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Zhongzheng Fang
São Paulo
2020
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Zhongzheng Fang
São Paulo
2020
iii
iv
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
2.4 Legislação.................................................................................................................. 17
3.1 Dimensionamento...................................................................................................... 32
4 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 43
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................. 46
v
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, dedico a minha gratidão a Deus que sem ele nada faria mais sentido na vida.
Agradeço por sempre me ajudar e sempre me proporcionar o melhor caminho para seguir. Ele
émeu pastor e nada me faltará.
Queria também agradecer àminha família que não somente me deu apoio durante a elaboração
deste trabalho, mas também por ter sido meu aliado fiel durante toda a graduação.
Por fim, devo profundas gratidões ao Professor Demetrio C. Zachariadis pelos sinceros
conselhos que despertaram o meu interesse pelo assunto. Agradeço por todas as reuniões que
sempre foram bastante construtivas e necessárias para o andamento deste projeto.
vi
RESUMO EXECUTIVO
ABSTRACT
The demand for electric energy is growing exponentially in the country, and at the same time,
society is increasingly focusing on preserving the environment. Given this scenario, the
research for clean and renewable sources becomes essential in the discussion of Brazil's
socioeconomic development. The nation has significant wind potential, however, most
discussions around wind energy refer to the large wind farms that are concentrated in the
Northeast. Little has been discussed about the residential installation of a wind turbine, which
in turn is characterized by simplicity and sustainability as its advantages. In addition, the
growing attention focused on the energy generation by consumers initiative and the significant
financial and socio-environmental return attracted the investment of many energy companies
in the Brazilian market. Motivated by these reasons, the present work will approach the aspects
of the installation of a system of distributed generation through the wind. This project consists
of several stages including the contextualization of the energy scenario, the survey of the
regulatory part, the calculation of the socio-environmental return and the analysis of economic
viability.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Turbina Eólica de Brush
Figura 2 - Evolução das turbinas eólicas
Figura 3 - Histórico do número de instalações eólicas mundiais
Figura 4 - Matriz Elétrica do Brasil 2018
Figura 5 - Evolução da geração eólica
Figura 6 - Potencial Eólico Brasil
Figura 7 - Evolução da tarifa média de eletricidade no Brasil
Figura 8 - Projeção da evolução da composição da capacidade instalada total por fonte
Figura 9 - Emissão de GEE pela queima de biomassa
Figura 10 - Procedimentos e etapas de acesso
Figura 11 - Componente de um micro aerogerador
Figura 12 - Rotor horizontal
Figura 13 - Rotor Savoniu
Figura 14 - Rotor Darrieus
Figura 15 - Rosa do vento de São Roque
Figura 16 - Perfil lateral da instalação do aerogerador
Figura 17 - Turbina eólica Tumo-Int 1000
Figura 18 - - Curva de potência do aerogerador Tumo-Int 1000
Figura 19 - Especificações do aerogerador Hi-Vawt DS 700
Figura 20 - Curva de potência do aerogerador Hi-Vawt DS 700
Figura 21 - Perfil da velocidade do vento
Figura 22 - Distribuição de Weibull de São Roque
Figura 23 - Fluxo de caixa adotando a tarifa da CPFL para o modelo Tumo-Int
ix
LISTA DE TABELAS
LISTA DE SÍMBOLOS
1 INTRODUÇÃO
As duas grandes revoluções industriais que mudaram o rumo da história humana são
conhecidas como os momentos propulsores da utilização de energia do vapor e energia elétrica.
Desse modo, é evidente que o desenvolvimento socioeconômico de um país está
intrinsecamente ligado à sua capacidade e tecnologia de produção energética. Entretanto, o
avanço e o aumento na geração de energia proporcionaram, ao mesmo tempo, uma devastação
ao meio ambiente, os fenômenos tais como a emissão de gases estufas, emissão de partículas
suspensas, inundações, e poluições audiovisuais são alguns exemplos que afetam diretamente
o bem-estar e a existência dos humanos no presente e no futuro.
O auge dessa série de preocupações voltadas para o meio ambiente foi a assinatura do
Acordo de Paris em 2016. Entre os principais temas discutidos neste acordo, estáa utilização
de energias de fontes renováveis. Várias nações se comprometeram àcausa de recuperação do
meio ambiente, incluindo o Brasil, que surpreendeu o mundo com as suas metas de redução de
43% de emissões totais de GEE para o ano 2030.
Por outro lado, o uso de energia elétrica no mundo cresceu de forma exponencial nas
últimas décadas, e o Brasil não deixou de acompanhar este crescimento. Entre 2013 e 2019, o
consumo nacional de energia elétrica aumentou aproximadamente 150%, apresentando um
valor de 549 TWh no ano de 2019 (EPE, 2019). Mais que isso, durante o perí
odo citado, o país
esteve em uma recessão econômica, o que indica que o Brasil ainda possui um grande potencial
para o desenvolvimento de suas atividades industriais e econômicas, e consequentemente
aumentaráa demanda energética nacional.
2
O uso da energia oriundo do vento remonta aos tempos da antiguidade humana, quando
o homem descobriu a possibilidade da navegação de barcos com vela movidos pela força do
vento. Essa foi um aproveitamento simples e primitivo da força de impulso que o vento propõe,
sem a necessidade de ter que transformar essa energia em outras.
Figura 2 – Evolução das turbinas eólicas. Fonte: Global Wind Report 2018
No cenário atual da matriz energética mundial, a energia eólica junto com a solar e
geotérmica representam apenas uma fração de 1,6% do consumo total (IEA, 2018), mesmo
4
tendo toda essa preocupação com o meio ambiente e desenvolvimento sustentável. O mundo
ainda éregido por energias de fontes fósseis que degradam o ambiente, tornando-o inabitável
para o ser humano. Por outro lado, vale ressaltar que o crescimento da instalação total da
potência eólica tem tido um avanço significativo nos últimos anos.
Figura 3 – Histórico do número de instalações eólicas mundiais. Fonte: Global Wind Report 2018
Jáem relação àextensão nacional, a energia eólica ainda éconsiderada uma fonte recente
para o Brasil. O crescimento dessa fonte se deu devido àcrise energética de 2001 cuja uma das
soluções foi a tentativa de incentivar o uso de energias alternativas através do Programa
Emergencial de Energia Eólica (PROEÓLICA), porém não obteve sucessos significantes. Mais
adiante em 24 de abril de 2002, uma nova tentativa de incentivo à utilização das energias
renováveis foi proposta pela lei nº10.436: Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de
Energia Elétrica (PROINFA). Este tem como a meta a diversificação da matriz energética
focando principalmente nas fontes renováveis.
5
A crise hídrica de 2011 também alavancou a procura pela energia eólica, a falta de água
não só afetou o consumo humano deste recurso, também reduziu a capacidade de geração
hídrica, que correspondia 70,1% da matriz elétrica nacional. Diante de um suposto apagão, a
saída para isso foi o desenvolvimento das fontes alternativas pela parte do governo. Por outro
lado, os grandes e pequenos consumidores de energia elétrica também começaram a buscar pela
energia elétrica mais barata devido a razão do aumento de 100% nos valores da tarifa cobra
pelas concessionárias.
ganhando cada vez mais relevância no cenário nacional, o que justifica a escolha dela para ser
o tema do trabalho.
Pela figura 6, percebe-se que o potencial eólico ébastante expressivo na região Nordeste,
porém também são verificado o potencial eolico em algumas localidades dentro do Estado de
São Paulo, o qual éo estado foco deste trabalho.
7
Figura 6 - Potencial Eólico Brasil. Fonte: FEITOSA, E. A. N. et al. Panorama do Potencial Eólico no Brasil. Brasília:
Dupligráfica, 2003. (adaptado)
Em meio desse clima de busca por fontes energéticas limpas, foi ampliada a atenção dada
para as energias renováveis. O vento tem se destacado entre essas fontes de energias com a sua
geração mais limpa comparando com as fontes térmicas ou hidrelétricas.
Entretanto, quando se trata de energia eólica, muitas vezes presumimos que são os
grandes parques eólicos concentrados nas regiões Norte e Nordeste brasileiro que geram uma
enorme quantidade de carga atendendo centenas de municípios, raramente associamos ela com
8
Segundo os dados publicados pela EPE, a micro e minigeração de energia eólica possui
uma participação insignificativa em comparação na mesma categoria com a fonte solar ou de
biomassa. Se antes isso era explicado pelo alto custo e baixo retorno proporcionados pelas
turbinas eólicas de pequeno porte, com o surgimento de equipamentos mais modernos, a
geração distribuída de energia eólica demonstra-se cada vez mais atraente para os
consumidores.
Por essas razões, o presente trabalho tem por finalidade elaborar um projeto que analisa
a viabilidade de instalação de um sistema de microgeração de energia eólica numa residência
situada no município de São Roque, no Estado de São Paulo para atender às demandas
domésticas. O estudo engloba alguns aspectos como as legislações envolvidas, a determinação
dos impactos socioambientais gerados e a viabilidade econômica do projeto.
Com essas premissas estabelecidas, o espoco e o objetivo do trabalho fica mais evidente, o
que permite a continuidade para este projeto de formatura.
10
A projeção do crescimento do consumo, segundo a EPE, éde 51,2% entre 2019 e 2029.
Entretanto o crescimento da modalidade de MMGD para o mesmo perí
odo foi de 917%. O tal
fato demonstra a grande importância desse segmento e a atenção cada vez mais focada nas
pequenas gerações por parte dos consumidores. Este crescimento foi estimulado pela
disponibilidade de elevado potencial de fontes renováveis, qualidade dos recursos energéticos
nacionais, o alto valor das tarifas de eletricidade para os consumidores e um modelo de
compensação de créditos extremamente favorável.
Segundo a ANEEL, o aumento da tarifa de energia elétrica no país foi de 74,6% entre
2010 e 2020, o que torna mais atraente a microgeração de energia nas unidades consumidoras,
gerando um elevado retorno financeiro para os consumidores.
11
Por outro lado, podemos destacar a importância das fontes renováveis na composição
da capacidade instalada de eletricidade. De acordo com os dados da EPE, atualmente, as fontes
de energia limpa correspondem a 84% do total, sendo que a fonte hidráulica é a maior
responsável pela geração. Entretanto, a previsão é que haverá uma redução da participação
hidráulica, e a fonte em questão para este trabalho, a eólica, quase que duplica a sua participação
na matriz elétrica brasileira.
Figura 8 - Projeção da evolução da composição da capacidade instalada total por fonte. Fonte: PDE 2019
12
Tabela 3 - Geração nacional de eletricidade por fonte e modalidade. Fonte: PDE 2019
Em 2019, o consumo de energia elétrica do Estado de São Paulo atingiu 132 TWh. E
segundo a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo, as hidrelétricas
são responsáveis por 65% da produção paulista, as termoelétricas a biomassa por 25% e as
termoelétricas fósseis pelos 10% restantes. As fontes fotovoltaica e eólica, apesar de já
contarem com instalações no Estado, ainda não têm representatividade na matriz estadual.
Os dados indicam que ainda há espaço para a minimização dos impactos ambientais
minimizados, pois entre as fontes citadas, as duas menos poluentes, que são a eólica e a
fotovoltaica, são as com a menor representatividade. Dessa forma, percebe-se a possibilidade
de uma melhoria na redução dos poluentes resultados pela produção energética através do uso
mais intensivo do vento para geração de eletricidade.
Para analisar os ganhos ambientais que a fonte eólica traz, vale entender as vantagens e
os impactos negativos de cada modalidade que compõe a matriz elétrica paulista.
Hidrelétrica
Considerada com uma fonte renovável pois utiliza a água, que éum recurso regenerável,
como a sua força motriz. As instalações hidrelétricas foram empregadas pelo governo
simbolizando um indício do rápido desenvolvimento do Brasil nas décadas de 50. As
hidrelétricas, sendo a diretriz governamental, impulsionaram a construção de grandes barragens
que expandiu em uma escala exponencial no território nacional. Somente nas décadas de 80
que começaram a despertar atenções voltadas para os impactos negativos gerados pelas usinas
hidráulicas. Em 2019, a geração de eletricidade das hidrelétricas atingiu 421 TWh (sendo 418
TWh em geração centralizada e 3 TWh em geração distribuída), ou seja, 64% do total da
geração nacional.
Biomassa
Os ganhos desse combustível são evidentes: éuma fonte renovável com baixo custo de
matéria prima, menor teor de poluentes emitidos, aproveitamento dos materiais residuais, etc.
Porém, mesmo tendo muitas vantagens em relação ao uso dos combustíveis fósseis, essa fonte
ainda apresenta impactos socioambientais negativos: emissão de GEE ainda significativa,
dificuldade no armazenamento, eficiência reduzida, relação com diversas doenças respiratórias.
Segundo Environment Agency, o fator de emissão da queima de biomassa para a geração de
eletricidade é de 148 kgCO2e/MWh para as matérias primas norte-americanas, e 95
kgCO2e/MWh para as matérias primas europeias, conforme indicado na figura 9.
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Combustíveis fósseis
natureza, a busca por mais campos de reservas cada vez mais inacessíveis provoca um risco
ambiental cada vez maior. Outro ponto a destacar éa sua emissão de GEE durante a queima
nas termoelétricas. Segundo MIRANDA (2012), o fator de emissão para uma UTE de gás
natural éde 518,11 gCO2e/kWh, e o fator de emissão para uma UTE de óleo diesel éde 828,69
gCO2e/kWh.
Uma outra importância das UTEs é a sua complementaridade com outras usinas
geradoras de energia. Pela razão de ter a possibilidade de ser ativada e desativada quando
houver necessidade, as usinas termoelétricas são utilizadas para complementar a geração das
hidrelétricas. Por exemplo, no perí
odo chuvoso, quando as usinas hidráulicas situam no seu
pleno funcionamento, a eletricidade gerada ésuficiente para abastecer a demanda de energia de
uma região, e nesses momentos, as UTEs fósseis são desativadas.
Além disso, a exploração das matérias primas, especificamente a extração das reservas
de petróleo, constitui uma das principais atividades econômicas, tornando-se uma fonte de
receita importante para muitos países do mundo.
Eólica
A produção energética pelas turbinas eólicas éconsiderada como uma energia limpa,
uma vez que utiliza o vento como a sua força motriz, além de não emitir GEE durante a fase de
funcionamento. Entretanto, ainda existem muitos pontos negativos, tais como, a instabilidade
de geração devido àimprevisibilidade do vento, a poluição visual e a questão de ruí
dos. Além
de tudo, a fabricação e o transporte das peças provocam a emissão de GEE, mesmo em baixa
escola, porém ainda existe. Por essa razão, o seu fator de emissão é de 16,15 gCO2e/kWh
(MIRANDA 2012).
járepresenta 10% (65 TWh) da geração total, e a projeção para 2029 éque esse percentual
aumente para 16% (155 TWh).
Jáem termo de geração distribuída, a eólica apresenta uma baixa representatividade com
a produção total de apenas 0,1 TWh. O fato se deve a alta exigência de instalação como as
condições anemométricas adequadas, o espaço com a área vazia suficiente para o bom
funcionamento do equipamento e a disponibilidade reduzida de modelos no mercado brasileiro.
2.4 Legislação
Além dessas categorizações, a resolução ainda traz uma aplicação importante que torna
a MMGD mais atraente para os consumidores comuns: o Sistema de Compensação de Energia
Elétrica.
Segundo a ANEEL, o SCEE éum sistema no qual a energia ativa injetada por unidade
consumidora com microgeração distribuída ou minigeração distribuída écedida, por meio de
empréstimo gratuito, à distribuidora local e posteriormente compensada com o consumo de
energia elétrica ativa dessa mesma unidade consumidora ou de outra unidade consumidora de
mesma titularidade da unidade consumidora onde os créditos foram gerados, desde que possua
o mesmo Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou Cadastro de Pessoa Jurídica (CNPJ) junto ao
Ministério da Fazenda.
Quando a energia injetada na rede for maior que a consumida, o consumidor receberá
um crédito em energia (kWh) a ser utilizado para abater o consumo em outro posto tarifário
(para consumidores com tarifa horária) ou na fatura dos meses subsequentes. Os créditos de
energia gerados continuam válidos por 60 meses.
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Desse jeito, para uma residência com a instalação trifásica, se o consumo de energia foi
de 200 kWh e a energia injetada também foi de 200 kWh. A fatura mensal daquela unidade é
de 100 kWh, que éo valor definido pelo custo de disponibilidade. No caso deste projeto, este
fator seráanalisado posteriormente.
Os rotores com o eixo horizontal são aqueles cujo eixo de rotação éparalelo ao solo.
Esse tipo de rotor éo mais comum entre os modelos vendidos, apesar de não ser o mais indicado
para o uso urbano devido ao seu nível relativamente alto de ruí
dos. Ele possui 2 ou mais pás
dependendo das condições anemométricas no local. A vantagem deste modelo consiste em alta
eficiência de produção energética. Jáos pontos negativos são ruí
dos baixos e baixa eficiência
quando o vento éturbulento.
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Os rotores com o eixo vertical são aqueles cujo eixo de rotação éperpendicular ao solo.
Nesse tipo de rotor não énecessário um mecanismo de orientação, pois a sua arquitetura permite
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capturar a força do vento em qualquer direção, o tal fenômeno também abre a possibilidade
para a instalação próxima ao solo.
O local escolhido para o estudo de caso éo município de São Roque, situado no interior
do Estado de São Paulo. Os dados demográficos são apresentados na tabela 7:
O município ainda éum dos que possui as melhores condições anemométricas para a
geração de energia eólica entre os disponibilizados pelo Atlas Eólico. Segundo a tal fonte, os
dados do vento da cidade estão apresentados a seguir:
Outro ponto de destaque dessa cidade éque não háuma variação constante das direções
do vento, permanecendo basicamente em 2 direções apenas.
a) Eixo horizontal
O modelo de micro aerogerador escolhido éda marca Tumo-Int.
Percebe-se que este modelo de turbina éapropriado para ambientes com vento de
baixa velocidade, a sua velocidade de cut-in é2,5 m/s e consegue suportar até50 m/s.
Repara-se também que o nível de ruí
do produzido durante o funcionamento é baixo
(menos de 20 dB em uma distância de 5 metros do equipamento), que éuma caracterí
stica
importante para o uso no ambiente urbano de concentração demográfica relativamente
alta. Além disso, o rotor com 1,96 metros de diâmetro também vai minimizar o possível
impacto de sombras giratórias nas residências vizinhas. O investimento de aquisição deste
modelo éde aproximadamente R$ 6.000,00 de acordo com a pesquisa nos sites de varejo
online (Amazon, Mercado Livre, Ali Express).
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b) Eixo vertical
Jáeste modelo de microturbina possui uma velocidade de ativação um pouco maior que
o modelo de eixo horizontal, em 3 m/s, e suporta até60 m/s. A altura do rotor, por sua vez,
éum pouco menor que o modelo anterior citado.
A curva de potência da Hi-Vawt DS 700 apresenta uma potência menor comparada com
a curva da Tumo-Int, e o investimento éde aproximadamente R$ 5.000,00 de acordo com os
varejistas online.
3.1 Dimensionamento
Para determinar a energia gerada pela turbina, énecessário introduzir algumas fórmulas
que serão utilizadas posteriormente.
Rugosidade
A rugosidade do terreno éum fator importante que compromete no potencial eólico. Ela
representa o grau de interferência na velocidade e na estabilidade do vento provocado pela
variação da superfície do terreno.
𝑉 = 𝑉0 (𝐻⁄𝐻 )𝜂
0
Onde:
V = velocidade na altura desejada (m/s)
V0 = velocidade na altura conhecida (m/s)
H = altura desejada (m)
H0 = altura conhecida (m)
η = fator de rugosidade do terreno
A Lei de Potência éum modelo simples e prático, entretanto não apresenta uma precisão
adequada para os resultados obtidos (Dutra, 2007). Desse modo, existe um outro modelo
chamado de Lei Logarítmica:
𝑙𝑛𝑧𝑧
𝑉(𝑧) = 𝑉(𝑧𝑟 ) [ 𝑧0𝑟 ]
𝑙𝑛𝑧
0
Onde:
V(z) = velocidade na altura desejada (m/s)
V(zr) = velocidade na altura conhecida (m/s)
Z = altura desejada (m)
Zr = altura conhecida (m)
Z0 = comprimento de rugosidade do terreno (mm)
34
Como a estação anemométrica de São Roque forneceu apenas as medições nas alturas
de 50 metros e 75 metros, temos que adaptar a velocidade na altura desejada (10 metros) através
da Lei de Potência e da Lei Logarí
tmica.
Como São Roque se enquadra nos critérios de “pequenas cidades com arvores e
arbustos” e “campo em declive”, então o fator de rugosidade do terreno éigual a 0,3 para a Lei
de Potência e o comprimento de rugosidade éigual a 0,008 m para a Lei logarí
tmica.
Ambas as velocidades atingiram a mínima exigida pela ficha técnica da turbina, que é
2,5 m/s, indicando a possibilidade do funcionamento do equipamento.
Distribuição de Weibull
𝑣 𝑘−1
𝑘
𝑘 −(𝑣𝑐)
𝑝(𝑣) = [ 𝑐 ] × [𝑐 ] ×𝑒
Onde:
p(v) = probabilidade de ocorrência de velocidade de vento
v = velocidade do vento
c = fator de escala
k = fator de forma
Distribuição de Weibull
Probabilidade de ocorrência
c 7,4
k 2,71
1 1,2%
2 3,8%
3 7,2%
4 10,6%
5 13,3%
6 14,5%
7 14,1%
8 12,2%
9 9,4%
10 6,4%
11 3,9%
12 2,1%
13 1,0%
14 0,4%
15 0,1%
16 0,0%
17 0,0%
18 0,0%
19 0,0%
20 0,0%
Tabela 13 – Distribuição de Weibull de São Roque. Fonte: elaboração própria
36
∞
𝐸 = 720 ∫ 𝑃(𝑣)𝑓 (𝑣)𝑑𝑣
0
Onde:
E = energia eólica mensal gerada
P(v) = potência em relação a velocidade do vento (curva de potência do aerogerador)
f(v) = probabilidade de ocorrência de velocidade do vento
Dessa forma, como todo o Estado de São Paulo estáconectado ao SIN, pode-se assumir
que o fator de emissão do SIN é o fator de emissão para qualquer residência utilizando
integralmente a energia provinda do sistema da rede central. Com isso, se cruzar os dados do
fator de emissão do SIN com a energia mensal consumida, obteráa emissão de CO2 mensal.
Onde:
Qred = quantidade de CO2 reduzida
FSIN = Fator de emissão do SIN
Feol = Fator de emissão da geração eólica
E = energia eólica gerada
38
Segundo o MCTI, o fator de emissão do SIN possui uma variação horária, sendo que
para este estudo de caso, define-se o mês de outubro de 2020 como o mês de referência. A
média mensal deste mês éde 0,5720 tCO2/MWh, ou seja, 572 gCO2/kWh.
Os resultados finais da redução de emissão são de 107,2 kg e 72,0 kg de CO2 por mês,
respectivamente paro os modelos de eixo horizontal e eixo vertical, como estádemonstrado na
tabela a seguir:
Antes de entrar nos cálculos matemáticos, pela necessidade da realização de uma análise
financeira mais precisa e condizente com a realidade, são estabelecidos diversos fatores que
influenciam no aspecto econômico do sistema:
𝐼𝑛𝑣𝑒𝑠𝑡𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝑃𝐵𝑆 =
𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝐴𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑎 × 𝑇𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎 𝑑𝑒 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎
Critério para escolha VPL > 0 TIR > TMA RBC > 1 PBS < Vida útil
Foram extraídas também as tarifas de energia elétrica, incluindo impostos, cobrada pelas
principais distribuidoras no Estado de São Paulo, estas serão utilizadas para calcular a economia
mensal do projeto.
40
Tarifa Branca
Distribuidora UF
(R$/kWh)
Eletropaulo SP 0,96
CPFL Paulista SP 0,9
Elektro SP 1,02
Cetril SP 1,12
Cedri SP 1,5
Para o município escolhido, foram extraídos o consumo anual de eletricidade por uso
residencial, do Anuário de Energéticos por Município Ano Base – 2019.
Tabela 18 - Uso residencial de eletricidade em São Roque 2019. Fonte: Secretaria do governo de SP
Podemos dividir o consumo anual pelo número de consumidores, e assim obteráa média
do consumo anual por família em São Roque. O valor dessa média éde 2375,2 kWh, o que será
usado como o consumo anual da residência deste estudo de caso.
Por exemplo, como a residência éde instalação trifásica, então a economia mensal real
éa diferença entre o consumo total mensal (197,9 kWh) e o custo de disponibilidade (100 kWh).
O resultado éde 97,9 kWh.
Sintetizando o que foi mencionado acima, para calcular os retornos financeiros sob a
tarifa de uma distribuidora (utilizando a empresa CPFL como exemplo), os resultados são
mostrados na tabela abaixo:
Figura 23 - Fluxo de caixa adotando a tarifa da CPFL para o modelo Tumo-Int. Fonte: elaboração própria
42
TMA 3,92%
Tarifa Branca
Distribuidora UF VPL PBS (Ano) RBC TIR
(R$/kWh)
Eletropaulo SP 0,96 R$ 2.705,40 7 1,58 12%
CPFL Paulista SP 0,9 R$ 2.049,11 7 1,48 10%
Elektro SP 1,02 R$ 3.361,68 6 1,67 13%
Cetril SP 1,12 R$ 4.455,50 6 1,84 16%
Cedri SP 1,5 R$ 8.611,99 4 2,46 26%
Tabela 22 - Resultado da seleção das distribuidoras para o modelo Hi-Vawt DS 700
Percebe-se que todas as distribuidoras avaliadas apresentam resultados positivos para a seleção:
• Os VPL (Valor Presente Líquido) são todos positivos
• Os tempos de PBS (Payback Simples) são menores que a vida útil da turbina (15 anos)
• As RBC (Relação Benefício-Custo) indicam que o retorno émaior que o investimento
• As TIR (Taxa Interna de Retorno) são maiores que a TMA (Taxa Mínima de
Atratividade) estipulada, que éo IPCA acumulado dos últimos 12 meses (3,92%)
da energia, como foi mencionado na seção anterior. Dessa forma, quanto maior a tarifa, mais
economia energética é retornada, e mais vantajoso fica o projeto. O método também foi
explicado pelo modelo matemático elaborado: as empresas que possuem tarifas mais altas,
representam um tempo de retorno mais curto.
A segunda variável éa energias gerada pela turbina eólica. Ainda pelo método descrito no
parágrafo acima: quanto maior a energia gerada, mais economia energética é retornada.
Entretanto, existem situações excepcionais quando se trata da questão do custo de
disponibilidade, também mencionado da seção anterior. Esse é o consumo mínimo pela
utilização do sistema de distribuição da rede central. Assim, na situação em que a diferença
entre o consumo de eletricidade e a energia eólica gerada éinferior ao consumo mínimo, aquela
turbina que possui uma potência menor pode sair como vencedora, uma vez que a potência do
aerogerador estádiretamente relacionada com o preço do produto.
Por fim, o preço de investimento e de manutenção dos equipamentos define o custo que
deve ser recuperado ao longo do perí
odo de vida útil do aerogerador. Portanto, quanto menor
esse custo, mais atraente éo projeto.
4 CONCLUSÃO
Por meio das análises feitas nas etapas anteriores, conclui-se que a implementação de um
sistema de microgeração eólica distribuída é um investimento lucrativo para o consumidor,
tanto no âmbito ambiental, quanto no âmbito financeiro.
44
Além disso, ainda foram definidas as variáveis e as situações excepcionais que interferem
no resultado da viabilidade econômica do projeto: a tarifa de energia, a energia gerada e o preço
de aquisição e de manutenção. A combinação entre essas três variáveis resulta no retorno
financeiro da instalação da turbina residencial.
Entretanto, devido ao caráter acadêmico, ainda existem alguns entraves que não foram
abordados neste trabalho. As questões da instalação técnica merecem bastante atenção, pois
assim como foi apresentado na seção de Premissas, foram desprezadas as questões sobre a
instalação mecânica e elétrica. Outro ponto de preocupação é a limitação teórica dos dados
utilizados, como os modelos matemáticos para a adaptação da velocidade do vento na altura
desejada e a interferência de outras construções vizinhas. O ideal seria contratar empresas
experientes para fazer uma medição no local com os equipamentos profissionais. A distribuição
de Weibull que por sua vez éconsiderada adequada para a maioria dos regimes estatísticos de
vento, porém ainda apresenta diferenças com a situação real.
45
Por fim, épreciso ficar atento às discussões no Congresso referente àreforma do Sistema
de Compensação de Energia Elétrica. As incertezas trazidas podem mudar as análises feitas no
estudo de caso e resultar em um cenário desfavorável para os consumidores.
46
5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[3] ANEEL, Guia Eólica Disponível em: < https://institutoideal.org/guiaeolica/>. Acessado em:
outubro de 2020
[8] CEPEL, 2016. Atlas do Potencial Eólico do Estado de São Paulo, Disponível em :<
http://www.cresesb.cepel.br/atlas_eolico_brasil/atlas-web.htm>. Acessado em: outubro de
2020
[10] FADIGAS, E.A F. A. Energia Eólica. Editora Manole, São Paulo, 2012.
[11] ALDABÓ, Ricardo. Energia eólica. São Paulo: Artliber Editora, 2005.
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