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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE GOIÁS
CÂMPUS ITUMBIARA
BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

REULER CARDOSO PEREIRA

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EXPANSÃO DA ENERGIA SOLAR


FOTOVOLTAICA: UM ESTUDO DOS PRINCIPAIS PROGRAMAS DE
INCENTIVO DA TECNOLOGIA NO BRASIL

Itumbiara
2019
REULER CARDOSO PEREIRA

POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EXPANSÃO DA ENERGIA SOLAR


FOTOVOLTAICA: UM ESTUDO DOS PRINCIPAIS PROGRAMAS DE
INCENTIVO DA TECNOLOGIA NO BRASIL

Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca


examinadora, em cumprimento às exigências legais
como requisito parcial à obtenção do grau de
Bacharel em Engenharia Elétrica no Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás –
Câmpus Itumbiara.

Prof. Dr. Sergio Batista Silva, (IFG) – Orientador


Prof. Dr. Olívio Carlos Nascimento Souto, (IFG)
Prof. Dr. Rui Vagner Rodrigues da Silva, (IFG)

Itumbiara
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P436p
Pereira, Reuler Cardoso
Políticas públicas para expansão da energia solar fotovoltaica: um estudo dos principais
programas de incentivo da tecnologia no Brasil. / Reuler Cardoso Pereira. -- 2019.
74 f. : il.
Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Engenharia Elétrica) - Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus Itumbiara, 2019.
Orientador: Prof. Dr. Sergio Batista Silva

1. Energia solar. 2. Geração de energia fotovoltaica. 3. Políticas. I. Título. II. Silva, Sergio
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

P436p
Pereira, Reuler Cardoso
Políticas públicas para expansão da energia solar fotovoltaica: um estudo
dos principais programas de incentivo da tecnologia no Brasil. / Reuler
Cardoso Pereira. -- 2019.
74 f. : il.
Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Engenharia Elétrica) -
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus
Itumbiara, 2019.
Orientador: Prof. Dr. Sergio Batista Silva

1. Energia solar. 2. Geração de energia fotovoltaica. 3. Políticas. I. Título.


II. Silva, Sergio Batista.

CDD: 621.47

Bibliotecário: Eduardo Pereira Resende CRB/1-3266


POLÍTICAS PÚBLICAS PARA EXPANSÃO DA ENERGIA SOLAR
FOTOVOLTAICA: UM ESTUDO DOS PRINCIPAIS PROGRAMAS DE
INCENTIVO DA TECNOLOGIA NO BRASIL

Trabalho de conclusão de curso apresentado e


aprovado no dia 05 de agosto de 2019 pela comissão
avaliadora constituída pelos professores do
Departamento de Engenharia Elétrica do Instituto
Federal de Goiás, Câmpus Itumbiara:

Prof. Dr. Sergio Batista Silva


Orientador

Prof. Dr. Olívio Carlos Nascimento Souto

Prof. Dr. Rui Vagner Rodrigues da Silva


Itumbiara
2019
Este trabalho é dedicado à minha mãe, meu pai e minha irmã, meus maiores incentivadores e
apoiadores, contribuindo significativamente para que esse momento fosse possível.
AGRADECIMENTOS

À minha mãe Sirlene e ao meu pai Reginaldo pelos sacrifícios diários para que eu
tivesse as melhores condições possíveis de alcançar meus objetivos.
À minha irmã Raiene Sara, por ser um grande exemplo para mim e por todo o apoio
nos momentos difíceis.
Aos amigos e colegas de curso, que sempre estiveram à disposição para me ajudar em
todas as circunstâncias, em especial, ao Felipe Vicente, Eduardo Morais, Rodolfo Bisneto e
Diogo Machado.
Aos professores e funcionários do câmpus, responsáveis por momentos ricos de
aprendizado.
Ao meu orientador Sergio pelo enorme suporte e contribuição para a elaboração deste
trabalho.
Por fim, agradeço a todos que torceram por mim nessa jornada.
“Ninguém cometeu maior engano do
que aquele que não fez nada porque podia
fazer pouco.”
- Edmundo Burke
RESUMO

Nos últimos anos houve um crescimento significativo na geração renovável de energia,


e juntamente com os expressivos progressos tecnológicos, tais ganhos de escala conduziram a
importantes reduções no custo desta energia gerada. Não obstante, muitas fontes renováveis de
energia ainda são consideradas fontes alternativas de energia, com exceção da energia gerada a
partir de grandes hidrelétricas, que já é definida como uma fonte convencional.
Dentre os motivos que levaram à adoção de políticas públicas arrojadas de fomento a
estas fontes em diversos países desenvolvidos, a ANEEL (2010) destaca: diversificação da
matriz energética; redução da dependência de importação de combustíveis fósseis para usinas
térmicas, minimizando o risco de variações abruptas no preço do insumo energético;
comprometimento internacional de adotar medidas para combater o aquecimento global;
cumprimento de metas de redução na emissão de gases de efeito estufa; liderança no
desenvolvimento de tecnologia para produção eficiente de energia elétrica a partir de fontes
eólica, solar, biomassa, maré motriz, geotérmica e outras.
Em razão de seu vasto território e da alta irradiação solar, o Brasil pode ampliar
consideravelmente a participação da fonte solar fotovoltaica em sua matriz energética. Alguns
problemas impedem o país de se transformar em uma potência mundial nesse ramo, como:
carência de indústrias nacionais para fabricação de painéis, políticas públicas de incentivos
eficientes, além do alto custo tecnológico que torna esta fonte menos competitiva.
Nesse contexto, o presente trabalho visa apontar as políticas públicas de incentivo e
subsídios já implantados para a energia solar fotovoltaica no mundo e de forma mais específica,
no Brasil, fazendo uma análise de seus impactos.

Palavras-chave: Energia Solar Fotovoltaica, renovável, políticas públicas.


ABSTRACT

In recent years there was a significant increase in renewable energy generation and,
together with significant technological advances, such scale gains have led to important
reductions in the cost of this generated energy. Nevertheless, many of the renewable sources of
energy are still considered alternative sources of energy, except for the energy generated from
large hydroelectrics, which is already defined as a conventional source.
Among the reasons that led to the adoption of bold public policies to support these
sources in several developed countries, ANEEL (2010) highlights: diversification of the energy
matrix; reducing dependence on imported fossil fuels for thermal plants, minimizing the risk of
abrupt variations in the price of energy input; international commitment to take measures to
combat global warming; compliance with greenhouse gas emission reduction targets;
leadership in the development of technology for efficient production of electric power from
wind, solar, biomass, tidal power, geothermal and other sources.
Due to its vast territory and high solar irradiation, Brazil can considerably increase the
participation of the solar photovoltaic source in its energy matrix. Some problems prevent the
country from becoming a world power in this field, such as the lack of national industries for
the manufacture of panels, efficient incentives public policies, and the high technological cost
that makes this source less competitive.
In this context, the present work aims to point out the public policies of incentives and
subsidies already implemented for photovoltaic solar energy in the world and in a more specific
way, in Brazil, analyzing their impacts.

Keywords: Photovoltaic Solar Energy, renewable, public policies.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Sistema solar fotovoltaico on grid. ...................................................................... 21


Figura 2 – Matriz Elétrica Brasileira. ................................................................................... 23
Figura 3 – Mapa do potencial de geração solar fotovoltaica em termos do rendimento energético
anual para todo o Brasil. ....................................................................................................... 24
Figura 4 – Capacidade instalada do sistema solar fotovoltaico. ............................................. 25
Figura 5 – Dados sobre os Leilões de Geração Centralizada Solar Fotovoltaica no Brasil ..... 38
Figura 6 – Ranking estadual de capacidade instalada do sistema solar fotovoltaico. ............. 39
Figura 7 – Evolução da geração distribuída solar fotovoltaica em Minas Gerais. .................. 42
Figura 8 - Dados da geração distribuída solar fotovoltaica em Minas Gerais por classe de
consumo. ............................................................................................................................. 43
Figura 9 – Capacidade de geração em Minas Gerais. ............................................................ 43
Figura 10 – Evolução da geração distribuída solar fotovoltaica no Rio Grande do Sul. ......... 45
Figura 11 – Evolução da geração distribuída solar fotovoltaica em São Paulo. ..................... 47
Figura 12 – Evolução da geração distribuída em Goiás. ........................................................ 50
Figura 13 – Evolução da geração distribuída solar fotovoltaica em Goiás. ............................ 51
Figura 14 – Ranking da GD por município em Goiás. .......................................................... 51
Figura 15 – Dados da GD por classe de consumo. ................................................................ 52
Figura 16 – Matriz Elétrica de Goiás. ................................................................................... 53
Figura 17 – Mapa de influência do Programa em outros estados. .......................................... 53
Figura 18 – Ranking municipal de capacidade instalada do sistema solar fotovoltaico. ......... 55
Figura 19 – Geração de empregos nas diferentes tecnologias de energia renovável. .............. 56
Figura 20 – Potencial de abatimento de CO2 da geração distribuída solar fotovoltaica. ........ 57
Figura 21 – Potência instalada acumulada (MW) da fonte solar fotovoltaica no Brasil e projeção
para 2019. ............................................................................................................................ 58
Figura 22 – Investimento/Custo Médio da geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil. .. 59
Figura 23 – Evolução da potência instalada da micro e minigeração para a classe de consumo
rural. .................................................................................................................................... 59
Figura 24 – Adição Anual da capacidade das diferentes tecnologias renováveis de energia. . 68
Figura 25 – Evolução da capacidade instalada de energia solar FV no mundo. ..................... 68
Figura 26 – Empregos gerados através das fontes renováveis de energia. ............................. 69
Figura 27 – Evolução da capacidade instalada de energia solar FV por país. ........................ 69
Figura 28 – Evolução do preço no mundo. ........................................................................... 69
Figura 29 – Projeção para a matriz elétrica mundial em 2050. .............................................. 70
Figura 30 – Geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil por classe de consumo. ............ 71
Figura 31 – Projeção para a matriz elétrica brasileira em 2040. ............................................ 71
Figura 32 – Informações sobre a energia solar fotovoltaica no Brasil. .................................. 72
Figura 33 – Reclamações mais frequentes na ouvidoria da ABSOLAR. ............................... 72
Figura 34 – Custo de instalação sem financiamento bancário. .............................................. 73
Figura 35 – Retorno do projeto sem financiamento bancário (em anos). ............................... 73
Figura 36 – Retorno do projeto com financiamento bancário (em anos). ............................... 73
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABSOLAR Associação Brasileira de Energia Solar.


AGEHAB Agência Goiana de Habitação.
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica.
BDMG Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais.
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BRDE Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.
CDHU Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano.
CELESC Centrais Elétricas de Santa Catarina.
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais
CGH Centrais Geradoras Hidrelétricas.
CONFAZ Conselho Nacional de Política Fazendária.
CONFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social.
EEG Erneuerbare-Energien-Gesetz (Lei de Energias Renováveis).
EIA Estudo de Impacto Ambiental.
EPE Empresa de Pesquisa Energética.
FAPEG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás.
FCO Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste.
FIT Feed-in tariff (Tarifa feed-in).
FMHIS Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social.
FRE Fontes renováveis de energia.
FV Fotovoltaico.
GC Geração centralizada.
GD Geração distribuída.
GEE Gases de efeito estufa.
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
IES Instituições de Ensino Superior.
INDC Contribuição Nacionalmente Determinada.
IPI Imposto sobre Produtos Industrializados.
IPTU Imposto Predial e Territorial Urbano.
ISSQN Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza.
ITBI Imposto de Transmissão de Bens Imóveis.
JNNSM Missão Solar Nacional de Jawaharlal Nehru.
LCD Light emitting diode (Diodo emissor de luz).
MCTIC Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
MME Ministério de Minas e Energia.
ONG Organização não governamental.
ONU Organização das Nações Unidas.
PADIS Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de
Semicondutores.
PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público.
PCH Pequenas Centrais Hidrelétricas.
P&D Pesquisa e Desenvolvimento.
PIB Produto interno bruto.
PIS Programa de Integração Social.
PRODEEM Programa de Desenvolvimento Energéticos de Estados e Municípios.
ProGD Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia Elétrica.
PURPA Public Utilities Regulatory Policy Act (Lei de Regulamentação de Serviços
Públicos).
REAP Rural Energy for America Program (Programa Energia Rural para a América).
REC Renewable Energy Credits (Créditos de Energia Renovável).
REIDI Regime Especial de Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura.
REN21 Renewable Energy Policy Network for the 21st Century (Rede de Políticas de
Energia Renovável para o Século XXI).
REPI Renewable Energy Production Incentive (Incentivo à Produção de Energia
Renovável).
RIMA Relatório de Impacto Ambiental.
RPS Renewable Portfolio Standard (Portfólio de Energia Renovável).
SBC System Benefit Charges (Encargos de Benefícios ao Sistema).
SECIMA Secretaria de Meio Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e
Assuntos Metropolitanos.
SFCR Sistemas fotovoltaicos conectados à rede.
SIN Sistema Interligado Nacional.
TUSD Tarifas de Uso dos Sistemas de Distribuição.
TUST Tarifas de Uso dos Sistemas de Transmissão.
SUMÁRIO

Agradecimentos ..................................................................................................................... 7

Resumo .................................................................................................................................. 9

Abstract ............................................................................................................................... 10

Lista de ilustrações............................................................................................................... 11

Sumário ............................................................................................................................... 15

Capítulo 1 ............................................................................................................................ 17

Introdução............................................................................................................................ 17

1.1 Considerações iniciais ................................................................................... 17

1.2 Estrutura do trabalho ..................................................................................... 19

Capítulo 2 ............................................................................................................................ 20

Energia Solar Fotovoltaica ................................................................................................... 20

2.1 Sistema fotovoltaico ..................................................................................... 22

2.1.1 Sistemas autônomos ou isolados (off grid) ............................................. 22

2.1.2 Sistemas conectados à rede (on grid) ...................................................... 22

2.1.3 Sistemas Híbridos .................................................................................. 22

2.2 Potencial energético ...................................................................................... 22

Capítulo 3 ............................................................................................................................ 26

Políticas Públicas no mundo ................................................................................................. 26

3.1 China ............................................................................................................ 27

3.2 Estados unidos .............................................................................................. 28

3.3 Japão ............................................................................................................ 30

3.4 Alemanha ..................................................................................................... 32

3.5 Índia ............................................................................................................. 33

3.6 Itália ............................................................................................................. 34

Capítulo 4 ............................................................................................................................ 36

Políticas Públicas no Brasil .................................................................................................. 36


4.1 Esforços estaduais......................................................................................... 39

4.1.1 O estado de Minas Gerais....................................................................... 41

4.1.2 O estado do Rio Grande do Sul .............................................................. 44

4.1.3 O estado de São Paulo ............................................................................ 45

4.1.4 O estado de Goiás .................................................................................. 47

4.2 Esforços municipais ...................................................................................... 54

Capítulo 5 ............................................................................................................................ 56

Os impactos das Políticas Públicas no Brasil ........................................................................ 56

Capítulo 6 ............................................................................................................................ 61

Considerações finais ............................................................................................................ 61

Referências .......................................................................................................................... 63

APÊNDICE A – DADOS DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO MUNDO .......... 68

APÊNDICE B – DADOS DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO BRASIL ........... 71


CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

A maior parte da geração de energia no mundo advém de combustíveis fosseis e não


renováveis. Dentre os principais desafios para o século XXI, a Organização das Nações Unidas
destaca a erradicação da pobreza e o combate às mudanças climáticas [1]. O setor de geração
de eletricidade e calor é o maior responsável pela emissão de gases de efeito estufa, seguido por
transporte e indústria [2].
Nesse contexto, a atuação no combate às mudanças climáticas deve iniciar-se pelo
reconhecimento de que a emissão de gases de efeito estufa é uma falha de mercado [3] e,
portanto, requer a atuação do Estado no estabelecimento de políticas públicas que possam tentar
corrigir essa externalidade negativa. Assim sendo, diversos países têm adotado formas
regulatórias de incentivo à produção de energia proveniente de fontes com baixo impacto
ambiental e, principalmente, renováveis [4].
Dentre estas fontes, a geração de energia elétrica a partir de sistemas fotovoltaicos
conectados à rede (SFCR) se destaca devido à elevada taxa de crescimento dos últimos anos;
pelas expressivas reduções de preço e por ser uma das tecnologias chave para a geração
descentralizada de energia elétrica em áreas remotas. A presença de pequenos geradores
próximos às cargas, situação em que se enquadra a geração distribuída (GD) a partir de SFCR,
proporciona diversos benefícios para o sistema elétrico, dentre os quais se destaca: postergação
de investimentos em expansão nos sistemas de distribuição e de transmissão; baixo impacto
ambiental; menor tempo de implantação; redução no carregamento das redes; redução de
perdas; melhoria do nível de tensão da rede no período de carga pesada; provimento de serviços
ancilares, como a geração de energia reativa; aumento da confiabilidade do atendimento, pois
pode permitir a operação ilhada das cargas em caso de falhas nos sistemas de distribuição; e
diversificação da matriz energética [5].
Os painéis fotovoltaicos são formados por um conjunto de células fotovoltaicas e
podem ser interconectados de forma a permitir a montagem de arranjos modulares que, em
conjunto, podem aumentar a capacidade de geração de energia elétrica. Cerca de 80% das
células fotovoltaicas são fabricadas a partir do silício cristalino; 20% utilizam filmes finos. Por

17
sua vez, o silício cristalino é obtido a partir do quartzo, que deve ser purificado até o grau solar,
que exige 99,9999% de pureza. O Brasil possui jazidas de quartzo de alta pureza, mas ainda
não desenvolveu a tecnologia necessária para obter silício com grau solar.
Em razão de seu vasto território e da alta irradiação solar, o Brasil pode ampliar
consideravelmente a participação da fonte solar fotovoltaica em sua matriz energética. A
Empresa de Pesquisa Energética (EPE) do Ministério de Minas e Energia (MME) estima que o
equivalente a todo o consumo de energia elétrica de 2011 poderia ser gerado com 2.400 km² de
painéis fotovoltaicos, o que corresponde a menos de 0,03% do território nacional. Somente no
segmento residencial, com sistemas solares instalados nos telhados das residências seria
possível gerar o equivalente a 165 GW. O Brasil tem potencial para gerar dezenas de milhares
de GWh de energia solar, muito mais que a soma de todas as demais fontes juntas.
Segundo dados da EPE (2017), a região Nordeste apresenta a maior participação da
energia solar fotovoltaica na geração de eletricidade total originada de energia renovável. Em
segundo lugar aparece a região Sudeste e em sequência, as regiões Sul, Centro-Oeste e Norte.
Efetuando um recorte para os estados da região Centro-Oeste, todos apresentam praticamente
a mesma participação, aproximadamente 25%. No estado de Goiás, as principais fontes
renováveis de produção de eletricidade são: bagaço de cana que apresenta 51,5%, hidráulica
com 40% e solar fotovoltaica com 25%.
Três fatores, na avaliação de especialistas do setor, são determinantes para o
desenvolvimento da energia solar. O primeiro é o potencial teórico, revelando que a radiação
do sol que chega à Terra é milhares de vezes maior que a demanda de toda a população do
planeta. Outro fator preponderante é de ordem técnica, que indica a existência de tecnologia
para aproveitar a energia solar de forma muito expressiva. E, por fim, existe o fator econômico
– custo da tecnologia [6].
O Brasil possui legislações que favorecem o avanço da energia solar fotovoltaica,
embora não sejam suficientes para contemplar grande parte da nossa capacidade. Para que essa
tecnologia se torne mais competitiva, é necessário desenvolver políticas públicas para o
desenvolvimento de pesquisa, inovação e desenvolvimento tecnológico, redução de custos,
acesso facilitado à créditos e isenções, redução de burocracia e encargos.
O objetivo do presente trabalho é relatar, investigar e avaliar as políticas públicas
existentes, na perspectiva de encontrar mecanismos e experiências que possam ser adaptadas e
aplicadas no país para a viabilização da fonte solar fotovoltaica.

18
1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho está organizado conforme descrito abaixo:


• Capítulo 1 - Introdução.
• Capítulo 2 – Energia Solar Fotovoltaica.
• Capítulo 3 – Políticas Públicas no Mundo.
• Capítulo 4 – Políticas Públicas no Brasil.
• Capítulo 5 – Impactos das Políticas Públicas no Brasil.
• Capítulo 6 - Considerações Finais.
• Referências.
• Apêndice A – Dados da energia solar fotovoltaica no mundo.
• Apêndice B – Dados da energia solar fotovoltaica no Brasil.

O capítulo 2 apresenta as características, funções, potencial, vantagens e desvantagens


da Energia Solar Fotovoltaica, fazendo uma análise da matriz energética mundial.
O capítulo 3 descreve as principais políticas públicas para expansão da geração de
energia elétrica através do sistema solar fotovoltaico no mundo, os agentes envolvidos, contexto
histórico e outras ações que contribuíram para tal.
O capítulo 4 descreve as principais políticas públicas existentes no Brasil, criadas
através dos esforços dos governos Federal, Estaduais e Municipais.
O capítulo 5 exibe os efeitos das ações governamentais para a expansão da geração
solar fotovoltaica, nas esferas sociais, econômicas e ambientais.
O capítulo 6 apresenta as considerações finais sobre o trabalho.

19
CAPÍTULO 2

ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Ao se tratar de produção de energia elétrica, existem dois conceitos importantes a


serem observados: a geração centralizada e a geração distribuída. São duas expressões
designadas para descrever a forma como a geração elétrica é realizada. A geração centralizada
(GC) é a mais tradicional, consistindo na utilização de grandes fontes geradoras para se produzir
energia elétrica que chega ao consumidor final através de complexos sistemas de transmissão e
distribuição. No Brasil, predomina o uso de grandes usinas hidrelétricas e, em menor escala,
termelétricas [7].
Por outro lado, a geração distribuída (GD) é caracterizada por uma fonte de geração
energia elétrica que se conecta diretamente à rede de distribuição ou está situada no próprio
consumidor. No Brasil, a definição de GD foi estabelecida pelo Decreto de Lei nº 5.163 em
2004, posteriormente atualizado em 2017. De tal forma, considera-se GD quando há produção
de energia elétrica proveniente de empreendimentos de agentes concessionários,
permissionários ou autorizados, conectados diretamente no sistema elétrico de distribuição do
comprador. Ficam excluídos dessa definição sistemas hidrelétricos com capacidade instalada
acima de 30 MW e sistemas termelétricos, incluindo os de cogeração, com eficiência energética
inferior a 75% [7].
Converter energia solar em energia elétrica por instalações fotovoltaicas é a maneira
mais reconhecida de usar a energia solar. Como as células solares fotovoltaicas são dispositivos
semicondutores, elas têm muito em comum com as técnicas de processamento e produção de
outros dispositivos semicondutores, como computadores e chips de memória. Como é bem
conhecido, os requisitos para pureza e controle de qualidade dos dispositivos semicondutores
são bastante grandes.
Com a produção de hoje, que atingiu uma larga escala, toda a produção industrial de
células solares foi desenvolvida e, devido ao baixo custo de produção, está localizada
principalmente no Extremo Oriente. As células fotovoltaicas produzidas pela maioria dos
maiores produtores de hoje são feitas principalmente de silício cristalino como material
semicondutor, podendo ser constituídas de cristais monocristalinos, policristalinos ou de silício
amorfo [8].
O efeito fotovoltaico foi observado pela primeira vez em 1839 pelo físico francês
Edmund Becquerel, onde notou-se o aparecimento de uma tensão entre os eletrodos de solução

20
condutora, quando esta era iluminada pela luz solar. Quando a luz solar atinge uma célula
fotovoltaica, ela produz uma pequena corrente elétrica. Essa corrente é recolhida por fios
ligados à célula, e transferida para os demais componentes do sistema, sendo assim, quanto
mais células fotovoltaicas são ligadas em série ou em paralelo, maior a corrente e tensão
produzidas [9].
Os painéis solares, ou módulos, são os principais componentes do sistema fotovoltaico
de geração de energia. Estes são formados por um conjunto de células fotovoltaicas associadas,
eletricamente, em série e/ou paralelo, dependendo das tensões e/ou correntes determinadas em
projeto. O conjunto destes módulos é chamado de gerador fotovoltaico e constituem a primeira
parte do sistema, ou seja, são os responsáveis no processo de captação da irradiação solar e a
sua transformação em energia elétrica [10].
A figura 1 representa um diagrama elétrico de um sistema solar fotovoltaico on grid.

Figura 1 – Sistema solar fotovoltaico on grid.

Fonte: [11].

As células solares, inicialmente, utilizadas para fornecer eletricidades a satélites em


órbita da Terra, foram ainda mais reconhecidas, e sua utilização expandida, após a crise do
petróleo, nos anos 70, visto que, houve redução nos custos de produção. Em decorrer disso,
começaram a utilizar como substituto para o fornecimento de eletricidade em locais distantes
da rede elétrica. Ainda, grandes esforços foram feitos no desenvolvimento de células solares
para uso comercial em residências.

21
Foram desenvolvidos sistemas isolados (off grid), bem como sistemas conectados à
rede (on grid).

2.1 SISTEMA FOTOVOLTAICO

2.1.1 SISTEMAS AUTÔNOMOS OU ISOLADOS (OFF GRID)

São sistemas que não dependem da rede elétrica convencional para funcionar, sendo
possível sua utilização em localidades carentes de rede de distribuição elétrica. Existem dois
tipos de autônomos: com armazenamento e sem armazenamento. O primeiro pode ser utilizado
em carregamento de baterias de veículos elétricos, em iluminação pública e, até mesmo, em
pequenos aparelhos portáteis. Enquanto o segundo, além de ser frequentemente utilizado em
bombeamento de água, apresenta maior viabilidade econômica, já que não utiliza instrumentos
para o armazenamento de energia [10].

2.1.2 SISTEMAS CONECTADOS À REDE (ON GRID)

São aqueles que trabalham concomitantemente à rede elétrica da distribuidora de


energia. De forma sucinta, o painel fotovoltaico gera energia elétrica em corrente contínua e,
após convertê-la para corrente alternada, é injetada na rede de energia elétrica. Tal conversão
se dá pela utilização do inversor de frequência, que realiza a interface entre o painel e a rede
elétrica [10].

2.1.3 SISTEMAS HÍBRIDOS

A associação de sistemas fotovoltaicos com demais fontes de energia fundamenta-se


no sistema híbrido. O seu maior benefício é proporcionar eletricidade (armazenada nas
baterias), na privação de sol, ou seja, em dias de baixa, ou nenhuma, geração. No entanto, é
apontado como um sistema complexo, já que necessita integrar diversas formas de produção de
energia elétrica, como motores à diesel ou gás, ou por geradores eólicos [10].

2.2 POTENCIAL ENERGÉTICO

No Brasil, segundo a EPE (2017), houve um avanço na oferta interna de energia


elétrica de 4,6 TWh (0,7%) em relação a 2016. Devido às condições hidrológicas desfavoráveis,

22
houve redução de 3,4% da energia hidráulica disponibilizada em relação ao ano anterior. Apesar
da menor oferta hídrica, a participação de renováveis na matriz elétrica atingiu 80,4% em 2017,
fato explicado pelo avanço da geração eólica.
A energia solar fotovoltaica teve destaque na expansão da micro e minigeração
distribuída, com 165,9 GWh e 174,5 MW de geração e potência instalada respectivamente.

Figura 2 – Matriz Elétrica Brasileira.

Fonte: [12].

Como ilustrado na figura 2, mais de 60% da matriz elétrica brasileira é oriunda da


energia hidráulica, contribuindo significativamente para que o país ocupe lugar de destaque
mundial em produção de energia limpa.
Diante da preocupação em conseguir uma maior segurança à oferta de energia, nos dias
atuais o que se busca é a autossuficiência em geração de energia, aliada a uma possível
diversificação da matriz energética, isto é, a procura por diferentes fontes de energias
alternativas que possam suprir a demanda do país [13].
Apesar da sua alta taxa de crescimento em relação ao ano anterior, a energia fotovoltaica
ainda não possui valores muito significativos quando comparada as outras fontes de energia
renovável.
Ao se estudar as razões para a energia solar fotovoltaica não ter deslanchado no país,
nota-se que não é uma questão de pouco potencial. É justamente contrário, tem um potencial
pouquíssimo explorado. O Brasil é um dos países com os maiores índices de incidência solar
do mundo tendo a capacidade de gerar anualmente de 1200 KWh/m² a 2400 KWh/m² por fonte
solar [7].

23
O mapa da figura 3 mostra o rendimento energético anual máximo (medido em kWh de
energia elétrica gerada por ano para cada kWp de potência fotovoltaica instalada) em todo o
território nacional, tanto para usinas de grande porte centralizadas e instaladas em solo, como
para a geração fotovoltaica distribuída integrada em telhados e coberturas de edificações.

Figura 3 – Mapa do potencial de geração solar fotovoltaica em termos do rendimento energético anual
para todo o Brasil.

Fonte: [14].

A taxa de crescimento da energia solar fotovoltaica mundial em 2017, em termos de


capacidade adicionada, foi maior do que de qualquer outro tipo de tecnologia de geração de
energia. Os principais países que contribuíram para essa expansão foram China, Estados
Unidos, Índia, Japão e Turquia.
A figura 4 apresenta os 10 países com maiores capacidades instaladas do sistema solar
fotovoltaico e os respectivos valores, além dos aumentos em relação ao ano anterior. O Brasil,
conforme dados da ABSOLAR (Associação Brasileira de Energia Solar) (2019), possuía, no
início do mês de junho capacidade instalada de energia solar fotovoltaica, incluindo a micro e
minigeração distribuídas, de 2,9 GW.

24
Figura 4 – Capacidade instalada do sistema solar fotovoltaico.

Fonte: [15].

Apesar da geração distribuída estar finalmente começando a crescer no País, o Brasil


permanece muito atrasado em relação ao mundo. A geração distribuída solar fotovoltaica trouxe
maior liberdade de escolha a menos de 75 mil de um universo de mais de 84 milhões de
consumidores cativos atendidos pelas distribuidoras, universo este que cresce a uma taxa de 1,8
milhões de novos consumidores por ano [16].

25
CAPÍTULO 3

POLÍTICAS PÚBLICAS NO MUNDO

O Estado, para exercer suas atividades, pode intervir no mercado de energia elétrica
por três formas distintas, quais sejam: na formulação de políticas energéticas; na definição do
planejamento energético e na regulação dos mercados de energia. Através de políticas públicas,
o governo sinaliza à sociedade as suas prioridades e diretrizes para o desenvolvimento do setor
energético. As diretrizes podem visar somente orientar os agentes do setor, podendo se utilizar,
para esta finalidade, incentivos financeiros (fiscais, creditícios ou tarifários) para aumentar a
sua eficácia, ou, então, a sua aplicação pode ser compulsória. Neste último caso, as diretrizes
precisam ser formuladas na forma de leis, decretos, portarias ou resoluções de órgãos
governamentais [17].
Atualmente, os principais mecanismos aplicados no mundo de incentivo a utilização das
fontes renováveis de energia são: sistema feed-in, sistema de leilão e sistema de cotas.
No Sistema Feed-In as empresas de energia são obrigadas a comprar, totalmente ou
parcialmente, a energia elétrica gerada a partir de fontes renováveis remunerando o produtor
pelo valor que é estipulado pelo governo através de tarifas especiais, também chamadas de
Preços Premium (Premium Prices), normalmente diferenciadas por banda tecnológica. Essas
tarifas, mais elevadas que as provenientes de fontes tradicionais em cada país, são custeadas
por todos os consumidores de energia elétrica. Além disso, elas são revisadas ao longo de um
período estipulado, sendo previsto ainda, em alguns casos, uma redução gradual do seu valor,
com o objetivo de incentivar a busca pela eficiência e pelo desenvolvimento tecnológico [18].
No sistema de leilão são definidas reservas de mercado para um montante de fontes
alternativas de energia renovável por um órgão regulador, em seguida, é organizado um
processo de disputa pelos direitos de fornecimento do montante previamente reservado. As
concessionárias de energia são obrigadas então, a pagar aos produtores participantes do leilão,
a tarifa definida no mesmo [19]. Isso significa que as propostas com menores valores vencem,
até que se atinja a quantia de energia a ser contratada.
Já o sistema de cotas é baseado em definir uma cota de toda a energia elétrica vendida
pelas empresas de energia (concessionárias distribuidoras) em um mercado deva ser gerada por
fontes alternativas de energia renovável. Existem duas possibilidades nesse sistema, a primeira
é a de gerar a quantidade de energia definido como a sua cota ou comprando certificados verdes
para uma quantidade de energia comprada de um gerador específico ou de outras operadoras

26
que apresentem um excedente de geração. De uma forma geral, os certificados verdes são
emitidos por geradores através de duas possibilidades: pela venda no mercado específico de
certificados verdes ou vendendo-os entre os geradores pelo preço de mercado [19].
Uma outra política comumente adotada é o sistema de compensação (net metering).
Nesse sistema, o usuário pode compensar parte ou total do consumo através da geração
distribuída de eletricidade por fontes renováveis de energia. Um medidor de energia
bidirecional é utilizado para mostrar o saldo líquido, ou seja, a diferença entre a energia elétrica
gerada e consumida.
A partir de agora, serão apresentadas outras ações, metas e planos governamentais e os
fatores influenciadores dos principais países para acelerar o investimento, a inovação e o uso
de opções tecnológicas inteligentes, eficientes, resilientes e ambientalmente saudáveis, em
especial, da solar fotovoltaica.

3.1 CHINA

A política de abertura externa iniciada nos anos 1970 visava, além de modernizar a
economia chinesa, superar anos de afastamento do restante do mundo. O ingresso na
Organização das Nações Unidas (ONU) juntamente com a abertura econômica conduzida por
Deng Xiaoping permitiu à China avanços significativos no índice de exportações, captação de
investimentos. A China fez avanços significativos na redução de sua intensidade de uso dos
recursos energéticos entre 1980 e 2010, sua economia cresceu 18 vezes, mas seu consumo de
energia aumentou apenas cinco vezes [20].
Em 2003 foi implantada uma política que contribuiu muito para a expansão da energia
renovável, a Preferential Tax Policies for Renewable Energy. Esta passou por algumas
alterações durante o decorrer dos anos, possibilitando a redução de imposto de renda em
investimentos em conservação de energia e fontes renováveis, além da isenção de impostos para
produtores e consumidores de energia renovável, assim como a redução de tarifas de importação
de equipamentos.
Três anos depois, foi promulgada a Lei de Energias Renováveis, que estabeleceu a
utilização do mecanismo de tarifa feed-in (FIT), privilegiando as fontes fotovoltaicas e eólica.
A cada ano que se passava, a China se consolidava, como o país com maior emissão
absoluta de gás CO2, grande responsável pelo efeito estufa. E em 2009, a Conferência de
Copenhague (COP15) foi marcada pelo compromisso que a China assumiu perante o mundo
com a redução das emissões de CO2. A sua meta declarada foi de uma redução de CO2 por
27
unidade de PIB de 40% a 45% até 2020, em relação aos níveis de 2005. O seu plano para atingir
o resultado é através do aumento de 15% das fontes de energia não fósseis na sua matriz
energética. Com essa ambiciosa meta, a China atende às expectativas internacionais e à visão
de longo prazo para seu planejamento econômico e social [21].
Perante o acordo, uma série de políticas de mercado foram impostas, além da criação
do programa “Golden Sun” e projetos em grande escala na grade de tarifas FIT. Pode-se
destacar medidas como redução na aquisição do sistema de geração fotovoltaica diretamente
dos fabricantes, sendo 50% para aplicação na cidade e 70% na zona rural, concessão aos
fabricantes de empréstimos e créditos por bancos estatais a juros reduzidos, redução de
impostos, apoio orçamentário a pesquisa e desenvolvimento para instituições de ensino e
empresas. A utilização de todas essas ferramentas governamentais, em massa, viabilizou o
progresso da geração fotovoltaica na China.
Em 2016, vários projetos não foram executados, por conta de corte tarifário, seguido
por um atraso no segundo semestre do ano, uma taxa robusta de novas instalações foi mantida
ao longo de 2017, ano que houve um anúncio de grandes investimentos em energia renovável
até 2020 e a desistência de construir usinas térmicas a base de carvão.
A partir do segundo semestre de 2017, diante de um ajuste de FIT e vários incentivos
provinciais e locais, a China superou todas as expectativas, adicionando mais capacidade
fotovoltaica solar (quase 53,1 GW) do que foi adicionado mundialmente em 2015 (51 GW),
podendo ser visualizado pela figura 4, superando a meta mínima do governo para 2020. Pela
primeira vez, a energia solar fotovoltaica foi a principal fonte de energia elétrica da China.
Como a China domina a produção global de células e módulos fotovoltaicos,
respondendo por mais da metade da demanda e fabricação global, os desenvolvimentos podem
ter um impacto de longo alcance no setor de energia solar fotovoltaica.
Além de todo o investimento interno, há aplicação de capital de cerca de US$ 32
bilhões (mais do que qualquer outro país) em renováveis no exterior, onde empresas chinesas
de primeira linha assumem cada vez mais a liderança em cadeias de valor mundiais de energia
renovável, como a State Grid [20].

3.2 ESTADOS UNIDOS

Nos Estados Unidos são observadas importantes diferenças nas políticas dos estados.
Além disso, há uma intensa gama de incentivos financeiros, políticos, regulatórios, bem como
normas de conexão à rede, exigências para construções verdes e certificação de equipamentos,
28
entre outras regras, que têm incentivado o desenvolvimento das fontes renováveis no País. Esses
incentivos têm sido definidos a nível federal, estadual, local, ou por concessionárias, e, devido
a essa autonomia entre instituições, se observa em vários estados uma concomitância de
mecanismos utilizados.
O primeiro programa federal que impôs às concessionárias de energia elétrica a
produção ou compra de energia renovável para oferta aos consumidores finais, iniciado em
1978, foi o Public Utilities Regulatory Policy Act (PURPA), trazendo a primeira forma de tarifa
feed in estabelecida no mundo. Através deste programa, os Estados Unidos passaram a gerar
120000 MW de energia renovável.
Após muitos anos de decadência no setor energético renovável, o mercado começou a
ser modificado a partir de 2005, quando o presidente Bush criou de alguns mecanismos de
incentivo, como: Crédito de 30%, incluindo todas as tecnologias de energia solar, por dois
anos; crédito energético solar de 30%, durante 2 anos, para sistemas residenciais.
Em outro momento, já em 2016, dois importantes programas foram criados, os
californianos Million Solar Roofs Plan ou Senate Bill 1 (SB1) com o objetivo de instalar
telhados solares e o California Solar Initiative para oferecer descontos nos sistemas FV.
Outros mecanismos regulatórios utilizados em grande parte dos Estados unidos são:
Renewable Portfolio Standard (RPS), System Benefit Charges (SBC)/Public Benefit Funds,
Green Marketing, Renewable Energy Production Incentive (REPI), Rural Energy for America
Program (REAP), net metering.
O RPS é um programa do governo federal que autoriza os legisladores e/ou
reguladores estaduais a determinar que certa porcentagem de energia fornecida aos
consumidores deve ser provinda de fontes renováveis dentro de sua jurisdição. Esta pode ser
atendida através do fornecimento direto de energia a partir de fontes renováveis, ou através da
compra de energia renovável de produtores independentes, usando para isso os Renewable
Energy Credits (RECs) que servem como créditos no mercado, indicando que a energia
comprada provém de fontes alternativas. Os RECs são fornecidos na proporção de 1MW =
1REC [18].
O SBC corresponde a uma pequena taxa adicionada à conta de eletricidade do
consumidor, utilizada para financiar programas de caráter público, como assistência energética
a consumidores de baixa renda, eficiência energética e energia renovável [18].
O Green Marketing que consiste na compra voluntária de energia elétrica de origem
renovável pelos consumidores através de um acréscimo na tarifa por este serviço

29
O Renewable Energy Production Incentive (REPI) oferece incentivos financeiros para
a eletricidade renovável produzida nos primeiros 10 anos de funcionamento do
empreendimento, e o pagamento é feito por kWh gerado [18].
O REAP promove investimento em projetos de eficiência energética e fontes
renováveis para produtores agrícolas e pequenos negócios rurais.
E, por fim, o net metering, sistema de compensação da energia gerada com o consumo
da unidade. Vale dizer que, cada estado adota as regras gerais como a autorização, tamanho
máximo dos sistemas residenciais e formas de valoração da energia excedente.
As políticas de cotas e certificados simples não foram suficientes para aumentar a
competitividade da geração fotovoltaica diante das outras fontes renováveis. Diante desse
cenário, criou-se um mercado específico para certificados provenientes de geração fotovoltaica.
Em destaque no país, temos as políticas públicas aplicadas no Estado da Califórnia,
tornando-o uma referência mundial em termos de difusão da energia solar, de redução da
emissão de GEE e crescimento econômico.
Além das metas estabelecidas no programa RPS californiano, que foi de 33% de
energia a partir de fontes renováveis até o ano de 2020 e de 50% até 2030, as metas ambientais
ambiciosas (California’s Renewables Portfolio Standard e California’s Greenhouse Gas
Emissions Performance Standard), as políticas públicas estaduais baseadas em incentivos
fiscais e subsídios governamentais (California Solar Initiative e Net Energy Metering), a
viabilização através dos incentivos fiscais de um modelo de financiamento que possibilita aos
consumidores a instalação de painéis solares sem necessidade de aporte inicial de capital
(financiamento third-party) e a redução da burocracia envolvida para emissão das licenças
necessárias à instalação de painéis solares residenciais (Expedited Solar Permitting Act) foram
principais causas da rápida difusão da geração solar [22].

3.3 JAPÃO

O país tem a terceira maior capacidade instalada de geração de energia elétrica do


mundo. O pequeno arquipélago do Pacífico Norte está atrás apenas da China e dos Estados
Unidos e é um dos cinco países com maior capacidade de geração de energia renovável sem
incluir a energia hidrelétrica. Apesar das adversidades, o país implementou várias políticas e
mecanismos de incentivos para que a geração de energia solar fotovoltaica levasse-o para esse
patamar [20].

30
O desenvolvimento de tecnologias renováveis de energia deu início no Japão após duas
crises de petróleo, principal fonte na década de 70. Com o objetivo de diminuir a dependência
dessa fonte de energia, lançou-se o Programa Luz do Sol para diversificação da matriz
energética.
Porém, foi em 1980 que governo intensificou os esforços através da Lei de Energia
Alternativa, com um orçamento da ordem de 6 bilhões de dólares para o desenvolvimento da
tecnologia solar fotovoltaica. E, alguns anos depois, iniciou-se a criação da indústria
fotovoltaica local e do mercado interno.
Outros programas importantes implementados foram: Criação do mecanismo de
incentivo baseado no Net Metering (1992), obrigando todas as concessionárias a comprarem o
excedente a um preço mínimo de varejo, o Residential PV System Dissemination Programme
(1994), com subsídios do custo da instalação de até 50%.
Já para as empresas, para acelerar a nova energia junto a empreendedores privados,
criou o Projeto de Subsídio Financeiro para Empreendedores (1997) e o Projeto do Campo de
Provas para uso Industrial (1998), com subsídio de 50% da instalação. Em 2000 lançou o
Projeto de Introdução e Promoção da Nova Energia em Nível Regional e o Programa de Apoio
para Deter o Aquecimento Global (2001) [21].
Após uma redução de instalações, em decorrência da diminuição de investimentos do
governo, em 2012, de acordo com Hahn (2014), o Japão deu um novo salto na capacidade de
geração de energia solar fotovoltaica devido principalmente a generoso mecanismo feed-in-
tariff criado pelo governo japonês. O marco legal obrigava as utilities a comprar a energia
produzida de fontes renováveis pagando tarifas-prêmio estabelecidas. Considerando os fortes
impactos tarifários nos consumidores, o governo japonês adotou medida de redução do
pagamento pelos grandes consumidores industriais, de forma a preservar a competitividade da
indústria japonesa [23].
De acordo com o relatório produzido pela REN21 e ilustrado na figura 4, o mercado do
Japão contraiu (em 13%) pelo segundo ano consecutivo, mas ainda ficou em quarto lugar
globalmente para adições, com uma estimativa de 7 GW instalados para uma capacidade total
superior a 49 GW. Os sistemas residenciais no Japão também caíram pelo quarto ano
consecutivo, mas representaram cerca de 1,1 GW de novas instalações. O interesse nas opções
residenciais de armazenamento solar continuou a aumentar, com uma estimativa de 25.000
sistemas instalados em 2017. O número de projetos fotovoltaicos comunitários também
aumentou durante o ano, com capacidade total quase duplicando para 86 MW, acima dos 45

31
MW em 2016. Para todo o Japão, a energia solar fotovoltaica representou cerca de 5,7% da
geração total de eletricidade em 2017, acima dos 4,8% em 2016 e de 2,7% em 2015.
O Japão, ainda, lidera o número de usinas flutuantes, devido em parte à política de FIT
do país, combinada com o telhado e espaço limitados para sistemas fotovoltaicos solares.

3.4 ALEMANHA

O movimento da opinião pública na segunda metade da década de 1980 fez a grande


diferença junto aos parlamentares alemães por mudanças na matriz energética do país, na qual
a energia nuclear e a base de carvão mineral eram predominantes. Isso se deu devido ao desastre
de Chernobyl em 1986, a morte das florestas devido à chuva ácida, causada em grande parte
pelo carvão, e ao surgimento da mudança climática como uma questão política [21].
Em 1990 o governo alemão estabeleceu uma nova lei energética de modo a permitir
compensações aos geradores de energia por FRE através do mecanismo feed-in. A partir disso,
a energia eólica ganhou destaque em relação a energia fotovoltaica, em especial, pelo seu menor
custo. Um ano depois, a Alemanha inseriu a energia FV no seu mercado energético através do
Programa 1.000 Telhados, garantindo o financiamento de 60-79% das instalações.
Com um mercado ainda pequeno, as indústrias de células solares permaneciam
receosas para realizarem grandes investimentos, até que o Programa de 100.000 Telhados foi
aprovado, sendo subsidiado através de empréstimos ao investidor com juros baixos.
Segundo Jacobsson e Lauber (2004), a revisão do feed-in gerou o Renewable Energy
Sources Act (EEG), em 2000. Nessa revisão, foi determinado que a geração por FRE fosse
distribuída entre todas as concessionárias, com base no total de energia elétrica vendida,
assegurando assim que nenhuma região fosse sobrecarregada. Essa revisão também determinou
pagamentos por kWh específicos para cada FRE, baseado nos custos reais de geração. Com
base nessa Lei, as tarifas foram garantidas por um período de 20 anos (na antiga Feed-in Law,
não havia garantia de tempo para o pagamento das tarifas) [24].
De acordo com Grau, Huo e Neuhoff (2012), os incentivos dados pelo
governo alemão para o uso da energia fotovoltaica foram: apoio ao investimento para fábricas
na Alemanha; subsídios e incentivos em dinheiro; doação em dinheiro – Programa Tarefa
Conjunta; subsídio de investimento; empréstimos a juros reduzidos pelo banco de
desenvolvimento alemão KfW a nível nacional, pelos bancos estaduais de desenvolvimento,
através de mercado de capitais pelas garantias públicas, através de financiamento para P&D
(Pesquisa e Desenvolvimento) pelo Ministério Federal do Ambiente, Conservação da Natureza
e Segurança Nuclear e Ministério Federal da Educação e Pesquisa. Além disso, os autores
32
afirmam que o acelerado desenvolvimento da tecnologia fotovoltaica nas últimas décadas
reduziu o preço do sistema em 52% entre os anos 2006 e 2011, entretanto a maioria dos novos
investimentos no setor fotovoltaico ainda é obtida por meio do apoio governamental [21].

3.5 ÍNDIA

A Índia foi o segundo maior mercado da Ásia no ano passado, acrescentando 10,8 GW,
totalizando cerca de 32,9 GW, ultrapassando a Itália em capacidade instalada de energia solar
fotovoltaica. Entre 2014 e 2018, a Índia aumentou sua capacidade de geração solar em oito
vezes, um feito considerado impossível por muitos céticos no Ocidente.
Em 2010, o Governo da Índia lançou a Missão Solar Nacional de Jawaharlal Nehru
(JNNSM) com o objetivo de expandir a capacidade solar conectada à rede da Índia, para 20
GW até 2022. Logo em seguida, introduziu um mercado comercializável de créditos de geração
de energia solar (REC) para fornecer um mecanismo de mercado entre estados para permitir
que as obrigações de geração de energia renovável sejam cumpridas.
Do ponto de vista da formação de mercado, o foco da JNNSM fase 1 (2011-2013) foi
em grande parte em projetos conectados à rede. Para atingir a meta de 500 MW de FV, o
governo realizou leilões reversos em dois lotes. O processo de licitação ofereceu tarifas feed-in
e contratos de compra de energia de longo prazo. Projetos constituindo uma capacidade de 150
MW no lote 1 e constituindo 350 MW no lote 2 foram distribuídos [25].
Além das iniciativas em nível nacional, vários estados indianos também elaboraram
iniciativas políticas para cumprir suas RPOs solares (Leis de Obrigação de Compra Renovável).
Contam também com a Indian Renewable Energy Development Agency (IREDA), que tem
atuado através de financiamento e leasing (arrendamento mercantil) para a compra de sistemas
fotovoltaicos no país. Posteriormente, o governo indiano anunciou uma meta ambiciosa de 100
GW de geração solar fovoltaica até 2022.
Como nos últimos anos, a maior parte da capacidade recém-instalada da Índia em 2018
foi em instalações de grande escala, com a maior parte em cinco estados: Karnataka, Rajasthan,
Andhra Pradesh, Tamil Nadu e Maharashtra. Pelo menos três desses estados (Andhra Pradesh,
Karnataka e Tamil Nadu) continuaram enfrentando desafios de contingenciamento, na faixa de
10 a 25%, o que resultou em perdas significativas para os desenvolvedores de projetos. Mais
de 40 GW de projetos adicionais de energia solar em larga escala foram licitados na Índia
durante 2018. No entanto, a diferença aumentou entre as licitações emitidas e os leilões

33
concluídos. Muitos leilões foram cancelados retroativamente, e vários gigawatts de capacidade
concedida foram anulados durante o ano [26].
Para aumentar a competitividade dos fabricantes nacionais de módulos e painéis
fotovoltaicos, impulsionando fabricantes estrangeiros a instalarem no país, criando empregos e
aumentando a segurança energética, o governo criou uma tarifa de 25% sobre as importações.
O país encontra dificuldades para realizarem bons financiamentos para produção por
conta dos baixos preços das licitações. Outra questão que afeta a indústria, é a incerteza com
relação ao Imposto sobre Bens e Serviços.
Embora o investimento no setor solar da Índia tenha caiu 27% em uma estimativa, a
energia solar fotovoltaica foi a maior fonte de nova capacidade de energia da Índia pelo segundo
ano consecutivo e, pela primeira vez, foi responsável por mais da metade da capacidade
adicionada durante o ano [26].

3.6 ITÁLIA

Para promover a energia solar no país, a Itália anunciou um novo mecanismo de


incentivo Feed in Premium (FiP), no âmbito do programa Conto-Energia (CE), em 2005, dando
incentivos na tarifa por um período de 20 anos para a energia produzida pelos sistemas FV.
Ao longo dos anos, o programa passou por várias modificações, sendo que as
principais para fortalecer o mercado foram: ampliações de incentivos para a energia produzida;
redução de burocracia para obtenção da tarifa; diferenciações de tarifa de acordo com o tamanho
da planta de geração; redefinição de mecanismos de incentivos. Após a quarta modificação,
registrou-se 430% no crescimento do volume fotovoltaico, com novas instalações fotovoltaicas.
Em 2012, a Itália suspendeu incentivos e subsídios para a energia solar, resultando em
um corte de 39% para sistemas solares no telhado e 43% para sistemas solares montados no
solo. Como consequência, houve uma redução anual de 50% em instalações em relação ao ano
anterior.
Cucchiella e D’Adamo (2012) argumentam que o governo italiano teve um papel
importante na implementação, através de um regime de apoio muito atraente, misturando net
metering e um mix de FIT segmentado. O crescimento das instalações fotovoltaicas na Itália
ocorreu através do incentivo que o governo aplicou na FIT e que resultou em um crescimento
desordenado das instalações, nas quais não importavam o tamanho ou o número das plantas de
geração de energia fotovoltaica, desde que instaladas em um período de três anos ao longo de
todo o país, independentemente do nível de irradiação solar das regiões do norte em relação às
34
regiões do sul que são mais ensolaradas. Os encargos do custo de incentivo não são pagos pelos
impostos nacionais e serão cobrados nas contas de energia elétrica e serão distribuídos para
todos os cidadãos e empresas italianas como uma taxa adicional nas faturas nos próximos vinte
anos [21].
A Itália também adotou por um período o mercado de certificados verdes, onde o
produtor de energia elétrica a partir de fontes renováveis poderia ser remunerado também nesse
tipo de mercado, além do mercado de energia elétrica. O esquema de certificados verdes seria
substituído por um FIT dedicado, que seria calculado com base no preço médio da eletricidade
durante o ano, a partir de 2016.
A partir de uma lei que estabeleceu novas regras para FITs, os geradores poderiam
escolher uma das três opções: (i) redução nos níveis de FIT com base na vida útil remanescente
da planta, variando de 25% para 12 anos restantes a 17% para 19 anos ou mais, distribuídos em
24 ano suporte duração a partir da data de conexão da rede; (ii) redução fixa do FIT ao longo
do período de 20 anos, onde a redução variava de acordo com a capacidade nominal da usina;
e (iii) estrutura variável do FIT que permitia uma redução percentual fixa do apoio inicialmente
que seria aumentada no mesmo montante em uma data posterior.
Os proprietários poderiam vender até 80% do seu FIT esperado para um terceiro
investidor que seria selecionado através de um processo de licitação. Ainda, para sistemas
fotovoltaicos em telhados com menos de 20 kW de tamanho, uma dedução variando de 36% a
50% do total das despesas de capital do sistema com base no imposto de renda do proprietário
por um período de 10 anos e o sistema de net metering aplicado a projetos solares com tamanho
inferior a 200 kW [27].

35
CAPÍTULO 4

POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL

O início da utilização de sistemas fotovoltaicos para a geração de energia elétrica no


país se deu em 1994, através do Programa de Desenvolvimento Energéticos de Estados e
Municípios (PRODEEM), instituído pelo Governo Federal, no âmbito da Secretaria de Energia
do Ministério de Minas e Energia – MME. O objetivo era atender várias comunidades isoladas,
sem acesso a eletricidade, para bombeamento de água, iluminação pública e sistemas
energéticos coletivos.
Anos depois, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) publicou as
Resoluções Normativas 481/2012 e 482/2012. A primeira permitiu que os projetos de 30 a 300
MW que utilizassem fontes renováveis tivessem descontos de 80% nas Tarifas de Uso dos
Sistemas de Transmissão e Distribuição (TUST e TUSD) ao longo dos 10 primeiros anos de
operação, desde que iniciassem até o final de 2017. Após essa data, os descontos seriam de 50%
das tarifas. A segunda estabeleceu as condições gerais para a microgeração e minigeração, além
do sistema de compensação de energia elétrica (net metering), sendo reformulada
posteriormente através da REN 687/2015. Esta permitiu diminuir o processo burocrático para
a inserção das centrais geradoras junto às concessionárias de energia elétrica, o período para
aprovação do sistema fotovoltaico, de 82 para 34 dias, aumentar o prazo para uso dos créditos
energéticos, de 36 para 60 meses, além da alteração na potência limite para micro e minigeração
distribuída e a utilização dos créditos energéticos em local diferente de onde há a geração, desde
que comprovada a mesma titularidade. É válido dizer ainda, que foi vedada a monetização sobre
a geração, ou seja, não sendo permitida a venda dos créditos energéticos [28].
O Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) realizou dois convênios
(101/97 e 16/2015) importantes para a energia solar fotovoltaica no Brasil, isentando do
Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) as operações envolvendo alguns
equipamentos utilizados para a geração de energia elétrica (solar e eólica) e isentando os estados
a cobrarem ICMS sobre a energia injetada na rede.
Outros incentivos fiscais federais criados foram: o REIDI (Regime Especial de
Incentivos para o Desenvolvimento da Infraestrutura), um benefício que visa suspender o
pagamento das contribuições como PIS (Programa de Integração Social)/PASEP (Programa de
Formação do Patrimônio do Servidor Público)/CONFINS (Contribuição para o Financiamento
da Seguridade Social) para os casos de venda ou de importação de máquinas, aparelhos,

36
instrumentos e equipamentos, novos, e de materiais de construção para utilização ou
incorporação em obras de infraestrutura destinadas ao ativo imobilizado (BRASIL, 2007a).
Inclui-se nesse benefício as empresas que possuam projeto aprovado para implantação de obras
de infraestrutura nos setores de transportes, portos, saneamento básico, irrigação e energia, o
que inclui usinas fotovoltaicas; o PADIS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico
da Indústria de Semicondutores), que visa reduzir à zero as alíquotas pagas para o PIS/PASEP
e COFINS. Também é incluso nessa redução o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
incidente na importação ou na saída do estabelecimento industrial ou equiparado quando a
importação ou a aquisição no mercado interno for efetuada por pessoa jurídica (BRASIL,
2007b). São beneficiárias dessa redução as empresas para os casos de venda no mercado interno
ou de importação de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos, para incorporação ao
ativo imobilizado da pessoa jurídica adquirente no mercado interno ou importadora, destinados
às atividades de P&D em dispositivos eletrônicos semicondutores; e isenção de PIS/COFINS
para micro e minigeração – para consumidores residenciais, comerciais e industriais que
produzam sua própria energia [7].
Nesse ano, o Governo Federal prorrogou até 2023 a redução do Imposto de Renda das
empresas instaladas nas áreas das superintendências do Desenvolvimento da Amazônia, do
Nordeste e Centro-Oeste, que tiverem projetos aprovados a partir do ano que vem, concedida
por 10 anos.
Com o objetivo de gerar avanços na geração distribuída, estabelecendo linhas de
financiamento adequadas para a aquisição de sistemas fotovoltaicos, o Ministério de Minas e
Energia (MME) lançou o Programa de Desenvolvimento da Geração Distribuída de Energia
Elétrica (ProGD). Bancos públicos como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Caixa Econômica Federal, além das
instituições privadas como Bradesco, Sandander, BV Financeira e Sicoob possuem créditos
para o setor. As taxas variam entre 0,9% e 1,3% ao mês.
No que diz respeito à Geração Centralizada, o Brasil iniciou um processo estratégico
de inclusão da energia solar fotovoltaica em grande escala na matriz elétrica nacional a partir
do 6º Leilão de Energia de Reserva (LER/2014), que resultou na contratação de 890 MW, em
31 projetos de energia solar fotovoltaica. Foi o leilão de energia elétrica mais acirrado já
registrado no Brasil [29].
Conquanto, em novembro de 2013 tenha acontecido o primeiro Leilão de Energia (A-
3) para empreendimentos com potências iguais ou superiores a 5MW, através da geração

37
fotovoltaica, eólica e termoelétricas (a gás natural ou biomassa), não se apresentou nenhuma
proposta de geração solar fotovoltaica.
Outros leilões tiveram a participação da geração solar fotovoltaica, como o 7º e 8º
Leilão de Energia Reserva, realizados em 2015, além dos Leilões de Energia Nova (LEN A-
4/2017 e LEN A-4 2018).
Através da tabela 1 é possível observar a redução dos preços de 2017 e 2018 em relação
aos anos anteriores, gerando mais competitividade, observando que valores inferiores aos
praticados por CGHs (Centrais Geradoras Hidrelétricas), PCHs (Pequenas Centrais
Hidrelétricas) e termelétricas. Válido dizer que a fonte solar foi a mais contemplada no leilão
de 2017, com 20 dos 25 empreendimentos.

Figura 5 – Dados sobre os Leilões de Geração Centralizada Solar Fotovoltaica no Brasil

Fonte: [30].

A EPE concluiu o cadastramento dos projetos que pretendem disputar o próximo


Leilão de Energia Nova A-6 em outubro, com o maior número já registrado. São 41,7 GW de
empreendimentos termelétricos a gás natural, 29,7 GW de empreendimentos fotovoltaicos e
25,1 GW de empreendimentos eólicos, totalizando 1.829 projetos que serão analisados pela
EPE [31].
A participação e o alinhamento dos Entes Federados (União, Estados, Distrito Federal
e Municípios), é sem dúvida, uma forte estratégia para a expansão do sistema solar fotovoltaico,
de forma a aproveitar todo potencial energético do país, atender os acordos climáticos mundiais
e colocá-lo entre os líderes globais.
Algumas medidas também vêm sendo adotadas por estados e municípios, as quais
serão citadas no decorrer do trabalho.

38
4.1 ESFORÇOS ESTADUAIS

Considerando as informações da Figura 3, pode-se constatar que os maiores


índices de radiação solar estão nos seguintes Estados: Bahia, Piauí, Paraíba, Rio Grande
do Norte, Ceará, Minas Gerais, Goiás e Tocantins.
De acordo com a ANEEL, no mês de junho, o Brasil possuía 2.474 usinas geradoras
fotovoltaicas centralizadas em operação, com uma capacidade instalada de 2,1 GW, destaque
para os estados da Bahia, Piauí, Rio Grande do Norte e Minas Gerais.
Em relação a Geração Distribuída, a ABSOLAR elaborou um gráfico com o ranking
estadual, podendo ser observado pela figura 6.

Figura 6 – Ranking estadual de capacidade instalada do sistema solar fotovoltaico.

Fonte: [16].
Todos os estados brasileiros aderiram ao Convênio ICMS nº 16/2015, que permitiu a
isenção desse imposto na energia gerada para empreendimentos com capacidades instaladas de
até 1 MW. Amazonas, Paraná e Santa Catarina foram os últimos estados a formalizarem a
adesão, realizada em 2018.

39
As medidas adotadas pelos governos estaduais para expandir o uso da tecnologia solar
fotovoltaica foram bem parecidas. Criaram-se programas estaduais com o objetivo de conceder
incentivos fiscais, tratamento tributário diferenciado aos empreendimentos geradores de
energia renovável, acesso à linhas de créditos, celeridade às solicitações de acesso ao sistema,
processos de regulação ambiental e na celebração de contratos de compra de energia.
Um exemplo de medida adotada para simplificador os processos de licenciamento
ambiental, tornando-os mais claros, ágeis e mantendo a segurança desejada, é do estado do
Paraná. Os empreendimentos com gerador de energia solar de até 1 MW (megawatt) estão
dispensados de estudos e de licenciamento ambiental. De 1 MW até 5 MW, será necessário
apresentar um memorial descritivo para a autorização ambiental ou dispensa de licenciamento
ambiental. Já os empreendimentos que fazem uso de energia solar com potência entre 5 MW e
10 MW, o relatório ambiental simplificado é exigido para a emissão das licenças prévias, de
instalação e de operação, de acordo com a etapa da obra. A partir de 10 MW de produção de
energia solar, será necessário o estudo de impacto ambiental e o relatório de impacto ambiental
para a emissão das licenças correspondentes [32].
O CONFAZ também autorizou a conceder isenção de ICMS (Convênio ICMS 114/17)
nos equipamentos para geração de energia elétrica solar fotovoltaica para atendimento do
consumo dos prédios mantidos pela administração pública estadual. Bahia, Pará e São Paulo já
estão autorizados a isentar.
Fundos, bancos estaduais/regionais e agências de fomentos como Desenvolve SP,
Badesul, Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Banco Regional de
Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), Banco do Nordeste e o Fundo Constitucional de
Financiamento do Centro-Oeste (FCO) permitiram o impulsionamento da inserção da energia
solar fotovoltaica em várias regiões do país, tanto para empresas quanto para consumidores
residenciais.
Como fonte de pesquisa sobre o potencial da energia solar estadual e uma ferramenta
para a elaboração de projetos e políticas públicas que utilizem esse tipo de energia, bem como
para investimentos na área, estados como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e
Paraná elaboraram um Atlas Solar estadual, com base no Atlas Brasileiro de Energia Solar.
Outro exemplo prático em sistemas residenciais é o Programa Bônus Fotovoltaico, da
Centrais Elétricas de Santa Catarina (CELESC), que surgiu com objetivo de oferecer subsídio
de 60% para instalação de equipamentos solares em residências.

40
4.1.1 O ESTADO DE MINAS GERAIS

Acompanhando o despertar do país para seu potencial na geração solar fotovoltaica,


Minas Gerais foi um dos pioneiros na construção de mecanismos que dá sustentação aos
projetos do setor atualmente.
Logo em 2013, foram instituídos a Política Estadual de Incentivo ao uso da energia
solar e o Programa Mineiro de Energia Renovável, impulsionados através do lançamento do
Atlas Solarimétrico de Minas feito pela Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG),
objetivando aumentar a participação da energia solar na matriz energética do Estado, contribuir
para a eletrificação de localidades distantes de redes de distribuição de energia elétrica,
melhorar as condições de vida de famílias de baixa renda, colaborar para a diminuição da
emissão de gases de efeito estufa e para a redução das áreas a serem alagadas para a geração de
energia elétrica, além de reduzir a demanda de energia elétrica em horários de pico de consumo
[6].
Em decorrência disso, as medidas definidas foram:
• promover estudos e estabelecer metas, normas, programas, planos e procedimentos que
visem ao aumento da participação da energia solar na matriz energética do Estado;
• estabelecer instrumentos fiscais e creditícios que incentivem a produção e a aquisição de
equipamentos e materiais empregados em sistemas de energia solar;
• firmar convênios com instituições públicas e privadas e financiar pesquisas e projetos.
• instalar sistemas de energia fotovoltaica em comunidades dispersas e distantes de redes de
transmissão de energia elétrica;
• dar tratamento prioritário aos empreendimentos de geração de energias renováveis nas
solicitações de acesso ao sistema; nos processos de regularização ambiental; e na celebração
de contratos de compra de energia.
Além da alta tarifa de energia praticada no estado, a ousadia do governo em três ações
foram primordiais para a liderança no ranking de geração distribuída solar fotovoltaica no país,
sendo elas: isenção de impostos para equipamentos, peças, partes e componentes utilizados para
microgeração e minigeração de energia solar fotovoltaica, e para geração condominial, geração
compartilhada e autoconsumo remoto; aplicação da desoneração na compensação da energia
gerada para um limite de até 5 MW, cinco vezes mais o que os demais estados; ampliação do
prazo para concessão de crédito de ICMS relativo à aquisição de energia solar no Estado de 10
para 20 anos.

41
A construção do sistema de módulos fotovoltaicos na cobertura do estádio Mineirão
executada pela CEMIG é parte importante no cenário de usinas geradoras no estado, além de
uma das maiores usinas de energia solar da América Latina, que se encontra no interior, em
Pirapora.
Em uma região de forte seca, sol escaldante e pouca chuva, como o Norte de Minas
Gerais, a energia solar fotovoltaica se tornou aliada para o progresso econômico e social,
transformando parte do problema em solução.
Em dezembro de 2017, o BDMG, apresentou seu novo plano de incentivo à energia
solar fotovoltaica para a indústria. O programa, denominado BDMG Solar Fotovoltaico, visa
fomentar o desenvolvimento da energia fotovoltaica em micro e pequenas empresas através de
uma linha de financiamento específica e com condições especiais para instauração de projetos
e crescimento do setor em Minas Gerais [16].
Já em 2018 houve alteração da legislação que dispõe sobre o Fundo de Desenvolvimento
Socioeconômico do estado, permitindo o suporte financeiro para implementação de sistemas de
micro e minigeração distribuída para micros, pequenas e médias empresas, além de
cooperativas dentro do estado.
Segundo os dados da ANEEL, em julho de 2019, o número de unidades consumidoras
com geração distribuída em Minas Gerais era de 18917, totalizando quase 244 MW, sendo
18802 de energia solar fotovoltaica, representando mais de 20% do número no país todo. Para
análise comparativa, ao final de 2013 existiam apenas 12 unidades consumidoras com geração
distribuída no estado. A evolução do número de conexões pode ser visualizada através da figura
7, abaixo.

Figura 7 – Evolução da geração distribuída solar fotovoltaica em Minas Gerais.

Fonte: [33].

Analisando a figura 8, verifica-se que, a classe comercial é responsável por mais de 50%
da capacidade no estado, seguida pela classe residencial. Essas duas classes somadas equivalem
a mais de dois terços da capacidade total.

42
Figura 8 - Dados da geração distribuída solar fotovoltaica em Minas Gerais por classe de consumo.

Fonte: [33].

Minas Gerais possui no total 761 usinas regularizadas em operação, gerando 20802,777
MW de potência, sendo a maior parte de Hidrelétricas, conforme figura 9. Está prevista para os
próximos anos uma adição de 1288,691 MW na capacidade de geração do Estado, proveniente
dos 2 empreendimentos atualmente em construção e mais 40 em construção não iniciada, sendo
815105 MW de energia solar fotovoltaica [33].

Figura 9 – Capacidade de geração em Minas Gerais.

Fonte: [33].

43
Um novo projeto de lei apresentado na Assembleia Legislativa de Minas Gerais pode
aumentar consideravelmente o número de casas populares utilizando a fonte, porque permitirá
o financiamento para aquisição de equipamentos de energia solar fotovoltaica para habitações
rurais e urbanas, destinadas a famílias de baixa renda, através do Fundo Estadual de Habitação.

4.1.2 O ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Apesar de estar em segundo lugar, próximo ao estado de Minas Gerais, no ranking


nacional de geração distribuída solar fotovoltaica, o Rio Grande do Sul iniciou suas políticas
de incentivos alguns anos depois.
No início de 2016, o governo gaúcho criou a lei específica aderindo ao Convênio
ICMS nº 16/2015, sendo o primeiro da região Sul. Logo depois, lançou o Programa RS Energias
Renováveis, composto por ações que incentivam a geração e o consumo de energia elétrica com
base em fontes renováveis, com o objetivo de aumentar a segurança energética, fomentar a
economia gaúcha por meio da diversificação da matriz energética e contribuir para o
desenvolvimento sustentável do Estado, priorizando as regiões com menores indicadores de
desenvolvimento.
As principais diretrizes foram definidas como:
• criar mecanismos para dar celeridade à tramitação de processos relacionados a projetos de
geração de energia a partir de fontes renováveis, compreendendo as seguintes atividades:
licenciamento ambiental; outorga de recursos hídricos; conexão à rede elétrica;
financiamentos; e comercialização de energia.
• fortalecer a cadeia produtiva relacionada à geração de energia elétrica a partir de fontes
renováveis, incluindo desde os fabricantes de equipamentos até os consumidores finais.
O programa permitiu o acesso a linhas de crédito do BRDE e Badesul para instalação
de empreendimentos de geração renovável de energia. Para os agricultores, os equipamentos
podem ser financiados também pelo Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Rural.
Em 2018, foi concedido isenção de Licenciamento Ambiental para autoprodução e
geração distribuída de energia elétrica a partir de fonte solar ou eólica e lançado o Atlas Solar
do Rio Grande do Sul, importante documento que indica a potencialidade de aproveitamento
de energia solar no estado, contribuindo para investidores e projetistas.
Outra ação importante do Governo foi a de criar parcerias com a iniciativa privada
para receber doações destinadas às escolas estaduais, como equipamentos, mão de obra,
44
material de construção e patrocínio para manutenção, conservação e reformas. Com esse
projeto, várias escolas foram contempladas com equipamentos para geração de energia solar
fotovoltaica.
De 24089 unidades consumidoras com geração distribuída na região Sul do país,
24024 utilizam a geração solar fotovoltaica, sendo que mais da metade estão no Rio Grande do
Sul. A evolução pode ser conferida através da figura 10.

Figura 10 – Evolução da geração distribuída solar fotovoltaica no Rio Grande do Sul.

Fonte: [33].

O setor privado também colaborou para o crescimento do setor no estado,


especialmente, através do Programa Indústria Solar RS que oferece facilidades às empresas e
colaboradores na aquisição de sistema solar fotovoltaico. A iniciativa foi da Federação das
Indústrias do Rio Grande do Sul com apoio do BRDE.

4.1.3 O ESTADO DE SÃO PAULO

Buscando uma economia verde e sustentável, o Governo de São Paulo lançou já em


2012 o Plano Paulista de Energia, oferecendo metas e proposições para estimular o uso racional
e eficiente de energia, diminuir as emissões de gases de efeito estuda e diversificar a matriz
energética, incentivando a entrada de novas fontes renováveis até 2020.
Mesmo diante de várias condições favoráveis a aplicação da tecnologia solar
fotovoltaica, o estado ainda se manifestava de forma tímida. No entanto, estabeleceram a meta
de gerar 1000 MW até 2020 através dessa tecnologia.
Depois de um ano, divulgou-se todo o potencial paulista em energia solar, por meio de
um Atlas Estadual, permitindo projeções para o setor.
Entre as principais medidas adotadas para efetivar a indústria solar em São Paulo, estão
os incentivos tributários na forma de diferimentos e da adesão aos convênios de isenções. Os
principais marcos legais vigentes são [34]:
• aquisição de bens para o ativo de fabricante de células fotovoltaicas (2011);

45
• diferimento do ICMS de matéria prima ou produto intermediário destinado à fabricação de
células fotovoltaica (2011);
• suspenção do lançamento na importação de bens sem similar nacional, creditamento
integral do imposto e alteração no momento da exigência (2014);
• isenção de ICMS no fornecimento da energia elétrica correspondente à compensação de
produção por microgeração e minigeração (2015);
• isenção de ICMS para a produção de equipamentos destinados a geração de energia
fotovoltaica e eólica (2015);
• licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos de geração de energia elétrica
por fonte solar fotovoltaica (2017);
• isenção de ICMS à saída interna de produtos destinados à montagem de sistema ou central
geradora solar fotovoltaica, para atendimento do consumo de energia elétrica de prédios
próprios públicos estaduais (2017).
Para facilitar o acesso aos financiamentos de pequenas e médias empresas, realizou-se
um convênio entre o governo e a Agência de Desenvolvimento Paulista – Desenvolve SP,
disponível tanto projetos de energias renováveis, como projetos de eficiência energética,
participando com até 100% dos itens financiáveis.
A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) do estado de São
Paulo vem instalando pequenas usinas solares fotovoltaicas em seus empreendimentos. Além
disso, para produtores rurais, criou-se uma linha de financiamento específica, da parceria entre
o Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista e o Banco do Agronegócio.
As políticas públicas de incentivo resultaram em infraestrutura tecnológica adequada
e mão de obra qualificada, tornando o estado uma parte importante da cadeia produtiva da
energia solar fotovoltaica. Metade de todos os fabricantes de inversores e os principais de
módulos fotovoltaicos no país estão localizados em São Paulo.
As usinas solares FV correspondem apenas 0,57% da potência total dos
empreendimentos em operação. A maior parte é oriunda de usinas hidrelétricas. Em relação à
geração distribuída, o estado possui 15894 unidades de energia solar fotovoltaica, em um total
de 15916.

46
Figura 11 – Evolução da geração distribuída solar fotovoltaica em São Paulo.

Fonte: [33].

4.1.4 O ESTADO DE GOIÁS

Em busca de valorizar as políticas voltadas à redução dos efeitos tão danosos ao meio
ambiente, como efeito estufa e aquecimento global, encontrando alternativas que possam
garantir uma qualidade de vida melhor para a população, foi instituído pela Assembleia
Legislativa do Estado em 2015, o Fórum Permanente de Energia de Goiás.
Ao longo de muitas reuniões com a participação do poder público, entidades
fiscalizadoras, setor produtivo, instituições de ensino e pesquisa e sociedade civil, notou-se o
potencial da energia solar fotovoltaica, como importante fonte de energia renovável para
integrar a matriz energética do Estado.
Diante desse cenário, o Governo de Goiás, por meio da SECIMA – Secretaria de Meio
Ambiente, Recursos Hídricos, Infraestrutura, Cidades e Assuntos Metropolitanos, em parceria
com a ABSOLAR, lançou o Programa Goiás Solar, com uma das agendas mais completas do
país para o setor, através do Decreto Estadual nº 8.892, de 17 de fevereiro de 2017, valorizando
os recursos naturais estratégicos para o crescimento da economia goiana, o desenvolvimento de
novos negócios, a geração de empregos diretos e indiretos, o incentivo da cadeia produtiva,
bem como fomentando o uso da geração distribuída em áreas urbanas e rurais [35].
Com um dos maiores índices de irradiação solar do país, tendo o maior da região Centro-
Oeste e sendo o terceiro estado a aderir ao Convênio ICMS 16/2015, após o início do programa,
Goiás deu um salto da 16ª colocação para a 8ª no ranking nacional da geração distribuída em
menos de 1 ano.
Prevê como pontos estratégicos a atenção às questões de tributação, financiamento,
desburocratização e infraestrutura, desenvolvimento da cadeia produtiva, educação e
comunicação, com foco no alinhamento entre política de estado e municípios.
Os objetivos específicos do Programa Goiás Solar foram definidos como [36]:

47
• Promover o crescimento e a capacidade instalada para geração centralizada e distribuída de
energia solar;
• Reduzir a carga tributária;
• Articular a oferta de linhas de financiamento com prazos e juros competitivos;
• Simplificar o processo de licenciamento ambiental;
• Interceder junto às concessionárias para a simplificação e agilidade dos processos de
habilitação dos empreendimentos;
• Fortalecer a cadeia produtiva do setor de energia solar fotovoltaica;
• Viabilizar o acesso a suprimento de energia para consumidores em geral, melhorando a
qualidade e o acesso às linhas de transmissão, a eficiência e a competitividade;
• Estimular a criação e o desenvolvimento de empresas inovadoras, a partir de fontes
renováveis.
O licenciamento ambiental simplificado está entre as ações já executadas, desde
fevereiro de 2017. Ficando dispensados do licenciamento ambiental os sistemas fotovoltaicos
classificados como microgeração ou minigeração distribuída, os sistemas fotovoltaicos
implantados em superfícies construídas, a instalação de estações solarimétricas e a realização
de sondagens geotécnicas de sistemas fotovoltaicos. As usinas fotovoltaicas de até 30 hectares
de área útil, consideradas de pequeno potencial poluidor, serão licenciadas de forma
“declaratória” pelo sistema Weblicenças. As usinas fotovoltaicas acima de 30 ha de área útil
ficam sujeitas à Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação, sendo os
empreendimentos acima de 30 até 100 ha de área útil sujeitos ao licenciamento ambiental
simplificado, e os empreendimentos acima de 100 ha, bem como aqueles com restrições de
localização – como planícies fluviais, unidades de conservação de proteção integral, áreas
regulares de aves migratórias, de espécies ameaçadas de extinção, de influência de cavidades
naturais subterrâneas etc, sujeitos ao EIA (Estudo de Impacto Ambiental)/RIMA (Relatório de
Impacto Ambiental). Os prazos previstos para análise das solicitações das licenças são de 30
dias para os empreendimentos sujeitos ao licenciamento ambiental simplificado e de 180 dias
para os sujeitos ao EIA/RIMA [36].
Outra ação para redução tributária veio logo, em seguida, através da isenção de ICMS
para insumos e equipamentos fotovoltaicos. Já para fortalecer a cadeia produtiva, o governo fez
a nomeação dos membros do Comitê Estadual de Energia Solar Fotovoltaica para definirem as
políticas públicas do setor e manteve reuniões com os empresários do setor solar fotovoltaico

48
para o levantamento de informações e alinhamento de demandas do segmento, bem como a
sistematização das contribuições para o desenvolvimento da cadeia produtiva [37].
Para promover a cooperação técnica, regional, nacional e internacional, entre as
instituições de ensino, pesquisa e extensão, Estado, empresas e sociedade civil organizada,
criou-se a Rede de Pesquisa em Inovação Tecnológica do Setor Energético de Goiás,
envolvendo: SECIMA, FAPEG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás),
Instituições de Ensino Superior – IES. Como exemplo de ação da rede podemos citar o Projeto
de Eficiência Energética do IFG. Já foram instalados sistemas de micro e minigeração solar
fotovoltaico para eficiência energética nos Câmpus Itumbiara e Uruaçu, além de ações nos
sistemas de iluminação, monitoramento, gestão de energia e realização de pesquisas [38].
Já em relação as linhas de créditos e financiamentos, a Agência de Fomento do Estado
de Goiás ampliou o Crédito Produtivo de R$50 mil para até R$400 mil para micro e pequenas
empresas e empreendedor individual, com taxas competitivas. Ainda, as demandas de
empreendimentos rural e empresarial podem ser atendidas através do FCO, operado pelo Banco
do Brasil. Outras instituições financeiras como a CAIXA e o Sicoob Engecred-GO também
fomentam os projetos no estado.
Destaca-se também o Programa Casa Solar da Agência Goiana de Habitação
(AGEHAB), aplicando energia solar como meio indutor da promoção do desenvolvimento
sustentável e social em habitações de interesse social unifamiliares cadastrados nos programas
habitacionais do Estado de Goiás. O programa promove também a inclusão social dessa
população de baixa renda, oferecendo gratuitamente aos beneficiados do programa o curso de
instalação e manutenção dos sistemas, aproveitando as próprias instalações feitas nas casas.
As ações de eficiência energética implementadas nas habitações, principalmente no
que tange a geração fotovoltaica e com a doação de lâmpadas LED (Light Emitting Diode),
proporcionam uma economia no consumo médio de até 70%, para o consumo médio
considerado de 132,0 kWh mensais em residências de baixa renda em Goiânia-GO.
Ambientalmente, essa economia energética equivale evitar a emissão de 54,05 kg CO2 anuais
por habitação na atmosfera [36].
Os primeiros municípios contemplados foram Alto Paraíso (40 unidades) e Pirenópolis
(149 unidades), através do Cheque Mais Moradia. O governo do estado utiliza o crédito
outorgado do ICMS como fonte de recursos para o programa.
A AGEHAB com participação do Programa do Território do Bem-Viver – Projeto
piloto das Nações Unidas em Alto Paraíso de Goiás, buscou parceria com a ONG Litro de Luz
e juntos realizaram uma grande ação na Comunidade Quilombola Kalunga, região isolada e de

49
difícil acesso. Adotaram soluções econômicas e ecologicamente sustentáveis, composta por
garrafas plásticas, painéis solares, baterias e lâmpadas LED proporcionaram melhorias na
qualidade de vida sem descaracterizar a cultura e o modo de vida destas famílias. Além da
iluminação nas casas com 70 unidades de postes, foram fabricados junto com a comunidade 90
lampiões [36].
Até o lançamento do Programa Goiás Solar, o estado de Goiás possuía 627 sistemas
de geração distribuída, que juntas somavam 2100 kW; após sua inauguração e até o final de
2017 Goiás quadruplicou o valor da potência instalando, fechando o ano com mais de 1110
sistemas consumidoras e um total de mais de 8838 kW instalados (figura 12).

Figura 12 – Evolução da geração distribuída em Goiás.

Fonte: [36].
Dado crescimento se justifica, em especial, pela fonte solar fotovoltaica.
Considerando apenas a geração distribuída através dessa fonte, o gráfico da figura 13 apresenta
a evolução do cenário.
No final de 2017, aproximadamente 99% dos sistemas instalados na geração
distribuída eram provenientes da energia solar FV. Até março deste ano, o aumento foi de mais
de 15 vezes desde a implantação do programa, com 2470 sistemas e 24566 kW de potência
instalada.

50
Figura 13 – Evolução da geração distribuída solar fotovoltaica em Goiás.

Fonte: [36].

Os municípios destaques do estado são Rio Verde e Goiânia. A capital goiana, que fica
no denominado “cinturão do Sol”, uma das regiões com o melhor potencial para geração de
energia solar no Brasil, possui todos os seus projetos de GD utilizando essa fonte, tendo como
referência o setor comercial, dono da maior potência instalada total. Já em Rio Verde, a classe
rural vem garantindo a cidade como vice-líder do estado, tendo dentre os números apontados
na figura 14, parte da geração por biogás (611kW), enquanto a energia fotovoltaica corresponde
a 760 kW.

Figura 14 – Ranking da GD por município em Goiás.


Fonte: [36].

51
Considerando todo o estado, em relação à classe de consumo, o comércio representa
46% da potência instalada total, seguido pela classe residencial com 29% e pela rural com
16%. Os dados citados podem ser visualizados através da figura 15 abaixo.

Figura 15 – Dados da GD por classe de consumo.

Fonte: [36].
A baixa quantidade de projetos instalados no setor industrial pode ser explicada pelo
fato deste setor receber energia elétrica a custo menor, em virtude dos leilões através do
mercado livre de energia elétrica, o que aumenta o tempo de retorno dos projetos de geração
distribuída para este público específico. E mesmo que seja compensador no longo prazo, nem
sempre a indústria disporá de um investimento alto no início. Tratar o setor industrial de forma
mais específica, através de um programa específico, que envolva a eficiência energética,
passivos ambientais e incentivos fiscais, é uma das saídas para melhorar este quadro [36].
A baixa representatividade nacionalmente da energia solar fotovoltaica pode ser
verificada também no estado de Goiás. De acordo com a figura 16, é representada apenas por
0,2% do total da matriz elétrica do estado.
No entanto, cabe aqui ressaltar que o Programa Goiás Solar tem alcançado os objetivos
planejados, logrado êxito no crescimento da geração distribuída na fonte solar fotovoltaica,
contribuindo para que o estado de Goiás e o Brasil crie alternativas de geração de energias
renováveis, geração de emprego e renda. Também contribuindo com as discussões em outros
estados do Brasil, compartilhando informações, gerando novos conhecimentos. Portanto, um
exemplo e modelo a ser seguido de Política Pública, baseada na interdisciplinaridade da hélice
quádrupla: academia – mercado – Estado – sociedade civil organizada [37].

52
Figura 16 – Matriz Elétrica de Goiás.

Fonte: [36].
O mapa a seguir (figura 17) representa a disseminação das práticas do programa a
diversos outros estados brasileiros: São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraíba, Ceará, Piauí,
Amapá e Roraima.

Figura 17 – Mapa de influência do Programa em outros estados.

Fonte: [36].

53
Algumas ações importantes estavam sendo discutidas no ano passado, como a
ampliação da isenção de ICMS para a energia elétrica gerada por sistemas de GD para até 5
MW, incluindo múltiplas unidades consumidoras, geração compartilhada e autoconsumo
remoto; elaboração e publicação do Atlas Solarimétrico Estadual; articulação com os
municípios goianos para a criação de programas municipais e criação do Fundo de Incentivo à
Microgeração e Minigeração Distribuída a partir de Fontes Renováveis do Estado de Goiás –
FIMER Goiás.
Uma boa notícia anunciada recentemente foi a assinatura do protocolo de intenções
entre o governador, representantes de uma empresa sul-coreana e uma investidora. Com
investimentos previstos de cerca de R$8 bilhões, a usina deverá ser construída no Nordeste do
Estado, produzir 600 MW e ser uma das maiores do mundo.
É essencial que haja a continuidade da gestão do programa, mesmo com a mudança de
governo. Os incentivos adotados estão muito próximos dos estados líderes no ranking. Ao
efetivar essas ações previstas, Goiás poderá se consagrar com uma das maiores capacidades
instaladas de energia solar fotovoltaica.
Por fim, ainda poderá aumentar investimentos em ações de comunicação e difusão da
tecnologia e o número de famílias contempladas com o Cheque-Moradia dentro do Programa
Casa Solar, reduzir o tempo na liberação de linhas de crédito para pessoa física e na tramitação
dos pedidos de conexão, ademais instalações do sistema nos prédios públicos estaduais.

4.2 ESFORÇOS MUNICIPAIS

Muitos municípios do país entenderam a necessidade de diversificação da matriz


energética e adoção de políticas públicas de desenvolvimento sustentável, além da pressão
populacional por conta das altas tarifas de energia, percebendo a viabilidade econômica. Sendo
assim, criaram os programas locais de incentivo à geração distribuída, utilizando a energia solar
fotovoltaica.
A ABSOLAR elaborou um ranking municipal (figura 18) com as 10 cidades com
maiores capacidades instaladas do sistema FV. Números influenciados também pelas ações
governamentais dos estados.

54
Figura 18 – Ranking municipal de capacidade instalada do sistema solar fotovoltaico.

Fonte: [16].
O município do Rio de Janeiro através do Programa Rio Capital da Energia, criado em
2012, elaborou o Mapa Solar Municipal com o objetivo de identificar o potencial de geração de
eletricidade nos telhados da capital fluminense, passo inicial para que chegasse ao topo do
ranking.
Parcerias Público-Privadas, redução de impostos municipais (IPTU-Imposto Predial e
Territorial Urbano, ITBI-Imposto de Transmissão de Bens Imóveis, ISSQN-Imposto Sobre
Serviços de Qualquer Natureza) e utilização do sistema nos prédios públicos são modelos de
leis e esforços municipais.
A prefeitura de Santa Cruz do Sul-RS, por exemplo, anunciou um programa que
concede desconto no valor do IPTU das unidades habitacionais, comerciais e industriais que
implementarem sistemas FV. Palmas, no Tocantins, através do Programa Palmas Solar concede
desconto no ITBI, além do incentivo para o prestador de serviço, desonerando o ISSQN.
Por meio de Parcerias Público-Privadas, Brasília-DF, Fortaleza-CE e Belo Horizonte-
MG criaram projetos de eficiência energética e geração solar FV nas escolas públicas,
reduzindo o valor da conta de energia. Já Cuiabá-MT destaca no incentivo à capacitação de mão
de obra, criando oportunidades e investindo na geração de emprego e renda para a população.
Em Araporã, no interior de Minas Gerais, um projeto de lei pode garantir parte do
recurso do Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social (FMHIS) para a implantação do
sistema de geração de energia solar fotovoltaica nas habitações populares.

55
CAPÍTULO 5

OS IMPACTOS DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL

Desde 2012, quando a energia solar fotovoltaica começou a ser implantada no país
mediante atuação governamental e participação do setor privado, vários benefícios foram
gerados nos âmbitos sociais, econômicos, ambientais e estratégicos.
Segundo o Relatório Global de Energias Renováveis (REN21) de 2019, esse setor é o
que mais gera empregos diretos e indiretos dentre as fontes renováveis de energia no mundo.
Somente no Brasil cerca de 15,6 mil pessoas foram empregadas em 2018, o que pode ser
observado na figura 19. A previsão é que 672 mil pessoas estejam trabalhando no segmento até
2035.

Figura 19 – Geração de empregos nas diferentes tecnologias de energia renovável.

Fonte: [26].
A geração de emprego e renda são resultados do fortalecimento das economias locais,
regionais e nacional através de investimentos públicos e privados, desenvolvendo uma nova
cadeia produtiva. Em um cenário de alto índice de desempregados e de desconfiança de
investidores, o mercado de energia solar FV se mostra promissor.
A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) prevê que a
geração solar distribuída, que permite a qualquer consumidor conectar a geração própria ao
Sistema Interligado Nacional (SIN), vai arrecadar para os governos federal e estadual um saldo
líquido de R$ 25,2 bilhões até 2027. De acordo com o estudo, o País também evitará a emissão
de 75,38 milhões de toneladas de CO2 até 2035 [16].
Após o comprometimento de redução de 37% das emissões de carbono até 2025 e de
43% até 2030, a partir da Contribuição Nacionalmente Determinada (iNDC), criou-se o Projeto

56
- Opções de Mitigação de Emissões de Gases de Efeito Estufa em Setores - Chave do Brasil,
iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), que
contou com recursos do Global Environment Facility e parceria com a ONU Meio Ambiente,
com a finalidade de auxiliar a tomada de decisão sobre ações que potencialmente reduzam
emissões de gases de efeito estufa (GEE) nos setores-chaves da economia brasileira, estimou
os potenciais e custos de abatimento de emissões de GEE [39].
Em relação ao setor energético, percebe-se através da figura 20 um enorme potencial
da geração distribuída solar fotovoltaica no abatimento de GEE.

Figura 20 – Potencial de abatimento de CO2 da geração distribuída solar fotovoltaica.

Fonte: [39].
Em um caso exemplo, diante da crise no Nordeste, a Engenho Consultoria estimou
uma redução de 17,9 MtCO2 em quatro anos, equivalente a um reflorestamento amazônico de
33% da área da cidade de São Paulo. O projeto foi simulado com capacidade instalada de 4
MWp, o que geraria uma economia de até 7,91 bilhões em quatro anos [16].
De forma interligada, os atributos da geração distribuída solar fotovoltaica geram
outros atributos econômicos descritos: Redução na demanda de energia elétrica - economia na
fatura de eletricidade do consumidor; Adição de nova capacidade de geração de energia elétrica
próxima a carga com investimentos privados diretos - postergação de investimentos públicos
em nova capacidade de geração e transmissão; Atendimento à demanda de ponta - Redução de
custo marginal de operação com despacho no horário de ponta; Aumento da segurança
energética pela redução de pontos únicos de falha - redução de custo operacional com falhas no
sistema de distribuição; Fornecimento de serviços ancilares, aumento de reservas operacionais,
alívio de alimentadores e subestações, e minimização de perdas elétricas de transmissão e
distribuição - postergação de investimentos públicos em reforços na infraestrutura de rede de
57
distribuição de energia elétrica; Redução de consumo de combustíveis fósseis na geração de
energia elétrica - Contribuição para modicidade tarifária; Redução de uso do solo na geração
de energia elétrica - Disponibilidade do uso do solo para outras atividades econômicas; Redução
de emissão de gases de efeito estufa - Resiliência econômica aos impactos de mudanças
climáticas; Redução de emissões de material particulado e poluentes atmosféricos - Economia
nos mecanismos de combate à poluição e no tratamento de doenças respiratórias; Redução de
uso da água na geração de energia elétrica - Minimização dos custos com escassez hídrica na
medida em que se contribui para preservação de reservatórios e aumento da segurança hídrica;
Aumento na participação das energias renováveis na matriz elétrica - Economia no consumo de
combustíveis fosseis [16].

Figura 21 – Potência instalada acumulada (MW) da fonte solar fotovoltaica no Brasil e projeção para
2019.

Fonte: [16].
O crescimento da potência instalada acumulada na geração distribuída e centralizada
apontado na figura 21 mediante comprometimento do poder público é reflexo do aumento da
competitividade e do mercado, ainda mais com a entrada da China na produção de componentes
e abertura de linhas de crédito. Como consequência, houve o barateamento da tecnologia e
redução no preço médio de venda da geração solar fotovoltaica centralizada, podendo ser
observada na figura 5, e a diminuição do custo médio na geração distribuída na figura 22.

58
Figura 22 – Investimento/Custo Médio da geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil.

Fonte: [16].

Em muitos lugares remotos como em zonas rurais, favelas, comunidades ribeirinhas,


quilombolas, indígenas e afins, o acesso à energia elétrica é limitado, reduzindo a qualidade de
vida. Nesses casos, a energia solar fotovoltaico através de um sistema off grid contribui
significativamente para o desenvolvimento social, cultural e econômico desses locais. A
agricultura familiar, por exemplo, pode ser mantida por um sistema de irrigação com o suporte
dessa tecnologia. Bem como o funcionamento dos aparelhos domésticos essenciais, o
desenvolvimento agropecuário, água tratada, refrigeração de pescados e produção de outros
produtos, garantindo oportunidades econômicas e de subsistência das populações tradicionais.
O crescimento do setor nas comunidades rurais é apresentado conforme figura 23.

Figura 23 – Evolução da potência instalada da micro e minigeração para a classe de consumo rural.

Fonte: [16].

59
Com base nos dados apresentados, é possível observar o impacto direto dos
investimentos e dos esforços da política nacional na transformação de resultados visíveis em
todas as esferas da sociedade.

60
CAPÍTULO 6

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A matriz energética mundial está se alterando e se adaptando as novas realidades, em


especial, pela preocupação com as mudanças climáticas e a segurança energética. Frente a isso,
as políticas relacionadas às energias renováveis se mostram importantes e eficientes em
fomentar a inovação do setor e aumentar sua escalabilidade.
No presente trabalho, foram especificadas as principais políticas públicas no mundo
de incentivo a geração de energia elétrica através do sistema solar fotovoltaico, proporcionando
uma análise dos resultados e impactos gerados, apontando características comuns que podem
ser replicadas, com destaque ao programa Goiás Solar. Buscou-se apresentar o potencial
energetico dessa fonte e seus benefícios reais à sociedade.
Apesar do Brasil possuir uma matriz elétrica majoritariamente composta por fontes
renováveis, o potencial explorado em face das alternativas às hidrelétricas é mínimo. A baixa
representatividade da energia solar, mesmo com índices de irradiação solar acima da maioria
dos países destaques e uma das maiores reservas de silício do mundo, é uma demonstração
disso.
As políticas adotadas nos países citados no decorrer do trabalho se mostraram mais
arrojadas e se destacaram no apoio à pesquisa e desenvolvimento, incentivo a industrialização
local, subsídios e tarifas atrativas aos diversos setores, além da compra da energia excedente
gerada pelos consumidores. Dentre os principais mecanismos de incentivo, se destacam: feed-
in, leilão e quotas, sendo os dois primeiros utilizados no Brasil.
Por ser uma república federativa, o Brasil necessita de planos, ações e programas sendo
realizados de forma conjunta entre as esferas federal, estadual e municipal. Nesse contexto,
estados e municipios começaram a adotar medidas de planejamento e incentivo à energia solar
fotovoltaica, sendo as mais comuns: redução de impostos para geração distribuída e
equipamentos, licenciamentos ambientais simples e linhas de financiamento.
O estado de Goiás teve um crescimento surpreendente no setor após o início do
programa Goiás Solar, um dos programas estaduais mais completos do país. Apesar de ser
recente, a metodologia de criação de uma rede, tendo a participação de todos os setores da
sociedade com o objetivo de atender os eixos principais do plano de ação do programa, torna-
o referência para os demais estados do país.

61
Muitos consideram o efeito político justificativa para a diminuição da ascensão da
energia solar fotovoltaica no estado. Contudo, é possível observar a influência da participação
do poder público nos resultados apresentados, como diminuição de custos da tecnologia,
geração de emprego e renda, crescimento do mercado e aumento da capacidade instalada,
gerando impactos sociais, econômicos e ambientais.
De vários impactos sociais gerados através da fonte solar fotovoltaica, levar
eletricidade para comunidades isoladas e zona rural é não apenas uma excelente oportunidade
de crescimento do setor, como também ferramenta para assegurar condições de sobrevivência
para a população local.
A durabilidade dos equipamentos permite que o investimento, ainda alto, tenha um
excelente custo-benefício. Com as inovações tecnológicas, o cenário da energia solar
fotovoltaica se torna ainda mais promissor. Contudo, a legislação atual ainda não é suficiente
para a promoção da fonte solar FV em larga escala no país.
Para que as tecnologias de fontes renováveis se tornem escalável, é necessário
estabelecer metas mais rigorosas nos programas locais, aplicar políticas de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico, criar linhas de financiamento especificas com taxas de juros
competitivas, especialmente para pessoas físicas, estimular o estabelecimento de indústrias de
células, módulos, equipamentos fotovoltaicos e de silício grau solar e eletrônico, reduzir a carga
tributária e atualizar o Convênio ICMS 16/2015 (conforme Minas Gerais).
Ao concluir esse estudo, percebeu-se a validade dos gestores e legisladores entenderem
a importância do desenvolvimento do mercado solar fotovoltaico para a construção de um país
socialmente justo, economicamente próspero e ambientalmente sustentável.
Espera-se ampliar os conhecimentos sobre as políticas públicas de incentivo a inserção
da tecnologia frente as barreiras para aplicação, e assim promover melhorias na legislação para
se alcançar os resultados desejáveis.

62
REFERÊNCIAS

[1] ONU. Nós, Os Povos – O Papel das Nações Unidas no Século XXI. Nova Iorque, NY, 2000.

[2] IEA. CO2 Emissions Statistics. Disponível em:


https://www.iea.org/statistics/co2emissions/. Acesso em 30 jan. 2019.

[3] STERN, N. The Economics of Climate Change - The Stern Review. London: Cambridge
University Press, 2007.

[4] REN21. Renewables 2015 Global Status Report. Paris: REN21 Secretariat, 2015.

[5] ANEEL. Resolução Normativa nº 414, de 9 de setembro de 2010. Brasília-DF: Agência


Nacional de Energia Elétrica, 2010.

[6] ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DE MINAS GERAIS. Energia solar. Disponível em:


https://www.almg.gov.br/acompanhe/noticias/arquivos/2016/04/12_materia_especial_energia
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uma análise das políticas públicas e das formas de financiamento. In: SIMPÓSIO DE
EXCELÊNCIA EM GESTÃO E TECNOLOGIA, 2018, Resende-RJ. Anais [...]. Resende, Rio
de Janeiro: [s.n.], 2018. Disponível em:
https://www.aedb.br/seget/arquivos/artigos18/22626265.pdf. Acesso em 5 fev. 2019.

[8] ČOTAR, Andrej; FILČIĆ, Andrej. Photovoltaic Systems. REA Kvarner, Croácia, p. 2-13,
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mundo. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, Santa Maria-RS,
2016.

[10] ALMEIDA, Eliane et al. Energia Solar Fotovoltaica: Revisão Bibliográfica. [S. l.], 2016.

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[11] UNIVERSAL AUTOMAÇÃO. Entenda o Sistema Fotovoltaico Conectado à Rede (On
Grid). Inhumas-GO, 2018. Disponível em:
http://www.universalautomacao.com.br/post/sistema-fotovoltaico-energia-solar.html. Acesso
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2017. Rio de Janeiro-RJ, 2018.

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geração solar fotovoltaica no Brasil e Goiás. Goiânia-GO, 2018.

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[15] REN21. Renewable 2018 – Global Status Report. Paris, 2018.

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[17] BAJAY, S.V.; Energia no Brasil: os próximos dez anos. Campinas-SP, 2002.

[18] MARTINS, Juliana Marinho Cavalcanti. Estudo dos principais mecanismos de incentivo
às fontes renováveis alternativas de energia no setor elétrico. 2010. Dissertação de Mestrado -
Universidade Estadual de Campinas, Campinas-SP, 2010.

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e a produção independente de energia por meio de fontes renováveis. 2014. Trabalho de
Conclusão de Curso – Universidade de São Paulo, São Carlos-SP, 2014.

[20] STEFANELLO, Camila; MARANGONI, Filipe; ZEFERINO, Cristiane Lionço. A


importância das políticas públicas para o fomento da energia solar fotovoltaica no Brasil. In:
VII Congresso Brasileiro de Energia Solar, 2018, Gramado-RS.

64
[21] ELGAMAL, Georges Naguib Girgis; DEMAJOROVIC, Jacques; AUGUSTO, Eryka
Eugênia Fernandes. Os desafios da implementação da energia fotovoltaica no Brasil: uma
análise dos modelos nos principais mercados mundiais. In: Encontro Internacional sobre Gestão
Empresarial e Meio Ambiente, 2015, São Paulo-SP.

[22] BATISTA, Alexandre Kotchergenko et al. Políticas de fomento à geração solar no estado
da Califórnia. In: VII Congresso Brasileiro de Energia Solar, 2018, Gramado-RS.

[23] NASCIMENTO, Rodrigo Limp. Energia Solar no Brasil: Situação e Perspectivas. Brasília-
DF, 2017.

[24] SALAMONI, Isabel Tourinho. Um programa residencial de telhados solares para o Brasil:
diretrizes de políticas públicas para a inserção da geração fotovoltaica conectada à rede elétrica.
2009. Tese de Doutorado – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SP, 2009.

[25] NAIR, Rajiv. Solar PV policies and their impacts in China and India. EUA, 2014.

[26] REN21. Renewable 2019 – Global Status Report. Paris, 2019.

[27] MAHALINGAM, Arjun; REINER, David M. Energy subsidies at times of economic


crisis: A comparative study and scenario analysis of Italy and Spain. Reino Unido, 2016.

[28] BLUE SOL. Resolução 482 da ANEEL: 3 Principais Pontos Comentados. São Paulo, 2016.
Disponível em: https://blog.bluesol.com.br/resolucao-482-da-aneel-guia-completo/. Acesso
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[29] WWF. Desafios e Oportunidades para a energia solar fotovoltaica no Brasil:


recomendações para políticas públicas. Brasília-DF, 2015.

[30] EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. Projetos fotovoltaicos nos leilões de energia.


2018. Disponível em: http://epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-
abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-330/EPE-DEE-NT-091_2018-r0.pdf.
Acesso em 25 abr. 2019.

65
[31] EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. EPE cadastra 1.829 empreendimentos para o
Leilão A-6 de 2019 e bate recorde de oferta com mais de 100 GW. Disponível em:
http://www.epe.gov.br/pt/imprensa/noticias/epe-cadastra-1-829-empreendimentos-para-o-
leilao-a-6-de-2019-e-bate-recorde-de-oferta-com-mais-de-100-gw. Acesso em 12 jun. 2019.

[32] PORTAL SOLAR. Governo do Paraná define regras para licenciamento do uso de energia
solar. 2017. Disponível em: https://www.portalsolar.com.br/blog-solar/energia-solar/governo-
do-parana-define-regras-para-licenciamento-do-uso-de-energia-solar.html. Acesso em 20 mai.
2019.

[33] ANEEL. Outorgas e registros de geração. Disponível em:


http://www.aneel.gov.br/outorgas/geracao. Acesso em 22 jul. 2019.

[34] SECRETARIA DE INFRAESTRUTURA E MEIO AMBIENTE. Incentivo ao setor.


Disponível em:
https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/infraestrutura/coordenadorias/coordenador
ia-de-energias-eletrica-e-renovaveis/incentivo-ao-setor/. Acesso em 22 jul. 2019.

[35] SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE, RECURSOS HÍDRICOS,


INFRAESTRUTURA, CIDADES E ASSUNTOS METROPOLITANOS. Balanço Energético
do Estado de Goiás. 2017. Disponível em:
http://www.meioambiente.go.gov.br/images/imagens_migradas/upload/arquivos/2018-
04/bego-2017-v2-completo.pdf. Acesso em 05 mai. 2019.

[36] SECIMA. Programa Goiás Solar: o que é? Disponível em:


http://goiassolar.meioambiente.go.gov.br/. Acesso em 20 jun. 2019.

[37] FERREIRA, Danúsia Arantes. Interdisciplinaridade e Políticas Públicas: Experiência do


Programa Goiás Solar. 2018. Tese de Doutorado – Pontífica Universidade Católica de São
Paulo, São Paulo-SP, 2018.

66
[38] IFG. IFG inaugura primeira árvore solar da cooperação com a Enel/Aneel. 2018.
Disponível em: http://www.ifg.edu.br/concursos/170-ifg/campus/itumbiara/noticias-campus-
itumbiara/8312-arvore-solar-goiania. Acesso em 25 jun. 2019.

[39] MINISTÉRIO DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÕES E COMUNICAÇÕES.


Opções de Mitigação. Disponível em:
http://www.mctic.gov.br/mctic/opencms/ciencia/SEPED/clima/opcoes_mitigacao/Opcoes_de
_Mitigacao_de_Emissoes_de_Gases_de_Efeito_Estufa_GEE_em_SetoresChave_do_Brasil.ht
ml. Acesso em 13 jun. 2019.

[40] FEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BANCOS – FEBRABAN. Financiamento para energia


solar fotovoltaica em geração distribuída. São Paulo, 2018. Disponível em:
http://mediadrawer.gvces.com.br/publicacoes-2/original/fgvces-
financiamento_para_energia_solar-2018.pdf. Acesso em 30 jun. 2019.

67
APÊNDICE A – DADOS DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO
MUNDO

Nesta seção serão apresentadas informações importantes da evolução da energia solar


fotovoltaica no mundo e de seus impactos.

Figura 24 – Adição Anual da capacidade das diferentes tecnologias renováveis de energia.

Fonte: [25].

Figura 25 – Evolução da capacidade instalada de energia solar FV no mundo.

Fonte: [15].

68
Figura 26 – Empregos gerados através das fontes renováveis de energia.

Fonte: [25].

Figura 27 – Evolução da capacidade instalada de energia solar FV por país.

Fonte: [25].

Figura 28 – Evolução do preço no mundo.

Fonte: [15].

69
Figura 29 – Projeção para a matriz elétrica mundial em 2050.

Fonte: [15].

70
APÊNDICE B – DADOS DA ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA NO
BRASIL

As figuras a seguir apontam dados sobre o cenário da energia solar fotovoltaica no


país.

Figura 30 – Geração distribuída solar fotovoltaica no Brasil por classe de consumo.

Fonte: [15].

Figura 31 – Projeção para a matriz elétrica brasileira em 2040.

Fonte: [15].

71
Figura 32 – Informações sobre a energia solar fotovoltaica no Brasil.

Fonte: [15].

Figura 33 – Reclamações mais frequentes na ouvidoria da ABSOLAR.

Fonte: [15].

72
Figura 34 – Custo de instalação sem financiamento bancário.

Fonte: [40].

Figura 35 – Retorno do projeto sem financiamento bancário (em anos).

Fonte: [40].

Figura 36 – Retorno do projeto com financiamento bancário (em anos).

Fonte: [40].

73

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