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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

SUAN SORTENES TORRES CANTANHEDE

SEQUÊNCIA DE INSERÇÃO DOS PARÂMETROS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO


NO SOFTWARE ATP

TERESINA
2014
INTRODUÇÃO
Este texto tem como objetivo descrever o passo-a-passo adotado para
configuração de um modelo de Linha de Transmissão no software ATP, através da
ferramenta LCC, fazendo menção ao Trabalho de Conclusão de Curso: “Localização de
Faltas em Linhas de Transmissão por meio da Teoria de Ondas Viajantes”, defendido,
junto à banca formada na UFPI, na data 02 de fevereiro de 2014.
Paralelamente ao detalhamento dos procedimentos será montada a
modelagem de uma LT, possibilitando, ao final, a fixação da sequência de passos e sua
importância no modelamento de linhas para o estudo de transitórios de alta frequência.
PROCEDIMENTOS
No trabalho, a linha de transmissão adotada como base na simulação tem a
extensão da linha do sistema ELETRONORTE/CHESF, que interliga as subestações de
Presidente Dutra – MA e Boa Esperança – PI (PDD/BEA), totalizando 205,6 km. Foram
consideradas as características dos condutores e suas respectivas disposições
geométricas nas torres de transmissão.
A modelagem das torres foi feita adotando a configuração padrão de
transmissão de 500 kV, que é apresentada na figura 1.
Figura 1 – Modelo de torre utilizado.

Fonte: elaborada pelo autor.


Os tipos de condutores de fase e de guarda usados na simulação e suas
respectivas características elétricas, bem como as alturas dos cabos no meio do vão
estão apresentados na tabela 1.
Tabela 1 – Características dos condutores

Características dos condutores

GUARDA
FASE –
Condutor – EHS
Grosbeak
3/8”
Raio 4,635
0 mm
interno mm
Raio 12,57 4,572
externo mm mm
Resistência
0.08998 4,188
DC
Flecha a
12 m 7m
meio vão
Fonte: elaborada pelo autor

A resistência do solo foi considerada como:


𝑅𝑠𝑜𝑙𝑜 = 1500 𝛺. 𝑘𝑚
Para o modelamento do sistema no software ATP, utilizou-se a ferramenta
LCC (Line/Cable Component). Nela, os parâmetros geométricos das torres e os
parâmetros elétricos dos cabos e do solo são inseridos. Também é necessário escolher
qual tipo de modelo se deseja usar.
A figura 2 apresenta a janela de inserção dos parâmetros no ATP.
Figura 2 – Janela de configuração do modelo.

Fonte: elaborada pelo autor.

Antes de mais nada, é necessário configurar o tipo do sistema. As opções


são:

 Overhead line: LINE CONSTANTS

 Single core cables: CABLE PARAMETERS

 Enclosing pipe: CABLE PARAMETERS


Seleciona-se “Overhead Line” trifásica.

A transposição é ativada quando se deseja simetria nas matrizes de


impedância da linha, visto que as três fases de uma linha com transposição estão sujeitas
ao mesmo campo eletromagnético no seu decorrer. Isso faz com que as indutâncias
mutuas estre as fases da linha sejam iguais, permitindo a diagonalização da sua matriz
de impedâncias.
A ferramenta “Auto Bundling” deve ser ativada quando se usa mais de um
fio para cada fase da linha. Ela determina automaticamente os raios médios geométricos
de cada conjunto de tranças de cada fase. Posteriormente será inserida a quantidade de
fios por fase.
O efeito pelicular pode ser ativado marcando a função “Skin Effect”. Quando
ativo, o software interpreta uma variação da profundidade de condução dos condutores
e da imagem condutora da terra, visto que quão maior a frequência, mais os elétrons
tendem a se deslocar pela superfície do meio condutor. Sabendo que a descrição da
resistência do fio é feita para uma frequência em torno da fundamental, 60 Hz, e que as
ondas viajantes compreendem a faixa de 300 a 600 kHz, é necessário considerar o efeito
pelicular para que haja resultados mais condizentes com a realidade.
A ferramenta “Seg. Ground” ativa a segmentação do aterramento. Quando
há segmentação dos cabos guardas das torres que compõe a linha, em cada vão surge
um caminho fechado para circulação de correntes de desequilíbrio, que compreende a
terra e os cabos guardas. Esse caminho provoca a atenuação das ondas viajantes,
principalmente as provindas de indução eletromagnética de descargas atmosféricas. Na
análise de ondas viajantes esse efeito é indesejado, de sorte que essa função foi
desativada na simulação, caracterizando a não segmentação dos cabos guarda.
A função “Real Trans. Matriz” está associada à desconsideração, nos
cálculos, dos componentes imaginários de transformação da linha. É recomendada a
marcação dessa ferramenta quando se trabalha com transitórios. Ao contrário, a matriz
completa é recomendada para simulações em estado permanente.
Também há a opção para seleção do sistema de unidades adotado. Para as
simulações adotou-se o sistema métrico.
A inserção dos dados padrão foi feita, inicialmente, definindo a resistência
do solo constante ao longo da linha (1500 𝛺. 𝑘𝑚), conforme a teoria de Carson. Em
seguida foi definida a frequência inicial, ou frequência de potência, 60 Hz.
No campo “Length” pode ser indicado o tamanho da linha, ou do trecho da
linha, que se deseja simular. A habilitação do campo “Set Length in Icon” permite
visualizar no espaço de trabalho do ATP o comprimento da linha, conforme é mostrado
na figura 2.
Parte-se agora para a definição do modelo da linha. As opções disponíveis
no programa são:
 Bergeron: Constant parameter KCLee or Clark models
 PI: Nominal PI-equivalent (short lines)
 JMarti: Frequency dependent model with constant transformation
matrix
 Noda: Frequency dependent model (not supported in CABLE
CONSTANTS)
 Semlyen: Frequency dependent simple fitted model (supported in
CABLE PARAMETERS)
Conforme mostrado na teoria do trabalho, a modelagem recomendada para
o estudo de transitórios de alta frequência é a “Jmarti”. Isso, porque nela a indutância e
a resistência distribuídas têm dependência da frequência. A ferramenta Jmarti permite
calcular a matriz de transformação em uma frequência próxima da frequência
dominante das ondas viajantes, possibilitando maior precisão da simulação em relação
ao modelo real.

Segundo o Help do próprio ATP, o modelo Jmarti modela os parâmetros em


uma faixa de frequências, dada em décadas, com resolução em pontos por décadas
definidas pelo operador. Insere-se também a frequência fundamental e a frequência na
qual se deseja calcular a matriz de impedâncias da linha. No trabalho adotou-se uma
modelagem de 10 décadas, com 20 pontos por décadas. A matriz foi calculada na
frequência de 450 kHz, que corresponde à frequência central das ondas viajantes.

Inseridos os parâmetros do modelo, agora parte-se para os dados


geométricos das torres e para os dados elétricos dos fio. A janela de configuração é
mostrada na figura 3.
Figura 3 – Janela de configuração de dados.

Fonte: elaborada pelo autor.


Primeiramente cria-se a quantidade de condutores. Em cada linha da tabela
da figura 3, são inseridos os parâmetros de um dos condutores.
As fases são enumeradas na coluna “Ph. No.”. Para cabos guarda, basta
deixar o número 0.
Os raios internos dos condutores são inseridos na coluna 2 (Rin), ao passo
que os raios externos são inseridos na coluna 3 (Rout). As resistências em corrente
contínua dos cabos, obtidas em laboratório pelos fabricantes, são inseridas na coluna 4
(Resis). Todos esses dados podem ser encontrados na tabela 1.
Da coluna 5 até a coluna 10, devem ser inseridos as medidas geométricas
da configuração da linha de transmissão. Para que isso seja possível, é preciso adotar
um eixo para servir de base. A abscissa do eixo é fixa, e corresponde a uma linha na
superfície do solo. Ao passo que a ordenada deve ser determinada pelo operador. O eixo
foi adotado de forma que a fase “A” está na coordenada zero da abcissa e está mostrado
na figura 4.
Figura 4 – Eixo adotado como base para calcular distâncias

Fonte: elaborado pelo autor.


A partir desse eixo pode-se retirar as distâncias necessárias para inserção no
ATP. Na coluna “Horiz” serão inseridas as distâncias horizontais a partir do eixo y. A fase
A está sobre o eixo, portanto dista 0 metros. A fase B está a 11 metros do eixo y e a fase
C, a 22. Os cabos guarda estão a 5 e 16 metros do eixo y.
Na coluna “Vtower” são inseridas as alturas dos condutores em relação ao
eixo x. AS três fases estão a 24 metros do solo, ao passo que os cabos guarda estão a 33
metros.
A coluna “Vmid” recebe as alturas dos condutores na metade do vão entre
duas torres consecutivas. Essa altura é menor do que a altura dos condutores na torre,
devido às flechas formadas pelos seus pesos. Essa altura pode ser determinada por meio
de medidas. No trabalho foram consideradas alturas a meio vão de 12 metros para as
fases e 26 metros para os cabos guarda.
As duas colunas restantes são responsáveis por descrever a trança, se
houver, das fases. Conforme o modelo adotado, mostrado na figura 1, as fases possuem
4 fios, ao passo que os cabos guarda possuem 1 fio somente. Esses valores são inseridos
na coluna “NB” (número de bundles). Na coluna “Alpha” é inserido o ângulo de rotação
do conjunto de condutores de cada fase para que se tenha um modelo mais condizente
com o real. A rotação adotada foi de 45º, equivalente para fazer com que dois cabos de
cada fase ficassem exatamente em cima dos dois cabos de baixo.
Ao final da configuração da LCC, o modelo gerado pelo ATP já pode ser
utilizado para simulação de transitórios, resguardadas suas características para outros
modelos da mesma linha, quando se faz a decomposição da mesma em trechos. O
modelo gerado está mostrado na figura 5.
Figura 5 – Modelo gerado no ATP.

Fonte: elaborada pelo autor.

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