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CAMPINAS
2020
STELLA MARIA SANTOS DE SOUSA
CAMPINAS
2020
Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura
Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129
Título em outro idioma: Performance of Brazilian's Energy Efficiency Program for low
income projects : ranking based on energy efficiency indicators Palavras-chave em
inglês:
Indicators
Energy efficiency
Performance
Public policy - Brazil
Área de concentração: Planejamento de Sistemas Energéticos
Titulação: Mestra em Planejamento de Sistemas Energéticos
Banca examinadora:
Gilberto de Martino Jannuzzi [Orientador]
Carla Kazue Nakao Cavaliero
Auxiliadora Maria Moura Santi
Data de defesa: 02-04-2020
Programa de Pós-Graduação: Planejamento de Sistemas Energéticos
Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)
- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0002-4079-7398
- Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/7924115648982240
A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida
acadêmica do aluno.
Eu não poderia deixar de começar esses agradecimentos falando de quaisquer pessoas a não ser
os meus pais. Agradeço à minha mãe, Carminha e ao meu pai, César, por não medirem esforços
para que a minha educação fosse a melhor possível. Vocês são minhas inspirações!
Ao meu irmão, Otto, por compartilhar suas visões socioambientais e me fazer enxergar sempre
além.
Ao meu companheiro, Victor, pelo amor, apoio e por dividir os momentos mais prazerosos
nesses últimos dois anos.
Ao grande amigo e colega do PSE, Pablo, pelas inúmeras conversas e discussões, que ajudaram
a dar clareza na pesquisa e na vida.
Aos amigos Wedja, Alyson e Hugo, pelos momentos de descontração que aliviaram o peso da
caminhada.
Por fim, agradeço ao Professor Jannuzzi, por ter me concedido a honra de trabalhar sob sua
orientação.
Currently more than 1000 energy efficiency projects are completed under the Energy Efficiency
Program (PEE) of the Brazilian Electricity Regulatory Agency (ANEEL), promoting energy
savings of 1900 GWh and 580 MW of peak demand reduction. More than R$ 2 billion was
invested, which 60% was allocated to projects for low income households, value guaranteed by
Law Nº. 12.212 / 2010. PEE is currently the largest energy efficiency program in the country,
however, there is a lack of evaluation to justify investments, which would ensure that the
projects are economically efficient and even to assist program improvement. Thus, this study
developed a methodology to evaluate Low Income projects through their ranking, based on the
performance of each project and each utility, through a scoring system based on the construction
of six energy efficiency indicators, covering economic, technical, social and environmental
spheres. The best projects reached 90% of the maximum score, however less than 10% of the
analyzed projects were characterized as being of excellence, obtaining maximum score in five
of the six indicators and also good scores in the other indicator, which reveals that there is a lot
of room for improvement. Only 16% of the projects were considered economically efficient,
considering Indicators 1 and 2. 24% of the projects benefited residences with internal electrical
installations renovations (Indicator 3) and 32% of the projects reformed or installed power
gauge watches (Indicator 4). 83% of the projects carry out socio-educational activities, with an
emphasis on actions to promote rational use of energy, to the detriment of social actions
(Indicator 5). The avoided CO2 emission was greater in projects that most changed equipment,
mainly refrigerators and numbered lamp bulbs (Indicator 6). The concessionaires that had the
best projects were CPFL-Piratininga, RGE, AES-Sul and SULGIPE. This methodology proved
to be effective for an impact assessment and it can be applied by ANEEL, to monitor progress
and improve the program.
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 15
1.1. Objetivos .................................................................................................................... 17
1.2. Estrutura da Dissertação ............................................................................................ 18
2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA .......................................................................................... 19
2.1. Avaliação dos Programas de Eficiência Energética................................................... 30
2.2. Indicadores de Eficiência Energética ......................................................................... 32
2.2.1. Indicadores de Eficiência Energética da ACEEE: Ranking dos países em relação
às ações de eficiência energética. ..................................................................................... 35
3 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NO BRASIL .................................................................... 39
3.1. Programa Conserve .................................................................................................... 39
3.2. Programa Brasileiro de Etiquetagem ......................................................................... 42
3.3. Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica - Procel ............................. 45
3.4. Programa Nacional de Racionalização do Uso dos Derivados do Petróleo e do Gás
Natural - Conpet ................................................................................................................... 48
3.5. A Lei de Eficiência Energética .................................................................................. 50
3.6. A ANEEL e o PEE ..................................................................................................... 52
3.6.1. Estrutura do PEE ................................................................................................ 57
a) Concepção ..................................................................................................................... 57
b) Tipologias de Projeto ................................................................................................. 59
c) Cálculo da viabilidade econômica ................................................................................. 61
3.6.2. Resultados do Programa ..................................................................................... 62
3.7. Outros Programas ...................................................................................................... 64
4 METODOLOGIA............................................................................................................. 67
4.1. Estabelecimento dos Indicadores ............................................................................... 68
4.1.1. Indicadores econômicos ..................................................................................... 68
4.1.2. Indicadores técnicos ........................................................................................... 70
4.1.3. Indicador socioeducativo .................................................................................... 71
4.1.4. Indicador ambiental ............................................................................................ 72
4.2. Sistema de pontuação ................................................................................................. 74
5 AVALIAÇÃO DOS PROJETOS E RESULTADOS....................................................... 78
5.1. Primeira Fase - Definindo o universo de estudo ........................................................ 78
5.2. Segunda Fase – Obtenção dos relatórios dos projetos ............................................... 81
5.3. Terceira fase – Análise preliminar dos projetos ........................................................ 81
5.4. Quarta Fase – Desenvolvimento dos indicadores ...................................................... 82
5.5. Quinta Fase – Criação do banco de dados e verificação de inconsistências .............. 82
5.6. Sexta Fase – Aplicação dos Indicadores e Resultados preliminares ......................... 83
5.7. Sétima Fase - Sistema de pontuação .......................................................................... 88
5.8. Oitava Fase – Pontuação aplicada nos resultados dos Indicadores............................ 89
5.9. Nona Fase – Resultados ............................................................................................. 90
5.9.1. Análise de sensibilidade ..................................................................................... 91
6 ANÁLISE DOS RESULTADOS ..................................................................................... 93
7 CONCLUSÕES .............................................................................................................. 102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................... 104
APÊNDICE A – Pontuação geral por projeto ........................................................................ 114
APÊNDICE B – Resultados do Indicador 1 ........................................................................... 117
APÊNDICE C – Resultados do Indicador 2 ........................................................................... 120
APÊNDICE D – Resultados do Indicador 3 ........................................................................... 123
APÊNDICE E – Resultados do Indicador 4 ........................................................................... 126
APÊNDICE F – Resultados do Indicador 5 ........................................................................... 129
APÊNDICE G – Resultados do Indicador 6........................................................................... 133
APÊNDICE H – Pontuação geral por concessionária ............................................................ 136
APÊNDICE I – Cenários da Análise de Sensibilidade........................................................... 138
APÊNDICE J – Projetos com seus respectivos valores de CAT/EE e CAT/DRP. ................ 140
ANEXO A – Cálculo da RCB ................................................................................................ 143
ANEXO B – Concessionárias ................................................................................................ 144
15
1 INTRODUÇÃO
arquivos eletrônicos transferidos através do Sistema Duto. Com a Resolução Normativa (RN)
nº 300/2008, iniciou-se uma fase em que o programa contou com orientações mais definidas e
padronizadas, através das diretrizes estabelecidas no Manual para Elaboração do Programa de
Eficiência Energética (ANEEL, 2008). Atualmente, os projetos devem ser elaborados e
executados com base nas diretrizes estabelecidas no Procedimentos do Programa de Eficiência
Energética (PROPEE) (ANEEL, 2018), sucessor do Manual desde 2013.
Os projetos passam por fases de planejamento, execução e auditoria, sendo que a
primeira fase é de cadastramento inicial dos dados esperados no planejamento através do Duto.
Na segunda fase, após a execução do projeto, as concessionárias devem emitir o Relatório de
Medição e Verificação (M&V), o Relatório de Auditoria Contábil e Financeira e o Relatório
Final e submetê-los à ANEEL, configurando o encerramento do projeto. Na terceira fase, a
ANEEL emite o relatório de avaliação final, com dados auditados pela Agência. Nessa fase,
projetos que tiveram seus investimentos aprovados pela ANEEL são dados como “encerrados
e com valores reconhecidos”, sendo este grupo o objeto de análise desse trabalho. Os valores
não reconhecidos retornam à conta contábil, voltando a compor a obrigação de investimento
(ANEEL, 2008b).
De acordo com a ANEEL, desde a publicação da RN 300/2008, mais de 1600 projetos
de eficiência energética foram cadastrados1 (ANEEL, 2018c), sendo 1026 projetos de eficiência
energética concluídos até junho de 2018 (ANEEL, 2018b), com um total em investimento
realizado de R$ 2.026.534.291,36, resultando em uma economia de energia (EE) de 1.900
GWh/ano e demanda retirada na ponta (DRP) de 581 MW.
Dentre os projetos concluídos, os maiores investimentos são destinados a projetos
voltados para a população de baixa renda, o que se deve à Lei nº 12.212/2010 que determinava
que 60% do montante investido pelas concessionárias deveria ser aplicado em unidades
consumidoras beneficiadas pela Tarifa Social.
O PEE, atualmente, é considerado o “maior e mais constante programa de investimento
em eficiência energética realizado no país” (JANNUZZI, 2011), porém não são feitas
avaliações desse programa como um todo, que seriam necessárias para justificar os
investimentos e até mesmo auxiliar e direcionar as organizações envolvidas para um melhor
aproveitamento de seus recursos.
Desde a década de 1990, principalmente, inúmeros países e agências desenvolveram
maneiras de monitorar e avaliar os impactos dos mecanismos e programas de eficiência
1
Até março de 2016.
17
energética nas suas economias como um todo, ou em distintos setores e atividades econômicas,
através de indicadores (BOSSEBOEUF, CHATEAU, LAPILLONNE, 1997; CASTRO-
ALVAREZ et al., 2018; IEA, 2017; KEMMLER e SPRENG, 2007; SCHIPPER et al., 1997;
SATHAYE et al., 2010; WEC, 2016).
A avaliação promove programas mais eficazes e justifica os investimentos, ajudando a
garantir que os programas sejam econômicos e que as economias sejam sustentadas com o
tempo. Talvez o imperativo para conduzir uma avaliação seja melhor descrito por John Kenneth
Galbraith e William Edwards Deming: “Things that are measured tend to improve” (NATION
ACTION PLAN FOR ENERGY EFFICIENCY, 2007).
Um dos trabalhos de monitoramento e avaliação de programas de eficiência energética
mais reconhecidos na área é o International Energy Efficiency Scorecard, realizado a cada dois
anos pela American Council for an Energy-Efficient Economy (ACEEE), que executa um
ranqueamento dos principais países consumidores de energia do mundo, baseado no seu
desempenho em relação às políticas e práticas de eficiência energética, através de um sistema
de pontuação baseado na construção de indicadores.
1.1. Objetivos
2 EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 ú𝑡𝑖𝑙
𝐸𝑓𝑖𝑐𝑖ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔é𝑡𝑖𝑐𝑎 (%) = × 100 (𝐸𝑞. 1)
𝐼𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔é𝑡𝑖𝑐𝑜
A Segunda Lei, também chamada de Lei da Dissipação da Energia, afirma que em todos
os processos reais de conversão energética, sempre vai existir uma parcela de energia térmica
como produto, que corresponde à parcela de energia associada ao trabalho não realizado. O
aumento dessa parcela de energia refere-se à entropia do sistema.
Através dessa lei é possível analisar a qualidade da energia em alguns casos de interesse.
O conceito de qualidade da energia relaciona-se à sua capacidade de conversão em trabalho,
que pode ser fornecida pela exergia, denominação feita por Rant (1956 apud SANTOS et al
2006) para a parcela útil dos fluxos energéticos.
Para ilustrar esses conceitos, tem-se o exemplo de um chuveiro elétrico, um
equipamento extremamente eficiente em relação à 1ª Lei da termodinâmica, chegando a 95-
98% de eficiência, convertendo energia elétrica em energia térmica. Porém, essa não é a melhor
forma de usar a eletricidade. De acordo com a 2ª Lei, seria mais eficiente usar a energia solar
ou um combustível, como o gás, para aquecer a água (JANNUZZI, 2015).
Pode-se incluir a substituição de energéticos (energia eólica, etanol etc.) para ampliar a
definição de eficiência energética, sendo que se comprove menores custos (financeiros,
ambientais e sociais) para a produção de um bem ou serviço.
20
falhas de mercado: “(a) barreiras: podem ser removidas através de políticas energéticas
24
adequadas que orientam à tomada de decisão dos agentes privados na direção considerada ótima
do ponto de vista; (b) falhas de mercado: exigem uma intervenção direta do setor público”.
Barreira geral
Falta de atenção governamental à eficiência energética.
Barreiras políticas
Excesso de capacidade
Perspectivas de curto prazo
Incentivos divididos (mal alocados) aos fornecedores de energia
Precificação
(a) Precificação não transparente
(b) Precificação que não reflete os custos
Tarifas e taxas de importação
Falta de reconhecimento dos benefícios da eficiência energética por parte dos colaboradores e/ou
órgãos de gestão
Informação imperfeita referente às oportunidades de eficiência energética
Concorrência inadequada (problema das forças do mercado)
Instabilidade dos clientes (problema para o fornecedor de energia)
Falta de paradigma adequado (para avaliar o valor da eficiência energética)
Separação do processo de política energética (da política ambiental e social)
Pouca experiência de transformação de mercado (por usuários finais ou outros)
Falta de conhecimento técnico/pessoal especializado
Processo de configuração das tarifas das concessionárias
(a) Barreiras de recuperação de custos
(b) Dissociação de lucros de vendas
Barreiras de programas
Baixo custo de energia para os usuários finais
Falta de informação aos usuários finais
(a) Falta de dados do consumo de energia
(b) Falta de informações do fornecedor de energia
Custos de informações e pesquisa
Usuários finais não investem em eficiência energética devido aos seus costumes ou hábitos
Falta de impacto das experiências do usuário final e de outros atores do mercado
(a) Falta de experiência com medidas comprovadas de custo efetivo
(b) Incertezas de desempenho (acreditar que a eficiência energética pode não ser confiável)
(c) Relutância em adotar novas tecnologias
(d) Medo de interrupções da linha de produção
Barreiras financeiras
(a) Limitação de capital disponível para eficiência energética
(b) Investimento inicial alto
Indisponibilidade do produto/serviço
Inseparabilidade das características do produto
Barreiras organizacionais
(a) Baixa prioridade à eficiência energética
(b) Visões da alta administração
(c) Múltiplos tomadores de decisão
Incentivos divididos (mal alocados)
Fonte: Adaptado de Vine et al. (2003)
25
Mecanismos de controle
Eficiência energética como fonte de suprimento mandatária
Licença condicionada para eficiência energética em negócios no mercado de eletricidade
Planejamento integrado de recursos
Eficiência energética e gerenciamento da carga como alternativas a expansão da rede
Regulação das receitas
Códigos e padrões de eficiência energética
Mecanismos de fundos
Fundo público para eficiência energética
Financiamento da eficiência energética através de negócios no mercado de eletricidade
Mecanismos de suporte
Esquemas de treinamento para profissionais na área
Centros de energia
Criação de redes de organizações sobre energia
Desenvolvimento das ESCOs
Promoção de eficiência energética por associações industriais
Acordo entre os compradores de eletricidade para promoção da eficiência energética
Acordos voluntários para promoção da eficiência energética
Mecanismos de mercado
Impostos sobre energia
Isenção de taxas e incentivos para eficiência energética
Fornecimento de informações nas contas de consumo de eletricidade
Comunicação de preços e outras informações para eficiência energética
Etiquetagem do desempenho energético
Desenvolvimento de tipos de eficiência energética
Cooperação para obtenção de aparelhos e equipamentos eficientes no uso da energia
Contratos de desempenho energético
Serviços de fornecimento de energia competitivos
Fornecimento competitivo de equipamentos para a demanda
Reduções pelo lado da demanda oferecidas nos mercados competitivos
Licenças, permissões e sistemas de negócios para emissões de GEE
Fonte: Adaptado de Vine et al. (2003)
A quantidade de energia utilizada para gerar uma unidade do PIB, também chamada de
Intensidade Energética - CTEP/PIB -, diminuiu globalmente em 32% entre 1990 e 2015, com
grandes variações regionais, como ilustrado na Figura 5. Por exemplo, na China2, a intensidade
diminuiu mais que a metade (66%) no mesmo período (IEA, 2017b).
2
Incluindo a República Popular da China e Hong Kong, China.
29
3
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
30
eficiência energética para os países da União Europeia (28 países e Noruega) (ENERDATA,
2019b).
Nas próximas seções são apresentadas as bases conceituais para Avaliação de
Programas de Eficiência Energética baseadas no Model Energy Efficiency Program Impact
Evaluation Guide (NATIONAL ACTION PLAN FOR ENERGY EFFICIENCY, 2007) e de
indicadores de eficiência energética, com destaque para o ranqueamento internacional de
eficiência energética da ACEEE, The 2018 International Energy Efficiency Scorecard
(CASTRO-ALVAREZ et al., 2018).
4
O PIR é uma abordagem que combina tecnologias de oferta de energia elétrica e de aumento de eficiência
energética, com gerenciamento do lado da demanda, para fornecer serviços energéticos para a sociedade a menores
custos, incluindo custos sociais e ambientais (JANNUZZI; SWISHER; REDLINGER, 2018).
31
ajudam a garantir que os programas sejam econômicos e que as economias sejam sustentadas
com o tempo.
National Action Plan for Energy Efficiency (2007) descreve três tipos básicos de
avaliação, todas consideradas ex post, pois analisam o que já ocorreu: avaliação de impacto,
avaliação de processo e avaliação de efeitos de mercado, como ilustrado na Figura 7.
série de atividades como efeito nos stakeholders, satisfação do consumidor, práticas comuns,
levantamento de baselines, potencial de economia etc. Em função das características de cada
programa, deve ser definida a melhor opção de avaliação de cada categoria (JANNUZZI et al.,
2019)
Além disso, as avaliações geralmente incluem análises de custo-benefício que
documentam a relação entre o valor dos resultados do programa (ou seja, EE, DRP e de
emissões) e os custos incorridos para alcançar esses benefícios. Essas análises são tipicamente
vistas como uma extensão das avaliações de impacto, mas também podem levar em
consideração os resultados da avaliação do mercado, considerando a penetração no mercado
durante o tempo de vida esperado das medidas (NATIONAL ACTION PLAN FOR ENERGY
EFFICIENCY, 2007)
M&V é outro termo frequentemente usado quando se discute análises de atividades de
eficiência energética e refere-se à coleta, monitoramento e análise de dados usados para calcular
a economia bruta de energia e de demanda de projetos. A M&V pode ser um subconjunto da
avaliação de impacto do programa. De um modo geral, a diferenciação entre avaliação e M&V
do projeto é que a avaliação está associada a programas e M&V com projetos5 (NATIONAL
ACTION PLAN FOR ENERGY EFFICIENCY, 2007).
5
Um programa é um grupo de projetos com características tecnológicas semelhantes que são instalados em
aplicações semelhantes.
33
A Figura 10 mostra as classificações e pontuações dos países em cada uma das quatro
categorias, indicando que diversos países ainda têm um espaço substancial para melhorias.
37
como pode ser visto na classificação da ACEEE, apesar dos esforços empenhados desde a
década de 1980. Essa classificação mostra que há muito espaço para ampliar a gestão
governamental na área de uso racional e conservação de energia no país.
Na próxima sessão serão apresentadas as ações e programas de eficiência energética
realizados no Brasil, com seus aspectos legais e institucionais, destacando o maior programa
brasileiro nesse setor, o PEE.
39
Como dito no capítulo anterior, após o primeiro choque nos preços do petróleo, os países
começaram a adotar medidas de conservação de energia. Nessa conjuntura, o Brasil com o
objetivo de reduzir a dependência externa pelo combustível fóssil, optou por uma política de
substituição de fontes de energia importadas. Nesse contexto foi lançado o Programa Nacional
do Álcool (Proálcool), em 1975 (LEITE, R.; CORTEZ, L, 2003).
Foi somente nos anos 1980 que as primeiras iniciativas concretas de eficiência
energética e conservação de energia foram implementadas no Brasil, como a criação do
Programa Conserve, o Procel e o Conpet.
A partir de então, foram criados diversos instrumentos, mecanismos de fomento e leis
de apoio à eficiência energética no sistema energético brasileiro.
Nesse capítulo são apresentados os principais programas nacionais e ações de fomento
à eficiência energética no país, destacando seus aspectos legais e institucionais, além de sua
estrutura, atividades e resultados.
6
A Agência Especial de Financiamento Industrial (FINAME) é uma subsidiária do BNDES responsável por
financiar a troca de equipamentos.
41
Conservação de Substituição de
Setor Total (tep)
Energia (tep) Combustível (tep)
Papel e Celulose 155.100 165.732 320.832
Siderurgia 146.672 486.780 633.452
Cimento 403 498.589 498.992
Química e Petroquímica 26.645 93.287 119.932
Energia 41.988 7.448 49.436
Metalurgia 2.104 13.916 16.020
Mineração - 8.562 8.562
Agroindústria 982 88.806 89.788
Materiais de Construção - 18.022 18.022
Total 373.894 1.381.142 1.755.036
% 21 79 100
Fonte: PICCININI (1994)
7
As outras fontes eram lenha (7%), outras fontes primárias (13%), carvão vegetal (4%), bagaço de cana (3%) e
outras fontes secundárias (3%) (PICCININI, 1993, apud PICCININI, 1994)
42
mergulhado em crise financeira e não tinha condições de financiar a expansão do sistema. Dessa
forma, a opção estratégica foi a criação de uma política de conservação do uso de energia
elétrica, que refletiu na criação do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica
(Procel), em 1985, discutido mais à frente.
(a)
Leonelli (2016 apud BAJAY et al. 2018) aponta alguns benefícios do programa, após
mais de trinta anos de duração: 31 famílias de produtos etiquetados, sendo 24 etiquetadas
compulsoriamente; aproximadamente R$ 23 bilhões economizados devido ao incentivo à troca
de lâmpadas incandescentes, desde 2006; condicionadores de ar e refrigeradores geraram, desde
2000, R$ 6 bilhões de economia.
É fato que esses números são resultados da integração do PBE com os Selos Procel e
Conpet e com a Lei de Eficiência Energética, que são apresentados adiante.
O Procel foi criado em 1985 pelo MME e gerido com recursos administrativos e técnicos
por uma Secretaria Executiva subordinada às Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobras). O
objetivo do Programa é integrar as ações de conservação e uso eficiente da energia elétrica no
país, dentro de uma visão mais abrangente e coordenada (MME, 2011).
Ao longo dos anos diversos subprogramas foram empreendidos pelo programa, alguns
com resultados relevantes, como o caso da etiquetagem e do Selo Procel a equipamentos
elétricos e coletores solares. Dentre esses subprogramas existem três grandes categorias:
informação/educação, tecnológicos e apoio direto a setores específicos:
• Centro Brasileiro de Informação de Eficiência Energética – Procel Info;
• Eficiência Energética em Edificações – Procel Edifica;
• Eficiência Energética em Equipamentos – Procel Selo;
• Eficiência Energética Industrial – Procel Indústria;
• Eficiência Energética no Saneamento Ambiental – Procel Sanear;
• Eficiência Energética nos Prédios Públicos – Procel EPP;
• Eficiência Energética Municipal – Procel GEM;
• Informação e Cidadania – Procel Educação;
• Eficiência Energética na Iluminação Pública e Sinalização Semafórica –
Procel Reluz;
Figura 13 - Investimentos anuais da Eletrobras nos últimos seis anos (milhões de reais)
Fonte: Elaboração a partir de PROCEL (2017; 2018)
8
RGR é o fundo federal formado pelos recursos das concessionárias, proporcionais ao investimento de cada
uma.
47
Considerando os resultados acumulados entre 1986 a 2017, a EE total obtida foi de 128,6
bilhões de kWh (PROCEL, 2018). O gráfico da Figura 14 mostra os ganhos energéticos anuais
decorrentes das ações do Procel, desde 2012.
Figura 14 - Economia de Energia no âmbito Procel nos últimos seis anos (bilhões de kWh)
Fonte: Elaboração a partir de PROCEL (2017; 2018)
O Conpet foi criado em 1991 por decreto presidencial, sendo um programa do MME,
coordenado e executado pela Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras). O Conpet estimula a
eficiência das fontes de energia em diversos setores, principalmente nos transportes, nas
indústrias e nas residências, além de desenvolver ações de educação ambiental.
Os principais objetivos do programa são: tornar racional o consumo dos derivados do
petróleo e do gás natural; reduzir a emissão de gases poluentes; promover o desenvolvimento
tecnológico e a pesquisa; conceder apoio técnico para aumentar a eficiência energética no uso
final da energia; e conscientizar os consumidores sobre a importância do uso racional de energia
(CONPET, 2012a).
O Conpet tem atuação em três diferentes áreas, eficiência energética de equipamentos,
educação e transporte. Além disso, concede o Prêmio Nacional de Conservação e Uso Racional
de Energia nas categorias indústria, imprensa e transporte rodoviário.
Em relação à primeira área, o Conpet atua no PBE como parceiro do Inmetro, para a
realização da etiquetagem de equipamentos que consomem combustíveis (fogões, fornos,
aquecedores de água a gás e automóveis) e, também, de pneus. Além disso, emite o Selo Conpet
de Eficiência Energética, introduzido em 2005, que funciona de forma similar ao Selo Procel,
agindo no âmbito do PBE, através da atribuição do Selo aos equipamentos consumidores de
derivados de petróleo e gás natural que obtiverem os menores índices de consumo de
combustível no ano em questão (CONPET, 2012b).
Em relação à educação, o subprograma Conpet na Escola, criado em 1992, tem como
objetivo passar informações sobre petróleo, gás natural e eficiência energética para os
professores, através de vídeos educativos e debates sobre os temas. É sugerido aos professores
que repassem as informações aos seus alunos, integrando-as ao conteúdo das disciplinas. Os
últimos resultados do programa indicam uma queda no número de educadores participantes, o
que sugere uma queda do investimento nessa área. Em 2011, 3033 educadores participaram das
oficinas, representando 1385 escolas; em 2013 foram 1000 educadores, em 500 escolas e em
2014, 677 educadores (CONPET, 2012c; 2014a; 2014b).
O Conpet no Transporte abrange três projetos no setor, o Programa Economizar, o
Projeto Transportar e o Projeto Engenhar. O EconomizAR, criado em 1997, é uma parceria
49
9
Inclui projetos de outros em que o Conpet participou, como a Caravana Siga Bem e o Programa de Qualidade do
Ar em Santo André (Proar).
50
que poderia retornar em ótimos ganhos de eficiência energética nos veículos, através de
sincronicidade de semáforos e retirada de uso excessivo de lombadas em estradas e avenidas,
por exemplo. O Conpet, ainda deveria trabalhar mais em relação à substituição dos
combustíveis, visando a racionalização da matriz energética brasileira, e ter uma maior
participação na indústria, visto que os esforços direcionados para o setor são poucos.
10
A crise energética de 2001 e o racionamento de energia exigido para superá-la foi uma demonstração concreta
do impacto das medidas de conservação e eficiência energética. Uma significativa consequência dessa crise foi ter
melhorado um projeto de lei que tramitava há mais de uma década no Congresso, sendo essa a referida Lei 10.295.
51
Dentre as atribuições do CGIEE está a elaboração das regulamentações para cada tipo
de aparelho consumidor de energia e o estabelecimento do Programa de Metas, constando a
atualização e evolução dos níveis a serem alcançados pelos devidos equipamentos.
Desde sua criação, o comitê definiu os níveis mínimos de eficiência energética para dez
tipos de equipamentos: motores elétricos de indução trifásicos; lâmpadas fluorescentes
compactas; refrigeradores e congeladores; fogões e fornos a gás; condicionadores de ar;
aquecedores de água e gás; reatores eletromagnéticos para LVSAP e VM 11; lâmpadas
incandescentes; transformadores de distribuição; ventiladores de teto (JANNUZZI, s.d.).
De acordo com VIANA et al. (2012), a Lei de Eficiência Energética produz, como
consequência, os seguintes fatos:
a) Recolher do mercado, no médio e longo prazo, os equipamentos energeticamente menos
eficientes;
b) Ganhar EE ao longo do tempo;
c) Impulsionar o desenvolvimento tecnológico, devido a fabricação de equipamentos mais
eficientes energeticamente;
d) Proporcionar o aumento da competitividade industrial no país;
e) Diminuir os gastos dos consumidores;
f) Contribuir para a diminuição dos impactos ambientais através do uso de equipamentos
que consomem menos energia.
Leonelli (2016 apud BAJAY et al. 2018) destaca a relação paralela do PBE, com os
Selos de Eficiência Energética (Procel e Conpet) e com a Lei de Eficiência Energética, no
sentido de que o PBE apresenta a base técnica para a avaliação do desempenho energético dos
equipamentos. Através das etiquetas é possível selecionar os melhores de cada categoria, que
recebem os Selos de Eficiência Energética, estimulando fabricantes e consumidores. Do outro
lado, têm-se o patamar inferior da eficiência, sendo os níveis mínimos de eficiência energética
definidos pela Lei de Eficiência Energética, banindo do mercado os produtos considerados
ineficientes. Assim, essa combinação de mecanismos de estímulo e compulsoriedade vem se
mostrando eficaz, representando quase o total dos resultados quantitativos obtidos pelo Procel
e pelo Conpet.
11
LVSAP – Lâmpadas de vapor de sódio de alta Pressão. VM – Lâmpadas de vapor de mercúrio.
52
A ANEEL foi instituída em 1996 pela Lei nº 9.427, e regulamentada pelo Decreto nº
2.335, de 1997 e é caracterizada como autarquia sob regime especial, com personalidade
jurídica de direito público e autonomia patrimonial, administrativa e financeira, vinculada ao
MME. A ANEEL tem por finalidade regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição
e comercialização de energia elétrica, seguindo a legislação, diretrizes e políticas do Governo
Federal.
Dentre as competências da ANEEL, Viana et al. (2012) evidenciam aquela diretamente
ligada à eficiência energética: estimular o combate ao desperdício de energia em relação a todas
as formas de produção, transmissão, distribuição, comercialização e uso da energia elétrica.
A partir da reestruturação do setor elétrico, com o início das privatizações em 1994,
aconteceram grandes mudanças em torno da eficiência energética, quando o governo federal
considerou estratégico que as concessionárias investissem montantes em atividades de
eficiência energética. Nessa época, os contratos de concessão já continham cláusulas que
obrigavam as concessionárias a investir em atividades de eficiência energética e P&D. Porém,
essas cláusulas eram muitas vezes genéricas e difíceis de monitorar, o que causava uma grande
dificuldade das autoridades em verificar o desempenho dos investimentos (JANNUZZI, 2005).
Assim, em 1998, a ANEEL estipulou uma regra que definia com mais clareza o
montante do investimento anual, os procedimentos para apresentação, aprovação e verificação
dos programas de eficiência energética das concessionárias, através da Resolução nº 242, de 24
de julho de 1998. Nessa regulação passou a ser estabelecido um investimento anual pelas
concessionárias de serviço público, em ações envolvendo eficiência energética de, no mínimo,
1% da Receita Operacional Anual do ano anterior, obedecendo aos limites: (i) máximo de 0,5%
desse montante designados a projetos de marketing e iluminação pública; (ii) mínimo de 0,25%
em projetos industriais; (iii) mínimo de 0,25% em projetos residenciais; e (iv) mínimo de 0,25%
destinados à conservação de energia em prédios públicos.
Através da Resolução nº 261 de 03 de setembro de 1999, a ANEEL regulamentou a
obrigatoriedade e os limites de aplicação dos recursos das concessionárias em ações de combate
ao desperdício de energia elétrica e projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico do
setor elétrico para o biênio 1999/2000, estabelecendo, também, os limites para ações
relacionadas aos setores residencial, industrial e prédios públicos, com a seguinte destinação:
53
(i) no mínimo 0,25% em ações vinculadas ao uso final (sendo o mínimo de 30% em projetos
residencial, industrial e prédios públicos); (ii) no mínimo 0,10% em projetos de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico.
Desde o primeiro ciclo (1998/1999) do PEE, muitas alterações foram feitas na lei e nos
instrumentos que regulamentam a aplicação desses recursos, que são descritas ao longo dessa
sessão, resumidas na Figura 15, a seguir.
185/2001; (III) quando necessárias ações de marketing, as mesmas deverão estar incluídas nos
respectivos projetos”.
A Resolução nº 185, de 21 de maio de 2001, revogada pela RN nº 233, de 24 de outubro
de 2006, estabeleceu os critérios e procedimentos para os cálculos dos valores aplicados no
PEE e no FNDCT.
A Lei nº 10.438, estabelecida no dia 26 de abril de 2002, dispõe sobre a expansão da
oferta de energia elétrica emergencial, recomposição tarifária extraordinária, cria a Conta de
Desenvolvimento Energético, o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica (Proinfa), dispõe sobre a universalização da energia elétrica instituindo a Tarifa Social
de Energia Elétrica, concedendo desconto nas contas de energia elétrica em unidades de baixo
consumo.
Também promulgada em 2002, no dia 03 de setembro, a Resolução nº 492 determinou
que 0,50% da ROL do ano anterior deveria ser aplicada anualmente em programas de eficiência
energética no uso final de energia elétrica.
A Resolução nº 502, de 26 de novembro de 2001, aprovou o Manual de Programas de
P&D.
A Lei nº 10.848, de 15 de março de 2004, estabeleceu uma nova forma de destinação
para os recursos de pesquisa e desenvolvimento, atualizando o artigo 4º da Lei nº 9.991/2000
da seguinte forma: (i) 40% do montante deveria ser destinado ao FNDCT; (ii) 40% deveria ser
destinado a projetos de P&D, segundo regulamentos estabelecidos pela ANEEL; e (iii) 20%
deveria ser destinado ao MME, a fim de financiar os estudos e pesquisas de planejamento de
expansão do sistema energético, os de inventário e de viabilidade em relação ao aproveitamento
dos potenciais hidrelétricos.
A ANEEL aprovou a RN nº 063, de 12 de maio de 2004, com o objetivo de apurar
infrações e aplicar penalidades aos concessionários, permissionários, agentes de serviços de
energia elétrica, agentes responsáveis pela operação do sistema, pela comercialização de
energia elétrica e pela gestão de recursos advindos de encargos setoriais.
A Lei nº 11.465, de 28 de março de 2007, alterou o artigo 1º da Lei 9.991/2000,
prorrogando até 31 de dezembro de 2010, a aplicação do percentual obrigatório de 0,50% da
ROL tanto para programas de eficiência energética na oferta e uso final da energia quanto para
pesquisa e desenvolvimento.
A RN nº 300, de 12 de fevereiro de 2008, estabeleceu o Manual para Elaboração de
Programa de Eficiência Energética como o guia determinativo dos procedimentos a serem
56
de investimento nessas unidades de 80%. Além disso, a lei estabeleceu que (a) 80% dos recursos
deveriam ser aplicados pelas próprias concessionárias e permissionárias e (b) 20% seriam
destinados ao Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel).
Por fim, a RN nº 830, de 23 de outubro de 2018, alterou o PROPEE, no sentindo de
revisar os procedimentos para utilização e prestação de contas dos recursos destinados a
projetos de eficiência energética.
Atualmente, o PEE é estruturado com base nas Resoluções da ANEEL e nas instruções
contidas no PROPEE (ANEEL, 2018). Nesse documento há um detalhamento, um passo a
passo, de como a concessionária deverá elaborar e executar os projetos de eficiência energética
regulados pela ANEEL. O PROPEE é o sucessor, desde junho de 2013, do Manual para
Elaboração do Programa de Eficiência Energética.
Essa sessão aborda os três princípios básicos contidos no PROPEE, concepção,
tipologias e cálculo da viabilidade, na versão aprovada pela RN nº 830, de 23 de outubro de
2018.
a) Concepção
b) Tipologias de Projeto
𝐶𝐴 𝑇
𝑅𝐶𝐵 = 𝐸𝑞 (2)
𝐵𝐴 𝑇
onde, CAT é o custo anualizado total e o BAT é o benefício anualizado total, dados em R$/ano.
No Anexo A, está a explicação de como o cálculo completo é conduzido.
A EE, medida em MWh, e a DRP, medida em kW, são determinadas pela comparação
das medições dos usos de energia ou demanda antes e depois da implementação de um projeto
de eficiência energética.
A ideia da avaliação de um projeto do PEE feito com recurso oriundo do conjunto dos
consumidores de energia elétrica consiste em saber se o benefício gerado é maior que aquele
que haveria se o recurso tivesse sido investido na expansão do sistema elétrico. Dessa maneira,
12
Há a possibilidade de se utilizar o período de ponta da distribuidora ou do alimentador no qual o consumidor
beneficiado está conectado, desde que comprovado por meio de medições.
62
Figura 17 - Distribuição percentual, por tipologia, (a) da quantidade de projetos e (b) do investimento dos
projetos aprovados (2008 – 2016)
Fonte: Elaborado a partir de ANEEL (2015)
O gráfico da Figura 18 mostra a distribuição percentual, por tipo de projeto, dos 1026
projetos concluídos e do investimento respectivo no período em questão.
Figura 18 - Distribuição percentual, por tipologia, (a) da quantidade de projetos e (b) do investimento dos
projetos concluídos (2008 – 2018)
Fonte: Elaborado a partir de ANEEL (2018b)
64
Foram criados alguns outros programas no âmbito do uso racional de energia pelo
Governo Federal, porém, foram encontradas poucas informações acerca dos seus resultados na
literatura. Esses programas estão dispostos no Quadro 3.
terceiro lugar o setor residencial com 9,7% do total, 258 659 103 tep. Em relação ao consumo
de eletricidade, o que mais consome é ainda o setor industrial, com 37,7%, seguido do setor
residencial, com 25,5% do total, que é 526,2 TWh (EPE, 2018).
Isso mostra que a maior parte do recurso financeiro de eficiência energética estava sendo
destinada ao setor errado, já que o parque industrial brasileiro tem em sua maior parte,
equipamentos e máquinas ineficientes energeticamente, sendo uma das possíveis causas da
elevação da Intensidade Energética do Brasil. Portanto, é claro que essa lógica de investimento
precisava ser repensada, sendo que a porcentagem obrigatória em unidades consumidoras
beneficiadas pela Tarifa Social foi excluída a partir da Lei 13.280/2016 e estabeleceu-se que as
concessionárias apenas poderiam aplicar um máximo de 80% de seu investimento nessas
unidades.
O Plano Nacional de Eficiência Energética (PNEf) (MME, 2011) descreve diversas
ações que podem ser desenvolvidas para aumentar a conservação de energia no âmbito do setor
industrial: (1) criação de mecanismos para estimular empreendedores a contratar serviços de
consultoria em eficiência energética; (2) adoção de incentivos fiscais para a modernização da
indústria nacional por meio da substituição de equipamentos ineficientes; (3) expansão dos
sistemas de cogeração, que aumenta o rendimento dos processos e diminui custos.
Em relação ao PEE, a criação de uma porcentagem obrigatória de investimento em
projetos no setor industrial, poderia gerar mais benefícios energéticos para o país.
O PNEf destaca ainda diversas ações que deveriam ser realizadas em outras áreas:
1) Setor de transportes: diversificação da malha de transportes e incentivo ao
desenvolvimento tecnológico para melhoria dos motores de veículos, incluindo motores
híbridos e elétricos;
2) Edificações: investimento em capacitação técnica de eletricistas, engenheiros,
arquitetos e outros profissionais da construção civil na área de eficiência energética;
tornar obrigatória a certificação de edifícios;
3) Iluminação pública: maior aplicação do Procel Reluz;
4) Setor agropecuário: Uso de sistemas de irrigação localizada, como gotejamento e
microaspersão que reduzem o consumo de energia e demandam menor quantidade de
água;
5) Saneamento básico: incentivar o desenvolvimento de metodologias de diagnóstico e
intervenção nos sistemas de tratamento e abastecimento com foco em eficiência
energética, levando em conta a sinergia entre energia e hidráulica;
66
4 METODOLOGIA
A primeira fase caracteriza-se como a definição do universo dos dados, ou seja, qual a
amostra do estudo. Deve-se definir, por exemplo, qual será o período analisado, o número de
projetos contidos nesse período, se serão analisadas todas ou apenas algumas concessionárias,
ou até mesmo uma concessionária.
68
Assim que o universo de estudo for definido, deve-se obter os Relatórios Finais, os de
M&V, de Auditoria Contábil e Financeira, emitidos pelas concessionárias e a Avaliação Final,
emitida pela ANEEL, de todos os projetos do universo determinado, sendo essa a segunda fase.
Na terceira fase, é feita uma análise preliminar dos relatórios finais de alguns projetos.
Essa análise é necessária para que o avaliador entenda os pontos principais dos escopos dos
projetos, o que auxiliará na criação dos indicadores.
A partir daí, chega-se à quarta fase, onde são estabelecidos os indicadores de eficiência
energética, sob a ótica da avaliação de impacto. Foram desenvolvidos seis indicadores para
avaliar os resultados dos projetos a partir de uma perspectiva econômica, técnica, social e
ambiental, que são explicitados a seguir.
promover o uso eficiente da energia elétrica em todos os setores da economia por meio
de projetos que demonstrem a importância e a viabilidade econômica de melhoria da
eficiência energética de equipamentos, processos e usos finais de energia. Busca-se
maximizar os benefícios públicos da energia economizada e da demanda evitada,
promovendo a transformação do mercado de eficiência energética, estimulando o
desenvolvimento de novas tecnologias e a criação de hábitos e práticas racionais de
uso da energia elétrica (ANEEL, 2019a).
𝑅$
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 [𝑎𝑛𝑜] 𝐶𝐴𝑇
𝐼𝑛𝑑. 1 = ( ) (𝐸𝑞. 3)
𝑘𝑊ℎ 𝐸𝐸
𝐸𝑐𝑜𝑛𝑜𝑚𝑖𝑎 𝑑𝑒 𝑒𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 [ 𝑎𝑛𝑜 ]
69
𝑅$
𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 [ ] 𝐶𝐴𝑇
𝐼𝑛𝑑. 2 = 𝑎𝑛𝑜 ( ) (𝐸𝑞. 4)
𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑅𝑒𝑡𝑖𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑛𝑎 𝑝𝑜𝑛𝑡𝑎 [𝑊] 𝐷𝑅𝑃
𝐶𝐴 𝑇
𝑅𝐶𝐵 = (𝐸𝑞. 5)
𝐵𝐴 𝑇
Rearranjando a Equação 5, obtém-se a Equação 6, que foi utilizada para o cálculo final,
sendo que os valores da RCB foram buscados no banco de dados montado com base nas
informações contidas nos relatórios dos projetos analisados, assim como as variáveis necessárias
para o cálculo do BAT.
𝐶𝐴 𝑇 = 𝑅𝐶𝐵 × 𝐵𝐴 𝑇 (𝐸𝑞. 6)
onde:
70
Jannuzzi (2000) afirma ainda que, desde 1999, a ANEEL requisita às concessionárias
programas especiais de informação e outros com o objetivo de reduzir o consumo dos
consumidores. Esses programas são traduzidos, na tipologia Baixa Renda, como ações
educativas e sociais.
As ações educativas são práticas da terceira categoria de eficiência energética, sendo
dito por Jannuzzi (2015) que acesso à informação, cultura e preferências influenciam de forma
complexa nas interações dos consumidores com tecnologias e demanda final de energia.
Assim como nas reformas das instalações elétricas e na regularização de consumidores
clandestinos, as ações educativas e sociais geram altos custos às concessionárias e devem ser
valoradas adequadamente ao final do processo, sendo traduzidas como o Indicador 5.
O Relatório Final de cada projeto contém a descrição das ações socioeducativas
realizadas pela concessionária. Como são muitos tipos de ações, decidiu-se categorizá-las em
sete grupos, são eles:
1) Orientações orais aos consumidores, abrangendo palestras educativas feitas em escolas
ou em espaços públicos, campanhas televisionadas e orientações aos consumidores nas
residências;
2) Orientações escritas aos consumidores, abrangendo folhetos informativos, kits
escolares, adesivos com dicas de eficiência energética e gibis para o público infantil;
3) Eventos lúdico-informativos, abrangendo jogos lúdicos, peças de teatro, exposições,
filmes, gincanas em escolas, atividades para evitar o furto de energia.;
4) Curso de capacitação em eficiência energética, englobando curso de capacitação e
qualificação em eficiência energética para professores e eletricistas;
5) Curso de formação e geração de renda, incluindo curso de reciclagem, de corte e costura,
de conceitos básicos em confeitaria, de eletricista, de Cooperativismo entre outros;
6) Formação de lideranças comunitárias, sendo o principal objetivo possibilitar que o
participante perceba seu papel no desenvolvimento comunitário e aprimore habilidades
para atuar como um sujeito ativo na comunidade: conduzindo e participando de
reuniões, mobilizando a comunidade, tomando decisões, planejando e avaliando ações;
7) Concursos culturais, abrangendo concursos de redações com temas de eficiência
energética e sustentabilidade;
72
nas economias de energia dos projetos de eficiência energética e nos fatores de emissões de
CO2 do Sistema Interligado Nacional (SIN), fornecidos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação (MCTI).
O fator de emissão (FE) médio de CO2 anual é obtido pela média das emissões mensais
da geração, já que os mesmos variam de acordo com o período do ano (seco e úmido), levando
em consideração todas as usinas que estão gerando energia e não apenas aquelas que estejam
funcionando na margem. Os FEs dos anos de 2008 a 2019 estão descritos na Tabela 4.
Sendo assim, a emissão anual evitada de CO2 de um projeto do PEE é calculada por
meio da Equação 9:
onde:
EEVCO2 = Emissões evitadas de CO2;
EE anual = Economia de energia anual total do projeto;
FE médio = Média dos Fatores de Emissão anuais;
13
O fator médio anual de 2019 foi calculado através de uma média dos meses sem considerar novembro e
dezembro, pois esses fatores mensais ainda não estavam disponíveis.
74
Decidiu-se empregar uma análise anual das emissões evitadas ao invés de emissões
acumuladas por se tratar de uma análise desagregada por projeto, o que na segunda opção de
análise poderia interferir no resultado final do ranqueamento, beneficiando os projetos mais
antigos. Dessa forma, é necessário utilizar um Fator de Emissão médio, para poder comparar
os projetos a partir de uma variável normalizada, visto que os projetos são desenvolvidos em
intervalos de tempo diferentes.
Após definir todos os indicadores, chega-se à quinta fase, onde o banco de dados é
criado a partir das variáveis necessárias para a aplicação dos indicadores. Essas variáveis
apareceram diretamente nos indicadores apresentados, sendo encontradas nos relatórios
emitidos pelas concessionárias e pela ANEEL. Essa é a fase mais demorada do estudo, pois é
necessária uma análise minuciosa de todos os relatórios. Aqui, ainda é feita a verificação da
qualidade dos dados, a fim de detectar inconsistências e falta de informações. Após essa
triagem, o universo de estudo pode sofrer alguma mudança ou permanecer o mesmo.
Assim, finalmente chega-se à sexta fase, onde os indicadores são aplicados e os
resultados preliminares gerados. As fórmulas dos Indicadores 1, 2 e 6 são calculadas para todos
os projetos, gerando resultados numéricos. Para os Indicadores 3, 4 e 5, é mapeada a existência
ou não das ações técnicas e socioeducativas nos projetos. A partir daí inicia-se a sétima fase, a
de criação de um sistema de pontuação.
A pontuação máxima possível para um projeto é 15 pontos, sendo que os pontos foram
alocados de maneira empírica para cada um dos seis indicadores. A Tabela 5 apresenta as
métricas e as alocações de pontos.
75
Indicadores Pontos
CAT/EE (R$/MWh) – Indicador 1
CAT/EE <= Q1 4
Q1 < CAT/EE <= Q2 3
Q2 < CAT/EE <= Q3 2
CAT/EE > Q3 1
CAT/DRP (R$/kW) – Indicador 2
CAT/DRP <= Q1 4
Q1 < CAT/DRP <= Q2 3
Q2 < CAT/DRP <= Q3 2
CAT/DRP > Q3 1
Reforma das instalações elétricas internas – Indicador 3
Sim 0,5
Reforma/instalação de padrões de entrada – Indicador 4
Sim 1
Atividades socioeducativas – Indicador 5
Orientações orais aos consumidores 0,5
Orientações escritas aos consumidores 0,25
Eventos e atividades lúdico-informativos 0,5
Curso de capacitação em eficiência energética 0,5
Curso de formação e geração de renda 0,5
Formação de lideranças comunitárias 0,5
Concursos culturais 0,25
Emissões Evitadas de CO2 (tCO2/ano) - Indicador 6
EEvCO2 <= Q1 0,625
Q1 < EEvCO2 <= Q2 1,25
Q2 < EEvCO2<= Q3 1,875
EEvCO2> Q3 2,5
Total 15
Fonte: Elaboração própria
A maior pontuação foi definida para os Indicadores 1 e 2, sendo quatro pontos para cada
um deles. Esses indicadores representam pontos chaves no objetivo do PEE, a maximização da
EE e da DRP e trazem consigo a informação relevante de eficiência no investimento,
fundamental para qualquer programa governamental.
A segunda maior pontuação, três pontos, foi definida para o Indicador 5. O padrão de
consumo dos consumidores influencia diretamente os níveis de produção e distribuição de
energia, assim, as ações educativas são fundamentais para orientar os consumidores quanto ao
uso racional da energia. Além disso, a parte social traduzida na implementação de cursos de
geração de renda e formação de lideranças comunitárias se mostra essencial em comunidades
de baixa renda, contribuindo para a melhora do bem-estar social.
76
Assim, divide-se a pontuação máxima (𝑥) em quatro partes (𝑥⁄4), e para os Indicadores
1 e 2, como quanto menores forem os resultados, melhores são, a pontuação é feita da seguinte
maneira:
77
É interessante perceber que essa metodologia leva em consideração ações nas três
categorias de eficiência energética: eficiência energética pelo lado da oferta, sob a ótica da
redução de perdas técnicas através da reforma nas instalações elétricas e perdas comerciais,
vide regularização de consumidores; eficiência energética no comportamento dos
consumidores, visto que são feitas ações educativas e sociais; e eficiência energética pelo lado
da demanda ou dos serviços de energia, considerando os benefícios de EE e DRP alcançados,
principalmente, pela substituição de equipamentos.
Assim, terminando a etapa de construção do sistema de pontos, chega-se à oitava fase,
onde os resultados dos indicadores recebem as pontuações devidas, sendo somadas e por fim,
gerando os ranqueamentos dos projetos e das concessionárias, caracterizando a última fase da
metodologia.
78
Tem-se como universo os projetos da tipologia Baixa Renda do PEE, realizados entre
2008 e 2013, que tiveram seus valores reconhecidos pela ANEEL.
Uma vez que os projetos do PEE aprovados em caráter conclusivo pela ANEEL
abrangem o período referido, o regramento é dado pela RN Aneel nº 300, de 12 de fevereiro de
2008, pelo Manual para Elaboração do Programa de Eficiência Energética Versão 2008 e das
Instruções para Geração e Envio de Dados de Projetos de Eficiência Energética
Como dito anteriormente, de 2008 a junho de 2018, foram concluídos 1026 projetos no
âmbito do PEE, informação disponível na Planilha de Relação de Projetos de Eficiência
Energética concluídos (ANEEL, 2018c). Porém, nessa planilha estão também os projetos que
foram concluídos, mas não tiveram seus investimentos aprovados pela ANEEL, após a
conclusão dos mesmos pelas concessionárias.
De acordo com Aneel (2008) “[...] O reconhecimento dos valores realizados será feito
após análise e aprovação final do projeto pela ANEEL. Os valores não reconhecidos retornam
à conta contábil, voltando a compor a obrigação de investimento.” Dessa maneira, para definir
o universo de dados para esse estudo, buscou-se no site da ANEEL, Notas Técnicas (NT) que
diziam respeito ao reconhecimento de valores investidos dos projetos de eficiência energética
encerrados e aprovados, conforme o Manual para Elaboração do Programa de Eficiência
Energética.
Foram encontradas duas Notas Técnicas: NT nº 0036/2016-SPE/ANEEL (ANEEL,
2016a) e NT n º 0046/2016-SPE/ANEEL (ANEEL, 2016b), que totalizaram 446 projetos
encerrados e com valores reconhecidos compreendidos entre os anos de 2008 e 2013 14. Esse
número é na verdade 445, pois o projeto PE-6585-0012/2010 está duplicado na NT - 0046/2016.
14
Dentro da NT 0036 foi identificado um projeto de 2014. Não se sabe ao certo se a data dos projetos está errada
ou se o mesmo foi alocado erroneamente nessa NT. Decidiu-se, então, mantê-lo na amostra.
79
Os Gráficos das Figura 21, Figura 22, Figura 23 e Figura 24 mostram um levantamento
feito, através da planilha de Relação de Projetos de Eficiência Energética concluídos (ANEEL,
2018c), da quantidade de projetos, os montantes investidos, a EE e a DRP alcançadas por
tipologia desses 445 projetos.
Através dos gráficos acima, percebe-se que os projetos de Baixa Renda tiveram o maior
montante investido, cerca de 59,3% do investimento total no período referido, comprovando a
aplicação da Lei 12.212/2010. Como resultado desse investimento, essa tipologia retorna
maiores valores de EE e de DRP, representando 62% e 71% do total, respectivamente. Devido
a esses fatores, definiu-se a tipologia Baixa Renda como objeto de estudo.
O Quadro 4 contém os valores do total do montante investido, da EE e da DRP dos
projetos de Baixa Renda.
81
A terceira fase foi de grande importância para o estudo, pois a partir da análise
preliminar dos projetos foi possível ter uma ideia geral de seus escopos, identificando algumas
variáveis que deveriam ser utilizadas para o desenvolvimento dos indicadores. Por exemplo, as
ações socioeducativas são investimentos que acontecem em muitos dos projetos de Baixa
Renda, não sendo parte obrigatória do escopo da ANEEL. Portanto, a identificação dessas ações
em alguns projetos e a não existência das mesmas em outros, fez com que fosse pensada alguma
forma de valorar adequadamente esse investimento, sendo traduzido, posteriormente, como o
Indicador 5.
15
Através dos protocolos nº 48700003224201840, de 24/07/2018, e nº 48700004530201801, de 22/10/2018.
82
No capítulo anterior, onde foi descrita a metodologia, foi explicitado como os seis
indicadores foram estabelecidos, descritos no Quadro 5. Já que esse capítulo trata da aplicação
dessa metodologia, não houve desenvolvimento de mais nenhum indicador.
É importante salientar que para o Indicador 6, considerou-se uma abordagem
conservadora de que as economias de energia só passaram a ocorrer a partir da data de
encerramento das ações, sendo 2009 o primeiro ano de conclusão de alguns projetos. Assim, a
média dos FEs foi feita considerando os anos de 2009 a 2019.
Quadro 5 - Indicadores
R$
Custo anualizado total [ ]
ano
Indicador 1 - CAT/EE
kWh
Economia de energia anual [ ]
ano
R$
Custo anualizado total [ ]
Indicador 2 - CAT/DRP ano
Demanda Retirada na ponta [W]
A concessionária realizou reforma das instalações
Indicador 3
elétricas internas no projeto? Sim/Não
A concessionária realizou instalação/reforma de
Indicador 4
padrões de entrada no projeto? Sim/Não
A concessionária implementou ações socioeducativas
Indicador 5
no projeto? Se sim, quais?
Indicador 6 – Emissão anual evitada de CO2 EEanual × FEmédio;j
Nessa etapa criou-se o banco de dados, que contém todas as variáveis necessárias para
a aplicação dos indicadores e outras tantas informações importantes no contexto da eficiência
energética e do setor elétrico, para futuras análises. Como dito anteriormente, uma parte do
banco de dados foi desenvolvida em conjunto com colaboradores do IEI Brasil.
83
Entre as variáveis contidas nesse banco de dados estão: EE, DRP, RCB, vida útil dos
equipamentos, tipo dos equipamentos trocados/instalados, quantidade de equipamentos
trocados/instalados, custo evitado de demanda (CED), custo evitado de energia (CEE), custo
de investimento, entre outros, isso tudo para cada uso final e para o total de cada projeto. Para
a criação desse banco de dados utilizou-se a ferramenta Excel do pacote Office
Em meio à criação do banco de dados, foi feita a verificação da qualidade dos dados, a
fim de detectar inconsistências e falta de informações relevantes, comparando a Planilha de
Consulta da ANEEL com os relatórios dos projetos e até mesmo os resultados desses relatórios
entre si.
Ao final dessa fase, encontrou-se erros na planilha disponibilizada no site da ANEEL
no que se refere à tipologia de alguns projetos. Três dos projetos caracterizados como Baixa
Renda, são na verdade de outra tipologia: (i) PE-0051-0001 - Poder público; (ii) PE-0037-0002
- Serviços públicos; e (iii) PE-0047-0016 - Residencial
Além disso, foram encontrados erros em diversos outros parâmetros, como custo de
investimento, EE e DRP, sendo os valores pós-análise descritos no Quadro 6. Dois projetos
foram retirados da análise por não conterem informações suficientes. Os relatórios do projeto
PE-0383-0080/2009 não foram enviados pela ANEEL, já os relatórios do projeto PE-0038-
0004/2011 foram recebidos, mas faltavam muitas informações. Assim, o universo de análise,
anteriormente tendo 109 projetos de Baixa Renda, com valores reconhecidos e aprovados pela
ANEEL, passou a ser 104 projetos, sendo esse o universo final de estudo.
Quadro 6 - Projetos Baixa Renda com valores reconhecidos - 2008 – 2013 (revisados)
Indicadores Pontos
CAT/EE (R$/MWh) – Indicador 1
CAT/EE <= 121,17 4
121,17 < CAT/EE <= 172,12 3
172,12 < CAT/EE <= 228,82 2
CAT/EE > 228,82 1
CAT/DRP (R$/kW) – Indicador 2
CAT/DRP <= 305,93 4
305,92 < CAT/DRP <= 529,28 3
529,28 < CAT/DRP <= 719,38 2
CAT/DRP > 719,38 1
Reforma das instalações elétricas internas – Indicador 3
Sim 0,5
Reforma/instalação de padrões de entrada – Indicador 4
Sim 1
Atividades socioeducativas – Indicador 5
Orientações orais aos consumidores 0,5
Orientações escritas aos consumidores 0,25
Eventos e atividades lúdico-informativos 0,5
Curso de capacitação em eficiência energética 0,5
Curso de formação e geração de renda 0,5
Formação de lideranças comunitárias 0,5
Concursos culturais 0,25
Emissões Evitadas de CO2 (tCO2/ano) - Indicador 6
EEvCO2 <= 16,94 0,625
16,94 < EEvCO2 <= 65,19 1,25
65,19 < EEvCO2<= 544,77 1,875
EEvCO2 > 544,77 2,5
Total 15
Fonte: Elaboração própria
Nessa fase são feitos os cálculos finais, onde as devidas pontuações são alocadas em
cada projeto a partir dos resultados dos indicadores, a fim de estimar os resultados gerais, ou
seja, os ranqueamentos, que estão descritos no próximo tópico, o que caracteriza a última fase
da aplicação da metodologia.
Para o ranqueamento por projeto foi feita a soma da pontuação recebida por cada um
dos seis indicadores e para o das concessionárias foi feita uma média aritmética entre a
quantidade dos projetos que cada concessionária realizou e as respectivas pontuações totais dos
desses projetos.
90
Como resultados desse trabalho, foram gerados dois tipos de ranqueamentos, um por
projeto e outro por concessionária. Os ranqueamentos completos estão dispostos no Apêndice
A (por projeto) e no Apêndice H (por concessionária). Na Tabela 10 estão listados os 14 projetos
de Baixa Renda mais bem avaliados, suas respectivas pontuações e a Unidade da Federação
onde foram implementados. A Tabela 11 lista as 10 concessionárias mais bem ranqueadas.
Tabela 14 – Os 14 melhores projetos com destaque para os Top 7 (nota máxima em 5 indicadores)
Em relação aos usos finais, foi feito um levantamento da quantidade de projetos por uso
final empregado, sendo descrito na Tabela 15, sendo possível fazer algumas observações.
16
Média da projeção da expansão para os anos de 2022 a 2026.
97
Figura 30 - Número de projetos com reforma de instalações internas, padrão de entrada e ambos
Fonte: Elaboração própria
99
Em relação às ações socioeducativas, 86 dos 104 projetos realizaram pelo menos uma
delas (vide Apêndice F), o que representa quase 83% do total, ou seja, grande parte dos projetos.
Visto que há uma orientação da ANEEL para que as concessionárias executem ações de
100
orientação aos consumidores no programa de Baixa Renda, entende-se o porquê desse número
ser alto. Porém, quando separamos essas ações em grupos e plotamos a quantidade de projetos
em que elas foram realizadas (Figura 31) percebemos que a maior parte dos projetos realizou
orientações escritas ou orientações orais, ou até mesmo ambas. Uma hipótese para isso é que
essas ações abrangem o maior número de consumidores com o menor custo, além de promover
a empresa perante os consumidores.
implementadas são as orientações escritas e orais, portanto é possível que nos 33,65% dos
projetos que empregaram duas ações, a maior parte dos projetos empregue essas orientações.
7 CONCLUSÕES
A metodologia desenvolvida nesse trabalho abre espaço para a discussão em torno das
alternativas de avaliação para os programas de eficiência energética implementados no Brasil,
especificamente para o que mais recebe investimento, o PEE.
A metodologia proposta se mostrou eficaz, visto que foi aplicada para o universo de
dados estabelecido, sendo possível gerar os ranqueamentos esperados e realizar diversas
análises a partir dos mesmos. Os projetos de eficiência energética para Baixa Renda possuem
um vasto potencial para contribuir para a redução do consumo energético, para a redução das
emissões globais de CO2 e, além disso, para o bem estar social dessas populações mais carentes.
Em relação aos resultados dos indicadores econômicos (Indicadores 1 e 2), observou-se
que 24% dos projetos apresentaram menores custos para se economizar energia e 61% tiveram
menores custos para se retirar demanda da ponta, comparando com as devidas parcelas do CME.
Combinando os dois indicadores, apenas 16% foram classificados como eficientes
economicamente. Porém, essa é uma análise que não leva em consideração os gastos financeiros
em ações sociais e regularização de consumidores, que devem ser adequadamente valorados, já
que aumentam o investimento total e geram benefícios energéticos e não energéticos que não
estão contabilizados nos Indicadores 1 e 2. Assim, verifica-se, novamente, a importância de
uma análise que considere diferentes aspectos, como os incluídos na metodologia fruto desse
trabalho.
Sobre os Indicadores 3 e 4, 24% dos projetos beneficiaram residências com reforma das
instalações elétricas internas e em quase 32% foram realizadas reformas ou instalações de
padrão de entrada. Não se pode dizer que esses números deveriam ser maiores, pois apenas
através dos relatórios não há como saber se existiriam mais casas aptas para essas ações, mas
que não foram atendidas.
Em relação ao Indicador 5, 83% dos projetos realizaram atividades socioeducativas,
porém a maior parte deles executou apenas uma ou duas dessas ações, predominantemente
atividades educativas, como as orientações escritas e orientações orais, em detrimento de ações
de cunho social. Apenas quatro deles realizaram cursos profissionalizantes e isso,
definitivamente, pode ser mais explorado e melhorado, visto que esses cursos podem ajudar a
dar formação profissional a muitos que não a possuem, podendo levar a um aumento da renda
familiar. A formação de líderes comunitárias também pode ter um grande impacto em uma
103
comunidade de baixa renda, formando cidadãos mais articulados e conscientes que lutarão pelas
demandas de suas comunidades.
Em relação ao Indicador 6, fica claro que os projetos que mais substituíram
equipamentos, principalmente geladeiras e numerosa quantidade de lâmpadas, foram os que
mais evitaram emissão de CO2 na atmosfera.
A principal análise do ranqueamento dos projetos mostrou resultados significativamente
mais baixos do que os esperados. Menos de 10% dos projetos foram considerados de excelência,
obtendo as pontuações máximas em 5 dos 6 indicadores. Os investimentos realizados por esse
grupo de projetos representam apenas 13% do total investimento pelos 104 projetos analisados.
Logo, conclui-se que há um grande espaço para melhoria do programa, identificando um grande
potencial, pois existem projetos com excelentes resultados que poderiam servir de referências
para projetos futuros.
Em relação ao escopo dos projetos, não foi identificado um padrão seguido pelas
concessionárias. Observa-se uma tendência das mesmas em investirem na substituição de
lâmpadas e geladeiras, por serem projetos de fácil execução e por retornarem um bom custo
benefício em relação à EE e à DRP. Além disso, na maior parte dos sete melhores, além dos
dois usos finais já citados, houve a implementação de equipamentos eficientes de aquecimento
de água. Uma sugestão para trabalhos futuros é a elaboração do escopo de um projeto de
referência, que seja uma combinação dos projetos mais bem avaliados.
Por fim, conclui-se que a avaliação proposta pode ser aplicada pela ANEEL anualmente,
ou assim como o Scorecard da ACEEE de dois em dois anos, para acompanhar o progresso do
programa e gerar um benchmarking dos projetos, para que as concessionárias de energia elétrica
aprendam uma com as outras, repetindo as melhores práticas e desempenhos. Além disso, seria
interessante se a ANEEL premiasse de alguma forma as concessionárias que tiveram os
melhores projetos, sendo um grande incentivo para que as outras estejam interessadas na
melhora dos projetos ao longo do tempo. Esse ranqueamento pode até mesmo auxiliar na
tomada de decisões quanto ao escopo do PEE por parte da ANEEL, onde se busca sempre
melhorar o programa, garantindo a maximização dos benefícios públicos, com um investimento
eficiente.
104
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CAT/EE
Código do Projeto Concessionária Pontuação
(R$/MWh)
PE-5379-0001/2010 CETRIL 28,63 4
PE-6898-0001/2009 CERBRANORTE 48,57 4
PE-0397-0008/2009 RGE 49,14 4
PE-0072-0004/2008 CLFSC 55,22 4
PE-0046-0003/2009 SULGIPE 62,55 4
PE-0040-0010/2011 COSERN 67,60 4
PE-0385-0020/2012 ELEKTRO 68,53 4
PE-0397-0002/2008 RGE 69,63 4
PE-0405-0016/2009 CEMAT 72,28 4
PE-0046-0007/2012 SULGIPE 73,86 4
PE-0103-0003/2008 CHESP 78,08 4
PE-0046-0005/2010 SULGIPE 79,07 4
PE-0040-0001/2008 COSERN 79,29 4
PE-0385-0014/2011 ELEKTRO 92,78 4
PE-0039-0015/2011 COELCE 95,41 4
PE-6611-1101/2011 EBO 96,51 4
PE-0397-0011/2010 RGE 103,59 4
PE-0397-0018/2011 RGE 103,80 4
PE-2783-0001/2008 CRERAL 105,12 4
PE-5365-0001/2009 CERPALO 105,82 4
PE-0382-0010/2008 LIGHT 107,06 4
PE-6896-0001/2009 CEJAMA 107,12 4
PE-0037-0008/2012 CEMAR 108,53 4
PE-0039-0009/2010 COELCE 111,72 4
PE-2937-0010/2009 CPFL- Piratininga 112,39 4
PE-0082-0001/2010 COCEL 121,15 4
PE-0405-0005/2009 CEMAT 121,23 3
PE-5369-0001/2012 CERTREL 122,01 3
PE-2904-0001/2009 COOPERALIANÇA 126,03 3
PE-6600-0001/2008 EPB 127,88 3
PE-0086-0001/2010 EFLUL 130,18 3
PE-0047-0078/2013 COELBA 130,76 3
PE-5363-0001/2009 CERGRAL 132,51 3
PE-0385-0019/2011 ELEKTRO 133,44 3
PE-2904-0002/2010 COOPERALIANÇA 135,73 3
PE-6612-0013/2012 ENF 139,65 3
PE-0401-0002/2012 MUX-Energia 140,75 3
PE-5353-0001/2009 CERGAL 150,92 3
PE-3223-0001/2008 CERTAJA ENERGIA 152,02 3
PE-0396-0013/2009 AES-SUL 152,13 3
PE-5373-0001/2009 COOPERMILA 154,67 3
118
PE-0086-0001/2010 EFLUL 0
PE-0405-0016/2009 CEMAT 0
PE-0088-0002/2012 EFLJC 0
PE-2866-0001/2008 COPEL-DIS 0
PE-0103-0003/2008 CHESP 0
PE-2904-0001/2009 COOPERALIANÇA 0
PE-0369-0006/2010 CERON 0
PE-5353-0001/2009 CERGAL 0
PE-0040-0010/2011 COSERN 0
PE-5368-0001/2009 CERSUL 0
PE-0381-0001/2009 ELFSM 0
PE-5373-0001/2009 COOPERMILA 0
PE-0043-0022/2010 CELPE 0
PE-5386-0907/2012 CERIM 0
PE-0043-0039/2011 CELPE 0
PE-0047-0065/2011 COELBA 0
PE-0381-0007/2012 ELFSM 0
PE-6611-1101/2011 EBO 0
PE-0043-0040/2012 CELPE 0
PE-0404-0020/2010 ENERSUL 0
PE-0383-0005/2010 AMPLA 0
PE-0405-0005/2009 CEMAT 0
PE-0043-0043/2012 CELPE 0
PE-2351-0001/2011 COPREL 0
PE-0383-0040/2009 AMPLA 0
PE-2783-0001/2008 CRERAL 0
PE-0383-0054/2009 AMPLA 0
PE-2866-0007/2009 COPEL-DIS 0
PE-0039-0001/2008 COELCE 0
PE-2866-0068/2011 COPEL-DIS 0
PE-0385-0019/2011 ELEKTRO 0
PE-2904-0002/2010 COOPERALIANÇA 0
PE-6612-0013/2012 ENF 0
PE-3223-0001/2008 CERTAJA ENERGIA 0
PE-6896-0001/2009 CEJAMA 0
PE-5363-0001/2009 CERGRAL 0
PE-7016-0001/2009 COORSEL 0
PE-5365-0001/2009 CERPALO 0
PE-0039-0008/2009 COELCE 0
PE-5369-0001/2012 CERTREL 0
PE-0039-0009/2010 COELCE 0
PE-5371-0001/2013 COOPERCOCAL 0
PE-0039-0015/2011 COELCE 0
PE-5378-1607/2012 CERIPA 0
PE-0047-0017/2008 COELBA 0
PE-5379-1707/2012 CETRIL 0
125
PE-0047-0018/2008 COELBA 0
PE-6585-0001/2008 EMG 0
PE-0401-0002/2012 MUX-Energia 0
PE-0047-0057/2010 COELBA 0
PE-0401-0004/2014 MUX-Energia 0
PE-0047-0074/2012 COELBA 0
PE-0047-0032/2009 COELBA 0
PE-0047-0077/2013 COELBA 0
PE-0404-0012/2010 ENERSUL 0
PE-6612-0002/2009 ENF 0
PE-0404-0013/2010 ENERSUL 0
PE-0047-0038/2009 COELBA 0
PE-6898-0001/2009 CERBRANORTE 0
PE-0391-0002/2008 BANDEIRANTE 0
PE-0037-0001/2008 CEMAR 0
PE-0391-0022/2010 BANDEIRANTE 0
126
PE-0043-0022/2010 CELPE 0
PE-5370-0001/2009 COOPERA 0
PE-0381-0001/2009 ELFSM 0
PE-0071-0001/2009 CPEE 0
PE-0043-0039/2011 CELPE 0
PE-0037-0008/2012 CEMAR 0
PE-0043-0040/2012 CELPE 0
PE-2866-0001/2008 COPEL-DIS 0
PE-0381-0007/2012 ELFSM 0
PE-2904-0001/2009 COOPERALIANÇA 0
PE-0043-0043/2012 CELPE 0
PE-5353-0001/2009 CERGAL 0
PE-0383-0005/2010 AMPLA 0
PE-5368-0001/2009 CERSUL 0
PE-0383-0016/2008 AMPLA 0
PE-5373-0001/2009 COOPERMILA 0
PE-0383-0040/2009 AMPLA 0
PE-0063-0025/2009 CPFL-Paulista 0
PE-0383-0054/2009 AMPLA 0
PE-0072-0004/2008 CLFSC 0
PE-0039-0001/2008 COELCE 0
PE-6611-1101/2011 EBO 0
PE-0385-0019/2011 ELEKTRO 0
PE-0047-0038/2009 COELBA 0
PE-6612-0013/2012 ENF 0
PE-2783-0001/2008 CRERAL 0
PE-6896-0001/2009 CEJAMA 0
PE-2866-0007/2009 COPEL-DIS 0
PE-7016-0001/2009 COORSEL 0
PE-2866-0068/2011 COPEL-DIS 0
PE-0039-0008/2009 COELCE 0
PE-0047-0057/2010 COELBA 0
PE-0039-0009/2010 COELCE 0
PE-0047-0074/2012 COELBA 0
PE-0047-0001/2008 COELBA 0
PE-5363-0001/2009 CERGRAL 0
PE-0047-0017/2008 COELBA 0
PE-5365-0001/2009 CERPALO 0
PE-0047-0018/2008 COELBA 0
PE-5369-0001/2012 CERTREL 0
PE-0401-0002/2012 MUX-Energia 0
PE-0047-0078/2013 COELBA 0
PE-0401-0004/2014 MUX-Energia 0
PE-5378-1607/2012 CERIPA 0
PE-0047-0032/2009 COELBA 0
PE-0063-0024/2010 CPFL-Paulista 0
128
PE-0404-0012/2010 ENERSUL 0
PE-6585-0001/2008 EMG 0
PE-0404-0013/2010 ENERSUL 0
PE-0072-0001/2008 CLFSC 0
PE-0404-0019/2010 ENERSUL 0
PE-6600-0001/2008 EPB 0
PE-0404-0020/2010 ENERSUL 0
PE-6611-0003/2009 EBO 0
PE-0405-0004/2009 CEMAT 0
PE-0039-0015/2011 COELCE 0
PE-0405-0005/2009 CEMAT 0
PE-0405-0016/2009 CEMAT 0
PE-6898-0001/2009 CERBRANORTE 0
PE-0391-0002/2008 BANDEIRANTE 0
PE-0037-0001/2008 CEMAR 0
PE-0391-0022/2010 BANDEIRANTE 0
129
CERIM 1 5,88
CERSUL 1 5,88
COOPERA 1 5,88
COORSEL 1 5,88
EFLJC 1 5,88
EMG 3 5,67
ENF 2 5,63
COELBA 11 5,60
CERON 1 5,38
MUX-Energia 2 5,25
ELFSM 4 5,13
COOPERCOCAL 1 4,88
CERMC 1 3,88
CERMOFUL 1 3,88
CERIPA 1 2,88
138
Os que estão selecionados com a cor cinza apresentam indicadores menores que os CMEs.
ANEXO B – Concessionárias