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Eficiência Energética em Hospitais com Geração de

Energia com Sistema Fotovoltaico


Juliano Garcia Campos1

Resumo
O objetivo do projeto é a redução de consumo de energia elétrica e de demanda no horário de ponta por meio de ações
de eficiência energética, com a troca das lâmpadas convencionais por lâmpadas com tecnologia LED, e possibilitar aos
clientes gerar sua própria energia, contribuindo com a sustentabilidade e o meio ambiente, além de realizar os primeiros
projetos com geração fotovoltaica dentro do Programa de Eficiência Energética (PEE) da CPFL – PAULISTA,
possibilitando avaliar a viabilidade técnico-econômica do projeto. Os resultados atingidos no sistema de iluminação
LED foram de 132 kW de demanda retirada do horário de ponta e 1.094 MWh/ano de economia de energia, e a geração
de energia anual projetada é de 125,61 MWh.

1. Introdução
Fundado pelo Clube da Lady de Campinas em 1978, o Centro Infantil Boldrini tornou-se muito mais que um
hospital. Além da missão principal do diagnóstico e tratamento dos pacientes com câncer, assumiu um importante
papel em programas de educação e capacitação de médicos e outros profissionais de saúde. Reconhecido nacional
e internacionalmente como Hospital de Ensino, o Boldrini se aperfeiçoa continuamente por meio da arte de ensinar.
A SOBRAPAR - Sociedade Brasileira de Pesquisa e Assistência para Reabilitação Craniofacial foi fundado em
1979, com a iniciativa do Dr. Cassio Menezes Raposo do Amaral e o apoio do professor John Marquis Converse,
presidente da American Society of Facially Disfigured (hoje, National Foundation for Facial Reconstruction),
ligada ao New York University Medical Center.

Figura 1 – Fotos das faixadas dos Hospitais Boldrini e Sobrapar

Com o objetivo de avaliar o comportamento da geração de energia com sistema fotovoltaico e a viabilidade técnica
do projeto na área de concessão da CPFL Paulista, o projeto denominado Eficiência Energética em Hospitais com
Geração de Energia com Sistema Fotovoltaico faz parte do Programa de Eficiência Energética da ANEEL (PEE),
inserido na tipologia Poder Público, onde o investimento não precisa retornar para a o programa, pois os hospitais
são instituições filantrópicas, sem fins lucrativos.
Este projeto foi remetido à ANEEL para aprovação prévia, pela carta nº 058/OR/CPFL PAULISTA/2015, de 28
de março de 2015, tendo sua aprovação realizada pelo Oficio 0023-2016-SPE-ANEEL, de 05 fevereiro 2016.
O projeto contempla, além da usina de geração de energia fotovoltaica, o sistema de iluminação interna dos
hospitais, ambos compostos por lâmpadas fluorescentes de 20 W e 40 W e reatores eletromagnéticos com potência
de 11 W e 13 W, instalados em luminárias de sobrepor e embutir sem refletores.
Foram instaladas 6.912 lâmpadas LED, 336 painéis de geração de energia fotovoltaicas e 6 inversores, com um
investimento total de R$ 1.196.657,54.
As economias atingidas pelos projetos foram apuradas por meio de medições realizadas antes e após a

1
Este trabalho foi desenvolvido no âmbito do Programa de Eficiência Energética regulado pela ANEEL (PEE) e consta dos Anias do V
Seminário de Eficiência Energética do Setor Elétrico (VSEENEL).
1
Juliano Garcia Campos, CPFL Paulista (julianocampos@cpfl.com.br)
implementação do projeto, seguindo as orientações do Protocolo Internacional para Medição e Verificação de
Performance (PIMVP).

2. Motivação
Ambos hospitais são instituições filantrópicas, que desenvolvem suas atividades voltadas principalmente para as
crianças, sejam elas com câncer ou com deformidades craniofaciais de nascença e/ou adquiridas ao longo da vida.
Seus recursos são escassos, utilizando o pouco recurso disponibilizado pela rede pública de saúde e grande parte
doada por voluntários e empresas privadas.
A tecnologia fotovoltaica nunca foi utilizada pelo PEE da CPFL Paulista, pelo alto custo da tecnologia, que
inviabilizava estes projetos frente as tarifas praticadas pela distribuidora. Assim era necessário testar esta
tecnologia e sua viabilidade de acordo com as regras da ANEEL.
Entendemos, ainda, que a concessionária de energia deve fornecer energia com qualidade e, mais do que isso,
disseminar entre seus clientes a cultura do combate ao desperdício de energia e a eficiência energética, o que irá
beneficiar toda a sociedade, considerando a redução nos custos de produção e a preservação do meio ambiente,
além da redução dos gastos dos hospitais com energia elétrica.

3. Destaques
Para a contratação do sistema fotovoltaico foi utilizada a experiência adquirida pela área de P&D da distribuidora,
por meio dos projetos PD-0063-0042-2011, PD-2937-0045-2011 e PD-0063-3012-2014, identificando as
melhores tecnologias e mais adequadas para a região de Campinas, verificando-se que a tecnologia com painéis
de silício policristalino apresentava maior eficiência e rendimento.
O sistema não possui armazenamento de energia por baterias, assim caso ocorra geração de energia excedente, não
utilizada pelas instituições, será injetada na rede e utilizada pelos clientes localizados na região.
As Figuras 2 e 3 mostram os painéis fotovoltaicos e os inversores instalados nos clientes.

Figura 2 – Painéis fotovoltaicos e inversores do Hospital Boldrini.

Figura 3 – Painéis fotovoltaicos e inversores do Hospital Sobrapar.

Para o Gerador Solar Fotovoltaico foi instalado um sistema de monitoramento e comunicação remota com funções
de medição e registro, disponibilizando os dados medidos para consulta remota, armazenamento e comunicação.
O sistema, simbolizado na Figura 4, é composto por um analisador de energia, módulos de leitura, módulo de
conversão de sinal e micro servidor web.
Figura 4 – Ilustração do Sistema de Monitoramento.

O princípio de funcionamento se resume em um gerenciador (datalogger) que vai monitorar todo o sistema,
recebendo todos os dados medidos, armazenando estas informações internamente e enviando-as para serem
trabalhadas e apresentadas em um servidor remoto. A comunicação entre os medidores, inversores e módulos se
dá via cabo RS485.
Em ambos os hospitais o sistema de iluminação antigo era composto por lâmpadas fluorescentes de 20 W e 40 W.
Os reatores eram eletromagnéticos com potência de 11 W e 13 W, instalados em luminárias de sobrepor e embutir
sem refletores.
Pelo tipo de projeto, o sistema de iluminação LED instalado garantiu segurança, conforto visual, eficiência,
redução do consumo de energia elétrica, dentro das normas e condições específicas. A Tabela 1 abaixo apresenta
as características das lâmpadas LED instaladas nos hospitais.
Tabela 1. Características técnicas das lâmpadas LED de referência.

4. Resultados
Os resultados energéticos globais são apresentados abaixo na Tabela 2.
Tabela 2 – Resultados

Geração de
EE
RDP (kW) RCB Energia
(MWh/ano)
(MWh/ano)
Ex-ante 1179,36 134,10 0,69 201,66
Ex-post 1094,36 132,65 0,69 125,61
A Tabela abaixo apresenta o tempo de retorno do investimento, frente ao benéfico financeiro ao cliente alcançado
por meio do projeto.
Tabela 3 – Retorno do investimento

Benefício Retorno
Cliente Investimento
Anualizado (anos)
Boldrini R$ 382.000,00 R$ 784.000,00 2,1
Sobrapar R$ 31.800,00 R$ 142.500,00 4,5
A energia gerada pelo sistema fotovoltaico será monitorada durante toda a vida útil da usina, a comunicação com
a rede de internet será feita a traves de um sistema de comunicação com tecnologia GSM/GPRS, que
disponibilizará todos os dados gerados pelos inversores na internet e permitirá o monitoramento remoto, assim
tanto o cliente quanto a distribuidora poderão acompanhar o rendimento da usina.
A Figura 5 apresenta algumas telas do sistema de monitoramento.

Figura 5 – Ilustração das Telas do Sistema de Monitoramento.

5. Conclusões
Os resultados energéticos, principalmente da geração de energia fotovoltaica, ficaram abaixo do projetado
inicialmente, pelo motivo de se ter superestimado o tempo diário de geração de energia quando do envio do projeto
à ANEEL, porém com a queda contínua dos preços da tecnologia o projeto manteve o RCB inicialmente projetado.
A utilização da tecnologia fotovoltaica individualmente ainda se apresenta inviável com relação ao RCB, porém
projetos associados a outras intervenções, como neste caso com a iluminação, já conseguem atingir os critérios
determinados pela ANEEL para projetos de rotina, RCB = 0,8.
Os projetos de Eficiência Energética voltados as instituições filantrópicas colaboram para manter as contas das
instituições estáveis, uma vez que o consumo de energia elétrica representa um dos grandes insumos e despesas
do setor, nestes projetos a geração representou uma redução de 15% para o Hospital Boldrini e 20% para o Hospital
Sobrapar.
Beneficiar instituições que tratam doenças mais sérias, com necessidade de maior dedicação aos pacientes,
principalmente as crianças, valorizam o Programa de Eficiência Energética da ANEEL e reforçam que os
investimentos estão retornando à sociedade, além de contribuir com o setor elétrico.

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