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Florianópolis, SC
2019
RENAN LUCAS GANASSINI
Florianópolis, SC
2019
RENAN LUCAS GANASSINI
Agradeço a todos que fizeram parte dessa longa trajetória, em especial aos
amigos Maurício Nesello, Leonardo Darli e Leonardo Giacomini os quais tive o prazer
de dividir uma casa por alguns anos e que foram, junto comigo, os pais da Linda.
Também, dois caras com quem tive o prazer de dividir apartamento por alguns
meses e que me proporcionaram uma visão diferente do que é compartilhar as coisas,
do que é viver, ou tentar, viver em harmonia. Leonardo Costa e Guilherme Schowantz,
meus budas preferidos.
Y, por último, pero tan importante cuanto los otros, a mi principal colega del
intercambio, Giampaolo Solami, con lo cual tuve el placer de compartir momentos de
aprendizaje y discusiones sobre muchos temas tal cuales sistemas de energía,
energías renovables y también sobre los ensañamientos del Mr. Thenx.
“Quando a educação não é libertadora, o
sonho do oprimido é ser o opressor." (Paulo Freire)
RESUMO
For some time, solar photovoltaic energy has been proving to be a completely valid
alternative for the diversification of the global energy matrix. Adding to the constant
technological evolution, photovoltaic power generation systems, whether distributed or
concentrated in large plants, are changing the way we deal with climate change and
making it possible to build a solid foundation for the use of renewable sources for
electricity generation. However, in large solar plant projects, as well as large
construction projects in general, implementation problems involving the triad cost, time
and scope are evidenced. These variables, which are fundamental for the successful
consolidation and execution of a project, must be measured and controlled throughout
the project execution phase, thus requiring the use of tools that facilitate and, whenever
possible, anticipate any need for changes that may interfere in these three pillars.
Thus, the objective of this paper is to analyze the effects that possible disturbances
may have on the progress of a specific project: the construction of a 223MW installed
solar photovoltaic plant. For this purpose, a simulation model was built from the
perspective of system dynamics that makes it possible to emulate the behavior of the
project from the part of hiring labor to the execution of a part of the total of the activities
that will be executed. The model incorporates the decisions that need to be made by
the manager at the time of hiring, introduces the transition, at the point of view of
productivity, from new employees to experienced employees as well as their dismissal
after the completion of activities and consequent completion of the job. The model also
simulates delays caused by disruptions that are often presented as: problems with late
delivery of suppliers, low productivity, and overall rework.
Keywords: Solar Energy, Project Management, System Dynamics.
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 25
1.1 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA ............................................................... 30
1.2 DESCRIÇÃO DO CASO ......................................................................... 31
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................... 32
1.4 JUSTIFICATIVA ..................................................................................... 33
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................... 34
2 O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO ..................................................... 37
2.1 GERAÇÃO, TRANSMISSÃO, DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO 37
2.2 LEILÕES E CONTRATOS DE ENERGIA ............................................... 42
2.3 PROGRAMAS DO GOVERNO ............................................................... 44
3 O GERENCIAMENTO DE PROJETOS .................................................. 47
4 DINÂMICA DE SISTEMAS .................................................................... 55
4.1 MODELO CONCEITUAL ........................................................................ 58
4.2 MODELO DE ESTOQUES E FLUXOS ................................................... 59
4.3 DESCRIÇÃO DOS COMPONENTES DO MODELO .............................. 62
4.4 A DINÂMICA DE SISTEMAS E O GERENCIAMENTO DE PROJETOS 69
5 METODOLOGIA .................................................................................... 73
5.1 PROCEDIMENTO METODOLÓGICO .................................................... 73
5.2 DEFINIÇÃO DA HIPÓTESE DINÂMICA ................................................. 73
5.3 TESTES DE CONFIABILIDADE E VALIDAÇÃO .................................... 74
5.4 AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS.................................................................. 74
6 CONSTRUÇÃO DO MODELO DE SIMULAÇÃO ................................... 77
6.1 O GERENCIAMENTO DE RECURSOS HUMANOS .............................. 77
6.2 O FLUXO DE ATIVIDADES E O RETRABALHO.................................... 84
7 SIMULAÇÕES DOS CENÁRIOS E DISCUSSÃO .................................. 91
7.1 CASO 1 .................................................................................................. 91
7.2 CASO 2 ................................................................................................ 101
8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................... 111
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 113
APÊNDICE ........................................................................................................... 117
APÊNDICE A – Equações do modelo .................................................. 117
25
1 INTRODUÇÃO
Hidráulica
13,8%
Petróleo
39,2%
Lenha e Carvão
veg.
Carvão mineral 9,1%
5,4%
Outras
4,1%
Gás natural
11,5%
interdependências importantes entre os elementos: o todo pode ser muito maior que
a soma das partes".
Tendo em vista as dificuldades apresentadas pela modelagem tradicional tais
como custos adicionais e atrasos no cronograma do projeto, (Sterman, 2000) sugere
a aplicação da Dinâmica de Sistemas no gerenciamento de projetos de modo a
complementar a abordagem tida pelas ferramentas tradicionais e classificando os
sistemas como dinâmicos e complexos considerando como fundamentais as análises
entre as interações e as atividades.
O emprego da Dinâmica de Sistemas junto ao Gerenciamento de projetos visa,
no presente trabalho, buscar uma maneira de mitigar ou até mesmo extinguir os
efeitos de problemas recorrentes em um projeto de construção, tais como atrasos em
entregas de materiais, baixa produtividade decorrente de má gestão de pessoal,
retrabalhos sabidos e retrabalhos ocultos ou ainda falhas na construção próprio
cronograma do projeto as quais poderão ser evidenciadas através das simulações do
modelo criado.
para a população local, já que essa é uma das premissas para a execução da obra:
que no mínimo 70% da mão de obra contratada seja da cidade ou arredores.
O empreendimento é do tipo EPC (Engeneering-Procurement-Construction)
"chave em mão" o qual foi vencido na modalidade leilão (Leilão de Energia Nova LEN
001/2018) pela empresa nacional Celeo Redes e que será construído pela
multinacional Elecnor do Brasil LTDA. Nesse tipo de projeto, o construtor é
responsável pelas etapas de engenharia, compras e construção sendo responsável
por entregar o projeto em mãos da empresa proprietária a qual fará a exploração da
planta bem como a manutenção e operação do empreendimento durante sua vida útil
que é estimada em 25 anos.
O projeto em si é constituido por três grandes áreas: civil, elétrica e estrutural.
Na parte civil está tudo o que diz respeito a terraplenagem, construção de estradas,
sistemas de captação de água das chuvas bem como a construção do próprio canteiro
de obras. A parte estrutural diz respeito a montagem de toda a estrutura que irá
suportar os painéis solares que é composta basicamente pelos seguidores solares,
ou trackers. Já a parte elétrica constitui o coração do projeto uma vez que tudo precisa
estar interconectado para que a energia gerada possa ser escoada até a subestação
de energia e em seguida levada à rede elétrica de transmissão.
Dentro deste universo ainda existe uma complicação maior: a logística de
fornecimento de material. Por se tratar de uma zona remota perdida no meio do sertão
nordestino, todo e qualquer fornecimento sofre com prazos alargados e altos custos
de transporte devido a distância dos grandes centros e dá situação precária das
rodovias que dão acesso à cidade de São João do Piauí.
1.3 OBJETIVOS
1.4 JUSTIFICATIVA
respectivos preços (CCEE..., 2018). Todos os contratos firmados nos ambientes livre
e regulado são registrados na CCEE. Essa forma de contratação foi adotada para
garantir a liberdade efetiva dos agentes que desejam negociar livremente entre si,
dando maior flexibilidade e proporcionando uma alternativa para as condições
contratuais dispostas no ambiente regulado.
No âmbito operacional, uma das principais atividades da CCEE é contabilizar
as operações de compra e venda de energia elétrica, apurando mensalmente as
diferenças entre os montantes contratados e os montantes efetivamente gerados ou
consumidos pelos agentes de mercado. Para tanto, registra os contratos firmados
entre compradores e vendedores, além de medir os montantes físicos de energia
movimentados pelos agentes (CCEE..., 2018). A CCEE também determina os débitos
e créditos desses agentes com base nas diferenças apuradas, realizando a liquidação
financeira das operações.
No que diz respeito ao consumo da energia gerada, transmitida, comercializada
e distribuída, divide-se os consumidores em duas esferas: os consumidores cativos e
os consumidores livres.
Consumidor cativo é aquele que utiliza a energia distribuída pela companhia de
distribuição de maneira compulsória. Tais consumidores, normalmente são
residenciais e estão sujeitos aos preços, tarifas e reajustes definidos pela
concessionária a qual está conectado. Já os consumidores livres são aqueles que
possuem liberdade para negociar, através de contratos bilaterais, a energia que
consomem. Tal configuração permite que sejam negociados contratos de energia em
todos os seus termos, ou seja, quantidades, preços, prazos e etc.
Para que todo esse conjunto de atores possa funcionar de maneira
sincronizada são necessários alguns mecanismos regulatórios. Para tanto, foi criada
a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), autarquia em regime especial
vinculada ao Ministério de Minas e Energia, foi criada para regular o setor elétrico
brasileiro, por meio da Lei nº 9.427/1996 e do Decreto nº 2.335/1997 (ANEEL..., 2018).
Dentre as atribuições da ANEEL, pode-se citar: Regular a geração, transmissão,
distribuição e comercialização de energia elétrica, fiscalizar, diretamente ou mediante
convênios com órgãos estaduais, as concessões, as permissões e os serviços de
energia elétrica e implementar as políticas e diretrizes do governo federal relativas à
exploração da energia elétrica e ao aproveitamento dos potenciais hidráulicos
(ANEEL..., 2018).
41
3 O GERENCIAMENTO DE PROJETOS
Tendo como base o guia PMBOK (PMBOK, 2013), referência mundial no tema
de gerenciamento de projetos, definimos aqui um projeto como sendo um conjunto de
tarefas a serem planejadas, executadas, controladas e encerradas as quais
demandam algum tipo de recurso com o objetivo final de atingir alguma determinada
meta. Dentre todas as categorias as quais podemos classificar os distintos tipos de
projetos, podemos citar: obras civis, marketing, administração, pesquisa, etc. Ainda,
segundo (PMBOK, 2013) , os processos gerenciais estão divididos em nove áreas de
conhecimento: prazo, custo, qualidade, escopo, aquisição, comunicações, riscos,
recursos humanos, integração e as partes interessadas.
Todo projeto será composto por atividades que estejam relacionadas entre si,
diretamente ou não, que serão desenvolvidas sequencial ou simultaneamente.
Controlar a duração dessas atividades é crucial para o bom andamento e seguimento
do projeto e consiste num dos objetivos mais difíceis no que diz respeito ao
gerenciamento de projetos. Usualmente, se tratando de projetos pequenos em
quantidade de tarefas ou tempo, a utilização de gráficos de barras (diagrama de Gantt)
é bem aceita. O diagrama de Gantt funciona em função da duração estimada das
tarefas e é suficiente para realizar um bom acompanhamento do andamento das
atividades bem como o controle das operações e dos recursos.
Uma ferramenta importante dentro do escopo de ferramentas para o
gerenciamento de projetos é a Linha de Base ou Baseline. A Linha de Base, de acordo
com o (PMBOK, 2013) refere-se a uma versão aprovada de um modelo de
cronograma que pode ser mudada somente mediante procedimentos de controle
formais, e que é usada como uma base para a comparação com os resultados reais.
Tal referência tem por objetido gerar um “antes e depois” durante a execução das
atividades e proporcionar uma ideia de andamento do projeto facilitando assim o
seguimento do mesmo.
Na figura 8 pode-se ver como acontece o seguimento das tarefas pelo diagrama
de Gantt bem como a referência da Linha de Base.
50
Outra maneira de visualizar o projeto como um todo e que torna mais fácil a
identificação e o seguimento das atividades é através do uso de uma estrutura
analítica do projeto EAP que nada mais é do que um diagrama com classes
51
Outro estudo realizado por (LYNEIS; COOPER; ELS, 2001) resultou em que
menos da metade dos projetos de pesquisa e desenvolvimento atendiam os seus
objetivos em relação ao cronograma previsto e o custo planejado. No mesmo sentido,
uma pesquisa da KPMG de 2003 envolvendo 1450 projetos de TI de organizações
públicas e privadas indicou que mais de 61% dos projetos analisados apresentaram
problemas de cronograma e/ou custo.
Ainda, (WANG; YUAN, 2017) elencaram em seu estudo os principais riscos
que impactam no cronograma de uma obra de infraestrutura, já na fase construtiva,
dentre eles:
4 DINÂMICA DE SISTEMAS
2. Não linearidade: o todo não é igual à soma das partes. Uma dada ação pode
resultar em possíveis soluções completamente desproporcionais relativas a
ação inicial;
3. Fluxos: as redes conectam os indivíduos como agentes de um sistema.
Pode-se originar dois fenômenos importantes advindos dos fluxos no interior
da rede: efeitos multiplicadores e efeitos de reciclagem;
4. Diversidade: cada agente ocupa um espaço no sistema que posteriormente
poderá ser ocupado por outro. Isso irá depender de sua interdependência em
relação aos outros agentes do sistema.
Cabe ainda explorarmos aqui uma definição mais precisa dos termos Sistema
e Dinâmica, já que serão largamente utilizados ao longo desse trabalho. De acordo
com (BUENO, 2010), os sistemas geralmente são conjuntos de elementos
organizados intencionalmente pela ação humana ou que simplesmente se auto
organizam para cumprir propósitos específicos. Uma terceira possibilidade é um
sistema composto pelas duas condições anteriores, ou seja, pode envolver elementos
de intencionalidade e auto organização simultaneamente. Sobre a complexidade dos
sistemas, (BUENO, 2010) comenta que os três tipos de sistemas supracitados
apresentam graus distintos de complexidade, mas somente os sistemas que possuem
parte auto organizáveis irão apresentar graus variados de complexidade dinâmica.
A complexidade dinâmica é entendida aqui como uma propriedade inerente a
sistemas que respondem de forma não intencional a informações ou excitações
exógenas a si, confirmando assim sua capacidade de auto organização. Dessa
maneira, (BUENO, 2010) completa afirmando que sistemas com extrema
complexidade de detalhes podem ser dinamicamente simples uma vez que não
possuam agentes capazes de responder a novas informações, ao passo em que
sistemas relativamente simples em detalhes podem ser dinamicamente complexos
devido a sua propriedade de auto organização.
Em seu livro, (STERMAN, 2000) afirma que a complexidade dinâmica não só
desacelera o loop de aprendizagem como também reduz o ganho de conhecimento
em cada iteração.
Uma vez definidas tais relações, passar-se-á a discutir os elementos que
compõem a dinâmica de sistemas e como acontecem as interações entre eles.
58
Para saber se a população total irá aumentar ou não ao longo do tempo, faz-
se necessário saber qual das duas variáveis domina as relações causais: nascimentos
ou mortes, já que essas possuem diferentes polaridades.
Equação 1 - Estoque
Fonte: SANTOS (2006)
Por outro lado, o laço de realimentação negativa (parte a direita da figura 16)
representado pelas variáveis horas-extras, trabalho a fazer e trabalho realizado,
contribui para a redução do trabalho total ser feito, já que um aumento nas horas-
extras significa maior força de trabalho, ou seja, maior quantidade de trabalho
realizado (relação positiva) o que leva a diminuição do trabalho que deve ser feito
(relação negativa).
Dessa maneira, quando vistos de forma conjunta, os laços de feedback
negativo e positivo se compensam levando o sistema a uma situação de estabilidade,
mantendo um equilíbrio mesmo após a geração de algum distúrbio (aumento do
número de horas-extras, por exemplo). Entretanto, somente essas relações de
realimentação não são suficientes para realizar um estudo robusto e simulação de um
sistema real.
ATRASOS
Da mesma forma que analisou-se os estoques, (STERMAN, 2000) afirma que
na Dinâmica de Sistema os atrasos podem ser de informação ou de material. O atraso
de material tem uma conotação física, ou seja, fluxo físico de matéria e que se justifica
64
pelo acúmulo de material nos estoques, gerado pelas diferenças entre os fluxos de
entrada e saída. Já o atraso de informação representa o ajuste gradual de informações
no modelo (tempo entre a tomada da decisão até o efeito gerado por essa).
Quando tratamos de analisar os atrasos de materiais, devemos ter em conta o
que isso significa. Um atraso representa um processo em que a saída está defasada
em relação a entrada, como no caso de materiais em trânsito, por exemplo, os quais
constituem um estoque de materiais em movimento entre dois estados, ou seja, entre
o local de saída e o local de destino. Para a modelagem desse tipo de atraso, faz-se
necessária a determinação o tempo de atraso e a taxa de saída em relação a taxa de
entrada. A taxa de saída em relação a taxa de entrada pode ser representada de
diferentes maneiras, desde um modelo PEPS (primeiro que entra, primeiro que sai)
até atrasos de ordem n. Para atrasos de ordem n, (STERMAN, 2000) afirma que
pode-se sequenciar, de maneira aproximada, n atrasos de primeira ordem.
A figura 17 apresenta algumas distribuições de saída em relação ao tipo de
entrada no tempo 0. A saída A é chamada de atraso PEPS defasada por um tempo
de atraso K. Nas saídas B, C e D, os materiais não mantém a mesma ordem de
entrada, ou seja, o tempo de processamento não é o mesmo para todos (se vários
itens forem enviados simultaneamente, eles não chegarão juntos ao destino). A saída
B apresenta um atraso de primeira ordem (a ordem de um sistema é definida pelo
número de variáveis de estoque existentes no modelo), a saída C, um atraso de
segunda ordem e a saída D apresenta um atraso de terceira ordem. Percebe-se que
o aumento da ordem da taxa de saída implica no aumento da taxa com que os
materiais são movimentados.
65
MODOS FUNDAMENTAIS
Para (Santos, 2006), a Dinâmica de Sistemas está baseada em padrões de
comportamento sobre os quais os modelos são construídos. Dessa maneira, uma vez
identificado algum padrão, busca-se a estrutura que o origina e então passa-se a
trabalhar de maneira a ajustar a estrutura fundamental ao resultado desejado.
(Santos, 2006) ainda afirma que as estruturas ou modos de referência (fundamentais)
podem ser distribuídos em quatro grupos: crescimento exponencial, convergência
para um valor de referência (goal seeking), oscilação em torno de um valor de
referência e crescimento S. É fundamental que o gerente conheça tais modos de
referência para que possa descrever outros modelos, mais complexos, como a
combinação desses modos fundamentais.
66
CRESCIMENTO/DECAIMENTO EXPONENCIAL
Gerado por realimentação positiva, os crescimentos exponenciais são
representados por uma taxa percentual de crescimento fixa, ou seja, quanto maior a
quantidade, maior será o crescimento e maior a taxa líquida com que essa quantidade
cresce. Da mesma maneira acontece o decaimento exponencial.
A figura 18.a apresenta o comportamento da caderneta de poupança, onde
quanto maior for o saldo, maior serão os juros e consequentemente maior será o saldo
posterior, gerando assim um aumento exponencial. Já na figura 18.b observamos o
decaimento na quantidade de membros de uma equipe quando não são realizadas
novas contratações e a vida útil dos trabalhadores é de 10 anos.
CRESCIMENTO S
Esse tipo de comportamento ocorre quando alguma variável limita o
crescimento exponencial. O sistema cresce exponencialmente por um período de
tempo mas depois sua taxa de crescimento diminui gradativamente até alcançar o
equilíbrio. O crescimento S pode ser observado com clareza no exemplo do
67
5 METODOLOGIA
sistemas, uma vez que é através dessa definição que o modelo é construído. Para a
definição da hipótese dinâmica foi estudado o cenário passado e atual do mercado de
energia brasileiro bem como a situação atual do cenário solar fotovoltaico nacional,
também foram levantados mapeamentos de riscos envolvendo projetos semelhantes
ao estudado neste trabalho.
Para isso, foram levados em consideração artigos sobre o tema, Normas
Reguladoras, os mecanismos de contratação empregados atualmente pelas
empresas, curvas de aprendizado de empregados bem como as nuances da relação
gerente-empregado a qual define como o processo de contratação/demissão
funciona.
De posse deste material foi possível esboçar o conceito inicial sobre o
funcionamento da gestão e do andamento de projetos dentro das companhias, as
principais variáveis que impactam no seu funcionamento e como elas estão
interligadas. Por fim, apresentou-se a hipótese dinâmica levada em consideração para
desenvolvimento do modelo.
Uma vez que o modelo esteja construído e validado, parte-se para a avaliação
dos cenários que serão estudados neste trabalho. Para a avaliação dos cenários
75
serão utilizados indicadores baseados nos valores obtidos pelas variáveis contidas
no modelo, a fim de classificar quais cenários proporcionam o melhor resultado para
o objetivo definido nas seções iniciais deste projeto de pesquisa.
Além de testadas separadamente, também serão estudadas algumas
combinações de situações envolvendo diferentes restrições já que, de acordo com
(Sterman, 2000), a iteração entre diferentes políticas deve ser considerada pois
os sistemas reais são altamente não lineares, ou seja, a soma dos impactos não
necessariamente é igual a soma dos impactos individuais de cada política.
76
77
algum tempo irão contribuir em menor quantidade com a produtividade total da equipe.
A medida que o tempo passa, a taxa de assimilação se encarrega da transição de
estado dos empregados, de funcionário novo para funcionário experiente. Juntamente
a isso, considera-se a velocidade com que os funcionários são desligados da equipe
do projeto, tanto funcionários novos como experientes, cada um com sua respectiva
taxa de desligamento. Dessa maneira acontece a compensação do sistema:
empregados são contratados, demitidos ou ainda trocam de status de novo para
experiente fazendo com que as contratações se mantenham em equilíbrio dentro do
esperado.
A figura 25 mostra a dinâmica de transição e desligamentos comentada no
parágrafo anterior. Cabe observar que as atividades começam com alguns
colaboradores já contratados ou mesmo que foram transferidos de outras atividades
não sendo necessária, num primeiro momento, a contratação de toda a equipe
necessária para a realização das tarefas.
7.1 CASO 1
tabela 4 (curva marrom), a execução real da atividade medida em campo (curva azul)
e a execução esperada de acordo com a simulação do modelo (curva cinza).
R2 = 0,997503
R2 = 0,998963
Nesta situação, o modelo de simulação foi utilizado para projetar o efetivo total
necessário, considerando o retrabalho envolvido e o atraso no cronograma, de modo
a concluir a atividade dentro do prazo esperado (semana 50).
O resultado da simulação é apresentado no gráfico 7.
96
R2 = 0,999833
R2 = 0,998392
R2 = 0,999786
R2 = 0,996602
Não fez parte do escopo deste trabalho a análise financeira do projeto porém
caso essa venha a ser feita, será de fundamental importância considerar estas
alterações no efetivo total a fim de entender e justificar se realmente é possível aceitar
o custo da contratação de mais pessoas frente a possibilidade de atrasar a entrega
das atividades em algumas semanas.
101
7.2 CASO 2
Da mesma forma que no caso 1, para o caso 2 foram escolhidas atividades que
possuem alto grau de dependência entre si e que também sofreram com algum tipo
de distúrbio, seja por atraso no fornecimento dos materiais ou pela existência de
retrabalhos maiores do que o previsto em projeto.
A cadeia de atividades é iniciada pela cravação de hincas e pela montagem
dos trackers, ambas atividades já estudadas no caso 1. Estas atividades são seguidas
pela instalação dos cabos com secção transversal de 95mm2 os quais possuem
longitude média de 160 metros por polo, positivo e negativo. Tal cabo é preso à
estrutura do tracker e percorre toda a sua extensão até chegar a String Combine Box
(SCB). Paralelamente à instalação deste cabo, está a abertura de valas no chão com
medida aproximada de 80x60 centímetros (profundidade x largura) e o posterior
lançamento de cabos de baixa tensão (são cabos mais robustos com secção
transversal de 400mm2). A finalização destas duas atividades que envolvem o
lançamento de cabos é fundamental para que se possa instalar as SCBs. As SCBs
por sua vez são caixas de conexão elétrica responsáveis por juntar vários circuitos
elétricos e direcionar o fluxo de energia gerado até as estações de transformação,
aqui chamadas de Power Stations (PS). Uma PS é composta por três ou quatro
inversores de frequência e por um transformador a qual tem por finalidade a conversão
da corrente contínua gerada pelos painéis fotovoltaicos em corrente alternada (60
Hertz) e posterior elevação da tensão de 1.500 Volts para 34.500 Volts.
A figura 33 mostra, em forma de fluxo, as dependências das atividades
supracitadas.
102
R2 = 0,999976
R2 = 0,997362
a curva de cor marrom (avanço esperado acumulado). A curva de cor azul indica o
andamento real da atividade e a curva de cor amarela simula o andamento dos
trabalhos caso os mesmos fossem retomados no presente momento. Novamente,
cabe observar que o intuito da simulação foi manter intacta a data de finalização das
atividades e que tal consideração irá supor um aumento no efetivo total empregado
para a execução dos trabalhos.
A segunda atividade analisada no caso 2 foi a abertura de valas e o lançamento
de cabos com secção trasversal de 400mm2. Este cabo é utilizado para conectar as
SCBs às PSs. Diferentemente das outras atividades já citadas neste trabalho, nesta
atividade são empregados meios mecânicos (escavadeiras e retroescavadeiras) e
dessa maneira a análise da produtividade média da equipe acaba sofrendo alguma
distorção uma vez que a abertura de valas possui uma velocidade de execução
enquanto o lançamento dos cabos possui outra. O que acontece é que uma atividade
não faz sentido sem a outra, por isso elas foram consideradas como uma só e o
resultado pode ser visto no gráfico 13 a seguir.
R2 = 0,998057
R2 = 0,999691
Uma das atividades com menor índice de retrabalho medido, a instalação das
caixas de conexão está sofrendo com os problemas evidenciados na atividade de
instalação de cabos com secção transversal de 95mm2. Isso se deve ao fato de que
não é possível completar a instalação de uma caixa de conexão sem a presença do
cabo o que compromete o andamento dos trabalhos fazendo com que estes, no
momento em que este trabalho foi escrito, estivessem suspensos. O gráfico 14 mostra
106
a situação atual da atividade bem como uma projeção caso os trabalhos fossem
retomados imediatamente.
R2 = 0,998486
a nova atividade, fariam com que a mesma não pudesse ser executada dentro do
período esperado.
A partir do momento em que a data final da atividade é postergada, as duas
situações citadas anteriormente tornam-se viáveis e a segunda delas, a transferência
de empregados de outras frentes de trabalho é vista como a ação que poderia trazer
melhores resultados em menor espaço de tempo. Isso irá depender basicamente de
quais outras atividades tenham alguma folga e que possam sofrer algum tipo de atraso
sem maiores comprometimentos.
Finalmente, a última atividade do caso 2, a instalação das Power Stations, será
alvo de uma análise diferente uma vez que os dados levantados não foram suficientes
para realizar simulações concretas. Tal atividade sofreu com um alto índice de
retrabalho o qual beirou os 80% devido a problemas na descarga dos inversores. Esta
atividade consiste, de forma resumida, na descarga (através de um guindaste) e
posicionamento dos inversores, em bases de concreto espalhadas pela área do
parque, e posteriormente a interligação mecânica destes inversores aos
transformadores que também serão descarregados nestas mesmas bases. Devido a
uma falha no desenho da base e no procedimento de descarga, os inversores ficaram
desalinhados em relação aos transformadores fazendo com que quase 80% destes
(27 unidades de um total de 34) tivessem que ser movidos para que a conexão
mecânica pudesse ser executada.
Como a atividade completa é composta pela descarga (aproximadamente 40%
do tempo total da atividade) e pela montagem (60% do tempo), considerou-se que
32% do tempo total estimado para a realização de tal foi retrabalho, logo, a atividade
que deveria durar 8 semanas acabou tendo duração maior que 11 semanas no total.
O gráfico 15 mostra como se comportou o retrabalho da atividade e como isso
influenciou no tempo total de execução da mesma.
108
8 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
REFERÊNCIAS
LYNEIS, James M.; COOPER, Kenneth G.; ELS, Sharon A.. Strategic Management
of Complex Projects: A Case Study Using System Dynamics. System Dynamics
Review, v. 17, p. 237-260, 2001.
RENEWABLE POWER GENERATION COSTS IN 2014, Abu Dhabi, Jan 2015. 164
p. IRENA.
APÊNDICE