Você está na página 1de 45

UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

ALEXANDRE LISBOA DA COSTA


ALINE ALVES CAÇÃO
DANIEL PEDRO RIBEIRO DA CUNHA
KEVIN MAGAGNINI CAETANO
LIDIANE SOUZA DE MELO
RILDO ALVES DE OLIVEIRA

Matriz energética do Estado de São Paulo:


demandas futuras diante da possível retomada de crescimento da economia

Vídeo Final do Projeto Integrador:

<https://www.youtube.com/watch?v=FsCrS96JodA>

Santana de Parnaíba - SP
2019
1

UNIVERSIDADE VIRTUAL DO ESTADO DE SÃO PAULO

Energia e Fontes Renováveis

Matriz energética do Estado de São Paulo:


demandas futuras diante da possível retomada de crescimento da economia

Relatório Técnico-Científico Parcial


apresentado na disciplina de Projeto
Integrador para o curso de Engenharia de
Produção da Fundação Universidade
Virtual do Estado de São Paulo

Mediador: Caroline Lopes Placca

Santana de Parnaíba - SP
2019
2

CAÇÃO, Aline Alves; CAETANO, Kevin Magagnini; COSTA, Alexandre Lisboa da;
CUNHA, Daniel Pedro Ribeiro da; MELO, Lidiane Souza de; OLIVEIRA, Rildo Alves
de. ​Matriz energética do Estado de São Paulo: demandas futuras diante da
possível retomada de crescimento da economia. 20f. Relatório Técnico-Científico
Parcial (Engenharia de Produção) - ​Universidade Virtual do Estado de São Paulo.
Tutor: Prof. Dr. Vagner Cavenaghi. Polo Santana de Parnaíba, 2019.

RESUMO

O Projeto Integrador se divide em duas fases: a análise da matriz energética no


Estado de São em função da possível retomada de crescimento da economia no
horizonte de 2025 e o detalhamento de uma proposta de solução que considere uma
fonte renovável como recurso para suprir o consumo dessa projeção, explorando um
aspecto de inovação do tipo de energia consequente ao estudo. O escopo deste
relatório refere-se a primeira dessas fases e traz a fundamentação teórica requerida
para a caracterização da matriz energética no Estado de São Paulo e dos setores de
consumo, fontes renováveis de energia e disciplinas correlacionadas as etapas da
pesquisa, bem como a definição do problema com base na análise da economia e
demanda futura em razão da capacidade produtiva e investimentos necessários para
contemplar novas instalações de usinas de energia. Trata-se de uma pesquisa
exploratória, realizada através de revisão bibliográfica e levantamento documental
de estatísticas e produções digitais, predominantemente disponibilizadas na internet
em portais do governo. O estudo, inicialmente, opta pelo uso da energia solar como
proposta e o relatório de experiência indica o desenvolvimento das competências do
grupo em gestão de projetos e no uso de ferramentas de tecnologia no planejamento
e condução de suas atividades. De outra forma, após a análise crítica do papel do
engenheiro e preocupações do projeto, convergiu para uma nova tecnologia eólica
amigável ao meio ambiente: a ​vortex bladeless​.

PALAVRAS-CHAVE: ​Matriz Energética; Energias Renováveis; ​Bladeless​.


3

CAÇÃO, Aline Alves; CAETANO, Kevin Magagnini; COSTA, Alexandre Lisboa da;
CUNHA, Daniel Pedro Ribeiro da; MELO, Lidiane Souza de; OLIVEIRA, Rildo Alves
de. ​Matriz energética do estado de São Paulo: demandas futuras diante da
possível retomada de crescimento da economia. 20f. Relatório Técnico-Científico
Parcial (Engenharia de Produção) - ​Universidade Virtual do Estado de São Paulo.
Tutor: Prof. Dr. Vagner Cavenaghi. Polo Santana de Parnaíba, 2019.

ABSTRACT

The Integrator Project is divided into two phases: an analysis on the State of São
Paulo Energy Matrix over a possible resumption of economic growth up to 2025
horizon and then a solution propose detailing considering a renewable energy source
to supply the consumption this projection, also exploring its innovation aspect for a
next step of the study. The scope of this partial paper refers to the first of these
phases and brings the theoretical basis required for the characterization of the State
of São Paulo Energy Matrix and the consumer sectors, renewable energy sources
and correlated disciplines to the stages of the research, as well a question definition
based on the economic analysis and future demand for energy, power plants
capacity and investments needed to contemplate new installations. This is an
exploratory research by a literature review on statistics and digital papers,
predominantly available on the internet in government portals. The study, initially,
propose the use of solar energy as a solution and the experience report indicates the
development of the group's competences in project management and the use of
technology tools for planning and activities. Otherwise, after a critical analysis of the
rule of a engineer and project concerns, turns to a new eco-friendly eolic technology:
the vortex bladeless.

KEYWORDS: ​Energy Matrix; Renewable Energy; Bladeless.


4

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 7

1.1. Problema e objetivo 7

1.2. Justificativa 8

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 8

2.1. Aplicações das disciplinas estudadas no projeto integrador 9

2.2. Fontes de energia 10

2.3. Matriz energética do Estado de São Paulo 15

3. MATERIAIS E MÉTODOS EMPREGADOS 21

4. ANÁLISES E DISCUSSÕES DE RESULTADOS PARCIAIS 23

4.1 Definição do Problema 23

4.1 Proposta de Energia Renovável para 2025 28

5. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS 29

5.1 Considerações sobre os resultados 29

5.2 Considerações sobre o projeto integrador 29

6. ANÁLISE CRÍTICA DA PROPOSTA E FEEDBACK DO ORIENTADOR 31

7. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO 32

7.1 Produção de energia eólica ​bladeless 33

7​.2 O potencial eólico no Estado de ​São Paulo 35

8​. CONSIDERAÇÕES FINAIS 38

8.1 ​Roteiro e texto do vídeo 40

REFERÊNCIAS 43
5

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1​ - Método de análise …………………………………………………………. 21


FIGURA 2​ - PIB e Consumo de Energia Elétrica: 2012-2016 ………………………. 23
FIGURA 3​ - Participação dos setores no consumo total de Energia ……….............26
FIGURA 4​ - Reunião de desenvolvimento participativo e definição de metas...……30
FIGURA 5​ - Quadro eletrônico de colaboração e tarefas ”Kanban virtual”...............30
FIGURA 6​ - Cronograma de entregas: gráfico de Gantt ………………………..…... 31
FIGURA 7​ - Funcionamento de um gerador Bladeless ……………………………….34
FIGURA 8​ - Atlas eólico do Estado de São Paulo ……………………………………..36
6

LISTA DE TABELAS

TABELA 1​ - Quantidade de consumidores de energia elétrica …………………….24


TABELA 2 ​- Perfil de consumo de energia por setor………………...……...……….25
TABELA 3​ - Projeção da demanda por energia para 2025 ……...………………….27
TABELA 4​ - Equivalência da demanda de futura em usinas de energia renovável de
referência ………………………………………………………………………………….28
7

1. INTRODUÇÃO

O Brasil encontra-se em um período de econômico de crescimento da ordem


de 2,1% (FMI, 2019). Em consequência disso, é esperado aquecimento nos setores
produtivos e comerciais que se desdobra sobre o consumo e a qualidade de vida do
cidadão, transporte e mobilidade urbana, segurança, tecnologia entre outras. Este
desenvolvimento econômico demandará um aumento na quantidade de energia
produzida.
Este cenário propõe um desafio para a geração de energia de maneira
sustentável. Estima-se que, nos próximos 20 anos, os tipos de combustíveis fósseis
como carvão mineral, petróleo e gás, estarão em escassez por se tratarem de fontes
não renováveis, sendo inviabilizados como alternativa de combustível para geração
de energia. Essa preocupação não é exclusiva no ramo da termoeletricidade, pois a
indústria automotiva também está sendo afetada diretamente e está cada dia mais
avançada tanto no ramo de carros elétricos, quanto em motores a combustão cada
vez mais econômicos.

1.1. Problema e objetivo

Este estudo segue por apontamentos levantados no Portal do Governo do


Estado de São Paulo (SEADE) a demanda de energia comparado ao consumo para
2025 terá que suprir uma necessidade de aproximadamente 10 TeraWatts, onde
66,9% da matriz energética do estado de São Paulo é composta por usinas não
renováveis, perfil em escassez de recursos a longo prazo.
Diante desse déficit nos próximos 5 anos, este trabalho se estrutura em um
levantamento documental em fonte primária, como relatórios e estudos do Governo
de São Paulo, a fim de estabelecer uma relação entre a matriz energética, a
economia, a demanda futura por energia e uma alternativa renovável de produzi-la.
8

1.2. Justificativa

Além da escassez de recursos de fontes não renováveis para a produção de


energia, também é importante atentar-se ao meio ambiente, pois, mesmo que com
rendimento menor, a energia renovável provenientes de fontes como a geotérmica,
eólica, hidráulica, solar e biomassa quando da utilização de bagaços de cana, lixo
entre outros, são fontes alternativas que geram menos impacto ao meio ambiente
em comparação com as energias provenientes de fontes não renováveis, como
nuclear que gera resíduo radioativo, e a exploração mineral de gás, petróleo e
carvão.
Estas fontes são transformadas em energia elétrica, essencial para a vida
humana moderna, mas, seu meio de produção deve considerar a importância da
qualidade de vida e do nosso meio ambiente, e portanto, requer a análise criteriosa
das vantagens de cada alternativa para este objetivo.
Partindo da premissa que usinas que utilizam fontes renováveis, por depender
de recursos naturais como vento, sol, água e calor, exigem um estudo precedente de
sua disponibilidade geográfica e de viabilidade financeira, sustentavelmente, que
atenda a demanda futura e promova a diversificação da matriz energética do Estado
de São Paulo para os próximos 5 anos.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A proposta de uso de uma fonte de energia renovável para suprir a eventual


demanda por energia, no escopo deste estudo, passa pelo subsídio teórico para
reconhecer quais são os meios de produção de energia que utilizam insumos que
disponibilizados pela natureza ou pelo ação do homem e que podem ser explorados
de forma sustentável, seja pela qualidade de resiliência, regeneração ou renovação
de sua fonte - como a luz solar, o fluxo dos rios, ondas e dos ventos, ou pela
contribuição na redução de danos ambientais - como a incineração de resíduos
sólidos, biomassa de rejeitos de processos fabris ou biogás de aterros sanitários.
Este corpo teórico permite a análise da composição da Matriz Energética do Estado
de São Paulo, buscando alternativas renováveis que a diversifique e inove, bem
9

ressalta a contribuição das disciplinas cursadas que contribuem para a elaboração


do projeto integrador.

2.1. Aplicações das disciplinas estudadas no projeto integrador

Percebe-se as contribuições mais significativas de cada disciplina estudada


que permeiam o projeto integrador, conforme segue:

a) Produção de Texto: a redação do relatório técnico-científico se pauta


pelos princípios de coesão e coerência, especialmente na componente
de intertextualidade decorrente da pesquisa em material de ampla
divulgação ao interesse público.

b) Metodologia Científica​: a organização do estudo segue os elementos


essenciais da pesquisa científica, desde a delimitação do tema e sua
expressão no título, sua justificativa e objetivo, à definição do
problema, referencial teórico e metodologia de pesquisa e método de
análise, e consequente conclusão disposta nas considerações parciais.

c) Matemática e informática: o método de análise está modelado em


planilha eletrônica, a partir da qual se aplicaram noções de lógica,
medidas de dispersão e de projeção para classificar os dados
estatísticos obtidos na fundamentação teórica para avaliar a solução
mais adequada ao problema definido. A conversão de unidades
numéricas e de medidas também contribuiu para simplificação as
informações, e o uso de ferramentas de edição de texto online
favoreceu a produção do trabalho acadêmico.

d) Inglês​: o projeto integrador é ampliado pelo uso deste idioma adicional,


permitindo comunicar para outro público o conteúdo resumido deste
relatório (abstract), consultar fontes de produção científica (journals,
papers, reviews) e compreender termos técnicos do tema.
10

e) Introdução à Engenharia de Produção e Física: a busca por uma


fonte renovável de energia considera os princípios da física sobre a
transformação destes recursos em eletricidade. A compreensão deste
conceito se expressa no método de análise deste estudo,
especialmente para o dimensionamento resposta. Por sua vez, obter
este conhecimento tecnológico e ajuizar uma solução para um
problema da vida real é por fim um processo de engenharia.

2.2. Fontes de energia

a) Hidráulica: ​O fluxo das águas é o combustível da geração de eletricidade


a partir da fonte hidráulica. Para aproveitar a queda d’água de um rio, por exemplo,
estuda-se o melhor local para a construção de uma usina, levando-se em conta o
projeto de engenharia, os impactos ambientais, sociais e econômicos na região,
além da viabilidade econômica do empreendimento (CCEE, 2019).

As obras de uma usina hidrelétrica incluem o desvio do curso do rio e a


formação do reservatório. A água do rio movimenta as turbinas que estão
ligadas a geradores, possibilitando a conversão da energia mecânica em
elétrica (CCEE, 2019).

Nota-se que, ainda segundo a CCEE citando a ANEEL (2019) a potência


instalada determina sua classificação em Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH),
com até 1 MW, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH), entre 1,1 MW e 30 MW e
Usina Hidrelétrica de Energia (UHE), com mais de 30 MW de potência instalada. “O
porte da usina também determina as dimensões da rede de transmissão que será
necessária para levar a energia até o centro de consumo.”

b) Gás Natural​: O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos gasosos,


originados da decomposição de matéria orgânica fossilizada ao longo de milhões de
anos. [...] O vapor produzido na queima do gás é utilizado para movimentar as
turbinas ligadas a geradores. Atualmente, as maiores turbinas a gás chegam a 330
MW de potência e os rendimentos térmicos atingem 42% (CCEE, 2019).
11

O gás natural tem elevado poder calorífico e, em sua queima, apresenta


baixos índices de emissão de poluentes, em comparação a outros
combustíveis fósseis. Em caso de vazamentos, tem rápida dispersão, com
baixos índices de odor e de contaminantes. [...] Entre as vantagens
adicionais da geração termelétrica a gás natural estão o prazo relativamente
curto de maturação do empreendimento e a flexibilidade para o atendimento
de cargas de ponta. (CCEE, 2019)

c) Petróleo: ​O petróleo é uma substância oleosa, uma mistura de


hidrocarbonetos que tem origem na decomposição de matéria orgânica ao longo de
milhões de anos pressionada pelos movimentos da crosta terrestre. A geração de
energia elétrica a partir de derivados de petróleo ocorre por meio da queima desses
combustíveis em caldeiras, turbinas e motores de combustão interna. A utilização de
caldeiras e turbinas é similar aos demais processos térmicos de geração e se aplica
ao atendimento de cargas de ponta e/ou aproveitamento de resíduos do refino de
petróleo. Os grupos geradores a diesel são comuns no suprimento de comunidades
e de sistemas isolados da rede elétrica convencional (CCEE, 2019).

d) Carvão: ​O carvão é um combustível fóssil. Sua qualidade é determinada


pelo conteúdo de carbono e varia de acordo com o tipo e o estágio dos componentes
orgânicos. O carvão vegetal, classificado como biomassa, apresenta baixo
aproveitamento energético quando comparado ao mineral.
Os depósitos de carvão estão presentes em camadas relativamente próximas
da superfície do solo, de fácil extração. [...] Em participação na matriz energética
mundial, o carvão é responsável por cerca de 8% de todo o consumo mundial de
energia e de 39% de toda a energia elétrica gerada (CCEE, 2019).

e) Nuclear: A energia nuclear ou nucleoelétrica é proveniente da fissão do


urânio em reator nuclear [...] seu princípio de funcionamento é similar ao de uma
termelétrica convencional. O calor é produzido pela fissão do urânio no reator, cujo
sistema mais empregado é constituído por três circuitos – primário, secundário e de
refrigeração (CCEE, 2019).
O processo descrito pela CCEE (2019), a água aquecida e pressurizada
passa por tubulações e vai até o gerador de vapor, onde vaporiza a água do circuito
12

secundário, sem que haja contato físico entre os dois circuitos. O vapor gerado
aciona uma turbina, que movimenta o gerador e produz corrente elétrica. As usinas
de Angra I (657 MW) e Angra II (1.350 MW) localizadas no Rio de Janeiro são
exemplos de instalações que exploram esta fonte de energia.

f) Biomassa: biomassa é todo recurso renovável oriundo de matéria orgânica


(de origem animal ou vegetal, inclusive o resíduo urbano) que pode ser utilizada na
produção de energia. Uma das principais vantagens da biomassa é que, embora de
eficiência inferior à de outras fontes, seu aproveitamento pode ser feito diretamente,
por meio da combustão em fornos e caldeiras, por exemplo (CCEE, 2019).

“Para aumentar a eficiência do processo tem-se desenvolvido tecnologias


de conversão mais eficientes, como a gaseificação e a pirólise. [O carvão
vegetal, ou mesmo lenha podem igualmente ser aproveitados na geração de
energia elétrica, mas] o recurso de maior potencial para geração de energia
elétrico no país é o bagaço da cana-de-açúcar, sinérgico ao setor
sucroalcooleiro gera grande quantidade de resíduos, que pode ser
aproveitada na geração de eletricidade. [...] Em média, cada tonelada de
cana processada requer cerca de 12 kWh de energia elétrica, o que pode
ser gerado pelos próprios resíduos da cana [grifo nosso].”

g) Eólica​: Seu aproveitamento ocorre por meio da conversão da energia


cinética de translação impulsionado por massa de ar (vento) em energia cinética de
rotação, com o emprego de turbinas eólicas – também denominadas aerogeradores
– para a geração de eletricidade, ou de cata-ventos (e moinhos), para trabalhos
mecânicos como bombeamento d’água.

“O Brasil é favorecido em termos de ventos, que se caracterizam por uma


presença duas vezes superior à média mundial e por uma volatilidade de
apenas 5%, o que dá maior previsibilidade ao volume a ser produzido. Além
disso, a velocidade costuma ser maior em períodos de estiagem, sendo
possível operar usinas eólicas em sistema complementar com usinas
hidrelétricas, de forma a preservar a água dos reservatórios em períodos de
poucas chuvas. As regiões com maior potencial medido são Nordeste,
Sudeste e Sul (CCEE, 2019).”

A empresa espanhola Vortex Bladeless desenvolveu uma tecnologia que


utiliza os princípios de fluidodinâmica para conceber uma inovação que não utiliza
pás para a transformação energética, e sim um monotubo oscilador. Isto minimiza os
13

impactos ambientais a fauna (redução dos acidentes com pássaros - ​birdstrike)​ e a


emissão de ruídos (VORTEX, 2019).

h) Solar: ​A energia solar é aquela obtida pela captação da luz do Sol, nas
formas térmica e luminosa. Essa radiação, porém, não atinge de maneira uniforme
toda a crosta terrestre. Depende da latitude, da estação do ano e de condições
atmosféricas como nebulosidade e umidade relativa do ar. Segundo a CCEE (2019),
o Nordeste brasileiro apresenta melhores condições de exploração dessa fonte de
energia que localidades mais distantes da linha do Equador, como as regiões Sul e
Sudeste.
O uso de painéis de fotocélulas é a forma mais comum de produção de
energia elétrica com base neste recurso natural. Uma nova técnica conhecida
Concentrating Solar Power (CSP), ou heliotérmica, é um aspecto de inovação no uso
deste tipo de energia pela transformação da irradiação solar direta em energia
térmica e subsequentemente em energia elétrica (WIKIPEDIA, 2019.b). A Espanha é
um país de referência no uso deste método.

i) Geotérmica: ​A energia geotérmica (ou geotermal) é aquela obtida pelo


calor que existe no interior da Terra. [...] Uma forma de operação se dá pela
perfuração de poços vizinhos. Em um dos poços é injetada água, ela se aquece na
rocha e é expelida pelo outro poço, impulsionando o gerador de energia elétrica.
No Brasil, não há nenhuma unidade em operação, nem sob forma
experimental. O porte de empreendimentos atuais, porém, é significativo. A potência
instalada no campo de gêiseres da Califórnia é de 500 MW (CCEE, 2019).
A baixa emissão de gases CO2 na atmosfera é um fator positivo neste tipo de
transformação energética. Entretanto, quase todos os fluxos de água geotérmicos
contém gases dissolvidos e ocasionalmente podem ser liberados na atmosfera.
Por outro lado, o odor desagradável, a natureza corrosiva, e as propriedades
nocivas do ácido sulfídrico (H2S) são causas que preocupam. Nos casos onde a
concentração de ácido sulfídrico (H2S) é relativamente baixa, o cheiro do gás causa
náuseas. Em concentrações mais altas pode causar sérios problemas de saúde e
até a morte por asfixia (WIKIPEDIA, 2019.a).
14

A Wikipédia (2019) ressalta ainda a importância do tratamento adequado à


água vinda do interior da Terra especialmente quanto à nocividade de metais
pesados e atividades de recuperação do subleito de base da usina, que pode ceder
de forma contínua pelo tipo de exploração sem medidas de recomposição do solo.

j) Marítima: ​O potencial de geração de energia elétrica a partir do mar inclui o


aproveitamento das marés, correntes marítimas, ondas, energia térmica e gradientes
de salinidade (energia azul). A eletricidade pode ser obtida a partir da energia
cinética (do movimento) produzida pelo movimento das águas ou pela energia
derivada da diferença do nível do mar entre as marés alta e baixa ​– a energia
maremotriz, o modo de geração de eletricidade por meio da utilização da energia
contida no movimento de massas de água devido às marés. Um dos países que se
destaca nas pesquisas é Portugal, que tem diversos projetos pilotos (CCEE, 2019).

k) Biogás: O biogás é obtido a partir da biomassa contida em dejetos


(urbanos, industriais e agropecuários) e em esgotos, que passa naturalmente do
estado sólido para o gasoso por meio da ação de microorganismos que decompõem
a matéria orgânica em um ambiente anaeróbico (CCEE, 2019).

O biogás é lançado à atmosfera e passa a contribuir para o aquecimento


global, uma vez que é composto por metano (CH4), dióxido de carbono
(CO2), nitrogênio (N2), hidrogênio (H2), oxigênio (O2) e gás sulfídrico(H2S).
Sua utilização do lixo para produção de energia permite o uso deste gás,
além da redução do volume dos dejetos em estado sólido. A geração de
energia por esta fonte permite a redução dos gases causadores do efeito
estufa e contribui para o combate à poluição do solo e dos lençóis freáticos.

Para concluir esta parte do referencial teórico, as fontes energia elencadas


perfazem o arcabouço necessário para observar criticamente a matriz energética de
São Paulo, quanto a participação dos combustíveis fósseis e daqueles de origem
renovável, na transformação da energia - especialmente para a elétrica dada a sua
natureza de emprego e distribuição.
Cabe acrescentar que no escopo das soluções sustentáveis, a utilização dos
resíduos sólidos urbanos como fonte energética é uma opção, ainda que sua origem
não seja natural. Um fator favorável é a versatilidade de seu processamento, como a
15

combustão direta, a termoquímica e, ainda, por reprodução do processo natural


produção do biogás.
Apesar do cenário favorável a instalação deste tipo de planta, vez que os
resíduos sólidos urbanos são descartados de forma irregular, conforme
levantamento do Governo Federal, e correspondem a 82,8% da população urbana
(143 milhões de pessoas) - o que amplia significativamente a possibilidade de oferta
de eletricidade desta fonte - seu processamento possui desvantagens como emissão
de gases para a atmosfera (perda de 25%), toxicidade da manipulação dos insumos
e o subaproveitamento pela presença do metano no biogás.

2.3. Matriz energética do Estado de São Paulo

Conceito de Matriz Energética

Segundo Jean Cesare Negri (2011) “Entende-se por Matriz Energética a


consolidação das projeções energéticas de uma região [...] na qual são quantificadas
e adotadas uma série de premissas e parâmetros para a elaboração de cenários
futuros de oferta e demanda energética, dentro de um período pré estabelecido de
tempo”.

Situação Atual

De acordo com o balanço energético feito pela Secretaria de Infraestrutura e


Meio Ambiente do Estado de São Paulo, o consumo de energia em 2017 foi de
43.090.736 toe (tonelada de óleo equivalente de petróleo), sendo este total dividido
129.810.078.349 MWh em eletricidade, 5.434.809.523 m³ de gás natural, etanol em
7.688.125.246 L e 22.603.959 toe em derivados de petróleo. Para ilustrar, a cidade
de São Paulo consome cerca de 19,86% desta energia, seguido por Campinas
6,32% e Guarulhos 2,74% de toda esta energia.

Hidroelétrica​: São Paulo é o maior mercado consumidor do país e representa


cerca de 30% da demanda total brasileira.Sendo que em São Paulo concentra-se 72
16

usinas hidrelétricas de grande e médio porte, além de 57 pequenas centrais


hidrelétrica e ainda 377 pequenas centrais termelétricas (das quais 190 são de
biomassa de bagaço de cana), com uma capacidade total instalada maior do que
21.000 MW (megawatt).
Uma das principais usinas de São Paulo é a Usina Hidrelétrica de Ilha
Solteira: instalada no rio Paraná, esta usina localiza-se na fronteira entre os estados
de São Paulo (município de Ilha Solteira) e Mato Grosso do Sul (município de
Selvíria). Sua capacidade de geração de energia elétrica é de 3.440 MW. Foi
inaugurada em 1973, sendo de propriedade da CESP.

Energia Solar

Um dos objetivos do Governo do Estado de São Paulo é popularizar a


energia solar fotovoltaica e para que isso se concretize o governo vem realizando a
instalação de novos sistemas pela indústria, comércio e principalmente pela
população em suas residências. Com isso a energia solar vem crescendo no estado
de São paulo. A capacidade instalada de energia solar no Estado é de
aproximadamente 1,1 MW.

A primeira usina do Estado é a de Tanquinho, localizada no município de


Campinas, com potência de 1.082 KWp e capacidade de gerar 1,6 GWh por ano. A
energia gerada pela usina energia é suficiente para suprir cerca de 1.300 residências
com consumo de 100 KWh/mês cada. Existem outros empreendimentos cadastrados
no Estado com destaque para as instalações na Cidade Universitária e no Parque
Villa Lobos, ambos na capital.

Foi inaugurada uma usina de energia solar em março na cidade de Presidente


de Prudente, no dia 11 de Março de 2019 com 3,12 megawatts (MWp) de potência,
trata-se de uma das maiores usinas solares fotovoltaicas do Brasil no modelo de
geração distribuída autoconsumo – até 5 MW – e a maior do estado de São Paulo,
segundo a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do governo paulista.
17

Outra grande novidade no estado de São Paulo é a primeira usina solar


flutuante no estado de São Paulo na cidade de Rosana.A usina fotovoltaica de
Rosana utiliza a tecnologia de placas flexíveis e rígidas em um sistema flutuante e
gera 101.522 quilowatt-hora (kWh), o que garante o abastecimento energético de
1.000 residências com consumo mensal de 100 quilowatt-hora (kWh). Para isso
foram instaladas duas plantas com painéis solares rígidos de 250 quilowatts (kW) em
terra e 25 kW em sistema flutuante, e outras duas plantas com painéis solares
flexíveis com 250 kW em terra e 25 kW em sistemas flutuante.

Energia Eólica

A energia cinética contida nas massas de ar em movimento pode ser utilizada


para a geração de eletricidade, conhecida como energia eólica. O Brasil é detentor
de um enorme potencial para gerar energia a partir dos ventos, com potência
disponível de 134 GW, cerca de 10 vezes a capacidade da usina de Itaipu.
O Estado de São Paulo tem um potencial de aproximadamente 13 mil GWh. A
informação é do Atlas Eólico, estudo coordenado pela Secretaria de Energia e
Mineração. Desde de junho de 2017 está em operação, os dois primeiros geradores
de energia eólica do estado de São Paulo foram colocados em operação no
município de Rosana (SP), região de Presidente Prudente. Eles estão instalados
dentro da área pertencente a Usina Engenheiro Sérgio Motta, conhecida também
como Porto Primavera.

Bioenergia

Toda forma de energia obtida da biomassa é chamada de bioenergia. Ela


pode ser utilizada para gerar calor, eletricidade ou biocombustíveis. Até a energia
quimicamente armazenada na biomassa é considerada bioenergia.
Na contramão mundial enquanto no mundo o uso da bioenergia como insumo
não é ainda muito representativo, no Estado de São Paulo a realidade é bem
diferente. A política energética paulista tem como objetivo ampliar a oferta de
energia junto aos centros de carga, dando segurança energética e ampliando a
18

renovabilidade de sua matriz. A participação das energias renováveis na matriz


energética estadual é de 60,8%, com destaque para os derivados da cana de açúcar
e da fonte hidráulica.

Bioeletricidade

A geração estimada de bioeletricidade de cana de açúcar grada no estado


supera 14 mil MW, correspondente à geração de eletricidade da hidrelétrica
binacional de Itaipu, com a imensa vantagem de estar disponível justo no período de
baixa nos reservatórios das hidroelétricas, o que lhe permite complementar a
geração do modelo hidráulico predominante.
Para atingir o desafio de viabilizar um maior aproveitamento deste potencial, a
Secretaria de Energia propõe:
a) Flexibilização do recolhimento de ICMS para possibilitar a utilização de
créditos na aquisição de máquinas e equipamentos necessários à produção eficiente
e à exportação da bioeletricidade de cana. Esta medida já foi implementada por meio
do Decreto SP nº 57.042, de 6 de junho de 2011.
b) Viabilização da construção de redes coletoras da bioeletricidade produzida
– com a participação de empreendedores do setor de energia elétrica nos
investimentos.
c) Realização de leilões específicos e regionalizados para comercializar a
bioeletricidade produzida a partir da biomassa – com o objetivo de dar
competitividade ao setor.

Biocombustíveis

Os principais biocombustíveis brasileiros são o biodiesel e o etanol. Biodiesel


é um combustível derivado de fontes naturais e renováveis como os vegetais. Possui
capacidade de queima fácil e é obtido principalmente do amendoim, mamona,
sementes de algodão, de girassol e de colza. Além de reduzir a poluição atmosférica
ele ainda colabora para aliviar a demanda por aterros sanitários.
19

O etanol é um álcool etílico, utilizado como combustível automotivo na forma


de álcool hidratado ou álcool anidro, que é adicionado a gasolina na proporção de
25%. O álcool hidratado possui cerca de 7% de água e o álcool anidro possui
apenas 0,7%, no máximo. O Estado de São Paulo é o maior produtor de etanol do
Brasil, em 2017 sua produção atingiu 12,9 milhões de m³ do insumo.

Biogás

Biogás é o nome comum dado a um gás que foi produzido pela quebra
biológica da matéria orgânica na ausência de oxigênio. Normalmente consiste em
uma mistura gasosa composta principalmente de gás metano (CH4) e gás carbônico
(CO2) e com pequenas quantidades de gás sulfídrico (H2S) e umidade.
As biomassas em suas diversas formas, tais como: restos de alimentos,
resíduos de madeira, palha do arroz, bagaço da cana de açúcar e esterco de
animais, são as principais fontes para se obter biogás. Dependendo da finalidade,
este gás pode ser utilizado diretamente em processos térmicos ou transformado em
outros produtos.
Segundo o Banco de Informações de Geração da Agência Nacional de
Energia Elétrica – Aneel existem no Estado de São Paulo 9 unidades utilizando
biogás para geração de eletricidade com uma potência instalada de 71 MW e 28
unidades produzindo biogás para geração de eletricidade com uma potência
instalada de 121 MW.(energia.sp.gov.br/2019)

Biomassa

Com a necessidade de ampliar um modo sustentável de uso de fontes


renováveis de energia e para proporcionar maior segurança ao suprimento
energético, aumentar a competitividade e reduzir os impactos ambientais associados
aos combustíveis fósseis, encontra, principalmente, na biomassa da cana de açúcar
uma alternativa viável economicamente e com significativo potencial de expansão.

Petróleo
20

No Estado de São Paulo encontra-se cinco refinarias que, juntas, são


capazes de processar por volta de 39% da capacidade de refino nacional, tornando
a região a terceira maior produtora de petróleo do Brasil – com mais de 40% da
indústria nacional de fabricantes de equipamentos e prestadores de serviços para o
setor. São Paulo responde ainda pela produção dos principais derivados de petróleo
que abastecem o mercado nacional, como gasolina, diesel, óleo combustível, GLP –
gás liquefeito de petróleo, querosene de aviação, coque e nafta.
Toda essa produção exige uma extensa cadeia de fornecedores. Com a
descoberta e exploração do pré-sal na Bacia de Santos, contribuiu-se muito para o
desenvolvimento do Estado, principalmente do litoral paulista com a chegada de
novas empresas, universidades e centros de pesquisa e inovação. Os royalties que
resultam dessa produção representam uma parcela importante da arrecadação dos
municípios.

Mineração

Em primeiro lugar no país como o maior consumidor de minerais pra a


construção e maior produtor de equipamentos e insumos para a indústria mineral, o
Estado de São Paulo tem na Subsecretaria de Mineração da SEM o suporte para
garantir, de forma sustentável, o suprimento para a indústria, construção e
agricultura, além de estimular o uso da tecnologia na pesquisa e produção mineral.
Para isso, a pasta articula ações com toda a cadeia produtiva e órgãos públicos,
além de apoiar os municípios na identificação de locais que possam gerar atividade
mineral e no desenvolvimento de soluções para a reutilização de áreas lavradas, ou
seja, que foram usadas para atividades de mineração. A recuperação dessas áreas
deve levar em consideração a reabilitação e o uso futuro como unidades de
conservação, parques temáticos, reservas ecológicas, hotéis, centros de exposição,
entre outros usos. Por exemplo, duas áreas que serviram para a extração de areia
na capital paulista se tornaram destinos de lazer da população: a raia olímpica da
USP e o lago do Parque do Ibirapuera, que ao término das operações foram
transformadas em reservatórios pluviais.
21

3. MATERIAIS E MÉTODOS EMPREGADOS

Pesquisa exploratória

Segundo Armando PIOVESAN (2019, apud THEODORSON, G. A. &


THEODORSON, A. G ​a pesquisa exploratória é elaborada sobre um problema de
pesquisa cujo tema geralmente possui pouco ou nenhum estudo prévio. A intenção
dessa modalidade de estudo é sair em busca de padrões, procurar ideias ou
descobrir ​hipóteses​. O objetivo não é testar ou comprovar uma certa hipótese, e sim
fazer descobertas.
Esta metodologia foi empregada neste estudo em razão de que cenários
futuros são definidos por parâmetros precedentes. Apontar uma solução renovável
para uma demanda provável é um processo de exploração, vez que é preciso
compreender a projeção e investigar seus norteadores, dimensionar a demanda por
energia no horizonte de tempo, e escolher, após uma visão geral sobre as fontes
sustentáveis de insumo e análise de viabilidade, descobrir a alternativa que atenda
ao consumo previsto.

Levantamento bibliográfico e documental

A pesquisa bibliográfica consiste na etapa inicial de todo o trabalho


acadêmico, com o objetivo de reunir as informações e dados que servirão de base
para a construção da investigação a partir do tema. Este entendimento trazido pelo
Prof. Alejandro Knaesel ARRABAL (2019) indica a metodologia como adequada
para o estabelecimento da fundamentação teórica sobre fontes renováveis e
disciplinas cursadas que permitam compreensão delas.
Para analisar os características da matriz energética do Estado de São
Paulo, o consumo de energia e as projeções econômicas são utilizadas bases
primárias disponibilizadas por órgãos governamentais. Isto guarda afinidade com a
metodologia de pesquisa ​documental. “Nela [pesquisa documental] a investigação
concentra-se em dados obtidos a partir de “documentos” que registram fatos e/ou
acontecimentos de uma determinada época” (ARRABAL, 2019).
22

Método quantitativo

O método quantitativo é medir informações sobre um assunto proposto é a


pesquisa científica onde os resultados podem ser quantificados, diferindo da
pesquisa qualitativa. A pesquisa quantitativa recorre a linguagem matemática para
descrever as causas de um fenômeno, relações entre variáveis, entre outras
aplicações. É fortemente influenciada pelo positivismo​. Centrada na objetividade,
foca na análise de dados brutos (CLEMENTE, 2019).
Neste projeto integrador, os dados coletados apresentam uma natureza
estatística de fontes primárias, validando o uso do método quantitativo. A análise
segue um fluxo, que se inicia na fundamentação teórica para estabelecer uma
relação de usinas de energia de fontes renováveis e analisar a viabilidade do uso de
determinado tipo de transformação a partir da quantificação de suas características:

FIGURA 1​ - Método de análise.


Fonte (autor)
23

4. ANÁLISES E DISCUSSÕES DE RESULTADOS PARCIAIS

4.1 Definição do Problema

A questão central do projeto é compreender como uma fonte de energia


renovável pode suprir um possível aumento no consumo de energia decorrente do
crescimento econômico no horizonte de 2025 para São Paulo, considerando ainda
aspectos de inovação na respectiva matriz energética, seja por diversificação das
fontes de energia ou emprego de novas tecnologias.

Demanda futura em função da economia

Segundo NEGRI (2011) “Há duas metodologias usualmente utilizadas [para a


análise da matriz energética], a tendencial, [...] vinculadas a relações entre a variável
econômica (PIB) e o consumo total de energia, e a estrutural na qual a abordagem é
desagregada e integrada por meio de modelos econômicos, tecnológicos e
energéticos para explicitar as inúmeras hipóteses necessárias para se construir os
cenários futuros, possibilitando elevado grau de flexibilidade e modelagem”.
Utilizando a metodologia de pesquisa escolhida para substanciar o projeto
integrador em função da análise tendencial supracitada, constatam-se os dados da
Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE, 2019) obtidos através do
levantamento documental em base primária:

FIGURA 2 - ​PIB e Consumo de Energia Elétrica: 2012-2016. (SEADE, 2019.a)


24

Pelo gráfico, nota-se que não há indícios que evidenciem uma relação
diretamente proporcional entre o crescimento econômico do Estado de São Paulo e
o consumo de energia que possa ser explicado pelo Produto Interno Bruto (PIB).
Apresentam tendências contrárias: enquanto o PIB cresceu de aproximadamente 1,6
R$ bi para 2,0 R$ bi, o consumo de energia reduziu de 133,5 TWh para 126,9 TWh,
o que inviabiliza a regressão linear sob a premissa de interação positiva do indicador
econômico sobre a demanda futura.
Dessa forma, é necessário explorar outros parâmetros para estabelecer uma
projeção do consumo de energia no horizonte de 2025. Aderente a premissa, uma
lacuna (GAP) inicial de 6,6 TWh deve ser adicionada ao dimensionamento resultante
da verificação de outros parâmetros.

Projeção de consumo energético

Para aplicar a segunda abordagem referenciada por Negri (2011) e manter


aderência a premissa de influência do aquecimento econômico no aumento da
demanda por energia, segue o estudo pela análise dos segmentos consumidores.
A Fundação SEADE (2019) sumariza os dados dos consumidores de energia
em 5 (cinco) setores: ​I. Comércio e Serviços, II. Industrial, III. Residencial, IV.
Rural e, V. Iluminação e Serviços​. Para estabelecer o perfil de consumidores por
sua quantidade, foram tabulados os dados amostrais disponíveis na base primária:

TABELA 1 - Quantidade de consumidores de energia elétrica


Consumidores
2011 2.017 Variação 2011 (%) 2017 (%)
de Energia Elétrica
I. Comércio e Serviços 1.019.689 1.118.523 9,69% 6,30% 6,02%
II. Industrial 120.415 105.046 -12,76% 0,74% 0,56%
III. Residencial 14.664.393 16.964.750 15,69% 90,65% 91,24%
IV. Rural 258.542 277.936 7,50% 1,60% 1,49%
V. Iluminação e Serviços
113.572 126.423 11,32% 0,70% 0,68%
Públicos e Outros
Total 16.176.611 18.592.678 14,94% 100,00% 100,00%

Fonte (autor)
25

As colunas esquerda na “Tabela 1” dimensionam o número de consumidores


por setores, as demais a direita estabelecem a contribuição de cada no recorte de
tempo.
Há indícios na tabela, pela variação da quantidade de consumidores entre
2011 e 2017, que evidenciam a redução das plantas fabris. Isto pode explicar a
queda de consumo de energia entre 2012 e 2016, mencionado anteriormente,
podendo guardar assim, relação causal com premissa e o respectivo ​gap de
consumo.
A tabela também evidencia que o perfil de consumidores pouco se altera com
o passar do tempo, apresentando mobilidade média entre os setores de consumo
menor que 0,25%. Em outras palavras, os consumidores apresentaram variação,
mas, tendem a manter sua representatividade frente a quantidade total.
Desta forma, o setor de consumo III. Residencial é o mais representativo em
quantidade de consumidores, e, portanto, para o dimensionamento da demanda
futura é preciso considerar a população estimada em 2025.
Após analisar a quantidade de consumidores, também se deve observar seu
perfil de consumo. A exemplo, o setor residencial é o mais expressivo e cresceu
aproximadamente 16%. Esta informação subsidia a quantificação de consumidores,
mas não revela impacto deste aumento do consumo no período, ou ainda, o quanto
cada unidade residencial consome para uma projeção.
Recorrendo, então, novamente a base primária, tem-se:

Tabela 2 - Perfil de consumo de energia por setor


Consumo médio por
2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 u u (%) C.V.
unidade (MWh)
I. Comércio e Serviços 23,8 24,9 25,8 27,4 25,9 25,0 25,2 25,4 4,4 4,43%
II. Industrial 462,7 456,0 447,6 422,2 457,1 437,0 453,1 448,0 77,0 3,13%
III. Residencial 2,5 2,5 2,5 2,5 2,3 2,3 2,3 2,4 0,4 3,79%
IV. Rural 11,0 11,0 11,4 12,4 10,7 11,4 12,0 11,4 2,0 5,26%
V. Iluminação e Serviços
98,0 97,9 95,4 97,9 90,7 90,3 91,2 94,5 16,2 3,87%
Públicos e Outros
Fonte (autor)
26

Comparando-se as Tabelas 1 e 2, o setor Residencial tem uma parcela


expressiva da representatividade quanto a quantidade de consumidores, porém, a
média de consumo por unidade é pouco significativa individualmente. Isto quer dizer
que a projeção é sensível ao volume. O consumo de energia por uma unidade
industrial equivale ao de aproximadamente 185 residências, é um setor sensível a
economia e a inovações tecnológicas. A unitização é consistente para efeitos de
projeções futuras, como se verifica no coeficiente de variação no período (C.V.
menor que 5%)
A quantidade de consumidores e o quanto se consome por unidade também
revelam a participação no consumo total de energia para seguimento. O Gráfico 1 a
seguir demonstra o setor Industrial e Residencial como os principais de setores de
consumo de energia, juntos representam 66,8% desse indicador, portanto requer
aprofundamento na parametrização da demanda futura, enquanto os demais setores
tendem a manutenção da sua representatividade dentro das variações já
demonstradas:

Figura 3 - Participação dos setores no consumo total de Energia (SEADE, 2019)


27

Em sequência, buscando o detalhamento proposto para os setores de maior


participação no consumo, a estimativa populacional se desdobra sobre o Censo
Demográfico de 2000 (IBGE, 2019) e estatísticas vitais recentes (SEADE, 2019) que
apontam para uma desaceleração do ritmo de crescimento, mas ainda em ascensão.
A população paulista deverá atingir um volume de 47.966.292 habitantes em 2025,
sob uma taxa de crescimento populacional de aproximadamente 0,73% ao ano, no
qüinqüênio 2020-2025. Isto representa um aumento de 2.427.356 habitantes, e
consequentemente, 753.837 novos domicílios (3,22 habitantes por residência).
Já para o estimador do setor de consumo industrial, a Empresa de Pesquisa
Energética (EPE, 2017) diz que “A crise econômica afetou sobremaneira os setores
da indústria mais intensivos em capital e mais atrelados à demanda interna, como a
indústria de transformação e construção civil.”, mais um paralelo que pode justificar a
queda de consumo energético nesta área. Entretanto, quando se trata de cenário
futuro, o mesmo estudo da referida empresa, projeta um crescimento médio de 2,6%
a.a. para a indústria, acumulado de 22,79% para o ano de 2025.
Assim, com base no consumo total de energia em 2017 de 129,9 TWh e os
parâmetros setoriais analisados, ​a projeção da demanda por energia para 2025 é
da ordem de 16 TWh​, conforme se consolida na Tabela 3:

Tabela 3 - Projeção da Demanda por Energia para 2025

Consumo Projeção de
Variação Consumidores
Consumidores de Consumidores Médio Consumo
estimada Estimados
Energia Elétrica (2017) Unitário (2025)
(2025) (2025)
(MWh) em TWh
I. Comércio e Serviços 1.118.523 4,43% 1.168.074 25,4 29,7
II. Industrial 105.046 22,79% 128.986 448,0 57,8
III. Residencial 16.964.750 4,44% 17.718.587 2,4 42,6
IV. Rural 277.936 5,26% 292.555 11,4 3,3
V. Iluminação e Serviços
126.423 3,87% 131.316 94,5 12,4
Públicos e Outros
Total 18.592.678 4,55% 19.439.518 - 145,9

Fonte (autor)
28

4.1 Proposta de Energia Renovável para 2025

A opção por uma alternativa de produção de energia que considere uma fonte
renovável de insumos deve fazer frente a demanda futura para 2025, neste estimada
em 16 TWh. Para isso, deve-se levar em conta sua capacidade produtiva,
investimento inicial e complexidade das instalações, bem como o impacto ambiental
decorrente de sua instalação:

Tabela 4 - Equivalência da demanda futura em usinas de energia renovável de referência

Geysers
Ilha solteira Nova Pecém Caieiras
Usina Sertão (BA) Complex
(SP) Olinda (PI) (CE) (SP)
(USA)
Termoelétric
Tipo Hidroelétrica Eólica Fotovoltaica Geotérmica Marítima
a
Turbina
Tecnologia Turbina Aerogerador Fotocélula Ondomotriz Combustão
de vapor
Investimento
3 bi 1,2 bi 1,18 bi 20 bi 18 mi 100 mi
inicial (R$)
Capacidade
3.444 294 290 0,1 29,5
(MWh) 1517
Capacidade por
unidade de 172,2 1,6 320 Wh* 0,05 1,4
tecnologia (MWh) 70
Investimento por
0,87 4,08 4,07 13,18 180,00 3,39
MWh
328,00m³/s vento ~ 30 irradiação
Insumo marés biogás
água Km solar vapor
Instalação 1195 km2 64 km 6,9 km² 78 km² - 16000m²
Bioma
Impacto Hidrodinâmica Fauna Microclima Solo Gases
marinho
Equivalente em
usinas (16TWh) 4,6 54,4 55,2 10,5 16000 542
Projeção de
investimento 14 bi 65 bi 65 bi 210 bi - 54 bi
Área demanda 5497 km² 3463 Km 380 km² 780 km² - 87 km²

Fonte (autor)
29

Assim, hidroelétricas, a energia eólica, solar e biomassa são economicamente


viáveis. Geotérmica e marítima não possuem potencial no Estado de São Paulo que
faça frente a demanda futura. Seguindo a análise para a complexidade de
implantação, descarta-se a biomassa pelo número de instalações. Por fim, os
evidentes impactos ambientais das usinas hidroelétricas sobre áreas de várzea a
serem alagadas para esta finalidade a retira do processo. A grande extensão
requerida para a implantação de campos eólicos é um fator restritivo, mas não
inviável.
Portanto, a proposta de energia renovável considerada adequada neste
projeto integrador para atender a demanda futura em função da possível retomada
econômica é a energia solar.

5. CONSIDERAÇÕES PARCIAIS

5.1 Considerações sobre os resultados

De acordo com a pesquisa realizada em grupo, foi descoberto muitas


situações que podem vir acarretar em um déficit na produção de energia devido
aumento da demanda por conta do aumento populacional, o que requer uma análise
criteriosa e multivariada. Encontrar uma solução viável através de fontes renováveis,
com intuito de substituir as fontes não renováveis que prejudicam o meio ambiente, e
são escassas e demandam um grande investimentos é um desafio a ser vencido.

5.2 Considerações sobre o projeto integrador

Iniciou-se o processo por um encontro de aproximação da temática, empatia


com o cliente potencial do tema. Exploração do conhecimento inicial do grupo,
competências e habilidades dos membros, brainstorming e atividades iniciais. Vídeo
“O Desafio Energético da Humanidade”(LOSS, 2019).
30

Figura 4 - Reunião de desenvolvimento participativo e definição de metas


Fonte (autor)

No decorrer do processo, foram acrescentados conceitos de gestão de


projetos, design thinking e ferramentas eletrônicas de produtividade e
documentação:

Figura 5 - Quadro eletrônico de colaboração e tarefas ”Kanban virtual”


Fonte (autor)
31

Figura 6 - Cronograma de Entregas: Gráfico de Gantt


Fonte (autor)

O uso desta ferramenta permitiu acompanhar as atividade e prazos, edição e


revisão simultânea remotamente pela internet, e o compartilhamento de idéias. Esta
experiência fortaleceu a necessidade do trabalho em grupo para resolver problemas
complexos.

6. ANÁLISE CRÍTICA DA PROPOSTA E FEEDBACK DO ORIENTADOR

São requisitos do projeto integrador elaborar uma proposta de intervenção


adequada a projeção da demanda para 2025, ter caráter inovador na exploração de
uma fonte renovável e mitigação de impactos ambientais.
A revisão também deve se atentar as normas de apresentação de trabalho
acadêmicos, como a formatação como a numeração de páginas após o sumário; de
indexação, como índices de figuras, tabelas e gráficos, citação e referências,
citações e referências.
As novas necessidades do mundo moderno e industrial acabaram criando
sucessivamente diversas formas de extração de energia, em um processo intenso
de tentativas de resolução de problemas. Todavia, as respostas dadas a estes
problemas obedecem às preferências daqueles capazes de as promoverem e as
aplicarem, enquanto muitos são beneficiados outros tantos são prejudicados,
[especialmente o meio ambiente]. (CORREA, 2019, grifo nosso).
32

Sendo assim para que não seja afetado nosso ecossistema e a qualidade de
vida temos que olhar com mais atenção para as fontes de energias renováveis, e o
Brasil tem um clima tropical que favorece a utilização de energias renováveis, como
a fotovoltaica e eólica por se tratarem de energias que se adaptam melhor aos
climas tropicais, como a energia eólica, e a energia solar que com estudos vem se
desenvolvendo cada dia mais para ter melhor rendimento de acordo com cada
necessidade e local de instalação com ajuda da engenharia, que tem seu papel
fundamental na sociedade.
A engenharia tem seu lugar neste objetivo, melhorar a qualidade de vida, em
geral, tanto em desenvolvimento de pesquisas, e processos industriais,tendo em
vista que todos setores de consumo ou produção está presente um profissional de
engenharia, sempre a desenvolver métodos e processos através de análise crítica e
pesquisas de desenvolvimento de acordo com a necessidade e demanda de cada
necessidade, visando sempre melhorar a qualidade do processo a ser executado, e
também no meio ambiente qualidade de vida.
Sabendo que a utilização de energia elétrica é essencial em nossas vidas, e
que também temos que preservar nosso ecossistema, através de dados sobre clima
tropical, e inovação, podemos se dizer que a energia eólica pode ser a solução para
nossa demanda energética de 2025, e pensando ainda mais em inovação, utilizar
uma tecnologia inovadora chamada ​bladeless ​uma tecnologia espanhola que está se
desenvolvendo, são aerogeradores que não contém turbinas ou pás, e que
determinam uma menor altura para funcionamento sem ruídos, também diminuindo
o incidente com aves de pequeno e grande porte.
Esta decisão está fundamentada na capacidade do engenheiro de resolver
problemas práticos, e, ao revisitar a produção da primeira parte do projeto
integrador, percebe-se que esta nova tecnologia de produção de energia eólica
mitiga impactos ambientais que se apresentavam como restritores a utilização desta
fonte renovável inicialmente, enquanto a energia solar manteve seu impacto
permanente no microclima, tanto na exploração fotovoltaica como heliotérmica.
33

7. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

Esta consideração parcial foi analisada criticamente, levando-se em conta o


papel do engenheiro diante da necessidade de adotar uma solução inovadora para a
matriz energética de São Paulo. Assim, no que se refere à natureza individual dos
que exercem a Engenharia, considerou-se plausível supor [...] que os indivíduos que
escolhem a profissão de engenheiro sejam curiosos, tenham espírito prático
aguçado e possuam um tipo de criatividade direcionada a operações envolvendo
manuseio de artefatos tecnológicos de variadas complexidades, possuindo uma
espécie de impulso natural (inato) à identificação (e encaminhamento das
respectivas soluções) de problemas de ordem prática, apresentados pelas
necessidades da interação com o meio ambiente. (TIMM, SCHNAID & COSTA,
2004, p. 2 apud LORENZINI).
E neste caso, a energia solar ainda apresenta impactos permanentes no
microclima, uma redução da temperatura na ordem de 5 ºC, que pode afetar o
ambiente antropológico do agronegócio, especialmente a cultura de hortaliças, riscos
ao ciclo de reprodução dos insetos polinizadores, a vegetação local e até mesmo o
regime de chuvas.
Isto posto, o desafio é encontrar o potencial energético renovável que possa
fazer frente a esta demanda projetada. Dessa forma, o estudo se desdobra
teoricamente sobre os tipos de energia renováveis, sua presença e o potencial
dessas fontes no Estado de São Paulo, convergindo, como resultado, a produção de
energia elétrica por fonte eólica.

7.1 PRODUÇÃO DE ENERGIA EÓLICA ​BLADELESS

A atual tecnologia de turbinas eólicas precisa suportar níveis de carga muito


diferentes sob velocidades de vento variáveis, o que exige alta demanda mecânica
de componentes de transmissão, como engrenagens, rolamentos, buc freios. As
múltiplas partes móveis estão constantemente sob desgaste, o que leva a altos
custos de manutenção. As turbinas eólicas sem lâminas eliminam completamente os
elementos mecânicos que podem sofrer desgaste por fricção. (VORTEX, 2019)
34

Os principais materiais utilizados para a fabricação de turbinas Vortex são


polímeros de fibra de carbono, plásticos, aço, neodímio e cobre. Os limites de
trabalho desses materiais estão longe dos padrões operacionais da Vortex contém
um Sistema de sintonia, alternador, retificador, potência, ancoragem, tampa superior
como mostra a figura abaixo.

Figura 7 -​ Funcionamento de um gerador Bladeless (VORTEX, 2019)

Esta turbina eólica não está imune às forças de fadiga e estresse. A fadiga é
definida pelo enfraquecimento de um material causado devido a cargas ou forças
repetidamente aplicadas. A haste da turbina do Vortex sofre flexão continuada e uma
falha de material pode eventualmente ocorrer.
Os primeiros produtos foram projetados com atenção especial a esse
problema.​A haste de fibra de carbono foi projetada para trabalhar em uma amplitude
máxima de oscilação de 2,7º. Isto implica uma deformação muito baixa do material .
A análise computacional e matemática realizada em relação ao componente mais
afetado por esse fenômeno de fadiga nos faz pensar que o aerogerador Vortex tem
uma enorme longevidade.Isso torna essa tecnologia altamente competitiva não
35

apenas contra geração de energia alternativa e renovável, mas até mesmo em


comparação com tecnologias convencionais.
Por ser leve e ter o centro de gravidade próximo ao solo, os requisitos de
ancoragem ou fundação foram reduzidos significativamente em comparação com as
turbinas regulares, facilitando a instalação.
Na conversão de energia eólica, a geração de energia é proporcional à área
varrida da turbina eólica. Atualmente, o Vortex varre até 30% da área de trabalho de
uma turbina eólica convencional de 3 lâminas de altura idêntica. Como resultado, em
geral, podemos dizer que a energia eólica Vortex é menos eficiente do que as
turbinas eólicas de eixo horizontal. Por outro lado, uma menor área varrida permite a
instalação de mais turbinas sem lâminas na mesma área de superfície,
compensando a eficiência de energia com eficiência de espaço de forma mais
barata.
A produção estimada de energia do Vortex Tacoma (2,75m) é de 100w uma
vez industrializada. Eco-friendly As turbinas Vortex visam ser uma alternativa eólica
“mais verde”. Embora uma análise de pegada de carbono mais rigorosa seja
necessária, a energia eólica sem lâminas parece trazer algumas vantagens extras
do ponto de vista ambiental.
Vortex bladeless é principalmente uma solução para geração de energia
distribuída. Pode funcionar na rede e fora da rede e como parte de uma instalação
solar híbrida, mais a geração eólica.

8.1 POTENCIAL EÓLICO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Os mapas de velocidade de vento médio anual representam a principal


informação do potencial eólico do estado de São Paulo. No contexto atual, valores
médios anuais acima de 6,5 m/s são considerados interessantes para projetos de
parques eólicos, pois a partir dessa velocidade de vento é possível atingir fatores de
capacidade maiores do que 30% com certos aerogeradores. Nota-se que a 100 m de
altura, existem algumas áreas no estado onde as velocidades médias encontram-se
entre 7 m/s e 8 m/s, sendo estas as que apresentaram os melhores potenciais
eólicos.
36

Figura 8 - ​Atlas eólico do estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2019)

Os mapas de velocidade média anual a 75 m e 50 m de altura mostram uma


característica típica dos fluxos de vento – a diminuição da velocidade do vento com a
altura, em função do atrito com a superfície. O potencial eólico a 50 m de altura é
significativamente menor, nesse caso com áreas muito localizadas, onde
velocidades médias são superiores a 6,5 m/s. Entretanto, existe uma área extensa,
espalhada em quase todo o estado, a ser explorada com turbinas eólicas de
pequeno porte, que são empregadas em locais com velocidades médias anuais
maiores do que 5 m/s.
A utilização de pequenos aerogeradores é normalmente um complemento à
eletrificação rural e muito eficiente como sistema autônomo para bombeamento de
água. As regiões de melhor potencial eólico no estado estão associadas a efeitos de
aceleração do vento em função do relevo. Todos os lugares com velocidade média
alta de vento estão em altitude elevada, a exemplo da região central em torno de Jaú
e dos topos das montanhas da Serra do Mar na região sul do estado. No litoral, ao
37

nível do mar, o vento é fraco não ocorrendo nenhum efeito significativo de brisa
marítima.
Na região oeste, relativamente plana e baixa, também não foi estimado
grande potencial eólico, porém é uma área onde as incertezas são relativamente
grandes, pois não há medições de superfície para ajustar/validar o trabalho de
mapeamento do potencial eólico.
Em todos os mapas de velocidade do vento existem informações sobre a
infraestrutura do estado, sistema elétrico e principais rodovias, e sobre a hidrografia
e unidades de conservação, todas muito importantes para a definição dos locais
propícios para desenvolvimento de projetos eólicos. As medições anemométricas
realizadas neste projeto mostraram que em todos os locais de bom potencial eólico o
regime de ventos fortes é noturno, isto é, existe um ciclo diário bem definido em que
a velocidade do vento é marcadamente alta durante a noite e diminui durante as
horas em que a Terra recebe a luz do sol.
Sazonalmente, o potencial eólico é maior nos meses de junho a novembro,
sendo que no inverno o vento é mais forte na região oeste do estado e na primavera
o potencial é maior no sul, no centro e no leste do estado. No verão, entre dezembro
e fevereiro, o potencial eólico é bem reduzido em todo o estado. Os mapas de
velocidade de vento sazonais mostram a velocidade média para cada estação do
ano em diferentes alturas, 100 m, 75 m e 50 m.
O mapa de rosa dos ventos mostra a frequência de ocorrência do vento em
cada direção, representada por figuras com 16 setores de 22,5 graus e círculos a
cada 5% do tempo total. Seguindo o padrão da energia eólica, cada setor pintado
indica o valor da frequência de ocorrência (comprimento do setor) e a direção
proveniente do vento. De acordo com o mapa, as direções predominantes são
sudeste, leste e nordeste, dependendo da localização no estado.
A ocorrência de ventos na direção oeste é pouco frequente em todo o estado
de São Paulo. A rosa de velocidade média é uma outra forma de mostrar as direções
mais importantes, pois indica em quais direções ocorreram as velocidades médias
maiores. As figuras do mapa de rosa de velocidade média são formadas por 16
setores de 22,5 graus e círculos a cada 2 m/s. Cada setor pintado indica o valor da
velocidade média (comprimento do setor) e a direção proveniente da ocorrência. O
38

mapa do fator de forma de Weibull apresenta o parâmetro k da distribuição de


Weibull, calculado para todos os pontos da grade de resolução 200 m.
Observa-se que no Estado de São Paulo há uma predominância de fatores de
forma entre 2 e 3, mas também ocorrem valores muito baixos, entre 1,2 e 1,8,
principalmente nas regiões de baixo potencial eólico. A densidade de potência
expressa a energia contida no vento, por unidade de área, é calculada
multiplicando-se a massa específica do ar pela velocidade cúbica média e por uma
constante.
O mapa de densidade de potência apresenta o valor médio anual calculado
para uma altura de 100 m. Com esse parâmetro pode- se calcular a energia bruta
que um aerogerador captura através da área varrida pelo rotor eólico. As áreas de
melhor potencial são aquelas que têm as maiores densidades de potência, em geral
acima de 300 W/m2 .
O mapa de velocidade extrema do vento representa as rajadas máximas com
duração de 3 segundos, que podem ocorrer pelo menos uma vez a cada 50 anos.
Velocidades extremas altíssimas, maiores do que 45 m/s (>160 km/h), são
esperadas em algumas áreas do estado de São Paulo. Esse parâmetro é importante
para o projeto estrutural dos aerogeradores, que ficam sujeitos à ação dos ventos.

10. CONSIDERAÇÕES FINAIS

​ dquirida na primeira fase do projeto integrador levou o grupo a


A ​expertise a
reduzir os a frequência dos encontros semanais e a inclusão de novas ferramentas
de produtividade colaborativa especialmente na edição do documento científico.
39

Figura 9 - ​Ferramenta de colaboração e edição de texto pela internet


Fonte (autor)

O trabalho como um todo é um exercício de senso prático em cenários


voláteis, incertos, complexos e ambíguos (VUCA). Isto se configura na proposta do
projeto integrador, pois, a resposta ao mesmo problema são múltiplas. Fruto de
discussões produtivas e da convergência teórica e de pontos de vistas, a análise
crítica da segunda fase do projeto foi determinante para a recondução do projeto.
Neste contexto, o maior peso se deu ao papel do engenheiro. O pensamento
divergente colocou o grupo fora da caixa, e a inquietude frente às soluções
tradicionais levaram ao atendimento dos requisitos de produção de energia por uma
fonte renovável e de forma inovadora, que poderia se acomodado em soluções
convencionais sem essa atitude. Em síntese, esta mistura entre rigor científico e
sensibilidade conduziu a exploração da tecnologia eólica de vórtice sem pás e se
expressa no roteiro estabelecido para o vídeo, que comunga a preocupação com a
sustentabilidade, inerentes a esta profissão, e a inovação e ao senso de contribuição
para o desenvolvimento da humanidade.
40

Roteiro e texto do vídeo

“Energia. O controle do fogo pelos primeiros seres humanos foi um ponto de


virada no aspecto cultural da evolução humana. O fogo forneceu uma fonte de calor,
proteção e um método para cozinhar alimentos. Estes avanços culturais permitiram a
dispersão geográfica humana, inovações culturais e mudanças na dieta e no
comportamento. A energia elétrica, hoje, é o fogo do homem moderno. (WIKIPEDIA,
2019).

De fato, seu papel é decisivo para o processo de modernização. A


eletricidade como mercadoria de ampla aceitação e para fins industriais e de
consumo de massa tornou-se de grande importância para o capitalismo industrial e
contribuiu de forma decisiva para o seu avanço e maturidade (CORREA, 2019).

Mas esse desenvolvimento tem seu preço. Fato notório que mais de 80% da
energia mundial tem sua matriz basicamente em petróleo, gás e carvão minerais.
Finitos e explorados de maneira predatória, estes recursos têm um horizonte
estimado de duração de apenas mais 60 anos, em média, até o seu esgotamento.
Nesse fato reside a importância da busca de fontes renováveis para produção de
energia maneira sustentável.

A Matriz Energética do Estado de São Paulo é constituída em 57% por fontes


renováveis, como a hidroelétrica, e etanol e biomassa do bagaço da cana. (NEGRI,
2009). Mas além risco de escassez das fontes fósseis presentes na matriz, o
possível crescimento do consumo também ameaça o equilíbrio da produção de
energia.

Neste sentido, a Universidade Virtual de São Paulo propôs este problema aos
discentes do curso de Engenharia de Produção, uma busca por fontes renováveis e
meios inovadores de produzir energia para reduzir os impactos ambientais e atender
a demanda futura no horizonte de 2025.
41

Assim, analisando o perfil de consumo e de consumidores de energia do


Estado de São Paulo, percebe-se que a indústria e o setor residencial são
consumidores expressivos, e suas respectivas projeções de desenvolvimento
apontam para um crescimento de 11% no consumo de energia, entre 10 a 16 TWh.

Entretanto, ainda que a produção de energia se dê por fontes renováveis,


estas fontes afetam de alguma forma o sistema ecológico. Com esta projeção de
demanda em mente e compromisso com o meio ambiente e a inovação, o estudo
levou ao encontro de nova tecnologia de produção de energia eólica - a tecnologia
bladeless.​

Bladeless, ​do inglês, s​ ignifica “sem pás”. Por trás deste conceito simples,
residem princípios físicos inovadores:

Os aerogeradores tradicionais transformam a energia cinética de uma massa


de ar em um movimento de rotação através de suas pás, rotação esta que é
transmitida ao eixo do gerador de energia elétrica.

O vento, após sua passagem pelo equipamento, perde a característica


laminar e contínua inicial e passa a rotacionar em um turbilhão aerodinâmico, razão
pela qual não se coloca um aerogerador atrás do outro sem uma distância mínima
de recuperação, o que leva as plantas lineares a ocupar um grande espaço
geográfico.

Por sua vez, o aerogerador ​bladeless se vale do vórtice de von Kármán, que
é o padrão espiral do escoamento das corrente de ar após encontrar um obstáculo,
neste caso, o vento contado pela turbina cilíndrica. A força exercida pela busca de
equilíbrio de pressão no sistema o faz oscilar e este movimento é convertido em
eletricidade através de um gerador linear, semelhante àquele usado para aproveitar
a energia das ondas. Assim, ventos de todas as direções e de baixa altura podem
ser aproveitados, o que permite sua instalação espacial matricial. Isto, resolve o
42

problema de implantação linear reduzindo o espaço ocupado por este tipo de


produção de energia.

Portanto, a proposta de intervenção consolidada na pesquisa é a ampliação


do parque eólico do Estado de São Paulo com o uso da tecnologia ​bladeless.​
Segundo o Atlas Eólico da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente, esta fonte
renovável pode gerar até 13 TWh usando aerogeradores convencionais.

Com ​bladeless​, este potencial pode ultrapassar a casa dos 22 TWh, cerca de
70% de ampliação da capacidade produtiva deste tipo de energia, adequado a
projeção da demanda para 2025. Seu uso ainda pode aproveitar ventos de
superfície, o que flexibiliza e expande os possíveis locais para a sua implantação,
além de evitar os acidentes com pássaros e emissão de ruídos. Em função da
simplicidade das partes mecânicas e tamanho dos aerogeradores cilíndricos, os
custos de implantação, operação e manutenção são menores, e podem girar em
torno de 50% do modelo convencional com pás.

Energia… o homem, na transformação do mundo, também transforma o meio


de produzi-la e de a consumir. Basta agora que passe a fazê-lo de forma
responsável para que as gerações futuras possam desfrutar de todo seu potencial
energético e evolutivo.
43

REFERÊNCIAS

ARRABAL, Alejandro Knaesel. ​Qual a diferença entre uma pesquisa bibliográfica


e uma pesquisa documental?​. Disponível em: <http://www.praticadapesquisa.com
.br/2011/04/qual-diferenca-entre-uma-pesquisa.html>. Acessado em: 30 abr. 2019

BRONZATTI, FL.; NETO, AI. ​A integração de cadeias produtivas com a


abordagem da manufatura sustentável​. in: XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO. 13 a 16 de outubro de 2008. Rio de Janeiro, RJ,
Brasil. 2018

CCEE. Câmara de Comercialização de Energia Elétrica. ​Fontes de energia.


Disponível em : <https://www.ccee.org.br/portal/faces/pages_publico/onde-atuamos/
fontes>. Acessado em: 28 abr. 2019

CLEMENTE, Fabiane.​ Pesquisa qualitativa, exploratória e fenomenológica:


Alguns conceitos básicos​. Administradores. Disponível em: <http://www.
administradores.com.br/informe-se/artigos/pesquisa-qualitativa-exploratoria-e-fenom
enologica-alguns-conceitos-basicos/14316/>. Acessado em: 30 abr. 2019.

CORREA L. F. S.; MARTINS M.; SANTOS, M. M. O.; SIMABUKULO, L. A. N.


Energia, industrialização e modernidade - História social​. Fundação Energia e
Saneamento. Disponível em: <http://www.museudaenergia.org.br/media/
63129/03.pdf>. Acessado em: 28 jun. 2019

EPE. Empresa de Pesquisa Energética. ​Caracterização do Cenário


Macroeconômico para os próximos 10 anos (2017-2026)​. Nota Técnica DEA
009/17. Rio de Janeiro. 2017

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. ​Projeção da população do


Brasil e das Unidades da Federação.​ Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/
apps/populacao/projecao/>. Acessado em: 04 abr. 2019

NEGRI, Jean Cesare.​ Matriz Energética do Estado de São Paulo – 2035​. in


Conferência Internacional Energia Nuclear. Centro de Estudos em Energia e
Sustentabilidade. Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). São Paulo. 2011

LOOS, Pedro E. N. ​O Desafio Energético da Humanidade​. Ciência Todo dia.


Youtube. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=9TxhPzV15io>.
Acessado em: 14 mar. 2019.

LORENZINI, Jarbas Macedo. ​O aspecto da inovação na engenharia como


instrumento de desenvolvimento social​. Universidade Federal de Santa Catarina.
Centro de Ciências Físicas e Matemáticas. Florianópolis, SC, Brasil. 2008.
Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/
92041/255204.pdf>. Acessado em: 01 jul. 2019
44

PIOVESAN, Armando; TEMPORINI, Rita. ​Pesquisa exploratória: procedimento


metodológico para o estudo de fatores humanos no campo da saúde pública​.
Sítio Scielo Public Health. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?pid=
S0034-89101995000400010&script=sci_arttext&tlng=>. Acessado em: 30 abr. 2019

SÃO PAULO. Secretaria de Estado da Infraestrutura e Meio Ambiente. ​Dados


Energéticos​. Biblioteca Virtual. Disponível em: <http://dadosenergeticos.energia.sp.
gov.br/Portalcev2/intranet/BiblioVirtual/index.html. Acessado em: 04 abr. 2019

SEADE. Fundação Sistemas Informações dos Municípios Paulistas. ​Informações


dos Municípios Paulistas. ​Disponível em: <http://www.imp.seade.gov.br/>.
Acessado em: 29 abr. 2019

UNIVESP. Universidade Virtual de São Paulo. ​Introdução à Engenharia de


Produção​. Disponível em: <https://cursos.univesp.br/courses/1902>. Acessado em:
18 set. 2018.a

___. ​Projeto Integrador​. Disponível em: <https://cursos.univesp.br/ courses/2429/>.


Acessado em: 10 abr. 2019.b

VORTEX. ​¿Cómo funciona Vortex?: el primer aerogenerador sin palas ni


engranajes. Vortex Bladeless. Disponíveil em: <https://vortexbladeless.com/es/
desarrollo-tecnologia>. Acessado em: 29 abr. 2019

WIKIPEDIA. ​Energia Geotérmica​. Wikipedia, a enciclopédia livre. Disponível em :


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_geotérmica>. Acessado em 28 abr. 2019.a

___. ​Energia Héliotermica​. Disponível em: <https:/://pt.wikipedia.org/wiki/


Energia_heliotérmica>. Acessado em: 10 abr. 2019.b

____. ​Controle do fogo pelos primeiros humanos​. Disponível em:


<https://pt.wikipedia.org/wiki/Controle_do_fogo_pelos_primeiros_humanos>.
Acessado em: 25 mai. 2019

Você também pode gostar