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Salvador
2020
ABEL DE OLIVEIRA CARNEIRO
Salvador
2020
ABEL DE OLIVEIRA CARNEIRO
Banca Examinadora
___________________________________
Teodora Pinheiro Figueroa – Coorientadora
Doutora em Engenharia Mecânica pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Saddo Ag Almouloud
Doutor em Mathématiques Et Applications pela Université de Rennes I, RENNES 1, França.
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
AGRADECIMENTOS
Gonzaguinha
RESUMO
We present in this dissertation an interdisciplinary proposal with the objective of studying the
interdisciplinary praxeological integration involving mathematics, chemistry and physics,
carried out in the 1st year of High School for the teaching and learning of the Line Function.
To this end, we propose the creation of a space that provides an environment where this
practice can be touched upon. The study of this theme has an ecology planned for the 9th
grade of Elementary II and also works as a tool for other ecologies in other institutions. This
work is inserted in the field of Mathematics Didactics and uses the contributions from the
Anthropological Theory of Didactics allied to the theoretical and practical approaches of
Interdisciplinarity. We used the notions of personal and institutional relations and praxeology,
based on the PEP methodology proposed by Chevallard, as well as the dialectics of ostensive
and non-ostensive, which served as an important tool for the analysis of the official documents
and the mathematical activities proposed in the textbooks, as well as the teachers' praxeologies
and the students' production. In a qualitative research line, supported by the methodology of
PEP, we based this work on the proposals of authors who deal with the theme of
interdisciplinarity, which served as a foundation to meet the interests of reflection on the
interdisciplinary action. To analyze the effects of this work, we present the proposal of a Study
and Research Path (PEP) inserted in the context of an experimental practice: the burning of
steel wool, from which the Praxeological Model of Interdisciplinary Reference (MPRI) was
developed. This proposal was built together with a group of teachers and validated by another
group of Math, Chemistry and Physics teachers from the 1st year of high school in two
respective public schools in the city of Salvador (BA). As a procedure for data production,
classroom observations and questionnaire application were used. The data analysis was
developed based on Van Dijk's studies. The answers to a questionnaire by the group of
teachers who validated the proposal proved that the MPRI, from the PEP device, is valid with
respect to the endo-exo praxeologies presented, which involve the articulation of some
mathematical, chemical and physical knowledge about the Affine Function. But, from the
point of view of the possibility of applying this proposal in the classroom, some teachers
presented conditions and restrictions, which will be reported in the text. With this
investigation we identified the existence of incompleteness of the institutional activities in the
educational system, which justified the search for a model to serve as a reference as answers
to the difficulties found in the analyzed institutions. This finding admitted the need to adopt
an Epistemological Reference Model. The analysis of the material obtained in the discourse
of the teachers participating in this research as well as their praxeological equipment revealed
the possible changes and praxeological recombinations that we propose in the
Interdisciplinary Praxeological Reference Model which could provide in the practice of
Mathematics, Chemistry and Physics teachers. The results of this research showed that our
hypothesis was confirmed, through the ecological analyses, the classroom observations, where
teachers were able to expose their practices, as well as the analyses we performed on the
discourse of 12 teachers who elaborated and presented their praxeological equipment for
teaching Affine Function in the 1st year of High School. In the conclusions we present the
outcomes and the whole process of the methodology of the Study and Research Path employed
in this dissertation.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 23
5.1.1 Análise das relações institucionais na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ... 128
5.1.2 Análise das relações institucionais nas Orientações Curriculares para o Ensino Médio
no Estado da Bahia ............................................................................................................... 131
5.1.2.1 Análise da Proposta Curricular do Estado da Bahia para a área de Matemática ..... 133
5.1.2.2 Análise da Proposta Curricular do Estado da Bahia para a área de Ciências da Natureza
(Química e Física). ............................................................................................................... 137
5.1.4 Relação pessoal dos Professores com o objeto do saber ............................................. 200
5.1.4.1 Análise praxeológica das atividades desenvolvidas pelos professores .................... 201
6.1.5 O modelo matemático em contexto concreto para a prática experimental ................. 240
6.1.7 Relações pessoais dos professores e a perspectiva da nossa proposta ..................... 255
INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO
As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o Ensino Médio têm passado por
uma série de renovações e mudanças (BRASIL, 2013) em virtude das novas exigências
educacionais decorrentes da aceleração da produção de conhecimentos, da ampliação do
acessso às informações, dentre outras. Para tanto, as DCN recomendam retomar a discussão
sobre as formas de organização dos saberes destacando sobretudo, a interdisciplinaridade e a
contextualização como eixos estruturadores dos curriculos.
Segundo as DCN (BRASIL, 2013) para ser interdisciplinar, o currículo deve realizar
o entrecruzamento de saberes disciplinares e, para ser contextualizado, ele deve desenvolver
projetos pautados na realidade dos estudantes e, portanto, propulsionem uma aprendizagem
de fato significativa (Brasil, 2013). Nesse sentido, as DCN (BRASIL, 2013) ressaltam que o
planejamento curricular passa a ser compreendido como aspecto fundamental para selecionar
os saberes a serem trabalhados nas instituições de ensino, norteados pela busca de
significados. Segundo as DCN (BRASIL, 2013) organizar do currículo implica romper com
falsas polarizações, oposições e fronteiras consolidadas ao longo do tempo. Para isso, as DCN
(BRASIL, 2013) sugerem estratégias e metodologias que exigem uma articulação e um
diálogo entre os conhecimentos, rompendo com a forma fragmentada como historicamente
tem sido organizado o currículo do Ensino Médio.
Nessa mesma direção, os marcos legais (BRASIL, 2002) para oferta do ensino médio,
consubstanciados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (nº. 9394/96), orientam
que a organização curricular deve privilegiar os seguintes componentes: uma base nacional
comum e, a integração e articulação dos conhecimentos em processo permanente de
interdisciplinaridade e contextualização. No mesmo sentido dispõe a Base Nacional Comum
Curricular (BRASIL, 2018).
Desde as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) (BRASIL,
1998), a contextualização é considerada um princípio de organização curricular central
permanecendo, inclusive, na atual proposta de Base Nacional Comum Curricular (BRASIL,
2018), que traz como recomendação “contextualizar os conteúdos dos componentes
curriculares, identificando estratégias para apresentá-los, representá-los, exemplificá-los,
conectá-los e torná-los significativos” (p. 16). De forma coerente “as linhas de frente da
24
1
O PISA O Programme for International Student Assessment (Pisa) – Programa Internacional de Avaliação de Estudantes
– é uma iniciativa de avaliação comparada, aplicada de forma amostral a estudantes matriculados a partir do 8º ano do Ensino
Fundamental na faixa etária dos 15 anos, idade em que se pressupõe o término da escolaridade básica obrigatória na maioria
dos países.
Fonte:http://download.inep.gov.br/acoes_internacionais/pisa/resultados/2015/pisa2015_completo_final_baixa.pdf. Acesso
em: 26 nov. 2019.
25
Fonte: Inep/MEC
2
O SAEB (Aneb /Anresc), Sistema de Avaliação da Educação Básica – Saeb, instituído em 1990, é composto
por um conjunto de avaliações externas em larga escala, aplicada a estudantes do 5º e 9º ano do Ensino
Fundamental e estudantes do 3º ano do Ensino Médio e tem como principal objetivo realizar um diagnóstico da
educação básica brasileira e de alguns fatores que possam interferir no desempenho do estudante, fornecendo
um indicativo sobre a qualidade do ensino ofertado. Fonte: http://portal.inep.gov.br/web/guest/educacao-
basica/saeb/resultados.acesso.Acesso em: 26 nov. 2019.
3
IDEB é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e
estabelecer metas para a melhoria do ensino. Fonte:
http://ideb.inep.gov.br/resultado/resultado/resultadoBrasil.seam?cid=774901. Acesso em: 19 out. 2019
26
melhoria da qualidade da educação no Brasil. Além disso, esses resultados nos provocaram
uma inquietação, instigando sairmos da zona de conforto para buscarmos estratégias a fim de
minimizar as lacunas nas relações dos sujeitos das instituições com esse saber.
Diante das questões elencadas, escolhemos Função Afim como objeto de estudo desta
investigação, devido a sua relevância social e por constituir meios de compreender a realidade
e encontrar métodos que possibilitassem estudar e descrever os fenômenos naturais e sociais
(CARAÇA, 1989). O estudo deste objeto possui ecologia prevista para o 9º ano do Ensino
Fundamental II e funciona também como ferramenta para outras ecologias em outras
instituições. Além disso, é possível interferir nas praxeologias de maneira que propomos uma
integração de elementos não característicos do logos no bloco da praxeologia matemática nas
conexões entre as disciplinas Matemática, Química e Física, conforme propõe a BNCC
(2018).
Enquanto professor de Matemática da Educação Básica da Rede Pública de Ensino do
Estado da Bahia, há dezessete anos, e membro de um grupo que se dedica integrar e articular
pesquisas no campo da Educação Matemática observo que o ensino de Matemática, em
especial de Função, demanda uma atenção redobrada, sobretudo em razão da sua introdução
nos anos iniciais do Ensino Fundamental, onde a BNCC dá ênfase ao pensamento algébrico,
que permite compreender e representar relações de grandezas, equivalências, variação,
interdependência e proporcionalidade (BRASIL, 2018).
Nos anos iniciais, ao estudar proporcionalidade, os estudantes estudam, em verdade,
os conceitos iniciais de Função, que se desenvolverão ao longo do percurso escolar. Nesse
processo, as relações e inter-relações estão presentes em muitas situações reais as quais se
aplica a Matemática. Segundo a BNCC “as relações estão presentes em problemas que
envolvem a proporcionalidade entre duas ou mais grandezas, escalas, divisão em partes
proporcionais etc. que tratam da interdependência entre grandezas” (BRASIL, 2018, p.521).
De acordo a BNCC, “dessas relações, evolui-se para a noção de função, uma noção
integradora da Matemática” (BRASIL, 2018, p.521), por exemplo, os movimentos de figuras,
como as reflexões em retas, rotações e translações, podem ser expressos por funções, em
trabalhos no plano cartesiano. Outros exemplos são: distância, peso, velocidade média etc.
Essas grandezas também podem ser verificadas em razões, como é o caso da velocidade
média, que é uma grandeza resultante da razão entre a distância e tempo, os quais são também
outras duas grandezas.
Por meio da minha atuação como professor de Matemática em sala de aula, percebo
de forma empírica que os estudantes apresentam dificuldades nas tarefas que necessitam de
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memorização de técnicas que são apresentadas como modelo para a resolução das tarefas.
Salientamos que a proposta do PEP possibilitou a devolução da utilização de Função Afim
para o contexto interdisciplinar envolvendo as disciplinas Matemática, Química e Física.
Diante dos resultados desta pesquisa apresentamos a importância do Modelo
Praxeológico de Referência Interdisciplinar para o estudo de Função Afim envolvendo as
disciplinas Matemática, Química e Física. Para isso, criamos um espaço, aqui chamado
Laboratório de Práticas Interdisciplinares – LAPI, com base nos trabalhos de Celani (2015),
que define o laboratório como espaço favorecedor para a prática da interdisciplinaridade.
Esquematicamente, este trabalho está estruturado de acordo com o desenho
apresentado no Quadro 2, a seguir.
Quadro 2 - Desenho da pesquisa
CAPÍTULO II
da TAD garantiram um percurso metodológico consistente que serviu para nortear a nossa
proposta.
Para estudar a relação de Função com suas representações e o rigor do conceito
fundamental, buscamos as propostas dos autores BOYER (1996, 2012), CARAÇA (1989),
EVES (1997, 2004, 2011), IEZZI, (2004, 2010), dentre outros, que permitem analisar como a
construção do conceito Função está proposta nos livros didáticos. Com este estudo foi possível
constatar que os Livros Didáticos apresentam a construção do conceito de Função Afim
associado a exploração da relação entre grandezas por meio da resolução de problemas.
A partir desse estudo, foi possível adotarmos um Modelo Epistemológico de
Referência, conforme Figura 20.
Esta investigação está alicerçada nas propostas teóricas de autores (PHILIPPI Jr;
FERNANDES, 2015) que abordam a temática da interdisciplinaridade e que serviram de
fundamentação para atender aos interesses da reflexão sobre a ação interdisciplinar, “a queima
da palha de aço” para o estudo de Função Afim envolvendo as disciplinas Matemática,
Química e Física.
sido designado como saber a ensinar passa por um conjunto de transformações adaptativas
que irão modificar o objeto do saber em um objeto de ensino.
Nesse entendimento, o conceito de Transposição Didática se constitui um instrumento
que nos permite analisar a passagem do saber sábio (os saberes descobertos pelos cientistas)
em saber a ensinar (os saberes encontrados nos livros didáticos) e, consequentemente,
transformados em saber ensinado (os saberes transpostos em sala de aula). Desse modo,
Chevallard começou um movimento para repensar os mecanismos e interesses pelo processo
de ensino e aprendizagem.
Desse modo, a Teoria da Transposição Didática tornou-se indispensável para que
compreendêssemos os caminhos da transformação dos saberes científicos em saberes a
ensinar, e assim, modelarmos a situação experimental “a queima da queima da palha de aço”
para a transposição didática do processo de construção do conceito de Função Afim numa
perspectiva interdisciplinar envolvendo as disciplinas Matemática, Química e Física.
O segundo conceito, a instituição, “é um dispositivo social total que pode ter apenas
uma extensão muito reduzida no espaço social, mas que permite e impõe a seus sujeitos (...)
maneiras próprias de fazer e de pensar” (CHEVALLARD,1999, p.1). Para o autor, o
entendimento de instituição (I) pode ser um livro didático, uma sala de aula de matemática,
uma escola, etc.
No âmbito da TAD todo saber está associado a pelo menos uma instituição, na qual
será trabalhado, num domínio real Chevallard (1989, p. 32). O autor parte do princípio que
um saber não existe no vácuo, num vazio. Todo saber surge num dado momento, numa dada
sociedade, ancorado em uma ou mais instituições, por exemplo, o conteúdo Função Afim é
um saber relativamente estabelecido nas instituições: 1º ano do Ensino Médio, Orientações
Curriculares, livro didático de Matemática do 1º ano do Ensino Médio, entre outras. Para o
autor,
[...] toda instituição (I) está acompanhada de pelo menos um conjunto de objetos
(O), denominado de conjunto dos objetos institucionais (para I), que é o conjunto
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dos objetos O que I reconhece, quer dizer, para os quais existe uma relação
institucional RI (O)” (CHEVALLARD, 1992, p. 144).
Ao tratar do terceiro conceito, pessoa (X), Chevallard (2003, p. 1), trata-se da: “(...)
dupla formada por um indivíduo x e o sistema de suas relações pessoais R(x,o), em um
momento dado da história de x”. Chevallard (1999) diferencia a pessoa em duas dimensões:
o indivíduo e o sujeito. De acordo com o autor, o estágio mais primitivo seria o indivíduo
porque não se sujeita, nem muda com as relações cotidianas com os objetos e as instituições,
isto é, o indivíduo torna-se um sujeito, a partir do momento que se relaciona com uma
instituição I qualquer, em outras palavras, quando se sujeita a uma instituição I passa a agir
de acordo com as exigências e restrições dessa instituição. A esse respeito, o autor deixa bem
entendido que:
No curso do tempo, o sistema das relações pessoais de X evolui; objetos que não
existem para ele passam a existir; outros deixam de existir; para outros enfim a
relação pessoal de X muda. Nesta evolução, o invariante é o indivíduo; o que muda
é a pessoa (CHEVALLARD, 1999, p. 226).
4
Praxeologia ou organização praxeológica - é um termo utilizado por Chevallard (1999) para representar um
conjunto de técnicas, tecnologias e teorias organizadas em um tipo de tarefa para estudar as práticas institucionais
relativas a um objeto do saber.
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a partir dos dados de uma tabela. Desse modo, a realização dessa tarefa caracteriza uma
praxeologia regional porque tem como foco uma teoria e não necessita de várias tecnologias.
As praxeologias globais são aquelas formadas por uma agregação de várias teorias Θk
e são denotas por [Tijk, τijk, θijk, Θk]. Para exemplificar, aprensentamos uma tarefa no contexto
da nossa pesquisa. Queimar a palha de aço e verificar o que acontece ao construímos o gráfico
velocidade média da chama e o gráfico da massa de ferro X massa de òxido.
A realização dessa tarefa exige permite modelar as práticas institucionais
interdisciplinares considerando os saberes relativos ao estudo do objeto matemático Função
Afim com as disciplinas Matemática, Química e Física.
O Modelo Praxeológico misto foi proposto por Castela (2016) com a finalidade de
estudar as praxeologias da Engenharia, a partir de transposições de praxeologias da
Matemática para uma instituição não-matemática, a Engenharia, considerando um discurso
com tecnologias matemática e tecnologias empíricas e não-matemáticas
Considerando que, em Chevallard (1999) a Praxeologia é reconhecida como uma
unidade mínima de análise, Castela (2008), acrescentou à unidade básica [T, , θ, Θ] dois
componentes tecnológicos: teórico, designado por θth e prático ou empírico, designado θp.
Em relação à tecnologia de uma técnica, a autora define como sendo o conhecimento orientado
para a produção de uma prática efetiva, cuja função é justiçar e legitimar a técnica, bem como
equipar e facilitar a sua implementação. Os elementos de conhecimento de determinadas
teorias relevantes estão incluídos dentro do conhecimento tecnológico que, de acordo com as
áreas de pesquisa, são qualificados como operacional, pragmática e prática (CASTELA,
2008).
Nos estudos de Castela (2008) e Castela e Romo-Vázquez (2011), o componente
prático é apresentado por meio de um discurso que necessita de seis possíveis funções
tecnológicas, as quais justificam as técnicas que se originam dessa tecnologia: descrever,
validar, explicar, facilitar, motivar e avaliar a utilização de técnicas relacionadas às
instituições usuárias. De acordo com as autoras, as funções tecnológicas do componente
prático (θp) constituem ferramentas importantes para validar o saber-fazer e assim, possibilitar
a análise do conhecimento das disciplinas intermediárias, e sobretudo da atividade prática
referente à disciplina intermediária em estudo.
Assim, Castela e Romo Vázquez (2011) propõem um modelo praxeológico ampliado
para o estudo do contexto escolar, mais especificamente para o processo de circulação de
conhecimentos e transposições relacionadas, conforme Figura 2.
43
Fonte: Os autores.
Qualquer que seja a atividade matemática, ela está imersa em conceitos imbuídos de
significados que são atribuídos às suas diversas representações. Essas representações podem
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apresentar-se sob diversas formas, entre elas as fórmulas, figuras, gráficos, definições, as
propriedades, entre outros elementos importantes (BOSCH, 2000).
Segundo Bosch (2000), quando realizamos uma tarefa matemática, utilizamos dois
tipos de objetos: os objetos ostensivos (em latim "ostendere" que significa mostrar, por algum
órgão dos sentidos, apresentar com insistência), que são objetos perceptíveis, que possuem
qualidade material, isto é, que são passíveis de serem manipulados na realização de uma
atividade matemática, como, por exemplo, imagens, grafismos, sons, gestos. Por outro lado,
os objetos não-ostensivos não possuem característica material. São aqueles que, presentes na
organização matemática, não são perceptíveis pelos sentidos, por exemplo, instituições,
ideias, conceitos, crenças, entre outros. Esses objetos são utilizados para manipulação dos
objetos ostensivos que os representam, como, por exemplo, uma definição, uma palavra, uma
frase, uma escrita, um gráfico, um gesto ou todo um discurso.
Desse modo os objetos não-ostensivos são reconhecidos através de pelo menos um
objeto ostensivo; e todo objeto ostensivo faz referência a pelo menos um objeto não-ostensivo,
razão pela qual não podemos desprezar a importância dos objetos ostensivos no estudo de
matemática e, em especial, no estudo de Função, nas suas mais diversas representações.
Conforme destacado por Bosch (2000), apesar da divisão em objetos ostensivos e não-
ostensivos, existe uma dialética entre esses objetos. O autor considera que os objetos
ostensivos podem ser manipulados por meio de regras, cuja distinção é feita pelos não-
ostensivos. Estes, por sua vez, podem ser evocados por meio da manipulação dos ostensivos.
Sobre essa dialética, Bosch e Chevallard (1999, p. 88) afirmam que “[...] Nossa relação com
os objetos ostensivos, em particular a nossa própria capacidade intelectual de identificá-los,
antes de manipulá-los, resulta de uma construção institucional. São frutos de uma
aprendizagem (não-ostensivo)”. No desenvolvimento das tarefas, os objetos ostensivos são
caracterizados pela parte visível (BOSCH; CHEVALLARD, 1999), isto é, podem ser
observados por qualquer pessoa e, principalmente, por aqueles envolvidos diretamente com a
tarefa, isto é, a presença desses objetos constitui a parte real, empírica, acessível aos sentidos.
Bosch e Chevallard (1999) enfatizam a forma de ensino, em que o professor apresenta
um objeto ostensivo para que o estudante possa compreender o seu significado, isto é, o objeto
não-ostensivo. Esse tipo de ensino é muito comum no ensino de Matemática, que utiliza os
objetos ostensivos a todo momento. Como exemplo, podemos citar as aulas de matemática no
1º ano do Ensino Médio, em que o professor apresenta uma Função Afim com seu respectivo
gráfico e solicita que os estudantes realizem as tarefas relacionadas ao gráfico da Função Afim
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propostas no livro didático, com a finalidade dos estudantes compreenderem o seu significado,
ou seja, o objeto não-ostensivo.
Se observarmos as tarefas relacionadas a Função Afim propostas nos livros didáticos
de Matemática 1º ano do Ensino Médio, podemos perceber que, para a execução dessas
tarefas, faz-se necessário utilizar, a princípio, como objetos ostensivos a escrita, as fórmulas,
as figuras, ou seja, mobilizar o bloco do saber-fazer. No que se refere aos objetos não-
ostensivos, eles são identificados nas noções e conceitos de Função Afim, que permitem
justificar a técnica, configurando, assim, o bloco do saber.
Nessa perspectiva, a dialética dos ostensivos e não-ostensivos foi de fundamental
importância para o processo de descrição da implementação das técnicas analisadas, uma
forma específica de resolver a tarefa.
saber, enquanto que o nicho é o lugar funcional ocupado pelo objeto do saber no sistema ou
praxeologia dos objetos com os quais ele interage.
Na perspectiva de construir uma praxeologia associada a um determinado saber
matemático, Chevallard (2002) ressalta a importância de situar esse saber em uma escala
hierárquica, dividida em nove níveis que se inter-relacionam de forma recíproca, que vão
desde os níveis genéricos (indexados por 1, 2, 3, 4) para os níveis específicos no campo da
Matemática (níveis 5, 6, 7, 8 e 9). Ressalta ainda que, cada nível representa o lugar de origem
de algumas condições, “restrição considerada modificável” (Chevallard, 2009, p. 5) e que, na
maioria das vezes, surgem como restrição “vista a partir de uma determinada posição
institucional em um determinado momento não modificável relativo e provisório”
(CHEVALLARD, 2009, p. 5), em outro nível, conforme mostra o Quadro 3.
em sala de aula e que são específicos da sua disciplina. Além disso, apontam que os
professores encontram também restrições e condições que são oriundas dos níveis superiores
de codeterminação, que influenciam na maneira de organizar o estudo de uma disciplina no
nível central da Pedagogia ou para organizar o estudo de um certo tipo de nível escolar, para
organizá-lo em uma sociedade ou outra, e para fazê-lo seguindo os princípios e valores de
uma determinada civilização.
Bosch (2010) considera como referência o nível de disciplina em que se baseiam as
condições específicas do ensino dos conteúdos disciplinares. O autor afirma que esse nível
vive em constante interação com os níveis mais elevados. Em relação a esses níveis, destaca
que no nível da Pedagogia, estão inseridas as condições que afetam a difusão de todas as
disciplinas; no da escola, está situado tudo aquilo que é específico sobre o processo de ensino
e aprendizagem da disciplina escolar, e os níveis mais genéricos, que são a sociedade e a
civilização.
Ao se referir aos níveis inferiores (Domínio, Setor, Tema e Assunto), Bosch (2010,
p.19) ressalta que compreendem as diferentes divisões que estruturam as organizações
matemáticas que serão ensinadas, de acordo com cada instituição de ensino.Nesse sentido,
Chevallard (2009) destaca que esses domínios são construções históricas, que não apresentam
caráter específico, definido, indispensável, isto é, podem ser mudados de denominação em
qualquer instante, podendo também ser útil a relocação do conteúdo a ser ensinado. Assim, os
domínios podem ser compreendidos como um conjunto de organizações regionais construídas
em torno de uma disciplina, como exemplo, o bloco Álgebra, contido na disciplina
Matemática, de uma instituição de ensino do Brasil que oferta o Ensino Médio.
No que se refere aos setores, estes se enquadram em grandes domínios como, por
exemplo, Função Afim, dentro do bloco Álgebra. Nesse entendimento, “um sector caracteriza-
se pelo estudo de uma organização regional (ou partes dela) que provém de uma família de
praxeologias que partilham uma teoria” (ARTIGUE; WINSLOW, 2010, p. 51). Por exemplo,
ao estudarmos o setor Função Afim, no Ensino Médio, encontramos organizações
praxeológicas unificadas por uma teoria que nos possibilita estudar os argumentos verdadeiros
sobre Função Afim; por exemplo, os valores reais de x, para os quais f(x)= 0, o que pode ser
justificado por utilizar diferentes tecnologias, a partir dos discursos informais em que Função
Afim aparece apenas como uma equação do 1º grau, determinando uma reta para os discursos
formais, cujos elementos algébricos constituem suas próprias regras de composição. A partir
daí, surgem diferentes temas, cada um unificado por uma tecnologia, determinando, desse
modo, o estudo de uma organização local. Para exemplificarmos, o estudo do gráfico de uma
50
Curriculares do Estado da Bahia para o ensino de Função no 1º ano do Ensino Médio? Q4:
como está caracterizado o trabalho sobre o objeto do saber Função Afim nos Livros Didáticos?
Essas questões possibilitarão a reconstrução de novas praxeologias que possam dar sentido ao
estudo de Função, especificamente ao estudo da Função Afim em uma perspectiva
interdisciplinar. Estas questões serão respondidas no Capítulo V.
Neste estudo utilizamos o modelo praxeológico ampliado, proposto por Castela (2008)
e Castela e Romo Vázquez (2011), por permitir representar os processos de transposição que
afetam as praxeologias matemáticas quando se deslocam de uma instituição para outra. Nesse
sentido, a visão da TAD e do modelo praxeológico estendido reconhece o processo de
transposições diferentes, como um efeito de uma circulação de tais praxeologias entre as
diferentes instituições.
5
Séminaire Théorie Anthropologique du Didactique-TAD &Ingénierie Didactique du Développement-IDD
6
Disponível em: http://yves.chevallard.free.fr/spip/spip/article.php3?id_article=140 Acesso em: 27 mar. 2016.
8 Parcours d’Étude et de Recherche (PER) (Chevallard, 2009c, 2009d)
56
possível estudar as praxeologias que uma instituição I contribui para difundir – sua oferta
praxeológica mesmo quando esta instituição não se apresenta como "didática" (como tendo
uma missão de divulgação) a seu respeito” (CHEVALLARD, 2009b, p. 2, tradução nossa).
Para o autor, o estudo dos conjuntos praxeológicos da forma {p / ℜ∨∂(K, CI, p, U)}, onde CI
é o sistema de condições criado pela instituição I, instância U (pessoa ou instituição) estando
sujeito a I, é chamado de problemática possibilística.
Dentre as condições e restrições estudadas na didática podemos especificar as
condições e restrições que surgem de uma “intenção didática” (CHEVALLARD, 2009b),
razão pela qual são consideradas didáticas. Desse modo, o autor introduz a didática:
Diz-se que numa dada situação social, a didática existe quando uma instância V
(pessoa ou instituição) da situação prevê fazer (ou faz) alguma coisa - um "gesto
didáctico" - para que alguma instância U (pessoa ou instituição) veja a sua relação
com um determinado trabalho ♥ modificada de forma desejada, um trabalho que tem
um interesse didático no gesto previsto ou realizado (CHEVALLARD, 2009b, p. 3,
tradução nossa).
Dessa forma, Chevallard (2009b) introduz a seguinte notação #(U; V; ♥). Na situação
descrita pelo autor, V está a fazer algo para que a relação de U para ♥ mude de alguma maneira.
Nas palavras de Chevallard (2009) podemos ter U = V. Segundo o autor o "algo", o invocado
"gesto didático" visa criar uma certa condição, que será então (momentaneamente pelo menos)
uma restrição para outras instâncias, e em particular para a instância U em questão. “Um gesto
didático, que cria uma condição didática (e, portanto, uma restrição), pode ser mais ou menos
específico: a estaca didáctica ♥ pode ser mais ou menos grande"(CHEVALLARD, 2009b, p.
3, tradução nossa). Para exemplificar Chevallard (2009) cita: um conjunto de disciplinas, uma
disciplina inteira, uma área da mesma, ou um setor, um tema, um assunto. Segundo o autor,
Se uma sociedade decide criar um determinado tipo de escola para a formação básica
dos seus membros, faz um gesto didático pouco específico, ou seja, relativo a um
grande número de obras. A criação de uma escola municipal de música, por outro
lado, irá criar condições mais específicas para o desafio didáctico anunciado,
"música", etc (CHEVALLARD, 2009b, p. 3, tradução nossa).
Para o Chevallard (2009), a princípio, “tudo é condição” (p. 12). Segundo o autor,
“uma condição é uma restrição para uma certa instância (U), quer dizer uma pessoa ou uma
instituição” (p.12). O autor afirma que para uma determinada pessoa ou instituição, uma
restrição é uma condição não modificável. Não havendo restrições, essas condições poderão
ser modificadas por U (CHEVALLARD, 2009).
57
é interdependente com a noção de escola: uma escola é uma instituição que oferece um habitat
declarado para certos tipos de sistemas didáticos” (Ibidem, p. 4, tradução nossa). Por exemplo,
em nosso trabalho o habitat do sistema didático pode ser o Ensino Médio da Educação Básica.
No que se refere à formação do sistema didático S(X; Y; ) Chevallard (2009b) afirma
que “deve-se imaginar que alguma instância V (tem-se, em alguns casos, V = Y ou mesmo V
= X) pode modificar de alguma forma a relação de U = X para , isso provocará a constituição
de um sistema didático, permitindo que X estude com ajuda de Y” (Ibidem, p. 4, tradução
nossa). Quanto à formação do sistema didático S(X; Y; ) chevallard (2009b) salienta que:
didática (CHEVALLARD, 1999) que leva em consideração a criação de condições que torne
possível articular e integrar o ensino de Função Afim envolvendo as disciplinas Matemática,
Química e Física de modo que possa contribuir para que os alunos do 1º ano do Ensino Médio
possam dar sentido e significado ao estudo desse objeto.
7
Atividade é o "conjunto de processos em que é envolvido um tema humano, individual ou coletivo, em seus
relatórios com o ambiente (contexto, situação). Entretanto, a atividade não pode ser descrita "friamente" como
uma situação pessoal, apenas como uma ferramenta de trabalho.
60
Segundo o autor o desenvolvimento dessa tarefa os coloca diante de conflitos cognitivos, ante
a inexistência de praxeologias que se assemelhem a perfeição, além do risco de delimitar
sobremaneira o espectro conceitual deste fenômeno.
Desse modo, Farias (2018) desenvolve esta noção em direção à ideia de uma
incompletude, processo que denota a imprevisibilidade daquilo que torna autônomo o trabalho
do sujeito em uma instituição - transpondo a ideia de realizarmos análises praxeológicas de
maneira simplória, identificando o que caracteriza os momentos didáticos em um determinado
contexto.
Farias (2018) salienta sobre a necessidade de passar pela relação do sujeito com os
tratados publicados acerca do ensino e aprendizagem. Segundo os autores, esses tratados
possivelmente não permitem imergir na atividade institucional, uma busca pela compreensão
teórica relacionada com a prática docente, mergulho que representaria a autonomia desse
sujeito.
Segundo Farias (2018) olhar para a atividade institucional, fundamentados no sentido
empregado por Leontiev (1978)8 significa compreendê-la como transações recíprocas entre o
sujeito e o objeto do saber, sem termos a intensão de aprofundar a discussão por uma análise
psicológica materialista. Para o autor,
De posse da noção de atividade, Farias (2018) destaca alguns elementos que nos
possibilitam a conceber um possível conceito de incompletude no âmbito da Teoria
Antropológica do Didático. A palavra incompletude em sua etimologia vem do francês
incomplétude, que significa qualidade de incompleto, do que não está acabado, isto, é, em que
há falta de algo, geralmente de teor muito significativo (FERREIRA, 1988). Em seus estudos,
Farias (2018) não faz referências às incompletudes das tarefas matemáticas, ou mais
especificamente, às tarefas relativamente incompletas (LUCAS et al., 2014), mas à atividade
8
“A atividade é uma unidade molecular... é a unidade da vida mediada pelo reflexo psicológico, cuja função real
consiste em orientar o sujeito no mundo objetivo. Em outras palavras, atividade não é uma reação nem um
conjunto de reações, senão um sistema que tem estrutura, suas transições e transformações internas, seu
desenvolvimento”. (LEONTIEV, 1978, pp: 66-7).
61
matemática incompleta (entendida como uma das dimensões do trabalho de um sujeito numa
determinada instituição), e sobre a qual levanta hipóteses.
A princípio, Farias (2018) se detém às noções de incompletude partindo da analogia
do Teorema da Incompletude Gödel9, no contexto intramatemático. Segundo o autor, na
Matemática, especificamente no estudo da Aritmética, trata-se de um sistema formal
incompleto, classificação decorrente do fato dos axiomas não terem sido descobertos em sua
totalidade. Na Geometria Euclidiana, Farias (2018) considera incompleta quando se refere a
ausência do postulado das paralelas, tornando impossível prová-lo a partir dos axiomas
restantes. Nesse sentido, o ator ressalta que o termo incompletude representa lacuna, ainda
que não saibamos a sua causa. Ao tratar do estudo dos Números Naturais, Farias (2018) cita
Gödel na tentativa melhor ilustrar as reflexões acerca da incompletude do trabalho
institucional, partindo de algumas hipóteses. Para tanto, o autor apresenta um dos teoremas,
por entender ser suficiente para esclarecer a forma de constituição da incompletude no
contexto da aritmética, o qual afirmar que:
Nas palavras de Farias (2018) nenhum sistema consistente de axiomas, cujos teoremas
podem se enumerados por um “procedimento efetivo” é capaz de provar todas as verdades
sobre as relações dos números naturais no quadro da aritmética. Em seus estudos, o autor
destaca que para qualquer sistema, sempre haverá afirmações sobre os números naturais que
são verdadeiras, mas que não podem ser provadas dentro do sistema considerado.
Nesse sentido, Farias et. al (2018) ressaltam que Gödel buscando provar o seu teorema
mostrou afirmações por números. Segundo os autores, “a teoria que supostamente prova certos
fatos sobre números naturais, também o faz em relação às suas próprias afirmações” (p.3).
Considerando que essa teoria fosse completa, os autores destacam que a demonstração das
9
O teorema de Gödel: Qualquer teoria efetivamente gerada capaz de expressar aritmética elementar não pode
ser tanto consistente quanto completa. Em particular, para qualquer teoria formal consistente e efetivamente
gerada que prova certas verdades aritméticas básicas, existe uma afirmação aritmética que é verdadeira, mas que
não pode ser provada em teoria.
62
CAPÍTULO III
A busca sistemática de conhecer o real como um todo é algo limitado pela capacidade
humana empírica desse real, visto que a ciência, busca cada vez mais, como forma especial
de conhecimento da realizade conduzir a novas descobertas, movidas pela curiosidade humana
e também, pela busca de soluções de problemas que afligem a humanidade.
Diante dos avanços vividos num mundo cada vez mais integrado, a
interdisciplinaridade se coloca como uma possibilidade de aproximar e estreitar as visões de
mundo rompendo as fronteiras e fragmentação dos saberes. É nesse contexto que buscamos
relembrar a história do advento das disciplinas, na tentativa de compreender os múltiplos
significados sobre as preposições do termo interdisciplinaridade.
sociedade estável e equitativa por meio de uma reforma social efetiva e abrangente. Para isso,
Comte acreditava que a mente humana deveria passar por uma reorganização e, todos
deveriam adotar o método científico. Trata-se de um o método flexível que consegue se manter
homogêneo em uma infinidade de contextos (CROTTY, 1998). Isto é este desejo de unidade-
via-método que move Comte para definir todas as ciências em uma hierarquia, levando da
ciência mais básica - matemática - através da astronomia, e depois a física, a química e a
biologia,culminando no que ele vê como a mais alta Ciência de todas, sua amada sociologia.
Daí a crença de Comte de que o método científico mantém as mesmas características
essenciais se alguém está falando das ciências naturais ou as Ciências Humanas (CROTTY,
1998).
Em 1980 Benjamin Constant Inspirado em Comte (1817 a 1824) propôs uma reforma
nos currículos da educação secundária do ensino basieleiro, com o intuito de romper
drasticamente com a tradição do currículo clássico jesuítico e, “priorizar um ensino voltado
para a formação científica” (citado em Melo, 2012 p. 42), com a inclusão de disciplinas
científicas, por entender que o objetivo maior do ensino deveria ser a formação humana,
baseada na ciência.
Desde o século XVIII, período em que a história passa a ser vista como ciência, os
métodos adotados para escrever e refletir sobre a História adquiriram uma evolução
significativa. Em consequência disso, a historiografia sofreu muitas transformações
metodológicas devido à agregação de novos tipos de fontes de pesquisa que possibilitaram
maior compreensão do conhecimento do passado.
De acordo Burke (1997), no final da década de 1920, na França, surgiu um movimento
inicialmente entre os membros da Revista Annales d’Histoire Economique Sociale, fundada
em 1929 por Marc Bloch e Lucien Febvre e que, a partir de 1946 passou a se chamar Annales,
Economies, Socités, Civilizations. Tal movimento apontava novas maneiras para melhor
compreender a história. Para tanto, defendiam a renovação de um método de investigação
histórica que possibilitasse disseminar, além de outras coisas, a visão de uma história total,
elaborada com base em uma problemática, isto é, uma história problema, utilizando a
interdisciplinaridade como estratégia indispensável para atingir o conhecimento histórico.
A utilização indevida da História remete a uma das primeiras discussões dos estudiosos
da Escola dos Annales, que questionavam os métodos utilizados pela historiografia tradicional
68
repleta de possibilidades, em que tudo pode influenciar tudo, culminando assim em um dos
seus maiores projetos.
Nesse cenário, podemos entender que a Escola dos Annales foi um movimento de
grande importância para a historiografia, bem como para melhor compreensão do mundo e os
limites entre as ciências. Como tal, esse movimento foi decisivo para o entendimento dos
processos espaço-temporais, amalgamados ao homem em todas as suas atividades. A
magnitude de suas proezas possibilitou abrir caminhos para a prática interdisciplinar, assim
como contribuição para a comunidade científica, que passou a ser temas subestimados no
passado e até mesmo menosprezados na atualidade.
A estrutura reflexiva teórica e metodológicas criada por Braudel decompõe o tempo
histórico em temporalidades: a longa, média e curta duração e remete aos espaços aos quais
estão relacionadas, cujos atos associados a cada temporalidade podem estar diretamente
vinculados às práticas sociais como também podem decorrer de fatores característicos da
geografia física. A forma como Braudel organiza seus trabalhos e o constante cuidado com os
aspectos fundamentais que traçam o estilo dos processos históricos importam à geografia, não
somente como método de pesquisa no sentido empírico da palavra e nem como uma
metodologia originária da história para ser aplicada na geografia, mas como forma de revelar
o encoberto e que surge como comprovação, como uma certeza inabalável.
Analisando as perspectivas de Braudel podemos perceber a aproximação entre os
campos da história e da geografia, bem como a compreensão do tempo e o espaço como
aspectos inseparáveis, domínios estruturadores do pensamento, essenciais para explicar o
processo humano em sua totalidade. Sendo assim, “o tempo, a duração e a história impõe-se
de fato – ou deveriam impor-se - a todas as ciências do homem. Não tem para a oposição, mas
sim, para a convergência” (BRAUDEL, 1992, p. 72).
3.3 A interdisciplinaridade
engajamento conjunto dos educadores com o objetivo de proporcionar uma formação integral
aos alunos e superar a fragmentação do conhecimento no ensino.
No cenário educacional, a interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar novas
disciplinas ou saberes (BRASIL, 2000), mas empregar os conhecimentos de diversas
disciplinas na resolução de um problema concreto ou entender um determinado episódio sob
distintos pontos de vista.
Como proposto nos PCN, para se promover um ensino contextualizado e com base na
interdisciplinaridade faz-se necessária a compreensão desse termo, apesar de não existir um
consenso específico na literatura especializada para esse conceito (BRASIL, 2000). De modo
geral, encontramos na literatura especializada discussões acerca dessa temática numa análise
de maior amplitude, porém sem apresentar um conceito específico sobre o tema.
Desse modo, podemos entender que a interdisciplinaridade não é consensual entre os
estudiosos dessa temática. Embora as distinções terminológicas sejam inúmeras, o princípio
delas é sempre o mesmo, não existe um sentido único e estável para o termo interdisciplinar.
Trata-se, portanto, de um neologismo cujo significado nem sempre é a mesmo e cujo papel
nem sempre é compreendido da mesma maneira, sendo que “a indefinição sobre
interdisciplinaridade se origina ainda dos equívocos sobre o conceito de disciplina”
(FAZENDA, 1999, p. 66).
Devido à falta de um consenso, acerca o do termo interdisciplinaridade pode ser
definido como a interação entre duas ou mais disciplina, um método de pesquisa e de ensino
que busca promover a interação, a comunicação das ideias até a integração mútua de
conceitos, das epistemologias, dos procedimentos; um tema, um objeto ou uma abordagem
em que duas ou mais disciplinas se relacionem entre si com o objetivo de atingir maior
abrangência do conhecimento. De acordo com Piaget (1972), essas interações se apresentam
como formas específicas de conhecimento para além do disciplinar, os quais ele nomeia como
sendo: disciplinaridade, multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, transdisciplinaridade e
interdisciplinaridade.
Na concepção de Pombo (2005) por trás das quatros palavras, multi, pluri, inter e
transdisciplinaridade, existe uma mesma raiz, a palavra disciplina. Ela está presente em cada
uma delas. Isso nos permite entender que todas elas tratam de uma coisa que tem a ver com
as disciplinas.
Nos prefixos multi e pluri a ideia é a mesma: disciplinas que se pretendem juntar:
reunir muitas, aproximar uma das outras, colocá-las uma ao lado das outras (POMBO, 2005).
Ou então, articular, ou colocá-las em inter, em inter-relação, estabelecer uma ação de
reciprocidade entre elas. Já o prefixo trans dá ideia de ir além, uma ultrapassagem daquilo que
é próprio da disciplina.
No pensamento de Pombo (2005), aceitar que existe qualquer coisa que atravessa a
pluridisciplinaridade ou multidisciplinaridade, que seriam a interdisciplinaridade e a
transdisciplinaridade, é uma tentativa de romper o caráter estanque das disciplinas, que pode
ser feito em diferentes níveis, em diferentes graus.
Segundo Pombo (2005), o primeiro nível é dado pela justaposição, pelo paralelismo,
ou seja, apesar das disciplinas estarem uma ao lado das outras, não há uma interação entre
elas. No segundo nível, existe uma comunicação entre as disciplinas, isto é, uma interação
entre elas mais ou menos forte. Já no terceiro nível, as disciplinas ultrapassam as barreiras que
as separam, unindo-se numa outra coisa que extrapola a todas, num processo constante de
desenvolvimento. No caso do prefixo inter, está entre alguma coisa que é de menos – a simples
justaposição – e qualquer coisa que é de mais – a ultrapassagem e a fusão – a
interdisciplinaridade designaria o espaço intermédio, a posição intercalar (POMBO, 2005).
A partir do pensamento de Pombo (2005) e fundamentados nos estudos de CASTELA;
ROMO-VÁZQUEZ (2011) e CASTELA (2016) foi possível propormos a integração de
construtos teóricos no âmbito da Teoria Antropológica do Didático para trabalhar a
interdisciplinaridade. Neste contexto, criamos os termos Endointerdisciplinaridade e
Exointerdisciplinaridade para fazer menção as praxeologias interdisciplinares.
Fonte: Os autores
3.3.4.1 Endointerdisciplinaridade
3.3.4.2 Exointerdisciplinaridade
CAPÍTULO IV
conceito de função em três períodos distintos: Antiguidade, Idade Média e Período Moderno.
No relato histórico desta seção discutiremos o contexto em que essas ideias matemáticas
surgiram.
4.1.1 Antiguidade
Esses objetos eram utilizados para servir às necessidades da economia, pelo fato de
poderem manter o controle sobre os produtos da agricultura, e foram expandidos, na fase
urbana, com a finalidade de controlar também os bens manufaturados (ROQUE, 2012). Assim
as “pequenas esferas de argila representavam volumes de grãos, cilindros significavam
animais, os que tinham formato de ovo referiam-se a jarros de óleos” (STEWART, 2014, p.
13). Com o progresso da sociedade, o ser humano aprimorou os métodos para armazenar os
tokens. De acordo com Roque (2012), os tokens eram armazenados em invólucros de argila,
semelhantes a uma bola vazada, dentro dos quais eram guardados e fechados. Desse modo, os
invólucros escondiam os tokens e, consequentemente, as formas ficavam impressas em sua
superfície, conforme Figura 10.
Figura 10 - Invólucros
problemas que tratam de uma transversal paralela a um lado de um triângulo que recaem em
equações quadráticas; outras que recaem em sistemas de equações simultâneas. Uma dessas
tábuas em Yale, de cerca de 1600 a.E.C apresenta uma equação cúbica geral nos problemas
relacionados a volumes de troncos de uma pirâmide, como consequência da eliminação de z
num sistema de equações do tipo: z(x 2 + y 2 ) = A, z = ay + b x = c.
Cerca de 2000 a.E.C. a aritmética babilônica já tinha evoluído para uma álgebra
retórica bem desenvolvida (EVES, 2011). De acordo com o autor, além da resolução de
equações quadráticas por meio do método do equivalente ao de substituição numa fórmula
geral, ou pelo método de completar quadrados, ela discutia também algumas equações cúbicas
(grau três) e algumas biquadradas (grau quatro).
Nesse mesmo período, foi encontrada uma tábula (EVES, 2011) que continha, além
de uma tábua de quadrados e de cubos inteiros de 1 a 30, a sequência de valores de 𝑛2 + 𝑛3
correspondente a esse intervalo e que pode auxiliar na resolução de problemas que recaiam a
equações cúbicas do tipo: 𝑥 3 + 𝑥 2 = 𝑏.
Em outras tábulas da coleção Yale, datando de cerca de 1600 a.E.C., foram
encontradas centenas de problemas não resolvidos envolvendo equações simultâneas que
recaem sobre a resolução de equações biquadradas, do tipo:
𝑥𝑦 = 600, 150(𝑥𝑦)(𝑥 + 𝑦)2 = 1000.
Nessas mesmas tábulas encontra-se também um par de equações do tipo:
xy = a, bx² /y + cy² /x + d = 0
Essa equação recai em uma equação de grau seis, no entanto é quadrática em x³. Eves
(2011) afirma ainda que Neugebauer encontrou dois problemas significativos sobre
sequências numa tábula de Louvre, datando cerca de 300 a.E.C. Em um deles mostra que:
1 + 2 + 2² + ... + 29 = 29 + 29 - 1
e no outro afirma que:
1 2
12 + 22 + 32 + ...+ 102 = [1 (3) + 10 (3)] 55 = 385
É importante ressaltar que nessa época os babilônios não tinham conhecimento das
fórmulas:
𝑛
𝑟 𝑛+1 − 1
∑ 𝑟𝑖 =
𝑟−1
𝑖=0
e,
𝑛 𝑛
2𝑛 + 1
2
𝑛(𝑛 + 1)(2𝑛 + 1)
∑𝑖 = ∑𝑖 =
3 6
𝑖=1 𝑖=1
91
De acordo com Eves (2011), a primeira dessas fórmulas era conhecida pelos gregos
contemporâneos e Arquimedes encontrou uma praticamente equivalente à segunda. Outra
contribuição importante dos babilônios foram algumas aproximações significativas de raízes
quadradas de números não quadrados perfeitos, por exemplo, 17/12 para √2 e 17/24 para 1/√2.
Possivelmente os babilônios utilizavam a fórmula de aproximação:
(a² + h)1/2 ≈ a + h/2a.
Uma aproximação significativa de √2 utilizada e encontrada na tábula 7289 de Yale,
de cerca de 1600 a.C. foi:
1 + 24/60 + 51/60² + 10/60³ = 1,4142136,
Em algumas tábulas astronômicas do século III a.C. aparece claramente o uso de regras
de sinais da multiplicação. “Os babilônios eram infatigáveis construtores de tábuas, calculistas
extremamente hábeis e certamente mais fortes em álgebra do que em geometria” (EVES,
2011, p. 63). São admiráveis a profundidade e a diversidade dos problemas considerados por
eles.
Segundo Eves (2011), uma das tábulas matemáticas babilônias mais famosas é a tábula
de Plimpton 322, escrita no período Babilônico Antigo (aproximadamente entre 1900 e 1600
a.E.C.). Seu nome indica que se trata da tábula da coleção G. A Plimpton da Universidade de
Colúmbia, catalogada sob o número 322, conforme Figura 11.
Conforme se pode observar na Figura 11, algumas das entradas da tabela se encontram
danificadas/ilegíveis, o que levou a várias interpretações feitas do conteúdo da tábula de
Plimpton 322 e permitiu obter um maior número de hipóteses a serem seguidas pelos
matemáticos que se dedicavam a estudá-la.
92
Segundo Eves (2011) a tábula de Plimpton 322 (Figura 12) pode ser interpretada da
seguinte forma: a coluna da extrema direita serve somente para numerar as linhas. Para o autor
as outras duas colunas parecem a priori bastante aleatórias. Entretanto, ele afirma que os
números correspondentes dessas colunas, com exceção de apenas quatro deles (cujos registros
originais constam entre parênteses à direita de cada um deles), representam a hipotenusa e um
93
dos catetos de triângulos retângulos de lados inteiros. De acordo com Eves (2011), a maior
dificuldade na interpretação está na exceção da segunda linha. Porém nos outros casos,
apresentam fácil entendimento.
Na nona linha, os números 481 e 541 aparecem como (8,1) e (9,1) no sistema
sexagesimal. Notoriamente a presença do 9 em vez de 8 pode ter ocorrido em decorrência de
um mero equívoco ao escreverem em escrita cuneiforme. Já na linha 13, o número representa
o quadrado do valor correto e o da última linha, a metade do valor correto.
Eves (2011) destaca que um terno de números inteiros, cujos termos representam os
lados de um triângulo retângulo é chamado de terno pitagórico, por (3,4,5). Para o autor,
quando o único fator inteiro positivo comum aos elementos de um terno pitagórico for a
unidade, denomina-se de primitivo. Desse modo (3,4,5) é chamado de pitagórico enquanto
(6,8,10) não é.
Após muitos séculos à tábula de Plimpton 322, os gregos descobriam que os ternos
pitagóricos primitivos (a, b, c) podem ser representados por: a = 2uv, b = u² - v² e c = u² + v²
Em que u e v são números primos entre si, um é par o outro é ímpar e u > v. Assim,
para u = 2 e v = 1, obtemos o terno primitivo a = 4, b = 3 e c = 5. Desse modo, se calcularmos
o outro cateto a dos triângulos retângulos de lados inteiros determinados pela hipotenusa c e
o cateto b da tábula de Plimpton 322, determinamos os ternos pitagóricos, conforme Figura
13.
Figura 13 - Tábula de ternos pitagóricos
Observando a Figura 13, podemos notar que todos os ternos, com exceção das linhas
11 e 15, são primitivos. As duas últimas colunas à direita representam os valores dos
parâmetros u e v que recaem sobre os ternos pitagóricos.
Possivelmente os babilônios já tinham o conhecimento da representação paramétrica
geral dos ternos pitagóricos primitivos (EVES, 2011), visto que, u e v, e a (pois a = 2uv) são
números sexagesimais regulares.
Aparentemente a tábua foi construída de modo que os números regulares fossem
pequenos para os parâmetros u e v. Essa escolha deve ter sido motivada por algum processo
subsequente envolvendo divisão, visto que os números regulares surgem em tábuas de
inversos multiplicativos e são utilizados para reduzir a divisão à multiplicação, conforme
pode-se examinar na quarta coluna, que contém os valores de (c/a)² para os diferentes
triângulos. Nessa divisão, o lado a, e, portanto, os números u e v devem ser regulares. Podemos
notar também que essa coluna apresenta o quadrado da secante do ângulo B oposto ao lado b
do triângulo retângulo.
Nessa análise, podemos concluir que, como o lado “a” é regular, então a Sec B tem
uma representação sexagesimal finita. Além disso, da forma que os triângulos foram
escolhidos, os valores da Sec B formam uma sequência regular de modo que decresce
aproximando de 1/60 à medida que muda de uma linha da tábua para outra, decrescendo os
ângulos correspondentes de 45° para 31º, resultando, assim, numa tábua de secantes para esses
ângulos, formada por meio de triângulos retângulos de lados inteiros.
Nessa tábua pode-se verificar uma variação em saltos regulares na função em vez de
no ângulo correspondente (EVES, 2011). O autor salienta que possivelmente em algumas
tábuas babilônicas existiam informações semelhante para ângulos variando 0° a 15° e de 16°
a 30°. A análise das tábulas matemáticas babilônicas mostra a ideia de dependência de
quantidade associada a valores em tabelas, o que remete a entender que o conceito de Função
aparece de forma implícita.
Na Grécia Antiga, a noção de Função surgiu a partir de estudos ligados aos fenômenos
naturais, por exemplo, os pitagóricos estudavam entre si a interdependência quantitativa de
diferentes quantidades físicas (ZUFFI, 2001).
Os gregos, diferentemente dos babilônios, utilizavam métodos, passados de geração
em geração, capazes de efetuar cálculos e medidas de ordem prática com grande precisão.
Eles introduziram o método axiomático para obter uma conclusão a respeito de determinadas
premissas. Esse período é marcado pela constatação de determinados casos de dependência
95
entre duas quantidades, entretanto, sem distinguir as noções gerais de quantidades de variáveis
e de funções (YOUSCHKEVITCH, 1981).
No decorrer do período Alexandrino, os astrônomos descreveram uma trigonometria
completa de cordas, associando-a à circunferência de um círculo de raio fixo e, servindo-se
de teoremas da geometria e de regras de interpolação, criaram tabelas de cordas,
correspondentes às tabelas de seno, utilizadas posteriormente pelos Hindus.
Segundo Boyer (1996), a princípio, os Gregos e, posteriormente, os Hindus e os
Árabes utilizaram linhas trigonométricas, e a partir daí, Ptolomeu fixou um sistema de
medidas com a finalidade de calcular as cordas dos ângulos. Um exemplo de destaque é a
Tabela de Cordas, que foi um instrumento fundamental para cálculos de astronomia e de
navegação, elaborado pelo cientista do século II, Cláudio Ptolomeu, que viveu em Alexandria
no decorrer do século romano. Ptolomeu utilizou uma semicircunferência com diâmetro de
120 unidades e que, para cada ângulo central α, associava o comprimento L da corda
correspondente, conforme a Figura 14.
Figura 14 - Tabela de cordas de Ptolomeu.
chamamos de abscissa e ordenada – era o primeiro grande passo na representação gráfica das
funções (BOYER, 2012).
Segundo Boyer (1992), “ao conectar as extremidades dessas perpendiculares ou
latitudes, Oresme obtinha uma representação da variação funcional da velocidade com relação
ao tempo – num dos mais antigos exemplos na história da matemática do que hoje seria o
gráfico de uma função” (p. 9), conforme Figura 15.
Segundo Boyer (2012), o uso de coordenadas já havia sido usado por Apolônio, e
outros antes dele tinham usado sistemas de coordenadas, entretanto, a representação gráfica
de Oresme de uma quantidade variável era novidade. Na visão do autor, Oresme havia
percebido “o princípio fundamental de se poder representar uma função de uma variável como
uma curva, entretanto não soube usar essa observação de maneira eficaz, a não ser no caso de
função linear” (p.188). Para o autor, pelo fato de Oresme se interessar pela área sob a curva,
“não percebeu que toda curva plana pode ser representada, com relação a um sistema de
coordenadas, como uma função de uma variável” (p.188).
Boyer (2012) afirma que o gráfico da velocidade média é uma reta, Oresme defendia
que “toda qualidade uniformemente disforme terminando em intensidade zero é imaginada
como um triângulo retângulo” (p.188). Boyer destaca ainda que a maior preocupação de
Oresme era com a maneira como a função varia, ou seja, a equação diferencial da curva e a
forma pela qual a área sob a curva varia, isto é, a integral da função. Oresme utilizava esse
diagrama para demonstrar que, “dada uma qualidade uniformemente disforme em um
intervalo de tempo, a sua quantidade total é igual à quantidade total da qualidade uniforme
que afeta o corpo com a intensidade média da qualidade uniformemente disforme” (ROQUE,
2012, p. 287).
98
complexos. Esses conceitos contribuíram para a introdução da noção de “Função” como uma
relação entre conjuntos numéricos e como uma expressão analítica das funções por meio de
fórmulas.
Na concepção de Ponte (1992), a noção de Função surgiu por volta do século XVII,
através de pesquisas específicas no campo da Matemática. Embora o conceito de Função tenha
perdurado por muito tempo antes de ser aperfeiçoado e que, apesar de ter sido explicitado
apenas a partir do século XVIII, em algumas ideias anteriores já aparece de forma implícita.
Nessa trajetória buscamos identificar as diversas interpretações/representações que estiveram
presentes na criação e no desenvolvimento desse conceito e que serviram de base para as
nossas reflexões sobre o modo como essas representações têm participado do ensino das
Funções.
Dentre os estudiosos que contribuíram para a evolução do conceito de função, Boyer
(1974) destaca a importância de François Viète (1540-1603), para a Álgebra, pelas
contribuições que se aproximavam das abordagens modernas. Em sua obra In artem, na qual
deu ênfase ao desenvolvimento do simbolismo algébrico, Viète introduziu a prática de se usar
as vogais para representar incógnitas e as consoantes para representar constantes (EVES,
2011). De acordo com o autor, o padrão atual de colocar as últimas letras do alfabeto para
representar as variáveis e as primeiras para as constantes foi atribuído a Descartes em 1637.
Nesse sentido, Viète procurou fazer da álgebra uma ciência nos moldes gregos, apresentando-
a de maneira axiomática. Resolver equações algébricas por métodos algébricos servia como
auxiliar na construção geométrica de soluções para os problemas geométricos (ROQUE,
2012).
Eves (2011) salienta que, antes de Viète, as letras ou símbolos diferentes eram
utilizados para as várias potências de uma quantidade. Viète designava uma mesma letra,
devidamente qualificada, por exemplo, o que atualmente se representa por x, x², x³ ele
representava por A, A quadratum, A cubum; posteriormente, alguns escritores reduziram essa
notação para A, A q, A c.
Na concepção de Roque (2012), Viète utilizou a álgebra para compreender os diversos
ramos da matemática, como, por exemplo, a geometria, a qual, em contraste com seus
precursores (Al-Khwarizmi e Cardano), ele utilizava para justificar a álgebra. De acordo com
a autora, ao passo que os gregos usaram a análise em problemas geométricos, Viète propôs
uma nova forma de usar essa ferramenta, com base na álgebra.
Desse modo, “Viète acreditava que o uso de quantidades desconhecidas na Aritmética
indicava que um método geral para praticar a análise seria conhecido dos matemáticos gregos,
100
mas teria se perdido” (ROQUE, 2012). De acordo com o autor, Viète, com este propósito,
buscava restaurar esse método, isto é, criar uma ferramenta universal pela qual a análise se
tornasse uma ferramenta reconhecida através da álgebra para resolver problemas.
Segundo Zuffi (2001) Galileu Galilei (1564-1642) utilizou a matemática para modelar
fenômenos da natureza. Sua contribuição para a evolução da ideia de função se deu em suas
observações, ao introduzir leis qualitativas para representar as regularidades, e por meio das
medições, que introduziram o quantitativo nas suas representações gráficas.
De acordo Roque (2012) Galileu alegava que era necessário conhecer a relação
proporcional entre o peso por volume de um corpo e o peso por volume do meio em que esse
corpo estava imerso. Segundo a autora, Galileu acreditava que o melhor modo de compreender
os fenômenos naturais era mostrando como eles funcionavam de forma mecânica.
Galileu em seus Discursos e demonstrações matemáticas sobre duas novas ciências,
publicados em 1638, abordava a cinemática e a dinâmica dos movimentos nas proximidades
da superfície da Terra. Esta obra é dividida em quatro partes: a primeira apresenta uma
introdução sobre as “duas novas ciências”: a resistência dos materiais e o estudo do
movimento; a segunda, aborda a estática e desenvolve as ideias e os modelos do autor sobre
a resistência dos materiais. Nas duas últimas etapas, discutem sobre o movimento acelerado e
as leis que regem o movimento dos projéteis.
A partir do estudo da queda dos corpos e da relação entre o espaço e o tempo, Galileu
introduziu o quantitativo nas representações gráficas e a relação entre duas grandezas
envolvidas, expressas matematicamente por meio da experimentação. Dessa maneira,
estabeleceu a lei segundo a qual a distância percorrida por um corpo em queda livre é
proporcional ao quadrado do tempo de queda, e que se traduz na fórmula familiar S = gt 2 /2
(EVES, 2011).
De acordo com Roque (2012), Galileu utilizou como modelo central de análise o
movimento de queda livre ou sobre um plano inclinado, de forma que a distância de um corpo
em relação ao ponto inicial aumenta com o quadrado do tempo transcorrido. “Se esse
movimento de queda é superposto a um movimento uniforme horizontal, obtemos a trajetória
parabólica de um projétil. Ambos os movimentos são essenciais para a constituição da
mecânica de Galileu” (p.308).
Na concepção de Roque (2012) é interessante saber que nesse tipo de movimento não
importava saber porque um corpo cai, mas a forma que cai. Essa descrição é unicamente
geométrica, isto é, no movimento de queda livre era necessário saber como as grandezas
101
Nos estudos de René Descartes, numa relação y = x², para cada valor de x, podemos
determinar um y correspondente como o quarto termo da proporção, conforme citada. De
acordo com o autor, René Descartes se dedicou também a obter relações, como para curvas
descritas cinematicamente. Para tanto, utilizou desse método para discutir o seguinte
problema: Se p1 , ..., pm, pm+1, ..., pm + n são os comprimentos de m + n segmentos de reta
traçados de um ponto P a m + n retas dadas, formando ângulos dados com essas retas, e se p1,
p2 ... pm = kpm + 1 , pm + 2 ... pm + n . em que k é constante, ache o lugar de P.
103
Segundo Eves (2011) os gregos antigos resolveram esse problema apenas para casos
em que m e n não ultrapassavam 2, enquanto René Descartes conseguiu mostrar que casos
superiores do problema levam a lugares de grau superior a 2. De acordo com o autor, em
alguns casos, Descartes utilizou instrumentos euclidianos para construir pontos do lugar.
Na segunda parte de La géométrie Descartes apresentou entre outras coisas, uma
classificação de curvas e um método interessante de construir tangentes a curvas, conforme a
Figura 17.
Figura 17 - Construção de tangentes e curvas
De forma resumida, Eves (2011) mostra que: dada f(x, y) = 0 a equação da curva dada
e (x1 , y1 ) as coordenadas do ponto P da curva pelo qual se deseja traçar a tangente. Seja Q
um ponto do eixo x, de coordenadas (x2, 0). Então a equação da circunferência de centro Q
pelo ponto P é
(x - x2 )2 + y2 = (x1 -x2 )² + y²1 .
Segundo Eves (2011), se eliminarmos o y do sistema formado pela equação acima e
por f(x,y), obtemos uma equação que leva às abscissas dos pontos onde a circunferência corta
a curva dada. A seguir, encontra-se x2 de forma que essa equação em x tenha um par de raízes
iguais a x1. Tal condição permite que Q seja a intersecção do eixo x com a norma à curva em
P, visto que a circunferência passa ser a tangente à curva dada em P. Se desenharmos essa
circunferência, podemos construir a tangente desejada facilmente. Por exemplo, considerando
a construção da tangente à parábola y² = 4x no ponto (1,2), temos
(x - x2 )² + y²= (1 - x2 )² + 4
Se eliminarmos y encontramos
(x - x2 )² + 4x = (1 - x2 )² + 4 ,
ou
x2 + 2x(2- x2 ) + (2x2 - 5) = 0.
104
A condição para que essa equação quadrática tenha duas raízes iguais é que seu
discriminante seja nulo, ou seja, que
(2- x2 )² - (2x2 - 5) = 0 , ou x2 = 3.
Desse modo, pode-se traçar uma circunferência de centro (3,0) pelo ponto (1,2) da
curva, o que possibilita a construção da tangente desejada. De acordo com Eves (2011), René
Descartes utilizou esse método de construir tangentes para muitas curvas diferentes, inclusive
para uma das ovais quadráticas que leva o seu nome.
Assim, obtemos um método para generalizar problemas dessa natureza, entretanto,
casos mais complicados requerem uma álgebra mais avançada. Daí Eves (2011) aponta um
ponto fraco da Geometria analítica elementar: muitas vezes sabemos o que fazer, mas falta
capacidade técnica para fazê-lo. O autor afirma ainda que existem outras maneiras de
encontrar tangentes a curvas.
Na terceira parte de La géométrie, René Descartes discute a resolução de equações de
grau maior que dois. (EVES, 2011). Nela, utiliza o que hoje chamamos de sinais de Descartes,
cujo objetivo é determinar limites para o número de raízes positivas e negativas de um
polinômio. Nesta parte, René Descartes convencionou o uso das primeiras letras do nosso
alfabeto para representar as constantes e as últimas para as variáveis. René Descartes é o
responsável também pela atual notação de potências, como, por exemplo, a², a³, a4 ,.., an.
Na concepção de Eves (2011), essas contribuições representam um grande avanço em
relação a Viète, com a percepção de que uma letra poderia representar qualquer quantidade,
positiva ou negativa. O autor afirma ainda que René Descartes deu início ao princípio de
identidade de polinômio. No exemplo já mencionado, forçamos a anulação do discriminante
da equação quadrática
x² + 2x (2 - x2) + (2x2- 5) = 0,
na tentativa de determinar o valor de x2 de modo que as duas raízes fossem iguais a 1.
Utilizando o princípio de identidade de polinômios, podemos determinar x2 da seguinte
maneira
x² + 2(2 - x2 )x + (2x2 – 5) ≡ (x - 1)2 ≡ x2 - 2x + 1.
Assim, igualando-se os coeficientes dos termos semelhantes, obtemos
2(2 - x2) = - 2 e 2x2 - 5 = 1.
De qualquer das igualdades anteriores tira-se x2 = 3.
Segundo Eves (2011), em um dos outros dois apêndices do Discours René Descartes
dedicado à óptica, ele trata da explanação de numerosos fenômenos meteorológicos ou
atmosféricos, incluindo o arco-íris.
105
então,
a 1 b
+1= a =
b −1 a−b
b
e
a b 2b − a a1
√2 = = −1= =
b a−b a−b b1
Considerando que 1 < √2 < 2, ao substituir 2 por a/b e multiplicar então por b obtemos
como resultado b < a < 2b. De a < 2b decorre que 0 < 2b a = a1. E de b < a decorre que a1 =
2b - a < a. Desse modo, a1 é um inteiro positivo menor que a. De forma análoga chega-se a √2
= a2 /b2, onde a2 é um inteiro positivo menor que a1. O processo pode ser repetido
indefinidamente. Como, porém, os inteiros positivos não podem decrescer em valor inde-
finidamente, conclui-se que √2 não pode ser racional.
Segundo Roque (2012), Fermat juntamente com Pascal utilizaram o método dos
indivisíveis para determinar áreas determinadas por diferentes curvas. Para tanto, sugeriram
modificações significativas com o objetivo de construírem um novo método dos indivisíveis
pelo qual a área não era decomposta em um número finito de linhas, mas formada pela soma
de um número indefinido de retângulos. De acordo com a autora, para calcular a área da
parábola y = x² entre dois pontos O e B, deve-se construir retângulos sobre as abscissas de
pontos de distância d, 2d, 3d,...,nd, conforme Figura 18.
Observando a Figura 18, temos n retângulos cujas bases medem d, e suas alturas são
dadas respectivamente por d², 4d², 9d², ..., nd². Desse modo, A = d²+ 4d² + 9d² + ... + nd² =
d³(1 +2² + 3² + ... + n²).
108
Roque (2012) afirma que Pascal e Fermat já tinham calculado a soma das m-ésimas
potências dos n primeiros números naturais. Em especial, a soma dos termos entre parênteses
poderiam ser substituídos por n/6(n + 1)(2n + 1) = n³/3 +n²/2 + n/6. Porém, d é obtido
dividindo-se OB³ por n, logo a soma A é dada por d³(n³/3 +n²/2 + n/6) = OB³(1/3+ 1/2n +
1/6n²). Quando o número de retângulos aumentar, os últimos termos podem ser desprezados
(ROQUE, 2012). Assim, a soma das áreas é dada por A = OB³/3 = x³/3. De acordo com a
autora esse problema pode ser resolvido pelo método da integração da função que define a
parábola.
De acordo com Roque (2012), esse método pode ser aplicado para outras curvas,
distintas da parábola, bastando conhecer a soma das m-ésimas potências dos n primeiros
números naturais. Para a autora, em cerca de 1636, Fermat já tinha conhecimento da área sob
𝑎𝑛+1
o gráfico de função do tipo y = xn entre dois pontos O e B era dada por quando n for
𝑛+1
“quantidades” e “taxas de quantidades” termos que são bastante imprecisos e distantes da atual
noção de limite.
A maioria dos teoremas de Newton são apenas enunciados, sem demonstração (EVES,
2011). O mais interessante deles, e também o mais frustrador, é o que afirma que, “assim
como todas as cônicas podem ser obtidas como projeções centrais de uma circunferência,
assim também todas as cúbicas podem ser obtidas como projeções centrais das curvas” (p.
440) y² = ax³ + bx² + cx + d. Por muito tempo esse e teorema permaneceu um desafio, sendo
finalmente provado em 1731.
Newton, em sua obra-prima Principia, um dos trabalhos mais influentes e admiráveis
na história da ciência (EVES, 2011), sistematizou a dinâmica e apresentou uma formulação
completa dos principais fenômenos de movimento, terrestres e celestes. De acordo com o
autor, os teoremas de Newton, apesar de alguns, provavelmente terem sido obtidos pelo
método dos fluxos, foram provados indiscutivelmente pelos métodos da geometria clássica e
também por algumas noções simples de limites.
No século XVII, Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) introduziu o termo “Função”
em um manuscrito intitulado O método inverso das tangentes, datado de 1673, com o objetivo
de associar esse conceito a uma curva e o raio de curvatura de uma curva (EVES, 2011). Para
tanto, introduziu os termos constantes, variáveis e parâmetro, para representar quantidades
geométricas que dependiam de um pondo e uma curva.
Entre 1673 e 1676, Leibniz inventou o cálculo e utilizou pela primeira vez o símbolo
de integral, indicado por um S alongado, originário da primeira letra da palavra latina summa
(soma) em 29 de outubro de 1675, com a finalidade de representar uma soma de indivisíveis.
Posteriormente ele passou a escrever diferenciais e derivadas como utilizamos atualmente e
também escrevia ∫ x dy e ∫ y dx para representar as integrais. Em seus estudos, utilizava dx
para representar um intervalo finito aleatório e dy pela proporção dy: dx = y: subtangente.
Além do cálculo, Leibniz deu grandes contribuições para outras áreas da matemática.
Foi ele quem criou a teoria dos determinantes, com o objetivo de estudar os sistemas de
equações lineares, generalizou o teorema binomial para o teorema multinomial, visando a
expansão de (a + b + ... + n)r. Apesar disso, Leibniz, juntamente com Newton, deram maior
contribuição para o cálculo diferencial e integral, que também receberam mais tarde as
contribuições de Jakob Bernoulli (1654 – 1705) e Hohan Bernoulli (1667 – 1748).
No século XVIII, Johann Bernoulli, matemático suíço (1667-1748), usou o termo
função para designar os valores obtidos por operações entre variáveis e constantes. Ao
experimentar várias notações, Bernoulli buscou estabelecer um símbolo para representar as
111
quantidades variadas e outro para as constantes. Desse modo, apresentou a primeira definição
explícita de uma função como uma expressão analítica. Para tanto, sugeriu a letra grega ϕ
como representação específica de uma função.
Em cerca 1716 Johann Bernoulli, em uma das suas publicações utilizou o termo função
como sendo “uma expressão qualquer formada por uma variável e algumas constantes”
(EVES, 2011, p. 660), que acabou se popularizando entre os matemáticos.
Dentre as suas contribuições, Johann Bernoulli desenvolveu trabalhos sobre temas
variados, como fenômenos ópticos relacionados com reflexão e refração, determinação das
trajetórias ortogonais de uma família de curvas, retificação de curvas e quadratura de áreas
por meio de séries, trigonometria analítica, cálculo exponencial e outros (EVES, 2011).
Posteriormente, Leonhard Euler (1707-1783), em sua obra intitulada Introdução à
Análise Infinitesimal definiu uma função como uma equação ou fórmula qualquer envolvendo
variáveis e constantes. Apesar do conceito de função não ter sido originado por Euler, foi ele
quem desenvolveu o cálculo como uma teoria formal de funções.
Nesse mesmo eibnivários símbolos e conversões (BOYER, 2012), como, por exemplo,
f(x) para denotar a função f aplicada ao argumento x, introduziu a notação moderna para as
funções trigonométricas, a letra e para representar a base do logaritmo natural, também
conhecido como o número de Euler, a letra grega Σ (sigma maiúsculo) para somatórios e a
letra i para representar a unidade imaginária (√ −1), embora não tenha sido criado por ele,
usou a letra grega π (pi) para designar a razão entre a circunferência de um círculo e o seu
diâmetro, que também foi popularizada por Euler.
Entre as contribuições de Euler mais conhecidas na matemática moderna estão:
geometria, cálculo infinitesimal, trigonometria e a teoria dos números, bem como deu
continuidade à física newtoniana, à teoria lunar e a outras áreas da física. Em 1748, Euler, em
seu trabalho Introductio em analysin infinitorum, utilizou as séries infinitas para estudar novos
métodos e até mesmo para modelar problemas aplicados. Como resultado desse estudo,
encontrou resultados magníficos, entre eles a notabilíssima fórmula eix = cos x + isen x,
substituindo x = π, temos eiπ + 1 = 0
Daí, Euler atingiu muitas relações interessantes, como por exemplo, ii = e – π/2. Hoje a
fórmula de Euler é um arranjo da matemática, especificamente da análise complexa, que é
usada para mostrar uma relação profunda entre as funções trigonométricas e a função
exponencial, bem como no desenvolvimento de fenômenos ondulatórios de ordem complexa
que resultam em equações diferenciais ordinárias.
112
senóides, ou seja, se f(x) é uma função definida no intervalo , ela pode ser representada
pela expressão
a
+ ∑∞
n=1( an .cos (nx) + bn .sen (nx)).
2
Apesar de Fourier ter afirmado que essas séries envolvem uma maneira de relação
mais geral entre as variáveis do que as usadas anteriormente, seus estudos contribuíram para
o desenvolvimento de trabalhos em diversas domínios, por exemplo, acústica, óptica,
termodinâmica, na resolução de equações diferencias, dentre outros.
Na tentativa de estabelecer uma definição do conceito de função mais abrangente e
rigorosa Lejeune Dirichlet (1805 - 1859) apresentou a seguinte definição:
Na concepção de Eves (2011) a definição proposta por Dirichlet é muito grande, além
disso, não implica a necessidade de organizar em forma de expressão analítica a relação que
existe entre x e y. Para o autor, essa definição evidencia a ideia de relação entre dois conjuntos
de números.
Eves (2011) destaca ainda que a teoria dos conjuntos possibilitou ampliar o conceito
de função, abrangendo relações entre dois conjuntos de elementos quaisquer, quer sejam esses
elementos números ou qualquer outra coisa. Para o autor, na teoria dos conjuntos, uma função
f é definida da seguinte maneira: um conjunto qualquer de pares ordenados de elementos,
pares esses sujeitos à condição seguinte: se (a1, b1) ∈ f, f(a2 , b2 ) ∈ e a1 = a2 , então b1 = b2.
Eves define o conjunto A formado pelos primeiros elementos dos pares ordenados de domínio
da função, e o conjunto B formado pelos segundos elementos dos pares ordenados de imagem
da função.
Desse modo, “uma função é simplesmente um tipo particular de subconjunto do
produto cartesiano A x B. Uma função f se diz injetora se de (a1, b1) ∈ f, (a2, b2 ) ∈ e b1 = b2
decorre a1 = a2 . Se f é uma função e (a, b) ∈, escreve-se b = f(a)” (EVES, 2011, p. 661).
Em meados do século XX, surgiu na França um movimento formado por matemáticos
franceses, entre eles André Weil e Jean Diendonné. Esse movimento adotou o pseudônimo de
Nicolas Bourbaki, tendo como objetivo reformular toda a matemática (ROQUE, 2012). O
114
grupo Bourbaki publicou vários trabalhos apresentando a Matemática moderna, que teve
como consequência a redefinição de conceitos básicos na linguagem de conjuntos.
De acordo com Roque (2012), em 1939 o grupo Bourbaki, em uma das suas
publicações, considerou a definição de função proposta por Dedikind e Cantor insatisfatória
e lutou por mais rigor e simplicidade, criando uma nova terminologia e conceitos ao longo do
tempo e assim, propôs a seguinte definição:
Sejam E e F dois conjuntos, que podem ser distintos ou não. Uma relação entre um
elemento variável x de E e um elemento variável y de F é dita uma relação funcional
se, para todo x pertencente a E, existe um único y pertencente a F que possui a
relação dada com x. Damos o nome função à operação que associa, desse modo, a
todo elemento x pertencente a E, o elemento y pertencente a F que possui a relação
dada com x; y será dito o valor da função no elemento x (ROQUE, 2012, p.474).
Fonte: Os autores
Nesse mesmo período Leonhard Euler (1707 – 1783) introduziu vários símbolos e conversões
(BOYER, 2012), como, por exemplo, f(x) para denotar a função f aplicada ao argumento x,
introduziu a notação moderna para as funções trigonométricas, a letra e para representar a base
do logaritmo natural, também conhecido como o número de Euler, a letra grega Σ (sigma
maiúsculo) para somatórios e a letra i para representar a unidade imaginária (√ −1), embora
não tenha sido criado por ele, usou a letra grega π (pi) para designar a razão entre a
circunferência de um círculo e o seu diâmetro, que também foi popularizada por Euler.
Atualmente, conceito de função constitui um dos objetos de estudo mais importante
da Matemática devido a sua importância social. O conceito de função é autilizado para
interpretar taxas e índices de natureza socioeconômica, como por exemplo, índice de
desenvolvimento humano, taxas de inflação, entre outro, investigando os processos de cálculo
desses números e interpretar as situações econômicas, sociais e das ciências da natureza que
envolvem a variação de duas grandezas, pela análise dos gráficos e das taxas de variação
conforme proposto na BNCC (Brasil, 2018). Além disso, o conceito de Função é utilizado no
estudo de modelos dinâmicos, probabilísticos,
Geralmente, nos livros didáticos o conceito de função é apresntado em forma de uma
sentença que relaciona grandezas: “Dados dois conjuntos A e B não vazios, uma relação f de
A em B recebe o nome de aplicação de A em B ou função definida em A com imagens em B
se, e somente se, para todo x A existe um só y B tal que (x, y) f” . (IEZZI, 2004, p.81)
Prospero (2013) ressalta que no âmbito da sala de aula, existem poucas atividades que
possibilitem uma discussão e observação acerca da construção do conceito de função.
Segundo o autor, geralmente os estudantes têm a dificuldade de identificar as variáveis, o
domínio e a imagem nas situações-problema. Com isso, o autor defende a necessidade da
participação dos estudantes nas atividades práticas como recurso indispensável para a
aprendizagem.
Diante disso, Prospero (2013) apresenta uma intervenção utilizando folhas de papelão
para construção de caixas, com o objetivo de relacionar o volume da caixa de acordo com os
recortes de cada uma delas e sua respectiva fórmula matemática de forma prática. De acordo
com o autor, essa proposta poderá representar para os estudantes um significado prático e
também amenizar as dificuldades. Para o autor, as dificuldades dos estudantes podem estar
relacionadas a forma como o conteúdo é apresentado aos estudantes.
Silva (2014) desenvolveu uma atividade para relacionar os conceitos de função afim e
quadrática com a cinemática através de situações-problema contextualizadas. Nessa mesma
atividade, a autora explorou a interpretação e construção de gráficos. A autora aponta a
necessidade de o professor trabalhar situações que envolvam as diferentes formas de
representação de uma função, de modo que possa possibilitar aos estudantes a oportunidade
de construir o conceito de Função e suas formas de representação.
No Quadro 5 apresentamos algumas fontes de pesquisas do Banco de Teses e
Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior – CAPES e
da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações - BDTD, que trabalharam com Função
Afim no período de 2013 a 2019. Nessa busca, utilizamos palavras-chave como: estudo de
Função Afim, Função Polinomial do 1º grau, Teoria Antropológica do Didático.
Através dessa pesquisa, Salin (2014) verificou que as observações de relações entre
variáveis a partir da manipulação de pontos em uma construção no Geogebra possibilitaram o
entendimento do conceito de função e gráfico, por meio do desenvolvimento constante de
conversão de registros.
Torres (2014) elaborou e aplicou um questionário para diagnosticar situações
vivenciadas pelo professor em sua prática docente, em relação a experimentos.
Posteriormente, organizou uma descrição de uma sequência didática em forma de oficinas
para mostrar experimentos de física que contemplassem Função Afim. Depois realizou
algumas oficinas para professores do ensino médio mostrando experimentos que podem
auxiliar os professores no desenvolvimento do aprendizado e na construção do conceito de
“Função Afim".
Torres (2014) constatou que o uso de experimentos, por meio das sequências didáticas,
permite resolver problemas associados ao cotidiano, e, do mesmo modo, interfere fortemente
na formação de capacidades intelectuais, na estruturação do pensamento e na agilização do
raciocínio lógico e dedutivo do aluno.
Batista (2015) analisou as estratégias e dificuldades de mobilização e interpretação de
registros diante de situações-problema que inter-relacionaram Matemática e Física (Função
Afim e o Movimento Uniforme), em nível de Ensino Médio. Para tanto, elaborou uma
sequência didática sobre conteúdos de Função Afim e movimento uniforme. Posteriormente,
desenvolveu-se a sequência com os estudantes do primeiro ano do ensino básico/técnico de
um Instituto Federal de Educação e examinou-se as produções escritas e áudios das atividades
propostas para os estudantes. Por meio dessa proposta, verificou-se que houve interação dos
estudantes com vários tipos de registros de representação semiótica.
Por meio das experimentações, Batista (2015) explorou o conteúdo cinemática, num
determinado circuito aberto, com o intuito de analisar as posições em função do tempo e suas
respectivas relações entre os elementos da função afim e seus correspondentes no movimento
uniforme.
Através da sua pesquisa, Batista (2015) verificou que os estudantes apresentaram
dificuldades, na construção de registros algébricos a partir de registros gráficos,
principalmente com relação ao registro algébrico.
Lira (2015), em sua dissertação de mestrado, utilizou da tecnologia de informação e
comunicação no processo de ensino aprendizado relativos ao conteúdo de matemática,
especificamente, ensino de funções afim. Nesse estudo, trabalhou os conceitos de função,
crescimento e decrescimento, análise de coeficientes angular e linear, entre os tópicos
122
referentes a este conteúdo através de problemas relacionados ao cotidiano dos estudantes. Para
tanto, sugeriu a utilização do Geogebra, ferramenta de estudo, com a finalidade de mostrar
que é possível desenvolver trabalhos em sala de aula de forma dinâmica e com isso, obter a
mudança de funções e atitude dos personagens envolvidos no processo.
Freitas (2016) utiliza métodos de resolução de equações de 1º e 2º graus de forma
geométrica, entre eles, o método de completar quadrado de Al-Khwarizmi, que possibilita
resolver geometricamente uma equação quadrática utilizando áreas. Com isso, explora as
funções afim e quadrática através do Software Geogebra, visando despertar nos estudantes o
gosto e o prazer pelo estudo de Matemática, tornando-os sujeitos ativos no processo de ensino
e aprendizagem.
Santana (2016) investigou as principais dificuldades dos estudantes no estudo de
Função Afim. Para tanto, ela realizou um levantamento de onze pesquisas, entre artigos e
dissertações, sobre função afim. Ela realizou também as análises em treze livros didáticos de
matemática dos ensinos Fundamental e Médio. Visando obter melhor aprofundamento nas
análises, Santana (2016) selecionou quatro desses livros didáticos para verificar em que
medida as abordagens propostas nessas obras superam as dificuldades apontadas nas
pesquisas e consideram os parâmetros defendidos por trabalho de Dornelas, publicado de
2007. Para analisar os quatro livros didáticos e a sequência didática, recorreu à Teoria
Antropológica do Didático, mais precisamente à noção de Praxeologia Matemática.
Em síntese, Santana (2016) verificou que os livros didáticos de Matemática do Ensino
Médio poderiam dar mais ênfase ao estudo de Função Afim, tendo em vista que essa função
é a porta de entrada para o estudo de outros modelos matemáticos no Ensino Médio.
Posteriormente, Santana (2016) fez a caracterização da sequência desenvolvida por
Dornelas, em seu trabalho publicado em 2007, pela qual a pesquisadora formulou e aplicou
uma Sequência Didática, com o intuito de trabalhar com as estudantes situações de
aprendizagem envolvendo o conceito de Função Afim. Com isso, Santana (2016) observou
que as atividades propostas por Dornelas (2007) exigem algum tipo ou subtipo de tarefa,
conforme proposta nos livros didáticos. Verificou também que tanto os livros didáticos quanto
as atividades propostas na sequência didática priorizam o bloco prático técnico da praxeologia
matemática, ou seja, o saber fazer.
Em sua dissertação de mestrado, Torezani (2016) apresenta, de maneira simples e
objetiva, o estudo aprofundado da Função Afim no Ensino Médio através de conceitos,
cálculos e exemplos, que mostram como aplicar o conteúdo estudado, de forma mais
compreensível para o aluno. Em sua pesquisa, são descritos conceitos e propriedades do plano
123
cartesiano, do conceito de Função, da definição de Função Afim, zero ou raiz de uma Função
Afim, do crescimento e decrescimento de uma Função Afim, do gráfico de uma Função Afim
e relações entre Função Afim, Geometria e Proporcionalidade. Além disso, mostra que o
professor pode adotar com prazer diversas abordagens para trabalhar o mesmo assunto,
enriquecendo suas aulas e motivando os alunos, principalmente quando são tratadas questões
relacionadas ao cotidiano do aluno.
Gomes (2017), em seus estudos, explorou as múltiplas representações da Função Afim,
através de problemas abertos que possibilitassem a conversão dos registros, fazendo passagem
entre a linguagem natural, a forma algébrica, geométrica e tabular da Função Afim. Para tanto,
utilizou os registros de Representação Semiótica, a Função Afim, a resolução de problemas e
os problemas abertos em Matemática, além de tópicos inerentes a sua pesquisa, como a
metodologia utilizada durante seus estudos, resultados prévios, dentre outros.
Sousa (2018), pensando em melhorar o desenvolvimento dos estudantes no estudo de
Função Afim, elaborou uma atividade sobre a venda de geladinhos. Com essa atividade,
discutiu com os estudantes o tipo de empreendedorismo, visando criar estratégias para venda
do produto. A partir dessa situação, discutiu, o conteúdo Função Afim através do valor do
custo de produção, do preço de venda e lucro obtido com geladinhos de diferentes tamanhos.
Posteriormente, ele sugeriu para os estudantes a formulação das funções e a modelagem dos
gráficos.
Em sua pesquisa de mestrado, Silva (2019) utilizou problemas envolvendo os
conteúdos da Física, como, por exemplo, movimento retilíneo uniforme, para trabalhar a
representação gráfica desses problemas. Para isso, ele usou o laboratório de robótica com
intuito de simular e modelar os problemas de Física em situações práticas.
CAPÍTULO V
institucionais de ensino (BOSCH, GASCÓN, 2010), caracterizado pela perda da razão de ser
em seu processo transpositivo.
Nesse sentido, Farias et al. (2018) ressaltam que o problema didático e a incompletude
do trabalho institucional possivelmente estejam relacionados a diferentes problemas didáticos
caracterizados pela inconsistência das praxeologias dos sujeitos nas instituições.
Geralmente, os questionamentos acerca dos problemas no âmbito educacional são
característicos da problemática ecológica, presente na Teoria Antropológica do Didático: “O
que existe? Por que existe”? “O que não existe”? Por que não existe? O que poderia existir?
Sobre quais condições? Por outro lado, a partir de um conjunto de condições, quais os objetos
são obrigados a viver ou, em contrapartida, quais são os objetos que são impedidos de viver
nessas condições (ARTAUD, 1998).
Esses questionamentos apesar de simples, são eficazes para questionar o real.
Entretanto, no campo do didata, os questionamentos podem favorecer o entendimento da
realidade dos objetos que queremos estudar e as relações entre sujeito-objeto-saber. Além da
abordagem ecológica do saber, existe uma organização própria para a análise ecológica dos
objetos didáticos, que frequentemente são utilizados, como exemplo, os objetivos, os métodos,
as estratégias de avaliação, ou seja, os fundamentos instituídos para o processo de ensino e
aprendizagem, em nosso caso, de Função Afim.
Nesse sentido, Chevallard (1991) destaca que um objeto matemático não vive isolado.
Assim introduz a noção de ecologia didática que nos permite pensar em um ecossistema
formado por um conjunto de saberes que se inter-relacionam e na noção de habitat como sendo
a instituição na qual podemos encontrar o objeto do saber e, por sua vez, seu papel nesse
habitat, isto é, o seu nicho. Isso nos remete à vida do saber matemático no contexto escolar,
de modo que passe a viver como saber a ser ensinado.
Tendo em vista que existe algo a mais, além da simples transmissão do conhecimento,
“a problemática ecológica amplia o campo de análise e permite abordar os problemas que se
criam entre os diferentes objetos do saber a ensinar” (ALMOULOUD, 2007, p. 113).
As análises institucionais perpassam pelas seguintes instituições: os documentos
oficiais, dentre eles, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as Orientações Curriculares
do Ensino Médio do Estado da Bahia (OCEM), os livros didáticos aprovados pelo PNLD-
2018 e adotados pela instituição de referência, e as praxeologias dos estudantes, enquanto
elementos institucionais, bem como a análise de documentos que auxiliam na prática do
professor.
127
TIPOS REPRESENTAÇÃO
V1 Palavras
V2 Números (naturais, inteiros, racionais, reais)
V3 Símbolos
V4 Fórmulas
V5 Objetos (variáveis ligadas aos objetos ostensivos e não ostensivos).
V6 Operações fundamentais (+, -, x, ÷,an e √)
V7 Equações
V8 Funções
V9 Gráficos
V10 Elementos de identificação (domínio, imagem, crescimento e decrescimento da função).
V11 Situação problema (variável ligada ao tipo de situação proposta – partes iguais)
V12 Técnicas operacionais
V13 Recursos tecnológicos (variável relacionada ligada a ferramenta utilizada)
V14 Conhecimentos geométricos
V15 Cálculos de área e perímetro
V16 Cálculos de porcentagem
V17 Substâncias químicas
V18 Leis ponderais
Fonte: Os autores da pesquisa, adaptado de Chaachoua e Bessot, 2019.
128
5.1.1 Análise das relações institucionais na Base Nacional Comum Curricular (BNCC)
ORGANIZAÇÃO MATEMATICA
REGULARIDADE IGUALDADE
Interpretar Resolver
Analisar Elaborar
Investigar Utilizar
Compreender Converter
Resolver Representar
Representar Expressar
Elaborar Reconhecer
Utilizar Distinguir
Identificar
Associar
Analisar
Total: 8 tipos de tarefas Total: 11 tipos de tarefas
HABILIDADES
(EM13MAT501) investigar relações entre números expressos em tabelas para representá-los
no plano cartesiano, identificando padrões e criando conjecturas para generalizar e expressar
algebricamente essa generalização, reconhecendo quando essa representação é de função
polinomial de 1º grau.
(EM13MAT401) converter representações algébricas de funções polinomiais de 1º grau para
representações geométricas no plano cartesiano, distinguindo os casos nos quais o
131
Além dessas organizações, a BNCC possibilita reunir outras unidades temáticas que
sejam necessárias e que contemplem as especificidades e as demandas das instituições. Para
tanto, faz-se necessário considerar as ideias básicas referentes à articulação entre os vários
campos da Matemática, tendo em vista a construção de uma visão integrada de Matemática e
aplicada à realidade (BRASIL, 2018), bem como garantir aos estudantes competências
específicas e habilidades relacionadas aos seus processos de reflexão e de abstração, que deem
sustentação a modos de pensar criativos, analíticos, indutivos, dedutivos e sistêmicos e que
favoreçam a tomada de decisões orientadas pela ética e o bem comum.
Examinando as habilidades propostas para o estudo de Função, verificamos que a
BNCC (BRASIL, 2018) sugere que tema Função seja abordado como relação de dependência
entre duas grandezas associando-as a representações gráfica e algébrica.
5.1.2 Análise das relações institucionais nas Orientações Curriculares para o Ensino
Médio no Estado da Bahia
As Orientações Curriulares para o Ensino Médio do estado da Bahia têm por finalidade
contribuir para promover a formação integral do estudante, com base unitáia, de modo que
garanta o acesso a conhecimento que favoreça a compreensão das relações sociais e
produtivas, e que articule trabalho, ciência, tecnologia e cultura na perspectiva da
emanciapação humana, garantindo o direito à educação por meio da qualidade social de sua
oferta, conforme já proposto pela a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB/1996).
132
No que se refere ao eixo Conexões entre saberes, este foi criado para garantir uma
maior aprendizagem, isto é, permitir que o estudante possa estabelecer relações de maneira
consciente no sentido de atingir as competências da área, além do domínio da ferramenta
matemática, isto é, as técnicas e procedimentos.
Nosso foco recai sobre o Eixo 1 (Linguagem, Estruturas e Abstrações Matemáticas) e
tem o propósito de revelar as condições e restrições que incidem sobre o estudo do tema de
Função Afim no 1º ano do Ensino Médio. Nesse eixo, as competências esperadas vêm sendo
desenvolvidas durante as séries iniciais e finais do Ensino Fundamental e, especificamente,
no Ensino Médio.
Os saberes associados ao eixo 1 têm o princípio de que o raciocínio lógico-matemático
pode romper com os processos de simples memorização de fórmulas e tabelas, pois
desenvolvem no estudante a capacidade de construir conceitos a partir das vivências dentro e
fora da sala de aula. Para tanto, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio destacam
que o professor deve utilizar da comunicação oral e escrita para favorecer um ambiente de
reflexão e crítica, promovendo a ruptura dos obstáculos didáticos (BAHIA, 2015, p. 12-13).
As Orientações Curriculares destacam ainda que as experiências interdisciplinares
contribuem como meios de revisão de algumas noções matemáticas e para a integração de
conceitos que servirão para aprimorar a capacidade de raciocínio, despertando no estudante o
benefício da Matemática para o trabalho e a vida. Outra razão é promover a cultura científica
136
pautada na ética e nos direitos e deveres do cidadão, contribuindo assim, para uma formação
crítico-reflexiva dos estudantes.
No Quadro 10 elencamos, especificamente, as competências e habilidades referentes
aos componentes curriculares, associadas a Função Afim, elaboradas em consonância com as
dimensões estruturantes do currículo: trabalho, tecnologia, cultura e ciência. Desse modo,
propõe a seguinte progressão formativa: Iniciar (I), Trabalhar Sistematicamente (TS),
Consolidar (C).
Quadro 10 - Competências e habilidades – Matemática, nas OCEM.
EIXO 1
LINGUAGEM, ESTRUTURAS E ABSTRAÇÕES MATEMÁTICAS
COMPETÊNCIAS 1ª 2ª 3ª
Compreender os números, seus significados, representações, operações e suas TS TS C
relações entre si
HABILIDADES
Comunicar-se em Matemática, utilizando-se de diferentes linguagens.
Comparar e diferenciar as propriedades de sistemas numéricos, enfatizando os números racionais e os
reais e suas mais diversas representações.
Avaliar os efeitos de operações de multiplicação e divisão, envolvendo o cálculo de potências e de
raízes, na grandeza dos resultados.
Avaliar a validade de cálculos numéricos e dos respectivos resultados.
Diante do exposto, podemos perceber que este estudo pode ser desenvolvido com os
diferentes eixos da OCEM, entretanto, aqui, focamos na organização do documento em
competências e habilidades relacionadas ao estudo de Função.
No que se refere às possibilidades metodológicas, as OCEM (BAHIA, 2015), em
consonância como os PCN, ressaltam a importância de um ensino contextualizado, associado
à interdisciplinaridade, como princípios curriculares norteadores, capazes de produzir uma
revolução no ensino. Nesse sentido, as OCEM sugerem o trabalho interdisciplinar e
contextualizado, relacionado ao eixo conexões entre saberes, de modo que os estudantes sejam
137
EIXO 1
REPRESENTAÇÃO DOS FENÔMENOS
COMPETÊNCIAS 1ª 2ª 3ª
139
e representação usadas na Física como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou
linguagem simbólica. Entender a Física como parte integrante do avanço tecnológico contemporâneo,
através da comunicação dos diversos tipos de tvs, microcomputadores, tablets, pendrive, cd, dvds,
celulares, etc. Avaliar métodos, processos e procedimentos da Física que contribuam para diagnosticar ou
solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.
EIXO 4
AS DIVERSAS FACES DAS CIÊNCIAS DA NATUREZA GERANDO CONHECIMENTO PARA A
HUMANIDADE
Reconhecer a importância do conhecimento científico nos aspectos político, I TS TS/C
econômico e social dos indivíduos
HABILIDADES
Conhecer as contribuições da Física nas diversas áreas do conhecimento. Associar o conhecimento
construído ao conhecimento que já traz da sua vivência. Relacionar a construção do conhecimento
científico às diferentes condições de vida das populações. Desenvolver poder de decisão acerca de
situações cotidianas que envolvam o uso de produtos originados a partir do desenvolvimento científico e
tecnológico. Priorizar o uso em seu cotidiano das contribuições científicas que beneficiam trazendo o
mínimo de impactos ambientais e sociais. Associar o desenvolvimento do conhecimento científico com a
melhoria da eficiência, minimizando o desperdício energético e a redução da emissão de poluentes no
sistema produtivo.
EIXO 5
MOVIMENTOS: CAUSAS E CONSERVAÇÕES
Selecionar e utilizar instrumentos de medição, utilizar escalas, fazer estimativas e I/TS TS C
interpretar resultados
HABILIDADES
Utilizar símbolos e relacioná-los com situações do dia a dia. Saber operar com algarismos significativos
utilizando a notação científica. Diferenciar grandezas escalares das vetoriais. Compreender a historicidade
da física no conteúdo estudado. Identificar os diversos tipos de medidas e fazer as transformações entre
elas. Reconhecer a generalidade de uma unidade de grandeza e o seu significado específico para cada
ciência.
Analisar diferentes tipos de movimentos que acontecem no dia a dia e a grandeza I/TS TS C
relevante para a sua observação buscando suas características para sistematizá-los
(posição, distância, tempo, velocidade, aceleração, etc.)
Identificar os diversos tipos de movimentos. Entender o desenvolvimento da Física como um processo e
não como resultado de algo pronto, percebendo a sua evolução ao longo do tempo. Caracterizar os
lançamentos e a queda de corpos. Construir tabelas e gráficos dos movimentos estudados.
Apropriar-se de conhecimentos da Física para, em situações problema, interpretar, I TS C
avaliar ou planejar intervenções científico-tecnológicas
HABILIDADES
Identificar os diversos tipos de forças presentes no contexto do estudante. Utilizar a formulação
newtoniana no estudo dos movimentos. Relacionar força, trabalho, potência e energia. Discutir as forças
fundamentais da natureza. Identificar formas de conservações e transformações de energia identificando
quando possível o trabalho realizado. Relacionar as grandezas impulso e quantidade de movimento.
Analisar a conservação da quantidade de movimento em situações do cotidiano. Identificar a presença de
fenômenos físicos com relação à biomecânica humana.
EIXO 8
IMAGEM E SOM, COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÕES
Entender métodos e procedimentos próprios da Física e aplicá-los em diferentes I TS C
contextos
HABILIDADES
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas
ciências físicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.
Argumentar sobre as propriedades físicas, de sistemas ou procedimentos tecnológicos associando- -as às
finalidades a que se destinam. Avaliar métodos, processos ou procedimentos da Física que contribuam
para diagnosticar ou solucionar problemas de ordem social, econômica ou ambiental.
Fonte: OCEM (BAHIA, 2015, p. 36).
141
Utilizamos a organização matemática para análise dos Livros Didáticos, por ser um
recurso fundamental da Teoria Antropológica do Didático para análise do livro didático.
Através dessas análises conhecemos também como o objeto de estudo está proposto na
instituição de referência.
Neste trabalho, consideramos os Livros Didáticos adotados pela instituição de
aplicação, especificamente o capítulo referente ao objeto matemático Função Afim. Essa
análise está fundamentada na metodologia empregada por Henriques, Nagamine e Nagamine
(2012) os quais propõem a análise do livro didático partindo do global para o local. Para tanto,
questionamos o MED na instituição de referência, a partir das relações institucionais acerca
do objeto Função Afim, através das análises dos livros didáticos aprovados pela PNLD-2018
e também por meio das praxeologias dos estudantes.
Nessa organização, fazem-se necessários os conhecimentos dos conceitos de habitat,
caracterizado como sendo o lugar de vida e o ambiente conceitual de um objeto do saber, e de
nicho ecológico, definido como lugar funcional ocupado pelo objeto do saber no sistema ou
praxeologia dos objetos com os quais interage (HENRIQUES; ATTIE; FARIAS, 2007, p.64).
Fonte: PNLD 2018: Matemática – guia de livros didáticos (BRASIL, 2018, p.46)
Para melhor compreensão da ecologia (habitat e nicho) da Função Afim, proposta pelo
autor, apresentamos a seguir a estrutura organizacional local (seção) que contempla o objeto
de estudo aqui proposto. Para isso, selecionamos os itens e subitens, apresentados no Quadro
15.
Quadro 15 - Estrutura Organizacional Regional do Livro Didático de Matemática.
A priori, expomos a forma como o autor apresenta o conceito de Função. Para isso,
selecionamos as situações que apresentam os tipos de tarefas (CHAACHOUA; BESSOT,
2019) e técnicas utilizadas pelo autor e suas respectivas justificativas para utilização das
técnicas, isto é, as tecnologias e teorias (CHEVALLARD, 1999). Posteriormente,
apresentamos um quadro com os tipos de tarefas e suas respectivas análises.
Nessa análise verificamos que Balestri (2016) inicia a unidade através do texto
intitulado “A praga do gafanhoto”, com o objetivo de introduzir o conteúdo Função Afim de
forma contextualizada. No Manual do Professor, são apresentadas sugestões para o professor,
como, por exemplo, propor para os estudantes as questões relacionadas ao tema. Por exemplo,
considerando o que foi dito no texto, escreva a lei de formação da função para a espécie
Schistocerca gregaria que associa a quantidade de gafanhotos (x) à quantidade de vegetação
(q), em gramas, que pode ser consumida diariamente por indivíduos, dessa espécie.
O Manual do professor destaca que, apesar de ser considerado praga quando está em
grande número, o gafanhoto também possui um papel importante para a natureza e para o ser
humano, recomendando que o professor solicite que os estudantes façam uma pesquisa sobre
essa temática e escrevam suas contribuições.
A seguir, apresenta os principais objetivos a serem atingidos nessa seção:
Desse modo, continuando com o exemplo, ele apresenta a suposição de uma cidade
em que a bandeirada custa R$ 5,00 e o quilômetro percorrido R$ 2,00, mostrando que é
possível escrever uma fórmula que permita calcular o valor a ser pago por uma corrida em
função da quantidade de quilômetros percorridos da seguinte forma: utiliza y (variável
dependente) para representar o valor, em reais a ser pago pela corrida e x (variável
independente) para representar a quantidade de quilômetros percorridos, conforme a Figura
24.
Figura 24 – Representação algébrica do cálculo do taxímetro
A seguir, o autor apresenta a representação gráfica dessa situação, porém não mostra
o processo de construção, conforme Figura 25.
Desse modo, segundo Balestri (2016), upondo que o preço da bandeirada fosse b e o
preço de cada quilômetro percorrido fosse a, o valor a ser pago por uma corrida de x
quilômetros seria dado pela Função Afim y = ax = b. Assim, ele define Função Afim de
maneira formal, como uma função f: ℝ → ℝ, f(x) = ax + b.
A seguir, o autor apresenta a taxa de variação de uma Função Afim como sendo o
coeficiente “a” da seguinte maneira: considere uma função afim f: ℝ → ℝ, dada por f(x) = ax
+ b. Nas palavras do autor, o coeficiente b é o valor que a função assume quando x = 0, ou seja,
b = f(0). Afirma que podemos determinar o coeficiente a conhecendo os valores de f(x1) e f(x2),
tal que x1 e x2 sejam distintos e arbitrários, da seguinte forma:
f(x1) = ax1 + b e f(x2) = ax2 + b
Desse modo,
f(x2) - f(x1) = ax2 + b – (ax1 + b) →
→ f(x2) - f(x1) = ax2 + b – ax1 - b →
→ f(x2) - f(x1) = a(x2 - x1) →
→ f(x2) - f(x1) = a(x2 - x1) →
f(𝑥2 ) − f(𝑥1 )
→ =𝑎
𝑥2 − 𝑥1
Dessa maneira, Balestri (2016) afirma que a taxa de variação média de uma função f: ℝ
f(𝑥2 ) − f(𝑥1 )
→ ℝ no intervalo [x2, x1] é dada por . Em se tratando da Função Afim, sua taxa de
𝑥 2 − 𝑥1
variação média é igual à constante “a”. Assim, Balestri (2016), define Função Afim apenas por
taxa de variação.
150
T1 : Escrever a fórmula que permita τ1: Substituir os valores de a e b na (θ1,Θ1):Definição de função afim
representar o valor a ser pago por na lei de associação y = ax + b. (θ1,1,Θ1,1):função a partir da
uma corrida em função da relação entre duas grandezas.
quantidade de quilômetros Θ1,2, Θ1,2): Definição de função a
percorridos. partir da dependência entre duas
variáveis.
T2: Calcular o valor a ser pago por τ2: Substituir a variável x por 10 e (θ2 , Θ2): Regras de propriedades
uma corrida de 10 km. efetuar as operações operatórias
T3: Representar graficamente a τ3: Utilizar a relação entre os (θ3,Θ3): Definição de função a
situação. valores do domínio e da imagem partir da dependência entre duas
para construir o gráfico da Função variáveis.
Afim
151
T4: Definir a função afim de τ4: Utilizar os conceitos de função (θ4,Θ4): Definição de função a
maneira formal, como uma função para definir uma função afim. partir da dependência entre duas
f: ℝ → ℝ,f(x) = ax + b variáveis.
T5: Dar exemplos de função afim τ5: Substituir a e b por algarismos (θ5,Θ5): Definição de função a
na fórmula y = ax + b. partir da dependência entre duas
variáveis.
T6: Identificar os casos particulares τ6: Relacionar os coeficientes de a (θ6,Θ6): Definição de função a
da função afim. e b, com as funções, identidade, partir da dependência entre duas
linear e constante. variáveis.
T7: Determinar o coeficiente de a τ7: Escrever as equações f(x1) = ax1 (θ7 , Θ7): Regras de propriedades
conhecendo os valores de f (x1) e + b e f(x2) = ax2 + b operatórias
f(x2), tal que x1 e x2 sejam distintos τ7.1 : Efetuar as operações
e arbitrários
T8: Definir taxa de variação de uma τ8: Utilizar o cálculo de proporção (θ8,Θ8): Definição de função a
função f: ℝ → ℝ no intervalo [x2, e operações fundamentais para partir da dependência entre duas
x1] definir o que é uma taxa de variáveis.
variação da função afim.
T9: Calcular a taxa de variação de τ9: Utilizar o cálculo de taxa de (θ9,Θ9): Definição de função a
f(x) = 2x – 3 nos intervalos dados: variação e operações fundamentais partir da dependência entre duas
[-2,-1]; [-1,0]; [0,-1]; [1,2]; para para encontrar a taxa de variáveis.
variação da nos intervalos
indicados.
T10: Representar graficamente a τ10: Substituir os valores indicados (θ9,Θ9): Definição de função a
taxa de variação de f(x) = 2x – 3 nos intervalos na função f(x) = 2x partir da dependência entre duas
nos intervalos dados: [-2,-1]; [- – 3 e indicar no plano cartesiano. variáveis.
1,0]; [0,-1]; [1,2] em um mesmo
plano cartesiano
Fonte: Os autores.
Observando o Quadro 16, podemos notar que as técnicas mobilizadas são de fácil
identificação, o que facilita os procedimentos mecânicos para realização das tarefas propostas
para o estudo de Função Afim, no modelo praxeológico, restringindo no bloco praxe - [T/] ou
saber-fazer.
Com base nos estudos de Chevallard (1992, 1994) nessa grade de análise observamos
que Balestri (2016) manipulou os seguintes objetos ostensivos escriturais: diagramas, desenhos,
gráfico, escrita, números racionais e suas operações os quais possibilitaram ao autor evocar os
objetos não ostensivos: as noções de Função Afim e razão.
Na seção 2, Balestri (2016) define o gráfico de uma Função Afim como uma reta. Mostra
esse fato, a partir da função afim f: ℝ → ℝ dada por f(x) = ax + b, com a ≠ 0 e três pontos
distintos de seu gráfico: A = (x1, f(x1)), B = (x2, f(x2)) e C = (x3, f(x3)). Nessa demonstração, o
autor utiliza um lembrete para indicar que três pontos são colineares quando pertencem a uma
mesma reta. Desse modo, mostra que os pontos dados são colineares e portanto, o gráfico da
função afim f é uma reta da seguinte maneira: supondo que x1 < x2 < x3 e como f(x1) = ax1 + b,
f(x2) = ax2 + b e f(x3) = ax3 + b. Assim, Balestri (2016) apresenta o seguinte exemplo de pontos
colineares:
152
A partir desse gráfico, Balestri (2016) demonstra que os triângulos ADB e BEC,
construídos no plano cartesiano, são retângulos e possuem lados correspondentes com medidas
proporcionais da seguinte maneira:
A intenção do autor é mostrar que, pelo caso de semelhança LAL, os triângulos ADB e
BEC são semelhantes e, consequentemente, seus ângulos correspondentes são congruentes.
Assim, os ângulos α e ꞵ possuem a mesma medida. Portanto, os pontos A, B e C pertencentes
ao gráfico da função afim f: ℝ → ℝ são colineares.
O autor destaca que se a = 0, a função será constante e os pontos A, B e C serão também
colineares, pois f(x1) = f(x2) = f(x3). Como lembrete, ressalta que, para esboçar o gráfico de uma
função afim f: ℝ → ℝ, basta determinar dois pontos distintos do gráfico f e traçar a reta que
passa por esses dois pontos.
A seguir, Balestri (2016) mostra o significado geométrico das constantes a e b na
equação da reta y = ax + b, da seguinte maneira: sabendo que b é a ordenada do ponto (0, b),
onde a reta r corta o eixo vertical, o coeficiente b é chamado de coeficiente linear da reta r.
Segundo o autor, o coeficiente a é a variação que sofre a ordenada de um ponto sobre a reta
153
Nesses tipos de tarefas, o autor tem como propósito permitir ao estudante relacionar
variáveis às Funções Afins presentes e converter de um registro algébrico para representação
gráfica. Em nosso entendimento, essa tarefa possui caráter investigativo, pela razão de levar o
estudante a utilizar caminhos diferentes para encontrar as variáveis, no caso do sistema de
equações. Para isso, Balestri (2016) manipulou os seguintes objetos ostensivos escriturais:
155
gráfico, escrita, números racionais e suas operações os quais possibilitaram ao autor evocar os
objetos não ostensivos: as noções de Função Afim, as noções de propriedades operatórias.
72.
Fonte: Balestri, 2016, p.
Nessa grade de tipos de tarefas o autor repete a mesma situação que foi apresentada na
introdução de Função Afim. Nesses tipos de tarefas Balestri (2016) objetiva levar o estudante
a identificar a função que representa a situação-problema, utilizando apenas seus
conhecimentos prévios. Esses tipos de tarefas encaixam-se na abordagem de investigação
matemática, por ser de caráter aberto do princípio ao fim. Ao descrever o significado da taxa,
o estudante pode utilizar as diferentes soluções através de uma variedade de caminhos.
Para o desenvolvimento desses tipos de tarafas, Balestri (2016) manipulou os seguintes
objetos ostensivos escriturais: escrita, escritural função, números racionais e suas operações as
quais possibilitaram ao autor evocar os objetos não ostensivos: as noções de Função Afim, as
noções de propriedades operatórias e taxa de variação.
A seguir, apresentamos na Figura 31 a atividade resolvida R3 do Livro Didático de
Matemática.
156
Nessa tarefa, o autor tem como objetivo oportunizar ao estudante utilizar as diferentes
técnicas para resolução de um problema. Em nosso entendimento, possui um caráter
investigativo pelo fato de levar o estudante a percorrer diferentes caminhos para encontrar a
solução.
No Quadro 20 apresentamos a análise praxeológica dos tipos de tarefas encontradas na
atividade R3 do Livro Didático de Matemática.
Com base nos estudos de Chevallard (1992, 1994) observamos que Balestri (2016)
manipulou os seguintes objetos ostensivos escriturais: escrita, números racionais e suas
157
Nessa situação, o autor destaca que, durante o bombeamento, não houve entrada de água
na cisterna ou saída de água da caixa.
E a função g que permite calcular a quantidade de água na cisterna em função do tempo
em que a bomba fica ligada. Assim, apresenta a situação conforme a Figura 33.
158
Com base nos gráficos, percebe-se que a taxa de variação da função f é de 100L/min,
ou seja, maior que zero. Desse modo, à medida que os valores de x aumentam os valores
correspondentes de y também aumentam, portanto, a função f é crescente. Já na função g, a taxa
de variação é de -100L/min, isto é, menor que zero. Assim, à medida que os valores de x
aumentam, os valores correspondentes de y diminuem, portanto, a função g é decrescente.
Nesse sentido, o autor afirma que para a Função Afim, quando a ≠ 0, pode ocorrer dois
casos: a > 0 e a < 0, conforme a Figura 34.
Balestri (2016) ressalta que é possível determinar se uma Função Afim f: ℝ → ℝ dada
por f(x) = ax + b, é crescente ou decrescente, de acordo o sinal do coeficiente a. Assim, temos:
Ainda nessa seção, Balestri (2016), define o zero de uma função f como todo valor de x
Є D(f) tal que f(x) = 0 e que, graficamente, cada zero corresponde à abscissa do ponto em que
o gráfico intercepta o eixo x. Para exemplificar, o autor utiliza o exemplo da função decrescente
acima e questiona “quantos minutos são necessários para esvaziar a cisterna?”.
Balestri (2016) mostra que o gráfico da função g intercepta no eixo x no ponto de
coordenadas (60, 0), ou seja, para x = 60, tem-se que g(x) = 0. Logo, a abscissa 60 representa o
zero da função g, conforme Figura 35.
Balestri (2016) mostra também que é possível calcular o zero da Função Afim de forma
algébrica. Para tanto, faz-se necessário igualar g(x) a zero e efetuar os devidos cálculos. Desse
modo,
𝑔(𝑥) = 0
−100𝑥 + 6000 = 0
100𝑥 = 6000
6000
𝑥=
100
𝑥 = 60 Minutos
Nessa seção, Balestri (2016) apresenta a translação de uma Função Afim, a partir dos
gráficos das funções afins f(x) = x, g(x) = x + 3 e h(x) = x – 2, representados no mesmo plano
cartesiano, conforme a Figura 36.
160
De acordo com Balestri (2016), essas funções possuem coeficientes a iguais (a=1), então
as retas que representam seus gráficos possuem a inclinação, no entanto, elas divergem pela
posição que ocupam no plano, em virtude dos b serem diferentes. Portanto, as retas são
paralelas. Podemos ver que o gráfico de f (Figura 42) intercepta o eixo y na origem, visto que
b = 0. Já o gráfico de g é congruente ao gráfico de f, porém translada 3 unidades para cima,
interceptando o eixo y no ponto de ordenada 3, visto que b = 3. O gráfico de h também é
congruente ao gráfico de f, no entanto translada 2 unidades para baixo. Para Balestri (2016,
p.77),
De modo semelhante, podemos obter a lei de formação da função que representa essa
situação, calculando o valor que Marcela pagaria por x litros de etanol, conforme a Figura 41.
Figura 41 – Regra de três como ferramenta para obter a lei de formação da Função.
Balestri (2016) salienta que estudar o sinal de uma função f consiste em determinar
valores de x Є D(f) para os quais a imagem f(x) será nula, positiva ou negativa, ou seja, f(x) =
0, f(x) > 0 ou f(x) < 0 (BALESTRI, 2016, p. 81). O autor exemplifica com a função f(x) = x –
2. Inicialmente, ele determina o zero de f, isto é, calcula o valor para o qual f(x) = 0.
x−2= 0
x=2
Como a função se anula em x = 2, o Balestri (2016) representa de acordo com a Figura
42.
Figura 42 - Representação gráfica do zero da função f(x) = x -2
Assim, Balestri (2016) apresenta o gráfico da função afim f(x) = ax + b, com a ≠ 0, como
crescente ou decrescente, conforme a Figura 44.
165
De acordo com o autor, uma função constante, do tipo f (x) = b, se anula para b = 0,
positiva para b > 0 e negativa para b < 0. Nessa seção, Balestri (2016), revisa o conceito de
inequação, definindo que é uma sentença matemática expressa por uma desigualdade e que
pode ser resolvida por meio do estudo do sinal de uma função. Como exemplo, apresenta a
seguinte situação: Um técnico eletricista atende em domicílio, cobrando R$ 30,00 pela visita
mais R$ 20,00 pela hora trabalhada. Qual deve ser a quantidade de horas trabalhadas para que
o valor cobrado por esse eletricista seja menor ou igual a R$ 80,00? A partir das informações,
o autor escreve a seguinte Função Afim f(x) = 20x + 30. Para que o valor cobrado seja menor
ou igual a R$ 80,00, devemos ter f(x) ≤ 80,00. Calculando o valor de x para f(x) = 0,
20𝑥 + 30 = 80
20𝑥 = 5
𝑥 = 2,5
A partir do zero da Função Afim f(x) = 20x + 30, Balestri (2016) apresenta a
representação gráfica da situação, conforme Figura 45.
− 2𝑥 − 8 < 0
− 2𝑥 < 8
− 𝑥 < 4 .(- 1)
𝑥 >−4
Portanto,
𝑆 = {𝑥 Є ℝ| 𝑥 > −4}.
T6: Determinar os valores reais de τ6.1: calcular a diferença entre as (θ6,Θ6): definição de função afim
x para que a função lucro L dada funções R(X) – C(X). (θ6,1,Θ6,1): regras de
pela diferença entre a função τ6.2: determinar os valores reais de propriedades operatórias.
receita R(x) = 8,5x e a função custo x para os quais f(x) > 0.
C(x)= 3,5x + 10000, tenha a função
Θ6,2, Θ6,2): conjunto solução da
lucro positiva. inequação.
𝑆 = {𝑥 Є ℝ| − 1 ≤ 𝑥 < 3}.
No Quadro 24, apresentamos a decomposição dos tipos de tarefas referentes aos
exercícios propostos no Livro Didático de Matemática do 1º ano adotado na instituição de
aplicação. Além disso, apresentamos a quantidade de aparição de cada tipo de tarefas e, também
as categorias das variáveis relacionadas ao objeto Função Afim e à prática do professor.
Quadro 24 - Decomposição dos tipos de tarefas do Livro Didático de Matemática.
ORGANIZAÇÃO MATEMATICA
REGULARIDADE IGUALDADE
Classificar 19 18,81 % Analisar 5 41,67 %
Representar 18 17,82 % Resolver 4 33,33%
Calcular 13 12,87% Comparar 3 25 %
Observar 8 7,92 %
Construir 6 5,95 %
Determinar 31 30,69 %
Verificar 1 0,99 %
Justificar 1 0,99 %
169
Resolver 4 3,96 %
11 tipos 101 100 % 3 tipos 12 100 %
11 tipos de tarefas 3 tipos de tarefas
CATEGORIAS DAS VARIÁVEIS RELACIONADAS AO OBJETO FUNÇÃO
Tipo de função. Tipo de equações.
Tipo de gráfico. Tipos de problemas.
Tipo de desenho. Tipo de Objetos (ostensivos e não ostensivos). Tipos
Tipo de equações. de recursos tecnológicos.
Tipo de inequação. Tipos de problemas.
Tipo de medida. Tipo de operações fundamentais (+, -, x e ÷).
Tipo de símbolo. Tipo de símbolos.
Tipo de número. Tipo de função.
Tipo de operação. Tipo de técnicas operacionais.
Tipo de Objetos (ostensivos e não ostensivos). Tipos de fórmulas.
Identificação do domínio, imagem, crescimento e
decrescimento de uma função.
VARIÁVEIS RELACIONADAS À PRÁTICA DO PROFESSOR
Tipo de situação-problema. Tipo de técnicas operacionais.
Tipo de situação-problema.
Recursos tecnológicos.
Fonte: Os autores (2020).
os conceitos, existem institucionalmente sem, no entanto, poderem ser vistos, ditos, entendidos,
percebidos ou mostrados por si: eles só podem ser evocados ou invocados a partir da
manipulação adequada de objetos ostensivos associados) (CHEVALLARD, 1999, apud
HENRIQUES; ATTIE; FARIAS, 2007, p. 14).
Nas análises, identificamos elementos que instituem a organização didática referente ao
estudo de Função Afim, à luz da Teoria Antropológica do Didático, por meio da praxeologia
matemática para compreender como está posta a Organização Didática (OD) e a Organização
Matemática (OM) como abordagem praxeológica das atividades matemáticas.
Essa organização é composta por quatro elementos: [tarefa (T), técnica (τ), tecnologia
(θ) e teoria (Θ)], podendo ser apresentados por de diferentes tipos de problemas ou tarefas
problemáticas, diferentes tipos de técnicas, as quais possibilitam a realização das tarefas; as
tecnologias ou discursos teóricos, que descrevem e explicam as técnicas.
Observamos, por meio das análises que Balestri (2016) apresenta as tarefas servindo-se
das construções geométricas propostas pelas OCEM (BAHIA, 2015), mas, na maioria dos
conceitos, o discurso teórico-tecnológico antecede as tarefas, as quais são representadas por
algoritmos, problemas matemáticos e alguns problemas dinâmicos e contextualizados.
Verificamos que o autor seleciona diferentes abordagens temáticas na tentativa de
evidenciar a presença dos conceitos matemáticos no cotidiano. Observamos também a presença
de referências históricas. No entanto, essas contextualizações são pouco exploradas.
No que se refere aos procedimentos metodológicos, percebemos que os conteúdos são
apresentados de forma sistematizada, seguido de atividades resolvidas e propostas,
impossibilitando ao estudante se desenvolver de uma mais autônoma.
Observamos que no Manual do Professor o autor disponibiliza as orientações
pedagógicas e, também um suplemento denominado Assessoria Pedagógica. Dentre as
orientações, destacamos as sugestões de atividades complementares e as orientações para a
construção e o uso de materiais didáticos, que podem contribuir para melhorar a prática do
professor.
O autor apresenta algumas propostas de trabalhos interdisciplinares a serem
desenvolvidos através da abordagem dos conteúdos matemáticos, na tentativa de evidenciar a
aplicação da Matemática em outras áreas do conhecimento, entre elas, Física, Química,
Biologia, Geografia e Sociologia, entretanto, o autor privilegia o uso de fórmulas no
desenvolvimento das atividades. Entretanto, não encontramos tarefas interdisciplinares
articulando Função Afim com os conteúdos das disciplinas Química e Física.
171
O livro Didático de Física: Mecânica, 1º ano, Coleção Física dos autores Bonjorno,
Casemiro e Clinton (2016) está organizada 6 unidades, distribuídas em 14 capítulos, os quais,
por sua vez, estão subdivididos em seções. Nas seções, os autores sugerem propostas de leituras,
questões e atividades práticas. Os temas abordados nas unidades estão organizados de acordo
com o Quadro 25.
Quadro 25 - Estrutura Organizacional Global do Livro de Física
UNIDADES TÍTULO DA SEÇÃO SEÇÕES PÁGINAS
exemplificar, consideram uma pessoa que se encontra a 20 am da casa onde mora (origem da
trajetória) e sai caminhando no sentido contrário, com velocidade constante de 2 m/s, e
perguntam qual sua posição após 5s de movimento.
A seguir, Bonjorno Casemiro e Clinton (2016) mostram que, matematicamente,
podemos determinar as posições com o passar do tempo através da função horária: S = 20 + 2t
(S em metros e t em segundos), no intervalo de tempo de t = 0 a t = 5 s, conforme a Figura 48.
A velocidade média indica a velocidade constante que o carro deveria manter, para que,
partindo da mesma posição inicial, chegasse à mesma posição final, gastando o mesmo tempo
175
Bonjorno Casemiro e Clinton (2016) afirmam que o sinal da velocidade escalar média
é determinado pelo resultado de Δs, visto que o intervalo de tempo Δt é sempre positivo. Os
autores caracterizam os movimentos da seguinte forma:
Se o carro se movimentar no sentido da orientação da trajetória, o movimento é
progressivo, conforme a Figura 50.
Figura 50 - Representação da velocidade escalar média.
De acordo com a Figura 52, para converter Km/h em m/s, devemos dividir a expressão
por 3,6. No sentido contrário, multiplica-se a expressão por 3,6.
Bonjorno, Casemiro e Clinton (2016) apresentam o conceito de velocidade instantânea
a partir de uma situação-problema: quando um motorista avista uma placa indicando a
velocidade de 40 Km/h, ele pisa no freio para que sua velocidade média diminua ou para que
sua velocidade naquele exato momento diminua? Eles ressaltam que, para conhecer a
velocidade escalar em cada instante, deve-se recorrer ao velocímetro do carro para obter o valor
absoluto da velocidade escalar instantânea.
177
bloco tecnológico em busca das seguintes tecnologias: função horária e equação do 1º grau.
Para tanto, Bonjorno, Casemiro e Clinton (2016) manipularam os seguintes objetos ostensivos
escriturais: escrita, fórmula função horária, números racionais e suas operações os quais
possibilitaram ao autor evocar os objetos não ostensivos: as noções de Função Afim, Função
horária e sistema de medidas.
Na seção 3.3 Bonjorno, Casemiro e Clinton (2016) utilizam como exemplo as corridas
de Fórmula 1, na qual é comum informarem as tomadas de tempo de cada carro volta a volta.
Para tanto, afirmam que a função horária 𝑠 = 𝑓(𝑡) permite determinar a posição s de um móvel
numa trajetória a cada instante t.
Assim, tomam como exemplo dois móveis A e B, percorrendo a mesma trajetória,
podendo-se prever o instante e a posição em que ambos vão se encontrar, desde que mantenham
as características de seus movimentos inalteradas até o encontro, conforme a Figura 62.
Nessa situação, os autores afirmam que o móvel percorre sentido contrário ao positivo
na trajetória, ou seja, as posições decrescem algebricamente no decorrer do tempo.
Segundo os autores, a móvel parte da posição so e atinge uma posição s após um
determinado intervalo de tempo (t). Nesse caso, a velocidade é representada de maneira
implícita e pode ser calculada por meio dos dados presentes no gráfico, como, por exemplo, sua
inclinação, conforme Figura 66.
Figura 66 - Representação gráfica da velocidade
Os autores mostram que quanto maior for a velocidade do móvel, maior será a inclinação
da reta no gráfico. Do mesmo modo, quanto menor a velocidade, implica um ângulo menor.
Assim, ao calcularmos a tangente desses ângulos, obtemos numericamente a velocidade do
móvel. Na figura 68, apresentamos a praxeologia dos autores, referente ao exercício resolvido
nº 5 do livro didatico, página 49.
Nessa tarefa os autores mostram que, por meio do gráfico, podemos identificar o instante
em que os móveis A e B se encontram, isto é, o ponto em que as duas retas se interceptam no
gráfico. Nesse ponto, os dois móveis ocupam o mesmo lugar no mesmo instante. A seguir,
apresentamos a modelização do tipo de tarefa desenvolvida pelos autores exercício nº 5 do
Livro de Física, de acordo o Quadro 35.
cuidados necessários e a forma correta para descartar os resíduos produzidos, o que mostra a
preocupação com o meio ambiente.
Ao analisarmos o Manual do Professor, percebemos que esse exemplar contém alguns
tópicos acerca do ensino de Química e sugestões de leituras complementares para os
professores, além das propostas pedagógicas por meio de atividades experimentais e textos
complementares, acompanhados de referências bibliográficas.
No Manual do Professor Novais e Antunes (2016) acrescentam o Caderno de Apoio
Pedagógico, que traz a proposta didático-pedagógica, os pressupostos teórico-metodológicos e
a sugestão de temas relacionados a cidadania, conforme já preconizado pela BNCC. Os temas
destacados são: “Água: uma questão atual” e “Energia e questões ambientais: uma visão
abrangente”.
Desse modo, Novais e Antunes (2016) oferecem condições para o professor trabalhar a
partir de uma abordagem teórico-conceitual acerca do ensino da Química, como, por exemplo,
a História da Ciência, a educação Ciência-Tecnologia-Sociedade, Ambiente, a experimentação,
entre outras, de modo que possibilitem aos estudantes desenvolver a comunicação científica,
até mesmo a oralidade, a leitura e a produção de textos variados.
A seguir, apresentamos a estrutura organizacional regional do livro didático (Quadro
39) na qual destacamos, na unidade 1, especificamente o capítulo 2, o objeto da Química Leis
Ponderais, que se inter-relaciona com Função Afim.
Nesse processo, Novais e Antunes (2016) descatam que a vela recoberta por um vidro
dispõe apenas do ar que está contido no interior do vidro. Na figura 73, a chama se mantém
acessa com o uso do ar contido no interior do vidro. À direita, a chama apagou mesmo havendo
parafina” (NOVAIS e ANTUNES, 2016 p. 33).
196
Novais e Antunes (2016) iniciam a seção como o significado da palavra ponderal (do
latim Pondus, “peso”) que é utilizada na Química para se referir às leis relacionadas ao “peso”
das substâncias nas reações químicas, dentre elas a Lei da conservação da massa (Lavoisier) e
a Lei das proporções constantes (Proust), que foram essenciais para o estabelecimento da
Química como ciência no final do século XVIII e início do século XIX (NOVAIS; ANTUNES,
2016).
A seguir, Novais e Antunes (2016) trazem alguns esclarecimentos necessários sobre
peso e massa. Posteriormente, apresentam as unidades de medidas adotadas para cada grandeza
e o Sistema Internacional de Unidades (SI) estabelecido em 1960, e suas respectivas
conversões. Ao apresentarem a Lei da Conservação da Massa, Novais e Antunes (2016)
afirmam que Lavoisier, em seus estudos experimentais, concluiu que, numa reação química,
197
em um ambiente fechado, a massa dos reagentes é igual à massa dos produtos. Segundo os
autores, Lavoisier em sua obra Traité Élémentaire de Chimie (Tratato Elementar de Química),
afirma que toda ideia, por mais simples que seja, deve ser colocada à prova por meio da
experiência. Novais e Antunes (2016) ressaltam ainda que é atribuída a Lavoisier a frase “na
natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”, embora não existam trabalhos de sua
autoria em que conste o referido enunciado.
Em relação à composição das substâncias, Novais e Antunes (2016) ressaltam que
Joseph-Louis Proust (1754-1826), por meio da análise de amostras de carbono de cobre
verificou que, independentemente da origem, havia uma proporção constante, em massa de 5
partes de cobre para 4 de oxigênio e 1 de carbono (p. 41). Desse modo, os autores afirmam que,
no início do século XX, foi possível identificar sistemas formados por várias substâncias. A
seguir, eles introduzem o conceito de substância como sendo muito usado na Química.
Novais e Antunes (2016) destacam que Proust utilizava em seus experimentos, uma
mesma reação química, variando e medindo as amostras das substâncias envolvidas para
verificar se duas amostras de uma mesma substância, provenientes de fontes diferentes,
apresentavam a mesma composição em massa. Assim, para introduzir a lei ponderal conhecida
como Lei das Proporções Definidas, os autores utilizaram dos dados acerca da decomposição
da água, em que são obtidos hidrogênio e oxigênio, Quadro 41.
𝑚𝑜𝑥𝑖𝑔ê𝑛𝑖𝑜 16 𝑔 𝑚𝑜𝑥𝑖𝑔ê𝑛𝑖𝑜 8𝑔
(I) 𝑚 = =8 (III) 𝑚 = =8
ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 28 𝑔 ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 1𝑔
𝑚𝑜𝑥𝑖𝑔ê𝑛𝑖𝑜 40 𝑔 𝑚𝑜𝑥𝑖𝑔ê𝑛𝑖𝑜 160 𝑔
(II) 𝑚 = =8 (IV) 𝑚 = =8
ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 5𝑔 ℎ𝑖𝑑𝑟𝑜𝑔ê𝑛𝑖𝑜 20 𝑔
198
Proust, ao experimentar diversas substâncias, percebeu que, numa dada reação química,
existe uma proporção constante entre as massas das substâncias participantes (NOVAIS;
ANTUNES, 2016). Assim, a Lei das Proporções Definidas pode ser representada por meio do
Quadro 42.
Quadro 42 - Representação da Lei das Proporções Definidas
desse tipo de tarefa os autores manipularam os seguintes objetos ostensivos escriturais: escrita,
fórmula da Lei das proporções definidas, números racionais e suas operações os quais
possibilitaram ao autor evocar os objetos não ostensivos: as noções de Lei das proporções
definidas.
No Quadro 44 apresentamos a decomposição dos tipos de tarefas referentes aos
exercícios propostas no Livro Didático de Química do 1º ano adotado na instituição de
aplicação. Apresentamos também a quantidade de aparição de cada uma das tarefas e, ainda, as
categorias das variáveis relacionadas ao objeto e a prática do professor.
ORGANIZAÇÃO MATEMÀTICA
REGULARIDADE IGUALDADE
Analisar 7 35% Comparar 1 16,67 %
Calcular 5 25% Verificar 2 33,33 %
Construir 5 25% Descrever 3 50%
Observar 2 10 %
Determinar 1 5%
os saberes e fazeres (TARDIF, 2000) e, também permite compreender como saberes e fazeres
são integrados concretamente em suas tarefas. De acordo com o autor, a prática do professor
permite compreender como os saberes e fazeres são incorporados, produzidos, utilizados,
aplicados e transformados em função dos limites e dos recursos inerentes à atividade docente,
razão que nos levou a buscar compreender as relações entre as ações e atividades desenvolvidas
pelo professor na sua prática em sala de aula e os contextos associados a ela.
Nesse sentido, buscamos produzir dados acerca da praxeologia do professor através da
observação de duas aulas ministradas pelo professor de Matemática (P1M1) e uma aula de Física
ministradas pelo professor (P1F1) nas turmas do 1º ano do Ensino Médio de uma escola da Rede
Estadual de Ensino, denominada aqui de instituição de aplicação (I1). Em relação às
observações das aulas de Química, ressaltamos que não foi possível observá-las em virtude dos
estudantes do 1º Ano do Ensino Médio dessa instituição não terem aulas dessa disciplina
durante a primeira unidade, devido à falta de professor (PQ1).
Salientamos ainda que, quando a Secretaria do Estado da Bahia encaminhou uma
professora para ministrar as aulas de Química, entramos em contato para observar as aulas
referentes às Leis Ponderais. Infelizmente a mesma se recusou dessa etapa de investigação,
alegando que não era possível porque esse conteúdo teria sido trabalhado na unidade anterior e
ela precisava avançar os conteúdos. Ao procurar outra professora, que também tinha sido
encaminhada pela Secretaria da Educação, ela também não autorizou a observação.
Posteriormente, realizamos a transcrição das aulas ministradas (Apêndice C) pelos
professores participantes (P1M1 e P1F1). Além das observações, utilizamos os dados produzidos
pelo questionário (Apêndice C) aplicado com seis professores participantes da instituição de
aplicação, sendo dois professores de cada disciplina: Matemática (P1M1 e P2M1), Física (P1F1 e
P2F1) e Química (P1Q1 e P2Q1).
Da mesma forma, aplicamos esse mesmo questionário com seis professores
participantes de uma outra instituição de ensino da rede estadual, também dois de cada
disciplina: Matemática (P3M2 e P4M2), Física (P3F2 e P4F2) e Química (P3Q2 e P4Q2) com o objetivo
de validar a proposta.
Inicialmente, a professora (P1M1) definiu Função Afim como sendo toda função do tipo
f: R → R, em que f(x) = ax + b, com coeficientes numéricos a e b Є R e a ≠ 0 e citou alguns
exemplos, destacando os coeficientes, conforme a Figura 74.
203
a) f(x) = 2x + 3 a = 2 e b = 3
b) f(x) = 5 – 3x a= - 3 e b = 5
1 1
c) f(x)= - 2 x a = - 2 e b = 0
operatórias. Posteriormente, a professora (P1M1) apresentou dois exemplos, por meio de uma
situação-problema.
Exemplo 1. Maria tomou um táxi onde a bandeirada é R$ 3,00 e a cada quilômetro rodado custa
R$ 1,50. Quanto Maria pagará ao motorista no final do trajeto se ela percorrer 25 Km?
A professora associou o cálculo da seguinte maneira:
25 . 1,50 + 3,00 = 40,50 → x. 1,50 + 3,00 = 40,50
Depois a professora escreveu a lei de formação que representa a situação e mostra o
valor que é fixo e o que varia.
f(x) = 1,50 x+ 3,00
A seguir, apresentamos a análise da Organização Praxeológica da professora P1M1,
referente aos tipos de tarefas encotrada no exemplo 1 trabalhado em sala de aula, conforme
Quadro 46.
Função Afim, números racionais e suas operações os quais possibilitaram a mesma evocar os
objetos não ostensivos: as noções de Função Afim e regras de propriedades operatórias.
Depois, a professora vira para o quadro e escreve as particularidades específicas da
Função Afim da seguinte maneira:
1. Casos específicos:
a) Função linear: quando b = 0; exemplo: f(x) = ax
b) Função Constante: quando a = 0; exemplo f(x) = b
c) Função identidade: quando a = 1; exemplo f(x) = x
No Quadro 48 apresentamos a análise da Organização Praxeológica referente ao tipo de
tarefa referente às particularidades da Função Afim, apresentadas pela da professora P1M1.
De acordo com o quadro 48, podemos notar que a professora P1M1 trabalhou apenas um
tipo de tarefa “Classificar”, mobilizou apenas uma técnica, recorreu ao discurso tecnológico-
teórico e utilizou a seguinte tecnologia: definição de Função. Para o desenvolvimento do tipo
de tarefa a professora (P1M1) manipulou os seguintes objetos ostensivos escriturais: escrita,
fórmula Função Afim, números racionais e suas operações os quais possibilitaram a mesma
evocar os objetos não ostensivos: as noções de Função Afim e regras de propriedades
operatórias. Posteriormente, a professora determina o valor de uma Função Afim da seguinte
maneira: Exemplo 1: dada a função f(x) = 3x + 1, calcule:
a) f(1) = 3.1 +1 = 4
b) f(-2) = 3(-2) + 1 = - 5
Observando o Quadro 49, podemos notar que a professora P1M1 trabalhou apenas um
tipo de tarefa “calcular” e mobilizou duas técnicas. Para justificar as técnicas a professora P1M1
recorreu a duas tecnologias associadas a definição de Função Afim e propriedades operatórias.
Para desenvolver o tipo de tarefa a professora (P1M1) manipulou os seguintes objetos ostensivos
escriturais: escrita, fórmula Função Afim, números racionais e suas operações os quais
possibilitaram a mesma evocar os objetos não ostensivos: as noções de Função Afim e regras
de propriedades operatórias.
A seguir, a professora P1M1 determinou uma Função Afim sabendo que f(- 1) = 3 e f(2)
= 2 e assim mostrou os seguintes passos:
Considerando 𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏 e f(- 1) = 3 e f(2) = 2 a professora P1M1 mostrou como substituir os
valores na expressão.
3 = a(1) + b
2 = a.2 + b
(P1M1): apresentou três métodos para solução do sistema e frisou que o método da adição era o
mais simples, depois escreveu:
3=-a+b
2 = 2a + b
(P1M1): mostrou para os alunos que, se eles somarem dessa forma, não cancelariam nenhuma
variável. E com isso falou que o método da adição consiste em eliminar uma variável.
(P1M1): mostra que precisa multiplicar os membros por (-1)
3=-a+b
2 = 2a + b
(E3): manifestou entendimento, dizendo “entendi”.
(P1M1): pediu a participação dos estudantes.
-3=a-b
2 = 2a + b
-1 = 3a
a = -1/3
208
8
𝑏= 3
Nessa organização podemos observar que a professora (P1M1) trabalhou três tipos de
tarefas: “escrever, encontrar, resolver”. Para desenvolver o tipo de tarefa a professora (P1M1)
mobilizou quatro técnicas. Para justificar as técnicas, ela recorreu ao bloco tecnológico-teórico,
utilizando as seguintes tecnologias: definição de Função Afim, propriedades operatórias e
definição de inequações. Para isso, a professora (P1M1) utilizou apenas procedimentos
aritméticos. Para desenvolver os tipos de tarefas a professora (P1M1) manipulou os seguintes
objetos ostensivos escriturais: escrita, fórmula Função Afim, números racionais e suas
operações os quais possibilitaram a mesma evocar os objetos não ostensivos: as noções de
Função Afim e regras de propriedades operatórias.
209
(P1M1): escreveu a seguinte função no quadro com a participação dos estudantes: f(x) = 3x + 2.
No Quadro 51 apresentamos a análise da Organização Praxeológica referente aos
tiposde tarefas encontradas no exemplo 3 desenvolvido em sala de aula pela professora P1M1.
210
Podemos observar que os tipos de tarefas apresentadas pela professora (P1M1) em sala
de aula seguem a mesma modelização das tarefas propostas no livro didático. Durante a
realização dos tipos de tarefas desenvolvidas em sala de aula, apenas um estudante não
participou, os demais demonstraram interesse, empenhados em realizá-las, conforme pode ser
obsevado na Figura 76.
211
A aula ministrada pelo professor (P1F1) referente a Força de atrito, no 1º ano do Ensino
médio, ocorreu no dia 28/08/2019. Esse conteúdo foi explicado pelo professor em uma aula de
50 minutos. Para análises, nos apoiamos nos estudos de Chevallard (1999) seja, analisar os
tipos de tarefas utilizadas como condutores no processo de transposição didática do saber
Função Afim, trazendo com ele os componentes praxeológicos (técnica, tecnologia e teoria).
213
O professor iniciou a aula falando sobre deslocamento e peso. Para isso, ele utilizou
uma cadeira para demonstrar que quando empurra, ela vai se deslocar, conforme a Figura 77.
Nesse momento, o professor (P1F1) trabalhou três tipos de tarefa do tipo: explicar, definir
e escrever. Para desenvolver os tipos de tarefas o professor (P1F1) mobilizou três técnicas e
recorreu ao bloco tecnológico-teórico, utilizando apenas uma tecnologia: definição de Força de
atrito. Durante o desenvolvimento dos tipos de tarefas a o professor (P1F1) manipulou os
seguintes objetos ostensivos escriturais: escrita, fórmula de Força de atrito, números racionais
e suas operações os quais possibilitaram a mesma evocar os objetos não ostensivos: as noções
de Força de atrito e regras de propriedades operatórias. Logo após, o professor escreveu o
seguinte exemplo no quadro: 1. Um carro na pista (molhada ou não) de 2.000 kg vai ter qual
força de atrito? (Figura 81).
Figura 81 - Exemplo da Força de atrito.
Por meio das análises da relação pessoal dos professores com o objeto do saber Função
Afim foi possível observar que a sua transposição didática ocontece, em geral, por meio da
reprodução das técnicas e em tarefas. Observamos também que os professores não mostraram
a finalidade do objeto do conhecimento e como consequência, o estudante não compreende a
razão de ser dobjeto do conhecimento Função Afim. Constatamos também que a relação pessoal
dos professores com objeto Função Afim ocorre por meio da reprodução das técnicas e em
tarefas cujo nível de conhecimento esperado dos estudantes é o técnico.
Identificamos que os professores buscaram fazer conexões com situações do cotidiano
dos estudantes, conforme sugerem os documentos oficiais (OCEMC/BA, e BNCC). Por
exemplo, o professor de matemática P1M1 utilizou situações abordando uma corrida de táxi e
outra envolvendo o salário, enquanto o professor de Física P1F1 desenvolveu uma situação a
partir de um carro em uma pista molhada ou não para trabalhar a força de atrito.
Verificamos que os professores utilizaram a linguagem algébrica como instrumento de
representação e solução de problemas. Apesar dos PCN (1998) destacarem que o Livro didático
não deve ser o único instrumento utilizado pelo professor em sala de aula, a prática dos
professores está apoiada em componentes praxeológicos matemáticos e didáticos presentes no
219
No quadro 59, podemos observar que o estudante E5 desenvolveu dois tipos de tarefas
“escrever” e “determinar”. Na realização das tarefas o estudante E5 mobilizou duas técnicas
associadas a Função Afim e operações fundamentais. Para tanto, recorreu ao discurso
tecnológico-teórico na busca das seguintes tecnologias: definição de Função Afim e
propriedades operatórias. Durante o desenvolvimento dos tipos de tarefas o estudante E5
manipulou os seguintes objetos ostensivos escriturais: escrita, fórmula Função Afim, números
racionais e suas operações os quais possibilitaram a mesma evocar os objetos não ostensivos:
as noções de Função Afim e regras de propriedades operatórias.
Na Figura 84 apresentamos a produção do estudante E1 em relação ao exercício nº 3 na
disciplina Matemática.
Observando o Quadro 60 podemos notar que o estudante E1 trabalhou uma tarefa do tipo
“calcular”. Para isso, o estudante E1 mobilizou duas técnicas e recorreu a duas tecnologias
associadas à definição de Função Afim e às propriedades operatórias. Para desenvolver o tipo
de tarefa o estudante E1 manipulou os seguintes objetos ostensivos escriturais: escrita, fórmula
Função Afim, números racionais e suas operações os quais possibilitaram a mesma evocar os
objetos não ostensivos: as noções de Função Afim e regras de propriedades operatórias.
Na Figura 85 apresentamos a produção do estudante E4, referente ao exercício nº 4 na
disciplina Matemática.
Para realizar essa tarefa, o estudante E4 trabalhou apenas um tipo de tarefa “calcular” e
mobilizou duas técnicas relacionadas a velocidade média. Para justificar as técnicas, o estudante
E4 recorreu ao bloco tecnológico-teórico, utilizando duas tecnologias: definição de velocidade
média e propriedades operatórias. Para desenvolver os tipos de tarefas o estudante E4 manipulou
os seguintes objetos ostensivos escriturais: escrita, fórmula Velodidade Média, números
racionais e suas operações os quais possibilitaram a mesma evocar os objetos não ostensivos:
as noções de Velocidade Média e regras de propriedades operatórias.
Na Figura 87, apresentamos a produção do estudante E4, referente ao exercício nº 1 da
disciplina Física.
Nesse momento, o estudante buscou trabalhar três tipos de tarefa: determinar, construir
e determinar. Para desenvolver esses tipos de tarefas, o estudante E5 mobilizou três técnicas e
recorreu ao bloco tecnológico-teórico, utilizando duas tecnologias: definição de Função Afim
e propriedades operatórias. Para desenvolver os tipos de tarefas o estudante E5 manipulou os
seguintes objetos ostensivos escriturais: escrita, fórmula Função Afim, números racionais e suas
operações os quais possibilitaram a mesma evocar os objetos não ostensivos: as noções de
Função Afim e regras de propriedades operatórias.
Na Figura 89 apresentamos um recorte da prova de Física em que consta a produção do
estudante E5.
Figura 89 - Praxeologia do estudante E5 (Física)
Nesse momento, o estudante trabalhou quatros tarefas dos seguintes tipos: “determinar”,
“comparar” e “calcular”. Para desenvolver esses tipos de tarefas o estudante E5 mobilizou três
técnicas e recorreu ao bloco tecnológico-teórico, utilizando três tecnologias: definição de
velocidade média, função das posições e propriedades operatórias. Para desenvolver os tipos de
tarefas o estudante E5 manipulou os seguintes objetos ostensivos escriturais: escrita, fórmula
Velocidade Média, números racionais e suas operações os quais possibilitaram a mesma evocar
os objetos não ostensivos: as noções de Velocidade Média e regras de propriedades operatórias.
Por meio dessas análises, verificamos que em todos os tipos de tarefas necessitam da
mobilização das mesmas técnicas para o seu desenvolvimento: utilizar a fórmula da velocidade
média e substituir os valores. Assim, a aprendizagem dos estudantes acontece através da
memorização de técnicas, que são apresentadas como modelo para a resolução dos tipos de
tarefas, conforme pode ser observado nos recortes das provas aplicadas com os estudantes.
Desse modo, entendemos que o estudante passa a ter uma participação passiva, visto que
seguem um modelo técnico para a resolução dessas tarefas.
Através das análises da produção dos estudantes podemos constatar as possíveis causas
e falta de habilidades e aptidão dos estudantes em relação ao conteúdo Função Afim.
Identificamos que os estudantes apresentam dificuldades na compreensão de alguns enunciados
das tarefas, bem como na utilização incorreta da linguagem escrita da matemática. Apoiandos
nesses resultados podemos considerar a possibilidade de que essas dificuldades podem estar
associadas à maneira como é feita a transposição didática do objeto em sala de aula
(FIGUEROA; ALMOULOUD, 2018). Constatamos também que os estuantes apresentam a
carência de conhecimentos prévios e necessários para o desenvolvimento das tarefas e
dificuldade de fazer generalizações e abtrações, o que entendemos os resultados insatisfatórios
revelados nas avaliações de larga escala.
Fonte: Os autores
vazio didático (FARIAS, 2015) sobre a perspectiva dos professores e autores de livros sobre
acerca da interdisciplinaridade.
Verificamos também que, a prática do professor está apoiada em componentes
praxeológicos matemáticos e didáticos presentes no Livros Didáticos e a aprendizagem dos
estudantes acontece através da memorização de técnicas que são apresentadas como modelo
para a resolução das tarefas.
Através dessas análises constatamos a existência de incompletudes nas atividades
institucionais (FARIAS, 2015) no sistema de ensino em relação ao estudo de Função Afim nas
instituições analisadas, o que nos possibilitou refletir sobre a elaboração e organização de um
Modelo Praxeológico de Referência Interdisciplinar (MPRI) capaz de favorecer as praxeologias
efetivas dos sujeitos da instituição e contribuir para o desenvolvimento desta pesquisa, visto
que as pesquisas em Didática da Matemática requerem não somente os saberes matemáticos,
mas também, conhecimentos detalhados do referencial adotado, capazes de oferecer um
alicerce teórico ao trabalho desenvolvido.
No capítulo VI apresentamos construção do Modelo Praxeológico de Referência
Interdisciplinar (MPRI).
230
CAPÍTULO VI
ecologia didática do saber, a sua existência ou inexistência na instituição, isto é, como o saber
surge, como ele se mantem vivo e pode deixar de existir.
Nesse sentido, Fonseca, Bosch e Gascón (2014) destacam que, na elaboração de um
estudo sobre um problema didático, podemos observar uma interpretação de uma atividade
matemática, ou até mesmo um modelo relacionado a essa atividade em uma determinada
instituição. Este modelo pode ser caracterizado pela dimensão epistemológica do problema
didático, denominado de Modelo Epistemológico de Referência (MER).
A nossa intenção foi propor um Modelo Praxeológico de Referência interdisciplinar
(MPR) para o estudo de Função Afim, com base no Modelo Epistemológico de Referência
(MER) na perspectiva da Teoria Antropológico do Didático e, que procura levar em
consideração as incompletudes do MPD e, assim, poder contribuir para o estudo de Função
Afim numa perspectiva interdisciplinar.
Fonte: Os autores
De acordo com a figura 91, a questão sugerida por Y a ser estudada por X, ou seja, a
nossa pergunta geradora “Q0: Quando queimamos a palha de aço, a massa aumenta ou
diminui?”. As respostas R◊ dadas podem gerar outras perguntas que possibilitem responder à
questão inicial. Além disso, as próprias respostas R◊ preliminarmente já validadas por uma
instituição, não respondem completamente à pergunta e direcionam para outras indagações,
podendo servir somente àquela instituição. Diante dessa situação, podemos mostrar a
especificidade geradora da pergunta, visto que ela não pode ser respondida de forma direta e
única.
O PEP aqui apresentado mostra os prováveis caminhos a serem percorridos pelos
estudantes (X). Entretanto, eles podem escolher outros caminhos. Considerando que os
estudantes busquem outros caminhos, faz-se necessário analisá-los para saber como esse novo
caminho pode ajudá-los a encontrar uma resposta (R♥) e reorganizar os novos caminhos
sugeridos.
Com base no desenvolvimento do MER, verificamos que é possível estudar Função por
meio de diferentes caminhos, considerando os pressupostos da Teoria Antropológica do
Didático (CHEVALLARD, 1999), a noção de praxeologia, que servirá para modelização das
tarefas, e os objetos ostensivos, que serão utilizados como instrumento para manipulação das
técnicas associadas aos diferentes modelos.
234
O planejamento do PEP neste trabalho tem por finalidade apresentar uma maneira
alternativa de trabalhar a Função Afim, destacando a construção e reconstrução de novas
praxeologias. Para tanto, adotamos como procedimentos metodológicos os pressupostos do
“Percurso de Estudo e Pesquisa” (PEP) proposto por Chevallard (2009). De acordo com o autor,
o PEP é um dispositivo didático que tem por finalidade responder aos problemas didáticos que
se pretende questionar a partir do Modelo Praxeológico Dominante.
Desse modo, fundamentamos na abordagem metodológica da didática, definida por
Chevallard (2009), a Investigação codisciplinar, que trata de um campo de pesquisa
relativamente novo em didática, pelo qual surge a ideia de uma nova metodologia de
Engenharia Didática, definida por Percurso de Estudo e Pesquisa (PEP).
Nesse sentido, o PEP, como um dispositivo didático, foi concebido neste trabalho na
tentativa de encontrar respostas relativas ao sistema didático S(X; Y; Q), envolvendo os
seguintes elementos: os professores participantes dessa pesquisa (X), o pesquisador responsável
(Y) e (Q), a questão geratriz: O que tenho que ensinar aos estudantes sobre Função Afim e
como ensinar numa perspectiva interdisciplinar envolvendo Matemática, Química e Física?
Nessa perspectiva, o Percurso de Estudo e Pesquisa (PEP), aqui concebido, está
relacionado com a implantação das condições necessárias para que a conexão das praxeologias
interdisciplinares relacionadas ao estudo de Função Afim exista com efetiva razão de ser nas
instituições.
Assim, considerando as condições e restrições para o favorecimento da aprendizagem
(CHEVALLARD, 2005), desenvolvemos o PEP na tentativa de reestruturar, modificar, corrigir
e interpretar os modelos desenvolvidos por meio do aumento contínuo das hipóteses acerca do
sistema e construção de novos modelos mais robustos e complexos.
Desse modo, buscamos analisar o desenvolvimento do problema didático, através de
uma organização matemática afim de integrar novas organizações Matemáticas, com sucessivas
complexidades, de modo que possibilite criar critérios e procedimentos para esboçar o
desenvolvimento do problema.
O PEP aqui proposto assume dois principais sistemas didáticos auxiliares
(CHEVALLARD (2009a, 2009b), que a partir de agora representamos por S1 e S2, descritos a
seguir. Em nosso modelo, o sistema didático auxiliar S1 direciona os estudos do pesquisador na
implementação do Modelo Didático de Referência, aqui chamado de Modelo Praxeológico de
235
modelo praxeológico (CHEVALLARD, 1999), por meio da tecnologia, que faz com que essa
interdisciplinaridade viva.
92) com base nos trabalhos de Celani (2015), que define o laboratório como espaço favorecedor
para a prática da interdisciplinaridade.
Esse espaço (Figura 93) foi construído para transposição didática do objeto aqui
proposto através da demonstração experimental fundamentada na ciência de Galileu, que era
pautada na Matemática e na experiência.
robustas sobre como facilitar uma mudança na concepção dos estudantes em direção à visão
científica. A esse respeito, Dewey (2003) ressalta que o conhecimento estudado e produzido na
escola deve ir além do contexto científico, e que pode ser prepado na sala de aula a dar sentido
aos diversos contextos planejados a partir da instituição escolar.
Considerando que a utilização de situações experimentais em sala de aula pode despertar
diferentes maneiras de pensar e expressar sobre um determinado conceito, observamos que a
ferrugem apresentada por Mortimer (2002) para promover a construção de significado acerca
das Reações Químicas nas aulas de ciências, numa perspectiva sociocultural, e a Maresia,
discutida por Sanjuan (2020), para abordagem do tema eletroquímica, na disciplina Química,
possibilitam uma entrada para interdisciplinaridade que é pela tecnologia, ou seja, existe uma
tecnologia interdisciplinar preparada para construir a técnica que resolve a tarefa, conforme
propõe Castela (2008, 2011).
Neste trabalho, apresentamos como uma atividade humana a situação experimental da
“queima da palha de aço”, como um problema a ser resolvido dentro da própria instituição, a
sala de aula do 1º ano do Ensino Médio, a partir de uma questão didática, questão geradora da
proposta do PEP, para que os estudantes possam desenvolver tarefas relacionadas à
problemática referente à prática experimental Q0: Quando queimamos a palha de aço, a massa
aumenta ou diminui? Para responder à questão Q0 construímos um modelo matemático na para
o desenvolvimento da prática experimental, conforme apresentamos na sessão 6.1.5
Fonte: Os autores.
Fonte: Os autores.
4) Utilizamos o cronômetro para marcar o tempo da queima da palha de aço em cada intervalo,
conforme a Figura 96.
243
Fonte: Os autores.
Fonte: Os autores.
Fonte: Os autores.
244
Fonte: Os autores.
Fonte: Os autores.
Nas conexões dos conceitos envolvidos no esquema do Quadro 67, o objeto Função
Afim pode estabelecer diferentes formas de relações de acordo com a instituição, como, por
exemplo, a relação do objeto (O) com as instituições matemática (M), Química (Q) e Física (F),
indicadas respectivamente por R(M,O), R(Q,O) e R(F,O).
Essas relações consistem essencialmente “num trabalho em comum tendo em vista a
interação das disciplinas científicas, de seus conceitos e diretrizes, de suas metodologias, de
seus procedimentos, de seus dados e da organização de seu ensino” (FAZENDA, 2011, p. 34).
Para a autora, somente uma atitude interdisciplinar possibilita avançar no processo de
construção de uma prática contextualizada pela qual as disciplinas se interpenetrem,
proporcionando novas compreensões da realidade.
Desse modo, a partir dos conceitos envolvidos na conexão apresentada no esquema
acima (Quadro 67), surgem as praxeologias como método, que permitem modelar as práticas
institucionais interdisciplinares referentes ao objeto matemático, Função Afim, descrito nas
quatro noções primitivas: tarefa, técnica, tecnologia e teoria.
Segundo Chevallard (1999) essas noções possibilitam modelar as práticas sociais em
geral, e em particular, das atividades matemáticas. Nesse sentido, o autor destaca que, toda
prática institucional pode ser analisada, sob diferentes pontos de vista e de diferentes maneiras,
em um sistema de tarefas relativamente bem delineadas. Além disso, a execução de uma tarefa
decorre da mobilização de uma técnica, ou seja, uma maneira de realizar a tarefa.
246
Para a realização das tarefas (T), os estudantes devem apresentar as técnicas mais usuais
para cada uma delas, embora Chevallard (1999) saliente que uma tarefa pode ser vista de
diferentes ângulos. É importante salientar que para cada tarefa pode existir mais de uma técnica.
As tecnologias surgem como instrumento para justificar as técnicas empregadas. A
teoria dá suporte às tecnologias utilizadas. De acordo com Chevallard (1999), se existe uma
tarefa matemática localizada em um sistema didático, então existe pelo menos uma técnica
amparada por uma tecnologia.
Nesse contexto, recorremos aos pressupostos da Teoria Antropológica do Didático que
permitem fazer as análises da conexão desses conceitos a partir das praxeologias que serão
desenvolvidas com o objetivo de levar os estudantes a responderem a questão Q0, considerando
como referência os saberes relativos ao estudo de Função Afim, com as disciplinas:
Matemáitica, Química e Física.
No Quadro 68 apresentamos algumas das possíveis praxeologias, considerando o link
entre a Matemática, Química e Física.
Desse modo, a tarefa proposta será realizada a partir da mobilização de uma certa
técnica, que será justificada pelas tecnologias da Matemática, Física e Química.
247
A partir dos experimentos, os estudantes podem observar que as massas são diretamente
proporcionais, ou seja, existe uma proporção constante entre as massas das substâncias
participantes. Desse modo, podemos fundamentar nossos argumentos em função da variação
linear entre as massas da palha de aço antes da queima e após a queima.
Q4 : O que acontece ao construirmos os gráficos: massa de ferro x massa do oxigênio
249
Re: espera-se que os estudantes respondam que é por causa da diferença de massa queimada
(resíduo, massa após a queima) em cada intervalo.
Nesse momento o professor pode explorar o conceito de densidade linear por trecho (conceito
físico). Se bem que considerar a densidade linear, neste caso, é um exagero, porque não se trata
da massa da palha de aço e, sim do resíduo (massa após a queima).
Q7 : O que é Massa / (comprimento do trecho)?
Re: espera-se que o aluno responda que pode ser considerada como densidade linear, ou seja,
𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑞𝑢𝑒𝑖𝑚𝑎𝑑𝑎 (𝑚𝑑𝑞 )𝑖
𝜆𝑖 = 𝑥𝑖 −𝑥𝑖−1
de proporcionalidade.
Q9: Qual a velocidade média em cada trecho? Após este cálculo, existe alguma relação entre a
velocidade média por trecho e a densidade linear por trecho?
Re: Espera-se que os estudantes observem que, quanto mais resíduo, ou quanto maior a
densidade linear por trecho, menor será a velocidade média por trecho. O professor pode
também sugerir a construção de um gráfico da velocidade média em função da densidade.
Constatando que a dependência seja realmente linear, discutir com os estudantes o significado
físico da inclinação deste gráfico.
Simulamos uma situação hipotética e, construímos o gráfico observando que tende a ser
linear, conforme mostra a Figura 99.
Fonte: Os autores
didática das relações entre Função Afim, Velocidade média da chama, Lei de Proust e Lei de
Lavoisier.
Para o procedimento de coleta de dados optamos pelo questionário. De acordo com Gil
(1999, p.128) o questionário pode ser definido “como a técnica de investigação composta por
um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por
objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações
vivenciadas etc.”
O motivo de optarmos pelo questionário foi podermos analisar e interpretar as respostas
dos professores acerca das concepções e definições dessa temática, de modo que permitisse
identificarmos as dificuldades, limitações e possibilidades do desenvolvimento de uma prática
interdisciplinar.
Salientamos que a observação em sala de aula foi fundamental porque possibilitou para
estabelecer uma relação prévia com os professores participantes da pesquisa. Assim, dos
professores convidados para responderem ao questionário 12 aceitaram. Para preservarmos a
identidade dos professores participantes, utilizamos o conjunto de princípios morais de
confidencialidade, anonimato, legalidade, profissionalismo e privacidade, conforme recomenda
(Grix, 2004).
Assim, como protocolo ético, os professores receberam nomes fictícios e foram
nomedados com as notações P1 e P2 acompanhadas das letras de suas respectivas disciplinas,
com os números 1 para indicar a instituição de aplicação e 2 para a instituição usada para validar
esta proposta. Pensando nisso, tratamos os participantes desta pesquisa por P1M1 e P2M1
(professores 1 e 2 de Matemática da instituição 1), P1M2 e P2M2 (professores 1 e 2 de Matemática
da instituição 2), P1F1 e P2F1 (professores 1 e 2 de Física da instituição 1), P1F2 e P2F2 (professores
1 e 2 de Física da instituição 2), P1Q1 e P2Q1 (professores 1 e 2 de Química da instituição 1), P1Q2
e P2Q2 (professores 1 e 2 de Química da instituição 2).
A etapa seguinte consistiu na aplicação de um questionário com 21 questões abertas
(Apêndice B), elaboradas pelos autores da pesquisa com base nos estudos de Manzato, et. al
(2016). Para isso, agendamos previamente um horário parcicular com cada um deles. A
princípio, o questionário foi aplicado com 6 professores da instituição de aplicação (I1), sendo
dois de cada disciplina: Matemática, Física e Química, com a finalidade de compreender a
concepção dos professores acerca da interdisciplinaridade e como eles pensam integrar uma
proposta interdisciplinar envolvendo a Função Afim.
Do mesmo modo, apresentamos a proposta e aplicamos o mesmo questionário
(Apêndice B) com 6 professores de uma outra instituição (I2), com a finalidade de confrontar
os dados e com isso, validar essa proposta.
253
A análise dos dados foi desenvolvida com base nos estudos de Van Dijk10(1991), que
tem como finalidade integrar as abordagens cognitivas e sociais do texto e da fala num único
quadro teórico coerente, de maneira que compreenda a construção do conhecimento através do
discurso como essencial para que aconteçam as interações sociais. Van Dijk (1991) udtiliza
uma abordagem sociocognitiva apoiada no princípio de que os textos não têm sentidos
específicos, mas sentidos dados de acordo com os processos sociocognitivos das pessoas que
utilizam a linguagem.
Para melhor situar o leitor, apresentamos a priori os resultados no que se refere ao perfil
e tempo de atuação dos professores participantes da pesquisa, conforme o Quadro 69.
Disciplina Categoria
antes
Conforme pode ser observado no Quandro 69, todos os professores participantes são
formados, habilitados e capacitados para o desempenho da função na disciplina. Os professores
10
Teun Van Dijk é um acadêmico nas áreas de linguística do texto, análise do discurso e análise do discurso crítica
(ADC). Desde a década de 1980, seu trabalho na ADC tem se concentrado especialmente no estudo da reprodução
discursiva do racismo pelo que ele chama de “elites simbólicas” (políticos, jornalistas, acadêmicos, escritores) e
nas teorias de ideologia, contexto e conhecimento.
254
Justificativa:
Fonte: elaborado pelos autores.
aplicamos esse mesmo questionário com seis professores de outra instituição de ensino da rede
estadual (I2), com o objetivo de validar a nossa proposta.
11 A expressão “análise de discurso crítica” (ADC) foi usada pela primeira vez na década de 1980, por Fairclough,
na Universidade de Lancaster, num artigo publicado no Journal of Pragmatics (FAIRCLOUGH, 1985), e passou
a ser considerado como linha de pesquisa somente após a publicação da revista Discourse & Society, por Van
Dijk, em 1990.
256
16,66%) não demonstrou contentamento: “não tanto, pois as condições gerais não permitem”
(P2F1), enquanto os demais (5; 83,33%) responderam sim e justificaram da seguinte maneira:
Com base nos estudos de Van Dijk (2008; 2012) percebemos nesses argumentos que as
colocações nas quais os professores tentam defender seus pontos de vista apoiados na
formulação de argumentos que os sustentem ou justifiquem determinada opinião.
Ainda na direção dessa pergunta, quando questionamos os professores da instituição de
validação I2, verificamos que o professor P1F2 (1; 16,66%) recusou-se a participar da pesquisa.
O professor P2Q2 respondeu: “não” e ressaltou: “acho importante dispor de outros recursos
além do quadro, mas que haja capacitação dos docentes para utilizar estes recursos de forma
adequada” (P2Q2), e o professor P2M2 respondeu “em parte” e destacou que “em algumas delas
necessitamos de material e espaço e não temos disponíveis na escola”. Identificamos nos
depoimentos dos professores (P2Q2) e P2M2 (2; 33,33%) estratégias argumentativas para
justificarem e defender seus posicionamentos. Já os demais (3; 50%) declararam:
Nesse sentido Fazenda (2001) ressalta a necessidade de construir “uma nova atitude
diante da questão do conhecimento, de abertura a compreensão, de aspectos ocultos do ato de
aprender e dos aparentemente expressos, colocando-os em questão” (p. 11).
Na segunda questão, pedimos aos professores para eles explicitarem um assunto/tema
que trabalharam com seus estudantes e que poderia ser considerado a sua melhor aula e por quê.
Acerca dessa questão, os professores da instituição de aplicação (I1), responderam:
“Função Polinomial do 1º grau, que é uma expressão matemática que permite ao aluno
adquirir a linguagem necessária para relacionar grandezas e resolver situações
problemas do quotidiano, desenvolvendo o raciocínio e aguçando a inteligência”
(P1M1).
257
“Aula que seja participativa e que possua contextualização, como referencial prático”
(P2Q1).
“Sim. Se o aluno consegue obter um melhor aproveitamento vale a pena defender esta
proposta” (P1Q2).
Em relação aos discuros dos professores da instituição de validação (I2) verificamos que
o professor P1F2 (1; 16,66%) recusou-se a participar da pesquisa e o professor P1Q2 (1; 16,66%)
argumentou: “Acredito que seria muito limitante e diretivo. Não podemos educar apenas por
uma proposta” (P1Q2). Já os demais (4; 66,66%) responderam:
“É. Não mudaria. Pois a função afim é abrangente e nela está inserido todos os casos
de funções cujos gráficos são retas” (P1M2).
“Sim. O tema, já relacionamos com vários aspectos sociais e com as áreas afins e vem
dando certo. Para modificar, precisaria me aprofundar e estudar e experimentar a
relação do conteúdo com as demais áreas” (P 2M2).
“Sim. Aliás vários assuntos podem ser trabalhos de maneira interdisciplinar” P2F2.
“A priori sim. Mas não tenho como ter mais críticas” (P 2Q2).
260
“Acima de tudo tempo. Praticidade e objetividade, pois muito extensa como muitas
etapas não se aplica à realidade da sala de aula hoje. Planejamento é fundamental”
(P1M2).
“Apoio, material disponível” (P2M2).
“A adesão de todos através de uma motivação adequada” (P 2F2).
“Os professores conceberem, terem discernimento e aplicá-los de melhor maneira
possível” (P1Q2).
“É um experimento simples, mas trabalhar em laboratório com turma que contém mais
de 15 alunos, além de ser perigoso, “empobrece” a prática porque é difícil conseguir
estimular uma discussão e acompanhar” (P2Q2).
“Sim. Porque entende-se que uma disciplina isolada das outras não seja capaz de
despertar o interesse do aluno. Entretanto, com a realização de um projeto
interdisciplinar se desenvolve de forma dinâmica os conteúdos das disciplinas e
garante o engajamento e envolvimento proativo do aluno” (P 1M1).
“Sim. Algo do tipo que se tenha uma parte fixa a e uma outra a ser desenvolvida pois
a cada momento estamos diante de situações de aprendizagem, exemplo disso é o Q.I
das pessoas. Existe o Q.I, em função dos estudos” (P 2M1).
“Utilizar para estudar método científico, linearidades, ajustes matemáticos de
fenômenos físicos“ (P2F1).
“Sim. Experimentação é uma ferramenta muito utilizada na química, enriquece o
conhecimento, fortalece a aprendizagem, a construção dos conceitos” (P 2F1).
Nos discursos das respostas dos 6 professores da instituição (I2) verificamos que o
professor P1F2 (1; 16,66%) recusou-se a participar da pesquisa, o professor P1Q2 (1; 16,66%)
respondeu que “não aplicaria. Acredito que limitaria muito o ensino. Este método deve ser
aplicado sistematicamente” P1Q2. O professor P2F2 (1; 16,66%) argumentou que: “utilizo outros
experimentos em minhas aulas. Este em específico não visualizo como muito efetivo à minha
prática” P2F2. Já o professor P2Q2 (1; 16,66%) respondeu “tendo as condições adequadas sim”,
os outros professores (2; 33,33%) afirmaram:
Em relação a questão 19, buscamos saber a opinião dos professores em relação ao tempo
necessário para o desenvolvimento dessa proposta e sua justificativa. Verificamos que houve
opiniões diferentes. Destacamos alguns fragmentos dos depoimentos dos professores que
apresentam distintos tipos de pensamento:
Apesar disso, verificamos, por meio das análises do discurso encontrado nas respostas
dos professores, que o entendimento acerca da interdisciplinaridade que eles apresentam em
seus depoimentos, de certa forma, se assemelha à concepção dos autores que tratam dessa
temática, e que já foram apresentados nesta pesquisa. Nesse sentido, inferimos que alguns
depoimentos, se aproximam e tratam de uma ideia mais estruturada, como vem sendo citados
por autores que tratam dessa temática, apresentando um nível mais avançado de conhecimento
e experiência com a prática interdisciplinar, neste caso, destacamos trechos das falas dos
professores para ilustração:
“Não é fácil, embora seja necessária, pois o entendimento de que estamos inscritos no
contexto da interdisciplinaridade é muito recente. Nós docentes não fomos preparados
nem tecnicamente, que dirá para a sua aplicação. Mas, estamos nos empenhando em
equipe no planejamento interdisciplinar para preparar os novos alunos não só para o
ENEM como também para o seu desenvolvimento enquanto cidadãos” (P1M1 ).
“Não é fácil, visto que um trabalho consistente depende de reuniões sistemáticas entre
as diversas áreas, o que não consegue fazer” (P2M1).
“Não. Implica ter bom domínio sobre outras áreas de ensino e talvez o professor não
tenha tido contato como outras áreas. Licenciado em Física por exemplo, talvez o
único contato com a biologia tenha sido no Ensino Médio” (P2Q2).
265
De posse dos dados, realizamos o confronto das análises a priori e a posteriori, com o
intuito de validar a hipótese dessa investigação (ARTIGUE, 1996, p. 208). Para construção dos
instrumentos de intervenção priorizamos pela qualidade da pesquisa, assumindo a incumbência
de validá-los. De acordo com Pasquali (2009) a validação é de fundamental importância, pois
nos dá mais garantia se o instrumento de pesquisa realmente tem potencial de atingir os nossos
objetivos, se acessam o entendimento que pretendemos medir, se instruem da forma como
planejamos e/ou se avaliam o que pretendemos.
Fundamentados nos discursos dos professores entrevistados, observamos que apesar dos
documentos oficiais preconizarem a implementação da prática interdisciplinar, os professores
têm demonstrado insegurança para desenvolver trabalhos interdisciplinares.
Comparando o discurso contido nas respostas dos professores da instituição de aplicação
I1 com as respostas dos professores da instituição de validação I2 verificamos que a
compreensão e perspectiva acerca da interdisciplinaridade apresentada em seus depoimentos
aproximam-se de certa maneira das perspectivas de autores que tratam dessa temática,
conforme já mencionados neste trabalho.
266
Desse modo, verificamos que os resultados descritos, em sua maioria dos participantes
(9; 75%), indicaram adequação e aplicabilidade da nossa proposta, visto que se relacionam e
abordam uma ideia, conforme vem sendo tratado por autores que evidenciam a prática da
interdisciplinaridade. Por exemplo, Fazenda (2002), ressalta que “todo projeto interdisciplinar
competente nasce de um lócus bem delimitado, portanto é fundamental contextualizar-se para
poder conhecer” (p.12). De acordo com a autora a contextualização requer uma recuperação da
memória em suas diferentes potencialidades, portanto do tempo e do espaço no qual se aprende.
267
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
pode ser abordado ou ressignificado no 1º ano do Ensino Médio a partir de uma perspectiva
interdisciplinar, destacando, sobretudo, que o trabalho interdisciplinar poderá favorecer a
construção do conhecimento. Além disso, observamos que a razão de ser de Função Afim se
resume à resolução de problemas, com fim e si mesmo. Identificamos também que as
praxeologias que se desenvolvem são em sua maioria pontuais e locais, com ênfase ao estudo
de técnicas de resolução, dissociadas do bloco tecnológico-teórico.
Verificamos que os Livros Didáticos dão suporte ao professor e aos alunos, no entanto,
não dão conta da transposição didática de Função Afim envolvendo as disciplinas Matemática,
Química e Física, visto que as tarefas são apresentadas pelos autores como processo
algorítmico. Isto é, as tarefas evocadas pelos autores são do tipo de aplicação das definições
apresentadas. Da mesma forma, as tarefas propostas para os estudantes. Igualmente, acontece
com a Química e a Física. O estudo de Função Afim é apresentado de forma tradicional,
descontextualizado e não interdisciplinar. Os autores dos Livros Didáticos apresentam os
conteúdos específicos, por exemplo, de física e química, sem darem ênfase aos conteúdos de
matemática utilizados. Por outro lado, o autor do livro de matemática, traz exercícios aplicados
a estas áreas, mas, sem estabelecer conexões significativas entre as respectivas áreas.
A existência de incompletudes das atividades instituicionais no 1º ano do Ensino Médio,
acerca do estudo de Função Afim justificou a busca por modelo para servir de referência como
respostas às lacunas encontradas nas instituições analisadas. Ao identificarmos a incompletude
das relações institucionais, sentimos a necessidade de adotar um Modelo Epistemológico de
Referência para servir de referência como resposta as questões que precisam ser respondidas,
distanciando-se do paradigma monumentalista.
O quinto de nossos objetivos específicos consistiu em diagnosticar as relações pessoais
dos professores de Matemática, Química e Física com Função Afim, velocidade média e leis
das proporções ponderais submetidos a um Percurso de Estudo e Pesquisa. Atingimos esse
objetivo quanto analisamos as relações pessoais dos professores, observamos que, quanto a
transposição didática do objeto Função Afim, isto é, trajetória do saber a ensinar até o saber a
ser efetivamente ensinado, as análises revelaram que existe um distanciamento desde a
concepção dos documentos oficiais até a prática do professor. A prática do professor está
apoiada em componentes praxeológicos matemáticos e didáticos presentes nos Livros Didáticos
e, que, a aprendizagem dos estudantes acontece através da memorização de técnicas que são
apresentadas como modelo para a resolução das tarefas. Já as tecnologias utilizadas para
justificar as técnicas foram comuns aos professores.
271
REFERÊNCIAS
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Ensino Médio. ZETETIKÉ – CEMPEM – FE/UNICAMP – V.5 – NO 13/14, P7-28 – jan. /Dez
de 2000.
APÊNDICE A
O(a) Sr.(a) está sendo convidado(a) para participar da pesquisa “Análise das
praxeologias dos estudantes do 1º ano do ensino médio em um modelo interdisciplinar
envolvendo função afim entre Matemática, Química e Física”.
O motivo que nos leva a estudar esse assunto é “contribuir de forma relevante para
investigações que busquem a viabilização para o desenvolvimento de pesquisas científicas
experimentais em Didática da Matemática na busca de novas possibilidades de produção e
difusão do conhecimento.
Para esta pesquisa adotaremos os seguintes procedimentos: pretendemos observar as
aulas de Matemática, Química e Física, para saber como são as praxeologias desenvolvidas em
sala de aula, conhecer suas características e a forma como se envolvem nas atividades de ensino
da Matemática. Verificar se as atividades de ensino são desenvolvidas de forma colaborativa e
numa perspectiva interdisciplinar. Pretendemos também, realizar uma observação sistemática,
a fim de identificar as interações dos estudantes nas atividades desenvolvidas, bem como
registrar em diário de campo.
Do mesmo modo, observar os projetos interdisciplinares, registrar reuniões de
professores das áreas do conhecimento, assim como descrever, gravar conversas e narrativas
sobre o educar, considerando o conjunto de princípios morais e éticos: confidencialidade,
anonimato, legalidade, profissionalismo e privacidade ao lidar com pessoas em pesquisa GRIX
(2004).
289
Em se tratando de uma pesquisa que lida com seres humanos, voltada para o
conhecimento, compreensão das condições de existências, dos saberes das pessoas envolvidas
e dos grupos, suas relações sociais, institucionais, seus valores éticos e culturais, buscamos
aplicar a norma estabelecida pela Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016, publicada pelo
Conselho Nacional de Saúde que dispõe sobre acerca das pesquisas cujos procedimentos
metodológicos envolvam a utilização de dados ou até mesmo informações que possam
ocasionar riscos, além dos que já existem no cotidiano dos seres humanos, como por exemplo,
danos morais, psicológicos, sociais, dentre outros.
Assim, se por acaso ocorrer invasão da privacidade, qualquer tipo de constrangimento
ao responder questões sensíveis como por exemplo questões relacionadas a características
pessoais ou de familiares, ou até mesmo não sentir o desejo de revelar sentimentos não
revelados anteriormente, qualquer discriminação ou estigmatização a partir das conversas que
podem surgir, divulgação de quaisquer dados sem a sua permissão, desperdício de tempo,
interferência na sua vida e na sua rotina, divulgação indevida de sua imagem ou voz, qualquer
conflito que possa surgir, algum tipo de embaraço, qualquer situação de desconforto que possa
ser causado diante a minha presença em sala de aula, comprometo-me minimizar os
desconfortos, garantindo o momento adequado e o local reservado para as conversas; ficarei
atento aos sinais verbais e não verbais, garantir a confidencialidade, privacidade e proteção da
imagem e não estigmatização, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das
pessoas, e/ ou da comunidade, assim como garantir a não utilização das informações em
prejuízo das pessoas, e/ou da comunidade bem como o seu acesso a todo o material que será
produzido, como por exemplo: áudio, imagens, textos, transcrições; garantir que a pesquisa será
suspensa imediatamente ao se perceber algum risco à saúde ou de qualquer um dos
participantes, ainda que não seja previstos; garantir que qualquer pessoa que venha sofrer
qualquer tipo de dano, aqui previsto ou não, resultante da sua participação nessa pesquisa, além
do direito à assistência integral terá direito à indenização.
Desse modo, reitero que todas a medidas, providências e cautela serão adotadas caso
algo indevido aconteça, preservando a sua imagem. Todavia, apesar dos riscos, os benefícios
que dessa investigação se esperam são maiores: construir um espaço, aqui chamado
“Laboratório de Práticas Interdisciplinares (LPI), com base nos trabalhos de Celani (2015),
que define o laboratório como espaço favorecedor para a prática da interdisciplinaridade.
Considerando o laboratório um ambiente integrativo e interdisciplinar, propício para
potencializar as competências e habilidades na construção do conhecimento, postulamos este
trabalho intervencionista no intuito de testá-lo.
290
DECLARAÇÃO DO PARTICIPANTE
CONSENTIMENTO PÓS INFORMAÇÃO
Eu_________________________________________________________________
CPF______________RG_______________, ao ser informada (o) dos objetivos,
procedimentos metodológicos e benefícios dessa pesquisa, bem como estar ciente da
necessidade do uso da minha imagem e/ou depoimento, autorizo, por meio do presente termo,
o pesquisador Abel de Oliveira Carneiro e o professor-orientador Dr. Luiz Márcio Santos
Farias, responsáveis pelo projeto de pesquisa de mestrado, intitulado Análise das praxeologias
dos estudantes do 1º ano do ensino médio em um modelo interdisciplinar envolvendo função
afim entre Matemática, Química e Física, na turma _____ do 1º ano do Ensino Médio, no
Colégio __________________________________________________, sem quaisquer ônus
financeiro a nenhuma das partes.
Ao mesmo tempo, autorizo também a utilização das filmagens e/ou gravações de áudio
para fins científicos e de estudos (relatório, livros, artigos, slides e apresentações), em favor dos
pesquisadores da pesquisa acima especificados. Sei que caso existam gastos adicionais, estes
serão absorvidos pelo orçamento da pesquisa. Em caso de dúvidas poderei chamar O
pesquisador ABEL DE OLIVERIA CARNEIRO ou o professor-orientador Dr. LUIZ
MÁRCIO SANTOS FARIAS no telefone (71) 9103-5169, no Instituto de Física, Campus
Universitário de Ondina, 40210-340, Salvador, Bahia telefone (71) 3283-6608 ou ainda no
Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia
(CEPEE/UFBA). O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) busca defender os interesses dos
participantes de pesquisa. O CEP é responsável pela avaliação e acompanhamento dos aspectos
éticos de todas as pesquisas envolvendo seres humanos. O Comitê de Ética em Pesquisa da
Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (CEPEE/UFBA) está localizado na
Rua Augusto Viana, S/n 3º andar, Canela, Salvador-Ba. Telefone: (71) 3283-7615. E-mail:
cepee.ufba@ufba.br.
Este documento é emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pelo
pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.
292
______________________________________________________
Assinatura do participante
____________________________________________________
Abel de Oliveira Carneiro
Pesquisador responsável
Senhor(a)______________________________________________________, Seu
filho (a) está sendo convidado (a) como voluntário (a) a participar da pesquisa “Análise das
praxeologias dos estudantes do 1º ano do ensino médio em um modelo interdisciplinar
envolvendo função afim entre Matemática, Química e Física”.
O motivo que nos leva a estudar esse assunto é investigar como acontece o estudo função
afim pelos estudantes do 1º ano do Ensino Médio, e assim contribuir para melhorar o ensino da
educação básica.
A pesquisa será realizada na escola que seu filho (a) estuda, no próprio horário de aula.
Eu irei apenas assistir as aulas dos professores de Matemática, Química e Física, com a
autorização dos professores e dos estudantes, somente para observar se estudo de função afim
relacionando com os conteúdos de Química e Física. Para isso, ficarei sentando no fundo da
sala de aula, apenas observando, para evitar qualquer tipo de constrangimento. Mesmo sabendo
que a presença do pesquisador poderá interferir na sala de aula, o risco da observação será
mínimo, pois ficarei sempre atento e caso aconteça alguma coisa, tomarei todas as medidas de
precaução e proteção necessárias.
Assim, se por acaso ocorrer invasão da privacidade, qualquer tipo de constrangimento
ao responder questões sensíveis como por exemplo questões relacionadas a características
pessoais ou de familiares, ou até mesmo não sentir o desejo de revelar sentimentos não
revelados anteriormente, qualquer discriminação ou estigmatização a partir das conversas que
podem surgir, divulgação de quaisquer dados sem a sua permissão, desperdício de tempo,
294
interferência na sua vida e na sua rotina, divulgação indevida de sua imagem ou voz, qualquer
conflito que possa surgir, algum tipo de embaraço, qualquer situação de desconforto que possa
ser causado diante a minha presença em sala de aula, comprometo-me minimizar os
desconfortos, garantindo o momento adequado e o local reservado para as conversas; ficarei
atento aos sinais verbais e não verbais, garantir a confidencialidade, privacidade e proteção da
imagem e não estigmatização, garantindo a não utilização das informações em prejuízo das
pessoas, e/ ou da comunidade, assim como garantir a não utilização das informações em
prejuízo das pessoas, e/ou da comunidade bem como o seu acesso a todo o material que será
produzido, como por exemplo: áudio, imagens, textos, transcrições; garantir que a pesquisa será
suspensa imediatamente ao se perceber algum risco à saúde ou de qualquer um dos
participantes, ainda que não seja previstos; garantir que qualquer pessoa que venha sofrer
qualquer tipo de dano, aqui previsto ou não, resultante da sua participação nessa pesquisa, além
do direito à assistência integral terá direito à indenização. Desse modo, reitero que todas a
medidas, providências e cautela serão adotadas caso algo indevido aconteça, preservando a sua
imagem.
Todavia, apesar dos riscos, os benefícios que dessa investigação se esperam são
maiores: construir um espaço, aqui chamado “Laboratório de Práticas Interdisciplinares (LPI),
com base nos trabalhos de Celani (2015), que define o laboratório como espaço favorecedor
para a prática da interdisciplinaridade. Considerando o laboratório um ambiente integrativo e
interdisciplinar, propício para potencializar as competências e habilidades na construção do
conhecimento, postulamos este trabalho intervencionista no intuito de testá-lo.
Os dados serão coletados mediante a permissão com antecedência dos participantes,
através de documentos que serão devidamente elaborados, com a finalidade de solicitar a
anuência dos participantes, respeitando a sua compreensão e singularidades, mediante os
documentos indispensáveis devidamente elaborados. Para minimizar os riscos previsíveis será
feito um esclarecimento da pesquisa acerca da sua natureza, riscos e benefícios. No caso de
envolvimento de menores, além dos seus assentimentos, será solicitada a anuência dos
responsáveis legais.
Salve menor juízo, a possibilidade de dano, prejuízo, lesão ou outra consequência
adversa as pessoas como resultado de sua participação nessa pesquisa será mínima. A
probabilidade e a magnitude do dano ou desconforto que possivelmente possa acontecer não
transcenderão aos vivenciados do dia a dia. Mediante eventual caso de dano, serão substituídos
os procedimentos, afim de amenizar os riscos dos participantes.
295
Para participar desta pesquisa, o adolescente sob sua responsabilidade não terá nenhum
custo, nem receberá qualquer vantagem financeira. Caso o adolescente e seu responsável tenha
qualquer gasto decorrente da sua participação nessa pesquisa, como por exemplo, alimentação
e transporte, será providenciado.
O adolescente será esclarecido sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar e estará
livre para participar ou recusar-se a participar. O(A) Sr. (a) compromete-se a esclarecer ao
adolescente sob sua responsabilidade sobre os objetivos e etapas desta pesquisa de forma clara
e adequada à sua idade, antes da sua inclusão neste estudo.
O (A) Sr. (a), responsável legal, poderá retirar o consentimento ou interromper a
participação do (a) adolescente a qualquer momento. A participação dele (a) é voluntária e a
recusa em participar não acarretará qualquer penalidade ou modificação na forma em que é
atendido (a) pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino História e Filosofia das Ciências e
pelo pesquisador, que tratará a sua identidade com padrões profissionais de sigilo.
Caso o (a) senhor (a) tenha alguma dúvida de qualquer esclarecimento ou ainda deseje
retirar o consentimento de participação do (a) adolescente sob sua responsabilidade da pesquisa,
por favor entre em contato com os pesquisadores a qualquer tempo.
Este documento é emitido em duas vias que serão ambas assinadas por mim e pelo
pesquisador, ficando uma via com cada um de nós.
______________________________________________________
Responsável legal pelo participante
_____________________________________________________
Abel de Oliveira Carneiro
Pesquisador responsável
297
INSTITUTO DE FÍSICA
Campus Universitário de Ondina
40210-340, Salvador – Bahia – Brasil
Fone: (71) 3283-6608/ Fax: (71) 3283-6606
E-mail: ppefhc@gmail.com
Você está sendo convidado com autorização dos seus pais para participar da pesquisa
“Análise das praxeologias dos estudantes do 1º ano do ensino médio em um modelo
interdisciplinar envolvendo função afim entre Matemática, Química e Física”. Nesta
pesquisa queremos saber como acontece o estudo de função afim pelos estudantes do 1º ano do
Ensino Médio.
A sua participação não é obrigatória, é de livre e espontânea vontade, é um direito seu
e não terá nenhum problema se quiser desistir a qualquer momento. A pesquisa será realizada
na sua escola, no próprio horário de aula. Eu irei apenas assistir as aulas dos professores de
Matemática, Química e Física, com a autorização dos professores e sua também, somente para
observar se estudo de função afim está relacionando com os conteúdos de Química e Física.
Para isso, ficarei sentando no fundo da sala de aula, apenas observando, para evitar qualquer
tipo de constrangimento. Pretendo também fotografar as atividades desenvolvidas em sala de
aula, bem como registrar em diário de campo. Do mesmo modo, descrever, registrar, gravar
conversas e narrativas sobre o ensino, respeitando e garantindo guardar em segredo todas as
informações, sem identificar o seu nome. Caso lhe atrapalhe, você pode entrar em contato
comigo.
Essa pesquisa poderá tornar as aulas de Matemática, Química e Física mais interessante,
sobretudo para o ensino de matemática. Você não irá gastar nada e, nem receberá dinheiro com
isso. No entanto, caso você e seu responsável, morem distante da escola e quiserem participar
dessa pesquisa, ajudaremos com o transporte.
298
Ninguém ficará sabendo da sua participação nessa pesquisa, as suas informações não
serão divulgadas. Os resultados da pesquisa serão publicados sem identificar nomes das pessoas
que participaram. Caso tenha alguma dúvida durante a sua participação, pode nos procurar,
estaremos à sua disposição para esclarecimentos através do telefone 99103-5169, ou no
Instituto de Física, Campus Universitário de Ondina, 40210-340, Salvador, Bahia telefone (71)
3283-6608, ou ainda no Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da
Universidade Federal da Bahia (CEPEE/UFBA). O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) busca
defender os interesses das pessoas que participam de pesquisas. O Comitê de Ética em Pesquisa
da Escola de Enfermagem da Universidade Federal da Bahia (CEPEE/UFBA) está localizado
na Rua Augusto Viana, S/n 3º andar, Canela, Salvador-Ba. Telefone: (71) 3283-7615. E-mail:
cepee.ufba@ufba.br.
Este documento é emitido em duas vias que serão assinadas por mim e pelo pesquisador,
ficando uma via com cada um de nós.
Desde já, muito obrigado pela sua participação!
Eu___________________________________________________________, aceito
participar da pesquisa “Análise das praxeologias dos estudantes do 1º ano do ensino médio em
um modelo interdisciplinar envolvendo função afim entre Matemática, Química e Física.
Entendi como a pesquisa será realizada e o que pode acontecer de bom e ruim. Sei que
posso participar, mas que, a qualquer momento, posso desistir sem prejuízos. Os pesquisadores
tiraram minhas dúvidas e pediram autorização aos os meus responsáveis.
Recebi uma cópia deste termo de assentimento e li e concordo em participar da pesquisa.
______________________________________________
Assinatura
________________________________________________
Abel de Oliveira Carneiro
Pesquisador responsável
299
APÊNDICE B
INSTITUTO DE FÍSICA
Campus Universitário de Ondina
40210-340, Salvador – Bahia – Brasil
Fone: (71) 3283-6608/ Fax: (71) 3283-6606
E-mail: ppefhc@gmail.com
Este questionário faz parte da pesquisa intitulada “Análise das praxeologias dos
estudantes do 1º ano do ensino médio, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em
Ensino, Filosofia e História das Ciências da UFBA/UEFS e tem como objetivo avaliar e validar
essa proposta. Procure respondê-lo com fidedignidade. Sua avaliação constitui um instrumento
muito importante para a validação desse questionário. Suas informações são muito importantes
para nosso estudo e serão mantidas em total anonimato.
QUESTIONÁRIO
INFORMAÇÕES BÁSICAS
FORMAÇÃO
02. Formação
a. Licenciatura [ ] b. Bacharelado[ ] c. Licenciatura/Bacharelado [ ]
[ ] Matemática [ ] Química [ ] Física [ ] Outra ____________________
03. Possui Pós-Graduação: [ ] sim [ ] não
300
EXPERIÊNCIA DOCENTE
04. Há quanto tempo você trabalha como professor (a)?
05. A Unidade Escolar que leciona é da rede:
1. O senhor (a) tem gostado das aulas que tem ministrado? Por quê?
Objetivo: Identificar se o professor está satisfeito com a metodologia que desenvolve em sala de aula.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
2. O senhor (a) poderia explicitar o assunto/tema que trabalhou com seus estudantes e que poderia ser
considerado a sua melhor aula? Por que?
Objetivo: Identificar se assunto/tema influencia no desenvolvimento da aula do professor.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
3. Como o senhor (a) caracterizaria uma boa aula? O que minimamente acredita que precisa estar
presente?
Objetivo: Identificar se o professor utiliza exemplos aplicáveis à realidade dos estudantes.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
301
4. O senhor (a) poderia apresentar, mesmo que de forma reduzida um tópico ou tema da sua escolha
que trabalhou na sua turma?
Objetivo: Identificar se os temas trabalhados pelo professor em sala de aula são desenvolvidos numa
perspectiva interdisciplinar.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
5. Existe uma série de portaria ou decretos que vem sinalizando a interdisciplinaridade no ensino. O
que o senhor (a) acha sobre isso?
Objetivo: Saber se o professor tem conhecimento da proposta de ensino numa perspectiva
interdisciplinar.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
6. É fácil trabalhar interdisciplinarmente? Quais são as condições e dificuldades? Por quê?
Objetivo: Identificar se o professor ministra suas aulas numa perspectiva interdisciplinar e quais as
condições e dificuldades.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
7. Para o senhor (a) o que é interdisciplinaridade?
Objetivo: Identificar a compreensão do conceito de interdisciplinaridade pelo professor.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
08. Em seu planejamento o (a) senhor (a) utiliza conteúdos de componentes curriculares de outras
disciplinas? Quais? Por que?
Objetivo: Verificar se o professor utiliza conteúdos de componentes curriculares de outras disciplinas
em seu planejamento.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
9. O senhor (a) acha importante abordar o conteúdo Função Afim nas suas aulas?
Objetivo: Verificar se o professor considera importante abordar o conteúdo Função Afim nas suas
aulas.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
10. Para o conteúdo Função Afim, existe algum tipo de abordagem que possa ser feita na sua disciplina?
Como e por que?
Objetivo: Identificar se o professor relaciona o conteúdo “Função Afim com os conteúdos da sua
disciplina.
( ) Concordo fortemente
302
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
11. Existe a possibilidade de integrar práticas interdisciplinares no 1º ano do Ensino Médio, de modo
que relacione o estudo de Função Afim, envolvendo a Matemática, Química e Física? De que maneira?
Por que?
Objetivo: Identificar se o professor desenvolve práticas interdisciplinaires envolvendo o conteúdo
Função Afim, envolvendo a Matemática, Química e Física.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
12. Como desenvolver situações de ensino que permitam disciplinas diferentes abordarem o conteúdo
Função Afim? Por que?
Objetivo: Identificar como o professor desenvolve práticas interdisciplinares envolvendo Função Afim
com os conteúdos de outras áreas do conhecimento.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
13. Qual a sua análise acerca da BNCC no que se refere a sua disciplina? Por que?
Objetivo: Identificar o conhecimento do professor acerca das competências, conhecimentos essenciais
e fundamentais estabelecidos pela BNCC em relação à sua disciplina.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
14. Em relação as propostas da BNCC- etapa Ensino Médio para o ensino de Função, de que maneira
o (a) senhor (a) desenvolve suas atividades didático-pedagógicas?
Objetivo: Compreender como o professor desenvolve suas atividades em sala de aula com base nas
propostas estabelecidas pela BNCC.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
15. O senhor (a) acredita que essa proposta é viável? Por que?
Objetivo: Obter a opinião do professor acerca de um Modelo Praxeológico Interdisciplinar a partir da
demonstração experimental envolvendo as disciplinas Matemática, Química e Física.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
303
16. Tratar a interdisciplinaridade a partir de Função Afim é um bom tema? O que o senhor (a)
modificaria?
Objetivo: Obter opinião do professor acerca do tema “Função Afim” para tratar a interdisciplinaridade.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
17. O que é necessário para um experimento como este possa funcionar na sua classe?
Objetivo: Obter do professor critérios para realizar o experimento de modo que possa produzir um
novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos pré-existentes.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
18. O senhor (a) utilizaria uma proposta como está na sua classe? Por quê?
Objetivo: Obter informações acerca da possibilidade de o professor utilizar a proposta em sala de aula.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
19. Na sua opinião, qual o tempo necessário para desenvolver essa proposta? Por quê?
Objetivo: Verificar o tempo necessário para o desenvolvimento dessa proposta.
( ) Concordo fortemente
( ) Concordo
( ) Discordo
( ) Discordo fortemente
Justificativa:
20. De que maneira o senhor (a) trabalharia essa proposta em sua classe?
Objetivo: Compreender como os professores trabalharia o conteúdo Função Afim em sala de aula.
( ) Concordo fortemente
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Justificativa:
21. Estamos chegando ao final da nossa entrevista. Antes de terminar, gostaria de saber se o senhor (a)
teria algum ponto que queira retomar ou fazer alguma sugestão.
Objetivo: Verificar se os professores compreenderam os itens abordados a fim de validar a proposta.
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Justificativa:
QUESTIONÁRIO
INFORMAÇÕES BÁSICAS
FORMAÇÃO
02. Formação
a. Licenciatura [ ] b. Bacharelado[ ] c. Licenciatura/Bacharelado [ ]
[ ] Matemática [ ] Química [ ] Física [ ] Outra ____________________
03. Possui Pós-Graduação: [ ] sim [ ] não
Especialização (Lato Sensu): ____________________________________________
Tema: ______________________________________________________________
Mestrado (Stricto Sensu): [ ]
Tema: ______________________________________________________________
Doutorado (Stricto Sensu): [ ] ______________________Ano de conclusão ______
305
Tema: ______________________________________________________________
EXPERIÊNCIA DOCENTE
04. Há quanto tempo você trabalha como professor (a)?
05. A Unidade Escolar que leciona é da rede:
2. O senhor (a) poderia explicitar um assunto/tema que trabalhou com seus estudantes e que poderia
ser considerado a sua melhor aula? Por que?
3. Como o senhor (a) caracterizaria uma boa aula? O que minimamente acredita que precisa estar
presente?
4. O senhor (a) poderia apresentar, mesmo que de forma reduzida um tópico ou tema da sua escolha
que trabalhou na sua turma?
5. Existe uma série de portaria ou decretos que vem sinalizando a interdisciplinaridade no ensino. O
que o senhor acha sobre isso?
08. Em seu planejamento o (a) senhor (a) utiliza conteúdos de componentes curriculares de outras
disciplinas? Quais? Por que?
9. O senhor (a) acha importante abordar o conteúdo Função Afim nas suas aulas?
10. Para o conteúdo Função Afim, existe algum tipo de abordagem que possa ser feita na sua disciplina?
Como e por que?
11. Existe a possibilidade de integrar práticas interdisciplinares no 1º ano do Ensino Médio, de modo
que relacione o estudo de Função Afim, envolvendo a Matemática, Química e Física? De que maneira?
Por que?
12. Como desenvolver situações de ensino que permitam disciplinas diferentes abordarem o conteúdo
Função Afim? Por que?
306
13. Qual a sua análise acerca da BNCC no que se refere a sua disciplina? Por que?
14. Em relação as propostas da BNCC- etapa Ensino Médio para o ensino de Função, de que maneira
o (a) senhor (a) desenvolve suas atividades didático-pedagógicas?
15. O senhor (a) acredita que essa proposta é viável? Por que?
16. Tratar a interdisciplinaridade a partir de Função Afim é um bom tema? O que o senhor (a)
modificaria?
17. O que é necessário para um experimento como este possa funcionar na sua classe?
18. O senhor (a) utilizaria uma proposta como essa na sua classe? Por que?
19. Na sua opinião, qual o tempo necessário para desenvolver essa proposta? Por que?
20. De que maneira o senhor (a) trabalharia essa proposta em sua classe?
21. Estamos chegando ao final da nossa entrevista. Antes de terminar, gostaria de saber se o
senhor (a) teria algum ponto que queira retomar ou fazer alguma sugestão.
307
5. Existe uma série de portaria ou decretos que vem sinalizando a interdisciplinaridade no ensino. O que
o senhor acha sobre isso?
P1M1 É indispensável pois no mundo contemporâneo que vivemos, onde as áreas do conhecimento estão
estritamente relacionadas e a rapidez com que essas relações se modificam, se faz necessário que
preparemos cidadãos articulado para que ele tenha agilidade na resolução de problemas.
P2M1 Para mim, essas portarias ou decretos deveriam ser debatidas antes com os profissionais que trabalham
em educação para que depois fossem lançadas. É importante a interdisciplinaridade mais é preciso
primeiro se estudar como fazê-la e aplica-la.
P1F1 Desde que seja feita de forma adequada e houver mudança no sistema de avaliação, é favorável.
P2F1 A construção de um conhecimento, inter-relacionando vários exige muito mais que portaria. Devem
ser trabalhados desde a formação, logo as ações devem ser trabalhadas antes, durante e depois da
formação.
P1Q1 Muito importante. Me formei recentemente e isso foi trabalhado na faculdade. Porém, penso que, para
colocar isso em prática para os professores que já trabalham há muito, o governo deveria investir em
cursos de reciclagem.
P2Q1 Necessário, pois, infelizmente, alguns professores só atuam por força da lei.
6. É fácil trabalhar interdisciplinarmente? Quais são as condições e dificuldades? Por que?
P1M1 Não é fácil, embora seja necessária, pois o entendimento de que estamos inscritos no contexto da
interdisciplinaridade é muito recente. Nós docentes não fomos preparados nem tecnicamente, que dirá
para a sua aplicação. Mas, estamos nos empenhando em equipe no planejamento interdisciplinar para
preparar os novos alunos não só para o ENEM como também para o seu desenvolvimento enquanto
cidadãos
P2M1 Para mim é fácil, pois não sei ensinar a matemática sem fazer referências a outras disciplinas pertinente
e/ ou áreas do conhecimento afins.
P1F1 Não é tão fácil, já que em alguns programas, é preciso uma certa profundidade de domínio.
P2F1 Não é fácil. Lista grande: organização dos assuntos não dessem ser em matérias, formação do
professor, laboratórios adequados, biblioteca, estruturas físicas adequadas, enfim.
P1Q1 Não. Principalmente porque você depende do outro e aí esbarra na falta de conhecimento do colega.
Sou articuladora de área e, por vezes ao longo do ano, fazemos eventos interdisciplinares (exemplo,
feira de ciências) porém, na prova continua sendo multidisciplinar.
P2Q1 Não é fácil, pois demanda muitas horas de planejamento com todos os envolvidos.
7. Para o senhor (a) o que é interdisciplinaridade?
P1M1 A interdisciplinaridade é um planejamento pedagógico que possibilita abordar conteúdos articulados
a outros componentes curriculares, permitindo uma nova postura diante do conhecimento, deixando
de concebê-lo como algo “estanque” e passando a ser um conhecimento globalizado, que rompe os
limites das disciplinas.
P2M1 Interdisciplinaridade para mim é envolver a matemática em várias outras áreas do conhecimento
científico ou não.
P1F1 União entre as disciplinas para ministrar um programa de interesse comum.
P2F1 Construção de um conhecimento inter-relacionando vários outros métodos e conteúdo.
P1Q1 É dentro de um mesmo conteúdo, conseguirmos abordar temas de várias disciplinas. O que acontece
na nossa vida. O conhecimento não é dividido em “caixas”, e sim interligado.
P2Q1 Seria a abordagem de conteúdos por diversas disciplinas em harmonia.
08. Em seu planejamento o (a) senhor (a) utiliza conteúdos de componentes curriculares de outras
disciplinas? Quais? Por que?
P1M1 Sim. Para proporcionar aos alunos a oportunidade de observar que existe relação entre a matemática e
as outras áreas do conhecimento como a física, a química e a biologia.
P2M1 Sim, principalmente da física e/ ou da Química, tais como as relações físicas, matemáticas e químicas,
nas relações entre a matéria e os elementos químicos, tais como as relações químicas.
P1F1 Sim. Matemática, química, história, filosofia, biologia, ...
P2F1 Raramente.
P1Q1 Sim. Biologia, Física e Matemática. Biologia e Física para enriquecer a aula e instigar os estudantes.
Matemática como ferramenta. Uma vez que é extremamente importante na físico-química.
P2Q1 Sim. Conteúdos que dialogam, como a bioquímica.
9. O senhor (a) acha importante abordar o conteúdo Função Afim nas suas aulas?
P1M1 Sim. Acho de fundamental importância abordar o conteúdo de Função Afim nas minhas aulas.
P2M1 Claro, como que o aluno vai entender a função horária do movimento uniforme (S = So + vt) sem
saber a função afim?
P1F1 Muito. A Física, em partes dos assuntos utiliza a função afim em sua abordagem.
309
P1Q1 A redução de carga horária de todas as disciplinas, e exclusão de outras, sinceramente não vejo como
pode contribuir para uma melhoria na qualidade de ensino.
P2Q1 Ainda estou me apropriando, mas penso que existe uma lógica na organização da disciplina.
14. Em relação as propostas da BNCC- etapa Ensino Médio para o ensino de Função, de que maneira o
(a) senhor (a) desenvolve suas atividades didático-pedagógicas?
P1M1 Demonstrando a função linear, geometricamente e identificando os coeficientes angular e linear da
equação de uma reta. Mostrando que a função linear é um tipo especial de Função Afim e suas
associações a relação de proporcionalidade direta entre duas grandezas.
P2M1 Idem ao item 13.
P1F1 Através de plots com gráficos correspondentes e desenhos para melhorar a compreensão da lei
matemática.
P2F1 Não li especificamente sobre esta parte.
P1Q1 Eu não sou da área de Matemática, não me sinto habilitada para responder essa pergunta.
P2Q1 Não respondeu.
15. O senhor (a) acredita que essa proposta é viável? Por que?
P1M1 Sim. Porque o aluno tem a oportunidade de estudar Função linear tanto algebricamente como
geometricamente.
P2M1 Tenho que conhecer para falar sobre. Sim, pois envolvem as disciplinas que precisam da matemática.
P1F1 Se houver forte estrutura em aparatos tecnológicos e estímulo ao uso do celular.
P2F1 Acho interessante enquanto experimento para o desenvolvimento de método científico.
P1Q1 Sim. A partir de um experimento simples, pode ser feita relações acerca das três disciplinas da área de
exatas-física, química e matemática. Discute-se a função afim, e as relações pertinentes ás disciplinas.
P2Q1 Não respondeu.
16. Tratar a interdisciplinaridade a partir de Função Afim é um bom tema? O que o senhor (a)
modificaria?
P1M1 Sim. A função afim favorece a compreensão de conteúdos de física e de outras áreas do conhecimento,
em diversas situações do cotidiano, mostrando aos educandos como utilizá-la e aplica-la no seu dia a
dia de modo interdisciplinar, oportunizando ao aluno uma maior compreensão e consequentemente,
um melhor aproveitamento.
P2M1 Acredito que sim, pois f(x) = ax + b seria uma forma de desenvolver alguns conteúdos de algumas
áreas do conhecimento.
P1F1 Dependo dos assuntos X programa, pode ser. É algo a se selecionar.
P2F1 Não, até porque a natureza é não linear.
P1Q1 Muitos experimentos podem ser abordados sobre a ótica de uma função do 1º grau. Sendo assim, penso
que essa é uma boa forma de abordar conceitos, bem como suprir necessidades e deficiências que os
estudantes possuem com a matemática.
P2Q1 É uma possibilidade muito interessante, mas os docentes têm que planejar juntos.
17. O que é necessário para um experimento como este possa funcionar na sua classe?
P1M1 Planejar as etapas do projeto, fazer levantamento dos conteúdos a serem estudados, escolher as áreas
do conhecimento que serão contempladas; estabelecer objetivos gerais e específicos para cada
disciplina; relacionar o tema como o currículo e planejar as atividades de forma integrada.
P2M1 É necessário que os discentes tenham o conhecimento básico para entender o diz e como funciona uma
função afim.
P1F1 Experimentos de laboratórios.
P2F1 Estabelecer bem claro os objetivos de trabalhar este experimento.
P1Q1 Planejamento: divisão dos estudantes por equipes, comprar os materiais necessários, estudo prévio.
P2Q1 Acredito que experimento devam ser realizados em laboratórios, principalmente por conta da
segurança.
18. O senhor (a) utilizaria uma proposta como essa na sua classe? Por que?
P1M1 Sim. Porque entende-se que uma disciplina isolada das outras não seja capaz de despertar o interesse
do aluno. Entretanto, com a realização de um projeto interdisciplinar se desenvolve de forma dinâmica
os conteúdos das disciplinas e garante o engajamento e envolvimento proativo do aluno.
P2M1 Sim. Algo do tipo que se tenha uma parte fixa a e uma outra a ser desenvolvida pois a cada momento
estamos diante de situações de aprendizagem, exemplo disso é o Q.I das pessoas. Existe o Q.I, em
função dos estudos.
P1F1 Depende do assunto e do templo para aplicar o programa.
P2F1 Utilizar para estudar método científico, linearidades, ajustes matemáticos de fenômenos físicos.
P1Q1 Sim. Experimentação é uma ferramenta muito utilizada na química, enriquece o conhecimento,
fortalece a aprendizagem, a construção dos conceitos.
311
P1M2 Ao trabalhar logaritmo primeiro falamos de meia vida de uma substância radiativa e usamos Chernobyl
como fonte de pesquisa.
P2M2 Estatística – as fases do método estatístico, Probabilidade X genética – aulas compartilhadas.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Não respondeu.
P1Q2 Não respondeu
P2Q2 Ionização das substâncias que se comportam como ácido segundo a teoria de arrhenius. A ideia é
mostrar que algumas moléculas quando colocadas em meio aquoso podem formar uma solução
eletrolítica capaz de conduzir eletricidade.
5. Existe uma série de portaria ou decretos que vem sinalizando a interdisciplinaridade no ensino. O que
o senhor acha sobre isso?
P1M2 Importante porque não se pode ensinar apenas o conteúdo pelo conteúdo. Associar o conteúdo a outras
disciplinas dá mais significado ao que está sendo estudado.
P2M2 Acho importante, mas, pouco valorizado por parte de alguns colegas.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 A interdisciplinaridade é essencial é essencial nos dias atuais, principalmente em virtude do ENEM.
P1Q2 Extremamente importante.
P2Q2 É interessante para auxiliar o aprendizado, mas a formação do professor não é interdisciplinar. Como
será a atuação do docente?
6. É fácil trabalhar interdisciplinarmente? Quais são as condições e dificuldades? Por que?
313
P1M2 Não. Requer pesquisa, a maior dificuldade é o tempo. Pois precisa aumentar o tempo e com isso
diminui o conteúdo/programa da regular série.
P2M2 Acho fácil, quando o grupo interage e participa.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Não é fácil, visto que um trabalho consistente depende de reuniões sistemáticas entre as diversas áreas,
o que não se consegue fazer.
P1Q2 Depende de como o professor irá desenvolver o método para atender as disciplinas. As condições é
permitir que o aluno possa entender o conteúdo sobre vários ângulos ou disciplinas.
P2Q2 Não. Implica ter bom domínio sobre outras áreas de ensino e talvez o professo não tenha tido contato
com outras áreas. Licenciado em Física por exemplo, talvez o único contato com a Biologia tenha sido
no Ensino Médio.
7. Para o senhor (a) o que é interdisciplinaridade?
P1M2 É associar seus conteúdos a outras disciplinas ou o uso de conteúdos de outras disciplinas que usam a
sua disciplina como base.
P2M2 Uma proposta em que os conteúdos são trabalhados dentro de uma mesma área e a depender do tempo
com áreas afins.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 É a construção de um saber renovado mediante a contribuição de diversas áreas do saber.
P1Q2 É mostrar que um único assunto, tem relevância em várias disciplinas, ou seja, cada disciplina abrange
o conteúdo proposto.
P2Q2 É quando um tema pode ser trabalhado em disciplinas diversas.
08. Em seu planejamento o (a) senhor (a) utiliza conteúdos de componentes curriculares de outras
disciplinas? Quais? Por que?
P1M2 Sim. São várias. Para Estatística tem pesquisas em poluição (Biologia e Química). Senso (História e
Geografia); Funções Afim e Quadráticas associado à Física. MRU EMRUV.
P2M2 Sim. Genética, velocidade média, escalas, proporção, etc.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Não respondeu.
P1Q2 Sim. Utilizo. Os assuntos são variados. Exemplo: gases, bioquímica, funções inorgânicas, estados
físicos da matéria.
P2Q2 Não consegui fazer isso, um dos fatores é o tempo de aula ser curto.
9. O senhor (a) acha importante abordar o conteúdo Função Afim nas suas aulas?
P1M2 É conteúdo fundamental do 1º ano do Ensino Médio. É o primeiro tipo de função trabalhada e é um
conteúdo que é aplicado em várias situações em outras disciplinas (Interdisciplinaridade).
P2M2 Sim. Uma das funções mais importantes, pois, está presente no dia a dia das pessoas.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Sim, muitas vezes os alunos demonstram fragilidades nestes temas.
P1Q2 Sim
P2Q2 Para alguns conteúdos de Química sim.
10. Para o conteúdo Função Afim, existe algum tipo de abordagem que possa ser feita na sua disciplina?
Como e por que?
P1M2 Sim. Para a Matemática a função afim é proporcionalidade.
P2M2 Realizar compras, corrida de táxi, crescimento do salário, do emprego/desemprego, etc.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Sim, dilatação térmica linear por exemplo.
P1Q2 Posso utilizar quando falar em estado físico da matéria, substâncias e misturas relacionadas aos
gráficos de temperatura X tempo.
P2Q2 A solubilidade de alguns sais/gases pode ser descrita como função.
11. Existe a possibilidade de integrar práticas interdisciplinares no 1º ano do Ensino Médio, de modo que
relacione o estudo de Função Afim, envolvendo a Matemática, Química e Física? De que maneira? Por
que?
P1M2 Sim. A Função Afim está associada ao MRU e MRUV da Física.
P2M2 Sim, a função afim e a velocidade média, a função afim X as despesas de água de certa casa e outros
exemplos porque é através do gráfico da função que se tem uma visão panorâmica do crescimento ou
decrescimento de certo dado.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Não respondeu.
P1Q2 Sim. Quando utilizar cálculos químicos e gráficos.
P2Q2 Não sei se a função afim, mas as Leis Ponderais requerem utilização da Matemática.
314
12. Como desenvolver situações de ensino que permitam disciplinas diferentes abordarem o conteúdo
Função Afim? Por que?
P1M2 Usar MRU ao MRUV e perceber como é no MRU o gráfico de V x t ou S x t e no MRUV o gráfico
de v x (t) ou a x t.
P2M2 Fácil exemplo podemos estudar função afim abordando o índice de desemprego do país, que é um
conteúdo específico da sociologia, da Matemática, História, etc.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Não respondeu.
P1Q2 Não sei.
P2Q2 Utilizando o conteúdo como ponto de partida e colocando o conhecimento em situações
contextualizadas com o cotidiano.
13. Qual a sua análise acerca da BNCC no que se refere a sua disciplina? Por que?
P1M2 Coloca o professor como agente fundamental que atua na sala e se coloca como objetivo de
instrumentalizar o professor para melhor prepará-lo para a sua atuação. Possa permitir relacionar
habilidades aos seus respectivos objetivos do conhecimento. Que venham a integrar o ser na sociedade.
P2M2 Vejo certa preocupação, já que teremos a redução da carga horária para explanar conteúdos, apesar de
podermos abordar determinados assuntos através do itinerário escolhido pelos alunos.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Não respondeu.
P1Q2 Eles orientam tronar o curso mais contextualizado justamente para o aluno empregar a teoria com a
prática.
P2Q2 Estudantes de escola pública provavelmente não optarão pelas disciplinas de exatas por considerarem
mais difícil, a consequências (uma observação) é a impossibilidade de no futuro esse aluno quer formar
em engenharia...
14. Em relação as propostas da BNCC- etapa Ensino Médio para o ensino de Função, de que maneira o
(a) senhor (a) desenvolve suas atividades didático-pedagógicas?
P1M2 Matemática é número, jogo e linguagem atender o para quê? E o professor precisa acreditar no
potencial do aluno. Selecionar conteúdos que ajudem você a compreender diretrizes para os
componentes curriculares.
P2M2 Relacionando o conteúdo com as atividades do cotidiano.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Não respondeu.
P1Q2 Trabalhando com questões do dia a dia de forma interativa para que os alunos possam ter um melhor
entendimento e desenvolvimento do tema.
P2Q2 Não tenho embasamento suficiente para opinar.
15. O senhor (a) acredita que essa proposta é viável? Por que?
P1M2 Sim. Faz parte do papel do professor/educador na sala. Nenhum conteúdo está dissociando do interesse
do aluno e nele construir o conhecimento: construir então aulas alinhadas com a BNCC.
P2M2 Acredito que não. Essa proposta já foi implantada nos anos de 1970 e não deu certo. Caso contrário,
os governos deverão dar o suporte que está proposto para que a proposta dê êxito.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Toda proposta que inclua os alunos de maneira dinâmica, é viável. Contudo os materiais podem ser
um entrave ao desenvolvimento do trabalho.
P1Q2 Sim. Se o aluno consegue obter um melhor aproveitamento vale a pena defender esta proposta.
P2Q2 Não tenho embasamento suficiente para opinar.
16. Tratar a interdisciplinaridade a partir de Função Afim é um bom tema? O que o senhor (a)
modificaria?
P1M2 É. Não mudaria. Pois a função afim é abrangente e nela está inserido todos os casos de funções cujos
gráficos são retas.
P2M2 Sim. O tema, já relacionamos com vários aspectos sociais e com as áreas afins e vem dando certo.
Para modificar, precisaria me aprofundar e estudar e experimentar a relação do conteúdo com as
demais áreas.
P1F2 O professor recusou-se a participar da pesquisa
P2F2 Sim. Aliás vários assuntos podem ser trabalhos de maneira interdisciplinar.
P1Q2 Acredito que seria muito limitante e diretivo. Não podemos educar apenas por uma proposta.
P2Q2 A priori sim. Mas não tenho como ter mais críticas.
17. O que é necessário para um experimento como este possa funcionar na sua classe?
P1M2 Acima de tudo tempo. Praticidade e objetividade, pois muito extensa como muitas etapas não se aplica
à realidade da sala de aula hoje. Planejamento é fundamental.
315
APÊNDICE C
ANEXO A
ANEXO B