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CONTRIBUIÇÃO À TOMADA DE SUBSÍDIOS N° 13/2022 - ANEEL

III.1. Breve histórico da regulamentação do cálculo de perdas na distribuição


1. Quais os principais pontos a serem aprimorados na metodologia de cálculo de perdas
na distribuição? Por quais razões?
Valores regulatórios de perdas dos transformadores de distribuição: Na metodologia
atual, as perdas nos transformadores de distribuição seguem a NBR 5440/2014.
Contudo, muitos transformadores em campo possuem data de conexão anterior ao ano
de 2014. Na Celesc, por exemplo, mais de 70% foram instalados antes de 2014, o que
acarreta em perdas simuladas inferiores às perdas reais nesses equipamentos.
Recomenda-se reavaliar a severidade desse critério e estudar a possibilidade e impactos
considerando-se perdas declaradas para os transformadores de distribuição.

Perdas elevadas e as características topológicas que levam a perdas técnicas elevadas


nas redes (Ex: redes rurais com extensos ramais monofásicos): Alimentadores com
perdas altas (acima de 20%), não devem ser automaticamente glosados pela ANEEL.
Casos particulares poderiam ser analisados individualmente com a devida justificativa
pela distribuidora.

Distorções harmônicas: A Celesc sugere que seja avaliado o efeito da modelagem das
distorções harmônica nas perdas técnicas regulatórias.

III.3. Metodologia de cálculo das perdas do Sistema de Distribuição de Alta Tensão -


SDAT
2. A metodologia de cálculo de perdas do SDAT, que utiliza o sistema de medição, é a
mais adequada para obtenção das perdas nesse segmento?
A Celesc entende que a metodologia atual, através do sistema de medição, é adequada
para o cálculo de perdas no SDAT.
3. Existem aspectos a serem aperfeiçoados na metodologia de cálculo do SDAT? Caso
positivo, quais?
Não há recomendações.
4. Os níveis de perdas no SDAT estão adequados?
Os níveis de perdas no SDAT dependem de diversos fatores e características de cada
concessão, como a infraestrutura, o mercado de energia da região, local de despacho
de geração, fatores climáticos sazonais, etc.

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Neste sentido, o departamento de planejamento da Celesc realiza estudos periódicos
para verificar o nível de perdas técnicas no SDAT a fim de avaliar a necessidade de
investimentos que considerem, além de outros critérios técnicos, menores níveis de
perdas técnicas no horizonte de planejamento de 10 anos.
Além disso, há estudos por parte da divisão de planejamento acerca da compensação
reativa em subestações através da instalação de bancos de capacitores com o intuito de
reduzir a circulação de reativos no SDAT e, consequentemente, reduzir o carregamento
de linhas de distribuição e de transformadores, assim como as perdas técnicas no
sistema de distribuição de alta tensão. Assim, entende-se que os níveis de perda estão
adequados, considerando as características e necessidades da área de concessão da
Celesc.
5. Como auditar as perdas apuradas por medição do SDAT? Um eventual procedimento
de auditagem deveria ser aplicado a todas as distribuidoras ou apenas em casos
específicos? Qual critério deveria ser usado para estabelecer a aplicação de um eventual
procedimento de auditagem? Enviar memorial de cálculo e dados de medição para
Aneel.
Os procedimentos de auditagem devem ser realizado nos casos de inconsistência dos
dados. Uma opção seria a verificação da energia injetada pelos transformadores e a
energia injetada nos alimentadores.
6. O envio de dados padronizados por ponto de medição seria uma possibilidade? Quais
os aspectos positivos e negativos dessa abordagem?
É uma possibilidade a ser aplicada nos casos de constatação da necessidade de
auditagem dos dados, sob demanda. Atualmente os pontos de medição de SED não são
padronizados, e o tratamento desses pontos de forma análoga ao SMF repercute em
investimentos para adequação dos sistemas (telecomunicação e medição), bem como
aumento dos custos para operação.
7. A confiabilidade dos dados de medição – principalmente os que não pertencem ao
Sistema de Medição de Faturamento (SMF) – é adequada?
Em geral sim. Em caso de falhas são adotados procedimentos para estimar o dado real
da melhor forma possível e medições operacionais redundantes.
8. Em caso de falhas na apuração da medição de algum ponto de medição, quais são os
procedimentos adotados? Tais procedimentos deveriam ser detalhadamente
definidos?
No caso de falhas de medição, busca-se estimar a medição faltante da melhor forma
possível. Um dos métodos utilizados é a interpolação linear.
III.4. Critérios para a classificação de circuitos atípicos e reconfigurados
9. Na maioria dos casos são significativas as variações diárias das unidades geradoras
nos alimentadores de distribuição?

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Sim. Para avaliar a situação, observou-se a curva de geração de algumas UCs com micro
ou minigeração na Celesc. É comum observar UCs com perfil de geração mensal como
ilustrado abaixo na Figura 1, onde a variação da demanda máxima pode variar
significativamente a depender do dia do mês. A curva azul representa a geração real
medida. A curva laranja representa uma curva diária média que resulta na mesma
geração mensal da curva azul.

Geração horária
15

10

0
1
22
43
64
85
106
127
148
169
190
211
232
253
274
295
316
337
358
379
400
421
442
463
484
505
526
547
568
589
610
631
652
673
694
715
736
kW KW_med

Figura 1: Curva de geração de uma UC com microgeração.

10. As distribuidoras possuem os dados de medição dos geradores conectados aos


circuitos de média tensão com injeção de potência significativa?
Parcialmente. Nem todas os geradores conectados na média tensão possuem medição
separada em canais de consumo e geração.
11. Caso opte-se por calcular as perdas dos circuitos que possuem geração, qual seria a
alternativa mais adequada para a curva de carga? Teriam outras opções além das
anteriormente elencadas?
Sugere-se que sejam levantadas curvas de carga típicas de geração durante a campanha
de medição, ou com base da curva de geração disponíveis. Uma curva de carga
constante tende a suavizar os picos de geração durante o dia. As perdas do sistema
elétrico podem se comportar de maneira não-linear, de forma que as perdas em um
curto intervalo de tempo, causadas por um pico de geração podem ser superiores às
perdas de todo o dia, considerando uma geração flat.
12. A distribuidora possui sistema de subtransmissão que interliga SED? Caso positivo, a
distribuidora dispõe de medição de modo a totalizar as perdas desse sistema?
Sim, a Celesc possui alguns casos de sistema de subtransmissão, geralmente sistemas
de 138kV ou 69kV para 34,5kV e 34,5kV para 23kV ou 13kV. Há medição de modo a
totalizar as perdas desse sistema em parte desses sistemas.
13. O tratamento dispensado ao Sport Network pela metodologia de perdas é
adequado?

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Sim. Na metodologia atual as redes Spot são consideradas atípicas. Nestes casos, são
consideradas as perdas informadas pela distribuidora, que podem estar sujeitas à
avaliação caso a caso por parte da ANEEL, caso necessário. Entendemos que alterar o
modelo de cálculo que envolve o uso do OpenDSS para simular essas redes traria
complexidade adicional desnecessária, já que são casos pontuais. A Celesc não possui
redes com esta configuração.
14. O tratamento dispensado a redes subterrâneas reticuladas pela metodologia de
perdas é adequado?
Sim. Na metodologia atual as redes subterrâneas reticuladas são consideradas atípicas.
Nestes casos, são consideradas as perdas informadas pela distribuidora, que podem
estar sujeitas à avaliação caso a caso por parte da ANEEL, caso necessário. Entendemos
que alterar o modelo de cálculo que envolve o uso do OpenDSS para simular essas redes
traria complexidade adicional desnecessária, já que são casos pontuais. A Celesc não
possui redes com esta configuração.
III.5. Incorporação de microgeração e minigeração distribuída ao modelo de cálculo de
perdas por fluxo de potência
15. A incorporação da microgeração e minigeração distribuída ao modelo de cálculo de
perdas é necessária?
Sim. Verifica-se um incremento significativo no número de instalações desses
empreendimentos nos últimos anos. Seria importante essas instalações serem
consideradas no cálculo de perdas, pois a tendência é que os impactos nos resultados
sejam cada vez maiores.
16. Considerando o número de unidades com geração e o acréscimo de complexidade
ao cálculo, é importante considerar as demais fontes de geração no cálculo de perdas?
Mais de 95% das fontes de geração de microgeração e minigeração distribuída são
fotovoltaicas. Dessa forma, considerando a complexidade adicional que se teria em
modelar outras fontes, inicialmente, sugere-se que sejam modeladas apenas as fontes
de geração solares. Os demais casos podem ser considerados atípicos ou tratados
individualmente.
17. Qual a melhor opção para se obter a energia mensal gerada: utilizando-se o OpenDSS
como um estágio que precede o cálculo ou por meio da formulação descrita
anteriormente nessa seção? Existem outras opções a serem avaliadas?
Sugere-se que seja analisada a complexidade e processamento adicional da proposta
que utiliza o OpenDSS para simular a energia gerada. Não trazendo acréscimos
relevantes no tempo de simulação, esta alternativa traria resultados mais precisos e
poderia ser utilizada. Sugere-se alternativamente, o levantamento de curvas típicas de
geração nas campanhas de medição ou com base nas medições disponíveis.

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18. Existe outra base de dados que poderia ser utilizada para a obtenção da irradiância
solar, além da base de dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar desenvolvido pelo
INPE?
Sem sugestões.
19. Qual a periodicidade para a consideração da irradiância e da temperatura, tendo em
vista a disponibilidade de informação: diária, mensal, anual ou alguma outra forma?
Apesar da dificuldade de se conseguir os dados, o ideal seria trabalhar com curvas de
irradiância e de temperatura horárias. Isso porque as perdas técnicas podem aumentam
de forma não linear com o aumento do fator de demanda. Utilizar a média tende a
suavizar os picos de geração, o que pode subestimar as perdas reais.
20. Como considerar a irradiância e a temperatura tendo em conta a localização
geográfica da unidade com geração: i) usar a localização geográfica unidade com
geração sem qualquer simplificação; ii) por conjunto de unidade consumidora; iii) por
área de concessão; iv) por região ou alguma outra forma?
Entendemos que a área geográfica abrangida em um conjunto de unidade
consumidoras, é pequena o suficiente para que seja razoável considerar toda a região
com a mesma temperatura e irradiância.

III.6. Definição da impedância das linhas


21. Qual das opções deve ser adotada para representar as características elétricas das
linhas do SDMT e SDBT? Existiria outra forma não abordada nesse documento?
Os sistemas de distribuição contam com diversos tipos de redes, como por exemplo
aéreas, convencionais, compactas e subterrâneas, e com isso são empregados
condutores diferentes dependendo do tipo de rede, o que torna a modelagem bastante
complexa. Na metodologia atual para o cálculo de perdas técnicas regulatórias, a matriz
de impedância dos cabos é definida apenas pela impedância de sequência positiva do
condutor. Com o intuito de avaliar a alternativa ii. do item 58 da NT 47/2022-SRD/ANEEL
foi realizado um teste com a base Celesc-Dis em foram simulados 724 alimentadores
sem e com a impedância de sequência zero. A diferença no cálculo de perdas técnicas
anuais foi de 615 MWh a mais quando a impedância de sequência zero foi incluída na
modelagem dos segmentos, o que corresponde à uma média de 0,01% de acréscimo no
percentual de perdas técnicas por alimentador. Também foi percebido um aumento no
número de circuitos que convergiram quando foi incluída a impedância de sequência
zero.
Dada à complexidade da obtenção de dados para simulações das demais alternativas
propostas, essas não foram simuladas. No entanto, não vislumbra-se prejuízos se
acrescentada a impedância de sequência zero na metodologia atual. Além disso, é
apontado pelo próprio desenvolvedor do OpenDSS que a impedância de sequência zero

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deveria ser informada pelo usuário. Sendo assim, recomenda-se a inclusão da
impedância de sequência zero no cálculo de perdas técnicas regulatórias.

22. A solução implementada para considerar o neutro com a inserção do quarto


condutor nas linhas do SDMT e SDBT é adequada?
Sem sugestões.
23. Realizar o aterramento do neutro através do objeto Reactor é a melhor opção? Ou
seria mais adequada a modelagem em que a resistência do neutro não seria
considerada?
A modelagem proposta no item 60 representaria o sistema elétrico real de forma mais
precisa. Entretanto, sugere-se que sejam realizados estudos para avaliar os efeitos dessa
alternativa na convergência de circuitos com transformadores monofásicos 3 fios e
monofilar retorno terra.
III.7. Inserção da impedância de magnetização ao modelo dos transformadores de
distribuição
24. A representação da reatância de magnetização se faz necessária?
A Celesc entende que sim. A magnetização é um fenômeno físico que afeta as perdas
dos transformadores e, consequentemente, da concessionária, devendo ser
reconhecidas regulatoriamente. Além disso, o custo computacional adicional é baixo e
os dados podem ser padronizados, sendo obtidos da ABNT NBR 5440.

25. Para considerar essa reatância basta adicionar o parâmetro %imag quando da
definição do objeto Transformer?
Sim, sendo que o valor do parâmetro %imag deve ser calculado a partir dos valores de
corrente de excitação e corrente devido às perdas no ferro, ambos informados na norma
ABNT NBR 5440:2014. A equação a ser aplicada é:

%𝑖𝑚𝑎𝑔 = √%𝑖∅2 − %𝑖𝐹𝑒


2

em que %𝑖∅ é o valor percentual da corrente de excitação em relação à corrente nominal


do transformador, o qual é informado diretamente nas tabelas da norma ABNT NBR
5440:2014; e %𝑖𝐹𝑒 é o valor percentual da corrente referente às perdas em vazio do
transformador, o qual pode ser obtido como a razão Perdas em Vazio [W] / (10 *
Potência do Transformador [kVA]).

III.8. Tratamento regulatório para o carregamento dos transformadores de distribuição

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26. Deve-se proceder à limitação da carga quando exceder a potência nominal do
transformador de distribuição em um determinado montante?
A Celesc entende que não. Embora essa solução possa contribuir com maior
convergência dos alimentadores, não se sabe o efeito que isso trará no balanço de
energia, podendo resultar na desconsideração das perdas para alimentadores que não
atingiram os critérios de glosa da ANEEL, como energia injetada baixa. Dessa forma,
sugerimos que a solução atual, que limita as cargas individualmente a 140% da potência
do transformador, seja mantida.
Independente do critério adotado, a energia excedente limitada pelo critério de
carregamento deve ser reconsiderada na redistribuição de carga faturada para fins da
correta simulação de perdas técnicas, dado que essa energia circulou no sistema.

27. O limite de 140% está adequado para essa finalidade?


A Celesc entende que a carga não deve ser limitada pelo transformador, conforme item
26. Entretanto, considerando que o percentual de limitação atual é 140%, é necessário
realizar mais estudos para avaliar o quanto a alteração deste limiar pode afetar a
convergência dos alimentadores.
28. Deve-se proceder à limitação da carga quando exceder a máxima capacidade de
condução dos condutores? Qual limite deve-se estabelecer para essa finalidade?
A Celesc entende que não. A limitação do carregamento dos transformadores, de certa
forma, já garante a limitação do carregamento dos condutores. Sugerimos que esse
critério possa ser apontado como alerta na simulação para diagnóstico da distribuidora.

III.9. Tratamento regulatório para a distribuição das cargas entre as fases no SDBT e
no SDMT
29. Deve-se proceder à redistribuição das cargas entre as fases do circuito quando o
desbalanceamento ultrapassar um determinado valor?
A Celesc entende que não. O faseamento deve ser atribuído conforme a realidade. Dessa
forma, eventuais desbalanceamentos na simulação refletem a situação operacional.
30. Qual a melhor forma de ser determinar um limite para o desbalanceamento de carga
ao longo do alimentador?
Com base na resposta do item 29, a Celesc entende que não é necessário determinar
um limite para o desbalanceamento.

III.10. Aprimoramento das definições regulatórias de energia injetada e energia


fornecida

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31. As definições de energia injetada e de energia fornecida apresentadas descrevem
adequadamente o que deve ser considerado no computo desses montantes para fins do
cálculo de perdas?
Sim.
32. Há correspondência que permita a comparação entre os valores informados na
BDGD e no SAMP Balanço Energético? Caso negativo, qual a diferença entre as fontes
de informação.
Os valores de consumidores de baixa tensão são similares, porém não idênticos. As
diferenças ocorrem pois na BDGD os dados de consumo informados são corrigidos para
corresponderem ao mês civil. Já no SAMP Balanço Energético os dados correspondem
ao dado bruto do sistema de faturamento da empresa, ou seja, não correspondem ao
consumo do mês civil, e sim ao consumo atrelado ao calendário de faturamento da
unidade consumidora.
33. A segregação da energia fornecida: em energia fornecida ao mercado livre, energia
fornecida ao mercado cativo e energia fornecida à outras distribuidoras contempla
todas as situações presentes no sistema de distribuição? Seria necessária a abertura de
outros tipos de energia?
Sim.
III.11. Aprimoramento na interface que acessa o OpenDSS
34. Quais as vantagens e desvantagens de se adotar a interface DSS Extensions
comparativamente à interface COM?
É necessário realizar mais estudos para que as vantagens e desvantagens sejam
avaliadas.
35. Há algum ponto de atenção em se empregar essa nova interface?
A Celesc entende que caso seja adotada a plataforma do DSS Extensions, a plataforma
de cálculo atual deve ser mantida por algum tempo, inclusive recebendo atualizações
caso a metodologia seja alterada, para que seja possível realizar cálculos com as ambas
as formas e observar possíveis divergências nos resultados.

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