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Transmissão

de Energia Elétrica
Linhas Aéreas
RUBENS DARIO FUCHS

o
LTC / EFEI
LT / 621 | 05

TRANSMISSÃO
DE ENERGIA ELÉTRICA
Linhas Aéreas

Teoria das Linhas em Regime


Permanente

Volume 1

ENG. RUBENS DARIO FUCHS

M. Sc., L. D., Professor Titular da


Escola Federal de Engenharia de Itajubá

LIVROS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS EDITORA


ESCOLA FEDERAL DE ENGENHARIA DE ITAJUBÁ
Copyright O) , 1977, Rubens Dario Fuchs

Proibida a reprodução, mesmo


parcial, e por qualquer processo, sem
autorização expressa do
autor e do editor.

CAPA/ AG Comunicações visual ltda

(Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte do


SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ)

Fuchs, Rubens Dario.


Fo966t Transmissão de energia elétrica: linhas aéreas;
teoria das linhas em regime permanente. Rio de Ja-
neiro, Livros Técnicos e Científicos; Itajubá, Escola
Federal de Engenharia, 1977.
p. ilust.

Apêndice: Tabelas
Bibliografia.

1. Distribuição de energia elétrica 2. Energia elé-


trica 3. Linhas elétricas — Aéreas |. Título Il.Título:
Teoria das linhas em regime permanente À minha querida esposa e filhas

CDD — 621.3192.
77-0337 CDU — 621.315.1 Magda

Cecília Elizabeth

Celina Dária
Direitos reservados:
LIVROS TÉCNICOS E CIENTÍFICOS EDITORA S.A.
Célia Inês
Avenida Venezuela, 163 — ZC-14
20.000 — Rio de Janeiro, RJ
Annelise
1977
Impresso no Brasil
Danielle
Prefácio

Em 1968 foi publicada um coleção de Notas de Aula, preparadas do afogadilho, com o


fim único de acompanhamento das preleções da disciplina Transmissão e Distribuição de Ener-
gia Elétrica, que, nessa época, era introduzida no currículo de graduação do curso de Engenheiros
Eletricistas da Escola Federal de Engenharia de Itajubá. Sua repercussão foi imediata, exigindo
sucessivas reimpressões, dada a inesperada procura não somente pelos alunos a quem se desti-
navam, como também, e principalmente, por engenheiros militantes no ramo. Imperfeições e
incorreções por certo as hávia, e deviam ser sanadas. Originalidade, nenhuma, exceto, talvez, O
idioma português.

Durante o processo de revisão e complementação, a idéia de transformá-las em livro foi


tomando corpo. O estímulo de colegas foi decisivo. A ambição também cresceu: não bastava
um livro-texto para cursos normais de graduação em Engenharia Elétrica. Devia servir também
aos cursos de pós-graduação e aos engenheiros no exercício da profissão. Uma edição experi-
mental, feita em 1973, em “multilith”, também se esgotou rapidamente, comprovando o
interesse pelo assunto.

É, antes de tudo, uma compilação bibliográfica. Porém, em se considerando a escassez


de material bibliográfico à disposição de estudantes e engenheiros em geral, terá, sem dúvida
alguma, sua utilidade. Informações baseadas na experiência profissional foram incluídas, onde
cabível.

RA
A bibliografia de referência consultada está indicada no final de cada capítulo. É variada
. em suas origens, na presunção de que, estando o Brasil procurando sua prépria tecnologia, deve-
mos buscar a composição das boas práticas de qualquer origem, para atingir um ótimo nosso. É
também bastante atualizada.

O tratamento dado aos diversos tópicos é aquele que se poderia chamar de clássico, pro-

curando-se, dentro do possível, a generalização dos processos de enfoque de problemas de


mesma natureza. Processos gráficos de cálculo e análise das condições de operação das linhas
foram empregados por sua natureza fotográfica. A análise qualitativa dos fenômenos merece
especial destaque.
3
PREFÁCIO

Se bem que seria desejável, não foi possível estabelecer linhas divisórias nítidas, visando
a uma limitação na extensão com que os diversos tópicos deveriam ser tratados em cursos de
graduação e quais as partes que deveriam ser conservadas nos cursos de pós-graduação como
base de programa. Nestes, os conhecimentos na profundidade desejada raramente saem dos
livros-texto, e sim de artigos e obras especializadas, de estudo e interpretação obrigatória.

Aparentemente. espaço demais foi dedicado à análise da operação das linhas através da
teoria das ondas, pois para a maioria dos problemas de ordem prática, a análise de seu compor-
tamento pela teoria dos circuitos elétricos é suficiente e leva aos mesmos resultados numéricos.
Mas, em geral, não os explica nem os justifica, o que é inadmissível em Engenharia. E problemas
há em que somente um profundo conhecimento dessa teoria permite alcançar resuitados satisfa-
tórios. Este é, por exemplo, o caso do estudo das linhas extra longas que, possiveimente deverão

Simbologia e Abreviações
ser implantadas para um melhor aproveitamento do potencial energético da bacia am

O estudo das indutâncias e capacitâncias, através dos coeficientes de campo e de potencial,


foi adotado por apresentarem maiores recursos e flexibilidade para um tratamento generalizado,
sendo o conceito das Distâncias Médias Geométricas introduzido no final, para permitir o uso
das clássicas tabelas de reatâncias em cálculos práticos.

No final do texto, em forma de apêndices, foram incluídas tabelas consideradas úteis,


Símbolos
destacando-se as tabelas de características físicas, mecânicas e elétricas de condutores padroni-
Significado
zados, todas convertidas ao sistema métrico. Incluíram-se também tabelas de reatâncias indutivas
e capacitivas unitárias, elaboradas no Centro de Processamento de Dados da E FEI, com auxílio
do computador digital, para cabos múltiplos de 2, 3, 4 e 6 subcondutores e diversos espaçamen- Operador ei 120º =—-S+ VB
tos padronizados. 2
Coeficientes de Potencia
l (de Maxvwvell) próp
rios
Coeficientes de Potencia
. Como o estudante de hoje, desde o seu primeiro semestre nas Escolas de Engenharia, já l (de Maxwell) mút
uos
Matriz de transformaçã
é treinado para o uso dos computadores, tanto digitais como analógicos, como o era no uso da o das componentes
simétric.
régua de cálculo, foi omitida a solução de problemas nesses tipos de máquinas ou a apresentação Matriz de coeficientes
de Potencial (de Max
well) É
de programas, na suposição de que, quando esta matéria lhe for apresentada, já no final de seu - Ampêres (abr.)
,
curso, esteja em condições de escrever seus próprios programas. No tratamento matemático, Constante generalizada
cuidou-se da formulação que facilitasse o uso desses recursos de cálculo. Considerando que os dos quadripolos
Matriz da constante À
resultados obtidos por processos de cálculo em computadores que hoje tendem a requintes de de Uma linha trifásica
sofisticação são apenas tão possíveis. de confiança quanto os dados de entrada, observações Susceptância capaciti
va, pressão barométri
ca
nesse sentido são feitos onde se faz necessário. Susceptância Capacitiva própria
Susceptância capacitiva
mútua
No final dos capítulos, em que-se julgou conveniente, incluiu-se uma série de exercícios Densidade de campo
magnético ou induçã
típicos resolvidos e outros por resolver, usando-se, frequentemente, características aproximadas o magnéti
Matriz das Susceptância
de linhas reais existentes no Brasil, a fim de familiarizar o estudante com as mesmas. s capacitivas
Constante generaliz Mrs
ada dos quadripolos
qi da constante
Um trabalho como este não poderia ser completado sem a colaboração de muitos. Por 8 de uma linha trifásic
a
certo pecaria por omissão numa tentativa de relacionar tantos que tornaram esta obra viável. pi por unidade de comprimento.
Coulomb
Sou, pois, profundamente grato a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram com seu
trabalho, críticas, sugestões e estímulo para sua concretização. Capacitância Parcial
entre condutor e solo
Capacitância Parcial entr
e condutores
Capacitâncias aparentes |
Escola Federal de Engenharia de Itajubá das fasesa,bec
Capacitância de serviço |
Julho de 1977
Capacitância de segliênc
ia positiva
Rubens Dario Fuchs Capacitância de sequên
cia negativa
Capacitância de segiiênc
ia nula
Xi
xH SIMBOLOGIA E ABREVIAÇÕES . SIMBOLOGIA E ABREVIAÇÕES

Intensidade de campo magnético


C,2, Ca. Cro Cor Cao: Cor Capacitância entre circuitos sequenciais
Altura de fixação de um condutor genérico
IC] Matriz das capacitâncias
Henry (abr.)
Cog] Matriz das capacitâncias da linha trifásica, sem cabos
Hertz (abr.)
pára-raios equivalente ,
Corrente elétrica — valor instantâneo, condutor genérico
Constante generalizada dos quadripolos
Corrente elétrica — módulo
Matriz da constante É de uma linha trifásica
Fasores das correntes nas fasesa,b,C,...
Diâmetro dos condutores
Vetor de correntes
Diâmetro de um condutor cilíndrico equivalente a um
Parte imaginária de um conplexo é
condutor múltiplo de mesmo gradiente
Condutor genérico, ou operador
Distância entre condutores /e/
Joule (abr,)
Densidade de fluxo elétrico. Determinante de uma
Constantes de proporcionalidade, quilo abr.)
matriz ,
10º" A
Distância do condutor / e a imagem do condutor /
10º em
Raio médio geométrico dos condutores múltiplos
10º: V
Distância média geométrica
10º - VA
Distância média geométrica entre fases de um mesmo
10º *: VAr
circuito ,
103 -W
Distância média geométrica entre condutores e ima-
Comprimento
gens dos condutores vizinhos
Indutância
Distância média geométrica entre condutores de cir-
Coeficiente de superfície dos condutores
cuitos paralelos, de mesma fase
Metro (abr.)
Distância média geométrica entre condutores de cir-
Número de elementos
cuitos paralelos, de fases diferentes
Mega — 10º
Constante generalizada dos quadripolos
10º VA
Matriz da constante D de uma linha trifásica
10º + VAr
Número-base dos logaritmos naturais = 2,71828...
10º *W
Gradiente de potencial, intensidade de campo elétrico.
Número de elementos, potência aparente
Energia
Potência complexa
Gradiente crítico visual (de Peek)
Operador
Freguência
Potência ativa
Coeficientes de campo magnético próprios
Circuito equivalente de linha
Coeficientes de campo magnético mútuos
Por unidade .
Matriz das indutâncias de um sistema de condutores
Carga elétrica
farad (abr.)
Potência reativa
Condutância por unidade de comprimento resistência elétrica por unidade
Raio de um condutor,
Condutância total de uma linha de comprimento de um condutor
Matriz das condutâncias de mn condutores
Raio de um condutor cilíndrico equivalenre a um con-
Co-fator de uma matriz
Raio do círculo que passa pelo centro dos subcondu-
10º (GIGA) so
tores em um .condutor múltiplo, Resistência elétrica
Valor em “por unidade” de uma grandeza G
total de um condutor.
Altitude, horas ,
Raio Médio Geométrico
Altura média do condutor genérico / sobre o solo
Parte real de um complexo €
Altura média geométrica dos condutores sobre o solo
XIV
SIMBOLOGIA E ABREVIAÇÕES XV
SIMBOLOGIA E ABREVIAÇÕES
Tempo, temperatura em C
Função de propagação
Período, temperatura em K
Densidade relativa do ar, coeficiente de desuniformida-
Circuito equivalente de linha.
de .
Valor instantâneo da tensão El
Variação incremental
Tensão entre fase e neutro (módulo)
Permissividade do meio
Fasor de tensão
Permissividade do vácuo = 8,859 + 107"? [A's/V'm]
Tensão entres fases (módulo)
Permissividade relativa do meio
Vetor de tensões |
Ângulo de potência da linha
“Velocidade ou celeridade de propagação
Vetor de transformação
Volt (abr)
Watt (abr.) Constante de permeabilidade magnética
Constante de permeabilidade do vácuo = 4m + 1077
Deslocamento, distância genérica
Reatância indutiva por unidade
Reatância.capacitiva em uma
de comprimento
unidade de comprimento
[|
Am
relativa
Constante de permeabilidade
Reatância indutiva em

aq E
ohm/km para espaçamento de Pi=3,14159...
tm
Resistividade elétrica
Reatância capacitiva em Mohm : km para espaçamento Ângulo de fator de potência

se»
de7m
7) Fluxo magnético, ângulo do fator de potência
Fator de espaçamento indutivo
e Fregiiência angular
Fator de espaçamento capacitivo
eve ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
Fator indutivo de acoplamento mútuo entre dois
AlEE American Institute of Electrical Engineers
circuitos
Eder Eletricité de France
*c Fator capacitivo de acoplamento mútuo entre dois Equipe de projeto Extra High Voltage Research
EHV
circuitos General Electric — Edison Institute
Program
Reatância indutiva total
IEE The Institute of Electrical Engineers — Londres
rs
Reatância capacitiva total
IEEE Institute Of Electrical and Electronics Enginee
Reatância indutiva de sequência nula Centrais Elétricas de Minas Gerais S. A.
CEMIG
Reatância indutiva de segúência positiva Centrais Elétricas de São Paulo S. A.
CESP
Reatância indutiva de sequência negativa Cia. Hidroelétrica do São rancisco S. A.
CHESF
Admitância por unidade de comprimento
FURNAS Centrais Elétricas de Furnas S. A,
«=

Admitância total
CPFL Companhia Paulista de Força e Luz S.A.
impedância por unidade de comprimento
NN

Impedância total
Impedância característica
NNÇN

Impedância natural'ou impedância de surtos


Impedância de sequência nula
o

Impedância de sequência positiva


NAN
nm

Impedância de sequência negativa


Função de atenuação, ângulo
R

Coeficiente de aumento de resistência com a tempera-


+R

tura
Função de fase
Ângulos
Sumário

1 — Transporte de Energia e Linhas de Transmissão, 1

1.1 — Introdução, A 1
1.2 — Sistemas elétricos — Estr, fra básica, 3

7.3-— Evolução histórica e persfectivas futuras, 8


1.3.1 — Geral, 8
1.3.2 — No Brasil, 10

1.4 — Tensões de transmissão — Padronização, 13

1.5 — Bibliografia, 14

2 — Características Físicas das Linhas Aéreas de Transmissão, 15

2.71 — Introdução,- 15

2.2 — Cabos condutores, 15


2.2.1 — Condutores padronizados, 17
2.2.1.1 — Padronização brasileira, 18

23-— isoladores e ferramentas, 24


2.3.1 — Tipos de isoladores, 26
2.3.2 — Características dos isoladores de suspensão, 31
2.3.2.1 — Distribuição de potenciais em isoladores e cadeias de
isoladores, 32
2.3.3 -— Ferragens e acessórios, 36
2.3.3.1 — Cadeias de suspensão, 37

2.4 — Estruturas das linhas de transmissão, 39


2.4.1 — Disposições dos condutores, 40
xvui SUMÁRIO E SUMÁRIO XIX

2,4.2 — Dimensões das estruturas, 42 . º 4.3.4 — Constantes generalizadas de associações de quadripolos 137
2.4.3 — Classificação das estruturas das linhas de transmissão, 43 4.3.5 — Linha artificial, . 141
ao o Canções das estruturas nas linhas, 43 | 4.4 — Relações de potência nas linhas de transmissão, 142
: 2433 o Mare de resistir das estruturas, 44 ; 4.4.1 — Relações de potências no receptor, . 143
«Fedud — Materiais para estruturas, 47 - 4,4.2-— Relações de potências no transmissor, 146
2.5 — Cabos pára-raios, bo o | 4.4.3 — Perdas de potência e rendimento, 147
26- Bibliografia, 51 4.4.4 — Emprego de grandezas relativas, ' 149
' 4.5 — Modelos matemáticos de linhas trifásicas, 151
| 46 -— Exercícios, 153
3— Teoria da Transmissão da Energia Elétrica, 53 | 4.7 — Bibliografia, 177
i

3.1 — Introdução, , . 53 |
24: ma | ag . .
3.2 -— Análise qualitativa, . 54 nm
5 — Processos Gráficos de Cálculo das Linhas de Transmissão, : 179
3.2.1 — O fenômeno da energização da linha 54
3.2.2 — Relações de energia, 59 |
3.2.3 — Ondas viajantes,
64 | 5.1 — Introdução,
178
33 — Análise matemática, o . . 89 5.2 — Diagrama D'Escanglon das correntes e tensões, 180
3.3.1 — Equações diferenciais das linhas de transmissão, 69 |
3.3.2 — Solução das equações diferenciais no domínio da fregiência: 5.3 — Diagramas circulares, . 185
Linha da corrente alternada em regime permanente, 72 5.3.1 — Diagramas circulares das potências, 185
3.3.2.1 — Interpretação das equações das linhas, . 74 5.3.1.1 — Diagrama do transmissor, 186
3.3.2.2 — Linha em curto-circuito permanente, 86 5.3.1.2 — Diagrama do receptor, 187
3.3.2.3 — Operação das linhas sob-carga, 88 5.3.1.3 — Diagrama completo, 188
34- Consid = . 5.3.2 — Diagrama universal das potências [9, 10] 194
rf — Considerações gerais, . 96 5.3.3 — Diagramas circulares das perdas, 200
3.5 — Exercícios, 96 a 5.3.4 — Outros processos gráficos, 207
3.6 — Bibliografia, , . 113 . 5.4 — Exercícios, 207
5.5 — Bibliografia, 220
as ,

Á í Cálculo Prático das Linhas de Transmissão,


115.

6 — Operação das Linhas ou Regime Permanente, 221


4.1 — Considerações gerais, - . 114
4.2-— Relações entre tensões e correntes, 115
4.2.1 — Linhas curtas, 118 6.1 — Introdução, 221
+» 4.2.2 — Linhas médias, | 120 Ê 6.2 — Modo de operação das linhas de transmissão, 221
43 Linhas de transmissão como quadripolos, 125 6.2.1 — Linha entre central geradora e carga passiva, 222
4.3.1 — Interpretação do significado das constantes das linhas de 6.2.1.1 — Operação com tensão constante no transmissor, 226
transmissão, 129 6.2.2 — Linha de transmissão ligando uma central geradora e um grande
4.3.2 — Medida direta das constantes das linhas de transmissão, 131 sistema, o . 228
4.3.3 — Quadripolos representativos de outros componentes dos sistemas 6.2.3 — Linha de interligação de sistemas, . 232
de potência 133 6.2.4 — Linha de interligação entre dois pontos de um mesmo sistema, 232
XX : SUMÁRIO

6.3 — Meios de controfar tensões e ângulos de uma linha. Compensação das linhas, 233
6.3.1 — Regulação do fator de potência, 233

6.4 — Compensação das linhas de transmissão, 237


6.4.1 — Compensação em derivação, : 238
6.4.2 — Compensação-Série, 241

6.5 — Variação artificial do comprimento das linhas, — 246


6.5.1 — Linha com compensação totat, 247
6.5.2 — Compensação para transmissão em meia onda, 248

6.6 — Limites térmicos de capacidade de transporte, . 252


6.6.1 — Equilíbrio térmico de um condutor, 253

6.7 — Exercícios, . 255


Transporte de Energia Elétrica
e Linhas de Transmissão

1.1 — INTRODUÇÃO

Economistas modernos, ao analisarem o grau de desenvolvimento


de um país, baseiaru-se frequentemente no consumo per capita de energia
elétrica e-no índice de crescimento desse consumo, dada a sua ligação
direta com a produção industrial e o poder aquisitivo da população, que
cresce com o mesmo. Aumentar constantémente as potências dispo-
níveis nos sistemas elétricos tornou-se, pois, uma necessidade. Um re-
gime de deficit energético representa poderoso. freio a esse desenvolvi-
mento.
As características peculiares de produção e distribuição de energia
elétrica, cujo fornecimento é considerado um serviço público e, portanto,
sujeito ao regime de concessão por parte dos poderes públicos, pressu-
põem regimes de exclusividade em cada região
— estando, na maioria, dos
países, sob severa fiscalização, quando não parcial ou inteiramente nas
mãos dos próprios poderes públicos. O consumo da energia elétrica está
diretamente relacionado com o seu preço de venda; é, pois, de toda con-
veniência mantê-lo so menor nível possível, mesmo com sacrifício da ren-
tabilidade dos investimentos que, se feitos em outras atividades, trariam
maiores lucros. A menor rentabilidade, no entanto, é normalmente com-
pensada pelo risco quase inexistente. Tarifes realistas asseguram cober-
tura ao custo de produção, retorno e remuneração razoável ao investi-
mento realizado. Esses fatores fizeram com que a indústria da energia
elétrica, nos países mais desenvolvidos, se tornasse uma das mais efici-
entes no tocante aos custos de produção e despesas com transportes e dis-
tribuição. é
As fontes convencionais de energia primária para a produção de ener-
gia elétrica em sistemas comerciais são, atualmente:
[e
2 TRANSPORTE DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1 1.2 — SISTEMAS ELÉTRICOS — ESTRUTURA BÁSICA -3

4 — energia hidráulica: de consumo, mesmo com limitações de ordem de conservação do meio


ambiental. Combustíveis líquidos e gasosos podem ser transportados
a — rios;
com relativa facilidade por oleodutos e gasodutos e o custo do transporte
b — mares; dessa forma de energia é competitivo com o custo do transporte da energia
elétrica. No caso dos combustíveis sólidos, um equacionamento econô-
B — energia térmica convencional: mico pode aconselhar a instalação das centrais junto às jazidas desses
combustíveis — centrais de boca de mina — transportando-se a energia
a — combustíveis sólidos; elétrica aí produzida. É o caso das centrais termoelétricas de Figueirá,
-— hulha; Capivari e Candiota, no Sul do Brasil.
— antracita; Às centrais termonucleares não apresentam maiores problemas. de
transporte de energia primária, porém consideraçõés de segurança e, prin-
— turfa; cipalmente, de ordem psicológica, têm aconselhado sua localização em
b — combustíveis pontos mais distantes de zonas densamente povoadas, portanto, dos cen-
líquidos e gasosos;
tros de maior consumo.
— derivados do petróleo; Os modernos sistemas de energia elétrica dependem, pois, grande-
— gás natural; mente das facilidades para o transporte a granel dessa energia, que é feito
através das linhas de transmissão, ou eletrodutos.
C — energia termonuclear;
D— energia geotérmica.
1.2 — SISTEMAS ELÉTRICOS — ESTRUTURA BÁSICA
* Qualquer que seja a forma da energia primária, o custo de produção
da energia elétrica diminui consideravelmente com o aumento da potência Os modernos sistemas de energia elétrica possuem uma estrutura
das: centrais de geração, principalmente no caso das usinas térmicas, con- baseada em organização vertical e numa organização horizontal, como
vencionais ou nucleares. mostra o diagrama de blocos da Fig. 1.1.
“ Para a realização de um aproveitamento hidroelétrico de forma eco- Na organização vertical de um sistema elétrico distinguimos geral
nômica, condições locais especiais devem existir. Essas condições ocor-
mente cinco níveis:
rem aleatoriamente na natureza, em geral longe dos grandes centros de
consumo. Surge, pois, a necessidade do transporte da energia elétrica, a — rede de distribuição;

através de distâncias nem sempre pequenas. Observa-se inclusive que


à medida que os locais aproveitáveis vão sendo desenvolvidos, novos locais b.— rede de subtransmissão;
aproveitáveis vão se tornando cada vez mais remotos, implicando maiores e — rede de transmissão;
problemas com o transporte da energia.
d — linhas de interligação, que conectam um número de sistemas
De um modo geral, o custo do transporte aumenta com a distância a ser em um pool;
vencida e diminui com a quantidade de energia a ser transportada.
e — geração ou produção.
Qualquer estudo de viabilidade econômica de um aproveitamento hi-
droelétrico, deverá equacionar custo de produção e custo de transporte
da energia produzida. Horizontalmente, cada camada ou nível se divide em um número
O mesmo de. subsistemas que, a princípio, são isolados eletricamente (em geral,
acontece com relação à energia geotérmica, cuja trans-
formação só é realizável nos locais em que há condições favoráveis à sua também geograficamente) dos subsistemas vizinhos de mesmo nível, sendo
captação, e estes se restringem
ligados entre si apenas através dos sistemas de nível mais elevado. Em
a algumas áreas de alguns países. estágios mais avançados dos sistemas, a fim de aumentar a flexibilidade
O problema da localização das centrais térmicas convencionais se - de operação em condições de emergência, poderão ser usadas interligações
apresenta de uma forma bem mais complexa, pois existe a opção entre horizontais.
o transporte da energia primária e o transporte da energia elétrica. Sua Esses divisões principais são gerslmente identificáveis, se bem que,
instalação é menos dependente de condições naturais, e locais adequados em alguns casos, &s linhas divisórias:não resultam muito claras, por pecu-
podem, de um modo geral, ser encontrados nas proximidades de centros liaridades locais dos sistemas individuais. |
TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1 1.2 — SISTEMAS ELÉTRICOS — ESTRUTURA BÁSICA 5

qa sL A integração dos sistemas regionais e mesmo nacioneis, pela inter-


Buê
FO
ut ligação dos sistemas isolados, é considerada boje indispensável, apon-
. “wo
Du tando-se principalmente:

ais
a — a possibilidade de intercâmbio de energia entre os diversos sis-
ternas de acordo com as disponibilidades e necessidades diferenciadas.
| Nesse caso, o excesso de energia disponível em um dos sistemas em certas
. wu .G T T . épocas do ano é absorvido pelo outro que se encontra transitoriamente
o oo - . com escassez, que a devolverá em seguida, quando se inverter a situação
|
, 1aE SE
D [ —-
—o- de disponibilidade hídrica;
es
O us , reef b — a possibilidade de se construírem centrais maiores e mais efi-
' O
E aa LI] --— cientes que seria economicamente viável em cada sistema, isoladamente;
a. => L - aa
A - ] nm
c — aumento da capacidade de reserva global das instalações de ge-
ração para casos de acidentes em alguma central dos sistemas compo-

básica de um sistema interligado.


nentes;
d — aumento da confiabilidade de abastecimento em situações anor-
mais ou de emergência;
a e — possibilidade de um despacho de carga único e mais eficiente,
1z - | 5
«lo
o«£ «<
=
com alto grau de automatização e otimização;
25 o f — possibilidade de manutenção de um órgão de planejamento de
5 (o E
E -|2 alta categoria, em conjunto
menor incidência sobre os
com rateio de despesas e,
custos de cada sistema.
consegiientemente,

« O transporte da energia é realizado em todos os níveis, diferenciandó-se


| + pelas tensões e quantidades de energia que cada um de seus elementos

1.1 — Estrutura
: e básicos transporta. Os elementos-base, responsáveis pelo transporte que
poderiam, genericamente, ser chamados eletrodutos, são representados por
|| oa o F 'Í > linhas aéreas ou cabos, subterrâneos ou submarinos. Suas designações
IG
| 2Q
<L 9
ses ter
<a > |8
o lg
a particulares distinguem o nível a que pertencem.
> - za Piz E > O z
A — Linhas de transmissão — São linhas que operam com as
Ie a. nz SE | mc | é
Fig.
r — 4 nom tu a
' tensões mais elevadas do sistema, tendo como função principal o trans-
O -
| Do E l — EE porte da energia entre centros de produção e centros de consumo, como
também a interligação de centros de produção e mesmo sistemas indepen-
| Es” dentes. Em geral, são determinadas em subestações
nais, onde a tensão é reduzida de nível para o início da distribuição a granel
abaixadoras regio-
. ar pelas linhas de subtransmissão. Em um mesmo sistema pode haver, e em
RE "> ——s» R
geral há, linhas de transmissão em dois ou mais níveis de tensão.
o E cá B
1€ “at z &
Qê E Ss õ| B — Linhas de subtransmissão — Normalmente operam em tensões
wa
o”
wuouE E |u .s 5 inferiores àquelas dos sistemas de transmissão, não sendo, no entanto,
ú z«<L Ly 2
incomum operarem com uma tensão também existente nestes.
2õ DÊ 12 êo
-—

ZE
za
Em Bo
as Sua função é de distribuição » granel da energia transportada pelas
tr
-
a
a
tu
E
D
linhas de transmissão. Nascem nos barramentos das subestações re-
z-
“ gionais e terminam em subestações abaixadoras locais. Das subesta-
õ
ções regionais, em geral, saem diversas linhas de subtransmissão tomando
“rumos diversos. Em um sistema é possível haver também dois ou mais
6 TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1 1.2 — SISTEMAS ELÉTRICOS — ESTRUTURA BÁSICA 7

níveis de tensões de subtransmissão, como ainda um subnível de subtrans- - Seja no caso do transporte da energia das centrais aos centros de con-
missão, como mostra a Fig. 1.2. sumo, seja no caso de transporte entre sistemas, as instalações necessárias
para tanto assumem importância fundamental dentro dos sistemas elé-
DISTRIBUIÇÃO PRIMÁRIA tricos, também em termos econômicos, o que pode ser avaliado pela par-
cela considerável (de 25a 30%) dos investimentos da indústria da energia
—— po - elétrica. A Fig. 1.3 mostra o distribuição relativa dos investimentos
38 kKv
13,8 KV programados no setor de energia elétrica no Brasil durante o quadriênio
230 kv pn >
40 My 1970/1973 (1)*,
200 MV
Lo

69 KV-T0 MW
TRANSMISSÃO SUB-TRANSMISSÃO | 69 KV-I0 MW
100% DISTRIBUIÇÃO DOS INVESTIMENTOS
SUB-TRANSMISSÃO EM ENERGIA ELETRICA
Fig. 1.2 — Sistema de energia elétrica. com dois níveis de subtransmissão.

s de tensões su- A-TOTAL

ficientemente baixas para ocuparem vias públicas e suficientemente ele- 48% B- GERAÇÃO

vadas para assegurarem boa regulação, mesmo para potências razoáveis. C- TRANSMISSÃO

As vezes desempenham o papel de linhas de subtransmissão em pontes 263% D- DISTRIBUIÇÃO


N 20,8 %
de sistemas.
D — Linhas de distribuição secundárias — Operam com 2s tensões
mais baixas do sistema e em geral seu comprimento não excede 200 a 300 m.
Sua tensão é apropriada para uso direto em máquinas, aparelhos e lâm-
padas. No Brasil estão em uso os sistemas 220/127 V (entre fases e entre
Fig. 1.3 — Distribuição relativa de investimentos para energia elétrica no Brasil —
fases e neutro) e o sistema 380/220 V, deriváveis de sistemas trifásicos
com neutro, e o sistema 220/110 V, derivável de sistemas monofásicos. 1970/1973(1).
Para regiões em que a energia elétrica está sendo introduzida, recomenda-se É evidente que investimentos desse vulto exigem um planejamento
a tensão 380/220:
V. pormenorizado e cuidadoso em seus dois aspectos principais:
Sob o ponto de vista físico e elétrico, as linhas de transmissão e de A — econômico — a fim de garantir que o dinheiro investido real-
subtransmissão Se confundem, e os métodos de cálculo são os mesmos. mente comprou o mais conveniente, assegurando ao investidor a neces-
No sistema de São Paulo Light S.A., as linhas de 88 kV da Usina Hi sária rentabilidade e, ao consumidor, tarifas baixas;
droelétrica de Itupararanga ou da primeira etapa da Usina de Cubatão
são linhas típicas de transmissão, o que não: impede que a mesma em- B — técnico — um sistema de energia elétrica moderno deve ofe-
presa tenha desenvolvido seu sistema de subtransmissão nessa mesma recer aos consumidores de energia a segurança de um fornecimento de
tensão, empregando, inclusive, estruturas de mesmo tipo daquele usado alta qualidade, exigindo-se em geral:
nas primeiras.
a — serviço contínuo, com um mínimo de interrupções, programadas
Em algumas empresas, as linhas de subtransmissão ficam sujeitas ou não;
aos seus departamentos de distribuição, que as planejam, projetam, cons-
troem e operam. Em outras empresas elas estão a cargo dos departa- b — fornecimento de energia em fregiiência e tensões uniformes e
mentos encarregados das linhas e subestações. É um problema de orga- constantes, isentas de flutuações;
nização administrativa. c — atendimento de quaisquer demandas instantâneas exigidas pelas
No presente trabalho não faremos distinções, empregando o termo instalações cadastradas dos consumidores;
linhas de transmissão de maneira genérica, independentemente de sua
função no sistéma. *Os números que aparecem entre parêntesis referem-se à bibliografia menciona-
da no final de cada capítulo.
8 TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1 13 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PERSPECTIVAS FUTURAS. 9

d — capacidade de, a qualquer momento, atender ao aumento Ce nientes e se realizaram algumas instelações, mesmo porque também os
demandas dos atuais consumidores e de novos pedidos de ligação. geradores se tornavam. mais. simples. Datam desse período duas rea-
lizações notáveis para a época:
Esses dois aspectos se inter-relacionam intimamente e não devem ser
divorciados no estudo de qualquer instalação nova ou ampliação ou re- 1886 — linha monofásica com 29,5 km na Itália, conduzindo
formulação das existentes. 2700 HP para Roma;
Os sistemas de transmissão, apesar de absorverem parcelas tão pon- 1888 — linha de 11000 V, trifásica, com um comprimento de
deráveis do investimento total, são também, pela sua própria natureza, 180 km, na Alemanha.
as partes dos sistemas: mais vulneráveis. Verificou-se que cerca de 80%
das interrupções acidentais no fornecimento da energia são originados nas À invenção, entre 1885 e 1888, dos motores a indução, devida a Fer-
linhas de transmissão, ou provocados por elas. No entanto, o emprego raris e Tesla, deu novo impulso 20s sistemas de correntes. alternada em de-
das soluções mais caras hem sempre garante o melhor desempenho: uma trimento dos sistemas de corrente contínua, que foram, pouco a pouco,
linha em estruturas de madeira bem projetadas tem condições de desem- sendo substituídos, apesar de este último sistema ter continuado a ter
penhar melhor do que ums linha com estruturas de aço face às descargas ferrenhos defensores: havia, aplicações nas quais a corrente contínua não.
atmosféricas, se ambas usarem o mesmo número de isoladores e o mesmo podia ser substituída pela corrente alternada, como no caso de processos
grau de cobertura pelos cabos pára-raios. E seu custo é consideravel- eletrolíticos, aplicações de motores que exigem velocidade variável, como
mente menor. na tração, elétrica, laminações siderúrgicas etc. As vantagens da corrente
alternada, seja na geração e no transporte, seja, principalmente, na dis-
tribuição e utilização, foram preponderantes e os sistemas cresceram con-
tinuamente,
1.3 — EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PERSPECTIVAS FUTURAS
Mais e mais energia elétrica passou a ser utilizada, crescendo con-
tinuamente as potências das centrais elétricas; os novos locais que favo-
1.3.1 — Geral reciam aproveitamento hidroelétricos tornavam-se cada vez mais remotos,
exigindo tensões sempre mais elevadas e linhas mais longas, avolumando-
Somente no terceiro quartil do século passado é que foi possível,
se os problemas. Ássim é que, por volta de 1903, a tensão de 60 KV
graças 208 trabalhos de cientistas como Siemens, Gramme e Pacinotti, a
era atingida; em 1910, 110 kV e, em 1918, 150 KV, Por volta de 1922
produção de energia elétrica em quantidades razoáveis a partir da energia
mecânica, pois deve-se aos mesmos o desenvolvimento da máquina dina- entrou em operação a primeira linha de 230 kV; em 1936, uma linha de
287 kV. Esta somente foi suplantada em 1950, com a entrada em serviço
moelétrica. Somente em 1879-1880, porém, com a invenção da lâmpa-
de uma linha de cerca de 1000 km de comprimento e tensão de 400 kV na
da incandescente por Thomas A. Edison, é que a energia elétrica teve seu
Suécia. Por volta de 1955 se construíam as primeiras linhas em 345 KV
grande impulso. A partir de 1882, quando foi inaugurada a central elétri- nos Estados Unidos, onde se iniciaram estudos e experiências, visando à
ca de Pearl, pelo mesmo Edison, fornecendo iluminação pública e energia
implantação de linhas de 500 kV. A primeira linha nessa tensão foi
para motores em parte da cidade de Nova Iorque, começaram a surgir og
construída em 1962.
primeiros sistemas comerciais de eletricidade, em diversos países do mun-
do. Com eles também tiveram início problemas com o transporte e a Entre 1964 e 1967, no Canadá, foram projetadas e construídas. as
primeiras linhas de 735 kV, mais recentemente, também nos Estados
distribuição da energia elétrica, então gerada e consumida em corrente:
contínua. A expansão dos sistemas incipientes e o uso da energia hi- Unidos, surgiram aquelas que, no momento, são as de tensão mais ele-
dráulica eram tolhidos pelos fenômenos da queda de tensão e das per- vada em corrente alternada existentes no mundo.
das por efeito Joule. Condutores de secções maiores eram. exigidos a Essa evolução, evidentemente, é uma consegiiência do crescimento
ponto de se tornar desinteressante qualquer nova extensão, sendo neces- da demanda de energia elétrica e da extensão dos sistemas. O aumento
sário construir novas centrais, relativamente próximas umas das outras crescente do número de centrais e linhas em um mesmo sistema de cor-
O grande potencial hidroelétrico ficava fora de alcance, pois a energia era rente alternada começou, desde cedo, a trazer problemas com a sua ope-
consumida na tensão em que era produzida, não havendo solução ime- ração, e logo se verificou que muitos desses problemas poderiam ser evi-
diata à vista para os sistemas de correntes contínuas. tados pela transmissão em corrente contínua, hoje viável nas tensões ne-
cessárias.
Por volta de 1884/1885 foi inventado o transformador, que permitia
elevar e abaixar a tensão, com grande rendimento, desde que a energia No momento, tanto nos Estados Unidos como na Europa e Japão,
fosse em corrente alternada. Nessas condições, o problema de trans- ao lado dos trabalhos para a melhoria e desenvolvimento dos sistemas
missão em tensões mais elevadas, portanto com menos perda de energia, de corrente contínua, está-se procurando resolver os problemas relaci-
-estava resolvido. Para fins de iluminação não havia maiores inconve- onados com a fabricação de equipamento e a operação de sistema de
10 TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1 1.3 — EVOLUÇÃO HISTÓRICA E PERSPECTIVAS FUTURAS “9

1000/1100 kV, vislumbrando-se hoje a possibilidade de sistemas em 1 500 EV A primeira linha de transmissão de que se tem registro no Brasil foi
de corrente alternada. Os problemas relacionados com linhas aéreas de construída por volta de 1883, na cidade de Diamantina, Minas Gereis.
transmissão nessas classes de tensão são, hoje, considerados resolvidos (7). Tinha por fim transportar a energia produzida em uma usina hidroelétrica,
constituída por duas rodas d'água e dois dínamos Gramme, a uma dis-
tância de 2 km, aproximadamente. A energia transportada acionava
1.3.2 — No Brasil bombas hidráulicas em uma mina de diamantes. Consta que era a linha
mais longa do mundo, na época (2).
No Brasil, onde a evolução das tensões de transmissão foi relativa- Uma rápida pesquisa na bibliografia disponível mostrou ser difícil.
mente mais lenta até o fim da primeira metade do século XX, procura-se um levantamento geral das linhas construídas no Brasil, suas datas e cara--
hoje acompanhar pari passu a evolução nos países mais desenvolvidos. cterísticas, e, no relato que se segue, haverá, por certo, omissões.
É ums consegiiência do aumento explosivo da demanda de energia e do
tipo de energia primária disponível. O parque energético hidráulico do
Brasil, com sua enorme potenciali dade, estimada em 75 (GW de potência
média contínua, dos quais cerca de 40 GW na região Centro-Sul, para 0
seu aproveitamento assim o exige. À Fig. 1.4 mostra a evolução (1) e a
previsão de aumento da potência instalada no Brasil, entre 1955 e 2000.

GW
100
so
Bo

to
so

5o

40

so

20

Fig. 1.5 — Linha 230 kV São Paulo— Rio.

Em 1901, com a entrada em serviço da Central Hidroelétrica de San-


tana do Parnaíba, a então The San Paulo Tramway Light and Power Co.
Ltd. construiu as primeiras linhas de seus sistemas de 40 kV. Em 1914,
2000
com a entrada em serviço da Usina Hidroelétrica
de Itupáraranga, a mesma
75 8o as so
955 so 65 7O
empresa introduziu o padrão 88 kV, que até hoje mantém e que adotcu
também para subtransmissão. Esse padrão de tensão foi, em seguida,
Fig. 1.4 — Evolução da potência instalada e previsão de instalação entre 1955 e
2000 (1). adotado pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro
TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP. 1 1.4 — TENSÕES DE TRANSMISSÃO — PADRONIZAÇÃO 13
12

Sorocabana e, através desta, pela USELPA, hoje integrando o sistema 1.4 — TENSÕES DE TRANSMISSÃO — PADRONIZAÇÃO
CESP. Entre 1945 e 1947 foi construída a primeira linha de 230 kV no
Brasil, com um comprimento aproximado de 330 km, destinada a inter-
ligar os sistemas Rio Light e São Paulo Light, operando inicialmente em Mesmo tendo sido reconhecida muito cedo a conveniência da padro-
170 kV, passando, em 1950, a operar com 230 kV (Fig. 1.5). Foi também nização das tensões nas redes de distribuição, o mesmo não aconteceu com
“a primeira interligação de dois sistemas importantes realizada no Brasil (6). as tensões de transmissão, cuja escolha se basesva, normalmente, em cri-
tério estabelecido pela lei de Kelvin, que, a partir de critérios econômicos,
fixava para cada caso específico qual a tensão economicamente mais con-
veniente. Os fabricantes de equipamentos elétricos, trabalhando de for-
ma artesanal, estavam em condições de atender aos pedidos de seus eli-
entes, quaisquer que fossem as tensões, abaixo dos limites máximos da

mem
época.
O crescimento dos sistemas e o problema do equipamento de reserva
levaram à uma padronização individual; o aperfeiçoamento das técnicas
de fabricação e o reconhecimento, pelos fabricantes, da conveniência da
seriação levaram a padronização regional, nacional e mesmo multinacio-
nal. Esta última tornou-se incipiente a partir do fim dz Primeira Querra
Mundial, quando diversos países da Europa e da América do Norte ado-
taram a tensão de 220/2380 kV como padrão. Interesses nacionais e,
principalmente, dos grandes fabricantes de equipamentos ainda não per-
mitiram uma padronização efetiva e internacional, Em alguns países
“da Europa, durante a reconstrução após Segunda Guerra, foram introdu-
zidos novos padrões, originariamente norte-americanos, enquanto se man-
tiveram seus padrões originais nas tensões menores de 230 KV.
A TEC — International Electroteenical Comission — vem desen-
volvendo um esforço no sentido da padronização das tensões nas linhas de
classe extra-elevadas, recomendando: 330 até 345/362 kV: 380. até. 400/420
kV; 500/525 kV; 700 até 750/765 (800) kV (tensão nominal/tensão máxima
permissível em regime de operação permanente). Para tensões inferio-
res, essa normalização terá que continuar de forma regional ou nacional.
O Brasil que desde o início da indústria não desenvolveu sua própria
tecnologia, é talvez um dos peíses mais tumultusdos no que diz respeito
às tensões de transmissão, principalmente na faixa até 100 KV.
As empresas elétricas no Bresil, especialmente das capitais, ou eram
de origem européia ou norte-americana trazendo não só know-how como,
principalmente, equipamento de seus países de origem, com os respectivos
padrões. Por outro lado, no interior do país surgiam empresas locais,
fundadas e dirigidas por comerciantes ou fszendeiros, ficando à parte téc-
nica a cargo de entendidos, dependendo grandemente dos representantes
estrangeiros das grandes fábricas de material elétrico para assessoramento
Fig. 1.6 — Linha 500 kV do Sisiema de Furnas. técnico. Estes, evidentemente, vendiam o que lhes fosse mais conveni-
ente. Era o preço que o pioneirismo devia pagar. A unificação de em-
Seguiram-se, a partir daí, em rápida sucessão, as linhas de 230 kV presas locais em regionais em muito pouca coisa modificou o quadro até
do sistema da Cia. Hidroelétrica de S. Francisco, 161 e 345 EV da CEMIG o advento das grandes empresas, particulares ou estatais, que as abscr-
e FURNAS, 460 kV da CESP, as linhas de 500 kV do sistema de FURNAS vessem. À colcha de retalhos, no entanto, permaneceu até muito recen-
e 800 kV do sistema de Itaipu, hoje em fase de projeto. temente, quando se empreendeu um esforço sério de padronização. Nes-
14 TRANSPORTES DE ENERGIA ELÉTRICA CAP.
1

sas condições, no Brasil, as tensões padronizadas preferen


ciais para ten-
sões médias e elevadas são: 33/34,5 [kV]; 66/69 [kV];
132/1838 [kV]; 220/2830
[kV].
Há ainda uma extensa rede de linhas em 88 [kV] pertenc
ente ao sis-
tema de São Paulo Light e à CESP (região do. Parana
panema), que dada
sua importância, continua sendo expandida.
Estudos recentes realizados, principalmente na Europa
(4), mostraram
que a introdução de novos padrões de tensão no campo das
tensões extra-
-elevadas só se justifica quando 2 demanda de energia é tal que justifique
a sua duplicação. Assim é-que sistemas com linhas de 220/2380 [kV]
deveriam passar imediatamente a 880/420 [kV] e mesmo a 500 [kV],
enquanto que sistemas com linhas em 330/345 [kV]
735/765 [kV].
deveriam passar para
A sobreposição de um sistema de 500 [kV] ao de 330/345 Características Físicas das Linhas
[kV] existente; de acordo com esses mesmos, estudos,
não é aconselhável
ou, pelo menos, discutível. Nes Estados Unidos, onde grande número
de empresas opera sistemas de 500/5925 [kV] e algumas operam
linhas em
Aéreas de Transmissão
735/765 [kV], há indicações para a adoção do nível de 1 000/1100
[kV] em
subrepos ição ao sistema de 500/525 [kv].

1.5 — BIBLIOGRAFIA 2.1 — INTRODUÇÃO

1 — Exe.º CarvaLHO, ALOISIO — Síntese das Atividades do Ministéri O po enforme-veremos no -des


envo
| Penho elétrico de uma linha aérea lvimento-do -presente-curso; o desem-
o das Minas e
Energia. 1.º Ciclo de Estudos da ADESG em Itajubá, 1970. Editado pela , de transmissão depende quase
Coordenação do Ciclo. mente de sua geometria, ou Seja, exclusiva-
de suas características físicas.
2 — Eng.º SaveLrr, Mário — Do Óleo de Peixe à Lâmpada
Incandescente. a) Só ditam o seu comportament Estas não
Diário o em regime normal de operação
de São Paulo, 23/8/1960. > 108 seus parâmetros elétricos, , definindo
como também quando submetid
$ — Usina Henry Borden — Quarenta Anos a Serviço do Brasil. tensões de qualquer natureza. as a sobre-
nunciada em São Paulo em 17/12/1966.
Conferência pro- Daí a conveniência de proceder
€ iniciarmos o seu estudo elétr , antes
ico, « um exame de suas carac
4 — Ragnr, RúpoLr — Technische und Wirtschafiliche Gesichispunkte ísicas e dos elementos que a terísticas
gieubertragung mit Hôchstspannungen.
Jur die Ener- compõem. ,
Revista Siemens, Berlim, set. 1966. ,
N.º 9. Pág. 651. f

6 — Breamans, J, — Energineberivagung auf


2.2 — CABOS CONDUTORES
grosse Enjleternungen. G. Braun, Kar- 1
Isruhe, 1949, -
i

6 — São Pavto LieHr S.A. — DEPARTAMENTOS Técnicos — À Interligação Constituem os elementos ativos
São Paulo | i a propriamente ditos
— Rio. Revista do Clube de Engenharia. Rio de Janeiro, Jan. 1960. N.º aj transmissão, devendo, portanto, possuir. características das linhas de
281. Págs. 1-7. ' cy) escolha adequada representa especiais. Sua
um problema de fundamental importância
? — BazDerston Je, G. et al — UH V, AC. Transmission Line Design no dimensionamento das linha
Project UHV Test Resulis,
Based on s, pois não só depende dela
Cigré, Paris, 1972. Vol. 2, N.º 81, 24? Sessão. penho da linha, como tem impo o bom desem-
rtantes implicações de natureza
4 imica. econô-
Condutores ideais para linhas
aéreas de transmissão seriam
que pudessem apresentar as, aqueles
seguintes características:
“A— alta condutibilidade elétr
ica — para que as perdas
Joule (PR) possam ser mantidas por efeito
, economicamente dentro de
leráveis, oneram diretamente limites to-
o custo do. transporte da ener
gia;
B — baixo custo — o custo dos
Ponderável do investimento total cabos condutores absorve. parcela
de uma linha, influindo, portanto
maneira decisiva no custo do , de
transporte da energia;
16 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.2 — CABOS CONDUTORES . 17

C — boa resistência mecânica — a fim de assegurar integridade relação aproximada de preço entre cobre e alumínio da ordem de 2, o in-
mecânica à linha, garantindo continuidade de serviço e segurança às pro- vestimento com condutores de alumínio será aproximadamente igual a
priedades e às vidas em suas imediações; 25% do investimento necessário com condutores de cobre equivalentes.
D — baixo peso específico — as estruturas de suporte são dimen- A sua resistência mecânica, cerca de 25% inferior à do cobre, é ampla- -
sionadas para absorver os esforços mecânicos transmitidos pelos con- mente compensada com o eventual uso dos cabos de alumínio-aço, sem
dutores, um dos quais é o seu próprio peso. “que esse quadro econômico seja substancialmente alterado em virtude
Portanto, quanto maior for do menor custo do aço. Essa verificação poderá ser efetuada facilmente,
este, mais robustas e caras serão as estruturas; pelo próprio leitor, através das características mecânicas dos condutores
E — alta resistência à oxidação e à corrosão por agentes químicos po- indicadas nas tabelas do Ap. II.
luentes — a fim de que não venham sofrer redução em sua secção com o
decorrer do tempo, provocando redução na sua resistência mecânica e
eventual ruptura. Características Alumínio Cobre
T. Dura T. Dura
As condições mencionadas, um tanto conflitantes, não são atendidas
simultaneamente por nenhum material em particular e, dentre os metais
que o maior número dessas propriedades possuem, estão o cobre e o a- - Condutividade a 20º0 61% IACS 97% IACS
lumínio, bem como suas ligas, que hoje são empregados universalmente. 2. Resistividade em microhm/em a 20º0 2,828 17774
Por muito tempo, a partir das primeiras linhas de transmissão, o cobre 3. Coeficiente térmico de resistividade, em mi- :
dominou o mercado, apesar de, já em 1895, terem sido construídas as pri- crohm/cm por ºC 0,0115 0,00681
meiras linhas em cabo de alumínio (Califórnia e França), seguidas de outras 4. Coeficiente térmico de expansão linear por ºC 0,000023 0,000017
em 1898, 1899, 1902 etc. O principal motivo da limitação era o preço - 5. Densidade a 20ºC em grjem? 2,703 8,89
ainda muito elevado do alumínio comparado ao do cobre, e também sua 6. Carga de ruptura em kg/mm? — 62 35-47
menor resistência mecânica. Este último inconveniente foi satisfatoria- 7. Módulo de elasticidade, final kg/mm? 7 000 12 000
mente resolvido em 1908, com a invenção dos cabos de alumínio com alma
de aço, CCA (Aluminum Conductor Steel Reinforced — ACSR), que foram
usados com sucesso em 1913 na linha Big Creek, na Celifórnia. Foi a
IACS — International Annealed Copper Standard — 100%
nacional, medida a 20ºC, em cobre quimicamente puro.
correspondem “à condutividade — padrão inter-

primeira linha no nível de 150 kV e que, conforme consta, ainda hoje se


encontra em cperação, depois de ter sido reisolada, no início da década
de 1920, para 230 kV (7). Como ligas de cobre, eram muito empregados o Bronze 1 e o Bronze II,
com 15 e 30% de zinco, respectivamente, dando maior resistência mecânica
Problemas de custo de produção do alumínio, aliados a um certo grau
ao cobre. Em região de atmosfera poluída e à beira-mar, pode ser desa-
de conservadorismo, mantiveram acirrada concorrência entre os dois ma-
teriais, e somente com a evolução da tecnologia do alumínio, por volta
conselhável o emprego de cabos de alumínio, sujeitos à corrosão. Nesse
caso é recomendável o emprego de uma das ligas ALDREY (AL, Mg,
de 1938-1945, que reduziu o seu custo enormemente, é que o cobre foi
Si e Fe), o que aumenta as resistências química e mecânica, em detri-
definitivamente afastado do campo das linhas de transmissão. Uma
vantagem, desde cedo verificada em favor dos cabos de alumínio, é seu mento da resistência elétrica, cujo valor aumenta consideravelmente.
melhor desempenho em face do efeito Corona em virtude de seus diá-
metros maiores; os fabricantes de cabos de cobre responderam pronta-
mente, lançando no mercado os cabos ocos, com diâmetros elevados. 2.2.1 — Condutores Padronizados

A tabela na pág. 17 nos fornece elementos comparativos das caracte-


Nas linhas de transmissão, o uso de fios “vi virtualmente abandonado
rísticas elétricas e mecânicas de alumínio e do cobre,
As vantagens do alumínio sobre o cobre, como condutor para li- em favor dos cabos, obtidos por encordosmento de fios elementares.
nhas de transmissão, podem ser verificadas de maneira. bastante simples. Sendo inúmeras as composições possíveis para a obtenção de uma mes-
Admitamos que desejemos conduzir uma corrente 1 [4] a uma determi- ma secção útil de condutores, os fabricantes destes padronizaram sua fa-
nada distância. Para mesmas condições de perdas por efeito Jocule, a bricação, não só quanto ao número de filamentos como também quanto
secção do condutor de alumínio deverá ser 1,6 vezes maior do que aquela às suas secções, surgindo diversas tabelas de padronização, nos Estados
do condutor de cobre equivalente. Seu diâmetro sorá 1,261 vezes maior, Unidos e na Europa.
enquanto que o seu peso unitário será aproximadamente igual à metade No Brasil, a padronização das secções adotadas pela ABNT — EB-
do peso condutor de cobre equivalente. Considerando-se que há uma 298 para cabos de alumínio e alumínio-aço e EB-12 para cabos nus de
a
18 CARACTERISTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.2 — CABOS CONDUTORES 19

cobre — baseia-se na padronização norte-americana AWG (Americam A EB-12 é complementada pela EB-1l — fios nus de cobre para fins
Wire Gauge). Esta se assenta numa unidade de área denominada cir-
elétricos.
cular mil, que corresponde à área de um a
círculo cujo diâmetro é igual a
um milésimo de polegadas, ou 0,00064516 mm?. De acordo com esse sis- No Brasil fabricam-se cabos de cobre nãs bitolas que vão desde
tema, os condutores são numerados em ordem de secção decrescente de 13,3 mm? (referência comercial n.º 6) até 645,2 mm? (referência comercial
n.º0 a n.º 36 e em secção crescente 00, 000 e 0000, mantendo-se relações cons- 1000 MCM), nas têmperas dura e semidura. O encordoamento é feito de
tantes entre diâmetros e entre secções. Cabos de secções maiores do que acordo com as classes A e AA, definidos por norma. Os encordoamentos
0000 (211 600 CM) são especificados em CM ou MÓM (mil CM). classe AA são normalmente empregados em condutores para linhas aéreas.
Em transmissão e em distribuição, a prática recomendou, e o uso es- Os condutores classe A em linhas aéreas são usados quando munidos de
tabeleceu, bitolas mínimas de condutores; para o cobre, corresponde a capa protetora ou quando se deseja maior flexibilidade.
de n.º 6, possuindo uma secção de 26 250 CM e, para os fios de cabos de As normas EB-11 e EB-12 regulam as características que os fios e
alumínio, ou cabos de alumínio com alma de aço,a bitola n.º 4, à qual cor- cabos nus de cobre devem possuir. Assim:
responde uma secção de 41740 CM.
O enecordoamento normal dos cabos condutores, quando compostos a — qualidade do material, suas características elétricas e físicas;
de fios de mesmos diâmetros, obedece à seguinte lei de formação: b — acabamento; É
c — encordoamento; passo do encordosmento;
N=8+3+1, (2.1) d — emendas;
e — variação do peso e da resistência elétrica;

na qual valem:
f — dimensões, construção e formação;
g — tolerâncias no comprimento dos cabos;
“N — número total de fios componentes; h — embalagem e marcação desta;
2 — número de camadas, ou coroas. 1 — propriedades mecânicas e elétricas;
j — ensaios de aceitação;
Teremos assim:
k — responsabilidades dos fabricantes.
— para 1 camada, 7 fios;
— para 2 camadas, 19 fios; “B— Condutores de alumínio e alumínio-aço — Suas características
— para 3 camadas, 37 fios; são especificadas no Brasil pela ABNT através das normas:
— para 4 camadas, 61 fios etc.
— EB-219 — fios de alumínio para fins elétricos;
2.2.]J.1 — Padronização Brasileira — EB-292 — fios de aço zincado para alma do cabo de alumínio;
— EB-1938 — cabos de alumínio (CA) e cabos de alumínio com alma
Às normas brasileiras elaboradas pela ABNT especificam as cara- de aço (CAA) para fins elétricos.
cterísticas exigíveis na fabricação e para o recebimento dos condutores
destinados a fins elétricos.
Sua designação deve ser feita pela área nominal da secção de alumínio,
— A — Condutores de cobre — Aplica-se a EB-12
— cabos nus de cobre. expressa em milímetros quadrados, pela formação, pelo tipo (CA ou CAA),
De-acordo com essa norma, os cabos deverão ser especificados através pela classe de encordoamento correspondente e, eventualmente, pela re-
da indicação de: ferência comercial.
Está enraizada, na indústria da energia elétrica no Brasil, a designação
— secção em milímetros quadrados;
dos cabos de alumínio (CA) e alumínio com alma de aço (CAA) através
— composição, ou número de filamentos; do código canadense de referências comerciais. De acordo com esse có-
— classe de encordoamento. digo, há, para cada tipo de cabo, uma família de nomes através dos quais
Para cada bitola fica completamente definida. Assim, para os cabos CA, as
fins comerciais, conserva-se a designação convencional e con- palavras-código são nomes de flores, e, para os cabos CAA, aves, em ambos
sagrada pelo uso, da própria escala AWG.
os casos na língua inglesa:
| 20 CARACTERISTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.2 — CABOS CONDUTORES 21
Código: TULIP — cabo CA de alumínio, composto de 19 filamentos, com
área total de 336 400 CM;

— diâmetro dos filamentos: 3 381 mm;

8 8
— diâmetro do cabo (nominal): 16,92 mm; 48
— peso do cabo (nominal): 467,3 kg/km;

-uo
— carga de ruptura: 2995 kg; 6 AL./i Aço
6 AL./| Aço 7 AL/! Ago 8 AL/I 1
Ag
Aço

É — resistência elétrica: em CC a 20ºC: 0,168 ohm/km,


ALBAG
|
| Código: PENGUIN — cabo CAA, composição 1 fio de aço e 6 de alumí-
nio com uma: secção de 125,1 mm; +

U — bitola AWG nº 0000; 3 AL/4 Aço 4 AL/3 Ago I2 AL/7 ç Aço


— diâmetro do fio de aço: 4,77 mm;
— diâmetro do fio de alumínio: 4,77 mm;
— diâmetro do cabo (nominal): 14,81 mm;
| — peso do cabo (nominal): 432,5 kg/km;
|

| — carga de ruptura: 3 820 kg;


— resistência elétrica: em CC à 20ºC: 0,26719 ohm/km, 26 AL/7 Aço
8 AL/7 Aço
| C — Condutores em ligas de alumínio — O alumínio, em liga metálica
| com outros materiais, aumenta consideravelmente sus resistência me-
cânica, se bem que às expensas de sua resistência elétrica. Essas ligas
podem também aumentar consideravelmente sua resistência à oxidação
| e corrosão em regiões de atmosfera poluída ou à beira-mar,
| Essas ligas tomam nomes comerciais diversos, de acordo com suas
i composições. Na Europa o ALDREY é muito usado. Dos Estados Uni-
42 AL/T7 Aço

| dos e Canadá nos vêm dois tipos de condutores em ligas de alumínio: tipos
AAC (all aluminum alloy cable), que são cabos homogêneos compostos de
fios iguais em ligas de alumínio, de diversas composições, e os tipos ACAR
(aluminum conductor aluminum alloy reinforced), que são cabos de cons-
trução idêntica à dos cabos CAA, exceto pela alma, que nesse caso será
composta de fios de liga de alumínio, 20 invés de aço. Esses condutores
são fabricados no Brasil.

Los D — Condutores copperweld e alumoweld — Seus filamentos são


obtidos pela extrusão de uma capa de cobre ou de alumínio sobre um fio
de aço de alta resistência. Seu emprego em linhas de transmissão como
cabos condutores: é limitado a situações especiais em que- são necessárias
pequenas secções de material: condutor aliadas a elevadas resistências me-
cânicas. Têm no entanto, largo emprego como cabos pára-raios e em ! 30 AL./IS Aço 34 AL/I9 Aço I8 AL/I9 Aço
linhas de telecomunicações e mesmo como condutor neutro em sistemas de
ae] os urbanos tda Brasil são fabricados sob encomenda | Fig. 221 — Bra ar nedos dos cabos de alumínio com alma de «ço (CAA) (Alumínio do
22
CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2
22 — CABOS CONDUTORES
E — Condutores 23
tubu
lares e expandidos — A fim
dientes de potencial nas superfícies de reduzir os gra-
dos condutores e com isso aumentar de 1920-1930, tendo sido sempre
o valor da tensão crítica preteridos em favor dos condutor
de Corona dos cabos, introduziram bulares expandidos. Suas reais vantagens e possibil es tu- .
tipos de condutores designados como expa -se diversos denciados por estudos realizad idades foram evi- *
diversos. ndidos, empregando materiais os na Alemanha, entre 1933
A Fig. 2.2 mostra um cabo CAA linhas projetadas em 380 [kV], e 1944, para
de condutores de cobre ou bronze tubu expa
ndido e alguns exemplos e as conclusões desses estudos
vulgadas em 1945, nos Estados foram di-
lares. O condutor CAA expandido Unidos, pela Bonneville Power
tem um diâmetro externo cerca de tration. O Projeto TIDD 500 [kV] (12) Adminis-
15% maior do que um condutor CAA investigou igualmente suas pos-
de mesmas característi cas elétricas. sibilidades. Na Europa sua acei tação foi mais imediata do que na
rica (8), o que é evidenciado pelo. Amé- .
fato de que as primeiras linhas de
[kV], que entraram em serviço
em
345
1956, foram construídas com cond
res simples. O desenvolvimento uto-
das novas técnicas de construç
lheria das ferragens e a confiança adquirida na operação ão, a me-
das primeiras

E
linhas fizeram com que o seu uso se generalizasse:
a)

|
| —.

doom
| .

a
[OS | |

+
| GPo
B s

Fig. 2.3 — Configurações de condutores múltiplos atualmente em uso.

Hoje, de um modo geral, todas as


linhas em tensões acima de 300 [kV]
são construídas com condutores
múltiplos, havendo mesmo um núme
razoável de linhas em -138 [kV] ro
e 220 [kV] que empregam cond
geminados. (No Brasil: linha em 188 [kV] da utores
bestação de Lavras e a linha em U. H. de ltutinga à su-
230 [kV] da U. H. de Jurumirim
bestação de Cabreúva , à su-
Fig. 2.2 — Condutores expandidos: a, b, e c — São Paulo).
condutores ocos; d — condutores CAA
expandidos. O fúmero de subcondutores por
condutor múltiplo, os diâmetros
subcondutores e o espaçamento dos
entre os mesmos têm sido objeto
dadosas investigações em todos os de cui-
“ F — Condutores múltiplos — O adven centros de pesquisa, uma vez que
to, em 1950, das primeiras parâmetros têm relação direta com esses
linhas em tensões extra-elevadas, na a intensidade dos fenômenos prov
Suécia (380 [kV) e, em rápida se- cados pelo efeito Corona. o-
júência, em outros países (8), tornou Um número mais elevado de subcondu
premente o emprego de meios capa- por feixe tende a desempenhar melh tores
ses de reduzir os gradientes de potencial or do gue um número menor de subc
nas superfícies dos condutores. dutores, para uma mesma, capacida on-
às condutores múltiplos ou enfeixados, de térmica de transporte; não obst
Propostos já em 1909 por Thomas te, há um acréscimo no custo do an-
9,10), vieram de encontro a essa neces equipamento e nas despesas de insta
sidade. Seu emprego vinha sendo o que favorece um número meno lação,
istudado desde o advento das linhas r de subcondutores. O espaçamento
em 230 [kV], no início da década entre suheondutores, também um
fator importante no desempenho
das
O am
24 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.3 — ISOLADORES E FERRAGENS 25

linhas, é iguslmente condicionado por limitações de natureza econômica. c — forças horizontais transversais, em sentido ortogonal aos eixos
Para linhas nas classes das tensões extra-elevadas, hoje o problema pode longitudinais das linhas, devidas à ação da pressão do vento sobre os pró-
ser considerado inteiramente solucionado, seja quanto 20 número de subcon- prios cabos.
dutores por feixe, seja quanto so espaçamento entre os mesmos. Nota-se
certa divergência entre a prática européia e a norte-americana nesse as- Esses esforços são transmitidos pelos isoladores às estruturas, que
pecto. Enquento que os primeiros favorecem, pars uma mesma classe devem absorvê-los.
de tensão, um número maior de subcondutores por fase, com espaçamen- As solicitações de natureza elétrica a que um isolador deve resistir
tos menores, os demais preferem um menor número de subcondutores e são as tensões mais elevadas que podem ocorrer nas linhas, e que são:
maior espaçamento, conforme se verifica na literatura (8).
Para as linhas em tensões extra-elevadas, o número máximo de con- a — tensão normal e sobretensões em fregúência industrial;
dutores é de quatro por feixe pera linhas na classe de 380/420 [kV] em dian- b — surtos de sobretensão de manobra que são de curta duração,
te, nz Europa, e 500/525 [kV] em diante nos Estados Unidos (preferen- podendo, no entanto, atingir níveis de 3 a 5 vezes a tensão normal entre
cialmente para 700/765 [kV]. O espaçamento preferencial na Europa fase e terra;
é de 400 [mm], enquanto que ne América do Norte é de 458 [mm] (18
c — sobretensões de origem atmosférica, cujas intensidades podem
polegadas). A relação espaçamento/diâmetro dos subcondutores, consi-
ser muito elevadas e variadas.
derada importante para o desempenho das linhas, varia grandemente,
desde 13, nas linhas de 735 [kV] canadenses, a mais de 30 em linhas ame- Um isolador eficiente deve ainda ser capaz de fazer o máximo uso
ricanas de 345 [kV]. do poder isolante do ar que o envolve a fim de assegurar isolamento ade-
Para es linhas em tensões ultra-elevadas, que serão normelizedas entre quedo. A falha de um isolador pode ocorrer tanto no interior do mate-
1 000 e 2 000 [kV], 29 que tudo indica, nos níveis de 1 050 [kV] e 1 300 rial (perfuração) ou pelo ar que o envolve (descarga externa). Seu desenho
[kV], inicialmente (12), desde já consideradas viáveis, seja do ponto de deve ser de forma a assegurar uma distribuição balanceada de poten-
vista técnico, seja econômico, o problema da escolha do número de subcon- ciais e, consequentemente, dos gradientes no ar, com o objetivo de asse-
dutores e seu espaçamento é ainda mais crítico. Arranjos de 6 a 10 subcon- gurar tensões de descarga adequadas. Daí suas formas peculiares. Além
dutores (12, 13) por feixe estão sendo considerados. Foi inclusive aven- desses requisitos, deve ainda satisfazer a outro não menos importante,
tada a hipótese do emprego de subcondutores divididos, isto é, consti- que é o da não produção, mesmo após longos períodos de operação, da in-
tuídos de feixes de condutores menores (14). Esta última hipótese, como desejável radiointerferência. Esta, em geral, é causada nos isoladores
também a do uso de ordens mais elevadas de número de subcondutores por minúsculos pontos de disrupção elétrica para o ar: corona. Os eflú-
(acima de 10), esbarra em dificuldades de ordem prática pars sua exe- vios assim produzidos provocam correntes de altas frequências, que ir-
cução, o que faz com que, pelo menos no momento, não mais venha me- radiam energia de maneira semelhante a um radiotransmissor. É um
recendo maior atenção. problema que deve ser eliminado pelo próprio desenho e pelo acabamento
superficial dos isoladores. Exige-se ainda dos isoladores extrema robus-
tez, de modo a poderem resistir ao manuseio, nem sempre delicado, nos
armazéns e obras. Devem ser duráveis quando em serviço, reduzindo
E — ISOLADORES E FERRAGENS a um mínimo o número de reposições no decorrer dos anos, e resistir bem
! aos choques térmicos a que estão submetidos pelas condições meteoro- .
Pu Os cabos são suportados pelas estruturas através dos isoladores, que, lógicas locais.
como seu próprio nome indica, os mantêm isolados eletricamente das
--' mesmas. Devem resistir tanto às solicitações mecânicas como às elétricas. Suas superfícies devem ter acabamento capaz de resistir bem às ex-
posições ao tempo, mesmo em atmosfera, de elevado grau de poluição em
: Os isoladores são submetidos a solicitações mecânicas que lhes são
transmitidas pelos cabos condutores. São de três tipos: que haja presença, de óxidos de enxofre e outros reagentes.
Para a sua fabricação empregam-se dois tipos de material:
a — forças verticais, devidas ao próprio peso dos condutores (nos
países de clima frio, esse peso é acrescido do peso da capa de gelo que se a — porcelana vitrificada,
pode formar em torno dos mesmos);
b — vidro temperado.
b — forças horizontais axiais, no sentido dos eixos longitudinais das
linhas, necessárias para que os condutores se mantenham suspensos sobre Encontram-se em fase de introdução isolamentos para linhas exe-
o solo; cutados com. resinas sintéticas. A associação de Epoxi com fibras de
26 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP, 2 23 — ISOLADORES E FERRAGENS 2

vidro, além de ter poder isalante, apresenta excelentes características me-


cânicas. À principal vantagem desse tipo de material consiste em per- . 4 — Isoladores de pino — São fixado
s à estrutura através de um
mitir a execução de peças estruturais auto-isolantes e, conforme as classes pino de aço. Para tanto, em sua parte interna possu
“queado, com rosca de filete redondo, padronizad em um furo rós-
de tensão, eliminar. inteiramente os isoladores convencionais, podendo, o, no Brasil, pela ABNT
destarte, contribuir para a redução das dimensões de estruturas (20, 21). (MB-22). Os pinos de aço forjado possuem, em sua
parte superior, uma
No Brasil, cruzetas isolantes já vêm sendo empregadas desde 1969 para cabeça de chumbo filetada, sobre a qual se atarracha o isolad
linhas de 69 [kV] em caráter experimental. Prevê-se seu emprego para malmente solicitados à compressão e à flexão or. São nor-
. .
linhas de 138 a 230 [kV], aproximadamente. Somente são empregados em linhas até 69
relativamente
[kV], e com condutores
a — Porcelana vitrificada — Deve ser de boa qualidade, baixa leves, em virtude da pequena resistência
cabeça dos pinos ao esmagamento e tamb do chumbo: da
porosidade, isenta de bolhas de ar e impurezas, além de apresentar alta ém da pequena resistência dos
- resistência mecânica e ao impacto. próprios pinos a esforços de flexão.
Sua résistência dielétrica deve ser da
ordem de 6 a 6,5 [kV/mm]. Sua superíície deve ser vitrificada cuida- - Devido à mencionada dificuldade de se
obterem peças maiores e mais
dosamente a fim de vedar os seus poros, impedindo a absorção da água e espessas, isoladores para tensões nominais maiores
compostos de diversas peças de espessura que 25 [kV] sãodo
evitando a redução de sua resistência dielétrica. A vitrificação deve ser menores, sobrepostas e cimen-
resistente a temperaturas elevadas, devendo resistir 20 calor oriundo de tadas
TICOREOS
entre si, como mostram as Fi lgs. s. 2.40
2.4 eb.b São
ã os isolad
1 ores MUL-
eventuais arcos elétricos, sem: se danificar. A grande dificuldade da ele-
trocerâmica consiste na obtenção de peças espessas e de grandes dimen-
sões capazes de satisfazer a essas exigências.
b — Vidro temperado — Possui uma resistência dielétrica da ordem $98
de 14 [kVimm] e resistência mecânica equivalente à da porcelana, podendo
inclusive ser fabricadas peças mais espessas, Seu custo é inferior ao da

J
porcelana, porém é mais sujeito a danos por atos de vandalismo, pois,

NI
devido à sua têmpera, os isoladores não resistera bem a impactos, mesmo
N
leves, dependendo do local atingido (por exemplo, saias dos isoladores
de disco, que são inteiramente estraçalhados por pedras atiradas com es- Iso
tilingues).

Hm
Com o advento de transmissão nas tensões extra-elevadas, em CA e

N
em CC, condições mais severas de serviço vêm sendo impostas aos isola-
dores, devido, inclusive, à crescente intensidade da poluição atmosférica;

RN
AN
isso tem levado a grandes projetos de pesquisa em todo o mundo, visando
a aprimorar materiais e desenhos dos isoladores, no sentido de assegurar
uma crescente melhoria em seus desempenhos. Está se adotando vitri-
ficação semicondutora em isoladores antipoluição.
No Brasil há diversos fabricantes de isoladores de porcelana, que Fig. 2.4 — Isoladores de pinos de porcelana: a — monocorpo para 25 kV; b — multi-
produzem de acordo com especificações bastante rígidas. Isoladores de corpo para 69 kV.
vidro temperado -são produzidos, no momento, por apenas um fabricante,
de capital e know-how estrangeiros. Em vidro temperado é possível obtê-los de uma só peça (isolador
monocorpo).
2.3.1 — Tipos de Isoladores
B — Isoladores tipo pilar — São menos usados
entre nós em linhas
Em linhas de transmissão empregam-se de transmissão do que os isoladores de pino,
basicamente três tipos de podendo ser construídos de
isoladores: : uma única peça, também de porcelana, para tensõe
s mais elevadas. Dado -
o seu sistema de fixação, resistem a esforços
mecânicos bem mais elevados
4 -— iscladores de pino; tanto de compressão como de flexão. Nos Estados Unidos construíram-sé
B — isoladores tipo pilar; linhas com esse tipo de isolador com tensões
até 110 kV (Fig. 2.5).
C — isoladores de suspensão. OC — Isoladores de suspensão — Representam o tipo de isoladores
de maior importância, para 2s linhas de transmissão, pois, trabalhando
28 CARACTERÍSTICAS FISICAS DAS LINHAS CAP, 2 2.3 — ISOLADORES E FERRAGENS &s
a tração, condição muito favorável de solicitação tanto para o vidro como
Largamente utilizados no país de origem, não tiveram ainda
para a porcelana, ajustam-se facilmente às condições de serviço impostas aceitação fora
do mesmo, provavelmente devido às dificuldades técnicas de fabricação.
“em linhas em tensão extra-elevada e ultra-elevada. São fabricados com comprimento até 1305 mm para tensões
até 110 kV
em uma só peça, podendo ser conectada duas ou mais, em série,
para tensões
maiores:

145

Fig. 2.5 — Isolador de porcelana tipo pilar para 69 [kV].

1308

Fig. 2.6 — Isolador de suspensão monocorpo. (b) o (d)

Fig. 2.7 — Isoladores de suspensão: a, b e d —


Empregam-se basicamente dois tipos de isoladores de suspensão: co
-olhol,
engates concha-bola; c — engate garfo-
a

a — isoladores monocorpo ou barra longa;


estaca

b — isoladores de disco. b — Isoladores de disco — São referidos na MB-22,


da ABNT,
'

simplesmente como isoladores de suspensão, por não conside


rar o tipo an-
a — Isoladores monocorpo — Desenvolvidos e fabricados na Ale- terior. São compostos: de um corpo isolante e ferragens de suspensão,
manha por uma das indústrias mais antigas e tradicionais de porcelana como mostra a Fig. 2.7. Através das ferragens, unidades
de isoladores
(Rosenthal), levam o nome de Langstab (barra longa). São constituídos são conectadas entre si, formando longas cadeias de isolador
es. Essas
-de uma, única peça de porcelana (Fig. 2.6), cujo comprimento é de acordo ferragens são idealizadas de forma a permitir grande flexibil
idade, o que
com o nível de isolamento desejado. Para um mesmo nível de isolamento, obriga os isoladores a trabalharem sob tração, com os esforços
concentrados
ele é sempre inferior ao das cadeias de isoladores correspondentes, o que em seu eixo. No Brasil, as ferragens de suspensão dos isoladores" são pa-
pode resultar em considerável redução nas dimensões das estruturas. dronizados pela ABNT (PB-57), permitindo o .câmbio
por unidades for-
30 , CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.3 — ISOLADORES E FERRAGENS -31

necidas por diversos fabricantes. As ferragens constituem-se de uma haste, 2.3.2 — Características dos Isoladores de Suspensão
fixada na parte inferior do isolador, terminada em forma de bola (boleto) As características fundamentais de isoladores de suspensão que in-
ou de lingueta (olhal), e por uma campânula terminada ou em um garfo ou
fluenciam suas aplicações são:
em uma concha. O tipo de engate bola-concha é quase adotado univer-
salmente em linhas de transmissão. 4 — Características físicas e mecânicas:
Para cadeias em v às vezes são pre-
feridos os engates garfo-olhal. a — resistência eletromecânica;

mom
b — carga máxima de trabalho; ,
Às ferragens dos isoladores de suspensão devem ser galvanizadas em
bânho quente de zinco, sendo a espessura c — resistência ao impacto;
da síimada controlada pelos
processos indicados na NB-22. Sua forma deve ser estudada de modo d — resistência aos choques térmicos.
a não possuir pontos de elevados gradientes de potencial e onde possam B — Características elétricas:
ocorrer eflúvios, provocando radiointerferência. a — tensões disruptivas a seco e sob chuva em fregiiência industrial;
É evidente que isoladores de disco podem ser fabricados em grande b — tensão disruptiva sob impulso;
variedade de diâmetros e espaçamentos (passo). No entanto, para maior
eficiência elétrica existem limites bem definidos no que diz respeito a essas
ce — tensão de perfuração;
dimensões, que devem ser consideradas em conjunto. Sec espaçamento
d — tensão de radiointerferência e Corona.
for aumentado, seu diâmetro deverá ser igualmente aumentado, a fim de
que se mantenha a eficiência geral. Por muitos anos a relação de 43/4”! 1/2
X 10” (121 X 254 mm) foi considerada ideal. Pesquisas posteriores in- 1"Êrx 40 U
dicaram 5º%/4” x 10” (146 X 254 mm) como proporções ideais (dimen- NEGATIVA
1600
sões-padrão ABNT-—145 X 250 mm). Para se chegar a essas dimen-
sões em número de fatores, deve-se considerar: o tamanho da campânula,
a distância de arco, a distância de escoamento (Fig. 2.8). 142
1400 ONDA 1 x 40 US

POSITIVA

1200
>
x

=us

1909] — 60 Hz EFICAZ
> A sEco
-
a

8oo
z
G
a

o
1
ta

600 | tulá
4
nr E

400 -
SOB CHUVA

200

Nº DE UNIDADES NA CADEI
o
o. 1 8 I2 16 20
Fig. 2.8 — Distância de arco e distância de escoamento: A — distância de descarga a seco;
B — distância de descarga sob chuva; C — distância de escoamento. Fig. 2.9 — Tensões disruptivas a 60 Hz e de impulso em cadeias de isoladores (18).
32 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.3 — ISOLADORES E FERRAGENS 33

Essas características devem ser indicadas pelos fabricantes e ga- buição de potencisl em unidades de isoladores e em uma cadeia de isola-
rantidas. A NB-22 e a MB-22 da ABNT regulamentam no Brasil, quais dores. A Fig. 2.10 mostra a distribuição de potenciais em uma unidade
os ensaios e sua forma de realização para verificação des garantias ofere- (16). Como é de se esperar, os gradientes mais elevados ocorrem próximos
cidas. A Fig. 2.9 mostra as tensões disruptivas a tensões de freqiiência aos pinos e à campânula, enquanto que gradientes menores ocorrem ao
industrial e a ondas de impulso de cadeias de isoladores de suspensão de longo da superfície restante. Se considerarmos uma cadeia de isoladores
588" X 10. com z elementos, teremos um circuito equivalente, como aquele indicado
na Fig. 2.11. A distribuição de potenciais do longo da cadeia poderá ser
2.3.2.1] — Distribuição de Potenciais em Isoladores e Cadeias calculada pela expressão:
de Isoladores

A fim de se obter um quadro mais exato da maneira de resistir de uma | VU, = Ma (5 senh Bn + = senhf (n — 2) + sento | (2.2)
cadeia de isoladores, convém examinar alguns aspectos básicos da distri- 8º senh Bz

na qual valem:
«
ÓQ
«L
U, [KV] — tensão a que estão submetidas n unidades a contar do
o lado aterrado (estrutura);
ã 100
« Rd
U, [KV] — tensão a que estão submetidos os z elementos;
2 MM 1]
Z 80 T
[és]

pe
de da

« ” .
a ”
o 60
o Z.
C [F] — capacitância entre campânula e pino de um isolador;
o “

o5 M 10 c [F] — capacitância de uma unidade ao solo;


2 *º
2 3 J4

5[6 7Loms
8 / k [F] — capacitância de uma unidade ao condutor.
2 l [LO re a e a me
ú
=
20h£

“Na maioria dos casos práticos, pode-se admitir k = 0; a Eg. (2.2)
Lu
tu
AL
Ed
fica, então, reduzida a:
DA

0 2 4 6 8 IO I2 sen han
Ur= U=
sen haz (2.8)
Fig. 2.10 — Distribuição de potenciais ao longo de um único isolador.
EA L,
para

— ql.
2“=Nc
A Fig. 2.12 mostra a distribuição de potenciais em uma cadeia de
isoladores com z = 8 e c/C = 0,083.
As expressões indicadas são apenas aproximadas, pois, para permitir
um equacionamento simples, diversos fatores colaterais, como correntes
de escape, efeito Corona, capacitâncias entre os condutores e ferragens etc.
Ug foram desprezados. Esses fatores colaterais, em geral, atuam favo-
ravelmente para uma melhor distribuição dos potenciais. Experiências
| realizadas mostraram que o valor de c/C varia, em construções normais,
Fig. 2.11 — Circuito equivalente de uma cadeia de 2 isoladores. em torno de 0,2
34 «eus CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP.
2 2.3 — ISOLADORES E FERRAGENS
) 35

APLICADA
dt ITTT
Esses anéis distribuidores de potencial (Fig.
2.13) têm como principal
finalidade aumentar a capacitância entre
as peças metálicas dos isoladores

ad
e condutores, a qual foi desprezada na

DT
dedução anterior. Eles não pro-
TENSÃO vocam a distribuição uniforme em todos
os isoladores da cadeia, porém

AS
reduzem substancialmente o potencial

AA
L
a que fica submetido o isolador
inferior.
DA

NI
Os anéis de potencial, no entanto, reduzem
14 A a distância disruptiva da -
“7/0

cadeia, principalmente quando associados


com outros anéis ou chifres
na parte superior, reduzindo, portanto,
SOLO

sua eficiência. Essa associação,


originada na mesmas, época, tinha como
20,-—— AT | um eventual arco disruptivo, ao longo
finalidade principal evitar que
AO

da cadeia de isoladores, queimasse


sua Superfície.
TENSÃO

o o 3 4
Com o aprimoramento da técnica de fabricação da porcelana, a me-
5 6 ? 8
NUMERO DE ISOLADORES lhoria de sua resistência dielétrica, bem
NA CADEIA como o aperfeiçoamento da quali-
dade do material para a vitrificação, e
Fig. 2.12 — Distribuição principalmente de seus desenhos,
de potenciais ao longo de uma cadeia relegaram o problema da perfuração
de 8 elementos (16). e queima das superfícies pelo arco
a um plano secundário, aconselhando-se
O aumento , hoje, o abandono do emprego dos
do comprimento dos braços
suportam os isoladores que anéis de potencial e chifres, mesmo nas tensõe
podem fazer diminuir esse valor até s elevadas e extra-eleva-
0,10, porém o aumento de peso das
es- - das (2).
truturas daí decorrente não o justifica. '
Nas linhas de tensão extra-elevadas verificam-
Esse problema é menor nas. isoladores
tipo monocorpo que são com- se no entanto, grandes
concentrações de potenciais nas angulosidades
postos apenas de dois eletrodos e um e
arestas inevitáveis das
dielétrico de grande espessura. ferragens de suspensão, de forma que são
O problema de distribuição não uniforme dos poten adotados anéis distribuidorega
ciais foi conside- chamados anéis de guarda (Corona SHIELDS)
derado muito grave quando se iniciou , colocados lateralmente
o emprego de cadeias de isoladares, aos grampos de suspensão, como mostra
observando-se perfurações do dielétrico a Fig. 2.14,
nos primeiros elementos da cadeia,
como também correntes de escape sobre
sua superfície. Procuraram-se
então, meios de se evitar esse problema.
Primeiramente se sugeriu o
emprego de discos com maiores tensões
disruptivas junto aos condutores,
Posteriormente foram" inverttados os
anéis distribuidores de potencial.

SEEN
!

= . | .
nt: ZA LL =

e
3

c c
.
1/= =p

>

E
|
TA Mr
445/=

Fig. 2.13 — Efeito da presença dos anéis de potenciar nas cadeias de isoladores,
35 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.3 — ISOLADORES E FERRAGENS : REU

Os anéis de guarda atuam beneficamente na distribuição dos. poten- seu desenho é de extrema importância, mesmo em detalhes mínimos, pois
ciais. As estruturas de madeira e concreto atuam também favoravelmen- podem constituir-se fontes de Corona e importantes fontes de radioin-
te na distribuição dos potenciais ao longo das cadeias, pois as capacidades terferência, mesmo com tensões relativamente baixas (19).
ec são desprezíveis face a € (valor de c/C muito baixo).
Faz-se a determinação do número de isoladores de uma cadeia de
2.3.3.1 — Cadeias de Suspensão
isoladores para uma determinada classe de tensão de linha a partir do
valor das sobretensões previstas, sejam de origem interna ou externa. As cadeias de isoladores devem suportar os condutores e transmitir
Nas linhas de tensões extra-elevadas ou ultra-elevadas, o: critério domi- aos suportes todos os esforços destes. Na parte superior devem possuir
nante se baseia nos surtos de sobretensões internas, em geral produzidas uma peça de ligação à estrutura, em geral um gancho ou uma manilha,
por faltas ou manobras, cujo valor pode ser maior do que o daquelas de e, na parte inferior, terminam em uma pinça (ou grampo de suspensão),
origem atmosférica. A Fig. 2.15 mostra o número de isoladores em fun- que abraça e fixa o cabo condutor.
ção das tensões de tinhas empregados atualmente. Para uma mesma

ra
A — Pinça de suspensão — O conjunto de solicitações que atuam
classe de tensão, observamos uma variação relativamente grande do sobre os cabos, sejam elas verticais ou horizontais, cria no condutor uma
número de isoladores, que deve ser atribuída às diferentes hipóteses ad- tensão mecânica, que é transmitida aos suportes. Nos pontos de sus-
mitidas em projeto. pensão, em virtude do peso do condutor e de sua natural rigidez, apare-
cem esforços de flexão bastante elevados. Quando a curvatura infe-
rior da calha da pinça não se amolda bem à curvatura natural dos cabos,
estes podem sofrer esmagamento dos filamentos, pois a superfície de apoio
fica bastante reduzida. Para os cabos de alumínio e alumínio-aço, esse
problema ainda é mais crítico, mesmo quando se usam armaduras antivi-
brantes (armor-rods). JE necessário que estas se amoldem perfeitamente
ao cabó e também à pinça, pois, de outra forma, o cabo poderá ainda ser
s
solicitado à compressão, com perigo de esmagamento.
A pinça de suspensão deve também ser multiarticulada, permitindo
sua livre oscilação em sentido longitudinal e transversal, a fim de que o
cabo não seja solicitado adicionalmente.
ISOLADORES
DE
NÚMERO

100 200 300 400 500 600 700

TENSÕES NOMINAIS DAS LINHAS


Fig. 2.15 — Número de isoladores em junção da tensão da linha,

Fig. 2.16 — Pinça de suspensão multiarticulada.


2.3.3 — Ferragens e Acessórios
A telha de cobertura, de comprimento inferior ao da calha, deve também
São representados pelo conjunto de peças que devem suportar os cabos casar bem com o cabo ou armor-rods, pois, aplicada a pressão, deve evitar
e ligá-los às cadeias de isoladores e estas às estruturas. No conjunto, o o seu escorregamento longitudinal, sem, no entanto, produzir esmagamento.
38 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2
24 — ESTRUTURAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO -. 39

As pinças de suspensão são normalmente fabricadas em ferro ma-


d — grampos de suspensão armados — são conjuntos especiais de
leável fundido e zincado a quente, e em alumínio ou duralumínio fundido
suspensão, constituídos de duas sapatas de alumínio envolvidas exter-
sob pressão. Para os cabos de cobre usam-se exclusivamente as primeiras,
namente por uma cihta de aço e possuindo, internamente, um coxim de
pois o alumínio em contato com o cobre, na presença d'água, sofre cor-
neoprene que distribui as tensões radiais e evita o contato metálico no
rosão galvânica. Para cabos de alumínio podem-se usar ambos os tipos;
no entanto, dada a competitividade econômica do alumínio, preferem-se ponto central entre a sapata e o grampo. Entre o coxim de neoprene e as
hoje as pinças em alumínio. sapatas de alumínio há um conjunto de varetas pré-formadas, pelas quais
Pinos, grampos e articulações são normalmen-
se realiza a fixação propriamente dita (12). .
te de aço forjado ou estampado, zincado a quente.
B — Dispositivos antivibrantes — Os cabos esticados de uma linha de 2.3.3.2 — Cadeias de Ancoragem
transmissão, submetidos à ação de ventos de intensidades variáveis, vibram
com iregiiências diversas. Em face dessas vibrações, os pontos de sus- Suportam, além dos esforços que devem suportar as cadeias de sus-
pensão representam nós onde se canaliza razoável energia, que submete pensão, também os esforços devidos ao tracionamento dos cabos. Podem
os filamentos dos cabos a movimentos de flexão alternada, podendo levar ser constituídas de uma simples coluna de isoladores, como também de
à sua fadiga e consequente ruptura: Quanto maior for a taxa de trabalho diversas colunas em paralelo, dependendo da força de tração a que estão
nos condutores, tanto maiores serão os danos causados pelas vibrações, sujeitas. O elemento de fixação do cabo condutor é o grampo de tensão
“O que leva a uma recomendação dos fabricantes de cabos de alumínio e ou grampo de ancoragem, que deve ser dimensionado para resistir aos es-
e alumínio-aço a limitar tração de 20% da carga de ruptura dos cabos, forços mecânicos a que ficar sujeito, e ao mesmo reter o cabo, sem pos-
para a temperatura média de maior permanência (20 a 25º C), sem vento. sibilidade de escorregamento. Em alumínio
ou ferro maleável, existem |
dois tipos básicos:
Os efeitos nocivos das vibrações podem ser reduzidos com o emprego
de dispositivos redutores, destacando-se: — de passagem — o cabo é retido por pressão, atravessando o grampo
sem seccionamento, havendo diversas formas de execução;
a — armaduras antivibrantes — consistem em uma camada de vare- — de compressão — o cabo é seccionado no ponto de ancoragem e
tas de alumínio (ou de bronze, para cabos de cobre) enroladas em torno o grampo é aplicado por compressão do material por meio de prensa hi-
dos cabos condutores nos pontos de suspensão. Seu número e diâmetro dráulica ou alicate-prensa de grande capacidade. Para os cabos CAA
dependem do diâmetro do cabo ao qual são aplicadas, de forma a se ajus- pode ser constituído de duas peças, uma interna, que retém o núcleo de
tarem perfeitamente à sua periferia. Seu comprimento é igual a aproxi- aço e que suporta o esforço mecânico, e uma externa, de alumínio, que
madamente 150 vezes o diâmetro do condutor antes de serem aplicadas, possui sapatas terminais para a ligação elétrica da derivação.
“ficando reduzidas a cerca de 130 vezes após sua aplicação. Suss extre-
midades são fixadas entre si e ao cabo por presilhas de pressão (virolas).
Existem dois tipos fundamentais, que se distinguem pelo método de apli- ! (2.4 — ESTRUTURAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO
cação: | As estruturas constituem os elementos de sustentação dos cabos das
— vergalhões paralelos ou bicônicos para formação durante a apl. ' linhas de transmissão. Terão tantos pontos de suspensão quanto forem
cação; requerem ferramentas especiais para sua colocação; os cabos condutores e cabos pára-raios a serem surportados. Suas dimen-
— vergalhões espiralados pré-formados, que são aplicados manual- sões e formas dependem, portanto, de diversos fatores, destacando-se:
mente; pela menor mão-de-obra requerida, vêm sendo preferidos (17); — disposições dos condutores;
b — festões — consistem em alças de cabos que são fixados aos cabos é — distância entre condutores;
nos pontos de suspensão. Parte da energia das vibrações é dissipada — dimensões e formas de isolamento;
nas alças pelo atrito com ar e parte é desviada, sendo que apenas um pouco
chega aos grampos de suspensão. Solução relativamente de baixo custo, — flechas dos condutores;
porém bastante eficiente; — altura de segurança;
c — amortecedores stokbridge — consistem em massas de ferro ou — função mecânica;
chumbo fixas aos condutores através de suportes flexíveis, permitindo-lhes i — forma de resistir;
captar a energia das vibrações dos cabos; tendo uma fregiiência natural | — materiais estruturais;
diversa, vibram em freqiiência diferente, dissipando a energia por atrito ] — número de circuitos etc.
nas alças flexíveis e com o ar;
“. Daí a grande variedade de estruturas em uso.
40 CARACTERISTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.4 — ESTRUTURAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO 4“

24.1 — Disposições dos Condutores Para linhas a circuito duplos, as disposições triangulares e verticais
são as mais usadas. A configuração horizontal, para essas linhas, implica
Nas linhas trifásicas empregam-se, ou estruturas muito largas ou a sobreposição dos circuitos.
fundamentalmente, três dispo-
sições de condutores:

a — disposição triangular; 21,34m


b — disposição horizontal;
c — disposição vertical.

a — Disposição triangular — Os condutores estão dispos N / í a, L N Ed «


tos segundo
os vértices de um triângulo, que poderá ser eguilátero
ou outro qualquer. ia
o À “dd MB ANRO4
No primeiro caso, diz-se que a disposição é eletricamente simétrica, ; DO Se- º s— “js E
gundo, assimétrica (Fig. 2.17). |
15,24m
o
a E
Ef m
!
o
o
f”

(a)
te)
VAIS I=IV SJ” /=
A) LT 750 KV- CANADA B) LT 500 KV. CANADA
N
zN

les E] Do
ASSIMETRICA 69 KV + SIMÉTRICA
69 Kv é
Fic. 2.17 — Disposição triangular. - E
b — Disposição horizontal — Os condutores são fixado é
planc horizontal, donde o nome, às vezes usado,
s em um mesmo
de lençol horizontal.

ser simétrica ou assimétrica. Pode
Sua principal vantagem reside
em permi-
tir estruturas de menor altura para um mesmo
condutor e vão do que as é
demais disposições, porém exige estruturas mais largas.
preferida para linhas a circuito simples, para
É a disposição
tensões elevadas e extra-ele- EH ATE 138 KV
vadas (Fig. 2.18).

. c — Disposição vertical — Ou em lençol vertica


l, é à disposição
msmo

pre- Fig. 2.19 — Disposição vertical.


ferida para linhas a circuito duplo e para linhas
que acompanham vias
públicas. Nestas, os condutores se encontram montados em um plano Para as linhas a circuito duplo preferem-se as disposições
vertical (Fig. 2.19). indicadas
na Fig. 2.20.
==:
42 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 24 — ESTRUTURAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO 48

[teto 2.43 — Classificação das Estruturas das Linhas de Transmissão


| nn
Há diversos critérios pelos quais podemos classificar as estruturas
das linhas de transmissão, sendo os mais usados:

À
, 1 o — quanto à sua função na linha;
! “1 & o
“E ndo nao pg -— quanto à sua forma de resistir;
390/300 e
'
— Quanto ao material empregado em sua fabricação.
r —

jjs | ! Lg 2.4.3.1 — Funções das Estruturas nas Linhas

4 4
at2 qto aP tar E A ABNT, através da NB-182 — Projeto de Linhas Aéreas de Trans-
2,00 6,00 6,00 9,00
missão e Subtransmissão de Energia Elétrica — especifica as cargas
' O a-
é é q tuantes bem como as hipóteses de carga a serem consideradas nos pro-
Bh ; Ês
[a 0]
a
o jetos e cálculos dos suportes das linhas de transmissão:
mM
& a
À — Cargas verticais
e5 ,
— componentes verticais dos esforços de tração dos cabos (condu-
tores e pára-raios);
-— peso dos acessórios de fixação dos cabos (ferragens e isoladore
PES = Ia dx —. ES = fo. Eds me Sd Dl def! s);
— peso próprio «do suporte e eventuais cargas verticais, devido
A-LT 138 KY CESP B- LT 386 KV CESP ao
estaiamento;
- —— Ssobrecargas de montagem, manutenção e/ou outras eventuais.
Fig. 2.20 — Linhas a circuito duplo.
B — Cargas horizontais transversais

2.4.2 — Dimensões 'das Estruturas — ação do vento sobre os cabos e respectivos acessórios de fixação:
— ação do vento sobre o suporte, na direção normal da linha;
As dimensões principais das estruturas são determinadas principal-
— componentes horizontais transversais dos esforços de tração dos
cabos e eventuais esforços horizontais introduzidos pelo estaiamento.
mente pelos seguintes fatores:
C — Cargas horizontais longitudinais
— tensão de nominal de exercício;
-— sobretensões previstas. — componentes horizontais longitudinais dos esforços dos cabos e
eventuais esforços introduzidos pelo estaiamento;
Como fatores secundários intervém: — ação do vento sobre o suporte, na direção da linha,
Às cargas acima relacionadas, que podem ser consideradas como
— flecha dos condutores; normais, sobrepõem-se ainda cargas anormais, ou excepcionais, às quais,
— forma de sustentação dos condutores; sob certas condições, os condutores devem resistir. São elas as cargas
— diâmetro dos condutores. provocadas pelo rompimento de um ou mais cabos.
As estruturas, além de sua função geral de suporte dos condutor
es,
Em função dos elementos acima, as normas dos diversos países fi- possuem também funções subsidiárias, cuja influência é marcante
em seu
xaram a forma de se determinarem as distancias entre condutores, altura dimensionamento. Essas funções estão relacionadas com o tipo de cargas
dos seus pontos de suspensão e distâncias destes às partes aterradas da que devem suportar.
estrutura. Essas dimensões variam grandemente de país para país, a — Estruturas de suspensão — São dimensionadas para suportar
dependendo das nórmas adotadas. No Brasil, esses elementos são fi- cargas normais verticais e cargas normais horizontais transversais devi-
xados em norma pela ABNT (15). das à ação do vento sobre os cabos e as próprias estruturas. No sentido
440 CARACTERISTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.4 — ESTRUTURAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO 4.

longitudinal resistem à ação dá força do vento. Conforme 6 tipo de es- sificação das estruturas em dois grandes grupos, quanto ao seu compor-.
trutura, resistem também aos esforços excepcionais. Algumas vezes são tamento face a essas cargas:
dimensionadas para resistir a esforços horizontais transversais, resultan-
tes da composição de componentes longitudinais dos esforços de tração nos À — estruturas autoportantes,
cabos em pequenos ângulos (em geral iguais oú menores do que 5º).
b — Estruturas de ancoragem — Devem ser distinguidos dois tipos: B — estruturas estaiadas.
— ancoragem total — também chamadas estruturas de fim de linha, A — Estruturas autoportantes -— São estruturas que transmitem
são dimensionadas para resistir a todas as cargas normais e excepcionais, todos os esforços diretamente para as suas fundações, comportando-se
unilateralmente. São, portanto,
as estruturas mais reforçadas das linhas. como vigas engastadas verdadeiras, como elevados momentos fletores
— ancoragem parcial — ou ancoragem intermediária — são empre- junto à linha de solo. As estruturas autoportantes podem ser:
gadas em pontos intermediários das linhas, servindo normalmente como
pontos de tensionamento. Menos reforçadas do que as primeiras, resis- a — rígidas;
tem, em geral, aos esforços normais de tração unilateral, nas condições b — flexíveis;
diárias de operação, além dos esforços transversais e longitudinais normais,
e às cargas excepcionais. Uma vez obrigatórias em todas as linhas, com
c — mistas cu semi-rígidas.
distâncias variáveis de 5 a 10 km entre si, hoje não mais são assim con-. a — Estruturas rígidas — São dimensionadas para resistir aces es-
sideradas, podendo, inclusive, ser omitidas. forços normais e sobrecargas, sem deformações elásticas perceptíveis, e
c — Estruturas para ângulos — São aquelas dimensionadas para às cargas excepcionais, com deformações elásticas de menor importância.
resistir aos esforços normais, inclusive das forças horizontais devidas à Em seu aspecto geral, são simétricas em ambas as direções (longitudinais
presença dos ângulos. Em uma mesma linha há, em e transversais), com dimepsões relativamente grandes, e construídas em
geral, diversos tipos
de estruturas para ângulos, dependendo estruturas metálicas treliçadas (Figs. 2.184, 2.20 e 2.21).
dos valores destes. Resistem,
geralmente, às cargas excepcionais. b — Estruturas flexíveis — Resistem apenas às cargas normais e
d — Estruturas de derivação — Quando, em uma linha, se deve fazer sem deformações perceptíveis, resistindo às sobrecargas e esforços excep-
uma derivação, sem haver necessidade de interrupção ou seccionamento cionais com deformações elásticas consideráveis. São simétricas em am-
nesse ponto, a linha é simplesmente derivada de estruturas apropriadas bas as direções e se caracterizam pelo elevado grau de esbeltez; os postes
para esse fim. singelos são exemplos típicos desse tipo de estrutura, como também o são
os pórticos articulados (Figs. 2.17 e 2.21).
e — Estruturas de transposição ou rotação de fase — Como veremos
nos Caps. 7 e 8, a fim de assegurar a simetria elétrica de uma linha, é usual c — Estruturas mistas ou semi-rígidas — São rígidas em uma dire-
o emprego de rotação ou transposição de fase, feita em estruturas espe- ção e flexíveis em outra. Assim, são estruturas assimétricas, com dimen-
ciais, capazes de permitir essa rotação. sões maiores ra direção em que-são rígidas e menores na outra. É o caso
dos pórticos contraventados ou rígidos (Fig. 2.21).
B — Esiruturas estaiadas. — São normalmente estruturas flexíveis
2.4.3.2 — Forma de Resistir das Estruturas ou mistas que são enrijecides através de tirantes ou estais. Os tirantes,
conforme se verifica pela Fig. 2.25, absorvem parte dos esforços horizon-
Já vimos que as estruturas das linhas de transmissão sofrem três soli- tais, transmitindo-os diretamente ao solo através de âncoras.
citações diferentes: Outra parte
dos esforços é transmitida axislmente pela estrutura..
— solicitação axial vertical; Os tirantes são, em geral, construídos com cabos de aço galvanizado
'a fogo, do tipo HS ou SM, de 7 (sete) tentos, e diâmetros nominais variáveis,
— solicitação horizontal transversal;
Os cabos alumoweld e copperweld também têm sido bastante empregados.
— solicitação horizontal longitudinal. Às estruturas estaiadas, até há bem pouco tempo, tinham emprego
Uma estrutura pode ser, portanto, considerada como uma viga ver- limitado às linhas com estruturas de madeira ou concreto e tensões até
tical engastada no solo, com cargas verticais e cargas transversais hori- cerca de 230 kV. Mais recentemente foram introduzidas estruturas me-
zontais, concentradas na parte superior da mesma. As cargas horizon- tálicas estaiadas para tensões até 750 kV (Fig. 2.18b).
tais, que provocam momentos elevados na linha de engastamento, são, Um caso particular constituem as linhas com estruturas semi-rígidas
em geral, preponderantes no seu dimensionamento. Daí decorre a clas- no sentido transversal que obtêm sua estabilidade longitudinal através
48
CARACTERISTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2
2.4 — ESTRUTURAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO
47

dos cabos pára-raios; ancorado

| s em cada uma

L
3,50, 350.353,50 3,50
são e terminados nas estruturas das estruturas de suspen-
de amarração. A Fig. 2.22 ilustra diver-
sos tipos de estruturas estaiadas.
.
2.4.3.3 — Materiais Para Estruturas

I9,50

I8,00
e
Os materiais usuais para a fabricaç
transmissão são a madeira, o concreto ão das estruturas das linhas de
e os meteis, podendo haver soluções
mistas. Resinas armadas também
têm sido empregadas (Epozi e. fibra
MEMES DESDE
de vidro) (21).
CT MEET PIPA?
Para cada tipo de material há form
x 345 KV no | . 230 KV rentes às suas possibilidades, pode as construtivas diferentes, ine-
D , USA EN "toner BR)
' . 345 KV ndo, no entanto, ser projetades com
n |
TOUT
a Concreto
[MADEIRA graus de segurança equivalentes , desde
——
: —t a USA que as hipóteses de cálculo retra-
tem as condições que são encontradas em serviço.
À — Madeira — Nos Estados
7,85 Unidos as
madeira estruturas de
encontraram sua maior aplicação, existindo linhas
KV. No de até 345
Brasil, país rico em madeiras apropria
das e carente de recursos, inexplica-
Fig. 2.21 — Estruturas velmente a madeira é relegada a um segundo plano para tensões
auloportantes: a — rígida; b — elástica; c — semi-rígida. 35 [kV], apesar dea CPFL. acima de
possuir, no Estado de São Paulo,
"em 69 [kV] e 138 [kV] operando sati extensa rede
sfatoriamente há “mais de 20 anos,
comprovando a eficiência desse material.
A madeira a ser empregada em linhas de transmissão
características especiais, deve possuir
CABOS DE AÇO | capazes de satisfazer as exigências peculiares do
serviço, quais sejam:

a — elevada resistência mecânicaà flexão


:
b — boa resistência às intempéries;
c — indeformabilidade com o decorrer do tempo;
d -—- boa resistência ao ataque de microrganismos
destruição. que levam à sua
q / à
a — Resistência mecânica à flexão
GAMES LUI] ELE — Os esforços que as estruturas
ESET devem absorver podem atingir
valores bastante elevados, dependen
principalmente das bitolas dos cabos e suas condições do
para que as peças que as compõem de trabalho. Assim,
230 Kv não sejam excessivamente volumosas,
| (FRANÇA) / procura-se empregar madeiras capaz
es de resistir a valores superiores:
1000 kg/em?. a
b — Resistência às intempéries —
As Peças estruturais de madeira,
quando expostas ao tempo, não se
devem fender ou trincar.
c — Indeformabilidade com o tempo — Madeiras há que, com o tem-
po, sofrem deformações, como torções e encurtamentos desiguais em suas
fibras. Essas deformações podem afetar a segurança de toda estrutura.
d — Resislência ao claque de microrga
nismos — O apodrecimenito de
madeira é causado por fungos, que a
atacam e à destroem. Esses fungos
as - CARACTERISTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.4 — ESTRUTURAS DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO 49

localizam-se de preferência, em fendas e junto


Í — progressos na tecnologia de fabricação em série de peças grandes
à linha de afloramento no
solo, exatamente na região mais solicitada de concreto, o que permitiu a realização de instalações industriais, melho-
da estrutura. rando e uniformizando sua qualidade, ao mesmo tempo em que seu custo
No Brasil há madeiras capazes de satisfazer as condições prescritas. era reduzido;
Destacam-se, em sua forma lavrada, as seguintes madeiras, comprova-
2 — a introdução dos aços-carbono de alto ponto de escoamento
damente eficientes para o emprego em linhas: permitiu uma redução considerável nas dimensões das peças, obtendo-se
secções pequenas e de alta resistência, o que reduziu ainda mais seu custo;
— aroeira; 3 — maior durabilidade e ausência total de manutenção;
— massaranduba; 4 — melhoria das vias e meios de transporte, bem como do equi-
— óleo-vermelho, pamento de manejo e montagem;
— candeia. 5 — montagem relativamente simples, podendo, em grande parte,
ser executada com pessoal recrutado e treinado rapidamente no local
Para peças estruturais como eruzetas, travessas etc. recomenda-se da obra, o que reduz grandemente o seu custo.
o emprego de: ipê, faveiro, cabreúva etc.
Sua principal desvantagem está nas dificuldades de transporte no
As madeiras acima são de crescimento lento e a falta de replantio
campo, principalmente em terrenos acidentados e de difícil acesso.
em época oportuna fez com:que se tornassem cada vez mais escassas em
zonas próximas São. empregados dois tipos de armaduras para as estruturas de con-
2os locais ne maior consumo. O seu transporte a longa creto: armadura para pré-tensionamento, armadura convencional,
distância, dado seu elevado peso. específico," aumente, excessivamente o
seu custo, tornando seu emprego difícil em regiões distantes daquelas de À técnica do pré-tensionamento do concreto abriu novos horizontes
sua extração. Esse fato, dada na construção civil, seja para pontes, seja para edifícios. Não obstante,
a grande procura de postes de madeira,
levou à utilização de espécies abundantes e de crescimento rápido, para estruturas das linhas de transmissão, os resultados não foram tão
mesmo
em detrimento de alguns dos requisitos enumerados. auspiciosos. O concreto em si, principalmente quando usado com peças
de pequena espessura, possui pequena resistência ao impacto, podendo
A madeira considerada no Brasil como a mais apropriada é forne- fraturar com facilidade mediante pequenos choques, difíceis de serem evi-
cida por algumas espécies de eucalipto, que deixam de satisfazer apenas
o último dos requisitos.
tados em trabalhos de campo. A destruição de uma pequena porção em
Mediante tratamento adequado, como o da im-
pregnação profunda em autoclaves com sais de Wolman ou creosoto, esse uma peça pré-tensionada leva, fatalmente, à sua destruição total.
inconveniente é facilmente removido. Das espécies de As armaduras convencionais, hoje quase que exclusivamente exe-
eucalipto mais
cultivados no Brasil, são as seguintes as mais indicadas: cutadas com aços-carbono de alta resistência, foram as que melhor apro-
citriodora, tere-
ticornis, alba. varam para estruturas de linhas de transmissão e para cuja fabricação
são empregados dois processos: centrifugação e vibração.
O pinheiro do Paraná (araucária) também tem sido empregado após
usinagem com torneamento, obtendo-se peças tronco-cônicas retas. Pelo processo de centrifugação em alta velocidade obtêm-se peças de
Seu secção circular oca.
tratamento em autoclave com creosoto empresta-lhe durabilidade. O movimento rotativo em torno do eixo longitudi-
Sua
resistência mecânica é, no entanto, bem menor — aproximadamente nal provoca a eliminação do excesso de água, reduzindo, portanto, a
700 kg/em? — o que limita seu emprego a redes de distribuição. porosidade do concreto. Uma cura a vapor d'água é normalmente as-
As diversas variedades de pinus introduzidas recentemente no Brasil sociada, acelerando a pega e permitindo a desenforma em prazo curto.
como essência para reflorestamento, e já de grande divulgação, prometem. Às peças assim obtidas são de boa qualidade, de elevada resistência
um material ótimo para estruturas, desde que convenientemente tratadas. e bem delgadas. São, porém, bastante flexíveis, requerendo, portanto,
cuidados especiais em seu manejo, a fim de se evitar a formação de fendas
B — Concreto armado — As estruturas de concreto armado capilares, através das quais a água pode penetrar e atacar a armadura.
tiveram
sua maior divulgação na, Europa, onde sempre foram bastante empregadas. O investimento necessário para uma instalação desse tipo é4 muito
No Brasil, até por volta de 1940, seu emprego era limitado às redes urbanas grande e só é compensado com um volume grande de produção.
de distribuição. Posteriormente passaram a ser empregadas também A fabricação pelo processo de vibração, também chamada convencio-
para linhas de transmissão, em escala 'sempre crescente é para tensões cada, nal, permite instalações de produção bem mais modestas, pois o inves-
vez mais elevadas. o timento necessário depende da produção desejada. Através desse pro-
À evolução no emprego das estruturas de concreto se deve princi- cesso podem-se obter peças de características excelentes, em geral mais
palmente a: rígidas e ligeiramente mais espessas para uma mesma resistência que as
50 CARACTERISTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 2.6 — BIBLIOGRAFIA 51

peças centrífugas e, o que éA importante, de qualquer secção transversal.


Como cabos pára-raios, cujos diâmetros são, em geral, de 3/8” a 1/2”,
Para esse processo a dosagem da argamassa e a qualidade dos agrega-
empregam-se com mesmo grau de eficiência:
dos são menos críticas do que no processo anterior.
| As estruturas de concreto, mais dispendiosas que as. de madeira, são, — cabos de aço HS, HSS ou SM galvanizados;
no entanto, mais baratas do que as de aço para a maioria das aplicações, — cabos aluminoweld;
mesmo para tensões até 500 kV, e uma excelente alternativa para as con-
— cabos copperweld; .
dições brasileiras, já reconhecida, aliás, pela CHESF, que opera linhas
em 220 kV em estruturas de concreto, formando um sistema extenso. — cabos CAA de alta resistência mecânica. .
— C — Estruturas metálicas — São construídas normalmente de aços- Sua colocação nas estruturas, com relação aos cabos condutores, é
-carbono normais ou de alta resistência, em perfilados ou tubos, podendo fundamental no grau de proteção oferecido à linha, e merece ser cuida-
ser obtidas as mais variadas formas e dimensões. Dada a versatilidade dosamente estudada.
do aço como material de construção, podem ser fabricadas em grandes
séries. Sendo compostas de peças relativamente pequenas € leves, podem 21,10
ser transportadas com bastante facilidade a qualquer ponto, para sua 5,24
montagem no local. | 10,66

Um grande progresso foi experimentado, ultimamente, em seu di- 7,62

mensionamento, principalmente devido ao melhor entendimento do jogo


das forças envolvidas, obtendo-se grandes reduções de peso, mesmo nas
estruturas autoportantes. . o .
me
Estando expostas às intempéries, devem ser protegidas contra a oxi- Mô » 1 N CAN ” fz &
dação. A zincagem a quente de todas as peças que as compõem assegura 14
e Te
M “o
a
-
SZSZSZS, SIS
q

ausência de manutenção, por 25 anos ou mais.


Dado seu custo quilométrico mais elevad peloo,.
mencs no Brasil,
deveriam ser reservadas para linhas acima de 230 kV ou a locais muito
fil
o! |)“o |!| | |
acidentados. t9 bi . .

O alumínio e suas ligas também têm sido usados como material es- E fios
trutural para linhas de alta tensão. A redução de peso que se obtém, sem . o | '
sacrifício da resistência, é deveras notável, porém seu custo, ainda muito 2 q »e | : |

elevado, limita'seu emprego a locais em que o custo do transporte absorve 8+ . | |


essa diferença. Sob certas condições, podem ser montadas em: locais n|, .
de fácil acesso e transportadas 20 ponto de implantáção por helicóptero,
completamente montadas. A Alcan (Aluminium Company of Canada ESET e SITE ITES.
Lid.) construiu uma linha em 300 kV com 80 km de extensão entre 7580KV 15,24

KITIMAT e. KEMANO (Canadá), inteiramente de alumínio, mostran- USA 78.20


taço) :
-do assim sua viabilidade. HOO KV
ow
Ss.
2.5 — CABOS PÁRA-RAIOS Fig. 2.23 — Comparação entre linha atual de 750 [kV] e uma estrutwa proposta para
1100 [kV] (12). :
Ocupam a parte superior das estruturas e se destinam a interceptar
descargas de origem atmosférica e descarregá-las para o solo, evitando 2.6 — BIBLIOGRAFIA
que causem danos e interrupções nos sistemas. Até há bem pouco tempo,
- os cabos pára-raios eram sempre rigidamente aterrados através das es- 1 — Wezepr, B.M. — Electric Power Systems. John Wiley and Sons, Londres, 1967.
| truturas, quando. surgiu a idéia de utilizá-los para telecomunicações e — CENTRAL SratION ENciNEERS — Electrical Transmission and: Distribution Re-
as

' telemedições. Isolaram-se, então, as estruturas dos cabos através de iso- ferençe Book. Westinghouse, East Pittsburg, 1950.
'ladores de baixa resistência disruptiva, o que não afetou sua eficiência | 8 — Lavancay, Ch. — Etude et Construction des Lignes Eleciriques Aériennes. J.
“como elemento de proteção, permitindo o emprego. de equipamento de A. Bailliere et Fils, Paris, 1952.
acoplamento para comunicações muito menos dispendioso. 4 — Grrkmann, K. e KoniasHorER, E. — Dic Hochspannungs Freileitungen.
Springer Verlag, Viena, 1952. 2.º edição.
52 CARACTERISTICAS FÍSICAS DAS LINHAS CAP. 2 -

é — BeLiascmI, P. L. — Electrical Clearances for Transmission Line Design at Higher


Voltages. Transactions AIEE, Nova Iorque, 1954. Págs. 1 1992-1200.
6 — VannEy, Theodore — ACSR Graphic Method for Sag-Tension Colculations.
Aluminium Company of Canada, Ltd. Montreal, Canadá, 1950.
7 — ALuMINIUM Union Limiren — Aluminium jor Transmission Lines, Londres,
1956. .
8 — Presr, B. A. e Rissong, R. F, — Bundle Conduciors on Grid Lines in England
and Wales. Proc. IEE, Londres, dez. 1967. Vol. 114, nº 12. Págs. 1873-1 886.
9 — Twomas, P. H. — Output and Regulation in Long Distance Lines. Transactions
AIEE, Nova Iorque, 1909. Vol. 28, parte I. Págs. 615-640.
10 — Tomas, P.H. — Calculation of one High Tension Lines. Id. ibid. Págs. 641-686.
11 — Peterson, E. L. — Line Conductors — Tidd 500 [kV] Test Lines. ""Tidd
500 [kV] Test Project”. AIEE, Nova Iorque, jan. 14,8.
12 — Panis, L. e outros — A Study of The Design Parameters oj Transmission Lines
Above 1 000 kV. Cigré Paris, 1972. Vol. 2; n.º 81-15, 24º Sessão. Teoria da Transmissão
15 — BartmoLD, L. O. — Fronteiras na Tecnologia das Linhas de Transmissão. 2.º

14 —
Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Belo Ho-
rizonte, 1978. :
ANDERSON, J: G. e BarrwoLD, L. O. — Design Challenges of Transmission Lines
. da Energia Elétrica
Above 765 kV. IEEE — EHV Transmisson Conference, Montreal, Canadá,
- 1968.
lô — ABNT — NB-182/1972 — Projeto de Linhas Aéreas de Transmissão e Subtrans-
missão de Energia Elétrica. ABNT, Rio de Janeiro, 1972.º 3.1 — INTRODUÇÃO
16 — Prosrcr EHV — EHV Transmission Line Reference Book. Edison Electric
$
ol

Institute, Nova Iorque, 1968.


17 — AmaraL Rosa, ARISTEU — O Ponto Fraco das Linhas de Transmissão. O Mundo
Elétrico. Editora Max Gruenwald, São Paulo, 1969. Ano x, n.º 114,
18 — Suspension InsuLators — Publicação Comercial da General Electric Co, Nova A distribuição das correntes e diferenças de potencial e a transfe-
Torque, s/data. rência de energia ao longo de uma linha de-transmissão podem ser anali-
19 — Kaminskir Jr, e Bermea Je, M. — EHV Insulator Assemblies Can de Coro- sadas por diversos processos, sendo de se esperar que todos conduzam. ao
naproof. Electric Light and Power Nova Iorque, jan. 1967. mesmo resultado. Essa análise, evidentemente, tem por finalidade per-
20 — SwarBucs, HAarRY À. — Insulation Engineering enters Polymeric Age. Trans- mitir ao operador chegar a expressões matemáticas finais que serão empre-
mission, General Electric Co, Nova Iorque, dez. 1969. gadas diretamente na solução de problemas práticos. Se os diversos
el — Editores — Revista Brasileira de Energia Elétrica. Eletrobrás S, A., Rio de
Janeiro, set./dez. 1970. N.º 14,
métodos conduzem aos mesmos resultados finais, todos deveriam ser acei-
táveis. No entanto, em problemas de Engenharia em geral, não é snfi-
ciente procurar uma fórmula que possa ser aplicada indiseriminadamente
na solução de um problema particular, sem o conhecimento completo das
limitações e simplificações admitidas em sus derivação. Tal circuns-
tância poderia levar ao uso indevido da mesma. As chamadas soluções
matemáticas dos fenômenos físicos exigem, normalmente, simplificações
e idealizações: a derivação matemática de uma fórmula a partir de prin-
cípios fundamentais deve, além da fórmula propriamente dita, fornecer
todas as informações referentes às restrições, aproximações e limitações
que são impostas. É fundamental que se examine com o maior rigor,
sob o ponto de vista da generalidade, a aceitabilidade dos princípios fun- .
damentais adotados como ponto de partida para a sua dedução.
É importante ressaltar que, de acordo com à Física, a expressão linha
de transmissão se aplica a todos os elementos de circuitos que se destinam
ao transporte de energia, independentemente da quantidade de energia
transportada — alguns bilhões de KWh-ano ou apenas alguns kWh-ano.
“A mesma teoria geral é, aplicável, feitas as necessárias ressalvas, inde-
pendentemente do comprimento físico dessas linhas.
54 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP,3 32 — ANÁLISE QUALITATIVA 55

Antes de tentarmos uma solução matemática “ULV]. No instante em que a chave S for ligada (t= 0) entre os terminais
e análise quantitativa,
é de toda a conveniência efetuarmos uma análise qualitativa dos 1e 1”, aparecerá a mesma, diferença de potencial U [V]. Uma vez que
fenômenos
eletromagnéticos de uma linha de transmissão. diferenças de potencial somente são possíveis' entre cargas elétricas, a co-
locação sob tensão dos terminais 1 e 1º da linha foi provocada por um des-
locamento de cargas elétricas através de S, cargas originárias da fonte.
3.2 — ANÁLISE QUALITATIVA

-— a
No presente trabalho: limitaremos nosso estudo apenas às linhas de Mo ax AxL Axl art axt 2
Do “TILT
transmissão clássicas, considerando somente aquelas constituídas por
ligações físicas entre uma fonte de energia e um elemento consumidor des-
Li Li Li == AxC€ Axc Ra
sa energia. Os termos fonte e consumidor de energia devem aqui ser [E] U

entendidos no seu sentido mais lato: transmissor e receptor de energia,


respectivamente. Esse ligação física se dá através de condutores, pelos
! ço ó Ó õ Õ D z

1 ax
quais circulam correntes elétricas e que são mantidos sob diferenças de
potencial,” Daí a necessidade da existência de um circuito fechado, sendo LOKm)
que, em numerosos casos, o próprio solo é utilizado como condutor de
v
retorno. t=At 1

u 1
x
mm—
s 4 —e
O o— O——— Ax
TRANSMISSOR ty tu, | Ua RECEPTOR
v
==) o o . 1
4“ 2 ,3=24t
. poa
me — —— —
U 1 .

Ê
LlKm) . x

v .
Fig. 3.1 — Linha bifilar ideal.
I . .
t=3At

32.1 — O Fenômeno da Energização da Linha U

Consideremos uma linha de transmissão ideal constituída por dois


condutores metálicos, retilineos e completamente isolados, suficientemente |E sax
distantes do solo, cu de estruturas, ou de outras linhas, para que não seja
influenciada pela sua presença, e de comprimento qualquer. Tratando-se Fig. 3.2 -— Circuito equivalente aproximado de uma linha bifilar ideal.
de linha ideal, a resistência elétrica dos condutores é considerada nula,
como também o dielétrico entre os condutores é considerado perfeito,
de forma que não há perdas de energia a considerar. Outrossim lembramos Consideremos um elemento de comprimento infinitesimal -Ax [km]
da Física que, entre dois condutores separados por dielétricos, podemos da linha. Ele contém uma indutârnicia AzxL [henry] e uma capacitância
definir uma capacitância C [farad/km] e uma indutância L [henry/km). SAxC [ferad]. A tensão U [volt] só poderá aparecer nos terminais da ca-
Consideremos dinda que junto 20 receptor haja um dissipador de energia, pacitância após a decorrência de um tempo At [segundos], pois a corren-
representável por uma resistência R, (Fig. 3.1). te através de AxL não pode atingir instantaneamente o seu valor 1 o [am-
Um circuito equivalente
está representado de forma grosseira na Fig. 3.2. pêres). Levará um outro intervalo de tempo A! para que O capacitor do
trecho ÀAx seguinte atinja o valor U, e assim sucessivamente: À corren-
Consideremos um instante imediatamente anterior à ligação da chave
te fornecida pela fonte, umê vez atingido o valor T, [ampêres], se mantém
S,t < 0. Os terminais da fonte estão sob uma diferença de potencial
56 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 3.2 — ANÁLISE QUALITATIVA 57

Essa corrente começa 2 fluir na linha um tempo Át [s] após o instan-


constante. É a corrente de carga da linha. Decorre, portanto, um tempo
finido entre o instante em que se aplica uma tensão ao transmissor de uma li-
te em que a tensão é aplicada. Sua intensidade independe do compri-
nha de transmissão e o instante em que esta tensão pode ser medida em seu mento da linha, se esta for de comprimento infinito, essa corrente de carga
receptor. x
será suprimida pela fonte, sem alteração de valor, enquanto o valor da
tensão da fonte se mantiver inalterado, indefinidamente.
Ora, cargas elétricas em movimento. dão origem a campos magnéti-
- Isso nos permite definir uma impedância de entrada da linha. Da
cos, e a simples presença das cargas, sos campos elétricos. Portanto,
Eq. (3.3) obtemos:
ao se energizar uma linha de transmissão, ao longo da mesma se irão es-
tabelecendo, progressivamente, campos elétricos, e campos magnéticos, do

nsemmnoa
transmissor ao receptor. Dizemos que esses campos se propagam do trans- :=== ——
va lohm]. Í
| o 3.4)
(3.4

e
missor ao receptor.
Podemos, pois, definir uma velocidade de propagação ou celeridade para |

tea
uma linha de comprimento | Pe: Consideremos agora um elemento de comprimento Ar [km]. A!
é o período durante o qual, em Àz, a corrente crescerá de zero para
TolA]. A FEM induzida será:
v = 7 [km/s], (8.1)
e o

e
sendo T [s] o tempo necessário para que a tensão no receptor atinja o FEM = = Ag L,
valor U [V].
4 qua SH
Consideremos um trecho de linha de comprimento unitário 1 [km] de

mn mm
linha; seja t; [5] o tempo necessário para energizar esse trecho unitário à aP o
ou, lembrando que At = 7 [s], teremos:
(Fig. 3.9). í

Tov
FEM = — Ar AxL = — Llov (V]; (3.5)

[EEE
Ê

como essa FEM deve ser neutralizada pela tensão da fonte para que 1,
possa fluir, teremos:
li

U = Il [V] (3.6)
ou
àx Í - '
zo, = + = Lo lohm]. , (3.7)
Fig. 3.3 — Energização de trecho de comprimento unitário de linha.
Vemos que Z, foi definido de duas formas diferentes, (3.4) e (3.7).
Teremos: Em ambos os casos é função da celeridade e de uma grandeza, C ou L, gue,
como sabemos, dependem apenas do meio em que a linha se encontra e de
suas dimensões físicas.
Se igualarmos (3.4) e (3.7), encontraremos:

a carga: elétrica acumulada nesse trecho será: = A [km/s], (3.8)


LC
q = UC [coulomb]; (3.2)
que é a expressão da velocidade com a qual os campos elétricos e magné-
==

ticos se propagam ao longo de uma linha.


a corrente através de uma secção do condutor será:
Lembramos da Física que, para uma linha a dois condutores, no ar
Lo=qu= ou no vácuo, valem as seguintes expressões para o cálculo da indutância
UCvlA] (3.3)
58 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3
32 — ANÁLISE QUALITATIVA 59
e da capacitância, desprezando o efeito do fluxo magnético interno do
condutor e da presença do solo: Em virtude das Egs. (3.4) e (3.7), temos para cada linha:

L=2X104Ln 2 Him] (3.9) I, 5 = constante. (3.14)

Logo, a corrente de carga de uma linha, excitada por uma fonte de


ê
tensão constante, também independe de seu comprimento, o que, aliás,,
é. uma peculiaridade. Não poderia, no entanto, ser diferente: a corrente -
(= 1 teima] (3.10)
de carga 1,, quando começa a fluir, desconhece o comprimento da linha
e à forma pela qual é terminada.

3.2.2 — Relações de Energia


Se introduzirmos essas equações em (3.8), encontraremos:
Em cada intervalo de tempo Af, necessário para energizar um tre-
v = ——— = 9% 100 =3 X 10º [km/s]. (3.11) cho de comprimento Az de linha, a fonte fornece à mesma, uma quantidade
2x 10“ En = “de energia igual a UI, At. Essa energia, numa linha ideal, não é dissi-
pada na linha, cabendo, portanto, uma indagação sobre o seu destino.
Os campos elétricos e os campos magnéticos têm a capacidade de ar-
18 X 105 Zn 2 .
r mazenar energia. No trecho de linha de comprimento Az poderá, então,
ser armazenada a energia: o
Essa velocidade é a velocidade de propagação da luz no vácuo. Pela
Eq. (3.11) podemos reconhecer que ela depende principalmente do meio a — No campo magnético:
em que se encontra a linha — por exemplo, ela é muito mais baixa nos
cabos subterrâneos. Nas linhas reais, em que o fluxo interno dos con-
dutores também não é desprezível, ela é um pouco menor. AEa = Jet ide [Wes]. (3.15)
Essas linhas
também possuem perdas, representáveis por uma resistência em série
com a indutância e em paralelo com a capacitância, também reduzindo a b.— No campo elétrico: .
velocidade de propagação.
Retomemos (3.7), dela extraindo o valor », que introduzimos em (3.4) AE. = MiCar [Wes].
para obter:
(3.16)
Esse armazenamento se dá simultaneamente. Portanto,
TL
zo = JE [ohm]. (3.12) ULAt = Je 2
LAz ,
4 U2CAx
2 a

> 3 [Wes]. (3.17)


Nesta substituímos L e € pelas Egs. (3.9) e (3.10), obtendo:
A expressão (3.17) nos diz que a energia fornecida pela fonte foi ar-
mazenada pelos dois campos, sem, no entanto, nos esclarecer sobre sua
| Z,= 60 In [ohm]. (2.13) divisão entre os mesmos. Vejamos como esta se faz.
|1
Pela Eq. (3.13) verificamos que Z, não depende do comprimento. da Temos que U = LZ, = 1, (E. que introduzimos na Eq. (3.16) pa-
linha, somente do. meio em que esta se encontra. e de suas dimensões físicas,
distância D [m] entre condutores e raio r [m] dos condutores. E, pois, ra obter:
constante para, cada linha e, por isso mesmo, é considerada uma grandeza
característica denominada impedância natural da linha, ou, como veremos -
“AE,= (1. 12)
2 .
mais adiante, impedância de surtos da linha.
x Lhe LiLãr (3.18)
60 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 32 — ANÁLISE QUALITATIVA 61

ou seja, a quantidade de energia armazenada pelo campo elétrico é exa- — Uma vez que na terminação da linha não há campos magnéticos
tamente igua à quantidade
l de energia armazenada pelo campo mãgné- e
elétricos a armazenar energia, toda a energia fornecida pela fonte
tico. Cada um dos campos armazena, será dis-
portanto, exatamente a metade sipada na resistência R,. Logo:
da quantidade de energia que é fornecida pela fonte,
Esse processo durará indefinidamente, se a linha tiver um compri- ULAt = RAt [We] (3.20)
mento infinito. As linhas de transmissão possuem, porém, comprimentos e a corrente L, continuará com a mesma intensidade
a inicial, como se
finitos. Neste caso, ocorrerão fenômenos complexos, que procuraremos linha fosse de comprimento infinito (Fig. 3.4), independentemente
analisar. Esses fenômenos, como veremos, dependem
do valor
exclusivamente de ! [m]. Uma linha assim terminada é denominada linha de comprimento
da forma com que a linha é terminada, ou seja das condições em sua ex- infanito.
tremidade receptora. Imaginemos que a linha tenha um comprimento
! [ml e que na extremidade receptora coloquemos Quando o valor de R, for diferente do valor de Z,, o equilíbri
um dissipador de energia o. esta-
belecido pela Eq. (3.19) será altera "pois o segundo
do membro dessa, equa-
Ro» lohm], com a condição de que:
ção poGerá ser maior ou mendo
or que o primeiro, dependendo da capaci-

e
dade de dissipação de Ro. Devemos considerar, portanto,
[Rs] = |Zo L dois casos.
Teremos então: 4 — Linha com resistência terminal maior que £,
U = Lã =lRs Neste caso, a corrente 15, através da resistência
Rs, será menor que a

me
corrente 1,, ea potência dissipável (1',))2R', será igualmente
menor do que
a potência J,R,. Junto ao terminal da linha haverá um excesso de ener-
gia. Um novo estado de equilíbrio deverá ocorrer, pois esse excesso
de ener-.
gia não poderá ser destruído.
Uma redução da corrente na linha leve, também a uma redução da
energia armazenada no campo magnético. Este, por conseguinte, além
de não poder armazenar o excesso de energia devido à redução
de 1I,, deve
ainda ceder parte da energia que possui armazenada. E esses duas par-
celas só podem ter um destino: o campo elétrico. Portanto, a partir do mo-
mento em que 7; começa a fluir através de R$, 0 campo elétrico
recebe
a energia excedente, que se manifesta na forma de uma elevação
= Vo . Us e que se irá propagar 20 longo da linha, acompanhada
com a mesma velocidade v [km/s],
da redução de 1,
da tensão

como mostra a Fig. 3.5.

ESSE
AUMENTO DE U

U'>

REDUÇÃO DE Io

VD!
lo
,
I2

2 No Ponto 3
U' x Zola
Fig. 3,4 — Equivalência entre linhas de comprimento infinito e linhas terminadas em 13
Ro = £o Fig. 3.5 — Variação de tensão e corrente em linha ideal terminada com Ra > £o.
QUALITATIVA 63
62 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 3.2 — ANÁLISE

Vale a pena examinarmos um caso extremo, ou seja, quando k; = o, B — Linha com resistência terminal menor do que £Z,
isto é, na linha de comprimento finito, aberta junto ao receptor. Neste
A corrente 15, através da resistência, será maior que Z, e, conse-
caso observamos:
quentemente, a potência dissipável em Rs, (15)2R>, será maior do que a
a — a corrente se reduz à zero, progressivamente, do receptor ao potência 1,:R,. Junto ao terminal da linha ocorrerá um deficit de ener-
transmissor; - gia que-não poderá ser suprimido de imediato pele, fonte que alimenta o
sistema. O novo estado de equilíbrio somente poderá ser atingido se essa
b — o campo elétrico tem que armazenar toda a energia, isto é, aquela
deficiência for suprida pela própria linha, às expensas da energia armaze- .
que chega pela linha e aquela que é cedida pelo carhpo magnético.
nada por ela durante o processo de energização.
Seja U, o valor da tensão que a linha atingirá junto ao receptor. A Uma vez que há um aumento no valor da corrente que passa de 1, = 1,
energia armazenada em um Az de linha será: para I;, o campo magnético não somente-não pode ceder energia, como
também deve armazenar maior quantidade da mesma, o que faz às custas
do campo elétrico, que 2 cede. Haverá, portanto, uma redução na tensão
+ UC Az. | (3.21) U, junto ao receptor, que caminha progressivamente em direção à fonte,
como mestra a Fig. 3.7.
A linha possuía UºCAx de energia e a fonte, em -Àt (s), enviou mais
UlcAz. Logo, o campo elétrico deverá armazenar energia equivalente a;

2020 As. — (229 REDUÇÃO DE


TENSÃO
Igualando: (3.20) e (3.21), teremos:

Ugo! = 40? REDUÇÃO DE TENSÃO

ou : j
y AZ Ê AUMENTO NA
U, = 2U [V]. (3.23) “ 1% CORRENTE

Ia
Portanto, em uma linha ideal aberta a tensão no receptor cresce ao dobro
do valor da tensão aplicada (Fig. 3.6). Essa tensão se propaga do receptor
ao transmissor.
NO PONTO3 U'= Zg Io 21
1 lv v
AUMENTO
Vo qm u DA .
Fig. 3.7 — Variação da tensão e corrente em linha ideal germinada com Ra < Zo
yu
TENSAO

Um outro caso extremo de operação da linha, bastante interessante,


é o caso de uma linha terminada em curto-circuito, ou seja, com Ro = 0.
Observa-se, neste caso:
a — à tensão junto ao receptor somente pode ser nula, propagando-se
esse valor do receptor ao transmissor;
b — há um aumento no valor da corrente junto ao receptor que se
propaga para o transmissor. O valor da corrente poderá ser determinado
* REDUÇÃO NA com base nas considerações que se seguem.
| CORRENTE
Uma vez que toda a energia que estava armazenada no campo elétrico
não pode ser retida pelo mesmo, ela. é cedida ao campo magnético, que
e corrente na linha ideal aberta. também deverá receber toda a energia que 2 fonte continuará fornecendo.
Fig. 3.6 — Perfil de tensão
e4 A
TEORIA DA TRANSMISSÃO ã 65
DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 | 32 — ANÁLISE QUALITATIVA
À energia no campo magnético será agora

|
em Agz de linha:

E
C) Z2> Zo

5 Ly dm. : (3.28). Us 2 Ug+Ur

Nos dois campos da linha havia LI,)Az armazenados e a fonte em At ç ER 2


fornecerá mais LIçºAx; logo, o campo magnético terá que armazenar: '
2LI2hv, (3.24)
quantia essa que deverá ser igual àquela definida por (3.23). Logo, to
.
+ la 1ozIgtiçd=Ig-lr
2
t
S LUAS = 2L12Ar
|| | va +
. ou
b) 22=%o
|
H = 21,; (3.25) I
|
U22Ug+Ur= UgtO=Ug
portanto, numa linha em curto-circuito a corrente crescerá, no receptor, ào
dobro de seu valor.

3.2.3 — Ondas Viajantes

Os fenômenos

Do
Ô descritos
i possuem certa semelhança com fenômenos
Ô | IozIgtIr=IgtOszIg
2odicr
encontrados em hidráulica, inclusive podem ser descritos matematicamente |
por equações diferenciais semelhantes àquelas que os hidráulicos empregam |
no estudo das chamadas “ondas progressivas” ou “ondas viajantes”. |
“Lo . E .
Tal semelhança permitiu a introdução do conceito de ondas viajantes nas .. Cc) Za< zo
2
linhas, muito útil na análise e entendimento do fenômeno. Dos hidráu- I nn | .
licos ainda tomamos emprestados a nomenclatura, empregada. |
i
po Dentro desse conceito consideramos que, ao energizarmos uma linha, u
. Vo | Ud
! partem do transmissor, simultaneamente, duas ondas, uma de tensão de 3 2 Uz=Ugt(-Ur)=Ug-u,
amplitude U [V] e uma de corrente, de amplitude 1, [A], que se deslocam !

t Vet À q
com velocidade constante v [m/s] em direção ao receptor, onde chegam
com o nome de ondas diretas ou ondas incidentes. Dependendo da forma
de terminação da linha, podem dar origem a ondas refletidas, que viajem de
« volta, do receptor para o transmissor, com a mesma, velocidade des ondas
Ir
incidentes. Tanto as ondas diretas como as refletidas são polarizadas, isto
é, atribui-se-lhes um sinal. Em cada ponto 20 longo de uma linh:, e em Io 1gt1r
qualquer instante, o valor da tensão ou o valor da corrente será sempre Ig

= ——
—4—
igual ao valor da soma algébrica das duas ondas:

Po U=Uad U, º

| e (3.26) |
I=h+L. Fig. 3.8 — Definição e sinais das ondas numa linha.
66 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP, 3 32 — ANÁLISE QUALITATIVA : , 67

Se aplicarmos esse conceito aos casos previamente examinados, ve- obtemos de (3.29), pela introdução das expressões acima:
remos que:

a — linha com Ro, > Z,: U, =


Bh-z
(255) Us [VI, (3.30)

— a onda de tensão refletida possui o mesmo sinal que a onda de


tensão incidente. A tensão resultante será, então, maior do que a da
podendo-se igualmente mostrar que:
onda incidente;
— a onda da corrente refletida possui sinal contrário do da onda 1 -= (22)
(Ze=
2 1. [A]. (880 “ +
incidente, resultanto em corrente menor do que a incidente;

b — linha com R, = Z,: Os termos que relacionam as ondas diretas com as refletidas recebem
— tanto a onda refletida da tensão o nome de coeficiente de reflexão:
como a da corrente são nulas, não
havendo, portanto, alterações em seus valores;
a —. das tensões Zo— Bo
ões: kuem = SED.
Za FZ, (3.82)
c — linha com R, <Z,:
— a onda da tensão se reflete com sinal oposto ao da incidente, re-
sultando em diminuição da tensão;
b — das correntes: hem Mm
BIZ (3.38)
-— a onda da corrente se reflete com o mesmo sinal, o que leva ao
seu aumento.
Notamos, outrossim, que, em qualquer caso, as ondas refletidas da cor- As Egs. (3.30) e (3.31) podem ser, então, escritas como:
rente e da tensão têm sempre sinais contrários.
As ondas refletidas têm as mesmas propriedades das incidentês, U, = ka, Us [V] (3.300)
logo:
e
Vs UV,
novos di o. L=kala [A (8.819)
(827
não obstante, em qualquer Os coeficientes de reflexão variam de + 1a — 1, conforme se verifica
ponto de uma linha terminada em Ro, x 2,
teremos: facilmente na análise das linhas em aberto, em curto-circuito e para
Zs = £o quando são nulos.
- Até aqui examinamos somente o comportamento das ôndas da tensão
UTO Us +U, e da corrente durante o tempo em que viajem pela
LAL É Zo. (3.28) primeira vez do trans-
missor ao receptor, e o movimento e comportamento das ondas de tensão
e corrente refletidas em função das condições existentes no receptor. Essas
Conhecidos a impedância natural de uma linha e o valor da resistên- ondas refletidas, como vimos, se deslocam do receptor para o transmissor
cia terminal, é possível determinar os valores das amplitudes das ondas com a mesma velocidade com que as ondas incidentes viajaram em
refletidas em função das ondas “incidentes. Seja Z, a impedância ter- sentido contrário, sobrepondo-se a estas. Num período de tempo
minal da linha. Teremos em sua terminação:
t= + [sl as ondas refletidas no receptor chegam ao transmissor, agora
Us Usa + U, na qualidade de ondas incidentes. As condições aí existentes (no caso, uma
—— A = Zo “RAT,
=——— [ohm]; '
(3.29)
20
fonte ideal) fazem com que elas vejam uma impedância diferente de £o,
dando então origem a um novo par de ondas refletidas, que se sobrepõem
como, porém: às incidentes no transmissor (que são aquelas que partiram do receptor
como ondas refletidas). Seus sinais e valores dependem do valor relativo
L, = 0 — U. e Ja = Ua
da impedância da fonte. No caso da fonte ideal em que a resistência in-
terna é nula, temos os seguintes coeficientes de reflexão:
58 TECRIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP,3
33 — ANÁLISE MATEMÁTICA 69
a — das tensões: k,, = D-Z 0-% Vemos o caráter nitidamente
FZ 0h TT transitório
e correntes variando em torno de seus valores de regime permanente (U e
do fenômeno com tensões
1/3715), o qual, no caso de linha e fontes ideais, só seria atingido teoricamen-
A onda refletida da tensão anula inteiramente a onda inciden te após um tempo infinito.
te de mesmo
valor e sinal oposto, e a tensão no transmissor continu
ará sendo U [V]. No caso de linhas reais, como veremos, a energia dissipada na resis-
A linha toda, progressivamente, ficará com esse valor
até ocorrer nova tência dos condutores tem o caráter de um amortecimento, reduzindo
reflexão no receptor, onde chega uma onda, agora de sinal
negativo e mesma; levemente os módulos das tensões e correntes e acelerando sua entrada em
amplitude da onda que aí foi refletida 2! [s]antes. A nova onda refletida regime permanente,
terá o mesmo sinal que a onda que aí acaba de chegar (negativo), deslo-
cando-se em direção ao transmissor, onde sofrerá nova O estudo que acabamos de fazer encontra larga aplicação no estudo
reflexão, como se dos surtos de sobretensões em sistemas elétricos.
pode ver pela Fig. 3.99, e assim sucessivamente: Para facilidade de ra-
ciocínio, empregamos uma fonte de tensão constante. Se, ao invés desta,
tivéssemos empregado uma fonte de tensão qualquer, o fenômeno
não seria
b — das correntes: hp = ZIZ,
Lo — 4
= 0LZ,
£o + 0
+1. essencialmente diferente. Consideremos, por exemplo, que a fonte pro-
duza pulsos isolados da forma e(t). Esses pulsos se deslocam ao longo
da linha, partindo do transmissor em direção 20 receptor com a
mesma
A onda refletida da corrente tem o mesmo valor e amplitude velocidade v (m/s). Essa onda de tensão é acompanhada por uma onda
que a onda
que incidiu na fonte Essa onda refletida se desloca para o receptor, de corrente de mesma forma e definida por:
onde chegará no tempo t = Bo [s], sofrendo nova reflexão, como mostra
a Fig. 3.9b. 1(1) = so.

À Fig. 3.9 mostra a variação no tempo da tensão e da corrente


junto Ao atingir o receptor, dependendo da natureza
ao receptor de uma linha ideal, alimentada por fonte ideal, termina deste, poderá ou não
da em haver reflexões, como acabamos de ver.
uma resistência tal que os coeficientes de reflexão sejam + 1/2.
3.3 — ANÁLISE MATEMÁTICA

u[v] 3/2 U Tendo obtido, pela análise qualitativa, noções físicas sobre o meca-
9 nismo do aparecimento e o comportamento de ondas viajantes nas linhas
teu 33/32 U de transmissão, procuraremos mostrar como essas ondas podem ser
estu-
y DC
374 | 157 16 U 63/64 U dadas quantitativamente. Interpretando um pensamento de Lord Kelvin,
poder-se-ia afirmar: “Entender um fenômeno signífica associá-lo a números
t=A (8) .”
t>0 " sm
É o que nos propomos a fazer em seguida através da análise matemá-
st 7t 9t ut tica. Esta será feita de forma genérica, ou, mais precisamente,
consi-
derando tensões e correntes como funções genéricas do tempo.
Racioci-
nando em termos de ondas de impulso, em geral encarades pelos autores
de livros-texto de linhas de transmissão de energia elétrica como
um fe-
nômeno à parte, estaremos não só aumentando nossa flexibilidade
de ra-
ciocínio, como também lançando as bases para o estudo sistemát
472 Io ico dos
I surtos de sobretensão a qual são sujeitas as linhas de transmis
º 3g 1 são, como
Bio H/32 lo eles Lo também das linhas excitadas por correntes senoidais, em regime perma-
4
glo 174 Jo 5/16
t16 1
to nente.
4
Õ
; 4 ts —- [8]
120 1 3t st rt 9t nt
3.3.1 — Equações Diferenciais das Linhas de Transmissão
Fig. 3.9 — Variação de tensão e corrente junto ão receptor de uma linha terminada em Deixemos a linha ideal, por ora, e consideremos uma linha real,
Bo = 32 (kh = + 1/2). in-
cluindo em seu circuito equivalente elementos representativos
das perdas
70 - TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 3.3 — ANÁLISE MATEMÁTICA o 71

nos condutores r [ohm/km] e das perdas nos dielétricos q [siemens/km], co- O primeiro termo do segundo membro representa a corrente de des-
mo mostra a Fig. 3.10, na qual representamos um elemento de, compri- locamento através do dielétrico, provocada pela aplicação da tensão u.
mento Àx da linha. O Segundo termo fornece o valor da corrente de deslocamento através da
capacitância AxC, devida à variação da tensão.
As Eos. (3.35) e (3.36) são expressões da Lei de Ohm, nas quais u e 1
são variáveis dependentes da distância x de um ponto da linha a um ponto
i(x+ Ax,t) de referência preestabelecido e de t, o instante de tempo considerado.

2
>
x
Devemos, pois, procurar funções para u(x, t) e i(x, t) capazes de resolver
nossos problemas.
Diferenciemos (3.35) com relação a x e (3.36) com relação a t:
v(x+Ax,t)
Ou di 2;
“de 2d Tod (isto
02; du. 9 2u
Fig. 3.10 — Circuito equivalente de um elemento Ax de uma linha seal. ad a O ga (8.37h)
Diferenciemos, em seguida, (3.35) com relação a te (2.36) com relação
Entre o início e o fim do elemento de linha há uma diferença de po-
tencial que podemos definir por
02u Ji 9%
EM
3x - Àg.
— ddr = "a + C a” (3.380)

02 du ôu .
A equação diferencial da tensão no elemento será: — EE = 1x + Cdr (3.38b)

— Ou
3 Ar = (Azr i + (AgD) a (3.84) Como, no entanto,

º O 9% du Ou
na qual usamos sinais negativos, pois valores positivos de à e Os/dt faze
drdt dtdz dxdt dtdz
o valor de u decrescer.
Dividindo por Ar, teremos uma indicação de como u “varia ao longo por substituição direta obtemos:
da linha:
2 Ou
du . õi e = rgu + (1C + Lo Se + LC 5a (3.39)

e
A equação diferencial das correntes tem a forma:
2: a
di du
0% gi+ (O + Lg) + Loss (3.40)
— A” = (Ar 9 u + (Axl) “ar da
g
As Eqs. (3.35) e (3.40) são as equações diferenciais gerais das linhas
que, dividida por Áx, nos dá: de transmissão. Equações desse tipo são conhecidas na Física como egua-
ções das ondas, cujas soluções representam ondas que podem viajar ao
di du longo de uma linha com velocidade », ou seja, ondas viajantes ou pro-
gressivas.
72 . TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 3.3 — ANÁLISE MATEMÁTICA 73:

Alguns autores referem-se a elas como equações da telegrafia, pois dl.


foram primeiramente deduzidas para o estudo dos fenômenos relacionados
com a transmissão de pulsos telegráficos.
qo O Ido + (CA Lg) jode + LC Go is,
Na análise das linhas de transmissão de energia elétrica, interessa-nos que facilmente podem ser transformadas em:
conhecer o seu comportamento tanto face 2 impulsos como face às tensões
e correntes senoidais. Isso nos leva a procurar soluções tanto no domínio PU, . . . a . -
do tempo, para o estudo das ondas de impulso, como no domínio da fre- “ae (+ jwl) (g + gw) U, = 2y Us (3.45)
glência, para o estudo das linhas excitadas por tensões senoidais. No
presente texto procuraremos sua solução no domínio da frequência. a de
(r + jul) (g +jwC) fe= 2y L. (3.46)
3.3.2 — Solução das Equações Diferenciais no Domínio da Fregiiên-
cia: Linha da Corrente Alternada em Regime Permanente Essas equações poderiam ter sido deduzidas diretamente de um cir-
cuito equivalente, como o fazem muitos autores. Suas variáveis são
Considerando a linha de transmissão excitada por corrente alter- Us, Ie e x, respectivamente. Dada sua forma, podemos esperar para ambas
nada de freqiiência constante, poderemos definir a tensão u e a corrente 1 uma solução do mesmo tipo.
como funções senoidais do tempo:
Seja:
u= U,sen wt (3.41) |
De. = Ày e Va + Ás Va [volt] (3.47)

i=lesen(wt + q), (3.42) uma solução admissível para a Eq. (3.44). Se a derivarmos duas vezes
com relação a x, obteremos:
representáveis pelos fasores U e Í, respectivamente, ficando sua depen-
dência de x e de é implícita. As equações gerais das linhas podem agora PU.
ser éscritas da seguinte forma: dy?
= ul Age Vi Age vã) = iyl., (2.48)
0, CU. que confirma o acerto da escolha para a solução.
da? dê (8.43) Com o mesmo
verificar gue sua solução será:
raciocínio para a equação das correntes poderemos

djde o rolo 400 + Lo) SÉ t. +10 EA (3.44) . 1 , E Do TE


L = (A, e VE — Aremv a (3.484)
Valy
Em notação operacional:
À, e À, são constantes com dimensão de tensão. Seu valor pode ser
20,
encontrado através das condições de contorno. Para tanto consideremos
RE = 1gU.» + (rC + Lg) DU,: + LCpU.) a linha junto ao receptor, que elegemos como referência para as distâncias
x, uma vez que as condições aí existentes é que ditam o cómportamento
das linhas. Nessas condições, para z = O teremos U.=U, e ji= To.
dt, “ Das Egs. (3.47) e (3.48) obteremos, respectivamente:
5 LCpº 7.
de? O rg La + (rC Lg) p Ie P ta:
Us = À + À»
Lembrando a definição de impedância, p = jw, obteremos por substi-
tuição: . 1 . ,
h= ala [42 — As),

PU.
mo o rg0= + (1C + Lg) jul, + LC (Gjwyl,
cuja solução simultânea nos dá: as seguintes expressões:
74 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 3.3 — ANÁLISE MATEMÁTICA 75

Áij= Mt hvéli = ÁveW (3.49) B = Imty)= VE lasno 0) +4+V (1º + 20) (9º + w'C? 3]. (3.55)

Nessas condições teremos:


Às = Mo hveli = Ás eis? (3.50)
det /TT Yz .
e & = E” — que quibo (3.56)
As Eqs. (3.47) e (3.49) tornam-se: |
Portanto, a função senoidal à qual aplicamos a exponencial complexa
como definida acima sofre:
Ú, = fthviam ea 4 fade cv [V] (3.51)
a — um amortecimento provocado por etez que, dependendo do si-
nal de expoente, é positivo ou negativo, ou seja, provoca a diminuição ou
p= ethvii vm D=hviy av5 a) (35%
o aumento das amplitudes das ondas senoidais de forma exponencial, à me-

2v ay E dida que aumenta a distância 4 do receptor ao ponto considerado;


-b — ocorre, ao mesmo tempo, um avanço de + na fase da onda à
Essas são as equações gerais das linhas de transmissão de correntes qual é aplicado.
alternadas senoidais, em regime permanente. Através delas poderemos É, portanto, o expoente Y que governa a forma pela qual as tensões
relacionar tensões e correntes em qualquer ponto ao longo des linhas, em e correntes se propagam ao longo da linha. Deí o seu nome de função de
função das condições existentes no receptor. São equações exatas, ser- propagação. Alguns autores preferem 2 designação de constante de pro-
vindo de base para a derivação de processos de cálculo simplificados, usados pagação, pois, nas linhas de transmissão de energia elétrica em regime
na prática, como veremos no Cap. 4. Sua validade pode ser verificada permanente, nas quais a fregúência é constante, ela de fato é uma cons-
através da interpretação do significado dos termos que as compõem. tante.
Sua parte reel, a, que é responsável pelo amortecimento ou atenuação,
recebe o nome de função de atenuação, tendo como unidade o NEPER por
3.3.2.1 — Interpretação das Equações das Linhas
QUILÔMETRO: Dela, como vimos, dependem os módulos das tensões
ou correntes. Seu valor é diretamente relacionado com as perdas de ener-
Num exame das Egs. (3.51) e (3.52) verificamos que em ambas se gia na linha. Comprova-se fazendo r = g = 0 em (3.54), quando então
e J. 2 . a também será nula.
destacam as funções exponenciais complexas e “à eo radical comple-
A função de atenuação numa linha pode ser determinada, se conhece-
xo V2/y mos os valores das ondas diretas ou refletidas das tensões Usa é U;,, em seu
Lembramos dos cursos de circuito elétricos que funções exponenciais início ou Usa Us, no receptor, através da expressão (3.57). Se a linha estiver
aplicadas a fasores (A, e À, são fasores) mudam suas características, ou operando com Z, = Z., basta que seguem conhecidos os valores de Uje Us:
seja, modulam as funções senoidais que representam. Vejamos de que
forma isso ocorre nas linhas de transmissão.
Façamos: a= A Int Inéper/km], (3.57)
I Usa

Y=V2y = V tr + jwL) (g + jwC) = (rr jar) (g + 9d). (8.58) em que | [km] é o comprimento total da linha.
Uma outra unidade de atenuação, está empregada em telecomuni-
Elevando ambos os membros ao quadrado e separando reais e imaginá- cações, é o DECIBEL, que é obtido em função das potências P; e P» no
rios, obteremos: receptor:

P: UDbikm).
a =Rely)= ViTteo — WiLC) + V(rº + il) (9º + 0) |] (3.54) DECIBEL/km = ç 10 log po (3.58)
76 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 33 — ANÁLISE MATEMÁTICA 77
A parte imaginária, 8, obtida de (3.55) em
radianos/km, recebe o Nas
nome de função de fase, ou constdnte de fase, pois Egs. (3.62) e (3.63) a dupla dependência da tensão e corrente
indica a forma como as do tempo
fases da tensão e da corrente variam ao longo t e da distância x ao longo da linha é claramente visível.
da linha.
Admitamos agora que os dois termos dos segund Consideremos a, onda direta da tensão, que admitimos ser representada
os membros das Egs.
(3.46) e (3.48) ou, respectivamente, (3.51) e pelo primeiro termo -do segundo membro da Eq. (3.62):
(3.52), representem as ondas
viajantes diretas e refletidas das linhas de transmissão.
dade,
Se isso for ver-
a veracidade das mesmas ficará comprovada. “a = 2 Ae sen [(wt + 8x) + Yi (3.635)
Examinemos o ra-
dical:
e admitamos que só elã exista, no momento, numa linha. Consideremos
dois pontos 4 e B ao longo da linha, distando, respectivamente, a e b qui-
VéIy = Es er =Z. [ohm]). (3.59) lômetros do receptor da linha, como mostra a Fig. 3.11.

Uma vez quer, L, g e C são grandezas referidas


a um quilômetro de
linha, concluímos que estamos, frente a uma grande B A
za que, como Zo, tam- í
bém independe do comprimento: das linhas. Sua semelhança, no entanto,
2
não pára aí. : Como no caso examinado anteriormente,
ciona rela- o radical
ondas diretas de tensão e corrente, bem como suas
ondas refletidas,. a q
porém não suas somas. Suas características são, pois, as mesmas de Z,.
Se em (3.59) fizermos r = 9 = O, obteremos exatamente a
mesma, expres- b
são de Z, Eq. (3.12). Nas linhas reais, como r e q são, em geral, relativ
mente a-
pequenos se comparadas com L e €, respectivame
nte, seu valor nu-
mérico não difere muito do valor de Zoo, enquanto que
é seu argumento b
muito pequeno. ' Devido a isso, muitos autores não difere
nciam essas duas
grandezas, designando ambas como impedância
de surtos, ou impedância Fig. 3.11 — Pontos de observação ao longo da linha.
natural. Preferimos ficar com aquelas que as diferenciam,
aceitando o
nome de impedância característica e resguardando sua natureza complexa.
O símbolo 2 é usado para designá-la. Apliquemos a Eq. (3.63) aos pontos 4 e B, para obter:
Isso posto, retornemos às Egs. (3.46) e (3.48)
forma exponencial.
e coloquemo-las em No ponto À Udo = 42 Aee sen [(wt + Ba) + Wi);
Teremos:
fazendo Ki = 2 Ayer e da = Ba + ya,
0, = As er eb) + As gaz g-iBr-ya) [V] (3.60)
teremos Udo "= Ka sen (wi + do). (3.64a)
FL = ç ge gi (Bay) z gaz g-HBz-pord) [A]. (3.61)
No ponto B ua = 2 A, ec sen [(wt + Bb) + Val

Seus valores instantâneos serão: ou us = Kssen (wt + dp) R

Us = 2 Ases sen [(wt+fBa) + Yy] + 3 A, ea: sen para K=v24,e0% e d=Bd+Y (3.64b)

[ct — 8x) + vo] [V] Poderemos verificar a característica de onda viajante, que a Ea. (8.63)
(3.62) — representa, imaginando, em 4 e B, observadores devidamente instrumen-
tados, que observariam:
ie = 2 Eos sen [(wi + 8%) + Var —6]-v3
a — as tensões em 4 e B variam senoidalmente;
b — medidas dos. valores instantâneos das tensões efetuadas no mes-
= ee sen [(wt — Ba) — ya + 6] [A]. (3.630) mo instante mostrariam que a tensão em B seria maior do que a tensão
em 4, pois K, < Kb;
3.3 — ANÁLISE MATEMÁTICA 79
78 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3

c — se, em um ponto qualquer Essas três observações nos convencem de que estamos frente a on-
de fase constante da onda senoidal,
fixássemos um alvo, este seria registrado primeiramente pelo observador das senoidais viajantes e atenuadas exponencialmente.
À e, após pequeno lapso de tempo, pelo observador B. O alvo, portanto, Uma análise semelhante do segundo termo do segundo membro da
se deslocaria ao longo da linha, descrevendo uma trajetória exponencial Eq. (3.62) nos permite chegar a uma conclusão semelhante, observando,
crescente, à medida que avançasse ao longo da linha. A velocidade me- porém:
dida seria muito próxima à da luz no vácuo, a — o alvo se desloca no sentido do transmissor para o receptor;
Se considerarmos um ponto de fase constante, teremos: b — o valor da tensão também varia exponencialmente, porém de-
crescendo no sentido do receptor para o transmissor.
o (wt + 82) + y = constante

d (wt + Ba) + Yi
dê =0

Ra => [kmys). — (3.65)


di B

Fig. 3.12 — Onda senoidal direta.

Para a onda refletida, encontraremos 6 mesmo resultado, exceto pelo


sinal, que será positivo, mostrando que ambos os movimentos se dão em
sentidos opostos.
Se, na Eqg. (3.57), considerarmos r = q = 0, obteremos:

B = wv' LO. (3.66)

Introduzindo essa expressão em (3.61),

1
v= Mem/s] (Eg. 8.8)
VLC

que, como vimos, nas linhas aéreas, corresponde a 3 X 105 [km/s]. Fig. 3.13 — Onda estacionária resultante da soma de duas ondas viajantes.
80 , TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP, 3 33 — ANÁLISE MATEMÁTICA 81

À coexistência dessas duas ondas, com características de ondas via- Nes linhas de energia elétrica de frequência industrial, o comprimen-
jantes diretas e refletidas, nos faz aceitar as Egs. (3.46) e (3.48) como e- to de onda é de 6 000 [km] para linhas em 50 [Hz] e de 5 000 [km] para
quações válidas para linhas de correntes alternadas senoidais em regime as linhas de:60 [Hz]. A relação comprimento de linha para comprimento
permanente. de onda desempenha papel relevante no desempenho das linhas, como
A soma dos valores instantâneos das ondas das tensões e correntes veremos. ”
diretas e refletidas em um ponto da linha nos dá os valores das tensões e A operação com carga é 2 condição normal de operação das linhas. A
correntes nesse mesmo ponto. A soma de funções senoidais, de mesma carga alimentada, que podemos representar com razoável precisão por
fregliência, resulta em nova função senoidal. Portanto, como a variação uma impedância junto ao receptor, não é constante, variando continuamen-
dos valores de tensão e correntes das ondas componentes é senoidal em te de acordo com a demanda do sistema. Nessas condições, a esta al-
cada um dos pontos da linha, sua soma também será senoidal. As ten- tura, a análise será feita de forma mais ou menos genérica para a fixação
sões e correntes resultantes não têm, pois, característica de ondas viajan- de novos cônceitos básicos. Duas condições extremas da operação em car-
tes. São ondas estacionárias, como mostra a Fig. 3.13, pelo que pode- ga, e portanto não normais, representadas pela operação da linha aberta
mos, como o fizemos no início, representá-las pelos fasores U, e J., gran- e da linha em curto-circuito junto ao receptor, serão igualmente analisadas
dezas variantes no tempo, porém com amplitudes diferentes em cada um em virtude das informações úteis que nos podem fornecer. Por conve-
dos pontos ag longo da linha. niência, iniciaremos por estas.
3.3.3 — Análise das Linhas em Regime Permanente

Vimos anteriormente que o desempenho de uma linha depende das con- 3.3.3.1 — Linha Áberta Junto ao Receptor
dições terminais existentes junto ao receptor, em linha excitada por fonte-
de tensão constante. A análise que agora faremos para as linhas exci- É a condição em que a carga é representável por uma impedância
tadas por tensões senoidais nos mostrará que as condições terminais são
de valor infinito, Neste caso, a corrente f> junto ao receptor será nula,
igualmente importantes em seu desempenho, como também é o seu com-
As Egs. (3.51) e (3:52), para Jo = O, se tornam:
primento físico, tomado em relação ao seu comprimento de onda.
O comprimento de onda de uma linha é definido como a distância entre
dois pontos mais próximos da onda senoidal, na direção de sua propaga-
ção, cujas fases de oscilação estejam separadas de 2x. Temos
o= Ce ret)“Do.
1) go
t+B(lirN)+kb=w+Br+ ba . Da.(giz -
logo, Va
“Lo = ET)
e
ce e17) LA)
(8:70)
x = = [em]. (3.67) ou, lembrando a Eg. (3.56), poderemos colocá-las na forma seguinte:

Como
Ux, = E [ez (cosBa + sen Ba) + es: (cosfx — senBa)] [V] (3.71)
po O 5 ,

. temos lw=
Us7 [ez (cos Ba + j sen Ba) —. era (cos Ba — sen 82)] (AI. (8.72)
o 2rjf A
v “8. Af “7
Uma mudança de variável será conveniente a esta altura. Façarios
ou ainda

À = F [km], (2.68)
logo;
na qual f [Hz] é a freqiiência da fonte alimentadora.
82 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP.3 3.3 — ANÁLISE MATEMÁTICA
- 83
Substituindo az e By em (3.71) e (3.72), teremos:

Dm = e [e (cos u +jseny) + et (cos yu — jsenu)] [V] (3.73)

lu = 3 [etz (cosu +jsen p) — et (cosu — jseny)] [A]. (3.74)


c -

Nas equações assim expressas, distinguimos novamen


te as expres-
sões das ondas diretas e das ondas refletidas das tensões
e correntes. Em
ambas, os primeiros termos dos segundos membros
são

etu (cos u + jsenu)

que, no plano' polar, representam fasores unitários que “Fig. 3.14 — Construção dos pontos dos diagramas polares das tensões e correntes.
giram com veloei-
dade angular w constante, no sentido anti-horário, sendo simultaneamente Notamos
modulados pela expressão et, Pará cada valor de !, O fasor gira de um ainda que a expressão que define a onda refletida da cor-
ângulo ku, enquanto que seu módulo rente vem precedida do sinal negativo, o que indica que, no receptor,
é alterado pelo fator a
corrente se reflete sempre com sinal oposto ao da onda incidente,
quando
a linha opera em vazio. Nessas condições, a onda da tensão se reflete
eta, com o mesmo sinal,
O lugar geométrico descrito Na Fig. 3.15 está representado o diagrama polar das tensões de uma
é uma espiral
pois, logaritmica progressiva,
além do giro em sentido anti-horário, seus módulos cresce linha operando em vazio, de comprimento A [m]. Na mesma figura
m com o aumento também está representada, em plano cartesiano,
de yu. Os termos: a variação das tensões
ao longo da linha.
A Fig. 3.16 representa o diagrama polar das correntes em uma linha
eu (cosu — jsen u),
operando em vazio também de comprimento À [m], juntamente com o
diagrama cartesiano da variação das correntes ao longo da linha.
Por sua vez, representam fasores que giram em sentido horário, também . Se examinarmos as Fig. 3.15 e 3.16, observaremos que certos pontos
com velocidade constante w e modulados por
“ao longo da linha podem ser considerados notáveis, pois nos mesmos irão
ocorrer valores máximos ou mínimos de correntes e tensões. - Esses pontos,
eta,
correspondentes a A BA no diagrama das tensões, são denominados
descrevendo o lugar geométrico conhecido P 4" 4
por espiral logartimica regres- A
siva, pois, além de seu sentido de rotação nós, e os pontos correspondentes a 3 . o
ser horário, seus módulos de- e À são denominados antinós.
crescem com O aumento de q.
O diagrama das tensões é interpretado como segue: nos nós e nos antinós
Os valores das tensões e correntes para cada valor de yu são obtidos estão indicados os valores das tensões que devemos aplicar aos transmis-
pela soma vetorial dos fasores correspondentes a cada ângulo uz, como
nos mostra a Fig. 3.14, . . o, A SA À
sores de linhas com comprime ntos iguais a 4º4 Use À, para que
Como era de se esperar, notamos que tanto as ondas diretas
e da corrente quanto as ondas refletidas mantêm
da tensão
entre si as mesmas rela- tenhamos no receptor a tensão em vazio Us, especificada.
ções, pois:.
Se, nas Egs. (3.71) e (8.72), substituirmos x por N/4, encontraremos,
lembrando a forma exponencial das funções hiperbólicas:

= -Z [ohm). (3.75)
Dx = jUp senh sa [V] (3.76)
84 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP..3 3.3 — ANÁLISE MATEMÁTICA 85

lo=j
0 =] Z É cos h erA [A]. (8.77) |
|

D a mesma forma, ira À2


para

. . A
De = Us cos h — [VI (3.78)
í JA ax
Lo = Ze sen h a [A]. (3.79) i

lo,

|
i

|
os
o —
lo o Ja fis Ig Is le Iv Ja ils Lo ly ig

»a Ma a »4
. Ê
| Vo , P TRANSMISSOR sx À EN x
o pin ye — <a
Vo 2 4
Ug
u o .
20 "
/ : Fig. 3.16 — Diagrama polar e diagrama de andamento das correntes em linha real, ope-
rando em vazio.

Conforme se verifica facilmente pelo exame das equações, ou pelos


* gráficos apresentados, numa linha que opera em vazio e cujo comprimento
se aproxima ao de /4 haverá um sensível aumento da tensão ao longo da
dao A, X,,
x linha com relação à tensão aplicada U,, sendo sempre máximo junto ao
+. receptor. À medida que aumentarmos o seu comprimento além de N/4,
| a diferença de tensão entre o transmissor da linha U, e U, do transmissor
P TRANSMISSOR
— + X diminuirá progressivamente, tornando-se mínima para «= N2.
a Fig. 3.15 — A corrente de carga da linha também: aumenta continuamente até
8 Diagrama
operando do polarvaoe diagrama
O de andamento das tensô
q ões ao l longo ) de tzlinha real,
" -
2 = N/4, quando passa a decrescer até ser mínima
:
paras = A/2.
86 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3
3.3 — ANÁLISE MATEMÁTICA -87
Essas considerações mostram que linhas de comprimento equiva-
lente a A/4 desempenham de forma indesejável quando em vazio ou com conveniente para um melhor entendimento da operação normal das linhas.
pequenas cargas. Neste caso, teremos R, = 0, logo U, = 0 e as Egs. (3.51) e (3.52) nos dão:
O aumento da tensão no receptor com relação à tensão no transmissor
recebe o nome de efeito Ferranti, em homenagem ao físico que o descobriu.
O efeito Ferranti, desde cedo, mereceu a atenção dos engenheiros de Use = Ad (err — ei) [V] (3.80)
telecomunicação, que lidam com linhas de fregiiências mais elevadas e,
portanto, de comprimentos de onda pequenas. Só mais recentemente é , Db:
que esse efeito começou a preocupar mais seriamente os engenheiros de lu = (Mt het) [AL (8.81)
projeto e operação de linhas de transporte de energia em fregiências in-
dustriais, em virtude da necessidade da construção de linhas com compri- Se, nas Egs. (3.79) e (3.80), efetuarmos as mesmas mudanças de va-
mentos cada vez maiores, sendo de se esperar que linhas com N/4 ou mais riáveis que fizemos em (3.71) e (3.72), encontraremos:
longas ainda venham a ser construídas. .. 4
a
As implicações principais do efeito Ferranti, que diminui de inten- U, let" (cosu +-jseny) — et (cosu — jseny)] [V] (3.82)
ce —
sidade à medida que a potência no receptor aumenta a partir de Zero,
podem ser artificialmente controladas (Cap. 7) são elas:
1 — necessidade de aumento do nível de isolamento das linhas e
equipamento terminal em virtude da sobretensão que provoca: Li. = - [em (cosu + jsenu) + e* (cosu — jseny)] [A]. (3.83)
2 — apesar das perdas por dispersão, representadas principalmente
pelo efeito Curona (ver Cap. 11), atuarem favoravelmente na de redução das Cada uma das equações, em seus segundos membros, possui os mesmos
sobretensões, essas perdas crescem em função do quadrado da tensão. A termos:
radiointerferência e os ruídos audíveis que acompanham o efeito Corona
aumentam igualmente com o aumento da tensão. Afim de mantê-las eu (cosu +jsenu) e etr(cosu —jseng),
dentro de limites razoáveis, será necessário um aumento na bitola dos con-
dutores, o que afeta consideravelmente o custo das linhas.
que, como já vimos, aplicados a fasores, fazem com que estes descrevam,
3 — à corrente de carga 1, [4], sendo muito elevada, limita, por efei- como lugares geométricos, espirais logarítmicas progressivas e regressivas,
to térmico, a capacidade de transporte da corrente de energia da linha, respectivamente, do tipo já encontrado no item anterior.
exigindo, para uma mesma potência a ser transmitida, condutores de secções
consideravelmente maiores, o que encarece sua construção. Comparando essas expressões com as correspondentes à linha em vazio,
Esse fato é verificamos que, neste caso, é a onda de tensão que se reflete com sinal
particularmente sério para as linhas em cabos subterrâneos ou subma-
rinos, para as quais o comprimento de onda é muito menor do que nas linhas contrário ao da onda Incidente, enquanto que à onda da corrente se reflete
com mesmo sinal.
aéreas, pois depende essencialmente de »v [m/s], que é pequeno nas linhas em
tais cabos; Se traçarmos o diagrama polar da tensão em curto-circuito da linha,
veremos que, resguardadas as: escalas, ele será idêntico Aquele da Fig. 3.15,
4 — a corrente de carga j. [4] que a linha absorve das máquinas enquanto que o diagrama das correntes será idêntico ao das tensões em vazio,
que a alimentam, quando opera em vazio ou com pouca carga, é capaci- apresentado na Fig. 3.16.
tiva. Lembramos do estudo das características de carga das máquinas
síncronas Notamos ainda, pelo exame das equações, a esperada validade das
que, nessas condições, pode ocorrer o fenômeno conhecido por relações:
auto-excitação, dando origem a tensões incontroláveis nessas máquinas,
' Se estas não tiverem capacidade de absorver êssa carga capacitiva.
Uacea = Usar = Ze. [ohm]. (3.84)
3.3.2.2 — Linha em Curto-Cireuito Permanente Lesca Lacen

E uma condição anormal de operação que raramente deverá ocorrer, Também a linha, operando em curto-circuito, possui alguns pontos
mesmo porque os orgãos usuais de proteção provavelmente intervirão notáveis que merecem algumas considerações.
antes de ser atingido o estado permanente. Seu estudo é, no entanto, Introduzindo em (3.71) e (8.72) o valor. de y = N/4, obteremos para
a linha de um quarto de onda:
88 . TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 33 — ANÁLISE MATEMÁTICA ' 8

“Se, na Eq. (3.51), substituirmos Í, por Uo/Z., que lhe é equivalente,


Úa = 5 fado cos h (3.85) obteremos:

De = We [V). (3:89)
Para q= > (3.86)
Em (3.52), substituindo U> por j5Z., encontraremos

teremos: Vac = ÍoZ sen h sa (3.87)


l.= bes [4] (8.90)
que podemos, após a mudança de variável, colocar sob forma polar, a fim
de obter:
Le. = Í. cos E (3.88)
U, = Us, et (cosu +j sen yu) [V] (3.91)
em
Verificamos
. A
que, quando a linha de q = 4 opera em curto-circuito

permanente, é necessário uma tensão de curto-circuito relativamente ele- i=ikhet(csuy + j sen ut) [A], (3.92)
vada no transmissor para fazer circular no receptor a corrente Í>, en=
quanto que, com a linha de y = A/2, uma pequena tensão no transmissor cuja semelhança com os primeiros termos dos segundos membros das Egs.
é suficiente para a circulação no receptor de corrente relativamente eleva- (3.73) e (3.74) nos indica tratar-se de ondas diretas da tensão e da corrente,
das. como era de se esperar. Desapareceram os seus segundos termos, repre-
sentativos das ondas refletidas, e, com Isso, o transitório de energia.
Teremos:
3.3.2.3 — Operação das Linhas Sob Carga
Z.e8 = Zoe [ohm]. (3.98).
À fim de concluirmosa análise das condições de operação das linhas
em diversos regimes, analisaremos as equações através da variação de sua
impedância terminal, representativa da carga, dada a maior simplicidade Esta última expressão mostra uma das propriedades mais importantes
daí decorrente. da linha terminada em impedância igual à sua impedância característica:
Na análise qualitativa realizada, verificamos que o comportamento
da linha sob carga, depende essencialmente da relação existente entre im- em todos os pontos ao longo de uma linha homogênea que opera
pedância terminal Z> da linha e sua impedância característica, destacan- com uma impedância de carga igual à impedância característica,
do três casos: o fator de potência é constante e o defasamento entre a tensão e a
corrente é sempre igual a:

a— B= 4; ó = da.

b— Z, > 2;
A linha se comporta então como um circuito-série, cuja única impe-
dância é a sua própria resistência ôhmica. Isso significa que a linha não
Cc — Za <P.
necessita de energia reativa externa para a manutenção de seus campos elétricos
e magnéticos. A única energia absorvida pela linha é energia ativa e des-
Eixaminemos esses três casos em separado: tina-se a cobrir as perdas por efeito Joule e dispersão.
Os diagramas polares para as linhas que operam sem onda refletida
a — Linha terminada em Z = Ze são, então, simples espirais logarítmicas progressivas, tanto da onda da
tensão como da onda da corrente. Os módulos da tensão e da corrente,
Para este caso, consideremos inicialmente as relações das tensões e em qualquer ponto a uma distância z [m] do receptor, serão, rêspectiva-
correntes junto ao receptor. mente:
90 TEORIA 3.3 — ANÁLISE
DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 MATEMÁTICA - 91

0. = Upez [V] (8.94) 2


Po=P, =" MW). (3.98€)
l.= joe (A). (2.95)
A linha poderá ser cortada em qualquer ponto, se aí for colocada uma, A potência P,, como acima definida, é denominada potência natural
impedância Z, = Z., sem que isso venha a alterar o seu funcionamento. da linha trifásica. Às vezes é confundida com a sua potência caracterísitca,
A potência complexa fornecida pela linha do receptor será: como definida para uma fase pela Eq. (3.97).
O conceito de potência natural (Surge Impedance Loading — SIL, na
literatura americana) vem recebendo cada vez maior importância na técni-
No=P+HjiQ = UI, (3.96) ca de transmissão de energia. Sendo uma potência ativa, foi adotada na
como prática como unidade-base de potência, exprimindo-se os demais valores
Zo = Z. = Ze çê, das potências transmitidas através de uma linha, em função de sua potên-
temos
cia natural. Tornou-se preponderante no dimensionamento de linhas.
Conforme ficou demostrado, o valor de Z, depende essecialmente do
a Ú,
logaritmo da relação entre a distância entre condutores e seus raios, re-
U, e .
To, he = Za = To ef; lação esta que varia pouco nas linhas reais de mesma configuração de
condutores (ver Tab. 3.1). Espaçamentos maiores são usados com tensões
logo; mais elevadas, que, por sua vez, exigem condutores de diâmetros maiores.
Sendo independente de seus comprimentos, a potência natural das linhas
No = Do, 1, e?
tornou-se fator importante na escolha das tensões de transmissão em pri-
meira aproximação e como orientação inicial dos estudos técnicos-econô-
e micos para sua fixação, estudos esses influenciados decisivamente pela
relação potência/distância de transmissão.
Po = Re (Usa l,e%) Us.
= Re ( Z esa [WI]; (3.97) Da Eg. (3.98) podemos obter:

portanto,
Va = VP Z (KV). (3.99)
2
P=P = (W (3.984) A Tab. 3.1 fornece valores indicativos das impedâncias de onda e de
Ze potências naturais para linhas de transmissão trifásicas, para diversas
configurações de condutores e classe de tensão.
A potência ativa assim definida é denominada potência característica
da linha. O ângulo ô é o argumento de Z,. Tabela 3.1 — Valores Indicativos de Potências Naturais para Linhas
Seu valor, em geral, está da
entre 1 e 5º, pois é função das perdas na linha. Transmissão a Circuitos Simples
Nessas condições, cosô = 1.
Vimos também que Z.= Z,, por razões idênticas, de forma que, na prá-
tica, prefere-se definir e usar a potência natural: Potência Natural em MW
Configuração Zo o
de Fase Ohm

P,=
Up?
Z
220 kV | 345 kV | 400 kV | 500 kV | 750 kV
[WI]. (3.98)
o 400 120 300 | 40 | [on
Se considerarmos a tensão entre fases Usa em [kV], encontraremos:
oo 320 150 s70 | 500 780 —
P, = 8U, 1, = v3 Usa bL [kW];
como, porém,
2 280 170 425 570 890 1750
oo
e» 240 200 500 670 1040 2000
I, Va - Voa
Zoo V3L Nota: Em linhas a circuitos duplos, duplicar os valores de P,.
92 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 93
3,3 — ANÁLISE MATEMÁTICA

Apesar de ser a condição mais vantajosa, a operação constante b — Linha terminada em Za * Zo


de uma
linha com potência natural, na, prática, ocorre só em condiçõe
s especialíssi-
mas, pois, em geral, as potências transmitidas oscilam de acordo Seja P, a potência recebida no receptor por uma linha terminada em
com o dia-
grama de carga do sistema, principalmente quando a transmissão sua impedância natural Z,. Teremos junto ao receptor:
se faz entre
centro de produção de energia e centro de consumo. Quando as linhas
são de interligação de grandes sistemas com a finslidade de intercâmbio
de Us = Lol;
energia, essa condição é mais facilmente atingível, qualquer
que seja o logo,
sentido fluxo de energia, controlado que é pelos despachos de
carga.
O fato de que gs linhas não consomem e nem geram energia U,?
quando operam nessas condições, tem implicações econômicas importan
reativa, P,= zo = Usar. [WI].
tes.
A energia reativa:-por elas consumida deverá vir dos sistemas alimenta
dor
e alimentado e a energia por elas geradas deverá ser absorvida pelos “Seja P, à potência recebida no receptor por uma linha terminada com
mesmos.
Essa energia, além de circular nos sistemas e provocar perdas de energia a impedância Z; »< Zo, porém com fator de potência unitário. Teremos:
ativa, solicita os sistemas também quanto à capacidade adicional em
seus
equipamentos terminais (Fig. 3.17). U, = Zolo;
Às grandes linhas, dada a facilidade do controle do fator dé potência logo,
junto às zonas de consumo, também operam hoje, preferencialmente,
com fator de potência unitário, por ser, em geral, mais econômico a pro- a?
P, = U» = Us do [Wi1.
dução de energia reativa necessária in loco do que seu transporte a grandes Za
distâncias, desde centrais elétricas remotas. Daí resulta 2 já mencionada
tendência de exprimir as potências ativas transmitidas em função da po- Dividindo P, por P,,
tência natural da linha.

Mvor
E
P, . Tc Za
(3.100)
100 Km
[eso +
donde

200
Zo = ro 2», (8.101)
que introduzimos nas: Eqgs. (3.51) e (3.52):

100
Ú. = a (1+ ro) E: + = (1-— reis [V] (3.102)
INDUTIVO

| e

I
CAPACITIVO
so b 3) j2 — E(r - 2) ge [A . (3.103)
l. = (1 + Tp é 2 fp ]
-1007

Do exame das equações acima, podemos concluir:

1 — quando Z, > Z,, P, < P, logo, r» < 1. Nessas condições,


-200

| D,
2 a — ro) EYE7 — conserva i
O sinal, o que “equivale
equivale aa dizer que
q a onda
Fig. 3.17 — Geração e consumo de energia reativa pelas linhas de transmissão [18]. da tensão se reflete com o mesmo sinal da onda de tensão incidente;
94 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3
33 — ANÁLISE MATEMÁTICA . 95

da (1— llr)e?: — inverte seu sinal, mostrando que a onda da Nas linhas sem perdas, « = 0, nessas condições, as espirais se trans-
2
formam em circunferências. Os diagramas das tensões e correntes, nesse
corrente se reflete com sinal oposto ao da onda de corrente. incidente; caso, serão também figuras fechadas. .
2 — quando Z, = Z, P, = P, logo, rp = 1. Nesses condições, os O ângulo de potência 8, entre a tensão no início de uma linha U, e a
segundos termos dos segundos membros tornam-se nulos, como já vimos. tensão no fim dessa linha, que, como já foi mencionado, é de sumo inte-
Não há ondas refletidas; ,
resse na manutenção da estabilidade do sistema a que pertence a linha,
pode ser determinado como mostra a Fig. 3.19, a partir dos fasores das
8 — quando Z, < Z, P, > Po logo, r > 1. Teremos: ondas diretas e refletidas da tensão.
U, . . a
2 (1 — ro) er? — inverte seu sinal, o que indica que a onda de
tensão se reflete com sinal contrário ao da onda de tensão incidente;

bo o . a.
2 (1 — 1/:;) eY: — conserva seu sinal, indicando uma onda de
corrente refletida de mesmo sinal da onda incidente.
Essas mesmas formas de reflexão foram vistas quando examinamos
a operação das linhas em vazio e em curto-circuito. A operação em carga
é, portanto, uma condição intermediária de operação entre dois extremos:
vazio e curto-circuito.
Os diagramas da Fig. 3.18 ilustram bem esse fato.

Kr
= q Vr=Ug
+41 Ugai

Pi + (ix
+ (xi Usa

Urxi
c-Zpcte B>B
Fig. 3.19 — Variação do ângulo de potência 8 com a potência ativa Pa.

Do diagrama a, temos:
Fig. 3.18 — Variação da polaridade e valor das ondas rejletidas de tensão e corrente nas
linhas de transmissão. Us," cos O; = Uaz; cos Br; = U,z; COS Ba;

Os diagramas polares das tensões e correntes das ondas diretas e re-


ou
fletidas são igualmente apresentados por duas espirais logarítmicas, uma / Vad Usa;
progressiva e uma regressiva, respectivamente. Os diagramas das tensões 9; = arc cos (Es T cos Bx;. (3.104)
3.104
ou das correntes resultantes são obtidos pela adição ou subtração dos fa-
sores que representam os valores das ondas diretas e refletidas, para um
determinado valor de x. Pelo exame dos diagramas da Fig. 3.19, a dependência direta de 8 de
P, pode ser facilmente reconhecida.
96 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 35 — EXERCICIOS 97

Verifica-se que o ângulo de potência 6 da linha cresce com o aumento * Solução


da potência ativa transmitida. A — A impedância natural ou impedância de onda ou impedância
de surtos pode ser calculada através da equação:
3.4 — CONSIDERAÇÕES GERAIS
Z = (5 [ohm) “(Eq 8.12)
Até aqui temos raciocinado em termos de linhas a dois condutores
metálicos. Estas, mesmo sendo largamente usadas na, prática na forma de logo,
linhas monofásicas em corrente alternada, o são em níveis de tensão apro-
priadas à distribuição. Nos níveis das tensões extra-elevadas, iremos en-
0,001358
- Voss o="400,00 [ohm].
-contrá-las como linhas em corrente contínua. No entanto, a maior parte Zo 0008488 * 10 lo]
da energia elétrica produzida e consumida no mundo é transportada e dis-
tribuída através das linhas trifásicas de corrente alternada. B — A energia armazenada em cada quilômetro de linha poderá
Esse fato,
nas frequências industriais em uso, em nada afeta a teoria desenvolvida, ser calculada pelas Eqgs. (3.14), (3.15) ou (3.16):
pois, uma vez que tensões e correntes são mantidas equilibradas nos sis- a — energia no campo magnético:
temas comerciais, podemos representá-las por circuitos monofásicos equi-
valentes, como aprendemos a fazê-lo nos cursos de circuitos. A presença 2

de outros condutores e de cabos pára-raios somente afeta as caracterís- En = Ah [Wes]; (Eg. 3.14)
ticas de propagação de tensões e correntes de fregiiências mais elevadas e
altas fregliências, como também das endas decorrentes dos surtos de so- sendo
bretensão. U 800
==—— = — = 2
to Za 400 [A]
3.5 — EXERCÍCIOS teremos
2

1. Uma linha de transmissão bifilar aérea é suprida por uma fonte de Em = rx aa = 0,002716 [Wes];
tensão constante e igual a 800 [volt]. A indutância dos condutores é de
0,001358 [henry/km] (fluxo interno considerado), sua capacitância é igual b — energia armazenada no campo elétrico:
"a 0,008488 X 10-º [farad/km).
o 72
Tratando-se de linha sem perdas, deseja-se saber, sendo seu compri-
E. = b C [Wes]
mento igual a 100 [km]: 2
A — sua impedância natural; E, = (800)? X 0,008488. XxX 10- = 0,002716 [Ws!;
B — energia armazenada por quilômetro de linha nos campos elé-. 2
trico e magnético; |
C — velocidade de propagação; c — energia total armazenada: -
D — qual o valor da tensão no receptor no decorrido tempo
E = Em + E, = 0,0054382 [Wes].
t= BL do instante em que a linha foi energizada, para as seguintes condi-
v C — A velocidade de propagação pode ser calculada pela equação:
ções terminais no receptor:
1
v [km/s] (Eq. 3.8):
a — Za = 100 [ohm]; LC
b — Zo = 400 [ohm]; o 1
Il

e — Za = 1600 [ohm]. 2 /0,001358 X 0,008488 X 10-º


98 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 3.5 — EXERCICIOS . 98

v = 294542 [km/s]. — a onda refletida U, = kr, partindo do receptor, chegar ao transmis-


Nota: Esse valor é um pouco inferior àquele preconizado para a 21 o. - =
sor em tz = —, como onda incidente, e aí sofre reflexão. A tensão no
linha ideal, podendo-se atribuir esse fato à consideração do fluxo mag- v
nético interno dos condutores, que, no caso da linha ideal, foi desprezado.
transmissor era U [V]; será agora
D — Cálculo das tensões no receptor — O intervalo de tempo
Uva = U + U
É = »
3! Pç
será suficiente para
Kruo - U Krus Krui [VI];
que junto ao receptor ocorra a segunda re- "
— a onda refletida no transmissor é U kuz kr é chega ao receptor em
flexão de onda de tensão. Teremos:
bg = o onde sofre nova reflexão. A tensão no receptor passa agora
à — valor da onda de tensão incidente no receptor em ti = lp e

Ea
Us = U=ê800 [Vl a ser:
b — os coeficientes de reflexão no receptor, de acordo com à equação Us = U a + Krus) + U Krua Kru + U Krua kru1 rua;

“como, no presente caso, ku = — 1, será:


(Eq. 3-2)
Z,— Do
Ka=D——,
? Zo + Za
Us =U a — Kruz Kerua).
serão:
Substituindo os valores dos coeficientes de reflexão, encontraremos:
— para Z, = 100 [ohm], — para Z, = 100 [ohm],
- 100 — 400
-- 2. Us = s00 | 1— ( — SJ
"* — 100 + 400 5º = 512 [V];
— para 2, = 400 [ohm], — para Z, = 400 [ohm], não há reflexão: logo,
pk — 400400
2 = 800 [V];
vê 400 4400
— para Z, = 1600 [ohm),
— para Z, = 1 600 [ohm),

Krus 1 600 — 400


km, =>—————
1 200
= o
3 Us = 800 | 1— (5) = 512 [V]
=
1600 +400 * 20007 75
C — os Observamos igualmente nas tensões no receptor para os dois casos
coeficientes de reflexão no transmissor serão, considerando
fonte ideal,
em que houve reilexões, apesar da disparidade dos valores de Zo. Na pri-
meira reflexão, no entanto, as diferenças são grandes:
Za
— Do
kn = ' Zo + Za
=-1. — para Z, = 100 [ohm],

, 3
Em t = 0, parte do transmissor uma onda de tensão de valor U [V] que 2 = 800 (1 — 5] = 3820 [volt],
chega ao receptor em t; = Iv [s] na forma de uma onda direta Uz=U.
Nesse instante ocorre a primeira reflexão e a tensão no receptor passa — para Z, = 1600 [ohm),
a ser:

Us = Ui; + U; = a + Va Krus =U (1
U! = 800 (1 + 5) = 1280 [volt].
+ Krug) [V]
100 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENENGIA ELÉTRICA CAP. 3 . 35 — EXERCÍCIOS 101

2 Repetir a parte D do exercício anterior, admitindo que a fonte U 175720, = +7946 [A].
possua uma impedância interna igual
rar a tensão de 800 [volt] como sendo a tensão em vazio da fonte.
a 10 [ohm]. Neste caso, conside- Zoo Bi?
3. Qualo valor, em ohms, da resistência terminal de uma linha ideal A equação de continuidade das tensões junto ao ponto curto-circui-
de dois condutores de fio de alumínio n.º.6 AWG, separados entre si de tado é:
im para que não haja reflexão de onda?

Am
Vi=U-U+OU,
Solução
De acordo com o exposto no Item 3.2, devemos ter R, = Z.; logo, Neste caso, U/=0e U;=0;logo, U,= — U. É, pois, como se uma onda
pelo exercício anterior: Usa=U se refletisse nesse ponto, com sinal oposto, demandando a extre-
midade aberta com a velocidade

RB, = 60 In 2. v= T
1 =
a
= 294991,76 [km/s].
r
LC 0,007496 X 0,0153303 X 10-8
- Da Tab. 11.2 do apêndice, obtemos r = 0, 5 X 4,673 = 2, 3365 Im] ou
r = 0,0023365 [m]; logo: Essa onda de tensão é acompanhada pela onda de corrente de mesmo
valor daquela que escoa para o solo. As ondas de tensão e corrente, ao
atingirem a extremidade aberta, ao fim de t = 339,998 [usl, aí se refletem,
q com coeficientes de reflexão 1 para & tensão e — 1 para a corrente, ficando,
Bo = 60 Ln Tosa pelas equações da continuidade: t= Jijv

E, = 60 Ln 435 = 364,52 [ohm]. U,=U+U,+U,= 175720 — 175720 — 175720


Us = — 175720 [V]
4 Qual o coeficiente de reflexão se a linha acima for terminada em
um resistor de 200 ohms? Qual o sinal da onda refletida? lh=I+tI+I=0+7946-— 7946=0 [A].
5. Uma linha unipolar de transmissão de 100 [km] de comprimen-
to foi desligada instantaneamente em ambas as extremidades, perma- As ondas refletidas, tanto da tensão como da corrente ao fim de um
necendo nela uma carga acumulada, uniformemente distribuida ao longo novo tempo t chegam ao ponto do curto-circuito, onde se refletem com coe-
da mesma, de forma tal que um potencial de 175,72 [kV] pode ser medido. ficiente de reflexão — 1 é TI, respectivamente, ficando nessa extremidade:
A indutância da linha é de 0,0007496 [henry] e sua capacitância é de
0,0153303 [ufarad]. Determinar a variação do valor da corrente e da Vi=U-+U+U=0-1757204175720=0 [V]
tensão em ambas as extremidades, se uma de suas extremidades ior curto-
circuitada. h=1I+Ii+I,=7 94,67 94,6 -—79,6=-—794,6 [A).
Solução As ondas refletidas partem para & extremidade aberta, onde voltam
e A impedância de onda da linha é: a se refletir, e assim sucessivamente, como mostra a Fig. 3.20. Esse mo-
vimento não cessa, pois, sendo a linha ideal, não há dissipação de energia,
O transitório é de simples troca de energia entre os campos elétricos e mag-
LT 0,0007496 nético e dura indefinidamente.
i

= Yo = 00155503 x 105 — 2b12 [ohm], Numa linha real, na qual existem perdas por efeito Joule e de dis-
persão, há dissipação da energia armazenada. Nesse caso, tensão e cor-
A carga está uniformemente distribuída ao longo da linha que se en- rente decrescem exponencialmente à medida que viajam ao longo da linha.
contra sob um potencial constante de + 175720 [V]. Somente a impe- Esse amortecimento será tanto mais eficiente quanto maiores forem
dância -Z, limita a corrente que escoa para o solo. Portanto, no ins- as perdas. Nes linhas reais R e G, em geral, elas são pequenas e 0o tempo
tante do curto-circuito, começa a escoar a corrente necessário para descarregá-las é relativamente grande.
102 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 3.5 — EXERCÍCIOS os

U =U U,I Linha ideat 8. Admitamos que, em ambas as extremidades da linha do Exerce. 5,


' E . Z Linha real o aterramento se faça através de resistência de 20 [ohm]. Qual será à
+ >= Lo)
Áyzo
ê
E o variação da tensão e da corrente através das resistências? E no meio
da linha?
I=:0 ; O to to ts tg ts e tro
- ta + to-dn--to
-
-1 | PS | 9. Qual deve ser a capacidade em [W] de dissipação de energia da
resistência do Exerce. 6?
10. Uma linha de transmissão trifásica possui os seguintes pará-
Linho idea! metros: a
Up =U UI Linho real

Uau Too Io:o —-———. un resistência ôhmica — r = 0,0715 [Q/km] por fase;
15:50 Hoto ts ta ts to fr ta % toda
descu] | o | -— Í reatância indutiva — x; = 0,512 [Q/km] por fase;
condutibilidade de dispersão — g = 0 [3/km] por fase;
susceptância capacitiva — b = 3,165 X 10-8 [73/km] por fase.
Fig. 3.20 — Variação das tensões e correntes na linha do Exere. 8.

Sendo f = 60 [Hz] a fregiência do sistema, determinar, consideran-


O fenômeno descrito nos serve de advertência para uma aplicação do sempre, primeiramente, a linha real e em seguida a linha ideal:
prática: para a efetuação de manutenção em linhas, estas são desconecta
-
das dos sistemas por meio de disjuntores. Dada a rapidez e eficiência
destes, cargas são retidas nas linhas A — função de propagação;
e, dependendo do ponto de corte na
onda de tensão, o potencial remanescente pode ser de valor substancial B — atenuação;
e mesmo perigoso. Sem nenhuma outra providência, a linha perderá sua
carga gradativamente, pela fuga através dos isoladores e no dielétrico. C — constante de fase;
O tempo, para tanto, é grande. É usual o aterramento dos condutores D — velocidade de fase;
em unia das extremidades ou em ambas. Esse aterramento apressará
a dissipação da energia, pois o solo também possui resistência. Deve-se, E — comprimento da onda;
no entanto, ter a precaução de esperar decorrerem vários minutos antes
de ser encetar qualquer trabalho ao longo da linha ou em sua extremidade F — impedância característica;
aberta, a fim de se assegurar a descarga total da linha. O aterramento G — impedância natural,
do ponto de trabalho, realizado pela equipe de manutenção, representa
precaução adicional e deve ser feito com equipamento para linha viva. Solução
6. Admitindo que a linha do exercício anterior seja aterrada através
A — pela Eq. (4.18) temos:
de uma resistência de R = 20 [ohm], fazer os diagramas de variação da ten-
são e da corrente em suas extremidades. a — linha real

Comentário Y=u+riB="V2y="vE+jz)(g +);


Neste caso, para a aplicação da equação da
continuidade no ponto como g = 0,
de aterramento, devemos lembrar que U
U; = Rel; = continu-
Z + BR yY=a+jB="(r+jzx) (Gb)
ando válidas as demais considerações.
7. Sea linha do Exerce. 5 for curto-circuitada em ambas as extre- y=a+j8 = (0,0715 + 70,512) 03,165 X 1059)
midades, qual será o diagrama das tensões e das correntes nos pontos
de cur-
to-cireuito? E no meio da linha? Y=a+jI8=199X 10% [lkm];
104 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 3.5 — EXERCÍCIOS 105 .

b — linha ideal E — Usando a Eq. (4.34), temos:

a — linha real

logo,
X=0T=497 [kem]
b — linha ideal
Y=arib=Vjajb=juN'LO
A=0:T=4985[km).
IB = 3 0,512 X 3,165 X 10-8
2a
Il
F — A impedância característica pode ser calculada pela Eg. (4.15):
Y = 3 N'1,62048
X 10-58
h
Y = 1,273 - 10-3€59, Dos TE order q] 0/0715 + 50,512
= vaP=vey= or; S W13,165 x 105
5B — Ainda pela Eq. (4.18):
a — linha real
Ze = 403,9 existo [ohm].
G — A impedância natural é dada por (3.11):
Re (y) = a = 0,0867 X 10º [néper/km];
b — linha ideal ma da | 0512
Ze = EC = 4º — N 53,165 X.10-8
a = 0 [néper/km].
C — As constantes de fase serão: Z, = 402 [ohm).
11. Admitindo-se que a linha do Exerc..
10 tenha um comprimento
a — linha real de = 600 [km] e opere com tensão no receptor constante igual a 380 [V],
- entre fases, determinar:.
Im (y) = 8 = 1,276 X 10º [rad/km];
a — qual deve ser a tensão no transmissor quando a linha opera em
b — linha ideal | vazio, a fim de que o valor da tensão no receptor não seja ultrapassado?
B = 1,272 X 10º [rad/km]. b — qual o valor da corrente de carga da linha quando esta opera
em vazio?
D — pela Eg. (3.56):
c — quais os valores em módulo e fase, das ondas diretas e refletidas,
ainda operando em vazio ?
d — qual e valor da tensão, em módulo e fase, no receptor, quando
v = Ss.
B 3

a linha vazia é ligada a um barramento de tensão entre fases igual a 400 000
logo [V)?
a — linha real e — caleular o valor da corrente de carga da linha nas condições do
item d.
877
= 276 X 105 = 295000 [km/s];
Solução
ea

b — linha ideal a — Empregamos a expressão:


4 ae

se STO
1972
X 105 É 96000 [km/s]. U, = = (é pes) [V) (Eq. 3.69) -
106 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 3.5 — EXERCICIOS . 207

Vi = Us (eo
A no 41
) [V];
ob
lo ==52.10
5
der (Eq.Dq. 3.70)
3.70)
ou
como:
i Cs kn
10 = senh Yi; o
—"e d+ 3 et — cos ylA == cos Ss h h (al (olà ++ 381)
jB1 =
logo, + .
= coshal cos8! + ; sen h al sen Bi, | E 380 000 +298 . () 60498 gi86.881º
teremos: | ho = 3 x 408,9 * '
U, = Us (cos hel cos BI + ; senai sen BL) Jo = 377,5039 esse [A]:
Do exercício anterior obtemos: c — as componentes da tensão serão de acordo com a Eg. (3.69):
Y = 1,279 - 1053 esstoz
Uu = Us e! bo gal gilt
para 2 2

. .
| = 600 [km], yl = 0,7674 eisto2 .
= 0,05326 + 30,76555 Em
1
1
Um =— 20
Ú Ho
=- A —ol p-3Bl
ter.
como : Introduzindo os valores numéricos:
cos h Yl = coshal cosBl + j sen h al sen Bl
380 000
sen A Yl- = sen h al cosBl + j cos kh al sen fl. Uia = ——=— eMO5s26 pilassee — 115 697,37 eitnsos
243
Portanto:

cosh al = cos h 0,05326 = 1,00142 | " = DE


380 000 e 0,05326
0526 grisasoa
p--743,863 = 104 006,97 e-sa888863º
Ur 2/8 e é ! net é
sen h al = sen A 0,05326 = 0,05829
cos 6 z = cos 0,76555 5 == cos 43,863 º = 0,721
ou
Usa
, = 83417,658 + /80170,915 a
sen Bi = sen 0,76555 = sen 43º,862º = 0,69294
.
e Ui, = 74988,894 — ;72070,212.
cos hYyl = 0,72202 + ;0,03693 = 0,72296 es292º Portanto:
sen hYl = 0,03842 + 50,69392 = 0,69498 estu? ' UV, = Um + Um = 158406,55 + ;8100,703 = 158613,544 cases
Teremos:
? d — as componentes da corrente serão, de acordo com a Eg. (3.70):
: e ,
. 380 000
U, 1 = Úrcoshyl
2 = VE0. 0,72206 esses : j
dus Proc 2Do eU a.= Voares!
A emb!

U, = 15861244 rss [V]; .


. . Vo !
:
U, .
I =" > - = 5 gal em 381,
b — a corrente de carga da linha será:
24, = Ge
108 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP, 3 35 — EXERCÍCIOS ' o : 109

Introduzindo os valores numéricos: Us, = vP ' Zo [VI]. (Eq. 3.99)


380 000 , 13:98 O valor de Z, depende da composição dos condutores de fase. Assim:
ha = 2/3 X 403,9
0005326 9943,863º
a — condutores singelos:
286,451 citnsas [A] Zo = 4000hm — U,, = 775 000 [Vl];

l
380 000 —— - b — condutores geminados:
ly = 63398 q 05826 q 943863 —
2/8 X 403,9 Zo = 320 ohm — U,, = 693000. [V];
c -— condutores trigeminados:
= 257,507 esses [AJ];
logo,
Z, = 2800hm — Us, = 648000 [V];
d — condutores, quadrigeminados:
ho = ha+ ly = 192,255 + 9212,348 — 197,602 + 377,469
“ Zo = 2400hm — Us, = 600-000 [V].
Lo = — 5,34665 + 4377,469 = 377,507 eisosnº [A],
As tensões normalizadas (TEC) que mais se aproximam dos valores
acima são 500 [kV] e 750 [kV], para transmitir em corrente alternada.
Da Eq. (3.69), passando U, à referência: Tudo indica que, no caso particular, o emprego de corrente contínua mere-
ce também um exame econômico criterioso.
1
Va = Ui
coshyl 13. As Eos. (3.51) e (3.52) permitem calcular as tensões é correntes
em qualquer ponto da linha, situados a uma distância x do receptor e conhe-
400000 | 1. cidas as condições neste. Determinar expressões que permitam calcular
U, = U. e 7,, quando são conhecidos U, e Í,, no transmissor, sito a uma distância
v3 0,72296 632928
| [km] do receptor.
Us = 319436,91 e-ises [V];
14. Qual o valor da corrente de curto-circuito trifásico permanen-
e — empregando “te quando, no transmissor da linha do Exerc. 10, for aplicada a tensão
400 000 [V]? O curto-circuito é junto ao receptor.
TO
ho U:
= 2%, (e AAet) == ZUz Sm hyl (Eg. 3.70) Sclução
Da Eq. (3.79), que pode ser posta sob forma hiperbólica, temos:
A —j2:928
Do == 819 436,91
403,9 e-7588
orinoe (0,69498 g7988:881)
Ve 400 000
Loco =
Z. senhyl — 4/3 X 403,9 X ei X 0,69498 eistrsst”
lo = 551,01 eisrsse [A]. operando, encontramos:
1
12. Pretende-se transportar uma potência de 1 500 [MW] a uma dis- lo = 822,72 e-081º; [A],
tância de 800 [km] através de uma linha aérea de transmissão, com cir-
cuito simples e cabos alumínio-aço. Qual a tensão normalizada mais re-
15. Qual deverá ser a tensão no transmissor da linha do Exere. 10
comendada ?
quando a tensão no barramento receptor for de 380 [kV], estando a linha
fornecendo: :
Solução
a — potência igual à potência característica;
: +
A escolha dessas tensões, bem como da composição dos condutores b — potência igual a 0,8 de sua potência característica;
de fase, deve basear-se em fatores econômicos. No entanto, para fins de
orientação preliminar, podemos lançar mãos da expressão: c — potência igual a 1,2 de sua potência característica.
10 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3
35 — EXERCÍCIOS ns

Solução
Aplicando a Eq. (3.51), teremos:
a — Potência característica da linha:
2% Us + LZ, Yi U, —- od,
q"
Na, = Ult =P, +j00,= -z (cos 9.4
3 sen 6); 0, =
7 t+ 2
como:
UV, = (Cat) eat gibi + Voo lodo a is
2 2
Z. = 403,9 e+8s8 fohm] (ver Exerce. 10),

temos: º Introduzindo os valores de Us, Li. al e Bl, teremos:

Na = E)E (cos3,98 + j sen3,98)


1—
Us + 192.
2 o
219 650 + 544 6888 X 403,9 e-s088
2
= 219 650 e%;
Na = a (0,9976 + 70,0698) = 119,5 X 10% etiss8 [VA] o 0 Us+ItoZ, 219 650 6? + 485,2 t1208 X 408,9 e-itos
2 2

No, = 1,195 X 108 (0,9976 — 50,0698) = 197 7i3e?;

Na, = (1,192 — j0,0834) 108 [VA] Us + A 219 650 0 + 652,8 eth98 X 403,9 eins
P,= 1192 [MW] 5 2 o 2 .
-= 241 658 ed,
Qu, = — 834 [MVAN.
Igualmente:
Teremos então:
1
Domo
5 = 0;
| — No, = 119,5eisss [MVA];
2— Ny = 9560588 [MVA]; 9 Va
— Todo = 21,936 e%;
2
3— N', = 143,4 05888 [MVA]
Do Ft
Às correntes no receptor serão: | 3 — Mesão oo 008 esse.
2
119,5 X 108 eti398
1l— = OVA lCl- *+73,98
544 etinss [A]; .
88 X 104/83 Temos também, empregando as tabelas do Ap. I:

. 95,6 X 108 etia98 eu = g(0:0867:10-8) 600 — 20,052 — 1,0513


92 [= , — = 435,2 g+73,98 AJ;
2 38 X 1048 [A] er = q = (05123
143,4 x 10º €t9398 giBl = gil276 10-3) 600 — 9707656 = gti4mBro
3— — rttt
= =
BIO —
— 0528 esses 13,98
[A]
= : . o,
griBl = 6107656 = g-4387 :
112 TEORIA DA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA CAP. 3 36 — BIBLIOGRAFIA . 113

logo, a — tensão « corrente no transmissor;


b — ondas diretas e ondas refletidas da tensão;
UA = 219650 €% . 10513 - gta = 230 918 gilm387º [V]:
1 —
c — potência absorvida no receptor.
2 — Ui = 197713e% . 10513 - eisos + 21,936 e? - 0,95123 citas? 20. Mostrar que, de uma linha ideal operando com uma carga tal que
o fator de reflexão de onda seja 0,5, os diagramas polares das tensões e
Ur 207 856 e/4387 + 20 866 quitasst correntes são elipses.

Ji = 228730 eos" [V];


y 3.6 — BIBLIOGRAFIA
3 — Ur = 241658 e% . 10513 + ess? 4 22008 ento . 0,95198 + e-itnero 1 — Víiomar, MILAN — Die Gestalt der Elektrischen Freileitung. Verlag Birkhãuser,
UY = 254055 estnst + 20935 eitsniao Basiléia, Suíça, 1952.
2 — Jomnson, W. C. — Transmission Lines and Networks. McGraw-Hill Book Co.
Jt= 254 948 ess? [V]. — Kogakusha Co. Ltd., Tóquio.
da edição original de 1950.
International student Edition. Reimpressão

8 — Bewer, L. V. — Travelling Waves on Transmission Systems. Publ. Dover, Nova


l6. Qualo valor, em módulo e fase, da corrente no início da linha, Torque, 1963.
para as cargas especificadas no Probl. 15.
4 — GreENWo00D, ALLAN — Electrical Transients in Power Systems. Wiley Inters-
cience, Nova Iorque, 1971..
17. Calcular a tensão e a corrente no início da linha dó Exerc. 10, 5 — HeDMan, D. E. — Propagation on Overhead Transmission Lines — I. IEEE
quando ela fornece uma carga de 80 +760 [MVA] sob a tensão de 400 - Transactions, Nova Iorque, março 1965.
[kV] no receptor.
6 — GviLLE, À. E. e PaTERSON, W, — Eletrical Power Systems. Oliver e Boyd, Edin-
burg, 1969. Vol. 1. :
18. Uma linha de transmissão a circuito simples, 60 [c/s], com um
7 — Reza, F. M, e SegLY, S. — Modern Networks Analysis. McGraw-Hill Book Co.,
comprimento de 362 km, entrega uma potência de 125 [MW] a um bar- Nova Iorque, 1959,
ramento em 200 [kV], sob fator de carga de 95% IND. Calcular as ten- 8 — Wappicor, H. — The Principles of Electric Power Transmission. Chapman e
sões incidentes e refletidas no receptor e no transmissor. Determinar a Hall, Londres, 1964.
tensão entre fases no transmissor, a partir das tensões incidentes e refle-
9 — CenTRAL STATION EngiNEERS — Electrical Transmission and Distribution Refe-
tidas. São dados: rence Book. Westinghouse, East Pittsburg, 1950.
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r= 0,107 [ohm/km); Buenos Aires 1959, Vol. 2.
it — Hvuserr, F.J.e Gent, M. B. — Half Wavelength Power Transmission Lines. IREE
L = 1,355 ImH/km]; Spectrum, jan, 1965. -
12 — Dvuzois, E. W. et al. — Extra Long Distance Transmission. AIBE — Transac-
C = 0,00845 [uF/km). tions Power Apparatus and Systems, Nova Iorque, 1962.
18 — Kannr, RuvoLr — Technishe und Wirtschaftliche Gesichis Punkite fur die Energie
a
19. A linha de transmissão descrita no Exerc. 10 deve operar com os Ubertragung mit Hochstspannungen. Siemens Zeitschrift, Erlangen, Alemanha,
seguintes regimes de carga, mantendo-se U, = 380 [kV] no receptor : set. 1966.

a — P, = 300 000 [kW], cos ds; = 0,9 IND:


b— P, 360 000 [KW], cos qo = 1,0;

c — P, = 420 000 [kW], cos & = 0,9 IND: LEME ENGENHARIA


CDI
. Determinar, para cada um dos régimes de carga: John Daniel B, Strickland
4.2 — RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E CORRENTES 115

Estas, como já foi mencionado, são, nos modernos sistemas de energia


elétrica, suficientemente equilibradas para que, em cálculo de desempenho,
possam ser representadas através de circuitos unipolares, constituídos de
fase e neutro, admitindo-se este último como não possuindo parâmetros
elétricos.
De um modo geral; no cálculo elétrico das linhas de transmissão
objetivamos:
a — conhecidas (ou especificadas) tensões e correntes em um ponto.
da linha, determinar essas mesmas grandezas em outro ponto da linha;

Cálculo Prático b — conhecidas (ou especificadas) potências ativas e reativas em um


ponto da linha, determinar essas grandezas em outro ponto da linha;

das Linhas de Transmissão c — a determinação de grandezas de desempenho: regulação, ren-


dimentos, ângulos de potência, número de falhas em seu isolamento devi-
das a sobretensões, radiointerferência etc.;
d — estudo de compensação para correção de desempenho.

4.1 — CONSIDERAÇÕES GERAIS Os métodos de cálculo atualmente empregados podem ser resumidos
nos seguintes:
No capítulo anterior foram deduzidas as equações gerais e, portanto,
A — métodos analíticos (modelos matemáticos)
exatas das linhas de transmissão. Para tanto, consideramos os parâme-
tros elétricos das linhas como uniformemente distribuídos, o que, como a — manuais;
veremos, mesmo não sendo rigorosamente exato, não invalida as expres-
sões obtidas. Nos cálculos das linhas de transmissão procura-se, em geral, b — por computadores digitais;
obter valores de tensões, correntes, potências etc. com erros inferiores a
B — gráficos;
0,5%, e é essa precisão que dita, geralmente, a necessidade de emprego
de processos mais ou menos exatos e, por conseguinte, mais ou menos tra- € — modelos elétricos analógicos.
balhosos. Esses processos, veremos, todos deriváveis do processo ana-
lítico rigoroso, apenas admitem hipóteses simplificativas quanto à neces- A eficiência de uns e outros baseia-se na nossa habilidade na escolha
dos cireuitos equivalentes adequados a cada caso.
sidade ou não de se considerarem todos os parâmetros distribuídos ou não.
A relação entre o comprimento real da linha e o seu comprimento de onda,
é fundamental na escolha dos processos de cálculo: quanto maior essa re- 4.2 — RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E CORRENTES'
lação, mais rigoroso deverá ser o processo de cálculo.
Linhas de transmissão de energia elétrica normalmente fazem parte As equações gerais das linhas de transmissão, (3.51) e (3.52), podem
de sistemas elétricos mais ou menos complexos e, como tal, devem ser re- ser remanejadas e postas na forma abaixo. Nos cálculos de desempenho,
presentáveis através de seus circuitos equivalentes ou modelos matemá- normalmente o comprimento das linhas já está especificado entre transmis-
ticos, donde a necessidade de fazê-lo de forma mais simples e racional, sor e receptor, o que nos permite, igualmente, uma ligeira mudança de no-
compatível com o grau de precisão almejado. tação.
As equações, conforme foram deduzidas no capítulo anterior se apre- , - y 1 .. SL EA
sentam de forma pouco prática para uso em cálculos correntes. Prova UV, = U, (O + LZ. (50) [V] (4.1)
disso tivemos através de alguns dos exercícios apresentados. Veremos
agora, através de hipóteses simplificativas devidamente justificadas,
como poderemos representar as linhas através de circuitos elétricos equi-
valentes e os respectivos modelos matemáticos.
A partir de agora, a não ser que venha expressamente especificado : [ret Vs [ men
l= 4h (O) + Z. (o) (A). (4.2)
de modo diferente, trataremos exclusivamente de linhas aéreas trifásicas.
DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 117
116 CÁLCULO PRÁTICO 4.2 — RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E CORRENTES

Nestas valem: As funções hiperbólicas admitem sua expansão em série:

Ui [V]e 74 [A] — tensão entre fase e neutro e corrente na fase, repre-


sentadas por seus fasores, junto ao transmissor VER o (vB (Zip
(VZY +... (4.9)
coshyl = 1 + (VZh) + (VZY +
2! 4! 6!
Vo [V] e I, [A] — idem, junto ao receptor
e E VT Gin
| [km] — comprimento da linha.
senhyl= VZY + ( a + Eita + ( a +... (4.10)
Portanto, as Egs. (4.1) e (4.2) são equações exatas das linhas de trans-
missão, consideradas com parâmetros distribuídos. Conhecidas as tensões
e correntes no receptor, podemos determiná-las no transmissor. Sua so- Essas séries são rapidamente convergentes, conforme mostra um. caso
lução simultânea nos dá expressões que permitem calcular as tensões e típico ilustrado na Tab. 4.1,
correntes no receptor, quando são estipuladas aquelas no transmissor. Essa observação nos permite, em função do comprimento das linhas,
Lembrandô a forma exponencial das funções hiperbólicas, as Eqs. procurar circuitos equivalentes e métodos de cálculo simplificados, basea-
(4.1) e (4.2) podem ser postas sob a seguinte forma: “dos no número de elementos da expansão em série a considerar nos cál-
culos. É o que faremos a seguir, inicialmente com linhas de pequeno
[V] (4.8) comprimento.
VU, = Us, coshyl + Io. senh4l de prosseguirmos, introduzir o conceito
Convém, a esta altura, antes
- + . 0, « de regulação de linha. Definimos:
1, = To coshyl + = senhyi TA]. (4.4)
4.1 — Exemplo de Convergência de Termos das Séries de cosh yl
Tabela
Sua recíproca será: e senh Yl

U,= Ui coshyl — IiZ. senhyl [V] (4.5) ! dm EF 044% (VZYY


[em] ql= vZr di ET
a o Ui TA). (4.6): 0,000044610
1, = Ih coshyl — Z senhYyi 50 0,06447034 0,002078212
100 0,12894084 0,008312870 0,000357289
Como 4 = «a + 38, (Eg. 3.56), por definição: 150 “ 0,19341126 0,018703958 0,001205852
200 0,25788136 0,033251398 0,002858305
coshYyl = cosh (a + 38) | = cosh al cosBl + j senh al senfl (4,7) 250 0,32235171 0,051955312 0,005558263
300 0,38682205 0,074815650 0,009646781
senh Yl = senh («e + 78) | = senh al cosBl + j cosh al senfl. (4.8) 350 0,45129390 0,101832413 0,015318731

400 0,51576274 0,133005600 0,022866440


Esta forma das equações exatas é de mais fácil manejo numérico.
Devemos lembrar que, ao calcularmos $!, seu resultado virá em radianos ARG 84,10 168,2º 252,30
sendo, pois, necessário cuidado no emprego de (4.7) e (4.8).
Vimos também que Y = =, portanto, Yl = Valylou Yl = vZY,
sendo Z e Y, respectivamente a impedância e a admitância totais da linha. “Regulação de tensão de uma linha, em um determinado regime de car-
Portanto: ga, é a variação porcentual entre os módulos das tensões entre transmis-
sor e receptor, com relação a esta última”:
coshyl = coshv/ZY

senhYl = senhv/ZY. Reg = J90 (Li Cal por cento. (4.11)


2
118 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO 4.2 — RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E CORRENTES
CAP. 4 119

Seu valor depende do regime de carga da linha, principalmente da


potência reativa transmitida, como também dos parâmetros Mito a
—— R XL — Fosh,
E
elétricos das
linhas. Poderá ser positivo ou negativo, como, por exemplo, nas
linhas
médias ou longas que operam em vazio, ou com potências
reduzidas. Pode
ser controlado atuando-se sobre o fator de potência da carga, ou
sobre os
parâmetros das linhas, como veremos. Uma ou outra solução y,
tem impli- Vo
cações econômicas importantes, merecendo nossa atenção.

Es
4 2
4.2.1 — Linhas Curtas
Fig. 4.1 — Circuito equivalente de uma linha curta.
É o nome genérico dado àquelas linhas cujo comprimento e caracte-
rísticas sejam tais que somente os primeiros termos de cada série Vemos que, além de estarmos representando seus parâmetros de
tenham forma
valor significativo. Isso depende principalmente do comprimento 1 [km] concentrada, ainda podemos desprezar inteiramente os efeitos da
da linha, como também do valor absoluto de Yl, em menor condu-
grau. Este tibilidade G e da capacitância €.
último aumenta com o aumento da tensão nas linhas. Se, em (4.3) e (4.4), O diagrama vetorial correspondente está indicado na Fig. 4.2.
substituirmos os cosh Yl e senh y1, respectivamente, pelo primeir
o termo
da série (4.9) e (4.10), teremos:

Vi =Us+ bZv'ZY = U, +hyz 'vZY

ou

Vi= U, + bZ[V] (4.12)


. : U, . RA =
h=h+tg vZ=h+0, Zz vz

I, = A + VoY [A].
Fig. 4.2 — Diagrama vetorial da linha curta em carga. o
Como, nos casos desse tipo, o produto U,Y é muito pequeno, comparado
com o valor de 7,, ele pode ser desprezado. O ângulo de potência 8 entre as tensões Une 0, é de grande impor-
Neste caso, a equação das cor-
rentes será: tância em estudos de estabilidade. Seu valor pode ser obtido, para linhas
curtas, diretamente da Eq. (4.15), deduzível da Fig. 4.2:
h = io[4] (4.13)
amy

FT, (X, cos vo — Rsen


0 = arctg 7 vo)
(4.15)
ou, resolvendo (4.12) e (4.13) simultaneamente, 2 + Jo (Xi sen ja + R cos ya)

Vi— O, O estabelecimento de limites de comprimento das linhas ou de tensões


h = I, =. 7 LAI. (4.14) para os quais se podem empregar o método de cálculo preconizado acima
é um tanto subjetivo e depende da sensibilidade e prática do caleulista,
Ao examinarmos as Eqs. (4.12) e (4.13), vemos que representam um como em tantos outros problemas de engenharia. A esse respeito, inclu-
modelo matemático de um circuito-série. sive, há alguma divergência por parte dos vários autores de textos didá-
O circuito equivalente de uma
linha curta é aquele indicado na Fig. 4.1. ticos sobre linhas. Uma orientação cabe aqui; será, para alguns, um tanto
conservadora, enquanto que outros poderão julgá-la um tanto audaciosa:
120 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 42 — RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E CORRENTES 121

— para linhas até 150 [kV], comprimentos máximos de 60 a 80 a — Circuito Tee


quilômetros;
— para linhas com tensões maiores ou iguais a 150 [kV], porém me-
nores do que 400 [kV], comprimentos máximos de 40 quilômetros;
Rz XL, R
— para linhas em tensões iguais ou maiores do que 400 [kV], compri- 4 A 2
VV VN EUNIO— NANA
9 fe *L/o 2

mentos máximos de 20 quilômetros. ——emmi —


1, Ip

Ú, G mo 8 y
4.2.2 — Linhas Médias
“ 2
Tab
Quando os comprimentos ou as tensões das linhas ultrapassam os
limites acima estabelecidos, tudo indica que dois ou mais termos das séries 4
:2
devam, ser usados. Quando o segundo termo não for insignificante peran-.
te o primeiro termo, mas se o terceiro o for, a linha poderá ser classificada
como linha média, ainda dentro desse critério clássico. As Egs. (4.3) e Fig. 4.3 — Circuito Tee de uma linha de transmissão.
(4.4), nas quais as funções hiperbólicas foram substituídas pelos dois pri-
meiros termos das séries, se tornam:
Suas equações, cuja dedução deixamos de fazer, uma vez que pode
ser encontrada na maioria dos textos básicos de circuitos elétricos, são
as seguintes:
Vi= 0, (1+ vir) + 1d. (vz7 + (Zip)

Vi=U, (1 +25) + LZ (1 + 2) [v] (4.18)


i ia (14 09 phZ (vZr+ (2im)
l= io 1 +25)
ZH + UaY [Al (4.19)
Efetuando as operações indicadas e simplificando, obteremos:
b -- Oircuito Pi

Vj=U, (1 + | + 1,Z (1 +) [V] (4.16)

1 =L (1 +45) + UaY (1 +). (4.17)

O circuito equivalente que buscamos para as linhas médias deverá


ser simples, principalmente tendo em vista que deverá representar as linhas
em circuitos bastante complexos dos sistemas de energia elétrica..
Deparamos com dois circuitos bastante conhecidos dos cursos de cir-
cuitos elétricos. Fig. 44 — Circuito Pi de uma linha de transmissão.
122 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.2 — RELAÇÕES ENTRE TENSÕES E CORRENTES 123

Suas equações são as seguintes: BARRA ,


BARRA i . ADICIONAL BARRA )

0 = À, (1 + A) + LZ[V] (420) R/2 X.72 R/2 x,/2

h= 1 ( +) + U,Y (1 + a) [A]. (4.21)


O) CIRCUITO Tee
Comparando as Egs. (4.18, (4.19), (4.20) e (4.21) com as Egs. (4.16)
e (4.17), verificamos serem pequenas as diferenças entre as mesmas, prin-
cipalmente se considerarmos que o produto ZY é bastante pequeno. A
Tab. 4.2 dá uma idéia de diferenças de valores de U; e 7, para linhas ti-
BARRA i BARRA j
pica, calculada pelos três sistemas de equações.

Tabela 4.2 —- Resultados Comparativos dos Valores Calculados para uma Linha
Típica Média 4
Circuito A h

nto

mi
Eqs. (4.20) e (4.21) 83500 /6,7º 205,145 /— 11,402º

Eqgs. (4.18) e (4.19) 83472 /6,7º 205,920 /— 11,337º bj circuito Pi

Eqgs. (4.16) e (4.17) 83493 /6,692º 205,305 /— 11,524º Fig. 4.5 — Dijerenças entre circuitos Tee e Pi para efeito de inclusão das linhas em sis-
temas de energia elétrica.

Quanto aos seus limites de emprego, indicamos a título de orientação:


Mesmo que ambos os circuitos sejam aceitáveis, prefere-se hoje O
circuito P; como representativo das linhas médias, pois, ao estabelecer
Au

— para linhas entre 150 [kV] e 400 [kV] e comprimentos até 200 [kV];
os modelos matemáticos de grandes sistemas, o circuito Tee obrigaria o
estabelecimento de mais uma barra ou nó por linha de transmissão incluída, — para linhas acima de 400 [kV] e comprimentos inferiores a 100 [KV].
o que se traduz em um aumento correspondente do número de equações no + :

modelo do sistema. A Fig. 4.5 mostra a razão disso.


Tanto os circuitos Tee como Pi podem ser usados em cálculos isola- 4.2.3 — Linhas Longas
dos de desempenho das linhas, porém, visando à facilidade de coleta: dos São aquelas em cujo cálculo os processos das linhas curtas e médias
elementos para a organização dos modelos matemáticos dos sistemas, é são considerados insuficientemente precisos para os fins desejados.
conveniente, também nos cáléulos isolados, o emprego dos circuitos Pi.
Para estas devemos empregar, nos cálculos isolados, as equações exa-
Em ambos observamos que, mesmo que não tenha sido possível aban-
tas das linhas, ou em sua forma exponencial — Egs. (4.1) e (4.2) — ou em
donar os parâmetros em derivação (admitância), todos os parâmetros
sua forma hiperbólica — Egs. (4.3) e (4.4).
elétricos continuam sendo . representados de forma concentrada, sendo
desnecessário considerar os efeitos de sua distribuição. Na maioria dos Sua representação nos circuitos dos sistemas de energia elétrica e sua
casos práticos, a condutância de dispersão G é suficientemente pequena inclusão nos modelos matemáticos dos mesmos exigem uma representa-
para poder ser desprezada. ção por circuitos equivalentes.
Autores há que não recomendam o emprego dos circuitos Pi em cál- Admitamos que um circuito P: possa ser utilizado para esse fim,
culos isolados, sob a alegação de que o trabalho envolvido com seu emmpre- desde que, em seus parâmetros elétricos, efetuemos as necessárias cor-
go equivale àquele envolvido com o emprego das Egs. (4.3) e (4.4), sem, reções para ter em devida conta o efeito de sua distribuição ao. longo da
no entanto, possuir o mesmo grau de precisão. linha. Scijam, respectivamente, Z' as impedâncias e Y' as admitâncias
124 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP, 4 4,3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS 125

totais da linha, corrigidas devidamente, e procuremos o fator de corre- ou


ção a empregar. A Eq. (4.20) passará a ser escrita da seguinte forma:
z - t senh %yl
[ohm]). (4.27)
, . ZY' . Yi
UV, = Us, (1 +) + 2º [V]. (4.22)
As Egs. (4.27) e (4.28) nos permitem concluir que o circuito Pi é ade-
quado para a representação das linhas longas, em regime permanente,
Se compararmos (4.22) com (4.3), veremos que:
desde que os valores de Z e Y/2 sejam adequadamente corrigidos, para
retratar a condição de parâmetros distribuídos. Os fatores de correção
cosh yl= 1 + Z+ (4.23) que devem ser aplicados a Z e a Y/2 são, respectivamente:

Z. sen yl= Z”. x


senh 91 teh 2
Ei

Resolvendo simultaneamente para obter


.

Y'/2, encontraremos: n- e ———


A 2
y' 1 coshYyl — i
Esses fatores, para valores pequenos de fl, se tornam unitários.
20 E senhyl (4.24)
Os circuitos com parâmetros corrigidos recebem o nome de circuitos
Pi equivalentes, para diferenciá-los dos anteriores, designados como cir-
ou
cuitos Pi nominais. De forma análoga será possível estabelecer, igualmen-
te, circuitos Tee equivalentes.
yo3 Z
q tgh
Wo.
2 [siemens] (4.25)
= E a |. 2 Na prática, em se tratando de linhas bem dimensionadas, nas quais
o valor da condutância de dispersãoG é insignificante, também no caso
Por outro lado, temos que:
das linhas longas, esse parâmetro pode ser desprezado.
Na literatura especializada encontramos diversos processos para a
simplificação dos cálculos das linhas longas, mediante uso de curvas pré-cal-
LOM AV o PF culadas, como, por exemplo, nas referências [3] e [9], no final deste capítulo.
Ze Vim Viva vw mM
4.3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS
que, se introduzida em (4.26), resulta em:
Como vimos nos itens anteriores, uma linha: de transmissão trifásica
y' Y Yl pode ser representada por um circuito consistindo em dois terminais atra-
q w'%os vés dos quais a energia elétrica penetra na linha, que designamos por trans-
missor, e por dois terminais através dos quais a. energia elétrica deixa a
ou
linha, designados por receptor. Dadas as suas características próprias,
- 7 os circuitos que representam as linhas podem ser classificados como cir-
Mar

- . tgh + cuitos a dois portos ou quarripolas, que conhecemos da teoria da análise


v' Y 2 . de circuitos elétricos. De acordo com essa mesma teoria, um circuito
: 2 7] [siemens]. (4.26)
desse tipo pode ser definido por seis pares de equações lineares, todas elas
2 inter-relacionadas entre si:

De (4.25) podemos obter: UR = & Li 15) , h = (Oy Us)

senh Fl Us = & (1 19) Lo = ih (Ui, Us)


Z = EIy senh yl = VE
U: = ds (Us 1) Us = by (Us, 1)
126 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS 127

Í, = da (Us, h) I, = bo (Us, 15) ou, adotando a forma matricial,

L =n(Ési).
0, = da (Er 15) L
Vi = hs (Us ld)
= ho (Us, h) ÉS 0] (4.32)

Essas equações possuem, cada qual, duas variáveis independentes Igualmente, se considerarmos U, e 1; as variáveis independentes e
e duas variáveis dependentes relacionadas entre si pelos parâmetros dos U, e 1, as variáveis dependentes, a solução de (4.30) e (4.31) nos dará: ..
respectivos circuitos, aos quais as seguintes restrições são impostas:
a — devem possuir apenas uma entrada e uma saída, representadas Us = DU, — BhI[V] (4.33)
por dois pares de terminais, podendo um deles ser comum a ambos;
b — devem ser passivos, o que exclui a presença de fontes de tensão;
Il, = — CU, + ÁisA) (4.34)
c — devem ser lineares, a fim de que a sua saída (resposta) tenha a que correspondem ao par:
mesma forma que o estimulo aplicado à entrada, exigindo pois, impedân-
cias e admitâncias de valores constantes independentes do valor da cor- 0, = b; (Us, 1) (4.35)
rente e da tensão a elas aplicados. Estão excluídos, portanto, reatores
de núcleo de ferro, podendo incluir transformadores, desde que sua cor- Io = ba (Unl)) (4.36)
rente de magnetização seja considerada linear, ou mesmo desprezada;

CJ)
ou .
d — devem ser bilaterais, significando que sua resposta a um estí-
mulo aplicado a um par de terminais é a mesma que a um estímulo apli- D-BIrÚ
cado ao outro. Essa exigência exclui os retificadores de corrente.
L -CA] Li,
Se UV, e h, do quadripolo da Fig. 4.6 forem consideradas variáveis
sendo necessário lembrar que, em circuitos simétricos, temos sempre:
independentes U,e 1, serão suas variáveis dependentes, relacionadas com
as primeiras através da impedância Z e a admitância Y do circuito; ele Tg
CA = DO ,

fica definido pelo par de cquações:


(4.38)
“Uma outra propriedade dos quadripolos a ser lembrada é que vale sempre:
CU = à (Co, 15) (4.28)
j = à (Us, 19), (4.29) [éé D5] AD- BC=1 4.39
(4.39)
ou seja,
As linhas de transmissão satisfazem inteiramente às condições res-
0, = AU, + Bi, (4.80) tritivas impostas aos quadripolos no início deste estudo. Sua represen-
tação como quadripolos não somente é perfeitamente possível como con-
kh = CU, + Dh, (4.81) veniente, pois o modelo matemático assim obtido — definido pelas Egs.
PE SS > (4.32) e (4.37) — é bastante flexível. As características das linhas são
definidas pelas constantes 4, B, Ce D, que recebem o nome de constantes
+=

( o QU
x o generalizadas das linhas de transmissão. A facilidade com que diversos
quadripolos podem ser associados, para sua representação por um medelo
1 2.5 N
, matemático único, constitui uma vantagem adicional na análise de pro-
blemas que envolvem linhas e equipamento terminal ou de compensação,
U, ! N Ú 2 )
como um todo.
As constantes generalizadas das linhas serão definidas da seguin-
Oem q 2 o te forma:
A — Linhas curtas — Se compararmos a Eq. (4.30) com a Eg. (4.12),
Fig. 4.6 — Quadripolo típico. encontraremos:
128 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP, 4 4.3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS - 129

4=1,B=2Z (4.40) ou
Us] [coshyl — Z.senhyily [U,
“e, comparando (4.31) com (4.13), teremos: (4.50)
I, | ; senhyi coshyl I |
C=0
e (4.41) ou, se desejarmos representar o circuito Pi equivalente, as equações serão
D=1. (4.45) e (4.46), com os valores de Z e Y/2 corrigidos para representar a dis-
tribuição dos parâmetros, como foi visto no Item 4.2.4,
À equação na forma: matricial será:

[1-6]
1) lou lgz, (4.49) 4.3.1 — Interpretação do Significado das Constantes das Linhas de
Transmissão
B — Linhas médias — Os valores das constantes generalizadas, se
compararmos-as Eqs. (4.12) e (4.13) com as equações correspondentes As constantes generalizadas das linhas de transmissão em corrente
aplicáveis aos circuitos Tee nominal e Pi nominal, serão: alternada são geralmente números complexos. Nessas condições, pode-
remos defini-las como:
a — Circuito Tee. nominal
A=a' +ja” = Á ejba (4.510)
dor ZE, poi) (4.43) B=b'+jb'= Beta (4.51)
ô- 1d; b=14 (4.44) C = cC+je! = É eibc (4.51c)

b — Circuito Pi nominal D=d+jd=a + ja! = Dei = Acts, (4.514)

dois 2L, doi (4.45)

c=r(4 2), dor+ ZÉ (4.46)


C — Linhas longas — As constantes generalizadas das linhas lon-
gas poderão ser obtidas por comparação das Egs. (4.12) e (4.18) com as
Eqs. (4.3) e (4.4), obtendo-se:

e - 4 =coshyl; B= Zsenhyl (4.47)


rar,

Õ = z senhyl e D= coshYl. (4.48)

Teremos então:

Us coshyl Z.senhyl7 [ Us
(4.49)
[ ;| o [ senhyl cs A
Fig. 4,7 — Diagrama fasorial do quadripolo em carga.
130 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS 131

Uma vez que elas definem o comportamento das linhas em operação,


devem possuir Esta pode ser obtida de (4.52) quando a linha opera em curto-circuito
um significado físico bem definido. Coloquemos, ini-
cialmente, as Eqs. no receptor (U, = 0). Representa, pois, a tensão necessária no transmissor
(4.30) e (4.81) sob a seguinte forma: para assegurar a circulação da corrente 1, através da impedância da linha,
ou seja, é a queda de tensão provocada na impedância distribuída da linha,
VU, = (a + ja”) Va + (d+ jo À [V] (4.52) quando esta entrega 1, no receptor:
h=(e+je)U, + (a +ja') io [A], (4.53) — bLéa queda de tensão através da resistência distribuída;
que representamos graficamente através do diagramá da Fig. — bIéaqueda de tensão através da reatância indutiva distribuída. Cs
4.7, no qual
usamos como referência o fasor Us. Admitamos ainda que Seu valor varia de Z = R + j X, nas linhas curtas a valores considera-
o diagrama
represente a linha operando com uma carga No = P, 430, velmente maiores nas linhas longas, dependendo de Z, e de YL.
sendo q» O
ângulo de defasamento de 15, com a relação a Us:
O triângulo OPQ Finalmente, o triângulo OVZ representa a expressão:
representa a expressão:
Dh=(d+id)h=A
(+ L=
ja” do;
+ ja) Us,
ÁU(a,=
que é obtida da Eq. (4.53), também para U, = 0. Pode ser interpretada
que é obtida de (4.52) para 1; = O, ou seja, quando a linha como sendo o valor da corrente que a linha absorve no transmissor, quando
opera em vazio.
É, portanto, o valor da tensão U, necessária para manter no em curto-circuito no receptor e excitada pela tensão:
receptor a
tensão U, em operação em vazio;
Dre = B I,
q! U, é à sua componente em fase com Us,
a! L é a componente da corrente de curto-circuito que produz a queda
ôhmica de tensão (OV//QR);
a” I, a sua componente ortogonal. Éa parcela necessária à alimen- a |, é à componente da corrente de curto-circuito que provoca a
tação do campo elétrico da linha. queda de tensão indutiva (VZ//RS).
O valor absoluto da constante 4 decresce com o aumento
do compri-
mento das linhas a partir de 1, nas linhas curtas, até valores
bem próxi-
mos de zero, para | = «/4, para em seguida crescer novamente, tornand 4.3.2 — Medida Direta das Constantes
o-se das Linhas de Transmissão
maior do que a unidade para | = »/2. No caso deÀ = 1 +30, os pontos
Pe Q se deslocam para a extremidade do fasor Us, e o diagrama
se con-. Às constantes generalizadas de uma
fundirá com o diagrama da Fig. 4.2, da linha curta. linha de transmissão, como de
qualquer quadripolo, podem ser obtidas através de medidas efetuadas
O triângulo OTW representa a expressão:
diretamente em seus terminais.
Uma maneira de se conseguir isso é sugerida pelas Egs. (4.30 e (4.31),
CU, = (d+ jo") Us, o que, no entanto, envolve a realização simultânea de medidas no receptor
obtida da Eq. (4.53), na qual se substituiu 1; por 0, correspondendo e no transmissor quando a linha opera em curto-circuito e em vazio,
à ope- Porém, em vista do fato de que as constantes são números complexos, as
ração da linha em vazio. CU, representa, portanto, a corrente de carga
da linha. A componente c' O, representa a componente da corrente atra- diferenças entre os ângulos de fase entre as grandezas a serem medidas
vés da condutibilidade g, enquanto que a componente c” U, em ambas as extremidades devem ser determinadas, o que apresenta di-
representa ficuldades. Uma solução mais adequada consiste em medir as impedâncias
a corrente, através da susceptância capacitiva b. É representa,
portanto, de admissão no transmissor, com a linha em vazio e em curto-circuito no
a admitância da linha, considerando-se os parâmetros distribuídos. Seu receptor, no caso de circuito simétrico (linha pura) e no caso de circuito
valor, de O para as linhas curtas, aumenta com o aumento do valor de 41,
Seu argumento é, em geral, maior do que assimétrico (podendo, além da linha, incluir transformadores, capacitores
90º, daí o sinal negativo de c”.
e mesmo reatores), e também a impedância de saída, em vazio e curto-cir-
O triângulo ORS representa a expressão: cuito.
Dividindo (4.30) por (4.81) e considerando:
Bili=(b +jb” 1.
a — com A = O (vazio)
132 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4,3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS 133

Ui
: ==
Á s
4,54 No caso de um circuito simétrico À = D, basta então realizar as me-
Lo C 13c ( )
didas no transmissor. Neste caso, a Eq. (4.55) se torna:

, B
b— com CU, = 0 (curto-circuito)
Zu, = "1 (4.59)
Úro Bo; então:
ho ==SD
ce
fI.
Zn 4.55
(4.55) À B Áº—AC BO =
1
AO
Zu, — Zu. ER =

A fim de se obterem as expressões das impedâncias no receptor, em-


pregamos (4.33) e (4.35) e devemos inverter o simal dos termos que envol- : Â 1 1
vem as correntes, pois, sendo a tensão aplicada no lado do receptor, o sen- . Zu, (Zi, Zu,e) "o X do = C3

tido da corrente considerado naquelas equaçõesé oposto àquele que ocor-


rerá durante a medição. logo
Teremos então:
C=w Zu, (Zu, - Eri (4.60)
a — para h = 0 (vazio) podendo as demais constantes ser calculadas a partir das Egs. (4.54) e (4.59).

D : .
s Uso
Zoo, ==
Too C 2 o ( 4,56 )
4.3.3 — Quadripolos Representativos de Outros Componentes
dos Sistemas de Potência
b — para U, = O (curto-circuito)
Muitas vezes, é interessante incluir no estudo de uma linha de trans-
Ure B E missão também a influência de seu equipamento terminal e mesmo das
Zoo Ts 4 (4,57) cargas supridas. Nesse caso, dentro das mesmas restrições apresentadas
no Item 4.3, esses mesmos elementos podem ser representados como qua-
dripolos. São os principais:
4 — impedâncias em série — de acordo com a Fig. 4.1, à semelhança
da linha curta, valem as expressões (4.40) e (4.41), sendo sua matriz:
tm du= EB Db “CD
taa] = = [60117 : 4.61
.
(4.61)
igualmente:
B — admitância em paralelo — neste caso, temos:
Zi,
, Za,
Ls = o x LC = E = U,
CDOD o Dº
h = 1 = U, FY;
logo,
logo, . o . o
do pg A=l; B=00C=YcoD=1, (4.62)
(4.58)
sendo sua matriz:

Conhecido o valor de D, os valores das demais constantes podem ser fa] = Ê 1)


calculados a partir das Egs. (4.56), (4.55) e (4.54). va]! (4.63) -
134 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS 135

C — transformadores — conforme lembramos do estudo dos trans- Z+


formadores, estes podem ser representados por seus circuitos equivalentes,
sendo especificamente: circuito Tee e circuito gama,
a — Circuito Tee — De acordo com a Fig. 4.8, considera-se a impe-
dância dividida em dois e concentrada em suas extremidades, enquanto U, ve vz
que a admitância está no meio.

:4
to) tb)

Zt,o Et,
Fig. 4.9 — Conexões gama de transformadores.

Para a conexão a as equações governantes são:

Us = Us + LZ, (4.65)

h = UiY. + 1d = YU, + 1,29) + 1

Fig. 4.8 — Circuito T de um transformador. b=Uh+haA+ZÃo (4.66)


as constantes serão:
As equações do transmissor são então análogas àquelas apresentadas
para o circuito Tee nominal das linhas [Egs. (4.43) e (4,.44)]: Ã=1, B= 4,
d=1+
ZY,
5; C=Y; D=1+2ZY,
e a matriz correspondente:
B- à (1 +40)
4 [a] = |, E 5 (4.67)
C=rF;
No caso do cireuito b, serão:
Z.Y
D=1 tAt
Vi= Ud +ZY) + ld (4.68)
ta
ou sua matriz:
h= UV+ dh; (469)
logo,

(1420) a(14 20)


2 4
Á=1I+4ZY;

D=1
B= Z,

Y.; ZY> C= F.;


(1 + . ) (4.64)
e a matriz correspondente:
mim

b — Na prática, em geral, é mais conveniente, e com suficiente pre- F + ZY, 2]


la] = (4.70)
cisão, sua representação pelos circuitos gama, representados na Fig. 4.90 e b. Y, 1
/

136 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS 137

A determinação das impedâncias e admitâncias dos transformadores 4.3.4 — Constantes Generalizadas de Associações de Quadripolos
: à partir de seus dados de placa e dog resultados de ensaios encontra-se nor-
malmente nos textos sobre transformadores. Lembramos, no entanto,
as seguintes relações: É de toda a conveniência, ao se analisar o comportamento de uma linha
longa em vazio, incluir o efeito dos transformadores terminais cuja cor-
rente de magnetização esteja em oposição à corrente de carga da linha,
Z, = R, +IX, [ohm] (4.720) influenciando os resultados. Devem-se considerar tanto a presença dos
transformadores elevadores sozinhos como também a atuação simultânea
dos transformadores elevadores e abaixadores. Essa análise fica faci-
Y.= G. — ;B, [ohm), (4.72) litada com o uso dos quadripolos.
Há basicamente cinco formas de associação de quadripolos, a saber:
sendo:
a — em cascata;

AP. b — em paralelo;
R= “po fohm] (4.720)
c— em série;
d — em série-paralelo;
U:
X=s X N lohm] (4.72b) e — em paralelo-série.

As características gerais de tais associações podem ser determinadas,


em cada caso, em função dos termos dos elementos das matrizes indivi-
AP,
G T? [ohm] (4,720) duais de cada quadripolo, desde que certas condições sejam satisfeitas.
Na análise dos sistemas de energia elétrica, o maior interesse está
concentrado nas duas primeiras formas de associação, as quais examina-
Ta. remos. "
B, = q [siemens] (4.72)
a — Associação em cascata, — Consideremos dois quadripolos, de-
finidos pelas suas constantes 41, Bi, 01, Di e Ai, Bo, Co, Do, respectivamente.
In=vRB-lIj=vId(- cosg,), (4.72€) Conforme mostra a Fig. 4.10, a conexão em cascata é obtida pela conexão
dos terminais de saída de um quadripolo com aqueles de entrada do outro.

nas quais valem:

U [kV] — tensão nominal entre fases; i, I Io


o ferro
N [kVA] — potência nominal, trifásica; Ú, A, Bd & U Ap Bo Co Da da
* — reatância indutiva em (%) ou (pu) referida a um dos en-
[VR ' O

E rolamentos;
AP. [W] — perdas no cobre, com corrente nominal, por fase; Fig. 4,10 — Dois quadripolos em ctscata.
mn

AP, [W] — perdas em vazio, com tensão nominal, por fase;


maga ion

Temos, de acordo com (4.32):


“To lA] — corrente total em vazio;
TA] —— corrente nominal;

COS Do — fator de potência em vazio. [le sd Di) + G)-[ Sl)


138 “ “CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP, 4
4.3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS 139

[5] -[6 5] [5] [5]- Teremos:

Yu=|->—

- —
o
admitância
a «
de entrada para
umas
curto-circuito em .
.= (Arda. + BiC5)
o.
(AiBo. + BiDo)
.
] 0+]
a E 4.73
Jdus=0 0 9:
(Cds + Dilo) (CB, + D;Do, 1 « )

consegiientemente, para o quadripolo resultante: Yo =


Ex Ujº0
— admitância
em 1;
de transferência para curto-circuito

À = ÁjÃo + Bol (4.740)


B = ÁiB, 4 BD, (4.74)
Pa = [+] — admitância de transferência para curto-circuito
Up=0 em 2;

C = GA, + Dil, (4.740) em 1.


Yo = [=|] — admitância de saída para curto-circuito
D = GB, + DiD.. (4.744) Us, U,=o

Consideremos as Egs. (4.30) e (4.31) para um curto-circuito no receptor.


b — Associação em paralelo — Na conexão em paralelo, o estímulo Teremos U, = 0 e as equações se tornam:
U:, é comum aos dois quadripolos, cuja resposta é também igual, Us, como
na Fig. 4.11. U,= Bi (4.77)
h=Dh; — (478)
1 1
2
Eq pf

va
o

dividindo a Eq. (4.78) pela (4.77) teremos:


U, As BM CG Dy Uz

Poa AQ B,€ Puto


vB
do (4.80)
2 O
UV B
Se considerarmos o quadripolo da Fig. 4.6 em curto-circuito nos ter-
Fig. 4.11 — Dois quadripolos em paralelo. minais 1, a Eq. (4.30) nos permitirá escrever:

Á U, = 0— B h
No início deste item foi mencionada a possibilidade de se definir o
quadripolo através de seis pares de equações inter-relacionadas. Atéo ” » e. . 4

presente lançamos mão de apenas um par; o segundo será: ho A mig=- =. (4.81)


Us B B
Í = Yi Us + Yy Da (4.754)
e igualmente da Eq. (4.30):
L = Ya 0 + Ya Us (4.75b)
NA = B 1

que, em forma matricial, é: ( Á

1] [E E] [5] | da Eg. (4.33):


| Po Va) Li “o .
- . = . . . . 4.76 À
i, = D ta;
q
7 arma eee
= cima
140 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4

logo,

b
' b
I —
,

dividindo 1, por U., como 4 = D, encontraremos:

Í 1
Yu = To = (4.82)

e e
A Eq. (4.76) torna-se então:

R
1 'b 1 0:
BB

meme
1 A .
fa é TE Va
ou

= FI]. (4.83)
Uma vez que [7] = [Y][U]e [7] = [Y'"] [U], no caso dos quadripo-
los em paralelo nós temos que:

h= if +h' e L= bo! + dy

Ed = [ID + YU] = [+ PU) (4.844)


que, desenvolvida, nos dá:
.
Di, D 1 1
Bi Bs Bi: Bo

= (4.84b)
” - 1 1 Ás: Ao JF

“o ? B) Bo B, Bo ?
E

Os parâmetros do quadripolo composto serão:


rm

DD D
Fu = = + 2 = ——
:

B; Bs B
ou
mio

o à o
Á == AsBo + Bis (4.854)
B, + B,
sense
FRANSMISSÃO CAP. 4

Tabela 4.34 — Constantes Generalizadas de Associações de Quadripolos

. EQUAÇÕES GERAIS DAS CONSTANTES GENERALIZADAS


Nº TIPO DE REDE CIRCUITOS
y A B c D
5
1 | IMPEDÂNCIA EM SÉRIE AMA EO us 1 z o 1

(4.82) - -
: 2 ADMITANCIA EM DERIVAÇÃO u, Y Us 1 o Y 4

. f Zy Yr ZrYr z Y
DU. 3 | TRANSFORMADOR- CIRCUITO ——— Ut! Y 5
T T

. 3a | TRANSFORMADOR
- CIRCUITO (q) t ZT Yr 1+ 27 YT

Us

3b| TRANSFORMADOR- CIRCUITO tb) 1+Z7 Yr Z1 Yr 1


(4.83)

caso dos quadripo- 3c | RELAÇÃO DE TRANSFORMAÇÃO s o o N

“ecosh ZY= -
- - zy 22 y2 Sa, [É semzys .
4 | LINHA DE TRANSMISSÃO HOMOGÊNEA LS tam to ev ll, 2x2 |VZ 1 gey2 COMO “A”
. 6 I20 arte + 20 +"
7
[U] (4.844)
«
5 | CASO GERAL (NETWORK)
u u
t 2 A 8 e 2
. - U — U .
6 | REDE EM SÉRIE COM IMPEDÂNCIA fa ac bp —Zo | A 8,+AZp C D/+ €4 22

U, - . Uí nm Us
7 | IMPEDÂNCIA EM SÉRIE COM REDE ——Lz |——a
Br dC] are z B1+ D,Z; Ca da
(4.84b) REDE EM SÉRIE COM TRANSFORMADORES EM | y, = ua Br AZT2 + DZr1+
. 8 | AMBAS AS EXTREMIDADES-IMPEDÊNCIAS REFE-|—— [4,8 DHT E ane zm Cro? G Dytc Zr,
Us 1 RIDAS AO LADO DA AT. 1, To Rn
x REDE EM SÉRIE COM TRANSFORMADORES EM 7 LB +AZyo +
AMBAS AS EXTREMIDADES- TRANSFORMADORES T
A BE REM cz Ton do
9 | TENDO RELAÇÕES DE TRANSFORMAÇÃO To E 3 18,044 To (A SZT) ei Ta T To (Dt SsZra)
Tr REFERIDAS AO LADO DA BT. z ZtTo + DiZ7, +CiZra Za)

(4.854)
Tabela 4.3b — Constantes Ceneralizadas de Associações de Quadripolos

EQUAÇÕES GERAIS DAS CONSTANTES GENERALIZADAS


DE REDE CIRCUITOS D
Nº TIPO Â B Ç

AB, C, D
C1+ Diva D|
REDE GERAL E ADMITÂNCIA EM DERIVAÇÃO A+BY2
1* By 8
10 | unTO AO RECEPTOR. U

LA

EM DERIVAÇÃO A B Ci+ A, AshY D+1* Bj Bi Y


RÉDE GERAL E ADMITÂNCIA 1 1 1?
ti | JUNTO AO TRANSMISSOR.

CjtAY* DD Vat
a - A+ BY
REDE GERAL E ADMITÂNGIAS E DERIVAÇÃO oct t2 8, + B,Y5Y
B,Y2% D+ Bj Y4
t2 EM AMBAS AS EXTREMIDADES

Bj Ao + Dj Ba AjCo + CG Da B C2 + D, Da
Ao B2 C2 D2|JA, B, €; Dy AjÃo + €4 Ba
13 | DUAS REDES EM CASCATA.

DUAS REDES EM SÉRIE COM ADMITÂNCIA |U (ã> B2C2D2] Uz -


|B,Az+D/B2+D,A2Z |AsC2 +C/D2+CyCoZ |By CatDy Dat Dy CoZ
Aa BaCaD2 A1B,€, O A, A2+C1/B2*C/A2Z
14 INTERMEDIÁRIA.

. , Day
DUAS REDES EM SÉRIE COM ADMITÂNCIA | Az* D/B2*+ By BoY|AsCo +C/D2? Ay DaY |BiC2*+D Da+8
AAo*C,B9* A Bo Y
15 | NTERMEDIÁRIA.

(A Agtt;
As3 !tAj Bo)+
Ao+C, Po Aa(B/A 5+D,My 02
Bo)+ | CalA/A ZtcC;B
31h, Az tc, B2)+ | C3ib, Aa5+0D,8 2)+
Ca(B,A>
-
3tB,Ã2* ! t
16 | TRÊS REDES EM CASCATA. C,D2) |+ BslByCat Di Dao) | +DalAjCa+C Da) |+ D; (ByC2+Dy Do)
uy va) + Bs (AjC+2
c;+ cat R
[A, 8, C4D4] Bo
Be Tas aca)Ao 1D2-D1) Bida + D Bo |
E
Ay Bo+ By 42 2- Ds
17 7 | DUAS AS REDES
RE EM PARALE LO.
B,+ B2 B, + Ba
- A282C2D

TRANSMISSION AND DISTRIBUTION REFERENCE BOOK. 4º ED. CAP.X -


REFERÊNCIA - VETORIALMENTE A CORRENTE DO RECEPTOR;
DOS TRANSFORMADORES JUNTO AO RECEPTOR DEVE SER SOMADA
1) A CORRENTE DE MAGNETIZAÇÃO
JUNTO AO TRANSMISSOR DE VE SER ADICIONADA A CORRENTE NO TRANSMISSOR.
AQUELA DOS TRANSFORMADORES
2) AS CORRENTES A, B, € e D CONSTANTES DAS TABELAS SÃO NÚMEROS COMPLEXOS.
141
4.3 — LINHAS DE TRANSMISSÃO COMO QUADRIPOLOS
. |
1 Y --(> +51 )--%B1
: o - : :
2
1
BB
|

| : l.
Cc. o
B= Br Bo (4.85b)
B;+ B;

1 1
| Ya =
= (5 + =)
Ta
t
ou

— Ao) (Do — D:) (4.850)


C+CG +
(As

B;+ Bo,

: À | À Á
-=o— (& pá) =0— =."
Vos
B. B; B

ou
e D — DB: + DaBy . . (4.85d)
;
|

| B; + B,
E| lo o em sistemas de
As demais conexões apresentam menor valor prátic
as. Na Tab. (4.3) en-
|| | energia, de forma que deixaremos de recapitulá-l
s das constantes dos qua-
| | contram-se expressões para o cálculo de valore
| " dripolos compostos.

! a | 4.3.5 — Linha Artificial


Jl :

Quando, através de modelos elétricos, se deseja analisar fenômenos


priados, pois, neste
transitórios, os circuitos Il ou T equivalentes são inapro
real da distri buição dos parâme tros ao longo da linha é im-
— caso, O efeito
no - portante.
a então às chamadas iinhas artificiais, compostas de um
Recorre-se Cada célula
relativamente grande de células, ligadas em série.
número
de comprimento
poderá representar o circuito Pi nominal de um trecho
determinado, como mostra a Fig. 4.12. Sendo:

d;= £n e pe,
: a n
entar de 20 a 25 [km] de
cada célula, neste caso, será calculada para repres ;
linha.
143
PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.4 — RELAÇÕES DE POTÊNCIA
142 CÁLCULO

Zan Zn zy, Z Za Zn Fan Na prática da indústria da energia elétrica, as cargas são especificadas
s apa-
em termos de demandas em potências ativas e reativas, ou potência
ra correspondentes. Essas demandas,
k rentes e seus fatores de potência
&n vo mDizo variam também com o valor da tensão aplicada, porém,
u rn Yn £n 0n 2]n evidentemente,
são especificadas em correspondência às tensões
para efeito de cálculo,
t dos sistemas.
pa | nominais
os obter
A partir das equações anteriormente desenvolvidas, poderem
LZn

L potência s ativas, reativas ou aparente s, no


equações que relacionem as
receptor com as tensões aí existente s. 4
transmissor ou no
a) Circuito equivalente a aparente
Empregaremos, para tanto, como definição de potênci
aquela em vigor na indústria:

N=P+jg= Val [VAL (4.87)


om q Lo
à a B A B A B AB A B
u
U1 D D cb cD co Lo 2
sendo:
6 . Ra

— potência complexa por fase em um sistema trifásico;


N [VA]
b) Cascata de quadripotos P [W] — potência ativa por fase,

Fig. 4.12 — Circuito de linha artificial. Q [VAR] — potência reativa por fase;

Ú, [VI — fasor da tensão entre fase e neutro;


O modelo matemático conveniente para as linhas artificiais pode ser
derivado pela associação em cascata de n quadripolos parciais iguais, cada To [A] — da
eonjugado corrente.
qual. representando !/n quilômetros de linha. Neste caso, cada quadripolo
parcial poderá representar um circuito Pi nominal ou Tee nominal, tam-
bém de 20 a 25 [km] de linha.
4.4.1 — Relações de Potências no Receptor

44 — RELAÇÕES DE POTÊNCIA NAS LINHAS DE TRANSMIS-


SAO Retomemos as equações dos quadripolos:

DU, = AU, + BL, (Eq. 4.30)


Ao estabelecer os circuitos equivalentes e modelos matemáticos das
linhas, através de relações entre tensões e correntes, admitimos as linhas
terminadas em impedâncias. Estas últimas podem ser definidas pelaf que dividimos por B e de que extraífmos o valor de I., ficando:
relação:
WU Á (4.88)
2 = 2 “2 Us,
Zo = Da, (4.86)
É
pode ser posta sob a seguinte forma, se tomarmos Us como
que também
As cargas alimentadas pelos sistemas elétricos comerciais servidos fasor de referência:
pelas linhas de transmissão são de tipo muito variado, compreendendo,
entre outras, de lampádas motores síncronos e assíncronos, aparelhos do- giBA-Ba),
mésticos e aparelhos comerciais, cujas impedâncias não somente não São h = E eit-BB) — Ao
especificadas, como também variam bastantes com o valor da tensão a que
são submetidos. Experiências efetuadas em sistemas reais mostram que
a representação por impedância é apenas aproximada. sendo 6 o ângulo de potência da linha, já definido anteriormente.
144 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP, 4 4.4 — RELAÇÕES DE POTÊNCIA 145 |

O conjugado da corrente: será: Neste último caso, sendo fixados valores para U:, P» e Q., podemos
empregar a expressão (4.95) obtida pela eliminação de 6 entre as Egs.
(4.91) e (4.92), a fim de obter o valor de Us:
L = e cibBA) — AU: eBB-BA), (4.89)
2 AU3 &
De acordo com a definição adotada:
E ás cos (8a — 84) | + [o + B sen 3-8] =

Ns = U; (S) cb) — as eso | [VA] - ( UjU» E (4.95)


(4.90) B . .

ou
Essa equação pode ser posta sob a seguinte forma:
U;U. AU3
P, = B ? cos (Bz — 0) — B cos (Be — Ba) [W] (4.91) 2 2 2B —
UZ + U2 - A Po cos (8 — Ba) + Qu sen (Bs — 84)

ala sen (Bs — 0) —. as


2
sen (6z — 84) [VAr]; (4.92)
“ Ui
2AB | + MB
AS go
0; (4.96
.96)

sendo dados Ps e Q», poderemos calcular o valor U, em função de U, e vice- fazendo-se:


-versa, desde que seja conhecido ou fixadoo ângulo 6. Este, como já U2
foi mencionado, sofre limitações por motivos de estabilidade dinâmica, b = SÊ [ pa cos (Ba — Ba) + Qusen (Bo — 80)
devendo, nos casos de linhas longas, não exceder: 30% de um modo geral, = 555
As Egs. (4.90), (4.91) e (4.92) contêm termos em que as tensões apa-
recem ou como produtos, ou elevadas ao quadrado. Em equações desse tipo, — Ni: Br
quando as tensões forem especificadas em kV, as potências calculadas o CRETA
automaticamente serão obtidas em MW. Tensões entre fases podem ser
usadas para se obterem potências trifásicas. a sua solução geral será:
As expressões (4.91) e (4.92) mostram que as potências ativas máxi-
mas transmissíveis para determinada relação entre — be vb — de
U; e U, ocorrem para U=+ (5 0
== B-

U,U AU
' para que o problema tenha solução aceitável, é preciso que:
Pomss =" E 2. B cos (Bs — Ba) [kW], (4:93)
b? — 4, >0.

à qual corresponde uma potência reativa: Das raízes reais deve ser aceita a maior.
A Fig. 4.13 mostra as curvas de variação das tensões no receptor de uma,
a - linha em função da variação das potências ativas e reativas no receptor,
Qomax = — dr sen (Bs — Ba) [EVAr]. (4.94) alimentado no transmissor por um barramento de tensão constante. Às
curvas demonstram claramente a possibilidade de existência de duas raízes
' para uma- mesma potência ativa transmitida, bem como os limites máxi-
A condição de operação na qual se fixam os valores de U, é Us. ocorre, mos de transmissão. A raiz menor não possui significado prático, pois
em geral, nas linhas de interligação de sistemas ou partes destes. No a operação com tensões baixas envolveria correntes elevadas e perdas
caso de linhas radiais, geralmente apenas U, é prefixado. inadmissíveis (ver Cap. 6).
146 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.4 — RELAÇÕES DE POTÊNCIA “447
to a go 2 e ag
Sa r ESõS Verificamos que os valores máximos ocorrem
se Pa [mw] para Bs + 0 = 180º:

Pinos = DEE cos (Bo— 89) — Lile pij


Uz
kv
151,8 (u0n)
138,0

t24,2
e

Qin = DEE sen (Bs — Bo) IVA)


11D,2

96,2

8
(aro
o, 5 o
0,4 “Às perdas de potência na transmissão serão, evidentemente, P, — P,.
o 2 up = 138 [kv]
s,2 e Q1 — Q», respectivamente.
' 5
ss Np= 104,2 4 Quando se trata de examinar um número maior de condições de
0.2 E. 76
ope-
ração de uma linha, variando-se os valores Pa, Q», U/ ou U,,
01 Os processos
s 3,8 analíticos tornam-se um tanto onerosos, pelo tempo emprega
do. Auti-.
lização de computadores digitais, ou de modelos elétricos,
o

é de grande valia
T 8 [P>| na solução desses problemas. Processos gráficos representam uma forma
o

bastante econômica de solução, como veremos.


Fig. 4.13 — Variação da tensão no receptor de uma linha com
tensão constante no trans-
missor,
4.4.3 — Perdas de Potência e Rendimento

4.4.2 — Relações de Potências no O rendimento de uma linha é definido como a relação porcentual da
Transmissor
diferença entre a potência ativa P, [kW], absorvida pela linha -no trans-
Da Eq. (4.38), da qual extraímos o valor missor, e a potência ativa P, [kW], por ela entregue no receptor com
de 1, após dividirmos todos re-
os Seus membros por B, obtemos: lação à potência P::
| bi .
li = + — z = DU; ep-8B) — 2 er Bt) nr = Ê — ds | 100 [%). (4.103)
. 1

ou
A diferença AP = P, — P, representa as perdas de potência duran-
h= DU, cibe-8p) — a ciento, te a transmissão, que são fundamentais na apreciação econômica da trans-
(4.97) missão. O rendimento poderá também ser definido como:.
logo,
a . . 2 7 = ( — Se) 100%. (4.1030)
s Ni= Ui = a eiêB-n) — “ah esto) [VA] (4.98) P) ,
e Às perdas de potência numa linha de transmissão podem ser consi-
deradas como sendo compostas de:
DU?
cos (Bs — Bp) — “UU
| — perdas
Pi= > — Bcos(Bs +60) [W) (4.99)
por efeito Joule nos condutores;
2 — perdas no dielétrico' entre condutores;
3 — perdas causadas por correntes de Foucault, e por histerese mag-
DUB UUD
(4.10- 0)
nética, na alma de aço de condutores e em peças metálica
Q = sen (8e— Bp)— sen (Br + 6) [VAr] linhas;
s próximas às

4 — perdas por circulação nos cabos pára-raios.


148 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 - 4.4 — RELAÇÕES DE POTÊNCIA 149

As perdas por efeito Joule estão presentes tanto nas linhas aéreas como As perdas de potência na transmissão serão:
nas linhas em cabos subterrâneos. Nestes, o cfeito de proximidade tende
a afetar significantemente seu valor. Elas representam a maior parcela AP = Re[N, — No] = Re [Ny] — ReINj] = P;— P,
das perdas nas linhas.
As perdas nos dielétricos entre condutores são encontrados tanto nas AQ = Im [N, — No) = ImIN)-— ImiN]=Q- q
linhas aéreas como nas subterrâneas. Nas primeiras, elas se restringem
quase exclusivamente às perdas devidas ao efeito Corona, podendo ser logo,
acrescidas das perdas dielétricas dos isoladores. Nas linhas subterrâneas, 2
além das perdas por efeito Corona, há ainda as perdas provocadas pelas 12
AP=P-P,=
correntes de escape ou de absorção do dielétrico. B
UiD cos (8p — Bp) + Vad
B
As perdas do terceiro grupo são predominantes nos cabos subterrâneos,
porém nas linhas aéreas ocorrem também, principalmente na alma dos oU
cabos ACSR. cos (Bz — Ba) — se cosfz cosó (4.107)
O cálculo das perdas por Corona e nos isoladores será discutido minu-
ciosamente no Cap. 10. Cabem aqui, no entanto, alguns esclarecimentos
acerca das perdas por efeito: Joule. AQ = Q—- Qu =
UID Ê
B sen (8 — Bp) + Usa.
Nas linhas em que podemos considerar o valor da corrente constante B
ao longo de todo o seu comprimento, as perdas por efeito Joule podem se
calculadas por: 2
sen (Ss — 84) — oa cosfs senê.
(4.108)
AP =3-:1085 Pri [kW], (4.104)
AQ [VAR] representa a energia de que a linha necessita para a manu-
na qual 7 [A] é a corrente que percorre a linha, r [ohm/km], a resistência tenção de seus campos elétricos e magnéticos. Pode ser positivo, o que
efetiva dos condutores e ? [km], o seu comprimento. (O cálculo r é dis- significa que a energia reativa necessária ao seu funcionamento provém
cutido no Cap. 9.) dos sistemas interligados pela linha. Pode ser também negativo, o que
No entanto, conforme vimos, o valor da corrente nas linhas varia de indica que a linha está gerando energia reativa, que fornece aos sistemas.
ponto a ponto. Em linhas longas, essa variação pode comprometer a Somente será nulo em caso de operação com potência característica.
precisão desejada se a Eq. (4.104) for usada.
“Nesses casos é preferível efetuar os cálculos partindo-se das Egs. (4.90)
4.4.4 — Emprego de Grandezas Relativas
e (4.98), e nestas também o efeito- das perdas por dispersão é implícito nos
valores calculados das constantes 4, Be D (através de Z. ey). Separan-
do reais e imaginários nessas equações, teremos: O emprego das grandezas relativas, em particular o sistema Por Uni-
dade, é bastante vantajoso nos cálculos de linhas de transmissão em,
geral,
e em particular para o emprego das equações das potências desde
1D UU | bases sejam convenientemente escolhidas.
que as
Ni= Phi = 5 cos (Bs
— fp) — A cos (Ba
+ 6) +
Aconselham-se as seguintes bases:
2 a — das tensões Us = U, [V];
+34 | o sen (8e — BD) — e sen (8 + 0)| (4.105)
b — das impedâncias Zs = B [9].
Nessas condições, a base das potências será:
, USA UU
No = PrthjiQo= — a cos (Bs — 84) + 5”
B
U2
Np = B [VA]. (4109
cos (Ba + 0) — j [US sen (9a + 8a) + SDS
2 7

sen (Bs — o)| (4.106)


Se Us for especificado em KV, Ns ficará definido em MW.
150 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.5 —- MODELOS MATEMÁTICOS DE LINHAS TRIFÁSICAS AB1

Dividindo as equações anteriormente deduzidas, teremos, para 4.5 — MODELOS MATEMÁTICOS DE LINHAS TRIFÁSICAS
Us = U qualquer:

[Pol = [Url | Usl cos (8a — 6) — A [Us]? cos (Bs — 89) pu Para a análise de determinados fenômenos relacionados com as linhas
de transmissão, nos quais o desequilíbrio elétrico e magnético existente ao
|O» elsen (Bs — 0) — A |Uo|2sen (Bs — 84) pu longo das linhas é fator importante, surge a necessidade da representação
das linhas por seus modelos matemáticos trifásicos, ou seja, sua configu-.
|Pomás| = [Us [U,] — A |Us|? cos (Bs — 84) pu ração trifásica deve ser evidenciada,
Os modelos anteriormente desenvolvidos pressupunham equilíbrio ..av
|Qomes| = — A | Us]? sen (Bs =— Ba) pu
eletromagnético tal que as três fases de um circuito podiam ser represen-”
[Pil=D|Ui|? cos(Bs — 85) pu tadas por um circuito unipolar. Os mesmos modelos, desde que conve-
nientemente adaptados, podem ser usados nas representações trifásicas.
[Qu = D|Us|2? sen (Bs — 85) — [Us | | Uslsen (85 +60) pu Como veremos mais adiante, os parâmetros elétricos e magnéticos
das linhas de um sistema de vários condutores podem ser definidos atra-
|Pimás| = D| Ui]? cos (Bz — 8») — [Ui | | Us| pu vés de um par de matrizes de ordem 3 X 3:
|Omsz| = D|Ui|?
sen (Bs — 8p) pu a — matriz das impedâncias:

|AP| = D| Us]? cos (Bs — Bp) + AlUa|? cos (Bs — B4) — E] = [+ je) e [2] = [RI + jIXO:
— 2]U;| |U,| cosês cosê pu b — matriz das admitâncias:
140|= D|U:|? sen (85 — 8») + A] Us]? sen (Bs — 84) — [1 = [9] +j [b] e [Y] = [G] + [B]
- 2]Ui;||V.] cosz senf pu.
Nessas condições, poderemos, por exemplo, representar uma linha
Se especificarmos a tensão no receptor como a tensão entre fases Uas média por seu cireuito Pi nominal, como na Fig. 4.14.

E
e escolhermos essa tensão como a base das tensões, teremos:

2 AVBI Ua
Ne = Zs — 82 IVA] -—— [4] [n] [x] [e]
uu

— (Ua9?
3N'B Ze | [VAL

A, base da potência é, agora, igual a três vezes a base da potência de uma


das fases do sistema trifásico. Uma grandeza em pu multiplicada por -
essa base será, portanto, referida ao sistema trifásico e não somente a uma
das fases. Fig. 4.14 — Circuito simplificado de linha trijásica.
Portanto, empregando o sistema por unidade nas equações das potências,
podemos escolher como base das tensões o valor da tensão entre fases no
O modelo matemático correspondente poderá ser deduzido da forma
receptor — Uso, em volts ou quilovolts. A base das polências será
convencional, apenas usando os recursos da álgebra matricial. Teremos:
uma base em W ou em MW, de potências trifásicas.
Qualquer valor em pu obtido nos cálculos, multiplicado
potências, será potência das três fases do sistema.
por essa base de
LU] = [+ 2] | [o] + [2] o) (4.110)
152 CÂLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP, 4 4.6 — EXERCICIOS . 153

Li = [É] +[5| lin + à] E) fue +


. Y 4 . Y .
ha o BJj load ledf [load led| Jlad bel
u,
le) [Ill [odp o dled fodt died [Dto
+ ln + [5] à Ho)- (4.111)

“As constantes generalizadas das linhas serão, nesse caso, matrizes de | [A] [8] |
constantes. O modelo matemático da linha trifásica, em termos de cons- U, Us
tantes generalizadas, será: Lo dt] [Dto os

[Ud = [ÁJIOs) + [B] [io] (4.112)


Fig. 4.15 — Modelo de linha trijásica longa.

Li] = [6 [05] + [DJ [is] (4.113)


A matriz do quadripolo trifásico resultante será:
ou
: R al à, ár à

[VU]
|, | = ls
[Lá [8]
1 [ti |
[IUA
(4.114)
res tm) = ico tó) é liês 15 a [6
[ABI]
15. (4.116)

Nessas equações, [4], [B], [0] e [D] são matrizes 8 X 3 € [Ui], [Us], 4.6 — EXERCÍCIOS
[7] e [7,5] são vetores. Para o circuito Pi temos:

1. Uma linha de transmissão trifásica possui os seguintes parâme-


(dy = + ta [5]Y (4.159) tros elétricos:

r 0,107 [ohm/km]:

h
[B] = [Z] (4.115)
L 1,355 ImH/km];

C = 0,00845 [uF/km];
[É] = | + [É mà ES! (4.1150)
f =60 [Hz].

Sendo o seu comprimento de 100 [km], fazer sua representação através


[D] = [1] + [| [2] (4.115d) de seus circuitos nominais. Teremos:

Em se tratando de linhas longas, não é prático procurar determinar 1 A Impedância total


ai

“ as matrizes para as constantes generalizadas em virtude das dificuldades


matemáticas que serão encontradas. E preferível usar como modelo a Z = 100 (0,107 + 91,855 X 10º - 277);
linha artificial trifásica, com elementos| |de 20 a 25 [lim] de comprimento,
como mostra a Fig. 4.15. É Z = 10,7 + 551,08 = 52,19 781º [ohm].
4.6 — EXERCICIOS
154 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DF: TRANSMISSÃ 155
CAP,
O 4
são dados:
2 — Admitância total

Y = juCl=j2mf- 0,00845 - 10-5 - 100; Ú, = E = 77,942 1º [kV];


Y = 40,8186 - 10-3 [siemens].
Teremos: No = (0,95 + 50,3122) = 15,833 + 75,208 [IMVA];

No = 16,666 e!82º [MVA] = 16 666 et82º [kVA];


16,666 e-182
= 218,826 e182º [A].
ha 77 949 efo

Temos, portanto:

ZY = 52,19 esa. 0,3186 - 10-30 = 0,016627 estssar,


ZY = — 0,01675 + j0,00341:
Fig. 4.16 — Circuito Tee nominal.
A = — 0,008375 + 30,00170;
s2, 9a! j78rº
2 = — 0,004188 “+ 70,00085;
Tab

ioIsos x10? j0,1593 x 10 3 logo,

77 942 (0,991625 + 70,0017) +

Aa,

k
+ 213,826 e182º . 52,19 e7817º (0,0995812 +:50,00085)
Fig. 4.17 — Circuito w nominal.
U, = 82858,47 + j9 749 |
2. Sendo a tensão no barramento receptor igual a 135 [kV], quando UV, = 83430 een [v].
a carga no sistema é de 50 MVA sob cosé = 0,95 (IND), calcular
a ten-
são no barramento do transmissor, bem como a potência entregue A tensão no barramento no transmissor será:
à linha,
empregando os métodos Pi; nominal e Tee nominal. Calcular a regula-
ção e o rendimento da transmissão. Comparar os resultados. US = 144505 [V] entre fases;

I — Método
a regulação da linha será:
Tee Nominal

Teremos, de acordo com


100(U, — Us») | (83480 — 77942) 100
a Ea. (4.18):
Reg = Us 77 942
Ve 0, (1 + +) + LZ (1 + E) [V]; (Eq. 4.18) Reg = 7,04%.
156 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.6 . EXERCÍCIOS 157

Pela Eq. (4.19), temos: A tensão entre fases no barramento do transmissor será:

UÊ = 144587,61 [VI]:
h=dirh(+ 2) [A]
a regulação da linha será de:

1, = 77942€º - 0,8186 - 103 eis9º + 213,826 e-182 (0,991625 + 0,0017) 100 (U, — Us) o
Reg = T;
h = 201 541 — j41 048
1/ 83476,98 — 77 942
h = 205679 its TA), Reg = 100( SEIS S Tr oa) = 7,10%.

A potência entregue à linha será: Igualmente:

“Ni= Uh = 83430 87º . 205 679 etitteis li= UsY ( + ) +1, (1 +) [4] (Eq. 4.21)
Ny = 17 159,8 els2z2sº [EVA]
L = 77 942.€ . 0,8186 + 10º e'% (0,995812 + ;0,00085) +
ou

P; = 16299 [kW] + 213,826 e182 (0,99162 + 70,0017)

Q1 = 5 365,9 [kVAr]. h 205,68 eins? [A],


Para as três fases, teremos: A potência entregue à linha, por fase, será:

Nº = 50400 [kVA]: Ni = Uil = 83 476,98 eistst . 205,68 etntsa


H

Q = 16098 [kVArl; Ni = 17169,54 els2is [kVA]

Pº = 48898 [kW]. P, = 16 308,55 [kW]

II — Método Pi Nominal Q1 = 5 383,99 [kVAr]

Aplicamos as expressões do Item 4.2.8: e us potências trifásicas totais serão:

Nº = 51 508,62 [kVA];
V= 0; (1 «) +Z1 [V]. (Eq. 4.20)
P3 = 48 910,65 [kW]:
Qi = 16 151,20 [EVAr]).

i
Temos:
Comentário
Us = 77 942 e? (0,991865 + 70,0017) + 52,19 MSI. 213,896 e 182º
Através dos resultados numéricos obtidos, verificamos que ambos
U,= 82 901,0 +79 789,287 [V] os circuitos podem representar a mesma linha, pois são mínimas as dife-
renças entre os valores encontrados. Observamos também que a linha
Ú; 83 476,98 eos [V] necessita de 542,2 [kVAr] do sistema alimentador para o seu funciona-
h

Doo
158 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4
4.6 — EXERCICIOS
AB9
mento. Está, portanto, operando com carga maior do que a sua potência
natural. Essa corrente, ao atravessar a impedância, provoca a queda de tensão,
Z1Ja», representada pelo triângulo rst, que é adicionada vetorialmente a
é 3. Determinar o rendimento da transmissão do exercício anterior. U, para que obtenhamos:
“Eemos:
Ui = Us + Zlo = 7794200 + 59,19 61817. 910,270 gatos
n o= 100 (1 - 25)
P;- fe) %
U, = 82 892,71 + 79 794,37 = 83 469,342 81º [V].
1 — Circuito Tee Nominal
No ponto a, uma corrente em derivação: . e
48 898 — 47 500
= 100 (1- 48 808 ); = 0 + = 83 469,342 eis . 10,1598 - 103 = 13,364 eita
1 = 97,14%.

2 — Circuito P; Nominal
Lo=— 1,568 +713,272 = 13,364 eso [4]
n = 100 (1 — 48 910,65 — 47 o | . atravessa
DN
a admitância
4
2" Essa corrente,
.
somada a Ia; nos dá o
48 910,65 t
valor da corrente no transmissor:
7 = 97,12%.
dy = La + UsY, = 208,129 — 54,369 — 1,586 + 713,272
4. Construir, sem escala, os diagramas vetoriais da linha do Exerc. 2.
Solução Íy = 201,548 — 41,097 = 205,69 esttseº [A],
Para cada um dos circuitos equivalentes o diagrama vetorial será
diferente. Desenvolveremos,
A Fig. 4.17 mostra o diagrama vetorial obtido dessa forma. A so-
a título de exercício, o diagrama do cir- lução literal do problema, na mesma ordem acima indicada, para a obten-
cuito Pz; nominal, deixando para o estudante o desenvolvimento do dia-
ção dos valores U; e 15, nos permitiria chegar às Egs. (4.20) e (4.21).
grama do circuito Tee nominal.
O fasor de referência será U, = Up, e. Para a construção do mesmo,
iniciamos colocando sobre o papel U, e 1, = 1,eit2. Observando seu
circuito equivalente na Fig. 4.4, desde o receptor, verificamos que no

I2,416 e 190
j9674*
ponto b temos. uma corrente através da admitância 2:
3,3646

I, = Da — = 77 942,00 - ;0,1518 - 10º = 12,416 [A].


Ig”

Essa corrente, somada vetorialmente à corrente 1.,, nos dá a corrente Ja


através da impedância Z:

lo = Io + Ds - = 213,826 182º 1 12,416 280º

Ia = 208,129 — 54,369 = 210,279 esttssso [A], . Fig. 4.18


— Diagrama vetorial do circuito Pi da linha do Exere. 4.
E
160 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.6 — EXERCÍCIOS 161

Comentário = 2 1967061 g1SI7 [A].


gire =1 526,54
o 52,19
Se observarmos os valores relativos das tensões, quedas de tensões z

e correntes, verificaremos facilmente a inviabilidade prática do uso de


escalas neste tipo de diagramas, que, portanto, não se prestam a cálculos Comentário
gráficos.
1 — Na linha de 100 [km] de comprimento, o efeito Ferranti é muito
5. Sea linha do Exerce. 2 estiver absorvendo uma potência de 50 000 pequeno, da ordem de 0,84%, apenas.
[EVA] sob cosg; = 1, qual o valor da tensão no receptor e qual a potência º 2 — À corrente de carga também é relativamente baixa com
complexa da carga, quando a tensão no barramento alimentador for man- rela-
ção à corrente no transmissor quando a linha transmite 50 MW,
“tida constante e igual a 138 [kV]? |Empregar os métodos Tee nominal com
144,587 [kV] no transmissor. De fato, corresponde a 12,3% de seu-valor.
e P; nominal,
3 — A corrente de curto-circuito no receptor é elevada, cerca
de
6. Qualo valor da tensão em vazio no receptore a corrente de carga 7 (sete) vezes a corrente de operação em carga, com 50 MVA.
da linha do Exerce. 1, quando a tensão no barramento alimentador for O &— Aconselhamos ao estudante repetir o exercício, empregando o
igual a 138 [KV]? Qual a corrente de curto-circuito no receptor, quando cireuito Tee nominal e comparar os resultados.
a tensão mantida no transmissor igual a 138 [kV]?
Solução 7. Calcular a linha do Exerce. 1 como tinha curta nas condições
do Exerc. 2. Comparar e comentar os resultados.
1 — Para determinar a tensão no receptor com a linha em vazio,
na Eq. (4.20) fazemos fo = 0, ficando:
8. Para a linha de transmissão, cujas características estão relacio-
. ) 1 nadas mais abaixo, desejamos conhecer os seguintes elementos:
A 9 -b (1727)
ZY. 6. 1 — tensão no transmissor quando, a linha opera com 50%, 100
e % Tor
150% da sua potência natural;
2 — rendimento e regulação;
Introduzindo os valores numéricos, obtemos:
3 — perdas de energia reativa;
1
Us = 79,670 (rasas a) 4 — tensão em vazio e corrente de carga da linha,

Características da linha:
Us, = 80 343 eiooss? [V],
a — tensão no receptor Us, = 218 [kV]; ,
2 — Empregamos a Eg. (4.21) na linha em vazio; temos .=0.
A Eq. (4.21) se torna: b — comprimento | = 180 [km];
c — parâmetros elétricos: r = 0,107 [Q/km];
º — Iy= UaY (1 +20) [A]. L 1,355 + 103 [H/km]; x1> Às

Introduzindo os valores numéricos: c 0,0083845 - 10-% [F/km]; ses 30% 1

d— frequência, f = 60 [Hg];
ho = 79 670 e? - 0,9186 - 10-3 e7º - (0,995812 + 40,00085),
Comentar os resultados.
ou seja:
ho = 25,276 eis00s [A]. 9. Uma linha de transmissão de 138 [kV] radial tem um comprimento
de 50 [km]. É alimentada por um barramento de tensão
3 — Na Eq. (4.20), se fizermos Us, = 0, teremos a corrente de curto- constante e
igual a 132 [kV]. Sendo a demanda do sistema receptor igual a 50 MVA
-cireuito no receptor: sob cos &s= 0,80, qual a tensão no receptor e a corrente na linha?
162 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.6 — EXERCÍCIOS X

São suas características: que introduzimos na equação acima, para obter:


r = 0,192 [ohm/kEm]; P 2

US — [US — 2(PaR +| Qu] US 4 (Rº + 29 ( E)-0.


cosgo / .
“1 = 0,492 [ohm/km],
Solução Chamando

Z = 50 (0,192 + 50,492) = 9,6 + 724,6 [ohm]. Ui- APRA-QX) = A

Não lançaremos mão das equações deduzidas no Item 4.4.1 (Eq. 4.96)
(e + xp (a) 8,
2

para resolver este caso, que é bastante simples, por sc tratar de linha curta. cos da
Retomemos o diagrama vetorial da linha curta — Fig. 42 — e vamos
desenhá-lo da forma indicada na Fig. 4.18, isto é, tomando 1 como fasor a equação se torna:
de referência.
Ui -AUS+B=O,
cuja solução será:

U, = + qAddxd(A? ct,
— 4B.

que, como vemos, é uma equação biquadrada, como era de se esperar


Numericamente, teremos:

º A =- (15)
8 - 9 o 09, +30 : 24,6)
3 = 5060

Fig. 4.19 — Linha curta operando com carga.


40 2
08 X3 )
B == [(9,6)? + (24,6)?]Mi ( DO - 0,1937 . 10 8

Do diagrama, obtemos:

UA cosdi = Us cos do + IR Us, = +


ME 060 + (5 060)? — 4 - 0,1987 -10º
.
2
Ussend = Us sendo + x.
Us! = 70,862 [kV]
Elevando ambas as expressões ao quadrado e somando-as, obtemos:
Us” = 6,211 [kV].
U3 + SU» (R cosda + Xr sendo) +(R + XDI— Ul= 0; Devemos aceitar como válida apenas a raiz maior, positiva.
como, por outro lado, A tensão entre fases será:

P Q Uso = 122 737 [Xv]


1= VU, cos —o U.sengs
A corrente na linha será:

P
N 50 000 e-388:57º e? 7º TA].
[4]
Ingo, cosa = TU; e sendo = (e
70,862 - 3 = 235,20 38
'2 Us, o
164 “CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.6 — EXERCÍCIOS o 165

Para determinar o defasamento entre 1 e Us, faremos: Comentário

Uj= Us + IZ = 70862,00 + 285,20 estos . 26,41 cissos Uma solução rigorosa para este caso só é possível através de processos
iterativos, como, por exemplo, aqueles usados em técnicas de estudos
0, = 76 210,1 eitss, de fluxos de carga. Uma forma de solução viável é a seguinte:
a — consideram-se as cargas concentradas em a acrescidas das per-
O ângulo de potência na linha será 6 = 2,46º. das IºR nos trechos a — be & — c, caleulando-se então a tensão em a; as
O ângulo do fator de potência no transmissor será: perdas são calculadas em função das correntes nos dois trechos, admitin-
do-se tensão nominal;
di= db =0=gj36,87-+ 2,46º=39,33º. b — repete-se o mesmo processo, concentrando as cargas de b ce «
em b, acrescidas das perdas entre b — c, e determina-se o valor da tensão
10. Uma linha radial de 230 [kV] é alimentada através de um bar- em b, usando como U, a tensão calculada em a;
ramento de tensão constante e igual a 223 [kV]. Ela alimenta três cargas,
respectivamente de 35, 40 e 42 [MW], cujos fatores de potência são 85% e — com a tensão calculada em b determina-se a tensão em c;
80% e 90%, Como mostra a Fig. 4.20, na qual estão indicadas as distân- d — com as tensões assim calculadas, calculam-se as correntes nos
cias entre subestações. São as seguintes as características da linha: dois trechos de linhas e as perdas correspondentes;
e — havendo divergências entre as perdas calculadas e aquelas ado- |
r = 0,107 [Q/km]; tadas, repetem-se os itens q, b, c e d, com as perdas calculadas em d, até
que haja razoável convergência.
L = 1,355 10º [H/km];
1. Para que a tensão no barramento « do Exerce. 10 possa ser man-
C = 0,00845 - 10-8 [E/km]; tida a 215 [kV], qual deverá ser a tensão no transmissor?
f = 60 [Hal. 12. Uma linha dé transmissão da classe de 230 [kV] tem um com-
primento de 362 [km] e entrega no receptor uma potência de 150 [MVA]
sob fator de potência de 90% (IND) com a tensão de 200 [kV] entre fases.
Freqiiência 60 [Hz]. Pelo processo exato, determinar U, 1, Ni, bem
como o rendimento na transmissão. São dados:
=
S 25 Km 28 Km 47 Km
p 0,107 [ohm/km];

l
L 1,855 X 103 [H/km];

t
q , "

Up = 223 KV
Í 60 [Hz].

Il
Solução
35 MW 40 MW 42 MW
Empregaremos as expressões:
Fig. 4.20 — Linha do Exerce. 10.
Uj= Us cosh Yl + I,Z. senh Yl (Eg. 4.3)
.
L 7

Determinar:
Í, = 1, cosh Yi + senh Yi. (Eq. 4.4)
a — tensões em: cada um dos barramentos alimentados;
b — correntes na linha em cada um dos trechos;
Temos:
ce — perdas de energia em cada um dos trechos;
“4 — fator de potência no transmissor. Ze=NVZY e Y=v'ZY
166 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO 4.6 — EXERCÍCIOS . 167
CAP. 4

é = 0,107 + ju 1,355 X 10º 0,107 + 30,51 [ohm/km]


100 (285 220 — 200 000)
Reg =
200 000
2 = 0,522 e782º [ohm/km]
Reg = 42,6%.
y=0+gjwX 0,0085 X 108 = O + 53,186 X 10º [siemens/km]
Temos também:
y = 3,186 X 10º 6º [siemens/km]); 115 200 e?
Il, = 433 858º . 0,899 etilas 4 5 0,451 6885
“AQ4, 774 6

Yl = 362 40,522 782 X 3,185 X 105 650 “|, = 887,492 2442 4 198,356 604º

Yl = 0,467 681º 0,0480 + 50,465 1, = 351,931 — 31,845 = 858,87 ist [A].


- À potência absorvida pela linha será:

do É Siena Ni = Usly = 164672 e:254º . 353,37 et?


O Mg O Na86 X 105 em" = AbiTd eis, N 58 190,14 e2857 = 51 104,53 + 527828,39.
Dos dados do problema:
Nas três fases: '
U, = 20.ei
= = 115,47 gro? [kv] Ni = 174570 [kVA];

“ Pi = 158318,59 [kW];
L = 150 000 erizséo = 488 —325,80 .
20 3200 — te LAI. Qi = 83485,17 [kVAr),
Temos | ainda: o rendimento da transmissão é:

cosh *yl = cos h(0,0481 + 30,465) = 0,8949 + 50,0215 = 0,895 eilst 153 313,59 — 135 000
7 = 100 (1 — T 158313,59 )
senh Yl = senh(0,0481 + 0,465) = 0,0429 + j0,449 = 0,451 eit4s;
logo,
n = 88,05%.
Reativo consumido pela linha:
0, = 115470 eº X 0,895 eibis 4

+ 48358 X 404, 774 9 X 0,45] eittsº AQ = Q1 — Qs = 83485,17 — 65 284,66 = 8 342 [kVAr].


U; = 151 106,50 + 65 450,98 Comentário
Ú, = 164672 eso [y]
A regulação da linha é elevada demais para fins práticos. Para que
Us, = 285 220 [kV]. possa operar, terá que ser feita alguma compensação (ver Cap. 6) para
melhorar a sua regulação. Seu rendimento, considerando o seu cora-
A regulação da linha é de: primento, é aceitável, como é aceitável seu consumo de reativo.
cremenientamiá
168 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.6 — EXERCICIOS 169
13. Considere novamente a linha do Exerce. 4.8.11: 0,451 eb
Z7 = 188,964A é pfB2 + DL
0,467 eisi
q — se o fator de potência da linha no receptor for alterado para:
— 100% . Z = 182,490 e7º = 36,070 + ;178,89 [ohm]
— 90% (CAP)
pu Z = 0,6818 + /3,9813 = pu 3,4494 1188,
mantendo constante as demais condições;
b — se a tensão no receptor Temos igualmente: ms
for alterada para 220 [kV], mantendo
constante o fator de potência;
Y coshyl-1 1 (0,8949 + 40,0215) — 1
-c — alterando o fator de potência e a tensão como nos iteús qa e b, 2 senhjl 4047746559 0,451 cisto
verificar o efeito dessas alterações no funcionamento da linha: tensão no
transmissor, regulação -e rendimento.
+ = 0,588 - 103 e:2900 [ohm]
14. Paraa linha do exercício anterior:
a — determinar o circuito Pi equivalente, representando as impe-
dâncias e admitâncias em valores por unidade, usando como bases tri- pu — = 81,09 - 102 €8 = 31,09 - 1073,
fásicas:

O circuito equivalente é o da Fig. 4.21.


base kVA: 1000000 [kVA];

base V: 230 [kV];


O,7321 : 3,4494
1 a
A AAAANr YUVO na toy
1 000 000
base T: V3- 280 = 2510 [a];

-s .
== 3109x10 Tim 31,09x10?
230 000
base Z: 3 2510 = 52,905 [ohm];

4 a!
b — admitindo que se deseje realizar um modelo elétrico da refe- b' 2

rida linha, calcular os valores das impedâncias e admitâncias que serão


usados no modelo, cujas bases são: Fig. 4.21 — Circuito Pi equivalente de uma linha.

- “base tensão: 100 [V];


b — Para o modelo. elétrico temos:
base corrente: 1 [A];
base V = 100 [V]
c -—- calcular os valores de L e C necessários ao modelo a ser usado
com fonte de 400 [Hz]. base 1 = 1 [A]
a — Circuito Pi Equivalente base Z = 100 [9].
Teremos, pela Eg. (4.28):
Os valores por unidade no protótipo e no modelo devem ser os mesmos,
logo os valores reais do modelo serão:
É = . 4 Senhyl
Yl R' = 0,6818 : 100 = 68,18 [ohm]
170 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4
4.6 — EXERCICIOS Am

XL = 8,8813 -.100 = 338,13 [ohm] 17. Qual a corrente em curto-circuito no receptor e no transmissor
da linha do Exere. 15, quando a tensão no transmissor for de 380 [EV]
entre fases e qual a potência complexa trifásica absorvida?
+ = 81,09 - 10-53 X oo = 31,09 - 10º [siemens].
18. Construir um modelo elétrico da linha acima, para operar em
c — Comoo modelo funcionará com 400 [Hz], temos: 400 [Hz], com 100 [V] e 1 [A] como tensões e correntes-base.
19. Uma linha de transmissão trifásica de 345 [kV], de 500 [km] de - .
comprimento,
XL=WJL v. L aê = o = 013454 [8] um barramento
operando
de tensão
com a fregiiência de 60 [Hz],
340 [kV].
é alimentada por:
Seus parâmetros são: e

r = 0,08 [ohm/km]
A
= =22[0 0. C= = = TO = 0,01237 - 10-* [F). L 1,336 X 10º [H/km]

C = 86:10 [uF/km]
Comentário
g = 83,75 - 10º [siemens/km].
Este será um modelo unipolar de uma linha longa do tipo daqueles
que são usados nos analisadores de rede de corrente alternada para estu- Para uma potência entregue no receptor de 300 000 [kW] e cosg = 1,
dos de linhas em regime permanente. O uso de fregiiências mais elevadas determinar:
é necessário para se reduzir o tamanho físico dos componentes L e €. — corrente em módulo e argumento no receptor;
15. Uma linha de transmissão de 380/420 [kV] tem um comprimento — tensão e corrente, em módulo e argumento, no transmissor;
de 570 [km], operando com dois circuitos em paralelo, com a fregiiência
de 60 [Hz]. A impedância característica da linha (considerando os dois — ângulo de potência da linha;
circuitos operando em paralelo) é igual a: -— rendimento da linha;
— queda de tensão.
118,4 erissst
20, Calcular as constantes generalizadas para a linha do Exerc. 1.
e a sua função de propagação Yl = 0,745 e87s3º. Pelo processo exato, I — Cireuito Tee Nominal
determinar:
a — tensão e corrente no transmissor quando a linha opera com
uma potência no receptor igual a 1 200 000 [kVA] sob cosg = 0,95 (IND),
Á=1+ + = 1 + 52,19 "87. 0,8186 - 103 eso. -
sendo a tensão no transmissor de 400 [kV], entre fases;
A = 0,9919625 + j0,00170 = 0,991964 eioss2º
b — qual a tensão, corrente e potência monofásica no receptor,
quando no transmissor vigoram as seguintes condições: aos ZY
im,
B=Z(1+5—) = 52,19e"87(1 — 0,004188 + 50,00085)
U, = 222 [kV] entre fase e neutro;
B = 52,19 e7818 (0,995812 + ;0,00085)
I, =.1 700 eslzsº [A], B = 51,9714 e7812º [ohm]
e
16. Qual a tensão em vazio no receptor e qual a potência de carga
quando a linha do Exerc. 4.6.15 é alimentada de um barramento cuja
C = Y = 0,3186 - 10-1e5%0 [siemens]
tensão é de 420 [kV] entre fases? o D=Á,
Elie
172 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4 4.6 — EXERCÍCIOS o 173

II — Cireuito P; Nominal Ela é alimentada através de um transformador trifásico de 50 IMVA],


11/132 [kV], cuja reatância de dispersão é de 12%. Junto ao receptor,
.
A=1 “2Y = 1 + 52,19 ns.
+50 | 0,3186 - 103 6580 um transformador de mesma potência e reatância de 10% 132/13,2 [kV]
abaixa a tensão. A tensão no barramento alimentador é mantida cons- .
tante e igual a 11,5 [kV].
Á = 0,9919625 + 0,00170= 0,991964 eos a — em caso de possibilidade, determinar o valor de Us;
B=&=õ52,19ecns2 b — verificada a impossibilidade de transmissão, assinalar as pro-
váveis causas e sugerir soluções.
C=Y ( 1+ 2) = 0,3186 - 103 eº (1 — 0,004182 + ;0,00085) Destacar os valores das constantes 4, B, C e D do sistema assim formado.

24. Uma linha de transmissão


de 380/420 [kV] tem um comprimento
C = 0,8173 - 10-4 €0049º [siemens]
total de 570 [km]. A uma distância de 250 [km] do receptor existe uma
b =. subestação de manobras, onde se encontra instalado um reator indutivo
trifásico, conectado em estrela, cuja potência é de 100 [MVAr], sob 380[kV]
entre fases.
21. Quais as constantes generalizadas da linha do Exerc. 9?
Sendo
Solução | Z. = 118,4 e-335 [ohm]

Ã=1;B=4Z=õ9,6+4724,6 [ohm] Yyl = 0,745 eres [1/km],


C=0D-1. calcular o valor das constantes 4, B, O «e D do sistema assim formado.

22. Determinar as constantes generalizadas da linha do Exerce. 12. 25. Qual deve ser o valor da tensão U; e da potência complexa no
transmissor, quando o sistema acima entrega no receptor 750 [IMVA] sob
Solução cosgz = 0,95 (IND) sob 380 [kV] entre fases?
26. Uma linha de transmissão de interligação de sistema, da classe
À = coshyl = 0,895 eib38
de 380/420 [kV], possui as seguintes constantes generalizadas:
B = 2. senhyl = 404,774 5º . 0,451 6/45 = 182,553 788 [ohm]
À =D = ,7363et"
B = 160,76 esto”.
. 784,5

C= À cenhyl = Sist e = 1,114 + 10-3 et [siemens]


o AO4,TTA 65º
C = 0,002861 eisoº,
D= À.
A tensão entre fases no barramento receptor deve ser mantida a:
380 [kV], enquanto que aquela do transmissor é mantida constante e
23. Verificar se é possível alimentar uma carga de 40 [MVA] sob
igual a 400 [kV]. A fim de que o ângulo de potência não exceda 0 = 28º,
cos = 0,85 (IND) através de uma linha de transmissão de 132 [kV], cujas quais as potências transmissíveis?
características são:
Solução
= D = 0,816 e5
ie

- Aplicamos as Egs. (4.90) ou (4.91):


227,2 e7%8 [ohm]
to”

No = U, (5 otro — À 5 2esoata) | [kVA] | (Eq. 4.90)


h

C = 15,7 - 10-4.6/40 [siemens].


174 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4
4.6 — EXERCICIOS
o 15
São dados:
Bs = 86,7º
400 000 380 000
Vi=-—>—; U =D. 0 = 280 Ba = 1,7
0 vB ? v3
Pp = 1/3 - 500 000 - 0,95 = 158 334,0 [kW]
A = 0,7363; B = 160,76, Bs = 86,7º; Ba = 1,7º;
logo, Q» = 1/3 - 500 000 - 0,31225 = 52.046,67 [kVAr]
No = 880 [2 põsao — .0,7363 - 380 e]
v3 1/3 - 160,76 “3 - 160,76 UV, = Zi = 2425 [kV]. | Ê
No = 219,3983 [1,4160655 e587 — 1,00485 e:85º]
Substituindo os valores na equação acima, teremos:
No = 152,824 el8sº IMVA] cosga = 0,9511 (IND)
Uê — 797947 - 10º UZ + 13,242020 - 10º = 0;
ou
P', = 144,523 [MW] por fase
7,98 +: 104 + 7,98)? - 108 4. 1324-108
Q'a = 49,680 [MVAr] por fase UV, = + / ví E 0 ,
ou
A solução desta equação fornece quatro raízes,
Pê = 483,569 [MW] trifásicos porém uma única
possui valores aceitáveis:

Q3 = 149,040 [MVAr] trifásicos.


Us 237 183 [V]'
27. O que aconteceria, na linha do exercício anterior, se a tensão
em 2 (receptor) fosse elevada a 420 [kV] entre fases, permanecendo em Us 153,4242 [V]
1 (transmissor) a mesma tensão de 400 [kV]? Demonstrar. ou no barramento,
28. Qual deverá ser a tensão no barramento 2 (receptor) para que a
linha do Exere. 26 transporte 500 [MVA] sob cosda = 0,95 (IND), man- UA: = 410813 [V]
tendo-se em 1 (transmissor) a tensão de 420 [kV]? 44
UA» 265 788 [V].
Aplicaremos a equação:
Comentário
ut+ us. ZE
2
| Preosção Ba) + Qrsen(Bo — Ba) — 45] + Ui
Como era previsto, encontramos duas raízes positivas. Somente a
maior tem significado prático.
E+O 0,
to,

+ A (Eq. 4.96)
29. Qual será a potência complexa transmissíve
l se a tensão no
barramento do receptor for mantida igual
Aquela do receptor e igual a
Temos: 400 [kV] entre fases na linhã do Exerce.
19?

A = 0,7363
30. Uma linha de transmissão trifásica a circuito
uma. carga de 1000 [MVA] duplo opera com
B = 160,76 cos qo = 0,8 (IND), alimentada por um bar-
ramento de 450 [kV]. Qual o valor da tensão no receptor?
4.7 — BIBLIOGRAFIA Vo NT
176 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4

Seguindo o processo delineado no Item 4.5, foram calculadas as ma-


Dados:
trizes das constantes generalizadas dos quadripolos representativos de
À = 0,7363 ei? 25 [km] de linha (circuitos II nominais) e do quadriplo equivalente em
computador digital; com estes, através das equações das potências adap-
B = 80,39 eissº tadas ao sistema trifásico, foram determinados os seguintes valores no
receptor:
É = 0,00572 eisosº
31. Mostrar que a Eq. (4.96), aplicada a uma linha curta, é equi-
a Grandezas no receptor Fase 1 Fase 2 Fase 3
valente à equação deduzida no Exerc. 9, para o mesmo tipo de linha,

32. Qual o valor da tensão em vazio no receptor da linha descrita Potências ativas 1074,38º 1282,80º 1091,03º
no Exerce. 30 e qual o valor da corrente de curto-circuito permanente da [BIW] :
mesma, para um curto-circuito metálico no barramento do receptor? Potências reativas — 188,31º —39,68º 123,26º
DMVAR]
33. Uma linha de transmissão de 735 [kV] tem um comprimento de
Correntes nas fases 2570,39/+9,94º 3024,40/—118,30º 2587,40/113,55º
100 [km] e serve de interligação entre dois grandes sistemas que mantêm,
nos pontos de interligação, tensões constantes equilibradas e iguais a
735 [kV]. Admitindo que a linha esteja operando com 3 448 [MW] no Correntes segiiência 2709,85/1, 74º 2709,85/—118,26º | 2709,85/121,74º
receptor, determinar o vetor das potências no receptor. Determinar igual- positiva [A]
mente o vetor das correntes no receptor e as suas componentes simétricas, Correntes sequência 369,52/.22,63º | 369,52/--117,37º | 369,52/+2,63º
Admitir os cabos pára-raios isolados. Foram dadas (ver Caps. 7 e 8): negativa
- q — Matriz das impedâncias (linha trifásica equivalente sem cabos Correntes sequência 55,07/65,94º 55,07/65,94º 55,07/65,940
pára-raios): nula [A]

Zn = 0,0051264 + 70,3069234
Observação: Os resultados acima mostram o grau de desequilíbrio
Z12 = 0, 0045902 + 70,0982764 = Zo provocado pela ausência de transposições; em 100 km da linha, é bastante
Zas = 0, 0050558 + j0,0603318 = Z3 pequeno, com correntes. de sequência nula da ordem de 2% da corrente
[obm/km] na linha.
0, 0041399 + 70,2944889
NS NS

0, 0045902 + 0,0982764 = Zap


4.17 — BIBLIOGRAFIA
0, 0051264 + 70,3069234
po

b — Matriz das admitâncias 1— VIDMAR, M. — Die Gestalt der Elektrischen Freileitung. Verlag Birkhâuser, Ba-
siléia, Suíça, 1952.
2 — Breamans, J. — Energiciibertragung auf Grosse Enifernungen. Verlag G. Braun,
= 4,219 : 10º = Voss
Karlsruhe, 1949.
8 — Srevenson, W. D. — Elements of Power System Analysis. McGraw-Hill —
= —40,784 « 10º Kogakusha, Tóquio, 1962, 2.º edição, ê
e
1

4 — Jounson, W. €, — Transmission Lines and Networks. McGraw-Hill — Koga-


= —30,247 + 108 kusha, Tóquio, 1950.
Pi
N

5 — Wappicor, H. — The Principles of Electric Power Transmission. Chapman e


= 44,850 - 10-º Hall, Londres, 1964. 5.º edição.
6 — Gvre, A. E. e Parerson, W. — Electrical Power Systems. Oliver & Boyd, Edin-
= —90,784 + 10º = Vas. burg, 1969. Vol, 1.
178 CÁLCULO PRÁTICO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO CAP. 4

7 — Reza, FM. e SeeLr, S. — Modern Network Analysis. McGraw-Hill — Koga-


kusha, Tóquio, 1959.
.
68 — NeTusHIL A. V. e Srrasov, 8. V. — Princíp
ios de Electrotecnia. Editorial Car-
tago, Buenos Aires, 1959. Vol. 2,
9 — CenxtRAL STATION ENGINEBRS — Electri
cal Transmission and Distribution Reje-
rence Book. Ed. da Westinghouse Electri
c Corporation, East Pittsburgh,
1950. 4.º edição.
10 — Kise, R. W. P. — Transmission Line
Theory. Dover Publications, Inc., Nova
Iorque, 1965.

Processos Gráficos de Cálculo


das Linhas de Transmissão

5.1 — INTRODUÇÃO

Os processos gráficos para a solução


de problemas relacionados com
linhas de transmissão impuseram-se desde
os primórdios da técnica, tanto
por sua relativa simplicidade como tamb
ém por proporcionarem o meio
menos trabalhoso para a análise de um grande número de condições de
funcionamento de uma linha, como em geral é desejável.
rado o gráfico para uma linha, este servir vez prepa- Uma
á, sempre para ela, desde que
- Suas características não sejam alteradas.
Muitos desses processos permi-
tem, inclusive. incluir o efeito de transforma
dores e reatores, como também
o rápido dimensionamento destes últimos.
Grande parte dos processos gráficos aventados
gradativamente caindo e utilizados foram
em desuso à medida que novos e mais práticos
foram aparecendo.

A generalização do emprego dos computadores digitais na solução


de problemas técnicos, principalmente quandoser um programa pode
usado em estudos repetitivos, como é o caso nas
linhas de transmissão,'
trouxe uma tendência ao abandono também
dos métodos gráficos mais
laboriosos. Os diagramas Perrine-Baum [8], largamente empre
cipalmente gados, prin-
na Europa, estão entre estes.
Neste trabalho, limitaremos nossos estud
os somente a um processo
gráfico capaz de resolver as equações
gerais das linhas de transmisão e
aos diagramas circulares das potências e
perdas, hoje ainda bastante usados
dada sua simplicidade, bem como a
uma modificação dos mesmos, devido
a R. D. Goodrich Jr. [10]. São recomendáveis para a aferição
analíticos. de cálculos
180 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.2 — DIAGRAMA D'ESCANGLON DAS CORRENTES E TENSÕES 181

5.2 — DIAGRAMA D'ESCANGLON DAS CORRENTES


E TENSÕES ou . ”

BA = Us — Zolo;
portanto:
Aplica-se às linhas homogêneas. Permite determinar graficamente a
variação das tensões e correntes ao longo das linhas através de elegante — Lo . .
construção gráfica, bascada nas cquações fundamentais dessas linhas.
BM = 7 (Uso — Zola) = As o (5.3).

pm

Johnson [1] apresenta o mesmo diagrama sob a denominação de Crank
Diagram e Vidmar [2], sob o nome de Diagrama de Koselj. Seu interesse b— Sepor0e M passarios a linha, OC de forma que
é primordialmente didático, servindo, no entanto, para resolver também
problemas práticos. OC = Us + Zoo logo OM = MC = 1/2 (Us + Zoly) = Àr
Retomemos as Eqs. (3.51) e (3.52), colocando-as sob a seguinte forma: ec — Com centro em M e raio AM = MB, tracemos o círeulo d'Es-
VU, = Ajet + Aseir [V] (Eq. 3.514) canglon. :

Zel.= Ajéir — Ager [A], (Eq. 3.520) d — Tracemos um outro diâmetro A'B” escolhido de forma que o
ângulo AMA! = — 28x. Será então:
sendo A, e Ad, como vimos:

A,o = Cetlade
Us+ bd q
D& = À + droits = Doi
2 OB = À; — Ápebs = Z, ei

Ao == fia dade Iv].


e — Dando aos fasores OA' e OB um giro + 8x, encontraremos os
pontos A” e B”, de forma que:

A — Linha sem perdas em carga — Lembramos que a função de 04" = Us . (5.4)


e
propagação é um número complexo, de que a parte real, a constante de OB” = Lola, (5.5)
atenuação, representa as perdas de energia. | Numa linha ideal temos
a«a=0eY=gy3B. Nessas condições, também Z. = Z,, que é um número
ficando perfeitamente determinados os valores de &, e 0.
real, e o argumento do produto 7,Z, é o mesmo de Za.
Nessas condições, as Eqs. (3.51a) e (3.524) poderão ser escritas:

Us = Ayeits + Apoios [V]


Zol. = Ayer — Apeits [A];
dividindo ambas por efz, teremos:

Usei = À; + Áo ci2B: (5.1)


Zola es = Ay — Ày 26% (5.2)
A construção gráfica é a seguinte (ver Fig. 5.1):

à — Tracemos os fasores Us (segmento OA) e ZoI, (segmento 0B)


e liguemos os pontos BA, marcando em seu centro o ponto M. Teremos
então BM = AM. Examinemos o triângulo OAB:

Us = BA + Zoo
Fig. 5.1 — Diagrama dEscanglon da linha ideal,
182 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.2 — DIAGRAMA D'ESCANGLON DAS CORRENTES E TENSÕES » 183

Se desejarmos traçar o diagrama de andamento das tensões e cor-


rentes em função do comprimento da linha, expresso em frações do com-
primento da onda, procederemos da maneira que segue.
Seja determinar as tensões e correntes; em n pontos ao longo da
linha, igualmente espaçados de A/n [km] uns dos outros: como À = 27/8,
no diagrama teremos:

2Ba = 28 5 = am.

Logo, para representar um comprimento de onda À [km] será neces-


sário fazer A, descrever um ângulo igual a 47 = 720º Uma volta com-
pleta, saindo de A e retornando a A, representa, pois, um comprimento
É = 2. O ponto B representa, portanto, y = N/4.
Sendo n o número de frações para as quais desejamos conhecer as
tensões ou correntes, A/n será representado por um ângulo

28x = 28% 2m7/Bn = 4m/n.


O valor máximo da tensão ocorre para 28x = MÁÂN', coincidindo
com o valor mínimo da corrente, Zola = ON. O valor mínimo da tensão OA = 4pu
será para 287 = MAN, isto é, quando A” coincidir com N. A corrente Bose MVA = 500 As
,
será máxima, então. Bose KV : 380
U2 = 380 [kV]
B — Linha real com carga — O processo de construção do diagrama Na = 500 MVA
é essencialmente o mesmo. As equações de partida (3.510) e (3.520) Cosf, =0,89
devem, porém, considerar a atenuação da linha devida às suas perdas, =569 [km]
e- serão escritas: Zç=236,76-;9,8
Yrê =003,/25+ jor44

Udit = À + À, es (5.6)
Zl. E = Ás — Ao go Fig. 5.2 — Diagrama d'Escanglon para q linha real.
(5.7)

, Neste caso, o produto 2.1» terá argumento próprio, diferente daquele Os valores de U, e Z.l. são obtidos imprimindo-se aos vetores 04'
de 1, .0 .qual deverá ser usado no diagrama. Traçamos então os fasores e OB' a rotação +8x e multiplicando-os simultaneamente por es,
Us e 1aZ., com o ângulo (&, + 8) entre ambos, e traçamos o círculo d'Es-
canglon da forma anteriormente descrita
O diagrama d'Escanglon se presta também para a análise das linhas
(Fig. 5.9).
homogêneas operando em vazio e em curto-circuito.
» Para um comprimento de linha z[km] devemos determinar o ângulo
AMA”, de maneira que as perdas sejam incluídas, o que é possível através - C — Linha real sem carga — Para operação sem carga, temos:
“da expressão: f
1 2=0;
Agi = û eat ib)z = Ã, gaz gt2bz,

logo, das Egs. (3.51) e (3.52) obteremos:


A partir de 4, medimos em sentido, anti-horário o ângulo 28x. Como
MA representa, em escala, o fasor As, a distância MA! representará
Us
na mesma escala, o valor de Ágçe**, Portanto, 04' = U,ers, À = Ás = 2 (5.8)
Se MB representa — 42, MB, representará — À, etêz, donde “con-
cluímos que OB' representa Z.l, ez, e as equações (5.3) e (5.4) se tornarão:
184 . PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES 185

da pe çõoo Dcro —
DZ.
o — 20
ho uizya
on = VU aee
a
er (5.11)

U, Us

5 — o CP = Zd,cÃo,
o Z + js
(5.9) — Jide | dade ja to doeho, (5.12)
2 2
O centro M estará sobre 04 = Up e o círculo: passará por O e por 4,
O ponto 4 coincide com O, portanto:
Traçando A'; B',, fazendo o ângulo — 28x com Us, marcaremos:

MA, = U, gra e MB, = Ê ea


ou &A, = Pee
2
OA, será então U, ef: e OB, será Zi, evibe,

pao den do
e

Dando à 04, e a OB, um giro +$Bx, encontraremos, se multiplicarmos


seus: módulos por e*” (ver Fig. 5.3):

04", = Us e OB= Zl. Nesse caso, 4B, = la, Le cz e AAi= Ur HS;

logo,

04",= Us e 0Bh= hide

5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES

É o nome genérico dado a diversos tipos de diagramas que foram


propostos para resolver problemas relacionados com linhas de transmissão
e mesmo com quadribolos em geral.
Destacam-se os Diagramas Circulares das Potências, que passaremos a
examinar. São de construção relativamente simples, proporcionando ao
mesmo tempo excelente visão de conjunto para a sua consulta.
Sua construção se baseia nas equações gerais dos quadripolos, podendo
ocorrer sob as condições existentes no receptor, no transmissor e mesmo
. q) Vasio mistas, através da interligação dos círculos no receptor e no transmissor.
b) Curto circuito

5.8.1 — Diagramas Circulares das Potências


Fig. 5.3 — Diagrama d'Escanglon em vazio e curto-circuito.

No Cap. 4 foram deduzidas as seguintes equações das potências par


— D— Linha real em curto-circuito — Operando em curto-circuito quadripolos, aplicáveis às linhas de transmissão: :
junto ao receptor, será U> = 0, logo (ver Fig. 5.30);

NM = Pit iq = DD onto — LidE copa [VA] (Ba, 4.98)


. 2.

Aj= Ág= — o (5.10)


.

No = Poti = EA corto + Dito coro [ya]


r 2

Às equações se tornam:
186 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES 187

que procuraremos representar graficamente. Verificamos que, em ambas


as extremidades da linha, a potência complexa pode ser representada por
duas componentes. Uma vez que as partes reais desses complexos repre- EIXO DE REFERÊNCIA
sentam as potências ativas P e suas partes imaginárias as suas potências [o f
reativas Q, é possível representar no plano complexo P + 3Q as potências
4 ul q

' H
Ctx,.y,) º
complexas N; e N>, como também as suas duas componentes. / 1 4']4 Le
Pl
Se considerarmos que frequentemente as linhas de transmissão são . , “E
Z;0
operadas com ambas as tensões U, e U» constantes, a única variável que A o N,=:K 9%
o!

resta do lado direito das Egs. (4.90) e (4.98) é, evidentemente, 8, o ângulo


JE

e 8 >
relativo entre as tensões U, e U, conhecido como ângulo de potência. B a8
Q
Isso significa que os valores representados pelos primeiros termos dos
segundos membros das equações permanecem constantes em módulo e
8B+o e
9
1”
fase, enquanto que os segundos termos, mesmo mantendo constantes os

.
- “e

€,
pv
9
seus módulos, podem variar de fase. Nessas condições, as extremidades
dos vetores representados pelos segundos termos do segundo membro
podem descrever círculos de raios constantes, tendo como centros as +P
extremidades dos vetores representados pelos primeiros membros.

5.3.1.1 — Diagrama do Transmissor

Para a Eq. (4.98) teremos:


UU,
Fig. 5.4 — Diagrama circular das potências no transmissor, para Us = k.
$o [cos (Bs — 85) + j sen (Bp — Bp)],

que, no plano complexo P + 40, será representado pelas coordenadas


(ver Fig. 5.4): -Seu argumento (Bs + 0) é variável, estando, pois, livre para girar
em torno de Ci(x,, y1), descrevendo um círculo de raio constante 1, re-
UiD presentando as relações U, : U, constantes.
t= pcs (Bs — Bp) (5.13) A Eq. (4.98) ficará satisfeita se completarmos o triângulo 00484 atra-
vés do vetor N;. S; pode deslizar sobre o círculo de raio r;, que representa
U?D o lugar geométrico das potências N; para OU, Uz = constantes, sendo
mn = sen(Bs — Bp) (5.14) seu argumento &; medido com relação ao eixo +P.
O lugar geométrico dos módulos das potências N, constantes é o
e pelo módulo a círculo de centro em O e raio N4. Para cada valor de N, sobre este círculo
corresponde um valor do produto U, : Us.
UiD
B” (5.15)
5.3.1.2 — Diagrama no Receptor
ou seja, pelo vetor C40, cujo argumento é invariável e cujo módulo depende
só de Ui. . A Eq. (4.90) poderá ser representada da forma que segue. Ó primeiro
termo (ver Fig. 5.5):
O segundo termo do segundo membro será representado pelo vetor
de módulo: UA
B [cos (Bs — B4) + j sen (Bs — B4)]
Ty = == CS. (5.16)
define as coordenadas de C, (extremidade do vetor):
188 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES 189

UPA a — Calculam-se as coordenadas Ci(ra ya) e Colxo,y>)


(5.13), (5.14), (5.17) é (5.18) e locando-as no plano P-jQ., Empelas.seguida,
Egs. pelas. E
cos (Bs — Ba) (5.17)
B
ligam-se os pontos Cj e C> com a origem O. Os vetores OCy e OC
UPA representam, respectivamente:
sen (8; — 84) (5.18)
| n="B
UtD eX8p-8p)
e o módulo do vetor:

UA
= C0.. (5.19)
B
ao

O segundo termo do segundo membro


2
é representado pelo vetor de UA eBp-fa),
ralo: B

Ta = B
UiUs
(5.20) b — Se, pela origem O, traçarmos um eixo fazendo um ângulo Bs
com o eixo real +?, veremos que, entre esse eixo e OC, haverá um ân-
gulo Bp. Entre esse mesmo eixo e OC», aparecerá então o ângulo Ba
de argumento variável.
Com centro em Cu(xa, y2) e raio rs, pode-se
confirmando os argumentos
O círculo de desses vetores.
traçar o círculo de Ui: Us.» = constantes no receptor.
Na = constante é traçado com centro em O. c— Com os raios m = U,U3/B e 17 = U,Us/B e com centros em C,
e Ca, respectivamente, traçamos os círculos dos produtos U, - U, constantes
5.3.1.3 — Diagrama Completo no transmissor e no receptor. Esses círculos representam os lugares geo-

Para a construção dos diagramas completos


ou conjugados das po-
tências, o procedimento é o seguinte (Figs. 5.4, 5.5 e 5.6):

+jo /
. - QuSTA N '
euee hão /
cincuto o Ro.

no peceo TOR T+

Eigo /
DE REFERÊNCIA
Lol
Í

2
UCA
2 ctg 8)

7
B 3

cat teh
CalXao) |-ja

Fig. 5.5 — Diagrama circular das potências no receptor para Us = k. Fig. 5.6 — Diagrama circular das potências conjugado para Us = k.
190 - PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5
5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES 191

métricos das potências aparentes N; e Ns para U, e Us» constantes.


€q
Qualquer um de seus pontos poderá representar um ponto de operação
v UV
da linha para essas potências aparentes. Com centro em O, podemos vs Va 2 . +jo |
traçar os círculos para N; e Ns constantes.

d — É preciso que haja, no entanto, correspondência entre os pontos


de operação do círculo do receptor e aqueles do círculo do transmissor. ve Tê
Se, por exemplo, traçarmos por O um vetor fazendo um ângulo q: com U'z n
o eixo dos P, encontraremos sobre o círculo C, o ponto de operação vz
So. - OS, representa, em escala, o valor de N> para o fator de potência
cosgz especificado. O vetor (58, representa o termo:

UU,» ci)

da Eq. (4.90) para ds, U; e U, predeterminados. Se por Cs, passarmos EIXOS DE


um. eixo chamado eixo de referência, fazendoo ângulo 5; com o eixo dos REFERÊNCIA |
P,o vetor Cs58s fará com o mesmo o ângulo 0, como é fácil de se ve-
rificar. Esse eixo, ao cortar o círculo C, em Ra, limita entre Ro e S0

[je
arco de círculo correspondente a 8.
Ora, o ângulo 8 é o elemento variável comum a ambas as equações
Portanto, se por €: também for traçado um eixo de referência, que cortar
esse círculo em R;, medindo a partir de R, o mesmo arco de círculo cor- -.
respondente a 8 encontraremos o ponto 81. O vetor CS, fará com o
eixo de referência o ângulo 0, representando o termo:

UjU, Fig. 5.7 — Diagramas circulares das potências com Us» = variável.
eilBB+*)
B

da Eq. (4.98). Si será, pois, o ponto de operação, no círculo do trans- B — Diagrama circular das potências para U, variável e VU; = k
missor, correspondente a S2 no receptor. OS representa a potência apa-
rente no transmissor, necessária para entregar no receptor a potência a — No círculo do receptor — Variando U, « mantendo Us constante,
aparente N.» sob cosga. as Egs. (5.17) e (5.18) se mantêm inalteradas. O raio, definido pela
Como já: descrevemos, o diagrama circular das potências tem seu Eq. (5.20), sofrerá alterações, apresentando um valor para cada valor de
emprego limitado a valores de U, e Us constantes e prefixados. U.». Poderá ser então traçada uma família de círculos com centro em
Poderemos, no entanto, completá-lo, alterando os valores de UV; e Us Ca (ver. Fig. 5.8).
individual ou simultaneamente. b — No círculo do transmissor — Ao variarmos Ui, conforme se ve-
A — Diagrama circular das potências para U, variável e Uj= k rifica pelas Eqgs. (5.13) e (5.14), encontraremos para cada valor de U;
um centro C diferente, enquanto que, para cada valor de Ui, também
a — No etrculo receptor — Variando Us e mantendo constante Us, haverá um raio r; diferente,
para cada valor de U> haverá um novo centro (> e um novo valor para
o raio ra (ver Fig. 5.7), conforme se verifica pelas Egs. (5.19) e (5.20). C — Diagrama circular das potências com U, e U, variáveis
Será possível traçar uma família de círculos não concêntricos.

b — No ctreulo do transmissor — Conforme se verifica pelas Egs. (5.15) a — No círculo do receptor — Os centros C» terão uma nova posição
e (5.16), somente os raios dos círculos €4 serão alterados. Uma família para cada valor de Us, enquanto que os valores dos raios 1 variarão
de círculos concêntricos poderá ser traçada, uma para cada valor de Us. tanto para a variação de U, como também de Ui. Para cada um dos
centros Cs, poderá, então, haver uma família de círculos.
192 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES 193

quando a base Ú = Up for a tensão entre fases, Np será potência-base


trifásica e o diagrama representará as potências trifásicas.
o A fim de construir o diagrama em termos de grandezas por unidade,
dividimos as Egs. (4.90) e (4.98) pela base da potência, ficando:

a — Círculo do transmissor

1 AUÍ UI.
Im] = UL CB Ss (Bs — Bo) = ATE cos (Bz — 8») pu (5.21)
B
I
pod AUÍ Ui
ln] = UÊ B Sen (Bs — BD) = A vz sem (Bs — BD) pu (5.22)
BB: .
+Poo

In] = 1 UU. UU,


U) CBS “U, Pu (5.28)
EIXO DE
REFERENCIA B

b — Círculo do receptor
ez
o AU Us
Fig. 5.8 — Diagrama circular das potências com Us = variável, lxz| = TU B “Ss (Bs —-Ba)=-—A VE cos (Bs—B4) pu (5.24)
B
b — No círculo de transmissor — Os centros C4 variarão de posição,
para cada valor de U,, enquanto que cs valores de r; variam tanto com
Iyal = — E
1 AU —u
U, como também com Us. Para cada centro Ci, poderá, portanto, Cp Sn (Be — Ba) = A 03 Sn (Bs — Ba) (5.25)
haver uma família de círculos, como valores varláveis. , B
ou
Não é preciso muita imaginação para se perceber que o diagrama
construído para este último caso se torna demasiadamente complicado, [ra
l=77
| — 1 UU»
08

/-
Us0a
5 pu. (5.26)
dado o número muito grande de círculos intervenientes.
= A construção dos diagramas circulares das potências é realizável B
com valores em grandeza real, porém, também nesse caso, devem-se pre-
- ferir valores por unidade. Uma simplificação.
de notação, a esta altura, é bastante conveniente.
Empregamos:
Escolhem-se como grandezas-base:
U
a — uma tensão-base Up [kV], que tanto poderá ser na fase ou vs - lpu U;= [UU]
entre fases, de preferência a tensão nominal do sistema;
“b — uma impedância-base Zz [ohm], que é, por conveniência, esco- U
lhida igual a B. As bases para as potências serão escolhidas de acordo; “Tg = 1 pu Uj= [Uil. (5.27
(base U)? | As coordenadas e raios dos centros dos círculos serão então
ce — base N = B = Ng; definidos
por:
194 , PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES : 195

a — Círculo do transmissor + puQ

lvl = D |Ui]? cos (Ba — BD) (5.134)


lnl =D |Uiltsen (Bs — Bo) (5.144)
Inf = [Ui] |U] (5.169)

b — Círculo do receptor

ix = —A [U,|2 cos (Ba — Ba) (5.17a)


lp] = —A [Us sen (Bs — Bo) (5.184)

4. quais! 1
fre) = [Ui] |Usl. : (5.204)

“ro
Os diagramas circulares das potências na forma analisada, que po-
deríamos chamar de clássica, pecam por falta de simplicidade quando
sc descja a variação simultânea das tensões no início e no fim da linha,
c deveriam limitar-se à análise de umas poucas situações. Essa desvanta-
gem levou R. D. Goodrich Jr. a idealizar sua modificação, dando-lhe
um caráter de universalidade.

5.3.2 — Diagrama Universal das Potências [9,10]


puQ
O diagrama universal é construído com valores por unidade, obede-
condo em princípio, às mesmas regras gerais, empregando, porém, uma
única família de círculos concêntricos.
Se construírmos um diagrama circular para o receptor de acordo com
as Eos. (5.130), (5.149) é (5.16a) para vários valores de [U1| e um valor
fixo | U.|, obteremos os círculos concêntricos, como na Fig. 5.9, estando
a origem das coordenadas em O. Se escolhermos um novo valor para
[U,|, isto é, |U'.|, e escolhermos vários valores de |Uil, porém de forma
que os produtos |U.| |U'>| sejam os mesmos que aqueles empregados para pulo
obtcr'a primeira família de círculos, obteremos nova família de círculos
concêntricos, cujo centro estará agora em C',. A origem das coordena-
das continua, no entanto, em O.
Seja |U>| o primeiro valor estabelêcido para a tensão no receptor
e [Usly [Uisls e |Uisls ete. os valores variáveis de |Ui|. Teremos o
centro Ca em (Fig. 5.00):

To —A [Ui] cos (Bs — B4)


vz —A |Usl vos (Bs — B4)
l

e os raios dos círculos serão: Fig. 5.9 — Construção do diagrama universal das potências no receptor.

= [Us] [Usly; né = [Uol [Uso


Seja [U',| o novo valor escolhido para |U2| e [U'ily [U'ila, |U'ils
1 = [Us] |Usls ete. os novos valores escolhidos para |U:ls, porém de forma que:
197
196 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP.5 5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES

os centros de operação do transmissor Os; O etc., e uma única família de


[Us| [Uil; = [U'4| |U'sls = Fe
círculos com origem em Ci. Os centros de operação passaram ao 3.
[Us] [Uil» = [U'a| [U'il» =" quadrante, como mostram as Figs. 5.lla e 51lb.

[Us] |Uala = [U'a| [UN] = ni.

As coordenadas do centro 0, do círculo serão:

q, = —4 [Un]? cos (Bs — B4)


ya= —A |U',|? cos (Be — Ba).

Com isso obtivemos duas famílias de círculos dê. raios iguais, dois
a dois, porém com centros C, e Cs diferentes com uma origem de coor-
denadas O, comum.
Se fizermos o centro C“, deslizar sobre o vetor 050, até coincidir
com C» (Fig. 5.9b), observaremos o seguinte:

-. 1 — os círeulos de mesmos raios |Ui| |Us| coincidirão, restando uma


única família de circuitos, com centro em C%;
2 — haverá um deslocamento também da origem do sistema de coor-
denadas de O para O' (somente para os círculos que tenham centro em C9).
Enquanto que o triângulo das potências para a primeira situação (centro
Cs) será traçado a partir de O», na segunda (centro C',) deverá ser desenha-
do a partir de 0'..
Se fizermos o deslocamento de todós os pontos Cy para a origem Os puP

do sistema P e jQ, o eixo O2C» se deslocará inteiramente para o primeiro


quadrante. "Todos os círculos do receptor terão um único centro €4,
coincidente com a origem de P e jQ, e, para cada valor de [U.], teremos
o ponto Os, chamado centro de operdção do receptor, a partir do qual cons-
truiremos 6 triângulo das potências no receptor.
Observamos ainda o seguinte na Fig. 5.10:
— o eixo dos centros de operação (40: faz com o eixo +P um ângulo
(Br — Ba)';.
— o eixo de reverência, fazendo o ângulo Bs com o eixo +P, faz
com o eixo que liga C> com o ponto de operação S, o ângulo de potên-
“= ca 6.

Com o diagrama assim preparado, podemos resolver problemas varian-


do simultaneamente |U,| e |Us|, empregando apenas uma família de cfreu-
los no receptor.
— O mesmo tratamento poderá ser dispensado ao círculo no transmissor.
É de toda conveniência, no entanto, que os círculos no transmissor sejam
traçados com mesmos valores dos-produtos |Us| |Ui|. Os centros 64,
C'1, C”, etc. poderão ser escolhidos para valores arbitrários de |U,|. Ao
efetuarmos seus deslocamentos ao longo do eixo OC, obteremos então Fig. 5.11 — Construção do diagrama no transmissor.
universal das potências
198 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO 5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES 199
CAP. 5
e

Se associarmos os diagramas universais do transmissor e do receptor, Para determinar o triângulo das potências no transmissor, devemos
obteremos a Fig. 5.12. Haverá apenas uma família de círculos concên- proceder do seguinte modo:
tricos, cada qual com um raio:
à — marcamos o centro de operação O, A partir do eixo de refe-
rência, marcamos o ângulo de potência 6, traçamos o eixo CSy, estando o
ri= [Ui] |U. ponto de operação do transmissor na intersecção desse eixo e o círculo de
raio [UZ| |UsI;
O eixo de referência é único, passando pela origem C, enquanto que
os eixos CO; e CO, dos centros de operação, no caso dos quadripolos b — ligando O, e Si, teremos em pu o valor de Ni, cujas projeções.
gi- sobre os eixos P e Q definem P, e Q1. O ângulo q; fica determinado
métricos como as linhas de transmissão, estão também alinhados,
entre 0,8, e o eixo das potências reais. “o
Ra Finalmente, se rebatermos o 8.º e 4.º quadrantes sobre o 1.º eo 2.º
quadrantes, os semicírculos se sobreporão, enquanto que os eixos de refe-
rência e dos centros de operação do transmissor irão para o 2.º quadrante,
como na Fig. 5.18.

-je jja

£,
9 2
aa
(C
/
/

123.4 5.6 7 8.910 12 I5-P

Fig. 5.13 — Diagrama universal das potências.

Os eixos de referência agora são simétricos com relação ao eixo Q,


e assim também. o serão os cixos dos centros de operação quando 4 = D,
como nas linhas de transmissão.
R, 6
A fim de se empregar o diagrama assim descrito, cuja vantagem prin-
Fig. 5.12 — Diagrama universal das potências conjugado: cipal reside no fato de que a base do diagrama pode ser comum a qual-
quer linha ou quadripolo na sua simplicidade e clareza, deve-se observar,
Para uma tensão | U3| no receptor e | U$| no transmissor teremos os no entanto, a necessidade de sc inverter a convenção de sinal da potência
centros de operação O» e 01, respectivamente. Sendo &> o ângulo do reativa (positiva para potência reativa indutiva) para as potências reativas
fator de potência no receptor, a potência no receptor será definida do transmissor, em virtude do rebatimento do 3.º sobre o 2.º quadrante.
por
0282, estando Ss» sobre o círculo de raio [U$| [US|. Suas projeções sobre O diagrama poderá ser completado com raios a partir de C, de grau
os eixos P e j() nos dão os valores de Pre Qo. O ângulo de potência será em grau, para facilitar a locação dos cixos de referência e eixos dos centros
medido pelo arco RoS, = RiS1. de operação, bem como para a leitura direta dos ângulos 8. Nos Estados
200 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES 201

Unidos, diagramas-base assim preparados podem ser adquiridos prontos, (AP D 1


postos à venda por seu autor. or = 20,4 cos (8s — Bp) — Us 2 esBs cosê = 0;
9.35 — Diagramas Circulares das Perdas resolvendo simultaneamente, teremos:
Para a determinação das perdas de energia na transmissão em um
número grande de condições, este diagrama é bastante útil. B=0e Ui= — Mo cosf (5.28)
ciado aos diagramas circulares das soluções gráficas.
Ele é asso- . "O Deos(Bs — Bp)
A Eq. (4.107) pode também ser representada graficamente, conside-
rando-se U; e Us constantes. A única variável será o ângulo de potência 6. ar
Os dois primeiros termos do segundo membro são constantes, logo, podem +0
ser representados por um ponto C no eixo das ordenadas, enquanto que
o terceiro termo terá, para cada valor de 6, um novo valor:
UU»
cosB
2:
representado por um segmento cuja extremidade descreve um arco de
círculo com centro C (Fig. 5.14). As perdas de potência serão obtidas .
pela projeção dos pontos N do círculo sobre o eixo das ordenadas.

AP
Cos(Ba-pal+

Cost2B- PA)
U 22A
u,D
8
2

Fig. 5.14 — Diagrama de perdas para Ui e Us» constantes. m / PA


8: LL
5 (+ %
o 27
A Eg. (4.107) pode também ser representada nos próprios diagramas
as, q”
“circulares das potências, desde que uma das tensões (U», por exemplo) aq
“ | / Rá
seja mantida constante. -“, Le
o / 4,
Sob que condições de operação AP será mínimo? S
x /
$
Se considerarmos U, constante, APmm será função de duas variá- /
veis: 0 e Ui, O valor mínimo será encontrado se as duas condições abaixo
forem satisfeitas: Ca (xaa72)

-Q
(AP) 9 VaUo
7 2 cosfê a senô = 0 Fig. 5.15 — Círculos de perdas constantes nos diagramas de potência.
“202 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES
o 203

Verificamos que as perdas mínimas ocorrem para: a — centros dos círculos: de perdas:
1-—- 8=0;
U3LDO.
cosb
2 — quando a relação dos módulos
e 1 =>— = AP, cosBe:; (5.320)
das tensões for tal que: nC2! = X BDcos(Bs — Bp)

b — ponto de operação da linha


Va — Deost8s
— Bp) — D. “determinado de U:
para Uz e AP, constantes e valor
U: cosBB

Eq.
Podemos
(5.28) na Eq.
calcular as perdas
(4.107), obtendo:
mínimas, introduzindo os termos da Car = y = lh,
B (5.82b)
c — raio do círculo das perdas, com centro em Cy:
AP, = dd cos(Bs — 84) — mo ; (5.29)
R= VAPiAP— AP). (5.820)
designemos:
Os pontos sobre o círculo das perdas são lugares geométricos para
2 AP = constante, com U; = constante.
AP, = Datas
Representam P, e Q» para va-
(5.30) lores constantes de U, e AP,
Pontos como o ponto r, na intersecção dos círculos R com os círculos
U,Us/B, fornecem valores para P> e Q» para valores fixos de Ui, Use
Teremos, dividindo a Eq. (5.29) pela Eq. (5.30): AP...
Pontos como »” dãó a mesma informação quando o fluxo das
potências
é invertido.
a = AD cos(Bs — 8») cos (Bs — Ba) — cos? Bs (5.81a) Para a construção do diagrama, convém colocar as expressões
nas
seguintes formas:
ou
; AP AP,
Ro = AP, AP,” AP, (5.324)
AP, = AP. [AD cos(8s — 85) cos (Bs — 84) — cos?8 2]. (5.81b)
- A Eg. (4.107) também pode ser representada no diagrama circular AP,
AP, — AD cos(ôz — Bp)cos(8s — 84) — costs (5.810)
das potências. Para tanto, calculemos APi(AP — AP,), em que AP 20 .
representa as perdas em determinado regime de operação, usando as
Egs. (4.107), (5.29) e (5.81): UZ
ÁP; = —— El .
*” BDcos(Bs — Bp) 66:80)
o UicosBs / UsUs y
CaC"» = AP» cosbp. (5.320)

A forma prática de traçar


o | UiU» | | U2 cosB» o diagrama circular das perdas no recep-
| cosê, tor é a seguinte:
BB BDcos(Bs — 6»)
1 — construímos o diagrama circular das potências clássicas para
que é uma equação do tipo Us= ke Ui = variável, traçando quantos círculos, com centro em C4,
quantos forem considerados convenientes;
Re=X]+Yº —- 2NY cos,
- 2 — empregando a Eg. (5.30), caleulamos o valor de AP»;
ou seja, a equação de um círculo em coordenadas polares, que, neste caso,
são o cixo de referência e os raios que fazem o ângulo Q com o referido 3 — calculamos
eixo. Temos então:
o valor de AP,
AP, pela Eq. (5.814);
204 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5
5.3 — DIAGRAMAS CIRCULARES

.
205
4 — sobre o eixo de referência marcamos C20'», calculando essa dis-
tância pela Eq. (5.320); oz]

nm
5 — admitimos uma série de valores para AP, dentro do campo
provável de variação das perdas (por exemplo: 0,01 Ps; 0,05 Ps; 0,10 Ps
etc.), calculando os valores correspondentes de R> pela Eg. (5.320);
6 — com centro em C'., traçamos os círculos de perdas com raios
calculados no item anterior;
7 — a partir de O traçamos as linhas de carga para os diversos fatores
de potência considerados;
8 — na intersecção de uma linha de carga e um círculo de tensões
(ponto de operação) passa também em círculo de perdas constantes, o
que determina as perdas naquele ponto de operação — pónto r. luy]= 1,35
0,02 Sis Thin
luj= 130
Cabem as observações que se seguem.
Por construção, temos: » o q Po s 0sN+ [Pa]

AU? Vo U? cosBs . 0,005 T


! lufz 1,20
OCa = B e Cala D cos(8s — 8p) 0,030 I lu: 1,15

a — Nas linhas longas encontraremos: a038 ? oz


I ”
[ug]: 1.10

OC < Co0'; ,
0045 : ate q e ju,]
U,|:105
0,050 [03 “ /
fe lu]: 1,00
portanto, o ponto C% ficará acima do eixo das potências reais, de um
valor +Q>, como mostra a Fig. 5.15. A linha +Q> = constante (C:0% 04 Z Jus] 0,95
corta os círculos P em pontos como o ponto s, que, projetado sobre o eixo e |Uy]= 0,90
das potências, indica a potência ativa máxima (P»,) que se pode trans- | os lug: 0,85
mitir, com um valor determinado de perdas ÀP. O raio OS define o , luy]s o,8
valor da potência dessa transmissão (cos Qa;) e o círculo ras, que passa | h Jus]: ors
por s o valor de U,Us/B necessário a essa condição, como também mos- +06 ju: 0”
tra 'a Fig. 5.16. / A

b — Linhas curtas — Na linha curta À=D=1 eºº, o eixo OC» / “+07


e o eixo CoC; se confundem. A Eq. (5.30), por sua vez, se transforma em:
; los U,= 1,38 [kv]

AP, = B
o:
cosBz (5.300)
No= 104,2 [MvA]

Cato1985;0,783)/ [22]
Dergeme

e como:

: 2
CaC4 = AP, coss = É ,

Fig. 5.16 — Diagrama circular de perdas para Us = k de uma linha longa (Exerc. 10).
teremos

Nessas condições, o centro dos círculos de perdas


C2€3 = Cr0. C”, coincide com
o centro O do sistema, como na Fig. 5.17.
206 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5
5.4 — EXERCÍCIOS =» 207

9,
+|
fêz NS Ui
4 ! o?
— 2? AP, = BAcos(Bs — BA) (5.88)
e

AP,
AP. — AD cos(8s — B4) cos(Bs — Bb) — cosBs (5.34)
i

R/= AP;NV AP/AP, — AP;/AP, (5.35).


CC! = AP, cosf. e (5.85)
Os pontos de intersecção entre o círculo do transmissor e os círtulos
“Pal MU de Ds a “fal
CEARA? SSB SS urras
de raio U,Us/B indicam as potências P, e Q1 para Ui, Us, AP, constan-
tes; sua construção obedece ao mesmo método exposto para o receptor.
||= 1.30
YZ 5.3.4 — Outros Processos Gráficos
NE = Infe 1.25 Além dos processos já mencionados e descritos, existem ainda outros
|ui]=1,20
que procuram resolver os mesmos problemas. Dentre estes, vale a pena”
u,] 1418 mencionar:
[Us 1,10 Diagrama ou carta de Smith [3, 7] — Divulgado em 1944 por H. P.
|y = 1,08
Smith, recebeu de imediato largo emprego por parte dos engenheiros de
4 telecomunicações para a solução de problemas em linhas de transmissão
Iusj= 1,00 de telecomunicações, principalmente em virtude de sua universalidade,
2
lu|z0,95 pois não é necessário o preparo de um diagrama para cada linha. De
[W]= 0,90 "fato, pode ser adquirido pronto. Daí o nome mais apropriado que lhe
lu,|= 0.85
foi dado pelo próprio Autor, colculador melhorado de linhas de transmissão.
6
Seu emprego pode, facilmente, estender-se à solução de problemas rela-
[U]z0,8 cionados com linhas de transmissão de energia elétrica, com um grau de
precisão igual ou superior ao dos demais processos gráficos.

5.4 — EXERCÍCIOS
Up: t38-[xv]
1. Uma linha de transmissão trifásica, operando em 60 [Hz] e 380 [XV]
N, 2670 [MW] no receptor, possui as seguintes características:
1 = 569 [km];
Z. = 236,76 — 59,6 [ohm]:
|cato,2045,0,97891)
- [92]
Yyl = 0,03125 + j0,744.
Através do diagrama d'Escanglon, determinar:
Fig. 5.17 — Diagrama circular de perdas para Us = k de uma linha curtia (Exerce. 11). | a — tensão g corrente no transmissor para operação com carga,
sendo: No = 500 [MVA]; cosde = 0,8 IND);

Por um procedimento semelhante, no qual é considerado constante, b — tensão e corrente no transmissor para operação em vazio;
um círculo de perdas AP constante no diagrama do transmissor pode ser c — tensão e corrente no transmissor, em operação em curto-circuito,
obtido. As equações de construção são as seguintes: com corrente de curto-circuito igual a 1 pu;
208 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.4 — EXERCICIOS 209

d — conferir os resultados com aqueles obtidos analiticamente. portanto,


Solução (ver Figs. 5.2, 5.80 e 5.8b)
Escolhemos como bases: 1Ze = 0,577 - S80 000, 126,8 e:t5º [kV]
v'3
Base MVA = 500 IMVA];
= 126800e8l6 ae AI.
Base kV = 380 [kV].
h= ooo — 585 Mo [A];
A corrente será:
logo,
500 000 di = 33,835 e cosg; = 0,831
= y5 as = TOA; 0 = 22º 90";
base de impedância:
b — em vazio
380 000
Zp = VS 76 O 288 [ohm].
pu Vo = 0,788 UVyw= 162[kV)
- Para a construção do diagrama usaremos:
Vw = 162º [kV]
pu To Ze = 0,673
pu Us = Je; pu Jp= 1678
Io Ze. = 147 800 [V]
147 800
Ty = “2568 = 623 [A]
236,8
pu Z.= 692885 — (0,893;
288 ly = 628€%º [A];
ainda:
c — em curto-circuito
ax = 0,03125 Inéper] es = 1,08175
- 880 000
gaz = (1,98949 pu 71,Z. = 0,61 IZe = 0,61 - VE = 134000 [V]

Br = 0,744 rad 2fx = L488rad = 85,20: 134 000


1 = “2368 = 576 [A]
efetuando as construções indicadas no Item 5.2, encontraremos:
h = 576 estao
a — em carga
Ui. = 123000 [V]
pu U,j= 118; Ui = 123 61067; cosgy = 0,0988 (IND).
logo,
Comentário
380
1
Ui= V5
=: 1,18 = 259 [kV] -Os resultados obtidos nos cálculos analíticos são os seguintes:

a — em carga: Uj= 260e248º [kV]


pu hZ = 0,577;
li= 550 eus [A];
210 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.4 — EXERCÍCIOS = 2

b — em vazio: Uyw= 161,5e% [kV] a — tensão U, e os ângulos de potência 0, quando a linha opera
com a carga de 1000 IMVAI], cosga = 0,8 (IND);
Lo = 684e802º [A]: -b — idem, porém com cosga = 0,9 (IND);
c — idem, porém com cosgs = 1,0.
e — em curto-circuito: Ur, = 128 el [kV] ;
Solução
he = 516e2º TA], O diagrama circular das potências correspondentes pode ser cons- A
truído tanto para valores em verdadeira grandeza como para valores por
o que indica um razoável grau de precisão: unidade. Escolhemos valores por unidade.
Seja:
2. Através dos diagramas d'Escanglon, determinar Us, Ty Ui, Ty,
Vc 6 Tio Pr Pio, Pi, O e O, para uma linha homogênea com as seguin-
tes características: [UB] = 400 [kV];

r = 0,109 [ohm/km] logo,

9g=0 Ne o= UP
B (40?
“80,38 O 1990 [MW].

| = 480 [km] Teremos:

É = 0,391 [ohm/km] Us 380


Us = Us 400 0,95 pu
= 2,92 - 10º [siemens/km],
As coordenadas do centro de operação no receptor são:

sendo no receptor a tensão de 215 [kV] entre fases e a potência recebida


de 40 [MW], sob cosd = 0,85. to = —A [U>P cos(Bs — 84) =
= 0,7363 [0,95]? cos(86,715 — 1,65)
3. Construir um diagrama circular das potências no receptor para
uma linha de transmissão, de circuito duplo, com as seguintes constantes: x2= — 0,0561

À = 0,7369 eus? yo= — A [Us] sen(Bp — B4) =


B = 80,38 01867159 = 0,7368 [0,95]? sen(86,715 — 1,65)
yo = — 0,662.
O = 0,0063 e:80.385º
Com os dados acima construímos o diagrama circular das potências
Dd=a; (clássico), conforme mostra a Fig. 5.18, marcando o centro C; dos círculos
para [U [U,). Traçamos igualmente por C» o eixo de referência, fazendo
o ângulo 86,715º com o eixo dos P.
sendo a tensão no receptor constante e igual a 380 [kV] entre fases, de-
terminar: . " Com centro em O, traçamos os raios correspondentes aos cosdo = 0,8
e cosda = 0,9.
212 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5 5.4 — EXERCICIOS 213

4. Uma linha de transmissão possui os seguintes parâmetros:

4 = 0,895 + 50,2 = 0,895 eilizs


B = 35,8 +j177,8 = 181,87 eitte?
jual luql=14,1 “A
[7 7h
” C = 0,00111 «047º,
44 2 072 3
jual lui =40
Memo 1022 & Sendo de 220 [kV] a tensão no receptor e no transmissor,
construir
os diagramas circulares das potências para a mesma.
3
Empregando esses diagramas admitindo uma potência no receptor

na,

o
>
a
jual us! 0,9, 9 e Ç de
100 [MW] e cos = 0,9, determinar q, 0, P, e Q1. Empregar
sistema
al 0,873 sz2 por unidades.
juzllutos 1/4
5 Quais as potências N,, P; e Q1, bem como os fatores de potência
no transmissor da linha do problema anterior, calculadas pelo diagrama
circular (clássico) das potências?
cos Po:1
6 E [pu]
Solução

Para sua construção, empregaremos as mesmas bases de tensão e im-


pedância. Para U; = k, teremos três centros de operação, CY”, Cy" e Cy”,
e três famílias de arcos de círculo de raios diferentes. As coordenadas
dos centros serão (ver Fig. 5.19):

[tm = DIUrP cos(Bs — Bp) =


CY = 0,7368 [1,130]? cos(86,715-1,65) = 0,0814
w" = DIUry sen(ôs — 8p) =
o = 0,7363 [1,130] sen(86,715-1,65) = 0,935

a = D[UiP cos(8s — Bp) =


co = 0,7368 [1,078]? cos(86,715-1,65) = 0,074
w” = D[Uil sen(Bs — 85) =
— = 0,7368 [1,078]: sen(86,715-1,65) = 0,853
Fig. 5.18 — Solução do Exerc. 8.

Sobre os eixos dos fatores de potência marcamos: Ta”! = DI[Ui] cos(8z — Bp) =
cur = 0,7363 [0,992] cos(86,715-1,65) = 0,0538
q” = D [Ui] sen(Bs — Bp) ='
= 0,7363 [0,92]? sen(86,715-1,65) = 0,622
para encontrar os pontos de operação Si, 8 e Ss, cujas projeções sobre
os eixos P e jQ nos dão os valores em pu P,, Py e P;, bem como Qo!, Os pontos de operação das três condições
Qo” e Qo”. de carga devem estar sobre
os círculos: - “o
214 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP, 5 5.4 — EXERCICIOS 215

"= [UZ |U.| = 1,072; No diagrama da Fig. 5.19 lemos os seguintes valores.

N
o
Ni = 0,480 Ni = 0,430 - 1990 = 855 [MVA]
LUZ] [Us] = 1,022;

po
H
INi| = 0,485 Nh 0,485 - 1990 = 970 [MVA]
ri= [Ui Us] = 0,878.
INT = 0,485 Ma 2 0,548 1990 =1 090 [M VA]

Nf) = 0,548 Ni 0,548 - 1990 = 1090 [MVA]

m—«
[Pi = 0,428 0,423 - 1990 = 842 [MW]

[PR] = 0,477. C,477 - 1990 = 950 [MW]

IPB] = 0,535 0,585 - 1990 = 1062 [MW]

“cosgl = 0,985 (cap); cos? = 0,980 (cap) e cosgi = 0,975 (cap)

Io =o0,08 Qi 0,08 - 1990 = 159,0 [MVAr]

IQ7) = 0,09 0,09 - 1990 = 179,0 [MVAr]

IQ8| =0113 Qi 0,113 : 1990 = 225,0 [IMVAr]

6. Resolver os Probls. 4 e 5 simultançamente pelo diagrama uni-


versal das potências.
LEME ENGENHARIA
Ci
Solução (ver Fig. 5.20) Jahn Daniel 8. Strickland|

Traçados os eixos de referência com os ângulos 8p e os eixos dos cen--


tros de operação com os ângulos 82 — 84, o centro de operação O» no
círculo do receptor para |Ua| = k será: | “
1

Fig. 5.19 — Solução do Exere. 5.


CO, = [Us]:4 = (0,95)? - 0,7362 = 0,664.
216 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP, 5 5,4 — EXERCÍCIOS . . 217

0,874
3 =
= 0,92;
Ui] 0,95
logo,

Ui = 450[kV]; Ui=432[kV] e U?=g7 [kV].


-Os centros de operação no receptor serão locados de acordo com:

Coi= A |Ui|º= 0,7363 |1,182/?= 0,945

=
Coe foz!
COj= A [UZ|? = 0,7363 [1,072] = 0,848

À
N N
Coi= A |Uil?= 0,7363/0,92]º = 0,624.
Traçamos por C os ângulos 84, 8» e 05, localizando os pontos de ope-
ração no transmissor. 81, Si, Si, sobre os círculos que passam respectiva-
mente por S,, 83 e 8%. Ligando Oi e Si, encontraremos Ni; ligando 0%
e 83, teremos N?, e ligando 0% e S%,. encontraremos N3.
[Nil = 0,430 pu .. Ni=0,480:1 990 = 855 [MVA]
INi| = 0,490 pu .. Ni=0,490:-1990= 975 [MVA]
INTL = 0,550 pu .. Ni=0,550-199 = 1092 [MVA].
Fig. 5.20 — Solução do Exerc. 6.
Igualmente:

Traçamos os eixos dos fatores de potência cos4i IPil = 0,425 pu .. Pi=0,425:1990= 845 [MW]
sobre estes marcamos, , cosgã e cosgi e
a partir de C: IPil =0,480 pu .'. Pi=0,480:1990= 955 [MW]
1 000 [P$| = 0,588 pu .. Pi= 0,538 - 1990 = 1070 [MW]
Pu:
= To = 0,51 pu
cosqi 0,987
E 1 q?
encontrando os pontos Si, Sê e Sê, a
que estão cosp? = 0,980
sobre os círculos de raios:
A = 108; rê= 1,080 e 13 = 0,88 cosdi = 0,977
IQil = 0,08 pu (cap) Qi = 0,08 - 1990 = 159 [MVAr]
IQil = 0,09 pu (cap) Qi = 0,09 - 1990 = 179 [MVAr]
mi = 1075
[Ui] = 095 — b132 [Qi = 1,10 pu (cap) .'. Q8=1,10-1990 = 219 IMVAr]
O = 22º
1,020 Oo = 26,3º
il02) == bO20
os =À LO72 O = 87,4º.
218 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5
5.4 — EXERCÍCIOS .219

7. Uma linha de transmissão radical opera com a tensão


de 138 [kV] mandamos ao estudante que o faça à guisa de treinamento, comparando
no barramento do trasmissor, constante. Suas constantes são:
os resultados com aqueles que obteremos no presente exercício.
À 0,9696 e:%5º O emprego de grandezas por unidades facilita os cálculos e a escolha

Il
das escalas.
Empregando como bases:

B = 52,88 eittts Us = 138 [kV]

Quais os valores das tensões no receptor e quais as potênci Zs = B = 182,5 [ohm],


as, ângulos
de potência e fatores de potência no transmissor para
as demandas de teremos:
Na = 25 IMVA] — cosg: = 0,95? E para:

No = 50 [MVA] — cosds = 0,85


No = 100 [MVA] — cosgs = 0,90... Com o emprego do diagrama universal das potências poderemos re-
Empregar primeiramente os diagramas circulares solver o problema, determinando não só as variações da tensão, como
das potências e também as perdas, estabelecendo as potências no transmissor. A fim de
conferir os resultados pelo universal das potênci
as. (Ver ref. [10].) ilustrar o emprego do diagrama circular de perdas, empregamos o dia-
8. Uma linha possui as seguintes grama circular das potências no receptor, sobrepondo a este o primeiro
constantes:
(Fig. 5.16).
À = 0,85 +50,03' As coordenadas do centro dos círculos do receptor serão:

ral = — |Ua|2A cos(Be — BA) =

- B= 9280 +3270. = — |1|2 - 0,895 - cos77,2º = 0,1985


À tensão no receptor é mantido em 230 [kV] e a tensão no
transmissor [ye] — [Us]? 4 cos(Bs — 84) =

H
em 210 [kV]. Qual a potência ativa e o fator de potência que podem
ser recebidos no receptor nessas condições? = [1]? - 0,895 - sen77,2º = 0,873
0 = og»,
9, Se a linha acima fosse operada com 230 [kV]. no [0Co] = [Ua|?4 = |1|2- 0,895 = 0,895.
receptor, qual
"a potência ativa que poderia ser recebida pelo receptor?
Os raios dos círculos no receptor serão:
10. A linha de transmissão do Exerc. 4 será operada com
à tensão ral = [Ui] |U,| = |Ui| para [U,| = 1 = constante.
constante no receptor igual a 138 [kV], com diversos fatores
de potência
ho receptor. Deseja-se saber:
Traçaremos uma família de círculos para:
o a —a variação do valor da tensão no transmissor, em re = 0,75; 0,80; 0,85; 0,90; 0,95; 1,00; 1,05; 1,10; 1,15; 1,20; 1,25 pu.
função da po-
tência ativa da carga, com esses fatores de potência;
Traçaremos os lugares geométricos das potências aparentes de mesmo
b — a variação das perdas na transmissão, em função da potência fator de potência na forma das retas que irradiam de O, para cosd; =
ativa do receptor para os fatores de potência especifitados. = 0,80;0,85;0,90:0,95 indutivos e capacitivos, bem como para cosg = 1,00,
que coincide com o eixo das potências ativas. Suas intersecções com
Solução os círeulos das potências no receptor definem as potências aparentes trans-
missíveis sob cada. um dos fatores de potências e relações de tensões.
Uma análise desse tipo muito bem poderia ser realizada analiticamente,
como também por qualquer dos processos gráficos apresentados. - No diagrama circular das potências, obtemos os valores de |P;i em
Reco- função de [Ui] |Us! e cosga, que levamos ao gráfico da Fig. 64. O dia-
ne
220 PROCESSOS GRÁFICOS DE CÁLCULO CAP. 5

grama de perdas será sobreposto ao primeiro. Para sua construção em-


pregaremos igualmente o sistema por unidades. Teremos:

| IRo] = |AP+|
|AP| JAP]
[AP AP]

[ÃP,| AP,
AP, = AD cos(8z — 84) cos(8p — BD) — costa:

do — BIBLIOGRAFIA Operação das Linhas


1 — Jomnson,
Kogakusha,
WaLtTER
Tóquio.
C, — Transmission
Reimpressão
Lines
da edição
and
de 1950.
Networks. McGraw-Hill —
ou Regime Permanente
2 — Wipmar, MILAN — Die Gestalt der Elektrischen Freileitung. Verlag Birkhaser,
Basiléia, 1952.
$ — Kixe, RoxazD N, P. — Transmission Line Theory. Dover Publications, Inc.,
Nova Iorque, 1965. 6.1 — INTRODUÇÃO
4 — GriLg, A. E. e ParersON, W. — Electric Power Systems. Oliver e Boyd, Edin-
burg, 1969. Vol. 1. Nos capítulos anteriores, após um estudo qualitativo dos fenômenos
— Zasorszkr, J. e RITIENHOUSE, J. W. — Electric Power Transmission. The Ren- relacionados com o transporte da energia elétrica, procuramos armar-nos
O

sselaer Bookstores, Troy, Nova Iorque, 1969. Vol. 1. do necessário ferramental matemático para podermos realizar estudos
6 — Poroxsaporr, M. — The Escanglon Diagram for Voltage and Current along Trans-
quantitativos do desempenho das linhas de transmissão como elementos
mission Line. IEEE, Spectrum, fev. 1971. dos sistemas elétricos.
7 — Cmarman, R. À. — Transmission Line. McGraw-Hill, Nova Iorque, 1968, série
Neste capítulo, preocupar-nos-emos com seu desempenho em ope-
Schaum's, ração em regime permanente, dentro dos vários esquemas básicos em que
8 — DaLta VERDE, À. — Le Grandi Linee di Transmissione
são encontradas nos sistemas elétricos comerciais. Estudaremos também
d'Energia. — Calcula- as influências
zione Electrica. Cesare Tamburine, Milano, 1947. das características dos sistemas alimentados, bem como de
sua adaptação a um desempenho desejado através da alteração de seus
9 — Srevenson, W. D. — Elemenis of Power System Analysis. MaGraw-Hill — Ko- parâmetros elétricos, ou compensação, .
gakusha, Tóquio. Reimpressão da edição de 1962.
10 — Goopricx, Tr., R. W. — A Universal Power Circle Diagram. AIEE — Tran-
sactions, Nova Iorque, 1951. Vol. 70, Parte III, págs. 2 042 a 2 049.
6.2 — MODO DE OPERAÇÃO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO
Dentro dos sistemas elétricos, de acordo com a função específica que
lhes é reservada como elemento básico para o transporte de energia elé-
trica, as linhas de transmissão podem ser operadas em vários' esquemas
básicos distintos. Estes, bem como as características do transporte de
energia em cada um deles, serão examinados a seguir.
Os receptores das linhas de transmissão constituem-se normalmente
de sistemas elétricos que podem compor-se de:
a — sistemas de cargas passivas;
b — sistemas que, além de cargas passivas, contêm fontes de energia
com capacidade igual ou maior do que a do sistema alimentador.
222 “OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6
6.2 - MODO DE OPERAÇÃO DAS LINHAS » 222

Entendemos por cargas passivas os sistemas elétricos que não possuen


fontes de energia ou outras máquinas síncronas de capacidade compará- é possível transmitir 0,2-670 [MW], ou seja, 134 [MW] com uma queda
vel à das centrais do sistema alimentador. de tensão de 5% sob cos q, = 1, enquanto que, com cos qa = 0,8 (IND),
Compõem-se de um grande
número de pequenas e médias cargas, como lâmpadas, motores, aparelhos com a mesma queda de tensão podemos transmitir apenas 0,05-670 =
domésticos e. industriais etc. Suas demandas variam com as tensões = 33,5 [MW]. Seria igualmente possível transmitir cerca de 0,57-670 =
aplicadas e sua representação, por intermédio de impedâncias de valor = 382 [MW], com os mesmos 5% de queda de tensão, desde que o fator
constante, é apenas aproximadamente correta. de potência do receptor fosse alterado para 90% (capacitivo).
Uma redução de 10%
no valor da tensão alimentadora em um sistema que pudesse ser represen-
tado por meio de uma impedância fixa Z [ohm] traria uma redução na de-
manda da ordem de 19%, com fator de potência constante. Experiências
realizadas em sistemas reais [3], no entanto, mostraram que essa mesma
redução de tensão provoca uma redução pouco menor na demanda de
potência ativa e uma redução maior na demanda de potência reativa. O
mesmo pode ser dito com relação a sua representação através de potências
ativas e reativas constantes, pois estas variam igualmente em função das RIO GRANDE DO
tensões aplicadas. Uma representação correta das cargas deverá basear-se NORTE
em Suas características N = f(U), que somente poderiam ser determina-
das experimentalmente em um sistema, e seriam válidas somente para esse
mesmo sistema, enquanto se mantivessem as condições para as quais foram
determinadas. De uma ou de outra maneira, a representação das cargas
é, pois, apenas aproximada.

6.2.1 — Linha Entre Central Geradora e Carga Passiva

É uma das formas clássicas de operação das linhas para efeito de es-
tudos. Na prática, encontra-se, geralmente, apenas em sistemas em es-
tágios iniciais de desenvolvimento. No Brasil, constitui uma notável
exceção o sistema da CHESF, no qual, neste momento, a partir da Usina
Hidroelétrica de Paulo Afonso, linhas com centenas de quilômetros de
comprimento demandam as zonas de consumo do Nordeste brasileiro
(Fig. 6.1).
Neste tipo de transmissão, cabe à central alimentadora a manuten-
ção da freqiiência do sistema. Às linhas de transmissão cabe o trans-
porte da energia ativa produzida na central alimentadora, cuja capacidade:
limita o valor da potência ativa disponível no transmissor da linha. Ela BAHIA
- deverá ser suficiente para atender às demandas do sistema receptor, cuja
"capacidade de absorção de energia é limitada por suas características
peculiares, como também para suprir as perdas de energia ativa na trans-
missão.
Em sistemas pequenos, geralmente, também cabe à central geradora
o suprimento de energia reativa necessária ao sistema alimentado e à
linha do transmissão. Nos sistemas maiores, a energia reativa necessária
ao sistema alimentado é, em geral, produzida junto “ko mesmo, evitando-se
seu transporte através das linhas, pois este, além de perdas adicionais de
energia, pode ainda trazer problemas de regulação de tensão. Esse fato
é claramente visível na Fig. 6.2, na qual estão reproduzidas as curvas de
regulação de uma linha de 138 [kV]. Estas nos mostram que, por exemrlo,
Fig. 6.1 — Sistema da Cia. Hidroelétrica de São Francisco (CHESF).
224 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.2 —- MODO DE OPERAÇÃO DAS LINHAS - - 225

.
LIMITE TERMICO DO CONDUTOR (%) missão. Verifica-se claramente o aumento das perdas com o aumento
25 50 100 200 300 400 soo [Mw] de energia reativa entregue ao transmissor.
ju So
135
a)cuRVAS Uj=
( Fa] Cos f2)] S4 a ur[Kv] q
Po [MW]
1,30
juil uixv]
1 178,0 a)cu Ss U=r( Pai
1,25 PARA Up= 179
1,20 1722 -
1,20 72,2
1415 165,5
1 165,5
110 152 o 152

105 145 105 145

138
100 138 100

.9s 131
0,95 13
124
90
0,80 124
85 n7,2

Fa 0! 0.2 03 4 q .8 [7 P, 0,1 oz 03 04 os os Or IP,


(*) Elevação de temperatura de 50ºC acima de 25ºC, ao sol, sem vento. Ver Item 6.6 Po

Fig. 6.2 — Variação das tensões no transmissor para tensão constante no receptor de uma Fig. 64 — Variação da tensão no transmissor para tensão constante no receptor de uma
linha curta, linha longa.

A Fig. 6.3 mostra para a mesmas linha curta, as curvas representa-


tivas das perdas de energia ativa nas mesmas condições anteriores de trans-
ja AP
so 100 150 200 250 [MW] - MW
YeuRVAS AP= fl P, 1C0SP> éo
[o
lap| | bicuRvAS ap=flPoiCOs P,) PARA Up=K O/ TE
2 2
0,035 y 3.647
7
| 0,010
0,009 6 3126

0,008
5
0,007 2,605

0,006 4
0,005 2,084
3
0,004
Up: 138 E
0,00 up= 138[kv] 2 0.015 Np5 104,2 [MW 1.563
Np= 670[Mw] Po|= 000981
0,002 aPç= 0
8 Po: 1,02
1
9,001
0,005 1,042
Pp Pa o ol o os [Pa]
o 01
Fig. 6.3 — Variação das perdas em função da variação da energia reativa no receptor Fig. 6.5 — Variação das perdas em junção da variação da energia relativa no receptor
de uma linha longa. .
” de uma linha curta.
226
OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.2 —- MODO DE OPERAÇÃO DAS LINHAS 227
E

à influência das características da linha pode ser


verificada pelas 2 — para valores de potências ativas menores, encontraremos sem-
Figs. 6.4 e 6.5, nas quais estão representadas as curvas
de variação de ten- pre duas raízes reais e positivas, correspondentes a dois valores de
são e perdas para a mesma linha de 138 [kV], porém U,.
com comprimento À raiz maior é aquela que possui real significado, pois atende a ambas
cerca de 6,5 vezes maior do que a linha curta. Verificamos que o
Ferranti efeito as possibilidades no transmissor; central ou barramento cem tensão
é considerável: provoca uma, elevação da tensão em fixa,
vazio da or- A raiz menor somente seria, possível no caso da alimentação por uma cen-
dem: de 11%. A potência ativa transmissível com cos & = 1 e
da de tensão de 5% que- tral elétrica, que permitisse a regulação do fluxo da energia ativa para
é da ordem de 0,3 - 104,2 = 31,25 [MW], e, com a
cos às = 0,8 (IND), de apenas 0,11 - 104,2 = 11,5 [MW]. linha mediante atuação sobre suas máquinas primárias. Se a demanda no
cos dz = 0,9 (CAP), só é possível transmitir 0,6 - 104,2 Mesmo sob receptor for constante, como foi admitida na hipótese com que a equação
= 62,52 [MW]. Us =f(No, Ui) foi deduzida, qualquer aumento da potência só poderá
A Fig. 6.5, que mostra a variação das perdas
na linha longa, dá uma ser absorvido pelas perdas na linha na forma de J?R. Como a resistência
idéia de como elas crescem com o crescimento
da energia reativa entregue da linha permanece constante, haverá um aumento no valor da
no recept or. corrente,
que por sua vez irá provocar uma maior queda de tensão, conduzindo ao
Essas considerações nos conduzem a algumas conclu valor menor de U,. Essa raiz representa, portanto, uma condição
sões interessantes: inviável
de operação e deve ser descartada, porque as potências das cargas dependem
a — dentro das limitações impostas pela capacidade das tensões, diminuindo quando estas diminuem
da central ali- e aumentando quando
mentadora, o fluxo das potências ativas é controlado estas aumentam. Um aumento da potência ativa no transmissor se ma-
pelas demandas
do sistema alimentado, devendo as máquinas primárias nifestaria com um aumento na frequência, cuja magnitude seria função
ajustar-se a essa
demanda, de forma a manter constante a frequência do sistema. da sensibilidade dos equipamentos alimentados a essa variação.
radores,
Os ge- Haverá,
por sua vez, devem ajustar-se para certamente, variações nas demandas de potências
manter a tensão constan- ativas, como também
te, em um ponto do sistema; de potências reativas;
b — o fluxo das potências reativas através das 3 — também neste caso, a regulação da linha, como o seu rendimen
linhas é um parâ- to,
metro fundamental em seu desempenho, seja dependem grandemente do valor da potência reativa no receptor,
sob o aspecto técnico (re- ou seja,
gulação da tensão), seja sob o ponto de vista do fator de potência do sistema alimentado.
econômico (rendimento da
transmissão). Quanto mais longa for a linha, maiores serão os
mas decorrentes; proble- q + o
+ o & o

62,52

79,94
s210
o o -— na
o q » 4 Po [MW]
c — nas linhas longas, a regulação de tensão e as perdas
são, em geral, os fatores limitantes em sua capaci
de potência Uz
dade de transmissão, en- luz
quanto que, nas linhas curtas, o aquecimento dos Kv]
condutores, causado pela 110 -
corrente transportada, pode ser o fator limitan 151,8
te principal (ver Item 6.6).
1,00
138,0
6.2.1.1 — Operação Com Tensão Constante no 124,2
Transmissor
o,8 K
uo,2
Admitamos que a central que alimenta o sistema
tensão mantenha
“constante junto ao transmissor, ou que o sistem
a seja alimentado por um os
barramento de um grande sistema, capaz de aí s2,8
manter a tensão constante,
como pode ocorrer em casos de linhas radiais de subtransmissão. 0,5
forme vimos no Cap. 4, a equação U; = f(No, Con-
U:) admite quatro raízes. 0,4
Esse fator é reconhecível na Fig. 6.6, que aprese
nta as curvas de regulação U,= 138 [kV]
de uma linha longa operada nessas condições.“
9.3 Np= 104,2 [Mva]
Observamos: “a 0,2

1 — para cada valor de fator de potência no recepto


r há um limite
máximo de potência ativa transmissível, definido
re

pelo ponto em que a


equação apresenta uma única raiz real. Potências ativas maiores não 1 .2 .3 4 .5 .6 .7 .8 |Pal
podem ser entregues no transmissor — as raízes serão todas imaginá Fig. 6.6 — Curvas de regulação de uma linha longa operada com
rias; Ui = constante alimen-
tando uma carga passiva.
228 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 + 100

+0,9

6.2.2 — Linha de Transmissão Ligando uma Central Geradora


a um Grande Sistema Ng
7 1317 [M VA
to, Po: 893 [Mva]
; U,= Uz= CONST.
É uma condição de operação fregiúentemente encontrada nos níveis U2= 460[KV] =ípu
+0,5 aa
mais altos dos sistemas de energia elétrica. É o caso das centrais hidro- e!
elétricas, hoje cada vez mais distantes e de potências maiores, que alimentam
grandes sistemas de energia, contendo outras centrais.
Análises preliminares de linhas funcionando nessas condições são
feitas, em geral, com algumas hipóteses simplificativas. São as seguintes:

a — o sistema alimentado pela linha é considerado infinitamente


grande, ou seja, sua capacidade de receber ou fornecer energia ativa e
reativa é infinitamente grande no receptor da linha;
b — a frêgúência no barramento de interligação é absolutamente
constante; -0,4 Du
c — a tensão no barramento do receptor da linha (ponto de interli- -as Uj3 CONST. U2= CONST
gação) também é rigorosamente constante. 8 = VARIÁVEL 22
10 20 30 42 5º so 70 so so
Essas condições dificilmente serão encontradas em sistemas reais, ÂNGULOS DE POTÊNCIA
- 6º
que, no entanto, podem apresentar condições bastante próximas às ideais. Fig. 6.7 — Variação das potências ativas e reativas em função dos ângulos de potência,
As conclusões que obtemos em um estudo assim feito são, portanto, vá- com Uj = Us = pu l,0 = constante.
lidas. Uma vez definidos os principais parâmetros dessas linhas, são as
mésmas integradas nos modelos dos sistemas e seu desempenho é estudado
pelas técnicas de estudos de fluxo de carga (Load Flcw) e de estabilidade +0,8 ce z
dos sistemas, PL dl do dono. —- -— —+p
+0, E=EETS Arco fesesr=n fool
De acordo com as hipóteses iniciais, a central elétrica que alimenta a 2 - pl=%, Po Up=460 [KV] "2
+06 TRANSMISSÃO COM 2 y Ng=1317 [MVA
linha de transmissão não terá influência: alguma sobre a fregiiência de +09 Paz nPo —-—— [pg=893[Mva]
todo o sistema, como também não exercerá controle algum sobre a tensão 1 e,=19º
do mesmo. Da mesma forma, em virtude da constância da fregiúência tos» 82=43º
e da tensão, o sistema alimentado não exerce influência sobre a quanti- +0,5
dade de energia transmitida pela linha. Esta dependerá exclusivamente to,
do modo de operação da central elétrica junto ao transmissor da linha. 2
*01FOjio
“a — Os geradores fornecem às linhas potências ativas de valores ao
iguais à potência fornecida à sua máquina primária (turbinas) menos as A
“04
perdas de geração e de transformação. A linha de transmissão terá
“que transportar essas potências ao sistema infinito (que tem capacidade -02
para absorvê-las). O valor da potência ativa transportada pode ser in- -0,3
fluenciado somente pelos reguladores de abertura das turbinas da cen-
-04
tral alimentadora, fixados valores para U, e Us, (ver Fig. 6.7). Uz = CONST.=1
TOS pai Po a = CONST.
bd — Outrossim, como a tensão no barramento do receptor é mantida -Q
constante pelo sistema maior, a regulação da tensão. da central elétrica no o,8 o8s 0,9 0,95 1,0 105 110 115 1,20 pu
transmissor da linha poderá ser empregada para regular o fluxo de po- TENSÕES NO TRANSMISSOR
tências reativas da linha. Para cada valor de U;, haverá, forçosamente, Fig. 6.8 — Variação das potências reativas, em junção das tensões no transmissor, com
- um valor correspondente de Q» (ver Fig. 6.8). tensão e potência ativa constante no receptor.
230 | OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 - 6.2 — MODO DE OPERAÇÃO DAS LINHAS
= 231
Imaginemos um sistema do tipo descrito, em que, na central, mante-
nhamos uma tensão U; maiores que os acréscimos de potência ativa no transmissor. A potência
constante, enquanto que o sistema manterá
tensão U, constanté. a ativa no receptor decrescerá, portanto.
Se atuarmos sobre o regulador de veloc
turbina, aumentando a admissão de água idade da O sistema descrito é um sistema oscilante em torno de 6.
(ou vapor), estaremos fornecendo Assim, se
ao gerador uma potência ativa maior, que a variação da potência ativa ocorrer bruscamente, poderão
se manifestará sob a forma, de aparecer os-
um aumento no conjugado motor. Este fará com que o rotor do gerador cilações, no valor de 8, suficientemente grandes para gue seja
| ultrapassado
se adiante eletricamente, com relação àa sua o limite de estabilidade do sistema, quebrando-se o sincroni
posição anterior (ele não po- smo entre a
derá sofrer aumento de rotação porque estará central e a rede. Daí ser usual a adoção de um valor máximo conserva-
amarrado sincronicamente
ao sistema). Isso significa que a tensão termin dor para o ângulo 6 das linhas de transmissão que operam da forma
al do gerador, que será des-”
também a tensão do transmissor, ficará adian crita, ou seja, limita-se o valor da potência ativa transmitida para
tada em fase. O ângulo que à
de potência cresce
rá à medida que a admissão for aumen valor de Omsx não seja ultrapassado. Para as linhas longas esse valor se
cimento da potência ativa continuará, enqua tada. O cres- situa, como foi mencionado, em torno de 30º, como informação prelimin
nto for possível aumentar a ar.
vazão (ou vapor) das turbinas. Cessando esta, o sistema se equilibrará À determinação dos limites de estabilidade dinâmica, em sistemas
em torno de um valor de 8, correspondente à de
energia ativa entregue no energia elétrica, será tanto mais complexo quanto maior for
receptor. o número de
centrais interligadas por linhas de transmissão, operando
em paralelo.
Seu estudo, que foge à finalidade deste texto, requer, em geral, recursos
Com um ângulo de potência mínimo e igual
a
destina-se a suprir as perdas em vazio da linha, 84, a potência ativa P, modernos de processamento matemático, como computadores digitais,
que, em virtude de sua ou simulação analógica em modelos eletromecânicos.
corrente de carga, se transformou em um impor
tante gerador de reativo. Imaginemos agora que a admissão das turbinas seja mantida
Aquela deverá ser absorvida em Partes aprox cons-
imadamente iguais pelo tante, de forma que a potência ativa no receptor seja igual à metade
transmissor e pelo receptor (Qu e Quo). O recept da
or, sendo infinito, não potência natural da linha.
tem maiores problemas em absorvê-la, enqua Enquanto que no receptor é mantida cons-
nto que essa carga reativa tante a tensão U, = 1 pu, façamos variar a tensão no transmis
pode representar um real problema para sor entre
os geradores, sujeitos que são aos 0,8 e 1,2 pu. Vejamos a influência dessa variação de tensão sobre os
fenômenos de auto-excitação (ver textos
sobre geradores síncronos). fluxos dos reativos, com base na Fig. 6.8.
Com o aumento das potências ativas no transmissor,
um aumento da energia ativa" entregue há igualmente Observamos:
no receptor, sendo seu balanço
efetuado com as perdas na transmissão, 1 — a potência reativa no transmissor é negativa, ou seja,
principalmente aquelas devidas flui da
ao efeito Joule. As potências reativas em ambos os termin linha para as máquinas e, na faixa de variação das tensões, sofre
ais decrescem. um de-
progressivamente em módulo, tornando-s créscimo da ordem de 3/5 do valor que possui com o menor valor de Us;
e nulas para, em seguida, in-
verterem o seu sinal, No ponto em que as características Q,
Q» = f (8) se cruzam, a linha recebe do sistem = y (8) e 2 — no receptor observamos que, para valores baixos de
U+, há um
a receptor uma certa po- fluxo de reativo do receptor para a linha, que esta transfere ao
tência reativa que ela transfere ao transmissor transmissor,
(ponto A da Fig. 6.8). Esse pois o reativo que a linha gera com a potência ativa transmitida
ponto corresponde à transmissão com potência característi é insu-
com um ca, ou seja, ficiente para manter as tensões terminais. Com o aumento da tensão U,
ângulo 6, menor do que 84 do ângulo correspond
tência natural 8,. ente à sua po- nos geradores, o reativo gerado não somente se torna suficiente
A linha não requer reativo para seu
funcionamento,
para aten-
ccmo vimos no Cap. 3. A partir desse ponto, der aos geradores, como também para fornecer ao sistema receptor
com o aumento nas potên- , em
cias ativas os reativos fornecidos pelo recept quantidades crescentes.
or cobrem inicialmente as
necessidades da linha, que ainda transfere Aumentando-se a potência
parte desse reativo aos gerado- ativa para um valor igual ao da potência
res, para em seguid a absorvê-los integralmente natural da linha, observamos:
(ponto B da Fig. 6.8).
Desse ponto em diante, todo o reativo fornec
ido pelo transmissor e pelo 1 — variação relativamente pequena das potências reativas no trans-
receptor se destina à manutenção dos campo
s elétricos e magnéticos da missor na faixa de variação das tensões, sendo "positiva com
linha, valores. ex-
tremos e negativa com valores médios;
Se os aumentos das potências ativas forem realiz
tivamente, a potência ativa no receptor assim ados suave e grada- 2 — considerável variação da potência reativa no receptor,
também crescerá até 0 = 8p que é
(ver Cap. 4), que corresponde ao ponto, de máxim g negativa com valores baixos de U,, com os quais a linha não tem
a, potência no receptor. condição
À partir desse de manter seus campos, e com valores positivos com valores altos de U,,
ponto, as potências reativas recebidas pela
receptor linha junto ao quando a linha, além de auto-suficiente, ainda pode fornecer
continuarão aumentando e as perdas por reativos do
elas provocadas serão sistema receptor, parte dos quais por transferência desde o
transmissor.
232 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6:3 — MEIOS DE CONTROLAR TENSÕES E ÂNGULOS 233

O ponto de equilíbrio ocorre com um valor de U, para o qual a linha trans- 6.3— MEIOS DE CONTROLAR TENSÕES E ÂNGULOS DE
fere para o transmissor o reativo recebido no receptor (ponto 4 na Fig. 6.8), UMA LINHA. COMPENSAÇÃO DAS LINHAS
quando a linha não gera e não absorve reativo. :
Conforme vimos nog itens anteriores, o transporte de energia através
de uma linha de transmissão depende da diferença em módulo e fase, das
6.2.3 — Linha de Interligação de Sistemas tensões no transmissor e no receptor. Depende, outrossim, das caracte-
rísticas das linhas e das cargas alimentadas. Atuando sobre qualquer
desses elementos, alteraremos suas condições de funcionamento. Nas
Neste caso, a central é substituída por um novo sistema, de caracte- linhas de transmissão ou subtransmissão radiais, que alimentam cargas
rísticas semelhantes às do sistema alimentado. As tensões, nos. pontos passivas, é, em geral, relativamente simples a regulação das tensões, den-
de interligação, podem ser consideradas constantes e ambos os sistemas tro de limites razoáveis. Assim, por exemplo, se uma linha é alimentada
possuem características de sistemas infinitos. Ambos podem absorver ou por uma central elétrica e tem características tais que a variação de tensão
fornecer energia ativa e reativa e a linha poderá transportar energia em, em seu receptor é relativamente pequena, os reguladores automáticos de
ambos os sentidos. tensão dos geradores podem regular a tensão no transmissor, dentro de
O fluxo- das potências ativas poderá ser controlado através de um pequenos limites, de forma a manter a variação da tensão junto do re-
controle diferenciado das gerações em cada um dos sistemas interligados. ceptor dentro de limites razoáveis. Para tanto, eles devem ser equipados
O sistema fornecedor atuará sobre as máquinas primárias, em uma ou em com controles baseados nas potências ou nas correntes transmitidas. Nas
várias de suas centrais, aumentando a sua potência, enquanto que o sis- linhas de subtransmissão, essa compensação se realiza nos próprios trans-
tema receptor manterá sua geração constante, durante um aumento de formadores elevadores, equipados com comutadores automáticos sob
sua própria demanda ou, em caso de demanda constante, reduzirá a gera- carga, ou através de reguladores indutivos de tensão. A regulação de
ção própria. tensão, nelas, é obtida pela variação do fator de potência no receptor,
O fluxo das potências reativas será controlado através do controle das como também pela alteração dos parâmetros das linhas. Nas linhas que
tensões nos transmissores e receptores. Esse controle poderá ser realizado interligam centrais com sistemas contendo geração, ou linhas de interliga-
de várias maneiras, como, por exemplo, através de transformadores regu- ção de sistemas, ou mesmo de interligação entre pontos de um sistema,
ladores de tensão junto aos terminais da linha. a regulação das tensões está, em geral, associada também à regulação das
Uma vez que a geração de energia reativa próxima aos locais de uso potências. Examinaremos inicialmente a influência dos meios externos de
é mais econômica do que sua geração remota e consequente transporte regulação e, em seguida, a influência naa modificação dos parâmetros das
por linhas de transmissão, esse tipo de linha deve operar, como em geral linhas.
o faz, com fator de potência unitário no receptor.
6.3.1 — Regulação do Fator de Potência

6.2.4 — Linha de Interligação Entre Dois Pontos de um Mesmo Vimos, ao analisar a operação das linhas que alimentam cargas pas-
Sistema sivas, que o seu desempenho elétrico, ou seja, sua regulação e seu rendi-
mento dependem grandemente do fator de potência do sistema Teceptor,
dependência essa que se torna mais marcante quanto mais longaé a linha.
São linhas que normalmente se destinam a aumentar a segurança e a Dependendo do valor da potência ativa a ser entregue no receptor,
- flexibilidade de operação de um sistema, facilitando a circulação das po- a linha poderá ou não dispor de reativo suficiente para não só atender à
tências e melhorando a sua regulação geral. Através de criteriosa escolha demanda desse tipo de energia pelo sistema alimentado, como também
dessas interligações, pode-se conseguir o fluxo ótimo das potências. O para consumo próprio, necessário para manter o valor de tensão desejada
projeto de uma linha de interligação deve ser precedido de um estudo geral no receptor. Poderá, outrossim, dispor de excosso de reativo, obrigan-
do sistema (estudo de fluxos de carga) que estabeleça as condições de ope- do-a a manter tensões indesejavelmente altas junto ao receptor. O trans-
ração da linha mais conveniente, como também os pontos mais indicados porte de reativos pela linha, por outro lado, dá origem a correntes mais
a serem interligados. Nesse tipo de linha, as tensões nos pontos de inter- elevadas, portanto a maiores perdas de energia,
ligação variam de acordo com as condições de carga no sistema e os ân- A necessidade do controle das potências reativas junto aos recepto-
gulos de potência são função do próprio sistema. Transformadores regu- res é, pois, de importância primordial nesse tipo de transmissãc. As em-
ladores de tensão e de fase podem ser empregados para regular os fluxos presas concessionárias, dentro de certos limites, usam mesmo de medidas
de potências ativas e reativas nessas linhas. coercitivas contra consumidores cujos fatores de potência são considerados
234 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.3 — MEIOS DE CONTROLAR TENSÕES E ÂNGULOS , A
235

baixos, empregando tarifas diversificadas. Essas tarifas são fixadas magnéticas e mecânicas.
de Aumentando-se a excitação, a máquina passa
forma, a compensar quaisquer investimentos que o consumi a fornecer energia reativa, que vem a possuir
dor venha a em excesso em seu sistema
ter que fazer para reduzir suas necessidades de energia reativa. de excitação. Nessas condições, comporta-se como se fosse um capacitor,
Nos receptores das linhas, por outro lado, os problemas podem donde a denominação usual de condensadores síncronos. no
ser de
dois tipos: necessidade de geração de reativo para o sistema Reduzindo-se a excitação a um.valor 1. < OA, a energia magnética
alimentado,
e eventualmente para a linha, bem como de absorção do excesso torna-se insuficiente para o seu funcionamento, pelo que, então, absorve
de ener-
gia reativa da linha. Para tanto, equipamento adequado deverá. ser ins- da rede a diferença de energia necessária, passando a se comportar como
talado junto aos terminais das linhas. Em outras palavras, é necessário um reator indutivo. Nessas condições, um simples ajuste no valor da .-
que haja compensação de energia reativa junto aos terminai corrente de excitação da máquina que se encontra junto ao receptor da
s das linhas.
. Há, basicamente, dois tipos de equipamento de compensação:
rota-
linha permite regular o fluxo da potência reativa na linha, entre regimes
tivos e estáticos. Os primeiros são construídos principalmente por mo- de operação em vazio 1. = OD e plena carga (1, = 05). º
tores síncronos, enquanto que, os segundos, por bancos Os compensadores síncronos possuem ainda uma outra propriedade
de capacitores
e reatores indutivos, associados ou separados. importante, que é a sua capacidade de auto-regulação: admitamos que a
4 — Compensadores Sincronos — São motores síncronos de constru- máquina esteja operando com a excitação OB e tensão U, e que a tensão
ção especial para essa finalidade. seja reduzida para 0,9 U,. Imediatamente, passa a fornecer uma po-
Não fornecem, ordinariamente, po- tência reativa BC”, o que provoca uma redução na queda de tensão na
'tências mecânicas em seus eixos. Representam, sem dúvida nenhuma,
a forma mais eficiente para a realização da compensação do fator linha e um aumento na tensão terminal da máquina, reduzindo novamente
de po- a potência reativa, vindo a se estabelecero equilíbrio entre BC e BC".
tência, apesar de seu custo relativamente elevado. Seu funcionamento
baseia-se Também se a máquina estiver funcionando com a excitação OD, ela es-
na conhecida propriedade dos motores síncronos, de absorver
energia reativa ou de fornecer esse mesmo tipo de energia ao sistema a tará absorvendo a potência reativa DE. Se a tensão diminuir para 0,9 Us,
que haverá uma redução na queda de tensão, o que virá aumentar novamente
estão ligados, dependendo do seu grau de excitação.
a tensão nos terminais da máquina, encontrando-se um ponto de equili-
brio com a potência reativa entre OE e OF”.
- Os modernos compensadores síncronos são construídos com o máximo
requinte a fim de que seu rendimento seja o mais alto possível, hoje em
torno de 99%, quando refrigerados a hidrogênio em circuito fechado.
Podem ser construídos com potências individuais superiores a 500 MW.
-B — Compensadores Estáticos — De custo inferior, são bastante
utilizados, apesar de apresentarem algumas desvantagens com relação à
máquina síncrona, principalmente devido ao fato de que equipamentos
diferentes são necessários para a produção ou absorção de energia reativa.
a — Capacitores estáticos ligados em derivação — Têm a capacidade
de gerar energia reativa de cuja falta o sistema se ressente. São larga-
mente usados em todos os níveis dos sistemas elétricos, pois os benefícios
de sua presença são numerosos. Para efeito de regulação do fator de
potência das linhas de: transmissão, devem ser instalados junto ao seu
receptor, empregando-se para isso, em geral, transformadores abaixadores
com terciários, se as tensões primárias e secundárias forem muito elevadas.
A fim de se obter a capacidade necessária e para que operem sob deter-
minadas tensões, é necessária a formação de bancos de capacitores, por
g associação série-paralelo.
Fig. 6.9 — Característica O = J(I,) de um condensador síncrono. A potência reativa instalada não deve ser constante, pois a compen-
- Sação necessária varia, como vimos, com a carga. Daí sér preciso dividir
Como mostra a Fig. 6.9, 04 é o valor da corrente de excitação para "a capacidade necessária para a compensação, quando a linha opera em
o funcionamento de um motor sínerono em vazio, quando ele absorve cargas menores. A capacidade total dos bancos é subdividida em blocos,
exclusivamente potência ativa para cobrir suas perdas internas elétricas, “que podem ser colocados e retirados de serviço independentemente, au-
OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.4 — COMPENSAÇÃO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO Vo 237
236 .

acordo Se os capacitores estiverem inteiramente carregados, a corrente po-


mentando ou reduzindo a carga reativa no terminal da linha, de derá atingir o dobro desse valor. As correntes iniciais podem ser limitadas
com as necessidade de serviço, através de disjunto res.
colocando-se em série com cada um dos estágios uma resistência ou uma
que cons-
A variação, evidentemente, é escalonada e não continua, o reatância indutiva, a ser curto-circuitada depois do transitório inicial.
desvant agem, sendo necessár ios tantos disjunto res por fase
titui uma Um curto-circuito em uma unidade de um banco de capacitoros pode
quantos forem os degraus desejados. prejudicar os demais, pois pede permitir a passagem de correntes origi-
de correntes capacitivas puras constitui, por si só, nárias das cargas dos outros capacitores. Estes sofrerão, então, rápidos
A interrupção
para os disjuntores, que devem possuir um tempo ciclos de cargas e descargas, danificando-se. Evitam-se inconvenientes
um sério problema
do arco,
de desionização muito curto, a fim de se evitar o reacendimento protegendo-se cada unidade do banco através de fusíveis de alta capaci-
o aparecimento de surtos de sobretensão. O tempo de fe- dade de ruptura, que eliminam do serviço a unidade defeituosa, curto-
o que provoca
ecer-se e
chamento também deve ser curto, pois o arco. poderia estabel circuitando-a simultaneamente.
corrent e por zero, antes de complet ar o
extinguir-se pela passagem da Os b — Reatores indutivos em derivação — Absorvem o excesso.
de energia
dos contatos , também provoc ando sobrete nsão.
fechamento total reativa existente no sistema. Construídos de forma semelhante à dos
a óleo não têm respondido bem às exigências de ser-
disjuntores normais
mesmo quando equipados de resistência by-pass. Ultimamente transformadores, podem ter incorporados comutadores automáticos, cuja
viço, função é variar o valor da reatância em serviço, sendo, em geral, coman-
a óleo de construção
- têm sido preferidos os disjuntores a ar comprimido, ou dada por relés de tensão. Os reatores indutivos são basicamente de dois
especial, nesse tipo de instalação. tipos: de núcleo saturado e de núcleo isolado. Procura-se, em ambos os
ou automático.
O comando dos bancos capacitores pode ser manual casos, dar-lhes características lineares. No primeiro caso, fazendo com
ar a tensão, eles são ligados e
Quando sua única finalidade é a de control que operem na parte linear da curva magnética saturada, e no segundo,
desligados de acordo com a variação desta.
mantendo entre ferros elevados, fazendo com que trabalhem na região
automático, um relé de tensão comanda o es- não saturada da sua curva de magnetização.
Em caso de comando
quema. Quando sua função é a de correção do fator de potência, relés Uma associação adequada de reatores indutivos e capacitores regulá-
o.
de corrente ou de kKVAr é que controlam a sua operaçã veis permite obter uma compensação com características semelhantes
Quando se energiza o primeiro estágio de um banco de capacitores, àquelas dos compensadores síncronos [11].
valor instantâneo pode fluir no sistema. Essa
uma corrente de elevado
corrente pode ser calculada pela expressão [1]:
6.4 — COMPENSAÇÃO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO

L= 4Xc— |+ | [A], (6.1) . Nos capítulos e itens anteriores, verificamos que em uma determinada
Xz Xz
linha de transmissão, com seus parâmetros elétricos fixos e definidos
equipamentos vários podem ser usados para regular os fluxos das potências
na qual U [V] é a tensão fase e neutro; ativas e reativas e as relações entre as tensões terminais. O elemento
sendo
Xc [ohm] é reatância capacitiva por fase do estágio que está
aparentemente menos flexível é a própria linha, cujos parâmetros são
função de suas características físicas, rígidas para uma determinada, cons-
ligado ; trução. . Sua alteração seria, evidentemente, um meio de reduzir e mesmo
“ Xy [ohm] é reatância indutiva interposta entre as fontes e os capa- anular certos efeitos indesejáveis em sua operação. Estes, como vimos,
citores. são tão mais acentuados quanto maior o seu comprimento, como, por
o valor inicial exemplo, o efeito Ferranti ou as excessivas quedas de tensão em regime
Ao serem energizados sucessivamente outros estágios, de cargas elevadas.
pela carga instant ânea dos ca-
da corrente é determinado principalmente
ram em serviço, a qual se sobrepõ e àquela oTi- Felizmente, para a técnica das transmissões a longa distância, sem
pacitores que já se encont
Os disjuntores que entram em serviço sucessi vamente alterarmos as características físicas das linhas, possuímos meios para al-
ginária do sistema.
o que deve
são cada vez mais solicitados, sendo aquele que liga O último e des-
terar suas características de transmissão, atuando sobre o seu circuito
Se os capacitores estiverem completament elétrico. Nessas condições, é possível neutralizar o efeito do excesso de
ligar a maior corrente.
máximo da corrente poderá ser calculado pela ex- reatância capacitiva, ou o excesso de reatância indutiva, ou mesmo ambos.
carrega dos, o valor
pressão [1]: Também é possível alterar artificialmente o comprimento elétrico da Ii-
nha. O grau de compensação em cada um dos casos é, antes de tudo, um
º Inéx = 12V2U VXolX [A). | (6.2) problema técnico-econômico, e como tal deve ser encarado.
238 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.4 — COMPENSAÇÃO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO ”
. 239

Conforme lembramos do exposto no Cap. 3, uma linha de transmis-


são, para poder funcionar, necessita, para a manutenção de seus campos acordo com a associação n.º 12 da Tab. 4.3 de associação de quadripolos,
“elétricos e magnéticos, de energia elétrica reativa, cujo sinal depende do teremos (Fig.-6.11):
regime de carga com o qual opera. Essa energia reativa deverá ser-lhe
fornecida pelo sistema gerador que a alimenta, c seu valor depende de seu Ã=A+BY, C=h+AVA+DYA+4BYY (6.3)
comprimento e de sua classe de tensão. Quando a linha opera em vazio
ou com cargas pequenas, ela se comporta como um capacitor, represen- B Bi; D = Di + By.
“tando, para o sistema alimentador, um gerador de energia reativa. Por
outro lado, com cargas elevadas em cujo limite encontramos a operação
em curto-circuito, a linha absorve energia reativa para o seu funciona-
mento, havendo nesse regime de operação predominância dos campos
magnéticos. Há apenas um ponto intermediário em que a linha é auto-
suficiente, há equilíbri o a energia necessária aos seus campos elé-.
' entre
tricos e magnéticos e ela deixa de absorver energia reativa, passando o
período transitório de energização; é quando opera com potência natural.
Nesse caso, seu fator de potência é constante ao longo de todo o seu com- Xte Xre
primento. Ela deixa de solicitar o sistema alimentador por energia rea-
tiva, em geral de custo elevado. A Fig. 3.17 mostra as necessidades de
energia reativa de sistemas de transmissão para várias classes de tensão,
em função da relação da potência transmitida e da potência natural da
linha,
Somente uma parcela bastante pequena dessas potências pode ser
fornecida ou absorvida pelos sistemas, de forma que outras fontes de ener-
gia reativa são necessárias. ' Já vimos no Item 6.3 que a forma de evitar o
transporte de energia reativa através das linhas consiste na produção e
absorção da energia reativa junto do receptor, inclusive daquela requerida
pela rede alimentada. Para tanto, sugerimos o emprego de condensado-
res síncronos, ou reatores indutivos e bancos de capacitores. Vejamos
como satisfazer as necessidades de energia reativa das linhas.

6.4.1 — Compensação em Derivação

Visa a neutralizar o efeito das reatâncias em derivação das linhas,


através de elementos em derivação absorvendo energia reativa de sinal
oposto. Em outras palavras, empregam-se reatores indutivos para com-
pensar as reatâncias capacitivas naturais das linhas. Com essa compen-
sação procura-se, principalmente, a neutralização do efeito Ferranti, li-
gando-se a ambas as: extremidades das linhas reatores indutivos de indu-
tância variável. As tensões nas cxtremidades da linha são mantidas no
valor desejado. Na Fig. 6.10 representamos o esquema unipolar da linha
compensada e o seu circuito equivalente.
Conforme vimos no Cap. 3, tanto a linha Fig. 6.11 — Quadripolo representativo da linha com cômpensação.
como os reatores podem
ser representados em termos das constantes gencralizadas dos quadripolos.
Lembramos que a constante À representa a relação, em módulo e fase, Uma compensação completa será conseguida com:
'entre a tensão Ui e L4o quando a linha opcra em vazio. Portanto, para
que a compensação seja total, é necessário fazer com que À = 1. De Á: + BY = 1,
240 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP, 6 6.4 — COMPENSAÇÃO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO 241

da qual obtemos: lamento da linha e os investimentos necessários, que, principalmente neste |


último caso, são bastante vultosos. Os reatores, em geral, são ligados
diretamente ao barramento de saída das linhas, nos sistemas em tensões
Y dt
= [siemens/fase] (6.4a) mais elevadas, sendo, no entanto, comum empregar para esse fim enrola-
i
mentos terciários dos transformadores terminais, em sistemas de tensões
mais baixas.
ou uma compensação parcial:

k — As .
— -. [siemens/fase), (6.4b)
Bi:

na qual k representa o valor da relação Ui9/U>o desejada.


Apenasa componente reativa de Y é que deverá ser compensada,
pois a compensação da parte real é desnecessária, por se tratar de compo-
nente ativa da corrente de carga da linha, e exigiria, além do mais, a in-
jeção de correntes nos pontos de compensação. A resistência dos reato-
res é normalmente bastante pequena, comparada com a sua reatância in-
dutiva, podendo ser desprezada.
Nessas condições, teremos:
Da = Uso
. k— 4 Tn tE k—a' . . tt .

operando e igualando imaginários:

b—a!
y" = = H .
sen Bs — a cos 8» [siemens/fase)« (6.5) Uz
= Uso

A capacidade trifásica: dos reatores indutivos em derivação a serem


instalados em cada extremidade da linha será dada por: o)
Fig. 6.12 — Linha em vazio, perfis de tensão: a) sem compensação; b) com com-
O. = UA «cy [MVA, (6.6) pensação; c) compensação intermediária e no receptor.

na:qual UA[kV] é sua tensão nominal, entre fases.


O emprego dos reatores não elimina a elevação das tensões no meio 6.4.2 — Compensação-Série
da linha, atuando somente em suas extremidades, como mostra a Fig.
6.12b. As tensões em pontos intermediários podem também ser redu- Os parâmetros-série das linhas de transmissão, reatância indutiva «
zidas ao nível da tensão no transmissor, em vazio, com a instalação de resistência, são os responsáveis pelas grandes quedas de tensão nas linhas.
reatores em pontos intermediários. Neste caso, cada trecho de linha. A reatância indutiva, além do mais, é também responsável pelo ângulo
deverá ser considerado como um quadripolo, assim como cada reator. de potência 8 da linha; portanto, peló seu grau de estabilidade, tanto cs-
Teremos a associação-série de cinco quadripolos. Sua solução prática tática como dinâmica. Para a manutenção de seu campo magnético,
“pode ser feita pela solução simultânea das expressões 12 e 15 da Tab. 4.8, necessita da energia reativa que absorve do sistema alimentador. Seus:
-igualando-se a constante resultante 4 à unidade. efeitos são proporcionais à corrente na linha. A compensação poderá,
À conveniência da compensação total, como também do emprego então, ser feita através de capacitores ligados em série, capazes de reduzir
de, reatores intermediários, está relacionada com a coordenação do iso- e mesmo anular os efeitos da indutância da linha, quando vistos de seus
242 º : ooo OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.4 — COMPENSAÇÃO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO . 243
terminais. Nessas condições, o emprego de capacitores.
com as linhas de transmissão vem receb estáticos em série sendo 7; [kA] a corrente em regime permanente da linha.
endo um crescente impulso, pois,
entre outras, apresenta as seguintes vanta Se instalado junto às suas extremidades, sua capacidade
gens [7]: pode ser
calculada a partir da equação:
q — representam, em geral, a solução
mais econômica para melhorar
os limites de estabilidade estática e transitória;
B = Bi + Áid.. + Did. + (122,
b — melhoram a regulação das linhas; . (6.10)

c — que pode ser posta da seguinte forma:


ajudam a manter o equilíbrio de energia reativa; o
à —
melhoram a distribuição de cargas e as perda Ddr = (d+)
s globais no sistema. + 2 (ai + ja) (ro 4 je) + (es je) (ri + j2?; :
Dessa forma, aumentando as capacidades
sua instalação em linhas existentes pode
de transporte das linhas, desenvolvendo e igualando reais e imaginários, teremos:
protelar e mesmo evitar à cons-
trução de nova linha, possivelmente de
custo superior, Os capacitores- bd” = b7 + 2a; — ci (xo?
série, para o funcionamento ideal, dever
iam ser distribuídos ao longo da
(6.11)
linha, porém, em virtude do custo envolvido
lações, seu emprego é
em cada uma dessas insta- Para uma compensação total, teremos
em geral limitado à suas extremidades b” = 0, logo:
dois pontos intermediários. e a um ou
Para a compensação total, que será
da reatância indutiva, é necessário apenas
que a parte imaginária da constante Te =
+ 2ai + CoFado;
B do quadripolo resultante da associação-séri 2e1 6.12)
e. da linha com os capacitores (
seja anulada. A localização ideal para os capacitore
meio da linha [1], o que, no entanto, reque s-série é junto ao Das duas raízes possíveis, devemos aceitar a raiz negativa, pois
r a construção de uma subesta- o
ção e vias de acesso adequadas. sinal mostra tratar-se de reatância capacitiva.
Um cálculo econômico poderá indicar a
posição mais adequada: no meio ou junto À compensação é normalmente realizada parcialmente.
às suas extremidades. Nesse caso,
O valor da reatância capacitiva necessária instalam-se capacitores com capacidade proporcionalmente menores.
pode ser calculado através Assim, por exemplo, se instalarmos capacitores com capacidade de 0,50 x..,
das constantes generalizadas das linhas. Para uma compensação total, diz-se que a linha está compensada em 50%.
basta que a parte imaginária da constante O grau de compensação
do quadripolo, resultante da depende dos efeitos desejados, podendo variar de 90 a 60%.
linha e compensação, seja anulada, Admitamos que a compensação se Os ca-
faça com um banco de capacitores colocado - pacitores-série afetam, outrossim, os valores das constantes À e € das
no meio dá linha, De acordo linhas. Assim, por exemplo, no caso da compensação se fazer no meio
com a associação n.º 14 da Tab. 4.2, encon
traremos: da linha, teremos, como mostra a Tab. 4.2:

B=BiÃ;+DiBo+ DiÃod o 67 A=A+ÓOB A+ CA (jr) | (6.18)


ou
e em suas extremidades:
d+ jb” = 2 [bias + jbiai + jbiai] + (ag)? + 2juo —
(at)? (jxe)];
operando e igualando imaginários:
A = A +C( jo), (6.14)
o que significa um aumento do valor de 4, que se pode tornar maior
Db” = 2(biai + bia) do
+ x, Ia)? — (ai), que a unidade, neutralizando o efeito Ferranti e provocando quedas de
donde: tensão com pequenas cargas ou mesmo em vazio (ver Fig. 6.13).
O diagrama vetorial de uma linha equipada com capacitores-série
te = — 2 (biaY + bias). está indicado na Fig. 6.13, para a qual a compensação é parcial. Verifi-
[ohm]. (6.8) ca-se uma redução sensível na queda de tensão reativa, acompanhada de
(ar)? — (ai)?
uma redução no ângulo de potência 8 da linha. Este último fato indica
À potência reativa do banco de reatores será: que o emprego dos capacitores-série aumenta a capacidade de transpor-
te das linhas face ao problema da estabilidade. O limite máximo do ân-
O = 32IZ gulo 8 limita a possibilidade de transporte da potência natural das linhas
[KVAr], (6.9) em função da distância, como mostra a Fig. 6.14. Lembramos no Cap. 3
244 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP, 6 64 — COMPENSAÇÃO DAS LINHAS DE TRANSMISSÃO 245

que a potência natural é diretamente proporcional ao quadrado. da tensão A aplicação dos capacitores-série apresenta ainda algumas dificul-
e inversamente proporcional à impedância natural. A reatância indu- dades e também inconvenientes, dentre os quais vale a pena mencionar:
tiva de uma linha compensada com capacitores-série será menor do que
aquela de uma linha não compensada, exatamente de valor igual à reatân- a — os capacitores-série são normalmente solicitados por uma dife-
cia dos capacitores de compensação. Sua indutância decresce na mesma rença de potencial equivalente à queda de tensão que a corrente da linha
proporção; a impedância natural, consequentemente, também é bem me- provoca ao atravessá-los (1; - Xe). Ela representa apenas alguns por-
nor, o que faz com que a potência natural aumente. Um aumento desta, centos da tensão de operação entre fase e neutro da linha. Ao ocor-
para uma mesma distância de transmissão, traz um aumento na potência rer, porém, um curto-circuito no sistema, a corrente de falta que poderá
transmissível com mesmo ângulo 8. fluir na linha poderá alcançar valores muito elevados, provocando dife-
renças de potencial muito elevadas nos terminais dos capacitores. Não
é econômico projetar o isolamento e o dielétrico dos capacitores para

o
o
tensões dessa ordem, pois o preço dos capacitores aumenta com o quadrado

aaa
md,

p=

aeee
“da tensão, o que obriga a procura de soluções mais econômicas e, ao

a.
mesmo tempo, igualmente eficientes. Tem sido empregado com relati-
vo Sucesso o esquema de proteção esquematizado na Fig. 6.15. Um cen-
telhador para descarregar com uma tensão inferior à .de isolamento do
capacitor é colocado em paralelo com o mesmo e dá passagem à corrente
de curto-circuito, tão logo a tensão através dos terminais atinja o valor
suficiente.


Ice 2 1 *ee 1
: ce
Hi

b Te

N / Ice

o pm
- Ice
cr

VU). Vo * 6- VALORES SEM COMPENSAÇÃO


io SÉRIE Fig. 6.15 — Representação esquemática da proleção de capacitores-série conira sobrecorm
rentes.
Fig. 6.13 — Efeito da compensação parcial por capacitores-série em linha longa.

Um transformador de corrente — TC — colocado no circuito do cente-


A 2,0 lhador aciona um relé que comanda um disjuntor que fecha um by-pass
Pa» NJ curto-circuitando o capacitor, que, dessa forma, é inteiramente aliviado
1,5 1 Da da tensão. A retirada de serviço do capacitor aumenta a reatância indu-
tiva do circuito entre à fonte e o ponto da falta, reduzindo a intensidade
1,0 e da corrente de curto-circuito, porém o by-pass só é aberto após a norma-
lização do valor da corrente de curto-circuito. Os esquemas atualmente
1,5 em vp bastante mais. complexos, porém operam sob o mesmo prin-
cípio [7].
b — Ferro-ressonância pode aparecer entre os transformadores e os
Lo 2 3 4 5 6 7º kmxioo capacitores-série, produzindo no capacitor sobretensões subarmônicas.
Fig. 6.14 — Capacidade de transmissão das linhas em função do comprimento e da po- Essas sobretensões, em geral, começam somente no instante em que o
o tência característica. transformador é ligado e persistem até que o dispositivo de proteção aci-
246 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.5 — VARIAÇÃO ARTIFICIAL DO COMPRIMENTO ' 247

ma descrito atue, curto-circuitando por pouco tempo o capacito Um e outro processo possuem seus defensores. Essas técnicas podem pro-
r. Após
seu religamento, não reaparecem. Os subarmônicos assim gerados var ser bastante úteis no Brasil em um futuro não muito remoto, pois
refle-
tem-se sobre os geradores, nos quais podem criar oscilações subsíncr poderão permitir a transmissão, de ponto a ponto, da energia que poderá
onas,
com ressonâncias-série entre O e 60 Hz, criando torques oscilant - ser produzida na região amazônica, cujo potencial é enorme.
es e vi-
brações torsionais que podem, eventualmente, conduzir a
danos mecâni-
cos das máquinas [9], como também, sob certas condições,

mm
comprometer
a estabilidade do sistema [8, 9]. 6.5.1 — Linha com Compensação Total
c— À presença de capacitores-série nos terminais das linhas egui- Se compensarmos toda a reatância indutiva por meio de capacitores-
padas com compensadores síncronos pode apresentar alguns problemas
com oscilações permanentes em torno da velocidade síncrona -série da forma indicada no Item 6.4.2 e toda a reatância capacitiva por
, principal- reatores indutivos em derivação, a linha se comportará como um cireuito
mente se a relação resistência/reatância da linha for elevada
(nas linhas resistivo, possuindo resistência-série e resistência em derivação. A queda
modernas, é em geral em torno de 1/8 ou 1/10, não causando maiores
pro- de tensão em módulo será função da corrente na linha e do valor de sua
blemas). Em linhas parcialmente compensadas, o fenômeno de hunting resistência, e sua fase dependerá exclusivamente do fator de potência do
pode ocorrer.
receptor da linha.
d — Dificuldades em conseguir uma coordenação da proteção efi-
ciente das linhas.
Xce Xcc
e — O custo de instalação dos capacitores-série é bastante elevado /0 vw lg 1
polá | syU
que tem ainda limitado o seu emprego. A pequena. diferença de poten-
cial entre seus: terminais, que se encontram no mesmo potencial dos
con-
dutores da linha, exige um nível de isolamento compatível. Dessa forma, Xe Xe
cada grupo monofásico de capacitores é montado sobre plataformas iso-
ladas do solo e entre si, o que acarreta certos problemas com relação
ao
suprimento de energia para o equipamento de proteção e disjuntor q) .
es.
Uz
6.5 — VARIAÇÃO. ARTIFICIAL DO COMPRIMENTO DAS
LINHAS
Us
No Cap. 3 estudamos a influência do comprimento das linhas sobre I>
o seu desempenho, tendo verificado que as piores condições ocorrem
quando
as linhas alcançam comprimentos próximos ao comprimento Fig. 6.16 — Linha compensada: a) circuito equivalente; b) diagrama vetorial.
de 1/4 de
onda, melhorando a seguir, para se comportarem de maneira ótima
ao
atingirem comprimento equivalente ao comprimento de meia Na Fig. 6.16 está indicado o seu cireuito unipolar e o diagrama vetorial
onda. As
linhas em 60 [Hz], cujo comprimento de onda é de cerca de 4 800 [km], “correspondente. Neste caso, a linha' não nécessita de energia reativa,
hoje já alcançam, em algumas partes do mundo, valores bem próximos exceto durante o transitório de energização.
a 1/4
de onda, enquanto que se vislumbra a possibilidade de umas poucas linhas
Em geral, não se visa à compensação total, contentando-se com com-
chegarem a um meio comprimento de onda, apesar da competitividade da
pensação parcial, com o objetivo de assegurar condições ótimas de funcio-
transmissão em corrente contínua para a transmissão de grandes blocos namento, tanto sob o ponto de vista da estabilidade do sistema, como da
de energia a distâncias acima de 700 [km].
regulação de tensões, como de potências reativas. - Em um trabalho [5]
Admitindo, entretanto, a possibilidade da conveniência da constru- publicado em 1962, o problema técnico-econômico da, compensação das
ção de linhas com mais de 1/5 de comprimento de onda, a possibilidade linhas extralongas, que se tornou uma referência clássica sobre o assunto,
de alterar o seu comprimento artificialmente é também economicamente foi muito bem exposto.
viável, como mostraram vários estudos. Verificam-se duas possibilidades:
seu encurtamento, pela compensação integral dos elementos Nesse artigo, os autores verificaram, entre outras coisas, o seguinte:
reativos,
reduzindo-se a um circuito resistivo, ou seu prolongamento no sentido a — o esquema de secção de compensação que melhores resultados
de
seu comprimento elétrico se tornar equivalente a uma linha de meia onda. econômicos apresentou é a secção Pi (Fig. 6.17);
248 . OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.5 —- VARIAÇÃO ARTIFICIAL DO COMPRIMENTO 249

b — o custo total do transporte da energia praticamente não é afe- a — o efeito Ferranti desaparece de seu receptor;
tado pelo número de secções intermediárias de compensação, sendo o seu b — a corrente de carga da linha é pequena, desaparecendo também
número ditado mais por considerações sobre os valores das tensões em o problema da auto-excitação dos geradores.
pontos ao longo da linha. Sua distribuição uniforme é a mais conve-
niente; Além desses efeitos favoráveis, devemos acrescentar ainda o não
menos importante fato de que o ângulo 8, nas linhas de meia onda, atinge
180º, o que, sob o ponto de vista de estabilidade, equivale a um ângulo
+ Xce + 2 B Cc õpD -
de 0º, como se verifica em estudos de estabilidade de sistemas.
ee f | o
u U2 Nessas condições, pelo que se refére à transmissão a distância muito
grande (em torno de 1/4 de comprimento de onda) em tensões extra-ele- -
L
vadas, a transmissão em meia onda abre novas perspectivas para a trans-
x
Ss o 9 missão em CA, .em sua competição com a transmissão em CC. -
* x
O aumento artificial do comprimento elétrico das linhas pode ser feito
de duas maneiras.
Conforme vimos no Cap. 3, para uma linha ideal:
Fig. 6.17 — Esquema II de compensação total.
À = of [mi];
c — a compensação-série mais conveniente é da ordem de 80% ou por sua vez,
mais. Nessas condições, o valor da potência ativa mais econômico em
uma linha é praticamente independente do seu comprimento, sendo
tado mais pelo valor do ângulo 8, por considerações de estabilidade;
limi- v=—>
VLC
[em];
d— o grau de compensação em derivação é ditado por problemas de
regulação das tensões e pelo isolamento das linhas. portanto,

Em vista do elevado custo do equipamento envolvido, que pode absor-


ver apreciável parcela do investimento total (de 25 a 50%,
Net
Iv LC
[em].
dependendo
da classe de tensão), esse tipo de transmissão é apropriado para distân-
cias acima de 950 [km], envolvendo o transporte de 10 a 25 bilhões de Reduzir o comprimento de onda de uma linha com frequência constante
[=Wh-ano] em tensões acima de 500 [kV]. equivale a aumentar o seu comprimento elétrico. Pela Eq. (6.15) obser-
Para determinar os valores de X,. e Xi, para o esquema acima, cada vamos que isso é possível atuando sobre os termos de seu radical, cujo
secção de compensação deverá ser considerado como um quadripolo e as valor deverá ser aumentado convenientemente. Um aumento no valor
Egs. (6.5), (6.8) e (6.12), aplicadas como se fosse para a realização total da indutância é destituído de interesse, pois aumentaria sua reatância
de uma linha não compensada. indutiva, reduzindo, portanto, o valor da potência transmissível. Res-
tam-nos, portanto, dois outros caminhos, que, como veremos, são viáveis.
Primeiro Processo
6.5.2 — Compensação para Transmissão em Meia Onda Consiste na instalação ao longo da linha, a intervalos regulares, de
bancos de capacitores em derivação, aumentando-se convenientemente,
À transmissão em meia onda não é um conceito novo, pois engenheiros portanto, o valor da susceptância capacitiva da linha. Neste caso, além
de telecomunicações têm empregado esse sistema há muitos anos. Só do aumento do comprimento auto-elétrico da linha, obtemos também um
em épocas relativamente recentes é que os comprimentos das linhas de considerável aumento no valor da sua potência natural, pois sua impe-
fransmissão de energia elétrica começaram a ser vistos em termos de com- dância de onda fica consideravelmente diminuída, como nos lembra a
primento de onda, tentando-se, desse modo, explicar os complexos fenó- equação:
menos eletromagnéticos que nelas ocorrem. No Cap. 3, verificamos
alguns fatos interessantes com relação às linhas de comprimento de meia L
onda: 2-1
250 | OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.5 — VARIAÇÃO ARTIFICIAL DO COMPRIMENTO 251

A capacidade em capacitores a ser instalada ao longo da linha é fa-


cilmente calculada. Conforme vimos no Cap. 3, na linha ideal operando
com potência natural:

8 = 81 frad]
ou
Fig. 6.18 — Linha compensada em meia onda.
0 = 57,881 [graus]; (6.16) Para calcular o valor da compensação total necessária, devemos co-'
como: nhecer o comprimento elétrico da linha compensada para um valor pre-
estabelecido de 9. Da Eq. (6.16) obtemos:
B=Imtvya) = TO, 9
k = 27
5730; Ueml. 6.17
(6.17)
logo,

A indutância e a capacitância totais serão, respectivamente:


0 =57,3-1LC.
Na transmissão com meio comprimento de onda, é desejáve Le=i:L [H] - (6.18)
l que o.
sistema composto da linha e dos transformadores termina Co= lc C [Fl
is tenha um
ângulo de torque da ordem de 190º, o que faz com que
a sensibilidade do
controle de reativo dos geradores possa ser menor, como também Subtraindo desses valores os valores das indutâncias da linha física
ra a transmissão em meia onda quando o sistema assegu-
operar com tensão redu- e de dispersão des transformadores terminais e, respectivamente, a capa-
zida, pois uma redução porcentual da fregiência acarret citância da linha, teremos os valores das indutâncias e capacitâncias a
a um aumento
igual no comprimento. de onda. serem acrescidas às extremidades da linha.
Fixando, na Eg. (6.16), o valor para 6, podemos obter
capacitância o valor da
C' por quilômetro de linha física. Esse valor é necessá
para o cálculo do valor da compensação capacitiva capaz rio
de dar o efeito
desejado. Esse esquema aumenta a capacidade
aumentando também as perdas de transmissão.
de transmissão da linha, “te Mm Ra aco
Segundo Processo
820 MW
Consiste no aumento tanto dos termos em derivação
como daqueles
| em série. Localiza-se junto aos terminais receptor e
: 5
100 | «en
transmissor da linha,
Neste process
o, a potência natural da linha fica praticamente
inalterada,
e qualquer aumento na potência transmissível aumenta 5 a
o valor de 8. OQ
8
«ax N LÃ
«
O
' Às reatâncias de dispersão dos transformadores 90 /
elevadores e abaixa-
dores devem ser consideradas como reatância em Série,
podendo a compen- ooo N NJ 640 HW

Sação terminal ser feita no lado de seu secundário,
considerando-se como
transmissor e receptor o conjunto assim formado. Nesse A A.
caso, usufrui-se do ao : ad a”
benefício do equipamento compensador para tensões mais baixas.
formadores
Trans-
com valores especiais de reatância de dispersão para
esse fim
podem ser obtidos, sem grande custo adicional: A Fig.
6.18 mostra o
cireuito equivalente de uma linha de transmissão com a sv a 7. 6 5 4 3 2 4/0
terminação para o
seu prolongamento para meia onda e à associação dos quadripolos repre- ' x 00 milhas
sentativos.
Fig. 6.19 — Perfil de tensões em linha de meia enda [6].
6.6— LIMITES TÉRMICOS DE CAPACIDADE DE TRANSPORTE 253
252 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6

gia e a correlação entre as densidades de corrente e as perdas de trans-


A fim de simplificar os cálculos das reatâncias indutivas e capacitivas missão só podem ser feitos conhecendo-se as temperaturas dos condutores;
necessárias, podem-se desprezar a resistência e as condutâncias de dis-
persão da linha, como também o efeito das correntes de magnetização dos c — as deformações plásticas dos condutores e a perda cumulativa de
transformadores, sem que isso implique maiores erros. É interessante resistência mecânica são também função das temperaturas máximas
notar o efeito do prolongamento da linha sobre o seu perfil de tensões, nos alcançadas pelos condutores, devendo, pois, ser observadas em fase de
diferentes regimes de carga, na Fig. 6.19 [6]. Na operação em vazio, à projeto (Fig. 6.20).
tensão no meio da linha cai praticamente a zero (zero na linha ideal). Em
operação com potência natural, a tensão é quase uniforme ao longo de
toda a linha, manifestando-se apenas um pequeno aumento de tensão en-
tre o transmissor e o receptor, devido ao comprimento em excesso de 180º.

PORCENTO
Verificações em analisadores de circuitos mostram também que, por
ocasião da ocorrência de faltas, as correntes de curto-circuito e sobreten-

G
no
sões estão dentro de limites considerados normais. Sua estabilidade

o
dinâmica é também muito boa.

EM
v
o
Estudos econômicos comparativos mostraram que, para comprimen-

REMANESCENTE
tos de 1 450 [km] (aproximadamente 900 milhas) ou maiores, a transfor-

e
q
mação da linha em linha de meia onda é mais econômica do que a sua

o
o
compensação por capacitores-série e reatores em derivação (6).

[E
sq
RESISTÊNCIA
6.6 — LIMITES TÉRMICOS DE CAPACIDADE DE TRANSPORTE

Wu
o
o
o
Como veremos no próximo capítulo, as secções dos cabos condutores
dc custo da 2 3 0.S6789 2 3456789 2 SA4SGI89 2 3 4.56789 2 .3 4.556.789
são fixadas normalmente, através de um equacionamento 1 10 100 1000 10000
instalação, dimensionada para operação nas condições desejadas e as perdas

o
de energia que ocorrem nessas condições de operação. Às restrições im- TEMPO-HORAS

postas são, em geral, de natureza tal que as densidades de corrente nos


condutores se mantêm relativamente baixas, não havendo, portanto, Fig. 6.20 — Perda progressiva e cumulativa da resistência mecânica dos cabos condutores
maiores problemas com um aquecimento excessivo dos condutores. em função da temperatura [20].
Sob certas condições, porém, pode ser de toda a conveniência a ope-
ração de linhas com densidades de corrente mais elevadas, como no caso-
de linhas relativamente curtas destinadas ao transporte de potências ele- 6.6.1 — Equilíbrio Térmico de um Condutor
vadas. Neste caso, o aquecimento dos condutores, em virtude das per-
das por efeito Joule, pode ser o fator de limitação de maior importância. Os cabos elétricos das linhas aéreas de transmissão estão sujeitos a
A limitação da corrente em um determinado condutor, a fim de que sua um aquecimento adicional causado pela radiação solar, que se sobrepõe
: temperatura não ultrapasse determinados valores prefixados; é necessária ao efeito térmico da corrente. Por outro lado, a superfície dos condutores
em virtude dos seguintes fatores: perde calor de duas maneiras: por irradiação e por convecção.
Sob condições de regime permanente de velocidade de vento, tempe-
a — os projetos de distribuição das estruturas das linhas sobre 6
ratura ambiente, radiação solar e corrente elétrica, a equação seguinte é
terreno se baseiam nas flechas máximas admitidas para os seus conduto-
Estas são função das temperaturas máximas admitidas em projeto. válida [13]:
res.
Qualquer acréscimo não previsto de temperatura fará com que as flechas ghtg=Portag (6.19)
aumentem, reduzindo as alturas de segurança exigidas pelas normas de se-
ou .
gurança;
b — as perdas de energia por efeito Joule são proporcionais às re-
I= Matar, - (620)
sistências dos condutores, que, como veremos no Cap. 9, aumentam com
o-aumento de suas temperaturas. O cálculo das perdas anuais de ener-
254 , OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.7 — EXERCÍCIOS - 255
na qual:
43,77 110107(gr (q, tao)
I = Ndit E q) DD [4],
o q — perda de calor por convecção; (6.23)
q — perda de calor por radiação; na qual as perdas de calor q, e q. entram em [W/pol'], D é o diâmetro
q — ganho de calor por radiação Solar; do condutor em polegadas e r, sua resistência à corrente alternada em
“[ohm/1 000 pés).
rs — resistência do condutor à corrente alternada.
à máxima temperatura de um condutor ocorre de uma combinação .
As perdas de calor por convecção são, sem dúvida alguma, as mais fortuita de condições tais como a ocorrência simultânea de cargas elétricas
importantes, como também o calor gerado pela corrente é predominante. elevadas nos sistemas consumidores e condições atmosféricas desfavorá-
O. problema ficará resolvido se lançarmos mão das conhecidas equações veis — temperaturas ambientes clevadas e ausência de ventos — isto sem
da transmissão de calor, o que é feito com maestria por House e Tuttle considerarmos contingências no sistema que transfiram parte da caiga de
[13]. Dada sua complexidade, Davis [14] apresenta um processo nomo- linhas fora de serviço para a linha em consideração.- Pode haver, assim,
gráfico que facilita bastante a solução da equação acima. Por outro lado, a necessidade de conduzir correntes mais clevadas, sob condições adversas,
Hazan [15] apresenta e justifica um método aproximado para a determi- com temperaturas além daquelas previstas. Uma análise desse tipo só
nação da corrente máxima admissível. De acordo com esse método, o pode scr realizada em termos e recursos estatísticos, com base em mo-
efeito da ação do sol é desprezado face à dificuldade da determinação dos delos metcorológicos, modelos do comportamento das cargas e do compor-
outros: parâmetros de perdas de calor. Sugere: tamento dos cabos condutores. Essas hipóteses desfavoráveis, uma vez
com possibilidades remotas de ocorrência, tornam-se cada vez mais viáveis
q = 7,654 - 10-4 At [0,82 + 0,43 (355,7 VD) 0:52] nas linhas que servem centros urbanos, em virtude da generalização do
cm D - [W/po!'], (6.21)
emprego de ar condicionado, acarretando uma maior demanda por oca-
sião das piores condições meteorológicas para os condutores das. linhas.
na qual valem:
Experiências de laboratório mostraram que os cabos de alumínio ou
At — diferença de temperatura entre condutor e meio ambiente, alumínio-aço sofrem quando submetidos permanentemente à tração e a
em ºC; uma perda progressiva e cumulativa de sua resistência mecânica à tra-
ção, acompanhadas de deformações plásticas progressitas (creep). Essa
V — velocidade do vento em pés/s; perda de resistência é relativamente pequena — menos de 3% em 30 anos —
com temperaturas da ordem de 75 a 85ºC, aumentando grandemente com
D -— diâmetro do condutor em polegadas.
o aumento da temperatura, podendo ocorrer sua ruptura em pouco tempo,
Para o cálculo das perdas por irradiação, emprega a seguinte expressão: se submetidos a temperaturas excessivamente elevadas.
Os processos estatísticos [17] permitem determinar o total de horas
q = 868 E (o) — (15%) | [W/pol'], (8.22) que os condutores, durante a vida útil de uma linha, irão ficar submetidos
às várias temperaturas. A partir das tabelas de degradação da resistên-
cia dos condutores, pode-se então determinar a perda total de resistência.
sendo: que sofrerão nesse período. Da mesma forma, pode-se determinar qual
a elongação permanente que deverão sofrer (creep) a fim de que; nos pro-
= emissividade em %; . jetos de locação, a devida correção seja realizada.
ty

= 23% para. condutores novos de alumínio; Valores conservadores de 75 a 85ºC de temperaturas máximas são
stty

aconselháveis, admitindo-se em épocas de contingências, que são em geral


97% para condutores enegrecidos pelo tempo; de curta duração, temperaturas de até 100 ou 105ºC..
|

= temperatura absoluta dos condutores em ºK:


o = temperatura absoluta do meio ambiente. 6.7 — EXERCÍCIOS
A capacidade máxima de corrente sob limite de temperatura pre- 1. Um sistema consumidor é constituído de cargas passivas, com uma
estabelecido, ou ampacidade (termo de cunhagem recente pelos autores demanda de 1000 [kVA], sob cos é = 0,80 (IND), medida quando a
norte-americanos), poderá ser calculada pela equação: tensão no receptor da linha que o alimenta é de 138 [kV] entre fases. Qual
257
6.7 — EXERCÍCIOS
256 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6

será a sua demanda quando a tensão no receptor da linha variar de + 10%? logo,
Admitir que a carga possa, ser representada por uma impedância de valor
constante Z.
| “ar (0,9 - 188)
= 7,04
e
64599
eitsto
Na 2192,61
Solução
ou
A impedância representativa da carga será: cos Pa = 0,69.
[kVA] sob
Na = 7040

Z, = (o)? = —E (138)? = 1904,4 eisssr,


No 10 qi3s87º

IR]
Variando-se a tensão junto ao receptor, teremos: Ixu]
pu

NoTo o= AUD!
Zs

a — Aumento de tensão de 10%: ma

Sa
-
Vo (QI1-188? = 12,10 estes [MVA].
nos .

No = 904 css Ma, a —

b — Redução de tensão de 10%: em ui

N Tt a (0,9 . 138)
= 8,10 ess [MVA].
20 1904,4 53687
1 41 |U2] pu
Lo 0,9
Comentário

Verificamos, pois, uma variação de 19% no valor da potência aparente, Variação da impedância de uma carga com q tensão.
Fig. 6.21 —
sem alteração no fator de potência do receptor.
2. Admitamos que a carga do sistema do exercício anterior varie de
acordo com a lei indicada na Fig. 6.21. Qual será o valor da demanda
com a mesma variação de tensões no receptor ocorrida na linha do exer- b — Aumento de tensão:
“cício anterior ?
Com tensão nominal, a impedância é: Z: = 1.523,52 - 1,0 491 142,64 * 0,74
Zi = 1 523,52 + j845,55
Zo = 1 904,4 e38587 = 1 523,52 4 71 142,64 [ohm).
Za 1 742,48 e2903 [ohm],

l
a — Redução da tensão:
logo,
Z: 1523,52 - 1,0 4 71 142,64 - 1,38
n
Nç=
Z; 1528,52 +71576,84 = 2192,61 eitoso lobms]; 1 742,43 072908
h
258 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.7 — EXERCICIOS 259

ou
138 000
Du = 0,9919 eos . eo +
No = 13 220 [kVA] sob cos q; = 0,87 (IND). v3

Comentário + 52,18 eisas. 209,18 67358

A lei de variação de X; = f(U) foi escolhida arbitrária e exagerada- Vim = 87,5815 essi [kV]. Uai = 151,6091 [kV]
mente, porém reflete bem as tendências observadas em sistemas reais.
Portanto, uma carga elétrica só poderá ser representada corretamente em 138 000
Uy 0,9919 esnnose . + 52,18 emsis . 209,18 e?
um modelo se suas características P= f(U) e Q = f(U) forem conhecidas. v3
3. Uma linha de transmissão entre uma central e uma carga passiva
possui as características abaixo, operando em 60 [Hz], com uma tensão Us» = 81,9871 ess [kV] Usar = 142,0058 [kY]
de 138 [kV] no receptor. Determinar o valor da tensão e potências no
138 000
transmissor quando ela fornece no receptor: Ui = 0,9919 einoose + 52,18 ess. 209,18 eitos
v3.
a — 50 MVA sob cos d; = 0,8 (IND);
Di = 75,0978 eso [EV]. Uai = 180,0781 [kV].
b— 50 MVA sob cos &; = 1,0;
Às potências no transmissor serão:
c — 50 MVA sob cos do = 0,8 (CAP).

Determinar ainda o rendimento da transmissão em cada um dos casos.


DU
São dados: Ni B eXBp-B D) — UU: eiest) [EVA]

À = 0,9919 + 50,0017 = 0,991901 eiossios


B = 52,18 ess N = 0,9919 . (151,6091)? ei(T8,15-0,0882) 138 - 151,6091 ECT: 4,81)
ta 52,19 52,19
É = 0,8186 - 10-56
D = À. Ni 436,8486 em80518 — 400,8825 0)82.98

41,3065 + 729,5241 = 50,778 e735,555º


Solução Ni

H
Consideremos as cargas como impedâncias de valor constante. Tere- Ni = 51,4894 + 50,4712 = 51,4916 ejosas
mos as seguintes correntes no receptor:
Ni = 41,5412 — j28,4365 = 50,3419'e-sssaom
: 50 000 .
Toa = VG 138 e 36,80º 209,18e -;3880 [4]
[A " Os rendimentos na transmissão serão:

50000 | — 41808541,3065
— 40,000 | - 100 = 96,8371%
To = 3 188 e = 209,18
Bi ei? 0 [A]
TA Na

- =
50000 a
736,80 = 200,18 09368 [Al.1 51,8065 —. 50,000
Loc v3 138 e . e [
7 = [1 | + 100 = 97,4535
51,3065 | ê o
As tensões no transmissor serão:
41,5412 —— 40000
40,000 | 06 | = 96,28999%.
0Ú, = AU, + BI,
te = [1
[1 — &dtlt41,5412 ] 100 %
260 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.7 — EXERCICIOS 261

Analisando os resultados acima, verifica-se que, nesse tipo de trans- A demanda da carga é de O, = 72 - 0,44 = 31,38 IMVAr]; portanto, a
missão, o fator de potência no receptor exerce influência marcante, tanto linha não tem condições de atender a essa parte da demanda. Será ne-
na regulação da linha como em seus rendimentos. cessário gerar junto ac receptor:
Q. = 81,38 — 2,64 = 28,74 [MVaAr),
4 Uma linha de 138 [KV] entre uma central e uma carga passiva
possui as seguintes constantes generalizadas: o que será possível mediante a instalação de banco de capacitores dessa
capacidade. Uma tensão menor no transmissor exigirá uma compensa-
ção maior, como também será o caso para uma tensão menor no receptor.
A = D= 0,992 e
8. Determinar o valor da regulação na linha do exercício acima.
B = 52,18 eitsas
6. Admitindo que a linha acima seja empregada para transmitir a
C = 0,8173 : 103 eso”, potência máxima de 70 [MW] da central a um barramento infinito, cuja
- tensão é de 135 [KV], enquanto que na central a tensão é de 138 [kVI,
A demanda máxima da carga é de 72 [MVA] sob cos &a = 0,90 (IND), qual o valor da potência complexa entregue no receptor ?
enquanto que a tensão no receptor deve ser mantida igual a 135 [kV].
A tensão do transmissor é mantida entre os limites de 132 + 10%
[kV]. Verificar se a transmissão é possível. Caso não seja, quais as pro- Solução
vidências recomendadas ?
Das condições no transmissor obtemos o ângulo 0: |
Solução
DU1 UijUs
P;= BS (Bs — Bp) — ps (Bs + 0)
a — Verificação da possibilidade de transmissão. Empregamos a
equação:
o 0,992 - (138)? 135 - 138
P,= 52,18 cos (78,05) “Bs cos (78,15 + 8)
Pp= Lit cos (Bs
UU
— 6) — AU2
Ué cos (Bs
— Ba)
P, = 74,96 — 357,08 cos (78,15 +- 0) = 70;
para
U, = 132 + 18,2 = 142,2 [kV] logo,
357,08 cos (78,15 + 6) = 4,96

64,8
—= Caos
1422-185 cos (78,15 — 9)
992 52/18
- (135)? cos 78,05º.
, cos (78,15 + 8) = 0,0139
= 89,204 — 78,15
so “Operando, obtemos: 0 = 11,054º.
0 = 9,94º, No receptor teremos, portanto:
o que mostra que é possível entregar a potência ativa requerida. A potência . 2
reativa acompanhante será: No = Mada eiBp) — AUS eles [MVA]

142,2 - 135 "992 - (135)?


O = sen (78,15 — 9,94) — 5218 sen 78,05 : =
135 - 138
TE TE
0,992 - (135)?
ejsr,n96 ÀNU
III põ78,05
52,18
No= "sadio DB 4
Q2 = 841,61 — 388,97 = 2,64 [MVAr]. Na = 67,1993 — 710,0828 = 67,9515 e-8:588º [MW].
262 . OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP, 6 6.7 -. EXERCÍCIOS 263

O rendimento da transmissão será: b' — 893,58 [MW];

c — 1340,37 [MW].
70,0 — 67,1998
7= ( — Doado ) 100
Os ângulos de potência poderão ser calculados pela expressão abaixo,
n = 96%. obtida da equação de Ps:

com
nos
7. Verificar sob qual valor de tensão no transmissor a linha operará
cos &, = 1, mantidas constantes as admissões de todas as máquinas
sistemas interligados, ou seja, com 8 = 11,054º.
9 = Bs — are cos ao
B
[p.+ 12
Ao cos (Be — 8a | ;

|. 8. Verificar o que ocorrerá junto ao receptor e ao transmissor da logo,


linha do Exerc. 7, em termos de potências ativas, reativas e rendimentos,
se a linha for operada com: 8 = 86,7 — are cos 0,00076 [Ps + 84,46727]
ou
a — tensão 135 + 5% [kV];
b — tensão 135 — 5% [kV]. 6. = 86,7 — 66,187 = 20,513º
- Analisar e comentar os resultados. 8; = 86,7 — 41,985 = 447150
9. Uma linha de interligação de dois sistemas tem as seguintes ca- 0. = indeterminado.
racterísticas: Comentário
Á = 0,7863 et Para a potência de 1340, 37 [MW], o valor do arc cos foi maior do que
B B = 160,76 eis? a unidade, o que significa que P», está além do limite máximo transmissível
para as condições impostas de tensões terminais. O limite ocorrerá para
C 0,002861 eis0.4 9 = 85. Logo:
D = A U,Ua AU3
Pomax = cos (Bz — BA)
Z, = 236,8 [ohm]. B B
Pomãx = 1316,25 — 60,67 = 1255,58 MW),
Se no transmissor e no receptor forem mantidas as tensões VUj=U,=
= 460 [kV], qual será o valor do ângulo de potência da linha quando ela
entregar no receptor: sem lançarmos mão de algum tipo de compensação. Nem na condição b
nem na condição ec se cogitou do problema da estabilidade transitória,
a—0,5P,? apenas estática. Variações nas tensões terminais do receptor e no trans-
missor também podem alterar levemente os valores dos ângulos de potência.
b— LOP,?
10. Admitindo que se construa uma linha idêntica àquela do exer-
c—15P,? cício anterior para operar em paralelo, quais serão os valores nos ângulos
de potência se ela deve transmitir: a) 500; b) 1000 e e) 1 500 [MW]?
Solução
(Nota: Determinar os valores de Á, B, CeD da linha simples equi-
valente.)
= ps 898,08 [MW]; Determinar para cada uma das potências acima:
a — potências ativas e reativas no transmissor;
logo,
b — potência reativa no receptor;
a — 446,79 [MW]; e — rendimento da transmissão.
'
264 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 i
' 6.7 — EXERCICIOS 265

11. Verificar o efeito da variação da tensão no transmissor de + 10% ou


e no receptor de + 10%, quando a linha do Exerc. 9 opera com 893 [MW]
Us = 256,98 [kV].
no receptor. Determinar para cada um dos casos:
a — fluxos das potências ativas; b — Para que a tensão em vazio fique limitada a 240 [kV], o valor
máximo da constante A será:
b — fluxos das potências reativas;
230
c — rendimentos na transmissão. A = 240
—— = 0,9583
, = k,

o que significa que será necessária uma compensação parcial. Pela Eq.
12. A linha do Exerce. 9 está operando com U, = 480 [kV] e Us =
= 460 [kV], transmitindo para o receptor P> = 500 [MW]. Uma con- (6.5), a admitância dos reatores a serem colocados em cada uma das extre-
midades da linha será:
tingência no transmissor requer que haja uma inversão do fluxo das po-
tências ativas, sem que sejam alteradas as tensões nos pontos de inter- y! = k— a
Bo aí cos Bs,
sen BB, — Bo .
ligação. Determinar os fluxos de potências ativas em 4 (transmissor no [siémens/fase ] (Eg. 6.5)
1.º caso) e em..B (receptor no 1.º caso) e reativas, antes e depois da inversão
dos fluxos. Quais os ângulos de potência? mn 0,9583 — 0,8947 me go 0,0216 o
= 18185 sen 78,6 181,85 cos 78,6

13. Uma linha de 230 [kV] muito longa possui as seguintes caracte-
y” = 0,00034 — 0,00002 = 0,00032 [siemens].
rísticas:
À, = 0,895 els | A capacidade total dos reatores em cada extremidade será:
Bj= 181,85 186º Qe= Uº.y= (230) -0,00032
C = 1,108- 105% eis04º. Q. = 16,93 [MVAr).

Ela é alimentada por um barramento de tensão constante e igual a ce — À linha assim compensada terá as seguintes constantes generali-
230 [kV] e supre um sistema de cargas passivas. Pergunta-se: zadas:
a — qual o valor da tensão no receptor quando a linha opera em
 = Ai + BY = D
vazio ?
b — admitindo que, em operação em vazio, a tensão no receptor deva B=B,
ser mantida no máximo igual a 240 [kV], qual deveria ser a compen-
sação a ger acrescida à linha?
c — quais as constantes da linha compensada? Introduzindo os valores numéricos, encontraremos:

* Solução d=De= 0,95174 + 30,01000 = 0,95150 eso.s02º


a— Uj= Ails + Bilo; B = B,= 181,85 6188
“ em vatio, É = 0,00001 +- 70,00051 = 0,00053 e:99,058º
lh=0;

logo, Comentário
o 1 — A compensação é levemente menor que a desejada, pois só com-
pensamos a parte imaginária de À.
Us = Ã,

2 — A admitância
da linha ficou grandemente reduzida,
ou .
14. Qual será a tensão no receptor da linha do exercício anterior se
Us = Us 280 ela estiver suprindo uma carga cuja demanda é de 50 [MW] e + 10 [MVAr),
AC A 0,895 após sua compensação ?
266 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6
6.7 — EXERCÍCIOS 267
Solução
Empregamos a equação das linhas radiais: - 15. Determinar, para a linha da classe de 138 [kV], cujas constantes
generalizadas seguem abaixo, a capacidade de compensação necessária
para que a tensão no receptor, em vazio, não seja maior do que 135 [kV],
quando, no transmissor, mantemos 138 [kV]. Calcular as constantes da
Vs= + Tb bidim dode linha compensada. São constantes da linha:
2
As D; = 0,816 eitss?
2B |
b = ZE [pa cos (8 | Bi = 2272 eim?

N
— 84) + Qo sen (Bs — Ba)
C, = 15,7: 10-testao
- 55]

2. 181,85
bo
16. Admitindo que a linha acima, depois de compensada, deva ali-
mentar um sistema de cargas passivas cuja demanda máxima é de 45 + 410
2 - 0,95150 - 181,85
IMVA], verificar sua regulação no receptor. Caso sua regulação seja
excessiva, sugerir medidas para sua redução.
b= — 49 049,6765
17. Calcular a corrente de carga da linha do Exerc. 14, antes e após
uma eventual compensação.
C =NB 2 600-33 069,42 18. Uma linha de 230 [kV] possui as constantes generalizadas abaixo
A? TT 0,90535 — 94969 - 10º relacionadas. Ela alimenta uma carga passiva de 35 +95 [MVAr], com
tensão de 220 [kV] no receptor Qual o valor da tensão que deve ser
mantida no transmissor? São dados:
b* — 40 = 2 867,88 108 >0,
A = 0,8068 eis”
logo, há solução:
B = 325,5115 e718.98º
C = 1,991 X 103 eis
U, = y 49 049,6765 + +/2 367,883 - 105
Solução
2
Us = AU, + Bio,

U, = 221,082 [kV]
sendo:

Comentário : — DD —35360 is
eras

to 220: 43 *
A regulação da linha será:
1 = 92,80 est (A)
240 — Dt
221,032
R eg = ( “240 CtO ) 100 == 7,9%. U, = 0,6068 683º . 127 020 + 325,5115 6758 . 92,80 efbisº
Us = 77075,746'819º + 30 207,47 estas?
Essa regulação, que se reflete sobre os consumidores, é, em geral, 0 93 897,14 e:2875º [V]
considerada, alta, de forma que'os reatores deveriam ser reguláveis dimi-
nuindo sua reatância com o aumento da carga. ou

Usa = 162,635 [kV].


268 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.7 - EXERCICIOS o 269

Esta linha, evidentemente, é excessivamente longa para a potência Àj= 0,895 citas
que deve transmitir, sem considerarmos o fato de que também o efeito
Ferranti é muito elevado
B; = 181,85 618º
— a tensão em vazio do receptor é cerca de 40% +,
mais elevada que a do transmissor. Uma compensação por reatores indu- C4 =" 1,991 - 1053 giszssse,
tivos pode ser aconselhável. Admitindo uma tensão no transmissor de
230 [KV] e no receptor, em vazio, de igual valor, a compensação deverá ser De acordo com a linha 10 da Tab. 4.2, teremos, considerando a com-
integral. Logo: pensação junto ao receptor e o trecho da linha que vai de seu centro ao
receptor: -

to —»
l-— a;
*enôs =
a”!
“os Ba A=A+BY
B= B;
wo 1 0,60254 0 O,07174 , logo,
sen 79,98 325,5115 cos 79,98
325,5115
À = 1,10239 estos
y” = 0,001164 [siemens). B = 181,85 0718.8º,
Os reatores, um para cada terminal da linha, deverão ter a potência de: a — Linha operando em vazio, com Us = 235,776 [kV] corresponden-
te a 230 [kV] no transmissor:
Q: = 0,001164 (220)? = 56,34 [MVAr].
À linha compensada terá as seguintes constantes: Uomeio = À Uso
Uomeio = 259,917 [kV]
Ac = 0,9755 eidasor
b — Sob carga, com 220 [kV] no receptor:
B. = 325,5115 eres?
Umcio = AUo + Bio = 1,10239 est . 127 017,06 +
Assim: . + 181,85 em. 92,8 g798,13º
a — tensão da linha em vazio, para Uj=230 kV, Ux = 285,776 [kV]; Use = 146 248,67 eis23º [V]
b — tensão da linha no transmissor operando em carga, para manter ou
220 [kV] no receptor:
Uameio = 253,81 [kV].
Us = 123 905,1 elnssor” 4 30 207,47 eit1,85º Comentário
DU, = 136 52487ei2s [kv] Em ambos os casos, as tensões no meio da linha são excessivamente
elevadas, acima do nível de isolamento normal da linha.
VU, = 136 524,87eiusº [key] mediante estatuto econômico, optar por:
Aconselha-se,

Va = 23647 [kV] a — reforço de isolamento em cerca de 1/3 do comprimento da linha;


Comentário b — empregar para compensação um reator adicional colocado no
meio da linha.
A linha assim compensada operará satisfatoriamente em vazio e em
carga em suas extremidades. Um levantamento do perfil de tensões no 20. Dimensionar os três reatores para a linha do Exerc. 17, consi-
meio da mesma será, no entanto, necessário para verificar se aí não haverá derando um em cada extremidade e um no meio da linha.
tensões excessivas a solicitar o isolamento. - 21. Admitindo que se deseje transportar, através da linha descrita
19. Verificar a tensão no centro da linha, com a compensação deter- no Exerc. 17, a potência N, = 70 + 710 [MVA], mantendo no receptor
“fninada no exercício anterior. Sem a compensação, as constantes da me- 220 [kV], qual seria o valor da tensão que deveria manter no transmissor,
tade da linha são: considerando a linha sem compensação para o efeito Ferranti?
6.7 — EXERCICIOS 27
270 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6

22. Calcular, para a linha do Exerc. 18, a corrente de carga e a cor-


B=B, + 2Ã;Z. 4 Ci,
rente no transmissor quando ela opera. em plena carga: É = € = 0,002861 e1904º
a — antes da compensação; D=Di+ Gs A

b — após a compensação.
ou
23. Vimos que a linha descrita no Exerce. 9 não tinha condições de A = D = 0,86992 eilses88º
transmitir 1 340,37 [MW] sob U, = U, = 460 [kV], pois essa potência
ultrapassaria seu limite estático de transmissão. Devemos, no entanto, B = 73,89423 eisLiso,
insistir: vejamos o que ocorrerá se ela for compensada por meio de capaci-
tores-série! A linha assim compensada operará com um ângulo de potência:
Solução
73,89423
Dados: A = õ0,7363e11º = Ã= 0,7360 + 70,0218 8 e= 81,106
3 —— arcar cos (460)? a | 1 340,37
3 +

B= 160,76 e18647º = 9,2540 + 7160,4034 -


0,86992(460)?
C = 0,002861 794º = — 0,00002 + 70,00286. + 73,80428 cos 79,606 |

Admitamos a instalação de dois bancos de capacitores-série, um em 8. = 29,79º.


cada extremidade da linha. Teremos:
Comentário
Hon + 204 Eno (201)? — 4€1 b!! o A inserção dos capacitores-série tornou a transmissão possível sob o
a 267 o ponto de vista de regime permanente. O aumento da constante 4 indica
um aumento de tensão de apenas 13% quando a linha está com o receptor
+22: 0,7360 + (2 - 0,7360)? + 4 - 0,00286 - 160,403
aberto. Tratando-se de uma linha de interligação de sistemas, em cujos
o - 2 - 0,00286 terminais são mantidas constantes as tensões, convém investigar as con-
dições de fluxos de potências:

Resolvendo: Á 2

— 8) — Us sen (8 — BA)
Q. = UrUa sen (Bs
xa = 607,116 [ohm]; B B

.
29,79) — 08699Bos(460)? Sen (81,106-1,5)
Sn, SM (81,106 — 5979)
O: -= ago
go = — 92,431 [ohm].

Somente a raiz negativa tem significado físico, pois, pela convenção


Para uma corrente no-
adotada, reatâncias capacitivas são negativas.
minal de 1 700 [A], teríamos para compensação total:
Q: = — 214,825 [MVArl
2
0. = 12 RB = 92,431 - (1700)? = 267,125 MVAr. Q = DU sen (Be — BA) — Ui: sen (Bp + 6)
B B
Admitamos uma compensação-série de cerea de 50%, ou seja
135 MVAr por fase. Teremos: Q1 = — 225,088 MVAr
x, = 46,7128 [ohm). 2

P; = a cos (Be — 84) — a cos (Be + 0)


A linha assim compensada terá suas constantes generalizadas alteradas
para:
P, = 1 470,7783 [MW].
Emei

A =A, + ÔGZ.= 0,7383617 + 0,002861 e04º . 467 128 e-580º


272 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.7 — EXERCÍCIOS no 273

Uma análise dos resultados mostra que, nessas condições, a linha  1,0042192 e-stts ts?

h
opera com ângulo de potência satisfatório e rendimento razoável. º
Há,
no entanto, um considerável fluxo de potência reativa do receptor para o B = 25,147 e-ilso 133
transmissor, cuja viabilidade depende das características dos sistemas in- c 0,000336 g-5176,813º
terligados. Esse fluxo poderá ser reduzido e mesmo anulado, elevando-se
a tensão no transmissor. Sugerimos ao estudante que investigue essa Com esses elementos podemos verificar suas operações:
possibilidade, como também a conveniência de variar o grau de compen-
sação, ou mesmo a duplicação do circuito, para tornar viável a trans- 4 — Em vazio, com UA, = 525 [kV]:
missão proposta.
525 ejlra,ara?
. 24. Investigar a linha do Exerc. 23, admitindo uma compensação U, = AD, .. U, =
3 - 1,004212
de 65% e que a tensão no barramento receptor seja mantida a 430 [kV].
25. Verificar o efeito da compensação da linha descrita no Exerc. 17 Us = 301,887 lan [kV]
por meio de “tapacitores-série:
Us: = 522,80 [kV] |
q — com compensação em suas extremidades;
U neto = ÁjUs = 0,04778 ei106,86º 801,837 eitts,473º
b — com uma única compensação no meio da linha (constantes da
metade da linha foram dadas no Exerc. 18). [kV]
| Úneio = 14,422 ei285,8º
26. Investigar a possibilidade de operação de uma linha de 500 [kV],
[kV].
com um comprimento físico igual a 2 500 [km], para operar em 60 Ha, U ameio = 24,980
sendo suas características elétricas:
B — Em carga:
a = 0,0867-10-º [N/km!;
a — Operando com 0,5 P, no receptor, cos Qy = 1:
8 = 1,2673: 10º [rad/km];
Ze = 2737 ese [ohm]. p - 60 913,41 [MW] .'. 0,5 Po = 456,70 [MW]
Solução º 273,7º

O modelo . 456,70
rificar a variação
adequado será o da linha longa. Como
das tensões no meio da linha, é de toda convehiência
é interessante ve- = SD 597,86 60º0º [AJ
determinar as constantes dos dois quadrípolos correspondentes à metade
de seu comprimento, portanto, de 1 250 [km]. Logo: No transmissor:

ol = 0,04587 0, = ÁU, + Bi, = 1,0042192 etisars


Bl = 1,5841 [rad] = 90,7622º + 25,147 elfos” . 597,36 0º = 303 049,393 eilr9,899º
Ay coshyl = 0,04778 eiosse = D, Us = 524897 [kV]
h

B, = Z. senh Yl = 273,9655 ei91,59º


, o o co 500 000
h = CU, + Di; = 0,0003836 esltssis. VE +
0,00866 eisl.sssº, 626,541678 e iTB2ISO [A]
C = 5 senhyl =
+ 1,0042192 ela? . 527,86 6º=
E as constantes da linha inteira, para: Ni, = Uili = 302,049393 - 626,541678 eilrsss
ol = 0,09175 mM 189 864,893 eiltsssº [kKVAr]

"Bl = I81,5927º Ni = 569,319 4 917,731 [MVAr).


274 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 5 6.7 — EXERCÍCIOS r 275
Rendimento da transmissão: Comentário
n= [i- 569,319 — 456,7 Uma análise dos valores acima obtidos mostra para a linha de 1/2
- 569,319 - 100 = 80,22%, comprimento de onda um comportamento bem pouco comum nas linhas
? que estamos habituados a analisar. Aliás, devíamos esperar algo parecido,
b — Com carga de 1,0P, no receptor e cos by = 1: com base na teoria vista no Cap. 3.

1 — Regulação da tensão — Não é das melhores para potências acima
P, = 91341 [MW] da potência natural, podendo mesmo ultrapassar os níveis máximos do
L=1 054,72 ei? TA isolamento para equipamento nessa classe de tensão, mesmo com potên-
2 4 6 [A]. cias inferiores (tensão máxima em regime permanente a 60 [Hz] é 525 HeV).
c — Com carga de 1,5P, no receptor e cos do = 1: 2 — Efeito Ferranti — Não causa preocupação, pois em vazio as
tensões se mantêm em nível razoável.
P;=1370,12 [MW]
3 — Tensões no meio da linha — Aumentam com o aumento da po-
lo = 1582,08e0º [A]. tência entregue no receptor, podendo ultrapassar o nível normal de iso-
lamento. das linhas às tensões de fregiência industrial.
: 4 : 4 — Potências reativas — A linha necessita de pouca energia reativa
mos Repetindo os. álculos feitos para 0,5P, nos casos b e 6, encontrare-
os valores indicados no quadro que se segue: com cargas baixas, gerando relativamente pouca com cargas mais ele-
vadas
5 — Rendimento na transmissão — As perdas por efeito Joule são
Potências no receptor Vazio 456,7 MW | 913,4 MW |1 370,12 MW razoavelmente pequenas, em se considerando a distância. Os rendi-
mentos são, pois, aceitáveis. Note-se que melhoram com o aumento da
Tensões no + . potência no transmissor. Isso se explica pelo fato
O no transmissor de ta que, no meio da º
[kV] 525 524,897 547,867 570,837
.
linha, as correntes
.
diminuem
. A
com o aumento da potência, quando as ten
sões aumentam.
Tensõ
ensdes [kV]
Vi? tor x , -
522,80 500 500 500 A. 6. Angulos de potência — São pouco sensíveis àa variação
Ras
das po-
. 2. pm ,
tências no receptor, situando-se em região de estabilidade do sistema.
Correntes no transmissor 06 905 à Portanto; a transmissão nessas distâncias é possível, pois os maiores
? 626,542 1 156,12 1 685,70 inconvenientes, regulação e tensões elevadas no meio da linha, podem ser
Correntes no receptor somados através de compensações. O rendimento da transmissão
A 0 pode
527,36 1 054,72 1 582,08 ser melhorado em parte, com o uso de condutores de maior secção.
Potências ativas no tra
Sua
ns- ,
conveniência será ditada por considerações de natureza econômica: o
missor [MW] 87,533 569,32 1 092,83 1 666,03 ,
custo do [kWh] transportado (ver Cap. ID.
.

Potências reativas no trans- 27. Repetir o estudo anterior para a linha de 750
missor [MV Ar]
[kV] descrito no
+7,22 +17,73 — 31,610 — 46,678 r Exerce. 10.

Rendimentos 28. Uma linha de transmissão deverá ter um comprimento de


0% 80,22% 83,58% 82,24% 1650 [km] para operar em 500 [kV]. Suas características elétricas são:
Tensões no meio da linha r = 0,0132 [ohm/km]
[kV] 24,980 273,834 584,27 806,02
| vz, = 0,31637 [ohm/km]
Ângulos
g de poténci
potencia 178,473
, 7 1 79,999 — 179,990 — :
179,985 b = 5,05689 . 1058 [siemens/km].
Fator de potência no . D
“transmissor 0,9966 0,99952 . . nar
0,99958 0,99961 eterminar a compensação necessária para aumentar o seu compri-
.
mento para meia onda. “o
-—á
276 : OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.7 — EXERCICIOS o 277

Solução circuito sintonizado de telecomunicações. De acordo com a teoria dos


Empregaremos o processo delineado na referência [6] e descrito no filtros [18,19], tem-se:
Item 6.5.2. Teremos:

Y "(0,0132
+ ;0,31637) (55,05689 - 10-9)

l
1,2654 - 10-3 ef8880= (0,02638 + 71,26512) 10-3 sendo z [ohm] as impedâncias dos elementos T e y [siemens] suas admi-
i tâncias.
Z. = 28982eis [ohm].
l

Para uma linha operar bem em meia onda, seu comprimento elétrico z z z z zo z z z z
deveria corresponder a 8 = 190º. Uma vez que a compensação será feita Nu | Ê 4 ros | LINHA | Uuê | UUU UU | di
somente sobrê os termos imaginários, podemos considerar a linha ideal,
Teremos, quando ela operar com potência natural:
: T IT |»
= Bl = 1650 - 1,26512 - 105
Fig. 6.22 — Linha compensada em meia onda.
= 81 = 2,08745rad = 119,602º.

Portanto, a compensação a ser introduzida deveria compensar para Da equação anterior, podemos determinar o valor das admitâncias:
8 = 100º, ou seja, deveria introduzir um aumento de 70,398º no ângulo
de potência da linha. Isso pode ser conseguido através de elementos com- 1
pensadores em conexão T ou 7 em qualquer ponto ao longo da linha,
Para um ângulo de 190º, devemos ter:
=
2 Y

=fl= 190
-
180 = 3,91613 ,
ou

1 .
yTED
= Jal À 0,001388 [siemens].
A linha possui 0=Bl=1"b-a= vã 650 -b-xz- b; alterando o
valor de x; para EL na condição de que:
TAN o 4
Substancial economia em capacidade de reatores-série pode ser con-
= 1650 -b-zi-l, seguida, incluindo-se nas compensações a reatância de dispersão dos trans-
formadores elevadores e abaixadores.
podemos obter o valor da reatância indutiva que a linha deveria, ter para
que tivesse um comprimento elétrico de 190º. Logo: 29, Verificar o comportamento da linha compensada do exercício
anterior, quando ela opera em vazio, 50%, 100% e 150% da potência na-
1 - (81681? - 10º [ohml
tural, em regime permanente.
“505689 -1650 — 19179
3
H

30. Uma linha de transmissão deve ligar uma central hidroelétrica,


situada a 1 500 [km], a uma grande rede. Projetada para operar em 550/525
Bl = 3,31613—» l=2621,198 [km] [kV], possui as seguintes características:
Inecess, = 975,197989 [em]
Z 0,00409 + 0,81492 fobhm/lem]
Tuecess. = 308,523 [ohm]. y = 5,08492 : 10º [s/km]
. Essa réatância será distribuída em dois circuitos T nas extremidades
da linha, como mostra a Fig. 6.22. O circuito se apresenta como um Z = 2UB,875 eds [ohm].
278 OPERAÇÃO DAS LINHAS CAP. 6 6.8 — BIBLIOGRAFIA
279

Transformar essa linha em linha de meia onda para


transportar a
sua potência característica. Os transformadores terminais possuem a substituindo os seguintes valores:
potência de 1 000 [MW]. No transmissor são empregados transformadores
convencionais de 25/500 [kV], cuja reatância de dispersão T,= 40 + 273 313 [K],
é de 10%, e,

l
no receptor, autotransformadores de 500/230 [kV] com uma
reatância de E = 0,97; 7 100 + 273 = 378 [ºN];
dispersão de 7%. Determinar:

H
À — tensões de 300, 600, 750, 900, 1 200 e. 1 500 [km] obteremos:
para os se-
guintes regimes de operação:
q = 0,394839 [W/pol.
a — em vazio,
b — com potência característica; Da mesma forma, se na Eg. (6.21) fizermos V = O, teremos:
c — com 1, 2P,;
7,654 - 104. At(0,32)
B — corrente de curto-circuito
ocorre no barramento alimentado:
trifásica simétrica quando o curto FS Do
Introduzindo os valores:
a — no receptor;
b — no transmissor;
G =
7,6541119598
O
- 104. 60(0,32) ,
= 0,0122875 [W/pol 1,
c — ângulo de torque para as condições de carga do item a,

a corrente máxima admissível será [Eqg. (6.23)]:


31. Determinar qual a corrente máxima admissível nos condutores
de uma linha de transmissão com cabos ACSR tipo Cardinal
temperatura ambiente é de 40ºC e ausência total de vento,
, quando a
admitindo que
1 = 4/37 10-0,84839 + 0,0120875) - 1,10598
a temperatura máxima do condutor não deve ultrapassar
100ºC. Cabos =4 0,02137
enegrecidos pelo tempo.
ou
Solução
I = 865 [A].
De acordo com a Eq. (6.28), temos:
32. Verificar qual a corrente máxima admissível no cabo Cardinal
quando, nas condições do exercício anterior, o cabo está sujeito a um vento
I = [377104 (gr + q)D de 5 [km/h].
Tac ,
em que:
6.8 — BIBLIOGRAFIA
Pa — resistência dos cabos a CA em [ohm/100 pés];
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