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CAPÍTULO 3

COMPONENTES SIMÉTRICOS

3.1 - Análise por componentes simétricos

Em 1918, o Dr. Fortescue apresentou à “American Institute of Electrical


Engineers” o trabalho denominado “Método de Componentes Simétricos aplicado à solução de
Circuitos Polifásicos”. Este método desde então vem sendo largamente usado na análise de
funcionamento de circuitos elétricos desbalanceados. Embora o método seja aplicável a qualquer
sistema polifásico desequilibrado, este curso tratará especificamente de sistemas trifásicos.
De acordo com o então denominado Teorema de Fortescue, três fasores,
desequilibrados, de um sistema podem ser substituídos por três sistemas equilibrados de fasores.
Os três conjuntos equilibrados são:

1. Componentes de sequência positiva, consiste de 3 fasores iguais em módulo, defasados de


120o, e tendo a mesma sequência que os fasores originais.
2. Componentes de sequência negativa, consistindo de 3 fasores iguais em módulo, defasados de
120o, e tendo a sequência da fase oposta a dos fasores originais.
3. Componentes de sequência zero, constituído de 3 fasores iguais em módulo com defasagem de
0o entre si.

Assim, se um sistema tem a sequência de fases abc, as sequências de fases dos


componentes de sequência positiva e negativas, serão respectivamente abc e acb.
Exemplo: sejam 3 fasores originais de tensão, Va, Vb e Vc , que serão decompostos nos três
conjuntos abaixo:

V c1 V a1 V a2

V b2
V a0
V b0
V c0
V b1 V c2

seq. (+) seq. (-) Seq. (0)


Figura 3.1 -
73
A soma gráfica dos 3 sistemas dará:

V a0
Va
V a2

V c1
Vc
V a1
V c0
REFERÊNCIA
...............................
V c2

Vb
V b0 V b1
V b2

Figura 3.2 -

Da fig. 3.2 tira-se que:


Va = Va1 + Va2 + Vao (3.1)
Vb = Vb1 + Vb2 + Vbo (3.2)
Vc = Vc1 + Vc2 + Vc0 (3.3)

3.2 - Operadores
É bastante conhecido que o operador j produz rotação de 90o e que o operador -1 provoca
rotação de 180o. Sabe-se também que duas aplicações sucessivas do operador j produzem rotação
de “90o + 90o”, ou seja: j x j = j2 produz rotação de 180o. Logo: j2 = -1. Algumas das muitas
combinações do operador j são mostradas a seguir:

j = 1/90o = 1/-270o = 0 + j1 j + j2 = 2/135o = 2/-225o = -1 + j1


j2 = 1/-180o = 1/-180o = -1 + j0 = -1 j + j3 = 0 - 0 + j0
j3 = 1/270o = 1/-90o = 0 = j1 = -j j - j2 = 2 /45o = 2 /-315o = 1 + j1
j4 = 1/360o = 1/0o = 1 + j0 =1 j = j3 = 2 /90o = 2 /-270o = 0 + j2
j5 = 1/450o = 1/90o = 0 + j1 = j

Outro operador útil é o operador a, que causa uma rotação de 120o no sentido anti-horário:
a = 1 /120o = 1 ej 2π/3 = -0,5 + j0,866

Aplicando-o duas vezes haverá uma rotação de 240o, três vezes 360o. Algumas das muitas
combinações do operador a são mostradas a seguir:
a = 1 /120o = -0,5 + j0,866 1 - a = 3 /-30o = 1,5 - j0,866
a2 = 1 /240o = -0,5 = -j0,866 1 + a2 = 1 /-60o = 0,5 - j0,866 = -a
a3 = 1 /360o = 1 + j0 a + a2 = 1/180o = - 1 - j0
a4 = 1 /120o = -0,5 + j0,866 = a a - a2 = 3 /90o = 0 + j1,732
1 + a = 1 /60o = 0,5 + j0,866 = -a2 1 + a + a2 = 0 = 0 + j0
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A fig. 3.3 mostra diversos fasores operados por a:

a - a2
60o
60o 60o
3
-1, - a 1, a3

a2 -a

Figura 3.3 -
IMPORTANTE: Enquanto que +j significa rotação de +90o e -j rotação de -90o, para o operador
a não se pode fazer afirmação análoga:
a = 1/120o
-a = 1 /120o . 1 /180o = 1 /300o = 1 /-60o

3.3 - Componentes simétricos de fasores assimétricos

Retomando as equações (3.1), (3.2) e (3.3):


Va = Va1 + Va2 + Va0 (3.1)
Vb = Vb1 + Vb2 + Vb0 (3.2)
Vc = Vc1 + Vc2 + Vc0 (3.3)

Usando o operador a e os conceitos tirados das figuras anteriores:

Vb1 = a 2 . Va1 Vc1 = aVa1 



Vb 2 = a . Va 2 Vc2 = a 2 Va 2  (3.4)
Vb 0 = Va 0 Vc0 = Va 0 

Substituindo o conjunto de equações (3.4) em (3.2) e (3.3), tem-se que o sistema de


tensões Va, Vb e Vc poderá ser assim reescrito:
Va = Va1 + Va2 + Va0 (3.5)
Vb = a2Va1 + aVa2 + Va0 (3.6)
Vc = aVa1 + a2Va2 + Va0 (3.7)

Matricialmente:

 Va  1 1 11  Va 0 
V  = 1 a 2 a  .  Va1  (3.8)
 b    
 Vc  1 a a   Va 2 
2

Por conveniência,será adotado que :


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1 1 1

A= 1 a
2
a (3.9)
 
1 a a 2 
Assim, a equação (3.8) poderá ser assim ser escrita: [Vp] = [A] . [Vc]

A matriz inversa de A será:

1 1 1
1
A-1 = 1 a a2  (3.10)
3 
1 a 2 a 

Por outro lado, pré-multiplicando a equação (3.8) por A-1:

 Va   Va 0 

A-1 Vb
 = A . A .  Va1 
− 1
   
 Vc   Va 2 
Assim, as temsões de componentes simétricas, para a fase “a” serão:

 Va 0  1 1 1   Va 
 V  = 1 1 a a 2  x  Vb  (3.11)
 a1  3   
 Va 2  1 a 2 a   Vc 

A relação obtida é de grande importância, pois permite decompor 3 fasores


assimétricos em seus componentes simétricos.

Desenvolvendo a equação matricial (3.11):


&a + V
Va0 = 1/3 ( V &b + V
&c) (3.12)

& a + aV
Va1 = 1/3 ( V & b + a2V
&c) (3.13)

Va2 = 1/3 (va + a2Vb + aVc) (3.14)

& b0 , V
Os demais componentes simétricos ( V & b1 , V
& b2 , V
& c0 , V
& c1 e V
& c2 ) são obtidos
pelas equações (3.4).

Observações importantes:

1- A equação (3.12) mostra que, em circuitos trifásicos equilibrados, não há componente de


sequência zero.
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2- As equações (3.12), (3.13) e (3.14) valem também para corrente e podem ser resolvidas gráfica
ou analiticamente. Quando representam correntes tem-se:
Ia0 = 1/3 (Ia + Ib + Ic) (3.15)
Ia1 = 1/3 (Ia + aIb + a2ic) (3.16)
Ia2 = 1/3 (Ia + a2Ib + aIc) (3.17)

3- Num sistema trifásico com condutor neutro, &I n = &I a + &I b + &I c . Assim, de (3.15):

Ia0 = 1/3 In → &I n = 3&I a 0 (3.18)

4- Quando não há retorno, In é nulo . Nestas condições, as correntes de sequência zero não
existirão. Assim sendo, em uma carga ligada em ∆, não há corrente de sequência zero.

Exemplo 1:
Um condutor de uma linha trifásica está aberto. A corrente que flui para uma
carga ligada em ∆ pela linha a é de 10A. Tomando a corrente na linha a como referência e a
linha c aberta, determine os componentes simétricos das correntes de linha.
&I a = 10/0o (A ); &I b = 10/180o (A ) e &I c 0

Solução:
Das equações (3.15), (3.16) e (3.17):
Ia Ib Ic
↓ ↓ ↓
Ia0 = 1/3 (10/0o + 10/180o + 0) = 0 A

Ia Ib a
↓ ↓ ↓
Ia1 = 1/3 (10/0o + 10/180o x 1/120o + 0) = 5,78/-30o A

Ia Ib a2
↓ ↓ ↓
Ia2 = 1/3(10/0o + 10/180o x 1/240o + 0) = 5,78/30o A

Das equações (3.4):


Ib1 = a2Ia1 = 5,78/-150o (A) Ic1 = aIa1 = 5,78/90o (A)
Ib2 = aIa2 = 5,78/150o (A) Ic2 = a2Ia2 = 5,78/90o (A)
Ib0 = Ia0 = 0 Ic0 = Ia0 = 0
Comentários:
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• Embora Ic = 0 , os componentes Ic1 e Ic2 têm valores definidos, mas Ic1 + Ic2 = 0.
• A soma das componentes de A deve dar 10/0o [A] e de B, 10/180o [A].

3.4 - Potência em termos de componentes simétricos:

Conhecendo-se os componentes simétricos de corrente e tensão, pode-se obter, a partir


destes, a potência consumida:
N = P + jQ = Va . Ia* + VbIb + VcIc* (3.19)

Matricialmente:
* t 2
I a   Va  I a 
   
N = S = [Va Vb Vc] I b = Vb x I b
  (3.20)
     
 I c   Vc  I c 
Ou seja, S = Vlt . IL*
OBS: Uma matriz conjugada é constituída por elementos que são os conjugados dos elementos
originais.

Introduzindo os componentes simétricos das tensões e correntes (eq. (3.8)


Va 0   Ia 0 
   
VL = A Va1  e IL = A  Ia 1  na equação (3.20):
Va 2   Ia 2 

Va 0   Ia0 
  t  
S = A [Va1  ] .[ A  I a1 .]* = [ AV ]t . [ AI ]*
Va 2   Ia 2 

Da álgebra matricial: [A . V]t = Vt . At

Assim:
S = Vt . At[AI}* = Vt . At . A* . I* (3.21)

Da equação (3.9) nota-se que: At =A


Sabe-se ainda que a e a2 são conjugados.
Portanto:
*
1 1 11 1 1 1  I a 0 
S = [Va0 Va1

Va2] 1 a
2
a  1 a a 2   I a1  (3.22)
   
1 a a 2  1 a 2 a  I a 2 
78
I a 0 
S = 3 [Va0 Va1
 
Va2] I a1 (3.23)
 
I a 2 

A equação (3.23) ficará: VaIa* + VbIb* + VcIc* = 3Va0Ia0* + 3Va1Ia1 + 3Va2Ia2*


Ou seja:
*
I a  I a 0 
   
[Va Vb Vc] I b = 3[ Va 0 Va1 Va 2 ] I a1 → [S p ] = 3[S c ]
   
 I c  I a 2 

2o Exemplo:
Dados: Va = 10/30o, Vb = 30/-60o e Vc = 15/145o determinar as componentes simétricas
correspondentes.
Solução:
Utilizando-se das equações (3.12), (3.13) e (3.14):
(3.12): Va0 = 1/3(Va + Vb + Vc) = 1/3(10/30o + 30/60o + 15/145o) = 5,60/-47,4
(3.13): Va1 = 1/3(Va + aVb + a2Vc) = 1/3(10/30o + a.30/-60o + 1/240o . 15/145o)
= 17,6/45o.
(3.14): Va2 = 1/3(Va + a2Vb + aVc) = 1/3(10/30o + 1/240o . 30/60o + 1/120o x
15/145o = 8,25/-156,2o

As equações (3.4) nos darão:


Vb1 = a2 . Va1 = 17,6/75o Vc1 = a Va1 = 17,6/165o
Vb2 = aVa2 Vc2 = a2Va2
Va0 = Vb0 = Vc0

3o Exemplo:
Dadas as componentes simétricas:
Va0 = 100/30o, Va1 = 220/0o e Va2 = 100/-60o, determinar as tensões Va, Vb e Vc.

Solução:
Da equação (3.8):

 Va  1 1 1   Va 0  1 1 1  100/30o 
 V  = 1 a 2  
a   Va1  = 1 1 1  220/0o  =
 b     
 Vc  1 a a   Va 2  1 1 1 100/ − 60o 
2
79
3.5 - Componentes simétricos das impedâncias:

3.5.1 - Caso Geral


Para a figura (3.5), as relações para as correntes e tensões serão:

Va
Z aa
a
Vb
Z bb M ab = M ba
b M ca = M ac
Vc
Z cc M bc = M cb
c

Figura 3.5 -
Va = Zaaia + MabIb + MacIc
Vb = Mbaia + ZbbIb + MbcIc
Vc = McaIa + McbIb + ZccIc

Matricialmente:

 Va   Z aa M ab M ac  I a 
 V  = M Z bb M bc  I b 
 b   ab  
 Vc   M ca M cb Z cc   I c 
ou: [Vp] = [Zpp].[Ip] (3.24)

Em termos de componentes simétricos pode também ser escrito:


[Vc] = [Zcc] . [Ic] (3.25)

Já foi visto anteriormente que:


[Vc] = [A-1][Vp] (3.26)
[Ic] = [A-1][ip] (3.27)

Levando (3.26) e (3.27) em (3.25): [A-1][Vp] = [Zcc][A-1][Ip]

Pré-multiplicando ambos membros por A: [Vp] = [A] [Zcc] [A-1] [Ip] (3.28)

Fazendo a identidade de (3.28) com (3.24):[Zpp]= [A] [Zcc] [A-1].


Pré-multiplicando por [A-1]: [A-1] [Zpp] = [Zcc] [A-1]
Pós-multiplicando esta última por [A]: [Zcc] = [A-1] [Zpp] [A] (3.29)
80
Matricialmente, (3.29) ficará::

1 1 1   Z aa M ab M ac  1 1 1

[Zcc] = 1/3 1 a a 2  M ba Z bb M bc  1 a 2 a (3.30)
   
1 a 2 a   M ca M cb Z cc  1 a a 
2

3.5.2 - Circuito equilibrado


Estando as três fases equilibradas: Zaa = Zbb = Zcc = Z
Mab = Mba = Mcb = Mbc = Mac = Mca = M

Substituindo na equação (3.30):

1 1 1  Z M M  1 1 1

[Zcc] =1/3 1 a a 2  M Z M  1 a 2 a
   
1 a 2 a  M M Z  1 a a 
2

resolvendo esta:

( Z + 2 M ) 0 0 
[Zcc] =
 0 ( Z − M) 0  (3.31)
 
 0 0 ( Z − M ) 

Como se vê, a matriz de impedância se diagonalizou. Caso o circuito não fôsse equilibrado, a
matriz acima seria totalmente cheia.

A equação (3.31) pode ainda ser assim escrita:

 Zo 0 0  Z o = Z + 2 M
 
[Zcc] = 0 Z1 0  →  Z1 = Z − M (3.32)
 
 0 0 Z 2  Z 2 = Z − M

Reescrevendo a equação (3.25):

 Vo  Z o 0 0  I o  Vo = Z o . I o
   
[Vc] = [Zcc] [Ic] = V1 = 0 Z1 0   I1  → V1 = Z1 . I1 (3.33)
    
 V2   0 0 Z 2  I 2  V2 = Z 2 . I 2

Significado físico:
1. Para sistemas equilibrados, a corrente de sequência zero flui apenas no circuito de sequência
zero; corrente de sequência positiva no circuito de sequência positiva; corrente de sequência
negativa no circuito de sequência negativa.
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2. A impedância do circuito pelo qual circula a corrente de sequência zero é denominada de
“IMPEDÂNCIA DE SEQUÊNCIA ZERO”, o mesmo acontecendo para as demais
sequências.
3. A f.e.m. produzida pelos geradores é apenas de sequência positiva.. Consequentemente, no
caso de uma carga equilibrada, teremos somente corrente de sequência positiva.

3.6 - Impedâncias de sequências dos componentes do sistema:

3.6.1 - Linhas e cabos


Z0 = Z + 2 M

A solução do sistema Z1 = Z − M , mostra que para as linhas transpostas, “Z0” é
Z = Z − M
 2
maior que “Z1” ou “Z2” e qu”Z1”é igual a “Z2”.
Normalmente a impedância de sequência zero é da ordem de 2,0 a 3,5 vezes o valor da
impedância de sequência positiva ou negativa (em linhas aéreas ou cabos de 3 condutores). Isso
ocorre porque as correntes de sequência zero estão em fase nos três condutores.
A soma das correntes de sequência zero das 3 fases sempre dará um resultado diferente de
zero. Isso implica que, para elas existirem, deverá haver um caminho de retorno (neutro). A
impedância deste retorno é “Zn”. O circuito de sequência zero unifilar, pelo qual normalmente
passará apenas “Io” deverá, neste caso, ter uma impedância de retorno 3Zn. Assim, se mostra o
efeito de uma corrente Io em uma impedância 3Zn: 3ZnI0.

Io

Io

Io

3 I o( Retorno )

Figura 3.6 -
A esta impedância deverá ser acrescida à impedância própria dos condutores. Se o retorno
é feito pela terra, será difícil obter um valor preciso para a impedância total dos condutores, pois o
solo também é condutor.

3.6.2 - Transformadores
3.6.2.1 - Impedância de sequências positiva e negativa
Como nas linhas de transmissão, as impedâncias de sequência positiva e negativa
dos transformadores devem ser iguais entre sí. Isso ocorre porque não hádiferenças caso a
energização dos mesmos ocorra com tensões de seq. (+) ou (-). Por outro lado, nos
82
transformadores Y(1ário)/∆ (2ário) de polaridade subtrativa, as tensões dos secundários(∆ )
sofrem um deslocamento angular, em relação às correspondentes tensões do primário(Y), de -30o
para as tensões de sequência positiva e de +30o para as corespondentes tensões de sequência
negativa. Esse assunto será analisado, em maiores detalhes, no capítulo 4.

3.6.2.2 - Impedância de sequência zero


As impedâncias de sequência zero dos tranformadores dependem da conexão dos
enrolamentos e da forma construtiva do núcleo. Essas impedâncias podem ser igual ou maior que
as impedâncias de sequência positiva ou negativa (pode até ter um valor infinito).
Quando a impedância for de valôr finito e, desprezando a impedância de magnetização,
tem-se:
a) Um caminho de retorno para a corrente que circula para a terra em um dos lados do trafo,
porque a corrente Io existe e é igual a 1/3 da corrente do neutro: Io = 1/3 (Ia + Ib + Ic).
b) A f.e.m. causada pela circulação destas correntes através do enrolamento do transformador
deve ser equilibrada por uma f.e.m. equivalente devido à circulação da corrente no outro
enrolamento do transformador:

L L L

L L L

L L L
Caminho para
Gerador circulação da corrente
Camnho
de Retorno

Figura 3.8 -

L
L L
L
L L
L
L L
Gerador

Caminhos de Retorno

Figura 3.9 -

L
L L
L
L L
L
L L
Gerador não há
caminhos p/ corrente
de seq. zero

Figura 3.10 -
83
Diagrama equivalente de sequência zero para transformadores de 2 enrolamentos:
Um diagrama simples pode ser usado para representar todos os diagramas unifilares de
sequência zero, para os transformadores:

Chaves
série

L
Z
Ponto de
L Fonte falta

Chaves
Shunt

Figura 3.11 -

Para utilizar o diagrama anterior, procede-se da seguinte maneira:


• Fechar a chave série para um enrolamento ESTRELA ATERRADO, que é o que proporciona
um circuito de retorno para a corrente que circula pela terra.
• Fechar a chave shunt para os enrolamentos em DELTA, pois este proporciona um circuito
fechado para a corrente de compensação de f.m.m.

Os circuitos equivalentes de sequência zero serão portanto:


1)

P Q
Zo
P Q
L L L L
L

fte fte
F F
L L

P Q

Figura 3.12 -

2)

P Q
Zo
P Q
L L
L L L

fte fte
F F
L L

P Q

Figura 3.13 -
84
3)

P Q
Zo
P Q
fte L L L
L L
L fte
F
L
P
Q

Figura 3.14 -
4)

P Q Q
P Z
P Q
fte L L L L L

L L fte
F

Figura 3.15 -
5)

P Q
Z
P Q
L
L L
L
L
fte
L F
L

Figura 3.16 -
Exemplo: Determine o circuito de sequência zero do sistema:

T U

R S
M P V X

N Q W Z

Figura 3.17 -
Solução:

T U
L L
M P V X
R S
L L L L
Z linha Z linha
L L L
N Q W Z
Z linha

Figura 3.18 -

3.6.2.3 - Transformador de 3 enrolamentos


85

O circuito equivalente é idêntico aquele para o transformador de 2 enrolamentos.


A chave shunt é fechada para o enrolamento em ∆ e a chave série para a conexão Y :

Zp
L Zt
L
L
Zs
CONEXÃO GERAL
Zm

Figura 3.20 -

Seja o trafo Y/∆/Y . O seu circuito de sequência zero é:


Zp
P
L Zt T
L
S
L P T
Zs
Zm
S

Figura 3.21 -

Para o trafo ∆/∆/Y

P T S
Zp S
P
L Zt Zs
T L
L
S P
L L
Zs
Zt
Zm p/ Z m @ :oo L

Figura 3.22 -

3.6.3 - Máquinas síncronas


As impedâncias de sequência (+) e (-) das máquinas síncronas não são iguais entre sí
mesmo se a máquina for eletricamente equilibrada. Isto ocorre porque as tensões de sequência (-),
de sequência de fases, por exemplo, ACB, quando aplicadas a uma máquina que gira e produz
tensões de sequência (+), de sequência de fases ABC, se comportarão como se houvesse uma
outra máquina, dentro daquela primeira, porém, girando em sentido oposto.
86
a) Impedância de sequência (+):
Esta é a impedância normal da máquina. Toma-se o valor subtransitório, transitório ou
síncrono,(conforme a natureza do problema.

b) Impedância de sequência (-):


A f.m.m. produzida pela corrente de sequência (-) fluindo no estator , dá origem a um
campo rotativo, cujo sentido de rotação é oposto àquele do rotor, com a mesma velocidade
síncrona “ω”, do rotor. Assim, o fluxo produzido varre rapidamente o rotor, induzindo correntes
nos enrolamentos de campo, amortecedores e na superfície do rotor, evitando assim que o fluxo
penetre no rotor, e dando origem a um baixo valor de reatância.
Esse campo oposto tira a máquina do seu regime normal, provocando instabilidade, como
se fosse colocada ou retirada carga da máquina. A impedância “Z2” varia continuamente do eixo
“d” para o “q”, em consequência, toma-se a média das reatâncias sub-transitórias X”d e X”q:

X ,,d + X ,,q
Z2 =
2

c) Impedância de sequência zero:


A f.m.m. produzida pela corrente de sequência zero terá o mesmo valor instantâneo em
todas as fases. Assim, para um enrolamento trifásico uniforme, a f.m.m. em qualquer ponto, será a
soma de 3 ondas senoidais idênticas, deslocadas entre si de 120o.
Portanto o fluxo resultante é zero e não haverá reatância, exceto aquela devido ao fluxo de
dispersão (e imperfeições no enrolamento). Consequentemente, a impedância “Zo” será composta
da resistência do enrolamento mais uma pequena reatância.
- Note-se a diferença do efeito da sequência (0) nos trafos e nas máquinas síncronas.

Diagrama do circuito de um gerador vazio aterrado através de uma impedância

L R
L Zg L XL

Ea N R RL
A RL
Zg N 120o XL
N Ea R R
L L
Ea 240o L L RL
Zg L R XL

L R

Figura 3.23 -

Diagramas de sequências:
(+)
87
a
L Z1 I a1

Ea Ea

Eb L Z1
L Ec I b1
L
c b
Z1 Z1
a
I a1
I c1

Figura 3.24 -
(-)

Figura 3.25 -
(0)

Figura 3.26 -

3.7 - Exercícios:

1) Fazer o circuito da sequência (0) do diagrama unifilar:

Q S

P
~ ~
M N
Zn R T
L

Figura 3.27 -

Solução:
88

Q S LT L
L
L L N
M
T LT L
P L L
R

Figura 3.28 -

2) Fazer os circuitos de sequência (+), (-) e (0) do diagrama unifilar:

A
M O
R L ~ ZL
ZT
R S
B ZL ~
N P
~

Figura 3.29 -

Solução:
Diagramas de sequência (+) e (-):

Z1 A , Z 2 A L L Z1 B , Z 2 B L Z1 C = Z 2 C

ZT1 = Z T2L L ZT1 = Z T2 L ZT 1 = Z T 2


ZL1 = Z L2
L

L Seq.
(+)e(-)
ZL1 = Z L2

Figura 3.30 -
Diagrama desequência zero:

Seq. Zero

3R R L ZB 0 L ZC 0

ZT 0 ZL 0
P
ZA 0 L L L
N
R L
ZT 0 S
L L
M
O ZL 0
ZT 0

Figura 3.31-

3) Esquematize o circuito de sequência zero para o sistema abaixo. Considere que as reatâncias
de sequência zero dos geradores e motores valem 0,05 pu. Os reatores para a limitação de
corrente valem 2,0 Ω. A reatância de sequência (0) da L.T. é de 250 Ω.
89
20 MVA / 12,5 KV
20 ( p.u.)
35 MVA 35 MVA
13,2 / 115 115 / 13,2 KV p
L
X = 0,1 X = 0,1 ~
M1
L
~
k l m n r
30 MVA ~
M2
13,8 KV
15 ( p.u.) 10 MVA / 12,5 KV
20 ( p.u.)

Figura 3.32 -

1) Reatância de sequência (0) dos transformadores: Zo


Zo = Z1
É dado que: Z1 = 0,1 p/ MB = 35 MVA
UB = 13,2 KV/115KV

MA = 30MVA
2
30  13,2 
Para a base  Z’1 = 0,1   = 0,0784 pu
UA = 13,8KV 35  13,8 
∴ Zo = 0,0784 pu

2) Gerador: Zo = 0,05 pu

3) Motores:
2
30  12 ,5
M1 : Zo = 0,05 .   = 0,061 pu
20  13,8 

2
30  12 ,5
M2 : Zo = 0,05 .   = 0,123 pu
10  13,8 

4) Reatores limitadores de corrente:

U 2base (13,8 . 10 3 ) 2
Zbase = = = 6,35Ω
M base 30 . 10 6

2
Zo(pu) = = 0,315 pu
6,35

no diagrama unifilar:

3Zn = 3 . 0,315 = 0,945 pu


90
5) Linha de transmissão:

(120,23 KV) 2
Zbase = = 482Ω
30 MVA
Zo(pu) = 250/482 = 0,521 pu

j 0,945 L L j 0,945

L j 0,061 L j 0,123
j 0,05 L
L m p r
L L L
k n
j 0,0784 j 0,521 j 0,0784

Figura 3.33 -

4) Desenhe os circuitos de impedância de sequência negativa e de sequência zero


para o sistema de potência da figura 3.34. Dê os valores de todas as reatâncias em
p.u. numa base de 30.000 KVA, 6,9 KV no circuito do gerador 1. Assinale os
circuitos de maneira correspondente ao diagrama unifilar. Os neutros dos
geradores 1 e 2 estão ligados à terra através de reatores limitadores de corrente
com reatância de 5%, cada qual tendo como base os valores da máquina à qual
estão ligados. Cada gerador possui reatâncias de sequências negativa e zero de
15% e 5%, respectivamente, com base em seus próprios valores nominais. A
reatância de sequência zero da linha de transmissão é 250 ohms de B a C e 210
ohms de C a E.

TA TC
A B E F
A C

L
6,9 / 115
TB
6,9 / 115

Figura 3.34 -
GERADORES:
Reatores dos Geradores: → Zn = 5%

GA: 20MVA − 6,9 KV 



GB: 10MVA − 6,9 KV  x”= 0,15 pu e Z2 = 15%, Zo = 5%
GC: 30 MVA − 6,9 KV 
91

TRANSFORMADORES:
TA: 25MVA; 6,9∆ - 115 Y [KV]; x = 10%
TB: 12,5MVA; 6,9∆ - 115Y [KV]; x = 10%
TC: 3 trafos monofásicos, cada: 10MVA; 7,5-75KV; x = 10%

Linhas:
BC→ Zo = 250 Ω; Z1 = Z2 =100 Ω
CE → 210Ω; Z1= Z2 = 80 Ω
Adotar: UB = 6,9 KV; MB = 30 MVA → nos geradores GA e GB

Solução:

UB(BC e CE) = 115 KV

UB(gerador “C”) = 7,5 3 ← 75 3


x ← 115 x = 11,5 KV

Reatâncias:
Geradores:

 2
 6,9  30
ZA1 = Z A 2 = 0,15  . = 0,225pu
  6,9  20
 30
GA: Z A 0 = 0,05 . = 0,075
 20
3Z n = 3(0,05 30 / 20) = 0,225pu



 30
 Z B1 = Z B2 = 0,15 = 0,45
GB: 
10
Z B0 = 0,05 . 30 = 0,15; 3Z n = 0,45
 10
  13,8 
2
30
ZC1 = Z C2 = 0,15  = = 0,216pu
  11,5  30
Gc: 
2
  13,8 
ZC 0 = 0,05 11,5  = 0,072 pu

Transformadores:
ZTA1 = ZTA2 = 0,1 . 30/25 = 0,12 pu = ZTA0
ZTB1 = ZTB2 = 0,1 . 30/125 = 0,24 pu = ZTB0
92
2
 130  30
ZTC1 = ZTC2 = ZTC0 = 0,1   . = 0,1277 pu
 115 30
Linhas:

(115KV) 2
Sendo: 2
ZB = UB /MB = = 440,83Ω
30000KVA
 100
 Z BC1 = Z BC 2 = = 0,2268
440,83
BC: 
Z BC0 = 250 = 0,5671
 440,83

 80
 Z CE1 = Z CE 2 = 0,181pu
440,83
CE: 
ZCE 0 = 210 = 0,4764
 440,83

CIRCUITOS:
1) de sequência negativa:
93
94
Figura 3.35 -

2) de sequência nula:
95
96
Figura 3.36 -

5) Desenhe os circuitos de sequência negativa e de sequência zero para o sistema de potência do


exercicio 6 do capítulo 1. Escolha uma base de 50.000 KVA, 138 KV na linha de transmissão
de 40 ohms e dê as reatâncias em p.u.. A reatância de sequência negativa de cada máquina
síncrona é igual à respectiva reatância subtransitória. A reatância de sequência zero de cada
máquina é de 8% com base nos próprios valores nominais. Os neutros das máquinas estão
ligados à terra através de reatores cujas reatâncias valem 5%, com base nos valores nominais
das respectivas máquinas. Suponha que as reatâncias de sequência zero das linhas de
transmissão valem 300% das respectivas reatâncias de sequência positiva.
A j 40 W B
A B

j 20 W j 20 W
L L

M L

Figura 3.37 -
Solução:
UB = 138 KV (nas linhas); MB = 50 MVA
GA = GB → 20 MVA; 13,2 KV; x” = 15%; Zn = 5%; Z0 = 8%.
2
 13,2  50
ZA1 = ZA2 = ZB1 = ZB2 = 0,15   . = 0,3421pu
 13,8  20
2
 13,2  50
ZA0 = ZB0 = 0,08   . = 0,183
 13,8  20
2
 13,2  50
Zn = 0,05   . = 0,1143; 3Zn = 0,343
 13,8  20

MOTOR M: 30 MVA; 6,9 KV, x” = 20%


50
ZM1 = ZM2 = 0,2 . = 0,333
30
50
ZM0 = 0,08 . = 0,133
30
50
Zn = 0,05 . = 0,0833; 3Zn = 0,25
30

Transformadores:

50 
YY: 20 MVA; 13,8Y − 138Y; x = 10% → Z = 0,1 = 0,25
20 
 Z1 = Z2 = Z0
50
Y∆: 15MVA; 6,9 ∆ − 138Y; x = 10% → Z = 0,1 = 0,333 
15 
97
Linhas:
ZB = 1382/50 = 380,88Ω
AB: Z1 = Z2 = 40/380,88 = 0,1051
Z0 = 3Z, (dado do ex.) = 0,3153
AC = CB: Z1 = Z2 = 20/380,88 = 0,05251
Z0 = 3Z1 = 0,1575
98
99
Figura 3.38 -
100

L
j 0,2
101

Figura 3.39 -

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