALMEIDA, 2012) e que
propõe formar indivíduos não apenas com uma base de conhecimentos ampla e
integradora, mas desenvolve também importantes competências cognitivas, afetivas
49
Utilizar a ABRP significa, portanto, partir de um problema inicial – que pode ser trazido
pelo professor ou pode surgir de demanda dos alunos - e a partir daí dar seguimento
ao processo. A partir das conclusões e discussões surgidas pelo levantamento deste
50
Para além dos espaços educativos, cabe aqui, inicialmente, caracterizar a educação
formal e não formal. A primeira tem objetivos claros e específicos, depende de
diretrizes educacionais especializadas, como o currículo, e é fiscalizada por órgãos
municipais, estaduais e federais (GADOTTI, 2005). Os espaços de educação formal
são, portanto, as escolas e todas as suas dependências, como salas de aula,
laboratórios, quadras de esportes, biblioteca, cantina, pátio e refeitório (JACOBUCCI,
2008). Já a educação não formal é mais difusa, menos burocrática e hierárquica
(GADOTTI, 2005). Esta portanto, pode acontecer nos mais variados espaços, sejam
eles instituições - como museus e centros de ciências – ou não – como praças, ruas
ou parques. Gadotti (2005, p. 2) destaca, porém, que:
Este trabalho tratará da educação não formal, processo este construído por escolhas
do mediador e sob determinadas circunstâncias, com intencionalidade e propostas
definidas, onde o principal educador é o outro e as relações estabelecidas entre os
envolvidos, e que capacita os indivíduos a se tornarem cidadãos do mundo e no
mundo (GONH, 2013). É uma maneira de destrinchar determinados conteúdos que a
escola não tem condições de abordar de modo informal, já que ninguém faz opção do
que se estudar no ensino formal (MACMANUS, 2013). A educação não formal ainda
é definida como:
A educação não formal é uma área que o senso comum e a mídia usualmente não
veem e não tratam como educação porque não são processos escolarizáveis (GOHN,
2009). Há, portanto, um certo preconceito e desvalorização dessa modalidade de
educação, mas que aqui acreditamos ser essencial no processo de formação integral
do indivíduo. Acreditamos ser uma modalidade fundamental, uma vez que ajuda as
pessoas a pensarem, traz autonomia, facilitam a compreensão do todo, promovem
maior criticidade e conscientização (MACMANUS, 2013).
Reforçamos que a escola não é território proibido às práticas educativas não formais,
ao contrário, deveria incorporá-las (GOHN, 2013), porém é comum definir a educação
não formal por uma ausência, em comparação com a escola, como se a educação
formal escolar também não pudesse aceitar a informalidade, o extraescolar
54
(GADOTTI, 2005). Estes espaços de educação não formal, segundo Gohn (2006),
portanto, não se caracterizam pela disputa ou substituição dos espaços formais. Pelo
contrário, são sua complementariedade. E corroborando com Gadotti (2005),
devemos conhecer melhor as peculiaridades de cada uma dessas modalidades para
harmonizá-las em benefício de todos, especialmente das crianças. Professores que
utilizam esses espaços educativos em suas aulas tornam-se capazes de articular a
cultura científica, o saber popular e o próprio conhecimento, de modo a criar novos
conhecimentos e divulga-los para seus alunos de maneira consciente e cidadã
(JACOBUCCI, 2008).
Esperara-se que aliar a educação formal e a não formal à uma metodologia ativa como
a ABRP, contribua para que questões sociocientíficas, com um enfoque CTSA, sejam
discutidas nesses espaços de modo a alcançar sucesso na promoção da
alfabetização científica de alunos do Ensino Fundamental.
55
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 A ABORDAGEM
Trata-se de uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso. Essa pesquisa tem uma
abordagem qualitativa pois apresenta, como proposto por Lüdke e André (2014), o
ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal
instrumento; os dados coletados são predominantemente descritivos; a preocupação
maior é com o processo e não com o produto; o significado que as pessoas dão às
coisas e à sua vida são pontos de destaque ao longo da pesquisa; e a análise dos
dados tende a seguir um processo indutivo. Já o estudo de caso foi escolhido como
tipo de pesquisa pois trata-se de uma situação específica, bem delimitadas e com
contornos claramente definidos (LÜDKE; ANDRÉ, 2014).
mesmo tempo distinto, pois tem um interesse próprio, singular (LÜDKE; ANDRÉ,
2014).
VI) Deve ser apresentado com uma linguagem simples e acessível, possibilitando
uma transmissão clara, direta e bem articulada do caso.
3.2 A PESQUISA
Os locais em que essa pesquisa será desenvolvida são o espaço de educação não
formal do Refúgio da Vida Silvestre (REVIS) da Mata Paludosa e o espaço formal da
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Belmiro Teixeira Pimenta.
A escolha deveu-se à proximidade geográfica desses espaços, além da ausência de
trabalhos na área da educação realizados na Unidade de Conservação. Ademais,
vislumbro com esse trabalho a possibilidade de contribuir para dar mais visibilidade a
REVIS de forma a potencializar sua utilização por outras escolas da região, não
apenas como um espaço de lazer, mas também como um local de formação cidadã
integral no âmbito da complementaridade da educação formal e não formal.
De acordo com sua constituição inicial ocorrida no ano de 1978 por meio da
Companhia Habitacional do Estado do Espírito Santo (COHAB), Eurico Salles
59
apresenta-se como bairro de classe popular, cujos moradores são, em sua maioria,
servidores públicos, bancários, profissionais liberais, funcionários de grandes
empresas mineradoras da região, aposentados e comerciantes. A instituição, porém,
atende a uma clientela composta por adolescentes e jovens na faixa etária de 11 a 19
anos que residem, em sua maioria, nos bairros vizinhos de Jardim Carapina,
Carapina, Boa Vista, Hélio Ferraz, André Carloni.
Ao longo do tempo, a escola construiu a sua identidade num processo de diálogo junto
à comunidade e sua história vem se estabelecendo de acordo com as necessidades
locais para formar, muito além de trabalhadores preparados para o mercado de
trabalho, mas principalmente cidadãos que exerçam sua função social como sujeitos.
A Mata Paludosa também é conhecida como brejo, mata brejosa, palustre ou higrófila,
e, por serem restritas a áreas de solo encharcado, portanto, naturalmente
fragmentadas, essas matas apresentam peculiaridades florísticas, estruturais e
fisionômicas (TONIATO; LEITÃO FILHO; RODRIGUES, 1998). Segundo Leitão Filho
(1982, apud TONIATO; FILHO; RODRIGUES, 1998), são florestas de baixa
diversidade, perenifólias e com apenas dois estratos arbóreos, sendo que o superior
alcança até 12 metros de altura. No entanto, apesar da sua baixa biodiversidade, são
áreas que abrigam nascentes, sendo assim importantes para a manutenção dos
recursos hídricos. Pretende-se que atividades educativas desenvolvidas nesse local,
como esta que está sendo proposta, ajudem na promoção e divulgação científica
desse ecossistema, de modo a suscitar iniciativas de preservação e de alfabetização
científica a partir dessa interação homem-natureza.
Ao longo dos anos, este espaço passou por diversas modificações em sua
classificação e nomenclatura, até se tornar, em 2018, o Refúgio da Vida Silvestre da
Mata Paludosa. Como já explicado anteriormente, sua história teve início em 1997
com a criação da Reserva Ecológica Municipal da Mata Paludosa.
Esse espaço (Figuras 5 e 6) se manteve por muitos anos como local de recreação,
prática de exercícios e contemplação da natureza. Também passou a receber alunos
para aulas de campo mediante agendamento prévio por parte dos professores, além
de serem realizados piqueniques, especialmente com alunos da Educação Infantil.
No dia 9 de maio de 2017 foi feita uma consulta pública, na Escola Municipal de Ensino
Fundamental Elzira Viváqua, localizada no bairro de Jardim Camburi, para se
apresentar a proposta de criação da unidade de conservação na Mata Paludosa, cuja
ideia era reunir toda a extensão da Reserva Ecológica da Mata Paludosa e do Parque
Municipal da Fazendinha, em uma única unidade de conservação, garantindo, assim,
futuros investimentos no local por meio de recursos oriundos de compensações
ambientais, como alinha o SNUC. Conforme a ata da reunião, Enock Sampaio,
presidente da Associação Comunitária de Jardim Camburi, afirmou que o projeto tinha
a finalidade de proteger a área próxima ao bairro contra invasões, despejo irregular
de lixo e incêndios (SEMMAM, 2017). Foi apresentada a área de reserva ecológica
Mata Paludosa com sua localização no mapa de Vitória e proximidade com a
63
Fazendinha, além das leis municipal que protegeriam a área. Ficou a área demarcada
sujeita a regime de preservação permanente estabelecido pela legislação, não
podendo ser reduzida, parcelada ou destinada a outro fim.
De acordo com o artigo 13º do SNUC, enquanto Refúgio da Vida Silvestre o espaço
tem por objetivo proteger ambientes naturais onde se asseguram condições para a
existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna
residente ou migratória (BRASIL, 2000). Sendo assim, a REVIS da Mata Paludosa
visa, portanto, proteger esse ecossistema remanescente da Mata Atlântica,
preservando tanto a fauna quanto a flora local, além de recuperar áreas já degradadas
e também propiciar o desenvolvimento de atividades relacionadas à educação
ambiental.
O artigo nº 7 desse decreto define também o prazo de dois anos, a contar da sua
publicação, para a elaboração do plano de manejo da unidade, que deverá ser
apreciado pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente – CONDEMA
(VITÓRIA, 2018). Este documento ainda se encontra em processo de elaboração, e
enquanto isso, as regras de utilização e visitação desse espaço são estabelecidas
pela própria REVIS. Segundo a coordenadora administrativa de Unidades de
Conservação da Secretaria de Meio Ambiente de Vitória, Iara Gardênia Silva Moreira,
a elaboração deste documento está aguardando a aprovação do Instituto Estadual de
Meio Ambiente (IEMA) para o uso do recurso financeiro da compensação ambiental
64
Essa pesquisa foi inicialmente estruturada para ser desenvolvida de forma presencial
ao longo do ano de 2020 com os alunos de duas turmas do 6º ano do Ensino
Fundamental da EEEFM Belmiro Teixeira Pimenta, turmas pelas quais a professora-
pesquisadora era responsável. Porém, devido à pandemia do Covid-19, que fez com
que os governantes determinassem a suspensão das aulas presenciais em todas as
escolas da rede estadual de ensino do Espírito Santo desde o dia 17 de março de
2020 e a situação ainda incerta de normalização das atividades escolares, a
intervenção escolar da pesquisa foi adaptada a novos contextos e novos sujeitos no
ano de 2021. Diante disso, optamos por realizá-la com os mesmos alunos, porém, na
série seguinte, o 7º ano, uma vez que a professora-pesquisadora já havia estabelecido
uma relação de confiança e parceria com os estudantes no ano anterior, o que nos
proporcionou a tranquilidade de que o trabalho seria executado com qualidade e
dedicação pela maior parte dos sujeitos.
Cabe destacar também, que a alteração da série em que a pesquisa foi realizada não
trouxe prejuízos com relação ao currículo do segmento escolar. A única mudança foi
que agora, os temas abordados pertencem ao currículo proposto, não sendo
necessário trata-lo como tema transversal, assim como planejado inicialmente.
Para melhor conhecer os alunos, foi aplicado um questionário inicial virtual, via Google
Formulários. Neste, haviam questões iniciais de identificação pessoal, perguntas
relacionadas à rotina de estudos em meio à pandemia e questões de cunho teórico,
cujo objetivo foi levantar os conhecimentos prévios dos alunos e compará-los, ao final
da pesquisa, com os novos conhecimentos adquiridos. Os resultados desse
questionário serão discutidos na seção 5.
Instrumento de análise,
- Conhecer as percepções dos pares acerca do
validação e avaliação do AMADO (2014)
planejamento da ABRP elaborado.
planejamento da ABRP
Ficha de
VASCONCELOS; - Analisar as questões problema levantadas pelos
monitoramento
ALMEIDA (2004) alunos.
da ABRP
Cabe ressaltar aqui também que, por se tratar de um estudo de caso, os resultados
aqui apresentados se referem unicamente aos sujeitos e aos espaços analisados, e,
portanto, não cabem generalizações. Estes podem, porém, servir de indicadores do
uso da ABRP em espaços não formais, que, salvas às devidas especificidades, podem
ser extrapolados para outros espaços educativos.
70
4 INTERVENÇÃO DIDÁTICA
Para o planejamento desta proposta de ABRP nas aulas de Ciências utilizamos como
referencial as etapas trazidas por Vasconcelos e Almeida (2012), onde os autores
estabelecem como pontos principais:
a) A apresentação de um problema real ou uma simulação deste, de modo a
abordar a temática inicial de discussão, em seu próprio contexto;
Esta intervenção foi proposta inicialmente para ser aplicada no ano letivo de 2020,
mas como já explicitado nos limites desta pesquisa, foi adiada para o ano seguinte,
por conta da situação da pandemia do Covid-19. Previa inicialmente dez momentos,
distribuídos da seguinte maneira: sete referentes a aulas de 55 minutos cada; dois
compostos por aulas de campo, com duração de 3 horas cada; e um, composto por
duas aulas também de 55 minutos cada, destinado à apresentação do produto final.
O Quadro 3 apresenta a descrição deste ciclo de apresentações da ABRP “Parque
Fazendinha: por que tantas mudanças?”, conforme proposto por Vasconcelos e
Almeida (2012).
O cenário fictício criado, intitulado “Parque Fazendinha: por que tantas mudanças?”,
apresentado no Apêndice E em sua versão final, foi inicialmente destinado a alunos
do 6º ano do Ensino Fundamental, mas, como já dito anteriormente, precisou ser
remodelado devido à suspensão das aulas por conta da pandemia do Covid-19.
73
Este traz a história de uma personagem imaginária, Joana, que quase que diariamente
passa em frente ao ‘Parque Municipal da Fazendinha’, seja a passeio com a família,
seja para cortar caminho para chegar à escola. Porém, há algum tempo ela vem
notando mudanças nesse local, inclusive no próprio nome, que agora é “Refúgio da
Vida Silvestre da Mata Paludosa”. Diante disso, ela começa a questionar o porquê de
tantas mudanças, como aquele espaço pode contribuir para a preservação da Mata
Atlântica e o que ela e seus colegas podem fazer para ajudar na defesa desse
ecossistema.
O planejamento foi validado a partir de discussões com pares, sendo estes seis
mestrandos e seis egressos do Programa EDUCIMAT. Entre esses mestres, dois
deles possuem formação em ABRP, utilizando essa metodologia nas suas pesquisas
de mestrado. Participaram também do processo de validação dois professores da
escola em que tal cenário será aplicado. Um destes professores ministra a disciplina
de Geografia e a outra, é professora de Ciências.
Com relação ao cenário, são quatro os itens deste instrumento que se propõem à
analisá-lo diretamente – sendo que em muitos dos outros itens a proposta do cenário
também é avaliada, porém dentro de outros contextos da metodologia. A análise do
cenário se inicia com a verificação das relações entre este e os conceitos científicos
apresentados como pré-requisitos da ABRP. Na sequência verifica-se se o problema
central do está de acordo com a temática e se este é atual, contextualizado e
motivador. É avaliado também se a problemática do cenário promove uma reflexão
crítica sobre as relações entre ciência, tecnologia, sociedade e ambiente, e, por fim,
discute-se se o cenário ou a resolução da questão problema se articula com algum
espaço de educação não formal.
Joana é uma menina de 15 que mora em Eurico Salles e estuda em Jardim Camburi. Para ir à escola,
ela sempre corta caminho pelo Parque Municipal da Fazendinha. Quando era criança, frequentava
o Parque com sua família e amigos, para passear e brincar. Nessa época, via vários bichos por ali...
coelhos, galinhas, porquinhos-da-Índia, tartarugas, até cabritos e pôneis.
Mas atualmente, ao cortar caminho pelo Parque para ir à Escola, ela tem reparado algumas
mudanças... quase não tem mais bichos, só alguns gansos, patos e jabutis. O lugar está bem
diferente! E uma das coisas que sempre tem chamado sua atenção é uma placa bem grande, logo
na entrada do Parque, onde está escrito “Projeto Caiman – Jacarés da Mata Atlântica” com um
desenho de um jacará (Figura 1):
76
(continua)
“ - Que medo!!! Será que tem jacaré no parque?! Será que é perigoso passar pelo parque pra ir pra
escola?” Ela anda preocupada...
Fonte:
Um detalhe escrito na placa também chamou bastante a atenção de Joana: “ - Jacarés da Mata
Atlântica?! Nossa, mas na Fazendinha nem tem muita mata... por que está escrito Mata Atlântica lá
naquela placa?” Neste momento, ela lembrou que já havia estudado sobre esse bioma no 6º ano,
sabia que é um ambiente com uma rica biodiversidade e que há muito tempo vem sofrendo com
desmatamento e outras ações antrópicas. Lembrou que sua professora de Ciências disse outro dia
que esse bioma é devastado desde a descoberta do Brasil (Figura 2).
Fonte:https://infograficos.estadao.com.br/cidades/fauna-invisivel/o-desafio-da-conservacao
Outra coisa que tem deixando Joana confusa é o nome do parque! Na placa da entrada por Jardim
Camburi está escrito “Parque Municipal da Fazendinha Roberto Anselmo Kautsky” (figura 3)
enquanto no portão de Eurico Salles está escrito “Parque Municipal da Fazendinha” (figura 4). E para
completar, em uma das suas últimas aulas de Geografia, quando explicava sobre unidades de
conservação, o professor citou o antigo Parque da Fazendinha como exemplo. Esse agora se chama
Refúgio da Vida Silvestre Da Mata Paludosa. “- Caramba!!! Que confusão!” Joana não está
entendendo nada! Ela chamava o parque de Fazendinha.
77
(conclusão)
Figura 3 – Portão de entrada do Parque Fazendinha Roberto Anselmo Kautsky, no município da
Serra.
Fonte: http://capixabaquersairdecasa.blogspot.com/2011/04/parque-municipal-fazendinha.html
Fonte: https://esbrasil.com.br/parque-da-fazendinha-vitoria/
Ao pesquisar sobre tudo isso, Joana teve certeza que não é só ela que deveria estar confusa! Após
várias leituras compreendeu a importância da mudança de nome e do contexto socioambiental do
Parque e então resolveu conversar com seus professores e colegas de turma para ajudar outras
pessoas a entenderem o que aconteceu com esse Parque ao longo do tempo. “ - Por que tantas
mudanças?”
Outros itens cuja maior parte dos avaliadores classificou como muito coerente foram
os pré-requisitos, o tema, a contextualização curricular, a perspectiva CTSA do
cenário e as fontes de dados. Todos, exceto um avaliador, concordam que os pré-
requisitos requeridos pela ABRP estão de acordo com a faixa etária/série a que está
se destina. Houve concordância de que o tema é bastante contextualizado e que tem
grande potencial em contribuir tanto para a solução do problema proposto, quanto
para que os alunos envolvidos alcancem a alfabetização científica almejada, além de
concordarem que a proposta está de acordo com o currículo do segmento a que se
propõe. O avaliador N, porém, justifica sua nota mais baixa dizendo que “o tema
proposto não faz parte da série em que a proposta será desenvolvida, segundo a Base
Nacional Comum Curricular (BNCC), o que faz necessário deixar mais claro que a
proposta é tratada como tema transversal”.
80
Com relação aos currículos prescrito e real, Freire, Melo e Saraiva (2017) definem o
primeiro como aquele determinado pela lei 9394/96, que institui as Diretrizes e Bases
da Educação e os Parâmetros Curriculares Nacionais, enquanto que o real é aquele
que é praticado e vivenciado nas escolas. Nessa discussão, fica clara a disputa de
interesse por traz do estabelecimento de um currículo. Como afirma Goodson (2007),
o currículo prescrito, o capital cultural e o social e as formas de reprodução social
existentes dentro da escola formam uma tríplice aliança de persistência do poder. São
as disputas de poder da sociedade refletindo dentro do ambiente escolar.
Itens como objetivos específicos, produto final e proposta de avaliação também foram
avaliados de maneira semelhante. Segundo a maior parte dos avaliadores, os
objetivos específicos direcionam para a aprendizagem dos conceitos e conteúdos
propostos, e produto final é apropriado para a resolução do problema proposto e a
proposta de avaliação também é adequada. A seguir algumas das sugestões dos
avaliadores.
Avaliador J: Seria interessante deixar de livre escolha qual tipo de arte será
exposto pelos alunos. Alguns podem ser melhores com as palavras do que
com desenho, por exemplo.
Por fim, os quesitos que obtiveram menor nota, revelando menor coerência e,
portanto, maior necessidade de ajuste, foram o tempo e os passos do ciclo tutorial.
Apresentamos a seguir alguns apontamentos dos avaliadores e no Quadro 5, na
sequência, a nova organização do ciclo tutorial.
Avaliador E: Essa proposta vai requerer um pouco mais de tempo do que foi
proposto.
83
- Explicação ABRP
1º / 1 aula
- Questionário Inicial
- “Vista” à Fazendinha
- Bate papo com equipe de educação ambiental do Projeto Caiman
4º / 1 aula
- Bate papo com representante do Parque Fazendinha
- Atividade investigativa
8º
- Planejamento do produto final
Após o processo de validação, este planejamento da ABRP passou por ajustes, como
sugeridos pelos avaliadores, visando otimizá-lo, para que seja aplicado em sala de
aula de maneira mais eficiente. Sua versão final está apresentada no Apêndice F.
Em um primeiro momento foi criado um grupo no WhatsApp com todos os alunos das
duas turmas envolvidas. Neste grupo, foram passadas, de maneira informal, as
informações iniciais sobre a intervenção, com o intuito de despertar o interesse dos
alunos e alcançar o maior número de participantes possível. Na sequência, foi
realizada uma reunião via Google Meet com os alunos para apresentar, agora de
maneira formal, a proposta, seus objetivos e atividades previstas. Além disso,
explicamos aos alunos que a partir do momento que aceitassem participar fariam parte
de uma pesquisa de mestrado cujo objetivo era aprimorar a formação da professora-
pesquisadora, mas que, concomitantemente, seria importante para a sua formação
individual, mas que a participação não seria obrigatória, que eles poderiam se retirar
da pesquisa a qualquer momento, e que as informações e dados obtidos seriam
totalmente confidenciais.
- “Vista” à Fazendinha
30/03/2021
- Bate papo com equipe de educação ambiental Google Meet
às 14h
4º do Projeto Caiman
(1 aula)
- Bate papo com representante do Parque 08/04/2021
Google Meet
Fazendinha às 15h
Individual
- Atividade investigativa Google Docs
8º e em
- Planejamento do produto final Whatsapp
grupo
- Preenchimento da ficha de avaliação da ABRP
Google Docs
9º - Síntese das propostas de resolução dos Em grupo
Whatsapp
problemas
Google Docs
10º - Execução do produto final Em grupo
Whatsapp
1º momento
Este primeiro encontro ocorreu no dia 25 de março de 2021 via plataforma Google
Meet e destinou-se à apresentação a metodologia da ABRP, uma vez que esta era
desconhecida pela maior parte dos alunos. Levamos aos alunos uma apresentação
de slides contendo uma breve introdução da pesquisa, suas motivações, seus
objetivos, explanamos os principais termos utilizados ao longo da intervenção (CTSA,
alfabetização científica, educação não formal) e apresentamos o passo a passo da
aplicação da metodologia da ABRP, de maneira geral (Figura 10). Além disso,
apresentamos aos alunos o que é uma pesquisa de mestrado e qual a importância
desse projeto na vida pessoal e profissional da professora-pesquisadora.
Na sequência foi enviado aos alunos o link para preenchimento do questionário inicial
(APÊNDICE G) elaborado no Google Formulários. O objetivo deste foi levantar um
perfil dos estudantes das turmas participantes da pesquisa e levantar seus
conhecimentos prévios acerca dos temas abordados na pesquisa.
2º momento
No dia seguinte foi feita, por meio do Google Meet, a apresentação detalhada da
proposta de intervenção, do cronograma das atividades, da distribuição dos pontos
dentro do primeiro trimestre e iniciamos a montagem dos grupos (Figura 11).
88
Foi informado aos alunos que eles deveriam formar grupos de 4 a 6 integrantes,
podendo inclusive mesclar alunos dos dois sétimos anos. Esta etapa, porém, foi muito
complexa, uma vez que, por se tratar de uma atividade a distância feita com alunos
menores de idade, era preciso que eles formassem esses grupos e que conseguissem
realizar todo o trabalho também a distância, o que era algo completamente novo para
eles.
3º momento
No dia 29 de março, também via Google Meet, apresentamos aos alunos um resumo
das respostas dadas ao questionário inicial (Figura 12). Os resultados foram
apresentados por meio de gráficos e discutidos com os participantes, de modo que
eles pudessem comparar suas respostas com as dos demais colegas – sem que estes
89
fossem identificados - e com isso, rever alguns conceitos incorretos e aprender novas
questões.
4º momento
O quarto momento foi dividido em duas etapas: a primeira destinou-se à visita virtual
ao REVIS da Mata Paludosa e ao bate papo com a responsável pela educação
90
muito enriquecedor, já que possibilitou aos alunos conhecerem esse ecossistema tão
degradado, mas ao mesmo tempo tão importante para diversas espécies que se
desenvolvem ali.
5º momento
O quinto momento, ocorrido no dia 13 de abril foi destinado para orientar os alunos
quanto ao preenchimento da ficha de monitoramento da ABRP (Figura 16). Apesar
deste documento ser bastante autoexplicativo, os alunos apresentaram muita
dificuldade no seu entendimento, tanto ao longo deste momento de explicação quanto
após, durante o preenchimento de fato. Ao longo desse período, a nossa comunicação
foi mantida via WhatsApp para esclarecimento dessas dúvidas na medida do possível,
uma vez que, por se tratar de uma metodologia ativa em que o professor atua como
tutor, não cabiam explicações muito detalhadas acerca desta etapa, cabendo aos
alunos o entendimento e o preenchimento de maneira mais autônoma possível.
92
6º momento
7º momento
Para o sétimo momento, foram reservadas duas aulas no dia 20 de abril para
apresentação das questões problema elaboradas pelos grupos (Figura 17) e para o
debate conceitual mediado pela professora-pesquisadora (Figura 18).
93
Como estas já eram etapas finais, em que os alunos já tinham maior entendimento do
que deveria ser feito, poucos recorreram à professora-pesquisadora para
esclarecimento de dúvidas. Porém, todos os grupos vieram até mim para mostrar o
desenvolvimento parcial e final do produto, como forma de obter um aval antes da
apresentação final. Todos foram analisados, mas a minha interferência foi mínima,
uma vez que um dos maiores objetivos da ABRP é potencializar a autonomia dos
estudantes.
11º momento
No dia 12 de maio os grupos apresentaram aos demais alunos da turma, via Google
Meet, as propostas de solução às questões problema que foram levantadas
inicialmente. Neste momento, um integrante de cada grupo apresentou essas
soluções, explicando também como chegaram à cada uma delas. Ou seja, foi o
momento de finalizar a apresentação da ficha de monitoramento da ABR.
Foi uma etapa muito enriquecedora, uma vez que várias questões se repetiam em
diferentes grupos e, muitas vezes, diferentes resoluções foram apresentadas.
Pudemos então discutir as diferentes soluções encontradas para os mesmos
problemas.
12º momento
Este foi, enfim, o momento de finalização da ABRP, ou seja, a aplicação dos
conhecimentos, quando os grupos apresentaram os seus produtos finais. Para tanto,
foram designadas duas aulas no dia 14 de maio.
Como a proposta para o produto final foi uma obra de arte, os alunos ficaram livres
para se expressarem, e por isso, tivemos como resultado fábula, música, desenho,
poesia, vídeos e textos (Figura 21). Novamente, foi um momento riquíssimo, em que
os alunos puderam se expressar e apresentar a culminância desse projeto em que a
96
13º momento
O 13º e último momento desta intervenção didática foi o período de avaliação, tanto
da metodologia da ABRP (APÊNDICE H) quanto da participação individual
(APÊNDICE I) e a auto e heteroavaliações (APÊNDICE J), e também de
preenchimento do questionário final (APÊNDICE K). Para isto foi destinada a semana
de 14 a 17 de maio e os alunos utilizaram o Google Formulários. Todos estes
formulários continham questões objetivas e questões abertas, permitindo maior
liberdade nas respostas e mais ferramentas para análise. Após o término destas
avaliações foi feita uma última reunião via Google Meet para discutirmos todo o trajeto
percorrido e fazermos o fechamento da ABRP.
Após a entrega das avaliações, foi feita uma última reunião via Google Meet, no dia
17 de maio, onde a professora-pesquisadora fez o fechamento das tarefas, uma breve
discussão acerca das respostas dadas e um momento de agradecimento pela
participação de cada um dos alunos, que mesmo com algumas dificuldades,
especialmente devido à distância, se dedicaram com bastante empenho e atenção à
todas as tarefas propostas.
98
Vale ressaltar também, que muitos alunos responderam ao questionário inicial, mas
desistiram de participar da intervenção ao longo do percurso – assim como alguns
ingressaram depois, como já informado –, e 7 alunos responderam ao questionário
duas vezes, por isso a discrepância no número de respostas total e de participantes
ao final da pesquisa. Portanto, para manter a fidedignidade desta pesquisa, optou-se
nesta seção de análise de dados por utilizar apenas as respostas daqueles alunos
que permaneceram na intervenção didática até o final da mesma, ou seja, 23 alunos.
Na sequência, foram feitas perguntas sobre os hábitos de estudos dos alunos e sobre
as mudanças que estes sofreram com a pandemia do Covid-19 e a suspensão das
aulas. Quando questionados sobre a rotina diária de estudos, a maioria afirmou ter
esse hábito (Gráfico 4), mas que houveram muitas mudanças com as alterações
decorrentes da pandemia (Gráfico 5). A resposta positiva de mais de 70% dos alunos
à uma pergunta do questionário final, nos permite concluir que o desenvolvimento
102
deste trabalho contribuiu para essas mudanças (Gráfico 6), estimulando o trabalho de
pesquisa individual e autônoma, com pregam os princípios da ABRP.
5; 28%
13; 72%
Sim Não
Quando solicitados para explicar quais mudanças ocorreram nas suas rotinas com a
pandemia, quase todos os alunos registraram queixas e insatisfação quanto à
suspensão das aulas. Dois alunos alegaram que a rotina está “normal” ou “bem”,
enquanto os demais expressaram suas dificuldades, conforme apresentado nos
relatos de alguns deles.
Estudante G: Bom está sendo um pouco puxado este novo formato de ensino
a distância não é nada fácil mas estou me adaptando.
Estudante C: Por que agente pode ver uma ideia de um, ideia do outro, todo
mundo faz uma coisa difirente no trabalho e todos ficção com um pouco de
coisa para fazer.
Estudante P: Eu nao gosto por que prefiro fazer os trabalhos sozinha por que
termino mais rapido do em grupo.
Estudante H: Difícil, diferente. Não muito. Acho melhor que fosse presencial.
Estudante I: Eu gostei muito! Mas como disse foi sofrido (pesado) o que teria
que ser leve, mas isso devido a minoria dos integrantes. [...] Eu ficava dias e
horas falando, avisando vamos fazer o projeto, vamos nos reunir mas
infelizmente nem todos respondiam e quando participava não contribuía [...]
acho que presencialmente seria mais fácil porque por exemplo a professora
cobraria mais e presencialmente e estaria vendo o que estava acontecendo.
Porque no virtual ela não conseguiria acompanhar a todos a todo momento
então por mais que ela aconselhou, pediu a todo tempo através das aulas no
meet [...], mas infelizmente teve alunos que não foram fieis e por exemplo me
sobrecarregou e a outro colega também.
A análise dos relatos dos alunos nos permite inferir que, de fato, a maioria gosta de
fazer esse tipo de trabalho, pois é mais divertido, é uma oportunidade para interagir
com os colegas de classe, dividir as tarefas, discutir as ideias e agilizar os trabalhos,
além do fato de que, segundo os próprios alunos, um pode ajudar a sanar as dúvidas
e dificuldades do outro. Alguns relatam, porém que não gostam desse tipo de trabalho,
uma vez que causam muita confusão e ainda, acreditam que quando trabalham
sozinhos os resultados são mais rápidos. Todavia, independente gostarem ou não
dessa modalidade de atividade, a maioria foi unânime em alegar que a distância
contribuiu negativamente para o desenvolvimento das atividades. Afirmaram que foi
diferente, estranho, difícil, que teria sido melhor se fosse feito dentro de sala de aula,
mas que com dedicação e esforço coletivo conseguiram cumprir o que foi proposto. O
estudante I, alega, por exemplo, que, presencialmente seria mais fácil também pois a
106
Por fim, solicitamos que os alunos expressassem sua opinião se este trabalho foi
prejudicado por ter sido desenvolvido totalmente à distância, de maneira virtual.
Acerca da realização do trabalho de maneira remota verificamos algumas opiniões
finais dos alunos:
Estudante B: Foi até que bom porquê do jeito que alguns grupos estavam se
brigando poderia ser pior pessoalmente.
Estudante H: [...] foi uma experiência nova que deu um resultado bom e deu
certo.
Estudante S: Pq na escola e muito mais fácil tem muitas pessoas pra tirar
dúvidas a professora estar por perto e mais fácil.
A análise desses relatos nos permite afirmar que, apesar de alguns alunos terem
dificuldades com o acesso e a utilização das ferramentas tecnológicas, estas foram
essenciais para a realização deste trabalho de maneira remota. Mais uma vez foram
levantadas questões relativas às dificuldades de se trabalhar em grupo, como aponta
o relato do estudante B, e, de modo geral, apesar de acreditarem que o resultado final
tenha sido bom, a maioria dos alunos preferiria que esta intervenção tivesse sido feita
presencialmente.
2020), mas não podem ser a única solução, uma vez que tendem a exacerbar as
desigualdades já existentes, já que nem todos tem acesso à essas tecnologias (DIAS;
PINTO, 2020). Apesar das dificuldades encontradas no ensino remoto, a
compreensão do método científico e o desenvolvimento de competências crítico-
investigativas, podem repercutir positivamente na postura de enfrentamento e
adolescentes frente à pandemia (SILVA et al., 2020), como por exemplo, proporcionar
uma maior compreensão das notícias divulgadas na mídia e o combate às fake news.
E estas características são sabidamente proporcionadas pela metodologia da ABRP.
Grossi, Minoda e Fonseca (2020) afirmam que, como consequência da pandemia, a
forma de os alunos e professores se relacionarem mudou. A distância física trouxe
muitas dificuldades no desenvolvimento de práticas pedagógicas. Destacamos que os
sujeitos desta pesquisa – alunos do 7º ano do Ensino Fundamental II – já estão em
seu segundo ano de ensino remoto. Consequentemente, é como se estes estudantes
migrassem do Ensino Fundamental I, onde a relação com o professor é muito mais
próxima, de maior dependência, para uma situação em que eles precisam colocar em
prática uma autonomia, maturidade e independência as quais eles ainda não estão
habituados.
Mesmo com diversos pedidos e cobranças pelos grupos no WhatsApp, apenas 18 dos
23 alunos que participaram da intervenção responderam ao questionário final,
avaliação da ABRP e autoavaliação. Foram os mesmos cinco alunos que deixaram
de responder a estes formulários, ao serem questionados do motivo, alegaram que
esqueceram ou não tiveram tempo, uma vez que o prazo para resposta se encerrou
juntamente com o primeiro trimestre, o que fez com que alguns alunos precisassem
se dedicar também às provas de recuperação trimestral. Esta defasagem, porém, não
interferirá na análise e discussão dos dados, uma vez que tivemos a devolução da
maioria das respostas.
Para análise das questões problema formuladas pelos alunos a partir do cenário
problemático e registradas nas fichas de monitoramento de cada grupo, utilizamos
como parâmetro a classificação de Dahlgren e Öberg (2001). O Quadro 7 traz a
proposta de classificação das questões, de acordo com as autoras, considerando sua
estrutura e o conteúdo.
(conclusão)
Exemplos de
Tipo de questão Características
formulações típicas
1 Porque o parque que abriga o projeto Caiman não tem mais Compreensão
animais igual, quando ele era ainda o "Parque da Fazendinha"?
Por que da existência da placa que diz sobre a existência do
1 "Jacarés do papo amarelo da Mata atlântica" se eles não foram Compreensão
vistos mais por lá?
1 Como são tratados os animais de lá? Eles estão sendo tratados Procura de solução
bem?
1 Como é a mata paludosa? Procura de solução
(conclusão)
Grupo Questão-problema Classificação
3 Porque tantos animais que tinham não tem mais lá só tem Compreensão
alguns?
3 Por que o nome do Parque está diferente de local pra local? Compreensão
3 O que são unidades de conservação? Enciclopédica
3 O que é socioambiental? Enciclopédica
3 O que é ações antrópicas? Enciclopédica
3 O que chamou a atenção dela (Joana)? Enciclopédica
4 O que é biodiversidade? Enciclopédica
4 O que é antrópica? Enciclopédica
Por que um parque se chama parque Municipal da Fazendinha
4 Roberto Anselmo Kautsky e o outro se chama parque Municipal Compreensão
da Fazendinha?
4 O que é um ecossistema crítico? Enciclopédica
4 Porque o desmatamento da mata atlântica? Compreensão
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
De procura de soluções 3
De avaliação 0
Relacionais 2
De compreensão 10
Enciclopédicas 9
0 2 4 6 8 10 12
Fonte: Elaborado pela autora (2021)
111
9; 38%
15; 62%
Superior Inferior
Palma e Leite (2006) afirmam ser importante dar aos alunos oportunidades de
formular questões que possam ser consideradas problemas a trabalhar em uma
perspectiva da ABRP, não só pelas consequências que elas têm sobre a
aprendizagem de assuntos escolares, mas também pela importância que uma atitude
de questionamento tem na vida cotidiana, tanto pessoal quanto profissional. E no
contexto dessa metodologia, as questões que de fato importam são aquelas
susceptíveis de originar a investigação, devendo pelo menos exigir compreensão, e
não apenas respostas diretas e objetivas (PALMA; LEITE, 2006), como é o caso das
questões enciclopédicas.
A análise dos gráficos acima nos mostra que 62% das questões elaboradas são de
nível cognitivo superior, o que é importante no desenvolvimento da metodologia da
ABRP, uma vez que essas contribuem para a promoção da argumentação e da
problematização das questões levantadas no cenário.
112
Estudante G: As vezes eu tinha dificuldade para entra no docs mas é por que
eu não tava acostumado com isso.
Estudante J: Inicialmente, eu tive dúvidas porque era um tema novo pra mim.
Mas apartir da primeira reunião no meet onde a professora Amanda explicou
o que era ABRP, sobre essa sigla que envolve totalmente o aprendizado eu
comecei a entender bem.
Estudante K: Nao entendi muito, pois e muito diferente as aulas online para
as presenciais e isso dificulta muito em questao de entender e aprender.
Estudante I – Acho que consegui entender bastante coisa, mas acho que
não conseguir entender exatamente tudo.
A análise dessas questões nos permite concluir que de fato a ABRP contribuiu para o
processo de aprendizagem dos alunos, uma vez que estes relatam estar mais aptos
a explicar a outras pessoas os conceitos aprendidos ao longo desta intervenção, ou
seja, percebemos que os alunos conseguem aplicar os saberes. Claro que, por se
tratar de uma metodologia inédita para eles, e também ao fato de ter sido desenvolvida
totalmente de maneira virtual, muitos ainda apresentam algumas dificuldades, mas
estas são pontuais e ao final percebemos a sua contribuição e relevância.
O Gráfico 15 traz a avaliação geral da metodologia por parte dos alunos e a seguir
apresentamos alguns relatos dos alunos para esta questão, e ainda os pontos
positivos e negativos da ABRP apontados pelos alunos.
116
6; 33%
10; 56%
Estudante E: Todo mundo fez suas respostas direitinho e ficou muito bom.
E os pontos negativos:
10; 56%
5; 28%
Foi questionado também o grau de dificuldade que os alunos tiveram para preencher
a ficha de monitoramento da ABRP, ferramenta essencial que subsidia todo o
desenvolvimento dessa metodologia. O Gráfico 17 apresenta os resultados desse
questionamento.
119
2; 11%
11; 61%
1; 5%
Estudante B: Tive MUITA dificuldade sou uma pessoa bem difícil pra pensar
nas coisas e o tempo era curto então isso pesou um pouco.
A análise dos dados apresentados acima nos permite concluir que os estudantes
tiveram relativa facilidade em preencher a ficha de monitoramento, especialmente
porque destinamos um dia do planejamento da ABRP para explicarmos e orientarmos
em como preenchê-la. Além disso, a professora-pesquisadora se colocou sempre à
disposição via WhatsApp para esclarecer possíveis dúvidas que surgissem ao longo
desse processo. Alguns alunos relataram, porém, que apresentaram, novamente,
120
Por outro lado, o fato de o trabalho ter sido feito à distância, trouxe benefícios que
antes seria quase que impossíveis, como a participação tão próxima dos familiares,
como relatam os estudantes J e Q. Portanto, apesar dos prejuízos que a pandemia
inevitavelmente trouxe ao andamento desse trabalho, concluímos também que essa
nova modalidade de estudo acabou por trazer vantagens que antes não seriam sequer
consideradas.
Estudante B: nossa ñ sei nem oque dizer me ajudou muito a fazer o produto
final. E a visita contribuiu pois fazia bastante tempo q eu não frequentava a
fazendinha.
Estudante E: Foi otimo para o trabalho e ajudou em coisas que eu não sabia.
Estudante G: Se fosse presencial seria melhor mas para online tava muito
bom.
A partir dessas análises podemos concluir que o material ofertado aos alunos
contribuiu bastante para o processo investigativo da ABRP, assim como a visita virtual,
uma vez que, devido à pandemia do Covid 19 o REVIS estava fechado para visitação
e muitos alunos não frequentavam o espaço há algum tempo. Certamente os alunos
prefeririam que a visita fosse presencial, como observado no relato do estudante G,
mas diante das condições, a visita virtual conseguiu suprir essa necessidade.
6; 33%
Estudante G: Por que cada um tem uma opinião diferente sobre o grupo.
Estudante J: Considero importante, mas fico sem jeito porque mesmo que
tivemos integrantes que não participaram de tudo e foram ausentes em várias
partes do projeto eu não gosto de julgar, mesmo sabendo que no meu caso
por exemplo eu me doei demais, em tudo por horas e dias me dediquei 100%
[...] enquanto outras pessoas não.
Gohn (2009), afirma que na educação não formal os espaços educativos vão muito
além dos muros da escola; são territórios que acompanham as trajetórias de vida dos
estudantes, locais onde há processos interativos e intencionais, coletivamente
construídos. Nessa perspectiva, o trabalho desenvolvido buscou articular a educação
formal com a educação não formal presente no contexto do REVIS da Mata Paludosa,
um espaço fora da escola, que está presente na vida cotidiana dos estudantes, seja
como atalho para chegar à escola, seja como espaço de lazer.
1Optamos por manter os erros ortográficos dos alunos durante o preenchimento dos formulários, para
que a autenticidade de suas colocações permanecesse.
125
(continua)
Indicadores da
Evidências de sua ocorrência
Educação Não Formal
(conclusão)
Indicadores da
Evidências de sua ocorrência
Educação Não Formal
No questionário inicial, quando perguntados sobre o que acham das aulas de Ciências
realizadas fora do espaço escolar, todos os alunos responderam de maneira positiva,
que gostam da experiência e que acreditam que ela contribui para o processo de
aprendizagem. A exceção foram três alunos que não emitiram opinião pois afirmaram
nunca ter participado dessa modalidade de aula, o que se justifica pela pandemia do
Covid-19, uma vez que desde as aulas presenciais foram comprometidas desde o ano
letivo de 2020, quando esses estudantes, então no sexto ano, começaram a ter aulas
127
Estudante H: Acho muito legal por que podemos ter a experiencia de tudo
que nos aprendemos.
Estudante N: Acho bom pois isso facilita na hora de aprender mais sobre o
assunto.”
Estudante E: Foi bem difícil fazer a distância mais no final deu tudo certo.
128
Estudante G: Se fosse presencial seria melhor mas para online tava muito
bom.
Os relatos dos alunos destacadas acima demonstram que a visita virtual foi útil,
especialmente para aqueles que não visitavam o local há algum tempo, mas que,
ainda assim, teria sido muito mais proveitosa e relevante caso houvessem condições
para que ela fosse feita presencialmente. Apesar disso, os alunos concordam que,
dadas as circunstâncias, a aula de campo virtual cumpriu seu papel.
Enfatizamos aqui que o objetivo dessa aula de campo virtual foi, além de permitir um
novo olhar sobre o espaço do REVIS por alunos que já a conheciam, criar também,
como afirma Piva (2021), uma conexão entre a cidade e os alunos que não
vivenciaram plenamente seus ambientes, uma vez que esta prática pode transformar
a imagem e a memória que os sujeitos tem desses locais. Nesse sentido, o tecnológico
tornou-se elemento vital para a construção da aprendizagem, tendo que permear os
laços da cognição e do relacionamento entre professor e aluno (OLIVEIRA et al.,
2021), e, idealmente, extrapolando para o ambiente familiar. Entretanto, essa
mudança de paradigmas, do ambiente presencial, real, para o virtual, não foi fácil. Os
professores tiveram um curto espaço de tempo para realizar tais transformações,
alinhando suas práticas pedagógicas-metodológicas já bem estabelecidas e
determinadas para atender às novas demandas impostas pelo isolamento social
(OLIVEIRA et al., 2021).
O ambiente virtual de aulas tornou-se uma extensão de sua casa, o que faz
desta uma importante ferramenta educacional, pois promove aprendizagem
a todos: a quem ensina, o professor, a quem é o protagonista do aprendizado,
o aluno, e à família, antes mera espectadora, que se tornou parte ativa no
desenvolvimento da aprendizagem (OLIVEIRA et al., 2021, p. 18725).
Concluímos então, que a partir das colocações e produções dos alunos ao longo
dessa intervenção didática os indicadores da Educação Não Formal propostos por
Gohn (2009) foram alcançados em diversos momentos, demonstrando que, apesar
de uma modalidade não substituir a outra – educação não formal e formal,
respectivamente – elas se complementam e são de extrema importância para a
formação integral do estudante e, consequentemente, do cidadão crítico inserido no
129
O Gráfico 21 traz a impressão dos alunos quando pedimos para que eles apontassem,
no questionário inicial, questões sociocientíficas que eles consideram importantes. Já
o Gráfico 22 traz a mesma resposta, porém no questionário final.
No relato do estudante A, por exemplo, percebemos que incialmente ele só via como
problema socioambiental a violência doméstica, e que esta seria resolvida caso as os
envolvidos aceitassem bem o término das relações. No questionário final, além dessa
questão de violência, o estudante reflete também sobre outras questões ambientais,
132
como poluição, e sociais, como desemprego. O estudante B por sua vez, inicialmente
demonstra entender que os problemas socioambientais seriam solucionados apenas
com mudanças políticas, ou seja, que sua resolução é coletiva, governamental, e não
individual. No momento final, porém, já atribui responsabilidades às empresas e aos
cidadãos, assim como aos governantes. O estudante E, no questionário inicial,
assume que os problemas socioambientais são causados por falta de empatia e que
a reciclagem poderia solucionar boa parte deles, enquanto que na sua segunda
resposta aponta a conscientização dos cidadãos como ferramenta para solucionar
esses problemas. E o estudante K, é bastante suscinto no primeiro momento,
respondendo de maneira simples e direta que a solução é a preservação do meio
ambiente, ao passo que no questionário final reflete também sobre a conscientização
e sobre a responsabilização dos diferentes segmentos da sociedade acerca das
questões socioambientais.
Após essa análise, acreditamos que a atividade investigativa alicerçada pela ABRP
com um enfoque CTSA, possibilitou aos alunos analisarem as questões presentes no
seu dia a dia de maneira mais complexa, crítica e consciente, o que, certamente, é
um indício de que o processo de AC está em andamento.
Quanto à busca pelos indicadores da AC optamos por analisar colocações dos alunos
presentes na ficha de monitoramento e no produto final, em que esses parâmetros
foram identificados. O Quadro 10 traz esses apontamentos.
133
(continua)
Grupo de
Indicadores da AC Evidências
indicadores
(conclusão)
Grupo de
Indicadores da AC Evidências
indicadores
Por fim, o último grupo de indicadores, que está ligado à busca pelo entendimento da
situação analisada, é encontrado quando os estudantes fazem suposições, na forma
de afirmações ou perguntas, sobre o tema debatido – levantamento de hipóteses –;
na sequência, quando testam, verificam essas suposições – teste de hipóteses –;
quando buscam confirmar, dar maior segurança e veracidade às suposições feitas –
justificativa –; quando estabelecem uma sequência, ou sucessão dos fenômenos
estudados – previsão –; e, por fim, quando conseguem relacionar as hipóteses às
informações obtidas após a investigação – explicação.
É importante mencionar alguns fatos que podem ter, de alguma forma, influenciado
nas proposições dos alunos apontadas como evidências da AC: o fato de os materiais
terem sido produzidos de maneira virtual, sem a presença física da professora-
pesquisadora para as devidas orientações e acompanhamento, e dos demais colegas
de grupo, para trocas mais ricas e produtivas; a inexperiência dos estudantes com a
137
A segunda instância foi de avaliação a priori pela banca de qualificação, que trouxe
orientações de adequação da metodologia para a nova realidade de ensino remoto
devido a situação sanitária da pandemia. Entre essas adequações está a realização
da aula de campo virtual, e as palestras com as representantes do Projeto Caiman e
do REVIS da Mata Paludosa, uma vez que o isolamento social e suspensão das aulas
presenciais impediria a realização desses momentos. Além disso, foi sugerido
também a utilização de ferramentas digitais, como Google Formulários, Google Docs,
Google Meet e WhatsApp para realização dessa intervenção didática.
Figura 23 – Indicadores dos eixos propostos por Kaplún presentes no guia didático
Figura 24 – Capa do guia didático "Parque Fazendinha: por que tantas mudanças?:
Um guia didático para a implementação da Aprendizagem Baseada na Resolução de
Problemas no Ensino Fundamental II"
Percebemos ao longo dessa pesquisa que o REVIS da Mata Paludosa tem grande
potencial como espaço para promoção da educação não formal, contribuindo para o
desenvolvimento de práticas pedagógicas que promovam uma formação integral dos
indivíduos em parceria com as práticas escolares formais. Problematizar questões
sociocientíficas locais, em um ambiente próximo à escola e à residência dos
estudantes, que a maioria dos estudantes tinha acesso, mas agora com um olhar
científico, educativo e crítico, contribuiu significativamente, conforme os resultados
dessa pesquisa demonstram, para potencializar sua alfabetização científica.
Todo o planejamento aqui apresentado passou pelo processo de validação por pares,
passo esse fundamental para o aprimoramento dessa intervenção, corrigindo falhas e
preenchendo lacunas, de maneira que, o material que chegou aos estudantes
estivesse o mais próximo possível da sua realidade e do contexto escolar em que foi
aplicado. Diante disso, a etapa da validação foi fundamental para refinar essa
144
pesquisa, por meio de análises por outras perspectivas, contribuindo para o sucesso
dessa e permitindo também adaptações e sugestões para que a mesmo seja realizada
com outros públicos e em outros contextos.
Ressaltamos aqui, todavia, que, por ter sido realizada em um contexto de pandemia
mundial do Covid-19, com aulas presenciais suspensas, foi necessária a readequação
de todo o planejamento inicial para o formato virtual. Apresentam-se como
dificuldades dessa pesquisa, portanto, alguns percalços na comunicação entre a
professora tutora e os alunos, uma vez que esse foi feito exclusivamente por
aplicativos de mensagem. Soma-se a isso o fato de não ter sido possível a realização
das aulas de campo no REVIS da Mata Paludosa, que apesar de ter sido substituída
pela visita virtual, ainda deixou um pouco a desejar no ponto de vista dos sujeitos
envolvidos na pesquisa. Essas dificuldades podem ter sido potencializadas pela pouca
familiaridade, tanto da professora-pesquisadora quanto dos alunos em relação à
metodologia da ABRP. Fato esse que tornou o trabalho mais desafiador, mas não
menos produtivo e relevante.
145
Almejamos com esse trabalho, com o produto educacional desenvolvido, assim como
disse Paulo Freire (2001) ajudar na construção de uma escola pública que seja um
espaço de criatividade, de questionamentos, e que, além de ensinarmos conteúdos,
possamos também ensinar a pensar de forma crítica as questões socioambientais que
avassalam o mundo em que vivemos.
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APÊNDICE E – CENÁRIO
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Fonte: http://plataformabrasil.saude.gov.br/login.jsf