A importância do Monitoramento de Usinas Fotovoltaicas de Microgeração Distribuídas

de Energia Elétrica em consumidores residenciais de baixa tensão

Francisco José Dórea Nascimento1 – chicodorea@academico.ufs.br
1
Aluno de graduação do Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Sergipe

Resumo – Diversos fatores como marco regulatório, 1 INTRODUÇÃO

incentivos fiscais, linhas especiais de crédito verde,
aumento de tarifa de energia, promoveram o A Resolução Normativa ANEEL nº 482/2012 [2],
crescimento da quantidade de instalações fotovoltaicas marco regulatório que estabeleceu requisitos para
conectadas à rede elétrica que alcança, em maio/2023 geração de energia elétrica a partir de fontes
[1], a marca de 1.899.286 unidades geradoras. Isto renováveis, criou as categorias de Microgeração e
representa 98,74% da potência instalada em fontes Minigeração Distribuídas de Energia Elétrica – MMGD,
renováveis brasileiras e 99,96% em termos bem como, o Sistema de Compensação de Energia
quantitativos. O monitoramento do desempenho desse Elétrica – SCEE. Neste contexto, microgeração
sistema é uma importante ferramenta na solução de distribuída é a categoria de geradores com potência
problemas rotineiros associados e pode ser realizado instalada, em corrente alternada, menor ou igual a
pelos consumidores de forma mínima e simplificada. 75 kW que utiliza cogeração qualificada ou fontes
Este artigo mostra quais informações devem ser renováveis de energia elétrica, conectada na rede de
observadas no monitoramento e, sistematicamente, distribuição de energia elétrica por meio de instalações
apresenta exemplos de situações ocorridas em de unidade consumidora. Na Tabela 1, pode-se
algumas instalações localizadas em Sergipe, de observar dados de crescimento da quantidade de
consumidores de baixa tensão que possuem usinas Usinas Fotovoltaicas (UFV) residenciais conectadas nos
fotovoltaicas conectadas à rede elétrica. últimos 14 anos.
Tabela 1 – Quantidade de conexões na Geração Distribuída, Fonte
Palavras-chave: energia solar; UFV; monitoramento;
de geração por Radiação Solar, Classe de consumo
desempenho. residencial.
Qtde de
Ano Acum. Prop.
Abstract – Several factors such as the regulation mark, conexões
tax incentives, green credit lines, increased energy 2023 198.791 1.498.769 100,0000%
tariffs, promoted the special growth in the number of 2022 635.674 1.299.978 86,7364%
2021 365.104 664.304 44,3233%
photovoltaic installations connected to the electrical 2020 166.664 299.200 19,9630%
grid that reach, in May/2023, the mark of 1,899,286 2019 89.582 132.536 8,8430%
generating units. This represents 98.74% of the 2018 25.951 42.954 2,8660%
installed power in Brazilian renewable sources and anteriores,
17.003 17.003 1,1345%
até 2009
99.96% in quantitative terms. Monitoring the
Fonte: ANEEL. Geração Distribuída[1].
performance of this system is an important tool in
solving associated routine problems and can be Assim, há cinco anos não havia 3% da quantidade
performed by consumers in a minimal and simplified atual e este crescimento exponencial projeta um
way. This article shows what information should be cenário caótico no atendimento as demandas
observed in the monitoring and, systematically, intrínsecas, inclusive, sem tempo hábil para
presents examples of situations that occurred in some capacitação de mão de obra que atua nesse mercado.
installations located in Sergipe, of low voltage Por outro lado, e não menos caótico, há um
consumers that have photovoltaic plants connected to consumidor ávido de orientação básica para melhor
the electrical grid. aproveitar o investimento que realizou em UFV, com
Index Terms – solar energy; UFV; monitoring; tempo de vida esperado de 25 anos.
performance. A ferramenta do monitoramento deve ser
contextualizada ao consumidor desde o primeiro
Data de submissão: 08/05/2023 momento em que a geração elétrica com energia solar
for iniciada em sua UFV, compondo um importante
background. Os dados do primeiro ano podem ser
referências para diagnóstico do sistema, possibilitando
avaliar se o projeto atendeu as expectativas, se as
instalações estão otimizadas ou se há problemas a
serem sanados.
Uma UFV residencial conectada à rede de
distribuição, possui, essencialmente um arranjo
fotovoltaico e um inversor para converter a corrente
contínua em alternada. Bem mais que conversor, o
inversor é o instrumento de medição das grandezas
elétricas envolvidas e possui recursos para comunicar
essas medidas, quer seja no visor local, via ethernet
cabeada ou por Wifi e até via RS-485.
A conexão do inversor com a internet favorece
sobremaneira o monitoramento, pois seus fabricantes
disponibilizam mecanismo de armazenamento e
consulta por aplicativo de celular, este último permite
visualizar a registros e totalizações diárias, mensais ou
anuais, de forma gráfica ou, em alguns casos, em
planilhas eletrônicas.
2 MÉTRICA BÁSICA
Através do monitoramento, o consumidor deve
tentar associar dados da usina com elementos que
afetam a geração, principalmente condições climáticas,
tais como: irradiação solar, temperatura, precipitação
e cobertura de nuvens. No mínimo, da UFV devem ser
conhecidos: a potência total instalada em módulos
fotovoltaicos (Pmf), a potência total dos inversores, a
quantidade média de horas de geração solar diária para
a localidade (Hsp) e os critérios de proteção dos
inversores exigidos pela concessionária. A avaliação
diária deve considerar a eficiência da instalação (n)
estimando perdas na faixa de 17 a 20% (n entre 0,83 a
0,80). Desta forma, ainda desprezando os aspectos
climáticos, a geração diária (Gd) da UFV pode ser
estimada usando a Fórmula 1, apresentada a seguir:
𝐺𝑑 = 𝑃𝑚𝑓 × 𝐻𝑠𝑝 × 𝑛. (1)
A variável 𝐻𝑠𝑝 pode ser estimada por um
aplicativo auxiliar, a exemplo do Payback Solar, da
WEG. A Figura 1(a) representa a geração de uma UFV
em Aracaju/SE (Pmf=3,18kW; Hsp=5,43; Gd=13,8kWh)
e a Figura 1(b) em N.S. das Dores/SE (Pmf=2,84kW;
Hsp=5,38; Gd=12,2kWh), ambas em céu claro do dia
20/04/2023. A anomalia da segunda UFV, identificada
pelo monitoramento, provocou uma análise minuciosa
da instalação e foi verificado que o inversor atuava na
proteção de sobretensão na rede, pois não havia sido
configurado para a tensão disponível na sua localidade,
que ultrapassou várias vezes o parâmetro do inversor
(243V). Sendo a tensão de rede da localidade de 230V,
o inversor, conforme Quadro 1, deve ser ajustado para
o valor de 253V.
Figura 1 – Comparação entre uma geração solar diária normal (a)
e outra anômala (b) identificada por atividade de
monitoramento.
Fonte: próprio autor, com dados reais de UFVs.
Quadro 1 – Critérios de proteção .
Fonte: Carta de Parecer Para Geração Distribuída da Energisa,
conforme NDU 013 [3].
3 CONCLUSÕES
O monitoramento é o feedback do consumidor
para lidar com sua própria UFV, em busca de manter
sua performance próximo ao projetado. Negligenciar
este aspecto e não orientar adequadamente o
consumidor resulta em custoso processo de
saneamento, enfraquecendo inevitavelmente a
confiança do usuário.
REFERÊNCIAS
[1] ANEEL. Geração Distribuída. Microsoft Power BI.
Disponível em:
https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiY2VmM
mUwN2QtYWFiOS00ZDE3LWI3NDMtZDk0NGI4M
GU2NTkxIiwidCI6IjQwZDZmOWI4LWVjYTctNDZh
Mi05MmQ0LWVhNGU5YzAxNzBlMSIsImMiOjR9
[2] ANEEL. Resolução Normativa nº 482 de 17 de abril
de 2012. Estabelece as condições gerais para o
acesso de microgeração e minigeração distribuída
aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o
sistema de compensação de energia elétrica, e dá
outras providências. Disponível em:
https://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.p
df.
[3] Energisa. NDU 013: Critérios para conexão de
acessantes de geração distribuída - Conexão em
baixa tensão. Disponível em:
https://www.energisa.com.br/Paginas/informaco
es/taxas-prazos-e-normas/normas-tecnicas.aspx.
Acesso em: 8 maio. 2023.