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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS


CAMPUS DE FOZ DO IGUAÇU
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

ANÁLISE DA FUNÇÃO DE PROTEÇÃO DE DISTÂNCIA EM LINHAS


DE TRANSMISSÃO COM COMPENSAÇÃO SÉRIE

IGOR OLIVEIRA DE ALMEIDA

FOZ DO IGUAÇU - PR
2019
IGOR OLIVEIRA DE ALMEIDA

ANÁLISE DA FUNÇÃO DE PROTEÇÃO DE DISTÂNCIA EM LINHAS


DE TRANSMISSÃO COM COMPENSAÇÃO SÉRIE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao


Curso de Engenharia Elétrica da Universidade
Estadual do Oeste do Paraná, como parte dos
requisitos para a obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.

Orientador: Prof. Dr. Daniel Motter

FOZ DO IGUAÇU - PR
2019
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha mãe Marli, meu pai Ivo, meus irmãos Pedro e Iago, pelo suporte, pela
compressão nas horas difíceis e pelo apoio incondicional com que sempre pude contar.

Agradeço ao meu orientador Prof. Daniel Motter pelos conhecimentos transmitidos em


sala de aula, assim como sua assistência, orientação, acessibilidade, apoio e por me aceitar como
seu orientado.

Ao Prof. Robson, por todo conhecimento ministrado em sala de aula e pela assistência
prestada durante o desenvolvimento deste trabalho.

A Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, seus professores e


servidores pelos conhecimentos adquiridos para minha formação profissional.

Por fim gradeço aos meus amigos Arthur, Leonardo, Marcelo, Igor, Fernanda, Lucas e
Youssef que convivi diariamente ao longo destes anos e pude compartilhar desafios e
conquistas para concluir a graduação.
RESUMO
ALMEIDA, I. O. Análise da Função de Proteção de Distância em Linhas de Transmissão
com Compensação Série. 2019. 56 p. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) – Curso
de Engenharia Elétrica, Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Foz do
Iguaçu, 2019.

Resumo: Devido ao crescimento dos sistemas de energia elétrica, as linhas de transmissão


possuem um papel importante em sistemas interligados, pois, são responsáveis pelo transporte
de energia elétrica das unidades geradoras até os centros consumidores. Logo, é de suma
importância que se possa aproveitar ao máximo a capacidade de transmissão de cada linha de
transmissão. Neste sentindo a inserção de bancos de capacitores em linhas de transmissão pode
trazer benefícios, como o aumento da capacidade de transporte de energia e aumento da
estabilidade ao sistema, porém, podem trazem desafios em relação ao sistema de proteção.
Portanto, este trabalho apresenta a análise do desempenho da função de proteção de distância
em linhas de transmissão de 500 kV com compensação série. O sistema foi simulado no
software Alternative Transients Program através da interface gráfica ATPDraw. Além disso,
foram modelados os esquemas de proteção dos bancos de capacitores série, que são constituídos
da combinação de Metal Oxide Varistor a um centelhador auto-induzido Spark GAP,
juntamente com um circuito RL amortecedor. Nas simulações foram considerados vários
cenários operativos e de faltas, e os resultados obtidos indicam a influência da compensação
série no desempenho da proteção de distância.
Palavras-chave: Compensação Série Capacitiva, Proteção de Distância, Spark GAP.
ABSTRACT
ALMEIDA, I. O. Distance Protection Function Analysis on Series Compensated
Transmission Lines. 2019. 56 p. Course Conclusion Paper (Undergraduate) - Electrical
Engineering Course, State University of Western Paraná - UNIOESTE, Foz do Iguaçu, 2019.

Abstract: Due to the growth of electricity systems, transmission lines represent an essential
part of interconnected systems, as it is responsible for transporting electricity from generating
units to consumer centers. Therefore, it is of most importance that the maximum transmission
capacity of each transmission line can be maximized. The insertion of capacitor banks in
transmission lines can bring benefits, such as increased power transmission capacity and
increased system stability. However, it can impose challenges to the protection system.
Therefore, this paper presents the performance analysis of the distance protection function in
séries compensated 500 kV transmission lines. The system was simulated in the Alternative
Transients Program through ATPDraw interface. Moreover, protection schemes of séries
capacitors have been modeled, which consist of the combination of Metal Oxide Varistor and
a Spark GAP self-induced spark arrester, together with a damping RL circuit. In the simulations,
several operating and fault scenarios were considered, and the results obtained indicate the
influence of the séries compensation on the distance protection performance.
Keywords: Capacitive Séries Compensation, Distance Protection, Spark GAP.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 – Diagrama de ligação do TC. .................................................................... 16
Figura 2.2 – Circuito Equivalente do TC. .................................................................... 17
Figura 2.3 – Curva de Magnetização do Núcleo do TC................................................ 18
Figura 2.4 – Ligação do Transformador de Potencial................................................... 19
Figura 2.5 – Divisor Capacitivo de Potencial. .............................................................. 20
Figura 2.6 – Alcance das Zonas de Proteção de Distância. .......................................... 21
Figura 2.7 – Característica de atuações diferentes para o relé distância. ....................... 22
Figura 2.8 – Característica de transferência de potência na linha. ................................ 23
Figura 2.9 – Diagrama de transferência de potência pelo ângulo δ............................... 24
Figura 2.10 – Esquema de proteção capacitores em série. ............................................ 25
Figura 2.11 – Lógica computacional do sistema de proteção MOV. ............................ 26
Figura 3.1 – Sistema de Testes. ................................................................................... 27
Figura 3.2 – TC utilizado nas simulações. ................................................................... 28
Figura 3.3 – Curva de saturação do TC utilizado na simulação. ................................... 29
Figura 3.4 – Lógica computacional do sistema de proteção do MOV........................... 33
Figura 4.1 – Sistema simulado. ................................................................................... 35
Figura 4.2 – Trajetória das impedâncias, Faltas 1Ø a 50%, sem Compensação Série. .. 36
Figura 4.3 – Sistema simulado. ................................................................................... 37
Figura 4.4 – Correntes de Falta da Fase A, sem e com Compensação Série de 40 % no
Início da LT. ........................................................................................................................ 38
Figura 4.5 – Sistema simulado. ................................................................................... 38
Figura 4.6 – Trajetória Impedância, falta 3Ø a 100%, com Compensação Série. .......... 39
Figura 4.7 – Comparação Loop sem e com presença do Banco de Capacitores. ........... 39
Figura 4.8 – Sistema simulado. ................................................................................... 40
Figura 4.9 – Atuação do GAP. .................................................................................... 40
Figura 4.10 – Trajetória das impedâncias, Faltas 3Ø a 100%, com Compensação Série.
............................................................................................................................................ 41
Figura 4.11 – Sistema simulado. ................................................................................. 42
Figura 4.12 – Influência do Ângulo de Inserção da Falta na função de Distância. ........ 42
Figura 4.13 – Sistema simulado. ................................................................................. 43
Figura 4.14 – Influência das proteções do Banco na Função de Distância. ................... 43
Figura 4.15 – Sistema simulado. ................................................................................. 44
Figura 4.16 – Sistema simulado. ................................................................................. 45
Figura 4.17 – Trajetória das Correntes, Falta 3Ø, com Compensação Série. ................ 46
Figura 4.18 – Trajetória da Energia e Corrente, Falta 3Ø, com Compensação Série. .... 47
Figura 4.19 – Tensão Capacitor, Falta 3Ø, com Compensação Série. .......................... 47
Figura 4.20 – Sistema simulado. ................................................................................. 48
Figura 4.21 – Trajetória das Correntes e Tensões, Faltas 3Ø, com Compensação Série.
............................................................................................................................................ 49
Figura 4.22 – Trajetória das impedâncias, Faltas 3Ø a 100%, com Compensação Série.
............................................................................................................................................ 49
Figura 4.23 – Sistema simulado. ................................................................................. 50
Figura 4.24 – Corrente do TC modelado. .................................................................... 50
Figura 4.25 – Corrente do TC Saturado com Falta em 20 % da LT. ............................. 51
Figura 4.26 – Corrente do TC Saturado com Falta em 50 % da LT. ............................. 51
Figura 4.27 – Corrente do TC Saturado com Falta em 80 % da LT. ............................. 52
Figura 4.28 – Sistema simulado. ................................................................................. 52
Figura 4.29 – Corrente de saída do TC e loop da fase A. ............................................. 53
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 – Loops de Faltas. ...................................................................................... 22
Tabela 3.1 – Características da linha de transmissão.................................................... 27
Tabela 3.2 – Parâmetros do TC utilizado. .................................................................... 28
Tabela 3.3 – Parâmetros do bloco UI2RX utilizado. .................................................... 29
Tabela 3.4 – Resumo Ajustes Função de Distância. ..................................................... 31
Tabela 3.5 – Curva característica do MOV. ................................................................. 32
Tabela 3.6 – Configuração do GAP para grau de compensação de 40 %...................... 34
Tabela 4.1 – Valor das impedâncias pós-falta. ............................................................. 37
Tabela 4.2 – Valor das impedâncias pós-falta. ............................................................. 44
Tabela 4.3 – Valor das impedâncias pós-falta. ............................................................. 45
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANSI 21 Função de Distância


ANSI 87 Função Diferencial
ATP Alternative Transients Program
ATPDraw Interface gráfica do ATP
GAP Spark GAP
LT Linha de Transmissão
MHO Função de Admitância
MOV Metal Oxide Varistors
SIN Sistema Interligado Nacional
SEP Sistema Elétrico de Potência
TACS Transient Analysis of Contol System
TC Transformador de Corrente
TP Transformador de Potencial
LISTA DE SÍMBOLOS

𝛿12 Defasagem angular entre as tensões 1 e 2

𝑟 Ângulo da inclinação do diâmetro do círculo da função MHO

𝐸1 Tensão da barra 1

𝐸2 Tensão da barra 2

𝐸𝑀Á𝑋 Limite máximo de energia suportado pelo Varistor de Óxido Metálico

𝐸𝑀𝑂𝑉 Energia armazenada pelo Varistor de Óxido Metálico

𝐼𝑀Á𝑋 Limite máximo de corrente suportado pelo Varistor de Óxido Metálico

𝐼𝑀𝑂𝑉 Corrente pelo Varistor de Óxido Metálico


𝐼𝑁 Corrente nominal sobre cada unidade capacitiva do banco de capacitores
Razão entre a força dielétrica de regime transitório e a força dielétrica de
𝑘
regime permanente para cada unidade capacitiva
Tensão nominal em regime permanente sobre cada unidade capacitiva do
𝑉𝑁
banco de capacitores
Máxima tensão instantânea permitida sobra cada unidade capacitiva do
𝑉𝑈𝐿𝐼𝑀
banco de capacitores
Tensão nominal em regime permanente sobre cada unidade capacitiva do
𝑉𝑈𝑁
banco de capacitores
𝑉𝑟𝑒𝑓 Tensão de referê2ncia

𝑥𝐶 Reatância capacitiva série


SUMÁRIO
Capítulo 1 – Introdução ..................................................................................................... 13
1.1 Justificativa ................................................................................................................ 13
1.2 Objetivo Geral ........................................................................................................... 14
1.3 Objetivos Específicos................................................................................................. 14
1.4 Estrutura do Trabalho ................................................................................................ 14
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica .................................................................................... 15
2.1 Proteções na LT ......................................................................................................... 15
2.2 Transformador de Corrente ........................................................................................ 15
2.2.1 Saturação do Transformador de Corrente ............................................................. 17
2.3 Transformador de Potencial ....................................................................................... 19
2.4 Funções de Distância ................................................................................................. 20
2.4.1 Zonas de Proteção ............................................................................................... 20
2.4.2 Tipos de Funções de Distância ............................................................................ 21
2.4.3 Loops de Falta ..................................................................................................... 22
2.5 Compensação Série de Reativos ................................................................................. 23
2.5.1 LT com Compensação Série de Reativos ............................................................. 23
2.5.2 Proteção dos Capacitores Série ............................................................................ 25
Capítulo 3 – Modelagem do Sistema e das Proteções ....................................................... 27
3.1 Parâmetros e característica do TC e TP ...................................................................... 28
3.2 Ajuste da Proteção de Distância ................................................................................. 29
3.3 Dimensionamento da Proteção do Banco por MOV ................................................... 31
3.4 Dimensionamento da Proteção do MOV por SPARK GAP ......................................... 32
Capítulo 4 – Simulações e Resultados ............................................................................... 35
4.1 Simulações sem Compensação Série .......................................................................... 35
4.1.1 Caso 1: Curto-circuito Monofásico à 50 % da Barra Local .................................. 35
4.2 Simulações com Compensação Série ......................................................................... 36
4.2.1 Caso 1: Curto-Circuito Trifásico Variando a Compensação Série ........................ 36
4.2.2 Caso 2: Curto-Circuito Trifásico à 100 % da Barra Local .................................... 38
4.2.3 Caso 3: Curto-Circuito Trifásico à 100 % da LT Variando a Resistência de Falta 40
4.2.4 Caso 4: Curto-Circuito Trifásico à 50 % da LT Variando o Carregamento ........... 41
4.2.5 Caso 5: Curto-Circuito Trifásico à 150 % da LT, Analisando o Sobrealcance da
Função de Distância ..................................................................................................... 43
4.2.6 Caso 6: Curto-Circuito Trifásico, Variando a Localização de Falta ...................... 44
4.2.7 Caso 7: Análise das Atuações das Proteções do Sistema ...................................... 45
4.2.8 Caso 8: Influência da Variação do Ângulo de Incidência de Falta ........................ 47
4.2.9 Caso 9: Influência da Saturação do TC ................................................................ 49
Capítulo 5 – Conclusões ..................................................................................................... 54
Referências Bibliográficas ................................................................................................. 56
Capítulo 1 – Introdução
Os Sistemas Elétricos de Potência (SEPs) são responsáveis pela conversão, transporte e
fornecimento de energia elétrica para os consumidores. O SEP está continuamente sujeito à
ocorrência de faltas que afetam a operação normal do sistema, como descargas atmosféricas ou
falha de equipamentos. Portanto, sistemas de proteção são utilizados para isolar os elementos
sob faltas e eliminar o defeito, e devem atuar de forma rápida e precisa, protegendo a integridade
do SEP e minimizando o tempo de interrupção do fornecimento de energia (ORTEGA, 2017;
PAZ, 2015; VIANNA, 2013).

As linhas de transmissão (LTs) são elementos responsáveis pelo transporte de energia


entre as unidades geradoras e consumidores. O aumento da demanda de carga está cada vez
maior e com o custo elevado para instalação de novas as LTs, resultam em níveis de
carregamento próximo ao máximo permitido, reduzindo a margem de estabilidade do sistema.
Uma alternativa para esse contexto é implementação de compensação série de reativos em LTs
já existentes, por elevar tanto a estabilidade quanto a capacidade de transmissão da LT
(CONCEIÇÃO, 2015; ORTEGA, 2007).

1.1 Justificativa
Devido ao crescimento do Sistema Interligado Nacional (SIN), da constante demanda
dos grandes centros consumidores e a dificuldade e custo elevado para implementação de novas
LTs, a inserção de banco de capacitores em LTs já existentes é uma boa alternativa (ROJAS,
2016). A instalação de banco de capacitores aumenta a capacidade de transmissão de potência,
reduz perdas e queda de tensão na LT (ORTEGA, 2017).

Apesar de suas vantagens, LTs com compensação série possuem dificuldades quanto a
implantação de seu sistema de proteção, como a própria proteção do capacitor série devido as
sobretensões em situações de falta (CONCEIÇÃO, 2015). Além disso, o sistema de proteção
das LTs, como a função de distância, pode atuar de forma incorreta a depender dos ajustes
utilizados, e o sistema de proteção do banco de capacitores pode influenciar na atuação da
proteção da LT.

13
14

1.2 Objetivo Geral


O objetivo do trabalho é analisar a função de proteção distância em LTs com
compensação série junto a proteção dos bancos de capacitores, sendo que a análise é realizada
por simulações de faltas no software Alternative Transients Program (ATP).

1.3 Objetivos Específicos


Os objetivos específicos do trabalho são:

Revisar a bibliografia sobre da função de proteção de distância em LTs com


compensação série (bancos de capacitores);
Modelar um sistema de transmissão com compensação em série;
Modelar o Transformador de Corrente (TC) no software ATP em uma LT;
Modelar e implementar o sistema de proteção do banco de capacitores e a função
de distância; e
Realizar simulações de faltas no sistema modelado.

1.4 Estrutura do Trabalho


Para atingir o objetivo mencionado e possibilitar um melhor entendimento da realização
da pesquisa o trabalho foi estruturado em cinco capítulos.

No capítulo 2 será apresentado uma revisão bibliográfica sobre o princípio de


funcionamento da proteção de distância e seus ajustes, como também a compensação série e a
sua proteção nas LTs.

No capítulo 3 são apresentadas as modelagens da linha de transmissão com


compensação série e do sistema de proteção a ser aplicado no software ATP.

O capítulo 4 trata das simulações e resultados da atuação da proteção de distância em


linhas de transmissão sem compensação e com compensação série.

No capítulo 5 são comentadas as principais conclusões quanto ao desempenho de cada


tipo de proteção e as principais dificuldades na realização do trabalho.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
Neste capítulo são apresentados os principais conceitos e definições sobre proteção de
distância assim como da compensação série de reativos.

2.1 Proteções na LT
O sistema elétrico é constituído basicamente de geração, transmissão, distribuição e
cargas consumidoras, todos esses elementos estão sujeitos a perturbações como o curto-circuito
que podem causar perda total ou parcial do sistema elétrico de potência, em que faltas na LT
são mais prováveis devido a sua característica de grandes dimensões e por estarem expostas ao
tempo e às descargas atmosféricas (KINDERMANN, 2014).
O sistema de proteção das LTs deve atuar o mais rápido possível quando for percebida
uma perturbação e identificar o defeito, localizá-lo e enviar um sinal de alarme aos operadores
do SEP para que possa ser feita a manutenção no local de falta. As proteções na LT devem
possuir seletividade na abertura dos disjuntores, ativando apenas os disjuntores necessários para
aquela perturbação (KINDERMANN, 2014).

2.2 Transformador de Corrente


O TC tem basicamente 3 funções no sistema elétrico de potência (KINDERMANN,
2014):

Reproduzir no circuito secundário uma corrente proporcional ao circuito primário;


Isolar os equipamentos de medição, controle e relés dos circuitos de Alta Tensão;
Fornecer correntes em dimensões adequadas para serem usadas nos equipamentos de
medição, controle e proteção.

A Figura 2.1 mostra o diagrama ligação do TC sendo que 𝑁𝑝 e 𝑁𝑠 são os números de


espiras do primário e secundário e 𝐼𝑝 e 𝐼𝑠 são as correntes do primário e secundário.

15
16

Fonte: Poloni (2016).


Figura 2.1 – Diagrama de ligação do TC.

A bobina primária está ligada em série com a carga, sua corrente varia conforme a
solicitação da carga, já a bobina secundária está ligada em série com os equipamentos de
proteção e medição para que a corrente elétrica que passe por todos os equipamentos seja a
mesma (KINDERMANN, 2014).

O TC possui uma relação de transformação (RTC), sendo que se considera um


transformador ideal conforme a Equação (2.1)

𝑁𝑝 𝐼𝑝 − 𝑁𝑠 𝐼𝑠 = 0 (2.1)

𝑁𝑝 𝐼𝑝 = 𝑁𝑠 𝐼𝑠 (2.2)

Logo, a corrente no primário do TC, 𝐼𝑝 , é dada pela Equação (2.3).

𝑁𝑠
𝐼𝑝 = 𝑁𝑝 𝐼𝑠 (2.3)

Como a Equação (2.4) define a relação de transformação do TC, então a corrente no


secundário, 𝐼𝑠 , é dada pela Equação (2.5).
𝑁𝑠
𝑅𝑇𝐶 = (2.4)
𝑁𝑝

𝐼𝑝
𝐼𝑠 = (2.5)
𝑅𝑇𝐶

A corrente fornecida pelo TC em seu secundário é de 5 A, e por convenção padrão, foi


verificado que as relações de transformação do TCs são denotadas como 𝑋/5 A, em que 𝑋 é a
corrente nominal no primário do TC (POLONI, 2016).
17

2.2.1 Saturação do Transformador de Corrente


Os TCs são projetados para suportar valores de correntes superiores às correntes em
regime, que são resultantes de condições anormais de operação do sistema. Devem suportar
correntes de falta e outros surtos por poucos segundos (ROSELLI, 2007).

Na ocorrência de faltas, sendo esta corrente maior que os níveis esperados, está corrente
podem conter parcela substancial de componente contínua, juntamente com a presença do fluxo
remanescente no núcleo do TC. Esses fatores podem levar a saturação do núcleo magnético do
TC e produzir significante distorção na forma de onda secundária de corrente do dispositivo
(ROSELLI, 2007).

Na Figura 2.2 é apresentado o circuito equivalente do TC referido ao secundário. O


enrolamento primário é percorrido normalmente pela corrente de linha do sistema elétrico, com
queda de tensão desprezível, assim sua resistência e reatância podem ser desconsideradas.
Assim a corrente primária não depende do desempenho do TC e injetada no circuito paralelo
de sua impedância de magnetização com a carga aplicada ao seu enrolamento secundário, como
está indicado na Figura 2.2 (ROSELLI, 2007).

Fonte: Roselli (2007).


Figura 2.2 – Circuito Equivalente do TC.

As correntes do primário e secundário do TC são apresentadas na Figura 2.2. Aplicando


a Lei de Kirchhof no nó da Figura 2.2, obtemos a expressão (2.6):

𝐼𝑝
𝐼𝑠 = − 𝐼𝑒 (2.6)
𝑅𝑇𝐶
18

𝐼𝑝
Para que essa expressão seja válida a corrente primária referida ao secundário deve
𝑅𝑇𝐶
ser igual a corrente secundária 𝐼𝑠 ,o TC deve operar com corrente de excitação 𝐼𝑒 reduzida.
Assim 𝐼𝑒 é a corrente responsável pelo erro causado pelo TC, erro de relação ângulo fase.

Fonte: Baseado em Kindermann (2012).


Figura 2.3 – Curva de Magnetização do Núcleo do TC.

Na Figura 2.3, observa-se que o TC opera entre certos limites, que abrange a faixa de
região linear delimitada pelo “Knee Point”, ou joelho. Fora desta faixa há a região não linear,
em que ocorre saturação no TC (ROSELLI, 2007). Há três casos de operação do TC que são de
interesse prático em relação a proteção (KINDERMANN, 2012).

a) Operação normal
Na operação normal, dentro de sua precisão, 𝐼𝑒 = 0. Assim a expressão (2.6) se torna:

𝐼𝑝
𝐼𝑠 = (2.7)
𝑅𝑇𝐶
b) Operação no joelho da curva de magnetização

Na operação no joelho da curva de magnetização, há um aumento da corrente 𝐼𝑒 . A


corrente enviada para o secundário do TC estará distorcida, com alto conteúdo de harmônicas.
Como a proteção deve atuar o mais rápido possível após a perturbação, costuma-se utilizar os
TCs com classe de exatidão de até 10 %. Acima da classe de exatidão poderão ocorrer distorções
mais acentuadas, causando problemas no desempenho dos equipamentos de proteção, como a
perda e distorção da sensibilidade, seletividade e coordenação das proteções, acarretando na
atuação ou não atuação indevida destas (KINDERMANN, 2012).
19

c) Operação dentro da saturação do TC


Com o avanço no joelho da curva de magnetização do TC, um valor menor de corrente
percorre os relés de proteção e mais corrente será exigida para a magnetização do núcleo do
TC. Desse modo, operando dentro da saturação do TC, parte da corrente será enviada para a
magnetização do núcleo. Assim, a corrente no secundário é praticamente zero, de modo que os
relés de proteção não serão sensibilizados pela corrente de defeito, a proteção não atua. O
correto dimensionamento dos TCs é essencial para o bom desempenho da proteção
(KINDERMANN, 2012).

2.3 Transformador de Potencial


O funcionamento do Transformador de Potencial (TP) é similar ao TC com a função de
reproduzir a tensão do primário no seu secundário em níveis compatíveis para que os
instrumentos de medição, controle e proteção atuem com menor erro possível (POLONI, 2016).
A Figura 2.4 representa o diagrama de ligação do TP, em que 𝑉𝑝 e 𝑉𝑠 são tensões no primário e
secundário do TP.

Fonte: Poloni (2016).


Figura 2.4 – Ligação do Transformador de Potencial.

Na Figura 2.4, a alta tensão se refere à tensão nominal da LT, local de conexão do
enrolamento primário do TP. Na tensão do secundário do TP ocorre uma normatização em
115 V linha a linha (POLONI, 2016). A relação de transformação do TP (RTP) é calculada
conforme a Equação (2.8).
𝑁𝑠 𝑉𝑝
𝑅𝑇𝑃 = = (2.8)
𝑁𝑝 𝑉𝑠
20

Para LTs com tensão maior que 69 kV é utilizado um Divisor Capacitivo de Potencial
(DCP), que é formado por capacitores utilizados como divisor de tensão, para que o TP seja
submetido a tensões menores que a tensão da LT em seu primário. Também fazem o
acoplamento entre a transmissão e recepção de informações do sistema elétrico como dados,
voz e sinal de teleproteção (POLONI, 2016). Na Figura 2.5 está representado o diagrama do
DCP.

Fonte: Poloni (2016).


Figura 2.5 – Divisor Capacitivo de Potencial.

2.4 Funções de Distância


A função distância, ou ANSI 21, calcula a impedância medindo tensão e corrente através
dos TCs e TPs. O nome de função distância surgiu da proporcionalidade entre a impedância da
LT e seu comprimento, sendo que não existe medição de distância, e sim medição da relação
entre tensão e corrente na LT (GONÇALVES, 2007). A função de distância é ajustada para
proteger determinado trecho da LT. Caso o valor da medição for menor que o valor do ajuste,
a falta é identificada como estando no trecho protegido, e o relé de distância deve atuar.
Usualmente a função distância é usada para proteger mais de uma região, resultando em zonas
de operação.

2.4.1 Zonas de Proteção


A função 21 é configurada para proteger três zonas de atuação, estas zonas são direcionais
e ajustadas com um alcance à jusante do sistema de proteção.

A 1ª zona é ajustada para uma determinada porcentagem do comprimento da LT,


geralmente 80 %. O acionamento do relé é instantâneo. A 2ª zona é ajustada para 100 % da LT,
21

mais 20 % da LT adjacente e atua como retaguarda da 1ª zona. A atuação dessa zona ocorre de
forma temporizada. A zona 3ª cobre totalmente a LT protegida e a linha adjacente, sendo que
sua atuação é temporizada, servindo de retaguarda para as zonas anteriores (GONÇALVES,
2007; ONS, 2011). A Figura 2.6 ilustra as zonas de proteção.

Fonte: Ortega (2017).


Figura 2.6 – Alcance das Zonas de Proteção de Distância.

2.4.2 Tipos de Funções de Distância


Existem vários tipos de funções distância, como (ORTEGA, 2017):

Função de Impedância: a operação da função impedância se baseia em comparar o


valor da impedância de ajuste com o valor medido. Uma deficiência desta função é o
fato de não possuir sensibilidade direcional, o que leva a problemas de seletividade no
momento de atuar na LT;
Função de Admitância: o princípio de funcionamento da função admitância é o mesmo
da função impedância, com a diferença de possuir sensibilidade direcional garantindo a
seletividade na LT;
Função de Reatância: a função de reatância adiciona mais uma restrição as funções
anteriores ao definir uma reatância de ajuste. Essa função pode ser combinada com
outras funções resultando na curva quadrilateral e garantindo maior seletividade; e
Função de Quadrilateral: a função de quadrilateral permite um ajuste do alcance
resistivo independente do alcance de direção da LT.
22

Fonte: Poloni (2016).


Figura 2.7 – Característica de atuações diferentes para o relé distância.

2.4.3 Loops de Falta


A LT está sujeita a loop de falta, que corresponde basicamente a um circuito elétrico
entre o ponto onde ocorreu a falta e o local onde sua proteção está instalada. O funcionamento
da proteção de distância se baseia no cálculo das impedâncias dos loops monitorados entre as
fases e entre as fases e o retorno por terra (ORTEGA, 2017). Portanto, a proteção instalada
consegue identificar as fases que estão em curto-circuito e realizar a abertura dos disjuntores
necessários para a proteção da LT (ORTEGA, 2017). Na Tabela 2.1 é observado que a proteção
distância possui seis loops de medição, em que 𝐼𝑛 corresponde à corrente de neutro e 𝑘𝑜 o fator
de compensação residual (SILVA, 2012).

Tabela 2.1 – Loops de Faltas.


Loop de Falta Tipo de Falta 𝑽𝑰𝑬𝑫 𝑰𝑰𝑬𝑫 Impedância “vista” pela
proteção
AN 𝑉𝑎 𝐼𝑎 + 𝑘𝑜𝐼𝑛 𝑉𝑎/[𝐼𝑎 + 𝑘𝑜 𝐼𝑛]
BN 3𝜑, 2𝜑 – 𝑁 𝑒 1𝜑 𝑉𝑏 𝐼𝑏 + 𝑘𝑜 𝐼𝑛 𝑉𝑏/[𝐼𝑎 + 𝑘𝑜 𝐼𝑛]
CN 𝑉𝑐 𝐼𝑐 + 𝑘𝑜 𝐼𝑛 𝑉𝑐/[𝐼𝑎 + 𝑘𝑜𝐼𝑛]
AB 𝑉𝑎 − 𝑉𝑏 𝐼𝑎 − 𝐼𝑐 [𝑉𝑎 − 𝑉𝑏 ] /[𝐼𝑎 + 𝑘𝑜 𝐼𝑛]
BC 3𝜑, 2𝜑 – 𝑁 𝑒 2𝜑 𝑉𝑏 − 𝑉𝑐 𝐼𝑏 − 𝐼𝑐 [𝑉𝑏 − 𝑉𝑐 ] /[𝐼𝑎 + 𝑘𝑜 𝐼𝑛]
CA 𝑉𝑐 − 𝑉𝑎 𝐼𝑐 − 𝐼𝑎 [𝑉𝑐 − 𝑉𝑎 ] /[𝐼𝑎 + 𝑘𝑜 𝐼𝑛]
Fonte: Ortega (2017).

O fator 𝑘𝑜 pode ser calculado pela seguinte expressão (ZOCHOLL, 1995), sendo que 𝑍0
é a impedância de sequência zero e 𝑍1 é a impedância de sequência positiva.
23

𝑍0 − 𝑍1
𝐾𝑜 = (2.9)
3𝑍1

2.5 Compensação Série de Reativos


A compensação série de reativos tem a finalidade de aumentar a transmissão de potência
ativa na LT com a inserção de banco de capacitores. Assim a reatância entre os terminais de
tensão da LT diminui e consequentemente há aumento na capacidade de transmissão
(KINDERMANN, 2014).
Nos próximos tópicos estão apresentados as vantagens e desvantagens associadas à
compensação série de reativos, bem como a proteção respectiva na LT.

2.5.1 LT com Compensação Série de Reativos


A transmissão de potência ativa depende da abertura angular entre a tensão do emissor
e receptor e da reatância equivalente (KINDERMANN, 2014). Na Figura 2.8 está representando
uma linha de transmissão sem compensação série e impedância de 𝑗𝑋𝐿𝑇 .

Fonte: Poloni (2016).


Figura 2.8 – Característica de transferência de potência na linha.

A Equação (2.10) apresenta a relação característica de transferência de potência na LT


da Figura 2.8 (KINDERMANN, 2014).

𝐸1 𝐸2
𝑃12 = 𝑠𝑖𝑛(𝛿12 ) (2.10)
𝑥12

Em que:

𝑃12 : potência ativa que flui do sistema 1 para o sistema 2;


𝐸1 : módulo da tensão elétrica da barra 1;
𝐸2 : módulo da tensão elétrica da barra 2;
𝑥12 : reatância entres as fontes 1 e 2; e
𝛿12 : defasagem angular das tensões 𝐸1 𝑒 𝐸2.
24

Para aumentar a capacidade de transmissão na LT é inserido entre as barras 1 e 2 a


compensação série por meio de capacitores. Assim a potência transmitida é:

𝐸1 𝐸2
𝑃12 = 𝑠𝑖𝑛(𝛿12 ) (2.11)
𝑥12 − 𝑥𝐶

O aumento de transmissão de potência ativa pode ser visto na Figura 2.9:

Fonte: Ortega (2017).


Figura 2.9 – Diagrama de transferência de potência pelo ângulo δ.

A compensação capacitiva série traz vantagens e desvantagens ao sistema elétrico. São


exemplos de vantagens (ROJAS, 2016; GONÇALVES, 2007; CONCEIÇÃO, 2015):

Aumento da estabilidade do sistema

Para um mesmo nível de potência ativa transmitida, a LT compensada apresenta menor


deslocamento angular, aumentando a margem de estabilidade.

Diminuição da queda de tensão na LT

Reduzindo a impedância total na LT, as perdas por efeito Joule diminuem.

Além das vantagens a compensação capacitiva série traz algumas desvantagens ao


sistema elétrico de potência (MOURA, 2007; MOREIRA, 2007; SILVA, 2007; CONCEIÇAO,
2015):
25

Inversão de corrente
A inversão de corrente ocorre quando o valor da reatância capacitiva é maior que a soma
da reatância da fonte e reatância indutiva da linha de transmissão. Na ocorrência de falta nesta
condição a corrente inverte seu sentindo, dificultando a atuação da função distância.
Ressonância Subsíncrona

A ressonância subsíncrona ocorre quando há uma associação em série entre a reatância


do banco de capacitores e a reatância indutiva da LT, formando um circuito de ressonância
série, devido à baixa frequência a função de distância tem dificuldade em filtrar as componentes
subsíncronas, atrasando a atuação das proteções no sistema, e para faltas próximas aos bancos
de capacitores, a função de distância apresenta dificuldades de sobrealcance e erros de
direcionalidade.

2.5.2 Proteção dos Capacitores Série


Os bancos de capacitores estão sujeitos a situações de falta, que elevam a tensão elétrica
em seus terminais devido à alta intensidade de sua corrente. Tal sobretensão pode danificar os
capacitores (ORTEGA, 2017). Portanto os bancos de capacitores devem possuir uma proteção
de alta velocidade. Umas das proteções mais usadas é associação em paralelo do MOV
associado a um centelhador auto induzido (Spark Gaps) e a um disjuntor de desvio com o banco
de capacitores (KINDERMANN, 2014), conforme a Figura 2.10.

Fonte: Ortega (2017).


Figura 2.10 – Esquema de proteção capacitores em série.

Esse sistema de proteção já foi abordado em outros trabalhos, como é apresentado na


Figura 2.11 é apresentado a seguir:
26

Fonte: Conceição (2015).


Figura 2.11 – Lógica computacional do sistema de proteção MOV.

A atuação dos Varistores de Óxido Metálico

O MOV tem a função de proteger os capacitores de possíveis defeitos que podem ocorrer
na LT como sobretensao e sobrecorrente. Os capacitores instalados na LT são dimensionados
para um nível de proteção de 2 a 3 vezes o valor da tensão nominal do sistema, conforme há
uma elevação da tensão nos terminais do capacitor, o MOV passa a conduzir devido à sua baixa
resistência, mantendo a tensão nos terminais do banco de capacitores constante. Existe uma
limitação para a proteção do MOV, determinado pela capacidade de absorção de energia, que
resulta no aumento de temperatura do dispositivo (OLIVEIRA, 2007).

A atuação dos Centelhadores

O GAP tem a função de proteger o MOV e os capacitores através de um sinal de disparo


para entrar em condução. O disparo ocorre quando o sistema de proteção detecta que os valores
de energia absorvida (aumento da temperatura) no MOV ira ultrapassar a capacidade
dimensionada. A condução do GAP ocorre até a abertura do disjuntor de desvio (OLIVEIRA,
2007).

A atuação dos Disjuntores de Desvio

Os disjuntores de desvio são instalados em paralelo com GAP e acionados pelo mesmo,
desviando as correntes de curtos-circuitos que iriam passar pelos capacitores permanentemente.
Tais equipamentos suportam longos períodos de tempo a passagem da corrente de curto-
circuito, mas seu desvio é temporário e necessitam de uma nova inserção humana e automática
(OLIVEIRA, 2007; DINIZ, 2016).
27

Capítulo 3 – Modelagem do Sistema e das Proteções


Com o intuito de avaliar o desempenho das funções de proteção, foi modelado um
sistema com base no apresentado em (CONCEIÇÃO, 2015). O sistema consiste em três LTs de
circuito simples com compensação série de 20 % inserida apenas no terminal remoto, (𝑋𝑐),
vistos na Figura 3.1. Foram definidos com um valor de capacitância 169,69 µ𝐹, três LTs com
200 km de extensão e tensão nominal de 500 kV operando a 60 Hz. Em razão da modelagem
do sistema ter sido baseada em Conceição (2015), em determinados casos a LT1 foi retirada
para análise dos resultados.

O sistema pode ser observado na Figura 3.1, em L corresponde a barra local e R a barra
remota.

Fonte: Autor.
Figura 3.1 – Sistema de Testes.

Os dados específicos usados no modelo do sistema elétrico com compensação série


estão descritos na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Características da linha de transmissão.


Parâmetro Unidade Valor
Comprimento 𝑘𝑚 200
Tensão Nominal 𝑘𝑉 500
𝑅₁ 𝛺/𝑘𝑚 0,0186
𝑅₀ 𝛺/𝑘𝑚 0,4930
𝑋₁ 𝛺/𝑘𝑚 0,2670
𝑋₀ 𝛺/𝑘𝑚 1,3390
𝑤𝐶₁ µ𝑆/𝑘𝑚 6,1240
𝑤𝐶₀ µ𝑆/𝑘𝑚 2,8900
Fonte: Conceição (2015).
28

3.1 Parâmetros e característica do TC e TP


O TC é ligado em série com disjuntores e tem a função de medir a corrente primária no
terminal da LT, com relação de transformação 1200 – 5 A, o modelo simplificado empregado
foi o apresentado na Figura 3.2. Os parâmetros de configuração do TC no ATP são
apresentados na Tabela 3.2 e a característica da curva de saturação é apresentado na Figura 3.3.

Fonte: Autor.

Figura 3.2 – TC utilizado nas simulações.

Tabela 3.2 – Parâmetros do TC utilizado.


Data Unidade Valor
I0 A 0
F0 Vs 0
𝑅𝑚𝑎𝑔 Ω 1000
𝑅𝑝 Ω 0,0001
𝐿𝑝 mH 0,001
𝑉𝑟𝑝 kV 1200
𝑅𝑠 Ω 0,0001
𝐿𝑠 mH 0,001
𝑉𝑟𝑠 kV 5
𝑅𝑀𝑆 0/1 1
29

Fonte: Autor.
Figura 3.3 – Curva de saturação do TC utilizado na simulação.

Para este trabalho os TPs não foram modelados e são sugeridos como proposta futura.
Para o cálculo da resistência e reatância utiliza-se o bloco UI2RX (ATPDRAW, 2019), e seus
parâmetros de configuração são apresentados na Tabela 3.3.

Tabela 3.3 – Parâmetros do bloco UI2RX utilizado.


Data Unidade Valor
𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 Hz 60
𝑆𝑎𝑚𝑝𝑙𝑒𝐹𝑟𝑒𝑞 S/s 480
𝑆𝑐𝑎𝑙𝑒𝑉 pu 0,00023
𝑆𝑐𝑎𝑙𝑒𝑙 pu 1
𝐴𝑙𝑔𝑜𝑟𝑖𝑡ℎ𝑚 FFT/DFT 0

Um parâmetro que deve ser ressaltado é o 𝑆𝑐𝑎𝑙𝑒𝑉, que é obtido pela relação entre tensão
no secundário e primário do bloco de medição.

115
𝑆𝑐𝑎𝑙𝑒𝑉 = = 0,00023 (3.1)
500000

3.2 Ajuste da Proteção de Distância


Toda a análise e ajuste são feitos com base na função de proteção da função 21 instalada
no início da LT 2, na barra L, conforme Figura 3.1. Para a proteção distância foi utilizada a
função MHO para dois casos. O primeiro caso sem compensação série, e no segundo caso a LT
com compensação série de 20 % no fim da LT 2. Foram considerados três ajustes (denominados
30

1, 2 e 3) para cada caso. O ângulo 𝑟 foi definido considerando a impedância de sequência


positiva da LT, ou seja:

2,947
𝑟 = 𝑡𝑔−1 = 86,01° (3.2)
0,2053

A impedância de sequência positiva da LT a ser protegida é:

𝑍𝐿 = 3,72 + 𝑗53,4 𝛺 (3.3)

Além disso, a tensão nominal da linha é de 500 kV, assim o RTP do TP é:

500000
𝑅𝑇𝑃 = = 4348 (3.4)
115

E o RTC é:

1200
𝑅𝑇𝐶 = = 240 (3.5)
5

Portanto, a impedância da LT vista pelo secundário é:

𝑅𝑇𝐶 240
𝑍𝐿𝑆𝑒𝑐 = 𝑍𝐿 = (3,72 + 𝑗53,4) = 0,2053 + 𝑗2,947 𝛺 (3.6)
𝑅𝑇𝑃 4348

Os critérios de ajuste foram baseados em ONS (2011). Para as zonas de subalcance nos
dois casos foi considerado apenas a impedância positiva da LT. Entretanto, vale ressaltar que,
como observado na Tabela 2.1, o fator 𝑘𝑜 deve ser levado em consideração para o ajuste.

No primeiro caso, o ajuste a zona de subalcance foi dimensionado para proteger 70 %


da LT (POLONI, 2016), ou seja:

𝑍1𝑎𝑗1 = 0,7𝑍𝐿𝑆𝑒𝑐 = 0,143 + 𝑗2,06 𝛺 (3.7)

No segundo caso, foi considerado no ajuste a impedância de sequência positiva da LT


compensada em 20 %, também protegendo 70 % da impedância resultante (ONS, 2011) ou seja:

𝑍1𝑎𝑗2 = 0,7(𝑍𝐿𝑆𝑒𝑐 − 𝑗𝑋𝑐20% ) = 0,1437 + 𝑗1,4588 𝛺 (3.8)

Tal ajuste foi selecionado como ponto de partida para uma análise inicial, pois de acordo
com ONS (2011), o sobrealcance desta unidade deve ser avaliado. Este item, juntamente com
o aprimoramento do ajuste, é recomendado como proposta futura.
31

Para as zonas de sobrealcance, nos dois casos foi considerado a proteção de 100 % da
LT, com um fator de segurança de 30 %, então:

𝑍2𝑎𝑗1 = 1,3 𝑍𝐿𝑆𝑒𝑐 = 0,2667 + 𝑗3,8296 𝛺 (3.9)

Para o 2° caso o ajuste foi considerado a impedância de sequência positiva da LT


compensada em 20 %, também protegendo 100 % da LT, utilizando um fator de segurança de
30 %, ou seja:

𝑍2𝑎𝑗2 = 1,3 (𝑍𝐿𝑆𝑒𝑐 − 𝑗𝑋𝑐20% ) = 0,2668 + 𝑗2,9681 𝛺 (3.10)

Para as zonas 3, nos dois casos foi considerado a proteção de 100 % da LT adjacente,
então:

𝑍3𝑎𝑗1 = 𝑍𝐿𝑆𝑒𝑐 + 𝑍𝐿𝑆𝑒𝑐 = 0,4106 + 𝑗5,894 𝛺 (3.11)

Para o 2° caso o ajuste foi considerado a impedância de sequência positiva da LT


compensada em 20 %, também protegendo 100 % da LT adjacente, ou seja:

𝑍3𝑎𝑗2 = (𝑍𝐿𝑆𝑒𝑐 − 𝑗𝑋𝑐20% ) + 𝑍𝐿𝑆𝑒𝑐 = 0,4106 + 𝑗5,041 𝛺 (3.12)

A Tabela 3.4 apresenta os ajustes utilizados para a função de distância.

Tabela 3.4 – Resumo Ajustes Função de Distância.


Ajuste LT sem LT com compensação Tempo Atuação
compensação série série
1° zona 0,143 + j2,06 Ω 0,143 + j1,4588 Ω inst.
2° zona 0,2667 + 3,8296 Ω 0,2667 + j2,9681 0,4 s
3° zona 0,4106 + j5,894 Ω 0,4106 + j5,041Ω 0,8 s

3.3 Dimensionamento da Proteção do Banco por MOV


Para dimensionamento do sistema analisado no ATP foi utilizado o MOV tipo 92. Foi
considerado um sistema apenas com capacitor em série, analisando a corrente nominal 𝐼𝑁 que
flui pelos capacitores em regime permanente (CONCEIÇÃO, 2015). Com o levantamento da
corrente nominal 𝐼𝑁 e a reatância do banco de capacitores 𝑋𝑐 é possível determinar a tensão
nominal 𝑉𝑁 através da Equação (3.13) (CONCEIÇÃO, 2015):

𝑉𝑁 = 𝑉𝑈𝑁 = 𝐼𝑁 𝑋𝑐 (3.13)

Com os valores de 𝑉𝑁 é possível dimensionar a curva de saturação do MOV, e


determinar os valores de tensões superiores a 𝑉𝑈𝐿𝐼𝑀 para as quais o MOV passa a conduzir,
32

sendo que 𝑘 exprime a relação entre a força dielétrica do capacitor em regime transitório e em
regime permanente. O valor de 𝑘 é de 2,5 considerando que o dispositivo usado seja de papel
combinado a filme, em bifenilo policlorado (CONCEIÇÃO, 2015)

𝑉𝑈𝐿𝐼𝑀 = 𝐾𝑉𝑈𝑁 (3.14)

Com os dados de entrada parametrizados por 𝑉𝑈𝐿𝐼𝑀 é possível calcular a curva padrão,
definida pela função:
𝑞
𝑉
𝐼 = 𝑝( ) (3.15)
𝑉𝑟𝑒𝑓

Sendo que p e 𝑉𝑟𝑒𝑓 são respectivamente a corrente e a tensão de referência, enquanto q


é o expoente da característica do varistor, e a variável 𝑉 é a queda de tensão no terminal do
MOV. De forma que os dados disposto na Tabela 3.5 são considerados para a determinação de
p e q, para um valor padrão de 𝑉𝑟𝑒𝑓 (CONCEIÇÃO, 2015; BORGES, 2007).

Tabela 3.5 – Curva característica do MOV.


Corrente [A] Tensão [V]
0,00011920928955 0,625𝑉𝐿𝐼𝑀
5,9029581036 𝑉𝐿𝐼𝑀
1.000,0 1,25 𝑉𝐿𝐼𝑀
Fonte: Conceição (2015).

3.4 Dimensionamento da Proteção do MOV por SPARK GAP


As lógicas de disparo do GAP foram implementadas através da linguagem de
programação MODELS no ATPDraw. Os disparos são baseados no valor instantâneos da
corrente que passa pelo MOV e no cálculo da energia absorvida por ele (TAVARES, 2018). Na
Figura 3.4 é ilustrada a lógica computacional empregada para esse fim.
33

Fonte: Autor.
Figura 3.4 – Lógica computacional do sistema de proteção do MOV.

Para o modelo de sistema simplificado utilizado neste trabalho, o GAP é o responsável


por desviar tal corrente, sem comprometer os resultados das simulações. Para situações reais, a
corrente de curto-circuito é desviada dos bancos de capacitores inicialmente pelo GAP na
ordem de 1ms, e, posteriormente, através do disjuntor de bypass. Conforme (DINIZ, 2016) o
modelo da Figura 3.4 representa tanto o efeito do GAP quanto do disjuntor de bypass.

A lógica implementada computa a energia acumulada 𝐸𝑀𝑂𝑉 , através da medição das


tensões nodais no terminais do MOV ( a partir das quais calcula 𝑉𝑀𝑂𝑉 ), e também a corrente
𝐼𝑀𝑂𝑉 que passa pelo equipamento durante sua condução, expressa por (CONCEIÇÃO, 2015):

𝐸𝑀𝑂𝑉 = ∫ 𝐼𝑀𝑂𝑉 𝑉𝑀𝑂𝑉 𝑑𝑡 (3.16)


𝑇

Os valores para atuação do GAP são baseados na lógica implementada comparando os


valores de 𝐸𝑀𝑂𝑉 e 𝐼𝑀𝑂𝑉 aos níveis máximos de corrente e energia suportados pelo MOV que

são representados pelas constantes 𝐸𝑀Á𝑋 e 𝐼𝑀Á𝑋 . Para que ocorra atuação do GAP os limites
de energia e corrente devem ser superados assim o GAP é acionado e fechado. O elemento
utilizado para implementação do GAP foi o TACS SWITCH tipo 13 que está no ATP, o qual
34

opera como uma chave de controle externo, cujo sinal de atuação é dado pela saída do sistema
desenvolvido em MODELS, apresentado na Figura 3.4 (CONCEIÇÃO, 2015):

Os limites de atuação de 𝐸𝑀Á𝑋 e 𝐼𝑀Á𝑋 foram definidos para o MOV suportar a


condição mais severa de falta externa, para que ele atue somente para faltas internas. Foram
simulados curtos-circuitos trifásicos francos, na barra local e remota, a fim de se obter os
valores mais críticos dessas grandezas, aos quais foram adotados fatores de segurança de 10 %
para a energia máxima acumulada e 5 % para o pico máximo de corrente (CONCEIÇÃO, 2015;
TAVARES, 2018). Os valores limites para compensação de 40 % são mostrados na Tabela 3.6.

Tabela 3.6 – Configuração do GAP para grau de compensação de 40 %.


Banco Parâmetro Unidade Conjunto 1
Local 𝐸𝑀Á𝑋 MJ 8,766450000
Local 𝐼𝑀Á𝑋 A 7302,2166420
Remoto 𝐸𝑀Á𝑋 MJ 8,140741400
Remoto 𝐼𝑀Á𝑋 A 6949,5953625
Fonte: Conceição (2015).

Com o dimensionamento do banco de capacitores e seus sistemas de proteção


finalizados, no próximo capítulo é apresentado a análise dos resultados obtidos para o sistema
descrito e implementado no ATP e submetido a vários tipos de curtos-circuitos.
35

Capítulo 4 – Simulações e Resultados


Neste capítulo será apresentado alguns casos simulados no sistema em estudo
apresentado pela Figura 3.1. Os primeiros casos serão abordados com LT sem compensação
série, e na sequência, casos com compensação série na LT junto com a proteção do banco de
capacitores. No final do capítulo serão apresentados os resultados obtidos nas simulações,
verificando a eficiência da proteção de distância.

4.1 Simulações sem Compensação Série


As simulações a seguir foram realizadas sem compensação série.

4.1.1 Caso 1: Curto-circuito Monofásico à 50 % da Barra Local


Para este caso, foi simulado um curto-circuito monofásico em 50 % da barra local na
LT sem compensação série, sem a presença do TC e usando o bloco UI2RXE (ATPDRAW,
2019) para faltas fase-fase, devido à falta ser monofásica foi utilizado 𝑘𝑜 igual a 1,45998,
conforme é apresentado na Figura 4.1.

Fonte: Autor.
Figura 4.1 – Sistema simulado.

O caso 1 se procedeu com a variação de 𝑅𝑓 , mantendo-se os demais parâmetros com


valores constantes. Neste percentual da LT, a proteção de distância deve atuar em primeira
zona. Na Figura 4.2 são apresentados os loops de medição da fase A e nota-se que houve atuação
em primeira zona para os dois primeiros loops, o que era esperado para este tipo de curto-
circuito. Já para o terceiro loop não houve atuação, pois, o ponto foi deslocado para a direita
devido ao alto valor de resistência de falta.
36

Fonte: Autor.
Figura 4.2 – Trajetória das impedâncias, Faltas 1Ø a 50%, sem Compensação Série.

4.2 Simulações com Compensação Série


Na sequência serão apresentados estudos envolvendo a compensação série, sendo:

Análise de inversão de corrente;


Análise do desempenho da função de distância;
Análise da atuação da função de distância variando a resistência de falta;
Análise da atuação da função de distância variando o carregamento;
Análise do sobrealcance da função de distância;
Análise da atuação da função de distância variando a localização da falta;
Análise da atuação da proteção do banco de capacitores;
Análise da atuação da função de distância para diferentes ângulos de incidência
de falta; e
Análise da influência da saturação.

4.2.1 Caso 1: Curto-Circuito Trifásico Variando a Compensação Série


Para este caso foi analisado o fenômeno da inversão de corrente. Então para verificar a
ocorrência deste fenômeno, simulou-se o mesmo evento com e sem o capacitor série variando
o local da falta e o valor da compensação na LT. Na Figura 4.3 é mostrado o sistema simulado.
37

Fonte: Autor.
Figura 4.3 – Sistema simulado.

Na Tabela 4.1 são mostrados os valores de impedância pós falta medidos pelo sistema
de proteção. Nota-se que aumentando o valor da localização da falta houve diminuição da
ocorrência de inversão de corrente devido ao aumento da impedância vista pelo sistema de
proteção.

Tabela 4.1 – Valor das impedâncias pós-falta.


Com Sem Inversão
Compensação compensação
Local Valor da Zmed Zmed Inversão de Corrente
compensação série
20% 20% -0,036 - j 0,303 0,042 + j 0,59 Sim
40 % 20 % 0,09+ j0,32 0,079 + j1,18 Não
80 % 20 % 0,17 + j1,54 0,17 + j2,41 Não
20 % 40 % 0,041 – j1,133 0,042 + j0,59 Sim
40 % 40 % 0,078 – j0,54 0,083 + j1,18 Sim
80 % 40 % 0,17 + j0,68 0,17 + j2,41 Não
Fonte: Autor.

Nota-se na Figura 4.4 que não houve a ocorrência da inversão de corrente, para uma
falta em 80 % da LT, já para uma falta em 20 % da LT ocorreu inversão de corrente, que pode
levar a atuação incorreta da função de distância, pois faz com que perca sua direcionalidade.
38

a) Sem Inversão de Corrente em 80 % da LT b) Com Inversão de Corrente em 20 % da L


Fonte: Autor.
Figura 4.4 – Correntes de Falta da Fase A, sem e com Compensação Série de 40 % no Início da LT.

4.2.2 Caso 2: Curto-Circuito Trifásico à 100 % da Barra Local


Para este caso foi simulado um curto-circuito trifásico em 100 % da barra local, usando
apenas o capacitor, sem seu sistema de proteção, conforme é apresentado na Figura 4.5.

Fonte: Autor.
Figura 4.5 – Sistema simulado.

No caso 2, foram simulados curtos-circuitos trifásicos balanceados em 100 % da LT


compensada, mantendo-se os demais parâmetros da LT com valores constantes. Devido a ser
um curto-circuito trifásico balanceado neste percentual da LT, a proteção deve ser sensibilizada
em segunda zona para todos os loops de fases. Observa-se Figura 4.6 que proteção de distância
atuou corretamente para este evento, pois todas as fases foram sensibilizadas em segunda zona.
39

Fonte: Autor
Figura 4.6 – Trajetória Impedância, falta 3Ø a 100%, com Compensação Série.

Para avaliar o efeito da compensação série no caminho da impedância medida, foi


simulado o mesmo evento com compensação série e sem compensação série, para o ajuste
considerando a compensação série (conforme a Tabela 3.4), o resultado é apresentado na Figura
4.7.

Fonte: Autor.
Figura 4.7 – Comparação Loop sem e com presença do Banco de Capacitores.

Percebe-se que houve um deslocamento da impedância medida pelo sistema de proteção


para baixo no plano RX, o que leva ao sobrealcance da zona de subalcance com consequente
disparo incorreto da proteção de distância.
40

4.2.3 Caso 3: Curto-Circuito Trifásico à 100 % da LT Variando a


Resistência de Falta

Para este caso foi simulado um curto-circuito trifásico à 100 % da barra local, usando o
capacitor com seu sistema de proteção, conforme é apresentado na Figura 4.8.

Fonte: Autor.
Figura 4.8 – Sistema simulado.

O caso 3 se procedeu com a variação de 𝑅𝑓, mantendo-se os demais parâmetros com


valores constantes. Observa-se na Figura 4.9, que a medida que se aumenta 𝑅𝑓, o GAP das três
fases passa a não atuar em aproximadamente 30 Ω.

Fonte: Autor.
Figura 4.9 – Atuação do GAP.
41

Simultaneamente, realizou-se a comparação da atuação da função de proteção de


distância, conforme Figura 4.10. Foi possível verificar que para 𝑅𝑓 = 0,1 Ω a proteção atuou
de forma adequada em zona 2. Todavia, para faltas de 𝑅𝑓acima de 30 Ω o GAP deixa de atuar
e a proteção não apresentou uma alta sensibilidade, deixando de atuar para este tipo de evento.

Fonte: Autor.
Figura 4.10 – Trajetória das impedâncias, Faltas 3Ø a 100%, com Compensação Série.

4.2.4 Caso 4: Curto-Circuito Trifásico à 50 % da LT Variando o


Carregamento
Na Figura 4.11 é mostrado o sistema simulado.
42

Fonte: Autor.
Figura 4.11 – Sistema simulado.

No caso 4, foram simulados curtos-circuitos trifásicos balanceados na LT, avaliando a


influência da variação do carregamento (δ) variando de -19,3863° a 19,3863°. Para este tipo de
variação foi considerado o fasor da fonte conectada na LT1 com 1,3863°, variando apenas o
fasor da fonte conectada na LT 3, mantendo-se os demais parâmetros com valores constantes.

Observa- se na Figura 4.12 que variando o ângulo de inserção da falta, ocorreu alteração
dos pontos iniciais de impedância vista pelo sistema de proteção. No entanto, os pontos finais
não tiveram alteração no plano RX.

Fonte: Autor.
Figura 4.12 – Influência do Ângulo de Inserção da Falta na função de Distância.
43

4.2.5 Caso 5: Curto-Circuito Trifásico à 150 % da LT, Analisando o


Sobrealcance da Função de Distância

Para este caso foi simulado uma falta trifásica em 150 % da barra local, com a variação
das proteções do banco de capacitores na LT. Primeiro foi simulado a LT com capacitor MOV
e GAP, depois capacitor e MOV e por fim somente com o capacitor para verificar o
sobrealcance na proteção de distância. Na Figura 4.13 é mostrado o sistema simulado.

Fonte: Autor.
Figura 4.13 – Sistema simulado.

Observa- se na Figura 4.14 que para os três casos a função de proteção de distância atua
na terceira zona, como deveria, pois, a falta foi aplicada à 150 % da LT. Percebe-se que não
houve uma alteração do transitório devido a não mudança de característica do sistema.

Fonte: Autor.
Figura 4.14 – Influência das proteções do Banco na Função de Distância.
44

Na Tabela 4.2 são mostrados os valores de impedância pós falta medidos pelo sistema
de proteção. Nota-se que houve alteração no ponto de regime permanente no plano RX, pois
quando o GAP atua ele retira o capacitor da LT.

Tabela 4.2 – Valor das impedâncias pós-falta.


Proteções R (Ω) X (Ω)
Capacitor + MOV + GAP 0,3800 J4,54
Capacitor + MOV 0,3315 j3,691
Capacitor 0,3315 j3,691
Fonte: Autor.

4.2.6 Caso 6: Curto-Circuito Trifásico, Variando a Localização de Falta

Para este caso foi simulado um curto-circuito trifásico variando a localização da falta,
usando apenas o capacitor, sem seu sistema de proteção, e também retirando o capacitor da LT,
conforme é apresentado na – Sistema simulado.Figura 4.15.

Fonte: Autor.
Figura 4.15 – Sistema simulado.

Na Tabela 4.3 é apresentado o tempo de atuação (ta), e os valores das impedâncias pós-
falta. Percebe-se que como o ajuste da proteção está para uma LT compensada, para as
simulações com capacitor houve subalcance para alguns casos, já com a retirada do capacitor
ocorreu subalcance para todos os casos simulados.
45

Tabela 4.3 – Valor das impedâncias pós-falta.


Com banco de capacitor Sem banco de capacitor
Local Zmed Z1 Z2 Z3 Zmed Z1 Z2 Z3
100 % 0,22 + j2,12 -- ta=0,4121s ta=0,811s 0,21+j3,01 -- -- ta=0,808s
120 % 0,2664 + j2,72 -- ta=0,5107s ta=0,813s 0,25 + j3,65 -- -- ta=0,808s
130 % 0,2896 + j3,04 -- -- ta=0,811s 0,30 + j3,97 -- -- ta=0,808s
140% 0,3041 + j3,37 -- -- ta=0,813s 0,32 + j4,31 -- -- ta=0,808s
200 % 0,480 + j5,26 -- -- -- 0,53 + j6,57 -- -- --
Fonte: Autor.

4.2.7 Caso 7: Análise das Atuações das Proteções do Sistema

Para este caso simulado uma falta trifásica em 100 % da barra local, analisando as
correntes das proteções do capacitor, conforme é mostrado na Figura 4.16.

Fonte: Autor.
Figura 4.16 – Sistema simulado.

Observa-se na Figura 4.17 que antes da ocorrência da falta em 0,2 s, só havia passagem
de corrente pela LT do sistema e pelo capacitor e que ambas eram iguais, durante a ocorrência
da falta percebe-se que houve um pico de corrente e o MOV começou a conduzir em
aproximadamente 0,2035 s. Entretanto como está em paralelo com o capacitor a corrente na LT
continuou a mesma e a corrente que fluía pelo capacitor começou a fluir pelo MOV até a
ocorrência de disparo do GAP em aproximadamente 0,2124 s que retirou o capacitor da LT e
começou a conduzir toda a corrente do sistema.
46

a) Corrente Linha b) Corrente Capacitor

c) Corrente MOV d) Corrente GAP

Fonte: Autor.
Figura 4.17 – Trajetória das Correntes, Falta 3Ø, com Compensação Série.

Para a ocorrência de disparo do GAP há duas condições que podem ser atendidas, a
energia calculada no MOV deve superar o valor de 8,76 MJ ou a corrente que passa pelo MOV
deve superar o valor de 7302,26 A. Na Figura 4.18 percebe-se que o limite de energia foi
superado em aproximadamente 0,2123 s e o limite de corrente foi superado em 0,2123 s.
47

a) Energia MOV b) Corrente MOV


Fonte: Autor.
Figura 4.18 – Trajetória da Energia e Corrente, Falta 3Ø, com Compensação Série.

Na Figura 4.19 é ilustrada a tensão no capacitor antes e depois do curto-circuito,


percebe-se que houve a atuação correta da proteção do capacitor, pois após a ocorência do
curto-circuito sua tensão foi pra zero, retirando o capacitor da LT.

Fonte: Autor.
Figura 4.19 – Tensão Capacitor, Falta 3Ø, com Compensação Série.

4.2.8 Caso 8: Influência da Variação do Ângulo de Incidência de Falta

Para este caso, foi simulado um curto-circuito trifásico em 100 % da barra local, para
diferentes ângulos de incidência de falta, verificando qual sua influência na atuação na proteção
de distância, conforme é apresentado na Figura 4.20.
48

Fonte: Autor.
Figura 4.20 – Sistema simulado.

Observa-se na Figura 4.21 que a corrente de curto-circuito da fase A foi diferente


conforme o ângulo de incidência de falta foi mudado, em casos onde a inclinação foi de 0° e
180° as correntes de falta foram maiores.

a) Tensão Fase A para 180° b) Corrente Fase A para 180°

c) Tensão Fase A para 90° d) Corrente Fase A para 90°


49

e) Tensão Fase A para 0° f) Corrente Fase A para 0°


Fonte: Autor.
Figura 4.21 – Trajetória das Correntes e Tensões, Faltas 3Ø, com Compensação Série.

Observa-se na Figura 4.22 que para os três casos a função de distância atua em segunda
zona, como deveria, pois, a falta foi aplicada à 100 % da LT. Percebe-se que houve alteração
na trajetória devido a mudança do ângulo de inclinação da falta o que altera a corrente de curto-
circuito medida pela proteção.

Fonte: Autor.
Figura 4.22 – Trajetória das impedâncias, Faltas 3Ø a 100%, com Compensação Série.

4.2.9 Caso 9: Influência da Saturação do TC


Na Figura 4.23 é mostrado o sistema simulado.
50

Fonte: Autor.
Figura 4.23 – Sistema simulado.

Para o sistema em análise, foi verificado a influência da saturação, efetuando uma


mudança na resistência de burden e a localização da falta, mantendo-se os demais parâmetros
com valores constantes.

A Figura 4.24, mostra a corrente de saída do TC para uma falta franca trifásica em 20 %
da LT, no TC modelado no trabalho, é possível notar que não houve saturação, ou seja o TC
está operando de forma correta. Entretanto, para o mesmo local da falta, caso haja saturação
oriunda de um carregamento excessivo no burden do TC, é verificado uma distorção na corrente
de saída como ilustra a Figura 4.25.

Fonte: Autor
Figura 4.24 – Corrente do TC modelado.
51

Fonte: Autor
Figura 4.25 – Corrente do TC Saturado com Falta em 20 % da LT.

Para o mesmo caso analisado, foi verificado a influência da saturação em relação ao


local que ocorreu a falta, foram analisados em 20 % na Figura 4.25, 50 % Figura 4.26 e 80 %
na Figura 4.27, percebe-se que com o aumento da distância há uma diminuição na distorção da
corrente de saída do TC.

Fonte: Autor
Figura 4.26 – Corrente do TC Saturado com Falta em 50 % da LT.
52

Fonte: Autor.
Figura 4.27 – Corrente do TC Saturado com Falta em 80 % da LT.

Na sequência será analisada a influência da saturação do TC para um curto-circuito


trifásico á 50 % da LT. Para este caso, foi verificado a influência da saturação no loop de falta,
efetuando uma mudança na resistência de burden e mantendo os demais parâmetros constantes.
Na Figura 4.28 é mostrado o sistema simulado.

Fonte: Autor.
Figura 4.28 – Sistema simulado.

A Figura 4.29, mostra a corrente de saída do TC para uma falta trifásica em 50 % da


LT, é possível notar que com o aumento da resistência de burden houve saturação do TC devido
53

a distorção na corrente de saída e alteração dos pontos finais no plano RX, o que leva a proteção
não ser sensibilizada de forma correta.

a) Corrente MOV b) Corrente GAP


Fonte: Autor.
Figura 4.29 – Corrente de saída do TC e loop da fase A.
54

Capítulo 5 – Conclusões
O presente trabalho teve como objetivo analisar o desempenho da proteção de distância
em uma LT com e sem compensação série de reativos. O GAP deve atuar de forma correta para
curtos-circuitos internos, para evitar que ocorra passagem de corrente pelo banco de
capacitores, devido a efeitos externos a LT. Para isso foram realizadas várias simulações no
ATP utilizando a interface ATPDraw para analisar o desempenho da função distância e atuação
do GAP através de loop fase-terra.

Nas primeiras simulações foram consideradas uma LT sem compensação série, na qual
a proteção de distância apresentou algumas falhas, principalmente para resistências de faltas
altas, isso é devido a utilização da curva MHO, a qual é muito sensível às resistências de falta.

Na sequência das simulações foi considera uma LT com compensação série no terminal
local ou remoto da linha 2 com e sem a presença da proteção do capacitor. A função de distância
foi diferente por causa do efeito da inversão de corrente e saturação do TC, reduzindo assim a
sua taxa de atuações corretas.

Constatou-se que o MOV e GAP atuaram corretamente para suas simulações e variando
a Rf, houve uma redução do alcance da proteção e não atuação do GAP, isso é devido a
característica MHO polarizada que opera corretamente até um certo valor de Rf.

Quanto a saída ou não do banco de capacitores, constatou-se que houve ocorrência de


subalcance para a função de distância e alteração nos períodos trajetória e regime permanentes.

Variações das condições operativas do sistema como ângulo de carregamento e ângulo


de incidência de falta não afetaram significativamente nas simulações, apenas levando
diferenças no ponto inicial e na trajetória de excursão.

A partir do estudo realizado neste trabalho, é possível afirmar que a compensação série
se mostrou eficiente para elevar a capacidade de transferência de potência no sistema. A
proteção de distância para este tipo de LT é complexa, devido a característica do MHO
polarizado e a utilização da proteção por MOV e GAP se mostrou vantajosa e eficiente para os
bancos de capacitores. Para que ocorra uma operação com elevada confiabilidade parâmetros
como ajuste, local de instalação dos bancos de capacitores na LT, grau de compensação e
proteção do banco de capacitores devem adequadamente planejados.

Como trabalho futuros é sugerido:


55

Modelagem e análise do efeito do Divisor Capacitivo de Potencial;


Modelagem do Transformador de Potencial;
Elaborar um procedimento de ajuste da função de distância seguindo todos os
critérios necessários para evitar sobrealcance;
Avaliar o desempenho da proteção diferencial em linhas de transmissão
compensadas; e
Analisar qual será o impacto no desempenho da proteção de distância na elevação
do grau de compensação série em uma LT.
56

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57

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