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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA


ESPECIALIZAÇÃO EM ENERGIAS RENOVÁVEIS

LUCAS VALMIR PELLEGRINI

PROJETO DE USINA FOTOVOLTAICA DE 5 MWP EM SÃO LUIZ DO


PURUNÃ

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

CURITIBA - PR
2019
LUCAS VALMIR PELLEGRINI

PROJETO DE USINA FOTOVOLTAICA DE 5 MWP EM SÃO LUIZ DO


PURUNÃ

Monografia de Especialização apresentada ao


Departamento Acadêmico de Eletrotécnica da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
como requisito parcial para obtenção do título
de Especialista em Energias Renováveis.

Orientador: Prof.Esp. Luiz Fernando Ortega

CURITIBA - PR
2019
TERMO DE APROVAÇÃO

LUCAS VALMIR PELLEGRINI

PROJETO DE USINA FOTOVOLTAICA DE 5 MWP EM SÃO LUIZ


DO PURUNÃ

Esta Monografia de Especialização foi apresentada no dia 01 de novembro de 2019,


como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Energias
Renováveis – Departamento Acadêmico de Eletrotécnica – Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. O aluno foi arguido pela Banca Examinadora
composta pelos professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca
Examinadora considerou o trabalho aprovado.

______________________________
Prof. Dr. Marcelo Rodrigues
Coordenador de Curso de Especialização em Energias Renováveis

_______________________________
Prof. Me. Romildo Alves dos Prazeres
Chefe do Departamento Acadêmico de Eletrotécnica

BANCA EXAMINADORA

_____________________________ _________________________________
Prof. Esp. Luiz Fernando Ortega Prof. Dr. Marcelo Rodrigues
Orientador - UTFPR UTFPR

_______________________________
Prof.Me. José Maia
UTFPR

O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso


AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que contribuíram na minha caminhada até a conclusão


desta pós-graduação, amigos, familiares e professores.
Aos colegas da empresa EcoTX que sempre estiveram disponíveis para
dúvidas e informações, bem como gentilmente cederam acesso ao aplicativo para
consultas e contribuições.
Ao orientador Prof. Luiz Fernando Ortega pelo direcionamento e atenção no
desenvolvimento deste trabalho.
Aos amigos da UTFPR da turma de especialização por todo apoio recebido.
RESUMO

PELLEGRINI, Lucas Valmir. Projeto de usina fotovoltaica de 5 MWp em São Luiz


do Purunã. 2019. Monografia (Especialização em Energias Renováveis) -
Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba-PR, 2019.

Este trabalho apresenta um projeto detalhado da concepção de uma usina solar


fotovoltaica com potência de 5 MWp, localizada na região de São Luiz do Purunã,
no estado do Paraná, a cerca de 50 km de Curitiba/PR. É descrito todo o processo,
desde a escolha do terreno, aquisição de dados solarimétricos, escolha da
tecnologia de módulos e inversores, arranjo dos painéis, conexão junto à
concessionária, cálculos de Opex, Capex e Fluxo de Caixa, bem como toda
documentação e normas envolvidas. Apresenta-se conceitos básicos sobre energia
solar fotovoltaica, desde radiação solar, tipos de células fotovoltaicas, diferença
entre célula, módulo e painel, as curvas características de corrente, tensão e
potência, além do projeto em si, passando por definições e análises fundiárias
prévias do terreno, análises ambientais e etapas para viabilização do acesso
perante à concessionária local. Ao final, demonstra-se detalhadamente o
dimensionamento técnico da usina com módulos e inversores, alguns formatos de
financiamento, bem como o valor total de investimento, de aproximadamente 21
milhões de reais, e as despesas mensais, que partem de 1,5 milhões de reais. Após
diversas análises, comprova-se que, apesar de sua complexidade, o projeto é um
excelente investimento financeiro, com payback de 8 anos e podendo chegar, ao
longo de 25 anos, a um montante acumulado de aproximadamente 182 milhões de
reais.

Palavras-chave: Usina solar fotovoltaica. Energia elétrica. Energia renovável.


Célula fotovoltaica.
ABSTRACT

PELLEGRINI, Lucas Valmir. 5 MWp photovoltaic power plant project in São


Luiz do Purunã. 2019. Monografia (Especialização em Energias Renováveis -
Federal Technology University - Paraná. Curitiba-PR, 2019.

This work presents a detailed project for the design of a 5 MWp solar photovoltaic
plant, located in the São Luiz do Purunã region, in the state of Paraná, about 50 km
from Curitiba/PR. The entire process is described, from field selection, solarimetric
data acquisition, module and inverter technology selection, panel arrangement,
utility connection, Opex, Capex and cash flow calculations, as well as all
documentation and standards involved. Basic concepts on photovoltaic solar energy
are presented, from solar radiation, photovoltaic cell types, difference between cell,
module and panel, the characteristic curves of current, voltage and power, as well
as the project itself, as well as previous land definitions and analyzes. Of the land,
environmental analysis and steps to enable access to the local concessionaire. In
the end, the technical dimensioning of the plant with modules and inverters, some
financing formats, as well as the total investment value of approximately 21 million
reais and the monthly expenses, which start at 1.5 million reais. After several
analyzes, it is proved that, despite its complexity, the project is an excellent financial
investment, with a payback of 8 years and may reach, over 25 years, an accumulated
amount of approximately 182 million reais.

Keywords: Photovoltaic solar plant. Electricity. Renewable energy. Photovoltaic


cell.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Composição do espectro da radiação solar. 18


Figura 2 - Demonstração do efeito fotovoltaico e do efeito fotoelétrico. 19
Figura 3 - Estrutura da célula fotovoltaica. 20
Figura 4 - Materiais semicondutores em três situações diferentes: separados,
unidos para formar junção e por último com a junção exposta à luz para produção
da corrente elétrica. 22
Figura 5 - Lingote de silício monocristalino. 23
Figura 6 - Wafer de silício monocristalino. 24
Figura 7 - Célula fotovoltaica de silício. 25
Figura 8 - Células fotovoltaicas de silício policristalino. 26
Figura 9 - Módulo fotovoltaico de filme fino. 27
Figura 10 - Vista da célula, modulo e painel fotovoltaico. 28
Figura 11 - Componentes de um módulo solar fotovoltaico. 29
Figura 12 - Curva característica I – V de corrente e tensão de um módulo
fotovoltaico. 30
Figura 13 - Curva característica P – V de potência e tensão de um módulo
fotovoltaico. 31
Figura 14 - Influência da radiação solar na operação do módulo fotovoltaico. 32
Figura 15 - Influência da temperatura na operação do módulo fotovoltaico. 32
Figura 16 - Ligações dos módulos em série e paralelo. 33
Figura 17 - Curva característica I – V de um conjunto de quatro módulos
conectados em série e paralelo. 34
Figura 18 - Componentes de um sistema fotovoltaico simples conectado à rede
elétrica. 36
Figura 19 - Caixa para conexão de diversos strings em paralelo, incluindo fusíveis
e barramentos. 37
Figura 20 - Instalação do dispositivo de proteção de surto (DPS) instalado próximo
ao inversor. 38
Figura 21 - Localização da Usina Solar Fotovoltaica e coordenadas geográficas. 39
Figura 22 - Análise do perfil de inclinação do terreno. 40
Figura 23 - Análise das medidas disponíveis do terreno. 41
Figura 24 - Aplicativo EcoMap com detalhes do terreno da Usina solar
fotovoltaica. 41
Figura 25 - Análise Ambiental através do aplicativo EcoMap. 43
Figura 26 - Análise geral das subestações na região de Curitiba/PR, com detalhe
para o terreno da usina no centro. 44
Figura 27 - Análise da subestação mais próxima Witmarsum cerca de 8,5 km. 44
Figura 28 - Análise das subestações na região de Curitiba/PR e em torno do
terreno da usina. 45
Figura 29 - Detalhe da distância da usina à linha de transmissão da subestação
Witmarsum. 46
Figura 30 - Etapas de acesso para centrais geradoras solicitantes de
autorização. 47
Figura 31 - Atlas Solar do Paraná com detalhe no ponto onde será localizado a
usina. 51
Figura 32 - Valor diário de irradiação no plano inclinado na latitude. 51
Figura 33 - Folha de dados do módulo solar fotovoltaico CS3U-355P
V5.581_EN. 53
Figura 34 - Inversor Sungrow SG125HV V1.0. 54
Figura 35 - Orientação azimutal do módulo solar, com sua face orientada ao norte
geográfico. 56
Figura 36 - Demonstração da altura da haste de suporte do módulo com o ângulo
de inclinação do solo. 58
Figura 37 - Medidas do módulo solar fotovoltaico Canadian CS3U-355P. 59
Figura 38 - Perspectiva da usina solar de 5MWp com disposição de todos os
módulos através do software PVsyst V6.75. 63
Figura 39 - Curva do Opex ao longo dos 25 anos. 66
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Etapas dos procedimentos de acesso por tipo de acessante. 46


Tabela 2 – Compilado do consumo em 2017 de todas unidades consumidoras. 50
Tabela 3 - Ângulos recomendados para instalação dos módulos solares. 57
Tabela 4 - Latitudes geográficas das capitais brasileiras. 57
Tabela 5 - Determinação da relação (L) e (x) a partir do ângulo de inclinação. 60
Tabela 6 - Determinação da relação (x) e (z) a partir do ângulo de inclinação. 61
Tabela 7 – Cálculo do Capex item a item. 64
Tabela 8 – Cálculo do Opex ao longo de 25 anos. 65
Tabela 9 – Relatório completo do fluxo de caixa ao longo dos 25 anos. 66
Tabela 10 - Resumo das informações financeiras TMA, VPL, TIR e LCOE. 71
Tabela 11 - Comparativo entre as modalidades de financiamento. 72
LISTA DE SIGLAS

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social


CA Corrente alternada
CC Corrente contínua
DDR Disjuntor diferencial residual
DPS Dispositivo de proteção de surtos
FC Fluxo de caixa
IDR Interruptor diferencial residual
IPCA Índice nacional de preços ao consumidor amplo
O&M Operação e Manutenção
STC Standard test conditions
TJLP Taxa de Juros de Longo Prazo
TMA Taxa Mínima de Atratividade
TBF Taxa Básica Financeira
TR Taxa Referencial
VP Valor Presente
VPL Valor Presente Líquido

LISTA DE ACRÔNIMOS

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica


CAPEX Capital Expenditure
CEMA Conselho Estadual do Meio Ambiente
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EIA/RIMA Estudo de impacto ambiental/Relatório de impacto ambiental
IAP Instituto Ambiental do Paraná
LCOE Levelized Cost Of Energy
OPEX Operational Expenditure
SELIC Sistema Especial de Liquidação e de Custódia
SEMA Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 13
1.1 TEMA 14
1.1.1 Delimitação do Tema 14
1.2 PROBLEMAS E PREMISSAS 14
1.3 OBJETIVOS 15
1.3.1 Objetivo Geral 15
1.3.2 Objetivos Específicos 15
1.4 JUSTIFICATIVA 15
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 16
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO 16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 17
2.1 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA 17
2.2 CONCEITOS BÁSICOS 17
2.2.1 Radiação solar 17
2.2.2 Célula Solar Fotovoltaica 20
2.2.3 Tipos de Células Solar Fotovoltaica 23
2.2.4 Silício Monocristalino 23
2.2.5 Silício policristalino25
2.2.6 Filmes finos 26
2.2.7 Célula, Módulo e Painel fotovoltaico 28
2.2.8 Curvas Características de Corrente, Tensão e Potência 29
2.2.9 Conjuntos ou Arranjos Fotovoltaicos 33
2.3 TIPOS DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS 34
2.3.1 Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede Elétrica35
3 PROJETO TÉCNICO E VIABILIDADE FINANCEIRA 39
3.1 PROJETO TÉCNICO DA USINA DE 5 MWP 39
3.1.1 Descrição do local a ser implantado 39
3.1.2 Análise do terreno 40
3.1.3 Análise Fundiária 42
3.1.4 Licenciamento Ambiental 42
3.1.5 Análise de subestações 44
3.1.6 Análise de linhas de transmissão 46
3.1.7 Etapas para viabilização do Acesso 48
3.1.8 Cálculo da potência a ser instalada 51
3.1.9 Definição da tecnologia utilizada 54
3.1.10Dimensionamento técnico da usina 54
3.1.11Orientação e inclinação dos módulos solares 56
3.1.12 Cálculo da área da usina 62
3.2 PROJETO FINANCEIRO DA USINA DE 5MWP 64
3.2.1 Cálculo do Capex 64
3.2.2 Cálculo do Opex 66
3.2.3 Cálculo do Fluxo de Caixa 67
3.2.4 Linhas de financiamento 72
4 CONCLUSÃO 74
4.1 TRABALHOS FUTUROS 76
REFERÊNCIAS 76
ANEXO A - FOLHA DE DADOS DO MÓDULO SOLAR FOTOVOLTAICO CANADIAN CS3U-
355P 78
ANEXO B - FOLHA DE DADOS DO INVERSOR SUNGROW SG125HV 81
13

1 INTRODUÇÃO

Há muitos anos o homem busca otimizar seus recursos, de forma a manter


a longevidade e garantir a sustentabilidade. A energia como suprimento é essencial
e cada vez mais demandada pela sociedade. Com avanço da tecnologia,
equipamentos e sistemas que nos fornecem tal energia, tornam-se mais baratos,
facilitando o acesso à população, de modo que pesquisadores e usuários
aprimoram e desenvolvam equipamentos mais eficientes.
A energia solar é uma alternativa que está amadurecendo e tornando-se cada
vez mais viável. Vários são os benefícios e as vantagens desta tecnologia, todos
serão detalhados nos capítulos a seguir, define-se como uma fonte de energia
sustentável e renovável, não gera ruídos nem tampouco poluição, sua instalação é
simples, quando comparada com outras tecnologias, e sua manutenção é baixa.
Nesta monografia buscou-se detalhar o projeto de uma usina solar
fotovoltaica de 5MWp de potência localizada em São Luiz do Purunã. Será descrito
todo processo, desde a escolha do terreno, aquisição de dados solarimétricos,
escolha da tecnologia de módulos e inversores, arranjo dos painéis, conexão junto
à concessionária, cálculos de Opex, Capex e Fluxo de Caixa, bem como toda
documentação e normas envolvidas.
Ao final, busca-se demonstrar através do fluxo de caixa, o cálculo de
viabilidade do investimento, payback, TMA, VPL, TIR e LCOE. Também é
apresentado um quadro comparativo entre três diferentes linhas de financiamento
através do BNDES.
14

1.1 TEMA

Projeto de usina solar fotovoltaica de 5MWp localizada em São Luiz do


Purunã, com estudo de viabilidade financeira, capex, opex e fluxo de caixa.

1.1.1 Delimitação do Tema

O Projeto será estudado com base em dados obtidos em um ponto localizado


em São Luiz do Purunã, cerca de 50 km de Curitiba, com potência instalada de 5
MWp.

1.2 PROBLEMAS E PREMISSAS

O mercado atual de energia para consumidores de baixa tensão está


condicionado ao universo cativo, onde o cliente não pode escolher outra forma de
aquisição de energia a não ser da concessionária ao qual está conectado. Com esta
premissa, buscou-se uma solução através de uma usina solar fotovoltaica utilizando
o formato de geração distribuída para fornecer energia para unidades consumidoras
de baixa tensão (Grupo B3) de um certo grupo empresarial.
Um fator que pesa na decisão de viabilizar ou não uma usina, é a
dependência do governo, ao qual é detentor da concessionária de energia, em que
define aumentos arbitrários na tarifa de energia e também as bandeiras tarifárias,
que faz uma média geral para todo país, e estados com reservatórios mais cheios
pagam por estados com menores capacidades de armazenamentos.
15

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Projetar uma usina solar fotovoltaica com 5 MWp de potência e estudo de


viabilidade financeira.

1.3.2 Objetivos Específicos

Identificar dados de radiação em atlas solares para justificar a incidência


solar no local escolhido.
Apresentar características das normas relacionadas com as etapas de
conexão ao sistema elétrico de distribuição bem como as normas que regem o
sistema de geração distribuída.
Realizar uma análise crítica financeira com os valores projetados de Capex,
Opex e o fluxo de caixa, bem como a viabilidade financeira e opções através de
linhas de financiamento.

1.4 JUSTIFICATIVA

No atual cenário de incertezas quanto à regulamentação envolvendo


geração distribuída, e no alto grau de dependência da população junto as
concessionárias de energia elétrica, faz-se necessário um estudo aprofundado
quanto à solução em geração de energia através de usinas solares fotovoltaicas.
Este projeto visa contribuir em decisões sobre a viabilidade de uma usina
solar fotovoltaica de grande porte, bem como demonstrar detalhadamente as
características de projeto técnico e financeiro.
16

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os primeiros passos visam escolher um ponto ótimo dentro dos limites de


São Luiz do Purunã para implantação da usina. Em seguida, virão os estudos de
irradiação solar no local. Paralelamente pesquisa-se sobre as tecnologias para
módulos e inversores existentes no mercado, escolhendo a que possui melhor
relação entre o custo e a potência fornecida. Para garantir a melhor performance da
usina, irá ser estudado as melhores formas de posicionar e distribuir os módulos no
terreno. E por fim, será feito um cálculo aprofundado do fluxo de caixa durante 25
anos, levando-se em conta o Capex e o Opex.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta monografia foi dividida para melhor apresentar o projeto de uma usina
fotovoltaica de 5MWp. Os capítulos são divididos em: 1- Introdução, 2-
Fundamentação teórica, 3- Desenvolvimento, 4- Conclusão.
Na Introdução é apresentado o tema, os objetivos, justificativa e os
procedimentos metodológicos adotados nesta monografia.
Em Fundamentação teórica é demonstrado a energia solar fotovoltaica, seus
conceitos básicos, tipos de sistemas e também os processos para a concessão da
conexão com a rede de distribuição.
No capítulo de desenvolvimento é descrito todo o projeto desde o
detalhamento técnico, passando por dados de inclinação e orientação, potência e
tecnologia a ser utilizada, até o projeto financeiro com o Capex, Opex e o resultado
da viabilidade financeira.
Na conclusão tem-se uma visão geral do resultado do projeto, tanto
tecnicamente como os resultados da viabilidade financeira da usina. E no final
sugere-se pesquisas futuras para complementar estes estudos.
17

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Neste capítulo serão abordados conceitos básicos como o que significa


radiação solar, célula solar fotovoltaica, quais são os tipos de células, bem como os
diferentes tipos de sistemas fotovoltaicos.

2.1 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Os sistemas solares fotovoltaicos possuem excelente capacidade de


produzir corrente elétrica através da luz solar. Esta corrente é coletada e
processada por dispositivos que convertem e controlam esta eletricidade, podendo
ser armazenada em baterias ou utilizada diretamente nos sistemas conectados à
rede elétrica. Esta energia solar fotovoltaica é uma das fontes que mais cresce em
todo mundo.

2.2 CONCEITOS BÁSICOS

2.2.1 Radiação Solar

Toda energia que vem do Sol e chega em nosso planeta se dá através do


espaço na forma de radiação eletromagnética, onde possuem frequências e
comprimentos de onda distintos. A energia contida em uma onda está diretamente
ligada à sua frequência, onde, quanto maior a frequência, maior é a energia
transmitida. Por outro lado, o comprimento de onda eletromagnética é inversamente
proporcional à sua frequência, quanto maior é a frequência, menor é seu
comprimento de onda.
Para expressar a relação entre a frequência e a energia de uma onda
eletromagnética, Planck desenvolveu a seguinte equação:

𝐸 = ℎ .𝑓 (1)
18

Onde E é a energia da onda, expressa em joules [J] ou elétrons-volt [eV], f é


a frequência, expressa em hertz [Hz] e h é uma constante física de
proporcionalidade, chamada de constante de Planck, que é aproximadamente
6,636.10-34 [J.s].
Outra expressão matemática que relaciona frequência, comprimento de onda
e a velocidade desta onda eletromagnética, é:

𝑐 = 𝜆 .𝑓 (2)

Onde c é a velocidade da luz no vácuo (aproximadamente 300.000 km/s), λ


é o comprimento de onda e f é a frequência da onda em hertz.
Estas ondas eletromagnéticas oriundas do Sol podem produzir diversos
efeitos sobre o planeta e os seres vivos. Uma pequena parte destas ondas podem
ser captadas pelo olho humano e representa o que se chama de luz visível, como
demonstra a figura 1. Outra parte desta radiação solar não pode ser vista pelo nosso
olho e a presença pode ser percebida de diversas formas.

Figura 1 - Composição do espectro da radiação solar.

Fonte: https://www.infoescola.com/fisica/espectro-eletromagnetico (2019)

Segundo Villalva (2012), o espectro da radiação solar é o conjunto de todas


as frequências de ondas eletromagnéticas emitidas pelo Sol, e todo espectro de
19

radiação, incluindo as ondas visíveis e invisíveis ao olho humano, transportam


energia que pode ser captada na forma de calor ou energia elétrica.
A transformação da energia eletromagnética em energia térmica é a captação
do calor solar nos materiais e corpos que recebem a radiação. No momento em que
estas ondas eletromagnéticas incidem sobre um corpo que tem capacidade de
absorver tal radiação, esta energia eletromagnética é transformada em energia
cinética e transmitida para moléculas e átomos que compõem este corpo. Esse
processo trata-se de transmissão de calor ou de energia térmica. A temperatura de
um corpo depende diretamente da energia térmica que possui, pois quanto maior é
o estado de agitação dos átomos e moléculas, maior será sua temperatura. Essa
energia pode variar dependendo da quantidade de radiação, que pode ser direta ou
indiretamente por ele recebida.
As ondas eletromagnéticas que incidem em alguns materiais, ao invés de
transmitir calor, podem produzir alterações nas propriedades elétricas ou originar
tensões e corrente elétricas. Existem vários efeitos elétricos que a radiação
eletromagnética pode produzir sobre os corpos, os dois mais conhecidos são o
efeito fotovoltaico e o fotoelétrico como pode ser observado na figura 2 (Villalva,
2012, p. 41).

Figura 2 - Demonstração do efeito fotovoltaico e do efeito fotoelétrico.

Fonte: Villalva (2012)

O principal efeito e a fonte de todo nosso estudo, é o efeito fotovoltaico, cuja


transformação da radiação eletromagnética do Sol em energia elétrica através da
20

criação de uma ddp (diferença de potencial) ou uma tensão elétrica, sobre uma
célula formada por um conjunto de materiais semicondutores. Para haver tensão
elétrica, a célula deverá ser conectada a dois eletrodos e para surgir corrente
elétrica, deverá haver um caminho elétrico entre estes dois eletrodos.
Já o efeito fotoelétrico ocorre em materiais metálicos e não metálicos sólidos,
líquidos ou gasosos. O seu resultado é a remoção de elétrons, porém não é capaz
de criar tensão elétrica. Este efeito é na maioria das vezes confundido com o efeito
fotovoltaico, embora seja relacionado, são fenômenos diferentes.

2.2.2 Célula Solar Fotovoltaica

Como já mencionado no tópico anterior, o efeito fotovoltaico é o fenômeno


físico que permite a conversão direta da luz em eletricidade. Isto ocorre no momento
em que a luz, ou até mesmo a radiação eletromagnética do Sol, incide sobre uma
célula que possui materiais semicondutores em sua composição.
A figura 3 demonstra a estrutura de uma célula fotovoltaica composta por
duas camadas de material semicondutor tipo “p” e tipo “n”, uma grade de coletores
metálicos superior e uma base metálica em sua parte inferior.

Figura 3 - Estrutura da célula fotovoltaica.

Fonte: http://www.cresesb.cepel.br (2019)


21

A base metálica inferior e a grada são os próprios terminais elétricos que


fazem a coleta da corrente elétrica produzida. A base inferior é uma película que
pode ser de alumínio ou prata. A parte superior da célula, na qual recebe a luz,
precisa ser necessariamente translúcida e para isso os contatos elétricos são feitos
na forma de uma fina grade metálica impressa na própria célula. Uma célula
comercial pode possuir uma fina camada de material antirreflexivo, normalmente de
nitreto de silício ou de dióxido de titânio, necessária para evitar a reflexão e
aumentar a absorção de luz pela célula.
Segundo Villalva (2012), cerca de 95% das células fotovoltaicas fabricadas
em todo mundo são de silício, pois é um material barato e abundante. Esta célula é
composta pela junção de duas camadas de material semicondutor, uma do tipo P e
outra do tipo N. O material N tem excedentes de elétrons e o material P possui falta
de elétrons. Pelo fato de possuir diferença na concentração de elétrons nas duas
camadas, estes elétrons da camada N fluem para a camada P, criando um campo
elétrico dentro de uma zona de depleção, ou barreira de potencial, no interior da
célula.
Na figura 4, é demonstrado as três situações para a produção da corrente
elétrica. No momento em que as duas camadas de materiais P e N entram em
contato, formam uma junção semicondutora, onde os elétrons da camada N migram
para a camada P ocupando os espaços vazios das lacunas. No momento em que
as duas camadas são unidas, esta mudança dos elétrons de uma camada para
outra origina um campo elétrico e cria uma barreira de potencial entre estas duas
camadas. Os elétrons e as lacunas permanecem presos atrás da barreira no
momento que a célula fotovoltaica não está iluminada.
22

Figura 4 - Materiais semicondutores em três situações diferentes: separados, unidos para


formar junção e por último com a junção exposta à luz para produção da corrente elétrica.

Fonte: Villalva (2012)

A camada superior de uma célula fotovoltaica composta de material N é tão


fina que a luz penetra e descarrega sua energia sobre os elétrons, fazendo que
tenham energia suficiente para vencer a barreira de potencial e migrar da camada
N para P. Estes elétrons que estão em movimento são coletados por eletrodos
metálicos. Ao acrescentar um circuito fechado, os elétrons irão circular em direção
aos eletrodos da camada N, formando assim a corrente elétrica. Mesmo que não
haja este caminho onde os elétrons não irão formar uma corrente elétrica, ainda há
tensão elétrica de aproximadamente 0,6 V entre os dois lados da célula, devido ao
campo elétrico da barreira de potencial.
23

Segundo Villalva (2012), uma célula fotovoltaica produz pouca energia e uma
tensão elétrica baixa, porém quando se conecta várias células em série, elas
poderão fornecer uma grande quantidade de energia elétrica e uma tensão mais
elevada. Nos dias atuais, estas células produzidas em larga escala e disponíveis
comercialmente são na maioria dos casos constituídas de silício monocristalino,
policristalino ou amorfo.

2.2.3 Tipos de Células Solar Fotovoltaica

Atualmente existem várias tecnologias para a fabricação de células e


módulos fotovoltaicos. As tecnologias mais comuns são do silício monocristalino,
silício policristalino e do filme fino de silício. Este silício empregado na fabricação
das células fotovoltaicas é extraído do mineral de quartzo, onde o Brasil é um dos
maiores produtores mundiais. Porém a purificação deste minério e a fabricação das
células não é feita em nosso país. A seguir seguem os diferentes tipos de células:

2.2.4 Silício monocristalino

O processo para obtenção se inicia através de blocos de silício ultrapuros


que são aquecidos em altas temperaturas e submetidos a um processo de formação
de cristal chamado método de Czochralski. Na figura 5 é possível observar o
produto resultante deste processo, o lingote de silício monocristalino.

Figura 5 - Lingote de silício monocristalino.

Fonte: Bosch Solar Energy AG (2019)


24

O lingote é constituído de uma estrutura única e cristalina, com organização


molecular homogênea, na qual apresenta um aspecto uniforme e brilhante. Esta
peça é serrada e fatiada para produzir os chamados wafers, que são finas bolachas
de silício puro e que ainda não possuem as propriedades de uma célula fotovoltaica.
Este wafer pode ser observado na figura 6.

Figura 6 - Wafer de silício monocristalino.

Fonte: Bosch Solar Energy AG (2019)

Esta fina chapa é submetida a processos químicos onde recebem impurezas


nas duas faces, formando as camadas de silício P e N que constituem a base para
o funcionamento da célula fotovoltaica.
Ao final da produção da célula, este wafer recebe uma película metálica em
uma das faces, mais uma grade metálica em outra e uma cada de material
antirreflexivo na face que irá receber a luz. Esta célula acabada pode ser vista na
figura 7.
25

Figura 7 - Célula fotovoltaica de silício.

Fonte: GreenPro/Suniva em www.suniva.com (2019)

Para diferenciar os tipos de células, pode observar seu aspecto, onde a


célula monocristalina é uniforme, normalmente azulado escuro ou preto, porém
pode ter alguma coloração diferente dependendo do tipo de tratamento reflexivo.
Estas células são mais eficientes, possuem um custo mais elevado em sua
produção. São células rígidas e podem quebrar facilmente, por isso precisam ser
montadas em módulos para adquirir maior resistência mecânica e facilitar o
transporte e a montagem. Por este motivo não existem módulos muito grandes.

2.2.5 Silício policristalino

Este tipo de célula é fabricado através de um processo produtivo mais barato


quando comparado ao monocristalino. O material resultante desta fabricação, o
lingote de silício policristalino, é formado por um aglomerado de pequenos cristais,
com tamanhos e orientações diferentes. (Villalva, 2012, pag. 70).
Este lingote também é serrado para produzir wafers, que também se
transformam-se em células fotovoltaicas. Estas células policristalinas possuem
aparência heterogênea e normalmente encontradas na cor azul, porém sua cor
também pode ser diferente em função do tratamento antirreflexivo. Na figura 8 é
possível observar nas células de silício policristalino a presença de manchas em
sua coloração devido ao tipo de silício empregado em sua fabricação.
As células de silício policristalino possuem uma eficiência ligeiramente
inferior, quando comparada com células monocristalina, porém o custo de
fabricação é menor compensando essa redução na eficiência.
26

Figura 8 - Células fotovoltaicas de silício policristalino.

Fonte: Bosch Solar Energy AG (2019)

Estas células também são rígidas e quebradiças e precisam ser montadas em


módulos para aumentar a resistência mecânica.

2.2.6 Filmes finos

Esta tecnologia é a mais recente e surgiu após as células cristalinas estarem


bem desenvolvidas. Bem diferente da fabricação já mencionadas, os dispositivos
de filmes finos são fabricados através da deposição de finas camadas de materiais
sobre uma base que pode ser rígida ou flexível.
O processo de deposição, que pode ocorrer por vaporização ou através de
outros métodos, permite que pequenas quantidades de matéria-prima seja
empregada no processo de fabricação dos módulos, além de não ter desperdícios
que ocorrem no processo de serragem dos wafers cristalinos, torna esta tecnologia
mais barata.
As temperaturas para fabricação dos filmes finos estão entre 200 a 500°C,
contra temperaturas de até 1500°C na produção de células cristalinas. Portanto,
além de consumir menos matéria-prima, os filmes finos consomem menos energia
para sua fabricação, tornando mais baixo seu custo. Além disso, a baixa
complexidade no processo produtivo torna mais simples os processos
automatizados e favorece a produção em larga escala. Em virtude desta facilidade,
27

os módulos de filmes finos podem ser produzidos em qualquer dimensão e a única


restrição fica por conta da área da base. Na figura 9, é possível perceber que estes
módulos são formados por uma grande e única célula fabricada na dimensão do
módulo. Apesar do custo ser menor em relação à outras tecnologias, os dispositivos
de filmes finos possuem baixa eficiência e precisam de uma área maior de módulo
para produzir a mesma energia. Mas uma vantagem desta tecnologia é o melhor
aproveitamento da luz solar para baixos níveis de radiação e para radiações difusas.
Além disso, o coeficiente de temperatura é melhor, onde a diminuição da produção
de energia com o aumento da temperatura é menor em comparação à outras
tecnologias. Portanto os módulos de filmes finos são mais adequados em locais
com temperaturas maiores.

Figura 9 - Módulo fotovoltaico de filme fino.

Fonte: Solar Frontier (2019)

Segundo Villalva (2012), outra grande vantagem dos módulos de filmes finos
é que são formados por uma única célula, onde sua grande área torna-o menos
sensível ao efeito do sombreamento parcial, que é quando uma parte do módulo
tem a luz obstruída por um obstáculo. Neste caso, a sombra atinge apenas uma
parte da célula, resultando em uma menor perda na produção da energia.
Esta tecnologia de filmes finos é utilizada para designar diferentes materiais
que é constituído. Como exemplo podemos citar o silício amorfo (aSi), silício
microcristalino (uSi), tecnologia de telureto de cádmio (CdTe) e a tecnologia CIGS
(cobre-índio-gálio-selênio).
28

2.2.7 Célula, Módulo e Painel fotovoltaico

Segundo URBANETZ (2010), conforme a figura 10, a célula fotovoltaica é a


parte elementar de um módulo fotovoltaico. Elas são associadas eletricamente em
arranjos série/paralelo a fim de formar um módulo fotovoltaico. Afim de gerar energia
requerida pela carga, os módulos são associados formando um painel fotovoltaico
a fim de obter-se o nível de tensão e corrente desejados.

Figura 10 - Vista da célula, modulo e painel fotovoltaico.

Fonte: URBANETZ (2010)

Um módulo fotovoltaico é constituído de um conjunto de células montadas


sobre uma rígida estrutura e conectadas eletricamente em série para produzir
tensões maiores. Os terminais superiores de uma célula são ligados ao terminal
inferior de outra até formar um conjunto com a tensão de saída desejada.
A figura 11 demonstra como é fabricado um módulo solar fotovoltaico. As
células e as conexões elétricas são prensadas dentro de lâminas plásticas e o
módulo é recoberto por uma lâmina de vidro e por fim, é emoldurado por um
alumínio. Na parte de trás do módulo, há uma caixa de conexões elétricas, aonde
são conectados os cabos elétricos que normalmente são fornecidos junto com o
módulo.
29

Figura 11 - Componentes de um módulo solar fotovoltaico.

Fonte: Bosch Solar Energy AG (2019)

Os cabos que compõem o módulo, possuem conectores padronizados, que


permitem a conexão rápida dos módulos em série. Estes conectores são
conhecidos comercialmente por MC-4 e está amplamente difundido nas instalações.

2.2.8 Curvas Características de Corrente, Tensão e Potência

Como já dito no tópico anterior, os módulos fotovoltaicos são formados por


um agrupamento de células conectadas eletricamente. Uma célula pode fornecer
tensão elétrica de aproximadamente 0,6 V. Para aumentar esta tensão na saída do
módulo, os fabricantes conectam várias células em série. Usualmente os módulos
possuem 36, 54, 60 ou 72 células, dependendo de sua classe de potência.
Segundo Villalva (2012), a corrente elétrica produzida por uma célula é
diretamente proporcional a sua área, pois esta corrente depende da quantidade de
luz solar recebida. Então quanto maior é a área, maior é a captação de luz e por
consequência, maior é a corrente elétrica fornecida.
30

Um módulo fotovoltaico apresenta uma tensão na saída variável. Ele não


se comporta como uma fonte elétrica convencional. Esta tensão depende da
corrente e vice-versa. O ponto de operação de um módulo depende do que está
conectado em seus terminais. Caso é conectado um equipamento que demanda
muita corrente, a tensão de saída do módulo tenderá a cair. De outro lado, se
conectar uma carque que demanda pouca corrente, a tensão de saída será mais
alta, na maioria das vezes tendendo à tensão de circuito aberto.
A figura 12, demonstra a relação entre a tensão e a corrente elétrica de
saída de um módulo fotovoltaico através da curva I – V com o ponto de máxima
potência.

Figura 12 - Curva característica I – V de corrente e tensão de um módulo fotovoltaico.

Fonte: Villalva (2012)

Já a figura 13, mostra a curva característica P – V de potência e tensão de


um módulo fotovoltaico com ponto de máxima potência.
31

Figura 13 - Curva característica P – V de potência e tensão de um módulo fotovoltaico.

Fonte: Villalva (2012)

Pelas figuras 12 e 13, nota-se três pontos de destaque: o primeiro para


corrente e tensão de curto-circuito, o ponto de máxima potência e o ponto de tensão
de circuito aberto. A corrente de curto-circuito acontece quando os dois terminais
do módulo estão conectados. Nesta situação não existe tensão elétrica e a corrente
vai para seu valor máximo. Já a tensão de circuito aberto é a medida na saída do
módulo quando nos terminais não existe nada ligado a ele. Esta tensão é a máxima
que o módulo pode fornecer. O ponto de máxima potência é o que corresponde a
melhor situação que o módulo pode fornecer de eletricidade.
A corrente elétrica fornecida pelo módulo depende diretamente da
intensidade da radiação solar que incide em suas células. Com pouca luz, a corrente
fornecida pelo módulo é muito pequena e a capacidade de gerar energia é reduzida.
Por outro lado, a temperatura tem influência na tensão final do módulo e
consequentemente na energia fornecida.
32

Figura 14 - Influência da radiação solar na operação do módulo fotovoltaico.

Fonte: Villalva (2012)

Nas figuras 14 e 15, é possível observar que temperaturas mais baixas as


tensões são maiores e em temperaturas mais altas, são menores. A temperatura
não altera a corrente fornecida pelo módulo, porém quando a temperatura aumenta,
a potência fornecida diminui, pois, a potência é o produto da corrente e tensão do
módulo.

Figura 15 - Influência da temperatura na operação do módulo fotovoltaico.

Fonte: Villalva (2012)


33

2.2.9 Conjuntos ou Arranjos Fotovoltaicos

Para aumentar a capacidade de energia, módulos solares são conectados


em série e/ou paralelo. Este agrupamento de módulos é denominado arranjo ou
conjunto fotovoltaico.
Os módulos podem ser interligados em série e/ou paralelo. Um exemplo
destas ligações pode ser visto na figura 16. Quando deseja-se aumentar a tensão
final entregue pelo conjunto, os módulos são conectados em série. Desta forma
soma-se as tensões de cada módulo e a corrente que circula é a mesma em todos
os módulos. Um conjunto de módulos em série recebe o nome de string. Por outro
lado, quando os módulos são conectados em paralelo, a corrente fornecida é a
soma das correntes dos módulos do conjunto. Porém, a tensão de saída é a mesma
tensão fornecida pelo módulo individualmente.

Figura 16 - Ligações dos módulos em série e paralelo.

Fonte: Villalva (2012)


34

Usualmente em grandes usinas é comum termos ligações dos módulos em


série e paralelo. A figura 17 demonstra a curva característica I – V de um conjunto
de quatro módulos conectados em série e paralelo.

Figura 17 - Curva característica I – V de um conjunto de quatro módulos conectados em


série e paralelo.

Fonte: Villalva (2012)

De acordo com a figura 17, nota-se que a tensão e a corrente de saída fornecida
pelo conjunto são somadas.

2.3 TIPOS DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS

Segundo a Resolução Normativa 482 (ANEEL, 2012), atualmente existem


dois formatos de sistemas fotovoltaicos; autônomos e conectados à rede elétrica.
Os sistemas autônomos, ou sistema isolados, estão em locais não
atendidos por uma rede elétrica. Podem ser usados em qualquer lugar onde recebe
a luz do sol. Muitas são suas aplicações, como a iluminação pública, sistemas de
telecomunicações, carregamento de baterias de veículos elétricos, pequenos
aparelhos eletrônicos como calculadoras, dentre outros.
Como em nosso país a rede elétrica não chega em muitas localidades
remotas, um sistema autônomo é capaz de gerar energia elétrica para atender as
necessidades, por exemplo de uma residência.
35

Como foco deste trabalho é uma usina solar fotovoltaica conectada à rede
elétrica, é abordado com mais detalhe somente este formato.

2.3.1 Sistemas Fotovoltaicos Conectados à Rede Elétrica

Diferentemente do sistema autônomo, este sistema é empregado em locais


já atendidos pela energia elétrica, pois como o nome diz, ele é conectado à rede
elétrica. Este sistema opera em paralelo à rede elétrica da concessionária de
energia. O principal objetivo deste sistema é gerar energia para o consumo local,
para reduzir ou eliminar o consumo da rede pública ou até gerar energia excedente
em formato de créditos. Ainda conforme a ANEEL, outra forma é utilizar esta energia
injetada na rede, em outra unidade consumidora, desde que atenda aos requisitos
que serão apresentados nos tópicos posteriores.

2.3.1.1Categorias de sistemas conectados à rede elétrica

Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL, 2019), estes


sistemas conectados à rede podem ser classificados, de acordo com seu porte, em
três categorias:

Microgeração: potência instalada de até 75 kW;


Minigeração: potência instalada de 75 kW a 5 MW;
Usinas de eletricidade: potência acima de 5 MW.

2.3.1.2Componentes de sistemas conectados à rede elétrica

Como pode ser observado na figura 18, um sistema fotovoltaico conectado


à rede elétrica é composto basicamente por um conjunto de módulos fotovoltaicos,
quadro de proteção CC, inversor e quadro de proteção CA.
36

Figura 18 - Componentes de um sistema fotovoltaico simples conectado à rede elétrica.

Fonte: Eudora Solar (2019)

Além dos módulos fotovoltaicos, que são fundamentais para um sistema de


geração e que já foi detalhado nos tópicos anteriores, um equipamento essencial é
o Inversor. Ele é responsável por converter a eletricidade gerada pelos módulos em
corrente contínua para corrente alternada, que será conectada na rede elétrica. A
escolha do inversor mais adequado para um projeto depende da potência gerada
(lado CC), dos módulos empregados e de outros aspectos como a necessidade de
um transformador de isolação no inversor.
Os conjuntos de módulos fotovoltaicos podem ser ligados em série e/ou
paralelo para aumentar a energia final produzida, com tensões e correntes maiores
do que as produzidas por um módulo individualmente. Esta “fila” de módulos em
série é chamada de string. Para interligar todas estas strings é necessário um
componente denominado string box ou simplesmente caixa de strings. Esta caixa
deve ser protegida contra intempéries, os terminais positivo e negativo bem
separados e identificados no seu interior.
O número de módulo ligados em série determina a tensão do conjunto, que
é a própria tensão aplicada nos terminais de entrada, no lado CC do inversor. Neste
caso, os inversores devem ser dimensionados para suportar toda soma das tensões
de circuito aberto dos módulos, que é a tensão de circuito aberto da string. Para
37

ligações de conjuntos em paralelo, sempre de acordo com a potência máxima do


inversor, a corrente fornecida pelo conjunto é a soma das correntes de cada string.
Para proteção dos módulos e cabos contra sobrecargas e correntes reversas,
são usados fusíveis de strings em todos os condutores ativos, positivos e negativos,
de acordo com a exigência da norma IEC 60364. Em instalações com até dois
strings em paralelo, não é obrigatório a presença de fusíveis, e conjuntos com mais
de dois strings requerem fusíveis de proteção.
A figura 19 demonstra o diagrama elétrico da caixa de conexão contendo os
polos positivo e negativo, bem como seus respectivos barramentos. Nela também
é possível observar as ligações série e paralelo dos módulos fotovoltaicos.

Figura 19 - Caixa para conexão de diversos strings em paralelo, incluindo fusíveis e


barramentos.

Fonte: Villalva (2012)

A caixa de strings também pode conter, em série, os diodos de bloqueio ou


diodo de strings. Eles servem para impedir que a corrente elétrica circule no sentido
contrário ao sentido normal da corrente nos módulos, evitando que o painel seja
danificado. Outra função destes diodos, é no caso de ocorrer curto-circuito ou
38

sombreamento total ou parcial em uma das strings, os demais continuam


funcionando normalmente.
Outros dois componentes que compõem um sistema fotovoltaico é o quadro
de proteção de corrente contínua (CC) e o quadro de proteção de corrente alternada
(CA). Para o lado de corrente contínua, além de possuir fusíveis para a conexão
das strings, incorpora uma chave de desconexão CC e o dispositivo de proteção de
surto (DPS). Neste mesmo quadro deve conter o barramento de aterramento, que
é necessário para coletar as ligações à terra de todas estruturas metálicas e
carcaças dos módulos.
Já o quadro de proteção de corrente alternada é responsável pela conexão
entre os inversores e a rede elétrica. Neste caso, tem-se a presença do disjuntor
diferencial residual (DDR) na entrada do sistema, porém pode ser substituído por
um disjuntor termomagnético combinado com um interruptor diferencial residual
(IDR). Recomenda-se a utilização de dispositivo de proteção de surtos (DPS) em
regiões com elevada incidência de descargas atmosféricas para proteger a
instalação e o lado de corrente alternada dos inversores.

Figura 20 - Instalação do dispositivo de proteção de surto (DPS) instalado próximo ao


inversor.

Fonte: https://www.findernet.com (2019)

Segundo a norma IEC 60364, recomenda-se que seja instalado um DPS


adicional próximo ao inversor, em quadro separado, quando a distância do inversor
até a conexão à rede for superior a dez metros. A figura 20 demonstra uma
39

instalação em que os inversores são conectados às fases, sem a necessidade do


neutro e o caso de um DPS ser instalado próximo ao inversor.
3 PROJETO TÉCNICO E VIABILIDADE FINANCEIRA

Neste capítulo será abordado todo projeto técnico envolvendo análise do


terreno, ambiental, as subestações e linhas de transmissão, bem como as etapas
para viabilização do acesso junto à concessionária. Será demonstrado os cálculos
da potência da usina e a definição dos equipamentos escolhidos. No final é
explanado todo o cálculo financeiro, com detalhamento do opex, capex e por fim o
fluxo de caixa.

3.1 PROJETO TÉCNICO DA USINA DE 5 MWP

3.1.1 Descrição do local a ser implantado

O local é definido pela disponibilidade do cliente e trata-se de uma fazenda


localizada nas proximidades de São Luiz do Purunã, no estado do Paraná. A
localização, bem como as vias de acesso podem ser observadas na figura 21.
40

Figura 21 - Localização da Usina Solar Fotovoltaica e coordenadas geográficas.

Fonte: O Autor (2019)

Esta localização está cerca de 50 km de Curitiba/PR, através da BR-277, com


vias de fácil acesso.

3.1.2 Análise do terreno

Após a definição da localização da usina, é realizado através do aplicativo


EcoMap da empresa EcoTX uma análise do terreno. Na figura 22 é possível analisar
as curvas com inclinação do terreno. Percebe-se que no local onde será instalada
a usina, o terreno é bem plano.
41

Figura 22 - Análise do perfil de inclinação do terreno.

Fonte: Aplicativo EcoMap (2019)

Ainda por meio do aplicativo EcoMap, é possível ter as medidas do terreno. A


figura 23 demonstra a disponibilidade de 2.187.813,84 m2.

Figura 23 - Análise das medidas disponíveis do terreno.

Fonte: Aplicativo EcoMap (2019)

Esta área disponível é ampla e nivelada, não precisando de grandes obras


civis, como terraplanagem.
42

3.1.3 Análise Fundiária

Por meio do Aplicativo EcoMap da empresa EcoTX, é possível analisar os


terrenos cadastrados no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária).

Figura 24 - Aplicativo EcoMap com detalhes do terreno da Usina solar fotovoltaica.

Fonte: Aplicativo EcoMap (2019)


Conforme figura 24, observa-se os detalhes do terreno aonde é proposta a
usina solar fotovoltaica, bem como informações relevantes ao imóvel.

3.1.4 Licenciamento Ambiental

O licenciamento ambiental é uma fase de grande relevância em qualquer


projeto de engenharia, porém em projetos fotovoltaicos é relativamente mais
simples quando comparado com usinas hidrelétricas ou termelétricas, em virtude
aos reduzidos impactos ambientais provocados.
Cada estado é responsável por suas diretrizes e normas para este tipo de
obra, no Paraná, a portaria n° 19/2017 estabelece os procedimentos para o
licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de energia elétrica a
partir de fonte solar para sistemas heliotérmicos e fotovoltaicos.
43

Segundo a portaria, os licenciamentos e estudos necessários para os


empreendimentos são de acordo com a potência energética, levando em
consideração que os empreendimentos de energia solar têm baixo potencial
poluidor. A portaria foi instaurada a partir de resoluções do Conselho Nacional do
Meio Ambiente (Conama), do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Cema), da
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema), da Agência
Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e portarias anteriores do IAP.
Os empreendimentos de até 1 MW (megawatt) estão dispensados de estudos
e de licenciamento ambiental. De 1 MW a 5 MW, que é nosso caso, é necessário
apresentar um memorial descritivo para a autorização ambiental ou dispensa de
licenciamento ambiental. Já os empreendimentos com potência entre 5 MW e 10
MW, o relatório ambiental simplificado é exigido para a emissão das licenças
prévias, de instalação e de operação, de acordo com a etapa da obra. A partir de
10 MW, são necessários o estudo de impacto ambiental e o relatório de impacto
ambiental (EIA/RIMA) para a emissão das licenças correspondentes. Ainda com o
aplicativo EcoMap, é possível analisar questões ambientais como cavernas, sítios
arqueológicos, assentamento rural, áreas de preservação ambiental, aldeias
indígenas entre outros.
44

Figura 25 - Análise Ambiental através do aplicativo EcoMap.

Fonte: Aplicativo EcoMap (2019)

Como mostra a figura 25, na área de nosso interesse para implantação da


usina, não foi encontrado nenhum destes registros, porém há cerca de 7 km possui
a Furna Tamanduá I, que está localizada dentro da Área de proteção Ambiental
Estadual da Escarpa Devoniana, com uma litologia baseada em Arenito.

3.1.5 Análise de subestações

Afim de estimar custos com linhas de transmissão para viabilidade do projeto


e estimar, antes do parecer de acesso oficial emitido pela concessionária, se há
subestações próximas, pesquisou-se no aplicativo EcoMap e o resultado com as
subestações da região de Curitiba pode ser visto na figura 26:
45

Figura 26 - Análise geral das subestações na região de Curitiba/PR, com detalhe para o
terreno da usina no centro.

Fonte: Aplicativo EcoMap (2019)

Na figura 27, observa-se a subestação da Copel Distribuição mais próxima,


que é Witmarsum (Palmeira) com tensão de 34,5 kV.
46

Figura 27 - Análise da subestação mais próxima Witmarsum cerca de 8,5 km.

Fonte: Aplicativo EcoMap (2019)

A distância aproximada em linha reta do ponto da Usina até a subestação


Witmarsum é de 8,5 km.
3.1.6 Análise de linhas de transmissão

Também com o aplicativo EcoMap é possível verificar as linhas de


transmissão existentes. Na figura 28 é possível observar as linhas de transmissão
atuais que passam por Curitiba e pela região de instalação da usina.
47

Figura 28 - Análise das subestações na região de Curitiba/PR e em torno do terreno da


usina.

Fonte: Aplicativo EcoMap (2019)

Na figura 29, segue o detalhe da distância da usina até a linha de transmissão


230 kV da subestação mais próxima (Witmarsum) em torno de 4,8 km.
Figura 29 - Detalhe da distância da usina à linha de transmissão da subestação Witmarsum.

Fonte: Aplicativo EcoMap (2019)

Esta distância se dá em linha reta, porém na prática podem haver obstáculos,


necessitando de desvios não detectados neste projeto.
48

3.1.7 Etapas para viabilização do Acesso

Após análises prévias, umas das primeiras fases para construção de uma
usina solar fotovoltaica é a viabilização do Acesso. Ela é constituída das etapas:
consulta de acesso, informação ao acesso, solicitação de acesso e parecer do
acesso. A tabela 1 mostra estas etapas segundo os procedimentos da ANEEL.

Tabela 1 - Etapas dos procedimentos de acesso por tipo de acessante.

CONSULTA DE INFORMAÇÃO SOLICITAÇÃO PARECER DE


ACESSANTE
ACESSO DE ACESSO DE ACESSO ACESSO
Consumidor Especial Opcionais Necessárias
Consumidor Livre Opcionais Necessárias
Central Geradora - Registro Opcionais Necessárias
Central Geradora - Autorização Necessárias Necessárias
Central Geradora - Concessão Procedimento definido no edital de licitação
Outro Distribuidora de Energia Necessárias Necessárias
Agente Imp/Exp de Energia Necessárias Necessárias

Fonte: Prodist, ANEEL (2012)

Na figura 30, segue as etapas e também os prazos para as centrais


geradoras solicitantes.

Figura 30 - Etapas de acesso para centrais geradoras solicitantes de autorização.

Fonte: Prodist, ANEEL (2012)


49

3.1.7.1Consulta de Acesso

Esta primeira etapa é obrigatória, deve ser formulada e realizada pelo


acessante para a acessada com o único objetivo de obter informações técnicas
sobre o acesso à rede elétrica, sendo livre ao acessante a indicação de um ou mais
pontos de conexão de interesse (ANEEL, 2012).

3.1.7.2Informação de Acesso

Esta etapa trata-se da resposta formal e obrigatória da acessada referente


a consulta de acesso realizada. Ela não tem ônus para o acessante e tem o intuito
de fornecer informações sobre o acesso e deve indicar:

● A classificação da atividade do acessante;


● Quando couber, informações sobre a regra de participação financeira;
● Quando a central geradora de energia solicitante de autorização, a definição
de acordo com o critério de menor custo global, com a apresentação das
alternativas de conexão que foram avaliadas pela acessada, acompanhadas
das estimativas dos respectivos custos, conclusões e justificativas;
● As características do sistema de distribuição acessado, do possível ponto de
conexão de interesse do acessante e do ponto indicado pela acessada,
considerando requisitos técnicos e padrões de desempenho;
● As tarifas de uso aplicáveis;
● As responsabilidades do acessante;
● Os estudos e projetos a serem apresentado pelo acessante à acessada
durante a solicitação de acesso;

Estas informações devem ser retornadas ao acessante, por escrito, no prazo


máximo de 60 dias a partir da data do recebimento da consulta de acesso e deve
ser mantida por 60 meses para efeito de fiscalização (ANEEL, 2012).
Este documento da informação de acesso é necessário para obtenção do ato
autorizativo da central geradora de energia junto à ANEEL. Deve ser protocolado
50

nesta mesma agência em até 60 dias após a emissão do documento pela acessada,
cabendo a acessante informar a acessada que protocolou esta documentação junto
à ANEEL. Após a data de publicação deste ato autorizativo, a acessante tem até 60
dias para efetuar a solicitação de acesso junto à distribuidora (ANEEL, 2012).

3.1.7.3Solicitação de Acesso

Esta etapa compreende ao requerimento preenchido pelo acessante, que


por sua vez entregue a acessada, esta deve priorizar o atendimento conforme a
ordem cronológica de protocolo (ANEEL, 2012). Esta solicitação de acesso deverá
conter os seguintes itens:

● Contrato de concessão ou ato autorizativo, no caso de acessante central


geradora de energia sujeita a concessão ou autorização;
● Projeto das instalações de conexão, incluindo o memorial descritivo,
localização, arranjo físico, diagramas e, quando couber, Sistema de medição
para Faturamento – SMF.

3.1.7.4 Parecer de Acesso

O parecer de acesso é um documento formal e obrigatório formulado pela


acessada, sem custos para o acessante, no qual serão informadas todas as
condições de acesso, compreendendo a conexão e o uso, os requisitos técnicos
que possibilitam a conexão das instalações do acessante, com os prazos
estipulados e deve indicar quando possível também:

● A classificação da atividade do acessante;


● A definição do ponto de conexão de acordo com o critério de menor custo
global, acompanhada das estimativas dos respectivos custos, conclusões e
justificativas;
● As características dos sistemas de distribuição acessada e do ponto de
conexão;
51

● A relação das obras e serviços necessários no sistema de distribuição


acessado, com a informação dos prazos para a sua conclusão, especificando
as obras de responsabilidade do acessante;
● A participação financeira;
● As informações gerais relacionadas ao ponto de conexão, como tipo de
terreno, faixa de passagem, características mecânicas das instalações,
sistemas de proteção, controle e telecomunicações disponíveis;
o Os modelos de contratos a serem celebrados;
▪ As tarifas de uso aplicáveis;
▪ As responsabilidades do acessante;
▪ Eventuais informações sobre equipamentos ou cargas
susceptíveis de provocar distúrbios ou danos no sistema de
distribuição acessado ou nas instalações de outros acessantes.

A distribuidora tem o prazo de 30 dias após o recebimento desta solicitação


de acesso para emitir o parecer de acesso. Após a emissão deste parecer, os
contratos relacionados ao acesso têm um prazo de 90 dias para serem assinados
entre as partes (ANEEL, 2012).

3.1.8 Cálculo da potência a ser instalada

De acordo com a planilha fornecida pelo cliente contendo 102 unidades


consumidoras retirada das faturas da concessionária de energia e somando todo o
consumo em relação a janeiro e dezembro de 2017, temos um total de 7.774.402
kWh/ano. Optou-se por 2017 por 2018 ainda não havia todos os dados compilados.
A tabela contendo o compilado de todas unidades consumidoras separadas por
regiões pode ser observada na tabela 2.
52

Tabela 2 – Compilado do consumo em 2017 de todas unidades consumidoras.

Fonte: O Autor (2019)

Dividindo este total em 365 dias do ano, tem-se uma energia a ser gerada
de 21.300 kWh/dia.
Na figura 31, pode ser observado a irradiação global horizontal no mapa do
Estado do Paraná através do Atlas Solar do Paraná.
Figura 31 - Atlas Solar do Paraná com detalhe no ponto onde será localizado a usina.

Fonte: Atlas solar do Paraná (2019)


O valor da irradiação no plano inclinado na latitude, na figura 32, pode ser
obtido no próprio atlas através do endereço eletrônico: http://atlassolarparana.com/.
53

Figura 32 - Valor diário de irradiação no plano inclinado na latitude.

Fonte: Atlas solar do Paraná (2019)


Utilizando a fórmula abaixo para cálculo da potência da usina:


𝑃 = ∗
(3)

Onde:
E = Energia a ser gerada (kWh/dia)
G = Irradiância na condição STC (W/m2)
Htot = Irradiação solar incidente no plano dos módulos (kWh/m2/dia)
PR = Performance Ratio

Substituindo os valores, temos a potência total da usina:

21.300 ∗ 1
𝑃 =
4,56 ∗ 0,8
𝑃 = 5.838,8 𝑘𝑊𝑝
54

3.1.9 Definição da tecnologia utilizada

Será utilizado módulos solares fotovoltaicos atualmente comercializados de


355 W da marca Canadian Solar Inc., silício policristalino de alta eficiência, como
pode ser observado na figura 33:

Figura 33 - Folha de dados do módulo solar fotovoltaico CS3U-355P V5.581_EN.

Fonte: Canadian Solar Inc. (2019)

Os inversores selecionados serão da marca Sungrow modelo SG125HV com


1500 VDC. Como pode ser observado na figura 34.
55

Figura 34 - Inversor Sungrow SG125HV V1.0.

Fonte Sungrow Power Supply Co. (2019)

As folhas de dados completas do módulo e do inversor podem ser


observadas nos Anexos ao final desta monografia.

3.1.10 Dimensionamento técnico da usina

De posse dos dados da potência produzida pelo módulo escolhido (E módulo)


e da potência total da usina (E usina), é possível saber o número total de módulos
(Np) que terá a usina solar fotovoltaica, arredondando para mais.

𝑁𝑝 = 𝐸 /𝐸 Ó (4)

𝑁𝑝 = 5.838,8 / 0,355

𝑁𝑝 = 16.450 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠
56

Pela folha de dados do fabricante do módulo solar, tem-se que a tensão de


circuito aberto dos módulos em STC é Voc = 46,8 V. Considerando um fator
empírico de segurança de 10% = 51,5 V
Pela folha de dados do inversor, tem-se que a máxima tensão de entrada é
de 1500 V, então:
1500
𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 =
51,5
𝑀ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑒𝑚 𝑠é𝑟𝑖𝑒 = 29 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠

Como já calculado anteriormente que precisa-se de 16.450 módulos e tem-


se 29 módulos em cada série, então:
16.450
𝑠𝑡𝑟𝑖𝑛𝑔𝑠 =
29
𝑠𝑡𝑟𝑖𝑛𝑔𝑠 = 567,24

Arredondou-se este número de strings para 568, e desta forma tem-se um


novo número total de módulos:

𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 29 ∗ 568


𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑚ó𝑑𝑢𝑙𝑜𝑠 = 16.472

Para tanto, tem-se também um novo valor de potência da usina:

𝑃 = 16.472 ∗ 355
𝑃 = 5.847.560 𝑘𝑊𝑝 ou

𝑃 = 5,84 𝑀𝑊𝑝

Para o dimensionamento dos inversores, segundo a folha de dados do


fabricante, a potência de saída AC é de 125 kW cada, e a potência total necessária
para usina é de 5000 kW, então:
5000
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 =
125
𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑣𝑒𝑟𝑠𝑜𝑟𝑒𝑠 = 40
57

3.1.11 Orientação e inclinação dos módulos solares

De acordo com Villalva (2012), é conforme a localização da usina que se


pode definir a orientação e a melhor inclinação dos módulos solares fotovoltaicos.
A figura 35 demonstra a correta orientação do módulo solar, com sua face orientada
ao norte geográfico.

Figura 35 - Orientação azimutal do módulo solar, com sua face orientada ao norte
geográfico.

Fonte: Villalva (2012)

Para a inclinação dos módulos, não há um consenso sobre o melhor método


a ser utilizado, mudando a inclinação horizontal privilegia a produção de energia no
verão e alterando a inclinação vertical a produção melhor fica no inverno. A maioria
das literaturas e das orientações dos fabricantes é determinar o ângulo de inclinação
que possibilite uma boa produção média de energia ao longo de todo ano
58

escolhendo na tabela 3 o ângulo de inclinação recomendado de acordo com a


latitude geográfica da usina a ser instalada na tabela 4.

Tabela 3 - Ângulos recomendados para instalação dos módulos solares.

Fonte: Installation and safety manual of the Bosch Solar Modules (2019)

De acordo com Villalva (2012), não é recomendado a instalação dos


módulos com ângulo de inclinação inferior a 10° para evitar o acúmulo de poeira
excessivo sobre os módulos.

Tabela 4 - Latitudes geográficas das capitais brasileiras.


59

Fonte: Villalva (2012)


Como a usina ficará próxima à Curitiba, que possui latitude de 25°, os
módulos serão instalados com inclinação de α = 25° + 5° = 30°.
Para instalação física, deve-se calcular a altura da haste de fixação (z) em
função do ângulo calculado (α) e levar em consideração o comprimento do módulo
escolhido (L) ou a distância entre a borda do módulo no solo e a barra de
sustentação (x), como demonstra a figura 36:

Figura 36 - Demonstração da altura da haste de suporte do módulo com o ângulo de


inclinação do solo.

Fonte: Villalva (2012)

A altura (z) da haste de fixação é calculada pela equação:

𝑧 = 𝐿 ∗ 𝑠𝑒𝑛 ∝ (5)
e a distância (x) é calculada:

𝑥 = 𝐿 ∗𝑐𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑠 ∝ (6)


Onde:
L = Comprimento do módulo ou a distância entre a borda apoiada no chão e o ponto
de fixação.
X = Distância no chão entre a borda de apoio do módulo e a extremidade da haste
de fixação.
Z = altura da haste.
60

Segue na figura 37, as dimensões do módulo solar definido no tópico anterior.

Figura 37 - Medidas do módulo solar fotovoltaico Canadian CS3U-355P.

Fonte: Canadian Solar Inc. (2019)

As medidas 2000X992X35 mm também constam na folha de dados do


módulo, na seção Dados mecânicos.
De posse destas medidas, na tabela 5 é possível encontrar o valor de (x) a
partir de um comprimento (L) conhecido. Nela é demonstrada a relação Rxl = X / L
para os diferentes valores do ângulo de inclinação já calculado.
61

Tabela 5 - Determinação da relação (L) e (x) a partir do ângulo de inclinação.

Fonte: Villalva (2012)

Neste caso, L = 2,00 / 2 = 1,00 m e através da tabela 5, tem-se a razão Rxl


para o ângulo de 25° = 0,90, para obter valor de (x) através da equação:
𝑥 =𝐿∗𝑅 (7)

𝑥 = 1,00 ∗ 0,90

𝑥 = 0,90 𝑚

Para saber o valor de (z), referente à altura do suporte de fixação, consulta-


se na tabela 6, para o ângulo de 25° quanto equivale a relação R(xz) = x / z.
62

Tabela 6 - Determinação da relação (x) e (z) a partir do ângulo de inclinação.

Fonte: Villalva (2012)

Então tem-se:
𝑧= (8)

0,90
𝑧=
2,144

𝑧 = 0,42 𝑚

Portanto, para esse módulo será necessário um suporte de fixação com


haste de 42 cm instalada a 90 cm da borda de contato do módulo com a superfície
horizontal.
63

3.1.12 Cálculo da área da usina

Para estimar a área necessária, é necessário o valor da eficiência de um


módulo solar fotovoltaico isolado. Este valor está presente na folha de dados do
fabricante, porém pode verificar se está correto através da equação a seguir:

𝜂= .
(9)

Onde:
𝜂 = Eficiência do módulo solar fotovoltaico
𝑃𝑚𝑎𝑥 = Potência máxima do módulo nas condições STC (W)
A = Área do módulo solar fotovoltaico (m2)
Rad = Taxa de radiação solar padronizada em 1000 W/m2 em STC

Então tem-se:
355
𝜂=
1,984 ∗ 1000
𝜂 = 17,89%

Sabendo a eficiência, podemos prosseguir para o cálculo da estimativa da


área necessária. Utilizando a equação a seguir:

𝐴= ∗ 100 (10)

Onde:
A = área necessária para instalação dos módulos solares fotovoltaicos
𝑃 = Potência total do painel fotovoltaico
𝐸 = Eficiência do módulo solar escolhido

Tem-se:
5.847,56
𝐴= ∗ 100
17,89

𝐴 = 32.686,2 𝑚
64

Figura 38 - Perspectiva da usina solar de 5MWp com disposição de todos os módulos


através do software PVsyst V6.75.

Fonte: O Autor (2019)

Na figura 38, através do software de simulação PVsyst, pode-se ter uma


perspectiva de como ficarão distribuídos os módulos solares.

3.2 PROJETO FINANCEIRO DA USINA DE 5MWP

3.2.1 Cálculo do Capex

Para o cálculo do Capex que é a sigla para capital expenditure, em


português despesas de capital ou investimento em bens de capital, foi levado em
consideração diversos itens que compõem o projeto como análises, projeto
executivo, todos equipamentos da usina e de interligação à rede como o bay de
entrada e a linha de transmissão. Agregou-se também custos com serviços de
comissionamento, logísticas, obras civil, viagens e demais despesas como pode ser
visto na tabela 7:
65

Tabela 7 – Cálculo do Capex item a item.

Fonte: O Autor (2019)

Levando-se em conta todo o investimento necessário para uma usina deste


porte, chegou-se a estimativa de R$ 21.050.432,11 que compõe o valor de R$
3.529,58 por kWp instalado.
66

3.2.2 Cálculo do Opex

Para estimar o Opex, sigla em inglês para operational expenditure, que


significa os valores de despesas operacionais necessárias para manter a usina em
funcionamento, utiliza-se uma expectativa de 25 anos levando-se em consideração
o reajuste monetário (IPCA), custo para arrendamento da terra, operação e
manutenção (O&M), custo com seguranças, demanda da usina e troca de
inversores a cada 8 anos. Todas estas despesas segregadas anualmente podem
ser vistas na tabela 8.

Tabela 8 – Cálculo do Opex ao longo de 25 anos.

Fonte: O Autor (2019)

Na figura 39, pode-se observar a evolução crescente do Opex ao longo dos


25 anos da usina.
67

Figura 39 - Curva do Opex ao longo dos 25 anos.

R$ 20.000.000,00

R$ 15.000.000,00

R$ 10.000.000,00

R$ 5.000.000,00

R$ -
ANO 1
ANO 2
ANO 3
ANO 4
ANO 5
ANO 6
ANO 7
ANO 8
ANO 9
ANO 10
ANO 11
ANO 12
ANO 13
ANO 14
ANO 15
ANO 16
ANO 17
ANO 18
ANO 19
ANO 20
ANO 21
ANO 22
ANO 23
ANO 24
ANO 25
Fonte: O Autor (2019)

Observa-se na curva do Opex, dois pontos críticos para troca dos inversores
em 8 e 16 anos respectivamente.

3.2.3 Cálculo do Fluxo de Caixa

Para ter uma equalização de contas levando-se em consideração valores


de Capex e Opex que irão balizar a viabilidade da usina, é apresentado na tabela 9
todo o fluxo de caixa para os 25 anos.

Tabela 9 – Relatório completo do fluxo de caixa ao longo dos 25 anos.


68

Fonte: O Autor (2019)

Neste fluxo de caixa pode-se extrair informações muito importantes tanto


para viabilidade do Projeto como decisão de investimento. Neste caso, tem-se
payback, a TMA, o VPL, TIR e LCOE, que será descrito nos tópicos seguintes.

3.2.3.1Payback

Payback é o tempo decorrido entre o investimento inicial e o momento no


qual lucro líquido acumulado atualizada iguala o valor do investimento realizado. O
payback pode ser nominal, se calculado com base no fluxo de caixa com valores
69

nominais, e presente líquido, se acumulado com base no fluxo de caixa com valores
trazidos ao valor presente líquido. Trata-se do período de tempo necessário para
que as receitas recuperem a despesa realizada em investimento, ou seja, é o
período de recuperação do capital investido.
Analisando a tabela 9 acima, percebe-se que após o ano 6, o saldo
acumulado inverte-se, zerando o valor investido e começando a ter resultados
positivos no saldo tornando a usina lucrativa.

3.2.3.2TMA – Taxa Mínima de Atratividade

A TMA ou taxa mínima de atratividade, corresponde ao percentual mínimo


que um investidor se propõe a ganhar. Ela é uma ferramenta imprescindível no
momento de decidir entre as diversas opções de investimento disponíveis e uma
das primeiras para avaliação da atratividade do mesmo. Ela é estimada com base
nas principais taxas de juros praticadas pelo mercado vigente. Dentre as principais
podemos citar a TBF (Taxa Básica Financeira), TR (Taxa Referencial), TJLP (Taxa
de Juros de Longo Prazo) e a SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia).
Para este caso utiliza-se a TMA com taxa de 12,00%.

3.2.3.3VPL – Valor Presente Líquido

O VPL, que é a sigla para Valor Presente Líquido, que traz para data atual
todos os fluxos de caixa e soma ao valor inicial de investimento, usando como taxa
de desconto a TMA, já definida. Trata-se de um dos métodos mais conhecidos para
análise de viabilidade de projetos com grandes investimentos, com ele é possível
fazer ajustes necessários, descontando as taxas de juros para obter-se o verdadeiro
valor do dinheiro no futuro, principalmente como neste caso quando estimamos 25
anos.
Para cálculo do VPL é utiliza-se a fórmula:

(11)
70

Onde:
VPL = Valor Presente Líquido
FC = fluxo de caixa
t = momento em que o fluxo de caixa ocorreu
i = taxa de desconto (ou taxa mínima de atratividade)
n = período de tempo

Após substituir os valores, tem-se um resultado monetário atual levando-se


em conta a diferença entre as entradas e saídas de valores da usina e o momento
em que o fluxo de caixa ocorreu de R$ 15.802.503,02.

3.2.3.4TIR – Taxa Interna de Retorno

A TIR, ou taxa interna de retorno, representa a taxa que deve ter quando o
valor do investimento presente (VPL), fluxo de caixa e retornos futuros se igualam
a zero.
Esta taxa de desconto aplicada ao fluxo de caixa total, faz com que os valores
de despesas, trazidos ao valor presente, sejam iguais aos valores de retorno do
investimento também trazido ao valor presente. Ela reflete a qualidade e
principalmente a atratividade do investimento e é fundamental na tomada de
decisão em um projeto de grande porte.
Para o cálculo da TIR, é utilizado a fórmula:

(12)
Onde:
VP = valor presente;
Capital = valor do investimento;
N = quantidade de períodos;
Ft = entrada de capital no período t;
71

i = taxa interna de retorno.

Levando-se em consideração que o VP é sempre igual a zero (afinal a TIR


calcula a taxa de desconto que deve ter um fluxo de caixa para que seu VPL seja
igual a zero). O capital equivale ao valor do investimento inicial e deve ser sempre
negativo. O N é a quantidade de períodos a serem analisadas, neste caso, 25 anos.
O Ft é o valor da entrada de dinheiro no período t. Após substituir os valores, ou
simplesmente utilizar a fórmula no Excel, obtém-se uma taxa de 18,35%.

3.2.3.5LCOE – Custo Nivelado de Energia

E por último, é calculado o LCOE (Levelized Cost Of Energy), que significa


o Custo nivelado de energia, muito utilizado em projetos energéticos de fontes
alternativas. Através dele, é possível comparar o custo de geração de energia
elétrica no ponto de conexão incluindo todos os custos de investimento da sua vida
útil, operação e manutenção (O&M) e custo do capital inicialmente investido.

O LCOE pode ser calculado através da fórmula:


(13)

678
Sendo:
LCOE - Custo nivelado de energia
It - Custos de investimento no ano n
I - Investimento inicial
Mt - Custos de manutenção e operação no ano n
Ft - Custos com combustível no ano n (zero para solar fotovoltaico)
Et – Eletricidade produzida no ano n
t - Taxa de desconto
n – Número de anos do projeto
72

Inserindo todos as variáveis na fórmula, tem-se um LCOE de 0,99.


E após análise de todos estes indicadores, ainda é possível observar ao final
da tabela 9 acima o saldo acumulado ao 25º ano de R$ 182.566.867,64.
Demonstrando que é muito rentável o investimento desta usina.

Tabela 10 - Resumo das informações financeiras TMA, VPL, TIR e LCOE.

Fonte: O Autor (2019)

Na tabela 10, é possível ver o resumo dos dados relevantes para viabilidade
da usina, como TMA, VPL, TIR e LCOE.

3.2.4 Linhas de financiamento

Pesquisou-se as principais fontes de financiamento disponíveis. Um resumo


pode ser observado na tabela 11, apresentado pelo Banco Bradesco em agosto de
2019.
73

Tabela 11 - Comparativo entre as modalidades de financiamento.

Fonte: Banco Bradesco (2019)

Estas ofertas são muito variáveis e voláteis, em função do momento


político/financeiro do país. Para tanto, no tópico 4.1 Trabalhos Futuros, sugere-se
uma pesquisa com outras linhas de financiamento, tanto públicas como privadas,
para melhorar o fluxo de caixa.
74

4 CONCLUSÃO

Através da metodologia apresentada, foi possível atingir os objetivos


propostos neste trabalho, bem como demonstrar a viabilidade de um projeto de
grande porte para uma usina solar fotovoltaica de 5 MWp.
As observações aqui colocadas não podem ser consideradas definitivas,
absolutas ou exatas. O que aqui é exposto não são afirmações; são suposições,
hipóteses ou, ainda, especulações que sugerem comportamentos, causas e
consequências, e ainda norteiam novas investigações. Os valores indicados foram
extraídos de uma média dos orçamentos de mercado de várias empresas, não
tendo vínculo direto com nenhum fornecedor específico.
No Brasil, a principal fonte de geração de energia elétrica ainda são usinas
hidrelétricas, entretanto, esse recurso é muito instável, sofrendo com grandes secas
e variações bruscas no clima do país. Para suprir esta instabilidade, faz-se
necessária a utilização de usinas térmicas e nucleares, gerando aumentos
significantes no valor final na conta de energia. Desta forma, o investimento em
fontes alternativas mostra-se muito atrativo, cativando desde pequenos até grandes
investidores e fomentando não somente a economia, mas, também, a mão de obra
e o engajamento ambiental.
Como pode ser observado no mapa do atlas fotovoltaico do Estado do
Paraná na figura 31, nosso estado apresenta um potencial com condições
favoráveis para implantação de usinas solares fotovoltaicas, mantendo médias de
irradiações bem superiores às de países europeus, cuja tecnologia é muito mais
difundida.
Para o desenvolvimento deste projeto, foram vistos tópicos como análise
fundiária e topográfica do terreno, irradiação solar, análise ambiental, bem como
licenciamento ambiental, subestações e linhas de transmissão. Passou-se,
também, por etapas da viabilização de acesso, como informação, solicitação e
parecer do acesso.
Para este projeto, buscou-se uma otimização em equipamentos (módulos e
inversores) de modo que a usina tenha maior eficiência com menor custo possível.
Assim, através da irradiação no local do plano inclinado na latitude de 4,56
kWh/kWp.dia, chegou-se a uma potência média calculada de 5,84 MWp. Para
75

atingir esta potência, a usina necessitaria de 16.472 módulos solares de 355 W,


bem como, de 40 inversores com potência de saída de 125 kW. Para abrigar toda
a usina, é necessária uma área de 32.686,2 m2, ou 3,26 hectares.
Quanto ao cálculo financeiro, através de orçamentos, tem-se um
investimento (capex) de R$ 21.050,432,11, que inclui projetos, equipamentos,
serviços, linha de transmissão e conexão e outros itens como viagens e despesas
locais. Este valor se traduz num total de R$ 3.529,58 por kWp instalados.
Para a operação e manutenção da usina (opex), levou-se em conta os custos
de arrendamento da terra, segurança, demanda paga à distribuidora e, também, a
troca dos inversores a cada 8 anos, chegando-se no valor de R$ 1.549.280,00 para
o primeiro ano e de R$ 16.167.784,60 até o 25º ano.
Portanto, ao apresentar a planilha do fluxo de caixa, a qual leva em
consideração o Capex, Opex, inflação, perda de rendimento dos módulos, tarifa e
impostos, tem-se que o payback da usina é de 6 anos e passa a gerar lucro a partir
do 7º ano. Assim, ao final do 25º ano, o lucro líquido acumulado seria de
R$ 182.566.867,64, correspondendo a uma TIR (Taxa interna de retorno) de
18,35%.
Pesquisou-se, também, algumas linhas de financiamento através do Banco
Bradesco, tendo-se mostrado atrativas algumas modalidades com taxas de 7% a.a.
até 12% a.a. e prazos de 60 até 72 meses para projetos e equipamentos geradores
de energia solar.
Ao final, após várias análises, fica evidente que o projeto é complexo,
contudo, um excelente investimento financeiro ao longo de vinte e cinco anos.
Conclui-se que, mesmo no Estado do Paraná, onde as irradiações não são
tão acentuadas como em regiões ao norte do país, o potencial energético, fundiário
e financeiro são atrativos, mostrando-se possível desenvolver um projeto de usina
solar fotovoltaica de grande porte, que, além do retorno financeiro, contribui no
desenvolvimento sustentável do Estado.
76

4.1 TRABALHOS FUTUROS

Como indicações para futuras pesquisas, sugere-se um novo estudo com


módulos mais potentes e mais eficientes, por exemplo acima de 400W. Neste caso,
podendo ser bifaciais, em que as células estão nas duas faces do módulo.
Outro estudo sugerido, é a utilização de um sistema buscador solar, ou
tracker solar, podendo ser de 1 ou 2 eixos. Desta forma, pode haver um acréscimo
na irradiação recebida em função da mudança na inclinação e orientação dos
módulos.
Por fim, sugere-se uma ampla pesquisa em linhas de financiamento, de forma
contribuir com outras opções disponíveis tanto públicas como privadas, podendo,
neste caso, melhorar o fluxo de caixa da usina.
77

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Marcelo P. Qualificação de Sistemas Fotovoltaicos Conectados à


rede. Dissertação de Mestrado em Energia, Programa de Pós-Graduação em
Energia, Universidade de São Paulo, SP.2012.

ANEEL. Resolução Normativa 482 de 17 de abril de 2012. Disponível em:


<http://www. aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf>. Acesso em: Maio de 2019.

ANEEL. Resolução Normativa 517 de 11 de dezembro de 2012. Disponível em:


<http://www. aneel.gov.br/cedoc/ren2012517.pdf>. Acesso em: Maio de 2019.

ANEEL, 2015 Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa nº687.


Disponível online < http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2015687.pdf>. Acessado em
Maio de 2019.

Aplicativo EcoMap da empresa EcoTX – disponível em http://www.ecotx.com.br/

CARVALHO, Karolina Jorge Schwenck de. Sistemas Fotovoltaicos Distribuídos


Integrados à Rede Elétrica: Condições de Operação e seus Impactos.
Dissertação de Mestrado. UFRJ, Rio de Janeiro, 2012.

CARVALHO, K. J. S. de. Sistemas Fotovoltaicos Distribuídos Integrados à Rede


Elétrica: Condições de Operação e seus Impactos. Dissertação de Mestrado,
UFRJ, Rio de Janeiro, 2012.

IAP – Instituto Ambiental do Paraná - Portaria Nº 19 DE 06/02/2017 - Estabelece


procedimentos para o licenciamento ambiental de empreendimentos de geração de
energia elétrica a partir de fonte solar em superfície terrestre, nos termos que
especifica.

Licenciamento Ambiental de Usinas Solares – Disponível em:


https://canalsolar.com.br/index.php/artigos/item/15-licenciamento-ambiental-de-
usinas-solares

URBANETZ JUNIOR, J. Sistemas Fotovoltaicos Conectados a Redes de


Distribuição Urbanas: sua influência na qualidade da energia elétrica e análise
dos parâmetros que possam afetar a conectividade. Tese de Doutorado, UFSC,
Florianópolis, 2010.
78

TMA – VPL – TIR – Disponível em https://www.treasy.com.br/

TIAGO HORTA NISA - Avaliação Econômica de Sistemas Solares


Fotovoltaicos Residenciais - Dezembro de 2014.

TIEPOLO, G. M.; PEREIRA, E. B.; URBANETZ JR, J.; PEREIRA, S. V.;


GONCALVES, A. R.; LIMA, F. J. L.; COSTA, R. S., ALVES, A. R. "Atlas de Energia
Solar do Estado do Paraná". 1a Edição. Curitiba: UTFPR, 2017.

VILLALVA, Marcelo Gradella. Energia solar fotovoltaica: conceitos e aplicações.


1. Ed. São Paulo. Editora Érica, 2012.
79

anexo A - Folha de dados do Módulo Solar fotovoltaico Canadian CS3U-355P


80
81
82

anexo B - Folha de dados do Inversor Sungrow SG125HV


83
84

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