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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE


PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

LUIZ ANTONIO NEVES DA SILVA JÚNIOR

ATIVIDADE FINAL
Estudo Técnico-Econômico de SFCR com
armazenamento no segmento residencial em Aracaju.

São Cristóvão - Sergipe


Janeiro de 2017
Estudo Técnico-Econômico de SFCR com
armazenamento no segmento residencial em Aracaju.

Atividade desenvolvida em cumprimento às


exigências da disciplina Tópicos de Engenharia,
sob responsabilidade do Prof. Douglas apresentado
ao programa de pós-graduação em engenharia
elétrica da Universidade Federal de Sergipe -
UFS.

São Cristóvão - Sergipe


Janeiro 2017
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................

2. OBJETIVIOS.............................................................................................................

3. METODOLOGIA......................................................................................................

4. RESULTADOS DA SIMULAÇÃO............................................................ ............

5. CONCLUSÃO

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................

1. INTRODUÇÃO
Torna-se cada vez mais importante o estudo da viabilidade de implantação da
energia solar, principalmente nos dias atuais devido à necessidade de utilização de
novas fontes de energia renováveis, uma vez que atualmente temos, em sua maioria,
fontes de energia não renováveis contribuindo expressamente para uma futura
degradação ambiental. Assim, fontes menos sujas tendem a ganhar espaço, mesmo não
sendo viáveis economicamente em um primeiro momento. Nesse sentido, deve-se
atentar para uma avaliação quanto à viabilidade técnica e econômica no momento da
implantação dessas fontes.
O Brasil se encontra em posição de destaque no campo de investimento em
aproveitamento da energia solar visto o país contar com enorme potencial de produção e
energia fotovoltaica. A população brasileira pode contar com o sistema de compensação
desde 17 de abril de 2012, quando entrou em vigor a Resolução Normativa ANEEL nº
482/2012, onde o consumidor brasileiro pode gerar sua própria energia elétrica a partir
de fontes renováveis e inclusive fornecer o excedente para a rede de distribuição de sua
localidade. Trata-se da micro e da minigeração distribuídas de energia elétrica,
inovações que podem aliar economia financeira, consciência socioambiental e
autossustentabilidade.
A área de energia solar fotovoltaica está em constante desenvolvimento. A cada
dia surgem novas tecnologias, regras de mercado e novas maneiras de usar a tecnologia
fotovoltaica. Atualmente é possível encontrar diversas tecnologias de células
fotovoltaicas no mundo. Porém, as mais utilizadas são as tecnologias que utilizam
silício monocristalino, silício policristalino e filmes finos.
A configuração de um sistema fotovoltaica refere-se aos componentes utilizados
para atender um determinado uso de energia elétrica. Basicamente os sistemas
fotovoltaicos são divididos em dois grandes grupos: sistemas fotovoltaicos isolados da
rede elétrica (SFI) e os sistemas fotovoltaicos conectados a rede elétrica (SFCR).
Os sistemas fotovoltaicos conectados a rede (SFCR) estão sujeitos às regras
estabelecidas na resolução 482/12 da ANNEL, que publicou a Resolução Normativa nº
687/2015 revisando a Resolução Normativa nº 482/2012, com o objetivo de aumentar o
público alvo, bem como reduzir os custos e tempo para a conexão da microgeração e
minigeração.
O Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) publicou o Convênio
ICMS 16, de 22/4/2015, que revogou o Convênio ICMS 6/2013 e autorizou as unidades
federadas a conceder isenção nas operações internas relativas à circulação de energia
elétrica, sujeitas a faturamento sob o sistema de compensação de energia. Dessa forma,
nos Estados que aderiram ao Convênio ICMS 16/2015, o ICMS incide somente sobre a
diferença entre a energia consumida e a energia injetada na rede no mês.
Neste novo cenário de incentivos fiscais, sobretudo a inclusão do Item 3.2.4 na
Resolução Normativa ANEEL Nº 687 determinando a operação no modo ilha, traz a
possibilidade de estudos de viabilidade técnica e econômica nos projetos de geração
fotovoltaica com a utilização de armazenadores para as unidades consumidoras com
microgeração ou minigeração. (JOÃO EUDES, 2016).
O estado de Sergipe já pode contar com o incentivo, juntamente com outros 18,
estados mais o Distrito Federal que aderiram ao convênio Confaz 16/2015. Isso
significa dizer que esses estados, estão contemplados com a isenção de ICMS, PIS e
Confins na microgeração, viabilizando as instalações de sistemas fotovoltaicos. Vale
lembrar, que com a adesão do estado de Sergipe ao programa, completa a isenção de
ICMS sobre a micro e minigeração distribuída em todos os estados do Nordeste, sendo a
primeira região do país a conquistar esta participação integral.
A principal característica dos sistemas fotovoltaicos isolados (SFI) é a
necessidade de um sistema de armazenamento de energia para atender a carga no
momento em que o Sol não estiver presente. No caso dos sistemas fotovoltaicos
conectados a rede (SFCR) não é necessário o uso um banco de baterias, pois a rede
elétrica pode atender a demanda no momento em que o Sol não estiver presente, ou a
energia fornecida pelo sistema fotovoltaico não for suficiente para alimentar as cargas.
Atualmente estas plantas têm sido conectadas diretamente à rede, sem a necessidade de
bateria, já que a rede de distribuição de energia da concessionária atua como uma
espécie de fonte infinita de armazenamento.
Segundo TOLEDO et al (2010), com o advento das redes inteligentes (smart
grid) e principalmente devido a intermitência natural do recursão solar, muitos apostam
no uso de sistemas fotovoltaicos, mesmo em áreas urbanas, com baterias para o
armazenamento de energia e seu posterior uso em horários de pico, fornecendo energia
a rede da concessionária no horário de maior custo do sistema (Figura 1).
Figura 1 - Dinâmica entre geração fotovoltaica com o uso de bateria e rede elétrica.

Fonte: SMA Solar Technology AG

Segundo HOFF ET AL (2007), com a possibilidade de administração da energia


produzida, pode-se agregar valor e, sobretudo tornar o sistema ainda mais robusto. Do
ponto de vista do sistema, há problema na retomada da rede com a queda expressiva no
momento da retirada da geração fotovoltaica ao fim do dia, o que implica no
acionamento de fontes com rápido despacho tornando o sistema mais oneroso. Com
relação ao consumidor, caso o balanço energético mensal seja positivo (mais geração
que autoconsumo), o produtor irá ter acesso a créditos que pode usar durante os 60
meses para compensar a energia consumida dessa mesma unidade consumidora ou de
outra unidade consumidora de mesma titularidade da unidade consumidora onde os
créditos foram gerados, desde que possua o mesmo Cadastro de Pessoa Física (CPF) ou
Cadastro de Pessoa Jurídica (CNPJ) junto ao Ministério da Fazenda, podendo até
consumir do gerador fotovoltaico sem exportar energia para a rede elétrica.
O sistema de compensação adotado no modelo do Brasil segue o método de net
metering, no qual à unidade consumidora é dada a possibilidade de compensar seu
consumo de eletricidade de forma parcial ou em sua totalidade. Ao final do mês, da
energia consumida junto à distribuidora é descontada a energia enviada. Caso a geração
seja maior que o consumo, o saldo positivo fica disponível ao consumidor e pode ser
utilizado em meses subsequentes, ou seja, o mecanismo dá igual valor à energia enviada
e a obtida junto à rede. Por fim, é interessante notar que a norma estabelece um valor
mínimo de cobrança na fatura do usuário residencial, referente ao custo de
disponibilidade. O sistema escolhido no Brasil difere do sistema utilizado em países
como Alemanha, Itália e como em toda a Europa. O sistema de feed in tariffs ou tarifa
prêmio é consideravelmente mais eficiente no sentido no incentivo a políticas públicas
de fontes alternativas em comparação com o modelo adotado no país. A grande
diferença entre os sistemas é justamente o valor pago pela energia enviada à rede que
segundo POULLIKKAS (2013), o consumidor é remunerado com base na tarifa
residencial local mais uma margem diferencial, o que difere do modelo brasileiro, onde
o valor pago pela energia gerada é igual à tarifa local.
Com a publicação da Resolução Normativa nº 733/2016 da ANEEL, a
denominada Tarifa Branca, permitirá ao consumidor pagar valores diferenciados em
função da hora e do dia da semana em que consome a energia, permitindo assim, aos
consumidores em baixa tensão (Grupo B) a redução em sua conta de energia elétrica.
Com a Tarifa Branca, o uso do sistema fotovoltaico com bateria pode se tornar ainda
mais atrativo, quando a partir de 1º de janeiro de 2018, todas as distribuidoras do país
deverão atender aos pedidos de adesão à tarifa branca das novas ligações e dos
consumidores com média mensal superior a 500 kWh. Em 2019, unidades com
consumo médio superior a 250 kWh/mês e, em 2020, para os consumidores de baixa
tensão, qualquer que seja o consumo.
Torna-se interessante do ponto de vista dos custos, tempo de vida, eficiência,
densidade energética e questões ambientais o estudo de diferentes tecnologias de
armazenamento a fim de incentivar à geração distribuída fotovoltaica (NOURAI, 2002).
Com foco em novos cenários das regulamentações no país, assim como os
incentivos por parte do governo para o uso de fontes de energias renováveis e pelos
crescentes problemas ambientais causados pelas formas tradicionais da geração de
energia, o presente trabalho visa analisar por meio de cálculos, as possibilidades
técnicas e econômicas para implantação de um sistema de energia solar fotovoltaica
com armazenadores em local onde já possui a rede elétrica da concessionária aplicada
ao seguimento residencial em Aracaju.
2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL


O presente trabalho visa analisar por meio de cálculos, as possibilidades técnicas
e econômicas para implantação de um sistema de energia solar fotovoltaica com
armazenadores em local onde já possui a rede elétrica da concessionária aplicada ao
seguimento residencial em Aracaju.

2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO

Para o objetivo geral deste trabalho possa ser alcançando, será apresentada uma série de
atividades necessárias ao seu desenvolvimento, como:

 Estudar as Normas Regulamentadoras e Normas Técnicas e o modelo tarifário


da localidade em estudo;
 Estudar os componentes básicos e o funcionamento de um sistema fotovoltaico
(Gerador Fotovoltaico, Bateria, Inversor de Frequência);
 Dimensionar um sistema solar para um consumidor residencial com o uso de
armazenadores de energia;
 Apresentar a viabilidade desta aplicação comparando o sistema estudado com a
energia da concessionária local em um período de 25 anos.

3. METODOLOGIA

A metodologia adotada para a elaboração do presente trabalho consiste de


pesquisas bibliográficas e de pesquisa documental sobre sistemas fotovoltaicos com
utilização de baterias para armazenamento de energia e inversor.
Para a simulação e a realização dos cálculos e dimensionamento do sistema, bem
como análise técnica e financeira para o caso estudado são usadas algumas ferramentas
computacionais, sendo as duas principais o software de simulação System Advisor
Model (SAM) elaborado pelo National Renewable Energy Laboratory (NREL) e para
compor a análise uma modelagem em Excel para realização dos cálculos de
dimensionamento do sistema e da análise técnica e financeira da inserção propriamente
dita, sendo assim complementar a primeira e de elaboração própria.
O SAM é um modelo de análise de desempenho com abordagem financeira para
diferentes fontes de energia, além disso o programa fornece um quadro coerente para
analisar e comparar os custos do sistema de potência, desempenho e economia em toda
a gama de tecnologias de energia solar e mercados.
Outra ferramenta usada para determinar o efeito de inclinação da face onde os
módulos serão orientados, contando com as diferentes radiações, direta e difusa. Os
dados de radiação solar incidente são convertidos facilmente de um plano horizontal
para um plano inclinado utilizando-se o software livre RADIASOL 2 desenvolvido pelo
LABSOL da UFRGS.
Conforme já apresentado em maiores detalhes, com o presente trabalho objetiva-
se demonstrar a análise técnica e econômica da aplicação da energia solar no cenário
considerado e mostrar a viabilidade de sua aplicação em sistemas fotovoltaicos
conectados na rede com a utilização de armazenadores.

4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

A história da geração de energia elétrica a partir da radiação solar se deu por


volta do ano de 1883 quando Fritz desenvolveu a primeira célula fotovoltaica com
eficiência inferior a 1%. Em 1839, o físico francês Alexandre Edmond Becquerel
através de seus experimentos observou o surgimento de uma diferença de potencial
entre as extremidades de uma estrutura semicondutora quando esta estava sob a
incidência de luz, esse efeito ficou conhecido como efeito fotovoltaico.
A primeira célula fotovoltaica de uso prático foi criada em 1954 pelo
Laboratório Bell, com eficiência de 11%, com objetivo de investigar seu potencial para
o setor de telecomunicações. A célula fotovoltaica foi usada pela primeira vez em 1958
para aplicação espacial, produzindo apenas 1W. Durante a década de 1960 o programa
espacial continuou exigindo melhorias na tecnologia fotovoltaica. O objetivo era
produzir o máximo de energia possível a partir das células fotovoltaica, sendo o custo
um fator secundário.
A demanda de energia foi tendo um aumento crescente à medida que as fontes
convencionais foram rapidamente se esgotando, em função do aumento da demanda e a
degradação com relação o meio ambiente, houve pressões dos cientistas com a
necessidade de investigar a tecnologia fotovoltaica para uso em larga escala em sistemas
isolados e conectados a rede. Sendo os sistemas conectados a rede a solução técnica e
econômica mais viável.
A crise energética que se instalou no mundo em 1973 quadruplicou o preço do
petróleo. No mesmo período ocorreram preocupações ambientais devido às mudanças
climáticas ocorridas nesse período. A crise do petróleo levou as potências mundiais a
investirem fortemente na tecnologia fotovoltaica, resultando os custos da eletricidade
gerada por essa tecnologia passando de 80 US$/Wp para 12 US$/Wp em menos de uma
década.
Os telhados solares em 1982 nos EUA, na Alemanha em 1990 e no Japão em
1993 foram os primeiros parques de geração fotovoltaica. A criação dos telhados solares
foi motivada devido às ameaças de falta de fontes de energia e de catástrofes climáticas,
onde nesse período as pesquisas revelavam que a redução dos custos relativos às
instalações de células não era resultado somente do desenvolvimento tecnológico, mas
também da conseqüência do aumento da produção e técnicas de fabricação com melhor
qualidade.
O Brasil deu o seu primeiro sinal de existência na geração fotovoltaica em 1952
no Centro de Mecânica Aplicada, do Ministério do Trabalho, Indústria e Comercio. As
universidades do país deram continuidade com as pesquisas através de grupos de
pesquisa especializados em energia solar e pesquisadores independentes. O número
destes grupos havia sido reduzido em 1992 através de um levantamento da CEPEL
(BENEDITO R. SILVA, 2010).
Já a indústria nacional, teve início somente no final da década de 70, quando a
firma da área de telecomunicações, Fone-Mat, começa a produzir módulos a partir de
células importadas da empresa Solarex, sediada nos EUA, que também passou a
produzir componentes periféricos, assim como controladores de carga e outros
dispositivos necessário para a geração fotovoltaica. As empresas estrangeiras como a
Solarex, a Siemens Solar entraram no mercado nacional de equipamentos fotovoltaicos
a partir da Lei da Informatica (Lei Nº 6.938, 1981) que e protegia o mercado interno de
eletrônica. As indústrias de painéis fotovoltaicas foram inseridas na Lei pelo fato dos
dispositivos eletrônicos serem fabricados juntos.
Nas últimas décadas, a energia solar fotovoltaica tem se tornado uma importante
fonte de energia. O gráfico do crescimento da potência instalada de sistemas
fotovoltaicos no mundo até o ano de 2014 é mostrado na Figura 2.

Figura 2: Sistemas fotovoltaicos instalados no mundo.

Fonte: M. G. Nordmann et al, 2014.

Enquanto que em 2009 a potência instalada era de aproximadamente 20GW, no


ano seguinte passou para 40GW e no fim de 2011 já ultrapassava os 70GW. Atingiu a
marca de 100GW em 2012 e em 2014 era 177GW. Os países como China, Japão e
Estados Unidos foram responsáveis por 68% de toda capacidade instalada em 2014.
Os 10 países que mais instalaram sistemas fotovoltaicos em 2014 são mostrados
na Tabela 1 (M. G. NORDMANN et al, 2014).
Tabela 1 - Os 10 países que mais instalaram sistemas fotovoltaicos em 2014
Capacidade Instalada em 2014
País GW

Fonte: M. G. Nordmann et al, 2014.

A Alemanha aparece em quinto lugar em capacidade instalada em 2014, mas ela


ainda possui a maior capacidade instalada acumulada. A Tabela 2 apresenta os dez
países que possuem a maior capacidade instalada acumulada de sistemas fotovoltaicos.
(M. G. NORDMANN et al, 2014).

Tabela 2 - Capacidade Instalada Acumulada de Sistemas Fotovoltaicos


Capacidade Instalada Acumulada
País GW

Fonte: M. G. Nordmann et al, 2014.

Itália com 7,9%, a Grécia com 7,6% e a Alemanha com 7% da demanda


alimentada por energia solar fotovoltaica são os países com maior percentual de
demanda de energia elétrica atendida por sistemas fotovoltaicos. Dezenove países já
atingiram a marca de atender a 1% de sua demanda com sistemas fotovoltaicos,
conforme o gráfico da Figura 3. (M. G. NORDMANN et al, 2014).

Figura 3 - Percentual da demanda atendido por sistema fotovoltaico


Fonte: M. G. Nordmann et al, 2014.

Com relação à evolução do custo médio do sistema instalado, os custos em


dólares americanos na implantação dos sistemas de geração de energia fotovoltaica
podem ser vistos na Figura 4 os resultados para os sistemas. Nos Estados Unidos, por
exemplo, no período de 1998-2010 os custos de módulos, os materiais e acessórios,
como inversor, montagem, medidores, adaptação à rede, cabos e conexões. A redução
observada para módulos não foi acompanhada pelos outros itens. Os preços dos
módulos seguem índice de preço americano. Em 2011, o preço encontrado para sistemas
de até 10 kWp foi US$6,13/Wp (DOE, 2012), onde o preço do sistema no mercado
americano caiu US$ 0,7/Wp, contra US$ 0,2/Wp do índice global de preços de
módulos, demonstrando que itens inerentes a BOS (Balance of System) retomaram um
percurso razoável de queda (BARBOSE et al, 2012).
O custo médio de um sistema instalado nos EUA, no período 1998-2010 pode
ser visualizado no gráfico da Figura 4.
Figura 4 – Evolução do custo médio de um sistema instalado nos EUA, no período 1998-2010.
Fonte: BARBOSE et al., 2011 - Traduzido.

Na Alemanha, em 2010, este valor era €2,7-3,0/Wp (BREYER & GERLACH,


2013). A média de preço de módulos encontrada em 2011 foi de €1,2Wp, 70% a menos
do encontrado em 2001. Em 2013 o preço médio, para sistemas de até 10 kWp na
Alemanha, é de €1,68/Wp, representando queda de 67%, se comparado com 2006
(SOLARWIRTSCHAFT, 2013).
Conforme o relatório do Instituto para o Desenvolvimento de energias
Renováveis Alternativas da America Latina (Novembro, 2014), em relação aos preços
das instalações realizadas em 2013 no Brasil, as instalações mais populares, isto é, de
até 5kWp, indicaram um valor médio de R$ 8,69/Wp.
Em 2012, a ABINEE publicou um estudo em que estimava, com base nos preços
internacionais, taxas de importação, margem líquida e impostos, o custo de
investimento final em sistemas FV de pequeno porte em cerca de R$ 10/Wp. Em EPE
(2012) foi utilizado o valor de R$ 7,66/Wp nos estudos de paridade tarifária.
Considerando que ambos os estudos foram realizados com base no valor cambial de
2012 (€ 1 = R$ 2,30 e US$ 1 = R$ 1,75), o preço médio observado por meio da pesquisa
está abaixo das estimativas de 2012. No entanto, em relação aos valores internacionais,
o preço no Brasil ainda é elevado, principalmente em comparação à Alemanha, como
demonstra o gráfico da Figura 5. Importante dizer que o preço da Alemanha do primeiro
trimestre de 2013 foi calculado com base em BSW (2013), considerando € 1 = R$ 3,00.
Figura 5 - Comparação de preços de sistemas fotovoltaicos de pequeno porte
Fonte: Instituto IDEAL, 2014.

A tendência para os próximos anos é de crescimento com relação à geração


fotovoltaica no Brasil e no mundo. Como pode ser visto no gráfico da Figura 6 que
mostra a previsão do crescimento da capacidade instalada de sistemas fotovoltaicos.

Figura 6 - Previsão de crescimento da capacidade instalada


Fonte: Adaptado M. R. G. M., 2014.

Pode-se observar que mesmo no cenário pessimista a estimativa é que o


crescimento da energia fotovoltaica continue significativo nos próximos anos.
A capacidade instalada de sistemas fotovoltaicos no Brasil ainda é muito
pequena comparada aos países desenvolvidos.
Desde 2012 está em vigor a Resolução Normativa 482/2012 que estabelece as
condições gerais para o acesso de micro e minigeração distribuída aos sistemas de
distribuição de energia elétrica no Brasil. Os procedimentos para o acesso foram
estabelecidos no Módulo 3 do PRODIST (Procedimentos de Distribuição de Energia
Elétrica no Sistema Elétrico Nacional).
Depois da resolução 482 da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica)
foram instalados 6MW de potência em sistemas fotovoltaicos no Brasil totalizando
aproximadamente 590 sistemas conectados a rede até abril de 2015. Em outubro
passado eram 1.675 adesões de consumidores, representando uma potência instalada de
13,3 megawatts (MW).
A Figura 7 mostra o número de sistemas fotovoltaicos conectados à rede por
estado.

Figura 7 - Número de sistemas conectados a rede por estado


Fonte: REN no 482/2015:

Minas Gerais possui 333 sistemas fotovoltaicos conectados a rede


correspondendo a 19,8% do total instalado no Brasil. Em segundo lugar vem o estado
do Rio de Janeiro com 203 sistemas e na sequencia os estados do Rio Grande do Sul,
São Paulo e Ceará, que em 2012 ocupava o segundo lugar em número de conexões
(REN no 482/2012). Apesar de ter perdido três posições, o estado do Ceará apresentou
um crescimento em torno de 48,8% de consumidores conectados.
Em 2012 eram apenas três conexões no território nacional e, hoje, 1.731
consumidores produzem energia em suas instalações. Os dados mostram também que
entre as classes de consumo, a residencial é expressivamente mais utilizada, conforme o
gráfico da Figura 8.
Figura 8 - Número de sistemas conectados a rede por estado.
Fonte: REN no 482/2015:

A geração de energia elétrica perto do local de consumo traz uma série de


vantagens sobre a geração centralizada tradicional, tais como economia dos
investimentos em transmissão, redução das perdas nas redes e melhoria da qualidade do
serviço de energia elétrica. A expansão da geração distribuída beneficia o consumidor-
gerador, a economia do país e os demais consumidores, pois esses benefícios se
estendem a todo o sistema elétrico.
Segundo a Abinee (Associação Brasileira da Industria Elétrica e Eletrônica) os
principais benefícios da energia solar fotovoltaica são a sinergia com a carga, baixos
impactos ambientais, confiabilidade, geração de empregos e suporte a operação da rede
(ABINEE, 2012).
Com a experiência de grande número de instalações fotovoltaicas,
principalmente na Alemanha, as concessionárias começam a ver a energia fotovoltaica
como uma forma de contribuição para a operação da rede.
A Agência Internacional de Energia cita os quatro principais motivos para usar a
tecnologia solar (IEA, 2015). Os motivos são primeiro a questão da segurança
energética, seguido da questão ambiental, seguido do crescimento econômico gerado
pelo investimento em tecnologias solares que gera empregos em diversos setores como
pesquisa, fabricação e serviços por meio de instaladores e distribuidores e por último
são os benefícios da tecnologia solar para seus usuários, tornando-se menos sujeitos aos
aumentos de tarifas de energia elétrica com a geração da própria energia.
Existem algumas barreiras da energia solar fotovoltaica. As principais barreiras
da energia solar fotovoltaica estão associadas a aspectos técnicos, econômicos,
regulatórios e barreiras relacionadas ao desenvolvimento da cadeia (ABINEE, 2012).
Um aspecto econômico importante usado em diversos países para estimular o
mercado de energia fotovoltaica é o pagamento de uma tarifa prêmio para a energia
gerada por sistemas fotovoltaicos e outras fontes renováveis. Nessa modalidade toda
energia gerada pelo sistema fotovoltaica é comprada por um valor especial, suficiente
para tornar o investimento atrativo. A falta de uma tarifa prêmio como essa no Brasil é
uma barreira econômica a energia fotovoltaica.

5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

5.1. ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Em três grandes grupos de uso podemos dividir a energia solar, entre eles, a
arquitetura bioclimática, a energia solar térmica e a energia solar fotovoltaica. Na
arquitetura bioclimática temos o projeto de edificações que consideram a utilização de
recursos disponíveis na natureza, com o objetivo de reduzir os impactos ambientais e
diminuir o consumo de energia. O aproveitamento do calor do Sol pode ser feito a partir
de diversos tipos de tecnologia com a energia solar térmica. As tecnologias de
concentração da energia solar (CSP - Concentrated Solar Power), por exemplo, podem
atingir temperaturas elevadas e é utilizada para a produção de vapor a alta temperatura
que passa por uma turbina a vapor acoplada a um gerador elétrico para a produção de
eletricidade. Já a conversão direta da energia solar em eletricidade é realizada por meio
da tecnologia fotovoltaica.
A Figura 9 mostra as principais formas de aproveitamento da energia solar.
Figura 9 - Usos da energia solar
Fonte: Adaptado Projeto Sol Brasil / Finep (2006)

A palavra “fotovoltaico” vem do grego photos, que significa luz, e de volta,


nome do físico italiano que, em 1800, descobriu a pilha elétrica. A transformação da
energia contida na radiação luminosa em energia elétrica é um fenômeno físico
conhecido como efeito fotovoltaico que ocorre em certos materiais semicondutores com
capacidade de absorver a energia contida nos fótons presente na radiação luminoso
incidente, transformado-a em eletricidade. O efeito fotovoltaico é uma característica
física intrínseca ao material que compõe os dispositivos de conversão fotovoltaica.
O componente responsável pela conversão é a célula fotovoltaica fabricada a
partir de materiais semicondutores. As células de silício monocristalino e silício
policristalino representam aproximadamente 85% do mercado mundial. Outra
tecnologia com menor participação no mercado são as células de filmes finos
(CRESESB, 2014) dividas em Silício amorfo (a-Si), Disseleneto de cobre índio (CIS)
ou disseleneto de cobre, índio e gálio (CIGS); Telureto de cádmio (CdTe).
Existem ouras tecnologias em fase de desenvolvimento, a exemplo da Célula
fotovoltaica multijunção e para concentração (CPV – Concetrated Photovoltaics), as
Células sensibilizadas por corante (DSSC – Dye- Sensitized Solar Cell) e as Células
orgânicas ou poliméricas (OPV – Organic Photovoltaics).
Um sistema fotovoltaico é basicamente constituído por um módulo de geração
de energia formado pelo painel fotovoltaico, um sistema de controle e condicionamento
de potência que pode conter controladores de carga e inversores, um sistema de
armazenamento formado por um banco de baterias e a carga a ser alimentada.
A Figura 10 mostra um esquema com os principais módulos de um sistema
fotovoltaico.

Figura 10 - Sistema Fotovoltaico Básico


Fonte: Adaptado (PINHO et al , 2014)

Os sistemas fotovoltaicos a princípio são divididos em sistemas fotovoltaicos


isolados (SFI) e sistemas fotovoltaicos conectados a rede (SFCR) conforme
representado acima (Fig.10).
O sistema fotovoltaico mostrado na Figura 11 pode ser considerado um sistema
fotovoltaico isolado, pois estão presentes a bateria e o controlador de carga.

Figura 11 - Sistema Fotovoltaico Isolado – SFI.


Fonte: (PINHO et al, 2014)

No caso do sistema fotovoltaico conectado a rede (SFCR) a principal


característica é a ausência do banco de baterias. Nessa configuração os módulos
fotovoltaicos fornecem eletricidade diretamente para a rede elétrica da distribuidora.
A Figura 12 ilustra o funcionamento de um sistema fotovoltaico conectado a
rede (SFCR).

Figura 12 - Sistema fotovoltaico conectado a rede - SFCR


Outra configuração para os sistemas fotovoltaicos são os sistemas fotovoltaico
híbrido que podem existir nas variadas formas, integrando as diversas fontes de energia
existentes como a solar, eólica e os combustíveis fósseis, neste caso um grupo motor
gerador (GMG) e a rede, conforme o tipo de aplicação.
Na Figura 13 é possível observar as diversas possibilidades conforme o objetivo
do projeto.

Figura 13 – Exemplo de Sistema Híbrido.

Fonte: (PINHO et AL, 2014)

O sistema o sistema apresentado na Figura 13 acima, possui uma arquitetura


modular, de forma que pode ser ampliado e adaptado para inúmeras situações
permitindo flexibilidade e grande abrangência.
O gerador fotovoltaico híbrido possui vários modos de operação, dependendo da
situação e dos recursos disponíveis. As possibilidades de funcionamento vão de acordo
com a disponibilidade de fontes de energia. Essas opções são selecionadas
automaticamente pela supervisão que também envia os dados de funcionamento para
acompanhamento e monitoramento de operação do gerador fotovoltaico híbrido.
Conforme PINHO et al (2008), um sistema de monitoramento e supervisão é necessário
na utilização de sistemas híbridos e trazem certa complexidade operacional e de
manutenção do sistema.

5.2. RADIAÇÃO SOLAR

A radiação solar tem origem no processo de fusão no interior do Sol e atinge a


superfície terrestre na forma de radiação eletromagnética. A radiação solar incidente e
as horas de insolação são fatores muito importantes quando se fala em obtenção de
energia fotovoltaica.
A Irradiância solar é uma unidade de densidade de potência, usualmente
expressa em W/m2 ou KW/m2 e Irradiação solar é uma unidade de densidade de
energia, usualmente expressa em kWh/m2/dia ou kWh/m2/ano. Trata-se do valor da
energia solar ao longo de certo período, em base diária, mensal, anual etc. De toda a
radiação solar emitida pelo Sol apenas uma pequena parte é interceptada pela Terra.
A irradiação geralmente pode ser encontrada em tabelas e mapas de irradiação,
sendo muito usada no dimensionamento de sistemas fotovoltaicos. É comum encontrar
valores da energia por área ao longo do dia, ou seja, Wh/m2/dia ou kWh/m2/dia.
Devido aos valores de irradiação ser diferentes para cada dia do ano, os mapas
informam valores médios ao longo do ano. A irradiação global anual, expressa em
kWh/m² é a soma de toda radiação solar que atinge a superfície da Terra durante o ano.
A irradiância solar global é o total de energia proveniente do Sol, sendo a
somatória das irradiações direta e difusa, que atinge uma determinada superfície. A
irradiação inclinada global nada mais é que o fluxo de radiação em uma superfície com
determinada inclinação.
A Figura 14 mostra a distribuição da radiação solar na atmosfera terrestre
Perdido para o espaço por
reflexão e espalhamento

Figura 14 - Radiação solar na atmosfera.


Fonte: Adaptado (PINHO et al, 2008).

Uma parte da radiação solar radiação solar é refletida de volta para o espaço,
sendo refletida pelas nuvens, pela própria atmosfera e pela superfície da Terra. A
reflexão ocorre na interface entre dois meios diferente onde os ângulos de incidência e
reflexão são iguais. A fração da radiação solar incidente que é refletida por uma
superfície recebe o nome de albedo.
A radiação solar que atinge a superfície terrestre é composta por duas
componentes, são elas: a componente direta e a componente difusa. A soma dessas duas
componentes forma a radiação solar global (DUFFIE E BECKMAN, 2013)

5.3. MASSA DE AR

Os efeitos de reflexão, espalhamento e absorção sofridos pela radiação solar


variam em função da espessura da camada atmosférica denominada massa de ar ou AM
(do inlgês Air Mass). Quanto maior a espessura da massa de ar atravessada pela
radiação solar, maior a interferência provocada pela atmosfera.
A Figura 15 mostra um desenho esquemático das diferentes massas de ar.
Figura 15 - Massa de Ar.

A massa de ar pode ser calculada em função do ângulo zenital.

Onde corresponde ao ângulo zenital do Sol.

O menor caminho percorrido pela radiação solar na atmosfera ocorre quando os


raios solares incidem perpendicularmente a superfície terrestre, nesse caso o raio do Sol
forma um ângulo de 90º com a superfície e o ângulo azimutal é zero. Logo, têm-se
AM=1 ou distribuição AM1. A distribuição AM0 representa a radiação solar no espaço
sem sofrer interferência da atmosfera (DUFFIE and BECKMAN, 2013).
A distribuição AM1,5 foi adotada como padrão na industria para análise de
sistemas fotovoltaicos em função de ser a distribuição presente em países do hemisfério
Norte onde foi desenvolvida a industria fotovoltaica.

5.4. MOVIMENTOS DA TERRA


Os movimentos de rotação e translação da Terra em conjunto com a inclinação
de seu eixo de rotação são responsáveis pelas diferenças de intensidade de radiação
solar que incidem em cada região da superfície terrestre.
A incidência de radiação solar sobre a superfície terrestre depende da latitude
local e da posição no tempo (hora do dia e dia do ano). Isso se deve à inclinação do eixo
imaginário em torno do qual a terra gira diariamente e a trajetória elíptica que a Terra
faz ao redor do Sol (ANEEL, 2003)
Figura 16 mostra os movimentos da Terra ao redor do Sol.

Figura 16 – Movimentos da Terra em torno do Sol.


Fonte: (ANEEL, 2003).

5.4.1. Declinação Solar

Em função da inclinação da Terra é formado um ângulo entre o raio solar e o


plano que passa pelo Equador. Conforme a Terra gira em seu próprio eixo, o eixo polar
orbita em torno do sol, mantendo um ângulo constante de 23,45º com o plano elíptico
(LUQUE e HEGEDUS, 2011). Esse ângulo recebe o nome de declinação solar e varia
ao longo do ano de acordo com a posição da Terra em relação ao Sol.
A Figura 17 mostra a variação da declinação ao longo do ano.
Figura 17 - Declinação solar.

5.4.2. Ângulo de Altura Solar

O ângulo da altura solar é o ângulo formado entre os raios do Sol e o plano


horizontal da superfície. Em função da variação da declinação solar ao longo do ano o
Sol percorre uma trajetória no céu diferente a cada dia T. MARKVART and L.
CASTAÑER (2003).
A Figura 18 mostra o movimento aparente do Sol ao longo do ano.

Figura 18 - Movimento aparente do Sol


No hemisfério Sul é possível observar que ângulo da altura solar é menor no
inverno e maior no verão. É possível observar essa variação acompanhando a sombra
provocada pelo Sol no interior das residências.

5.5. DISTRIBUIÇÃO DA IRRADIAÇÃO MÉDIA DIÁRIA

Os sistemas fotovoltaicos geralmente exigem irradiação solar de 3 a 4


kWh/m2/dia para o seu melhor funcionamento.

5.5.1 Irradiação solar média diária no mundo

A figura 19 mostra a distribuição da irradiação solar média no mundo em W/m2.


Para obter o valor da irradiação em Wh/m2/dia basta multiplicar os valores do mapa por
24 horas.

Figura 19 - Irradiância solar média no mundo.


Fonte: SODA, (2015). http://www.soda-is.com/eng/index.html.
Como a massa de ar percorrida pela radiação solar varia em função da latitude.
Quanto menor a latitude menor a distância percorrida pela radiação solar na atmosfera e
consequentemente menor a interferência sofrida, ou seja, maior irradiação solar.

5.5.2 Irradiação solar média diária no Brasil

A Figura 20 mostra a irradiação solar média para o território brasileiro em


kWh/m2/dia.

Figura 19 - Irradiação solar no Brasil.


Fonte: E. B. PEREIRA, (2006).

A irradiação solar média no Brasil varia entre 4,5 e 6 kWh/m2/dia. Apesar de


posição privilegiada do ponto de vista da incidência solar, o Brasil ainda usa muito
pouco esse potencial.
Com incidência de radiação solar muito inferior as obtidas no Brasil, os países
europeus utilizam a energia solar de forma mais intensa (E. B. PEREIRA, 2006).
5.5.3. Horas de sol pleno – HSP

O número de Horas de Sol Pleno (HSP) é outra forma usada para expressar a
energia solar acumulada ao longo do dia. A grandeza indica o número de horas com
irradiância solar constante de 1kW/m2 equivalente a toda energia solar acumulada ao
longo do dia no local (J. PINHO and M. GALDINO, 2014).
No caso de Aracaju com radiação solar em torno de 5,47 kWh/m2/dia, tem-se
5,47 Horas de Sol Pleno, conforme exemplo:

5.5.4. Banco de dados de irradiação solar

Em razão de fenômenos meteorológicos característico de cada região, a


irradiação solar na superfície apresenta elevada variabilidade espacial devido à
nebulosidade.
Para melhor aproveitamento da radiação solar são utilizados modelos
computacionais que utilizam técnicas aproximadas na resolução numérica da equação
de transferência radiativa para estimar o fluxo de energia solar na superfície. Segundo
Perez et al. (1997), as estimativas de irradiação solar horária obtidas com o uso de
modelos numéricos alimentados por dados de satélite apresentam menores desvios dos
valores observados em superfície se a distância entre as estações de aquisição de dados
em superfície for superior a 50 km. Os modelos de transferência radiativa para o setor
energético podem fornecer informações confiáveis sobre a irradiação solar na superfície
utilizando dados coletados por satélites geoestacionários, a exemplo do modelo de
transferência radioativa BRASIL-SR.
O modelo BRASIL-SR é um modelo físico para obtenção de estimativas da
radiação solar incidente na superfície que combina a utilização da aproximação “two-
stream” na solução da equação de transferência radiativa com o uso de parâmetros
determinados de forma estatística a partir de imagens de satélite. Foi inicialmente
desenvolvido na Alemanha (GKSS, Geesthacht) e, posteriormente, adaptado e
aperfeiçoado no Brasil por meio de convênio estabelecido entre o LABSOLAR/UFSC e
o INPE. O modelo BRASIL-SR está sendo empregado no mapeamento do potencial
energético solar da América Latina através do projeto SWERA (Solar and Wind Energy
Resource Assessment). (E. B. PEREIRA et al, 2004).
Os bancos de dados de irradiação solar mais recomendado são os do CRESESB
e o do SWERA.
O banco de dados do CRESESB mostra os três locais mais próximos do ponto
indicado. No caso do SWERA a interface é gráfica e você pode indicar o local que se
deseja obter os dados diretamente no gráfico. Nesse caso é feita a interpolação das
informações do banco de dados e informado a irradiação para o local escolhido.
A Figura 20 mostra a tela principal do banco de dados do SWERA.

Figura 20 - Banco de dados do SWERA

5.6. POSICIONAMENTO DOS MÓDULOS FOTOVOLTAICO

5.6.1. Posicionamento dos módulos fotovoltaicos

O posicionamento do Sol no céu muda constantemente. Neste sentido, a máxima


captura da radiação solar ocorre com o uso de sistemas de acompanhamento da posição
do Sol, de forma a manter o painel fotovoltaico sempre na direção do Sol com
incidência dos raios perpendicular, maximizando a captação de energia solar. Apesar do
aumento de eficiência na captação, em torno de 30%, os painéis com sistema de
rastreamento solar têm custo elevado e necessitam de manutenção nas partes mecânicas
móveis e controles eletrônicos. (T. MARKVART and CASTAÑER, 2003).
As instalações fixas são as mais usadas no mundo devido ao seu baixo custo
comparado com os sistemas de rastreamento solar.
Para maximizar a captação de energia é necessário posicionar os módulos
fotovoltaicos de forma que recebam a maior quantidade de radiação solar. Para isso os
módulos fotovoltaicos devem ser orientados em direção à linha do Equador (T.
MARKVART and CASTAÑER, 2003).
Para posicionar os módulos fotovoltaicos de maneira fixa e ao mesmo tempo
otimizar a captação de energia solar é necessário posicioná-los com a orientação e
inclinação adequadas.

5.6.2. Orientação dos módulos fotovoltaicos

Ao longo do dia o raio do Sol forma diferentes ângulos em relação ao Norte,


esse ângulo é o ângulo azimutal, também conhecido como ângulo de desvio do Norte
geográfico. Quando o Sol está em frente à pessoa, na metade do trajeto, o ângulo
azimutal é zero e essa posição é chamada de meio dia solar (T. MARKVART and
CASTAÑER, 2003).
A otimização da captação de energia solar em um sistema fixo deve ser feita
posicionando o módulo fotovoltaico em direção ao Norte geográfico.

5.6.3. Inclinação dos módulos

O ângulo de inclinação escolhido depende do objetivo da instalação. Como o Sol


muda de posição no céu durante o dia e os sistemas de rastreamento ainda possuem alto
custo deve-se escolher uma inclinação fixa de modo a maximizar a captação da energia
solar. Desta forma, para captação máxima de energia solar ao longo do ano o ângulo de
inclinação deve ser igual a latitude do local da instalação dos módulos fotovoltaicos (T.
MARKVART and CASTAÑER, 2003).
Em SFI deve-se usar a inclinação igual a latitude do local mais 25% para
favorecer a captação de energia no período do inverno que apresenta menor radiação
solar.
5.7. CONVERSÃO DE ENERGIA EM ELETRICIDADE

O componente da instalação fotovoltaica responsável pela conversão da energia


solar em eletricidade é o módulo fotovoltaico, estes podem ser fabricados através de
diferentes tecnologias de fabricação com diferenças nas características elétricas e de
rendimento.
Fatores externos como radiação solar, temperatura e sombreamento, assim como
a carga afetam o comportamento dos módulos fotovoltaicos.
A conversão da energia solar em eletricidade ocorre quando fótons incidem
sobre os materiais semicondutores que formam a célula fotovoltaica. As células
fotovoltaicas mais comuns são fabricadas a partir do silício (GREENPRO, 2004).
A figura 21 ilustra o processo de conversão fotovoltaica com o aproveitamento
da corrente fotogerada.

Figura 21 – Processo de conversão fotovoltaica.


Fonte: ZILLES et al, 2012.
5.8. CARACTERÍSTICAS DA CÉLULA

As células fotovoltaicas fornecem valores de tensão, corrente e potência de


acordo com as curvas de tensão versus corrente e tensão versus potência. Suas
características podem ser identificadas a partir da observação das curvas corrente versus
tensão (I - V).
A Figura 22 ilustra as curvas características de uma célula fotovoltaica típica.

Figura 22 – Curvas características das células fotovoltaicas


Fonte: Elaborada pelo Autor.

A curva de corrente e tensão (curva I-V) é mostrada em azul, enquanto que a de


potência e tensão (curva P-V) é representada pelo verde.

5.8.1 – Fator de Forma

Um conceito importante que é adotado na concepção da tecnologia fotovoltaica


é o FF (fill factor), que define o quão próximo a curva I-V, está da idealidade, ou seja,
do retângulo formado com vértices entre a corrente de curto-circuito do módulo (Isc) e a
tensão de circuito aberto (Voc).
A Figura 23 mostra o fator de forma graficamente.
Figura 23 – Fator de forma.
Fonte: ZILLES et al (2012)

As características construtivas das células fotovoltaicas influenciam no FF que


são sensíveis as resistências série e paralelo da célula. A resistência série representa as
perdas e a resistência em paralelo é um problema relacionado à fabricação da célula, são
responsáveis por tornar a curva I-V menos retangular. A máxima potência do módulo
pode ser obtida através do FF que também é conhecido como fator de preenchimento
(ZILLES et al, 2012).
O fator de forma é um parâmetro usado para comparar a qualidade das células
fotovoltaicas. É definido como a razão entre a potência no ponto de máxima potência
( ) e a potência máxima teórica ( ). O fator de forma pode ser
calculado pela seguinte equação (T. MARKVART and L. CASTAÑER, 2003):
5.8.2. Eficiência ( )

A eficiência da célula fotovoltaica é o parâmetro que permite avaliar a conversão


da energia solar em eletricidade. A eficiência da célula geralmente é informada pelo
fabricante.
Porém, existe uma forma de calcular a eficiência da célula caso essa importante
informação não esteja disponível na folha de dados do fabricante. A eficiência pode ser
calculada pela seguinte equação J. PINHO and M. GALDINO:

Onde A é área da célula fotovoltaica em m2, G é a irradiação solar incidente em


W/m2, PMP é a potência no ponto de máxima potência ou a potência nominal da célula
dada em Wp.

5.9. PRINCIPAIS TECNOLOGIAS

As principais tecnologias de células fotovoltaicas encontradas no mercado


atualmente são as células de silício policristalino, monocristalino e filme fino (IEA,
2014). Cada uma possui vantagens e desvantagens.

As células de silício monocristalino são as mais eficientes atualmente no


mercado, com rendimento entre 15% e 17% (GREENPRO, 2004).
A eficiência das células de filme fino varia de 5% a 7%, sendo que no primeiro
ano passa por um processo de degradação provocada pela incidência de luz fazendo
com que a eficiência se reduza até um valor estável (B. PARIDA, 2011). Em função de
sua menor eficiência em relação as células cristalinas, as células de filme fino
necessitam de uma área maior para produzir a mesma quantidade de energia.
A eficiência das células de silício policristalino varia de 13% a 15%, sendo a
tecnologia fotovoltaica mais usada no mundo em função da boa eficiência e menor
custo em relação às células monocristalinas (GREENPRO, 2004).
5.10. COMPONENTES DO SISTEMA

Cada configuração de sistema fotovoltaico exige componentes específicos. Estes


podem apresenta características distintas em função da configuração, a exemplo do que
como ocorre com os inversores autônomos para sistemas isolados e inversores
interativos para sistemas conectados a rede, o mesmo ocorre com os módulos
fotovoltaicos por apresentarem características distintas.

5.10.1. Módulo Fotovoltaico

Os módulos fotovoltaicos também podem apresentar características distintas


para cada configuração. Em função da configuração do sistema fotovoltaico deve-se
escolher o módulo mais adequado.
A princípio, os módulos fotovoltaicos de 36 células devem ser usados em
sistemas isolados e módulos com 60 células ou mais em sistemas conectados a rede.
Lembrando que módulos de 60 células podem ser usados em sistemas isolados desde
que o controlador de carga seja equipado com a tecnologia SPPM (Seguidor do Ponto
de Potência Máxima).

5.10.2. Baterias

As baterias tem o papel de armazenar a energia gerada para ser usada quando o
Sol não estiver presente. Têm a função de proporcionar o fornecimento constante de
energia para a carga, estabilizar a tensão do sistema uma vez que a tensão do módulo
fotovoltaico é variável, armazenar a energia excedente para consumo posterior e fazer o
acoplamento entre o módulo fotovoltaico e o resto do sistema. Além de impor ao
módulo uma tensão constante (J. PINHO and M. GALDINO, 2014).
As baterias ideais para sistemas fotovoltaicos são projetadas para ciclos diários
rasos com reduzida taxa de descarga. Porém, devem suportar descargas profundas
esporádicas em períodos com escassez de recursos. A bateria de chumbo-ácido,
atualmente é a tecnologia mais aplicada em sistemas de geração distribuída da energia.
A figura 24 mostra o número de ciclos de uma bateria em função da
profundidade de descarga.

Figura 24 – Número de ciclos em função da profundidade de descarga.


Fonte: B. MOURA, 2014.

O gráfico da Figura 24 mostra que o número de ciclos é significativamente


reduzido com o aumento da profundidade de descarga da bateria.

5.10.3. Banco de Baterias

Para aumentar a quantidade de energia armazenada ou aumentar a tensão do


sistema, são utilizados os bancos de baterias.
As baterias podem ser ligadas em série, em paralelo e em série e paralelo
simultaneamente. Ao ligar as baterias em série a tensão de cada bateria é somada e a
corrente do conjunto permanece a mesma de uma única bateria. Ligando baterias em
paralelo a corrente das baterias é somada e a tensão se mantém a mesma. Para aumentar
a tensão e a corrente do banco de bateria devem-se ligar as baterias simultaneamente em
série e paralelo.
A Figura 25 mostra a ligação das baterias em série e paralelo formando um
Banco de Baterias.

Figura 25 – Banco de bateria: ligação série e paralelo.

Nesse caso a tensão do banco é de 24V e a capacidade é de 400Ah. Nas ligações


em paralelo deve ser ligado o terminal positivo de uma bateria ao terminal positivo da
outra bateria. Já a ligação em série deve ser ligado o terminal positivo da bateria com o
terminal negativo da outra bateria. O número de baterias ligadas em série vai depender
da tensão exigida pela carga que será alimentada.

5.10.4. Controlador de Carga

A função do controlador de carga é garantir o fluxo de energia entre o painel


fotovoltaico e o banco de baterias, evitando a sobrecarga, a descarga excessiva e
controlando o carregamento das baterias. É utilizado para fazer a conexão entre a
geração de energia nos módulos fotovoltaicos e a bateria do sistema.
A escolha do controlador de carga depende do tipo de bateria e também do
regime de operação do sistema, deve ser específico para um determinado tipo de bateria
ou ter a possibilidade de ajuste ao tipo de bateria da instalação. Têm a função de
desconectar os módulos fotovoltaicos quando a bateria atingir a carga máxima e
desconectar o fornecimento de energia da bateria quando atingido o nível máximo de
descarga.
Os controladores podem ser do tipo convencional, eletrônico com PWM e
eletrônico com SPPM. Os eletrônicos com SPPM (Seguidor do ponto de potência
máxima) são os mais sofisticados. Além das funções PWM, pode fazer o módulo
fotovoltaico operar no ponto de máxima potência.
O recurso SPPM do controlador permite que os módulos fotovoltaicos atuem em
seu ponto de máxima podendo elevar em até 30% a energia fornecida pelos módulos
fotovoltaicos quando operando em sistemas fotovoltaicos autônomos.

5.10.5. Inversor

Transformar a corrente contínua fornecida pelos módulos fotovoltaicos ou


bancos de baterias em corrente alternada consumida pela maioria das cargas é a função
do inversor.
Os inversores podem ser do tipo onda quadrada, são os mais simples e baratos
que existem. Os do tipo onda quadrada modificada ou retangular, onde são mais
avançados que os de onda quadrada e o inversor de onda senoidal pura.
Os inversores de onda senoidal pura são normalmente os mais caros, mas
também os mais adequados para atender a maior parte das cargas. Apresentam baixas
distorções harmônicas. São projetados utilizando a técnica PWM e filtros eletrônicos.
Isso faz com que sejam capazes de fornecer ondas senoidais quase perfeitas.
Os inversores utilizados nos sistema fotovoltaico isolados são inversores
autônomos e tem função de fonte de tensão. Já os inversores interativos, como são
conhecidos, realizam a conexão com a rede e operam como fonte de corrente, mas só
funcionam quando está conectado com a rede.
Os sistemas fotovoltaicos conectados a rede elétrica devem ser desconectados
quando a alimentação da rede é interrompida. Um dos motivos é o fato do inversor
depender da rede para funcionar. O outro motivo é por questão de segurança. No Brasil
é exigido que o inversor para sistema fotovoltaico conectado a rede tenha proteção anti-
ilhamento.
Os principais parâmetros que devem ser respeitados para a conexão de um
sistema fotovoltaico a rede são: tensão de operação, frequência de operação,
minimização de corrente contínua na rede elétrica, distorção harmônica de corrente
admissível, fator de potência, atuação na detecção de ilhamento e atendimento as
normas brasileiras.

6. DIMENSIONAMENTO DO SISTEMA FOTOVOLTAICO


Os cálculos realizados nesta etapa têm o objetivo de dimensionar os
componentes do sistema fotovoltaico para que seja possível ajustar a energia solar
captada pelos módulos fotovoltaicos com a energia elétrica a ser consumida pela carga.
A metodologia apresentada na sequência é uma entre várias outras com
procedimentos semelhantes e tem como base o uso de valores médios mensais de
irradiação solar e consumo de energia (J. PINHO E M. GALDINO, 2014).

6.1. – Localização e coordenadas geográficas

O estudo desenvolvido se deu a partir de unidade consumidora em baixa tensão


residencial trifásico, situado no município de Aracaju cujas coordenadas geográficas são
latitude de -9° 7’ S, longitude de 38° 13’ W e altitude 4 metros (m).
A figura 26 abaixo ilustra o local aonde foi desenvolvido o estudo com a
trajetória do sol em cada horário do dia, focalizando sobre a cidade de Aracaju.

Figura 26 – Trajetória solar sobre a cidade de Paulo Afonso


Fonte:(Google Mapas - SunEarthTools)
6.2. Calculo da energia a ser gerada

O Dimensionamento do sistema fotovoltaico conectado na rede é feito com base


nas informações fornecido pela conta de energia elétrica do consumidor identificado o
consumo de energia a ser atendida.
O histórico do consumo é mostrado na Figura 27.

Figura 27 – Histórico de consumo em kWh


Conforme valores de consumo dos últimos 12 meses, foi possivel identificar o
consumo médio da unidade consumidora.
Uma vez calculada a energia média levou-se em consideração o valor
equivalente ao custo de disponibilidade em kWh. O custo de disponibilidade consiste no
valor mínimo que um consumidor deve pagar a concessionária de energia mesmo que
não haja consumo no mês e é função do tipo de instalação e o valor a ser pago é
equivalente ao consumo de 30, 50 e 100 kWh respectivamente.
O consumo de energia no local avaliado é de 439,9 kWh.
O dimensionamento do sistema fotovoltaico é feito considerando o valor de
geração diário.
A Tabela 3 mostra a energia a ser gerada pelo painel fotovoltaico considerando o
custo de disponibilidade.

Tabela 3 – Energia a ser gerada pelo sistema


MÊS MÉDIA
KWh/mês 339,9

kWh/dia 11,12
Fonte: Autor.

Neste caso, a quantidade de energia a ser gerada pelo painel considerando o


custo de disponibilidade é de 11,2 kWh/dia.

6.3. Dimensionamento preliminar do painel e inversor

A partir do banco de dados de irradiação solar do SWERA e posteriormente


ajustada para o plano inclinado e orientado do painel fotovoltaico com auxilio do
software Radiasol, foi calculado a Hora de Sol Pleno (HSP) na superfície do painel.
A irradiação solar média no plano do painel horizontal é de 5,4 kWh/m²/dia,
valor esse igual à latitude do local. Calculando o valor da irradiação para um ângulo de
inclinação do módulo igual o ângulo do telhado no valor de 16º e desvio azimutal de -
23º a irradiação é de 5,54 kWh/m²/dia, mostrando uma variação muito pequena da
irradiação com o ajuste do ângulo de inclinação do modulo e a latitude do local.
O cálculo preliminar da potência do sistema fotovoltaico conectado a rede
(SFCR) foi feito dividindo o valor da energia a ser fornecida pelo painel dividida pela
irradiação incidente no plano do painel fotovoltaico.
As horas de sol pleno (HSP) na superfície do painel foram calculadas a partir do
banco de dados de irradiação solar do SWERA e posteriormente ajustada para o plano
inclinado e orientado do painel fotovoltaico com auxilio do software Radiasol no valor
de 5,54 (HSP).
A potência do painel fotovoltaico calculada considerando o plano do painel foi
obtida através da equação:

Onde ( ) é energia a ser fornecida pelo painel fotovoltaico e ( ) a HSP


incidente no plano do painel fotovoltaico.
A partir da análise preliminar feita já dá para se ter uma ideia do custo, bem
como ordem de grandeza do sistema.
Uma vez definida a potência pico do painel fotovoltaico calculou-se o número
de módulos necessários. Para tanto, dividiu-se a potência total do painel pela potência
nominal do módulo fotovoltaico escolhido para o projeto através da equação:

Deve-se fazer a escolha do módulo adequado para operação em sistema


fotovoltaico conectado a rede. Então, considerando um painel de 255Wp de 60 células,
o número de módulos necessário para instalação e a potência do sistema considerado é
visto na Tabela 4 abaixo.

Tabela 4 – Potência total do sistema e números de módulos

Potência do painel fotovoltaico 2,02 kWp


Número de módulos fotovoltaico 7,93 Módulos
Fonte: Autor.

A partir dessas informações foi possível estimar o valor do inversor a ser


utilizado. Os cálculos para determinar o número de módulos e a potência do inversor
são considerações preliminares porque uma vez escolhido o módulo e o inversor, o
próximo passo é avaliar o efeito da temperatura local sobre os módulos e
consequentemente sobre o inversor.
Além dos parâmetros acima foram coletados os valores referentes aos
coeficientes de temperatura do módulo fotovoltaico.
A Tabela 5 mostra as características térmicas do módulo fotovoltaico YL255P-
29b de 60 células do fabricante Yingli (YINGLI,2014)

Tabela 5 - Características térmicas dos módulos fotovoltaicos


Caracterisiticas térmicas do módulo
Temperatura nominal operação NOCT 46 °C
Coeficiente de temperatura de Pmax γ -0,0042 %/°C
Coeficiente de temperatura de Voc βVoc -0,0032 %/°C
Coeficiente de temperatura de Isc αIsc 0,0005 %/°C
Coeficiente de temperatura de Vmp βVmp -0,0042 %/°C
Fonte: Autor.

Os sistemas fotovoltaicos conectados a rede operam com vários módulos em


serie para atingir o nível de tensão exigido pelo inversor. Nesse caso, os módulos
fotovoltaicos de 60 células são os mais indicados.
O cálculo da potência do inversor interativo levou em consideração a potência
de pico do painel fotovoltaico. Uma forma mais conservadora é adotar a potência do
inversor igual ou superior à potência total do conjunto de módulos, escolhendo o
inversor que tenha uma potência nominal de saída mais próxima ao valor da potência do
painel fotovoltaico.
Os principais dados coletados da folha de dados do inversor Fronius Galvo 2.0-1
de potência 2kW são mostrados na Tabela 6 abaixo.

Tabela 6 - Características térmicas dos módulos fotovoltaicos

Dados do inversor
Tensão máxima de entrada 420 Vcc
Tensão máxima SPPM 335 Vcc
Tensão mínima SPPM 120 Vcc
Corrente máxima de entrada 17,8 A
Corrente máxima por SPPM 17,8 A
Número de string 1 Unidade
Potência máxima de saída 2 kW
Fonte: Autor.

6.4. Efeito da temperatura sobre os módulos

O Dimensionamento dos sistemas fotovoltaicos depende do conhecimento das


características elétricas e dos módulos fotovoltaicos a fim de obter uma operação
confiável, além de possibilitar o seu comissionamento e a detecção de possíveis erros
(ZILLES et al, 2012).
Os módulos fotovoltaicos são fabricados sob condições padrões de teste (ou
STC, do inglês Standard Test Conditions). As indústrias de módulos fotovoltaicos
adotou esse padrão para comparar a eficiência entre os módulos. Nesse sentido, a
eficiência dos sistemas fotovoltaicos pode ser avaliada considerando a incidência de
uma irradiância padrão. As condições padrão de teste (ou condições de referência) são
definidas para os valores de 1000 W/m² de irradiância, 25º de temperatura de célula e
AM=1,5 para a massa de ar. Esses valores são utilizados na indústria fotovoltaica para
comparar os módulos fotovoltaicos.
Com os dados de temperatura média anual e conhecendo a temperatura ambiente
no local da instalação dos módulos fotovoltaicos foi possível avaliar o efeito da
temperatura sobre os módulos fotovoltaicos.
Com os valores de temperatura foi calculado o valor do coeficiente térmico ( )
para o módulo fotovoltaico por meio da seguinte equação:

Onde ( ) é coeficiente térmico para o módulo e NOCT - (Nominal Operating


Cell Temperature) a temperatura nominal de operação do modulo.
Com a temperatura ambiente de cada mês e os valores da irradiância incidente
sobre o painel fotovoltaico calculou-se a temperatura de operação dos módulos para
cada mês usando a seguinte equação:

Sendo ( ) a temperatura do ambiente e ( ) a temperatura do módulo


fotovoltaico em graus Celsius. Sendo ( ) o valor da irradiância que incide sobre o
módulo.
O efeito da temperatura na potência do módulo fotovoltaico é dado por:
A potência máxima na temperatura do módulo é dada por e a
potência máxima em STC . Sendo o coeficiente de variação da potência
máxima e a temperatura no módulo.
A partir da correção desses valores corrigidos da potência do módulo, o número
de módulos necessários para fornecer a potência do painel fotovoltaico foi recalculado e
mostrado na Tabela 7 a seguir.

Tabela 7 - Características térmicas dos módulos fotovoltaicos

Potência do painel fotovoltaico 2,02 kWp


Número de módulos fotovoltaico 9,04 Módulos
Fonte: Autor.

Conforme observado acima, o novo número de módulos para o sistema


fotovoltaico considerando o efeito da temperatura é igual a 10 (dez) módulos.
A partir dos valores de temperatura máxima e mínima de operação foi avaliado o
efeito da temperatura sobre a tensão de máxima potência.
A tensão de máxima potência na temperatura mínima de operação foi
calculada com a equação:

A tensão de máxima potência na temperatura máxima de operação ,


pela equação:

Onde,

 A tensão de máxima potência em STC e a temperatura do


módulo na temperatura mínima de operação prevista e a temperatura
do módulo na temperatura máxima de operação prevista.
de
6.5. Análise do Dimensionamento

O presente dimensionamento do sistema fotovoltaico em estudo foi realizado de


forma conservadora para a escolha da potência do inversor igual à potência de pico do
painel fotovoltaico. Para reduzir o custo final da energia no projeto de sistemas
fotovoltaicos conectados na rede, é necessário otimizar o inversor, uma vez que os
preços de inversores não tem acompanhado o ritmo de queda dos módulos
fotovoltaicos. Nesse sentido, fica cada vez mais importante otimizar o inversor.
Em geral, torna-se comum dimensionar o inversor com potência nominal inferior
à potência de pico do conjunto de módulos fotovoltaicos, pelo fato dos módulos
fotovoltaicos sofrerem queda de potência com o aumento da temperatura e mesmo com
irradiância solar em torno de 1.000 W/m2 geralmente não atinge a potência pico.
Os Fabricantes de inversores recomendam o uso de um fator de
dimensionamento do inversor (FDI) entre 0,75 e 0,8.
A potência do inversor pode ser calculada a partir da seguinte equação:

Onde:

= potência nominal do inversor;


= fator de dimensionamento do inversor;
= potência pico do painel fotovoltaico

Com o modelo apresentado por ZILLES et al (2012), é possível calcular a


potência média de saída do sistema fotovoltaico conectado na rede (SFCR) por meio de
simulações numéricas envolvendo valores de radiação solar e temperatura do ambiente.
As ferramentas de soluções numéricas permitem avaliar o efeito da relação FDI
em termos energéticos, auxiliando na escolha da configuração de um sistema
fotovoltaico.
Para o caso apresentado, do dimensionamento de um sistema com módulos
YL255P-29b e inversor Fronius Galvo 2.0-1, a Figura 28 apresenta a eficiência média
anual do inversor em função do FDI e a Figura 29 apresenta o gráfico de em função
do FDI.
Esses resultados foram obtidos a partir da execução de código executado no
MATLAB a partir de modelo apresentado (ZILLES et, al, 2012).

Figura 28 – Eficiência média anual do inversor em função do FDI para as condições de Aracaju.
Fonte: Autor.

A Figura 29 mostra que a eficiência média anual do inversor fica muito próxima
da eficiência máxima do inversor, de aproximadamente 95,6 %, se FDI for igual ou
superior a 0,8.
Figura 29 – Produtividade em função do FDI..
Fonte: Autor.

A Tabela 8 abaixo mostra das características do inversor utilizado.

Tabela 8 - Características térmicas dos módulos fotovoltaicos

Inversor Fronius Galvo 2000

h10
PnInv 2000

h50
89,6

h100
95,2
95,6
Pmax 2140
Vmp_inp_sup 335
Vmp_inp_inf 120
Vmax 420
I_nom 9,7
I_max 17,8

Fonte: Autor

A Figura 30 mostra a configuração com maior produtividade.


Figura 30 – Novo FDI na curva de produtividade.
Fonte: Autor.

A Figura 31 mostra o resultado da simulação com o dimensionamento do


sistema fotovoltaico com algumas soluções encontradas e a configuração com maior
produtividade.

Figura 31 – Dimensionamento do gerador fotovoltaico.


Além da potência, também deve ser respeitada a faixa de tensão de entrada do
inversor. Uma tensão de entrada acima da faixa de tensão pode danificar o inversor de
forma irreversível. Por outro lado uma tensão de entrada abaixo da faixa de tensão do
inversor compromete a eficiência e pode desconectar o inversor.

7. ANILISE TÉCNICA E FINANCEIRA DE SFCR

Segue resultados da analise financeira para o sistema FVCR estudado.

Estudo Técnico do Sistema Solar Fotovoltaico: ARACAJU

* Geração anual de: 3.497,22 kWH

* Sistema fotovoltaica com uma potência de 2 kWp

2.2. Perfil do sistema fotovoltaica:

Quantidade de placas solares (250 Wp): 8

Potência instalada: 2 KWp

Geração (kWh/ano): 3.497,22 kWh

Inclinação prevista: 11

Área utilizada se for teto inclinado: 13 m²

Área utilizada se for teto plano: 14 m²

Orientação: Norte
Estimativa mensal de produção de energia -
TOTAL
350

300

250

200
kw/h

150

100

50

0
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
GERAÇÃO 307 328 325 322 301 267 241 247 274 288 299 299

ANOS

3. Viabilidade Financeira:

3.1. Economia Mensal:

Geração ( KWh / mês ) Economia ( R$ )


Mês de Ref TOTAL Mês de Ref TOTAL
JAN 307 JAN 169
FEV 328 FEV 180
MAR 325 MAR 179
ABR 322 ABR 177
MAI 301 MAI 166
JUN 267 JUN 147
JUL 241 JUL 133
AGO 247 AGO 136
SET 274 SET 151
OUT 288 OUT 159
NOV 299 NOV 164
DEZ 299 DEZ 164
TOTAL 3.497 TOTAL 1.923
Gráfico Comparativo
Custo do Investimento X Retorno financeiro
do investimento
R$ 800.000

R$ 700.000
Valor acumulado da poupcaça gerada

R$ 600.000

R$ 500.000

R$ 400.000

R$ 300.000

R$ 200.000

R$ 100.000

R$ 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

Poupança sobre Economia Total TX. 10,7997% a.a Valor do investimento


8. CONCLUSÃO

Verificou-se a importância da análise técnica no dimensionamento de sistemas


fotovoltaicos conectados na rede a fim de aproveitar melhor a produção de energia e
reduzir custo.
De acordo com a avaliação do efeito da temperatura e a estimativa da geração de
energia verificou que pode ser necessário a alteração o número de módulos ou o
inversor.
Outra observação importante foi com relação ao fator de dimensionamento do
sistema e sua importância para otimizar o inversor e aumentar a eficiência do sistema.
Contudo, dimensionar sistemas fotovoltaicos com qualidade, performance e
garantir a segurança com alta produtividade significa, reduzir custos na implantação do
sistema e garantir sua produção de energia ao longo do ano.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Administração, Instituto de Eletrotécnica e Energia e Instituto de Física, Universidade
de São Paulo, São Paulo. 108f.

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Dissertação (Mestrado) – Universidade de São Paulo, São Paulo.

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