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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

Programa de Pós-graduação Em Engenharia Elétrica


DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Investigação de Esquemas de Proteção para Linhas de


Transmissão em EAT com Circuitos Duplos e com Compensação
Série-Fixa

João Marcondes Corrêa Guimarães

Itajubá – MG
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

João Marcondes Corrêa Guimarães

Investigação de Esquemas de Proteção para Linhas de


Transmissão em EAT com Circuitos Duplos e com Compensação
Série-Fixa

Dissertação submetida ao Programa de Pós-


Graduação em Engenharia Elétrica como parte dos
requisitos para obtenção do Título de Mestre em
Ciências em Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Sistemas Elétricos de Potência

Orientador: Prof. Dr. Paulo Marcio da Silveira


Co-Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Rossi

Itajubá – MG
2016
Dedicatória

A minha família

Minha namorada

Ligia Cintra Pereira

E amigos.

“Eu prefiro sonhar grande, dá o mesmo trabalho que sonhar pequeno” – Jorge Paulo Lemann
Agradecimentos

Aos professores Paulo Marcio da Silveira e Ronaldo Rossi pela orientação e amizade.

Ao professor Mauricio Passaro pelo auxilio.

Ao CERIn por estar sempre de portas abertas.

A ONS e o Engenheiro Carlos Campinho pelo fornecimento de dados para realização desse
estudo.

A CAPES pelo apoio financeiro concedido.


Resumo

O principal objetivo desse trabalho é apresentar a simulação de um sistema de transmissão


complexo real, de maneira fiel, onde compensações shunt e série são utilizadas para aumento
da capacidade de transmissão e ganho na margem de estabilidade do sistema. A compensação
série e seus impactos na proteção de distância foram o foco desse estudo. Fenômenos como
inversão de tensão e corrente e a vulnerabilidade causada na proteção foram simuladas, sendo
observado o sobrealcance para proteção de distância e vulnerabilidade para esquemas de
teleproteção POTT. Ressalta-se a importância da proteção própria dos bancos de capacitores
para os casos estudados. O método de modelagem e validação do sistema através dos níveis de
curto-circuito e fluxo de carga obtidos através de programas computacionais são explanados
com riqueza de detalhes. Uma montagem em hardware-in-the-loop, malha fechada, foi
realizada para verificação da performance de relés digitais frente aos distúrbios nesse sistema.
Abstract

This work presents the simulation of a real complex transmission system where shunt and series
compensations are used to increase transmission capability and system stability margin
improvement. The series compensation and its impact on the distance protection were the focus
of this study. Phenomena such as voltage and current inversion and the impact caused over the
protection were simulated, being observed distance protection overreach and the vulnerability
of the POTT teleprotection scheme. It is important to highlight the capacitor self-protection
importance for the cases studied. The modeling method and system validation through the short
circuit levels and load flow obtained through computer programs are explained in great detail.
A hardware-in-the-loop scheme, closed loop simulation, was used to verify the digital relays
performance when causing disturbances in the system.
Lista de Figuras

Figura 1 – Sistema Interligado Nacional Fonte: SINDAT ONS ................................................ 1


Figura 2 - Simulador Digital em Tempo Real - RTDS............................................................... 5
Figura 3 – Sistema Explicativo ................................................................................................... 9
Figura 4 - Reatores de Linha .................................................................................................... 10
Figura 5 - Representação π-Nominal de uma Linha de Transmissão ....................................... 10
Figura 6 - Representação da Compensação Série Fixa [1] ....................................................... 11
Figura 7 - Compensação Série Fixa em Sobradinho. Fonte: Siemens...................................... 12
Figura 8 - Posição de Instalação da Compensação ................................................................... 12
Figura 9 - Representação da Compensação Série Fixa. Fonte: RTDS ..................................... 13
Figura 10 - Comportamento da Tensão Sobre o Capacitor Durante Falta [20] ........................ 14
Figura 11 - Transferência de Potência ...................................................................................... 15
Figura 12 - Transferência de Potência Com Compensação Série ............................................ 16
Figura 13 - Efeito da Compensação na Transferência de Potencia .......................................... 17
Figura 14 – Margem de Estabilidade – (a) Sistema não Compensado (b) Sistema
Compensado. Fonte: NR Electric Corporation ......................................................................... 17
Figura 15 - Inversão de Tensão [20]......................................................................................... 19
Figura 16 - Inversão de Corrente [20] ...................................................................................... 19
Figura 17 - Zonas de Proteção .................................................................................................. 20
Figura 18 - Característica MHO [23] ....................................................................................... 21
Figura 19 - Característica Quadrilateral [23] ............................................................................ 22
Figura 20 - POTT Transferência de atuação permissiva com Sobrealcance ............................ 24
Figura 21 - Principio de Funcionamento POTT ....................................................................... 24
Figura 22 - Efeito da Ressonância Subsíncrona no Diagrama R-X [20] .................................. 25
Figura 23 - Posição de Instalação do TP [19] ........................................................................... 25
Figura 24 - Loop para faltas Fase-Terra ................................................................................... 26
Figura 25- Loop para faltas Fase-Fase ..................................................................................... 27
Figura 26 - Loop de Faltas Fase-Fase-Terra ............................................................................. 27
Figura 27 - Compensação no Ponto Intermediário [25] ........................................................... 28
Figura 28 - Compensação em Somente um Terminal [25] ....................................................... 28
Figura 29 - Compensação em Ambos terminais [25] ............................................................... 29
Figura 30 - Sistema Elétrico Simulado ..................................................................................... 31
Figura 31 - Sistema Modelado Utilizando o Banco ONS ........................................................ 34
Figura 32 - Fluxo Obtido - ANAREDE.................................................................................... 40
Figura 33 - Geometria de Torre Típica Trecho 1 ..................................................................... 42
Figura 34 – (a) Flecha dos Cabos Trecho 1 (b) Espaçamento Entre Condutores Trecho 1 ..... 43
Figura 35 - Geometria de Torre Típica 2 .................................................................................. 44
Figura 36 – (a) Flecha dos Cabos Trecho 2.1 (b) Espaçamento Entre Condutores Trecho 2.1 45
Figura 37 – (a) Flecha dos Cabos Trecho 2.2 (b) Espaçamento Entre Condutores Trecho 2.2 46
Figura 38 - Geometria de Torre Típica 3 .................................................................................. 46
Figura 39 – (a) Flecha dos Cabos Trecho 3 (b) Espaçamento Entre Condutores Trecho 3 ..... 47
Figura 40 - Subestação (A) Miracema (B) Gurupi (C) S. Mesa (D) Samambaia (E) Peixe 2 (F)
S. Mesa 2 (G) Luziânia. Fonte: Google Earth .......................................................................... 48
Figura 41 - Verificação Distância Entre Torres Miracema – Gurupi. Fonte: Google Earth .... 49
Figura 42 - Verificação Distância Entre Torres Gurupi - S. Mesa. Fonte: Google Earth ........ 49
Figura 43 - Verificação Distância Entre Torres S. Mesa – Samambaia. Fonte: Google Earth 49
Figura 44 - Sistema Modelado Rack 1...................................................................................... 51
Figura 45 - Sistema Modelado Rack 2...................................................................................... 52
Figura 46 - Sistema Modelado Rack 3...................................................................................... 53
Figura 47 – Exemplo para Medição de Potência Ativa e Reativa ............................................ 54
Figura 48 - Exemplo para Controle de Disjuntores .................................................................. 55
Figura 49 - Retirada de Sinais Analógicos (Placas GTAO) ..................................................... 56
Figura 50 - Recebimento de Sinais Digitais (Placas GTFPI) ................................................... 56
Figura 51 - Exemplo para Controle de Falta ............................................................................ 57
Figura 52 - Amostragem de Sinais e Remoção da Componente DC........................................ 57
Figura 53 – Obtenção das Tensões e Correntes Fundamentais ................................................ 58
Figura 54 – Obtençãos das Impedâncias .................................................................................. 59
Figura 55 - Hardware In The Loop .......................................................................................... 60
Figura 56 - Relé SEL-411L. Fonte: SEL .................................................................................. 61
Figura 57 - Sistema Modelado - RunTime ................................................................................ 62
Figura 58 – Ponto de Falta ........................................................................................................ 71
Figura 59 - Formas de Onda de Tensão Falta Fase A-Terra .................................................... 72
Figura 60 - Formas de Onda de Corrente Falta Fase A-Terra .................................................. 73
Figura 61 - Fasores de (a) Tensão e (b) Corrente Falta Fase A-Terra ..................................... 73
Figura 62 - Potência Transferida Falta Fase A-Terra ............................................................... 74
Figura 63 - Diagrama R-X Fase A Falta Fase A-Terra ............................................................ 74
Figura 64 - Diagrama R-X Fase A Falta Fase A-Terra TP Lado Linha ................................... 75
Figura 65 - Formas de Onda de Tensão Falta Fase A-B .......................................................... 76
Figura 66 - Formas de Onda de Corrente Falta Fase A-B ........................................................ 76
Figura 67 - Fasores de (a) Tensão e (b) Corrente Falta Fase A-B ........................................... 77
Figura 68 - Potência Transferida Falta Fase A-B ..................................................................... 77
Figura 69 - Diagrama R-X Loop A-B Falta Fase A-B ............................................................. 78
Figura 70 – Ponto de Falta ........................................................................................................ 78
Figura 71 - Formas de Onda de Tensão Falta Trifásica ........................................................... 79
Figura 72 - Formas de Onda de Corrente Falta Trifásica ......................................................... 79
Figura 73 - Fasores de (a) Tensão e (b) Corrente Falta Trifásica ............................................ 80
Figura 74 - Potência Transferida Falta Trifásica ...................................................................... 80
Figura 75 - Diagrama R-X Loop A-B Falta Trifásica .............................................................. 81
Figura 76 - Formas de Onda de Tensão Falta Trifásica ........................................................... 82
Figura 77 - Formas de Onda de Corrente Falta Trifásica ......................................................... 82
Figura 78 - Fasores de (a) Va e Ia (b) Potência Transferida ..................................................... 83
Figura 79 - Diagrama R-X Loop A-B Falta Trifásica .............................................................. 83
Figura 80 - Ponto de Falta ........................................................................................................ 84
Figura 81 – Gurupi C2 - Formas de Onda de Tensão e Corrente Falta Trifásica ..................... 84
Figura 82 – Serra da Mesa C2 - Formas de Onda de Tensão e Corrente Falta Trifásica ......... 85
Figura 83 - Gurupi C2 - Condução MOV................................................................................. 86
Figura 84 – Gurupi C2 - Relatório Relé SEL 421 .................................................................... 87
Figura 85 - Gurupi C2 - Diagrama R-X Loop C-A Falta Trifásica .......................................... 87
Figura 86 – S. Mesa C2 - Diagrama R-X Loop A-B Falta Trifásica ........................................ 88
Figura 87 - Gurupi C1 - Diagrama R-X Entre as Fases A-B Falta Trifásica ........................... 89
Figura 88 - Ponto de Falta ........................................................................................................ 89
Figura 89 - Gurupi C2 - Relatório Relé SEL 421 ..................................................................... 90
Figura 90 - Gurupi C2 - Diagrama R-X Entre as Fases C-A Falta Trifásica ........................... 90
Figura 91 - S. Mesa C2 - Diagrama R-X Entre as Fases C-A Falta Trifásica .......................... 91
Figura 92 - Ponto de Falta ........................................................................................................ 91
Figura 93 – Gurupi C2 - Diagrama R-X Entre as Fases C-A Falta Trifásica ........................... 92
Figura 94 – S. Mesa C2 - Diagrama R-X Entre as Fases C-A Falta Trifásica ......................... 92
Figura 95 - Ponto de Falta ........................................................................................................ 93
Figura 96 - Gurupi C2 - Diagrama R-X Entre as Fases A-B Falta Trifásica ........................... 93
Figura 97 - S. Mesa C2 - Diagrama R-X Entre as Fases A-B Falta Trifásica .......................... 94
Lista de Tabelas

Tabela 1 - Distâncias e Números de Circuitos ......................................................................... 30


Tabela 2 - Equivalentes ............................................................................................................ 33
Tabela 3 – Níveis de Curto-Circuito......................................................................................... 33
Tabela 4 - Dados de Compensação Série - EPE ....................................................................... 35
Tabela 5 - Dados de Compensação Série - ONS ...................................................................... 36
Tabela 6 - Reatores de Barra .................................................................................................... 37
Tabela 7 - Reatores de Linha .................................................................................................... 38
Tabela 8 - Valores de módulo e ângulo das barras ................................................................... 38
Tabela 9 - Valor das Fontes em kV. ......................................................................................... 39
Tabela 10 - Entrada de Dados Geométricos - Torre Típica Trecho 1 ...................................... 42
Tabela 11 - Entrada de Dados Geométricos - Torre Típica 2.1................................................ 45
Tabela 12 - Entrada de Dados Geométricos - Torre Típica 2.2................................................ 45
Tabela 13 - Entrada de Dados Geométricos - Torre Típica 3................................................... 46
Tabela 14 - Parâmetros de Linhas – Base de Dados Curto-Circuito ........................................ 63
Tabela 15 - Parâmetros de Linhas – Base de Dados Fluxo de Potencia ................................... 64
Tabela 16 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] – Miracema – Gurupi .......................... 66
Tabela 17 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Gurupi – Serra da Mesa .................... 66
Tabela 18 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Serra da Mesa – Samambaia............. 67
Tabela 19 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Gurupi – Peixe 2 ............................... 67
Tabela 20 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Peixe 2 - S. Mesa 2 ........................... 67
Tabela 21 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - S. Mesa - S. Mesa 2 .......................... 68
Tabela 22 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - S. Mesa 2 - Luziânia ........................ 68
Tabela 23 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Luziânia - Samambaia ..................... 68
Tabela 24 - Comparação Resultados de Curto RTDS - EPE CC Min 2017 ............................. 69
Tabela 25 - Comparação Resultados de Curto RTDS - EPE CC Max 2017 ............................ 69
Tabela 26 - Comparação Resultados de Curto RTDS - Ons 2017 ........................................... 70
Lista de Abreviaturas e Siglas

ANAFAS – Análise de Faltas Simultâneas


ANAREDE – Análise de Redes Elétricas
CERIn – Centro de Excelência em Redes Elétricas Inteligentes
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
GTAO – Gigabit Transceiver Analogue Output Card
GTFPI – Gigabit Transceiver Front Panel Interface
IED – Dispositivo Eletrônico Inteligente (Intelligent Electronic Device)
IEEE - Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos
MATLAB – MATrix LABoratory
MOV – Varistor de Oxido Metálico (Metal Oxide Varistor)
ONS – Operador Nacional do Sistema
PDE – Plano Decenal de Expansão da Transmissão
RSCAD – Programa Computacional de Interface ao RTDS
RTDS – Simulador Digital em Tempo Real (Real Time Digital Simulator)
SAPRE – Sistema de Análise e Projeto de Redes Elétricas
SEL – Schweitzer Engineering Laboratories
SIN – Sistema Interligado Nacional
UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá
Sumário
1. Introdução............................................................................................................................ 1

1.1 Proteção........................................................................................................................ 2

1.2 Simulações Computacionais ........................................................................................ 4

1.3 Motivação .................................................................................................................... 5

1.4 Estrutura ....................................................................................................................... 7

2. Fundamentação Teórica ...................................................................................................... 8

2.1 Compensação Shunt ..................................................................................................... 8

2.2 Compensação Série Fixa ............................................................................................ 10

2.2.1 Proteção dos Bancos de Capacitores .................................................................. 13

2.2.2 Transferência de Potência ................................................................................... 14

2.2.3 Estabilidade ........................................................................................................ 16

2.2.4 Ressonância Subsíncrona ................................................................................... 18

2.2.5 Inversão de Tensão ............................................................................................. 18

2.2.6 Inversão de Corrente ........................................................................................... 19

2.3 Proteção de Distância ................................................................................................. 19

2.4 Considerações Finais ................................................................................................. 29

3. Sistema Modelado ............................................................................................................. 30

3.1 Sistema Elétrico ......................................................................................................... 30

3.2 Cálculo dos Equivalentes de Fronteira ...................................................................... 32

3.3 Cálculo dos Níveis de Curto-Circuito ........................................................................ 33

3.4 Compensações Série e Shunt ..................................................................................... 35

3.4.1 Compensação série ............................................................................................. 35

3.4.2 Compensação Shunt ........................................................................................... 37

3.5 Fluxo de Potência ....................................................................................................... 37

3.6 RTDS – Módulo T-Line ............................................................................................. 41

3.7 RTDS – Draft ............................................................................................................. 50


3.8 RTDS – RunTime ....................................................................................................... 61

3.9 Validação dos Parâmetros de Linhas Obtidos ........................................................... 63

3.10 Validação do Sistema ................................................................................................. 69

3.11 Considerações Finais ................................................................................................. 70

4. Resultados ......................................................................................................................... 71

4.1 Inversão de Tensão .................................................................................................... 71

4.2 Inversão de Corrente .................................................................................................. 75

4.3 Falta Onde Xl é Igual a Xc ......................................................................................... 81

4.4 Efeitos da Compensação Série Fixa na Proteção ....................................................... 84

4.5 Teleproteção............................................................................................................... 89

4.6 Considerações Finais ................................................................................................. 94

5. Conclusões ........................................................................................................................ 95

Referências ............................................................................................................................... 97

Apêndice A – Cálculo para Obtenção das Matrizes de Impedância de Sequência ................ 101

Apêndice B – Produção Acadêmica ....................................................................................... 105


INTRODUÇÃO 1

1. INTRODUÇÃO
O aumento da demanda por energia elétrica é uma tendência mundial, principalmente nos
países em desenvolvimento. Portanto, no Brasil, foi necessário que nas últimas décadas fossem
construídas grandes usinas, as quais são geograficamente distantes, formando assim os centros
geradores longe dos centros consumidores. Essas regiões geograficamente distantes são
interconectadas através de linhas de transmissão, criando grandes corredores de potência. A
Figura 1 mostra o Sistema Interligado Nacional (SIN).
O impacto ambiental para construção de novas linhas de transmissão e fatores econômicos,
fazem com que as linhas existentes operem da maneira mais eficiente possível, postergando
novos investimentos. Para isso, compensadores são utilizados de forma a aumentar a capacidade
de transmissão desses corredores.

Figura 1 – Sistema Interligado Nacional Fonte: SINDAT ONS


INTRODUÇÃO 2

Essas regiões, ou subsistemas interligados devem obedecer a critérios de sincronismo


mantendo sua integridade como um sistema único. Para transmissão em corrente alternada duas
premissas básicas devem ser satisfeitas:
 Todas máquinas síncronas do sistema elétrico de potência devem ser capazes de manter
o sincronismo entre si.
 Manutenção dos níveis de tensão em valores aceitáveis.
O sincronismo está ligado à estabilidade do sistema, que representa a capacidade do mesmo
de manter-se estável após um distúrbio. Frente aos fatores mencionados (econômicos,
estabilidade e manutenção dos níveis de tensão) a engenharia estuda alternativas para atender a
demanda da forma mais econômica e eficiente possível. A compensação de reativos apresenta-
se como uma técnica viável para aumento de estabilidade e capacidade de transmissão,
manutenção dos níveis de tensão e postergação de investimentos em ampliação da rede. Porém
sua inserção no sistema, apesar dos benefícios, traz consigo desafios técnicos, em especial para
proteção, uma vez que são equipamentos instalados em linhas longas, as quais são
intrinsicamente complexas e de grande importância para o SIN. Com a inclusão de
compensadores, principalmente os do tipo série, o sistema torna-se ainda mais complexo, sendo
a proteção dessas linhas o foco desse estudo.

1.1 PROTEÇÃO
Um sistema de proteção tem como objetivo principal maximizar a continuidade do
fornecimento e minimizar os danos a pessoal e equipamentos durante qualquer tipo de evento
anormal. Mesmo que fosse possível dimensionar um sistema capaz de suportar todos tipos de
situações anormais, economicamente isso não seria viável. Logo, o papel da proteção é detectar
o mais rápido possível os eventos prejudiciais ao sistema e tomar as decisões apropriadas. Além
disso, é necessário resguardar o sistema protegido contra a falha do próprio sistema de proteção,
ou seja: quando a proteção primária falhar, a proteção de retaguarda deve entrar em ação [1].
Em seu projeto um sistema de proteção deve atender aos aspectos básicos de proteção, os
quais são [2,3].
 Confiabilidade: Capacidade do sistema de operar de maneira correta. É essencial que o
equipamento de proteção seja inerentemente confiável e que sua aplicação, instalação e
manutenção sejam tais a garantir seu funcionamento correto.
 Seletividade: Garantir a máxima continuidade no serviço, com o desligamento mínimo
de equipamentos.
INTRODUÇÃO 3

 Velocidade: Operar de maneira veloz diminuindo o tempo de duração da falta, e


consequentemente, os danos aos equipamentos envolvidos.
 Sensibilidade: Os equipamentos de proteção devem ser suficientemente sensíveis para
um funcionamento de forma precisa, mesmo em condições que correspondem uma
baixa tendência de operação.
 Simplicidade: O menor número de equipamentos de proteção e associados para
obtenção dos objetivos esperados na proteção.
 Economia: Obter a melhor proteção com o menor custo.
Um sistema de proteção é composto, de forma simplificada, pelos transformadores de
corrente (TCs) e potencial (TPs), relés de proteção, circuitos auxiliares e equipamentos de
manobra.
Os TCs e TPs permitem que dispositivos de proteção (relés) trabalhem adequadamente sem
a necessidade de possuírem correntes e tensões nominais iguais a do equipamento protegido
[4].
O IEEE – Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos, define um relé como sendo
um dispositivo elétrico concebido para responder a suas condições de entrada de uma maneira
pré-determinada e, após uma série de condições serem satisfeitas atuar sobre seus contatos ou
causar uma mudança no circuito de controle. Em algumas literaturas esse dispositivo é definido
como um sentinela silencioso esperando por condições inaceitáveis de operação do sistema e
monitorando condições fora de sua zona de operação [2].
Enquanto os relés, do ponto de vista da proteção, são o cérebro do sistema, mas não são
capazes de uma atuação direta, os disjuntores são os responsáveis por isolar o sistema faltoso,
sendo assim nessa analogia, os músculos [2].
À Joseph Henry é creditada a invenção dos relés eletromecânicos, devido a seu estudo sobre
a ação dos eletroímãs. Seu uso comercial ocorreu no início do século XX, por volta de 1920, e
foi a tecnologia predominante por décadas, denominado de primeira geração.
Na metade do século, por volta de 1950, surgem os relés de segunda geração ou de estado
sólido, também chamados de eletrônicos. Esses relés apresentavam a mesma função dos
anteriores, mas empregavam eletrônica analógica. Nesse período os eletromecânicos ainda
eram utilizados em larga escala [5].
Na década de 1980 surge a terceira geração, os relés digitais, onde microprocessadores eram
empregados para analisar os sinais e as informações para então tomar uma decisão. Estes
apresentaram vários benefícios, substituindo assim os eletromecânicos ainda utilizados em
INTRODUÇÃO 4

campo. Como alguns desses benefícios tem-se número de funções em um único relé, auto
supervisão, oscilografia, integração com sistemas digitais, flexibilidade operacional,
adaptabilidade, são compactos, outros.
Em seus algoritmos estes dispositivos de proteção, hoje conhecidos como IEDs –
Dispositivos Eletrônicos Inteligentes, devem ser capazes de identificar os mais variados tipos
de fenômenos relativos ao equipamento protegido. No caso de linhas de transmissão onde
emprega-se compensação série fixa, fenômenos como inversão de tensão, inversão de corrente,
frequências subharmônicas podem ocorrer, e os relés devem ser capazes de trabalhar sob estas
circunstâncias [6].

1.2 SIMULAÇÕES COMPUTACIONAIS


A simulação computacional é uma das ferramentas mais importantes disponíveis ao
engenheiro de sistemas elétricos de potência. Com esse recurso é possível prever o
comportamento do sistema quando novos equipamentos são inseridos, ou até mesmo, averiguar
os motivos de eventos como blackouts ou falhas em geral.
Em softwares como MATLAB, por exemplo, o sistema é modelado e então os eventos
são programados para em seguida uma simulação por um período pré-determinado ser
realizada. Nesse cenário o teste de dispositivos de controle ou proteção apresentam uma certa
dificuldade, sendo essas simulações adequadas para verificar a resposta de sistemas apenas no
âmbito virtual. Durante anos, utilizou-se dispositivos capazes de reproduzir as formas de onda
resultantes de simulações computacionais para realização de testes de equipamentos.
Em um período recente, surge o ferramental para simulações digitais em tempo real.
Nessas o sistema é modelado e sua resposta é obtida continuamente, sem a necessidade da
determinação de um intervalo de simulação.
Esse tipo de simulação apresentou um grande avanço para testes de dispositivos de
controle e proteção, permitindo assim os esquemas de hardware-in-the-loop. Nesses tipos de
simulações o sistema onde o dispositivo real será empregado é modelado no simulador, e então
os sinais de tensão e/ou corrente analógicos e/ou digitais são fornecidos ao IED.
Um conjunto de hardware específico é responsável pelo processamento do sistema
modelado, retirada de sinais digitais e/ou analógicos, recebimento de sinais digitais e/ou
analógicos, envio/recebimento de protocolos de comunicação [1]. A Figura 2 mostra o
simulador do fabricante RTDS – Real Time Digital Simulator, estando esse equipamento
INTRODUÇÃO 5

disponível no laboratório de proteção de sistemas elétricos da UNIFEI – Universidade Federal


de Itajubá, localizado no CERin – Centro de Excelência em Redes Elétricas Inteligentes.

Figura 2 - Simulador Digital em Tempo Real - RTDS


No caso de simulação de linhas de transmissão, onde emprega-se a compensação série
fixa protegida por varistores de óxido metálico (MOVs), centelhadores (GAPs) e disjuntores de
desvio (bypass) um grande avanço foi obtido com a possibilidade de verificação das respostas
dinâmicas do sistema e relés de proteção frente aos distúrbios esperados. Esses compensadores
serão discutidos em maior detalhe no Capítulo 2.
A proteção dessas linhas é de um desafio significativo, uma vez que a impedância do
sistema varia abruptamente durante um distúrbio que leva à atuação da proteção individual do
compensador. Com a simulação em tempo real e a modelagem adequada dos componentes em
questão, o teste de um relé de proteção empregado nesses casos pode ser realizado com maior
controle sobre os distúrbios e verificação das repostas do IED frente a esses distúrbios, tornando
o processo mais confiável.

1.3 MOTIVAÇÃO
Devido as características de sua matriz energética, fatores geográficos e sazonais, além
da diferença de densidade populacional fazem com que o Brasil possua grandes centros, ou
ilhas, geradoras e consumidoras, afastadas entre si por grandes distâncias, e como consequência
da periodicidade de chuvas e ventos, o fluxo de carga entre esses centros varia durante o ano.
Como mencionado, esses centros são interconectados por linhas de transmissão e
geralmente em mais de um circuito em torres distintas ou não. Devido a fatores econômicos e
INTRODUÇÃO 6

ambientais essas linhas possuem mecanismos para que sua capacidade de transmissão seja
aumentada, principalmente a compensação série fixa.
Esse tipo de compensação cria um nível de complexidade elevado nessas linhas de
conexão de sistemas. Fenômenos como inversão de tensão, inversão de corrente, frequências
subharmônicas, e outros são esperados. Estes criam um desafio para o sistema de proteção e,
consequentemente, para o engenheiro de proteção.
O tema apresentado é um tópico de estudo nos últimos anos. O trabalho [6] avaliou o
comportamento da proteção de distância em linhas de transmissão com compensação série fixa
através da simulação digital em tempo real. Apresenta a avaliação do comportamento da
proteção de distância instalada em duas linhas de transmissão em 500 kV onde utiliza-se
compensação, localizada na subestação São João do Piauí. Em [7] propõe-se um esquema de
retaguarda de proteção de distância para linhas com compensação série baseado na impedância
mútua (entre fases – Zm da matriz de impedâncias), uma vez que esta não é afetada pela
compensação. O método apresenta eficácia para faltas fase-terra e fase-fase-terra. Em [8] uma
análise é realizada em uma LT cuja compensação está localizada à 50% de seu comprimento
total. O método proposto em termos de proteção é baseado na componente DC da fase afetada
de modo a fazer uma determinação precisa da localização da zona de falta, ou seja, se ela está
antes ou depois do banco de capacitor, facilitando a operação do sistema de proteção.
Em [9] os autores mostram um método para proteção de linhas duplas com compensação
série baseado em transitórios de corrente. A proposta é demonstrada utilizando uma linha de
500 kV simulada em um programa EMTP. Nos estudos de [10] uma simulação em malha
fechada foi realizada para avaliação dos ajustes e performance de relés digitais em linhas de
transmissão compensadas. Em [11] algoritmos de proteção aplicados em linhas de transmissão
compensadas foram avaliados, sendo a proteção diferencial a principal função avaliada tanto
no plano cartesiano quanto no plano alfa. Verifica-se, apenas com essas referências, que esse
assunto é um desafio prático, sendo necessário, na maioria das vezes, avaliar detalhadamente
cada caso do mundo real.
A utilização dessas compensações tende a ser cada vez mais utilizada nos próximos anos,
não somente no Brasil, mas também em outros países. Portanto, a necessidade de novos estudos
nessa área são a motivação desse estudo.
Esta dissertação de mestrado tem como objetivo avaliar o comportamento da proteção de
distância através de um Simulador Digital em Tempo Real (RTDS), onde um sistema baseado
em dados reais foi modelado.
INTRODUÇÃO 7

1.4 ESTRUTURA
O primeiro capítulo apresenta uma breve introdução ao tema, descrição básica de um
sistema de proteção a necessidade de simulações em tempo real, esquemas hardware-in-the-
loop e motivação do trabalho.
O capítulo número dois faz uma revisão teórica sobre o tema, compensação shunt, série
fixa e proteção distância.
O terceiro capítulo apresenta a região estudada. Nesse trabalho buscou-se simular um
sistema real e fazer com que a simulação fosse a mais fiel possível com os dados disponíveis.
Softwares foram empregados para verificação dos níveis de curto e uma condição de fluxo real
foi utilizada. Os parâmetros utilizados são apresentados e a validação do sistema através dos
níveis de curto e fluxo confrontadas com os valores obtidos. Ainda nesse capítulo uma descrição
da modelagem realizada nos módulos do software RSCAD é apresentada, a montagem do
esquema hardware-in-the-loop, os relés utilizados e suas parametrizações.
O capítulo quatro apresenta os resultados e análises das diversas simulações realizadas
através de interpretações gráficas de formas de onda no domínio do tempo e diagramas de
impedância, R-X.
No quinto capítulo são comentadas as conclusões deste trabalho.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 8

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesse capítulo são apresentados os conceitos sobre compensações, shunt e série-fixa, e


sobre a proteção de distância.

2.1 COMPENSAÇÃO SHUNT


Esse tipo de compensação não é o foco desse estudo, portanto apenas uma breve descrição
será realizada.
Reatores shunt podem ser conectados em barras ou nas saídas das linhas de transmissão.
Já os capacitores shunt são instalados sempre nas barras do sistema [12].
O maior propósito para instalação de compensações shunt é o controle sobre a tensão do
sistema. Capacitores shunt são instalados em áreas de carga, onde é necessário o controle do
fator de potência do sistema. Os reatores, por sua vez, são empregados com o objetivo de
controlar a tensão nos terminais da linha, principalmente linhas de comprimento considerável,
que tendem a ter valores elevados em seus terminais dependendo do nível de carga.
Outras razões para o emprego de reatores shunt são: (i) redução parcial ou completa da
susceptância shunt de linhas, principalmente em alta tensão, de comprimentos médio e longo
[13]. Dessa maneira os efeitos da corrente de fuga, ou corrente capacitiva, em linhas de
transmissão são minimizados. Para o cálculo da corrente capacitiva é necessário o
conhecimento dos quadripólos da linha; (ii) em linhas de alta (AT) e extra alta tensão (EAT)
que empregam religamento monopolares a utilização de um reator de neutro é de extrema
importância para redução do tempo de extinção de arco secundário, aumentando as chances de
sucesso do religamento [14].
As tensões e correntes no terminal A, emissor, relacionam-se com as tensões e correntes
no terminal B, receptor, através dos parâmetros ABCD da linha, também conhecido como
quadripólos, conforme Figura 3. As referências [13, 15] detalham a obtenção destes parâmetros
com maiores detalhes. A (1 apresenta essa relação entre um terminal emissor e receptor.
V A B VR (1)
[ S] = [ ][ ]
IS C D IR

Onde os parâmetros:
𝐴 = 𝐷 = cosh 𝛾𝑙 [pu]
𝐵 = 𝑍𝐶 sinh 𝛾𝑙 [Ω]
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 9

1
𝐶 = 𝑍 sinh 𝛾𝑙 [S]
𝐶

Sendo:
γ – Constante de propagação em m-1
l – Comprimento da linha
ZC – Impedância característica

Terminal A Terminal B
Sistema Sistema
Equivalente
A
LT Equivalente
B

Figura 3 – Sistema Explicativo


Onde a corrente capacitiva esperada para o sistema corresponde a (2:
𝐼𝐶 = 𝐵𝑉𝑁 (2)

Onde:
IC – Corrente capacitiva
B – Impedância série da linha.
VN – Tensão nominal do sistema
Para sistemas com compensação shunt a corrente capacitiva passa a ser conforme (3
[13]:
𝐵𝐿 (3)
𝐼𝐶 = (𝐵 − 𝐵𝐿 )𝑉𝑁 = 𝐵𝐶 𝑉𝑁 (1 − )
𝐵

Onde:
BL – Reatância dos reatores shunt.
BL/B – Grau de compensação shunt.
Vale salientar que o parâmetro B nas equações 2 e 3 são referentes a susceptância da
linha de transmissão, o qual é relacionado ao parâmetro C dos quadripólos. Portanto, o
parâmetro dos quadripólos a ser compensado em linhas de transmissão é o C, reduzindo assim
os efeitos da corrente capacitiva que são prejudiciais para certas funções de proteção,
principalmente a diferencial [16]. A Figura 4 exemplifica a utilização de reatores de linha.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 10

Terminal A Terminal B
Sistema Sistema
Equivalente
A
LT Equivalente
B

Figura 4 - Reatores de Linha

2.2 COMPENSAÇÃO SÉRIE FIXA


A referência [17] apresenta-se como a literatura clássica básica sobre esse tema. Os
parâmetros série, resistência e reatância indutiva, das linhas de transmissão são os responsáveis
pela queda de tensão ao longo de seu percurso, sendo a reatância indutiva predominante em
relação a resistência. Esta também determina o ângulo de potência da linha e, portanto, seu grau
de estabilidade estática e dinâmica [1]. A Figura 5 exemplifica a representação π-nominal para
uma linha.

Terminal A Terminal B
R XL

YC YC

Figura 5 - Representação π-Nominal de uma Linha de Transmissão


Sua compensação é realizada através de capacitores conectados em série com a linha de
transmissão, afim de reduzir a reatância indutiva (XL) visto em seus terminais. Esses são
basicamente constituídos de pequenos capacitores conectados em série e paralelo formando,
assim, um banco de capacitância elevada e capaz de suportar altas correntes e tensões [6].
O emprego da compensação série fixa traz os seguintes benefícios:
 Redução da distância elétrica entre barras.
 Aumento na capacidade de transmissão.
 Melhoria na estabilidade de regime transitório e permanente.
 Redução da queda de tensão e das perdas.
Cabe enfatizar a importância de se avaliar a viabilidade econômica da construção de uma
nova linha de transmissão, aumentar o nível de tensão de uma linha existente, utilizar
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 11

transmissão em corrente contínua ou utilizar compensações capazes de aumentar a capacidade


de transmissão entre centros de consumo e geração. De acordo com [18] esse tipo de
compensação normalmente é aplicado em linhas maiores que 320 km, podendo ser aplicado em
linhas menores que fazem parte de um sistema de transmissão maior. Sua aplicação para linhas
de menor comprimento não é recomendável devido ao custo envolvido, o que torna o projeto
inviável. Além disso, linhas curtas não possuem uma reatância indutiva significativa a ponto de
se considerar a necessidade de compensação série.
Como mencionado no primeiro capítulo, além dos benefícios ambientais e técnicos
mencionados, o benefício econômico do aumento da capacidade de transmissão pode postergar
a construção de novas linhas.
As Figuras 6 e 7 apresentam o esquemático da compensação série fixa e um exemplo de
instalação na subestação de Sobradinho.

Figura 6 - Representação da Compensação Série Fixa [1]


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 12

Figura 7 - Compensação Série Fixa em Sobradinho. Fonte: Siemens


As primeiras linhas com compensação série as empregava em uma distância
intermediária entre os terminais, e o grau de compensação era inferior a 50%. A medida que os
níveis de compensação aumentavam, as instalações passaram a ser divididas em dois conjuntos
de compensação normalmente instalados a uma distância de 1/3 do comprimento da linha em
cada terminal. Atualmente, esses são instalados próximos a um terminal ou em ambos os
terminais, conforme Figura 8. A razão da escolha desses pontos de instalação deve estar de
acordo com o grau de compensação e aos efeitos que esse cria no sistema, o que será
apresentado à frente [6].
O grau de compensação normalmente é limitado entre 25 e 75% [18, 20] da reatância
da linha de transmissão. Esse limite inferior é definido principalmente pela inviabilidade
econômica de compensações inferiores, e o superior devido ao surgimento de possíveis
oscilações entre o sistema e o eixo das unidades geradoras [18].

Terminal A Terminal B

Terminal A Terminal B

Terminal A Terminal B

Figura 8 - Posição de Instalação da Compensação


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 13

Nesse ponto vale salientar que com o uso de compensadores série e shunt é possível
aumentar significativamente a capacidade de transmissão mantendo os níveis de tensão em
valores aceitáveis. Entretanto cabe mencionar que o uso de compensação série pode aumentar
os níveis de curto do sistema [19].

2.2.1 Proteção dos Bancos de Capacitores

Devido ao investimento necessário e a inviabilidade econômica de torná-los capazes de


suportar as sobretensões e sobrecorrentes as quais esses estarão sujeitos, esse tipo de
equipamento possui proteção própria apresentada conforme na Figura 9, tais como:
 Varistor de Oxido Metálico, MOV.
 Centelhador, GAP.
 Disjuntor de Bypass.
 Reator de Amortecimento.

Figura 9 - Representação da Compensação Série Fixa. Fonte: RTDS


O GAP paralelo, ou centelhador, foi a proteção principal contra sobretensões no banco
de capacitores desse tipo de aplicação usada até o fim da década de 70 [18]. Possui um princípio
de funcionamento relativamente simples. A partir de um certo nível ajustado de sobretensão
nos terminais do banco o GAP atua removendo a compensação do sistema. Este ajuste é
conhecido como nível de proteção, usualmente valores entre 2,5 e 4,0 vezes a tensão normal de
operação são praticados [18] ou, segundo [20], uma corrente de 2 a 3 vezes a circulação
nominal. Para altos níveis de curto o GAP pode ser acionado em menos de meio ciclo, cerca de
10 ms.
Um reator de amortecimento é colocado em série ao GAP para limitação da corrente de
descarga do capacitor. Assim que o GAP começa a conduzir um by-pass em paralelo atua para
eliminar o arco sobre o GAP. Esse by-pass permanece fechado por um período suficiente para
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 14

o restabelecimento do GAP e então reinsere o banco no sistema. De acordo com [20], esse
processo dura cerca de 200ms.
A partir da década de 80 o uso do MOV – Varistor de Oxido Metálico, para proteção
contra sobretensões transitórias em bancos de capacitores começou a ser utilizado [18]. Como
pode ser observado na Figura 9 o MOV é conectado em paralelo ao banco de capacitores sem
intervenção do reator. Devido a sua característica não linear, o MOV não conduz para condições
normais de operação do sistema e, na presença de uma falta, começa a conduzir quando a tensão
sobre o banco se aproxima do nível de proteção tendo uma característica de corte da tensão a
cada meio ciclo, alternando a condução entre ele e o banco. Algumas empresas possuem a
política de dimensionamento do MOV para uma falta trifásica com duração de 5 ciclos [18]. A
partir desse nível de energia ocorre a atuação do GAP e posteriormente do by-pass.
O MOV tem por finalidade a limitação da tensão através do capacitor, principalmente
para sua retirada durante a presença de curtos-circuitos. O GAP é a proteção de retaguarda do
MOV.
Por fim, o disjuntor de by-pass permite o isolamento do capacitor conforme necessário.
A Figura 10 exemplifica o comportamento da tensão sobre o banco durante a condução
do MOV.

Figura 10 - Comportamento da Tensão Sobre o Capacitor Durante Falta [20]

2.2.2 Transferência de Potência

De maneira simplificada a transferência de potência, exemplificada na Figura 11, em


uma situação de exportação de energia do sistema equivalente A para o B, são regidas pelas
equações a seguir:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 15

VA VB (4)
PAB = sin δAB
XLT

VA2 VA VB (5)
Q AB = − cos δAB
XLT XLT

Onde:
PAB – Potência ativa transferida entre os terminais A e B.
QAB – Potência não ativa transferida entre os terminais A e B.
XLT – Reatância indutiva da linha de transmissão.
VA e VB – Tensões nos terminais A e B, respectivamente.
δA e δB – Ângulo das tensões nos terminais A e B, respectivamente.

Terminal A Terminal B
Sistema Sistema
Equivalente
A
LT Equivalente
B

VA δA V B δB
SA = PA + jQA SB = PB + jQB
Figura 11 - Transferência de Potência
A transferência de potência entre os terminais de uma linha longa é regida de forma
semelhante à (4 sendo o denominador, o termo B dos quadripólos, apresentados anteriormente.
Ao avaliar as equações apresentadas é observado a proporção inversa entre transferência
de potência, tanto ativa quanto não ativa, entre os terminais e a reatância compreendida entre
estes. Portanto, a compensação série tem por objetivo a redução desta e como consequência o
aumento da capacidade de transferência de energia. Com a inserção série dos capacitores, com
base na Figura 12, as equações são modificadas da seguinte maneira:
VA VB (6)
PAB = sin δAB
XLT − XC

VA2 VA VB (7)
Q AB = − cos δAB
XLT − XC XLT − XC

Onde XC representa a reatância capacitiva do banco inserido.


Geralmente XC é relacionada com a reatância da linha de transmissão através do grau de
compensação, conforme (8.
XC XL − XC (8)
k= = 1−
X LT XL

Ou nos casos de linhas longas, onde seus parâmetros devem ser compensados devido a
sua extensão:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 16

XCL (9)
kL = 1 −
XLTL

Onde:
XCL – Representa a reatância da linha longa compensada.
XLTL – Representa a reatância da linha longa não compensada.

Terminal A Terminal B
Sistema
0,5 XC 0,5 XC Sistema
Equivalente LT Equivalente
A B

VA δA V B δB
SA = PA + jQA SB = PB + jQB
Figura 12 - Transferência de Potência Com Compensação Série

2.2.3 Estabilidade

A Figura 13 apresenta o efeito da compensação, em vários graus, em uma dada linha. É


observado o aumento na capacidade de transmissão, para uma mesma diferença angular (δ).
Analogamente, para uma mesma transferência de potência é necessário δ inferior, aumentando
a margem de estabilidade do sistema.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17

Figura 13 - Efeito da Compensação na Transferência de Potencia


A Figura 14 apresenta o ganho na margem de estabilidade do sistema ao utilizar
compensação série fixa. Para um exemplo onde a compensação é de 30% o sistema ganha uma
capacidade de transmissão de 50% em relação à anterior e, consequentemente, pelo critério de
igualdade de áreas a margem de estabilidade do sistema é maior.

Figura 14 – Margem de Estabilidade – (a) Sistema não Compensado (b) Sistema Compensado. Fonte: NR
Electric Corporation
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 18

2.2.4 Ressonância Subsíncrona

A combinação da reatância capacitiva do banco de capacitores com a reatância indutiva


do sistema cria uma frequência natural de ressonância que, de forma simplificada, pode ser
calculada de acordo com a (10:
1 (10)
fS =
2π√LC

Onde L e C representam a indutância do sistema e a capacitância do banco,


respectivamente. Essa equação pode ser expandida para:
1 (11)
XC =
2πfC

XL = 2πfL (12)

Substituindo 11 e 12 em 10:

1 XC (13)
fS = = f√
X 1 XL
2π√ L
2πf 2πfXC
Como o grau de compensação do sistema usualmente é entre 25 e 75% [18, 20] significa
que a frequência natural de oscilação do sistema será menor que sua frequência nominal,
portanto qualquer distúrbio no sistema dará origem a oscilações subsíncronas.
Uma das consequências pode ser a ressonância subsíncrona em máquinas rotativas,
causando esforços torcionais nos rotores destas, o que em uma condição severa pode ocasionar
em danos no eixo das mesmas. Grandes turbinas a vapor são mais suscetíveis a esse fenômeno
sendo sua ressonância entre 5 e 55 Hz [18]. Segundo [20] a componente inserida no sistema é
na ordem de 10 a 40 Hz.

2.2.5 Inversão de Tensão

O fenômeno de inversão de tensão [18, 19, 20] ocorre quando a reatância capacitiva do
banco é maior que a indutiva do ponto de medição até o de falta, mas a corrente permanece
indutiva, ou seja, o equivalente no ponto de falta ainda é indutivo. Nesse caso, no ponto de
medição, a tensão está atrasada em relação a corrente em aproximadamente 90o. Para um maior
entendimento observar a Figura 15.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 19

Figura 15 - Inversão de Tensão [20]

2.2.6 Inversão de Corrente

A inversão de corrente [18, 19, 20] e de tensão são fenômenos semelhantes e muitas
vezes podem ser confundidos. Similarmente, a impedância vista do ponto de medição é
negativa, mas nesse caso o equivalente visto do ponto de falta para um dos lados é capacitivo
causando a inversão de corrente. Novamente a corrente sofre um deslocamento e fica adiantada
da tensão em aproximadamente 90o. Nesse caso a corrente aparenta fluir saindo da linha em um
de seus terminais.

Figura 16 - Inversão de Corrente [20]

2.3 PROTEÇÃO DE DISTÂNCIA


Nesta seção uma breve descrição do princípio de funcionamento da proteção de distância
será feita. Esta proteção é descrita com maior riqueza de detalhes nas referências [2, 3, 4, 18,
19, 20, 21, 22].
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 20

Esse tipo de proteção é a mais empregada como proteção principal para linhas de
transmissão principalmente pela extensão do equipamento protegido, o que dificulta outras
proteções como a diferencial que necessita que os relés em ambos terminais, local e remoto,
troquem informações de corrente entre si para sua tomada de decisão. A proteção de distância
em sua forma mais simples independe das informações remotas.
Basicamente a proteção de distância, através da medição de tensão e corrente, realiza a
medição da impedância vista a partir do ponto de instalação dos equipamentos de medição, TCs
e TPs, e os compara com o valor de impedância da linha protegida informado ao relé. Para
valores medidos inferiores ao informado a falta é interna e para valores maiores a falta é externa
ao elemento protegido.
É importante observar que devido ao erro dos equipamentos de medição os relés de
distância não podem determinar com precisão faltas próximas ao terminal remoto da linha,
como demonstrado nas equações de 14 a 16. Dessa maneira, são definidas as zonas de proteção.
Uma vez que o relé não é capaz de detectar com precisão faltas próximas ao terminal remoto,
a primeira zona usualmente fica responsável por proteger de 80 a 90% da linha de forma
instantânea. A segunda realiza a proteção do restante da linha e abrange cerca de 20% da linha
adjacente, sendo necessário que essa zona seja temporizada, usualmente valores de 200 a 250
ms para relés digitais. Uma zona reversa temporizada usualmente é empregada para proteção
contra faltas nos sistemas adjacentes e o sistema de proteção enxergando a falta com polaridade
contrária a usual. A Figura 17 exemplifica o comentado sobre zonas de proteção.
IPrimario ± eTC (14)
ISecundario =
RTC

VPrimario ± eTP (15)


VSecundario =
RTP

𝑉𝑃𝑟𝑖𝑚𝑎𝑟𝑖𝑜 ± 𝑒𝑇𝑃 (16)


𝑅𝑇𝑃 𝑉𝑃𝑟𝑖𝑚𝑎𝑟𝑖𝑜 ± 𝑒𝑇𝑃 𝑅𝑇C
𝑍𝑆𝑒𝑐𝑢𝑛𝑑𝑎𝑟𝑖𝑜 = =
𝐼𝑃𝑟𝑖𝑚𝑎𝑟𝑖𝑜 ± 𝑒𝑇𝐶 𝐼𝑃𝑟𝑖𝑚𝑎𝑟𝑖𝑜 ± 𝑒𝑇𝐶 𝑅𝑇P
𝑅𝑇𝐶
Z3
Z2
Sistema
ZR Z1 Sistema
Equivalente LT LT LT Equivalente
A B
Z1 ZR
Z2
Z3

Figura 17 - Zonas de Proteção


Diferentemente da proteção diferencial que apresenta seletividade absoluta delimitada
pela posição dos transformadores de corrente, a proteção de distância não. Portanto, é
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 21

necessário que a seletividade seja feita através da coordenação com as proteções das linhas
adjacentes [20]. Por outro lado, como vantagem, a proteção de distância é retaguarda das
proteções adjacentes parcialmente em segunda zona e quando possível, em terceira zona é
ajustada para alcançar a totalidade da linha adjacente.
Para avaliação do comportamento da proteção o diagrama de impedância, ou diagrama
R-X, é utilizado. Nele as trajetórias da impedância medida são visualizadas. As características
comumente empregadas nos relés de proteção atuais são do tipo MHO e Quadrilateral,
conforme Figura 18 e Figura 19 respectivamente.
A característica MHO por natureza é direcional por tangenciar a origem, mas são mais
vulneráveis a arcos durante faltas, o que causa o deslocamento para direita na impedância
medida de falta, consequentemente em situações severas podem causar operação indevida por
subalcance. Essa característica (MHO) tem sido utilizada para faltas entre fases.

Figura 18 - Característica MHO [23]


Já a característica quadrilateral possui um melhor controle sobre a parte resistiva e
reativa, uma vez que ajustes independentes são realizados. Tem sido largamente aplicada para
proteção contra faltas fase-terra, onde a resistência de falta é preocupante.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 22

Figura 19 - Característica Quadrilateral [23]


Em condições de carga a impedância vista é inversamente proporcional a potência da
carga, (17, e seu ângulo é equivalente ao ângulo do sistema, ou seja, ao fluxo de potência ativa
e reativa, (18.
U2 (17)
ZCarga =
PCarga

P (18)
φ = tan−1
Q

Durante condições de falta a impedância vista é a de curto-circuito e significativamente


menor que a de carga, e corresponde à impedância do ponto de medição até o ponto da linha
onde a falta ocorreu. Sua trajetória inicia em sua condição pré-falta, região de carga, e desloca-
se até o ponto de falta. Ao adentrar a zona de proteção o sinal de disparo deve ser emitido no
tempo ajustado.
Deve-se notar a dificuldade da proteção de distância de abrir instantaneamente ambos
os terminais de uma linha para faltas próximas de um deles. Como visto, faltas próximas ao
terminal remoto são disparadas pelo relé com uma temporização intencional. Isso ocorre pois a
característica dessa proteção em primeira zona não ser capaz de cobrir a totalidade da linha.
Atualmente a aplicação de proteção diferencial para linhas de transmissão é limitada a
aplicações onde elas são curtas, devido a necessidade de um canal de comunicação trocando
informações entre o terminal local e remoto. Seis canais de comunicação são necessários para
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 23

aplicação desta proteção em linhas, um para cada fase, um para o neutro e dois para os terminais
positivo e negativo para envio de disparo [22]
A teleproteção busca introduzir as características da proteção diferencial para a de distância.
Seu objetivo é eliminar faltas em toda extensão do elemento protegido de maneira eficiente. Os
meios de comunicação usualmente empregados são [22]:
 Carrier
 Microondas
 Fibra óptica
 Cabos de comunicação
Para maior entendimento desses meios de comunicação, consultar [22].
A teleproteção pode operar sobre o princípio de bloqueio de disparo ou permissão de
disparo. As referências [4, 19, 22] descrevem em maiores detalhes cada tipo de teleproteção,
tais como:
 DUTT - Transferência direta de atuação com subalcance.
 PUTT – Transferência de atuação permissiva com subalcance.
 POTT – Transferência de atuação permissiva com sobrealcance.
 DTT – Transferência de atuação direta.
Para linhas compensadas o esquema POTT tem sido utilizado. Seu princípio de
funcionamento baseia-se em uma segunda zona responsável por sobrealcançar o terminal
remoto, isso aplicado aos relés em ambos os terminais [24]. Dessa maneira quando uma falta
interna a zona de proteção ocorre, ambas as zonas serão capazes de detectá-la e ao fazê-lo
transferem a permissão para o relé remoto e o disparo é emitido em ambos os terminais de
maneira seletiva e instantânea, uma vez que o único elemento comum em ambas zonas de
proteção do relé local e remoto é a linha de transmissão em sua totalidade. A Figura 20
exemplifica a comunicação entre os relés no esquema POTT e a Figura 21 o princípio das zonas
sobrealcançadas.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 24

Figura 20 - POTT Transferência de atuação permissiva com Sobrealcance

Figura 21 - Principio de Funcionamento POTT


Os efeitos, comentados anteriormente, da inserção de bancos de capacitores série no
sistema afetam diretamente a proteção distância. Os efeitos da ressonância subsíncrona
sobreposta à componente de 60 Hz causa uma característica espiral no diagrama R-X até que
ela seja totalmente amortecida. Como consequência existem momentos de sobrealcance e
subalcance até que a característica se estabilize. A Figura 19 exemplifica esse efeito.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 25

Figura 22 - Efeito da Ressonância Subsíncrona no Diagrama R-X [20]


Durante inversões de tensão a impedância medida é negativa o que pode implicar em
tomada de decisão equivocada. O relé interpreta como sendo uma falta na região reversa quando
na verdade a falta aconteceu a sua frente. Relés modernos podem contornar essa situação
usando como tomada de decisão tensões das fases não faltosas ou polarização por memória a
qual utiliza quantidades pré-falta, características discutidas em maior profundidade em [18, 19,
20].
A mudança do ponto de instalação do transformador de potencial é apresentada como
solução para o fenômeno de inversão de tensão, sendo instalado após o banco. Mas essa não é
uma prática comum e traz outros desafios [19].

Figura 23 - Posição de Instalação do TP [19]


Similarmente à inversão de tensão a inversão de corrente afeta a proteção de distância
de maneira que esta interprete faltas externas como sendo internas e vice-versa. Porém este
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 26

fenômeno é mais propício de acontecer durante uma falha na proteção da compensação série
uma vez que durante situações de falta o banco deve ser auto protegido.
Para ambos os fenômenos de inversão vale salientar o comentado, que seu
acontecimento depende da proteção do banco, e que existe uma certa distância dos terminais da
linha em que são possíveis de acontecer, uma vez que conforme distancia-se dos terminais, a
reatância indutiva passa a ser predominante em relação a capacitiva da compensação. E como
são fenômenos diretamente ligados à impedância do sistema, o tipo de falta é determinante no
acontecimento de um ou outro. Lembrando que são fenômenos semelhantes, mas a inversão de
tensão ocorre quando o sistema equivalente no ponto de falta permanece indutivo e para
inversão de corrente isso não acontece.
Portanto, o loop de falta é determinante, analisando as equações de 19 a 23 e as
respectivas figuras representativas dos loops de falta é possível perceber essa dependência, para
maiores informações sobre os cálculos das correntes de falta consultar [15]. Por exemplo, faltas
a terra envolvem a impedância de sequência zero, enquanto as bifásicas não. Dessa maneira, a
ocorrência de inversão de corrente torna-se mais susceptível para essas faltas onde a loop de
impedância é menor, dependendo da característica do sistema.
3VF (19)
IFalta =
Z0 + Z1 + Z2 + 3ZF

Figura 24 - Loop para faltas Fase-Terra


j√3VF (20)
IFalta = −
Z1 + Z2 + ZF
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 27

Figura 25- Loop para faltas Fase-Fase


VF (21)
I1 =
Z1 + [Z2 //(Z0 + 3ZF )

Z0 + 3ZF (22)
I2 = (−I1 ) ( )
Z0 + 3ZF + Z2

Z2 (23)
I2 = (−I1 ) ( )
Z0 + 3ZF + Z2

Figura 26 - Loop de Faltas Fase-Fase-Terra


Outra fonte de erros durante faltas e de princípio similar ao do efeito de arcos durante
faltas é o impacto do resistor não linear de óxido metálico que durante sua operação impacta no
deslocamento a direita no diagrama R-X.
Nesse ponto percebe-se o desafio para proteção dessas linhas de transmissão, as quais
normalmente são longas. A referência [25] apresenta recomendações para aplicação da proteção
de distância nessas linhas. Quando a compensação é localizada no ponto intermediário da linha,
Figura 27, como ambos os relés devem acomodar a impedância inserida pelo banco de
capacitores recomenda-se o ajuste para primeira zona apresentado na (24 quando o GAP é
empregado como proteção e (25 quando protegido por MOV.
Z1 = 0,80(ZLT − XC ) (24)

Z1 = 0,50(ZLT − XC ) (25)
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 28

Figura 27 - Compensação no Ponto Intermediário [25]


Quando a compensação é presente em somente um dos terminais, Figura 28, o relé no
terminal S sempre enxergará a compensação no terminal R, porém o relé instalado em R
depende da posição de instalação do TP. Caso essa seja do lado barra a impedância medida
contabilizará o banco e caso seja lado linha não, e os ajustes devem ser realizados da maneira
convencional. Para os terminais que enxergam a impedância do banco os ajustes devem ser
como nas equações 24 e 25.

Figura 28 - Compensação em Somente um Terminal [25]


Para compensações em ambos os terminais, Figura 29, quando os transformadores de
potencial são localizados do lado linha cada relé deve acomodar a compensação do terminal
remoto em relação ao seu terminal, e os ajustes são feitos de maneira similar quando a
compensação é no meio da linha. Na situação convencional, instalação dos TPs do lado barra,
os seguintes ajustes são recomendados: quando protegidos por GAP, equação 26, e MOV,
equação 27.
Z1 = 0,80(ZLT − (XCR + X CS )) (26)

Z1 = 0,50(ZLT − (XCR + X CS )) (27)


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 29

Figura 29 - Compensação em Ambos terminais [25]


Os desafios comentados serão abordados nas simulações que serão apresentadas no capítulo
cinco.

2.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Nesse capitulo foram apresentados os principais aspectos das compensações série-fixa e
shunt, além de uma breve introdução à proteção de distância e os desafios enfrentados por
essa quando aplicada nesse tipo de linhas de transmissão.
A proteção de distância é empregada como proteção principal em linhas de transmissão,
principalmente as de comprimento considerável. A utilização de teleproteção é essencial para
topologias de sistema complexas, principalmente aplicações dessa proteção em circuitos
paralelos.
Os impactos na proteção introduzidos pela compensação serão avaliados e discutidos no
capítulo de simulações.
SISTEMA MODELADO 30

3. SISTEMA MODELADO

Nessa seção são apresentados: (i) o sistema elétrico a ser simulado nesse estudo, (ii) os
cálculos de níveis de curto-circuito para a região estudada e os equivalentes para as fronteiras
usando o software ANAFAS, (iii) o valor das compensações série e shunt empregados no
sistema, (iv) o fluxo obtido usando o software ANAREDE para uma determinada condição de
carga e, (v) o levantamento das geometrias de torre predominante para região, o cálculo de seus
parâmetros e sua modelagem no software RSCAD.

3.1 SISTEMA ELÉTRICO


Na interligação Norte-Sul dois circuitos, em torres distintas, são responsáveis pela
interligação das subestações de Serra da Mesa a Gurupi, respectivamente estados de Goiás e
Tocantins. Estes circuitos possuem aproximadamente 257 km de extensão, operação em 500
kV e possuem compensação série e compensação shunt. O foco desse estudo será a proteção
destas linhas de transmissão.
Além dessas linhas, foram adotadas nas simulações outras linhas da região, de forma a se
obter uma resposta mais abrangente do sistema. Foram consideradas as linhas apresentadas na
Figura 30. Em azul destaca-se as linhas foco do estudo.
As linhas de transmissão responsáveis pela interligação dessas subestações possuem as
seguintes distâncias e número de circuitos em torres distintas, conforme Tabela 1:
Tabela 1 - Distâncias e Números de Circuitos
Interligação Distância [km] Número de Circuitos
Miracema – Gurupi 255 3
Gurupi – Serra da Mesa 257 2
Serra da Mesa –
248 3
Samambaia
Gurupi – Peixe 2 72 1
Peixe 2 – Serra da Mesa 2 195 1
S. Mesa – S. Mesa 2 42 1
S. Mesa 2 – Luziânia 310 1
Luziânia – Samambaia 65 1
SISTEMA MODELADO 31

Equivalente

Miracema

Equivalente

Gurupi Peixe 2

Equivalente Serra da Mesa Serra da Mesa 2

Equivalente

Samambaia Luziânia

Equivalente Equivalente

Figura 30 - Sistema Elétrico Simulado


Assim foi delimitada a região a ser simulada, onde sete subestações de fronteira foram
estabelecidas:
 Miracema – 9°32'27"S 48°31'15"W
 Gurupi – 11°44'9"S 49°0'43"W
 Peixe – 12° 9'46.41"S 48°33'3.04"W
 Serra da Mesa – 13°49'31"S 48°18'0"W
 Serra da Mesa 2 – 13°45'56"S 48°2'47"W
 Samambaia – 15°55'30"S 48°10'21"W
 Luziânia – 16°20'55"S 47°49'57"W
SISTEMA MODELADO 32

3.2 CÁLCULO DOS EQUIVALENTES DE FRONTEIRA


Foi necessário calcular o equivalente do sistema elétrico interligado destas fronteiras.
Para isso foi utilizado o software ANAFAS – Analise de Faltas Simultâneas. O qual é utilizado
para cálculo de curtos-circuitos na rede elétrica. Esse permite a execução automática de grande
número de faltas, inclusive deslizantes, resultados orientados a pontos de falta ou de
monitoração, estudo automático de superação de disjuntores, obtenção de equivalentes e cálculo
automático da evolução dos níveis de curto [26].
Como base de dados no horizonte de 2017 foram consideradas:
 Empresa de Pesquisa Energética – EPE, curto circuito máximo
 Empresa de Pesquisa Energética – EPE, curto circuito mínimo
 Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS
Para as bases de dados da EPE, os curtos máximo e mínimo são diferenciados da seguinte
maneira.
 Curto Máximo:
Os elementos em derivação presentes nos casos de interesse, capacitores e reatores, são
aqueles considerados em operação nos casos bases do PDE - Plano Decenal de
Expansão da Transmissão, no cenário de carga pesada, com Norte exportador dos anos
correspondentes.
As máquinas presentes em cada caso são aquelas indicadas na Planilha de Despacho da
EPE (ferramenta utilizada na definição do despacho de geração dos casos do PDE).
Todas as máquinas indicadas com geração máxima não nula são consideradas operando
com toda a sua potência instalada. Essas máquinas são representadas ligadas à rede
através de suas impedâncias subtransitórias (Ra + jX”d).
 Curto Mínimo:
A topologia do sistema elétrico é idêntica àquela dos casos de curto-circuito máximo,
no que se refere às linhas de transmissão e transformadores.
Os elementos em derivação presentes nos casos, capacitores e reatores, são aqueles
considerados em operação nos casos bases do PDE no cenário de carga leve e Norte
exportador dos anos correspondentes.
As máquinas presentes em cada caso são aquelas com possibilidade de despacho
indicadas na Planilha de Despacho da EPE. Apenas as máquinas indicadas com geração
mínima não-nula são consideradas em operação e com valor de geração igual ao
despacho mínimo.
SISTEMA MODELADO 33

Os seguintes resultados para os equivalentes foram obtidos, conforme Tabela 2:


Tabela 2 - Equivalentes
EPE CC Min [Ohms] EPE CC Max [Ohms] ONS [Ohms]
Subestação Sequência
Módulo Ângulo Módulo Ângulo Módulo Ângulo
Positiva 17,23 85,53 11,88 84,27 12,28 84,37
Miracema
Zero 26,69 83,75 23,28 83,60 29,70 82,29
Positiva --- --- --- --- --- ---
Gurupi
Zero --- --- --- --- --- ---
Positiva 144,32 83,27 55,36 89,32 55,71 89,20
S. Mesa
Zero 38,93 89,38 19,00 89,21 20,64 89,27
Positiva 65,04 84,46 35,45 86,35 35,45 86,15
Samambaia
Zero 27,65 85,94 28,09 85,71 30,10 85,51
Positiva 493,10 89,95 206,12 89,90 244,41 89,91
Peixe 2
Zero 233,57 87,92 134,98 86,41 110,63 85,61
Positiva 25,24 -89,97 508,63 88,98 342,30 -82,92
S. Mesa 2
Zero 286,25 85,02 289,46 85,03 577,09 80,24
Positiva 65,23 84,97 49,88 84,62 104,98 83,29
Luziânia
Zero 2,42 89,68 2,42 89,68 87,81 84,01

3.3 CÁLCULO DOS NÍVEIS DE CURTO-CIRCUITO


Os curtos-circuitos trifásico e monofásico foram calculados, utilizando o mesmo
software, para cada uma destas bases de dados. A Tabela 3 apresenta esses valores:
Tabela 3 – Níveis de Curto-Circuito

Subestação Curto EPE CC Min [A] EPE CC Max [A] ONS [A]
Monofásico 18700 23424 21093
Miracema
Trifásico 24428 34074 34484
Monofásico 10383 11900 11361
Gurupi
Trifásico 20802 24351 27674
Monofásico 15776 23052 23101
S. Mesa
Trifásico 18426 24610 26112
Monofásico 17237 19933 19251
Samambaia
Trifásico 18075 22996 23649
Monofásico 7999 9840 10857
Peixe
Trifásico 13848 16290 22124
Monofásico 10629 12314 12114
S. Mesa 2
Trifásico 16299 19942 21638
Monofásico 23023 27752 13224
Luziânia
Trifásico 16357 19991 20402

A Figura 31 apresenta o sistema estudado sendo representado no software SAPRE – Sistema


de Analise E Projeto de Redes Elétricas, que faz o papel de interface gráfica para o ANAFAS,
utilizando o banco de dados do sistema ONS, horizonte 2017.
SISTEMA MODELADO 34

Figura 31 - Sistema Modelado Utilizando o Banco ONS


SISTEMA MODELADO 35

3.4 COMPENSAÇÕES SÉRIE E SHUNT


Aqui são apresentados os dados de compensação série e shunt presentes nas bases de
dados do ONS e EPE.

3.4.1 Compensação série

A Tabela 4 apresenta os dados de compensação série retirados do banco de dados da


EPE. Salientando que as compensações instaladas nas linhas de Gurupi para Serra da Mesa, são
tiristorizadas em Serra da Mesa, porém nessa simulação estão sendo consideradas fixa. Já as do
outro terminal são fixas.
Tabela 4 - Dados de Compensação Série - EPE
De Miracema Para Gurupi
De Gurupi Para Miracema
De Gurupi Para Serra da Mesa
Capacitor
X (μF) 111,68
Varistor
Corrente de Proteção (RMS/Fase) 3908,29
GAP
Corrente Máxima (RMS/Fase) 8600
Energia Máxima (MJ/Fase) 24,1
De Serra da Mesa Para Gurupi
Capacitor
X (μF) 166,56
Varistor
Corrente de Proteção (RMS/Fase) 3623,23
GAP
Corrente Máxima (RMS/Fase) 11100
Energia Máxima (MJ/Fase) 12
De Samambaia Para Serra da Mesa
Capacitor
X (μF) 85,01
Varistor
Corrente de Proteção (RMS/Fase) ----
GAP
Corrente Máxima (RMS/Fase) ----
Energia Máxima (MJ/Fase) ----
De Gurupi Para Peixe 2
Capacitor
X (μF) 197,95
Varistor
Corrente de Proteção (RMS/Fase) 4121,27
GAP
SISTEMA MODELADO 36

Corrente Máxima (RMS/Fase) 21000


Energia Máxima (MJ/Fase) 47,6
De Peixe 2 Para Serra da Mesa 2
Capacitor
X (μF) 75,14
Varistor
Corrente de Proteção (RMS/Fase) 4018,29
GAP
Corrente Máxima (RMS/Fase) 10500
Energia Máxima (MJ/Fase) 46,7
De Serra da Mesa 2 Para Luziânia
De Luziânia Para Serra da Mesa 2
Capacitor
X (μF) 106,85
Varistor
Corrente de Proteção (RMS/Fase) 4249,76
GAP
Corrente Máxima (RMS/Fase) 31000
Energia Máxima (MJ/Fase) ----

As compensações presentes no banco de dados ONS somente apresentam os valores de


capacitância, conforme Tabela 5.
Tabela 5 - Dados de Compensação Série - ONS

De Miracema Para Gurupi


De Gurupi Para Miracema
De Gurupi Para Serra da Mesa
X (μF) 111,6877
De Serra da Mesa Para Gurupi
X (μF) 168,4179
De Samambaia Para Serra da Mesa
X (μF) 57,97994
De Gurupi Para Peixe 2
X (μF) 197,9539
De Peixe 2 Para Serra da Mesa 2
X (μF) 75,14398
De Peixe 2 Para Luziânia
De Luziânia Para Peixe 2
X (μF) 107,6098

Deve-se notar que os valores apresentam uma certa convergência. Os valores da base
EPE serão utilizados nas simulações deste trabalho, devido ao seu maior detalhamento.
SISTEMA MODELADO 37

3.4.2 Compensação Shunt

Para compensação shunt a base de dados EPE apresenta um valor único para todos os
compensadores presentes na região cujo valor de reatância é de 1838,225 Ω. Estes serão os
valores implementados nas simulações, uma vez que para as compensações série esta base de
dados foi escolhida.
Para as interligações Miracema a Gurupi essas compensações possuem, segundo a base
ONS, 4328,25 Ω. O mesmo valor é presente entre Serra da Mesa e Gurupi. Para Serra da Mesa
e Samambaia um circuito possui 3400 Ω e os demais 1825 Ω. Este último valor também é
empregado entre Serra da Mesa 2 e Luziânia.

3.5 FLUXO DE POTÊNCIA


Foi utilizado o software ANAREDE – Analise de Redes, para obtenção de uma situação
de fluxo real do sistema estudado. Este é o programa computacional mais utilizado no Brasil na
área de Sistemas Elétricos de Potência. Formado por um conjunto de aplicações integradas que
inclui Fluxo de Potência, Equivalente de Redes, Análise de Contingências, Análise de
Sensibilidade de Tensão e Fluxo e Análise de Segurança de Tensão. O programa dispõe ainda
de modelo de curva de carga, modelo de bancos de capacitores / reatores chaveados para
controle de tensão, modelos de equipamentos equivalentes e individualizados, algoritmo para
verificação de conflito de controles e facilidades para estudos de recomposição do sistema [27].
Para obtenção do fluxo adotou-se a barra de Ilha Solteira como referência. O cenário
escolhido foi um período de inverno e condição de carga pesada para o horizonte 2017. O
resultado obtido é apresentado na Figura 32, onde pode-se observar o fluxo entre cada barra do
sistema modelado e tensão esperada para essas.
Foram adicionados os reatores de barra segundo a base de dados ONS para uma
condição de fluxo pesado, conforme Tabela 6.
Tabela 6 - Reatores de Barra

Subestação Reator [MVAr]


Miracema 310,4
Gurupi 313,4
S. Mesa ---
Samambaia 155,7
Luziânia 312,8
S. Mesa 2 154,4
Peixe 156,9
SISTEMA MODELADO 38

Os reatores de linha da Tabela 7 estão presentes na simulação de fluxo de potência,


valores em MVAr referentes a sua capacidade nominal e aquela presente para os níveis de
tensão obtidos no fluxo.
Tabela 7 - Reatores de Linha

Dados de Shunt de Linha em MVar


Miracema P/ Gurupi Gurupi P/ Miracema
Nominal Fluxo Situação Nominal Fluxo Situação
C1 136 153,97 Ligado C1 136 156,58 Ligado
C2 136 153,58 Ligado C2 136 156,58 Ligado
C3 136 153,68 Ligado C3 136 156,87 Ligado
Gurupi P/ Serra da Mesa Serra da Mesa P/ Gurupi
Nominal Fluxo Situação Nominal Fluxo Situação
C1 136 153,1 Ligado C1 136 153,1 Ligado
C2 136 159,2 Ligado C2 136 153,1 Ligado
S. Mesa P/ Samambaia Samambaia P/ S. Mesa
Nominal Fluxo Situação Nominal Fluxo Situação
C1 --- --- --- C1 73 77,9 Ligado
C2 136 155,71 Ligado C2 136 150,51 Ligado
C3 136 155,71 Ligado C3 136 150,51 Ligado
Samambaia P/ Luziânia Luziânia P/ Samambaia
Nominal Fluxo Situação Nominal Fluxo Situação
C1 --- --- --- C1 --- --- ---
Luziânia P/ S. Mesa 2 S. Mesa 2 P/ Luziânia
Nominal Fluxo Situação Nominal Fluxo Situação
C1 136 153,68 Ligado C1 136 151,08 Ligado
S. Mesa 2 P/ S. Mesa S. Mesa P/ S. Mesa 2
Nominal Fluxo Situação Nominal Fluxo Situação
C1 --- --- --- C1 --- --- ---
S. Mesa 2 P/ Peixe Peixe P/ S. Mesa
Nominal Fluxo Situação Nominal Fluxo Situação
C1 --- --- --- C1 136 154,25 Ligado
Peixe P/ Gurupi Gurupi P/ Peixe
Nominal Fluxo Situação Nominal Fluxo Situação
C1 --- --- --- C1 --- --- ---

A Tabela 8 apresenta os valores de tensão nas barras com módulo e ângulo, valor em
por unidade (pu).
Tabela 8 - Valores de módulo e ângulo das barras
Miracema
V 1,068
Phi -41
Gurupi
V 1,074
Phi -38,1
SISTEMA MODELADO 39

S. Mesa
V 1,07
Phi -33,9
Samambaia
V 1,07
Phi -31,1
Luziânia
V 1,072
Phi -33,4
S. Mesa 2
V 1,065
Phi -35,3
Peixe
V 1,074
Phi -37,5

Com os valores de tensão nas barras do sistema, e com o fluxo das fronteiras do sistema
estudado e impedância de sequência positiva das fontes equivalentes, calculou-se os valores
internos da fonte. Para isso primeiro foi necessária a obtenção das correntes injetadas nas barras
de fronteira, conforme (28.

P + jQ (28)
I=[ ]
V√3

A tensão interna da fonte é obtida somando-se a queda de tensão de sua impedância de


sequência positiva à tensão da barra obtida no fluxo, de acordo com a (29.
VFonte = VBarra + Z1Fonte I (29)

Os valores obtidos são apresentados na Tabela 9.


Tabela 9 - Valor das Fontes em kV.
Miracema 537,42e-j44,92
Serra da Mesa 532,00e-j28,21
Samambaia 523,88e-j23,68
Luziânia 559,68e-j37,52
Serra da Mesa 2 543,82e-j44,85
Peixe 2 491,03e-j31,89
SISTEMA MODELADO 40

Figura 32 - Fluxo Obtido - ANAREDE


SISTEMA MODELADO 41

3.6 RTDS – MÓDULO T-LINE


Nessa seção é apresentada a modelagem utilizada para as linhas de transmissão a partir da
geometria de torre predominante para cada trecho, os cabos condutores e para-raios tendo como
referências [28 a 35]. Os dados a seguir são válidos para todas as linhas estudadas:
 Modelo Utilizado: Bergeron – Entrada de Dados Físicos
 Resistividade do Solo: 1000 Ω.m
 Transposição completa
A resistividade do solo escolhida foi tomada com base nos dados fornecidos pelo ONS,
segundo a biblioteca do modo T-Line são referentes a um solo arenoso seco ou cascalho seco.
Os condutores utilizados em todos os trechos são do tipo CAA 954 kcmil - 45/7, Rail, 4
condutores por fase. Este cabo está disponível na biblioteca de condutores do modulo T-Line
do RSCAD, e apresenta os seguintes dados:
 Raio dos Subcondutores: 1,47955 cm
 Resistência DC por Subcondutor: 0,0611428 Ω/km
A partir da análise dos documentos fornecidos, as interligações foram divididas em três
trechos com objetivo de organizar as geometrias empregadas.
A seguir são apresentadas as interligações para o primeiro trecho e a geometria
predominante conforme mostra a Figura 33.
 Circuito 1 entre Miracema – Gurupi
 Gurupi – Peixe 2
 Peixe 2 – Serra da Mesa 2
SISTEMA MODELADO 42

Figura 33 - Geometria de Torre Típica Trecho 1


As seguintes distâncias foram utilizadas para entrada de dados no modulo T-Line do
software RSCAD, conforme Tabela 10. A flecha dos condutores e espaçamento entre
condutores são representados na Figura 34. Para o mesmo trecho os cabos para-raios são do
tipo 3/8 EAR, os quais apresentam os seguintes parâmetros:
 Raio: 0,4572 cm
 Resistência DC: 3,66 Ω.m
Tabela 10 - Entrada de Dados Geométricos - Torre Típica Trecho 1
Posição X [m] Posição Y [m] Posição Y – Flecha [m]
Fase A -7,30 35,02 10,00
Fase B 0,00 42,52 17,50
10,00
Fase C 7,30 35,02
SISTEMA MODELADO 43

Guarda -5,60 48,02 31,02


Guarda 5,60 48,02 31,02

Figura 34 – (a) Flecha dos Cabos Trecho 1 (b) Espaçamento Entre Condutores Trecho 1
Para as interligações do segundo trecho a seguinte geometria predominante é empregada,
como mostra a Figura 35. Devido à falta de dados foi adotado que o terceiro circuito entre
Miracema e Gurupi, possui as mesmas características do segundo circuito. O mesmo vale para
o trecho Serra da Mesa Samambaia.
 Circuito 2 entre Miracema – Gurupi
 Circuito 3 entre Miracema – Gurupi
 Circuito 2 entre Gurupi – Serra da Mesa
 Circuito 2 entre Serra da Mesa – Samambaia
 Circuito 3 entre Serra da Mesa – Samambaia
SISTEMA MODELADO 44

Figura 35 - Geometria de Torre Típica 2


Nesse segundo trecho as seguintes distâncias foram utilizadas para entrada de dados no
módulo T-Line do software RSCAD, conforme Tabela 11. A flecha dos condutores e
espaçamento entre condutores são representados na Figura 36. Os cabos para-raios são do tipo
3/8 EHS, os quais apresentam os seguintes parâmetros:
 Raio: 0,476 cm
SISTEMA MODELADO 45

 Resistência DC: 4,2322 Ω.m


Tabela 11 - Entrada de Dados Geométricos - Torre Típica 2.1
Posição X [m] Posição Y [m] Posição Y - Flecha [m]
Fase A -11,50 30,00 10,00
Fase B 0,00 30,00 10,00
10,00
Fase C 11,50 30,00

Guarda -8,80 39,35 19,35


Guarda 8,80 39,35 19,35

Figura 36 – (a) Flecha dos Cabos Trecho 2.1 (b) Espaçamento Entre Condutores Trecho 2.1
Para a linha de transmissão que interliga Serra da Mesa a Serra da Mesa 2, o perfil é o
mesmo apresentado na Figura 35, porém com altura menor. A Tabela 12 apresenta os valores.
Tabela 12 - Entrada de Dados Geométricos - Torre Típica 2.2
Posição X [m] Posição Y [m] Posição Y – Flecha [m]
Fase A -11,50 23,00 9,50
Fase B 0,00 23,00 9,50
Fase C 11,50 23,00 9,50

Guarda -8,80 32,35 23,35


Guarda 8,80 32,35 23,35

A Figura 37 representa a flecha para essa interligação e o espaçamento entre condutores.


Os cabos para-raios utilizados no trecho é o do tipo 3/8 EAR, e seus dados já foram
apresentados.
SISTEMA MODELADO 46

Figura 37 – (a) Flecha dos Cabos Trecho 2.2 (b) Espaçamento Entre Condutores Trecho 2.2
Para o terceiro e último, trecho a seguinte geometria típica é apresentada no corte da Figura 38:
 Serra da Mesa 2 – Luziânia
 Luziânia – Samambaia

Figura 38 - Geometria de Torre Típica 3


Nesse trecho as seguintes distâncias foram utilizadas para entrada de dados no módulo
T-Line do software RSCAD, conforme Tabela 13. A flecha dos cabos e espaçamento entre
condutores são representados na Figura 39. Os cabos para-raios são do tipo EAR 3/8, já
apresentados.
Tabela 13 - Entrada de Dados Geométricos - Torre Típica 3
Posição X [m] Posição Y [m] Posição Y – Flecha [m]
Fase A -5,50 29,72 10,73
Fase B 0,00 28,72 9,73
Fase C 5,50 29,72 10,73
SISTEMA MODELADO 47

Guarda -13,00 37,99 22,22


Guarda 13,00 37,99 22,22

Figura 39 – (a) Flecha dos Cabos Trecho 3 (b) Espaçamento Entre Condutores Trecho 3
Nos casos onde existem mais de um circuito, a distância entre torres foi retirada dos
documentos de referência fornecido pela ONS. Estas distâncias foram verificadas através do
software Google Earth. Com as coordenadas das subestações é possível visualizar as saídas das
linhas de transmissão e então acompanhá-las pelo seu trajeto, e com a ferramenta de medição
de distâncias verificar estes valores. A Figura 40 apresenta a vista aérea para cada subestação.
E da Figura 41 a Figura 43 as distâncias obtidas entre as torres.
SISTEMA MODELADO 48

Figura 40 - Subestação (A) Miracema (B) Gurupi (C) S. Mesa (D) Samambaia (E) Peixe 2 (F) S. Mesa 2 (G)
Luziânia. Fonte: Google Earth
SISTEMA MODELADO 49

Figura 41 - Verificação Distância Entre Torres Miracema – Gurupi. Fonte: Google Earth

Figura 42 - Verificação Distância Entre Torres Gurupi - S. Mesa. Fonte: Google Earth

Figura 43 - Verificação Distância Entre Torres S. Mesa – Samambaia. Fonte: Google Earth
SISTEMA MODELADO 50

3.7 RTDS – DRAFT


Nessa seção é apresentada a modelagem do sistema simulado.
O sistema foi subdividido em três racks do RTDS disponível no laboratório de proteção
da UNIFEI, devido à capacidade de simulação de cada rack e de modo a possibilitar a retirada
de sinais analógicos para montagem do esquema hardware-in-the-loop.
Os quatro racks disponíveis são divididos igualmente em dois armários, onde cada um
desses é capaz de disponibilizar doze sinais analógicos para testes de equipamentos externos.
Portanto, para proteção das linhas estudadas, entre Serra da Mesa e Gurupi, são necessários
vinte e quatro sinais, uma vez que são dois circuitos; três sinais de corrente e tensão, totalizando
seis sinais por terminal.
Para divisão do sistema em subsistemas, ou seja, em racks distintos, são utilizadas as
linhas de transmissão. Dessa maneira, cada terminal da linha responsável por essa conexão é
alocado a um rack diferente. Como o passo de integração do RTDS é de 50 μs para que uma
linha seja habilitada a realizar esse tipo de integração é necessário que ela possua no mínimo
15 km de comprimento permitindo o processamento paralelo entre racks. Esse valor é obtido
pela (30. Da Figura 44 a Figura 46 o sistema e seus subsistemas modelados são apresentados.
L = CΔt (30)

Onde:
C – Velocidade da luz, 3 108 m/s
Δt – Passo de integração, 50μs.
SISTEMA MODELADO 51

Figura 44 - Sistema Modelado Rack 1


SISTEMA MODELADO 52

Figura 45 - Sistema Modelado Rack 2


SISTEMA MODELADO 53

Figura 46 - Sistema Modelado Rack 3


SISTEMA MODELADO 54

O modelo utilizado para simulação do resistor não linear responsável pela proteção dos
bancos de capacitores no software RSCAD é dada pela (31 [26]:
IMOV = (VMOV )N (31)

Onde:
IMOV – Representa a corrente circulando pelos varistores
VMOV – Representa a tensão sobre o capacitor
N – Constante, entre 2 e 32. Valor adotado 16, padrão de acordo com [36].
Para averiguação do fluxo de potência foi necessária a medição da potência injetada por
cada fonte equivalente e transferida por cada terminal do sistema estudado. A Figura 47
exemplifica uma dessas medições.

Figura 47 – Exemplo para Medição de Potência Ativa e Reativa


O bloco utilizado tem como entrada três tensões e correntes e computa a potência ativa
e reativa como nas equações 32 e 33. Por fim, um bloco de média móvel é empregado para fins
de facilitação de leitura.
P = Va Ia + Vb Ib + Vc Ic (32)

1 (33)
Q= (Va (Ib − Ic ) + Vb (Ic − Ia ) + Vc (Ia − Ib ))
√3

O controle de operação dos disjuntores é feito como na Figura 48. Basicamente dois
botões são responsáveis pela abertura e fechamento desse equipamento. Um retardo de 0,035
segundos para sua operação é simulado para fins de representação do tempo de abertura. Nos
disjuntores das linhas estudadas o sinal de disparo enviado pelo relé é usado para abertura,
fechando o ciclo do hardware-in-the-loop.
SISTEMA MODELADO 55

Figura 48 - Exemplo para Controle de Disjuntores


Como mencionado anteriormente a simulação foi dividida nos subsistemas de três racks
do RTDS para fins de retirada de sinais analógicos. A Figura 49 representa o bloco de retirada
de sinais através da placa GTAO – Gigabit Transceiver Analogue Output Card. Nessa, doze
sinais podem ser retirados e uma relação de transformação para cada um deve ser estabelecida.
Para exemplificação, os canais de tensão a relação de transformação é calculada conforme
abaixo. Por exemplo, ao entrar como relação a tensão fase-neutro de pico do sistema obter-se-
ia uma tensão de 5 V de pico na saída da placa, mas precisa-se que a saída seja de 2,3 V em
valor eficaz para que após a passagem pelos amplificadores Omicron CMS-156 o relé recebe
115 V fase-fase.
500
√2
Relação Tensão = √3 5
2,3√2
√3
SISTEMA MODELADO 56

Figura 49 - Retirada de Sinais Analógicos (Placas GTAO)


Os sinais de disparo do relé devem ser recebidos pelo simulador em sua placa GTFPI –
Gigabit Transceiver Front Panel Interface, similarmente ao processo para retirada de sinais
analógicos os digitais são recebidos nas placas de ambos os armários do simulador, estando a
barra de Gurupi em um deles e Serra da Mesa em outro. A Figura 50 mostra esse processo.

Figura 50 - Recebimento de Sinais Digitais (Placas GTFPI)


SISTEMA MODELADO 57

Todas as barras e circuitos do sistema possuem um controle de faltas similar ao


exemplificado na Figura 51. Nele é possível controlar o instante da falta em relação a fase A
em graus, duração de falta, tipo de falta e circuito faltoso.

Figura 51 - Exemplo para Controle de Falta


Para a criação dos diagramas R-X em cada terminal das linhas estudas, circuitos entre
Serra da Mesa e Gurupi, foi necessário a utilização de um algoritmo para obtenção das
impedâncias vistas. A Figura 52 exemplifica o processo de amostragem das tensões e correntes
a 96 amostras por ciclo, ou 5760 kHz. Em seguida o sinal amostrado passa por um bloco de
média móvel responsável pela remoção de impurezas nos sinais para em seguida ser amostrado
novamente a 8 amostras por ciclo, 480 Hz. Por fim um bloco de remoção da componente DC é
utilizado.

Figura 52 - Amostragem de Sinais e Remoção da Componente DC


SISTEMA MODELADO 58

Em seguida, a transformada discreta de Fourier é aplicada e obtém-se os valores de


tensão fase-terra e fase-fase e um processo similar é realizado para as correntes, conforme a
Figura 53.

Figura 53 – Obtenção das Tensões e Correntes Fundamentais


As impedâncias fase-terra e fase-fase são obtidas, como exemplificado na Figura 54,
cabe enfatizar que para a medição envolvendo a terra a compensação de sequência zero é
realizada de acordo com a (34, implementados pelos blocos também na Figura 54.
Z0 − Z1 (34)
Ko =
3Z1
SISTEMA MODELADO 59

Figura 54 – Obtençãos das Impedâncias


Por fim, vem o esquema de hardware-in-the-loop conforme apresentado através da
Figura 55. As linhas simuladas são modeladas pelo RTDS e os sinais de corrente e tensão são
externados pela placa GTAO ambos como sinais de tensão. Esses dão entrada no amplificador
Omicron CMS-156, onde entradas de tensão são amplificadas 50 vezes e nos canais de corrente
cada Volt de entrada é convertido para 5 amperes. Esses sinais alimentam os relés de proteção.
Nesse trabalho o circuito 1 entre Serra da Mesa e Gurupi é protegido por dois relés SEL-
411L e o circuito 2 por dois relés SEL-421 disponíveis no laboratório da UNIFEI. Os sinais de
disparo dos relés são então direcionados para placa GTFPI dos armários do RTDS. Uma caixa
de testes Omicron CMC-256-6 fornece a tensão 125 V corrente contínua para sensibilização
dos canais de entrada dos relés, quando envolvendo teleproteção. A Figura 56 apresenta a vista
frontal e traseira do relé SEL-411L, onde se pode visualizar os canais de tensão e corrente,
saídas e entrada de sinais.
SISTEMA MODELADO 60

OMICRON
CMS - 156
Sinais Analógicos Sinais Analógicos

Terminal

OMICRON
CMS - 156
Local

Terminal
Remoto
0 115 V
0 5A 0 115 V
0 5A
Sinais Analógicos Sinais Analógicos
IA IB IC VA VB VC VC VB VA IC IB IA

Sinais Digitais
SEL SEL
Trip Trip
411-L 421

POTT
OMICRON
125V DC Tri
OMICRON
CMC – 256
Tri- 6 125V DC
CMC – 256 - 6
POTT

SEL SEL
Trip Trip
411-L 421
Sinais Digitais

IA IB IC VA VB VC VC VB VA IC IB IA

Sinais Analógicos Sinais Analógicos


0 115 V 0 115 V
0 5A 0 5A
Terminal
OMICRON
CMS - 156

Remoto

OMICRON
CMS - 156
Terminal
Local
Sinais Analógicos
Sinais Analógicos

Figura 55 - Hardware In The Loop


SISTEMA MODELADO 61

Figura 56 - Relé SEL-411L. Fonte: SEL

3.8 RTDS – RUNTIME


Na Figura 57 é mostrada a representação do sistema no ambiente de simulação do
RSCAD, RunTime. Nele foram desenhados os equivalentes e as interligações entre cada
subestação. Os disjuntores são representados por LEDs. É possível a obtenção gráfica das
correntes e das tensões em cada barra, para os pontos de faltas e das proteções das
compensações dos bancos, bem como o lugar geométrico das impedâncias no diagrama R-X
para os terminais das linhas protegidas. Além do fluxo de potência, nesse ambiente também é
possível controlar o tipo, local e instante da falta.
SISTEMA MODELADO 62

Fasores Faltas BC MG - Disjuntor C1 Fasores GSM - Prot C1 GSM - Disjuntor C1 SMG - Prot C1 SMG - Disjuntor C1
MirGur SMesGur
SMesSam

100.0 100.0
ABCmag Phase 100.0
80.0 80.0
80.0
1050.0 340.0
60.0 60.0
CS1 - MirGu MG - Prot C1 CS1 - GM 60.0
CS1 - GurSM Faltas BC Fasores CS1 - SMGur 840.0 200.0 52C1SamSMF 52C1SamSMA
52C1MirGuF 52C1MirGuA 40.0 52C1GuMirF 52C1GuMirA 52C1GuSMF 52C1GuSMA 40.0 52C1SMGuF 52C1SMGuA 52C1SMSamF 52C1SMSamA
40.0
630.0 60.0
20.0 20.0
20.0
420.0 -80.0
0.0 0.0
0.0
% % 210.0 -220.0 0 0
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 %
0.0 -360.0
75.0 85.0 50.0
KV Deg
ABCmag Phase
52C1MirGu 52C1GuMir 52C1GuSM 52C1SMGu 52C1SMSam
52C1SamSM
532.008 -23.216 1000.0 340.0
C1 - MirGu
C1 - GuSM C1 - SMSam 800.0 200.0

600.0 60.0

0.000 MW 0.000 MVar Samambaia 400.0 -80.0


0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar 200.0 -220.0
-100.0 MW
Gurupi 0.0 -360.0
KV Deg
52C2MirGuF 52C2MirGuA
52C2GuMirF 52C2GuMirA 52C2GuSMF 52C2GuSMA 52C2SMGuF 52C2SMGuA 52C2SMSamF 52C2SMSamA 52C2SamSMF 52C2SamSMA
-100.0 MVar 523.888 -17.686
Fasores GSM - Disjuntor C2 GSM - Prot C2 Fasores SMG - Disjuntor C2 SMG - Prot C2

0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

52C2MirGu
-100.0 MW 52C2GuMir 52C2GuSM
52C2SMGu
52C2SMSam 52C2SamSM -100.0 MW

-100.0 MVar C2 - MirGu


CS2 - GurSM
C2 - GuSM
CS2 - SMGur
C2 - SMSam -100.0 MVar
Miracema
S. Mesa

0.000 MW 0.000 MVar


0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar
0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar
52C3MirGuF 52C3MirGuA 52C3GuMirF 52C3GuMirA 52C3SamSMF 52C3SamSMA
52C3SMSamF 52C3SMSamA

ABCmag Phase
0 0 0 0 0 0 0 0
1050.0 340.0

840.0 200.0
52C3MirGu 52C3GuMir 52C3SamSM
52C3SMSam
630.0 60.0
GuSMFLTA GuSMFLTB GuSMFLTC GuSMFLT GuSMFLTLOC GuSMPOW GuSMDUR
420.0 -80.0
C3 - MirGu 0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar C3 - SMSam 0.000 MW 0.000 MVar
360.0 60.0
210.0 -220.0
288.0 48.0
0.0 -360.0
52GuPeF 52GuPe 52GuPeA 0 52SamLuz 52SamLuzA
KV Deg 0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar OFF OFF OFF 216.0 36.0 52SMSM2F 52SMSM2 52SMSM2A
0.000 MW 0.000 MVar 52SamLuzF

0 0 0 144.0 24.0
0.000 MW 0.000 MVar
537.422 -44.092
1
72.0 12.0
0 0 GuSMFLTAB GuSMFLTBC GuSMFLTCA 0 0 0 0
0.0 0.0
deg sec

0.0 0.1

ON ON ON
SMSamFLTA SMSamFLTB SMSamFLTC SMSam... SMesSamFLT SMSamPOW SMSamDUR
8 16 32
360.0 60.0
MirGuFLTA MirGuFLTB MirGuFLTC MirGuFLT MirGuFLTLO MirGuPOW MirGuDUR 288.0 48.0
0 216.0 36.0
360.0 60.0 OFF OFF OFF
SMes1SMes2
288.0 48.0 0 0 0 144.0 24.0
0 100.0 SM1SM2 1
OFF OFF OFF 216.0 36.0 72.0 12.0
80.0 LuzSam
0 0 0 144.0 24.0 SMSamFLT... SMSamFLT... SMSamFLT... 0.0 0.0
1 60.0 deg sec
72.0 12.0 GurPe 100.0 SamLuz
40.0 0.0 0.25
MirGuFLTAB MirGuFLTBC MirGuFLTCA 0.0 0.0 80.0
100.0
deg sec 20.0
GurPe 60.0
80.0 OFF OFF OFF
0.0
0.0 0.1 40.0
60.0 % 0 0 0
OFF OFF OFF 20.0
40.0 50.0
0 0 0 0.0
20.0
%
0.0
% 50.0

50.0

0.000 MW 0.000 MVar


0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar

52LuzSamF 52LuzSam 52LuzSamA


52PeGuF 52PeGu 52PeGuA 52SM2SMF 52SM2SM 52SM2SMA ABCmag Phase

1100.0 340.0

880.0 200.0
0 0 0 0 0 0
660.0 60.0

ABCmag Phase 440.0 -80.0


SMes2Luz 220.0 -220.0
950.0 340.0
PeixeSMes2 100.0 0.0 -360.0
760.0 200.0
KV Deg
100.0 80.0
570.0 60.0
80.0 60.0 577.5 -37.522
380.0 -80.0
60.0 40.0
190.0 -220.0
S. Mesa 2 52SM2LuF 52SM2LuA 52LuSM2F 52LuSM2A
0.0 -360.0 40.0 20.0
52PeSM2F 52PeSM2A 52SM2PeF 52SM2PeA
KV Deg 20.0 0.0
%
491.033 -31.899 0.0
% 0 0 50.0 0 0
0 0 0 0
50.0
-100.0 MW 52SM2Lu 52LuSM2
-100.0 MW
52PeSM2 52SM2Pe

-100.0 MVar SM2Luz -100.0 MVar


SM2Peixe Luziania

0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar


0.000 MW 0.000 MVar 0.000 MW 0.000 MVar

-100.0 MW

-100.0 MVar

ABCmag Phase

1050.0 340.0

840.0 200.0

630.0 60.0

420.0 -80.0

210.0 -220.0

0.0 -360.0
KV Deg

543.82 -44.858

Figura 57 - Sistema Modelado - RunTime


SISTEMA MODELADO 63

3.9 VALIDAÇÃO DOS PARÂMETROS DE LINHAS OBTIDOS


A Tabela 14 apresenta os valores de resistência e reatância das linhas responsáveis pelas
interligações estudadas. Os valores de susceptância não são disponibilizados nas bases de dados
de curto-circuito.
Tabela 14 - Parâmetros de Linhas – Base de Dados Curto-Circuito
Miracema - Gurupi
EPE ONS
R [Ω] X [Ω] R [Ω] X [Ω]
Circuito 1
Positiva 4,19 66,65 4,50 66,35
Zero 125,75 341,50 85,78 325,50
Circuito 2
Positiva 4,50 66,35 4,75 68,25
Zero 85,78 325,50 92,75 271,00
Circuito 3
Positiva 4,58 67,03 4,25 67,75
Zero 92,75 271,00 125,75 341,50
Gurupi - Serra da Mesa
EPE ONS
R [Ω] X [Ω] R [Ω] X [Ω]
Circuito 1
Positiva 4,23 67,41 4,50 69,00
Zero 89,50 365,25 93,75 273,50
Circuito 2
Positiva 4,80 68,91 4,40 67,25
Zero 93,75 273,50 89,50 365,25
Serra da Mesa - Samambaia
EPE ONS
R [Ω] X [Ω] R [Ω] X [Ω]
Circuito 1
Positiva 4,25 65,03 5,73 84,83
Zero 92,80 303,93 103,10 269,93
Circuito 2
Positiva 5,73 84,83 4,25 65,03
Zero 103,10 269,95 92,80 303,90
Circuito 3
Positiva 4,25 64,65 4,25 64,65
Zero 94,90 299,38 94,90 299,13
Serra da Mesa - Serra da Mesa 2
EPE ONS
R [Ω] X [Ω] R [Ω] X [Ω]
Positiva 0,73 10,95 0,68 11,65
Zero 14,82 60,42 14,82 60,32
SISTEMA MODELADO 64

Serra da Mesa 2 - Luziânia


EPE ONS
R [Ω] X [Ω] R [Ω] X [Ω]
Positiva 5,33 82,75 5,03 81,40
Zero 107,03 456,50 107,03 456,50
Luziânia - Samambaia
EPE ONS
R [Ω] X [Ω] R [Ω] X [Ω]
Positiva 1,18 17,75 1,13 17,93
Zero 23,65 100,40 23,65 100,40
Serra da Mesa 2 - Peixe 2
EPE ONS
R [Ω] X [Ω] R [Ω] X [Ω]
Positiva 3,50 51,33 3,50 51,33
Zero 66,48 251,75 66,48 251,75
Gurupi - Peixe 2
EPE ONS
R [Ω] X [Ω] R [Ω] X [Ω]
Positiva 1,20 18,75 1,20 18,75
Zero 29,80 95,68 29,80 95,68

Os parâmetros de linha presentes na base de dados para o cálculo do fluxo são


apresentados na Tabela 15. Somente são disponibilizados os valores de sequência positiva.
Tabela 15 - Parâmetros de Linhas – Base de Dados Fluxo de Potencia

Entre Miracema e Gurupi


R [Ω] X [Ω] Susceptância [Mvar]
C1 4,185 66,65 391,43
C2 4,575 67,025 403,5
C3 4,47 66,3725 401,42
Entre Gurupi e Serra da Mesa
R [Ω] X [Ω] Susceptância [Mvar]
C1 4,23 67,4825 396,12
C2 4,795 68,9125 403,65
Entre Serra da Mesa e Samambaia
R [Ω] X [Ω] Susceptância [Mvar]
C1 5,5 84,75 298,03
C2 4,25 65 383,91
C3 4,25 65 383,91
Entre Samambaia e Luziânia
R [Ω] X [Ω] Susceptância [Mvar]
C1 1,15 18 103,57
Entre Luziânia e Serra da Mesa 2
R [Ω] X [Ω] Susceptância [Mvar]
C1 5,1 81,85 483,54
Entre Luziânia e Serra da Mesa 2
SISTEMA MODELADO 65

R [Ω] X [Ω] Susceptância [Mvar]


C1 0,6825 11,645 65,349
Entre Luziânia e Serra da Mesa 2
R [Ω] X [Ω] Susceptância [Mvar]
C1 3,485 51,3575 307,2
Entre Peixe 2 e Gurupi
R [Ω] X [Ω] Susceptância [Mvar]
C1 1,28 18,685 110,23

Da Tabela 16 a Tabela 23 são mostradas as matrizes de impedâncias de sequência para


as interligações obtidas pelo RSCAD a partir da entrada de dados físicos. No Apêndice A é
apresentado o procedimento para obtenção dessas matrizes.
SISTEMA MODELADO 66

Tabela 16 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] – Miracema – Gurupi

1 2 3 4 5 6 7 8 9
R X R X R X R X R X R X R X R X R X
1 110,27 303,70 0,00 0,00 0,00 0,00 104,47 152,38 0,00 0,00 0,00 0,00 98,66 112,79 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,00 0,00 4,16 68,42 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3 0,00 0,00 0,00 0,00 4,16 68,42 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
4 104,47 152,38 0,00 0,00 0,00 0,00 115,82 296,86 0,00 0,00 0,00 0,00 106,45 147,93 0,00 0,00 0,00 0,00
5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,18 68,42 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,18 68,42 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
7 98,66 112,79 0,00 0,00 0,00 0,00 106,45 147,93 0,00 0,00 0,00 0,00 116,77 308,90 0,00 0,00 0,00 0,00
8 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,16 67,67 0,00 0,00
9 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,16 67,67

Tabela 17 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Gurupi – Serra da Mesa

1 2 3 4 5 6
R X R X R X R X R X R X
1 108,98 322,73 0,00 0,00 0,00 0,00 100,71 173,49 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,00 0,00 4,19 68,96 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3 0,00 0,00 0,00 0,00 4,19 68,96 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
4 100,71 173,49 0,00 0,00 0,00 0,00 108,98 322,73 0,00 0,00 0,00 0,00
5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,19 68,96 0,00 0,00
6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,19 68,96
SISTEMA MODELADO 67

Tabela 18 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Serra da Mesa – Samambaia

1 2 3 4 5 6 7 8 9
R X R X R X R X R X R X R X R X R X
1 108,38 295,06 0,00 0,00 0,00 0,00 103,65 147,05 0,00 0,00 0,00 0,00 98,70 120,34 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,00 0,00 4,04 66,54 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3 0,00 0,00 0,00 0,00 4,04 66,54 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
4 103,65 147,05 0,00 0,00 0,00 0,00 116,36 286,45 0,00 0,00 0,00 0,00 108,01 169,30 0,00 0,00 0,00 0,00
5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,10 66,53 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
6 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,10 66,53 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
7 98,70 120,34 0,00 0,00 0,00 0,00 108,01 169,30 0,00 0,00 0,00 0,00 112,23 291,01 0,00 0,00 0,00 0,00
8 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,07 66,53 0,00 0,00
9 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,07 66,53

Tabela 19 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Gurupi – Peixe 2

1 2 3
R X R X R X
1 29,08 97,69 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,00 0,00 1,17 19,11 0,00 0,00
3 0,00 0,00 0,00 0,00 1,17 19,11

Tabela 20 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Peixe 2 - S. Mesa 2

1 2 3
R X R X R X
1 78,77 264,57 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,00 0,00 3,17 51,75 0,00 0,00
3 0,00 0,00 0,00 0,00 3,17 51,75
SISTEMA MODELADO 68

Tabela 21 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - S. Mesa - S. Mesa 2

1 2 3
R X R X R X
1 15,39 57,87 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,00 0,00 0,68 11,67 0,00 0,00
3 0,00 0,00 0,00 0,00 0,68 11,67

Tabela 22 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - S. Mesa 2 - Luziânia

1 2 3
R X R X R X
1 111,19 470,52 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,00 0,00 4,92 83,17 0,00 0,00
3 0,00 0,00 0,00 0,00 4,92 83,17

Tabela 23 - Matriz de Impedâncias de Sequência [Ω] - Luziânia - Samambaia

1 2 3
R X R X R X
1 23,34 98,64 0,00 0,00 0,00 0,00
2 0,00 0,00 1,03 17,44 0,00 0,00
3 0,00 0,00 0,00 0,00 1,03 17,44
SISTEMA MODELADO 69

3.10 VALIDAÇÃO DO SISTEMA


As tabelas abaixo apresentam a comparação entre os níveis de curto obtidos para cada
base de dados no horizonte 2017 e o sistema modelado no RTDS, utilizando o respectivo
equivalente. Esses valores foram obtidos quando o fluxo no sistema é aquele apresentado na
seção 3.5 com um desvio aceitável.
Tabela 24 - Comparação Resultados de Curto RTDS - EPE CC Min 2017

Subestação Curto EPE CC Min [A] RTDS Desvio %


Monofásico 18700 19356 3,39%
Miracema
Trifásico 24428 24944 2,07%
Monofásico 10383 10173 -2,06%
Gurupi
Trifásico 20802 22968 9,43%
Monofásico 15776 16980 7,09%
S. Mesa
Trifásico 18426 20928 11,96%
Monofásico 17237 18171 5,14%
Samambaia
Trifásico 18075 18197 0,67%
Monofásico 7999 9133 12,42%
Peixe
Trifásico 13848 20253 31,62%
Monofásico 10629 12051 11,80%
S. Mesa 2
Trifásico 16299 18463 11,72%
Monofásico 23023 23334 1,33%
Luziânia
Trifásico 16357 16534 1,07%

Tabela 25 - Comparação Resultados de Curto RTDS - EPE CC Max 2017

Subestação Curto EPE CC Max [A] RTDS Desvio %


Monofásico 23424 24232 3,33%
Miracema
Trifásico 34074 36681 7,11%
Monofásico 11900 11662 -2,04%
Gurupi
Trifásico 24351 32824 25,81%
Monofásico 23052 26023 11,42%
S. Mesa
Trifásico 24610 29772 17,34%
Monofásico 19933 22027 9,51%
Samambaia
Trifásico 22996 25695 10,50%
Monofásico 9840 11667 15,66%
Peixe
Trifásico 16290 27226 40,17%
Monofásico 12314 14517 15,18%
S. Mesa 2
Trifásico 19942 24260 17,80%
Monofásico 27752 29452 5,77%
Luziânia
Trifásico 19991 20382 1,92%
SISTEMA MODELADO 70

Tabela 26 - Comparação Resultados de Curto RTDS - Ons 2017

Subestação Curto ONS [A] RTDS Desvio %


Monofásico 21093 21560 2,17%
Miracema
Trifásico 34484 35333 2,40%
Monofásico 11361 11419 0,51%
Gurupi
Trifásico 27674 31120 11,07%
Monofásico 23101 21983 -5,09%
S. Mesa
Trifásico 26112 29050 10,11%
Monofásico 19251 21243 9,38%
Samambaia
Trifásico 23649 22474 -5,23%
Monofásico 10857 12091 10,21%
Peixe
Trifásico 22124 26283 15,82%
Monofásico 12114 12989 6,74%
S. Mesa 2
Trifásico 21638 23270 7,01%
Monofásico 13224 12862 -2,81%
Luziânia
Trifásico 20402 17758 -14,89%

3.11 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Ao analisar os resultados obtidos pela modelagem usada pelo módulo T-Line do software
RSCAD, e aqueles disponibilizados nas bases de dados de curto-circuito, tanto EPE quanto
ONS, e de fluxo de potência, é possível notar uma convergência entre os valores para os
parâmetros de linha, sendo que os parâmetros da base ONS apresentaram maior proximidade
aos calculados pelo software RSCAD. Por esta razão a comparação realizada na Tabela 26
apresenta desvios menores. Desta maneira, são validadas as modelagens das linhas empregadas
nesse estudo.
Com os resultados obtidos utilizando os equivalentes calculados a partir da base de dados
do ONS o sistema simulado apresentou uma resposta similar àquela esperada quando usando
os parâmetros desse banco de dados, dessa forma validou-se o sistema modelado.
RESULTADOS 71

4. RESULTADOS

Nesse capítulo são apresentados os resultados das simulações realizadas ao longo desse
trabalho.
Inicialmente serão apresentados os resultados dos testes nos quais buscou-se averiguar os
fenômenos de inversão de tensão e de corrente no sistema modelado. Essa etapa foi realizada
somente no âmbito virtual do software RSCAD, ou seja, nessa parte do estudo não foi
necessária a utilização do esquema em hardware-in-the-loop.
Posteriormente serão demonstrados os resultados dos efeitos das proteções dos bancos de
capacitores sobre a proteção de distância empregada nessas linhas. Os relés SEL modelos 411L
e 421 foram utilizados para simulação em malha fechada e sua performance frente aos
fenômenos introduzidos pela compensação série-fixa discutidos no segundo capítulo.
Finalmente, avalia-se os mesmos fenômenos com a habilitação de um esquema lógico de
teleproteção (POTT) conforme recomendações do fabricante dos relés.
Salienta-se que todos os diagramas R-X e oscilografias apresentadas foram obtidas durante
a simulação no software RSCAD e não pelos relés de proteção. Estes possuem algoritmos de
proteção internos próprios, não permitindo a obtenção do lugar geométrico das impedâncias
medidas por esses.

4.1 INVERSÃO DE TENSÃO


Nesse teste os relés de proteção não estão programados para atuarem e a proteção da
compensação série do terminal de Gurupi circuito C1 para linhas de interligação com Serra da
Mesa está dessensibilizada, ou seja, durante uma falta o MOV e o GAP não atuam e os
capacitores ficam presentes durante toda falta. Uma falta fase A para terra permanente com
resistência de falta desprezível foi aplicada no início da linha C1, em relação a Gurupi,
conforme mostrado na Figura 58.
Terminal Gurupi Terminal Serra da Mesa

Medição C1
F-T
C2

Figura 58 – Ponto de Falta


RESULTADOS 72

Como mencionado no item 2.3 os fenômenos de inversão de tensão e de corrente


dependem do loop de falta, sendo possível o acontecimento de um ou outro fenômeno em um
mesmo ponto do sistema.
No terminal de Gurupi observou-se a tendência de inversão de tensão para faltas fase-
terra. É observado nas Figuras 59 e 60 as formas de onda de tensão e corrente, respectivamente,
para as três fases. Um período pré-falta de 40 ms foi adotado. Nota-se que as escalas para as
três fases não são as mesmas. É possível observar que a fase A foi a afetada. A sobretensão
ocorrida é esperada devido à falta ter acontecido imediatamente após ao banco de capacitores.
As fases não faltosas, como esperado, são sobrecarregadas e apresentam uma sobrecorrente. O
mesmo resultado foi observado para faltas do mesmo tipo nas outras fases.

Figura 59 - Formas de Onda de Tensão Fases A, B e C em função do tempo. Falta Fase A-Terra
RESULTADOS 73

Figura 60 - Formas de Onda de Corrente Fases A, B e C em função do tempo. Falta Fase A-Terra

O fasores da Figura 61 são representados por:


 Fase A em Vermelho
 Fase B em Azul
 Fase C em Verde
Observa-se que a corrente da fase A, durante o período de falta, está praticamente 90 o
adiantada em relação a tensão da mesma fase o que caracteriza um fenômeno de inversão. De
acordo com a Figura 62 o fluxo de potência é em direção ao ponto de falta, confirmando que o
sistema permaneceu indutivo e, portanto, a inversão de tensão foi estabelecida.

Figura 61 - Fasores de (a) Tensão e (b) Corrente Falta Fase A-Terra


RESULTADOS 74

Figura 62 - Potência Transferida Falta Fase A-Terra


A Figura 63 apresenta a trajetória vista por um relé instalado no terminal de Gurupi do
circuito C1, Figura 58. Como previsto a trajetória estabiliza na região reversa.

R
Figura 63 - Diagrama R-X Fase A Falta Fase A-Terra
Em seguida a simulação foi realizada para as mesmas condições descritas anteriormente
e falta na mesma posição. Porém, o transformador de potencial foi deslocado para o lado da
linha. Pode-se observar que nesta situação a inversão de tensão não é concretizada. Verifica-se
através da Figura 64 que a trajetória de impedância medida no loop A-Terra acaba exatamente
na origem do diagrama, o que é esperado considerando a falta imediatamente à frente do TP.
RESULTADOS 75

R
Figura 64 - Diagrama R-X Fase A Falta Fase A-Terra TP Lado Linha

4.2 INVERSÃO DE CORRENTE


Para as mesmas condições de falta descritas no item anterior e TP instalado do lado barra
uma falta bifásica, entre as fases A e B, novamente com resistência de falta desprezível, foi
aplicada no mesmo ponto mencionado. Para esse tipo de falta, conforme apresentado na
equação 20, não é considerada a impedância de sequência zero do sistema no equivalente do
ponto de falta, logo esse tipo de falta nesse ponto do sistema é mais propenso para ocorrência
de inversões de corrente.
As formas de onda de tensão e corrente, para a simulação descrita, podem ser observadas
nas Figuras 65 e 66. Novamente a sobretensão ocorrida é esperada devido à falta ter acontecido
imediatamente ao banco de capacitores.
RESULTADOS 76

Figura 65 - Formas de Onda de Tensão Fases A, B e C em função do tempo. Falta Fase A-B

Figura 66 - Formas de Onda de Corrente Fases A, B e C em função do tempo. Falta Fase A-B
RESULTADOS 77

O código de cor para os fasores é o mesmo utilizado no item anterior. Observa-se na


Figura 67 que para esta falta as correntes nas fases A e B estão adiantadas de 90o em relação as
tensões das mesmas fases.

Figura 67 - Fasores de (a) Tensão e (b) Corrente Falta Fase A-B

Entretanto, nesse caso, como pode ser visto na Figura 68 a corrente flui da falta para a
barra, ou seja, para essa falta o sistema tornou-se capacitivo. Esse fato caracteriza uma inversão
de corrente no sistema.

Figura 68 - Potência Transferida Falta Fase A-B


No diagrama R-X mostrado na Figura 69 observa-se novamente a impedância vista
estando em sua zona reversa, confirmando assim o fenômeno de inversão.
RESULTADOS 78

R
Figura 69 - Diagrama R-X Loop A-B Falta Fase A-B
Para os terminais de Miracema onde o sistema é mais forte, a impedância da fonte
equivalente é menor, foi verificado que inversões de corrente ocorrem independentemente do
tipo de falta. Um teste similar ao anterior foi simulado, porém uma falta trifásica como indicado
na Figura 70 foi simulada. Nas figuras 71 e 72 pode-se observar as sobretensões e
sobrecorrentes esperadas para essa falta.
Terminal Miracema Terminal Gurupi

Medição C1
3F
C2

C3

Figura 70 – Ponto de Falta


RESULTADOS 79

Figura 71 - Formas de Onda de Tensão Fases A, B e C em função do tempo. Falta Trifásica

Figura 72 - Formas de Onda de Corrente Fases A, B e C em função do tempo. Falta Trifásica


RESULTADOS 80

A Figura 73 apresenta os fasores de tensão e corrente. Deve-se notar neste caso as três
correntes estão adiantas em relação as suas respectivas tensões caracterizando uma inversão.

Figura 73 - Fasores de (a) Tensão e (b) Corrente Falta Trifásica


E de acordo com a Figura 74 a potência transferida está em direção a fonte, ou seja,
confirmando uma inversão de corrente no sistema.

Figura 74 - Potência Transferida Falta Trifásica


E ainda como exemplificado no diagrama R-X, conforme Figura 75, a impedância
apresentada está novamente em zona reversa devido a reatância capacitiva imposta pelo banco
instalado.
RESULTADOS 81

R
Figura 75 - Diagrama R-X Loop A-B Falta Trifásica

4.3 FALTA ONDE XL É IGUAL A XC


Nessa simulação uma falta trifásica foi aplicada a uma distância onde a reatância indutiva
da linha é próxima da reatância capacitiva do banco. Este valor está aproximadamente a 34,51%
a partir do terminal de Gurupi.
XC 23,80
D= = = 34,51%
XL 68,96
Assim, com a falha da proteção do banco a impedância vista torna-se predominantemente
resistiva. As figuras 76 e 77 apresentam as formas de tensão e corrente. Nesse caso,
diferentemente dos anteriores, as tensões das três fases sofrem um afundamento.
RESULTADOS 82

Figura 76 - Formas de Onda de Tensão Fases A, B e C em função do tempo. Falta Trifásica

Figura 77 - Formas de Onda de Corrente Fases A, B e C em função do tempo. Falta Trifásica


RESULTADOS 83

Como previsto para essa simulação a diferença angular entre as tensões e corrente é
mínima, como mostra a Figura 78 (a), e consequentemente a potência transferida no instante de
falta é praticamente ativa, Figura 78 (b).

Figura 78 - Fasores de (a) Va e Ia (b) Potência Transferida


A Figura 79 apresenta o diagrama R-X e a trajetória da impedância para o loop A-B.
Esse diagrama em situações normais de operação deveria repousar sua trajetória em um ponto
próximo de 34,51% da linha de transmissão. Porém, devido a permanência dos capacitores
durante a falta, esta é vista próxima da origem. E como buscou-se XL próximo de XC vê-se
somente um leve deslocamento resistivo.

R
Figura 79 - Diagrama R-X Loop A-B Falta Trifásica
RESULTADOS 84

4.4 EFEITOS DA COMPENSAÇÃO SÉRIE FIXA NA PROTEÇÃO


Uma vez analisada algumas situações usando apenas o RTDS, conforme mostrado
anteriormente, os testes passaram a contemplar o uso dos relés SEL modelos 411L e 421. Faltas
trifásicas foram simuladas no circuito C2 a uma distância de 85% do terminal de Gurupi, como
exemplificado na Figura 80. As proteções dos capacitores no terminal de Serra da Mesa C2
estão desabilitadas.
Terminal Gurupi Terminal Serra da Mesa
52 52
SEL SEL
411L
C1 411L

52 52
SEL SEL
421
C2 421
3F

Figura 80 - Ponto de Falta


As formas de onda de tensão e corrente do terminal Gurupi C2 são apresentadas na
Figura 81 e para Serra da Mesa na Figura 82. Um período pré-falta de 40 ms é seguido da falta
trifásica no ponto indicado e então ocorre a atuação do relé respectivo.

Figura 81 – Gurupi C2 - Formas de Onda de Tensão e Corrente Falta Trifásica


RESULTADOS 85

Figura 82 – Serra da Mesa C2 - Formas de Onda de Tensão e Corrente Falta Trifásica


A Figura 83 apresenta as formas de onda para as correntes conduzidas pelos varistores
de óxido metálico para a compensação do circuito C2 do terminal Gurupi.
RESULTADOS 86

Figura 83 - Gurupi C2 - Condução MOV


Os relés foram parametrizados em primeira zona correspondente a 80% do trecho entre
Gurupi e Serra da Mesa e segunda zona em 120% do mesmo trecho, desconsiderando as
reatâncias capacitivas dos bancos. Os disjuntores que recebem o sinal de disparo estão
representados pela cor vermelha e azul para os que permaneceram fechados, Figura 80.
Para o circuito C2, devido à falha na proteção dos bancos no terminal remoto em relação
a Gurupi e à condução dos varistores no terminal local, a falta é vista pela proteção como sendo
mais próxima do que foi na realidade pelo terminal de Gurupi, conforme mostrado no relatório
da Figura 84. Com isso uma atuação por primeira zona foi verificada, conforme Figura 85.
Como mostrado na Tabela 1 essa linha possui um comprimento de 257 km, e o
localizador de falta do relé instalado em Gurupi C2 indicou uma falta a uma distância inferior
a 50% do comprimento total devido as compensações instaladas.
RESULTADOS 87

Figura 84 – Gurupi C2 - Relatório Relé SEL 421

R
Figura 85 - Gurupi C2 - Diagrama R-X Loop C-A Falta Trifásica
O relé responsável pela proteção em Serra da Mesa C2 atuam de forma instantânea,
sendo que o diagrama R-X obtido no RSCAD é apresentado na Figura 86. Teoricamente o relé
atuaria de maneira temporizada em sua zona reversa. Porém seu algoritmo possui polarização
por memória o que o torna mais seguro para esses tipos de eventos. Durante as simulações todas
as faltas internas à linha protegida os relés atuaram, tendo ocorrido fenômenos de Sobrealcance.
Esse tópico é assunto para estudos posteriores.
RESULTADOS 88

R
Figura 86 – S. Mesa C2 - Diagrama R-X Loop A-B Falta Trifásica
O relé instalado em Gurupi C1 sobrealcançou a falta em C2 atuando em primeira zona
indevidamente, conforme Figura 87. Nesta figura pode-se observar o fenômeno da ressonância
RESULTADOS 89

subsíncrona responsável pela característica espiral da trajetória até sua estabilização, e a


presença de uma parcela resistiva devido a condução dos varistores durante a falta.

R
Figura 87 - Gurupi C1 - Diagrama R-X Entre as Fases A-B Falta Trifásica

4.5 TELEPROTEÇÃO
Após diferentes testes nos relés usando apenas a função 21 estes foram parametrizados,
de acordo com o proposto em [25] e demonstrado nas equações 24 a 27, o esquema de
teleproteção POTT foi habilitado.
Para uma falta trifásica aplicada a 50% do comprimento da linha C2, conforme Figura
88, e proteção dos compensadores em Serra da Mesa C2 desabilitadas os resultados são
apresentados a seguir.
Terminal Gurupi Terminal Serra da Mesa
52 52
SEL SEL
411L
C1 411L

52 52
SEL SEL
421
C2 421
3F

Figura 88 - Ponto de Falta


RESULTADOS 90

Devido a posição da falta, a proteção da compensação em Gurupi C2 atua removendo


os capacitores de operação. Com isso, o relé desse terminal enxerga a falta em segunda zona e,
consequentemente emite o sinal de permissão da teleproteção ao relé remoto. Essa condição
pode ser verificada no relatório do relé instalado no terminal Gurupi C2 apresentado na Figura
89 e respectiva trajetória apresentada no diagrama R-X, conforme Figura 90.

Figura 89 - Gurupi C2 - Relatório Relé SEL 421

R
Figura 90 - Gurupi C2 - Diagrama R-X Entre as Fases C-A Falta Trifásica
A Figura 91 apresenta a trajetória no diagrama para a mesma condição descrita
anteriormente, porém no terminal de Serra da Mesa C2. Assim como no terminal Gurupi C2 o
relé envia o sinal de permissão para o relé remoto.
RESULTADOS 91

R
Figura 91 - S. Mesa C2 - Diagrama R-X Entre as Fases C-A Falta Trifásica
Simulações foram realizadas para faltas em diversos locais ao longo da extensão da linha
de transmissão, entre Gurupi e Serra da Mesa, e não ocorreram atuações indevidas para faltas
internas ao elemento protegido quando utilizando teleproteção, em nenhum dos relés em C1 e
C2.
Outro teste realizado consistiu de uma falta trifásica a 75% do terminal Miracema C1,
conforme Figura 92. A proteção do banco próximo a falta foi programada para falhar. Dessa
maneira essa falta em zona reversa, para os relés em Gurupi, é vista como sendo interior a linha
protegida, devido ao fenômeno de inversão de corrente.
Terminal Miracema Terminal Gurupi Terminal Serra da Mesa
52 52
SEL SEL
C1 411L
C1 411L
3F
C2

52 52
SEL SEL
C3 421
C2 421

Figura 92 - Ponto de Falta


Para o local onde essa falta foi simulada os relés a veem em segunda zona, isso pode ser
observado na Figura 93 e Figura 94. Lembrando que o fenômeno de inversão de corrente ocorre
para uma distância do terminal onde a reatância capacitiva vista do ponto de falta é
predominante em relação a reatância indutiva do sistema.
Nessa situação os relés, mesmo utilizando teleproteção, devido a maneira como
enxergam a falta emitem o sinal de permissão aos seus respectivos terminais remotos causando
um disparo indevido.
RESULTADOS 92

R
Figura 93 – Gurupi C2 - Diagrama R-X Entre as Fases C-A Falta Trifásica

R
Figura 94 – S. Mesa C2 - Diagrama R-X Entre as Fases C-A Falta Trifásica
RESULTADOS 93

Lembrando que esse tipo de atuação somente poderia acontecer caso houvesse falha na
proteção do banco de capacitores mencionado.
Similarmente, uma falta trifásica como mostrado na Figura 95, é capaz de causar os
mesmos resultados obtidos para simulação anterior, porém agora na proteção da linha paralela.
Essa operação indevida é prevista nas literaturas e são tópicos de estudo [19].
Terminal Gurupi Terminal Serra da Mesa
52 52
SEL SEL
411L
C1 411L
3F

52 52
SEL SEL
421
C2 421

Figura 95 - Ponto de Falta


Novamente, devido ao fenômeno de inversão de corrente, a proteção em ambos os
terminais da interligação entre Gurupi e Serra da Mesa 2 enxerga a falta na linha paralela como
sendo em segunda zona. Desta forma, a teleproteção troca os sinais de permissão emitindo o
disparo para ambos os disjuntores.

Figura 96 - Gurupi C2 - Diagrama R-X Entre as Fases A-B Falta Trifásica


RESULTADOS 94

R
Figura 97 - S. Mesa C2 - Diagrama R-X Entre as Fases A-B Falta Trifásica

4.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Nesse capítulo foram apresentados alguns testes realizados nesse estudo. Situações de
sobrealcance e subalcance foram verificadas na proteção de distância aplicada em linhas quando
compensações do tipo série-fixa são utilizadas.
A impedância do sistema durante faltas é afetada pela presença ou não da compensação, o
que é definido pela atuação de sua proteção. Criando assim desafios para proteção de distância.
No caso de linhas paralelas essa situação é agravada, sendo possível sobrealcances da proteção
de uma linha sobre a paralela durante faltas. Dessa maneira torna-se vantajosa a utilização de
teleproteção que aumentam a segurança do esquema de proteção. Porém, logicas auxiliares
devem ser adotadas para condições de faltas em linhas paralelas que causem fenômenos de
inversão de corrente.
CONCLUSÕES 95

5. CONCLUSÕES

Nessa dissertação foram apresentados os benefícios das compensações série-fixas em


sistemas de transmissão, com destaque para o ganho em capacidade de transmissão e margem
de estabilidade. Porém, desafios são introduzidos para a engenharia de proteção.
Buscou-se simular de forma fiel, com os dados disponíveis, um sistema real de transmissão
onde essas compensações são largamente aplicadas. Este sistema é responsável pela
interligação Norte-Sul, sendo essencial para o SIN possuindo mais de 1000 km de extensão em
sua totalidade, e correspondente a interligação das subestações de Samambaia à Imperatriz,
localiza no Distrito Federal e Maranhão respectivamente.
Este estudo procurou focar os circuitos de interligação entre Serra da Mesa e Gurupi. Porém
para efeitos de respostas dinâmicas mais abrangentes, uma região mais ampla foi implementada
no ambiente de simulação.
A região escolhida foi modelada no simulador digital em tempo real (RTDS) disponível no
laboratório de proteção de sistemas elétricos disponível no CERIn, localizado na UNIFEI.
As linhas de transmissão foram modeladas com entrada de dados físicos, disponibilizados
pelo ONS. Estes parâmetros obtidos foram confrontados com os disponíveis nas bases de dados
do ONS e EPE, e uma certa convergência foi obtida.
Para as compensações série-fixas foram adotados modelos com proteção por MOV,
centelhador e by-pass. Os valores de capacitância e parâmetros de proteção foram retirados das
bases de dados. A mesma fonte foi utilizada para os dados dos reatores shunt implementados.
Programas computacionais para cálculo de curto-circuito e fluxo de potência foram
utilizados para validação do sistema modelado. Os níveis de curto desse sistema foram
comparados com aqueles calculados pelo software ANAFAS, e o fluxo de potência
implementado no sistema foi adotado com base nos resultados do programa ANAREDE.
Relés SEL, modelos 411L e 421 foram testados em uma montagem de hardware-in-the-
loop para proteção das linhas estudadas. Para isso amplificadores Omicron CMS-156 foram
utilizados para adequação dos sinais analógicos retirados do RTDS, e uma fonte DC disponível
na caixa de testes Omicron CMC-356 foi empregada para sensibilizar as entradas digitais dos
relés.
CONCLUSÕES 96

Uma breve revisão teórica sobre compensadores série e shunt e os fenômenos introduzidos
no sistema foi realizada, sendo que os principais são ressonância subsíncrona, inversão de
tensão e corrente. Os impactos na proteção de distância também foram discutidos.
Foram realizadas simulações dedicadas a observação dos fenômenos de inversão de
corrente e de tensão. Conclui-se que suas ocorrências são dependentes da falha da proteção
individual dos bancos de capacitores, sendo este um fator determinante para proteção de linhas
que empregam esse recurso.
Testes com o intuito de verificar o sobrealcance da proteção de distância em condições de
faltas em linha paralelas foram conduzidos, com a sua ocorrência sendo comprovada. Com isso
a necessidade de teleproteção para o aprimoramento de segurança da função 21 foi confirmada.
O esquema de teleproteção POTT foi simulado e observou-se uma performance superior
em relação ao teste anterior. Durante os testes o sobrealcance da proteção de linhas paralelas
não ocorreu para faltas fora de sua zona de proteção. Porém, para faltas próximas aos terminais
de linhas paralelas e/ou adjacentes que causem inversão de corrente provou-se uma
vulnerabilidade de esquema de teleproteção, sendo esse cenário novamente ligado a falha da
proteção do banco de capacitor.
Nesse caso, quando em condições normais a falta seria vista como reversa pela proteção
de um dos terminais, essa é vista como dentro do elemento protegido, dependendo do ponto de
falta. Consequentemente, os dois relés a veem como sendo dentro da linha protegida e trocam
os sinais de permissão e então emitem o disparo.
Como estudos posteriores são propostos a verificação de soluções para essa
vulnerabilidade da teleproteção, a polarização por memória e a aplicação de proteção
diferencial nessas linhas. Essa última possui vantagens em relação a função de distância,
atualmente empregada como proteção principal em linhas de transmissão, como por exemplo a
seletividade absoluta. Contudo existe a limitação de sua aplicação para linhas longas devido a
necessidade da troca de informações entre os terminais remoto e local, mas em um ambiente de
laboratório é possível a sua aplicação, uma vez que os relés estão fisicamente próximos. Dessa
forma a performance dessa proteção pode ser posta à prova nesse ambiente.
Esse trabalho, de forte implementação prática, avaliou a performance da proteção de
distância aplicada em linhas compensadas e paralelas. Os fenômenos impostos foram discutidos
e simulados a partir de uma simulação em tempo real de um trecho da interligação Norte-Sul.
Os resultados obtidos reforçam a necessidade do uso de teleproteção nessas linhas. Foi
observada a extrema importância da proteção própria dos bancos de capacitores, e a falha dessas
compromete a proteção de distância aplicada as linhas.
REFERÊNCIAS 97

REFERÊNCIAS

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transmissão com compensação série fixa através da simulação digital em tempo real,
Dissertação de Mestrado, UNIFEI-2006.

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[3] C. R. Mason, The Art & Science of Protective Relaying,

[4] Mamede Filho, J.; Mamede, D. R. Proteção de Sistemas Elétricos de Potência, Editora
Gen LTC, Primeira Edição, Rio de Janeiro, 2011.

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Compensação Série, Dissertação de Mestrado, UNIFEI-2006.

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for Series-Compensated Transmission Lines, IEEE Transactions on Power Delivery, 2014

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[9] Perera, N.; Rajapakse, A.D. Series-Compensated Double-Circuit Transmission-Line


Protection Using Directions of Current Transients, IEEE Transactions on Power Delivery,
2013.
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on Series Compensated Transmission Lines using Real Time Digital Simulation,
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[11] Santos, L.F.; Silveira, P.M. Evaluation of Numerical Current Differential Protection
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3rd Edition, CRC Press, New York, 2014.

[13] Grainger, J. J.; Stevenson Jr, W. D. Power System Analysis, McGraw-Hill, New York,
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[14] M. Bolhasani; S. S. H. Kamangar, Using Neutral Reactor for Suppression of Secondary


Arc Current During Single-Phase Auto-Reclosing Under Different Fault Locations,
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[15] Glover, J. D.; Sarma, M. S.; Overbye, T. J. Power System Analysis And Design, Cengage
Learning, 5th edition, Stamford, 2011

[16] Guimarães, J.M.C.; Rossi, R.; Silveira, P. M.; Villegas, C.A. Differential Protection
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[20] Gerhard, S. Numerical Distance Protection – Principle And Applications, Publicis


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[21] Elmore, W. A. Protective Relaying – Theory and Application, Marcel Dekker 2nd.
Edition, New York, 2003.

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[23] Manual de Aplicação, SEL-411L Instruction Manual, Schweitzer Engineering


Laboratories, Pullman, 2016.

[24] Guzman, A.; Roberts, J.; Zimmerman, K. Applying the SEL-321 Relay to Permissive
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[25] Mooney, J. B.; Alexander, G. E. Applying the SEL-321 Relay on Series-Compensated


Systems, Schweitzer Engineering Laboratories, 2000.

[26] Disponível no endereço eletrônico: http://www.cepel.br/produtos/anafas-analise-de-faltas-


simultaneas.htm, acessado em 31/10/2016.

[27] Disponível no endereço eletrônico: http://www.anarede.cepel.br/, acessado em


31/10/2016.

[28] Projeto básico. Instalações de Transmissão Interligação Norte-Sul III – Trecho 2.


Projeto Básico – Condutor e Para-Raios, Cliente Intesa. Executora Engevix. 2006.

[29] Projeto básico. Instalações de Transmissão Interligação Norte-Sul III – Trecho 2.


Projeto Básico – Coordenação de Isolamento, Cliente Intesa. Executora Engevix. 2006.
REFERÊNCIAS 100

[30] Projeto básico. LT 500 kV Serra da Mesa 2 – Luziânia – Paracatu 4 – Emborcação LT


500 kV Luziânia – Samambaia. Projeto Básico – Condutor e Para-Raios, Cliente Serra da
Mesa Transmissora de Energia. Executora Marte Engenharia. 2007.

[31] Projeto básico. LT 500 kV Serra da Mesa 2 – Luziânia – Paracatu 4 – Emborcação LT


500 kV Luziânia – Samambaia. Projeto Básico – Coordenação do Isolamento, Cliente Serra
da Mesa Transmissora de Energia. Executora Marte Engenharia. 2007.

[32] Projeto básico. Interligação Norte-Sul II. Memorial Descritivo do Projeto Básico da
Linha de Transmissão, Cliente NovaTrans Energia. Executora Tacta. 2002.

[33] Projeto básico. Interligação Norte-Sul II. Memorial Descritivo do Projeto Básico
Elétrico da Linha de Transmissão, Cliente NovaTrans Energia. Executora Tacta. 2002.

[34] Projeto básico. Interligação Nordeste-Sudeste. Definição do Feixe de Condutores,


Cliente TSN Transmissora Sudeste Nordeste. Executora AHE Engenharia. 2001.

[35] Edital de Leilão. Anexo 6B – Lote B. Interligação Norte-Sul III – Trecho 2. LT Colinas
– Miracema – 500 kV. LT Miracema – Gurupi – 500 kV. LT Gurupi – Peixe Nova – 500
kV. LT Peixe Nova – Serra da Mesa 2 – 500 kV. SE Peixe 2 – 500 kV. SE Serra da Mesa
2 – 500 kV. Características e Requisitos Técnicos Básicos das Instalações de Transmissão.
ANEEL 2005.

[36] Manual de Aplicação, Real Time Digital Simulator, RTDS, Winnipeg, 2016.
APÊNDICE A 101

APÊNDICE A – CÁLCULO PARA OBTENÇÃO DAS MATRIZES


DE IMPEDÂNCIA DE SEQUÊNCIA

Esse apêndice apresenta o método de cálculo para obtenção das matrizes de impedância
de sequência para as interligações obtidas pelo RSCAD a partir da entrada de dados físicos.
Essas são determinadas a partir da matriz de impedância, a qual é derivada da equação
de queda de tensão devido as correntes em cada fase:
Va Zaa Zab Zac Ia Equação 35
[Vb ] = [Zba Zbb Zbc ] [Ib ]
Vc Zca Zcb Zcc Ic
Onde:
Zii – Impedância própria da linha.
Zij – Impedância mútua da linha.
Em seu quarto capitulo a referência [15] descreve a obtenção da matriz de impedâncias
detalhadamente. Usando a teoria de componentes simétricas, as tensões de fase se relacionam
com as tensões de sequência:
Va 1 1 1 Va0 Equação 36
[Vb ] = [1 a2 a ] [Vb1 ]
Vc 1 a a2 Vc2

ou,
V = A VSIM Equação 37

De maneira similar para as correntes,


Ia 1 1 1 Ia0 Equação 38
[ b ] = [1 a 2
I a ] [Ib1 ]
Ic 1 a a2 Ic2
ou,
I = A ISIM Equação 39

Chega-se então que a matriz de impedância é dada por,


A VSIM = Z A ISIM Equação 40

VSIM = A−1 Z A ISIM Equação 41


APÊNDICE A 102

Sendo a matriz de impedância simétricas,


ZSIM = A−1 Z A Equação 42

Resultando como esperado em,


VSIM = ZSIM ISIM Equação 43

Esta matriz em sua diagonal principal é composta pelas impedâncias próprias das fases,
e as demais posições pelas impedâncias mútuas.
Zs Zm Zm Equação 44
Z = [Z m Zs Zm ]
Zm Zm Zs
com,
Zs = Zaa = Zbb = Zcc Equação 45

e,
Zm = Zab = Zbc = Zca Equação 46

Quando a linhas de transmissão é transposta a matriz é,


Zs + 2Zm 0 0 Equação 47
ZSIM = [ 0 Zs − Zm 0 ]
0 0 Zs − Zm
Observa-se que nessa matriz os termos da diagonal são as impedâncias de sequência
zero, positiva e negativa respectivamente. Além disso, os elementos fora da diagonal são nulos,
o que indica que não existe acoplamento entre os elementos de sequência para linhas
transpostas.
Para linhas de transmissão em múltiplos circuitos, em torres distintas, a matriz de
impedância é representada da seguinte maneira, no caso para dois circuitos.
Zs Zm Zm ZP Z P ZP Equação 48
Zm Zs Zm ZP Z P ZP
Z Zm Zs ZP Z P ZP
Z= m
ZP ZP ZP Zs Zm Zm
ZP ZP ZP Zm Z s Zm
[ ZP ZP ZP Zm Zm Zs ]
Onde:
ZS – Impedância Própria
Zm – Impedância Mútua
APÊNDICE A 103

ZP – Impedância Mútua entre cada condutor de um circuito com cada um dos condutores dos
demais circuitos
Reescrevendo a matriz de forma compacta,
ZAA ZAD Equação 49
Z=[ ]
ZDA ZDD

Sendo as correntes em cada circuito,


IA Equação 50
IB
I I
I = C = [ A]
ID ID
IE
[ IF ]
e as tensões,
VA Equação 51
VB
V V
V = C = [ A]
VD VD
VE
[ VF ]
Então a equação matricial que relaciona as correntes e tensões,
V Z ZAD IA Equação 52
[ A ] = [ AA ][ ]
VD ZDA ZDD ID

Similar ao que foi feito anteriormente, é aplicada a transformação modal, para as tensões
VA 1 1 1 0 0 0 VA0 Equação 53
VB 1 a2 a 0 0 0 VA1
VC a2 0 VA2
= 1 a 0 0
VD 0 0 0 1 1 1 VD0
VE 0 0 0 1 a2 a VD1
[ VF ] [ 0 0 0 1 a a2 ] [VD2 ]
e para as correntes,
IA 1 1 1 0 0 0 IA0 Equação 54
IB 1 a2 a 0 0 0 IA1
IC a2 0 IA2
= 1 a 0 0
ID 0 0 0 1 1 1 ID0
IE 0 0 0 1 a2 a ID1
[ IF ] [ 0 0 0 1 a a2 ] [ID2 ]
Essas equações matriciais podem ser apresentadas de maneira reduzida,
VA A 0 VA012 Equação 55
[ ]=[ ][ ]
VD 0 A VD012

e para correntes
I A 0 IA012 Equação 56
[ A] = [ ][ ]
ID 0 A ID012
APÊNDICE A 104

Va Zaa Zab Zac Ia Equação 57


[Vb ] = [Zba Zbb Zbc ] [Ib ]
Vc Zca Zcb Zcc Ic

O que resulta, como anteriormente, em


VA012 A 0 −1 ZAA ZAD A 0 IA012 Equação 58
[ ]=[ ] [ ][ ][ ]
VD012 0 A ZDA ZDD 0 A ID012

E finalmente,
VA012 Z ZAD012 IA012 Equação 59
[ ] = [ AA012 ][ ]
VD012 ZDA012 ZDD012 ID012

Sendo,
Zs + 2Zm 0 0 Equação 60
ZAA012 = ZDD012 [ 0 Zs − Zm 0 ]
0 0 Zs − Zm
E,
3ZP 0 0 Equação 61
ZAD012 = ZDA012 = [ 0 0 0]
0 0 0
APÊNDICE B 105

APÊNDICE B – PRODUÇÃO ACADÊMICA

Nesta seção são apresentados o artigo publicado durante essa dissertação e a submissão
realizada.
 Artigo submetido ao IEEE PES – Power and Energy Society, 2017.
 Publicação e apresentação no DPSP – Developments in Power System Protection
Conference 2016.
APÊNDICE B 106
APÊNDICE B 107
APÊNDICE B 108
APÊNDICE B 109
APÊNDICE B 110
APÊNDICE B 111
APÊNDICE B 112
APÊNDICE B 113
APÊNDICE B 114
APÊNDICE B 115
APÊNDICE B 116

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