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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
TERESINA
2023
RICARDO OLIVEIRA MENDES CRUZ
TERESINA
2023
RICARDO OLIVEIRA MENDES CRUZ
BANCA EXAMINADORA
__________________________________
Prof.ª Dr.ª Fabíola Maria Alexandre Linard (Orientadora)
Universidade Federal do Piauí (UFPI)
__________________________________
Prof. Dr. Rafael Rocha Matias
Universidade Federal do Piauí (UFPI)
__________________________________
Prof. Ms. Domingos Robson Silva Costa
Universidade Federal do Piauí (UFPI)
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado saúde, força e perseverança para
superar as dificuldades.
Aos meus Pais, Olegário Mendes da Cruz (in memoriam) e Elvira Cardoso de Oliveira,
por todo amor o esforço para que eu e meus irmãos pudéssemos seguir os caminhos dos estudos.
Aos meus irmãos, Rafael e Rodrigo por serem companheiros e por terem aturado todas
que atrapalhei o sono de vocês.
A minha noiva Tayrine, pelo amor e apoio nas horas que mais precisei, por ter me
ajudado durante a caminhada do curso e por ter sido minha companheira em todos momentos,
bons e ruins.
Agradeço aos meus professores que contribuíram para minha formação como pessoa e
como profissional. Em especial aos professores José Maria, Fabíola, Rafael, Airton, Raquel e
Ítalo, que são para mim exemplos de profissionais.
Aos amigos de graduação e de trabalho que sempre me incentivam e acreditam em mim,
sou grato pelo companheirismo, em especial a Vanilson, Diógenes, Dyogo, Eryc e Antonio
Galeno.
A Prof.ª Dr.ª Fabíola Maria Alexandre Linard, pela orientação e elaboração deste
trabalho.
RESUMO
Este trabalho abordou a estimação das perdas por condução e comutação em um conversor Dual
Active Bridge (DAB) utilizando a modulação Single Phase Shift (SPS) por meio de análises
teóricas e simulações no software PSIM. Os objetivos específicos englobaram a compreensão
do conversor DAB, modulação SPS, desenvolvimento de um modelo teórico para cálculo de
perdas em semicondutores Insulated Gate Bipolar Transistor (IGBT) e proposição de um
modelo de estimativa de perdas via PSIM. Após revisar os conceitos fundamentais de DAB e
modulação SPS, explora-se os tipos de perdas em semicondutores IGBT e é apresentado um
método analítico para estimar essas perdas. O software PSIM é empregado para simular perdas
em semicondutores, permitindo a comparação entre estimativas teóricas e resultados de
simulação. Os resultados fazem uma comparação entre estimativas teóricas e simulações, tanto
para perdas por condução quanto por comutação. Este estudo contribuiu para compreensão das
perdas por condução e comutação em conversores DAB com modulação SPS, ressaltando a
importância de abordagens analíticas e de simulação. As conclusões têm implicações diretas
em projetos e operações eficientes de conversores estáticos, promovendo avanços rumo a
sistemas de energia mais sustentáveis e eficientes.
This work addressed the estimation of conduction and switching losses in a Dual Active Bridge
(DAB) converter using Single Phase Shift (SPS) modulation through theoretical analyzes and
simulations in PSIM software. The specific objectives included understanding the DAB
converter, SPS modulation, developing a theoretical model for calculating losses in Insulated
Gate Bipolar Transistor (IGBT) semiconductors and proposing a model for estimating losses in
PSIM. After reviewing the fundamental concepts of DAB and SPS modulation, the types of
losses in semiconductor IGBTs are explored and an analytical method to estimate these losses
is presented. The PSIM software is used to simulate losses in semiconductors, allowing the
comparison between theoretical estimates and simulation results. The results make a
comparison between theoretical estimates and simulations, both for conduction and switching
losses. This study contributed to the understanding of conduction and switching losses in DAB
converters with SPS modulation, emphasizing the importance of analytical and simulation
approaches. The conclusions have direct implications for efficient design and operation of static
converters, promoting advances towards more sustainable and efficient energy systems.
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10
1.1 Justificativa ......................................................................................................... 11
1.2 Objetivos .............................................................................................................. 12
1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 12
1.2.2 Objetivos Específicos ........................................................................................... 12
1.3 Organização do Trabalho .................................................................................. 12
2 CONVERSOR DAB COM MODULAÇÃO SPS ............................................ 14
2.1 Conceito ............................................................................................................... 14
2.2 Modulação SPS ................................................................................................... 15
2.3 Etapas de operação ............................................................................................. 17
2.3.1 Etapa 1 ................................................................................................................. 17
2.3.2 Etapa 2 ................................................................................................................. 18
2.3.3 Etapa 3 ................................................................................................................. 19
2.3.4 Etapa 4 ................................................................................................................. 19
2.3.5 Etapa 5 ................................................................................................................. 20
2.3.6 Etapa 6 ................................................................................................................. 21
2.4 Estudo de algumas figuras de mérito do DAB ................................................. 21
2.5 Projeto de um conversor DAB ........................................................................... 23
2.6 Simulação de um conversor DAB ...................................................................... 24
3 TIPOS DE PERDAS E ESFORÇOS DE CORRENTE MÉDIA E EFICAZ 27
3.1 Perdas por Condução ......................................................................................... 27
3.2 Perdas de Comutação do IGBT ......................................................................... 28
3.3 Semicondutores ................................................................................................... 30
3.4 Esforços de Corrente .......................................................................................... 30
4 METODOLOGIA DO ESTUDO DE PERDAS ............................................... 32
4.1 Introdução ........................................................................................................... 32
4.2 Perdas por Condução ......................................................................................... 32
4.2.1 Perdas por condução nos semicondutores ativos (interruptores) ...................... 32
4.2.2 Perdas por condução nos semicondutores passivos (diodos intrínsecos) .......... 35
4.2.3 Simulação da estimativa de perdas por condução .............................................. 37
4.3 Perdas por Comutação ....................................................................................... 37
4.3.2 Metodologia para os semicondutores passivos (diodos intrínsecos) .................. 42
4.4 Considerações ...................................................................................................... 43
5 RESULTADOS ................................................................................................... 44
5.1 Introdução ........................................................................................................... 44
5.2 Perdas por condução .......................................................................................... 44
5.3 Perdas por comutação ........................................................................................ 45
5.4 Perdas Totais ....................................................................................................... 46
5.5 Considerações Finais .......................................................................................... 47
6 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 48
REFERÊNCIAS.................................................................................................. 49
ANEXO A — DATASHEET DO MÓDULO FF200R06KE3 ............................ 52
ANEXO B — Rotinas no MATLAB para determinar os coeficientes ................. 60
10
1 INTRODUÇÃO
Contudo, com o advento de um novo modelo de geração, a geração distribuída, isso vem
mudando. É crescente a participação da geração distribuída na matriz energética. Segundo o
Ben (2022), a energia solar fotovoltaica sofreu um aumento de 55,9% em relação a 2020 devido
ao aumento da instalação de painéis fotovoltaicos pelo país. Tal aumento, demonstra que matriz
energética brasileira vem mudando em ritmo acelerado. Com o aumento da Geração
11
1.1 Justificativa
conversores do tipo DAB. Tendo em vista o esforço matemático para determinação das perdas
de maneira analítica.
Além disso, fazer o estudo das perdas por condução e comutação no conversor é
relevante para a escolha dos melhores componentes para projetos, contribuindo assim para o
desenvolvimento dessa tecnologia e consequente modernização dos Sistemas Elétricos de
Potência, tendo em vista as futuras aplicações de SST no Sistema de Distribuição.
Portanto, é essencial compreender os conceitos de conversor DAB, modulação SPS e
semicondutores, a fim de estimar as perdas de um conversor DAB utilizando semicondutores
IGBT. Permitindo assim buscar o desenvolvimento de conversores de potência DAB mais
eficientes.
1.2 Objetivos
2.1 Conceito
Os primeiros trabalhos com o conversor DAB propuseram o uso de uma modulação por
defasagem (do inglês, phase-shift) para controlar a potência transmitida entre as portas do
conversor, que consiste em gerar um comando nos interruptores das pontes completas de modo
a produzir tensões com forma de onda quadrada e razão cíclica de 50% nos seus terminais
CA (MAMEDE, 2016).
A modulação mais básica aplicada ao conversor DAB é a modulação a dois níveis com
uma defasagem entre o primário e secundário, denominado em inglês como Single Phase Shift
(SPS). Soma-se a isso o fato de não ser possível realizar comutações suaves em toda faixa de
potência
Com esta modulação há apenas um grau de liberdade, pois a única variável de controle
é a defasagem entre os sinais de comando aplicados aos interruptores das pontes. O controle
empregando é atrativo devido a sua simplicidade e bom desempenho dinâmico. Logo consiste
em comandar os interruptores de modo que, nos terminais do transformador, obtenham-se
tensões com forma de onda quadrada e razão cíclica de 50%. Nesse caso, a potência transferida
é função da diferença angular entre as tensões sob a indutância (Mamede, 2016).
Através da Tabela 1 podemos calcular as correntes média e eficaz que circulam em cada
chave, que são importantes para o estudo de perdas nos semicondutores.
1ª D1 e D 4 S6 e S7 Δt1 I
2ª S1 e S4 S6 e S7 Δt2 I
3ª S1 e S4 D5 e D 8 Δt3 II
4ª D2 e D 3 D5 e D 8 Δt4 III
5ª S2 e S3 S5 e S8 Δt5 III
6ª S2 e S3 D6 e D 7 Δt6 IV
Fonte: Adaptado de Mamede (2016).
2.3.1 Etapa 1
𝑉1 + 𝑉2 (1)
𝛥𝑖𝐿 = ( ) 𝜃1 )
𝜔𝐿
Figura 5 — Etapa 1
2.3.2 Etapa 2
A Etapa 2, Figura 6, inicia-se com o bloqueio dos diodos e a condução das chaves S1,
S4, S6 e S7, como pode ser visto no trabalho de Santos e Martins (2014). A corrente iL cresce
com a taxa de variação da equação:
𝑉1 + 𝑉2 (2)
𝛥𝑖𝐿 = ( ) 𝜃2 )
𝜔𝐿
A etapa em questão chega ao fim com o comando de bloqueio de S6 e S7 e habilitação
de condução de S5 e S8.
Figura 6 — Etapa 2
2.3.3 Etapa 3
𝑉1 + 𝑉2 (3)
𝛥𝑖𝐿 = ( ) 𝜃3 )
𝜔𝐿
Figura 7 — Etapa 3
2.3.4 Etapa 4
Figura 8 — Etapa 4
2.3.5 Etapa 5
A etapa 5, Figura 9, inicia-se com o bloqueio dos quatro diodos e entrada em condução
das chaves S2, S3, S5 e S8. A corrente iL começa a crescer negativamente com uma taxa de
variação dada pela equação (5) (Santos, 2016). Segundo Santos e Martins (2014) esta etapa é
finalizada quando S5 e S8 são comandados a bloquear e S6 e S7 comandados a conduzir.
𝑉1 + 𝑉2 (5)
𝛥𝑖𝐿 = − ( ) 𝜃5 )
𝜔𝐿
Figura 9 — Etapa 5
2.3.6 Etapa 6
A etapa 5, Figura 9, inicia-se com a entrada em condução dos diodos D6 e D7, devido
ao sentido da corrente iL que, nesse instante, possui valor iL(π + φ) = -iL(φ). A taxa de variação
da corrente durante essa etapa é determinada pela equação (6) (Santos, 2016).
𝑉1 + 𝑉2 (6)
𝛥𝑖𝐿 = − ( ) 𝜃6 )
𝜔𝐿
Figura 10 — Etapa 6
𝑉1 − 𝑉2 (8)
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝑖𝐿 (𝑡2 ) + (𝑡 − 𝑡2 ), 𝑡2 < 𝑡 < 𝑡3
𝐿
22
𝑉1 + 𝑉2 (9)
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝑖𝐿 (𝑡3 ) − (𝑡 − 𝑡3 ), 𝑡3 < 𝑡 < 𝑡5
𝐿
𝑉1 − 𝑉2 (10)
𝑖𝐿 (𝑡) = 𝑖𝐿 (𝑡5 ) − (𝑡 − 𝑡5 ), 𝑡5 < 𝑡 < 𝑡6
𝐿
𝑖𝐿 (𝑡1 ) = 0 (12)
𝑖𝐿 (𝑡4 ) = 0 (15)
1 𝑡1 (18)
𝑖𝑆1 = (∫ 𝑖 (𝑡)𝑑𝑡)
𝑇 𝑡0 𝐿
𝑡1 (19)
1
𝑖𝑆1𝑟𝑚𝑠 = ( )(∫ (𝑖𝐿 (𝑡))2 𝑑𝑡))
√
𝑇 𝑡0
𝑉2 (25)
𝑑=
𝑎𝑉1
𝜑𝑃0 (26)
𝐶0 =
𝜔𝑉02 𝛥𝑣(%)
𝑉1 𝑉2 𝜋 (27)
𝐿=
𝑎𝜔𝑃𝑚𝑎𝑥 4
𝑁𝑝 𝑉𝑖 𝑉0 𝜑(𝜋 − 𝜑) (28)
𝐿=
2𝑓𝑠 𝑁𝑠 𝜋 2 𝑃0
𝑉1 𝑉2 𝜋 (29)
𝐿=
𝑎𝜔𝑃𝑚𝑎𝑥 16
𝑉02 (30)
𝑅=
𝑃0
Parâmetros Valor
Capacitância: 280 uF
Frequência: 20 kHz
Fonte: O autor (2023).
27
As perdas nos semicondutores são divididas em: perdas por condução e perdas por
comutação. Sendo as perdas por condução aquelas relacionadas a queda de tensão que ocorre
nos terminais dos interruptores quando estão na etapa de condução. Já as perdas por comutação
ocorrem nas transições entre os estados de condução e bloqueio dos interruptores, tendo em
vista que estas não ocorrem instantaneamente.
O estudo e a estimativa destas perdas são essenciais para os projetos de conversores
estáticos, uma vez que são fatores cruciais para o dimensionamento do sistema de dissipação
térmica, além de serem importantes para análise do rendimento do projeto (LERSCH, 2022).
As perdas por comutação estão diretamente relacionadas com a razão cíclica com que o
interruptor conduz e as perdas por comutação são afetadas diretamente pela frequência de
chaveamento e os tempos de ligamento e desligamento da chave semicondutora
(FIGUEIREDO, 2016). Ao considerar esses fatores, os engenheiros podem projetar sistemas de
conversores estáticos mais eficientes e confiáveis, maximizando a transferência de energia e
minimizando as perdas nos semicondutores.
As perdas por condução podem ser definidas como perdas que ocorrem durante o
intervalo de tempo em que os interruptores semicondutores estão conduzindo a corrente
nominal do circuito (FIGUEIREDO, 2016). Para simular essas perdas de condução, utilizando
o software PSIM, são tomados como base os passos indicados por (DROFENIK; KOLAR,
2005) em sua publicação.
Primeiramente é feito a análise das perdas de condução, onde a potência dissipada é
calculada por estimativas realizadas utilizando as curvas da corrente pela tensão de operação
do semicondutor, fornecidas pelo datasheet do semicondutor IGBT utilizado.
O interruptor ideal em condução não possui queda de tensão entre seus terminais.
Porém, em um componente real no instante de condução, há uma pequena queda de tensão a
qual originam as perdas por condução (FIGUEIREDO, 2016). As perdas por condução podem
ser estimadas usando a curva da queda de tensão instantânea em função da corrente direta
fornecida pelo datasheet. As perdas por condução tanto nos semicondutores ativos
28
(interruptores), quanto nos passivos (diodos intrínsecos) podem ser estimadas através deste
método (ALVES, 2016).
Para esse estudo é necessário determinar inicialmente os intervalos de condução, a
função de modulação e a função da corrente para cada semicondutor (interruptor ou diodo). Em
segunda instância, deve-se determinar os esforços de corrente nestes semicondutores em termos
dos respectivos valores médio e eficaz, os quais permitem dimensionar corretamente os
componentes utilizados no conversor proposto (SILVA, 2013).
As perdas por condução ocorrem devido a oposição a passagem de corrente exercida
pelo semicondutor. Essa Força Eletromotriz Vto, associada em série a uma resistência rt é a
representação de uma força contrária a passagem de corrente (MORITZ, 2014).
A potência dissipada no dispositivo pode ser calculada por uma equação, onde Imed e Ief
são respectivamente a corrente média e a corrente eficaz que circulam pelo semicondutor
(MORITZ, 2014).
Um interruptor ideal em condução não possui queda de tensão entre seus terminais.
Porém, em um componente real, no instante de condução, há uma pequena queda de tensão a
qual originam as perdas por condução (FIGUEIREDO, 2016).
As perdas por comutação ocorrem durante o intervalo de tempo necessário para a chave
semicondutora realizar a transição do estado ligado para desligado ou vice-versa (AFFONSO,
2007).
A dissipação de energia devido à comutação das chaves é ocasionada pela não
idealidade dos dispositivos, e em um regime de operação em altas frequências, estas podem
superar as perdas por condução. Sendo assim, para analisar a eficiência de um conversor, é
muito importante analisar as potências dissipadas nos processos de entrada de condução (turn-
on) e de bloqueio (turn-off) (LERSCH, 2022).
As capacitâncias parasitas surgem quando dois condutores elétricos estão próximos e há
uma diferença de potencial entre eles, assim funcionando como um capacitor. Estão presentes
nas chaves, entre seus terminais, porta-fonte (CGS), porta-dreno (CGD) e dreno-fonte (CDS),
representadas na Figura 14, sendo parâmetros muito importantes para analisar o comportamento
de comutação. Entretanto, a grande dificuldade está no fato de que essas capacitâncias não são
lineares e dependem da estrutura do dispositivo e das tensões de polarização (RASHID, 2011).
29
Quando o gate do IGBT é acionado, a tensão VG se eleva até superar a tensão Vth,
durante esse período, a corrente IC é nula; após a VG superar Vth, IC cresce e a tensão coletor-
emissor Vce, que antes era equivalente à tensão de alimentação CC, sofre uma queda. A
corrente Ic cresce até seu valor máximo, originando o pico de corrente oriundo da corrente de
recuperação reversa do diodo e, logo após, se estabiliza em seu valor nominal (BAZZO). O
comportamento descrito é representando na Figura 15, que traz um modelo linear das curvas de
transição e a representação gráfica do somatório de perdas no período de turn-on (LERSCH,
2022).
3.3 Semicondutores
Para determinar os esforços de corrente nos interruptores e diodos intrínsecos dos IGBT
faz-se necessário determinar as funções da corrente ao longo de um determinado intervalo de
tempo, referentes a cada interruptor e diodo (FIGUEIREDO, 2016).
Para o estudo de perdas é necessário determinar os intervalos de condução, a função de
modulação, a função da corrente de saída respectiva a cada interruptor e assim obter os esforços
31
de corrente media e eficaz nos semicondutores, que será útil para a escolha dos componentes
(SILVA, 2013).
Inicialmente, devem ser determinadas as funções de modulação, ou seja, o
comportamento matemático da corrente ao longo de um determinado intervalo de tempo,
referente a cada interruptor de um dos braços de inversor. Em seguida, serão calculados os
esforços de corrente nos interruptores ativos e passivos (JOCA et al., 2018). Ainda, segundo
Santos (2016) calcular os esforços de corrente em um semicondutor é determinante para a
escolha adequada do dispositivo.
Além disso, a máxima potência a que um dispositivo IGBT pode ser submetido depende
diretamente das perdas ocasionadas neste, bem como sua elevação de temperatura (SANTOS,
2016).
32
4.1 Introdução
Para se determinar as perdas por condução nas chaves, foi elaborado o seguinte passo a
passo para facilitar o entendimento:
1. Determinar o Semicondutor a ser utilizado
2. Analisar as Curvas Vce x Ic e Vf x If fornecidas pelo fabricante.
3. Escolher 10 pontos de maneira aleatória dentro da faixa de 0 a 25A.
33
Eixo X Eixo Y
0,53892 1,6129
0,64671 2,0161
0,77844 3,2258
0,88623 4,8387
1,0299 8,0645
1,1856 12,903
1,2555 15,726
1,3174 18,145
1,3772 20,968
1,4371 23,387
Fonte: O autor (2023).
X Y
0,7448 0,4055
0,78354 1,6217
0,82495 3,919
0,84164 4,7298
0,84365 5,0001
0,89441 10,405
0,91979 13,649
0,95452 17,838
0,98658 23,378
1,0026 25,811
Fonte: O autor (2023).
A Figura 19 apresenta uma comparação entre a curva da perda por condução calculada
e a estimada pelo polinômio característico referente ao diodo do módulo FF200R06KE3.
Tendo o polinômio que determina a curva de perdas por condução desse semicondutor,
iremos então simular as perdas através do software PSIM®. Por meio de blocos matemáticos,
como pode ser visto na Figura 20. Foram estimados apenas as perdas por condução de metade
das chaves, pois o conversor é simétrico e a outra metade das chaves são complementares,
consequentemente assumem o mesmo valor.
Assim como nas perdas por condução, para se determinar as perdas por comutação nas
chaves, foi elaborado o seguinte passo a passo:
1. Analisar as curvas da Energia dissipada determinadas pelo fabricante (E x Ic).
2. Escolher 15 pontos de maneira aleatória dentro da faixa de 0 a 150 A.
3. Encontrar os coeficientes da equação de perdas por comutação através da técnica de
regressão polinomial no MATLAB.
38
Tabela 5 — Energia ON
Ic Eon
0 0
19,892 0,59869
48,925 0,96711
73,656 1,2303
98,522 1,5461
127,42 1,9211
176,75 2,6053
199,46 2,9737
225,4 3,3882
299,6 4,8092
Fonte: O autor (2023).
Ic Eoff
0 0
19,892 1,3684
48,925 2,3487
73,656 3,2105
98,522 4,0855
127,42 5,125
176,75 7,0197
199,46 7,9145
225,4 9,0263
299,6 12,447
299,6 12,447
Fonte: O autor (2023).
40
A Figura 24 mostra a simulação realizada no software para o cálculo das perdas por
comutação seguindo esta metodologia.
Para a determinação das perdas por comutação nos diodos intrínsecos é determinada
através de uma metodologia similar a dos interruptores.
𝐸𝑟 = 𝐾0 + 𝐾1 ⋅ 𝑖𝑑 + 𝐾2 ⋅ 𝑖𝑑2 (38)
Como esta simulação calcula as perdas durante a recuperação reversa do diodo, temos
que a dissipação de energia ocorre no instante que o diodo passa do estado de condução para o
de não-condução, logo é necessário detectar apenas a borda de descida da corrente no diodo.
43
O valor da energia calculada pelo polinômio só terá efeito na potência de perdas durante
o instante que há sinal na saída do detector de borda, ou seja, as perdas são calculadas apenas
no exato instante de comutação.
4.4 Considerações
Este capítulo tratou sobre as metodologias empregadas para estimar as perdas por
condução e comutação através de simulação, tanto para os interruptores quanto para os diodos
intrínsecos dos IGBT.
A primeira etapa para estimar as perdas foi aproxima-las por polinômios. Em seguida,
os coeficientes destes polinômios foram calculados através de estimativas das curvas dos
datasheets e também por dados fornecidos pelo fabricante. Por último, foi realizado a simulação
destas perdas no software. Ao longo do capítulo foi detalhado o funcionamento de cada bloco
de simulação.
44
5 RESULTADOS
5.1 Introdução
Os valores das perdas por condução nas chaves são mostrados na tabela abaixo.
Conforme abordado no capítulo 3, foram calculadas as perdas por condução.
A Tabela 7 apresenta os valores obtidos para as perdas por condução nas chaves e é
realizada uma comparação entre as perdas por condução estimadas por cálculo e por simulação
Q1 0,136 0,107339180
Q2 0,864 1,163348300
Q3 0,864 1,163348200
Q4 0,136 0,107338760
Fonte: O autor (2023).
A Tabela 8 apresenta os valores obtidos para as perdas por condução nos diodos e é
realizada uma comparação entre as perdas por condução estimadas por cálculo e por simulação.
D1 0,054 0,082281892
D2 0,052 0,000709547
D3 0,052 0,000709706
D4 0,054 0,082281748
Fonte: O autor (2023).
45
A Tabela 9 apresenta os valores obtidos para as perdas por comutação nas chaves
durante o ligamento, e é realizada uma comparação entre as perdas por condução estimadas por
unidades das tabelas?
calculo e por simulação.
Q1 3,572 3,69625500
Q2 1,786 0,37575010
Q3 1,786 0,37575005
Q4 3,572 3,69625500
Fonte: O autor (2023).
A Tabela 10 apresenta os valores obtidos para as perdas por comutação nas chaves
durante o desligamento, e é realizada uma comparação entre as perdas por condução estimadas
por cálculo e por simulação.
Q1 0,444 0,14639973
Q2 0,444 1,47952690
Q3 0,444 1,47952680
Q4 0,444 0,14639973
Fonte: O autor (2023).
A Tabela 11 apresenta os valores obtidos para as perdas por comutação nos diodos
durante o ligamento, e é realizada uma comparação entre as perdas por condução estimadas por
cálculo e por simulação.
46
D1 0,56 0,65922681
D2 0,56 0
D3 0,56 0
D4 0,56 0,65922698
O capítulo de Resultados ofereceu uma visão detalhada das perdas por condução e
comutação em um conversor DAB empregando a modulação SPS e utilizando semicondutores
do tipo IGBT. Ao analisar as perdas por condução, observamos que os valores calculados
teoricamente e os valores obtidos por meio das simulações convergiram. A relação direta entre
as características do dispositivo IGBT e as perdas por condução se tornou evidente,
demonstrando a importância de selecionar componentes adequados para otimizar a eficiência
do conversor.
48
6 CONCLUSÃO
No decorrer deste trabalho, foi possível alcançar os objetivos propostos, que visavam
estimar as perdas por condução e comutação em um conversor DAB utilizando a modulação
SPS, por meio de abordagens analíticas e simulações realizadas com o software PSIM®. A
investigação realizada contribuiu para uma compreensão aprofundada das perdas em
semicondutores IGBT, e como essas perdas podem ser avaliadas tanto teoricamente quanto por
meio de ferramentas de simulação.
Este estudo contribui para o corpo de conhecimento em engenharia de conversores
estáticos, incentivando avanços contínuos e inovações no projeto de sistemas de energia mais
eficientes e sustentáveis. As informações obtidas também estabelecem uma base para
investigações futuras, visando aprimorar ainda mais a eficiência global desses sistemas.
A comparação entre as perdas calculadas analiticamente e aquelas obtidas por meio das
simulações revelou uma coerência satisfatória, o que valida a aplicabilidade das abordagens
propostas. Isso reforça a importância da análise das perdas em dispositivos semicondutores,
pois esses resultados têm implicações diretas no desempenho e na eficiência dos conversores
DAB.
Por fim, fica claro que a estimação precisa das perdas em semicondutores desempenha
um papel crucial na busca contínua por soluções mais eficientes e energeticamente sustentáveis
no campo dos conversores. Além disso, identificamos oportunidades para investigações futuras,
como a aplicação de diferentes topologias de conversores e a exploração de estratégias
avançadas de modulação para mitigar ainda mais as perdas.
Assim, o presente estudo abre caminho para a evolução e aprimoramento contínuos
nessa área. Como trabalhos futuros, pode-se expandir esse estudo de perdas para o conversor
DAB em diferentes modulações e com outros tipos de semicondutores.
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, José Willamy Medeiros de. Conversor ca-cc multinível de estágio integrado
para aplicação em transformadores de estado sólido. Fortaleza, 2022 Tese (Departamento
de Engenharia Elétrica) - Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2022.
FACCHINELLO, Gabriel G et al. Conversor dual active bridge CA-CA com porta em meia
ponte para transformadores de estado sólido. Eletrônica de Potência-SOBRAEP, v. 22, n. 2,
2017.
HUANG, A. Q. The future renewable electric energy delivery and management (freedm)
system: the energy internet. IEEE, v. 99, n. 1, 2010.
OLIVEIRA, Carla Patricia Costa; COLADO, Luiz Henrique Silva. Análise de Perdas em
Semicondutores SIC e GaN Utilizados em Conversor DAB Multinível Aplicado em
Carregador de Veículo Elétrico. Congresso Brasileiro de Automática-CBA, v. 2, n. 1, 2020.
SILVA, Eduardo Luiz Santos da. Modelagem e controle do conversor Dual Active Bridge
(DAB). Florianópolis, 2019 Dissertação - Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2019.
clc;
clear all;
% pontos extraídos do gráfico Vce x Ic disponível no datasheet
Vce=[0 0.5389 0.7784 0.8862 0.9580 1.0299 1.1138 1.2455 1.3174 1.4371];
Ic=[0 1.6129 3.22 4.8387 6.4516 8.0645 10.484 15.726 18.145 23.387];
ic=0:1:25;
P=Vce.*Ic; % pontos para estimar curva das perdas
coef_IxP = polyfit(Ic,P,2) % coeficientes da estimativa (Ic x P)
p=coef_IxP(1)*(ic.^2)+coef_IxP(2)*ic;
figure (1)
plot(Ic,P,'*r',ic,p,'-b')
title('Perdas por condução do IGBT (Módulo FF200R06KE3)')
xlabel('Ic (A)')
ylabel('Pcond (W)')
legend('curva de perda calculada', 'curva de perda através do polinômio obtido')
set (gcf, 'Color', 'white')
clc;
61
clear all;
Ic=[0; 19.892; 48.925; 73.656; 98.522; 127.42; 176.75; 199.46; 225.4;299.6];
Eoff = [0; 1.3684e-3; 2.3487e-3; 3.2105e-3; 4.0855e-3; 5.125e-3; 7.0197e-3; 7.9145e-
3; 9.0263e-3;12.447e-3];
Eon = [0; 0.59869e-3; 0.96711e-3; 1.2303e-3; 1.5461e-3; 1.9211e-3; 2.6053e-3;
2.9737e-3; 3.3882e-3;4.8092e-3];
Etotal = Eon + Eoff;
k_on = Eon./Ic;
k_off = Eoff./Ic;
k_on(1)=0;
k_off(1)=0;
ic=0:1:400;
coef_Eon = polyfit(Ic,Eon,3);
coef_Eoff = polyfit(Ic,Eoff,3);
eon = coef_Eon(1)*ic.^3+coef_Eon(2)*ic.^2+coef_Eon(3)*ic;
eoff = coef_Eoff(1)*ic.^3+coef_Eoff(2)*ic.^2+coef_Eoff(3)*ic;
k_est_on = coef_Eon(1)*ic.^2+coef_Eon(2)*ic+coef_Eon(3);
k_est_off = coef_Eoff(1)*ic.^2+coef_Eoff(2)*ic+coef_Eoff(3);
figure(1)
plot(Ic,Eon,'*r',ic,eon,'--m',Ic,Eoff,'*b',ic,eoff,'--c')
xlabel('Ic (A)')
ylabel('E (J)')
title('Perdas por chaveamento')
legend('Eon', 'Eon estimado', 'Eoff', 'Eoff estimado')
coef_k = [coef_Eon(3) coef_Eoff(3); coef_Eon(2) coef_Eoff(2); coef_Eon(1)
coef_Eoff(1)]
display('primeira coluna corresponde aos coeficientes k0on, k1on, k2on')
display('segunda coluna corresponde aos coeficientes k0off, k1off, k2off')