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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA POLITÉCNICA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA EM


TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Lucas Arruda de Souza

2018
TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA EM
TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Lucas Arruda de Souza

Projeto de Graduação apresentado ao Curso


de Engenharia Elétrica da Escola Politécnica
da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Engenheiro.

Orientador: Prof. Jorge Nemésio Sousa

Rio de Janeiro
Setembro de 2018
TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA EM
TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Lucas Arruda de Souza

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE


ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO
ELETRICISTA.

Examinada por:

___________________________________________
Prof. Jorge Nemésio Sousa, M. Sc.
(Orientador)

___________________________________________
Prof. Jorge Luiz do Nascimento, Dr. Eng.

___________________________________________
Engº. André Luis Barbosa de Oliveira

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL


Setembro de 2018
Souza, Lucas Arruda de

Técnicas Preditivas de Manutenção Elétrica em


Transformadores de Potência / Lucas Arruda de Souza. – Rio
de Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2018.

XII, 88 p.: il.; 29,7 cm.

Orientador: Jorge Nemésio Sousa

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso


de Engenharia Elétrica, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 89-94

1. Manutenção. 2. Técnicas preditivas. 4. Transformadores.


I. Nemésio Sousa, Jorge. II. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Elétrica. III.
Título.
i

AGRADECIMENTOS

À minha mãe pois sem o esforço, dedicação e força dela desde minha infância em
ensinar a importância do conhecimento e a nunca desistir, eu não teria escrito esse TCC.

Ao meu professor orientador Jorge Nemésio Sousa que com sua sabedoria,
conhecimento e paciência me guiou na execução deste trabalho.

À minha noiva Alexsandra Bento Alexandre pela sua compreensão nos momentos
difíceis e de ausência durante a graduação.

Aos meus amigos Bruno Dager e Luísa Tavares pela ajuda e incentivo que sempre
estiveram dispostos a dar durante a faculdade.

E a cada familiar e amigo que de alguma forma ajudou na minha conquista e a


superar os obstáculos.
ii

Resumo do projeto de graduação apresentado à Escola Politécnica da UFRJ como parte


dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO ELÉTRICA EM


TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

Lucas Arruda de Souza

Setembro/2018

Orientador: Jorge Nemésio Sousa

Curso: Engenharia Elétrica

A manutenção elétrica é um procedimento importante em toda subestação, seja industrial


ou de concessionárias de energia. Conhecer o estado dos equipamentos em operação e
prever possíveis falhas são essenciais na redução de custos e no aumento da
confiabilidade dos serviços prestados. Baseando-se nas normas técnicas e na literatura
especializada, este trabalho tem por objetivo apresentar as técnicas preditivas utilizadas
na manutenção elétrica de transformadores de potência e tornar clara a importância dos
ensaios apresentados na previsão de falhas e/ou defeitos incipientes os quais oferecem
riscos nas linhas de produção e aos colaboradores.

Palavras-Chaves: Manutenção, Técnicas Preditivas, Transformadores de Potência.


iii

Abstract of undergraduate project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the


requirements for the degree of Electrical Engineer.

PREDICTIVE ELECTRIC MAINTENANCE TECHNIQUES IN POWER


TRANSFORMERS

Lucas Arruda de Souza

September/2018

Advisor: Jorge Nemésio Sousa

Course: Electrical Engineering

Electrical maintenance is an important procedure in any substation, whether industrial or


utility. Knowing the state of the equipment in operation and predicting possible failures
are essential in reducing costs and increasing the reliability of the services provided.
Based on the technical norms and specialized literature, this work has the objective to
present the predictive techniques used in the electrical maintenance of power transformers
and to make clear the importance of the tests presented in the prediction of faults and / or
incipient defects, which present risks in the production lines and employees.

Keywords: Maintenance, Techniques Predictive, Power Transformers.


iv

LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Contexto histórico ......................................................................................... 4

Figura 2.2 - Procedimento para manutenção .................................................................... 7

Figura 4.1 - Transformador de potência refrigerado a óleo ............................................ 15

Figura 4.2 - Transformador a seco.................................................................................. 15

Figura 4.3 - Transformadores a seco com ventilação forçada ........................................ 17

Figura 4.4 - Transformador ONAF ................................................................................ 19

Figura 4.5 - Transformador OFAF ................................................................................. 19

Figura 4.6 - Transformador OFWF ................................................................................ 20

Figura 5.1 - Termômetro para transformadores.............................................................. 24

Figura 5.2 - Radiômetro de alta resolução ...................................................................... 25

Figura 5.3 - Termovisor e câmera termográfica ............................................................. 25

Figura 5.4 - Triângulo de Duval ..................................................................................... 51

Figura 5.5 - Pentágono de Duval .................................................................................... 52

Figura 5.6 - Mecanismo de degradação do papel ........................................................... 58

Figura 5.7 - Sistema cromatográfico .............................................................................. 60

Figura 5.8 - Concentração de 2-FAL em função do GP ................................................. 61

Figura 5.9 – Avaliação do estágio de envelhecimento do isolamento celulósico .......... 62

Figura 5.10 - Transformadores de instrumentação ......................................................... 64

Figura 5.11 - Transformador de instrumentação ótico. .................................................. 64

Figura 5.12 - Megômetro utilizado no ensaio de resistência elétrica. ............................ 66

Figura 5.13 - Ângulo δ da tangente de perdas e modelagem do dielétrico. ................... 70

Figura 6.1 - Termograma em transformador a óleo........................................................ 78

Figura 6.2 - Termograma em transformador a seco. ...................................................... 78


v

Figura 6.3 - Frascos e seringas de vidro para coleta de óleo. ......................................... 80

Figura 6.4 - Kelman DGA 900 ....................................................................................... 81

Figura 6.5 - Hydran M2. ................................................................................................. 82

Figura 6.6 - Kelman Transport X2 ................................................................................. 82

Figura 6.7 - Sistema de medição de descargas parciais .................................................. 83

Figura 6.8 - ICMcompact para medição de descargas parciais. ..................................... 84

Figura 6.9 - Sistema compacto de medição de descargas parciais. ................................ 84

Figura 6.10 - Medidor ultrassônico tipo pistola ............................................................. 85

Figura 6.11 - Videoscópio ou boroscópio. ..................................................................... 86

Figura 6.12 - ABB Ability TXplore ............................................................................... 86


vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 - Grandezas para estudo. ................................................................................. 9

Tabela 2.2 - Ensaios aplicados na técnica preditiva. ...................................................... 10

Tabela 5.1 - Emissividade de materiais não-metálicos................................................... 27

Tabela 5.2 - Emissividade de materiais metálicos. ......................................................... 28

Tabela 5.3 - Valores de FCV para correção da temperatura na Termografia. ................ 28

Tabela 5.4 - Descrição do efeito observável da velocidade do vento............................. 29

Tabela 5.5 - Exemplos de LMTA para alguns componentes. ........................................ 31

Tabela 5.6 - LMTA para transformadores a seco em função de sua classe térmica. ..... 32

Tabela 5.7 - CFCA - Critério Flexível de Classificação de Aquecimentos Elétricos. ... 33

Tabela 5.8 - Variação da temperatura e providência de manutenção ............................. 33

Tabela 5.9 - Variação da temperatura e providência de manutenção para conexões


prensadas ........................................................................................................................ 33

Tabela 5.10 - Variação da temperatura e providências de manutenção para conexões


aparafusadas.................................................................................................................... 33

Tabela 5.11 - Procedimentos adotados nas técnicas preditivas de manutenção. ............ 34

Tabela 5.12 - Especificação dos códigos do método de Rogers. .................................... 47

Tabela 5.13 - Diagnóstico de falhas do método de Rogers. ........................................... 48

Tabela 5.14 – Diagnóstico da cromatografia pelo segundo a IEC 60599. ..................... 49

Tabela 5.15 - Identificação de falhas pelo método de Doernenburg.............................. 49

Tabela 5.16 - Concentração de gases para validação do método Doernenburg. ............ 50

Tabela 5.17 - Identificação de falhas pelo método de Pugh dada pela IEEE. ................ 53

Tabela 5.18 - Diagnóstico da cromatografia pelo método de Laborelec........................ 54

Tabela 5.19 - Valores recomendados para diagnóstico em função de Ip e Iad. ................ 68

Tabela 5.20 - Fatores de correção de temperatura de transformadores para 20°C ......... 69


vii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

°C grau Celsius

AA Ar Ambiente - designação de sistema de refrigeração de transformadores


elétricos sem óleo mineral.

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

AGD Análise de Gases Dissolvidos

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANSI American National Standard Institute

ASEA Allmänna Svenska Elektriska Aktiebolaget - era uma empresa industrial


sueca. Em 1988, fundiu-se com a empresa suíça Brown, Boveri & Cie para
formar o ABB Group.

ASTM American Society for Testing and Materials

AT Alta Tensão, compreende tensões acima de 36,2 kV

BT Baixa Tensão, compreende tensões abaixo de 1 kV

CEGB Central Electricity Generating Board of Great Britain

CFCA Critério Flexível de Classificação de Aquecimentos Elétricos

CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência

CR Criticidade Racional - método de diagnóstico de termografia em


instalações elétricas.

DBP di-terc-butil-fenol - antioxidante para produtos à base de hidrocarbonetos

DBPC di-terc-butil-paracresol - antioxidante para produtos à base de


hidrocarbonetos

DC Direct Current

DDP Diferença de Potencial

DEE Departamento de Engenharia Elétrica


viii

dyn/cm dina por centímetro - unidade de medida do Sistema CGS para


representação de força, usada para medir a tensão interfacial de óleo
isolante.

END Ensaio Não Destrutivo

FA Forced Air (Ar forçado) - designação de sistema de refrigeração de


transformadores elétricos sem a óleo mineral.

FCC Fator de Correção de Corrente - fator de correção da temperatura de um


termograma em função da emissividade da superfície do material.

FCV Fator de Correção do Vento - fator de correção da temperatura de um


termograma em função da velocidade do vento no momento da medição.

FD Fator de Dissipação - indicador que relaciona as perdas ativas e a potência


aparente aplicadas sob tensão alternada e serve para se determinar o nível
de contaminação de um material isolante elétrico.

GE General Electric

GP Grau de Polimerização - número médio de unidades glicosídicas presente


em uma molécula de celulose.

GT Gravidade Térmica - variável do método Criticidade Racional de


diagnóstico de termografia em instalações elétricas.

HPLC High Performance Liquid Chromatography

IEC International Electrotechnical Commision

IEEE Institute of Electrical and Electronic Engineers

ISO Internacional Organization for Standardization

kV/cm quilovolt por centímetro - unidade de campo elétrico usada para medir
rigidez dielétrica de óleo isolante

LMTA Limite Máximo de Temperatura Admissível

m2/s metro quadrado por segundo - unidade de viscosidade cinemática de óleo


isolante.
ix

MAA Máximo Aquecimento Admissível

mg/l miligrama por litro - unidade de concentração de massa

MT Média Tensão, compreende tensões entre 1 kV e 36,2 kV

N/m Newton por metro - unidade de momento usada para medir a tensão
interfacial de óleo isolante

NBR Norma brasileira aprovada pela ABNT

OFAF Óleo Forçado - Ar Forçado - designação de sistema de refrigeração de


transformadores elétricos a óleo mineral.

OFWF Óleo Forçado - Água Forçada - designação de sistema de refrigeração de


transformadores elétricos a óleo mineral.

ONAF Óleo Natural - Ar Forçado - designação de sistema de refrigeração de


transformadores elétricos a óleo mineral.

ONAN Óleo Natural - Ar Natural - designação de sistema de refrigeração de


transformadores elétricos a óleo mineral.

PCB Poly Chlorinated Biphenyl - composto aromático clorado, aditivo de


líquidos isolantes sintéticos (ascaréis) para equipamentos elétricos.

PO Prioridade Operacional - variável do método Criticidade Racional de


diagnóstico de termografia em instalações elétricas.

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TGC Total de Gases Combustíveis

TT Tendência Térmica - variável do método Criticidade Racional de


diagnóstico de termografia em instalações elétricas.

TΩ Teraohms

UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro


x

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................1

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..........................................................................1

1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................1

1.3 MOTIVAÇÃO.....................................................................................................1

1.4 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO ..........................................................................2

1.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO .............................................................................2

2 REVISÃO TEÓRICA .......................................................................................3

2.1 APRESENTAÇÃO .............................................................................................3

2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA ............................................................3

2.3 CONCEITOS DE MANUTENÇÃO E A TÉCNICA PREDITIVA ....................4

2.4 APLICANDO AS TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO ...............7

2.5 OBJETIVOS DAS TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO ..............8

2.6 ALGUNS PARÂMETROS A SEREM MONITORADOS ................................9

2.7 ENSAIOS APLICADOS NA TÉCNICA PREDITIVA ....................................10

3 METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................ 11

3.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................ 11

3.2 DEFINIÇÃO DE PESQUISA .......................................................................... 11

3.3 CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE PESQUISA ................................................. 11

4 DESCRIÇÃO DOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA .................14

4.1 OS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA .................................................14

4.2 TIPO DE REFRIGERAÇÃO............................................................................16

5 DESCRIÇÃO DAS TÉCNICAS PREDITIVAS ...........................................22

5.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................22

5.2 TERMOMETRIA, A ANÁLISE DE TEMPERATURA ..................................22

5.2.1 A Termografia .................................................................................................23


xi

5.2.1.1 Métodos de medição de temperatura ................................................................23

5.2.1.2 Inspeção termográfica .......................................................................................26

5.2.1.3 Fatores que influenciam as leituras termográficas ............................................26

5.2.1.4 Considerações sobre a termografia elétrica ......................................................30

5.2.1.5 O MAA e o LMTA ............................................................................................30

5.2.1.6 Avaliação e diagnóstico com o δtcorrigido .......................................................32

5.2.1.7 Critério baseado no nível de criticidade............................................................34

5.2.1.8 Critério baseado em padrões e uma fórmula-chave ..........................................35

5.3 ANÁLISE DE ÓLEO ISOLANTE ...................................................................36

5.3.1 Ensaios físico-químicos ...................................................................................36

5.3.2 Cromatografia gasosa .....................................................................................43

5.3.2.1 Identificação de falhas incipientes ....................................................................44

5.3.2.2 Métodos de detecção e identificação das falhas ...............................................44

5.3.2.3 A taxa de formação de gases .............................................................................46

5.3.2.4 Métodos na análise de gases dissolvidos no óleo .............................................47

5.4 AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DA ISOLAÇÃO SÓLIDA DE


EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS ....................................................................................56

5.4.1 Degradação do papel isolante e o grau de polimerização ............................56

5.4.2 Processos de degradação do sistema papel/óleo isolante .............................56

5.4.3 Procedimentos para a aplicação das técnicas ...............................................57

5.5 ENSAIO DE CORRENTE E TENSÃO ELÉTRICA .......................................63

5.6 ENSAIOS DAS CARACTERÍSTICAS DIELÉTRICAS DA ISOLAÇÃO .....65

5.6.1 Ensaio de resistência de isolamento..................................................................65

5.6.1.1 Fatores que afetam a resistência de isolamento ................................................66

5.6.1.2 Índice de absorção dielétrica .............................................................................67

5.6.1.3 Índice de polarização ........................................................................................67

5.6.1.4 Correção da temperatura de ensaio ...................................................................68


xii

5.6.1.5 Perdas dielétricas ..............................................................................................70

5.6.1.6 Ensaios de resistência dc na avaliação do isolamento ......................................71

5.7 END - ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS ........................................................72

5.7.1 Ensaio de emissão acústica .............................................................................72

5.7.2 Medição de ruído e vibração ..........................................................................73

5.7.3 Medição de descargas parciais .......................................................................73

5.7.4 Ensaios de endoscopia ou boroscopia ............................................................74

6 A TÉCNICA PREDITIVA NO AMBIENTE DA SUBESTAÇÃO ..............75

6.1 INTRODUÇÃO ................................................................................................75

6.2 ENSAIO DE TERMOGRAFIA ........................................................................75

6.3 ENSAIOS DO ÓLEO ISOLANTE ...................................................................78

6.4 ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS ....................................................................83

6.4.1 Detecção de descargas parciais ......................................................................83

6.4.2 Técnica de inspeção visual .............................................................................85

7 CONCLUSÕES ...............................................................................................88

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................89


1

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS


Durante o desenvolvimento tecnológico do último século as subestações de energia
passaram por grande revolução no que diz respeito aos seus projetos. Muitas técnicas
precisaram ser desenvolvidas e mão-de-obra qualificada passou a ser cada vez mais
necessária. Juntamente com os novos avanços surgiu a necessidade de otimização de
processos e com ela a manutenção se tornou cada vez mais indispensável, principalmente
devido às questões econômicas. Como vamos ver no Capítulo 2, os conceitos de
manutenção apresentam-se em duas definições: corretiva e preventiva.

1.2 OBJETIVOS
Este trabalho tem por objetivos apresentar e discorrer sobre as técnicas preditivas
de manutenção elétrica, às quais servem de guia para o engenheiro de manutenção e ser
um complemento do material didático para as aulas de Manutenção e Operação de
Equipamentos Elétricos. Por meio de uma apresentação técnica e concisa, esse material
auxiliará o aluno e também facilitará a ação do professor, já que incorpora suas anotações
pessoais sobre o tema além de acrescentar conteúdo para uma melhor compreensão de
manutenção de transformadores elétricos.

Neste estudo será feita a apresentação dos conceitos e das técnicas preditivas
utilizadas na manutenção de equipamentos elétricos. Voltado para os alunos de
engenharia elétrica e profissionais do ramo, este trabalho apresentará aspectos teóricos e
práticos o que inclui a apresentação dos ensaios utilizados na manutenção e a descrição
de cada um. Este projeto de graduação será focado na manutenção de transformadores de
subestações de energia elétrica, limitando-se a apresentar o teor de acordo com as normas
estabelecidas pela ABNT e outros órgãos pertinentes, bem como o conteúdo teórico
verificado na bibliografia consultada.

1.3 MOTIVAÇÃO
Devido ao crescimento dos centros urbanos, se faz necessária a manutenção da
qualidade dos serviços prestados pelas concessionárias de energia elétrica e da sua
2

confiabilidade frente ao consumidor, além disso a disponibilidade dos equipamentos é


foco essencial na linha produtiva e no controle de custos nas indústrias. Este trabalho tem
por prioridade apresentar as técnicas preditivas necessárias para se manter o bom
funcionamento dos Transformadores de Potência, equipamento indispensável em
qualquer subestação.

Além disso, como vimos, este TCC servirá de complemento ao material didático da
disciplina Manutenção e Operação de Equipamentos Elétricos, lecionada pelo professor
Jorge Nemésio Sousa, no DEE - Departamento de Engenharia Elétrica da Escola
Politécnica da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro.

1.4 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO


A disciplina Manutenção e Operação de Equipamentos Elétricos, aborda um tema
bastante amplo e complexo, o qual exige constante atualização referente ao conhecimento
das técnicas de execução dos ensaios nos equipamentos, da importância de cada um e
quais tecnologias utilizadas.

1.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO


O tema contemplado possui uma grande área de conhecimento, de maneira que cada
técnica discutida e instrumento apresentado poderia servir de assunto para novos projetos
de graduação, dada a grande quantidade de conteúdo sobre técnicas preditivas de
manutenção.

Com o objetivo de apresentar um trabalho rico em conteúdo, mas sem perder o foco
e a didática, o material foi moldado seguindo as normas sobre o assunto, assim como
catálogos e estudos específicos que abordassem o tema escolhido, os quais estão
indicados nas referências.
3

2 REVISÃO TEÓRICA

2.1 APRESENTAÇÃO
Este TCC trará um tema amplo e importante para a área da Engenharia Elétrica, que
são as técnicas preditivas de manutenção aplicadas a subestações elétrica. Tendo como
motivação a atualização da apostila da disciplina Manutenção e Operação de
Equipamentos Elétricos e a apresentação das técnicas preditivas de manutenção elétrica
no ambiente de uma subestação de energia, houve uma preocupação quanto à didática e
delimitação do tema afim de tornar o documento o mais claro possível para os estudantes.

O projeto tomou como base o material didático do professor Jorge Nemésio Sousa,
a literatura especializada (livros e artigos) e os documentos técnicos acerca do assunto,
como manuais de equipamentos e normas técnicas pertinentes. Ele foi estruturado de
forma que os conceitos, definições e descrições sejam apresentados primeiro e
posteriormente a aplicação, com o intuito de favorecer a compreensão do tema.

Neste capítulo serão apresentados o significado de manutenção e das técnicas


preditivas e sua importância.

2.2 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA


Conforme MOUBRAY (1997), historicamente, pode-se dividir a manutenção em
três períodos distintos [1]:

 Primeiro período: anterior a segunda Guerra Mundial, denominado como


manutenção da 1ª geração onde a disponibilidade dos equipamentos e a
preocupação pela prevenção das falhas não eram prioridades. Os equipamentos
eram superdimensionados, os projetos eram simples e o seu reparo de fácil
execução. A limpeza e a lubrificação eram suficientes, não havendo necessidade
de fazê-los de forma sistemática.
 Segundo período: denominado manutenção de 2ª geração, iniciou-se na década
de 1950, onde o pós-guerra gerou crescente demanda por produtos impulsionando
a mecanização das indústrias, com máquinas numerosas e complexas. Planos de
manutenção preventiva eram elaborados e passou a existir a preocupação com os
tempos de parada dos equipamentos produtivos. O conceito de manutenção
4

preventiva surge, então, aparecendo também a consideração de que as falhas nos


equipamentos podiam e deviam ser previstas. Os custos de manutenção elevaram-
se sendo necessário maior controle.
 Terceiro período: iniciado em meados da década de 1970, foi denominado
manutenção da 3ª geração. Neste período buscou-se novas maneiras de maximizar
a vida útil dos equipamentos produtivos, passando a existir a preocupação com
alta disponibilidade e confiabilidade, sem proporcionar nenhum dano ao
ambiente, ter maior segurança, maior qualidade do produto e custos sob controle.

Com o passar das décadas a manutenção está sempre tomando novos rumos e
caminhando cada vez mais próxima da operação, como pode ser visto na Figura 2.1. Hoje,
sua gestão é integrada e envolvida com as estratégias e objetivos estratégico da empresa,
tendo a produção como foco principal.

Figura 2.1 - Contexto histórico


Fonte: FONSECA (2014) [2]

2.3 CONCEITOS DE MANUTENÇÃO E A TÉCNICA PREDITIVA


Conforme NEMÉSIO SOUSA (2018), a manutenção pode ser dividida em duas
definições [3].

 Manutenção Corretiva: conjunto de ações executada quando um equipamento


apresenta uma falha ou defeito que ocasiona a parada parcial ou total de sua
operação. A manutenção corretiva pode ser não programada, em que ocorre uma
parada forçada devido o surgimento de uma falha não monitorada inesperada; ou
5

programada, neste caso a parada do processo produtivo é planejada e o defeito ou


a falha são corrigidos.
 Manutenção Preventiva: interferir no equipamento antes que ele pare de operar,
de uma forma programada, baseada na experiência, estatística ou outro tipo de
avaliação, analisando a conveniência ou não da parada do equipamento.

A manutenção preventiva pode ser subdividida em:

 Rotina: efetuada com o equipamento em operação.


 Inspeção: acompanhamento do estado do equipamento usando sentidos humanos.
 Sistemática: baseada na duração do funcionamento.
 Preditiva: acompanhamento estatístico dos parâmetros de funcionamento do
equipamento.
 Seletiva: efetuada após término da vida útil.

O conceito de manutenção preventiva surgiu como uma alternativa para reduzir


gastos, porém com o avanço do conhecimento e com o aparecimento dos grandes centros
urbanos, foi necessário diminuir ainda mais os custos e aumentar a confiabilidade dos
sistemas elétricos. Assim, foram surgindo técnicas preditivas de manutenção elétrica, um
conjunto de procedimentos, baseado em parâmetros analisados, com a finalidade de
estudar as condições operacionais de um determinado equipamento.

Por meio da medição criteriosa dos dados adquiridos, pode-se chegar a um bom
diagnóstico sobre o funcionamento do equipamento. As técnicas preditivas têm por
objetivo guiar a programação e a execução da manutenção preventiva e evitar paradas
não programadas às quais podem trazer grandes prejuízos, como interrupção do processo
produtivo, multas e queda na confiabilidade dos serviços prestados.

As técnicas preditivas de manutenção têm como parâmetros de análise, grandezas


mecânicas ou elétricas dos equipamentos. Tendo conhecimento desses parâmetros,
podem-se fazer diagnósticos que verificam o estado dos sistemas instalados. A vantagem
de se conhecer, antecipadamente, a performance dos equipamentos é poder acompanhar
a sua evolução durante o seu tempo de vida útil e assim, predizer o surgimento de uma
potencial falha ou defeito.

O grande trunfo do acompanhamento preditivo é reduzir os intervalos de reparo e


a frequência da manutenção corretiva, tornando os equipamentos mais eficientes e
6

aumentando sua disponibilidade. Pode-se imaginar que as técnicas de predição são


dispendiosas em primeira instância, contudo, elas têm se tornado tão essencial para os
processos que a ação se tornou uma atividade produtiva.

Conforme NEMÉSIO SOUSA, o passo a passo do processo preditivo, pode ser


resumido da seguinte forma [3].

 Registros periódicos das variações dos parâmetros.

 Diagnóstico dessas variações com a predição da natureza, modo e momento de


falha.

 Utilização de adequadas metodologias e instrumentação de monitoração para


detectar o que muda, isto é, a causa e efeitos dos defeitos intermediários.

 Acumular experiência sobre:

 Escolha dos equipamentos produtivos que necessitam de monitoramento do


estado de operação.

 Determinação dos parâmetros a serem acompanhados.

 Controle e análise do quadro de variação desses parâmetros.

 Diagnóstico do estado do equipamento com base nessa análise.

 Desenvolver um sistema de informações rápido e eficiente que forneça dados


históricos sobre os equipamentos submetidos ao acompanhamento preditivo tais
como:

 Banco dos dados completos das ocorrências: os tipos de defeito ou falha, os


componentes que falharam ou que foram afetados etc.

 Uso de recursos de informática.

 Programas especialistas de predição e análise de tendências.

O esquema simplificado dos procedimentos de manutenção pode ser visto na Figura


2.2.
7

Figura 2.2 - Procedimento para manutenção


Fonte: MARQUES et al (2013) [4]

2.4 APLICANDO AS TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO


Durante o tempo de operação de um equipamento ocorrem variações das suas
características e, ao estudá-las, é possível diagnosticar qual o estado atual do objeto
avaliado.

Para executar a manutenção, é de grande importância a utilização de softwares


adequados e instrumentos específicos. As condições necessárias para a aplicação da
metodologia são:

 Medir e acompanhar a evolução dos parâmetros selecionados utilizando


instrumentos e software adequados.
 Desenvolver um processo de acompanhamento sistemático do estado e
comportamento do equipamento.
 Criar um programa de planejamento e programação da manutenção.
 Avaliar as causas das falhas incipientes para que a ação mais adequada possa ser
implementada.
8

2.5 OBJETIVOS DAS TÉCNICAS PREDITIVAS DE MANUTENÇÃO


A aplicação das técnicas preditivas tem como motivação maximizar a vida útil dos
equipamentos e aumentar a sua confiabilidade e disponibilidade. Além disso, esse modelo
de acompanhamento do estado do sistema torna o processo produtivo mais rentável, tanto
pelo ponto de vista técnico quanto financeiro. Segundo NEMÉSIO SOUSA, as técnicas
preditivas de manutenção têm como foco os seguintes objetivos [3].

 Determinar antecipadamente a necessidade de intervenções em um componente


específico de uma máquina e permitir que a manutenção seja programada e sem
impacto nas operações da empresa.
 Eliminar a abertura de acessos ou desmontagem de equipamentos para
intervenções.
 Reduzir as intervenções corretivas e as paradas não programadas.
 Impedir o aumento de danos e acidentes.
 Potencializar a vida útil de diversos componentes.
 Aumentar a confiabilidade das máquinas e dos serviços prestados pelos
equipamentos monitorados.

E quanto às vantagens:

 Intervenções corretivas programadas, que custam menos e evitam perdas de


produção.
 Diminuição de problemas porque as máquinas e equipamentos são mantidos
dentro de suas conformidades e parâmetros recomendados.
 Otimizar a manutenção, de forma a diminuir (em alguns casos até eliminar) a
necessidade de equipamentos reservas e estoque de peças sobressalentes.
 Oferecer dados seguros sobre a frequência e modo das falhas e dos componentes
envolvidos, dando margem para um melhor dimensionamento do almoxarifado e
da política de materiais e sobressalentes.
 Incentivar e fornecer dados para a procura de fornecedores de peças e
componentes de melhor qualidade.
 A operação tem conhecimento periódico da situação das máquinas e
equipamentos, passando a se envolver e participar da manutenção, reduzindo as
surpresas e as consequências de reparos urgentes com baixa qualidade.
9

 De maneira geral, a introdução da tem proporcionado uma redução de 15% a 20%


do custo, quando comparada com a manutenção clássica.
 Detectar defeitos intermediários e orientar a tomada de decisão e as ações, antes
que o processo degenerativo conduza o equipamento a um defeito paralisador, isto
é, a falha.

2.6 ALGUNS PARÂMETROS A SEREM MONITORADOS


Para a aplicação das técnicas de predição é necessário o monitoramento dos
parâmetros adequados. Devemos escolher, de antemão, quais grandezas serão avaliadas.
Algumas delas estão apresentadas na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Grandezas para estudo.

Parâmetros Avaliados pelas Técnicas Preditivas

Corrente e Tensão Oscilações de frequência


Fator de desequilíbrio da corrente e da Perdas em equipamentos de
tensão transformação
Frequência Número de operação

Potência Temperatura

Demanda Pressão

Energia Vazão

Fator de Potência Ruídos

Harmônicos e DHT Desgastes

Curvas de carga Corrosão

Vazamentos Corrente Interrompida

Vibração Tensão de fechamento de disjuntores

Grandezas Dielétricas Corrente de abertura

Registros de Eventos Distorção de formas de ondas


Variação de tensão de curta e longa
Transitório de Tensão
duração
Fonte: NEMÉSIO SOUSA [3].
10

2.7 ENSAIOS APLICADOS NA TÉCNICA PREDITIVA


Uma vez que os parâmetros críticos, essenciais ao diagnóstico do estado do
equipamento, tenham sido determinados e selecionados, devem-se aplicar ensaios
responsáveis por fazer o acompanhamento da performance da grandeza de análise.

É importante saber o que se quer avaliar para que a escolha do ensaio seja a melhor
possível. Por exemplo, numa máquina elétrica pode-se monitorar a temperatura, a
vibração, o ruído ou o fator de potência. Já em um transformador pode-se avaliar também
a temperatura, o isolamento e o estado do óleo isolante, se for o caso. Para se monitorar
cada um desses parâmetros um ensaio específico deve ser utilizado. Segundo BARONI
(2002), estes ensaios podem ser classificados nas ‘famílias de especialização’ mostrada
na Tabela 2.2 [5].

Tabela 2.2 - Ensaios aplicados na técnica preditiva.

Ensaios Utilizados nas Técnicas Preditivas

Termometria Ensaios Dielétricos da Isolação


Análise Físico-Química de Óleos
Emissão Acústica
Isolantes
Avaliação da Degradação da Isolação Avaliação dos Ruídos de Descargas
Sólida de Equipamentos Elétricos Parciais
Análise de Vibração Inspeção Visual

Cromatografia Gasosa Ensaios Elétricos


Cromatografia Líquida de Alta Eficiência Monitoramento de Parâmetros
– HPLC Operacionais
Fonte: BARONI [5].

Aplicando as técnicas e os ensaios adequados de acordo com o parâmetro que se


quer estudar, é possível identificar defeitos ou falhas incipientes, muitas vezes sem
precisar interromper o processo produtivo da indústria ou da subestação. Além disso,
conhecendo os problemas que possam surgir, é possível programar com antecedência a
manutenção afim de aumentar a segurança das pessoas, a disponibilidade e confiabilidade
dos equipamentos, reduzindo prazos e custos das intervenções.
11

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 INTRODUÇÃO
Todo projeto final de graduação para ser de qualidade passa por uma etapa rigorosa
de pesquisa onde o assunto será estudado minunciosamente e a melhor forma de
apresentá-lo será decidida. Nesse Capítulo, serão apresentados os conceitos principais dos
métodos de pesquisa.

O trabalho de conclusão de curso possui a seguinte divisão.

 Escolha do tema.
 Objetivo do Estudo.
 Revisão Bibliográfica.
 Metodologia de pesquisa.
 Desenvolvimento do projeto.
 Conclusões e resultados.

3.2 DEFINIÇÃO DE PESQUISA


Pesquisa pode ser definida como o conjunto de atividades que tem por finalidade a
descoberta de novos conhecimentos no domínio científico, literário, artístico etc. Ou,
segundo SANTOS (2007), a “(...) atividade intelectual intencional que visa responder as
necessidades humanas. (...) pesquisar é o exercício intencional da pura atividade
intelectual, visando melhorar as condições práticas de existência [6]”.

Uma vez que as definições tenham sido apresentadas, pode-se dizer que a pesquisa
tem por fim investigar minunciosamente uma determinada área de interesse, no caso do
projeto, do domínio científico. Sua motivação básica é atender as necessidades humanas
e o melhorar o dia a dia do indivíduo e da sociedade.

3.3 CLASSIFICAÇÃO E TIPOS DE PESQUISA


Pesquisa pode ser caracterizada de diversas maneiras e tipos, de acordo com o
resultado que se quer obter ao pesquisar determinado assunto. Segundo SILVA e
12

MENEZES (2005) apud NEMÉSIO SOUSA (2018), dentre as diversas classificações que
se tem sobre pesquisa, pode-se citar a básica e a aplicada [7]. Quanto à forma de
abordagem, a quantitativa e a qualitativa. De acordo com as autoras, pesquisa básica
tem por objetivo gerar conhecimentos novos úteis para o avanço da ciência sem aplicação
prática prevista enquanto que na pesquisa aplicada o conhecimento gerado possui
aplicações práticas dirigidas à solução de um problema. Ainda segundo as autoras, pelo
ponto de vista da abordagem dos problemas, pesquisa quantitativa significa traduzir em
números, opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de
recursos e de técnicas estatísticas. Já na pesquisa qualitativa há uma relação dinâmica
entre o mundo real e o sujeito não traduzido em números, o ambiente natural é a fonte
direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. A interpretação dos
fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa.
É descritiva e não requer métodos e técnicas estatísticas.

De acordo com GIL (1991) apud SILVA e MENEZES (2005), a pesquisa, quanto
aos seus objetivos, pode ser exploratória, a descritiva e explicativa [8].

 Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas


a torna-lo explícito. Envolve levantamento bibliográfico. Assume, em geral, as
formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.
 Descritiva: tem como foco descrever as características de determinada população
ou fenômeno. Assume, em geral, a forma de levantamento.
 Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a
ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque
explica a razão das coisas. Quando realizada nas ciências sociais requer o uso do
método observacional. Assume, em geral, as formas de pesquisa experimental e
ex-post facto.

No que diz respeito aos procedimentos técnicos de coleta de dados, há os seguintes


tipos, conforme GIL apud SILVA E MENEZES: bibliográfica, documental,
experimental, levantamento, estudo de caso, ex-post facto, pesquisa ação e
participante [8].

 Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado e constituído


principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material
disponibilizado na internet.
13

 Documental: quando elaborada a partir de materiais que não receberam


tratamento analítico.
 Experimental: quando se determina um objeto de estudo e selecionam-se as
variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e
de observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
 Levantamento: quando a pesquisa envolve a interrogação direta das pessoas cujo
comportamento se deseja conhecer.
 Estudo de caso: quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos
objetos de maneiro que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento.
 Pesquisa ex-post facto: quando o experimento se realiza após os fatos.
 Pesquisa Ação: quando concebida e realizada em estreita associação com uma
ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e
participantes representativos de situação ou do problema estão envolvidos de
modo cooperativo ou participativo.
 Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre
pesquisadores e membros das situações investigadas.

Uma vez sido apresentadas as definições que embasam o conceito de metodologia


de pesquisa, chega-se à conclusão que esse TCC é, quanto ao seu objetivo, uma pesquisa
aplicada pois ele trata de soluções práticas para a resolução de problemas. É tanto
qualitativo quanto quantitativo, pois aborda análises que utilizam estudos numéricos e
que são apresentadas via conceitos bem definidos. Além disso, o projeto é descritivo pois
trata de apresentar e aprofundar fenômenos elétricos e mecânicos e também bibliográfico
porque ele foi elaborado baseado em um material já publicado.
14

4 DESCRIÇÃO DOS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA

4.1 OS TRANSFORMADORES DE POTÊNCIA


O transformador de potência foi inventado por Michael Faraday e seu
funcionamento está baseado nas Leis de Faraday e de Lenz. Estes equipamentos podem
ser monofásicos ou trifásicos, são imprescindíveis nos sistemas elétricos de pequeno,
médio e grande portes e por meio deles é possível fazer o controle dos níveis de tensão e
corrente elétrica. Um exemplo de transformador de potência são os transformadores de
distribuição, capazes de reduzir as tensões da rede a níveis de usabilidade ou os de
transmissão, essenciais para elevar e abaixar as tensões nos circuitos de longas distâncias
entre subestação e consumidor.

O princípio físico por trás de um transformador é a indução eletromagnética. Neste


fenômeno o campo magnético é gerado pela corrente elétrica variável que flui pela bobina
de cobre do transformador, onde está sendo aplicada a tensão de entrada. O fluxo deste
campo induzido no ferro que compõe o núcleo do equipamento, gera uma corrente e uma
tensão nas demais bobinas do transformador cujos níveis são controláveis conhecendo-se
a quantidade de enrolamentos das bobinas. Por se basear na Lei de Faraday, tanto as
correntes elétricas quanto o fluxo magnético são variáveis em função do tempo, por isso
transformadores de potência são aplicados em sistemas de tensão alternada.

Os transformadores de potência podem ser divididos nos seguintes tipos principais:

 Transformadores de potência a óleo (Figura 4.1): equipamentos que utilizam


óleo mineral ou vegetal para a refrigeração interna e como meio isolante principal
do transformador. Conforme a ABNT [9], líquido isolante deve ser mantido
dentro do nível de qualidade exigido pela NBR 10576, para que o funcionamento
do equipamento seja adequado, isto significa que, rigidez dielétrica, teor de água
e a presença de outros contaminantes devem ser monitorados periodicamente e,
se necessárias, medidas preventivas ou corretivas devem ser tomadas. A aplicação
de transformadores de potência a óleo isolante vai desde subestações industriais
até às subestações de concessionárias de energia.
15

Figura 4.1 - Transformador de potência refrigerado a óleo


Fonte: SIEMENS (2014) [10]

 Transformadores de potência a seco (Figura 4.2): têm sua aplicação


recomendada em ambientes industriais ou prediais. Estes equipamentos possuem
ar como seu principal isolamento e as trocas de calor, para fins de refrigeração do
transformador, são feitas por contato direto com o meio ambiente externo.

Figura 4.2 - Transformador a seco


Fonte: SIEMENS [11]
16

4.2 Tipo de refrigeração


Os transformadores de potência, quando em operação, produzem calor devido às
correntes que fluem pelas bobinas dos lados de alta e baixa tensão. Esta energia é
proporcional à potência nominal do equipamento, parâmetro que influencia diretamente
o tamanho do transformador. Tendo em mente que o calor gerado pelos transformadores
deve ser dissipado para se manter a temperatura adequada ao seu funcionamento, sistemas
de resfriamento são instalados nesses equipamentos e atuam em função das temperaturas
máximas de operação, de maneira que o aquecimento esteja sempre de acordo com o
especificado por norma ou pelo fabricante.

Cada tipo de transformador possui um sistema de refrigeração específico. De


acordo com GILL (2008), a nomenclatura dos sistemas de refrigeração para
transformadores de potência a seco possui duas letras, em que a primeira corresponde ao
meio de circulação do resfriamento externo e a segunda é referente à natureza do
resfriamento externo. As designações dos sistemas de arrefecimento para transformadores
a seco, apresentam-se de duas formas [12]:

 AA (Ar Ambiente): a troca de calor ocorre por meio da circulação natural de ar


ambiente pela estrutura do transformador de potência – Figura 4.2.
 FA (Ar Forçado): a troca de calor é otimizada pelo bombeamento de ar no
transformador de potência que por sua vez, aumenta a taxa de transferência de
energia, tornando o resfriamento mais eficiente. Os ventiladores podem ser
instalados na base do transformador ou na estrutura do armário onde o
equipamento está inserido – Figura 4.3.
17

Figura 4.3 - Transformadores a seco com ventilação forçada


Fonte: SHANDONG [13] e ADELCO [14]

Em relação aos transformadores a líquido isolante, a ABNT, segundo a NBR 5356,


estabelece a regra para designação dos sistemas de refrigeração da seguinte maneira [15]:

 Primeira letra: natureza do meio de resfriamento interno em contato com os


enrolamentos:

 O: óleo mineral ou líquido isolante sintético de ponto de combustão ≤ 300 °C.

 K: líquido isolante com ponto de combustão > 300 °C.

 L: líquido isolante com ponto de combustão não mensurável.

 Segunda letra: natureza da circulação do meio de resfriamento interno:

 N: circulação natural por convecção através do sistema de resfriamento e dos


enrolamentos.

 F: circulação forçada através do sistema de resfriamento e dirigida do sistema


de resfriamento, circulação por convecção dentro dos enrolamentos.

 D: circulação forçada através do sistema de resfriamento e dirigida do sistema


de resfriamento pelo menos até os enrolamentos principais.
18

 Terceira letra: meio de resfriamento externo

 A: ar

 W: água

 Quarta letra: natureza da circulação do meio de resfriamento externo

 N: convecção natural

 F: circulação forçada (ventiladores e bombas)

As designações para sistemas de refrigeração a óleo mineral, conforme a NBR


5356, se dividem em quatro tipos principais [15]:

 ONAN (Óleo Natural - Ar Natural): quando as trocas de calor no transformador


são dadas pela circulação natural de óleo pelos radiadores nas laterais da carcaça
devido às variações de temperatura no líquido isolante, correntes de convecção –
Figura 4.1.
 ONAF (Óleo Natural - Ar Forçado): as trocas de calor são dadas pelas correntes
de convecção no transformador, contudo, por meio de ventiladores, o fluxo de ar
pelos radiadores é forçado para que a taxa de refrigeração seja maior – Figura 4.4.
Normalmente esse método é aplicado em transformadores de maior porte, quando
o sistema ONAN não é suficientemente eficiente na redução de temperatura.
19

Figura 4.4 - Transformador ONAF


Fonte: WEG [16]

 OFAF (Óleo Forçado - Ar Forçado): as trocas ocorrem por meio das correntes
de convecção forçadas ao bombear o óleo mais quente por entre o radiador, que
por sua vez serve de intermediário para a troca de calor com o ar forçado pelos
ventiladores – Figura 4.5.

Figura 4.5 - Transformador OFAF


Fonte: ELNORD KRAFT [17]
20

 OFWF (Óleo Forçado - Água Forçada): neste sistema, as trocas de calor são
feitas por meio das correntes de convecção forçadas, entretanto, diferentemente
da refrigeração OFAF, o agente trocador de calor é a água bombeada através dos
radiadores não mais o ar – Figura 4.6.

Figura 4.6 - Transformador OFWF


Fonte: SEA [18]
Designações para os sistemas de resfriamento de transformadores de potência
podem ser combinadas entre si quando o equipamento possuir mais de um modelo
instalado. Neste caso, o transformador possui mais de um estágio de refrigeração que são
etapas limitadas pela potência máxima suportada pelo sistema de resfriamento.

Quando a variação de temperatura é suficientemente grande a ponto do modo de


arrefecimento pré-estabelecido não ser mais eficiente na dissipação de calor, o sistema de
monitoramento do transformador automaticamente muda o estágio de refrigeração. Este
mecanismo torna a operação do equipamento mais segura e permite o seu funcionamento
com potência nominal mais elevada. Um exemplo de caso são os transformadores
ONAN/ONAF que possuem um jogo de ventiladores que podem ser colocados em
serviço, em função do carregamento. No primeiro estágio deste modelo, a refrigeração é
a Óleo Natural/Ar Natural e no segundo estágio, Óleo Natural/Ar Forçado.

A importância de se conhecer os sistemas de refrigeração de transformadores de


potência é a necessidade do conhecimento de como a temperatura pode interferir na
21

performance do equipamento. O engenheiro de manutenção deve ter em mente que este


parâmetro deve ser devidamente monitorado e compreendido, pois ele é capaz de indicar
as características de construção e interferir nas grandezas medidas.
22

5 DESCRIÇÃO DAS TÉCNICAS PREDITIVAS

5.1 INTRODUÇÃO
As técnicas preditivas de manutenção foram desenvolvidas com a intenção de
auxiliarem no diagnóstico do estado dos equipamentos em uma instalação. No Capítulo
2 foram apresentadas as definições por trás dos conceitos e o caráter analítico da
metodologia que guia os ensaios determinantes dos parâmetros de funcionamento de um
determinado equipamento, no caso o transformador de potência.

Transformadores são equipamentos estratégicos em qualquer sistema elétrico de


distribuição, transmissão ou medição em corrente alternada. Por ser um item de alta
importância nas subestações e de custo elevado, o acompanhamento do seu estado de
operação constitui um dos focos principais das empresas de energia e indústrias, pois a
disponibilidade e a confiabilidade do sistema dependem do funcionamento normal do
transformador.

O resultado das técnicas preditivas guia a engenharia de manutenção quanto a ação


mais adequada a ser tomada. Quando a ação exige somente a manutenção preventiva, o
planejamento permite a redução da ocorrência de possíveis danos e custos inerentes à
atividade. Por outro lado, em caso de urgência ou de emergência, o estado do
transformador pode exigir uma manutenção corretiva. Nesta situação o problema pode
acarretar na substituição de um componente do transformador ou do próprio equipamento
por uma unidade reserva. Este contexto é o mais complexo e dispendioso pois pode exigir
interrupção não planejada, causando indisponibilidade do equipamento, além da queda
no fornecimento de energia.

Tendo em mente a importância das técnicas preditivas de manutenção elétrica, neste


Capítulo serão apresentados os ensaios necessários para a sua aplicação.

5.2 TERMOMETRIA, A ANÁLISE DE TEMPERATURA


A temperatura é um dos parâmetros mais simples de se analisar e por isso um dos
principais a se levar em consideração na manutenção de equipamentos elétricos. Mesmo
sendo a grandeza mais simples de avaliar, ela pode indicar avarias graves no equipamento
elétrico além de servir de base para o estudo do status operacional do objeto de análise.
23

Um exemplo de caso onde a temperatura pode indicar mau funcionamento é no


sobreaquecimento de disjuntores ou em conexões elétricas frouxas.

5.2.1 A Termografia
A técnica de sensoriamento remoto que permite a análise da temperatura por meio
de termogramas ou indicação numéricas é conhecida como Termografia, uma técnica de
inspeção não destrutiva e não invasiva. Todo corpo acima do zero absoluto emite radiação
eletromagnética na banda do infravermelho, a partir dessa emissão as medições térmicas
são executadas para que dessa forma, possam ser identificados os pontos de temperatura
acima do valor de referência pré-definido.

A termografia pode ser classificada em dois tipos, de acordo com o instrumento


empregado e objetivo requerido. Os quais são:

 Qualitativa: método de termografia que visa medir a variação da temperatura


aferida com relação às diferenças nos padrões de distribuição térmicos.
 Quantitativa: método de termografia cujo objetivo é obter informações do objeto
de análise por meio da medição direta da temperatura.

5.2.1.1 Métodos de medição de temperatura

I. Termômetro de Contato

Termômetros são instrumentos utilizados para realizar a medição de temperatura


por contato direto com um objeto e estão presentes nos transformadores de potência –
Figura 5.1. O funcionamento do instrumento se baseia na dilatação do gás numa câmara
de expansão em função da temperatura e por meio de uma escala de medida devidamente
calibrada, a medição pode ser executada.
24

Figura 5.1 - Termômetro para transformadores.


Fonte: WOLER [19]

II. Radiometria

O radiômetro é um instrumento digital utilizado no acompanhamento da


temperatura na superfície de um equipamento e a técnica na qual ele é aplicado chama-se
Radiometria – Figura 5.2. Nessa técnica o radiômetro utiliza um laser incidente sobre a
superfície de interesse e o instrumento faz a medida em vários pontos distintos da área
analisada. A temperatura mostrada não é a aferida pelo laser incidente e sim a média das
temperaturas de cada ponto da área da superfície.

A utilização do radiômetro apesar de simples requer cuidado pois a superfície


monitorada deve ser igual ou maior do que a área que o equipamento está monitorando.
Caso essa restrição não seja obedecida, o instrumento pode fazer medidas de temperatura
fora da superfície o que irá retornar um valor errado na aferição. No manual do radiômetro
pode-se entender melhor a relação entre a área monitorada e a distância do instrumento à
superfície.
25

Figura 5.2 - Radiômetro de alta resolução


Fonte: VERATTI [20]

III. Termovisores

No ensaio de termografia são utilizadas câmeras termográficas ou termovisores,


instrumentos capazes de captar a radiação infravermelha emanada por qualquer corpo
acima do zero absoluto e processá-la em uma imagem visível em uma tela LCD – Figura
5.3. A vantagem destes instrumentos é a possibilidade de fazer a inspeção visual da
distribuição da temperatura em tempo real, que por sua vez permite a detecção de pontos
quentes e frios da área de interesse. Esta facilidade permite o diagnóstico mais rápido das
condições de operação do equipamento.

Figura 5.3 - Termovisor e câmera termográfica


Fonte: FLIR [21]
26

5.2.1.2 Inspeção termográfica

Como mencionado na introdução do tema, a termografia é uma técnica não


destrutiva que permite a análise das condições de operação de um determinado
componente ou equipamento monitorando somente a temperatura ou a distribuição do
parâmetro em uma área selecionada. A técnica pode ser empregada no monitoramento
de:

 Conexões, conectores, painéis e equipamentos elétricos em geral.


 Refratários de fornos, estufas, reatores, chaminés.
 Verificação de purgadores de vapor.
 Determinação de nível de tanques de armazenamento.
 Detecção de entradas de ar em condensadores.
 Vazamentos em válvulas.

Dentre as vantagens de se aplicar a termografia como uma técnica preditiva de


manutenção está a não necessidade de contato direto com o objeto sob análise e a não
interferência do processo produtivo. Contudo, como todo método, a termografia também
apresenta limitações como a necessidade de visualizar o objeto diretamente, condições
ambientais adequadas, a relação com a corrente de operação do equipamento e a
emissividade da superfície.

5.2.1.3 Fatores que influenciam as leituras termográficas

O ensaio de temperatura pode ser muito útil como uma técnica preditiva, contudo
os instrumentos utilizados devem ser devidamente calibrados, configurados e
parametrizados, e as medições, sempre que necessárias, precisam passar por correções
para que a condição do equipamento seja corretamente monitorada. A primeira etapa que
se deve seguir é o conhecimento dos fatores que influenciam as leituras termográficas.
Esses fatores são a emissividade da superfície do material, a velocidade do vento, a
carga de operação no momento da medição e a distância do instrumento para a área do
equipamento.
27

I. Emissividade

SOARES (2005) apud NEMÉSIO SOUSA (2018), em seu trabalho, afirma que “a
capacidade de um corpo em emitir radiação eletromagnética é dada pela sua emissividade
(ε), que pode variar entre 0 e 1.

Emissividade é a relação entre energia irradiada por um corpo negro real e que seria
irradiada por um corpo ideal (corpo negro ou emissor perfeito) com máxima capacidade
de emissão.

Portanto, a emissividade determina a maior ou menor quantidade de energia que


um corpo emite, em um dado comprimento de onda.

Um corpo não negro (ε < 1) sempre emite, proporcionalmente, menor energia que
um corpo negro, à mesma temperatura” [22].

 Influência da Emissividade

A emissividade está diretamente relacionada com as características da superfície do


componente, tais como: composição, textura, ocorrência de óxidos etc. Um exemplo
da influência da emissividade da superfície de um corpo é a distribuição de temperatura
que um termovisor apresenta na imagem termográfica. As cores em um termograma
variam em função da emissividade do objeto e da sua adjacência.

Os componentes elétricos possuem uma classificação segundo o material do qual


são feitos. Desta forma, a emissividade pode ser determinada de acordo com um valor
tabelado, como vemos nas Tabelas 5.1 e 5.2.

Tabela 5.1 - Emissividade de materiais não-metálicos.

Material Limpo Sujo - Poeira


Porcelana 0,1 – 0,2 0,8 – 0,95
Borracha 0,7 – 0,8 0,8 – 0,95
Fonte: VERATTI (1992) apud SOARES [23].
28

Tabela 5.2 - Emissividade de materiais metálicos.

Ligeiramente
Metal Polido Severamente oxidado
oxidado ou pintado
Alumínio e suas
0,09 0,24 – 0,35 0,67 – 0,95
ligas
Cobre e suas ligas 0,05 0,39 – 0,50 0,78 – 0,95
Aços 0,07 0,52 – 0,60 0,82 – 0,94
Fonte: VERATTI (1992) apud SOARES [23].

II. Velocidade do vento

O vento pode influenciar na medição da temperatura caso sua velocidade esteja


entre 1 e 7 m/s pois nessas condições ocorre dissipação do calor gerado na superfície
monitorada. A ventilação funciona como uma refrigeração forçada. Contudo, pode-se
fazer a correção da temperatura ao utilizar a Equação 5.1 ou a Equação 5.2 [22].

0.448
∆𝑇2 = ∆𝑇1 (𝑉1 ⁄𝑉2 ) (5.1)

ou

∆𝑇2 = ∆𝑇1 𝐹𝐶𝑉 (5.2)

Em que:

 ∆T1 - Diferença de temperatura no momento da medição.


 ∆T2 - Diferença de temperatura corrigida para o intervalo de velocidade do vento.
 V1 - Velocidade máxima do vento no momento da leitura.
 V2 - Velocidade mínima do vento no momento da leitura.
 FCV - Fator de correção da velocidade do vento.

A fim de facilitar o cálculo da correção da temperatura, foi criada a Tabela 5.3 com
diversos valores medidos do FCV.

Tabela 5.3 - Valores de FCV para correção da temperatura na Termografia.

Fator de Correção da Velocidade do Vento (FCV)


Velocidade do Vento FCV
1 m/s (3,6 km/h) 1,00
2 m/s (7,2 km/h) 1,37
29

Velocidade do Vento FCV


3 m/s (10,8 km/h) 1,64
4 m/s (14,4 km/h) 1,86
5 m/s (18 km/h) 2,06
6 m/s (21,6 km/h) 2,23
7 m/s (25,2 km/h) 2,39
Fonte: SOARES (2005) apud NEMÉSIO SOUSA (2018) [22].

Essa Tabela 5.3 pode servir de grande auxílio ao engenheiro de manutenção,


contudo a informação da velocidade do vento pode ser inviável de se obter no momento
da medição. Uma solução alternativa para se estimar essa velocidade do vento é avaliar
os efeitos observáveis do ambiente. A partir desses efeitos faz-se uma correlação com a
velocidade do vento e dessa forma, obtêm-se o FCV. A Tabela 5.4 apresenta alguns dados
que podem ser utilizados para essa avaliação.

Tabela 5.4 - Descrição do efeito observável da velocidade do vento.

Velocidade do
Descrição Efeito Observável
Vento (m/s)
0 – 0,5 (1,8 km/h) Calmo A fumaça do cigarro sobe verticalmente
A fumaça do cigarro apenas indica a
0,5 - 1 (3,6 km/h) Quase Calmo
direção do ar
O vento é sentido no rosto. Movem-se as
1 - 3 (10,8 km/h) Brisa Leve
folhas e agitam-se as bandeiras
Folhas e ramos em movimentos
3 – 5 (18 km/h) Vento Fresco
constantes. Estendem-se as bandeiras
Arrasta a terra e ramos. Trepidam as
5 – 8 (21,6 km/h) Moderado
bandeiras
Os arbustos com folhas se inclinam. As
8 – 11 (25,2 km/h) Regular
bandeiras trepidam mais fortemente
Fonte: NEMÉSIO SOUSA [3]

III. A Temperatura e a Corrente de Operação

Um fator fortemente influente no diagnóstico das condições do equipamento na


termografia é a corrente de operação do circuito. Quanto maior for essa corrente, maior
será a energia dissipada por efeito joule nas conexões desse circuito - 𝑃 = 𝑅(𝑡)𝐼 2. Para
30

se diagnosticar precisamente o estado da conexão é importante corrigir a temperatura em


função da relação da corrente nominal de operação do sistema. Para tal, utiliza-se a
Equação 5.3 ou Equação 5.4 [3].

2
∆𝑇2 = ∆𝑇1 (𝐼𝑛 ⁄𝐼) (5.3)

ou

∆𝑇2 = ∆𝑇1 𝐹𝐶𝐶 (5.4)

Em que:

 ΔT1 - Diferença de temperatura no momento da medição.


 ΔT2 - Diferença de temperatura corrigida para a corrente nominal.
 In - Corrente nominal dos condutores.
 I - Corrente de carga dos condutores no momento da medição.
 FCC - Fator de correção da corrente.

5.2.1.4 Considerações sobre a termografia elétrica

Resumidamente, ao efetuar o procedimento de termografia deve-se atentar a três


pontos básicos na avaliação do estado do conector:

 A diferença recomendada de temperatura entre o objeto e o ambiente deve ser


menor do que 60°C.
 Se necessário, a temperatura deve ser corrigida em função da emissividade da
superfície do material (FCE), da velocidade do vento (FCV) e da corrente de carga
no momento da medição (FCC): ΔTcorrigido = ΔTmedido × FCE × FCV × FCC.
 A correção da temperatura em função da corrente de carga: ΔTcorrigido =
ΔTmedido(In/I)2 = ΔTmedido × FCC.

5.2.1.5 O MAA e o LMTA

Quando se quer fazer o levantamento do estado de um equipamento utilizando a


termografia é sempre importante ter valores de referência, os quais podem guiar o
31

diagnóstico do caso. Um desses valores de referência é o Máximo Aquecimento


Admíssivel – MAA. Esse parâmetro é calculado como mostrado na Equação 5.5 [22].

𝑀𝐴𝐴 = 𝐿𝑀𝑇𝐴 − 𝑇𝐴 (5.5)

Em que

 LMTA - Limite Máximo de Temperatura Admissível.


 TA - Temperatura ambiente ou temperatura média local.

Todo material possui um aquecimento máximo previsto no projeto em função do


limite máximo de temperatura admissível e da temperatura ambiente. Para uma operação
normal, o aquecimento medido deve estar abaixo do valor máximo permitido.

O LMTA é um parâmetro intrínseco ao componente e vem especificado no manual


do equipamento. Caso a grandeza não seja conhecida, recomendam-se os valores de
referência [23]:

 LMTA = 90°C para conexões e componentes metálicos.


 LMTA = 70°C para cabos isolados.

Alguns exemplos de LMTA para equipamentos mais utilizados pode ser visto nas
e Tabela 5.5 e Tabela 5.6.

Tabela 5.5 - Exemplos de LMTA para alguns componentes.

Componente Temperatura (°C)

Fios e Cabos – Dependem da classe de isolação 70 a 110

Cabos isolados até 15 kV 70

Conexões e barramentos de BT 90

Conexões de Linha de Transmissão Aérea 70

Conexões recobertas de prata ou níquel 90

Conectores de AT 90

Conexões – fusíveis, disjuntores, isoladores, muflas 60

Transformadores a óleo – ponto mais quente 80

Régua de bornes 60 a 70
32

Componente Temperatura (°C)

Fusíveis Gerais de BT – corpo 100

Banco de Capacitores 60

Secionadores 50 a 60

Conexões em geral 70 a 90

Conexões aparafusadas 90

Conexões de saída de transformadores 80

Transformador a óleo 65
Fonte: SOARES apud NEMÉSIO SOUSA [22].

Tabela 5.6 - LMTA para transformadores a seco em função de sua classe térmica.

Equipamento Classe Térmica Temperatura (°C)


105 65
Transformadores a seco – ponto mais 130 90
aquecido 155 115
180 140
Fonte: SOARES apud NEMÉSIO SOUSA (2018) [22].

Uma vez que tenhamos o MAA, nós comparamos o parâmetro com a temperatura
corrigida (ΔTcorrigido). No caso dela estar acima do valor de referência, o componente,
conexão ou equipamento deve ser considerado com defeito. Uma intervenção imediata
deve ser executada quando a temperatura medida corrigida está acima de 50% do máximo
aquecimento admissível.

5.2.1.6 Avaliação e diagnóstico com o ΔTcorrigido

Uma vez que o levantamento das temperaturas seja feito e as correções necessárias
tenham sido executadas, a partir dos dados do LMTA, o aquecimento corrigido
(ΔTcorrigido) pode ser classificado, estabelecendo-se a criticidade a partir da comparação
do ΔTcorrigido com o MAA. Esse critério é conhecido como CFCA - Critério Flexível de
Classificação de Aquecimentos Elétricos [23]. Na Tabela 5.7, pode-se ver o diagnóstico
do caso de acordo com a comparação entre as temperaturas, assim como a ação necessária
para resolução do problema.
33

Tabela 5.7 - CFCA - Critério Flexível de Classificação de Aquecimentos Elétricos.

CFCA - Critério Flexível de Classificação de Aquecimentos Elétricos


Comparação ΔTcorrigido × MAA Diagnóstico Ação
1,2MAA≤ ΔTcorrigido Falha Iminente Crítico
0,9MAA≤ ΔTcorrigido < 1,2MAA Falha Certa Intervenção Imediata
0,6MAA≤ ΔTcorrigido < 0,9MAA Falha Provável Intervenção Programada
0,3MAA≤ ΔTcorrigido < 0,6MAA Suspeito de Falha Observação
ΔTcorrigido < 0,3MAA Normal Normal
Fonte: VERATTI (1992) apud SOARES [23].

O estudo que foi feito até o momento leva em conta a temperatura do equipamento
sem correlacioná-la com os objetos adjacentes. É importante ter atenção a esse aspecto
pois os critérios de manutenção variam em função da diferença de temperatura entre o
componente e seu adjacente. Pode-se adotar as recomendações descritas da Tabela 5.8 a
Tabela 5.10.

Tabela 5.8 - Variação da temperatura e providência de manutenção

ΔT (°C) Providências de Manutenção


0a5 Não há necessidade de manutenção
5 a 10 Conector suspeito, reaperto e observação
10 a 35 Revisão urgente, substituição
> 35 Emergência, reparo ou troca imediata
Fonte: FURNAS (1989) apud NEMÉSIO SOUSA (2018) [25].
Tabela 5.9 - Variação da temperatura e providência de manutenção para conexões prensadas

ΔT (°C) Providências de Manutenção


≤ 15 Manter observação
16 a 25 Correção no prazo máximo de quatro meses
> 25 Correção urgente e imediata
Fonte: SISTEMA CATAGUAZES (2005) apud NEMÉSIO SOUSA (2018) [26].

Tabela 5.10 - Variação da temperatura e providências de manutenção para conexões


aparafusadas

ΔT (°C) Providências de Manutenção


≤ 15 Manutenção programada
16 a 25 Correção no prazo máximo de quatro meses
34

ΔT (°C) Providências de Manutenção


26 a 35 Correção no prazo máximo de dois meses
36 a 50 Correção urgente no prazo máximo de uma semana
> 50 Correção urgente e imediata
Fonte: SISTEMA CATAGUAZES apud NEMÉSIO SOUSA [26].

Uma vez selecionadas as providências a serem tomadas, basta seguir as instruções


de procedimentos apresentados na Tabela 5.11 - diferença de temperatura objeto –
adjacente.

Tabela 5.11 - Procedimentos adotados nas técnicas preditivas de manutenção.

ΔT (°C) Providências de Manutenção


Reapertar no torque certo. Nova leitura após 1h. Caso persista,
0 a 10
programar manutenção corretiva.
Retirar o conector, limpar as superfícies entre condutor e conector.
10 a 35
Aplicar pasta inibidora da oxidação
> 35 Retirar de operação e substituir. Analisar as causas do aquecimento.
Fonte: NEMÉSIO SOUSA [3].

5.2.1.7 Critério baseado no nível de criticidade

Conforme C. FILHO (2012), “a termografia não deve avaliar uma ocorrência


apenas considerando a sua Gravidade Térmica (GT) para determinar uma intervenção
imediata ou não. A avaliação também deve determinar a Prioridade Operacional (PO) da
instalação.

Tão ou mais importante que estas duas variáveis, ainda há a Tendência Térmica
(TT), isto é, como o sobreaquecimento tem se comportado no decorrer de um determinada
período de tempo – performance.

Esta correlação é conhecida como Criticidade Racional (CR) de uma ocorrência


termográfica em instalações elétricas” [27].

A CR pode ser descrita segundo a Equação 5.6 [27].

𝐶𝑅 = 𝐺𝑇 × 𝑃𝑂 × 𝑇𝑇 (5.6)
35

Em que:

 GT - Quanto um ponto está sobreaquecido em relação à sua referência. É função


da tensão de operação, carga, condições ambientais e características físicas do
objeto. Avaliada por cálculos matemáticos.

 PO - Nível de importância do equipamento com ponto quente para a operação da


instalação. Determinada em função dos padrões de gestão.

 TT - Velocidade de evolução térmica do ponto quente, realimentada pelo


monitoramento seguindo rigorosos padrões de coleta de dados.

Com o conhecimento da CR é possível determinar o grau de seriedade da situação


do equipamento o que serve de guia para o planejamento da manutenção.

5.2.1.8 Critério baseado em padrões e uma fórmula-chave

Até o momento foram apresentados métodos de comparação entre a temperatura


medida e a máxima suportada pelo objeto ou com relação à vizinhança, contudo, a
temperatura total sofre influência das condições ambientais. Conforme GILL [12], para
se contornar esse problema, foi desenvolvida uma fórmula-chave que considera estes
fatores influentes. Essa pode servir como referência de comparação, uma vez que a
termografia tenha sido executada. A nova temperatura admissível serve de alternativa
para àquela especificada no projeto do equipamento ou do contato, e pode ser determinada
pela Equação 5.7 [12].

𝑇𝑡𝑐 = (𝑇𝑟𝑡 − 𝑇𝑟𝑎 )(𝐼 ⁄𝐼𝑛 )𝑚 + 𝑇𝑚𝑎 (5.7)

Em que:
 Ttc - Temperatura total admissível, corrigida para medição de carga e temperatura
ambiente.
 Trt - Temperatura máxima admissível.
 Trt - Temperatura ambiente máxima.
 Trt – Tra - Incremento máximo de temperatura admissível (rise).
 I - Corrente medida.
 In - Corrente nominal.
 Tma - Temperatura ambiente medida.
 m - Expoente que varia entre 1,6 e 2,0. Geralmente adota-se o valor médio é de
1,8.
36

O procedimento executado com o objetivo de aplicar a ‘fórmula-chave’ para


avaliação e diagnóstico do equipamento por meio da termografia, está apresentado
abaixo:

 Determinar o padrão de temperatura para o equipamento sob inspeção.


 Determinar a corrente nominal para este equipamento.
 Aferição da temperatura do ambiente.
 Determinar a corrente de operação do equipamento.
 Com a fórmula, calcular a Ttc.

Com o valor de Ttc em mãos, a comparação com a temperatura medida é feita e a


ação mais adequada é tomada de acordo com o diagnóstico.

5.3 ANÁLISE DE ÓLEO ISOLANTE


Nos transformadores elétricos, os óleos isolantes exercem um papel importante,
pois são responsáveis pela isolação elétrica e influenciam na eficiência energética do
equipamento. Por conta disso, é prioritário manter a qualidade do óleo dentro do padrão
aceitável por norma para se garantir a operação ideal dos equipamentos. Os ensaios de
óleo isolante podem ser divididos em análise Físico-química e Cromatografia Gasosa.

5.3.1 Ensaios físico-químicos


São ensaios executados afim de se obter as condições do óleo isolante por meio da
avaliação das suas propriedades físicas e químicas.

I. Índice de Neutralização

O óleo isolante sofre oxidação com o decorrer de sua vida útil, esta reação química
produz ácidos danosos ao equipamento elétrico. O ensaio de Índice de Neutralização
monitora a acidez do líquido isolante e pode indicar a vida útil do transformador. O
resultado é dado em miligrama de hidróxido de potássio necessário para se neutralizar a
acidez de 1 grama de óleo – mgKOH/g. A descrição do ensaio, segundo a ABNT [9], é
dada pela NBR 14248 que discorre acerca da determinação de constituintes ácidos ou
37

básicos em produtos de petróleo em geral, solúveis ou quase completamente solúveis em


misturas de tolueno e álcool isopropílico.

II. Tensão Interfacial

Quando dois líquidos não miscíveis entram em contato, forma-se uma interface
entre as substâncias. A força necessária para romper a película de óleo existente na
interface água/óleo é chamada de Tensão Interfacial.

A importância do ensaio é ser capaz de detectar agentes contaminantes no óleo


isolante. Os fatores que podem influenciar a tensão interfacial são: a natureza química
dos líquidos, a temperatura e a presença de corpos polares. O resultado do ensaio é dado
em Newton por metro (N/m) ou dina por centímetro (dyn/cm) e a norma descritiva do
ensaio é a NBR 6234, segundo a ABNT [9]. Esta Norma especifica o método do anel para
a determinação da tensão interfacial óleo-água, em óleo mineral isolante utilizado em
equipamentos elétricos. Este método de ensaio é frequentemente aplicado para óleos em
serviço como uma indicação do grau de deterioração.

III. Teor de Água

Um dos contaminantes mais comuns presentes nos óleos é a água. Ela pode
provocar corrosões, deterioração do papel isolante e degradação do óleo. Dentre os
métodos mais comuns para detecção de umidade nos óleos, temos:

 Crepitação (‘chapa quente’): nesse ensaio é possível detectar a presença de água


em concentrações acima de 0,1%. Existem equipamentos mais sensíveis que
exigem maior precisão no ensaio, contudo para muitos casos, o método de
crepitação é aplicável. No ensaio uma chapa é aquecida acima da temperatura de
ebulição da água e joga-se algumas gotas de água. Caso o teor de água seja maior
do que 0,1%, vamos ouvir um ruído típico de crepitação.
 Destilação: utiliza-se um resfriador para medir o volume de água obtido por
destilação da amostra de óleo. Para esse ensaio o teor mínimo de água detectável
também é 0,1%.
 Titulação por Karl Fischer: este ensaio determina o teor de água por meio da
redução do iodo presente no reagente de Karl Fisher, mistura de iodo (I2), dióxido
38

de enxofre (SO2) e piridina (C5H5N) em metanol (CH3OH). Quando toda a água


da amostra for consumida, a reação cessa. Os resultados são fornecidos em ppm,
parte de água em milhão de parte óleo, e, segundo a ABNT [9], a norma que
especifica o método é a NBR 10710.

IV. Contagem de Partículas

A qualidade do óleo diminui não somente pela umidade, mas também devido à
presença de partículas contaminantes. Estas partículas no líquido isolante de
equipamentos elétricos podem ter várias fontes possíveis, dentre elas: fabricação do
transformador, armazenamento, manuseio e degradação do óleo isolante e
sobreaquecimentos. O efeito de partículas suspensas na rigidez dielétrica do óleo isolante
depende do tipo de partícula (metálica, fibras, borra etc.) e do teor de água presente.

A performance do líquido isolante é influenciada pela concentração, dimensão, tipo


e perfil da partícula. De acordo com NEMÉSIO SOUSA, Análises estatísticas mostram
que 80% dos problemas em sistemas hidráulicos se devem a contaminantes sólidos [3].

Os métodos utilizados no ensaio são [28]:

 Comparação: neste método a amostra é filtrada em membranas com poros


microscópicos. Uma vez secas, estas membranas são comparadas com outras que
servem de referência para a determinação da presença das partículas
contaminantes.
 Obstrução, extinção ou bloqueio de luz: conforme a ABNT [9], no método
especificado pela NBR 14275, o fluido é bombeado por um circuito composto por
um emissor de luz (normalmente laser) e um detector. A medida que as partículas
passam pelo feixe de luz, são formadas sombras no receptor que são contabilizadas
utilizando-se um acumulador. A intensidade da sombra é função da dimensão da
partícula.
 Microscopia Ótica: neste método o fluido é filtrado através de membranas
semelhantes às utilizadas no método de comparação. Após a filtragem, as partículas
são contadas e medidas com o auxílio de um microscópico ótico. A contagem pode
ser feita por meio da microscopia ótica ou por microscópios automáticos. Neste
método a dimensão das partículas são dadas no seu tamanho real.
39

 Bloqueio de poros: chamado também de perda de carga, obstrução de fluxo ou


entupimento de poros. Neste método são utilizados um manômetro diferencial e
um filtro metálico (geralmente com 10 µm de espessura) por onde o fluido é
filtrado. A carga gerada pelo entupimento dos poros é correlacionada com a
quantidade de partículas contaminantes enquanto a dimensão é inferida por meio
de algoritmos estatísticos que simulam a população de particulado.

V. Fator de Dissipação (FD)

Conforme a ABNT [9], esse ensaio deve seguir a NBR 12133. O FD – Fator de
Dissipação (ou fator de perdas dielétricas) é um indicador útil para se determinar o nível
de contaminação do óleo isolante. Ele relaciona as perdas ativas e a potência total
(aparente) aplicadas na amostra sob tensão alternada. O FD pode ser calculado de acordo
com a Equação 5.8 [3].

𝑊
𝐹𝐷 = × 100 (5.8)
𝑉𝐴

Em que:

 W: perdas ativas.
 VA: potência aparente.

O resultado do cálculo é dado em porcentagem e quanto menor for FD melhor será


o estado da isolação do óleo. Por exemplo, transformadores devem possuir FD menor do
que 1%.

VI. Rigidez Dielétrica

O ensaio de rigidez dielétrica (conhecida também por resistência dielétrica),


permite determinar a tensão máxima suportada pelo óleo isolante antes que ocorra falha.
O isolante deve suportar as tensões de operação do equipamento e eventuais surtos. A
amostra após ser recolhida é colocada numa cuba com eletrodos sob temperatura e
umidade controladas, aplica-se campo elétrico crescente e observa-se qual a tensão
mínima em que ocorre ruptura dielétrica. Os eletrodos utilizados podem ser de calota,
40

esféricos ou discos paralelos, e os procedimentos de ensaio são apontados pela ABNT


[9], por meio das NBR 60156 e NBR 6869.

Usualmente este parâmetro é influenciado pela presença de partículas, água ou


carbono no líquido isolante e o resultado do ensaio é dado em quilovolts por centímetro
– kV/cm.

VII. Cor

Este ensaio determina a cor do óleo isolante, por meio de uma luz transmitida
através da amostra, e associa a coloração a um valor numérico baseado na comparação
com uma série de cores padrão. Utilizando-se o número de cor, é possível determinar o
nível de contaminação e/ou deterioração do óleo isolante. Turvamento ou nebulosidade
podem indicar presença de água ou borra, assim como partículas metálicas, carbono e
outros contaminantes. O recomendado é que o óleo seja claro e isento de materiais em
suspensão ou sedimentados. Conforme a ABNT [9], as normas que descrevem o
procedimento para este ensaio são as NBR 14483 e a ASTM D1524.

VIII. Ponto de Fulgor (Flash Point)

Este ensaio é um indicador de inflamabilidade do líquido e determina a temperatura


mínima em que o óleo isolante é capaz de formar vapor suficiente para a formação de
uma mistura inflamável com o ar, sob condições de ensaio. É desejado um ponto de fulgor
alto pois valores baixos indicam a presença de perigosos contaminantes voláteis no óleo
isolante. O resultado do ensaio é dado em graus Celsius (°C), e, conforme a ABNT [9],
as normas utilizadas para sua execução são as NBR 14598, NBR 7974 ou NBR 11341,
de acordo com o método utilizado.

IX. Ponto de Combustão (Fire Point)

Ensaio que permite a determinação da temperatura mínima em que ocorre a ignição


do óleo isolante, mais especificamente, sua queima contínua. Esta temperatura sempre é
maior do que a do ponto de fulgor e é dada em graus Celsius - °C. A diferença deste
41

ensaio com o anterior é que no Ponto de Fulgor ocorre queima rápida e sem a necessidade
de uma ignição externa.

X. Ponto de Fluidez (Pour Point)

O ensaio de ponto de fluidez ou ponto de escoamento determina a temperatura


mínima no qual o óleo isolante flui, sob condições específicas. A importância deste ensaio
está em determinar o óleo ideal em função das condições de operação e de ambiente para
cada tipo de equipamento. Segundo a ABNT [9], a NBR 11349 determina um ponto de
fluidez menor do que -39°C, contudo os fabricantes podem admitir seus próprios valores,
como a Westinghouse que quer óleo isolante com ponto de escoamento de -55°C, no
máximo.

XI. Ponto de Anilina

Neste ensaio, descrito pelas ASTM D611 e ISO 2977, uma amostra composta por
óleo e anilina é preparada e ao aquecê-la sob agitação, é medida a temperatura mínima
em que a mistura se torna homogênea. Esta temperatura é chamada de ponto de anilina.
Este ensaio indica o poder de solvência do óleo em relação aos materiais com os quais
entrará em contato. Um baixo ponto de anilina indica maior solvência do produto, o que
não é desejável.

XII. Teor de Inibidor de Oxidação

Segundo NEMÉSIO SOUSA, “é o índice do teor de inibidor de oxidação presente


no óleo inibido. A presença do inibidor retarda o aumento da acidez e a formação de
borra. Seu controle é importante para garantir uma vida longa em serviço [3]”. Este ensaio
consiste em verificar a presença e o teor de aditivos antioxidantes no óleo isolante, que
podem ser DPB - di-terc-butil-fenol ou DBPC - di-terc-butil-paracresol, conforme
LAURENTINO (2003) [29].
42

XIII. Presença de Enxofre Corrosivo

A presença do enxofre no óleo, devido ao refino deficiente, diminui as


características dielétricas do isolante, corrói o metal do transformador e afeta
negativamente a capacidade de refrigeração do óleo. O ensaio, descrito pela ABNT e dado
pela a norma NBR 10505 [9], determina a presença e a concentração de enxofre corrosivo
livre ou dissolvidos no óleo.

XIV. Teor de PCB1

Os transformadores a óleo sintético costumavam utilizar o ascarel como líquido


isolante antes da descoberta da alta toxicidade da substância aos seres humanos e ao meio
ambiente. Contudo, mesmo após a substituição do óleo nos equipamentos, existe a
possibilidade de ocorrer contaminação por PCB. Conforme a ABNT [9], as normas NBR
13882 e NBR 8371 descrevem os procedimentos necessários para se determinar a
concentração de PCB e orientam na avaliação das condições de segurança na utilização
do transformador a óleo.

XV. Estabilidade à Oxidação

Este ensaio estima a vida útil ou a oxidação do óleo de transformadores


convencionais antes do aparecimento de borra ou acidez elevadas, fatores ligados
diretamente às caraterísticas de oxidação dos óleos isolantes. A presença da borra
restringe o fluxo do óleo, afetando sua fluidez e capacidade de refrigeração, e aumentando
a temperatura de operação do equipamento. A acidez no isolante, produzida pela sua
oxidação, deteriora a isolação do equipamento e reduz a vida útil do transformador. Tanto

1
Bifenilas Policloradas (PCB) são compostos aromáticos clorados. Os produtos comerciais fabricados à
base de PCB, como os líquidos isolantes sintéticos (ascaréis) para equipamentos elétricos, utilizavam
misturas de compostos nas quais predominam desde as tricloro-bifenilas até as heptacloro-bifenilas. Os
ascaréis são líquidos isolantes elétricos constituídos por uma mistura de 60 a 40% de Triclorobenzeno
(TCB) e igual proporção de Bifenilas Policloradas (PCB). Os líquidos isolantes assim formulados, foram
desenvolvidos no final da década de 30 nos EUA, com o objetivo de serem utilizados em transformadores
e capacitores instalados em áreas onde os riscos de incêndio e explosão devem ser minimizados, isto é,
subestações elétricas localizadas no interior de prédios, veículos como trens e navios, ou em locais com
transito frequente de pessoas. Devido à grande estabilidade, e por ser incombustível a temperaturas de até
600º C, apresentou grande eficácia para esta finalidade e foi largamente utilizado até o final da década de
70 quando foi incluído entre as substâncias classificadas como poluentes orgânicos persistentes, e banidos
do mercado de equipamentos elétricos.
43

o ácido quanto a borra, em presença de pequena quantidade de umidade, diminuirão a


rigidez dielétrica. Segundo a ABNT [9], o procedimento para a determinação da
estabilidade à oxidação é dado pela NBR 10504.

XVI. Viscosidade

É a resistência do óleo em fluir de modo contínuo e uniforme, sem turbulência,


inércia ou outras forças. A viscosidade do óleo isolante é usualmente medida pelo tempo
de fluxo de uma dada amostra sob condições de ensaio. Esta propriedade física, cuja
unidade é o metro ao quadrado por segundo – m2/s, não é significativamente afetada pela
contaminação ou deterioração do óleo, contudo, sua eficiência de refrigeração cai à
medida que a viscosidade aumenta. Conforme a ABNT [9], a norma que estabelece um
procedimento específico para a determinação da viscosidade é a NBR 10441.

5.3.2 Cromatografia gasosa


O ensaio de cromatografia é uma técnica utilizada quando se deseja avaliar as
condições do equipamento, normalmente transformadores e reatores, ou de algum de seus
componentes por meio da análise dos gases dissolvidos no seu óleo isolante. Nesse ensaio
é possível detectar falhas eminentes ou até mesmo avaliar a evolução de uma determinada
falha para que dessa forma o procedimento mais adequado possa ser tomado.

A cromatografia gasosa detecta a presença de hidrogênio e compostos de


hidrocarbonetos como Butano (C2H10), Etano (C2H4), Acetileno (C2H2) e Metano (CH4).
De acordo com o tipo de gás e a concentração é possível detectar possíveis falhas e
defeitos no equipamento. Afim de ilustrar causas e consequência, abaixo está uma lista
de falhas incipientes mais usuais e os gases associados, conforme NETO et al (2009) [30].

 Arcos elétricos – Acetileno (C2H2).


 Corona no óleo – Hidrogênio (H2).
 Eletrólise da água – Hidrogênio (H2).
 Envelhecimento térmico do papel – Monóxido de carbono (CO) e Dióxido de
carbono (CO2).
 Decomposição térmica do óleo – Etileno (C2H4), Hidrogênio (H2), Metano (CH4)
e Etano (C2H6).
44

5.3.2.1 Identificação de falhas incipientes

Quando submetido ao aquecimento (mesmo à temperatura normal de operação dos


equipamentos elétricos), o sistema papel/óleo libera gases (H2, CO e CO2) e compostos
de hidrocarbonetos2. Pela avaliação dessas substâncias é possível acompanhar a evolução
da temperatura do equipamento durante sua vida útil.

Uma falha incipiente (sobreaquecimento, corona, arco elétrico etc.) pode ser o
prenúncio de uma falha grave, por isso é aplicada a cromatografia em uma amostra de
óleo retirada do transformador para a identificação dos gases dissolvidos e diagnóstico
do estado do equipamento elétrico.

5.3.2.2 Métodos de detecção e identificação das falhas

a. Avaliação da taxa de formação de gases

Segundo BINDA (1998) apud NEMÉSIO SOUSA (2018), se a taxa de formação


de gases, para cada gás ou para o TGC - Total de gases Combustíveis, for maior ou igual
a 100 ppm em 24 horas, de maneira contínua, com carga constante, há uma provável
condição de deterioração [31].

De maneira geral, neste método avaliam-se a evolução da formação de gases


combustíveis e do dióxido de carbono, por meio da comparação da concentração atual
desses gases em relação a uma amostra anterior. O resultado é dado em porcentagem, e
se a taxa de formação de gases, para cada gás ou para o TGC, for maior ou igual a 10 %
ao mês, então deve haver uma falha em evolução.

Para períodos maiores que 30 dias, usar a Equação 5.9 para o cálculo [3].

𝑇𝐺0 − 𝑇𝐺𝐴
𝑇𝐺 = 30 × × 100 (5.9)
𝑑 × 𝑇𝐺𝐴

Em que:

2
Moléculas que contêm apenas carbono (C) e hidrogênio (H) em sua composição. Este composto orgânico
possui uma estrutura de carbono na qual os átomos de hidrogênio se ligam.
45

 TG - Taxa formação % ao mês


 TG0 - Total de Gás da amostra atual
 TGA - Total de Gás da amostra anterior
 d - Dias entre as duas amostras
 100 e 30 - constantes para expressar o resultado em % ao mês

b. Avaliação da concentração percentual dos gases

Determina-se o tipo e a gravidade da falha incipiente em transformadores por meio


do estudo do tipo e da concentração dos gases combustíveis presentes de uma amostra de
óleo isolante, realizado pelo cálculo das relações das concentrações de certos gases.

Para se determinar o tipo e a concentração do gás, existem vários critérios,


destacando-se Rogers, IEC, Laborelec, Pugh, Duval e Dörnemburg. Esses dois últimos
apresentam diagnósticos genéricos para alguns tipos de defeitos e, por essa razão, é
recomendado que sejam utilizados em conjunto com os critérios de Rogers, IEC ou
Laborelec. Ainda podem ser citados os métodos da ABNT, ANSI/IEEE, ASEA, GE,
Hydro Quebec, Morgan Schaffer, e do CEGB - Central Electricity Generating Board of
Great Britain [3].

Genericamente, os métodos de diagnóstico usando hidrocarbonetos, podem ser


resumidos:

 Um gás de cada vez (Método do gás-chave de Pugh)


 Dois gases de cada vez (Rogers, IEC, ABNT NBR 7274 [9])
 Três gases (Triângulos 1, 4 e 5 de Duval)
 Cinco gases (Pentágonos 1 e 2 de Duval)

Óxidos de carbono (CO e CO2) e compostos de Furanos3 são utilizados para


confirmar os diagnósticos obtidos dos gases hidrocarbonetos quanto ao envolvimento ou
não do papel isolante na falha.

c. Avaliação da formação de gases

3
Compostos orgânicos com estrutura em anel formados por cinco lados. São derivados da degradação
celulósica e formam-se durante a operação normal do equipamento. Estes compostos são tóxicos e
altamente inflamáveis. Sendo solúveis em óleos isolantes, são detectáveis neste líquido e podem ajudar a
avaliar o nível da degradação da isolação sólida dos equipamentos elétricos.
46

Os gases combustíveis de uma amostra de óleo isolante de transformador podem


ser detectados por dois métodos:

 Cromatografia dos gases dissolvidos no óleo, isto é, solubilizados


 Ensaio dos gases combustíveis livres da amostra colhida no transformador - no
colchão Gás ou no relé Buchholz4.

Conforme BINDA apud NEMÉSIO SOUSA, para o segundo método de detecção,


os valores de referência são [31].

 0 a 500 ppm: deterioração normal.


 501 a 1.200 ppm: deterioração excessiva.
 1.201 a 2.500 ppm: deterioração anormal.
 ≥ 2.501 ppm: execução de ensaio semanalmente afim de determinar a taxa de
formação de gases.

5.3.2.3 A taxa de formação de gases

a. Tipo de selagem do equipamento

A análise cromatográfica baseia-se no conhecimento não somente dos tipos de


gases gerados, mas também na taxa de formação desses gases. O diagnóstico e a
compreensão da evolução da falha dependem da confiança de que a amostra de óleo
representa adequadamente o líquido isolante de análise.

Um aspecto importante que deve ser considerado no momento da amostragem é se


o transformador é ou não selado. No selado, o óleo isolante está isolado da atmosfera e
para o caso em que a selagem é feita por meio da bolsa ou membrana de borracha, os
gases gerados permanecem dissolvidos no óleo. Para selagem com colchão de gás, os
gases se distribuem entre o óleo isolante e o colchão. Nos transformadores não-selados
não existe isolamento do óleo com relação à atmosfera de maneira que parte dos gases
gerados é perdida para o meio externo. Eles são dotados de um conservador, também
chamado de tanque de expansão, equipado com filtro de sílica-gel ou ‘drycoll’.

4
Dispositivo de proteção instalado em transformadores de potência e reatores dotados de tanque de
expansão. A função do relé é detectar situações anormais de formação de gases e a presença de fluxo
irregular de óleo isolante no equipamento.
47

Tendo em mente a distinção entre tipos de selagem, para equipamentos nos quais
os gases formados não dissolvem totalmente no óleo é necessário considerar a taxa de
perdas5 ao estimar a taxa de formação de gases para que o diagnóstico do estado do
transformador seja preciso.

b. Condições de Operação do equipamento

Usualmente, a temperatura ambiente e o planejamento de carga influenciam a


quantidade de gás produzida em um dado período. Dessa forma, é importante, sempre
que possível, obter informações sobre as condições de operação do equipamento durante
o ensaio para que a avaliação da formação de gases forneça dados mais precisos sobre a
gravidade do defeito naquele intervalo de tempo.

5.3.2.4 Métodos na análise de gases dissolvidos no óleo

a. Método de Rogers

Um dos métodos básicos adotados para detecção do tipo e da gravidade da falha


incipiente. O critério de Rogers utiliza quatro relações (CH4/H2, C2H6/CH4, C2H4/C2H6 e
C2H2/C2H4) envolvendo cinco gases, como visto na Tabela 5.12 e associa os valores a um
código específico, conforme Tabela 5.13.

Tabela 5.12 - Especificação dos códigos do método de Rogers.

Relações Faixa Códigos

R1 ≤ 0,1 5
0,1 < R1 < 1 0
CH4/H2 = R1
1 ≤ R1 < 3 1
R1 ≥ 3 2
R2 < 1 0
C2H6/CH4 = R2
R2 ≥ 1 1

5
Velocidade em que ocorre a perda dos gases gerados no óleo para o meio externo. Conhecendo o quanto
de gás foi perdido, é possível estimar a taxa de formação dele no líquido isolante.
48

Relações Faixa Códigos

R3 < 1 0
C2H4/C2H6 = R3 1 ≤ R3< 3 1
R3 ≥ 3 2
R4 < 0,5 0
C2H2/C2H4 = R4 0,5 ≤ R4 < 3 1
R4 ≥ 3 2
Fonte: ZIRBES et al (2005) [32].

Tabela 5.13 - Diagnóstico de falhas do método de Rogers.

Combinações
Diagnóstico
R1 R2 R3 R4
0 0 0 0 Deterioração normal.
5 0 0 0 Descargas parciais.
1 ou 2 0 0 0 Sobreaquecimento – abaixo de 150°C
1 ou 2 1 0 0 Sobreaquecimento – entre 150 e 200 °C

0 1 0 0 Sobreaquecimento – entre 200 e 300 °C

0 0 1 0 Sobreaquecimento geral do condutor


1 0 1 0 Correntes de circulação no enrolamento
1 0 2 0 Correntes circulantes no tanque e no núcleo
0 0 0 1 Descargas descontínuas
0 0 1 ou 2 1 ou 2 Arco com alta energia
0 0 2 2 Descarga contínua de baixa potência
Descarga parcial envolvendo o papel
5 0 0 1 ou 2
(presença de CO)
Fonte: ZIRBES et al (2005) [32].

b. Método da norma IEC 60599

Este método é semelhante ao de Rogers, contudo, a relação C2H6/CH4 não está


presente. Pelo IEC o diagnóstico do equipamento é dado em função da interpretação das
falhas associadas aos códigos, determinados pela razão dos gases combustíveis. Segundo
49

o catálogo da ABNT [9] o método é descrito pela norma IEC 60599 e a Tabela 5.14 serve
de referência para a avaliação do equipamento.

Tabela 5.14 – Diagnóstico da cromatografia pelo segundo a IEC 60599.

Relações
C2H2/C2H4 CH4/H2 C2H4/C2H6 Falha característica
Não
< 0,1 < 0,2 Descarga parcial
significativo
>1 Entre 0,1 e 0,5 >1 Descarga de baixa energia
Entre 0,6 e 2,5 Entre 0,1 e 1 >2 Descargas de alta energia
Não
>1 <1 Sobreaquecimento abaixo de 300°C
significativo
Sobreaquecimento entre 300°C e
< 0,1 >1 Entre 1 e 4
700°C
< 0,2 >1 >4 Sobreaquecimento acima de 700°C
Fonte: ZIRBES et al (2005) [32].

c. Método de Doernenburg

O método de Doernenburg utiliza duas relações principais de gases, duas relações


auxiliares e seis gases. Ele é capaz de identificar três tipos de falhas baseando em relações
de concentração de gases e limites de variações para estas relações. Em sua forma original
não estabelece critérios para as condições normais de operação do transformador mas
possui a vantagem de ser capaz de indicar falhas mesmo com o equipamento em operação
nominal. Dada a sua limitação, é aconselhável utilizá-lo em conjunto com os critérios de
Rogers, IEC e/ou Laborelec. Os valores das relações gasosas que classificam o tipo de
falha no equipamento estão na Tabela 5.15.

Tabela 5.15 - Identificação de falhas pelo método de Doernenburg.

Relação entre concentrações de gases


Tipo de falha Relações principais Relações auxiliares
CH4/H2 C2H2/C2H4 C2H6/C2H2 C2H2/CH4
Ponto Quente >1 < 0,75 > 0,4 < 0,3
Descarga Parcial < 0,1 Não Significativo > 0,4 < 0,3
Tipo de falha CH4/H2 C2H2/C2H4 C2H6/C2H2 C2H2/CH4
50

Outros tipos de descarga Entre 1 e 0,1 > 0,75 < 0,4 > 0,4
Fonte: ROBERTO MORAIS (2004) apud AMARAL PINHEIRO (2015) [33].

Para a validação de aplicação do método, utiliza-se os dados de concentração


individualmente dos gases presentes na Tabela 5.16. O critério define que, para a
utilização desta tabela, no mínimo um dos gases que compõe as relações principais tenha
uma concentração superior ao dobro do valor tabelado e que para as relações auxiliares,
a concentração seja superior à apresentada na mesma tabela.

Tabela 5.16 - Concentração de gases para validação do método Doernenburg.

Tipos de gás H2 CH4 C2H6 C2H4 C2H2


Concentração ppm (V/V) 200 50 15 60 15
Fonte: ROBERTO MORAIS apud AMARAL PINHEIRO [33].

d. Método de Duval

Como no método de Doernenburg, deve-se executar o método de Duval em


conjunto com os critérios de Rogers, IEC e/ou Laborelec. Este utiliza a concentração
percentual relativa dos gases acetileno (C2H2), etileno (C2H4) e metano (CH4) e é capaz
de identificar três falhas de origem térmica e três de origem elétrica. A relação entre as
quantidades relativas dos gases e as falhas a elas associadas é visualizada através do
Triângulo de Duval na Figura 5.4. A descrição da falha correspondente a cada código
apresentado está descriminada abaixo:

 PD - Descargas parciais (corona).


 D1 - Descargas de baixa energia (centelhamento).
 D2 - Descargas de alta energia (arco elétrico).
 T1 - Falhas térmicas menores do que 300°C.
 T2 - Falhas térmicas maiores do que 300°C e menores do que 700°C.
 T3 - Falhas térmicas maiores do que 700°C.
 DT - Ocorrência simultânea de falha térmica e arco elétrico
51

Figura 5.4 - Triângulo de Duval


Fonte: DUVAL e DE PABLO (2001) apud AMARAL PINHEIRO [34]
As coordenadas do triângulo, correspondentes às concentrações de gases
dissolvidos em ppm, podem ser calculadas de acordo com as Equações 5.10, 5.11 e 5.12
[34].

𝑥
%𝐶2 𝐻2 = × 100 (5.10)
𝑥+𝑦+𝑧

𝑦
%𝐶2 𝐻4 = × 100 (5.11)
𝑥+𝑦+𝑧

𝑧
%𝐶𝐻2 = × 100 (5.12)
𝑥+𝑦+𝑧

Em que:

x = C2H2, y = C2H4 e z = CH4.

Uma ferramenta desenvolvida recentemente que também pode ser utilizada na


análise de gases dissolvidos no óleo é o Pentágono de Duval, visto na Figura 5.5.
52

40% H2

40% C2H6 40% C2H2

40% CH4 40% C2H4

Figura 5.5 - Pentágono de Duval


Fonte: DUVAL e LAMARRE (2014) [35]
Esta análise, diferentemente do Triângulo de Duval, é capaz de identificar falhas
incipientes por meio de cinco gases: hidrogênio (H2), metano (CH4), etano (C2H6), etileno
(C2H4) e acetileno (C2H2). A concentração percentual relativa é calculada de acordo com
as Equações 5.13, 5.14, 5.15, 5.16 e 5.17 [35].

𝑎
%𝐻2 = × 100 (5.13)
𝑎+𝑏+𝑐+𝑑+𝑒

𝑏
%𝐶𝐻4 = × 100 (5.14)
𝑎+𝑏+𝑐+𝑑+𝑒

𝑐
%𝐶2 𝐻6 = × 100 (5.15)
𝑎+𝑏+𝑐+𝑑+𝑒

𝑑
%𝐶2 𝐻4 = × 100 (5.16)
𝑎+𝑏+𝑐+𝑑+𝑒

𝑒
%𝐶2 𝐻2 = × 100 (5.17)
𝑎+𝑏+𝑐+𝑑+𝑒
53

Em que:

a = H2, b = CH4, c = C2H6, d = C2H6 e e = C2H4.

A interpretação do pentágono juntamente com os métodos matemáticos utilizados


no estudo, permitem fazer o diagnóstico do estado do equipamento em função do tipo de
falha.

Além das falhas do triângulo de Duval, o pentágono é capaz de indicar o processo


de gaseificação do óleo abaixo de 200°C.

e. Método de Pugh

O método de Pugh (também conhecido como método do gás chave) identifica o gás
precursor de cada tipo de falha e diagnostica o equipamento baseado na concentração
percentual deste gás. Por exemplo, corona tem como principal causa a presença do H2,
logo, pelo método de Pugh, uma maior concentração deste gás chave indica a ocorrência
da falha associada a ele. Conforme NETO et al, a Tabela 5.17 dada pela IEEE C57.104,
serve de guia na análise dos gases dissolvidos [30].

Tabela 5.17 - Identificação de falhas pelo método de Pugh dada pela IEEE.

Percentual
Falta Gás chave Critério
de gás
Grande quantidade de H2 e C2H2 e
Acetileno menor quantidade de CH4 e C2H4. H2: 60%
Arco
C2H2 CO e CO2 podem também existir se C2H2: 30%
a celulose estiver envolvida.
Grande quantidade de H2, algum
CH4, com pequena quantidade de
Hidrogênio H2: 85%
Corona C2H6 e C2H4. CO e CO2 podem ser
H2 CH4: 13%
comparados se a celulose estiver
envolvida.
Grande quantidade de C2H4, menor
Sobreaquecimento Etileno quantidade de C2H6, alguma C2H4: 63%
do óleo C2H4 quantidade de C2H4 e H2. Traços de C2H6: 20%
CO e CO2.
54

Percentual
Falta Gás chave Critério
de gás
Monóxido de Grande quantidade de CO e CO2.
Sobreaquecimento
carbono Gases hidrocarbonetos podem CO: 92%
da celulose
CO existir.
Fonte: NETO et al [30].

f. Método de Laborelec

O método proposto pelo Laboratoire Belge de l’Industrie Électrique (Laborelec),


utiliza como critério de diagnóstico a concentração de três gases individuais, o volume
total de gases contendo um ou dois átomos de carbono e uma relação de concentrações.
Este método identifica a condição de normalidade do isolamento e as falhas pela sua
natureza (elétrica ou térmica) com nove níveis e pela sua intensidade com quatro níveis
– Tabela 5.18.

Tabela 5.18 - Diagnóstico da cromatografia pelo método de Laborelec.

Concentração (ppm)
CH4/H2 C2H2, ppm CO, ppm Degradação Índice
H2 ∑concentração

≤ 200 < 300 – – ≤ 400 – A

≤ 0,15 – – 1
201 - 300 ≤ 300 0,16 - 1 ≤ 20 – 2
0,16 - 1 > 20 – 3
≥ 0,61 – ≤ 400 4
≥ 0,61 – > 400 5
≤ 200 301 - 400 B
≤ 0,60 > 20 ≤ 400 6
≤ 0,60 > 20 > 400 7
– > 20 – 3
201-300 301-400
– ≤ 20 – 4
≤ 200 ≤ 300 – – > 400 9
≤ 0,15 – – 1
301-600 ≤ 400 0,16 - 1 ≤ 50 – 2 C
0,16 - 1 > 50 – 3
55

Concentração (ppm)
CH4/H2 C2H2, ppm CO, ppm Degradação Índice
H2 ∑concentração
≥ 0,61 – ≤ 500 4
≥ 0,61 – > 500 5
≤ 300 401-800
≤ 0,60 > 50 ≤ 500 6
≤ 0,60 > 50 > 500 7 C
– > 50 – 8
301-600 401-800 – ≤ 50 ≤ 500 4
– ≤ 50 > 500 5
≤ 0,15 – – 1
≥ 601 ≤ 800 0,16 - 1 ≤ 50 – 2
0,16 - 1 > 50 – 3
≥ 0,61 – ≤ 700 4
≥ 0,61 – > 700 5
≤ 600 ≥ 801 D
≤ 0,60 > 50 ≤ 700 6
≤ 0,60 > 50 > 700 7
– > 100 – 8
≥ 601 ≥ 801 – ≤ 100 ≤ 700 4
– ≤ 100 > 700 5
Fonte: NEMÉSIO SOUSA [3].

Na Tabela 5.18:

 ∑concentração = CH4 + C2H6 + C2H4 + C2H2


 A – Normal; B – Média; C – Importante; D – Muito importante
 1 – Descargas parciais (óleo)
2 – Centelhamento contínuo (óleo)
3 – Centelhamento contínuo (óleo) e/ou gás do comutador
4 – Degradação térmica (óleo)
5 – Degradação térmica (óleo + celulose)
6 – Degradação térmica (óleo e/ou gás do comutador)
7 – Degradação térmica (óleo + celulose) e gás do comutador
8 – Arco (óleo) ou gás do comutador
9 – Degradação térmica (celulose)
56

5.4 AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO DA ISOLAÇÃO SÓLIDA DE


EQUIPAMENTOS ELÉTRICOS
Além do óleo isolante, equipamentos elétricos possuem isolamento sólido, como
papel ou papelão, e seu funcionamento adequado depende da integridade da isolação
destes componentes. Nesta Seção serão apresentados os métodos de estudo para análise
da degradação da isolação sólida e da estimativa da sua vida útil.

5.4.1 Degradação do papel isolante e o grau de polimerização


As propriedades mecânicas do papel isolante se degradam antes mesmo de ocorrer
sua ruptura dielétrica, sendo assim, para estimar a vida útil da isolação avaliam-se as
condições das características mecânicas do papel.

Sabe-se que o principal constituinte das fibras de papel isolante elétrico é a celulose,
que é um composto orgânico polimérico formado por uma cadeia de 950 a 1.300 unidades
de glicose. O número médio de unidades glicosídicas presente numa molécula de celulose
é chamado de GP - Grau de Polimerização Médio do papel.

Durante o envelhecimento do papel isolante há uma queda das suas propriedades


mecânicas, relacionada com a diminuição do GP. Um valor de referência entre 100 e 250
pode ser utilizado como indicador do fim de vida do isolamento. Nesta faixa de GP o
papel isolante retém somente 40 a 50 % dos valores originais de suas propriedades
mecânicas.

5.4.2 Processos de degradação do sistema papel/óleo isolante


Os principais tipos de degradação do sistema papel/óleo, envolvem agressões
térmica, hidrolítica e oxidativa.

Na degradação térmica as altas temperaturas fazem com que haja o rompimento das
ligações glicosídicas da celulose e a produção de glucose, água, ácidos orgânicos, óxidos
de carbono e outros compostos.

Na degradação hidrolítica, devido à presença de água, ocorre a quebra das ligações


de glicose e a formação de glucose livre, catalisadas pelo meio ácido onde o papel está
inserido. Este meio ácido pode surgir devido à oxidação do óleo isolante, por exemplo.
57

A degradação oxidativa ocorre quando há presença de oxigênio no sistema


papel/óleo isolante. Suas reações geram ácidos, aldeídos e água que, por sua vez, acelera
ou dá origem à degradação hidrolítica. Todo esse efeito em cadeia degrada a celulose e
forma óxidos de carbono e gás hidrogênio. Uma das consequências graves desse tipo de
degradação é a influência negativa direta que ela tem sobre as propriedades mecânicas do
papel, uma vez que reações secundárias podem resultar em cisão da cadeia (por quebra
de ligações glicosídicas) e formação de glucose livre.

Um produto também formado na degradação celulósica e que está ligado


diretamente com o agravo do estado do papel é o Furano e seus compostos: furfural,
furfuraldeído, furaldeído, ácido furóico, furfurol, acetil furano etc. Eles são produzidos
sob baixas temperaturas, sob condições nominais de operação e são detectáveis no óleo
isolante juntamente com os óxidos de carbono e gás hidrogênio. Os Furanos, ao contrário
da glucose, são solúveis no óleo e, portanto, detectáveis neste líquido.

A degradação do isolamento celulósico provoca o enfraquecimento da molécula da


celulose (ligações glicosídicas), conduzindo à sua despolimerização6 e à produção de uma
molécula de água por cada cisão que, por sua vez, irá atacar novas ligações e provocar
cisões adicionais da cadeia da celulose. As consequências são a queda do grau de
polimerização (ver Seção 5.4.1) do papel e a formação de compostos derivados de furano
e óxidos de carbono (CO e CO2), solúveis no óleo isolante mineral.

5.4.3 Procedimentos para a aplicação das técnicas


Uma vez tendo apresentado os processos de degradação, serão abordados os
procedimentos adequados para se executar a avaliação do isolamento sólido.

Resumidamente podem-se destacar três pontos nesse processo:

 Determinação da concentração dos óxidos de carbono dissolvidos no óleo


isolante.

6
Despolimerização é o processo de degradação das cadeias de celulose (polímero), com a consequente
formação de monômero, no caso glicose. Segundo MARTINS (2007), ese processo envolve cisões da
cadeia de polímero (despolimerização) da celulose, com produção de diversas substâncias, das quais
podemos destacar gases (tais como o hidrogénio, o metano, o etileno e principalmente o monóxido e o
dióxido de carbono) e produtos líquidos como a água e os compostos furânicos, dos quais 2-FAL é o
composto mais usado como indicador da degradação do papel. No estádio mais avançado dessa degradação,
há a produção de produtos sólidos, que irão constituir as borras e escória (lama) no óleo isolante [38].
58

 Determinação do GP, o qual está ligado diretamente às propriedades mecânicas


do papel.
 Determinação da concentração de Furano e seus compostos dissolvidos no óleo
isolante.

O modelo esquemático do mecanismo de degradação do isolamento sólido pode ser


visto na Figura 5.6.

Figura 5.6 - Mecanismo de degradação do papel [3]

I. Determinação das relações e concentrações de CO2 e CO

O método utilizado para se determinar as concentrações de óxido de carbono é o


critério de Rogers, se baseia na análise da relação CO2/CO e na concentração de CO2 e
CO. Segundo BINDA [36], o recomendado é um valor de CO2/CO aproximadamente de
7 ± 4. Estudos de caso mostraram que 90% das amostras apresentavam os seguintes
resultados [3]:

 Transformadores não-selados: CO2/CO = 6,5 a 9,6


 Transformadores selados: CO2/CO = 7,5 a 14,2
59

Alguns valores obtidos para transformadores em 14 anos de estudos são [36]:

 Transformadores não-selados
 CO2: 7.025 a 18.733 ppm
 CO: 733 a 1.953 ppm
 Transformadores selados
 CO2: 4.250 a 11.333 ppm
 CO: 300 a 800 ppm

II. Determinação do Grau de Polimerização Médio (GP) do papel isolante

Vimos que as propriedades mecânicas do papel (resistência à tração, ao


alongamento e ao estouro) são os principais indicadores de fim de vida do isolamento. As
normas para determinação do GP são apresentadas nas IEC 60450 e ASTM D4243 [3].

Apesar do custo reduzido, há cuidados no momento da retirada da amostra de papel


para o ensaio de determinação do GP. No momento da amostragem, deve-se atentar aos
seguintes pontos:

 Desligar o equipamento elétrico e drenar o óleo isolante.


 Retirar a amostra do local que corresponda ao ponto de maior temperatura a que
isolamento foi exposto.
 Restaurar o isolamento da região onde foi retirada a amostra de papel.

III. Determinação dos compostos derivados do Furano

A degradação da celulose forma compostos de furano a partir da glicose livre


presente no óleo. Conforme BINDA [36], os compostos de furano são produzidos
exclusivamente pela degradação da celulose, sob temperaturas baixas, durante a operação
normal do transformador.

O furano é um composto produzido a partir da glicose livre gerada pela degradação


da celulose do papel. Contudo, seu derivado, 2-furfuraldeído (2-FAL), é o que está
presente em maior concentração no sistema papel/óleo degradado. Pode-se determinar o
teor dos derivados do furano solúveis no óleo isolante, utilizando-se os seguintes métodos
de ensaio:
60

 Colorimetria.
 Neste método uma solução colorida tem o seu espectro analisado. Esse é dado
pela reação do 2-FAL com a anilina, acrescentada na amostra, e formado após
a luz refletida do composto passar por uma rede de difração. A determinação
da concentração do 2-furfuraldeído é estimada em função da absorbância,
absorção de luz numa frequência bem definida, no caso a região do UV-VIS.
 Cromatografia Líquida de Alta Eficiência - CLAE ou HPLC - High performance
liquid chromatography
 Neste ensaio a concentração do 2-FAL e dos demais produtos da degradação
celulósica (5-hidroximetil-2-furfuraldeído, álcool furfurílico, acetil-furano e 5-
metil-2-furfuraldeído) é identificada e quantificada por meio de detectores
associados ao cromatógrafo (Figura 5.7) e apresentada em um computador.
Uma vez conhecida a concentração de 2-FAL é possível determinar o GP.

Figura 5.7 - Sistema cromatográfico


Fonte: PFARMA [37]
Tendo em mente que o GP é um indicador da variação das propriedades mecânicas
do papel e fator determinante da vida útil do isolante e sabendo-se que durante o processo
de envelhecimento há produção de 2-FAL, foram desenvolvidos modelos matemáticos
capazes de correlacionar as duas variáveis. A observação empírica levou à Equação 5.18
[38]:

log(2𝐹𝐴𝐿) = 𝑎 + 𝑏 × 𝐺𝑃 (5.18)

Em que a e b são constantes determinadas pelo modelo de degradação do papel


utilizado e 2FAL é a concentração de 2-furfuraldeído em miligrama por litro de óleo -
61

mg/l. Os modelos principais são: Burton (Equação 5.19), Vuarchex (Equação 5.20),
Chendong (Equação 5.21) e De Pablo (Equação 5.22) [38].

log[2𝐹𝐴𝐿] = 2,5 − 0,0046𝐺𝑃 (5.19)

log[2𝐹𝐴𝐿] = 2,6 − 0,0049𝐺𝑃 (5.20)

log[2𝐹𝐴𝐿] = 1,5 − 0,0035𝐺𝑃 (5.21)

𝐺𝑃([2𝐹𝐴𝐿] + 2,3) = 1850 (5.22)

A partir destes modelos é possível criar gráficos (Figura 5.8 e Figura 5.9) do 2-FAL
em função do GP e do tempo de operação do transformador, utilizados no
acompanhamento da concentração do composto no equipamento.

Figura 5.8 - Concentração de 2-FAL em função do GP


Fonte: CHENDONG in [3]
62

Figura 5.9 – Avaliação do estágio de envelhecimento do isolamento celulósico


Fonte: CHENDONG in [3]
Em que:

 A – Zona de envelhecimento anormal.


 B – Zona de envelhecimento normal.
 C – Zona de envelhecimento lento.

Pelo ponto de vista do diagnóstico do estado do papel, concentrações maiores do


que 0,5 mg/l e menores do que 1,0 mg/l são significativas e o isolante deve ser monitorado
com atenção. Valores acima de 1,0 mg/l pode ser proveniente da completa degradação
de cerca de 5% do total de papel e isso é motivo de preocupação e pode requerer
intervenção imediata.

Uma vez determinada a concentração de 2-furfuraldeído, é possível calcular o


tempo de operação (toperação) do transformador pela Equação 5.23 [3].

log[2𝐹𝐴𝐿] + 1,3
𝑡𝑜𝑝𝑒𝑟𝑎çã𝑜 = (5.23)
0,06

Ao analisar a correlação entre o GP e o teor de 2-furfuraldeído, deve-se considerar


[3].
63

 Local da coleta da amostra


 Projeto do transformador – relação óleo/papel, tipo de papel e de sistema de
preservação etc.
 Defeito incipiente do tipo ‘ponto quente localizado’
 Tempo real de operação e regime de carga durante esse tempo
 Condições do óleo isolante – acidez, tensão interfacial, rigidez, umidade,
partículas etc.
 Teor de umidade do isolamento celulósico

5.5 ENSAIO DE CORRENTE E TENSÃO ELÉTRICA


As grandezas elétricas usualmente monitoradas são a corrente e a tensão. Esses
parâmetros fornecem informações importantes sobre o estado do equipamento que podem
ser utilizadas para entender a sua condição de operação no momento da execução dos
ensaios de vibração e de termometria. A corrente elétrica, por exemplo, está intimamente
ligada à temperatura de operação do sistema e à calibração dos seus relés de proteção.
Enquanto o monitoramento da tensão pode esclarecer aspectos sobre o estado ou
capacidade de carga de um banco de baterias.

Nos sistemas com transformadores de potência, os ensaios são executados com o


auxílio de transformadores de instrumentação (Figura 5.10), equipamentos capazes de
fazer a redução da corrente ou da tensão para níveis seguros aos circuitos medidores com
amperímetros, analisadores de energia e sensores. Estes analisadores permitem a análise
do comportamento espectral dos parâmetros elétricos, ferramenta importante na análise
de correntes harmônicas, grandezas relacionadas à perda de eficiência, ao surgimento de
sobretensões e à redução da vida útil de transformadores.
64

Figura 5.10 - Transformadores de instrumentação


Fonte: ARTECHE [39]
Uma alternativa na tecnologia de medição em subestações são os transformadores
óticos (Figura 5.11), equipamentos capazes de fazer a aquisição de corrente e tensão com
precisão maior do que os transformadores de instrumento convencionais, além de
possuírem alta imunidade aos efeitos eletromagnéticos e ocuparem menos espaço. Nestes
transformadores os sinais de tensão e corrente são digitalizados e transmitidos aos painéis
de controle onde podem ser processados e analisados em softwares especializados.

Figura 5.11 - Transformador de instrumentação ótico.


Fonte: PAC WORLD [40]
65

5.6 ENSAIOS DAS CARACTERÍSTICAS DIELÉTRICAS DA


ISOLAÇÃO
As características dielétricas de um isolante são de extrema importância, pois são
fatores que garantem a eficiência da isolação e do equipamento elétrico. É importante
estar atento à possibilidade de ruptura dielétrica pois caso ocorra, correntes elétricas se
estabelecem, que podem não somente danificar o equipamento como também causar
graves acidentes aos operadores e mantenedores. A seguir serão apresentados os
principais ensaios utilizados para acompanhamento do dielétrico.

5.6.1 Ensaio de resistência de isolamento7


Mede-se a resistência de isolamento ao determinar a ‘corrente de fuga’ a partir da
aplicação de tensão contínua, no material isolante, respeitando-se o limite máximo
imposto pela classe de tensão do equipamento. Esse ensaio permite monitorar o estado de
conservação da isolação, através da análise das características do dielétrico, de
disjuntores, transformadores, motores, geradores, cabos etc. O ensaio é executado
utilizando-se um megômetro (Figura 5.12), digital ou analógico. Estes instrumentos são
capazes de fazer medições de resistência de isolamento da ordem de teraohms – TΩ e
aplicar tensões de 500 V até 20 kV (para ensaios em transformadores de grande porte),
além de ser portáteis e possuírem bateria interna, no caso de não haver alimentação da
rede. Acompanha o megômetro, os cabos para o ensaio e em modelos mais robustos, é
possível fazer a transferência de dados de medições para o computador. Conforme a
ABNT [9], a norma utilizada para intepretação dos resultados do ensaio de resistência de
isolamento é a NBR 7036.

7
Resistência que o isolante oferece ao surgimento de corrente elétrica, chamada também de ‘corrente de
fuga’, quando aplicada uma tensão no meio dielétrico.
66

Figura 5.12 - Megômetro utilizado no ensaio de resistência elétrica.


Fonte: MEGGER (2014) [41]

5.6.1.1 Fatores que afetam a resistência de isolamento

Conforme NEMÉSIO SOUSA, os principais fatores que afetam os resultados da


medição da resistência de isolamento, são [3].

 Condições da superfície: poeira, sujeira, ferrugem etc.


 Temperatura: grandeza que varia inversamente com a resistência de isolamento.
Ao efetuar as medidas, para que o diagnóstico seja preciso, a temperatura no
momento da aferição deve ser corrigida para um valor de referência dado por
norma ou pelo fabricante dos instrumentos de ensaio.
 Umidade: se o isolante estiver abaixo do ponto de condensação, forma-se uma
película de água que reduz drasticamente a resistência de isolamento no momento
da medição.
 Efeito da tensão do ensaio: para boas condições de operação, a resistência do
isolante não varia muito com a tensão aplicada, somente em casos onde ocorre
67

degradação ou fratura da isolação, ou para tensões acima do valor nominal do


equipamento.
 Duração do ensaio: a resistência de isolamento aumenta proporcionalmente com
o tempo de duração do ensaio. Para boas condições da isolação, após 10 ou 15
minutos é atingido um valor considerável estável, por outro lado, quando há algum
grau de impureza ou degradação, este valor é atingido em 1 ou 2 minutos.
 Efeito de carga residual: todo equipamento para ser efetivamente ensaiado deve
ser desenergizado, logo, para evitar que a carga residual interfira na medição, o
equipamento deve ser aterrado por um tempo suficiente, normalmente, não menos
do que quatro vezes o tempo do último ensaio.

5.6.1.2 Índice de absorção dielétrica

Um dielétrico é tão melhor quanto maior for a resistência que ele oferecer para a
passagem da corrente de fuga, contudo, os contaminantes, com destaque para a umidade,
podem reduzir consideravelmente a capacidade dielétrica do isolante. Um indicador
simples e eficiente para o acompanhamento da qualidade da isolação é o Índice de
Absorção Dielétrica – Iad, cuja descrição matemática é apresentada na Equação 5.24 [3].

𝑅60𝑠𝑒𝑔
𝐼𝑎𝑑 = (5.24)
𝑅30𝑠𝑒𝑔

Em que:

 R60seg: resistência de isolamento para ensaio de 60 segundos.


 R30seg: resistência de isolamento para ensaio de 30 segundos.

Para bons isolantes a resistência de isolamento cresce rapidamente em pouco


tempo. Sendo assim, um índice de absorção acima de 1,5 é sinal de que a isolação, em
geral, está em bom estado, mas para valores próximos de 1, ela é considerada pobre, tendo
em vista que a resistência tende a se tornar constante com pouco tempo de ensaio.

5.6.1.3 Índice de polarização

Este índice é semelhante ao anterior, com a diferença de que as resistências de


isolamento são medidas em ensaios de 10 minutos e 1 minuto. Este fator permite ter
68

conhecimento mais preciso do estado do dielétrico do que com o índice de absorção.


Assim como no caso do indicador anterior, quanto maior o índice de polarização melhor
a isolação e valores menores do que 1 representam perigo para o devido funcionamento
do equipamento. A descrição matemática do Índice de Polarização (Ip) é mostrada na
Equação 5.25 [3].
𝑅10𝑚𝑖𝑛
𝐼𝑝 = (5.25)
𝑅1𝑚𝑖𝑛

Em que:

 R10min: resistência de isolamento para ensaio de 10 minutos.


 R1min: resistência de isolamento para ensaio de 1 minuto.

Para a avaliação da isolação em função dos índices de absorção e de polarização,


recomenda-se a Tabela 5.19 como referência.

Tabela 5.19 - Valores recomendados para diagnóstico em função de Ip e Iad.

Condições de isolamento Índice de absorção Índice de polarização


Pobre < 1,0 < 1,0
Duvidoso 1,0 a 1,4 1,0 a 2,0
Aceitável 1,4 a 1,6 2,0 a 4,0
Bom > 1,6 > 4,0
Fonte: PAULINO (2014) [42].

5.6.1.4 Correção da temperatura de ensaio

A ABNT recomenda uma temperatura para correção de 75°C contudo, é


amplamente utilizada na bibliografia especializada e pelos fabricantes 20°C como
referência, por isso a correção é comumente feita para esta temperatura [3].

Uma vez feito o ensaio, a correção da resistência para a temperatura de 75°C,


segundo a ABNT, é dada pela Equação 5.26 [3]. 5.1

𝑅𝜃
𝑅75°𝐶 = 75−𝜃
(5.26)
2 10

Em que:

 Rθ: resistência de isolamento para uma temperatura θ no momento do ensaio.


 θ: temperatura no momento da medição.
69

O expoente do denominador da Equação 5.26, também é conhecido por fator de


correção da temperatura e na sua ausência, a resistência de isolamento é determinada por
meio do valor tabelado pela NBR 7036 [3].

Dada a ampla aplicação entre os fabricantes de megômetros e pela extensa


bibliografia que adota a temperatura de 20°C como valor de referência, é interessante
mencionar que para fazer a correção, ao utilizar um fator em função da temperatura
ambiente, adota-se a Tabela 5.20, desenvolvida pela James Biddle Company [3].

Tabela 5.20 - Fatores de correção de temperatura de transformadores para 20°C

Temperatura Fator de Temperatura Fator de Temperatura Fator de


(°C) Correção (°C) Correção (°C) Correção
0 0,250 27 1,610 54 10,900
1 0,268 28 1,730 55 11,200
2 0,087 29 1,850 56 12,000
3 0,306 30 1,980 57 12,870
4 0,331 31 2,120 58 13,790
5 0,354 32 2,270 59 14,780
6 0,380 33 2,430 60 15,850
7 0,407 34 2,610 61 16,980
8 0,436 35 2,800 62 18,100
9 0,460 36 3,000 63 19,500
10 0,500 37 3,210 64 20,900
11 0,540 38 3,440 65 22,400
12 0,570 39 3,690 66 24,000
13 0,820 40 3,950 67 25,750
14 0,660 41 4,230 68 27,610
15 0,710 42 4,540 69 29,610
16 0,760 43 4,870 70 31,750
17 0,810 44 5,220 71 34,350
18 0,870 45 5,600 72 36,850
19 0,930 46 5,990 73 39,400
20 1,000 47 6,410 74 42,280
21 1,070 48 6,860 75 44,700
70

Temperatura Fator de Temperatura Fator de Temperatura Fator de


(°C) Correção (°C) Correção (°C) Correção
22 1,140 49 7,340 76 48,730
23 1,230 50 7,850 77 58,200
24 1,310 51 8,650 78 56,000
25 1,400 52 9,340 79 59,600
26 1,510 53 10,10 80 63,750
Fonte: JAMES BIDDLE in [3].

5.6.1.5 Perdas dielétricas

Materiais dielétricos, especialmente os sólidos, submetidos à tensão alternada


geram perdas internas que aumentam a sua temperatura. Estas perdas, substancialmente
maiores do que àquelas geradas por efeito joule (RI2) quando o isolante está sob uma
tensão contínua, chama-se perdas dielétricas. Elas variam com a temperatura, frequência,
teor de umidade, impurezas e contaminações do isolante e com a diferença de potencial,
ddp, aplicada.

Conforme SAHA (2008) [43], tendo em mente que um dielétrico pode ser
modelado como um circuito RC paralelo, pode-se definir o fator de perdas dielétricas
como a tangente do ângulo entre a corrente capacitiva (Ic) e a corrente total através do
isolante (It) também chamada de tangente de perdas - Figura 5.13. Neste caso, quanto
maior for Ir maiores serão as perdas dielétricas no isolante.

Figura 5.13 - Ângulo δ da tangente de perdas e modelagem do dielétrico.


Fonte: SENS E UETI (2014) [44]
71

5.6.1.6 Ensaios de resistência DC na avaliação do isolamento

Segundo NEMÉSIO SOUSA [3], os ensaios necessários para se avaliar o estado do


isolamento nos transformadores de potência, são:

 Resistência de isolamento a 1 minuto: ensaio básico para a determinação da


resistência. É aplicada uma ddp contínua compatível com a classe de tensão do
transformador e feita a medição após 1 min. São criadas curvas com os valores de
diversas medições e avaliadas o comportamento da resistência.
 Resistência de isolamento × tempo: ensaio em que se compara o efeito de
absorção do bom isolante com o ensaiado. Neste método aplica-se tensão contínua
e efetua-se leituras aos 15, 30, 45 e 60 segundos e a cada minuto até completar-se
10 minutos, os valores são plotados em escala logarítmica e avaliados. No ensaio,
os indicadores utilizados são o índice de absorção dielétrica e o índice de
polarização.
 Resistência de isolamento multitensão: neste método aplica-se duas tensões
contínuas, uma de cada vez, na proporção de 1:5 (1 kV e 5 kV, por exemplo) e, para
cada ensaio, efetua-se a leitura após 1 minuto. Para uma boa isolação, as resistências
de isolamento devem ser aproximadamente iguais e como indicador de qualidade
da isolação, a Equação 5.27 pode ser aplicada.

𝑅𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑟
< 1,25 (5.27)
𝑅𝑡𝑒𝑛𝑠ã𝑜 𝑚𝑎𝑖𝑜𝑟

 Tensão acima da nominal: este ensaio é executado quando a resistência de


isolamento ou índice de polarização ficam acima do valor mínimo recomendado.
Serve para verificar danos físicos no equipamento e degradação no dielétrico. As
tensões para os ensaios devem ser:
 Para equipamentos novos
 Ensaio fábrica: (2 × kVn + 1) × 1,7
 Ensaio no local de operação: (2 × kVn + 1) × 1,7 × 0,8
 Para equipamentos em operação
 Tensão de ensaio: k × kV × 1,7

Em que:

 kVn: tensão nominal do equipamento


72

 k: constante que varia de 1,25 a 1,5


 kV: classe de tensão
 1,7 é o fator conversão que autentica um ensaio em tensão DC feito em um
equipamento que opera em AC.

5.7 END - ENSAIOS NÃO DESTRUTIVOS


5.7.1 Ensaio de emissão acústica
Anomalias internas aos equipamentos, como defeitos e falhas, podem ser
identificadas por um END muito usual, denominado emissão acústica. A medição
acústica se caracteriza por ser uma técnica de inspeção preditiva, não invasiva, de fácil
aplicação, baixo custo, e simples para uso no campo.

Possibilita a realização de ensaios com o equipamento em operação, a detecção e


análise de defeitos em tempo real, possui relativa imunidade a ruídos eletromagnéticos e
pode permitir a localização tridimensional de defeitos.

I. Ultrassom

O ensaio de ultrassom é utilizado para se determinar emissões elétricas (arco


elétrico, corona e descargas parciais) provocadas por problemas na isolação do óleo. Estas
emissões produzem um som em alta frequência que é inaudível aos seres humanos, mas
detectável pelo transdutor piezoelétrico8 que é responsável por processar o ultrassom em
um sinal sonoro perceptível aos humanos.

Este ensaio é capaz de identificar uma falha insipiente muito antes de ocorrer
qualquer problema mais grave no equipamento além de não exigir o seu desligamento,
pelo contrário, deve-se inspecioná-lo energizado. O procedimento é similar ao utilizado
na inspeção termográfica e serve de complemento ao ensaio.

8
Materiais capazes de gerar um sinal elétrico quando sofrem deformação ou vice-versa.
73

II. Sinal Acústico

A premissa do ensaio do sinal acústico é considerar que um equipamento possui


uma assinatura acústica típica, um som de operação normal característico. Caso ocorra
alguma situação anormal, como um problema mecânico ou de regulagem, a assinatura
acústica altera e a mudança é detectada por um sensor eletrônico externo ao equipamento.

III. Energia Acústica

O método de energia acústica é mais apropriadamente descrito como uma técnica


de análise matemática em que se utiliza cálculo e processamento computacional para se
avaliar as condições de operação do equipamento por meio do estudo dos seus sinais
acústicos adquiridos no momento do ensaio.

5.7.2 Medição de ruído e vibração


Segundo FILIPIN et al (2003), transformadores de potência quando estão em
operação produzem vibrações que podem servir de fonte de estudo das suas condições de
funcionamento [45]. As causas principais são as forças magnetostrictiva9 nas lâminas do
núcleo e os sistemas de refrigeração compostos por bombas de óleo, ventiladores etc.

A vibração, por ser transmitida à carcaça e aos sistemas auxiliares do


transformador, gera ruídos e concentra-se no dobro da frequência da linha,
especificamente nas frequências de 120 Hz mais harmônicos [45]. A modificação da
distribuição da energia vibratória indica a deterioração da condição de operação do
equipamento.

5.7.3 Medição de descargas parciais


Descargas parciais são descargas elétricas localizadas que, parcialmente, produzem
uma corrente no isolante. Elas ocorrem devido a uma fragilidade na suportabilidade
dielétrica cuja evolução pode vir a acarretar graves consequências para os equipamentos
e para o sistema elétrico.

9
Forças de atração e repulsão. Consequência das interações dos campos magnéticos no núcleo do
transformador. São dependentes da corrente de carga.
74

A detecção gerada no interior de um sistema isolante é de fundamental importância


para se avaliar a existência de defeitos internos visto ser a técnica que mais
prematuramente consegue diagnosticar uma futura queda de suportabilidade elétrica.

Tradicionalmente, descargas parciais têm sido avaliadas pela medição dos pulsos
elétricos de alta frequência conduzidos em um circuito de medição específico, conforme
norma internacional IEC 60270 [4].

Dependendo da intensidade das descargas parciais, a vida útil do sistema isolante


poderá ser reduzida drasticamente. Inclusive, uma das finalidades do ensaio é contribuir
para determinação da relação existente entre as grandezas que regem as descargas e a
expectativa de vida útil do transformador, ou, na melhor das hipóteses, definir uma
expectativa mínima de vida antes que seja necessária alguma intervenção.

5.7.4 Ensaios de endoscopia ou boroscopia


Esta técnica baseia-se na inspeção visual para identificação de falhas. Por vezes a
desmontagem do equipamento se faz necessária e, para evitá-la, podem-se utilizar
câmeras, lentes ou fibras óticas introduzidos na máquina. Alguns equipamentos, como os
blindados a gás SF6, permitem a inspeção por meio de visores especialmente montados,
com isso não há a necessidade de desligamento ou desmontagem do equipamento.
75

6 A TÉCNICA PREDITIVA NO AMBIENTE DA SUBESTAÇÃO

6.1 INTRODUÇÃO
O plano mínimo de manutenção de instalação de transmissão elétrica da ANEEL,
recomenda, como ensaios na inspeção preditiva de transformadores de potência, a
termografia e a análise do óleo isolante [46]. Todavia, para se aplicar as técnicas de
predição de forma mais completa, neste Capítulo serão apresentados, além dos
recomendados pela ANEEL, os END de emissão acústica, medição de descargas parciais
e boroscopia, no ambiente de uma subestação.

6.2 ENSAIO DE TERMOGRAFIA


Para se executar a termografia em transformadores de potência, tanto a óleo quanto
a seco, primeiramente é essencial que o procedimento seja realizado por um profissional
especializado em termografia, denominado Termografista. Esse deve possuir
conhecimento ou informações sobre os componentes e equipamentos quanto às suas
funções e regime de operação, conhecer plenamente a operação do termovisor utilizado,
ter conhecimento dos requisitos de segurança da NR-10 e obedecer às práticas e normas
de segurança da empresa.

Na inspeção de transformadores existem vários modelos de instrumentos de


medição de temperatura – Figura 5.3. Estes equipamentos são capazes de produzir
termogramas de alta resolução e apresentar as temperaturas em função da variação da
emissividade. Além disso, o termovisor tem a possibilidade de ser parametrizado quanto
à umidade do ar, temperatura ambiente, distância do objeto e outras variáveis que afetam
as medições. Com o auxílio de um software de análise, é possível fazer o estudo das
condições de temperatura dos transformadores inspecionados seja no momento da
inspeção ou após, com o auxílio de um computador. Uma norma importante como guia
para verificação de termovisores, segundo a ABNT [9], é a NBR 15718. Estes
instrumentos devem possuir certificado de calibração com rastreabilidade reconhecida e
devem ser adequados ao tipo de inspeção a ser executada.
76

Além dos termovisores, para execução do ensaio deve-se utilizar um termo-higro-


anemômetro10 e um amperímetro tipo alicate, útil quando há desconfiança de
sobrecorrente como causa do aquecimento em excesso ou para se entender as condições
de operação do transformador de potência. Estes instrumentos também devem estar
devidamente aferidos e calibrados.

Na Seção 5.2.1, foi apresentada a metodologia de avaliação de temperatura dos


equipamentos inspecionados, de acordo com a ABNT [9], pelas normas NBR 15424 e
NBR 15866. Contudo, quanto ao critério de definição de periodicidade de inspeção, a
NBR 15763 recomenda [47]:

 A cada alteração de sazonalidade11 devido ao aumento de demanda.


 Antes das paradas programadas para a execução da manutenção preventiva ou
corretiva e reinspeção após as correções e/ou intervenções.
 Após a instalação de novos componentes ou aumento de carga no sistema.
 Após a alteração do projeto da instalação.
 Após a ocorrência de curtos-circuitos.
 Após a primeira energização com carga da instalação.

A termografia deve ser executada não somente para se avaliar a temperatura da


carcaça, mas também dos demais componentes do transformador de potência, como as
buchas AT e BT, tanque de expansão (no caso de transformadores a óleo) e pontos de
conexões.

As inspeções termográficas nos transformadores de potência devem ser feitas em


um período máximo de seis meses com uma tolerância de um mês. Contudo, a
periodicidade pode ser menor em casos recorrentes de anomalias térmicas graves, para
circuitos de alta importância, quando há risco à segurança humana ou para circuitos com
flutuações acentuadas de carga onde tenham sido detectadas falhas térmicas. Para

10
Instrumento portátil digital que, por meio de sensores dedicados, determina a temperatura, a umidade
relativa do ar e a velocidade do vento no ambiente de ensaio.
11
Mudança em função da época do ano, por exemplo, com a variação da estação.
77

sistemas de subestações com fator de carga12 inferior a 50% ou com acompanhamento


regular de inspeções, a periodicidade pode ser maior do que seis meses.

A NBR 15572 orienta, em vários pontos, como os procedimentos devem ser


executados [48]. Dentre eles, é importante que os ensaios de termografia sejam evitados
no período diurno pois o reflexo e o carregamento solar influenciam os resultados das
medições. Caso seja inevitável, recomenda-se realizar as inspeções pela manhã, nas
primeiras horas do dia e além disso, deve-se observar o mesmo objeto em ângulos
distintos a fim de evitar influência do reflexo solar. Segundo a ABNT NBR 15572,
inspeções com vento acima de 20 km/h devem ser evitadas e em caso de chuva, garoa ou
neblina, não devem ser realizadas. Após a estiagem, esperar no mínimo 1 h para iniciar o
trabalho. Deve-se ficar atento à umidade do ar pois caso esteja acima de 90% o ensaio
não deve ser executado.

Uma vez que tenha sido encontrado um ponto quente, com suspeita de falha
incipiente por origem térmica, a NBR 15572, recomenda [48]:

 Produzir uma imagem considerando o melhor ajuste de foco, distância e ângulo.


 Fazer a correção das medições como apresentado na Seção 0.
 Adquirir o valor da corrente elétrica do transformador sob ensaio e verificar se
houve variação significativa na curva de carga no período de 1 h que antecedeu
ao ensaio. Caso positivo, aguardar o equilíbrio térmico.
 Identificar e registrar os dados que permitam a localização do ponto, como
informações do equipamento, fase, número do circuito e tensão de operação.
 Obter, além dos termogramas (Figura 6.1 e Figura 6.2), uma imagem visual do
transformador com suposta falha/defeito e, sempre que possível, um termograma
de uma referência, como um transformador cuja operação esteja dentro da
normalidade.

Ao final do ensaio, deve-se elaborar um registro de resultados onde deve constar


informações como a identificação do transformador, as suas condições de operação,
especificação do termovisor utilizado, os termogramas com indicação das falhas/defeitos
etc.

12
Razão entre a demanda média e a demanda total, dentro de um intervalo de tempo. Pode assumir valores
de 0 a 1 e serve como indicador de qualidade do serviço da instalação elétrica.
78

Figura 6.1 - Termograma em transformador a óleo.


Fonte: MARQUES (2018) [49].

Figura 6.2 - Termograma em transformador a seco.


Fonte: SIMAT [50]

6.3 ENSAIOS DO ÓLEO ISOLANTE


Um dos ensaios essenciais recomendado pela ANEEL para a compreensão do
estado de operação dos transformadores de potência é a análise do óleo isolante. Como
visto na Seção 5.3, este ensaio pode ser divido em Análise Físico-química e na AGD -
Análise de Gases Dissolvidos, que são capazes de determinar a qualidade do óleo e
detectar falhas incipientes em função da presença de vários tipos de compostos
contaminantes ou pela variação de suas propriedades físico-químicas, como: água,
79

dióxido de carbono, hidrocarbonetos, rigidez dielétrica etc. Segundo a ABNT [9], a norma
que orienta sobre a supervisão e manutenção da qualidade do óleo isolante em
equipamentos é a NBR 10576. Ensaios relacionados ao óleo não são executados em
transformadores a seco pois estes utilizam ar como isolante.

O ensaio de óleo isolante é executado por laboratórios especializados no


procedimento. Apesar de ser importante e essencial para a inspeção preditiva, os ensaios
físico-químico e de cromatografia gasosa são complexos e dispendiosos. Sendo assim,
normalmente o engenheiro de manutenção é responsável por fazer a retirada da amostra
e enviar para um laboratório especializado. Apesar disso, é essencial o conhecimento dos
métodos utilizados (Seção 5.3) e dos valores de referência (dados por norma, por exemplo
a IEC 60599 [9]) e pelo fabricante do equipamento, pois o engenheiro é responsável por
dar e compreender o diagnóstico do estado do transformador além de recomendar uma
ação interventiva.

Uma amostra de óleo, para se efetuar o ensaio, deve ser preparada com cuidado,
pois durante o processo é possível ocorrer contaminação originária da má manipulação
do kit de coleta, o que acarretaria em um falso diagnóstico. Segundo a ABNT [9], como
guia para amostragem de líquidos isolante utiliza-se a NBR 8840. Nela, destacam-se os
seguintes pontos, referente ao procedimento de retirada de óleo, conforme o guia para
coleta de amostras de óleo isolante da INFRARED SERVICE [51].

 O recipiente de armazenagem recomendado é frasco de vidro escuro ou seringa


de vidro – Figura 6.3.
 A coleta deve ser executada quando a umidade relativa do ar estiver inferior a
70%.
 Para cromatografia gasosa o volume de óleo utilizado é de 20 ml e para o ensaio
físico-químico é de 1 litro.
 Deve-se abrir o registro de coleta lentamente e, no caso de existir vácuo no
transformador, desabilitar o relé de súbita pressão13 e fazer a coleta do óleo.
 Preparar uma etiqueta informativa para os frascos e seringas de óleo onde devem
constar dados de identificação do transformador como: número de série, tensão,
potência, temperatura do óleo, tipo do óleo, ano de fabricação etc.

13
Instrumento de proteção contra variações bruscas de pressão interna no transformador de potência.
80

 Limpar a válvula ou dreno com pano limpo antes da instalação do kit de coleta.
 Fazer a retirada de 1 a 2 litros de óleo para limpeza interna da válvula. No caso de
transformadores de pequeno porte, drenar somente o mínimo necessário.
 Após a limpeza, encher cerca de metade do frasco de vidro, fazer o enxágue e
esvaziá-lo. Em seguida, fazer a coleta enchendo o frasco até o máximo possível,
cuidando para que não haja a formação de bolhas, e tampá-lo.
 No caso da seringa, após a limpeza enchê-la por completo lentamente e desprezar
o óleo. Enchê-la novamente, fechar a válvula da seringa e o registro de saída de
óleo do transformador.
 Por fim, deixar a seringa em repouso até que qualquer bolha de ar se concentre na
sua parte superior, abrir a válvula e deixar sair o ar. Importante que tenha, no
mínimo, 20 ml de óleo na seringa.

Figura 6.3 - Frascos e seringas de vidro para coleta de óleo.


Fonte: INFRARED SERVICE [51]
Dentre os gases verificados na aplicação da AGD há a possibilidade de determinar
o teor de monóxido e dióxido de carbono. Entretanto, o 2-FAL, o composto de furano
mais relevante para a análise da degradação sólida do isolamento do transformador, dilui
no óleo e não é detectável por cromatografia gasosa [3]. Para resolução deste problema,
os laboratórios utilizam a cromatografia líquida de alta resolução como método
normalizado pela ASTM D 5837 [52] para se detectar os compostos do furano. Conforme
a ABNT [9], a norma utilizada na determinação do 2-FAL é a NBR 15349 e conhecendo-
se a concentração deste composto, é possível estimar a vida útil do transformador,
correlacionada ao grau de polimerização (ver Seção 5.4.1) do isolamento sólido
especificado pelo fabricante ou pela norma NBR 5356 [9]. Segundo a ANEEL [46], os
ensaios físico-químicos devem ser feitos a cada 24 meses com uma tolerância máxima de
81

4 meses, enquanto a AGD deve ser executada a cada 6 meses com uma tolerância de 1
mês.

O método apresentado faz parte do procedimento tradicional de ensaio de óleo


isolante. Contudo, nas últimas décadas, foram desenvolvidas tecnologias (bastante úteis
em transformadores de grande porte) capazes de fazer a análise de algumas características
do óleo e dar o diagnóstico em campo, ou seja, sem a necessidade de contratação dos
serviços de um laboratório. Alguns instrumentos são capazes de fazer os ensaios físico-
químicos e de AGD sem que seja necessária retida de uma amostra e permitem o
acompanhamento contínuo do estado do óleo isolante, além de oferecerem a opção de
comunicação digital ou analógica, o que torna o ensaio mais seguro pois a análise pode
ser apresentada à distância na tela de um computador. Vale lembrar que, apesar de
versáteis, estes instrumentos são caros e para estudos mais aprofundados, o método
tradicional pode retornar resultados mais abrangentes. Alguns exemplos de tecnologias
utilizadas nos ensaios do óleo isolante [53].

 Kelman DGA 900 (Figura 6.4) e Hydran M2 (Figura 6.5) da GE: instrumentos
capazes de determinar as concentrações de Hidrogênio (H2), Oxigênio (O2),
Nitrogênio (N2), Óxidos de Carbono (CO e CO2) e Hidrocarbonetos (Metano -
CH4; Acetileno - C2H2; Etileno - C2H4 e Etano - C2H6), que são os principais gases
gerados das falhas no óleo ou no papel isolante. Podem também verificar a
concentração de H2O, produto da degradação celulósica. Possuem alarme de
níveis de gás, mudança na taxa de gás e nível de umidade relativa. É possível
acrescentar sensores de medição de carga e temperatura do óleo.

Figura 6.4 - Kelman DGA 900


Fonte: GE [53]
82

Figura 6.5 - Hydran M2.


Fonte: GE [53]

 Kelman Transport X2 da GE (Figura 6.6): conhecido por laboratório portátil,


este instrumento é um dos avanços na análise de óleo. Como nos instrumentos
anteriores, ele é capaz de detectar a presença de H2, CH4, C2H2, C2H4, CO, CO2 e
C2H6 além de H2O. Por ser portátil, é um instrumento versátil e capaz de ser
utilizado em mais de um transformador bastando somente retirar a amostra de óleo
referente ao equipamento de interesse.

Figura 6.6 - Kelman Transport X2


Fonte: GE [53]
83

6.4 Ensaios Não Destrutivos


6.4.1 Detecção de descargas parciais
As normas que descrevem o método de medição e localização de descargas parciais
são as NBR 15633, IEC 60270 e IEEE C57.127 [9]. Este ensaio serve de complemento
para a AGD e pode ser executado utilizando-se um sistema de medição associado a
sensores de emissão acústica - Figura 6.7.

Conforme MARQUES et al [4], a aplicação mais usual do ensaio de emissão


acústica, os sensores sensíveis às altas frequências das descargas parciais são instalados
na carcaça dos transformadores de potência a óleo e os sinais, quando detectados, são
enviados para instrumentos especializados em processar os dados e apresentá-los em
gráficos 2D e 3D.

Figura 6.7 - Sistema de medição de descargas parciais


Fonte: HIGH VOLT [54]
No ensaio de detecção de descargas parciais utilizam-se instrumentos capazes de
adquirir, simultaneamente, dados por meio de diversos canais e apresentá-los em um
gráfico numa tela LCD, como o ICMcompact da High Volt [55]. Por meio de software
dedicado, é possível identificar onde ocorre a falha internamente ao transformador de
potência e, com este dado, associá-la aos resultados da AGD para que o diagnóstico seja
preciso.
84

Figura 6.8 - ICMcompact para medição de descargas parciais.


Fonte: HIGH VOLT [55]
Uma alternativa tecnológica e também um avanço para o ensaio de medição de
descargas parciais em transformadores de potência são os instrumentos compactos e
portáteis como o AQUILA da TECHMP - Figura 6.9. Capazes de se comunicar via WiFi
ou bluetooth, estes instrumentos representam uma solução prática e versátil na engenharia
de manutenção.

Figura 6.9 - Sistema compacto de medição de descargas parciais.


Fonte: TECHIMP [56]
Outro instrumento capaz de detectar o ultrassom gerado pelas descargas parciais,
mas de forma mais direta, são os medidores ultrassônicos tipo pistola como mostrado na
Figura 6.10. Eles são capazes de detectar ondas sonoras de 20 a 100 KHz, podem fazer
gravação de dados e armazenamento e possuem um software dedicado a análise dos
dados.
85

Figura 6.10 - Medidor ultrassônico tipo pistola


Fonte: INSTRONIC [57]

6.4.2 Técnica de inspeção visual


Segundo a ANEEL, o plano mínimo de manutenção de instalação de transmissão
elétrica contempla as inspeções visuais [46].

“As inspeções visuais devem ser realizadas regularmente visando verificar o estado geral
de conservação da subestação, incluindo a limpeza dos equipamentos, a qualidade da
iluminação do pátio e a adequação dos itens de segurança (por exemplo, extintores e
sinalização). Durante as inspeções visuais devem ser verificados, entre outras coisas, a
existência de vazamentos de óleo nos equipamentos e de ferrugem e corrosão em equipamentos
e estruturas metálicas, a existência de vibração e ruídos anormais, o nível de óleo dos principais
equipamentos e o estado de conservação dos armários e canaletas e as condições dos
aterramentos”.
Apesar da inspeção visual recomendada pela ANEEL ser externa ao transformador
de potência, é possível a utilização de instrumentos capazes de fazer também a inspeção
internamente ao equipamento. Esta inspeção, também conhecida como boroscopia, é
executada por meio dos videoscópios (Figura 6.11), instrumentos adaptados com câmeras
e visores capazes de serem inseridos no transformador de potência desenergizado. Eles
podem inspecionar regiões de difícil acesso com sua câmera flexível e fazer gravações de
vídeo para posterior análise da região interna do transformador.
86

Figura 6.11 - Videoscópio ou boroscópio.


Fonte: FLIR [58]
No caso de transformadores de potência de grande porte, refrigerados a óleo, o
ensaio de boroscopia, apesar de ser aplicável a todos os modelos de transformador de
potência, pode requerer o esvaziamento do líquido isolante do equipamento. Todavia,
atualmente, novas soluções tecnológicas têm sido desenvolvidas. Destaque ao TXplore
da ABB - Figura 6.12. Este instrumento é capaz de fazer a inspeção visual interna em
transformadores a óleo de grande porte sem a necessidade de retirar o líquido isolante ou
da presença de um operador. Dessa forma, os custos devido à necessidade de retirada e
de armazenagem do óleo isolante são inexistentes e a segurança do mantenedor é maior,
pois ele não precisará se expor a um ambiente confinado e hostil.

Figura 6.12 - ABB Ability TXplore


Fonte: ABB [59]
87

O TXplore possui lanternas para iluminação, é capaz de fazer gravações e transmiti-


las por meio de comunicação wireless e faz o monitoramento em tempo real do ambiente
interno do transformador de potência, além de ser controlável remotamente.
88

7 CONCLUSÕES
As técnicas preditivas na manutenção de transformadores de potência são
ferramentas poderosas no acompanhamento e no diagnóstico destes equipamentos.

Nesse TCC foi visto que, com o monitoramento periódico do estado do isolamento
elétrico do equipamento, por meios dos ensaios dielétricos, é possível se antecipar às
ocorrências de defeitos ou falhas nos transformadores a óleo e a seco, e tomar as ações
cabíveis para mantê-lo em conformidade.

Outras monitorações, como a termografia, a análise do óleo isolante e a


cromatografia, por exemplo, sevem para acompanhar, preditivamente, a performance do
equipamento e se antecipar a situações indesejáveis em sua condição operacional.

Adotando o procedimento adequado, os custos são reduzidos, pois as paradas não


programadas são evitadas, a disponibilidade aumenta e a confiabilidade na segurança da
subestação e da indústria é crescente.

Neste TCC foram abordados, no Capítulo 4, os principais aspectos construtivos dos


transformadores de potência, em que podem ser vistos diferentes sistemas de refrigeração
destes equipamentos, afim de se mostrar a complexidade de seu projeto e contextualizar
os diversos ensaios preditivos aplicáveis nos transformadores a óleo e a seco.

O TCC teve como foco principal, contemplar os métodos para acompanhamento do


estado de operação dos transformadores de potência e a avaliação destes equipamentos
em função das informações levantadas por meio dos ensaios preditivos. Esse objetivo foi
alcançado, uma vez que, no Capítulo 2 foram apresentadas as principais técnicas
preditivas de manutenção elétrica, enquanto que, no Capítulo 5, foram descritos os
ensaios nos transformadores, seus aspectos teóricos, os cuidados ao executá-los, as
análises dos fatores de influência na interpretação dos resultados e diagnóstico das
condições dos equipamentos.

Este trabalho teve, como fundamentação teórica, a bibliografia pertinente ao


assunto da disciplina Manutenção e Operação de Equipamentos Elétricos, normas
técnicas referentes a cada ensaio, dados dos fabricantes e a literatura especializada sobre
o tema.
89

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