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Consulta Pública nº 010/2018

Aprimoramento das regras aplicáveis


à micro e minigeração distribuída

Rio de Janeiro, 17 de julho de 2018


Contribuições da LIGHT para a Consulta Pública nº 010/2018

1. A Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL publicou a Nota Técnica n.º 0062/2018-
SRD/SCG/SRM/SGT/SRG/SMA/ANEEL com o objetivo de avaliar os principais tópicos para abertura das
discussões sobre o aprimoramento das regras do Sistema de Compensação de Energia Elétrica,
estabelecido pela Resolução Normativa – REN nº 482/2012, e do acesso da micro e minigeração distribuída,
regulamentado na Seção 3.7 do Módulo 3 dos Procedimentos de Distribuição – PRODIST (Atividade nº 50
da Agenda Regulatória da ANEEL para o biênio 2018-2019). Em outras palavras, a Consulta Pública
instaurada pela citada Nota Técnica pretende apresentar a proposta de metodologia da Análise de Impacto
Regulatório – AIR sobre a forma de compensação da energia gerada pela GD, bem como colocar alguns
pontos de melhoria identificados pelas áreas técnicas da ANEEL.

2. O planejamento das áreas técnicas é que o Relatório de AIR - produzido a partir das contribuições ora
recebidas - seja submetido a Audiência Pública, a ser instaurada pela Diretoria da ANEEL até o final de
20181.

3. A Resolução Normativa – REN nº 482, de 17 de abril de 2012, criou o Sistema de Compensação de Energia
Elétrica, aplicável a unidades consumidoras com micro ou minigeração distribuída. As regras estabelecidas
na ocasião permitiam a instalação de pequenas centrais de geração em unidades consumidoras para
compensação da energia gerada e injetada na rede, localmente ou em outras unidades sob a mesma
titularidade.

4. Quando a energia injetada na rede for maior que a consumida, o consumidor recebe um crédito em energia
(kWh) a ser utilizado para abater o consumo em outro posto tarifário (para consumidores com tarifa horária)
ou na fatura dos meses subsequentes. Os créditos de energia gerados continuam válidos por 60 meses.

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A Agenda Regulatória prevê a publicação do novo regulamento até o final de 2019. Entende-se por essa redação que os
aprimoramentos regulatórios podem vir a ser antecipados, em caso de necessidade.

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5. Já em 2015, por meio da REN nº 687, de 24 de novembro, as regras aplicáveis à micro e minigeração
distribuída foram aprimoradas, com a elevação da potência limite de 1 MW para 5 MW (ou 3 MW para fontes
hídricas) e a criação dos novos modelos de autoconsumo remoto, empreendimentos de múltiplas unidades
consumidoras (EMUC) e geração compartilhada. Posteriormente, a REN n° 786, de 17 de outubro de 2017,
elevou para 5 MW o limite de minigeração a partir de fontes hídricas e vedou o enquadramento de centrais
geradoras existentes no Sistema de Compensação de Energia Elétrica.

6. Nesse processo de revisão da norma, foram discutidas questões relacionadas à forma de compensação da
energia gerada localmente e remotamente, sendo que o sistema de compensação deveria ser aplicado de
maneira que a energia injetada fosse utilizada para abater integralmente a energia consumida (considerando
todas as componentes tarifárias). Contudo, conforme voto que consta no processo de revisão, a Diretoria
estabeleceu uma nova revisão da Resolução, com foco no aspecto econômico, para vigir até o final de 2019.

7. Com relação à incidência de ICMS, o CONFAZ emitiu o Convênio nº ICMS 16, de 22 de abril de 20152,
autorizando algumas unidades federadas a conceder isenção nas operações internas relativas à circulação
de energia elétrica, sujeitas a faturamento sob o sistema de compensação de energia estabelecido pela
Resolução Normativa nº 482/2012. A isenção fiscal passou a se constituir, portanto, em um grande incentivo
para a expansão da geração distribuída, considerando que as alíquotas do imposto nas faturas de energia,
no “cálculo por dentro”, podem superar os 40% em determinadas classes de consumo e estados do país.

8. Ao longo das discussões realizadas no setor elétrico para constituição e reforma dos regulamentos aplicáveis
à geração distribuída, de forma a incentivar a difusão de novas tecnologias, o Regulador sempre construiu
cenários para a expansão dessas fontes, considerando o trade-off entre os benefícios tarifários concedidos
e os possíveis impactos sobre a remuneração das distribuidoras de energia e demais consumidores.

9. Essa definição de data para alteração no regulamento, portanto, não se deu de forma aleatória, mas sim foi

2
Conforme consta do caput da Cláusula primeira do Convênio nº ICMS 16/2015, os estados mencionados no texto foram
autorizados a “....conceder isenção do ICMS incidente sobre a energia elétrica fornecida pela distribuidora à unidade
consumidora, na quantidade correspondente à soma da energia elétrica injetada na rede de distribuição pela mesma
unidade consumidora com os créditos de energia ativa originados na própria unidade consumidora no mesmo mês, em
meses anteriores ou em outra unidade consumidora do mesmo titular, nos termos do Sistema de Compensação de Energia
Elétrica, estabelecido pela Resolução Normativa nº 482, de 17 de abril de 2012”.

3
indicada em uma vinculação com a esperada difusão das alternativas tecnológicas e o momento em que se
esperava os subsídios cruzados pudessem ser revisitados.

10. Observa-se que a potência efetivamente instalada de GD tem sido consistentemente superior às projeções,
com atenção para o ano de 2017, em que a potência já foi superior à 68% da projeção que a Diretoria da
ANEEL utilizou para definir a data de revisão do regulamento (Projeção 2015).

11. As projeções atualizadas da ANEEL indicavam que, no final de 2019, o país teria 385 MW de potência
instalada. Em 17 julho de 2017, contudo, os dados da ANEEL informam uma expressiva evolução da
potência instalada no âmbito da REN nº 482/2012, com destaque para um total instalado de 394,2 MW, ou
seja, já superior aos parâmetros projetados para o final de 2019:

GRÁFICO 1: EVOLUÇÃO DA GERAÇÃO DISTRIBUÍDA NO ÂMBITO DA REN Nº 482/2012

12. No dia 20 de junho de 2018, a ANEEL realizou um seminário sobre geração distribuída. Naquela
oportunidade, o número informado pelos representantes da Agência, relativo as adesões ao sistema de
compensação de energia, dava conta de 368 MW instalados no país até o momento. Ou seja, em menos de
um mês, a base de potência instalada dentro da REN nº 482/2012 cresceu 7,1%!

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13. Além dos pontos já destacados, relativos as possibilidades para compensação de energia e as vantagens
tributárias, destacam-se ainda outros fatores que estão contribuindo para um aumento da demanda por
sistemas de geração distribuída, em especial os fotovoltaicos:

a. Os expressivos aumentos conjunturais, verificados recentemente nas tarifas de energia elétrica,


muito acima da inflação;

b. A drástica redução nos custos dos equipamentos fotovoltaicos;

c. Situação atual da economia do país e as opções do mercado financeiro, que acabam por colocar
o investimento em GD como uma excelente opção, rentável e estável;

d. Para quem não tem recursos financeiros à disposição, o surgimento de novas fontes de
financiamento em condições bastante atrativas, tanto para pessoa jurídica quanto pessoa física,
condição que até o início desse ano era pouco expressiva;

e. Sinalização de ampliação dos benefícios fiscais para GD nos estados, com o desconto no ICMS
estendido para a geração compartilhada e condomínios;

f. Empresas solares com capacidade de fechar novos negócios e instalar equipamentos no curto
prazo, em decorrência da retirada de subsídios para a geração fotovoltaica em países
fabricantes de componentes e

g. A própria abertura da consulta pública, com a sinalização de que a ANEEL pode retirar
vantagens da GD em breve, aspecto que está sendo usado pelos vendedores junto ao mercado
para fomentar adesões dentro das melhores condições possíveis, antes que elas acabem.

14. Analisando a conjunção de todos esses fatores, é possível informar que estão criadas as condições perfeitas
para que ocorra a opção dos consumidores, não havendo inclusive racional econômico para que alguém não
o faça de imediato. Pay-backs discutidos no mercado instalador já giram na casa de 3,5 anos!

15. O mercado da distribuidora que se volta para a opção da GD é a nata da nossa concessão: consumidores
com poder aquisitivo elevado, alto consumo de energia, com fornecimento regular, adimplentes. Pois é
justamente esse mercado que pode ser contemplado com uma perpetuação dos subsídios tarifários, caso

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faça a opção pela GD no atual contexto, o que levará a criação de uma pesada conta que - no futuro - caberá
aqueles que - no presente - estavam desprovidos de condições de também aderir ao sistema de
compensação.

16. Consumidores livres e cativos de uma concessionária de distribuição de energia elétrica pagam pelo uso do
sistema de distribuição através da TUSD Transporte. A mencionada tarifa é formada com base em custos
regulatórios do uso de ativos de propriedade da própria distribuidora (TUSD Fio B) e também por dispêndios
regulatórios do uso de ativos de terceiros (TUSD Fio A). A TUSD Transporte é composta em sua maior parte
por custos fixos e representa de forma mais adequada os custos de disponibilidade verificados pelas
distribuidoras.

17. Ainda dentro da TUSD temos a repartição dos encargos setoriais e das perdas de energia elétrica. Essas
componentes tarifárias, ou principalmente, o seu rateio equânime, também são essenciais para o equilíbrio
da concessão.

18. Ou seja, a estrutura tarifária tradicional procura equilibrar a repartição do ônus do uso dos sistemas de
distribuição de forma equitativa e proporcional a sua disponibilização e esse fundamento precisa ser
preservado, em especial frente as mudanças trazidas pela difusão dos recursos energéticos distribuídos.

19. Os usuários de micro e minigeração distribuída necessitam das redes de energia elétrica para poder escoar
seus excedentes de geração e receber energia nos períodos do dia em que não estão produzindo, dada a
natureza intermitente dessa produção. Precisam, portanto, participar da alocação de custos na medida
efetiva da sua utilização ou da disponibilidade que lhe é assegurada, contribuindo com a recuperação da
receita da distribuidora e com o rateio de custos entre todos aqueles que necessitam do serviço.

20. Dessa forma, é possível evitar a perda de receita da distribuidora em um primeiro momento e o cost shifting
em definitivo para os demais usuários, trazendo justiça alocativa e eficiência ao setor elétrico como um todo,
à medida em que subsídios cruzados são eliminados.

21. Ao propor uma análise da tarifação na baixa tensão, a ANEEL pode estar criando uma discussão de grande
amplitude e impacto para o setor de distribuição de energia no Brasil, que pode levar anos para uma completa
definição ou implantação dos recursos necessários para sua operacionalização. Mas, é necessário lembrar
da urgência de uma solução que elimine os subsídios atuais na GD e deixe transparente para todos os

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usuários os custos do uso do sistema e da energia, ainda mais quando tais subsídios estão sendo dados em
detrimento dos consumidores menos favorecidos e em benefício daqueles que reúnem as condições
financeiras indispensáveis para investir em novidades tecnológicas.

22. A complexa discussão sob a forma de separar e tarifar os componentes de custo da distribuição para a baixa
tensão, não pode sobrestar uma deliberação imediata sobre a aplicação da tarifa binômia para os
consumidores com geração distribuída, uma vez que os preços praticados nos leilões recentes e o
substancial aumento dos subsídios que vem sendo aplicados por força da REN nº 482/2012, recomendam
a adoção dos aprimoramentos regulatórios necessários de forma imediata e não em um cronograma que
remete ao fim de 2019.

23. A tarifação binômia da geração distribuída, com a instalação de medição de energia e demanda nos
prosumers, apresenta vantagens para todos os usuários do sistema, sendo alternativa regulatória superior
ao net meetering ou net billing, ao tempo em que não é afetada pela simultaneidade entre geração e
consumo, devendo o consumidor pagar pela disponibilidade do sistema de distribuição as suas
necessidades, sejam elas permanentes ou intermitentes.

24. Embora as condições necessárias para a tarifação binômia se façam presentes, sugere-se, contudo, que
nas próximas revisões tarifárias, a geração distribuída seja alcançada pela Campanha de Medidas, de forma
venha a ser possível efetivar um cálculo mais refinado das reais contribuições dos prosumers para o horário
de ponta de cada uma das distribuidoras, tornando a estrutura tarifária ainda mais robusta.

25. É preciso avançar nas soluções que permitam um desenvolvimento equilibrado da geração distribuída no
país sem que haja prejuízos para o setor elétrico e para os consumidores ligados à geração centralizada,
por meio da estrutura tarifária e da remoção dos subsídios hoje existentes, com a correta precificação dos
serviços oferecidos pela rede e dos reforços necessários a uma disseminação acelerada da micro e
minigeração distribuída. Com o avanço tecnológico dos módulos e painéis fotovoltaicos, os custos
despencaram (como mostraram os leilões) e estes subsídios estão se tornando desnecessários e custosos.

26. Este movimento, ora defendido, já se pôs em curso em diversos mercados internacionais onde a difusão da
micro e minigeração solar atingiu patamares maiores e passou a retirar eficiência do setor elétrico, como

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pode ser observado nas experiências da Europa e Estados Unidos3, sendo o momento oportuno para que a
Regulação no Brasil atue com a celeridade que o tema demanda.

27. Na sequência, passamos as respostas do questionário apresentado pela ANEEL, na expectativa que nossas
contribuições possam auxiliar no aprimoramento do marco regulatório.

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Experiências Internacionais em Geração Distribuída: Motivações, Impactos e Ajustes – GESEL, 2018. Disponível em:
http://gesel.ie.ufrj.br/app/webroot/files/IFES/BV/livro_experiencias_internacionais_em_gd.pdf

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QUESTIONÁRIO
1) Na lista abaixo, indique os valores a serem considerados nas premissas para realização da AIR, inserindo,
no campo “Observações”, informações adicionais tais como referências e métodos de cálculo.

Questão Unidade Valor Observações

26,15% são de
Tamanho típico de um sistema solar 2 a 3,99 kWp Faixas mais comercializadas
1.1 fotovoltaico de pequeno porte para kWp em 20174
compensação local 41,34% são de
4 a 7,99 kWp

5,83 R$/Wp
Preços médios em 2017. Notar
Custo de instalação um sistema solar para 4kWp
que já há instalação de sistemas
1.2 fotovoltaico de pequeno porte para R$/kWp
com o referencial de preços da
compensação local 5,21 R$/Wp
ordem de 3,38 R$/Wp.5
para 8 kWp

Custos de manutenção um sistema


solar fotovoltaico de pequeno porte % anual do custo de Valor utilizado em orçamentos
1.3 2%
para compensação local (incluindo instalação conhecidos
troca do inversor)

11,31% são de
Tamanho típico de um sistema solar 12 a 29,99 kWp Faixas mais comercializadas
1.4 fotovoltaico típico de médio porte kWp em 20176
para compensação remota 3,53% são de
50 a 74,99 kWp

4,64 R$/Wp
Custo de instalação um sistema solar para 30 kWp
1.5 fotovoltaico de médio porte para R$/kWp Preços médios em 2017.7
compensação remota 4,31 R$/Wp
para 75 kWp

4
Fonte: Estudo Estratégico Mercado Fotovoltaico de Geração Distribuída - GREENER, página 85. Disponível em:
https://www.greener.com.br/estudo-estrategico-mercado-fotovoltaico-de-geracao-distribuida-1o-semestre2018/
5
Fonte: Estudo Estratégico Mercado Fotovoltaico de Geração Distribuída, página 96.
6
Fonte: Estudo Estratégico Mercado Fotovoltaico de Geração Distribuída, página 85.
7
Fonte: Estudo Estratégico Mercado Fotovoltaico de Geração Distribuída, página 96.

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Questão Unidade Valor Observações
Custos de manutenção um sistema
solar fotovoltaico de médio porte para % anual do custo de A ser estimado pela ANEEL para
1.6 ND
compensação remota (incluindo troca instalação fins do AIR.
do inversor)
Custo de capital de pessoa física A ser estimado pela ANEEL para
1.7 % a.a. ND
para investimento em microgeração fins do AIR.
Custo de capital de pessoa jurídica A ser estimado pela ANEEL para
1.8 % a.a. ND
para investimento em minigeração fins do AIR.
% de redução anual
da capacidade de A ser estimado pela ANEEL para
1.9 Índice de degradação do sistema ND
geração de energia fins do AIR.
pelo sistema
% de aumento ou Estimativa de + 0,34% de aumento
Aumento ou Decréscimo anual real decréscimo da tarifa para cada 50 mil UC beneficiadas
1.10 +0,34%
da tarifa de energia elétrica em relação à pelo SCEE, por efeito de queda de
inflação mercado.
% da energia gerada Deve ser avaliada considerando o
que é consumida perfil típico de carga das
Percentual de simultaneidade entre
1.11 imediatamente pela ND distribuidoras (Campanha de
consumo e geração
carga, não sendo Medidas) e a curva característica
injetada na rede da geração em análise.
Está associada a possibilidade de
instalação local de equipamentos,
Número de unidades embora a geração compartilhada
1.12 Mercado potencial para geração local ND
consumidoras dentro do sistema de
compensação relativize essa
condição.
No limite, todos os consumidores
poderiam ser atendidos, contudo,
os consumidores com TSEE ou em
Mercado potencial para geração Número de unidades
1.13 80 milhões áreas com alta complexidade
remota consumidoras
socioeconômica e perdas elevadas
terão grandes dificuldades para
eventual inserção.
Taxa de crescimento anual do % de crescimento ao Desde a alteração dada na REN
1.14 300%
mercado potencial ano 687/15
Entendemos que deve ser
considerada a TE, dentro da
estrutura tarifária.
Valoração da energia evitada pela Conceitualmente, em um modelo
1.15 R$/MWh 268,688
micro ou minigeração distribuída de análise de benefícios da GD,
essa valoração da energia evitada
deve ainda ser ponderada pelos
impactos da sobrecontratação para

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TE B1 Residencial, sem tributos.

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Questão Unidade Valor Observações
os demais consumidores e as
distribuidoras.
Estudos apontam que a redução
de perdas técnicas é decrescente
com a penetração da mini e
Redução das perdas técnicas na
% de redução das microgeração, bem como depende
1.16 distribuição em virtude da instalação -
perdas da localização da GD em relação
de micro ou minigeração
às cargas. Num cenário de
massificação as perdas
aumentarão.
Redução das perdas técnicas na
% de redução das
1.17 Rede Básica em virtude da instalação ND -
perdas
de micro ou minigeração
É necessário lembrar que, em
% de redução, por função da intermitência dessas
MW de GD fontes de geração e as regras
instalado, em aplicáveis à contratação dos
Redução do uso da Rede Básica em
relação ao montante MUSTs para as distribuidoras, o
1.18 virtude da instalação de micro ou ND
contratado pela aumento da penetração da GD e a
minigeração
distribuidora nas redução dos contratos, não
fronteiras com a guardam correlação direta,
Rede Básica. havendo necessidade de análises
de fluxo, caso a caso.
Redução do custo do
kW instalado para
cada MW já
consolidado no
mercado (ou gráfico
Redução do custo de sistemas
que mostre a
1.19 fotovoltaicos com o crescimento do - Vide gráfico a seguir
redução no custo de
número de instalações
instalação de um
novo sistema em
função da potência
total instalada no
país)

No gráfico a seguir apresentamos uma evolução dos preços praticados nos leilões de energia nos últimos anos,
comparando com a evolução da potência instalada pela REN nº 482/2012, em que é possível verificar que o
aumento da difusão da GD se relaciona a uma redução dos preços praticados nos leilões.

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GRÁFICO 2: EVOLUÇÃO DA GD NO ÂMBITO DA REN Nº 482/2012 E PREÇOS NOS LEILÕES (R$/MWh)

2) Os cenários propostos para a AIR são suficientes? Outras alternativas devem ser adicionadas ao estudo?
Quais?

Entendemos que os cenários estudados no AIR se mostram em descompasso com a difusão que vem sendo
observada na Geração Distribuída no Brasil, com gravíssimo risco de criação no futuro de um mercado
privilegiado pelo não pagamento dos custos associados a utilização do sistema de distribuição, com os impactos
sendo percebidos pelos estratos do mercado que não conseguiram ter acesso as novas tecnologias.

A REN nº 482/2012 deve ser imediatamente revista, não sendo possível trabalhar com a previsão de alterações
a partir apenas de 2020 ou ainda a adoção de períodos de transição.

3) Além dos impactos apresentados na seção de Análise, deveriam ser considerados outros custos ou benefícios
da geração distribuída? Quais? Como modelá-los e quantificá-los?

Em relação aos custos da geração distribuída é necessário avaliar:

- obras nos sistemas de distribuição para conexão da GD (recapacitação, extensão de rede, condutoramento);

- ações adicionais na rede voltadas para a manutenção dos padrões de desempenho (ex.: controle de tensão,
adequação de proteções);

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- investimentos adicionais em automação e operação das redes em decorrência do aumento da complexidade
operativa;

- desgaste prematuro de equipamentos (ex.: reguladores de tensão, taps transformadores, capacitores


chaveados);

- back up de geração flexível para compensar a intermitência da GD.

Com relação aos benefícios que podem ser obtidos com a GD é importante destacar que a análise da ANEEL
deve se limitar aos impactos no setor elétrico.

4) Na hipótese de a AIR indicar a necessidade de atuação da Agência em duas fases (uma válida para os
primeiros anos e uma outra regra a ser aplicada depois de determinado período), quais ações a ANEEL precisaria
tomar no sentido de dar maior segurança regulatória aos micro e mini geradores que se instalarem durante a
primeira fase?

Entendemos que o aprimoramento regulatório deve ser realizado no curto prazo e sem período de transição. A
tarifa binômia deve ser introduzida de imediato na geração distribuída.

5) A faixa de custo de capital para pessoa física entre 6,24% e 34,5% a.a. está adequada? Se não, qual faixa
poderia ser adotada e por quê? A faixa de custo de capital para pessoa jurídica entre 5,65% e 10,14% a.a. está
adequada? Se não, qual faixa poderia ser adotada e por quê?

Em função do forte dinamismo observado nesse segmento, sugerimos uma avaliação por parte da ANEEL das
linhas de financiamento que estarão disponíveis ao mercado (ex.: BNDES), bem como o custo de oportunidade
representado por outras opções de investimento por parte do consumidor (ex.: poupança, renda fixa).

6) A compensação local (na própria unidade consumidora onde a energia é gerada) tem características e
impactos diferentes da geração remota (autoconsumo remoto, geração compartilhada). Como devem ser
tratadas essas particularidades? Justifique.

A estrutura tarifária deve ser utilizada para tratar de forma adequada essas particularidades. A tarifa binômia
deve ser introduzida de imediato na geração distribuída, para corretamente dar os sinais regulatórios para
atingimento dos objetivos necessários.

7) Atualmente, a ANEEL monitora a evolução da micro e minigeração distribuída (por meio do SISGD) e a
quantidade de energia compensada (via Sistema de Acompanhamento de Informações de Mercado para
Regulação Econômica - SAMP). Como aprimorar esse monitoramento? Quais outros dados (pay back dos

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sistemas, número de reclamações, redução de mercado das distribuidoras, gases de efeito estufa, etc.)
precisariam ser monitorados? Como?

Os sistemas disponíveis são satisfatórios e aprimoramentos poderão ser tratados no SIASE. O principal indicador
pendente de acompanhamento e de publicação pela ANEEL é o efeito do subsídio cruzado implícito. Além disso
existe perda de receita das distribuidoras da parcela referente ao transporte até que haja uma revisão tarifária.

As externalidades deveriam ser estimadas pelos Ministérios de Minas e Energia e/ou Meio Ambiente.

8) A especificidades das tecnologias e a evolução do mercado de GD têm indicado que o sistema de


compensação deva ser aplicado somente a fontes renováveis. Quais aspectos corroboram ou contrapõem essa
afirmação?

As questões de política energética devem ser discutidas pelos órgãos responsáveis e eventuais subsídios
tratados no âmbito da CDE ou outro fundo setorial, devidamente previstos em Lei.

Mas, o que deve ser observado para o correto crescimento da geração de energia, prioritariamente, é a adequada
tarifação de todos os usuários do sistema de distribuição.

9) No caso da geração compartilhada, como garantir que os arranjos (consórcio e cooperativa) não se configurem
como comercialização?

Garantir a tarifação adequada minimizaria o risco de comportamentos voltados para a burla da atual
regulamentação. Uma ação complementar seria a homologação do arranjo pela ANEEL.

A legislação do ICMS também deveria ser aprimorada para dificultar o oportunismo dos agentes.

Importante destacar que a distribuidora, em face da grande quantidade de ações que já desempenha na
prestação do serviço público, não deveria ter essa incumbência de investigar a atuação e os arranjos que são
formatados pelos agentes.

10) Como permitir uma maior disseminação da micro ou minigeração distribuída localizada junto a condomínios
comerciais ou residenciais para compensação local?

Há, em nosso entendimento, um desvio de objetivo nessa indagação. Não há motivo para incentivar um ou outro
modelo de negócio em GD pelo Regulador. Eles devem competir a princípio, sem necessidade de subsídios ou
estímulos. O formulador de políticas que pode eventualmente se empenhar dessa avaliação

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11) Como identificar a tentativa de divisão de centrais de geração em unidades de menor porte para
enquadramento nos limites da REN nº 482/2012? Seria possível a inserção de critérios objetivos de identificação
no texto da regulamentação, sem permitir o mau uso da norma por agentes mal intencionados? Quais critérios?

Vide item 9.

12) Os modelos de autoconsumo remoto e de geração compartilhada têm permitido a expansão eficiente do
sistema de distribuição?

Não. Solicitações de atendimento de “unidades consumidoras”, que na verdade são geradores de energia,
acabam por acarretar custos na conexão de sistemas em locais não apropriados do ponto de vista da operação
do sistema de distribuição.

As inversões de fluxo de energia nas redes e os recondutoramentos em trechos finais de alimentadores rurais
para atender a GD, são situações práticas que ilustram o fenômeno, que é um desafio para o planejamento e a
operação do sistema de distribuição e trazem impactos para as tarifas de todos.

A adoção do conceito de hosting capacity9 na aprovação das solicitações de acesso, com possibilidade de dar
sinais regulatórios que permitissem a diferenciação do valor da GD a depender do local da rede em que ela se
instala, nos parece ser uma forma de garantir uma utilização mais racional dos recursos eletroenergéticos, com
reais benefícios para a sociedade.

A implantação de sistemas de maior porte - dentro de uma lógica de compartilhamento da geração - em


detrimento dos sistemas individualizados, é alternativa de maior viabilidade econômica e quem vem tendo grande
expansão em outros países. Contudo, há necessidade de se atribuir sinais regulatórios efetivos que favoreçam
a localização dessas instalações em locais em que o impacto para o sistema de distribuição restem mitigados.

A localização próxima de grandes centros de carga ou em áreas sem consumo expressivo, podem produzir
resultados bem diferentes para a conexão.

13) Quais são os custos para conexão de minigeração para compensação remota (sem carga associada) na
regra de participação financeira atualmente vigente? Como esses custos de conexão se comparam com aqueles
atribuídos a usinas com características semelhantes mas não enquadradas como GD (usinas que comercializam
energia na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica - CCEE)?

Os custos para conexão de minigeração e outras usinas não são comparáveis. As usinas arcam com os custos
das instalações de uso exclusivo e com as perdas de energia até o ponto de entrega.

No caso da minigeração, os custos de conexão são definidos com base nas regras de participação financeira,

9
Quantidade de geração distribuída que seria suportada pelo alimentador da distribuidora sem a necessidade de realização
de obras adicionais para manutenção dos padrões de desempenho.

15
conforme estabelecido nas REN nº 414/2010 e nº 482/2012. O investimento é definido caso a caso, a depender
do tipo de obra a ser realizada para o atendimento. Em casos de locais remotos, no fim de trechos de alimentador,
essas obras podem ter custo bastante expressivo.

14) Caso queira contribuir com os dados técnicos para realização das simulações, utilize este espaço para
apresentar sugestões de métodos diferentes ou valores que possam ser utilizados para os parâmetros do método
atualmente escolhido.

ND

15) O modelo atual de compensação de energia exige a instalação de um medidor bidirecional para o
faturamento. Posicionado após o quadro geral da unidade consumidora, esse medidor mede apenas a energia
gerada injetada e o consumo da rede. Assim sendo, a energia total gerada (que inclui a parcela da geração
consumida instantaneamente) não é medida, ficando assim desconhecida pela distribuidora. A falta dessa
informação pode ter impactos nas estatísticas nacionais, no processo de planejamento realizado pela Empresa
de Pesquisa Energética – EPE e, eventualmente, na operação do sistema, comprometendo as séries históricas
de dados e levando a uma subestimação do consumo e da geração. Nesse sentido, a ANEEL gostaria de avaliar
a possibilidade e a viabilidade econômica de coleta agregada dos dados de geração total dos micro e mini
geradores, através das seguintes perguntas:

a) Os dados de geração total são coletados pelos fabricantes de inversores? Sim. As informações de
geração são enviadas remotamente e permitem aos usuários obter dados de desempenho.

b) Em caso afirmativo, há algum impedimento/dificuldade para a disponibilização desses dados


agregados de geração às distribuidoras? Entendemos que há possibilidade de divulgação desses dados por
parte dos usuários.

c) Quais os custos associados a essa disponibilização? ND

d) Há outra alternativa viável para a obtenção dos dados de geração total? Além da possibilidade de
segregação da medição de consumo e geração, seria possível estimar a geração a partir da informação da
capacidade instalada e demais dados solarimétricos/instalações.

16) Quais são os custos médios arcados pela distribuidora para análise de uma solicitação de acesso típica de
microgeração? E de minigeração?

Na minigeração, as análises conduzidas pela distribuidora podem envolver estudos de fluxo de potência, curto
circuito e estabilidade. Portanto, os custos envolvidos são mais altos, da ordem de R$ 10 mil ou superiores.

Para a microgeração as análises são menos trabalhosas, os custos podem representar uma décima parte
daqueles da minigeração.

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