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Felipe Mazuco
2019-1
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense
Campus Pelotas
Felipe Mazuco
Pelotas, RS
2019
3
Felipe Mazuco
Banca Examinadora
CESSÃO DE DIREITOS
Felipe Mazuco
Rua José do Patrocínio 341/201
CEP 96010-500 – Pelotas – RS – Brasil
5
Dedico este trabalho aos meus pais, irmãos e amigos, pelo apoio e incentivo no
decorrer dessa jornada. ...
6
Agradecimentos....
➢ Ao meu orientador, professor José Ubirajara, pelo auxílio para realização deste
trabalho.
Resumo
Abstract
Industrial and commercial facilities of medium and large size usually have electric loads that
demand significant contingents of electric energy. This energy is not always converted into
work due to the relatively low power factor presented by these loads. The low power factor
represents a high reactive energy consumption, which results in high voltage drops in the power
system as a whole. Consequently, the consumer unit that has a low power factor will have to
bear the expenses related to the consumption of surplus reactive energy, and is also subject to
financial penalty, applied by the electric utility that supplies such unit, as the guidelines
established by the National Electric Energy Agency. In the market can be found several
equipment for the correction of power factor in industrial and/or commercial systems. In spite
of this, these equipments are usually very expensive and their investment, in some cases, is not
justified in small and medium-sized consumer units. Considering the disadvantages caused by
the low power factor and the high costs of commercial equipment for its correction, the present
work proposes the development of a low cost equipment for the solution of this problem. This
work was divided into two stages. The first step consists in the construction of a prototype
capable of measuring and controlling the power factor of a commercial plant with a load
installed around 250 kW, which is controlled by the insertion of capacitor banks when
necessary. The prototype in question has as its processing unit an ATmega 5026, as well as
peripherals such as current transformers, potential transformers and power modules for driving
the banks. The second step consists in validating the prototype developed through daily
measurements performed by a demand controller, whose information was transcribed in the
form of graphs in the course of the work. The satisfactory results obtained indicate that the
developed prototype presents an excellent cost/benefit ratio and a great potential for application
in small and medium-sized industrial and/or commercial installations.
Lista de Figuras
Lista de Tabelas
CA Corrente Alternada
BT Baixa Tensão
CC Corrente Contínua
FP Fator de potência
MT Média Tensão
AT Alta Tensão
Q Potência reativa
RT Relação de Transformação
TC Transformador de Corrente
TP Transformador de Potencial
UC Unidade Consumidora
Sumário
1 Introdução............................................... ................................................................... 15
2 Fundamentação Teórica........................................................................................ 18
5 Resultados............................................................................................................. 61
6 Conclusão...................................... ....................................................................... 69
1 Introdução
1
Conjunto composto por instalações, equipamentos elétricos, condutores e acessórios, incluída a subestação,
quando do fornecimento em tensão primária, caracterizado pelo recebimento de energia elétrica em apenas um
ponto de entrega, com medição individualizada, correspondente a um único consumidor e localizado em uma
mesma propriedade ou em propriedades contíguas (ANEEL, 2014).
16
1.1 Objetivos
• Efetuar as medições das variáveis envolvidas como tensão, corrente e potência com
índice de confiabilidade;
• Avaliar, comparativamente, os gráficos do histórico de tarifas mensais da
concessionária antes e após a implementação do protótipo de correção de FP na
planta em questão.
2 Fundamentação Teórica
Este capítulo apresenta conceitos iniciais mais relevantes relacionados ao FP, onde serão
abordadas causas e desvantagens de um baixo valor de FP, assim como seus métodos de
tarifação, caracterizando a importância de seu monitoramento e controle em UCs de médio e
grande porte.
Uma carga puramente resistiva está associada a uma energia de dissipação térmica
devido a sua propriedade de opor-se a passagem da corrente elétrica e essa oposição faz com
que se dissipe energia na forma de calor por efeito Joule.
Como ilustra Figura 2 (a), em circuitos puramente resistivos, a tensão e a corrente, estão
em fase, ou seja, o fator de deslocamento é nulo.
Na prática todo circuito elétrico apresenta mais de uma característica podendo até
apresentar as três características simultaneamente, entretanto uma delas normalmente é
predominante.
𝐹𝑃 = cos Ф (1)
Onde:
O FP também pode ser definido como a razão entre a potência ativa e a potência
aparente conforme (2). Ele indica a eficiência do uso da energia (em uma escala de 0 a 1). Um
alto fator de potência, próximo ao unitário, indica uma eficiência alta, e o inverso, uma baixa
eficiência energética.
𝑃 (2)
𝐹𝑃 =
𝑆
Onde:
Onde:
𝑉𝑙 - Tensão de linha;
𝐼𝑙 - Corrente de linha.
21
A potência reativa indutiva (𝑄) é utilizada apenas para criar e manter os campos elétricos
e magnéticos das cargas indutivas e capacitivas. Sua unidade no S.I. é o Volt-Ampere reativo
(VAr). Para sistemas trifásicos é expresso por:
Pode-se observar na Figura 3 que o triângulo é constituído por vetores que representam
𝑆, 𝑄 𝑒 𝑃 onde a soma vetorial das duas últimas formam a potência aparente. Aplicando relações
trigonométricas ao triângulo de potências da Figura 3 é possível definir que :
𝑆 2 = 𝑃2 + 𝑄 2 (6)
22
Segundo (WEG, 2009), (CODI, 2004), baixos valores de FP são decorrentes de grandes
quantidades de potência reativa. Essa condição, resulta em aumento na corrente total que circula
nas redes de distribuição de energia elétrica da concessionária e das unidades consumidoras.
Esse aumento de corrente pode sobrecarregar subestações, linhas de transmissão e distribuição,
prejudicando a estabilidade e as condições de aproveitamento dos sistemas elétricos, trazendo
inconvenientes como:
𝑃𝑑𝑖𝑠 = 𝑅. 𝐼 2 (7)
2.2 Legislação
A Figura 5, ilustra uma curva de carga de potência reativa de uma instalação industrial
típica, cujo intervalo de avaliação de energia reativa indutiva no período entre 6 e 24 horas e o
de energia reativa capacitiva entre 0 e 6 horas.
2.2.1 Tarifação
Com base na Figura 6 é possível determinar as parcelas horárias a serem faturadas que
ocorrem da seguinte forma:
𝑛
0,92 (8)
𝐹𝑒𝑟(𝑝) = ∑ [ 𝐶𝑎𝑡 ( − 1)] 𝑇𝑒𝑎(𝑝)
𝐹𝑃(𝑝)
𝑡=1
Onde:
𝐹𝑃(𝑝) – Fator de potência horário, por posto tarifário (de ponta (p) ou fora de ponta (fp));
𝑛
0,92 (9)
𝐹𝑑𝑟(𝑝) = [𝑚á𝑥𝑡=1 (𝐷𝑎𝑡 ) − 𝐷𝑓(𝑝) ] 𝑇𝑑𝑎(𝑝)
𝐹𝑃(𝑝)
Onde:
Quando uma carga não linear é ligada a uma fonte de tensão senoidal, além da
componente em 60 Hz existem componentes harmônicas em valores de frequência múltiplos
da frequência fundamental. Essas harmônicas são normalmente representadas por uma série de
Fourier, que é uma onda periódica composta pela soma do valor médio da onda e uma série de
valores senoidais, sendo expressa matematicamente por:
∞
𝑎0
𝑓(𝑡) = + ∑( 𝑎𝑛 cos 𝑛𝜔1 𝑡 + 𝑏𝑛 sen 𝑛𝜔1 𝑡) (10)
2
𝑛=1
Em uma carga não linear o FP passa a ser diretamente influenciado pela THD, portanto
é necessário via de regra, determinar o ângulo da componente fundamental da tensão e da
componente fundamental da corrente, juntamente com a medição da magnitude da THD. Pois,
com a presença de distorções harmônicas os valores das reatâncias indutivas e capacitivas se
alteram proporcionalmente a variação da frequência. Por isso, a análise do triângulo de
potências torna-se impreciso, e agora a análise deve ser feita através de um tetraedro de
potências como mostra Figura 8, introduzindo-se uma nova dimensão decorrente dos VArs
necessários para sustentar a distorção do sinal.
Onde:
A THD da corrente e a THD tensão são determinadas respectivamente por (12) e (13).
√ ∑∞ 2
𝑛=2 𝐼𝑛 𝑟𝑚𝑠
𝑇𝐻𝐷𝐼 = 100% (12)
𝐼1 𝑟𝑚𝑠
√∑∞ 2
𝑛=2 𝑉𝑛𝑅𝑀 𝑟𝑚𝑠
𝑇𝐻𝐷𝑉 = 100% (13)
𝑉1 𝑟𝑚𝑠
Onde:
Para o cálculo do fator de potência para cargas não lineares utiliza-se de (14) que
depende dos ângulos de fase de cada harmônica e da potência reativa necessária para reproduzi-
las considerando apenas as harmônicas de ordem ímpares presentes.
cos(𝜙)
𝑓𝑝 = (14)
√1 + (𝑇𝐻𝐷)2
tensão antes de ser aplicada em uma de suas portas de entrada. Além disso, os níveis de tensão
coletados através da rede elétrica são muito elevados, necessitando assim, da utilização de
dispositivos ou métodos para que sejam adequados conforme a faixa de trabalho suportada pelo
microcontrolador.
2
Circuito de medição de corrente alternada baseadas em nível de tensão CC (Mukhopadhyay,2012) disponível
em: https://www.researchgate.net/figure/Circuit-schematic-for-voltage-measurement
32
Conforme mostra o primeiro e segundo bloco da Figura 10, a primeira etapa da medição
de tensão consiste na transdução do sinal da rede elétrica. Para realizar este procedimento
inicialmente foi utilizado um transformador de potencial (TP) comercial com relação de
transformação (RT) de aproximadamente 25:1. Esse TP tem a finalidade de reduzir a tensão da
rede para níveis compatíveis com a máxima tensão suportável pelas portas do microcontrolador,
além de promover a isolação galvânica. Esta isolação se mostra fundamental quando dois ou
mais circuitos devem se comunicar, entretanto seus terminais de aterramento devem estar em
diferentes potenciais, prevenindo que correntes indesejadas fluam entre duas seções que
compartilham um mesmo ponto de aterramento. Embora essa configuração proporcione
medições de tensão com bastante precisão, ao analisar curvas de calibração levantadas com o
auxílio de um Variac, notou-se uma não linearidade dos valores quando esses ultrapassam
220 V(RMS) que ocorre devido a saturação do núcleo do transformador. O problema foi
solucionado com a substituição do TP comercial por um de alta precisão, o qual utiliza a
corrente como referência. Algumas de suas principais características são listadas na
Tabela 1.
Especificações Elétricas
Corrente (entrada/saída) 2/2mA
Relação de Espiras 1000:1000
Erro de Ângulo de Fase <30'
Tensão de Isolação 3000V
Classe de Precisão 0.2
Linearidade 0.1%
Faixa Linear 0 a 3mA
Fonte: Catálogo do fabricante Zeming Eletronic.
33
𝑉 (15)
𝑅=
𝐼
Onde:
Diante das duas configurações apresentadas na Figura 12, no presente trabalho foi
adotado circuito secundário do TP com saída passiva (Figura 12(b)) formado por um divisor de
tensão resistivo, conforme mostra a Figura 14. A partir dessa configuração, foi possível obter
na saída os níveis de tensão requeridos pelo microcontrolador numa faixa entre 0 e 5 V(CC).
𝑉𝑝𝑝 (16)
𝑉𝑝 =
2
onde 𝑉𝑝𝑝 é a tensão de pico a pico, que corresponde a tensão máxima na saída do TP. Essa
tensão deve ser definida para um valor pouco abaixo do valor máximo de entrada na porta do
microcontrolador.
O valor da tensão eficaz, que corresponde a tensão de pico obtida em (16), é calculado
conforme a seguinte equação:
𝑉𝑝 (17)
𝑉𝑟𝑚𝑠 =
√2
A tensão 𝑉𝑟𝑚𝑠 obtida através de (17) é usada para o dimensionamento do resistor a ser
usado para limitar a tensão na porta de entrada do microcontrolador.
35
No quarto e quinto bloco da Figura 10, como o microprocessador não identifica valores
de tensão negativa é usado um circuito grampeador de tensão3 no secundário do TP, que aplica
um offset de 2,5 V(CC), adquirido a partir de um divisor de tensão em uma fonte independente
de 5 V(CC). A Figura 13 demostra as formas de onda correspondentes ao sinal sem e com offset
obtidas no secundário do TP. Esta forma de onda será recebida nas portas do microprocessador.
3
Grampeadores de tensão são circuitos utilizados como restauradores de nível CC após acoplamento capacitivo,
apenas acrescentam um nível de tensão contínua ao sinal sem modificar a forma de onda de entrada. São
compostos de diodos, capacitores e algum elemento resistivo, podendo também ser utilizada uma fonte
independente para adicionar nível CC ao sinal.
36
O circuito final para medição de tensão pode ser visto na Figura 14.
Como visto na Figura 14 , para proteção do circuito foi utilizado um varistor em paralelo
com um P6KE220CA. Esse componente é um transil4, que tem como função proteger o circuito
contra surtos de tensão de intervalo muito pequeno, na ordem de microssegundos. Esse modelo
garante com que a tensão na entrada do circuito não seja superior a 231 V(RMS).
Para que seja possível medir o valor eficaz da corrente é necessário que um transdutor o
converta em um sinal de tensão proporcional. Para isso, utilizou-se um TC tipo janela da marca
ABB da série TC-HB606, mostrado na Figura 15 cuja relação de transformação é de 2000/5 A.
Os referidos TCs situam-se em torno dos barramentos do Quadro Geral de Baixa Tensão
(QGBT). Como não trabalham em série com o circuito, apenas por indução magnética, são
imunes a interferências elétricas e são pouco alterados pela variação de temperatura (ABB,
2006).
4
Transil ou (diodo de supressão de tensão transitória) é um dispositivo que opera desviando o excesso de
corrente, quando a tensão sobre ele inserida excede seu potencial de ruptura da avalanche de elétrons. Tem
como função suprimir todas as sobretensões acima de sua tensão de ruptura, respondendo a surtos mais
rapidamente do que outros componentes comuns de proteção contra sobretensão.
37
através de (7) , tem-se o valor da potência dissipada pelo resistor igual a 4,25 W. Portanto, o
resistor utilizado será de 0,68Ω/5 W (valor comercial). O circuito final para medição de corrente
pode ser visto na Figura 16.
O ATmega conta com um conversor A/D de 10 bits e 16 Mhz de clock sendo o suficiente
para a implementação do projeto em ênfase. Além de possuir um grande número de portas para
pinos de entrada/saída de hardware, o software programado pode ser facilmente carregado no
microcontrolador através de uma conexão USB (Universal Serial Bus), e pode ser alimentado
por tensões CC de 7 a 12 V.
Para obtenção de variáveis foi utilizado como referência uma biblioteca desenvolvida
pela openenergymonitor (Trystan, 2017). Trata-se de uma empresa de dispositivos de
monitoramento de energia, de código aberto. Essa biblioteca gratuita foi desenvolvida para
monitoramento de potências residenciais monofásicos. A partir de algumas modificações na
biblioteca o funcionamento ficou como mostra Figura 18.
40
Para realizar a medição, o programa tem como referência as leituras de tensão e corrente
contidos em uma janela de amostras. Essa janela é definida pelo número de passagens por zero
de cada sinal (valor equivalente a cada meio ciclo de onda), onde cada ciclo é referido como
duas passagens por zero. O protótipo utiliza para medição uma janela de 10 ciclos, ou 20
passagens por zero, e esses valores são armazenados através de um acumulador. Após o
janelamento o sinal passa por um filtro para retirar o offset de 2,5 V inserido no processo de
condicionamento de sinal.
𝑁
1
𝑋𝑟𝑚𝑠 = √ ∑ 𝑥𝑖 2 (18)
𝑁
1
Onde:
X = tensão ou corrente;
Cria -se uma nova variável interpolando a tensão com intuito de compensar a defasagem
entre tensão e corrente gerando um novo valor de tensão. Com o produto entre essa variável e
a corrente (RMS) calcula-se a potência instantânea. A potência ativa é obtida através do valor
médio da potência instantânea.
O fator de potência é calculado através da divisão entre os valores da potência ativa pela
potência aparente conforme (2), anteriormente apresentada.
Para o acionamento dos bancos de capacitores foi utilizado um módulo de relés 5 V(CC)
com 4 canais modelo “2ph63083a”. Esse módulo permite integração com uma ampla gama de
microcontroladores, inclusive o ATmega, a partir de suas saídas digitais (nível lógico baixo).
Pode-se, através desse módulo de relés controlar cargas maiores, tais como, as bobinas dos
contatores. O dispositivo de acionamento conta com isolamento da rede por meio de opto-
acopladores e proteção contra sobrecarga além da luz indicadora de status de energização.
O sistema de controle de acionamento dos bancos contará com quatro saídas, ou seja
2𝑛 com n=4 diferentes combinações possíveis de acionamento. A lógica de acionamento deverá
prever alguns fatores conforme NBR5060 NB209 (ABNT, 2010), sendo os principais:
O FP foi ajustado para uma faixa de trabalho entre 0,94 a 0,999 sendo o limiar superior
muito importante para evitar que os bancos de reativos sejam acionados em horários de baixa
corrente. A lógica de controle pode ser analisada através da Figura 19.
menor e mais próxima a do solicitado pelo circuito e faz-se o acionamento. Para o caso onde o
controlador já possui um valor inserido, soma -se esta quantia ao valor de Q, e com o resultante
procura-se a posição no vetor correspondente ao valor menor e mais próximo.
3.5 Ensaios
Os ensaios para aferição de tensão foram realizados com auxílio de um Variac JNG
modelo TDGC2, o qual possui uma faixa de saída tensões que pode variar de 0 a 250 V. O
ensaio de tensões foi realizado para as três fases do controlador, a fim de evitar erros referentes
a falta de exatidão das resistências dos resistores. Através das medições foi traçado a curva de
calibração mostrada na Figura 20.
CALIBRAÇÃO DE TENSÃO
Protótipo fluke
250
200
TENSÃO (V)
150
100
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14
MEDIÇÕES
CALIBRAÇÃO DE CORRENTE
Protótipo Fluke Linear (Protótipo)
300 259,7
250 199,8
CORRENTE (A)
200 153,7
150 118,3
91
100 50,4
50 20,2
0 0
0
0 2 4 6 8 10
MEDIÇÕES
A partir da Figura 21, percebe-se que os valores medidos pelo protótipo e o alicate
amperímetro possuem valores idênticos sobrepondo os pontos de medição.
Para simulação de diferentes valores de fator de potência foram utilizados como carga:
• Um motor de ½ cv;
• Banco de resistências;
45
• Banco de capacitores.
A partir das combinações das cargas supracitadas foram realizadas várias configurações,
utilizando desde um motor a vazio até um banco puramente resistivo, a fim de simular diversos
valores de FP. Com o resultado das medições foi traçado a curva de calibração para o FP. Os
valores medidos pelo protótipo foram confrontados com as medições efetuadas pelo wattímetro
e a curva ficou conforme mostra Figura 22.
CALIBRAÇÃO FP
Protótipo ET-4055
1,2
1
FATOR DE POTÊNCIA
0,8
0,6
0,4
0,2
0
-0,2 0 1 2 3 4 5 6 7 8
MEDIÇÕES
A compensação de energia reativa em uma instalação deve ser feita com devido cuidado
evitando soluções imediatistas que muitas vezes podem levar a resultados técnicos ou
econômicos não satisfatórios. São necessários critérios para efetuar uma compensação
adequada analisando cada caso, pois não existe uma solução padronizada (COTRIM, 2009).
A compensação de reativos pode ser realizada tanto em MT, como em BT. Para escolha
ideal do projeto, devem ser considerados aspectos como custos para implementação
(investimento), facilidade de manutenção e os benefícios que a planta terá após a compensação.
Através de uma breve análise, mostra-se mais vantajosa a compensação em BT, principalmente
pelos benefícios relacionados a manutenção e a diminuição das correntes reativas nos cabos,
transformadores de potência, etc., os quais, não são obtidos com a compensação em MT.
5
SELFs: equipamentos de ar condicionado compactos de médio porte, que une os conjuntos mecânicos
condensador e evaporador no mesmo contêiner (motores e compressores no mesmo gabinete).
48
Este levantamento foi realizado com o auxílio de um alicate wattímetro trifásico Minipa
modelo ET-4055 mostrado na Figura 25.
250
200
Potência
150
100
50
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23
Horas
KW kva
A curva foi traçada para casos de consumo máximo, ou seja, todos os equipamentos
operando com corrente nominal, deixando de fora apenas cargas de uso esporádico, como
bombas de sprinklers, hidrante, recalque, chuveiros etc. Através das medições também foi
traçado a curva característica do FP horário da UC como mostrado na Figura 27.
0,95
Fator de Potência
0,9
0,85
0,8
0,75
0,7
Horas
A curva característica do FP da planta pode ser explicada pelo fato de em alguns horários
a carga é composta quase que exclusivamente pelo circuito de iluminação, predominada por
reatores com alto FP. Em horários mais próximos ao horário comercial, a partir das 8 horas
entram as grandes cargas indutivas, primeiramente as escadas rolantes que trabalham de forma
similar a um motor a vazio e possuem um baixíssimo FP e a ventilação dos SELFs, que
permanecem ligados por um período pré-estabelecido por temporizadores.
Através dos somatórios das potências aparentes e das potências ativas, aplicadas em (2)
foi possível levantar o valor médio do FP da planta, obtendo o valor de 0,85 indutivo.
Para dimensionamento das células foi realizado uma análise dos horários em que o fator
de potência se encontra abaixo do mínimo exigido 0,92 e suas respectivas correntes. Pois os
estágios serão calculados de acordo com a máxima potência reativa em períodos significativos
de tempo. A partir do conhecimento do valor do FP da instalação, foram calculadas as potências
reativas necessária para suprir a deficiência da planta através de (19).
Onde:
Para o dimensionamento do banco, foi utilizado para F𝑃1 o valor de 0,85 estimado a
partir do levantamento e para F𝑃2 foi atribuido o valor de 0,94. Através dos cálculos a potência
reativa necessária encontrada foi de 53,97 kVAr (total). Para realizar o fracionamento dos
bancos levou-se em consideração a potência reativa horária da planta. Como a inserção de um
banco de capacitores pode gerar correntes de surto com proporção de até 100 vezes sua corrente
nominal, a potência capacitiva recomendada a ser chaveada, por estágio do controlador,
52
segundo (MAMEDE, 2018) preferencialmente não deve ser superior a 15 kVAr para bancos
trifásicos de 220 V. Levando em conta que o controlador possui apenas quatro saídas e que já
a UC já possuía um banco fixo de 20 kVAr, optou-se por manter bancos de 20 kVAr mesmo
sabendo dos riscos de queimas de fusíveis e desgaste de equipamentos de manobra. O banco
(que será instalado em arranjo delta) foi dividido em múltiplos de 5 kVAr, conforme
especificação na Tabela 2.
Banco especificado
Potência total (kVAr) 55
Número de estágios 4
Potência por estágio (kVAr) 5 10 20 20
Tensão nominal (V) 220
Fonte: Elaborada pelo autor.
Onde:
Potência Capacitância
(kVAr) (μF)
5 274,1
10 745,9
20 1096,1
Fonte: Elaborada pelo autor.
53
𝑆3∅ (21)
𝐼=
3𝑉𝑓
Onde:
𝑉𝑓 – Tensão de fase.
A partir dos valores do exemplo descrito, efetua-se os cálculos através de (21), e obtém-se para
a corrente antes da correção o valor de 282 A, e para a corrente após a correção o valor de
259,94 A. Isso resulta em uma redução de corrente de aproximadamente 22 A.
Para proteção dos bancos foram utilizados fusíveis do tipo NH, comumente encontrados
em instalações elétricas industriais. Estes possuem elevada capacidade de interrupção quando
submetidos a sobrecorrentes de curto-circuito. Para dimensionamento dos fusíveis
primeiramente calculou-se a corrente nominal de cada banco através de (22).
54
Onde:
𝑉𝑙 – Tensão de linha.
Os valores obtidos os para a corrente nominal dos respectivos bancos podem ser
visualizados na Tabela 4:
Potência Corrente
(kVAr) (A)
5 13,12
10 26,24
20 52,48
Fonte: Elaborada pelo autor.
Onde:
Onde:
A seção dos condutores foi dimensionada de acordo com a tabela do Anexo D à partir
do método F para três condutores XLPE unipolares. Os valores de 𝐼𝑠𝑒𝑐 e a seção dos condutores
ficaram de acordo com a Tabela 6:
Todos os valores obtidos anteriormente para o projeto são comprovados por valores
tabelados mostrados no Anexo E .
acionados antes dos contatos principais. Atenuando conforme ilustra Figura 28, os fenômenos
transitórios ocorridos como elevadas correntes inrush no momento da energização dos bancos.
Potência Contator
(kVAr) (Schneider)
5 LC1DFK
10 LC1DLK
20 LC1DTK
Fonte: Elaborada pelo autor.
(25)
𝑃𝑐2 cos Ф12 𝑃𝑐 sin Ф1
𝑃𝑙 = [√1 − + − 1] 𝑃𝑡
𝑃𝑡2 𝑃𝑡
57
Onde:
𝐹𝑃1 (26)
𝛥𝑐𝑎𝑝% = (1 − ( )) 100%
𝐹𝑃2
Onde:
Com base em (26), utilizando 𝐹𝑃1 = 0,85 (valor estimado no item 4.1) e 𝐹𝑃2 = 0,94
(menor valor permitido pelo controlador), obtém-se o valor de 𝛥𝑐𝑎𝑝% = 9,57 %. Isso significa
que para o projeto em questão haverá uma liberação superior a 10 % no carregamento do
transformador de potência.
Em casos onde a subestação está operando com a sua capacidade plena para um dado
fator de potência, para efeito de aquisição de uma nova carga, em vez de ampliar a potência da
subestação com gastos elevados, pode-se instalar um banco de capacitores, liberando a potência
reativa fornecida através da subestação.
é justificado por dispor de algumas unidades desse modelo em estoque e devido aos elevados
custos dos mesmos. Os bancos de capacitores foram ligados em arranjo triângulo paralelo o
esquemático unifilar pode ser analisado na Figura 29.
Figura 29 Diagrama esquemático do projeto.
Como citado anteriormente, nem todas as cargas são de origem linear. Para efetuar um
projeto de compensação eficiente, é de conhecimento que deve-se levar em consideração a
distorção harmônica presente no sistema elétrico, fazendo assim uma análise através do
tetraedro de potências como mostrado no item 2.3. Para o projeto em questão foi realizado uma
breve análise a respeito da distorção harmônica presente na UC. Como referência foi utilizado
o fluxograma retirado no manual de compensação de reativos da (WEG, 2009), mostrado na
Figura 30.
Seguindo o fluxograma mostrado na Figura 30, este primeiramente nos alerta para a
quantidade de cargas não lineares presente em uma UC, sendo essa ,igual ou superior a 20 %
do total instalado, faz-se necessário um estudo sobre THD. No projeto em questão sabe-se que
as maiores cargas são provindas de reativos indutivos e através da comparação das medições
realizadas em circuitos de energia estabilizada (onde estão ligadas cargas não lineares), com o
total da planta foi constatado que o total de cargas não lineares é de aproximado de 7 %. Como
o valor de cargas não lineares é inferior aos 20 %, foram realizadas com auxílio do wattímetro
mostrado na Figura 25 medições referentes a presença de harmônicas individuais de tensão e
corrente. Com base em percentual foram disponibilizados dados conforme Tabela 8.
Harmônicas
ordem tensão corrente
(%) (%)
3ª 0,23 2.1
5ª 3,09 3,26
7ª 0 3,7
9ª 0 0,56
Fonte: Elaborada pelo autor.
Através de (13) foi calculado os valores de THD para a tensão conforme solicita o
fluxograma e o valor encontrado corresponde a 3,09 %. Já no espectro individual a medição da
5ª harmônica da tensão tem valor superior a limite estipulado. Quando se pergunta sobre a
impedância da rede, esta é baixa pois a maior parte da carga da UC é oriunda de equipamentos
provindos de enrolamentos (espiras).
60
5 Resultados
A proposta inicial do trabalho era de realizar uma medição quinzenal do FP, com intuito de
avaliar o comportamento do protótipo em um intervalo de tempo moderado. Isso foi impossibilitado
pelo fato de o controlador de demanda armazenar apenas as maiores medições em intervalos de
tempo pré-estabelecidos. Portanto, a análise em questão será diária e utilizará como referência
valores de medições horários,” plotando” apenas o máximo valor registrado a cada hora, conforme
mostra Figura 31, onde a linha horizontal em vermelho indica o valor de FP em 0,92.
Após a constatação desses valores inesperados, foi realizado uma medição dominical
do FP da planta, pois em um dia sem atividades a UC permanece com carga mínima ao longo
do dia. O intuito dessa medição é comparar o comportamento do FP de um domingo, com FP
dos horários distintos mostrados nas figuras 32 e 33, pois em ambos os casos a carga da UC é
semelhante. O resultado das medições pode ser visualizado na Figura 34. Nota-se que o FP
permanece quase que constantemente em um valor próximo a 0,75 indutivo. Esta demanda
constante de energia reativa é justificada pelas correntes de magnetização do transformador de
potência, que está trabalhando sem carga. Este valor erroneamente não foi considerado no
projeto de compensação.
Nota-se através da Figura 35, que para os horários anteriormente citados, a quantidade
de energia reativa é inferior a 3 kVAr. Entretanto, o menor banco de compensação é de 5 kVAr
o que tornaria a energia excedente capacitiva. A partir desta análise pode-se mais uma vez
comprovar a funcionalidade do protótipo, pois ele só realizará a inserção de bancos para
compensação de valores superiores 5 kVAr.
A segunda parte dos resultados, é voltado a redução da tarifação mensal que incide sobre
o excedente de energia reativa. Os dados utilizados para comparação são referentes aos meses
iniciais de 2018, (período em que a UC tinha apenas um banco fixo de compensação de 20
kVAr), e o período inicial do ano de 2019, este com o controlador instalado na planta. A UC
em questão é um consumidor de classe comercial do subgrupo de tensão A4. Esta é classificada
segundo resolução Normativa (ANEEL n. 414, de 9 de setembro de 2010) como instalações
com tensões entre 2,3 kV e 25 kV, no caso a UC possui tensão de 13,8 kV e uma demanda
contratada de 300 kW. A modalidade tarifária da UC é a horária verde, esse tipo de tarifação é
aplicado às unidades consumidoras do grupo A, sendo caracterizada por tarifas diferenciadas
de consumo de energia elétrica, de acordo com as horas de utilização do dia, assim como de
uma única tarifa de demanda de potência.
65
Horário de ponta refere-se ao período composto por 3 (três) horas diárias consecutivas
definidas pela distribuidora considerando a curva de carga de seu sistema elétrico, aprovado
pela ANEEL para toda a área de concessão, com exceção feita aos sábados, domingos, e
feriados nacionais;
Horário fora de ponta refere-se ao período composto pelo conjunto das horas diárias
consecutivas e complementares àquelas definidas no horário de ponta e intermediário (no caso
da Tarifa Branca).
Através da análise das faturas foi quantizado a energia reativa excedente a partir da soma
dos valores da energia reativa de ponta e fora de ponta, pois possuem valor de tarifação muito
próximos. Com a posse destes valores, foi traçado o gráfico mostrado na Figura 36, esse,
demostra de forma resumida quantidade de energia reativa tarifada nestes períodos.
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1000
800
600
400 228 272 220 200
200
0
jan/18 fev/18 jan/19 fev/19 mar/19 abr/19
Meses de referência
Analisando a Figura 36, e comparando os dois primeiros meses de cada ano. Constata-
se uma brusca redução no montante de energia reativa faturada pela concessionária, ilustrando
resultados de forma positiva. Percebe-se que em ambos os anos analisados os meses de
fevereiro possuem maior quantidade de energia reativa, pois nestes meses a demanda total de
energia solicitada pela UC é maior.
Tarifação
Meses Valor(R$)
jan/18 792,8
fev/18 897,9
jan/19 113,5
fev/19 135,4
mar/19 109,5
abr/19 99,6
Fonte: Elaborada pelo autor.
67
A partir da média aritmética dos dois primeiros meses de cada ano obtém-se o valor de
845,35 para 2018 e 124,45 para 2019. Subtraindo o valor inicial do ano de 2018 pelo de 2019
contabiliza-se uma diferença de 720 reais mensais. Este é o valor médio economizado com a
implementação do projeto em questão.
Valor do investimento
Item Quantidade Valor
Bancos 4 R$ 3.053,80
Controlador 1 R$ 200
Contatores 4 R$ 1.467
Cabos*6 4 R$ 302,58
Total R$ 5.003,38
Fonte: Elaborada pelo autor.
Valor do investimento
Item Quantidade Valor
Bancos 4 R$ 3.053,80
Controlador 1 R$ 3.163
Contatores 4 R$ 1.467
Cabos/infra 4 R$ 302,58
Total R$ 7.986,38
Fonte: Elaborada pelo autor.
*
Juntamente com os cabos foram contabilizadas despesas com eletrodutos, terminais, fusíveis e porta-fusíveis.
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6 Conclusão
6.1 Melhorias
No protótipo implementado foi utilizado para exibição dos dados medidos um display
LCD 4x20 com comunicação via protocolo I2C. Este pode ser substituído por um display
Touchscreen LCD TFT 2.4” de modo a facilitar a leitura das variáveis medidas.
7 Referências Bibliográficas
ABNT -Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 5060 P-NB-209, Guia para
instalação e operação de capacitores de potência – Procedimentos, 2010.
Tiwari, Anant Kumar “Automatic Power Factor Correction Using Capacitive Bank”,
International Journal ring Research and Applications. pp.393-395 Feb. 2014
CREDER, Hélio. Instalações elétricas industriais. 16ºedição. Rio de Janeiro. Editora LTC,
2016.
EPCOS – PQS Application note; Damping of inrush currents, Alemanha, 2008. 11p
MAMEDE, João. Instalações elétricas industriais. 7º Edição. Rio de Janeiro. Editora LTC
editora, 2008
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MAMEDE, João. Instalações elétricas industriais. 9º Edição. Rio de Janeiro. Editora LTC,
2018.
Nesta figura é possível observar o circuito impresso na sua versão final. Esse layout foi
desenvolvido à partir do software EAGLE. No layout pode ser identificado o circuito de medição
de cada fase e da fonte de alimentação, onde as trilhas mais “grossas” pertencem ao circuito de
medição de corrente.
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