Você está na página 1de 38

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Centro de Tecnologia

Coordenação do Curso de Engenharia Ambiental

PROPOSTA DE GERAÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA ATRAVÉS DO
SISTEMA FOTOVOLTAICO NO
ESTACIONAMENTO DO SETOR DE
AULAS IV DA UFRN

Peterson Ferreira de Sousa

Natal, junho

2018
Peterson Ferreira de Sousa

PROPOSTA DE GERAÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA ATRAVÉS DO
SISTEMA FOTOVOLTAICO NO
ESTACIONAMENTO DO SETOR DE
AULAS IV DA UFRN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Engenheiro Ambiental.

Orientador: Prof. Dr. Marciano Furukava

Natal, junho

2018
Peterson Ferreira de Sousa

PROPOSTA DE GERAÇÃO DE
ENERGIA ELÉTRICA ATRAVÉS DO
SISTEMA FOTOVOLTAICO NO
ESTACIONAMENTO DO SETOR DE
AULAS IV DA UFRN

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Federal do Rio Grande do Norte como
parte dos requisitos para obtenção do título de
Engenheiro Ambiental

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

Prof. Dr. Marciano Furukava – Orientador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


______________________________________________________

Prof. Msc. Márcio Furukava – Avaliador Externo


______________________________________________________

Msc. Kleber Cavalcante de Sousa – Avaliador

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN


Aos meus pais: Sergio e Eunice, pois
sem eles, nada disso seria possível.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, meu Senhor, que me guiou até aqui e segurou a minha mão nos
momentos mais difíceis e me mostrou o caminho certo a ser tomado, as pessoas certas a serem
adicionadas à minha vida e a persistir na minha vitória, sempre.

Agradeço à minha família. Para os meus pais, Sergio e Eunice, que tiveram influência
sempre nas decisões da minha vida, com o intuito de me erguer até o topo dos meus objetivos.
Ao meu primo Felipe, que caminhou comigo do início ao fim, em tudo.

Ao meu grande amigo, Diego. Sem a sua orientação e companhia, a graduação teria
sido menos do que é para mim hoje.

Aos meus amigos, Wilson, Aleska e Nathalia, que me proporcionaram grandes e bons
momentos no decorrer da minha conclusão do curso. Obrigado pelo apoio e pelos conselhos.

À minha namorada, companheira e amiga, Gabriela, pelo amor, carinho e dedicação e


que me incentiva de uma forma colossal, e me faz lembrar todos os dias que, só nós podemos
determinar a distância para chegarmos aos nossos sonhos.

Aos meus colegas do curso de engenharia ambiental, pela parceria, cooperação e


trabalho em equipe.

À toda a equipe de servidores do Centro de Tecnologia, em especial à Aldemar e Cleide,


que me deram um grande apoio durante toda a minha jornada no curso. De coração, muito
obrigado!

Aos meus professores do curso, que tiveram a satisfação em dividir todo o conhecimento
comigo e com meus colegas.

Ao meu mestre, Marciano Furukava, que teve a paciência e a vontade de me orientar


neste trabalho. Obrigado por ter me passado todo o seu conhecimento até aqui e lapidado a
minha conclusão!

Não há palavras para descrever a minha gratidão. A todos vocês, muito obrigado!
“No fim tudo dá certo, se não deu
certo é porque ainda não chegou ao
fim”.
(Fernando Sabino)
RESUMO

Das fontes alternativas de geração de energia elétrica, surge com um excelente destaque, a
energia fotovoltaica, que será o principal foco de desenvolvimento deste trabalho. O objetivo
deste trabalho é apresentar um projeto de implantação de um estacionamento com placas solares
(fotovoltaicas) que fornecem suporte energético ao estacionamento do Setor de aulas IV, na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, campus Natal. O objetivo deste trabalho é
demonstrar o impacto no desempenho energético do sistema fotovoltaico integrado ao
estacionamento e a influência da intensidade solar local. A partir da revolução industrial, a
humanidade busca formas de energia que possam facilitar a sua vida. No Brasil, existe uma
tendência em função da nossa geografia em utilizar energia advinda de usinas hidrelétricas.
Apesar das condições atmosféricas (nebulosidade, umidade relativa do ar etc.), a
disponibilidade de radiação solar, também denominada energia total incidente sobre a
superfície terrestre, depende da latitude local e da posição no tempo. Os principais sistemas
fotovoltaicos utilizados são: Isolados (OFF GRID) e os sistemas conectados à rede (ON GRID).
Cada uma dessas configurações depende da aplicação e disponibilidade de recursos energéticos.
A capital potiguar ostenta o título de Cidade do Sol em função de sua elevada luminosidade
solar, a maior dentre as capitais brasileiras, que ultrapassa 2 900 horas anuais. Para que
possamos implementar um sistema de energia renovável, onde haverá uma redução no gasto do
consumo de energia e minimizar possíveis impactos ao meio ambiente, o sistema que será
implantado na proposta desse projeto é On-Grid. Foi realizado o levantamento de uma pesquisa
de campo da seguinte forma: o primeiro passo foi obter a quantidade de salas que o setor em
questão possui, e a quantidade total de aparelhos que consomem energia. O Setor de Aulas IV
possui um consumo de aproximadamente 307.774,35 kwh/mês. O tempo previsto para que a
Universidade obtenha o payback(retorno) do investimento é de aproximadamente 2,25 anos e,
o investimento mínimo, seria de R$5.325.098,41. Com esse investimento, a economia mensal
esperada é de R$196.559,56. Esse projeto apresentou uma proposta de instalação e
implementação de um sistema de energia solar, captada por painéis fotovoltaicos, além da do
estudo de campo da área de instalação e o possível custo do investimento necessário para o
mesmo.

Palavras-chave: Energia solar. Projeto. Placa fotovoltaica. Orçamento. Energia renovável.


ABSTRACT

The alternative sources of electric power generation, emerge with an excellent highlight, a
photovoltaic energy, which will be the main focus of development of this work. The present
project is in a project of implantation of a stationary with solar panels, that serves as energetic
support to the Parking of Classroom IV, at the Federal University of Rio Grande do Norte, Natal
campus. The purpose of this exercise is the impact on the energy performance of the
photovoltaic system, integrated with the space and intensity of the local solar current. From the
industrial revolution, the person looks for forms of energy that can facilitate his life. In Brazil,
there is a prominent issue in our geography about the energy coming from hydroelectric plants.
The availability of solar radiation, also called total energy incident on a terrestrial surface,
depends on local latitude and position in time. The main photovoltaic systems used are: Isolates
(OFF GRID) and systems connected to the grid (ON GRID). Each depends on the applications
and availability of energy resources. The capital of Potiguar holds the title of Cidade do Sol
because of its greater solar luminosity, the largest of all Brazilians, which exceeds 2,900 hours
per year. For this set, to implement a renewable energy system, where the reduction of energy
consumption and ambient temperature will be applied, the system that will be implanted in the
production of the project is On-Grid. Being the first to research a field survey the following
way: the first step was to get a number of rooms that the same subject, and a total amount of
devices that consume energy. Classroom IV has a consumption of approximately 307,774.35
kwh / month. The expected time for the University of return is 2.25 years and the minimum
interest rate is R $ 5,325,098.41. With this investment, an expected monthly savings is R $
196,559.56. This project had a proposal for the installation and implementation of a solar energy
system, in addition to the installation of photovoltaic panels, as well as the field of study of the
installation area and the possible cost of the investment required for it.

Keywords: Solar energy. Project. Photovoltaic system. Budget. Renewable energy.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1. REPRESENTAÇÃO DAS ESTAÇÕES DO ANO E DO MOVIMENTO DA TERRA EM


TORNO DO SOL. 16

FIGURA 2 .IRRADIAÇÃO MÉDIA GLOBAL NO BRASIL. 16

FIGURA 3. FLUXOGRAMA DAS APLICAÇÕES DE ENERGIA SOLAR. 17

FIGURA 4. CONVERSÃO DA ENERGIA SOLAR EM ELETRICIDADE A PARTIR DAS


CÉLULAS FOTOVOLTAICAS. 20

FIGURA 5. CÉLULA, MÓDULO, STRING E ARRANJO. 20

FIGURA 6. ESQUEMA DE UM SISTEMA ISOLADO (OFF-GRID). 24

FIGURA 7. . ESQUEMA DE UM SISTEMA CONECTADO À REDE (ON-GRID). 25

FIGURA 8. ESTACIONAMENTO COM ÁREA DE APROXIMADAMENTE 4.240 M². 29

FIGURA 9. ESTACIONAMENTO SETOR DE AULAS IV. COORDENADAS - LATITUDE:


5.843295º S; LONGITUDE: 35.200213º O. 29

FIGURA 10. FONTE: SUNDATA (CRESESB, 2018). 30

FIGURA 11. ORÇAMENTO DA EMPRESA X. 32

FIGURA 12. ORÇAMENTO DA EMPRESA Y. 33

FIGURA 13. ORÇAMENTO DA EMPRESA Z. 34


LISTA DE TABELAS

TABELA 1. OFERTA INTERNA DE ENERGIA ELÉTRICA (OIEE). 27

TABELA 2. CLIMÁTICA DE NATAL REFERENTE AO ANO DE 2017. 28

TABELA 3. ESQUEMA DE APARELHOS E SEUS RESPECTIVOS CONSUMO DE


KWH/MÊS. 31

TABELA 4. COMPARATIVO DE ORÇAMENTOS. 34


SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 13
2 OBJETIVOS ..................................................................................................................................... 14
2.1 Justificativa ................................................................................................................................ 14
2.2 Objetivo Geral ........................................................................................................................... 14
3 REFERÊNCIA TEÓRICA .............................................................................................................. 15
3.1 Energia Solar ............................................................................................................................. 15
3.2 Aplicações da Energia Solar ..................................................................................................... 17
3.3 Energia Solar Fotovoltaica ....................................................................................................... 17
3.4 Estudo Ambiental dos Módulos Fotovoltaicos........................................................................ 21
3.5 Centrais Fotovoltaicas de Pequeno Porte ................................................................................ 22
3.6 Tipos de Sistemas Fotovoltaicos ............................................................................................... 23
3.7 Sistemas Isolados (Off Grid) ..................................................................................................... 24
3.8 Sistemas Conectados à Rede Elétrica (On Gfrid) ................................................................... 24
3.9 Esclarecendo de uma forma melhor, como flui a energia em um sistema On-Grid: ........... 25
3.10 Aneel: Resoluções Normativas 482 e 687 .............................................................................. 26
3.11 Contribuição da Energia Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasileira ................................ 27
3.12 Incidência Solar do Município de Natal/RN ......................................................................... 28
3.13 Estacionamento do Setor de Aulas IV da UFRN .................................................................. 28
4 PROPOSTA DE PROJETO ............................................................................................................ 31
4.1 Levantamento do Consumo mensal ......................................................................................... 31
4.2 Orçamento do projeto ............................................................................................................... 32
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................... 35
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 36
13

1 INTRODUÇÃO

A partir da revolução industrial, a humanidade busca formas de energia que possam


facilitar a sua vida. Depois de termos passado pela fase do vapor, combustíveis fósseis, agora
passamos por uma nova fase, as energias renováveis. Este último, por ser encontrado por toda
a Terra e com uma abundância enorme, vem ganhando aos poucos uma importância
fundamental para movimentar as economias do mundo, levando a um consumo ainda
moderado.

Diversos estudos têm demonstrado que a queima de combustíveis fósseis, para geração
de energia, é maléfica para o equilíbrio da vida na Terra, em uma proporção a longo prazo,
podendo causar influência nas mudanças climáticas em torno do globo terrestre. Conciliando
tudo isso ao fato de que já existe uma certa preocupação com a probabilidade das reservas de
combustíveis fósseis se com o passar dos anos, nota-se uma preocupação exponencialmente
crescente nas mais variadas nações, gerando pesquisas e implantando formas de energia
alternativas às de combustíveis fosseis.

Muitos são os fatores que contribuem para a ascensão das fontes renováveis, dentre eles
pode ser mencionado: a atual queda no preço dos barris de petróleo no mercado internacional;
os gastos com projetos de exploração do pré-sal; os problemas ambientais causados pelo
alagamento de áreas extensas; o aquecimento global que traz consequências catastróficas para
o ecossistema do planeta; a queda nos valores de instalação de sistemas fotovoltaicos, dentre
outros fatos que motivam a implantação de novas tecnologias para se produzir energia elétrica
através de fontes alternativas (LEITE, 2013).

Pode ser dito que, as formas de energia que alimentam a demanda nacional em larga
escala são compostas por usinas nucleares, eólicas, térmicas e hidrelétricas. Entretanto, todo
esse sistema está sobrecarregado e possui alguns fatores sociais e naturais que impedem a
construção de novas usinas (URBANETZ, 2010).

O Brasil tem se destacado mundialmente por ter uma matriz elétrica formada
prioritariamente em fontes renováveis. Segundo o Balanço Energético Nacional (EPE, 2016)
as fontes renováveis representam 75,5% da oferta interna de eletricidade no Brasil, onde a maior
parte delas de origem hídrica. Entretanto, de acordo com o documento que demonstra às
projeções de Demanda de Energia Elétrica 2014-2024 (EPE, 2015), existe uma estimativa onde
14

haja aumento no consumo de energia elétrica no Brasil em uma ordem de 50% entre 2014 e
2024.

Com esse cenário, é necessário um aumento de geração e diversificação da matriz


energética brasileira junto a outras fontes renováveis, onde o Brasil possa aumentar a sua
confiabilidade na distribuição, e ao mesmo tempo manter uma matriz energética sustentável.
Em outros tempos, os sistemas de suprimento energético alternativo descentralizado, mantendo
recursos renováveis, têm sido implantados, gerando o estudo dos sistemas que se demonstraram
economicamente viáveis, tecnicamente. Dessa forma, a tecnologia avançou, principalmente na
área de energia solar, que vem criando diversas opções para a geração de eletricidade de uma
forma não poluente (PALZ, 2002).

2 OBJETIVOS

Com o objetivo de tornar a Universidade Federal do Rio Grande do Norte, aos poucos,
um usuário fontes de energia limpa e renovável, este trabalho propõe a instalação de um
Estacionamento Fotovoltaico no Setor de Aulas IV, que pretende utilizar a energia da radiação
solar como o recurso natural dentre as possíveis formas de energias renováveis.

2.1 Justificativa

Visando o magnífico cenário em que o Brasil investe mais em energias renováveis, é


preciso analisar o desenvolvimento de projetos como este, que tem a finalidade de gerar
resultados positivos, tentar demonstrar se é um trabalho viável, e então, posicionar não só a
UFRN, mas sim o país inteiro a um rumo onde as fontes de energia sustentáveis serão
suficientes para gerar energia.

2.2 Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo principal demonstrar o quanto a microgeração de


energia através da instalação de um sistema fotovoltaico, instalado no estacionamento do setor
de aulas IV da UFRN, campus central, na cidade de Natal-RN, pode contribuir para a
comunidade acadêmica, e se a mesma pode ser vantajosa ao longo do tempo. Para melhor
entendimento, será demonstrado um estudo teórico e a viabilidade econômica.
15

3 REFERÊNCIA TEÓRICA

No tópico que se inicia aqui, serão descritos conceitos de energia solar, assim como algumas
das suas mais variadas formas de utilização.

3.1 Energia Solar

A energia solar tem sua fonte de forma altamente abundante, desde que se tem
conhecimento da vida em si, mas infelizmente nunca foi aproveitada devidamente de forma
eficiente, comparado às outras formas de energia. Muito mais do que uma fonte de vida, o Sol
é considerado também como a solução para o abastecimento de energia no futuro, de forma que
a humanidade consiga desenvolver de maneira racional a luz que tal estrela lança sobre a Terra
constantemente. (PALZ,2002).

A radiação solar que a Terra recebe equivale a uma quantidade de


energia de 1𝑥1018 KWh/Ano, o que seria equivalente a
aproximadamente centenas de milhões de vezes a geração de energia
elétrica da usina de Itaipu, que é a atual maior geradora de energia
elétrica renovável do mundo, sendo responsável por 9𝑥1010 kWh/ano.
Portanto a quantidade de energia solar que atinge a superfície da Terra
corresponde, aproximadamente, a dez mil vezes a demanda global de
energia. Logo teríamos de utilizar apenas 0,01% desta energia para
satisfazer a demanda total da humanidade. (BARROS, 2011)

Apesar das condições atmosféricas (nebulosidade, umidade relativa do ar etc.), a


disponibilidade de radiação solar, também denominada energia total incidente sobre a
superfície terrestre, depende da latitude local e da posição no tempo (hora do dia e dia do ano).
Isso se deve à inclinação do eixo imaginário em torno do qual a Terra gira diariamente
(movimento de rotação) e à trajetória elíptica que a Terra descreve ao redor do Sol (translação
ou revolução). Desse modo, a duração solar do dia - período de visibilidade do Sol ou de
claridade - varia, em algumas regiões e períodos do ano, de zero hora (Sol abaixo da linha do
horizonte durante o dia todo) a 24 horas (Sol sempre acima da linha do horizonte). Como explica
a figura 1. (ANEEL, 2009)
16

Figura 1. Representação das estações do ano e do movimento da Terra em


torno do Sol. Fonte: MAGNOLI et al. (1998)

Geologicamente, o Brasil fica situado em uma região onde os raios solares infligem no
sentido vertical, essa condição faz com que haja elevados índices de irradiação em quase todo
o território nacional. Há também a proximidade com a linha do Equador, que faz com que se
tenha pouca variação na incidência solar ao longo do ano, observado na Figura 2. Sendo assim,
independente de haver inverno, ainda se tem bons níveis de irradiação, provando que o Brasil
possui vantagens para o aproveitamento energético solar. (TOLMASQUIM, 2016).

Figura 2 .Irradiação média global no Brasil. Fonte: Atlas Brasileiro de


Energia Solar, (2006)
17

3.2 Aplicações da Energia Solar

Para aplicações diretas, a energia solar pode ser classificada como ativa e passiva. A
energia solar passiva, é utilizada para aplicações em arquitetura solar. Já a energia solar ativa,
é dividida em solar fotovoltaica, térmica e heliotérmica. Na Figura 4, pode ser verificado um
fluxograma demonstrando as aplicações do uso da energia solar. (PEREIRA et al, 2004).

Figura 3. Fluxograma das aplicações de energia solar. Fonte: PEREIRA et al, 2004

3.3 Energia Solar Fotovoltaica

As células fotovoltaicas são formadas por um material semicondutor, o qual tem


características divididas entre um condutor e um isolante. O silício(minério) possui traços de
areia, que é a areia de sílica. Após submeter esse minério a alguns métodos de tratamento,
obtém-se o silício de forma pura em cristais, um material mau condutor elétrico por não possuir
elétrons livres. Para desmembrar este problema, utiliza-se a dopagem do silício, acrescentando
uma porcentagem de outros elementos ao mesmo. Quando se usa a dopagem junto ao Fósforo,
elemento comum para este processo, tem-se um material com elétrons livres, portadores de
carga negativa (chamado silício tipo N). (NASCIMENTO, 2004)

O efeito fotovoltaico, relatado por Edmond Becquerel em 1839, é o


aparecimento de uma diferença de potencial nos extremos de uma
estrutura de material semicondutor, produzida pela absorção da luz.
18

Esse material compõe a célula fotovoltaica, unidade fundamental desse


processo. Atualmente existem diversas tecnologias aplicadas à
produção dessas células, sendo classificadas em três gerações (PINHO
et al, 2014)

Geração 1:

Silício Monocristalino (m-Si)

Silício Policristalino (p-Si), representa mais de 85% do mercado; é considerado uma tecnologia
já consolidada, de alto rendimento e confiável.

Geração 2:

(Filmes Finos):

Silício Amorfo (a-Si)

Disseleneto decobre e índio (CIS)

Disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS)

Telureto de cádmio (CdTe)

Tal geração possui menor eficiência do que a primeira e demonstra uma leve
participação do mercado. Há dificuldades relacionadas à disponibilidade dos materiais, vida
útil, rendimento das células e, o cádmio apresenta toxidade, que atrasa a sua utilização em maior
escala.

Geração 3:

Células orgânicas ou polimétricas (OPV – Organic Photovoltaics)

Células Sensibilizadas por corante (DSSC -Dye-Sensitized Solar Cell)

Célula Fotovoltaica para concentação (CPV – Concentrated Photovoltaics) e célula


multijunção

Essa geração ainda se encontra em etapa de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), onde


possui, em pequena escala, testes e produção. A tecnologia CPV, apresenta um potencial para
fabricação de módulos de alta eficiência, contudo, o seu custo ainda não está dentro da
competitividade das tecnologias da atualidade que dominam o mercado.
19

A cartilha publicada pelo Ministério de Minas e Energia, resume o efeito fotovoltaico


dessa forma:

O efeito fotovoltaico dá-se em materiais da natureza denominados


semicondutores, que se caracterizam pela presença de bandas de
energia onde é permitida a presença de elétrons (banda de valência) e
de outra totalmente “vazia” (Banda de condução) ...Ao adicionarem-se
átomos com cinco elétrons de ligação, como o fósforo, por exemplo,
haverá um elétron em excesso que não poderá ser emparelhado e que
ficará “sobrando”, fracamente ligado a seu átomo de origem. Isto faz
com que, com pouca energia térmica, este elétron se livre, indo para a
banda de condução. Diz-se assim, que o fósforo é um “dopante” doador
de elétrons e denomina-se dopante n ou impureza n.

Se, por outro lado, introduzem-se átomos com apenas três elétrons de
ligação, como é o caso do boro, haverá uma falta de um elétron para
satisfazer as ligações com os átomos de silício da rede, esta falta de
elétron é denominada “buraco” ou “lacuna” e ocorre que, com pouca
energia térmica, um elétron de um sítio vizinho pode passar a esta
posição, fazendo com que o buraco se desloque.

Diz-se, portanto, que o boro é um aceitador de elétrons ou um dopante


p. Se, partindo de um silício puro, forem introduzidos átomos de boro
em uma metade e de fósforo na outra, será formado o que se chama de
junção pn. O que ocorre nesta junção é que elétrons livres do lado n
passam ao lado p onde encontram os buracos que os capturam; isto faz
cm quem haja um acúmulo de elétrons no lado p, tornando-o
negativamente carregado e uma redução de elétrons do lado n, que o
torna eletricamente positivo. Estas cargas aprisionadas dão origem a um
campo elétrico permanente que dificulta a passagem de mais elétrons
do lado n para o lado p; este processo alcança um equilíbrio quando o
campo elétrico forma uma barreira capaz de barrar os elétrons livres
remanescentes o lado n.

Se uma junção pn for exposta a fótons com energia maior que o gap
(quantidade de energia suficiente para um elétron passar para a banda
de condução), ocorrerá a geração de pares elétrons-lacuna; se isto
acontecer na região onde o campo elétrico é diferente de zero, as cargas
serão aceleradas, gerando assim, uma corrente através da junção; este
deslocamento de cargas dá origem a uma diferença de potencial ao qual
chamamos de Efeito Fotovoltaico. Se as duas extremidades do
“pedaço” de silício forem conectadas por um fio, haverá uma circulação
20

de elétrons. Esta é a base do funcionamento das células fotovoltaicas


(MME, 2007).

A Figura 4 demonstra de forma mais resumida o efeito fotovoltaico (FUKUROZAKI,


2011).

Figura 4. Conversão da energia solar em eletricidade a partir das células fotovoltaicas. Fonte:
FUKUROZAKI (2011).

Tais células fotovoltaicas, assumem forma comercial agrupadas, onde são denominadas
de módulos e, podem ser encontrados em séries e paralelos, conhecidos por painéis
fotovoltaicos, os quais podem ser disponibilizados de forma strings e arranjos. A Figura 5
demonstra o esquema de apresentação das células.

Figura 5. Célula, Módulo, String e Arranjo. Fonte: CANADIAN (2017)


21

3.4 Estudo Ambiental dos Módulos Fotovoltaicos

Energia elétrica gerada através de conversão fotovoltaica é menos agressiva ao meio


ambiente, de forma que esta elimina etapas cruciais do processo de geração de eletricidade
relacionadas à produção e transporte quando é comparada com outras tecnologias de produção
de energia elétrica (TOLMASQUIM, 2004). Mesmo assim, ainda existem, de certa forma,
impactos ambientais que podem vir a causar em qualquer estágio de seu ciclo de vida. Poderá
ser verificado a seguir, uma breve Avaliação do Ciclo de Vida -ACV para observar como a
energia solar vem a interferir no meio ambiente, seja em seu processo de fabricação, ou seja,
durante seu uso de início até seu descarte e disposição final (ASSIS, 2009).

Na instalação e produção do Painel Fotovoltaico, as células possuem entre si uma


conexão em cadeia com contatos de alumínio, prata ou cobre, na parte posterior ou frontal,
através de um sistema de evaporação a vácuo. Ao final, o painel é moldado sobre calor e pressão
e as conexões são isoladas (ADRIANO, 2015).

Já em operação, a rede solar fotovoltaica possui a vantagem de não apresentar qualquer


tipo de emissão de poluentes. Durante a fase de operação do sistema, os impactos provocados
com a manutenção são considerados mínimos ou quase inexistentes. Entretanto, quando
falamos de granes centrais fotovoltaicas, a manutenção poderá sim ter impactos relevantes. No
final, o ciclo entra no desmantelamento, ou seja, o painel chega ao fim da sua vida útil e é
direcionado à sua destinação final para entidades responsáveis pela gestão de recolhimento de
resíduos, separando alguns componentes para a reciclagem e os que não podem ser reciclados
seguem para incineração ou aterro. O que mais pode ser reciclado, são o vidro e o alumínio,
além dos plásticos, o que reduz um determinado impacto. Algumas tecnologias ainda se
encontram em fase de desenvolvimento, para que seja possível recuperar as bolachas de silício,
o que causa menos impacto ambiental, consome menos energia e são economicamente viáveis
(ADRIANO, 2015).

É observado que os indicadores mais preocupantes na análise do ciclo de vida da


produção de um painel solar são a extração de recursos, a poluição da água e solo e a emissão
de gases de efeito estufa. O indicador responsável pela extração de recursos está relacionado à
necessidade de matéria-prima para que haja a fabricação dos painéis solares e o consumo de
energia, e derivada da variação energética do país e do transporte de mercadorias, surge a
emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) (ADRIANO, 2015). Pelo fato dos sistemas
22

fotovoltaicos não necessitarem de uma fonte de energia fóssil ou nuclear para funcionar, se faz
necessário uma grande quantidade de energia para produzir os componentes do sistema (ROSA,
2008).

3.5 Centrais Fotovoltaicas de Pequeno Porte

As centrais de pequeno porte operam integradamente as edificações, perto do


consumidor e descentralizada. Tais sistemas geralmente aparecem nos telhados das casas e/ou
prédios, ou seja, os módulos estão unificados ao ponto de consumo. Essa geração distribuída,
gerando energia próxima aos consumidores, desenvolveu um importante mercado para o setor
solar fotovoltaico (WWF-BRASIL, 2015).

Por vários países, a geração distribuída contribuiu de forma fundamental para o


desenvolvimento em cadeia, na produção nacional. Essa geração contribui aumentando a
segurança energética, incluindo maior autonomia de suprimento de energia elétrica, instalando
diversas unidades geradoras descentralizadas ao redor do país. Dessa forma, as perdas são
reduzidas na transmissão e distribuição da energia elétrica e minimiza os custos de suprimento
de energia elétrica. Sendo assim, além de postergar investimentos adicionais em linhas de
transmissão e evitar perdas, também pode substituir ou complementar a rede de energia com
tarifas elevadas em determinadas áreas, gerando economia às pessoas (WWF – BRASIL, 2015).

Uma pesquisa do IEE (Instituto de Energia e Ambiente), disponibilizada em 2015,


demonstra que o sistema conectado à rede no modelo de micro geração possui diversas
vantagens:

-Utiliza a radiação solar como insumo, um recurso altamente abundante no Brasil e não
poluente;

-O consumo da energia, principalmente nos prédios comerciais acontece no horário de maior


produção da energia pelos módulos;

-O sistema pode ser ampliado conforma a necessidade, desde que haja espaço na edificação;

-Além de produção de energia, existe a possibilidade de exportação dos excedentes para a rede
elétrica, conhecido como sistema de compensação;
23

-A Resolução Normativa da ANEEL 482/2012 possibilita que o fluxo de energia deixe de ser
unidirecional (concessionária-consumidor) e passe a ser bidirecional, tendo a possibilidade de
o consumidor gerar créditos de energia;

-A geração de energia elétrica é feita nos centros de consumo, aliviando a carga nos sistemas
de transporte de energia, e assim, reduzindo as perdas no sistema elétrico;

- A produção da energia ocupa um espaço já utilizado pela construção;

Um outro ponto importante para o avanço da geração distribuída no país, é a formação


de linhas de financiamento adequadas para a aquisição de sistemas fotovoltaicos. Muito
diferente do financiamento para geração centralizada, observado em pontos anteriores, as
formas de financiamento disponíveis para a geração distribuída ainda não atingiram um ponto
que consiga desenvolver o mercado adequadamente (CÂMARA. 2011).

Tais sistemas interligados à rede elétrica de distribuição, podem ser moldados para
atender parte, ou até mesmo total, a demanda da edificação. A produção de energia desse
sistema ocorre em Corrente Contínua, e a utilização da eletricidade é feita em Corrente
Alternada. Dessa forma, se faz necessário um inversor que realizará a devida transformação
(CÂMARA, 2011).

É preciso salientar que existem centrais fotovoltaicas de pequeno porte isoladas (OFF
GRID) ou interligadas à rede elétrica (ON GRID). No caso dos sistemas isolados, é necessário
utilizar baterias, entretanto, existem estudos que já há a possibilidade do descarte do uso da
bateria (LISITA JÚNIOR, 2005).

3.6 Tipos de Sistemas Fotovoltaicos

Os principais sistemas fotovoltaicos utilizados são: Isolados (OFF GRID) e os sistemas


conectados à rede (ON GRID). Cada uma dessas configurações depende da aplicação e
disponibilidade de recursos energéticos.

A Internacional Energy Agency (IEA, 2013), fez um levantamento e constatou que,


durante a década de 90, os sistemas fotovoltaicos aplicados eram na maioria off grid, entretanto,
a partir da década seguinte os sistemas passaram a ser predominantemente on grid.
24

Ainda há uma geração híbrida, na qual o sistema fotovoltaico demonstra outras fontes
complementares de energia, tais como: geradores à diesel, gás natural, eólica, entre outros.

3.7 Sistemas Isolados (Off Grid)

São sistemas não conectados à rede elétrica, como demonstra a figura 06, onde
geralmente são utilizados em locais remotos, principalmente para populações rurais, que podem
apresentar certo grau de carência em termos de energia, visto que o custo de se conectar à rede
elétrica é alto. (FIGUEIRA, 2014).

Figura 6. Esquema de um sistema isolado (Off-Grid). Fonte: (ANTUNES,


2016)

Tal sistema abastece diretamente nos aparelhos que utilizarão a energia, no entanto
existe a necessidade do uso de baterias que garantem o armazenamento da energia a ser utilizada
em períodos sem, ou com baixa insolação. Esses sistemas podem ser instalados em casas de
campo, abrigo, bombeio de água, telecomunicações, entre outros.

3.8 Sistemas Conectados à Rede Elétrica (On Gfrid)

O sistema fotovoltaico conectado à rede também é conhecido como on grid, esse tipo
de sistema dispensa o uso de baterias, pois toda a potência gerada pelo sistema fotovoltaico é
consumida pelas cargas ou é injetada diretamente na rede elétrica. A Resolução Normativa Nº
25

687/2015 da Aneel permite que pessoas físicas e jurídicas tenham geração própria com sistemas
fotovoltaicos conectados à rede elétrica até a potência instalada de 5 MW (ANEEL, 2012)

Figura 7. . Esquema de um sistema conectado à rede (On-Grid). Fonte:


(ANTUNES, 2016)

3.9 Esclarecendo de uma forma melhor, como flui a energia em um sistema On-Grid:

Geração: O painel fotovoltaico gera a energia elétrica em CC sempre que ocorrer


incidência de radiação solar. Essa geração oscila automaticamente conforma a variação da luz,
uma vez que não há baterias armazenando a energia.

O inversor transforma a energia elétrica de C.C em corrente alterada, na frequência da


rede. Para que seja efetuada a injeção, o inversor gera uma tensão um pouco superior à da rede.
De acordo com o modelo, o inversor é munido de um sistema de monitoramento que registra a
geração anual, mensal e diária, além de outras informações.

O consumo direto, também conhecido como “consumo próprio”: A fração da energia


gerada que é consumida diretamente dentro da unidade sem passar pelos medidores. Qualquer
consumo no local da instalação usa preferencialmente a energia gerada no mesmo local.

Injeção na rede: É o excedente da energia gerada que é injetado na rede concessionária


nos momentos em que o consumo local for inferior à geração e contabilizado pelo medidor de
injeção.
26

Consumo bruto da rede: Nos momentos em que o consumo é superior à geração, como
à noite.

Consumo total: É a energia total demandada pelos aparelhos elétricos.

Consumo líquido: É a diferença entre energia injetada e consumo bruto, ou seja, a


energia realmente fornecida pela concessionária ao consumidor no período de faturamento.

Os sistemas conectados possuem uma grande vantagem com relação aos sistemas
isolados
por não utilizarem baterias e controladores de carga. Isso os torna cerca de 30% mais eficientes
e também garante que toda a energia seja utilizada (SIQUEIRA, 2013).

3.10 Aneel: Resoluções Normativas 482 e 687

Um enorme desenvolvimento para o mercado de energias renováveis no Brasil foi a


aprovação da Resolução Normativa (REN) 482/2012 da ANEEL, que estabelece as condições
gerais para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de
energia elétrica, assim como o sistema de compensação de energia elétrica, prevendo que
consumidores de 34 proprietários de pequenas centrais de geração de energia renovável possam
fornecer a energia excedente para a rede pública durante o dia, e utiliza-la durante a noite. O
foco são unidades geradoras de energia hidráulica, solar, eólica, biomassa ou cogeração
qualificada, por meio de termelétricas de alta potência (ANEEL, 2012).
No ano de 2015, a REN 482/2012 passou por um processo de revisão, que originou a
REN 687/2015. A nova resolução ampliou as possibilidades da micro e minigeração,
aumentando o limite de potência, criando mecanismo de compartilhamento de geração,
reduzindo prazos para resposta das distribuidoras, entre outros, visando o aperfeiçoamento da
REN 482. Essas novas regras para a micro e minigeração começaram a valer a partir de março
de 2016.
Com a revisão ocorrida em 2015, o consumidor que instalar o sistema passa a gerar sua
própria eletricidade e ainda poderá realizar a injeção do excedente de energia na rede de
distribuição e receber créditos em kWh que poderão ser descontados com um prazo de até 60
meses, conforme a REN 687/2015.
27

As Resoluções Normativas nº482/2012 e Nº687/2015 estabelecem que a microgeração


distribuída de energia elétrica seja classificada com a potência instalada de menor ou igual a 75
kW, e a minigeração de energia com potência instalada superior a 75 kW e menor ou igual a 5
MW (ANEEL, 2015).

3.11 Contribuição da Energia Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasileira

Pela Tabela 1 poderemos notar que em 2015 as fontes renováveis chegaram a 75,5% de
participação na matriz de OIEE, além disso a maior evolução em percentual foi a fonte solar,
no entanto apesar da alta taxa de crescimento, ainda é pouco significativo na matriz. A situação
da oferta hidráulica mostrou-se negativa em razão da continuidade do baixo regime de chuvas.
(MME,2016).

Tabela 1. Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE). Fonte: (MME, 2016)

O principal problema que ainda limita o uso disseminado de energia


solar fotovoltaica é o alto custo de fabricação das camadas de materiais
semicondutores necessárias para os sistemas de energia. No entanto,
nos últimos anos a tecnologia fotovoltaica está se tornando cada vez
mais competitiva, em razão, tanto dos seus custos decrescentes, quanto
dos custos crescentes das outras formas de produção de energia,
28

inclusive na importância de fatores que eram anteriormente ignorados,


como a questão dos impactos ambientais (PINHO, 2014).

3.12 Incidência Solar do Município de Natal/RN

Natal é um município brasileiro, capital do estado do Rio Grande do Norte, na Região


Nordeste do país. Conhecida também como a “cidade do sol”, a capital possui uma área
aproximadamente de 167𝐾𝑚2 , é a segunda capital brasileira com a menor área territorial e a
sexta maior capital do país em densidade populacional (IBGE, 2017).

A capital potiguar ostenta o título de Cidade do Sol em função de sua elevada


luminosidade solar, a maior dentre as capitais brasileiras, que ultrapassa 2 900 horas anuais
(LOPO, 2013). De acordo com a Tabela 2 da Climate Data, para o ano de 2017, o mês mais
seco teve uma diferença de precipitação 222 mm em relação ao mês mais chuvoso e as
temperaturas médias variam 3.0 °C durante o ano.

Tabela 2. Climática de Natal referente ao ano de 2017. Fonte: (Climate e Data, 2017)

3.13 Estacionamento do Setor de Aulas IV da UFRN

O estacionamento do Setor de Aulas IV, fica localizado na Av. Passeio dos Girassóis,
ao lado da Escola de Ciências e Tecnologia.
29

Figura 8. Estacionamento com área de aproximadamente 4.240 m². Fonte: (Calcmaps,


2018)

Figura 9. Estacionamento Setor de Aulas IV. Coordenadas - Latitude:


5.843295º S; Longitude: 35.200213º O. Fonte: (GOOGLE, 2018)
30

O programa SunData, disponibilizado no site da CRESESB, destina-se ao cálculo da


irradiação solar diária média mensal em qualquer ponto do território nacional e funciona como
uma ferramenta de apoio ao dimensionamento de sistemas fotovoltaicos. Através desse
programa, foi possível calcular a irradiação solar diária média em kWh / m².dia (Figura 11 e
12).

Figura 10. Fonte: SunData (CRESESB, 2018).


31

4 PROPOSTA DE PROJETO

Para que possamos implementar um sistema de energia renovável, onde haverá uma
redução no gasto do consumo de energia e minimizar possíveis impactos ao meio ambiente, o
sistema que será implantado na proposta desse projeto é On-Grid, o qual já foi apresentado
anteriormente.

Por ser um sistema conectado à rede, a ideia é que o Setor de Aulas IV, seja alimentado
pelas placas fotovoltaicas durante o dia, e no período da noite, pela concessionária.

4.1 Levantamento do Consumo mensal

Foi realizado o levantamento de uma pesquisa de campo da seguinte forma: o primeiro


passo foi obter a quantidade de salas que o setor em questão possui, e a quantidade total de
aparelhos que consomem energia. Esses dados foram informados por alguns funcionários do
local. Na Tabela 3, pode ser observar o esquema de consumo/aparelho.

**LEVANTAMENTO DOS APARELHOS UTILIZADOS NO SETOR IV**

**ORÇAMENTO EM EMPRESAS QUE ATUAM EM NATAL


Tabela 3. Esquema de aparelhos e seus respectivos consumo de Kwh/mês. Obs: O Cálculo do
𝑄 𝑥 𝑇 𝑥 𝑃 𝑥 30
consumo mensal foi baseado na fórmula 𝐶 = , onde Q=número de aparelhos; T= Tempo
1000
de uso; P= Potência do aparelho; 30 representa o número de dias ao mês Fonte: (O AUTOR, 2018).

Conforme a Tabela 3 demonstra, o consumo total mensal é de 236.749,5 kwh/mês.


Tendo em vista que no Setor de Aulas, existem tomadas para que alunos e professores possam
usar aparelhos, que possuem um consumo baixo, de forma livre, foi somado 30% (margem de
erro) desse valor. Por fim, temos o valor final de 307.774,35 kwh/mês.

No Rio Grande do Norte, o valor da tarifa de energia, fornecida pela COSERN, é de


R$0,6433. Com o valor do consumo mensal e o valor da tarifa, temos que o valor final a ser
pago é de R$195.991,23 por mês.
32

4.2 Orçamento do projeto

Três empresas, devidamente homologadas para instalações de sistema de energia solar,


disponibilizaram orçamento para a proposta do projeto. Tais empresas serão descritas como
X, Y e Z, nas figuras 13, 14 e 15.
Todo o contato com as empresas foi desenvolvido por telefone e e-mail.

Figura 11. Orçamento da empresa X. Fonte: (ADAPTADO EMPRESA X, 2018).


.
33

Figura 12. Orçamento da empresa Y. Fonte: (ADAPTADO EMPRESA Y, 2018).

A empresa Y disponibilizou o valor total do procedimento, incluindo o frete dos


equipamentos e a mão de obra. O orçamento total estimado pela instaladora foi de
R$7.513.220,00.
34

Figura 13. Orçamento da empresa Z. Fonte: (ADAPTADO EMPRESA Z, 2018).

As empresas X e Z não disponibilizaram o valor total somado ao frete e a mão de obra


da instalação. O custo estimado pelas empresas X e Z, foi de, respectivamente,
R$5.325.098,41 e R$5.985.321,60.
Com todos os valores dispostos, pode-se comparar os orçamentos das empresas,
conforme a Tabela 4 ilustra.

EMPRESA VALOR
X R$ 5.325.098,41
Y R$ 7.513.220,00
Z R$ 5.985.321,60
Tabela 4. Comparativo de orçamentos. Fonte: (O AUTOR, 2018)
35

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para esse projeto, o investimento mínimo, de acordo com os orçamentos já citados, seria
de R$5.325.098,41. Com esse investimento, a economia mensal esperada é de R$196.559,56,
para um gasto atual de R$195.991,23 mensal.

Os orçamentos foram elaborados em cima do custo mensal de Kwh calculado neste


projeto. Dessa forma, a instalação do sistema de energia solar com placas fotovoltaicas supriria
de forma eficiente a demanda esperada.

O tempo previsto para que a Universidade obtenha o payback(retorno) do investimento


é de aproximadamente 2,25 anos. De acordo com o mercado de placas fotovoltaicas e das
empresas inseridas na pesquisa de orçamento, o tempo de vida útil do sistema é de 30 anos.

Tendo posse de todas essas informações, pode ser concluído que a Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, implementando um sistema de energia renovável dessa magnitude,
ganharia tanto um retorno financeiro, quanto uma oportunidade de ser um exemplo para geração
de energia limpa e renovável, uma vez que a universidade possui um status renomado em
território nacional.
36

REFERÊNCIAS

ANEEL. Atlas de Energia Elétrica do Brasil: Parte 2 Fontes Renováveis. Brasília 2009.
Disponível em <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/energia_solar/3_2.htm> Acesso
em 29 abril 2018

ANEEL (Brasil). Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico


Nacional – PRODIST: Cartilha de Acesso ao Sistema de Distribuição. 2. Ed. Brasil: Aneel,
2011. 26. P. Cartilha. Disponível
em:<http://www2.aneel.gov.br/arquivos/pdf/cartilha_revisao_2.pdf> Acesso em 11 maio.
2018.

ANEEL. Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012. 2012. Disponível em:


<http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf>. Acesso em: 11 maio de 2018

ANEEL. Resolução Normativa nº 687, de 24 de novembro de 2015. 2015. Disponível


em:<http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2015687.pdf>. Acesso em: 11 de maio de 2018

ADRIANO, Guilherme Luís Martins. Análise de ciclo de vida da tecnologia fotovoltaica em


Portugal. 2015

ANTUNES, Bruno Machado. Dimensionamento de um Sistema Fotovoltaico Conectado à


rede e um sistema de Captação ed água de chuva para um edifício residencial. 2016. 88f.
TCC (Graduação) – Curso de Engenharia de Energia, Faculdade de Engenharia, UFGD,
Dourados, 2016.

BARROS, Hugo Albuquerque. Anteprojeto de um sistema fotovoltaico de 12 kWp


conectado à rede. 2011. Monografia. Rio de Janeiro: UFRJ
CALCMAPS. 2018. Área do estacionamento do Setor de Aulas IV UFRN. Disponível em: <
https://www.calcmaps.com/ >. Acesso em 15 de junho de 2018.

CÂMARA, Carlos Fernando. Sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica. 2011.


Monografia. Universidade Federal de Lavras – MG.
CANADIAN SOLAR, Datasheets CS6P-260|265P-SD. 2017. Disponível em:
<http://www.canadiansolar.com/downloads/datasheets/v5.4/Canadian_Solar-Datasheet-
CS6PPSD_SmartDC-v5.4en.pdf>. Acesso em: 11 maio 2018

CLIMATE DATA. Tabela Climática do município Natal/RN: Natal 2017. Disponível em: <
https://pt.climate-data.org/location/2030/ >. Acesso em 15 de junho de 2018

CRESESB – Centro de Referência para Energias Solar e Eólica Sérgio de S. Brito. 2018. Base
de dados de radiação solar incidente (irradiação solar). Disponível em <
http://www.cresesb.cepel.br/index.php?section=sundata >. Acesso em 9 de julho de 2018.

EPE, Empresa de Pesquisa Energética (Brasil). Balanço Energético Nacional 2015: Ano base
2014 / Empresa de Pesquisa Energética. – Rio de Janeiro: EPE, 2015

EPE, Empresa de Pesquisa Energética (Brasil). Balanço Energético Nacional 2016: Ano base
2015 / Empresa de Pesquisa Energética. – Rio de Janeiro: EPE, 2016
37

FIGUEIRA, Fabio Fernandes. Dimensionamento de um sistema Fotovoltaico Conectado à


Rede para Alimentar a Sala de Computação da Escola Municipal Tenente Antonio João.
Rio de Janeiro: UFRJ/ESCOLA POLITÉCNICA, 2014. Disponível em:
http://monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10011680.pdf>. Acesso em 21 maio
2018..

GOOGLE MAPS. 2018. Estacionamento Setor de Aulas IV/UFRN. Disponível em: <
https://goo.gl/maps/JUeDNGrZmHx >. Acesso em 22 de julho de 2018

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estimativa da População e Densidade


Demográfica do município de Natal/RN 2017. 2018. Disponível: <
https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/natal/panorama >. Acesso em 25 de julho de 2018

IEE (Instituto de Energia e Ambiente). Pesquisa do IEE aponta vantagens na microgeração


fotovoltaica de energia. USP-São Paulo, 2015. Disponível em: <
http://www5.usp.br/84997/pesquisa-do-iee-aponta-vantagens-na-microgeracao-fotovoltaica-
de-energia/ >. Acesso em 28 de maio de 2018.

INTERNACIONAL ENERGY AGENCY. Trends 2013 in photovoltaic application: survey


report of selected IEA countries between 1992 and 2012. Photovoltaic Power Systems
Programme (PVSP). Report IEA-PVPS T1-23, 2013

LEITE, Ana Carolina Gomes Moreira. A sustentabilidade empresarial, social, e as fontes de


energia. Boletim de inovação e Sustentabilidade. PUCSP. São Paulo, 2013

LISITA JÚNIOR, Orlando. Sistemas fotovoltaicos conectados à rede: Estudo de caso de


3kwp instalados no estacionamento do IEE-USP. São Paulo, 2005.

LOPO, Alexandre Boleira ; et al. (2013). «Radiação Ultravioleta, ozônio total e aerossóis na
cidade de Natal/RN». Revista Holos, v.6, Instituto Federal do Rio Grande do Norte. Consultado
em 17 de dezembro de 2015.

MAGNOLI, Demétrio.; SCALZARETTO. Reinaldo. Geografia, espaço, cultura e cidadania.


São Paulo: Moderna, 1998. v.

MME, Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético. Plano Nacional de Energia


2030. Disponível em : http://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-
abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-165/topico-173/PNE%202030%20-
%20Proje%C3%A7%C3%B5es.pdf. Acesso em: 28 maio. 2018

NASCIMENTO, C. A. D. Princípio de Funcionamento da Célula Fotovoltaica. UFLA.


Lavras. 2004

PALZ, Wolfgang. Energia Solar e fontes alternativas. Editora Hemus, Curitiba, 2002.

PEREIRA, Enio Bueno; MARTINS, Fernando Ramos; ABREU, Samuel Luna; RUTHER,
Ricardo. Atlas Brasileiro de Energia Solar. São José dos Campos: IMPE (Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais), 1º edição, 2006
38

PINHO, João Tavares; GALDINO, Marcos Antônio. Manual de Engenharia para Sistemas
Fotovoltaicos. CEPEL – CRESESB. Edição revisada, Rio de Janeiro, 2014.

ROSA, Carlos Adriano. Estudo do balanço energético e do passivo ambiental resultante da


fabricação de módulos fotovoltaicos. 2008, 186P. Dissertação (Mestrado) – Universidade
Federal de Itajubá. Engenharia de Energia

SIQUEIRA, Lucimara Maria Paulo Viabilidade da microgeração de energia elétrica em


residências por um sistema composto por painéis fotovoltaicos conectados à rede. Rio
deJaneiro: UFRJ / Escola Politécnica, 2013

TOLMASQUIM, Mauricio. “Energia Renovável: Hidráulica, Biomassa, Eólica, Solar,


Oceânica” / Mauricio Tiomno. Tolmasquim (coord). – EPE: Rio de Janeiro, 2016

WWF – BRASIL. Desafios e Oportunidades para a energia solar fotovoltaica no Brasil:


recomendações para políticas públicas. 1º edição; Brasília. WWF-Brasil – Fundo Mundial
para a Natureza. 2015

Você também pode gostar