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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

OPERAÇÃO DE GRUPOS MOTOR-GERADOR INSTALADOS NO


CENTRO DE REFERÊNCIA TECNOLÓGICA DA EMBRATEL

Rodrigo Vieira Pimentel Correia

2017
OPERAÇÃO DE GRUPOS MOTOR-GERADOR INSTALADOS NO
CENTRO DE REFERÊNCIA TECNOLÓGICA DA EMBRATEL

Rodrigo Vieira Pimentel Correia

Projeto de graduação apresentado ao curso de


Engenharia Elétrica da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos à obtenção do título de
Engenheiro.

Orientador: Sebastião Ércules Melo de Oliveira,


D. Sc.
Coorientador: Carlos Ribeiro da Cunha, Ph. D.

Rio de Janeiro
Junho de 2017
OPERAÇÃO DE GRUPOS MOTOR-GERADOR INSTALADOS NO CENTRO
DE REFERÊNCIA TECNOLÓGICA DA EMBRATEL

Rodrigo Vieira Pimentel Correia

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO


DE ENGENHARIA ELÉTRICA DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO ELETRICISTA.

Examinado por:

____________________________________________

Prof. Sebastião Ércules Melo de Oliveira, D. Sc.


(Orientador)
____________________________________________

Prof. Carlos Ribeiro da Cunha, Ph. D.


(Coorientador)
____________________________________________

Prof. Sergio Sami Hazan, Ph. D.

____________________________________________

Prof. Richard Magdalena Stephan, Dr. -Ing.

RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL

JUNHO DE 2017
Correia, Rodrigo Vieira Pimentel
Operação de Grupos Motor-Gerador Instalados no Centro
de Referência Tecnológica da Embratel/ Rodrigo Vieira
Pimentel Correia. Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica,
2017.
XI, 83 p.: il; 29,7 cm.
Orientador: Sebastião Ércules Melo de Oliveira
Coorientador: Carlos Ribeiro da Cunha
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia Elétrica, 2017.
Referências Bibliográficas: p. 68-69.
1. Gerador síncrono 2. Grupos motor-gerador. 3. Operação. 4.
Sistemas de emergência. 5. Centro de Referência Tecnológica
da Embratel. I. Oliveira, Sebastião Ércules Melo de et al. II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica,
Curso de Engenharia Elétrica. III. Operação de Grupos Motor-
Gerador Instalados no Centro de Referência Tecnológica da
Embratel.

iii
AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha esposa e amiga Letícia, por acreditar e caminhar comigo.

A minha família e meus sogros, que sempre foram à base e motivação para as minhas
conquistas.

A meu orientador e mestre Sebastião, e, em especial, ao professor Richard.

Aos colegas que ajudaram neste trabalho: André Luís, Sergio e Francisco.

Aos amigos Vinícius e Lílian, professores e colegas.

iv
Resumo do projeto de graduação apresentado ao Departamento de Engenharia Elétrica
da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos
requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.

Operação de Grupos Motor-Gerador Instalados no


Centro de Referência Tecnológica da Embratel

Rodrigo Vieira Pimentel Correia

Junho/2017

Orientador acadêmico: Sebastião Ércules Melo de Oliveira


Coorientador: Carlos Ribeiro da Cunha
Curso: Engenharia Elétrica

O presente trabalho objetiva apresentar a descrição, o acionamento e a operação dos


grupos motores geradores, instalados no Centro de Referência Tecnológica (CRT), da
Embratel. Neste trabalho se aborda a base teórica, o projeto e o funcionamento na
planta ativa. Com o intuito de delimitar um tema tão abrangente quanto o de um
sistema de emergência de energia elétrica, o assunto foi limitado aos aspectos de
acionamento, operação e construção dos motores geradores, com uma descrição geral
do sistema de emergência. O sistema de motores geradores em paralelo é importante
para garantir confiabilidade, qualidade e expansão de demanda de energia elétrica. Isto
requer planejamento de projeto e execução, o qual abrange desde conhecimentos
teóricos e de funcionamento das máquinas que compõem o sistema, até o projeto do
sistema que controla a partida e o paralelismo da usina. Dessa forma, este trabalho
apresenta os aspectos teóricos das partes constituintes de motores geradores,
discorrendo sobre baterias de partida, motor CC de partida e gerador síncrono acoplado
a motor a diesel. Este trabalho apresenta também os aspectos da construção e
funcionamento do sistema de motores geradores, com a interligação das suas partes
constituintes, do sistema de acionamento, do sistema de sincronização e sua
automatização. Por fim, apresenta-se o sistema de emergência completo, com a
integração do sistema de motores geradores e medições de uso.

Palavras-chave: gerador síncrono; grupos motor-gerador; operação; sistemas de


emergência; Centro de Referência Tecnológica da Embratel.

v
Abstract of the undergraduate project presented to the Electrical Engineering
Department of the Polytechnic School of the Federal University of Rio de Janeiro, as
partial fulfillment requirements for the degree of Electrical Engineer.

Operation of Motor-Generator Sets Installed in


the Technological Reference Center of Embratel

Rodrigo Vieira Pimentel Correia

June/2017

Academic advisor: Sebastião Ércules Melo de Oliveira


Co-advisor: Carlos Ribeiro da Cunha
Course: Electrical Engineering

The present report aims to present the description, electrical drive and operation of the
motor generator sets, installed in the Technological Reference Center, at Embratel. In
this research, the theoretical basis, project and functioning of the active plant are
addressed. In order to delineate such a comprehensive subject as the emergency power
system, the object was limited to aspects of electrical drive, operation and construction
of the motor generator sets, with an overview of the emergency system. The motor
generator system operating in parallel is important to ensure reliability, quality and
expansion in the supply of electrical energy. This implies planning in construction and
performance, which encompasses from theoretical knowledge in construction and
functioning of electrical machines that compose the system, to the project of the system
that controls the electrical drive and the parallelism of the plant. Therefore, this
research presents the theoretical aspects of the constituents of motor generator sets,
addressing electrical driving batteries, starting CC motor and synchronous generator
connected to a diesel engine. This paper also presents the aspects of construction and
functioning of the motor generator system, with the interconnection of its constituent
parts, of the driving system, of the synchronization system and its automation. At last,
the full emergency system is presented, with the integration of its motor generator set
and usage measurement.

Keywords: synchronous generator; motor-generator sets; operation; emergency


systems; Technological Reference Center of Embratel.

vi
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização do Centro de Referência Tecnológica (CRT) (GOOGLE


MAPS, 2017) ............................................................................................................... 3
Figura 2 - Sistema de controle com realimentação negativa ..................................... 14
Figura 3 - Sistema de controle do motor do GMG .................................................... 15
Figura 4 - Fluxograma do funcionamento do sistema do GMG ................................ 29
Figura 5 - Foto do GMG instalado............................................................................. 32
Figura 6 - Tanque de combustível auxiliar e banco de baterias ................................. 33
Figura 7 - Superior esquerdo: foto de frente do GMG, superior direito: quadro de
bornes, e inferior: painel de instrumentos do motor, com manômetro, indicador de
combustível e sistema de super-emergência de partida no modo manual ................. 51
Figura 8 - Esquema do tanque diário do GMG .......................................................... 36
Figura 9 - Esquema de interligação das baterias de partida do GMG ....................... 37
Figura 10 - Atuação do regulador de frequência ....................................................... 41
Figura 11 - Diagrama de blocos do regulador automático de tensão ......................... 42
Figura 12 - Relação de proteção contra subfrequência .............................................. 42
Figura 13 - Controladora do GMG ............................................................................ 43
Figura 14 - Esquematização do controle dos grupos geradores em paralelo e em
stand-by(espera) com a rede convencional de energia elétrica .................................. 44
Figura 15 - Diagrama do sistema de distribuição do CRT ........................................ 46
Figura 16 - Diagrama unifilar - subsistema de entrada de energia ............................ 48
Figura 17 - Diagrama unifilar - subsistema dos quadros gerais ................................ 48
Figura 18 - Diagrama unifilar - subsistema da usina de emergência ......................... 49
Figura 19 - Diagrama unifilar - Detalhe do transformador a seco, 500 kVA, 13,8 /
220 V.......................................................................................................................... 49
Figura 20 - QGU (Quadro Gerenciador de Usina) e USCA (Unidade de Supervisão
de Corrente Alternada)............................................................................................... 51
Figura 21 - Quadro de distribuição e comutação de rede / usina ............................... 51
Figura 22 - Diagrama unifilar do subsistema referente aos GMGs e quadros de
potência da usina ........................................................................................................ 53
Figura 23 - Diagrama unifilar do sistema de energia do CRT, com ênfase no fluxo
energia através da rede convencional ........................................................................ 54
Figura 24 - Diagrama unifilar do sistema de energia do CRT, com ênfase no fluxo
energia através da usina de emergência ..................................................................... 55
Figura 25 - Foto do local da medição ........................................................................ 59
Figura 26 - Controladores da usina, módulos de rede QTA - 1 e QTA -2 ................ 60
Figura 27 - Controladoras da USCA - Módulos de controle 1, 2 e 3, referente a cada
GMG .......................................................................................................................... 61
Figura 28 - Potência ativa total .................................................................................. 62
Figura 29 - Potência ativa total, com ênfase na comutação da rede para a usina de
geradores .................................................................................................................... 63

vii
Figura 30 - Potência ativa total, com ênfase na comutação da usina de geradores para
a rede .......................................................................................................................... 63
Figura 31 - Tensão rms total ...................................................................................... 64
Figura 32 - Corrente rms total.................................................................................... 64
Figura 33 - Corrente rms total e seus ângulos de fase ............................................... 65
Figura 34 - Fluxograma do futuro sistema de distribuição de energia ...................... 67
Figura 35 - Fluxograma do sistema de distribuição de energia do CRT ................... 77
Figura 36 - Diagrama do sistema nobreak ................................................................. 80
Figura 37 - Diagrama da fonte CC chaveada ............................................................. 81

viii
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Efeito de variação de carga ....................................................................... 25


Tabela 2 - Variações na tensão terminal .................................................................... 26
Tabela 3 - Informações de demanda do local de instalação ...................................... 31
Tabela 4 - Informações de placa do GMG ................................................................. 31
Tabela 5 - Regimes de funcionamento, com especificação das grandezas nominais 32
Tabela 6 - Valores da potência nominal para cada regime de potência ..................... 35
Tabela 7 - Principais características do motor principal a diesel ............................... 38
Tabela 8 - Principais características do motor principal a diesel ............................... 39
Tabela 9 - Informações de placa e de projeto do GMG ............................................. 40

ix
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2. SISTEMA DO GRUPO MOTOR-GERADOR (GMG) .................................. 6
2.1. Sistema de partida ......................................................................................... 6
2.1.1. Baterias ...................................................................................................... 6
2.1.2. Motor de partida ou arranque .................................................................... 9
2.2. Motor a diesel .............................................................................................. 10
2.2.1. Aspectos constitutivos ............................................................................. 10
2.2.2. Princípios de funcionamento ................................................................... 11
2.2.3. Consumo de combustível ........................................................................ 12
2.2.4. Rendimento térmico e energia térmica de um combustível .................... 13
2.2.5. Regulação de velocidade ......................................................................... 13
2.2.6. Fluxo de potência e rendimento do motor ............................................... 16
2.3. Gerador síncrono ou alternador ................................................................... 18
2.3.1. Potência e conjugado do gerador síncrono .............................................. 18
2.3.1.1. Fluxo de potência e rendimento do gerador ............................................ 18
2.3.1.2. Equações de potência e conjugado .......................................................... 21
2.3.2. Características dos geradores síncronos em regime transitório ............... 23
2.3.3. Sincronismo entre os geradores síncronos e regulação de tensão ........... 24
2.3.3.1. Gerador síncrono operando isolado ......................................................... 25
2.3.3.2. Gerador síncrono operando em paralelo .................................................. 27
2.4. Funcionamento do GMG............................................................................. 29
3. PROJETO E DESCRIÇÃO DO SISTEMA INSTALADO .......................... 30
3.1. Grupo motor-gerador (GMG) ..................................................................... 30
3.1.1. Características técnicas ............................................................................ 30
3.1.2. Características do ambiente ..................................................................... 34
3.1.3. Regimes de funcionamento do grupo motor-gerador (GMG) instalado.. 34
3.1.4. Componentes do grupo motor-gerador (GMG) ....................................... 35
3.1.4.1. Tanque de combustível ............................................................................ 35
3.1.4.2. Baterias de partida ................................................................................... 36
3.1.4.3. Motor de partida (de arranque) ................................................................ 38
3.1.4.4. Motor a diesel .......................................................................................... 38
3.1.4.5. Gerador síncrono ..................................................................................... 39
3.1.4.6. Características do GMG instalado ........................................................... 40
3.1.4.7. Regulador automático de frequência ....................................................... 40
3.1.4.8. Regulador automático de tensão .............................................................. 41
3.2. Sistema de acionamento e controle ............................................................. 43
3.3. Descrição do sistema da usina de emergência e da distribuição da energia
elétrica .................................................................................................................... 45
3.3.1. Sistema de distribuição de energia do CRT: tipos de consumidores ....... 45
3.3.2. Projeto da usina de emergência ............................................................... 50
4. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE EMERGÊNCIA .......................... 52
x
4.1. Sincronização e paralelismo do sistema de GMGs ..................................... 52
4.2. Funcionamento do sistema de emergência e convencional ......................... 53
5. RESULTADOS ................................................................................................. 58
5.1. Procedimento para manobra e medição ...................................................... 58
5.2. Observação da demanda de energia ............................................................ 60
5.3. Dados e análise da medição do Mavowatt 30 ............................................. 62
6. CONCLUSÃO................................................................................................... 66
7. REFERÊNCIAS ............................................................................................... 68
8. APÊNDICE ....................................................................................................... 70
8.1. Fundamentos sobre geradores síncronos ..................................................... 70
8.1.1. Aspectos construtivos .............................................................................. 70
8.1.1.1. Método de excitação de campo por anéis coletores e escovas ................ 71
8.1.1.2. Método de excitação de campo por fonte de potência CC ...................... 71
8.1.2. Funcionamento básico ............................................................................. 72
8.1.3. Características dos geradores síncronos em regime permanente ............ 73
8.1.3.1. Velocidade de rotação de um gerador síncrono ...................................... 73
8.1.3.2. Tensão interna gerada por um gerador síncrono ...................................... 74
8.1.3.3. Modelagem dos geradores síncronos ....................................................... 75
8.2. Definições das unidades de energia do CRT............................................... 77
8.2.1. Subestação ............................................................................................... 77
8.2.1.1. Para-raios ................................................................................................. 78
8.2.1.2. Compensação de reativos ........................................................................ 78
8.2.1.3. Transformador ......................................................................................... 78
8.2.2. Grupo motor-gerador ............................................................................... 79
8.2.3. Unidade de supervisão de corrente alternada .......................................... 79
8.2.4. Quadro de transferência automática ........................................................ 79
8.2.5. Cargas essenciais e não essenciais .......................................................... 80
8.2.5.1. Sistema de alimentação essencial ............................................................ 80
8.2.5.1.1. Sistema nobreak ................................................................................... 80
8.2.5.1.2. Fontes CC chaveadas ........................................................................... 81
8.2.5.1.3. Sistema essencial auxiliar (short-break) .............................................. 81
8.2.6. Quadros de distribuição ........................................................................... 82
8.3. Sistema fancoil/chiller ............................................................................. 83

xi
1. INTRODUÇÃO

Os sistemas de emergência de energia elétrica têm grande importância para a


sociedade e contribuem para a evolução da raça humana, já que atualmente é
inconcebível que a sociedade contemporânea viva sem energia elétrica, devido ao fato
de que muitas das nossas atividades são baseadas em equipamentos que utilizam a
eletricidade como fonte de energia.
Nesse sentido, a Engenharia Elétrica, utilizando o arcabouço físico da
eletricidade e mecânica, constrói constantemente sistemas de fornecimento de energia
elétrica ininterrupta a serem integrados a esquemas de utilização de energia totalmente
dependentes da energia elétrica e, adicionalmente, isentos de falha, graças aos
esquemas de redundância no fornecimento.
Esses sistemas de geração ininterrupta de energia representam uma das
alternativas que contribuem para a consolidação do uso da energia elétrica, aliada à
evolução nas opções de geração, tecnologias de proteção e outras, fazendo com que o
fornecimento de energia seja cada vez mais estável e seguro.
Um exemplo da importância desse uso está nos sistemas de emergência em
hospitais. Os hospitais representam a proteção da continuidade da vida humana. Seus
sistemas elétricos de emergência são acionados sempre que há falha no sistema
comercial, não ocorrendo, portanto, interrupção nos tratamentos e, desta forma,
contribuindo para o aumento e qualidade da expectativa de vida.
Em um hospital, o sistema precisa ser dimensionado de acordo com a demanda
local e contar com um mecanismo automatizado de comutação entre a energia que vem
do sistema comercial e o sistema de emergência dos grupos motores geradores,
denominados GMGs. Além disso, deve haver uma parte em sistema de energia elétrica
ininterrupta (UPS – Uninterruptible Power Supply), com geração a partir de bancos de
baterias autônomos, para alimentação a áreas mais sensíveis e que não podem sofrer
interrupções além do intervalo de tempo padrão de fornecimento dos geradores. Este
intervalo inclui os períodos de análise de falta, acionamento, sincronização e
comutação dos GMGs no sistema, o que, ao todo, representa entre 15 e 30 segundos
de espera (COUTINHO, ano desconhecido).
No entanto, o sistema de emergência não é uma particularidade de apenas do
suprimento de energia a hospitais, mas também é essencial a diversos outros locais que
necessitam que suas atividades não sofram interrupções. Um desses locais é o sistema

1
de telecomunicações, formado por equipamentos que não devem sofrer quaisquer tipos
de desajustes que possam resultar em eventos desde a perda de configuração até
avarias parciais ou totais, em decorrência da interrupção abrupta no suprimento de
energia elétrica. Somado a estes problemas, é necessário prover os serviços de
telecomunicações de modo contínuo, para não afetar o serviço de comunicação.
Neste cenário se insere o Centro de Referência Tecnológica (CRT), da
Embratel, que é um laboratório direcionado à realização de testes de soluções em
Comunicação (EMBRATEL, Centro de Referência Tecnológico, ano desconhecido),
além de atividades relacionadas ao fornecimento de serviços de comunicação a região
local e treinamentos de pessoal. São estas as principais motivações para a instalação
de uma usina de energia elétrica de emergência, já que o local de instalação de um
Centro que se constitui como referência em soluções tecnológicas não pode sofrer
quedas de energia ou, ainda, interrupção brusca no andamento de testes. Deve-se
considerar também a necessidade imperiosa de preservação de seus equipamentos e
fornecimento contínuo de seus serviços.
A usina de emergência de energia elétrica do CRT é composta de mais de um
grupo motor-gerador, que é uma configuração especificada para suprimento eficiente
da demanda máxima, com solicitação mínima dos GMGs quando em operação mais
próxima da plena carga, obtendo melhor distribuição da energia e maiores índices de
confiabilidade. A implantação dessa usina no CRT também objetivou suprir sua
demanda crescente de carga, que já era uma necessidade no momento de sua
implantação, mas garantindo igualmente futuras expansões e adequação aos
equipamentos de maior consumo e maior simultaneidade nos testes.
O CRT é um complexo do grupo multinacional AMX, mais especificamente
do grupo empresarial NET, Claro e Embratel, instalado na Cidade Universitária da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Rua Pascoal Lemme, n° 80, atrás
do prédio da Reitoria, como mostrado na Figura 1, com 30.000 m².
É importante destacar que acompanhamos de perto o processo de instalação da
usina de emergência do CRT, o que nos motivou a estudar e analisar a relação entre a
demanda e os resultados finais.
A proposta deste trabalho foi apresentar as necessidades de geração de energia
prévias ao funcionamento da usina de emergência e trazer informações sobre a
evolução da demanda e do seu atendimento até a conclusão do projeto de implantação
dos GMGs.

2
Figura 1 - Localização do Centro de Referência Tecnológica (CRT) (GOOGLE MAPS,
2017)

Assim, todo o projeto da usina de emergência, em especial do seu grupo de


GMGs, era uma necessidade para a planta ativa do CRT, que já contava com somente
um GMG de 230 kVA de potência, mas com uma demanda de 320 kVA. Assim, foi
concebido um sistema para suprir não somente a demanda energética atual, mas
também a demanda energética futura, a partir da instalação de um sistema de três
GMGs de 450 kVA cada um.
Este trabalho trata da descrição, acionamento e operação dos grupos motores
geradores, que é uma das partes constituintes da usina de emergência, além de procurar
demonstrar sua importância em termos de uma avaliação quantitativa. Deixamos fora
do escopo do trabalho questões como a avaliação detalhada de desempenho do sistema
de controle, a especificação técnica das máquinas a diesel e síncronas, assim como
testes, ensaios e detalhes de instalação, o que fugiria ao escopo da presente pesquisa.
A maior limitação desta pesquisa foi a dificuldade de reunir todo o material
necessário para uma descrição detalhada de desempenho e operação das máquinas
instaladas com base nas normas vigentes. Além disso, para que o trabalho não ficasse
resumido apenas a uma descrição qualitativa, realizamos medições de uso para maior
representatividade na verificação do comportamento do sistema instalado, apesar de
não terem sido feitas medições no sistema global. Isto ocorreu devido à dificuldade de
obtenção de equipamentos de medição que tivessem escalas compatíveis e devido à
impossibilidade de execução de medições simultâneas, mas de menor amplitude, em
pontos de medição de menor escala das grandezas.

3
Os GMGs representam a parte fundamental de um sistema de emergência
elétrico e, sem eles, não haveria a configuração de emergência, funcionando como o
verdadeiro coração, “bombeando” energia elétrica para o sistema.
Além do projeto, tratamos da complexidade da entrega adequada da energia
necessária ao acionamento, estabilização, sincronização e paralelismo dos geradores,
da forma como o sistema de GMGs funciona quando falta energia e da supervisão e
comutação automática do sistema de energia convencional da concessionária de
energia elétrica para o sistema de energia de emergência da usina de GMGs.
A metodologia de pesquisa adotada neste trabalho foi do tipo quantitativa, de
pesquisa aplicada, com procedimentos experimentais. A caracterização quanto ao
objeto foi a descrição das etapas da pesquisa, com levantamento bibliográfico, tanto
acadêmico quanto voltado a normas e manuais, com medições experimentais e
descrição do sistema(PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar de;
2013).
Ressalta-se ainda que as figuras e tabelas incorporadas neste trabalho foram
criadas por este autor, com algumas exceções, quando serão apresentadas suas fontes.
No Capítulo 2, são apresentados os fundamentos teóricos das partes
constituintes dos grupos motores geradores. O capítulo inicialmente apresenta a
descrição de motores de arranque do tipo CC, máquinas primárias a diesel, geradores
síncronos e baterias de partida e, em seguida, os procedimentos de paralelismo e
sincronização de geradores síncronos e acionamento e operação com carga.
No Capítulo 3, são apresentados o projeto das partes constituintes dos GMGs
do CRT e as interligações do sistema de comando e de potência, além dos outros
sistemas conectados a eles. Também são apresentados o sistema de distribuição de
energia do CRT, o projeto da usina de emergência e o projeto do sistema de GMGs,
bem como o cálculo de demanda de carga solicitada e gerenciamento de energia.
No Capítulo 4, é apresentado o funcionamento dos GMGs na planta ativa do
CRT, com detalhamento da utilização do sistema convencional pela concessionária de
energia e do funcionamento da usina de emergência, reafirmando o cálculo da
demanda de carga.
No Capítulo 5, são apresentados os resultados de medições do sistema em
funcionamento. As medições foram feitas pelo analisador de qualidade de energia
Mavowatt 30, através do software Dran-view 7, para demonstrar o funcionamento da
usina de geradores quando há uma queda de energia. Além disso, esse capítulo também

4
apresenta informações sobre a demanda de potência e observações do visor das
controladoras quando o sistema está em funcionamento.
Logo adiante, na Conclusão, apresenta-se uma visão panorâmica da demanda
de potência, com continuidade no fornecimento de energia e gerenciamento de carga,
além da previsão de expansão de carga.
O Apêndice apresenta a definição das unidades de energia do CRT, para uma
visão mais aprofundada da distribuição de energia do local.

5
2. SISTEMA DO GRUPO MOTOR-GERADOR (GMG)

Este capítulo visa fornecer o embasamento teórico para entendimento da


operação isolada ou em paralelo do sistema composto por grupos de unidades motor-
gerador, a partir dos conceitos apresentados em Stephen J. Chapman (2013)
relativamente ao estudo de desempenho dos geradores síncronos.
Primeiramente, um grupo motor-gerador (GMG) é um conjunto que
basicamente acopla um motor diesel a um gerador síncrono, também denominado
alternador, para produzir tensões e correntes alternadas. Seu objetivo consiste em
produzir energia elétrica para funcionamento autônomo ou em paralelo com a rede
elétrica convencional da concessionária, a partir do consumo do óleo diesel.
No entanto, para o seu funcionamento correto, é necessário dispor de todo um
sistema de acionamento, com baterias de partida e motor de arranque, além de sistema
de armazenamento de combustível, refrigeração, supervisão e controle, dentre outros.

2.1. Sistema de partida

2.1.1. Baterias

As baterias são bastante utilizadas nos sistemas elétricos por ser uma forma
bastante apropriada de armazenamento de energia barata e móvel. Seu princípio de
funcionamento é suportado por transformação eletroquímica para produção de tensão
e corrente contínua através da conversão de energia química em elétrica, e, em alguns
casos, na restauração quase ideal do estado químico carregado pelo processo inverso,
isto é, a de transformação de volta da energia elétrica disponível para o estado
eletroquímico.
As baterias são formadas por células eletroquímicas que podem formar juntas
um arranjo elétrico de mais de uma célula, aumentando a capacidade e tensão da
bateria. Além disso, as baterias podem ser recarregáveis ou não recarregáveis.
Baterias com células não recarregáveis perdem a vida útil com o
descarregamento. Já as baterias recarregáveis, também chamadas de acumuladores ou
baterias de armazenamento, são carregadas a partir de uma fonte elétrica.
Os tipos de baterias recarregáveis são(PINHO, GALDINO, 2014):

6
 Automotivas: também chamadas de SLI, que quer dizer starting, lighting and
ignition, são projetadas para descargas rápidas com níveis elevados de
corrente, apropriados para sistemas automotivos;
 De tração: são projetadas para veículos elétricos, como empilhadeiras, que
necessitam de descargas diárias profundas e taxa de descarga moderada (C/6)1;
 Estacionárias: são projetadas para sistemas que ocasionalmente necessitam de
ciclos, leves ou moderados, de descarga (e carga). No tempo ocioso ficam em
regime de flutuação e, por isso, são utilizadas em sistemas de nobreak e fontes
CC;
 Fotovoltaicas: são projetados para ciclos diários de profundidade de rasa a
moderada, com taxas de descarga reduzidas (C/20), e devem suportar
descargas profundas eventuais.

Outra forma de classificar as baterias recarregáveis é pelo método de


armazenamento do eletrólito, do seguinte modo:

 Abertas: também são chamadas de ventiladas, contém eletrólito líquido e livre


e, por isso, devem ficar na posição vertical. Normalmente, as baterias chumbo-
ácido deste tipo são chamadas de FLA (flooded lead acid), ou FVLA (free
vented lead acid) ou ainda VLA, e admitem operar com taxas de C/5;
 Seladas: também chamadas de “reguladas a válvulas”, possuem o eletrólito
confinado ou sob a forma de gel, não necessitando da manutenção da água
destilada. As baterias chumbo-ácido deste tipo são chamadas de VRLA (valve
regulated lead acid), ou ainda AGM (absorbed glass matt).

O tipo de acumulador mais utilizado é o de chumbo-ácido (Pb-ácido), por ter


menor custo. No entanto, existem baterias de tecnologia mais aprimorada, como as de
níquel-cádmio (NiCd), níquel-hidreto metálico (NiMH), íon de lítio (Li-ion), dentre
outras, que não são tão utilizadas exatamente por causa do custo.
As características mais importantes das baterias são: capacidade, ciclo,
flutuação, carga e descarga, profundidade de descarga e taxa de carga.

1
A taxa de carga ou descarga será explicada mais adiante, nesta mesma seção.

7
 Capacidade: definida como a quantidade de carga em ampères-hora (Ah) ou
de energia em watts-hora (Wh) que pode ser retirada das baterias quando estão
a plena carga, ou seja, completamente carregadas.

Dessa forma, idealmente, uma bateria de 150 Ah deve ser capaz de fornecer
uma corrente de 150 A em 1 hora, ou 50 A em 3 horas, ou ainda 1 A em 150 horas.
Além disso, a capacidade é influenciada pelo regime de descarga e ainda pela
temperatura de operação da bateria. Assim, quanto mais lento for o descarregamento,
ligeiramente maior será a capacidade.
As baterias são projetadas para trabalhar em torno de 25 °C. Assim,
temperaturas mais baixas diminuem a capacidade, ao passo que temperaturas maiores
aumentam a capacidade, mas aumentam também a perda da água do eletrólito e
diminuem o número de ciclos durante a vida útil da bateria.

 Ciclo: sequência de carga e descarga de uma bateria.


 Flutuação: processo de carga que busca manter a bateria no estado de carga
plena enquanto não estiver em uso, ou seja, sob carregamento contínuo devido
a pequenas descargas que ocorrem normalmente.
 Carga e descarga: carga é a conversão de energia elétrica em potencial
eletroquímico, a partir do fornecimento de energia elétrica de uma fonte
externa. Já a descarga é o processo inverso, que é a conversão da energia
química em energia elétrica pela bateria, devido à solicitação externa.
 Profundidade de descarga: indica o quanto da capacidade nominal da bateria
foi retirada a partir do estado de plena carga, em termos de porcentagem.

Por exemplo, para uma bateria de 100 Ah, a descarga de 25 Ah retira 25% da
carga, ou seja, há uma profundidade de carga de 25 %.
Baterias de níquel-cádmio podem ter carga e descargas totais, mas as baterias
de chumbo-ácido possuem restrições quanto a descargas profundas. Assim, cada tipo
de bateria tem certo nível de descarga aceitável para não reduzir a sua vida útil.

8
 Taxa de carga: é o valor da corrente elétrica aplicada a uma bateria durante o
processo de carga, sendo referenciada por capacidade nominal da bateria.

Dessa forma, uma bateria de 500 Ah, que é carregada num intervalo de 10 h,
com corrente constante, necessita de uma corrente de 50 A.

𝐶𝑎𝑝𝑎𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑛𝑜𝑚𝑖𝑛𝑎𝑙 500 𝐴ℎ


= = 50 𝐴 = 𝑡𝑎𝑥𝑎 𝐶/10
𝐼𝑛𝑡𝑒𝑟𝑣𝑎𝑙𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 10 ℎ

Na situação real, a eficiência das baterias é inferior a 100 %%. Logo o tempo
necessário para a sua carga é maior que o especificado na taxa de carga pela capacidade
nominal.

2.1.2. Motor de partida ou arranque

O motor de partida de um motor a diesel pode ser do tipo pneumático, a mola,


ou elétrico, sendo este o mais empregado devido ao seu menor custo, o que restringe
os outros dois métodos a sistemas em que seja necessário evitar a partida elétrica.
O motor de partida, ou motor de arranque elétrico, é uma máquina CC série
que funciona para a máquina principal sair da inércia, já esse tem um conjugado
elevado. Em seguida, ele é desacoplado do eixo da máquina e desligado (CHAPMAN,
2013).
Segundo STEPHAN (2013), é necessária a existência de um campo de
excitação, sendo a força contra eletromotriz nula e a corrente limitada pela resistência
e reatância indutiva da armadura. Dessa forma, a impedância da armadura não limitaria
a corrente a valores razoáveis de funcionamento em maiores intervalos de tempo. Isso
é conseguido pela alimentação CC.
O motor de partida tem uma engrenagem pequena (pinhão) com 9, 10 ou 11
saliências (dentes), que fica na extremidade do seu eixo, montado sobre ranhuras
helicoidais que permitem o seu movimento no sentido axial.
No acionamento do motor de partida, o pinhão avança sobre as ranhuras
helicoidais e acopla-se à engrenagem do motor a diesel, instalada na periferia do eixo
da árvore de manivelas do motor, chamada de cremalheira do volante, com 132 dentes.

9
O movimento do pinhão é devido à energia potencial da sua mola, que arrasta o eixo
da cremalheira, fazendo com que a árvore de manivelas comece a girar.
A partir do momento em que o motor a diesel começa a funcionar por conta
própria, aumenta a sua rotação tendendo a arrastar o motor de partida. Nesse momento,
as ranhuras helicoidais forçam o pinhão a recuar, fazendo o sistema ser desacoplado,
e o motor de partida é desligado.

2.2. Motor a diesel

Um motor a diesel é um dos tipos de máquina de combustão interna destinada


ao suprimento de energia mecânica, a partir da transformação da energia química. Esse
motor tem como função transformar os movimentos alternativos dos pistões em
movimento rotativo da árvore de manivelas e, dessa forma, transmitir a energia recém-
adquirida, na forma de energia mecânica disponibilizada pelo motor.

2.2.1. Aspectos constitutivos

Os motores a diesel são constituídos por:


 Sistema de admissão de ar;
 Sistema de combustível;
 Sistema de lubrificação;
 Sistema de arrefecimento;
 Sistema de exaustão ou escapamento dos gases;
 Sistema de partida.

No entanto, o sistema que diretamente faz o papel do motor de transformar a


energia química em mecânica útil é constituído por:
 Bloco de cilindros: contém o conjunto de cilindros, compostos pelos pistões,
árvores ou eixo de manivelas, dentre outras peças.
 Cabeçotes: peças que funcionam como vedadores dos cilindros, acomodando
também o mecanismo das válvulas de admissão e de escape, bicos injetores e
canais de circulação do líquido de arrefecimento.
 Cárter: reservatório do óleo para lubrificação.

10
 Seção dianteira: parte em que ficam as engrenagens de distribuição de
movimentos para os acessórios externos e, principalmente para o sincronismo
da bomba de combustível e da árvore de comando das válvulas.
 Seção traseira: parte onde se encontram o volante (importante engrenagem
utilizada no sistema de partida) e a carcaça.

2.2.2. Princípios de funcionamento

Motores de combustíveis a diesel são do ciclo diesel e são máquinas que


aspiram ar, que é comprimido no interior dos cilindros, recebendo o combustível sob
alta pressão. Dessa forma, a combustão não precisa de centelha, e ocorre por
autoignição.
Segundo Young e Freedman (2003, p. 208), o motor diesel possui ciclo de
combustão de quatro tempos, mas não existe combustível no cilindro no início do
tempo de compressão.
Os tempos do ciclo diesel são:

a) Tempo de admissão, quando o pistão se move para baixo e o ar entra


nos cilindros;
b) Tempo de compressão, quando a válvula de admissão se fecha e o
pistão se move para cima, comprimindo o ar;
c) Tempo de potência, quando o combustível é injetado um pouco antes
desse tempo, e continua durante a sua primeira parte, com velocidade
suficiente para manter a pressão constante. Por causa da elevada
temperatura resultante da compreensão adiabática, o combustível
explode espontaneamente na medida em que é injetado;
d) Tempo de exaustão, quando a válvula de exaustão se abre e o pistão se
move para cima empurrando a mistura queimada para fora do cilindro.
Em seguida o ciclo se repete.

Pelo que se pode observar a produção de energia mecânica para o sistema do


motor é feita no tempo de potência. É exatamente e somente nesse período de tempo
que o eixo de manivelas transmite energia mecânica para manter a rotação do eixo do
motor.

11
2.2.3. Consumo de combustível

O consumo de combustível é obtido pela medição da massa de combustível


consumida, da potência medida e do intervalo de tempo da medição. As suas unidades
de medida podem ser g/CVh, g/kWh, g/HPh, lb/HPh.
O consumo horário é dado pela Equação 1.

𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝐾𝑔
𝐵= ⁄ℎ 𝑜𝑢 𝑙𝑏⁄ℎ
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜
Equação 1 – Consumo horário de combustível

A medição de massa é feita pela densidade do diesel, que normalmente é obtida


no valor de ρ = 0,854 Kg/l, e pela relação M = ρV. Por sua vez, o consumo específico
de combustível é dado pela Equação2.

𝜌 ×𝑉
𝑏=
𝑃 ×𝑡
Equação 2 – Consumo específico de combustível

Nesta equação, V é o volume de combustível consumido, P é a potência do


motor, e t é o tempo de medição do consumo.
Em relação ao rendimento de consumo do motor, estima-se que a região de
menor consumo de combustível encontra-se entre 80% até 95% da potência nominal
(PEREIRA, ano desconhecido), também na qual são observados e medidos os valores
de torque mais elevados.
Para se obter a eficiência do combustível, é preciso determinar o consumo
específico do motor, usualmente em Kg/kWh, e dividir pelo rendimento do alternador.

2.2.4. Rendimento térmico e energia térmica de um combustível

Rendimento térmico é a relação entre a potência convertida para a forma


mecânica e a potência calorífica liberada pelo combustível no mesmo ciclo de
conversão. A relação entre estas duas grandezas é a chamada eficiência do processo
de conversão da energia liberada pelo combustível.

12
Essa relação é descrita pela Equação 3, onde 𝑃𝑚𝑒𝑐 é a potência mecânica
produzida pelo motor e 𝑃 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟 é a potência liberada pelo calor entregue pelo
combustível.

𝑃 𝑚𝑒𝑐
𝜌𝑡 =
𝑃 𝑐𝑎𝑙𝑜𝑟
Equação 3 – Rendimento térmico

Os valores usuais para o rendimento térmico ficam em torno de 30% e 40%,


ou seja, a energia térmica disponibilizada é relativamente pouco aproveitada para a
realização de trabalho mecânico pelo motor. Parte importante dessa energia é liberada
através dos gases de escape, refrigeração, dentre outros(PEREIRA, ano desconhecido).
Segundo Young e Freedman (2003, p. 208), pelo fato de não existir nenhum
combustível no cilindro durante a maior parte do tempo de compressão e de não ocorre
pré-ignição, a compressão pode ser muito maior que num motor a gasolina.
Estas características fazem aumentar sobremaneira a eficiência e garantem uma
ignição confiável quando o combustível é injetado, devido à temperatura elevada
atingida durante a compressão adiabática. Dessa forma, a eficiência teórica de um ciclo
diesel idealizado fica entre 65% até 70%%. A faixa real para a eficiência, entretanto,
reduz-se por algo em torno de 25%.

2.2.5. Regulação de velocidade

A regulação da velocidade do motor é de extrema importância para o GMGs,


porque é a velocidade de rotação do eixo do motor que assegura a frequência elétrica
do gerador. Ou seja, para obter a frequência elétrica constante é necessário que o motor
opere em rotação constante.
Esta rotação constante, entretanto, pode ser garantida quando o GMG conecta
o gerador síncrono do grupo ao sistema elétrico interligado externo à usina geradora.
A rotação de um motor depende da quantidade de combustível injetada e da
carga aplicada à árvore de manivelas. É importante ressaltar que esta dependência é
absoluta em aplicações em que o GMG trabalha isolado da rede externa. Além disso,
é necessário observar também as limitações do motor quanto à rotação máxima de
trabalho, em função da velocidade média do pistão, que não deve fazer um esforço

13
maior que o suportado pela resistência dos materiais, além da velocidade de abertura
e fechamento das válvulas de admissão e escapamento.
A quantidade de combustível injetada é realizada pela bomba injetora, através
de atuação no acionamento do mecanismo de aceleração. Logo, esse mecanismo
acelera o motor. No entanto, o mecanismo de aceleração não é capaz de controlar a
rotação do motor com o aumento ou redução de carga, que diminui ou aumenta a
velocidade. Dessa forma, é necessário a presença de um mecanismo que permita a
regulação da velocidade.
Genericamente, o controle de velocidade é feito por dispositivo com
realimentação negativa, projetado para satisfazer seguintes exigências: estabilidade,
rastreamento assintótico de um sinal de referência, rejeição assintótica de
perturbações, robustez, ou seja, pouca sensibilidade a variações em seus parâmetros e,
uma das mais importantes, bom desempenho transitório.
A Figura 2 retrata a situação genérica de qualquer sistema de controle com
realimentação negativa, ou seja, que funciona pela correção do sistema através do erro
obtido entre o valor medido na saída do sistema e o valor de referência padrão.

Figura 2 - Sistema de controle com realimentação negativa

O sistema funciona da seguinte forma: r(t) é o sinal de referência em que o


sistema deseja entregar na saída; y(t) é o sinal de saída real, já acrescido das
perturbações inerentes da ação; e(t) é o sinal de erro entre o sinal de referência r(t) e o
sinal de saída y(t); u(t) é o sinal de entrada do sistema; e K(t) é o sinal de perturbações,
como também pode ser a entrada do sistema de potência no sistema real.
O sinal e(t) é expresso pela Equação 4, representa a diferença entre o sinal
desejado e o sinal de saída, ou seja, o quanto o sinal real de saída está distante do sinal
de referência. Dessa forma, a Equação 4 representa a amplitude que a controladora
precisa corrigir no fornecimento do sinal de entrada.

14
𝑒(𝑡) = 𝑟(𝑡) − 𝑦(𝑡)
Equação 4 – Sinal de erro

A Figura 3 é a representação da implementação do sistema de controle para o


motor do GMG, de forma que o sistema de realimentação e correção é realizado pelo
equipamento chamado de governador que, junto aos sistemas de unidade de controle
eletrônica ECU (eletronic control unit) constituem a implementação da controladora.

Figura 3 - Sistema de controle do motor do GMG

Os governadores podem ser mecânicos, hidráulicos, eletrônicos ou digitais.


Todos possuem o objetivo de funcionar como um sistema de controle de correção da
velocidade do motor.
Nesse sentido, os governadores atuam na bomba injetora de combustível,
efetuando as correções nas diferenças de injeção de combustível, conforme a
necessidade. Para o caso de sistemas de motor a diesel para geradores elétricos, o
sistema tem que produzir a anulação de perturbação o mais rápido possível, ou seja, a
variação de carga elétrica, que vai resultar na variação da velocidade de rotação do
motor, tem que ser anulada pela atuação do governador ao “liberar” a injeção de mais
ou menos combustível para a velocidade de referência ser estabelecida e a frequência
de operação garantida.
O mecanismo regulador presente em qualquer motor, que funcione como
máquina motriz de um gerador síncrono, será construído para apresentar uma
característica de queda suave de velocidade com o aumento de carga. Essa queda está
representada na Equação 5.

𝑛𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 − 𝑛𝑝𝑙𝑒𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎


𝑄𝑉 = 𝑋 100%
𝑛𝑝𝑙𝑒𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎

15
Equação 5 – Regulação de velocidade

Em que:
 QV é a regulação de velocidade;
 𝑛𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 é a velocidade a vazio da máquina motriz;
 𝑛𝑝𝑙𝑒𝑛𝑎 𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 é a velocidade a plena carga.

Segundo Chapman (2013, p. 229), a maioria das máquinas motrizes tem uma
queda de 2% a 4% na sua velocidade quando passam de vazio para plena carga, o que
deve ser levado em conta na hora de entrar em funcionamento no sistema. Portanto,
considerando a necessidade de promover mudanças no ponto de operação, é
interessante e necessário permitir que a velocidade a vazio possa ser modificada.

2.2.6. Fluxo de potência e rendimento do motor

A potência, ou energia, total nos motores do sistema GMG é proveniente da


energia química do combustível na árvore de manivelas e cilindros.
No processo de conversão químico-mecânica, a energia obtida na combustão é
transformada em energia mecânica de movimento da árvore de manivelas. Parte dessa
energia é perdida, e, por fim, a energia mecânica é entregue para o eixo do motor.
As potências desenvolvidas no motor estão listadas abaixo:

 Potência indicada ou potência de entrada: é a potência de energia química


dentro dos cilindros do motor a diesel;
 Potência teórica: é a potência disponibilizada pela máquina ideal, ou seja, ao
desconsiderar os gases residuais, queima completa de combustível, paredes
isolantes, sem perdas hidrodinâmicas;
 Potência útil ou potência efetiva: é a potência útil gerada pelo motor, tanto
para a operação da carga no eixo, quanto para seus equipamentos auxiliares,
como bombas de combustível, compressor, ventilador e outros;
 Potência dissipada: é um dos tipos de potência de perda nas engrenagens
internas do motor;

16
 Potência de atrito: é um dos tipos de potência perdida e associada ao consumo
de energia por atrito, podendo ser percebido pelo trânsito de energia sonora ou
energia luminosa através do motor e dos equipamentos auxiliares durante o
funcionamento do motor2;
 Potência térmica: é outro tipo de potência perdida, associada a não conversão
total da energia química disponibilizada pelo combustível em energia mecânica
de movimento.

As relações de potências no motor a diesel estão representadas nas Equações


6 e 7. O rendimento do motor é calculado através da Equação 8.

𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝑃𝑒𝑓𝑒𝑡𝑖𝑣𝑎 − 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠


Equação 6 – Equação da potência útil, evidenciando a potência associadas às perdas

𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝑃𝑎𝑡𝑟𝑖𝑡𝑜 + 𝑃𝑑𝑖𝑠𝑠𝑖𝑝𝑎𝑑𝑎 + 𝑃𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎


Equação 7 – Soma das potências que compõem a potência das perdas

𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎


𝜂= × 100% = × 100%
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎
Equação 8 – Rendimento

2.3. Gerador síncrono ou alternador

Os geradores síncronos ou alternadores são maquinas elétricas utilizadas para


conversão de potência mecânica em potência elétrica CA, à frequência síncrona
constante regulada ou definida pela operação sincronizada à rede elétrica externa.

2
A energia (potência) convertida em energia sonora ou luminosa não necessariamente pode ser
percebida pelo homem ou qualquer outro animal, se situando na faixa de frequência audível
para a de natureza mecânica e na faixa de frequências visíveis para a de natureza
eletromagnética. Dessa forma, são utilizados equipamentos que detectam uma maior gama da
frequência para obter melhor o espectro da energia desejada, como o detector de radiação
eletromagnética.

17
2.3.1. Potência e conjugado do gerador síncrono

2.3.1.1. Fluxo de potência e rendimento do gerador

A potência, ou energia, total nos geradores do sistema GMG é proveniente da


energia mecânica do eixo do motor diesel, que segue para o eixo do gerador.
Seguindo esse caminho, no processo de conversão eletromecânico, parte da
energia é perdida e parte é transformada em energia elétrica. O processo segue para a
armadura do gerador, onde mais uma parcela é perdida e, por fim, a energia elétrica é
entregue para o sistema de distribuição.
O desempenho e a operação prática de máquinas elétricas são definidos por
diversos institutos que produzem normas técnicas, que devem ser seguidas pelos
fabricantes de máquinas elétricas. Assim, institutos como American National
Standards Institute (ANSI), Institute of Eletrical and Eletronic Engineers (IEEE) e
National Eletrical Manufacturers Association (NEMA) (FITZGERALD et alii, 2013),
definem com rigor as diversas perdas e as condições de suas medições.
As perdas no gerador síncrono são:

 Perdas ôhmicas ou perdas no cobre: são perdas traduzidas na potência por


I²R e encontradas em todos os enrolamentos da máquina, devido à natureza de
ação e reação da passagem de energia elétrica no cobre.

Essas perdas são calculadas com base nas resistências CC do enrolamento a


75°C. No entanto, essas perdas dependem da resistência efetiva do enrolamento na
frequência de operação e das condições de fluxo, sendo a diferença entre o cálculo pela
resistência efetiva e resistência CC calculada nas perdas suplementares.

 Perdas mecânicas: são perdas oriundas do atrito nas escovas e nos mancais, e
também por ventilação, ou seja, perdas por atrito e ventilação. Estas perdas
podem ser medidas pela potência de entrada da máquina sem carga (a vazio) e
sem excitação, quando está na velocidade apropriada.
 Perdas por histerese e por correntes parasitas, ou perdas no núcleo: são
perdas que surgem devido às alterações de densidades de fluxo magnético no

18
ferro da máquina, ou seja, devido aos campos magnéticos variáveis dentro do
núcleo de ferro, e são perdas que aparecem no circuito aberto ou a vazio.

Nas máquinas CC e síncronas, as perdas no núcleo aparece principalmente no


ferro da armadura, mas também aparecem em perdas no ferro do núcleo devido às
aberturas das ranhuras das sapatas polares ou nas superfícies do ferro do campo.
As perdas por histerese em um núcleo de ferro advêm da energia para a
reorientação dos domínios magnéticos, a cada ciclo de uma corrente alternada aplicada
no núcleo.
Por outro lado, as perdas por correntes parasitas são obtidas através da indução
de tensão no interior do núcleo ferromagnético, por causa do fluxo magnético variável
no tempo, de acordo com a Lei de Faraday. As correntes parasitas são circulares no
núcleo, como se fossem redemoinhos, e por isso são chamadas de correntes de vórtice,
ou de Foucault.
Para diminuir as correntes parasitas podem-se utilizar duas abordagens: núcleo
magnético dividido em lâminas delgadas ou muitas camadas, ou ainda aumento na
resistividade do material do núcleo.
Essas perdas são obtidas ao medir-se a potência de entrada da máquina, quando
esta operando a vazio, na velocidade ou frequência síncrona e nas condições de fluxo
ou tensão apropriadas, retirando o valor das perdas ôhmicas e mecânicas. Além disso,
as perdas por histerese e por correntes parasitas podem ser associadas às perdas
mecânicas e serem chamadas de perdas rotacionais a vazio.
As perdas por correntes parasitas e por histerese podem ser modeladas,
aproximadamente, através da observação dos seus efeitos e como uma fonte a mais da
estimativa de seus efeitos. As perdas por corrente parasita variam com o quadrado da
densidade de fluxo, com a frequência e com a espessura das chapas de ferro. A
Equação 9 representa sua modelagem aproximada.

𝑃𝑃 = 𝐾𝑒 (𝐵𝑚á𝑥 𝑓𝛿)2
Equação 9 – Aproximação para estimativa da perda por corrente parasita

Sendo:
 𝐾𝑒 constante de proporcionalidade;
 𝐵𝑚á𝑥 densidade de fluxo máxima;

19
 𝑓 frequência;
 𝛿 espessura das chapas.

Já para as perdas por histerese, sua relação mais utilizada é obtida


empiricamente e está representada na Equação 10. No entanto, pode-se estimar a perda
por histerese no núcleo de ferro como sendo a área delimitada pelo laço de histerese,
num dado ciclo de aplicação de corrente CA ao núcleo.

𝑛
𝑃ℎ = 𝐾ℎ 𝑓𝐵𝑚𝑎𝑥
Equação 10 – Relação mais utilizada para o cálculo das perdas por histerese

Sendo:
 𝐾ℎ constante de proporcionalidade;
 𝐵𝑚á𝑥 densidade de fluxo máxima;
 𝑓 frequência;

𝐾ℎ depende das características e do volume do ferro, além das unidades


utilizadas. O expoente n varia entre 1,5 e 2,5, sendo o valor 2 mais utilizado.

 Perdas suplementares: são perdas que se originam na distribuição não


uniforme de corrente no cobre, ou pelo acréscimo da resistência efetiva no
cálculo da resistência CC da perda ôhmica, e também, nas perdas adicionais no
núcleo por histerese ou por corrente parasita, que são produzidas no ferro pela
distorção do fluxo magnético pela corrente de carga. Essas perdas adicionais
no núcleo advêm da distribuição espacial da densidade de fluxo e se altera
significativamente pela FMM da corrente de carga, se elevando de forma
significativa,o que pode ser observado pelas harmônicas de FMM nas
proximidades das superfícies de entreferro.São perdas difíceis de serem
calculadas, mas nas máquinas síncronas e de indução são obtidas por ensaio.

Nesse sentido, o rendimento do gerador síncrono é calculado pela clássica


Equação 11, que leva em conta todas as perdas listadas anteriormente.

20
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑠𝑎í𝑑𝑎 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎
𝜂= × 100% = × 100%
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎
Equação 11 – Rendimento

As perdas são contabilizadas na subtração da potência, ou energia, de entrada,


para obter a potência de saída, ou seja, a potência, ou energia, útil obtida pelo gerador.
As perdas estão representadas nas Equações 12 e 13.

𝑃ú𝑡𝑖𝑙 = 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 = 𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 − 𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠


Equação 12 – Equação da potência útil, evidenciando a potência das perdas

𝑃𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 = 𝑃𝑜ℎ𝑚𝑖𝑐𝑎𝑠 + 𝑃𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑎𝑠 + 𝑃𝑛ú𝑐𝑙𝑒𝑜 + 𝑃𝑠𝑢𝑝𝑙𝑒𝑚𝑒𝑛𝑡𝑎𝑟𝑒𝑠


Equação 13 – Soma das potências que compõem a potência das perdas

Segundo Fitzgerald, Kingsley e Umans (2006), as máquinas rotativas não


funcionam bem com cargas leves, sendo o melhor rendimento para motores de 1 a 10
kW, entre 80 a 90 por cento de plena carga, enquanto que para motores de centenas de
kW, entre 90 a 95 por cento de plena carga, e um rendimento um pouco maior para
motores maiores. Essas afirmações vão de encontro com as informações com as da
eficiência do motor diesel na seção 2.2.3.

2.3.1.2. Equações de potência e conjugado

A equação da potência elétrica gerada está expressa na Equação 14. Como


𝑋𝑆 ≫ 𝑅𝐴 , podemos simplificar a relação desprezando o termo relativo à resistência,
resultando na expressão da Equação 15. Essa simplificação resulta em desprezar a
perda de potência ativa na armadura, logo a potência de conversão de energia é igual
à potência elétrica gerada.

3 ∗ 𝑉∅ ∗ 𝐸𝐴 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝛿 + 𝛼𝑍 ) 3 ∗ 𝐸𝐴2 ∗ 𝑅𝐴
𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 = −
|𝑍| |𝑍|²
Equação 14 – Equação da potência elétrica gerada

3 ∗ 𝑉∅ ∗ 𝐸𝐴 ∗ 𝑠𝑒𝑛(𝛿)
𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 = = 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠ã𝑜
𝑋𝑆
21
Equação 15 – Equação da potência elétrica gerada, desprezando a resistência elétrica de
armadura

Em que:
 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 é a potência elétrica ativa gerada na saída do gerador;
 𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠ã𝑜 é a potência de conversão eletromecânica de energia;
 |𝑍| é o módulo da impedância de armadura, que conta com a reatância de
armadura e resistência de armadura;
 𝛿 é o ângulo interno ou ângulo de conjugado entre a tensão gerada interna e a
tensão de fase;
 𝛼𝑍 é o ângulo de impedância entre a reatância síncrona e a impedância de
armadura.

Nesse sentido, a equação da potência reativa é expressa na equação 16.

3 ∗ 𝑉∅ ∗ 𝐸𝐴 ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝛿) |𝑉∅ |2
𝑄𝑠𝑎í𝑑𝑎 = −
𝑋𝑆 𝑋𝑆
Equação 16 – Equação da potência reativa

A Equação 17 representa a potência ativa em termos de circuito com a corrente


de armadura e a Equação 18 representa a potência reativa.

𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 = 3𝑉∅ 𝐼𝐴 cos 𝜃


Equação 17 – Equação da potência ativa gerada

𝑄𝑠𝑎í𝑑𝑎 = 3𝑉∅ 𝐼𝐴 sin 𝜃


Equação 18 – Equação da potência reativa gerada

Em que:
 𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 é a potência elétrica ativa gerada na saída do gerador;
 𝑄𝑠𝑎í𝑑𝑎 é a potência elétrica reativa gerada na saída do gerador;
 𝜃 é o ângulo de impedância entre a resistência e a impedância, complementar
do ângulo 𝛼𝑍 e seu cosseno é o fator de potência.

22
⃗⃗𝑅 × 𝐵
Para o conjugado induzido temos que 𝜏⃗𝑖𝑛𝑑 = 𝑘𝐵 ⃗⃗𝑆 , mas como
𝑃𝑐𝑜𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠ã𝑜 = 𝜏𝑖𝑛𝑑 𝜔𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑜 , ao utilizar a Equação 15, obtemos a Equação 19.

3𝑉∅ 𝐸𝐴 𝑠𝑒𝑛(𝛿)
𝜏𝑖𝑛𝑑 =
𝜔𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑜 𝑋𝑆
Equação 19 – Conjugado induzido entre os campos magnéticos.

Por fim, a potência de entrada é obtida pelo conjugado do eixo e a velocidade


mecânica do eixo do gerador: 𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 = 𝜏𝑒𝑖𝑥𝑜 𝜔𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑜 .

2.3.2. Características dos geradores síncronos em regime transitório e


estabilidade

O regime transitório para os geradores síncronos é observado nas situações de


partida ou de mudança da carga. Esse transitório precisa ser tratado de forma adequada,
porque precisam ser obedecidos os limites de estabilidade estática e dinâmica.
Portanto, é importante saber se essas mudanças são tratadas com respostas abruptas ou
suaves.
Até que o gerador chegue ao regime permanente de funcionamento, deve ser
levado em consideração que o rotor tem uma inércia grande, e que a posição de regime
permanente é gradualmente obtida através de uma resposta em oscilação amortecida.
O limite de estabilidade estática é obtido pela Equação 24, ou ainda 27, quando
o ângulo de carga for 90°. Se for considerada resistência de armadura, esse limite
diminui um pouco. Entretanto, a carga máxima é restrita a um valor bem inferior
devido ao limite de estabilidade dinâmica.
Esse limite é obtido pelo conjugado máximo 𝜏𝑚á𝑥 que o eixo pode ter quando
muda de uma situação a outra. É necessário obedecer aos limites físicos do eixo,
encaixe, resistência das peças, dentre outros, inclusive do motor diesel.
Para mudanças abruptas de conjugado ou carga, o limite de estabilidade
dinâmica pode ser inferior à metade do limite de estabilidade estática (CHAPMAN,
2013, p. 246). Para contornar este problema, essas mudanças devem ser bem graduais,
o que faz com que a máquina seja capaz de quase alcançar o limite de estabilidade
estática.

23
Além do ângulo de carga é necessário observar a situação da potência reativa
gerada pela máquina. Se |𝐸𝐴 | ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝛿) > |𝑉∅ |, então 𝑄𝑠𝑎í𝑑𝑎 > 0, assim o gerador
produz potência reativa, agindo como capacitor em paralelo, do ponto de vista do
circuito de distribuição. Já quando |𝐸𝐴 | ∗ 𝑐𝑜𝑠(𝛿) < |𝑉∅ |, então 𝑄𝑠𝑎í𝑑𝑎 < 0, assim o
gerador consome potência reativa, agindo como indutor em paralelo, do ponto de vista
do circuito de distribuição.
O primeiro caso ocorre com uma forte excitação, satisfeita com uma alta
magnitude de |𝐸𝐴 | , e denominado como máquina síncrona sobre-excitada. Pelo
contrário, o segundo caso é uma máquina síncrona subexcitada.
De forma prática, a operação sobre-excitada ou subexcitada exige mais ou
menos corrente de campo suprida pela excitatrizes estáticas, ou seja, pelos conversores
CA/CC ou por máquinas de CC que constituem a excitatrizes rotativas de alimentação
do campo dos geradores em operação isolada ou paralela, com tensão terminal sempre
em torno de seu valor nominal.

2.3.3. Sincronismo entre os geradores síncronos e regulação de tensão

O comportamento dos geradores síncronos com carga varia de acordo com a


sua mudança de carga, também varia de acordo com fator de potência da carga e se
está operando isolado ou em paralelo com outros geradores.
Uma importante consideração é o cálculo de regulação de tensão (RT). Essa
medida é uma figura de mérito de comparação de geradores entre si, e que mede a
capacidade do gerador em manter constante a tensão terminal, ou seja, o quanto
gerador precisa mudar com a carga que esta alimentando.

(𝑉à𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 − 𝑉𝑝𝑙𝑒𝑛𝑎𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 )
𝑅𝑇 = × 100 %
𝑉𝑝𝑙𝑒𝑛𝑎𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎
Equação 20 – Regulação de tensão.
Em que:
 RT é a regulação de tensão;
 𝑉à𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 é a tensão terminal a vazio, ou seja, sem carga e igual a tensão interna
𝐸𝐴 ;
 𝑉𝑝𝑙𝑒𝑛𝑎𝑐𝑎𝑟𝑔𝑎 é a tensão terminal a plena carga.

24
Um gerador síncrono com carga de fator de potência atrasado apresenta um RT
muito positivo, e com carga de fator de potência adiantado apresenta geralmente um
RT negativo. Já um gerador síncrono com carga de fator de potência mais próximo de
unitário apresenta um RT positivo e pequeno.
A importância dessa medida é que se deseja um RT menor possível, assim a
tensão nos terminais do gerador é mais constante com as variações de carga.
Nesse sentido, o regulador de tensão é um elemento que compara o valor real
de tensão proveniente da saída do gerador com o valor teórico ajustado. O erro é obtido
pela malha de realimentação de forma semelhante ao regulador de velocidade, da seção
2.2.5.
Utiliza-se a compensação de reativos para compensar a inserção de carga
reativa. Essa inserção de carga reativa altera o nível de tensão, e por isso precisa ser
compensada, ou seja, a tensão de cada gerador é regulada de acordo com o tipo de
carga, conforme a Tabela 1, na seção 2.3.3.1.
Além disso, ainda é preciso garantir que todos os geradores tenham as mesmas
características elétricas, conforme especificado na seção 2.3.6.2, a seguir. Senão, os
geradores podem não funcionar corretamente, ou, ainda, serem danificados.

2.3.3.1. Gerador síncrono operando isolado

O efeito de variação de carga de um gerador síncrono operando isolado


depende do fator de potência da carga aumentada ou diminuída. O efeito final dessa
variação resultará na variação da tensão terminal e corrente da armadura. Os resultados
de acréscimos e diminuições de cargas estão listados na Tabela 1.

Tabela 1 - Efeito de variação de carga

Comportamento Comportamento
Tipo de variação de Tipo de fator de
da corrente de da tensão
carga potência
armadura terminal
Q indutivo (+Q) <0 Aumenta Diminui
Diminui
Acréscimo Resistiva 0 Aumenta
ligeiramente
Q capacitivo (-Q) >0 Aumenta Aumenta

25
Q indutivo (+Q) <0 Diminui Aumenta

Aumenta
Decréscimo Resistiva 0 Diminui
ligeiramente
Q capacitivo (-Q) >0 Diminui Diminui

Nesse sentido, é interessante desenvolver algum método para manter a tensão


terminal constante, já que esta é a tensão entregue a carga, e também não variar a
velocidade 𝜔 do eixo do gerador, porque isso alteraria a frequência elétrica da tensão
gerada.
A solução é variar a tensão interna, variando o fluxo de campo, já que pode ser
escrita como 𝐸𝐴 = 𝐾𝜙𝜔. Dessa forma, para não alterar a velocidade de rotação, pode-
se variar a resistência de campo 𝑅𝐹 , que por sua vez variará a corrente de campo𝐼𝐹 ,
resultando na variação no fluxo de campo 𝜙, e em 𝐸𝐴 .
Dessa forma, as variações em 𝐸𝐴 compensam as variações na tensão terminal
𝑉𝜙 , variando assim a magnitude e direção da potência reativa 𝑄𝑠𝑎í𝑑𝑎 ·. A Tabela 2
mostra o efeito da mudança da resistência de campo na variação da tensão interna.
Essa tabela é complementar à Tabela 1, já que a Tabela 2 representa o controle do
efeito observado na Tabela 1.
Tabela 2 - Variações na tensão terminal

Resistência Corrente Fluxo de Tensão Tensão


de campo de campo campo interna terminal

Diminuição Aumento Aumento Aumento Aumento

Aumento Diminuição Diminuição Diminuição Diminuição

2.3.3.2. Gerador síncrono operando em paralelo

Em uma usina de geração precisam-se utilizar geradores em paralelo para


suprir a demanda de energia de forma mais adequada, mas também oferecer maior
confiança no fornecimento devido à redundância de máquinas.
Os geradores utilizados em paralelo são síncronos, devido à natureza da sua
operação somente utilizar a velocidade síncrona, ocasionando uma frequência elétrica
única e estável.

26
Outras características importantes para a utilização dos geradores em paralelo
são: a disponibilidade de desligamento de algum gerador para manutenção preventiva
ou corretiva, e o aumento da eficiência de geração.
Essa última característica advém de que a operação abaixo do valor ótimo de
carga diminui a eficiência de geração, o que é resolvido com a utilização de mais de
um gerador, visando à utilização a plena carga de alguns geradores e desligamento dos
restantes, de acordo com a demanda de carga.
Para conseguir ligar os geradores em paralelo é preciso obedecer alguns
requisitos para não haver danos ou perda de potência útil. Assim, os geradores não
podem ser ligados arbitrariamente, tendo que ter tensões iguais em módulo, ângulo e
sequência de fases, senão haverá um grande fluxo de corrente entre os geradores.
Dessa forma, é preciso que:

a) As tensões eficazes de linha dos geradores sejam iguais;


b) A sequência de fases de tensão (e corrente) seja igual;
c) Os ângulos de fase das fases correspondentes de cada gerador sejam iguais;
d) A frequência, e consequentemente a velocidade de rotação do eixo de cada
gerador, seja igual, mas ligeiramente superior para o gerador que estiver
entrando em operação.

A condição d) é uma característica da máquina motriz, que tende a se comportar


de forma semelhante, independentemente do tipo. As máquinas motrizes têm a sua
velocidade diminuída progressivamente com o aumento da potência requerida.
Praticamente é posto um regulador de velocidade para tornar essa queda linear,
como explicado na seção 2.2.5, com uma característica de queda suave de velocidade
com o aumento da demanda. Além disso, os reguladores podem alterar o ponto de
operação para que a velocidade a vazio do gerador seja alterada, ou para fazer com que
a frequência e a tensão terminal se mantenham constantes ao variar a resistência de
campo, como explicado na seção 2.3.3.1.
Como a velocidade do eixo relaciona-se com a frequência pela Equação 21, a
frequência elétrica diminui com o aumento de carga.

𝑛𝑠𝑚 𝑃𝑜𝑙𝑜𝑠
𝑓𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 =
120

27
Equação 21 – Relação entre frequência elétrica e a velocidade de rotação

Em que:
 𝑓𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 é a frequência elétrica de saída do gerador;
 𝑛𝑠𝑚 é a velocidade de rotação do eixo mecânico de entrada do gerador;
 𝑃𝑜𝑙𝑜𝑠 é o número de polos magnéticos do rotor.

Essa característica linear resulta na equação 22.

𝑃 = 𝑠𝑃 (𝑓𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 − 𝑓𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 )
Equação 22 – Relação entre a potência e as frequências do gerador

Em que:
 P é a potência de saída do gerador;
 𝑓𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 é a frequência do gerador a vazio, ou seja, sem demanda de potência;
 𝑓𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 é a frequência do gerador em operação no sistema;
 𝑠𝑃 é a inclinação da curva, em kW/Hz ou MW/Hz;

Portanto, a frequência elétrica do gerador antes de entrar no sistema, deve estar


ligeiramente acima da frequência do sistema. Caso contrário, o aumento da carga
demandada vai fazer com que a máquina síncrona opere como motor.

2.4. Funcionamento do GMG

O esquema básico de funcionamento do grupo motor-gerador está descrito na


Figura 4. Quando solicitado, o sinal de acionamento faz com que o motor de partida
ou de arranque seja ligado, alimentado pelas baterias.

28
MOTOR A GERADOR
BATERIA MOTOR DE
DIESEL CONSUMO
PARTIDA OU DE
(MÁQUINA
ARRANQUE
MOTRIZ)

Figura 4 - Fluxograma do funcionamento do sistema do GMG

Seguindo o fluxo mostrado na Figura 4, a bateria fornece energia para o


acionamento do motor de partida e este aciona o motor a diesel com o gerador síncrono
operando a circuito aberto. Contudo, somente quando o eixo do motor a diesel chega
à rotação necessária para que o gerador gere tensão terminal induzida na frequência de
60 Hz, o gerador estará apto a gerar energia para alimentação da carga.
Portanto, as cargas poderão ser ligadas progressivamente a partir deste ponto,
com a frequência já convergida para 60 Hz e mantida então neste valor pelo sistema
de controle de velocidade do motor diesel.

29
3. PROJETO E DESCRIÇÃO DO SISTEMA INSTALADO

O projeto da usina de emergência do CRT contempla todo o sistema necessário


para geração de energia elétrica para o consumo local e somente quando for solicitado.
Este sistema inclui desde equipamentos, componentes elétricos e mecânicos, como
motor, gerador, baterias, cabos, até os outros dispositivos para acionamento, comando
e controle, para pôr os GMGs em funcionamento, em sincronismo, em carga, como
também para desligá-lo e supervisioná-lo.
Este capítulo tem como objetivo principal a descrição detalhada do sistema de
GMGs adotado no projeto do CRT. Enquanto o Capítulo 2 tratou de aspectos teóricos,
este mostra as características técnicas que tornaram possível a implantação dos GMGs
e de todo o sistema de emergência do CRT.
No entanto, o projeto dos GMGs não foi realizado de forma totalmente
independente dos demais, porque os GMGs fazem parte de todo o sistema de
emergência. Por isso, este capítulo também contempla os principais aspectos técnicos
do sistema de emergência e sua contribuição ao sistema de distribuição de energia.
Dessa forma, o projeto da usina de emergência, consequentemente dos GMGs,
precisou ser adequado às necessidades e natureza do ambiente, que conta com a carga
de iluminação, motores de indução, retificadores, equipamentos de telecomunicações,
etc.
Além disso, foi também considerado que o regime de operação é
predominantemente em stand-by(espera), como fonte de energia de emergência, que
tem consumidores ligados a fontes com baterias e, ainda, outros que podem ter uma
pequena parada no transitório de partida dos GMGs.

3.1. Grupo motor-gerador (GMG)

3.1.1. Características técnicas

A justificativa para instalação de um novo sistema de emergência está na


demanda atual, que é de 320 kVA, em face dos 230 kVA do único GMG do sistema
antigo. Além disso, o projeto da construção de um prédio novo de apoio logístico e,
também, da instalação do sistema de condicionamento de ar central de fan coil/chiller,

30
aumentariam mais ainda a demanda de energia. As especificações das demandas
encontram-se na Tabela 3.

Tabela 3 - Informações de demanda do local de instalação

Distribuição Potência demandada Potência prevista (kVA)


atualmente (kVA)
Construção atual 320 400
Prédio logístico 0 40
Fan coil/chiller 0 232,5
Total 320 672,5

As normas ABNT NBR 5117 e IEC 60034-1 estabelecem a padronização de


especificação da potência nominal em kVA, fator de potência 0,8 indutivo, tensão
nominal de alimentação elétrica e outros requisitos, conforme consta na Tabela 4.
O projeto conta com três GMG de 450 kVA cada e cujos os dados de placa
estão organizados na Tabela 4. Além disso, todo o sistema foi projetado para ambiente
abrigado.

Tabela 4 - Informações de placa do GMG

Peso 2588 kg
Tensão 220 V/ 127 V
Corrente 1180 A
Potência 450 kVA
Fator de potência 0,8
Frequência 60 Hz
Rotação 1800 rpm
Regime funcional Stand-by

O sistema de GMGs está programado para funcionar normalmente com duas


das suas unidades, ficando uma delas como redundância (stand-by). Dessa forma, a
potência máxima que pode ser fornecida é de 900 kVA, com 450 kVA de reserva.
No entanto, essa forma de funcionamento padrão não exclui o funcionamento
dos três GMGs em paralelo quando houver solicitação, podendo chegar a 1350 kVA.

31
A partir dos dados de placa, podemos organizar os dados descritos na Tabela
5, referente à carga plena do projeto dos GMGs.

Tabela 5 - Regimes de funcionamento, com especificação das grandezas nominais

Sistema com 2 GMGs Sistema com


3 GMGs
Funcionamento Redundância Funcionamento
padrão acima do esperado
Potência (kVA) 900 450 1350
Tensão de linha (V) 220 220 220
Corrente a plena 2362 1181 3543
carga (A)

A Figura 5 mostra um dos GMGs instalados. Nota-se o sistema de motores e


gerador com o sistema de exaustão acoplado, além de toda infraestrutura elétrica e de
tubulação hidráulica para o combustível.

Figura 5 - Foto do GMG instalado

32
Cada GMG contém um tanque diário de combustível de 100 L e banco de
baterias com 12 elementos de 2 V cada, para o motor de partida, conforme mostrado
na Figura6. Além disso, conta com um quadro de bornes e um painel de instrumentos
do motor, com manômetro, para indicar o nível de combustível e chave de partida
manual de super-emergência, que funciona em último caso, e aciona somente um
gerador.Neste caso, mostrado na Figura 7, não há controladora para fazer o
sincronismo e paralelismo.

Figura 6 - Tanque de combustível auxiliar e banco de baterias

Figura 7 - Superior esquerdo: foto de frente do GMG, superior direito: quadro de bornes, e
inferior: painel de instrumentos do motor, com manômetro, indicador de combustível e sistema
de super-emergência de partida no modo manual

33
3.1.2. Características do ambiente

As características ambientais encontram-se no manual de instalação, operação


e manutenção de alternadores síncronos, linha G (WEG, Alternadores síncronos
linha G, setembro de 2016).
Essas características estão de acordo com as normas IEC 60034-1 e ABNT
NBR 5117 e estabelecem que o alternador deva funcionar na seguinte condição:
 Temperatura ambiente entre -15°C a +40°C;
 Altitude de até 1000m acima do nível do mar;
 Ambiente sem presença de agentes agressivos, como maresia, produtos
químicos;
 Ambiente de acordo com o grau de proteção do alternador.

Com relação ao grau de proteção, o alternador em questão tem a classificação


IP - 21, conforme NBR 60529 e NBR 9884, onde, segundo (STEPHAN, 2013, pp. 31
e 32), o número 2 indica proteção contra a entrada de corpos sólidos estranhos de
dimensões acima de 12 mm, e o número 1 indica proteção contra queda vertical de
líquidos no interior do equipamento.

3.1.3. Regimes de funcionamento do grupo motor-gerador (GMG)


instalado

O GMG foi construído pela empresa SDMO / Maquigeral, modelo MAQ


44N17I, possuindo os regimes de funcionamento que detalharemos a seguir, de acordo
com a norma ISO 8528 – 1, ABNT NBR 5117, IEC 60034-14, e baseado no manual
descrito da SDMO (SDMO, MAQ 44N, ano desconhecido).
A norma ABNT NBR 5117 estabelece os requisitos básicos a serem atendidos
pelas máquinas síncronas, o que, nesta seção, refere-se à especificação dos regimes de
funcionamento.
Os regimes de funcionamento do GMG, para o modelo descrito, são os
seguintes:

34
 Stand-by: o equipamento é dimensionado para alimentar cargas variáveis na
modalidade emergência, ou seja, na falta ou anormalidade do fornecimento da
concessionária de energia elétrica, com limite de utilização de 2000 h/ano;
 Prime: o equipamento é dimensionado para alimentar cargas variáveis durante
o tempo necessário, ou seja, utilizado em situação normal de fornecimento ou
como substituição, sem limite de horas de utilização;
 Base load: o equipamento é dimensionado para alimentar cargas constantes
durante o tempo necessário.

Os valores de potência para cada regime de funcionamento deste modelo


encontram-se na Tabela 6.

Tabela 6 - Valores da potência nominal para cada regime de potência

Regime de potência Potência nominal (kVA)


Stand-by 450
Prime 410
Base load 287

3.1.4. Componentes do grupo motor-gerador (GMG)

Nas seções seguintes têm-se as características detalhadas de cada um dos


componentes do GMG.

3.1.4.1. Tanque de combustível

O armazenamento de combustível utilizado é através do tanque principal,


alimentando o motor a diesel por meio de bomba, e do tanque diário, que fica do lado
de cada GMG.
O tanque principal fica no lado externo, mas próximo da construção da usina
de emergência, é enterrado e contém 5000 L de capacidade de armazenamento. O
quadro de comando permite a utilização de sistema automático ou manual, além de
duas bombas, ficando uma delas de reserva.

35
Já os tanques diários, ou auxiliares, são de 100 l cada, como representado na
Figura 8. Cada GMG tem um tanque auxiliar,com tubulações hidráulicas para
fornecimento do combustível.

Figura 8 - Esquema do tanque diário do GMG

O consumo de combustível é de 83,3 L/h(SDMO, MAQ 44N, ano


desconhecido), no regime prime para a densidade de 840 g/CMM de óleo diesel. A
cilindrada é de 12,7 L.
Dessa forma, com o tanque de 5000 L cheio, e com a utilização dos três GMGs
em carga plena, o sistema de emergência daria uma autonomia de aproximadamente
20 h, sem o fornecimento da concessionária de energia elétrica. Com uma potência de
320 kVA, que representa 23,70 % da carga plena, teríamos uma autonomia de
aproximadamente 84,41 h ou aproximadamente 3 dias e 12 horas, sem o fornecimento
da concessionária de energia elétrica.

3.1.4.2. Baterias de partida

As baterias têm a função principal de fornecer energia para dar partida ao motor
de partida, além de outros equipamentos auxiliares. Elas são projetadas para serem
utilizadas de forma repetitiva e com baixa profundidade de descarregamento. Logo são
utilizadas as baterias automotivas.
Outra verificação importante é a do nível de eletrólito das baterias,
completando-se a água destilada quando necessário. Esse procedimento é importante

36
para evitar a perda de capacidade da bateria e tensão reduzida, quando o nível de
eletrólito é menor do que o mínimo. Além disso, seus terminais devem ser mantidos
limpos se realizada a monitoração constante da densidade para poder se manter o
estado da carga.
As baterias de partida são utilizadas no motor de partida, sendo utilizada, para
o modelo GMG 44 N, a interligação em 24 VCC, como mostrado na Figura 9, ligando-
se o polo positivo (+) ao motor de partida, e o polo negativo (-)à base metálica deste
motor.

Figura 9 - Esquema de interligação das baterias de partida do GMG

Na planta ativa, foi utilizado um banco de baterias de 24 V, com 12 elementos


de 2 V cada, conforme explicado na seção 2.1.1.
O projeto das baterias depende da potência do motor de partida que, por sua
vez, depende da potência do motor a diesel. Estas condições, portanto, são
subordinadas à demanda do sistema. Além do motor de partida, a demanda em baterias
deve ser relacionada à duração e frequência das partidas e dispositivos auxiliares, tais
como sinalizadores luminosos, dentre outros.
Nesse projeto são utilizadas baterias com capacidade de 300 Ah, com
densidade no nível máximo, de 1,21 g/cm³ a 25°C.

37
3.1.4.3. Motor de partida (de arranque)

A potência do motor de partida varia de acordo com a cilindrada do motor


diesel, sendo maior para motores de menor cilindrada. Além disso, devido ao consumo
de energia na partida, os motores de até 200 CV, aproximadamente 148 kW, utilizam
o sistema de 12 V de alimentação, enquanto sistemas maiores utilizam o sistema de 24
V.
Como o motor principal desenvolve uma potência da ordem de 500 CV, quando
está a 1800 rpm (60 Hz),um motor de partida com alimentação a 24 V é utilizado. A
potência do motor de partida utilizado é de 5,5 kW(SCANIA, 2015, p. 59).

3.1.4.4. Motor a diesel

O motor a diesel é o motor principal, a máquina motriz, do sistema do GMG.


As suas principais características técnicas estão listadas na Tabela 7 (SDMO, MAQ
44N, ano desconhecido).
Tabela 7 - Principais características do motor principal a diesel

Fabricante: Scania Potência Stand-by: 552 CV


Modelo: DC13 Potência contínua: 506 CV
Ciclo: 4 tempos Frequência: 1800 rpm / 60 Hz
N° cilindros: 6 em linha Consumo de 83,3 L/h (densidade
combustível diesel = 840 g/cm³)
(prime):
Cilindrada: 12,7 L Nível de ruído: 105 dB (A) a 1 m
Combustível: Óleo diesel Lubrificação: Forçada por
engrenagem / filtro
substituível
Partida Motor de arranque Governador / Eletrônico
elétrica: sistema de injeção:
Rotação: Anti-horário Proteções: Alta temperatura de
água, baixa pressão de
óleo e sobrevelocidade

38
3.1.4.5. Gerador síncrono

O gerador que fornece a energia elétrica para o sistema de distribuição de


energia é um gerador síncrono, trifásico, de quatro polos, sem escovas, com bobina
auxiliar. Algumas das suas principais características estão listadas na Tabela 8.

Tabela 8 - Principais características do motor principal a diesel

N° de polos 4
Sistema Trifásico
Fator de potência 0,8 indutivo
Excitação Brushless (sem escovas), com bobina auxiliar
Mancais Único
Ventilação Aberto / auto-ventilado, com ventilador
montado no eixo
Grau de proteção IP - 21, conforme NBR 60529 e NBR 9884
Classe de isolamento H (180 °C), conforme NBR 7094
Partida Enrolamento auxiliar
Distorção harmônica a < 5%
vazio
Icc 3*In, durante o período de 10 s
Disponibilidade de 220 / 127 V, 380/220 V e 440/254 V, ou em
tensão tensão única
Regulador de tensão Eletrônico, com resposta inferior a 0,5s e
regulação de tensão inferior a + ou - 1%
Passo Encurtado de 2/3 nos enrolamentos, para
eliminar o 3° harmônico e a corrente de
neutro
Acoplamento Discos flexíveis

3.1.4.6. Características do GMG instalado

39
As principais características do GMG no projeto do CRT estão mostradas nas
informações de placa da Tabela 9 e fizeram parte das especificações de compra para o
projeto demandado.

Tabela 9 - Informações de placa e de projeto do GMG

N° série 0253450001
Motor N° 8727144
Gerador N° 1024557445
Data montagem 09/2014
Peso (Kg) 2588
Modelo 44N17I
Tensão nominal (V) 220 / 127
Pot. Nominal (kVA) 450
Regim. funcional Stand-by
Frequência (Hz) 60
Rotação (rpm) 1800
Fator de potência 0,8
Corrente nominal (A) 1180

3.1.4.7. Regulador automático de frequência ou de velocidade

O regulador de velocidade, também chamado de governador, fixa os valores da


velocidade de rotação e da frequência elétrica, a partir da ação do sistema de injeção
de combustível, quando este injeta mais ou menos combustível por ciclos.
Os governadores eletrônicos têm boa precisão, com boa relação de custo. São
constituídos basicamente por: pick-up magnético, regulador eletrônico e atuador. O
pick-up magnético tem a função de sensor de velocidade e o regulador eletrônico é a
unidade de controle.
O funcionamento desse sistema ocorre a partir do movimento do motor, com cada
dente da cremalheira do volante, como descrito na seção 2.2.1, induzindo um pulso de
corrente elétrica. Esse pulso é captado pela unidade de controle, quando passa perto
do pick-up magnético. A quantidade de pulsos por segundo, ou seja, a frequência desse
evento é captada pela unidade de controle e comparada com o valor de referência.

40
Assim, quando há diferença entre os valores obtidos na saída e o valor de referência,
o regulador altera o fluxo de corrente enviada para o atuador, efetuando as correções
na injeção de combustível.

A forma de atuação da alimentação do governador é alterada pelo valor da


rotação do eixo, na forma de rampa, como exemplificado na Figura 10.

Figura 10 - Atuação do regulador de frequência

3.1.4.8. Regulador automático de tensão

O regulador automático de tensão funciona quando há diferença entre os


valores obtidos na saída do gerador e o valor de referência ajustado, alterando, quando
necessário, o fluxo de corrente de campo do gerador e, assim, regulando o valor da
tensão de saída. Esse procedimento ocorre porque o erro obtido pela malha de
realimentação determina o ângulo de disparo do tiristor de chaveamento do PID, entre
0° e 180°. Esta seção se baseia no Manual da WEG sobre reguladores de tensão (WEG,
2014).
O diagrama de blocos de seu funcionamento está representado na Figura 11.

41
Figura 11 - Diagrama de blocos do regulador automático de tensão

O regulador de tensão é eletrônico, analógico e da série GRT7, tendo sido


desenvolvido para geradores síncronos sem escovas (brushless). Ele tem resposta a
variações de carga e do fator de potência, de acordo com a Tabela 1, seção 2.3.3.1, em
período inferior a 0,5 s e regulação inferior a + 0,01 V ou – 0,01 V.
O sistema de controle empregado é PID, com ajuste de ganho proporcional e
de ganho integral. Os outros elementos mencionados na Figura 11são: U/F, DROOP e
escorvamento automático.
U/F é a unidade de proteção contra subfrequência, com a frequência nominal
ajustada para 50 Hz ou 60 Hz, atuando na tensão de saída quando a frequência é
reduzida a um valor menor que 90% da frequência nominal, ou seja, 54 Hz, conforme
está representado na Figura 12.

Figura 12 - Relação de proteção contra subfrequência

42
Já DROOP é o ajuste de regulação de tensão de acordo com a carga, como
explicado na equação 20, da seção 2.3.3. O escorvamento automático é utilizado na
partida do gerador, porque o início de geração é dado pela tensão residual do gerador
até obter tensão nominal. A partir do momento em que é obtida a tensão nominal, a
malha de controle PID mantém o valor de tensão de saída constante, no valor ajustado.
Esses dois sistemas de controle são supervisionados e acionados pelo sistema
ECU, Eletronic Control Unit, ou unidade de controle eletrônica, que são parte do
sistema de acionamento e controle, da seção 3.2. O ECU é um dos componentes da
USCA, Unidade de Supervisão de Corrente Alternada, conforme descrito na
seção3.4.1.

3.2. Sistema de acionamento e controle

O sistema do GMG foi projetado para atuar de forma automatizada por


controladoras digitais para cada GMG e para a supervisão da rede. Foi utilizada a
controladora USCAMAQ 31-C, representada na Figura 13.

Figura 13 - Controladora do GMG

Essa controladora consegue operar o conjunto de GMGs em paralelo, em


paralelo com a rede ou em stand-by(espera), a partir de um sincronizador integrado e
divisor de cargas digital. Suas características mais importantes são:

43
 Proteções integradas nas 3 fases do gerador (tensão e frequência);
 Proteções integradas nas 3 fases da rede (tensão e frequência);
 Proteções de sobrecorrente temporizada e de curto circuito;
 Proteção de sobrecarga;
 Proteção de potência reversa;
 Proteção de fuga a terra;
 Proteção de vetor de deslocamento;
 Sincronismo automático e controle de potência (via regulador de velocidade
ou ECU – Eletronic Control Unit);
 Controle de tensão e FP (AVR);
 Medições do Gerador: V, I, Hz, kW, kVAr, kVA, FP, kWh, kVAhr;
 Medições da Rede: V, I, Hz, kW, kVAr, FP.

O projeto do GMG do CRT tem o objetivo da operação dos geradores em


paralelo, e em stand-by(espera), ou seja, com transferência da rede para os GMGs
quando solicitado. A representação da operação dos motores geradores está mostrada
na Figura 14 que evidencia os geradores em paralelo, G1 e G2, e em stand-by com o
fornecimento convencional da concessionária de energia elétrica, a partir do
transformador T.

Figura 14 - Esquematização do controle dos grupos geradores em paralelo e em stand-


by(espera) com a rede convencional de energia elétrica

44
Esse sistema permite supervisão externa que reconhece falta de energia da rede
convencional, enviando comando de partida dos grupos geradores, através da partida
automática na entrada bináriaSys start/stop.
Além disso, após tempo mínimo de estabilidade e regime permanente, com
tensão e frequência dentro dos limites estabelecidos, o GCB (disjuntor de GMG) é
fechado. É feito também sincronismo entre grupos gerador e barramento, divisão de
carga ativa e reativa e gerenciamento de carga, com partida e parada de geradores,
dependendo da carga.

3.3. Descrição do sistema da usina de emergência e da distribuição da energia


elétrica

Antes da apresentação de informações sobre o funcionamento dos GMGs,


integrados na usina de emergência durante o fornecimento de energia ao sistema
interno, é preciso detalhar como se processa a distribuição de energia e como a usina
de emergência está inserida nessa distribuição.
Sistemas de emergência não apresentam somente os GMGs em sua
composição, mas realizam, também, todo o processo de comutação automática, ação
dos controladores com supervisão da entrega de energia, cálculo de demanda e cálculo
de funcionamento da entrega de energia.
Além disso, existe ainda um sistema de ininterrupção de energia nas
modalidades CA e CC, com banco de baterias.

3.3.1. Sistema de distribuição de energia do CRT: tipos de consumidores

O fornecimento de energia elétrica é feito pela concessionária Light S. A. Essa


energia é recebida no CRT em 13,8kV para seu tratamento através da subestação
interna. Na subestação, os transformadores diminuem a tensão de 13,8kV para 220V,
sendo a energia então dirigida aos quadros gerais de distribuição, a partir dos
barramentos essencial e não essencial, conforme descrito na Figura 15.

45
Fornecimento
Light Usina 3x440 kVA

Trafos

Barramento não QTA / Barramento


essencial essencial

QDCA
Banco de baterias Fontes CC Banco de baterias
nobreak (CA) Short - break chaveadas

Consumo
QDCA QDCA QDF

Consumo Consumo QDCC

Consumo

Figura 15 - Diagrama do sistema de distribuição do CRT

Essa separação é devida aos diferentes tipos de consumidores, e por isso


existem diferentes modalidades de alimentação, a saber: sistema essencial, sistema não
essencial, sistema alimentado por nobreak (CA) e sistema alimentado pelas fontes
chaveadas CC e sistema short-break.
Assim que a energia elétrica chega ao CRT pelo meio comercial, é entregue
aos QDGs (Quadro de Distribuição Geral) de módulos I até IV, que dividem os
consumidores em essenciais ou não. A usina de emergência somente alimenta o
sistema essencial, e, portanto, o sistema essencial é composto pelos consumidores que
não tem o seu fornecimento de energia interrompido por alguma falta ou anormalidade
da energia elétrica comercial, ao passo que o sistema não essencial tem o seu
fornecimento interrompido nesse caso.
Por sua vez, o sistema essencial tem dois tipos de modalidades, que são os
sistemas que não são interrompidos em momento algum, e os que são. Os que são
interrompidos são alimentados diretamente pelo sistema essencial e sofrem uma breve
parada devido ao tempo de acionamento, sincronização e comutação dos geradores
(cerca de 15 a 30 segundos).
Já o sistema ininterrupto continua o seu fornecimento devido ao banco de
baterias que alimenta os consumidores no intervalo de tempo em que os geradores são

46
acionados. Essa alimentação é feita pelo nobreak, na modalidade CA, e fontes CC
chaveadas, e são essenciais aos equipamentos mais delicados.
No caso de interrupção no fornecimento de energia elétrica, os GMGs entram
em funcionamento entregando energia diretamente ao barramento essencial,
recarregando as baterias do sistema nobreak e das fontes CC chaveadas. Além dessas
alimentações, os GMGs alimentam diretamente os QDCAs (Quadro de Distribuição
de Corrente Alternada) do tipo essencial auxiliar (short-break) e que tem interrupção
de fornecimento durante o tempo de partida dos geradores.
Dando prosseguimento a descrição do sistema essencial, a energia do nobreak
entrega a corrente alternada aos QDCAs (que não fazem parte da modalidade short-
break) e estes dirigem o fluxo de energia de corrente alternada para os consumidores
finais.
Já a fonte CC chaveada entrega a sua energia em forma de corrente contínua
para os QDFs (Quadro de Distribuição de Fila), que por sua vez distribuem o fluxo de
energia para os QDCCs (Quadro de Distribuição de Corrente Contínua). Finalmente,
a energia é disponibilizada para os consumidores finais, em especial os equipamentos
de telecomunicações.
Por outro lado, o fornecimento de energia que vem pela concessionária,
alimenta tanto a parte essencial descrita acima, como a parte não essencial. Essa parte
não essencial não tem fornecimento de energia que advém da usina de emergência
quando há falta ou irregularidade no fornecimento.
Os diagramas unifilares dos subsistemas do sistema de energia encontram-se
nas figuras16, 17, 18 e 19.

47
Figura 16 - Diagrama unifilar - subsistema de entrada de energia

Figura 17 - Diagrama unifilar - subsistema dos quadros gerais

48
Figura 18 - Diagrama unifilar - subsistema da usina de emergência

Figura 19 - Diagrama unifilar - Detalhe do transformador a seco, 500 kVA, 13,8 / 220 V

49
3.3.2. Projeto da usina de emergência

A usina de emergência foi projetada como redundância ao sistema de


fornecimento comercial de energia elétrica, fornecida pela empresa Light S.A. Como
pode ser visto nas Figuras 25 e 26, dos diagramas do caminho do fluxo elétrico na
seção 4.2, temos duas formas de alimentação, uma pelo sistema comercial e outro pela
usina de geradores.
A usina contém quadros de supervisão, comando e controle que acomodam os
dispositivos que tratam os sinais e integram a lógica de controle através de CPUs.
Além disso, através de dispositivos elétricos permitem comandar quais seções dos
quadros de distribuição de potência estarão conectadas e quais estarão desconectadas.
Os quadros de comando e controle da sala de operações da usina são:

 QGU – Quadro Gerenciador de Usina, que acomoda as controladoras da usina,


USCAMAQ 31 – CR, dentre outros dispositivos.
 USCA – Unidade de Supervisão de Corrente Alternada, que acomoda as
controladoras dos GMGs, USCAMAQ 31-C e a ECU, dentre outros
dispositivos.

Além disso, para interligação entre os subsistemas têm-se os quadros de


comutação e distribuição da energia fornecida pela rede e pelo sistema de emergência.
Os quadros de distribuição da sala de operações da usina são:

 QS / GMG 1 e 2 – Quadro de Sincronismo para os GMGs 1 e 2;


 QS / GMG 3 – Quadro de Sincronismo para o GMG 3;
 QTA -1 – Quadro de Transferência Automática 1;
 QTA -2 – Quadro de Transferência Automática 2;
 PDGE – E – Painel de Distribuição Geral do sistema essencial.

As Figuras 20 e 21 apresentam os quadros citados, sendo a Figura 20 referente


aos quadros de comando e controle, e a Figura 21 referente aos quadros de distribuição.

50
Figura 20 - QGU (Quadro Gerenciador de Usina) e USCA (Unidade de Supervisão de
Corrente Alternada)

Figura 21 - Quadro de distribuição e comutação de rede / usina

51
4. FUNCIONAMENTO DO SISTEMA DE EMERGÊNCIA

Este capítulo apresenta o detalhamento do funcionamento da distribuição da


energia elétrica para o CRT, começando com a descrição do funcionamento do GMG,
do sincronismo e do paralelismo entre GMGs. Assim, o capítulo aumenta a
abrangência do trabalho incluindo informações relativas ao direcionamento do fluxo
de energia e potência elétrica tanto para o sistema convencional, quanto para o sistema
de emergência.

4.1. Sincronização e paralelismo do sistema de GMGs

A sincronização refere-se ao processo de obtenção de exata coordenação entre


níveis e taxas de variações entre as grandezas elétricas. Já o paralelismo refere-se ao
processo de interconexão de unidades de um sistema para uma finalidade em comum,
que no caso é o compartilhamento de demanda. As teorias sobre sincronismo entre
geradores síncronos e sobre paralelismo encontram-se na seção 2.3.
O processo de sincronização faz com que tensão, corrente, frequência e ângulo
de fase sejam similares entre os geradores, sendo realizado também com a verificação
da distribuição dos fluxos de potência ativa e potência reativa. Isso evita correntes
circulantes entre os equipamentos, além de oscilações significativas de energia e
quedas de tensão, contribuindo assim para manutenção da à estabilidade no sistema.
É atividade comum em sistemas contendo geradores síncronos, se realizar um
processo de verificação da sincronização antes do fechamento dos disjuntores. Depois
do fechamento dos disjuntores ocorre o processo de paralelismo.
A sincronização e a conexão final do conjunto de GMGs em paralelo são
procedimentos realizados pela controladora USCAMAQ - 31C em conjunto com o
regulador de tensão, citados na seção 3.2 e subseção 3.1.4.8, respectivamente. Como
descrito na seção 2.3, a sincronização e paralelismo impõem restrições em que os
geradores precisam operar dentro de limites especificados, como o de tensão de saída
com tolerância de mais ou menos 1%, a compensação de reativos e ainda algumas
outras grandezas elétricas associadas aos geradores com amplitudes iguais ou
aproximadamente iguais.

52
Depois que cada grupo GMG entra na operação de regime permanente, os
grupos referidos são sincronizados entre si e passam a operar em paralelo para
disponibilizar uma carga maior que somente um poderia disponibilizar.

4.2. Funcionamento do sistema de emergência e convencional

O sistema de emergência funciona com a integração dos três grupos motores


geradores, mais os quadros de potência (QS, QTA e PDGE), os quadros de comando
e controle (QGU e USCA), e suas interconexões, conforme a Figura 22.
Os disjuntores DJR 1 e DJR 2 são referentes à alimentação pela rede
convencional. Eles possuem intertravamento elétrico e mecânico com os disjuntores
DJU 1 e DJU 2, estes referentes à alimentação pela usina de emergência. Já os
disjuntores DFE 1, DFE 2 e DFE 3 são referentes à saída para os quadros de
distribuição essenciais, enquanto os disjuntores DG 1, DG 2 e DG 3 são referentes à
conexão aos geradores em operação.

Figura 22 - Diagrama unifilar do subsistema referente aos GMGs e quadros de potência da


usina

As Figuras 23 e 24 especificam os fluxos de energia quando a rede


convencional está fornecendo energia e quando a usina de geradores está fornecendo

53
energia, respectivamente. Comparando essas figuras, vimos algumas diferenças como
a não alimentação dos quadros de distribuição não essenciais, na Figura 24, e as
diferenças de alimentação nos quadros de potência da usina, devido ao intertravamento
entre os disjuntores DJR 1 e DJU 1, DJR 2 e DJU 2.

Figura 23 - Diagrama unifilar do sistema de energia do CRT, com ênfase no fluxo energia
através da rede convencional

54
Figura 24 - Diagrama unifilar do sistema de energia do CRT, com ênfase no fluxo energia
através da usina de emergência

55
Os três grupos motores geradores entram em funcionamento juntos. No
entanto, dependendo da energia consumida os grupos serão desligados
escalonadamente, de forma a manter apenas o número de geradores para a geração
necessária ao consumo.
O processo de funcionamento da usina inicia-se quando se tem déficit no
fornecimento de energia elétrica, de forma que a USCA e o QGU iniciam todo o
processo de acionamento, controle da partida e funcionamento dos GMGs.
Para dar início a esse processo, as controladoras na USCA alimentam e
recarregam as baterias que, por sua vez, alimentam o motor de partida que, também é
monitorado por essas controladoras. O próximo passo é a partida do motor a diesel
pelo motor de partida, tendo novamente essas controladoras como o equipamento de
controle de todo o processo.
Este acionamento é temporizado e executado uma série de vezes. No entanto,
caso haja falha, ele pode ser feito manualmente de acordo com as instruções no manual
de operação USCAMAQ 31-C(SDMO, Manual de operação USCAMAQ 31 C, ano
desconhecido). Por outro lado, se a partida obtiver sucesso, o sistema de baterias e
motor de partida são desligados e a controladoras assumem a regulação de velocidade
do motor a diesel, além da regulação de tensão do gerador síncrono.
Quando o gerador entra em regime permanente, com a USCA controlando o
seu nível de tensão e controlando a frequência pela velocidade de rotação do motor a
diesel, o QTA (Quadro de transferência automática) transferirá o fornecimento de
energia da rede convencional para a usina. Esse processo todo demora cerca de trinta
segundos e muda totalmente a alimentação do barramento essencial do sistema
convencional para o sistema de emergência, conforme demonstrado nas Figuras 23 e
24.
Por fim, quando o fornecimento da concessionária retorna, as controladoras do
QGU recebem sinalização desse evento e aguardam por aproximadamente um minuto
para ter segurança que o sistema realmente retornou e se não teve falhas nesse período.
Permanecendo estável, essas controladoras acionam o QTA para trocar o fornecimento
para o sistema convencional, e iniciam o processo de desligamento dos GMGs que, de
um modo geral, param o motor a diesel e desligam o gerador.
Outra característica que vale a pena ressaltar são a demora do sistema de
emergência entrar em funcionamento (cerca de trinta segundos) e a finalidade dos

56
bancos de baterias do sistema nobreak e fonte CC chaveada para o não desligamento
dos equipamentos mais sensíveis. Esses equipamentos poderiam apresentar um mau
funcionamento, também poderiam perder as configurações de teste, ou ainda parar o
sistema de comunicação, se não houvesse um sistema de bancos de baterias para suprir
sua demanda no tempo de comutação para o sistema de emergência.

57
5. RESULTADOS

Este capítulo apresenta os resultados da medição registrados pelo analisador de


qualidade de energia Mavowatt 30, através do software Dran-view 7, permitindo
visualização e análise das medições. Além disso, registra a demanda de potência e as
observações do visor das controladoras da QGU (para a usina) e USCA (para os
GMGs).
Estas medidas têm o objetivo de demonstrar o funcionamento da usina de
geradores quando há uma queda de energia, havendo troca de fornecimento de energia
da rede a energia advinda dos geradores e, também, quando há retorno de energia pela
rede convencional, com a troca de fornecimento de energia advinda dos geradores para
a alimentação convencional pela rede externa.
Com foco na análise qualitativa desse fornecimento, de acordo com a restrição
do equipamento de medição de até 100 Arms, foi escolhido, para ilustrar o registro das
medições, o subsistema associado ao disjuntor D15, de entrada do sistema UPS.

5.1. Procedimento para manobra e medição

A aquisição dos dados foi realizada na entrada do disjuntor D15, que se


encontra no quadro QDG – MÓDULO II – ESSENCIAL I. Este é um quadro de
distribuição geral e essencial, localizado após a usina de geradores e que é alimentado
pelos geradores na hipótese de falta de energia da concessionária. Esse disjuntor
encontra-se depois da saída dos QTAs, mas antes do nobreak e seus bancos de baterias.
Foi utilizado somente um cabo de cada par das fases que chegam neste disjuntor,
devido ao limite de corrente do instrumento, que, conforme já foi dito, é de 100 Arms.
A Figura 25 apresenta a foto do local da medição. Os conectores azuis são do
tipo de enlace, para medição da intensidade rms de corrente, enquanto que os
conectores vermelhos são do tipo garra, para medição da tensão. Além disso, os cabos
têm a seguinte ordem de indicação: amarelo, para a fase a; branco, para a fase b; e,
verde, para a fase c.
O analisador foi configurado para fazer a leitura das grandezas elétricas de
tensão, corrente, e potências ao longo do tempo.

58
Figura 25 - Foto do local da medição

Com tudo configurado, a aquisição dos registros de medição iniciou na


condição de rede convencional ligada. Em seguida, foi simulada uma falta de energia
com desligamento do disjuntor C1 (geral), do QDG - MÓDULO I NÃO ESSENCIAL
I.
As medições continuaram com a queda de energia e depois com o
funcionamento dos geradores, com a comutação da QGU para o fornecimento de
energia pela usina de geradores, podendo ser associada à supervisão das suas
controladoras a anormalidades de entrega de energia da rede.
Passado o tempo de 15 minutos de teste, o disjuntor C1 foi religado simulando
o retorno da energia da rede. Isso fez com que as controladoras no QGU começassem
o processo de observação da qualidade e continuidade da energia entregue pela rede
por um processo de aproximadamente um minuto, até a comutação da energia para ser
entregue pela rede e não mais pela usina de geradores.

59
5.2. Observação da demanda de energia

No período do funcionamento da usina de GMGs, foram observados os visores


de cada controladora, para confirmação do funcionamento correto do sistema, além
das medidas de potência de registro da demanda solicitada.
A primeira observação foi das controladoras USCAMAQ 31-CR (Módulos de
rede QTA-1 e QTA-2) da QGU, que controlam e supervisionam o sistema da usina,
com supervisão do fornecimento e comutação entre rede e usina de GMGs. Como
observado na Figura 26, a demanda de energia foi de aproximadamente 320 kW, já
que as duas controladoras mostram a demanda instantânea total (e não individual).

Figura 26 - Controladores da usina, módulos de rede QTA - 1 e QTA -2

Essa demanda permite a utilização de apenas um dos GMGs, mas como ele
está configurado para acionar um segundo GMG se a demanda superar 60% de seu
valor nominal (270 kVA = 0,6×450 kVA), dois GMGs funcionaram em paralelo. Com
esse gerenciamento de carga, evita-se o risco de ocorrer picos de demanda que fiquem
acima da potência nominal de um GMG.
Além disso, foi observado também que, depois da entrada em operação dos três
GMGs, somente dois são necessários para a demanda, ficando um no modo stand-
by(reserva). Como esse sistema funciona no modo escalonado, os GMGs que ficam
ligados são escolhidos aleatoriamente e, de tempo em tempo, são trocados os GMGs
que ficam ligados, de acordo com o gerenciamento de carga.

60
Como mostrado na Figura 27, abaixo, estão em funcionamento os GMGs 1 e
3, enquanto que o GMG 2 está no modo stand-by desligado. Os GMGs 1 e 3 estão
carregados com potência de aproximadamente 160 kW cada, significando que os
geradores 1 e 3 juntos estavam entregando a potência de 320 kW requerida pelo
sistema.

Figura 27 - Controladoras da USCA - Módulos de controle 1, 2 e 3, referente a cada GMG

61
5.3. Dados e análise da medição do Mavowatt 30

Os dados da medição durante o processo de comutação da energia estão


apresentados nesta seção e representam, de forma qualitativa, o comportamento das
grandezas elétricas de potência ativa, tensão rms e corrente rms.
A Figura 28registra a evolução da potência ativa total no processo de
comutação de energia. Como já dito, essa figura retrata o comportamento da
comutação da rede para a usina de geradores, com a queda de energia assim que o
disjuntor geral é desligado.

Figura 28 - Potência ativa total

Conforme demonstrado na Figura 29, a energia foi interrompida entre 09:17 e


09:18, sendo que o registro de consumo pela rede indicava, aproximadamente, 20
kVA, antes do desligamento. A energia retornou por volta de 09:19, já com
fornecimento através do gerador, com pico de fornecimento de, aproximadamente, 29
kVA nesse ramo (entre 09:19 e 09:20), devido principalmente à recarga nos bancos de
bateria, assim como alguns religamentos com recarga de capacitores.
Depois disso, os bancos de baterias foram completando as suas cargas e o
consumo de potência foi convergindo para o valor inicial de 20 kW. Isso ocorreu até
o momento em que o disjuntor geral foi religado, por volta de 09:36, o que ocasionou

62
a temporização das controladoras do QGU para o desligamento do fornecimento pela
usina.
A comutação para o fornecimento de energia pela rede aconteceu em
aproximadamente 10 s, ou seja, um tempo bem menor que o da comutação para a usina
de geradores, ocasionando um menor descarregamento das baterias, e, por
conseguinte, um menor pico de corrente, com estabilização mais rápida e suave, como
pode ser visto na Figura 30.

Figura 29 - Potência ativa total, com ênfase na comutação da rede para a usina de geradores

Figura 30 - Potência ativa total, com ênfase na comutação da usina de geradores para a rede

As Figuras 31 e 32 referem-se a mesma situação de manobra vista na Figura


28, mas agora sob o ponto de vista da tensão rms total e corrente rms total. Observa-

63
se a mesma situação qualitativa de queda de energia e restabelecimento nas
comutações, com a diferença que registro de tensão não confirma a adequação de
carga, comutando de 0 V a aproximadamente 127 V quase que instantaneamente.
No entanto, a corrente tem características que se assemelham ao que foi visto
pela potência, já que os desvios de potência são simultâneos aos desvios da tensão e/ou
da corrente.

Figura 31 - Tensão rms total

Figura 32 - Corrente rms total

64
Já a Figura 33 evidencia os ângulos de fase da corrente e da intensidade de
corrente em cada fase. A título de curiosidade, é notado que a corrente da fase “a”
indica fase de referência 360° ou 0°, a fase “b” indica defasagem 240°, enquanto que
a fase “c” indica a fase 120°, respeitando assim a sequência positiva de fase abc.

Figura 33 - Corrente rms total e seus ângulos de fase

Portanto, neste capítulo, foi verificado que o comportamento do sistema de


emergência está dentro do esperado e que, diante de uma falta de energia, funciona de
forma correta, tudo a partir de uma análise qualitativa dos registros de medição
efetuados em um dos ramos de distribuição local.
É esperado, ainda, um tempo maior na comutação para o sistema de
emergência, em relação à comutação de volta para a rede convencional, devido ao
processo de partida, estabilização, sincronização e paralelismo dos geradores, já que
outros processos são comuns a ambas as comutações.
Por fim, esse maior tempo na comutação para a usina provoca um maior pico
de demanda no início do fornecimento pelos geradores, sendo uma característica
importante no dimensionamento dos geradores e limitação de consumo.

65
6. CONCLUSÃO

Neste trabalho foi realizada uma análise dos aspectos relacionados à construção
e funcionamento do sistema de motores geradores, desde as suas partes constituintes
até o sistema de acionamento, de sincronização e de automatização. Foi apresentado
também o sistema de emergência completo, com a integração do sistema de motores
geradores.
Esta análise foi realizada no contexto de uma situação real de implantação de
uma planta ativa, comparando predições de cargas e medições de utilização dos
sistemas em uma simulação de falha, com funcionamento automático.
O local de operação é o laboratório de referência do grupo Claro – Embratel –
NET, o CRT (Centro de Referência Tecnológico) que realiza não somente testes de
tecnologia, mas também se dedica à verificação de desempenho de plantas ativas locais
e à distância. Dessa forma, a percepção evidente e apropriadamente registrada de
alguma falha ou interrupção da energia fornecida às cargas, quando da operação de
sistemas de emergência como o descrito, proporciona alta confiabilidade aos serviços
prestados pelo CRT, com garantia de cumprimento de prazos e qualidade.
A potência solicitada em caso de falha de fornecimento da concessionária de
energia elétrica é de aproximadamente 320 kVA, atualmente comparada com os 900
kVA, mais os 450 kVA de stand-by instalados, permitindo assim a continuidade de
operação do sistema elétrico essencial, sem perigo de interrupção de fornecimento,
caso seja feita manutenção preventiva em algum GMG.
O dimensionamento de carga foi baseado na carga existente, como também na
previsão futura de aumento na demanda de potência que ocorrerá com a expansão do
sistema de condicionadores de ar, ativação ou instalação de novos equipamentos,
havendo uma previsibilidade de aumento de 60 kVA de carga para o ano de 2017.
No entanto, a expansão de carga contempla ainda os projetos da construção de
um novo prédio logístico, além da instalação de dois condicionadores de ar centrais,
do tipo fancoil/chiller, que aumentariam a demanda em 272,5 kVA. As informações
estão organizadas na Tabela 3, na Seção 3.1.1.
O fluxograma da distribuição de energia no sistema futuro inclui o QDG – AG
(Quadro de Distribuição Geral de Água Gelada), que alimenta eletricamente o sistema
fan coil/chiller. O fluxograma reformulado encontra-se na Figura 34, adiante.

66
Figura 34 - Fluxograma do futuro sistema de distribuição de energia

Pelo exposto neste trabalho, é possível observar que a instalação da usina


melhorou a confiabilidade do sistema de energia devido ao aumento da
disponibilização de energia e automatização do sistema de controle, supervisão e
acionamento. Isso fez com que o CRT pudesse testar as soluções em telecomunicações
sem perda de configurações, perda de equipamentos ou ainda aumento substancial no
período de interrupção de energia que uma falha de fornecimento de energia elétrica
normalmente ocasiona.

67
7. REFERÊNCIAS

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manutenção. 2016. Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-
alternadores-sincronos-linha-g-10680382-manual-portugues-br.pdf>. Acesso em: 20
mai.2017.

WEG. Regulador automático de tensão: manual de instalação, operação e


manutenção. 2014. Disponível em: <http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-
regulador-automatico-de-tensao-grt7-th4-10040217-manual-portugues-br.pdf>.
Acesso em: 21 mai. 2017.

YOUNG, Hugh D.; FREEDMAN, Roger A. Física II: Termodinâmica e ondas. 10.
ed. São Paulo: Addison Wesley, 2003.

69
8. APÊNDICE

8.1. Fundamentos sobre geradores síncronos

8.1.1. Aspectos construtivos

Um gerador síncrono é composto basicamente de estator, com o enrolamento


de armadura, e rotor, com o enrolamento de campo. O enrolamento de armadura é
trifásico, fazendo com que correntes trifásicas balanceadas, ou quase assim, fluam no
enrolamento de armadura. Já o enrolamento de campo é excitado por uma corrente
CC.
O enrolamento trifásico estatórico é constituído por bobinas pré-moldadas e
desenvolvido em camada dupla. Esse enrolamento é distribuído e encurtado (passo
encurtado) para reduzir o conteúdo das harmônicas encontradas nas tensões e correntes
entre seus terminais de saída (CHAPMAN, 2013, p. 195).
Nesse tipo de máquina, o campo magnético principal é produzido no
enrolamento de campo, também chamado de eletroímã, que é um enrolamento de baixa
potência, ou ainda por imãs permanentes. Esse campo magnético é girante e induz
tensões trifásicas nos enrolamentos de armadura em potência elevada.
As máquinas síncronas podem ter os polos magnéticos do rotor construídos de
duas formas: com rotor cilíndrico ou com rotor de polos salientes. Os rotores
cilíndricos conduzem a entreferro constante entre a superfície interna da estrutura
estatórica e a superfície do rotor e apresentam enrolamento rotórico encaixado e
nivelado em fendas produzidas na superfície do rotor.
Já os rotores com polos salientes são construídos com protuberâncias, ditas
sapatas polares, ou seja, são polos magnéticos que se sobressaem radialmente no rotor.
Nesse tipo de rotor os enrolamentos envolvem os próprios polos.
Outras características importantes da construção dos rotores são: construção
com lâminas delgadas para reduzir as perdas por correntes parasitas, e o tipo de
alimentação para fornecer corrente CC ao seu circuito de campo, ou seja, rotor atuando
como um conjunto de eletroímãs.
Nesse último aspecto temos alguns tipos de técnicas de construção, porque o
rotor é projetado para girar, e não podemos ter uma conexão fixa ao sistema de

70
alimentação convencional. Assim, há duas abordagens principais: por meio de escovas
e anéis coletores (ou deslizantes), ou por fonte de potência CC especial, montada
diretamente no eixo da máquina.

8.1.1.1. Método de excitação de campo por anéis coletores e escovas

A excitação através das escovas e anéis coletores é fornecida para alimentação


a partir de uma fonte CC externa. Os anéis coletores são feitos de metal e as escovas
de um bloco de carbono semelhante ao grafite, que conduzem eletricidade com baixo
atrito. Os dois anéis coletores giram junto com o eixo da máquina, de forma que,
isolados eletricamente em relação ao eixo, são conectados a cada extremidade do
enrolamento CC do rotor. As escovas se mantém em contato com cada anel coletor.
Esse tipo de abordagem aplica a mesma tensão CC continuamente ao
enrolamento de campo, independentemente da posição angular ou velocidade angular
do rotor.
Esse método de conexão ao enrolamento do campo cria o problema do aumento
de manutenção exigida, por causa do desgaste das escovas, além da considerável queda
de tensão nas máquinas que operam com grandes correntes de campo. Apesar desses
aspectos, esse tipo de abordagem é comum para máquinas de pequeno porte, devido
ao seu custo reduzido de implementação.

8.1.1.2. Método de excitação de campo por fonte de potência CC

Por sua vez, a excitação por meio de fonte de potência CC especial, montada
diretamente no eixo do gerador síncrono, pode ser feita por excitatriz sem escovas,
também chamada de brushless, ou por excitatriz piloto, por imã permanente.
O método por excitação de campo sem escovas fornece corrente CC de campo
para a máquina, a partir de um pequeno gerador CA. Este arranjo é alimentado por
uma entrada trifásica, de baixa corrente, e retificada a uma corrente CC de campo da
excitatriz, montado no estator.
No rotor são construídos a armadura da excitatriz, que recebe a tensão induzida
trifásica do seu campo, o retificador trifásico, para converter a tensão em CC, além do
circuito de campo principal. Esse tipo de excitação de campo é comumente utilizado
em máquinas síncronas de maior porte.

71
O método de excitação de campo por imãs permanentes (excitatriz piloto) não
utiliza quaisquer fontes de potência externa, por ser um pequeno gerador CA com imãs
permanentes.
Os imãs permanentes são montados do eixo do rotor, que excitam o
enrolamento trifásico da excitatriz montado no estator, a armadura da excitatriz piloto.
Após isso, a tensão é retificada até o campo da excitatriz, também montada no estator
da máquina. A corrente desse campo induz uma tensão trifásica na armadura da
excitatriz, montada no rotor, para então ser retificada novamente e utilizada no campo
principal do gerador síncrono.

8.1.2. Funcionamento básico

O processo de geração de energia elétrica de um gerador síncrono começa com


o movimento do seu eixo por alguma máquina primária, podendo ser um motor a
diesel, por exemplo, e excitação do campo principal.
A excitação do campo principal faz com que circule uma corrente de campo
CC no enrolamento de campo principal do rotor. Essa corrente de campo, associada
com a rotação do eixo do motor, gera um fluxo de campo magnético em cada par de
polos do rotor segundo a parcela lei de Ampère-Maxwell mostrado na Equação 23
(TIPLER, 2006, p. 342).

⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = 𝜇 𝑖
∮𝐵

Equação 23 – Parte da equação referente à lei de Ampère-Maxwell

Em uma máquina síncrona em vazio é gerada tensão induzida nas bobinas do


enrolamento de armadura, devido ao efeito de variação do fluxo de campo magnético
no espaço, por causa da rotação do rotor. Esse efeito é evidenciado na Equação 24
(TIPLER, 2006, p. 342), que é a equação que diz respeito à Lei de Faraday. Ou seja, a
intensidade de campo elétrico ao longo de um contorno fechado é igual à razão da
variação temporal do fluxo magnético que concatena o contorno.

𝑑ΦB
∮ 𝐸⃗⃗ ∙ 𝑑𝑙⃗ = −
𝑑𝑡

72
Equação 24 – Lei de Faraday

Podemos reduzir a Equação 24 ao negativo da tensão induzida nos terminais


do enrolamento 𝒆, e o fluxo do núcleo𝝋, que é concatenado N vezes, conforme o
número efetivo de espiras, tornando-se o fluxo concatenado 𝝀 . O resultado esta
evidenciado na Equação 25.

𝑑𝜑 𝑑𝜆
𝑒𝑖𝑛𝑑 = 𝑁 =
𝑑𝑡 𝑑𝑡
Equação 25 –Tensão (interna) induzida

Se a intensidade do campo magnético estiver muito próxima de uma


distribuição senoidal no espaço, a distribuição do fluxo magnético no entreferro estará
muito próxima de uma distribuição senoidal no espaço, associado com a velocidade
constante do rotor, a tensão induzida terá distribuição senoidal no tempo.
Em uma máquina síncrona com carga, a corrente de armadura trifásica cria no
entreferro uma onda de fluxo magnético que gira na velocidade síncrona (campo
girante). Esse fluxo reage ao fluxo criado pela corrente de campo, resultando em um
conjugado eletromecânico devido à tendência desses dois campos magnéticos de se
alinharem entre si.
No gerador síncrono o conjugado eletromagnético opõe-se à rotação, enquanto
que o conjugado mecânico é favor da rotação e que mantém o movimento. Dessa
forma, o conjugado eletromecânico é o efeito físico que converte a energia mecânica
em elétrica(FITZGERALD, 2006, p. 183).

8.1.3. Características dos geradores síncronos em regime permanente

8.1.3.1. Velocidade de rotação de um gerador síncrono

Esses geradores são chamados síncronos porque a frequência elétrica entregue


está relacionada com a velocidade mecânica de rotação do rotor do gerador. Ou seja,
o rotor gira a uma determinada velocidade, o campo magnético criado gira com a
mesma velocidade do rotor, que por sua vez, induz tensões com frequência elétrica
proporcional a sua velocidade de rotação.

73
A Equação 26 relaciona a taxa de rotação do campo magnético (campo girante)
com a frequência elétrica do estator.

𝑛𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑎 𝑃
𝑓𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 =
120
Equação 26 – Relação entre a frequência elétrica e velocidade do rotor

Em que:
 𝑓𝑒𝑙é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 é a frequência elétrica em Hz;
 𝑛𝑚𝑒𝑐â𝑛𝑖𝑐𝑎 é a velocidade mecânica do campo magnético, ou do rotor das
máquinas síncronas, em rpm;
 𝑃 é o número de polos do rotor do gerador.

8.1.3.2. Tensão interna gerada por um gerador síncrono

A tensão induzida em cada fase para as máquinas síncronas é calculada pela


Equação 27. Essa equação mostra que a tensão interna gerada é diretamente
proporcional ao fluxo magnético e à velocidade de rotação do eixo, e, como o fluxo
depende da corrente que flui no circuito de campo do rotor, a tensão interna gerada
também depende da corrente de campo do rotor.

𝐸𝐴 = 𝐾𝜙𝜔
Equação 27 – Tensão interna gerada

Em que:
 𝐸𝐴 é a tensão interna gerada;
 𝐾 é a constante que representa os aspectos construtivos da máquina;
 𝜙 é o fluxo magnético;
 𝜔 é a velocidade de rotação do eixo, em radianos elétricos se: 𝐾 =
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑢𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠 𝑒𝑚 0°
2 .
√2

8.1.3.3. Modelagem dos geradores síncronos

74
A tensão desenvolvida nos terminais do circuito de saída do gerador é diferente
da tensão interna gerada por causa da carga do gerador. Os fatores responsáveis por
essa diferença são:

 A distorção do campo magnético do entreferro pela corrente que flui no estator.


Esse efeito é a reação de armadura, porque a corrente que flui no estator produz
um campo magnético que distorce o campo magnético original do rotor,
alterando a tensão de fase resultante. A modelagem da reação de armadura é:
−𝑗𝑋𝐼𝐴 , ou seja, como a queda de tensão em um indutor de reatância 𝑋, devido
à corrente 𝐼𝐴 .
 A autoindutância das bobinas da armadura, com a modelagem igual a: −𝑗𝑋𝐴 𝐼𝐴,
ou seja, como a queda de tensão em um indutor de reatância 𝑋𝐴 , devido à
corrente 𝐼𝐴 .
 A resistência das bobinas da armadura, com a modelagem igual a: −𝑅𝐴 𝐼𝐴 , ou
seja, como a queda de tensão em uma resistência 𝑅𝐴 , devido à corrente 𝐼𝐴 .

Nesse ponto, pode-se escrever a modelagem do circuito equivalente do gerador


síncrono pela Equação 28, que tem o objetivo de determinar a tensão terminal do
gerador 𝑉∅ . Além disso, pode-se somar a reatância da reação de armadura com a
reatância da autoindutância das bobinas da armadura. Esse efeito faz surgir a reatância
síncrona: 𝑋𝑆 = 𝑋 + 𝑋𝐴 .

𝑉̂∅ = 𝐸̂𝐴 − 𝑗𝑋𝐼̂𝐴 − 𝑗𝑋𝐴 𝐼̂𝐴 − 𝑅𝐴 𝐼̂𝐴 = 𝐸̂𝐴 − 𝑗𝑋𝑆 𝐼̂𝐴 − 𝑅𝐴 𝐼̂𝐴
Equação 28 – Modelagem em termos de circuito elétrico para a máquina síncrona de polos
lisos

O último efeito é o formato dos polos do rotor, que, como dito anteriormente,
pode ser cilíndrico, com ranhuras para acomodar seu enrolamento, ou pode ser de
polos salientes, que são protuberâncias, sapatas polares, com os enrolamentos
envolvendo o próprio polo.
A modelagem para rotores de polos lisos já foi descrito na Equação 14, mas
para a máquina de polos salientes temos o acréscimo do efeito da componente de

75
campo de eixo direto, que é alinhado aos eixos dos polos, e da componente de campo
de eixo de quadratura, que são os eixos a 90° elétricos defasados dos eixos dos polos.
A divisão nesses dois eixos é para incluir o efeito do conjugado de relutância,
ou seja, que existe a tendência de produzir fluxo ao longo do eixo do rotor, com um
ângulo entre os campos do estator e do rotor. Nesse sentido, é preciso modificar o
termo que reflete a reação de armadura (CHAPMAN, 2013, p. 660). A aproximação
vista na Equação 28 não é de todo ruim para explicar o regime permanente, mas não
retrata muito bem a máquina nos regimes transitórios.
Esse novo efeito é retratado em parte do fluxo que é disperso sendo decomposto
em sua maioria no eixo direto, mas com uma parcela no eixo de quadratura, isto é, são
acrescentadas quedas de tensão de eixo direto e eixo de quadratura, como estão
representados nas Equações 29 e 30, respectivamente.

𝐸̂𝑑 = −𝑗𝑥𝑑 𝐼̂𝑑


Equação 29 – Modelagem da queda de tensão de eixo direto

𝐸̂𝑞 = −𝑗𝑥𝑞 𝐼̂𝑞


Equação 30 – Modelagem da queda de tensão de eixo em quadratura

Ao acrescentar a autoindutância temos uma reatância de armadura 𝑋𝐴 que


independe de ângulo do rotor, logo surgem os termos de reatância síncrona direta,
𝑋𝑑 = 𝑥𝑑 + 𝑋𝐴 , e de reatância síncrona em quadratura, 𝑋𝑞 = 𝑥𝑞 + 𝑋𝐴 . Por fim, é
acrescentado o efeito da queda de tensão da perda ôhmica de armadura e a equação da
modelagem com polos salientes esta mostrada na Equação 31.

𝑉̂∅ = 𝐸̂𝐴 − 𝑗𝑋𝑑 𝐼̂𝑑 − 𝑗𝑋𝑞 𝐼̂𝑞 − 𝑅𝐴 𝐼̂𝐴


Equação 31 – Modelagem em termos de circuito elétrico para a máquina síncrono de polos
salientes

76
8.2. Definições das unidades de energia do CRT

As unidades de energia do CRT estão baseadas no fluxograma da Figura 35.

Figura 35 - Fluxograma do sistema de distribuição de energia do CRT

8.2.1. Subestação

Subestação é um grupo de equipamentos de transformação e/ou manobra,


podendo também ter um grupo de compensação de reativos (banco de capacitores ou
reatores, por exemplo). Este sistema tem o objetivo de direcionar o fluxo de energia
elétrica através dos sistemas de potência, dar suporte para rotas alternativas, ter
dispositivos de proteção para qualquer tipo de falta de energia, além de isolar trechos
sob falta.
Podem ser classificadas quanto a sua função em: subestação transformadora,
que converte a tensão de entrada para um nível diferente; ou em subestação
seccionadora, de manobra ou de chaveamento, que não muda o nível de energia,
servindo para um determinado fim, como o de interligar circuitos, chavear circuitos ou
seccioná-los. Ou ainda, podem ser classificadas quanto ao local de instalação, em
subestação externa (ao tempo) ou subestação interna (abrigada).

77
A seguir, serão apresentados alguns elementos fundamentais de uma
subestação.

8.2.1.1. Para-raios

O para-raios é um equipamento de segurança indispensável e, por isso, presente


na entrada dos sistemas de energia ou ao longo dele. Ele tem a função de proteger os
equipamentos contra sobretensões, de modo que, quando ausente, isto pode resultar
em danos ou perda de equipamentos.

8.2.1.2. Compensação de reativos

Os Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico


Nacional – PRODIST, da ANEEL, definem o valor mínimo de fator de potência
aceitável de alimentação da rede, visto do ponto de medição: 0,92. A concessionária
de energia elétrica exige, então, que o fator de potência injetado na rede elétrica esteja
acima desse limite, multando o consumidor em caso de valores inferiores.
Para evitar que isso aconteça, podem ser instalados bancos de capacitores na
subestação, que aumentam o fator de potência, aproximando-o do valor unitário ideal.

8.2.1.3. Transformador

É um equipamento que transfere potência do sistema de entrada para o sistema


de saída com determinados fins, como transformação dos níveis de tensão e corrente
e isolação elétrica, por exemplo.
A transformação do nível de tensão e corrente ocorre pela relação de espiras
entre os enrolamentos primário e secundário, sendo chamado de relação de
transformação.
Os transformadores podem ser: de tensão, de corrente, de potência, de
distribuição, de força e etc. Além disso, outro fator importante é a sua forma de
refrigeração, podendo ser:

 Transformador a óleo mineral;


 Transformador a óleo PCB (Askarel);

78
 Transformador a silicone;
 Transformador a seco

Atualmente no CRT o transformador utilizado é a seco, que utiliza o ar como


elemento refrigerante e isolante. Dessa forma, ele precisa de uma menor periodicidade
de manutenção, que ainda é mais simples e mais rápida, apresentando assim uma maior
vida útil por não ter ofensor líquido de corrosão.
Estes não têm restrição ecológica, como tem o transformador a óleo PCB
(Askarel), são menos propensos a incêndios e explosões. No entanto, necessitam de
gabinete para o uso externo.

8.2.2. Grupo motor-gerador

Grupo motor-gerador (GMG) é a configuração formada pelo acoplamento de


um motor com um gerador elétrico. Tem como função a geração de energia elétrica
com tensão estável, podendo ser único ou em formato de usina (conectado em paralelo
com outros geradores). O funcionamento de geradores em usina possibilita maior
potência disponível para consumo e, ainda, a existência de redundância de geradores
após a estabilização em regime.

8.2.3. Unidade de supervisão de corrente alternada

A USCA (Unidade de Supervisão em Corrente Alternada) controla a origem


do fornecimento de energia durante uma perda de alimentação, através de comandos
de controle ao GMG (partida e parada) e de chaveamento aos disjuntores presentes no
quadro de transferência automática (QTA).

8.2.4. Quadro de transferência automática

No Quadro de Transferência Automática (QTA) estão os disjuntores que ligam


a carga de consumo ao fornecimento de energia. No caso de uma interrupção no
fornecimento de energia elétrica, há a comutação no QTA (controlada pela USCA) de
forma que o fornecimento da energia passará a ser do GMG.

79
8.2.5. Cargas essenciais e não essenciais

Cargas essenciais são aquelas que não podem ter seu fornecimento de energia
interrompido. Já as cargas não essenciais são as que não têm essa característica. A
definição de cargas essenciais e não essenciais deve ser feita pelo usuário, mas sempre
em consonância com as necessidades e limitações de cada equipamento.

8.2.5.1. Sistema de alimentação essencial

8.2.5.1.1. Sistema nobreak

Nobreak (ou UPS - Uninterruptible Power Supply) é um sistema de


alimentação (baterias) e de conversão (retificadores e inversores) de energia elétrica.
Seu banco de baterias é acionado quando há uma interrupção do fornecimento de
energia de forma a alimentar os dispositivos conectados a ele.
Um sistema nobreak é formado por um banco de baterias e dois conversores,
sendo um retificador e outro inversor. São acoplados de forma que a energia faça o
caminho retificador – bateria – inversor, conforme a Figura 36. Além disso, o sistema
contém bypass para a necessidade de algum desligamento do sistema (para
manutenção ou falha do nobreak).

Entrada Saída
RETIFICADOR INVERSOR

BATERIAS

Figura 36 - Diagrama do sistema nobreak

A corrente alternada fornecida ao sistema é retificada, passando à forma


contínua. Deste ponto, as baterias são carregadas e segue para o inversor, onde voltará
à sua condição alternada. No caso de as baterias já estarem carregadas (regime
permanente), a corrente contínua flui direto dos terminais de saída do retificador para
os terminais de entrada do inversor.

80
Na ocorrência de qualquer falta do sistema que interrompa o fornecimento de
energia ao sistema nobreak, as baterias fornecerão energia diretamente ao inversor na
forma de corrente contínua. Além disso, os retificadores trabalham na forma de
controlar as variações de tensão estabilizando o seu nível.
Por fim, o sistema nobreak também é utilizado para isolar as duas partes do
sistema CA, possibilitando a eliminação de harmônicos (principalmente o terceiro
harmônico), prejudiciais ao funcionamento do sistema elétrico.

8.2.5.1.2. Fontes CC chaveadas

Fonte CC chaveada é um conversor estático CA/CC, que é feito através do


elemento retificador, com regulação de tensão feita por chaveamento de um dispositivo
semicondutor em frequência elevada, que serve para diminuir o volume dos
dispositivos empregados.
O conjunto completo emprega também baterias que são carregadas para
fornecer energia em eventuais faltas. O seu diagrama encontra-se na Figura 37.

RETIFICADOR

BATERIAS

Figura 37 - Diagrama da fonte CC chaveada

8.2.5.1.3. Sistema essencial auxiliar (short-break)

Quadro de distribuição de corrente alternada essencial auxiliar(QDCA


essencial auxiliar) são cargas introduzidas no conceito short-break, que, ao contrário
das alimentadas pelo sistema anterior, tem o fornecimento interrompido por falta de
fornecimento de energia até a ação do GMG.

8.2.6. Quadros de distribuição

81
Quadros de distribuição são unidades de instalação elétrica nos quais são
conectados os circuitos a serem alimentados, recebendo energia elétrica de uma ou
mais fontes de alimentação e distribuem para alimentação da carga de consumo ou
outro quadro, representando uma forma eficiente de organização do fluxo de energia.

Alguns exemplos de quadros de distribuição são:

 QDG: Quadro de distribuição geral em uma instalação elétrica localiza-se na


entrada da rede de instalação elétrica e representam o primeiro passo de
distribuição do fluxo de energia;
 QDF: Quadro de Distribuição de Força, numa instalação elétrica existe para a
distribuição intermediária, quando há necessidade de uma maior organização;
 QDCA: Quadro de distribuição de Corrente Alternada, numa instalação
elétrica serve para a organização da distribuição de qualquer nível de potência
em corrente alternada, com o objetivo de interligar as fontes para o consumo;
 QDCC: Quadro de distribuição de corrente contínua em uma instalação elétrica
serve para a organização da distribuição de qualquer nível de potência em
corrente contínua, com o objetivo de interligar as fontes para o consumo;
 QDL: Quadro de Distribuição de Luz, numa instalação elétrica tem o objetivo
da distribuição do sistema de iluminação, recebendo energia do respectivo
QDCA;
 QDT: Quadro de Distribuição de Tomadas tem o objetivo da distribuição do
sistema de tomadas, recebendo energia do respectivo QDCA;
 QDG – AG: Quadro de distribuição geral de água gelada tem o objetivo de
alimentar eletricamente o futuro sistema de refrigeração fan coil/chiller;
 QS: Quadro de sinalização, numa instalação elétrica tem o objetivo de orientar
sobre o comportamento regular e irregular do fluxo de energia na instalação
elétrica.

82
8.3. Sistema fancoil/chiller

Sistema de condicionador de ar composto por duas unidades funcionais: fan


coil e chiller, que utiliza água gelada como meio de refrigeração do ambiente. Este
sistema apresenta as seguintes vantagens:
 É produzido para atender a carga térmica específica;
 Apresenta excelente controle de temperatura;
 Apresenta carga de refrigeração instalada menor quando comparado com os
sistemas unitários, já que dispõe de sazonalidade e simultaneidade de
ambientes;
 Permite o uso de termo-acumulação (fabrica gelo de madrugada a um custo de
energia mais baixa).

No entanto, apresenta as seguintes desvantagens:


 Possui custo elevado de compra e instalação;
 Não tem disponibilidade para racionamento de energia elétrica;
 Apresenta um sistema a dois tubos: um para a água “fria”, e o outro para a água
“quente”.

A unidade fancoil é responsável pelo tratamento do ar e pelos processos de


resfriamento, desumidificação e filtração. Essa unidade é composta por um ventilador
e trocador de calor (serpentina água-ar).
Já a unidade chiller é responsável pelo resfriamento da água retirando o seu
calor e baixando a temperatura. Isso ocorre através do seu sistema de refrigeração,
composto por compressor, evaporador, condensador e dispositivo de expansão.
O chiller pode trabalhar com condensação a ar ou a água, sendo o sistema a ar
mais barato, mas menos eficiente do que o movido a água.
Outros componentes do sistema são: válvula de controle, atuador, termostato,
tubulação de água, isolamento térmico da tubulação hidráulica e bomba d’água. A
funcionalidade do sistema da válvula, do atuador e do termostato é fazer o acionamento
do fluxo de água de acordo com a necessidade de resfriamento e temperatura do
ambiente.

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