Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
∗
CC Carlos Kleber da Costa Arruda
CEFET-RJ
20 de maio de 2014
Sumário
1 Introdução 1
2 Uma ideia sobre as grandezas envolvidas 2
3 Estudos em linhas de transmissão 3
4 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelagem básica 3
5 Desempenho elétrico de uma linha de transmissão 11
6 Limites de transmissão 15
7 Modelo do quadripolo 17
8 Modelo de uxo de potência 22
9 Compensação de linhas 23
10 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo detalhado 26
11 Estudo detalhado de um sistema de transmissão através de matriz Ybarra 32
12 Requisitos elétricos de projeto de linhas de transmissão 32
13 Comportamento não-linear em sistemas de transmissão 37
14 Considerações nais 38
A Tabela comparativa de parâmetros 39
B Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo simplicado 39
C Tópicos avançados 40
D Questões de concursos 42
1 Introdução
1.1 Sobre a apostila
Este material tem como objetivo subsidiar a disciplina de cálculo elétrico de linhas de transmissão,
lecionada no CEFET-RJ. Para o assunto, existe uma literatura muito vasta, incluindo artigos,
normas, teses e dissertações. Partiu-se da ideia de resumir alguns conceitos, considerados básicos,
deixando partes de maior profundidade para capítulos seguintes, formando assim uma espiral que
retorna ao ângulo inicial mas com profundidade.
∗ carloskleber@gmail.com / http://sites.google.com/site/carloskleber/ -
BY:
$ Permitido uso não comer-
\
1
Devido a disciplina não abranger o cálculo mecânico, cuja interação com a parte elétrica é
muito íntima, aborda-se somente alguns conceitos nesta parte, como echa e ampacidade, cando
ao aluno consultar livros como [16], e a apostila da parte mecânica [4].
Procurou-se incluir referências adicionais, que apesar de estarem fora do escopo da graduação,
são inspiração para pontos de partida para estudos subsequentes.
1 cmil: circular mil, área de um círculo com diâmetro de um milésimo de polegada, sendo MCM igual a 1000
circular mil. 1 MCM ∼
= 0, 5 mm2 .
2
3 Estudos em linhas de transmissão
Uma linha de transmissão é um elemento fundamental em um sistema de potência, ligando fontes
de geração com cargas consumidoras.
O projeto de uma linha de transmissão inicia-se com a necessidade de transportar uma quan-
tidade de energia entre dois pontos. Após estudar a distribuição de carga nas linhas existentes,
observa-se o efeito de uma nova linha no sistema, chegando a um novo ponto de equilíbrio.
3.1 Transmitir?
Pode-se abrir esta questão em alguns pronomes: o quê, quando, como, onde e quanto.
Como transmitir a tecnologia a ser usada, denindo se a linha será em CA ou CC, e os níveis
de tensão.
Onde passa eventualmente existe a opção de quais centros de geração irão interligar quais centros
de carga (ex. Belo Monte liga com Sudeste ou Nordeste) e denição do traçado da linha.
Quanto custa transmitir o custo está envolvido desde a primeira questão, dependendo ainda
da economia e da política de comercialização (ex. ganho em escala na fabricação dos cabos,
ou regras tarifárias).
Estima-se que esta energia obtida seja distribuída, ao longo da vida útil da linha, em um perl
de demanda, resultando na linha transmitindo uma potência média, com eventuais necessidades
de sobrecarga. Para um estudo mais didático, podemos assumir uma potência constante.
A distância entre os dois pontos está sujeita ao traçado da linha, aonde observa-se desde a
topograa até a viabilidade de aquisição dos terrenos. A distância real pode variar não mais do
que 10% de um traçado em linha reta.
Assumindo assim a potência e o comprimento da linha, chega-se aos critérios de escolha do tipo
(CA ou CC) e nível de tensão.
2 Em linhas CC, a indutância não se aplica em regime permanente, mas em estudos transitórios, como por exemplo
na propagação de surtos, ele é determinante.
3 Em linhas CC, pela falta da corrente pelo efeito capacitivo, a resistência shunt R torna-se novamente relevante,
por exemplo, no cálculo de coordenação de isolamento.
3
Figura 1: Exemplo ilustrativo de seleção de nível de tensão, a partir de premissas de projeto
conservadoras [14]
4.1 Resistência
A resistência, como tradicionalmente é ensinada, é determinada pela resistividade do material, a
seção transversal e o comprimento:
l
R=ρ (4.1)
S
sendo ρ a resistividade e a condutividade o seu inverso: σ = 1/ρ, l o comprimento e S a seção
transversal.
Em corrente alternada, o efeito pelicular distorce a resistência efetiva do cabo: o efeito de
repulsão das linhas de corrente provoca um subaproveitamento da seção transversal do cabo. Este
efeito é mais evidente em bitolas maiores, pois ele não é proporcional ao diâmetro, logo sendo
pouco percebido por exemplo em instalações residenciais.
Os cabos usuais em CA são compostos por dois materiais, geralmente um núcleo com os mais
resistente à tração e uma coroa com os de boa condutividade, e ao mesmo tempo leve e econômico.
Este conjunto aumenta a complexidade do estudo, por exemplo no cálculo mecânico, mas no cálculo
da resistência possuirá baixa inuência, pois o efeito pelicular irá posicionar a corrente na região
da coroa, evitando o material do núcleo.
Outro efeito importante é a variação da resistência pela temperatura. Em geral a resistência
em catálogos é tabelada para alguns valores típicos, como 75 , mas o valor exato depende da
própria corrente, entre outros fatores ambientais.
Na seção 10.1 apresenta-se uma fórmula para o cálculo da impedância própria, incluindo o
efeito pelicular. O valor calculado será próximo aos valores encontrados em catálogos .
4
Observa-se que a maioria dos cabos é composta por os entrelaçados, havendo então lacunas no
interior do cabo. Outra característica comum é a presença de dois materiais no mesmo cabo, como
alumínio e aço. Estas e outras características acrescentam uma complexidade no cálculo exato da
resistência, particularmente ao se considerar os efeitos da temperatura.
Em geral as resistências são tabeladas, incluindo o efeito pelicular (resistência CA). Também
é usual tabelar a resistência para algumas faixas de temperatura.
4 Existem ainda outros fatores que inuenciam no cálculo da resistência, como por exemplo o efeito transforma-
dor do núcleo de aço e o comprimento adicional devido à helicoidal dos os.
4
Para um cálculo iterativo, é prudente iniciar o cálculo da resistência com um valor de tempera-
tura próximo do nominal, e após determinar a temperatura real do condutor, realizar a correção.
Para uma conguração de feixe de condutores, a resistência será dividida pelo número de cabos
em cada fase.
A tabela 2 exemplica a resistividade dos materiais usados em linhas de transmissão, bem como
outros parâmetros relevantes para o projeto.
Observa-se que apesar do cobre possuir uma condutividade mais favorável, sua massa e preço
(da ordem de 4× mais caro) inviabilizam a aplicação em linhas de transmissão.
4.2 Indutância
A indutância é o efeito do campo magnético sobre um circuito, representado por exemplo pela
lei de Faraday. Pode-se ter indutância própria, quando uma linha de corrente no condutor induz
potencial em outra seção do próprio condutor, ou indutância mútua, quando uma corrente em um
condutor externo induz este potencial.
Assim como as cargas elétricas, todas as correntes que não sejam constantes induzem potencial
em qualquer elemento condutor, e se esse elemento fechar um circuito, surge a corrente induzida.
Logo, uma linha pode induzir em cercas metálicas, cabos aterrados, encanamentos, etc.
A indução também dependerá se os elementos estiverem paralelos, então a indução será mínima
se os condutores estiverem perpendiculares.
4.2.1 Premissas
Uma consideração, geralmente pouco evidenciada, é sobre a corrente: para que haja uma corrente
elétrica em regime permanente, supõe-se que ela retorna para a sua fonte de energia (ou fecha o
somatório, no caso de várias fontes, seguindo as Leis de Kirchho ). Este retorno pode ser por um
segundo condutor ou pelo solo, fechando um laço de corrente.
O entendimento de laço de corrente é fundamental para a validade da lei de Ampére, que
nos fornecerá a propriedade da indutância do circuito. Então, não faz sentido pensar em um
5
condutor singelo com uma corrente, pois a equação só fecha com uma corrente retornando em
sentido contrário.
O cálculo da indutância em um condutor é dividido na sua parte interna e na parte externa.
Em ambos, parte-se da lei de Ampére.
Para a indutância interna, como primeira aproximação um condutor com uma seção circular,
com raio r, aonde atravessa uma corrente I distribuída uniformemente, obtém-se um valor cons-
tante de 0, 5 · 10−7 H/m [27]. A parcela da indutância externa é relacionada ao raio e a altura,
unindo as parcelas:
µ0 1 2h
Lii = + ln (4.2)
2π 4 r
sendo Lii a indutância própria do condutor i, com a soma do uxo magnético interno e externo, r
o raio do condutor, h a altura e a permeabilidade magnética do ar µ0 = 4π · 10−7 H/m.
Observando que o cabo não possui altura constante, contendo a forma de uma catenária. Pode-
se usar sem problemas uma altura média hm , calculada de duas formas:
2 1
hm = ht − f = hv + f (4.3)
3 3
sendo aqui ht a altura do cabo na torre, hv a altura do cabo no meio do vão e f a echa, sendo
essa fórmula relativa a um vão nivelado [4].
Usualmente a equação (4.2) é manipulada da forma:
µ0 1 2h
Lii = ln e + ln
4 (4.4)
2π r
µ0 2h
Lii = ln (4.5)
2π r e 14
µ0 2h
Lii = ln 0 (4.6)
2π r
A variável r0 corresponde ao raio equivalente do condutor ao se considerar a parte interna do
uxo [27, p. 52], para um cabo de alumínio, a permeabilidade é igual ao do ar, no qual µ = µ0 ,
r0 = r e−1/4 ∼ 5 µr
r 0 = r e− 4 ,
= 0, 7788r. Para cabos com permeabilidade superior a µ0 , como o aço ,
no qual µr a permeabilidade relativa do condutor, µr = µ/µ0 .
O uxo externo será inuenciado pela permeabilidade do ar, igual a µ0 .
µ0 2h 2 · 20
Laa = ln 0 = 2 · 10−7 ln 0,02959 = 1, 6305 · 10−6 H/m
2π r /2 · 0, 7788
A indutância mútua entre dois cabos, dispostos na horizontal a uma distância de 8 m, será
√
µ0 Dab 402 + 82
Lab = ln = 2 · 10−7 ln = 1, 981 · 10−7 H/m
2π dab 8
5 Na referência [19] obtém-se para aço usado no núcleo de cabos ACSR valores da ordem de µr ∼
= 50, sendo
plausível considerar essa valor para cabos para-raios.
6
Dois cabos de alumínio, com 1 cm de raio, 30 m de altura e separados a 10 m, possuem
uma impedância mútua Żm . Calcule a variação percentual de Żm ao (a) aproximar os cabos
para 5 m, (b) abaixar os cabos para 10 m de altura.
A impedância mútua é proporcional às distâncias, real e imagem, e o raio não inuencia
no resultado:
Dij
Zm ∝ ln
dij
Fazendo a conta somente com o logaritmo, na condição inicial:
p
Dij = 102 + 602 = 60, 8
dij = 10
Zm ∝ 1, 8055
√
52 +602
Na condição (a), Zm(a) ∝ ln 5√ = 2, 4884, um aumento de 1 − 2,4884
1,8055 = 37, 8%.
10 +202
2
Na condição (b), Zm(b) ∝ ln 10 = 0, 8047, uma redução de 1 − 0,8047
1,8055 = 55, 4%.
sendo dii o raio do condutor i, com a correção da impedância interna, ri0 , e dij a distância entre os
condutores i e j.
Para feixes regulares, ou seja, condutores formados em polígonos de lado d, o RMG do feixe
será
√
RMG2 = r0 d (4.9a)
√3
RMG3 = r0 d2 (4.9b)
√4
RMG4 = 1, 09 r0 d3 (4.9c)
no qual RMG2 , RMG3 e RMG4 são os RMGs para feixes de 2, 3 e 4 condutores em feixes regulares.
A equação para um feixe de N condutores, espaçados igualmente em uma circunferência de raio R
é denida por
√
N
RM G = r N RN −1 (4.10)
0
Lembrando que o efeito pelicular, representado por r , só é incorporado na impedância. Logo
teremos um RMG para o cálculo da impedância e um RMG para a admitância. Por exemplo, para
um feixe de 4 condutores, teremos
√
4
RMGZ4 = 1, 09 r0 d3 (4.11a)
√
4
RMGY4 = 1, 09 r d3 (4.11b)
2 hi
MZii = ln (4.13a)
ri0
Dij
MZij = ln (4.13b)
dij
7
E a matriz impedância será
µ
Z = RI+jωL = RI+jω MZ (4.14)
2π
abrindo os termos das matrizes:
ln 2rh0 a ln D ln D
ab ac
R 0 0 dab dac
µ ln Dbaa
2 hb
Z= 0 R 0 +jω dba ln r0 ln D bc
dbc (4.15)
2π
b
0 0 R ln D
dca
ca
ln D cb
dcb ln 2rh0 c
c
Seguindo como exemplo completo a linha de 500 kV raquete, cujo perl é ilustrado na
gura 2, este exemplo faremos o cálculo completo dos parâmetros, começando pela impedância
conforme acabou de se mostrar neste capítulo.
A LT possui feixes de 4 cabos Rail, cujos parâmetros relevantes já foram levantados no
exemplos anteriores, com echa de 16 m, e o feixe é um quadrado de 45,7 cm, correspondente
ao padrão comercial de 18. Os cabos pára-raios também estão ilustrados na gura, mas por
ora não serão considerados.
A resistência do feixe (considerando temperatura de operação de 75 ) será
0,0733
=
W/km.
4
0, 018325 Para a indutância, primeiramente calcula-se o RMG:
s
0, 02959
RMG = 1, 09 4 · 0, 7788 0, 4573 = 0, 1985 m
2
Utiliza-se também as altura médias dos cabos: a fase central está a 34 − 2·16
3 = 23, 33 m, e as
2·16
fases laterais estão a 28 − = 17, 33 m.
3
Calculando agora as parcelas geométricas referentes às indutâncias próprias para cada fase,
usando a convenção de (a,b,c) para enumerar as fases, sendo (b) a fase central:
2 · 17, 33
Maa = ln = 5, 16277
0, 1985
2 · 23, 33
Mbb = ln = 5, 46002
0, 1985
Mcc = Maa
p
52 + (23, 33 + 17, 33)2
Mab = ln p = 1, 65731
52 + (23, 33 − 17, 33)2
Mbc = Mab
p
(2 · 5)2 + (2 · 17, 33)2
Mac = ln = 1, 28298
2·5
Podendo ser diretamente inseridos em um programa, provendo um vetor de co-
ordenadas x e h, implementa-se na forma dij = sqrt[(xi − xj )2 + (hi + hj )2 ],
2 2
Dij = sqrt[(xi − xj ) + (hi − hj ) ] e Mij = log[Dij /dij ], lembrando da convenção da
função log[x] em geral ser o logaritmo natural, ln(x).
A matriz M será então
5, 1627716 1, 6573122 1, 2829804
M = 1, 6573122 5, 4600231 1, 6573122
1, 2829804 1, 6573122 5, 1627716
µ0
obtém-se a matriz indutãncia L multiplicando M
2π , e na sequência a matriz Z multipli-
por
cando L por jω e somando a matriz R, que é uma matriz diagonal com as resistências dos
8
feixes. Resumindo, tem-se:
µ0
Z =R + j ω M
2π
0, 018325 + j0, 3892730 j0, 1249613 j0, 0967367
= j0, 1249613 0, 018325 + j0, 4116857 j0, 1249613
j0, 0967367 j0, 1249613 0, 018325 + j0, 3892730
W/km
observando atentamente ao expressar ou calcular os valores em W/m ou W/km.
0,457
4
5
34
28
q 2h
V = ln (4.16)
2πε0 r
−1
q 2h
C= = 2 π ε0 ln (4.17)
V r
generalizando para uma linha com n condutores, desenvolve-se um relação geométrica descrita
por uma matriz MY , similar a MZ :
C = 2 π ε0 MY −1 (4.18)
−12
No qual ε0 a permissividade do ar, igual a 8, 85 · 10 F/m. Aqui não há capacitância interna,
logo não há correção do raio dos condutores, como visto na equação 4.6, mas o termo referente à
mútua é rigorosamente igual:
6 Em [27, p. 72] desenvolve-se a teoria da capacitância em LTs, mas com a aproximação em unir todas as fases
em uma distância média geométrica.
9
2 hi
MY ii = ln (4.19a)
ri
Dij
MY ij = ln (4.19b)
dij
Desconsiderando a parcela de condutância, obtém-se a forma usual da admitância para linhas CA:
Y = jωC (4.21)
2 · 17, 33
Maa = ln = 5, 10027
0, 2113
2 · 23, 33
Mbb = ln = 5, 39752
0, 2113
Mcc = Maa
Y = j ω 2 π ε0 M−1
j4, 6994162 −j1, 1996776 −j0, 7923144
= −j1, 1996776 j4, 6206408 −j1, 1996776 µS/km
−j0, 7923144 −j1, 1996776 j4, 6994162
Aqui novamente para evitar o uso de um expoente, no caso 10−9 [S/m], optou-se em
expressar os valores utilizando múltiplos e submúltiplos das unidades.
Zaa Zab Zac
Z(1) = Zba Zbb Zbc (4.22)
Zca Zcb Zcc
10
Zbb Zbc Zba
Z(2) = Zcb Zcc Zca (4.23)
Zab Zac Zaa
Zcc Zca Zcb
Z(3) = Zac Zaa Zab (4.24)
Zbc Zba Zbb
Sendo uma transposição ideal (no caso de uma linha de circuito simples, dividida em três
trechos de mesmo comprimento), pode-se supor um desempenho equivalente da linha em uma
matriz média 7 :
1 (1)
Z= Z + Z(2) + Z(3)
3
Zaa + Zbb + Zcc Zab + Zbc + Zca Zac + Zba + Zcb
1
= Zba + Zcb + Zac Zbb + Zcc + Zaa Zbc + Zca + Zab (4.25)
3
Zca + Zab + Zbc Zcb + Zac + Zba Zcc + Zaa + Zbb
1
Zp = (Zaa + Zbb + Zcc ) (4.26a)
3
e considerando que temos uma simetria do tipo Zij = Zji , um termo de impedância mútua
1
Zm = (Zab + Zbc + Zca ) (4.26b)
3
a matriz de uma linha idealmente transposta é igual a
Zp Zm Zm
Z = Zm Zp Zm (4.27)
Zm Zm Zp
sendo
1
Yp = (Yaa + Ybb + Ycc ) (4.29a)
3
1
Ym = (Yab + Ybc + Yca ) (4.29b)
3
7 Aqui cabe uma observação, no qual a maioria dos estudos acaba equivocando-se: uma linha transposta pode ser
considerar com parâmetros médios quando sendo tratada "por inteira". Estudos como de faltas no meio da linha
acaba dividindo o problema em duas linhas parcialmente transpostas! O erro adquirido, de uma linha ser assumida
como transposta, é pequeno, mas atenta-se que um cálculo mais preciso merece um modelo não transposto.
11
Thévenin podem ser combinados no estudo de regime permanente, faltas e defeitos em geral. Nesta
seção apresenta-se como representar uma linha de transmissão neste sistema. Maiores detalhes so-
bre esta metodologia podem ser encontrado, por exemplo, em [11, 27].
Para a transformação linear da matriz Z, dita em coordenadas de fase, para o sistema de
coordenadas de modo, ou componentes simétricas, utiliza-se a matriz A, denida por
1 1 1
A= 1 a2 a (5.1)
1 a a2
Z0 0 0
Z012 = A−1 Z A = 0 Z1 0
0 0 Z2
Zp + 2Zm 0 0
= 0 Zp − Zm 0 (5.2)
0 0 Zp − Zm
Y0 0 0
Y012 = A−1 Y A = 0 Y1 0
0 0 Y2
Ys + 2Ym 0 0
= 0 Ys − Ym 0 (5.3)
0 0 Ys − Ym
Para estudos de uxo de potência em regime permanente, ou estudo de faltas simétricas, utiliza-
se somente os parâmetros de sequência positiva:
Z1 = Zp − Zm (5.4a)
Y1 = Yp − Ym (5.4b)
correspondentes ao elemento na posição (2,2) da matriz. Destes parâmetros que se obtém a impe-
dância característica Zc e a constante de propagação γ, vistos a seguir.
Z = R + j Xl = R + j ω L (5.6a)
Y = j Bc = j ω C (5.6b)
9
os equivalentes monofásicos para um estudo em regime permanente , cuja premissa é detalhada na
seção 10.2.
Usualmente representa-se somente a parte real de Zc , correspondendo então a uma linha sem
perdas. Porém, deve-se usar o cálculo preciso de Zc ao se aplicar às fórmulas de linha longa, na
seção 5.6.
12
Ao considerar a linha com perda desprezível (retirando R), a impedância característica será
aproximadamente
r r
Xl ∼ L
Zc ∼
= = (5.7)
Bc C
sendo assim um número real e, aproximadamente, independente da frequência.
sendo sua unidade em m−1 . A constante de propagação pode ser desmembrada na forma γ =
α + j β, sendo α a constante de atenuação (em Neper/m) e β a constante de fase (em rad/m).
Pode-se então obter o comprimento de onda da linha λ:
2π
λ= (5.9)
β
Considerando a linha aproximadamente sem perdas, γ possuirá somente a constante de fase β:
√
γ∼
p
= j ωLj ωC = j ω LC (5.10a)
√
β∼
= ω LC (5.10b)
e este parâmetro, para linhas aéreas, independente do nível de tensão, será aproximadamente igual
a 0,0013 rad/km. Para cabos, este valor pode variar entre 0,0046 a 0,0091 rad/km.
Outro parâmetro representativo da linha é o seu comprimento elétrico, ou ângulo de linha :
θ =βl (5.11)
que indica a defasagem natural que ocorrerá na transmissão, mesmo que se considere a linha como
sem perdas. Este fato é devido ao princípio de circuito distribuído, ou que a energia transmitida
possui velocidade nita de propagação. Por exemplo, uma linha aérea de 300 km terá um ângulo
de 0,39 rad, ou 22,34 . °
A velocidade de propagação na linha para um onda de frequência f é calculada por v = λ f, e
considerando a aproximação de linha sem perdas, torna-se
1
v=√ (5.12)
LC
sendo assim independente da frequência, e é muito importante no estudo de surtos rápidos (entre
100 kHz e 1 MHz). Observa-se que a velocidade de propagação é da ordem, mas nunca igual ou
superior, a velocidade da luz no vácuo.
O estudo de propagação de ondas viajantes é abordado por exemplo em [11, p. 222] e [27, p.
120]
U02
Pc = (5.13)
Zc
sendo U0 a tensão média ao longo da linha, ou seja, consegue-se elevar a capacidade de transmissão,
mas sacricando a conabilidade (incluindo sobretensões) e elevando perdas corona.
Mantendo a consideração de linha sem perdas, a potência característica será um número real,
ou seja, expresso em W. Mesmo para uma linha com perdas, é usual expressar somente a parte
real.
13
Para nosso exemplo, para sequência positiva,
e em seguida
Para nosso exemplo, sendo Bc = 5, 7370477 · 10−9 S/m, obtém-se 1,4343 kvar/m, que
equivale a 1,4343 Mvar/km.
Observe que esta premissa supõe que o perl de tensão ao longo da linha é constante, o
que não é realista - observe por exemplo o efeito Ferranti, que eleva a tensão na extremidade
em aberto, fora outras condições operacionais no qual o ponto de tensão mais elevada pode
ser no meio da linha!
Ze = Z l (5.15)
Yl
Ye2 = (5.16)
2
Acima de 200 km, o efeito da propagação torna-se mais evidente, necessitando realizar uma
correção hiperbólica:
Ze = Zc sinh γ l (5.17)
1 γl
Ye2 = tanh (5.18)
Zc 2
no qual Ye2 já é a metade da admitância da linha. Naturalmente pode-se usar a formulação de
linha longa direto para linhas curtas. Observa-se também que Zc e γ devem ser os valores precisos,
considerando as perdas, para obter-se os valores corretos de Ze e Ye2 .
14
I1 Ze I2
V1 Ye2 Ye2 V2
Os parâmetros Ze e Ye2 são os valores a serem usados para um estudo de redes em equivalente
monofásico, utilizando por exemplo equivalente Thévenin e matriz Ybarra .
W
Ze = 5, 2343219 + j82, 339206
Ye2 = 0, 6986822 + j871, 12182 µS
Se usarmos a consideração da LT sem perdas, as correção hiperbólica pode ser feita com
maior facilidade:
3
1 −6 300 · 10
Ye2 = tanh j1, 2707936 · 10
221, 5 2
j tg (0, 190619) = j871, 13386 µS
1
=
221, 5
As guras 4 e 5 demonstram a diferença da correção hiperbólica para o modelo linear para
este exemplo, até o comprimento de 2500 km. Observa-se que para um cero comprimento a
reatância se anula e a admitância tende ao innito, ou seja a linha torna-se auto-compensada !
6 Limites de transmissão
Como todo equipamento, uma linha tem limites operativos, que podem ser considerados para
regime permanente ou transitório. Por exemplo, para uma situação hipotética de curto-circuito,
a linha pode suportar o dobro de corrente nominal, ou no caso de um surto originado por uma
descarga atmosférica, o isolamento tolera mais que o dobro de tensão nominal
10 .
Nesta apostila primeiramente será tratado os limites para condição nominal. Uma relação
conhecida por Curva de St. Clair é ilustrada na gura 6, o que indica a capacidade de transmissão
10 O estudo de sobretensões trata pelo valor de crista (ou pico) e fase-neutro, em vez do valor ecaz (RMS)
√
2
fase-fase, ou seja, uma diferença de √
3
15
XL @WD
600
500
400
300
200
100
l @kmD
500 1000 1500 2000
BC @mSD
15
10
l @kmD
500 1000 1500 2000
16
Figura 6: Curvas de St. Clair [25]
Vs = 1 pu Vr
Sr
l
V1 = A V2 + B I2 (7.1a)
I1 = C V 2 + D I 2 (7.1b)
V1 V2 A B V2
=T = (7.2)
I1 I2 C D I2
17
7.1 Modelo de linha curta
Desenvolvendo a relação entre entrada e saída, para linhas curtas, teremos
Y
V1 = V2 + I2 Z + V2 (7.3a)
2
ZY
V1 = + 1 V2 + Z I 2 (7.3b)
2
Y Y
I1 = V 1 + V2 + I2 (7.4a)
2 2
ZY ZY
I1 = V 2 Y 1 + + + 1 I2 (7.4b)
4 2
ZY
A= +1 (7.5a)
2
B=Z (7.5b)
ZY
C =Y 1+ (7.5c)
4
D=A (7.5d)
V2
I1 = I2 cosh(γ l) + sinh(γ l) (7.6b)
Zc
sendo então os parâmetros do quadripolo:
A = cosh(γ l) (7.7a)
B = Zc sinh(γ l) (7.7b)
1
C= sinh(γ l) (7.7c)
Zc
D=A (7.7d)
sendo o modelo de linhas longas também é válido para o cálculo de linhas curtas.
Do modelo do quadripolo é que pode-se calcular o circuito π equivalente da linha longa. Con-
siderando o mesmo circuito da gura 3, a partir das equações (7.3), trocando Z por Ze e Y por
Ye :
Ze Ye
V1 = + 1 V2 + Ze I2 (7.8)
2
Obtemos aqui
Ze = Zc sinh(γ l) (7.9)
para a admitância
Ze Ye
+ 1 = cosh(γ l) (7.10)
2
Ye Zc sinh(γ l)
+ 1 = cosh(γ l) (7.11)
2
Ye 1 cosh(γ l) − 1
= (7.12)
2 Zc sinh(γ l)
18
aproveitando-se de uma relação hiperbólica:
x cosh x − 1
tanh = (7.13)
2 sinh x
chegamos à relação apresentada na equação (5.17):
Ye 1 γl
= tanh (7.14)
2 Zc 2
O modelo por quadripolo ABCD é apropriado quando se fornece a tensão e a corrente no
receptor (V2 e I2 ). Para uma potência aparente trifásica Ṡ2 = S φ, pode se arbitrar uma tensão
desejada U0 e calcular a corrente:
U0
V̇2 = √ (7.15a)
3
S 2
I˙2 = √ −φ (7.15b)
U0 3
podendo por exemplo escolher U0 a tensão nominal da linha, sendo que no quadripolo a tensão
deve ser fase-terra, e Ṡ2 = Pc , a potência característica. Outras opções são arbitrar uma condição
de sobrecarga, curto-circuito (V2 = 0) ou circuito aberto (I2 = 0).
Ȧ = Ḋ = 0, 9672 0, 23°
Ḃ = 75, 15 83, 2° W
−4
Ċ = j8, 633 · 10 S
Calcule as perdas na linha para uma saída com 400 MW, 345 kV.
Solução:
345
V2 = √ kV I2 = 669, 39 A
3
Fazendo a operação matricial, os valores em módulo são
√
V1 = 204, 98 3 = 355, 04 kV I1 = 670, 55 A
A potência aparente será Ṡ1 = (412, 32 − j5, 48) MVA, subtraindo as partes reais, ∆P =
12, 32 MW.
sinh jβ = j sen β
cosh jβ = cos β
tanh jβ = j tg β
sinh α = −j sen jα
cosh α = cos jα
tanh α = −j tg jα
sinh(α + jβ) = sinh α cos β + j cosh α sen β
cosh(α + jβ) = cosh α cos β + j sinh α sen β
19
7.3 Associação em cascata
Através da teoria dos quadripolos, pode-se estudar a associação de linhas em cascata. Sendo dois
quadripolos Q1 e Q2 , a associação em série será igual a Q = Q1 · Q2 , ou:
V1 A1 B1 A2 B2 V2
= · = (7.16)
I1 C1 D1 C2 D2 I2
A1 A2 + B1 C2 A1 B2 + B1 D2 V2
=
C1 A2 + D1 C2 C1 B2 + D1 D2 I2
sendo que a ordem dos circuitos é relevante, logo a associação Q0 = Q2 · Q1 . De maneira geral,
0
Q 6= Q .
A associação em cascata pode ser usada para calcular o quadripolo equivalente de uma LT com
compensação.
Ex. seja uma linha com parâmetros por unidade de comprimento de z = j0, 34 W/km,
y = j4, 8 µS/km, (a) calcule o quadripolo para um comprimento de 600 km, obtendo os
parâmetros de entrada para uma saida de 750 kV, 2 GW, (b) divida a linha em dois quadripolos
de 300 km, obtendo o quadripolo equivalente, vericando com a resposta em (a), (c) calcule
os parâmetros no meio da linha a partir dos calculos em (b). (d) divida agora a linha em 10
segmentos e levante o perl de tensão para diversas condições operacionais (em vazio, carga
nominal, em sobrecarga).
Solução: para todas as etapas, será necessário calcular a impedância característica e a
constante de propagação:
Zc = 266, 1453 W
γ = j1, 2775 · 10−3 Np/km
A = 0, 7203
B = j184, 6 W
C = j2, 606 · 10−3 S
A = 0, 9275
B = j99, 52 W
C = j1, 405 · 10−3 S
>> q300 = [a b; c a]
q300 =
q600 =
1.0e+02 *
20
>> q300 ^ 2
ans =
1.0e+02 *
>> q600(1,1)
ans =
0.7203
>> q600(1,2)
ans =
0.0000e+00 + 1.8460e+02i
>> q600(2,1)*1e3
ans =
0.0000 + 2.6062i
Calculando a tensão no meio da linha, a partir da saída:
750 · 103
V2 = √ = 433, 0 kV
3
2 · 109
I2 = √ = 1539, 6 A
750 · 103 3
Aplicando o quadripolo de 300 km, encontra-se no meio da linha Vm = 744, 5 20, 88° kV,
Im = 1552, 1 23, 07° A. Aplicando mais uma vez o quadripolo, encontra-se no início da linha
V1 = 730, 9 42, 34° kV, I1 = 1582, 2 45, 50° A.
(d) Calculando o quadripolo de uma seção de 60 km:
A = 0, 9971
B = j20, 38 W
C = j2, 8772 · 10−4 S
z = 1i*0.34;
y = 1i*4.8e-6;
l = 60; % comprimento de uma secao
zc = sqrt(z / y);
gama = sqrt(z * y);
a = cosh(gama * l);
b = zc * sinh(gama * l);
c = 1/zc * sinh(gama * l);
q = [a b; c a];
v = zeros(11,1);
v(end) = 750e3 / sqrt(3);
i2 = 2e9/750e3/sqrt(3);
tmp = [v(end); i2];
for i1 = 10:-1:1,
21
tmp = q * tmp; % aproveita a variavel de entrada para a proxima iteracao
v(i1) = tmp(1); % pode-se extrair tambem a corrente, que esta em tmp(2)
end
plot(abs(v).*1e-3.*sqrt(3)); % dividindo por 1000 para achar em kV
ylabel('Tensao [kV]');
A gura 8 ilustra alguns exemplo de pers de tensão, em módulo, supondo a tensão de
saída em 750 kV. Observa-se para uma condição de sobrecarga (4 GW) uma queda de tensão
signicante, e o efeito Ferranti para uma saída em vazio.
1200 P=0
P = 2 GW
P = 4 GW
1100
1000
Tensao [kV]
900
800
700
600
500
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Figura 8: Exemplo de perl de tensão ao longo da linha, dividida em 10 seções, para uma saída
xa de 750 kV e diversas condições de carga.
B
V1 A 2
V2
= (7.18)
I1 2C+ D I2
22
Seja uma linha conectando duas barras com tensões denidas, V1 e V2 , cujo módulos e ângulos
não sejam alterados pela inserção da linha, a corrente entre as barras será determinada basicamente
pela impedância longitudinal (usando tensão de fase), arbitrando o uxo da barra 1 para 2:
V1 − V2
I˙ = √ (8.1)
Ż 3
sendo esta corrente que determinará as perdas e parte do reativo. Outra parte signicante do reativo
estará na admitância, supondo esta concentrada em cada barra, obtém-se a corrente efetiva que
entra ou sai de cada, I1 e I2 :
I1 = I + IY 2 (8.2a)
I2 = I − IY 2 (8.2b)
Exemplo: Calcule a potência transmitida e perdas em uma LT, 345 kV, impedância total
de 6 + j50 W, as barras com tensões (fase-fase) V1 = 345 0° kV e V2 = 320 −10° kV.
Solução: Lembrando em converter V1 e V2 para tensões fase-neutro, ou convertendo direto
na equação:
V̇1 − V̇2
I˙ = √ = 723, 32 −21, 4° A
Ż 3
Pode-se calcular a perda como ∆P = 3 R I 2 = 9, 4 MW.
A potência transmitida pode ser calculada por Ṡ2 = 3 V̇2 I˙∗ = (392, 93 + j79, 30) MVA.
(sendo esse reativo somente pela parte do L da linha). Ou fazendo pela fórmula aproximada,
|V1 | · |V2 | ∼
P = sen δ = 383, 4 MW
X
9 Compensação de linhas
A compensação de reativo em uma linha consiste em balançar a impedância ou a admitância com
capacitores em série ou reatores em paralelo, respectivamente. No ponto de vista elétrico, o efeito
será de encurtar a linha.
Cada tipo de compensação é especíca para uma condição da LT: a compensação série é espe-
cíca para a condição de plena carga e a compensação shunt para a linha em vazio. Fora destas
condições, a compensação torna-se um excesso de reativo, mas o seu chaveamento raramente é
apropriado.
A solução é o uso de elementos de compensação ativa, seja reatores ou capacitores chaveados
por eletrônica, ou até elementos eletrônicos que controlam diretamente os reativos. Devido ao
custo elevado destas soluções, pode-se também utilizar congurações mistas de elementos passivos
e ativos. Maiores detalhes podem ser encontrados em [15, p. 627].
Para linhas muito longas, a compensação é distribuída ao longo da linha, criando-se subestações
intermediárias.
Xc = ns Xl (9.2)
23
juntamente com a constante de propagação
√
β0 ∼
= β 1 − ns (9.4)
O uso de capacitores série deve ser feito cuidadosamente na proximidade de usinas, devido ao
efeito de ressonância subsíncrona (ou SSR - subsynchronous ressonance ).
Vantagens e desvantagens:
Origina sobretensões violentas, sendo necessário uma proteção especíca (centelhadores, dis-
juntor de bypass, pára-raios)
Equipamento pesado que encontra-se no potencial da linha, sendo necessário uma estrutura
grande de sustentação.
A=1 (9.5a)
1
B= = −j ns Xl (9.5b)
j ω Cs
C=0 (9.5c)
D=1 (9.5d)
24
Um reator shunt Lp seria
A=1 (9.6a)
B=0 (9.6b)
1
C= = −j np Bc (9.6c)
j ω Lp
D=1 (9.6d)
I1 - j Xc Ze = R + j Xl - j Xc I2
V1 - j Bl Ye = j Bc - j Bl V2
Figura 10: Representação por quadripolo de compensação série e paralelo em cada extremidade.
Vendo como exemplo a gura 10, usando ambas as compensações, sendo QLT o quadripolo
original da linha, Qc o quadripolo do capacitor série e Ql o quadripolo do reator shunt, o
quadripolo equivalente será
Q = Qc · Ql · QLT · Ql · Qc
respeitando-se a ordem dos elementos do circuito.
Static Var Compensator (SVC): Composto por um reator e um banco de capacitores, ambos
em paralelo, controlados por tiristores.
Thyristor Controlled Series Capacitor (TCSC): Banco de capacitores série em paralelo com
um reator, chaveado por tiristores.
25
10 Cálculo dos parâmetros elétricos - modelo detalhado
Nesta seção apresenta-se um modelo que incorpora elementos adicionais, cuja inuência pode ser
determinante em certas condições e estudos.
j ω µ I0 (ρ)
Zi = (10.1)
2 π ρ I1 (ρ)
p
ρ = r −j ω σ µ (10.2)
Zia 0 0
µ
Z = 0 Zib 0 + j ω M (10.4)
2π
0 0 Zic
ln 2rhaa ln D ab
dab ln D
dac
ac
M = ln D ba
ln 2rhbb ln D bc
(10.5)
dba dbc
ln D
dca
ca
ln D cb
dcb ln 2rhcc
e não é mais necessário usar o raio corrigido r0 , pois seu efeito está incluso nos elementos Zi , e a
matriz M torna-se única para o cálculo da impedância e da admitância.
Para uma linha com feixe de condutores, a matriz impedância será formada por cada subcon-
dutor. Por exemplo, uma linha trifásica com fases a, b e c, com cada feixe com n subcondutores:
···
Za11 Za12 Za1n Za1b1 Za1c1 Za1cn
.
.
Za21 Za22 Za2n ··· .
Zan1 Zan2 Zann
.
Z= . (10.6)
Zb1a1 . Zb11 Zb1cn
. ..
.
. .
Zc1a1 Zc11
Zcna1 ··· Zcnn
observa-se que é considerado o efeito entre cada subcondutor, individualmente. Pode-se particionar
a matriz pelas fases, sendo cada submatriz com n×n elementos
12 :
Zaa Zab Zac
Z = Zba Zbb Zbc (10.7)
Zca Zcb Zcc
26
10.2 Resistência, indutância e capacitância equivalente
O equivalente monofásico de sequência positiva pressupõe um circuito com resistência, indutância
e capacitância, que podem ser obtidos pela decomposição da impedância e da admitância:
Z 1 = R1 + j ω L 1 (10.8)
Y1 = j ω C1 (10.9)
R0
R1
2
10
Resistencia (Ω/km)
1
10
0
10
−1
10
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequencia (Hz)
h0 = h + d (10.10)
r
1 ρ
d= √ = (10.11)
σjωµ jωµ
13 Alguns modelos, como do Matlab SimPowerSystems, a representação da linha é fundamentada na resistência e
indutância equivalente, como dito em [18]: This model does not represent accurately the frequency dependence of
RLC parameters of real power lines. Indeed, because of the skin eects in the conductors and ground, the R and
L matrices exhibit strong frequency dependence, causing an attenuation of the high frequencies. Um artigo [24]
propõe um modelo mais completo.
27
7
L0
L1
6
5
Indutancia (mH/km)
0
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequencia (Hz)
O efeito do solo real é mais relevante no cálculo nos parâmetros de sequência zero, afetando
particularmente os estudos de faltas monofásicas, e seus meios de mitigação (ex. religamento
monopolar).
Este modelo não se aplica para o cálculo da admitância, pois o solo não afeta signicativamente
a capacitância da linha.
µ0 2 · 10
L= ln = 1, 5202 · 10−6 H/m
2π 0, 01
com o solo de 100 W·:
µ0 2 · (10 + 324, 87 − j324, 87)
L= ln = (2, 2887 − j0, 1541) · 10−6 H/m
2π 0, 01
essa indutância complexa irá se converter em uma resistência adicional. Desprezando a
resistência do cabo, obtém-se
28
900
Zc0
Zc1
800
600
500
400
300
−2 −1 0 1 2 3 4 5 6
10 10 10 10 10 10 10 10 10
Frequencia (Hz)
com o solo de 10 W·
µ0 2 · (10 + 102, 73 − j102, 73)
L= ln = (2, 0651 − j0, 1478) · 10−6 H/m
2π 0, 01
essa diferença tende a se anular quando calcula-se a impedância de sequência positiva (Zp −
Zm ), porém o efeito se amplia na sequência zero (Zp + 2Zm ).
va zaa zab zac zag1 zag2 ia
vb
zba zbb zbc zbg1 zbg2
ib
vc =
zca zcb zcc zcg1 zcg2
ic
(10.12)
vg1 zg1a zg1b zg1c zg1g1 zg1g2 ig1
vg2 zg2a zg2b zg2c zg2g1 zg2g2 ig2
Para cabos para-raios continuamente aterrados, divide-se a matriz impedância (ou particiona-
mento) em quatro partes [7, p. 4-15]:
vu Zuu Zug iu
= (10.13)
vg Zgu Zgg ig
no qual a matriz reduzida será
vu = Zred · iu (10.14)
14 Na verdade a isolação do para-raio é mínima, somente para não circular corrente em condições normais, pois
na incidência de uma descarga ele deve escoar para o solo
29
o mesmo método pode ser aplicado na matriz M antes de determinar a admitância
15 :
Muu Mug
MY = (10.16)
Mgu Mgg
C = 2 π ε0 MY −1
red (10.18)
Lembrando que os cabos para-raios geralmente são de aço, com valores de permeabilidade
relativa acima de 1. Não existe referências exatas quanto a permeabilidade deste tipo de aço,
sendo aceitável considerar valores entre 50 e 100 µ0 .
Por exemplo, para µr = 100, o raio equivalente será
100
r 0 = r e− 4 = 1, 3888 · 10−11 r
Exemplo: uma LT com cabos Falcon (Rca = 0, 0448 W/km, 39,23 mm), 3 cabos por fase,
espaçamento 80 cm, disposição em nabla, fase central a 15 m de altura média, fases laterais a
8 m de distância horizontal do centro, 20 m de altura média, com 2 cabos guarda (EHS 3/8,
Rca = 4, 2324 W/km, 9,14 mm, µ = 100µ0 ) a 6 m de distância horizontal do centro, 35 m
de altura média. Obtém-se como matriz impedância primitiva:
0.01493
j0.10077 j0.07468 j0.09735 j0.07671
+j0.33657
j0.10077 0.01493
j0.10077 j0.06638 j0.06638
+j0.33657
0.01493
W/km
j0.07468
Z= j0.10077 j0.07671 j0.09735
+j0.33657
j0.09735 4.2324
j0.06638 j0.07671 j0.13406
+j2.61155
4.2324
j0.07671 j0.06638 j0.09735 j0.13406
+j2.61155
observa-se agora a presença de parte real nas mútuas, devido ao retorno pelo para-raios. Para
programar em Maltab ou Scilab, o comando será:
zred = z(1:3,1:3) + z(1:3,4:5)/z(4:5,4:5)*z(4:5,1:3)
I1 + I2 + · · · + In = If (10.19)
30
3. Subtrair a linha do subcondutor 2 das linhas dos subcondutores 2, 3, . . . , n;
4. Pela operação matricial feita, equivale-se a zerar as correntes nos subcondutores 2, 3, . . . ,
n, procede-se em eliminar estes subcondutores, usando o mesmo procedimento dos cabos
pára-raios (equação 10.15);
Exemplo: uma LT sem perdas é composta por feixes de três cabos por fase, cuja matriz
com cada subcondutor é assim representada:
0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419 0, 3874 0, 3898 0, 3886
0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374 0, 3852 0, 3874 0, 3863
0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397 0, 3863 0, 3886 0, 3874
0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419
W/km
Z=j
0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374
0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397
0, 3874 0, 3852 0, 3863 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513
0, 3898 0, 3874 0, 3886 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513
0, 3886 0, 3863 0, 3874 0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381
Será aplicado o procedimento na última fase, referente as linhas e colunas 7, 8 e 9, por já estar
posicionada. Subtraindo a coluna 7 de 8 e 9, obtém-se
0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 4444 0, 4419 0, 3874 0, 0023 0, 0011
0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 4397 0, 4374 0, 3852 0, 0022 0, 0011
0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 4419 0, 4397 0, 3863 0, 0023 0, 0011
0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 0, 6513 0, 6513 0, 4397 0, 0047 0, 0022
0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 9381 0, 6513 0, 4353 0, 0044 0, 0021
0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 6513 0, 9381 0, 4374 0, 0045 0, 0023
0, 3874 0, 3852 0, 3863 0, 4397 0, 4353 0, 4374 0, 9381 −0, 2868 −0, 2868
0, 3898 0, 3874 0, 3886 0, 4444 0, 4397 0, 4419 0, 6513 0, 2868 0, 0000
0, 3886 0, 3863 0, 3874 0, 4419 0, 4374 0, 4397 0, 6513 0, 0000 0, 2868
Repetindo o procedimento para as outras duas fases, deve-se chegar a seguinte matriz equivalente:
0, 7469 0, 4397 0, 3875
Zred = j 0, 4397 0, 7468 0, 4397 W/km
0, 3875 0, 4397 0, 7469
31
matricial.
Seja uma linha de seis condutores genéricos, com uma relação entre tensão e corrente por
unidade de comprimento representada abaixo:
V1 z11 z12 z13 z14 z15 z16 I1
V2
z21 z22 z23 z24 z25 z26
I2
V3
= z31 z32 z33 z34 z35 z36 I3
(10.21)
V4
z41 z42 z43 z44 z45 z46
I4
V5 z51 z52 z53 z54 z55 z56 I5
V6 z61 z62 z63 z64 z65 z66 I6
Sendo agora esse sistema ligado como um circuito duplo, no qual Va = V1 = V4 , Vb = V2 = V5
e Vc = V3 = V6 . Por sua vez, as correntes serão somadas, Ia = I1 + I4 , Ib = I2 + I5 e Ic = I3 + I6 .
Esse procedimento pode ser encontrado em [3, p. 108], podendo inclusive ser usada para o
cálculo preciso da impedância de feixe de condutores. Na mesma referência [3, p. 137] estuda-se o
desbalanço entre os circuitos, que pode causar por exemplo correntes circulantes. Um procedimento
mais completo é abordado em [7].
Pensamento: para modelar uma linha hexafásica, pode-se partir da equação 10.21, assu-
mindo os valores V1 a V6 °
fasores simétricos defasados em 60 , e seguindo a mesma metodologia
do capítulo 4. Como chegar ao equivalente monofásico?
32
V1 = 1 pu
XCS
ZLT
XT1 XT2
Xeq1 Xeq2
XRS
Xn
Figura 14: Sistema de transmissão com compensação série e paralela, com hipótese de curto
monofásico no meio de uma das linhas.
efeitos, a distância é elemento determinante, e o que vai estipular a faixa de passagem da linha,
sendo parcela importante no custo nal.
Sobre o critério elétrico, podemos também dividir os efeitos na origem: seja na tensão, como
em linhas EHV, ou na corrente, mais evidente em linhas de distribuição.
1 λ
E= (12.1)
4 π ε0 r2
sendo λ a carga por comprimento da linha, obtida pela relação com a capacitância linear e a tensão
na linha: λ=CV.
16
Tomando como r o raio equivalente do condutor , E será o campo elétrico supercial, no qual
não poderá, em condições normais, ultrapassar o valor crítico de corona. Por exemplo, pela lei de
Peek [20], este limite será igual a
0, 0308
Ec = 3, 0 · 106 m δ 1 + √ (12.2)
δr
sendo δ a densidade relativa do ar e m um fator empírico relativo à superfície do cabo.
12.1.2 Radio-interferência
O efeito corona produz ruído eletromagnético em uma ampla faixa de frequência, que estende-se
pelas ondas de rádio e de TV. Atualmente não existe consenso (normatização atualizada) quanto
16 equivalente devido aos cabos possuírem uma geometria de os que não exatamente o torna perfeitamente
circular.
33
aos limites a serem impostos, especicamente quanto a medição da interferência. Isto deve-se aos
equipamentos, que usualmente medem somente uma frequência, ex. 500 kHz ou 1 MHz, mas a
interferência nem sempre se concentra em um valor usual.
34
A resistência elétrica traduz diretamente para perdas, logo em linhas longas este fator será
determinante. Eventualmente um cabo com maior resistência pode ser usado em trechos especícos,
tais como uma travessia, aonde a echa será crítica.
A echa do condutor é denida pela temperatura atual no condutor, e a tração mecânica no
qual o cabo está solicitado. Atualmente estuda-se a elevação da tração de projeto, com o advento
da monitoração on-line da linha pode-se acompanhar o desempenho.
A temperatura do cabo é inuenciada pela corrente e radiação solar como elementos de entrada
de energia, e a dissipação por convecção natural, convecção forçada (vento) e radiação. O conjunto
destes elementos produz um alcance estatistico da capacidade do cabo, que por sua vez inuencia
nos dois fatores anteriores.
Um aspecto mais complexo é o cálculo da ampacidade em condições transitórias, como em curto-
circuito. Nesta modelagem o cabo recebe um pulso de energia térmica, no qual sua dissipação é
relativamente lenta, e o entendimento desta dinâmica é fundamental para condições de emergência.
35
Figura 15: Sobretensões de energização devido a indutância da fonte e pelo comprimento da linha
[10]
36
O laço de histerese apresenta um joelho no qual abaixo deste valor é o estado operativo normal
do transformador, de forma aproximadamente linear. Para valores acima deste ponto de joelho, a
corrente de excitação aumenta bruscamente para um aumento gradual de uxo magnético. Esta
corrente de excitação transitória é conhecida como corrente de inrush.
Nos primeiro ciclos após a energização, a corrente de inrush possui picos muito superiores à
corrente nominal. O valor inicial da corrente depende basicamente do ponto de onda de tensão no
qual ocorreu a energização e do uxo residual no núcleo. Com um uxo residual de 1 pu, o uxo
máximo pode chegar a três vezes o uxo nominal.
Chaveamento de reatores (1 a 1,5 pu)
Chaveamento secundário
12.8 Aterramento
O aterramento das torres de uma linha de transmissão é vital para a segurança de pessoal e de
operação, em condições nominais e particularmente na presença de faltas e surtos, aonde correntes
descendentes podem produzir elevação de potencial nas redondezas. Esta elevação (em inglês,
ground potential rise - GPR) é representado por três valores: tensão de toque, tensão de passso e
tensão de transferência.
Normalmente o aterramento na torre é realizado por cabos nus enterrados horizontalmente,
chamados de cabos contrapeso. Estes cabos devem assegurar uma resistência de aterramento
mínima (da ordem de 5 W) para toda a vida útil da linha.
As diculdades inerentes no projeto e implantação do aterramento são a medição dos parâmetros
do solo, basicamente resistividade, que pode variar de 10 a 10.000 W m, e sendo o solo heterogêneo
esses valores variam bastante ao longo do trajeto, e ainda ao longo do ano. Outro aspecto é a
corrosão do aterramento e da própria torre, que irá degradar a resistência.
Efeito corona,
Efeito pelicular,
Descargas atmosféricas.
Considerando ainda as linhas CC, existe ainda as interações com os circuitos eletrônicos, além
de alguns fenômenos acima terem uma caracterização bem diferente (ex. efeito corona).
Cabe ressaltar algumas premissas adotadas anteriormente que não serão válidas:
A consideração de linha idealmente transposta, por exemplo, o efeito de uma falta ocorrendo
em um trecho de transposição, tornando o problema assimétrico, e provocando interaçoes
entre as componentes de sequencia;
O efeito do solo, considerando a maioria dos fenômenos com retorno pelo solo, pois a com-
ponente de sequência zero possui desvio considerável ao modelar o solo real;
Não se pretende nesta seção explicar a totalidade destes problemas, cando como inspiração
para trabalhos futuros.
37
14 Considerações nais
Esta apostila apresenta um resumo muito breve do assunto, que possui aspectos muito relevantes
tanto para prática quanto para pesquisa e desenvolvimento. Fica como sugestão um artigo [22]
que aborda de forma geral mas com alguns detalhes que, apesar da aparente complexidade, inspira
curiosidade. O livro [7] também é uma fonte importante, aonde descreve com profundidade vários
aspectos de simulação de LTs.
Stevenson, seja o original [26], a versão em português [27] ou a reedição póstuma por Grainger
[11] são obras muito conhecidas entre os estudantes, pois é um livro aplicado em diversas
disciplinas, incluindo linhas de transmissão.
O Livro vermelho do EPRI [23, 8], com três edições, é um livro de cabeceira do prossional
de linhas, mas ele não apresenta uma introdução teórica - é necessário partir do Stevenson
para depois chegar nos assuntos com mais embasamento. O EPRI almejou na primeira versão
linhas de extra e ultra-alta tensão, em na sua terceira versão deu uma "recaida"para 200 kV.
O livro mostra questões práticas de projeto, como cálculo de campos eletromagnéticos, radi-
ointerferência e coordenação de isolamento.
A norma brasileira [2], com certeza é o parâmetro para o projeto de uma linha, mas é longe
de ser um texto didático. A norma até o momento encontra-se em revisão, e enquanto não
entra em vigor é prática adotar algumas diretrizes de normas estrangeiras, como da IEC (ex.
[13]).
O manual do EMTP [7] é uma fonte importante sobre simulações numéricas, envolvendo
inclusive linhas de transmissão, tratando de toda a teoria e limitações encontradas. O
texto é importantíssimo para compreender programas modernos como o ATP, o Matlab
SimPowerSystems e o PSCAD.
Referências
[1] ABB Electric Systems Technology Institute. Electrical Transmission and Distribu-
tion Reference Book, 5th ed. EUA, 1997.
[2] ABNT. NBR 5422/85 projeto de linhas aéreas de transmissão de energia elétrica, 1985.
[3] Anderson, P. M., and Anderson, P. Analysis of faulted power systems. IEEE press New
York, 1995.
[5] Carson, J. R., et al. Wave propagation in overhead wires with ground return. Bell system
technical journal 5, 539-554 (1926).
[6] Deri, A., Tevan, G., Semlyen, A., and Castanheira, A. The complex ground return
plane a simplied model for homogeneous and multi-layer earth return. Power Apparatus and
Systems, IEEE Transactions on, 8 (1981), 36863693.
[7] Dommel, H. W. EMTP Theory Book. Microtran Co., 1995.
[8] EPRI. EPRI AC transmission line reference book: 200 kV and above, 3rd ed. Electric Power
Research Institute, Palo Alto, CA, EUA, 2005.
[9] Fuchs, R. Transmissão de Energia Elétrica: Linhas Aéreas; teoria das Linhas em Regime
Permanente, 2ª edição ed. Livros Técnicos e Cientícos, Rio de Janeiro, 1979.
38
[10] Furnas/ UFF, Ed. Transitórios Elétricos e Coordenação de Isolamento - Aplicação em
Sistemas Elétricos de Alta Tensão. Furnas Centrais Elétricas, 1987.
[11] Grainger, J., and Stevenson, W. Power systems analysis. McGraw-Hill, 1994.
[12] ICNIRP. Guidelines for limiting exposure to time-varying electric, magnetic, and electro-
magnetic elds (up to 300 GHz). Health Physics 74, 4 (1998), 494522.
[13] IEC 60826. Loading and strength of overhead transmission lines. Tech. rep., IEC, Geneva,
1991.
[14] Kiessling, F., Nefzger, P., Nolasco, J., and Kaintzyk, U. Overhead power lines:
planning, design, construction. Springer, 2003.
[15] Kundur, P. Power system stability and control. Tata McGraw-Hill Education, 1994.
[16] Labegalini, P. R., Labegalini, J. A., Fuchs, R. D., and Almeida, M. T. Projetos
mecânicos das linhas aéreas de transmissão. Edgard Blucher, 1982.
[18] Mathworks Inc. Matlab r2011b documentation - distributed parameter line. Disponível
online, October 2011.
[19] Matsch, L., and Lewis, W. The magnetic properties of acsr core wire. Power apparatus
and systems, part III. transactions of the AIEE 77, 3 (February 1958), 11781189.
[20] Peek, F. Dielectric phenomena in high voltage engineering. McGraw-Hill Book Company,
inc., 1920.
[21] Pollaczek, F. Uber das feld einer unendlich langen wechselstromdurchossen einfachleitung.
Elektr. Nachr. Technik 3, 9 (1926), 339360.
[22] Portela, C. M. J. C. M., and Tavares, M. C. Modeling, simulation and optimization
of transmission lines. applicability and limitations of some used procedures. In Proceedings
IEEE Transmission and Distribution 2002 (São Paulo, SP, Março 2002).
[23] Project UHV. Transmission Line Reference Book 345 kV and Above, 2nd ed. Electric Power
Research Institute EPRI, 1982.
[25] St. Clair, H. P. Practical concepts in capability and performance in transmission lines. In
AIEE Pacic General Meeting (1953), vol. 72.
[26] Stevenson, W. Elements of Power System Analysis, 4th ed. McGraw-Hill, 1982.
39
Tabela 4: Exemplos de parâmetros para algumas congurações.
Vff [kV] Condutor PC [MW] Z1 [ W/km] Y1 µ
[ S/km] Zc [ W] Z̄1 [pu/100 km]
138 1× Linnet 47,8 0,205 + j0,490 j3,370 390 0,050 + j0,121
345 1× Drake 403 0,045 + j0,377 j4,397 295 0,015 + j0,128
500 4× Rail 1075 0,018 + j0,295 j5,484 232 0,008 + j0,127
765 4× Bittern 2024 0,016 + j0.371 j4,474 289 0,006 + j0,128
1000 6× Bluebird 4195 0,007 + j0,305 j5,441 238 0,003 + j0,128
√
3
Para um cálculo expedito, utiliza-se o DMG entre as fases, Deq = dab dbc dac , obtendo-se os
parâmetros de sequência positiva:
µ Deq
Z =R+jω ln 0 (B.1)
2π r
−1
Deq
Y = j 2 π ω ε0 ln (B.2)
r
Lembrando que o efeito pelicular, representado por r0 , só é incorporado na impedância, valendo
a regra de aplicar um RMG para impedância e outro para a admitância.
C Tópicos avançados
Lista de tópicos para pesquisa ou simples curiosidade.
dv
= iz (C.1a)
dx
di
= vy (C.1b)
dx
A gura 16 ilustra o modelo básico de linha de transmissão, em aproximação monofásica, sendo
o eixo x referente ao comprimento da linha, aonde divide-se a linha em elementos innitesimais
de comprimento dx, de impedância dz e admitância dy , formando um circuito escada (ou ladder ).
Com isso obtém-se, por exemplo, o perl de tensões transversais vt (x) e correntes longitudinais
il (x) em qualquer ponto da linha..
Desenvolvendo,
d2 v di
=z (C.2a)
dx2 dx
d2 i dv
=y (C.2b)
dx2 dx
Sendo a solução na forma exponencial,
√ √
v = A1 exp(x y z) + A2 exp(−x y z) (C.3)
d2 v √ √
= y z [A1 exp(x y z) + A2 exp(−x y z)] (C.4)
dx2
40
dz
il(x)
dy vt (x)
dx
Figura 16: Modelo de linha de transmissão
substituindo
1 √ 1 √
i = p A1 exp(x y z) − p A2 exp(−x y z) (C.5)
z/y z/y
V R = A1 + A2 (C.6a)
1
IR = (A1 − A2 ) (C.6b)
Zc
resolvendo,
VR + IR Zc
A1 = (C.7a)
2
VR − IR Zc
A2 = (C.7b)
2
nalmente,
VR + IR Zc VR − IR Zc
v(x) = exp(γ x) + exp(−γ x) (C.8a)
2 2
VR/Zc + I VR/Zc − I
R R
i(x) = exp(γ x) + exp(−γ x) (C.8b)
2 2
sendo assim possível obter v e i em qualquer ponto da linha, sabendo-se os valores na barra
receptora.
Pode-se também obter a energia na linha [9], no campo magnético:
i2 Ldx
dEm = (C.9)
2
e no campo elétrico
v 2 Cdx
dEe = (C.10)
2
no total
i2 Ldx v 2 Cdx
v i dt = + (C.11)
2 2
q
L
sendo aproximadamente uma linha sem perda, u = i Zc = i
C,
r !2
L Cdx i2 Ldx
dEe = i = = dEm (C.12)
C 2 2
sendo assim a energia do campo elétrico igual ao do campo magnético.
41
C.2 Impedância de condutores compostos
Para cabos de construção composto, ex. múltiplo os ou diferentes materiais, o raio interno será
dado pelo RMG, em geral tabelado.
D Questões de concursos
1. (EPE 2006) A capacitância fase-terra de uma linha de transmissão trifásica transposta é igual
à:
2. (EPE 2007) O Brasil experimenta uma fase importante de desenvolvimento econômico, que
representa um aumento na demanda de energia elétrica, e signica necessidade de aumentar
a capacidade de geração e de transmissão. Em alguns casos de linhas longas, é interessante
42
projetar a linha de forma que possua potência natural elevada (LPNE) e por conseguinte,
uma capacidade de transmissão maior do que as linhas convencionais, para os mesmos níveis
de tensões. Uma das técnicas de elevar a potência natural é aumentar a capacitância trans-
versal por unidade de comprimento. Com relação à capacitância transversal por unidade de
comprimento de seqüência positiva, é correto armar que:
(a) aumentando as distâncias entre os subcondutores dos feixes, diminui o Raio Médio
Geométrico (RMG) e, assim, eleva-se a capacitância transversal por unidade de com-
primento.
(b) aumentando as distâncias entre as fases, aumenta o Raio Médio Geométrico (RMG) e,
assim, eleva-se a capacitância transversal por unidade de comprimento.
(c) diminuindo as distâncias entre as fases, diminui a Distância Média Geométrica (DMG)
e, assim, eleva-se a capacitância transversal por unidade de comprimento.
(d) diminuindo as distâncias entre os subcondutores dos feixes, aumenta a Distância Mé-
dia Geométrica (DMG) e, assim, eleva-se a capacitância transversal por unidade de
comprimento.
(e) a altura dos condutores em relação ao solo não inuencia os valores da capacitância
transversal, e, por isso, não inuencia o cálculo da potência natural da linha.
(a) contínua tem um impacto ambiental maior, devido ao seu campo magnético mais intenso.
(b) contínua possui maior perda por Efeito Joule, o que acarreta cabos com maiores bitolas.
(c) contínua possui maior consumo de material para os cabos da linha de transmissão.
(e) alternada tem melhor desempenho que a de corrente contínua para longas distâncias
5. (EPE 2010) Sobretensões de origem atmosférica em linhas de transmissão têm por caracte-
rística serem unidirecionais e de curta duração, menores que 200 µs, e serem provocadas por
descargas atmosféricas (raios), atingindo uma fase ou o cabo para-raios.
II Quando uma descarga atmosférica atinge o cabo para-raios de uma linha de transmissão,
o acoplamento capacitivo entre o cabo e as fases provocará uma sobretensão apenas no
topo da torre de transmissão.
III Sobretensões de origem atmosférica fazem com que o isolamento tenha uma solicitação de
característica variável, podendo ser modelada por uma distribuição normal nos estudos
de coordenação de isolamento.
(a) I.
(b) II.
(c) III.
43
(d) I e II.
(e) I e III.
(e) aumentar o grau de amortecimento dinâmico dos sistemas e/ou aumento das margens
de estabilidade, tanto transitórias quanto dinâmicas.
(a) matriz indutância resultante de uma linha de transmissão bifásica será, em geral, assimé-
trica, quando houver transposição de seus condutores, ao longo da linha, em intervalos
irregulares, mesmo que se mantenha constante a distância entre os condutores.
(d) hidrelétrica de Itaipu, em uma das linhas de transmissão trifásicas em corrente alter-
nada de seu sistema, composta de quatro condutores por fase, apresenta uma maior
impedância, se comparada à opção de um único condutor por fase.
8. (EPE 2012) A transmissão de grandes blocos de potência pode ser feita por linhas de trans-
missão em corrente contínua (CC) ou por corrente alternada (CA). Uma das vantagens da
linha CC sobre a CA é o(a)
(c) facilidade de ramicar a transmissão para diversos pontos ao longo de sua transmissão.
(d) o gradiente de potencial ao redor deles é equivalente ao que existiria com um condutor
de bom tamanho.
10. (Eletrobras 2010) Sobre linhas de transmissão de Corrente Contínua em Alta Tensão (CCAT),
analise as armações a seguir.
44
II Os condutores aéreos de uma linha de transmissão de um sistema CCAT têm um maior
custo em relação aos condutores aéreos de uma linha equivalente em corrente alternada.
III É possível interligar sistemas de corrente alternada de mesma frequência, porém assín-
cronos, por meio de elo de corrente contínua.
(a) I e II.
(b) I e III.
(c) II e IV.
(d) I, II e III.
I Os sistemas de potência com equipamento FACTS poderão ser aceitos pelas empresas
de geração e transmissão de energia elétrica se sua utilidade for comprovada por uma
redução de custos e/ou um aumento na segurança de operação.
III O dispositivo FACTS pode ser aplicado em compensação, série e paralelo de potência
reativa, em linhas de transmissão.
IV Quando a utilização tradicional de bancos de capacitores e reatores não for suciente para
resolver problemas de potência reativa ou regulação de tensão nas linhas de transmissão,
o uso correto do equipamento FACTS estabilizará e otimizará o seu controle.
(a) I.
(b) I e II.
(c) II e IV.
(d) I, II e IV.
12. (Eletrobras 2010) Em um sistema de Corrente Contínua em Alta Tensão (CCAT), devido às
condições de operação, uma ponte conversora composta por tiristores deve preencher alguns
requisitos básicos. Analise os requisitos abaixo.
IV Suportar uma tensão reversa de mesma magnitude que a máxima tensão direta, sem
entrar em condução no sentido reverso.
45
13. (Eletrobras 2010) Uma linha de transmissão longa possui uma impedância característica
Zc = 400 5° W. Quando se desprezam R e G dessa linha de transmissão, obtém-se uma linha de
transmissão sem perdas que, para determinada carga ligada ao seu terminal receptor, pode ser
denominada linha innita ou plana. Nessas condições, o fator de reexão no terminal receptor,
para uma onda qualquer incidente de tensão, também possui um valor especíco. Os valores
da impedância de carga e do fator de reexão para essas condições valem, respectivamente,
(a) ∞ e -1
(b) 0 e 0
(c) 0 e -1
(d) Zc e -1
(e) Zc e 0
46