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RONEY DAS MERCES CERQUEIRA

RESUMO: Jonildo Bacelar. Manual de planejamento de sistemas elétricos de distribuição.


COELBA/grupo Neoenergia. Relatório 002/EPI/2010.

CAPÍTULO 1
Introdução
O planejamento de sistemas elétricos tem como proposta adequar o sistema às solicitações onde são
considerados os aspectos econômicos, ambientais, sociais e regulamentares. Planejamento este, que requer
técnicas e ferramentas eficientes e eficazes que possibilitem resoluções em vários âmbitos, além de buscar
constante atualizações tecnológicas que modificam o cenários constantemente. O planejamento de sistemas
de distribuição deve ser feito em conjunto e integrado com o planejamento do sistema de transmissão, no
sentido de se chegar à alternativa de atendimento que melhor explore os recursos do sistema elétrico como
um todo. Enfim, esse material tem como objetivo fornecer um material de fácil consulta para orientar os
profissionais da Empresa na execução dos processos de planejamento mais comuns que envolvem sistemas
de distribuição. Já no que diz respeito ao planejamento estratégico, entende-se como um trabalho
prescritivo, buscando-se influenciar o contexto ambiental e adaptando-se às mudanças.

As Ferramentas de Planejamento
Os sistemas elétricos das concessionárias têm crescido no porte e no número de interconexões,
implicando na necessita-se lidar com um grande volume de dados. O que implica na utilização de
importantes ferramentas ou aplicativos de engenharia computadorizados por profissionais de planejamento
de distribuição da Coelba. Entre esses recursos tecnológicos temos o Sistema de Supervisão e Planejamento
(SSP), que é um programa de fluxo de potência voltado para a área de gerência de redes primárias que
fornece informações sobre o fluxo ativo, reativo, aparente e níveis de tensão, por barra. Programas de
Análise Econômica que tem como função fazer análise econômica de alternativas e de viabilidade
econômica. Programas Partida de Motores que analisa partida de motores permitem verificar as influências
no sistema da concessionária e os principais aspectos de desempenho de um motor durante sua partida.
Controle de Redes de Distribuição (GSE) que é um sistema de gerência de redes com base de dados
georreferenciada. SAP, que pode ser conceituado como um sistema de Gestão Corporativo, o SAP-CCS
como um sistema de Gestão Comercial que integra e gerencia as informações dos clientes da Neoenergia,
o GMCH, que é também um sistema de gerenciamento do banco de dados corporativo que disponibiliza
informações de mercado como energia medida, energia faturada, demanda, etc. em pontos de suprimento,
barras de subestações, alimentadores, unidades consumidoras, etc. Entre os softwares utilizados pode- citar
o Sistema de Planejamento Agregado de Investimentos (SISPAI), que é Software de aplicação da
metodologia de previsão de investimentos em sistemas de distribuição, que considera aspectos de incertezas
e critérios de priorização de obras, em função da disponibilidade de recursos. Outro programa utilizado é o
INTERPLAN, que é um software de planejamento integrado de redes de média e baixa tensão, que permite
simular e analisar o sistema de distribuição. E finalmente um programa utilizado é o PERTEC, usado para
cálculo das perdas técnicas no sistema de distribuição de média e baixa tensão.

A Qualidade de Energia.
Os padrões de qualidade de energia elétrica são estabelecidos com base nas seguintes características:
frequência do sistema, distorção harmônica, interrupções de fornecimento e níveis de tensão. O controle e
manutenção em níveis aceitáveis desses critérios são fundamentais para atingir a meta de qualidade,
buscando garantir o fornecimento de energia elétrica dentro de critérios estabelecidos, compatibilizados
com os recursos previstos e com os requisitos de mercado.

As Etapas de Planejamento.
O processo de planejamento pode ser desmembrado em etapas básicas. Sequencialmente são:
definição da área, elaboração do roteiro, coleta de dados, diagnóstico das condições físicas e ambientais
existentes, análise do desempenho elétrico do sistema existente, definição do horizonte de planejamento,
projeção de carga, análise de estudos anteriores, formulação de alternativas de investimento, verificação de
restrições tecnológicas, estéticas e ambientais, análise do desempenho elétrico dos sistemas proposto,
comparação econômica das alternativas, análise de viabilidade econômica, análise de viabilidade
financeira, análise dos efeitos de incertezas, tomada de decisão e integração empresarial.

Condições Gerais de Fornecimento


As condições gerais de fornecimento da Coelba são apresentadas nos manuais de fornecimento em
tensão primária e secundária Resolução 456 ANEEL. Os principais pontos de interesse do planejamento
são, Ponto de entrega que pode ser conceituado como a conexão do sistema elétrico do concessionário com
as instalações de utilização de energia do consumidor e o limites de fornecimento que se subdivide em
Sistema de Distribuição de Baixa Tensão - SDBT - para unidades consumidoras com carga instalada até 75
kW, em área urbana, Sistema de Distribuição de Média Tensão - SDMT - para unidades consumidoras com
carga instalada maior do que 75 kW e demanda contratada ou estimada pela Coelba menor ou igual 2.500
kW e Sistema de Distribuição de de Alta Tensão - SDAT - quando a demanda contratada ou estimada pela
Coelba for > 2.500 kW.

Características Básicas do Sistema de Distribuição da Coelba


A Coelba possui três tensões nominais para redes de distribuição primária: 1l,95 kV, 13,8 kV e 34,5
kV. Em todos os casos, as redes trifásicas são a três fios. Os secundários dos transformadores de força das
subestações de distribuição em 34,5 kV são sempre ligados em estrela aterrada, já os secundários dos
transformadores em 13,8kV, podem ser em estrela aterrada ou em delta, com transformador de aterramento.
Os transformadores de distribuição trifásicos são sempre ligados em delta no primário e em estrela aterrada
no secundário.

Classificação de Obras
As obras na rede de distribuição são classificadas de acordo com a ampliação, construção ou
complementação de rede e podem ainda ser divididas em extensão, expansão, melhoria, reforço e reforma.

CAPÍTULO 2
Definições
Algumas definições necessitam ser estabelecidas, como o conceito de carga que pode ser conceituada
com média das potências instantâneas verificadas no sistema, em um dado intervalo de tempo, já a carga
instalada é soma das potências nominais dos equipamentos de uma unidade de consumo. A carga requerida
é a potência elétrica solicitada em um ou mais pontos de um sistema elétrico, a ponta de carga é a maior
carga ocorrida em um dado intervalo de tempo. Entres outros conceitos temos também o horário de ponta:
Composto por três horas consecutivas, situadas no intervalo compreendido, diariamente, entre as 17h e 22h,
exceção feita aos sábados e domingos, horário fora de ponta sendo o conjunto das horas complementares
às três horas consecutivas definidas para o horário de ponta. Também temos a definição de período úmido
como período de cinco meses consecutivos entre os meses de dezembro de um ano a abril do ano seguinte,
período seco como o período de sete meses consecutivos entre maio e novembro. E finalmente é importante
definir o conceito de fator de responsabilidade de ponta como a razão da demanda solicitada por um
consumidor, grupo de consumidores ou por uma parte ou partes de um sistema, o fator de carga como a
razão da demanda média para a demanda máxima, no mesmo período, o fator de demanda entendido como
a razão da demanda máxima, num intervalo de tempo, para a carga total conectada ao sistema, o fator de
diversidade que é a Razão da soma das demandas máximas individuais de um conjunto de equipamentos
ou instalação elétrica para a demanda simultânea máxima, ocorrida no mesmo intervalo de tempo, o fator
de simultaneidade ou de coincidência definido como a razão da demanda simultânea máxima de um
conjunto de equipamentos ou instalações elétricas para a soma das demandas máximas individuais
ocorridas no mesmo intervalo de tempo e o fator de utilização como a razão da potência efetivamente
absorvida para a potência nominal.

Considerações sobre a Carga Leve


A carga leve em alimentadores que atendem a grandes áreas é, em geral, de duas a três vezes menor
que a carga pesada e ocorre geralmente no início da manhã, logo após o desligamento da iluminação
pública, ou, em algumas regiões, em tomo das 12h.

Fator de Potência
O comportamento das cargas urbanas típicas é de tal forma que o fator de potência no horário de
ponta é elevado e supera, não raramente, o valor de 0,95, principalmente quando a carga é medida na rede
secundária. Na rede primária o fator de potência é, em geral, cerca de um a dois pontos percentuais menor
que na rede secundária devido à potência reativa solicitada pelos transformadores. Nos demais horários da
jornada diária o fator de potência é normalmente mais baixo, principalmente nos períodos de carga média,
e chega, algumas vezes, a valores em tomo de 0,75.

Cargas que Provocam Perturbações na Rede


Alguns dispositivos ou equipamentos elétricos provocam perturbações na rede que afetam a qualidade
da energia fornecida com distorções harmônicas, flutuações de tensão ou desequilíbrios. Esses efeitos
podem causar incômodo visual devido à cintilação do fluxo luminoso, operações indevidas de contatores e
mau funcionamento de equipamentos elétricos em geral. Como exemplo de cargas desse tipo, pode-se citar:
fornos a arco, laminadores, motores com corrente de partida elevada, máquinas de solda, aparelhos de raios
X, conversores estáticos etc. O atendimento a cargas que provocam perturbações no sistema requer um
diagnóstico do estado de perturbação do sistema da concessionária até o ponto mais próximo do consumidor
com a carga perturbadora, onde existam ou possam vir a existir outros consumidores.

CAPÍTULO 3
Planejamento de Níveis de Tensão
O planejamento de níveis de tensão do sistema de distribuição envolve um grande número de
variáveis para que se equilibrem as necessidades específicas dos consumidores de cada área com as
características do sistema fornecedor.
Definições
Tensão nominal de um sistema de potência é o valor eficaz da tensão de linha pela qual o sistema é
designado. As tensões nominais primárias de distribuição padronizadas pela Coelba são 13,8 kV e 34,5 kV.
Para distribuição secundária em corrente alternada, as tensões padronizadas são: 380/220V e 220/127V, em
redes trifásicas a quatro fios, e 440/220 V e 254/127V em redes monofásicas a três fios. A tensão de
operação é qualquer valor de tensão de linha compreendido dentro da faixa de variação admissível para
operação. A tensão de utilização é o valor eficaz da tensão efetivamente aplicada aos terminais dos
equipamentos e aparelhos elétricos dos consumidores e a regulação de tensão é a variação de tensão entre
as condições extremas de carga máxima e mínima, em um determinado ponto do sistema.

Queda de Tensão em Transformadores de Distribuição


A queda de tensão em um transformador varia com o seu carregamento, sua impedância e com o fator
de potência da carga. Dentro das condições normais de operação, a queda de tensão aumenta quando o fator
de potência da carga diminui.

Ajuste de Taps de Transformadores de Distribuição


A otimização de recursos na rede de distribuição requer, muitas vezes, o uso de mais de um tap nos
transformadores de distribuição, ao longo dos alimentadores. Cada tap permite elevar a tensão secundária
de 2,5 % a 5 %. No ajuste de tap deve-se ter especial atenção para se evitar sobretensões em carga leve. Em
circuitos longos e carregados a faixa de regulação no final do circuito costuma ser muito larga e o ajuste de
tap não é normalmente suficiente para adequar os níveis de tensão.

Aplicação de Reguladores de Tensão


Reguladores de tensão são autotransformadores com comutação automática de derivação (tap) no
enrolamento série, cujo objetivo é compensar as quedas de tensão nas redes primárias de distribuição
fornecendo níveis de tensão adequados aos consumidores. A capacidade dos reguladores de tensão
monofásicos da Coelba são padronizados em 100 A ou 200 A, para sistemas em 13,8 kV ou 34,5 kV, para
regulação máxima de +10%.

Tipos de Ligação
Delta aberto, que pode ser instalado tanto nos alimentadores quanto nas subestações. Regula apenas
duas fases, mas a ligação em delta do primário dos transformadores de distribuição trifásicos permite
regular em até 10% a tensão secundária. O delta fechado onde a ligação do banco de reguladores em delta
fechado, em circuitos trifásicos a três fios, permite uma regulação de até 15%. A capacidade do banco, em
kVA, é praticamente a mesma da ligação em delta aberto. A estrela aterrada é a ligação em estrela aterrada
em sistemas de distribuição é necessária quando a tensão de placa dos reguladores é próxima da tensão
fase-neutro do sistema, não permitindo a ligação em delta.
Afundamento Momentâneo e Elevações Momentâneas de Tensão.
Segundo a Resolução ANEEL n o 676 da ANEEL no Art. 2º diz: “I – Afundamento Momentâneo de
Tensão é o evento em que o valor eficaz da tensão do sistema se reduz, momentaneamente, para valores
abaixo de 90% da tensão nominal de operação, durante intervalo inferior a 3 segundos;” e “IX - Elevações
Momentâneas de Tensão é o evento em que o valor eficaz da tensão do sistema se eleva, momentaneamente,
para valores acima de 110% da tensão nominal de operação, durante intervalo inferior a 3 segundos.”
Desequilíbrio de Tensão
O desequilíbrio de tensão é definido como a relação entre o módulo da componente de sequência
negativa, ou zero, pelo módulo da componente de sequência positiva. A tensão de sequência negativa, ou
zero, é o resultado do desequilíbrio de carga, o qual causa o fluxo de corrente de sequência negativa ou
zero. A presença de cargas trifásicas desequilibradas ligadas a um sistema trifásico pode causar um
desequilíbrio de tensão, uma vez que as correntes absorvidas nas 3 fases muito dificilmente serão
simétricas, isto é, não são iguais em módulo, nem tão pouco defasadas de 120º.

Partida de Motores
A partida de motores de indução é o tipo de carga perturbadora mais comum em sistemas de
distribuição. Existem dois tipos de motores de indução: os motores gaiola de esquilo e os de rotor bobinado.
Alguns critérios para partida de motores em redes secundárias são indicados como o Arranque que é o
estado de funcionamento de uma máquina no instante em que ela passa do estado de repouso ao de
movimento, a partida sendo a passagem do estado de repouso para a velocidade de regime, o conjugado de
arranque definido como o menor conjugado desenvolvido pelo motor parado, quando alimentado sob tensão
e frequência nominais e o conjugado de aceleração que é a diferença entre o conjugado de partida do motor
e o conjugado de carga disponível para acelerar as partes girantes da máquina.

Dispositivos de partida
Em grande parte dos casos é necessário usar dispositivos de partida para reduzir a queda de tensão no
circuito de alimentação dos motores, durante a partida.

CAPÍTULO 4
Planejamento de Subestações
Um dos principais pontos no planejamento de sistemas elétricos diz respeito ao planejamento de
subestações. Isso envolve a definição de local, capacidade e ano de entrada de novas subestações, ampliação
de subestações. Devem-se obedecer aos Critérios para Planejamento de Sistemas de Transmissão do Comitê
Coordenador do Planejamento da Expansão dos Sistemas Elétricos CCPE, além de seguir a orientação da
ANEEL, referente aos Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Nacional – PRODIST
– MÓDULO 2 – Planejamento da Expansão do Sistema de Distribuição.

Definições
Subestação do Sistema de Distribuição de Alta Tensão (SDAT) é Subestação transformadora na qual
entram e saem linhas do SDAT. Subestação do Sistema de Distribuição de Média Tensão (SED) Subestação
abaixadora que alimenta um sistema de distribuição. Nelas entram linhas de SDAT e saem linhas de SDMT.
Subestação do Sistema de Distribuição de Baixa Tensão (SDBT) é Subestação abaixadora que alimenta um
sistema de distribuição. Nelas entra(m) linha(s) de SDMT e saem linhas de SDBT.

Locação de Subestações
A definição do local para a construção de uma nova subestação depende principalmente da
localização do centro de carga no ano inicial e da projeção de seu deslocamento no tempo e no espaço, ao
longo do horizonte de planejamento. Outros fatores importantes são os níveis de tensão, a confiabilidade
requerida, as possíveis restrições ambientais e tecnológicas, a disponibilidade de terreno adequado e os
aspectos econômicos envolvidos.
Dimensionamento da Capacidade de Subestações
A capacidade das subestações é dimensionada para atender a carga projetada dentro de critérios de
carregamento máximo e capacidade firme. Capacidade firme é a potência assegurada por um
concessionário, em qualquer instante, aos consumidores ou a outros concessionários.

Reserva de Capacidade
A reserva de capacidade do sistema pode ser definida com base nas características da área atendida,
nas características da carga, na confiabilidade desejada. A reserva de capacidade deve se equilibrar entre a
capacidade de transformação das subestações e a capacidade de transferência de carga entre subestações,
através da rede de distribuição. A reserva de capacidade dos transformadores de força pode ser classificada
em reserva quente que é a folga que é permitida no carregamento dos transformadores que estão em
operação com a finalidade de absorver total ou parcialmente a carga de um transformador em contingência,
reserva fria é a disponibilidade de um transformador para atender contingências em um determinado grupo
de transformadores de mesma relação de tensão e dentro de uma faixa de potência.

CAPITULO 5
Planejamento de Redes de Distribuição
Uma vez definida a localização das subestações, parte-se para o planejamento dos alimentadores. Não
é raro, entretanto, sentir-se a necessidade de se mudar a localização das subestações nesta fase. O
planejamento de alimentadores rurais possui aspectos muito distintos do planejamento de alimentadores
urbanos, principalmente no que diz respeito ao traçado, recursos de manobra e distribuição de cargas.

Definições
Outras definições importantes que devem ser explanadas são os conceitos de Rede de distribuição
urbana (RDU) que é a rede de distribuição situada dentro do perímetro urbano de cidades, vilas ou
povoados. Rede de distribuição rural (RDR) sendo a rede de distribuição situada fora do perímetro urbano
de cidades, vilas ou povoados. Alimentador de distribuição (AL), como parte de uma rede primária que
alimenta transformadores de distribuição, diretamente ou através de seus ramais. Linha de distribuição (LD)
que é a linha elétrica que faz parte do Sistema de Distribuição podendo pertencer ao SDAT (Sistema de
Distribuição de Alta Tensão) ou SDMT (Sistema de Distribuição de Média Tensão).

Configurações de Rede Primária


Podem ser classificadas em sistema radial simples que é o sistema que opera com um fluxo de energia
em sentido único, em condições normais, sistema radial com recurso, sendo o sistema radial que possui
recursos de interligação com outros alimentadores através de chaves de manobra, normalmente aberta, com
outros circuitos, sistema primário seletivo onde o sistema composto de dois circuitos primários radiais que
atendem, cada um, a cerca de metade da carga de uma determinada área, sendo, no entanto, dimensionado
para atender à carga total dessa área na contingência de um dos circuitos, sistema em anel em que o sistema
é composto por um conjunto de linhas em circuito fechado, sistema reticulado definido como sistema
interligado em malha, com múltiplas fontes e Sistema MRT, conceituado como sistema monofásico com
retomo pela terra. Usado apenas na eletrificação de propriedades rurais nos casos em que o uso do sistema
bifásico ou monofásico com neutro não seja adequado economicamente.
A Escolha da Classe de Tensão
As redes em classe 36,2 kV são normalmente usadas em regiões de baixa densidade de carga ou em
áreas de atmosfera agressiva, neste caso, operando em 13,8 kV. As estruturas nesta classe de tensão
possuem um custo próximo ao da classe 15 kV, porém, os equipamentos são consideravelmente mais caros.
Isso torna viável o uso de 34,5 kV em áreas de elevada densidade de carga quando existe pouca distribuição
em baixa tensão, como no caso de centros industriais, por exemplo ou em áreas rurais em que a subestação
necessita atender grandes regiões. Para distribuição rural deve-se usar preferencialmente o 34,5 kV. A perda
nos condutores das redes que operam nesta tensão é cerca de seis vezes menor que a perda nas redes em
13,8 kV, operando na mesma configuração e condições de carga. Além disso, a capacidade de transporte
em 34,5 kV é bem maior que em 13,8 kV.

Alternativas de Planejamento
Na fase inicial as alternativas costumam ser apresentadas sob uma forma de esboço, definindo-se
configurações preliminares de sistemas para o ano final do horizonte. A seguir pode-se indicar como evolui
cada alternativa, a partir do sistema existente, até a configuração proposta para o ano final. As alternativas
mais comuns compõem-se de combinações de obras como construções ou ampliações de subestações,
construções ou recondutoramento de alimentadores, instalações de bancos de reguladores ou de capacitores,
mudanças de tensão, redistribuições de carga etc.

Administração de carga e conservação de energia


Gerenciamento pelo Lado da Demanda (GLD), trata-se de um gerenciamento pelo lado da carga. As
técnicas de administração de carga e de conservação de energia, aplicadas aos equipamentos dos
consumidores, têm sido usados, em alguns casos, na complementação de alternativas de planejamento. Esse
recurso vem crescendo em importância. O processo consiste, praticamente, em se atuar sobre as curvas de
carga dos alimentadores, diminuindo seus picos através de ações integradas com os consumidores.

Carregamento de Alimentadores
O carregamento inicial mais econômico para novos alimentadores ou trechos de circuitos urbanos
situa-se, na maioria dos casos, em tomo de 18% a 24% da capacidade térmica do condutor, variando
conforme a taxa de crescimento da área, a distribuição das cargas e os custos envolvidos. No caso de
alimentadores rurais, o carregamento inicial recomendável pode variar bastante devido às longas distâncias
que provocam quedas de tensão elevadas. O carregamento final de alimentadores, é definido pelos níveis
de tensão nos circuitos, pela confiabilidade desejada e pelas capacidade térmica dos condutores,
capacidades dos equipamentos e análise econômica incluindo as perdas. Para redes urbanas, o carregamento
final de cada alimentador deve ser de tal forma que permita a absorção de parte da carga ou da carga total
de outros alimentadores durante contingências.

Planejamento de Redes Secundárias


Normalmente o planejamento da rede secundária pode ser feito separadamente do planejamento da
rede primária, uma vez que a rede secundária é normalmente dimensionada para atender ao crescimento
vegetativo e o investimento requerido é comum a todas as alternativas da rede primária. O GSE é um
sistema de gerenciamento de rede de distribuição de energia elétrica, que pode ser usado como subsídio no
planejamento tanto da rede primária e como da secundária.
Continuidade de Fornecimento
Confiabilidade é a probabilidade de um componente cumprir suas funções preestabelecidas, sob
condições e intervalo de tempo definidos. Falha é o término da capacidade de desempenhar a função
requerida e a taxa de falhas é a razão do incremento do número de falhas para o incremento correspondente
do tempo total acumulado.

Análise de contingências
Na análise de desempenho dos sistemas propostos é necessário que se faça uma análise de
contingência para as subestações e alimentadores, no sentido de se atender o nível de continuidade de
serviço requerido pela área. Para o índices de continuidade, a Resolução 024 da ANEEL de 27 de janeiro
de 2000, estabelece disposição relativa à Comunidade da Distribuição de Energia Elétrica às unidades
consumidoras.
A Resolução Nº 018 de 19 de janeiro de 2004 estabelece os padrões dos indicadores de continuidade
individuais a serem observados pela Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia - Coelba em suas
unidades consumidoras.
As interrupções com menos de 3 min não são consideradas no cálculo do DEC e FEC definido pela
Resolução Nº 024 e 018 da ANEEL, mas as suas causas devem ser avaliadas na análise da confiabilidade
dos alimentadores. Os valores máximos de DEC e FEC permitidos contam na Resolução 024 da ANEEL,
para conjuntos de consumidores, e os valores máximos permitidos para cada consumidor estão na
Resolução Nº 018.

Proteção contra Sobretensões


Nível ceráunico é o número de dias de trovoadas por ano, em uma dada região. Entende-se por
trovoada o conjunto da descarga (raio) mais o ruído (trovão). A grande maioria dos problemas de
sobretensão em redes de distribuição deve-se a descargas atmosféricas. As linhas de distribuição localizam-
se algumas vezes em regiões com níveis ceráunicos elevados, ficando sujeitas a falhas frequentes
provocadas por surtos atmosféricos. Esses surtos podem ocorrer por descargas que incidem diretamente na
rede ou em suas proximidades (descargas indiretas). Os desligamentos provocados por descargas indiretas
em redes de distribuição são muito mais frequentes do que aqueles provocados pelas descargas diretas.
Vários recursos têm sido empregados para melhorar o desempenho das redes face aos surtos
atmosféricos. O uso de religadores protegendo a linha é normalmente adotado em conjunto com outros
recursos, tais como, a elevação do NBI (nível básico de isolamento) da linha ou o aumento da densidade
de pára-raios por quilômetro de linha. O aumento do NBI da linha pode ser feito, por exemplo, usando-se
postes de madeira em lugar de postes de concreto. Já o aumento da densidade de para-raios requer um
elevado controle de qualidade destes equipamentos. Para as redes de distribuição que operam na classe de
15 kV, próximas à orla marítima, onde as condições ambientais são muito agressivas, recomenda-se que a
classe de tensão de isolação da rede seja de 36,2 kV, aumentando-se assim, a confiabilidade.

CAPÍTULO 6
Índice de Perda
Os índices de perdas são, hoje, um dos mais importantes indicadores corporativos e fazem parte do
Programa Benchmarking da Associação Brasileira de Distribuidoras de Energia Elétrica ABRADEE. Estes
índices de perdas podem ser de três tipos: global, técnica e comercial ou não técnica.
O índice de perda global é calculado pelo departamento de mercado da Empresa (CGM) e consiste
da diferença entre a energia injetada e energia distribuída, pela energia injetada, no mesmo período.

Fator de Perda
O fator de perda (Fp), é a razão da perda de potência média para a perda de potência máxima, no
mesmo período. O fator de perda é o caminho normalmente usados para se conhecer a perda de energia
partindo-se da perda de potência, ou o contrário. O fator de perda é o caminho normalmente usados para se
conhecer a perda de energia partindo-se da perda de potência, ou o contrário.

Perda de Potência
Em sistemas elétricos de potência, onde n componentes de circuito são interligados, a perda de
potência resistiva máxima total, que ocorre nesse conjunto de componentes, pode ser calculada somando-
se as contribuições de perda de todos os componentes envolvidos.

Perda nos Condutores da Rede Primária


A perda nos condutores da rede primária é normalmente calculada usando-se um programa de fluxo
de carga para todos os alimentadores. Recomenda-se usar um modelo de carga do tipo potência constante
para os grandes consumidores, pois como suas demandas são medidas elas podem ser consideradas como
fixas no fluxo de carga.

Perda nos Transformadores de Distribuição


A perda em um transformador pode ser dividida em duas partes: perda no ferro e perda no cobre.
Onde a perda no Ferro é provocada, quase que inteiramente, por histerese e por correntes parasitas induzidas
no núcleo do transformador e, praticamente, não é afetada pela corrente de carga. Esta perda depende
exclusivamente dos dados construtivos do transformador: espessura da lâmina e quantidade de ferro no
núcleo, bitola e pureza do cobre nas bobinas, espaçamento entre ferragens e fios, tipos de materiais. Já a
perda no Cobre deve-se à dissipação térmica provocada pela passagem de corrente através dos enrolamentos
e inclui uma pequena parcela de perdas adicionais no tanque e outras partes metálicas do transformador,
provocadas pelo fluxo de dispersão.

Perda nos Ramais de Ligação


A perda nos ramais de ligação ocorre no cobre do ramal e depende fundamentalmente da bitola e
extensão do ramal. A perda nos ramais de ligação na Empresa, em MWh no período

Perdas nos Medidores


A perda interna dos medidores é repartida entre os consumidores e a concessionária. Ela ocorre
basicamente nas bobinas de potencial e bobinas de corrente (perda no cobre). A perda nas bobinas de
corrente é registrada nos medidores e, assim, assumida pelos consumidores. Já a perda nas bobinas de
potencial é de responsabilidade da concessionária e representa cerca de 1,2 W por bobina. Os medidores
monofásicos, bifásicos e trifásicos, para medições em baixa tensão, possuem uma, duas e três bobinas,
respectivamente. Os medidores trifásicos, para medição em tensão primária, possuem duas bobinas.

Perdas Diversas
A perda ôhmica em equipamentos como banco de capacitores e reguladores de tensão são muito
pequenas se comparadas à energia injetada no sistema e são desprezadas nos cálculos totais de perda técnica
na Empresa. Estas perdas podem ser devidas, além dos equipamentos citados, às correntes de fuga nos
isoladores e para-raios, ao efeito corona, às conexões, às harmônicas na baixa tensão e outras de menor
relevância.

CAPÍTULO 7
Aplicação de Bancos de Capacitores
Os bancos de capacitores são instalados em sistemas de distribuição para reduzir perdas elétricas,
liberar parte da capacidade de linhas e equipamentos e melhorar níveis de tensão. Os bancos de capacitores
instalados na rede de distribuição são tradicionalmente do tipo shunt, ligados em estrela não aterrada. Os
capacitores são projetados para suportarem, no máximo, 10 % de sobretensão. Para alimentadores com
carga concentrada, o banco de capacitares deve ser instalado próximo à carga e dimensionado para o reativo
requerido por ela. Para cargas distribuídas, a instalação de um banco no ponto do alimentador onde a
demanda reativa seja cerca de metade da potência desse banco dá bons resultados, em geral. A instalação
de bancos de capacitores em subestações de distribuição SED deve ocorrer apenas quando se esgotar a
possibilidade de compensação nos próprios alimentadores.

Aspectos Operacionais
A execução de manobras em redes com bancos de capacitores requer alguns cuidados especiais que
envolvem questões de segurança ou que afetam o desempenho da rede. Esses aspectos devem ser abordados
de forma clara nos manuais de operação dos COD’s. Em bancos automáticos comandados por relé de
corrente, as inversões de fonte, devido à manobras na rede, devem ser feitas com o banco desligado, caso
contrário, esta inversão desregula a operação do banco.
Sobrecompensação reativa capacitiva é a compensação de reativo além da quantidade requerida pelo
circuito. A sobrecompensação com bancos automáticos é usada algumas vezes para reduzir a faixa de
regulação em alimentadores e pode mesmo evitar o uso de reguladores, em alguns casos.

Bancos Automáticos x Fixos


Bancos de capacitores automáticos são mais caros que bancos fixos porque incorporam equipamentos
de controle e manobra de custo elevado. O retorno de investimento na instalação de um banco fixo, com
base apenas na redução de perdas, é maior que o de um banco automático de mesma potência.
A grande vantagem dos bancos automáticos está no efeito combinado de redução de perda, redução da
faixa de regulação e liberação de capacidade no sistema. Os bancos automáticos, contudo, requerem
manutenção com maior frequência e revisão periódica de seus ajustes.

Capacitares Série
Os bancos de capacitores série compensam a potência reativa de forma linear, à medida que é solicitada,
e não em degraus como os bancos shunt. Essa propriedade torna os bancos série eletricamente mais
eficientes na compensação de reativos que os bancos shunt, além de regularem automaticamente a tensão,
aumentando a capacidade de transporte da linha. Esses efeitos são mais acentuados em linhas longas, com
condutores de grandes bitolas e cargas com baixo fator de potência.
CAPÍTULO 8
Análise Econômica
A análise econômica de investimentos ou engenharia econômica é um conjunto de técnicas usada
para auxiliar a tomada de decisão sobre investimentos. No processo de análise econômica de alternativas,
calcula-se o custo de cada alternativa selecionada na análise de desempenho dos sistemas propostos, faz-se
uma comparação econômica entre elas e verifica-se a viabilidade econômica dos empreendimentos que as
compõem. A análise econômica pode ser feita com o auxílio de planilhas em microcomputador. Os custos
médios para cada obra, tais como custos médios unitários de rede e linhas, custos médios de instalação de
equipamentos, custos médios de módulos de subestações etc.

Comparação Econômica de Alternativas


A comparação econômica entre alternativas é feita com base no valor presente de cada uma. Usa-se
neste caso um programa elaborado em planilha eletrônica Excel, denominado “Análise Econômica de
Alternativas – Método dos mínimos custos – Valor Presente”. Algumas vezes, entretanto, a análise de
viabilidade econômica, análise financeira e outras considerações feitas na tomada de decisão podem
fornecer elementos para que se decida por outra alternativa.

Análise de Viabilidade Econômica


Mesmo a alternativa mais indicada para atender determinada área pode ser inviável economicamente.
Conhecer se determinado investimento traz ou não retomo econômico é sempre estratégico para a Empresa.
Usa-se neste caso um programa elaborado em planilha eletrônica Excel, chamado “Viabilidade de
Empreendimentos de Distribuição – Análise de Custos X Benefício”.

Análise de Sensibilidade
A análise de sensibilidade é necessária quando a alternativa de menor custo não se distingue claramente
das demais na análise econômica. A técnica usada é avaliar as alterações nos resultados quando se varia
com pequenos incrementos, para mais ou para menos, cada um dos principais parâmetros que influenciam
os investimentos, tais como projeções de mercado, taxas de atualização, custos de empreendimentos etc.

Método do Valor Presente


Este é o método normalmente utilizado nas análises econômicas de alternativas. Ele permite transportar
os investimentos e custos anuais para o valor presente ou atual (ano zero).

Método do Valor Presente Líquido


O Valor Presente Líquido (VPL) é o método que concentra todos os valores esperados em um único
período, o inicial. É o método que melhor demonstra o retorno de um investimento sendo calculado pela
fórmula em que Ik representa o valor do fluxo de caixa no tempo.

Taxa Interna de Retorno (TIR)


A Taxa Interna de Retorno é a taxa que torna o Valor Presente Líquido de um fluxo igual a zero. O
custo da energia não distribuída, END, pode ser considerada de duas formas distintas, a primeira, é do ponto
de vista do consumidor. Nesse caso, o seu valor indica o nível de qualidade de fornecimento desejado por
ele. A segunda, é do ponto de vista do concessionário. É o valor considerado no cálculo do valor presente
das alternativas. Em geral, um valor pequeno que é desprezado em grande parte das análises.
Custo de perdas
O custo de perdas tem sofrido diferentes abordagens, gerando polêmica quanto à forma de cálculo. Em
termos gerais, o custo de uma parcela de perda equivale ao benefício obtido caso se considere essa parcela
nula. Mas não é igual ao investimento para anulá-la, já que isso é praticamente impossível. Os custos do
transporte das perdas através do sistema elétrico próprio da distribuidora podem ser obtidos com base no
custo marginal de fornecimento específico do sistema da distribuidora. Assim, pode-se considerar duas
parcelas de custo para as perdas: uma referente à compra de energia da empresa supridora e outra referente
ao custo marginal de fornecimento do sistema próprio da distribuidora.

Custo marginal
O custo marginal, em distribuição de energia elétrica, é o montante a ser investido no sistema de
distribuição para fazer face à solicitação suplementar de 1 kW de ponta exigido pelo sistema, supondo que
as instalações para este atendimento estejam continuamente em desenvolvimento. Os custos marginais são
usados, por exemplo, em análises de viabilidade econômica, para subsidiar a definição de tarifas e na
determinação do custo de perdas.

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