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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CURSO DE ENGENHARIA ELÉTRICA

MATEUS CECATO DELUNARDO

ANÁLISE ECONÔMICA DAS NOVAS REGRAS DE COMPENSAÇÃO DE


ENERGIA ESTABELECIDAS NO MARCO LEGAL DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
EM SISTEMAS DE MICROGERAÇÃO PARA CONSUMIDORES DO GRUPO B

Vitória
2022
MATEUS CECATO DELUNARDO

ANÁLISE ECONÔMICA DAS NOVAS REGRAS DE COMPENSAÇÃO DE


ENERGIA ESTABELECIDAS NO MARCO LEGAL DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA
EM SISTEMAS DE MICROGERAÇÃO PARA CONSUMIDORES DO GRUPO B

Monografia apresentada à Coordenadoria do Curso


de Engenharia Elétrica do Instituto Federal do
Espírito Santo, Campus Vitória, como requisito
parcial para a obtenção do título de Bacharel em
Engenharia Elétrica.

Orientador: Prof. Me. Paulo Henrique Fernandes


Zanandrea.

Vitória
2022
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

D366a Delunardo, Mateus Cecato.


Análise econômica das novas regras de compensação de energia
estabelecida no marco legal da geração distribuída em sistemas de
microgeração para consumidores do grupo B / Mateus Cecato
Delunardo – 2022.
101 f. : il. ; 30 cm

Orientador: Paulo Henrique Fernandes Zanandrea.

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo,


Coordenadoria de Engenharia Elétrica, Curso Superior de Engenharia
Elétrica, 2022.

1. Engenharia Elétrica. 2. Geração distribuída de energia elétrica –


Estudo de casos. 3. Desenvolvimento energético – Estudo de casos.
4. Energia – Fontes alternativas. 5. Energia fotovoltaica. 6. Recursos
energéticos. I. Zanandrea, Paulo Henrique Fernandes. II. Instituto
Federal do Espírito Santo. III. Título.

CDD 21 – 621.3
Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656
RESUMO

Em 2012, foi publicada a Resolução Normativa 482/2012 com o objetivo de estimular


a conexão de pequenas unidades de geração por fontes renováveis no Brasil. Nos
anos seguintes, diversos fatores favoreceram a expansão da modalidade,
especialmente por meio da fonte solar fotovoltaica, e a geração distribuída passou a
ser um investimento bastante rentável. Porém, isso gerou diversas preocupações,
dentre elas o possível desequilíbrio tarifário provocado pelo modelo de compensação
integral estabelecido. Em janeiro de 2022 foi publicada a Lei nº 14.300, que institui o
marco legal da microgeração e minigeração distribuída, trazendo inovações
importantes, mas também, mais complexidade e incertezas para o setor. Este trabalho
visa avaliar, na visão de consumidores do grupo B, o impacto dessa mudança em
projetos de microgeração. Para isso, foram escolhidas duas unidades consumidoras,
uma residencial e outra comercial, localizadas no estado do Espírito Santo. A partir do
dimensionamento de dois sistemas fotovoltaicos, foi elaborado um modelo para
determinar o retorno financeiro, considerando diferentes cenários e regras de
compensação. Para cada unidade, foram avaliadas as modalidades geração local e
autoconsumo remoto, comparando a regra de compensação integral com o que foi
estabelecido na Lei nº 14.300. Na análise, as principais variáveis consideradas foram
as fontes de receita e custos, as regras tarifárias, os tributos, a inflação da energia, a
degradação dos módulos fotovoltaicos e o fator de simultaneidade. A viabilidade em
cada cenário foi avaliada por meio das técnicas de análise de investimento payback
descontado, VPL e TIRM. Os resultados obtidos mostram que o investimento em
projetos de microgeração distribuída continua economicamente viável com a
aplicação da nova legislação. Após a adoção da nova regra de compensação o
payback aumentou em poucos meses em cenários com geração local, porém,
unidades que utilizam autoconsumo remoto serão bastante impactadas. A perda foi
ainda mais significativa no VPL, principalmente nos cenários com autoconsumo
remoto, que no pior caso superou os 75%.

Palavras-chave: geração distribuída; energia solar fotovoltaica; estudo de viabilidade;


marco legal.
ABSTRACT

In 2012, Normative Resolution 482/2012 was published to stimulate the connection of


small generation units using renewable sources in Brazil. In the following years,
several factors favored the expansion of this modality, especially through solar
photovoltaic sources, and distributed generation became a very profitable investment.
However, this generated several concerns, including the potential tariff imbalance
caused by the established full compensation model. In January 2022, Law No. 14300
was published, establishing the legal framework for distributed micro-generation and
mini-generation, bringing important innovations, but more complexity and uncertainties
for the sector. This study aims to evaluate, from the perspective of group B consumers,
the effect of this change on micro-generation projects. For this, two consumer units
were chosen, one residential and the other commercial, both located in the state of
Espírito Santo. From the sizing of two photovoltaic systems, a model was developed
to determine the financial return, considering different scenarios and compensation
rules. For each unit, the local generation and remote self-consumption modalities were
evaluated, comparing the full compensation rule with that established in Law No.
14300. In the analysis, the main variables considered were the sources of revenue and
costs, the tariff rules, taxes, energy inflation, degradation of photovoltaic modules, and
the simultaneity factor. The viability of each scenario was evaluated using the
discounted payback, NPV and MIRR investment analysis techniques. The results
obtained show that the investment in distributed micro-generation projects remains
economically viable with the application of the new law. After the adoption of the new
compensation rule, the payback increased in a few months in scenarios with local
generation, however, units that use remote self-consumption will be greatly affected.
The loss was even more significant in the NPV, especially in scenarios with remote
self-consumption, which in the worst-case exceeded 75%.

Keywords: distributed generation; photovoltaic solar energy; feasibility study; legal


framework.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Potência instalada por fonte ..................................................................... 17


Figura 2 – Composição da TUSD.............................................................................. 23
Figura 3 – Composição da TE ................................................................................... 25
Figura 4 – Peso médio de cada componente da tarifa de energia para
consumidores do grupo B1 ....................................................................................... 26
Figura 5 – Comparativo entre a modalidade convencional e a horária branca
.................................................................................................................................. 27
Figura 6 – Histórico de reajustes e revisões para os consumidores do
subgrupo B1 atendidos pela EDP no estado do Espírito Santo ................................ 30
Figura 7 – Esquema de funcionamento do SCEE ..................................................... 34
Figura 8 – Curva de carga típica para uma unidade consumidora residencial
num dia útil ................................................................................................................ 36
Figura 9 – Curva de carga típica para uma unidade consumidora comercial
num dia útil ................................................................................................................ 37
Figura 10 – Curva de geração típica para uma unidade geradora
fotovoltaica com inclinação fixa ................................................................................. 38
Figura 11 – Curvas de carga e geração para uma unidade consumidora
residencial típica........................................................................................................ 38
Figura 12 – Unidades de micro e minigeração distribuída no Brasil em 2012
e 2021 ....................................................................................................................... 40
Figura 13 – Quantidade de novas conexões de geração distribuída no Brasil
por ano ...................................................................................................................... 41
Figura 14 – Distribuição das unidades de microgeração por faixa de
potência ..................................................................................................................... 43
Figura 15 – Distribuição das unidades de minigeração por faixa de potência
.................................................................................................................................. 43
Figura 16 – Quantidade de unidades de geração distribuída por tipo ....................... 44
Figura 17 – Células do estado do Espírito Santo ...................................................... 65
Figura 18 – Região próxima às células de interesse ................................................. 66
Figura 19 – Irradiação média no plano inclinado para as células de interesse
.................................................................................................................................. 66
Figura 20 – Consumo da rede e energia injetada para o cenário 1 ........................... 74
Figura 21 – Fluxo de caixa acumulado para o cenário 1 ........................................... 77
Figura 22 – VPL e TIRM para o cenário 1 ................................................................. 78
Figura 23 – Consumo da rede e energia injetada para o cenário 2........................... 79
Figura 24 – Fluxo de caixa acumulado para o cenário 2 ........................................... 81
Figura 25 – VPL e TIRM para o cenário 2 ................................................................. 82
Figura 26 – Consumo da rede e energia injetada para o cenário 3 ........................... 83
Figura 27 – Fluxo de caixa acumulado para o cenário 3 ........................................... 86
Figura 28 – VPL e TIRM para o cenário 3 ................................................................. 87
Figura 29 – Consumo da rede e energia injetada para o cenário 4 ........................... 88
Figura 30 – Fluxo de caixa acumulado para o cenário 4 ........................................... 90
Figura 31 – VPL e TIRM para o cenário 4 ................................................................. 91
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Geração distribuída por modalidade........................................................ 41


Tabela 2 – Geração distribuída por subgrupo tarifário .............................................. 42
Tabela 3 – Histórico de consumo de energia elétrica para a residência ................... 61
Tabela 4 – Histórico de consumo de energia elétrica para a empresa ...................... 63
Tabela 5 – Valores da Contribuição de Iluminação Pública para
consumidores do subgrupo B1 em Vitória e B3 na Serra. ......................................... 70
Tabela 6 – Fluxo de caixa para o cenário 1 com compensação integral ................... 75
Tabela 7 – Fluxo de caixa para o cenário 1 com nova regra de
compensação e alternativa 3..................................................................................... 76
Tabela 8 – Fluxo de caixa para o cenário 2 com compensação integral ................... 79
Tabela 9 – Fluxo de caixa para o cenário 2 com nova regra de
compensação e alternativa 3..................................................................................... 80
Tabela 10 – Fluxo de caixa para o cenário 3 com compensação integral ................. 83
Tabela 11 – Fluxo de caixa para o cenário 3 com nova regra de
compensação e alternativa 3..................................................................................... 84
Tabela 12 – Fluxo de caixa para o cenário 4 com compensação integral ................. 88
Tabela 13 – Fluxo de caixa para o cenário 4 com nova regra de
compensação e alternativa 3..................................................................................... 89
Tabela 14 – Resumo dos resultados obtidos ............................................................ 91
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Subgrupos e critérios para classificação de consumidores do


grupo A ...................................................................................................................... 19
Quadro 2 – Subgrupos e critérios para classificação de consumidores do
grupo B ...................................................................................................................... 19
Quadro 3 – Composição das Parcelas A e B ............................................................ 21
Quadro 4 – Descrição das alternativas para o SCEE................................................ 50
Quadro 5 – Informações do orçamento para unidade residencial ............................. 62
Quadro 6 – Informações do orçamento para unidade comercial ............................... 64
Quadro 7 – Descrição dos cenários .......................................................................... 71
LISTA DE SIGLAS

ABSOLAR – Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica


ACL – Ambiente de Contratação Livre
ACR – Ambiente de Contratação Regulada
AIR – Análise de Impacto Regulatório
ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica
CCC – Conta de Consumo de Combustíveis
CCEE – Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CDE – Conta de Desenvolvimento Energético
CGH – Central Geradora Hidrelétrica
COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CONFAZ – Conselho Nacional de Política Fazendária
CPFL – Companhia Paulista de Força e Luz
CPQD – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações
EPE – Empresa de Pesquisa Energética
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPCA – Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
MME – Ministério de Minas e Energia
ONS – Operador Nacional do Sistema Elétrico
PCH – Pequena Central Hidrelétrica
PDE – Plano Decenal de Expansão de Energia
PERS – Programa de Energia Renovável Social
PIS – Programa de Integração Social
PNE – Plano Nacional de Energia
PRODIST – Procedimentos de Distribuição
PRORET – Procedimentos de Regulação Tarifária
REN – Resolução Normativa
R$ – Unidade monetária do Brasil
SCEE – Sistema de Compensação de Energia Elétrica
SIN – Sistema Interligado Nacional
TE – Tarifa de Energia
TIR – Taxa Interna de Retorno
TIRM – Taxa Interna de Retorno Modificada
TMA – Taxa Mínima de Atratividade
TUSD – Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
VP – Valor Presente
VPL – Valor Presente Líquido
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................... 13
1.1 OBJETIVOS .......................................................................................... 15
1.1.1 Objetivo geral ....................................................................................... 15
1.1.2 Objetivos específicos .......................................................................... 15
1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ......................................................... 16
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................... 17
2.1 SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO ...................................................... 17
2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES ........................................... 18
2.2.1 Consumidor livre, cativo e especial ................................................... 19
2.3 TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA ........................................................ 20
2.3.1 Receita requerida ................................................................................. 20
2.3.2 Composição da tarifa .......................................................................... 21
2.3.3 Tarifa aplicada aos consumidores do grupo B ................................. 26
2.3.4 Bandeiras tarifárias ............................................................................. 28
2.3.5 Revisão e reajuste tarifário ................................................................. 29
2.4 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA ..................................................................... 30
2.4.1 Modalidades de geração ..................................................................... 31
2.4.2 Acesso ao sistema de distribuição .................................................... 32
2.4.3 Sistema de compensação de energia elétrica................................... 33
2.5 CURVAS DE CARGA E GERAÇÃO ..................................................... 35
2.6 CENÁRIO ATUAL E PERSPECTIVAS DA GERAÇÃO
DISTRIBUÍDA ........................................................................................ 39
2.6.1 Cenário da geração distribuída no Brasil .......................................... 39
2.6.2 Vantagens e impactos da expansão da geração distribuída
fotovoltaica .................................................................................................... 45
2.6.3 Processo de revisão da REN 482/2012 .............................................. 48
2.7 MARCO LEGAL DA MICROGERAÇÃO E MINIGERAÇÃO
DISTRIBUÍDA.................................................................................................. 51
2.7.1 Período de transição ........................................................................... 52
2.7.2 Tarifa mínima ....................................................................................... 54
2.7.3 Mudanças adicionais ........................................................................... 55
2.8 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS .......................................................... 56
2.8.1 Valor Presente Líquido ........................................................................ 57
2.8.2 Payback ................................................................................................ 58
2.8.3 Taxa Interna De Retorno ..................................................................... 59
3 METODOLOGIA .................................................................................... 61
3.1 CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS ........................................................... 61
3.1.1 Unidade residencial ............................................................................. 61
3.1.2 Unidade comercial ............................................................................... 63
3.2 GERAÇÃO ESTIMADA.......................................................................... 64
3.3 PREMISSAS ......................................................................................... 67
3.3.1 Custos e receitas considerados ......................................................... 67
3.3.2 Manutenção de sistemas fotovoltaicos conectados à rede ............. 68
3.3.3 Tarifa e tributos .................................................................................... 69
3.4 CENÁRIOS ........................................................................................... 71
4 RESULTADOS ...................................................................................... 74
4.1 UNIDADE RESIDENCIAL ..................................................................... 74
4.1.1 Cenário 1 – Unidade residencial com geração local......................... 74
4.1.2 Cenário 2 – Unidade residencial com autoconsumo remoto ........... 78
4.2 UNIDADE COMERCIAL ....................................................................... 82
4.2.1 Cenário 3 – Unidade comercial com geração local........................... 82
4.2.2 Cenário 4 – Unidade comercial com autoconsumo remoto ............. 87
4.3 RESUMO DOS RESULTADOS ............................................................. 91
5 CONCLUSÃO ........................................................................................ 92
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 94
13

1 INTRODUÇÃO

A geração de energia elétrica é definida como a transformação de outras formas de


energia em eletricidade. Pode ser obtida a partir de diversas fontes, como
combustíveis fósseis, centrais nucleares, hidrelétricas, fontes geotérmicas, painéis
fotovoltaicos, biocombustíveis, vento, etc. Geralmente é produzida longe dos centros
consumidores. Desta forma, é necessário transportá-la por longas distâncias através
de linhas de transmissão.

Em seguida, é necessário levar a energia produzida aos consumidores. Segundo a


Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2022i), a distribuição “[...] se caracteriza como o segmento do setor
elétrico dedicado ao rebaixamento da tensão proveniente do sistema de transmissão,
à conexão de centrais geradoras e ao fornecimento de energia elétrica ao
consumidor”. Opera, geralmente, em tensões inferiores a 230 kV, e inclui os sistemas
de baixa tensão. O serviço de distribuição de energia elétrica é realizado por
concessionárias, permissionárias e designadas, totalizando, em 2022, 105 agentes,
entre públicos, privados e de economia mista (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2022i).

Esses agentes são regulados pela ANEEL, criada por meio da Lei nº 9.427/1996 e do
Decreto nº 2.335/1997, e vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Suas
atribuições incluem regular a geração, transmissão, distribuição e comercialização de
energia elétrica; fiscalizar as concessões, as permissões e os serviços de energia
elétrica; implementar as políticas e diretrizes do governo federal relativas à energia
elétrica; estabelecer tarifas; dirimir as divergências entre esses agentes e
consumidores, e promover as atividades de outorgas de concessão, permissão e
autorização de empreendimentos e serviços de energia elétrica, por delegação do
Governo Federal (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022a).

A fim de remunerar esses serviços de forma adequada, viabilizar a manutenção da


estrutura do setor elétrico e o atendimento com qualidade, e também criar incentivos
para eficiência, é necessária a aplicação de tarifas aos usuários. A tarifa visa
assegurar aos prestadores dos serviços receita suficiente para cobrir custos
14

operacionais e investimentos necessários para expandir a capacidade e garantir o


atendimento a todos os consumidores (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2022b, [s.d.]).

A ANEEL é responsável por desenvolver metodologias de cálculo tarifário,


estabelecidas através de Resoluções, considerando fatores como a infraestrutura de
geração, transmissão e distribuição, e fatores econômicos (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, [s.d.]).

No caso da geração de energia, no Brasil tradicionalmente hidrelétricas e termelétricas


de grande porte correspondem à maior parte da potência instalada. Porém, nas
últimas décadas, repetidos períodos de escassez hídrica e a preocupação cada vez
maior com questões ambientais levaram a necessidade de buscar fontes alternativas
de energia.

Em 2012, a ANEEL publicou a Resolução Normativa (REN) 482/2012 com o objetivo


de estimular a conexão de pequenas unidades de geração que utilizam fontes
renováveis. Assim, os consumidores passaram a ter o direito de gerar sua própria
energia, mantendo a conexão com a rede de distribuição. Nos anos seguintes,
diversos fatores favoreceram a expansão da modalidade, e a geração distribuída
passou a ser um investimento bastante rentável.

Dentre as fontes disponíveis, a que mais se destacou foi a solar fotovoltaica. Essa
fonte utiliza o efeito fotovoltaico, que consiste na conversão direta da luz solar em
corrente elétrica a partir da incidência sobre uma célula composta de materiais
semicondutores. Um conjunto de células conectado em série e paralelo forma um
módulo fotovoltaico. A corrente produzida é coletada e processada por dispositivos
controladores e conversores, podendo ser utilizada imediatamente para alimentar uma
carga, armazenada em baterias ou injetada na rede elétrica, por meio de um inversor
(VILLALVA, 2015).

Porém, a expansão acelerada da geração distribuída trouxe diversas preocupações e


desafios. Um deles é que o novo modelo para o setor prejudica o equilíbrio tarifário
estabelecido e traz incerteza para os investimentos na expansão da oferta de energia,
15

que passam a depender cada vez mais da iniciativa dos consumidores (EMPRESA
DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020c).

Nesse contexto, foi iniciado um debate sobre a forma ideal de regular a geração de
energia distribuída. Em 2018, a ANEEL iniciou o processo de revisão do modelo de
compensação integral, através da realização de estudos, consultas e audiências
públicas. Houve diversas contribuições e propostas, mas a falta de um acordo levou
o processo de revisão a ser interrompido. Em 2021, o Poder Legislativo foi atribuído
como responsável para estabelecer novas regras para o setor (BRASIL, 2021b).

Em janeiro de 2022, foi publicada a Lei nº 14.300, que institui o marco legal da
microgeração e minigeração distribuída. Essa lei trouxe inovações importantes para o
desenvolvimento do setor, porém, fez com que o modelo de compensação se torne
mais complexo e aparentemente menos vantajoso a partir de 2023. Este trabalho visa
avaliar, na visão do consumidor, o impacto do marco legal da microgeração e
minigeração distribuída através de técnicas de análise de investimentos.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Objetivo geral

Analisar o impacto econômico da mudança da legislação aplicável às unidades de


microgeração e minigeração distribuída, em diferentes cenários, com foco em
consumidores do grupo B.

1.1.2 Objetivos específicos

a) Descrever a estrutura do sistema elétrico brasileiro, a composição da tarifa de


energia elétrica e detalhar a tarifa aplicada aos consumidores do grupo B;
b) Apresentar a situação atual da geração distribuída no Brasil, os motivos que
levaram ao processo de revisão das regras de compensação e a nova
legislação;
16

c) Definir as premissas e desenvolver um modelo para análise econômica de


projetos de microgeração em unidade consumidora residencial e comercial,
considerando geração local e autoconsumo remoto;
d) Realizar uma análise com os valores projetados do fluxo de caixa, payback
descontado, VPL e TIRM, avaliando a viabilidade econômica em cada cenário.

1.2 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este trabalho está organizado em capítulos, conforme definido a seguir:

• Capítulo 1 (Introdução): Apresenta uma introdução sobre o tema abordado,


descrevendo o contexto e a motivação do trabalho. Também são apresentados o
objetivo geral e os objetivos específicos;
• Capítulo 2 (Referencial teórico): Apresenta conceitos, dados e a legislação
aplicável ao tema abordado, bem como estudos utilizados para compor a
metodologia utilizada na pesquisa;
• Capítulo 3 (Metodologia): Apresenta a metodologia para a análise econômica dos
efeitos da mudança da legislação aplicável as unidades de microgeração e
minigeração distribuída;
• Capítulo 4 (Resultados): Apresenta os resultados obtidos após aplicação da
metodologia e as análises que podem ser feitas a partir deles;
• Capítulo 5 (Conclusão): Apresenta as conclusões do presente trabalho e
sugestões para trabalhos futuros.
17

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 SISTEMA ELÉTRICO BRASILEIRO

O sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é


predominantemente formado por uma rede interconectada de grande porte, chamada
de Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa configuração permite a transferência de
energia entre subsistemas, e explora a diversidade de fontes de energia e os regimes
hidrológicos, promovendo atendimento ao mercado com segurança e economia. A
capacidade instalada de geração do SIN é composta, principalmente, por usinas
hidrelétricas (OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO, [s.d.]).

Uma pequena parcela dos consumidores é atendida por sistemas isolados do SIN,
situados predominantemente na Região Norte e atendidos na maior parte por geração
térmica (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020a).

A Figura 1 mostra a potência instalada, em MW, de geração de energia elétrica por


fonte no Brasil em maio de 2022.

Figura 1 – Potência instalada por fonte

Fonte: (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA, 2022)


18

Conforme o gráfico, o Brasil dispõe de uma matriz elétrica de origem


predominantemente renovável, correspondente a aproximadamente 80% da potência
instalada. A maior parte da energia gerada vem de usinas hidrelétricas, porém, o
crescimento é limitado, e foi de apenas 2,3% entre 2018 e 2019. A geração solar, que
responde por menos de 8% da matriz teve um crescimento expressivo de 92,1% nesse
período. Outro destaque é a geração eólica, que cresceu 15,5% (EMPRESA DE
PESQUISA ENERGÉTICA, 2020a).

As usinas térmicas, em geral localizadas nas proximidades de centros de carga,


desempenham papel estratégico, pois contribuem para a segurança do SIN. As usinas
podem ser acionadas quando necessário, em função da carga, das condições
hidrológicas vigentes e sazonalidade das fontes solar e eólica. Em sistemas isolados,
muitas vezes são a única alternativa viável (OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA
ELÉTRICO, [s.d.]).

2.2 CLASSIFICAÇÃO DOS CONSUMIDORES

A REN 1000/2021 da ANEEL, que substituiu a REN 414/2010, define consumidor


como pessoa física ou jurídica que solicite o fornecimento, a contratação de energia
ou o uso do sistema elétrico à distribuidora. Cada unidade consumidora deve ser
classificada pela distribuidora de acordo com a atividade exercida e a finalidade do
uso da energia elétrica. As classes são: residencial, industrial, comercial, rural, poder
público, iluminação pública, serviço público e consumo próprio da distribuidora.

Em relação ao nível de tensão de atendimento, os consumidores são divididos em


dois grupos. O grupo A é composto de unidades consumidoras com fornecimento em
tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou atendidas a partir de sistema subterrâneo de
distribuição em tensão secundária. É caracterizado pela aplicação da tarifa binômia,
em que há cobrança pelo consumo de energia elétrica e também pela demanda de
potência da unidade (BRASIL, 2021d).

O grupo A é dividido em subgrupos, de acordo com o nível de tensão. O Quadro 1


apresenta os subgrupos e o critério para classificação em cada um (BRASIL, 2021d).
19

Quadro 1 – Subgrupos e critérios para classificação de consumidores do grupo A


Subgrupo Critério para classificação
A1 Tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV
A2 Tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV
A3 Tensão de fornecimento de 69 kV
A3a Tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV
A4 Tensão de fornecimento de 2,3 kV a 25 kV
Tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, a partir de sistema
AS
subterrâneo de distribuição
Fonte: Elaborado pelo autor com base em (BRASIL, 2021d)

O grupo B é composto de unidades consumidoras com fornecimento em tensão


inferior a 2,3 kV, caracterizado pela tarifa monômia, em que é tarifado apenas o
consumo de energia elétrica. É dividido em subgrupos, conforme a finalidade de uso
da energia, como mostra o Quadro 2 (BRASIL, 2021d).

Quadro 2 – Subgrupos e critérios para classificação de consumidores do grupo B


Subgrupo Critério para classificação
B1 Uso residencial
B2 Uso rural
Uso industrial, comercial, poder público e consumo próprio da
B3
distribuidora
B4 Iluminação pública
Fonte: Elaborado pelo autor com base em (BRASIL, 2021d)

2.2.1 Consumidor livre, cativo e especial

O consumidor livre compra energia diretamente das comercializadoras, através de


contratos bilaterais no ambiente de contratação livre (ACL) da Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), de forma independente da
concessionária local e com condições livremente negociadas. O consumidor livre é
responsável por gerir suas compras de energia e os riscos associados (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DOS COMERCIALIZADORES DE ENERGIA, [s.d.]).

Os consumidores livres pagam às distribuidoras pelo acesso e uso da rede, em


valores equivalentes aos pagos pelos consumidores cativos. A decisão de migrar para
o mercado livre é individual, desde que a unidade tenha carga instalada superior à
20

estabelecida pela legislação. Nos últimos anos, vem ocorrendo uma abertura gradual
no acesso ao mercado livre de energia. Desde 1º de janeiro de 2022, os consumidores
com carga igual ou superior a 1000 kW, atendidos em qualquer nível de tensão,
podem optar pela compra de energia elétrica nessa modalidade. Em 2023, o limite
será reduzido para 500 kW, com possibilidade de redução nos anos posteriores
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS COMERCIALIZADORES DE ENERGIA, [s.d.];
BRASIL, 1995, 2019).

O consumidor cativo, ou regulado, deve comprar energia com tarifa regulada da


distribuidora detentora da concessão ou permissão no local da instalação. Essa
energia é negociada no Ambiente de Contratação Regulada (ACR) por geradoras,
distribuidoras e comercializadoras através de leilões promovidos pela CCEE. O
contrato é regulado pela ANEEL e o preço estabelecido em leilão (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021a; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS
COMERCIALIZADORES DE ENERGIA, [s.d.]; CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO
DE ENERGIA ELÉTRICA, [s.d.]).

Consumidor especial é uma categoria de transição em que uma unidade consumidora


ou unidades consumidoras reunidas por comunhão de interesses cuja carga seja
maior ou igual a 500 kW participam do ACL, porém devem contratar energia de fonte
solar, eólica, biomassa, pequenas centrais hidrelétricas (PCH) ou centrais geradoras
hidrelétricas (CGH) (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021a).

2.3 TARIFA DE ENERGIA ELÉTRICA

De acordo com a REN 1000/2021, as tarifas devem ser aplicadas de acordo com o
tipo de usuário, o grupo e subgrupo, classe e subclasse e a modalidade tarifária em
que a unidade consumidora estiver enquadrada (BRASIL, 2021d).

2.3.1 Receita requerida

O Submódulo 7.1 dos Procedimentos de Regulação Tarifária (PRORET) define


Receita Requerida como “[...] receita compatível com a cobertura dos custos de
compra de energia, transmissão, encargos setoriais, custos operacionais eficientes e
21

de capital”. É estabelecida nos contratos de concessão, e pode ser dividida em duas


parcelas. A Parcela A inclui os custos não gerenciáveis pela distribuidora,
relacionados à transmissão e geração de energia elétrica, além dos encargos
setoriais, enquanto a Parcela B é formada pelos custos gerenciáveis, ou seja, custos
operacionais e de capital da distribuidora (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2022h).

O Quadro 3 apresenta a composição de cada parcela.

Quadro 3 – Composição das Parcelas A e B


Parcela A Parcela B
Compra de energia elétrica Custos de operação e manutenção
Perdas Remuneração do capital
Uso das redes de transmissão e distribuição P&D e eficiência energética
Encargos setoriais
Fonte: Elaborado pelo autor com base em (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022h)

2.3.2 Composição da tarifa

Para os consumidores cativos, a tarifa de energia elétrica é constituída por


(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA,
[s.d.]):
• Custos com a aquisição de energia elétrica;
• Custos relativos ao uso do sistema de distribuição;
• Custos relativos ao uso do sistema de transmissão;
• Perdas técnicas e não técnicas;
• Encargos setoriais;
• Tributos.

Os custos com a aquisição de energia são decorrentes da contratação, por parte da


distribuidora, de montantes de energia por meio dos leilões regulados. Esse custo é
repassado integralmente aos consumidores, sem margem de lucro, através da Tarifa
de Energia (TE), com valor estabelecido pela ANEEL em R$/MWh (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022f; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE
DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA, [s.d.]).
22

Os custos relativos ao uso do sistema de distribuição estão inseridos na Tarifa de Uso


do Sistema de Distribuição (TUSD), como as despesas de capital e os custos de
operação e manutenção das redes de distribuição. Nela, também são repassados aos
consumidores os custos do uso dos sistemas de transmissão. A cobrança da TUSD é
feita em função do consumo de energia (R$/MWh), e para certas modalidades
tarifárias, também pela demanda de potência (R$/kW) (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2022f; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES DE
ENERGIA ELÉTRICA, [s.d.]).

Os custos relativos às perdas elétricas dividem-se em perdas técnicas e perdas não


técnicas. As perdas técnicas correspondem à energia dissipada no transporte e
transformação da energia, e são inerentes a qualquer circuito elétrico. Todos os
consumidores pagam pelas perdas técnicas de energia ocasionadas pelo seu próprio
consumo. Já as perdas não técnicas são resultantes de furto de energia e problemas
de medição. Parte do valor é repassado aos consumidores regulares pela distribuidora
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021a, c; ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA, [s.d.]).

Encargos são contribuições instituídas por lei com valores estabelecidos por
resoluções da ANEEL e inseridos na TUSD e na TE, com o objetivo de obter recursos
para financiar necessidades específicas do setor elétrico. Há incidência de dois
tributos federais na fatura de energia, sendo eles: Programa de Integração Social
(PIS) e Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS). Os
estados cobram o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Por
fim, o munícipio cobra a Contribuição de Iluminação Pública (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA, [s.d.]; INSTITUTO
BRASILEIRO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, [s.d.]).

O Submódulo 7.1 dos Procedimentos de Regulação Tarifária (PRORET) define as


parcelas que compõe a TUSD e a TE. A Figura 2 apresenta os componentes tarifários
da TUSD.
23

Figura 2 – Composição da TUSD

Fonte: Adaptado de (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022f)

A TUSD Transporte é a parcela da TUSD que remunera a distribuidora pelos custos


com transporte de energia. Compreende a TUSD Fio A e a TUSD Fio B (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022f).

Por meio da TUSD Fio A o consumidor remunera a distribuidora pelos custos do uso
dos sistemas de transmissão da Rede Básica1, Rede Básica de Fronteira2 e
Instalações de Conexão3. Esses custos são definidos com base no ponto de conexão
com a rede de transmissão, na demanda de energia contratada pela distribuidora e
por contrato entre as partes. Há também remuneração pelo uso dos sistemas de
distribuição de outras distribuidoras, caso esse recurso seja utilizado (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022f)

1 Linhas de transmissão, barramentos, transformadores de potência e equipamentos de subestação em


tensão igual ou superior a 230 kV, exceto quando destinados a interligações internacionais,
pertencentes às centrais geradoras ou consumidores livres, ou de uso exclusivo para importação e
exportação de energia (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2004).

2 Transformadores de potência com tensão primária igual ou superior a 230 kV e tensões secundária e
terciária inferiores a 230 kV, bem como as respectivas conexões e equipamentos ligados ao terciário
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2004).

3Equipamentos para o atendimento de usuários com a finalidade de interligar seus ativos à Rede
Básica (OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO, [s.d.]).
24

A TUSD Fio B é formada pelos custos gerenciáveis pela distribuidora. Inclui a


remuneração pelos seus ativos e investimentos, e pelos custos operacionais e de
manutenção da rede de distribuição de energia (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2022f).

A segunda parcela da TUSD inclui as perdas técnicas e não técnicas da rede de


distribuição, perdas da Rede Básica e receitas irrecuperáveis, em função da
inadimplência de parte dos consumidores. Já a terceira parcela é composta por
encargos, com destaque para a contribuição para a Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE) (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022f).

A CDE é um encargo que tem como objetivo custear políticas públicas do setor
elétrico, como a universalização do serviço de energia elétrica, concessão de
descontos tarifários a consumidores de baixa renda, subgrupo rural, irrigação,
serviços públicos, geração por fontes incentivadas, consumo de combustíveis em
sistemas isolados, entre outros. Cabe à CCEE a gestão financeira, e à ANEEL aprovar
o orçamento anual da CDE (CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA
ELÉTRICA, [s.d.]).

A Figura 3 apresenta os componentes tarifários da TE. Além dos custos com a


aquisição de energia, são incluídos custos pelo transporte da energia produzida pela
Hidrelétrica de Itaipu, perdas na Rede Básica e encargos (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2022f).
25

Figura 3 – Composição da TE

Fonte: (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022f)

Voltando às parcelas que compõem a Receita Requerida, do ponto de vista do


consumidor, a Parcela B corresponde a componente TUSD Fio B, enquanto a Parcela
A inclui todas as demais componentes da TUSD e da TE. A Figura 4 mostra o peso
médio de cada componente da tarifa no ano de 2021 para consumidores do grupo B1
atendidos pela EDP no estado do Espírito Santo, desconsiderando os tributos.
26

Figura 4 – Peso médio de cada componente da tarifa de energia para consumidores


do grupo B1

Fonte: Adaptado de (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021e; BRIGHT STRATEGIES,


2018)

2.3.3 Tarifa aplicada aos consumidores do grupo B

Há duas modalidades tarifárias para os consumidores do grupo B: a convencional e a


horária branca, ambas monômias. A modalidade convencional é a mais utilizada, e é
caracterizada por uma única tarifa de consumo de energia elétrica,
independentemente da hora de utilização. Já a modalidade horária branca é uma
opção com variação do valor da energia, conforme o dia e o horário do consumo.
Nessa modalidade há uma tarifa diferente para cada posto tarifário (BRASIL, 2021d).

A Figura 5 apresenta um comparativo entre as modalidades para um consumidor


residencial atendido pela EDP no estado do Espírito Santo.
27

Figura 5 – Comparativo entre a modalidade convencional e a horária branca

Fonte: (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022k)

Se o consumidor for capaz de deslocar o consumo de energia para o período fora de


ponta, a opção pela tarifa branca oferece a oportunidade de reduzir o valor da fatura.
Essa opção começou a ser implantada em 2018. Para aderir, o consumidor deve
solicitar à distribuidora, e fazer a troca do medidor de energia (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE DISTRIBUIDORES DE ENERGIA ELÉTRICA, [s.d.]).

Podem aderir à tarifa branca os consumidores do grupo B, exceto o subgrupo B4 e a


subclasse Residencial Baixa Renda. Trata-se de uma classificação que inclui
beneficiários de programas sociais, indígenas e quilombolas, e oferece descontos de
até 100% na tarifa de energia, de acordo com o consumo mensal (BRASIL, 2021d).

Nas duas modalidades, há o pagamento de um valor mínimo na fatura, mesmo se não


houve consumo de energia, chamado de custo de disponibilidade. Essa cobrança foi
definida pela REN 414/2010 e mantida na REN 1000/2021, e depende do padrão de
conexão da unidade. O custo de disponibilidade é o valor equivalente a 30 kWh, se o
padrão for monofásico, 50 kWh se for bifásico e 100 kWh se for trifásico. Deve ser
aplicado sempre que o consumo medido for inferior ao valor correspondente, e não
pode ser compensado posteriormente (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2010; BRASIL, 2021d).
28

2.3.4 Bandeiras tarifárias

O Sistema de Bandeiras Tarifárias tem como finalidade sinalizar aos consumidores os


custos atuais da geração de energia elétrica. As cores indicam se haverá ou não
acréscimo no valor da energia para o consumidor final, em função das condições de
geração. Existem cinco modalidades: (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2022j; BRASIL, 2021d, c)
• Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre
nenhum acréscimo;
• Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. Em 2022, a tarifa
sofre acréscimo de R$ 0,01874 para cada kWh consumido da rede;
• Bandeira vermelha - Patamar 1: condições mais custosas de geração. A tarifa
sofre acréscimo de R$ 0,03971/kWh consumido;
• Bandeira vermelha - Patamar 2: condições ainda mais custosas de geração. A
tarifa sofre acréscimo de R$ 0,09492/kWh consumido;
• Bandeira escassez hídrica: criada para custear o acionamento de usinas
térmicas e a importação de energia durante o período de escassez hídrica.
Essa cobrança possui um valor ainda maior, de R$ 0,1420/kWh, e valerá para
todos os consumidores do SIN, exceto os beneficiários da tarifa social, pelo
menos de setembro de 2021 a abril de 2022.

Todos os consumidores cativos das distribuidoras serão faturados pelo Sistema de


Bandeiras Tarifárias, com exceção daqueles localizados em sistemas isolados. É
estabelecida uma única bandeira para todo o SIN (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2022j).

A cada mês, as condições de geração de energia elétrica são reavaliadas pelo


Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que define a melhor estratégia para
atendimento da demanda, e prevê a geração para cada fonte, especialmente
hidráulica e térmica. Assim, tem-se uma estimativa de custos a serem cobertos
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022d).
29

O Sistema de Bandeiras Tarifárias também é aplicado sobre o custo de


disponibilidade, e é considerado no cálculo dos tributos incidentes sobre as tarifas
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022d).

2.3.5 Revisão e reajuste tarifário

A revisão tarifária periódica é um dos mecanismos de definição do valor da energia


paga pelo consumidor. É realizada a cada quatro anos, em média, na data prevista no
contrato de concessão da distribuidora. Na revisão periódica são redefinidos a receita
necessária para cobrir os custos operacionais e a remuneração dos investimentos, ou
seja, a Parcela B da Receita Requerida. (BRASIL, 2021a).

Também é estabelecido um novo valor para o Fator X, que é o mecanismo que permite
repassar aos consumidores parte dos ganhos de produtividade obtidos pela
distribuidora ao longo do ciclo tarifário, devido ao crescimento do seu mercado,
aumento do consumo dos clientes e melhoria das práticas de gestão (BRASIL, 2021a)

O reajuste tarifário anual tem o objetivo de restabelecer o poder de compra da


concessionária. Nesse momento, é repassada para o consumidor a variação dos
custos da Parcela A. É aplicado anualmente, de acordo com a metodologia prevista
no PRORET. A cada reajuste, os custos da Parcela B são corrigidos pelo índice de
inflação determinado no contrato de concessão, deduzido o Fator X (BRASIL, 2021a).

Há também a possibilidade de uma revisão tarifária extraordinária, que pode ser


solicitada à ANEEL a qualquer momento pela distribuidora, desde que o desequilíbrio
econômico-financeiro que a motivou seja comprovado (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2022e).

A Figura 6 mostra o histórico de reajustes e revisões entre 2014 e 2021 para os


consumidores do subgrupo B1 atendidos pela EDP no estado do Espírito Santo.
30

Figura 6 – Histórico de reajustes e revisões para os consumidores do subgrupo B1


atendidos pela EDP no estado do Espírito Santo

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021d)

2.4 GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

A geração de energia elétrica tradicionalmente é feita por plantas de grande porte que
tiram proveito da economia de escala, mas que muitas vezes estão distantes dos
centros de consumo. Por outro lado, em um sistema com geração distribuída, há
diversos geradores dispersos na rede elétrica, além da geração centralizada. Os
geradores também podem estar desconectados da rede, produzindo energia junto ao
local de consumo em um sistema isolado (CABELLO; POMPERMAYER, 2013).

A implantação de unidades de geração distribuída pode trazer diversos benefícios à


rede elétrica, como: aumento na eficiência e redução dos custos de transmissão de
energia, aumento da confiabilidade do sistema, redução da necessidade de grandes
intervenções ao ambiente para construção de usinas e ampliação do uso de fontes
renováveis, como a solar. Porém, aumenta a complexidade da operação da rede de
distribuição, e a adoção em larga escala pode gerar prejuízo à receita das
distribuidoras (CARRERAS-SOSPEDRA et al., 2010).
31

Na legislação brasileira, a definição de geração distribuída foi estabelecida pelo


Decreto nº 5163 de 2004 como “[...] produção de energia elétrica proveniente de
empreendimentos de agentes concessionários, permissionários [...] conectados
diretamente no sistema elétrico de distribuição do comprador [...]” (BRASIL, 2004).

Porém, as condições estabelecidas eram pouco atraentes para um investimento de


pequeno porte. Em 2012, a ANEEL publicou a REN 482/2012 com o objetivo de
estimular a conexão de pequenas unidades de geração. Essa resolução apresenta
novas definições, estabelece as condições para o acesso aos sistemas de distribuição
e o sistema de compensação de energia elétrica. O texto foi modificado
posteriormente por diversas resoluções, com destaque para a 687/2015 (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2012, 2015).

No texto vigente até janeiro de 2022, foram definidas duas categorias. A microgeração
inclui unidades geradoras de energia elétrica com potência instalada menor ou igual
a 75 kW, que utilize fontes renováveis ou cogeração qualificada4, e sejam conectadas
à rede de distribuição por meio de instalações de unidades consumidoras. A
minigeração inclui unidades com potência instalada superior a 75 kW e inferior ou igual
a 5 MW, com as mesmas condições. A tensão de fornecimento é definida na REN
1000/2021, de acordo com a potência instalada. Geralmente utiliza-se tensão
secundária para microgeração e tensão primária para minigeração (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2012, 2017; BRASIL, 2021d).

2.4.1 Modalidades de geração

Há diversas modalidades para aproveitamento da energia. A geração junto à carga é


caracterizada pela instalação da microgeração ou minigeração distribuída no local em
que a energia será consumida, com titularidade sendo Pessoa Física ou Pessoa
Jurídica. O autoconsumo remoto permite que a energia produzida seja compensada
em outras unidades consumidoras em local diferente da geração, desde que seja de

4Processo de produção combinada de calor e energia mecânica, convertida total ou parcialmente em


energia elétrica, a partir da energia disponibilizada por uma fonte primária e que atenda aos requisitos
de eficiência (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021a).
32

mesma titularidade e dentro da mesma área de concessão (AGÊNCIA NACIONAL DE


ENERGIA ELÉTRICA, 2015).

Empreendimento com múltiplas unidades consumidoras é caracterizado pela


utilização da energia elétrica gerada por várias unidades, localizadas em uma mesma
propriedade ou áreas contíguas, como em um condomínio. Cada uma recebe uma
fração da energia, e as instalações das áreas de uso comum constituem uma unidade
consumidora distinta, de responsabilidade da administração ou do proprietário do
empreendimento (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2015).

Já a geração compartilhada se caracteriza pela reunião de consumidores, por meio


de consórcio ou cooperativa, em que a energia é gerada em unidade com
microgeração ou minigeração em local distinto das unidades consumidoras nas quais
a energia produzida será compensada, desde que todas se encontrem dentro da
mesma área de concessão (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2015).

2.4.2 Acesso ao sistema de distribuição

Os requisitos e procedimentos para acesso das unidades de microgeração e


minigeração ao sistema de distribuição são descritos no Módulo 3 dos Procedimentos
de Distribuição (PRODIST), e a partir de 2022, na REN 1000/2021.

A REN 1000/2021 determina que a distribuidora deve custear as melhorias ou reforços


no sistema de distribuição em função exclusivamente da conexão de microgeração
distribuída, não havendo participação financeira do consumidor5, exceto para a
geração compartilhada. Para os demais casos, por exemplo, quando há necessidade
de aumento de carga além de 50 kW, aumento de fases em rede de alta tensão no
local ou conexão de minigeração, o custo pode ser dividido entre o encargo de
responsabilidade da distribuidora6 e a participação financeira do consumidor,

5Diferença positiva entre o orçamento da obra de mínimo custo global e o encargo de responsabilidade
da distribuidora (BRASIL, 2021d).

6Custo atribuível à distribuidora em obras de melhoria ou reforço no sistema de distribuição. É calculado


conforme metodologia detalhada na REN 1000/2022, e depende da demanda a ser atendida ou
acrescida, do valor da TUSD Fio B e de fatores econômicos definidos na última revisão tarifária
(BRASIL, 2021d).
33

conforme critérios estabelecidos na REN. Caso o acessante deseje, a instalação pode


operar em modo de ilha, desde que desconectada fisicamente da rede de distribuição
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021b; BRASIL, 2021d).

A quantidade de fases e o nível de tensão de conexão serão definidos pela


distribuidora, de acordo com as características técnicas da rede no local e em
conformidade com a regulamentação vigente. No caso de sistemas que se conectam
à rede por meio de inversores, o acessante deve apresentar certificados atestando
que estão de acordo com normas técnicas brasileiras ou internacionais (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021b).

O sistema de medição deve atender às mesmas especificações exigidas para


unidades consumidoras conectadas no mesmo nível de tensão da microgeração ou
minigeração distribuída, além de medição bidirecional de energia elétrica ativa. O
medidor faz a leitura separadamente da quantidade de energia consumida pela
instalação e da energia injetada na rede de distribuição (AGÊNCIA NACIONAL DE
ENERGIA ELÉTRICA, 2021b).

2.4.3 Sistema de compensação de energia elétrica

O sistema de compensação de energia elétrica (SCEE) foi estabelecido na REN


482/2012 como um mecanismo no qual a energia elétrica ativa injetada por uma
unidade consumidora com microgeração ou minigeração distribuída é cedida, por
meio de empréstimo gratuito, à distribuidora e posteriormente abatida do consumo.
Ao final do ciclo de faturamento, se houver energia excedente injetada no sistema de
distribuição, a unidade consumidora terá um crédito, que poderá compensar eventuais
períodos de baixa geração. Os créditos são determinados em termos de energia
elétrica ativa, não estando sujeitos a compensação monetária ou alterações nas
tarifas de energia, e expiram em 60 meses após a data do faturamento (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2012, 2015).

A Figura 7 ilustra o funcionamento do SCEE.


34

Figura 7 – Esquema de funcionamento do SCEE

Fonte: (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2016)

A adesão ao SCEE é restrita aos consumidores cativos. O faturamento da unidade


integrante do sistema deve considerar a energia consumida, deduzidos a energia
injetada e o crédito de energia acumulado. As componentes da tarifa e as bandeiras
tarifárias incidem somente sobre a quantidade de energia faturada. Deve ser cobrado,
no mínimo, o valor referente ao custo de disponibilidade para o consumidor do grupo
B, ou da demanda contratada para o consumidor do grupo A (AGÊNCIA NACIONAL
DE ENERGIA ELÉTRICA, 2015).

Já em relação aos tributos, existem regras específicas. A Lei nº 13.169, de 2015,


reduziu a zero as alíquotas do PIS e COFINS incidentes sobre a energia fornecida
pela distribuidora, quando compensada por energia injetada ou créditos. Há incidência
apenas sobre o custo de disponibilidade ou demanda de potência (BRASIL, 2015).

Para o ICMS, as regras variam ao longo do tempo, e conforme o estado. O Convênio


ICMS 16, do Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), publicado em 2015
e adotado gradualmente por todos os estados, autorizou-os a conceder isenção sobre
a energia fornecida, quando compensada. Porém, só inclui unidades geradoras com
potência instalada menor ou igual a 1 MW, e não se aplica ao custo de disponibilidade,
à demanda de potência e à TUSD referente a energia consumida, mesmo quando
compensada (CONSELHO NACIONAL DE POLÍTICA FAZENDÁRIA, 2015).

Alguns estados publicaram leis ampliando os benefícios do Convênio. No Espírito


Santo, a Lei nº 11.253, de abril de 2021 incluiu a isenção de ICMS sobre a TUSD para
35

projetos de geração pertencentes a pessoa jurídica, com potência instalada de até 5


MW e utilizando fonte solar fotovoltaica. Os demais consumidores continuam pagando
(ESPÍRITO SANTO, 2021).

A compensação deve ser feita primeiramente no posto tarifário em que ocorreu a


geração, quando se aplica, e posteriormente nos demais, considerando a conversão
em função dos valores das tarifas de energia. No caso de empreendimento com
múltiplas unidades consumidoras, geração compartilhada ou autoconsumo remoto, a
energia injetada na rede é compensada primeiro na unidade onde há geração, e o
excedente pode ser utilizado para compensar o consumo de outras unidades
consumidoras a critério do titular. Se onde ocorreu a geração a modalidade for
convencional, os créditos devem ser considerados como geração em período fora de
ponta para eventual compensação em unidade consumidora com tarifa binômia
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2015).

2.5 CURVAS DE CARGA E GERAÇÃO

A curva de carga é definida como o histórico, geralmente em um período diário, das


demandas de energia elétrica. É o registro de potência elétrica solicitada por um
equipamento, unidade consumidora ou sistema elétrico, durante um determinado
tempo, medido em intervalos regulares. Geralmente é expressa em kW (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021a; EMPRESA DE PESQUISA
ENERGÉTICA, 2020b).

O valor máximo de consumo constitui a chamada ponta de carga. Por outro lado,
geralmente durante a madrugada, ocorre o valor mínimo de consumo. No decorrer do
ano, observam-se comportamentos distintos de carga, de acordo com a região, os
dias da semana e as estações do ano, e também como consequência de variações
climáticas e dos ciclos de atividade dos setores produtivos (EMPRESA DE PESQUISA
ENERGÉTICA, 2020b).

Quando são analisados intervalos diários, há uma variabilidade muito significativa,


dependendo das particularidades de cada classe de consumo, associadas a questões
como jornada de trabalho, iluminação natural, hábitos de uso dos equipamentos, entre
36

outros. Assim, cada classe possui uma curva de carga típica, que reflete essas
particularidades. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) realiza regularmente,
junto às distribuidoras, a coleta de dados referentes ao consumo de energia elétrica
para as principais classes e segmentos de consumo, incluindo consumidores livres
que demandam energia da Rede Básica do SIN (EMPRESA DE PESQUISA
ENERGÉTICA, 2020b).

A Figura 8 mostra uma curva de carga típica para uma unidade consumidora
residencial num dia útil. Trata-se de uma série sintética construída a partir de dados
de curvas de carga sazonalizadas para o setor.

Figura 8 – Curva de carga típica para uma unidade consumidora residencial num dia
útil

Fonte: (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020b)

Na figura, nota-se que o pico de carga ocorre no início da noite. Em instalações


comerciais, o perfil de carga é diferente. A alta demanda de potência ocorre durante
o dia, como mostra a Figura 9.
37

Figura 9 – Curva de carga típica para uma unidade consumidora comercial num dia
útil

Fonte: Adaptado de (OLIVEIRA; PADILHA-FELTRIN; CANDIAN, 2006)

Da mesma forma, a curva de geração é definida como o registro de potência elétrica


injetada por uma unidade consumidora ou central geradora, durante um determinado
intervalo de tempo. Nesse caso, a diferença entre o perfil se dá pela fonte utilizada.
As fontes despacháveis, que incluem as hidrelétricas e termelétricas que possuam
viabilidade de controle variável da geração de energia, tem curva ajustável, de acordo
com o perfil requerido. Já as fontes não despacháveis, como eólica e solar, possuem
uma curva característica não ajustável, que depende da disponibilidade do recurso
natural adotado como fonte primária em cada instante de tempo (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2021a; BRASIL, 2022).

No caso da geração fotovoltaica, a característica horária de geração é coincidente ao


horário de grande demanda por energia elétrica no cenário energético atual,
principalmente no período de verão, que conforme dados do ONS, tem o pico entre
12h e 16h. Para instalações residenciais, essa coincidência geralmente não ocorre,
visto que o pico de demanda é a noite, fora do horário em que há geração
(OPERADOR NACIONAL DO SISTEMA ELÉTRICO, 2022; STEFANELLO et al.,
2019).

A Figura 10 mostra uma curva de geração típica para uma unidade de geração
fotovoltaica com inclinação fixa.
38

Figura 10 – Curva de geração típica para uma unidade geradora fotovoltaica com
inclinação fixa

Fonte: Adaptado de (CEZAR, 2019)

Na figura, há um pico de geração no meio do dia, quando ocorre maior irradiação


solar. Combinando as duas curvas para uma mesma unidade, obtém-se a Figura 11.

Figura 11 – Curvas de carga e geração para uma unidade consumidora residencial


típica

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (CEZAR, 2019; EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA,
2020b)

Na Figura 11, as amplitudes das curvas têm valor fictício. Em uma unidade
consumidora real, podem variar de acordo com o porte da geração e o perfil de
39

consumo. Observando o gráfico, notam-se dois períodos distintos. Aproximadamente


entre 8h e 15h, a quantidade de energia gerada supera o consumo. Assim, parte da
energia será consumida instantaneamente, sem trafegar pela rede da distribuidora, e
o excedente será injetado nela. Fora desse período, a geração é menor, portanto, é
necessário extrair energia da rede para suprir a demanda.

A razão entre o consumo imediato e a geração total é definida como fator de


simultaneidade. O seu valor para uma unidade consumidora residencial com geração
junto à carga foi estimado pela ANEEL em 39%, com base em um estudo da
Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), em parceria com a Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP) e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
Telecomunicações (CPQD). Em unidades comerciais e industriais, fator de
simultaneidade varia bastante, de acordo com a atividade executada e o horário de
funcionamento. Valores típicos se encontram na faixa de 50% a 80%. Para unidades
com geração remota onde não há carga instalada, o fator de simultaneidade é de 0%.
(AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2018; HAX et al., 2018).

2.6 CENÁRIO ATUAL E PERSPECTIVAS DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA

2.6.1 Cenário da geração distribuída no Brasil

A alta disponibilidade de recursos naturais, elevadas tarifas de eletricidade e um


modelo de compensação de créditos favorável tornaram o investimento em geração
própria bastante rentável no Brasil. Desde a publicação da REN 482/2012, nota-se um
acréscimo significativo no número de unidades de geração distribuída no Brasil, e
também no volume de energia produzida por esse meio (CORIOLANO; PEREIRA;
PINTO, 2020; EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020c).

Além disso, novos modelos de negócio, como a venda de cotas de geração de


energia, cooperativas e condomínios com geração compartilhada, em conjunto com o
lançamento de linhas de financiamento têm contribuído para criar um ambiente
propício para o desenvolvimento da geração distribuída. Isso levou não apenas
consumidores residenciais, mas também grandes empresas e indústrias a investirem
40

em sistemas de geração, locais e remotos (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA,


2020c).

Em 31 de dezembro de 2021, havia mais de 790 mil unidades de micro e minigeração


distribuída no país, com potência instalada total superior a 8,8 GW (AGÊNCIA
NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022c).

A Figura 12 mostra as unidades em abril de 2012, antes da publicação da resolução,


e em dezembro de 2021. O tamanho do marcador é proporcional ao número de
unidades em cada município.

Figura 12 – Unidades de micro e minigeração distribuída no Brasil em 2012 e 2021

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022c)

A Figura 13 mostra o número de novas conexões de geração distribuída no Brasil


entre 2008 e 2021.
41

Figura 13 – Quantidade de novas conexões de geração distribuída no Brasil por ano

Fonte: Adaptado de (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022c)

Observando o gráfico, percebe-se o crescimento acentuado do número de novas


conexões a partir de 2013, ano seguinte à implantação do SCEE. Nos anos seguintes,
houve uma aceleração do crescimento devido a diversos fatores, com destaque para
a Resolução 687/2015, que ampliou a faixa de potência e o prazo para compensação
de créditos de energia, e incluiu novas modalidades de uso da energia. O Convênio
ICMS 16 e a Lei nº 13.169, ambos de 2015, contribuíram para reduzir os custos para
os consumidores participantes do sistema, e aumentaram a atratividade do
investimento em geração distribuída (CORIOLANO; PEREIRA; PINTO, 2020).

A Tabela 1 apresenta a quantidade de unidades geradoras, a quantidade de unidades


que recebem créditos e a potência instalada total por modalidade de geração
distribuída em 31 de dezembro de 2021.

Tabela 1 – Geração distribuída por modalidade

Fonte: (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022c)


42

Os dados da tabela mostram que as modalidades preferidas são a geração própria e


o autoconsumo remoto, que correspondem pela grande maioria das unidades e da
potência instalada. A geração compartilhada e por múltiplas unidades consumidoras
cresceu bastante nos últimos anos, mas ainda não é tão popular.

A Tabela 2 apresenta informações sobre as unidades, classificadas por subgrupo


tarifário.

Tabela 2 – Geração distribuída por subgrupo tarifário

Fonte: (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022c)

A tabela mostra uma predominância de consumidores do grupo B, com mais de 98%


do número de unidades geradoras e 79% da potência instalada. Destaque também
para o subgrupo A4, categoria que possui o menor nível de tensão de fornecimento
do grupo A.

As Figuras 14 e 15 apresentam a distribuição da quantidade de unidades de


microgeração e minigeração, respectivamente, por faixa de potência em 31 de
dezembro de 2021.
43

Figura 14 – Distribuição das unidades de microgeração por faixa de potência

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022c)

Figura 15 – Distribuição das unidades de minigeração por faixa de potência

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022c)

Em relação à fonte de energia utilizada, a Figura 16 mostra a situação em dezembro


de 2021.
44

Figura 16 – Quantidade de unidades de geração distribuída por tipo

Fonte: (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022c)

No gráfico, UFV corresponde a Central Geradora Fotovoltaica, UTE a Usina


Termelétrica, nesse caso incluindo apenas as que usam como fonte biomassa ou
cogeração qualificada a gás natural, EOL a Central Geradora Eólica e GCH a Central
Geradora Hidrelétrica.

Dentre as alternativas para a implantação de sistemas de geração distribuída, se


destaca a energia solar fotovoltaica, que corresponde a mais de 99,9% das unidades.
De acordo com o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2030, essa tecnologia
possui o maior potencial de crescimento nos próximos anos. Isso ocorre em razão de
diversos fatores, como a facilidade de instalação, operação e manutenção,
modularidade e perspectiva de custo decrescente. Há ainda elevados índices de
incidência de radiação solar, relativamente bem distribuídos na maior parte do
território nacional, e grande número de empresas no setor (BRASIL, 2021b;
CABELLO; POMPERMAYER, 2013).

Em relação a outras fontes, há alguns fatores que limitam a expansão. A energia eólica
geralmente é inviável em áreas urbanas, uma vez que os ventos são mais fracos e
turbulentos do que os necessários para a geração adequada, os aerogeradores são
caros e a instalação e manutenção são mais complexas. As termelétricas e
hidrelétricas exigem recursos naturais limitados, e possuem requisitos ambientais
mais rígidos. No entanto, também há grande potencial para essas fontes, através dos
modelos de autoconsumo remoto e de geração compartilhada, em que podem
apresentar custos menores que a fotovoltaica em projetos de maior escala (BRASIL,
2021b; CABELLO; POMPERMAYER, 2013).
45

2.6.2 Vantagens e impactos da expansão da geração distribuída fotovoltaica

Do ponto de vista do consumidor, a principal vantagem da instalação de um sistema


de micro ou minigeração distribuída é financeira. A energia consumida pode ser
abatida da fatura de energia elétrica, eliminando grande parte do custo. Dessa forma,
é possível financiar o sistema com o valor economizado mensalmente (ANDRADE
JÚNIOR; MENDES, 2016).

Já em relação a questões ambientais, a grande disponibilidade de recursos naturais


e as exigências da legislação para a geração distribuída contribuíram para a
ampliação do uso de fontes renováveis além da hidráulica no Brasil, colaborando para
a manutenção da matriz elétrica nacional como uma das mais limpas do mundo
(ANDRADE et al., 2020; STEFANELLO et al., 2019).

No caso da geração solar fotovoltaica, na conversão da radiação solar em energia


elétrica não há emissão de gases que contribuem para o efeito estufa. Mesmo no
processo de fabricação dos equipamentos, a emissão de poluentes é reduzida, pois
as empresas do setor têm o interesse de transmitir uma imagem de responsabilidade
com o meio ambiente. Além disso, a tecnologia atual permite que a energia consumida
para fabricação dos painéis fotovoltaicos seja compensada muito antes do fim da sua
vida útil (ANDRADE JÚNIOR; MENDES, 2016; RODRÍGUEZ, 2002)

Outra vantagem é que a modularidade da tecnologia fotovoltaica permite o


desenvolvimento de projetos de diferentes escalas, centralizados e distribuídos, e com
prazos curtos de implantação. Desta forma, o sistema pode ser ampliado facilmente,
conforme a necessidade de demanda ou possibilidade de investimento (ANDRADE
JÚNIOR; MENDES, 2016; EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020c).

O crescimento da geração de energia fotovoltaica distribuída também permite o


aumento da capacidade de geração elétrica sem exigir investimentos públicos diretos.
Também não há necessidade de grandes áreas específicas ou grandes obras de
adequação, pois os sistemas podem ser instalados na própria área construída, no
telhado. Com isso, não há desmatamento ou a desapropriação de terrenos
(ANDRADE JÚNIOR; MENDES, 2016; STEFANELLO et al., 2019).
46

Do ponto de vista técnico, a expansão da geração distribuída também traz potenciais


benefícios. O mais evidente é a redução de perdas elétricas, devido à proximidade
entre geração e consumo. Isso contribui para aliviar a carga das redes de transmissão
em certos momentos, e consequentemente, adiar investimentos no reforço da
infraestrutura. A energia gerada por esse meio também reduz o custo de atendimento
à demanda, pois diminui a necessidade de acionamento de usinas térmicas a
combustíveis fósseis em períodos de escassez hídrica, cuja operação tem impacto
direto no custo de energia repassado ao consumidor (EMPRESA DE PESQUISA
ENERGÉTICA, 2020c; STEFANELLO et al., 2019)

Apesar de intermitente, a fonte solar fotovoltaica proporciona um alívio de carga que


pode ser estratégico na operação do SIN. A geração durante o dia permite a economia
de água nos reservatórios de hidrelétricas, que podem focar a operação no período
noturno e em horários de pico de demanda, e ainda, poupar o recurso para períodos
prolongados de seca (STEFANELLO et al., 2019).

A redução da carga da rede é melhor aproveitada quando a geração se localiza em


instalações comerciais e industriais. Nelas, geralmente a alta demanda de potência
coincide com o período de maior geração fotovoltaica, aliviando também os sistemas
de distribuição local (ANDRADE JÚNIOR; MENDES, 2016).

Por fim, a expansão da geração distribuída promove o desenvolvimento econômico


do país, fortalece a indústria e cria empregos nas áreas de projeto, instalação e
manutenção de sistemas fotovoltaicos (ANDRADE JÚNIOR; MENDES, 2016).

Wei, Patadia e Kammen (2010) revisaram 15 estudos sobre o potencial de criação de


empregos de diversas fontes de energia elétrica, e concluíram que as renováveis
geram mais postos de trabalho por unidade de energia que as baseadas em
combustíveis fósseis, sendo a solar fotovoltaica com o maior índice. O artigo também
destaca que essa tecnologia, devido ao potencial de descentralização, gera empregos
locais e traz desenvolvimento a pequenas comunidades.

De acordo com a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR),


desde 2012, a expansão da geração fotovoltaica gerou mais de 390 mil empregos no
47

Brasil, cerca de R$ 66 bilhões em investimentos privados e R$ 17 bilhões em


arrecadação de tributos, além de evitar a emissão de 17,5 milhões de toneladas de
dióxido de carbono. Também houve avanços para a indústria nacional, com o início
da fabricação local de equipamentos (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA
SOLAR FOTOVOLTAICA, 2022).

Por outro lado, a expansão da geração distribuída a longo prazo traz diversos desafios
a serem superados. Problemas técnicos podem surgir devido ao novo arranjo do
sistema elétrico, o que requer mudanças na forma de planejá-lo e operá-lo. Há
também a expectativa de mudança nos modelos de negócio dos agentes do setor
elétrico, acostumados a um sistema predominantemente composto por recursos de
grande porte e gerenciado centralizadamente (ANDRADE et al., 2020; EMPRESA DE
PESQUISA ENERGÉTICA, 2020c).

Nos últimos anos, o crescimento da geração distribuída muito acima das expectativas
trouxe preocupações, pois adiciona mais uma fonte de incertezas tanto para o
planejamento da expansão do sistema, como para sua operação, tornando-os mais
complexos. O crescimento da oferta de energia passa a depender cada vez mais de
investimentos por parte dos consumidores, e é mais sensível a mudanças nas
condições econômicas, preço da energia, alterações na legislação e disponibilidade
de equipamentos (BRASIL, 2021b).

A maior participação da fonte fotovoltaica no sistema insere maior variabilidade na


geração de eletricidade, devido à sua intermitência, e altera significativamente o perfil
de carga diária, reduzindo a demanda no meio do dia, quando há maior oferta de
energia e autoconsumo no caso de geração junto à carga. Há também desafios
tecnológicos relacionados à integração entre provedores de serviços de distribuição e
transmissão, considerando que o fluxo unidirecional é substituído pelo fluxo
bidirecional de energia (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020c).

Nesse sentido, o Brasil terá que superar a introdução de maior variabilidade e menor
previsibilidade na geração elétrica de curto prazo, adequando os modelos de
simulação, concebidos para um sistema baseado em usinas hidrelétricas e térmicas,
otimizando a operação da sua matriz existente, com novos investimentos para
48

suportar menores quantidades de reserva de energia devido à maior participação de


fontes não controláveis, e garantir a segurança do suprimento de energia no SIN
(EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020c).

O Plano Nacional de Energia (PNE) 2050 prevê que as novas possibilidades criadas
pelas mudanças tecnológicas permitirão que novos provedores de serviços, além dos
consumidores, tenham papel mais ativo sobre o sistema elétrico, trazendo mais
complexidade e desafios. Nos últimos anos, houve redução progressiva do limite
mínimo de demanda contratada para migração para o mercado livre, que atinge 500
kW em 2023, e estudos para permitir a abertura do mercado na baixa tensão. A
separação dos serviços de distribuição e comercialização em diferentes agentes
permite que a distribuidora possa focar na operação, de forma mais eficiente, em um
modelo de remuneração que não seja vinculado à compra de energia. Assim, as
decisões de operação e de planejamento se tornarão cada vez mais descentralizadas
(EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020c).

Porém, o novo modelo necessita de uma sinalização econômica capaz de induzir


novos investimentos na expansão da oferta de energia de forma adequada. Políticas
de incentivo ao uso de determinadas fontes ou recursos podem impactar a escolha
dos indivíduos, e o desafio é equilibrar o valor dos serviços com as restrições das
redes e os momentos de escassez de recursos (EMPRESA DE PESQUISA
ENERGÉTICA, 2020c).

2.6.3 Processo de revisão da REN 482/2012

Tanto no Brasil quanto em diversos países do mundo há um debate sobre a forma


ideal de estruturar a operação, o modelo de negócios e o ambiente regulatório em
relação à geração de energia distribuída. O modelo de compensação integral, em
conjunto com o uso de tarifas monômias a longo prazo pode trazer problemas para o
equilíbrio das tarifas de energia elétrica. Nesse contexto, a REN 687/2015 determinou
que a ANEEL revisasse as regras em 2019 (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2015; EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020c).
49

A origem da discussão é que não há uma quantificação do real impacto da geração


distribuída. De um lado, as distribuidoras alegam que o SCEE não é sustentável e não
possibilita a adequada remuneração pelo uso da rede de distribuição, pois o
abatimento integral do consumo, e consequentemente, a incidência das componentes
tarifárias somente sobre a diferença entre a energia consumida e a energia injetada
na rede não cobrem seus custos fixos, provocando a transferência aos consumidores
que não possuem geração distribuída e que dependem exclusivamente da energia
fornecida pela rede (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2018).

De outro, empresas do setor e consumidores interessados no mercado argumentam


que os benefícios da geração distribuída à sociedade e ao meio ambiente são muito
superiores aos eventuais custos, e defendem que o modelo atual deve permanecer,
de modo a permitir a consolidação do mercado, que hoje corresponde a uma parcela
ínfima dos consumidores cativos (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA,
2018).

Em 2018, a ANEEL iniciou o processo de revisão das regras aplicadas aos sistemas
de microgeração e minigeração distribuída, através da realização de estudos,
consultas e audiências públicas. Houve diversas contribuições de empresas e
associações do setor, universidades, fabricantes de equipamentos e distribuidoras de
energia elétrica. No mesmo ano, foi publicado o Relatório de Análise de Impacto
Regulatório (AIR) nº 0004/2018, em que foram avaliadas seis alternativas para o
SCEE, resumidas no Quadro 4, com o respectivo impacto médio nacional para
consumidores do grupo B, desconsiderando os tributos. Esse valor representa a
porcentagem da tarifa que o consumidor pagaria da energia compensada.
50

Quadro 4 – Descrição das alternativas para o SCEE


Impacto médio nacional
Alternativa Descrição para consumidores do
grupo B
Cenário atual. A compensação da energia
Alternativa 0 injetada na rede se dá por todas as componentes 0%
da TUSD e da TE
A componente Transporte Fio B incidiria sobre
toda a energia consumida da rede. As demais
Alternativa 1 28%
componentes continuariam incidindo sobre a
energia faturada
As componentes referentes ao Transporte (Fio A
e Fio B) incidiriam sobre toda a energia
Alternativa 2 34%
consumida da rede. As demais componentes
continuariam incidindo sobre a energia faturada
Equivalente à alternativa anterior, mas incluindo a
parcela de Encargos da TUSD entre as
Alternativa 3 42%
componentes que incidiriam todo o consumo de
energia
A TUSD incidiria sobre toda a energia consumida
Alternativa 4 da rede. As componentes da TE continuariam 50%
incidindo sobre a energia faturada
Incide toda a TUSD e os Encargos e demais
componentes da TE sobre a energia consumida
Alternativa 5 62%
da rede. Apenas a componente de Energia da TE
incidiria sobre a energia faturada
Fonte: Elaborado pelo autor com base em (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2018)

O estudo concluiu que não seria sustentável manter o modelo de compensação


vigente de maneira indefinida, e a alteração para a alternativa 1 seria suficiente para
cobrir os custos das distribuidoras. Adicionalmente, a análise sugeriu manter a
alternativa 0 no caso da microgeração local até que a potência instalada chegasse a
3,365 GW divididos por distribuidora de maneira proporcional, o que aconteceria,
conforme a estimativa da época, em 2025 (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2018).

A análise levantou preocupações para o caso da geração remota, especialmente em


sistemas de minigeração. Nesse caso, a unidade geralmente é instalada em
51

localidades distantes do centro de carga, onde a rede não está preparada para recebê-
la. Assim, aumenta as perdas e necessita de obras de reforço que resultam em
elevado custo para a distribuidora. Porém, como uma mudança imediata provocaria
retração muito grande no número de novas instalações, propôs-se uma transição
gradual para sistemas remotos, de maneira a preservar a evolução do mercado.
Seriam duas mudanças: a primeira para a alternativa 1, quando a potência instalada
dessa modalidade alcançasse 1,25 GW, e posteriormente para a alternativa 3, em
2,13 GW (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2018).

Porém, no ano seguinte foi publicada a AIR nº 003/2019, que desconsiderou diversos
benefícios potencias, como o alívio na carga da rede devido ao autoconsumo, redução
de perdas, geração de empregos, diminuição da emissão de gases de efeito estufa,
poluição do ar e de uso do solo. Assim, foi determinada a aplicação da alternativa 2
por um período de transição, e posteriormente, a alternativa 5 quando atingida a
potência instalada adicional de 4,7 GW. Para sistemas existentes, a regra atual seria
mantida somente até 2030 (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2019).

Para a geração remota foi proposta uma alteração imediata para a alternativa 5, o que
inviabilizaria qualquer investimento na modalidade e provocaria uma estagnação no
número de instalações (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2019).

Essa publicação gerou uma série de ações judiciais, e o processo de revisão foi
interrompido. Em 2021, o Poder Legislativo foi atribuído como responsável para
estabelecer novas regras para o setor (BRASIL, 2021b).

2.7 MARCO LEGAL DA MICROGERAÇÃO E MINIGERAÇÃO DISTRIBUÍDA

Em janeiro de 2022, foi publicada a Lei nº 14.300, que institui o marco legal da
microgeração e minigeração distribuída. O texto utiliza como base a REN 687/2015,
porém, insere novos termos, altera o limite de potência para minigeração, estabelece
regras de transição para o SCEE e o Programa de Energia Renovável Social (PERS)
(BRASIL, 2022).
52

Uma das novidades é a citação aos sistemas híbridos, ou seja, que utilizam mais de
uma fonte de energia, e também aos que possuem algum sistema de armazenamento
de energia, como baterias, e estão conectados à rede. Segundo o texto, as
distribuidoras deverão atender às solicitações de acesso de unidades consumidoras,
independentemente da quantidade de fontes e existência de armazenamento de
energia. Até então, essas possibilidades não estavam regulamentadas, e eram
analisadas caso a caso. Adicionalmente, os sistemas fotovoltaicos com baterias
passam a ser classificados como fonte despachável, desde que sejam capazes de
armazenar pelo menos 20% da capacidade de geração da unidade e tenham potência
instalada de até 3 MW. Essa classificação permite benefícios, que serão detalhados
posteriormente neste trabalho (BRASIL, 2022).

A lei também determina que o excedente de energia elétrica não compensado por
unidade participante do SCEE poderá ser vendido para a distribuidora à qual a central
geradora está conectada, com o objetivo de melhoria da eficiência e da capacidade,
postergação de investimentos em redes de distribuição, ou a redução do custo da
Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), devido à redução da necessidade de
acionamento de termelétricas nas redes isoladas do SIN. A ANEEL regulamentará
posteriormente a contratação desse serviço, que será realizada por meio de chamada
pública (BRASIL, 2022).

2.7.1 Período de transição

A fim de evitar que uma mudança abrupta prejudicasse a expansão da oferta de


energia e o mercado de geração distribuída, a lei propõe um período de transição,
com regras que variam de acordo com a data da solicitação de acesso, a modalidade
e o porte da geração. Para unidades existentes ou que solicitarem acesso em até 12
meses da publicação da lei, a regra atual de compensação integral de todas as
componentes tarifárias se mantém até 31 de dezembro de 2045 (BRASIL, 2022).

Para unidades que solicitarem acesso entre o 13º e o 18º mês após a publicação da
lei, haverá incidência parcial da componente tarifária TUSD Fio B sobre toda a energia
elétrica ativa consumida da rede, mesmo que seja compensada, nos seguintes
percentuais (BRASIL, 2022):
53

• 15% a partir de 2023;


• 30% a partir de 2024;
• 45% a partir de 2025;
• 60% a partir de 2026;
• 75% a partir de 2027;
• 90% a partir de 2028.

Após o período de transição, nesse caso a partir de 2031, será aplicada uma nova
regra tarifária a ser definida pela ANEEL nos próximos 18 meses. Para solicitações
de acesso feitas após o 18º mês, a fase de transição se encerra em 2028, sendo
aplicada a nova regra a partir de 2029 (BRASIL, 2022).

Para as unidades de minigeração distribuída acima de 500 kW que utilizam fonte não
despachável na modalidade autoconsumo remoto ou geração compartilhada em que
um único titular detenha 25% ou mais de participação haverá uma regra de transição
diferente, sendo aplicado a partir de 2023 (BRASIL, 2022):
• 100% da componente tarifária TUSD Fio B;
• 40% da componente tarifária TUSD Fio A;
• 100% dos encargos Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), Eficiência Energética
(EE) e Taxa de Fiscalização de Serviços de Energia Elétrica (TFSEE);
• Regra a ser determinada a partir de 2029.

Em caso de aumento da potência instalada de uma unidade já existente, somente a


energia gerada pela parcela ampliada segue as regras vigentes no momento da nova
instalação, enquanto a parcela em operação se mantém na regra original. Há também
a possibilidade de troca de titularidade sem perda dos benefícios (BRASIL, 2022).

Durante o período de transição, a CDE custeará eventuais perdas decorrentes das


componentes tarifárias não remuneradas pelos consumidores que tenham geração
distribuída (BRASIL, 2022).

Após a transição, as unidades participantes do SCEE ficarão sujeitas a regras


tarifárias estabelecidas pela ANEEL. Serão faturadas pela incidência, sobre a energia
54

elétrica ativa consumida da rede de distribuição, de todas as componentes tarifárias


não associadas ao custo da energia, de forma similar a alternativa 5 proposta
anteriormente pela ANEEL. Porém, deverão ser abatidos todos os benefícios ao
sistema elétrico propiciados pela microgeração e minigeração distribuída (BRASIL,
2022).

A valoração dos custos e benefícios caberá ao Conselho Nacional de Política


Energética (CNPE) em um prazo de seis meses após a publicação da lei, por meio de
consultas à sociedade, associações e entidades representativas, empresas e agentes
do setor elétrico, considerando todos os efeitos, por área de concessão, para a
geração, perdas elétricas, transmissão, distribuição e meio ambiente. Em seguida, a
ANEEL terá um prazo de 18 meses, também contado a partir da publicação da lei,
para estabelecer os cálculos para o abatimento (BRASIL, 2022).

2.7.2 Tarifa mínima

Para consumidores do grupo A, no estabelecimento do custo de transporte, deverá


ser aplicada a tarifa correspondente à forma de uso do sistema de distribuição pela
unidade com microgeração ou minigeração distribuída. Ou seja, as unidades
geradoras na modalidade remota ou geração compartilhada, sem consumo local,
passarão a pagar a TUSD aplicada às unidades geradoras7 (TUSDg), enquanto as
demais modalidades continuam pagando a demanda contratada. Essa regra será
aplicada também a unidades já existentes, após a revisão tarifária subsequente a
aprovação da lei (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENERGIA SOLAR
FOTOVOLTAICA, 2021; BRASIL, 2022).

Já para os consumidores do grupo B, foi mantida a cobrança do custo de


disponibilidade nos valores em kWh já estabelecidos, porém a forma de aplicação será
alterada. Para unidades existentes ou que solicitarem acesso em até 12 meses da
publicação da lei, a compensação da energia injetada ou do crédito de energia serão

7 A TUSDg é uma tarifa paga por centrais geradoras não participantes do SCEE, e varia para cada
distribuidora. É calculada de acordo com metodologias específicas aplicadas a cada subgrupo tarifário,
definidas na REN 349/2009 (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2009) e no Submódulo
7.4 do PRORET (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA, 2022g). Geralmente tem valor
menor que a TUSD aplicada aos consumidores.
55

utilizados somente até o limite em que o valor faturado da unidade consumidora se


iguale ao custo de disponibilidade estabelecido na regulamentação (BRASIL, 2022).

Ou seja, o valor correspondente ao custo de disponibilidade será subtraído do


consumo antes do cálculo dos créditos, e dessa forma, deixará de ser cobrado em
“duplicidade”, em KWh e R$, como ocorre na regra atual. Como exemplo, um
consumidor de uma instalação trifásica que gerou 300 kWh e consumiu 250 kWh é
faturado no valor equivalente ao custo de disponibilidade, de 100 kWh, e acumula 50
kWh de crédito. Imediatamente após a aprovação da lei, nessas mesmas condições,
o valor faturado se manterá equivalente a 100 kWh, porém serão acumulados 150
kWh de créditos.

Para unidades que solicitarem acesso depois de 12 meses da publicação da lei, e


para todos os participantes do SCEE após o período de transição, aplica-se uma regra
diferente. Será paga apenas a diferença entre o consumo da rede, desconsiderada a
compensação, e o custo de disponibilidade. Dessa forma, se o consumo mensal for
maior ou igual tal valor, não haverá cobrança (BRASIL, 2022).

Retomando o exemplo apresentado, não haveria cobrança do custo de


disponibilidade, pois o valor consumido da rede é superior a 100 kWh, e seriam
acumulados 50 kWh de crédito. Então, no faturamento dessa unidade, incide somente
a parcial da componente tarifária TUSD Fio B sobre a energia consumida da rede e
respectivos tributos. Na hipótese de consumo inferior ao custo de disponibilidade, de
80 kWh por exemplo, haveria uma cobrança adicional de 20 kWh, totalizando 100 kWh
com incidência parcial da TUSD Fio B.

No caso de microgerador local com potência instalada de até 1,2 kW, haverá um
desconto adicional de 50% em relação ao custo de disponibilidade aplicável aos
demais consumidores (BRASIL, 2022).

2.7.3 Mudanças adicionais

Em relação a minigeração, o limite superior para classificação na modalidade será


modificado. A nova regra mantém a faixa de potência instalada entre 75 kW e 5 MW
56

somente para as fontes despacháveis, e passa a limitar a 3 MW para as fontes não


despacháveis. Essa alteração entra em vigor 12 meses após a publicação da lei
(BRASIL, 2022).

Os interessados em implantar projetos de minigeração individual nas modalidades de


geração local ou remota e com potência instalada superior a 500 kW deverão
apresentar garantia de fiel cumprimento na solicitação de acesso, a ser
regulamentada pela ANEEL, correspondente a 2,5% ou 5% do valor do investimento,
de acordo com o porte da central geradora (BRASIL, 2022).

Por fim, na publicação da lei foi instituído o PERS, destinado a instalação de sistemas
fotovoltaicos e de outras fontes renováveis, na modalidade local ou remota
compartilhada, aos consumidores da subclasse Residencial Baixa Renda. Esse
programa tem o objetivo de reduzir o subsídio da Tarifa Social de Energia Elétrica dos
participantes. Assim, o consumidor passará a ser faturado como os demais, e a
energia excedente também poderá ser adquirida pela distribuidora (BRASIL, 2022).

As distribuidoras deverão estabelecer critérios para seleção dos beneficiados do


programa, promover chamadas públicas para credenciamento de empresas e,
posteriormente, para contratação dos serviços de instalação dos sistemas de geração
(BRASIL, 2022).

2.8 ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

O processo de avaliação de investimentos demanda uma série de informações


financeiras. Diferentes estados de mercado e da economia interferem nos critérios de
análise. Nesse sentido, é fundamental compreender os princípios econômicos para
poder tomar a decisão de investir. O primeiro é que um determinado volume de
recursos vale menos amanhã do que hoje, porque se aplicado rende juros. O segundo
é que um recurso seguro vale mais do que um recurso com risco (FONSECA; BRUNI,
2003).

A boa decisão de investimento se efetiva quando a compra de um ativo proporciona


um valor superior ao seu custo ao final do período analisado, e a dívida adicional pode
57

ser suportada com segurança. Dessa forma, o investimento deve ser comparado com
uma alternativa disponível do mercado financeiro, e se não for tão atraente, é melhor
recorrer ao mercado em vez de realizar o projeto (FONSECA; BRUNI, 2003).

Uma das mais importantes etapas do processo de análise de investimento é a


determinação dos fluxos de caixa do projeto. Na implantação, pode-se optar por usar
recursos próprios, de terceiros ou até mesmo os dois. Essa decisão impacta no custo
do capital utilizado. Na análise, devem ser contempladas as entradas e saídas de
caixa. O valor de um projeto depende de todos os fluxos de caixa adicionais que se
seguem à sua aceitação, considerando o investimento inicial, o faturamento esperado
em cada período, os custos de operação e manutenção e a depreciação dos ativos
(FONSECA; BRUNI, 2003).

Para a análise, diferentes técnicas podem ser adotadas. As principais são o Valor
Presente Líquido (VPL), a Taxa Interna de Retorno (TIR), e o Payback.

2.8.1 Valor Presente Líquido

O VPL é o critério mais utilizado para decisão de investimento. Considera o valor


temporal do dinheiro e utiliza todos os fluxos de caixa futuros gerados pelo projeto.
Além disso, permite uma decisão mais acertada quando há diversas alternativas de
investimentos, pois, considera os fluxos futuros, de tempos diferentes, a valores
presentes (FONSECA; BRUNI, 2003).

O valor presente (VP) representa o valor hoje de um fluxo de caixa. Para atualizar os
fluxos utiliza-se uma taxa de juros, também chamada de custo de capital. Geralmente,
é maior ou igual a taxa de retorno oferecida por outros investimentos com risco menor
ou equivalente ao do projeto em avaliação. A principal dificuldade da utilização do
método consiste na definição dessa taxa, principalmente quando o fluxo é muito longo
(FONSECA; BRUNI, 2003).

O VP é dado pela seguinte equação:


58

𝑛
𝐶𝑡
𝑉𝑃 = ∑ (1)
(1 + 𝑖)𝑡
𝑡=1

Onde 𝐶𝑡 é o fluxo de caixa futuro na data𝑡,𝑖 é o custo de capital e𝑛 é o número total


de períodos analisados.
O VPL consiste no valor presente dos fluxos de caixa futuros reduzido do valor do
investimento, como mostra a equação (2).

𝑉𝑃𝐿 = 𝑉𝑃 − 𝑉𝐼 (2)

Onde 𝑉𝐼 é o valor do investimento inicial.

O VPL é um critério simples para que se decida se um projeto deve ser executado ou
não. Se for positivo o investimento vale a pena, pois executá-lo é equivalente a receber
um pagamento igual ao VPL. Se for negativo, haverá prejuízo, portanto o investimento
deverá ser rejeitado. Embora esse método seja reconhecido como a melhor técnica
para análise de investimento por especialistas em finanças, é recomendado utilizá-lo
em conjunto com outros critérios para aumentar a assertividade da análise
(FONSECA; BRUNI, 2003).

2.8.2 Payback

O payback é um indicador que representa o período de recuperação do investimento


inicial. É obtido calculando-se o tempo que será necessário para que os fluxos de
caixa futuros acumulados igualem ao investimento inicial (FONSECA; BRUNI, 2003).

Esse método pressupõe inicialmente a definição de um limite de tempo máximo para


retorno do investimento. Em seguida, é analisado o fluxo de caixa do projeto,
comparando o volume necessário de investimento com as receitas a serem
alcançadas futuramente, verificando o período onde o saldo torna-se igual a zero. Se
o prazo de recuperação for um período aceitável, então o projeto será executado, caso
contrário será rejeitado (FONSECA; BRUNI, 2003).
59

Pode ser aplicado de duas formas: payback simples e payback descontado. A


diferença é que o payback descontado considera o valor temporal do dinheiro, ou seja,
atualiza os fluxos futuros de caixa a taxa de juros definida, trazendo os fluxos ao valor
presente, para depois calcular o período de recuperação (FONSECA; BRUNI, 2003).

FONSECA e BRUNI (2003) consideram imprudente utilizar unicamente este método


para decisão de investimento, pois não contempla os fluxos de caixa após o período
de recuperação, e pode levar o investidor a escolha de um projeto que tenha um prazo
de retorno muito baixo, em detrimento de outro com período mais longo, que possa
gerar maior retorno financeiro.

2.8.3 Taxa Interna de Retorno

A TIR representa a taxa de juros que iguala os fluxos de entrada com os de saída de
caixa. Em outras palavras, é a taxa que remunera o investimento e que torna nulo o
VPL. A TIR não depende da taxa de juros do mercado financeiro. É uma taxa
intrínseca do projeto, dependendo apenas dos fluxos de caixa projetados (FONSECA;
BRUNI, 2003).

A TIR é dada pela seguinte equação:

𝑛
𝐶𝑡
0=∑ − 𝑉𝐼 (3)
(1 + 𝑇𝐼𝑅)𝑡
𝑡=1

A TIR encontrada deverá ser comparada com a taxa definida no momento do


investimento, chamada de taxa mínima de atratividade (TMA). Para aceitar o
investimento, a TIR deverá ser maior do que a TMA.

Porém, esse cálculo supõe que os fluxos de caixa intermediários positivos sejam
reaplicados por uma taxa de juros igual à TIR. Na maior parte dos projetos, essa
possibilidade não existe, portanto, se for significativamente maior que as taxas de
mercado, a TIR não indica a verdadeira rentabilidade do investimento (BARBIERI;
ÁLVARES; MACHLINE, 2007).
60

Uma solução mais adequada é o uso da Taxa Interna de Retorno Modificada (TIRM),
em que os fluxos de caixa intermediários positivos são levados para a data final do
projeto a uma taxa de mercado, geralmente a TMA. Assim, a TIRM indica com maior
precisão a taxa de retorno de um investimento (BARBIERI; ÁLVARES; MACHLINE,
2007).
61

3 METODOLOGIA

Neste capítulo é descrita a metodologia adotada para avaliar o impacto financeiro do


marco legal da geração distribuída para consumidores do grupo B. Para isso, foram
analisados economicamente dois projetos de microgeração fotovoltaica,
considerando, para cada um, diferentes cenários comparando as regras em vigor até
2022 com a nova legislação. Também serão abordadas as considerações de projeto
e as premissas utilizadas na avaliação econômica.

Inicialmente, foram definidos os subgrupos a ser estudados. Foram escolhidos os


subgrupos B1 e B3 pois são os que possuem a maior quantidade de unidades de
geração e maior potência instalada total, conforme a Tabela 2. Para cada um deles,
foi solicitado a empresas do setor um dimensionamento, com orçamento, de um
sistema de geração fotovoltaico. Em ambos os casos, foram utilizados como
referência para elaboração do dimensionamento dados de instalações reais,
localizadas no estado do Espírito Santo.

3.1 CONSIDERAÇÕES TÉCNICAS

3.1.1 Unidade residencial

Para a elaboração desse dimensionamento, foi enviada a uma empresa do setor de


geração fotovoltaica o histórico do consumo de energia elétrica de 12 meses e as
coordenadas geográficas de uma residência localizada no município de Vitória com
fornecimento do tipo bifásico. A Tabela 3 mostra o histórico de consumo da residência.

Tabela 3 – Histórico de consumo de energia elétrica para a residência


Mês Consumo de Energia (kWh) Mês Consumo de Energia (kWh)
Janeiro 351 Julho 324
Fevereiro 273 Agosto 311
Março 480 Setembro 257
Abril 403 Outubro 331
Maio 426 Novembro 383
Junho 324 Dezembro 420
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)
62

Com base nesses dados, a empresa forneceu um orçamento preliminar, cujas


informações são resumidas no Quadro 5.

Quadro 5 – Informações do orçamento para unidade residencial


Potência do sistema (kWp) 2,7
Inclinação (°) 20
Fabricante do módulo LONGi
Modelo do módulo LR4-72HPH-450M
Potência do módulo (Wp) 450
Área de cada módulo (m²) 2,2
Quantidade de módulos 6
Fator anual de degradação do módulo (%) 2/0,55
Fabricante do inversor Growatt
Modelo do inversor MIC 2500TL-X
Potência nominal do inversor (kW) 2,5
Perdas (%) 23
Área ocupada pelos módulos (m²) 13,2
Investimento total (R$) R$ 15.429,00
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

O dimensionamento foi feito para as condições ideais, ou seja, considerou-se que


haveria espaço suficiente para a instalação, orientação dos módulos no sentido norte
e inclinação do telhado aproximadamente igual à latitude do local.

O fator de perdas, igual a 23%, foi estimado pela empresa que forneceu o
dimensionamento. Trata-se de um valor médio, que pode variar em função das
condições do local, como temperatura e sombreamento dos módulos. Também foi
considerada a degradação dos módulos, de acordo com a especificação do fabricante.
Para esse projeto, considerou-se o pior caso não coberto pela garantia, que é uma
perda na quantidade de energia produzida de 2% para o primeiro ano e 0,55% ao ano
para os seguintes (PHB SOLAR, [s.d.]).

O investimento inicial inclui o valor de aquisição dos equipamentos e da mão de obra


necessária para a instalação. Nessa análise, a forma de pagamento considerada será
à vista.
63

3.1.2 Unidade comercial

Foi adotado o mesmo procedimento descrito na seção anterior, desta vez para uma
empresa localizada no município da Serra, com fornecimento do tipo trifásico.

A empresa oferece serviços de manutenção de equipamentos e instalações elétricas


industriais. É atendida por uma rede de baixa tensão e tarifada no subgrupo B3. A
Tabela 4 mostra o histórico de consumo.

Tabela 4 – Histórico de consumo de energia elétrica para a empresa


Mês Consumo de Energia (kWh)
Janeiro 6275
Fevereiro 5625
Março 7679
Abril 6213
Maio 7472
Junho 7471
Julho 8393
Agosto 7388
Setembro 7089
Outubro 7154
Novembro 7672
Dezembro 8232
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

Foi considerado que a instalação seria realizada utilizando estruturas metálicas sobre
o telhado. Outra consideração importante é que não houve aumento de carga e nem
acréscimo de fases à rede que atende à unidade consumidora, e dessa forma, não há
participação financeira do consumidor em eventuais reforços no sistema de
distribuição. As informações contidas no orçamento preliminar do sistema fotovoltaico
são resumidas no Quadro 6.
64

Quadro 6 – Informações do orçamento para unidade comercial


Potência do sistema (kWp) 60,48
Inclinação (°) 20
Fabricante do módulo LONGi
Modelo do módulo LR5-72HPH-540M
Potência do módulo (Wp) 540
Área de cada módulo (m²) 2,6
Quantidade de módulos 112
Fator anual de degradação do módulo (%) 2/0,55
Fabricante do inversor Growatt
Modelo do inversor MAC 60KTL3-X LV
Potência nominal do inversor (kW) 60
Perdas (%) 23
Área ocupada pelos módulos (m²) 291,2
Investimento total (R$) R$ 242.745,14
Fonte: Elaborado pelo autor (2021)

3.2 GERAÇÃO ESTIMADA

A fim de determinar o retorno financeiro ao longo da vida útil dos projetos, foi
necessário estimar a quantidade de energia elétrica produzida. Para isso, foi utilizada
a base de dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar, do Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (INPE), que contém médias mensais de irradiação estimadas
para todo o território brasileiro, dividido em mais de 70 mil células de 100 km² cada
(INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2017a).

A Figura 17 mostra as células correspondentes ao estado do Espírito Santo.


65

Figura 17 – Células do estado do Espírito Santo

Fonte: (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2017b)

Neste trabalho, foram extraídas somente as médias mensais de irradiação no plano


inclinado para as células em que se localizam as unidades estudadas. Esse valor
corresponde à irradiação calculada sobre uma superfície com inclinação igual a
latitude do local.

Com esses dados, é possível estimar a geração mensal para cada unidade, utilizando
a equação (4).
𝐺𝑀 = 𝑃 ∗ 𝐼𝑃𝐼 ∗ 𝑁𝑑𝑖𝑎𝑠 ∗ (1 − 𝑓𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 ) (4)

Onde 𝐺𝑀 é a quantidade de energia gerada no mês, em kWh, 𝑃 é a potência do


gerador, 𝐼𝑃𝐼 é a irradiação média no plano inclinado para o mês, 𝑁𝑑𝑖𝑎𝑠 é o número de
dias do mês, e 𝑓𝑝𝑒𝑟𝑑𝑎𝑠 é o fator de perdas estimado no projeto.

A Figura 18 destaca a região próxima às unidades consumidoras estudadas. A


unidade residencial está localizada na célula de número 10782, e a comercial na célula
10962. A Figura 19 mostra os dados de irradiação no plano inclinado correspondentes
a essas células na base de dados.
66

Figura 18 – Região próxima às células de interesse

Fonte: (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2017b)

Figura 19 – Irradiação média no plano inclinado para as células de interesse

Fonte: Elaborado pelo autor com base em (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS,
2017b)
67

3.3 PREMISSAS

3.3.1 Custos e receitas considerados

O próximo passo para elaborar o modelo para a análise econômica foi definir as
receitas e os custos. A REN 482/2012 determina que o SCEE seja um empréstimo
gratuito, portanto, não é permitida a venda de energia. Na nova legislação, existe a
possibilidade de venda, porém ainda não está regulamentada. E, por ser realizada por
meio de chamada pública, não se aplicará a todos os consumidores. Dessa forma, no
modelo será considerado como receita somente o valor que o consumidor deixará de
pagar anualmente, devido ao abatimento na fatura da energia injetada na rede
elétrica.

Os custos incluem o investimento inicial de cada projeto e os custos com manutenção,


a ser realizada periodicamente, conforme detalhado na próxima seção.

Outra definição importante é a TMA. Geralmente é composta por uma taxa de juros
livre de risco, e uma taxa de juros que representa a compensação pelo risco que o
investidor está sujeito ao investir no projeto. Para isso, é comum utilizar a taxa básica
de juros, também chamada de Selic. A Selic define a remuneração de investimentos
de renda fixa em títulos emitidos pelo Tesouro Nacional, classificados como de risco
zero (SILVA; JANNI, 2021).

A importância da Selic é a capacidade que possui para influenciar o comportamento


do nível de preços e da atividade da economia, por exemplo, na atratividade de
investimentos em projetos. Em momentos de juros mais baixos, os investimentos de
renda fixa se tornam menos atraentes, fazendo com o que o investidor busque
alternativas de maior risco. Por outro lado, em momentos de alta da Selic, como
ocorreu em 2022, investimentos de renda fixa podem ser bastante rentáveis, as vezes
inviabilizando investimentos em projetos (SILVA; JANNI, 2021).

Para esse projeto, a TMA considerada foi de 15% ao ano.


68

3.3.2 Manutenção de sistemas fotovoltaicos conectados à rede

As instalações de sistemas fotovoltaicos de pequeno porte apresentam pouca


necessidade de manutenção, desde que estejam devidamente projetadas e
instaladas. Isso se deve ao fato de que não são constituídos de partes móveis
submetidas a desgastes, e a maior parte dos equipamentos possui vida útil superior
ao período normalmente considerado nas análises, que é de 20 a 25 anos (SOUZA;
SOUZA; MINORI, 2019).

Porém, algumas práticas de manutenção são fundamentais para assegurar o


funcionamento adequado do sistema. O monitoramento mensal da quantidade de
energia gerada é importante para detectar possíveis falhas. Também deve ser
realizada regularmente uma inspeção visual dos módulos, inversores, conexões e
demais componentes, em busca de equipamentos quebrados ou com falha, pontos
de degradação, infiltração, falhas na estrutura de fixação, e se possível, realizar uma
inspeção termográfica para verificar a existência de pontos quentes, que indicam
falhas internas nos módulos ou inversores e reduzem o desempenho do sistema
(COSTA; HIRASHIMA; FERREIRA, 2021; SOUZA; SOUZA; MINORI, 2019).

Outra prática importante é o controle do sombreamento dos módulos, que pode ser
feito com a verificação e poda regular da vegetação ao redor, e limpeza da sujeira que
se acumula sobre a superfície dos módulos. Nesses casos, deve-se considerar os
aspectos locais de cada instalação, como o clima, a temperatura ambiente, índices
pluviométricos, nebulosidade, velocidade dos ventos e a propensão à deposição de
poeira devido a poluição atmosférica (COSTA; HIRASHIMA; FERREIRA, 2021;
SOUZA; SOUZA; MINORI, 2019).

A manutenção corretiva deve ser realizada quando algum equipamento apresenta


falha ou há queda significativa do desempenho do sistema, por profissional habilitado
e treinado e seguindo as normas de segurança. Durante a vida útil são necessários
diversos pequenos reparos, e o maior custo se deve a troca do inversor, que
geralmente tem menor durabilidade, e, portanto, poderá ser necessário substituí-lo ao
longo do projeto (OLIVEIRA, 2018).
69

Para esse projeto, foi considerado que a inspeção visual será realizada pelo
proprietário do sistema, sem custo adicional. As instalações estão localizadas em uma
região litorânea, em que não há grandes variações de temperatura e com chuvas bem
distribuídas durante todo o ano. Portanto, uma limpeza anual, se for detectada queda
no desempenho da geração, é suficiente (INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISA,
ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL, [s.d.]).

Dessa forma, o custo de manutenção será considerado anualmente. O valor foi


estimado por OLIVEIRA (2018) para projetos de microgeração em 0,5% do
investimento inicial ao ano. Utilizando 1%, também são cobertos os custos com uma
eventual substituição do inversor. Esse valor terá reajuste anual pelo Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Neste trabalho, será utilizada a média dos
últimos 7 anos, de 6,08%, que será arredondada para 6% ao ano (IPEADATA, 2022).

3.3.3 Tarifa e tributos

Para estimar a receita em cada cenário, foi calculado o valor da tarifa antes e depois
da instalação do sistema. Então, o procedimento adotado foi calcular o valor a ser
pago a cada mês, considerando o padrão de consumo utilizado na elaboração do
projeto, e em seguida, somá-los para obter o valor anual. A cada ano, foi aplicada uma
taxa de reajuste sobre a tarifa, chamada de taxa de inflação da energia.

A tarifa utilizada como base foi obtida do site da distribuidora que atende às unidades
consumidoras estudadas, a EDP Espírito Santo. Ambas são tarifadas na modalidade
convencional, e o valor é o definido na Resolução Homologatória nº 2918, vigente
desde agosto de 2021, sendo o mesmo para os subgrupos B1 e B3, de
R$ 0,33125/kWh para a TUSD e de R$ 0,27296/kWh para a TE. A proporção entre
cada componente dessas parcelas também é a mesma para os dois subgrupos. Para
a nova regra de compensação, foi considerado que a TUSD Fio B representa 29% da
tarifa sem tributos, conforme a Figura 4 (AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA
ELÉTRICA, 2021e; EDP, 2021b).

Os tributos que incidem sobre a tarifa são o PIS/COFINS e o ICMS. O PIS/COFINS


tem alíquota variável, atualizada mensalmente. Para esse trabalho, a alíquota adotada
70

foi a média dos últimos três anos, de 4,3%. O ICMS tem alíquota de 25% quando o
consumo mensal supera 50 kWh. A cobrança dos tributos é feita “por dentro”, ou seja,
o valor dos tributos integra a base de cálculo sobre a qual incidem as alíquotas, como
mostra a equação (5) (EDP, 2022, [s.d.]).

𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑎 𝑡𝑎𝑟𝑖𝑓𝑎
𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑐𝑜𝑏𝑟𝑎𝑑𝑜 = (5)
1 − (𝑃𝐼𝑆 + 𝐶𝑂𝐹𝐼𝑁𝑆 + 𝐼𝐶𝑀𝑆)

Adicionalmente, no caso de unidades consumidoras participantes do SCEE no estado


do Espírito Santo, é necessário considerar que o ICMS incide também sobre a parcela
TUSD de toda a energia consumida, mesmo que compensada.

A Contribuição de Iluminação Pública é somada ao valor obtido após aplicação dos


tributos. Seu valor é definido por lei municipal. A Tabela 5 mostra as faixas de
consumo da rede e os respectivos valores cobrados para consumidores dos
subgrupos B1 e B3 no munícipio em que está localizado cada unidade consumidora.

Tabela 5 – Valores da Contribuição de Iluminação Pública para consumidores do


subgrupo B1 em Vitória e B3 na Serra.
Valor – subgrupo B1 em Valor – subgrupo B3 na Serra
Faixa de Consumo (kWh)
Vitória (R$) (R$)
0 a 30 0,00 12,28
30 a 50 0,00 14,63
50 a 70 3,23 24,28
70 a 100 4,84 28,61
100 a 150 6,93 34,42
150 a 200 10,15 47,13
200 a 300 12,42 55,57
300 a 400 16,72 56,25
400 a 500 19,71 61,51
Maior que 500 22,17 77,47
Fonte: Elaborado pelo autor com base em (EDP, 2021a)

A taxa de inflação da energia foi estimada pela média dos reajustes anuais, revisões
periódicas e extraordinárias dos últimos 7 anos, de acordo com a Figura 6. Dessa
forma, obteve-se o valor de 7,84%, que será arredondado para 8% ao ano. A taxa de
71

reajuste anual da Contribuição de Iluminação Pública é definida por lei municipal como
igual ao IPCA.

Será considerada bandeira verde para todos os cenários, durante todo o período
avaliado. Essa consideração impacta negativamente na viabilidade do projeto, visto
que não inclui o gasto adicional com energia que o consumidor teria em períodos de
escassez hídrica, que é maior sem o sistema fotovoltaico instalado. Porém, é
necessária, visto que o sistema de bandeiras é extremamente imprevisível a longo
prazo.

3.4 CENÁRIOS

Para compor cada cenário, considerou-se a variação de duas características: a


unidade consumidora e o tipo de compensação da energia gerada, totalizando quatro
cenários, descritos no Quadro 7. As duas possibilidades analisadas para o SCEE
serão chamadas, respectivamente, de compensação integral e nova regra de
compensação.

Quadro 7 – Descrição dos cenários


Cenário Unidade consumidora Tipo de compensação
Cenário 1 Residencial Geração local
Cenário 2 Residencial Autoconsumo remoto
Cenário 3 Comercial Geração local
Cenário 4 Comercial Autoconsumo remoto
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Para todos os cenários, o período de análise se inicia em janeiro de 2023 e termina


em dezembro de 2045, data definida na Lei 14.300 para que o direito adquirido de
compensação integral seja encerrado. A partir de 2046, todas as unidades estarão
sujeitas às mesmas regras.

Para a regra de compensação integral, foi considerada a alteração na forma de


cobrança do custo de disponibilidade, em vigor desde janeiro de 2022, como
detalhado na seção 2.7.2. Já para o caso de unidades sujeitas às regras determinadas
72

na Lei 14.300, o custo de disponibilidade é pago somente se o consumo da rede for


inferior ao seu valor.

Essa mudança impacta na forma de cálculo dos tributos, que incidiam sobre o custo
de disponibilidade, e terá que ser modificada. Como essa alteração não foi definida
pela Lei 14.300, dependerá da decisão individual de cada estado ou em conjunto, por
meio do CONFAZ. Assim, neste estudo será considerado que o PIS/COFINS e o ICMS
continuarão sendo calculados sobre o valor de energia tarifado, que corresponde, no
mínimo, à parcela da TUSD Fio B a ser paga. Em alguns estados, como o Espírito
Santo, já é cobrado ICMS sobre a toda a TUSD, portanto só o PIS/COFINS será
adicionado.

Para diferentes unidades consumidoras, uma variável importante a ser considerada é


o fator de simultaneidade, detalhado na seção 2.5. Nos respectivos cenários com
geração local, foi definido que a unidade residencial teria um fator de simultaneidade
de 35%, e a comercial de 60%. Em todos os cenários com autoconsumo remoto, o
fator é igual a 0%.

Outra particularidade do autoconsumo remoto é que se faz necessário definir uma


unidade consumidora secundária, também considerada como já existente, em que a
energia será gerada. Para simplificar a análise e evitar impacto no resultado final, foi
considerado que a unidade secundária se localiza no mesmo município, não tem
carga instalada, e todos os créditos acumulados com a energia injetada serão
transferidos para a unidade primária. A unidade secundária terá o mesmo padrão de
fornecimento que a primária, ou seja, bifásico para a residencial e trifásico para a
comercial, e o custo de disponibilidade será incluído na análise.

Em todos os cenários, a cada mês, a quantidade de créditos excedentes ou o que


faltou para a compensação máxima possível foram registrados, e ao final do ano, o
menor valor entre os totais foi deduzido do valor a pagar.

Por fim, foi necessário estabelecer uma regra para compensação que deverá ser
aplicada após o fim do período de transição em 2031, visto que essa decisão, que
caberá ao CNPE e a ANEEL, ainda está pendente. A Lei 14.300 determina que as
73

unidades consumidoras serão faturadas de forma similar à alternativa 5, abatidos os


benefícios ao sistema elétrico. Como não é possível prever qual será a decisão, foram
escolhidos dois casos: um intermediário, a alternativa 3, e o pior caso, alternativa 5.
Os impactos percentuais das alternativas são obtidos a partir da Figura 4 e são,
respectivamente, de 46% e 59% sobre a tarifa, antes da aplicação dos tributos.
74

4 RESULTADOS

4.1 UNIDADE RESIDENCIAL

4.1.1 Cenário 1 – unidade residencial com geração local

A Figura 20 mostra o consumo de energia elétrica da rede previsto e o valor calculado


para a energia injetada durante um ano para o cenário 1, desconsiderando a
degradação dos módulos, para um fator de perdas de 23% e fator de simultaneidade
de 35%

Figura 20 – Consumo da rede e energia injetada para o cenário 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Nota-se uma tendência de aumento no consumo da rede nos meses mais quentes.
Neste cenário, o consumo médio da rede é de 232 kWh e a quantidade média mensal
de energia injetada é de 204 kWh. Essa diferença foi prevista em projeto, e era comum
a fim de evitar perdas financeiras devido à cobrança em “duplicidade” do custo de
disponibilidade que era praticada até o início de 2022.
75

A Tabela 6 apresenta o fluxo de caixa para o cenário 1 com compensação integral. A


eficiência do sistema considera a degradação dos módulos fotovoltaicos, portanto
diminui gradualmente. O fluxo de caixa é calculado subtraindo o valor que seria
faturado sem o sistema fotovoltaico pela soma entre o valor faturado após a instalação
do sistema e os custos de manutenção, como detalhado na seção 3.3. A Tabela 7
apresenta o fluxo de caixa para o cenário 1 com a nova regra de compensação e
aplicação da alternativa 3 após o período de transição.

Tabela 6 – Fluxo de caixa para o cenário 1 com compensação integral


Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
faturado faturado
Eficiência Custos Fluxo de caixa caixa
Ano sem com
do sistema (R$) caixa (R$) descontad acumulado
sistema sistema
o (R$) (R$)
(R$) (R$)
2022 100,00% - - - 15.429,00 -15.429,00 - 15.429,00 - 15.429,00
2023 98,00% 3.847,01 911,70 - 154,29 2.781,02 2.418,28 - 13.010,72
2024 97,45% 4.150,69 979,92 - 163,55 3.007,23 2.273,90 - 10.736,83
2025 96,90% 4.478,42 1.053,27 - 173,36 3.251,79 2.138,11 - 8.598,72
2026 96,35% 4.832,11 1.132,15 - 183,76 3.516,20 2.010,40 - 6.588,33
2027 95,80% 5.213,82 1.216,98 - 194,79 3.802,05 1.890,29 - 4.698,03
2028 95,25% 5.625,78 1.307,92 - 206,47 4.111,38 1.777,46 - 2.920,57
2029 94,70% 6.070,38 1.405,64 - 218,86 4.445,88 1.671,37 - 1.249,20
2030 94,15% 6.550,22 1.510,70 - 232,00 4.807,53 1.571,59 322,39
2031 93,60% 7.068,11 1.623,66 - 245,91 5.198,53 1.477,75 1.800,14
2032 93,05% 7.627,05 1.768,69 - 260,67 5.597,69 1.383,66 3.183,80
2033 92,50% 8.230,32 1.940,55 - 276,31 6.013,46 1.292,55 4.476,35
2034 91,95% 8.881,44 2.128,67 - 292,89 6.459,88 1.207,40 5.683,75
2035 91,40% 9.584,21 2.334,57 - 310,46 6.939,18 1.127,81 6.811,56
2036 90,85% 10.342,74 2.559,91 - 329,09 7.453,73 1.053,43 7.864,99
2037 90,30% 11.161,45 2.806,49 - 348,83 8.006,13 983,91 8.848,90
2038 89,75% 2.045,15 3.076,26 - 369,76 8.599,12 918,94 9.767,84
2039 89,20% 2.998,98 3.371,36 - 391,95 9.235,67 858,23 10.626,07
2040 88,65% 4.028,53 3.694,14 - 415,47 9.918,93 801,50 11.427,57
2041 88,10% 5.139,83 4.047,14 - 440,40 10.652,30 748,49 12.176,06
2042 87,55% 6.339,37 4.433,13 - 466,82 11.439,42 698,95 12.875,01
2043 87,00% 7.634,18 4.855,15 - 494,83 12.284,20 652,67 13.527,68
2044 86,45% 9.031,83 5.316,50 - 524,52 13.190,81 609,42 14.137,10
2045 85,90% 0.540,50 5.820,79 - 555,99 14.163,73 569,02 14.706,12
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
76

Tabela 7 – Fluxo de caixa para o cenário 1 com nova regra de compensação e


alternativa 3
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
Eficiência faturado faturado
Fluxo de caixa caixa
Ano do sem com Custos (R$)
caixa (R$) descontado acumulado
sistema sistema sistema
(R$) (R$)
(R$) (R$)
2022 100,00% - - - 15.429,00 -15.429,00 - 15.429,00 - 15.429,00
2023 98,00% 3.847,01 771,23 - 154,29 2.921,49 2.540,43 - 12.888,57
2024 97,45% 4.150,69 916,20 - 163,55 3.070,94 2.322,07 - 10.566,50
2025 96,90% 4.478,42 1.079,50 - 173,36 3.225,57 2.120,86 - 8.445,64
2026 96,35% 4.832,11 1.261,54 - 183,76 3.386,82 1.936,42 - 6.509,21
2027 95,80% 5.213,82 1.465,77 - 194,79 3.553,27 1.766,60 - 4.742,61
2028 95,25% 5.625,78 1.696,51 - 206,47 3.722,79 1.609,47 - 3.133,14
2029 94,70% 6.070,38 1.832,64 - 218,86 4.018,87 1.510,84 - 1.622,30
2030 94,15% 6.550,22 1.979,78 - 232,00 4.338,45 1.418,25 - 204,05
2031 93,60% 7.068,11 2.792,96 - 245,91 4.029,23 1.145,36 941,31
2032 93,05% 7.627,05 3.040,76 - 260,67 4.325,62 1.069,23 2.010,53
2033 92,50% 8.230,32 3.326,72 - 276,31 4.627,29 994,60 3.005,14
2034 91,95% 8.881,44 3.636,92 - 292,89 4.951,63 925,49 3.930,63
2035 91,40% 9.584,21 3.975,57 - 310,46 5.298,18 861,10 4.791,73
2036 90,85% 10.342,74 4.345,24 - 329,09 5.668,41 801,11 5.592,84
2037 90,30% 11.161,45 4.748,73 - 348,83 6.063,89 745,22 6.338,06
2038 89,75% 12.045,15 5.189,10 - 369,76 6.486,28 693,16 7.031,21
2039 89,20% 12.998,98 5.669,67 - 391,95 6.937,36 644,66 7.675,88
2040 88,65% 14.028,53 6.194,06 - 415,47 7.419,01 599,49 8.275,37
2041 88,10% 15.139,83 6.766,22 - 440,40 7.933,21 557,43 8.832,80
2042 87,55% 16.339,37 7.390,44 - 466,82 8.482,11 518,26 9.351,06
2043 87,00% 17.634,18 8.071,41 - 494,83 9.067,94 481,79 9.832,84
2044 86,45% 19.031,83 8.812,20 - 524,52 9.695,10 447,92 10.280,76
2045 85,90% 20.540,50 9.613,97 - 555,99 10.370,54 416,63 10.697,39
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Comparando as tabelas, percebe-se uma redução no valor faturado para os dois


primeiros anos quando a nova regra de compensação é aplicada. Esse
comportamento se inverte, e no último ano analisado, o valor anual faturado é 65%
maior para a nova regra de compensação. Em relação ao payback os valores obtidos
foram, respectivamente, 7,8 e 8,2 anos. O aumento não é tão significativo, pois o
payback ocorre durante o período de transição.

A Figura 21 mostra o gráfico do fluxo de caixa acumulado para o cenário 1, dessa vez
considerando também a alternativa 5.
77

Figura 21 – Fluxo de caixa acumulado para o cenário 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

No gráfico, destaca-se o comportamento das curvas, que permanecem muito


próximas até 2031, quando termina o período de transição, e posteriormente se
afastam. Ao final, o VPL da alternativa 5 é cerca de R$ 5 mil a menos que o da
compensação integral, ou seja, 36% menor. Nota-se que a adoção de diferentes
alternativas impacta pouco no VPL, com diferença de apenas R$ 1.300 entre a
alternativa 3 e a 5. A TIRM para as três regras de compensação é mostrada na Figura
22.
78

Figura 22 – VPL e TIRM para o cenário 1

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

O gráfico indica que o projeto permanece economicamente viável com a adoção da


nova regra de compensação, apesar de haver redução na TIRM, pois o retorno é maior
que a TMA definida.

4.1.2 Cenário 2 – unidade residencial com autoconsumo remoto

A Figura 23 mostra o consumo da rede previsto e o valor calculado para a energia


injetada durante um ano para o cenário 2. Nesse caso, como trata-se de autoconsumo
remoto, toda a energia gerada pela unidade secundária deverá ser injetada na rede,
e assim compensar o consumo da unidade primária.
79

Figura 23 – Consumo da rede e energia injetada para o cenário 2

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Nesse cenário, o consumo médio da rede é de 357 kWh e a quantidade média mensal
de energia injetada é de 329 kWh. A Tabela 8 apresenta o fluxo de caixa para o cenário
2 com compensação integral, enquanto a Tabela 9 apresenta o fluxo de caixa com a
nova regra de compensação e aplicação da alternativa 3.

Tabela 8 – Fluxo de caixa para o cenário 2 com compensação integral


(continua)
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
faturado faturado
Eficiência Custos Fluxo de caixa caixa
Ano sem com
do sistema (R$) caixa (R$) descontado acumulado
sistema sistema
(R$) (R$)
(R$) (R$)
2022 100,00% - - - 15.429,00 - 15.429,00 - 15.429,00 - 15.429,00
2023 98,00% 4.229,77 1.522,59 - 154,29 2.552,89 2.219,90 - 13.209,10
2024 97,45% 4.564,07 1.638,58 - 163,55 2.761,95 2.088,43 - 11.120,67
2025 96,90% 4.924,87 1.763,45 - 173,36 2.988,06 1.964,70 - 9.155,97
2026 96,35% 5.314,28 1.897,91 - 183,76 3.232,61 1.848,25 - 7.307,72
2027 95,80% 5.734,56 2.042,68 - 194,79 3.497,09 1.738,67 - 5.569,04
2028 95,25% 6.188,18 2.198,28 - 206,47 3.783,42 1.635,68 - 3.933,37
2029 94,70% 6.677,77 2.365,75 - 218,86 4.093,16 1.538,77 - 2.394,60
2030 94,15% 7.206,20 2.546,05 - 232,00 4.428,15 1.447,57 - 947,03
2031 93,60% 7.776,56 2.740,18 - 245,91 4.790,47 1.361,75 414,72
2032 93,05% 8.392,19 2.972,77 - 260,67 5.158,74 1.275,16 1.689,89
2033 92,50% 9.056,67 3.239,09 - 276,31 5.541,26 1.191,06 2.880,94
2034 91,95% 9.773,90 3.529,12 - 292,89 5.951,89 1.112,45 3.993,39
2035 91,40% 10.548,06 3.844,97 - 310,46 6.392,63 1.038,98 5.032,37
80

Tabela 8 – Fluxo de caixa para o cenário 2 com compensação integral


(conclusão)
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
faturado faturado
Eficiência Custos Fluxo de caixa caixa
Ano sem com
do sistema (R$) caixa (R$) descontado acumulado
sistema sistema
(R$) (R$)
(R$) (R$)
2036 90,85% 11.383,70 4.188,92 - 329,09 6.865,69 970,32 6.002,69
2037 90,30% 12.285,69 4.563,46 - 348,83 7.373,40 906,15 6.908,84
2038 89,75% 13.259,32 4.971,29 - 369,76 7.918,27 846,18 7.755,03
2039 89,20% 14.310,29 5.415,35 - 391,95 8.502,99 790,15 8.545,17
2040 88,65% 15.444,75 5.898,84 - 415,47 9.130,44 737,79 9.282,96
2041 88,10% 16.669,34 6.425,24 - 440,40 9.803,70 688,86 9.971,82
2042 87,55% 17.991,24 6.998,33 - 466,82 10.526,09 643,15 10.614,97
2043 87,00% 19.418,20 7.622,23 - 494,83 11.301,14 600,44 11.215,41
2044 86,45% 20.958,57 8.301,41 - 524,52 12.132,64 560,54 11.775,94
2045 85,90% 22.621,38 9.040,73 - 555,99 13.024,66 523,26 12.299,20
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Tabela 9 – Fluxo de caixa para o cenário 2 com nova regra de compensação e


alternativa 3
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
faturado faturado
Eficiência Fluxo de caixa caixa
Ano sem com Custos (R$)
do sistema caixa (R$) descontado acumulado
sistema sistema
(R$) (R$)
(R$) (R$)
2022 100,00% - - - 15.429,00 - 15.429,00 - 15.429,00 - 15.429,00
2023 98,00% 4.229,77 1.423,72 - 154,29 2.651,76 2.305,88 - 13.123,12
2024 97,45% 4.564,07 1.664,71 - 163,55 2.735,81 2.068,67 - 11.054,45
2025 96,90% 4.924,87 1.935,24 - 173,36 2.816,27 1.851,75 - 9.202,71
2026 96,35% 5.314,28 2.236,90 - 183,76 2.893,62 1.654,44 - 7.548,27
2027 95,80% 5.734,56 2.574,44 - 194,79 2.965,34 1.474,30 - 6.073,97
2028 95,25% 6.188,18 2.953,60 - 206,47 3.028,10 1.309,13 - 4.764,84
2029 94,70% 6.677,77 3.188,83 - 218,86 3.270,08 1.229,34 - 3.535,50
2030 94,15% 7.206,20 3.442,89 - 232,00 3.531,32 1.154,39 - 2.381,10
2031 93,60% 7.776,56 4.723,69 - 245,91 2.806,96 797,91 - 1.583,19
2032 93,05% 8.392,19 5.124,20 - 260,67 3.007,32 743,36 - 839,83
2033 92,50% 9.056,67 5.574,97 - 276,31 3.205,39 688,98 - 150,85
2034 91,95% 9.773,90 6.063,05 - 292,89 3.417,96 638,84 487,99
2035 91,40% 10.548,06 6.593,69 - 310,46 3.643,91 592,24 1.080,22
2036 90,85% 11.383,70 7.170,59 - 329,09 3.884,02 548,92 1.629,15
2037 90,30% 12.285,69 7.797,75 - 348,83 4.139,10 508,67 2.137,82
2038 89,75% 13.259,32 8.479,55 - 369,76 4.410,01 471,27 2.609,10
2039 89,20% 14.310,29 9.220,71 - 391,95 4.697,63 436,53 3.045,63
2040 88,65% 15.444,75 10.026,38 - 415,47 5.002,90 404,26 3.449,89
2041 88,10% 16.669,34 10.902,15 - 440,40 5.326,80 374,29 3.824,18
2042 87,55% 17.991,24 11.854,10 - 466,82 5.670,33 346,46 4.170,63
2043 87,00% 19.418,20 12.888,82 - 494,83 6.034,55 320,62 4.491,25
2044 86,45% 20.958,57 14.011,46 - 524,52 6.422,59 296,73 4.787,98
2045 85,90% 22.621,38 15.225,42 - 555,99 6.839,98 274,79 5.062,77
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
81

Nesse cenário, há aumento no valor faturado quando não há o sistema, em relação


ao cenário 1. Isso se deve à inclusão do custo de disponibilidade para manter a análise
consistente.

Analisando somente o cenário 2, também se constata um valor faturado menor para


a nova regra de compensação para o primeiro ano. O aumento no payback é muito
mais evidente para o autoconsumo remoto, pois a cobrança de ICMS sobre a TUSD,
no caso da regra antiga, e da TUSD Fio B na nova regra de compensação são
impactadas pela redução no fator de simultaneidade. Considerando a regra antiga, o
payback passa a ser de 8,7 anos, enquanto que na nova regra aumenta para 11,2
anos para a alternativa 3 e 12,6 anos para a alternativa 5, que são prazos bem longos
para esse tipo de investimento.

A Figura 24 mostra o gráfico do fluxo de caixa acumulado para o cenário 2,


considerando também a alternativa 5.

Figura 24 – Fluxo de caixa acumulado para o cenário 2

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Nesse caso, o afastamento entre as curvas é mais evidente, e consequentemente, a


atratividade do investimento a longo prazo diminui bastante. Ao final, o VPL da
alternativa 5 reduz em cerca de 75% em relação à regra de compensação integral. A
TIRM para as três regras de compensação é mostrada na Figura 25.
82

Figura 25 – VPL e TIRM para o cenário 2

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Novamente, os valores encontrados para a TIRM considerando o autoconsumo


remoto indicam que o projeto é economicamente viável, porém, com a nova regra de
compensação, será muito menos rentável que a geração local. Considerando a
alternativa 5, o retorno esperado já se aproxima de um investimento em renda fixa, de
risco menor.

4.2 UNIDADE COMERCIAL

4.2.1 Cenário 3 – unidade comercial com geração local

A Figura 26 mostra o consumo da rede previsto e o valor calculado para a energia


injetada durante um ano para o cenário 3, desconsiderando a degradação dos
módulos, para um fator de perdas de 23% e fator de simultaneidade de 60%
83

Figura 26 – Consumo da rede e energia injetada para o cenário 3

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Para a unidade consumidora comercial, a quantidade mensal de energia consumida


apresenta um comportamento mais irregular, que não depende da época do ano. O
consumo médio da rede é de 2.889 kWh e a quantidade média mensal de energia
injetada é de 2.920 kWh.

A Tabela 10 apresenta o fluxo de caixa para o cenário 3 com compensação integral,


e a Tabela 11 apresenta o fluxo de caixa com a nova regra de compensação e
aplicação da alternativa 3 após o período de transição.

Tabela 10 – Fluxo de caixa para o cenário 3 com compensação integral


(continua)
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
Eficiência faturado faturado
Fluxo de caixa caixa
Ano do sem com Custos (R$)
caixa (R$) descontado acumulado
sistema sistema sistema
(R$) (R$)
(R$) (R$)
2022 100,00% - - - 242.745,14 - 242.745,14 - 242.745,14 - 242.745,14
2023 98,00% 74.643,00 5.360,29 - 2.427,45 66.855,25 58.135,00 - 184.610,14
2024 97,45% 80.595,84 6.174,57 - 2.573,10 71.848,18 54.327,54 - 130.282,60
2025 96,90% 87.023,80 7.082,55 - 2.727,48 77.213,76 50.769,30 - 79.513,30
2026 96,35% 93.964,82 8.096,69 - 2.891,13 82.976,99 47.442,36 - 32.070,93
2027 95,80% 101.459,86 9.228,19 - 3.064,60 89.167,07 44.331,79 12.260,86
84

Tabela 10 – Fluxo de caixa para o cenário 3 com compensação integral


(conclusão)
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
Eficiência faturado faturado
Fluxo de caixa caixa
Ano do sem com Custos (R$)
caixa (R$) descontado acumulado
sistema sistema sistema
(R$) (R$)
(R$) (R$)
2028 95,25% 109.553,17 10.489,34 - 3.248,48 95.815,35 41.423,62 53.684,48
2029 94,70% 118.292,54 11.887,48 - 3.443,39 102.961,68 38.707,11 92.391,59
2030 94,15% 127.729,57 13.440,61 - 3.649,99 110.638,97 36.168,08 128.559,67
2031 93,60% 137.919,98 15.166,70 - 3.868,99 118.884,30 33.794,34 162.354,00
2032 93,05% 148.923,95 17.083,50 - 4.101,13 127.739,32 31.575,21 193.929,21
2033 92,50% 160.806,45 19.210,51 - 4.347,20 137.248,75 29.500,69 223.429,90
2034 91,95% 173.637,67 21.569,13 - 4.608,03 147.460,51 27.561,42 250.991,32
2035 91,40% 187.493,39 24.182,86 - 4.884,51 158.426,02 25.748,66 276.739,98
2036 90,85% 202.455,45 27.077,44 - 5.177,58 170.200,43 24.054,20 300.794,18
2037 90,30% 218.612,23 30.281,14 - 5.488,23 182.842,86 22.470,38 323.264,56
2038 89,75% 236.059,17 33.824,92 - 5.817,53 196.416,72 20.990,03 344.254,58
2039 89,20% 254.899,34 37.742,75 - 6.166,58 210.990,01 19.606,43 363.861,02
2040 88,65% 275.244,06 42.071,85 - 6.536,58 226.635,63 18.313,32 382.174,34
2041 88,10% 297.213,52 46.852,99 - 6.928,77 243.431,76 17.104,81 399.279,15
2042 87,55% 320.937,53 52.130,86 - 7.344,50 261.462,17 15.975,41 415.254,56
2043 87,00% 346.556,28 57.943,53 - 7.785,17 280.827,58 14.920,56 430.175,12
2044 86,45% 374.221,15 64.342,70 - 8.252,28 301.626,17 13.935,31 444.110,43
2045 85,90% 404.095,63 71.396,10 - 8.747,41 323.952,12 13.014,59 457.125,02
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Tabela 11 – Fluxo de caixa para o cenário 3 com nova regra de compensação e


alternativa 3
(continua)
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
Eficiência faturado faturado
Fluxo de caixa caixa
Ano do sem com Custos (R$)
caixa (R$) descontado acumulado
sistema sistema sistema
(R$) (R$)
(R$) (R$)
2022 100,00% - - - 242.745,14 - 242.745,14 - 242.745,14 - 242.745,14
2023 98,00% 74.643,00 5.896,97 - 2.427,45 66.318,58 57.668,33 - 185.076,81
2024 97,45% 80.595,84 7.811,73 - 2.573,10 70.211,02 53.089,62 - 131.987,20
2025 96,90% 87.023,80 10.012,29 - 2.727,48 74.284,02 48.842,95 - 83.144,25
2026 96,35% 93.964,82 12.515,27 - 2.891,13 78.558,41 44.916,03 - 38.228,22
2027 95,80% 101.459,86 15.308,98 - 3.064,60 83.086,27 41.308,56 3.080,34
2028 95,25% 109.553,17 18.470,03 - 3.248,48 87.834,66 37.973,35 41.053,69
2029 94,70% 118.292,54 20.552,43 - 3.443,39 94.296,73 35.449,63 76.503,32
2030 94,15% 127.729,57 22.863,48 - 3.649,99 101.216,10 33.087,72 109.591,05
2031 93,60% 137.919,98 33.522,87 - 3.868,99 100.528,12 28.576,37 138.167,41
2032 93,05% 148.923,95 36.908,17 - 4.101,13 107.914,65 26.674,85 164.842,27
2033 92,50% 160.806,45 40.621,15 - 4.347,20 115.838,11 24.898,62 189.740,88
2034 91,95% 173.637,67 44.692,63 - 4.608,03 124.337,02 23.239,48 212.980,36
2035 91,40% 187.493,39 49.156,23 - 4.884,51 133.452,65 21.689,79 234.670,15
2036 90,85% 202.455,45 54.048,69 - 5.177,58 143.229,18 20.242,39 254.912,53
85

Tabela 11 – Fluxo de caixa para o cenário 3 com nova regra de compensação e


alternativa 3
(conclusão)
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
Eficiência faturado faturado
Custos Fluxo de caixa caixa
Ano do sem com
(R$) caixa (R$) desconta acumulado
sistema sistema sistema
do(R$) (R$)
(R$) (R$)
2037 90,30% 218.612,23 59.410,08 - 5.488,23 153.713,91 18.890,59 273.803,13
2038 89,75% 236.059,17 65.284,18 - 5.817,53 164.957,46 17.628,14 291.431,27
2039 89,20% 254.899,34 71.718,75 - 6.166,58 177.014,01 16.449,18 307.880,45
2040 88,65% 275.244,06 78.765,93 - 6.536,58 189.941,55 15.348,25 323.228,70
2041 88,10% 297.213,52 86.482,60 - 6.928,77 203.802,15 14.320,22 337.548,92
2042 87,55% 320.937,53 94.930,83 - 7.344,50 218.662,20 13.360,32 350.909,24
2043 87,00% 346.556,28 104.247,58 - 7.785,17 234.523,54 12.460,39 363.369,64
2044 86,45% 374.221,15 114.518,70 - 8.252,28 251.450,17 11.617,15 374.986,78
2045 85,90% 404.095,63 125.767,22 - 8.747,41 269.581,00 10.830,26 385.817,05
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Nesse cenário, destaca-se a grande redução do valor faturado após a instalação do


sistema, que em certos anos supera 90%. Isso se deve, principalmente, a dois fatores:
o menor impacto do custo de disponibilidade em relação ao valor total da fatura, e o
maior fator de simultaneidade da unidade comercial.

O impacto dessa redução pode ser verificado no payback. Os valores obtidos foram,
respectivamente, 4,7 e 4,9 anos. Assim como no cenário 1, o efeito da mudança da
regra de compensação é pouco significativo.

A Figura 27 mostra o gráfico do fluxo de caixa acumulado para o cenário 3,


considerando também a alternativa 5.
86

Figura 27 – Fluxo de caixa acumulado para o cenário 3

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

O comportamento do fluxo de caixa nesse cenário é similar ao cenário 1, que também


utiliza geração local. Porém, o impacto da adoção de uma nova regra de compensação
no VPL é menor. A diferença no VPL entre a compensação integral e a alternativa 5 é
de aproximadamente 90 mil reais, que nesse caso equivale a uma perda de 19%.
Entre as alternativas 3 e 5, a redução é de R$ 16 mil. A TIRM para as três regras de
compensação é mostrada na Figura 28.
87

Figura 28 – VPL e TIRM para o cenário 3

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

O cenário 3 é o menos impactado pela mudança na regra de compensação, e é o


cenário com a maior viabilidade entre os analisados. Isso indica que, para a
microgeração, projetos de maior porte e com maior fator de simultaneidade são mais
vantajosos economicamente.

4.2.2 Cenário 4 – unidade comercial com autoconsumo remoto

A Figura 29 mostra o consumo da rede previsto e o valor calculado para a energia


injetada durante um ano para o cenário 4. Assim como no cenário 2, toda a energia
gerada pela unidade secundária deverá ser injetada na rede. O consumo médio da
rede é de 7222 kWh e a quantidade média mensal de energia injetada é de 7253 kWh.
88

Figura 29 – Consumo da rede e energia injetada para o cenário 4

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

A Tabela 12 apresenta o fluxo de caixa para o cenário 4 com compensação integral,


enquanto a Tabela 13 apresenta o fluxo de caixa com a nova regra de compensação
e aplicação da alternativa 3.

Tabela 12 – Fluxo de caixa para o cenário 4 com compensação integral


(continua)
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
Eficiência faturado faturado
Fluxo de caixa caixa
Ano do sem com Custos (R$)
caixa (R$) descontado acumulado
sistema sistema sistema
(R$) (R$)
(R$) (R$)
2022 100,00% - - - 242.745,14 - 242.745,14 - 242.745,14 - 242.745,14
2023 98,00% 75.408,51 12.124,30 - 2.427,45 60.856,76 52.918,92 - 189.826,22
2024 97,45% 81.422,60 13.479,70 - 2.573,10 65.369,80 49.428,96 - 140.397,26
2025 96,90% 87.916,70 14.972,09 - 2.727,48 70.217,12 46.168,90 - 94.228,36
2026 96,35% 94.929,15 16.617,40 - 2.891,13 75.420,62 43.121,98 - 51.106,38
2027 95,80% 102.501,33 18.430,55 - 3.064,60 81.006,19 40.274,39 - 10.831,99
2028 95,25% 110.677,97 20.427,89 - 3.248,48 87.001,60 37.613,19 26.781,21
2029 94,70% 119.507,32 22.621,11 - 3.443,39 93.442,83 35.128,62 61.909,82
2030 94,15% 129.041,54 25.032,94 - 3.649,99 100.358,61 32.807,41 94.717,23
2031 93,60% 139.336,90 27.686,41 - 3.868,99 107.781,51 30.638,23 125.355,46
2032 93,05% 150.454,22 30.604,78 - 4.101,13 115.748,31 28.611,21 153.966,68
2033 92,50% 162.459,15 33.813,49 - 4.347,20 124.298,45 26.717,11 180.683,79
2034 91,95% 175.422,58 37.340,36 - 4.608,03 133.474,19 24.947,28 205.631,07
2035 91,40% 189.421,09 41.215,78 - 4.884,51 143.320,80 23.293,64 228.924,70
89

Tabela 12 – Fluxo de caixa para o cenário 4 com compensação integral


(conclusão)
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
Eficiência faturado faturado
Custos Fluxo de caixa caixa
Ano do sem com
(R$) caixa (R$) desconta acumulado
sistema sistema sistema
do (R$) (R$)
(R$) (R$)
2036 90,85% 204.537,37 45.473,00 - 5.177,58 153.886,79 21.748,61 250.673,32
2037 90,30% 220.860,70 50.148,34 - 5.488,23 165.224,12 20.305,13 270.978,45
2038 89,75% 238.487,52 55.281,50 - 5.817,53 177.388,49 18.956,58 289.935,03
2039 89,20% 257.521,96 60.915,86 - 6.166,58 190.439,52 17.696,76 307.631,79
2040 88,65% 278.076,49 67.098,81 - 6.536,58 204.441,10 16.519,89 324.151,68
2041 88,10% 300.272,54 73.882,11 - 6.928,77 219.461,66 15.420,54 339.572,22
2042 87,55% 324.241,27 81.322,30 - 7.344,50 235.574,47 14.393,67 353.965,89
2043 87,00% 350.124,32 89.470,29 - 7.785,17 252.868,87 13.435,09 367.400,98
2044 86,45% 378.074,64 98.391,60 - 8.252,28 271.430,76 12.540,26 379.941,24
2045 85,90% 408.257,40 108.168,91 - 8.747,41 291.341,07 11.704,46 391.645,70
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Tabela 13 – Fluxo de caixa para o cenário 4 com nova regra de compensação e


alternativa 3
Valor Valor
Fluxo de Fluxo de
Eficiência faturado faturado
Fluxo de caixa caixa
Ano do sem com Custos (R$)
caixa (R$) descontado acumulado
sistema sistema sistema
(R$) (R$)
(R$) (R$)
2022 100,00% - - - 242.745,14 - 242.745,14 - 242.745,14 - 242.745,14
2023 98,00% 75.408,51 14.103,91 - 2.427,45 58.877,15 51.197,52 - 191.547,62
2024 97,45% 81.422,60 18.233,61 - 2.573,10 60.615,90 45.834,33 - 145.713,30
2025 96,90% 87.916,70 22.950,97 - 2.727,48 62.238,25 40.922,66 - 104.790,64
2026 96,35% 94.929,15 28.306,72 - 2.891,13 63.731,29 36.438,57 - 68.352,06
2027 95,80% 102.501,33 34.326,86 - 3.064,60 65.109,88 32.371,12 - 35.980,95
2028 95,25% 110.677,97 41.129,49 - 3.248,48 66.300,00 28.663,32 - 7.317,63
2029 94,70% 119.507,32 45.024,64 - 3.443,39 71.039,30 26.706,30 19.388,68
2030 94,15% 129.041,54 49.293,47 - 3.649,99 76.098,08 24.876,60 44.265,27
2031 93,60% 139.336,90 74.285,31 - 3.868,99 61.182,61 17.391,92 61.657,19
2032 93,05% 150.454,22 80.931,59 - 4.101,13 65.421,50 16.171,19 77.828,38
2033 92,50% 162.459,15 88.166,45 - 4.347,20 69.945,50 15.034,31 92.862,69
2034 91,95% 175.422,58 96.041,55 - 4.608,03 74.773,00 13.975,61 106.838,30
2035 91,40% 189.421,09 104.613,07 - 4.884,51 79.923,51 12.989,80 119.828,11
2036 90,85% 204.537,37 113.942,07 - 5.177,58 85.417,71 12.071,97 131.900,08
2037 90,30% 220.860,70 124.094,94 - 5.488,23 91.277,53 11.217,50 143.117,58
2038 89,75% 238.487,52 135.143,83 - 5.817,53 97.526,16 10.422,11 153.539,69
2039 89,20% 257.521,96 147.167,17 - 6.166,58 104.188,21 9.681,78 163.221,47
2040 88,65% 278.076,49 160.250,22 - 6.536,58 111.289,69 8.992,78 172.214,25
2041 88,10% 300.272,54 174.485,64 - 6.928,77 118.858,13 8.351,60 180.565,86
2042 87,55% 324.241,27 189.974,11 - 7.344,50 126.922,66 7.755,01 188.320,87
2043 87,00% 350.124,32 206.894,32 - 7.785,17 135.444,84 7.196,28 195.517,14
2044 86,45% 378.074,64 225.377,18 - 8.252,28 144.445,18 6.673,45 202.190,59
2045 85,90% 408.257,40 245.494,38 - 8.747,41 154.015,61 6.187,49 208.378,08
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
90

A Figura 30 mostra o gráfico do fluxo de caixa acumulado para o cenário 4,


considerando também a alternativa 5.

Figura 30 – Fluxo de caixa acumulado para o cenário 4

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Conforme os dados da tabelas e o gráfico acima, esse cenário, assim como o cenário
2, é bastante impactado com a adoção da nova regra de compensação,
principalmente a longo prazo. O payback aumenta para 5,3 anos considerando a
compensação integral e 6,3 anos para a nova regra de compensação. Já o VPL tem
uma redução de R$ 391 mil na antiga regra de compensação para R$ 166 mil na
alternativa 5, ou seja, diminui em cerca de 57%. A TIRM para as três regras de
compensação é mostrada na Figura 31.
91

Figura 31 – VPL e TIRM para o cenário 4

Fonte: Elaborado pelo autor (2022)

Apesar de em todas as alternativas o projeto continuar viável economicamente,


novamente a rentabilidade para o autoconsumo remoto diminui bastante com a
adoção de qualquer umas das novas alternativas analisadas.

4.3 RESUMO DOS RESULTADOS

A Tabela 14 apresenta os principais resultados obtidos. O payback é representado


por PB.

Tabela 14 – Resumo dos resultados obtidos


Compensação integral Nova regra – Alternativa 3 Nova regra – Alternativa 5
Cenário PB TIRM PB TIRM PB TIRM
VPL (R$) VPL (R$) VPL (R$)
(anos) (%) (anos) (%) (anos) (%)
Cenário 1 7,8 18,40 14.706,12 8,2 17,66 10.697,39 8,2 17,40 9.374,96
Cenário 2 8,7 17,97 12.299,20 11,2 16,43 5.062,77 12,6 15,89 3.004,83
Cenário 3 4,7 20,42 457.125,02 4,9 19,86 385.817,05 4,9 19,72 369.392,18
Cenário 4 5,3 19,90 391.645,70 6,3 18,14 208.378,08 6,3 17,64 166.440,25
Fonte: Elaborado pelo autor (2022)
92

5 CONCLUSÃO

Neste trabalho, foram analisados os modelos para o SCEE e as implicações deles do


ponto de vista de consumidores do grupo B. Para tanto, foi necessário apresentar a
estrutura do sistema elétrico brasileiro, as parcelas que compõem a tarifa monômia –
TUSD e TE – e as características de cada uma. Também foram mostradas as regras
vigentes até então, o cenário atual da microgeração e minigeração no Brasil, e
possíveis impactos positivos e negativos da sua expansão após a publicação da REN
482/2012, bem como desafios futuros da maior participação de fontes intermitentes
na matriz elétrica nacional.

Para contextualizar o trabalho, foi detalhado como se deu o processo de revisão das
regras de compensação, primeiro pelos estudos e propostas da ANEEL, e
posteriormente, pela publicação da Lei 14.300 em 2022, cujos principais pontos foram
explicados. Então, foi proposto o modelo para análise econômica de cada projeto de
geração em diferentes cenários, com base nas premissas e considerações feitas.

A principal conclusão é que, apesar de haver perdas, o investimento em projetos de


microgeração continua economicamente viável com a aplicação da nova legislação,
especialmente em cenários com geração local. Neles, o payback aumentou em
poucos meses para ambas as unidades consumidoras. No caso do autoconsumo
remoto, o impacto foi bem mais evidente, visto que o payback aumentou em quase
quatro anos no pior caso.

Para o VPL, a diferença foi ainda mais significativa, principalmente em cenários com
autoconsumo remoto, em que a perda para a unidade residencial e comercial
respectivamente, foi de 75% e 57% comparando a regra de compensação integral e
a alternativa 5.

Para o cenário 3, a perda no VPL no pior caso foi a menor entre os cenários
analisados, devido ao maior fator de simultaneidade. O valor obtido foi de
aproximadamente 19%. Por outro lado, a nova regra de compensação seria
extremamente prejudicial no cenário 4, devido a grande quantidade de energia que
93

deverá trafegar pela rede. Analisando apenas a regra de transição, a diferença entre
as alternativas 3 e 5 é também é maior nos cenários com autoconsumo remoto.

Os valores encontrados para a TIRM reafirmam que o investimento em microgeração


fotovoltaica permanece viável, porém, indicam que se deve optar pela geração junto
à carga sempre que possível. Os resultados também mostram que projetos de
microgeração de maior porte são os mais lucrativos.

Uma observação importante é que a cobrança de ICMS sobre a TUSD e o valor do


Fio B impactam no resultado. Se análise fosse aplicada em uma área de concessão
onde não há a cobrança do ICMS sobre a TUSD, todos os cenários teriam um retorno
financeiro melhor, porém, o impacto da mudança na regra de compensação tenderia
a ser maior. Já quando a proporção da TUSD Fio B na tarifa aumenta, a atratividade
do investimento considerando as novas regras de compensação cai.

Dessa forma, trabalhos futuros poderiam incluir essas variáveis na análise. Em


relação ao ICMS, existem ações no judiciário questionando a legalidade da cobrança
sobre a TUSD, e a própria alíquota de 25% na fatura de energia. Já a proporção do
Fio B varia bastante, de acordo com as características da área de concessão
(CONJUR, 2021; SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, 2018).

Outra sugestão é estender a análise para unidades de minigeração e consumidores


do grupo A, considerando as mudanças trazidas pela Lei 14.300, como a aplicação
de regras de transição menos favoráveis para projetos com potência instalada maior
que 500 kW, a introdução da garantia de fiel cumprimento e a substituição da demanda
pela TUSDg em certos casos. Também é interessante avaliar como a abertura do
mercado para consumidores acima de 500 kW impacta na viabilidade de projetos de
minigeração distribuída.
94

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