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Rui Castro
rcastro@ist.utl.pt
http://enerp4.ist.utl.pt/ruicastro
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Aplicações de Média Potência 2
1.3. Custos 7
2. CÉLULA FOTOVOLTAICA 11
2.1. Estrutura Microscópica 11
3. MÓDULOS E PAINÉIS 31
4.3. Inversor 39
5. ANEXO 44
6. REFERÊNCIAS 47
Introdução 1
1. INTRODUÇÃO
As células fotovoltaicas são constituídas por um material semicondutor – o
silício – ao qual são adicionadas substâncias, ditas dopantes, de modo a criar um
meio adequado ao estabelecimento do efeito fotovoltaico, isto é, conversão directa
da potência associada à radiação solar em potência eléctrica DC.
- Relógios e calculadoras
Para cada uma das categorias indicam-se a seguir algumas das instalações
mais significativas localizadas em Portugal Continental [ESTSetúbal], [BPSolar]:
Introdução 4
Sistemas isolados
2 Em Toledo, Espanha, está em funcionamento desde 1994 a maior central fotovoltaica da Europa
ligada à rede com 1 MW de potência de pico, que produz, em média, 1.600 MWh/ano de energia
eléctrica [BPSolar].
3 No primeiro ano de operação a energia injectada na rede foi de 7.800 kWh, a que corresponde
uma utilização anual da potência de ponta de 1560 horas, valor coerente com as estimativas de
produção naquela zona do país [Aguiar].
Introdução 5
Serviços
Off-grid Off-grid non- Grid-connected Grid-connected Total insta lled Pow er insta lled
Total
Country domestic domestic distributed centralized pe r capita in 2001
[kW ] [kW ] [kW] [kW ] [kW ] [W /Capita] [kW]
Austra lia 10.916 19.170 2.800 650 33.580 1,73 4.370
the United States 50.500 64.700 40.600 12.000 167.800 0,6 29.000
Off-grid Grid-connected
Country < 1 kW > 1 kW < 10 kW > 10 kW
Mexico 13,3 - - -
1.3. CUSTOS
O custo de investimento de sistemas fotovoltaicos é normalmente referido
em custo por watt de pico (€/Wp, por exemplo), em que a potência de pico é a po-
tência máxima nas condições de referência4. O custo inclui tanto os módulos pro-
priamente ditos, como os dispositivos de interface e regulação entre os colectores
e a carga ou a rede. Estes dispositivos5 são tipicamente a bateria, regulador de
carga e, eventualmente, inversor, no caso de sistemas isolados e apenas o inver-
sor para os sistemas ligados à rede. As estruturas de suporte dos módulos (Figura
1) também se incluem nos dispositivos de interface e regulação.
4 As condições de referência são radiação incidente igual a 1.000 W/m2 e temperatura da célula de
25 ºC (ver Capítulo 2).
5 Balance Of Systems – BOS.
Introdução 8
(i + c d )cp
c= equação 1
ha
em que:
1,25
a = 8%
cp = 10.000 €/kWp n = 20 anos
1,00 cd = 1%
cp = 8.000 €/kWp
0,75
Euro / kWh
cp = 6.000 €/kWp
0,50
0,25
0,00
1000 1100 1200 1300 1400 1500 1600 1700 1800
Utilização anual da potência de pico (h)
O preço médio actualmente pago pela rede receptora por cada unidade de
energia de origem fotovoltaica ronda os 0,5 €, para instalações com potência de
pico inferior a 5 kW, e os 0,3 €, para as restantes instalações [Fórum]. As estima-
tivas disponíveis para a utilização anual da potência de pico de instalações foto-
voltaicas em Portugal [Aguiar] apontam para valores médios da ordem de 1.400
horas, na região norte, 1.500 horas, na região centro, e 1.600 horas na região sul.
2. CÉLULA FOTOVOLTAICA
2.1. ESTRUTURA MICROSCÓPICA
Um átomo de silício é formado por catorze protões e catorze electrões. Na
camada mais exterior, conhecida como banda de valência, existem quatro elec-
trões.
Uma célula fotovoltaica constituída por cristais de silício puro não produzi-
ria energia eléctrica. Os electrões passariam para a banda de condução mas aca-
bariam por se recombinar com as lacunas, não dando origem a qualquer corrente
eléctrica.
a) b)
a)
b)
IS
V Z
ID
mVV
ID = I0 e T − 1 equação 2
em que:
KT 7
• VT – designado por potencial térmico VT =
q
mVV
I = Is − ID = Is − I0 e T − 1 equação 3
Curto-circuito exterior
Neste caso é:
V =0
ID = 0 equação 4
I = IS = Icc
Circuito aberto
Neste caso é:
I=0
I equação 5
Vca = mVT ln1 + s
I0
I
I0 = cc
Vca
equação 6
mVT
e −1
1,4
1,2
1,0
Corrente I (A)
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Tensão V (V)
V
P = VI = V Icc − I0 (e mVT
− 1) equação 7
V
V
V
Icc + I0 1 − e mV T
− mV
e T =0
mVT
Icc equação 8
V +1
mVT I0
e =
V
1+
mVT
r
Vca , Ircc e Pmax
r
são valores característicos da célula, sendo dados fornecidos
r
Pmax
ηr = equação 9
AGr
Pmax
η= equação 10
AG
forma10:
r
Pmax
FF = r r equação 11
VcaIcc
Figura 8 – Curvas I-V de duas células com factores de forma diferentes [CREST].
10 Fill factor.
Célula Fotovoltaica 21
r
V − Vca
r r
I = Icc 1 − e mVT equação 12
Vcar
r
mVT
r r
0 = I −I e
s − 1
0 equação 13
Vmax
r
r mVTr
Irmax r
= Is − I0 e − 1 equação 15
r r
Vmax − Vca
m= equação 16
Ir
VTr ln1 − max
Ircc
r
Vca V
11 mVTr r
Considerando que e >> 1 e que e mVT >> 1 .
12 Resolvendo a equação 13 em ordem a Ir0 , substituindo depois na equação 15, e tendo em conta a
r r
Vca Vmax
mVTr mVTr
equação 14 e que e >> 1 e que e >> 1 .
Célula Fotovoltaica 22
r Ircc
I =
0 r
Vca
equação 17
mVTr
e −1
Figura 9 – Curva I-V de uma célula típica de silício cristalino; resultados experimentais;
2 2
condições de referência: θr = 25 ºC, Gr = 1.000 W/m ; A = 0,01 m [CREST].
As características medidas para esta célula, nas condições STC, foram: (os
valores são típicos para o mesmo tipo de células)
O modelo simplificado apresentado pode ser de novo usado, agora para ten-
tar reproduzir a curva I-V obtida por via experimental e mostrada na Figura 9.
Os resultados obtidos (em condições STC) mostram-se na Figura 10.
3,5
Icc Corrente I
3,0
Pmax
Imax
2,5
Corrente I (A) / Potência P (W)
2,0
1,5
Potência P
1,0
0,5
Vmax Vca
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Tensão V (V)
onal à maior área rectangular inscrita na curva, que ocorre para Vmax
r
= 0,48 V e
Irmax = 2,89 A13. Estes resultados constituem uma boa aproximação dos valores ob-
Figura 12 – Variação da curva I-V com a radiação incidente; resultados experimentais [CREST].
Para o efeito, nota-se que a corrente inversa de saturação pode ser escrita
em termos das características do material e da temperatura, através de:
ε
−
3 m ' VT
I0 = DT e equação 18
em que:
• D – constante
14 2
Facilmente se pode verificar que o gráfico da Figura 12 tem um erro: onde está 750 W/m deve-
2
ria estar 700 W/m .
Célula Fotovoltaica 26
m
• m’ – factor de idealidade equivalente m' = em que NSM é o número
NSM
• T – temperatura da célula em ºK
• VT – potencial térmico em V
3 ε 1 1
−
T m' V r V
I0 = Ir0 r e T T equação 19
T
G
Icc = Ircc equação 20
Gr
3,5
3,0
2,5
T = 25ºC
Corrente I (A)
2,0 T = 50ºC
1,5 T = 75ºC
1,0
0,5
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Tensão V (V)
3,5
G = 1000W/m2
3,0
2,5
G = 700W/m2
Corrente I (A)
2,0
1,5 G = 450W/m2
1,0 G = 300W/m2
0,5
G = 100W/m2
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Tensão V (V)
120%
100%
100%
87%
80%
74%
P/Pmax
61%
60%
40%
20%
0%
25 50 75 100
Temperatura T (ºC)
120%
100%
100%
80%
68%
P/Pmax
60%
42%
40%
27%
20%
8%
0%
1000 700 450 300 100
Radiação incidente G (W/m2)
Rs I
IS
Rp V Z
ID Ip
VmV
+ R sI
V +R I
I = Is − ID − Ip = Is − I0 e T − 1 −
s
equação 21
Rp
16 Thin films.
Módulos e Painéis 31
3. MÓDULOS E PAINÉIS
A potência máxima de uma única célula fotovoltaica não excede 2 W, o que é
manifestamente insuficiente para a maioria das aplicações. Por este motivo, as
células são agrupadas em série e em paralelo formando módulos.
M
1 2 NPM I
1 C11 C1N PM
M
V
Parâmetros constantes:
r r
Vmax − Vca
m= equação 22
Irmax
VT ln1 − r
r
Icc
Módulos e Painéis 32
G
Icc = Ircc equação 23
Gr
3 ε 1 1
−
T m' VTr V
I0 = Ir0 r e T
equação 24
T
mVV
I = Icc − I0 e . T − 1 equação 25
Tensão máxima:
Icc
Vmax +1
mVT I0
e = equação 26
V
1 + max
mVT
Corrente máxima:
VmVmax
Imax = Icc − I0 e T − 1 equação 27
Potência máxima:
17 Arrays.
Módulos e Painéis 34
Silício monocristalino
Potência de pico Pmax 100 W
Corrente máxima Imax 5,9 A
Tensão máxima Vmax 17,0 V
Corrente de curto-circuito Icc 6,5 A
Tensão de circuito aberto Vca 21,4 V
Temperatura normal de funcionamento NOCT 45 ºC
Coeficiente de temperatura de Icc µIcc 2,8E-03 A/ºK
Coeficiente de temperatura de Vca µVca -7,6E-02 V/ºK
Número de células em série NSM 36
Número de ramos em paralelo NPM 2
Comprimento C 1,316 m
Largura L 0,66 m
Área A 0,869 m2
100
90
80
70
Potência máxima (W)
60
50
40
30
20
10
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Radiação G (W/m2)
120
100
80
Potência máxima (W)
60
40
20
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75
Temperatura T (ºC)
2
Figura 22 – Variação da potência máxima com a temperatura; G = 1.000 W/m ;
módulo Shell SM100-12; resultados da simulação.
G T
não-lineares.
Aplicações Ligadas à Rede 38
Para o caso do modelo que tem vindo a ser apresentado, o cálculo da potên-
cia máxima pode ser efectuado a partir de uma expressão analítica relativamente
simples, dispensando a resolução da equação não linear. Deve ter-se presente que
as grandezas referenciadas dizem respeito ao módulo.
G r
Imax = Imax equação 29
Gr
A tensão máxima, Vmax, pode ser determinada a partir da equação 15, tendo
em conta a dependência das correntes de curto-circuito e máxima com a radiação
(equação 20 e equação 29, respectivamente) e a variação da corrente inversa de
saturação com a temperatura (equação 19). A expressão obtida é:
G Ir − Ir
Gr cc max
( )
Vmax = mVT ln equação 30
3 ε 1 1
r T m' VTr − VT
I0 T r e
G Ir − Ir
Gr cc max
( )
G r
Pmax = VmaxImax = mVT ln r Imax equação 31
3 ε 1 1 G
r T m' VT VT
r
−
I0 T r e
Aplicações Ligadas à Rede 39
4.3. INVERSOR
Em aplicações ligadas ao sistema de energia eléctrica, é necessário um in-
versor para colocar na rede a energia produzida pelo módulo fotovoltaico.
O rendimento do inversor é:
PAC
ηinv = equação 32
VmaxImax
400
307,0
300,2
300
Radiação solar incidente G (W/m2)
273,9
262,9
217,2
209,6
200
177,2
135,5
111,9
100 87,8
77,0
63,6
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
G(NOCT − 20 )
θc = θa + equação 33
800
em que:
40
34,7
33,4
31,0
30
28,2
24,5
Temperatura (ºC)
19,2 19,4
20
17,2
13,0
11,7
9,2 9,6
10
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
n
E = ηinv ∑ Pmax (G, T )i ∆t i equação 34
i=1
em que:
30 18
25 15
20 12
15 9
10 6
5 3
0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Pmax (W) 6,55 9,74 15,59 19,26 22,97 25,45 25,40 22,56 17,37 11,38 7,36 5,28
E (kWh) 4,387 5,890 10,438 12,483 15,383 16,495 17,009 15,108 11,258 7,623 4,768 3,536
é apresentado no Anexo.
5. ANEXO
MÉTODO ALTERNATIVO DE CÁLCULO
DO FACTOR DE IDEALIDADE
Um método alternativo de cálculo do factor m baseia-se num dado habitual-
mente fornecido nos catálogos, o coeficiente de temperatura da tensão de circuito
aberto, µrVca , o qual se mantém aproximadamente constante numa gama alargada
de temperaturas e radiações.
dV
µ rVca = ca r equação 36
dT TG==TGr
A partir da equação 30, tendo em conta que nas condições de circuito aberto
é I = 0, pode escrever-se, para G = Gr:
r
Icc
Vca = mVT ln
equação 37
T 3 mε ' V1r − V1
Ir0 r e T T
T
∂Vca K Ircc ε
= m ln − 3 + equação 38
∂T q 3 ε 1 1
− m' VT
r T
r
m ' VT VT
I0 r e
T
Para T = Tr vem:
∂Vca K Ircc ε
µrVca = =m ln r − 3 + equação 39
∂T T =T r q I0 m' VTr
r
Vca
Ircc r
r
= e mVT equação 40
I0
V r − εN q
m = ca r SM − µrVca equação 41
T 3K
Com base nesta metodologia alternativa que usa o valor de catálogo do coefi-
ciente de temperatura da tensão de circuito aberto, calcularam-se os parâmetros
característicos do modelo de um díodo e três parâmetros (m, I0 e IS) que tem vindo
a ser seguido:
6. REFERÊNCIAS
[Aguiar] Ricardo Aguiar, Susana Castro Viana, António Joyce, “Estimativas Instan-
tâneas do Desempenho de Sistemas Solares Fotovoltaicos para Portugal Con-
tinental”, XI Congresso Ibérico / VI Congresso IberoAmericano de Energia
Solar, Albufeira, Setembro 2002.
[BPSolar] BP Solar
http://www.bpsolar.com/
[CREST] United States Department of Energy, Center for Renewable Energy and Sus-
tainable Technology, Aurora educational web site
http://aurora.crest.org/
[ILSE] ILSE – The Interactive Learning System for Renewable Energy, Institute of
Electrical Power Engineering, Renewable Energy Section, Technical Univer-
sity of Berlin (TU-Berlin)
http://emsolar.ee.tu-berlin.de/~ilse/
[Risø] Anca D. Hansen, Poul Sorensen, Lars Hansen, Henrik Bindner, “Models for
Stand-Alone PV System”, Risø National Laboratory, December 2002.
[Stone] Jack L. Stone, “Photovoltaics: Unlimited Electrical Energy From the Sun”,
US Department of Energy
http://www.eren.doe.gov/pv/onlinelrn.html