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MOMAG

MAG2020

ANAIS

190 SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MICRO


MICRO-ONDAS
ONDAS E OPTOELETRÔNICA
0
14 CONGRESSO BRASILEIRO DE ELETROMAGNETISMO
8-12 de novembro de 2020

Edição:: Leni Joaquim de Matos (UFF)

ISBN 978-65-89532-00-2

2020
ANAIS

190 SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MICRO


MICRO-ONDAS
ONDAS E OPTOELETRÔNICA
0
14 CONGRESSO BRASILEIRO DE ELETROMAGNETISMO

Ed. SBMO, São Caetano do Sul – Brasil

2020

Edição:: Leni Joaquim de Matos (UFF)


Colaboração: Caio Storni (UFF)

ii
Anais

190 Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica/ 140 Congresso Brasileiro de


Eletromagnetismo - 2020

Copyright Sociedade Brasileira de Micro-ondas e Optoeletrônica. A abstração é permitida com


crédito à fonte. Baixar, copiar, reimprimir ou reprodução para uso pessoal é permitido com o
devido crédito aos autores e editores. Outras solicitações devem ser endereçadas à Sociedade
Brasileira de Micro-ondas e Optoeletrônica, Praça Mauá 1, 09580-900 São Caetano do Sul,
Brasil; e-mail: sbmo@sbmo.org.br.

Dados internacionais de Catalogação na Publicação

Ficha elaborada pela Biblioteca da Escola de Engenharia e Instituto de Computação da UFF

S612 Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica (19. : 2020 :


Brasil)

Anais... / 19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica,


14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, Brasil,8 a 12 de
novembro de 2020;edição: Leni Joaquim de Matos. – São Caetano do
Sul :SBMO, 2020.
lxxv, 930 p.
ISBN: 978-65-89532-00-2
Evento on-line

1. Micro-onda. 2. Optoeletrônica. 3. Eletromagnetismo. I. Congresso


Brasileiro de Eletromagnetismo (14. : 2020 : Brasil). II. Matos, Leni
Joaquim de, ed. III. Título.

CDD 621.3813

Bibliotecária responsável: Ana Cláudia de O. Cunha CRB-7/4274

iii
REALIZAÇÃO
• SBMO - Sociedade Brasileira de Micro-ondas
Micro e Optoeletrônica
• SBMag - Sociedade Brasileira de Eletromagnetismo

ORGANIZAÇÃO
• UFF/PPGEET e PPGIO - Universidade Federal Fluminense
• COPPE - Universidade
niversidade Federal do Rio de Janeiro
• IME - Instituto Militar de Engenharia

APOIO
• PROEX - Pró-Reitoria
Reitoria de Extensão da UFF
• Capes - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
• CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
• INCT CSF - Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Comunicações Sem Fio
• INERGE - Instituto Nacional de Energia Elétrica

PATROCÍNIO
• Diamante: KeysightTechnologies
Technologies

• Prata: Rohde & Schwarz do Brasil

• Bronze:
Anton Engenharia e Urbanismo
smo Daimon Engenharia e Sistemas

Mendes Holler Engenharia Comércio e Consultoria

Plataforma do evento Secretaria virtual

iv
Comitê Organizador:
Profa. Leni Joaquim de Matos Universidade Federal Fluminense
Prof. Andrés Pablo López Barbero Universidade Federal Fluminense
Prof. Rubens de Andrade Júnior Universidade Federal do Rio de Janeiro

Comitê Local:
Prof. Daniel Henrique Dias Universidade Federal Fluminense
Prof. Felipe Sass Universidade Federal Fluminense
Prof. Flávio Goulart dos Reis Martins Universidade Federal Fluminense
Prof. Guilherme Gonçalves Sotelo Universidade Federal Fluminense
Prof. Maurício Weber Benjó da Silva Universidade Federal Fluminense
Profa. Natalia Castro Fernandes Universidade Federal Fluminense
Profa. Vanessa Przybylski Ribeiro Magri Universidade Federal Fluminense
Prof. Vinicius Nunes Henrique Silva Universidade Federal Fluminense
Me. Fábio José Barroso da Fonseca Universidade Federal Fluminense

Coordenação do Processo Editorial:


Profa. Vanessa Przybylski Ribeiro Magri Universidade Federal Fluminense
Prof. Guilherme Gonçalves Sotelo Universidade Federal Fluminense
Prof. Maurício Weber Benjó da Silva Universidade Federal Fluminense
Prof. Vinicius Nunes Henrique Silva Universidade Federal Fluminense

Comitê Editorial Técnico:


Alexandre Bessa dos Santos Universidade Federal de Juiz de Fora
Antonio Carlos Ferreira Universidade Federal do Rio de Janeiro
Antonio Luiz Pereira de Siqueira Campos Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Arismar Cerqueira Sodré Júnior Instituto Nacional de Telecomunicações
Cláudia Barucke Marcondes Centro Federal de Educação Tecnológica do RJ
Diogo Menezes Ferrazani Mattos Universidade Federal Fluminense
Fabrício José Brito Barros Universidade Federal do Pará
Felipe Sass Universidade Federal Fluminense
Flávio Goulart dos Reis Martins Universidade Federal Fluminense
Gervásio Protásio dos Santos Cavalcante Universidade Federal do Pará
Humberto Xavier de Araujo Universidade Federal do Tocantins
Hypolito José Kalinowski Universidade Federal Fluminense
Jean Vianei Leite Universidade Federal de Santa Catarina
João Crisóstomo Weyl Albuquerque Costa Universidade Federal do Pará
José Andrés Santisteban Larrea Universidade Federal Fluminense
José Ricardo Bergmann Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Leni Joaquim de Matos Universidade Federal Fluminense
Luiz Alencar Reis da Silva Mello Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Marcela Silva Novo Universidade Federal do Pará
Marcelo Eduardo Vieira Segatto Universidade Federal do Espírito Santo
Marco Aurélio de Oliveira Schroeder Universidade Federal de São João del-Rei
Marcos Vinício Thomas Heckler Universidade Federal da Bahia
Maurício Henrique Costa Dias Centro Federal de Educação Tecnológica do RJ
Renato Cardoso Mesquita Universidade Federal de Minas Gerais
Rodolfo Araujo de Azevedo Lima Instituto de Pesquisas da Marinha
Thiago Vieira Nogueira Coelho Universidade Federal de Juiz de Fora

v
ConselhoTécnico-Científico:
Adaildo Gomes D'Assunção Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Alfeu Joãozinho Sguarezi Filho Universidade Federal do ABC
Ály Flores Filho Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Antonio Carlos Siqueira de Lima Universidade Federal do Rio de Janeiro
Arismar Cerqueira Sodré Júnior Instituto Nacional de Telecomunicações
Ernesto Ruppert Filho Universidade Estadual de Campinas
Evandro Conforti Universidade Estadual de Campinas
Gervásio Protásio dos Santos Cavalcante Universidade Federal do Pará
Hugo Enrique Hernandez Figueroa Universidade Estadual de Campinas
Hypolito José Kalinowski Universidade Federal Fluminense
Jean Pierre von der Weid Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
João Crisóstomo Weyl Albuquerque Costa Universidade Federal do Pará
João Pedro Assumpção Bastos Universidade Federal de Santa Catarina
Joaquim Ferreira Martins Filho Universidade Federal do Pernambuco
José Ricardo Bergmann Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
José Roberto Cardoso Universidade de São Paulo
Luiz Alencar Reis da Silva Mello Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Marcelo Sampaio de Alencar Universidade Federal da Bahia
Maria José Pontes Universidade Federal do Espírito Santo
Maria Thereza Miranda Rocco Giraldi Instituto Militar de Engenharia
Murilo Araújo Romero Universidade de São Paulo
Renato Cardoso Mesquita Universidade Federal de Minas Gerais
Silvio Ikuyo Nabeta Universidade de São Paulo

vi
PREFÁCIO

O 190 Simpósio Brasileiro dee Micro-ondas


Micro e Optoeletrônica,, realizado conjuntamente com o 140
Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo – MOMAG2020, organizado pel pelos Programas de Pós-
graduação em Engenharia Elétrica e de Telecomunicações da UFF - PPGEET-
PPGEET e Instrumentação
e Óptica Aplicada - PPGIO - da UFF/ CEFET-RJ, e pelo Programa de Engenharia Elétrica da
COPPPE - UFRJ, ocorreu no período de 08 a 12 de novembro de 2020, de forma remota. Este foi
o primeiro evento MOMAG na modalidade virtual e foi assim formatadoformatado face ao isolamento
social necessário devido à pandemia de corona vírus no ano de 2020.
Apesar de o evento ter sido realizado de forma remota, foram apresentados 8 minicursos, no
primeiro dia do congresso, com 170 participantes. Foram submetidos 242 242 artigos e, apesar da
rejeição de 15%, 205 foram apresentados no decorrer do congresso, sendo 174 apresentações
orais e 31 pôsteres nas sessões técnicas. Mesmo neste formato, um total de 283 pessoas de todo o
país participaram deste MOMAG, como pode ser visto nas figuras a seguir.

Distribuição por Estados Brasileiros


100
80
60
40
20
0

Distribuição por Regiões

Centro
Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul

O MOMAG é o evento nacional de maior abrangência na área de Telecomunicações, envolvendo


projetos de antenas, dispositivos óticos e de micro-ondas,
micro ondas, propagação em radiofrequência e ótica,
caracterização de canal rádio, também
também englobando a área de Eletromagnetismo, voltada não

vii
apenas às telecomunicações, como também, a diversos setores da engenharia elétrica. Envolve
diversos grupos temáticos das universidades brasileiras e grupos mistos com universidades
internacionais,debatendo novos conceitos, tecnologias e aplicações nas áreas temáticas, focando
na interação entre os participantes e, consequentemente, gerando futuras colaborações em
projetos conjuntos. Neste evento, do total de artigos, 50% foram da área de radiofrequência e
micro-ondas, 25% da área de optoeletrônica e 25% da área de eletromagnetismo de baixa
frequência, mesmo porque, este é um grande congresso de Eletromagnetismo, em frequências
baixas, médias, altas e muito altas. Cobrimos aqui todo espectro de ondas eletromagnéticas.
Agradecemos a confiança em nós depositada pela Sociedade Brasileira de Micro-ondas e
Optoeletrônica e pela Sociedade Brasileira de Eletromagnetismo, e ao apoio financeiro dos
patrocinadores, que viabilizaram este evento. À Keysight, que nos brindou com uma palestra
altamente concorrida, onde apresentou seus produtos recentes na área de implementações de
ondas milimétricas em tecnologia de 5a e 6ª geração de celulares e aplicações em radares
automotivos. Também agradecemos à empresa Rohde&Schwarz, que participou com um
minicurso muito concorrido, com o tema de testes e medições dos sistemas 5G na faixa de
frequência FR2, e às empresas ANTON - Engenharia e Urbanismo, Mendes HOLLER e
DAIMON - Especialista em Energia.
Os artigos selecionados para participarem do MOMAG2020 foram revisados por um conjunto de
pesquisadores de diversas universidades brasileiras, coordenadospelo comitê editorial.

Comitê Organizador
Leni Joaquim de Matos
Andrés Pablo López Barbero
Rubens de Andrade Júnior

Novembro de 2020

viii
SUMÁRIO

Organização e Patrocínio iv
Comitês v
Prefácio vii
Sumário do evento ix
Programa xxii
Detalhamento das sessões orais (incluindo os resumos) xxvii
Detalhamento da sessão de pôsteres (incluindo os resumos) lxii
Índice de Autores lxix
Artigos 01
Propagação I 01
Electromagnetic Fields in Anisotropic Inhomogeneous Cylindrical Waveguides
Vivian Cosenza and Guilherme Rosa 01
Controllable directional coupler for THz region based on graphene waveguides with 90° bends
Olívia Santos, Victor Dmitriev, Geraldo Melo, Dalila Grippa and Wagner Castro 06
Projeto de ferramentas computacionais para ensino de Teoria de Ondas Guiadas
Nathann A. Jesus, Wallisson F. Souza, Vinicius C. F. Barros, Kathy C. C. O. Senhorini 11
Análise de Difracão em Múltiplas Telas Usando um Algoritmo de Equações Parabólicas DMFT/SSPE
Cláudia M. S. Fonseca, Gláucio L. Ramos, Sandro T. M. Gonçalves, Paulo T. Pereira 16
A Semi-Analytical Method for Modeling Electromagnetic Propagation in Planarly Stratified Anisotropic
Media for Geophysical Sensing Applications
Rocio M. Hernandez and Guilherme S. Rosa 21
Canal rádio I 26
Caracterização da Perda de Percurso em Larga Escala na Frequência de 11 GHz em Cenário IndoorLoS
e NLoS
Sidnir C. B. Ferreira, Iury S. Batalha, Fabrício S. Farias, Fabrício J. B. Barros, Gervásio P. S. Cavalcante,
Jasmine P. L. Araújo 26
Análise de Cobertura de Sinal Rádio Móvel em Ambiente com Vegetação na Faixa 700-4000 MHz
Diogo A. B. Magalhães, Nívea P. Carvalho, Fábio José B. Fonseca, Pedro Vladimir G. Castellanos,
Leni J. Matos 31
Análise Preliminar das Características e da Cobertura LoRa na Frequência de 915 MHz
Michel P. da Cunha, Pedro V Gonzalez Castellanos, Michael S. Centeno, Maiquel S. Canabarro 36
Aplicabilidade dos Métodos de Predição COST231 e Miura na Cobertura Outdoor - Indoor na faixa de
700 MHz
Alexandre O. Mieli, Gláucio L. Ramos, Leni J. Matos, Matheus B. Moura, Paulo V. P. Lopes 41
Path Loss Prediction for 5G Millimeter Waves Propagation based in Artificial Neural Networks
Yoiz E. N. Ruiz, Carlos E. O. Vargas, Luiz A. R. Silva Mello 46
Redes Óticas I 51
Avaliação de Técnicas de Inteligência Artificial para Identificação de Formato de Modulação em
Comunicações Ópticas
André Luiz Nunes de Souza, Tiago Sutili, José Hélio da Cruz Jr., Rafael C. Figueiredo 51
Impacto do Equalizador Dinâmico no Desempenho do Algoritmo de Retropropagação Digital
Adaptativopara Sistemas Sem Repetição
José Hélio da Cruz Júnior, Tiago Sutili, Sandro Marcelo Rossi, André Luiz Nunes de Souza, Rafael

ix
Carvalho Figueiredo 56
Estimativa de Probabilidade de Bloqueio de Redes Óticas Elásticas Usando Redes Neurais Artificiais
Danilo R. B. de Araújo e Jonas Freire de A. M. de Barros 62
Geração de Subportadoras Ópticas em Loops em Série e Modulação de Fase
José Danilo da Silva Nogueira, João P. da Fonseca Neto e João Batista R. Silva 67
Geração de Subportadoras Ópticas usando Loops em Paralelo e Modulação de Fase
José Danilo da Silva Nogueira, João P.da Fonseca Neto e João Batista R. Silva 71
Sensores Óticos I 76
Circuito Eletrônico de Front-End para Interrogação de um Sensor Óptico de Índice de Refração
Andre Dias Sousa, Ulisses Carneiro, Carolina Vannier, Maria Aparecida G Martinez 76
Sensor de Índice de Refração à Fibra Óptica Heteronúcleo com Estrutura MSM
Hebio Junior Bezerra de Oliveira, Allamys Allan Dias da Silva, Jehan Fonsêca do Nascimento, Joaquim
Ferreira Martins Filho 80
Estimação da Velocidade de Motor de Indução Trifásico via SVR com Base na Análise da Deformação
do Estator medida por FBG
Beatriz Brusamarello, Lucas Stanqueviski, Jean Carlos Cardozo da Silva, José Fabio Kolzer, Kleiton
Morais Sousa, Giovanni Alfredo Guarneri 85
Inclinômetro óptico baseado na configuração de uma LPG cascateada com um taper
Renato Luiz Faraco Filho e Alexandre Bessa dos Santos 90
Análise de Sensor de Corrosão à Fibra Óptica de Perfil-D Utilizando Efeitos de LMR e SPR
Valdemir Manoel da Silva Júnior, Jehan Fonsêca do Nascimento e Joaquim Ferreira Martins Filho 95
Sensores 100
Spherical Anomalies Bioimpedance Inverse Solution
Rooney R. A. Coelho, José Roberto Cardoso 100
Análise da Resistividade Elétrica em Amostras de Compósitos Magnéticos Moles
Indiara P. C. da Silva, Guilherme H. S. Reis, Gabriela de A. Riul, Leandro L. Evangelista, Antonio I.
Ramos Filho, Nelson J. Batistela, Nelson Sadowski, Valderes Drago e Aloisio N. Klein 105
Detection of the Sigma Phase in a Duplex Stainless Steel Through Measurements of Magnetic
Permeability
Edgard de Macedo Silva, Amanda Medeiros Rodrigues, Arthuci Francis Pereira Lima, Walter Macedo
Lins Fialho, Izaura Luiz Viegas, Ibernon Pereira de Barros Neto, Josinaldo Pereira Leite. 110
Modelo Eletromagnético para Sensores de Solo Sem Fio em Baixas Frequências e Aplicações da Internet
das Coisas do Subsolo na Agricultura 4.0
Pedro H. C. Gomes, Maiquel S. Canabarro, Guilherme S. Rosa 115
Metamateriais e Estruturas Periódicas I 120
Desenvolvimento de Superfície Seletiva em Frequência Reconfigurável Associando as Geometrias
Dipolos Cruzados e Matrioska
Alfrêdo Gomes Neto, Jefferson Costa e Silva, Ianes Barbosa Grécia Coutinho, Diego Cássio Garcia
Fernandes Laryssa Maria de Sousa Duarte, Amanda Gomes Barboza 120
Superfície refletora de alta permissividade baseada em FSS aplicada a antenas microstrip de 2,4 GHz a
14 GHz
Carolina M. S. C. Amaral, Vanessa P. R. Magri, Maurício W. B. da Silva 125
Análise de Sensor de Umidade do Solo Baseado em CSRR sob Substrato Biodegradável de PLA
Lincoln Alexandre P. Silva, Francisco de A. Brito Filho, Humberto Dionísio de Andrade 130
Refletor de canto baseado em Superfície Seletiva em Frequência para melhoria de desempenho de antena
de microfita
Vinícius dos A. Barros, Leni J. Matos e Mauricio W. B. da Silva 135

x
Superfícies Seletivas de Frequência Bioinspiradas para Aplicações Dual-Band e UWB
Samuel B. Paiva, Valdemir P. Silva Neto e Adaildo G. D’Assunção 140
Improving the Performance of ISM Antenna through Frequency-Selective Surfaces
Carlos A. T. Coelho, Roberta N. G. Carvalho, Maurício W. B. Silva, Leni J. Matos 144
Antenas I 149
Análise do Posicionamento de Antenas Monopolo HF sobre o Tijupá de uma Fragata
Fabiano Carvalho dos Santos Assumpção, Maurício Henrique Costa Dias 149
EMC Analysis of Compact Rectenna to Wireless Power Transfer
Euclides L. Chuma, Hugo Ralf Pereira, YuzoIano, Ricardo H. Minoda, Reginaldo M. Ribeiro 154
Rectena para Faixa ISM de 2,4 GHz baseada em uma Antena Vivaldi Antipodal
Emerson T. Pereira, Ricardo Q. Martins, Humberto P. Paz, Jefferson F. Rosa, Ivan R. S. Casella, Carlos
E. Capovilla 158
Rectena Patch Circularmente Polarizada Operando na Banda ISM de 2,4 GHz
Jefferson F. Rosa, Humberto P. Paz, Vinícius S. Silva, Emerson T. Pereira, Ivan R. S. Casella, Carlos E.
Capovilla 163
Antena quasi-Yagi utilizando Células Metamateriais tipo Electric-Field-Coupled para Otimização do
Diagrama de Radiação
Ricardo Q. Martins, Humberto P. Paz, Emerson T. Pereira Ivan R. S. Casella, Carlos E. Capovilla,
Humberto X. de Araújo 167
Study of Optical Semiconductor Switches for Application in Reconfigurable Antenna
F. H. S. Fonseca, L. T. Manera, R. L. de Orio 172
Dispositivos e circuitos de micro-ondas I 177
Saturated Digital Baseband Predistorter Combined with Limiting and Filtering
F. A. Schoulten, C. E. M. Alvarado, E. G. Lima 177
Projeto de Divisor de Potência Ativo para GNSS
Rodrigo J. Zandoná, Juner M. Vieira, Fúlvio F. Oliveira, Daniel B. Ferreira, Daniel C. Nascimento,
Felix Antreich, Ildefonso Bianchi 181
Novel Volterra Series Model for Compensation of IQ Modulator Imbalances and PA Nonlinear
Distortions
Bruna Temporal Marcondes e Eduardo Gonçalves de Lima 186
A GMDH based approach for the Behavioral Modeling of Radiofrequency Power Amplifiers
André Felipe Zanella e Eduardo Gonçalves de Lima 191
A new technique to cancel additional phase shifts of two-port resonant devices
L. M. da Silva, H. V. H. Silva Filho, P. H. B. Cavalcanti Filho, M. T. de Melo 196
Filtro em Guia de Onda para Sistemas de Medição Instantânea de Frequências
C. P. do N. Silva, J. A. I. Araujo, Ignacio Llamas-Garro, M. T. de Melo 201
Sensores Óticos II 205
Análise de Propriedades Elásticas de Sensores à Fibra Ótica Encapsulados em Elastômero
Natália Carolina Schvan Wendt, Vinicius de Carvalho, Marcia Muller, José Luís Fabris, Francelli
Klemba Coradin 205
Plataforma Tátil com Sensores Multiplexados de Macrocurvatura em Fibra Ótica
Marcos Aleksandro Kamizi, Diogo Lugarini, Vinicius de Carvalho, José Luís Fabris, Marcia Muller 209
Optoelectronic sensor applied to flow rate measurements on oil and gas industry
Alexandre S. Allil, Fabio da S. Dutra, Cesar C. Carvalho, Regina C. S. B. Allil and Marcelo M.Werneck 213
Modelagem Computacional de Sensor de Campo Magnético à Fibra Óptica Considerando Efeitos de
Temperatura
Allamys A. Dias da Silva, Hebio J. B. Oliveira, Henrique P. Alves, Joaquim F. Martins, Jehan Fonsêca
do Nascimento 218
xi
Influência da Rugosidade de Superfície na Sensibilidade de um Sensor de Índice de Refração Baseado
em Fibra Óptica com Perfil D
Henrique Patriota Alves, Daniel L. S. Nascimento, Marianne S. Peixoto e Silva, Eduardo Fontana,
Joaquim F. Martins-Filho, Jehan Fonsêca do Nascimento 223
Otimização de Sensores Baseados em Ressonância de Plásmons de Superfície em Grades /Metálicas por
Enxame de Partículas
Felipe José Lucena de Araujo, Ernande Ferreira de Melo, Eduardo Fontana 228
Máquinas Elétricas I 233
Identificação de Parâmetros de Máquinas Síncronas pelo Ensaio de Resposta em Frequência utilizando
Rede Neural LSTM
Vitor Annecchini Schimid, Silvio Ikuyo Nabeta 233
Investigation of Fault Detection in Synchronous Generators through Neutral Current Monitoring by
Rogowski Coil
Leandro V. Carril, Marjorie Hoegen, Danilo G. Aurich, Helton F. dos Santos, Carlos A. C. Wengerkievicz,
Patrick Kuo-Peng, Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela, Luciano M. de Freitas, Rubens J. Nascimento,
Celso L. de Souza 238
Comparison of Standard Methods for Efficiency Determination of Three-Phase Induction Motors
Leonardo E. Martins, Abraão R. de Queiroz, Vinicius J. Nascimento, Carlos A. C. Wengerkievicz,
Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela 243
Design of axial flux motors with coreless stator for electric vehicle application
André Felipe Venzon, Nelson Sadowski, Renato Carlson, Yvan Lefèvre 248
Review of Simulation Techniques of Electrical Machines - Attention to Coupling Behavior
C. G. C. Neves, A. F. F. Filho 253
Efficiency Determination of Single and Three-Phase Induction Motors Embedded in Compressors
Carlos A. C. Wengerkievicz, Leonardo E. Martins, Cristian F. Mazzola, Nelson Sadowski, Nelson J.
Batistela, Marconi B. Mondo, Fernando A. Aardoom, Cesar J. Deschamps 258
Propagação II 263
Modelagem de Onda Eletromagnética Plana Unidimensional utilizando FDTD
Julia Grasiela Busarello Wolff e Pedro Bertemes Filho 263
Modelo Híbrido para Perda de Propagação em Radioenlaces sobre Terrenos Irregulares com Floresta
Felipe M. da Costa, Luis A. R. Ramirez, Maurício H. C. Dias 268
Combinational Angle Difference Series: A New Approach to Digital Predistortion
Leonardo N. Moretti, Eduardo G. Lima 272
Aplicação do Filtro de Mediana em Sistema de Comunicação M2M com Tecnologia G3-PLC/IEEE1901.2
Samuel C. Pereira, Vinicius S. Silva, Jefferson F. Rosa, Ivan Casella, Carlos E. Capovilla 276
Solução Aproximada para a Irradiação do Cabo Coaxial Fendido
Thayana M. L. Sousa, Leni J. Matos, Mauricio W. B. da Silva, Vitor L. G. Mota e Vanessa P. R. Magri 281
Canal rádio II 286
Avaliação preliminar das oportunidades para aplicações indoor na faixa de 2,5 GHz no Brasil
Marilson Duarte Soares, Pedro Vladimir Gonzales Castellanos, Diego Passos 286
Radio Propagação e Modelagem para uma Ponte sobre o rio Tocantins para LTE
Alaim de Jesus Leão Costa, Thiago Eleuterio da Silva, Diego Kasuo N. da Silva, Leslye Estefania Castro
Eras e Hugo Alexandre Oliveira da Cruz 291
Aplicação dos Modelos Ocultos de Markov na Modelagem do Canal Rádio Móvel
Leonardo G. Ribeiro, Leni J. Matos, Edson Cataldo 296
Modelagem utilizando RSSI em Condições Sem Visada Direta para a Tecnologia LoRa©
Erika Reis, Andréia Lopes, Iury Batalha, Fabrício Barros, Gervásio Cavalcante 301

xii
Análise e Modelagem de Perda de Percurso através de Parede de Alvenaria na Frequência de 10 GHz
Wirlan G. Lima, Iury da S. Batalha, Gervásio P. S. Cavalcante, Flávio H. C. S. Ferreira, Miércio C. de
Alcântara, Erika C. S. Reis, Fabrício J. B. Barros 307
Redes Óticas II 312
Caracterização Experimental de Transmissão Óptica Sem Repetição a 400G Empregando Equalização
Digital Otimizada
José Hélio da Cruz Júnior, Tiago Sutili, André Luiz Nunes de Souza, Rafael Carvalho Figueiredo 312
Robust Power Budget Model for an Optical Fiber Link
Bruno Fanzeres e Gustavo Amaral 317
Caracterização Experimental do Travamento por Injeção Óptica de Sinais com Múltiplas Portadoras
A. I. N. B. Pereira, L. A. Huancachoque, D. V. G. L. Nascimento, M. L. M. dos Santos, A. C. Bordonalli 321
Otimização dos Recursos de Redes Ópticas Passivas Baseadas em OFDMA com Banda Escalável
Jardel T. Flores, Higor. A. F. Camporez, Jair A. L. Silva, Helder R. O. Rocha 326
Concept of All-Optical Ultra-Wideband Electronic Warfare Receiver
André Paim Gonçalves, Robson Ribeiro Carreira, Joaquim José Barroso de Castro, Olympio Lucchini
Coutinho, José Edimar Barbosa Oliveira, Felipe Streitenberger Ivo 331
Medidas em Ótica I 336
Ruídos em Lasers de Longo Tempo de Coerência com Interferômetros de Pequenos Tempos de Atraso
Mareli Rodigheri, Flávio José Galdieri, Tiago Sutili e Evandro Conforti 336
Protótipo de um Controlador Multiespectral com Lasers de Realimentação Distribuída
José Otávio Maciel Neto, Eduardo Fontana, Henrique P. Alves, Ricardo Ataíde de Lima 341
Proposta de Amplificador Lock-in via Software para Aplicações em Espectroscopia Óptica
Hugo de Albuquerque Fonseca, Diego José Rátiva Millán e Ricardo Ataíde de Lima 346
Caracterização de Dispositivos Otto Chip de gap Variável por Reflectometria Óptica
Gabriel de Freitas Fernandes, Gustavo Oliveira Cavalcanti, Brianne Paola Mochel Moreira, Jung-Mu
Kim, Eduardo Fontana, Ignacio Llamas-Garro 350
Detecção de Fase Ótica em Interferômetos Homódinos Passivos Usando o Método Jn/Jn+2
Alexander C. Carneiro, Valter Lima Junior, Andrés Barbero, Vinícius Silva, Ricardo Ribeiro, Cláudio
Kitano, José H. Galeti, Alexandre Bessa dos Santos 354
EMC/EMI E Transientes Eletromagnéticos 359
Avaliação de Blindagem Eletromagnética para Aplicação em Inspeção Robotizada de Subestações
Luis R. A. Gamboa, Rafael L. B. Stonoga, Gabriel S. Haveroth, José F. Bianchi Filho, Victor S. Borges,
Francisco Roberto Hopker 359
Umbilical Interference Study
Marcelo Sanches Dias, Mario Leite Pereira Filho, José Carlos Leão Veloso Silva, Luiz Cezar Trintinalia 364
Estudo de Comportamentos de Espectros de Campos Magnéticos Externos de Gerador Síncrono de 2 Polos
Danilo G. Aurich, Helton F. dos Santos, Marjorie Hoegen, Luis O. S. Grillo, Leonardo E. Martins, Patrick
Kuo-Peng, Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela, Luciano M. de Freitas, Rodrigo Souza, Luiz A. C.
Borges, Rubens J. Nascimento 369
Testes de Imunidade contra Surtos Elétricos em Eletrodomésticos
Gustavo O. Cavalcanti, Marcílio A. F. Feitosa, Kayro F. H. Pereira, Manoel H. N. Marinho, Antonio S.
Neto, Lucas de C. Sobral, Pollyana M. R. Gonçalves, Douglas T. M. Lara, Thiago F. Gomes, Renato J.
Teixeira, Wagner A. Barbosa 374
Ensaios de magnetização e curto-circuito de um Limitador de Corrente de Curto-circuito de Núcleo Saturado
M. C. Lima, G. dos Santos, F. Sass, G. G. Sotelo 379
Dispositivos e Circuitos de Micro-ondas II 384
Behavioral Modeling of Power Amplifiers Using Three Dimensional Approximations
Marcio Nassif Maluf e Eduardo Gonçalves de Lima 384
xiii
Estratégia de Calibração para Comparadores Vetoriais em Micro-ondas
Juner M. Vieira, Eduardo S. Sakomura, Fúlvio F. Oliveira, Daniel C. Nascimento, Daniel B. Ferreira,
Ildefonso Bianchi 388
Método de Casamento de Modos Aplicado ao Estudo de Guias de Ondas Cilíndricos com Bifurcações
Andre L. S. Lima, Guilherme S. Rosa, José R. Bergmann 392
Numerical investigation of a tunable plasmonic filter based on graphene nanodisk resonator
Jórdan Martins da Cruz, Victor Dmitriev, Wagner Ormanes Castro 397
Implementação de um Analisador de Espectro Utilizando o Conceito de Rádio Definido por Software
Paulo Vinicius A. de Freitas, Ruan F. Hanthequeste, Gabriel B. A. Orofino, Pedro V. Gonzalez
Castellanos, Ângelo A. C. Canavitsas, Robson Costa Bentes. 401
Um Novo Filtro Passa-faixa de Banda Estreita e Compacto para Aplicações em Wi-Fi 802.11ah
J. G. Duarte-Junior, V. P. Silva Neto, A. G. D’Assunção 406
Antenas II 411
Rede de Antenas de Microfita SIW Modularmente Reconfigurável
Marcus V. P. Pina, Juner M. Vieira, Daniel C. Nascimento, Daniel B. Ferreira, Ildefonso Bianchi 411
Metodologia de análise eletromagnética para redes refletoras em banda S embarcadas em nanossatélite
Edson R. Schlosser, Marcos V. T. Heckler, José R. Bergmann 416
Método de Colônia de Vaga-lumes Aplicado na Síntese de Diagramas de Irradiação em Redes de Antenas
Liebert L. da Silva, Marcos V. T. Heckler, Edson R. Schlosser 421
Análise de uma Antena de Microfita com Substrato Composto de Células Metamateriais Rotacionadas
Adelson M. Lima, N. O. Cunha, J. P. da Silva e Magno M. de Araújo 426
Desenvolvimento de Arranjo de Antenas de Microfita com Ressonadores de Geometria Matrioska no
Plano de Terra para Aplicação em Sistemas de Comunicação 5G na Banda de Frequência de 3,5 GHz
Jefferson Costa e Silva, Alfrêdo Gomes Neto, Mateus Lucas de Campos e Silva, Álef Huan Pereira
Souto, Bruna Luíse da Silva Bandeira de Carvalho 431
Desenvolvimento de uma nova Figura de Mérito para avaliação de etiquetas passivas UHF RFID em
superfícies metálicas e não metálicas
Juliana Borges Ferreira, Álvaro Augusto Almeida de Salles, Giovani Bulla 436
Sensores Óticos III 442
Numerical analysis of a Sagnac interferometer as a monophasic fluid flow meter sensor
João Paulo Lebarck Pizzaia,Carlos EduardoSchmidt Castellani, Arnaldo Gomes Leal 442
Análise do envelhecimento, precisão e exatidão em sensores óticos FBG e RFBG para temperatura
Karoline Akemi Sato, Camila Carvalho de Moura, Antonio Carlos Ribeiro Filho, Luis Camilo Jussiani
Moreira e Valmir de Oliveira 447
Monitoramento de nós de pontes estruturadas com treliças planas por sensores ópticos
Guilherme Ébias, Júlia Bittencourt, Felipe Barino, A. Bessa dos Santos 452
Interrogador para LPGs utilizando FBGs e Rede Neural
Felipe O. Barino, Alexandre Bessa dos Santos 457
Modelling Comparison of Two Different Organic Field-Effect Transistors
Campos, C. F., Giraldi, M. T. M. R. 462
Optical Sensor Based on Core Diameter Mismatch Structures for Measurement in Single-and Two-Phase
Flow
Cardoso, V. H. R., Fernandes, C. S., Silva, M. O., Giraldi, M. T. M. R.; Costa, J.C.W.A. 466
Otimização de Projetos Eletromagnéticos 470
Um Novo Método para Separação das Perdas no Ferro Eliminando o Ensaio em Baixa Frequência
Filomena B. R. Mendes, Fredy M. S. Suárez, N. J. Batistela, J. V. Leite, N. Sadowski, J. P. A. Bastos 470

xiv
Influência dos Esforços Mecânicos nos Parâmetros de Um Modelo de Perdas de Histerese
Rodrigo de A. de Miranda, Indiara P. C. da Silva, Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela, Laurent D.
Bernard 475
Development of a multiconductor transmission line model and comparison with experimental values
Lucas Yukio Nascimento Matsukuma, Mario Leite Pereira Filho, Renato Machado Monaro, José Carlos
Leão Veloso Silva 480
Influência dos Esforços Mecânicos em Características Magnéticas de Chapas de Aço de Grão Não
Orientado
Indiara P. C. da Silva, Nelson J. Batistela, Nelson Sadowski, Jean V. Leite, Laurent D. Bernard 485
Metodologia para Minimização do Campo Elétrico ao Nível do Solo de Linhas de Transmissão Aéreas
usando Análise de Sensibilidade
André L. Paganotti, Rodney R. Saldanha, Adriano C. Lisboa, Márcio M. Afonso, Marco A. O.
Schroeder, Marcílio Q. Melo 490
Operação de Linhas Aéreas de Transmissão Recapacitadas por Técnicas Não Convencionais
Marcílio Q. Melo, Márcio M. Afonso, Eduardo G. Silveira e Marco A. O. Schroeder, André L.
Paganotti, Bárbara M. F. Gonçalves 495
Dispositivos Eletromagnéticos e Sensores 500
Caracterização de Materiais Magnéticos utilizando Identificação de Sistemas
Rafael L. B. Stonoga, Gideon V. Leandro, Marlio J. C. Bonfim 500
Estudo de Aspectos Construtivos de Sensores de Campo Magnético por Indução
Guilherme F. dos Santos, Luciano B. Antunes, André Duarte, Carlos A. C. Wengerkievicz, Helton F. dos
Santos, Cristian F. Mazzola, Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela, Luciano M. de Freitas, Fabrizio L.
Freitas 506
Perdas Magnéticas sob Regime de Tensão PWM - Parte I: Estudos do Dispositivo Eletromagnético
Ricardo de Araujo Elias, Guilherme H. Souza Reis, Lorenzo C. dos Santos Borges, Nelson Sadowski,
Nelson Jhoe Batistela, João Pedro Assumpção Bastos 511
Perdas Magnéticas sob Regime de Tensão PWM - Parte II: Dispositivo Eletromagnético Transferindo
Energia e em Vazio
Ricardo de Araujo Elias, Guilherme H. Souza Reis, Lorenzo C. dos Santos Borges, Nelson Sadowski,
Nelson Jhoe Batistela, João Pedro Assumpção Bastos 516
Detecção de Tratamentos Térmicos e Anisotropia Magnética em um Aço SAE 4340 através de um Ensaio
Eletromagnético
Edgard de Macedo Silva, Arthuci Francis Pereira Lima, Ibernon Pereira de Barros Neto, Amanda
Medeiros Rodrigues 521
Um estudo sobre os parâmetros e campos elétricos das linhas de transmissão em 500 kV do Brasil
Álvaro Menezes, Sérgio Haffner 525
Propagação III 532
Numerical High Intensity Radiated Field Assay with Experimental Validation
Hugo R. D. Filgueiras, Rodrigo Marques, Arthur Roza, Saint Clair Nunes, Henrique L. de Faria and
Arismar Cerqueira S. Jr. 532
Otimização da Técnica de Reflectometria pelo Algoritmo PSO na Localização de Falhas em Haste
Marcelo M. Alves, Marcelo S. Coutinho, Douglas C. P. Barbosa, Renan G. M. dos Santos, Vinícius L.
Tarragô, Marcos T. de Melo, Lauro R. G. S. Lourenço Novo, Henrique B. D. T. Lott Neto, Paulo H. R.
P. Gama, Luiz H. A. de Medeiros 536
Aplicação da Transformada Rápida de Fourier em Equações Integrais no Domínio do Tempo para a
Caracterização de Propagação Radioelétrica
Renata Alves Antunes Teles, Fernando José da Silva Moreira 541
Spectral Representation of Periodic Green’s Function with Progressive Phase Shift
A. F. S. Cruz, N. W. P. Souza1, J. C. Silva, T. Del Rosso, V. Dmitriev and K. Q. Costa 546

xv
Transmissão de Energia sem Fio Ponto-Multiponto Planar Utilizando Acoplamento Indutivo Ressonante
Thiago Henrique Gonçalves Mello, Ursula do Carmo Resende 551
Internet of Things I (IoT I) 556
Automatic Detection of Azimuth Change in Antennas for 5G-IoT Networks Using Deep Learning
Sergio Paul, Pedro Souza, Lucian Ribeiro, Fabrício Barros, Gervásio Cavalcante, Jasmine Araújo 556
Design of Dual-band Wilkinson Power Divider with Wide Isolation
Renato Ramalho Costa, Hugo Daniel Hernandez, Dionísio de Carvalho, Wilhelmus Van Noije 561
Caracterização Elétrica de Material Têxtil Autorrespirante Para Aplicações em Redes de Sensores
Corporais
Matheus Emanuel Tavares Sousa, Humberto Dionísio de Andrade, José Lucas da Silva Paiva, Marcos
Silva de Aquino, Moisés Vieira de Melo, Pedro Vinícius Nóbrega Wanderley 566
Um Sistema Transceptor de Baixo Custo e Alta Confiabilidade para a Leitura de Etiquetas RFID Passivas
Nicollas R. de Oliveira, Lucas P. Boaventura, Tadeu N. Ferreira, Vanessa P. R. Magri, Jacqueline S.
Pereira, Diogo M. F. Mattos 571
Desempenho de Sistemas LoRa para Aplicações de LPWA em Canais com Desvanecimento Plano em
Frequência
Renan R. Mendes, Carlos E. Capovilla, Ivan R. S. Casella 576
Canal Rádio III 580
Caracterização em Banda Larga de Canal em Ambiente Arborizado na Faixa de 26 GHz
Jean Carneiro da Silva, Diego Kasuo Nakata da Silva, Leslye Estefania Castro Eras, Nadson Welkson
Pereira de Souza, André Felipe Souza da Cruz, Emanoel Costa 580
Análise da viabilidade de implementação da tecnologia LTE nos sistemas de comunicação dos navios da
Marinha do Brasil
Luiz Guilherme Almeida Ramalho Barbosa e Carlos Vinício Rodríguez Ron 585
Avaliação de Desempenho de Handover para Aplicações Multimídia Entre Estações Base Aéreas Sem Fio
Thalita Ayass, José Jailton, Tássio Carvalho, Jasmine Araújo 591
Estudo do Canal de Propagação para Aplicação em Internet das Coisas na Faixa de 903 MHz
Jéssica Cristine Bonoto de Oliveira, Glaucio Lopes Ramos, Paulo Tibúrcio Pereira 596
Análise de Canal para a Frequência de 3,5 GHz em aeroporto
Alex S. Macedo, Thiago A. Costa, Iury S. Batalha, Edemir M. C. Matos, Jasmine P. L. Araujo, Fabrício
B. Barros, Leslye Castro, Pedro V. G. Castellanos e Leni J. Matos 601
Medidas em Ótica II 606
Generalized Analysis of a Tunable Range Photonic-Assisted Instantaneous Frequency Measurement of
Microwave Signals
Robson R. Carreira, Joaquim J. Barroso, José E. B. Oliveira, André P. Gonçalves, Alessandro R. Santos,
Olympio L. Coutinho, Vilson R. Almeida and Carla S. Martins 606
Análise de uma célula solar de múltiplos filmes de GaAs/AlGaAs
Pedro Vitor Taranto de Carvalho, Renan Silva Santos, Maria Aparecida G. Martinez 611
Simulador de um Lock-in Digital para Aplicações em Detecção Harmônica de Linhas de Absorção
Bernardo Caio Nunes de O. Lima, Eduardo Fontana e Ricardo Ataíde de Lima 615
Photodetector optic power optimization to increase the gain on sub-octave microwave photonic link
Naiara Tieme Mippo, Felipe Streitenberger Ivo, Olympio Lucchini Coutinho 620
Low-cost Techniques for Producing Fabry-Perot Interferometers: A Comparative Study Between UV-
Curable Resin Cavities and In-fiber Cavities Produced by the Catastrophic Fuse Effect
Mariana L. Silveira, Anselmo Frizera, Camilo A. R. Díaz 625
Métodos Numéricos e Educação 629
Modelagem e Simulação do Controle do BDFRG com aplicação na geração da energia eólica
Felipe Henrico Leite Ferraz de Campos, Nelson JhoeBatistela, Patrick Kuo-Peng 629
xvi
Panorama dos Benefícios da Cooperação Multidisciplinar das Engenharias Aplicada à Indústria Automotiva
Lara Magro Pereira, Diego Carlo Corrêa, Polyanna Mara Pereira, Ana Carolina Silveira Veloso, Igor
Feliciano da Costa, Úrsula do Carmo Resende 634
Modelagem eletromagnética da ancoragem de torres transmissoras de energia elétrica
Vinícius L. Tarragô, Marcelo S. Coutinho, Douglas C. P. Barbosa, Marcelo M. Alves, Renan R. M. dos
Santos, Lauro R.G.S. Lourenço Novo, Marcos T. de Melo, Luiz H. A. de Medeiros, Leon P. Pontes,
Henrique B. D. T. Lott Neto, Paulo H. R. P. Gama 639
Comparação da Eficiência de Algoritmos MPPT para a Geração Fotovoltaica: Filtro de Kalman vs.
Perturba e Observa (P&O)
Domingos Teixeira da Silva Neto, Maurício Barbosa de Camargo Salles, Pablo Daniel Paz Salazar, José
Roberto Cardoso 644
Time and Frequency Domain Numerical Analyses for Electrical Circuits under Fixed Large Signal
Stimulus and Variable Small Signal Sources
Caio G. Natalino, Maysa A. C. Araújo and Eduardo G. Lima 649
Metamateriais e Estruturas Periódicas II 654
Modelagem da Largura de Banda para FSS com Espira Quadrada com Grade
João G. D. Oliveira, José G. Duarte Junior, Bruno M. Pinheiro, Antonio L. P. S. Campos, Valdemir P. da
Silva Neto 654
Etiqueta RFID UHF Flexível para Aplicações Biomédicas baseada em Estruturas Metamateriais
Jéssyca Iasmyn Lucena Araujo, Samuel Medeiros Araújo Morais, Camila Caroline Rodrigues de
Albuquerque, Georgina Karla de Freitas Serres, Helder Alves Pereira, Alexandre Jean René Serres,
Danilo Freire de Souza Santos 659
Etiqueta RFID UHF Flexível com Metamaterial para Detecção de Movimento
Samuel M. A. Morais, Jéssyca I. L. Araujo, Camila C. R. Albuquerque, Alexandre J. R. Serres, Helder
A. Pereira, Georgina K. F. Serres, Danilo F. S. Santos 664
Eficiência da estrutura EBG para atenuação do SSN
Dalcin, Jean Carlos Bortoli; Bonfim, Marlio Jose do Couto 669
Virtual Magnetic TL-based Channel Modeling of SWIPT Systems assisted by MTMs
Jorge Virgilio de Almeida, Eduardo Costa da Silva, Marbey Manhães Mosso and Carlos A. F. Sartori 674
Design of a transmission-line metamaterial with a negative index of refraction at S-Band
Lucas D. Ribeiro; Arthur H. L. Ferreira; Juscelino J. Oliveira; Rose M. S. Batalha. 679
Dispositivos e Circuitos de Micro-ondas III 683
Uso de CSRR para Redução de Dimensões de Filtro Passa-baixas de microfita para Aplicação em TV
Digital
João A. da Silva Neto, Antonio Luiz P. S. Campos e Ruann Victor A. Lira, Alfredo Gomes Neto 683
Seleção de Materiais Aplicada à Magnetização Axial de uma LTNL Giromagnética para Uso Espacial
André F. Teixeira, Fernanda S. Yamasaki, José O. Rossi, Joaquim J. Barroso, Daniel A. Nono, Maria
do Carmo A. Nono 687
A new instructional kit proposal for signal integrity study in Microstrip structured printed circuit boards
Jean Lescowicz, Pablo Dutra da Silva 692
Retificador de Radiofrequência com Toco Radial Para Redução de Harmônicos
Humberto P. Paz, Vinícius S. Silva, Eduardo V. V. Cambero, Ricardo Q. Martins, Ivan R. S. Casella,
Carlos E. Capovilla 697
Sensor em Microfita para Detecção de Hidrogênio em Frequências de Micro-ondas
Keila Silva dos Santos, Eduardo Fontana, Marcos Tavares de Melo, Crislane Priscila do Nascimento
Silva, Antônio Azevedo da Costa, Gustavo Oliveira Cavalcanti 701
Protótipo de Modulador QPSK em Tecnologia de Microfita para Satélites
Sergio R. S. Teixeira Jr., Ildefonso Bianchi, Daniel C. Nascimento, Daniel B. Ferreira, Juner M. Vieira 706
Antenas III 711
xvii
Projeto de uma nova antena de microfita com frequência de ressonância reconfigurável
Renan Petry Eltz, Giovani Bulla 711
Aplicação de antenas PiFa em comunicação Wi-fi e V2X
Vitor L. G. Mota, João L. S. Teixeira, Vanessa P. R. Magri, Tadeu N. Ferreira, Leni J. Matos, Pedro V. G.
Castellanos, Lucas P. Boaventura, Danilo R. Rosmaninho, Luciana S. Briggs 716
Antena MIMO Compacta com Alto Isolamento para Aplicações no Padrão 802.11ax
Samuel B. Paiva, José G. D. Jr, Kaio M. C. Bandeira, João G. D. Oliveira, Jurgen K. A. Nogueira,
Valdemir P. S. Neto, Adaildo G. D’Assunção 721
Chave SPDT por ressoadores acoplados de malha aberta para a banda de UHF
J. M. A. M. Oliveira, C. P. do N. Silva, D. L. de Melo, J. P. R. Carvalho, D. L. S. do Nascimento, J. P. B.
da Silva, D. de F. Gomes, A. J. B de Oliveira, M. T. de Melo 726
Rectena PIFA para a Banda ISM de 2,4 GHz
Ricardo Q. Martins, Vinícius S. da Silva, Emerson T. Pereira, Ivan R. S. Casella, Carlos E. Capovilla,
Humberto X. de Araújo 730
Desenvolvimento de Antena de Microfita Integrada com FSS para Uso na Tecnologia 5G
Alfredo Gomes Neto, Dr., Alexandre Jean René Serres, Dr. Marina de Oliveira Alencar, Thamyris da
Silva Evangelista 734
Free Space Optics (FSO) 739
Prova de princípios de sistema de comunicação quântica híbrido fibra-Óptica – espaço-livre
Rafael Freitas Barbosa, Felipe Calliari, Guilherme Penello Temporão 739
Sistema Híbrido RoF/FSO para Redes 5G
C. H. S. Lopes, E. S. Lima, L. L. Mendes, Arismar Cerqueira S. Jr., M. Abreu 744
Enlaces VLC Baseados no Novo Padrão 5G NR
M. A. de Oliveira, M. S. B. Cunha, E. S. Lima, Arismar Cerqueira S. Jr, M. Abreu 748
Estudo da Influência do Movimento de Afundamento de um Navio em um Enlace de Comunicações FSO
Airton Fernandes Gurgel Júnior, Claisso Pires Azzolin e Vítor Gouvêa Andrezo Carneiro, Claudio Alexis
Rodríguez Castillo 753
Effect of Wind in a Clear-day on Beam Wander of a Terrestrial Free Space Optical link
Elizabeth Verdugo, Roberto Nebuloni, Luiz da Silva Mello, Carlo Riva 758
Extensão do Método de Triangulação de Potências para Rastreamento de Feixe Ótico em Enlaces FSO
Janaína Ribeiro do Nascimento, Felipe Hugo Braga Bittar, Márcio Alexandre Dias Garrido, Weber de
Souza Gaia Filho, Andrés Pablo Lopez Barbero, Vinicius Nunes Henrique Silva 763
Máquinas Elétricas II 767
Um Estudo sobre o Motor de Relutância de Fluxo Axial na Propulsão Veicular
Rafhael S. Lima, Jose A. Santisteban 767
Correntes em Mancais de Máquinas Elétricas Assíncronas Alimentadas por Conversores de Frequência
Luís Gustavo da Silva, Nelson Jhoe Batistela, Fredemar Rüncos 772
Detection of Changes in Magnetic Field Spectra of Synchronous Generators due to Imposed Faults
Marjorie Hoegen, Danilo G. Aurich, Miguel E. C. Mondardo, Helton F.dos Santos, Luis O. S. Grillo,
Carlos A. C. Wengerkievicz, Patrick KuoPeng, Nelson Sadowski, Nelson Jhoe Batistela and Luciano M.
de Freitas 777
Procedimento para criar redes de relutâncias para modelar as reatâncias de eixo direto e em quadratura
de geradores síncronos
Vinicius Moura, Paulo Neves Jr., Gustavo Menezes, Thiago Bazz 782
Simulação e Análise de um Gerador Linear com Arranjo Halbach
Ana Carolina C. A. Tavares, Diego F. Garcia e Marcos Antonio C. Moreira 787
Análise Comparativa de Métodos Ativos de Redução de Sobretensão em Motores por Superposição de

xviii
Pulsos
Daniel P. Santos e Carlos A. F. Sartori 791
Internet of Things II (IoT II) 796
Otimização por Enxame de Partículas do Posicionamento de GatewaysLoRa para Smart Campus
Sidnir C. B. Ferreira, Hugo Alexandre O. Cruz, Fabricio José B. Barros, Fabricio de Souza Farias,
Gervásio Protásio S. Cavalcante, Maria Emília de L. Tostes, Andreia Antloga do Nascimento e Jasmine
Priscyla L. Araújo 796
Análise da Tecnologia LoRa 915 MHz no Contexto da Indústria 4.0
Renan Mendes, Carlos E. Capovilla e Ivan R. S. Casella 801
Análise de Consumo de Energia de Dispositivo Classe A em Rede LoRaWAN
Tales Henrique Carvalho, Felipe Yamasaki Hirota, Gabriel Lobão da Silva Fré, Miguel Marques de Paiva
Esper, Danilo Henrique Spadoti 806
Sistema de medição automática em redes sem fio para Internet das Coisas (IoT)
Miguel M. de Paiva Esper, Tales H. Carvalho, Gabriel Lobão Fré, Pedro Dal Bello Carranza, Henrique
M. Possatto e Danilo Henrique Spadoti 811
Supercondutividade 816
Estudo da corrente de alimentação do supercondutor de um Limitador de Corrente de curto-circuito de
Núcleo Saturado
Gabriel dos Santos, Flávio Martins, Felipe Sass, Daniel Dias, Guilherme Sotelo 816
Novo conceito de máquina supercondutora para uso em aviões elétricos
Fernando Jorge Monteiro Dias, Mateus Moraes Marques, Rubens de Andrade Júnior, Guilherme
Gonçalves Sotelo e Alexander Polasek 822
Simulação de Máquina Supercondutora com Fitas 2G Usando a Formulação T-A
Bárbara Maria Oliveira Santos e Rubens de Andrade Junior 827
Wireless Power Transfer Through Coupled Magnetic Resonance with Conventional and Superconducting
Metamaterials
Arthur Henrique de Lima Ferreira, Lucas Douglas Ribeiro and Rose Mary de Souza Batalha 832
Ótica e Redes Móveis/ 5G 836
Coexistência entre LTE-A e 5G NR em Fronthaul Móvel
Celso Henrique de Souza Lopes, Luiz Augusto Melo Pereira and Arismar Cerqueira Sodré Junior 836
Sistema 5G NR Baseado em Rádio sobre Fibra e Óptica Integrada
Matheus Sêda, Eduardo Saia Lima, Nicola Andriolli, Marcelo Abreu, Danilo Henrique Spadoti,
Giampiero Contestabile, Arismar Cerqueira Sodré Junior 840
Sessão de pôsteres 845
RF e Micro-ondas 845
Protótipos de filtros passivos de micro-ondas aplicados a osciladores
Roberta N. G. de Carvalho, Vanessa P. R. S Magri, Tadeu. N. Ferreira 845
Construção de uma célula TEM e seu modelamento em software de simulação
João Henrique Angelo, Antonio Francisco Gentil Ferreira Junior, Mário Leite Pereira Filho 848
Simulação numérica de linhas de transmissão não lineares giromagnéticas para geração de RF
Ana Flávia Guedes Greco, José Osvaldo Rossi, Elizete Gonçalves Lopes Rangel, Fernanda Sayuri
Yamasaki, Joaquim José Barroso, Edl Schamiloglu 851
Estudo sobre a Refletividade da Areia em Transmissão em Faixas de Telefonia Móvel
Maria Carolina V. Lessa, Charles J. C. Pereira, Tadeu N. Ferreira, Pedro V. G. Castellanos, Vanessa P.
R. Magri , Leni J. de Matos e Maurício W. B. Silva 854
Desenvolvimento de um protótipo de Mixer para aplicações na banda S
Flavio A. N. Sampaio, Enrico R.Morais, Victor B. Coelho, Vinicius N. H. Silva, Vanessa P. R. Magri,
Tadeu N. Ferreira 857
xix
Antipodal Vivaldi Antenna with Side Radiating Slot Edge with Sierpinski Curve Fractals
Raimundo Eider Figueredo, Alexandre M. de Oliveira, Alexandre J. R. Serres, Auzuir R. de Alexandria,
João F. Justo, N. Nurhayati and Marcelo B. Perotoni 860
Caracterização da Perda de Percurso e Espalhamento de Atraso de Multipercurso em 3,5 GHz Usando o
Método do Traçado de Raios Inteligente
Rávilla Raianni Silva Leite, Joabson Nogueira de Carvalho 863
Online Wireless Channel Sounding Platform
Gabriel S. Chaves, Markus V. S. Lima, Tadeu N. Ferreira, Leni J. de Matos, Pedro V. G. Castellanos 866
Aplicativo para dimensionamento de filtro passa- faixa para micro-ondas
Roberta N. G. de Carvalho, Vanessa P. R. Magri, Tadeu. N. Ferreira 869
Radares de Abertura Sintética Embarcados em Satélites: Visão geral e Estado da Arte
Pedro Henrique Santos, Rodolfo Antônio da Silva Araújo 872
Receiver Calibration Procedures (https://youtu.be/LB_KNxQ6Rd0)
Bruno Duarte (Keysight)
Ótica 876
Receptor de Comunicações por Luz Visível (VLC) Usando Antena de Fibra Óptica Plástic
Antonio A. C. Batista, Juliana O. Paula, Andrés P. L. Barbero, Ricardo M. Ribeiro, Vinicius N. H. Silva,
Cláudia B. Marcondes 876
Reflectance and transmittance spectra of a photonic crystal slab with doped graphene disks for operation
at the THz band
Marcos G. L. Moura, Anderson O. Silva 879
Modelling of Discrete Multi-Tone Transmissions over Dispersive Polymeric Optical Fibers
Vinicius N. H. Silva, Tadeu N. Ferreira1, Flavio A. N. Sampaio, Pedro Abreu, Luiz Anet Neto, Andres
Pablo L. Barbero and Ricardo M. Ribeiro 882
Solução Pick&Place para Empacotamento de Chips Fotônicos
V. A. Matos, A. P. F. de Melo, A. F. Herbster 885
Análise de um Sensor Modalmétrico em Configuração de Fonte Dupla
Eduardo R. Ferreira, Carolina V. S. Borges, Maria Thereza M. R. Giraldi, Maria Aparecida G. Martinez 888
Características Optoeletrônicas de Lasers de Diodo Verdes
Felipe A. Marins, Vinicius N. H. Silva, Ricardo M. Ribeiro, Cláudia B. Marcondes 891
Controle de Modo de Operação de Gerador Utilizando Sensor de Nível com redes de Bragg em Fibra Ótica
Ademir Carlos Nicolini Junior, Ivo Lourenço Junior, Kleiton Morais Sousa, Uilian José Dreyer 894
OptX.SaaS: Novo Simulador Óptico em Nuvem
Paulo Henrique Vieira Cândido, Carlos Henrique da Silva Santos 897
Temperature Sensitivity Enhancement in Metal-Coated LPG Sensors
Italo Alvarenga, Diogo Coelho, Thiago Coelho, Daniel Silveira, Alexandre Bessa 900
Fabricação de Estruturas Capacitivas baseadas em Grafeno para Modulação Óptica
Hilton H. Shimabuko, Lúcia A. M. Saito, Jhonattan Córdoba Ramírez 903
High Voltage Compact Optical Current Sensor Experimental Tests
M. M. Costa, S. M. L. Reis, A. C. S. Brígida, C. S. L. Gonçalves, J. C. W. A. Costa, P. A. S. Jorge,
M. A. G. Martinez 906
Estudo da Transmissão de Frequências Intermediárias (IFs) sobre Fibras Ópticas Plásticas
Felipe A. Marins, Vinicius N. H. Silva, Ricardo M. Ribeiro, Marlon M. Correia 909
Estudo Computacional deSensores Plasmônicosem Grades de Difração
Raoni de Freitas Gois, Gustavo Oliveira Cavalcanti, Ernande Ferreira de Melo, Eduardo Fontana,
Ignacio Llamas-Garro 912
Probabilistic Constellation Shaping (https://youtu.be/wDv34KeZrno)
Rodrigo Vicentini (Keysight)
xx
Eletromagnetismo 915
Cálculo de forças na interface de contato entre ímãs permanentes
Luiz Guilherme da Silva, Laurent Bernard, Nelson Sadowski 915
Modelagem e Estudo Analítico de um Motor de Indução Monofásico com Enrolamentos Assimétricos
Pedro Augusto B. Simão, Paschoal Spina Neto, Silvio Ikuyo Nabeta 919
Comparison of three configurations of permanent magnetic arrays for electromagnetic acoustic transducer
Christiano M. Nascimento, Iury Saboia, Alan C. Kubrusly 922
Simulação de um Transformador com Laços Supercondutores sem Emenda Usando a Formulação H
Daniel Dobrochinski Maia, Bárbara Maria Oliveira Santos e Rubens de Andrade Junior 925
Desenvolvimento e análise de compatibilidade eletromagnética de equipamentos utilizados nas
atividades de elevação de pessoas
Leandro Prytula, Álvaro Augusto Almeida de Salles 928

xxi
PROGRAMA
19 Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica/ 140 Congresso Brasileiro de
0

Eletromagnetismo - MOMAG2020

Domingo 2a feira 3a feira 4a feira 5a feira


Horário
08 de novembro 09 de novembro 10 de novembro 11 de novembro 12 de novembro
08:30 - 09:30 Inscrições
Minicursos XXXX
09:30 - 11:00 XXXX XXXX XXXX
1a4
(em paralelo)
11:00 - 11:20 Intervalo

11:20 - 12:50 11:20 - 11:40 Abertura 11:20 Plenária 1 (Telecom)


Minicursos
1a4 11:40 Plenária 1 (Telecom) Plenária 2 (Elétrica) 12:10 -12:50 Palestra Keysight XXXX
(cont.) Plenária 2 (Elétrica)
12:50 - 14:00 Intervalo Intervalo
Minicursos
14:00 - 15:30 Apresentações orais Apresentações orais Apresentações orais Apresentações orais
5a8
(em paralelo) Grupo A Grupo C Grupo E Grupo G
15:30 – 15:50 Intervalo Intervalo Encerramento
Minicursos
15:50 - 17:20 Apresentações orais Apresentações orais Apresentações orais . Homenagens
5a8
. Divulgação do melhor
(cont.) Grupo B Grupo D Grupo F
artigo e prêmio
17:20 - 17:40 . Fechamento

Domingo, 8 de novembro

Domingo, 08:30 – 09:30


Inscrições

Domingo, 09:30 – 11:00 e 11:20 – 12:50


Minicurso 1
Técnicas Modernas de Geoposicionamento Global por Satélite -Princípios e Aplicações
Dra. Enga. Cynthia Cristina Martins Junqueira (UNICAMP e ESPECTRO) eM. Sc. Adílson
Walter Chinatto Júnior (ESPECTRO)
Chair: Roberta Neves Guimarães de Carvalho (UFF)

Minicurso 2
Análise e Projeto de Superfícies Seletivas em Frequência
Dr. Antonio Luiz Pereira de Siqueira Campos (UFRN)
Chair: Maurício Weber Benjó da Silva (UFF)

Minicurso 3
Regulação Internacional do Espectro de Radiofrequências
Engo. Tarcísio Aurélio Bakaus (ANATEL)

xxii
Chair: Fábio José Barroso da Fonseca (UFF)

Minicurso 4
Redes Ópticas Quânticas
D. Sc. Guilherme Penello Temporão (PUC-Rio)
Chair: Vinicius Nunes Henrique Silva (UFF)

Domingo, 12:50 – 14:00


Intervalo para almoço

Domingo, 14:00 – 15:30 e 15:50 – 17:20


Minicurso 5
Low Noise Amplifier Design:Concept to Implementation and Design
Engo.Anurag Bhargava (Keysight)

Chair: Vitor Luiz Gomes Mota (UFF)

Minicurso 6
Conceitos e Aplicações de Aprendizado de Máquina no Projeto de Dispositivos Óticos
Dr. Carlos Henrique da Silva Santos (IFSP)

Chair: Paulo Henrique Vieira Cândido (IFSP)

Minicurso 7
Polymeric and Silica Fiber Optic Sensors, Theory and Applications
Dr. Marcelo Martins Werneck e Dra. Regina Célia da Silva Barros Allil (UFRJ)

Chair: Taiane Alvarenga Menandro Garcia de Freitas (UFF)

Minicurso 8
Desafios nos testes e medições dos sistemas 5G na faixa de frequência FR2
Dra. Andreia Aparecida de Castro Alves e Engo. José Reis (Rohde & Schwarz)
Chair: Vanessa Przybylski Ribeiro Magri (UFF)

Segunda-feira,9 de novembro

Segunda-feira, 11:20 – 11:40


Sessão de Abertura
Profa Leni Joaquim de Matos (organização), Profa Maria José Pontes (Presidente da SBMO) e
Prof. José Roberto Cardoso (presidente da SBMag)

Segunda-feira, 11:40 –12:50


xxiii
Sessão Plenária 1
More resilient emergency communications: the effects of fire on radio coverage
Prof. Rafael F. S. Caldeirinha, Instituto de Telecomunicações, Leiria, Portugal
Chair: Prof. Gláucio Lopes Ramos (UFSJ)

Abstract - Following the forest fires that devastated most of the Portuguese forest landscape in 2017,
coupled to the emergency communications system recovery failures, this keynote addresses the current
research work on radio wave propagation phenomena in rural areas, particularly under wildfire
environments. The most recent developments on the development of a simulation framework to enhance
the quality, performance and the resilience of the emergency radio communication systems during a
wildfire event, will be presented. To this extent, on-going research work includes several numerical and
experimental studies that contribute for the better understanding of the propagation effects on radio signals
under fire environments. Initial measurement results from a detailed measurement campaign carried out at
the Laboratory for Forest Fire Studies from Association for the Development of Industrial Aerodynamics
(ADAI), University of Coimbra, clearly demonstrate the generation of air ionization (plasma) due to the
combustion process, yielding significant excess loss in real wildfire scenarios. This is of particular
importance in the development of a radio propagation tool to obtain coverage maps based on relevant
models for propagation in rural areas, particularly in highly dense forest areas, taking into account the
topography and the obstruction in the radio path and the integration of fire models. The development of a
comprehensive radio coverage tool will allow the identification of radio exclusion zones in real time as the
fire front develops, being essential for ground forces in decision making. This builds up on more than 23
years of research work on attenuation in vegetation media, in which prediction models contributed to ITU-
R 833-9 recommendation.

SessãoPlenária 2
Advances in Superconducting Magnets Technology
Prof. Marco Breschi, Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil
Chair: Prof. José Roberto Cardoso (USP)

Abstract - This presentation gives an overview of the main applications of superconducting materials to
Magnet Technology. The key role of superconducting magnets and magnet systems in the development of
modern particle accelerators for high energy physics (HEP) and controlled thermonuclear fusion machines
is described. In both cases, significant advances in the magnet technology might be obtained by the
substitution of low temperature superconducting (LTS) materials with high temperature superconducting
(HTS) materials. The advantages and drawbacks of HTS based electromagnets with respect to their LTS
counterparts are addressed. Recent developments in the application of superconducting magnets to
Magnetic Resonance Imaging (MRI) for medical purposes and to the realization of very intense magnetic
fields for scientific research are described. The design and manufacturing of superconducting magnets
require dealing with multi-physics and multi-scale phenomena of remarkable complexity. Some of the
challenges to be faced when dealing with electromagnetic, thermal and mechanical issues are described,
showing the technical solutions adopted in the magnet realization. The perspectives of application of the
superconducting magnet technology in future international projects are finally addressed.

Terça-feira, 10 de novembro

Terça-feira, 11:20 – 12:50


Sessão Plenária 1
xxiv
Fotônica para 5G
Prof. Marcelo Eduardo Vieira Segatto, Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Chair: Prof. Arismar Cerqueira Sodré Junior (INATEL)

Resumo - A quinta geração de telefonia móvel deverá unir um grande conjunto de tecnologias
aumentando, de forma significativa, a quantidade de dados que trafega nas redes. Nessa palestra iremos
discutir como a fotônica e, em especial, as comunicações ópticas estão ajudando nesse grande salto
tecnológico. Quais os desafios e soluções possíveis e quais os avanços tecnológicos ainda são necessários.

SessãoPlenária 2
Modelling of high temperature superconducting large-scale systems
Prof. Frederic Trillaud, Institute of Engineering of the National Autonomous University of Mexico
(UNAM)
Chair: Prof. Guilherme Gonçalves Sotelo (UFF)

Abstract - The modeling of the electromagnetic behavior of High Temperature superconductors have
evolved from analytical formulae to numerical models based on Finite Element (FE) Analysis. These
numerical models have allowed addressing more complex problems over the past few decades. The latest
numerical developments rely on a new mixed formulation of the Maxwell's equations referred to as T-
A formulation. This new formulation combined with different techniques to lower the computation burden
(time and resources), i.e., homogenization, multi-scaling combined with interpolation techniques allows to
achieve "real-time" simulation on a personal computer at a fair accuracy. On a 2D planar case study made
of commercial second generation high temperature superconductors which present a large aspect ratio
between its width and thickness (factor > 1000), it is showed that, in addition to an accurate computation
of the losses, it is possible to obtain a good representation of the local current density distribution inside
individual tape. The ability to reproduce the local current density distribution affects directly the quality of
the magnetic field which, in turns, contributes to improve the estimation of the losses. For completeness,
the proposed formulation and techniques were compared to classical approaches. Subsequently, they were
used to model an actual magnet, the 32 T all-superconducting magnet (axisymmetric case) commissioned
at the National High Magnetic Field laboratory, in Florida, USA. These new techniques be readily used to
tackle any large-scale systems based on 2G HTS wires and in particular the modeling of superconducting
power systems as well.

Quarta-feira, 11 de novembro

Quarta-feira, 12:10 – 12:50


Palestra Patrocinador
Implementações de ondas milimétricas em 5G e novas bandas
Engo Bruno Duarte, Keysight Technologies
Chair: EngoRodrigo Vicentini (Keysight)

Quinta-feira, 12 de novembro

Quinta-feira, 15:30 - 17:00

xxv
Sessão de Encerramento
Prof. Rubens de Andrade Júnior (organização), Profa Maria José Pontes (Presidente da SBMO) e
Prof. José Roberto Cardoso (presidente da SBMag)
• homenagem da SBMO à Profa. Denise Consonni: Prof.Adaildo Gomes D’Assunção
• homenagem póstuma da SBMag ao Prof. Carlos Peres Quevedo: Prof. Nival Nunes de
Almeida
• divulgação do melhor artigo e do prêmio
• fechamento do evento pelos Presidentes das Sociedades

xxvi
Detalhameto das Sessões Orais
Segunda-feira, 14:00 – 15:30
Sessão Oral A
Propagação I
Chair: Prof.Luiz Alberto Rabanal Ramirez (IME)
Electromagnetic Fields in Anisotropic Inhomogeneous Cylindrical Waveguides
Vivian Cosenza and Guilherme Rosa
In this paper, we present a robust semi-analytic technique for solving the boundary value problem associated with inhomogeneous
anisotropic cylindrical waveguides. The presented method can handle generic (including large-contrast) radiallylayered guided
structures composed of uniaxial anisotropy media. Our method starts by reducing the time-harmonic form of Maxwell’s equations
to a pair of decoupled Helmholtz differential equations representing the longitudinal fields. A generalized Bessel-Fourier series is
then employed to express the solution in a closed-form manner. The multilayered boundary-problem enforcement allows us to
obtain a guidance condition for the modal fields, and, its solution is then expressed in terms of a meticulous complex integration
contour that can be efficiently solved via inexpensive numerical algorithms. Numerical results are presented and show the ability
of the present methodology to correctly characterized complex anisotropic cylindrical devices.

Controllable directional coupler for THz region based on graphene waveguides with90°
bends
Olívia Santos, Victor Dmitriev, Geraldo Melo, Dalila Grippa and Wagner Castro
We suggest and analyze a directional coupler basedon graphene that can operate in terahertz (THz) and infrared regions. The four-
port device consists of two graphene strips placed on a dielectric substrate of silica (SiO2) and silicon (Si).One can fulfill the
dynamic control of the coupler by varyingthe Fermi energy of the graphene, applying an external voltageover the graphene layer.
Using the finite element method, we investigate the operation of the coupler, analyzing the frequency response of its four ports.
The propagation of surface plasmonic waves on the graphene waveguides generates threeresonant frequencies f1 = 5.07 THz, f2 =
9.69 THz and f3 = 7.52 THz. Our numerical results show good levels of insertion loss,isolation and reflection. Considering the
isolation level of -15 dB,the bandwidth of the coupler is of 23% and 7% for the twooperating regions with frequencies f1 and f2.

Projeto de ferramentas computacionais para ensino de Teoria de Ondas Guiadas


Nathann A. Jesus, Wallisson F. Souza, Vinicius C.F. Barros, Kathy C.C.O. Senhorini
Devido à complexidade de visualização do comportamento dos campos elétrico e magnético nos guias de onda retangulares,
muitos estudantes da disciplina de Teoria das Ondas Guiadas do curso de Engenharia elétrica da Universidade Federal do
Tocantins encontram dificuldades em compreender o funcionamento deste tipo de guia. Neste contexto, este trabalho busca a
elaboração de duas ferramentas desenvolvidas em Python e Octave, que gerem os gráficos de intensidade e diagrama vetorial dos
campos elétrico e magnético nesses guias e, então, comparar os resultados encontrados pelas duas ferramentas.

Análise de Difracão em Múltiplas Telas Usando um Algoritmo de Equações Parabólicas


DMFT/SSPE
Cláudia M. S. Fonseca, Gláucio L. Ramos, Sandro T. M. Gonçalves, Paulo T.Pereira
Neste artigo o algoritmo SSPE (Split-Step Parabolic Equation) e o método DMFT (Discrete Mixed Fourier Transform) são
usados para calcular perdas por difração em múltiplas telas. A simulação numérica é comparada com medições realizadas em
frequências de micro-ondas. A principal contribuição é a caracterização dos efeitos da difração, considerando as perdas no
terreno, em banda de frequência de 1 a 8,5 GHz, que tem opotencial para ser usado em futuras comunicacações móveis sem fio.

A Semi-Analytical Method forModeling Electromagnetic Propagation inPlanarly Stratified


Anisotropic Media for Geophysical Sensing Applications
Rocio M. Hernandez and Guilherme S. Rosa
This paper presents a formulation to analyze thepropagation of electromagnetic fields in anisotropic media comprising planar
layers. The boundary problem is solved via a set of reflection and transmission coefficients that resembles the Fresnel ones when
the media becomes isotropic. A mathematical formulation for expanding an electrical coil source in terms of asum of eigenfield is
also presented. Such approach allows a robustand numerically efficient computational method for modeling complex geophysical
sensor.

Canal rádio I
xxvii
Chair: Dr.Carlos Vinicio Rodríguez Ron (INMETRO)
Caracterização da Perda de Percurso em LargaEscala na Frequência de 11 GHz em
Cenário Indoor LoS e NLoS
Sidnir C. B. Ferreira, Iury S. Batalha, Fabrício S. Farias, Fabrício J. B. Barros, Gervásio P. S. Cavalcante,
Jasmine P. L. Araújo
O tráfego de dados em redes sem fio tem aumentado exponencialmente e para suprir essa demanda estudos sobre a nova geração
de comunicações móveis (5G) propõem utilizarfaixas de frequência acima de 6 GHz. Tais frequências podem sofrer severa
atenuação na transmissão devido a obstáculos. Destemodo, este trabalho analisa a perda de percurso na frequência de 11 GHz
caracterizada através de medições com antenas diretivasco-polarizadas (V-V) com linha de visada (LoS) e sem linha devisada
(NLoS) em um ambiente de corredor. A modelagem emlarga escala foi realizada utilizando os modelos de propagação Close-In e
Floating Intercept (FI). O expoente de perda percurso(PLE) calculado foi de 2,39 para LoS e 3,68 para NLoS. O modelo FI
apresentou melhor desempenho cujo valor do erro médio quadrático foi de 3,37 dB e 2,90 dB para LoS e NLoS, respectivamente.
Observou-se também que os efeitos de reflexão e difração contribuíram para uma menor perda de percurso em determinados
ângulos de chegada analisados em NLoS.

Análise de Cobertura de Sinal Rádio Móvel emAmbiente com Vegetação na Faixa 700-4000
MHz
Diogo A. B. Magalhães, Nívea P. Carvalho, Fábio José B. Fonseca, Pedro Vladimir G. Castellanos, Leni J.
Matos
Medições de nível de sinal foram realizadasem cinco frequências portadoras, na faixa de 700 – 4000MHz, numa praça
públicacom vegetação variada, nacidade de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. No total, foram realizados vinte conjuntos de medições
através da variação de cinco frequências, duas rotas e duas alturas da antena transmissora. A partir do processamento dos dados,
algumas análises tanto gráficas quanto quantitativas são realizadas, comparando os resultados de cobertura em duas rotas de
características de vegetação distintas, nas diferentes portadoras e alturas de antena de transmissão.

Análise Preliminar das Características e da Cobertura LoRa na Frequência de 915 MHz


Michel P. da Cunha, Pedro V Gonzalez Castellanos, Michael S. Centeno, Maiquel S. Canabarro
The low-power wide-area networks (LPWANs) represent a new trend in the evolution of telecommunication designed to enable
broad range of Internet of Things (IoT) applications, allows communication over long distances and is currently gaining wide
acceptance in the world scenario, due to the large signal coverage, small power consumption and low implementation cost. This
work focuses on the analysis of the coverage of a test signal in an indoor environment, in various transmission configurations,
using Lora (Long Range) technology. The measurements were made in the ISM band at the frequency of 915 MHz.

Aplicabilidade dos Métodos de Predição COST231 e Miura na Cobertura Outdoor-Indoor


na faixa de 700 MHz
Alexandre O. Mieli, Gláucio L. Ramos, Leni J. Matos, Matheus B. Moura, Paulo V. P. Lopes
This work consists in verifying two prediction models applied in outdoor-to-indoor coverage, but now taking in consideration that
there is some vegetation between the transmission antenna and the indoor environment and lateral obstacles. Measurements on a
768 MHz carrier were carried out along the corridors, in four floors, inside a building and the models were adjusted to the local
mean of the received signal, leading to the conclusion that the multipath has great influence in the received signal levels,
presenting a considerable difference in relation to the proposed models.

Path Loss Prediction for 5G Millimeter Waves Propagation based in Artificial Neural
Networks
Yoiz E.N. Ruiz, Carlos E.O. Vargas, Luiz A. R. Silva Mello
In this work, an optimal path loss model at millimeter waves is proposed using artificial neural network (ANN) algorithms for
outdoor environment. Results show that multilayer perceptron (MLP) and radial basis function neural network (RBF-NN) models
present accuracy prediction and generalization ability compared with empirical models.

Redes Óticas I
Chair: Prof.Jair Adriano Lima Silva (UFES)
Avaliação de Técnicas de Inteligência Artificial para Identificação de Formato de
Modulação em Comunicações Ópticas

xxviii
André Luiz Nunes de Souza, Tiago Sutili, José Hélio da Cruz Jr., Rafael C. Figueiredo
Em um paradigma de redes elásticas, no qual o transceptor é livre para alterar diversas características do sinal transmitido de
acordo com a qualidade do canal e a demanda de capacidade, receptores que são capazes de detectar automaticamente o formato
de modulação são fundamentais para recuperar o sinal transmitido sem o uso de cabeçalhos que reduzem a capacidade do sistema.
Esse trabalho apresenta a comparação em simulação do desempenho de quatro métodos de identificação cega de formato de
modulação em sistemas ópticos de alta capacidade. Os métodos testados foram k-nearest neighbors (KNN), k-means, redes
neurais profundas e análise de razão de potência de pico e média (PAPR). A taxa de símbolo utilizada foi 64 GBd e os formatos
de modulação disponíveis no transceptor eram QPSK, 16QAM, 64QAM e 256QAM. Os resultados obtidos indicam uma maior
robustez das redes neurais profundas.

Impacto do Equalizador Dinâmico no Desempenho do Algoritmo de Retropropagação


Digital Adaptativo para Sistemas Sem Repetição
José Hélio da Cruz Júnior, Tiago Sutili, Sandro Marcelo Rossi, André Luiz Nunes de Souza, Rafael Carvalho
Figueiredo
Este trabalho apresenta uma análise experimental do impacto de parâmetros do equalizador dinâmico (DE), composto por um
algoritmo de módulo constante (CMA) combinado a um equalizador direcionado ao raio (RDE), no desempenho do algoritmo de
retro propagação digital adaptativo (ADBP). A implementação proposta permite a compensação de não linearidades no estágio de
processamento digital de sinais (DSP) de recepção, o qual, ao empregar o erro médio quadrático (MSE) na saída do CMA como
função custo (CF), passa a ter desempenho dependente do estágio de equalização dinâmica. Assim, os resultados obtidos indicam
que é crucial otimizar o número de coeficientes e o fator de convergência da equalização dinâmica para garantir a operação
adequada do ADBP.

Estimativa de Probabilidade de Bloqueio de Redes Óticas Elásticas Usando Redes Neurais


Artificiais
Danilo R. B. de Araújo eJonas Freire de A. M. de Barros
Estimar a probabilidade de bloqueio de redes óticaselásticas sujeitas a trafego dinâmico é uma tarefa computacionalmente custosa,
visto que o método mais confiável epopular para este tipo deanáliseé por meio de simuladoresde eventos discretos. Por outro
lado, técnicasde aprendizagem de máquina têm sido usadas como bons substitutos para problemas semelhantes de prediçãode
desempenho e aproximação de funções em geral em diversos domínios de aplicação. Este artigo propõeo uso de Redes Neurais
Artificiais (RNA) para predizer a probabilidade de bloqueio de redes óticas elásticas,usando métricas topológicas e outras
informações da rede comoentrada da RNA. Neste trabalhofoi produzida uma base de dadospara treinamento derivada deredes
ópticas implantadas atualmente e os resultados foram comparados com um simulador de eventos discretos usado em trabalhos
anteriores. De acordo com os resultados obtidos, é possível obter um método de predição de probabilidade de bloqueio de redes
baseado em RNA que é 60 vezes mais rápido do que assimulações tradicionais e que apresenta um erro médio quadrático de até
1,83 · 10^−5.

Geração de Subportadoras Ópticas em Loops em Série e Modulação de Fase


José Danilo da Silva Nogueira, João P. da Fonseca Neto e João Batista R. Silva
Este trabalho apresenta três novos sistemas para geração de subportadoras ópticas na banda C, baseados em loops ópticos
amplificados em série, com modulação de fase e espaçamento espectral de 10 GHz entre subportadoras. Os sistemas foram
simulados numericamente e foram capazes de gerar entre 79 a 90 subportadoras com níveis de potência de -10 a 5 dBm para uma
potência de entrada de 0 dBm e com flatness de 2.4 a 7.4 dB com um OSNR mínimo de 30 dB.

Geração de Subportadoras Ópticas usando Loops em Paralelo e Modulação de Fase


José Danilo da Silva Nogueira, João P.da Fonseca Neto e João Batista R. Silva
Este trabalho apresenta três novos sistemas para geração de subportadoras ópticas na banda C, baseados em loops ópticos
amplificados em série, com modulação de fase e espaçamento espectral de 10 GHz entre subportadoras. Os sistemas foram
simulados numericamente e foram capazes de gerar entre 79 a 90 subportadoras com níveis de potência de -10 a 5 dBm para uma
potência de entrada de 0 dBm e com flatness de 2.4 a 7.4 dB com um OSNR mínimo de 30 dB.

Sensores Óticos I
Chair: Prof.Alexandre Bessa dos Santos (UFJF)
Circuito Eletrônico de Front-End para Interrogação de um Sensor Óptico de Índice de
Refração
Andre Dias Sousa, Ulisses Carneiro, Carolina Vannier, Maria Aparecida G.Martinez

xxix
Este artigo apresenta o desenvolvimento de um circuito eletrônico de front-end para interrogação de um sensor óptico de índice de
refração. O elemento sensor é baseado em interferência dos modos de propagação através de uma fibra óptica multimodo
emendada em ambos os lados a fibras monomodo. Foi utilizado como fotodetector um fotodiodo PIN com sensitividade de 0,9
A/W @ 1550 nm, e fotocorrente na faixa de 21 nA a 1,4 µA para 15V de polarização. O circuito eletrônico desenvolvido
condiciona o sinal proveniente do fotodetector, aplicando ganho linear entre 76 e 501 e compensação de offset para fins de
calibração. Um microcontrolador PIC18F4550 adquire amostras do sinal a uma taxa de ≈ 500 Hz através de seu conversor A/D, e
calcula o valor médio e o desvio padrão do conjunto das últimas 512 amostras. Os resultados são exibidos em um Display LCD e
transmitidos através de interface serial para um microcomputador. O custo de montagem do circuito de front-end é da ordem de
US$ 60,00.

Sensor de Índice de Refração à Fibra Óptica Heteronúcleo com Estrutura MSM


Hebio Junior Bezerra de Oliveira, Allamys Allan Dias da Silva, JehanFonsêca do Nascimento, Joaquim
Ferreira Martins Filho
No presente trabalho, apresentamos a investigação de um sensor de índice de refração simples, pequeno, compacto e de alta
sensibilidade composto por uma fibra óptica com heteronúcleo (hetero-core) de estrutura MSM (Multimodo-Monomodo-
Multimodo). A estrutura é formada por duas fibras multimodos idênticas (MMF) unidas nas duas extremidades de uma seção da
fibra monomodo (SMF) com comprimento de inserção L de 20 mm. Devido à diferença nos diâmetros dos núcleos, a luz é guiada
na região da casca da SMF, tornando o dispositivo sensível ao índice de refração do meio externo. Esse sensor é baseado na
mudança do nível de potência transmitida quando o índice refração externo é alterado. A medição do índice de refração é
demonstrada experimentalmente com a sensibilidade de -12,51 dB/UIR na faixa de índice de refração de 1,366 a 1,450 e-7,31
dB/UIR na faixa de 1,322 a 1,366 com comprimento de onda operando em 1550 nm.

Estimação da Velocidade de Motor de Indução Trifásico via SVR com Base na Análise da
Deformação do Estator medida por FBG
Beatriz Brusamarello, Lucas Stanqueviski,Jean Carlos Cardozo da Silva, José Fabio Kolzer,Kleiton
MoraisSousa, Giovanni Alfredo Guarneri
O motor de indução trifásico é a máquina elétrica mais utilizada e difundida nos últimos tempos, principalmente dentro do setor
industrial. Devido ao avanço da eletrônica de potência e as novas técnicas de controle de velocidade, sua utilização tornou-se
viável, permitindo sua aplicação em sistemas que necessitam de variação de velocidade do motor. O presente estudo tem a
finalidade de empregar a análise da deformação do estator, medida por meio de sensores de deformação baseados em redes de
Bragg em fibra óptica (fiber Bragg gratings- FBG), para criar um estimador de velocidade de motor de indução trifásico operando
a vazio e em diferentes frequências de alimentação. A deformação do estator é causada devido a forças mecânicas e
eletromagnéticas. O motor utilizado para os ensaios possui quatro polos e nele foram instalados dois sensores de deformação. O
motor foi acionado por um inversor de frequência a 20 Hz, 30 Hz, 40 Hz, 50 Hz e 60 Hz. O estimador de velocidade proposto é
baseado na análise de regressão por vetores de suporte (Support Vector Regression - SVR) e se apresentou eficiente, com um erro
absoluto máximo obtido equivalente a 0,23.

Inclinômetro óptico baseado na configuração de uma LPG cascateada com um taper


Renato Luiz Faraco Filho e Alexandre Bessa dos Santos
Este artigo apresenta o desenvolvimento de um inclinômetro a partir de um interferômetro de Mach-Zehnder considerando os
efeitos causados pela variação de temperatura. Foi demonstrado o funcionamento de um sistema contendo uma LPG em série
comum taper para medições de ângulo. Os resultados mostram que as medidas de inclinação podem ser confiáveis, mesmo com o
efeito de sensibilidade cruzada gerado pela temperatura.

Análise de Sensor de Corrosão à Fibra Óptica de Perfil-D Utilizando Efeitos de LMR e SPR
Valdemir Manoel da Silva Júnior, JehanFonsêca do Nascimento e Joaquim Ferreira Martins Filho
Este artigo apresenta a proposta e os resultados de simulação por modelagem analítica de um sensor de corrosão à fibra óptica de
perfil-D utilizando os efeitos de Lossy Mode Resonance (LMR) e de Surface Plasmon Resonance (SPR). O sensor é composto por
duas regiões de perfil-D em cascata. Na primeira, é depositada uma bicamada de dióxido de titânio e alumínio (TiO2-Al),
operando em condições de LMR, enquanto que, na segunda, é depositada uma monocamada de alumínio (Al), operando em
condições de SPR. Ambas as regiões de perfil-D podem operar separadamente. A modelagem do sensor é feita através de um
modelo analítico baseado na formulação de Fresnel. A partir do modelo analítico, obtém-se a variação da intensidade da luz
transmitida após a passagem pelo perfil-D da fibra óptica. A transmissão varia de forma peculiar para cada polarização de acordo
com a espessura do metal, que está sujeito a um processo de corrosão. Os resultados obtidos indicam um aumento da vida útil do
sensor em comparação com outras opções de sensores de corrosão presentes na literatura, além de permitir configurações com
dois vales de ressonância para o mesmo comprimento de onda de acordo com a polarização.

Sensores
xxx
Chair: Prof. Nelson Sadowski(UFSC)
Spherical Anomalies Bioimpedance Inverse Solution
Rooney R. A. Coelho, José Roberto Cardoso
This paper presents a solution for sphere-shaped heterogeneities applied to the bioimpedance test. Such an approach has
applicability for electrical impedance tomography, considering the impedance response for electrodes at the skin level, a healthy
tissue composing a half-space, and a spherical anomaly representing a malignant or even benign tumor. The presented
methodology consists of an inverse solution; however, it has high computational performance and can be further applied to an
optimization procedure for generating medical images.

Análise da Resistividade Elétrica em Amostras de Compósitos Magnéticos Moles


Indiara P. C. da Silva, Guilherme H. S. Reis, Gabriela de A. Riul, Leandro L. Evangelista, Antonio I. Ramos
Filho, Nelson J. Batistela, Nelson Sadowski, ValderesDrago e Aloisio N. Klein
Neste artigo serão apresentadas análises do comportamento da resistividade elétrica em amostras de compósitos magnéticos moles
(SMC). As amostras possuem formato toroidal e são ensaiadas utilizando um instrumento de medição no qual é possível obter a
tensão e a corrente induzida na amostra. Foram realizadas comparações entre valores de resistividade elétrica obtidas com a
bancada de medição e através de uma montagem a quatro pontos. Utilizando o instrumento de medição, foram também realizados
ensaios de repetitividade e avaliação dos valores de resistividade em função da indução magnética de pico imposta ao núcleo
ferromagnético do aparato. Os resultados indicam boas repetitividade e correlação da resistividade elétrica mensurada pelos dois
métodos de medição avaliados, validando a bancada experimental como forma de medição não destrutiva e sem contato de
resistividade bulk.

Detection of the Sigma Phase in a Duplex Stainless Steel Through Measurements of


Magnetic Permeability
Edgard de Macedo Silva, Amanda Medeiros Rodrigues, Arthuci Francis Pereira Lima, Walter Macedo Lins
Fialho, Izaura Luiz Viegas, Ibernon Pereira de Barros Neto, Josinaldo Pereira Leite.
Electromagnetic tests have been used to monitor phases that change the permeability of the material. Duplex stainless steels when
subjected to temperatures between 550 and 1000 ºC suffer embrittlement due to the formation of a paramagnetic phase of high
hardness called sigma. The present work develops an electromagnetic test in the reversibility region of the movement of the
magnetic domains walls, which is characterized by a linear behavior between the intensity of the applied magnetic field and
magnetic flux density. Samples aged at 850 ºC for times of 15, 60 and 120 min are used to obtain different amounts of sigma
phase. The results of permeability, amount of sigma phase, absorbed energy and microstructure obtained by optical microscopy
were correlated. These show that the permeability measurements are able to follow the formation of the sigma phase for amount
enough to compromise the toughness of the material even in the regions that other methods are not sensitive

ModeloEletromagnético para Sensores de Solo Sem Fio em Baixas Frequências e


Aplicações da Internet das Coisas do Subsolo na Agricultura 4.0
Pedro H. C. Gomes, Maiquel S. Canabarro, Guilherme S. Rosa
Este artigo apresenta um modelo matemático para analisar a propagação de campos eletromagnéticos de sensores sem
fiolocalizados acima do solo. Uma solução computacionalmente eficiente para o regime de baixas frequências e´apresentada,
validada, e suas potenciais aplicações para a internet das coisas do subsolo na agricultura de precisão são enunciadas.

Segunda-feira, 15:50 – 17:40


Sessão Oral B
Metamateriais e Estruturas Periódicas I
Chair: Prof. Antonio Luiz Pereira de Siqueira Campos (UFRN)
Desenvolvimento de Superfície Seletiva em Frequência Reconfigurável Associando as
Geometrias Dipolos Cruzados e Matrioska
Alfrêdo Gomes Neto, Jefferson Costa e Silva, Ianes Barbosa Grécia Coutinho, Diego Cássio Garcia
Fernandes,Laryssa Maria de Sousa Duarte, Amanda Gomes Barboza
Neste artigo é apresentado o desenvolvimento de uma superfície seletiva de frequência reconfigurável, RFSS, associando as
geometrias dipolos cruzados e matrioska. A RFSS proposta apresenta três frequências de ressonâncias e o objetivo principal é
manter fixas as ressonâncias da geometria matrioska e variar a ressonância do dipolo. São descritos os procedimentos de projeto
de cada geometria e o modelo do diodo PIN considerado. Os resultados esperados são discutidos a partir da análise das
xxxi
ressonâncias de cada geometria e das geometrias associadas, bem como dos diferentes estados (desligado e ligado) do diodo PIN.
Uma RFSS foi fabricada e caracterizada, obtendo-se uma boa concordância entre os resultados numéricos e experimentais, tendo
sido obtida uma banda de reconfiguração de 0,36 GHz, de 2,08 GHz até 2,44 GHz, com uma variação de no mínimo 10 dB entre
os estados ligado e desligado.

Superfície refletora de alta permissividade baseada em FSS aplicada a antenas microstrip de


2,4 GHz a 14 GHz
Carolina M. S. C. Amaral, Vanessa P. R. Magri, Maurício W. B. da Silva
Estetrabalho propõe o uso de um substrato de alta permissividade, carregado com uma superfície seletiva em frequência
(Frequency Selective Surface - FSS) acoplada a uma antena impressa, de modo a atuar como um novo meio dielétrico entre a
antena e a superfície refletora (FSS) para a melhoria do desempenho de antenas microstrip (Microstrip Patch Antenna - MPA),
como uma alternativa para ambientes onde a demanda é diminuir o espaço entre a antena e a FSS. Esse é um novo método
quevisa substituir o espaço de ar entre a antena e o plano refletor com FSS por um meio dielétrico com valores de εr= 70, 125 e
140. A partir da variação da constante dielétrica dossubstratos utilizados foram avaliadas a perda de retorno, largura debanda,
ganho, diretividade e eficiência. Foi observado que o uso do substrato de alta constante dielétrica, além de melhorar a perda de
retorno, aumentar largura de banda tornou a antena mais diretiva e adicionou outras frequências de ressonância.

Análise de Sensor de Umidade do Solo Baseado em CSRR sob Substrato Biodegradável de


PLA
Lincoln Alexandre P. Silva, Francisco de A. Brito Filho, Humberto Dionísio de Andrade
Os dispositivos de micro-ondas baseados em ressonadores de anel partido complementar têm sido utilizados no projeto de
sensores planares dada sua sensibilidade às perturbações no meio em que se inserem. Na agricultura de precisão um dos
parâmetros comumente monitorados é o teor de umidade do solo. Os dados obtidos sobre esse parâmetro podem ser utilizados
para coordenar o processo de irrigação de áreas de plantio, reduzindo o consumo de água no campo. Nesse contexto, o objetivo
desse artigo é analisar e projetar um dispositivo planar baseado em ressonador de anel partido complementar,sob substrato
dielétrico biodegradável de poliácido lático, que possa ser utilizado como sensor para estimar o teor de umidade do solo. Para
isso, o substrato dielétrico foi fabricado via impressão 3D e caracterizado. Os dados obtidos foram utilizados em simulação
eletromagnética a fim de evidenciar o comportamento do dispositivo em diferentes condições de permissividade relativa. Os
resultados obtidos evidenciam a viabilidade de projeto do dispositivo.

Refletor de canto baseado em Superfície Seletiva em Frequência para melhoria de


desempenho de antena de microfita
Vinícius dos A. Barros, Leni J. Matos e Mauricio W.B. da Silva
Neste trabalho é apresentada a integração de um refletor de canto, baseado em Superfície Seletiva em Frequência (Frequency
Selective Surface - FSS), a uma antena dipolo impressa operando 915 MHz e 2,4 GHz, visando a melhoria de desempenho. As
duas superfícies refletoras são projetadas para operar na faixa superior da antena e são colocadas em um ângulo de abertura de
150º. Posicionando o refletor em uma distância específica, significativa melhoria de desempenho dos parâmetros de radiação e
obtido em ambas as bandas. O refletor torna a antena mais diretiva e melhora o ganho, enquanto mantém a largura de banda quase
inalterada. Resultados simulados mostram aumentos de ganho de entre 6 e 6,2 dB e 6,5 e 7,1 dB, alcançados sobre as bandas915-
928 MHz e 2400-2483,5 MHz, respectivamente. Resultados numéricos e experimentais para o coeficiente de reflexão são
comparados, mostrando boa concordância. O desempenho da antena, baseada em refletor de canto, frente à antena isolada mostra
que a estrutura proposta pode ser usada de forma eficiente para operar em sistemas de identificação por radiofrequência nas faixas
de 925 MHz e 2,4 GHz.

Superfícies Seletivas de Frequência Bioinspiradas para Aplicações Dual-Band e UWB


Samuel B. Paiva, Valdemir P. Silva Neto e Adaildo G. D’Assunção
Este trabalho apresenta superfícies seletivas de frequência (FSS) bioinspiradas para aplicações dual-band, em frequências das
bandas C e Ku, e em banda ultralarga (UWB). As estruturas desenvolvidas são compostas de arranjos de elementos patches
bioinspirados na folha maple, cujo nome científico é Acer. Para obtenção da resposta UWB, uma associação em cascata foi
desenvolvida, em que uma FSS com elementos patches com a forma de espira quadrada foi acoplada a uma FSS bioinspirada. As
simulações das FSS propostas são efetuadas com o uso do software Ansoft HFSS. Protótipos das FSS são fabricados e medidos
para fins de comparação. Uma boa concordância é observada entre os resultados simulados e medidos.

Improving the Performance of ISM Antenna through Frequency-Selective Surfaces


Carlos A.T. Coelho, Roberta N. G. Carvalho, Maurício W.B. Silva,Leni J. Matos
In this paper, a combination of two frequency- selective surfaces (FSS) linked to a dual-band ISM microstrip antenna is presented.
The back layer is a reflector formed by a band-stop FSS and a superstrate formed by a band-pass FSS comprises the front layer.
The structure is designed in order to obtain improved radiation features when compared to a conventional microstrip patch

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antenna. It extends the –10 dB impedance bandwidth, increases its gain, directivity, front-to-back ratio and scattering parameters.
Comparison of numerical results between the proposed structure and a reference antenna shows improved gains of 6.7 dBi at 2.4
GHz and 6.1 dBi at 5.8 GHz, in contrast with gains of 1.7 dBi at 2.4 GHz and 4.8 dBi at 5.8 GHz. At the frequency of 2.45 GHz
the bandwidth was 540 MHz (23.78% of fractional bandwidth), while at the 5.8 GHz band a bandwidth of 1.26 GHz was achieved
(22.82% of fractional bandwidth).

Antenas I
Chair: Prof. Marcos Vinício Thomas Heckler (UNIPAMPA)
Análise do Posicionamento de Antenas Monopolo HF sobre o Tijupá de uma Fragata
Fabiano Carvalho dos Santos Assumpção e Maurício Henrique Costa Dias
Em radiocomunicações táticas veiculares, um problema importante é o do posicionamento de antenas ao longo da estrutura. Em
embarcações navais, como as fragatas da Marinha, por exemplo, há dezenas de sistemas de rádio instalados, operando em faixas
que vão do HF ao SHF, e cujas antenas precisam dividir o mesmo espaço restrito, mantendo compatibilidade eletromagnética.
Nesse escopo, este trabalho apresenta uma análise paramétrica do posicionamento de antenas monopolo HF sobre o tijupá de uma
fragata típica da Marinha do Brasil. Um modelo simplificado da plataforma foi implementado em ferramenta numérica de análise
de antenas (CST Studio), e diversos cenários típicos de posicionamento foram simulados, avaliando o impacto do acoplamento
mútuo entre as antenas e os objetos metálicos principais presentes no desempenho das antenas. Da análise, foi possível estabelecer
distâncias recomendáveis de descorrelação entre a antena e o mastro principal. Ainda, verificou-se o quanto os diagramas de
ganho e as respostas de impedância divergem dos resultados teóricos esperados da antena monopolo com plano-terra ideal.

EMC Analysis of Compact Rectenna to Wireless Power Transfer


Euclides L. Chuma, Hugo Ralf Pereira, YuzoIano, Ricardo H. Minoda, Reginaldo M. Ribeiro
Electromagnetic compatibility (EMC) of rectennas to wireless power transfer is a critical issue when having other electronic
equipment in operation in the same environment. This work presents EMC analysis of a compact rectenna at 2.45 GHz studied
previously that presents a high efficiency per area and uses a compact microstrip patch antenna based on a fractal model and a
rectifier circuit integrated into the same physical structure.The analysis reveals that the rectenna in an environment without a
source of power not causes any interference in the electromagnetic environment and can be used in energy harvesting mode (only
capturing the energy already presents in the environment). But, when the rectenna is excited with an RF power supply in the ISM
band, interference increases as expected and the use of the rectenna generates interference in the rectenna's operating frequency.

Rectena para Faixa ISM de 2,4 GHz baseada em uma Antena Vivaldi Antipodal
Emerson T. Pereira, Ricardo Q. Martins, Humberto P. Paz, Jefferson F. Rosa, IvanR. S. Casella, Carlos E.
Capovilla
Neste artigo, uma rectena AVA (Antena Vivaldi Antipodal) é desenvolvida para uso em harvesting de energia de RF. A antena
apresenta um bom ganho (4,52 dBi em 2,45 GHz), além de uma banda medida com frequência inicial em 2,24 GHz e frequência
final acima de 8 GHz, o que a torna viável para sistemas de harvesting multibandas. Como teste prático, a antena foi acoplada a
um retificador projetado para a banda ISM de 2,4 GHz, apresentando resultados de eficiências superiores a 25 % para valores de
Pin (potência de entrada) acima de -15 dBm.

Rectena Patch Circularmente Polarizada Operando na Banda ISM de 2,4 GHz


Jefferson F. Rosa, Humberto P. Paz, Vinícius S. Silva, Emerson T. Pereira, Ivan R. S. Casella, Carlos E.
Capovilla
Este artigo apresenta a simulação, prototipagem e medição de uma rectena circularmente polarizada de baixo custo e baixa
complexidade para operar na banda ISM de 2,4 GHz. Uma antena patch circularmente polarizada foi escolhida para este projeto,
sendo fabricada em substrato FR-4. O protótipo da antena, acoplada fisicamente ao retificador de RF, foi medido dentro de uma
câmara anecoica, considerando o pior caso com polarização cruzada entre a antena transmissora e o protótipo. Foram observados
valores de tensão de saída acima de 100 mV para valores de potência de entrada acima de 18 dBm, demonstrando assim valores
satisfatórios de desempenho, validando a proposta do trabalho.

Antena quasi-Yagi utilizando Células Metamateriais tipo Electric-Field-Coupled para


Otimização do Diagrama de Radiação
Ricardo Q. Martins, Humberto P. Paz, Emerson T. Pereira Ivan R. S. Casella, Carlos E. Capovilla, Humberto
X. de Araújo
Neste trabalho, uma célula metamaterial Electric- Field-Coupled (ELC) é projetada para a faixa ISM de 2, 4 GHz, com intuito de
alterar as características de uma antena quasi- Yagi. O protótipo final é composto por uma antena quasi-Yagi com células
metamateriais aplicadas em posições estratégicas acima do driver, alterando o diagrama de radiação, com aumento da

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diretividade, ganho e relação frente-costas. Os resultados obtidos demonstram que o uso da célula ELC metamaterial para esta
proposta é viável, validando, assim, o uso do protótipo proposto em modernos sistemas de comunicação.

Study of Optical Semiconductor Switches for Application in Reconfigurable Antenna


F. H. S. Fonseca, L.T. Manera, R.L. de Orio
This study presents an optically reconfigurable antenna design for wireless applications and investigates three possible
photoconductive switches for the application. Simulation and experimental tests demonstrate that the antenna operates at 5.7 GHz
when the switch is not illuminated, changing to 2.0 GHz when exposed to laser light. A horizontal and vertical photoresistor and a
PN diode acting as optical switches are simulated and compared. Four wavelengths of laser light were verified and compared to
choose the best wavelength for the project. It is shown that the vertical photoresistor has the largest rate of resistance change of
51.8 between the off and on state at the 5 GHz frequency range, thus being the best choice as an optical switch. The gain was
obtained when the switch was not illuminated. For the 5.7 GHz and 2.0 GHz bands, the gains were4.45dBi and -2.55 dBi,
respectively.

Dispositivos e circuitos de micro-ondas I


Chair: Profa. Vanessa Przybylski Ribeiro Magri (UFF)
Saturated Digital Baseband Predistorter Combined with Limiting and Filtering
F. A. Schoulten, C. E. M. Alvarado, E. G. Lima
To improve the power efficiency of wireless transmitters, a combination between a digital baseband predistorter (DPD) and a
limiting and filtering technique can be employed. A common practice in literature is to use a hard- clipping limiter followed by a
finite impulse response filter, in combination with a linearized power amplifier offering a linear mapping without any kind of
saturation. This work contribution is to propose a modification that is expected to enhance the performance of such combined
approach. A DPD saturation is applied to offer an additional design parameter that indicates how much level of saturation is
feasible to put into the DPD. A constrained nonlinear optimization is performed to identify all the design parameters at the same
time. Simulation results are reported from a case study using a WCDMA test signal. The proposed saturated CFR, when
compared to the previous non-saturated CFR, provides a further peak-to-average power ratio reduction of 1.1 dB.

Projeto de Divisor de Potência Ativo para GNSS


Rodrigo J. Zandoná, Juner M. Vieira, Fúlvio F. Oliveira, Daniel B. Ferreira, DanielC. Nascimento,
FelixAntreich, Ildefonso Bianchi
Neste artigo, apresenta-se o projeto de um divisor de potência ativo de 1:4 desenvolvido para operar na faixa de frequências de 1,1
GHz a 1,7 GHz, que é alocada aos sistemas de navegação por satélite. Inicialmente, são definidos os requisitos de desempenho do
divisor e propõe-se uma arquitetura conveniente para cumprir essas especificações. Na sequência, descreve-se a síntese do divisor,
que começa com o dimensionamento de seu modelo elétrico, passa para o modelo físico em tecnologia de microfita e se encerra
com a simulação de onda completa de seu modelo tridimensional usando a ferramenta ANSYS Electronics Desktop. Um problema
de otimização foi resolvido para definiros valores dos parâmetros do divisor e um protótipo foi fabricado para verificação de
desempenho. Ainda é feita a validação do protótipo utilizando uma antena e um receptor para GNSS. Observa-se boa recepção de
sinais em toda a banda.

Novel Volterra Series Model for Compensation of IQ Modulator Imbalances and PA


Nonlinear Distortions
Bruna Temporal Marcondes e Eduardo Gonçalves de Lima
The linearity in wireless transmitters can substantially depreciate due to power amplifier (PA) and in-phase and quadrature (IQ)
modulator imbalances. In these circumstances, a linearization method must satisfy both imperfections. For being able to achieve a
joint compensation, two models using the Volterra series are reported in the literature. One relies upon the input and its complex
conjugate, composing a complex matrix. The other depends on a real input matrix, with the real and imaginary input components,
increasing the number of complex coefficients. The contribution of this work is to suggest a new model using the Volterra series,
one less complex to compute and without expanding the number of coefficients. Simulation results of a case study in MATLAB,
with an OFDMA input envelope, were used to validate the proposed method.

A GMDH based approach for the Behavioral Modeling of Radiofrequency Power


Amplifiers
André Felipe ZanellaeEduardo Gonçalvesde Lima
This work addresses the behavioral modeling of a nonlinear Radiofrequency Power Amplifier (RFPA) suitable for a Digital
Baseband Predistorter (DPD) utilized in linearization of the system. The main focus given is in the effectiveness of Group Method
of Data Handling (GMDH) algorithm for this task. This is a self-organized polynomial neural network model, capable of building

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itself and selecting its best features, in order to achieve a model with good accuracy and reduced computational burden, which is
interesting when implementing the DPD in embedded and low cost systems. In addition to that, a proven topology for networks
that estimate complex based numbers is utilized, in order to model the complex input/output behavior of the RFPA. When
modeling the inverse function of a nonlinear RFPA, the GMDH based model reduced the normalized mean square error by at least
7 dB, when compared to both traditional Multi Layered Perceptron (MLP) neural network models and using a similar number of
coefficients.

A new technique to cancel additional phase shifts of two-port resonant devices


L.M. da Silva, H.V.H. Silva Filho, P.H.B. Cavalcanti Filho, M.T.de Melo
This paper proposes a new way to obtain and cancel additional phase shifts that derive from non-ideal effects, and are added to the
S-parameters of coupled resonant structures. For this purpose, it is defined an error function whose minimization leads to finding
the additional phases. This way, the phase corrected S- parameters can be used to obtain a valid rational model for the structure
response and extract its coupling matrix for purposes of computer-aided-tuning. This method is applicable to lossy or lossless
networks of two ports composed of coupled resonators such as microwave filters. In addition, it is free of limiting elements
inherent to the oter solutions already existing in the literature and has the advantage of not requiring S parameters in a frequency
range much higher than the filter band. Examples including simulations of microwaves passband filters are given in order to
demonstrate the functionality of the new technique.

Filtro em Guia de Onda para Sistemas de Medição Instantânea de Frequências


C. P. do N. Silva, J. A. I. Araujo, Ignacio Llamas-Garro, M. T. de Melo
Um novo design de filtro para sistemas de medição instantânea de frequências é apresentado neste trabalho. Os filtros são
compostos por cavidades ressoadores conectados ao guia de onda por meio de íris. Cada cavidade ressoa em uma frequência
distinta que combinadas formam a resposta em frequência desejada para o sistema IFM. O sistema proposto é de dois bits e
apresenta quatro sub-bandas na faixa de 14,96 GHz a 15,13 GHz. A modelagem e a simulação das estruturas proposta foram
realizadas através de um software de simulação eletromagnética 3D, e suas respostas em frequências são aqui obtidas e
comentadas.

Sensores Óticos II
Chair: Prof. João Crisóstomo Weyl Albuquerque Costa (UFPA)
Análise de Propriedades Elásticas de Sensores à Fibra Ótica Encapsulados em Elastômero
Natália Carolina SchvanWendt, Vinicius de Carvalho, Marcia Muller, José Luís Fabris, FrancelliKlemba
Coradin
O trabalho apresenta uma proposta para a avaliação simultânea da sensibilidade à pressão aplicada e das características da
encapsulação de sensores à fibra ótica baseados em macrocurvatura. Para tanto foram fabricados e avaliados sensores de
macrocurvatura de geometria similar encapsulados em material elastomérico com dois diferentes parâmetros de rigidez. Para
caracterização dos sensores, os mesmos foram submetidos a ensaios experimentais realizados com controle de pressão e
deformação relativa. Os experimentos forneceram as curvas de calibração e as sensibilidades dos dispositivos à pressão e à
deformação, bem como o módulo de elasticidade do material encapsulante.

Plataforma Tátil com Sensores Multiplexados de Macrocurvatura em Fibra Ótica


Vinicius de Carvalho, Marcos Aleksandro Kamizi, Diogo Lugarini, José Luís Fabris, Marcia Muller
Neste trabalho são apresentadas as etapas de produção e caracterização de uma plataforma tátil instrumentada com sensores de
macrocurvatura em fibra ótica instalados sobre uma placa de polimetilmetacrilato. O sensoriamento da magnitude e posição de
forças aplicadas em até quatro regiões de sensoriamento da plataforma é realizado por meio do sinal ótico de transmissão de três
sensores de macrocurvatura multiplexados conectados em série. A interrogação é realizada por meio da câmera de um smartphone
que detecta a luz visível transmitida pelo conjunto de sensores. A capacidade de detecção foi testada aplicando tanto
individualmente quanto simultaneamente cargas de 0,5 kgf a 2,0 kgf em quatro regiões distintas da superfície da placa. Os
resultados indicam a capacidade de identificação de até quatro cargas aplicadas sobre a superfície da placa para um número de
regiões de sensoriamento maior do que o número de sensores.

Optoelectronic sensor applied to flow rate measurements on oil and gas industry
Alexandre S. Allil, Fabio da Silva Dutra, Cesar C. Carvalho, Regina C. S. B. Alliland Marcelo M. Werneck
A flare system in oil platform is a combustion stack used to burn off excess gases that cannot be processed and gases that have to
be eliminated in emergency shutdown to avoid the risk of explosion. Gas flow measurement in flares is still considered
challenging because the measurement has to attend many specific demands, quite different from any other flow measurement
applications. For these types of measurements many sensor technologies are available, however they are all very expensive, and
only a few ones can attend all demands. The objective of this letter is to present a flow rate sensor based on Fiber Bragg Grating
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(FBG), cross-correlation and heatwave travel time techniques. The system was developed with inexpensive components and is
little-intrusive, capable of attaining the rangeability of the flare demand and independent of gas composition, pressure and
temperature.

Modelagem Computacional de Sensor de Campo Magnético à Fibra Óptica Considerando


Efeitos de Temperatura
Allamys A. Dias da Silva, Hebio J. B. Oliveira, Henrique P. Alves, Joaquim F.Martins, JehanFonsêca do
Nascimento
Devido à vasta área de aplicação, sensores de campo magnético vêm sendo objeto de várias pesquisas, e um dos focos dessas
pesquisas é em sistemas à fibra óptica, devido à alta confiabilidade e sensibilidade que esses sistemas oferecem. Portanto, neste
trabalho, são mostradas as análises de uma modelagem computacional de um sensor de campo magnético à fibra óptica, fazendo
uso do efeito Faraday magneto-óptico. Para modelagem, é usado um modelo numérico construído no COMSOL multiphysics. Os
resultados obtidos mostram uma sensibilidade a variações de campo magnético de até 4,45 T-1, enquanto que variações na
temperatura podem gerar variações na leitura de campo magnético do sensor que podem chegar a 2,47 mT/°C, levando a concluir
que a temperatura é um importante fator a ser considerado na leitura do sinal óptico, para garantir a seletividade do sensor.

Influência da Rugosidade de Superfície na Sensibilidade de um Sensor de Índice de


Refração Baseado em Fibra Óptica com Perfil D
Henrique Patriota Alves, Daniel L. S. Nascimento, Marianne S. Peixoto e Silva,Eduardo Fontana, Joaquim F.
Martins-Filho, JehanFonsêca do Nascimento
Este trabalho apresenta um estudo acerca da influência da rugosidade de superfície no desempenho de um sensor de índice de
refração baseado em fibra óptica com perfilD. Além disso, o processo de fabricação de perfil D em fibras ópticas com diferentes
níveis de rugosidade é descrito. São apresentados resultados experimentais e de simulação utilizando uma modelagem
computacional para a rugosidade de superfície implementada no COMSOL Multiphysics. Os resultados obtidos apontam que a
rugosidade de superfície contribui positivamente para a sensibilidade do sensor de índice de refração, alcançando sensibilidade de
até 100 dB/UIR e resolução de até 10-4 UIR.

Otimização de Sensores Baseados em Ressonância de Plásmons de Superfície em Grades


Metálicas porEnxame de Partículas
Felipe José Lucena de Araujo, Ernande Ferreira de Melo, Eduardo Fontana
Neste trabalho, utilizou-se o algoritmo de otimização de enxame de partículas para maximizar a sensibilidade de um sensor
baseado em Ressonância de Plásmons de Superfície (RPS) em grades de difração com interface de perfil senoidal. A função
reflectância foi modelada a partir do critério de Rayleigh, que utiliza a expansão de ondas planas em séries de Fourier. O valor da
sensibilidade é determinado pela taxa de variação da função reflectância em relação ao índice de refração do meio sensoriado.
Para um ângulo de incidência normal à superfície, comparou-se os valores ótimos obtidos pelo enxame de partículas com o
método de busca direta utilizado pelo aplicativo SPRinG.

Máquinas Elétricas I
Chair: Prof. João Pedro Assumpção Bastos (UFSC)
Identificação de Parâmetros de Máquinas Síncronas pelo Ensaio de Resposta em
Frequência utilizando Rede Neural LSTM
Vitor AnnecchiniSchimid, Silvio IkuyoNabeta
Este artigo propõe uma metodologia de ajuste numérico para a curva de indutância de uma máquina síncrona obtida através de um
ensaio de resposta em frequência com o uso de um inversor de frequência. O ajuste consiste em prever pontos fora do intervalo
original de medição através do uso de uma rede neural do tipo LSTM (Long-Short TermMemory). Com esta metodologia, espera-
se aumentar o grau de precisão dos parâmetros da referida máquina, extraídos de sua curva de indutância.

Investigation of Fault Detection in Synchronous Generators through Neutral Current


Monitoring by Rogowski Coil
Leandro V. Carril, Marjorie Hoegen, Danilo G. Aurich, Helton F. dos Santos, CarlosA. C. Wengerkievicz,
Patrick Kuo-Peng, Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela,Luciano M. de Freitas, Rubens J. Nascimento, Celso
L. de Souza
This paper investigates the effectiveness of the neutral current monitoring by a Rogowski Coil current sensor for detection of
incipient faults in synchronous generators. Voltage waveforms in the coil terminals, proportional to the derivative of the neutral
current, are analyzed. Methodologically different types of faults are imposed in an eight-pole synchronous generator. Using
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frequency spectra of waveforms of the derivative of the neutral current, trend curves of the components amplitudes are built.
Components whose amplitudes are changed due to the imposed faults are detected. The results obtained with a Rogowski Coil are
compared with those obtained with an external magnetic field sensor. It is concluded that the investigated methodology can
complement the monitoring through the external field.

Comparison of Standard Methods for Efficiency Determination of Three-Phase Induction


Motors
Leonardo E. Martins, Abraão R. de Queiroz, Vinicius J. Nascimento, Carlos A. C. Wengerkievicz, Nelson
Sadowski, Nelson J. Batistela
The IEEE Std. 112 is an important reference for tests with induction motors, presenting methods for efficiency determination,
each with a different field of application. The methods A, B and F, which correspond to the direct, the indirect and the equivalent
circuit methods, are studied and applied to five motors of different ratings, pole numbers and design types. The efficiency and
losses curves are compared and indicate good agreement between the results from methods A and B, except for a design D motor,
whose high discrepancy must be further studied. Method F produced reasonable results, although with higher deviation.

Design of axial flux motors with coreless stator for electric vehicle application
André Felipe Venzon, Nelson Sadowski, Renato Carlson, YvanLefèvre
Axial flux motors have a high torque density and the possibility to adapt the machine's geometry for a desired application. One of
the major disadvantages of this type of machine is the difficulty to manufacturing the stator core, which increases the cost of these
machines and hinders their large-scale production. Using stators with a coreless configuration reduces manufacturing difficulties
and the cost of the machine. Therefore, in this paper, the possibility of implementing this machine topology in the electric traction
is evaluated. In this way, to obtain the performance of the machine, the dynamics of an electric vehicle is simulated in a standard
drive cycle. Then, an analytical model of the machine is implemented. Thus, the implemented model is optimized using different
strategies. Finally, the possibility of using ferrite magnets instead of rare earth magnets is studied.

Review of Simulation Techniques of Electrical Machines - Attention to Coupling Behavior


C.G. C. Neves, A. F. F. Filho
In this work, a review of the coupling simulation techniques to model the coupling between the magnetic circuit and the electrical
circuit of the electrical machines by Finite Element Method (FEM) is demonstrated. To exemplify themethod of co-simulation by
indirect coupling, three electrical machines are simulated: Switched Reluctance Motors (SRM), Single-phase Brushless Capacitor-
exciter Synchronous Generator (BCESG) and a Wind Power Outer Rotor Synchronous Generator (WPORSG).

Efficiency Determination of Single and Three-Phase Induction Motors Embedded in


Compressors
Carlos A. C. Wengerkievicz, Leonardo E. Martins, Cristian F. Mazzola, Nelson Sadowski, Nelson J.
Batistela, Marconi B. Mondo, Fernando A. Aardoom, Cesar J. Deschamps
The constructive features of compressor mounted induction motors restrict its testing possibilities. The main feature of the paper
is an overview of standard and alternative methods for efficiency testing of these machines based on the IEEE standards 112 and
114 and other literature, including a brief guide for method selection. Two practical approaches for dynamometer testing are
applied and discussed. Efficiency an dlosses curves are presented for two machines.

Terça-feira, 14:00 – 15:30


Sessão Oral C
Propagação II
Chair: Prof. Gláucio Lopes Ramos (UFSJ)
Modelagem de Onda Eletromagnética Plana Unidimensional utilizando FDTD
Julia Grasiela Busarello Wolff e Pedro Bertemes Filho
Este trabalho tem por objetivo o desenvolvimento de um algoritmo que descreva, de forma satisfatória, os resultados obtidos
quando uma onda eletromagnética unidimensional se propaga no espaço constituído de dois meios arbitrários. O algoritmo foi
desenvolvido em plataforma Matlab® e está baseado no Método das Diferenças Finitas no Domínio do Tempo (FDTD). As
equações de Maxwell utilizadas para essa modelagem foram derivadas da Lei de Ampère e da Lei de Faraday, em suas formas
rotacionais. Como validação da eficácia e da precisão do algoritmo, foram analisadas simulações nos seguintes meios: (a) não-
magnético e magnético sem perdas; (b) não-magnético e magnético com perdas. Os resultados obtidos através da simulação foram
comparados com os obtidos analiticamente.
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Modelo Híbrido para Perda de Propagação em Radioenlaces sobre Terrenos Irregulares
com Floresta
Felipe M. da Costa, Luis A. R. Ramirez, Maurício H. C. Dias
Este trabalho apresenta um modelo analítico para predição de perda de propagação em terrenos irregulares montanhosos cobertos
por vegetação de floresta. Para tal, adaptou-se um modelo de difração, baseado na Teoria Uniforme da Difração (UTD), inserindo
informações sobre o efeito da vegetação a partir de um modelo de camada homogênea com perdas. Para testar o modelo híbrido
proposto, tomou-se um conjunto de medidas de perda de percurso de 27 enlaces na região metropolitana do Rio de Janeiro, na
banda de UHF. As estatísticas de aderência do modelo proposto foram melhores que as de outros modelos pertinentes também
aplicados, para o conjunto de dados disponível, evidenciando seu potencial.

Combinational Angle Difference Series: A New Approach to Digital Predistortion


Leonardo N. Moretti, Eduardo G. Lima
In the last couple of decades, wireless communication networks have become a vital asset for modern society. A key component
in those systems is the power amplifier (PA). This tool has permitted the rise of many useful things, such as portable devices and
the Internet of Things. In those applications, and in many others, efficiency becomes a key characteristic, due to physical
restraints such as battery. Searching to improve the efficiency of PAs, this work studies implementation of differentalgorithms
that model the transfer behavior of the PA in order to capture non-linearity and treat it in order to be able to operate in highly
nonlinear, highly efficient points of operation, a process known as digital predistortion. The work introducesa new model,
combinational angle difference series, as well as revisits an already studied model, the angle difference series, andcompares them
against the state of the art (Polar Volterra Series)showing promising results.

Aplicação do Filtro de Mediana em Sistema de Comunicação M2M com Tecnologia G3-


PLC/ IEEE1901.2
Samuel C. Pereira, Vinicius S. Silva, Jefferson F. Rosa, Ivan Casella, Carlos E. Capovilla
Este artigo propõe um sistema de transmissão de Formas de Onda de Referência Genéricas (FORGs) por meio da tecnologia de
Power Line Communication (PLC) operando em conjunto com um Filtro de Mediana (FME). No sistema proposto, as diferentes
FORGs analógicas, que podem ser encontradas em aplicações de comunicação Machine-to-Machine (M2M), são digitalizadas e
transmitidas por cabos de energia elétrica de baixa tensão utilizando o padrão G3-PLC/IEEE 1901.2. No receptor, as formas de
onda recebidas podem apresentar distorções na forma de spikes devido a erros, nos dados dos pacotes recebidos, que são causados
pelo canal de PLC. Em condições normais de operação, esses pacotes de dados corrompidos são descartados e retransmitidos por
meio de um protocolo de Automatic Repeat Request (ARQ), o que pode gerar considerável atraso na comunicação. Entretanto,
para várias aplicações de M2M, há a necessidade de baixa latência de comunicação, de modo que a redução de retransmissões se
torna necessário. Neste contexto, este trabalho propõe a utilização do FME para suprimir estas distorções e reconstruir a forma de
onda original, mesmo com o uso de pacotes de dados corrompidos. O sistema de comunicação proposto foi implementado em
ambiente computacional utilizando a camada física e o modelo de canal de PLC definidos pelo padrão IEEE 1901.2. Os resultados
das simulações mostraram que o FME é capaz de recuperar as FORGs recebidas, sem a necessidade de retransmissão dos pacotes
corrompidos, mesmo em condições críticas de relação sinal-ruído (Signal to Noise Ratio - SNR) e propagação por multipercursos
de um enlace de PLC típico.

Solução Aproximada para a Irradiação do Cabo Coaxial Fendido


Thayana M. L. Sousa, Leni J. Matos, Mauricio W.B. da Silva, Vitor L. G. Mota eVanessa P. R. Magri
Empregando o teorema da equivalência e a teoria de conjuntos de antenas, determina-se o campo aproximado irradiado por um
cabo fendido, com fendas de pequenas dimensões e distribuídas uniformemente, e os resultados são comparados com os
simulados através do uso de software comercial, mostrando a tendência endfire do conjunto.

Canal rádio II
Chair: Prof. Tadeu Nagashima Ferreira (UFF)
Avaliação preliminar das oportunidades para aplicações indoor na faixa de 2,5 GHz no
Brasil
Marilson Duarte Soares, Pedro Vladimir Gonzales Castellanos, Diego Passos
No Brasil, a faixa de 2,5 GHz (2500-2690 MHz) é alocada para sistemas licenciados que utilizam a tecnologia LongTerm
Evolution (LTE) ou LTE-Advanced. Devido às características intrínsecas de propagação nessa faixa, o sinal transmitido pela
estação rádio base é degradado, limitando a cobertura principalmente em ambientes indoor, produzindo regiões de sombra.
Devido à escassez de espectro para novos sistemas de comunicação, estas regiões podem ser enxergadas como oportunidades de
espectro para equipamentos que trabalhem de forma oportunista e em caráter secundário, possibilitando assim, um uso mais

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eficiente do espectro de rádio frequências. Esse artigo apresenta uma metodologia de busca de oportunidades de espectro em
ambientes indoor aplicada aos sistemas LTE.

Rádio Propagação e Modelagem para uma Ponte sobre o rio Tocantins para LTE
Alaim de Jesus Leão Costa, Thiago Eleuterio da Silva, Diego Kasuo N. da Silva, LeslyeEstefania Castro Eras
e Hugo Alexandre Oliveira da Cruz
This paper describes a model of propagation loss for the Long-Term Evolution (LTE) system on a bridge over the Tocantins River
in the city of Marabá-PA. Data on the received signal strength is obtained in a measurement campaign. A Neuro-Fuzzy system is
used to develop the proposed model. The studied scenario is a region with the city and river, a very common environment in
northern Brazil and, a few studied. An appropriate propagation model for LTE technology is of great importance to providing an
efficient service, especially in a region of unique climate and characteristics. The results confirm the applicability of the proposed
model with RMS error no greater than 2 dB.

Aplicação dos Modelos Ocultos de Markov na Modelagem do Canal Rádio Móvel


Leonardo G. Ribeiro, Leni J. Matos, Edson Cataldo
O objetivo deste trabalho é aplicar Modelos Ocultos de Markov na modelagem do canal rádio móvel indoor faixa larga, usando
parâmetros de dispersão temporal do sinal calculados através do processamento dos dados obtidos em medições realizadas no
canal. Os resultados mostram a viabilidade técnica desta modelagem podendo ser estendida a outras situações.

Modelagemutilizando RSSI em Condições Sem Visada Direta para a Tecnologia LoRa©


Erika Reis, AndréiaLopes, Iury Batalha, Fabrício Barros, Gervásio Cavalcante
Abusca por soluções mais eficientes no ramo tecnológico e a necessidade cada vez maior de automação de serviços tem
intensificado o uso da Internet das Coisas (IoT) ao redor do mundo. Nasaplicações de IoT, a rede LPWAN se apresenta como
a interface de Comunicação mais indicada, por apresentar baixo custo, uso em aplicações remotas e boa cobertura. Este trabalho
contribui para estudos de redes IoT utilizando a camadafísica LoRa e protocolo de rede LoRaWAN no âmbito da análise da perda
de propagação em ambientes internos. Nesse contexto, foi realizada a modelagem de canal em larga escala emtrês ambientes
distintos tipificados como corredores, onde foram coletados valores de RSSI medidos através de dispositivos LoRa na frequência
de 915 MHz sem visada direta. Os modelos Close-In e Floating Intercept foram ajustados para os ambientes estudadosatravés dos
parâmetros de FSPL, α e β. Apartir dos resultadosfoi possível observar que os múltiplos caminhos gerados pela composição do
ambiente ao longo de uma distância maior estão diretamente relacionados à perda de sinal.

Análise e Modelagem de Perda de Percurso através de Parede de Alvenaria na Frequência


de 10 GHz
Wirlan G. Lima, Iury da S. Batalha, GervásioP. S. Cavalcante, Flávio H. C. S.Ferreira, Miércio C.de
Alcântara, Erika C.S. Reis, Fabrício J. B. Barros
A quinta geração de telefonia móvel 5G vem como intuito de sanar problemas de demanda dos usuários quetende a aumentar
exponencialmente nos próximos anos, gerandosobrecarregamento do sistema. Dessa forma, essa nova tecnologiacontará com ouso
de portadoras, cujas frequências são acimade 6 GHz e, portanto, estudos em diferentes ambientes devemser feitos para este
sistema. Neste estudo, dois modelos deperda de percurso foram formulados com o auxílio de funçõespolinomial e exponencial
para a modelagem de perda de percursoatravés de uma parede de alvenaria para diferentes ângulosde recepção, a partir de dados
de campanhas de medições nafrequência de 10 GHz utilizando antenas cornetas direcionaiscom abertura de 29,3º em polarização
V-V. Os modelos propostospara perda de propagação apresentaram resultados satisfatórios em comparação com os dados
medidos. O erro RMSE entre acurva representada pela função polinomial e os dados medidos é de 2,354. Para a função
exponencial, por ter sido utilizadaa modelagem dual-slope, os erros RMSE entre as curvas representadaspela função exponencial
para os ângulos negativos e positivos é de 1,966 e 2,547, respectivamente. Além do mais, são apresentados graficamente os
valores de perda por paredeque podem ser utilizados como parâmetro de perdas em futurosmodelos de propagação.

Redes Óticas II
Chair: Prof. Guilherme Penello Temporão (PUC-Rio)
Caracterização Experimental de Transmissão Óptica Sem Repetição a 400G Empregando
Equalização Digital Otimizada
José Hélio da Cruz Júnior, Tiago Sutili, André Luiz Nunes de Souza, Rafael Carvalho Figueiredo
Nesse artigo, investigamos o desempenho, em termos de informação mútua, de uma transmissão óptica sem repetição com taxas
de 400 Gb/s por canal, empregando equalizações linear e não-linear otimizadas. A equalização dinâmica linear é realizada
baseada na combinação de algoritmo de mínimo erro médio quadrático dirigido a decisão (DD-LMS), auxiliado pela
realimentação da correção de erros (FEC) com equalizador de múltiplas entradas e múltiplas saídas (MIMO). Já a equalização

xxxix
não-linear é efetuada pelo algoritmo de retropropagação digital (DBP). As técnicas de equalização são avaliadas através da
transmissão óptica sem repetição de 16 canais com taxas de 400 Gb/s (66 GBd DP-16QAM) por 403 km. Os resultados indicam
que a equalização dinâmica linear apresenta melhor desempenho em comparação ao DBP, se mostrando como uma potencial
solução para alcançar maior informação mútua com complexidade computacional reduzida.

Robust Power Budget Model for an Optical Fiber Link


Bruno Fanzeres e Gustavo Amaral
The power budget of an optical fiber link is a crucial aspect of its design and the correct placement of amplifiers along the fiber
link can simultaneously decrease costs and ensure good signal quality at the end node. Unfortunately, the communication channel
can impart losses to the optical signal due to the corruption of the optical fiber, which can happen for a multitude of reasons. The
problem of creating a design that can endure dynamic changes after its deployment is present in many fields of technology, and
robust optimization techniques have been developed to tackle such instances. This work focuses on the analysis and mathematical
modeling of the power budget of an optical fiber link suitable to be accommodated into least-cost planning models. In order to
introduce resilience against unexpected power losses due to fiber faults, robust optimization techniques are adapted into the
planning model and a numerical experiment is conducted in order to illustrate its applicability. Results indicate that a significant
reduction on the probability of closing the links power budget under the adverse condition of a fiber fault can be achieved under
the robust design.

Caracterização Experimental do Travamento por Injeção Óptica de Sinais com Múltiplas


Portadoras
A. I. N. B. Pereira, L. A. Huancachoque, D. V. G. L. Nascimento, M. L. M. dos Santose A. C. Bordonalli
Este trabalho apresenta a análise experimental do travamento por injeção óptica de um laser semicondutor em relação a diferentes
linhas espectrais de um pente óptico de frequências. Visando aplicação desse laser como oscilador local de receptores ópticos
coerentes de supercanais, investigaram-se as faixas de travamento do laser para componentes espectrais distintas do pente. Para
determinadas condições de operação observaram-se interferências no travamento, provocadas pela existência de linhas adjacentes.
O problema pode ser evitado se forem definidos espaçamentos mínimos entre os limites da banda de travamento relativa a essas
linhas, definidos como bandas de guarda. No caso do experimento avaliado nesse trabalho, uma banda de guarda de
aproximadamente 12 GHz deve ser mantida se a razão de injeção utilizada for menor que -27 dB. O ruído de fase obtido durante o
processo chegou a aproximadamente -86 dBc/Hz para essa mesma razão de injeção.

Otimização dos Recursos de Redes Ópticas Passivas Baseadas em OFDMA com Banda
Escalável
Jardel T. Flores, Higor. A. F. Camporez, Jair A. L. Silva, Helder R. O. Rocha
O quesito escalabilidade na largura de banda em redes PON (Passive Optical Network) baseadas em OFDMA
(OrthogonalFrequency Division Multiple Access) é, até o presente momento, pouco abordado na literatura. Através da variação da
ordem de modulação por subportadora e da largura das sub-bandas das ONUs (Optical Network Units), abordou-se este
importante requisito na arquitetura BS (Bandwidth Scalable)- OFDMA-PON na comunicação downlink, por meio da otimização
de parâmetros via o algoritmo Grey Wolf Optimizer. Resultados de simulação em enlaces ópticos que variam de 20 a 40 km
demonstraram a optimização dos recursos alocados à rede de modo a atender 16 ONUs com taxas de transmissão individuais
iguais a 1 Gbps, mediante a adoção de mapeamentos 4, 8, 16, 32 e 64-QAM e relação sinal ruído óptica igual a 20 e 24 dB.

Concept of All-Optical Ultra-Wideband Electronic Warfare Receiver


André Paim Gonçalves, Robson Ribeiro Carreira, Joaquim José Barroso de Castro, Olympio Lucchini
Coutinho, José Edimar Barbosa Olivei, Felipe Streitenberger Ivo
This paper presents the theoretical and experimental concept of an all-optical ultra-wideband Electronic Warfare receiver based on
an envelope detector with a 100% probability of intercepting broadband signals and can be miniaturized and integrated. Its
operating range in RF can reach over 100 GHz depending on the phase modulator and the stopband of the fiber Bragg grating
used. Its instantaneous bandwidth can reach over tens of GHz depending on the photodetector. The proposed architecture does not
need an optical or video signal amplifier. The implementation of this conceptual receiver is simple, employs few components and
uses inexpensive components found in the shelf. Its miniaturized version can be used in remotely piloted aerial vehicles and
satellites due to its low power consumption, small weight, and volume.

Medidas em Ótica I
Chair: Prof. Ricardo Marques Ribeiro (UFF)
Ruídos em Lasers de Longo Tempo de Coerência com Interferômetros de Pequenos
Tempos de Atraso

xl
Mareli Rodigheri, Flávio José Galdieri, Tiago Sutili e Evandro Conforti
A presença de ruídos dos tipos acústico, brancoe 1/f é caracterizada utilizando-se interferômetro de Mach-Zehnder baseado em
fibra óptica, com diferenças nos tempos de atraso menores do que o comprimento de coerência do laser. Uma câmara de vácuo,
onde a pressão pôde ser controlada, foi utilizada para abrigar o interferômetro e assim variar a intensidade sonora que incide sobre
o mesmo. Os resultados experimentais mostraram que o ruído 1/f e o ruído acústico aparecem misturados nas medições. Além
disso, este é minimizado quando a pressão na câmara diminui. Observou-se ainda que o espectro da largura de linha aparente
medida pelo interferômetro é alargado sob a influência dos ruídos acústico e 1/f .

Protótipo de um Controlador Multiespectral com Lasers de Realimentação Distribuída


José Otávio Maciel Neto, Eduardo Fontana, Henrique P. Alves, Ricardo Ataíde deLima
O presente trabalho tem por objetivo demonstrar o progresso no desenvolvimento de um controlador multiespectral baseado em
lasers de realimentação distribuída (DFB). O controlador é baseado em um módulo microprocessador de controle e aquisição de
dados, chaveando interfaces compostas por relés de estado sólido, integrado a um conjunto de lasers DFB. Testes preliminares
demonstram a operação bem sucedida do controlador.

Proposta de Amplificador Lock-in via Software paraAplicações em Espectroscopia Óptica


Hugo de Albuquerque Fonseca, Diego José Rátiva Millán e Ricardo Ataíde de Lima
O presente trabalho descreve o desenvolvimento de um software de baixo custo computacional, capaz de aplicar atécnica de
correlação de sinais utilizada em amplificadores lock-in, em todo um espectro óptico de um experimento de espectroscopia óptica.
O amplificador síncrono ou lock-in possui como principal característica a obtenção do mensurando em um meio com densidade
de ruído superior a magnitude do sinal. O programa foi desenvolvido na linguagem de programação C#. A partir dos dados
obtidos por um espectrômetro da StellarNet, o programa é capaz de aplicar o processamento lock-in de forma simultânea nos
2050 pontos que compõeo espectro. Oteste de desempenho realizado consistiu em recuperar o perfil de emissão espectral de um
LED amarelo, submetido a um ruídoóptico emulado por um LED com o pico de emissão no verde. Os resultados preliminares
indicam a eficácia do programa e a viabilidade de uso de plataforma embarcadas para o projeto de protótipos que permitam
usar técnicas de espectroscopia óptica sem a necessidade de controle de luminosidade.

Caracterizaçãode Dispositivos Otto Chip de gap Variável por Reflectometria Óptica


Gabriel de Freitas Fernandes, Gustavo Oliveira Cavalcanti, Brianne Paola MochelMoreira, Jung-Mu Kim,
Eduardo Fontana, Ignacio Llamas-Garro
O presente trabalho relata os resultados experimentais da caracterização da topografia do gap de dispositivos Ottochip. Neste
trabalho são apresentados os resultados de varredura da área ativa do dispositivo por reflectometriaóptica de toda a superfície do
dispositivo, a partir dos quais é possível identificar regiões de adesão irregular entre diferentes camadas, desgaste do substrato e
mapear a região ativa do filme metálico,em que épossível observar o efeito de ressonância de plasmons de superfície. Esses
resultados são importantes no estudo de reprodutibilidade e confiabilidade na fabricação de sensores baseados na configuração
Otto chip.

Detecção de Fase Ótica em Interferômetos Homódinos Passivos Usando o Método Jn/Jn+2


Alexander C. Carneiro, Valter Lima Junior, Andrés Barbero, Vinícius Silva, Ricardo Ribeiro, Cláudio
Kitano,José H. Galeti, Alexandre Bessa dos Santos
Os métodos de interferometria homódina passiva em fibras óticas se destacam pela elevada precisão na detecção da fase ótica.
Entretanto, por utilizarem entre três a seis componentes harmônicas, os métodos disponíveis na literatura são mais imprecisos em
ambientes ruidosos. O presente artigo propõe um método Jn/Jn+2, que utiliza apenas duas componentes harmônicas no cálculo da
fase ótica. Como resultado, o método proposto obteve melhor precisão frente aos demais métodos descritos pela literatura.

EMC/EMI E Transientes Eletromagnéticos


Chair: Prof. Flávio Goulart dos Reis Martins(UFF)
Avaliação de Blindagem Eletromagnética para Aplicação em Inspeção Robotizada de
Subestações
Luis R. A. Gamboa, Rafael L. B. Stonoga, Gabriel S. Haveroth, José F. Bianchi Filho, Victor S. Borges,
Francisco Roberto Hopker
Tem-se observado recentemente um aumento da utilização de robôs em subestações (SE). Além de garantir proteção aos
operadores, evitando sua entrada em ambientes de risco,os robôs garantem maior eficiência na coleta de dados quando emmissões
de inspeção, que configuram tarefas lentas, monótonas e estão sujeitas a erros por negligencia quando realizadas por humanos.
Além da necessidade de garantir uma blindagem contra os campos eletromagnéticos, as carcaças dos robôs também precisam de
aberturas para ventilação a fim de estabilizar a temperatura de operação dos componentes, o que é crítico para subestações em

xli
regiões de clima quente. Nesse contexto,este trabalho apresenta um estudo da eficiência da blindagem paracampos magnéticos
considerando estruturas de aço 1020 com diferentes espessuras e aberturas para ventilação.

Umbilical Interference Study


Marcelo Sanches Dias, Mario Leite Pereira Filho, José Carlos Leão Veloso Silva, Luiz Cezar Trintinalia
This work analyzes the interference that can occur in umbilicals when they have power and data cables. With the extraction of oil
from the pre-salt, the umbilical has more than 1000 meters long, and this depends on how it is built, position of the data cable in
relation to the power, distance between one and the other, rotation of one in relation the other can affect how much voltage is
induced in the data cable. In addition to the possible shield connections that according to this study must be grounded to minimize
interference. With the results presented, it is observed that in addition to the cable shields, the rotation between data cable and
power is important to reduce interference.

Estudo de Comportamentos de Espectros de Campos Magnéticos Externos de Gerador


Síncrono de 2 Polos
Danilo G. Aurich, Helton F. dos Santos, Marjorie Hoegen, Luis O. S. Grillo,Leonardo E. Martins, Patrick
Kuo-Peng, Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela, Luciano M. de Freitas, Rodrigo Souza, Luiz A. C. Borges,
Rubens J. Nascimento
Este artigo apresenta sumariamente uma visão geral de investigações em geradores síncronos de dois polos para a detecção de
faltas incipientes realizadas pelo GRUCAD (Grupo de Concepção e Análise de Dispositivos Eletromagnéticos) em parceria com
engenheiros da empresa ENGIE Brasil Energia. Há poucos trabalhos na literatura abordando a detecção de faltas em máquina
síncrona de 2 polos. Levando em conta este aspecto, apresenta-se um conjunto de conhecimentos organizados pertinentes à
questão da detecção de faltas através do comportamento do campo magnético externo de geradores síncronos de dois polos, onde
as frequências fundamentais elétrica e mecânica coincidem. Alguns dos estudos aqui apresentados são de conclusões publicadas, e
outros são novos, incluindo alguns provenientes de um gerador de um parque termoelétrico.

Testes de Imunidade contra Surtos Elétricos em Eletrodomésticos


Gustavo O. Cavalcanti, Marcílio A. F. Feitosa, Kayro F. H. Pereira, Manoel H. N. Marinho, Antonio S. Neto,
Lucas de C. Sobral, Pollyana M. R. Gonçalves, Douglas T. M. Lara, Thiago F. Gomes, Renato J. Teixeira,
Wagner A. Barbosa
O presente trabalho descreve um conjunto de testes de compatibilidade eletromagnética realizados para avaliar a imunidade a
surtos elétricos de alta tensão em dois tipos de eletrodomésticos, televisor e refrigerador. Os testes foram realizados em condições
específicas definidas pelo padrão internacional IEC 61000-4-5 de 2015. Os resultados mostraram que o televisor suporta maiores
níveis de tensão e número de surtos que o refrigerador, entretanto, considerando que os surtos elétricos induzidos podem atingir
níveis da ordem de 8kV o uso de dispositivos de proteção contra surtos (DPS) é indicado. Os resultados mostram ainda que a
utilização do DPS pode ser imprescindível para manter a vida útil do equipamento em regiões com grande incidência de descargas
atmosféricas.

Ensaios de magnetização e curto-circuito de um Limitador de Corrente de Curto-circuitode


Núcleo Saturado
M. C. Lima, G. dos Santos, F. Sass, G. G. Sotelo
Devido à expansão do sistema de potência e o crescimento da geração distribuída, onível dos curtos-circuitos aumentaram. Sendo
assim, muitos equipamentos elétricos estão tornando-se superados frentea esse novo cenário. Uma solução que tem sido utilizada
para mitigar esse problema é o limitador de corrente de curto-circuito (LCC). Neste contexto, os LCCs supercondutores têm
ganhado destaque devido à sua capacidadede estado (QuenchType). Já o segundo tipo é classificadode mudar rapidamente a
impedância na ocorrência de um curto-circuito. Neste trabalho, serão apresentados ensaios realizados num protótipo de LCC do
tipo Núcleo Saturado. Inicialmente como limitador sem transição de estado (Non-QuenchType). Neste grupo de LCCS, o material
trabalha sempre no estado supercondutor [2]. Nesta categoria está inserido o limitador foram realizados o ensaio de caracterização
(que permite obtera curva B-H do equipamento) e a medida da indutância emfunção da força magnetomotriz. Além disso, é
realizado o ensaio de curto-circuito, que simula a atuação do equipamento na rede. São avaliadas a capacidade de limitação do
equipamento para um determinado nível de corrente de curto-circuito prospectiva, as correntes atravésdos dispositivos que
compõem o equipamento e as tensões em cada um desses dispositivos. Como ensaio de caracterização foi possível observar que a
saturação dos núcleosferromagnéticosencontra-se próxima ao valor de 1,7 T, a indutância do equipamento encontrada no regime
de saturação dos núcleos é igual a 0,25 mH. Para os ensaios de curto-circuito, uma limitaçãode 30,6% foi observada para o
primeiro pico do curto-circuito. Além disto, uma limitação máxima de 58,2% foi medida. Por fim, o tempo medido para a
magnetização do núcleo, após o curto-circuito, foi aproximadamente 0,2 s.

Terça-feira, 15:50 – 17:40

xlii
Sessão Oral D
Dispositivos e Circuitos de Micro-ondas II
Chair: Profa. Vanessa Przybylski Ribeiro Magri (UFF)
Behavioral Modeling of Power Amplifiers Using Three Dimensional Approximations
Marcio Nassif Maluf e Eduardo Gonçalves de Lima
The behavioral modeling of radio frequency power amplifiers (RFPAs) is constantly advancing to improve the compromise
between accuracy and computational complexity. The purpose of this paper is to present two three-dimensional models (3D). In
the first model all dimensions have the same order of truncations. The second uses independent truncation orders. The new
models are compared with the previous two- dimensional model with independent truncations using two sets of inputs and outputs
obtained from a class AB GaN HEMT RFPA excited by a WCDMA signal.

Estratégia de Calibração para Comparadores Vetoriais em Micro-ondas


Juner M. Vieira, Eduardo S. Sakomura, Fúlvio F. Oliveira, Daniel C. Nascimento, Daniel B. Ferreira,
Ildefonso Bianchi
Neste artigo, apresenta-se uma estratégia de calibração para comparadores vetoriais em micro-ondas cuja arquitetura se
fundamenta no uso de demoduladores em quadratura. Comparadores vetoriais são comumente encontrados nos circuitos de
alimentação de phasedarrays e de sistemas para localização de fontes irradiadoras de micro-ondas, pois permitem avaliar a razão
entre as amplitudes dos sinais nas entradas das antenas, bem como a diferença de fase entre eles. O procedimento de calibração
proposto leva em conta que os sinais de saída do demodulador, via de regra,não são descritos por funções cosseno e seno com
amplitudes iguais e sem offsets DC,como usualmente se observa em muitos modelamentos desse dispositivo. A técnica
introduzida é verificada utilizando um comparador baseado no demodulador em quadratura ADL5380. Erros inferiores a 0,1 dB e
4,3° foram obtidos nas estimativas dos desbalanceamentos de amplitude e de fase em frequências nas bandas L, S e C,
demonstrando a efetividade do procedimento.

Método de Casamento de Modos Aplicado ao Estudo de Guias de Ondas Cilíndricos com


Bifurcações
Andre L. S. Lima, Guilherme S. Rosa, José R. Bergmann
Estetrabalho apresenta uma formulação baseada no método de casamento de modos na análise eletromagnética de guias circulares
bifurcados em domínios circulares e coaxiais. A matriz de espalhamento generalizada é obtida permitindo uma soluçãoanalítica
para as integrais de acoplamento. Resultados de validação são apresentados demonstrando que a formulação pode ser empregada
no modelamento acurado e eficiente de uma classe de estruturas guiadas.

Numerical investigation of a tunable plasmonic filter based on graphene nanodisk


resonator
Jórdan Martins da Cruz, Victor Dmitriev, Wagner Ormanes Castro
In this study, a compact nanoscale plasmonic filter was proposed and numerically analyzed. The plasmonic filter is based on
graphene ribbons coupled with a graphene side-cut nanodisk resonator deposited on silica (SiO2) and silicon (Si) dielectric
substrate operating in THz region. We investigated the side-cuts dimensions influence in the resonance frequencies. The proposed
device was numerically investigated by 3D finite element method (FEM). The operation frequency of the device could also be
tuned by modifying the cuts size in cavity and by changing Fermi energy from graphene. Our paper provides a feasible structure
for a graphene plasmonic nano-filter for future use in applications of highly integrated plasmonic device in THz and FIR regions.

Implementação de um Analisador de Espectro Utilizando o Conceito de Rádio Definido por


Software
Paulo Vinicius A. de Freitas, Ruan F. Hanthequeste, Gabriel B. A. Orofino, Pedro V. GonzalezCastellanos,
Ângelo A. C. Canavitsas, Robson Costa Bentes.
O rádio definido por software (RDS) vem permitindo aos engenheiros a possibilidade de implementação de operações em
software que antigamente só eram possíveis de serem realizadas através de hardware. Com o contínuo aumento da capacidade de
processamento dos computadores é possível modificar em tempo real os parâmetros de operação dos novos rádios chamados de
rádios RDS ou utilizar dispositivos comerciais para outros propósitos, além daqueles estabelecidos na sua concepção. O presente
trabalho tem como objetivo a caracterização de um dispositivo comercial utilizado para recepção de sinal digital de televisão
Digital Video Broadcasting - Terrestrial (DVB-T) para coletar medições de potência numa determinada faixa de frequência com
maior exatidão.

Um Novo Filtro Passa-faixa de Banda Estreita e Compacto para Aplicações em Wi-Fi


802.11ah
xliii
J. G. Duarte-Junior, V. P. Silva Neto, A. G. D’Assunção
Este artigo apresenta a síntese de uma nova configuração de filtro passa-faixa constituída por ressoadores com estubes
(stubloadedresonators, SLRs) e transformadores de impedância em degrau (stepped-impedanceresonators, SIRs) para aplicações
em sistemas de comunicação de banda estreita e tamanho reduzido. A associação de seções de linha de transmissão terminadas em
circuito aberto ou curto-circuito proporcionam características de ajuste ao filtro de modo a otimizar a sua resposta em frequência e
reduzir suas dimensões físicas. A análise teórica das frequências dos modos ressoantes é apresentada, sendo a geometria ótima do
filtro para a aplicação desejada definida através de um processo de síntese e simulações no software Advanced Design System,
ADS. Um protótipo é construído e medido de modo a operar em 900 MHz com 5% de largura de banda fracionária (fractional
bandwidth, FBW), baixa perda de inserção e desempenho adequado para aplicação no padrão 802.11ah. Uma boa concordância é
observada entre os resultados simulados e medidos. O filtro passa-faixa proposto se constitui em uma boa alternativa para
aplicações em sistemas de comunicação que apresentem os requisitos de banda estreita e dimensões reduzidas.

Antenas II
Chair: Prof. Maurício Henrique Costa Dias (IME)
Rede de Antenas de Microfita SIW Modularmente Reconfigurável
Marcus V. P. Pina, Juner M. Vieira, Daniel C. Nascimento, Daniel B. Ferreira,Ildefonso Bianchi
Este trabalho apresenta o projeto e a construção de uma rede de antenas de microfita modularmente reconfigurável com tecnologia
SIW (Substrate Integrated Waveguide) de baixa polarização cruzada na faixa de 5,25 GHz. Os elementos da rede apresentam
dupla alimentação baseada em divisor híbrido de 180º com a finalidade de gerar diagramas de irradiação simétricos. A validação
dessa proposta é realizada com auxílio de projetos no software de simulações eletromagnéticas HFSS e a caracterização de
protótipos.

Metodologia de análise eletromagnética para redes refletoras em banda Sembarcadas em


nanossatélite
Edson R. Schlosser, Marcos V. T. Heckler, José R. Bergmann
Neste artigo é apresentada a análise e síntese de redes refletoras com poucos elementos. O método do circuito equivalente é
utilizado para a formulação da diádica de Green, possibilitando estabelecer relações entre os campos eletromagnéticos e as
densidades superficiais de corrente elétrica em meios estratificados e constituídos por diversas metalizações. Análises de redes
refletoras com poucos elementos são realizadas empregando-se o método dos momentos para calcular numericamente as
densidades superficiais de corrente elétrica que fluem sobre os patches. Adicionalmente, aplica-se uma função base de domínio
completo com condição de borda segmentada para modelar o comportamento impulsivo da densidade de corrente nas bordas dos
espalhadores. Diferentes curvas de fase são obtidas por meio da técnica de variação das dimensões físicas dos espalhadores
metálicos, considerando o campo elétrico total composto pelos campos espalhado, refletido e difratado, devido às posições
espaciais dos patches. Por fim, o conceito de defasagem progressiva e o método de enxame de partículas foram aplicados para se
determinar a fase desejada em cada célula. Assim, as curvas de fase são interpoladas e utilizadas para projetar as dimensões dos
elementos impressos e garantir a distribuição de fase calculada sobre as superfícies das redes refletoras, de forma a reproduzir os
diagramas desejados. Software comercial é utilizado nas verificações dos resultados obtidos.

Método de Colônia de Vaga-lumes Aplicado na Síntese de Diagramas de Irradiação em


Redes de Antenas
Liebert L. da Silva, Marcos V. T. Heckler, Edson R. Schlosser
Este trabalho apresenta a síntese de diagramas de irradiação utilizando o método de colônia de vaga-lumes. A técnica é aplicada
no apontamento de feixe e controle do nível dos lóbulos secundários de redes lineares de antenas compostas por elementos
isotrópicos e de microfita. Adicionalmente, a varredura do feixe principal em uma região angular superior a 50◦ é realizada,
mantendo o nível dos lóbulos secundários abaixo de -20 dB. A caracterização dos elementos impressos é feita através de
simulações eletromagnéticas usando o software comercial Ansys HFSS. Por fim, uma rede linear composta por 4 elementos é
construída e medida através de um medidor de campo próximo.

Análise de uma Antena de Microfita com Substrato Composto de Células Metamateriais


Rotacionadas
Adelson M. Lima, N. O. Cunha, J. P. da Silva e Magno M. de Araújo
Neste artigo é proposto o projeto de uma antena plana de microfita baseada em um substrato metamaterial. A estrutura consiste
em um arranjo periódico de células dispostas no interior do substrato. Inicialmente, a célula unitária é caracterizada e analisada
para ressoar na frequência de operação de projeto e em seguida disposta em linhas ao longo da direção longitudinal do substrato
da antena, tendo sua inclinação variada em relação ao plano de terra. A análise é feita utilizando um modelo computacional

xliv
aseado no método dos elementos finitos pelo software HFSS®. O desempenho da estrutura é verificado para o coeficiente de
reflexão (S11), largura de banda de operação e ganho.

Desenvolvimento de Arranjo de Antenas de Microfita com Ressonadores de Geometria


Matrioska no Plano de Terra para Aplicação em Sistemas de Comunicação 5G na Banda
de Frequência de 3,5 GHz
Jefferson Costa e Silva, Alfrêdo Gomes Neto, Mateus Lucas de Campos e Silva, ÁlefHuan PereiraSouto,
Bruna Luíse da Silva Bandeira de Carvalho
Neste trabalho é apresentado o desenvolvimento de um arranjo de antenas de microfita com ressonadores de geometria matrioska
no plano de terra para aplicação em sistemas de comunicação 5G na banda de frequência de 3,5 GHz. O arranjo proposto é
composto por quatro antenas de microfita com patch retangular, onde os ressonadores são aplicados no plano de terra, na forma
de estruturas DGS (Defected Ground Structure). O objetivo principal é verificar a influência dos ressonadores no desempenho do
arranjo, bem como sua influência nos principais parâmetros da estrutura irradiante. São descritos os procedimentos de projeto dos
irradiadores e dos ressonadores e são obtidos resultados numéricos e experimentais referentes à frequência de ressonância, largura
de banda e diagrama de irradiação. Uma boa concordância foi obtida entre os resultados simulados e obtidos experimentalmente,
com uma redução na ressonância do arranjo e com um aumento da largura de faixa.

Desenvolvimento de uma nova Figura de Mérito para avaliação de etiquetas passivas UHF
RFID em superfícies metálicas e não metálicas
Juliana Borges Ferreira, Álvaro Augusto Almeida de Salles, Giovani Bulla
Neste artigo é apresentada uma nova figura de mérito para avaliação de etiquetas planares passivas de identificação de rádio
frequência (Radio Frequency IDentification– RFID) em ultra-alta frequência (Ultra High Frequency – UHF) para uso em
superfícies metálicas e não metálicas. Desenvolver uma figura de mérito se justifica devido a uma variação considerável de
fatores (alcance, área, sensibilidade do chip, custo do substrato e custo do processo de fabricação) que influenciam na avaliação e
comparação de antenas, estabelecendo assim, um padrão de comparação que englobe os parâmetros relevantes. Duas novas
antenas passivas UHF RFID de estruturas diferentes foram criadas para avaliação através nova figura de mérito. A primeira
refere-se a uma antena para utilização em objetos metálicos e a segunda trata-se de uma antena para objetos não metálicos,
desenvolvidas através dos processos de Remoção – “Etching” e Impressão por Transferência Térmica – “ThermalTransfer”,
respectivamente. Antenas existentes na bibliografia também foram utilizadas para a quantificação da figura. A figura de mérito
proposta emprega diversas características da antena fornecendo assim uma ampla possibilidade para quantificação da mesma,
indicando que o valor derivado do mérito é particularmente útil para o projeto de antenas UHF RFID quando comparada com as
figuras existentes, tendo também potencial para aplicação em outros tipos de antenas.

Sensores Óticos III


Chair: Prof. Alexander Carcardo Carneiro (UFF)
Numerical analysis of a Sagnac interferometer as a monophasic fluid flow meter sensor
João PauloLebarckPizzaia, CarlosEduardo Schmidt Castellani, Arnaldo Gomes Leal
Along with temperature, pressure and level, the measurement flow in the pipeline system is vital for many modern large scale
industries. There are many sensors capable of measuring flow using different methods, each one with their own advantages and
disadvantages. In order to propose another option to the the flow sensing field, this paper presents a mathematical model for the
Sagnac interferometer and Fresnel aether drag effect to simulate its flow sensing capabilities. For this propose, the simulations
were conducted using different variables values, such as the pipe’s internal diameter, beam inclination, light source’s wavelength,
biased phase delay and fluid average velocity to evaluate how they affect the sensors readings level and accuracy. The results
show the viability of the technique for flow sensors, exhibiting sensibility rates at the photodetector in order of 10−6 W/ms−1,
causing no obstruction to the flow, thus neither inducing turbulence nor pressure drop.

Análise do envelhecimento, precisão e exatidão em sensores óticos FBG e RFBG para


temperatura
Karoline Akemi Sato, Camila Carvalho de Moura, Antonio Carlos Ribeiro Filho,Luis Camilo Jussiani
Moreira e Valmir de Oliveira
Foram produzidos, caracterizados e mantidos em operação dois sensores óticos do tipo rede de Bragg em fibra ótica. Um dos
sensores é de tipo FBG e o outro RFBG (Regenerado). Ambos os sensores foram produzidos em fibra ótica monomodo padrão G-
652, um dos quais em fibra hidrogenada e submetido a tratamento térmico para regeneração (RFBG). Os dois sensores foram
encapsulados com tubo capilar em aço inoxidável (AISI 304), calibrados em temperatura na faixa entre 5ºC e 60ºC. Os
respectivos sensores foram colocados em operação fixados a uma parede metálica, em temperatura ambiente, com o intuito de
comparar durabilidade (envelhecimento), bem como precisão e exatidão em relação a um termopar padrão. Ao final de 16
semanas não foram observadas degradações significativasno sinal de cada sensor e o erro de medição foi ≤ 2ºC.
xlv
Monitoramento de nós de pontes estruturadas com treliças planas por sensores ópticos
Guilherme Ébias, JúliaBittencourt, Felipe Barino e A. Bessa dos Santos
Neste trabalho apresenta-se o uso de um sensor LPFG como alternativa para monitoramento e previsão de possíveisanormalidades
em nós de suporte de pontes estruturadas com treliças planas, através do efeito da birrefringência induzida na fibra provocada por
uma carga lateral, pela análise de sua intensidade e ângulo de aplicação.

Interrogador para LPGs utilizando FBGs e Rede Neural


Felipe O. Barino e Alexandre Bessa dos Santos
Estetrabalho introduz um novo método parainterrogação de sensores ópticos baseados em redes de período longo (LPGs)
operando no infravermelho em fibras monomodo. Nestemétodo, determina-se o comprimento de onda ressonante da LPG
interrogada utilizando um arranjo de redes de Bragg (FBGs) para extrair informações do espectro da LPG e uma rede
neuralartificial para processar estas informações. Este trabalho demonstra o projeto do banco de filtros FBG e da rede neural
Multilayer Perceptron, que são a base do funcionamento do interrogador desenvolvido neste trabalho. A performance do
interrogador é analisada com relação ao erro quadrático médio, erro absoluto médio e distribuição dos resíduos da estimativa.
Estaanálise é feita com diferentes LPGs, com as mais variadas características espectrais, e estima-se que o comprimento de onda
ressonante destas pode ser determinado com incerteza de 2,82 nm, considerando um intervalo de confiança de 95%.

Modelling Comparison of Two Different Organic Field-Effect Transistors


Campos. C. F. e Giraldi, M. T. M. R.
This paper presents a review of the organic field- effect transistor (OFET) analytical model, proposed by Estrada et al. The OFET
has gained importance in the last decades, principally because of its low cost and the possibility of being used in innovative
applications. Despite that, the mathematical model normally utilized to simulate it has several limitations. Here this model and a
new model proposed by Estrada et al are presented, and the new model is evaluated. Two p-types planar OFETs, whose
characteristics are detailed in this paper, were used to evaluate Estrada’s model, which was capable of representing both devices
appropriately, principally when the values of the gate voltage are very negative. However, it is necessary to adjust the model to
work with less negatives values of the gate voltage and to simulate the OFETs with others structures.

Optical Sensor Based on Core Diameter Mismatch Structures for Measurement in Single-
andTwo-Phase Flow
Cardoso, V. H. R., Fernandes, C. S., Silva, M. O., Giraldi, M. T. M. R.; Costa, J.C.W.A.
In this paper we proposed two sensors based on core diameter mismatch for flow measurement. Two configuration of Mach-
Zehnder Interferometers based on Core Diameter Mis- match structures are proposed and experimentally investigated. The first
one consists of a MMF section between two SMFs sections, this sensor is called SMS sensor. The second configuration consists
of an input SMF, a section of SMF spliced between two MMFs and an output SMF, this sensor is called SMSMS sensor. These
proposed sensors generate interference patterns when bent, causing optical power loss.

Otimização de Projetos Eletromagnéticos


Chair: Prof. Felipe Sass (UFF)
Um Novo Método para Separação das Perdas no Ferro Eliminando o Ensaio em Baixa
Frequência
Filomena B. R. Mendes, Fredy M. S. Suárez, N.J. Batistela, J. V. Leite, N.Sadowski, J.P. A. Bastos
O objetivo deste trabalho é propor um novo método para separação das perdas no ferro eliminando o ensaio em baixa frequência e
reduzindo o número de experimentos. O artigo trata de metodologias que utilizam métodos numéricos para encontrar os
coeficientes do modelo matemático de separação das perdas magnéticas em perdas por histerese, perdas por correntes de Foucault
e perdas excedentes. Três metodologias são apresentadas e dependem de ensaios experimentais com: (i) indução magnética
variando e frequência de alimentação constante da ordem de 50 Hz, (ii) indução magnética constante da ordem de 1 T e
frequência variando. A primeira metodologia se baseia no método de Newton para resolver o sistema numérico gerado com dados
experimentais dos dois experimentos. Ela foi validada com dados experimentais na literatura anterior. As duas outras
metodologias se baseiam em algoritmos genéticos (AG). Uma depende de dados experimentais dos dois experimentos e outra
depende de dados experimentais apenas do experimento (i). Os resultados indicam que o método com algoritmos genéticos
apresentou excelentes soluções na comparação com a referência.

Influência dos Esforços Mecânicos nos Parâmetros de Um Modelo de Perdas de Histerese


Rodrigo de A. de Miranda, Indiara P. C. da Silva, Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela, Laurent D. Bernard

xlvi
O efeito de esforços mecânicos sobre as propriedades magnéticas de lâminas de aços para fins elétricos é investigado nesse artigo.
Uma bancada experimental dedicada é utilizada para obter dados experimentais das amostras de aço silício, submetidas a esforços
uniaxiais de tração e compressão. Uma modelagem para a variação dos valores dos parâmetros do modelo de perdas por histerese
é proposta, possibilitando levar em conta, futuramente, o efeito de esforços mecânicos em cálculos de campos via elementos
finitos.

Development of a multiconductor transmission line model and comparison with


experimental values
Lucas Yukio Nascimento Matsukuma, Mario Leite Pereira Filho, Renato MachadoMonaro, José Carlos Leão
Veloso Silva
The determination of the voltage and current along the conductors of any cable, be it underground or submarine, is paramount in
the study of a power system. In the design process of a cable for any project, it is necessary to obtain the current that passes
through the power conductors and the voltage at the load so that the cable can meet the system requirements.As a means to obtain
those important parameters, in this paper, a software based model is developed, built on the Multiconductor Transmission Line
(MTL) theory in [1]. To validate the conceived model, the open/short circuit and the characteristic impedances for a conductor of
an umbilical type cable are calculated and compared to its values measured experimentally. One of the most critical steps to
obtain voltages and currents is the determination of the cable’s electrical parameters. In this model it is possible to obtain them in
a MTL by two distinct methods: the first one is by analytical formulae described in the theory in [1] and the second is to use a
different software that uses the finite element method to obtain the electrical parameters.

Influência dos Esforços Mecânicos em Características Magnéticas de Chapas de Aço de


Grão Não Orientado
Indiara P. C. da Silva, Nelson J. Batistela, Nelson Sadowski, Jean V. Leite, Laurent D. Bernard
Este artigo apresenta um estudo experimental, utilizando uma bancada específica e padronizada, em que é possível realizar a
imposição de esforços mecânicos e o controle do fluxo magnético em chapas de aço. Foram realizadas comparações entre
resultados de características magnéticas de lâminas de aço para fins elétricos de grão não orientado (GNO), de utilização comum
em máquinas rotativas, por sua característica predominantemente isotrópica, quando submetidas a esforços mecânicos uniaxiais
de tração e de compressão com intensidades de até 20 MPa. As lâminas ensaiadas possuem ângulos entre direção de laminação e
direção de corte de 0°, 45° e 90°. Análises de características magnéticas em função dessas direções também foram realizadas
quando o material foi submetido a esforços mecânicos.

Metodologia para Minimização do Campo Elétrico ao Nível do Solo de Linhas de


Transmissão Aéreas usando Análise de Sensibilidade
André L. Paganotti, Rodney R. Saldanha, Adriano C. Lisboa, Márcio M. Afonso,Marco A. O.
Schroeder, Marcílio Q. Melo
Neste trabalho, uma nova metodologia é aplicada para o processo de optimização da geometria de feixes de condutores de linhas
de transmissão aéreas. Esta metodologia é baseada na análise de sensibilidade dos parâmetros relacionados a carga elétrica das
linhas de transmissão usando o Método Adjunto. Esta informação é usada com o Método do Gradiente e o Algoritmo da Seção
Áurea para minimizar o campo elétrico ao nível do solo de uma LT trifásica aérea com dois cabos por fase. A aproximação
usando Diferenças Finitas Centrais para se obter a sensibilidade é adotada para validação e comparações. A potência natural da
LT é calculada após o processo de optimização para verificação do aumento da capacidade de transmissão de energia.

Operação de Linhas Aéreas de Transmissão Recapacitadas por Técnicas Não


Convencionais
Marcílio Q. Melo, Márcio M. Afonso, Eduardo G. Silveira, Marco A. O. Schroeder, André L. Paganotti,
Bárbara M. F. Gonçalves
Fenômenos como o Efeito Ferranti e a corrente de curto-circuito podem influenciar a operação técnica e os custos de projeto,
operação e manutenção de Linhas Aéreas de Transmissão. Através de técnicas de recapacitação não convencionais podem-se
reduzir os fenômenos indesejados. Neste artigo, uma linha de potência natural elevada, obtida por otimização da posição dos
condutores, é avaliada nas condições a vazio, em curto-circuito e com carga. O resultado mostra que a linha recapacitada
apresenta redução do Efeito Ferranti, da corrente de curto-circuito e da queda de tensão no terminal receptor.

Dispositivos Eletromagnéticos e Sensores


Chair: Prof. Patrick Kuo-Peng (UFSC)
Caracterização de Materiais Magnéticos utilizando Identificação de Sistemas

xlvii
Rafael L. B. Stonoga, Gideon V. Leandro, Marlio J. C. Bonfim
Este trabalho apresenta uma metodologia para obtenção da permeabilidade complexa de materiais magnéticos em função da
frequência utilizando os princípios dos métodos de transmissão/reflexão, porém considerando uma linha de transmissão (LT)
defácil confecção e amostras de tamanhos não padronizados. Para contornar a dificuldade de estabelecer um modelo analítico para
amostras sem tamanho padrão, o que é necessário para aplicação do algoritmo de Nicholson-Ross-Wier, propõe-se a utilização de
conceitos de identificação sistemas, obtendo modelos a partir de dados de entrada (parâmetros S) e de saída (permeabilidade)
conhecidos. Oalgoritmo da evolução diferencial (DE) foi utilizado para estimar os parâmetros dos modelos considerando dados de
amostras individuais e, por meio de uma análise estatística, os principais resultados foram apresentados e discutidos.

Estudo de Aspectos Construtivos de Sensores de Campo Magnético por Indução


Guilherme F. dos Santos, Luciano B. Antunes, André Duarte, Carlos A. C. Wengerkievicz, Helton F. dos
Santos, Cristian F. Mazzola, Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela, Luciano M. de Freitas, Fabrizio L. Freitas
Este artigo trata de um estudo sobre alterações nos parâmetros construtivos de um sensor de indução atualmente empregado em
equipamentos instalados em geradores de usinas elétricas para detecção de faltas incipientes através do campo magnético
externado da máquina. Produziram-se sensores variando parâmetros construtivos de formato, número deespiras, número de
camadas e altura do sensor, buscando manter constante o valor da tensão induzida para um mesmo valor de campo magnético. Os
sensores foram testados em ensaios de tensão induzida e de medição de parâmetros elétricos. Também foram realizados ensaios
para avaliação da repetibilidade do processo de bobinagem e para avaliar a influência da sobreposição de espiras. Ao final,
geraram-se subsídios para a escolha do sensor de melhor desempenho para a aplicação. Os sensores quadrados apresentam em
geral maior tensão induzida do que os circulares com características semelhantes. Mantendo constante o número de espiras, a
sobreposição de camadas provoca um aumento na indutância independente do formato do sensor, e tende a reduzir a tensão
induzida nos sensores circulares ensaiados.

Perdas Magnéticas sob Regime de Tensão PWM - Parte I: Estudos do Dispositivo


Eletromagnético
Ricardo de Araujo Elias, Guilherme H. Souza Reis, Lorenzo C. dos Santos Borges, Nelson Sadowski,
Nelson Jhoe Batistela, João Pedro Assumpção Bastos
Este artigo aborda questões experimentais sobre procedimentos de estudos sobre perdas magnéticas em núcleos de dispositivos
eletromagnéticos quando estes estão processando energia para uma carga. Os fluxos magnéticos dispersos relativos às correntes
dos enrolamentos de alimentação e da carga fazem com que a corrente de magnetização do núcleo seja obtida erroneamente. Uma
solução é proposta e empregada, mostrando que a influência dos fluxos dispersos é atenuada.

Perdas Magnéticas sob Regime de Tensão PWM - Parte II: Dispositivo


EletromagnéticoTransferindo Energia e em Vazio
Ricardo de Araujo Elias, Guilherme H. Souza Reis, Lorenzo C. dos Santos Borges, Nelson Sadowski, Nelson
Jhoe Batistela, João Pedro Assumpção Bastos
Este artigo aborda a influência das resistências elétricas do enrolamento primário (de excitação) e de carga no comportamento de
perdas no ferro em um dispositivo eletromagnético alimentado com tensão do tipo PWM a três níveis. Também aborda
metodologias experimentais de obtenção de valores de perdas no núcleo quando o dispositivo está processando energia para uma
carga.

Detecção de Tratamentos Térmicos e Anisotropia Magnética em um Aço SAE 4340 através


de um Ensaio Eletromagnético
Edgard de Macedo Silva, Arthuci Francis Pereira Lima, Ibernon Pereira de Barros Neto, Amanda Medeiros
Rodrigues
Variações microestruturais resultam em mudanças das propriedades magnéticas dos materiais ferromagnéticos. Essas levam a
mudança na permeabilidade magnética dos materiais e, baseado nisso, ensaios eletromagnéticos vêm sendo desenvolvidos para
esse fim. No presente trabalho, um ensaio eletromagnético baseado na aplicação de intensidades de campo na região de
reversibilidade magnética é aplicado para detecção de efeito de tratamentos térmicos e anisotropia magnética em um aço SAE
4340, que possui alta capacidade de endurecimento em profundidade e é usado em trens de pouso de aviões. Três diferentes
tratamentos térmicos: um recozimento na temperatura de 850 ºC, austenitização a 1000 ºC seguida de resfriamento em óleo e
outro ao forno foram analisados. Uma intensidade de campo magnético fixa foi aplicada no centro das amostras circulares, bem
como nessas rotacionadas até 360 graus. Os resultados de densidade de fluxo magnético obtidos mostram que o ensaio é capaz de
diferenciar os tratamentos, bem como determinar a direção e sentido de fácil magnetização do material estudado.

Um estudo sobre os parâmetros e campos elétricos das linhas de transmissão em 500 kV do


Brasil
Álvaro Menezes, Engenheiro, Sérgio Haffner, Professor Doutor
xlviii
Linhas de transmissão em 500 kV são parte importante do sistema interligado nacional brasileiro. As grandes distâncias pelas
quais estas linhas transportam energia impõe que osparâmetros elétricos de seus circuitos equivalentes obedeçam a certos
requisitos. Diferentes soluções estruturais implicam diferentes configurações de fase, que por sua vez requerem diferentes
configuraçõesde geometria de feixe para atender a requisitos mínimos de parâmetros elétricos. Este artigo faz umaanálise de cinco
tipos de estruturas empregadas no Brasil: a torre tipo cara-de-gato, cross-rope, VX assimétrico, cross-rope FEXCOM e cross-
rope experimental assimétrica. Sãoavaliados e comparados os efeitos da disposição geométrica dos condutores sobre a reatância
série, a capacitância shunt, potência natural e campos elétricos superficiais nos condutores. Oscálculos utilizaram ferramentas
computacionais implementadas pelos autores. A análise permitiu identificar a influência da compactação das fases, da expansão e
daassimetria do feixe sobre os parâmetros elétricos. Verificou-seque a compactação das fases é viabilizada pelacompactação do
feixe ou pelo aumento do número de subcondutores por fase. Observou-se que a expansão do feixe aumenta a potência natural
deconfigurações não compactas. A disposição assimétrica dos subcondutores no feixe pode promover aequalização dos seus
campos elétricos superficiais.
ira, 11 de novembro
Quarta-feira, 14:00 – 15:30
Sessão Oral E
Propagação III
Chair: Prof.Guilherme Simon da Rosa (PUC-Rio)
Numerical High Intensity Radiated Field Assay with Experimental Validation
Hugo R. D. Filgueiras, Rodrigo Marques, Arthur Roza, Saint Clair Nunes, HenriqueL. de Faria and
Arismar Cerqueira S. Jr.
This paper presents a simulation methodology and experimental validation for high intensity radiated field (HIRF) assay on a
first-stage airplane prototype fuselage. It consists of a partnership project between National Institute of Telecommunications
representing the academia and LACE representing the industry. HIRF is one of the key components of an electromagnetic
interference environment and a critical phenomenon for airplanes correct functionality. The numerical analysis was carried out
using the well-known finite-element method (FEM) and method of moments (MoM) using ANSYS HFSS. Experimental results
from 2 to 9 GHz have been shown in good agreement compared to numerical simulations.

Otimização da Técnica de Reflectometria pelo Algoritmo PSO na Localização de Falhas em


Haste
Marcelo M. Alves, Marcelo S. Coutinho, Douglas C. P. Barbosa, Renan G. M. dos Santos, Vinícius L. Tarragô,
Marcos T. de Melo, Lauro R. G. S. Lourenço Novo, Henrique B. D. T. Lott Neto, Paulo H. R. P. Gama, Luiz
H. A. de Medeiros
As hastes de âncora são estruturas metálicas utilizadas para fixar no solo os estais de torres de transmissão de energia elétrica. O
método empregado para manutenção preventiva e substituição destas hastes é a inspeção visual. A técnica proposta para avaliar
falhas estruturais nas hastes é não-destrutiva, e baseada na reflectometria no domínio da frequência (FDR). A identificação de
falhas muito pequenas a partir das respostas da FDR é complexa devido à possibilidade de estas serem confundidas com demais
estruturas da ancoragem. O algoritmo de Otimização por Enxames de Partículas (PSO) foi utilizado nos dados das medições FDR
para realçar as respostas associadas às falhas nas hastes, o qual inseriu um ganho médio relativo de aproximadamente 90% nos
valores de VSWR na região do desgaste na haste.

Aplicação da Transformada Rápida de Fourier em Equações Integrais no Domínio do


Tempo para a Caracterização de Propagação Radioelétrica
Renata Alves Antunes Teles, Fernando José da Silva Moreira
Neste trabalho, a Transformada Rápida de Fourier (FFT) é utilizada em uma técnica - marching-on-in-time (MOT)- baseada na
equação integral do campo magnético (TD-MFIE), aplicada na predição da propagação de um pulso eletromagnético sobre um
terreno suavemente irregular. Assume-se incidência rasante de uma onda polarizada verticalmente, sendo o terreno tratado como
um condutor magnético perfeito.

Spectral Representation of Periodic Green’s Function with Progressive Phase Shift


A. F. S. Cruz, N. W. P. Souza1, J. C. Silva, T. Del Rosso, V. Dmitriev and K. Q. Costa
In this paper we present a spectral representation of the Periodic Green’s Function (PGF) with out-of-phase boundary conditions.
First, we present the Closed Form of Green’s Function Method with out-of-phase boundary conditions, and then, using the
Residue Theorem, we determine the spectral representation of the Dirac’s delta Function. From this, we obtain as a main result the
Fourier transform pairs with progressive phase shift, and finally, we determine the spectral representation of Periodic Green’s
Function with Progressive Phase Shift. The pair of spectral transforms can be used in the electromagnetic modeling of Plasmonic
Sensors in several configurations, such as SPCE, Otto and Kretschmann. As a form of validation, we compare the obtained series

xlix
with the exact closed form, and then check the convergence of the method. Additionally, the effect of phase shift over the spectral
representation is verified.

Transmissão de Energia sem Fio Ponto-Multiponto Planar Utilizando Acoplamento


Indutivo Ressonante
Thiago Henrique Gonçalves Mello, Ursula do Carmo Resende
Este trabalho apresenta o projeto de um sistema para transmissão de energia sem fio planar utilizando a tecnologia de
acoplamento indutivo ressonante. O sistema trabalha na configuração ponto-multiponto e é composto por uma bobina
transmissora circular de fio e duas bobinas receptoras iguais também circulares de fio inseridas internamente à transmissora. O
Projeto do sistema foi desenvolvido utilizando uma modelagem matemática baseada em teoria de circuito de forma a obter a
configuração mais eficiente. Também é apresentado o projeto de um conversor auto-oscilante para alimentação do sistema. Os
resultados numéricos obtidos demonstram a viabilidade e funcionalidade da solução proposta.

Internet of Things I (IoT I)


Chair: Prof. Ivan Roberto Santana Casella (UFABC)
Automatic Detection of Azimuth Change in Antennas for 5G-IoT Networks Using Deep
Learning
Sergio Paul, Pedro Souza, Lucian Ribeiro, Fabrício Barros, Gervásio Cavalcante, Jasmine Araújo
This paper is about applied artificial intelligence techniques solving a telecommunications problem. 5G-IoT antennas will operate
at high frequencies. Therefore, they individual coverage area will be smaller. Targeting the antenna correctly ensures adequate
network coverage, but the antennas azimuths undergo many involuntary changes. The only way to audit azimuths on a mobile
network is through manual measurements on each antenna, a time-consuming and unreliable task. The objective of this research is
to present a digital solution for automatic measurement and detection of azimuth change in 5G- IoT antennas. Using techniques of
Deep Learning and Internet of Things, the proposed work inserts computer vision in the smart antennas concept. Satisfactory
results in simulated tests are presented and prove that the model presented works as an efficient solution for azimuth auditing,
collaborating with mobile networks coverage quality.

Design of Dual-band Wilkinson Power Divider with Wide Isolation


Renato Ramalho Costa, Hugo Daniel Hernandez, Dionísio de Carvalho, Wilhelmus Van Noije
This paper presents a dual-band Wilkinson power divider design for the 915 MHz and 2.45 GHz ISM bands. Four topologies
reported in the literature considered of wide isolation are studied and compared. The even-odd equivalent circuits are analyzed
and the design equations of each topology are derived. Layout and electromagnetic simulations of the two best topologies were
performed. The ports matching and the output port-to-port isolation are larger than 30 dB, and the insertion loss are better than 3.4
dB, for both 915 MHz and 2.45 GHz frequencies. The devices were sent to fabrication and tests will be perform in the coming
months.

Caracterização Elétrica de Material Têxtil Autorrespirante Para Aplicações em Redes de


Sensores Corporais
Matheus Emanuel Tavares Sousa, Humberto Dionísio de Andrade, José Lucas daSilva Paiva, Marcos
Silva de Aquino, Moisés Vieira de Melo, Pedro Vinícius Nóbrega Wanderley
Este artigo apresenta a caracterização dos parâmetros elétricos permissividade elétrica e tangente de perdas de um material têxtil
tipo malha composto por poliamida, poliéster e elastano, com estrutura de fabricação que proporciona característica flexível e
autorrespirante ao material, com objetivo de aplicação em tecnologias Internet das Coisas Para Saúde (IoHT) focando em
monitoramento com instalação de dispositivos em redes corporais, desenvolvendo-se também uma antena do tipo microfita com
utilização de substrato do tipo têxtil. Por meio da utilização dos parâmetros experimentais permissividade elétrica, para a faixa de
frequências ISM 2,4 GHz, e espessura do material no Modelo da Linha de Transmissão foi desenvolvida uma antena em microfita
com substrato têxtil e, por meio da análise simulada e experimental do dispositivo, verificou-se aplicabilidade à faixa de
frequências de interesse.

Um Sistema Transceptor de Baixo Custo e Alta Confiabilidade para a Leitura de Etiquetas


RFID Passivas
Nicollas R. de Oliveira, Lucas P. Boaventura, Tadeu N. Ferreira, Vanessa P. R. Magri, Jacqueline S.
Pereira, Diogo M. F. Mattos
Etiqueta de identificação por radio-frequência (RFID) passiva é uma das principais tecnologias habilitadoras de aplicações de
Internet das Coisas em cenários de baixo custo e alta granularidade. Contudo, o custo de implantaçãodessas aplicações se
concentra no desenvolvimento e na operação de sistemas transceptores para a leitura das etiquetas. Este artigo propõeum sistema
l
transceptor de baixo custo, baseado em equipamentos de prateleira, e com o desenvolvimento de uma antena impressa em
microfita, capaz de realizar a recepção e processamento digital de sinais oriundos de uma etiqueta RFID passiva. A proposta se
baseiaem uma aplicação Python, embarcada em um hardware RaspberryPi, que permita o microprocessador implementar um
banco de filtros digitais. A proposta separa o sinal recebido em sub-bandas e implementa um decisor capaz de detectar e codificar
a presença de portadoras de radiofrequência nas sub-bandas. Simulações empregando ruído aleatório artificial comprovaram que
odecisorimplementado apresenta confiabilidade de 92% para uma relação Sinal-Ruído entre 1,6 dB e 2,3 dB. Aavaliação do parde
antenas dipolos impressas para a transmissão e recepção de sinais do sistema transceptor RFID indicou perda de retorno de 19,22
dB para a operação em 915 MHz.

Desempenho de Sistemas LoRa para Aplicações de LPWA em Canais com Desvanecimento


Plano em Frequência
Renan R. Mendes, Carlos E. Capovilla, Ivan R. S. Casella
A necessidade de monitorar e/ou controlar uma grande quantidade de dispositivos e processos a distância, em áreas importantes,
como, por exemplo, as redes de energia inteligentes, as redes industriais 4.0 e a própria Internet ofThings (IoT) tem promovido o
desenvolvimento e o uso cada vez maior de dispositivos de comunicação Low Power WideArea (LPWA). Dentre as tecnologias
de LPWA disponíveis para aplicações nessas áreas, a tecnologia Long Range (LoRa) tem se destacado por apresentar longo
alcance e por ser mais robusta a ruídos. Em função disto, será analisado neste trabalho, como as diferentes configurações de
operação da tecnologia LoRa e as diferentes condições de propagação podem afetar o desempenho do sistema.

Canal Rádio III


Chair: Prof. Pedro Vladimir Gonzalez Castellanos (UFF)
Caracterização em Banda Larga de Canal em Ambiente Arborizado na Faixa de 26 GHz
Jean Carneiro da Silva, Diego Kasuo Nakata da Silva, Leslye Estefania Castro Eras, Nadson Welkson
Pereira de Souza, André Felipe Souza da Cruz, Emanoel Costa
The present work describes the use of a simulation model based on asymptotic methods (ray tracing) on the propagation of ultra-
wideband radio signals in a densely-arborized urban channel. The model was validated and adjusted using data obtained from
measurement campaigns in the millimeter-wave band in different locations. The simulation uses deterministic methods to predict
the received power, XPD (depolarization), RMS delay spread and mean delay in a channel with a high density of scatterers (trees,
buildings, and poles). Simulated signals were transmitted in the vertical and horizontal polarizations considering the non-specular
reflection caused by rough surfaces and the effect of the height variation of the transmitter in outdoor channels.

Análise da viabilidade de implementação da tecnologia LTE nos sistemas de comunicação


dos navios da Marinha do Brasil
Luiz Guilherme Almeida Ramalho Barbosa e Carlos Vinício Rodríguez Ron
As comunicações têm papel imprescindível para uma Força Naval em operação. Elas permitem que as informações fluam de
maneira rápida, segura e confiável entre as unidades, possibilitando o cumprimento da missão. No entanto para que sejam
eficientes, as redes de comunicação devem possuir alta capacidade de transferência de dados e garantir o fluxo seguro das
informações, de forma a proporcionar um melhor desempenho da atividade de Comando e Controle (C²). Para isso, é fundamental
que os sistemas de comunicações acompanhem as novas tecnologias presentes no cenário atual das telecomunicações. Nesse
sentido, a utilização da tecnologia Long Term Evolution (LTE), padronizada pelo Third Generation Partnership Project (3GPP),
se configura como uma proposta de rede de comunicação de alto desempenho, apropriada para as necessidades atuais,
promovendo uma integração eficiente entre os navios. O estabelecimento de enlaces utilizando o LTE possibilitaria, ainda, o
compartilhamento de recursos de comunicação por satélite. Assim, navios próximos que não possuem o recurso satelital poderiam
ter acesso a comunicações igualmente eficientes. Dessa forma, o presente trabalho analisará a viabilidade da implementação de
redes de comunicação entre navios utilizando a tecnologia LTE, por meio da realização de cálculos de cobertura e de simulações
realizadas no Software Radio Mobile.

Avaliação de Desempenho de Handover para Aplicações Multimídia Entre Estações


BaseAéreas Sem Fio
Thalita Ayass, José Jailton, Tássio Carvalho, Jasmine Araújo
No âmbito das novas tecnologias para as comunicaçõessem fio, as Redes Aéreas Ad Hoc, também conhecidas como FANETs
(Flying Ad Hoc Networks), têm emergido como uma alternativa para prover cobertura em áreas de difícil acesso. Este tipo de
rede possui particularidades e desafios que necessitam ser considerados para garantir a Qualidade de Serviço (QoS) e fornecer
acesso ao usuário mesmo em circunstâncias de grande mobilidade. Neste contexto,este artigo apresenta uma avaliação
dedesempenho de handover tradicional paraum cenário de transmissão de vídeo entre as estações aéreas e o usuário móvel e,
através das métricas de Qualidade de Experiência (QoE) estabelecidas, analisa a qualidade da comunicação. Osresultados obtidos

li
apontam que os fatores de tomada de decisão do modelo tradicional de handover não atendem à boa manutenção de continuidade
do serviço, causando severas degradações no vídeo recebido.

Estudo do Canal de Propagação para Aplicação em Internet das Coisas na Faixa de 903
MHz
Jéssica Cristine Bonoto de Oliveira, Glaucio Lopes Ramos, Paulo Tibúrcio Pereira
Este trabalho baseia-se na análise de um canal de propagação para uso em sistemas de comunicação sem fio com o intuito de
conectar objetos à Internet (Internet das coisas), sendo que esses sistemas atualmente utilizam frequências abaixo de 1 GHz com a
finalidade de obter uma maior cobertura. Foram utilizados cenários indoor e outdoor e ao avaliar os efeitos da variação rápidas do
sinal observa-se uma variabilidade no canal e uma tendência das distribuições de probabilidade de Rice, Nakagami e Normal
serem mais adequadas.

Análise de Canal para a Frequência de 3,5 GHz em aeroporto


Alex S. Macedo, Thiago A. Costa, Iury S. Batalha,Edemir M. C. Matos, Jasmine P. L. Araujo, Fabrício B.
Barros, Leslye Castro, Pedro V. G. Castellanos e Leni J. Matos
Neste artigo,é feitaa análise de canal para a frequência de 3,5 GHz em um grande ambienteindoor, onde o estudo de caso é no
Aeroporto. Medidas foram realizadas para Line-Of-Sight (LOS) e, por meio da sondagem de canal, sãoextraídos os
parâmetrosdedispersão do canal de pequena escala. Os modelos Floot-Interception e Close-In são aplicados e analisados para
avaliar a perda de percurso para co-polarização e polarização cruzada. Ametodologia aplicada em larga escala mostrou-se
adequada com os dados para outros tipos de ambientes e outras frequências encontrados na literatura.

Medidas em Ótica II
Chair: Profa. Cláudia Barucke Marcondes (CEFET-RJ)
Generalized Analysis of a Tunable Range Photonic-Assisted Instantaneous Frequency
Measurement of Microwave Signals
Robson R.Carreira, Joaquim J. Barroso, José E. B. Oliveira, AndréP. Gonçalves, Alessandro R. Santos,
Olympio L. Coutinho, Vilson R. Almeida and Carla S. Martins
This work proposes an Instantaneous Frequency Measurement (IFM) system which the frequency range can be increased by
designs based on unbalanced fiber optical paths, on arbitrary directional coupler coefficients other than the usual 3 dB and on
modulation indexes not limited to small signals. Together, the combined use of modulation formats of a dual- output dual-drive
Mach-Zehnder modulator (DD-MZM), namely double-sideband (DSB) and single-sideband (SSB), can make the system tunable,
what is desirable. The analytical model developed also includes higher order lateral bands, it can reproduce previously published
results and provides new ones. Analysis shows a frequency range increase over a thousand percent for a DSB link configuration.

Análise de uma célula solar de múltiplos filmes de GaAs/AlGaAs


Pedro Vitor Taranto de Carvalho, Renan Silva Santos, Maria Aparecida G. Martinez
A transmitância, reflectância e absorbância é uma análise que permite a otimização na construção de células solares. Neste
trabalho, o método da matriz de transferência é desenvolvido e aplicado para modelar e analisar uma célula solar de
GaAs/AlGaAs otimizada e de alta eficiência, operando próximo ao limite de Shockley-Queisser. A faixa de comprimento de onda
de emissão da luz solarestá entre 250 até 1600 nm. A célula otimizada apresenta uma absorção de cerca 70%, na faixa espectral de
450nm a 700nm, para ângulos de incidência de 0º a 60º. A estrutura da célula apresenta um ângulo crítico em torno de 87º. A
refletância na célula aumenta em até 16% para incidência em torno de 60º, quando comparado com incidência normal para os
comprimentos de onda no visível.

Simulador de um Lock-in Digital para Aplicações em Detecção Harmônica de Linhas de


Absorção
Bernardo Caio Nunes de O. Lima, Eduardo Fontana e Ricardo Ataíde de Lima
Este trabalho descreve o progresso do desenvolvimento de um processador digital para detecção harmônica de absorção em
sistemas de espectroscopia por modulação de comprimento de onda. Nessa versão inicial foi desenvolvido um código em Python
para emular um sistema lock-in de detecção harmônica. Simulações realizadas com o emprego do sinal de absorção emulado de
monóxido de carbono mostraram que o processador é capaz de recuperar o módulo do segundo harmônico a partir do sinal de
absorção, mesmo na presença de ruído. O tempo necessário para a simulação e processamento é adequado para ser utilizado em
uma plataforma embarcada para realização de processamento de dados oriundos de sistema sensor.

Photodetector optic power optimization to increase the gain on sub-octave microwave


lii
photonic link
Naiara TiemeMippo, Felipe Streitenberger Ivo, Olympio Lucchini Coutinho
An investigation of the optic spectral components beating at the photodetector to recover the RF signal at the output of a sub-
octave microwave photonic link is presented, by a theoretical and experimental approach. It is demonstrated the best efficiency is
achieved when the carrier to sideband ratio (CSR) is 0 dB at a low bias voltage condition on Mach-Zehnder (MZM) intensity
modulator. A RF power link gain improvement of 9.7 dB is demonstrated for a same photodetector incident optic power,
compared with a link operating at quadrature bias voltage condition on the MZM.

Low-cost Techniques for Producing Fabry-Perot Interferometers: A Comparative Study


Between UV-Curable Resin Cavities and In-fiber Cavities Produced by the Catastrophic
Fuse Effect
Mariana L. Silveira, Anselmo Frizera, Camilo A. R. Díaz
Low-cost fabrication techniques of Fabry-Perot interferometers (FPIs) have been widely developed in recent years and it is
feasible and desirable that they warrant repetitive and high-quality results. In this paper, we apply and compare two techniques for
producing inexpensive FPIs, in order to evaluate the repeatability and signal quality. The first technique consists of creating a
micrometric air gap between two optical fiber edges, which is filled with an ultraviolet-curable resin. The distance between the
fiber edges is adjusted by setting the desired free spectral range (FSR). In the second technique, an in-fiber cavity is generated by
splicing a single-mode fiber (SMF) to a recycled optical fiber that was destroyed by the catastrophic fuse effect. Part of the micro-
cavity is cleaved, eliminating the fiber affected by the fuse effect, and spliced to a second SMF segment. The resin micro-cavity
technique delivered more repetitive results, exhibiting interference fringe patterns with lower standard deviations of FSR and
visibility. In addition, this technique yielded a mean visibility 163% higher as compared with the in-fiber technique. Moreover,
experimental evidence has shown that the deposition of the resin over the extrinsic air micro-cavity improved the mean visibility
by at least 200%.

Métodos Numéricos e Educação


Chair: Prof. Daniel Henrique Nogueira Dias (UFF)
Modelagem e Simulação do Controle do BDFRG com aplicação na geração da energia
eólica
Felipe Henrico Leite Ferraz de Campos, Nelson Jhoe Batistela, Patrick Kuo-Peng
Este artigo apresenta a modelagem, os métodos de controle e as análises do gerador de relutância duplamente alimentado sem
escovas (BDFRG – Brushless Doubly-Fed Reluctance Generator) para a aplicação em energia eólica. A máquina foi modelada
nos eixos de referência ‘dq’. O modelo foi implementado e integrado com a rede elétrica para o estudo das técnicas de controle
via simulação numérica. Para o controle do conversor do lado da máquina foi implementada a técnica de controle escalar, que
prioriza a máxima extração de potência da turbina eólica (MPPT). Para o controle do conversor do lado da rede foi implementado
via simulação um controle vetorial orientado à tensão da rede. O respectivo modelo e controle foi implementado em ambiente de
simulação Matlab/Simulink®. Os resultados demonstram que o BDFRG apresenta uma solução potencialmente interessante para
geração eólica.

Panorama dos Benefícios da Cooperação Multidisciplinar das Engenharias Aplicada à


Indústria Automotiva
Lara Magro Pereira, Diego Carlo Corrêa, Polyanna Mara Pereira, Ana Carolina Silveira Veloso, Igor
Feliciano da Costa e Úrsula do Carmo Resende
O contínuo processo de inovação conduz à busca por novas fontes de desenvolvimento tecnológico e capacitação profissional. O
presente trabalho apresenta um panorama da cooperação multidisciplinar entre instituição de ensino e empresa no
desenvolvimento de tecnologias aplicadas ao mercado automotivo, tendo como foco o desenvolvimento e aplicação de veículos
como plataforma de tecnologias embarcada.

Modelagem eletromagnética da ancoragem de torres transmissoras de energia elétrica


Vinícius L. Tarragô, Marcelo S. Coutinho, Douglas C. P. Barbosa, Marcelo M. Alves, Renan R. M. dos Santos,
Lauro R. G. S. Lourenço Novo, Marcos T. de Melo, Luiz H. A. de Medeiros, Leon P. Pontes, Henrique B. D. T.
Lott Neto, Paulo H. R. P. Gama.
Este artigo propõe uma abordagemalternativa para a modelagem eletromagnética da ancoragem de torres estaiadas de linhas de
transmissão de energia elétrica, empregando a técnica de reflectometria no domínio da frequência. A modelagem proposta utiliza
a Teoria de Ondas Viajantes, matrizes ABCD, parâmetros de espalhamento, e simulação 3D. Sua aplicação visa auxiliar um
sistema diagnóstico para a detecção de corrosões em hastes de ancoragem, e revelou- se célere na obtenção dos sinais de

liii
parâmetros S comparativamente às simulações 3D tradicionais, mostrando-se uma ferramenta capaz de otimizar
consideravelmente o tempo de elaboração do banco de dados de sinais do sistema para os mais diferentes perfis de corrosão das
hastes de âncora.

Comparaçãoda Eficiência de Algoritmos MPPT para a Geração Fotovoltaica: Filtro de


Kalman vs. Perturba e Observa (P&O)
Domingos Teixeira da Silva Neto, Maurício Barbosa de Camargo Salles, Pablo Daniel Paz Salazar, José
Roberto Cardoso
A energia solar é uma alternativa limpa para substituir os combustíveis fósseis. A transformação de energia solar em eletricidade é
feita por células fotovoltaicas. A potência máxima deuma célula fotovoltaica depende dos valores de temperatura e de Irradiação
solar. As modificações desses fatores ambientais criam a necessidade de um rastreador para encontrar o ponto demáxima potência
(PMP). O rastreador é o MaximumPower Point Tracking (MPPT) e para realizá-lo requer técnicas ou algoritmos. Comoauxílio do
MatLab/Simulink são implementados os algoritmos MPPT baseado no Filtro de Kalman e o Perturba e Observa (P&O). A
comparação da potência máxima fornecida pelosalgoritmos MPPT com a potência de saída da célula fotovoltaica demonstrou que
o baseado no Filtro de Kalman é mais eficiente do que o P&O.

Time and Frequency Domain Numerical Analyses for Electrical Circuits under Fixed Large
Signal Stimulus and Variable Small Signal Sources
Caio G. Natalino, Maysa A. C. Araújo and Eduardo G. Lima
The development of the electrical generation, trans- mission and distribution systems resulted in an increase in the number of non-
linear loads at all levels of supply. From voltage and current distortions in power grids, power systems non- linear devices are
submitted to an input signal containing a strong fundamental component and harmonics that are much smaller in amplitude. The
large signal analysis or steady state simulation is broadly used for low frequency circuits, such as those presented in power
systems. In this case of analysis, the circuit topology and fundamental amplitude injected by the independent sources are fixed,
varying only the amplitudes of the harmonic components injected by the independent sources. Thus, using traditional transient
simulation tools, a new full circuit analysis is required with each new value set for the harmonic components in the simulation.
The objective of this work is to propose two different approaches that allow performing such simulation in a computationally
more efficient way. The original circuit is initially analyzed disregarding all harmonic components injected by the independent
sources. The effect of harmonic components injected by independent sources is then studied only in the linearized original circuit.
The first approach is a frequency domain analysis called periodic alternating current in radio frequency circuits, while the second
one works in time domain using shooting methods.

Quarta-feira, 15:50 – 17:40


Sessão Oral F
Metamateriais e Estruturas Periódicas II
Chair: Prof.Maurício Weber Benjó da Silva (UFF)
Modelagem da Largura de Banda para FSS com Espira Quadrada com Grade
João G. D. Oliveira, José G. Duarte Junior, Bruno M. Pinheiro, Antonio L. P. S. Campos, Valdemir P. da
Silva Neto
Neste trabalho, é proposto um método matemático, baseado nas expressões do circuito equivalente, para a modelagem da largura
de banda de superfícies seletivas em frequência com espiras quadradas com grade. Foi realizado o estudo de quais dimensões
físicas exercem a maior influência sobre a largura de banda e, posteriormente, foi obtido via simulação com software comercial
ANSYS HFSS e interpolação, um fator de correção polinomial aplicado à equação do circuito equivalente. Como resultado, é
proposto um método de otimização para projetos de FSS. Todos os resultados são discutidos e uma boa concordância entre os
resultados obtidos e simulados foi observada.

Etiqueta RFID UHF Flexível para Aplicações Biomédicas baseada em Estruturas


Metamateriais
Jéssyca Iasmyn Lucena Araujo, Samuel Medeiros Araújo Morais, Camila Caroline Rodrigues de
Albuquerque, Georgina Karla de Freitas Serres, Helder Alves Pereira, Alexandre Jean René Serres, Danilo
Freire de Souza Santos
Neste artigo, foi proposta uma etiqueta RFID UHF, baseada em estruturas metamateriais e com substrato flexível de poli-mida,
para aplicações biomédicas. Na etiqueta RFID passiva, foi utilizada uma estrutura constituída de células CSRRs para melhorar seu
desempenho. Com a estrutura metamaterial, o valor de ganho máximo aumentou de -0,24 dBi para 0,63 dBi e o valor da
diretividade máxima de 1,33 dB para 2,21 dB. Além disso, a SAR média, simulada da estrutura com duas células CSRRs, atendeu
liv
aos limites estabelecidos pela Comissão Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante, ao contrário da etiqueta RFID
sem metamaterial, que excedeu o limite para exposição do público em geral. O alcance de leitura máximo obtido, a partir dos
dados de simulações com a etiqueta baseada em conceitos metamateriais, foi de 14,09 m. A etiqueta foi fabricada e medida sobre
o abdômen com alcance máximo de 1,04 m, demonstrando possibilidades práticas em aplicações biomédicas.

Etiqueta RFID UHF Flexível com Metamaterial para Detecção de Movimento


Samuel M. A. Morais, Jéssyca I. L. Araujo, Camila C. R. Albuquerque, Alexandre J. R. Serres, Helder A.
Pereira, Georgina K. F. Serres, Danilo F. S. Santos
Neste artigo, propõe-se uma etiqueta RFID, operando na banda UHF, para detecção do movimento humano. As simulações foram
realizadas no software ANSYS® Electronics Desktop, considerando os seguintes parâmetros de desempenho: coeficiente de
reflexão, ganho e taxa de absorção específica de energia eletromagnética pelo corpo. A adição de estruturas metamateriais
(CSRRs) ao plano refletor da etiqueta permitiu aumentar o ganho e o alcance de leitura em até 25% quando comparados com a
etiqueta sem as estruturas metamateriais. Aplicando-se a etiqueta sobre o corpo e avaliando o RSSI com o tempo, foi possível
validar sua aplicabilidade na detecção dos movimentos humanos.

Eficiência da estrutura EBG para atenuação do SSN


Dalcin, Jean Carlos Bortoli; Bonfim, Marlio Jose do Couto
Com o desenvolvimento da eletrônica digital e de potência, que operam em frequências cada vez mais elevadas, há uma
necessidade de pesquisas constantes para atenuação de ruídos eletromagnéticos. Dentre estes, o ruído Simultaneous Switching
Noise é um dos maiores problemas para o desenvolvimento de placas em alta frequência multicamadas. Este ruído gera uma
radiação que se propaga por toda a placa utilizando as camadas de energia como guia de onda e afeta principalmente os sinais que
transitam pelas vias de interconexão entre as diversas camadas da placa provocando a deterioração da integridade de sinal dos
dispositivos eletrônicos. Existem diversos métodos para atenuação desse ruído, sendo que um dos mais estudados é a estrutura
eletromagnetic bandgap por sua capacidade de atenuação em frequências acima de 1 GHz. Este artigo explora através de
simulações eletromagnéticas a eficiência desta estrutura na atenuação do ruído em regiões que possuem vias de passagem.
Através de simulações de campo próximo elétrico, magnético e análise do Diagrama de Olho, é verificado que a placa que utiliza
a estrutura EBG obtém um resultado na SNR de 4,8 vezes melhor e uma redução de 30% do campo elétrico na região em torno da
via de passagem, quando comparada à uma estrutura convencional. Em etapafutura serão realizados estudos experimentais na
estrutura, de modo a validar os dados obtidos nas simulações.

Virtual Magnetic TL-based Channel Modeling of SWIPT Systems assisted by MTMs


Jorge Virgilio de Almeida, Eduardo Costa da Silva, Marbey Manhães Mosso and Carlos A. F. Sartori
This paper describes a general methodology for the description of inductive power and data transfer based on virtual magnetic
transmission-lines (VMGTLs). This approach presents a better physical insight on the channel behavior since the model correctly
preserves the energy flow between the transmitting and receiving coils. Particularly, the virtual-TL analogy clarifies the
mechanism of transmission gain improvement between any two coils assisted by MTM lenses. Based on the results of this work,
these lenses do not enhance the magnetic coupling between the drivers, as usually claimed, but create conditions to propagating
near-field modes to increase their power transfer. This approach also reveals that MTMs could be employed not only for the
increasing of power transfer but also for enlarging the inductive channel bandwidth.

Design of a transmission-line metamaterial with a negative index of refraction at S-Band


Lucas D. Ribeiro; Arthur H. L. Ferreira; Juscelino J. Oliveira; Rose M. S. Batalha.
A metamaterial based on a two-dimensional transmission-line network loaded with inductors and capacitors enabling to achieve
negative-refractive-index (NRI), is developed. The dispersion characteristics are calculated by their equivalent circuit model and
an operating frequency of 2.95 GHz in which there is impedance matching with free space is chosen in the S-Band. This NRI
metamaterial supports transverse electric (TE) waves, thus it can be used in applications such as lensing.

Dispositivos e Circuitos de Micro-ondas III


Chair: Profa. Vanessa Przybylski Ribeiro Magri (UFF)
Uso de CSRR para Redução de Dimensões de Filtro Passa-baixas de microfita para
Aplicação em TV Digital
João A. da Silva Neto, Antonio Luiz P. S. Campos e Ruann Victor A. Lira, Alfredo Gomes Neto
Nesse trabalho um filtro passa-baixa de microfita para ser usado em televisão e evitar interferências produzidas por sinais LTE é
proposto. O filtro passa-baixas proposto foi projetado usando o método de impedância de passo por microfita. Um filtro
Chebyshev de quinta ordem com ripple de 0,01 dB e frequência de corte a 700 MHz é proposto. Para reduzir as dimensões do
filtro anéis ressoadores fendidoscomplementares foram inseridos no plano de terra do filtro. O filtro passa-baixa projetado foi

lv
simulado usando o Ansoft HFSS. Após a simulação, o filtro passa-baixas foi fabricado para fins de validação. Os resultados
medidos apresentaram boa concordância com as simulações.

Seleção de Materiais Aplicada à Magnetização Axial de uma LTNL Giromagnética para


Uso Espacial
André F. Teixeira, Fernanda S. Yamasaki, José O. Rossi, Joaquim J. Barroso, Daniel A. Nono, Maria do
Carmo A. Nono
Linhas de Transmissão Não Lineares (LTNLs) constituem uma nova alternativa para geração de radiofrequência (RF). Uma
variação desta linha denominada giromagnética utiliza solenoides para a polarização de seu campo magnético externo. Em
aplicações espaciais, especificamente em satélites, a substituição destes solenoides por ímãs permanentes é pertinente, pois além
de eliminar uma das fontes de corrente contínua, diminuiria o peso e o custo efetivo do lançamento. Este trabalho avaliou,
selecionou os materiais de ímãs permanentes e os modelou computacionalmente para análise do campo magnético gerado por
estes, a fim de se obter uma região de campo uniforme dentro das especificações de operação da LTNL. Para isso, foram
elaboradas cartas de seleção para a escolha adequada do material e, posteriormente, foi simulado um arranjo de ímãs usando o
programa de simulação eletromagnética CST Studio. Um campo magnético com variação dentro da faixa aceitável foi obtido e
discutido.

A new instructional kit proposal for signal integrity study in Microstrip structured printed
circuit boards
Jean Lescowicz, Pablo Dutra da Silva
This paper presents a new proposal for an instructional kit for signal integrity study in printed circuit boards (PCB). The high
frequency of electronic systems and the low transition time between logical levels lead us to study the effects caused by these
conditions. The objective of this kit is to address the lack of practical activities in electromagnetic compatibility courses and
provide the student with a solid understanding of the theory, regarding the causes and effects of wave reflection in signal integrity
for microstrip lands. This device was made to be used with common equipment in laboratories of electronics, as a power supply
and general- purpose digital oscilloscope. The results were obtained from a prototype with five lands of different lengths, in which
a clock generator applied the signal to the desired land, enabling data acquisition. The most expressive wave reflection effect is
observed in the 80cm land, where there is a 1.9 V voltage overshoot. The referred kit allows the observation of matching
impedance benefits for wave reflection mitigation.

Retificador de Radiofrequência com Toco Radial Para Redução de Harmônicos


Humberto P. Paz, Vinícius S. Silva, Eduardo V. V. Cambero, Ricardo Q. Martins, Ivan R. S. Casella, Carlos
E. Capovilla
Este artigo descreve o projeto, simulação, prototipagem e medição de um retificador de radiofrequência (RF) para a banda ISM de
2,4 GHz, utilizando filtros distribuídos formados por tocos radiais, com o intuito de viabilizar o projeto de um dispositivo
otimizado e com níveis desprezíveis de harmônicos na saída. Para tal, um retificador série é utilizado, sendo desenvolvido um
arranjo de tocos radiais na saída do dispositivo, reduzindo diretamente os harmônicos de primeira e de segunda ordem gerados
pelo comportamento não linear do diodo. O protótipo do retificador é desenvolvido com um substrato de baixo custo (FR-4). A
tensão de saída, assim como a eficiência do circuito, são apresentados para uma carga otimizada de 3,3 kΩ.

Sensor em Microfita para Detecção de Hidrogênio em Frequências de Micro-ondas


Keila Silva dos Santos, Eduardo Fontana, Marcos Tavares de Melo, Crislane Priscila do Nascimento Silva,
Antônio Azevedo da Costa, Gustavo Oliveira Cavalcanti
Este artigo descreve a construção de um dispositivo capaz de detectar hidrogênio usando estruturas simples de micro-ondas.
Comoo uso de hidrogênio está crescendo em diversasáreas, devido à grande liberação de energia na sua queima, é importante que
esse gás seja detectado em tempo hábil, uma vez que ele possui baixo limiteexplosivo. A estrutura escolhida paraa construção do
sensor foi a linha de microfita, que antes de ser construída foi otimizadaem um ambiente de simulação virtual. Após afabricação,
a detecçãofoi realizada pela observação da variação na amplitude do sinal propagado em estruturas híbridas de micro-ondas em
microfita composta de segmentos longitudinais de cobre e paládio. Observou-se umavariação de 18% na amplitude do sinal
transmitido pela microfita quando exposta a umaconcentração de 4% de hidrogênio em 96% de nitrogênio.

Protótipo de Modulador QPSK em Tecnologia de Microfita para Satélites


Sergio R. S. Teixeira Jr. Bianchi, Daniel C. Nascimento, Daniel B. Ferreira, Juner M. Vieira
Este trabalho apresenta o estágio inicial do projeto de um modulador QPSK para satélite de observação da Terra em órbita baixa.
O protótipo é constituído de uma híbrida de 90º, um divisor Wilkinson 3 dB e dois misturadores duplamente balanceados. A
híbrida de 90º e o divisor Wilkinson 3 dB são construídos em tecnologia de microfita e os misturadores são dispositivos
integrados comerciais. Utiliza-se o simulador eletromagnético HFSS para análise do divisor e da híbrida de 90º, e a avaliação

lvi
experimental das figuras de mérito é realizada com um analisador de redes vetorial. O modulador QPSK montado apresenta erros
de fase de 3,8º e de amplitude de 0,3 dB, aferidos com um demodulador, em uma taxa de transmissão de 40 Mbps.

Antenas III
Chair: Prof. Marcos Vinício Thomas Heckler (UNIPAMPA)
Projeto de uma nova antena de microfita com frequência de ressonância reconfigurável
Renan PetryEltz, Giovani Bulla
O presente trabalho descreve o desenvolvimento de um modelo de antena de microfita com modificações a fim de torná-la
reconfigurável em frequência. A antena desenvolvida permite comutação entre 1,8 GHz e 2,4 GHz. Diodos PIN são utilizados de
forma a alterar o comprimento elétrico da antena de microfita e ao mesmo tempo adaptar a sua impedância para a frequência de
interesse. O funcionamento da antena é testado via simulações no software CST Studio Suite e validado com o modelo
confeccionado da antena e medido em um analisador de rede vetorial (VNA).

Aplicação de antenas PiFa em comunicação Wi-fi e V2X


Vitor L. G. Mota, João L. S. Teixeira, Vanessa P. R. Magri, Tadeu N. Ferreira, Leni J. Matos, Pedro V. G.
Castellanos, Lucas P. Boaventura, Danilo R. Rosmaninho, Luciana S. Briggs
Este artigo apresenta o estudo, a análise, a fabricação e o teste de uma antena do tipo PiFA (Planar Inverted- F Antenna) para
aplicação em sistema móvel de comunicação veicular. A antena foi projetada e testada para operar na transmissão e recepção de
sinais nas frequências de 2,4 GHz e 5,8 GHz, o que permitirá uso em diversas aplicações e serviços providos por tecnologias
como Bluetooth, Wi-Fi, RFID, IoT e 5G. Medidas de perda de retorno e aplicações da antena são realizadas e seus resultados
analisados.

Antena MIMO Compacta com Alto Isolamento para Aplicações no Padrão 802.11ax
Samuel B. Paiva, José G. D. Jr, Kaio M. C. Bandeira, João G. D. Oliveira, Jurgen K. A. Nogueira, ValdemirP.
Neto, Adaildo G. D’Assunção
Este trabalho apresenta uma antena MIMO (multiple-input multiple-output) com alta isolação, para aplicações no espectro de
frequência correspondente à faixa inferior do padrão IEEE 802.11ax (2400-2485 MHz), também conhecido como Wi-Fi 6. O
protótipo da antena possui um tamanho compacto de 5,6 x 7,56 cm2, onde um stub simples é colocado entre os elementos
radiantes para obter uma alta isolação entre as portas (< -25 dB). Simulações foram executadas no software Ansoft HFSS, para
caracterização numérica, e o protótipo foi fabricado e medido, para caracterização experimental. Uma boa concordância entre os
resultados simulados e medidos foi apresentada. Além disso, o parâmetro de performance conhecido como o envelope correlation
coefficient (ECC) é investigado.

Chave SPDT por ressoadores acoplados de malha aberta para a banda de UHF
J. M. A. M. Oliveira, C. P. do N. Silva, D. L. de Melo, J. P. R. Carvalho, D. L. S. do Nascimento, J. P. B da
Silva, D. de F. Gomes, A. J. B de Oliveira, M. T. de Melo
Este artigo descreve uma chave SPDT (Single-Pole-Double-Throw), de três acessos, em tecnologia de microfita e formada por
três ressoadores. Ela é composta da junção de dois filtros SPST (Single-Pole-Single-Throw), projetados em ressoadores quadrados
de malha aberta, acoplados, e que são usualmente empregados em filtros passa-faixa de banda estreita. A partir da teoria de
acoplamento, e combinando dois desses filtros SPST, uma chave SPDT é aqui descrita e resultados de simulações são
apresentados, revelando isolamento melhor do que -48 dB e perda de inserção máxima de -0,65 dB para a faixa de frequência de
459 MHz - 469 MHz.

Rectena PIFA para a Banda ISM de 2,4 GHz


Ricardo Q. Martins, Vinícius S. da Silva, Emerson T. Pereira, Ivan R. S. Casella, Carlos E. Capovilla,
Humberto X. de Araújo
Este trabalho apresenta o projeto e a caracterização de uma rectena PIFA fabricada sobre um substrato FR4 de baixo custo. A
rectena foi analisada dentro de uma câmara anecoica apresentando valores elevados de tensão de saída, na faixa de 400 mV, para
uma carga de 3,3 kΩ e sob valor de densidade espectral de potência na ordem de 5 µW/cm2. O protótipo apresenta dimensões
reduzidas, flexibilizando o uso do dispositivo, e seu dessem penho demonstra a aplicabilidade de antenas PIFA como rectenas
para o processo de harvesting de energia de radiofrequência.

Desenvolvimento de Antena de Microfita Integrada com FSS para Uso na Tecnologia 5G


Alfredo Gomes Neto, Dr., Alexandre Jean René Serres, Dr. , Marina de Oliveira Alencar, Thamyris da Silva
Evangelista

lvii
Neste trabalho é apresentado o desenvolvimento de uma antena de microfita integrada com uma superfície seletiva em frequência,
FSS do tipo passa-faixa, baseada na geometria estrela de quatro braços, para aplicação na faixa de 3,5 GHz. Considerando a
frequência de 3,5 GHz e a distância de 4,5 cm, aproximadamente ⁄2 entre a antena e a FSS, foi possível obter um incremento no
ganho de 6,6 dB na simulação e 5,74 dB na medição, comparado ao ganho da antena patch convencional.

Free Space Optics (FSO)


Chair: Claiton Pereira Colvero (UFSM)
Prova de princípios de sistema de comunicação quântica híbrido fibra-Óptica –
espaço-livre
Rafael Freitas Barbosa, Felipe Calliari, Guilherme Penello Temporão
Nestetrabalho, o espaço livre foi estudado como meio de propagação para comunicações óticas no infravermelho próximo.
Realizou-se uma prova de princípios para o estabelecimento de chaves criptográficas via distribuição quântica de chaves (QKD),
por contagem de fótons, utilizando um sistema híbrido fibra-óptica – espaço-livre. Foram realizadas, experimentalmente,
transmissões em um enlace de 160 m, ao ar livre, sujeito às variações climáticas, como temperatura atmosférica, luz solar,
presença de nuvens, chuva e vento.

Sistema Híbrido RoF/FSO para Redes 5G


C.H. S. Lopes, E. S. Lima, L. L. Mendes, Arismar Cerqueira S. Jr., M. Abreu
Este trabalho reporta uma análise experimental de uma arquitetura híbrida para a quinta geração de comunicações móveis (5G).
Tal arquitetura emprega a técnica de rádio sobre fibra (RoF - radio over fiber) como backhaul da rede, enquanto que um enlace
via comunicação óptica no espaço livre (FSO –free space optics) é responsável por integrar o fronthaul, visando aplicações de
última milha. Transmitiram-se os seguintes sinais 5G nas faixas de frequência padronizadas pelo 3GPP Release 15: F-OFDM
(filtered-orthogonal frequency division multiplexing) em 788 MHz com largura de faixa (BW - bandwidth) de 10 MHz, visando
aplicações de longo alcance;padrão 5G NR (newradio) em 3,5 GHz com 100 MHz de largura de faixa para aplicações eMBB
(enhanced mobile broadband) outdoor; sinais M-QAM em 26 GHz com BW até 400 MHz, a fim de atender cenários eMBB
indoor. Avaliou-se o desempenho do sistema híbrido RoF/FSO em termos de EVMRMS (root mean square error vector
magnitude) em função da potência óptica na entrada do fotodetector para diferentes ordens de modulação. O enlace híbrido
RoF/FSO atingiu taxas de até 4 Gbit/s com EVMRMS abaixo dos valores máximos especificados pelo 3GPP.

Enlaces VLC Baseados no Novo Padrão 5G NR


M. A. de Oliveira, M. S. B. Cunha, E. S. Lima, Arismar Cerqueira S. Jr, M. Abreu
Este trabalho apresenta a implementação de um sistema VLC (visible light communication) baseado no novo padrão 5G NR (new
radio). O sistema proposto baseia-se no uso de um LED (light emitting diode) modulado diretamente para emitir o sinal 5G NR
no espaço livre em um enlace de visada direta. A análise de desempenho do sistema foi realizada em termos de EVMRMS (root
mean squareerror vector magnitude), em tempo real, avaliando-se os seguintes parâmetros: potência de transmissão do sinal de
RF; corrente de bias; distância do enlace; vazão de dados. Os resultados experimentais mostram que o sinal 5G NR pode ser
diretamente integrado a enlaces VLC. Alcançou- se uma vazão efetiva de dados de 142 Mbps em 2 m e 438 Mbps em 0,75 m.

Estudo da Influência do Movimento de Afundamento de um Navio em um Enlace de


Comunicações FSO
Airton Fernandes Gurgel Júnior, Claisso Pires Azzolin e Vítor Gouvêa Andrezo Carneiro, Claudio Alexis
Rodríguez Castillo
This article analyzes the performance of a free- space optic (FSO) communication link established between a maritime platform
and a land base. In this analysis, the effects of radial misalignment of the transmitted optical beam, caused by the sinking
movement of a ship, are considered. In this sense, the availability of the FSO link was simulated, for a hull shape similar to a
Brazilian Navy ship, based on geometric attenuation, considering a conical beam model with uniform power distribution.

Effect of Wind in a Clear-day on Beam Wander of a Terrestrial Free Space Optical link
Elizabeth Verdugo, Roberto Nebuloni, Luiz da Silva Mello, Carlo Riva
Despite the belief of fog and rain are the primary atmospheric impairments affecting Free-Space Optical links, we observed
significant attenuation over a short terrestrial link during a clear day with strong wind. This paper presents the relation between
measured signal reduction and beam deviation caused by wind effects. A relation between the standard deviation of normal wind
speed and measured attenuation is obtained. To explain the effect of beam movement caused by wind in the received signal, a
geometric estimation of the signal reduction was found assuming a Gaussian beam. Finally, the effect of fluctuations was
analyzed by calculating the scintillation index applying the Rytov approximation.

lviii
Extensão do Método de Triangulação de Potências para Rastreamento de Feixe Ótico em
Enlaces FSO
Janaína Ribeiro do Nascimento, Felipe Hugo Braga Bittar, Márcio Alexandre Dias Garrido, Weber de Souza
Gaia Filho, Andrés Pablo Lopez Barbero, Vinicius Nunes Henrique Silva
O maior problema dos sistemas FSO (Free Space Optics) é a degradação do sinal pela atmosfera. Dentre os fatores, tem-se o
efeito de divagação do feixe, caracterizado pela mudança aleatória do centro instantâneo do feixe óptico. Para mitigar os efeitos
desse fenômeno, esse artigo apresenta uma extensão da técnica de triangulação de potências óticas para rastreamento de feixes
óticos gaussianos com secção transversal elíptica. Através das simulações e do experimento foi possível comprovar a eficácia da
técnica de rastreamento.

Máquinas Elétricas II
Chair: Dr. Renato Carlson (UFSC)
Um Estudo sobre o Motor de Relutância de Fluxo Axial na Propulsão Veicular
Rafhael S. Lima, Jose A. Santisteban
Several products, equipment and solutions have been developed in order to improve the well-being and quality of life of impaired
people. Dealing with low speed vehicles, the motorized wheelchair is a product that facilitates the locomotion and autonomy of
certain people with motor disability. However, only a small portion of the population that needs it is reached, mainly because of
its high cost. In this work, we are aiming a more affordable alternative of traction for a wheelchair. The possibility to use axial
flux switched reluctance motor (AFSRM) such as a wheel-in type has been evaluated through finite element analysis, where
different electromagnetic structures were simulated in order to verify the torque capabilities. As result, a particular model of
AFSRM located in the wheel has been proposed, where the stator has 24 poles and the rotor has 16 poles. The stator is properly
driven by a 3-phase power converter, current controlled, in order to obtain the best average torque within imposed conditions. The
simulation results and experimental ones, obtained through preliminary tests, confirmed the potential of this approach.

Correntes em Mancais de Máquinas Elétricas Assíncronas Alimentadas por Conversores de


Frequência
Luís Gustavo da Silva, Nelson Jhoe Batistela, Fredemar Rüncos
Este artigo trata do estudo de grandezas elétricas relacionadas ao surgimento de correntes nos mancais das máquinas elétricas
assíncronas trifásicas quando alimentadas por conversores de frequência. As grandezas elétricas de interesse referentes a este
assunto são obtidas por meio de ensaios e simulação em um motor de indução trifásico de 7,5 kW. Os circuitos elétricos
equivalentes de alta frequência representa o sistema obtido na literatura que são manipulados/acoplados adequadamente para
representar as grandezas elétricas de interesse por meio de simulação numérica. Este artigo contribui com um estudo sobre as
grandezas elétricas relacionadas ao surgimento de correntes nos mancais e também por calcular o valor do patamar da tensão
imposta no eixo da máquina elétrica.

Detection of Changes in Magnetic Field Spectra of Synchronous Generators due to Imposed


Faults
Marjorie Hoegen, Danilo G. Aurich, Miguel E. C. Mondardo, Helton F.dos Santos, Luis O. S. Grillo, Carlos A.
C. Wengerkievicz, Patrick Kuo Peng, Nelson Sadowski, Nelson Jhoe Batistelaand Luciano M. de Freitas
This paper presents a detection algorithm of imposed faults on an eight-pole synchronous generator through the analysis of its
external magnetic field signal. Different types of faults are performed with an experimental test bench in order to identify its
imposition and removal moments as well as the recurrent sensitized harmonics. The proposed two-stage algorithm uses the
moving average derivative and an average and variance filter. It can detect all types of faults imposed and can identify sensitized
harmonics in most of the tested load conditions of the generator. With this methodology, an improvement on the analysis and
detection of fault was achieved due to the possibility of the processing of a great amount of data in a short period of time.

Procedimento para criar redes de relutâncias para modelar as reatâncias de eixo direto e
em quadratura de geradores síncronos
Vinicius Moura, Paulo Neves Jr., Gustavo Menezes, Thiago Bazz
O presente artigo apresenta um procedimento para a criação de redes de relutâncias para calcular as reatâncias de eixo direto e em
quadratura de máquinas síncronas de polos salientes. O cálculo destas reatâncias é imprescindível para o projeto de geradores
síncronos, pois representam a queda de tensão devido à reação de armadura, sendo necessário para se obter a tensão terminal do
gerador. Existem três modos de se calcular as referidas reatâncias: simulação por elementos finitos, que requer grande tempo de
processamento; método analítico, que apresenta baixa precisão para máquinas com geometrias complexas; e rede de relutâncias.
Existem poucas redes de relutâncias que apresentam boa precisão para esta finalidade, principalmente envolvendo máquinas de
polos salientes. Por este motivo, as redes de relutâncias desenvolvidas neste trabalho se propõem a serem simples, para permitir
lix
fácil reprodução; robusta, para representar máquinas com dimensões distintas; e precisa, para fornecer resultados adequados.
Além disso, espera- se que essas redes possam ser acopladas a um software de otimização. Os resultados são validados através de
simulação eletromagnética com software de elementos finitos.

Simulação e Análise de um Gerador Linear com Arranjo Halbach


Ana Carolina C. A. Tavares, Diego F. Garcia e Marcos Antonio C.Moreira
A geração de energia a partir de fontes renováveis é um tema em ascensão. A energia dos oceanos destaca-se devido ao seu
grande potencial. Neste trabalho, um gerador tubular do tipo linear monofásico com imãs permanentes dispostos em um arranjo
Halbach é proposto para aplicação em um sistema de conversão de energia das ondas. Apresenta-se a configuração e o princípio
de operação da máquina elétrica. Simulações são feitas utilizando o método de elementos finitos. Variações de parâmetros são
realizadas e se estabelece a configuração com melhor performance. Por fim, realiza-se uma análise de desempenho.

Análise Comparativa de Métodos Ativos de Redução de Sobretensão em Motores por


Superposição de Pulsos
Daniel P. Santos e Carlos A. F. Sartori
Sobretensão em motores elétricos acionados por conversores estáticos de frequência representam grande risco à integridade do
equipamento e se intensificam à medida que tais conversores aperfeiçoam sua velocidade de chaveamento. Os métodos ativos de
redução de sobretensão por superposição de pulsos se utilizam dos próprios conversores de frequência para suprimir ou minimizar
os pulsos refletidos através do cabo de acionamento do motor, que geram a sobretensão. Esse artigo explora alguns desses
métodos em termos de eficácia, flexibilidade e robustez e faz uma análise comparativa destes. Também são realizadas
comparações entre sistemas de acionamento dotados de IGBTs de silício e de MOSFETs de carbeto de silício.
inta-feira,
Quinta-feira, 14:00 - 15:30
Sessão Oral G
Internet of Things II (IoT II)
Chair: Prof. Maurício Weber Benjó da Silva (UFF)
Otimização por Enxame de Partículas do Posicionamento de Gateways LoRa para Smart
Campus
Sidnir C. B. Ferreira, Hugo Alexandre O. Cruz, Fabricio José B. Barros, Fabricio de Souza Farias, Gervásio
Protásio S. Cavalcante, Maria Emíliade L.Tostes, Andreia Antloga do Nascimento e Jasmine Priscyla L.
Araújo
Em2020, é esperado que mais de 50 bilhões de dispositivos estejam conectados através de redes sem fio. Para viabilizaresse
cenário, a Internet das Coisas (IoT) dispõe de diversas tecnologias emergentes, dentre elas, as redes de área ampla e baixa
potência (LPWANs) vem se mostrando eficientes para conectar dispositivos inteligentes. Acomunicação desses dispositivos
destinados a IoT ocorre por meio de gateways que atuam como pontos de troca entre o servidor central. Otimizar o
posicionamento dos gateways e a quantidade necessária sãoessenciais para assegurar a qualidade de cobertura em
determinada área. Este artigo, propõe a utilização de uma metaheurısticadeenxame de partículas (PSO) para determinar a
localização e quantidade de gateways que resultem na cobertura otimizada de uma rede LPWAN para um cenário Smart Campus.
As simulações mostraram que a sensibilidade de recepção escolhida impacta diretamente na área de cobertura, sendo que para
uma sensibilidadede -100 dBm foram necessários quatrogateways e para -110 dBm apenas um gateway foi suficiente, cujas
posições ótimas foram dadas pelo PSO.

Análise da Tecnologia LoRa 915 MHz no Contexto da Indústria 4.0


Renan Mendes, Carlos E. Capovilla e Ivan R. S. Casella
Nos últimos anos, um novo conceito, baseado nas recentes funcionalidades da Internet of Things (IoT), vem sendo implantado nas
indústrias. Este novo conceito, denominado de Indústria 4.0, pode ser implementado por meio do uso de diferentes tipos de
dispositivos de comunicação, entre os quais o uso de dispositivos Low Power Wide Area (LPWA) tem se destacado recentemente
por apresentar um baixo custo, grande flexibilidade de instalação e manutenção, gerenciamento de uma grande quantidade de
dispositivos, além do baixo consumo de energia e longo alcance. Dentre as tecnologias de LPWA existentes, o Long Range
(LoRa) tem se mostrado bastante promissor por utilizar uma modulação por Chirp Spread Spectrum (CSS), que o torna mais
robusto a ruídos, e por operar na faixa de frequência de 915 MHz, que apresentando bom desempenho nesta. Em função disto,
neste artigo é apresentado um estudo do desempenho de um sistema de comunicação LoRa, na faixa de 915 MHz para aplicações
de IoT em indústrias para o monitoramento e controle de processos em ambientes Indoor e Outdoor de até 300 m, buscando
compreender suas características e capacidade de uso.

Análise de Consumo de Energia de Dispositivo Classe A em Rede LoRaWAN


lx
Tales Henrique Carvalho, Felipe Yamasaki Hirota, Gabriel Lobão da Silva Fré, Miguel Marques de Paiva
Esper, Danilo Henrique Spadoti
Este artigo apresenta um estudo do consumo energético em dispositivos de baixo custo configurados como nós em redes baseadas
no protocolo LoRaWAN. A forma de onda da correnteelétricado dispositivofoi analisada para mensurar a energia consumida
por etapa de seu ciclo de operação. Através dos dados, foi possível obter uma equação de predição da energia consumida para
diferentes ciclos de operação. Por fim, realizou- se o estudo da expectativa de vida do dispositivo considerando modelos de
baterias comerciais.

Sistemade medição automática em redes sem fio para Internet das Coisas (IoT)
Miguel M. de Paiva Esper, Tales H. Carvalho, Gabriel Lobão Fré, Pedro Dal Bello Carranza, Henrique M.
Possatto e Danilo Henrique Spadoti
Emum cenário em que há um constante aumento pela demanda de redes sem fio com a pretensão de dar cobertura a áreas cada vez
maiores e com grande diversidade de ambientes, estetrabalho propõe uma forma automática de analises para predição de
cobertura em redes sem fio voltadas para aplicação em Internet das Coisas. Oconjunto utilizado para as medições contou comum
microcontroladorcom rádio embutido e um módulo de GPS, tornando possível o mapeamento de pontos com seus respectivos
indicadores de qualidade de sinal. Para comparar os resultados das medições, utilizaram-se como base os modelos de Okumura-
Hata e Friis, de modo que fosse possível observar certa semelhança entre as curvas teóricas e o que foi obtido. Este sistema
apresenta potencial para ser utilizado na caracterização rápida e de baixo custo de sistemas de rádio-comunicação.

Supercondutividade
Chair: Prof. Rubens de Andrade Júnior (UFRJ)
Estudo da corrente de alimentação do supercondutor de um Limitador de Corrente de
curto-circuito de Núcleo Saturado
Gabriel dos Santos, Flávio Martins, Felipe Sass, Daniel Dias, Guilherme Sotelo
Ageração distribuída, a demanda de potência e a complexidade do sistema elétrico brasileiro aumentam a cada ano.
Consequentemente,o nível e a frequência dos curtos circuitos aumentam e, devido a isto, os equipamentos de proteção podem
ficar subdimensionados. Uma proposta para mitigar esseproblema éo uso do limitador de curto-circuito. Atualmente,
oacoplamento entre as duas formulações. A alimentação do enrolamento de corrente contínua (CC) é estudada, pois este éum
importante parâmetro no critério do projeto para LCCS de núcleo saturado, estando diretamente relacionado à densidade de
corrente crítica do material supercondutor. Por fim, as simulações de curto-circuito monofásico são apresentadas e discutidas,
mostrando uma boa concordância com resultados experimentais.

Novo conceito de máquina supercondutora para uso em aviões elétricos


Fernando Jorge Monteiro Dias, Mateus Moraes Marques, Rubens deAndrade Júnior, Guilherme Gonçalves
Sotelo e Alexander Polasek
Este trabalho descreve um novo conceito de máquina elétrica supercondutoraque utiliza fitas supercondutoras empilhadas no
rotor. Esta máquina foi desenvolvida a partir de uma máquinade indução trifásica com quatro polos e potência de 368 W em
temperatura ambiente. O núcleo do rotor é composto porfibra de vidro (G10) e uma camada de aço magnético de alta
permeabilidade, de modo a reduzir a dispersão de fluxo no gap. Emtorno do núcleo do rotor foram empilhadas em formatoespiral
três fitas supercondutoras, cada empilhamento com dezoito camadas. Alémdo rotor, também foi montado um criostato e
desenvolvidoum sistema para a realização dos ensaios com essa máquina em nitrogênio líquido. Amáquina supercondutora
desenvolvida pode operar em regime síncrono ou assíncrono dependendo da relação de torque devido a força de Lorentz e aforça
de aprisionamento nas fitas supercondutoras. Osresultados de torque quase estático e de rotor bloqueado serão apresentados. O
torque em ambos os ensaios é praticamente constantecom um valor máximo no ensaio de rotor bloqueado de 3.2 N.m. Esses
resultados ajudam-nos a entender melhor essa nova configuração de máquina supercondutora visando o uso futuro desse conceito
em aviões elétricos.

Simulação de Máquina Supercondutora com Fitas 2G Usando a Formulação T-A


Bárbara Maria Oliveira Santos e Rubens de Andrade Junior
Máquinassupercondutoras podem potencialmente ter densidade de potência mais alta que máquinas convencionais, o que as torna
uma alternativa interessante para diversos setores da indústria. A capacidade de simular tais máquinas em diversas
regiõesdeoperação é estratégica para o desenvolvimento de projetos confiáveis. Essetrabalho apresenta simulações deuma nova
topologia de máquina supercondutora com enrolamento de fitas 2G em espiral no rotor usando método de elementos
finitos e a formulação T-A, que tem como variáveis o potencial vetor corrente e o potencial vetor magnético. Omodelode
supercondutor é composto pela Lei de Potencia e pela variação anisotrópica da densidade de corrente com a densidade de fluxo
magnético.Sãosimulados um ensaio de rotor bloqueado variando parametricamentea frequência da corrente do estator e um ensaio

lxi
quasi-estático. São analisados nos resultados o conjugado da máquina, a densidade de corrente induzida no empilhamento defitas,
a distribuiçãode densidade de fluxo magnético e do potencial vetor corrente.

Wireless Power Transfer Through Coupled Magnetic Resonance with Conventional and
Superconducting Metamaterials
Arthur Henrique de Lima Ferreira, Lucas Douglas Ribeiro and Rose Maryde Souza Batalha
Wireless Power Transfer (WPT) is an option to gain mobility and convenience while charging electrical devices. Metamaterials
are used to increase the energy transmission efficiency by coupled magnetic resonance. A WPT system was implemented in a 3D
electromagnetic solver, where three configurations were simulated: initially without Metamaterials, with Split Ring Resonators,
and with a superconductor spiral line (superconducting Metamaterials) that was designed in this work. An investigation of the
power and efficiency of these systems was carried out through simulations. The distance between the coils was increased from 4
until 10 cm, and the horizontal misalignment varied up to 3 cm. The metamaterials showed themselves efficient as can be seen in
the results.

Ótica e Redes Móveis/ 5G


Chair: Prof.Tadeu Nagashima Ferreira (UFF)
Coexistência entre LTE-A e 5G NR em Fronthaul Móvel
Celso Henrique de Souza Lopes, Luiz Augusto Melo Pereira and Arismar Cerqueira Sodré Junior
Este trabalho apresenta uma análise experimental da coexistência entre sinais LTE-A (Long-Term Evolution Advanced) e 5G NR
(5G New Radio) em fronthaul móvel baseado em rádio sobre fibra (RoF - radio over fiber) em uma rede de acesso centralizada
(C-RAN – centralized radio access network). O sistema proposto é composto por uma unidade central 4G/5G, um fronthaul
óptico de 12,5 km e uma unidade remota de radio (RRU- radio remoteunit). Realizaram-se análises de desempenho do sistema em
função da magnitude do erro vetorial médio (EVMRMS) para sinais com largura de faixa de 20 MHz e formatos de modulação
16- e 64-QAM. As seguintes métricas de desempenho foram avaliadas,tomando-se como referência as premissas dos releases14 e
15 do 3GPP: offset de frequências; potência óptica de recepção; potência de RF transmitida. Para um offset de 19 MHz,
atingiram-se valores de EVMRMS abaixo de 4% e vazão na ordem de 182,8 Mbps, garantindo assim, uma convivência pacífica
entre as tecnologias de quarta e quinta geração de comunicações móveis, que utiliza a mesma infraestrutura de rede.

Sistema 5G NR Baseado em Rádio sobre Fibra e Óptica Integrada


Matheus Sêda, Eduardo Saia Lima, Nicola Andriolli, Marcelo Abreu, Danilo Henrique Spadoti, Giampiero
Contestabile, Arismar Cerqueira Sodré Junior
Este trabalho, realizado em parceria Brasil-Itália, relata a transmissão rádio sobre fibra de sinais 5G NR (new radio) utilizando um
transmissor de múltiplos comprimentos de onda integrado monolicamente em uma plataforma de InP. O circuito fotônico
integrado possui 8 laseres com modulação direta sintonizáveis em até 4 nm, por meio dos quais transmitiu-se sinais 5G centrados
em 788 MHz e 3,5 GHz, e um sinal vetorial M-QAM em 2,6 GHz, representando o padrão 4G. Avaliou-se o desempenho do
sistema em termos de EVMRMS (root meansquareerror vector magnitude) tomando como base os pré-requisitos do 3GPP
Release 15. Alcançou-se para a modulação 64 QAM valores de EVMRMS de1,72, 3,05e 4,80%, para as frequências de 788
MHz, 2,6 GHz e 3,5 GHz, respectivamente.

Sessão de pôsteres (acessível durante todo o evento)


RF e Micro-ondas
Protótipos de filtros passivos de micro-ondas aplicados a osciladores
Roberta N. G. de Carvalho, Vanessa P. R. S Magri, Tadeu. N. Ferreira
Neste artigo, são apresentados três protótipos de filtros passa-faixa para a composição de osciladores operando na faixa de 3,5
GHz, na configuração de ganho em malha de realimentação positiva. Os dispositivos implementados constituem uma alternativa
simples, barata e de fácil integração com os demais dispositivos em sistemas de micro-ondas. Os osciladores desenvolvidos
exibiram alto fator de qualidade e pouca variação de frequência, validando a aplicação em circuitos de conversão de sinais.

Construção de uma célula TEM e seu modelamento em software de simulação


João Henrique Angelo, Antonio Francisco Gentil Ferreira Junior, Mário Leite Pereira Filho
Este artigo apresenta os detalhes da construção de uma célula TEM e sua representação em software de simulação em elementos
finitos. O dado de intensidade de campo elétrico da célula TEM construída foi obtido para uma frequência central de 100 MHz,
enquanto que a análise da impedância de entrada foi realizada em uma varredura na faixa de frequência de 10 a 200 MHz. Estes
resultados são obtidos por medições em laboratório e comparados com os apresentados na simulação do modelo numérico

lxii
desenvolvido. Os resultados preliminares da comparação das medidas de intensidade de campo apresentaram uma concordância
dentro de 0,25% e o comportamento da impedância com a frequência apresenta um perfil de variação similar com diferença
máxima de 15% na faixa de 10 a 150 MHz.

Simulação numérica de linhas de transmissão não lineares giromagnéticas para geração de


RF
Ana Flávia Guedes Greco, José Osvaldo Rossi, Elizete Gonçalves Lopes Rangel, Fernanda Sayuri Yamasaki,
Joaquim José Barroso, Edl Schamiloglu
Linhas de transmissão não lineares (LTNLs) são dispositivos empregados na conversão direta de pulsos elétricos em sinais de
radiofrequência (RF) e vêm sendo objeto de estudos no Brasil e no exterior visando à geração de RF de alta potência para diversas
aplicações, como por exemplo, em sistemas embarcados no espaço usando sistemas compactos sem emprego de tubos eletrônicos
a vácuo. Com essa motivação, propõe-se neste artigo analisar os processos não lineares produzidos por LTNLs giromagnéticas,
através da simulação numérica unidimensional (1D) combinando a solução conjunta das equações de circuito e da equação
giromagnética de Landau-Lifshitz-Gilbert (LLG) no software Mathematica.

Estudo sobre a Refletividade da Areia em Transmissão em Faixas de Telefonia Móvel


Maria Carolina V. Lessa , Charles J. C. Pereira, Tadeu N. Ferreira, Pedro V. G. Castellanos, Vanessa P. R.
Magri , Leni J. de Matos e Maurício W. B. Silva
O estudo da refletividade em materiais é um dos tópicos clássicos em propagação, e a partir desses estudos podem ser
desenvolvidos modelos mais complexos para faixas de frequências específicas. Neste artigo, são estudados efeitos de propagação
sobre uma superfície com areia. Esses estudos podem ser utilizados no futuro para propagação em faixas litorâneas ou desérticas.
Este artigo mostra ainda de maneira preliminar que a refletividade da areia é baixa.

Desenvolvimento de um protótipo de Mixer para aplicações na banda S


Flavio A. N. Sampaio, Enrico R. Morais, Victor B. Coelho, Vinicius N. H. Silva, Vanessa P. R. Magri, Tadeu
N. Ferreira
Neste artigo é apresentado o projeto de um mixer de baixo custo com faixa de operação de 2 a 4 GHz (banda S) que pode ser
usado em várias aplicações. O Mixer foi fabricado com material epóxi laminado reforçado com vidro (FR-4), opera com níveis de
potência na porta da frequênci

Antipodal Vivaldi Antenna with Side Radiating Slot Edge with Sierpinski Curve Fractals
Raimundo Eider Figueredo, Alexandre M. de Oliveira, Alexandre J. R. Serres, Auzuir R. de Alexandria, João
F. Justo, N. Nurhayatiand Marcelo B. Perotoni
This investigation presents the constructive technique of the fractal slot edge (FSE) applied in an Antipodal Vivaldi Antenna
(AVA). The fractals used are the Sierpinski curve (SC) with three iterations, and the resulting antenna is called SC- FSE-AVA.
The simulations are performed through computational numerical analysis, using the FR4 material model with a dielectric constant
of 4.3 and a thickness of 1.6 mm. When compared to a reference AVA, it provides greater gain, reduced lateral lobe, and
improved directivity. At 6 GHz, the SC-FSE-AVA showed a gain of 8.17 dBi, a decrease in the sidelobe level (SLL) of -13.70
dB, better directivity, and squint of 0.20º.

Caracterização da Perda de Percurso e Espalhamento de Atraso de Multipercurso em 3,5


GHz Usando o Método do Traçado de Raios Inteligente
RávillaRaianni Silva Leite, Joabson Nogueira de Carvalho
Este artigo apresenta os resultados parciais do estudo da caracterização da perda de percurso (NLOS) e o espalhamento de atraso
de multipercurso, na faixa de 3500 MHz, usada para operar o serviço 5G/LTE no bairro de Castelo Branco, na cidade de João
Pessoa – Brasil. A localidade é caracterizada por possuir densas e extensas áreas de vegetação. Para os cálculos será utilizado o
Modelo do Traçado de Raios Inteligente – 3D (IRT). Os resultados mostram que o trajeto sobre a mata aumenta a perda de
propagação em valores que podem ser superiores a 10 dB e também aumenta o atraso de multipercurso, que devem ser levados
em consideração no dimensionamento do sistema.

Online Wireless Channel Sounding Platform


Gabriel S. Chaves, Markus V. S. Lima, Tadeu N. Ferreira, Leni J. de Matos, Pedro V. G. Castellanos
This article describes a platform for the online sounding of wireless radiofrequency (RF) channels. The main advantage over
traditional methods is the ability of visualizing the estimated power delay profile during the measurement campaign, which makes
it easier to detect possible errors and already have an estimation of the channel. The software part of the platform has been
developed in Matlab and Labview, and an associate hardware platform with a data acquisition board is also used. Although real-
time requirements are not easily achieved, the system fulfills the initial proposed online requirements.
lxiii
Aplicativo para dimensionamento de filtro passa- faixa para micro-ondas
Roberta N. G. de Carvalho, Vanessa P. R. Magri, Tadeu. N. Ferreira
A síntese de um filtro de microfita requer o cálculo das dimensões físicas de seus componentes. Neste artigo é apresentado um
aplicativo desenvolvido pela ferramenta App Inventor para o cálculo das dimensões de um filtro passa-faixa em linhas de
microfita acopladas na configuração parallel edg ecoupled line. Os resultados obtidos foram validados em ambiente de simulação
e usados em projetos de filtros no software HFSS.

Radares de Abertura Sintética Embarcados em Satélites:Visão geral e Estado da Arte


Pedro Henrique Santos, Rodolfo Antônio da Silva Araújo
Radares de abertura sintética utilizam técnicas que possibilitam a sintetização de grandes aberturas de antenas utilizando antenas
menores, isso em grande parte se dá devido ao advento de sistemas eletrônicos e algoritmos que otimizam a variação na
frequência de repetição do pulso (PRF), levando uma amostragem uniforme do sinal recebido pela antena. A engenharia de um
radar de abertura sintética é relativamente complexa, pois a análise dos sinais recebidos deve ser realizada com a plataforma em
movimento, isso introduz erros que devem ser compensados com técnicas de compressão de alcance em azimute e demanda maior
processamento dos sinais e, consequentemente, sistemas tecnológicos que respondam com eficiência e rapidez aos requisitos da
missão. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo descrever a teoria fundamental de sistemas radares de abertura sintética e a
evolução ao longo dos anos, buscando assim o estado da arte, além de demonstrar alternativas viáveis, que estejam em
consonância com as novas tecnologias disponíveis, onde as mesmas devem ser combinadas para atingir a robustez e resistência
requeridas em sistemas desenvolvidos para ambientes espaciais. Estudos avançados que estão sendo implementados em satélites
que utilizam radares de abertura sintética, também foram brevemente explorados neste trabalho, demonstrando as limitações e
possibilidades existentes em sistemas de sensoriamento remoto ativo.

Receiver Calibration Procedures (https://youtu.be/LB_KNxQ6Rd0)


Bruno Duarte (Keysight)
The research market has been demanding new and simplistic techniques to calibrate and compensate path losses in the RF and
millimeter wave bands. We will introduce a new device that significantly helps to improve the tests results using spectrum
analyzers to achieve better EVM or any measurements dependent on amplitude and phase.

Ótica
Receptor de Comunicações por Luz Visível (VLC) Usando Antena de Fibra Óptica Plástica
Antonio A. C. Batista, Juliana O. Paula, Andrés P. L. Barbero, Ricardo M. Ribeiro, Vinicius N. H. Silva,
Cláudia B. Marcondes
Nesse artigo apresentam-se os primeiros passos no desenvolvimento de uma “antena” ótica. A ideia central é utilizar um pequeno
segmento de fibra óptica plástica (POF) de PMMA ou de poliestireno fluorescente, com espalhamento aumentado ou não,
acoplada à um fotodiodo para aumentar a captação da luz e o campo de visão em sistemas VLC (Visible Light Communications).
Foram realizadas medidas de caracterização do receptor-VLC visando um aumento do seu poder de captura de luz e a
ampliação/planificação de sua resposta óptica angular de 0o – 90º. Esta última deverá permitir um enlace fora-de-visada quando se
compara com apenas o fotodiodo operando como receptor-VLC.

Reflectance and transmittance spectra of a photonic crystal slab with doped graphene disks
for operation at the THz band
Marcos G. L. Moura, Anderso nO. Silva
This paper presents seminal results to characterize the performance of a two-dimensional photonic crystal slab waveguide with
doped graphene disks for operation at the Terahertz spectrum. More specifically, we analyze the reflectance and transmittance
spectra for frequencies ranging from 10 THz up to 20 THz. It is shown that a broader transmission spectrum can be achieved
when compared to the analogous all-dielectric structure, suggesting promising applications for filtering performance at the THz
domain.

Modelling of Discrete Multi-Tone Transmissions over Dispersive Polymeric Optical Fibers


Vinicius N. H. Silva, Tadeu N. Ferreira1, Flavio A. N. Sampaio, Pedro Abreu, Luiz Anet Neto, Andres Pablo
L. Barbero and Ricardo M. Ribeiro
Discrete Multitone transmission on Polymeric OpticalFibres allows an increase on the system capacity by mitigating the effects of
optical modal dispersion, which is important for the new generation of mobile systems. This article presents a modelling for the
Multicarrier Signal-to-Noise Ratio as a function of the applied bias current on the source and the peak-to-peak voltage on the
digital-to-analog converter for Discrete Multitone transmissions over 50 m of a Step-Index Poly-Methyl Methacrylate optical
fibre. In this setup, we achieved Multicarrier Signal-to-Noise Ratio as high as 13 dB. The modelling leads to level curves of the

lxiv
bias current and the peak-to-peak voltage. Those curves are fitted by concentric ellipses, which indicate the best operational point
of the DMT transmission on this system.

Solução Pick&Place para Empacotamento de Chips Fotônicos


V. A. Matos, A. P. F. de Melo e A. F. Herbster
O maior desafio tecnológico em redes de comunicaçõesóticas é aumentar a velocidade e a eficiência na transferência de dados. No
desenvolvimento de circuitos fotônicos, a tecnologia optoeletrônica permite que os chips sejam menores mesmo com o aumento
na quantidade de componentes. O empacotamento de dispositivos óticos exige alta precisão de alinhamento (1-2µm) para que o
circuito possua alta confiabilidade. Para minimizar os custos de desenvolvimento, o ideal é que ferramentas já existentes no
empacotamento de chips microeletrônicos sejam aproveitadas e adaptadas. Neste trabalho, o empacotamento de chips fotônicos
será realizado por uma máquina Pick&Place integrada a um software com auxílio de visão computacional para alinhamento e
orientaçãode componentes e dispositivos fotônicos.

Análise de um Sensor Modalmétrico em Configuração de Fonte Dupla


Eduardo R. Ferreira, Carolina V. S. Borges, Maria Thereza M. R. Giraldi e Maria Aparecida G. Martinez
A sensibilidade de um sensor óptico de índice de refração baseado em um interferômetro modalmétrico é analisada utilizando-se
uma fonte banda larga na banda C e um laser de diodo na banda S. O sensor consiste na junção de fibras na forma SMS
(singlemode-multimode-singlemode), e utiliza-se uma fibra nocore de 58 mm como seção multimodo. A configuração de dupla
fonte permite a avaliação de um maior número de vales do espectro transmitido, quando comparado com a configuração mais
usual, ou seja, apenas com a fonte banda larga. Os vales de comprimento de ondas mais longos apresentam maior sensibilidade.

Características Optoeletrônicas de Lasers de Diodo Verdes


Felipe A. Marins, Vinicius N. H. Silva, Ricardo M. Ribeiro, Cláudia B. Marcondes
Este trabalho descreve resultados de caracterização de propriedades optoeletrônicas de um laser de diodo emitindo em 520 nm. O
dispositivo em seu encapsulamento modular não foi concebido para uso em comunicações, porém, pode ser aplicado a enlaces por
fibra óptica plástica de PMMA, comunicações submarinas livres e na tecnologia de comunicações em espaço livre por luz visível
(VLC). Alguns de seus parâmetros já reportados na literatura, e outros ainda não, foram medidos e são aqui apresentados: corrente
limiar, ganho de modulação, banda analógica, ganho de RF e distorção harmônica de 2ª ordem (HD2).

Controle de Modo de Operação de Gerador Utilizando Sensor de Nível com redes de Bragg
em Fibra Ótica
Ademir Carlos Nicolini Junior, Ivo Lourenço Junior, Kleiton Morais Sousa e Uilian José Dreyer
Um gerador de uma usina hidrelétrica (UHE) pode operar como gerador ou compensador síncrono. Para alternar entre um modo e
outro de operação, é utilizado um instrumento denominado de garrafa de nível. Todavia, esse instrumento é suscetível a falhas, em
especial a presença do mexilhão dourado (Limnoperma fortunei). Neste trabalho é apresentado o desenvolvimento de um sensor
de nível de coluna de água utilizando redes de Bragg em fibra óptica (FBG). Um protótipo é desenvolvido, levando em
consideração as dimensões reais do dispositivo utilizado em uma UHE. O princípio de funcionamento é a partir da medição da
deformação de um diafragma de borracha. Os resultados preliminares mostram resultados promissores, em que uma variação de
200 pm foi observada ao variar o nível do reservatório. Para finalização do projeto é necessário obter a curva de resposta do
sistema e realizar a compensação de temperatura da FBG utilizada no diafragma.

OptX.SaaS: Novo Simulador Óptico em Nuvem


Paulo HenriqueVieira Cândido e Carlos Henrique da Silva Santos
The modeling of novel optical devices has evolved in applications and complexity level to satisfy a variety of project
requirements. In context, this work aims to present an inovator cloud environment as Software as a Service (SaaS) to online
model and simulate these devices. Consequently, different Web technologies are required for data visualization and processing of
the herein called OptX.SaaS. In this first version, it is using FDTD numerical method in Python and available by Meep MIT
library. Furthermore, additional Python libraries Numpy and Matplotlib are necessary. Therefore, every modeling occurs by
developed 2D CAD by web browser and numerical simulation processing in the OptX.SaaS, allowing to model and to visualize
results also by mobile devices.

Temperature Sensitivity Enhancement in Metal-Coated LPG Sensors


Italo Alvarenga, Diogo Coelho, Thiago Coelho, Daniel Silveira, Alexandre Bessa
We report an investigation of long period grating (LPG) coated with a metallic material, composed of 70 % tin and 30 % copper.
The preliminary measurements showed that the temperature sensitivity of the LPGs produced can be increased when compared
with sensors without the metal-coated process. A total of 2 nm spectral shift was achieved from only 10◦C change in the

lxv
temperature. The results show a sensitivity enhancement when compared with traditional LPG sensors with 1 nm shift. This may
lead the production of low-cost optical sensors with enhanced temperature resolution.

Fabricação de Estruturas Capacitivas baseadas em Grafeno para Modulação Óptica


Hilton H. Shimabuko, Lúcia A. M. Saito, Jhonattan Córdoba Ramírez
Neste trabalho, é apresentada a fabricação de estruturas capacitivas utilizando Al2O3 como camada dielétrica entre duas
monocamadas de grafeno, com a otimização na transferência do grafeno, resultando em menor quantidade de resíduos
poliméricos e defeitos. A estrutura proposta tem sido estudada como um meio ativo para um modulador eletro-óptico com
dimensões de 2,2 x 50 µm. Usando o princípio da eletro-absorção, seria possível ajustar a absorção óptica do grafeno depositado
sobre um guia de onda aplicando-se uma tensão elétrica. Ainda que esse tipo de dispositivo apresente potenciais de aplicação, sua
construção apresenta dificuldades experimentais que comprometem especialmente em questão de escalabilidade, porém com o
processo de fabricação descrito, seria possível construir até 60 estruturas capacitivas simultaneamente.

High Voltage Compact Optical Current Sensor Experimental Tests


M.M. Costa, S.M.L.Reis, A.C.S.Brígida, C. S.L.Gonçalves, J.C.W.A.Costa, P.A.S. Jorge, M.A.G.Martinez
This paper presents experimental tests of a compact optical current sensor prototype designed for high voltage applications. The
insulation test, performed at high voltage laboratory, is described and the results indicate a safe operation up to 230 kV phase-to-
phase. The accuracytest setup ispresentedanddiscussed.

Estudo da Transmissão de Frequências Intermediárias (IFs) sobre Fibras Ópticas Plásticas


Felipe A. Marins, Vinicius N. H. Silva, Ricardo M. Ribeiro, Marlon M. Correia
Este artigo descreve resultados experimentais de transmissão de sinais em uma frequência intermediária (IF) ao longo de fibras
ópticas poliméricas (POFs) de poli-metil-metacrilato (PMMA) transportando 520 nm, emitido por LEDs ultrabrilhantes. O
processo de geração de IFs faz uso de misturadores (mixers) de frequências. Uma portadora analógica de RF passa pelo processo
de conversão descendente de frequências para constituir uma IF antes de acionar a fonte óptica, sendo essa portadora restaurada
para a frequência RF, no receptor, através do processo de conversão ascendente. O objetivo é mitigar a limitação de banda e a alta
atenuação dos enlaces com POFs de PMMA. Obteve-se ganhos de RF de + 14 dB e + 20,6 dB com emprego de uma IF em 10
MHz ao invés de RF em 120 MHz, quando empregando apenas um mixer no transmissor e um ganho de + 25,44 dB quando
utilizando mixers no transmissor e no receptor.

Estudo Computacional de Sensores Plasmônicos em Grades de Difração


Raonide Freitas Gois, GustavoOliveira Cavalcanti, Ernande Ferreira de Melo, Eduardo Fontana, Ignacio
Llamas-Garro
Este trabalhoapresenta resultados daotimização, análise de tolerâncias e sugestões para mitigação de desvios nos parâmetrospara
duas configurações de sensores plasmônicos baseados em grades de difração, denominadas de Configuração de Otto Modificada
(COM) e Configuração de Kretschmann Modificada (CKM). Combase nos resultados das simulações, propõe-se o ajuste do
comprimento de onda de operação para minimizar os efeitos das incertezas inerentes ao processo de fabricação. Ainda, conforme
análisedos resultados das simulações, infere-se a tolerânciamáxima da amplitude para que se obtenha uma dada sensibilidade
mínima.

Probabilistic Constellation Shaping (https://youtu.be/wDv34KeZrno)


Rodrigo Vicentini (Keysight)
We will discuss about the PCS, the new optical vector modulation technique utilizing non-uniform (Gaussian) population of
constellation points to mitigate channel non-linearities and improve signal-to-noise ratio that enables maximizing network
capacity over any given fiber distance with results approaching the theoretical Shannon limit, primarily in long-haul transport
networks > 500 km.

Eletromagnetismo
Cálculo de forças na interface de contato entre ímãs permanentes
Luiz Guilherme da Silva, Laurent Bernard, Nelson Sadowski
O cálculo de forças em estruturas magnéticas com ímãs permanentes é importante em nível global, para se obter o torque agindo
em partes móveis, por exemplo, e em nível local, para calcular tensões induzidas e vibrações. Contudo, quando se tem
descontinuidades em grandezas magnéticas, como na junção entre imã e material magnético mole em um motor, há uma
densidade superficial de forças resultante. Para uma configuração específica com dois ímãs permanentes adjacentes, neste
trabalho são utilizadas expressões do tensor de Maxwell para calcular a densidade superficial de força na interface quando há
descontinuidade na magnetização. Expressões da densidade superficialde forçassão calculadas para os modelos de ímã

lxvi
considerando a circulação da magnetização constante ou o fluxo de magnetização constante. As diferentes expressões são
comparadas por meio de simulação utilizando o método dos elementos finitos.

Modelagem e Estudo Analítico de um Motor de Indução Monofásico com Enrolamentos


Assimétricos
Pedro Augusto B. Simão, Paschoal Spina Neto, Silvio Ikuyo Nabeta
O desenvolvimento de modelos dinâmicos que representam uma máquina elétrica é fundamental para prever seu desempenho em
regimes permanente e transitório. O Método dos Elementos Finitos (MEF), por se basear na discretização da geometria do
mecanismo, possibilita o estudo de fenômenos de difícil modelagem analítica. Em contrapartida, obtém-se um modelo de alto
custo computacional. Desta forma, os modelos analíticos apresentam-se como uma alternativa mais simples, robusta e menos
custosa em termos computacionais e tempo de simulação.
Este artigo apresenta um estudo comparativo do desempenho eletromecânico entre um modelo analítico e um modelo numérico
(MEF) de um motor de indução monofásico com enrolamentos assimétricos. Devido às assimetrias inerentes não usuais à
geometria do motor apresentado e à distribuição de seus enrolamentos estatóricos, baseou-se na Teoria das Funções de
Enrolamento (Winding Function Theory) para a modelagem analítica, objetivando englobar a influência das harmônicas de
enrolamento no conteúdo harmônico do campo magnético no entreferro e, consequentemente, no desempenho eletromecânico do
motor.

Comparison of three configurations of permanent magnetic arrays for electromagnetic


acoustic transducer
Christiano M. Nascimento, Iury Saboia, Alan C. Kubrusly
Electromagnetic acoustic transducers (EMAT) al- lows generation and reception of ultrasonic waves in metal without contact. The
low signal-to-noise ratio of EMATs is a common problem in practical applications. To enhance the signal level, three
configurations of permanent magnetic arrays are assembled and compared, including the so-called Halbach array. Experiments
were performed generating and receiving ultrasonic guided waves in a 1 mm thick aluminum plate. Results show that, due to its
stronger magnetic field, the Halbach array provided amplitude enhancement of about 130% and 29% compared to the traditional
periodic array with one and two magnets per half-period, respectively.

Simulação de um Transformador com Laços Supercondutores sem Emenda Usando a


Formulação H
Daniel Dobrochinski Maia, Bárbara Maria Oliveira Santos e Rubens de Andrad Junior
O carregamento indutivo de laços de fita sem emendas vem sendo objeto de estudos da literatura recente. Este trabalhopropõe
aestudar as perdas de tais laços em um transformador com uma excitação senoidal utilizando simulação em elementos finitos
com a formulação H. Foram feitos dois tipos de estudos, um com amplitude constante e o outro com frequênciaconstante.
Nafaixade frequência estudada foi observado que a influência da frequência é pequena se comparada com a da
amplitude.

Desenvolvimento e análise de compatibilidade eletromagnética de equipamentos utilizados


nas atividades de elevação de pessoas
Leandro Prytula, Álvaro Augusto Almeida de Salles
Este trabalho apresenta o desenvolvimento de equipamentos eletrônicos utilizados nas atividades envolvendo a elevação de
pessoas por equipamento de guindar próximas a linhas energizadas, abordando técnicas para elaboração de placas e firmware,
normas e ensaios de compatibilidade eletromagnética para garantir o funcionamento correto e seguro para o operador dos
equipamentos.

Educação
Keysight Pathwave Design – The University Programs (https://www.youtube.com/watch?v=
H0DQ_Fi3Vfs)
Rodrigo Vicentini
Keysight will refresh about the tradition University Program the design and simulation platforms, formerly known as EEsof and
now called Pathwave. We will revalidate the process how to have access to all platforms within the university, including the
Vector Network Analyzer Software (VSA).

Sobre a Rohde&Schwarz (https://www.youtube.com/watch?v=Koo9vidjt3s&feature=


emb_title)
lxvii
Heloá Campos
Uma visão geral da R&S é dada, mostrando as modernas soluções para a geração e medição de sinais de micro-ondas.

lxviii
ÍNDICE DE AUTORES

A. J. B. de Oliveira 726 André L. dos Santos Lima 392


Abraão R.de Queiroz 243 André L. Nunes de Souza 51, 56, 312
Adaildo G. D’Assunção Jr. 140 André Luiz Paganotti 490, 495
Adaildo G. D'Assunção 140, 406, 721 André Paim Gonçalves 331, 606
Adelson Menezes Lima 426 Andréia A. do Nascimento 796
Ademir Carlos Nicolini Jr. 893 Andréia Lopes 301
Adolfo F. Herbster 884 Andrés P. López Barbero 354, 763, 875,
Adriano Chaves Lisboa 490 881
Airton Fernandes Gurgel Jr.753 Ângela C. S. Brígida 905
Alaim de Jesus Leão Costa 291 Angelo A. C. Canavitsas 401
Alan C. Kubrusly 921 Anselmo Frizera 625
Aldário C. Bordonalli 321 Antonio A. C. Batista 875
Álef Huan Pereira Souto 431 Antonio Azevedo da Costa 701
Alessandro R. Santos 606 Antonio C. Ribeiro Filho 447
Alex S. Macedo 601 Antônio F. G. Ferreira Jr. 847
Alexander C. Carneiro 354 Antonio I. Ramos Filho 105
Alexander I. N. B Pereira 321 Antonio L. P. S. Campos 654, 683
Alexander Polasek 821 Antonio Samuel Neto 374
Alexandre S. Allil 213 Arismar Cerqueira Sodré Jr. 532, 744, 748,
Alexandre Bessa dos Santos 90, 354, 452, 835, 839
457, 899 Arnaldo Gomes Leal 442
Alexandre Jean René Serres 659, 664, 734, Arthuci F. Pereira Lima 110, 521
859 Arthur H. de Lima Ferreira 679, 831
Alexandre M. de Oliveira 859 Arthur Roza 532
Alexandre O. Mieli 41 Auzuir R. de Alexandria 859
Alfrêdo Gomes Neto 120, 431, B. A. Kleinau 726
683,734 Bárbara M. F. Gonçalves 495
Allamys A. Dias da Silva 80, 218 Bárbara M. Oliveira Santos 826, 924
Aloisio Nelmo Klein 105 Beatriz Brusamarello 85
Alvaro A. A. de Salles 436, 927 Bernardo C. N. de O. Lima 615
Álvaro Menezes 525 Brianne P. Mochel Moreira 350
Aly Ferreira Flores Filho 253 Bruna L. S. B. de Carvalho 431
Amanda Gomes Barboza 120 Bruna Temporal Marcondes 186
Amanda M. Rodrigues 110, 521 Bruno Fanzeres 317
Ana Carolina C. A. Tavares 787 Bruno M. Pinheiro 654
Ana C. Silveira Veloso 634 Caio G. Natalino 649
Ana Flávia Guedes Greco 850 Camila C.R. Albuquerque 659, 664
Ana Paula F. Melo 884 Camila Carvalho de Moura 447
Anderson O. Silva 878 Camilo A. R. Díaz 625
Andre Dias Souza 76 Carla S. Martins 606
André Duarte 506 Carlo Riva 758
André F. S. Cruz 546, 580 Carlos A. C. Wengerkievicz 238, 243, 258,
André F. Teixeira 687 506, 777
André Felipe Venzon 247 Carlos A. França Sartori 674, 791
André Felipe Zanella 191 Carlos A. Teixeira Coelho 144
lxix
Carlos E. M. Alvarado 177 Diego José Rátiva Millán 346
Carlos Eduardo Capovilla 158, 163, 167, Diego K. Nakata da Silva 291, 580
276, 576, 697, Diego Passos 286
730, 801 DiogoCoelho 899
Carlos E. Orihuela Vargas 46 Diogo Magalhães 31
Carlos E. S. Castellani 442 Diogo M. F. Mattos 571
Carlos G. da Costa Neves 253 Dionísio de Carvalho 561
Carlos H. da Silva Santos 896 Domingos T. da Silva Neto 644
Carlos V. Rodríguez Ron 585 Douglas C. P. Barbosa 536, 639
Carolina M. S. C. Amaral 125 Douglas T. Moreira Lara 374
Carolina V. Santos Borges 76, 887 Edemir M. C. Matos 601
Celso H. de Souza Lopes 744, 835 Edgard de Macedo Silva 110, 521
Celso L. de Souza 238 Edl Schamiloglu 850
Cesar C. Carvalho 213 Edson Cataldo 296
Cesar J. Deschamps 258 Edson Rodrigo Schlosser 416, 421
Charles J. C. Pereira 853 Eduardo Costa da Silva 674
Christiano M. Nascimento 921 Eduardo Fontana 224, 228, 341,
Cindy S. Fernandes 466 350, 615, 701,
Claisso Pires Azzolin 753 911
Cláudia Barucke Marcondes 875, 890 Eduardo Gonçalves de Lima 177, 186, 191,
Cláudia M. S. Fonseca 16 272, 384, 649
Claudio A. R. astillo 753 Eduardo G. Silveira 495
Cláudio Kitano 354 Eduardo R. Ferreira 887
Cledson S. L. Gonçalves 905 Eduardo Saia Lima 744, 748, 839
Crislane P. N. Silva 201, 701, 726 Eduardo S. Sakomura 388
Cristian F. Mazzola 258, 506 Eduardo V. V. Cambero 697
Dalila Grippa 6 Elizabeth Verdugo 758
Daniel A. Nono 687 Elizete G. Lopes Rangel 850
Daniel B. Ferreira 181, 388, 411, Emanoel Costa 580
706 Emerson Torres Perreira 158, 163, 167,
Daniel C. Nascimento 181, 388, 411, 730
706 Enrico Morais 856
Daniel de F. Gomes 726 Erika C. S. Reis 301, 307
Daniel de Paula dos Santos 791 Ernande Ferreira de Melo 228, 911
Daniel Dobrochinski Maia 924 Euclides L. Chuma 154
Daniel H. N. Dias 816 Evandro Conforti 336
Daniel L. de Melo 726 Fabiano C. S. Assumpção 149
Daniel Lucas S. Nascimento 224, 726 Fabio da Silva Dutra 213
Daniel Silveira 899 Fábio Fonseca 31
Danierick G. L. Nascimento 321 Fabricio de Souza Farias 26, 796
Danilo F. de Souza Santos 659, 664 Fabrício José Brito Barros 25, 301, 307,
Danilo G. Aurich 238, 369, 777 556, 601, 796
Danilo Henrique Spadoti 806, 811, 839 Fabrizio L. Freitas 506
Danilo R. B. de Araújo 62 Felipe A. Marins 890, 908
Danilo R. Rosmaninho 716 Felipe A. Schoulten 177
Diego Carlo Correa 634 Felipe Calliari 739
Diego F. Garcia 787 Felipe Campos 462
Diego C. O. G. Fernandes 120 Felipe H. L. F. de Campos 629

lxx
Felipe H. de S. da Fonseca 172 Gustavo Oliveira Cavalcanti 350, 374, 701,
Felipe Hugo Braga Bittar 763 911
FelipeJ. Lucena de Araujo 228 H. V. H. Silva Filho 196
Felipe M. da Costa 269 Hebio Junior B. de Oliveira 80, 218
Felipe O. Barino 452, 457 Helder Alves Pereira 659, 664
Felipe Sass 379, 816 Helder R. O. Rocha 326
Felipe Streitenberger Ivo 331, 620 Helton F. dos Santos 238, 369, 506,
Felipe YamasakiHirota 806 777
Felix Antreich 181 Henrique B. D. T. Lott Neto 536, 639
Fernanda SayuriYamasaki 687, 850 Henrique Lemos de Faria 532
Fernando A. Aardoom 258 Henrique Marcelino Possatto 811
Fernando J. Monteiro Dias 821 Henrique Patriota Alves 218, 224, 341
Fernando J. S. Moreira 541 Higor. A. F. Camporez 326
Filomena B.R. Mendes 470 Hilton H. Shimabuko 902
Flavio A. N. Sampaio 856, 881 Hugo A. Oliveira da Cruz 291, 796
Flávio G. R.Martins 816 Hugo Daniel Hernandez 561
Flávio H. C. S. Ferreira 307 Hugo de A. Fonseca 346
Flávio José Galdieri 336 Hugo Ralf Pereira 154
Francelli Klemba Coradin 205 Hugo R. Dias Filgueiras 532
Francisco de A. Brito Filho 130 Humberto D. de Andrade 130, 566
Francisco Roberto Hopker 359 Humberto Pereira da Paz 158,163, 167,
Fredemar Rüncos 772 697
Fredy M. Sobrado Suárez 470 Humberto X. de Araújo 167, 730
Fúlvio F. Oliveira 181, 388 Ianes B. Grécia Coutinho 120
Gabriel B. Amaral Orofino 401 Ibernon P. de Barros Neto 110, 521
Gabriel de Freitas Fernandes 350 Ignacio Llamas-Garro 201, 350, 911
Gabriel dos Santos 379, 816 Igor Feliciano Costa 635
Gabriel dos Santos Haveroth 359 Ildefonso Bianchi 181, 388, 411,
Gabriel Lobão da Silva Fré 806, 811 706
Gabriel S. Chaves 865 Indiara Pitta Corrêa da Silva 105, 475, 485
Gabriela de Almeida Riul 105, 514 Italo Alvarenga 899
Georgina K.de F. Serres 659, 664 Iury da Silva Batalha 26, 301, 307,
Geraldo Melo 6 601
Gervásio P. S Cavalcante 26, 301, 307, Iury Saboia 921
556, 796 Ivan R. Santana Casella 158, 163, 167,
Giampiero Contestabile 839 276, 576, 697,
Gideon Villar Leandro 500 730, 801
Giovanni Alfredo Guarneri 85 Ivo Lourenço Junior 893
Giovani Bulla 436, 711 Izaura Luiz Viegas 110
Glaucio L. Ramos 16, 41, 596 Jacqueline S. Pereira 571
Guilherme Ébias 452 Jair A. L. Silva 326
Guilherme F. dos Santos 506 Janaína R. do Nascimento 763
Guilherme G. Sotelo 379, 816, 821 Jardel T. Flores 326
Guilherme H. Souza Reis 105, 511, 516 JasmineP. Leite de Araújo 26, 556, 591,
Guilherme P. Temporão 739 601, 796
Guilherme Simon da Rosa 1, 21, 115, 392 Jean C. Cardozo da Silva 85
Gustavo Amaral 317 Jean Carlos Bortoli Dalcin 669
Gustavo G. Menezes 782

lxxi
Jean Carneiro da Silva 546, 580 Josenildo P. B da Silva 726
Jean Lescowicz 692 Josinaldo Pereira Leite 110
Jean Vianei Leite 470, 485 Júlia Bittencourt 452
Jefferson Costa e Silva 120, 431 Julia G. Busarello Wolff 263
Jefferson Florentino Rosa 158, 163, 276 Juliana Borges Ferreira 436
Jehan F. do Nascimento 80, 95, 218, Juliana O. Paula 875
224 Juner M. Vieira 181, 388, 411,
Jéssica C. B. de Oliveira 596 706
Jéssyca I. Lucena Araujo 659, 664 Jung-Mu Kim 350
Jhonattan Córdoba Ramírez 902 Jurgen K. A. Nogueira 721
J. M.A. M. Oliveira 726 Juscelino J. Oliveira 679
Joabson N. de Carvalho 862 Kaio M. C. Bandeira 721
João A. da Silva Neto 683 Karlo Q. Costa 546
João Batista R. Silva 67, 71 Karoline Akemi Sato 447
João C. W. A. Costa 466, 905 Kathy C. C. O. Senhorini 11
João Francisco Justo 859 KayroFéllyx H. Pereira 374
João G. D. Oliveira 654, 721 Keila Silva dos Santos 701
João Henrique Angelo 847 Kleiton Morais Sousa 85, 893
João L. S. Teixeira 716 Lara Magro Pereira 634
João P. Assumpção Bastos 470, 511, 56 Laryssa M. de Sousa Duarte 120
João P. da Fonseca Neto 67, 71 Laurent Didier Bernard 475, 484, 915
João Paulo Lebarck Pizzaia 442 Lauro R. G. S. L. Novo 536, 639
João P. R. Carvalho 726 Leandro Lima Evangelista 105
Joaquim F. Martins Filho 80, 95, 218, Leandro Prytula 927
224 Leandro Tiago Manera 172
Joaquim J. Barroso de Castro 331, 606, 687, Leandro V. Carril 238
850 Leni Joaquim de Matos 31, 41,135,
Jonas Freire de A. M. Barros 62 144, 281, 296,
Jórdan Martins da Cruz 397 601, 716, 853,
Jorge A. I. Araujo 201 865
Jorge Virgilio de Almeida 674 Leon P. Pontes 639
Jose A. Santisteban 767 Leonardo E. Martins 243, 258, 369
José C. Leão Veloso Silva 364, 480 Leonardo G. Ribeiro 296
José D. da Silva Nogueira 67, 71 Leonardo M. Silva 196
José E. Barbosa Oliveira 331, 606 Leonardo Nakatani Moretti 272
José Fabio Kolzer 85 Leonid A. Huancachoque 321
José Francisco Bianchi Filho 359 Leslye E. Castro Eras 291, 580, 601
José G. Duarte Junior 406, 654, 721 Liebert Lemes da Silva 421
José H. Galeti 354 Lincoln Alexandre P. Silva 130
José Hélio da Cruz Júnior 51, 56, 312 Lorenzo C. Santos Borges 511, 516
José Jailton 591 Lucas de Carvalho Sobral 374
José Lucas da Silva Paiva 566 Lucas Douglas Ribeiro 679, 831
José Luís Fabris 205, 209 Lucas P. Boaventura 571, 716
José Osvaldo Rossi 687, 850 Lucas Stanqueviski 85
José Otávio Maciel Neto 341 Lucas Y. N. Matsukuma 480
José Patrocínio da Silva 426 Lúcia A. M. Saito 902
José Ricardo Bergmann 392, 416 Lucian Ribeiro 556
José Roberto Cardoso 100, 644 Luciana Briggs 716

lxxii
Luciano B. Antunes 506 Maria A. G. Martinez 76, 611, 887,
Luciano Leonel Mendes 744 905
Luciano M. de Freitas 238, 369, 506, Maria Carolina V. Lessa 853
777 Maria do Carmo A. Nono 687
Luis A. R. Ramirez 269 Maria Emília de Lima Tostes 796
Luis C. Jussiani Moreira 447 Maria L. M. dos Santos 321
Luís Gustavo da Silva 772 Maria T. M. Rocco Giraldi 462, 466, 887
Luis O. S. Grillo 369, 777 Mariana L. Silveira 625
Luis R. Alfaro Gamboa 359 Marianne S. Peixoto e Silva 224
Luiz A. C. Borges 369 Marilson Duarte Soares 286
Luiz Anet Neto 881 Marina de Oliveira Alencar 734
Luiz A. R. da Silva Mello 46, 758 Mário Leite Pereira Filho 364, 480, 847
Luiz Augusto Melo Pereira 835 Marjorie Hoegen 238, 369, 777
Luiz Cezar Trintinalia 364 Markus V. S. Lima 865
Luiz G. A. R. Barbosa 585 Marlio J. do Couto Bonfim 500, 669
Luiz Guilherme da Silva 914 Marlon M. Correia 908
Luiz H. A. de Medeiros 536, 639 Mateus L. de Campos e Silva 431
Magno Medeiros de Araújo 426 Mateus Moraes Marques 821
Maiquel S. Canabarro 36, 115 Matheus B. Moura 41
Manoel H. Nobrega Marinho 374 Matheus E. Tavares Sousa 566
Marbey Manhães Mosso 674 Matheus S. Borsato Cunha 748, 839
Marcelo Abreu 744, 748, 839 Maurício B. Camargo Salles 644, 853
Marcelo B. Perotoni 859 Maurício H. Costa Dias 149, 269
Marcelo M. Alves 536, 639 Maurício W. Benjó da Silva 125, 135, 144,
Marcelo M. Costa 905 281
Marcelo M. Werneck 213 Maysa A. C. Araújo 649
Marcelo O. Silva 466 M. C. Lima 379
Marcelo Sanches Dias 364 Michael S. Centeno 36
Marcelo S. Coutinho 536, 639 Michel P. da Cunha 36
Marcia Muller 205, 209 Miércio C. Alcântara Neto 307
Marcílio André Félix Feitosa 374 Miguel E. C. Mondardo 777
Marcílio Queiroz de Melo 490, 495 Miguel M. de Paiva Esper 806, 811
Márcio A. Dias Garrido 763 Moisés Vieira de Melo 566
Márcio Matias Afonso 490, 495 Nadson W. P. de Souza 546, 580
Marcio Nassif Maluf 384 Naiara TiemeMippo 620
M. A. de Oliveira 748 Natália C. SchvanWendt 205
Marco A. Oliveira Schroeder 490, 495 Nathann A. Jesus 11
Marconi B. Mondo 258 Nelson Jhoe Batistela 105, 239, 243,
Marcos Aleksandro Kamizi 209 258, 369, 470,
Marcos Antonio C. Moreira 787 475, 485, 506,
Marcos G. L. Moura 878 511, 516, 629,
Marcos Silva de Aquino 566 772, 777
Marcos Tavares de Melo 196, 201, 536, Nelson Sadowski 105, 238, 243,
639, 701, 726 247, 258, 369,
Marcos V. Thomas Heckler 416, 421 470, 475, 485,
Marcus V. P. Pina 411 506, 511, 516,
Mareli Rodigheri 336 777, 914
Nicola Andriolli 839

lxxiii
Nicollas R. de Oliveira 571 Renato Carlson 247
Nilson H. Oliveira Cunha 426 Renato Jardim Teixeira 374
Nivea P. Carvalho 31 Renato Luiz Faraco Filho 90
N. Nurhayati 859 Renato Machado Monaro 480
Olívia Santos 6 Renato Ramalho Costa 561
Olympio Lucchini Coutinho 331, 606, 620 Ricardo Ataíde de Lima 341, 346, 615
Pablo D. Paz Salazar Salazar 644 Ricardo de Araujo Elias 511, 516
Pablo Dutra da Silva 692 Ricardo H. Minoda 154
Paschoal Spina Neto 918 Ricardo Marques Ribeiro 354, 875, 881,
Patrick Kuo-Peng 238, 369, 629, 890, 908
777 Ricardo Queiroz Martins 158,167, 697,
Paulo C. Neves Jr. 782 730
Paulo H. R. P. Gama 536, 639 Roberta N. G. Carvalho 144, 844, 868
Paulo H. Vieira Cândido 896 Roberto Lacerda de Orio 172
Paulo Tibúrcio Pereira 16, 596 R. J. F. P. V. de Almeida 726
Paulo V. Alves de Freitas 401 Robson Costa Bentes 401
Paulo V. P. Lopes 41 Roberto Nebuloni 758
Pedro Abreu 881 Robson Ribeiro Carreira 331, 606
Pedro A. S. Jorge 905 Rocío Mederos Hernández 215
Pedro Augusto B. Simão 918 Rodney Resende Saldanha 490
Pedro Bertemes Filho 263 Rodolfo A. da Silva Araújo 871
Pedro Dal Bello Carranza 811 Rodrigo Araújo de Miranda 475
Pedro H. B. Cavalcanti Filho 196 Rodrigo J. Zandoná 181
Pedro H. C. Gomes 115 Rodrigo Marques 532
Pedro Henrique Santos 871 Rodrigo Souza 369
Pedro Souza 556 Rooney R. A. Coelho 100
Pedro V. G. Castellanos 31, 36, 286, Rose M. de Souza Batalha 679, 831
401, 601, 716, Ruan F. Hanthequeste 401
853, 865 Ruann Victor A. Lira 683
Pedro V. N. Wanderley 566 Rubens de Andrade Júnior 821, 826, 924
Pedro V. T. de Carvalho 611 RubensJ. Nascimento 238, 369
Pollyana M.R. Gonçalves 374 Saint Clair Nunes 532
Polyanna Mara Pereira 634 Samuel B. Paiva 140, 721
Rafael Carvalho Figueiredo 51, 56, 312 Samuel C. Pereira 276
Rafael Freitas Barbosa 739 Samuel M. Araújo Morais 659, 664
Rafael L. Bruginski Stonoga 349, 500 Sandro Marcelo Rossi 56
Rafhael S. Lima 767 Sandro T. M. Gonçalves 16
Raimundo E. F. Sobrinho 859 Sérgio Haffner 525
Raoni de Freitas Góis 911 Sergio Paul 556
Ravilla Raianni Silva Leite 862 Sergio R. S. Teixeira Jr. 706
Regina C. S. B. Allil 213 Sidnir Carlos Baia Ferreira 26, 796
Reginaldo M. Ribeiro 154 Silvio IkuyoNabeta 233, 918
Renan G. M. dos Santos 536 Stefany M. L. Reis 905
Renan PetryEltz 711 Tadeu N. Ferreira 571, 716, 844,
Renan R. M. dos Santos 639 853, 856, 865,
Renan R. Mendes 576, 801 868, 881
Renan Silva Santos 611 Tales Henrique Carvalho 806, 811
Renata A. A. Teles 541 Tassio Carvalho 591

lxxiv
Thalita Ayass 591 Victor Salvino Borges 359
Thamyris Silva Evangelista 734 Vilson R. Almeida 606
Thayana M. L. Sousa 281 Vinicius C. F. Barros 11
Thaylane Azevedo Marques 634 Vinicius de Carvalho 205, 209
Thiago Araújo Costa 601 Vinícius dos Anjos Barros 135
Thiago Coelho 899 Vinicius J. Nascimento 243
Thiago Eleuterio da Silva 291 Vinicius L. Tarragô 536, 639
Thiago Francisco Gomes 374 Vinicius N. Henrique Silva354, 7634, 856,
Thiago H. Gonçalves Mello 551 875, 881, 890,
Thiago M. de Vasconcelos 634 908
Thiago P. M. Bazzo 782 Vinicius O. Moura 782
Tiago Sutili 51, 56, 312, Vinícius Santana da Silva 163, 276, 697,
336 730
Tommaso Del Rosso 546 Vitor A. Matos 884
Uilian José Dreyer 893 Vitor Annecchini Schimid 233
Ulisses Carneiro 76 Vitor G. Andrezo Carneiro 753
Ursula do Carmo Resende 551, 634 Vitor L. G. Mota 281, 716
Valdemir M. da Silva Jr. 95 Vivian Cosenza 1
Valdemir P. da Silva Neto 140, 406, 654, Wagner Almeida Barbosa 374
721 Wagner Ormanes Castro 6, 397
Valderes Drago 105 Wallisson F. Souza 11
Valmir de Oliveira 447 Walter Macedo Lins Fialho 111
Valter Lima Junior 354 Weber de Souza Gaia Filho 763
Vanessa P. R. S. Magri 125, 281, 571, Wilhelmus Van Noije 561
716, 844, 853, Wirlan G. Lima 307
856, 869 Yoiz Nuñez 46
Victor B. Coelho 856 Yuzo Iano 154
Victor Dmitriev 6, 397, 546 Yvan Lefèvre 247
Victor H. R. Cardoso 467

lxxv
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Electromagnetic Fields in Anisotropic


Inhomogeneous Cylindrical Waveguides
Vivian B. Cosenza and Guilherme S. Rosa
Center for Telecommunications Studies
Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ 22451-900, Brazil
viviancosenza@cetuc.puc-rio.br, guilhermesimondarosa@cetuc.puc-rio.br

Abstract—In this paper, we present a robust semi-analytic II. T HEORY


technique for solving the boundary value problem associated with
In what follows, we employ a notation similar to that in [4],
inhomogeneous anisotropic cylindrical waveguides. The presented
method can handle generic (including large-contrast) radially- [5], where the time-harmonic dependence in the form e−iωt
layered guided structures composed of uniaxial anisotropy media. is assumed and suppressed. The Maxwell’s curl equations for
Our method starts by reducing the time-harmonic form of a homogeneous anisotropic medium are
Maxwell’s equations to a pair of decoupled Helmholtz differential
equations representing the longitudinal fields. A generalized ¯ · H,
∇ × E = iω µ̄ (1)
Bessel-Fourier series is then employed to express the solution ∇ × H = −iω ¯ · E + J, (2)
in a closed-form manner. The multilayered boundary-problem
enforcement allows us to obtain a guidance condition for the where E and H are the electric and magnetic fields, re-
modal fields, and, its solution is then expressed in terms of a spectively, produced by the source J. The magnetic perme-
meticulous complex integration contour that can be efficiently ability and electric permittivity tensors in cylindrical coor-
solved via inexpensive numerical algorithms. Numerical results
dinates (ρ, φ, z) are given by µ̄ ¯ = diag{µs , µs , µz } and
are presented and show the ability of the present methodology to
correctly characterized complex anisotropic cylindrical devices. ¯ = diag{s , s , z }. Notice the subscript s is used here
Keywords—Anisotropy media, inhomogeneous media, cylindri- to indicate the coordinates transversal to z. In a source-free
cal waveguide. region, after some manipulations with (1) and (2), we can
decouple the longitudinal Ez and Hz field components [4],
I. I NTRODUCTION
that are described by the homogeneous Helmholtz equations
The analysis of non-homogeneous circular and coaxial
z ∂ 2
 
waveguides is a topic that has been receiving attention in ∇2s + + ω 2
µ 
s z Ez = 0, (3)
many works [1]–[4] due to its uses for microwave and antenna s ∂z 2
µz ∂ 2
 
engineering. Different techniques can be employed for char-
∇2s + + ω 2
µ 
z s Hz = 0. (4)
acterizing such cylindrically-conforming devices. In [1] and µs ∂z 2
[2], a direct numerical integration was suggested for solving The general solution to the above fields can be written as [6]
the electromagnetic dispersion in a coaxial cable. In [3], an r 
XX pz
approximated solution was obtained via a perturbation method. ψ= Cn,kz Rn kρ ρ Φ (nφ) Z (kz z) , (5)
Although very popular in the analysis of radially-smooth n
ps
kz
media, these methods face numerical issues and/or inaccuracy where ψ = {Ez , Hz }, p = {, µ}, Rn (·) is the solution for the
in the modeling of large-contrast layered waveguides. In this differential Bessel equation of order n, and Φ(nφ) and Z(kz z)
context, this paper explores a semi-analytic technique for are harmonic functions that satisfy the Laplace equation. The
solving such boundary value problems in a robust manner via parameters n, kρ , kz and Cn,kz will be determined by the
a formal eigenfunction expansion and a numerically efficient boundary conditions enforcement.
solution for the associated eigenvalues on the grounds of the A forward-propagating wave along the positive z-direction
Cauchy’s argument principle. can be obtained by using
The rest of this paper is organized as follows. Section II
Rn kρe,h ρ = ae,h Hn(1) (kρe,h ρ) + be,h Jn (kρe,h ρ),

details the mathematical procedure to describe the electro- (6)
magnetic fields inside a multilayered cylindrical waveguide Φ(nφ) = einφ , for n = 0, ±1, ±2, . . . , (7)
by the employment of generalized reflection matrices. Also, Z(kz z) = e ikz z
, (8)
a novel procedure for finding the complex-valued eigenvalues
(1)
on a region of search is presented in terms of a 2-by-2 matrix where Jn (·) and Hn (·) are first kind Bessel and Hankel func-
sum. Numerical results are presented in Section III, where tions of integer order n, ae,h and be,h are modal amplitudes,
some simulation scenarios are used to validate our method. and kρe,h = αe,h kρ . The radial and longitudinal wavenumbers
The concluding remarks and further research in progress are kρ and kz , respectively, are related by kρ2 = ks 2 − kz2 , with
summarized in Section IV. ks2 = ω 2 µs s . Further details can be found in [4], [5].

1
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A. Axial Fields
Adopting the compact matrix notation introduced in [5], the
longitudinal fields can be written as
  ∞ X ∞  
Ez X ez,np (ρ)
= einφ eikz z , (9)
Hz hz,np (ρ)
n=−∞ p=1 ���

where the ρ-dependent parcel of the fields are
 
ez,np (ρ) ¯ (1) (k ρ)ā + J¯ (k ρ)b̄,
= H̄zn ρ zn ρ (10)
hz,np (ρ)
where
Gn (kρe ρ)
 
¯ (k ρ) = 0
Ḡzn ρ , (11)
0 Gn (kρh ρ) �0
�1
(1)
and Gn = {Hn , Jn }. The vectors ā and b̄ are the modal �N
amplitudes arranged as
 e   e  Fig. 1. Cross-sectional view of an inhomogeneous coaxial waveguide with N
anp bnp radial layers. The shaded areas represent a perfect electric conductor (PEC)
ā = and b̄ = . (12)
ahnp bhnp or a perfect magnetic conductor (PMC).

B. Transversal Fields
The fields transversal to ẑ can be expressed as a function By enforcing the continuity of the z and φ field components
of Ez and Hz : at the interfaces between layer j and its adjacent, we can obtain
  h
1 ejα (ρ) ¯ (1) (k ρ) + J¯ (k ρ)R̄ ˜¯ (ρ)
i
Es = [ikz ∇s Ez + iωµs ∇s × (ẑHz )] , (13) = H̄ αn jρ αn jρ j,j+1 āj , or (20)
kρ2 hjα (ρ)
1   h
Hs = 2 [ikz ∇s Hz − iωs ∇s × (ẑEz )] . (14) ejα (ρ) ˜¯ (ρ)
i
kρ = H̄ ¯ (1) (k ρ)R̄ + J¯αn (kjρ ρ) b̄j , (21)
αn jρ j,j−1
hjα (ρ)
By suppressing the exponential harmonic functions, the ρ- where the generalized reflection matrix for multiple layers
dependent parcel of the fields can be written as ˜¯ (ρ)
  R̄ j,j+1 is a 2-by-2 matrix given by
eφ,np (ρ) ¯ (1) (k ρ)ā + J¯ (k ρ)b̄,
= H̄ φn ρ φn ρ (15) ˜¯ (ρ) ¯ (ρ)
hφ,np (ρ) R̄ j,j±1 = R̄j,j±1

eρ,np (ρ)
 −1
˜¯ (ρ) ¯ ˜¯ (ρ) ˜¯ (ρ)

¯ (1) (k ρ)ā + J¯ (k ρ)b̄, + T̄¯j±1,j R̄
(ρ)
T̄¯j,j+1 ,
(ρ)
hρ,np (ρ)
= H̄ ρn ρ ρn ρ (16) j±1,j±2 I − R̄j±1,j R̄j±1,j±2 (22)

where where I¯ is the identity matrix. The local transmission and


1 −nkz Gn kρe ρ
 
−iωµs kρh ρG0n (kρhρ)
 reflection matrices are defined according to
¯
Ḡφn (kρ ρ) = 2 ,
kρ ρ iωs kρe ρG0n (kρe ρ) −nkz Gn kρh ρ
h
¯ (ρ) = D̄−1 H̄
R̄ ¯ ¯
j,j+1 ja φj+1,j H̄zj,j
(17) i
− H̄ ¯ ¯ ¯ −1 ¯
0 φj+1,j H̄zj+1,j H̄φj+1,j H̄φj,j , (23)
 e e
 h

¯ (k ρ) = 1 ik k
z ρ ρGn k ρ ρ −nωµ G (k
s n ρ  ρ)
Ḡ ρn ρ .
kρ2 ρ nωs Gn (kρe ρ) ikz kρh ρG0n kρh ρ
h i
¯ (ρ) = D̄−1 J¯ J¯ J¯−1 − J¯ J¯
R̄ , (24)
j+1,j jb φj,j zj,j φj,j φj,j zj+1,j
(18) h i
T̄¯j,j+1 = D̄jb
−1 ¯ ¯ ¯ ¯ ¯−1 ¯
(ρ)
Jφj,j H̄ zj,j − Jφj,j Jzj,j Jφj,j H̄φj,j , (25)
In the above, G0n (·) is denoting the derivative of Gn (·) with h
respect to it argument. T̄¯j+1,j = D̄ja
−1 ¯ ¯ ¯ ¯
(ρ)
H̄φj+1,j H̄ zj+1,j H̄φj+1,j Jφj+1,j
i
C. Multilayered Waveguide and Guidance Condition ¯
− H̄ ¯
φj+1,j Jzj+1,j , (26)
Considering a waveguide with N radial layers, defined by
the radii {ρ0 , ρ1 , ..., ρN }, as shown in Fig. 1. By omitting the where
np subscript, the ρ-dependent parcel of the fields in the layer ¯ ¯ ¯ −1 ¯ ¯ ¯
D̄ja = H̄ φj+1,j H̄zj+1,j H̄φj+1,j Jφj,j − H̄φj+1,j Jzj,j , (27)
j can be written in the form
  D̄jb = J¯φj,j H̄
¯ ¯ ¯ ¯−1 ¯
zj+1,j − Jφj,j Jzj,j Jφj,j H̄φj+1,j , (28)
ejα (ρ) ¯ (1) (k ρ)ā + J¯ (k ρ)b̄ ,
= H̄αn jρ j αn jρ j (19)
hjα (ρ) where the following compact notation was adopted:
where α = {ρ, φ, z}. ¯
H̄ ¯ (1) and J¯αi,j = J¯αn (kiρ ρj ) .
αi,j = H̄αn (kiρ ρj ) (29)

2
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

From (20) and (21), we have the following relation between where Np is the number of poles and N0 the number of zeros
the vector amplitudes: of fpf (kz ). As the characteristic equation in (34) is free of
˜¯ (ρ) ˜
¯ (ρ) ā . singularities, the above integral will gives us the exact number
āj = R̄ j,j−1 b̄j and b̄j = R̄ j,j+1 j (30) of zeros that exist inside a region of the complex plane kz .
In view of the above, we can obtain the homogeneous matrix By choosing a region of search as depicted in Fig. 2, the
equation contour integral C split into the line integrals over C1 , C2 and
˜ ˜ C3 , and then (37) reduces to
h i
¯ (ρ) R̄
I¯ − R̄ ¯ (ρ)
j,j+1 j,j−1 b̄j = 0̄, (31) "Z
0 0
fpf (kz ) fpf (kz )
Z
1
which has a non-trivial solution if N0 = dkz + dkz
2πi C1 fpf (kz ) C2 pf (kz )
f
˜ ˜
 
det I¯ − R̄¯ (ρ) R̄
¯ (ρ)
j,j+1 j,j−1 = 0. (32) 0
#
fpf (kz )
Z
+ dkz . (38)
Therefore, any kz that satisfy the characteristic equation (32) C3 pf (kz )
f
is a proper solution the problem at hand. By selecting j = N ,
we obtain The above is a well-known result available in [4], that will
now be further explored. From (34), it is possible to notice
¯ (ρ) ˜
 
f (kz ) = det I¯ − R̄ ¯ (ρ)
N,N +1 N,N −1 = 0.
R̄ (33) that the characteristic equation is presented as a product of
functions. In a shorthand notation, we can write
˜
¯ (ρ) ¯ (ρ)
Notice that when j = N , we have R̄ N,N +1 = R̄N,N +1 . j=N
Y+1
In order to find the eigenvalue solutions in (33), it is fpf (kz ) = fj (kz ) (39)
appropriated to remove the singularities of this characteristic j=1
equation. By using a procedure similar to that in [4], a pole-
where
free characteristic equation can be obtained:
fj (kz ) =
fpf (kz ) =
˜¯ (ρ)
h m(j)/2 ¯  i
j=N
Y+1 det kjs 2
− kz2 D̄j−1 I¯ − R̄
¯ (ρ) R̄
j−1,j j−1,j−2 . (40)
˜
h m(j)/2 ¯  i
det 2
kjs − kz2 D̄j−1 I¯ − R̄
¯ (ρ) R̄
¯ (ρ)
j−1,j j−1,j−2
By taking the logarithmic on both sides of (39), we obtain [7]
j=1
 
(34) j=N
Y+1
where ln [fpf (kz )] = ln  fj (kz ) (41)
¯ , if j = N
(
D̄ j=1
¯ =

ja
(35)
j ¯ , if j < N j=N
D̄jb X+1
= ln [fj (kz )] . (42)
and j=1
 h i



3
2 − δ1,N 21 + δ0,n − u(0) 2
Now, by taking the derivative of the above, we obtain
 1 
−δ − 0
(kz ) j=N
X+1 fj0 (kz )



 0,ρ0 2 + n + δ 0,n (1 δ 1,N ) fpf

+ u(0) = . (43)
2 , if j = 1

m(j) = (36) fpf (kz ) j=1
fj (kz )
3 u(N )
2 + 2 ,
 if j = N and N > 1


0, Finally, by combining the above results, we can rewrite (37)
if j = N + 1



 as
2, otherwise. j=N +1 3 I
1 X X fj0 (kz )
N0 = dkz . (44)
In the above, δij is the Kronecker delta (which is 1 if i = j and 2πi j=1 q=1 Cq fj (kz )
zero otherwise), and the function u(j) indicates an impedance
boundary condition for a truncating the waveguide at ρj . In After finding N0 , a root finding algorithm based on Muller’s
case of perfect electric conductor (PEC) or perfect magnetic method can be used to determine the eigenvalues kz of our
conductor (PMC), we have u(j) = 0. Please, see [4] for further characteristic equation. Next, for each kz , we are able to found
details. the modal amplitudes āj and b̄j for every layer j. For example,
the modal amplitude b̄j is given by [4], [8]
D. Root-Finding on the Complex Plane kz −1
˜¯ (ρ)

b̄j−1 = I¯ − R̄¯ (ρ) R̄ T̄¯j,j−1 b̄j .
(ρ)
The correct number of eigenvalues that are inside a region j−1,j j−1,j−2 (45)
of interest in the complex plane can be found by using
In view of (31), b̄j in the last layer (j = N ) is given by the
the Cauchy’s argument principle, also known as the winding ¯ :
null space of matrix M̄ N
number. The winding number of a complex function in a  
closed contour C is given by [4] b̄N = null M̄ ¯
N , (46)
0
fpf (kz )
I
1 
˜¯ (ρ)

N0 − Np = dkz (37) ¯ = I¯ − R̄
M̄ ¯ (ρ)
2πi C fpf (kz ) N N,N +1 R̄N,N −1 . (47)

3
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kz'' 1

C2

0.5
C3 C1

kz' 0
0 5 10 15

Fig. 2. Region of search on the complex plane kz . Fig. 3. Normalized Eφ field component of the two main propagating modes
(solid and dashed lines) in a four-layer coaxial waveguide at 100 GHz.

The amplitudes b̄j for the remaining layers j = {1, 2, ...N −1} 1
can then be obtained recursively using (45). The corresponding
āj is obtained via (30).

III. N UMERICAL R ESULTS


0.5
To illustrate the ability of the presented formulation to
correctly represent the modal fields in multilayered cylindrical
waveguides, in this section we present simulation results
obtained from a numerical algorithm implemented in Matlab. 0
First, we consider a four-layer coaxial waveguide truncated 0 5 10 15
by PEC layers. The geometric parameters are: ρ0 = 1 mm,
ρ1 = 3 mm, ρ2 = 5 mm, ρ3 = 1 cm and ρ4 = 1.5 cm.
The media is characterized by: r1 = 2.5, r2 = 3, r3 = 3.5 Fig. 4. Normalized Ez field component of the two main propagating modes
and r4 = 1. Other constitutive parameters are equal to those in a four-layer coaxial waveguide at 100 GHz.
of vacuum. Fig. 3 and Fig. 4 show the normalized Eφ and
Ez field components of the two main propagating modes at 1
100 GHz. As expected, our field solutions fulfill the boundary
conditions, i.e., the tangential fields are continuous for all
values of ρ and equal to zero at the PEC. In addition, Fig. 5
presents the normalized Ez and Eρ field components inside 0.5
the same waveguide but now operating at 20 GHz. As before,
the boundary conditions for Ez are correctly enforced. We
can also verify that the Eρ component (normal to the radial
interfaces) is discontinuous, as expected. 0
In an second example, consider a three-layer circular 0 5 10 15
anisotropic waveguide, defined by ρ1 = 2 mm, ρ2 = 3.5
mm, ρ3 = 5 mm, and with rs1 = 1, rz1 = 1.5, rs2 = 2,
rz2 = 2.55, rs3 = 3 and rz3 = 4. Fig. 6 and Fig. 7 Fig. 5. Normalized Ez and Eρ field components of the two main propagating
show the normalized Eφ and Ez field components of the modes in a four-layer coaxial waveguide at 20 GHz.
three main propagating modes at 100 GHz, and, again, such
fields are in accordance with theory: Eφ and Ez must vanish
at ρ = 0 mm and 5 mm, and must be continuous across field clearly concentrates on the layer filled by the dielectric
ρ = 2 mm and 3.5 mm. Fig. 8 presents the normalized Ez and material.
Eρ field components inside the same waveguide problem but As an additional example, to explore large dielectric contrast
now at 20 GHz. Again the boundary conditions enforcement layers, consider the last waveguide has a dielectric material
are correct. with r = {2, 3, 6, 12} filling only the outermost layer; the
Subsequently, the last three-layer circular waveguide is now remaining are filled with vacuum. Fig 10 shows the normalized
evaluated in three different cases, where only one layer is Eφ field component of the the main propagating mode at
filled with dielectric (r = 3) and the other two are vacuum. 100 GHz for each considered r . We can notice that as
Fig. 9 shows the normalized Eφ field component of the main the electric permittivity increases, the field become more
propagating mode at 100 GHz. We can observe that this concentrated in the dielectric layer.

4
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

1 1

layer 1
0.5 0.5 layer 2
layer 3

0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5

Fig. 6. Normalized Eφ field component of the three main propagating modes Fig. 9. Normalized Eφ field component of the main propagating mode in a
(solid, dashed, and dashed-dot lines) in an anisotropic three-layer circular (virtual) three-layer circular waveguide at 100 GHz. A dielectric media (with
waveguide at 100 GHz. r = 3) is placed in the innermost, middle, and outermost radial layers (solid,
dashed, and dashed-dot lines, respectively).

1
1
r
=2

r
=3

0.5 r
=6
0.5 = 12
r

0
0 1 2 3 4 5 0
0 1 2 3 4 5

Fig. 7. Normalized Ez field component of the three main propagating modes


(solid, dashed, and dashed-dot lines) in an anisotropic three-layer circular Fig. 10. Normalized Eφ field component of the main propagating mode in
waveguide at 100 GHz. a (virtual) three-layer circular waveguide at 100 GHz. The outermost radial
layer is filled with a material characterized by the electric permittivity r .

1
ACKNOWLEDGMENT
This study was financed in part by the Coordenação
0.5
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior – Brasil
(CAPES) – Finance Code 001.
R EFERENCES
[1] A. Puzella and A. Palevsky, “Electromagnetic dispersion of a coaxial
0
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to validate an implemented algorithm and show that the New York, NY, USA: Dover Publications, 1964.
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present methodology is adequate to characterized complex algorithm for the analysis of triaxial well-logging tools in anisotropic
anisotropic waveguides. Further work is in progress to analyze geophysical formations,” IEEE Trans. Geosci. Remote Sens., vol. 55,
longitudinal discontinuities via a mode-matching technique. no. 5, pp. 2534–2545, May 2017.

5
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Controllable directional coupler for THz region


based on graphene waveguides with 90◦ bends
1st O. N. Santos 2nd V. Dmitriev 3rd G. Melo
Department of Electrical Engineering, Department of Electrical Engineering, Department of Electrical Engineering,
Federal University of Para, Federal University of Para, Federal University of Para,
Belem, Para, Brazil. Institute of Technology (ITEC), Federal Rural University of Amazonia,
Email: oliviasantos38@gmail.com PO Box 8619, Agencia UFPA, Belem, Para, Brazil.
66075-900, Belem, Para, Brazil. Email: gsmfisica06@yahoo.com.br
Email: victor@ufpa.br

4th D. R. Grippa 5th Wagner Castro


dept. electrical engineering Department of Electrical Engineering,
Federal University of Para Federal University of Para,
Belem, Brazil Cyberspace Institute (ICIBE),
Email: dalilareiis@hotmail.com Federal Rural University of Amazonia,
Belem, Para, Brazil.
Email: wagnerormanes@yahoo.com.br

Abstract—We suggest and analyse a directional coupler based In this work, the directional coupler was designed using
on graphene that can operate in terahertz (THz) and infrared graphene waveguides. Among the advantages of this device
regions. The four-port device consists of two graphene strips are the low insertion losses, variable directivity and also wide
placed on a dielectric substrate of silica (SiO2 ) and silicon (Si).
One can fulfill the dynamic control of the coupler by varying bandwidth [6]. Graphene is a material that interacts well
the Fermi energy of the graphene, applying an external voltage with electromagnetic radiation in the regions of terahertz and
over the graphene layer. Using the finite element method, we medium infrared, presenting strong confinement of plasmonic
investigate the operation of the coupler, analysing the frequency waves, favoring the construction and development of more
response of the its four ports. The propagation of surface compact and efficient nanodevices for use in integrated circuits
plasmonic waves on the the graphene waveguides generates three
resonant frequencies f1 = 5.07 THz, f2 = 9.69 THz and f3 = 7.52 [7]–[9]. Among the benefits of graphene, Fermi energy can be
THz. Our numerical results show good levels of insertion loss, varied by application of an external electric field, to shift the
isolation and reflection. Considering the isolation level of -15 central frequency of the device [10]. In this work, we proposed
dB,the bandwidth of the coupler of 23% and 7% for the two and analyzed theoretically a graphene-based directional cou-
operating regions with frequencies f1 and f2 . pler for THz region by finite element method using COMSOL
Keywords—Directional coupler; graphene; surface plasmons
Multiphysics.
polaritons; terahertz.
II. DIRECTIONAL COUPLER DESIGN
I. I NTRODUCTION The electronic and geometric parameters used in our work
were based on works published in the literature that use
The directional couplers are frequently used in microwave graphene for the development of plasmonic devices, among
frequency band. In THz region, graphene surface plasmon which we can mention: [11], [12], [13]. Thus, from our
polaritons (SPPs) offer a promising way to realize chip scale numerical simulations we can choose the best parameters for
integrated photonic circuits because of their ability of confin- the construction of our structure, achieving the results obtained
ing and controlling electromagnetic waves [2]. Power levels in our article. It is very likely that with new simulations, using
often must be maintained and monitored in THz systems, and new physical and geometric parameters, it will be possible to
those tasks can depend on simple but important passive com- achieve better results.
ponents: directional couplers and power dividers/combiners. The geometry of the directional coupler consists of input
Directional couplers are passive components used in numer- and output waveguides of length L1 = 1000 nm and a central
ous applications in different circuits, among which we can coupling region with parallel waveguides of length L2 =
mention radar systems, energy monitoring systems, magnetic 500 nm, separated by a distance g = 5 nm. The width of
resonance (RM) and wireless communication systems [3]–[5]. waveguides is w1 = 50 nm and L3 = 420 nm, as shown in the
The directional couplers in microwaves can be designed using Fig.1a. The graphene elements are deposited on silica (SiO2 )
waveguide technology, stripline, or microstrip technology [6]. and silicon (Si) substrate Fig.1b. The dieletric layers of silica

6
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

and silicon have the thickness h1 = 10 nm, h2 = 40 nm and h3 A. Scattering Matrix of Directional Coupler
= 1000 nm, with relative permittivity ε1 = 2.09 and ε2 = 11.9, Initially, we will make an analysis of the symmetry of the
respectively. In addition, there is a thin layer of polysilicon in directional coupler shown in Fig.1a. Our device has one plane
which the DC voltage is applied between the graphene sheet of symmetry σ [18]. Within the group Cs one has the following
and this layer, which has a relatively high conductivity. elements of symmetry: the unitary element e and one plane of
reflection σ, as shown in Fig.1a.
Port 2 From the commutation relationship RS = SR for the
g element σ, we can calculate the scattering matrix in terms of
w1

Port 3
the electric field. The 4x4 matrix represents the S parameters
of the directional coupler described in (Fig.1a):
L1  
y S11 S12 S13 S14
L2 L3  S12 S11 S14 S13 
[S] = 
 S13 S14 S33 S34  , (2)

Port 4

x S14 S13 S34 S33
Graphene
waveguides where S44 = S33 , S22 = S11 , S43 = S34 , S21 = S12 , S23 =
Port 1 S14 , S24 = S13 , S41 = S14 , S42 = S13 , S31 = S13 due to the
(a) plane of symmetry σ (Fig. 1a) and represent the coefficients of
Graphene
transmission, isolation and reflection in each port, respectively.
z For example, S21 is the transmission coefficient from port 1
h1 VDC to port 2 and S12 is the transmission coefficient from port 2
h2 Silica to port 1 (S12 = S21 ) due to reciprocity of the structure. The
Polysilicon
h3 bandwidth of the device is defined as BW = (f2 − f1 )/f0 ×
100, where f2 and f1 are the upper and lower frequency and
Silicon
x f0 is the central frequency of operation.
(b)
IV. NUMERICAL RESULTS
Fig. 1. Schematic representation of graphene directional coupler: a) top view,
b) side view, it is possible to visualize the voltage application scheme and a The principle of operation of the directional coupler is based
polysilicon layer making the electrical contact with the graphene. on the incidence of an electromagnetic wave in port 1 of the
device, exciting SPP plasma waves in the coupler structure that
propagate on the graphene surface, and when they reach the
III. MODEL AND SIMULATIONS L2 coupling region, they can be directed or to port 3 or port
Due to the operating frequency range of the device and the 2, generating two resonances f1 and f2 , and isolating port 4.
following condition }ω  2F , in our numerical simulations, By changing the incidence to port 2, the wave will be directed
we can use only the intraband part of the electrical conductiv- to port 3 or port 1, isolating port 4.
ity of graphene to model its layer, disregarding the interband As for incidence through port 3, we will have the wave
part that does not have high contributions. Thus, we will use being directed to port 4 or port 1, isolating port 2, and finally,
Drude’s semi-classic model [14], described by: if the incidence is made through port 4, we will have the
wave being directed to port 2 or to port 3, isolating port 1.
2D iω − 1/τ The device can also function as a power divider, for this it
σs = , (1) would be necessary to vary the coupling region L2 , finding
π (ω + i/τ )2
the ideal length, which will divide the incident signal on the
where D = 2σ0 F /~ is the Drude weight, σ0 is the input port 1, to the output ports 2 and 3, isolating the port 4.
universal conductivity, ~ is the reduced Planck constant, F In our results we analyse only the incidence in port 1, the
= 0.15 eV is the electron charge, τ = 0.9 ps is the relaxation frequency response for this configuration is shown in Fig2.
time and ω is the frequency of the incident wave. Notice, that Onee can observe that at frequency f1 = 5.07 THz the levels
by electrostatic doping, graphene Fermi level F = 1.2 eV can of reflection, isolation of ports 1, 2 and 4 and loss of insertion
be reached [15]. of port 3 present good results, being -41.4 dB, -29 dB and
The simulations were fulfilled using the commercial soft- -27.6 dB and -0.68 dB, respectively.
ware COMSOL Multiphysics version 5.2.a [16], which is For the frequency f2 = 9.69 THz the levels of reflection,
based on the method of finite elements. Graphene is a 2D isolation of ports 1, 4 and 3 and loss of insertion of port 2 show
material with the atomic order thickness. However, in our good results, being -25.58 dB, -26.09 dB and -24.57 dB and
numerical calculus we will consider a graphene monolayer -0.74 dB, respectively. For the frequency f3 = 7.52 THz we
with finite thickness ∆ and conductivity of graphene given by have the signal being divided for ports 2 and 3 with levels of
[σv ] = [σs ]/∆, where [σs ] is is the surface conductivity of isolation, reflection and insertion losses around -20 dB, -23 dB
graphene [17]. In our simulations, we assume ∆ = 1 nm. and -3.7 dB, respectively. Considering the isolation level at -15

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f = 7 THz f1 = 5.07 THz


Port 2 Port 2
0

-5

Port 3
S
S 31
21
-10
S-Parameter (dB)

-15

Port 4
-20 Max
-25

-30 Port 1 Port 1


(a) (b)
-35 S

f2 = 9.7 THz
41
S
11
f3 = 7.52 THz
-40 Port 2 Port 2
-45
2 4 6 8 10 12

Port 3

Port 3
Frequency (THz)
-Max

Fig. 2. Frequency responses of graphene directional coupler simulated by

Port 4

Port 4
Comsol Multiphysics for F = 0.15 eV, f1 = 5.07 THz, f2 = 9.69 THz and
f3 = 7.52 THz

Port 1 Port 1
dB, we measured the bandwidth for the two operating regions (c) ( d)
of the coupler with frequencies f1 and f2 , obtaining BW1 =
23% and BW2 = 7% as we can see in Fig3. In Fig.4a,b,c we Fig. 4. Ez field distribution in graphene waveguide for F = 0.15 eV.
can see the distribution of the Ez component of the electric
field, showing the propagation of SPP waves to ports 3 and 2.
can increase the density of charge carriers in graphene, thus
increasing its Fermi energy and, consequently, changing its
conductivity, shifting the operating band of the coupler to
0 higher frequencies. The frequency response of the coupler for
the variation of the Fermi energy of graphene between 0.15
-5
BW BW
eV to 0.25 eV is shown in Fig.5.
1 2
S
21 S
23% 7%
S-Parameter (dB)

31

-10
0

-15 -5

-20 -10
S-Parameter (dB)

-15
-25

-20
-30
2 4 6 8 10 12
-25
S
21
Frequency (THz) S
31

-30 0.15 eV 0.20 eV 0.25 eV

Fig. 3. Calculation of bandwidth for the two operating regions of the coupler 0.15 eV 0.20 eV 0.25 eV

for F = 0.15 eV. -35


2 4 6 8 10 12 14

Frequency (THz)
V. CONTROL OF RESONANCES BY FERMI ENERGY
In order to verify the dynamic control of the directional Fig. 5. Frequency responses of graphene directional coupler simulated by
coupler, that is, to control the operating frequency band of Comsol varying Fermi energy F between 0.15 eV and 0.25 eV.
the device, we varied the Fermi energy of graphene between
the values of 0.15 eV to 0.25 eV. This variation occurs We can observe that the increase in Fermi energy shifts the
when an external voltage is applied between the graphene resonant frequencies f1 , f2 and f3 of the coupler to higher
layer and the Si layer. With the increase in this voltage, we values. For frequency f1 , there was a shift from 5.07 THz to

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

6.56 THz with insulation levels of port 2 from -27.5 dB to ACKNOWLEDGMENT


-25.95 dB and insertion losses for port 3 around -0.68 dB. This work was supported by the Brazilian Agency National
For f2 , there was a shift from 9.69 THz to 12.53 THz with of Technological and Scientific Development CNPq, Federal
insolation levels of port 3 from -26.09 dB to -27.95 dB and University of Pará (UFPA) and Federal Rural University of
insertion losses for port 2 around -0.74 dB. For frequency f3 , Amazônia (UFRA).
where the signal is split, there was a shift from 7.52 THz to
9.7 THz, with insertion losses for ports 2 and 3 around -3.7 R EFERENCES
dB.
[1] Jones, Graham A.; Layer, David H.; Osenkowsky, Thomas G, “The
According to the following (3) obtained in [19], it is possible Electromagnetic Spectrum,”National Association of Broadcasters Engi-
to relate the voltage applied to the structure, with the Fermi neering Handbook, 10th ed. New York, USA: Taylor and Francis, 2013,
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[2] W. Xu, Z. H. Zhu, K. Liu, J. F. Zhang, X. D. Yuan, Q. S. Lu and S.
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[3] Sung-Min Sohn, A. Gopinath and J. T. Vaughan, “Tunable and high
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polysilicon layer with relatively high conductivity placed at 10 [4] S. Sohn, A. Gopinath and J. T. Vaughan, “A Compact, High Power
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9
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

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10
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Projeto de ferramentas computacionais para ensino


de Teoria de Ondas Guiadas
Nathann A.Jesus, Wallisson F.Souza, Vinicius C.F.Barros, Kathy C.C.O.Senhorini
Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal do Tocantins
Palmas-TO, Brasil
nathann@uft.edu.br, freitaasw@gmail.com, vinicius_caina@live.com, kathy@uft.edu.br

Resumo—Devido à complexidade de visualização do Uma dificuldade também pode surgir do caráter vetorial dos
comportamento dos campos elétrico e magnético nos guias de onda problemas no eletromagnetismo, já que as Equações de
retangulares, muitos estudantes da disciplina de Teoria das Ondas Maxwell apresentam recursos matemáticos que às vezes
Guiadas do curso de Engenharia elétrica da Universidade Federal permanecem abstratos até para estudantes que já fizeram cursos
do Tocantins encontram dificuldades em compreender o de cálculos onde se abordava o assunto, como por exemplo, o
funcionamento deste tipo de guia. Neste contexto, este trabalho rotacional de um campo vetorial. Se o estudante começar a
busca a elaboração de duas ferramentas desenvolvidas em Python enxergar essas operações em imagens e em conceitos mais
e Octave, que gerem os gráficos de intensidade e diagrama vetorial intuitivos, ele poderá construir um roteiro em sua mente para
dos campos elétrico e magnético nesses guias e, então, comparar os
compreender uma equação e problemas que envolvam o
resultados encontrados pelas duas ferramentas.
rotacional de um campo vetorial, ou até mesmo ter um maior
Palavras-chave—guias de ondas; ferramenta; aprendizado; poder de intuição [3-6].
algoritmo. Como conceitos apresentados na disciplina de Teoria de
Abstract—Due to the complexity of visualizing the behavior of Ondas Guiadas possuem comportamentos que só podem ser
the electric and magnetic fields in rectangular waveguides, many estudados experimentalmente a partir de equipamentos
students of Guided Wave Theory of the University Federal of sofisticados, e ainda assim os dados coletados não são de fácil
Tocantins find it difficult to understand the operation of this type interpretação, e que alguns estudos com objetivo parecido ao
of guide. In this context, this work seeks the elaboration of two deste trabalho tem dado bons resultados como os de [3-6], o foco
tools developed in Python and Octave, which generate the intensity deste trabalho foi projetar e implementar um algoritmo em uma
graphs and vector diagram of the electric and magnetic fields in linguagem de programação consolidada para resolução de
these guides, and finally comparing the results found by the two problemas em engenharia com o intuito de facilitar e auxiliar o
tools. ensino de Teoria de Ondas Guiadas e contribuir dessa forma para
o desenvolvimento científico. Para isso, foram desenvolvidos
Keywords— waveguides; tool; learning; algorithm. dois algoritmos, um em Octave e outro em Phyton que geram
gráficos dos campos eletromagnéticos no interior de guias
I. INTRODUÇÃO retangulares metálicos.
Os conteúdos estudados em Teoria de Ondas Guiadas, pela
sua complexidade, costumam abstrair conceitos em equações e II. METODOLOGIA
funções que facilitam a manipulação algébrica de problemas
complexos. Para um leitor experiente essas ferramentas até A. Modelagem e equacionamento
mesmo ajudam no entendimento, porém para iniciantes no Para o desenvolvimento destas ferramentas de simulação
assunto muitas vezes há uma complicação na compreensão considerou-se um guia retangular com altura “b” e largura “a”,
desses conceitos que são, de certo modo, diferentes daqueles onde a>b, com placas condutoras metálicas perfeitas e
intuitivos como força, dimensões espaciais, intervalos de tempo preenchido por um material dielétrico sem perdas (neste caso o
e etc., gerando problemas semelhantes aos apresentados em [1]. próprio ar) de parâmetros ε e µ, conforme Fig.1. O modo
Essa dificuldade é experimentada pelos alunos no decorrer dominante para este guia, é o TE10, que possui a menor
do estudo de guias de ondas, onde os conceitos de frequência de corte [7-9] e os índices 10 referem-se às
eletromagnetismo são aplicados na resolução de problemas, variações de meia onda nas direções x e y respectivamente.
sendo que algumas das dificuldades encontram-se na Conforme [7], as equações fasoriais dos campos para o
“visualização” do campo elétrico, campo magnético e modos de modo TE10 são:
propagação, os quais às vezes ficam incompreensíveis para os
estudantes. Para superar esse problema é proposto utilizar-se da 𝐸𝑧 = 0 (1)
compreensão geométrica de problemas e a visualização 𝐸𝑥 = 0 (2)
qualitativa e quantitativa dos campos como discutido em [2-6].

11
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

𝐸𝑦 = −
𝑗𝜔𝜇𝜋
𝐴𝑠𝑒𝑛
𝜋𝑥
𝑒 −𝑗𝛽𝑧 (3) Para o desenvolvimento da primeira ferramenta foi
𝑘𝑐2 𝑎
𝜋𝑥
𝑎 escolhida a linguagem de programação Python em sua versão
𝐻𝑧 = 𝐴𝑐𝑜𝑠 𝑒 −𝑗𝛽𝑧
(4) 3.7, pois, além de cumprir os requisitos necessários, possui
𝑎
𝑗𝛽𝜋 𝜋𝑥 diversas bibliotecas que auxiliam na realização de operações
𝐻𝑥 = 𝐵𝑠𝑒𝑛 𝑒 −𝑗𝛽𝑧 (5)
𝑘𝑐2 𝑎 𝑎 matemáticas e na geração de gráficos. Foram utilizadas as
𝐻𝑦 = 0 (6) bibliotecas numpy [12], matplotlib [11], scipy [12], matplot3D
onde kc é conhecido como número de onda de corte e é dado [13].
por
A segunda ferramenta de simulação a ser utilizada foi o
𝑘𝑐 2 = 𝑘 2 − 𝛽 2 (7) software GNU Octave, que se caracteriza por ser uma
linguagem computacional com foco em resolução de problemas
e assumida uma propagação na direção de z positivo. numéricos matemáticos lineares e não-lineares. Destaca-se por
ser um software gratuito e possuir uma grande compatibilidade
com outros softwares, também utilizados para a resolução de
problemas numéricos, porém necessitam de um investimento
considerável tornando-os pouco acessível para os estudantes a
que esta ferramenta se direciona [14].

D. Algoritmo em python
Decididas as funcionalidades necessárias, iniciou-se a
escrita do código, sendo utilizada a IDE pyCharm com licença
estudantil para auxiliar no desenvolvimento do script Python. O
algoritmo desenvolvido para visualização dos campos vetoriais
foi:
1. Recebe-se as características do guia a ser analisado,
Figura 1 – Guia retangular. dimensões e, permissividade do dielétrico no seu
Fonte: POZAR, D. 2011. [7]
interior;
B. Funcionalidades Essenciais 2. É calculada a faixa de operação para o modo TE10;
De acordo com a modelagem escolhida foram decididas
quais seriam as funcionalidades essenciais das ferramentas 3. Recebe-se a frequência de operação a ser simulada no
desenvolvidas, as quais são: guia;

 Calcular a faixa de operação para o modo TE10; 4. É criada uma grade para cada seção a ser analisada (XY,
ZX, ZY), sendo mostrada na Fig.2, o plano XY;
 Mostrar o comportamento dos campos vetoriais Elétrico
5. São calculados os campos elétricos e magnéticos;
e Magnético, conforme seções do guia;
6. Com auxílio da função quiver( ) presente na biblioteca
 Mostrar a intensidade do campo elétrico na seção matplotlib são gerados os campos vetoriais;
cruzada do guia.
7. O gráfico é plotado na tela do computador.

C. Escolha da Linguagem de Programação e softwares


A escolha da linguagem de programação e softwares
utilizados para desenvolvimento desse trabalho seguiu os
seguintes critérios:
 A linguagem e softwares utilizados deveriam ser
gratuitos, pois isso torna-os mais acessíveis aos
estudantes;
 A linguagem deveria ter alto grau de abstração, isto é,
com linguagem mais próxima à humana;
 Possuir alta legibilidade, ou seja, ter sintaxe que possa
ser lida pelos estudantes de maneira relativamente
Figura 2 – Grade de pontos no plano XY
simples e didática. Fonte: Autores.
Assim, foram desenvolvidas duas ferramentas de simulação A partir dos passos 1, 2 e 3 do algoritmo de visualização, os
seguindo estes 3 critérios mencionados, sendo uma passos 4, 5 e 6 são executados:
desenvolvida em Python [10-11] e outra utilizando o software 8. Cálculo do campo elétrico;
Octave [14].

12
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

9. Com auxílio do método plot_suface presente na O mesmo pode ser visualizado na Fig. 5, onde é mostrada
biblioteca mpl_toolkits é plotado o gráfico que mostra a a intensidade do campo elétrico na seção cruzada do guia. Na
intensidade do campo elétrico conforme a posição na Fig. 6 é apresentada a visão superior do guia, ou seja, do plano
seção do guia; ZX, onde se verifica que o campo magnético circula
periodicamente. O campo elétrico, sendo perpendicular ao
10. O gráfico é mostrado na tela. campo magnético, seria indicado como pontos no diagrama, ora
entrando no papel, ora saindo. Já na Fig. 7 é mostrada a vista
E. Algoritmo em Octave lateral do guia (plano ZY), onde pode ser percebido que o
A ferramenta em si, consiste na plotagem dos gráficos de campo elétrico alterna tanto de direção, quanto de intensidade,
intensidade e linhas dos campos elétricos e magnéticos. No enquanto que o campo magnético é perpendicular ao campo
início há um menu para que o usuário escolha o tipo de gráfico elétrico, ora entrando e ora saindo do papel. Esses
e modo a ser estudado. Posteriormente o usuário deve inserir as comportamentos estão de acordo com o encontrado na literatura
dimensões do guia, a permissividade e permeabilidade do [7-9].
dielétrico, frequência de operação e modo de propagação do
guia (neste caso o modo TE10).
No tipo de gráfico que deseja visualizar, o usuário pode
optar entre visualizar os gráficos de intensidade ou os gráficos
dos campos vetoriais, onde mostram-se as linhas de campo
elétrico e magnético.
Por fim, com o auxílio das funções mesh e quiver, o
programa plota os campos elétrico e magnético separadamente
e por meio de perspectivas (visão dos eixos) diferentes. O
processo de uso da ferramenta ocorre segundo o fluxograma
mostrado na Fig. 3.

Figura 4 – Campos vetoriais elétrico e magnético no plano XY.


Fonte: Autores.

Figura 3 – Fluxograma do programa.


Fonte: Autores.

Figura 5 – Intensidade do campo elétrico na seção cruzada do guia


III. RESULTADOS (plano XY). Fonte: Autores.
Com objetivo de verificar se as ferramentas desenvolvidas
atendem os requisitos propostos no início do trabalho foi
simulado o modo TE10 no guia de onda WR–90 cujas
dimensões são 22,86mm x 10,16mm (a x b) e, como este guia
opera na banda X, uma frequência de operação de 10 GHz [7].

A. Python
Os resultados obtidos pela execução do script desenvolvido
em Python são mostrados nas Fig. 4, 5, 6 e 7. Os vetores em
azul representam o campo magnético, enquanto os vermelhos o
campo elétrico. Na Fig. 4 é apresentada uma visão vetorial dos
campos elétrico e magnético na seção cruzada do guia,
possibilitando observar que para esta seção do guia o campo Figura 6 – Campo magnético na seção ZX (vista superior) do guia.
elétrico e magnético estão perpendiculares entre si, e existe uma Fonte: Autores.
variação de intensidade ao deslocar-se no eixo x, atingindo o
ponto máximo no meio do guia.

13
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

analisadas pelos estudantes e dessa maneira complementar os


estudos da disciplina de Teoria de Ondas Guiadas do curso de
Engenharia elétrica da UFT. Sendo uma boa forma de permitir
que os alunos possuam uma experiência sensitiva para tópicos
abstratos como o eletromagnetismo com o intuito de aumentar
a absorção dos conteúdos estudados em sala de aula. Phyton e
OCTAVE podem ser executados na maioria dos computadores
de alunos e de laboratórios de informática, pois além de serem
gratuitos ainda utilizam pouca memória para serem executados.

Figura 7 – Campo elétrico na seção ZY (lateral) do guia.


Fonte: Autores.

B. Octave
Com o algoritmo desenvolvido em Octave foram obtidas as
Fig. 8, 9, 10 e 11. Na Fig. 8 é apresentado um gráfico que
explana a intensidade do campo elétrico na seção cruzada do
guia. Nesta pode ser observado o comportamento senoidal do
campo elétrico, mostrando uma meia senóide na direção X
(modo TE10), com o máximo ocorrendo em a/2.
Figura 9 – Diagrama vetorial do Campo Elétrico - visão XY.
Fonte: Autores.

Figura 8 – Intensidade do campo elétrico visão XY.


Fonte: Autores. Figura 10 – Diagrama vetorial do Campo Magnético - visão XY.
Fonte: Autores.
Nesta versão da ferramenta em Octave optou-se por gerar
os gráficos dos campos separados, para uma melhor
vizualização. Portanto, nas Fig. 9 e 10 são apresentados os
diagramas vetoriais dos campos elétrico e magnético
respectivamente, vistos a partir do plano XY.
Nestas, assim como no algoritmo em Python, é possivel
verificar a variação de intensidade dos campos no interior do
guia, sendo os dois campos perpendiculares entre si, sempre
apresentando a máxima intensidade de ambos os campos na
metade da largura do guia. Na Fig.11 é possivel ver o caráter
giratório do campo magnético ao redor do campo elétrico no
plano ZX (visão superior).

IV. CONCLUSÃO
Ambas ferramentas atenderam os requisitos estabelecidos Figura 11 – Diagrama vetorial do Campo Magnético - visão ZX.
para o desenvolvimento do projeto, sendo possível produzir Fonte: Autores.
imagens dos campos eletromagnéticos, as quais podem ser

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

AGRADECIMENTOS [7] D. Pozar, Microwave engineering, 4th ed. Hoboken, NJ: John Wiley &
Sons, 2011.K.
Os autores agradecem ao FNDE/MEC pela concessão das [8] Balanis, C., 2012. Advanced Engineering Electromagnetics. 2nd ed.
bolsas ao grupo enquanto bolsistas do PET. Hoboken: Wiley.
[9] Collin, E.E.., Foundations for Microwave Engineering.second ed.1992,
REFERÊNCIAS MC Graw Hill.
[1] J. Larkin, J. McDermott, D. P. Simon, e H. A. Simon, “Expert and Novice [10] T. E. Oliphant, “Python for scientific computing,” Computing in Science
Performance in Solving Physics Problems”, Science, vol. 208, nº 4450, p. and Engineering, vol. 9, no. 3, pp. 10–20, 2007. [Online]. Disponível em:
1335–1342, jun. 1980, doi: 10.1126/science.208.4450.1335. https://ieeexplore.ieee.org/document/4160250. [Acesso em : 07- Jan-
[2] M. Pietrocola, “A Matemática Como Estruturante Do Conhecimento 2020].
Físico”. Cad. Cat. Ens. Fís., v.19, n.1: p.89-109, ago. 2002. [11] N. Ari e M. Ustazhanov, “Matplotlib in python”, in 2014 11th
[3] Y. J. Dori e J. Belcher, “Learning Electromagnetism with Visualizations International Conference on Electronics, Computer and Computation
and Active Learning”, in Visualization in Science Education, Springer (ICECCO), 2014, doi: 10.1109/icecco.2014.6997585.
Netherlands, 2005, p. 187–216. [12] J. Ranjani, A. Sheela, e K. P. Meena, “Combination of NumPy, SciPy and
[4] J. R. Nogueira, R. Alves, P.C. Marques, “ Computational Programming Matplotlib/Pylab -a good alternative methodology to MATLAB - A
as a Tool in the Teaching of Electromagnetism in Engineering Course: Comparative analysis”, in 2019 1st International Conference on
Improving the Notion of Field”, March, 2019, Journal Education Science. Innovations in Information and Communication Technology (ICIICT),
2019, doi: 10.1109/iciict1.2019.8741475.
[5] V. D. Teodoro & R. G. Neves, “ Mathematical Modelling in Science and
mathematics education. Jan 2011. Computer Physics Comunications. [13] "mplot3d — Matplotlib 2.2.2 documentation", Matplotlib.org. [Online].
Disponível em: https://matplotlib.org/mpl_toolkits/mplot3d/index.html.
[6] R. G. M. Neves, “Teaching Physics in science, technology, engineering [Acesso em : 07- Jan- 2020].
and mathematics education contexts with interactive computational
modelling”, july 2019, AIP Conference Proceedin 2116 (1): 410002. [14] "GNU Octave", GNU.org. [Online]. Disponível em:
DOI:10.1063/1.5114426. <https://www.gnu.org/software/octave/>. [Acesso em : 18- 04- 2020].

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Análise de Difração em Múltiplas Telas Usando


um Algoritmo de Equações Parabólicas
DMFT/SSPE
Cláudia M. S. Fonseca e Gláucio L. Ramos Sandro T. M. Gonçalves e Paulo T. Pereira
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica, DETEM
UFSJ/CEFET-MG UFSJ/CEFET-MG, UFSJ
São João del-Rei/MG, Brasil CEFET/MG, Belo Horizonte, Brasil, Ouro Branco/MG, Brasil
claudiabja@gmail.com, glopesr@gmail.com sandro@cefetmg.br, paulotiburciop@gmail.com

Abstract—Neste artigo o algoritmo SSPE (Split-Step Parabolic de rádio em torno da Terra, porém, para sistemas complexos
Equation) e o método DMFT (Discrete Mixed Fourier Transform) não era um opção viável. Na década de 1970, no entanto,
são usados para calcular perdas por difração em múltiplas telas. Hardin e Tappert desenvolveram uma solução computacional
A simulação numérica é comparada com medições realizadas
em frequências de micro-ondas. A principal contribuição é a bastante satisfatória para a aproximação da equação de onda
caracterização dos efeitos da difração, considerando as perdas para problemas de acústica que ficou conhecida como SSFT
no terreno, em banda de frequência de 1 a 8,5 GHz, que tem o (Split Step Fourier Transform). O método de Hardin e Tappert
potencial para ser usado em futuras comunicações móveis sem quando utilizado em problemas que envolvam radiopropagação
fio. é usualmente chamado de SSPE (Split Step Parabolic Equa-
Keywords—Equação Parabólica, SSPE, DMFT, NAPE,
Difração Eletromagnética. tion) [2].
O algoritmo SSPE é um problema de valor inicial, ou
I. I NTRODUÇ ÃO seja, é preciso conhecer um campo inicial em uma distância
As redes de comunicação tiveram uma evolução tecnológica de referência para então iniciar o processo iterativo para
imensa nas últimas décadas, a qual impactou globalmente a calcular os próximos passos através de equações semelhantes
forma como a sociedade contemporânea se comunica, com à transformada de Fourier. Outra caracterização importante na
esse avanço na tecnologia das telecomunicações tornou-se solução numérica de problemas de radiofrequência através de
viável as redes de dados sem fio. A faixa de propagação SSPE é a definição de ângulos de propagação. São consider-
de onda centimétrica e milimétrica é utilizada em bandas de ados dois tipos de ângulos NAPE (Narrow Angle Parabolic
frequência celular em seu espectro mais baixo (até 2 GHz), Equation), aplicado em análises com ângulos de propagação
para que se possa aumentar as taxas de dados dos sistemas menores que 15º, e WAPE (Wide Angle Parabolic Equation)
futuros de propagação sem fio 5G surgem alguns desafios no que oferece maior precisão em cenários onde seja necessário
problema de predição da propagação de ondas em caminhos uma maior abertura angular caso de enlaces de curto alcance
multipercurso, assim, algumas frequências superiores foram ou locais com múltiplas reflexões e difrações por exemplo [7].
estudadas [1] - [9]. Neste artigo são apresentados resultados comparando
Diversas medições e estudos nas faixas de frequência de simulações numéricas de equações parabólicas, considerando
micro-ondas superiores foram realizados no mundo [2] - [8], perdas de propagação na superfı́cie, com medições em am-
porém, cenários envolvendo múltiplas telas não foram muito biente com difração em várias telas. Será implementado o
explorados como em [1] e [9]. algoritmo SSPE para solucionar numericamente a PE, posteri-
Existem algumas técnicas numéricas para solucionar o prob- ormente será acrescentado ao SSPE a Discrete Mixed Fourier
lema da propagação de ondas eletromagnéticas e assim realizar Transform (DMFT) para a implementação de condições de
a predição de cobertura de um sinal. Uma destas técnicas, contorno de impedância [2] - [8]. A principal contribuição
desde meados dos anos 1980, são as equações parabólicas deste trabalho se refere à implementação de algoritmos que
(PE). As quais se tornaram uma importante ferramenta nos utilizam o método da PE para o estudo dos efeitos de difração
modelos de propagação de ondas de rádio por serem uma do sinal de radiopropagação em ambientes com múltiplos
boa aproximação da equação de onda (equação de Helmholtz) obstáculos.
considerando que elas modelam a energia propagada em
II. FORMULAÇ ÃO
um cone centrado em uma direção preferencial denominada
direção paraxial [2]. A. Equação Parabólica
Essa aproximação foi proposta por Leontovich e Fock, na O problema da PE é aqui analisado em duas dimensões
década de 1940, para resolver problemas de difração de ondas (2D). A equação de Helmholtz (Eq. 1) é utilizada para obter

16
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

a Equação Parabólica 2D padrão. domı́nio kx espectral. A solução numérica de SSPE para o


modelo NAPE é definida como mostra a Eq. 4 [3] :
∂2U ∂2U
+ + k02 n2 U = 0, (1) 2
u(z + ∆z, x) =e[−jk0 (n −1) 2 ]
∆z
∂z 2 ∂x2
(4)
 h i 
2 ∆z
onde: k0 é o número de onda, n é o ı́ndice de refratividade, ×F −1
e
−jkx 2k0
F{u(z, x)}
z é a coordenada longitudinal e x é a coordenada transversal
(altura acima do solo). U (z, x) corresponde ao campo elétrico e a solução numérica de SSPE para o modelo WAPE é
ou magnético para polarização horizontal ou vertical, respec- definida como mostra a Eq. 5 [3]:
tivamente.
A solução numérica da PE é obtida pelo método de Fourier
SSPE, que é um algoritmo robusto e amplamente usado. O u(z + ∆z, x) = e[ jk0 (n−1)∆z ]
 " 
algoritmo começa em um intervalo de referência e marca a
#
−jk2

 √x 2∆z 2 
 (5)
solução de maneira a obter a solução do perfil de campo ×F −1
e k0 + k0 −kx
F{u(z, x)}
vertical em um determinado intervalo usando o campo no 
 

passo anterior com condições de contorno apropriadas nos
limites superior e inferior do domı́nio. A Figura 1 mostra a Nas Eq. 4 e Eq. 5 F e F −1 representam a transformada
projeção 2D da região de propagação. Neste trabalho x e z são de Fourier (FFT) e a transformada inversa de Fourier (IFFT)
coordenadas de altura e distância respectivamente. A região respectivamente, kx = k0 sen(θ) e θ é o ângulo de propagação.
de propagação é dividida em N segmentos verticalmente e M O procedimento inicial para o SSPE é modelar a fonte
segmentos horizontalmente [3]. em um padrão de antena transmissora que está localizado
verticalmente no intervalo inicial. Isso pode ser conseguido
usando um perfil de campo Gaussiano vertical. O primeiro
passo é especificar o padrão da antena gaussiana em uma altura
xs , no domı́nio kx dado pela Eq. 6:

ũ(0, kx ) = g(kx )e−jkx xs + Γg ∗ (−kx )ejkx xs . (6)

A elevação da antena pode ser obtida substituindo g(kx ) por


g(kx − k0 sen(θelv ). O campo inicial na forma espacial é dado
por:  
(x−xs )2
jk0 x sin θelv − w2
Fig. 1. Projeção 2D da região de propagação us (0, x) = e , (7)

onde: w = 2ln2/(jk0 xsen(θbw /2)) , xs é a altura da antena,
A condição de contorno da superfı́cie é dada pela Eq. 2: θbw é a largura de meia potência da antena, θelv é o ângulo


 de elevação da antena.
α1 + α2 u(x, z) = 0, (2) O campo inicial é propagado longitudinalmente de zs para
∂x
(zs + ∆z), e o perfil de campo transversal na próxima faixa é
onde: α1 e α2 são constantes.
√ A condição limite de impedância
√ obtido. Este novo perfil de altura é então usado como o perfil
é α1 = 1 , α2 = jk0 ε − 1 e α1 = 1 , α2 = jk0 ε − 1/ inicial para a próxima etapa, e o procedimento continua até
para as polarizações horizontal e vertical respectivamente. que o propagador atinja o intervalo desejado [4].
Sendo ε = εr + j60σg λ a constante dielétrica complexa em A discretização deve ser realizada de maneira adequada para
termos da permissividade complexa (r ) e condutividade (σg ). os incrementos de altura ∆x e distância ∆z. O incremento
da altura deve satisfazer ∆x ≤ λ/(2senθmax ) e ∆z pode
B. Modelo da Equação Parabólica ser muito maior que o comprimento de onda podendo ser
Na direção paraxial z, emprega-se uma função auxiliar escolhido pelo usuário [4].
reduzida u(z, x) = e(−jk0 z) U (z, x) e substitui-se na Eq.1 C. DMFT (Discrete Mixed Fourier Transform)
obtendo a Eq.3:
A propagação de ondas é um problema desafiador quando

∂2 ∂2
 precisa levar em consideração condições de contorno em
2 2
2jk0 2 + + k0 (n − 1) u(z, x) = 0, (3) uma superfı́cie. Um método altamente atrativo e eficaz para
∂z ∂x2
solucionar este problema é a incorporação da Mixed Fourier
o método SSPE é aplicado para solucionar numericamente a Transform (MFT) ao método SSPE, dado que este possibilita
equação parabólica. A PE padrão é uma equação diferencial a inclusão das caracterı́sticas elétricas do ambiente em estudo
ordinária de primeira ordem que pode ser solucionada se uma inserindo, dessa forma, as perdas nas superfı́cies ao longo
transformada de Fourier do domı́nio x for aplicada para o do caminho da onda eletromagnética com ótima eficiência

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

computacional considerando o tempo de processamento, além ∆x = 0, 01 m e ∆z = 0, 01 m. O transmissor é colocado nas


de possuir um erro pequeno em relação às medições [4], [5]. alturas ht = 1, 4; 1, 5; 1, 6; 1, 7; 1, 8; 1, 9; 2, 0; 2, 1; 2, 2; 2, 3 m
A DMFT é a discretização do método MFT aplicada a e o receptor na altura hr = 1, 25 m. O transmissor está a 2,8
função auxiliar de campo u(x, m∆z) discretizada vertical- m da primeira tela, o receptor a 3,5 m da última tela e as telas
mente para m = 0, .., N . Essa discretização ocorre no domı́nio tem distância de 3 m entre si. Cada uma das telas possui altura
kx e é determinada como segue nas Eqs. 8 a 10 [4]- [5]: de 1,34 m. As medições foram realizadas com polarização
N vertical. Os detalhes das medições podem ser encontrados
X
U (z, 0) = A rm u(z, m∆x), (8) em [9]. O propósito é analisar as perdas por difração no
m=0 receptor devido às múltiplas telas. As perdas por difração são
determinadas subtraindo-se as perdas no espaço livre (Eq. 15)
π lm
  
N
X α2 sin N
das perdas totais (Eq.16) no ponto onde se encontra a antena
U (z, l∆kx ) =   u(z, m∆x) receptora.  
1 πl πlm 4πd
 
m=0 − ∆x sin N cos N F SP E = 20 log (15)
(9) λ
N
X P L = −20 log |u| + 20 log(4π) + 10 log z − 30 log λ (16)
U (z, N ∆kx ) = A (−r)N −m u(z, m∆x), (10)
m=0 sendo d a distância entre o transmissor e o receptor.
sendo: l = 1, ..., N −1, A = 2(1−r2 )/((1+r2 )(1−r2N )), r é As frequências que serão analisadas neste trabalho são 1
a raiz da equação quadrática r2 +2rα2 (z)∆x−1, ∆kx = ∆xN π GHz, 3,5 GHz e 8,5 GHz. As perdas por difração medidas
Os somatórios das equações 8 a 10 devem ser multiplicados para cada uma das alturas do transmissor em cada uma
por um fator ponderado igual a 0,5 para os termos inicial e das frequências são comparadas com as perdas por difração
final. obtidas com o algoritmo DMFT/SSPE e com o algoritmo
O passo seguinte (z + ∆z) é obtido através das Eqs. 11, 12, SSPE. As comparações podem ser vistas nas Figs. 2 a 10.
13:   Ao comparar os resultados das medições com os valores
2j∆z(log r)
2k0 ∆x
calculados tanto para DMFT/SSPE como para SSPE, o RMSE
U (z + ∆z, 0) = e U (z, 0), (11) (Root Mean Square Error) é apresentado nas Tabelas I, II e
III. Para o DMFT/SSPE foi considerado as telas em cobre e
hq i o terreno em concreto e depois as telas e o terreno em cobre.
j∆z k2− (1∆kx )2 −k0
U (z + ∆z, l∆kx ) = e 0 U (z, l∆kx ), (12) Comparando os resultados das Tabelas I, II e III tem-se:
• Para a frequência 1 GHz o erro é menor para co-
h 2
i bre/concreto para NAPE, já para WAPE o erro é maior
U (z + ∆z, N ∆kx ) = e
j∆z
2k0 ( log(−r)
∆x ) U (z, N ∆k ) , (13)
x para cobre/concreto.
• Para a frequência 3,5 GHz o erro é maior para o co-
Por fim, o campo u(z + ∆z, m∆x) é calculado usando a
bre para NAPE, já para WAPE o erro é maior para
DMFT inversa através da Eq. 14:
cobre/concreto.
N • Para a frequência 8,5 GHz o erro é menor para co-
2 X
u (z + ∆z, m∆x) = U (z + ∆z, l∆kx ) bre/concreto tanto para NAPE como para WAPE.
N
l=0
sen( πl )
" #
α2 sen( πlm N TABLE I
N )− ∆x cos( πlm
N )
sen2 ( πl )
(14) E STAT ÍSTICAS DE E RRO RMS
α2 + N C OBRE / CONCRETO X M EDIDO
2 ∆x2

Frequência [GHz] NAPE [dB] WAPE [dB]


N −m 1,0 GHz 0,5042 1,4784
+U (z + ∆z, 0) rm + U (z + ∆z, N ∆kx ) (−r) .
3,5 GHz 0,7273 0,7332
III. RESULTADOS NUM ÉRICOS E COMPARAÇ ÃO 8,5 GHz 2,9905 2,8290
COM MEDIÇ ÕES
Para comparar as simulações numéricas dos resultados
obtidos nesse artigo foram utilizadas as medições feitas em [9] TABLE II
para quatro telas de cobre. As propriedades elétricas utilizadas E STAT ÍSTICAS DE E RRO RMS
C OBRE X M EDIDO
foram para o cobre condutividade σ = 5, 8 × 107 S/m e
permissividade relartiva r = 1 e para o solo foi utilizado con- Frequência [GHz] NAPE [dB] WAPE [dB]
creto com condutividade σ = c × f d e permissividade relativa 1,0 GHz 0,5043 1,4751
3,5 GHz 0,7276 0,7331
r = a × f b dependentes da frequência (f ) com as constantes 8,5 GHz 2,9888 2,8284
a = 5, 31, b = 0, c = 0, 0326 e d = 0, 8095 maiores detalhes
são encontrados em [10]. As simulações foram realizadas com

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 2. Perdas por difração nas telas - Simulação numérica e Medição para Fig. 5. Perdas por difração nas telas - Simulação numérica e Medição para
1 GHz. Comparação entre cobre/concreto e cobre. 3,5 GHz. Comparação entre cobre/concreto e cobre.

Fig. 3. Perdas por difração nas telas - Simulação numérica e Medição para Fig. 6. Perdas por difração nas telas - Simulação numérica e Medição para
1 GHz. Comparação entre cobre/concreto e PEC. 3,5 GHz. Comparação entre cobre/concreto e PEC.

Fig. 4. Perdas por difração nas telas - Simulação numérica e Medição para Fig. 7. Perdas por difração nas telas - Simulação numérica e Medição para
1 GHz. Comparação entre cobre e PEC. 3,5 GHz. Comparação entre cobre e PEC.

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TABLE III
E STAT ÍSTICAS DE E RRO RMS
PEC X M EDIDO

Frequência [GHz] NAPE [dB] WAPE [dB]


1,0 GHz 1,2379 0,5219
3,5 GHz 0,4596 0,5203
8,5 GHz 3,2286 3,2414

IV. CONCLUS ÕES


Este trabalho realizou a implementação computacional do
método SSPE incluindo as propriedades dos ambientes para
isso incluiu-se a técnica DMFT para definir as propriedade
elétricas do local de medição.
Os valores das perdas por difração calculadas pelo método
Fig. 8. Perdas por difração nas telas - Simulação numérica e Medição para
SSPE/DMFT, tanto para NAPE como para WAPE, são satis-
8,5 GHz. Comparação entre cobre/concreto e cobre. fatórios. As diferenças apresentadas foram inferiores a 3 dB
quando comparadas às medidas realizadas entre 1 à 8,5 GHz.
Pretende-se no futuro realizar estudos, para os métodos
SSPE e DMFT/SSPE, bem como medições para bandas de
frequências mais altas, com maior número de telas, com telas
de outros tamanhos e de materiais diferentes, com variadas
distâncias entre as telas, com antenas polarizadas verticalmente
e horizontalmente, com outras distâncias entre a antena trans-
missora e antena receptora.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi parcialmente financiado pelas agências
Brasileiras CAPES, CNPq e FAPEMIG.
R EFERENCES
[1] G. L. Ramos, P. Kyösti, V. Hovinen, and M. Latva-aho, “Multiple-Screen
Diffraction Measurement at 10-18 GHz,” IEEE Antennas and Wireless
Propagation Letters, vol. 16, pp. 2002–2005, 2017.
[2] M. Levy, “Parabolic equation methods for electromagnetic wave propa-
gation.” The institution of Electrical Engineers, 2000.
Fig. 9. Perdas por difração nas telas - Simulação numérica e Medição para [3] G. Apaydin and L. Sevgi, “Radio Wave Propagation and Parabolic
8,5 GHz. Comparação entre cobre/concreto e PEC. Equation Modeling”. John Wiley Sons, 2017.
[4] G. Apaydin and L. Sevgi, “A Novel Split-Step Parabolic-Equation
Package for Surface-Wave Propagation Prediction Along Multiple Mixed
Irregular-Terrain Paths”, IEEE Antennas and Propagation Magazine, Vol.
52, No. 4, August 2010.
[5] D. A. Parada, C. G. Rego, C. G. Batista, and G. L. Ramos. “Al-
goritmos para a Solução de Equações Parabólicas em Problemas de
Radiopropagação” XXXVI Simpósio Brasileiro de Telecomunicações e
Processamento de Sinais – SBrT2018, Setembro 2018.
[6] A. E. Barrios, “A terrain parabolic equation model for propagation in
the troposphere,” IEEE Transactions on Antennas and Propagation, vol.
42, no. 1, pp. 90–98, Jan. 1994.
[7] O. Ozgun, G. Apaydin, M. Kuzuogluc, and L. Sevgi, “PETOOL:
MATLAB-based one-way and two-way split-step parabolic equation
tool for radiowave propagation over variable terrain,” Computer Physics
Communications, vol. 182, pp. 2638–2654, 2011.
[8] G. D. Dockery, “Modeling electromagnetic wave propagation in the tro-
posphere using the parabolic equation,” IEEE Transactions on Antennas
and Propagation, vol. 36, no. 10, pp. 1464–1470, Oct. 1988.
[9] G. L. Ramos, P. T. Pereira, P. R. de Andrade, D. Tami, S. T. Gonçalves
and E. J. Silva, “Multiple Screen Diffraction Analysis Using the
Parabolic Equation Technique”, European Conf. on Antennas Propa-
gation - EUCAP, Copenhagen, Denmark, Vol., pp. -, March, 2020.
[10] Recommendation ITU-R P. 2040-1, “Effects of building materials and
Fig. 10. Perdas por difração nas telas - Simulação numérica e Medição para structures on radiowave propagation above about 100 MHz”, Int’l
8,5 GHz. Comparação entre cobre e PEC. Telecommunications Union, Geneva, 2015.

20
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A Semi-Analytical Method for


Modeling Electromagnetic Propagation in
Planarly Stratified Anisotropic Media for
Geophysical Sensing Applications
Rocio M. Hernandez and Guilherme S. Rosa
Center for Telecommunications Studies
Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ 22451-900, Brazil
rocio@cetuc.puc-rio.br, guilhermesimondarosa@cetuc.puc-rio.br

Abstract—This paper presents a formulation to analyze the conductivity carbonate rocks are predominant. Another imme-
propagation of electromagnetic fields in anisotropic media com- diate application is the multi-sensor modeling required in the
prising planar layers. The boundary problem as solved via a precision farming technology, e.g., in the so called Internet of
set of reflection and transmission coefficients that resembles the
Fresnel ones when the media becomes isotropic. A mathematical Underground Things (IOUT) [3].
formulation for expanding an electrical coil source in terms of an
sum of eigenfield is also presented. Such approach allows a robust II. F ORMULATION OVERVIEW
and numerically efficient computational method for modeling Assuming and omitting a time-harmonic dependence in the
complex geophysical sensor. form exp(−iωt), the Maxwell’s equations in the differential
Keywords—Anisotropic media, planar layered media, geophys-
form in a homogeneous anisotropic medium are [5], [8]
ical prospecting.
∇ × E = iω µ̄¯ · H − MT , (1)
I. I NTRODUCTION ∇ × H = −iω ¯ · E + JT , (2)
The electromagnetic wave propagation has been studied for ∇ · (¯ · E) = %eT , (3)
many authors [1]–[3] by cause of its important and extensive ¯ · H) = %mT ,
∇ · (µ̄ (4)
applications to wireless communications. In [4] and [1], the
electromagnetic propagation is analyzed in a model circular where the media is characterized by the complex magnetic
structures filled with complex materials, where it considers permeability tensor µ̄ ¯ = diag(µs , µs , µz ) with µ{s,z} =
an uniaxially anisotropy to describes each layer of a strat- µ0 µr{s,z} and by the complex electric permittivity tensor
ified cylindrical waveguide. A pseudoanalytical formulation ¯ = diag(s , s , z ) with {s,z} = 0 r{s,z} + iσ{s,z} /ω, both
of solutions of Maxwell’s equations for cylindrically layered represented in cylindrical coordinates, where the subscript
anisotropic medium is introduced in [5] and also the electro- s = {ρ, φ}.
magnetic field is radiated from a coil antenna with arbitrary
A. Axial Fields
relative tilt angle with respect to the symmetry axis. In [6] and
[7] is characterized the response of logging tools employing In a source-free region and decomposing the fields in axial
tilted-coil antennas in isotropic medium, contrary to this letter and transversal components to ẑ, the Maxwell’s equations can
that presents a general formulation of this approach for an be solved by satisfying the homogeneous Helmholtz wave
anisotropic media. In this sense, the main objective of this equation
research is analyze the propagation of electromagnetic fields 
1 ∂



1 ∂2 pz ∂ 2

2
in anisotropic media with uniaxial symmetry as illustrated in ρ + 2 2+ + ω p z s Fz = 0 (5)

ρ ∂ρ ∂ρ ρ ∂φ ps ∂z 2
Fig. 1. After applying the boundary conditions imposed at
discontinuities of the problem, the modal solution is obtained where Fz = {Ez , Hz }, p = , µ and p̃ = µ, . Following
by solving our characteristic equation where the zeros of this the method of separation of variables, we find the elementary
equation yield the propagation constant of each propagation solution to the equation (5) in the form
mode. The Lorentz reciprocity theorem was then employed r
pz

for expressing the source in terms of eigenfield amplitudes on Fz = Rn kρ ρ Φ(nφ)Z(kz z), (6)
ps
the grounds of the Sturm-Liouville theory.
The proposed method allows to analyze geophysical sce- in which Rn ((pz /ps )1/2 kρ ρ) is the general solution of a
narios similar to those of Brazilian Pre-Salt, where high Bessel differential equation of order n, and Φ(nφ) and Z(kz z)

21
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 1. Coil source within an axially stratified geophysical formation.

are solutions in the form of harmonic functions to one- Fig. 2. Front view of an axially stratified (N + 1)-layers waveguide. The
dimensional homogeneous Laplace equations. The quantities perfect electric conductor (PEC) is represented by the stripes.
kρ and kz can be interpreted as the radial and axial wavenum-
bers, respectively, and n is the azimuthal index.
The linear combination of elementary wave functions in the and R̃j,j∓1 is the generalized reflection coefficient due to the
equation (6) are also a solution to the equation (5). Therefore, axially stratified media, which will be determined next in the
the general solution can be represented by Section II-C.
  ∞ X ∞   
Ez X ez,np (ρ) ez,np (kz z) inφ
= e (7) B. Transversal Fields
Hz hz,np (ρ) hz,np (kz z)
n=−∞ p=1
From the Maxwell’s rotational equations (1) and (2) in
in which a source-free region and after a some manipulations, the
  transversal fields to ẑ can be expressed as a combination of
ez,np (ρ) ¯ (1) (k ρ)ā + J¯ (k ρ)b̄
= H̄zn ρ zn ρ (8) axial fields where in a compact shape they can be written as
hz,np (ρ)
2
  ∞ X ∞  
where kρ,nρ 2
= ks2 − kz,np , ks2 = ω 2 µs s , and Es X es,np (ρ) i(nφ+kz,np z)
= e (14)
Hs hs,np (ρ)
Bn (kρe ρ)
 
¯ 0 n=−∞ p=1
B̄zn (kρ ρ) = (9)
0 Bn (kρh ρ)
where
(1) (1)
with Bn = {Hn or Jn }, Hn and Jn are the Hankel and  
eρ,np (ρ) ¯ (1) (k ρ)ā + J¯ (k ρ)b̄,
Bessel functions of the first kind of order n, respectively. The = H̄ρn ρ ρn ρ (15)
hρ,np (ρ)
field amplitudes ā and b̄ are vectors 2 × 1 defined by the  
boundary conditions and are given by eφ,np (ρ) ¯ (1) (k ρ)ā + J¯ (k ρ)b̄
= H̄ φn ρ φn ρ (16)
 e   e  hφ,np (ρ)
anp b
ā = h and b̄ = np . (10)
anp bhnp
1 ikz kρe ρBn0 (kρe ρ) −nωµs Bn (kρh ρ)
 
For simplicity [9] we define kρe,h = αe,h kρ , with the ¯
B̄ρn (kρ ρ) = 2 ,
anisotropic coefficients given by kρ ρ nωs Bn (kρe ρ) ikz kρh ρBn0 (kρh ρ)
r r (17)
e z h µz
α = and α = . (11) −nkz Bn (kρe ρ) −iωµs kρh ρBn0 (kρh ρ)
 
s µs ¯ (k ρ) = 1
B̄ .
φn ρ
kρ2 ρ iωs kρe ρBn0 (kρe ρ) −nkz Bn (kρh ρ)
The field that depends on z in (7) can be written as
(18)
  (" ±ike z #
ejz,np (kjz z) e jz 0 (1)0
= h In the above, the derivative Bn0 = {Hn or Jn0 } is taken with
hjz,np (kjz z) 0 e±ikjz z
" #" #) respect to the argument. The fields components in (17) and
e ±
T M (z)
R̃j,j∓1 0 e∓ikjz (z+2z ) 0 (18) reduce to isotropic solution found in [8] for αe,h = 1.
+ T E (z) h ±
0 R̃j,j∓1 0 e∓ikjz (z+2z )
 ±e  C. Axial Discontinuities
Aj
× ± (12)
Aj h An axially stratified waveguide shown in Fig. 2 is composed
by N + 1 layers. Each layer is formed by an uniaxially
where
z+ anisotropy medium, characterized by ¯j and µ̄ ¯j where j =

± = zj−1
z = (13) 2, 3, ..., N + 1 in the region of 0 ≤ φ ≤ 2π and ρ constant.
z− = zj

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

1) Local Reflection and Transmission Coefficients: From


the boundary conditions for a source-free region, after a sev-
eral manipulations, we can obtain the following local reflection
and transmission coefficients for decoupled TE and TM modes
T E(z) kjz µj∓1,s − kj∓1,z µjs
Rj,j∓1 = (19)
kjz µj∓1,s + kj∓1,z µjs
T E(z) 2kjz µjs
Tj,j∓1 = (20)
kjz µj∓1,s + kj∓1,z µjs

T M (z) kjz j∓1,s − kj∓1,z js


Rj,j∓1 = (21)
kjz j∓1,s + kj∓1,z js
T M (z) 2kjz js
Tj,j∓1 = . (22)
kjz j∓1,s + kj∓1,z js
We can verify that the above reduce to the ordinary Fresnel Fig. 3. Transmitting tilted-coil antenna with current density JT [9].
coefficients in [8] when the media becomes isotropic.
2) Generalized Reflection Coefficients: Using the relation-
where
ships Tij = 1 + Rij and Rij = −Rji we have that N
the generalized reflection coefficient at the interface between
Y
T̃2,N +1 = ei(zj −zj−1 )kjz Sj,j+1 , (30)
region j and region j − 1 or j + 1, can be written in general j=2
form as
±
Rj,j∓1 + R̃j∓1,j∓2 e2ikj∓1,z (zj∓1 −z̃ ) Tj−1,j
R̃j,j∓1 = (23) Sj−1,j = . (31)
±
1 + Rj,j∓1 R̃j∓1,j∓2 e2ikj∓1,z (zj∓1 −z̃ ) 1 − Rj,j−1 R̃j,j+1 e2ikjz (zj −zj−1 )
where III. M ODAL F IELD E XCITATION
(
± z̃ + = zj−2 This section summarizes the derivation of formulas for to
z̃ = (24)
z̃ − = zj find the amplitudes delivered by an electric current source
that is embedded in an arbitrary layer of an axially stratified
3) Guidance Condition: From the equation (12) we can get
structure as is illustrated in Fig. 1. A similar procedure is
our characteristic equation
aboard in [6] but for an isotropic medium.
1 − R̃j,j−1 R̃j,j+1 e2ikjz (zj −zj−1 ) = 0, (25)
A. Current Density
similar to the one obtained in [9], it allows us to find the
eigenvalues kρ,np that satisfy the above equation and each one The tilted-coil transmitting antenna in Fig. 3 can be de-
has a modal propagation constant associated kz,np . scribed by the volumetric electric current density
4) Constant Amplitude A± j : By considering a source trans-
mitting for z > 0 and after a some manipulations in the JT = IT δ T (32)
boundary conditions, we find, assuming zN +1 = zN , the
where IT is the current in the winding and
amplitude A+ j as
−ik2z z2 −ikN +1,z zN
A+
2e = T̃N +1,2 A+
N +1 e (26) δ T = δ(ρ − ρT ) δ(z − zT + ρT tan θT cos(φ − φT ))

where the generalized transmission coefficient can be defined × (φ̂ + ẑ tan θT sin(φ − φT )) (33)
by
Y3 B. Modal Amplitudes
T̃N +1,2 = e−i(zj−1 −zj )kjz Sj,j−1 , (27) Taking the curl of (1) and (2), and then projecting the
j=N +1
resulting vector onto ẑ allows us to obtain
in that
z ∂ 2 E z
Tj+1,j ∇2s Ez + + k 2 Ez = ẑ · (∇s × MT ) − iωµs Jz
Sj+1,j = . (28) s ∂z 2
1 − Rj,j+1 R̃j,j−1 e2ikjz (zj −zj−1 ) (34)
In a similar procedure to the previous one, but considering
a source transmitting for z < 0 and assuming z1 = z2 , we µz ∂ 2 Hz
obtain the amplitude A−j as ∇2s Hz + + k 2 Hz = −ẑ · (∇s × JT ) − iωs Mz
µs ∂z 2
A− ikN +1,z zN
= T̃2,N +1 A− ik2z z2 (35)
N +1 e 2e (29)

23
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

where k 2 = ω 2 pz p˜s . By using MT = 0 and the JT in (32), The transformed source terms, (47) and (46), are valid for
after some manipulations we can obtain the source transmitting for +z. For the source transmitting for
e,h
z ∂ 2 Ez −z, change the sign of kjz,np and substitute in the generalized
∇2s Ez + + k 2 Ez = −iωµs Jz , (36) reflection coefficient j − 1 by j + 1.
s ∂z 2
The solutions to (42) and (43) are given by (8). The
µz ∂ 2 Hz
∇2s Hz + + k 2 Hz = unknown vectors ā and b̄ will be determined by the Sturm-
µs ∂z 2 Liouville theory of the third kind together with the boundary
IT conditions of electromagnetism [8] using the source-free fields
δ(ρ − ρT )δ(z − zT + ρT tan θT cos(φ − φT )). (37)
ρ derived in the Subsection II-A and Subsection II-B, i.e.,
Given the geometry of Fig. 2 and Fig. 3, it is helpful to employ      
the generalized Fourier series: ez,np (ρ) ez,np (ρ) 0
− = −C̃T E (ρ, n, kz ) (51)
∞ X
∞ hz,np (ρ) + hz,np (ρ) − 1
X ρT ρT
Fj (ρ, φ, z) = fj (ρ, n, kz ) einφ Φp (kz z) (38)
n=−∞ p=1      
1
Z Z eφ,np (ρ) eφ,np (ρ) 0
−inφ − = −C̃T M (ρ, n, kz )
fj (ρ, n, kz ) = F (ρ, φ, z) e Φ∗p (kz z)dz dφ hφ,np (ρ)

hφ,np (ρ)

1
2πNp φ z ρ+
T ρ−
T
(39) (52)
By being the homogeneous medium in the radial, the solution
where
Z will have the form
Np = Φp (kz z) Φ∗p (kz z) dz (40)   ( ¯
z ez,np (ρ) Jzn (kρ ρ)b̄ ρ ≤ ρT (53a)
= ¯
Φp (kz z) = e ikjz,np z
+ R̃j,j−1 e−ikjz,np zj−1 (41) hz,np (ρ) (1)
H̄zn (kρ ρ)ā ρ > ρT (53b)
will be applied to each component of the fields and sources  ( ¯
Jφn (kρ ρ)b̄ ρ ≤ ρT (54a)

to facilitate application of the boundary conditions as in [6]. eφ,np (ρ)
= ¯ (1) (k ρ)ā
Setting the wave equations (36) and (37) to homogeneous hφ,np (ρ) H̄ ρ ρ > ρT (54b)
φn
equations and applying (39) results in the ordinary differential
equations The boundary conditions (51) and (52) lead to
µz 2 n2
   
1 d dhzn
 
ρ + kρ − 2 hzn = 0 (42) ¯ (1) (k ρ)ā = C̃ (ρ, n, k ) 0
J¯zn (kρ ρ)b̄ − H̄ (55)
zn ρ TE z
ρ dρ dρ µs ρ 1
z 2 n 2
   
1 d dezn
ρ + k − ezn = 0 (43)
 
ρ dρ dρ s ρ ρ 2 ¯ ¯ (1) 0
Jφn (kρ ρ)b̄ − H̄φn (kρ ρ)ā = C̃T M (ρ, n, kz ) (56)
1
where kρ2
=k − 2
kz2 ,
with =m(kρ ) > 0. Taking the forward
transformation defined by (39) to the source terms in (36) and These equations were solved for C̃T E = 0 and for C̃T M = 0
(37), we obtain in order to simplify the algebra. Thus, the vectors ā and b̄ are
given by
fj (ρ, n, kz )T E = C̃T E (ρ, n, kz ) δ(ρ − ρT ) (44)
fj (ρ, n, kz )T M = C̃T M (ρ, n, kz ) δ(ρ − ρT ) (45) ā = ahnp + aenp (57)
where b̄ = bhnp + benp . (58)
IT h
For simplifying the notation, the argument of the Bessel
C̃T E (ρ, n, kz ) = CT E (n, kz )e−inφT e−ikjz,np zT ·
Np ρ functions will be omitted in the terms of the vectors ā and
h h h +
i
T E(z)
e2ikjz,np zT + (−1)n R̃j,j−1 e−2ikjz,np z (46) b̄ given by
 h  h ¯ ¯ ¯ (1) i−1 h i
anp = Jφn Jzn −1 ¯ (1)
H̄zn − H̄ −J¯φn J¯zn
−1 ˜
C̄T E (59)
iωµs IT e
φn
C̃T M (ρ, n, kz ) = CT M (n, kz )e−inφT e−ikjz,np zT · h i −1
Np anp = J¯φn J¯zn−1 ¯ (1) ¯ (1) C̄˜T M
 e 
h i H̄zn − H̄φn
(60)
e T M (z) e +
e2ikjz,np zT − (−1)n R̃j,j−1 e−2ikjz,np z (47) h i
bnp = J¯zn
−1 ¯ (1) h
H̄zn anp + C̄˜T E
 h 
(61)
 e 
b ¯ (1) ae
= J¯−1 H̄ (62)
CT E (n, kz ) = in Jn (κeT ) (48) np zn zn np
n in
CT M (n, kz ) = e Jn (κhT ) (49) where
kjz,np ρT    
˜ 0 ˜ 0
κe,h
T = e,h
kjz,np ρT tan θT . (50) C̄T E = C̃T E and C̄T M = C̃T M (63)
1 1

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0 0

-20 -20

-40
-40
-60
-60
-80
-80
-100
-100
-120
X -0.4995
-120 Y -130.1 -140

-140 -160
-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 -1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0

Fig. 4. Normalized amplitude for Dz and Bz in two-layer media. Fig. 5. Normalized amplitude for Dz and Bz in three-layer media.

In a compact form, the solution to equations (59)-(62) for V. S UMMARY AND C ONCLUSIONS
anisotropic media is given by In this work we present a mathematical model to analyze
  i  the propagation of electromagnetic fields in axially stratified
i π n kz C̃T E + kρ2 ρT C̃T M e

± B n k ρ
ρ T 
isotropic and anisotropic media. To illustrate the validation
c̄np = −  ω s  of method it was used two simulations where using the
2 h 0
h
C̃T E kρ ρT Bn kρ ρT presented formulation, the results shown the correct validation
(64)
of the boundary conditions. Future works will present the
and for isotropic media the equation (64) is transformed in the
implementation of mode excitation from an electric current
solution presented in [6] as,
source.
 
i ω µs n ACKNOWLEDGMENT
i π Bn (kρ ρT )
c̄±
np = − C̃T E  kz (65)
2 0 This work was supported in part by the Brazilian Agency
kρ ρT Bn (kρ ρT )
CAPES through the fellowship 88887.209797/2018-00.
(1) −
where Bn = Jn for c̄+ np = ā and Bn = Hn for c̄np = b̄. After R EFERENCES
that the transforms are well know, the fields can be determined [1] G. S. Rosa and J. R. Bergmann, “Pseudo-analytical modeling for the
by the inverse transform given by the equation (38). electromagnetic propagation in stratified cylindrical structures,” IEEE
Antennas Wireless Propag. Lett., vol. 15, pp. 344–347, 2016.
IV. N UMERICAL R ESULTS [2] S. Zeng, D. Li, D. Wilton, and J. Chen, “Fast and accurate simulation of
electromagnetic telemetry in deviated and horizontal drilling,” Journal of
In this section is showed some numerical results in order to Petroleum Science and Engineering, vol. 166, 2018.
verify the theory previously presented. The system in all the [3] A. Salam, M. C. Vuran, X. Dong, C. Argyropoulos, and S. Irmak, “A
theoretical model of underground dipole antennas for communications
cases operates at a frequency of 200 kHz. The computational in internet of underground things,” IEEE Transactions on Antennas and
algorithm is validated by satisfying the boundary conditions, Propagation, vol. 67, no. 6, pp. 3996–4009, 2019.
this can be observed in the presented examples. The electric [4] G. S. Rosa and J. R. Bergmann, “Electromagnetic propagation along lossy
anisotropic and radially stratified cylindrical structures,” in Loughborough
flux density (Dz ) and the magnetic flux density (Bz ) onto ẑ, Antennas and Propagation Conference (LAPC), Loughborough, UK, Nov.
which depend on electric and magnetic fields to ẑ respectively, 2014, pp. 155–159.
were simulated for different scenarios. Fig. 4 shows the first [5] G. S. Rosa, J. R. Bergmann, and F. L. Teixeira, “A robust mode-matching
algorithm for the analysis of triaxial well-logging tools in anisotropic
mode and it was implemented in an isotropic medium with geophysical formations,” IEEE Trans. Geosci. Remote Sens., vol. 55,
two axial layers of few variations between them with respect no. 5, pp. 2534–2545, May 2017.
to characteristic of the medium, those layers are between the [6] T. Hagiwara, E. Banning, R. Ostermeier, and M. Haugland, “Effects of
mandrel, borehole, and invasion for tilt-coil antennas,” SPE Reservoir
interfaces with ẑ-position of z = 0, z = −0.5 and z = −1 m. Evaluation & Engineering, vol. 8, pp. 255–263, 2005.
In Fig. 5 is presented the second mode and the medium also [7] S. Yang, D. Hong, W. Huang, and Q. H. Liu, “A stable analytic model for
is isotropic but with more differences between the three axial tilted-coil antennas in a concentrically cylindrical multilayered anisotropic
medium,” IEEE Geoscience and Remote Sensing Letters, vol. 14, no. 4,
layers, those layers are between the interfaces with ẑ-position pp. 480–483, 2017.
of z = 0, z = −0.3, z = −0.6 and z = −1 m. We can notice [8] W. C. Chew, Waves and Fields in Inhomogeneous Media. New York,
the continuity both Dz and Bz densities across the interface NY, USA: John Wiley & Sons, 1995.
[9] G. S. Rosa, “Pseudo-analytical modeling for electromagnetic well-logging
in each case. The results of two examples obtained using the tools in complex geophysical formations,” Ph.D. dissertation, Dept. Elect.
presented formulation are agree with the boundary conditions Eng., Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ,
of problem. Brazil, 2017.

25
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Caracterização da Perda de Percurso em Larga


Escala na Frequência de 11 GHz em Cenário
Indoor LoS e NLoS
Sidnir C. B. Ferreira, Iury S. Batalha, Fabrı́cio S. Farias
Fabrı́cio J. B. Barros, Gervásio P. S. Cavalcante, Jasmine P. L. Araújo
Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE)
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Belém-PA, Brasil
sidnircarlos, iurybatalha, fabriciosf, fbarros, gervasio, jasmine{@ufpa.br}

Resumo—O tráfego de dados em redes sem fio tem aumentado e/ou penetração em materiais. Esse fenômeno justifica a im-
exponencialmente e para suprir essa demanda estudos sobre a portância dos estudos de propagação nessas frequências e dos
nova geração de comunicações móveis (5G) propõem utilizar fenômenos fı́sicos resultantes, como reflexão e espalhamento
faixas de frequência acima de 6 GHz. Tais frequências podem
sofrer severa atenuação na transmissão devido a obstáculos. Deste do sinal.
modo, este trabalho analisa a perda de percurso na frequência de Campanhas de medições em ambientes indoor são ne-
11 GHz caracterizada através de medições com antenas diretivas cessárias para a modelagem estatı́stica de canais que supor-
co-polarizadas (V-V) com linha de visada (LoS) e sem linha de tam o desenvolvimento de novos padrões e tecnologias para
visada (NLoS) em um ambiente de corredor. A modelagem em sistemas de comunicação sem fio. Os atuais padrões WiGig
larga escala foi realizada utilizando os modelos de propagação
Close-In e Floating Intercept (FI). O expoente de perda percurso e WirelessHD são limitados para faixas de frequência de 60
(PLE) calculado foi de 2,39 para LoS e 3,68 para NLoS. O GHz na qual existe uma perda adicional de 10 a 20 dB/km
modelo FI apresentou melhor desempenho cujo valor do erro devido a absorção do oxigênio [5]. Sendo assim, medições
médio quadrático foi de 3,37 dB e 2,90 dB para LoS e NLoS, em outras faixas de frequências que não sofram tal absorção
respectivamente. Observou-se também que os efeitos de reflexão e a utilização de modelos de propagação em larga escala
e difração contribuı́ram para uma menor perda de percurso em
determinados ângulos de chegada analisados em NLoS. são necessários para a implementação de novos padrões dos
Palavras-chave—perda de percurso, modelagem de canal, sistemas de comunicação sem fio.
propagação, corredor. Diversas pesquisas sobre modelos e medições vem sendo
realizadas para uma variedade de cenários e frequências.
I. I NTRODUÇ ÃO Em [6] são realizadas medições em dois cenários indoor na
frequência de 10 GHz com linha de visada (Line-of-Sight -
Nos últimos anos, o tráfego de dados proveniente de dis- LoS) e a técnica de Ray Tracing foi utilizada para modelar
positivos móveis tem crescido exponencialmente devido a a perda de percurso e RMS delay spread. Porém, não foi
popularização de smartphones, tablets e outros dispositivos analisado o comportamento do sinal sem linha de visada (Non-
sem fio. Esse cenário tende a acelerar nas próximas décadas Line-of-Sight - NLoS), visto que esta condição geralmente
com o uso contı́nuo de streaming de áudio, vı́deo e a expansão ocorre em cenários reais. Já Al-Samman et al. [7] investigam
da Internet das Coisas (IoT) [1] [2]. Contudo, a faixa de o comportamento de três frequências (19, 28 e 38 GHz) e a
espectro disponı́vel não tem acompanhado essa demanda, o partir de modelos de propagação obtêm o expoente de perda
que pode levar a um congestionamento das redes sem fio. Uma de percurso (Path Loss Exponent -PLE), RMS delay spread
possı́vel solução para este problema se encontra nas redes de e ângulo de chegada (AoA) para LoS e NLoS em cenários
quinta geração (5G), que visam oferecer uma ampla gama de indoor, um dos métodos utilizado como base neste trabalho.
espectro de frequências para utilização de taxa de dados em Em [8] é realizada uma análise de canal em larga escala para
Gigabits por segundo (Gbps) para dispositivos móveis [3] [4]. ambientes indoor na frequência de 11 GHz. Os resultados de
Para implantação de uma rede 5G é necessário realizar medição mostraram que para cenários LoS o PLE varia de
estudos baseados em campanhas de medições que abordem 0,36 a 1,5 e para NLoS os valores estão no intervalo de 2
as caracterı́sticas de propagação das ondas eletromagnéticas a 3. Em condições de polarização vertical - horizontal (V-H)
em frequências super altas (Super High Frequency - SHF) tem praticamente o mesmo valor de perda, contudo para a
e ultra altas (Ultra High Frequency - UHF) nos mais diver- polarização horizontal - horizontal (H-H) a perda de percurso
sos cenários. Pois no 5G, o comprimento de onda diminui é significativamente alta. O erro médio quadrático (Root Mean
em ordem de magnitude quando comparado ao adotado no Square Error - RMSE) do atraso de propagação ficou em torno
4G, resultando em maior atenuação causada por difração de 20 e 50 ns para LoS e NLoS, respectivamente. Este é um

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dos poucos trabalhos em 11 GHz encontrados na literatura, Os corredores foram construı́dos com paredes de alvenaria,
confirmando a necessidade de mais estudos nessa frequência. teto e piso em concreto. O corredor de acesso apresenta
Este trabalho realiza medições e analisa a perda de percurso quadros metálicos para disjuntores da rede elétrica em ambas
em um cenário de corredor em LoS e NLoS na frequência de as paredes, já o corredor principal contêm um extintor de
11 GHz com antenas do tipo corneta co-polarizadas (V-V). incêndio em uma das extremidades e na outra paletes de
A modelagem do canal em larga escala é realizada através madeira com material metálico em seu interior. Provêm acesso
da predição da perda de percurso por modelos de propagação a salas de professores e laboratórios de ensino e pesquisa que
para 5G. A caracterização do ambiente é dada pelo PLE, AoA possuem portas de madeira e maçanetas metálicas.
e desvio padrão dos modelos em relação aos dados medidos. Na Fig. 2 é apresentado a disposição dos equipamentos
Na seção II é descrita a campanha de medições e o ambiente no cenário em situação LoS e NLoS. As medições em LoS
de estudo. Na Seção III são apresentados os modelos de foram feitas com as antenas em posição co-polarizada, na
propagação utilizados. Na Seção IV é realizada a análise qual foram medidos 20 pontos. A antena transmissora (Tx1)
das simulações e os resultados são apresentados. Por fim, na foi colocada em uma posição fixa, sem alteração de azimute
Seção V, são feitas as conclusões e os trabalhos futuros são e elevação, e a antena receptora (Rx) foi movida a cada
discutidos. ponto de medição, com distância de 1 m entre pontos. Foram
coletadas 10001 amostras de potência recebida em cada ponto
II. C AMPANHA DE M EDIÇ ÕES totalizando 200020 amostras medidas.
Esta seção detalha os equipamentos de Transmissão (Tx) Para NLoS a antena transmissora (Tx2) foi disposta em
e Recepção (Rx), as informações das antenas, o cenário e os uma posição fixa a 2,40 m da parede frontal, 1,10 metros
procedimentos adotados. das paredes laterais e azimute de 20 graus no sentido horário,
sem alteração na elevação. A antena receptora foi colocada em
A. Setup dos Equipamentos
cada ponto de medição a uma distância de 0,85 m das paredes
Como equipamento de transmissão foi utilizado um ge- laterais e separação de 1 m entre pontos. Foram medidos um
rador de sinais de onda contı́nua (CW) Hewlett Packard© total de 8 pontos com as antenas em posição co-polarizada (V-
Synthesized Sweeper 83752A configurado com uma potência V), onde em cada ponto a antena Rx teve seu azimute alterado
de transmissão de 0 dBm. O receptor (Rx) escolhido foi um no sentido horário, com passos de 30 graus, totalizando um
analisador de espectro Anritsu© Signal Analyzer MS2692A. total de 12 ângulos medidos (0 a 330 graus) em cada ponto,
Em Tx e Rx foram usadas duas antenas diretivas idênticas sem alteração na elevação da antena. Foram coletadas 10001
tipo corneta com um ganho de 15 dBi, aberturas de 29 graus amostras de potência recebida em cada ângulo, totalizando
de azimute e 29,3 graus de elevação (HPBW) fabricadas pela 120012 amostras em cada ponto.
MCS Industries, estando dispostas a uma altura de 1,5 m em Após as medições, os valores de potência recebida foram
relação ao piso, de acordo com a Fig. 1. convertidos em perda de percurso por através de (1).

PL (dB) = PT + GT + GR − LT x − LRx − PR (1)

Onde PL (dB) representa a perda de percurso medida em


dB, PT é a potência de transmissão em dBm, GT e GR
são os ganhos da antena transmissora e receptora em dBi
respectivamente, LT x é a perda no cabo conectado a Tx, LRx
diz respeito a perda no cabo conectado a Rx, ambas em dB e
por fim PR são as amostras de potencia recebida em dBm.

III. M ODELOS DE P ROPAGAÇ ÃO EM L ARGA E SCALA


Os modelos de propagação estimam a atenuação do sinal em
Figura 1. Setup de medições função da distância e são cruciais na etapa de planejamento.
Neste artigo, serão utilizados modelos empı́ricos baseados em
B. Cenário medições, as quais fornecem uma percepção realista do canal
de comunicação sem fio [5]. Modelos de frequência única são
O cenário indoor escolhido para realização das medições
definidos nas subseções seguintes.
foi um corredor que está localizado no prédio anexo do
Laboratório de Engenharia Elétrica e Computação (LEEC) da
A. Modelo Close-In Free Space Distance
Universidade Federal do Pará (UFPA). O corredor tem duas
ramificações, sendo que a principal mede 25,88 metros de O modelo Close-In Free Space Reference Distance (CI),
comprimento, 1,80 metros de largura e 2,90 metros de altura. dado em (2), descreve a perda de percurso em larga escala,
O corredor de acesso mede 5,43 metros de comprimento, 2,45 em todas as frequências relevantes para determinado cenário
metros de largura e também 2,90 metros de altura. [9].

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Figura 2. Disposição dos equipamentos no Laboratório de Engenharia Elétrica e Computação - prédio anexo

Em (4) α é o ponto de interceptação flutuante em dB,


β representa a inclinação da linha e XσF I representa uma
 
CI d
PL (f, d)[dB] = F SP L(f, d0 ) + 10n log10 + XσCI variável aleatória gaussiana de média zero e desvio padrão
d0
para d ≥ d0 , onde d0 = 1 m σ que representa a flutuação do sinal em larga escala sobre a
(2) média da perda de percurso em função da distância. Os fatores
α e β são ajustados em relação aos dados medidos a partir do
Onde P LCI denota a perda de percurso em função da método MMSE para que σ seja minimizado [5].
frequência e distância, d é a distância entre transmissor e
receptor (Tx-Rx) em metros, f é a frequência de portadora, IV. A N ÁLISE DOS R ESULTADOS
XσCI é uma variável aleatória gaussiana com média zero e Nesta seção são apresentados os resultados da modelagem
desvio padrão σ que representa as flutuações de sinal em larga para 11 GHz com base nos modelos de propagação e medições
escala sobre a perda média de percurso em relação a distância, realizadas para situações LoS e NLos separadamente.
n diz respeito ao expoente de perda de percurso (PLE) e por
A. Modelagem do Canal para LoS
fim F SP L(f, d0 ) é a perda de percurso no espaço livre em dB
a uma distância de separação (Tx-Rx) d0 de 1 m, frequência de O expoente de perda de percurso (PLE ou n) indica o
portadora f em MHz e velocidade da luz c em m/s, conforme aumento da perda em relação a distância entre Tx e Rx,
definido em (3). sendo calculado por meio da técnica MMSE. A partir das
medições em LoS com antenas co-polarizadas foi obtido um

4πf
 PLE igual a 2,39 com um desvio padrão de 3,52. Em [8]
F SP L(f, d0 )[dB] = 20 log10 (3) e [10] o valor para do PLE para corredores em LoS varia
c
entre 1 a 2, contudo é importante ressaltar que o corredor
A perda de percurso no modelo CI é determinada pelo em que as medidas foram realizadas não é um ambiente
PLE encontrado através do método de minimização do erro totalmente confinado apresentando uma ramificação, conforme
médio quadrático (MMSE) que se ajusta aos dados medidos Fig. 2, causando uma maior dispersão do sinal transmitido e
com menor erro através da minimização de σ, também usa consequentemente aumentando a perda nesses pontos, o que
como ponto de ancoragem fı́sica a energia transmitida no contribui para um aumento considerável no valor do PLE.
espaço livre até a distância d0 . Este modelo pode ser usado A Fig. 3 apresentada a modelagem de canal a partir dos
para estimar a perda de percurso de medições em polarização modelos em larga escala CI e FI para LoS e polarização V-
cruzada, co-polarizada ou a combinação das duas polarizações V. Em preto estão as amostras de perda de percurso medida e
[5]. em vermelho é apresentado o modelo CI com valor de F SP L
B. Modelo Floating-Intercept igual a 53,27, acrescido do PLE igual a 2,39, caracterizado a
O modelo Floating-Intercept (FI) requer apenas dois partir dos dados medidos e distância variando de 0 a 20 metros.
parâmetros e não considera um ponto de ancoragem fı́sico O RMSE para esse modelo em relação as medições foi de 3,44
em relação a potência transmitida: dB.
O modelo FI, em azul, foi o que apresentou melhor precisão
em relação aos dados medidos cujo RMSE foi de 3,37 dB. Os
P LF I (d)[dB] = α + 10β log10 (d) + XσF I (4) valores dos parâmetros, conforme (4), foi de 55,14 para α que

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é o ponto de ancoragem inicial do modelo, e de 2,23 para β


que representa a inclinação da reta, isto é, o quanto o sinal
decai com a distância.

Figura 4. Média da perda de percurso medida em função da distância em 11


GHz

Figura 3. Modelagem da perda de percurso LoS

A Tabela I reúne todos os parâmetros da modelagem in-


cluindo o desvio padrão que foi de 3,52 dB para o CI e 3,47
dB FI, com uma diferença de 0,05 dB entre os modelos.

Tabela I
PAR ÂMETROS DA M ODELAGEM L O S

Modelagem da Perda de Percurso em Larga Escala LoS


FSPL / α PLE / β σ RMSE
CI FI CI FI CI FI CI FI
53,27 55,14 2,39 2,23 3,52 3,47 3,44 3,37

B. Modelagem de Canal para NLoS


O gráfico da Fig. 4 apresenta a média da perda de percurso
da combinação de todos os ângulos de recepção, os dados
estão em função da distância, representados em azul. As Figura 5. Média da perda de percurso em função dos ângulos de chegada em
marcações em vermelho representam os pontos em que ocor- 11 GHz
reram as menores perdas, chamadas de NLoSbest. Observa-se
que a perda de percurso possui menor valor para os 3 primeiros
pontos de medição (62,17 dB, 67,34 dB e 72,7 dB) e tendem larga escala em NLoS, utilizando os dados de NLoSbest medi-
a aumentam proporcionalmente com a distância. dos no cálculo do desvio padrão dos modelos de propagação.
Para identificar quais ângulos estão associados às perdas do O PLE obtido para NLoS foi de 3,68, sendo usado como
canal os dados são apresentados em função dos ângulos de parâmetro no modelo CI. A Fig. 6 apresenta a modelagem
chegada na Fig. 5. As marcações em vermelho apresentam os do canal NLoS, a predição da perda de percurso foi realizada
ângulos com as menores perdas, chamados de AoAbest. nas distâncias de 1 a 10 metros, onde em vermelho está o
Os melhores valores de AoA se situam nos ângulos de modelo CI, com desvio padrão de 5,74 dB em relação aos
60º, 300º e 330º. O ângulo de 60º recebeu reflexões da onda dados medidos. O valor da perda inicial do modelo foi obtida
transmitida devido a antena receptora estar direcionada para a partir de (3) resultando em 53,27 dB. Em azul o modelo o
a parede oposta a Tx e os demais ângulos recebem ondas modelo FI, cujo parâmetro alfa (α) encontrado foi de 29,36,
difratadas pelo ambiente, contribuindo para valores de perda valor que se mostrou mais baixo que a perda inicial definida
menores. pelo CI. Como não há dados medidos nos primeiros metros,
Apesar dos fatores fı́sicos observados terem influenciado na a comparação com os dados deve ser verificada na distância
complexidade da caracterização do canal, foi possı́vel realizar em que se encontra o primeiro ponto medido, no qual a perda
a predição da perda de percurso por meio da modelagem em simulada por FI mostra boa aproximação. O parâmetro beta

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(β) que define a inclinação do modelo foi 6,68, resultando em com menor perda foram os que estavam próximos de Tx. A
perdas maiores a medida que Rx se afasta de Tx. modelagem resultou em um RMSE de 5,45 dB para o modelo
CI. Para o modelo FI foi obtido um RMSE de 2,90 dB, sendo
este o qual apresentou maior precisão em relação aos dados
medidos.
Nos trabalhos futuros pretende-se efetuar estudos sobre o
planejamento de redes indoor e outdoor usando técnicas de
Machine Learning para o ajuste de parâmetros de modelos de
propagação multifrequências.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Laboratório de Computação e
Telecomunicações (LCT), a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós
Graduação (PROPESP) da Universidade Federal do Pará
(UFPA) e ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia
(INCT) pelo suporte dado a pesquisa.
R EFER ÊNCIAS
[1] Y. Li, J. Yang, and N. Ansari, “Cellular smartphone traffic and user
behavior analysis,” in 2014 IEEE International Conference on Commu-
Figura 6. Modelagem da perda de percurso NLoS nications (ICC). IEEE, 2014, pp. 1326–1331.
[2] J. Gubbi, R. Buyya, S. Marusic, and M. Palaniswami, “Internet of things
O modelo FI apresentou uma melhor predição em relação (iot): A vision, architectural elements, and future directions,” Future
generation computer systems, vol. 29, no. 7, pp. 1645–1660, 2013.
aos dados medidos, consequentemente com um desvio padrão [3] T. S. Rappaport, S. Sun, R. Mayzus, H. Zhao, Y. Azar, K. Wang, G. N.
menor de 2,71 dB. Contudo, o valor de α está bem abaixo Wong, J. K. Schulz, M. Samimi, and F. Gutierrez, “Millimeter wave
do valor de F SP L, isso se dá pelo fato deste modelo não mobile communications for 5g cellular: It will work!” IEEE access,
vol. 1, pp. 335–349, 2013.
contar com um fator de ancoragem fı́sico, se baseando apenas [4] T. S. Rappaport, Y. Xing, G. R. MacCartney, A. F. Molisch, E. Mellios,
nos dados medidos para definir o ponto inicial. Os demais and J. Zhang, “Overview of millimeter wave communications for fifth-
parâmetros dos modelos CI e FI estão dispostos na Tabela II. generation (5g) wireless networks—with a focus on propagation mo-
dels,” IEEE Transactions on Antennas and Propagation, vol. 65, no. 12,
pp. 6213–6230, 2017.
Tabela II [5] G. R. Maccartney, T. S. Rappaport, S. Sun, and S. Deng, “Indoor
PAR ÂMETROS DA M ODELAGEM NL O S office wideband millimeter-wave propagation measurements and channel
models at 28 and 73 ghz for ultra-dense 5g wireless networks,” IEEE
access, vol. 3, pp. 2388–2424, 2015.
Modelagem da Perda de Percurso em Larga Escala NLoS
[6] L. C. Eras, I. Batalha, D. K. da Silva, H. R. Ferreira, W. S. Fonseca,
FSPL / α PLE / β σ RMSE F. J. Barros, and G. P. Cavalcante, “Measurements and modeling for
CI FI CI FI CI FI CI FI indoor environments analysis at 10 ghz for 5g,” in 2015 9th European
53,27 29,36 3,68 6,68 5,74 2,71 5,45 2,90 Conference on Antennas and Propagation (EuCAP). IEEE, 2015, pp.
1–5.
[7] A. M. Al-Samman, T. Abd Rahman, and M. H. Azmi, “Indoor corridor
wideband radio propagation measurements and channel models for 5g
V. C ONSIDERAÇ ÕES F INAIS millimeter wave wireless communications at 19 ghz, 28 ghz, and 38 ghz
O presente trabalho buscou realizar uma análise e modela- bands,” Wireless Communications and Mobile Computing, vol. 2018,
2018.
gem de canal na frequência de 11 GHz em um ambiente indoor [8] M. Kim, Y. Konishi, Y. Chang, and J.-i. Takada, “Large scale parame-
de corredor em condições LoS e NLoS. Para análise foram ters and double-directional characterization of indoor wideband radio
realizadas medições utilizando antenas diretivas em condições multipath channels at 11 ghz,” IEEE Transactions on Antennas and
Propagation, vol. 62, no. 1, pp. 430–441, 2013.
co-polarizadas. A modelagem foi feita a partir dos principais [9] S. Sun, T. S. Rappaport, S. Rangan, T. A. Thomas, A. Ghosh, I. Z.
modelos de propagação para redes 5G presentes na literatura: Kovacs, I. Rodriguez, O. Koymen, A. Partyka, and J. Jarvelainen,
CI e FI. “Propagation path loss models for 5g urban micro-and macro-cellular
scenarios,” in 2016 IEEE 83rd Vehicular Technology Conference (VTC
Em LoS O modelo CI apresentou um RMSE de 3,44 Spring). IEEE, 2016, pp. 1–6.
dB, já para o FI foi obtido um RMSE menor em relação [10] T. S. Rappaport et al., Wireless communications: principles and practice.
aos dados medidos, cujo valor foi de 3,37 dB. Conforme prentice hall PTR New Jersey, 1996, vol. 2.
esperado, a perda de percurso medida foi menor quando
comparada com as medições em NLoS, contudo neste cenário,
foi observado durante a caracterização do canal, mecanismos
básicos de propagação: reflexão e difração nos ângulos de 0º,
60º e 300º, o que resultou em menores perdas de percurso
medidas nesses ângulos. Ademais, foi observada a relação
de proporcionalidade no aumento da perda de percurso com
a distância entre Tx-Rx, visto que os pontos de medição

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Análise de Cobertura de Sinal Rádio Móvel em


Ambiente com Vegetação na Faixa 700 - 4000 MHz
Diogo A. B. Magalhães, Nívea P. Carvalho, Fábio J. B. Fonseca, Pedro V. G. Castellanos e Leni J. Matos

Resumo—Medições de nível de sinal foram realizadas encontrada em parques urbanos, estacionamentos e ruas com
em cinco frequências portadoras, na faixa de 700 - 4000 pouca arborização enfileirada, onde temos área aberta e com
MHz, numa praça pública com vegetação variada, na algumas árvores. Com isso, quando os modelos existentes para
cidade de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil. No total, foram vegetação são aplicados, não apresentam, em geral, bons
realizados vinte conjuntos de medições através da variação resultados.
de cinco frequências, duas rotas e duas alturas da antena Devido à complexidade do meio em questão, que é
transmissora. A partir do processamento dos dados, aleatório, realizam-se sondagens no mesmo para se estudar o
algumas análises tanto gráficas quanto quantitativas são comportamento desse tipo de canal no sinal rádiomóvel que
realizadas, comparando os resultados de cobertura em duas por ele se propaga. Castro [9] partiu do modelo Log-distância e
rotas de características de vegetação distintas, nas desenvolveu um modelo apropriado em função de medições
diferentes portadoras e alturas de antena de transmissão. realizadas em regiões de cidades amazônicas, com ruas
arborizadas; Mello [10] realizou medições no Horto do
Palavras-chave-Cobertura de sinal, path loss, propagação em Fonseca, em Niterói, envolvendo clareira, vegetação lateral e
vegetação. alguma vegetação no percurso, desenvolvendo modelo para
parque urbano na faixa de 900-2400 MHz e que aplicado no
I. INTRODUÇÃO Jardim Botânico do Rio de Janeiro, nas condições de [11],
mostrou excelente ajuste aos dados obtidos das medições, em
O estudo das características de propagação nos diferentes
1,88 GHz.
ambientes é fundamental quando se pretende projetar sistemas
de comunicações sem fio. No que diz respeito a sistemas de Deste modo, este trabalho visa à caracterização do canal de
comunicação móvel pessoal, onde as condições de recepção propagação rádio móvel em ambientes com vegetação pouco
estão mudando constantemente devido à mobilidade do densa, numa faixa mais ampla, de 705 a 4000 MHz, também
receptor, é de grande importância o conhecimento da variação determinando a perda no percurso para as diferentes
do sinal para definir a qualidade de cobertura de um configurações testadas, e realizando uma análise quantitativa e
determinado sistema de comunicação. Parques e praças urbanas gráfica envolvendo a variação com a frequência, a rota
com vegetação são ambientes bastante comuns nas cidades e percorrida e a altura da antena transmissora, contribuindo para
valorizados, cada vez mais, por permitirem atividades físicas e uma futura elaboração e proposta de um modelo mais
de lazer ao ar livre. Este tipo de ambiente se caracteriza por ser abrangente para ambientes de praças e parques, considerando
bastante heterogêneo, dados os diversos tipos de árvores e os modelos já existentes.
arbustos presentes, e o usuário pode estar localizado em
qualquer lugar dele acessando algum serviço de comunicação Na continuidade, este artigo apresenta a descrição do setup,
sem fio. Assim, cresce nestes locais a demanda por qualidade do ambiente de medições e das rotas percorridas na Seção II;
de sinal dos sistemas de comunicação móvel, o que representa cálculo da perda no percurso, na Seção III; análise gráfica da
um desafio: manter uma boa cobertura do sinal rádio móvel em perda média de potência em função da frequência, para duas
regiões com vegetação, além do fluxo de pedestres e algumas alturas de transmissão e duas diferentes rotas, na Seção IV; e
construções de pequeno porte. Desta forma, os espalhadores conclusões na Seção V.
distribuídos aleatoriamente, como folhas, ramos, galhos e
troncos de árvores, além de eventuais, como prédios, pessoas e II. AMBIENTE E SETUP DE MEDIÇÕES
veículos, por exemplo, podem causar efeitos como reflexão, O ambiente onde foram realizadas as medições foi a Praça
espalhamento, difração e absorção das ondas eletromagnéticas, Nilo Peçanha, localizada na Rua Passo da Pátria, S/N, no
gerando multipercurso do sinal transmitido, muitas vezes bairro São Domingos, em Niterói, local com vegetação
levando à degradação do sinal. variada em altura e espécie. A disposição das árvores pelo
Na literatura, muitos autores têm caracterizado a perda no ambiente é aleatória, porém tendo áreas com maior
sinal rádio móvel devido à vegetação [1-3], com algumas concentração de árvores, áreas com pouca vegetação e
pesquisas analíticas e resultados significantes relatados em algumas sem árvores (clareiras). No entorno da praça, há
Bertoni [4]. Os modelos de cobertura existentes não fornecem construções e avenidas com grande fluxo de automóveis e
valores de predição próximos à realidade brasileira e, em geral, pedestres, típico de um parque urbano. Na praça, existe um
tratam da atenuação em ambiente com vegetação densa, restaurante fazendo com que tenha, ainda, mais fluxo de
concentrada como em florestas [5-8], mas pouco se tem sobre o pessoas. A Fig.1 mostra a vista aérea da Praça Nilo Peçanha,
ambiente com vegetação mais rala, pouco densa, coma a com a indicação das duas rotas escolhidas para realizar as

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medições, de forma abranger regiões com características as medições, na entrada da UFF (Universidade Federal
distintas no local. As setas indicam o sentido do movimento de Fluminense), na Rua Passo da Pátria, como já mostrado na
afastamento do receptor em relação ao transmissor. As rotas, Fig. 1. Este local foi escolhido devido às facilidades como:
porém, foram percorridas no sentido contrário ao apontamento fornecimento de energia e segurança, ambas oferecidas pela
das setas, de forma que a pessoa que deslocava o carrinho com própria universidade.
o sistema de medições ficasse atrás do mesmo. Observa-se que
existe uma região comum às duas rotas, que será mais adiante III. PROCESSAMENTO DOS DADOS E RESULTADOS
tratada como trecho 1, caracterizado por ter visada à antena
transmissora e com menos influência da vegetação. As Foi desenvolvido um software de captura no Matlab®, que
distâncias do ponto inicial e final da rota 1 à antena coleta o trace da medida no analisador no Span Zero. Cada
transmisora foram, respectivamente, iguais a 39,7 metros e 78 trace fornece 10.001 pontos de medição por varredura, onde
metros, enquanto para a rota 2, tais distâncias foram 39,7 cada varredura teve a duração de 60 segundos, levando a uma
metros e 88,9 metros. Além disso, a velocidade média de taxa de amostragem igual a 10.000 amostras/min (= 166.67
deslocamento foi mantida praticamente constante em 1,5 m/s, amostras/s).
de forma que o intervalo de tempo entre dois pontos medidos
fosse proporcional à distância percorrida neste intervalo. Para a perda no percurso (path loss), foi obtida a curva do
nível médio de potência (dBm) recebida ao longo de cada
trecho de rota e, também, a curva da perda média, para cada
frequência, em cada altura de transmissão. Para tal, foi
empregado o processo de setorização [4], [12-13], onde foram
tomados setores que variaram entre 5λ e 20λ, dependendo da
frequência, e cada média de setor é um ponto da variabilidade
de grande escala (desvanecimento lento) e, a partir desses
pontos, uma curva é ajustada, gerando a path loss ao longo da
distância. Esta última foi comparada ao modelo de predição de
perda Log-distância [12], descrito em (1):
= − 10. . , (1)
onde o valor inicial na rota é definido pela distância d0 à
transmissora (Tx), d é a distância de qualquer outro ponto à
Fig. 1. Vista aérea da Praça Nilo Peçanha destacando as rotas de medições. Tx, N é o coeficiente de perda com a distância a ser calculado
e Pr é o nível de sinal medido em d. De (1), o coeficiente de
Os equipamentos, dispositivos e acessórios usados na perda N fica calculado por:
sondagem do canal estão listados na Tabela I.
=[ − ]/10. . (2)
TABELA I. ESPECIFICAÇÕES DO SISTEMA TRANSMISSOR E RECEPTOR
Equipamento/dispositivo Especificações Usando as especificações para cada combinação: rota (R1
Gerador vetorial de Sinal
250 kHz a 6 GHz ou R2), altura de transmissão (H1 ou H2) e frequência (F1 a
MG3700A, Anritsu F5: 705, 1790, 2400, 3500 ou 4000 MHz), montou-se a Tabela
Amplificador de potência ZHL- Ganho: de 40 a 47dB para a
16W-43+, Minicircuits faixa de 700-4000 MHz
II, onde R refere-se à Rota, H à altura da Tx e F, à frequência
Tx 2 fontes de 0-30 V/3 A e 1 de portadora. Como exemplo: R1H1F1 é a rota 1, na altura de
Fonte Digital PS-5000, Icel transmissão 1 (= 1,7 m) e frequência 1 (= 705 MHz). Um total
0-5V/3 A
Antena OmniI-ATO-380-
Ganho:1 dB/705 MHz, de 20 configurações foi testado.
5dB/1.79 GHz,
6000,RFS
6 dB/2400, 3500, 4000 MHz TABELA II. ESPECIFICAÇÕES DAS ROTAS
Cabo Anritsu, de 1 m 50 Ω(gerador p/.PA1)
Cabo R&S, de 1,7 m 50 Ω (PA p/ antena Tx2) Rota/Altura da Transmissora
Cabo adicional (PA p/ antena Frequência (MHz) 1/H1 1/H2 2/H1 2/H2
Cabo Nacional, de 1 m 705 R1H1F1 R1H2F1 R2H1F1 R2H2F1
Tx) p/hTx = 4,2 m
Antena Multi Band OmniMA- Ganho:3 dB/705 MHz, 1790 R1H1F2 R1H2F2 R2H1F2 R2H2F2
CQ27-1X, 380 MHz - 6 GHz, 5dB/1.79 GHz, 2400 R1H1F3 R1H2F3 R2H1F3 R2H2F3
MARS 6 dB/2400, 3500, 4000 MHz 3500 R1H1F4 R1H2F4 R2H1F4 R2H2F4
Rx Analisador de Sinal MS2692A, 4000 R1H1F5 R1H2F5 R2H1F5 R2H2F5
50 Hz - 26,5 GHz
Anritsu
50 Ω (antena Rx3 De (2), o coeficiente de perda, N, foi calculado para cada
Cabo Anritsu, de 1 m
p/analisador)
1
Amplificador de potência, 2 Transmissora e 3Receptora
combinação possível da Tabela II e os resultados obtidos estão
na Tabela III, em um total de 20 combinações.
No dia da medição, o céu estava claro e não choveu, havia
uma circulação baixa de pedestres na praça e uma Os resultados mostram que, para as mesmas condições de
considerável circulação de automóveis no seu entorno. Foram altura e frequência, o coeficiente de perda cai, geralmente,
transmitidos cinco sinais CW, em duas alturas da antena quando se altera para a Rota 2. Isto se deve ao fato de na rota
transmissora: H1 = 1,7 metros e H2 = 4,2 metros. A antena 1 termos mais obstrução de vegetação e pouca área aberta ao
receptora estava a 1,6 m do solo, montada no topo do veículo. longo do percurso, se comparada à rota 2, que, apesar de
As cinco frequências (portadoras) foram: 705, 1.790, 2.400, também possuir vegetação, tem uma área maior de clareira no
3.500 e 4.000 MHz. O sistema de transmissão estava seu caminho.
localizado em uma área fora do ambiente onde se realizaram

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TABELA III. COEFICIENTES DE PERDA PARA AS DIFERENTES COMPOSIÇÕES Dessa forma, as rotas 1 e 2, R1 e R2, foram divididas em
Rota 1 N Rota2 N dois trechos: o primeiro, T1, praticamente comum às duas
R1H1F1 6,96 R2H1F1 5,57 rotas, com alguma visada, e se estendendo até o centro da
R1H1F2 6,86 R2H1F2 5,08 praça, no entorno de 55 m ao TX, para R1, e 60 m ao Tx, para
R1H1F3 3,29 R2H1F3 4,49 R2, pois possui uma área mais aberta em parte de seu
R1H1F4 6,74 R2H1F4 3,49
R1H1F5 6,16 R2H1F5 4,3 percurso; o segundo, T2, é o trecho até o final de cada rota,
R1H2F1 3,52 R2H2F1 5,77 onde ambas apresentam vegetação mais concentrada e
R1H2F2 5,79 R2H2F2 3,7 obstruindo a visada entre Tx e Rx, porém na rota 1, a
R1H2F3 4,13 R2H2F3 3,0 vegetação está mais densa no percurso Tx-Rx, também
R1H2F4 5,5 R2H2F4 3,8 ocorrendo do outro lado da rota, e com alturas de copas entre 8
R1H2F5 5,72 R2H2F5 4,47 e 12 metros. Já para a rota 2, há maior concentração de
Em uma análise na mesma rota, comparando os valores vegetação entre Tx e Rx, não muito densa, e com alturas
medidos nas duas alturas de transmissão, percebe-se que a variando entre 5 e 7 metros. Com isso, a partir das potências
perda é menor, geralmente, para a maior altura de médias, foram determinadas médias de potência na distância,
transmissora. em dB, para cada trecho de rota, altura de transmissora e
frequência e, então, calculadas as perdas associadas, que
Na Fig. 2, as medições do nível de sinal versus distância resultaram na Tabela IV, gerando um total de 40 valores
são mostradas para uma das configurações, R1H2F4, médios de perdas de potência. Tais médias são os pontos de
juntamente com a predição da perda média pelo modelo Log- quebra das curvas na Fig. 4, em função da frequência, por ex.,
distância. Em escala logarítmica de distância, observa-se de PR1H1T1 representa os valores médios de perda no trecho T1,
(2) que o coeficiente de perdas, N, pode ser calculado como a para cada frequência sondada na rota R1 com a transmissora
inclinação da reta do modelo. de altura H1. Para melhor compreensão, a curva cheia rosa
-50 liga esses pontos.
Dados exp.
Log-dist
-60 TABELA IV. PERDA MÉDIA DE POTÊNCIA EM CADA TRECHO PARA AS
DIVERSAS COMPOSIÇÕES DE ROTA, ALTURA DE TRANSMISSORA E
FREQUÊNCIA
-70
Rota 1 Rota 2
Pr (dBm)

Htx2
-80 Freq Htx1 (1,7m) Htx2 (4,2m) Htx1 (1,7m)
(4,2m)
705 65.33 72.5 65.68 60.22
-90
1790 80.32 78.48 75.73 78.19
T1 2400 89.03 87.9 80.67 83.06
-100 3500 88.13 90.02 80.77 88.62
4000 91.29 96.71 86.83 94.31
-110 705 80.05 77.72 80.35 73.26
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
d (m)
1790 92.38 89.66 89.66 86.15
T2 2400 93.94 96.15 90.31 90.47
Fig. 2. Nível de sinal na composição R1H2F4 e modelo log-distância ajustado. 3500 98.16 100.02 92.88 97.65
4000 101.51 108.22 98.06 102.3

IV. ANÁLISE GRÁFICA DAS PERDAS DE POTÊNCIA MÉDIA 100


PR1H1T1
Ao observar as 20 combinações de medições das rotas 95 PR1H2T1
especificadas na Tabela III, verificou-se variação da inclinação PR2H1T1
PR2H2T1
das potências, em muitas das combinações, conforme pode ser 90

visto na Fig. 3. Claramente se evidencia a divisão da rota em 85


Perda (dB)

dois trechos: um sendo o de menor obstrução de sinal e o


outro, aquele em que mais vegetação obstrui o sinal até sua 80

chegada ao receptor.
75
-30
Dados exp. 70
Log-dist
-40
65

-50 60
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Pr (dBm)

f (MHz)
-60
Fig. 4. Perda média de potência no trecho 1 das duas rotas versus frequência
para cada altura de transmissora.
-70
Pela análise gráfica, verifica-se que a perda média de
-80
potência do sinal, para uma mesma altura de transmissora,
cresce com a frequência em ambas as rotas R1 e R2, sendo
-90 maior, em geral para a rota 1, em ambos os trechos. Mantendo
35 40 45 50 55 60 65 70 75 80
d (m) a mesma rota R1, mas aumentando a altura da antena
Fig. 3. Nível de sinal na composição R1H2F2 e modelo log-distância ajustado.
transmissora observa-se, no trecho 1, que a perda inicial é
maior para H2 até cerca de 1,5 GHz e após 2,8 GHz, e

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verificou-se no trecho 2, que a perda na R1 era maior para H1 principalmente, no momento de escolher o local de instalação
até no entorno de 2,15 GHz. Na rota R2 também ocorre da antena de transmissão para cobertura de áreas de
inversão da curva de perda, mas as frequências passaram a 1,5 convivência.
GHz e 2,4 GHz, respectivamente, para trecho 1 e trecho 2.
110
Para melhor análise, a partir desses dados, observou-se o PR1R2H1T2

comportamento do valor médio da perda nos trechos em 6 105


PR1R2H2T2

situações, levando em consideração alguns parâmetros como:


frequência, altura da transmissão e condições de recepção, a 100

fim de avaliar a sua influência na perda média. Assim, 6

Perda (dB)
95
gráficos, mostrados da Fig. 5 à Fig. 9, serão analisados um a
um, de forma a se extrair informações para futura modelagem 90
do canal.
85
Na Fig. 5, é comparado o valor médio de perda entre R1 e
R2, no trecho 1, em cada frequência, separadamente para a 80
altura H1, obtendo-se a curva PR1R2H1T1. Da mesma forma,
foi feita a comparação para a altura H2, obtendo-se a curva 75
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
PR1R2H2T1. Nota-se que até 2,4 GHz a perda média é, f (MHz)
praticamente, igual em ambas alturas de antena transmissora. Fig. 6. Perda média nas rotas para o trecho 2 nas duas alturas de transmissão.
A partir desta frequência, a perda média nas rotas na altura H2
fica maior que na H1, chegando a uma diferença de 6 dB em 4 Calculando-se a média das perdas de potência do trecho 1
GHz. Sendo o trecho 1 o menos obstruído por vegetação, da rota 1, mas considerando as duas alturas de transmissão,
observa-se que na faixa de 700 a 4.000 MHz, a antena de obteve-se a curva para o trecho 1, PR1H1H2T1, para todas as
transmissão mais baixa fornece a menor perda, pois encontra frequências. A mesma análise foi realizada no trecho 2,
percurso mais livre, já que algumas copas das árvores laterais gerando PR1H1H2T2, e a comparação dos dados pode ser
mais altas se estendem pelo trecho 1, fazendo crescer a perda observada na Fig. 7. Nesta, observa-se uma diferença de perda
na altura H2. praticamente constante de 10 dB para o trecho 2,
100
relativamente ao trecho 1, ao longo da faixa de frequências
PR1R2H1T1 sondadas. Observa-se uma perda média um pouco menor na
PR1R2H2T1
95 proximidade de 2,4 GHz. Fica claro que a condição de
recepção com obstrução da vegetação, que corresponde ao
90 trecho 2, tem maior perda. Na mesma figura, em preto, está a
perda média na rota 1 completa.
Perda (dB)

85
105
80 PR1H1H2T1
100 PR1H1H2T2
M
75
95

70 90
Perda (dB)

85
65
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
f (MHz) 80

Fig. 5. Perda média nas rotas para o trecho 1 nas duas alturas de transmissão.
75

A Fig. 6 mostra a mesma situação da Fig. 5, mas agora 70


para T2, trecho com vegetação entre Tx e Rx. Verifica-se que
até, aproximadamente, a frequência de 2,25 GHz, tem-se 65
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
maior perda para H1 e, a partir daí, a maior perda ocorre para f (MHz)
H2. Assim, alturas de transmissoras mais altas usadas para Fig. 7. Perda média nas alturas de transmissão para os trechos da rota1.
frequências abaixo de 2,4 GHz, e mais baixas para frequências
acima de 2,4 GHz, são os melhores resultados. Frequências Na Fig. 8, é realizada a comparação da curva de perda
maiores ocasionarão mais perdas e deveriam ser emitidas de média no trecho 1, para a rota 1, PR1H1H2T1, mediando as
alturas mais baixas, não atingindo a copa das árvores, que são perdas médias das duas alturas de transmissão para o trecho 1.
atenuadoras de sinal. A mesma curva foi gerada para a rota 2 e as duas alturas, no
mesmo trecho, PR2H1H2T1. Observa-se que R1 apresenta
Cabe ressaltar que foi aprovada, pela ANATEL, a maior perda, praticamente constante, na faixa de frequências, e
destinação das faixas de frequência 700, 2.300, 3.500 MHz e próxima de 5 dB, sendo um pouco maior na proximidade de
26 GHz, para o serviço 5G [14], iniciando com as faixas entre 2,4 GHz. Isso se deve ao fato de que o trecho 1 na rota 2 é
2.300-2.400 MHz (n40) e 3.300-3.800 MHz (n78). Dessa mais extenso, tendo uma área maior de clareira. Para o trecho
forma, três das faixas (700, 2.400 e 3.500 MHz) estão sendo 2, nas mesmas condições usadas para a obtenção do trecho 1,
analisadas, neste artigo, com o efeito da vegetação na com mais vegetação obstruindo o receptor, tem-se maior perda
obstrução, logo, esse tipo de avaliação, é de grande na rota 1, variando entre 3 e 7 dB na faixa de 700-4.000 MHz,
importância para as empresas de telecomunicações, como mostra Fig. 9. Isso se deve ao fato de que no trecho 2 da

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rota 1 há vegetação mais densa e as árvores estão mais observando-se 10 dB a mais de perda para o trecho obstruído
próximas. com vegetação, de espessura máxima igual a 40 metros,
relativamente ao trecho com vegetação lateral e praticamente
95
PR1H1H2T1 desobstruído. Também se concluiu para o canal em questão,
90
PR2H1H2T1 que a perda média cresceu cerca de 20 dB dentro da faixa de
frequências testadas, de 705 a 4.000 MHz, para uma mesma
85
altura de antena, como pode ser observado na Fig. 2 e na Fig.
3 e, ainda, se observou nessa mesma faixa, que a perda chegou
Perda (dB)

80
a subir de 6 dB, na máxima frequência, para a altura de antena
75 2,5 vezes maior, visto que mais copas de árvores estariam
obstruindo sinal, entretanto se manteve praticamente igual
70 para frequências abaixo de 2,4 GHz. Finalmente, tomando-se a
média das medições nas duas alturas de transmissora, tanto no
65
trecho 1 quanto no trecho 2, a perda média na faixa de
60 frequência sondada, confirmou ser maior na rota 1, cujo trecho
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
f (MHz) 2 era o mais obstruído por vegetação.
Na continuidade, este trabalho tratará da modelagem para a
Fig. 8. Perda média nas alturas de transmissão para o trecho 1 das rotas.
predição de cobertura em praças urbanas.
105
PR1H1H2T2
PR2H1H2T2
AGRADECIMENTOS
100
Ao SINTUFF, pela disponibilidade do local e de vigiapara
acesso à energia do sistema de recepção.
95
Perda (dB)

REFERÊNCIAS
90
[1] A. Tavakoli, K. Sarabandi, and F. T. Ulaby, "Horizontal Propagation
Through Periodic Vegetation Canopies", IEEE Transactionson Antennas
85
and Propagation, vol. 39, no. 7, July 1991.
[2] N. Savage, D. Ndzi, A. Seville, E. Vilar, and J. Austin, "Radio Wave
80
Propagation Through Vegetation: Factors Influencing Signal
Attenuation", Radio Science, vol. 3, Issue 5, Oct. 2003.
75
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
[3] J. C. Silva, G. L. Siqueira and P. V. G. Castellanos, "Propagation Model
f (MHz) for Path Loss through Vegetated Environments at 700-800 MHz Band",
Journal of Microwaves, Optoelectronics and Electromagnetic
Fig. 9. Perda média nas alturas de transmissão para o trecho 2 das rotas. Applications, vol. 17, no. 1, March 2018.
[4] L. H. Bertoni, Radio propagation for modern wireless systems, New
CONCLUSÕES Jersey: Prentice Hall PTR, 2000.
Através de medições realizadas na Praça Nilo Peçanha, [5] M. O. AL-Nuaimi, R. B. L. Stephens. "Measurements and Prediction
estudou-se a cobertura de sinal rádio móvel em ambiente Model Optimization for Signal Attenuation in Vegetation Media at
Centimeter Wave Frequencies", IEE Proc. Microwaves and Antennas
misto, onde há trechos obstruídos por vegetação mais densa e Propagation, vol. 145, no.3, pp. 201-206, 1998.
menos densa e trechos com linha de visada. O sistema de [6] K. Low, “Measurements of Seasonal Field-Strength Variations in
transmissão era fixo, com variação da altura da antena Forests”, IEEE Trans. on Vehicular Technology, vol.37, no.3, pp. 121-
transmissora, e o sistema de recepção era móvel, instalado em 124, 1988.
um carrinho, que se deslocou a uma velocidade média de 1,5 [7] S. S. Seker, A. Schneider. “Experimental Characterization of UHF
Radiowave Propagation Through Forests”, IEE Proceedings, vol.140,
m/s, ao longo de duas rotas escolhidas na praça. Com os dados N.5, pp. 329-335, October 1993.
dessas medições, foi possível obter os níveis de potência [8] R. K. Tewari, S. Swarup, M. N. Roy. "Radio Wave Propagation Through
recebida com a distância percorrida, que atingiu um máximo Rain Forests of India", IEEE Trans. Antennas Propagation, vol. 38, N.4,
de 78 m e 88,9 m da transmissora, respectivamente, para a rota pp. 443-449,1990.
1 e a rota 2. Através da técnica de setorização, extraiu-se a [9] B.S.L. Castro,"Modelo de Propagação para Redes sem Fio Fixas naBanda
de 5,8 GHz em Cidades Típicas da Região Amazônica". Dissertação de
variabilidade em grande escala (desvanecimento lento) para, Mestrado, UFPA, 2010.
então, se obter a curva de ajuste (path loss) para potência [10]B. R. S. Mello, P. A. Pinna, M. S. Dias, F. J. B. Fonseca, and L. J.
média ao longo das rotas e verificou-se a necessidade de Matos,"Measurements in vegetation and modeling of a radio mobile
dividir as rotas em dois trechos de forma a se obter um melhor channel in an urban park", in SBrT– International Telecommunications
Symposium - ITS 2014, São Paulo, 2014.
ajuste da potência. Isto porque o trecho inicial era
[11] E. S. Leão, F. J. B. Fonseca, L. J. Matos, “Análise Estatística da
praticamente desobstruído, apenas com vegetação lateral, Variabilidade do Sinal Rádio Móvel Medido em Ambiente de
enquanto o segundo trecho tinha obstrução por vegetação. Tal Vegetação”, in MOMAG 2012 - 15º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas
constatação foi de grande importância para fazer a análise e Optoeletrônica e 10º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, João
gráfica da perda e potência média. Pessoa, Paraíba, 2012.
[12] W.C.Y. Lee, Mobile Cellular Telecommunications Systems, McGraw-
Analisando os resultados encontrados, notou-se que a Hill, 1990.
perda média de propagação foi, de forma geral, coerente com a [13] A. Urie, “Errors in estimating local average power of multipath signals”,
teoria na literatura existente, pois nas situações em que o Electronics Letters, pp. 315–317, Feb. 1991.
[14] https://www.anatel.gov.br/institucional/component/content/article/171-
ambiente era mais obstruído por vegetação e a frequência era manchete/2505-edital-de-5g-ja-esta-aberto-para-contribuicoes-da-
mais elevada, para uma altura de transmissão variando entre sociedade.
1,7 m e 4,2 m, a perda aumentou de forma significativa,

35
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Análise Preliminar das Características e da Cobertura


LoRa na Frequência de 915 MHz

Michel P. da Cunha, Pedro V Gonzalez Castellanos Michael S. Centeno, Maiquel S. Canabarro


Departamento de Engenharia de Elétrica e Centro de Engenharias
Telecomunicações Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Universidade Federal Fluminense (UFF) Pelotas – RS, Brasil
Niterói, Brasil mchlcenteno@gmail.com, maiquel.canabarro@ufpel.edu.br
mpc.exp@gmail.com, pcastellanos@id.uff.br

Abstract— The low-power wide-area networks (LPWANs) localização e dispositivos inteligentes conectados em nuvem
represent a new trend in the evolution of telecommunication (cloud computing) que possibilitam a análise e processamento
designed to enable broad range of Internet of Things (IoT) massivo dos dados (Big data Analytics) gerenciados por
applications, allows communication over long distances and is sistemas cognitivos.
currently gaining wide acceptance in the world scenario, due to the
large signal coverage, small power consumption and low
Na maioria dos casos, dadas as características físicas onde as
implementation cost. This work focuses on the analysis of the maquinas e elementos da cadeia produtiva são instalados, os
coverage of a test signal in an indoor environment, in various dispositivos de controle e supervisão usam principalmente rádio
transmission configurations, using Lora (Long Range) technology. frequência para o envio das informações. Existem várias
The measurements were made in the ISM band at the frequency vantagens para o uso de dispositivos sem fio para comunicação,
of 915 MHz. porém uma desvantagem é a degradação do sinal de
Keywords: LoRa; LPWAN; Mesurements; Indoor; Iot. comunicação em função das características do ambiente onde o
sinal se propaga, o distanciamento entre o transmissor e o
I. INTRODUÇÃO
receptor, entre outras coisas. Para analisar como o sistema se
A capacidade industrial de uma empresa é centrada em sua comporta em determinados ambientes e determinar a
cadeia produtiva, esta diz respeito à relação entre a produção e viabilidade deste num determinado cenário, é necessário a
os recursos empregados para produção de um determinado realização de medições para determinar qual o grau de
manufaturado com menor custo. No decorrer dos anos, o setor degradação do sinal no ambiente e assim determinar sua área de
industrial percebeu a necessidade da mudança do seu mindset cobertura.
de expansão, focando na otimização produtiva da indústria. Este artigo abordará o emprego da tecnologia de redes de
A mudança do mindset produtivo deu-se pelos avanços longo alcance e baixa potência (Low Power Wide Area Network
tecnológicos na área da inovação disruptiva, logo percebeu-se - LPWAN) com a utilização de protocolos LoRaWAN e a
a necessidade de uma transformação digital em toda a cadeia integração de dispositivos inteligentes, em ambiente indoor,
produtiva e assim aumentar a eficiência industrial. A com o objetivo de se obter dados de potência e atenuação do
transformação digital não tem como objetivo somente prestar sinal transmitido, e consequentemente ser obtido as taxas de
um suporte, mas também atuar como uma forma de acrescentar dados no enlace transmissor/ receptor na faixa de frequência de
inteligência automatizada até na tomada de decisão, então os 915 MHz. A tecnologia LPWAN associada a rede de sensores
especialistas denominaram este movimento como indústria 4.0 inteligentes tem uma ampla aplicabilidade em diversos setores
[1]. da sociedade, a seguir será apresentado alguns exemplos:
A indústria 4.0 ou smart manufacturing (fábricas - O emprego na concepção e organização de sistema de
inteligentes) que se baseia na confluência e nas inovações trafego local, com base nos dados através dos sistemas de bordo
disruptivas no qual podemos citar: Internet of Things (Internet dos automóveis monitorados, associado-os a sua posição
das Coisas - IoT), Artificial intelligence (Inteligência espacial e velocidade de deslocamento dos mesmos [2];
Artificial), Cloud-Computing, e os sistemas ciber-físicos - Aplicação em ambiente militar, no que tange o
(CPS). Portanto a concepção das smart manufacturing como monitoramento remoto, em tempo real, de instalações e áreas
estruturas modulares e sistemas embarcados que monitoram os sensíveis, com o emprego de uma arquitetura de sensores
processos físicos, e criam um modelo abstrato do mundo físico- ultrassônicos que possibilita a identificação de objetos
virtual da planta de fabricação e processos produtivos, logo emissores de radiação infravermelha [3]-[4]-[5]; e
permitindo a tomada de decisão, sendo agregadas e/ou - A conectividade M2M (Machine-to-Machine), dos sistemas
descentralizadas, pelos sistemas automatizados e/ou por de monitoramento, controle e aquisição de dados no setor
trabalhadores humanos. industrial, empregando sensores inteligentes baseados em IoT
A quarta revolução industrial baseia-se na intercomunicação para o aumento da confiabilidade na coleta e compartilhamento
de dispositivos móveis, redes de sensores, tecnologias de

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de informações que ao serem processados pelas plataformas 𝑅𝑐 = 𝐵𝑊 [𝑐ℎ𝑖𝑝𝑠/𝑠] (1)


IoT, geram insights essenciais para a tomada de decisão [6]-[7].
- Fator de espalhamento (Spreading Factor - SF) - a
II. FUDAMENTOS DA TECNOLOGIA LORA
modulação do CSS é realizada representando cada bit de
informação da carga útil por chips de informação. A razão entre
LoRa (Long Range) é uma tecnologia LPWAN (Low Power a taxa de chips (𝑅𝑐) e a taxa na qual a informação é espalhada
Wide Area Network) de código aberto, patenteada pela empresa (taxa de símbolos (𝑅𝑠)) expressa o fator de espalhamento e
Semtech e opera nas bandas de frequência destinadas representa o número de símbolos enviados por bit de
internacionalmente para fins industriais, científicos e médicos informação, e cada símbolo é espalhado por um código de
(ISM) (NICO, 2017). O enlace de comunicação possibilita que 𝑆𝐹
o sistema obtenha um longo alcance de cobertura, podendo comprimento de 2 chips, logo a taxa de símbolos (𝑅𝑠) que
atingir uma distância na ordem 5km em zonas urbanas e at� pode ser calculado como:
15km em zonas rurais, e em situações particulares até superior 𝑅𝑠 =
𝑅𝑐 𝐵𝑊
= 2𝑆𝐹 [
𝑠𝑦𝑚𝑏𝑜𝑙𝑠
] (2)
aos descritos anteriormente [8]. Uma característica do sistema é 2𝑆𝐹 𝑠
a possibilidade de configuração do sistema que permite a troca
de informações mesmo com valores de nível de sinal recebido A partir da Equação acima, a duração de um símbolo LoRa
baixos e também um baixo consumo energético. A seguir serão (𝑇s) pode ser determinado por:
apresentados as camadas físicas e os protocolos LoRaWAN 1 2𝑆𝐹
MAC, os mesmos são essenciais para o funcionamento do 𝑇𝑠 = 𝑅𝑠 = 𝐵𝑊 [𝑠] (3)
sistema LoRa:
A. Camada Física do LoRa Uma observação importante é que o uso de diferentes SFs
leva a uma alteração das taxas de transferência, área de
A camada física do LoRa (LoRa PHY) emprega o princípio cobertura, robustez do sinal e o consumo de energia. Os SFs
da técnica de modulação rádio Chirp Spread Spectrum (CSS) mais altos permitem uma maior sensibilidade no receptor, porém
[9]. No Brasil a faixa de frequência disponível para operação do as taxas de transmissão são mais baixas se comparado com SF
sistema é de 902 a 928 MHz e 50 Kbps na taxa de transferência menores, conforme a tabela I.
de dados.
TABELA I. Apresenta a correlação da variabilidade dos SF
O sistema CSS apresenta imunidade ao efeito doppler, cujo em relação a taxa de transmissão teórica (Rb).
valor de desvio pode chegar até 20% da largura de banda
disponível sem afetar o desempenho do sistema, podendo atingir
uma sensibilidade na ordem de -130 dBm [10]. O sistema
possibilita a demodulação do sinal ordem de 19,5 dB abaixo do
nível de ruído, em comparação aos demais sistemas FSK
(Frequency Shifting Keying) que necessitam de um sinal com a
intensidade de 8 a 10 dB a acima do n� vel de ru�do [11]. A
tecnologia LoRa permite os ajustes em vários parâmetros, de
acordo com as necessidades do serviço como taxa e
características do canal de propagação. Dentre os parâmetros
podemos citar:
Taxa de codificação (Coding Rate - CR) – A CR está
- Frequência de portadora (Carrier Frequency - CF) - LoRa diretamente ligada a robustez do link de comunicação, como sua
faz uso da banda sub-GHz, e módulos LoRa comuns suportam confiabilidade na presença de interferência, o LoRa suporta
comunicação na faixa de frequência [860-1020] MHz; técnicas FEC (Foward error correction) com um número
- Potência de transmissão (Transmission Power - TP) - variável de bits redundantes, variando de 1 a 4. CR é fornecido
Semelhante a quase todas as tecnologias LPWAN, os pela seguinte expressão [13]:
transceptores LoRa também permitem o ajuste da potência de 4
transmissão, afetando a energia consumida necessária para 𝐶𝑅 = 4+𝑛 , com “n”  {1,2,3,…}. (4)
transmitir um pacote de dados. A potência de transmissão é, no
entanto, limitada via hardware através dos regulamentos legais, Quanto mais interferência se espera, maior a taxa de
dependendo da faixa de frequência em que o LoRa opera. codificação que deve ser usada para maximizar a probabilidade
- Largura de banda (Bandwidth - BW) - BW representa o de recepção bem-sucedida de pacotes. A equação (5) permite
intervalo de frequências na banda de transmissão. O LoRa calcular a taxa de transmissão teórica (𝑅𝑏) de uma transmissão
fornece três configurações de BW escalonáveis de 125 kHz, 250 LoRa:
𝐵𝑊
kHz e 500 kHz. Quanto maior a largura de banda, menor o tempo 𝑅𝑏 = 𝑆𝐹 ∗ 2𝑆𝐹 ∗ 𝐶𝑅 [𝑏𝑝𝑠] (5)
de exibição de um pacote, e consequentemente, menor a
sensibilidade do receptor e vice-versa. Os transmissores Lora
enviam os dados a uma taxa de chips igual à largura de banda do Através da expressão acima, pode-se concluir que, para uma
sistema em chips por segundo, o que significa que a taxa de chips taxa de codificação fixa, a taxa de símbolo e a taxa de bits em
da LoRa (𝑅𝑐) é calculada como [12]: um determinado fator de dispersão são proporcionais à largura

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de banda da frequência, de modo que uma duplicação da largura (LinkCheckReq), solicitação de status (DevStatusReq),
de banda dobrará efetivamente a taxa de transmissão. altera� �o do canal de comunica� �o (NewChannelReq),
B. LoRaWAN adapta� � o da taxa de dados (LinkADRReq), dentre outros. Uma
das características principais do sistema LPWAN é o baixo
LoRaWAN �um protocolo com suas regras definidas pela consumo de energia, neste quesito, o LinkADRReq, �utilizada
LoRa Alliance, grupo formado por diversas empresas como em conjunto com a técnica de Adaptive Data Rate (ADR), cujo
Microchirp, STMicroelectronics, Cisco, Semtech. Este
a finalidade é buscar reduzir o consumo de energia dos end
protocolo representa uma arquitetura do sistema e da rede
devices, alterando sua configuração de taxa de dados e da
conforme apresentado na Figura 1, O protocolo e a arquitetura
da rede exercem grande influência na determinação da vida útil potência de transmissão a partir da qualidade do enlace do
da bateria de um n�, da capacidade da rede, da qualidade do dispositivo com o gateway. Desta forma, dispositivos mais
servi�o, da seguran�a e da variedade de aplicações atendidas próximos poderão utilizar uma taxa de dados maior e uma
pela rede [14]. potência de transmissão menor, aumentando a durabilidade de
suas baterias. Al� m disso, a camada MAC do LoRaWAN aceita
dois tipos de mensagens: confirmadas e não confirmadas. Ao
utilizar mensagens do tipo confirmadas, o ir�transmitir o
mesmo pacote no máximo 8 vezes at�receber uma confirmação
por downlink.
III. CONFIGURAÇÃO DAS MEDIÇÕES
Neste capítulo são apresentadas as características dos locais
de medição e a configuração do sinal transmitido.
A. Descrição do Ambiente de medição
As medições foram realizadas no interior de um edifício de
Figura. 1: Estrutura em camadas da tecnologia LoRaWAN. alvenaria da década de 40 que possui 4 andares, o qual
originalmente foi um frigorífico. A grande maioria das salas da
Os n�s podem implementar tr�s classes de opera�
�o: Classe edificação foram projetadas para serem câmaras frias, as quais,
A, B e C. Todos devem implementar a classe A, e os apresentam paredes duplas e com grades metálicas entre as
dispositivos que implementam mais de uma classe são faces. Atualmente este edifício é o prédio da Reitoria da
denominados de “higher Class end-devices” [15]. Universidade Federal de Pelotas (UFPel), localizado no campus
Anglo. O dispositivo “Mestre” foi posicionado no 4 andar e os
dispositivos finais fixados em 5 localizações no campus,
(i) N�s classe A: Dispositivos classe A permitem transmiss�es localizações estas denominadas como Z1, Z2, Z3, Z4 e Z1_2.
bidirecionais, onde cada transmiss� o uplink �seguida de duas Conforme podemos observar na figura 2.
curtas janelas de recep� �o. Esta classe consome a menor
quantidade de bateria para aplica� �es que necessitam de
transmissões downlink logo após que o dispositivo faz uma
transmiss� o uplink.
(ii) N�s classe B: Dispositivos classe B possuem uma janela de
recepção extra, em relação a classe A, com tempos fixos
baseados em uma sincronização com o gateway. Todos os
gateways são sincronizados e enviam beacons peri� dicos para
manter a c� lula sincronizada. A principal ideia desta classe �ter
o dispositivo disponível para uma recep� �o em um instante
previsível.
(iii) N�s classe C: Dispositivos classe C possuem praticamente
uma janela de recepção aberta, estando fechada somente
quando est�transmitindo. Essa classe de opera� �o �indicada
para dispositivos conectados diretamente �rede elétrica devido
seu alto consumo de energia e para aplica� �es que necessitam
uma menor latência no downlink.
Fig. 2 – Disposição dos componentes empregados na campanha
A camada MAC (Medium Acess Control) do protocolo de medição no campus da UFPel [18].
LoRaWAN é responsável pelo gerenciamento de todo o fluxo
de dados [16]. Esta camada define alguns comandos que são No cálculo das distâncias foi levado em consideração as
utilizados na comunicação bidirecional, e realiza funções como: alturas entre os andares. A zona Z1 �de 46,92 metros em
conferência de conectividade entre dispositivos r�� �çao ponto de posicionamento do dispositivo “mestre” , da

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zona Z2 �de 54,94 metros, da zona Z1_2 �de 72,36 metros, j�” perdas de dados, então foi posicionado um dispositivo
a zona Z3 �de 46,52 metros e a distância da zona Z4 �de 55,48 intermediário, entre o receptor e o transmissor, cujo a finalidade
metros, todas as distâncias são em relação ao posicionamento foi realizar uma comparação dos valores obtidos, com e sem
do dispositivo “mestre”. As regiões escolhidas foram dispositivos intermediários.
perif�êicas em r�� �çao “Mestre” da rede, todas nos extremos
V. RESULTADOS
do edifício. Como a zona Z1_2 é o local mais extremo da zona
Z1 do segundo andar, as medições para Z1 foram feitas neste Os gráficos descritos nas figuras 3, 4 e 5, apresentam a média
ponto, e apenas neste andar. das intensidades das potências de recepção do sinal, obtidos
Importante salientar que em virtude das salas apresentarem durante as 50 amostras obtidas através das campanhas de
paredes duplas e com grades metálicas, o sinal transmitido sofre medições, as mesmas estão em função dos SF utilizados. A partir
grande atenuação, logo foi necessário o emprego de repetidores da análise dos dados, percebeu-se que o SF10 apresentou um
melhor desempenho do sistema em comparação aos demais
do sinal e com isso dar prosseguimento a campanha de
SF’s. O SF10 apresentou a menor taxa de pacotes perdidos e/ou
medições. Dado o objetivo o trabalho e as diferentes avaliações
com erros entre Tx/Rx, este fato se deve à grande sequência de
nas configurações de transmissão, em relação à cobertura e a bits codificados em um único símbolo, reduzindo assim a
taxa de dados, o uso de repetidores não foi quantificado no que relação sinal ruído (Signal-to-Noise Ratio – SNR), então com o
diz respeito à latência nas comunicações. aumento do SF, aumenta-se a sensibilidade e o alcance entre
Tx/Rx. Analisando os dados obtidos durante a utilização do
B. Configuração do equipamento de medição SF7/SF9/SF10, observa-se que para os dispositivos finais
localizados no mesmo andar do dispositivo mestre, há ausência
Os módulos LoRaMesh Radioenge foram configurados com de pacotes perdidos e/ou com erro, porém observamos o
uma BW de 125 kHz, CR de 4/5, potência de transmissão de aumento dos mesmos com o aumento da distância entre o Tx/Rx.
20dBm e sendo empregados variados SF’s (SF7, SF9 e SF10),
com o objetivo de verificar o desempenho do sistema nos SF’s
selecionados.
IV. METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a coleta dos dados foi de
caráter empírico. O nível de sinal recebido pelo modulo de
recepção foi coletado através do RSSI (Received Signal Strength
Indication). Os valores armazenados e coletados em cada ponto
foram obtidos através do calculo da média de 50 amostras de
RSSI (em mW), da taxa de perda de pacotes (Packet Lost Rate
– PLR) e taxa de pacotes recebidos em erro (Packet Error Rate
– PER), para vários valores de SF´s da modulação LoRa, e assim
Fig. 3 - Potência de Recepção do Sinal para SF7 [18].
avaliar o comportamento deste parâmetro em cada um dos
pontos de medição. O objetivo da media aritmética dos valores
watts para o RSSI e dos demais valores coletados, foi obter uma
media de valores que leve em consideração todas as variações
que o sinal sofre durante o período da coleta.
Para o cálculo do percentual do PLR e PER, foram utilizadas
as equações utilizou-se a equa� �o 6 e 7 respectivamente.
𝑁𝑝
𝑃𝐿𝑅 = ( 𝑁𝑡 ) ∗ 100% (6)

Onde Np (n�mero de pacotes perdidos) e Nt (n�mero total


de pacotes transmitidos).
Fig. 4 - Potência de Recepção do Sinal para SF9 [18].
𝑁𝑒
𝑃𝐸𝑅 = (𝑁𝑡−𝑁𝑝) ∗ 100% (7)

Onde Ne (n� mero de pacotes recebidos com erro), Nt


(n�mero total de pacotes transmitidos) e Np (n� mero de pacotes
perdidos). Para a campanha de medições foram utilizados
m� dulos LoRaMesh Radioenge e o Arduino UNO como
plataforma integradora para gerenciar a cada 5 segundos o envio
ao dispositivo “mestre” de 50 pacotes de 8 bytes (RSSI) e 1 byte
do payload (contador) oriundos dos dispositivos finais.
Após a realização das medições inicias, observou-se que em
determinadas localizações, algumas zonas apresentaram grandes

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Fig. 5 - Potência de Recepção do Sinal para SF10 [18]. e suburbano, e a verificação dos percentuais da PLR e PER em
relação a distância entre transmissor e receptor.

Após análise dos dados, foi observado que na zona Z1 foi a VII. REFERÊNCIAS
localização que apresentou os maiores percentuais de PLR e
PER, conforme pode ser observado na tabela I, porém as perdas [1] S. J. Berman, “Digital transformation: opportunities to create new
foram atenuadas com o emprego do dispositivo intermediário, business models.” Strategy & Leadership, 2012, 40(2), pp 16-24.
sendo observado uma diminuição média de 64% na PLR e [2] M. �mieja, K. Duda, J. Mamala, “LoRaWAN networks in automotive
50,54% no PER. A Z2 foi observada uma media de RSSI de - applications”, Journal of KONES, Powertrain and Transport, Vol. 25, No.
3, 2018.
116 dBm mas o ponto a ser destacado foi a melhora de
[3] K.Shanthalakshmi, P.Rajganesh, K.Thirumurugan, T.Vignesh,
aproximadamente 34% na PLR e diminuição de 9,52% no PER, M.Lokesh. “Evaluate LoRaWAN-based IoT material for the strategic
com o emprego do dispositivo intermediário, porém devido ao military surroundings”. Department of ECE, Adhiyamaan College of
campus estar em meio a obras estruturais, não foi possível obter Engineering, Hosur, Tamilnadu, March 2019.
os dados no 3 andar na respectiva zona. Na Z3 verificou-se uma [4] L. Parri , S. Parrino , G. Peruzzi and A. Pozzebon, “Low power wide area
melhora de 24% na PLR e diminuição de 5,26% no n� mero de networks (LPWAN) at sea: performance analysis of offshore data
pacotes recebidos com erro, quando se utilizou o dispositivo transmission by means of LoRaWAN connectivity for marine monitoring
applications”, Department of Information Engineering and Mathematics,
intermediário. Na Z4 não foram registrados perda de pacotes University of Siena, 53100 Siena, Italy, 2019.
e/ou recebidos com erro. [5] N. Suri, M. Tortonesi, J. Michaelis, P. Budulas, G. Benincasa, S. Russell,
C. Stefanelli, and R. Winkler, “Analyzing the applicability of internet of
TABELA II. RELAÇÃO DE PERDA DE PACOTES things to the battlefield environment,” International Conference on
Military Communications and Information Systems, May 2016.
[6] A. Sergey, O. Galinina, A. Pyattaev, M. Gerasimenko, T. Tirronen, J.
Torsner, J. Sachs, M. Dohler, Y. Koucheryavy. “Understanding the IoT
connectivity landscape – A contemporary M2M radio technology
roadmap”. IEEE Communications Magazine, 2015, Vol. 53, Issue 9.
[7] I. Stojmenovic, “Machine-to-machine communications with in network
data aggregation, processing, and actuation for large-scale cyber-physical
systems,” IEEE Internet of Things Journal, 2014, vol. 1, no. 2, pp. 122–
128.
[8] V.A. Dambal, S. Mohadikar and A. Kumbhar, I. Guvenc, “Improving
LoRa signal coverage in urban and 
sub-urban environments with uavs,”
In Proceedings of the 2019 International Workshop on Antenna
Technology (iWAT), Miami, FL, USA, 3–6, 2019, pp. 210–213. 

[9] B. Reynders and S. Pollin. “Chirp spread spectrum as a modulation
technique for long range communication,” Symposium on
communications and vehicular technologies, 2016, pp 1-5.
[10] A. Springer, W. Gugler, M. Huemer, L. Reind, C. Ruppel, “Spread
spectrum communications using chirp signals,” In Proceedings of the
IEEE/AFCEA Information systems for enhanced public safety and
security, Munich, Germany, 2000, pp. 166–170.
P – Pacotes perdidos e R – Pacotes recebidos com erro. [11] LoRa SX1272/73 Datasheet. Semtech, March 2015. Available online:
http://www.semtech.com/images/ datasheet/sx1272.pdf.
VI. CONCLUSÕES [12] M. Centenaro, L. Vangelista and L. Zanella, “Long-range
communications in unlicensed bands: the rising stars in the IoT and smart
As campanhas de medições foram realizadas no campus da city scenarios,” IEEE Wireless Communications, 2016, v. 23, n. 5, pp.
UFPel em cinco pontos distintos e localizados no prédio da 60–67.
Reitoria conforme figura 5. Os valores médios da potência [13] Semtech Corporation, “LoRa modulation basics,” AN1200 - 22,
recebida do sistema foram coletados em cada um dos pontos em Available online: https://www.semtech.com/uploads/documents/, 2015.
diferentes configurações do fator de espalhamento do sinal [14] N. G. P. M. Nico, “Development of low-cost LoRaWAN gateway for
transmitido. A partir da análise dos dados coletados, verificou- private deployments,” Master of science degree in electrical and computer
se que ao aumentarmos o fator de espalhamento, o sistema engineering — Instituto superior técnico Lisboa, Portugal, 2017.
apresenta uma melhor robustez à interferência e ruídos e [15] ALLIANCE, L. A technical overview of LoRa and LoRaWAN.
Disponível em: https://lora- alliance.org/sites/default/files/2018-04/what-
menores taxas de PLR e PER. Em contraposição temos também is-lorawan.pdf
uma diminuição da taxa de transmissão, conforme especificado
[16] LoRaWAN specification V1.0. LoRa Alliance, 2015. Available online:
pelo padrão. Neste contexto, o artigo teve como objetivo a https://www.lora-alliance.org/
avaliação das capacidades da tecnologia LoRaWAN em termos portals/0/specs/LoRaWAN%20Specification%201R0.pdf
de qualidade da comunicação e transmissão de pacotes de dados. [17] B. Reynders, W. Meert, S. Pollin, “Range and coexistence analysis of long
Para trabalhos futuros, os autores pretendem a realização de um range unlicensed communication,” International Conference on
maior número de medições em ambientes internos com Telecommunications (ICT), Thessaloniki, 2016, pp. 1-6.
diferentes características e assim avaliar a influência deste no [18] M. S. Centeno, “Estudo da viabilidade de utilização da tecnologia
sinal transmitido. Uma outra abordagem tratara a análise da LoRaMesh como opção para utilização em edifícios inteligentes,”
Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Engenharia
qualidade da comunicação no espaço livre, em ambiente urbano Eletrônica), Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2019.

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Aplicabilidade dos Métodos de Predição COST231 e


Miura na Cobertura Outdoor-Indoor na faixa de 700
MHz
Leni J. Matos, Matheus B. Moura
Alexandre O. Mieli, Gláucio L. Ramos Programa de Pós-Graduação em Engª Elétrica e de
Programa de Pós-Graduação em Engª Elétrica (PPGEL) Telecomunicações (PPGEET)
Universidade Federal de São João del-Rei – UFSJ e Centro Universidade Federal Fluminense - UFF
Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – Niterói, RJ, Brasil
CEFET-MG lenijm@id.uff.br, matheus.moura@amdocs.com
São João del-Rei e Belo Horizonte, MG, Brasil Paulo V. P. Lopes
a_mieli@hotmail.com, glopesr@gmail.com Departamento de Engenharia de Controle e Automação
Instituto Federal Fluminense – IFF
Campos dos Goytacazes, RJ, Brasil
paulo.padrao@iff.edu.br

Abstract — This work consists in verifying two prediction models Para melhor conhecer a propagação de sinais
applied in outdoor-to-indoor coverage, but now taking in provenientes de fontes externas em direção ao interior de
consideration that there is some vegetation between the
construções e prever seu comportamento no que se refere à
transmission antenna and the indoor environment and lateral
obstacles. Measurements on a 768 MHz carrier were carried out
perda de propagação até seu destino final, vários modelos de
along the corridors, in four floors, inside a building and the cobertura foram desenvolvidos, sendo adotada neste trabalho
models were adjusted to the local mean of the received signal, a utilização de modelos empíricos [4], [5], [7]. Também se
leading to the conclusion that the multipath has great influence in encontra a aplicação de redes neurais para predizer a
the received signal levels, presenting a considerable difference in cobertura indoor a partir de sinal de transmissão outdoor [6].
relation to the proposed models.
A fim de verificar o modelo de melhor aderência aos
Keywords: indoor propagation; outdoor-to-indoor coverage; dados medidos em um ambiente universitário na situação de
signal prediction models. transmissão outdoor-indoor, este artigo propõe verificar a
aplicabilidade dos modelos COST 231 [7] e de Miura [4],
testando sua aderência à curva de path loss obtida dos dados
I. INTRODUÇÃO
das medições. Tais medições foram realizadas na faixa de
Uma vez que, nos dias atuais, se passa a maior parte do 700 MHz, de grande uso atualmente, principalmente para
tempo em algum ambiente fechado, é indispensável para o cobertura celular em zonas fora do perímetro da cidade, pois
provedor de rede tornar viável a conexão para os dispositivos o sinal tem maior alcance nas frequências mais baixas. O
aí localizados [1]. Estudos constatam que ampla proporção do diferencial no canal escolhido é que existe alguma vegetação
tráfego de dados de celular tem origem dentro de edifícios. Tal no ambiente outdoor, entre a transmissão e a recepção, e nas
fato acarreta uma maior significância para estudos de laterais do prédio onde foram realizadas as medições, existe
propagação de sinais em ambientes internos, para atender à um morro à esquerda e um prédio à direita, tudo isto
crescente demanda por serviços de dados em alta velocidade influindo no nível de sinal recebido dentro do prédio. Assim,
e capacidade [2]. Em alguns edifícios, a área de serviço será possível se observar a influência, dos refletores e da
interna é estabelecida por antenas de base posicionadas, vegetação, no sinal recebido no ambiente indoor. Para atingir
exclusivamente, dentro do ambiente, entretanto, a maior parte tal finalidade, o artigo consta de mais quatro seções. A
da comunicação móvel interna é proveniente das ondas de Sessão II descreve os dois modelos a serem testados nos
rádio oriundas de estações base externas, que devem ser dados; a Seção III descreve o cenário de medições e o
posicionadas de modo a minimizar possíveis perdas de sinal processamento dos dados; a Seção IV analisa os resultados e,
dentro das edificações [3], [4]. por fim, a Seção V apresenta as conclusões do trabalho.
A atenuação dos sinais de rádio dentro de construções
(edifícios, casas, etc.) não é tão simples de ser verificada, pois II. MODELOS DE PROPAGAÇÃO OUTDOOR-INDOOR
sua propagação é influenciada por diversos fatores [4]. Tal
atenuação do sinal pode ser verificada em diversos níveis, A. Modelo COST231
sendo dependente do trajeto e dos meios pelos quais o Neste modelo, o ponto de penetração é assumido como o
mesmo se propaga [3]. ponto na parede da linha de visada (LOS) mais próximo da

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estação móvel, independente da estrutura da parede. As ondas das mesmas será dominante no processo de recepção e
de rádio transmitidas pela estação base penetram a parede determinarão a atenuação no ponto de recepção [4].
neste local e se propagam dentro do edifício até as estações
(3)
móveis (receptores), como se vê no exemplo da Fig. 1. A
perda de propagação (Lp) é calculada através de (1) [7]: A atenuação em (3) descreve o caminho 1 na Fig. 1. O
primeiro termo We representa a perda através da abertura com
penetração perpendicular (θ = 90º); o segundo termo é a
(1) dependência angular externa, como no modelo COST231; e o
onde S é a distância entre a estação base e o ponto de terceiro termo é a dependência angular interna da abertura até
penetração na parede e d é a distância da parede externa à o receptor.
estação móvel; θ é o ângulo de incidência da parede externa; A expressão que descreve a perda de propagação interna
Lf é a perda de propagação externa para a distância entre as do caminho 1, calculada por este modelo, é:
bases. O termo We é a perda, em dB, de uma parede
externamente iluminada com penetração perpendicular (θ = (4)
0º); Wge é a perda adicional, em dB, na parede externa, onde α é o coeficiente de atenuação para meios com
quando θ = 90º e α é a constante específica de atenuação propagação interna uniforme (normalmente único para cada
interna, cuja unidade é dB/m [3], [4]. Na impossibilidade de se construção) e d1 é a distância entre a abertura e o receptor [3],
obter valores específicos desses parâmetros para o cenário em [4].
análise, foram utilizados os parâmetros de referência
apresentados por [4], o que pode não representar o ambiente Para melhor lidar com as diversas condições de
interno destas medições de forma tão minuciosa. construções e estações base, a perda de propagação externa
(Lout) é calculada pela perda de propagação predita para
macro ou microcélula, conforme for adequado [4].

III. CAMPANHA DE MEDIÇÕES E PROCESSAMENTO


DOS DADOS
A. Ambiente das Medições
As medições foram realizadas nos quatro andares
superiores (2º, 3º, 4º e 5º pavimentos) do bloco D da Escola
de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF),
campus Praia Vermelha.

Fig. 1. Exemplificação dos modelos COST231 e Miura.

B. Modelo Miura Tx
As ondas de rádio transmitidas pela estação base
propagam-se através do espaço livre até a parede externa do Rx
edifício. Daí, tais ondas atravessam a parede e, por último, a
propagação acontece dentro do recinto onde está o receptor. A
perda na propagação outdoor-indoor é estimada pela predição
das perdas nessas três etapas que fazem parte do trajeto do
sinal. Essas perdas podem ser calculadas individualmente e,
naturalmente, a atenuação total (Lp) é o resultado da somas de
todas as perdas em dB [4], como é mostrado em (2): Fig. 2. Visão aérea do enlace. (Fonte: Google Earth)
(2)
A linha preta da Fig. 2 mostra a distância entre os
onde Lout é a perda de propagação externa, Lpn, em (3), é a edifícios, que é de 112 m, enquanto a linha vermelha
perda pela penetração das ondas no edifício e Lin, em (4), é a representa o trajeto realizado ao longo dos corredores do bloco
perda de propagação interna. D em uma extensão de 114 m, formando um ângulo de 156o
entre as duas linhas. O transmissor (TX), no topo do edifício
De acordo com este modelo, assume-se que o caminho do Instituto de Física, foi posicionado com azimute de 80º em
percorrido pelas ondas, através das aberturas no edifício, relação à superfície normal à construção e inclinação vertical
acarretará menor perda de sinal, sendo mais eficiente, mesmo de 3º, de maneira que todo o edifício da Engenharia estivesse
que a distância de propagação seja maior por janelas ou portas, totalmente dentro da zona de meia potência do lóbulo
por exemplo. Isso significa que, se houver aberturas na parede principal da antena e que a máxima potência fosse apontada
externa do edifício, o caminho percorrido pelas ondas através para o 5º andar. Para a obtenção desses dados, foi considerada

42
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

como altura total a soma entre a altitude do terreno e a altura TABELA II. PARAMETRIZAÇÃO EMPREGADA NAS MEDIÇÕES
do edifício. A antena transmissora foi posicionada a 43 m Parâmetro Unidade Valor
acima do nível do mar, enquanto o edifício da Escola de
Frequência Central MHz 768
Engenharia tem por base a altitude de 23 m, contando com 17
m de altura. Potência de RF do Transmissor dBm 6.5
Altura da Antena de
B. Setup das Medições Transmissão/Recepção
m 41/1.5
Utilizou-se como transmissora a antena RFS modelo Ganho da Antena de
dBi 14.1/2
Transmissão/Recepção
APX75-866512-CTO, a qual atende de maneira satisfatória às
necessidades do estudo em questão. Seguem, na Tabela I, as Perda Total nos Cabos dB 2
especificações da antena transmissora. EIRP dBm 18.6

TABELA I. CARACTERÍSTICAS DA ANTENA TRANSMISSORA

Parâmetro Valor IV. ANÁLISE DAS MEDIÇÕES


Faixa de Frequência 698-896 MHz A. Análise de Variabilidade em Pequena Escala do Sinal
Ganho 14.1 dBi Da Fig. 4 à Fig. 7 as amostras do nível de sinal medido
Abertura Vertical 66o
estão distribuídas pela distância percorrida nos corredores do
bloco D, assim como o sinal filtrado por FMM (filtro de média
Abertura Horizontal 15o móvel) [8] para cada andar, de forma a obter o sinal de
Tilt Elétrico 03o
variabilidade de grande escala, com a perda com a distância
nele embutida.
VSWR 1.4

Impedância 50 
Potência Máxima de Entrada 500 W

A antena receptora utilizada foi do tipo omnidirecional,


possuindo 2 dBi de ganho para a faixa deste trabalho (760
MHz), modelo CE-150727, fabricante CELTA. O gerador
vetorial usado para transmissão foi o Anritsu MG3700A, que
possui banda de operação entre 250 kHz e 3 GHz, resolução
de 0.01 Hz e potência de transmissão entre -140 e 13 dBm. Tal
dispositivo atinge com perfeição o objetivo da transmissão do Fig. 4. Sinal medido e filtrado no 5o andar do bloco D.
sinal CW (continuous wave) faixa estreita na frequência de
768 MHz.
Uma vez que o tom é gerado e enviado através da antena, o
analisador Anritsu MS2038A, na função de analisador
espectral, recebeu e armazenou o sinal medido ao longo dos
corredores dos quatro andares. Este equipamento possui
capacidade para operar entre 9 kHz e 4 GHz e possui memória
interna suficiente para armazenamento dos dados.
C. Parâmetros e Procedimentos Básicos de Medição
A Fig. 3 mostra o diagrama em blocos do sistema
Fig. 5. Sinal medido e filtrado no 4o andar do bloco D.
devidamente montado, bem como suas características básicas
de medição, que são discriminadas na Tabela II.

Fig. 6. Sinal medido e filtrado no 3o andar do bloco D.


Fig. 3. Diagrama em blocos do sistema de transmissão e recepção.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 10. F.d.p. da variabilidade em pequena escala do sinal no 30 andar.


Fig. 7. Sinal medido e filtrado no 2o andar do bloco D.

Observa-se que o 5º andar é aquele que possui os maiores


valores de nível de potência. É o que se esperava, uma vez que
a direção de máxima potência da antena estava apontada para
este andar, além do fato que o sinal não atravessa a vegetação,
como nos demais andares, percorrendo o espaço livre de
obstáculos. Devido a um pequeno morro de um lado do bloco
D e um prédio (Bloco E) do outro lado, multipercursos
externos contribuem positivamente para o nível de sinal que
Fig. 11. F.d.p. da variabilidade em pequena escala do sinal no 2 0 andar.
chega aos corredores. Também há multipercursos devido à
vegetação, principalmente do quarto andar para baixo, já que o A f.d.p. Rayleigh mostrou-se totalmente fora do ajuste. Isto
feixe vai atravessar a vegetação entre o transmissor e o era de se esperar, pois esta distribuição é típica de ambientes
receptor. A variação do sinal com a distância é pequena ao com multipercursos, sem a presença de uma componente de
longo dos corredores. Isso se dá pelo fato de que o sinal passa visada dominante chegando ao receptor. Já a f.d.p. Rice é
do ambiente externo para os corredores do edifício, que típica de recepção com forte raio principal de chegada e mais
funcionam como guias de onda, confinando o sinal, com multipercursos de níveis mais baixos.
multipercursos advindos das reflexões em suas paredes. O
sinal recebido a cada instante é, portanto, o resultado de B. Análise dos Métodos de Predição
somatórios positivos e negativos dos multipercursos,
explicando vários pontos de mínimo com valores por volta de Entre os métodos de predição, embora tenham apresentado
30 dB abaixo da média e queda lenta. curvas muito próximas, o modelo COST231 foi o que melhor
se ajustou ao sinal medido, apresentando menor erro (RMSE –
Através do levantamento da estatística de variabilidade, Root Mean Squared Error) em todos os andares verificados,
verifica-se, dentre as distribuições mais usuais (Rice, Rayleigh destacando que os valores de erro são relativamente grandes,
e Nakagami), que Rice é a melhor ajustada à variabilidade em como mostra a Tabela III.
pequena escala, com menor erro de verossimilhança máxima,
através do uso da função dfittool do MATLAB. Todos os TABELA III. ERRO RMSE DOS MODELOS AJUSTADOS À CURVA
EXPERIMENTAL DE PATH LOSS DO SINAL MEDIDO NOS DIVERSOS ANDARES
andares apresentaram comportamento padrão, mostrando
valores muito próximos entre as distribuições Rice e RMSE
Nakagami. Os gráficos das funções densidade de Andar/Distribuição COST231 Miura
probabilidade (f.d.p.) para os andares medidos estão traçados 5º andar 9.345 9.902
das Fig. 8 à Fig. 11.
4º andar 11.644 12.210

3º andar 17.245 17.791

2º andar 21.735 22.066

Média 14.992 15.492

Percebe-se, entre os pavimentos, uma diferença variável do


nível de sinal, sendo de 20 dB entre o início do segundo e
Fig. 8. F.d.p. da variabilidade em pequena escala do sinal no 50 andar. quinto andares, por exemplo, o que é esperado, uma vez que,
além do TX estar apontado diretamente para o último andar,
existe uma sobreposição de pavimentos, levando os andares
inferiores a sofrer um pouco mais com a atenuação. Através
dos gráficos das Fig. 12 à Fig. 15, verifica-se que as curvas
dos modelos ajustados se distanciam gradualmente da curva
do sinal obtido à medida em que se caminha para pavimentos
inferiores, onde as distâncias são maiores, portanto, gerando
maior atenuação. Os efeitos de multipercurso tendem a ser
maiores para os andares de baixo, mas é importante lembrar
Fig. 9. F.d.p. da variabilidade em pequena escala do sinal no 40 andar. que os modelos empregados não levam em conta vegetação

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

entre TX e RX e as superfícies refletoras externas (morro e Dentro do edifício (ambiente indoor), o sinal apresentou
bloco E). uma menor variação de intensidade à medida que avançava no
percurso devido à canalização e os corredores funcionaram
como um guia de ondas, com maior contribuição ao sinal do
que destruição pela sobreposição de efeitos de multipercurso,
mostrando um comportamento típico de sinal em ambientes
confinados, onde a queda com a distância é menor do que no
espaço livre.
Verificou-se que os modelos COST231 e Miura
apresentaram um ajuste muito próximo, porém foram bem
Fig. 12. Modelos e sinal em grande escala medido no 50 andar. mais pessimistas que o sinal medido, mostrando que, neste
ambiente, a contribuição de multipercursos externos foi
construtiva, fornecendo um nível final de sinal maior que
aquele previsto pelos modelos.

REFERÊNCIAS
[1] F. A. K. Kakar, K. A. Sani, and F. Elahi. “Essential Factors Influencing
Building Penetration Loss”. IEEE International Conference on
Communication Technology, pp. 1-4, 2008.
[2] H. Liang, and W. Zhuang. “Efficient On-Demand Data Service
Delivery to High-Speed Trains in Cellular/Infostation Integrated
Networks”. IEEE Journal on Selected Areas of Communication, vol.
Fig. 13. Modelos e sinal em grande escala medido no 40 andar. 30, no. 4, pp. 780-791, 2012.
[3] W. M. Guimarães, and C. G. Batista. “Estudos de Modelos de Predição
de Sinais para Propagação Outdoor-Indoor”. Departamento de
Engenharia de Telecomunicações, UFSJ, São João del-Rei, 2018.
[4] Y. Miura, Y. Oda, and T. Taga. "Outdoor-to-Indoor Propagation
Modelling with the Identification of Path Passing through Wall
Openings," The 13th IEEE International Symposium on Personal,
Indoor and Mobile Radio Communications, vol.1, pp. 130-134,
Portugal, 2002.
[5] H. Okamoto, K. Kitao, S. Ichitsubo, "Outdoor-to-Indoor Propagation
Loss Prediction in 800-MHz to 8-GHz Band for an Urban Area”. IEEE
Transactions on Vehicular Technology, vol. 58, no. 3, pp. 1059-1067,
2009.
Fig. 14. Modelos e sinal em grande escala medido no 30 andar. [6] M. B. Moura, “Melhoria na Predição de Cobertura de Sinal Rádio
Móvel Outdoor-Indoor na Faixa de 700 MHz através de Redes
Neurais”. Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de
Telecomunicações, UFF, Niterói, Dissertação de Mestrado 2017.
[7] Cost Action 231, Digital mobile radio towards future generation
systems – Final Report, Directorate-General Telecommunications,
Information Society, Information Market, and Exploitation of Research,
1999.
[8] J. G. Proakis, Digital Communications, 4th. Ed, McGraw Hill, 2000.

Fig. 15. Modelos e sinal em grande escala medido no 20 andar.

V. CONCLUSÕES ” in America is without an “e” after the “g.” Avoid the


Medições de sinal, oriundo de transmissão externa, foram stilted ex]” or “reference [3]” except at the beginning of a
realizadas ao longo de corredores de quatro andares de um sentence: “Reference [3] was the first ...”
prédio, mostrando comportamento um tanto semelhante,
gerando convergência para a função de densidade de
probabilidade Rice para a variabilidade em pequena escala.
Isso mostra que, diferente do que seria com Rayleigh, o sinal
apresentou um raio dominante bastante significativo e sua
intensidade em cada local do percurso medido sofreu
influência não só do espaço livre (ambiente outdoor), como da
atenuação oriunda da vegetação, de pisos e paredes e
sombreamento nos andares inferiores em decorrência de
obstáculos na rota.

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Path Loss Prediction for 5G Millimeter Waves


Propagation based in Artificial Neural Networks
Y.E.N. Ruiz, C.E.O. Vargas L. A. R. Silva Mello
Center of Study in Telecomunications Center of Study in Telecomunications
Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, Brazil Rio de Janeiro, Brazil
yoiz.nunez@cetuc.puc-rio.br, carlosorihuelav@gmail.com smello@cetuc.puc-rio.br

Abstract—In this work, an optimal path loss model at mil- ing are the multi-layer perceptron (MLP) and the radial basis
limeter waves is proposed using artificial neural network (ANN) function neural network (RBF-NN), which will be applied
algorithms for outdoor environment. Results show that multi- in this work to build the path loss models. The results will
layer perceptron (MLP) and radial basis function neural network
(RBF-NN) models present accuracy prediction and generalization be compared with empirical models for single frequencies
ability compared with empirical models. such as AlphaBeta (AB) and Close-in (CI), and multiple-
Keywords—Path loss, 5G, millimeter wave, neural networks frequency such as AlphaBeta-Gamma (ABG) and Close-in
with frequency exponent dependence (CIF).
I. I NTRODUCTION Measurement campaigns were carried out at the Pontifical
Frequencies at millimeter waves (30 - 300 GHz) are promis- Catholic University of Rio de Janeiro, Brazil, for outdoor
sory candidates for the operation of the future cellular network environment. The generated dataset will be used to train and
of fifth-generation (5G). Due to the shorter wavelengths at test the ANN models.
these frequencies, the signal is blocked due to humans and Performance models will be evaluated based on the RMSE
objects. The propagation has more losses compared to current (root mean square error) metric, choosing the model with the
microwave bands. However, propagation mechanisms such as best prediction accuracy.
reflection and scattering can allow viable wireless links to be II. PATH LOSS MEASUREMENT
established [1]. Therefore, path loss models used in previous
cellular technologies are not compatible with high frequencies, In this section, the measurement campaigns to obtain the
and new models are needed. receiver power levels with a signal analyzer will be described.
Path loss is used to estimate the signal strength at the Thus, the measured path loss can be calculated by the follow-
receiver at a distance from the transmitter. It is an essential ing equation [1]
tool to determine coverage area, system capacity, and link
budget. Deterministic and empirical (stochastic) models have P L = PT x + GT x + GRx − PLc − PRx , (1)
traditionally been used to predict path loss [2]. where PT x is the transmitted power in dBm, GT x , and GRx
Deterministic models estimate the path loss by solving the are the transmit and receive antenna gains in dBi, PLc is the
electromagnetic theory analytically. This method requires a loss associated with cables and PRx is the received power level
considerable amount of information on geometry and material measured in dBm. Horn antennas with 20 dBi of gain were
properties about the scenario with significant computational used at the transmitter and receivers. The maximum path loss
effort. The results generated are accurate; nevertheless, the at the receiver threshold was 140 dB.
complexity increases in a challenging environment. Empirical Measurements were performed at frequencies between 27
models have a statistical approach based on measurement data GHz to 40 GHz in steps of 1 GHz. Distances between the
in a specific scenario, where equations are generated and transmitter and receivers (Tx-Rx) were between 50 m to 280
need to be adjusted according to the region of interest, where m defined by distant points with detectable signal around the
prediction errors can occur. campus university. 23 receptors were used, varying their Tx-
With the motivation to generate a model capable of adapting Rx heights between 15 m to 53 m. A transmitter mounted at
to multiple environments and multiple frequencies according the height of 50 m was located on the rooftop of a university
to the requirements for system 5G and heterogeneous networks building to simulate a typical micro-cell system.
[3] have recently increased interest in using machine learning A signal generator was used to transmit a CW (continuous
in radio propagation prediction with a promising future [4]. wave) at 0 dB. At each receiver position and frequency, the
Path loss is a regression problem that can be resolved using a measurement was generated three times, and the results were
supervised algorithm such as ANN. averaged.
Two ANN techniques known by their good performance in In the final dataset, two measurement receivers were not
areas such as image recognition and natural language process- considered for the high level of path loss measured due to their

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

links are fully obstructed by foliage. A final dataset of 294


samples was obtained. The distribution of the transmitter and
F SLP [dB] = 32.45 + 20log10 (d) + 20log10 (f ). (4)
receivers map is shown in figure 1. The yellow star represents
the transmitter, and the blue circles represent the positions of The coefficients n and b in equation (3) indicate the distance
the receiver. and the linear frequency dependence of the path loss. fo is the
reference frequency that can be calculated by
PK
fk Nk
fo = Pk=1
K
, (5)
k=1 Nk
where K is the number of frequencies used while the model
is applied, Nk is the number of points that the k th frequency
fk has, and XσCIF represents the large-scale shadowing. The
CIF model becomes the CI model when a single frequency is
used for fo = f or b = 0.
IV. ANN PATH L OSS M ODEL
Fig. 1. Outdoor measurement scenario, PUC-Rio. Neural networks are computational systems inspired by bi-
ological neurons, capable of learning from data and generalize
results. ANN is based on a simple neural unit, in which each
III. E MPIRICAL PATH L OSS P REDICTION
neuron is connected to many others, forming a highly parallel
Empirical path loss models from typical urban environments structure .
are proposed at millimeter waves. Some of these models are ANN can learn the non-linear relationship between the input
described below. and output values with accuracy. For the path loss prediction,
A. AB and ABG Model the input parameters can be divided into system-dependent
parameters and environment-dependent parameters [8].
The ABG model is an extension of the AB model applied Some conventional system-dependent parameters are car-
for a single frequency [6]. The ABG model is based on a rier frequency, Tx-Rx height, Tx-Rx distance, elevation and
regression fit that includes frequency and distance dependence. azimuth angles of antennas, and path obstructions. The
The model is given by environment-dependent parameters are determined by the ge-
P LABG [dB] = 10αlog10 (d) + β+ ographic environment, such as terrain and building conditions,
(2) that can be obtained from 3D/2D digital maps and topographic
10γlog10 (f ) + XσABG , databases. Convolutional neural networks (CNN) have been
proposed in [9] using a 3D-map to predict path loss.
where d is the Tx-Rx distance in m, f is the frequency in GHz,
α is an angular coefficient which denotes the dependence of A. MLP Model
the path loss with distance, β is a coefficient linear optimized, The network can contain one or more layers that are hidden
γ is a coefficient that expresses the relationship between path from the input and output [7]. The general topology of our
loss and frequency. XσABG represents the large-scale signal MLP model is shown in figure 2, consisting of one input layer,
fluctuations due to shadowing effects. one hidden layer, and one output layer. The system has a set
If measurements are made on a single frequency, γ = 0, N of different inputs {xq , q = 1, ..., N }, where wjq and wkj
the ABG model will become the AB model. In practice, the are the weight vectors of the hidden layer and output layer,
coefficients α, β, and γ can be calculated through numerical respectively. yk is the output vector that supplies the response
analysis of the measurement data using statistic tools. Then, of the network.
the parameters of the empirical model that best fit the envi-
ronment of interest are estimated.
B. CI and CIF Model
The CIF model is given by [6],

P LCIF [dB] = F SLP (f, do = 1m)[dB] + 10nlog10 (d)+

10nb( f −f CIF
fo )log10 (d) + Xσ
o
,
(3) Fig. 2. Topology of the MLP path loss model.
where F SLP denotes the free space path loss model, given
by equation (4), where d is the distance in m, and f is the Back-propagation is the learning algorithm in MLP, which
frequency in GHz, consists of two-phase, forward phase and backward phase [7].

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In the forward phase, the weights are initialized with random of the function, and k · k is the Euclidean distance between
and low values (w ≤ 0.1). The input signal propagates layer the center of the function and the input parameter. Then, the
by layer until it reaches the output of the network and the approximation function in the output layer is given by
weights remain fixed in this process. The output of the hidden
layer is given by equation (6), for M number of neurons, M
X
N yk = hj wj . (9)
X
j=1
hj = fh ( xq wjq + θj ), j = 1, ..., M (6)
q=1
C. Methodology of the Proposed Model
where, xq represents the input samples, wjq are the weights
between the input and the hidden layer. θj and fh (·) are The ANN-based path loss model is shown in figure 4. The
the threshold and activation function of the hidden layer, dataset to build the model can be obtained directly through
respectively. Therefore, the approximation function in the values measured. Additionally, analytical simulation tools such
output layer can be expressed by as ray tracing [9] or geometry stochastic based model (GSBM)
[10] can be used to generate more data. The ANN model is
M
X divided into two-phase: training and testing. The former is
yk = fo ( hj wkj + θk ), (7)
used to build the prediction model, whereas the latter is used
j=1
to verify and further improve the model performance [10].
where wkj are the weights between the hidden and output 80% of the dataset is used for training, and 20% is used for
layer, θk and fo (·) are the threshold and activation function testing.
for the output layer, respectively. Activation functions are
mathematical equations that determine the output of the ANN.
For the backward phase, the procedure can be viewed as
an optimization problem, whose objective is to minimize the
difference between the desired value and the predicted value.
Thus, the error value is propagated through the network in
a backward direction, where successive adjustments to the
weights are made to minimize the error.
B. RBF-NN Model
RBF-NN is a universal approximator composes by a one
hidden layer defined by a radial basis function, and one output
layer represented by a linear function. The topology of the
RBF model is shown in figure 3. The input vector xq and the
weight vector wj define points in a N-dimensional space [7].

Fig. 4. General path loss model based in ANN.

Because the input and output parameters have different


physical meanings, which vary at different levels, before
training, it is often helpful to scale these values known as
normalization, so that the values are always within a specific
Fig. 3. Topology of the RBF-NN path loss model. range.
Hyperparameters setting is an important task to guarantee
The number of neurons in the hidden layer is defined the learning process, which refers to the parameters whose
so that their response covers the entire interpolating surface values are set before the learning begins. Some hyperparam-
appropriately. Normally, a Gaussian function mathematically eters in ANN include learning rate, number of hidden layers
describes each unit neuron, which will have a localized result. and neurons, number of epochs, and activation functions. The
The output of the hidden layer is given by equation (8), model is run multiple times with different settings until it
k x − xj k2 reaches the best performance. Finally, performance error met-
hj = exp(− ), (8) rics such as RMSE allows measuring the prediction accuracy.
2σj2
There are different methods to minimize the error in ANN.
where the vector xj defines the center of the radial basis In this work, the algorithm used is the Levenberg-Marquardt,
function, x is the vector input parameter, σ defines the width which showed the best accuracy in the results.

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V. PATH LOSS ANN MODEL and 6, respectively. The distance varies from 50 to 270 m. The
The MATLAB neural network tool is used to build the results show for the four model where the frequency increase
models. The MLP and RBF-NN are generated by fitnet and as the Tx-Rx distance increase.
newrb functions fitting, respectively. In our outdoor model,
TABLE II
three input parameters are used, carrier frequency (fc ), Tx- RMSE VALUES FOR OUTDOOR ENVIRONMENT AT 30 GH Z .
Rx distance (dtr ), and Tx-Rx height (htr ). The normalization
of the input and output values is performed though the RMSE [dB] Training Testing Total
mapminmax fuction by mapping row minimum and maximum CI 3.36 5.09 2.59
in a range from 0 to 1. For the MLP, the logsig and purelin AB 1.87 2.84 2.24
functions are chosen in the hidden layer and the output layer, RBF-NN 1.85 2.21 1.93
MLP 1.45 2.13 1.74
respectively. For the RBF-NN, the normalized radial basis
fuction radbasn is used in the hidden layer.
A. Hyperparameters Setting TABLE III
Different values of hyperparameters were tested to find the RMSE VALUES FOR OUTDOOR ENVIRONMENT AT 40 GH Z .
best performance of the neural networks. In the MLP model,
the best results was found with 12 neurons in the hidden layer RMSE [dB] Training Testing Total
and 100 epochs. The RBF-NN model uses a single hidden CI 1.41 1.8 1.70
AB 1.58 1.74 1.62
layer with a high number of neurons in order to achieve a RBF-NN 0.74 0.99 0.80
higher number of non-linear segmentation, where the newrb MLP 0.86 0.80 0.85
adds neurons to the hidden layer until it meet the specified
mean squared error goal or it reach the number of epochs. So,
the parameter σ of the Gaussian fuction were varied from 0.01
to 0.9 to find the smoothest interpolation plane, where value 125
of 0.24 with 200 epochs showed the best performance based
in the lower RMSE values on training and testing datasets.
120
VI. R ESULTS AND A NALYSIS
Path Loss [dB]

In this section the prediction accuracy between the ANN 115


models and empirical models will be compared. A comparative
result of the performance evaluation between the ANN models 110 Measurement

AB

and multi-frequency models is presented in Table I for the CI

MLP
training, testing, and total dataset, for frequencies from 27 105 RBF-NN

GHz to 40 GHz. Overall, it can be seen that empirical models


100 150 200 250
present the highest RMSE, with the highest value of 5.26 dB
Distance [m]
for the CIF model in the testing dataset. Thus, better results
are obtained with both ANN models, where the MLP presents
Fig. 5. Comparison between path loss model at 30 GHz, with n = 2.49,
the lowest prediction error. α = 1.91, β = 73.18, for outdoor environment.

TABLE I
RMSE FOR O UTDOOR ENVIRONMENT AT MULTI - FREQUENCY CASE .

125
RMSE [dB] Training Testing Total
CIF 4.96 5.26 2.57
120
ABG 3.14 3.42 2.37
RBF-NN 1.64 1.85 1.69
Path Loss [dB]

MLP 1.31 1.62 1.38 115

Measurement
Furthermore, the accuracy prediction of the ANN models 110 AB

are compared with the AB and CI model at single frequencies CI

MLP
of 30 GHz and 40 GHz. The values of RMSE are shown 105 RBF-NN

in Table II and Table III, respectively, where better results


100 150 200 250
are presented with both neural networks models. The highest Distance [m]

performance is obtained with the MLP, and the lowest perfor-


mance with the CI model. Fig. 6. Comparison between path loss model at 40 GHz, with n = 2.40,
The comparative result of the path loss in the total dataset α = 2.13, β = 69.88, for outdoor environment.
at frequencies of 30 GHz and 40 GHz can be seen in figure 5

49
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

VII. A NALYSIS FOR NEW INPUT TESTING learned well the non-linear relationship between the inputs and
outputs.
Once the neural networks are trained and learned well,
the generalization ability of the ANN models can be further VIII. C ONCLUSIONS AND FUTURE WORK
analyzed. A dataset with simplified configurations is used for In this paper, ANN-based prediction methods for path loss
one Tx and one Rx. The carrier frequencies is varied from in outdoor environment at the mmWave band have been
27 to 40 GHz in steps of 0.5 GHz. The distance also varies proposed. The training and testing dataset was collected from
from 50 m to 270 m in steps of 5 m, with a fixed value of real measured path loss data. Overall, the performance of the
Tx-Rx height of 15 m for purpose of analysis. Figure 7 and proposed ANN models proved to be optimal in terms of accu-
8 illustrates the path loss results for the MLP and RBF-NN, racy and generalization ability when compared with empirical
where both models predict the path loss with similar trend models, where the MLP presented the best performance.
with varying input parameters. The curve surfaces are more To further evaluate the generalization ability, simplified
smooth for RBF-NN. input datasets were used in the ANN models that show results
according to expected behavior. Therefore, the approximation
function of the algorithm allows to learn the non-linear rela-
tionship between inputs and outputs.
For 5G wireless communications, the scenarios will be var-
ied, where machine learning can offer new advantages in terms
of data post-processing and analysis of multiple environments.
Thus, datasets collected from different environments can be
used together to train the ANN.
ACKNOWLEDGEMENTS
The authors would like to thank the Center of study in
telecommunications (CETUC) and CNPq for the financial
support.
R EFERENCES
[1] T. S. Rappaport, R. W. Heath Jr, R. C. Daniels, and J. N. Murdock,
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Fig. 8. The path loss varying with carrier frequency and distance predicted [11] S. I. Popoola, E. Adetiba, A. A. Atayero, N. Faruk, and C. T. Calafate,
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sonable. Therefore, the results show that the neural networks 98CH36218), vol. 2. IEEE, 1998, pp. 1609-1614.

50
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Avaliação de Técnicas de Inteligência Artificial para


Identificação de Formato de Modulação em
Comunicações Ópticas
André Luiz Nunes de Souza, Tiago Sutili, José Hélio da Cruz Jr., e Rafael C. Figueiredo
Soluções de Comunicações Ópticas – CPQD
Campinas, São Paulo, Brasil

Resumo—Em um paradigma de redes elásticas, no qual grade fixa, reduzindo custos e acelerando o processo de
o transceptor é livre para alterar diversas características do desenvolvimento.
sinal transmitido de acordo com a qualidade do canal e a Para atender a demanda cada vez maior e mais heterogênea
demanda de capacidade, receptores que são capazes de detectar
automaticamente o formato de modulação são fundamentais para por banda e aumentar a eficiência espectral do sistema, o
recuperar o sinal transmitido sem o uso de cabeçalhos que novo conceito de redes elásticas foi proposto por volta de
reduzem a capacidade do sistema. Esse trabalho apresenta a 2012 [3]. Nesse novo paradigma, os transceptores são capazes
comparação em simulação do desempenho de quatro métodos de adaptar a taxa de símbolos e o formato de modulação,
de identificação cega de formato de modulação em sistemas entre outros parâmetros, de acordo com a qualidade do
ópticos de alta capacidade. Os métodos testados foram k-nearest
neighbors (KNN), k-means, redes neurais profundas e análise de canal e a demanda de taxa de bits. Diversos trabalhos da
razão de potência de pico e média (PAPR). A taxa de símbolo literatura já demonstraram as vantagens de redes ópticas
utilizada foi 64 GBd e os formatos de modulação disponíveis elásticas com relação aos custos de implantação e operação
no transceptor eram QPSK, 16QAM, 64QAM e 256QAM. Os e à capacidade máxima de transmissão de dados [4, 5].
resultados obtidos indicam uma maior robustez das redes neurais Nesse cenário, receptores que são capazes de detectar
profundas.
automaticamente o formato de modulação são importantes
Palavras-Chave—Comunicações Ópticas, Identificação Cega de para realizar corretamente o processamento digital de sinais e
Formato de Modulação, Redes Ópticas Elásticas, Processamento a subsequente decisão sem o uso de cabeçalhos que reduzem
Digital de Sinais.
a capacidade do sistema.
O sucesso de aplicações de aprendizado de máquina em
I. I NTRODUÇÃO visão computacional e classificação inspirou sua aplicação
nas mais diversas áreas do conhecimento. Nesse contexto, a
EDES ópticas formam a espinha dorsal da infraestrutura
R global de telecomunicações. O surgimento e
popularização de serviços como a distribuição de vídeos
identificação cega do formato de modulação (IFM) nada mais é
do que um problema de identificação baseado nas constelações
recebidas. Com isso em mente, diversos algoritmos de
de alta qualidade sob demanda, computação em nuvem
aprendizado de máquina podem ser aplicados para resolver
e aplicações de Internet das Coisas, além de aumentar
esse problema. Os autores de [6] descrevem um método de
a demanda por capacidade das redes ópticas, alteram o
identificação de formato de modulação usando o algoritmo
perfil de consumo, i.e. algumas aplicações exigem baixa
k-nearest neighbors, tendo como entrada histogramas da parte
taxa de bits enquanto outras exigem taxas elevadas [1].
real e imaginária do sinal recebido a uma amostra por símbolo.
Sistemas ópticos que usam multiplexação em comprimento
Em [7], valida-se o uso do método de k-means para encontrar
de onda (wavelength division multiplexing – WDM) definidos
a quantidade e a posição dos clusters do sinal recebido e,
pelo Setor de Padronização da União Internacional de
dessa forma, identificar o formato de modulação. Usando redes
Telecomunicações (rec. G.694.1 [2]) são confinados em uma
neurais profundas (deep neural networks – DNN), os autores
grade espectral fixa com espaçamento entre canais de 50 GHz,
de [8] mostram ser possível identificar o formato de modulação
fazendo com que qualquer tipo de sinal ocupe 50 GHz de
para diversos valores de relação sinal ruído óptico (optical
banda, desconsiderando sua largura espectral real. Dessa
signal to noise ratio – OSNR) e outros efeitos deletérios,
forma, fabricantes de componentes ópticos concentraram
como largura de linha dos lasers, desvio de frequência, efeitos
esforços na produção de componentes que operam em
não-lineares relacionados ao efeito Kerr e dispersão cromática
certas faixas de comprimento de onda compatíveis com essa
residual. Além desses, outros trabalhos propõem métodos
analíticos para identificação cega de formato de modulação.
O presente trabalho foi financiado pelos órgãos brasileiros MCTIC e
FUNTTEL-Finep. Como critério para classificação, os autores de [9] utilizam a
Os autores podem ser contatados através do email: aluizs@cpqd.com.br. entropia e em [10] utilizam a relação entre a potência de pico

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Comp. de Equalização
CD Dinâmica

Front-end Óptico

Ident. de formato de

Comp. desvio de
Cond. dos sinais

Comp. desvio de
temporização
Correção de

modulação

fase
...

freq.
Fig. 1. Esquemático de um receptor coerente típico. ES é o sinal recebido e Elo é o oscilador local. CD – dispersão cromática

e a potência média (peak-to-average power ratio – PAPR) do entre os blocos 4 e 5, conforme indicado com o retângulo
sinal recebido. em vermelho. As estratégias de identificação comparadas são:
O objetivo deste trabalho é comparar diversas estratégias de k-nearest neighbors (KNN), k-means, redes neurais profundas
aprendizado de máquina supervisionado e não supervisionado e análise de PAPR. Os algoritmos foram implementados em
para identificar automaticamente o formato de modulação do Python usando a toolbox scikit-learn.
sinal recebido em função do desempenho e da robustez contra No KNN, assim como foi feito em [6], 3000 amostras do
diferentes efeitos degradantes típicos de um canal óptico. sinal recebido após decimação para uma amostra por símbolo
Para tanto, através de simulações, são transmitidos sinais são considerados para construir histogramas de amplitude (AH
ópticos utilizando multiplexação de polarização modulados – amplitude histogram) para as partes real e imaginária. O
nos formatos QPSK, 16QAM, 64QAM e 256QAM na valor de frequência para cada intervalo do histograma é um
taxa de 64 GBd. A seguir, são testados modelos de atributo de entrada do modelo. Para simplificar a complexidade
aprendizado profundo, k-nearest neighbors e k-means para computacional e melhorar a robustez do algoritmo, [6] propõe
o reconhecimento automático do formato de modulação. O dividir as partes real e imaginária em 100 intervalos indo de
método analítico usando a PAPR também é avaliado. Os −1, 5 a 1, 5 e, definindo Fi como a frequência do intervalo
efeitos degradantes considerados são ruído gaussiano branco i, o atributo realmente enviado para o modelo será 0 caso
aditivo (additive white gaussian noise – AWGN), ruído de Fi < 32; 32 se Fi > 256; e Fi /8 para o resto. O modelo
fase e desvio de frequência residual e rotação de polarização foi implementado com peso uniforme para os 5 vizinhos com
e atraso de grupo diferencial. A rede neural (DNN) é utilizada menor distância euclidiana.
para reconhecer e classificar padrões. Já os métodos de Para aplicar o modelo de k-means em um sinal com uma
clusterização (k-means e k-nearest neighbors) são usados para amostra por símbolo, [7] faz um pré-processamento nos sinais
encontrar o número ótimo e a posição dos clusters no sinal das duas polarizações x e y para levá-los para o espaço de
recebido. Stokes da seguinte forma:
O restante do trabalho está dividido da seguinte maneira:
|x|2 + |y|2
   
a Seção II descreve os métodos testados e a escolha dos S0
S1  1  |x|2 − |y|2 
hiperparâmetros de cada um; a Seção III descreve os cenários S= S2  = 2  2 · real(xȳ)  . (1)
  
de simulação nos quais os desempenhos dos métodos foram
comparados; os resultados são apresentados na Seção IV e S3 2 · imag(xȳ)
uma breve conclusão é feita na Seção V, juntamente com a A clusterização acontece no espaço tridimensional definido
indicação de trabalhos futuros. pelos vetores S1 , S2 e S3 normalizados por S0 . O formato
de modulação QPSK possui 4 clusters no espaço de Stokes,
II. M ETODOLOGIA o 16QAM possui 60, o 64QAM possui 972 e o 256QAM
Um conjunto de algoritmos de processamento de sinais possui 15720. Entretanto, em tal abordagem, o número de
típico de transceptores ópticos coerentes está representado na clusters no espaço de Stokes de alguns formatos de modulação
Figura 1 e é composto pelos blocos: bloco de condicionamento é muito grande, acarretando a necessidade de muitos dados
do canal; 2) compensação de dispersão cromática; 3) correção para realizar a clusterização e, consequentemente, o aumento
do erro de temporização; 4) compensação do desvio de da latência do sistema. Alternativamente, nesse trabalho,
frequência da portadora; 5) equalização dinâmica do canal; e a clusterização é feita sobre o sinal recebido, no qual o
6) recuperação do desvio de fase da portadora. Muitos desses número de clusters de cada formato de modulação é igual ao
blocos não dependem do formato de modulação (blocos 1, número de pontos da constelação transmitida. O coeficiente de
2, 3 e 4) e podem ser executados antes da IFM de forma a Silhouette [11] é utilizado para selecionar o número de clusters
facilitar o funcionamento do algoritmo de identificação. Dessa mais apropriado. O modelo foi implementado seguindo o
forma, a posição do bloco no diagrama da Figura 1 deve ser algoritmo de Elkan [12] com 10 rodadas com sementes

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 2. Arranjo de simulação. Linhas vermelhas e pretas representam sinais elétricos e ópticos, respectivamente. A adição de ruído amplificado (ASE) é usado
para variar a OSNR. IQM – Modulador em fase e em quadratura. PBC – Combinador de polarização. OSA – Analizador de espectro óptico. PBS – Separador
de polarização.

diferentes para a posição inicial aleatória dos centroides e no elevado com fator de roll-off igual a 0, 1. Os quatro sinais são
máximo 300 iterações. convertidos para o domínio analógico por um conversor digital
Usando redes neurais profundas para a identificação, os para analógico (CDA) com taxa de amostragem de 128 GSa/s,
autores em [8] dividem o AH do valor absoluto dos símbolos banda de 3 dB de 36 GHz e 8 bits de resolução nominal.
em 80 intervalos e as frequências de cada um são introduzidos Os sinais analógicos são linearmente amplificados por drivers
em uma rede neural profunda com duas camadas escondidas. e são aplicados a um modulador de fase e quadratura de
As duas camadas escondidas possuem 30 e 10 neurônios, duas polarizações (DP-IQM – dual-polarization in-phase and
respectivamente, e funcionam como autoenconders, com quadrature modulator) para modular a portadora óptica gerada
função de ativação ReLU. A camada de saída é uma camada por um laser de cavidade externa (ECL – external cavity laser)
perceptron com função de ativação softmax. O algoritmo com largura de linha variável.
de otimização usado foi o Adam com taxa de aprendizado Para emular a variação do estado de polarização do
constante (0, 001) e tamanho de minibatch igual a 200. sinal transmitido, o sinal óptico multiplexado em polarização
O valor de PAPR também pode ser usado para distinguir (polarization division multiplexed – PDM) é multiplicado pela
os formatos de modulação testados. O inconveniente mais matriz de Jones:
importante é que o valor de PAPR depende do nível de ruído
cosθ · e−jτ /2 −senθ · e−jτ /2
 
do sinal e, portanto, os limiares de decisão da classificação J= (2)
mudam com o valor da OSNR. Existem diversas formas de senθ · ejτ /2 cosθ · ejτ /2
se estimar o valor de OSNR do sinal recebido [13], porém, na qual τ representa o atraso de grupo diferencial (differential
nesse trabalho é assumido que o valor de OSNR é conhecido group delay – DGD) e θ é o ângulo de rotação de polarização.
perfeitamente. O sinal é então acoplado a ruído ASE para variar a OSNR
recebida, medida antes do front-end óptico. O receptor óptico
III. A RRANJO DE S IMULAÇÃO
com diversidade de fase e polarização possui banda de
O sistema óptico simulado consiste em uma montagem sem 36 GHz e o oscilador local é gerado por um segundo ECL
transmissão em fibra óptica de longa distância (back-to-back) com largura de linha variável. Os sinais são amostrados a
com adição de ruído amplificado de emissão espontânea (ASE 128 GSa/s por um conversor analógico-digital (CAD) com
– amplified spontaneous emission) para controlar a OSNR. 8 bits de resolução nominal e banda de 3 dB de 36 GHz.
Apesar dessa ser uma montagem limitada, ela serve para levar Os sinais digitais são então salvos para processamento pelos
em conta os efeitos degradantes do sinal que são compensados algoritmos de identificação cega de formato de modulação.
por algoritmos que dependem do formato de modulação. Foram produzidas 600 sequências para cada OSNR, cada uma
O diagrama de blocos do sistema simulado pode ser visto na composta por 3000 símbolos.
Figura 2. No transmissor, uma sequência pseudo aleatória de
218 bits é criada para cada polarização que compõem o sinal IV. R ESULTADOS
transmitido e é mapeada em símbolos de uma das constelações A acurácia média de cada modelo em função da OSNR
de interesse: QPSK, 16QAM, 64QAM e 256QAM. Os sinais está representada na Figura 3. Nesse primeiro caso, o
são sobreamostrados a duas amostras por símbolo e filtrados único efeito causado pelo canal no sinal é o ruído ASE,
por um filtro formatador de pulso na forma de cosseno modelado como um ruído AWGN. As sequências utilizadas no

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 3. Acurácia média dos diversos modelos em função da OSNR recebida Fig. 5. Acurácia média do k-means e do k-nearest neighbors, com e sem
para o caso considerando apenas ruído de emissão espontânea amplificado. pré-equalização, em função da OSNR recebida para o caso considerando ruído
ASE, desvio de portadora, DGD e rotação de polarização.

Fig. 4. Acurácia média dos modelos KNN e k-means em função da OSNR


recebida para o caso considerando apenas ruído de emissão espontânea Fig. 6. Acurácia média do método PAPR e DNN, com e sem pré-equalização,
amplificado e o caso com ruído de fase e desvio de frequência residual (desvio em função da OSNR recebida para o caso considerando ruído ASE, desvio
de portadora). de portadora, DGD e rotação de polarização.

treinamento também eram afetadas somente por ruído AWGN, e rede neural profunda) não são afetados por desvios de fase
resultando em uma OSNR de 20 dB. Nota-se que a maioria e por isso não foram avaliados. Para os métodos KNN e
dos métodos obtiveram desempenho equivalente, conseguindo k-means, percebe-se que o ruído adicional fez com que a
acurácia média próxima de 100% a partir de 14, 5 dB de OSNR requerida para se atingir acurácia média de 100% seja
OSNR. 2 dB maior do que o caso considerando apenas ruído ASE.
Já o caso com valores típicos de desvio de frequência Uma possível solução para esse problema seria trabalhar com a
residual (1 MHz) e largura de linha dos lasers (100 kHz) são amplitude do sinal recebido e eliminar o efeito da informação
mostrados na Figura 4 para os modelos k-means e KNN. As da fase do sinal. Métodos que usam a amplitude do sinal
sequências de treinamento eram afetadas por ruído AWGN, recebido são robustos a ruídos de fase e frequência, mas não
resultando em uma OSNR de 20 dB, e desvios de fase e permitem a diferenciação de formatos de modulação em fase
frequência variando uniformemente entre 0 e o dobro do valor como QPSK, 8PSK, 16PSK, etc.
das grandezas que afetam os sinais (2 MHz de frequência Por último, o desempenho dos algoritmos para um sistema
residual e 200 kHz de largura de linha dos lasers). Nesse que contém DGD de meio tempo de símbolo e 45◦ de
caso, os efeitos adicionais causam rotação do sinal recebido, rotação de polarização, além de todos os outros efeitos
distorcendo a forma gaussiana dos símbolos recebidos ao redor considerados anteriormente, são apresentados. Um algoritmo
dos pontos da constelação transmitida, os quais, anteriormente, muito conhecido para adaptação dos filtros para equalização
só eram degradados pelo ruído AWGN. Os métodos que dinâmica é o algoritmo de módulo constante (constant
trabalham com a amplitude do sinal recebido (análise de PAPR modulus algorithm – CMA) [14], porém este dificilmente

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

converge para a solução ótima para formatos de modulação No caso mais completo, considerando também os efeitos
de mais alta ordem. De qualquer maneira, por se tratar de atraso de grupo diferencial e rotação de polarização,
de um algoritmo cego e não precisar do conhecimento do mostrou-se que o CMA não foi capaz de compensar esses dois
formato de modulação, ele pode ser usado como um estágio efeitos de maneira satisfatória para que os métodos atingissem
de pré-convergência dos filtros do equalizador dinâmico e 100% de acurácia média. A DNN foi capaz de distinguir os
realizar uma separação parcial de polarização antes da IFM. formatos de modulação sem compensação de DGD e rotação
O treinamento foi realizado com sequências afetadas por de polarização. A rede neural profunda foi o único método
ruído AWGN para uma OSNR de 20 dB, desvios de fase e que foi capaz de alcançar 100% de acurácia média no caso
frequência variando uniformemente entre 0 e o dobro do valor com DGD e rotação de polarização.
das grandezas que afetam os sinais (2 MHz de frequência Futuros trabalhos incluem o estudo de algoritmos de
residual e 200 kHz de largura de linha dos lasers) e DGD demultiplexação de polarização com melhor desempenho para
e rotação de polarização variando entre 0 e o valor das formatos de modulação de ordem elevada, a comparação
grandezas que afetam os sinais (meio tempo de símbolo e 45◦ , da complexidade computacional e latência dos métodos
respectivamente). As curvas de desempenho dos algoritmos, estudados, tornando claro os compromissos existentes para
com e sem o uso do estágio preliminar de equalização cada um e possibilitar a escolha do melhor candidato a integrar
adaptativa usando o CMA, são apresentados nas Figuras 5 e 6. transceptores ópticos da próxima geração.
Pode-se notar que os métodos de e k-means PAPR são muito R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS
afetados pelos efeitos de DGD e rotação de polarização, de
[1] Cisco. (2017) The zettabyte era: Trends and analysis. [Online].
forma que a acurácia satura em valores menores do que 100%. Available: https://www.cisco.com/c/en/us/solutions/collateral/service
Observando a curva desses métodos com pré-compensação, -provider/visual-networking-index-vni/vni-hyperconnectivity-wp.html
percebe-se que o CMA não foi capaz de eliminar os efeitos de [2] I.-T. R. G.694, “Spectral grids for WDM applications: DWDM frequency
grid,” June 2002.
forma satisfatória, apesar de ter melhorado o desempenho dos [3] O. Gerstel, M. Jinno, A. Lord, and S. J. B. Yoo, “Elastic optical
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não convergir bem para formatos de modulação com múltiplos Magazine, vol. 50, no. 2, pp. s12–s20, February 2012.
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níveis de amplitude. Já para os métodos KNN e DNN o CMA code rate optimisation for digital coherent transceivers using generalised
piorou o desempenho dos algoritmos. O únicao método capaz mutual information,” in Proc. of ECOC’15, Sept 2015, pp. 1–3.
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the ultimate potential of symbol-rate optimization for increasing system
sem pré-compensação. maximum reach,” in Proc. of ECOC’15. IEEE, 2015, pp. 1–3.
[6] Q. Zhang, H. Zhou, Y. Jiang, B. Cao, Y. Li, Y. Song, J. Chen,
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and OSNR monitoring scheme for IMDD OOFDM transceivers using
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desempenho de quatro métodos de identificação cega de 2019.
formato de modulação em sistemas ópticos de alta capacidade. [7] R. Boada, R. Borkowski, and I. T. Monroy, “Clustering algorithms for
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k-means, redes neurais profundas e análise de PAPR. A taxa [8] F. N. Khan, K. Zhong, W. H. Al-Arashi, C. Yu, C. Lu, and A. P. T.
de símbolo utilizada foi 64 GBd e os formatos de modulação Lau, “Modulation format identification in coherent receivers using deep
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disponíveis no transceptor eram QPSK, 16QAM, 64QAM e pp. 1886–1889, Sep. 2016.
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Para o caso considerando apenas ruído de emissão method based on information entropy analysis of received optical
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espontânea amplificado (ASE), todos os métodos apresentaram [10] S. M. Bilal, G. Bosco, Z. Dong, A. P. T.
comportamento similar, com uma OSNR requerida para atingir Lau, and C. Lu, “Blind modulation format identification
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exceção da análise do PAPR, a qual precisa definir limiares http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0377042787901257
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absoluto do sinal (análise de PAPR e rede neural profunda) não [13] Z. Dong, K. Zhong, X. Zhou, C. Lu, A. P. T. Lau, Y. Lu,
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os desvios de fase adicionais acarretaram em um acréscimo de receptions and rf power measurements,” Opt. Express, vol. 23,
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55
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Impacto do Equalizador Dinâmico no Desempenho


do Algoritmo de Retropropagação Digital
Adaptativo para Sistemas Sem Repetição
José Hélio da Cruz Júnior, Tiago Sutili, Sandro Marcelo Rossi,
André Luiz Nunes de Souza e Rafael Carvalho Figueiredo
Soluções de Comunicações Ópticas – CPQD
Campinas, São Paulo, Brasil

Resumo—Este trabalho apresenta uma análise experimental do Erbium-doped Fiber) estrategicamente posicionado ao longo
impacto de parâmetros do equalizador dinâmico (DE), composto do enlace (usualmente a poucas dezenas de quilômetros
por um algoritmo de módulo constante (CMA) combinado a do transmissor ou do receptor) com a adição de um
um equalizador direcionado ao raio (RDE), no desempenho
do algoritmo de retropropagação digital adaptativo (ADBP). isolador óptico para evitar a amplificação de sinais
A implementação proposta permite a compensação de não retropropagantes [3]. Possuindo o mesmo princípio de
linearidades no estágio de processamento digital de sinais (DSP) operação de amplificadores a fibra dopada com érbio
de recepção, o qual, ao empregar o erro médio quadrático (EDFA – Erbium-doped Fiber Amplifier) convencionais, os
(MSE) na saída do CMA como função custo (CF), passa a ROPAs usualmente são energizados por bombeios ópticos em
ter desempenho dependente do estágio de equalização dinâmica.
Assim, os resultados obtidos indicam que é crucial otimizar o 1480 nm, uma vez que em tal região espectral os sinais
número de coeficientes e o fator de convergência da equalização são menos atenuados ao se propagarem pelo enlace em
dinâmica para garantir a operação adequada do ADBP. comparação com bombeios convencionais em 980 nm. Dessa
Palavras-Chave—Compensação de efeitos não-lineares, forma, empregando-se EDFs especialmente projetadas para
processamento digital de sinais, sistemas ópticos sem repetição. operar com máxima eficiência, dadas as potências ópticas
limitadas que efetivamente chegam até o ROPA, pode-se
I. I NTRODUÇÃO prover um ganho óptico significativo mesmo com a instalação
das unidades de bombeio junto ao transmissor ou receptor.
ISTEMAS ópticos sem repetição são soluções
S comercialmente interessantes para habilitar conexões
ponto-a-ponto de alta capacidade em regiões geograficamente
Por sua vez, DRAs tem seu princípio de operação baseado
no retroespalhamento Raman, no qual transfere-se energia
de sinais de bombeio de menor comprimento de onda
isoladas ou de difícil acesso [1]. Uma vez que a instalação de (usualmente 13 THz) para os canais transmitidos através de
sistemas ópticos convencionais em tais áreas demanda uma choques inelásticos dos fótons de bombeio com a própria
complexa infraestrutura, aumentando os custos de instalação estrutura cristalina da fibra óptica, gerando fônons que, por
e manutenção, tais enlaces ditos sem repetição propõem a sua vez, irão interagir com os canais propagantes. Dessa
utilização de técnicas de amplificação avançada, de modo a forma, pode-se amplificar os canais transmitidos de modo
eliminar a necessidade de se empregar elementos ativos (i.e., distribuído conforme os mesmos se propagam pelo enlace,
alimentados eletricamente) ao longo do enlace. Entretanto, compensando gradualmente a atenuação intrínseca da fibra
para compensar a atenuação intrínseca da fibra óptica e, de transmissão ou, até mesmo, fornecendo ganho efetivo aos
consequentemente, aumentar o alcance ou a capacidade do canais. Tal abordagem permite que o enlace óptico tenha seu
sistema, faz-se necessário o uso de técnicas avançadas de alcance significativamente aumentado, sem que picos de alta
amplificação, baseadas na transferência de energia através potência na saída de amplificadores discretos induzam efeitos
de bombeios ópticos remotos. Comumente, tais técnicas são não-lineares relacionados ao efeito Kerr.
empregadas para a construção de amplificadores a fibra dopada Na prática, o uso de tais técnicas de amplificação avançada
com érbio empregando bombeio óptico remoto (ROPA – demanda o uso de complexos algoritmos de otimização [4],
Remote Optically Pumped Amplifier) e amplificadores Raman muitas vezes baseados em técnicas de inteligência artificial
distribuídos (DRA – Distributed Raman Amplifier) [2]. [5], para que o enlace óptico convirja para uma condição
O primeiro faz uso de um pequeno trecho de fibra ótima de operação. Em tal contexto, o projeto do sistema
(usualmente poucos metros) dopada com érbio (EDF – deverá objetivar níveis mínimos de degradação do sinal tanto
em função da adição de ruído espontâneo amplificado (ASE
O presente trabalho foi financiado pelos órgãos brasileiros MCTIC e
FUNTTEL-Finep. – Amplified Spontaneous Emission), proveniente dos diversos
Os autores podem ser contatados através do email: hcruz@cpqd.com.br. estágios de amplificação, quanto de efeitos não-lineares

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degradantes, como a automodulação de fase (SPM – coeficientes de atenuação (α), dispersão cromática (β2 ) e
Self-Phase Modulation) e a modulação cruzada de fase não-linearidades (γ) da fibra. Uma vez que tal equação pode
(XPM – Cross-Phase Modulation), decorrentes de potências ser matematicamente invertida, torna-se possível, a partir do
de propagação acima do limite de não-linearidades do sinal recebido, estimar o sinal transmitido por um determinado
enlace. De fato, existe um compromisso entre tais fenômenos enlace conhecido. Tal abordagem também permite, ao se
deletérios, uma vez que um aumento na potência de dividir o enlace em questão por diversos trechos, determinar as
lançamento dos canais e de bombeio dos amplificadores características do sinal propagante em pontos de interesse e, a
remotos permite uma melhora na relação sinal-ruído óptica partir de tal informação, estimar o nível de degradação de tal
(OSNR – Optical Signal-to-Noise Ratio), entretanto, quando sinal, decorrente tanto de efeitos lineares como não-lineares.
o limiar de não-linearidades é superado, os efeitos não-lineares Com tal informação, torna-se possível compensar tais efeitos
degradam severamente o sinal transmitido. deletérios na recepção durante o estágio de processamento
Dado tal compromisso, o uso de métodos para mitigação de digital de sinais.
efeitos não-lineares, baseados tanto em subsistemas ópticos Entretanto, a efetiva avaliação da degradação do sinal
como em algoritmos de pós-processamento digital de sinais transmitido depende fundamentalmente de um conhecimento
(DSP – Digital Signal Processing), fornecem uma interessante prévio do enlace pelo qual o sinal óptico se propagou, havendo
alternativa para aumentar a capacidade e/ou o alcance de caracterização prévia dos fatores de atenuação, dispersão e
sistemas ópticos sem repetição. De fato, tais técnicas permitem não-linearidade da fibra empregada. Em uma situação prática,
aumentar o limite máximo de potência que cada canal pode tais parâmetros nem sempre são conhecidos com precisão ou
atingir durante sua propagação pelo enlace sem degradação podem variar de acordo com outras características do enlace.
por efeitos não-lineares, reduzindo as limitações em relação a Portanto, é natural que técnicas de estimação adaptativa de
potência de bombeio e de lançamento dos canais e dando mais tais parâmetros tenham sido propostas, originando algoritmos
liberdade para que o projetista otimize o sistema de acordo de retropropagação digital adaptativos (ADBP – Adaptive
com os requisitos requeridos. Nesse contexto, o presente Digital Back Propagation). Em termos gerais, tais algoritmos
trabalho, conforme detalhado na Seção II, discutirá a aplicação empregam uma função custo (CF – Cost Function), capaz
de técnicas de retropropagação digital para a compensação de mensurar a qualidade do sinal recebido, como base para
de efeitos não-lineares em sistemas sem repetição. A seguir, buscar a convergência dos parâmetros da fibra para valores
apresenta-se a validação de tal técnica empregando o arranjo que resultem na recuperação do sinal com menores níveis de
experimental descrito na Seção III, permitindo a investigação degradação. Seguindo tal abordagem, o presente trabalho faz
do impacto de parâmetros de interesse no desempenho da uso do erro médio quadrático (MSE – Mean Square Error) no
compensação proposta, conforme discutido na Seção IV e, por equalizador dinâmico (DE – Dynamic Equalizaer), composto
fim, nas conclusões da Seção V. por algoritmo de módulo constante (CMA – Constant Modulus
Algorithm) combinado a um equalizador direcionado ao raio
II. A LGORITMO DE R ETROPROPAGAÇÃO D IGITAL (RDE – Radius Directed Equalizer), já convencionalmente
Conforme discutido na seção anterior, um enlace óptico é empregado no estágio de DSP, como função custo de um
impactado por diversos efeitos degradantes de ordem linear algoritmo de gradiente descendente com momento (GDAM
e não-linear. Historicamente, os primeiros sistemas ópticos – Gradient Descent Algorithm with Momentum), o qual
empregavam predominantemente técnicas de compensação possibilita a recuperação do coeficiente não-linear da fibra (γ)
baseadas em subsistemas ópticos, especialmente projetadas em uma quantidade reduzida de iterações [7].
para a compensação específica dos fenômenos deletérios
de maior impacto. Posteriormente, o advento de técnicas III. A RRANJO E XPERIMENTAL
de compensação baseadas em algoritmos de processamento O arranjo experimental, empregado para a investigação
digital de sinais possibilitou não somente o aumento da do desempenho do algoritmo de retropropagação adaptativo
capacidade e/ou alcance de tais sistemas, ao possibilitar a em função das características do equalizador dinâmico, é
efetiva compensação de novos efeitos deletérios, como uma apresentado na Fig. 1. No transmissor foram empregados
maior flexibilidade ao permitir o ajuste dinâmico da operação 17 lasers multiplexados em comprimento de onda,
do sistema. Entretanto, efeitos não-lineares, dada sua natureza, com um espaçamento de 50 GHz entre 1552, 93 nm e
permaneceram em uma categoria de difícil compensação, 1559, 39 nm, sendo agrupados em dois grupos modulados
exigindo o uso de técnicas de alta complexidade e ainda se independentemente de acordo com os sinais elétricos
apresentando como um fator limitante para sistemas de alta modulantes gerados por um conversor digital para analógico
capacidade e/ou alcance. (DAC – Digital-to-Analog Converter) e, posteriormente,
Com o intuito de mitigar o efeito deletério proveniente de intercalados por um multiplexador (Mux). As informações
tais fenômenos não-lineares, o uso de retropropagação digital transmitidas foram codificadas em uma constelação
(DBP – Digital Back Propagation) [6] propõe uma abordagem correspondente a uma modulação de amplitude em quadratura
numérica baseada nas equações não-lineares de Schrödinger (QAM – Quadrature Amplitude Modulation) contendo
(NLSE – Nonlinear Schrödinger Equation), as quais modelam 16 símbolos (16QAM) a uma taxa de 32 GBd em cada
a propagação de determinado sinal óptico com base nos polarização, correspondendo a uma taxa de bits total de

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λ01
DP-IQM Tx DRA Rx DRA DSP Offline
λ03
Mux
1452/1457 nm 1440/1455 nm
80 GSa/s Scope
λ17 EX2000 EX2000+LL-SMF LL-SMF
Tx EDFA Tx ROPA Rx ROPA Rx EDFA
64 GSa/s
Mux
DAC
λ02 50 km 50+150 km 100 km
o
λ04 EX2000 LL-SMF Híbrida de 90
Mux Tx PUMP Rx PUMP

DP-IQM
λ16 1480 nm
50 km 100 km
1480 nm 100 GHz LO

Fig. 1. Arranjo experimental utilizado para a caracterização de distorções não-lineares em função da potência de lançamento dos canais transmitidos.
Empregou-se um enlace sem repetição incluindo amplificadores híbridos (EDFA + DRA) e bombeios dedicados para amplificadores remotos.

200 Gb/s após descontar o cabeçalho dos algoritmos de 100 km de LL-SMF. O último trecho do sistema também é
correção de erros (FEC – Forward Error Correction). composto por 100 km de LL-SMF, trecho no qual os canais
Próximo ao transmissor os canais ópticos foram transmitidos passam por um segundo estágio de amplificação
amplificados por um amplificador híbrido (Tx HYB), distribuída providos por dois lasers de bombeio (Rx DRA)
composto por um EDFA convencional (Tx EDFA) combinado que compõem, junto com um segundo EDFA convencional
com dois lasers de bombeio (Tx DRA) destinados a gerar (Rx EDFA), o amplificador híbrido de recepção (Rx HYB).
ganho Raman distribuído no primeiro trecho de 50 km do Por fim, no terminal de recepção, o canal sob caracterização
enlace óptico. Uma vez que nesse trecho o sinal óptico atinge é separado do restante do conjunto transmitido através de um
suas maiores potências de propagação, empregou-se fibra filtro sintonizável, sendo, em seguida, misturado ao oscilador
monomodo de baixa perda com área efetiva larga modelo local (LO – Local Oscillator) por uma híbrida de 90◦ (90◦
EX2000, de modo a aumentar o limiar de potência a partir Hybrid). Através do batimento do canal de interesse com o
do qual os canais transmitidos passam a ser degradados oscilador local durante o processo de fotodetecção, ocorre a
por efeitos não-lineares. A seguir, o conjunto de canais é conversão do sinal óptico transmitido para o domínio elétrico,
amplificado por um ROPA localizado próximo ao transmissor em uma frequência adequada para a sua digitalização, e
(Tx ROPA), o qual é bombeado por um laser em 1480 nm aquisição por um osciloscópio de tempo real. Posteriormente,
(Tx PUMP), também instalado junto ao transmissor, cujo os dados armazenados são processados pelos blocos de
sinal óptico é propagado por um carretel de EX2000 dedicado DSP representados na Fig. 2, permitindo a recuperação das
a sua propagação. O uso de um enlace dedicado para a informações transmitidas através da compensação de diversos
propagação dos sinais de bombeio destinados ao ROPA efeitos degradantes, de natureza linear e não-linear, inerentes
permite que maiores potências efetivamente cheguem a fibra a propagação dos sinais pelo enlace óptico. No caso específico
dopada com érbio, aumentando a eficiência do processo de dos subsistemas de DSP aqui empregados, inicialmente o sinal
amplificação remota e, consequentemente, o desempenho recebido é pré-processado para que sua taxa de amostragem
sistêmico. Após o ROPA Tx, tem-se um enlace intermediário seja ajustada para 2 amostras por símbolo, sendo, em seguida,
composto por 50 km de fibra EX2000, novamente empregados ortonormalizado para a compensação de imperfeições dos
para evitar efeitos não-lineares devido a alta potência do diversos componentes que constituem o receptor. A seguir,
sinal após o estágio de amplificação remota, seguidos por conforme detalhado na Seção II, aplica-se um algoritmo
150 km de fibra monomodo padrão de baixa perda (LL-SMF de retropropagação digital adaptativo (ADBP – Adaptive
– Low-Loss Single-Mode Fiber). Já próximo ao receptor, Back-Propagation Algorithm) para a compensação de efeitos
o sinal é amplificado por um segundo ROPA (Rx ROPA), deletérios decorrentes da propagação dos canais que atingem
energizado por um segundo laser de bombeio em 1480 nm potência acima do limiar de não-linearidades do enlace. Tal
(Rx PUMP) instalado junto ao receptor e, novamente, algoritmo emprega como função custo (CF – Cost Function),
propagado por um enlace dedicado, neste caso composto por para a estimação do coeficiente de não-linearidades γ, o

γ inicial Adaptação do γ

não
CF <
Orto- Cálculo da sim Cálculo
ADBP CMA MSE RDE CR
normalização CF da MI
limite?

Fig. 2. Diagrama apresentando os principais blocos do algoritmo desenvolvido para o processamento digital dos sinais (DSP) recebidos, incluindo a
compensação de não-linearidades através de técnica de retropropagação digital adaptativo (ADBP) para estimação do valor de γ (destacados em preto).

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erro médio quadrático (MSE – Mean Square Error) do diferentes níveis de distorções não-lineares, dependendo não
equalizador dinâmico (DE – Dynamic Equalizer), o qual é só do coeficiente não-linear da fibra, mas também da potência
composto por um algoritmo de módulo constante (CMA – de cada canal naquele trecho específico. Portanto, uma vez
Constant Modulus Algorithm) combinado a um equalizador que a estimativa do γ ótimo para determinado enlace não
direcionado ao raio (RDE – Radius-Directed Equalizer). Por é trivial e tem impacto direto no desempenho do ADBP,
fim, realiza-se a recuperação da portadora (CR – Carrier deve-se otimizar o bloco DE de modo a garantir que γ
Recovery), permitindo que a qualidade do sinal recebido seja convirja satisfatoriamente para seu valor ótimo. Dentro de
avaliada através da estimação de sua informação mútua (MI – tal perspectiva, o presente trabalho propõe a investigação do
Mutual Information). número de coeficientes (taps) e do fator de convergência (µ)
do DE no desempenho do ADBP e, consequentemente, da
IV. R ESULTADOS efetividade da compensação de não-linearidades.
Objetivando avaliar o desempenho do algoritmo de
compensação de não-linearidades adaptativo proposto, Para fundamentar tal investigação, na Fig. 3 é apresentado
conforme discutido na seção anterior, foram realizadas o impacto do número de coeficientes do equalizador dinâmico
capturas do canal central variando-se a potência de lançamento no desempenho do ADBP. Inicialmente, na Fig. 3(a), é
de −6 dBm até 9 dBm, de modo a se obter um conjunto possível perceber que o tamanho do DE tem um significativo
de dados, nos quais os canais transmitidos apresentam impacto no desempenho desse bloco, afetando diretamente o
diferentes níveis de distorção devido a efeitos não-lineares. erro médio quadrático (MSE) medido na saída do CMA. É
Dessa forma, aplicando-se diferentes configurações do interessante observar que, independentemente do número de
DSP, é possível aferir o desempenho sistêmico em função coeficientes, o ADBP converge para seu valor ótimo com
de parâmetros do equalizador dinâmico (DE – Dynamic aproximadamente 5 iterações. Adicionalmente, observa-se
Equalizer) comparativamente, tendo como referência o que um CMA não otimizado em termos do número de
desempenho do sistema empregando somente técnicas de coeficientes irá resultar em um MSE significativamente maior,
compensação linear. No caso específico da implementação impactando diretamente na capacidade do ADBP compensar
aqui discutida, o ADBP emprega como função custo, para efetivamente as não-linearidades, decorrentes da propagação
realizar a estimativa do coeficiente de não-linearidades da dos canais transmitidos pelo enlace. Tal conclusão fica
fibra, o MSE na saída do CMA. Consequentemente, como evidente na Fig. 3(b), na qual é apresentado o desempenho
será investigado no presente trabalho, o desempenho do sistêmico do enlace em termos de informação mútua (MI)
DE terá um impacto direto na convergência de γ para seu para diferentes potências de lançamento. Conforme esperado,
valor ótimo. Idealmente, γ deverá convergir para um valor percebe-se que o sistema possui uma potência ótima de
muito próximo do coeficiente de não-linearidades real das lançamento, por volta de 2 dBm por canal nesse caso
fibras empregadas no enlace óptico. Entretanto, como no específico, apresentando uma degradação sensível para valores
caso do arranjo experimental aqui analisado e comumente abaixo de 0 dBm ou acima de 5 dBm. De fato, para
em um sistema sem repetição instalado em campo, o enlace potências menores o sistema é majoritariamente impactado
é heterogêneo, ou seja, composto por fibras com diferentes pela inserção de ruído nos estágios de amplificação, enquanto
características. Além disso, cada trecho de fibra irá originar para potências maiores os efeitos não-lineares residuais (ou

-7,5 7

DE (coef. = 5)
MI [bits/símbolo]

DE (coef. = 10)
DE (coef. = 5) 6
MSE [dB]

DE (coef. = 20)
-8 DE (coef. = 10) DE (coef. = 30)
DE (coef. = 20) Compensação Linear
DE (coef. = 30)
5

-8,5
4
5 10 15 -6 -3 0 3 6 9
Iterações Potência por Canal [dBm]
(a) Erro médio quadrático (MSE) em função do número de iterações do (b) Informação mútua (MI) na saída do DSP em função da potência de
ADBP para diferentes números de coeficientes do DE. lançamento dos canais para diferentes números de coeficientes do DE.

Fig. 3. Desempenho da compensação de não-linearidades por retropropagação digital adaptativa (ADBP) em função do número de coeficientes do equalizador
dinâmico (DE) empregado como função custo (CF) para a convergência do coeficiente de não-linearidades (γ) da fibra.

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-3
-7,5 DE (μ = 1x10 )
-3 7
DE (μ = 2x10 )
-3
DE (μ = 3x10 )

MI [bits/símbolo]
-3
DE (μ = 4x10 )
MSE [dB]

-8 6
-3
DE (μ = 1x10 )
-3
DE (μ = 2x10 )
-3
DE (μ = 3x10 )
-3
5 DE (μ = 4x10 )
-8,5
Compensação Linear

5 10 15 -6 -3 0 3 6 9
Iterações Potência por Canal [dBm]
(a) Erro médio quadrático (MSE) em função do número de iterações do (b) Informação mútua (MI) na saída do DSP em função da potência de
ADBP para diferentes fator de convergência do DE. lançamento dos canais para diferentes fatores de convergência do DE.

Fig. 4. Desempenho da compensação de não-linearidades por retropropagação digital adaptativa (ADBP) em função do fator de convergência (µ) do equalizador
dinâmico (DE) empregado como função custo (CF) para a convergência do coeficiente de não-linearidades (γ) da fibra.

seja, aqueles que o ADBP não foi capaz de compensar ganhos de desempenho ao permitir que uma parcela dos
completamente) são os principais efeitos degradantes. Por fim, efeitos não-lineares, decorrentes da propagação dos sinais, seja
na mesma figura, percebe-se que o ADBP depende de um DE equalizada. Especificamente, o uso de retropropagação digital
corretamente dimensionado (nesse caso, com 20 coeficientes) adaptativa (ADBP) pode prover ganhos significativos ao
para apresentar desempenho ótimo, situação na qual permite sistema, conforme validação experimental aqui apresentada.
um sensível ganho de desempenho em comparação com a Entretanto, dada a implementação proposta, o estágio de
compensação linear empregada como referência. Tal melhora equalização dinâmica (DE) passa a ter impacto direto também
no desempenho sistêmico se torna mais evidente para no desempenho da compensação de não-linearidades. Desta
potências acima da potência ótima de lançamento, a partir da forma, é fundamental que os demais blocos do DSP sejam
qual o ADBP demonstra maior efetividade na compensação otimizados em conjunto com o ADBP, visando a maximização
de não-linearidades, não equalizadas pela técnica linear. do desempenho sistêmico.
De modo similar, o fator de convergência µ do DE também
apresenta um significativo impacto no desempenho do ADBP, R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS
conforme apresentado na Fig. 4. Especificamente na Fig. 4(a) [1] T. Sutili, P. F. P. Neto, F. D. Simões, G. J. Suzigan, and R. C. Figueiredo,
percebe-se que, de maneira análoga ao que ocorre em função “Cost-effective solution for high-capacity unrepeatered transmission,” in
Optical Fiber Communication Conference (OFC) 2020. Optical Society
do número de coeficientes, o fator de convergência impacta of America, 2020, p. T4I.4, [doi:10.1364/OFC.2020.T4I.4].
diretamente o MSE na saída do CMA, mesmo após o ADBP [2] J. C. S. S. Januário, A. Chiuchiarelli, S. M. Rossi, J. H. C. Junior,
convergir para seu valor ótimo (novamente, após 5 iterações). J. D. Reis, C. Mornatta, A. Festa, and A. C. Bordonalli, “System
design for high-capacity unrepeatered optical transmission,” Journal
Já na Fig. 4(b), percebe-se como a otimização do fator of Lightwave Technology, vol. 37, no. 4, pp. 1246–1253, Feb 2019,
de convergência do DE é crucial para garantir a operação [doi:10.1109/JLT.2019.2891078].
adequada de todo o bloco de DSP, uma vez que, para valores [3] T. Sutili, P. F. Pinto Neto, F. D. Simões, S. M. Rossi, G. J. Suzigan,
and R. C. Figueiredo, “Experimental characterization of remote optically
não ótimos, tem-se uma penalidade significativa mesmo em pumped amplifier,” in 2019 SBFoton International Optics and Photonics
comparação ao DSP empregando somente compensação linear. Conference (SBFoton IOPC), São Paulo, Brazil, Oct. 2019.
Tais resultados tornam evidente a necessidade de se otimizar [4] J. H. da Cruz Júnior, F. Della Lucia, T. Sutili, D. A. de Arruda Mello,
and R. C. Figueiredo, “Gradient-based optimization for unrepeatered
os parâmetros de todo o bloco de equalização dinâmica para optical systems,” in 2019 SBMO/IEEE MTT-S International Microwave
garantir a correta compensação de não-linearidade e, em geral, and Optoelectronics Conference (IMOC’2019), Portugal, Nov. 2019.
de todo o estágio de DSP. [5] F. Della Lucia, J. H. da Cruz Júnior, T. Sutili, and R. C. Figueiredo,
“Natural computing algorithms for optimization of high-order distributed
Raman amplifiers,” in 2019 SBMO/IEEE MTT-S International Microwave
V. C ONCLUSÕES and Optoelectronics Conference (IMOC’2019), Portugal, Nov. 2019.
Sistemas sem repetição se apresentam como uma [6] E. Ip and J. M. Kahn, “Compensation of dispersion and
nonlinear impairments using digital backpropagation,” Journal of
solução para prover conexões de alta capacidade a regiões Lightwave Technology, vol. 26, no. 20, pp. 3416–3425, Oct 2008,
geograficamente isoladas, reduzindo custos de instalação e [doi:10.1109/JLT.2008.927791].
manutenção ao dispensar o uso de elementos ativos ao longo [7] J. H. C. Júnior, T. Sutili, S. M. Rossi, R. C. Figueiredo, and
D. A. A. Mello, “Fast adaptive digital back-propagation algorithm
do enlace. Entretanto, dadas as limitações de tais sistemas, o for unrepeatered optical systems,” in Optical Fiber Communication
emprego de algoritmos de compensação de não-linearidades Conference (OFC) 2020. Optical Society of America, 2020, p. T4I.2,
no estágio de processamento digital de sinais (DSP) possibilita [doi:10.1364/OFC.2020.T4I.2].

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Estimativa de Probabilidade de Bloqueio de Redes


Ópticas Elásticas Usando Redes Neurais Artificiais

Danilo R. B. de Araújo Jonas Freire de A. M. de Barros


Departamento de Computação Departamento de Computação
Universidade Federal Rural de Pernambuco Universidade Federal Rural de Pernambuco
Recife, 50.740-550, Pernambuco, Brasil Recife, 50.740-550, Pernambuco, Brasil
E-mail: danilo.araujo@ufrpe.br E-mail: jonas.freire@ufrpe.br

Resumo—Estimar a probabilidade de bloqueio de redes espectro óptico disponı́vel para utilização é dividido em canais
ópticas elásticas sujeitas a tráfego dinâmico é uma tarefa com- uniformemente espalhados, com espaçamento entre canais de
putacionalmente custosa, visto que o método mais confiável e 100 GHz e 50 GHz para WDM e DWDM, respectivamente.
popular para este tipo de análise é por meio de simuladores Com a utilização de tecnologia DWDM, pode-se conseguir um
de eventos discretos. Por outro lado, técnicas de aprendizagem melhor aproveitamento do espectro, porém os equipamentos
de máquina têm sido usadas como bons substitutos para pro-
blemas semelhantes de predição de desempenho e aproximação
usados, como lasers e filtros, são mais precisos e geralmente
de funções em geral em diversos domı́nios de aplicação. Este são mais custosos [2]. Atualmente, redes reconfiguráveis com
artigo propõe o uso de Redes Neurais Artificiais (RNA) para taxas de 100 Gb/s estão implantadas em diversos paı́ses,
predizer a probabilidade de bloqueio de redes ópticas elásticas, incluindo o Brasil [5]. Considerando as recentes investigações
usando métricas topológicas e outras informações da rede como sobre eficiência espectral, percebe-se que há um crescente
entrada da RNA. Neste trabalho foi produzida uma base de interesse em novas arquiteturas de redes ópticas, como por
dados para treinamento derivada de redes ópticas implantadas exemplo a denominada de arquitetura elástica ou gridless,
atualmente e os resultados foram comparados com um simulador que não possui uma grade fixa e uniformemente espaçada de
de eventos discretos usado em trabalhos anteriores. De acordo comprimentos de onda, como ocorre no caso das tecnologias
com os resultados obtidos, é possı́vel obter um método de predição WDM ou DWDM. Em redes ópticas elásticas (Elastic Optical
de probabilidade de bloqueio de redes baseado em RNA que é
60 vezes mais rápido do que as simulações tradicionais e que
Network - EON), os equipamentos fornecem suporte para
apresenta um erro médio quadrático de até 1, 83 · 10−5 . que a largura de banda dos caminhos ópticos seja flexı́vel,
permitindo expansão ou contração de espectro de acordo com
I. I NTRODUÇ ÃO a demanda [6].
Em redes sujeitas a tráfego dinâmico, algumas requisições
A transformação digital e as novas aplicações subjacentes,
de chamadas podem ser atendidas e outras não. Isso ocorre
incluindo o conceito de Cidades Inteligentes e Internet das
devido a ausência de recursos de rede para serem alocados
Coisas (IoT) [1], eleva ainda mais a demanda por taxa de
para a demanda ou baixa Qualidade de Transmissão (QoT).
transmissão de dados e motiva novas investigações e ações
A Probabilidade de Bloqueio (PB) de uma rede é uma
relacionadas com redes de alta capacidade, que são prima-
métrica de desempenho geralmente usada em redes sujeitas
riamente representadas por redes ópticas [2]. São exemplos
a tráfego dinâmico e é definida como a taxa entre o número
de ações geralmente elencadas para atender essas crescentes
de requisições bloqueadas e o número total de chamadas requi-
demandas por taxas de transmissão: uso sistemático de redes
sitadas à rede. A PB pode ser estimada por meio de expressões
dinâmicas, melhorias em eficiência espectral, expansão da
analı́ticas [7] ou por simuladores de eventos discretos [8].
banda de transmissão, dentre outras [3].
Em geral, é muito difı́cil determinar o valor exato da PB
As redes ópticas atualmente em operação são muitas ve- usando uma expressão matemática fechada, principalmente a
zes semi-estáticas e a configuração de novas conexões ge- medida que a complexidade aumenta em termos de topologia
ralmente requer uma interferência manual de um operador. e outros aspectos que influenciam na dinâmica da rede. Por
Estas conexões são mantidas por meses ou anos. Estudos outro lado, os simuladores de rede são ferramentas poderosas
demonstram que o uso de redes ópticas dinâmicas pode para estimar a PB de redes, mas exigem um elevado custo
melhorar o desempenho global do sistema, pois as conexões computacional e consequentemente um elevado tempo de
são mantidas apenas durante o tempo mı́nimo necessário e execução para avaliação de uma única rede. Esse efeito é
em seguida os recursos da rede são liberados para alocação especialmente indesejável quando as estimativas são usadas
de novas conexões [3], [4]. Considerando as complexidades em processos de planejamento e otimização de redes, nos
adicionais envolvidas em redes ópticas dinâmicas quando quais milhares de configurações de rede são avaliadas em
comparadas com redes estáticas equivalentes, justifica-se o um processo completo [9]. Estudos recentes demonstraram
desenvolvimento de ferramentas próprias para análise e projeto que é possı́vel aplicar métodos baseados em aprendizagem
de redes que considerem as peculiaridades deste cenário. Os de máquina para estimar a PB de redes ópticas WDM com
enlaces ópticos de longa distância de mais alta capacidade baixo erro de estimativa e com tempo de execução diversas
utilizam geralmente tecnologia WDM (Wavelength-Division vezes menor do que exigido pelos simuladores de eventos
Multiplexing) ou DWDM (Dense WDM). Nestas redes, o discretos [10], [11]. Por outro lado, alguns estudos aplicaram

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

técnicas de aprendizagem de máquina para auxiliar em etapas I(F̂) fornece uma medida mais elucidativa quando comparada
diferentes da análise de EONs, como na análise de figuras de com a entropia tradicional.
mérito especı́ficas em caminhos ópticos [12] e melhorias em
O caminho mais curto (SP ) descreve o número de saltos
algoritmos de Roteamento, Modulação e Alocação de Espectro
entre dois pares de nós. O comprimento médio dos caminhos
(RSMA) [13], [14]. Contudo, há uma lacuna de estudos
mı́nimos (c) é a média de todos os SP entre todos os possı́veis
relacionados com aplicação de técnicas de aprendizagem de
pares origem-destino. O coeficiente de agrupamento (ci ) de um
máquina em EONs para estimativa de métricas de desempenho
nó i é a taxa entre o número de triangulações que contém o nó
globais de rede como a PB e que leve em considerações as
i e o número de triangulações que poderiam existir se todos
diversas variações possı́veis nas topologias fı́sicas.
os nós vizinhos de i estivessem conectados. O coeficiente de
Este artigo investiga como aplicar Redes Neurais Artificias agrupamento da rede (CC) é a média de todos os possı́veis
(RNAs) para estimativa de PB em redes ópticas elásticas. ci da rede. O coeficiente de assortatividade de uma rede
De acordo com os resultados obtidos, é possı́vel obter um (−1 ≤ r ≤ 1) avalia se há uma tendência de que os nós se
estimador de PB que é 60 vezes mais rápido do que os conectem com nós que possuem grau semelhante (r ≥ 0). Se
simuladores de eventos discretos e apresentando um erro médio r ≤ 0, há uma tendência de que os nós com grau elevado se
quadrático de até a 1, 83 · 10−5 , a depender da modelagem conectem com nós que possuem grau baixo. P r(d) e as outras
utilizada. Isso representa uma economia de tempo de até 98% métricas apresentadas nesta seção são muito usadas em diver-
em um processo de otimização completo de rede, podendo sos estudos para indicar qual modelo canônico de rede melhor
levar uma ferramenta de planejamento de rede que exigia representa uma rede do mundo real [15]. Além disso, existem
vários dias de processamento para apenas poucos minutos. métricas que procuram capturar caracterı́sticas especı́ficas da
rede, como a informação de robustez que é fornecida pela
As demais partes deste artigo estão organizadas da seguinte conectividade algébrica (AC) [15] ou informações de rotas
forma: na Seção II é apresentada uma revisão teórica sobre as- redundantes fornecidas pela métrica de Concentração de Rotas
pectos importantes para o entendimento deste estudo; na Seção (CR) [10].
III é apresentada uma descrição formal do problema tratado;
na Seção IV é apresentada a proposta e um detalhamento da
metodologia adotada; na Seção V são apresentados e discutidos B. Métodos de Regressão
os resultados; e na Seção VI são apresentadas as conclusões Em um problema de regressão tı́pico, geralmente há uma
do trabalho. medida de saı́da quantitativa (como a probabilidade de blo-
queio de uma rede óptica) ou saı́da categórica (como quali-
II. R EFERENCIAL T E ÓRICO dade de serviço aceitável ou não para um enlace óptico) e
estas saı́das devem ser corretamente determinadas na saı́da do
Este estudo envolve a aplicação de métricas topológicas método regressor.
de redes derivadas do campo de teoria dos grafos e ciência
das redes [15] para fornecer uma estimativa de probabilidade Modelos lineares tem sido usados nos últimos 30 anos
de bloqueio de EONs por meio da combinação não linear com alternativas para regressão. Dado um vetor p de entradas
destas métricas usando uma RNA. Neste sentido, essa seção XT = (X1 , X2 , ..., Xp ), o objetivo é predizer a saı́da Ŷ usando
fornece um breve resumo sobre métricas topológicas de rede um modelo linear por
e sobre técnicas de regressão que podem ser úteis para melhor
entendimento das demais seções do artigo. p
X
Ŷ = β̂0 + Xj β̂j , (1)
A. Caracterı́sticas Topológicas de Redes j=1

Uma rede pode ser modelada como um grafo G = (N, E),


em que N é um conjunto rotulado de nós ou vértices e E é em que β̂ é um vetor de pesos para XT , β̂j é o peso de Xj
um conjunto de enlaces ou arestas que representam a ligação e o termo β̂0 é o bias. Há muitos métodos para treinamento
entre os nós da rede. O relacionamento entre os nós da rede de um modelo linear que é ajustado para uma determinada
pode ser estudado por meio de métricas que são calculadas base de treinamento, mas o mais popular é o método dos
em função dos elementos do conjunto E. Um formato tı́pico mı́nimos quadrados. Nessa abordagem, os coeficientes β̂j
de representação de G é por meio de matrizes de adjacências. devem ser obtidos de modo a minimizarem a soma do erro
Uma matriz de adjacências A indica a ligação entre dois nós médio quadrático (EM Q ou MSE - Mean Squared Error),
i e j de G se um elemento ai,j = 1 e indica ausência de
conectividade se ai,j = 0. Se a rede representada por G possui N
X
apenas conexões bidirecionais, a matriz A é simétrica. M SE(β) = (yi − xTi β̂)2 . (2)
i=1
O grau de um nó (d) representa o número de enlaces
que ligam um nó aos nós vizinhos. A distribuição de grau
em que N é o número de amostras ou padrões, e xTi é o vetor
dos nós de G define a probabilidade P r(d) de que um nó
de entrada para o padrão i. Modelos lineares são simples e
selecionado ao acaso, possua um certo grau d. A entropia da
podem superar modelos não lineares em situações peculiares,
rede I(G) é calculada sobre a distribuição de grau dos nós
como em situações com poucos casos, baixa taxa de erro ou
e fornece uma medida do grau de aleatoriedade desta rede.
dados esparsos [17].
Araújo et. al [16] propuseram uma nova métrica I(F̂) que
considera simultaneamente a aleatoriedade da distribuição de Contudo, métodos de regressão também podem estabelecer
grau dos nós e quais as ligações estão presentes ou ausentes. relações não lineares de caracterı́sticas derivadas das entradas.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

RNAs têm sido amplamente usadas para este propósito em consiste em usar uma RNA para aproximar a PB de redes
vários domı́nios de aplicação. Uma RNA possui um conjunto que é fornecida originalmente pelo simulador de redes ópticas
de pesos que podem ser ajustados para aferir a saı́da con- SIMTON [8], adaptado para EONs [13]. Neste estudo foi
siderando uma dada base de treinamento. A medida de erro utilizado o popular modelo Multilayer Perceptron (MLP).
médio quadrático é frequentemente usada em abordagens de
A arquitetura geral da RNA contempla uma camada de
gradiente descendente para o processo de ajuste. Dentre os
entrada, uma camada escondida e uma camada de saı́da com
métodos populares para o processe de treinamento da RNA
um neurônio que representa a PB da rede (modelo de MLP
podem ser citados o back-propagation e Levenberg-Maquardt
tı́pico para regressão ou aproximação de funções). A Fig. 1
(LM) [18]. Além disso, estudos na área também aplicam meta-
ilustra o modelo de RNA proposto neste estudo. É possı́vel
heurı́sticas de otimização global para o processo de ajuste dos
perceber que a primeira camada da RNA contém os dados
pesos como otimização por enxame de partı́culas e evolução ~ é resumido
diferencial [19]. de entrada descritos na Seção III, mas o vetor X
por métricas topológicas simples (como as descritas na Seção
II.A). Além disso, T~ e o algoritmo de RSA são tratados como
III. D ESCRIÇ ÃO DO P ROBLEMA E R EPRESENTAÇ ÃO
parâmetros e não como variáveis no treinamento da RNA
Neste artigo é tratado o seguinte problema: dada a topo- (são fixados a cada bateria de experimentos). Perceba que um
logia fı́sica de uma EON, a distribuição de tipos de canais e modelo de RNA proposto para estimativa de desempenho de
quantidade de slots de frequência, uma demanda de tráfego e uma EON é mais desafiador quando comparado à estimativa
um algoritmo de Roteamento e Atribuição de Espectro (RSA); de uma rede WDM simples, pois no segundo caso a RNA
o objetivo é estimar a probabilidade de bloqueio da rede óptica. precisa receber apenas uma quantidade fixa de canais (como
Logo, este problema pode ser classificado como um tı́pico o modelo descrito em [10]).
problema de regressão ou aproximação de função.
A posição dos nós no modelo é definida como P = (xi , yi ),
em que (i ∈ 1, 2, ..., n), xi e yi são as coordenadas cartesianas
do ith nó e n é o número total de nós. Além disso, o modelo
computacional usa uma matriz de adjacências A, composta
de elementos ai,j , em que (ai,j ∈ {0, 1}). A matriz A está
apresentada em (3). Se ai,j = 0, os nós da rede i e j não estão
conectados, caso contrário eles estão conectados por enlaces
de fibra óptica.

a1,1 a1,2 ... a1,n


 
a2,1 a2,2 ... a2,n
A= . (3)
 
.. .. .. ..
. . . .
an,1 an,2 ... an,n

Neste estudo são considerados enlaces bidirecionais entre


cada par de nós, isto é, ai,j = aj,i . Como a matriz A é
simétrica, é possı́vel representar A usando um vetor X~ com
os valores da matriz justapostos, lado a lado, considerando os
valores acima da diagonal principal de A. Figura 1: Diagrama esquemático de uma arquitetura de RNA
para estimativa de PB de uma EON.
É considerado um tráfego dinâmico que segue um processo
de Poisson. Mais especificamente, a representação interna do
tráfego é feita por uma matriz bidirecional resumida por: Para viabilizar o treinamento da RNA, foi necessária a
T~ = [t1,2 , t1,3 , ..., tn−1,n ], em que ti,j é o tráfego esperado construção de uma base de dados de treinamento. A base con-
entre os nós i, j, em erlangs. Finalmente, o problema tratado siderou como ponto de partida 3000 padrões topológicos que
neste artigo pode ser resumido da seguinte forma. são variantes de uma rede óptica em operação na Eslovênia,
a saber, a rede ARNES de 34 nós [11], [20] apresentada na
• Dados: um algoritmo de RSA, tipos de Figura 2. A Figura 3 ilustra dois dos 3000 padrões da base
canais e #slots, X ~ = [a1,2 , a1,3 , ..., an−1,n ] e de treinamento que são variações da rede ARNES original.
T~ = [t1,2 , t1,3 , ..., tn−1,n ]; Percebe-se que as variações nos padrões ocorrem devido à
presença/ausência de diferentes enlaces de fibra óptica. A
• O objetivo é: fornecer uma estimativa para PB; nova base criada foi derivada de um conjunto de dados já
• Sujeito a: disponibilidade de recursos de rede e QoT disponı́vel a partir do estudo [11], que continha as diversas
mı́nimo. variações topológicas para a distribuição geográfica da rede
ARNES (grafos da rede), mas não continha as informações de
desempenho da rede em um cenário de EON. Portanto, para
IV. P ROPOSTA E M ETODOLOGIA
cada topologia do conjunto de dados existente, o simulador
O objetivo deste trabalho é propor um método alternativo de redes ópticas elásticas foi acionado para fornecer a PB
para aferição da probabilidade de bloqueio de EONs com correspondente e permitir o seu uso no treinamento e validação
baixo custo computacional. Mais especificamente, o estudo da RNA. Além disso, cada topologia foi avaliada em diferentes

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nı́veis de carga da rede em um tráfego uniforme, levando a


um efeito multiplicativo e criando mais amostras para a nova
base de dados usada no treinamento e validação da RNA.
Embora este estudo tenha considerado a distribuição geográfica
de uma região especı́fica para produzir um conjunto de dados
de milhares de topologias, estudos anteriores sugerem que a
RNA é uma técnica robusta o suficiente para generalizar os
resultados para outros cenários [11].

O simulador SIMTON foi utilizando em um cenário de


EON seguindo os mesmos parâmetros de simulação descritos
em [13]. Contudo, por se tratar de uma primeira investigação
sobre o uso de RNA para aferição de EON, o Controle de (a)
Admissão de Chamadas (CAC) deste estudo considera apenas
bloqueio de requisições por ausência de recursos de rede. Em
suma, além do detalhamento experimental contido em [13],
esse estudo trabalha com 320 slots por enlace e espaçamento
de 12,5 GHz, sendo que as requisições de chamada são
sorteadas seguindo uma distribuição uniforme em termos de
pares origem-destino e com uma das taxas do conjunto T =
{40, 100, 200, 400} (Gbit/s). Além disso, o algoritmo de RSA
é considerado como um parâmetro fixo para o treinamento em
cada bateria de experimentos e foi considerada uma matriz de
tráfego uniforme.

(b)

Figura 3: Variações de topologias relacionadas com as posições


de nós originais da rede.

V. R ESULTADOS
A Tabela I apresenta o impacto de diferentes conjuntos
de variáveis de entrada sobre o erro médio quadrático na
saı́da da RNA usando o procedimento descrito na Seção IV. A
penúltima coluna da Tabela I contém o erro médio quadrático
para p variáveis e a última coluna contém a redução no erro
quando se usa p variáveis ao invés de p−1 variáveis de entrada.
Figura 2: Rede ARNES original de 34 nós. É possı́vel perceber que a partir de 9 variáveis de entrada já é
possı́vel obter M SE abaixo de 10−4 . Além disso, é possı́vel
notar que o erro diminui a medida que informações mais ricas
e refinadas sobre a topologia fı́sica são acrescentadas, embora
A metodologia para escolha do melhor conjunto de
as informações mais importantes sejam àquelas relacionadas
métricas topológicas para entrada na RNA seguiu uma abor-
com a distribuição de tipos de canais e slots por fibra, caminho
dagem semelhante à que foi apresentada em [10]. Ou seja,
médio (c), carga da rede (L) e percentual de enlaces presentes
foi utilizado o método de Análise de Componentes Principais
(d). Além dos modelos da Tabela I, que são baseados em
(ACP) e o método Best Selection sobre um conjunto reduzido
métricas topológicas simples, também foi avaliado um modelo
de métricas após ACP [10]. ~ que representa a
de RNA que considera o vetor completo X
matriz de adjacências. No modelo que considera X ~ na ı́ntegra,
Com relação ao treinamento da RNA, o conjunto de dados −5
foi obtido M SE = 1, 83 · 10 . Contudo, espera-se que o
total foi dividido para treinamento e validação da RNA na modelo de 11 variáveis da Tabela I seja mais genérico e
proporção de 80% e 20%, respectivamente. Foi utilizada uma mais adaptável a variações relacionadas com a distribuição
rede MLP e a função de ativação usada tanto na camada geográfica da rede quando comparado ao modelo que usa o
escondida como na camada de saı́da foi a Sigmoid. Como vetor X ~ na ı́ntegra (que seria mais especialista por tipo de
otimizador da RNA foi usado o Adam, que é um algoritmo rede e quantidade de nós).
para a otimização baseada em gradiente de primeira ordem de
funções objetivas estocásticas [21]. Como função de perda, foi Uma caracterı́stica importante que é esperada para um
usada a MSE. O treinamento ocorreu ao longo de 300 épocas estimador de probabilidade de bloqueio da rede é que ele
e foram feitas 11 repetições por entrada para calcular a média. seja sensı́vel a variações na carga da rede e que não apresente

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Tabela I: Melhores modelos de regressão com p variáveis para estimativa de P B para as variações topológicas da rede ARNES.
p Camada de entrada M SE ∆M SE
6 q40gbps, q100gbps, q200gbps, q400gbps, #slots por fibra, c 1,16E-2 -
7 q40gbps, q100gbps, q200gbps, q400gbps, #slots por fibra, c, L 3,71E-3 7,89E-3
8 q40gbps, q100gbps, q200gbps, q400gbps, #slots por fibra, c, L, d 3,15E-3 5,60E-4
9 q40gbps, q100gbps, q200gbps, q400gbps, #slots por fibra, c, L, d, CC 6,40E-4 2,51E-3
10 q40gbps, q100gbps, q200gbps, q400gbps, #slots por fibra, c, L, d, CC 3,61E-4 2,79E-4
11 q40gbps, q100gbps, q200gbps, q400gbps, #slots por fibra, c, L, d, CC, CR, AC 2,80E-4 8,10E-5

respostas erráticas para tipos especı́ficos de rede. Ou seja, é Embora a Fig. 4 confirme a RNA como um modelo alterna-
esperado que o estimador seja robusto para diferentes cenários tivo/substituto para o simulador de redes, é importante destacar
considerados. A Fig. 4 apresenta a resposta de PB oferecida que a curva apresentada nesta figura corresponde ao melhor
pela RNA e pelo simulador em função de variações na carga conjunto de variáveis de entrada deste estudo. Se um modelo
da rede para o melhor modelo obtido nesse estudo. A Fig. 4a deficiente (vetor de entrada) for usado para treinamento, a
contém exemplos de EONs usadas na fase de treinamento e RNA não é factı́vel para uso prático como um substituto
Fig. 4b apresenta topologias de rede reservadas para fase de para o simulador. A tı́tulo de comparação, a Fig. 5 apresenta
validação (padrões topológicos que nunca foram vistos pela a resposta de PB oferecida pela RNA e pelo simulador em
RNA durante a fase de treinamento). É possı́vel perceber que função de variações na carga da rede quando menos variáveis
mesmo para o conjunto de validação, a curva de PB fornecida são usadas na entrada da RNA. Neste exemplo, o M SE sobre
pela RNA é muito próxima àquela fornecida pelo simulador o conjunto de validação foi de 6.71·10−03 e é possı́vel perceber
de rede, com pequenas variações na faixa de 200-400 erlangs. que o erro de estimativa da RNA se eleva muito a partir de
200 erlangs. Esse resultado reforça a importância deste tipo de
estudo, que avalia o melhor conjunto de métricas topológicas
para representar com fidelidade a dinâmica de uma EON e
oferecer estimativas precisar para PB destas redes.

(a) RNA vs. simulador para padrões de treinamento.

Figura 5: Comparação entre a estimativa fornecida pela RNA


e a saı́da esperada de acordo com o simulador de redes para
um modelo que fornece M SE = 6.71 · 10−03 .

A última e uma das mais importantes avaliações do estudo


foi em relação ao tempo médio para estimar a PB de uma
rede em ambas as abordagens. Conforme já explicitado, os
simuladores de rede apresentam elevado custo computacional
e a proposição de um modelo alternativo para aferição de PB
possui como requisito importante o baixo custo computacional
e consequentemente pequeno tempo de resposta em situações
práticas. Com base nos estudos realizados, o SIMTON levou
(b) RNA vs. simulador para padrões de validação. em média aproximadamente 376, 56 ms para aferir a probabili-
dade de bloqueio de uma EON. O modelo proposto baseado em
Figura 4: Comparação entre a estimativa fornecida pela RNA RNA levou em média 6, 32 ms para obter a mesma estimativa.
e a saı́da esperada de acordo com o simulador de redes para Portanto, foi obtida uma abordagem que é aproximadamente
o melhor modelo de RNA obtido no estudo. 60 vezes mais rápida do que o simulador de redes e com um
erro que é compatı́vel com aplicações práticas de engenharia.

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Num processo completo de planejamento e otimização de redes [10] D. R. de Araújo, C. J. Bastos-Filho, and J. F. Martins-Filho, “Methodo-
esse benefı́cio pode resultar em uma economia de até 98% do logy to obtain a fast and accurate estimator for blocking probability of
optical networks,” IEEE/OSA Journal of Optical Communications and
tempo total, levando ferramentas que antes demoravam dias Networking, vol. 7, no. 5, pp. 380–391, 2015.
em uma execução para poucos minutos de processamento.
[11] D. R. Araújo, C. J. Bastos-Filho, and J. F. Martins-Filho, “Analyzing
surrogate models to assess blocking probability of optical networks,” in
VI. C ONCLUS ÃO 2015 SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and Optoelectronics
Conference (IMOC). IEEE, 2015, pp. 1–5.
Este artigo propõe o uso de RNA para aferir a pro- [12] R. Proietti, X. Chen, K. Zhang, G. Liu, M. Shamsabardeh, A. Castro,
babilidade de bloqueio de redes ópticas elásticas sujeitas a L. Velasco, Z. Zhu, and S. B. Yoo, “Experimental demonstration of
machine-learning-aided qot estimation in multi-domain elastic optical
tráfego dinâmico. O estudo contemplou o desenvolvimento de networks with alien wavelengths,” Journal of Optical Communications
uma base de dados de treinamento derivada de uma rede de and Networking, vol. 11, no. 1, pp. A1–A10, 2019.
transporte óptica da Eslovênia e comparou os resultados com [13] E. Figueirôa, E. Lima, C. J. Bastos-Filho, J. da Silva, A. V. Xavier, and
os que foram obtidos por um simulador de eventos discretos D. R. Araújo, “A routing algorithm based on fuzzy logics for elastic
(SIMTON). De acordo com os resultados obtidos, é possı́vel optical networks,” in 2017 ieee 18th international conference on high
obter um estimador de PB de EONs baseado em RNA que é performance switching and routing (hpsr). IEEE, 2017, pp. 1–6.
aproximadamente 60 vezes mais rápido do que as simulações [14] X. Chen, J. Guo, Z. Zhu, R. Proietti, A. Castro, and S. B. Yoo, “Deep-
rmsa: A deep-reinforcement-learning routing, modulation and spectrum
tradicionais e que apresenta um erro médio quadrático em assignment agent for elastic optical networks,” in 2018 Optical Fiber
torno de 3 · 10−5 com boa capacidade de generalização. Communications Conference and Exposition (OFC). IEEE, 2018, pp.
A abordagem proposta poderá ser usadas em ferramentas 1–3.
de inovação da indústria de telecomunicações e como parte [15] T. G. Lewis, Network Science - Theory and Applications. John Wiley
integrante da avaliação de desempenho em ferramentas de & Sons, 2009.
planejamento e otimização de redes. Estudos futuros devem [16] D. R. B. Araujo, C. J. A. Bastos-Filho, and J. F. Martins-Filho, “Using
investigar a vantagem no uso de outras técnicas de aprendiza- the entropy of the DFT of the laplacian eigenvalues to assess networks,”
in Complex Networks V, ser. Studies in Computational Intelligence,
gem de máquina para a tarefa de regressão como máquinas P. Contucci, R. Menezes, A. Omicini, and J. Poncela-Casasnovas, Eds.
de aprendizagem profunda e aplicar a mesma metodologia Springer International Publishing, 2014, vol. 549, pp. 209–216.
em cenários diferentes relacionados considerando efeitos da [17] T. Hastie, R. Tibshirani, and J. Friedman, The Elements of Statistical
camada fı́sica, impacto de algoritmos de RSA como entrada Learning. Springer, 2008.
na RNA e assim por diante. [18] S. Haykin, Neural Networks and Learning Machines, 3rd ed. PHI
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[19] Z.-S. Zhao, X. Feng, F. Wei, S.-K. Wang, M.-Y. Cao, and Z.-G. Hou,
VII. AGRADECIMENTOS “Optimized neural network ensemble by combination of particle swarm
optimization and differential evolution,” in International Symposium on
Os autores agradecem o apoio financeiro fornecido pela Neural Networks. Springer, 2013, pp. 367–374.
UFRPE e CNPq. [20] S. Knight, H. X. Nguyen, N. Falkner, R. Bowden, and M. Roughan,
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https://www.anatel.gov.br/dados/mapeamento-de-redes. Último acesso
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Geração de Subportadoras Ópticas em Loops em


Série e Modulação de Fase
José Danilo da Silva Nogueira1 João P. da Fonseca Neto2 João Batista R. Silva3
Email: josedanilo@ufc.br Email: joaofonseca88@gmail.com Email: joaobrs@ufc.br

Departamento de Engenharia de Teleinformática1,2,3


Universidade Federal do Ceará
Fortaleza - Ceará, Brasil

Resumo—Este trabalho apresenta três novos sistemas para de lasers que trabalham de forma independentes, no entanto,
geração de subportadoras ópticas na banda C, baseados em o uso desta solução sofre com espaçamento de frequência
loops ópticos amplificados em série, com modulação de fase variável. [2] mostrou ainda outra solução como o uso de pentes
e espaçamento espectral de 10 GHz entre subportadoras. Os
sistemas foram simulados numericamente e foram capazes de de frequência óptica (OFC - optical frequency combs) para
gerar entre 79 a 90 subportadoras com nı́veis de potência de -10 geração das subportadoras.
a 5 dBm para uma potência de entrada de 0 dBm e com flatness Um OFC pode ser definido como uma série de linhas
de 2.4 a 7.4 dB com um OSNR mı́nimo de 30 dB. espectrais discretas igualmente espaçadas, que mantém con-
Palavras-Chave—Geração de subportadoras, modulador de formidade espectral em toda largura de banda do sinal, sendo
fase, loop óptico
que a maior parte das técnicas utilizadas para geração de OFCs
Abstract—This work presents three new systems for the utilizam moduladores eletro-ópticos. Especificamente, o sinal
generation of optical subcarriers in the C band, based on
serial amplified optical loops, with phase modulation and 10 gerado por um laser trabalhando em regime contı́nuo é mo-
GHz spectral spacing between subcarriers. The systems were dulado por um, ou mais moduladores, em fase, em amplitude
numerically simulated and were able to generate between 79 to ou em polarização, sendo aceito também suas combinações.
90 subcarriers with power levels of -10 to 5 dBm for an input A referência [2] propõe alguns sistemas utilizando laços
power of 0 dBm and with flatness of 2.4 to 7.4 dB with a minimum ópticos com moduladores para aumentar o número de raias
OSNR of 30 dB.
geradas. Tipicamente moduladores de fase cascateados com
Keywords—Subcarrier generator, phase modulator, optical
loop.
moduladores em intensidade podem ser utilizados para geração
de subportadoras. Em [3] três moduladores cascateados, dois
de fase e um de intensidade, foram utilizados para gerar
I. I NTRODUÇ ÃO
65 raias com planicidade espectral (flatness) de 10 dB e
A crescente demanda por largura de banda dos últimos anos espaçamento entre raias de 10 GHz.
principalmente em ambientes corporativos, aliada ao aumento A geração de subportadoras podem ser alcançadas pelo
do número de computadores pessoais e celulares com acesso a uso de moduladores em loops ópticos amplificados em série,
rede mundial de computadores (Internet), consumindo serviços com modulação de fase. Em [4] são usados dois moduladores
de multimı́dia tem sobrecarregado as redes de comunicações Mach-Zehnder (MZM - Mach-Zehnder modulator) cascate-
ópticas. Uma solução proposta para resolução desse problema ados e foram capazes de gerar 51 raias. Moduladores de
é melhorar o uso da banda disponı́vel. fase (PM - phase modulator) também podem ser usados para
As redes multiplexadas por divisão de comprimento de produção de subportadoras, tem como vantagem o tamanho
onda (WDM - wavelength division multiplexing) possuem uma reduzido e não necessidade de controle da polarização [7].
limitação em relação a alocação fixa de banda, não permitindo Em [5] um PM é utilizado para gerar 29 raias, espaçadas de
usar a banda não ocupada. As redes ópticas elásticas (EON - 10 GHz com flatness de 5 dB. Em [6] foi usada uma Grade
elastic optical network) permitem melhores aproveitamentos de Bragg como meio dispersivo entre dois PMs para gerar 61
destes espectros fazendo uso de slots que possibilitam a raias, espaçadas de 25 GHz e com flatness de 8 dB. Em [7],
alocação quase que contı́nua, separadas apenas pelo que [1] três PMs foram cascateados para gerar 53 raias espaçadas de
define como banda de guarda. 12.5 GHz e com flatness de 10 dB.
Formam as EONs vários subsistemas, sendo que um deles Neste trabalho, são apresentados três sistemas geradores de
chamado transponder, apresenta grande flexibilidade, entre subportadoras ópticas utilizando loops ópticos amplificados
outras funções, além de possibilitar alterar o número de em série com moduladores de fase baseados em [8]. Esse
subportadoras no intuito de atender diferentes capacidades. artigo foi organizado como se segue: na Seção II são descritos
Segundo [2] as subportadoras são geradas por um conjunto os hardwares óticos de cada um dos três sistemas propostos

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

para geração de subportadoras ópticas; na Seção III descreve- Sistema 1, sendo que o sinal de saida de BS1 é introduzido
mos a metodologia para simulação numérica de cada sistema no segundo loop realimentado pelo BS2, o qual apenas o
descrito na Seção II, bem como a análise dos resultados amplifica e atrasa, mas sem ser modulado. E esse processo
obtidos numericamente e a comparação dos resultados com de inteferência dupla (em BS1 e BS2) em série se repete
os sistemas similares existentes na literatura; finalmente, na indefinidamente.
Seção IV são apresentadas as conclusões.
II. S ISTEMAS G ERADORES DE S UBPORTADORAS Ó PTICAS
Neste trabalho, os três sistemas propostos foram baseados
em um sistema gerador de harmônicas de um sinal de rádio
frequência (RF) senoidal em [8] e utilizam loops ópticos
amplificados e com moduladores de fase. Cada loop óptico
funciona, basicamente, como um ressonador em anel de fibra
óptica com acoplador balanceado e que pode ser interconec- Figura 2. Sistema 2 - aparato óptico composto de componentes interligados
tado em “série” com outro similar. por fibra óptica monomodo (OF) com: um modulador de fase (PM), dois
O primeiro sistema proposto (Sistema 1), mostrado na Fig. divisores de feixes (BS’s), um diodo laser (LD), dois amplicadores ópticos
(EDFA’s) com ganho de 35 dB, um analisador de espectro óptico (OSA) e
1, utiliza um divisor de feixe (BS - beam splitter) de quatro um gerador de rádio frequência (RF).
portas balanceado, tendo duas portas inferiores interconectadas
através de uma fibra óptica monomodo (OF - optical fiber) Já o terceiro sistema proposto (Sistema 3), mostrado na
com um amplificador de fibra dopada com érbio (EDFA - er- Fig. 3, difere do Sistema 2 por apresentar um segundo PM
bium doped fiber amplifier) cascateado com um PM, formando (PM2) no segundo loop de realimentação, que é alimentado
um loop óptico de realimentação amplificado e modulado em pelo mesmo sinal de RF que o do PM1. O funcionamento do
fase. Sistema 3 é semelhante ao do Sistema 2.
Na Fig. 1, o sinal gerado CW por um diodo laser (LD - laser
diode) é dividido em dois no BS, metade do sinal óptico que
segue pela porta superior do BS é detectado pelo analisador de
espectro óptico (OSA - optical spectrum analyzee), enquanto
a outra metade do sinal óptico é introduzido no loop de
realimentação, sendo amplificado e modulado em fase com
um sinal de RF senoidal de 10 GHz ao atravessar o PM,
e é novamente introduzido no BS e sofre interferência com
sinal CW emitido pelo LD, repetindo infinitamente o processo
devido o loop de realimentação. Figura 3. Sistema 3 - aparato óptico composto de componentes interligados
por fibra óptica monomodo (OF) com: dois moduladores de fase (PM’s), dois
divisores de feixes (BS’s), um diodo laser (LD), dois amplicadores ópticos
(EDFA’s) com ganho de 35 dB, um analisador de espectro óptico (OSA) e
um gerador de rádio frequência (RF).

III. S IMULAÇ ÕES E A N ÁLISE DE R ESULTADOS


Os sistemas propostos neste trabalho foram simulados nu-
mericamente através do software OptiSystem [11]. No soft-
Figura 1. Sistema 1 - aparato óptico composto de componentes interligados ware, uma iteração representa um instante capturado pelo
por fibra óptica monomodo (OF) com: um modulador de fase (PM), um divisor equipamento de medição.
de feixes (BS), um diodo laser (LD), um amplificador óptico (EDFA) com Os sistemas propostos possuem laços de realimentação, com
ganho de 35 dB, um analisador de espectro óptico (OSA) e um gerador de
rádio frequência (RF). isso, mais iterações devem ser realizadas para levar em conta a
realimentação do sinal nos laços ópticos. Em iteração, o sinal
O segundo sistema proposto (Sistema 2), mostrado na óptico é capturado pelo equipamento de medição (OSA) e
Fig. 2, conta com um segundo BS para formar um segundo amostrado em uma curva de potência óptica por comprimento
loop óptico de realimentação. Semelhante ao Sistema 1, as de onda. Com o objetivo de aproximar ao máximo de sistemas
duas portas inferiores do BS2 são utilizadas para formar um reais, foram geradas 400 iterações e a partir destas obteve-se
segundo loop óptico que, neste caso, contém apenas uma OF a potência média por comprimento de onda.
e um EDFA. No Sistema 1 os componentes ópticos são interligados com
Assim, o primeiro loop óptico de realimentação em BS1 é OF de 30 cm de comprimento, nos sistemas 2 e 3 com OF de
ligado ao segundo loop óptico de realimentação no BS2 em 45 cm.
série, enquanto a outra porta superior do BS2 é conectada ao A Tabela I exibe os demais parâmetros utilizados na
OSA. O loop de realimentação do BS1 funciona como o do simulação de cada sistema.

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Tabela I
PAR ÂMETROS DOS SISTEMAS PROPOSTOS.

Componente Parâmetro Valor Unidade


LD Potência 0 dBm
LD Frequência 193.1 THz
PM Frequência 10 GHz
BS Coef. acoplamento 0,5
OF Comprimento 30 cm
OF Comprimento 45 cm
EDFA Ganho 35 dB
EDFA Ruido 3 dB

Foram usados, para análise de desempenho dos sistemas


propostos e para comparação com os sistemas similares exis-
tentes, os seguintes parâmetros: números de raias geradas, o
flatness médio e a OSNR média (relação entre a potência
média de pico das raias geradas e o ruı́do médio na base do
pente de raias).
Figura 4. Gráfico da variação da potência média de saı́da do Sistema 1 em
Os comportamentos das potências ópticas nas saı́das em função do comprimento de onda.
função dos comprimentos de ondas obtidos a partir das
simulações dos sistemas 1, 2 e 3 são apresentados nas figuras
4, 5 e 6, respectivamente.
A Fig. 4 mostra que o Sistema 1 foi capaz de gerar de 87
a 90 raias com potência média por raia de 5 dBm e 0 dBm,
respectivamente, com espaçamento de 10 GHz e largura de
banda total em torno de 890 GHz. Foram obtidos no Sistema
1 uma flatness de 2.4 e 7.2 dB para uma relação sinal-ruı́do
óptica (OSNR - optical signal to noise ratio) de 35 e 30 dB,
respectivamente.
A Fig. 5 exibe as 79 e 83 raias geradas pelo Sistema 2 com
uma potência média de saı́da de 5 e 0 dBm, flatness de 2.6 e
7.4 dB, e OSNR de 35 e 30 dB, respectivamente.
Enquanto na Fig. 6, observa-se que o Sistema 3 gerou 83
e 88 raias com flatness de 2.6 e 7.3 dB para uma OSNR de
35 e 30 dB, com potência média de sáida de -5 e -10 dBm,
respectivamente.
A Tabela II mostra o desempenho dos sistemas propostos
para diferentes nı́veis médios de potências de saı́da.
Figura 5. Gráfico da variação da potência média de saı́da do Sistema 2 em
Tabela II função do comprimento de onda.
COMPARATIVOS ENTRE OS SISTEMAS 1, 2 E 3.

Sistema Potência Nº raias Flatness OSNR com os sistemas 1 e 2, é o mais eficiente dos três sistemas
1 5 dBm 87 2.4 dB 35 dB
por apresentar uma OSNR maior quanto a potência média do
1 0 dBm 90 7.2 dB 30 dB
2 5 dBm 79 2.6 dB 35 dB sinal de saı́da.
2 0 dBm 83 7.4 dB 30 dB A Tabela III exibe um comparativo entre sistemas geradores
3 -5 dBm 83 2.6 dB 35 dB de OFCs existentes na literatura com os sistemas propostos.
3 -10 dBm 88 7.3 dB 30 dB
Apesar dessas técnicas atingirem seus objetivos, elas preci-
sam de equipamentos e componentes especiais, e os projetos
Com base na Tabela II, dos três sistemas propostos, o ópticos se tornam complexos, sensı́veis e caros, com isso
Sistema 1 apresenta maior simplicidade para implementação e o Sistema 1 apresenta melhor desempenho entre os demais
para o mesmo nı́vel médio de potência de saı́da (5 dBm), comparado na Tabela III.
foi capaz de gerar mais raias que o Sistema 2, além de Os sistemas 1, 2, [5] e [9] utilizam apenas um PM, todavia,
possuir uma flatness menor. Quanto ao Sistema 3, apesar de os sistemas 1 e 2 apresentam maior número de raias e menor
apresentar maior complexidade quanto ao aparato óptico e flatness que [5] e [9]. Já os sistemas utilizados em [6] e [10]
menor potência média de saida por raia gerada em comparação apresentam maior custo, pois em [6] utilizam dois PMs e um

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(CAPES) - Código de Financiamento 001, foi suportado


parcialmente pela Universidade Federal do Ceará - UFC Via
afastamento parcial processo SEI 23067.000767/2020-11 e
agradecemos ao IFCE pela possibilidade de uso da versão
licenciada do software OptiSystem®.
R EFER ÊNCIAS
[1] M. Jinno, H. Takara, B. Kozicki, Y. Tsukishima, Y. Sone, and S.
Matsuoka, “Spectrum-efficient and scalable elastic optical path network:
architecture, benefits, and enabling technologies,” IEEE communications
magazine, vol. 47, no. 11, 2009.
[2] Imran, M.; Anandarajah, P. M.; Kaszubowska-Anandarajah, A.; Sambo,
N.; Poti, L. A survey of optical carrier generation techniques for
terabit capacity elastic optical networks. IEEE Communications Surveys
Tutorials, IEEE, v. 20, n. 1, p. 211–263, 2018.
[3] A. J. Metcalf, V. Torres-Company, D. E. Leaird, and A. M. Weiner,
“High-power broadly tunable electrooptic frequency comb generator,
”IEEE Journal of Selected Topics in Quantum Electronics, vol. 19, no.
6, pp. 231–236, 2013.
[4] J. K. Hmood, S. D. Emami, K. A. Noordin, H. Ahmad, S. W. Harun, and
Figura 6. Gráfico da variação da potência média de saı́da do Sistema 3 em H. M. Shalaby, “Optical frequency comb generation based on chirping
função do comprimento de onda. of mach–zehnder modulators,” Optics Communications, vol. 344, pp.
139–146, 2015.
[5] M. Yamamoto, Y. Tanaka, T. Shioda, T. Kurokawa, and K. Higuma,
LD de 9 dBm e [10] um LD de 10 dBm, ambos mais potentes “Optical frequency comb generation using dual frequency optical phase
modulation,” in Integrated Photonics Research and Applications, p.
do que utilizados nos sistemas propostos (0 dBm). Os aparatos ITuF5, Optical Society of America, 2005.
ópticos utilizados em [3] e [7] apresentam maior complexidade [6] Yamamoto, T.; Komukai, T.; Suzuki, K.; Takada, A. Multicarrier light
e maior custo, pois utilizam três PMs cada, além de gerarem source with flattened spectrum using phase modulators and dispersion
medium. Journal of Lightwave Technology, IEEE, v. 27, n. 19, p.
menor número de raias. 4297–4305, 2009.
[7] Zhang, J.; Yu, J.; Tao, L.; Fang, Y.; Wang, Y.; Shao, Y.; Chi, N. Gene-
Tabela III ration of coherent and frequency-lock optical subcarriers by cascading
COMPARATIVO ENTRE SISTEMAS GERADORES DE OFC. phase modulators driven by sinusoidal sources. Journal of Lightwave
Technology, IEEE, v. 30, n. 24, p. 3911–3917, 2012.
Gerador Nº raias Banda Flatness OSNR [8] S. T. de Oliveira, A. S. Moura and J. B. R. Silva, ”Optical setups
Sistema 1 87 10 GHz 2.4 dB 35 dB to generate harmonic RF signals using dual optical loop and phase
Sistema 2 79 10 GHz 2.6 dB 35 dB modulation,”2015 SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and
Sistema 3 83 10 GHz 2.6 dB 35 dB Optoelectronics Conference (IMOC), Porto de Galinhas, 2015, pp.1-4.
[3] 65 10 GHz 10 dB - [9] Costa, L. P. S. e Silva, J. B. R.. Sistemas Geradores de Subportadoras
[10] 64 10 GHz - 40 dB Ópticas Baseados em MZI com Modulador de Fase. In: XXXVI
[9] 61 10 GHz 12 dB 30 dB Simpósio Brasileiro de Telecomunicações e Processamento de Sinais,
[6] 61 25 GHz 8 dB 61 dB 2018, Campina Grande - PB. SBrT 2018, 2018. v. 1. p. 868-870.
[7] 53 12,5 GHz 10 dB 40 dB [10] Usman M. Design of 64 channels and 640 Gb/s long-reach bidirec-
[5] 29 10 GHz 5 dB - tional DWDM-PON. Microw Opt Technol Lett. 2020;62:1017–1027.
https://doi.org/10.1002/mop.32163.
[11] Optiwave Systems Inc. Optiwave: Photonic software ©2020. Página
inicial. Disponı́vel em: https://optiwave.com/. Acesso em: 23 de set.
de 2020.
IV. C ONCLUS ÕES
Neste trabalho foram propostos três sistemas que utilizam
modulação de fase com realimentação óptica para geração de
subportadoras ópticas na faixa de 1550 nm. O primeiro sistema
proposto é capaz de gerar 87 raias com uma potência média
de 5 dBm, enquanto o segundo sistema proposto gera 79 raias
com uma potência média de 5 dBm. Ambos com um laser
de 0 dBm e amplificador com ganho de 35 dB. O primeiro
sistema foi capaz de gerar raias com uma flatness média de
2.4 dB contra 2.6 dB do segundo e 2.6 dB do terceiro sistema,
com uma OSNR mı́nima de 30 dB. Esses sistemas apresentam
vantagens quanto a simplicidade e eficiência em comparação
aos sistemas similares existentes na literatura e podem ser
utilizados em redes WDM, EON, rádio sobre fibra (RoF).
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior - Brasil

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Geração de Subportadoras Ópticas usando Loops em


Paralelo e Modulação de Fase
João P. da Fonseca Neto1 José Danilo da S. Nogueira2 João Batista R. Silva3
Email: joaofonseca88@gmail.com Email: josedanilo@ufc.br Email: joaobrs@ufc.br
Departamento de Engenharia de Teleinformática 1,2,3

Universidade Federal do Ceará


Fortaleza - CE

Resumo— Nesse trabalho são apresentados três novos packet switching) [3] e OVC (optical virtual concatenation)
sistemas para geração de subportadoras ópticas, na banda C, [4].
baseados em loops ópticos amplificados, com modulação de fase
e espaçamento espectral de 10 GHz entre subportadoras. Por Existem vários subsistemas dentro das redes EON. Um
meio de simulação numérica dos sistemas propostos, foi possível desses dispositivos se chama transponder flexível que altera o
gerar de 89 a 107 subportadoras com níveis de potência de -20 a número de subportadoras ópticas para diferentes capacidades,
-10 dBm para uma potência de entrada de 0 dBm e com flatness dentre outras funções [1]. Com vários lasers, se podem gerar
de 6,1 a 9,2 dB com um OSNR mínimo de 30 dB. um conjunto de subportadoras, porém não iria ser eficiente do
ponto de vista econômico, já que seria necessário um laser
Palavras-Chave— Geração de subportadoras, modulador de para cada subportadora. Além disso, o espaçamento da
fase, pentes de frequência ópticas frequência não é igual. Portanto, outra solução para geração
.
de subportadoras seria através de técnicas de OFC (optical
Abstract— In this work, three new systems for the frequency combs) [5]. Uma OFC pode ser definida como uma
generation of optical subcarriers in the C band are presented, série de picos (linhas ou raias) espectrais discretos espaçados
based on amplified optical loops, with phase modulation and 10 igualmente (pente) [6]. Há vários parâmetros para se definir
GHz spectral spacing between subcarriers. Through numerical uma OFC, entre eles: faixa espectral livre (free spectral range
simulation of the proposed systems, it was possible to generate
- FSR), planicidade espectral (flatness), ruído de fase, OSNR
from 89 to 107 subcarriers with power levels of -20 to -10 dBm
for an input power of 0 dBm and with flatness of 6.1 to 9.2 dB
(optical signal to noise ratio), etc. Porém, os parâmetros a
with a minimum OSNR of 30 dB. serem usados são definidos a partir da aplicação [5].

Keywords— Subcarrier generation, phase modulator, optical Em Ujjwal et al. [7] são usados três EAMs (electro
frequency combs absorption modulator) em cascata guiados por um gerador
senoidal RF (radio frequency) e suas 3 harmônicas em f, f/2 e
I. INTRODUÇÃO f/4. EAMs têm algumas vantagens como alta taxa de extinção,
Com a crescente expansão das redes ópticas DWDM ultra velocidades de modulação, além de gerar pequenos
(dense wavelength division multiplexing), tanto no meio pulsos estáveis com poucas perdas. Com esse sistema foram
geradas 272 raias espaçadas por 2.5 GHz e variação de
corporativo quanto no público, requerem sistemas mais
potência menor que 1 dB (flatness). Em Xinying et al. [8]
robustos para atender essa grande demanda de banda larga
conseguiram, com um sistema de um EAM cascateado com
devido ao aumento de celulares e serviços de multimídia.
um modulador de fase (PM – phase modulator), 25 raias
Nesse processo, nem sempre os meios físicos podem ser
espaçadas por uma banda de guarda de 12,5 GHz e flatness de
substituídos e, portanto, novos sistemas ópticos devem
3 dB.
oferecerem alternativas para esses impedimentos.
Em Sousa et al. [9] são usados 2 sistemas baseados em
Uma possível solução para esse obstáculo seria ampliar a
MZM (Mach-Zehnder modulator), ambos espaçados por 10
largura de banda sem alterar os meios físicos. Redes WDM
GHz, com o primeiro sistema apresentando 47 raias com
(wavelength division multiplexing), no entanto, não permitem
flatness de 7 dB e o segundo apresentando 61 raias com 12 dB
um rearranjo das bandas não ocupadas e é dita como alocação
de flatness. Já em Hmood et al. [10] dois MZM são usados em
fixa. Já as redes EON (elastic optical network) permitem um
cascata apresentando 27 raias com flatness menor que 1 dB.
melhor rearranjo do espectro de modo que a alocação das
portadoras são separadas apenas por uma banda de segurança, Pode se, ainda, gerar subportadoras através de
dessa forma, apresentam o uso do espectro bem mais eficiente moduladores de fase cascateados com moduladores de
[1]. Uma técnica para se melhorar a largura de banda efetiva intensidade (intensity modulator - IM). Em Yujie et al. [11]
de redes EON é a SLICE (spectrum-sliced elastic optical path o sistema apresenta dois modulares de fase e um modulador
network) [2] e várias abordagens tem sido apresentadas sobre de intensidade para gerar o pente de frequências. Foram
como transportar as informações, em super e sub bandas, geradas 29 raias com flatness de 1,5 dB com espaçamento de
através do domínio óptico, dentre elas temos OPS (optical 10 GHz. Em Metcalf et al. [12] o sistema é composto de três

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

moduladores de fase e um modulador de intensidade, gerando 40 cm de SMF. Assim, a luz emitida pelo LD circulará, no
65 raias com flatness de 10 dB e com espaçamentos iguais sentido horário, no trecho BS¹-BS² e, no sentido contrário, no
entre raias de 10 GHz. Em Rui Wu et al. [13] foram geradas trecho BS²-PM-EDFA, sofrendo múltipla modulação,
38 raias igualmente espaçadas por uma banda de guarda de amplificação e interferência, antes de ser detectado no OSA.
10 GHz e flatness menor que 1 dB.
Além dos sistemas já citados é possível, também, criar um
pente de frequências a partir de moduladores de fase
cascateados com moduladores de polarização (PolM -polari-
zation modulator). Em Cihai et al. [14] foram gerados 9, 11
e 13 raias com flatness de 1, 1,3 e 2,1 dB, respectivamente,
através de um sistema composto de PM cascateado por um
PoIM.
Usando apenas moduladores de fase em cascata se pode
gerar subportadoras. Esses moduladores são, geralmente,
elétrico-ópticos e o número de raias podem ser aumentados
colocando mais moduladores em cascata [5]. Em Zhang et al.
[15] são usados 3 PMs cascateados, em que os 2 primeiros
são guiados por um sinal RF de 25 GHz e o último por um
sinal de 12.5 GHz, para gerar 53 subportadoras com (a) Configuração óptico do Sistema I.
espaçamento entre elas de 12.5 GHz e flatness menor que 10
dB. Em Yamamoto et al. [16] é usado uma grade de Bragg
(FBG - fiber Bragg grating) para a dispersão do meio ao
invés de uma fibra dispersiva longa convencional além de
dois moduladores de fase para gerarem 61 raias espaçadas
igualmente por 25 GHz e flatness menor que 8 dB. Em
Yamamoto et al. [17] são usados dois PMs para gerarem 29
raias com flatness menor que 5 dB e espaçadas por 10 GHz.
Essa pesquisa apresenta três sistemas baseados em loop
com moduladores de fase cascateados com realimentação
óptica para geração de subportadoras ópticas. Para tanto,
organizou se da seguinte forma: na Seção II é apresentado e
descrito cada um dos três sistemas propostos para geração de
subportadoras na banda C; na Seção III é descrita a (b) Configuração óptico do Sistema II.
metodologia usada para simular os sistemas propostos, são
apresentados os resultados obtidos para cada sistema e
comparados com os existentes na literatura; e, por fim, na
Seção IV, apresenta se as conclusões.

II. SISTEMAS ÓPTICOS


Os sistemas propostos nesse artigo são baseados em um
sistema gerador de harmônicas de um sinal RF senoidal em
[18] e são constituídos de loops com acopladores ópticos
balanceados (BS - beam sppliter) cascateados e moduladores
de fase. Cada loop (anel) óptico tem como funcionamento
básico similar a um ressonador em anel de fibra óptica com
acoplador balanceado e interconectados em “paralelo”.
No Sistema I, apresentado na Fig. 1(a), um diodo laser
(c) Configuração óptico do Sistema III.
(LD - laser diode) é interligado diretamente ao primeiro BS
(BS¹), e uma porta deste é conectado a um analisador de Fig. 1. Configurações ópticas dos sistemas propostos para geração de
espectro óptico (OSA – optical spectrum analyzer) para subportadoras ópticas (DL: laser diodo, BS: divisor de feixe, PM: modulador
visualização das raias geradas. As demais portas do BS¹ são de fase, EDFA: amplificador de fibra dopada com érbio, OSA: analisador de
espectro óptico, RF: gerador de rádio de frequência).
conectadas a um segundo BS (BS²) e as portas restantes do
BS² são interconectadas entre si por meio de um modulador
de fase (que é alimentado por um gerador de RF) em série No Sistema II, demonstrado na Fig. 1(b), difere do
com um amplificador de fibra dopada com érbio (EDFA - Sistema I, além do ganho introduzido pelo EDFA, por
amplifier erbium doped fiber). Os BS’s estão interligados acrescentar um terceiro BS entre os BS 1 e 2 do sistema I.
entre si com fibra monomodo (SMF - single mode fiber) de Nessa configuração, a luz emitida pelo LD circula, no sentido
20 cm de comprimento e com perdas de 0,2 dB/km, enquanto horário, nos trechos BS¹-BS² e BS³-PM-EDFA e, no sentido
o loop óptico (BS²-PM-EDFA) tem um comprimento total de anti-horário, no trecho BS²-BS³.

72
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Enquanto no Sistema III, em comparação ao Sistema I, foi


acrescentado um segundo PM em um dos lados entre os dois
BS´s e um segundo EDFA no outro lado, conforme mostrado
na Fig. 1(c). Ambos PM’s são alimentados pelo mesmo sinal
de RF e o ganho introduzido por cada EDFA é de 20 dB.
O sinal óptico da saída do Sistema I pode ser modelado
matematicamente pela expansão de Jacobi – Anger, que nos
dá a forma das harmônicas das subportadoras [15], como a
expressão abaixo:

𝐸𝑜𝑢𝑡 (𝑡) = 𝐸𝑜 exp(𝑗2𝜋𝑓𝑐 𝑡) exp(𝑗𝜋𝑅𝑠𝑖𝑛2𝜋𝑓𝑠 𝑡)


𝑛=1 𝛾 𝐽𝑛 (𝜋𝑅)exp [𝑗2𝜋(𝑓𝑐 + 𝑛𝑓𝑠 )], (1)
= 𝐸𝑜 ∑+∞ 𝑛

(a) Sistema I: Varia de 89 a 107 raias, 8,0 a 9,2 dB de flatness e 30 a


onde: 𝐽𝑛 (𝜋𝑅) é uma função de Bessel de ordem n, R é a taxa 40 dB de OSNR para potência média de -10 a -20 dBm.
do sinal RF para meia onda, 𝑓𝑐 é a frequência da portadora e
𝑓𝑠 a frequência modulante do RF e  é ganho introduzido pelo
EDFA.
Na Tabela I, são apresentados os parâmetros usados nos
três sistemas. Tanto o laser, como o RF usado para modular
o sinal são os mesmos para os três sistemas, assim como o
BS. O que muda de um sistema para o outro, além da
configuração, é o ganho do EDFA.

TABELA I. Parâmetros usados na simulação do Sistema I, II e III.


Componente Parâmetros
Potência óptica: 0 dBm
Laser (LD) Frequência: 193,1 THz
Largura de linha: 10 MHz
Divisor de feixe (BS) Coef. de acoplamento: 0.5
(b) Sistema II: Varia de 95 a 101 raias, 6,5 a 7,0 dB de flatness e
Modulador de fase (PM) RF: 10 GHz
30 a 40 dB de OSNR para potência média de -10 a -20 dBm.
Ganho: 25 dB
EDFA Sistema I
Ruído dinâmico: 3 dB
Ganho: 35 dB
EDFA Sistema II
Ruído dinâmico: 3 dB
Ganho: 20 dB
EDFA Sistema III
Ruído dinâmico: 3 dB
Fibra Óptica Monomodo (SMF) Atenuação: 0,2 dB/km

III. METODOLOGIA E RESULTADOS


Os três sistemas propostos foram simulados
numericamente usando o software OptiSystem® [19]. Para
cada sistema, foram realizadas 400 iterações, devidos os
loops ópticos, e capturadas as últimas 100 amostras do nível
de potência (dBm) do sinal capturados no OSA em função do ‘
comprimento de onda (nm). A Fig. 2 mostra a potência média (c) Sistema III: Varia de 99 a 107 raias, 6,1 a 6,8 dB de flatness e 30 a
40 dB de OSNR para potência média de -10 a -20 dBm.
em função do comprimento de onda para cada um dos três
sistemas propostos. Fig. 2. Potência média de saída em função do comprimento de onda para
o (a) Sistema I, (b) Sistema II e (c) Sistema III.
Foram considerados os seguintes requisitos para
qualificação quanto ao desempenho dos sistemas propostos: TABELA II. Resultados obtidos no Sistema I.
número de raias geradas, flatness máximo de 10 dB e OSNR
de, no mínimo, de 30 dB. Devido ao ruído amplificado pelo Potência [dBm] Raias Flatness [dB] OSNR [dB]
-10 89 8,0 40
EDFA se revelar na base dos pentes ópticos apresentados na
-15 97 8,4 35
Fig. 2, foi feito uma média para esse ruído, assim como para -20 107 9,2 30
o flatness. O Sistema I foi capaz de gerar de 89 a 107 raias,
espaçadas igualmente por 10 GHz, com flatness variando de
8,0 a 9,2 dB para uma OSNR de 40 a 30 dB. O número de TABELA III. Resultados obtidos no Sistema II.
raias geradas, flatness e a OSNR por potência média por raia Potência [dBm] Raias Flatness [dB] OSNR [dB]
são descritos na Tabela II. A banda ocupada pelo OFC variou -10 95 6,5 40
de 890 GHz a 1,07 THz. -15 99 6,8 35
-20 101 7,0 30

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TABELA IV. Resultados obtidos no Sistema III, III foram geradas entre 99 e 107 raias com flatness de 6,1 a
Potência [dBm] Raias Flatness [dB] OSNR [dB] 6,8 dB e OSNR de 40 a 30 dB. Em comparação com outros
-10 99 6,1 40 sistemas apresentados na literatura, os três sistemas propostos
-15 103 6,4 35 têm a vantagem por serem mais simples na implementação,
-20 107 6,8 30 uma quantidade de raias considerável e com OSNR alta.

V. AGRADECIMENTOS
Enquanto o Sistema II foi capaz de gerar entre 95 e 101
raias com flatness de 6,5 e 7,0 dB, respectivamente, como O presente trabalho foi realizado com apoio da
mostrado na Tabela III. No Sistema III foram geradas entre Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
99 e 107 raias com flatness de 6,1 a 6,8 dB, conforme descrito Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001 e
na Tabela IV. O espaçamento, assim como OSNR, são os agradecemos ao IFCE pela possibilidade de uso da versão
mesmo que o Sistema I. A banda ocupada pelo OFC máximo licenciada do software OptiSystem®.
do Sistema II e do Sistema III foi de 1,01 THz e de 1,07 THz,
respectivamente. REFERÊNCIAS
O Sistema I, embora seja o mais simples dos 3, apresentou [1] B. C. Chatterjee, N. Sarma and E. Oki, "Routing and Spectrum
a mesma quantidade de raias que o Sistema III para um menor Allocation in Elastic Optical Networks: A Tutorial," in IEEE
Communications Surveys & Tutorials, vol. 17, no. 3, pp. 1776-1800,
nível de potência média por raia (-20 dBm). Porém o Sistema thirdquarter 2015, doi: 10.1109/COMST.2015.2431731.
III apresentou um flatness bem mais reduzido. Já o Sistema [2] M. Jinno, H. Takara, B. Kozicki, Y. Tsukishima, Y. Sone and S.
II, com a adição de um loop extra, conseguiu gerar mais de Matsuoka, "Spectrum-efficient and scalable elastic optical path
100 raias com um flatness menor em comparação com o network: architecture, benefits, and enabling technologies," in IEEE
Sistema I, inferior a 7 dB. Communications Magazine, vol. 47, no. 11, pp. 66-73, November
2009, doi: 10.1109/MCOM.2009.5307468.
A Tabela V apresenta um quadro comparativo entre os [3] S. J. B. Yoo, "Optical Packet and Burst Switching Technologies for the
três sistemas propostos com os sistemas apresentados em Future Photonic Internet," in Journal of Lightwave Technology, vol.
24, no. 12, pp. 4468-4492, Dec. 2006, doi: 10.1109/JLT.2006.886060.
[15], [16] e [17]. O Sistema [15] necessitou de um arranjo
[4] M. Tomizawa et al., "Terabit LAN with optical virtual concatenation
bem mais complexo do que os sistemas propostos nesse for Grid applications with super-computers," OFC/NFOEC Technical
trabalho para obter uma OSNR 10 dB maior e metade do Digest. Optical Fiber Communication Conference, 2005., Anaheim,
número de raias ao Sistema I, II e III. Em [15] foram usados CA, 2005, pp. 3 pp. Vol. 4-, doi: 10.1109/OFC.2005.192935.
três PM´s e um LD de 14 dBm, enquanto o Sistema I e II [5] M. Imran, P. M. Anandarajah, A. Kaszubowska-Anandarajah, N.
usaram um PM com um LD de 0 dBm, tornando-os menos Sambo and L. Potí, "A Survey of Optical Carrier Generation
Techniques for Terabit Capacity Elastic Optical Networks," in IEEE
dispendiosos em relação ao de [15]. O Sistema III e [16] usam Communications Surveys & Tutorials, vol. 20, no. 1, pp. 211-263,
dois PM´s, entretanto, o Sistema [16] tem uma potência do Firstquarter 2018, doi: 10.1109/COMST.2017.2775039.
LD em torno de 9 dBm em relação a 0 dBm do Sistema III. [6] Torres Company, Victor & Weiner, Andrew, “Optical frequency comb
Além disso, o Sistema III gera em torno de 40 raias a mais technology for ultra-broadband radio-frequency photonics,” Laser &
Photonics Reviews, 8, doi: 10.1002/lpor.201300126.
que o Sistema [16], porém o Sistema [16] apresentou em
[7] Ujjwal, Thangaraj, J. “Generation of ultra-wide and flat optical
torno de 30 dB a mais de OSNR. Essas OSNR’s maiores dos frequency comb based on electro absorption
Sistemas [15] e [16] em comparação aos apresentados nessa modulator,” Optoelectron. Lett. 14, 185–188, 2018, doi:
pesquisa podem ser justificadas pela potência do laser dos 10.1007/s11801-018-7246-3.
Sistemas [15] e [16] serem bem mais elevadas. Já o Sistema [8] Xinying, li & Xiao, Jiangnan, “Flattened optical frequency-locked
[17] possui apenas um PM assim como o Sistema I e II, multi-carrier generation by cascading one EML and one phase
modulator driven by different RF clocks,” Optical Fiber Technology,
porém, o Sistema [17], apesar de obter um melhor flatness 23, 2015, doi: 10.1016/j.yofte.2015.03.003.
entre todos os sistemas analisados, foi capaz de gerar menos [9] Costa, L. P. S. e Silva, J. B. R.. “Sistemas Geradores de Subportadoras
que 1/3 do número de raias geradas pelo Sistema I, II e III. Ópticas Baseados em MZI com Modulador de Fase,” In: XXXVI
Simpósio Brasileiro de Telecomunicações e Processamento de Sinais,
TABELA V. Quadro comparativo entre sistemas geradores de OFC. v. 1. p. 868-870, 2018, doi: 10.14209/SBRT.2018.270.
[10] J. K. Hmood, S. D. Emami, K. A. Noordin, H. Ahmad, S. W. Harun,
Sistemas Raias Espaçamento Flatness OSNR and H. M. Shalaby, “Optical frequency comb generation based on
Sistema I 107 10 GHz 9,2 dB 30 dB chirping of mach–zehnder modulators,” Optics Communications, vol.
Sistema II 101 10 GHz 7,0 dB 30 dB 344, pp. 139–146, 2015, doi: 10.1016/j.optcom.2015.01.054.
Sistema III 107 10 GHz 6,8 dB 30 dB [11] Y. Dou, H. Zhang and M. Yao, "Generation of Flat Optical-Frequency
[15] 53 12.5 GHz 10 dB 40 dB Comb Using Cascaded Intensity and Phase Modulators," in IEEE
[16] 61 25 GHz 8 dB 61 dB Photonics Technology Letters, vol. 24, no. 9, pp. 727-729, May1, 2012,
[17] 29 10 GHz 5 dB - doi: 10.1109/LPT.2012.2187330.
[12] A. J. Metcalf, V. Torres-Company, D. E. Leaird and A. M. Weiner,
"High-Power Broadly Tunable Electrooptic Frequency Comb
IV. CONCLUSÕES Generator," in IEEE Journal of Selected Topics in Quantum
Neste trabalho foram propostos três sistemas inéditos para Electronics, vol. 19, no. 6, pp. 231-236, Nov.-Dec. 2013, Art no.
geração de subportadoras ópticas baseados em loops ópticos 3500306, doi: 10.1109/JSTQE.2013.2268384.
em paralelo com modulação de fase na banda C. Foram [13] Rui Wu, V. R. Supradeepa, Christopher M. Long, Daniel E. Leaird,
and Andrew M. Weiner, "Generation of very flat optical frequency
analisados os números de raias geradas com níveis de potência combs from continuous-wave lasers using cascaded intensity and phase
média de -10, -15 e -20 dBm. O Sistema I apresentou entre 89 modulators driven by tailored radio frequency waveforms," Opt.
e 107 raias com flatness de 8,0 e 9,2 dB e OSNR de 40 a 30 Lett. 35, 3234-3236, 2010, doi: 10.1364/OL.35.003234.
dB. Já o Sistema II apresentou entre 95 e 101 raias para [14] Cihai Chen, Chao He, Dan Zhu, Ronghui Guo, Fangzheng Zhang, and
flatness de 6,5 e 7,0 dB com OSNR de 40 a 30 dB. No Sistema Shilong Pan, "Generation of a flat optical frequency comb based on a

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cascaded polarization modulator and phase modulator," Opt. Lett. 38,


3137-3139, 2013, doi: 10.1364/Ol.38.003137.
[15] J. Zhang et al., "Generation of Coherent and Frequency-Lock Optical
Subcarriers by Cascading Phase Modulators Driven by Sinusoidal
Sources," in Journal of Lightwave Technology, vol. 30, no. 24, pp.
3911-3917, Dec.15, 2012, doi: 10.1109/JLT.2012.2203096.
[16] T. Yamamoto, T. Komukai, K. Suzuki and A. Takada, "Multicarrier
Light Source With Flattened Spectrum Using Phase Modulators and
Dispersion Medium," in Journal of Lightwave Technology, vol. 27, no.
19, pp. 4297-4305, Oct.1, 2009, doi: 10.1109/JLT.2009.2023368.
[17] M. Yamamoto, Y. Tanaka, T. Shioda, T. Kurokawa, and K. Higuma,
"Optical Frequency Comb Generation Using Dual Frequency Optical
Phase Modulation," in Integrated Photonics Research and
Applications/Nanophotonics for Information Systems, Technical
Digest (Optical Society of America, 2005), paper ITuF5., doi:
10.1364/IPRA.2005.ITuF5.
[18] S. T. de Oliveira, A. S. Moura and J. B. R. Silva, "Optical setups to
generate harmonic RF signals using dual optical loop and phase
modulation," 2015 SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and
Optoelectronics Conference (IMOC), Porto de Galinhas, 2015, pp. 1-
4, doi: 10.1109/IMOC.2015.7369226.
[19] Optiwave Systems Inc. Optiwave: Photonic software ©2020. Página
inicial. Disponível em: < https://optiwave.com/>. Acesso em: 22 de set.
de 2020.

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Circuito Eletrônico de Front-End para Interrogação


de um Sensor Óptico de Índice de Refração
Andre Dias Sousa*, Ulisses Carneiro*, Carolina Vannier+, Maria Aparecida G Martinez*
Departamento de Engenharia Eletrônica, CEFET/RJ, Rio de Janeiro, Brasil.
Departamento de Física, CEFET/RJ, Rio de Janeiro, Brasil.
maria.martinez@cefet-rj.br

Resumo — Este artigo apresenta o desenvolvimento de um Os sensores SMS são baseados no fenômeno de
circuito eletrônico de front-end para interrogação de um sensor interferência multimodal, que ocorre devido a interferência de
óptico de índice de refração. O elemento sensor é baseado em modos de propagação excitados em um comprimento de fibra
interferência dos modos de propagação através de uma fibra multimodo. Os modos de propagações excitados na seção
óptica multimodo emendada em ambos os lados a fibras
monomodo. Foi utilizado como fotodetector um fotodiodo PIN
multimodal, apresentam um padrão de interferência, que
com sensitividade de 0,9 A/W @ 1550 nm, e fotocorrente na faixa depende com diâmetro, perfil de índice de refração da seção e
de 21 nA a 1,4 µA para 15V de polarização. O circuito eletrônico comprimento da seção da fibra multimodo [4].
desenvolvido condiciona o sinal proveniente do fotodetector, Neste trabalho, um circuito eletrônico de front-end para
aplicando ganho linear entre 76 e 501 e compensação de offset para interrogação de um sensor �ptico, do tipo SMS, para medida de
fins de calibração. Um microcontrolador PIC18F4550 adquire índice de refração �desenvolvido. Na seção II são descritos o
amostras do sinal a uma taxa de ≈ 500 Hz através de seu conversor sensor, o projeto do circuito de front-end, os processos de
A/D, e calcula o valor médio e o desvio padrão do conjunto das condicionamento do sinal, e de pr� -calibração. Os resultados e
últimas 512 amostras. Os resultados são exibidos em um Display conclusões são discutidos nas seções III e IV, respectivamente.
LCD e transmitidos através de interface serial para um
microcomputador. O custo de montagem do circuito de front-end
é da ordem de US$ 60.
II. MATERIAIS E MÉTODOS
Keywords — Instrumentação Eletrônica; Sensor Óptico;
Interferência Multimodal. A. Sensor SMS
O sensor SMS é montado a partir da emenda das pontas de uma
I. INTRODUÇÃO fibra sem núcleo multimodo com 125 um de diâmetro a duas
Um sensor transdutor é um dispositivo capaz de detectar e fibras monomodo. A seção multimodo do sensor é exposta ao
responder a algum parâmetro do ambiente físico, convertendo mensurando – soluções com diferentes concentrações de
um tipo de energia em outro. Os transdutores sensores podem etilenoglicol, consequentemente diferentes índices de refração
ser construídos para medir diferentes quantidades físicas, – que produzem uma alteração no padrão de interferência dos
químicas ou biológicas [1]. modos de propagação. Esse padrão de interferência modula a
A tecnologia de sensor de fibra óptica apresenta vantagens resposta de frequência do feixe óptico transmitido através da
como imunidade a interferências eletromagnéticas, isolamento fibra.
elétrico, baixo peso e flexibilidade quando comparada a outras O comprimento da seção multimodo dos sensores SMS de
tecnologias. Durante o desenvolvimento do sensor, este é 58 mm foi calculado para garantir um pico de potência de
usualmente interrogado analisando-se o comportamento do interferência construtiva dominante dentro da largura de banda
espectro de saída do sensor em um OSA (Optical Spectrum da fonte de LED superluminescente - SLD (1500 ~ 1650 nm),
Analyser). No entanto, para fins práticos, é necessário que é o comprimento da auto-imagem [2] a 1550 nm. As 12
desenvolver instrumentação de baixo custo e portátil para soluções com diferentes concentrações de etilenoglicol foram
interroga-lo. preparadas e o índice de refração verificados no refratômetro
Técnicas de interrogação para sensores de temperatura, tipo ABBE (RTA-100), e utilizada como mensurando. Os
vibração e tensão mecânica baseados em FBG (Fiber Bragg índices de refração das soluções variam de 1,346 até 1,4065. O
Gratings) são vastamente investigadas na literatura utilizando circuito de interrogação foi testado utilizando-se o aparato
filtros de borda ópticos e detecção da potência [2]. No entanto, experimental mostrado na Fig.1. A saída da fonte SLD
para sensores do tipo SMS (singlemode - multimode - (Thorlabs S5FC1005S) passa pelo sensor SMS, e na sequência
singlemode) soluções práticas e de baixo custo na interrogação por um acoplador 99/1. A porta direta, 1-2, e a porta acoplada,
dos mesmos são pouco exploradas, embora estes tenham sido 1-3, do acoplador óptico (OC) são conectadas na entrada do
utilizados como como filtro de borda na interrogação de OSA (JDSU MTS 6000) e do circuito de interrogação,
sensores FBG [3]. respectivamente.

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99%
SLD oc OSA
1% FOTODIODO PIN
& CIRCUITO DE
A FRONT-END

99%
SLD oc OSA
1% FOTODIODO PIN
Resistor Shunt
& CIRCUITO DE
B FRONT-END

Fig.1 Aparato experimental para teste do circuito de interrogação A – sem o Fig. 2. Circuito de polarização do fotodetector e condicionamento do sinal
sensor SMS; B – com o sensor SMS. analógico.

B. Circuito de Front-End
O circuito de front-end do interrogador usado nesse projeto realimentado com ganho negativo unitário para permitir,
é representado de forma simplificada na Fig. 2. A fotocorrente através de seu terminal não inversor, a sobreposição de um nível
produzida por um fotodiodo reversamente polarizado atravessa de tensão constante à saída do amplificador de instrumentação.
um resistor shunt. A queda de tensão produzida no resistor O objetivo deste arranjo é compensar o offset intrínseco ao
shunt é aplicada na entrada diferencial de um amplificador de sensor antes da digitalização do sinal, otimizando o intervalo
instrumentação. Após esse estágio, um amplificador dinâmico do conversor A/D. Estes dois ajustes permitem a
operacional é utilizado para compensação do offset. calibração linear (dois parâmetros) do intervalo dinâmico
Utilizou-se um fotodiodo PDCS985 PIN com sensibilidade global do circuito eletrônico de front-end. Outro trimpot
típica de 0,9 A / W como fotodetector, com polarização reversa permite, opcionalmente, ajustar a tensão de fundo de escala do
de 15 Volts. Um resistor shunt de 47 kOhm colocado em série conversor A/D. Colocou-se um total de seis capacitores de
com o ânodo do fotodiodo fornece um sinal de nível de tensão desacoplamento AC para garantir a estabilidade das linhas de
de alta impedância, proporcional à fotocorrente reversa. alimentação. O diagrama elétrico do circuito front-end é
Um amplificador de instrumentação INA128 está conectado mostrado na Fig. 3.
ao resistor de shunt em modo diferencial, garantindo o máximo
cancelamento de ruído. O amplificador de instrumentação é
capaz de aplicar um ganho ajustável de 76 a 501 V/V. C. Processamento do Sinal Condicionado
Para facilitar a reprodutibilidade do experimento e posterior O sinal de saída do circuito do front-end é digitalizado a
análise dos resultados, o ganho é configurado através da seleção cada 1 ms pelo PIC18F4550, que normaliza o sinal para a tensão
de um dos quatro resistores fixos de precisão, acessíveis por um de 5V, que é o fundo de escala do A/D. Após 512 amostras o
jumper seletor. A quinta posição do seletor permite, ainda, o uso microcontrolador calcula a média e o desvio padrão, e logo em
de um trimpot multivoltas para a seleção de qualquer ganho ao seguida envia o valor 0 ≤ 𝜇 ≤ 1 para o display LCD e para um
longo de todo o intervalo disponível. Foi utilizado um computador via interface UART. A Fig. 4 ilustra o algoritmo
amplificador operacional de ultra-baixo ruído OPA-27 implementado no microcontrolador.

Fig.3 Diagrama esquemático do circuito de front-end do interrogador

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Função de Interrupção A solução do sistema é:


INÍCIO
Início da Interrupção 𝑉𝑖𝑚𝑎𝑥 𝑉𝑜𝑚𝑎𝑥 − 𝑉𝑖𝑚𝑖𝑛𝑉𝑜𝑚𝑖𝑛
Processa Média e Desv. 𝑉𝑏 = , (7)
Padrão das 512 amostras 2∆𝑉𝑖
Leitura do A/D e ∆𝑉𝑜
SETUP - Inicialização de atualização do Buffer 𝐺= . (8)
variáveis e configuração. ∆𝑉𝑖
Atualiza Display LDC

N = 512 Sim No caso aqui estudado 𝑉𝑖𝑚𝑎𝑥 e 𝑉𝑖𝑚𝑖𝑛 são valores medidos
? Transmite Aquisição
pela Interface UART
quando o sensor SMS é exposto aos valores de menor e maior
Não índice de refração, respectivamente. Portanto ∆𝑉𝑖 é fixo. ∆𝑉𝑜 é
Função de Interrupção
executada a cada 1ms
N= N+ 1 N= 1 escolhido desde que seja menor que 𝑉𝑅𝐸𝐹 = 5 𝑉, que é a
excursão máxima que o conversor A/D do microcontrolador
Fim da Interrupção suporta. É importante que a excursão ∆𝑉𝑜 seja a maior possível
para aproveitar ao máximo a resolução do conversor A/D,
Fig. 4. Fluxograma do processo realizado pelo PIC18F4550 porém é uma boa prática deixar uma margem de segurança para
garantir que a leitura do circuito não sature acidentalmente
D. Procedimento de Pré-Calibração (saturação é quando a tensão de saída foge do intervalo de 0 a 5
A relação entre a queda de tensão no resistor de shunt e a V, não sendo convertido pelo conversor A/D). Escolhemos uma
tensão de saída a ser convertida, que pode ser chamada de reta excursão de 60% do valor total, desde 20% até 80%. O
de calibração, é dada por [3]: fluxograma detalhado do procedimento de pré-calibração é
mostrado na Fig. 6.
𝑉𝑜 = 2𝑉𝑏 − 𝐺𝑉𝑖 , (1)
onde 𝑉𝑜 é a tensão a ser convertida, 𝑉𝑏 é a tensão aplicada na III. RESULTADOS
entrada não inversora do OPA27GP e 𝑉𝑖 é a queda de tensão Os primeiros testes no circuito de interrogação foram
sobre o resistor de shunt e 𝐺 é o ganho dado pelo INA128P. A realizados utilizando-se o aparato experimental mostrado na
calibração do circuito consiste em ajustar os valores de 𝑉𝑏 , Fig. 1A. O circuito de interrogação foi configurado com a
através do potenciômetro R23 da Fig. 3, e 𝐺 através da resistência de ganho em aberto (G = 1) e, depois que a fonte foi
expressão: ligada, o offset foi ajustado até que o circuito começasse a
𝐺 = 1+
50𝑘Ω
, (2) registrar valores no display. A Fig. 7 mostra a leitura de saída
𝑅𝐺
do circuito por aproximadamente 1 hora, período em que a fonte
onde 𝑅𝐺 é a resistência entre os pinos 1 e 8 do INA128P. O foi desligada (aos 60 minutos) e ligada novamente (aos 80
processo de calibração é feito através da excursão 𝑉𝑖 e 𝑉𝑜 que minutos). Observa-se dispersão na leitura do circuito, as quais
são definidos da seguinte forma: podemos atribuir a flutuações de potência da fonte óptica.
∆𝑉𝑖 = 𝑉𝑖𝑚𝑎𝑥 − 𝑉𝑖𝑚𝑖𝑛 , (3) A Fig. 8 explora o comportamento do circuito para
diferentes correntes de alimentação da fonte SLD. A fonte
∆𝑉𝑜 = 𝑉𝑜𝑚𝑎𝑥 − 𝑉𝑜𝑚𝑖𝑛 . (4) opera para correntes de alimentação que variam de 300 mA a
Dados os valores de 𝑉𝑖𝑚𝑎𝑥 ,
e 𝑉𝑖𝑚𝑖𝑛 , 𝑉𝑜𝑚𝑎𝑥
que são os 𝑉𝑜𝑚𝑖𝑛 , 600 mA. O aumento da corrente aumenta a potência média de
valores de entrada para o processo de calibração do circuito, os saída da fonte, e as flutuações em torno do comprimento de
valores de 𝐺 e 𝑉𝑏 desejados são obtidos solucionando o sistema onda de 1550 nm. Esta característica é visível na Fig. 8, onde se
de equações: identificam três patamares, em torno de 0,6832, 0,6822 e
0,6812, para correntes de polarização da fonte de 300 mA, 500
𝑉𝑜𝑚𝑖𝑛 2 −𝑉𝑖𝑚𝑎𝑥 𝑉𝑏 mA e 600 mA, respectivamente. Lembramos que, de acordo
[ 𝑚𝑎𝑥 ] = [ ][ ] . (5)
𝑉𝑜 2 −𝑉𝑖𝑚𝑖𝑛 𝐺 com a Eq. 1, um aumento na potência detectada leva a uma
diminuição da tensão lida pelo circuito.

Início da Colocar líquido de maior Tomar Nota da Tensão Colocar líquido de menor Tomar Nota da Tensão
Feito? Feito?
Pré-Calibração Índice de Refração VI_Mínimo sobre RSHUNT Índice de Refração Si m VI_Máximo sobre RSHUNT
Si m
Nã o Nã o

Obter intervalo dinâmico Encontrar ganho ideal: Ajustar GREAL (jumper) Ajustar R23 de modo µ DISP. Tomar Nota da Tensão Fim da
ΔVIN = VI_Máximo - VI_Mínimo GIDEAL = ΔVOUT / ΔVIN GIDEAL ≥ GREAL que µ DISPLAY = 2 x 10 -1 2x10 -1 ? Vb no ponto TP8 Pré-Calibração
Si m
Nã o
VREF
Intervenção no Set-Up Óptico
Ajuste Manual no Circuito
ΔVOUT = 60%VREF
Medição com Multímetro
0 20% 80% 100%

Fig. 6: Processo de pré-calibração realizado nesse experimento

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Ajuste Linear
y = a + b*x

Fig. 7: Leitura do circuito para a fonte SLD ligada (fundo verde) e desligada Fig. 9. Valor médio das leituras do circuito de interrogação em função do
(fundo azul). índice de refração, indicado o desvio padrão à direita das medidas.

IV. CONCLUSÕES
Um circuito eletrônico de front-end para interrogar um
sensor de índice de refração modal-métrico foi projetado,
fabricado e caracterizado. O circuito foi testado ligado
diretamente na fonte banda larga, por dezenas de minutos, para
diferentes valores de corrente de alimentação da fonte. A
flutuação da fonte diminuiu com o aumento da corrente. A
calibração do sensor foi realizada e apresentou resultado linear
com coeficiente de determinação de 0,99938 para índices de
refração entre 1,333 e 1,394.

ACKNOWLEDGMENTS
Este trabalho deve apoio do Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação Científica – Edital PIBIC 2019 (CNPq-CEFET/RJ).

Fig. 8 Leitura do circuito para corrente de 300 mA (fundo verde), 500 mA REFERENCES
(fundo azul) e 600 mA (fundo laranja) na fonte SLD .
[1] Shizhuo Yin, Paul B. Ruffin, Francis T.S. Yu, eds., Fiber optic sensors, 2nd
ed., Taylor & Francis, 2008, pp. 28-31.
Na sequência, realizaram-se testes de calibração do sensor, [2] Shizhuo Yin, Paul B. Ruffin, Francis T.S. Yu, eds., Fiber optic sensors, 2nd
utilizando o aparato da Figura 1B. Primeiro foi realizado o ed., Taylor & Francis, 2008, pp. 257-264.
processo de pré-calibração explicado na seção 2.4 segundo o [3] Hatta, A. M. Singlemode-Multimode-Singlemode Optical Fibre Structures
fluxograma da Fig. 8. O ganho foi ajustado para 252,5 V/V e a for Optical Sensing. Doctoral Thesis, Technological University Dublin.
2009, doi:10.21427/D7TP5F
tensão de offset (Vb) foi ajustada em 6,935 V. A fonte SLD foi [4] Qiang Wu, Yuliya Semenova, Pengfei Wang, and Gerald Farrell, "High
ligada com uma corrente de 300 mA. Os valores médios de sensitivity SMS fiber structure based refractometer – analysis and
tensão normalizada no circuito e respectivo desvio padrão experiment," Opt. Express 19, 7937-7944 (2011)
medidos são mostrados na Fig. 9. O coeficiente de determinação [5] Soldano, L.B.; Pennings, E.C.M. “Optical multi-mode interference devices
R2 é de 0,99938 para os índices de refração de 1,333 a 1,394. A based on self-imaging: Principles and applications”. J. Lightw. Technol.
leitura do circuito saturou antes de chegar ao valor de maior 1995, 13, 615–627, doi:10.1109/50.372474
[6] INA12x Precision, Low-Power Instrumentation Amplifiers, Dispon� vel
índice de refração. O maior valor percentual de desvio padrão em: < http://www.ti.com/lit/ds/symlink/ina128.pdf>. Acesso em: 06 de
relativo à média é de cerca 0,5%, para o menor índice de refração dezembro de 2019
medido.

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Sensor de Índice de Refração à Fibra Óptica


Heteronúcleo com Estrutura MSM
Hebio Junior Bezerra de Oliveira, Allamys Allan Dias Jehan Fonsêca do Nascimento
da Silva, Joaquim Ferreira Martins Filho Núcleo Interdisciplinar de Ciências Exatas e da Natureza -
Departamento de Eletrônica e Sistemas - DES NICEN
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Universidade Federal e Pernambuco - UFPE
Recife, Brasil Caruaru, Brasil
hjfisica@gmail.com; jfmf@ufpe.br Jehan.nascimento@ufpe.br

Resumo— No presente trabalho, apresentamos a investigação ser também monitoradas através de medidas da mudança do
de um sensor de índice de refração simples, pequeno, compacto e índice de refração [15]. Portanto, apesar dos avanços na medição
de alta sensibilidade composto por uma fibra óptica com de parâmetros físicos e químicos, existe ainda uma necessidade
heteronúcleo (hetero-core) de estrutura MSM (Multimodo- de ferramentas confiáveis de detecção que garantam
Monomodo-Multimodo). A estrutura é formada por duas fibras sensibilidade, rapidez, análise simples e acessível. Ferramentas
multimodos idênticas (MMF) unidas nas duas extremidades de de detecção confiáveis, por exemplo, podem permitir a
uma seção da fibra monomodo (SMF) com comprimento de descentralização de diagnósticos seja clínico ou ambiental [15].
inserção L de 20 mm. Devido à diferença nos diâmetros dos
Sendo assim, os exemplos anteriores podem ser encontrados em
núcleos, a luz é guiada na região da casca da SMF, tornando o
sensores de fibra óptica com revestimento removido [16], fibras
dispositivo sensível ao índice de refração do meio externo. Esse
sensor é baseado na mudança do nível de potência transmitida
ópticas cônicas [17] e fibras de grades de Bragg (FBG) [18]
quando o índice refração externo é alterado. A medição do índice usadas como transdutores para aplicações na detecção de
de refração é demonstrada experimentalmente com a sensibilidade variações de índice de refração. No entanto, como as fibras
de -12,51 dB/UIR na faixa de índice de refração de 1,366 a 1,450 e ópticas limitam bem a onda de luz em sua região central, é
-7,31 dB/UIR na faixa de 1,322 a 1,366 com comprimento de onda necessário remover ou corroer a região de revestimento para que
operando em 1550 nm. o ambiente externo module o sinal óptico propagado no seu
núcleo. Essa remoção de revestimento apresenta processos de
Palavras-Chaves— sensor; fibra óptica; índice de refração; fabricação complexos, e que pode gerar rompimentos mecânicos
heteronúcleo. da fibra. Logo, as fibras de FBG, por exemplo, têm a construção
de perfis mais complexos e custosos para o monitoramento da
I. INTRODUÇÃO mudança de IR [18].
As técnicas de monitoramento à base de fibras ópticas São encontrados na literatura diversos trabalhos que utilizam
possuem vantagens de leveza, simplicidade, versatilidade, a estrutura MSM para a criação da região sensora [2, 4, 11], o
segurança, confiabilidade, medição distribuída e imunidade a domínio dessa estrutura é importante tanto do ponto de vista dos
interferências eletromagnéticas externas. Por isso, elas possuem custos de fabricação quanto do aprimoramento do perfil do
uma grande perspectiva de aplicação [1]. Além disso, o uso da elemento transdutor que melhor se adapte as condições exigidas
fibra óptica permite que os sinais sejam transmitidos por longas de sensoriamento para as mais diversas grandezas que se
distâncias com poucas perdas, possibilitando um sistema de pretende monitorar. A referência [4] apresenta um sensor à fibra
monitoramento remoto, além da capacidade da fibra óptica ter óptica com estrutura MSM, apontando as características de
certa resistência a ambientes hostis. Dessa forma, ela é adequada microcurvaturas do sensor investigadas do ponto de vista do uso
para uso em ambientes altamente controlados como usinas prático destinado ao monitoramento de deformações e a
nucleares ou químicas [2]. Atualmente, sensores à base de fibra detecção específica de líquidos.
óptica são utilizados para monitoramento de diversas grandezas Neste trabalho, avaliamos experimentalmente um sensor
e propriedades físicas e químicas como umidade [2], óptico de índice de refração a base de fibra óptica com
microcurvaturas [3, 4], deformações [5, 6], temperatura [7], heteronúcleo. A estrutura é construída alterando o diâmetro do
pressão [8] e de moléculas químicas [9], pH [10, 11], índice de núcleo num curto comprimento, da ordem de milímetros, no
refração [12-14] entre outros. enlace óptico, que é chamada de comprimento de inserção
Sensores de índice de refração baseados em fibra óptica são heteronúcleo, formando um perfil do núcleo da fibra com
um tema de pesquisa que vem crescendo cada vez mais nos estrutura MSM (Multimodo-Monomodo-Multimodo), de forma
últimos anos. A análise da mudança de índice de refração (IR) é que a luz, bem confinada na fibra de transmissão, é expandida
aplicável na indústria de produtos químicos, bebidas e parcialmente para a região da casca da fibra no comprimento de
alimentos, de forma que é possível controlar a qualidade no inserção, como resultado do vazamento da luz guiada na fibra
processo de fabricação [15]. Além disso, a recuperação de multimodo para a casca da fibra monomodo nas interfaces da
contatos moleculares, reações químicas e bioquímicas podem emenda heteronúcleo [19]. A luz propagando na casca da fibra

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monomodo pode ser influenciada pelo meio externo, e em Nos resultados, será mostrado que a estrutura SMS analisada
seguida, pode ser acoplada novamente ao núcleo da fibra neste trabalho, Fig. 1(b), não detecta alterações no índice de
multimodo que compõe o enlace [19]. Com essa técnica, é refração do meio externo, pois a luz bem confinada na fibra de
possível detectar alterações nas propriedades físicas fora da fibra transmissão se expande inteiramente para a região do núcleo do
sem remover ou afinar a casca da fibra. As características de comprimento de inserção heteronúcleo sem atingir o
desempenho do sensor são mostradas, nas quais as alterações de revestimento e, portanto, não é possível detectar alterações nas
índice de refração podem ser detectadas com precisão na faixa propriedades físicas fora da fibra sem remover ou afinar o
de 1 a 1,450. Uma mudança no índice de refração de 1,366 para revestimento, ao contrário da estrutura heteronúcleo MSM.
1,450 mostra a maior alteração na intensidade da luz transmitida.
O experimento também revela que o sensor desenvolvido tem
uma resposta rápida no tempo, contra uma ação de mudança no
índice de refração. Os resultados do experimento são discutidos
do ponto de vista das aplicações práticas.

II. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS

A. Materiais e Instrumentação
São utilizadas fibras ópticas monomodo (SMF) e multimodo
(MMF) comerciais, cujos diâmetros dos núcleos e revestimentos
(cascas) das fibras SMF e MMF são 8 e 125 µm, 62,5 e 125 µm,
respectivamente. Para emenda das fibras para confecção do
perfil heteronúcleo é utilizado um clivador e uma máquina de
fusão de fibra óptica (Fitel s178A). Por fim, para o experimento,
são utilizados os seguintes meios externos: ar, água destilada,
álcool isopropílico e óleo mineral isolante de transformador.
O sistema de medição consiste em uma fibra óptica de
transmissão conectada a uma fonte de luz (Laser), um analisador
de espectro óptico (OSA) e um computador. O laser opera no
comprimento de onda de 1550 nm com potência de 10 mW, e a
aquisição dos dados é realizada no computador, através da
interface GP-IB e LabVIEW.

B. Processo de Fabricação da Fibra Heteronúcleo


A montagem da estrutura do perfil heteronúcleo MSM
(Multi-Single-Multi) é mostrada esquematicamente na Fig. 1
(a), a estrutura é composta por uma fibra multimodo (MMF)
como meio de transmissão do sinal óptico e um segmento de
fibra monomodo (SMF) de comprimento L igual a 20 mm, como
interface de detecção. A inserção do segmento de fibra é
realizada por meio de fusão térmica após a clivagem de cada
extremidade da fibra com o clivador. Como o diâmetro do
núcleo da fibra óptica SMF é muito menor que o da MMF, a
maior parte da luz proveniente da fonte de luz (Laser) é
transmitida para a casca da fibra óptica, e pode ser influenciada
pela condição do limite externo da casca. Um outro segmento de Figura 1: Estrutura da: a) fibra Heteronúcleo MSM e b) fibra Heteronúcleo SMS.
fibra MMF é fundido ao segmento SMF, por onde parte da luz é
acoplada novamente ao núcleo da fibra [19]. Com essa técnica,
é possível detectar mudanças no índice de refração do meio III. SENSOR DE ÍNDICE DE REFRAÇÃO
externo sem remover, afinar ou adicionar camadas de polímeros A Fig. 2 ilustra a configuração experimental usada para
ou metais no revestimento do comprimento de inserção caracterizar o sensor de índice de refração em laboratório. Esse
heteronúcleo. A Fig. 1 (b) mostra o diagrama esquemático da sistema consiste numa fonte de luz sintonizável, usada para
estrutura da fibra de perfil heteronúcleo SMS (Single-Multi- emitir no comprimento de onda de 1550 nm, que é acoplada
Single). Essa montagem é análoga ao perfil heteronúcleo MSM. numa fibra MMF, cujo comprimento é de 10 m. No centro da
No entanto, a sua estrutura heteronúcleo SMS é formada por fibra MMF, uma porção heteronúcleo de 20 mm é inserida. A
dois prolongamentos de fibras monomodo (SMF) unidas nas mudança na intensidade da luz induzida pelas condições
duas extremidades de uma seção da fibra multimodo (MMF) externas em torno da região heteronúcleo é monitorada com o
com comprimento de inserção L de 20 mm. analisador de espectro óptico (OSA), Os dados de saída do
sensor de índice de refração foram gravados no computador
através da interface GP-IB e LabVIEW.

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Nesse experimento, são usadas amostras de líquidos, para ∆𝑃𝑜𝑝


simular diferentes índices de refração do meio externo em torno 𝑆= (1)
∆𝑛𝑒𝑥𝑡
da região sensora. Os líquidos usados para realizar o
experimento são água destilada, álcool isopropílico e óleo em que ∆𝑃𝑜𝑝 representa a variação da potência óptica transmitida
mineral isolante de transformador, e o ciclo de medidas é pela fibra, medida em dB, e ∆𝑛𝑒𝑥𝑡 representa a variação do
realizado de acordo com o esquema da Fig. 2. índice refração do meio externo no entorno da região
heteronúcleo.

IV. RESULTADOS E DISCUSSÕES


A Fig. 3 mostra as variações da potência óptica transmitida
no comprimento de onda de 1550 nm, usando o sensor de índice
de refração à base de fibra óptica heteronúcleo de estrutura
MSM, com comprimento de inserção L de 20 mm. Observa-se
que a potência transmitida pela fibra heteronúcleo diminui a
medida que o índice de refração do meio externo aumenta. Isso
se deve à redução da reflexão na interface casca-meio externo à
medida que o índice de refração do meio externo se aproxima do
índice de refração da fibra óptica (SiO2).

Figura 3: Resultado obtido para o sensor de índice de refração com estrutura


MSM seguindo o ciclo de medidas mostrado na Fig. 2.

Para a estrutura heteronúcleo SMS, cujo perfil é ilustrado na


Figura 2: Esquema do arranjo experimental para caracterização do sensor de
índice de refração e o ciclo de medidas.
Fig. 1 (b), os resultados são apresentados na Fig. 4.

O ciclo de medidas feito no experimento acontece da


seguinte forma; a primeira medição é realizada no ar, em seguida
é adicionada água destilada no recipiente onde fica região
sensora até que a fibra heteronúcleo fique completamente
submersa, quando é realizada a medição da potência óptica
transmitida pela heteronúcleo. Em seguida, retira-se a água
destilada do recipiente e é feita a secagem com um soprador
térmico para remover os resíduos líquidos. Após a secagem da
fibra, é adicionado álcool isopropílico no recipiente, onde está a
região sensora, e obtém-se nova medida da potência óptica
transmitida. Por fim, seguindo o mesmo procedimento
experimental das medições anteriores em meios líquidos, é feita
a secagem da região heteronúcleo, e, em seguida, é adicionado
no recipiente óleo mineral e obtêm-se também o valor da
potência óptica transmitida.
A sensibilidade do sensor para variações de índice de
refração do meio externo ao perfil heteronúcleo é descrita por: Figura 4: Resultado obtido para o sensor de índice de refração com estrutura
SMS seguindo o ciclo de medidas mostrado na Fig. 2.

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É possível observar que nenhuma variação na potência


óptica de transmissão é obtida para qualquer mudança de meio
externo no entorno da região sensora. Essa investigação mostra
que essa estrutura não é adequada para funcionamento como
sensor de índice de refração, a não ser que a casca da fibra MMF
seja removida por um processo químico ou através de processos
de polimento.
A Fig. 5 apresenta a perda de inserção, ou seja, a perda
inserida pelo dispositivo medida pela diferença em dB entre a
potência transmitida pela fibra multímodo sem heteronúcleo e a
potência transmitida pela fibra com heteronúcleo, em função do
índice de refração. A perda de sinal óptico transmitido aumenta
à medida que o índice de refração muda de 1 para 1,45.

Figura 6: Resposta óptica em tempo real do sensor quando exposto a variação do


meio externo.

É possível observar no resultado experimental que a


intensidade da luz atinge um mínimo de potência óptica e depois
permanece em um estado estacionário quando o sensor é exposto
aos líquidos, e atinge um máximo na intensidade da luz quando
exposto ao ar e depois permanece em um estado estacionário, o
que mostra o processo de equilíbrio do sistema.
A perda de sinal óptico transmitido aumenta à medida que o
índice de refração muda. A perda de transmissão aproximada
observada na medição feita na água em relação ao ar é de 0,32
dB e esse valor é superior ao da referência [3], enquanto a
Figura 5: Resultado obtido para a perda de inserção pelo dispositivo em função medição feita no álcool isopropílico em relação ao ar mostra
do índice de refração. uma perda de 0,56 dB, já a medição feita no óleo isolante em
relação ao ar apresentou perda de 1,61 dB.
A sensibilidade do sensor calculada utilizando (1), medida
em dB/UIR, com UIR – Unidade de Índice de Refração, é obtida A partir dos resultados apresentados na Fig. 6 podemos
para duas regiões da curva mostrada na Fig. 3. A primeira é a inferir que a resolução do sistema de detecção de variações de
região em que o meio externo muda da água destilada para o intensidade óptica é de 0,2 dB, o que corresponde a uma
álcool isopropílico, ou seja, para índices de refração entre 1 e resolução na determinação do índice de refração de
1,35, com sensibilidade de -7,31 dB/UIR. Já a segunda, é a aproximadamente 0,03 UIR. No entanto, acreditamos que essa
região em que o meio externo muda do álcool isopropílico para resolução possa ser melhorada se um sistema de medição de
o óleo isolante de transformador, ou seja, para variações de variações de intensidade mais sensível, usando fotodetectores,
índice de refração entre 1,35 e 1,45, com sensibilidade de -12,51 for usado.
dB/UIR, sendo, portanto, mais sensível nesta região.

A. Resposta Óptica do Sensor em Tempo Real


V. CONCLUSÕES
A Fig. 6 mostra o resultado experimental obtido a partir de
uma medição em tempo real com a alteração do meio externo ao Neste trabalho é realizada uma investigação experimental do
redor do sensor usando água destilada, álcool isopropílico e óleo sensor de índice de refração a base de fibra óptica heteronúcleo
isolante. O perfil temporal do sinal óptico à medida que o meio com estrutura MSM de comprimento de inserção L de 20 mm,
externo é alterado entre um estado de exposição ao ar e um operando com comprimento de onda de 1550 nm. A perda de
estado líquido, é obtido alternando manualmente o meio externo inserção mínima do dispositivo é de 2 dB. Regiões sensíveis
em ações sequenciais. A mudança na intensidade da luz seguiu foram detectadas com alteração na intensidade da luz de 0,32
as ações repetidas de mudança no meio externo, como dB, 0,56 dB e 1,61 dB a partir da mudança de meio externo, de
mencionado anteriormente, com o tempo de exposição de ar para água destilada, de ar para álcool isopropílico e de ar para
aproximadamente 80 s, quando o meio externo é alterado do ar óleo isolante, respectivamente. De acordo com os resultados
para os líquidos ou o inverso. experimentais, a sensibilidade do sensor de índice de refração é

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de -12,51 dB/UIR na faixa de 1,366 a 1,450 e -7,31 dB/UIR na [8] Y. Liu, L. Li, L. Zhao, J. Wang, T. Liu, “Research on a new fiber-optic
faixa de 1,322 a 1,366. axial pressure sensor of transformer winding based on fiber Bragg
grating.” Photonic Sensors, v. 7, n. 4, p. 365-371, 2017.
Devido à simplicidade de fabricação, pequena perda de [9] M. Benounis, N. Jaffrezic-Renault, J. P. Dutasta, K. Cherif, A.
inserção e boa sensibilidade, o sensor tem potencial para Abdelghani, “Study of a new evanescent wave optical fibre sensor for
aplicações diversas, inclusive em sistemas de sensoriamento methane detection based on cryptophane molecules.” Sensors and
Actuators B: Chemical, v. 107, n. 1, p. 32-39, 2005.
multiponto usando OTDR. Estudos para otimização do sensor,
[10] V. Semwal, B. D. Gupta, “Highly sensitive surface plasmon resonance
do comprimento da seção de fibra inserida, da estrutura da fibra based fiber optic pH sensor utilizing rGO-Pani nanocomposite prepared
inserida e de revestimentos na seção inserida fazem parte dos by in situ method.” Sensors and Actuators B: Chemical, v. 283, p. 632-
trabalhos futuros. 642, 2019.
[11] A. Seki, H. Katakura, T. Kai, M. Iga, K. Watanabe, “A hetero-core
structured fiber optic pH sensor.” Analytica Chimica acta, v. 582, n. 1, p.
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[12] X. Li, S. C. Warren-Smith, H. Ebendorff-Heidepriem, Y. Zhang and L.
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AGRADECIMENTOS and large dynamic range using a hybrid fiber interferometer.” Journal of
Lightwave Technology, v. 37, n. 13, p. 2954-2962, 2019.
Os autores agradecem à FACEPE, ao CNPq e à UFPE pelo
[13] Z. Liu, L. Liu, Z. Zhu, Y. Zhang, Y. Wei, Y. Zhang, J. Yang, L. Yuan,
apoio financeiro. “Dual-channel surface plasmon resonance refractive index sensor based
on modified hetero-core structure fiber.” Optics Communications, v. 403,
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2010. [15] K. E. Zinoviev, A. B. Gonzalez-Guerrero, C. Dominguez and L. M.
[2] S. Akita, H. Sasaki, K. Watanabe, A. Seki, “A humidity sensor based on Lechuga, “Integrated bimodal waveguide interferometric biosensor for
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“Refractive index sensor based on microstructured fiber Bragg grating.” Generation by Graphene Oxide Coatings onto Cladding-Removed
IEEE Photonics Technology Letters, v. 17, n. 6, p. 1250-1252, 2005. Multimode Optical Fiber.” IEEE Sensors Journal, v. 19, n. 15, p. 6187-
[4] K. Watanabe, K. Tajima, Y. Kubota, “Macrobending characteristics of a 6192, 2019.
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2000. with nanofilm by ALD.” Optics express, v. 23, n. 11, p. 13880-13888,
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Sensors Journal, v. 19, n. 14, p. 5665-5669, 2019. Refractive index and directional curvature sensing.” Optical Fiber
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backscattering based macrobending single mode fiber for distributed [19] A. Hosoki, M. Nishiyama, N. Sakurai, H. Igawa and K. Watanabe, “Long-
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346-350, 2017. Featuring Au/Ta 2 O 5/Pd/Pt Multilayer Films.” IEEE Sensors Journal, v.
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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Estimação da Velocidade de Motor de Indução


Trifásico via SVR com Base na Análise da
Deformação do Estator medida por FBG
Beatriz Brusamarelloa , Lucas Stanqueviskia , José Fabio Kolzerb , Jean Carlos Cardozo da Silva
Kleiton Morais Sousaa , Giovanni Alfredo Guarneria Programa de Pós-Graduação em Engenharia
a Elétrica e Informática Industrial - CPGEI
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica - PPGEE
b Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Departamento Acadêmico de Engenharia Elétrica - DAELE
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Curitiba PR - Brasil
Pato Branco PR - Brasil
Email: kleitonsousa@utfpr.edu.br

Resumo—O motor de indução trifásico é a máquina elétrica empregados para operar em velocidade variável, necessitavam
mais utilizada e difundida nos últimos tempos, principalmente de formas construtivas diferenciadas, tornando sua utilização
dentro do setor industrial. Devido ao avanço da eletrônica de inviável devido ao encarecimento da aquisição da máquina.
potência e as novas técnicas de controle de velocidade, sua
utilização tornou-se viável, permitindo sua aplicação em sistemas Somente com a evolução da eletrônica de potência em con-
que necessitam de variação de velocidade do motor. O presente junto com as novas estratégias de controle de velocidade os
estudo tem a finalidade de empregar a análise da deformação do motores de indução passaram a ser empregados em sistemas
estator, medida por meio de sensores de deformação baseados em com velocidade variável de forma satisfatória [3].
redes de Bragg em fibra óptica (fiber Bragg gratings- FBG), para Assim, é necessário desenvolver técnicas que permitam não
criar um estimador de velocidade de motor de indução trifásico
operando a vazio e em diferentes frequências de alimentação. só a medição de velocidade de motores elétricos, mas também
A deformação do estator é causada devido à forças mecânicas e o diagnóstico de falhas. Sousa et al. [4], apresentam a aplica-
eletromagnéticas. O motor utilizado para os ensaios possui quatro ção das redes de Bragg em fibra óptica (fiber Bragg gratings
polos e nele foram instalados dois sensores de deformação. O - FBG) para medição interna da deformação na superfície do
motor foi acionado por um inversor de frequência a 20 Hz, 30 estator e a influência a excentricidade na deformação dinâmica
Hz, 40 Hz, 50 Hz e 60 Hz. O estimador de velocidade proposto é
baseado na análise de regressão por vetores de suporte (Support do estator. Em [5], é apresentada a utilização da mesma
Vector Regression - SVR) e se apresentou eficiente, com um erro técnica para diagnóstico de falhas em rotores de motores de
absoluto máximo obtido equivalente a 0,23. indução. A partir da medição da deformação no estator os
Palavras-chave—Deformação do estator, estimador de veloci- autores diagnosticaram barras quebradas nos motores. Nesses
dade, motor de indução, redes de Bragg em fibra óptica, regressão trabalhos, além da condição de operação do motor é possível
por vetores de suporte.
determinar, pela deformação dinâmica do estator, a velocidade
de operação. A determinação das condições de operação do
I. I NTRODUÇÃO
motor de indução apresentadas em [4] e [5] são realizadas
Os motores elétricos são utilizados para conversão de inspecionando, de forma manual, as medições obtidas com os
energia elétrica em energia mecânica para acionar sistemas sensores ópticos. Entretanto, a utilização de uma técnica de
em diversas aplicações. Estima-se que a energia consumida reconhecimento de padrões facilita a análise e obtenção dos
por estes sistemas compreende entre 43% a 46% da energia resultados de interesse.
elétrica consumida mundialmente. Ademais, estima-se que As principais características das FBGs que justificam sua
no setor industrial, o consumo de energia destes motores utilização em conjunto com máquinas elétricas são a alta
represente aproximadamente 70% do montante total [1]. durabilidade, seu tamanho reduzido, são sensores passivos e
Entre as topologias de motores elétricos existentes, o mais portanto podem operar sem risco em atmosferas explosivas,
utilizado no setor industrial é o motor de indução. Isso possuem imunidade à interferência eletromagnética e possuem
advém principalmente de suas características, como robustez capacidade de multiplexar vários elementos sensores em uma
e simplicidade construtiva. Os motores de indução trifásicos única fibra [6].
também são bastante eficientes e a necessidade de manutenção A aplicação dos sensores FBG em máquinas elétricas para
é baixa. [2]. medições mecânicas e térmicas tem aumentado significativa-
Em contrapartida, o controle de velocidade desses motores mente. Em [7] é apresentada a medição de temperatura e
era insatisfatória, limitando sua aplicação somente em sis- vibração em um gerador de grande porte. Em [8] a FBG
temas de velocidade fixa. Os motores de indução, quando é empregada para realizar monitoramento térmico online da

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temperatura interna do enrolamento do estator em motores de pela componente de frequência fr e a componente de frequên-
indução gaiola de esquilo. Sousa et al. [9] aplicam sensores cia 2fr equivale ao dobro da velocidade do rotor. Ambas
FBG para medir vibrações em motores de indução operando componentes dependem do número de polos no motor. Já a
sem carga. Em [10], FBGs são utilizados no monitoramento componente 2fs é relacionada com a força eletromagnética
térmico de pontos quentes em máquinas síncronas de imã no entreferro e depende apenas da frequência da fonte de
permanente para detecção de falhas de enrolamento de circuito alimentação. As outras componentes de frequência, 2fs ± fr
aberto. e 2(fs ± fr ), são uma combinação entre a velocidade do rotor
Portanto, este artigo apresenta a estimação de velocidade e a frequência da fonte de alimentação [4].
de um motor de indução de quatro polos utilizando a técnica Com base em (1) é possível concluir que a excentricidade
de instrumentação apresentada em [4]. A medição é realizada dinâmica produz frequências de forças adicionais e, como
utilizando sensores FBG de deformação que foram instalados consequência, a deformação do estator apresentará as mesmas
dentro do motor, entre dois dentes do estator. A principal frequências [4]. O estimador de velocidade proposto visa
contribuição deste trabalho é a estimação de velocidade, feita estimar a frequência fr .
a partir da técnica regressão de vetores de suporte (Support
III. M ATERIAIS E M ÉTODOS
Vector Regression - SVR).
A técnica SVR tem sido aplicada satisfatoriamente em A. Análise de Regressão por Máquinas de Vetores de Suporte
diversos problemas relacionados aos motores de indução, O principal objetivo da análise de regressão é estimar o valor
como, por exemplo, diagnóstico de falhas e monitoramento de uma função para um ponto qualquer a partir de um conjunto
da condição da máquina para manutenção [11], [12]. de treinamento. Assumindo que um conjunto de treinamento
(xi ,yi ) ⊂ X × <, em que X representa o conjunto de vetores
II. C OMPONENTES DE F REQUÊNCIA DA D EFORMAÇÃO DO de entrada e y é o valor de saída da função desejada. Os
E STATOR DE M OTORES DE I NDUÇÃO valores de yi podem assumir qualquer valor real [15].
Em um motor concêntrico ideal, em que a distância entre Máquina de vetores de suporte (Support Vector Machine -
o estator e o rotor da máquina é uniforme, as forças radiais SVM) é um algoritmo de aprendizagem supervisionado que
são canceladas e a força resultante que atua entre dois corpos executa análise de dados e reconhecimento de padrões utiliza-
cilíndricos é zero. Isso resulta em uma frequência de vibração dos principalmente para classificação e análise de regressão. É
igual ao dobro da frequência de operação da fonte de alimen- fundamentado na Teoria de Aprendizado Estatístico, proposta
tação [4], [13]. por Vapnik em 1995 [16].
Entretanto, caso a distância entre o estator e o rotor não A SVM surgiu da necessidade de encontrar uma solução
seja uniforme, falhas de excentricidade ocorrem [14]. Na para o problema de overfitting, situação na qual são obtidos
ocorrência de falha de excentricidade no motor, sua simetria baixos erros no conjunto de treinamento e erros elevados no
mecânica é alterada, causando a variação de suas indutâncias e conjunto de teste. Dentre as vantagens da SVM, é possível citar
o desbalanceamento do fluxo magnético girante no entreferro. a boa capacidade de generalização, eficiência computacional,
O desbalanceamento do fluxo magnético causa o aparecimento robustez em dados com grandes dimensões e teoria bem
de harmônicos no espectro da corrente de linha do motor [2], definida [16], [17].
[13]. As forças magnéticas e mecânicas que atuam no motor Inicialmente, a SVM foi desenvolvida somente para apli-
de indução são expressas por (1). cações de classificação binária, mas foi rapidamente adaptada
para resolver problemas de regressão. O emprego dos vetores
de suporte para regressão é conhecido como SVR [16].
1
F (ϕ, t) = (B p )2 cos (4πfs t + 2pϕ) Problemas de estimação estão sujeitos a alta não lineari-
2µ0 S dade e variáveis aos efeitos negativos causados por valores
+BSp−1 BSp+1 cos (4πfr t − 2ϕ) discrepantes do vetor de entrada. A SVR tem se mostrado um
+BSp BSp−1 cos (2πfr t + 2pϕ) algoritmo eficiente para esse tipo de aplicação.
+BSp−1 BSp cos [(4πfs + 2πfr )t − ϕ] A SVR é fundamentada na computação da função de
regressão em um espaço de características de alta dimensão,
+BSp+1 cos [(4πfs − 2πfr )t − ϕ] no qual os dados de entrada são mapeados por meio da
+(BSp+1 )2 cos [2(2πfs + 2πfr )t − 2(p + 1)ϕ] reprodução de uma função-núcleo (kernel). Isso proporciona
+(BSp−1 )2 cos [2(2πfs − 2πfr )t − 2(p + 1)ϕ] (1) uma solução ao problema de dimensionalidade, transformando
dados não lineares no espaço dimensional original, para dados
em que BSp depende da permeabilidade magnética no vácuo, lineares em um espaço dimensional maior. Possibilitando a
da densidade de corrente linear, número de polos do motor e solução do problema por meio de um algoritmo linear no
da distância do entreferro. Já BS± depende também do grau da espaço transformado [15].
excentricidade dinâmica. Os demais termos da equação estão
definidos em [4], [14]. B. Medição da Deformação do Estator
As componentes de frequência da deformação do estator Para a medição da deformação, dois sensores FBG de
são apresentadas em (1). A velocidade do rotor é determinada deformação multiplexados foram instalados dentro do motor,

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separados por um ângulo de 150◦ . A fibra óptica foi passada


entre a carcaça do motor e o núcleo do estator através da caixa 10
de conexão. Para medir a deformação do estator devido às

∆λB (pm)
forças descritas em (1), os sensores foram posicionados entre
os dentes do estator, pois a maior influência das forças ocorre 0
na direção axial [4], mesmo sentido do campo magnético
girante no entreferro. −10
A instalação das FBGs é feita fixando as duas extremidades
da região da fibra onde encontram-se as redes com uma cola 0 0.1
2 · 10−2 4 · 10−2 6 · 10−2 8 · 10−2
de cianoacrilato, como indicado na Figura 1. Os procedimen-
Tempo (s)
tos realizados para instalar as FBGs dentro do motor estão
apresentadas em [4].
As dificuldades de instalação das FBGs entre os dentes do
Figura 2. Sinal no tempo medido pela FBG.
estator devem-se principalmente ao pouco espaço disponível
no estator do motor, além das curvaturas necessárias para fazer
com que a fibra óptica saia pela caixa de ligação do motor. A D. Extração de Características
amplitude da deformação dos dentes do estator depende das
Os dados adquiridos pelo interrogador óptico foram expor-
características geométricas, do módulo de Young do material e
tados por meio do programa Catman Easy para o programa
da força magnética aplicada. Entretanto, para determinação da
MATLAB.
velocidade do motor não é de interesse determinar a amplitude
O primeiro passo após a coleta dos sinais é realizar o pré-
da deformação e sim a sua componente de frequência.
processamento dos mesmos. Neste trabalho optou-se por utili-
zar a Transformada Rápida de Fourier (Fast Fourier Transform
- FFT) para obtenção dos espectros de frequência.
Após a análise dos espectros de frequência e constatação da
presença das componentes de frequência esperadas de acordo
com (1) a extração de características é realizada.
A extração de características tem por objetivo reduzir a
dimensionalidade do espaço de características, garantindo um
menor custo computacional e melhor precisão nos resultados
obtidos. A partir da extração de características foi criado um
novo conjunto de amostras medidas, contendo apenas dados
de entrada essenciais para a solução do problema.
Figura 1. Posição das duas FBGs utilizadas para medição da deformação do Para o problema de estimação de velocidade, o vetor de
estator.
características é formado apenas com as componentes de
frequência citadas. A seleção destas frequências foi realizada
C. Arranjo Experimental
utilizando a detecção de picos.
O arranjo experimental é composto por um motor de indu- O ajuste da SVR é realizado dividindo o conjunto de
ção trifásico tipo rotor gaiola de esquilo, com potência nominal amostras em dois grupos: conjunto de treinamento e conjunto
de 5 cv e quatro polos, ligado em triângulo e operando a 220 V. de teste. O conjunto de treinamento deve conter a maioria
Um inversor de frequência, modelo Altivar 31, com capacidade das amostras. Esse conjunto é usado para modelar a SVR. Já
de operação de 5,5 kW/7,5 cv e 220/240 V. o conjunto de teste, composto pelo restante das amostras, é
A coleta dos comprimentos de onda dos sensores foi feita a usado para validar o modelo treinado.
partir de um interrogador óptico DI 410 e do programa Catman
Easy, ambos fabricados pela HBM. A taxa de amostragem E. Conjuntos de Treinamento e Teste
utilizada é de 1 kHz. Para cada frequência configurada no inversor foram cole-
Os dois sensores FBGs gravados na fibra instalada dentro do tadas 40 amostras. Após a extração de características, que
motor possuem comprimentos de onda equivalentes a 1532 nm resultou na seleção das componentes de frequência de inte-
e 1553 nm, respectivamente. A refletividade média das FBGs resse, foi possível separar as amostras entre os conjuntos de
é 75%. treinamento e de teste. Os ensaios foram realizados com seis
Os ensaios realizados consistiram na utilização do inversor frequências diferentes, totalizando 240 amostras. Optou-se por
para acionar e alterar a frequência de operação do motor. utilizar 80% das amostras para conjunto de treinamento e 20%
Foram mensuradas deformações no estator para as frequências para o conjunto de teste.
de 20 Hz, 30 Hz, 40 Hz, 50 Hz, 60 Hz e 70 Hz. Para os ensaios,
o motor operou a vazio. A Figura 2 apresenta o gráfico da F. Ajuste da SVR
variação do comprimento de onda de Bragg (∆λB ) medido A biblioteca libSVM (versão 3.24) [18] foi utilizada para
por uma FBG. ajustar o modelo da SVR no MATLAB. Antes do ajuste

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10.1
do modelo, é necessário definir alguns parâmetros. Esses

Frequência predita (Hz)


15.02

parâmetros são o tipo de núcleo e o custo C. 10.05


15
19.98
14.98
Para o estimador de velocidade proposto, o núcleo mais
10 14.96
adequado é o Gaussiano (RBF). Nesse núcleo, é necessário 19.98
14.94
determinar o parâmetro γ, que define o quanto uma única 9.95
10Hz 15Hz 20Hz
amostra influencia no treinamento. Os valores adequados de Frequência medida
C e γ foram determinados utilizando a técnica da busca em

Frequência predita (Hz)


25.02 30.05
grade (grid search). Os valores encontrados para C e γ são
34.98
1024 e 65,4×10−6 , respectivamente. 25
30.04

30.04 34.96
IV. R ESULTADOS E D ISCUSSÕES 24.98
30.03 34.94
A Figura 3 apresenta o espectro de frequência da defor- 25Hz 30Hz 35Hz
mação do estator quando o motor é alimentado com uma Frequência medida

frequência de 60 Hz. As componentes de frequência presentes


na Figura 3 podem ser associadas com a existência das Figura 4. Comparação dos valores medidos e previstos após o processo de
validação
componentes de frequência causadas pela forças mecânica e
magnética preditas em (1). As principais componentes em
frequência a serem analisadas são a componente em 120
pela excentricidade do rotor e, com velocidades menores, essa
Hz e a componente em 30 Hz. Uma vez que a frequência
componente em frequência tende a diminuir sua amplitude
de alimentação é de 60 Hz, isso faz com que exista uma
[4]. Contribui ainda para isso, a utilização do inversor de
componente no espectro da deformação em 120 Hz (dobro
frequência. O inversor introduz correntes não senoidais no
da frequência de alimentação). Para um motor de indução de
estator do motor, acarretando em problemas como oscilações
quatro polos operando a vazio, é esperado uma velocidade
de velocidade e o surgimento de torque parasita.
de 1800 rpm, ou 30 Hz, que também pode ser observado
Entretanto, tais fatos não influenciam nos resultados obtidos
na Figura 3. Na Figura 3 percebe-se a presença de duas
na estimação de velocidade. A realização da extração de
componentes de frequência além das definidas em (1): 40
características possibilitou identificar e selecionar apenas as
Hz e 160 Hz. Essas componentes estão relacionadas com
componentes de frequência mais significativas para o trei-
características mecânica do motor, mas não interferem na
namento da SVR. Além disso, mesmo nas frequências mais
estimação da velocidade do motor.
baixas, 20 Hz e 30 Hz, as componentes de interesse ainda estão
bem definidas. As características das FBGs, como imunidade
eletromagnética, boa relação sinal ruído e pequenas dimensões
contribuem para que seja possível a extração das informações
relevantes para o treinamento da SVR.
A SVR apresentou bons resultados para estimação de velo-
cidade do motor operando em diferentes frequências. A Figura
4 apresenta a comparação entre os valores das velocidades pre-
ditas e medidas para cada frequência de alimentação ensaiada.
Os valores são apresentados no formato gráfico de caixa, pois
ele possibilita a avaliação da distribuição dos dados obtidos.
A interpretação dos gráficos da Figura 4 é feita do seguinte
modo: a marca central indica a mediana dos valores estimados,
as bordas inferior e superior da caixa representam os percentis
25◦ e 75◦ , respectivamente. A haste vertical possui dois
Figura 3. Espectro de frequência da deformação do estator. marcadores, um inferior e um superior. O marcador inferior
representa o menor valor estimado enquanto que o marcador
Para as outras frequências de alimentação utilizadas neste superior representa o maior valor, desconsiderando os valores
trabalho, o resultado da deformação medido pelas FBGs será de discrepância. Caso existam valores discrepantes, eles são
similar, apenas com um fator de escala no eixo da frequência. representados pelo símbolo +.
Caso, por exemplo, a frequência de alimentação seja de 20 Hz, Ao analisar a Figura 4, é possível constatar que as veloci-
a componente fundamental da frequência estará localizada em dades estimadas possuem uma variação pequena. Além disto,
40 Hz e a componente em frequência associada à velocidade não existem valores discrepantes na predição das velocidades.
mecânica estará em 10 Hz. Um problema que pode ocorrer é A Tabela I apresenta a comparação dos valores das velocidades
uma diminuição na amplitude da componente de frequência medidas com a mediana de cada velocidade estimada. As
associada à velocidade mecânica. Isso ocorre porque a am- velocidades medidas foram obtidas pelo espectro de frequência
plitude dessa componente é associada a deformação causada de todos os sinais medidos, visto que uma das componentes

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

características do espectro é a frequência de operação do motor AGRADECIMENTOS


de indução fr . Foi utilizada a média dos valores amostrados O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação
para cada uma das frequências analisadas. de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil
(CAPES) - Código de Financiamento 001, do Conselho Na-
Tabela I cional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),
V ELOCIDADES M EDIDAS X V ELOCIDADES P REDITAS
da Fundação Araucária (FA) e da Financiadora de Estudos e
Freq. de Velocidade Velocidade Erro Projetos (FINEP).
Alimentação Medida Predita Absoluto
20 Hz 9,77 Hz 9,97 Hz 0,20 R EFERÊNCIAS
30 Hz 15,14 Hz 14,95 Hz 0,19
[1] P. Waide and C. U. Brunner, “Energy-efficiency policy opportunities for
40 Hz 20,02 Hz 19,98 Hz 0,04
electric motor-driven systems,” International Energy Agency Working-
50 Hz 24,90 Hz 25,01 Hz 0,11 Paper, Energy Efficiency Series, 2011.
60 Hz 30,27 Hz 30,04 Hz 0,23 [2] S. C. H. A. Toliyat, S. Nandi and H. Meshgin-Kelk, Electric machines:
70 Hz 35,16 Hz 34,97 Hz 0,19 modeling, condition monitoring, and fault diagnosis. CRC Press, 2012.
[3] W. L. Ganda, Análise da dinâmica acoplada de um motor de indução
trifásico montado sobre uma base elástica. PhD thesis, Universidade
É possível perceber que os valores estimados são bem Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, 2013.
próximos dos valores esperados. Isso comprova que a SVR [4] K. M. Sousa, U. J. Dreyer, C. Martelli, and J. C. Cardozo da Silva,
“Dynamic eccentricity induced in induction motor detected by optical
modela atendeu as expectativas esperadas no desenvolvimento fiber bragg grating strain sensors,” IEEE Sensors Journal, vol. 16, no. 12,
deste trabalho. Os resultados obtidos neste artigo mostram que pp. 4786–4792, 2016.
outros tipos de identificação de parâmetros podem ser feitas [5] K. M. Sousa, I. Brutkowski Vieira da Costa, E. S. Maciel, J. E. Rocha,
C. Martelli, and J. C. Cardozo da Silva, “Broken bar fault detection
a partir da medida de deformação do estator. Assim, como in induction motor by using optical fiber strain sensors,” IEEE Sensors
trabalhos futuros, estão a identificação de falhas utilizando Journal, vol. 17, no. 12, pp. 3669–3676, 2017.
SVR a partir da deformação dinâmica do estator. Essas falhas [6] P. Yin, P. B. Ruffin, and F. T. S. Yu, Fiber optic sensors (optical science
and engineering). CRC Press, 2008.
podem ser, por exemplo, falhas nos rolamentos, problemas de [7] U. J. Dreyer, F. Mezzadri, G. Dutra, T. da Silva, C. A. Bavastri, E. V.
excentricidade e falhas de barras quebradas no rotor. da Silva, C. Martelli, and J. C. C. da Silva, “Quasi-distributed optical
fiber transducer for simultaneous temperature and vibration sensing in
high-power generators,” IEEE Sensors Journal, vol. 18, pp. 1547–1554,
V. C ONCLUSÕES Feb 2018.
[8] A. Mohammed and S. Djurović, “Stator winding internal thermal
Neste artigo foi apresentado um estimador de velocidade de monitoring and analysis using in situ fbg sensing technology,” IEEE
um motor de indução trifásico utilizando vetores de suporte Transactions on Energy Conversion, vol. 33, no. 3, pp. 1508–1518, 2018.
[9] K. de Morais Sousa, U. J. Dreyer, C. Martelli, and J. C. C. da Silva,
de regressão baseado na análise da deformação dinâmica do “Vibration measurement of induction motor under dynamic eccentricity
estator. Para medição da deformação dinâmica do estador using optical fiber bragg grating sensors,” in 2015 SBMO/IEEE MTT-
utilizou-se dois sensores de deformação FBGs. Os resultados S International Microwave and Optoelectronics Conference (IMOC),
pp. 1–5, Nov 2015.
apresentados validam a viabilidade da combinação da SVR [10] A. Mohammed, J. I. Melecio, and S. Djurović, “Open-circuit fault
para problemas de estimação e a aplicação das FBGs para detection in stranded pmsm windings using embedded fbg thermal
sensoriamento da deformação do estator. Como as medições sensors,” IEEE Sensors Journal, vol. 19, no. 9, pp. 3358–3367, 2019.
[11] A. Soualhi, K. Medjaher, and N. Zerhouni, “Bearing health monitoring
foram realizadas internamente, na superfície do estator, os based on hilbert–huang transform, support vector machine, and regres-
resultados não tiveram influência de outros parâmetros me- sion,” IEEE Transactions on Instrumentation and Measurement, vol. 64,
cânicos, como, por exemplo a fixação do motor na bancada no. 1, pp. 52–62, 2015.
[12] H. Guo and M. Liu, “Induction motor faults diagnosis using support
de ensaios ou a atenuação de vibração devido a transferência vector machine to the motor current signature,” in 2018 IEEE Industrial
de forças eletromagnéticas para fora do motor. As velocidades Cyber-Physical Systems (ICPS), pp. 417–421, May 2018.
estimadas foram de 10 Hz, 15 Hz, 20 Hz, 25 Hz, 30 Hz e 35 [13] W. R. Finley, M. M. Hodowanec, and W. G. Holter, “An analytical
approach to solving motor vibration problems,” IEEE Transactions on
Hz e o erro máximo obtido foi de 0,23. Com o objetivo de Industry Applications, vol. 36, no. 5, pp. 1467–1480, 2000.
estimar a velocidade de um motor de indução operando a vazio [14] P. Rodríguez, A. Belahcen, A. Arkkio, A. Laiho, and J. Antonino-Daviu,
em diferentes frequências de alimentação, a SVR apresentou “Air-gap force distribution and vibration pattern of induction motors
under dynamic eccentricity,” Electrical Engineering, vol. 90, pp. 209–
e flexibilidade ao combinar diferentes conjuntos de espectros 218, 2008.
na construção de um único modelo de treinamento para cada [15] B. Schölkopf, J. Platt, J. Shawe-Taylor, A. Smola, and R. Williamson,
frequência considerada. A regressão por vetores de suporte se “Estimating support of a high-dimensional distribution,” Neural Com-
putation, vol. 13, pp. 1443–1471, 07 2001.
mostrou bastante promissora para ser empregada na estimação [16] V. N. Vapnik, The Nature of Statistical Learning Theory. Springer, 1995.
de velocidade de motores de indução. [17] S. R. Gunn, M. Brown, and K. M. Bossley, “Network performance
Os resultados obtidos neste artigo mostram que outros tipos assessment for neurofuzzy data modelling,” in Advances in Intelligent
Data Analysis Reasoning about Data, (Berlin, Heidelberg), Springer
de identificação de parâmetros podem ser feitas a partir da Berlin Heidelberg, 1997.
medida de deformação do estator. Assim, como trabalhos fu- [18] C.-C. Chang and C.-J. Lin, “Libsvm: A library for support vector
turos, estão a identificação de falhas utilizando SVR a partir da machines,” ACM Transactions on Intelligent Systems and Technology,
vol. 2, 07 2007.
deformação dinâmica do estator. Essas falhas podem ser, por
exemplo, falhas nos rolamentos, problemas de excentricidade
e falhas de barras quebradas no rotor.

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Inclinômetro óptico baseado na configuração de


uma LPG cascateada com um taper
Renato Luiz Faraco Filho Alexandre Bessa dos Santos
Universidade Federal de Juiz de Fora Departamento de Circuitos Elétricos
Juiz de Fora, Brasil Universidade Federal de Juiz de Fora
renato.luiz@engenharia.ufjf.br Juiz de Fora, Brasil
alexandre.bessa@engenharia.ufjf.br

Resumo—Este artigo apresenta o desenvolvimento de um Outra topologia para a elaboração de interferômetros na


inclinômetro a partir de um interferômetro de Mach-Zehnder configuração de Mach-Zehnder é feita por meio do cas-
considerando os efeitos causados pela variação de temperatura. cateamento de uma LPG com um taper. Seu princı́pio de
Foi demonstrado o funcionamento de um sistema contendo uma
LPG em série com um taper para medições de ângulo. Os funcionamento se baseia no fato do taper acoplar uma fração
resultados mostram que as medidas de inclinação podem ser da luz do núcleo nos modos da casca, e posteriormente a LPG,
confiáveis, mesmo com o efeito de sensibilidade cruzada gerado posicionada em uma distância mı́nima após o taper, acoplar
pela temperatura. novamente a luz dos modos de casca novamente no núcleo
Palavras Chave—LPG, taper, interferômetro, inclinação, [1].
calibração
É importante ressaltar a topologia citada no parágrafo
anterior permite a realização de ensaios mais versáteis, uma
I. I NTRODUÇ ÃO vez que o taper no sistema proporciona uma flexibilidade
pontual que não é encontrada em outras configurações. Uma
As Redes de Perı́odo Longo em Fibra (LPG) são disposi- maneira quantitativa de determinar a qualidade ou contraste
tivos que acoplam os guias de modo de propagação direta do dos padrões de interferência é calculando a visibilidade [1],
núcleo com os guias de modo de propagação direta da casca que é dada pela fórmula:
em uma fibra óptica monomodo, gerando um conjunto de
bandas de atenuação no espectro transmitido [2]. Este acopla- Imax − Imin
v(r) = (2)
mento direto é obtido a partir de uma modulação periódica Imax + Imin
do ı́ndice de refração na ordem de centenas de micrômetros Além disso, é importante ressaltar que a visibilidade in-
ao longo do núcleo da fibra óptica [1]. Seu uso como sensor terferométrica é um parâmetro absoluto, de modo que não
ocorre, pois o comprimento de onda central, denotado por λm res seja necessário nenhum tipo de referência, se tornando, desse
é função de parâmetros que variam com o ambiente. Esses modo, uma caracterı́stica relevante do sistema [1]. Nesse
parâmetros são: o ı́ndice de refração do núcleo (nef f,co ) e contexto, é possı́vel realizar medidas que necessitam de uma
também o perı́odo Λ da LPG [8] [9]. Essa relação é dada por: certa maleabilidade do sistema, como por exemplo, medidas
de inclinação, uma vez que a estrutura analisada possuı́ a
λm m
res = (nef f,co − nef f,cl ).Λ (1) flexibilidade e as caracterı́sticas necessárias para a calibração.
II. M ETODOLOGIA
Por se tratarem de dispositivos construı́dos em fibra óptica
estes sensores são indicados para aplicações remotas, dev- A. Fabricação dos dispositivos
ido à facilidade de transmissão via enlace óptico e a baixa Inicialmente, foi desenvolvido para este trabalho, um sensor
atenuação do sinal neste. Além do mais, estes sensores são LPG a partir de uma fibra monomodo SMF-28 utilizando a
leves, compactos, não oxidam e são imunes a interferência técnica de arcos elétricos descrita por Rego et al. [10]. A
eletromagnética, tornando-os ideais para medições próximas a LPG utilizada no experimento possuı́a um perı́odo Λ = 500µm
campos magnéticos elevados como em linhas de transmissão e o comprimento total de uma grade de difração de 17mm
e grandes turbinas usadas na geração de energia elétrica [7]. totalizando um total de 34 descargas elétricas realizada por
Ademais, LPG’s também podem ser utilizadas para arcos elétricos de 110bits (unidade do fabricante) e um tempo
elaboração de interferômetros com parâmetros melhorados de arco de 10ms na máquina de fusão Jilong KL-300T.
de sensibilidade [2]. Isto pode ser feito por meio de um O espectro de transmissão do sensor, no ar, à temperatura
cascateamento de duas LPG’s similares (com um determinado ambiente (21°C) e sem deformações, possui um vale de
comprimento de fibra), resultando em uma configuração de atenuação 1508nm com uma atenuação de 5dBm e pode ser
Mach-Zehnder [3] [4]. ou utilizando uma única LPG e um visto na Figura 1. Posteriormente, foi fabricado um taper a
espelho, resultando em um interferômetro de Michelson [5] partir de uma fibra monomodo SMF-28 por meio do alonga-
[6]. mento da fibra óptica durante uma única descarga elétrica de

90
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

um arco de 110bits com tempo de 2s da máquina de fusão


de fibra óptica. Os parâmetros de fabricação do taper são a
redução do diâmetro da casca de 125µm para 82,5µm e um
comprimento total de aproximadamente 1500µm.
Após a fabricação dos dois dispositivos, foi feita a fusão
entre o taper e a LPG com uma distância de aproximadamente
40mm, a figura dos espectros da LPG antes e depois da
fusão com o taper pode ser vista na Figura 1. Ademais, o Fig. 2. Esquemático do conjunto montado para os ensaios de inclinação
espectro canalizado possui uma periodicidade de franjas de
aproximadamente 10nm.

Fig. 3. Ensaio de inclinação realizado no laboratório

taper estivesse no o vão entre as duas placas. A Figura 2 mostra


o sistema elaborado e a Figura 3 mostra o experimento real-
izado no laboratório. Posteriormente, o sistema foi submetido
Fig. 1. Espectros obtidos durante a fabricação do interferômetro à seis ângulos diferentes por seis vezes, para a obtenção da
curva de calibração.
Para a variar o ângulo no sensor, foram utilizadas suportes
B. Ensaios de Temperatura metálicos de mesma proporção para elevar a altura de uma
O interferômetro foi posicionado de modo que a fibra das placas trapezoidais de forma uniforme. Os suportes foram
estivesse completamente reta na bancada a uma inclinação de posicionados em baixo da placa sob a LPG gerando uma
0°. Posteriormente, o sistema foi submetido à sete temperat- alteração na inclinação sistema e foi utilizado um transferidor
uras diferentes por três vezes, para a obtenção da curva de com incerteza de ±0,5° como referência para a obtenção
calibração. do ângulo de referência cada espectro coletado. O total de
Para a variar a temperatura no dispositivo, foi utilizado 36 curvas espectrais foi pré-processado usando o filtro de
um soprador térmico com o sopro incidente no conjunto Savitzky-Golay com janela de tamanho 41 e ordem 10.
”LPG-taper” gerando uma alteração de temperatura pontual Após o processamento de cada curva espectral, as variações
no sistema. E foi utilizado um termopar do tipo ”j” com do comprimento de onda de cada franja, assim como a
incerteza de ±1°C como sensor de referência para a obtenção visibilidade interferométrica foram extraı́das e associadas as
da temperatura de cada espectro coletado. Todas as 21 curvas seus respectivos ângulos de inclinação, medidos pelo sensor
espectrais foram pré-processadas usando o filtro de Savitzky- de referência. Posteriormente, a curva de calibração foi obtida
Golay com janela de tamanho 41 e ordem 10. pelo ajuste polinomial à estes pontos experimentais devido às
Após o processamento dos espectros, as variações do com- não linearidades encontradas nos dados obtidos.
primento de onda de cada franja foram extraı́das e associadas
as temperaturas medidas pelo sensor de referência. Dessa D. Análise do comportamento do sensor no tempo
forma, a curva de calibração foi obtida pelo ajuste linear à
estes pontos experimentais. Com o sensor devidamente calibrado, o sistema foi mantido
a uma inclinação de 0° em uma bancada com temperatura
C. Ensaios de Inclinação de 15,1°C por um tempo de 30 minutos, gerando um total
Para os testes com variação de inclinação o interferômetro de aproximadamente 330 espectros coletados. Posteriormente,
foi posicionado sobre duas placas trapezoidais fabricadas em com a bancada mantida à mesma temperatura, a inclinação do
impressão 3D, feitas na impressora Replicator Z18, de forma sistema foi elevada para 8°. E novamente, os espectros foram
que a LPG do sistema estivesse em cima de uma das placas e o coletados por um tempo de 30 minutos.

91
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Em seguida, com o sensor mantido à inclinação de 0°, para todas as franjas presentes no espectro óptico, no entanto,
a temperatura da bancada foi elevada para 21,3°C. E no- a curva mostrada neste artigo é referente ao melhor resultado
vamente, foram coletados aproximadamente 330 espectros. obtido.
Ulteriormente, com a bancada mantida à mesma temperatura, Os coeficientes linear e angular da reta bem como o erro
a inclinação do sistema foi elevada para 8°. E novamente, os destes parâmetros se encontram tabelados abaixo, o coeficiente
espectros foram coletados conforme as etapas anteriores. de ajuste da reta obtida é R2 = 0, 9909.
III. R ESULTADOS Coeficiente Linear Coeficiente Angular
1467,5 0.35966
A. Resultados referentes aos ensaios de temperatura Tab. 2 Coeficientes Angular e Linear da curva de calibração obtida
Durante a calibração o interferômetro foi mantido às tem-
peraturas mostradas na Tabela 1, todas as medições apresentam
a incerteza de ±1°C. Os espectros obtidos em cada ensaio
podem ser vistos na Figura 4, e as temperaturas coletadas
podem ser vistas na Tabela 1.
Temperaturas utilizadas na calibração (°C)
Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3
22,5 22,9 22,3
23,1 23,5 23,3
24,7 24,2 24,9
25,5 26,0 25,7
27,3 27,1 27,6
30,2 29,9 30,4
31,3 31,6 30,8
Tab. 1 Temperaturas coletadas nos experimentos

Fig. 5. Curva de calibração para o ensaio de temperatura.

B. Resultados referentes aos ensaios de inclinação


Durante a calibração o sistema foi mantido aos ângulos
mostrados na Tabela 3, todas as medições apresentam a
incerteza de ±0,5°, é importante ressaltar que os ângulos para
todos os ensaios foram os mesmos, uma vez que os suportes
utilizados para a elevação de uma das placas trapezoidais
foram os mesmos, e sempre foram posicionados na mesma
ordem.
Ângulos das inclinações utilizadas na calibração(°)
0
1
3
Fig. 4. Espectros obtidos nos ensaios 1, 2 e 3 respectivamente. 4
7
8
Após a extração dos comprimentos de onda de todas as Tab. 3 Ângulos coletados nos experimentos
franjas presentes no sinal óptico para cada um dos espectros
encontrados acima. O valor médio da temperatura nos ensaios,
bem como os valores médios dos respectivos comprimentos de Após a extração dos comprimentos de onda de todas as
onda foram calculados e podem ser vistos na Figura 5, assim franjas presentes no sinal óptico para cada um dos espectros
como a curva de calibração. As barras no eixo x representam encontrados acima. O valor médio da inclinação nos ensaios,
as variações no comprimento de onda ressonante em uma bem como os valores médios dos respectivos comprimentos
das franjas, e as barras no eixo y representam as variações de onda foram calculados, e podem ser vistos nas Figura 6.
na temperatura de referência utilizada em cada ensaio. É As barras no eixo y representam as variações no comprimento
importante ressaltar que foram traçadas curvas de calibração de onda ressonante em uma das franjas.

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observar que os histogramas tendem à uma função densidade


de probabilidade Gaussiana que foi estimada por meio da
média residual e do desvio padrão. Os valores calculados
podem ser encontrados na Tabela 4 .
Temperaturas Média Residual µ Desvio Padrão σ
15,1 0,0388 0,0047
21,3 0,0033 0,0058
Tab. 4 Caracterı́sticas do sensor

É importante ressaltar que é possı́vel observar o efeito da


sensibilidade cruzada gerada pela temperatura a partir da figura
acima, uma vez que existe uma defasagem entre os histogra-
mas obtidos para uma mesma inclinação em temperaturas
diferentes.
Fig. 6. Curva de calibração da inclinação, levando em consideração o
comprimento de onda

A equação da curva referente à visibilidade de franjas pode


ser vista na Equação 3, onde α é o ângulo de inclinação e λ é
o comprimento de onda, o coeficiente de ajuste da reta obtida
é R2 = 0, 9158.

λ = 0, 0052182.α2 + 0, 014895.α + 1484, 9 (3)


Ademais, a curva de calibração para a visibilidade inter-
ferométrica pode ser vista na Figura 7. As barras no eixo y
representam as variações da visibilidade de franjas.

Fig. 8. Histogramas obtidos

Ademais, os resultados temporais das medidas à e 9° para


as temperaturas de 15,1° e 21,3° foram mostrados na Figura
9.

Fig. 7. Curva de calibração da inclinação levando em consideração a


visibilidade de franjas

A equação da curva referente à visibilidade de franjas pode


ser vista na Equação 4, onde α é o ângulo de inclinação e v é
a visibilidade de franjas, o coeficiente de ajuste da reta obtida Fig. 9. Histogramas obtidos
é R2 = 0, 9879.

IV. C ONCLUS ÃO


v = −0, 0021549.α2 + 0, 033265.α + 0, 0059753 (4)
Este trabalho apresenta um sensor elaborado a partir de
C. Resultados referentes ao comportamento do sensor no um interferômetro de Mach-Zehnder feito pela configuração
tempo de uma LPG e um taper em cascata. E também apresentou
A partir deste resultados, foi possı́vel apresentar uma curva sua aplicação para a medição de inclinação em uma bancada
de ajuste dos resı́duos na Figura 8, no eixo y é possı́vel ob- levando em consideração a interferência gerada pela temper-
servar a densidade de probabilidade do histograma. É possı́vel atura.

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AGRADECIMENTOS [25] P. Caldas, P.A.S. Jorge, F. Araújo, L. A. Ferreira, G. Regoa,c, J. L.


Santos. (2009). Effect of fiber tapering in LPG-based Mach-Zehnder
Os autores gostariam de agradecer o apoio da FAPEMIG, modal interferometers for refractive-index sensing. Proc. of SPIE Vol.
7503
CNPq, Propesq-UFJF, Inerge-UFJF, Santo Antônio Energia.

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Análise de Sensor de Corrosão à Fibra Óptica de


Perfil-D Utilizando Efeitos de LMR e SPR

Valdemir Manoel da Silva Júnior, Joaquim Ferreira Jehan Fonsêca do Nascimento


Martins Filho Núcleo Interdisciplinar de Ciências Exatas e da Natureza –
Departamento de Eletrônica e Sistemas - DES NICEN
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal de Pernambuco
Recife, Brazil Caruaru, Brazil
valdemirjr01@gmail.com; jfmf@ufpe.br jehan.nascimento@ufpe.br

Resumo— Este artigo apresenta a proposta e os resultados de depositado na lateral da fibra óptica [6-9]. A configuração dos
simulação por modelagem analítica de um sensor de corrosão à sensores [6-8] é composta por uma região de fibra óptica que
fibra óptica de perfil-D utilizando os efeitos de Lossy Mode tem a casca removida quimicamente e uma camada de metal é
Resonance (LMR) e de Surface Plasmon Resonance (SPR). O depositada na lateral do núcleo da fibra óptica [6-8]. Em [6], a
sensor é composto por duas regiões de perfil-D em cascata. Na fibra utilizada é uma plastic-clad sílica (PCS), aliada a um
primeira, é depositada uma bicamada de dióxido de titânio e sistema de detecção de potencial eletroquímico para calcular a
alumínio (TiO2 -Al), operando em condições de LMR, enquanto porcentagem de metal corroído na solução ácida ao redor do
que, na segunda, é depositada uma monocamada de alumínio (Al), elemento sensor. Em [7], a fibra óptica utilizada é uma
operando em condições de SPR. Ambas regiões de perfil-D podem
Multimode fiber (MMF), enquanto que, em [8], é utilizada uma
operar separadamente. A modelagem do sensor é feita através de
um modelo analítico baseado na formulação de Fresnel. A partir
heterocore single-multi-single (SMS) em que a região
do modelo analítico, obtém-se a variação da intensidade da luz multimodo é a região que tem casca removida e metal
transmitida após a passagem pelo perfil-D da fibra óptica. A depositado em sua lateral. A configuração utilizada em [9]
transmissão varia de forma peculiar para cada polarização de utiliza uma fibra Side-polished D-shaped singlemode fiber (SP-
acordo com a espessura do metal, que está sujeito a um processo SMF) de perfil-D, em que apenas a polarização transverso
de corrosão. Os resultados obtidos indicam um aumento da vida magnética (TM) sofre variação de intensidade durante o
útil do sensor em comparação com outras opções de sensores de processo de corrosão, enquanto a componente transverso elétrica
corrosão presentes na literatura, além de permitir configurações (TE) permanece inalterada. Dessa maneira, esse sensor opera
com dois vales de ressonância para o mesmo comprimento de onda como polarizador, monitorando a corrosão através da razão das
de acordo com a polarização. componentes TM e TE no final do enlace [9].

Palavras-chave— Estrutura em Cascata; Ressonância de Neste artigo, é proposto um sensor de corrosão que opera nas
Plasmon de Superfície; Sensor à Fibra Óptica de Perfil-D; Sensor polarizações TE e TM, proporcionando medidas de corrosão em
de Corrosão; Ressonância de Modo com Perdas faixas de operação distintas, e uma estrutura em cascata de duas
configurações sensoras, para aumento da faixa de operação,
I. INTRODUÇÃO diferenciando-o das opções usuais observadas na literatura [6-
Em 2013, o custo global anual dos impactos da corrosão por 9], por apresentar dois vales de ressonância, um para cada
parte da indústria e governos foram estimados em mais de US$ polarização. O fato de operar com duas polarizações
2,5 trilhões, equivalente a 3,4% do produto mundial bruto do separadamente também possibilita medições de dois parâmetros
respectivo ano [1]. Não incluindo custos de segurança individual distintos com um único elemento sensor. Possibilita ainda, com
e consequências ambientais, a economia estimada ao utilizar uso de dois perfis D, medidas em dois pontos diferentes num
processos de controle de corrosão é de até 35%, ou seja, uma mesmo enlace. Além disso, neste artigo, o enfoque também está
economia de até US$ 875 milhões [1]. Portanto, esses dados na situação em que as duas polarizações são utilizadas para
mostram a relevância do aumento das pesquisas e investimentos medir faixas diferentes de corrosão, aumentando a vida útil do
de dispositivos que monitorem e inibam processos de corrosão. sensor, juntamente com a existência de vales de ressonâncias
que podem ser considerados estágios de aviso de diferentes
Sistemas de monitoramento da corrosão, que utilizam níveis de corrosão. Até a elaboração deste trabalho, não foram
sensores à fibra óptica, especificamente, são considerados boas encontradas na literatura menções ao uso do efeito de LMR para
alternativas devido a várias vantagens, tais como simplicidade, medir corrosão, nem foram encontradas menções ao uso do
segurança, confiabilidade, alta sensibilidade, além de outras efeito em simultâneo com o efeito de SPR em cascata, tornando
vantagens dessa categoria de sensores [2, 3]. Revisões acerca de os resultados inovadores no que diz respeito ao uso de duas
sensores de corrosão à fibra óptica podem ser encontradas em polarizações para medir faixas diferentes de corrosão num
[4] e [5]. Dentre os sensores encontrados na literatura, quatro mesmo sensor.
trabalhos destacam a operação do sensor por variações na
transmissão do sinal óptico a partir da corrosão do metal

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A estrutura do sensor é composta por uma fibra óptica de observado nas polarizações TE e TM [14]. Com respeito ao
perfil-D, em que é depositada uma bicamada de dióxido de ângulo de excitação, quando operado na configuração de
titânio-alumínio na região de perfil-D de forma a satisfazer as Kretschmann, em geral, SPR é excitado numa faixa entre 40° e
condições de LMR para o comprimento de onda de interesse 70°, enquanto que LMR é excitado tipicamente em ângulos
(1550 nm). Adicionalmente, é proposto o uso dessa próximos a 90°, podendo ser melhor combinado com
configuração em cascata com um elemento sensor, também de dispositivos à fibra óptica [14]. Em termos de espectro,
perfil-D, em que é depositado apenas alumínio. Sujeito a um dispositivos baseados em LMR também levam vantagem em
ambiente corrosivo, a variação do metal (alumínio) altera as relação aos dispositivos baseados em SPR, uma vez que é
condições de acoplamento da luz nas regiões de perfil-D, possível excitar múltiplas regiões de LMR em função do
fazendo com que haja uma relação entre espessura do metal e o
comprimento de onda, enquanto há apenas um ponto ótimo para
sinal óptico transmitido de forma peculiar para cada polarização.
excitar SPR [12-14].
Sendo assim, tem-se um sensor que utiliza o método Attenuated
Total Reflectance (ATR). O uso da estrutura em cascata permite A Tabela I apresenta um resumo das diferenças entre SPR e
a medida de uma longa faixa de corrosão, com dois vales de LMR, o qual permite verificar a grande potencialidade dos
ressonância, que podem ser encarados como estágios de alerta sensores baseados em LMR em relação aos sensores baseados
de corrosão. Também é possível o uso do elemento sensor LMR em SPR, que são facilmente encontrados na literatura como boa
isoladamente ou em cascata com uma configuração sensora em opção de efeito para aplicações em sensores à fibra óptica.
SPR que mensura outros parâmetros relevantes para o contexto Nas revisões acerca de sensores à fibra óptica baseados em
do monitoramento de ambientes hostis, sendo a temperatura um LMR [12], de 2015 e [14], de 2018, são reportadas diversas
desses parâmetros. O comportamento desse sensor é modelado aplicações químicas, biológicas e físicas. Entretanto, não foi
através de um modelo analítico baseado na formulação de encontrada a utilização desse fenômeno como sensor de
Fresnel. corrosão, tornando o resultado deste artigo potencialmente
A Seção II apresenta uma breve descrição dos fundamentos inovador em termos da utilização desse fenômeno para essa
do efeito de LMR e do uso desse efeito para sensores à fibra aplicação. Isso faz com que a aplicação do efeito de LMR na
óptica, além de trazer uma comparação entre os efeitos de LMR construção de sensores de corrosão à fibra óptica seja uma boa
e SPR. A Seção III apresenta a modelagem analítica. A Seção oportunidade para estudo, visto que o efeito de LMR possui
IV apresenta os resultados obtidos, juntamente com uma diversas características em potencial que podem ser exploradas.
discussão sobre os mesmos. Por fim, a Seção V contém as Este artigo explora a capacidade do efeito de LMR operar com
considerações finais deste trabalho. dois vales de ressonância, aumentando as possibilidades de
aplicação, seja medindo dois pontos distintos, utilizando dois
II. LOSSY MODE RESONANCE E SURFACE PLASMON RESSONANCE estágios críticos de níveis de corrosão, medindo dois
Desde a primeira vez que foi relatado na construção de parâmetros distintos ou ainda usando um sistema
sensores à fibra óptica em 2010, por del Villar et al. [10], autorreferenciado.
evidências experimentais sobre o potencial do uso de sensores
baseados no efeito de LMR têm sido publicadas [11-14]. Tabela I. Comparação entre parâmetros de dispositivos
Similar ao SPR, a configuração de Kretschmann pode ser baseados em LMR e SPR, adaptado de [12].
utilizada para excitar o efeito de LMR onde, no lugar do metal, Parâmetros SPR LMR
utiliza-se um filme fino com óxidos metálicos, como óxido de Polarização da
TM TM e TE
Luz
índio e estanho (ITO), dióxido de titânio (TiO2 ), óxido de índio Permissividade 𝝐𝒓 negativo e maior em 𝝐𝒓 positivo e maior em
(In2 O3 ), polímeros, dentre outros [11-14]. Isso porque, do Material módulo do que 𝝐𝒊 e meio módulo que a 𝝐𝒊 e meio
enquanto o SPR ocorre quando a parte real da permissividade (ϵ = ϵr + jϵi ) externo externo
do filme fino é negativa e maior em módulo que as partes Óxidos metálicos e
Material do Metais, prata (Ag) e ouro
polímeros (ampla
imaginárias do filme e do meio externo, o LMR ocorre quando filme fino (Au)
variedade de materiais)
a parte real da permissividade do filme fino é positiva e maior Sem múltiplos SPRs Vários LMRs podem ser
Espessura do
em módulo que as partes imaginárias do filme fino e do meio com aumento de gerados com o aumento
filme fino
externo [13]. Dessa forma, a descrição dos dispositivos que espessura da espessura
operam à base do efeito de LMR são similares a dos Máximo para uma Pode ser ajustado apenas
Sensibilidade espessura específica da alterando a espessura da
dispositivos que operam à base do efeito de SPR, incluindo camada de filme fino. camada de filme fino.
também as configurações de sensores à fibra óptica [13, 14].
Além da similaridade em termos de construção dos III. MODELO ANALÍTICO
sensores, é possível apontar outras características similares A primeira modelagem é baseada nas equações de Fresnel
entre dispositivos baseados em SPR e dispositivos baseados em aplicadas à estrutura da Figura 1, que mostra a seção longitudinal
LMR, tais como: LMR também depende do índice de refração da região de perfil-D de uma fibra óptica de raio 𝑟𝑐𝑜𝑟𝑒
do meio externo, da espessura do filme fino [13]. uniformemente metalizada com uma bicamada TiO2 -Al, com
Apesar de ser menos popular na comunidade científica, o espessuras de óxido do e de metal 𝑑𝑚 , respectivamente, com
LMR possui vantagens em relação ao SPR, tais como não comprimento L a uma distância 𝑑𝑐 do núcleo. Nessa
necessitar do uso de metais nobres como o SPR e não ser modelagem, a fibra óptica é aproximada para uma estrutura
limitado à componente TM para gerar ressonância, podendo ser multicamadas [15] com cinco materiais de índices de refração

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diferentes (i=1 – núcleo, 2 – casca, 3 – óxido, 4 – metal, 5 – em que T1j e T2j são as transmissões independentes dos
meio externo corrosivo). Um sinal óptico com comprimento de elementos sensores 1 e 2, para a polarização j. Para estar em
onda 1550 nm é propagado através do núcleo da fibra óptica configuração cascata, o elemento sensor 2 pode operar em
por reflexão interna [15]. Ao passar pela região de perfil-D, a luz condições distintas, podendo medir outro parâmetro. Entretanto,
interage com a área sensível de forma que parte da luz é neste artigo, o exemplo de elemento sensor 2 proposto também
absorvida nas interfaces óxido-metal e metal-meio externo mede corrosão, operando apenas para a polarização TM. O
[15,16]. elemento sensor 2, resumidamente, é o elemento sensor 1 com a
retirada do TiO2 .
Os elementos sensores de corrosão operam através do
método ATR, em que mudanças na espessura do alumínio
alteram as condições de LMR/SPR para as polarizações TE e
TM, resultando em alterações na potência de luz transmitida
para ambas as polarizações.

TABELA II. PARÂMETROS UTILIZADOS NA SIMULAÇÃO DOS ELEMENTOS


SENSORES

Parâmetro Símbolo Valor Ref.


Fig. 1. Representação de seção longitudinal da região de perfil-D da fibra Comprimento de onda 𝝀 1550 nm -
óptica do elemento sensor 1. L é o comprimento da região sensora. rcore ,dc , Índice de refração do
𝒏𝟏 1,4503 [17]
do e dm representam, respectivamente, raio do núcleo, distância entre núcleo e núcleo
óxido, espessura do óxido e espessura do metal. Índice de refração da casca 𝒏𝟐 1,4422 [17]
Índice de refração do óxido
𝒏𝟑 2,4532 [17]
A transmissão normalizada da luz após a passagem pelo (TiO2 )
perfil-D pode ser calculada através da equação [16] Índice de refração do metal
𝒏𝟒 0,4598+j14,882 [17]
(Al)
Índice de refração do meio
π/2 ρ(θ) 𝒏𝟓 1,38 [20]
∫θ R
cr j
P(θ)dθ corrosivo (Al-Etchher)
Tj = π/2 () Raio do núcleo 𝒓𝒄 4 μm -
∫θ P(θ)dθ
cr
Raio da casca 𝒓𝒄𝒍𝒂𝒅 62,5 μm -
em que Comprimento da região de
perfil-D dos elementos 𝑳 1 mm -
sensores 1 e 2
n21 sin θ cos θ Espessura da casca no
P(θ)=  ()
(1-n21 cos2 θ)
2
perfil-D dos elementos 𝒅𝒄 2 μm -
sensores 1 e 2
2 Espessura do óxido no
R j =|rj |  () perfil-D do elemento 𝒅𝒐 255 nm -
sensor 1
n Espessura do óxido no
θcr = sin-1 ( 2⁄n1 ) () perfil-D do elemento 𝒅𝒐 0 nm -
sensor 2
em que 𝑛1 e 𝑛2 são os índices de refração do meio 1 e 2, e 𝑗 = 𝑝 Espessura inicial do metal
no perfil-D dos elementos 𝒅𝒎 40 nm -
e 𝑠, para polarização TM e TE, respectivamente. P(θ) é a sensores 1 e 2
distribuição de potência para o ângulo 𝜃 e 𝜃𝑐𝑟 é o ângulo crítico.
O número de reflexões atenuadas na região de perfil-D ρ(θ) é
dado por [17] IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 2 apresenta o resultado para a transmissão
ρ(θ)= L⁄(2r  () normalizada de luz do sensor 1 para a configuração descrita na
core tan θ)
Seção III, onde as polarizações TE e TM são separadas. O sensor
Nas equações (1) e (2), R j e rj (j=p, s) são a reflectância e mede a variação da espessura do alumínio através da modulação
coeficiente de reflexão de Fresnell para as polarizações TM e da intensidade da luz transmitida após a passagem pela região de
TE, respectivamente [18]. Os valores e parâmetros utilizados perfil-D. É possível observar que um mesmo elemento sensor
neste estudo são encontrados na Tabela II. pode operar em duas faixas diferentes, com vales em ≅5nm para
a polarização TM em ≅13 nm para a polarização TE. Os dois
É possível, também, operar com dois sistemas sensores num vales podem operar como estágios de alerta de corrosão,
mesmo enlace em cascata, colocando dois perfis D em possibilitando manutenções adequadas ao nível de corrosão
sequência, com configurações distintas [16, 19]. A transmissão apresentado.
normalizada total após a passagem da luz pode calculada através
da expressão [16, 19] A operação do elemento sensor 1 em dois tipos de
polarização também mostra que, enquanto o sensor está operante
na polarização TE, a polarização TM está livre para, por
𝑇𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙𝑗 = 𝑇1𝑗 𝑇2𝑗  ()

97
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

exemplo, medir outro parâmetro importante no contexto de


ambientes corrosivos, como temperatura, umidade ou gases, por
exemplo, com exceção da faixa 0 nm a 10 nm, que é a faixa útil
do elemento sensor 1 em que polarização TM é sensível à
corrosão (encarada como estágio de alerta crítico, por exemplo).
Para medir dois parâmetros ou faixas distintas, basta utilizar
um sistema em cascata de regiões de perfis D [16, 19], um
operando na polarização TE para medir corrosão através da
estrutura apresentada na Seção III e utilizando a polarização TM
numa configuração em LMR (ou SPR) para medir outro
parâmetro. Esse segundo ponto de medição não precisa ser
necessariamente em pontos próximos do enlace, já que é
possível utilizar fibras ópticas mantenedoras de polarização.
Assim, a utilização do elemento sensor apresentado na Seção III
pode gerar várias situações interessantes, tais como pontos
distintos de medição, parâmetros diferentes, dupla faixa de Fig. 3. Transmissão normalizada da luz para as polarizações TE e TM após
operação, além da possibilidade de autoreferenciar o sinal passagem da luz pelo elemento sensor 2, projetado com os parâmetros presentes
na Tabela II em função da espessura de alumínio.
através da relação entre as respostas das polarizações TE e TM.
A Figura 4 mostra o comportamento do sistema em cascata
para as polarizações TE e TM calculados a partir da Equação (6).
O resultado mostra que operar com a polarização TM em cascata
é otimizado quando comparada com a resposta dos elementos
sensores 1 e 2, operando separadamente. Isso porque o efeito
cascata na polarização TM mantém o vale de ressonância,
característico do elemento sensor 1, por volta dos 5 nm, além de
manter medidas de corrosão significativas desde os 30 nm,
característica do elemento sensor 2. Para o caso em que a
operação é apenas na polarização TE, tem-se uma resposta
similar à da curva do elemento sensor 1 para a polarização TE.
Isso é consequência do fato da polarização TE ser insensível ao
processo de corrosão no elemento sensor 2.
Por fim, é destacável que essa combinação em cascata e as
relações entre polarizações não estão restritas apenas aos dois
Fig. 2. Transmissão normalizada da luz para as polarizações TE e TM após elementos sensores de corrosão. É possível, por exemplo,
passagem da luz pelo elemento sensor 1, projetado com os parâmetros presentes combinar o elemento sensor 1 com um sensor de outro
na Tabela II em função da espessura de alumínio. parâmetro, que opere apenas com a polarização TM. A
consequência é de reduzir a faixa de operação, já que, abaixo de
A Figura 3 apresenta o resultado para o elemento sensor 2 9 nm, a polarização TM é sensível à corrosão. Entretanto, isso
para a configuração descrita na Seção III para as polarizações permite mensurar, num mesmo enlace óptico, dois parâmetros
TE e TM, separadamente. Essa configuração não apresenta vale distintos, quando devidamente separadas as polarizações.
de ressonância em nenhuma das polarizações, porém é
insensível às variações de espessura do alumínio para a
polarização TE e tem a polarização TM em toda a faixa de
operação possível (40 nm).
Os resultados apresentados na Figura 2 e na Figura 3
credenciam os elementos sensores 1 e 2 a serem postos em
cascata, visto que um opera em polarização TE e o outro em
polarização TM. Os vales de ressonância do elemento sensor 1
permitem a existência de estágios de alerta, possibilitando
melhor decisão no momento de definir os protocolos de
manutenção em ambiente hostil, enquanto que o elemento
sensor 2 possibilita maior vida útil do sensor.
Definindo a sensibilidade como o módulo da variação da
transmissão pela variação de espessura do metal, obtém-se altas
sensibilidades na região de vale, tais como a de 0,53/nm, obtida
no intervalo entre 3 nm e 4,5 nm para a polarização TM e
0,12/nm no intervalo entre 4,5 nm e 12 nm para a polarização Fig. 4. Transmissão normalizada da luz para as polarizações TE e TM após
TE, ambas do elemento sensor 1. passagem da luz pelos elementos sensores 1 e 2, em estrutura cascata.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS [9] W. Hu, L. Ding, C. Zhu, D. guo, W. Yuan, N. Ma e W.


Neste trabalho, são apresentados a proposta e os resultados Chen, “Optical Fiber Polarizer With Fe-C Film for
de simulação usando modelo analítico para um sensor de Corrosion Monitoring,” IEEE Sensors Journal, vol. 17,
corrosão à fibra óptica de perfil-D metalizado com uma nº 21, pp. 6904-6910, 2017.
bicamada de TiO2 -Al que opera em LMR (sensor 1) em cascata [10] I. del Villar , C. R. Zamarreño, M. Hernaez e I. R. Matias,
com um sensor de corrosão à fibra óptica de perfil-D com uma “Lossy mode resonance generation with indium-tin-
monocamada de Al (sensor 2) em SPR. Os resultados mostram oxide-coated optical fibers for sensing applications,”
possibilidades para medições de um segundo parâmetro em um Journal of Lightwave Technology, vol. 28, nº 1, pp. 111-
sensor de corrosão, expandir a faixa de operação de um sensor 117, 2010.
de corrosão, medir dois pontos ou parâmetros distintos ou ainda
autoreferenciar a resposta do sensor, dependendo da escolha. [11] F. J. Arregui, I. Del Villar, J. M. Corres, J. Goicochea, C.
R. Zamarreño, Elosua Cesar, M. Hernaez, P. J. Rivero, A.
O sensor de corrosão em estrutura de LMR (sensor 1) é B. Socorro, A. Urrutia, P. Sanchez, P. Zubiate, D. Lopez,
inovador, uma vez que não foi encontrada menção ao efeito de N. De Acha e I. R. Matias, “Fiber-Optic Lossy Mode
LMR para medir corrosão na literatura. Efeito que se apresenta Resonance Sensors,” em EUROSENSORS, Pamplona,
como um concorrente de sensores que utilizam efeito de SPR, 2014.
uma vez que há vantagens do LMR em relação ao SPR, tais
como operar nas duas polarizações, não necessitar de metais [12] N. Paliwal e J. John, “Lossy Mode Resonance (LMR)
nobres e de geração de múltiplos efeitos de LMR, que não foi Based FIber Optic Sensors: A Review,” IEEE SENSORS
explorada neste trabalho. JOURNAL, vol. 15, nº 10, pp. 5361-5371, 2015.
[13] I. Del Villar, M. Hernaez , C. R. Zamarreño, P. Sánchez,
VI. REFERÊNCIAS
C. Fernández-Valdivieso, F. J. Arregui e I. R. Matias,
“Design rules for lossy mode resonance based sensors,”
[1] G. Koch, J. Varney, N. Thompson, O. Moghissi, M. Applied Optics, vol. 51, nº 19, pp. 4298-4307, 2012.
Gould e J. Payer, International of Measures of [14] Q. Wang e W.-M. Zhao, “A comprehensive review of
Prevention, Application, and Economics of Corrosion lossy mode resonance-based fiber optic sensors,” Optics
Technologies Study, G. Jacobson, Ed., Houston, Texas: and Lasers in Engineering, vol. 100, pp. 47-60, 2018.
NACE International, 2016. [15] M.-H. Chiu, C.-H. Shih e M.-H. Chi, “Optimum
[2] J. F. Martins-Filho e E. Fontana, “Optical Fiber Sensor sensitivity of single-mode D-type optical fiber,” Sensors
System for Multipoint Corrosion Detection,” em Optical and Actuators, vol. 123, nº 2, pp. 1120-1124, Maio 2007.
Fibre, New Developments, 1 ed., In-Tech, 2009, pp. 35- [16] W. Yuan, L. Wang e J. Huan, “Theoretical investigation
44. for two cascaded SPR fiber optic sensors,” Sensors and
[3] J. Haus, Optical Sensors: Basics and Applications, New Actuators B, vol. 161, nº 1, pp. 269-273, 2012.
York, NY: Wiley-VCH Verlag, 2010. [17] SANTOS, D. F. de Nóbrega dos, “Investigação Numérica
[4] S. A. Wade, C. D. Wallbrink, G. McAdam, S. Galea, B. do Desempenho de um Sensor de Fibra Óptica de Índice
R. W. Hinton e R. Jones, “A fibre optic corrosion fuse de Refração, Baseado em SPR e Utilizando COMSOL
sensor using stressed metal-coated optical fibres,” Multiphysics,” Dissertação (Mestrado) - Universidade da
Sensors and Actuators B: Chemical, vol. 131, nº 2, pp. Madeira, Departamento de Física, Curso de Pós-
602-608, 2008. GRaduação em Engenharias de Telecomnicações e redes,
[5] R. F. Wirght, P. Lu, J. Devkota, F. Lu, M. Ziomek-Moroz 2013.
e P. R. J. Ohodnicki, “Corrosion Sensors for Structural [18] S. Li, L. Gao, C. Zou, W. Xie, Y. Wei, C. Tian, Z. Wang,
Health Monitoring of Oil and Natural Gas Infrastructure: F. Liang, Y. Xiang e Q. Yang, “A Polarization-
A Review,” Sensors, vol. 19, nº 3964, 13 Setembro 2019. Independent Fiber-Optic SPR Sensor,” Sensors, vol. 18,
[6] M. Benounis e N. Jaffrezic-Renault, “Elaboration of a n nº 3204, 2018.
optical fibre corrosion for aircraft applications,” Sensors [19] Y.-C. Lin, W.-H. Tsai, Y.-C. Tsao e J.-K. Tao, “An
and Actuators B, vol. 100, pp. 1-8, 2004. Enhanced Optical Multimode Fiber Sensor Based on
[7] S. Dong , Y. Liao e Q. Tian, “Sensing of corrosion on Surface Plasmon Resonance With Cascaded Structure,”
aluminum surfaces by use of metallic optical fiber,” IEEE PHOTONICS TECHNOLOGY LETTERS, vol. 20,
Applied Optics, vol. 44, nº 30, pp. 6334-6337, 20 Outubro nº 15, pp. 1297-1289, 2008.
2005. [20] E. A. Silva-Jr, A. P. C. da Cruz, J. F. Martins-Filho e J.
[8] P. Y. Aisyah, A. M. Hatta e D. Y. Pratama, “Design of N. Nascimento, “Sensor de Corrosão Utilizando Dupla
SMS (Single mode Multi mode Coreless - Single mode) Camada Metálica em Fibra Óptica,” em 16ª SBMO -
Optical Fiber as Corrosion Sensor,” em Second Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e
International Seminar on Photonics, Optics, and Its 11ª CBMag - Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo,
Applications, Bali, 2016. Curitiba, Brazil, 2014.

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Spherical Anomalies Bioimpedance


Inverse Solution
Rooney R. A. Coelho José Roberto Cardoso
LMAG - Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado LMAG - Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado
Escola Politécnica of USP Escola Politécnica of USP
São Paulo, Brazil São Paulo, Brazil
rooneycoelho@usp.br jose.cardoso@usp.br

Abstract—This paper presents a solution for sphere-shaped II. E LECTRIC POTENTIAL SOLUTION
heterogeneities applied to the bioimpedance test. Such an ap-
proach has applicability for electrical impedance tomography, According to [3], at low frequencies and small field
considering the impedance response for electrodes at the skin strengths, the electromagnetic properties of living tissue allow
level, a healthy tissue composing a half-space, and a spherical its solution trough the generalized Laplace’s equation. Time-
anomaly representing a malignant or even benign tumor. The varying potentials describe the propagation in the matter
presented methodology consists of an inverse solution; however, it for time-varying sources. On the other hand, the retardation
has high computational performance and can be further applied
to an optimization procedure for generating medical images. effect can be negligible if the wavelength in the matter is
Keywords—bioimpedance, partial differential equations, point much higher than the analyzed physical dimensions; such an
source, inverse solution. approach is called quasi-static.
Based on the assumption above, this paper model considers
a uniformly conducting medium of conductivity σ and of
I. I NTRODUCTION an infinite extent within a harmonic current source J~e lies.
The angular frequency is ω and ε = εr ε0 is the medium
According to [1], the Electrical impedance tomography permitivity.
(EIT) is a non-invasive method to monitor conductivity
changes in regions of the human body. In such method, the J~ = σ E
~ + J~e (1)
electrical properties of biological tissues (conductivity and The Gauss law, where ρv is the space volumetric charge
permittivity) are reconstructed by measuring potential values density, is also:
at the body surface that emerge due to small currents, which ∇·D~ = ρv (2)
are imposed into the region of interest via some electrodes.
The EIT is a low-cost imaging method, which is noninvasive By applying the time-harmonic divergence equation:
and also free of ionizing radiation. Besides the low-resolution
∇ · J~ = ∇ · (σ E
~ + J~e ) = −jωρv (3)
of the generated images, a tomographer of this type is also
portable. Combining (2) and (3) one achieves (4), which is a generic
There is a current injection at a pair of electrodes and a form of the current density with conduction and displacement
voltage reading at a set of passive electrodes to determine currents terms.
the electrical properties of the material. For [2], this process J~ = σ E
~ + jω D~ + J~e (4)
is repeated for several excitation and response sets until it is ~
The quasi-static electric field (neglecting the −∂ A/∂t term)
collected as much information as possible about conductivity
is derived from scalar potential V , which is
distribution.
The direct solution for EIT is to determine the size and ~ = −∇Ṽ
E (5)
position of a possible anomaly trough voltage measurements.
The solution described herein consists of calculating the The applying of (5) in (4) yields the following equation
voltage response of an anomaly when the size and position are −∇ · ((σ + jωεr ε0 )∇V − J~e ) = 0 (6)
already determined, which is the inverse solution. The anomaly
is a model of a tumor that can be placed anywhere in the Assuming a complex conductivity as σ̄ = σ + jωεr ε0 . For a
three-dimensional space. The authors believe such an approach souce located at r~0 and a calculation point at ~r, according to
has applicability for mammography due to its characteristics. [4], one has ∇ · J~e = −Iδ(~
˜ r, r~0 ). The Poisson equation is then
A further step that is out of the scope of this paper is the obtained for the scalar potential.
development of medical images rooted in the interpretations ˜ r, r~0 )
Iδ(~
of the impedance measurements. ∇2 Ṽ = − (7)
σ̄

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

The solution of (6) for a homogeneous space is By expanding R−1 in terms of spherical harmonics, which is
valid for r0 < r < z0 , one achieves

Ṽ (~r, r~0 ) =, (8) I X rn
∞ ∞
1
4πσ̄R
X
V1 = Pn (cos θ) + Bn n+1 Pn (cos θ).
where R0 is the radial distance from the source point. 4π σ¯1 n=0 z0n+1 n=0
r
(12)
A. Spherical annomaly This form is necessary for applying the boundary conditions,
In the literature, an often-used model for inhomogeneity is a where the characteristic functions are defined. This equation
sphere. Such a model, as illustrated in Fig. 1, where the current is only used as a comparison basis for the sphere interface.
electrode, injecting a current I into the medium, is located Equation (11) is necessary to calculate the potential without
at z = z0 on the z-axis of an (x, y, z) coordinate system. restrictions.
The conductivity of the whole space is σ. Therefore the For the interior of the sphere, one needs to calculate the
potential V at a point in space can be expressed with spherical potential at r = 0. That solution diverges unless Bn = 0, so
symmetry. The sphere external material has a conductivity σ1 for the physical solution, all terms of this kind are null.
and permittivity ε1 , while the internal material σ2 and ε2 . This ∞
X
problem has symmetry around the φ variable of a (r, θ, φ) V2 = An rn Pn (cos θ) (13)
coordinate system. n=0

At the sphere shell, the electric potential and current density


R (r,θ) normal component must be equal, which are the boundary
I conditions for the problem.
θ V˜1 = V˜2
r
(r = r0 ) (14)
∂ V˜1 ∂ V˜2
σ¯1 = σ¯2 (r = r0 ) (15)
z0 ∂r ∂r
The applying of the boundary conditions for this kind of
problem, adapted from [6], results in the following functions.
r0 I˜ 1 σ¯1 (1 + 2n)
σ1,ε1 σ2,ε2 An = n+1
4π z0 σ¯1 (n + 1) + nσ¯2
(16)

I˜ r02n+1 n(σ¯1 − σ¯2 )


Bn = (17)
4π σ¯1 z0n+1 σ¯1 (n + 1) + nσ¯2
Fig. 1. Spherical anomaly model and current injection. The solution for the potential functions arives from the
substitution of (16) and (17) at (11) and (13).
The V (r, θ) function is obtained by speration of variables
III. I MPEDANCE CALCULATION
and has the following general solution [5]

The impedance is the relation of the harmonic potential
and the injected current. This paper considers a four-electrode
X
n −n−1

V (r, θ) = An r + Bn r Pn (cos θ), (9)
n=0
array to simulate the real measurement. For the electrode array,
two electrodes describe the current flow, and the other two, the
where An and Bn are functions that satisfies the boundary measured potential difference.
conditions for the layers interface and Pn is the n-th degree The specialized literature uses bidimensional arrays to
Legendre polynomial. compute higher resolution images [7]. This strategy is also
According to Fig. 1, the point source solution has a radial viable with this paper equation set; however, a linear array is
distance from the calculation point considered for a simplified study.
z The model of Fig. 1 is also symmetrical for a rotation of
q
R = r2 + z02 − 2rz0 cos θ cos θ = . (10)
r the z-axis. Consider a rotation of an angle α for the z-axis, the
The electric potential for the outer region consists of the Fig. 2 illustrates the equipotential lines due to a current source
superposition of the point source solution for a homogeneous for such a scenario. For the same case, if one considers the
space with the addition of the general solution. Since rn current source at a plane interface with air, the same solution
diverges when the distance tends to infinity, the An terms is also viable, calculating z0 in terms of the sphere depth.
must be zero to the solution be consistent with the physical According to [8], for a half-space such as this model, the
phenomena. The resulting superposition is then equipotential lines of the full space solution only cross half of

the solution. The potential for such a problem is then twice
I X 1 the entire space solution. The authors used this assumption to
V1 = + Bn n+1 Pn (cos θ) (11)
4π σ¯1 R n=0 r remove this additional heterogeneity.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

1.5a and a negative source rotated clockwise. There are two po-
I tential values to be calculated, and a practical measurement
consists of this voltage difference.
p
z0 ΔṼ
Ĩ ṼA ṼB -Ĩ
α a a a
β r' r'
z0 2(α-β)
p

σ2,ε2
σ1,ε1

Fig. 3. Linear electrode array


Fig. 2. Rotated z-axis potential
If one intended to perform all calculations in spherical
coordinates, the corrected radial distance for the calculation
As an illustrative case, when the sphere is at the center points, i.e., both potential electrodes is
of a measurement line, where the distance between adjacent
1p 2
electrodes is a, the position of the current source is then 1.5a r0 = a + 4p2 (20)
from the center of the measurement line (cf. Fig. 3). The z0 2
value for this new configuration is not equal to the depth of One can also use a mixed coordinate system (spherical and
the sphere, but proportional to it and also half of the array cartesian) to determine the calculation point for the electric
length. potential. When used the cartesian system, the calculation
1p 2 points are determined trough a rotation linear transform on
z0 = 9a + 4p2 (18)
2 coordinates. The simple relation between measured voltage
The equally spaced linear array, where a is the electrode and injected current is the impedance, a complex number,
spacing for the current excitation at external electrodes and which is
measured at internal electrodes, is presented in Fig. 3. The ∆Ṽ V˜A − V˜B
figure considers a sphere of radius r0 at depth p from the Z̄ = = = <(Z̄) + j=(Z̄) (21)
I˜ I˜
measurement line for a α degree counterclockwise rotated z-
For the Fig. 3 potential at voltage probes, denominating Ṽ1p
axis for positive source and −α for the negative source.
the Ṽ1 value for a positive current source and Ṽ1m its value
According to Fig. 3, the angle for the positive current source
considering a negative current source of the same magnitude,
is α, being the angle between the rotated z-axis and the first
is for electrode A
measurement point β and the angle between this axis and the  
second measurement point is 2(α−β). For a counterclockwise ṼA = 2 Ṽ1p (r0 , β)) + Ṽ1m (r0 , −2(α − β) , (22)
reference, the displacement angle for the negative current
source is −α, −2(α − β) between this new axis and the first and the value for electrode B is then
 
measurement point and −β for the second measurement point. ṼB = 2 Ṽ1p (r0 , 2(α − β)) + Ṽ1m (r0 , −β) , (23)
The rotation angle α for the array is calculated for the depth
and the array length. The angle β between the rotating axis ˜
the measured impedance is therefore Z̄ = (ṼA − ṼB )/I.
and the first potential calculation point also depends on the
referred parameters. IV. E XAMPLE APPLICATION
    Figure 4 illustrates the equipotential lines due to spherical
−1 3a −1 a
α = tan β = tan (19) anomaly; in such a figure, the medium 1 is healthy tissue,
2p p and medium 2 is a malignant tumor model. Reference [9]
The solution for Fig. 3 configuration is then a superposition measured the electrical properties of breast tissues for healthy
of the solution for a current source rotated counter-clockwise, tissue, cancerous, and also for benign tumor properties. The

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 4. Equipotential lines deformation due to anomaly for the positive and negative current sources.

different kinds of tissue present distinct electrical properties, A. Parametric study


which are also frequency-dependent. The example parameters This section performs a parametric study for the linear array
and physical dimensions are: measurement. The first parametric study is the impedance de-
• Electrode spacing (a): 1 cm pendency of the electrode spacing, both the real and imaginary
• Sphere depth (p): 2 cm parts. Figure 5 shows the impedance calculation for several
• σ1 = 0.245 S/m εr1 = 9.0170 (500 kHz) spacings for the same Fig. 4 sphere radius and depth data.
• σ2 = 1.697 S/m εr2 = 66.696 (500 kHz)
The simulated frequency is 500 kHz, which wavelength at
the healthy tissue is 9.03 m. The simulation studies a few
centimeters resolution; for such, the authors neglected the
propagation effect for this frequency.
In Fig. 4 the positive equipotential lines are continuous, and
the negative lines are dotted. One can observe the deformation
of such lines due to the anomaly. This figure is a sectional
view of the electric potential; however, the potential formula
contemplates a three-dimensional space.

TABLE I
C OMPARISON WITH FEA.

Z̄proposed Z̄FEA
a (cm) <(Z̄) =(Z̄) <(Z̄) =(Z̄) deviation
Fig. 5. Measured impedance in function of electrodes distance.
1 63.424 -0.065 64.744 -0.067 -2.04%
2 31.289 -0.032 32.327 -0.033 -3.21% As the figure illustrates, for the analyzed frequency, the
3 20.977 -0.022 21.594 -0.022 -2.86%
4 15.864 -0.016 16.180 -0.017 -1.95% real part of the impedance is much more significant than the
∗ The impedance is expressed in Ω.
imaginary part. The imaginary part, although less significant,
can also be used to locate the anomaly together with the real
part trough an adequate parameter estimation routine.
A Finite Element model for the same simplified geometry This section intends to demonstrate that several factors
was performed using Altair Flux software [10]. Several values imply a different result for the measured impedance. Several
for a are used, and the impedance is measured trough voltage measurements at different locations are the basis for construct-
electrodes. Table I presents the results for the Finite Element ing medical images to determine if there are a tumor and its
Analysis (FEA) in comparison with the calculated trough location and size. For illustration prurposes, the subsequent
the proposed solution. As one can see in the table, the figures present only the real part of the impedance.
results are in high accordance, which is an indicator of the Figure 6 presents a simulated measurement, where the
paper’s model accuracy. Our model excels in the calculation spacing of the electrodes is varied, for a parametric variation
of the potential for specific points when FEA needs a three- of the sphere radius and a fixed depth. The sphere and outer
dimensional domain discretization for such. media are the same as Fig. 4, for the same frequency and

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

electrical properties. All studies of this section use the same


electric properties for the media, which is a simulation of
healthy and cancerous tissues.

Fig. 8. Measured impedance for several measurement line offsets.

frequency limitation for the model once the authors neglect


Fig. 6. Measured impedance for several tumor (sphere) radius. the propagation effects. Subsequently, there is an applica-
tion of the potential function for a bioimpedance measure-
Figure 7 also shows a simulated measurement, but for a ment, considering an aligned electrode array. As illustrated in
parametric variation of the sphere depth and a fixed radius. the case studies, several parameters influence the measured
Both Figures 6 and 7 use a measurement line aligned with the impedance. Such a variation can be an indicator of a tumor,
sphere for z = 0, which represents one’s skin. which has applicability for EIT. Further development is an
appropriate interpretation of the measurements (bidimensional
array impedance) to generate medical images for determining
a possible tumor location.
R EFERENCES
[1] B. Brandstätter, H. Scharfetter, and C. Magele, “Multi frequency elec-
trical impedance tomography,” COMPEL-The international journal for
computation and mathematics in electrical and electronic engineering,
2001.
[2] F. Dalvi-Garcia, M. N. d. Souza, and A. V. Pino, “Algoritmo
de reconstrução de imagens para um sistema de tomografia por
impedância elétrica (tie) baseado em configuração multiterminais,” Re-
vista Brasileira de Engenharia Biomédica, vol. 29, pp. 133 – 143, Junho
2013.
[3] J. L. Mueller, D. Isaacson, and J. C. Newell, “A reconstruction algorithm
for electrical impedance tomography data collected on rectangular elec-
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[6] J. Wait, Geo-electromagnetism. Academic Press, 1982.
The simulated measurement of Fig. 8 shows a parametric [7] X. Zhang, W. Wang, G. Sze, D. Barber, and C. Chatwin, “An image
reconstruction algorithm for 3-d electrical impedance mammography,”
variation of the measurement line offset from the sphere center. IEEE Transactions on Medical Imaging, vol. 33, no. 12, pp. 2223–2241,
The measurement line is at the skin level but has no alignment Dec 2014.
with the sphere. This result is crucial because the sphere [8] J. R. Cardoso, Engenharia Eletromagnética, 1st ed. Elsevier Editora
Ltda., 2010.
location in practice is not known, as well as its depth and [9] F. M. Cheng Y, “Dielectric properties for non-invasive detection of
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The paper presents a model for spherical anomalies in a
half-space of uniform electrical properties. It admits a known
size and location for a sphere and calculates the potential
function for points within the interest region. There is a

104
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Análise da Resistividade Elétrica em


Amostras de Compósitos Magnéticos Moles
Indiara P. C. da Silva1, Guilherme H. S. Reis1, Gabriela de A. Riul1, Leandro L. Evangelista2, Antonio I. Ramos Filho2
Nelson J. Batistela1, Nelson Sadowski1, Valderes Drago3 e Aloisio N. Klein2
1
Departamento de Engenharia Elétrica - CTC - UFSC 2
Departamento de Engenharia de Materiais - CTC - UFSC
1
Grupo de Concepção e Análise de Dispositivos 2
Laboratório de Materiais (LabMat)
Eletromagnéticos (GRUCAD) 3
Departamento de Física - CFM - UFSC
Florianópolis, SC, Brasil

Resumo—Neste artigo serão apresentadas análises do consolidadas na literatura como, por exemplo, o método de
comportamento da resistividade elétrica em amostras de quatro pontos [11], [12], é que não há a necessidade de
compósitos magnéticos moles (SMC). As amostras possuem realização de contatos elétricos na amostra. Além disso, no
formato toroidal e são ensaiadas utilizando um instrumento de método a quatro pontos, há uma distribuição superficial da
medição no qual é possível obter a tensão e a corrente induzida na corrente, o que é uma desvantagem quando se analisa amostras
amostra. Foram realizadas comparações entre valores de de seção transversal considerável (em comparação com
resistividade elétrica obtidas com a bancada de medição e através materiais laminados). Outra vantagem na medição realizada é
de uma montagem a quatro pontos. Utilizando o instrumento de que, por ser um procedimento não destrutivo, a mesma amostra
medição, foram também realizados ensaios de repetitividade e
pode ser utilizada na caracterização elétrica (medição da
avaliação dos valores de resistividade em função da indução
magnética de pico imposta ao núcleo ferromagnético do aparato.
resistividade) e na caracterização magnética (medição de perdas
Os resultados indicam boas repetitividade e correlação da e permeabilidade, por exemplo).
resistividade elétrica mensurada pelos dois métodos de medição Algumas análises foram realizadas em amostras toroidais
avaliados, validando a bancada experimental como forma de utilizando este dispositivo de medição de resistividade elétrica
medição não destrutiva e sem contato de resistividade bulk. em trabalhos desenvolvidos no Grupo de Concepção e Análise
de Dispositivos Eletromagnéticos (GRUCAD) [13], [14]. A fim
Palavras-chaves—resistividade elétrica, instrumento de
de aprofundar as análises e aumentar ainda mais a
medição, corrente induzida, compósitos magnéticos moles.
confiabilidade dos valores de medição obtidos utilizando esta
I. INTRODUÇÃO metodologia, foram realizadas investigações dos valores de
resistividade elétrica quando variados os níveis de indução
A caracterização de materiais ferromagnéticos é uma magnética, ensaios de repetitividade e comparações entre
ferramenta importante que auxilia análises e possibilita o resultados obtidos utilizando o dispositivo de medição e através
aperfeiçoamento da performance de dispositivos que utilizam do método a quatro pontos.
esses materiais em sua constituição, tais como máquinas
rotativas e transformadores. A caracterização elétrica é um II. INSTRUMENTO DE MEDIÇÃO
procedimento relevante que pode auxiliar a otimizar processos
Para medição da resistividade elétrica de amostras em
de produção de chapas de aço para fins elétricos e/ou amostras
formato de anel, foi utilizado um instrumento de medição que
constituídas de compósitos magnéticos moles (em inglês, Soft
consiste em um circuito magnético transformador composto por
Magnetic Composites, SMC). Estudos que envolvem a
um núcleo de material ferromagnético com alta permeabilidade
caracterização de SMC têm sido amplamente realizados nas
e dois enrolamentos: um em que é realizada a excitação do
últimas décadas [1]–[7] e, em geral, utilizam-se de amostras
circuito (enrolamento primário) e outro em que é realizada a
toroidais para medição das propriedades magnéticas. Neste
medição da tensão induzida (enrolamento secundário).
contexto, foram realizadas análises dos valores de resistividade
Na Fig. 1 é apresentada uma ilustração do aparato de
elétrica de amostras em formato de anel, constituídas de SMC
medição. Nesta figura, vp(t) é a tensão alternada imposta no
utilizando um aparato de medição sem contato desenvolvido
enrolamento primário do circuito, vs(t) é a tensão induzida no
para este propósito. Através das medições da resistividade
enrolamento secundário e i(t) é a corrente que circula na
elétrica efetuadas sobre a mesma amostra avaliada em ensaio
amostra.
magnético, pode-se melhor compreender a fenomenologia dos
mecanismos de perdas magnéticas e com isso acelerar o
processo de desenvolvimento de materiais SMC.
O procedimento de medição sem contato utilizado envolve
o princípio de tensão e de corrente elétrica induzidas através de
um circuito magnético transformador. Esta metodologia é
utilizada na medição de resistividade de concreto [8] e de
materiais ferromagnéticos [9], [10]. A principal vantagem deste
método, em comparação com outras formas de medição
Fig. 1. Ilustração do instrumento de medição de resistividade.

105
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A amostra toroidal é inserida dentro do núcleo 𝜌 =


𝑅𝑆
(4)
ferromagnético (duas peças em formato C) de maneira a ser
𝑙
(𝑟𝑒 − 𝑟𝑖 )
l = 2π (5)
penetrada pelo fluxo magnético que é concentrado pelo núcleo 𝑟
𝑙𝑛 ( 𝑟𝑒 )
(vide Fig. 1). A corrente elétrica é medida através de um S = (𝑟𝑒 − 𝑟𝑖 )h
𝑖
(6)
transdutor de corrente que envolve a seção transversal da
amostra. IV. PROCEDIMENTO DE MEDIÇÃO
Análises utilizando sondas de tensão em diferentes posições O processo de medição realizado consiste na execução das
do núcleo, realizadas em [13], mostraram que não há dispersão seguintes atividades:
significativa de fluxo neste núcleo e que, para o propósito de
medição de resistividade elétrica, pode-se considerar que o 1) Obtenção das dimensões da amostra
fluxo magnético que percorre o núcleo (calculado através da Realiza-se a medição dos diâmetros interno e externo, bem
medida de tensão no enrolamento secundário do circuito e de como a altura da amostra utilizando um paquímetro. As
características construtivas do núcleo) é o mesmo que penetra a medições são efetuadas de duas a quatro vezes em posições
amostra. Desta forma, relaciona-se a tensão na amostra diferentes da amostra e se obtém a média para cada parâmetro.
vamostra(t) (1) e a tensão medida no secundário através do número A medidas das amostras em que foram realizados os ensaios são
de espiras do enrolamento secundário Ns (assumindo que o de cerca de 55 mm de diâmetro interno, 65 mm de diâmetro
material possui condutividade homogênea, considera-se a externo e 5 mm de altura.
amostra como um enrolamento de uma espira em curto).
2) Configuração do instrumento virtual
𝑣𝑠 (𝑡)
𝑣𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 (𝑡) = ⁄𝑁 (1) Neste passo, são fornecidos ao instrumento virtual (virtual
𝑆

Com os valores de tensão e corrente na amostra é possível instrument –VI, em inglês), desenvolvido na plataforma
calcular o valor da resistência da amostra e, posteriormente, LabVIEW®, os dados dimensionais da amostra e se configuram
obterem-se os valores de resistividade. os parâmetros do ensaio, tais como frequência, indução, número
de medições realizadas e outras informações específicas da
III. CÁLCULO DA RESISTIVIDADE ELÉTRICA geração e aquisição de dados (localização dos canais na placa,
O cálculo da resistividade elétrica das amostras analisadas é tipo de sinal gerado, número de períodos adquiridos, etc). A
realizado através dos valores de resistência elétrica e de suas placa de geração e aquisição de sinais utilizada é a NI-6212 da
dimensões (medidas de diâmetro interno, diâmetro externo e National Instruments®.
altura). Nesta seção será apresentada a metodologia de cálculo 3) Desmagnetização do núcleo
da resistência e, em seguida, da resistividade.
Com a amostra posicionada, desmagnetiza-se o núcleo
A. Obtenção da Resistência ferromagnético para remover uma possível indução remanente
A resistência elétrica R (2) da amostra em formato de anel é proveniente de outros ensaios. Neste processo, eleva-se a
calculada através da potência média Pméd (3) dissipada na indução magnética do núcleo até cerca de 1,2 T (este nível está
amostra e o valor de corrente eficaz Irms que circula por sua limitado devido ao amplificador de potência da bancada) e
seção transversal. Em (3), T é o período do sinal. reduz-se até próximo da indução zero em passos de 0,05 T.
𝑃𝑚é𝑑 4) Ajuste do ponto de operação
𝑅= ⁄ (2)
𝐼𝑟𝑚𝑠 2 Após a desmagnetização do núcleo, ajusta-se o ponto de
1 𝑡
𝑃𝑚é𝑑 = ∫0 𝑣𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎 (𝑡 ′ )𝑖(𝑡′)𝑑𝑡′
𝑇
(3) operação em que será realizado o ensaio. Para isto, com o
auxílio do VI, modifica-se a tensão de referência gerada que é
Comparações entre duas outras formas de cálculo da amplificada e posteriormente aplicada ao enrolamento primário
resistência foram avaliados em [13], [14]: i) através da potência do circuito com o fim de se atingir a indução magnética
média e a tensão eficaz na amostra (este método não se mostrou desejada. Após o ajuste da indução magnética, passa-se à
adequado para amostras com um circuito equivalente que execução do ensaio.
contenha uma parcela significativa de reatância) e ii) através da
tensão e corrente na amostra e o cosseno da defasagem entre os 5) Execução do ensaio
sinais de tensão e de corrente (este método não possui boa Após a indução magnética e a frequência de operação serem
confiabilidade quando os sinais de tensão e corrente são de estabelecidas, inicia-se o ensaio. O cálculo da resistividade é
pequena amplitude e/ou ruidosos. Conhecida a resistência da realizado onze vezes e esses valores são armazenados. A
amostra, a partir de (2), calcula-se a resistividade do material. primeira medida de resistividade é descartada para evitar um
B. Cálculo da Resistividade possível transitório durante a geração e/ou aquisição dos sinais.
Assim, tendo-se dez resultados de resistividade, calcula-se o
A resistividade elétrica ρ é o inverso da condutividade valor médio e o desvio padrão entre as medições. Este processo
elétrica σ. Esta propriedade do material pode ser calculada
é repetido após rotacionar a amostra em relação ao transdutor
através do valor da resistência, do comprimento l e da seção
de corrente. Este processo de realizar o ensaio duas vezes, em
transversal S da amostra, como apresentado em
posições diferentes da amostra aumenta a confiabilidade dos
(4). Para amostras toroidais, l e S são calculados através das
resultados evitando uma análise única que pode, por exemplo,
dimensões do raio interno ri, do raio externo re e da altura h,
ser influenciada por imperfeições locais da amostra. Por fim,
como apresentado em (5) e (6), respectivamente. Em (5), ln é o
realiza-se uma nova média com os dois valores de resistividades
logaritmo natural.
médias (das dez medições) obtidas nos dois ensaios.

106
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

V. RESULTADOS outra metodologia de obtenção da resistividade, foram feitas


Foram realizados ensaios de resistividade elétrica em medições com o método a quatro pontos.
amostras toroidais de SMC e de aço sinterizado. Primeiramente, 2) Comparação com método quatro pontos
foram efetuados alguns ensaios a fim de validar os resultados
No método a quatro pontos (também chamado de quatro
obtidos com a bancada de medição. Posteriormente, realizou-se
sondas), impõe-se a corrente elétrica com o auxílio de duas
uma análise dos valores de resistividade em amostras de SMC
pontas de prova, e, utilizando duas outras pontas, lê-se o valor
em função da indução magnética do núcleo. No decorrer do
da tensão. Uma ilustração deste método é apresentada na Fig.
trabalho, serão utilizadas as nomenclaturas A-1, A-2, B e C-1 e
3. Nesta figura, observa-se que a corrente imposta na amostra é
C-2, para identificação das amostras. As amostras A-1, A-2, C-
fornecida através de um gerador de sinais, no qual a amplitude
1 e C-2 foram produzidas a partir do SMC comercial Somaloy
do sinal pode ser modificada a fim de atingir o valor desejado
3P, nos quais os números indicam diferentes amostras e as
de corrente eficaz. Por fim, utilizando um multímetro, obteve-
amostras nomeadas com letras iguais possuem as mesmas
se valores de tensão eficaz. O valor da resistência equivalente
condições de tratamento térmico e a amostra B é constituída de da amostra foi calculado através da razão entre tensão eficaz e
aço. corrente eficaz na amostra. Como o posicionamento das sondas
A. Validação da bancada. de tensão e de corrente foram no centro da amostra, o valor da
Foram realizados dois tipos de ensaios para validação da resistência equivalente obtida é o paralelo entre duas
bancada: i) ensaios de repetitividade e ii) uma comparação com resistências R1 e R2 (aproximadamente iguais). Sabe-se que
uma medição simplificada da resistência a quatro pontos. esta consideração pode implicar em erros de medição, uma vez
que não se garante que estas resistências sejam idênticas.
1) Ensaios de repetitividade
Nestes ensaios, realizou-se a medida de resistividade
(resultados da média entre dois ensaios com dez medições cada)
três vezes. Todos os ensaios foram realizados em dias distintos.
Comparou-se os valores de resistividade através da diferença
relativa em relação à média dos três valores.
Na Fig. 2 são apresentados os resultados de resistividade
elétrica da amostra de SMC A-1 na frequência de 50 Hz e nas
induções magnéticas de 0,5 T, 0,8 T, 1,0 T e 1,2 T. Nesta Fig. 3. Ilustração do ensaio a quatro pontos
figura, tem-se resultados de três ensaios, onde os valores de
resistividades obtidas nos ensaios 1, 2 e 3 são representados Foram realizados também ensaios a quatro pontos em
pelas cores azul, laranja e cinza, respectivamente. Além disso, corrente contínua, neste caso específico, trocou-se o gerador de
tem-se também, o resultado da resistividade média dos três sinais da Fig. 3 por uma fonte simétrica ligada em paralelo.
ensaios na cor amarela. Nota-se que os valores de resistividades A fim de aumentar a confiabilidade dos resultados, após o
obtidos nos três ensaios para uma mesma indução são primeiro ensaio, modificou-se a posição das quatro pontas em
próximos. As diferenças de cada ensaio em relação à média relação a amostra (rotação de 90º), e se adquiriu novamente os
foram de no máximo 0,4% em 0,5 T, 4% em 0,8 T, e 3% nas valores de tensão e corrente na amostra. Na Fig. 4, tem-se uma
induções de 1 T e 1,2 T Além disso, realizou-se a média das foto do posicionamento das quatro pontas no centro da amostra.
doze medições de resistividade realizadas nesta amostra (três Nesta figura, as setas na cor amarelo indicam as pontas de
ensaios em cada nível de indução) e se comparou com cada medição de tensão e as setas na cor azul as pontas que impõem
ensaio individualmente e as diferenças relativas não superaram a corrente.
3%.
SMC A-1
260
Resistividade Elétrica

250
240
(μΩm)

230
220
0,5 0,8 1,0 1,2
Indução Magnética (T)
Ensaio 1 Ensaio 2 Ensaio 3 Média
Fig. 4. Ensaio de medição da resistência a quatro pontos.
Fig. 2. Ensaio de repetitividade da amostra de SMC A-1.
A partir do cálculo da resistência da amostra pelo método a
Realizados ensaios de repetitividade da medição da quatro pontos, obteve-se o valor da resistividade da amostra.
resistividade na bancada, considerou-se que os resultados Deve-se levar em conta que, no método proposto, a corrente
obtidos através da metodologia proposta são precisos. A fim de total circula penetrando a seção transversal da amostra,
se obter uma comparação entre os resultados da bancada com percorrendo as resistências R1 e R2 (vide Fig. 3) em série,

107
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

diferentemente da configuração a quatro pontos realizada, em na amostra SMC A-2. As diferenças relativas entre os valores
que a corrente imposta se divide entre as resistências R1 e R2 de resistividade nas induções de 0,5 T a 1,2 T em relação à
configuradas em paralelo. média foram inferiores a 5% na amostra SMC A-1 e inferiores
a 2% na amostra SMC A-2. Na faixa de 0,1 T a 0,4 T, os valores
Na Tabela I, tem-se comparações entre resultados de de resistividade variaram de cerca de 87 μΩm a 225 μΩm na
resistividade elétrica obtidas para a amostra B através das duas amostra SMC A-1 e de aproximadamente 88 μΩm a 210 μΩm
metodologias nas frequências de 50 Hz e de 100 Hz. Tem-se na amostra de SMC A-2. Para auxílio das análises, investigou-
também um resultado de resistividade a quatro pontos medido se também os valores de correntes RMS que percorrem a seção
em corrente contínua (0 Hz). Nesta tabela, observa-se que as transversal da amostra. Observa-se que quanto menor a indução
diferenças absolutas dos resultados de resistividade obtidos magnética imposta ao núcleo, menor a corrente que circula na
com a bancada em relação ao método de quatro pontos (Dif. amostra. O limite mínimo de operação do transdutor de corrente
Rel. Q.P.) foram de 2,3% e de 4,3% em 50 Hz e 100 Hz, utilizado nas medições (Tecktronix® A622), indicado pelo
respectivamente. Além disso, o resultado de resistividade fabricante [15], é de 50 mA de pico e equivale
medido a quatro pontos em corrente contínua é próximo dos aproximadamente 35,4 mA de corrente eficaz. Na amostra
resultados obtidos com a bancada nestas duas frequências. As SMC A-1(Fig. 5(a)), os valores de corrente variaram de cerca
diferenças relativas (Dif. Rel. Q.P. - 0 Hz) foram de 3,0% em
de 17 mA a 123 mA e na amostra SMC A-2 (Fig. 5(b)), de cerca
50 Hz e de 2,5% em 100 Hz. de 17 mA a 128 mA. Portanto, nesta frequência e para estas
TABELA I COMPARAÇÃO DE RESISTIVIDADE ELÉTRICA DA AMOSTRA B
amostras, deve-se levar em conta que a ponteira de corrente
OBTIDAS COM A BANCADA E A QUATRO PONTOS DA AMOSTRA pode não estar medindo valores coerentes de corrente nas faixas
de indução de 0,1 T a 0,4 T.
Resistividade elétrica (μΩm)
Frequência Dif. Rel. SMC A-1
Quatro Dif. Rel.
(Hz) Bancada Q.P. - 300 140
pontos Q.P. (%)

Resistividade Elétrica ( µΩm)

Corrente RMS (mA)


0 Hz (%)
105
0 - 0,916 - - 200
70
50 0,888 0,868 2,3% 3,0% 100
100 0,893 0,856 4,3% 2,5% 35
0 0
Destaca-se que a amostra utilizada neste ensaio foi raspada 0,10
0,20
0,25
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20
e levemente perfurada para realização dos ensaios a quatro
pontos e que os ensaios na bancada foram realizados Indução magnética (T)
anteriormente a este processo. O material aço foi escolhido para Corrente Resistividade
esta análise por possui permeabilidade superior às das amostras (a)
de SMC analisadas neste trabalho.
Realizadas análises comparativas entre ensaios realizados SMC A-2
300 140
na bancada (ensaios de repetitividade) e ensaios comparativos
Resistividade Elétrica (µΩm)

com uma metodologia de obtenção da resistência a quatro 105

Corrente RMS (mA)


200
pontos, considera-se que a bancada fornece resultados 70
confiáveis. Na próxima seção, apresenta-se uma investigação 100
do comportamento da resistividade em função dos níveis de 35
indução magnética do núcleo em amostras de SMC. 0 0
0,10
0,20
0,25
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20

B. Avaliação da resistividade em função da indução


magnética Indução Magnética (T)
O comportamento da resistividade elétrica em função dos Corrente Resistividade
níveis de indução magnética do núcleo foi analisado para as (b)
amostras de SMC: A-1, A-2, C-1 e C-2 (Fig. 5 e Fig. 6). Nestas Fig. 5. Resistividade elétrica em função da indução magnética do núcleo
figuras, as linhas com triângulos na cor amarela representam os nas amostras (a)SMC A-1 e (b) SMC A-2.
valores de resistividade e as colunas na cor azul representam os Nas Fig. 6(a) e Fig. 6(b), referentes as amostras SMC C-1 e
valores de corrente RMS medidos. Os ensaios foram realizados SMC C-2, observa-se que houve maior variação nos
na frequência de 50 Hz e na faixa de 0,1 T a 1,2 T. Todas estas comportamentos dos valores de resistividade com relação aos
amostras possuem mesma composição e as letras diferenciam das amostras anteriores. Entretanto, vê-se um aumento
suas temperaturas de recozimento. significativo nos valores de resistividade elétrica nas duas
amostras de 0,1 T até 0,6 T. Para induções superiores a 0,6 T,
Nas Fig. 5(a) e Fig. 5 (b) são apresentados os resultados da os valores de resistividade foram próximos. As resistividades
amostra A-1 e da amostra A-2. Nestas figuras, observa-se que médias para induções de 0,6 T a 1,2 T foram de 250,3 μΩm e
os valores de resistividade obtidos apresentam um de 222,9 μΩm para as amostras SMC C-1 e SMC C-2,
comportamento aproximadamente linear para induções respectivamente. As diferenças relativas para os valores de
superiores a 0,5 T. Nos níveis de 0,5 T a 1,2 T, a resistividade resistividade nas induções superiores a 0,6 T, com relação a
média foi de 242,3 μΩm na amostra SMC A-1 e de 225,2 μΩm estas médias foram inferiores a 3% na amostra SMC C-1 e a 4%

108
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

na amostra e SMC C-2. Os valores de corrente eficaz nestas correspondentes a esses níveis de corrente, podem não ser
duas amostras foram inferiores aos medidos nas amostras SMC confiáveis. A fim de não se trabalhar nos níveis inferiores de
A-1 e SMC A-2 (Fig. 5), variando de cerca de 16 mA a operação da ponteira, pode-se optar por elevar a frequência de
aproximadamente 74 mA na amostra SMC C-1 (Fig. 6 (a)) e de operação. Entretanto, devido a limitações da bancada
cerca de 15 mA a aproximadamente 78 mA na amostra SMC C- (amplificador de potência), diminuem-se os níveis de indução
2 Fig. 6(b)). Novamente, observou-se valores de correntes magnética alcançados nos ensaios. Propõe-se, futuramente, a
eficazes inferiores ao limite mínimo de medição do transdutor realização de uma análise da resistividade elétrica em função da
de corrente utilizado, podendo não resultar em valores frequência a fim de verificar a influência desta grandeza no
coerentes de resistividade elétrica, quando medidos nesta comportamento da resistividade e se há ocorrência de efeito
frequência. pelicular nestas amostras. Cita-se também que outro estudo a
ser implementado futuramente é a análise da influência da
SMC C-1 temperatura ambiente nas medições de resistividade.
300 105
Apesar da limitação de medição observada, este método
Resistividade Elétrica (µΩm)

Corrente RMS (mA)


200 70 propicia obtenção da resistividade elétrica de materiais do tipo
bulk de maneira satisfatória, sem danificar ou necessitar a
100 35 realização de contatos na amostra. Outra vantagem é que a
configuração deste equipamento é bastante automatizada e
0 0 possibilita a execução de um número grande de ensaios em um
tempo bastante reduzido, quando comparado, por exemplo,
0,10
0,20
0,25
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
1,10
1,20

Indução Magnética (T)


com a montagem a quatro pontos realizada.
Corrente Resistividade
AGRADECIMENTOS
(a) Os autores agradecem a Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e o Programa
SMC C-2 Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) pelo
300 105
suporte financeiro necessário para realização desta pesquisa.
Resistividade elétrica (µΩm)

Corrente RMS (mA)

200 70
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0,10
0,20
0,25
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
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VI. CONCLUSÃO Somaloy 3P 700-Based Components,” IEEE Trans. Magn., 2016.
[7] G. Tontini et al., “Study of soft magnetic composites of iron coated with
Análises comparativas de valores de resistividade elétrica nanoparticles dispersion in liquid glass,” J. Magn. Magn. Mater., vol. 487,
obtidas com o instrumento de medição e através de quatro 2019.
pontos tiveram valores próximos na amostra de aço em corrente [8] Z. Li and W. Li, “US Patent 6639401 - Contactless, transformer-based
measurement of the resistivity of materials, 2003.
contínua e nas frequências de 50 Hz e 100 Hz. [9] C. Cyr, “Modélisation et Caractérisation des Matériaux Magnétiques
Composites Doux utilisés dans les Machines Electriques,” Tese de Doutorado,
Os ensaios de repetitividade realizados na amostra de Université Laval, 2007.
SMC A-1 mostraram que os resultados obtidos com este [10] A. Benabou, “Contribution à la caractérisation et à la modélisation de
aparato de medição são precisos. matériaux magnétiques en vue d’une implantation dans un code de calcul de
champ,” Tese de Doutorado, Universisté Lille I, 2002.
Investigações na frequência de 50 Hz, realizadas nas [11] Y. Singh, “Electrical Resistivity Measurements: a Review,” Int. J. Mod. Phys.
amostras de SMC: A-1, A-2, C-1 e C-2, em função da indução Conf. Ser., 2013.
[12] A. P. Schuetze, W. Lewis, C. Brown, and W. J. Geerts, “A laboratory on the
magnética mostraram que os valores de resistividade elétrica four-point probe technique,” Am. J. Phys., 2004.
são próximos entre si quando a corrente eficaz na amostra é [13] I. P. C. da Silva et al., “Ring Shaped Ferromagnetic Samples Resistivity
superior a aproximadamente 35 mA. Nas amostras de SMC A- Measurement,” 18 SBMO - Brazilian Symp. Microw. Optoeletronics 13
1 e SMC A-2, este nível de corrente correspondeu a induções CBMag - Brazilian Congr. Electromagn., no. 1, pp. 697–701, 2018.
[14] I. P. C. da Silva, “Análise de um sistema de medição de resistividade elétrica
magnéticas superiores a 0,5 T e nas amostras de SMC C-2 e, na de amostras em formato de anel”, Trabalho de Conclusão de Curso,
amostra SMC C-2, correspondeu a induções superiores a 0,6 T. Universidade Federal de Santa Catarina, 2017.
Este valor de corrente equivale ao limite mínimo de leitura do [15] “Tektronics Datasheet - Current Probes.” [Online]. Available:
https://www.tek.com/datasheet/current-probes.
transdutor de corrente utilizado. Constatou-se que, devido à
limitação de leitura da corrente elétrica, valores de resistividade

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Detection of the Sigma Phase in a Duplex Stainless


Steel Through Measurements of Magnetic
Permeability

Edgard de Macedo Silva, Amanda Medeiros Josinaldo Pereira Leite.


Rodrigues, Arthuci Francis Pereira Lima, Walter Departamento de Engenharia Mecânica
Macedo Lins Fialho, Izaura Luiz Viegas, Ibernon Universidade Federal da Paraíba
Pereira de Barros Neto. João Pessoa, Brasil
Engenharia Elétrica, Unidade Acadêmica III
Instituto Federal da Paraíba, IFPB
João Pessoa, Brasil

Abstract—Electromagnetic tests have been used to monitor material and thus the permeability. The sigma (σ) and α`
phases that change the permeability of the material. Duplex phases are paramagnetic and ferromagnetic ones responsible
stainless steels when subjected to temperatures between 550 and for the embrittlement of this class of material. The first reduces
1000 ºC suffer embrittlement due to the formation of a permeability because it is formed by the decomposition of a
paramagnetic phase of high hardness called sigma. The present ferromagnetic phase of steel, while the second is a finely
work develops an electromagnetic test in the reversibility region dispersed phase that reduces the motion of the magnetic
of the movement of the magnetic domains walls, which is domain walls (Lo 2007; Lo 2012; Silva et al., 2016).
characterized by a linear behavior between the intensity of the
applied magnetic field and magnetic flux density. Samples aged Ultrasound testing also has been used to detect the sigma
at 850 ºC for times of 15, 60 and 120 min are used to obtain phase transformation in duplex stainless steels (Albuquerque et
different amounts of sigma phase. The results of permeability, al., 2010, 2015, Normando et al. 2010). Normando et al., in
amount of sigma phase, absorbed energy and microstructure (2010), analyzed the influence of the sound velocity to follow-
obtained by optical microscopy were correlated. These show that up the σ phase formation at temperatures of 800 and 900 ºC for
the permeability measurements are able to follow the formation times up to 2 h. The results showed that ultrasonic velocity
of the sigma phase for amount enough to compromise the increases with longer times of heat treatment. The sound
toughness of the material even in the regions that other methods velocity is influenced by the material density and the elastic
are not sensitive.
modulus, and so the changes observed for the sound velocity
Keywords—Electromagnetic testing; embrittlement; duplex
indicate changes in terms of material properties due to sigma
stainless steel. phase generated from the ferrite phase. Results also showed
that the measurements are more precise for aging times above
I. INTRODUCTION 30 min. Albuquerque et al. (2010) applied ultrasound to
microstructure characterization. These authors studied the
Electromagnetic tests have been used to monitor phases that
ferrite decomposition at temperatures of 425 and 475 ºC and
may interfere with the mechanical properties of structures in
showed that the changes of the sound speed measurements are
services. The formation of new phases in ferromagnetic
directly proportional to the variation of the material hardness,
materials causes the change in the magnetic permeability of the
presenting sensitivity to the phase transformations. Thus, the
one and thus can be determined by them. Tests such as
sound speed is an important nondestructive parameter for
parasitic currents and Barkhausen noise are used for this
followingup the hardening kinetics of duplex stainless steels.
purpose (Camerini et al., 2006; Ducharne et al., 2007,
Miesowicz, Staszewski, and Korbiel, 2016; Ghanei 2013). The The sigma phase forms from the decomposition of the
Barkhausen magnetic noise is generated from the attempt of ferrite phase. This is rich in chromium and its formation leads
the domains walls to detach themselves from the anchor points. to reduced matrix chrome and corrosion resistance. In addition,
These can be grain boundary, second phase, precipitates and it has high hardness and an amount of 4% is sufficient to affect
dislocations, for example. The magnetic fields used are part of toughness. It is formed in the temperature range of 600 ºC to
the irreversibility region of the magnetization curve of the 1000 ºC and its rapid formation kinetics occurs at 850 ºC
materials. (Tavares 2010; Cho 2012; Fargas 2009; de Lacerda 2015;
Yang 2012).
Electromagnetic tests have also been developed in the
reversibility region of the magnetization curve. These have In the present work a study of the detection of the presence
been used to follow the formation of paramagnetic phases in of the sigma phase in a duplex stainless steel is made. This is
stainless steels. These change the ferromagnetism of the accomplished through the interaction between magnetic field

110
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

strength and material, in the region of reversibility movement To obtain different amounts of sigma phase the samples
of the magnetic domains walls. The measurements were were treated at 850 ºC for the 15 min, 60 min and 120 min
performed on a Duplex stainless steel and correlated with the times. The samples were prepared by mechanical polishing and
amount of sigma phase obtained through thermal treatment and electrolytic etch in a 10 % KOH solution with a voltage of 3 V
optical microscopy. during 15 s, which reveals mainly the sigma phase. The sigma
phase was quantified in microstructural images acquired by
II. MATERIAL AND METHODS optical microscopy (NIKON FX 35XD Optic Microscopy).
Samples of a SAF 2205 duplex stainless steel with 24 mm The volumetric fraction, of the sigma phase was calculated
diameter and 8 mm thickness were removed by wire electrodes using a computational tool of image processing and analysis
from a plate of dimensions 8 x 500 x 500 mm. These were was obtained by image processing of 30 photos obtained for
subjected to external magnetic field intensities ranging from 0 each condition. KOH reagent preferably attacks the sigma
to 35 Oe in the center of the samples. The amount of the phase by highlighting it in gray over white matrix. The images
applied field is produced in the region of reversibility of the were segmented through the threshold filter and the amount of
magnetic domain, leaving no permanent magnetization in the phase determined by the ratio between black and white areas.
sample under test. The region of reversibility of the magnetic The amount of sigma phase was determined with a 95%
domain corresponds to the magnetization region where the confidence interval. The microstructure was also analyzed by
domains are random oriented, and the application of an scanning electron microscopy.
external magnetic field does not cause its permanent motion or The magnetic permeability was obtained from the slope of
residual field and therefore, the demagnetization of the material the magnetization curve in the reversibility region of the
is unnecessary. movement of the magnetic domains walls. Charpy impact tests
The test equipment used is shown in Fig. 1a and the detail were performed for samples subjected to treatments and
of the position of the sensor (Fig1 b). The application of the material as received.
external field was performed from a solenoid. Magnetic flux
density was determined using a Hall effect sensor model III. RESULTS AND DISCUSSION
SS495A. The formation of new phases in ferromagnetic materials
can causes the change in the magnetic permeability of the one
and electromagnetics test in the region of irreversibility of the
materials magnetization curve are used for this purpose
(Camerini et al., 2015, Ducharne et al., 2017, Ktena et al.,
2014, Blažek et al., 2016; Ducharne et al., 2017; Wang et al.,
2013). Electromagnetic tests have also been developed in the
reversibility region of the magnetization curve. These have
been used to follow the formation of paramagnetic phases in
stainless steels (de Macedo Silva et al., 2016; Silva et al.,
2016).
In the present work an electromagnetic test, developed in
the reversibility region of the movement of the magnetic
domains walls is presented to follow the formation of sigma
phase. Fig. 2 shows the microstructure of the stainless steel
studied. In this, it is possible to notice the presence of particles
called sigma phase. This phase is paramagnetic and forms
a) above 600 ºC and an amount of 4% of this phase is enough to
compromise the material toughness (Tavares et al., 2010).
From the analysis of Fig. 2 (a) and (b) it is possible to
verify the formation of precipitates σ and σ + γ´ using optical
microscopy (MO) and scanning when electrolytically attacked
with KOH reagent, revealing the phase σ with a darker hue in
the image obtained in Fig. 2a and lighter in the image obtained
in Fig.2b. The corrosion is higher in the samples with higher
percentage of intermetallic phases among them the phase σ,
than it can be concluded that in this treatment condition there
b) was a greater attack of the KOH reagent in the phase σ.
Figure 1. a) Experimental test equipment: (1) Feeding system; (2) solenoid; (3)
Hall sensor; (4) sample; (5) data acquisition board; (6) computer; (7) bench; (8)
potentiometer. b) The sensor position detail.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Figure 2. a) Optical microscopy of a SAF 2205 steel treated at 850 ºC for two Figure 3. Micrograph of AID SAF 2205 treated at 850 ° C for 120 min obtained
hours, KOH attack. Presence of sigma phase. b) Scanning electronic by MO. (a) without imaging processing (Attack: KOH). (b) with image
microscopy. processing (segmentation).

To quantify the volumetric fraction of each phase, a The behavior of the curves B (magnetic flux intensity) x H
program to treat the images obtained by MO for AID SAF (applied magnetic field strength) for the SAF 2205 duplex
2205 treated at 850 ° C was used. Images of material without stainless steel samples as a function of thickness can be seen in
and with image processing are shown in Fig. 3. In Fig. 3 (a) 9 Fig. 4. The magnetization curve of SAF 2205 duplex stainless
(a) the MO image without image processing is shown. Already steel can be divided into three regions: reversibility,
in Fig. 3 (b) is presented the image of MO with the irreversibility and rotation, presenting a linear behavior in its
segmentation image treatment. Fig. 3 Shows that the first region, where the values of B are small, in the order of
segmented image agreed to the original. hundreds of Gauss. This region corresponds to the reversibility
region of the movement of the domains walls (Silva et al.,
2016). It can be noted in Fig. 4 that the magnetic flux density
of the all conditions saturates at 1000 Gauss. This is a feature
of the Hall sensor used and not the saturation after the rotation
region (Silva et al., 2016).
From the analysis of Fig. 4 it can be seen that the values of
B for the same value of H were reduced with increasing aging
time. The aging at 850 ºC results in the formation of the sigma
phase from the decomposition of the ferrite phase. As the
sigma phase is paramagnetic we have a reduction in the

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permeability of the material that is observed by the reduction of time. A drop in impact absorbed energy values is observed as a
the slope of the curve of Fig. 4 (by Macedo Silva et al., 2016; function of aging time followed by stabilization from one hour
Lo 2012). of treatment. This behavior is the same as that observed in Fig.
4 for magnetic permeability measurements. The sigma phase is
characterized by its high hardness and its formation reduces the
absorbed energy. An amount of 5% of this phase produces a
1000 30% reduction in the impact absorbed energy of the as received
material. For 11% this passes to 80% leaving the fragile
Densidade de fluxo magnético (Gauss)

900 material.
The permeability measurements show to be able to detect
800
the embrittlement phase and indicate to be a nondestructive
parameter to follow it. It is possible to predict accurately and
700 efficiently the best moment to carry out maintenance services,
0min which leads to reduced costs and maintenance time.
15min
600
60min
120min
500

-5 0 5 10 15 20 25 30 35
Intensidade de campo magnético externo (Oe)

Figure 4. Variation of magnetic flux density and magnetic field intensity as a


function of aging time for treated samples at a temperature of 850 ºC.

Fig. 5 shows the change of the magnetic permeability as a


function of the aging time and the amount of sigma phase of
the studied samples. The amount of sigma phase ranged from
5% for 15 min of treatment to 11.6% for two hours.
In the analysis of Fig. 5, it can be verified that the magnetic
permeability fell with the aging time of the material, Figure 5. Variation of magnetic permeability and amount of sigma phase as a
confirming the results obtained by Tavares (Tavares et al. function of aging time at 850 ºC.
2010), that is, the increase in the volumetric fraction of a
nonmagnetic phase as the σ phase reduces the magnetization
capacity of the material. The duplex stainless steel is formed by
same amount of ferrite and austenite phases. This last one does
not suffer decomposition. The ferrite transforms in sigma plus
a second austenite above 600 ºC and reduces the
ferromagnetism of the material.
It can be notes in Fig. 5 also, a decrease in the magnetic
permeability values already in the time of aging of 15 minutes.
An amount of 4% sigma phase is sufficient for the
embrittlement of this material. This indicates that the
measurements obtained by the presented electromagnetic test
have sensitivity in this region. Non-destructive tests performed
with ultrasound show that they are not sensitive in this region
(Normando et al., 2010).
The magnetic susceptibility has been used to study the
decomposition of the ferrite phase in duplex stainless steels in
temperatures range from 350 to 900 ºC (Lo 2012) and foud Figure 6. Variation of absorbed energy and amount of sigma phase
similar resuts. It was noticed that the magnetic susceptibility measurements as a function of aging time.
drops rapidly at the beginning and then stabilizes. For
temperatures up to 550 ºC, ferrite decomposes via spinodal IV. CONCLUSIONS
decomposition, and from 600 to 900 ºC, the magnetic The present work presented an electromagnetic test to
susceptibility decreases because of the presence of the sigma follow the sigma phase, reaching at the following conclusions:
phase. The presence of the sigma phase, even in small quantities,
was able to change the slope of the magnetization curve in the
In Figure 6 we have the variation of Charpy impact energy
reversibility region of the movement of the magnetic domains,
measurements and sigma phase quantity, as a function of aging
which corresponds to the magnetic permeability. The

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permeability in this region is a parameter for inspection of [13] Miesowicz, Krzysztof, Wieslaw J. Staszewski, and Tomasz Korbiel.
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http://www.astm.org/doiLink.cgi?JTE20130313.

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Modelo Eletromagnético para Sensores de Solo


Sem Fio em Baixas Frequências e Aplicações da
Internet das Coisas do Subsolo na Agricultura 4.0
Pedro H. C. Gomes, Maiquel S. Canabarro Guilherme S. Rosa
Centro de Engenharias da Universidade de Pelotas Centro de Estudos em Telecomunicações
Universidade Federal de Pelotas Pontifı́cia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Pelotas, RS 96010-020, Brasil Rio de Janeiro, RJ 22451-900, Brasil
jklpet.ufpel@gmail.com, maiquel.canabarro@ufpel.edu.br guilhermeSimonDaRosa@cetuc.puc-rio.br

Resumo—Este artigo apresenta um modelo matemático para do solo, que por sua vez, servem para modelar a temperatura
analisar a propagação de campos eletromagnéticos de sensores do solo, umidade, fertilidade, etc.
sem fio localizados acima do solo. Uma solução computaci- Existem diversos métodos de eletromagnetismo computa-
onalmente eficiente para o regime de baixas frequências é
apresentada, validada, e suas potenciais aplicações para a internet cional que podem ser usados para a modelagem de sensores
das coisas do subsolo na agricultura de precisão são enunciadas. (antenas) dispostos próximos ao solo [5]. Métodos baseados
na discretização das equações de Maxwell via diferenças
Palavras-Chave—Sensores sem fio, modelo eletromagnético, finitas, elementos finitos ou por equação integral são muito
baixa frequência, internet das coisas. populares, mas apresentam custo computacional relativamente
elevado se comparado com métodos espectrais. Problemas de
I. I NTRODUÇ ÃO convergência e instabilidades numérica, contudo, são crı́ticos
O conjunto de técnicas utilizadas na agricultura vem evo- em baixas frequências.
luindo ao longo do tempo, incorporando novas tecnologias Neste trabalho, vamos apresentar um modelo eletro-
para a otimização dos processos produtivos. Nos últimos anos, magnético para sensores sem fio colocados acima de um solo
a chamada indústria 4.0 vem impulsionando uma revolução condutor. Empregamos o formalismo espectral baseado nos
na agricultura [1] por meio da combinação de tecnologias trabalhos pioneiros de A. Sommerfeld e K. Norton [6] para
emergentes como a internet das coisas (Internet of Things, resolver o problema de valor de contorno de uma antena
IoT), em que a massificação de sensores conectados têm solenoidal acima de um solo isotrópico. Essa solução é usada
potencial de melhorar muitos estágios da produção de ali- como base para uma aproximação para baixas frequências,
mentos, desde a semeadura até a colheita, processamento e resultando em duas contribuições distintas: uma da fonte e
transporte, etc. [2]. Os avanços na miniaturização dos sistemas outra de uma imagem complexa. Nossa formulação generaliza
embarcados estão transformando a agricultura tradicional por o conceito de imagens complexas, apresentado inicialmente
meio do sensoriamento do solo e dos cultivares. por J. Wait [7], [8], para cenários em que o solo pode apre-
Na agricultura 4.0, o sensoriamento em tempo real permite sentar perfil magnético significativo. Resultados numéricos são
balancear a otimização da produtividade com os cuidados apresentados, e comparações com a solução espectral (obtida
ambientais e ecológicos necessários para a sustentabilidade via integral de contorno no plano complexo) e com medições,
das atividades de cultivo [3]. Neste contexto, vários tipos confirmam a capacidade da nossa formulação para modelar
de sensores deverão estar interconectados, e a comunicação os principais efeitos do solo da propagação de campos, com
sem fio é essencial. Existem vários modelos de propagação baixo custo computacional.
eletromagnética que são comumente associados à IoT. No
regime de altas frequências, em região de campo distante, a II. V IS ÃO G ERAL DO M ODELO E LETROMAGN ÉTICO
ótica geométrica ou teorias de difração são muito populares e Uma antena transmissora (TX) do tipo anel (com raio ρTX ,
permitem modelos acurados para o tratamento de arranjos de cobrindo a área A = πρ2TX ) percorrida pela corrente constante
sensores que propagam campos no espaço livre. O ambiente I pode ser muito bem aproximada por um dipolo magnético
tı́pico da agricultura, contudo, é severamente influenciado infinitesimal de momento IA quando a circunferência do anel
pelo solo, e modelos eletromagnéticos mais rebuscados são é muito menor que o comprimento de onda de operação,
necessários. A operação em frequências baixas é necessária isto é, 2πρTX  λ. Para o problema em questão, temos
para o tratamento de sensores sem fio para caracterização do um sensor do tipo anel (ou solenoide) inclinado, e colocado
solo [4]. Este tipo de sensor permite correlacionar uma gran- acima de uma interface entre dois meios, como ilustrado na
deza eletromagnética medida com os parâmetros constitutivos Fig. 1. Usando o princı́pio da equivalência, temos um dipolo

115
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

função raiz quadrada que leva à =m(kz1 ) ≥ 0 para assegurar


a condição de radiação.
Apesar de exato, o formalismo em (1) e (2) requer a
avaliação numérica de integrais associadas com transformadas
de Hankel. A convergência numérica é um fator crı́tico em
frequências de operação baixas. Mesmo usando regras de
quadratura adaptativa com controle automático de erro, nem
sempre é possı́vel convergência ao longo do caminho de
integração de Sommerfeld. Em vista do lema de Jordan e do
teorema integral de Cauchy, o caminho de integração pode
ser deformado no plano complexo kρ a fim de evitar regiões
em que as funções dos integrandos oscilam rapidamente. Com
a deformação do caminho, as integrais necessárias podem
ser calculadas de forma acurada em uma ampla gama de
frequências. Contudo, isso tem impacto no tempo computaci-
Fig. 1. Sensor do tipo antena solenoidal inclinada (com corrente elétrica onal [11]. Outro empecilho na forma da solução apresentada
JTX ) e seu modelo equivalente usando um dipolo magnético (com corrente em (1) e (2) é o fato da posição da fonte e do receptor (RX)
magnética MTX ).
estarem acoplados no integrando. Como consequência, para
cada novo ponto de observação de interesse devemos resolver
magnético colocada na origem, inclinado θTX em relação ao um novo conjunto de integrais numericamente.
eixo z, e azimutalmente rotacionado com o ângulo φTX em A fim de estabelecer um modelo simplificado para resolver
relação ao eixo x. Este é um problema de valor de contorno os campos eletromagnéticos, devemos levar em conta que no
bem conhecido, e que vem sendo revisitado no último século ambiente geofı́sico de interesse da agricultura, a umidade é
desde o trabalho pioneiro de A. Sommerfeld [6], [9], [10]. um fator determinantes para o sensoriamento. Variações na
A fim de evitar repetições, adotaremos uma notação similar umidade do solo afetam diretamente a condutividade elétrica
àquela usada em [10], em que a dependência harmônica e, portanto, a operação fica restrita a baixas frequências.
temporal na forma e−iωt é assumida e omitida. A solução Para |k1 |  |k2 |, podemos aproximar o coeficiente de
dos campos em um ponto de observação (ρ, φ, z) no meio 1 reflexão de Fresnel como uma série de Taylor para k1z → 0:
(no qual o TX está localizado) é dado por    2  3
p2 k1z p2 k1z p2 k1z
iIA
Z +∞
kρ3 (1) R12 = −1 + 2 −2 +2
H1z = − cos(θTX ) dkρ H (kρ ρ) p1 k2z p1 k2z p1 k2z
8π −∞ k1z 0 4
+ O(k1z ), (4)
h i
× eik1z |z| + R12TE ik1z z+2ik1z d1
e
em que p = µ para campos TEz , e p =  para campos TMz .
Z +∞
IA (1) Notamos que a série acima pode ser reproduzida com ordem
− cos(φ − φTX ) sin(θTX ) dkρ kρ2 H1 (kρ ρ) 2
8π −∞
até O(k1z ) usando:
h i
ik1z |z| TE ik1z z+2ik1z d1 2
× ±e − R12 e , (1)
  
p k
−2 p2 k1z p2 k1z p2 k1z
−e 1 2z = −1 + 2 −2
p1 k2z p1 k2z
Z +∞  3
ωµ1 IA 4 p2 k1z 4
E1z = sin(φ − φTX ) sin(θTX ) dkρ + + O(k1z ). (5)
8π −∞
3 p1 k2z
kρ2 (1) h i
Assim, podemos estabelecer a aproximação
× H1 (kρ ρ) eik1z |z| + R12
TM ik1z z+2ik1z d1
e , (2)
k1z
R12 ≈ −e−2k1z s12 , para |k1 |  |k2 |, (6)
para z ≷ 0. As componentes dos campos transversais a z
podem ser escritas como uma combinação linear dos campos em que s12 = ±p2 /p1 (k22 − k12 )−1/2 , visto que k2z
2 2
− k1z =
H1z e E1z por meio das equações rotacionais de Maxwell. Os 2 2
k2 − k1 . Como consequência das aproximações mostradas
coeficientes de reflexão de Fresnel são dados por acima, as integrais do campo espalhado pelo solo podem ser
µ2 k1z − µ1 k2z 2 k1z − 1 k2z resolvidas de forma fechada no limite de frequências baixas.
TE TM
R12 = , R12 = . (3) Por exemplo:
µ2 k1z + µ1 k2z 2 k1z + 1 k2z
O meio 1 é caracterizado pelos parâmetros constitutivos µ1 = +∞ kρ3 (1)
Z
TE ik1z (z+2d1 )
µ0 µr1 , 1 = 0 r1 + iσ1 ω, com um número de onda k1 = dkρ H (kρ ρ)R12 e
−∞ k1z 0
ωµ1 1 . O meio 2 é descrito de forma análoga, com parâmetros
kρ3 (1)
Z +∞
descritos pelo subscrito 2. O número de onda axial é dado por ≈ dkρ H (kρ ρ)eik1z [z+2(d1 +is12 )] . (7)
k1z = ±(k12 − kρ2 )1/2 , em que escolhemos o branch cut da −∞ k1z 0

116
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Da identidade de Sommerfeld
Z +∞
i kρ (1)
dkρ H (kρ ρ)eik1z |z|
2 −∞ k1z 0
eik1 r p
= , com k12 = kρ2 + k1z
2
e r = ρ2 + z 2 , (8)
r

podemos identificar em (7) o seguinte:

+∞ kρ3 (1)
Z
TE ik1z (z+2d1 )
dkρ H (kρ ρ)R12 e
−∞ k1z 0
∂ 2 eik1 R1
 
2
≈ 2i k1 + 2 .
∂z R1
p
R1 = ρ2 + [z + 2(d1 + is12 )]2 . (9)
Fig. 2. Modelo geométrico usando imagens complexas.
Quando multiplicado pela constante −iIA/(8π), o resultado
acima pode ser interpretado como a componente Hz de
um dipolo magnético vertical localizado no ponto complexo podem ser escritos em uma notação compacta [15, pp. 152–
z = −2(d1 + is12 ) e caracterizado pelo momento −IA. Fa- 157] por meio de:
zendo uma análise similar para o termo envolvendo sin(θT X )
ωµ1 IA eik1 R
 
e R12TE
em (1), podemos notar que vamos obter o campo i
E(R, α̂) = R̂ × α̂ k1 + (12)
correspondente de um dipolo magnético horizontal (à interface 4π R R
( 
entre os meios 1 e 2) localizado no ponto complexo z = IA eik1 R 1

1 h i
−2(d1 + is12 ). Combinando esses resultados com a aplicação H(R, α̂) = − −ik1 + 3R̂(R̂ · α̂) − α̂
4π R R R
da identidade de Sommerfeld aos termos do campo incidente, )
chegamos em um campo total composto pela contribuição
− k12 R̂ × (R̂ × α̂) , (13)
do dipolo magnético da fonte isolada mais uma contribuição
de um dipolo magnético de imagem localizado em ρ = 0
e z = −2(d1 + is12 ). É de nota observar que quando os em que R = RR̂. O formato de solução acima pode
meios não apresentam contrastes magnéticos, isto é, µ1 = µ2 , ser facilmente implementado em algoritmos computacionais
o nosso formalismo torna-se equivalente àquele obtido em usando matrizes e vetores. Relacionando um dado vetor A =
[7], [8], [12]–[14], que é conhecido na literatura internacional x̂Ax + ŷAy + ẑAz com seu correspondente computacional
como complex image method. Ā = [Ax Ay Az ]T , o produto escalar e o produto vetorial
Com base nos resultados anteriores, podemos generalizar o podem ser convertidos em produtos matriciais usando as
formalismo para um problema como o mostrado na Fig. 2, em relações a seguir:
que a posição do sensor fica definida em termos do vetor rTX . ψ = A · B ⇒ ψ = ĀB̄ T , (14)
Além disso, a interface não necessariamente está no plano z =  
−d1 , mas definida pela superfı́cie S(x, y, z) = 0 e pelo vetor 0 −Az Ay
¯ B̄, M̄
C = A × B ⇒ C̄ = M̄ ¯ = A 0 −Ax  .
normal n̂1 , ou ainda: distante D1 da origem, e rotacionada A A z

pelos ângulos θ1 e φ1 . −Ay Ax 0


(15)
Neste cenário, no regine de baixas frequências, podemos
estabelecer o Ansatz A solução aproximada estabelecida em (10) e (11) é ade-
quada quando a frequência de operação é baixa e o critério
E1 (r) ≈ E(r − rTX , α̂TX ) |k1 |  |k2 | é atendido. Note que quando o meio 2 se torna
+ E(r − rTI , α̂TX − 2(α̂TX · n̂)n̂), (10) um condutor elétrico perfeito (CEP) (σ → ∞), o parâmetro
complexo α12 vai a zero e a posição da imagem coincide com
H1 (r) ≈ H(r − rTX , α̂TX ) a imagem real: r̃TI → rTI . Em outras palavras, a solução
+ H(r − rTI , α̂TX − 2(α̂TX · n̂)n̂), (11) exata é recuperada.

em que o vetor posição que descreve a imagem complexa é III. R ESULTADOS N UM ÉRICOS
dado por r̃TI = rTI − α12 n̂1 , com rTI = rTX − 2d1 n̂1 . Nas Para ilustrar a aplicação do método proposto, nós apre-
equações em (10) (11), temos a contribuição da fonte TX e sentaremos resultados de simulações numéricas de um sensor
da imagem complexa TI. Os campos devido a densidade vo- solenoidal na presença de um solo condutivo. Consideramos
lumétrica de corrente magnética M = α̂(−iωµ1 IA)δ(r−rTX ) uma antena TX operando em 348 kHz e posicionada 87,5 cm

117
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

10-12 101 -20


-60

-100
-80 -40

-120

-140

-160
10-14 -60
-60
-80
100
-100
10-16
-120
-40

-100
-140

-80

-140
-120

-160
-60
-18 -1 -160
10 10
1 10 20 30 40 100 101 102

(a)
Fig. 3. Densidade de fluxo magnético em um sensor RX. Resultados
obtidos via integração numérica da solução exata estão mostrados com linha
tracejada enquanto os do método da imagem complexa estão com linha sólida. 101 -20
Resultados de medição obtidos em [16] estão mostrados com o sı́mbolo ×. -60
-40

-100
-8

-120

-140

-160
0
-60

-40
-60

acima da interface entre o solo e o ar. A antena RX é -80


100
posicionada a 74 cm acima do solo, e a densidade de fluxo -100
magnético é observada ao longo do eixo horizontal. O solo -120
tem a condutividade elétrica σ2 = 0,05 S/m. A verificação -40
-140

-100

-160
-140
-120
-80
experimental deste problema foi feita em [16]. Os resultados

-60
-1 -160
de medições para um TX solenoidal com raio ρT = 8,25 cm 10
com 45 espiras alimentado com 0,5 W estão na Fig. 3. Nossas 100 101 102
soluções usando a integração numérica de (1) e a solução
via imagens complexas mostram boa concordância entre si (b)
e com os resultados de medição. Para evitar problemas de
Fig. 4. Intensidade de campo magnético em decibel observada em um sensor
convergência numérica, o caminho de integração em (1) foi RX no plano y = 0. (a) Resultados obtidos via integração numérica da solução
deformado de forma similar ao proposto em [11]. A integração exata. (b) Resultados obtidos via método da imagem complexa.
foi feita usando uma regra de quadratura adaptativa com
controle de erro relativo de até 10−9 e erro absoluto de
até 10−30 , por meio da função integral(), disponı́vel na colocados acima de um solo condutor. A partir da solução
plataforma de programação Matlab [17]. espectral para o problema de valor de contorno em questão,
A fim de explorar com mais detalhes a acurácia do modelo derivamos uma aproximação para baixas frequências para o
de imagem complexa apresentado, na Fig. 4 estão resultados campo espalhado pelo solo por meio de contribuições de
de simulação de um cenário parecido com o anterior, mas imagens complexas. Resultados numéricos foram apresentados
agora o domı́nio de observação se estende ao longo do plano e comprovam a capacidade do modelo apresentado em repre-
x-z. Mostramos a intensidade de campo magnético em decibel sentar, com baixo custo computacional, os principais efeitos do
observada em um sensor RX obtida usando a integração solo na propagação eletromagnética. Estudos complementares
numérica da solução exata e o método da imagem complexa. estão em execução para a modelagem da impedância de
A antena TX é caracterizada por AI = 1 Am2 , e novamente entrada dos sensores. Os efeitos do acoplamento mútuo entre
opera em 348 kHz. A menos que discrepâncias relativamente os elementos individuais de uma rede de sensores é vital para
pequenas, a qualidade da aproximação para baixas frequências a representação acurada na região de campo próximo.
via imagens complexas é boa para aplicações práticas. Em AGRADECIMENTOS
adição, o tempo computacional requerido para obter os campos O presente trabalho foi realizado com apoio da Fundação
para uma grade de 50 × 50 pontos mostrada na Fig. 4 foi de de Amparo à pesquisa do Estado do RS (FAPERGS) pela con-
96,81 s para o método via integração numérica. O método cessão da bolsa de PROBIC/FAPERGS. O presente trabalho
de imagens complexas tomou apenas 0,78 s do tempo de foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento
CPU. As duas simulações foram realizadas em um laptop com de Pessoal de Nı́vel Superior - Brasil (CAPES) - Código de
processador Intel Core i7-7500U operando em 2,70 GHz. Financiamento 001.
IV. C ONCLUS ÕES PARCIAIS E T RABALHO EM P ROGRESSO R EFER ÊNCIAS
Neste trabalho, apresentamos um modelo matemático para [1] Y. Liu, X. Ma, L. Shu, G. P. Hancke, and A. M. Abu-Mahfouz, “From
industry 4.0 to agriculture 4.0: Current status, enabling technologies,
analisar a propagação de campos eletromagnéticos em ambi- and research challenges,” IEEE Transactions on Industrial Informatics,
entes comumente encontrados na agricultura: sensores sem fio 2020, in press. DOI: 10.1109/TII.2020.3003910.

118
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

[2] M. Ayaz, M. Ammad-Uddin, Z. Sharif, A. Mansour, and E. M. Aggoune, [10] W. C. Chew, Waves and Fields in Inhomogeneous Media. New York,
“Internet-of-things (iot)-based smart agriculture: Toward making the NY, USA: John Wiley & Sons, 1995.
fields talk,” IEEE Access, vol. 7, pp. 129 551–129 583, 2019. [11] V. da Silva e Silva, C. Régis, and A. Q. H. Jr., “Complex plane
[3] N. Saeed, M. Alouini, and T. Y. Al-Naffouri, “Toward the internet integration in the modelling of electromagnetic fields in layered media:
of underground things: A systematic survey,” IEEE Communications part 1. Application to a very large loop,” Journal of Geophysics and
Surveys Tutorials, vol. 21, no. 4, pp. 3443–3466, 2019. Engineering, vol. 11, no. 1, 01 2014.
[4] A. Salam, M. C. Vuran, X. Dong, C. Argyropoulos, and S. Irmak, “A [12] P. R. Bannister, “Applications of complex image theory,” Radio Science,
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The MathWorks Inc., 2010.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Desenvolvimento de Superfície Seletiva em


Frequência Reconfigurável Associando as Geometrias
Dipolos Cruzados e Matrioska

Alfrêdo Gomes Neto, Jefferson Costa e Silva, Ianes Barbosa Grécia Coutinho, Diego Cássio Garcia Fernandes,
Laryssa Maria de Sousa Duarte, Amanda Gomes Barboza
Instituto Federal da Paraíba – IFPB - Grupo de Telecomunicações e Eletromagnetismo Aplicado - GTEMA
João Pessoa, Paraíba, Brasil, gtema.ifpb@gmail.com

Resumo — Neste artigo é apresentado o desenvolvimento de de filtrar ondas eletromagnéticas em função da frequência. A
uma superfície seletiva de frequência reconfigurável, RFSS, resposta em frequência da FSS depende das características do
associando as geometrias dipolos cruzados e matrioska. A RFSS substrato, da geometria e da periodicidade das células unitárias,
proposta apresenta três frequências de ressonâncias e o objetivo e da polarização da onda incidente, Fig. 1, [7], [8].
principal é manter fixas as ressonâncias da geometria matrioska e
variar a ressonância do dipolo. São descritos os procedimentos de
projeto de cada geometria e o modelo do diodo PIN considerado.
Os resultados esperados são discutidos a partir da análise das
ressonâncias de cada geometria e das geometrias associadas, bem
como dos diferentes estados (desligado e ligado) do diodo PIN.
Uma RFSS foi fabricada e caracterizada, obtendo-se uma boa
concordância entre os resultados numéricos e experimentais,
tendo sido obtida uma banda de reconfiguração de 0,36 GHz, de a)Características do dielétrico b)Geometria da célula unitária
2,08 GHz até 2,44 GHz, com uma variação de no mínimo 10 dB
entre os estados ligado e desligado.

Palavras-chave—RFSS; FSS reconfigurável; diodo PIN;


matrioska; dipolos cruzados.

I. INTRODUÇÃO
Com o aumento em número de usuários e em diversidade de c)Periodicidade da estrutura d)Polarização da onda incidente
serviços, os sistemas de telecomunicações, em especial, os Fig. 1. Parâmetros que afetam a resposta em frequência da FSS, [7].
sistemas de comunicações móveis, utilizam de maneira cada vez
mais intensa o espectro de frequência. Inteligência artificial Na reconfiguração da RFSS duas abordagens principais são
(Artificial Intelligence, AI), Internet das coisas (Internet of adotadas: reconfiguração mecânica e reconfiguração eletrônica.
Things, IoT) computação em nuvem (Cloud Computing), big Na reconfiguração mecânica são exploradas modificações
data, segurança e resiliência cibernética, automação robotizada mecânicas, como esticar, dobrar ou girar o elemento básico para
de processos (Robotic Process Automation) e sistemas de obter o ajuste da resposta em frequência. Por outro lado, na
comunicação de 5ª geração (5G) são apenas alguns exemplos reconfiguração eletrônica, componentes discretos, como
das demandas existentes e que requerem um adequado varactores, diodos PIN ou chaves MEMS, são incorporados na
gerenciamento do espectro de radiofrequência, impondo geometria básica da FSS [2], [7]. Em ambos os casos, a variação
restrições tanto nas faixas de frequências a serem utilizadas, da resposta em frequência pode ocorrer de maneira discreta, ou
como nos níveis de potência [1]. Essas restrições têm requerido contínua, dependendo da técnica de variação empregada.
novas soluções, tais como antenas reconfiguráveis [2]–[4] e
prédios eletromagneticamente inteligentes [5], [6] , de maneira Neste artigo é apresentada uma RFSS eletronicamente
a otimizar a utilização do espectro e minimizar interferências. reconfigurável, baseada na associação das geometrias dipolos
cruzados e matrioska, tendo como elemento ativo o diodo PIN.
Na implementação de antenas reconfiguráveis, assim como Dessa forma, obtém-se uma RFSS que opera em três faixas de
de prédios eletromagneticamente inteligentes, uma das frequência, das quais uma é reconfigurável.
abordagens adotadas é a utilização de superfícies seletivas em
frequência, FSS, na sua forma reconfigurável, RFSS II. PROJETO DA FSS
(Reconfigurable Frequency Selective Surfaces), [2]–[7].
Essencialmente, uma FSS consiste de patches condutores, ou Nesta seção são descritas as geometrias dipolos cruzados e
aberturas, slots, gravados em um substrato dielétrico, dispostos matrioska, assim como o modelo utilizado para o diodo PIN. São
em uma estrutura periódica planar, apresentando a propriedade discutidos os resultados esperados, antes e após a inserção do

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

diodo PIN. Considera-se que o substrato tem uma espessura ℎ e


uma constante dielétrica 𝜀𝑟 .
-Geometria dipolos cruzados
A geometria dipolos cruzados é uma das geometrias mais
simples, para a qual a frequência de ressonância ocorre quando
o comprimento do dipolo é aproximadamente metade do a)Geometria matrioska com anéis b)Geometria matrioska com anéis
comprimento de onda guiado [7], [8], Fig. 2. A sua frequência circulares quadrados
de ressonância pode ser estimada a partir de (1), [9]. Fig. 4. Geometria matrioska independentea da polarização.

Para se obter a geometria matrioska inicialmente são


projetados anéis quadrados concêntricos, Fig. 5(a). Então, são
Ldip w inseridas fendas na mesma posição em anéis consecutivos, Fig.
5(b). Finalizando, os anéis consecutivos são conectados e o anel
matrioska é obtido, Fig. 5(c). Em geral, 𝐿𝑥𝑖 = 𝐿𝑦𝑖 = 𝐿𝑖, 𝑑𝑥𝑖 =
Ldip 𝑑𝑦𝑖 = 𝑑𝑖, 𝑖 = 1,2,3. A periodicidade da célula unitária é
Fig. 2. Geometria dipolos cruzados. determinada, entre outros fatores, pelo fator de preenchimento
desejado e pelo surgimento de modos de grade (grating lobes).
-Frequência de ressonância do dipolo, 𝑓𝑟𝑒𝑠 : Contudo, neste artigo a periodicidade é determinada pelas
dimensões dos dipolos cruzados.
3×108
𝑓𝑟𝑒𝑠 = 2𝐿 , (1)
𝑑𝑖𝑝 √𝜀𝑟𝑒𝑓−𝑑𝑖𝑝 A geometria matrioska apresenta um comportamento
multirressonante [11], [12], mas neste trabalho serão
na qual 𝜀𝑟𝑒𝑓−𝑑𝑖𝑝 é calculada por: consideradas apenas as duas primeiras frequências de
𝜀𝑟𝑒𝑓−𝑑𝑖𝑝 =
𝜀𝑟𝑒𝑓−𝑀𝑆 +𝜀𝑟𝑒𝑓−𝐶𝑃𝑊
. (2) ressonância. De maneira análoga aos dipolos cruzados, (3)-(6)
2
fornecem uma aproximação para os valores das duas primeiras
Sendo: frequências de ressonância da geometria matrioska.

𝜀𝑟𝑒𝑓−𝑀𝑆 a constante dielétrica efetiva para uma microfita de -Primeira ressonância da geometria matrioska:
largura igual a largura do dipolo, 𝑤, e espessura do dielétrico 3 × 108
ℎ. 𝑓𝑟𝑒𝑠1 = , (3)
𝜀𝑟𝑒𝑓−𝐶𝑃𝑊 a constante dielétrica efetiva de um guia de ondas 𝐿𝑒𝑓1 √𝜀𝑟𝑒𝑓−𝐶𝑃𝑊
coplanar (CPW) sem plano terra, onde a largura da fita central
é igual à largura do dipolo, 𝑤, e o espaçamento entre a fita com:
central e os planos coplanares é 10ℎ. 𝐿𝑒𝑓1 = 3(𝐿1 − 2𝑤) + 2(𝐿2 − 2𝑤) + 3(𝐿3 − 2𝑤) (4)
𝜀𝑟𝑒𝑓−𝑀𝑆 e 𝜀𝑟𝑒𝑓−𝐶𝑃𝑊 podem ser calculadas utilizando -Segunda ressonância da geometria matrioska
aplicativos como o AppCAD [10].
3 × 108
𝑓𝑟𝑒𝑠2 = , (5)
-Geometria matrioska 𝐿𝑒𝑓2
( ⁄ ) √𝜀𝑟𝑒𝑓−𝐶𝑃𝑊
2
A geometria matrioska foi introduzida em [11].
Sendo:
Diferentemente dos anéis concêntricos, na geometria matrioska
os anéis permanecem conectados, aumentando o seu
comprimento efetivo, porém ocupando apenas a área do anel 𝐿𝑒𝑓2 = 3𝐿1 + 2𝐿2 + 3𝐿3 (6)
mais externo, Fig. 3. Vale destacar que (1)–(6) fornecem valores iniciais de
projeto, um primeiro passo para uma posterior otimização
numérica. Além disso, considere-se que a onda incide
perpendicularmente à FSS (𝜃 = 0°).

-Diodo PIN
a)Anel matrioska b)Anel matrioska expandido.
Fig. 3. Gerometria matrioska. O diodo PIN é um dispositivo semicondutor que opera como
um resistor variável em aplicações de RF e micro-ondas. Em
Em [12] foi introduzida uma variação da geometria geral, são considerados dois pontos de operação do diodo PIN,
matrioska original, porém independente da polarização, Fig. 4, a polarização direta (baixa impedância) e a polarização reversa
sendo essa a geometria de referência adotada neste artigo. (alta impedância), como ilustrado na Fig. 6 [13].
Entretanto, devido a maior facilidade de fabricação, ao invés do
formato circular, foi adotado o formato quadrado.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

b) Geometria matrioska.

a)Anéis quadrados concêntricos b)Anéis quadrados concêntricos com


fendas

c) Geometrias dipolos cruzados e matrioska associadas.


Fig. 7 Respostas em frequência típicas para as geometrias isoladas e
associadas.

Neste trabalho a ideia é curto-circuitar os braços horizontais


dos dipolos cruzados e inserir os diodos PIN nos braços
c)Geometria matrioska com anéis quadrados verticais, Fig. 8. Perde-se a independência da polarização, sendo
Fig. 5. Geometria matrioska independente da polarização passo a passo. considerada apenas a polarização y, pois essa é sensível à
variação do estado do diodo PIN, (desligado, ligado).
Idealmente, espera-se uma resposta em frequência como
apresentada na Fig. 9.

Fig. 6. Curva típica da resistência em função da corrente para o diodo PIN.


Fig. 8 Célula unitária da RFSS com as geometrias associadas, incluindo os
-Associando as geometrias dipolos cruzados e matrioska diodos PIN.

As geometrias dipolos cruzados e matrioska apresentam uma


resposta em frequência típica como ilustrado nas Fig. 7 (a) e (b),
respectivamente. Associando-se as duas geometrias, obtém-se a
resposta em frequência apresentada em 7(c). Destaque-se que
esses resultados são apenas ilustrativos.

Fig. 9 Resposta em frequência para as geometrias associadas com diferentes


estados dos diodos PIN.

III. RESULTADOS NUMÉRICOS E EXPERIMENTAIS


Os resultados numéricos foram obtidos utilizando o
programa comercial ANSYS HFSS [14]. O diodo PIN foi
a) Geometria dipolos cruzados. simulado como um curto-circuito ideal, polarização direta, e um
aberto ideal, polarização reversa. Seja considerado um substrato
FR4, de espessura h=1,6 mm, constante dielétrica 𝜀𝑟 = 4,4 e
tangente de perdas tg(δ)=0,02. Cada célula unitária tem 30 mm

122
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

×30 mm e a incidência é perpendicular à FSS. A caracterização


experimental foi realizada no Laboratório de Micro-ondas do
GTEMA-IFPB, utilizando duas antenas cornetas banda larga
SAS-571, um analisador de redes vetorial de duas portas
Agilent, VNA E5071C e uma janela de medição, Fig. 10.

Fig. 12 Resposta em frequência da RFSS sem os diodos PIN e sem os curtos-


circuitos.

TABELA II - FREQUÊNCIAS DE RESSONÂNCIAS – RFSS SEM OS DIODOS PIN E


SEM OS CURTOS-CIRCUITOS

Fig. 10. Setup de medição. Origem Numérico Calculado Pol. x. Pol. y


𝒇𝒓𝟏 Matrioska 1,72 GHz 1,94 GHz 1,68 GHz 1,68 GHz
Foi utilizado o diodo PIN BAR 64-03W (Infineon
Technologies) com as características apresentadas em [15]. 𝒇𝒓𝟐 Dipolo 2,91 GHz 3,16 GHz 3,03 GHz 3,12 GHz
𝒇𝒓𝟑 Matrioska 3,37 GHz 3,27 GHz 3,52 GHz 3,48 GHz
A RFSS fabricada tem 7 × 7 células, dimensão total de 210
mm × 210 mm. Os diodos PIN foram polarizados por meio de Na Fig. 13 são apresentados os resultados para a polarização
um arranjo de 8 resistores iguais (150 ohms), Fig. 11. A Tabela x, considerando os diodos PIN reversamente (V = 0,0 V,
I apresenta um resumo das dimensões das geometrias dipolos desligado) e diretamente polarizados (V = 12,0 V, ligado).
cruzados e matrioska. Verifica-se que praticamente não há variação da resposta em
frequência para os estados ligado/desligado. Esse resultado é
esperado, pois a presença do curto-circuito faz com que, para a
polarização x, a ressonância do dipolo esteja fora da faixa de
frequência considerada, permanecendo apenas as ressonâncias
da geometria matrioska, em 1,68 GHz e 3,30 GHz. Destaque-se
ainda a boa concordância entre os resultados experimentais e
numéricos.

Fig. 11 RFSS e circuito de polarização dos diodos PIN.

TABELA I - RESUMO DAS DIMENSÕES DA RFSS

Wx 30,0 mm g 1,0 mm d1 15,0 mm


Wy 30,0 mm L1 24,0 mm d2 8,5 mm
Ldip 29,0 mm L2 19,0 mm d3 6,0 mm
w 1,5 mm L3 14,0 mm h 1,6 mm
Fig. 13 Respostas em frequência da RFSS, polarização x.
Inicialmente, a estrutura proposta foi caracterizada Na Fig. 14 são apresentados os resultados para a polarização
numericamente e experimentalmente sem os curtos-circuitos e y, considerando os diodos PIN reversamente polarizados (V =
sem os diodos PIN, Fig. 12. Como esperado, numericamente as 0,0 V, desligado), verificando-se um comportamento
respostas em frequência para as polarizações x e y são iguais, semelhante entre os resultados numéricos e experimentais. A
sendo apresentada apenas a resposta para a polarização y. primeira frequência de ressonância apresenta uma boa
Observa-se uma boa concordância entre os resultados numéricos concordância (1,68 GHz medido, 1,72 GHz numérico). A
e experimentais, identificando-se três ressonâncias. A Tabela II frequência de ressonância do dipolo apresentou uma diferença
resume os valores obtidos. de aproximadamente 16%. Provavelmente, nos resultados
Comparando os resultados calculados para a geometria numéricos, o deslocamento da frequência de ressonância do
matrioska, equações (3)–(6), com os resultados experimentais, dipolo para uma frequência mais elevada também foi
verifica-se uma diferença de 15,4% e 6,0%, 𝑓𝑟1 e 𝑓𝑟3 , responsável pela maior diferença entre os resultados para a
respectivamente. Entretanto, a partir desses valores, as terceira frequência de ressonância (3,30 GHz, 3,11 GHz), uma
frequências desejadas podem ser numericamente obtidas sem diferença de 6,1%. Vale salientar que foram tentados outros
grandes esforços computacionais. Para o dipolo, equações (1) e modelos para o diodo PIN, incluindo indutâncias, capacitâncias
(2), a diferença observada entre os resultados calculado e e resistências, mas não se chegou a um resultado satisfatório.
experimental é de 4,0%, o que pode ser numericamente ajustado
para o valor desejado.

123
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GHz até 2,44 GHz, para uma diferença entre os estados


ligado/desligado de pelo menos 10 dB, foi obtida. A geometria
proposta neste trabalho, assim como os procedimentos de
projeto, podem ser utilizados para outras faixas de frequência,
com aplicações específicas.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao suporte parcial recebido do IFPB,
através do Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica,
PPGEE-IFPB.
Fig. 14 Resposta em frequência da RFSS, polarização y, diodos PIN
reversamente polarizados (V = 0,0 V, desligado).

Na Fig. 15 são apresentados os resultados para a polarização REFERÊNCIAS


y, considerando os diodos PIN diretamente polarizados (V =
12,0 V, ligado), observando-se uma boa concordância entre os [1] Bernard Marr, “the 7 biggest technology trends that will transform
resultados. Note-se que neste caso, de maneira semelhante à telecoms in 2020,” Forbes, Oct. 14, 2019, disponível em:
https://www.forbes.com/sites/bernardmarr/2019/10/14/the-7-biggest-
polarização em x, a frequência de ressonância do dipolo desloca- technology-trends-that-will-transform-telecoms-in-
se para fora da faixa de interesse, obtendo-se a reconfiguração, 2020/#db1345660332.
como observa-se na Fig. 16, com uma faixa de frequência [2] Ravi Panwar, Jung Ryul Lee, “Progress in frequency selective surface-
reconfigurável de 0,36 GHz, de 2,08 GHz até 2,44 GHz, para based smart electromagnetic structures: A critical review,” Aerospace
uma diferença entre os estados ligado/desligado de pelo menos Science and Technology, vol. 66, pp. 216–234, 2017.
10 dB. [3] Q. Luo, S. Gao, B. S. Izquierdo, X. Yang, X. Ren and J. Wu, "Low-Cost
Smart Antenna Using Active Frequency Selective Surfaces," 2019
International Symposium on Antennas and Propagation (ISAP), Xi'an,
China, 2019, pp. 1-3.
[4] Q. Guo, Z. Li, J. Su, J. Song and L. Y. Yang, "Active frequency selective
surface with wide reconfigurable passband," in IEEE Access, vol. 7, pp.
38348-38355, 2019.
[5] U. Farooq, M. F. Shafique and M. J. Mughal, "Polarization Insensitive
Dual Band Frequency Selective Surface for RF Shielding Through Glass
Windows," in IEEE Transactions on Electromagnetic Compatibility, vol.
62, no. 1, pp. 93-100, Feb. 2020.
[6] S. Cho, I. Lee and I. Hong, "Frequency Selective Film Design for Building
Walls for Blocking Wireless LAN Signal," 2018 International
Fig. 15 Resposta em frequência da RFSS, polarização y, diodos PIN Symposium on Antennas and Propagation (ISAP), Busan, Korea (South),
diretamente polarizados (V = 12,0 V, desligado). 2018, pp. 1-2.
[7] Rana Sadaf Anwar, Lingfeng Mao and Huansheng Ning, “Frequency
Selective Surfaces: A Review,” Applied Sciences, vol. 8, no. 9: 1689, Sep.
2018
[8] B. A. Munk, Frequency Selective Surfaces - Theory and Design, New
York: Wiley, 2000.
[9] Alfrêdo Gomes Neto, Jefferson Costa e Silva, Ianes Barbosa Grécia
Coutinho, Marina de Oliveira Alencar, Iasmin de França Albuquerque,
Bryan Lucas Gonçalves dos Santos, “Polarization independent triple-band
frequency selective surface based on matryoshka geometry,” 2019
SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and Optoelectronics
Conference (IMOC), Aveiro, Portugal, Nov. 2019.
[10] http://www.hp.woodshot.com
Fig. 16 Resposta em frequência da RFSS, polarização y, diodos PIN [11] A. Gomes Neto, A. G. DAssunção, J. C. e. Silva, A. N. d. Silva, H. d. P.
diretamente e reversamente polarizados. A. Ferreira and I. S. S. Lima, "A proposed geometry for multi-resonant
frequency selective surfaces," 2014 44th European Microwave
IV. CONCLUSÕES Conference, Rome, 2014, pp. 897-900.
[12] A. G. Neto, T. R. de Sousa, J. C. E. Silva and D. F. Mamedes, “A
Neste trabalho foi apresentado o desenvolvimento de uma polarization independent frequency selective surface based on the
RFSS associando duas geometrias distintas, dipolos cruzados e matryoshka geometry,” 2018 IEEE/MTT-S International Microwave
matrioska, obtendo-se uma resposta em frequência com três Symposium - IMS, Philadelphia, PA, 2018, pp. 999-1002.
ressonâncias. Foram descritos os procedimentos de projeto, o [13] Skyworks Solutions, Inc., Design With PIN Diodes – Application Note,
que se mostrou adequado como uma primeira etapa para uma Oct. 2012.
otimização numérica. [14] http://www.ansys.com.
[15] Infineon-BAR64series-DS-v01_02-EN-1107806.pdf. Disponível em:
O objetivo inicialmente previsto, a obtenção de uma RFSS https://br.mouser.com/datasheet/2/196/Infineon-BAR64series-DS-
com duas frequências fixas e uma reconfigurável, foi alcançado, v01_02-EN-1107806.pdf, acessado em 21/03/2020.
tendo sido verificado numericamente e experimentalmente.
Uma faixa de frequência reconfigurável de 0,36 GHz, de 2,08

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Superfı́cie refletora de alta permissividade baseado


em FSS aplicado à antenas microstrip de 2,4 GHz a
14 GHz
Carolina M. S. C. Amaral, Vanessa P. R. Magri, Maurı́cio W. B. da Silva
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Telecomunicações (PPGEET)
Universidade Federal Fluminense - UFF
Niterói, Brasil
carolina.amaral@id.uff.br

Resumo—Este trabalho propõe o uso de um substrato de banda dupla para melhorar o ganho e a largura de banda.
alta permissividade, carregado com uma superfı́cie seletiva em Em [3] uma superfı́cie de alta impedância (High Impedance
frequência (Frequency Selective Surface - FSS) acoplado a uma Surface - HIS) utilizada como plano refletor melhorou o ganho
antena impressa, de modo a atuar como um novo meio dielétrico
entre a antena e a superfı́cie refletora (FSS) para a melhoria do e a diretividade de uma antena banda dupla. Em [4] o plano
desempenho de antenas microstrip (Microstrip Patch Antenna - refletor com FSS foi utilizada como superestrato para melhorar
MPA), como uma alternativa para ambientes onde a demanda o ganho de uma antena banda dupla. Em todos os trabalhos
é diminuir o espaço entre a antena e a FSS. Esse é um novo acima citados o plano refletor com FSS tem dimensões maiores
método que visa substituir o espaço de ar entre a antena e o do que a antena e a distância entre eles, cujo meio é o ar,
plano refletor com FSS por um meio dielétrico com valores de εr
= 70, 125 e 140. A partir da variação da constante dielétrica dos varia entre 0, 25λ0 e 0, 50λ0 , o que deixa a estrutura total
substratos utilizados foram avaliados a perda de retorno, largura grande e com uso restrito a ambientes onde a demanda por
de banda, ganho, diretividade e eficiência. Foi observado que o espaço não é relevante. No entanto, em aplicações em que o
uso do substrato de alta constante dielétrica, além de melhorar espaço é limitado, como a integração monolı́tica e aplicação
a perda de retorno, aumentar largura de banda tornou a antena em transceptores móveis, o uso dessas estruturas se torna
mais diretiva e adicionou outras frequências de ressonância.
Palavras-chave—substrato de alta permissividade, antena mi-
inviável.
crostrip, superfı́cie seletiva em frequência Neste contexto, visando obter uma estrutura que apresente
baixo perfil, este trabalho propõe o uso de uma superfı́cie
refletora com substrato de alta permissividade carregado com
I. I NTRODUÇ ÃO
FSS acoplada à antena, substituindo o meio de ar entre a
À medida que o sistema de comunicação móvel se expande, antena e a FSS, cujas dimensões de comprimento e largura
são necessárias larguras de banda e taxas de dados mais altas. sejam iguais às dimensões do substrato da antena. O desem-
Além disso, fatores como baixo custo e tamanho reduzido são penho de antenas microstrip utilizando o substrato de alta
essenciais na implementação desses sistemas. Nesse cenário, permissividade carregado com FSS acoplado a antena será
antenas microstrip (Microstrip Patch Antennas - MPA) são avaliado em função de diferente constantes dielétricas, εr =
uma alternativa útil em relação as antenas de microondas 70, 125 e 140, e suas respectivas espessuras, sobre os quais
convencionais, pois oferecem design simples e reduzido, baixo será disposta a FSS com arranjo periódico de elementos [5].
custo e se integram facilmente aos circuitos de microondas. O substrato utilizado na fabricação da antena contribui para
No entanto, ainda é um desafio projetar antenas microstrip o desempenho de uma MPA em função dos seus parâmetros
com parâmetros aprimorados como ganho, largura de banda como constante dielétrica, altura e tangente de perdas, podendo
e manter um tamanho compacto. Uma maneira de melhorar ser caracterizado pela perda de retorno, banda de operação,
o desempenho de antenas microstrip é a aplicação de planos ganho e diagrama de irradiação [6]. Quanto aos aspectos de
refletores carregados com superfı́cies seletivas em frequência irradiação, algumas relações podem ser observadas, tais como:
(Frequency Selective Surface - FSS). Planos refletores com o aumento da tangente de perdas de um substrato reduz a
FSS tem sido uma técnica amplamente usada para melhorar eficiência da irradiação, já o ganho e a diretividade das antenas
os parâmetros de irradiação, como largura de banda, ganho e estão relacionados com a espessura do substrato (h1 ) e o tipo
diretividade, cada um com uma distância especı́fica (h) entre de elemento radiante utilizado. A distância (h) entre a antena
a antena e o plano refletor com FSS. Em [1] um conjunto e a FSS normalmente é composta por ar εr = 1 [1-4]. Este
de antenas microstrip entre dois planos refletores com FSS trabalho propõe um novo método onde o ar é substituı́do por
foi proposto para aplicação em WLAN e LTE, atingindo um um outro substrato de alta constante dielétrica εr > 70, de
aumento na largura de banda, ganho e eficiência de irradiação. forma que quando este valor (h) é ajustado, o ganho da antena
Em [2] um plano refletor com FSS foi utilizado em uma antena pode ser ampliado, de maneira que a FSS opere como um

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

plano refletor [7], neste caso onde h = h2 deve ser próximo mm (para 3,6 GHz). A antena de referencia proposta em
de λ/4. [4] possui plano terra inteiro e opera na banda X em duas
Este trabalho está divido da seguinte forma: a sessão II frequências de ressonância: 9,25 e 11 GHz, com λ0 = 32, 4
descreve os modelos do conjunto da antena com o substrato mm (para 9,25 GHz).
de alta permissividade como superfı́cie refletora, a sessão III A Tabela I apresenta os valores de h2 dimensionados para os
apresenta uma análise dos resultados simulados e, finalmente, novos modelos MPA-PTT-SAP-FSS e MPA-GND-SAP-FSS,
na sessão IV a conclusão do trabalho. obtidos a partir da equação (2), para cada constante dielétrica
levando em consideração λ0 de cada antena de referencia.
II. M ODELOS DE S UPERF ÍCIE REFLETORA DE ALTA
PERMISSIVIDADE BASEADA EM FSS
Tabela I
Para que o substrato possa ser acoplado a antena com a E SPESSURA DO SUBSTRATO DE ALTA PERMISSIVIDADE
FSS sua espessura considerada deve ser h2 = λ/4. Sabendo
Modelo MPA-PTT-SAP-FSS
que λo é comprimento de onda no espaço [8]. A equação (1) εr = 70 εr = 125 εr = 140
apresenta o comprimento de onda relativo no substrato de alta h2 (mm) 2,5 1,86 1,76
permissividade relativa efetiva (εef r ) . Modelo MPA-GND-SAP-FSS
εr = 70 εr = 125 εr = 140
λ0 h2 (mm) 0,956 0,715 0,670
λr = √ (1)
εef r
Portanto, a espessura do substrato de alta permissividade é A fig. 2 apresenta o modelo 1 MPA-PTT-SAP-FSS que
relacionada com a constante dielétrica pela equação (2). utiliza uma FSS de 14x15 elementos de espira quadrada 2,5
x 2,5 mm, espessura de 0,45 mm e perı́odo de 3 mm. A
λr λ0 fig. 3 apresenta o modelo 2 MPA-GND-SAP-FSS que utiliza
h2 = = √ (2)
4 4 εr2 uma FSS de 5x5 elementos de espiras quadradas 9 x 9
mm, espessura de 1,6 mm e perı́odo de 10,2 mm. Foram
A fig. 1 apresenta a configuração do modelo proposto
repeitadas as dimensões originais dos elementos irradiantes
para uma MPA e a superfı́cie refletora com substrato de alta
e dos substratos das antenas de referencia. As dimensões das
constante dielétrica carregado com FSS, substituindo o ar. h1
espiras foram redimensionadas para este trabalho, pelo método
e εr1 são a espessura e a constante dielétrica do substrato da
apresentado em [5].
antena, respectivamente. h2 e εr2 são a espessura e a constante
dielétrica da superfı́cie refletora de alta permissividade, respec-
tivamente. t é a espessura do cobre de ambos os substratos.

Figura 2. Modelo 1 proposto: (a) microstrip patch antena com plano terra
Figura 1. Modelo proposto para uma MPA com a superfı́cie refletora com truncado, (b) superfı́cie refletora de alta permissividade com FSS com perı́odo
substrato de alta permissividade carregado com FSS. de 3mm e (c) elemento de espira quadrada.

Analisando o desempenho do modelo proposto, uma su-


perfı́cie refletora é aplicada nas antenas [3] e [4], criando no-
vos modelo denominados de MPA-PTT-SAP-FSS (microstrip
patch antena com plano terra truncado e a superfı́cie de alta
permissividade carregado com FSS) e MPA-GND-SAP-FSS
(microstrip patch antena com plano terra inteiro e a superfı́cie
de alta permissividade carregado com FSS), respectivamente.
Para as simulações foram utilizados os substratos MCT-70,
MCT-125 e MCT-140 [9], com constante dielétrica εr = 70,
εr = 125 e εr = 140, respectivamente, todos com tangente de
perdas δ = 0.0015.
Figura 3. Modelo 2 proposto: a) microstrip patch antena com plano terra
A antena de referencia proposta em [3] possui plano terra inteiro, (b) superfı́cie refletora de alta permissividade com FSS com perı́odo
truncado e opera na faixa de comunicação do 5G em duas de 10,2 mm e (c) elemento espira quadrada.
frequências de ressonância: 3,6 e 14,33 GHz, com λ0 = 83, 3

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III. A N ÁLISE DOS R ESULTADOS (h1 =1,524mm) - ar (0, 447λ0 = 37,25mm) - FSS (0,203 mm))
A. S11 e BW com a estrutura proposta neste trabalho (microstrip patch
antena (h1 =1,524mm) - substrato alta permissividade com FSS
As simulações foram feitas no software da ANSYS Eletro- (h2 = 1,76 mm)). Vemos que o modelo proposto neste trabalho
nics HFSS pelo Métodos dos Elementos Finitos com o modelo obteve uma redução de 91, 6% na espessura total original.
eletromagnético tridimensional e caixa de ar de tamanho λ0 /4
em todas as direções.
A fig. 4 mostra a perda de retorno da antena de referencia [3]
e do modelo MPA-PTT-SAP-FSS para εr = 140. O substrato
de alta permissividade manteve as frequências em 3,6 e 14
GHz e adicionou frequências de ressonância em 2,4 GHz, 6,9
GHz, 7,9 GHZ e 8,5 GHz com as respectivas perda de retorno
de -24 dB, -13,75 dB, -12,72 dB, -22,32 dB, como mostra
a Tabela II. O ganho reportado para a antena de referencia
[3] foi de 2,76 dB para 3,6 GHz e 4,83 dB para 14 GHz.
Com a superfı́cie refletora proposta o ganho aumentou para
3,45 dB em 3,6 GHz, porém se manteve em 4,23 dB para 14
GHz. A inserção da superfı́cie refletora além de gerar outras
frequências de ressonância, apresentou pouco influência nas
demais bandas já existentes, além de cobrir inteiramente a
Figura 5. Comparação da espessura total proposta em [3] com o modelo 1
banda ISM. MPA-PPT-SAP-FSS.

A fig. 6 mostra a perda de retorno da antena de referencia


[4] e do modelo MPA-GND-SAP-FSS para εr2 =70, 125 e 140.
A Tabela III mostra os valores da perda de retorno, ganho e
largura de banda da antena de referencia [4] e do modelo
MPA-GND-SAP-FSS para 9,2 e 10,9 GHz.

Figura 4. Parâmetro S11 da antena de referencia [3] e do modelo MPA-PTT-


SAP-FSS para εr2 = 140.

Tabela II
PAR ÂMETRO S11 E LARGURA DE BANDA DA ANTENA
MPA-PTT-SAP-FSS PARA εr2 = 140
Figura 6. Parâmetro S11 da antena de referencia [4] e do modelo MPA-
Frequência S11 Largura de Banda
GND-SAP-FSS.
(GHz) (dB) (MHz)
2,40 -24 126,5
3,60 -13,73 60 A fig. 7 mostra o percentual de redução da dimensão
6,90 -13,75 300 original em relação ao modelo 2 comparando a espessura
7,90 -12,73 150 total da estrutura apresentada em [4] (microstrip patch an-
8,50 -22,33 200
14,33 -25 4200
tena (h1 =1,6mm) - ar (0, 246λ0 =8 mm) - FSS (1,6mm)) e
a estrutura proposta nesse trabalho (microstrip patch antena
(h1 =1,6mm) - substrato de alta permissividade com FSS (h2
A fig. 5 mostra o percentual de redução da dimensão - Tabela I)). É importante observar que o modelo 2 proposto
original em relação ao modelo 1 comparando a espessura diferencia do modelo original [4] no qual a FSS está na frente
total da estrutura apresentada em [3] (microstrip patch antena do elemento irradiante na condição de superestrato com baixa

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Tabela III GHz. Os máximos para diretividade ocorreram em φ = −170◦


PAR ÂMETRO S11 , LARGURA DE BANDA E GANHO DA ANTENA DE para 9,2 GHz e φ = 90◦ para 10,9 GHz.
REFERENCIA [4] E DO MODELO MPA-GND-SAP-FSS PARA 9,2 E 10,9
GH Z

Frequência Substrato S11 Largura de Banda Ganho


(GHz) (dB) (MHz) (dB)
- -16 290 4,4
MCT-70 -14 260 4,6
9,2 MCT-125 -15 270 4,6
MCT-140 -14 260 4,5
- -24 450 2,4
MCT-70 -24 500 3,0
10,9 MCT-125 -25 460 3,2
MCT-140 -23 490 4,5

constante dielétrica (εr = 4, 4) e no modelo deste trabalho


a FSS está atrás do plano terra no substrato de alta constante
dielétrica. Vemos que o modelo proposto nesse trabalho obteve
uma redução acima de 70% na espessura total ht . A Tabela
IV resume os valores das alturas totais das estruturas (ht ) para Figura 8. Diretividade do modelo 2 em 9,2 GHz e φ = −170◦
cada substrato com εr2 = 70, 125 e 140.

Figura 7. Comparação da espessura total: (a) da estrutura proposta em [4]


com (b) o modelo 2 MPA-GND-SAP-FSS.

Figura 9. Diretividade do modelo 2 em 10,9 GHz e φ = 90◦


Tabela IV
C OMPARAÇ ÃO DA ALTURA TOTAL DA ESTRUTURA DA ANTENA DE
REFERENCIA [4] E DO MODELO MPA-GND-SAP-FSS
As Tabelas V e VI mostram como o substrato altera a
diretividade e o ganho da antena proporcionalmente, mantendo
Estrutura ht Fator de Redução a eficiência constante para todo θ. Para 9,2 GHz a máxima
(mm) (%)
Ref. [4] 11,20 -
diretividade ocorreu em θ = 40◦ e φ = −170◦ , para 10,9
Prop. MCT-70 2,556 77,4 GHz a máxima diretividade ocorreu em θ = 20◦ e φ = 90◦ .
Prop. MCT-125 2,315 79,4
Prop. MCT-140 2,270 79,7
Tabela V
D IRETIVIDADE , GANHO E EFICI ÊNCIA EM 9,2 GH Z , φ = −170◦ E θ = 40◦

Os resultados da perda de retorno para diferentes valores substrato Diretividade Ganho Eficiência
de εr do modelo 2 são próximos do resultado original em [4], - 4,90 2,60 0,53
desta forma a análise da diretividade e da eficiência a seguir MCT-70 5,13 2,80 0,55
MCT-125 5,23 2,83 0,54
foi considerado para este modelo. A análise de diretividade e MCT-140 5,20 2,81 0,54
eficiência do modelo 1 ficará para um trabalho futuro.
B. Diretividade e Eficiência Analisando os resultados da diretividade, eficiência e ganho
A seguir são apresentados os gráficos da diretividade em (Tabelas V e VI), para as duas frequências do modelo 2, o
função de θ referente ao modelo 2 MPA-GND-SAP-FSS. A conjunto da antena com o substrato de alta constante dielétrica
fig.8 mostra a diretividade para 9,2 GHz e a fig. 9 para 10,9 com εr2 = 125 apresenta os melhores valores na frequência

128
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Tabela VI relacionado com o aumento da diretividade, enquanto manteve


D IRETIVIDADE , GANHO E EFICI ÊNCIA EM 10,9 GH Z E φ = 90◦ E θ = 20◦ o ganho e a eficiência constantes. A perda de retorno do
substrato Diretividade Ganho Eficiência modelo 2 aumentou em todos os substratos utilizados em
- 3,60 1,60 0,44 relação a antena de referencia [4]. Utilizando o substrato MCT-
MCT-70 4,70 2,01 0,43 125 a perda de retorno melhorou de -12 dB para -15 dB em 9,2
MCT-125 4,60 1,97 0,43
GHz e de -22 dB para -25 dB na frequência de 10,9 GHz. A
MCT-140 4,80 2,04 0,43
largura de banda aumentou para 270 MHz em 9,2 GHz e 490
MHz em 10,9 GHz. Ainda neste modelo o ganho apresentou
um aumento utilizando o substrato MCT-140 de 4 dB para 4,5
dB em 9,2 GHz e de 3,5 dB para 4,5 dB na frequência de 10,9
GHz.
Conclui-se que o substrato de alta permissividade contribui
na melhoria e na variação da diretividade e/ou da eficiência.
Consequentemente o ganho da antena também é melhorado
já que este é diretamente proporcional à diretividade e à
eficiência. Além disso, a inserção da superfı́cie refletora no
substrato de alta permissividade substituindo o meio ar nos
dois modelos estudados neste trabalho, reduziu consideravel-
Figura 10. (a) Diagrama de radiação 3D do campo elétrico em magnitude e mente o tamanho da estrutura em relação à estrutura original,
(b) diagrama polar do ganho normalizado em φ = −170◦ do modelo 2 para na qual o plano refletor é afastado da antena pelo ar, a redução
εr2 = 125 em 9,2 GHz.
encontrada é da ordem de 91% para o modelo MPA-PTT-
SAP-FSS e 77% para o modelo MPA-GND-SAP-FSS. Sendo,
portanto, uma novidade do uso de substratos de alta constante
dielétrica para aplicação em antenas microstrip com FSS.
R EFER ÊNCIAS
[1] Valdez A. Almeida Filho, Antonio Luiz P. S. Campos, ”Performance
Optimization of Microstrip Antenna Array Using Frequency Selective”,
Journal of Microwaves, Optoelectronics and Electromagnetic Applicati-
ons, Vol. 13, No. 1, June 2014
[2] E. Fernande, M. da Silva, L. Briggs, A. Campos, H.de Araújo, I. Casella,
C. Capovilla, V. Magri e L. de Matos, ”2.4–5.8 GHz banda dupla
patch antenna with FSS reflector for radiation parameters enhancement”,
International Journal of Electronics and Communications (AEÜ), Vol.
Figura 11. (a) Diagrama de radiação 3D do campo elétrico em magnitude 108, pp. 235-–241, 2019
e (b) diagrama polar do ganho normalizado em φ = 90◦ do modelo 2 para [3] J. Khan, D. A. Sehrai and S. Ahmad, ”Design and Performance Com-
εr2 = 125 em 10,9 GHz. parison of Metamaterial Based Antenna for 4G/5G Mobile Devices,”
in Engineering and Technology International Journal of Electronics and
Communication Engineering, vol. 12, No:6, 2018, pp. 382–387.
de 9,2 GHz. Desta forma o diagrama de irradiação 3D do [4] F. A. C. S. Lucena, C. P. N. Silva, T. L. Pedrosa and M. T. de Melo,
“Gain Enhancement of banda dupla Antenna Using Square Loop FSS,”
campo elétrico em magnitude e o diagrama polar de ganho IEEE, 2017, pp. 2169–2670.
normalizado para os melhores resultados são apresentados nas [5] F. Costa, Analysis and Modeling of High-Impedance Surfaces for the
figs. 10 e 11, respectivamente. design of Electromagnetic Absorbers and Antennas, Lambert Academic
Publishing.
[6] C. A. Balanis, Teoria de Antenas: Análise e Sı́ntese, vol. 1, LTC, 2009
IV. C ONCLUS ÕES [7] J. Mitrione, Efeitos do Uso de Substrato de Alta Permissividade
Dielétrica em Diversos Tipos de Antenas de Micro-ondas, Tese de
Os resultados da perda de retorno da antena de referencia [3] Doutorado, Setembro 2014.
com a superfı́cie refletora do modelo 1 deste trabalho gerou [8] R. E. Collin, Foundations of Microwave Engineering. 2nd ed. IEEE
outras frequências de ressonância em 2,40 GHz, 6,90 GHz, Press, NY, 1992.
[9] https://www.skyworksinc.com/-/media/SkyWorks/Documents/Products/
7,90 GHz e 8,50 GHz, cobrindo inteiramente a banda ISM. O 2601-2700/Basic Dielectric Materials 203830E.pdf
modelo MPA-PPT-SAP-FSS na frequência de 14 GHz obteve
um aumento na largura de banda de 4,20 GHz. O ganho
do modelo 1 melhorou em relação à antena original [3] na
frequência de 3,6 GHz de 2,76 dB para 3,45 dB e na frequência
de 14 GHz o ganho se manteve.
Já na antena de modelo 2 MPA-GND-SAP-FSS na
frequência 10,9 GHz o aumento da constante dielétrica do
substrato está relacionado com o aumento do ganho e da
diretividade mantendo a eficiência constante. No entanto, para
9,2 GHz o aumento da constante dielétrica do substrato está

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Análise de Sensor de Umidade do Solo Baseado


em CSRR sob Substrato Biodegradável de PLA
Lincoln Alexandre P. Silva, Francisco de A. Brito Filho, Humberto Dionísio de Andrade
Centro de Engenharias – PPGEE
Universidade Federal Rural do Semi-árido – UFERSA
Mossoró – RN, Brasil

Resumo—Os dispositivos de micro-ondas baseados em res- desse tipo é a utilização da maior quantidade possível de
sonadores de anel partido complementar têm sido utilizados materiais biodegradáveis, haja vista que muitos desses podem
no projeto de sensores planares dada sua sensibilidade as ser esquecidos em campo ou danificados, tornando-os uma
perturbações no meio em que se inserem. Na agricultura de
precisão um dos parâmetros comumente monitorados é o teor de possível fonte geradora de resíduos indesejados ao meio am-
umidade do solo. Os dados obtidos sobre esse parâmetro podem biente [1].
ser utilizados para coordenar o processo de irrigação de áreas de Os dispositivos baseados em ressonador de anel partido
plantio, reduzindo o consumo de água no campo. Nesse contexto, complementar ou CSRR (do inglês, Complementary Split-Ring
o objetivo desse artigo é analisar e projetar um dispositivo Resonator), o qual baseia-se na partícula SRR (do inglês, Split-
planar baseado em ressonador de anel partido complementar sob
substrato dielétrico biodegradável de poliácido lático, que possa Ring Resonator) [4], surgem como alternativa aos sensores
ser utilizado como sensor para estimar o teor de umidade do comerciais já existentes. Tais dispositivos são sensíveis as
solo. Para isso, o substrato dielétrico foi fabricado via impressão perturbações do meio em que se inserem, de modo que quando
3D e caracterizado. Os dados obtidos foram utilizados em a permissividade relativa do meio é alterada os parâmetros de
simulação eletromagnética a fim de evidenciar o comportamento ressonância da estrutura variam em relação a um estado inicial.
do dispositivo sob diferentes condições de permissividade relativa.
Os resultados obtidos evidenciam a viabilidade de projeto do Logo, é possível correlacionar a perturbação na ressonância do
dispositivo. dispositivo com o fenômeno que deseja-se quantificar [5] [6].
Palavras-chave—Agricultura de precisão, biodegradabilidade, Vários estudos acerca da utilização desses dispositivos como
sensor de micro-ondas, teor de umidade do solo sensores de micro-ondas podem ser encontrados na literatura
[7]– [10].
I. I NTRODUÇÃO Nesse contexto, esse artigo apresenta o projeto e análise de
A agricultura de precisão baseia-se no monitoramento da um dispositivo sensor, capaz de estimar o teor de umidade
produção agrícola através do uso de ferramentas capazes de do solo, baseado em CSRR construído via impressão 3D sob
fornecer dados a cerca das diversas variáveis envolvidas no substrato dielétrico biodegradável de poliácido lático (PLA).
processo produtivo, seja através de sensores posicionados em
II. R EVISÃO DA L ITERATURA
campo ou de imagens aéreas e espaciais [1]. O objetivo é
aumentar o controle sob o plantio, reduzindo o consumo de A. Agricultura de Precisão
insumos sem impactar na eficiência da produção. O objetivo principal da agricultura de precisão é reduzir
Dentre os insumos utilizados na indústria agrícola, não há o consumo de insumos sem a perda da eficiência produtiva.
dúvidas que a água executa um papel fundamental. Por isso, Para isso, são utilizadas técnicas de sensoriamento para o
o seu manejo adequado é de extrema importância, haja vista monitoramento dos parâmetros do plantio (p. ex., temperatura
que esse é um recurso natural cada vez mais escasso cuja do ar, temperatura do solo, teor de umidade do solo, teor de
disponibilidade impacta diretamente na quantidade e qualidade água da vegetação, etc.) com o intuito de fornecer suporte ao
da produção. O teor de umidade do solo é um parâmetro que gerenciamento das tarefas a serem executadas no campo.
quantifica o volume de água em relação ao volume de solo De modo geral, as técnicas de monitoramento aplicadas na
seco e que pode ser monitorado para coordenar as atividades agricultura de precisão podem ser classificadas em dois tipos:
de irrigação do plantio [1]. remoto e local [1]. O monitoramento local se dá através da
Os sensores de umidade do solo disponíveis comercial- utilização de sensores de campo responsáveis pela captação
mente, embora confiáveis e já consolidados, são volumosos, e transmissão de dados do plantio por meio de uma rede de
possuem alto custo de aquisição e necessitam de calibração a sensores sem-fio (RSF), por exemplo. Desse modo, é possível
depender do tipo de solo em que serão utilizados, tornando- distribuir os dispositivos ao longo de vastas áreas aumentando
os pouco práticos para utilização em aplicações de agricultura o grau de pervasividade da aplicação [3]. A Fig. 1 ilustra um
de precisão [2]. Portanto, a busca por sensores portáteis, de exemplo de aplicação de sensores em uma RSF para medição
baixo-custo e confiáveis é essencial para a integração desses de parâmetros do solo.
de maneira distribuída em grandes áreas de plantio [3]. Além Em situações que exijam a aplicação de vários sensores, é
disso, um requisito importante para o projeto de dispositivos preciso atentar-se para o fato de que muitos desses podem ser

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

dem apresentar comportamentos diferentes quanto a variação


Sinal das suas propriedades dielétricas conforme o volume de água
é variado [11] [12].
Receptor
O estudo apresentado por [10] estima a permissividade do
solo com base na variação do teor de umidade através do
deslocamento das frequências de ressonância de uma antena
Sensor projetada com um CSRR gravado em seu patch. O estudo
Sensor

leva em consideração dois tipos de solo, um arenoso e outro


Solo argiloso. Percebe-se que no solo arenoso a permissividade
relativa estimada cresce mais rapidamente do que no solo
Sensor Sensor argiloso. Outro estudo similar propõe um dispositivo de duas
portas baseado em CSRR [13]. Nesse caso, o autor apresenta
um dispositivo com linha de microfita em formato de “U”
Fig. 1. Ilustração de uma RSF para medição de parâmetros do solo. com a partícula integrada ao plano de terra, de modo que
para caracterização o CSRR deva estar totalmente envolto
pelo solo. O autor realiza diversas medições e estabelece a
danificados ou até mesmo esquecidos no solo e sendo consti- correlação entre o teor de umidade em solos essencialmente
tuídos, em sua maior parte, por materiais não-biodegradáveis, arenosos com diferentes valores de pH (potencial hidrogênico)
podem se tornar uma fonte de resíduos indesejados ao meio e demonstra a existência do comportamento aproximadamente
ambiente. Portanto, o desenvolvimento de sensores de solo linear na variação da frequência de ressonância em função do
utilizando materiais biodegradáveis torna-se um ponto impor- teor de umidade do solo.
tante a ser levado em consideração nesse tipo de aplicação. Pode-se observar que independentemente da configuração
Dentre os materiais biodegradáveis disponíveis em larga escala utilizada para o dispositivo, seja de uma ou duas portas, fica
que podem ser utilizados no projeto de dispositivos planares, evidente a correlação entre a variação do teor umidade do solo
o PLA surge como uma alternativa viável e interessante, haja e o deslocamento da frequência de ressonância da estrutura.
vista que esse é um material que apresenta boas características
dielétricas, é de fácil manipulação (pode ser modelado via C. Impressão 3D de Dispositivos Planares
impressão 3D), leve e possui baixo-custo de aquisição [1]. Existem diversos materiais que podem ser utilizados como
B. Sensores de Solo Baseados em CSRR substrato dielétrico para o projeto de dispositivos planares de
micro-ondas e que devem ser escolhidos de acordo com os
Os sensores baseados em CSRR podem ser utilizados para requisitos da aplicação. Entretanto, por virem de fábrica com
a caracterização dielétrica de diferentes tipos de materiais [5]. dimensão e formato bem definidos torna-se pouco prático a
De modo geral, o funcionamento desses dispositivos baseia-se modificação de parâmetros como espessura e densidade do
na variação de sua frequência de ressonância (∆fr = f0 − fr ) material em aplicações que exigem maior flexibilidade.
conforme a permissividade do meio é alterada, sendo: f0 a Desse modo, a utilização da tecnologia de impressão 3D
frequência de ressonância base, medida sem o contato do surge como alternativa na fabricação de peças que possam ser
material a ser caracterizado e fr a frequência de ressonância utilizadas como substrato dielétrico, flexibilizando o processo
evidenciada quando o dispositivo é posto em contato com o produtivo, uma vez que é possível construir substratos das mais
material a ser caracterizado. Desse modo, é possível correla- variadas formas, espessuras e densidades através do ajuste dos
cionar ∆fr com o fenômeno que deseja-se quantificar [6]. A parâmetros do equipamento utilizado para impressão [14].
Fig. 2 ilustra duas partículas CSRR com formatos geométricos A técnica apresentada em [15] foi desenvolvida para a
diferentes. concepção de dispositivos planares utilizando impressão 3D. O
processo baseia-se na construção de substratos dielétricos com
Fendas (substrato) Partes metálicas
materiais termoplásticos como o PLA, por exemplo, através
da inserção de bordas no substrato, que servem de guia para
aplicação da fita de cobre adesivo ou tinta condutiva e que
podem ser removidas posteriormente. Desse modo, é possível
reduzir possíveis perdas inerentes ao processo de fabricação
em dispositivos planares, melhorando o seu desempenho.
III. A NÁLISE E D ESIGN
A. Caracterização do Material
Fig. 2. Ilustração de partículas CSRR quadrada e circular. Com o intuito de conhecer as propriedades dielétricas do
PLA, sua permissividade relativa (εr ) e tangente de per-
Em se tratando na medição do teor de umidade do solo, é das (tanδ) foram extraídas utilizando um VNA (do inglês,
preciso levar em consideração que diferentes tipos de solo po- Vector Network Analyzer) modelo Rohde & Schwarz ZND

131
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

com auxílio de uma sonda coaxial. Para a caracterização,


uma amostra de PLA com espessura h = 1, 54 mm foi
3
fabricada e submetida a três baterias de medições com o
intuito de remover possíveis distorções associadas ao processo. εr(RMS) = 2,37

(εr)
A Fig. 3 exibe o setup de medição que foi montado para a 2.5
caracterização do material, a amostra foi posta sob pedaços de ,
poliestireno (isopor) para posicionamento adequado da mesma.
2
0.5 1 1.5 2 2.5 3

εr(RMS) = 2,15

VNA ,

,
0,2

(tanδ)
Material , = 0,08

, 0,1 = 0,14
Fig. 3. Setup para caracterização do material.
, 0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3
A Fig. 4 apresenta os dados obtidos para εr e tan δ em toda
a banda de frequências de operação do VNA, que varia de 100 ,
kHz até 8 GHz. Para os dados de εr , a curva sólida de cor ,
azul exibe a média entre as três medições que foram realizadas
para a caracterização do material e a curva sólida em vermelho ,
representa a tendência dos dados na banda indicada. Já para os
dados de tan δ, a curva sólida em vermelho exibe a média das
medições realizadas e a curva pontilhada em azul apresenta a
tendência média do parâmetro. Como o dispositivo irá operar
em frequências inferiores a 3 GHz, os valores médios (RMS) Fig. 4. Permissividade relativa e tangente de perdas do PLA em função da
frequência de caracterização.
obtidos na faixa de frequência que compreende a 200 MHz
até 3 GHz foram: εr = 2, 37 e tan δ = 0, 08.
B. Projeto do Sensor Biodegradável
L
A partir dos dados obtidos no processo de caracterização do
PLA, foi possível modelar computacionalmente o dispositivo
proposto. Para que o mesmo exiba o comportamento esperado d

a partícula CSRR precisa ser acoplada eletricamente a uma Linha de microfita


Plano de terra c
linha de microfita, de modo que o campo elétrico gerado pela
g
linha incida axialmente em relação ao plano da partícula [16].
A Fig. 5 ilustra o dispositivo, onde um CSRR de geometria
quadrada é integrado ao plano de terra da estrutura. Desse
wl
modo, o distanciamento entre a linha de alimentação e a r
partícula, decorrente da espessura do substrato dielétrico,
proporciona o acoplamento elétrico necessário para correta Ls pd
excitação da partícula. Além disso, uma linha de microfita de
50 Ω em forma de “U” é utilizada com o intuito de minimizar
a interferência na medição do sinal de transmissão, assim o
CSRR é posicionado em oposição às portas de medição para h
que o dispositivo possa ser enterrado no solo. Ws
As dimensões do CSRR influenciam fortemente em sua
frequência de ressonância e foram determinadas através de Fig. 5. Modelo proposto para o dispositivo.
análise paramétrica para que o dispositivo exibisse ressonância

132
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

na frequência f0 = 1,50 GHz. A Tabela I apresenta as


dimensões indicadas na Fig. 5. +
+ **
+
TABELA I *
PARÂMETROS DIMENSIONAIS DO DISPOSITIVO

Parâmetro Dimensão (mm)


wl 3
pd 1,2
Ls 25 H
Ws 22 H
L 13
H
g 0,3
H
c 0,3
d 0,3 H
r 3 * H
+ H
, , , , , , ,
IV. R ESULTADOS E D ISCUSSÕES
Com o objetivo de evidenciar o comportamento do dispo- Fig. 6. Coeficiente de reflexão em dB em função de f para diferentes
sitivo sob situações hipotéticas de variação de permissividade permissividades relativas com base na variação de H.
relativa do meio, foram conduzidas simulações com auxílio do
software ANSYS HFSS® . Os dados utilizados foram extraídos
Com o objetivo de estimar H em função da frequência
do estudo [11], onde o autor modela a permissividade relativa
de ressonância observada, foi realizado o ajuste dos pontos
do solo sob diferentes valores de teor de umidade (H) com
obtidos em simulação com auxílio do software MATLAB® .
base no modelo de relaxação dielétrica de Debye. Nesse artigo,
É possível observar na Fig. 7 que há uma boa concordância
os dados utilizados são aqueles obtidos para solos tipicamente
entre o modelo utilizado e os dados da simulação. Além disso,
arenosos e estão descritos na Tabela II, onde ε0 e ε00 são as
quando comparado com o dispositivo construído sob substrato
partes real e imaginária, respectivamente, da permissividade
dielétrico de FR4, o PLA exibe um comportamento similar na
dielétrica complexa.
variação da frequência de ressonância.
TABELA II
DADOS DE PERMISSIVIDADE RELATIVA PARA SOLOS TIPICAMENTE
ARENOSOS AO VARIAR H [11].

ε0 ε00 εr H (cm3 /cm3 )


3,12 0,038 3,12 0
4,36 0,38 4,37 0,05
6,26 0,56 6,28 0,10
8,66 0,58 8,68 0,15
11,47 0,67 11,50 0,20
14,70 0,93 14,72 0,25
18,36 1,23 18,40 0,30
22,48 1,57 22,53 0,35

A Fig. 6 exibe o comportamento da frequência de res-


sonância do dispositivo ao avaliar as curvas do coeficiente
de transmissão em dB para diferentes valores de H. Para
cada uma das curvas a frequência de ressonância é exibida
como aquela na qual a atenuação do sinal de transmissão Fig. 7. Ajuste curva para H em função de f para FR4 e PLA.
é máxima, similar ao comportamento observado em filtros
rejeita-faixa. Desse modo, é possível visualizar o deslocamento A Tab. III exibe o erro relativo estimado entre os dados
da frequência de ressonância para valores inferiores a f0 de H simulados e aqueles obtidos aplicando a função de
conforme H aumenta. Além disso, é possível observar que ajuste (Haj ). Percebe-se uma maior disparidade para H =
há uma minimização na atenuação do sinal conforme H 0, 05 cm3 /cm3 entre o modelo matemático proposto e os da-
aumenta e para os dados entre H = 0, 20 cm3 /cm3 até dos de simulação. Apesar disso é possível notar que conforme
H = 0, 35 cm3 /cm3 essa minimização tende a permanecer H aumenta o erro relativo percentual diminui, evidenciando
constante. Esses são comportamentos esperados, uma vez assim a concordância entre o modelo e os dados apresentados.
que a presença de água no solo influencia fortemente na Uma forma de avaliar a sensibilidade do sensor é quan-
permissividade relativa do meio [12]. tificando o nível de variação da frequência de ressonância

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABELA III permissividade relativa conforme o teor de umidade do solo


C OMPARAÇÃO ENTRE O H SIMULADO E OS DADOS OBTIDOS ATRAVÉS DO aumenta. Portanto, faz-se necessário projetar o dispositivo de
MODELO DE AJUSTE UTILIZADO .
modo que seja possível correlacionar a variação da frequência
H(cm3 /cm3 ) Haj Erro(%) de ressonância independentemente do tipo de solo.
0,05 0,04 15,29
0,10 0,09 3,81 R EFERÊNCIAS
0,15 0,14 1,39
0,20 0,21 3,68 [1] V. Palazzi, S. Bonafoni, F. Alimenti, P. Mezzanotte and Luca Roselli.
“Feeding the world with microwaves”, IEEE Microwave Magazine, vol.
0,25 0,26 2,80
20, no. 12, pp. 72–86, Dez. 2019.
0,30 0,29 2,5
[2] R. Gava, E. E. da Silva, and F. H. R. Baio. “Calibração de Sensor
0,35 0,34 0,20
Eletrônico de Umidade em Diferentes Texturas de Solo”, Brazilian
Journal of Biosystems Engineering, vol. 10, no. 2, pp. 154–162, 2016.
[3] I. Thakur, Y. Kumar, A. Kumar, and P. K. Singh. “Applicability of
Wireless Sensor Networks in Precision Agriculture: A Review”, Wireless
do dispositivo (∆f = f0 − fr (H)) conforme H é variado, Personal Communication, vol. 107, pp. 417–512, 2019.
sendo fr (H) a frequência de ressonância do dispositivo em [4] J. B. Pendry, A. J. Holden, D. J. Robbins, and W. J. Stewart.“Magnetism
from Conductors and Enhanced Nonlinear Phenomena”, IEEE Transac-
função do teor de umidade do solo e, nesse caso, f0 será tions on Microwave Theory and Techniques, vol. 47, no. 11, pp. 2075–
a frequência percebida quando o dispositivo está em contato 2084, Nov. 1999.
com o solo seco. A Fig. 8 exibe a curva de ajuste que [5] M. S. Bobay and O. M. Ramahi. “Material Characterization Using
Complementary Split-Ring Resoantors”, IEEE Transactions on Instru-
relaciona ∆f em função de H. Percebe-se que conforme H mentation and Measurement, vol. 61, no. 11, pp. 3039–3046, 2012.
aumenta menor é o deslocamento relativo entre as frequências [6] Muhammed A. H. Ansari, Abhishek K. Jha, and Mohammad Jaleel
de ressonância, ou seja, para valores elevados de H a variação Akhtar. “Design and application of the CSRR-based planar sensor
for noninvasive measurement of complex permittivity”, IEEE Sensors
entre as frequências de ressonância tende a reduzir e tornar-se Journal, vol. 15, no. 12, pp. 7181–7189, Dez. 2015.
constante, comprometendo a sensibilidade do dispositivo em [7] C.Jang, J.-K. Park, H.-J.Lee, G.-H. Yun, and J.-G. Yook. “Temperature-
situações de alto H. Corrected Fluidic Glucose Sensor Based on Microwave Resonator”,
Sensors, vol. 18, no. 11, pp. 3850–3862, 2018.
[8] A. Salim and S. Lim. “Complementary Split-Ring Resonator-Loaded
Microfluidic Ethanol Chemical Sensor”, Sensors, vol. 16, no. 11, pp.
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[9] S. Eom and S. Lim. “Stretchable Complementary Split Ring Resonator
(CSRR)-Based Radio Frequency (RF) Sensor for Strain Direction and
Level Detection”, Sensors, vol. 16, no. 10, pp. 1667–1679, 2016.
[10] J. G. D. Oliveira, E. N. M. G. Pinto, V. P. Silva Neto, and A. G.
D’Assunção. “CSRR-based Microwave Sensor for Dielectric Materials
Characterization Applied to Soil Water Content Determination”, Sensors,
vol. 20, no.. 1, pp. 255–271, 2020.
[11] J. R. Wang. “The Dielectric Properties of soil-water mixtures at mi-
crowave frequencies”, Radio Science, vol. 15, no. 5, pp. 977–985, 1980.
[12] C. A. Umenyiora, R. L. Druce, R. D. Curry, P. Norgard, T. McKee, J.
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[13] A. Verma, N. K. Tiwari, and M. J. Akthar. “Soil moisture detection using
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[14] A. Savini and G. G. Savini “A short history of 3D printing, a technologi-
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and their socio-cultural contexts conference, Tel-Aviv, Israel, Ago. 2015.
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[16] J. D. Baena, J. Bonache, F. Martín, R. M. Sillero, F. Falcone, T.
A partir dos resultados obtidos o projeto do dispositivo Lopetegi, M. A. G. Laso, J. García-García, I. Gil, M. F. Portillo, and
proposto mostrou-se viável. Além do mais, o PLA demonstrou M. Sorolla. “Equivalent-Circuit Model for Split-Ring Resonators and
ser um material com boa permissividade relativa, tornando- Complementary Split-Ring Resonators Coupled to Planar Transmission
Lines”, IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol.
se um boa alternativa para a construção de circuitos planares 53, no. 4, pp. 1451–1461, 2005.
de micro-ondas, apresentando comportamento satisfatório e
similar ao observado com o FR4, por exemplo. Entretanto, vale
a pena mencionar que em situações onde o teor de umidade do
solo seja muito elevado, poderá haver perda de sensibilidade
por parte do dispositivo, já que a presença de água influencia
fortemente nos parâmetros dielétricos do solo. Outro detalhe
que deve ser levado em consideração é que diferentes tipos
de solos podem apresentar comportamentos diversos dos que
foram aqui observados, no que diz respeito ao aumento da

134
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Refletor de canto baseado em Superfície Seletiva em


Frequência para melhoria de desempenho de antena
de microfita
Vinícius dos A. Barros, Leni J. Matos e Mauricio W.B. da Silva
Departamento de Engenharia de Telecomunicações
Universidade Federal Fluminense
Niterói, Brasil
vinicius_barros@id.uff.br, lenijm@id.uff.br e mauriciobenjo@id.uff.br

Resumo—Neste trabalho é apresentada a integração de um eficiência e a largura de banda [1]-[5]. Outra técnica que tem
refletor de canto baseado em Superfície Seletiva em Frequência sido usada com êxito é a aplicação de Superfícies Seletivas em
(Frequency Selective Surface - FSS) a uma antena dipolo Frequência, que possibilitam melhoria em parâmetros de
impressa operando 915 MHz e 2,4 GHz, visando a melhoria de radiação, contribuindo para o desenvolvimento de antenas que
desempenho. As duas superfícies refletoras são projetadas para atendam padrões de mercado [6].
operar na faixa superior da antena e são colocadas em um ângulo
de abertura de 150º. Posicionando o refletor em uma distância Chatterjee mostrou em [7] a melhoria dos parâmetros de
específica, significativa melhoria de desempenho dos parâmetros uma antena monopolo banda dupla com o uso de FSS como
de radiação˜ e obtido em ambas as bandas. O refletor torna a refletor de canto, obtendo melhorias de ganho e banda para a
antena mais diretiva e melhora o ganho, enquanto mantem a frequência desejada, sem prejudicar a outra banda. O uso de
largura de banda quase inalterada. Resultados simulados FSS para o aperfeiçoamento de uma antena patch operando em
mostram aumentos de ganho de entre 6 e 6,2 dB e 6,5 e 7,1 dB 2,4 e 5,8 GHz foi apresentado em [8], onde se obteve redução
alcançados sobre as bandas915-928 MHz e 2400-2483,5 MHz, nos lóbulos secundários, bem como um aumento no ganho do
respectivamente. Resultados numéricos e experimentais para o lóbulo principal, resultando em melhorias no padrão de
coeficiente de reflexão são comparados, mostrando boa irradiação para ambas as bandas. Da mesma forma, FSS foram
concordância. O desempenho da antena baseada em refletor de implementadas como refletores nos trabalhos propostos em [9]-
canto frente a antena isolada, mostra que a estrutura proposta
[13], onde foram reportados bons resultados de ganho. Nas
pode ser usada de forma eficiente para operar em sistemas de
estruturas apresentadas em [14] - [16], observou-se a influência
identificação por radiofrequência nas faixas de 925 MHz e 2,4
GHz. da FSS na melhoria das características de irradiação. Ramos
comparou em [17] antenas tipo refletor de canto utilizando FSS
Palavras-chave—antena de banda dual, antena microfita com o mesmo tipo de antena utilizando placas metálicas,
RFID, superfície seletiva em frequência. mostrando as vantagens no uso de FSS.
I. INTRODUÇÃO Este trabalho propõe a mudança nos parâmetros de radiação
Em aplicações de alta performance, tais como aeronaves, de uma antena patch dipolo para RFID (Radio-Frequency
misseis ou satélites, onde tamanho, peso, custo e facilidade de IDentification) com o uso de um refletor de canto baseado em
instalação são requisitos restritivos, antenas de baixo perfil e FSS, o qual é projetado para operar na frequência de 2,45 GHz
alta performance podem ser necessárias. Os mesmos requisitos, e não degradar os parâmetros de radiação da faixa de
são exigidos em muitas outras aplicações comerciais, tais como frequência de 915 MHz.
rádio móvel, identificação por radiofrequência e comunicações Este artigo consiste de mais três seções: na Seção II é
sem fio, para citar algumas. Para atender a esses requisitos, apresentada a estrutura proposta, o desenvolvimento da FSS e a
antenas de microfita podem ser usadas. Essas antenas são de integração das estruturas; a Seção III apresenta os resultados
baixo perfil e moldáveis a superfícies planas e não planas, de encontrados e, na seção IV, a conclusão do trabalho.
construção simples, leves e de baixo custo [1]. Como é bem
conhecido, as antenas de microfita apresentam algumas II. APRESENTAÇÃO DA ESTRUTURA.
desvantagens que podem limitar a sua utilização em algumas A antena utilizada neste trabalho foi primeiramente
aplicações, tais como largura de banda estreita, baixos níveis de proposta por Grilo, M. em [18], a qual é constituída por um
ganho e diretividade, baixa potência e baixa eficiência, para dipolo de meia onda, com seus elementos radiadores dispostos
nomear alguns. em faces opostas do substrato, como mostra a Fig. 1 (a) com
Assim, para aperfeiçoar este tipo de antena e minimizar suas dimensões especificadas na Tabela I. A antena foi
essas desvantagens, algumas técnicas são usadas, dentre as projetada visando atender os padrões ISO (International
quais, podemos citar o uso de arranjos ou o aumento da Organization for Standardization) 18000 - 6 e 18000 - 4, e
espessura do substrato, que podem ser usadas para aumentar a opera nas bandas de 880 MHz – 955 MHz e 2,39 GHz – 2,55

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

GHz, sendo correspondentes ás bandas, 894 - 898,5 MHz, 902 TABELA I. ESPECIFICAÇÕES DAS DIMENSÕES DA ANTENA CONFORME
APRESENTADO NA FIG. 1 (A)
- 907,5 MHz, 915 - 928 MHz, 2.400 - 2.483,5 MHz, que são
regulamentadas pela ANATEL para RFID. A antena é Parâmetro Valor (mm) Parâmetro Valor (mm)
alimentada por uma linha de microfita, e para um melhor L 102,63 L7 45,73
casamento de impedância, foi utilizado um balun tapered [19]. W 104 L10 8
As dimensões da antena, apresentadas na Fig. 1(a), podem ser L2 42,5 L13 10
encontradas no trabalho inicial.
L4 6,765 S1 17
Para a estrutura proposta, foi então desenvolvida uma FSS L6 28 W1 1,19
do tipo rejeita faixa, operando na frequência de 2,45 GHz, para L9 35,73 W3 0,47
atuar como plano refletor. A superfície seletiva é composta de L12 16,765 W4 0,47
arranjos periódicos de espiras quadradas. Para essa geometria, L15 10 W5 4,5
a primeira ressonância ocorre em função da frequência onde o Wcut 2 L8 10
comprimento da espira é igual a λ [20]. Os parâmetros do
L1 9,4 L11 20
arranjo periódico, mostrados na Fig. 1(b) são p = 35,07 mm, d
W2 0,77 L14 3
= 29,07 mm, g = 6 mm e j = 2,3 mm, para os quais, a
frequência de ressonância ocorreu em 2,44 GHz. Outrossim, a L3 8 S2 17
FSS deve apresentar uma resposta cuja banda deve ser igual ou L5 20
superior à banda da antena. Logo, o refletor foi projetado não
apenas para operar na faixa de 2,45 GHz, mas também para
cobrir banda de operação da antena.
A estrutura proposta é, então, composta da antena em conjunto
com os refletores de canto baseados em FSS, como pode ser
visto na Fig. 2. Considerando as dimensões da célula unitária
projetada, o plano refletor é composto por duas placas com

Figura 2: Estrutura proposta.

uma matriz de 7 x 7 nas direções x e y, respectivamente,


totalizando 49 elementos em cada placa, com uma dimensão
total da FSS de 25 cm x 25 cm. O ângulo inicial definido entre
as placas do refletor foi de 90º e uma distância de λ/4 da
frequência de 2,45 GHz, entra a antena e o vértice do refletor,
conforme descrito em [1]. Porém, devido à característica não
planar do refletor, foi realizada uma variação paramétrica para
obter a melhor distância entre a antena e o refletor, bem como o
ângulo ótimo entre as placas do refletor. Assim, a distância d
entre a FSS e a antena foi definida como um comprimento de
onda e o ângulo entre as placas do refletor foi de θ = 150º (ver
Fig. 1(c)), esse ângulo foi obtido através de uma variação
paramétrica, realizando a simulação para diversos ângulos
diferentes e comparando seus resultados foi encontrado o
melhor ângulo. A FSS foi otimizada previamente à adição na
antena. E após a adição, um novo processo de otimização foi
realizado, assim a FSS utilizada é a otimizada para a estrutura.
Fig. 1. Estrutura proposta: (a) estrutura da antena e (b) geometria das Um espaçador, mostrado na Fig. 2, foi usado para garantir a
células unitárias do refletor.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

distância e o posicionamento correto da antena. Foi escolhido


um material não metálico com o objetivo de influenciar
minimamente nos resultados medidos.
O substrato utilizado tanto para a antena quanto para o
refletor é o FR4, com permissividade elétrica de 4,4, tangente
de perda de 0,025 e espessura de 1,6 mm. Este substrato foi
escolhido devido ao seu baixo custo e fácil acesso.
III. ANÁLISE DE RESULTADOS.
Com o objetivo de validar a estrutura proposta, o protótipo
foi caracterizado experimentalmente. Para isso foi medida a
perda de retorno usando um analisador vetorial de rede
(ANRITSU MS2034A VNA MASTER). Os resultados
apresentados na Fig. 3, além de mostrarem boa concordância
com os resultados numéricos, confirmam que o refletor não
interfere na banda de 915 MHz. Como pode ser visto na Fig. 3,
a antena alcançou quase -28dB de perda de retorno na Figure 3: Comparação entre resultado medido e simulado.
frequência central de 934,9 MHz, com uma largura de banda de
83 MHz (893,5 MHz a 976.5 MHz), cuja aplicação cobre os
requisitos de conformidade da banda RFID. Já para a segunda
banda, uma perda de retorno de -32,12dB foi alcançada para a
frequência de 2,469 GHz, com uma largura de banda de 226
MHz (2,33 GHz a 2,56 GHz).
Comparando os resultados numéricos da antena com a
estrutura, com a antena na mesma posição, a estrutura proposta
apresentou uma RFC maior nas duas frequências. A RFC
obtida para a frequência de 0,915 GHz e 1,31 vezes maior para
a estrutura proposta, e para a frequência de 2,45 GHz essa
diferença e ainda mais significativa, sendo a relação 16,7 vezes
maior.
É possível notar mediante análise da Fig. 4 e Tabela II uma
diferença significativa no ganho para as duas frequências. A
presença do refletor possibilitou um aumento de mais de 6 dB
para a banda de 915 MHZ, enquanto que para a frequência de (a)
projeto (2,45 GHz), um aumento de mais de 7 dB foi
alcançado. Ainda que resultados de medições não tenham sido
realizadas, permitindo uma comparação mais justa para o
ganho em ambas as faixas, os resultados numéricos são
promissores e mostram que o projeto da FSS, mesmo que
voltado para a banda de 2,45 GHz, influenciou positivamente a
banda de 915 MHz. Adicionalmente, os resultados obtidos
mostram que a estrutura apresentou pouca influência nas
larguras de banda de operação, mantendo as duas bandas quase
inalteradas. A faixa de frequência inferior não ocorreu uma
redução considerável, cobrindo perfeitamente a faixa de
operação desejada RFID.

(b)
Figure 4: Comparação entre resultados simulados dos ganhos para 915
MHz (a) e 2,45 GHz (b).

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABELA II. COMPARAÇÃO DOS PARÂMETROS OBTIDOS NA SIMULAÇÃO

915(MHz) 2,45(GHz)
Antena + Antena +
Antena Antena
FSS FSS
S11 (dB) -21,554 -21,206 -24,302 -32,344
Ganho (dB) 0,580 6,590 2,200 9,320
Diretividade
3,54 7,3 4,84 10,8
(dBi)
Relação Frente
1,830 2,404 0,557 9,321
Costas (RFC)
Banda (MHz) 0,080 0,083 0,232 0,226

Os diagramas de irradiação também foram obtidos através


de simulação para as duas bandas e a comparação dos
resultados é apresentada nas Fig. 5 e Fig. 6. Analisando as duas
figuras, podemos ver uma melhora no diagrama de irradiação
para a estrutura proposta, com a antena mais eficiente ao Figure 6: Comparação entre resultado simulado da antena e simulado da
redirecionar a energia da onda para o mesmo ponto, estrutura do ganho para a frequência de 915 MHz.
diminuindo os lóbulos secundários que estão sendo refletidos
para frente. Como pode ser observado, mesmo a FSS sendo
projetada para a frequência 2,45 GHz, o padrão de irradiação
da banda de 915 MHz também foi melhorada, tendo seus
lóbulos secundários refletidos. Isso ocorre devido ao ângulo
entre as duas placas da FSS que podem gerar outros padrões de
ressonância. A estrutura proposta apresenta um melhor
desempenho em comparação com a antena isolada, estando as
duas na mesma orientação, a Fig. 7 mostra como está a
disposta a estrutura no espaço. Quanto ao tamanho da estrutura
final, as placas do refletor FSS são bem maiores que a antena, e
o conjunto completo, devido aos espaços entre as placas e o
ângulo de 150º entre as FSS, ocupa uma área bem maior.
Entretanto, a estrutura pode ser usada em estações, as quais
oferecem maior possibilidade de espaço, e por tanto, de
instalação. Considera-se ainda, que a melhoria de desempenho
foi significativa, o que supera a demanda por espaço, dadas as
vantagens oferecidas. Assim, considera-se que a integração da
FSS, usada como refletor de canto, à antena possibilitou um
aprimoramento dos aspectos de radiação da antena e, portanto,
atingiu objetivo proposto neste estudo.
Figure 7: Estrutura posicionada no plano.

IV. CONCLUSÕES.
Esse trabalho propôs a construção de uma antena dual -
band (915MHz e 2,45 GHz) de microfita com parâmetros de
irradiação aprimorados através do desenvolvimento de uma
FSS para a banda de 2,45. Como resultado, ocorreu uma
diminuição dos lóbulos secundários, obtendo um aumento da
eficiência da antena. As simulações apresentaram mudanças
consideráveis na RFC, onde para frequência de 0,915 GHz é
1,31 vezes maior para a estrutura proposta, e para 2,45 GHz a
diferença é de 16,7 vezes, comprovando que a FSS cumpre o
propósito de melhorar uma banda mantendo outros parâmetros
iguais ou melhores. A taxa de retorna na banda de 2,45 GHz
passou de -24,302 dB para -32,344 dB, mantendo um valor
praticamente idêntico para 915 MHz, logo a FSS é
Figure 5: Comparação entre resultado simulado da antena e simulado da praticamente transparente para essa banda. Embora o sinal
estrutura do ganho para a frequência de 2,45 GHz. sofra maior atenuação com a distância para 2,45 GHz, isto é
compensado pelo aumento no ganho, passando de 2,2 dB para

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

9,32 dB e 0,58 dB para 6,59 dB em 0,915 GHz, permitindo que


o sinal atinja maiores distâncias. Tendo em vista o aumento do [20] F. Costa, A. Monorchio, and G. Manara, ``Efficient analysis of
ganho e da RFC a estrutura terá um bom desempenho para frequency-selective surfaces by a simple equivalent–circuit model,''
IEEE Antennas and Propagation Magazine, vol. 54, no. 4, pp. 35-–48,
RFID, principalmente em situações onde necessite de uma 2012.
grande concentração de potência em uma mesma área.
REFERENCIAS
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81, January 1992.
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Joaquim de Matos, 2.4–5.8 GHz dual-band patch antenna with FSS
reflector for radiation parameters enhancement, AEU - International
Journal of Electronics and Communications, Volume 108, 2019.
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for Space Application," in IEEE Antennas and Wireless Propagation
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Frequency Selective Surface Reflector for Ultrawideband Antennas," in
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13, no. 10, pp. 1749-1755, 14 8 2019.
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UWB antenna with gain augmentation using frequency selective
surface’, Radio Eng., 2018, 27, (2), pp. 448–454.
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Radiation of Monopole-Dielectric Resonator Antenna Using a
Conformal Frequency Selective Surface," in IEEE Transactions on
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Antenna Using Conformal Frequency Selective Surface of Different
Curvatures," in IEEE Transactions on Antennas and Propagation, vol.
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in IEEE Access, vol. 6, pp. 48042-48050, 2018.
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Steering Antenna With Active Frequency-Selective Surface," in IEEE
Antennas and Wireless Propagation Letters, vol. 18, no. 1, pp. 108-112,
Jan. 2019.
[17] Ramos, N. J. P. L., “Caracterização de Antena Tipo Refletor de Canto
Utilizando Superfícies Seletivas em Frequência”, Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba, João Pessoa, 2016.
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Estadual de Campinas, Limeira, 2012.
[19] Pozar, D., M. Microwave engineering. New York: John Wiley & 2005.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Superfícies Seletivas de Frequência Bioinspiradas


para Aplicações Dual-Band e UWB

Samuel B. Paiva, Valdemir P. Silva Neto Adaildo G. D’Assunção Junior


e Adaildo G. D’Assunção Instituto Federal da Paraíba, João Pessoa, PB
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN Grupo de Telecomunicações e Eletromagnetismo Aplicado
Departamento de Engenharia de Comunicações adaildojr@ymail.com
samuel.b.paiva@hotmail.com, vpraxedes.neto@gmail.com,
adaildo@ymail.com

Resumo— Este trabalho apresenta superfícies seletivas de ao longo de milhões de anos, para absorção da luz do sol e a
frequência (FSS) bioinspiradas para aplicações dual-band, em sua transformação em energia química, no processo de
frequências das bandas C e Ku, e em banda ultralarga (UWB). fotossíntese.
As estruturas desenvolvidas são compostas de arranjos de Além disso, no trabalho apresentado em [5], os autores
elementos patches bioinspirados na folha maple, cujo nome desenvolveram uma antena com resposta multibanda,
científico é Acer. Para obtenção da resposta UWB, uma bioinspirada na morfologia do neurônio biológico. Uma antena
associação em cascata foi desenvolvida, em que uma FSS com transparente, bioinspirada nas plantas ingae edulis mart, para
elementos patches com a forma de espira quadrada foi acoplada aplicações na tecnologia WLAN, foi proposta em [6]. Em [7],
a uma FSS bioinspirada. As simulações das FSS propostas são
antenas compactas e flexíveis com formatos de flores foram
efetuadas com o uso do software Ansoft HFSS. Protótipos das
FSS são fabricados e medidos para fins de comparação. Uma boa
propostas também para aplicações em WiMAX.
concordância é observada entre os resultados simulados e Em [4], uma antena monopolo bioinspirada nas folhas de
medidos. Inga marginata foi desenvolvida para aplicações UWB. Os
pesquisadores em [8] produziram uma antena UWB cujo
Palavras-Chave— FSS bioinspirada; dual-band; UWB. formato da geometria do patch é uma flor com um slot circular
no centro. No trabalho apresentado em [9], uma antena
I. INTRODUÇÃO monopolo bioinspirada na flor de jasmim é aplicada para
Superfícies seletivas de frequência (FSS) são usualmente sistemas UWB. Em [10], uma antena monopolo com a
definidas como arranjos periódicos finitos, constituídos de geometria do patch bioinspirada na folha de algodão foi
elementos patches metálicos ou de aberturas em uma placa proposta.
metálica bastante fina, impressos em um substrato dielétrico, Em [11], uma antena monopolo bioinspirada na folha de
que se comportam como um filtro espacial de micro-ondas para Inga marginata foi aplicada no monitoramento da atividade de
transmitir ou refletir ondas eletromagnéticas [1]-[3]. descarga parcial em sistemas de isolamento de alta tensão. O
A evolução dos sistemas de comunicações sem fio tem projeto e o desenvolvimento de um sensor UHF (ultra high
exigido, cada vez mais, a capacidade de operação em várias frequency) bioinspirado na folha da planta Jatropha mollissima
faixas de frequências e o atendimento à demanda por altas (Pohl) Baill foi apresentado em [12], para detecção de descarga
taxas de transmissão de dados. Uma das tecnologias que tem se parcial em transformadores de potência. Em [13], uma antena
destacado no atendimento às exigências desses sistemas é a de monopolo bioinspirada na folha Jatropha mollissima (Pohl)
banda ultralarga (ultra wideband - UWB). Baill foi aplicada para a detecção de descarga parcial através de
A faixa de frequência destinada à tecnologia UWB é a de janelas dielétricas.
3.1 a 10.6 GHz. Dentre as vantagens dos sistemas UWB, pode- Antenas bioinspiradas foram integradas para produzir uma
se citar: maior imunidade a ruído, baixo custo e baixo consumo antena MIMO para aplicações no espectro abaixo de 6 GHz do
de potência, dentre outras. Além disso, essa tecnologia se 5G no trabalho proposto em [14]. Um arranjo de antenas com
destaca entre os sistemas de comunicações sem fio short-range patches bioinspirados utilizando sequências de Fibonacci nas
e pode ser aplicada na banda mais baixa do 5G [4]. árvores foi apresentado em [15], exibindo uma frequência
Recentemente, vários trabalhos foram desenvolvidos sobre central em 2,45 GHz. Finalmente, em [16], uma antena
antenas de microfita, utilizando geometrias bioinspiradas nas bioinspirada baseada nas antenas curvadas das vespas foi
formas nos patches condutores, para aplicações diversas, como desenvolvida e apresenta uma frequência central em torno de
resposta multibanda [5], WLAN [6], WiMAX [7], UWB [4], 2,4 GHz.
[8]-[10], sensoriamento [11]-[13], 5G [14] e transmissão e Entretanto, apesar de todos esses trabalhos recentes com a
detecção [15], [16]. As folhas de plantas e árvores têm servido utilização de antenas bioinspiradas e suas diversas aplicações
como formas geométricas para alguns desses dispositivos em sistemas de comunicações sem fio e sensoriamento, a
porque são estruturas que possuem formatos otimizados pela determinação do efeito produzido pelo uso de elementos
natureza, através de processos evolutivos e de seleção natural patches bioinspirados em estruturas de FSS necessita de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

investigação. Assim, este trabalho tem como objetivo a


investigação do efeito causado pela utilização da geometria
bioinspirada na folha da arvóre maple, cujo nome científico é
Acer, em elementos patches de FSS, para a obtenção de
características atrativas desses dispositivos, assim como de
antenas de microfita, como as respostas dual-band e UWB, por
exemplo.
As simulações das superfícies de frequência são executadas
no software Ansoft HFSS. Após o projeto e a simulação, o
protótipo é fabricado para caracterização experimental. Uma
boa concordância é observada entre os resultados medidos e
simulados.
II. PROJETO DAS FSS
Fig. 3. Fotografia do protótipo da FSS bioinspirada.
A folha da árvore maple é bastante comum em países da
América do Norte, principalmente no Canadá, em que é usada
como um símbolo nacional em sua bandeira. A Figura 1 mostra
uma foto da folha da maple. A. Projeto da FSS bioinspirada para aplicações em UWB
Para obter a resposta UWB da FSS bioinspirada na folha
maple, uma FSS com elementos patches de geometria espira
quadrada foi acoplada à FSS bioinspirada, produzindo uma
estrutura em cascata (Fig. 4). A distância entre as duas
estruturas de FSS é 1,57 mm. Na Figura 4(a), pode ser
observada a célula unitária da FSS com a geometria espira
quadrada, e na Figura 4(b) é mostrada a ilustração da estrutura
em cascata.

Fig. 1. Fotografia de uma folha da maple.

Então, utilizando o software Ansoft HFSS, a estrutura da


FSS foi simulada e projetada. Na Figura 2, é mostrada a
representação da célula unitária da FSS bioinspirada e suas
respectivas dimensões. As dimensões Tx e Ty são iguais a 20
mm. (a)

(b)

Fig. 4. Estruturas das FSS: (a) Representação da célula unitária da FSS


Fig. 2. Representação da célula unitária da FSS bioinspirada.
com patches de espira quadrada e (b) ilustração da FSS bioinspirada com a
associação em cascata.
O protótipo da estrutura de FSS mostrado na Figura 3 foi III. RESULTADOS E DISCUSSÃO
fabricado em um substrato FR-4 (r = 4,4, h = 1,57 mm, tan=
0,02), com dimensões externas de 20 cm x 20 cm. Após as simulações e prototipagem dos dispositivos, foram
executadas as medições, para caracterização experimental. O

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setup de medição é composto de um Vector Network Analyzer B. FSS bioinspirada UWB


(VNA) N5230A da Agilent Technologies, duas antenas Os resultados obtidos para os comportamentos em
cornetas e um suporte de FSS com absorvedor de micro-ondas frequência do coeficiente de transmissão da FSS bioinspirada,
nas laterais. com resposta UWB, para os casos simulado e medido, estão
mostrados na Figura 6.
A. FSS bioinspirada para aplicações dual-band
Os resultados obtidos para os comportamentos em
frequência do coeficiente de transmissão da FSS bioinspirada,
para os casos simulado e medido, estão mostrados na Figura 5.

Fig. 6. Resultados medidos e simulados dos coeficientes de transmissão


da FSS bioinspirada com resposta UWB.

Conforme mostrado na Figura 6, a FSS com resposta UWB


apresentou, na medição, uma faixa de operação de 4,13 a 9,61
Fig. 5. Resultados medidos e simulados dos coeficientes de transmissão GHz, com largura de banda de 5,48 GHz. Na simulação, a
da FSS bioinspirada na folha maple. faixa de operação é de 4,23 a 9,59 GHz, com largura de banda
de 5,36 GHz. Portanto, o dispositivo pode ser utilizado para
Conforme mostrado na Figura 5, a FSS apresenta duas aplicações em UWB, por permitir operação em praticamente
bandas de ressonância. Na medição, a primeira banda todo o seu espectro.
apresentou uma frequência de ressonância de 6,32 GHz, com
largura de banda de 2,27 GHz e perda de inserção de -23,23 IV. CONCLUSÕES
dB. Na simulação, a frequência de ressonância obtida foi de 6,4
GHz, com largura de banda de 2,36 GHz e perda de inserção de Este artigo apresentou superfícies seletivas de frequência
-33,05 dB. Na segunda banda, a medição apresentou uma bioinspiradas na folha Acer, conhecida como maple, para
frequência de ressonância de 13,25 GHz, com largura de banda aplicação em sistemas de comunicações sem fio. Devido aos
de 0,46 GHz e perda de inserção de -19,61 dB. Na simulação, a contornos bioinspirados, as FSS poderão ser utilizadas também
frequência de ressonância obtida foi de 13,09 GHz, com em aplicações indoor. A FSS bioinspirada desenvolvida neste
largura de banda de 0,77 GHz e perda de inserção de -20,59 trabalho apresentou uma resposta dual-band, cujas bandas
dB. Portanto, o dispositivo pode ser utilizado para aplicações operam em sub-bandas das bandas C e Ku. Para a obtenção da
em frequências nas bandas C (4 a 8 GHz) e Ku (12 a 18 GHz). resposta UWB, uma estrutura em cascata foi projetada, em que
Na Tabela I, estão resumidos os valores extraídos das a FSS bioinspirada foi acoplada, em uma associação do tipo
curvas mostradas na Figura 5, para a primeira e a segunda cascata, a uma estrutura com os elementos patches com
bandas de operação, respectivamente. geometria de espira quadrada. Além disso, embora as pesquisas
sobre antenas de microfita com geometrias dos patches
TABELA I. RESULTADOS MEDIDOS E SIMULADOS DA FSS BIOINSPIRADA NA bioinspiradas em formas encontradas na natureza estejam bem
FOLHA MAPLE. consolidadas, com aplicações em sistemas de comunicações
sem fio e em sensoriamento, as pesquisas sobre a utilização
Valores medidos Valores simulados
dessas geometrias em FSS ainda estão na fase inicial.
Banda fr BW S21 fr BW S21
(GHz) (GHz) (dB) (GHz) (GHz) (dB)
AGRADECIMENTOS
Primeira 6,32 2,27 -23,23 6,40 2,36 -33,05
Este trabalho teve o apoio do CNPq sob convênio
Segunda 13,25 0,46 -19,61 13,09 0,77 -20,59
573939/2008-0 (INCT-CSF), CAPES, Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba (IFPB) e
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

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Improving the Performance of ISM Antenna


through Frequency-Selective Surfaces
Carlos A.T. Coelho, Roberta N.G. Carvalho, Maurı́cio W.B. Silva, Leni J. Matos
Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Engenharia Elétrica e de Telecomunicações — PPGEET
Escola de Engenharia, UFF
Niterói, Brazil

Abstract — In this paper, a combination of two frequency- is to work with a dual-band antenna. The proposed FSS
selective surfaces (FSS) linked to a dual-band ISM microstrip and antenna designs are detailed in Section II. Section III is
antenna is presented. The back layer is a reflector formed by dedicated to the analysis of the results obtained by simulation
a band-stop FSS and a superstrate formed by a band-pass FSS
comprises the front layer. The structure is designed in order and Section IV gives the conclusion.
to obtain improved radiation features when compared to a
conventional microstrip patch antenna. It extends the –10 dB II. P ROPOSED S TRUCTURE
impedance bandwidth, increases its gain, directivity, front-to-
back ratio and scattering parameters. Comparison of numerical Frequency-selective surfaces are well known structures and
results between the proposed structure and a reference antenna consist of a periodic array of conductive elements, either
shows improved gains of 6.7 dBi at 2.4 GHz and 6.1 dBi at
5.8 GHz, in contrast with gains of 1.7 dBi at 2.4 GHz and in patch or aperture form — that is, a hollow conductive
4.8 dBi at 5.8 GHz. At the frequency of 2.45 GHz the bandwidth surface [12] —, printed on top of one or more dielectric
was 540 MHz (23.78% of fractional bandwidth), while at the substrates as desired, as shown in Figs. 1a and 1b.
5.8 GHz band a bandwidth of 1.26 GHz was achieved (22.82% With a band-pass-type FSS used as superstrate, it is intended
of fractional bandwidth).
that only electromagnetic signals under certain parts of the
Keywords — Dual-band Antennas, FSS, Planar Antennas,
Tripolar Array frequency spectrum will be transmitted, they being otherwise
stopped (reflection) [13]. The electromagnetic behavior of an
FSS is determined by the kind of arrangement it features: if
I. I NTRODUCTION
that FSS is made of aperture elements, it shows an inductive
The evolution of mobile communication systems has raised pattern and acts as a band-pass filter, that is, inflicting maxi-
the need of building antennas with increasingly more compact mum transmission of the incident waves at the FSS’s resonance
dimensions and capable of working in multi-band systems [1]– frequency. On the contrary, in case the FSS is made of patch
[3]. It is noteworthy that transmission by radio waves may in- elements, it shows a capacitive pattern and thus behaves as a
terfere in coexistent systems, if such waves propagate beyond band-stop filter, causing maximum reflection of the incident
their receptors. Thus it is essential to either ensure that the waves [14].
interference effects between systems be reduced, or to invest Several geometrical shapes are employed in an FSS project
in developing of techniques that make the proper functioning accordingly to its desired requirements, such as: the degree
of such systems possible, even though in the presence of such of dependence on the wave inciding angle, cross polarization,
a phenomenon. Thereby, multi-band compact antennas can be bandwidth, level of band gap, independence from polarization
designed allowing the transmission of signals in the desired and size reduction of the FSS [15].
band while rejecting those in others, for which microstrip
antennas are commonly employed.
It is well known that microstrip antennas have some disad-
vantages, which may limit their usage in some applications,
such as low bandwidth and unsatisfying gain and directivity
patterns, to name a few. Therefore, in order to improve its
performance, some techniques have been employed [4], [5].
Over the last few years, frequency-selective surfaces have
attracted massive attention from academia facing the possi-
bility of improving the electromagnetic response of microstrip
antennas [6]–[10].
To accomplish this, in this paper we propose a structure
where a patch antenna is sandwiched by two FSS layers. A
(a) FSS based reflector. (b) Band-pass FSS as superstrate.
previous work in [11] has presented a similar setup, however
designed as a single-band device, while our purpose, instead, Fig. 1. Proposed design.

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Certain shapes may show faster transitions between passing


and stopping bands than others, however with greater sensitiv-
ity to the angle of incidence. It is observed in [15] that, for the
aforementioned requirements, the square ring shape is the one
which delivers the best results, while the dipole shape shows
greater restrictions regarding inciding angle and bandwidth.
One of the first appliances of FSS was in the reduction
of the RCS (Radar Crossed Section) in ships and aircraft,
working as band-pass radomes transparent to waves under
the operating band of the antenna, otherwise reflecting them (a) Antenna structure.
to other directions [15]–[18]. Other FSS appliances reside
in electromagnetic absorbents such as the Salisbury screen
and the Jaumann setup [19]–[21], which are characterized for
high absorption and low sensitivity to polarization and angular
incidence. They are besides employed as dicroic sub-reflectors,
which allow sharing with more than one feeding source, by
making total reflection under one frequency band and total
transmission for another.
The first part of the project consisted of reproducing (b) Antenna shown between the FSS-based reflector and superstrate.
the dual-band microstrip patch antenna, first proposed by Fig. 2. Schematics of the antenna.
Tizyi [22], to operate in two frequency bands contained in the
ISM set, ranging from 2400 to 2483.5 MHz and 5725 MHz
to 5850 MHz. The antenna used in our purpose is illustrated 0.002 and 1.6 mm thick. The conductive surfaces are made of
in Fig. 2a with its main components signaled. The antenna copper, with a thickness of 0.035 mm.
dimensions can be found in the initial work. While the antenna
in [22] was designed on a 30 per 30 mm square, ours measures III. R ESULTS AND A NALYSIS
40 per 40 mm, which is justified by the need to better match The purpose of the reflective FSS is to better target the
the antenna to the desired working frequency bands, as well as antenna radiation pattern, since it has presented a strong side
to respect the minimum threshold of λ4 beyond the antenna’s lobe opposite the main one, and thus a very low FBR (Front-to-
metallic part. The second part consisted of creating the two Back Ratio). Such targeting is based on the signal reflection
FSS layers that surround the antenna. within the antenna work bands, so that no strong radiation
Then, a first FSS with operation bands matching to the occurs in the aforementioned direction.
antenna was created, in order to analyze its coupling and The superstrate FSS, in turn, will be placed in front of the
its behavior, placed behind the antenna to better direct its antenna, with the same goals, however with distinct operation:
radiation through the reflection of signals under its work bands. to act as a band-pass filter to better select the signals radiated
The second designed FSS is a band-pass filter to be coupled by the antenna. Therefore, it should be made of aperture ele-
to the antenna as well, this time placed in front thereof to act ments, unlike the reflective FSS, which is based on conductor
as a superstrate. Both FSS and the antenna must be aligned to structures.
their central axis. The complete structure is illustrated in side Table I lists the optimal values obtained for both layers,
view in Fig. 2b. with variables as previously indicated in Figs. 1 and 2b,
The double-square ring model was chosen to compose both while Table II lists the frequency characteristics and maximum
the FSS proposed in this work, due to its greater angular |S21 | parameters (transmission coefficients) obtained through
and polar stability, as well as the possibility of dimension simulation on the Altair FEKO application. By comparing
reduction. Since the first FSS acts as a reflector, it is designed the frequency aspects of both the reflective and superstrate
with patch elements, while the second, superstrate one is FSS from Table II, it can be concluded that their bandwidths
composed of aperture elements. As each square ring resonance successfully cover the antenna bands, fitting therefore the
occurs when its side length equals the wavelength, this was purpose of improving its performance.
the starting point for the correct software dimensioning of the The graph shown in Fig. 3 exposes the absolute value of the
elements.It is necessary that the FSS be approximately twice S11 parameter of the antenna (reflection coefficient), in dB and
the size of the antenna, so that it receives the antenna radiation in function of frequency, both when alone and when matched
at the highest value possible. This way, the size of the FSS to both the reflector and superstrate FSS. Therefore it was
array closest to this requirement is a 5 by 5 matrix, that is, 25 possible to analyze the structure resonance frequencies and
unit cells, thus the complete FSS structure has a side equal to its bandwidths, as well as the maximum transmission points,
81 mm. which are listed in Table III in comparison with the antenna
All structures were designed to be built from an FR–4 from [22]. It can be observed that, compared to our antenna
substrate, with electrical permittivity of 4.3, loss tangent of in its original state, the first resonance frequency rose from

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE I. G EOMETRIC DIMENSIONS OF BOTH THE FSS LAYERS . TABLE III. O BTAINED CHARACTERISTICS OF THE ANTENNA .
FSS reflector Superstrate FSS Lower Reson. Upper
Bdwth. |S11 |
Length (mm) Length (mm) thresh. freq. thresh.
(GHz) (dB)
p 16.2 p0 21.0 (GHz) (GHz) (GHz)
l1 12.0 l10 14.0 Ref. [22]
g1 0.5 g10 0.5 @2.4 GHz 2.37 2.45 2.52 0.1485 −30
w1 1.0 w10 1.3 @5.8 GHz 5.713 5.8 5.918 0.2047 −41.2
l2 15.7 l20 20.0 This work — without FSS
g2 0.85 g20 1.7 @2.4 GHz 2.2 2.34 2.5 0.3034 −23.3
w2 1.0 w20 2.7 @5.8 GHz 4.8 5.6 6.1 1.2900 −40.4
d1 35.0 d2 56.0 This work — with both FSS
@2.4 GHz 2.00 2.44 2.54 0.5400 −26.6
TABLE II. O BTAINED BAND CHARACTERISTICS OF THE FSS. @5.8 GHz 4.89 5.54 6.15 1.2600 −47.3

Lower Reson. Upper


Bdwth. |S21 |
thresh. freq. thresh.
(GHz) (dB)
(GHz) (GHz) (GHz)
Reflector FSS
@2.4 GHz 1.9 2.6 3.1 1.2 −36
@5.8 GHz 4.8 5.6 6.7 1.9 −35
Superstrate FSS
@2.4 GHz 2.19 2.44 2.69 0.498 −27.3
@5.8 GHz 5.58 5.85 6.17 0.585 −18.1

2.34 to 2.44 GHz and presented return loss 3.3 dB higher,


while the second resonance frequency, in its turn, decreased
(a) E-plane @2.4 GHz. (b) H-plane @2.4 GHz.
from 5.6 to 5.54 GHz and had return loss 6.9 dB higher.
Furthermore, the first band became approximately 240 MHz
longer, almost doubling itself, while the second decreased in
30 MHz, keeping relatively similar.
Fig. 4 illustrates the E- and H-plane polar radiation diagrams
of the antenna in its original state, evidencing low FBR and
directivity due to the presence of strong side lobes alongside
the main one. On the other hand, as shown in Fig. 5, when
both the reflector and superstrate FSS are placed together with
the antenna, the side lobes decrease in size and the main
lobe becomes more prominent, in a greater degree at the first
resonance frequency than the second. The presence of the (c) E-plane @5.8 GHz. (d) H-plane @5.8 GHz.
ground plane on the opposite side of the antenna, added to Fig. 4. Spatial radiation patterns of the antenna when not matched to any FSS.
its stub, has affected the radiation diagram at the 5.8 GHz

band, so that its main lobe points at an obliquous direction


with respect to the front side, as well as the 2.4 GHz band
by making the main lobe point opposite the front side of the
antenna.
Such an improvement in the system behavior can be further
demonstrated in Table IV, which lists and compares the
antenna gain, directivity, FBR, HPBW and VSWR before
and after the addition of the reflector and superstrate FSS.
Fig. 6 presents the comparison of the gain obtained through
simulation for both the 2.4 GHz and 5.8 GHz bands. The
rises in gain and directivity are due to the joint behaviour of
both reflector and superstrate FSS. While the reflective layer
helps concentrate the radiation pattern forward the antenna,
the superstrate one acts so as to further direct the signals.
Before the addition of the two FSS, our antenna shows a
gain value at the first band (1.7 dBi) close to the one obtained
in [22] (1.92 dBi), while at the second band it gets higher
Fig. 3. 2D plot of the |S11 | parameter in dB of the antenna when standalone (4.8 dBi, compared to 3.385 dBi). For both bands, at the
and matched to the reflector and superstrate FSS. presence of the two FSS, there was a decrease in HPBW, while

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(a) E-plane @2.4 GHz. (b) H-plane @2.4 GHz.

(a) Gain @2.4 GHz.

(c) E-plane @5.8 GHz. (d) H-plane @5.8 GHz.


Fig. 5. Spatial radiation patterns of the antenna when matched to the reflector
and superstrate FSS.

TABLE IV. R ADIATION PARAMETERS OF THE ANTENNA .


Without FSS With both FSS
@2.4 GHz @5.8 GHz @2.4 GHz @5.8 GHz
Gain (dBi) 1.7 4.8 6.7 6.1
Directivity (dBi) 2.0 5.5 6.7 7.8
FBR (dB) 0.6 7.9 9.4 11.3
HPBW 90.8° 46.4° 47.0° 24.8°
(b) Gain @5.8 GHz.
VSWR 1.1 1.01 1.38 1.09
Fig. 6. 2D plots of the antenna gain (in dBi) for both operation bands, when
standalone and matched to the reflector and superstrate FSS.
the gain, directivity and the FBR have risen substantially, with
emphasis on the latter.
project, which may include a new dimensioning of the second
IV. C ONCLUSION FSS and a replacement of the used materials, with emphasis
The analysis of the results via simulation made it possible on the use of resistant FSS, so as to possibly make the device
to verify that the linking of the two FSS to the antenna was more compact and increase its practicity.
responsible for a great improvement in its gain, directivity,
ACKNOWLEDGMENT
front-to-back ratio and VSWR, as well as the decrease in
the side lobe levels and beam width, proving therefore its The authors would like to thank all professors and alumni
usefulness as an auxiliary element in the development of at the Antenna and Propagation Laboratory (LAProp) in
wireless systems with microstrip antennas. Even though the Universidade Federal Fluminense, where the knowledge and
main lobe at 2.4 GHz was shifted to the opposite direction, practical experience acquired have been fundamental to the
compared to the antenna alone, the addition of the two FSS development and execution of this paper.
still shows a rise in gain — 5.0 dBi higher at 2.4 GHz, and
1.3 dBi higher at 5.8 GHz — and especially the FBR, which R EFERENCES
increased substantially in 8.8 dB at 2.4 GHz and in 3.4 dB at
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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Análise do Posicionamento de Antenas Monopolo HF


sobre o Tijupá de uma Fragata

Fabiano Carvalho dos Santos Assumpção Maurício Henrique Costa Dias


Seção de Engenharia Elétrica Departamento de Engenharia de Telecomunicações
Instituto Militar de Engenharia CEFET/RJ – Campus Maracanã
Rio de Janeiro, Brasil Rio de Janeiro, Brasil
fca1y2@gmail.com mauricio.dias@cefet-rj.br

Resumo—Em radiocomunicações táticas veiculares, um em vista a presença de dezenas de sistemas de


problema importante é o do posicionamento de antenas ao radiocomunicações, operando em bandas que vão do HF ao
longo da estrutura. Em embarcações navais, como as fragatas SHF, cada qual com suas respectivas antenas. Em particular,
da Marinha por exemplo, há dezenas de sistemas de rádio
instalados, operando em faixas que vão do HF ao SHF, e cujas
no caso das antenas HF, usualmente monopolos [17], há
antenas precisam dividir o mesmo espaço restrito, mantendo duas áreas típicas em que elas são instaladas: o entorno da
compatibilidade eletromagnética. Nesse escopo, este trabalho chaminé, e o convés mais alto da embarcação, conhecido no
apresenta uma análise paramétrica do posicionamento de meio naval como “tijupá”. Um navio só é comissionado
antenas monopolo HF sobre o tijupá de uma fragata típica da após testes satisfatórios de seus sistemas, inclusive os de
Marinha do Brasil. Um modelo simplificado da plataforma foi radiocomunicações. Depreende-se, portanto, que na
implementado em ferramenta numérica de análise de antenas
(CST Studio), e diversos cenários típicos de posicionamento
instalação das antenas, conhecimento adequado (teórico e
foram simulados, avaliando o impacto do acoplamento mútuo prático) é empregado na tarefa de instalação das antenas,
entre as antenas e os objetos metálicos principais presentes no ainda que o desempenho delas não necessariamente seja o
desempenho das antenas. Da análise, foi possível estabelecer melhor. No entanto, até onde a revisão bibliográfica deste
distâncias recomendáveis de descorrelação entre a antena e o trabalho chegou, não foi encontrado nenhum artigo
mastro principal. Ainda, verificou-se o quanto os diagramas de específico dedicado a avaliar o problema específico da
ganho e as respostas de impedância divergem dos resultados
teóricos esperados da antena monopolo com plano-terra ideal.
dependência do desempenho das antenas em um tijupá com
o seu posicionamento relativo sobre a estrutura.
Palavras-chaves—acoplamento mútuo; antenas HF; antenas Do exposto, o objetivo deste trabalho é apresentar uma
monopolo; comunicações navais. análise paramétrica do posicionamento de antenas
monopolo HF sobre o tijupá de uma fragata típica da
I. INTRODUÇÃO Marinha do Brasil. Esta análise foi realizada com base em
O posicionamento relativo de uma antena em viaturas, simulações numéricas, utilizando software de análise de
aeronaves ou embarcações para aplicações táticas é uma antenas, e incorporando ao modelo simulado os principais
tarefa complexa [1]-[2], como evidenciado por diversos elementos do cenário, além das antenas. Tanto o
fatores em [3]-[6]. O acoplamento mútuo entre a antena e os comportamento de radiação como de elemento de circuito
elementos condutores nas proximidades, as dimensões foram avaliados, em função dos parâmetros de
finitas e irregulares da carcaça como plano-terra [7], posicionamento no cenário. A seção II descreve a
aspectos de compatibilidade eletromagnética [8]-[9], metodologia deste trabalho. Já as seções III e IV
interferência da estrutura, etc., são alguns exemplos desses apresentam, respectivamente, a descrição do cenário
aspectos críticos. simulado e as configurações das simulações. Na seção V, a
No contexto específico da operação de sistemas de análise dos resultados obtidos é apresentada. Por fim, a
radiocomunicações em navios, é possível destacar alguns seção VI conclui o trabalho.
trabalhos que abordam o problema do posicionamento de II. METODOLOGIA
antenas, como em [10]-[15], trabalhos que têm como foco
antenas para faixa de HF. Esses trabalhos apresentam Para atingir os objetivos propostos, adotou-se uma
projetos de antenas utilizando parte da estrutura do navio abordagem numérica para a análise paramétrica. Dentre as
(mastro ou chaminé) para compor o elemento radiante. E em diversas ferramentas que impementam métodos numéricos
[16], uma análise da compatibilidade e interferência de análise de antenas [18], foi escolhido para este trabalho o
eletromagnética de antenas HF em navios é discutida. software CST Studio Suite® [19].
Tomando o caso de uma fragata como exemplo, a Para as simulações, as antenas HF do navio foram
complexidade desse posicionamento é ainda maior, tendo modeladas como um monopolo filamentar de quarto de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

onda (/4), com  = 44 m, tamanho correspondente a um IV. CONFIGURAÇÕES DAS SIMULAÇÕES


dos modelos utilizados atualmente em fragatas. Tal antena
opera em faixa estreita, com frequência natural de A. Simulações T1 e T2
ressonância de 6,81 MHz, 11 m de comprimento e raio do Foram tomadas para avaliar os efeitos da presença do
condutor metálico interno igual a 2,5 mm. mastro, da proximidade da antena à borda do tijupá e
Para analisar os resultados obtidos com as simulações identificar afastamento ideal dam da antena para o mastro no
optou-se em realizar comparação das principais figuras de eixo x. Na simulação T1, a antena é posicionada a
mérito (coeficiente de reflexão com relação a uma dy = 0,5 m da borda do tijupá mais próxima ao mastro, de
impedância de referência de 50 , impedância de entrada e forma que a antena varia seu posicionamento em relação ao
mastro, ao longo do eixo x, se mantendo alinhado com o
comportamento de radiação), na frequência de ressonância
centro do mastro. Assim, a distância dam foi variada entre 0,2
simulada 6,57 MHz, com as obtidas para cada simulação
e 4,5 m, em passos de 0,4 m, vide Fig. 2 (a). A simulação
nos diversos posicionamentos, e com os valores de
T2 apresenta a mesma configuração, porém sem o mastro.
referência nos mesmos cenários.
Assim, para entender como a estrutura do navio interfere B. Simulações T3 e T4
no desempenho da antena, foram comparados os resultados Foram tomadas com mesmo intuito das simulações
das simulações com o mastro e sem o mastro (referência). anteriores, porém com identificação do afastamento ideal
Para verificar o efeito do posicionamento da antena sobre a para o mastro no eixo y. Assim, na simulação T3, a antena
estrutura (plano-terra), foram comparados os dados obtidos foi posicionada a dam = 3 m (com base nas simulações
nas simulações em diversos posicionamentos sem o mastro anteriores) e com dy variando entre 1 e 9 m, em passos de
com os obtidos para a antena teórica ideal (monopolo no 2 m, e nas bordas, dy = 0 e 10 m, vide Fig. 2 (a). A
espaço livre sobre plano-terra condutor elétrico perfeito e simulação T4 apresenta a mesma configuração, porém sem
infinito). Também foram comparados os dados obtidos nas o mastro. Ressalta-se que, para dy > 7,5 m, há uma limitação
simulações com o mastro aos sem o mastro, verificando o prática imposta por demandas de posicionamento de outros
efeito conjunto do mastro e da proximidade em relação à objetos necessários à operação da embarcação tipicamente.
borda. Por fim, o acoplamento entre antenas foi estudado,
por meio da simulação do cenário de interesse com duas
antenas com e sem o mastro, sendo a referência a mesma
situação do cenário analisado, mas com apenas uma antena.

III. DESCRIÇÃO DO CENÁRIO


Tendo em vista a ordem de grandeza do comprimento de
onda da faixa de análise (HF – 10 a 100 m) ser a mesma das
dimensões do tijupá, do mastro principal e das antenas,
optou-se por simplificar a geometria do modelo, como (a) (b)
Fig. 2. Cenários das simulações: (a) T1, T2, T3 e T4; (b) T5 e T6.
indicado na Fig. 1. Dessa forma, o cenário simulado que
representa o tijupá foi modelado como um paralelepípedo,
C. Simulações T5 e T6
com comprimento e largura iguais a 10 m e 3 m de altura,
sobre um plano-terra infinito (em z = 0) composto por Foram realizadas a fim de investigar os efeitos devidos à
material condutor elétrico perfeito (PEC). Adicionalmente, proximidade entre antenas, em um cenário com duas
o mastro principal foi incorporado, modelado por um antenas, e determinar uma distância ideal entre elas. Assim,
cilindro PEC com 15 m de altura, 0,5 m de raio e base em na simulação T5, foram simuladas duas antenas iguais,
paralelas entre si, variando a distância da12 entre elas de 1 a
z = 3 m (sobre o tijupá).
7 m, em passos de 1 m. As antenas foram posicionadas com
base nos resultados das simulações anteriores, sendo que a
antena 1 varia sua posição ao longo do eixo y, alterando
da12, enquanto dam é fixo em 3 m. Já a antena 2 está fixa com
dam = 3 m e dy = 7,5 m, conforme Fig. 2 (b). A simulação T6
apresenta a mesma configuração, porém sem o mastro.
V. ANÁLISE
As simulações T1 e T2 corresponderam a pequena
variação relativa ao , de 0,004 a 0,1 . Pela Fig. 3 observa-
se que, sem a presença do mastro, ao analisar a oscilação do
coeficiente de reflexão entre a referência (antena monopolo
(a) (b) no espaço livre sobre plano-terra PEC infinito) e os demais
Fig. 1. Tijupá: (a) real, (b) modelo simplificado simulado.
posicionamentos, verifica-se que, ao aproximar a antena da

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borda do tijupá, a frequência de ressonância e os valores do diagrama se altera consideravelmente, com o lóbulo
coeficiente de reflexão diminuem pouco. Entre as várias principal direcionado para  = 0º, tendo em vista a presença
posições, a frequência de ressonância varia em até 0,2 MHz do mastro e o ganho máximo aumenta conforme se afasta a
e a variação máxima para a referência é de 4,56%. Já o valor antena do mastro.
mínimo do coeficiente de reflexão varia em até 2,6 dB para No plano  = 90º (xy), perpendicular ao plano de
as várias posições, sendo a diferença máxima deste valor em mudança do posicionamento da antena (xz), verificam-se
relação à referência de 2,7 dB. Já ao inserir o mastro na poucas variações entre diferentes posicionamentos nos
análise, a frequência de ressonância ainda sofre poucas cenários com e sem o mastro. Ressalta-se apenas que o
alterações, aumentando sua variação em relação à referência lóbulo principal está direcionado para  = 90º, direção onde
para 6,4%. Por outro lado, nota-se grande degradação do há maior porção do plano-terra, como esperado.
coeficiente de reflexão. A variação dos valores mínimos do Por último, no plano  = 90º, vide Fig. 7, sem o mastro,
coeficiente de reflexão para as várias posições aumenta de percebe-se que há leve perda do formato circular do
2,6 para 8 dB, sendo a diferença mínima deste valor em diagrama de ganho, devida à proximidade da borda,
relação à referência de 10,6 dB. comportamento também previsto em [20]. Já com a
presença do mastro, nota-se que o formato do diagrama de
ganho torna-se diretivo. E à medida que a distância dam para
o mastro aumenta, o ganho máximo aumenta e o ângulo de
máxima radiação diminui, vide Fig. 8.

Fig. 3. Coeficiente de reflexão para as simulações T1 e T2.

A Fig. 4 e a Fig. 5 apresentam as resistências e reatâncias


de entrada, em diferentes dam, sendo possível observar que,
no cenário sem o mastro, para os diferentes
posicionamentos, há uma pequena variação de tais Fig. 4. Resistência de entrada para as simulações T1 e T2.
parâmetros até a frequência de ressonância. Após essa
frequência, pode-se observar aumento destes parâmetros
com a aproximação da antena em relação à borda, ainda que
pequeno. É possível observar, também, que a resistência é
maior que a da referência em toda faixa. Com o mastro no
cenário, notam-se maiores variações destes parâmetros para
os diferentes posicionamentos da antena, principalmente a
partir da frequência de ressonância. Percebe-se, ainda, à
medida que a antena se afasta do mastro, a diminuição da
resistência em relação à do cenário sem o mastro em toda
banda analisada. A reatância também aumenta a partir de
5,8 MHz, para distâncias maiores do mastro.
Quanto ao comportamento de radiação, nota-se que a
simetria em relação aos planos ortogonais e em relação ao
eixo z é perdida nos planos  = 0 e 90º. No plano  = 0º, Fig. 5. Reatância para as simulações T1 e T2.
vide Fig. 6, sem a presença do mastro, ao variar o Para as simulações T3 e T4 utilizou-se dam = 3 m, pois,
posicionamento da antena ao longo do eixo x ( = 0º), se com base nas simulações anteriores para essa distância, a
aproximando da borda do plano-terra, o lóbulo principal influência do mastro é menor. Nestas simulações, a variação
aponta para  = 180º, direção em que há maior porção do relativa ao  foi de 0,02 a 0,23  e os comportamentos
plano-terra. Este comportamento é esperado, conforme observados são análogos aos das simulações anteriores,
análise apresentada em [20]. Ainda, neste cenário, o ganho tendo sido estas simulações tomadas para verificar
na direção  = 0º aumenta à medida que se aproxima a distanciamento ideal (de descorrelação entre antena e
antena da borda, porém é no mínimo 15 dB menor que o mastro) ao longo do eixo y.
ganho do lóbulo principal. Já no cenário com o mastro, o

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ainda há degradação desse parâmetro e aumento da


frequência de ressonância, à medida que as antenas são
posicionadas mais próximas entre si. Foram comparados,
ainda, os resultados obtidos no cenário com duas antenas,
com e sem mastro, nos diversos posicionamentos para
analisar o efeito da presença do mastro e da proximidade
entre as antenas. Assim, verificou-se que o mastro afeta
principalmente o coeficiente de reflexão da antena 1 para
da12 ≤ 1 m. Destaca-se, ainda, que o acoplamento entre as
antenas é maior próximo à frequência de ressonância e que a
presença do mastro não afeta significativamente esse
acoplamento.

Fig. 6. Diagrama de radiação de ganho, no plano  = 0º, para as simulações


T1 e T2.

Fig. 9. Coeficiente de reflexão para as simulações T4 e T6.

Quanto ao comportamento de radiação verifica-se que, no


plano  = 0º, sem a presença do mastro, o ganho máximo
das duas antenas aumenta à medida que elas estão mais
próximas e o lóbulo em  = 180º (direção com maior porção
Fig. 7. Diagrama de radiação de ganho, no plano  = 0º, para as simulações do plano-terra) é 1,2 dB maior que o lóbulo na direção
T1 e T2. oposta. Destaca-se, também, que o nulo existente na direção
 = 0º para antena no espaço livre não ocorre para as
antenas acopladas, diminuindo à medida que as antenas se
aproximam, sendo maior para antena 1. Ao considerar o
mastro no cenário, a alteração mais significativa é observada
no lóbulo principal, que se direciona para  = 0º para
da12 ≤ 1 m, para as duas antenas.
Para o plano que contém as antenas,  = 90º, sem
considerar o mastro, o ganho máximo das duas antenas é
praticamente constante para da12 ≥ 2 m e para distâncias
menores o ganho diminui. Para a antena 1, o lóbulo em
 = 90º é maior que o lóbulo na direção oposta e para
da12 ≤ 0,1 m o lóbulo principal muda o direcionamento. Já
para a antena 2, o comportamento é o inverso e a mudança
do direcionamento do lóbulo se dá para da12 ≥ 7 m. Com o
mastro no cenário, a alteração mais significativa é observada
Fig. 8. Variação do ganho máximo e direção de máxima radiação com a no lóbulo principal, que se direciona para  = 270º para
distância entre antena e mastro, para a simulação T1. da12 ≤ 1 m, para as duas antenas.
Já para a análise da situação com duas antenas, Por fim, no plano  = 90º, sem a presença do mastro, para
simulações T5 e T6, panorama mais próximo à situação real, ambas as antenas há perda do formato circular do diagrama
de ganho. Quanto ao ângulo de máxima radiação, para a
a variação de da12 relativo ao  foi de 0,02 a 0,16 . Da
Fig. 9, sem a presença do mastro, é possível notar que, ao antena 1 ele aumenta à medida que as antenas estão mais
posicionar outra antena nas proximidades, o coeficiente de próximas e para a antena 2 este ângulo é praticamente
reflexão perde a simetria em relação ao meio do tijupá. E constante para da12 ≥ 2 m, mas diminui para distanciamentos
menores. Ao inserir o mastro no cenário, para as antenas 1 e

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2, a alteração mais significativa se dá no ganho. Além disso, Composite Materials and its Effects on the Antenna Performance”,
no ângulo de máxima radiação para da12 ≤ 1 m, nota-se que Journal of Microwaves, Optoelectronics and Electromagnetic
Applications, vol. 16, no. 1, pp. 218-236, 2017.
as antenas possuem diagramas similares, sendo espelhados
[3] M. H. C. Dias, A. C. Silveira e M. B. T. Dantas, “Análise da sintonia
horizontalmente.
de uma antena monopolo HF em viatura tática de comando e controle”
Isto posto, de acordo com os resultados obtidos nas em XXXVI Simpósio Brasileiro de Telecomunicações e
simulações, de forma a reduzir a degradação dos parâmetros Processamento de Sinais, pp. 85-89, 2018.
esperados das antenas monopolo, recomenda-se: fixar [4] M. Ignatenko e D. S. Filipovic, “Application of Characteristic Mode
antenas HF no tijupá com separação do mastro de dam ≥ 3 m, Analysis to HF Low Profile Vehicular Antennas”, em IEEE Antennas
ao longo do eixo x, e com dy ≥ 6 m; no caso de mais de uma and Propagation Society International Symposium (APSURSI), pp.
850-851, 2014.
antena do mesmo lado do mastro e paralelas entre si, separá-
[5] S. Sanghai, M. Ignatenko e D. S. Filipovic, “Two arm offset fed
las com da12 ≥ 4 m, ressaltando que do outro lado do mastro inverted-L antenna for vehicular HF communications”, em IEEE
a configuração geométrica é simétrica, portanto alguns Antennas and Propagation Society International Symposium
parâmetros também o são; privilegiar instalações de antenas (APSURSI), pp. 1604-1605, 2015.
colineares entre si, pois o acoplamento mútuo é menor em [6] B. Allen, M. Ignatenko e D. S. Filipovic, “Low Profile Vehicular
relação à forma paralela. Por fim, ressalta-se que, numa Antenna for Wideband High Frequency Communications”, em IEEE
International Symposium on Antennas and Propagation (APSURSI),
situação com mais antenas, as menores levam vantagem pp. 115-116, 2016.
quanto ao acoplamento, pois as distâncias relativas ao  são [7] R. A. Burberry, VHF and UHF Antennas. Londres, Reino Unido:
maiores que as observadas para as antenas maiores. Institution of Electrical Engineers, 1992.
[8] L. F. S. Alvarez e F. J. C. Dopazo, “Human Exposure to
VI. CONCLUSÃO Electromagnetic Fields on Marine Platforms: Safety Regulations,
Este artigo apresentou uma análise paramétrica do Simulation and Measurement”, IEEE Latin America Transactions,
vol. 16, no. 1, pp. 46-51, 2018.
posicionamento de antenas monopolo HF sobre o tijupá de
uma fragata. De acordo com os resultados obtidos, foi [9] International Electrotechnical Commission, “CISPR 25: Limits and
methods of measurement of radio disturbance characteristics for
possível recomendar distâncias de afastamento ideais para o protection of receivers used on board vehicles”, Genebra, 2008.
mastro e entre antenas, no sentido de reduzir os efeitos do [10] G. Marrocco e L. Mattioni, “Naval structural antenna systems for
acoplamento mútuo e obter desempenho similar ao esperado broadband HF communications”, IEEE Transactions on Antennas and
para um monopolo ideal, antena de referência. Propagation, vol. 54, no. 4, pp. 1065-1073, 2006.
De modo geral, e com base nas simulações sem o mastro, [11] G. Marrocco, L. Mattioni e V. Martorelli, “Naval structural antenna
foi observado que, ao aproximar a antena em relação à systems for broadband HF communications—Part II: Design
methodology for real Naval platforms”, IEEE Transactions on
borda, há: leve diminuição da frequência de ressonância em Antennas and Propagation, vol. 54, no. 11, pp. 3330-3337, 2006.
relação à da referência; diminuição do valor mínimo do
[12] L. Mattioni, D. D. Lanzo e G. Marrocco, “Naval structural antenna
coeficiente de reflexão; aumento da resistência e da systems for broadband HF communications—part III: Experimental
reatância; alteração do apontamento do lóbulo principal nos evaluation on scaled prototypes”, IEEE Transactions on Antennas and
planos  = 0 e 90º; e aumento do ganho na direção  = 0º. Propagation, vol. 56, no. 7, pp. 1882-1887, 2008.
Já com a presença do mastro, à medida que se afasta a [13] S. R. Best, “On the use of scale brass models in HF shipboard
antena do mastro, há: diminuição pouco significativa da communication antenna design”, IEEE Antennas and Propagation
Magazine, vol. 44, no. 2, pp. 12-23, 2002.
frequência de ressonância em relação à da referência;
[14] T. Jagannath, P. P. Kulkarni e V. M. Tyagi, “HF broadband antenna
considerável melhora do coeficiente de reflexão; aumento design considerations on warships”, em Proceedings of the
da variação da resistência e da reatância; alteração do International Conference on Electromagnetic Interference and
direcionamento do lóbulo principal nos planos  = 0 e 90º; Compatibility, pp. 421-428, 1999.
alteração do diagrama de ganho no plano  = 90º, tornando- [15] Y. Chen e C. Wang, “HF Band Shipboard Antenna Design Using
se diretivo; e formação de padrões de interferência entre as Characteristic Modes”, IEEE Transactions on Antennas and
Propagation, vol. 63, no. 3, pp. 1004-1013, 2015.
contribuições de radiação do mastro e das antenas,
[16] B. Turetken, F. Ustuner, E. Demirel e A. Dagdeviren, “EMI/EMC
influenciando construtivamente em algumas regiões. Por analysis of shipboard HF antenna by moment method”, em
fim, o mastro exerce pouca influência no acoplamento entre International Conference on Mathematical Methods in
antenas de um mesmo lado do mastro. Electromagnetic Theory , pp. 350-352, 2006.
[17] M. M. Weiner, Monopole Antennas. Bedford, MA, EUA, 2003.
AGRADECIMENTOS [18] C. A. Balanis, Antenna Theory: Analysis and Design, 4th ed. New
À Diretoria de Comunicações e Tecnologia da Jersey, NJ, EUA: John Wiley & Sons, 2016.
Informação da Marinha (DCTIM) por disponibilizar a [19] Dassault Systèmes, “CST Studio Suite 3D EM simulation and analysis
ferramenta de simulação numérica utilizada neste trabalho. software”, Dassault Systèmes, [Online]. Disponível em:
https://www.3ds.com/products-services/simulia/products/cst-studio-
REFERÊNCIAS suite/. [Acesso em Nov 2019].
[20] F. C. S. Assumpção, “Análise Eletromagnética do Posicionamento de
[1] D. G. Baker, Electromagnetic Compatibility: Analysis and Case Antenas de Radiocomunicações em Navios de Marinha”, Dissertação
Studies in Transportation. New Jersey,NJ, EUA: John Wiley & Sons, de Mestrado, IME, Rio de Janeiro, 2020.
2015.
[2] L. G. Silva et al., “Electromagnetic Characterization of Aircraft

153
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EMC Analysis of Compact Rectenna to


Wireless Power Transfer
Euclides L. Chuma#1, Hugo Ralf Pereira#2, Yuzo Iano*3, Ricardo H. Minoda$4, Reginaldo M. Ribeiro$5
iTech Photonics Innovation Institute, Brazil
#

Unicamp – State University of Campinas, Brazil


*

$
CPQD, Brazil
1
euclides.chuma@ieee.org, ralf.hugo@gmail.com, 3yuzo@decom.fee.unicamp.br, 4rminoda@cpqd.com.br,
2
5
ribeiro@cpqd.com.br

Abstract — Electromagnetic compatibility (EMC) of and generated by TV broadcast stations, cell phone stations,
rectennas to wireless power transfer is a critical issue when wifi, etc and the second way is receiving electromagnetic
having other electronic equipment in operation in the same energy from a specific and directional source for the rectenna.
environment. This work presents EMC analysis of a compact This work presents an EMC analysis of a compact rectenna
rectenna at 2.45 GHz studied previously that presents a high
studied previously [4]. The rectenna used in this work presents
efficiency per area and uses a compact microstrip patch antenna
based on a fractal model and a rectifier circuit integrated into the topology by using a compact microstrip patch antenna based
same physical structure. on a fractal model and with the rectifier circuit integrated into
The analysis reveals that the rectenna in an environment the same physical structure and this configuration presents a
without a source of power not causes any interference in the reduced circuit area and, therefore, presents a high-efficiency
electromagnetic environment and can be used in energy per area.
harvesting mode (only capturing the energy already presents in In addition, the rectenna used in this work was
the environment). But, when the rectenna is excited with an RF implemented on a low-cost FR-4 substrate, can harvest RF
power supply in the ISM band, interference increases as expected power from 2.45 GHz (Industrial, Scientific, and Medical,
and the use of the rectenna generates interference in the
ISM band) with good efficiency (~48%). Many works [5-6]
rectenna's operating frequency.
Keywords — rectenna, wireless power transfer, EMC, EMI. use the ISM band because it is a reserved internationally band
for industrial, scientific, and medical purposes.
I. INTRODUCTION The EMC analyses were made in the two conditions
Electromagnetic compatibility (EMC) compliance tests the already mentioned, the first one verifying whether the rectenna
ability of electrical equipment and systems to function produces any interference when operating in the energy
acceptably in their electromagnetic environment. To have an harvesting mode and the second analysis verifying the
electromagnetic environment where the equipment can operate interference generated in the environment when the rectenna is
is necessary to limit the unintentional generation, propagation, operating with an electromagnetic energy source directed at it.
and reception of electromagnetic energy which may cause
II. RECTENNA DETAILS
unwanted effects such as electromagnetic interference (EMI)
or even physical damage in equipment presents in the same The rectenna basically consists of an antenna which is used
environment. Therefore, the main goal of EMC is the correct to convert electromagnetic energy into direct current (DC)
operation with the safety of different equipment in a common electricity and your basic composition is shown in the block
electromagnetic environment [1-2]. diagram of Fig. 1 [7].
On the other hand, rectenna [3] originated of "rectifying
antenna" which basically consist of an antenna with a rectifier
circuit to convert the electromagnetic energy into DC power
source has gained notoriety as an alternative energy source to
IoT (Internet of Things) devices because this is an eco-friendly
method to substitute conventional batteries powering wireless Fig. 1. Block diagram of a rectenna.
devices. Besides, the rectennas can be also an alternative in
situations where batteries need to be replaced periodically and In this diagram, the energy transmitted by electromagnetic
the device location makes the replacement of the batteries waves is captured or harvested by an antenna and go through
infeasible by economic reasons and/or by involving significant an impedance matching circuit and is then transferred to a
risks to human life. rectifier diode which converts the energy transmitted into
The rectennas can be used in two ways, the first being to direct current (DC) electricity. Finally, after the rectifier
harvest electromagnetic energy available in the environment

154
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

diodes there is a low-pass filter to attenuate the high-order


harmonics generated by the rectifier diodes.
The performance of a rectenna depends significantly of
your efficiency. So, the rectenna have aims to maximize the
power transfer of antenna to the load and consequently, the RF
to DC conversion [8]. For this, it is necessary a proper
impedance matching network between antenna and rectifier
circuit, but the rectifier circuit presents a non-linear behavior
because of the diodes that change your parameters in function
of frequency and power of the signal received.
The rectenna used in this work uses an antenna based on
the rectangular microstrip patch antenna with a miniaturization
technique based on a fractal geometry [9]. To design the
antenna a low cost dielectric substrate FR-4 (r = 4.2 and tan
= 0.02) with a thickness of 2.5 mm was used.
Details of rectenna design process can be found in the Fig. 4. Rectifier circuit with single stage voltage multiplier.
previous work [4]. Fig. 2 shows the final structure antenna
along with its dimensions. The simulation of the antenna was
performed by using the full wave simulator Ansys HFSS. The Fig. 5 shows the implemented prototype of the
rectenna used in this work to make the EMC analysis. In order
to build the prototype was a precision milling machine that is
common to prototype fabrication.

Fig. 2. Final structure of the microstrip patch antenna used


in the rectenna.

The rectifier circuit basically consists of a single stage


voltage multiplier [10]. To perform the simulations in rectifier
circuit was used the Keysight ADS (Advanced Design System)
and from the built model in Keysight ADS, it can be simulated
the optimized output voltage to the fundamental frequency of
2.45 GHz from the input power using the Harmonic Balance
Method [11], which is a good choice when one is working
with non-linear circuits in the frequency domain.
The rectifier circuit is localized on the backside of antenna
as shown in Fig. 3 and Fig. 4.

Fig. 5. Prototype of the rectenna.

Fig. 3. Rectifier circuit with single stage voltage multiplier.

155
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

III. MEASUREMENTS AND RESULTS


In the first measurement, was verified if the rectenna in an
environment without a RF power source causes any
interference in the electromagnetic environment.
To verify the performance of rectenna without power
source was follow the regulations statements was used the
FCC Part 15 Class A compliance [12]. Fig. 6 shows the
rectenna measurement setup without power source.

Fig. 8. Results to rectenna without RF power source using


FCC Part 15 Class A compliance to band of 1 GHz - 5 GHz.

Fig. 6. Measurement setup used to verify the performance


of rectenna without RF power source.

Fig. 7, Fig 8, and Fig 9 show the results to FCC Part 15


Class A compliance to bands of 30 MHz - 1 GHz, 1 GHz - 5
GHz and 5 GHz - 18 GHz respectively.
Fig. 9. Results to rectenna without RF power source using
FCC Part 15 Class A compliance to band of 5 GHz - 18 GHz.

In summary, the rectenna without power source comply


with the FCC Part 15 Class A.
In the second measurement setup, the rectenna was excited
with an RF power source of -5 dBm. Fig 10 shows the
measurement setup with horn antenna used to excite the
rectenna.

Fig. 7. Results to rectenna without RF power source using


FCC Part 15 Class A compliance to band of 30 MHz - 1 GHz.

Fig. 10. Measurement setup to verify the rectenna with an


RF power source.

156
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

When rectenna was excited with an RF power source the The EMC analysis shows that the rectenna in an
interferences rise like is expected. Fig. 11 and Fig. 12 show environment without a source of power not causes any
the results using FCC Part 15 Class B compliance to bands of interference in the electromagnetic environment and can be
30 MHz - 1 GHz and 1 GHz - 18 GHz respectively. used in energy harvesting mode. When the rectenna is excited
with an RF power supply in the ISM band, interference
increases as expected and the use of the rectenna generates
interference in the rectenna's operating frequency.

ACKNOWLEDGMENT
The authors acknowledge the support of CPQD.

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Efficiency for Wireless Energy Harvesting", IEEE Access, 2018
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miniaturization technique, and applications, IEEE Antennas and
Propagation Magazine, 44, pp.20–36, 2002
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circuits using an improved voltage multiplier technique." IEEE Journal
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using FCC Part 15 Class B compliance to band of 1 GHz - 18 http://literature.cdn.keysight.com/litweb/pdf/ads2003a/cktsimhb/ckhb0
1.html
GHz.
[12] F. C. Commission. Rules & Regulations for Title 47 [Online].
Available: https://www.fcc.gov/wireless/bureau-divisions/technologies-
Fig. 11 and Fig. 12 show that the rectenna exceeds the systems-and-innovation-division/rules-regulations-title-47
limits of the FCC Part 15 Class B at the frequency where it
operates (~2.45 GHz) which is part of the ISM band. It is
important to mention that for frequencies above 1 GHz the
preamplifier of the EMC measurement system was turned off
to avoid damage to the equipment and the measurements were
compensated manually.

IV. CONCLUSION
EMC analysis of a rectenna at 2.45 GHz was made in a
semi-anechoic chamber. The used rectenna has a compact
structure with high efficiency per area and uses a compact
microstrip patch antenna based on a fractal model and a
rectifier circuit integrated into the same physical structure.

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Rectena para Faixa ISM de 2,4 GHz baseada


em uma Antena Vivaldi Antipodal
Emerson T. Pereira, Ricardo Q. Martins, Humberto P. Paz, Jefferson F. Rosa,
Ivan R. S. Casella, Carlos E. Capovilla
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
Universidade Federal do ABC
São Paulo, Brasil
emerson.torres@ufabc.edu.br, ricardo.queiroz@ufabc.edu.br, humberto.paz@ufabc.edu.br, jefferson.rosa@ufabc.edu.br,
ivan.casella@ufabc.edu.br, carlos.capovilla@ufabc.edu.br

Resumo—Neste artigo, uma rectena AVA (Antena Vivaldi de banda larga, moderado ganho, boa diretividade e eficiência,
Antipodal) é desenvolvida para uso em harvesting de energia de tornam a AVA uma candidata natural para aplicações em
RF. A antena apresenta um bom ganho (4,52 dBi em 2,45 GHz), sistemas móveis, sistemas de micro-ondas, sistemas de radar,
além de uma banda medida com frequência inicial em 2,24 GHz
e frequência final acima de 8 GHz, o que a torna viável para comunicação veicular, dentre outros [5]–[11].
sistemas de harvesting multibandas. Como teste prático, a antena Além disso, a característica de banda larga torna a AVA van-
foi acoplada a um retificador projetado para a banda ISM de tajosa em relação aos outros tipos de antenas planares (Patch,
2,4 GHz, apresentando resultados de eficiências superiores a Planar Inverted-F Antenna (PIFA), entre outras) quanto a
25 % para valores de Pin (potência de entrada) acima de -15 aplicações de harvesting de energia de RF, visto que qualquer
dBm.
Keywords— Harvesting de RF, rectena, retificador, antena variação na impedância compromete o casamento da antena
Vivaldi. com o retificador e, portanto, pode comprometer a eficiência
de conversão RF-DC. Desta forma, pelo fato de ser banda
I. I NTRODUÇÃO larga, não é necessário reprojetar uma nova antena para cada
faixa de operação, desde que esta esteja dentro da largura de
O conceito de TESF (Transmissão de Energia Sem Fio) banda da antena, sendo necessário apenas o projeto de um
foi iniciado com os trabalhos de Nikola Tesla no início do novo retificador de RF para a frequência requerida.
século XX [1], e desde então, várias pesquisas têm sido Nesse contexto, este artigo propõe o uso de uma AVA
desenvolvidas, destacando-se a rectena (formada por uma acoplada a um retificador de RF para operar na faixa ISM
antena receptora acoplada ao retificador), que foi apresentada (Industrial, Scientifical and Medical) de 2,4 GHz, a qual é
pela primeira vez por W. C. Brown na década de 60 [2]. Nesse de desenvolvimento livre e usada por diferentes tecnologias
enredo, foram surgindo maneiras de melhorar a eficiência da de comunicação como o Bluetooth, ZigBee, Wi-Fi (Wireless
TESF, no que tange ao aproveitamento de energia eletromag- Fidelity), entre outras [12]. Para a apresentação do projeto
nética do ambiente. Sabe-se, que a utilização das rectenas para proposto, o texto foi estruturado em quatro seções, incluindo
o harvesting de energia de Radiofrequência (RF) é uma aplica- esta seção de introdução. Na seção II é apresentada uma
ção recente para sistemas de baixa potência, e vem chamando descrição do projeto da antena e do retificador de RF. Os
a atenção pelo fato de ser possível fornecer energia contínua resultados obtidos para a rectena proposta são mostrados na
sem a necessidade de baterias [1]–[4]. Estudos indicam que já seção III. Por fim, a conclusão do trabalho é apresentada na
é possível acionar um dispositivo eletrônico de baixa potência seção IV.
com uma tensão por volta de 70 mV [3].
Apesar da tendência de aumento nas pesquisas, existem II. P ROJETO DA R ECTENA AVA
poucos trabalhos que exploram o uso de harvesting de energia Uma rectena é composta basicamente por dois blocos princi-
de RF em antenas do tipo TSA (Tapered Slot Antenna), que pais, uma antena e um retificador de RF, que converte o sinal
são antenas planares de abertura gradual, classificadas em: alternado recebido pela antena em um sinal contínuo [13]–
LTSA (Linearly Tapered Slot Antenna) na forma linear, CWSA [16]. Tanto a antena quanto o retificador foram projetados em
(Constant Width Slot Antenna) com largura constante e sem um substrato de FR-4 de baixo custo (cobre dupla face) com
afilamento e por último, em AVA na forma não linear, que é h = 1,6 mm (altura do substrato), εr = 4,5 (permissividade
o objeto de estudo deste artigo [5]. dielétrica relativa) e tan(δ) = 0,018 (tangente de perdas) [17].
Esta última é caracterizada por ser uma antena do tipo ondas
caminhantes, com irradiador end-fire, de banda larga e com A. Projeto da Antena
dimensões moderadas. Essa antena foi proposta pela primeira O projeto da AVA, formado a partir da interseção de elipses,
vez por Gibson em 1979 [6] na forma coplanar, e em seguida, é apresentado na Figura 2, possuindo dois braços irradiantes
em formato antipodal por Gazit em 1988 [6]. As características em ambas as faces do substrato. Classicamente, a largura

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

de abertura, W, deve ser no mínimo de λ0 (comprimento


de onda no espaço livre na menor frequência de operação
da antena (fL )), enquanto a altura, H, é definida entre 1 a
10λ0 , podendo variar de acordo com o que se espera para o
valor do ganho. Desta forma, de acordo com os objetivos do
projeto, as dimensões, a forma da curva e alimentação que
modificam as características da antena, como S11 (coeficiente
de reflexão), largura de banda, ganho, dentre outras, são
definidas e otimizadas [5].

W
Wa

Figura 2. |S11 | simulado e medido da AVA.


H

A Figura 2 apresenta as curvas do parâmetro |S11 |, medido


e simulado, para a AVA projetada nesse trabalho. Observando
o gráfico, verifica-se que a banda de operação (utilizando o
critério |S11 | ≤ -10 dB) simulada é de 3,57 GHz e a banda
L

medida possui frequência inicial em 2,24 GHz e frequência


final acima de 8 GHz.
Wm
Wg
Apesar de apresentar relativa similaridade entre as curvas
até 4,5 GHz, no layout empregado para simulação não foi
considerado o modelo do conector SMA, o que contribuiu para
Figura 1. Layout com as dimensões da AVA.
a discrepância observada entre as curvas nas frequências mais
elevadas. Adicionalmente, pelo fato de serem de baixo custo,
os elementos construtivos da antena também podem ter influ-
A estrutura da antena foi projetada por meio do cálculo da enciado no desempenho da AVA, favorecendo a discrepância
largura (W) e do comprimento (H) do substrato sem levar em observada.
consideração a linha de alimentação, conforme [5]: Os diagramas de radiação para 2,45 GHz, simulado e
s medido, são apresentados na Figura 3, mostrando a distribui-
c 2
W = (1) ção na mesma polarização do plano E (E-CoPol) e plano H
fL (r + 1) (H-CoPol) e em polarização cruzada do plano E (E-xPol) e
plano H (H-xPol). Verificando os resultados, observa-se que os
H≈W (2) planos E e H simulados estão em concordância com os valores
medidos. Todas as medidas foram realizadas em uma câmera
Na qual: c é a velocidade da luz no vácuo. anecoica (7,6m x 3,1m x 3,1m) instalada no LIC (Laboratório
Partindo de H ≈ W , a largura da linha de alimentação da de Informação e Comunicação) da UFABC localizado no
antena (Wm ) foi determinada de modo que se obteve uma Câmpus de Santo André - SP. Essa câmara foi fabricada pela
impedância característica (Z0 ) de 50 Ω. Assim, iniciando-se ETS-Lindgren (Spacesaver H26 Model - 18 GHz Máx.).
com dimensões calculadas, foi utilizado o software CadFeko Por fim, o valor medido em 2,45 GHz do ganho e direti-
para a otimização dos parâmetros. As dimensões obtidas para a vidade foram de 4,5 e 4,8 dBi, respectivamente.
AVA após o processo de otimização são mostradas na Tabela I.
B. Retificador de RF
O retificador para o acoplamento à antena, apresentado na
Tabela I Figura 4, utiliza uma topologia série e emprega um toco
D IMENSÕES OTIMIZADAS DA AVA. radial como capacitância de saída, conforme descrito em [17].
O circuito apresenta uma rede de casamento de impedância
Dimensão H L W Wa Wm Wg composta também por um toco radial em conjunto com um
toco em curto circuito, sendo que este último funciona como
Valor [mm] 95,0 23,1 76,3 40,0 3,0 17.0
um circuito aberto para a faixa ISM de 2,4 GHz [17].

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0 E-Copol
0
H-CoPol
-5
E-xPol
315 45
-10
H-xPol
-15

-20

-25

-30

-35

-40 270 90

-35

-30

-25

-20

-15
Figura 4. Protótipo da rectena Vivaldi.
-10
225 135

-5

0
180

(a) Simulado

0 E-CoPol
0
H-CoPol
-5
E-xPol
315 45
-10
H-xPol
-15

-20

-25

-30

-35

-40 270 90

-35

-30

-25

-20

-15

-10
Figura 5. |S11 | e eficiência do retificador de RF medidos para a frequência
225 135

-5
de 2,45 GHz.
0
180

na câmera anecoica. As equações utilizadas para encontrar os


(b) Medido parâmetros da rectena podem ser encontradas em [3] e [19],
sendo a eficiência de conversão (ηRF −DC ) dada por:
Figura 3. Diagrama de Radiação Normalizado em 2, 45 GHz.
2
Vout /RL
ηRF −DC = (3)
Pin
Com o intuito de apresentar as principais características de
funcionamento do circuito projetado, especificamente para a e a eficiência da rectena (ηrect ) por:
frequência central da banda ISM de 2,4 GHz, são apresenta- Pout
ηrect = eant × ηRF −DC = eant × (4)
das na Figura 5 as variações de seu parâmetro |S11 | e de sua SAV × Aeff
eficiência em função de Pin . O comportamento do retificador Nas quais:
de RF foi analisado para a faixa de Pin de −30 a −10 dBm,
Vout é a tensão de saída da rectena;
sendo estes limites justificados pelo possível uso nos padrões
Pout é a potência de saída;
de comunicação IEEE 802, que limitam a potência de trans-
RL é a carga;
missão em 20 dBm, e pelo fato que para potências abaixo de
−30 dBm, a eficiência do retificador torna-se demasiadamente SAV é a densidade de potência;
baixa [18]. Os resultados apresentados demonstram que o Aeff é a área efetiva da antena;
retificador está bem casado para toda a faixa apresentada, com eant é a eficiência da antena.
valores de eficiência superiores a 27 % para valores de Pin
acima de −15 dBm. A medida de Vout foi realizada com o auxílio de um gerador
de sinais de RF (Keysight N9310), uma antena quasi-Yagi
III. A NÁLISE DOS R ESULTADOS DA R ECTENA (QY) com ganho conhecido (3,8 dBi) como transmissora [20]
Nesta seção são apresentados os principais resultados obti- e o multímetro da Tektronix DMM 4040 para monitorar a saída
dos dos parâmetros de harvesting de energia de RF medidos do retificador.

160
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A antena QY transmissora e o protótipo fabricado foram uma Sav maior que 1 µW/cm². Observa-se também, dentro
colocados a uma distância de 0,4 m (menor distância que da faixa de valores analisada, que a ηrect tende a saturar
garantisse a região de campo distante, levando-se em conta quando atinge valores entre 30 a 35 %. Portanto, este gráfico,
a maior dimensão da antena QY transmissora) nas mesmas apresenta resultados bastante expressivos, visto que a rectena
polarizações, de forma que as antenas tivessem alinhadas na apresenta um valor máximo de Vout próximo de 460 mV, sendo
direção de maior ganho. que, conforme supracitado, valores em torno de 70 mV são
suficientes para acionar modernos dispositivos eletrônicos de
ultra baixo consumo de energia.

Figura 6. Setup para medida de Vout da rectena AVA.

Figura 8. Eficiência da rectena AVA para diferentes valores de densidade de


potência medida em 2,45 GHz.

IV. C ONCLUSÃO
Neste artigo foi apresentado a antena AVA como rectena.
Visando aplicação na banda ISM, utilizou-se um retificador
de RF otimizado para 2,45 GHz, de maneira a compor o
protótipo aqui apresentado. Observando os resultados obtidos
pela AVA, verifica-se que a mesma apresentou bons ganho
(4,52 dBi) e eficiência (93,5%) em 2,45 GHz, o que justifica
os altos valores medidos de tensão na saída da rectena (valores
máximos próximos de 460 mV com eficiência de aproxima-
damente 31 %), resultados estes que ratificam a aplicabilidade
da rectena proposta.
AGRADECIMENTOS
Figura 7. Eficiência de conversão da rectena AVA medida em 2,45 GHz.
Esta pesquisa foi parcialmente financiada por CNPq
De acordo com a eficiência de conversão, apresentada na (309848/2018-0) e CAPES (Finance Code 001). Agradecemos
Figura 7, medida com RL de 3,3 kΩ (valor que maximiza a ao apoio da Altair pela disponibilidade do software CadFeko.
eficiência do retificador [17]), os resultados estão coerentes
com relação aos apresentados na Figura 5, principalmente na R EFERÊNCIAS
faixa de -20 a -10 dBm. Esta similaridade pode ser justificada [1] N. Tesla, “The transmission of electric energy without wires (the
pela elevada eficiência da antena, além de demonstrar um bom thirteenth anniversary number of the electrical world and engineer),”
1904.
casamento de impedância entre os elementos. Além disso, [2] W. C. Brown, “The history of power transmission by radio waves,” IEEE
pode-se notar que a eficiência para Pin igual a -20 dBm é Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol. 32, no. 9, pp.
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[19] V. Palazzi, M. Del Prete, and M. Fantuzzi, “Scavenging for energy: A
rectenna design for wireless energy harvesting in UHF mobile telephony
bands,” IEEE Microwave Magazine, vol. 18, no. 1, pp. 91–99, 2016.
[20] C. E. Capovilla et al., “Antenas planares aplicadas às comunicações mó-
veis de últimas gerações utilizando elementos quasi-Yagi,” Dissertação
de mestrado. EEC/UNICAMP, 2004.

162
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Rectena Patch Circularmente Polarizada


Operando na Banda ISM de 2,4 GHz
Jefferson F. Rosa, Humberto P. Paz, Vinícius S. Silva, Emerson T. Pereira,
Ivan R. S. Casella, Carlos E. Capovilla
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
Universidade Federal do ABC
São Paulo, Brasil
jefferson.rosa@ufabc.edu.br, humberto.paz@ufabc.edu.br, vinicius.santana@ufabc.edu.br, emerson.torres@ufabc.edu.br,
ivan.casella@ufabc.edu.br, carlos.capovilla@ufabc.edu.br

Resumo—Este artigo apresenta a simulação, prototipagem e características atrativas, como um processo de fabricação
medição de uma rectena circularmente polarizada de baixo custo simplificado, de baixo custo, além de dimensões e peso
e baixa complexidade para operar na banda ISM de 2,4 GHz. reduzidos [9], sendo a antena patch uma das opções mais
Uma antena patch circularmente polarizada foi escolhida para
este projeto, sendo fabricada em substrato FR-4. O protótipo da empregadas devido a sua simetria estrutural, fator que facilita
antena, acoplada fisicamente ao retificador de RF, foi medido o seu projeto e refinamento por meio de ferramentas de
dentro de uma câmara anecoica, considerando o pior caso com simulação [1], [10]. Por estes motivos, e considerando que
polarização cruzada entre a antena transmissora e o protótipo. estas antenas são utilizadas como porta de entrada para estes
Foram observados valores de tensão de saída acima de 100 mV circuitos, a sua extrapolação para o projeto de uma rectena
para valores de potência de entrada acima de −18 dBm, demons-
trando assim valores satisfatórios de desempenho, validando a circularmente polarizada pode apresentar ganhos significativos
proposta do trabalho. quanto ao funcionamento do dispositivo, visando tornar o
Keywords—Antena patch, polarização circular, radiofrequên- protótipo o mais robusto possível com relação à polarização
cia, rectena, retificador de RF. do sinal captado pela rectena [11].
Desta forma, este artigo tem como intuito propor um
I. I NTRODUÇÃO primeiro protótipo (que deverá ser melhorado e otimizado
Um dos mais promissores métodos para captação de energia futuramente), versando sobre uma rectena patch circularmente
sem fio é o uso de antenas acopladas a retificadores, for- polarizada que opere na banda ISM (Industrial, Scientifical
mando assim um dispositivo comumente denominado como and Medical) de 2,4 GHz. Objetiva-se que esse protótipo
rectena [1]–[3], o qual realiza a conversão de ondas eletro- seja uma alternativa de baixo custo e baixa complexidade
magnéticas em sinais elétricos contínuos. Historicamente, a para uma rectena, sendo operacional em ambientes internos
transmissão de energia sem fio vem sendo estudada desde e sem conhecimento prévio das características de polarização
Nikola Tesla, há mais de um século [4]. Entretanto, apenas do sinal a ser captado [12].
após o início da segunda metade do século XX, com o advento Para descrever tal projeto, este artigo está estruturado em
de dispositivos semicondutores, o processo de captação de quatro seções, incluindo esta introdução. Na seção II são
energia sem fio por meio das rectenas se tornou um assunto apresentadas as descrições do projeto da rectena, analisando
realmente atrativo, ganhando notoriedade principalmente na resultados de simulação e medição dos elementos. Na seção
última década como uma fonte alternativa de energia para III a rectena é analisada, apresentando também o ambiente e o
dispositivos de baixo consumo, incluindo o contexto de IoT setup de medição utilizado. Por fim, na seção IV, a conclusão
(Internet of Things) [5], [6]. do trabalho é apresentada.
Toda e qualquer nova tecnologia torna-se um campo fértil
de estudo e requer a elaboração de novas estruturas que II. P ROJETO DA R ECTENA PATCH C IRCULARMENTE
possibilitem o seu aprimoramento, com o intuito de atingir P OLARIZADA
o estado da arte. No caso das rectenas, especificamente para A composição básica de uma rectena é apresentada na
aplicações de harvesting de energia ambiente, no qual não há Figura 1. O diagrama de blocos descreve a antena como o
informações prévias do sinal transmitido, tem sido demons- primeiro bloco do dispositivo, passando por uma rede de
trado a necessidade da análise de antenas que tornem o projeto casamento de impedância, e um diodo retificador em conjunto
de rectenas versátil, possibilitando operar com níveis mínimos com um filtro passa-baixas que realizam a conversão do sinal
de densidade espectral de potência ambiente, a depender da de radiofrequência (RF) para um sinal contínuo (DC) [13],
aplicação [7], [8]. [14].
Dentre as antenas mais utilizadas para o projeto de rectenas Tipicamente, almeja-se maximizar a transferência de po-
estão as antenas de microfita, as quais apresentam diversas tência disponível no ambiente para a carga a ser alimentada,

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Rede de Filtro Passa 80 mm


Antena Casamento de Diodo Carga
Baixa
Impedância
X Y

Figura 1. Diagrama de blocos de uma rectena.


28 mm 28 mm Z

maximizando assim a eficiência de conversão da rectena [15].


Para tal, neste projeto, objetiva-se realizar o casamento da
antena patch circularmente polarizada com o dispositivo sub-

m
0,65 mm

m
80 mm
sequente, adotando para isso o valor padrão de impedância de

5
4,
entrada 50 Ω, facilitando o projeto e as medições da antena e
do retificador de forma isolada.
Adotadas tais premissas, tanto a antena quanto o retificador

12,2 mm
de RF foram projetados utilizando um substrato FR-4 de
baixo custo. As características deste substratos são: h = 1,6 25,4 mm
mm (altura do substrato), εr = 4,3 (permissividade dielétrica
relativa) e tan(δ) = 0,018 (tangente de perdas). 22,7 mm
A. Antena Patch Circularmente Polarizada 5,4 mm 1,6 mm
A primeira etapa do projeto da antena patch circularmente 3 mm
polarizada consiste na criação de uma estrutura simétrica de
arestas L, cujo cálculo inicial é dado por [16]:
Figura 2. Layout da antena patch circularmente polarizada.
c
L∼
= √ (1)
2fo εref f
Na qual:
c é a velocidade da luz;
fo é a frequência de operação;
εref f é a permissividade dielétrica efetiva.

Para torná-la circularmente polarizada, é necessário adicio-


nar duas linhas de alimentação defasadas de 90º, em relação
ao conceito original da antena patch, de modo que elas
apresentem uma impedância característica de 100 Ω, já que se
encontram em paralelo na junção ao conector SMA de 50 Ω
nesse projeto. Tendo em vista as dimensões iniciais da antena,
o layout, conforme apresentado na Figura 2, foi otimizado
utilizando o software ADS (Advanced Design System) da
Keysight, visando obter a ressonância na frequência central
da banda ISM de 2,4 GHz. Figura 3. S11 da antena patch circularmente polarizada.
A antena proposta foi fabricada utilizando uma prototipa-
dora LPKF, visando garantir a qualidade do protótipo. Após
a confecção do protótipo, o coeficiente de reflexão (S11 ) da
antena foi medido, utilizando um Vector Network Analyzer O diagrama de radiação medido é apresentado junto com
ZVB8 da Rohde & Schwarz, e comparado com os dados de o diagrama simulado na Figura 4, com o intuito de verificar
simulação. Os resultados simulados e medidos são apresen- a concordância na frequência de operação. Conforme os re-
tados na Figura 3, evidenciando e ressaltando a coerência sultados apresentados, observa-se que os Planos X-Z e Y-Z
entre ambas às curvas. Além disso, a antena apresenta uma medidos estão em concordância com os valores de simulação
largura de banda de aproximadamente 120 MHz, sendo assim, exclusivamente para os ângulos de 270º a 90º, devido ao fato
suficiente para atender toda a banda ISM de 2,4 GHz. que a simulação foi realizada utilizando um plano de terra
Adicionalmente ao parâmetro S11 da antena, o seu diagrama infinito.
de radiação dual-linear também foi medido, especificamente Além do diagrama de radiação, o ganho da antena também
para a frequência 2, 45 GHz, em uma câmera anecoica modelo foi medido em 2, 45 GHz, sendo que, para uma transmissora
Spacesaver H26 Model - 18 GHz da ETS-Lindgren (7,6m x linearmente polarizada, o ganho foi de 1,24 dBi, que junta-
3,1m x 3,1m), instalada no LIC (Laboratório de Informação e mente com a razão axial de 4,8 dB encontrado na simulação,
Comunicação) da UFABC (Universidade Federal do ABC). permite se estimar um ganho de 2,2 dBic [17].

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Figura 5. Protótipo da rectena patch circularmente polarizada.

Figura 4. Diagrama de radiação normalizado da antena patch circularmente


polarizada em 2, 45 GHz.

B. Retificador de RF
O retificador de RF utilizado neste trabalho é da topologia
série, sendo otimizado para uma carga RL de 3, 3 kΩ. O
mesmo foi projetado e descrito em [2] como sendo a topologia
mais eficiente para níveis reduzidos de potência na entrada do
retificador (Pin ) na faixa de -20 dBm, razão pelo qual foi
adotado nesse projeto. Figura 6. Ambiente para medição da rectena patch circularmente polarizada.

III. A NÁLISE DOS R ESULTADOS DA R ECTENA


O protótipo final da rectena patch circularmente polarizada Right Hand Circularly Polarized), configuração essa não sendo
é apresentado na Figura 5, apresentando a antena conectada normalmente explorada na literatura.
ao retificador com o uso de um adaptador SMA. Para ana- Tal configuração faz com que o nível do sinal recebido esteja
lisar o funcionamento do dispositivo, o setup apresentado consideravelmente abaixo dos níveis captados em polarização
na Figura 6 foi implementado, utilizando o multímetro de direta e permite analisar o desempenho do dispositivo em uma
precisão DMM4040 da Tektronix para medir a tensão de saída situação crítica de operação, que possa, eventualmente, ter sido
(Vout ), o gerador de sinais de RF N9310 da Keysight para gerada por efeitos de fading e variações aleatórias de atraso e
poder alimentar duas antenas quasi-Yagi idênticas e com ganho fase, causados pela propagação por múltiplos percursos (dentre
conhecido (3,8 dBi) [18]. Para realizar a defasagem do sinal outros). Desta forma, o efeito da polarização cruzada para a
proveniente do gerador e alimentar as duas antenas quasi-Yagi, razão axial obtida em simulação, representa uma diferença de
um acoplador híbrido em quadratura foi utilizado, sendo este potências entre elas, de aproximadamente 12 dB [17].
também observado na Figura 6. Para avaliação da antena patch circularmente polarizada
Por fim, a distância de separação entre a antena transmissora como rectena foi utilizado eficiência de conversão (ηRF −DC ),
e a rectena para todas as medições foi de 40 cm, o que para as apresentada em [19], cujo equacionamento é dado por:
dimensões da antena transmissora e a frequência de operação 2
Vout /RL
utilizada, garante medidas na região de campo distante. ηRF −DC = (2)
O objetivo deste setup de medição foi verificar e analisar o Pin
pior caso de funcionamento desta rectena, ou seja, dentro de Assim, considerando o caso da polarização cruzada, pode-
uma câmara anecoica e com a antena transmissora operando se verificar, analisando a curva apresentada na Figura 7, que
em polarização cruzada com o protótipo. Essa medida é a rectena apresenta valores de ηRF −DC acima de 17% para
importante para definir quais são os limites de funcionamento valores de Pin acima de -20 dBm. Tais valores são satisfatórios
do protótipo. Assim, a antena quasi-Yagi transmissora foi dentro da proposta do teste aplicado e, em tais condições, as
configurada em circularmente polarizada à esquerda (LHCP curvas apresentadas na Figura 8, para valores de Sav variando
- Left Hand Circularly Polarized), enquanto o protótipo foi de 0 a 12,5 µW/cm², resultam em Vout superior a 100 mV, para
configurado em circularmente polarizado à direita (RHCP - valores de densidade de potência (Sav ) acima de 11 µW/cm²,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

demonstrando assim que o sistema continua funcional, mesmo ACKNOWLEDGMENT


em uma situação crítica de operação. Esta pesquisa foi parcialmente financiada por CNPq
(309848/2018-0), CAPES (Finance Code 001) e FAPESP
(2019/25866-7).
R EFERÊNCIAS
[1] R. Li, Z. Chen, J. Huangfu, L. Ran, and D. Ye, “Rectifying surface with
optimal RF-to-DC efficiency insensitive to polarisation collimation,”
Electronics Letters, vol. 55, no. 10, pp. 611–613, 2019.
[2] H. P. Paz, V. S. Silva, E. V. Cambero, H. X. Araujo, I. R. Casella, and
C. E. Capovilla, “A survey on low power RF rectifiers efficiency for
low cost energy harvesting applications,” AEU - International Journal
of Electronics and Communications, vol. 112, p. 152963, 2019.
[3] M. A. Sennouni, J. Zbitou, B. Abboud, A. Tribak, H. Bennis, and
M. Latrach, “High sensitive and efficient circular polarized rectenna
design for RF energy harvesting at 5.8 GHz,” Advances in Ubiquitous
Networking, pp. 195–209, 2016.
[4] N. Tesla, “The transmission of electric energy without wires (the
thirteenth anniversary number of the electrical world and engineer),”
1904.
[5] N. Jin, F. Yang, and Y. Rahmat-Samii, “A novel patch antenna with
switchable slot (pass): Dual-frequency operation with reversed circular
polarizations,” IEEE Transactions on Antennas and Propagation, vol. 54,
no. 3, pp. 1031–1034, 2006.
Figura 7. Vout e eficiência medida da rectena em função de Pin para uma [6] R. Bulgaroni, W. M. Torres, H. X. de Araujo, I. R. Casella, and
carga de 3, 3 kΩ. C. E. Capovilla, “Low-cost quad-band dual antipodal vivaldi antenna
using microstrip to CPS transition,” Microwave and Optical Technology
Letters, vol. 60, no. 9, pp. 2315–2320, 2018.
[7] M. K. Hosain, A. Z. Kouzani, M. F. Samad, and S. J. Tye, “A miniature
energy harvesting rectenna for operating a head-mountable deep brain
stimulation device,” IEEE Access, vol. 3, pp. 223–234, 2015.
[8] S. D. Assimonis, V. Fusco, A. Georgiadis, and T. Samaras, “Efficient
and sensitive electrically small rectenna for ultra-low power RF energy
harvesting,” Scientific Reports, vol. 8, no. 1, Oct. 2018.
[9] A. M. Calafiore, S. Gallina, M. D. Mauro, M. Pano, G. Teodori,
G. D. Giammarco, M. Contini, A. L. Iacò, and G. Vitolla, “Left
ventricular aneurysmectomy: endoventricular circular patch plasty or
septoexclusion,” Journal of cardiac surgery, vol. 18, no. 2, pp. 93–100,
2003.
[10] R. Waterhouse, Printed antennas for wireless communications. John
Wiley & Sons, 2008, vol. 19.
[11] P. K. Rao, K. Jyoti Singh, and R. Mishra, “A circular shaped microstrip
Patch antenna for Bluetooth/Wi-Fi/UWB/X-band applications,” in 2018
International Conference on Power Energy, Environment and Intelligent
Control (PEEIC), April 2018, pp. 638–641.
[12] H. Wong, K. K. So, K. B. Ng, K. M. Luk, C. H. Chan, and Q. Xue, “Vir-
tually shorted patch antenna for circular polarization,” IEEE Antennas
and Wireless Propagation Letters, vol. 9, pp. 1213–1216, 2010.
[13] C. d. F. L. d. Vasconcelos, “Antenas de microfita com patch em anel e
múltiplas camadas dielétricas anisotrópicas uniaxiais”,” Dissertação de
Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2006.
[14] O. P. Falade, M. U. Rehman, Y. Gao, X. Chen, and C. G. Parini,
“Single feed stacked patch circular polarized antenna for triple band
Figura 8. Vout da rectena em função da Sav para uma carga de 3, 3 kΩ. gps receivers,” IEEE transactions on antennas and propagation, vol. 60,
no. 10, pp. 4479–4484, 2012.
[15] T. Firmansyah, S. Purnomo, F. Fatonah, and T. H. F. Nugroho, “Antena
IV. C ONCLUSÃO mikrostrip rectangular Patch 1575, 42 MHz dengan polarisasi circular
untuk receiver GPS,” Jurnal Nasional Teknik Elektro dan Teknologi
Neste trabalho, o desenvolvimento e a prototipagem de Informasi (JNTETI), vol. 4, no. 4, pp. 243–249, 2015.
uma rectena patch circularmente polarizada foram realizados, [16] C. A. Balanis, Antenna theory: analysis and design. John wiley sons,
2016.
apresentando resultados da antena e da rectena como um [17] B. Y. Toh, R. Cahill, and V. F. Fusco, “Understanding and measuring
todo. A rectena patch circularmente polarizada apresentou circular polarization,” IEEE Transactions on Education, vol. 46, no. 3,
uma elevada coerência entre a simulação e a medição. Além pp. 313–318, 2003.
[18] C. E. Capovilla et al., “Antenas planares aplicadas às comunicações mó-
disso, o protótipo da rectena foi analisado em uma câmara veis de últimas gerações utilizando elementos quasi-yagi,” Dissertação
anecoica, considerando a polarização cruzada para se observar de Mestrado, FEEC/UNICAMP, 2004.
um caso crítico de operação. Os resultados obtidos de Vout [19] V. Palazzi, M. Del Prete, and M. Fantuzzi, “Scavenging for energy: A
rectenna design for wireless energy harvesting in UHF mobile telephony
acima de 100 mV para valores de Sav acima de 11 µW/cm², bands,” IEEE Microwave Magazine, vol. 18, no. 1, pp. 91–99, 2016.
demonstraram que o circuito se mantém operacional mesmo
nessa condição.

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Antena quasi-Yagi utilizando Células


Metamateriais tipo Electric-Field-Coupled para
Otimização do Diagrama de Radiação
Ricardo Q. Martins, Humberto P. Paz, Emerson T. Pereira Humberto X. de Araújo
Ivan R. S. Casella, Carlos E. Capovilla Departamento de PPGMCS
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas Universidade Federal do Tocantins
Universidade Federal do ABC Palmas, Tocantins, Brasil
São Paulo, Brasil hxaraujo@uft.edu.br
ricardo.queiroz@ufabc.edu.br, humberto.paz@ufabc.edu.br,
emerson.torres@ufabc.edu.br, ivan.casella@ufabc.edu.br,
carlos.capovilla@ufabc.edu.br

Resumo—Neste trabalho, uma célula metamaterial Electric- eletromagnético [8]. Como consequência direta, verificou-se
Field-Coupled (ELC) é projetada para a faixa ISM de 2, 4 GHz, que o índice de refração de uma célula metamaterial pode ser
com intuito de alterar as características de uma antena quasi- negativo nessa porção do espectro.
Yagi. O protótipo final é composto por uma antena quasi-Yagi com
células metamateriais aplicadas em posições estratégicas acima
do driver, alterando o diagrama de radiação, com aumento da
As geometrias dessas estruturas são variadas e as mais
diretividade, ganho e relação frente-costas. Os resultados obtidos comuns são compostas por anéis ressonantes ou elementos
demostram que o uso da célula ELC metamaterial para esta capacitivos contendo fendas, lacunas ou condutores, sendo
proposta é viável, validando, assim, o uso do protótipo proposto que diversos formatos de células metamateriais podem ser
em modernos sistemas de comunicação. observados nos trabalhos [9]–[12], sendo as antenas planares
Keywords—Antena Planar, ELC, metamaterial, quasi-Yagi.
uma alternativa favorável para aplicação destas células, pois
apresentam suas dimensões compactas, além de facilidade de
I. I NTRODUÇÃO fabricação [13]. Em contrapartida, algumas dessas antenas,
Com o crescimento constante dos meios de comunicação, como a antena patch, podem possuir características limitantes
surgem dia-a-dia diversos dispositivos com tecnologia sem fio para sua utilização em determinadas aplicações, que mesmo
que operam na faixa de 2, 4 GHz, uma banda não licenciada com esforços torna-se difícil contornar, como o baixo ganho,
denominada Industrial, Scientific and Medical (ISM). Algu- banda estreita e elevadas perdas [14].
mas tecnologias que utilizam essa faixa de frequência são
Dentre as antenas planares, a antena quasi-Yagi (QY) vem
os padrões Bluetooth, Wireless Fidelity (WiFi) e Zigbee, que
sendo apresentada como uma opção para sistemas sem fio
estão inseridos nos mais diversos dispositivos eletrônicos e nas
operando na faixa do ISM, estando recorrentemente na litera-
facilidades observadas nas Internet das Coisas (IoT) [1]. Com
tura [15], [16] e apresentando largura de banda e ganho aumen-
essa variedade de dispositivos operando simultaneamente na
tados em relação as antenas planares do tipo ressoante [14].
faixa ISM de 2,4 GHz, faz-se necessário a constante evolução
das antenas, buscando aprimorar características como ganho, Entretanto, é possível e adequado se trabalhar de maneira
eficiência e diagrama de radiação. a melhorar esses parâmetros da antena QY. Nesse contexto, é
Nas últimas décadas, uma área de pesquisa baseada em apresentado o projeto de uma antena QY com células meta-
estudos de células metamateriais, visa suprir, entre outras materiais (QYmet) aplicados sob o substrato e seus resultados
demandas, a exigência de antenas mais versáteis [2]–[5]. são comparados com os de uma antena de referência (QYref),
Uma definição resumida é que estas estruturas são materiais de maneira a se obter um acréscimo satisfatório no ganho e
artificiais feitos de um arranjo periódico de células unitárias na relação Frente-Costas (F/C).
muito menor que o comprimento de onda [6].
O conceito de metamateriais foi introduzido pela primeira Para tanto, este trabalho está estruturado em quatro seções,
vez no final da década de 1960 [7] e desde então diver- além dessa seção introdutória. Na seção II são apresentadas
sas pesquisas vem sendo desenvolvidas, como o estudo de- as células metamateriais e a caracterização da célula projetada
monstrando experimentalmente a existência de um material para a faixa desejada, enquanto na seção III é apresentada a
apresentando uma permissividade elétrica e permeabilidade antena QY proposta utilizando células metamateriais do tipo
magnética negativa em pelo menos uma porção do espectro ELC, e, por fim, a seção IV conclui o trabalho.

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II. C ÉLULAS M ETAMATERIAIS pela indutância e capacitância na forma de um circuito LC


Caracterizada a partir de materiais comuns, uma célula paralelo, como apresentado na Figura 2b.
metamaterial é definida fundamentalmente pela sua geometria
simétrica. Sua dimensão deve ser previamente definida em 19,44 mm
relação a frequência de operação. Portanto, o projeto de uma
célula metamaterial envolve alguns cálculos e, principalmente,
4,72 mm

2 mm
testes de transmissão e reflexão do sinal [17]. 3,86 mm L L

19,44 mm
Nesse trabalho, as células metamateriais foram baseados
9,72 mm
em uma variação de cilindros metálicos em forma de C com C
fendas, chamados de Split Ring Resonator - (SRR) proposto
por [18]. Elas são utilizadas para gerar efeitos capacitivos e in-
dutivos, nos quais a onda eletromagnética estimula o material,
de modo a obter grandes concentrações de energia. O modelo (a) Estrutura adaptada (b) Circuito equivalente
proposto em [18], de dois anéis em forma de C possuindo
fendas, apresenta duas funções primordiais: não permitir que Figura 2: Célula metamaterial ELC projetada.
os anéis se comportem como condutores e produzir uma ca-
pacitância que forma um circuito LC tanque com a indutância A Figura 3 apresenta o parâmetro |S21 |, que é utilizado para
do próprio anel, gerando assim, uma resposta utilizada para realizar a análise de acoplamento das células metamateriais
estabelecer uma permeabilidade magnética negativa [19], [20]. na transmissão entre as duas antenas monopolos no setup
Em contrapartida ao SRR magnético convencional, um de teste simulado. É possível observar com a comparação
ressonador ELC fornece uma ressonância elétrica pura, sem entre os resultados simulados da configuração com e sem
respostas magnéticas nem magneto-elétricas, uma vez que o as células metamateriais ELC, que há um bandgap próximo
fluxo magnético coletivo é anulado em virtude da simetria no da frequência de 2, 45 GHz, mostrando que esta estrutura
espelho do ressonador [9]. Tal fato ocorre no limite quase apresenta um comportamento ressonante sob estas condições
estático, no qual o tamanho do ressonador é muito menor que de contorno, podendo, a partir desta análise, extrapolar o seu
o comprimento de onda operacional. uso para estruturas mais complexas.

A. Caracterização das Células Metamateriais


Nesse estudo as células metamateriais foram caracterizadas
por meio da configuração da Figura 1, que é composta por um
link de transmissão e recepção com duas antenas monopolos e
três células metamateriais linearmente espaçadas entre as duas
antenas. Foi analisado o módulo do coeficiente de transmissão
(|S21 |) para identificar se as células acoplam na faixa ISM 2,4
GHz.

Antena 1 Antena 2

Células
Metamateriais
Figura 3: Parâmetro |S21 | para o modelo com células meta-
materiais ELC.

III. A NTENA QY P ROPOSTA


O princípio de funcionamento da antena QY e a relação
Figura 1: Setup para análise de estruturas metamateriais. entre seu dipolo (driver) e os elementos parasitas, incluindo
o plano de terra truncado, é bastante consolidada na litera-
O substrato utilizado na simulação, realizada via CST tura [23]–[25]. A topologia da antena proposta neste trabalho
Studio [21], foi o FR4 de baixo custo (εr = 4,5 e Tanδ = é inspirada na antena QY apresentada em [15], sendo esta
0, 018) com espessura de 1, 6 mm. Foram estudadas estruturas também projetada em FR4 de baixo custo. Assim, em posse
já abordadas na literatura até se escolher e adotar a da de todas as dimensões finais otimizadas da antena QY, além
Figura 2a, baseado em um ressonador ELC estudado em [22]. dos resultados obtidos da célula metamaterial, as estruturas
De maneira simplificada, a célula ELC pode ser aproximada foram implementadas conjuntamente de maneira estratégica,

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baseando-se no funcionamento da antena QY, para se obter a −10 dB, demonstrando que as antenas QYref e QYmet estão
antena QY proposta nesse trabalho. com resultados bem coerentes entre si e entre simulação e
Após diversas análises observando a posição, quantidade de medida, conforme apresentado na Figura 6.
células e distância, foi escolhida a posição acima do driver e As variações, provavelmente, devem-se ao fato de que as
na face do plano de terra da antena de referência, considerando antenas simuladas não levam em consideração o modelo do
três células com uma separação de 9, 4 mm entre as mesmas conector SMA, solda e outros fatores intrínsecos ao processo
e 45, 4 mm do plano terra. Dessa maneira, obtém-se, em de fabricação da antena.
complemento ao efeito do elemento diretor, uma otimização
no diagrama de radiação da antena, refletindo no aumento da
diretividade e da F/C da mesma. Assim, as dimensões finais
do protótipo, conforme apresentado na Figura 4, são (em mm):
Wd = 2, 86, Wt = 5, 40, Wb1 = 5, 40, Wb2 = 11, 00, Wb3 =
45, 4, Ldir = 31, 30, Ldri = 68, 35, Lb1 = 27, 91, Lb2 = 26, 56,
Lcml = 5, 50, Lcps = 32, 70 Sdir = 7, 74, Sref = 35, 50 e Lb3
= 9, 4.

Lb3
Ldir
Wd
Ldri Sdir
Wd
wb3
Lcps

Lcml Lb2
Wb1 Wb2
sref Figura 6: |S11 | das antenas QYref e QYmet medidos e
wt Lb1
Wt
Wd simulados.
(a) Superior (b) Inferior

Figura 4: Layout da antena QYmet. Para analisar o ganho e o diagrama de radiação do protótipo,
foram realizadas medidas dentro de uma câmara anecoica
baseada no modelo Spacesaver H26 da ETS-Lindgren, como
apresentado na Figura 7.
As Figura 8 e 9 apresentam os diagramas de radiação
simulados e medidos, respectivamente para os planos E e
H, das antenas QYref e QYmet. A relação F/C da QYref
apresentou valor de 15 dB simulado e 17 dB medido, enquanto
a QYmet obteve um valor de 23 dB simulado e 20 dB
medido, resultando em um aumento nos valores medidos de,
aproximadamente, 18 % na relação F/C da antena QYmet
proposta em relação a antena QY utilizada como referência.

Figura 5: Protótipo da antena QYmet proposta.

Com as dimensões definidas, foi fabricado o protótipo


apresentado na Figura 5, composto pela antena QY e pelas
células metamateriais ELC (QYmet). É possível observar que
o módulo do coeficiente de reflexão (|S11 |), com medidas
realizadas no analisador de rede Rohde & Schwarz ZV B8,
entre aproximadamente 1, 8 a 2, 8 GHz, manteve-se abaixo de Figura 7: Antena QYmet em teste na câmara anecoica.

169
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Por fim, o ganho da QYref simulado foi de 4 dBi e o medido IV. C ONCLUSÃO
foi de 3, 8 dBi, enquanto que para a QYmet foi de 5, 8 dBi Nesse trabalho foi proposta uma variante da antena QY, com
e 5, 5 dBi, respectivamente, resultando em 45 % de aumento células ELC projetadas a faixa 2, 4 GHz, aplicadas acima e sob
no ganho medido. a mesma face do plano terra da antena, constituindo um diretor
adicional. Os resultados medidos se mostraram satisfatórios,
o ganho apresentou um aumento relativo em torno de 45%
e a relação F/C de 18 %, enquanto o |S11 | apresentou um
deslocamento em relação a antena referência não significativo,
validando assim a proposta desse trabalho. Por fim, destaca-se
também, que os resultados obtidos foram alcançados sem que
seja necessário modificações na estrutura original da antena
QY, não representando gastos adicionais em termos de material
utilizado e tamanho final do protótipo.
AGRADECIMENTOS
Esta pesquisa foi parcialmente financiada por CNPq e
(a) QYref (b) QYmet CAPES.
Figura 8: Diagramas de radiação para o Plano E na frequência R EFERÊNCIAS
de 2,45 GHz.
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trotrchniczny, 2013.

170
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

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wave enhanced broadband planar antenna for wireless applications"],”
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171
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Study of Optical Semiconductor Switches for


Application in Reconfigurable Antennas
F. H. S. Fonseca (Author) L.T. Manera (Author) R.L. de Orio (Author)
School of Electrical and Computer School of Electrical and Computer School of Electrical and Computer
Engineering (FEEC) Engineering (FEEC) Engineering (FEEC)
University of Campinas (UNICAMP) University of Campinas (UNICAMP) University of Campinas (UNICAMP)
Campinas (SP), Brazil Campinas (SP), Brazil Campinas (SP), Brazil
ffonseca@dsif.fee.unicamp.br manera@dsif.fee.unicamp.br orio@dsif.fee.unicamp.br

Abstract—This study presents an optically reconfigurable an- These devices correspond to a horizontal, photoresistor, a
tenna design for wireless applications and investigates three vertical photoresistor, and a PN diode, they were simulated
possible photoconductive switches for the application. Simulation at TCAD - Silvaco [6] and its details are demonstrated in
and experimental tests demonstrate that the antenna operates at
5.7 GHz when the switch is not illuminated, changing to 2.0 [7]. The structure of the devices is based on a commercial
GHz when exposed to laser light. A horizontal and vertical silicon wafer with p-type doping, used in the manufacture
photoresistor and a PN diode acting as optical switches are of integrated circuits. We demonstrated which doping of the
simulated and compared. Four wavelengths of laser light were wafer would work best for the optical switch. Finally, we
verified and compared to choose the best wavelength for the fabricated photoresistors based on the design of the horizontal
project. It is shown that the vertical photoresistor has the largest
rate of resistance change of 51.8 between the off and on state photoresistor. Since a horizontal device uses just one side of
at the 5 GHz frequency range, thus being the best choice as an the silicon wafer, the choice of this configuration is better
optical switch. The gain was obtained when the switch was not handling by the planar manufacturing technique. Furthermore,
illuminated. For the 5.7 GHz and 2.0 GHz band, the gain was the horizontal device is technically simpler to produce than
4.45 dBi and -2.55 dBi respectively. the others.
Keywords—reconfigurable antenna, photoconductive device,
optical switch.
A reconfigurable E-shaped antenna is designed. simulated
and its model is shown in Fig. 1. Experimental tests have been
carried out to validate the reconfigurable antenna design. The
I. I NTRODUCTION
experimental and simulation results are in good agreement,
The use of telecommunication systems has grown rapidly in showing that the antenna frequency switches between 5.7 GHz
recent years. With the increasing demand, different modes to and 2.0 GHz.
adapt the antenna technology has been investigated to meet
II. M ETHODOLOGY
the new market requirements [1]. Reconfigurable antennas
have been received great attention in recent years due to their A. Photoconductive devices
flexibility to operate at multiband frequencies, an important We investigated three semiconductor devices, a horizontal
feature for new wireless technologies [2]. These antennas are and vertical photoresistor, and a PN diode, have been investi-
designed to adjust to the system requirements, such as by gated as the photoconductive switch for the antenna. The pho-
changing its frequency of operation. toresistors are made of p-type Si substrate with a concentration
The reconfigurable technique can be implemented using of 1013 cm−3 . Their absorption area is 1.0 x 2.0 mm² and
PIN diode, varactor, RF MEMS, or photoconductive elements the substrate is 300 µm thick. The horizontal device has both
[3], which was used in this work. A semiconductor photo- aluminum (Al) electrodes deposited on top of the Si substrate.
conductive device presents several suitable characteristics for The vertical device has an Al electrode deposited on top of the
such an application. For example, it does not require a bias wafer, while the second electrode is located at the bottom of
line, which eliminates a possible interference of the DC bias, the substrate. The PN photodiode is made on a p-type substrate
and it facilitates the integration of the antenna in a photonic with a concentration of 1015 cm−3 . The N region is created
circuit. More importantly, the photoconductive devices have by ion implantation of phosphorus with a dose of 1015 cm−2
fast switching speeds, in the order of nanoseconds, being and energy of 30 keV. The details are shown in Fig. 2. The
superior in terms of performance when compared to RF devices are simulated under two conditions: 1) the device is
MEMS [4]. not illuminated and 2) the device is assumed to be exposed
Several studies have reported on the design of reconfig- to laser light. The first condition represents the switch in the
urable antennas using a photoresistor as a switch [5]. In this off-state, while the second corresponds to the on-state.
work, we investigate the characteristics of three photoconduc- To investigate the influence of the wavelength of the laser
tive switches for implementation in the reconfigurable antenna. light on the device conductivity, the horizontal device has been

172
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE I
S IMULATED RESISTANCES IN OFF AND ON STATES .

SWITCH HORIZONTAL VERTICAL PN DIODE


State OFF ON OFF ON OFF ON
RDC (kΩ) 25.6 0.92 15 1.5 6400 0.028
RAC (kΩ) 25.5 0.83 13.2 0.26 0.025 0.021
ROFF / RON 27.9 30.7 10 51.8 2.1M 1.2
DC AC DC AC DC AC

antenna is made of copper (Cu). The ground is a second strip


at the bottom of the substrate. The structure of the E-Shaped
antenna is shown in Fig. 1 together with its dimensions. The
antenna has been designed to operate at 5.7 GHz when the
semiconductor switch is in the off-state and to change the
operating frequency to 2.0 GHz if the switch is illuminated,
i.e., it is in the on-state.
The antenna has been simulated using HFSS ANSYS [8]. To
simulate the reconfiguration due to the device illumination, a
layer with variable resistivity is used to implement the switch
effect. Thus, the switch resistance variation from off to on
states can be taken into account.
To verify the simulation models, we fabricated the antenna,
and the photoconductive switch used was a commercial LDR
(Light Dependent Resistor) GL5528 [9], where 9 kΩ and
130 Ω are the measured resistances for the off and on state
respectively. Here the LDR was exposed to laser light with
Fig. 1. Model of the antenna geometry and dimensions. (a) Schematic, (b) a wavelength of 532 ± 10 nm and a power of 98 mW. This
fabricated antenna. LDR was chosen due to its resistance is close to the simulated
model. Fig. 1(b) shows the horizontal device over the antenna.
simulated when the laser wavelength is varied from 100 nm III. R ESULTS
to 1100 nm. Applying a small bias to the device allows the The results from the DC and AC simulated analyses are
extraction of the I-V curve. In this way, the switch resistance summarized in Table 1.
in both states is measured. The DC ratio between ROF F and RON for the PN diode
B. E-Shaped Antenna Design and Measurement is 2.1 x 106 , being much larger than the ratio of all other
devices. Thus, one could conclude that the PN diode represents
A microstrip antenna consists of a small sheet of metallic
material printed on a substrate of dielectric material. Here, FR4
with a dielectric constant of 4.4 is used as a substrate due to
our lab disponibility. The metal strip forming the E-Shaped

Fig. 3. Resistivity as a function of substrate doping concentration for on and


Fig. 2. The details of the horizontal device, vertical device, and PN diode. off states.

173
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 6. Horizontal photoresistor current in function of optical wavelength.

a better choice for the switch since in the off-state, it has


a very high resistance and in the on-state it shows a very
small resistance. The horizontal photoresistor shows the sec-
ond better performance followed by the vertical photoresistor.
However, considering the small-signal AC analysis at 5 GHz,
a different trend is observed. Here, the PN diode shows
a small resistance for both, the on and the off-state, due
to the admittance of junction, yielding a ratio of only 1.2.
Therefore, it does not work as an adequate switch. For the
AC analysis, the vertical photoresistor shows the largest ratio,
51.8, between the off and the on states, followed by the
horizontal photoresistor with a ratio of 30.7. Thus, the vertical
photoresistor functions as a better switch in the range of.
frequencies that the reconfigurable antenna works.
Fig. 3 shows the extracted resistivity as a function of the
substrate doping concentration for the horizontal photoresistor
Fig. 4. Photogeneration rate in function of substrate thickness for the
wavelength of (a) 400 nm, (b) 532 nm, (c) 700 nm, (d) 808 nm.. for both states, without and with illumination. In the first
case, i. e. in dark, the increase of the doping concentration
of substrate yields a remarkable decrease in the resistivity. In
turn, the resistivity extracted in the on-state is very similar
in general. It should be noted that for a concentration about
1013 cm−3 the difference between off and on resistivity is
very large, so a clear switching behavior is obtained. On the
other hand, for higher concentrations, the illumination does not
change the resistivity significantly, since carrier concentration
is already large due to the doping and the resistivity is low
even in dark.
Under illumination, the charge mobility in a semiconductor
decreases, but its density increases, a process known as photo-
generation [3] [4]. This increase in the charge carrier density
is responsible for the decrease of semiconductor resistivity.
Fig. 3 indicates that it is necessary to choose the doping
level so that the illumination modifies as much as possible
the resistivity of the device. Therefore, the smaller the doping
concentration, the better the device works as a switch. Fig.
4 shows the photogeneration of carriers the penetration of
Fig. 5. Penetration of light by the thickness of the device by the wavelength each wavelength. We see that while for (a) with λ = 400
of (a) 400 nm, (b) 532 nm, (c) 700 nm, (d) 808 nm. nm the penetration was around 3 um, (d) with λ = 808 nm,

174
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 7. (a) HFSS simulation of the return loss of the antenna for different switch resistivities. (b) Experimental measurement of the return loss for the off
(black line) and on (red line) states.

penetration occurred throughout the substrate. In Fig. 5 it’s photon that reaches in the device can cross all its substrate, but
possible to observe that the decrease of the photogeneration its energy is smaller, thus there is a decrease in the generation
rate is faster for smaller wavelengths. For λ = 400 nm and of carriers with the increase of wavelength. For λ ≥ 1100 nm
532 nm the photogeneration rate reached zero at Y = 25 µm the photon energy is smaller than the silicon bandgap energy,
and 65 µm, respectively. However, at 808 nm, there exists so the photon cannot cause carrier excitation [4].
photogeneration through the entire substrate. Fig. 6 shows Fig. 7(a) shows the simulated return loss of the antenna as a
the horizontal photoresistor current as a function of the light function of frequency for different values of device resistivity.
wavelength. The current increases with the wavelength up to It shows that as the resistivity varies from an infinity value,
λ = 790 nm. Afterward, the current decreases due to a lower which represents an ideal open circuit, to 0.05 Ω.m, the return
generation of carriers, and upon λ = 1100 nm the current is loss at 2.0 GHz and 5.7 GHz change. So, the operating
practically zero. This occurs because the larger the wavelength, frequency which was 5.7 GHz changed to 2.0 GHz. Fig.
the larger the penetration depth of the photons, but the smaller 7(b) shows the experimental measurement of the return loss.
the energy of each photon. Thus from λ = 790 nm whole The higher band is determined by the two outer arms of the
antenna when the device resistivity is high as it occurs without
illumination i.e. in the off-state. The central arm of the antenna
in Figure 1 is not fed and, a return loss of -17 dB is obtained
at 5.7 GHz with 0.22 GHz bandwidth, resulting in a 3.85%
fractional bandwidth. For this state at 2.0 GHz, the return loss
is -7.9 dB, return loss greater than -10 dB. The lower band
is determined by the whole antenna structure when the laser
light activates the switch i.e. for the on-state. In this state,
all arms of the antenna are fed and a return loss of -17 dB
is obtained at 5.7 GHz with 0.22 GHz bandwidth, resulting
in a 3.85% fractional bandwidth. For 2.0 GHz the return loss
reduced to -23.9 dB with 0.19 GHz bandwidth, resulting in a
9.5% fractional bandwidth, validating the operation frequency
change as predicted by the simulation results.
Fig. 8 shows the antenna radiation pattern at 2.0 and 5.7
GHz for the off-state considering an azimuthal angle (φ)
computed from 0º to 180º. The gain for the 5.7 GHz band
is G = 4.45 dBi and for 2.0 GHz band is G = -2.55 dBi.
Antennas must have a minimum gain equal to zero, so, at
5.7 GHz, we have that the antenna works at that frequency.
Fig. 8. 2D Radiation Pattern for the off-state – Total Gain (dB), for (a) at However, we have a negative gain at a frequency of 2.0 GHz,
2.0 GHz and (b) 5.7 GHz. therefore, the antenna for the off-state only works at 5.7 GHz,

175
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

as expected.
IV. C ONCLUSIONS
In this work, we simulated and compared the electric
behavior of three different switches. It has been shown that
the vertical photoresistor works as a better switch in the range
of 5 GHz since it shows an off resistance state which is 51.8
times larger than the resistance the on-state. We simulated
four wavelengths, two of them being commercial lasers. The
objective was to verify which wavelength is most efficient
in the production of carriers. It was observed that the best
wavelength for the device is λ = 790 nm, the closest laser of
this value was λ = 808 nm, therefore the most suitable for
the optical switch. We demonstrate that the photogeneration
of carriers is more effective for silicon with low doping
concentration, i.e. the device needs to have a concentration
less than 1014 cm−3 , to present two switching states. We
used the LDR as an optical switch. The LDR acted as in the
simulations and presented a performance close to the device
with doping concentration below of 1014 cm−3 , as in the
work [2]. The antenna changed its frequencies to according
the LDR was illuminated or not by the laser light. Therefore,
this commercial device can be used as an optical switch for
the reconfigurable antennas application.
A reconfigurable antenna that switches its operation fre-
quency from 5.7 GHz to 2.0 GHz was designed, simulated,
and experimentally validated. At 5.7 GHz, a return loss of -
17 dB was measured. After the switch was illuminated, so it
changed to the on-state, the return loss at 2.0 GHz reduced
to -23.9 dB, showing that the antenna can now operate at this
frequency.
Overall, a proposal of a reconfigurable antenna with photo-
conductive devices or a commercial LDR opens new directions
on the development of wireless technologies, increasing the
possibilities of radio-frequency systems.
R EFERENCES
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176
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Saturated Digital Baseband Predistorter Combined


with Limiting and Filtering
F. A. Schoulten C. E. M. Alvarado E. G. Lima
Group of Integrated Circuits and Group of Integrated Circuits and Systems Group of Integrated Circuits and
Systems (GICS) (GICS) Systems (GICS)
Federal University of Parana (UFPR) Federal University of Parana (UFPR) Federal University of Parana (UFPR)
Curitiba, Brazil Curitiba, Brazil Curitiba, Brazil
felipeartemio@ufpr.br carlos.alvarado@ufpr.br elima@eletrica.ufpr.br

Abstract— To improve the power efficiency of wireless DPD. Section 5 explains the constrained nonlinear
transmitters, a combination between a digital baseband optimization. Section 6 reports the MATLAB results from a
predistorter (DPD) and a limiting and filtering technique can case study. Section 7 includes the conclusions.
be employed. A common practice in literature is to use a hard-
clipping limiter followed by a finite impulse response filter, in
combination with a linearized power amplifier offering a linear II. BASIC CONCEPTS ON PAS LINEARIZED BY DPDS
mapping without any kind of saturation. This work Located at the transmitter chain immediately before the
contribution is to propose a modification that is expected to antenna, the PA has the purpose of producing an output with
enhance the performance of such combined approach. A DPD
a higher power than the one applied at its input. For low
saturation is applied to offer an additional design parameter
that indicates how much level of saturation is feasible to put levels, the output power is a linear replica of the input power
into the DPD. A constrained nonlinear optimization is and a constant power gain is achieved. For moderate levels,
performed to identify all the design parameters at the same the ratio between output power and input power is inversely
time. Simulation results are reported from a case study using a proportional to the input level and a power gain
WCDMA test signal. The proposed saturated CFR, when compression is observed. For higher levels, the output
compared to the previous non-saturated CFR, provides a power is constant and equal to the saturated level. Modern
further peak-to-average power ratio reduction of 1.1 dB. wireless communication systems manipulate carrier signals
modulated by complex-valued envelopes having a high
Keywords—Crest factor reduction, digital baseband
predistorter, nonlinear optimization, power amplifier, wireless
PAPR. Linearity is essential to avoid interferences among
communications. users allocated to neighbor channels. Regulatory agencies
impose maximum tolerable levels for two distinct metrics in
order to comply with the linearity requirement. One metric
I. INTRODUCTION
measures the in-band distortions that produce unwanted
In the wireless communication systems, the data rate spectral components at the same frequency band stimulated
growth and the seek for the handset battery optimization by the envelope signal. Another metric computes the out-of-
claim for high linearity and efficient transmission systems. band distortions that generate spectral content at frequencies
Among the components within the transmitter chain, the outside the main channel.
main responsible for nonlinearity and for the largest energy-
consuming block is the power amplifier (PA), where the RF PAs are power converters that require an active element
circuits must respect the distortion levels imposed by to convert energy from DC power supplies into RF output
communication standards [1-2]. Nevertheless, there are power. By doing that, some amount of energy is dissipated
techniques that exploit the distortion region and aim to inside the PA circuitry. PAs based on solid-state transistors
develop the efficiency in the transmitter by reducing the exhibit a power dissipation that is inversely proportional to
peak-to-average power ratio (PAPR) [3]. To perform this the input power. In other words, the PA power efficiency
task, a popular technique, the crest factor technique (CFR), (measured in terms of drain efficiency) is improved with the
can be applied by clipping the signal peaks and increasing increasing of the output power. Considering that the PA is
the average output power [4-5]. the element in the transmitter chain that handles the signals
with the highest levels, the improvement of PA efficiency is
The CFR, with hard-clipping limiter and finite impulse extremely beneficial for extending the battery autonomy in
response (FIR) filter, is usually combined with a PA handsets and for reducing the heat dissipation costs in base-
linearized by a digital baseband predistorter (DPD). This stations. The PA alone must be back-off to fulfill the
work aims to accomplish greater PAPR reductions by linearity constraint. In this scenario, the PA output mean
incorporating the following adjustment in the design of such power is dramatically reduced, especially because the high
combination. The DPD has an intrinsic threshold given by PAPR of the signal to be amplified. Therefore, the PA
the PA saturated power. Beyond that level, there is no PA operates with an average efficiency that is substantially
inverse behavior and the maximum input level cannot be inferior to the peak efficiency it can provide.
exceeded. Letting the DPD to operate in saturation and
introducing an extra design parameter to set the level of A DPD can be combined with the PA to provide a linear
DPD saturation is the main contribution in here. transfer characteristic until the saturated level. In presence
of the DPD, the PA output peak power can be set equal to
This work is organized as follows. Section 2 revisits the PA saturated level. The PA output mean power is then
some basic concepts on PAs linearized by DPDs. Section 3 raised to a value equal to the saturated level minus the
reviews the CFR limiting and filtering technique. Section 4 PAPR value of the signal to be amplified. The linearized PA
addresses the DPD limitations and presents the saturated efficiency is hence limited only by the PAPR value. Any

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

reduction in the PAPR value is accompanied by an increase coefficient difference equation and with some
in PA output mean power and PA efficiency. Considering manipulations, it is represented by [6]:
that some amount of distortions is accepted by the
MF
regulatory agencies and that the linearized PA ideally does
not generate any distortions, some distortions can be
y  n  =  g m s  n − m, (1)
m=0
intentionally injected to reduce the PAPR value while still
complying with the linearity requirements. Two alternatives where y[n] is the output sample, s[n] the input sample and
for performing such task are addressed in Sections 3 and 4. gm the FIR filter constant coefficients and MF the quantity of
past applied samples.
III. CREST FACTOR REDUCTION COMBINED WITH LINEARIZED The CFR must keep as constant as possible the spectral
PA content inside the signal bandwidth, at the same time it
attenuates to acceptable levels the spectral content outside
This section addresses the CFR technique applied to
the signal bandwidth. In this work, the FIR filter is designed
linearized PA. In this work, a very known CFR technique,
in the following way. Initially, the time-domain sequence
the limiting and filtering, was applied. This technique
applied to the filter input is mapped to the frequency-
consists of two cascaded blocks, which are a limiter and a
digital linear filter. Its goal is to decrease the PAPR value by domain by means of a fast Fourier transform (FFT). The
injecting purposively a few levels of distortions within the resulting sequence is then multiplied by a sequence of same
signal channel. length composed by 1 and , where the real-valued  is the
only filter design parameters. In particular, the frequency
A. Hard-Clipping Limiter samples inside the main channel are multiplied by 1 and the
frequency samples outside the main channel are multiplied
Being the first CFR block, the limiter is responsible for by . Finally, the frequency-domain sequence obtained at
the clipping of the complex-valued signals whose the filter output is mapped back to the time-domain by
amplitudes exceed a pre-established value. A hard-clipping means of an inverse fast Fourier transform (IFFT).
limiter is studied in this work. This limiter only affects the
signal amplitude, thus the signal phase remains unchanged.
Figure 1 presents output signal amplitudes in relation to IV. CFR COMBINED WITH PA LINEARIZED BY SATURED DPD
input signal amplitudes for the hard-clipping limiter, where This section addresses another approach to increase the
u[n] and s[n] are the limiter input and output signals, PA output mean power and, more important, the PA
respectively. efficiency. The strategy followed in this section, as will be
detailed in the sequence, is to let the DPD operates in
saturation.
The linearization of PAs through DPDs has its own
limitations. Figure 2a shows a typical PA transfer
characteristic including its three operational regions: linear,
gain compression and saturation. The PA curve can be
modeled by a one-to-one mapping for any input level, once
there is one and only one output level associated to any
Fig. 1. Hard-clipping limiter output amplitudes in relation of input input level. However, the inverse PA transfer characteristic,
amplitudes. shown in Fig. 2b, can only be represented by a one-to-one
mapping up to the level in which the PA saturation is
B. Finite Impulse Response Filters reached. When the PA operates in saturation, its inverse
behavior is a one-to-infinite mapping, e.g. a single input is
The limiter presented in Subsection 3.1 is the responsible related to infinite outputs. In other words, the PA inverse
for the rise of the distortion levels within main and adjacent behavior in saturation cannot be modeled by a functional
channels. Given that the distortion levels generated by operator that provides a one-to-one mapping. Consequently,
limiter might be beyond those imposed by communication a necessary condition for the existence of a DPD is avoiding
standard, the digital linear filter, which is the second CFR the PA operation in saturation.
block, has the objective to reduce partially the out-of-band
distortion levels ensuring these are within the tolerable
margin. When performing this task, there is an increase on
the PAPR value that comes from partial restoration of the
signal peaks clipped by the limiter. Thereby, there is a trade-
off between the in-channel distortion levels and PAPR
reduction.
In this work, a digital linear class, the finite impulse
response (FIR), is approached, where the output signal for a (a) (b)
certain time instant is consisted of a linear combination
Fig. 2. Hard-clipping limiter output amplitudes in relation of input
formed by the product between input signals, sampled in amplitudes.
present and past times, and constant coefficients. The FIR
filter mathematical comes from the linear constant

178
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

To circumvent the aforementioned DPD limitation and to The limiting and filtering CFR technique was applied to
achieve higher input levels, an alternative is to replace the overdrive pre-distorted PAs in [7]. However, in [7] the
DPD behavior described by the vertical line in Fig. 2b with identification of the CFR with overdriven PAs was
a DPD saturation given by a horizontal line, as shown in performed based on two completely independent
Fig. 3a. In presence of a saturated DPD, the PA operation in procedures: one to extract the CFR coefficients and one to
saturation is avoided, as illustrated in Fig. 3b. The cascade determine how much to overdrive the PA. Contrarily to [7],
connection between a saturated DPD and a non-saturated as will be addressed in Section 5, in this work the parameter
PA, as illustrated in Fig. 3c, can then be interpreted as a identification of the saturated CFR is per-formed by a single
hard-clipping limiter. algorithm which selects at the same time the CFR
parameters and the level of DPD saturation.

V. PARAMETER IDENTIFICATION
In this work, a constrained nonlinear optimization was
approached to reach the CFR coefficients optimal values.
The nonlinear optimization targets the reduction of the
PAPR value while respecting the maximum levels of in-
(a) (b)
band distortions allowed by standard. These are quantified
by two metrics which are the adjacent channel power ratio
(ACPR) and the error vector magnitude (EVM). ACPR is a
metric which measures the distortions within the adjacent
channel and uses frequency-domain samples. ACPR is given
by:
(c)  OUT ( f ) df 
2

Fig. 3. Transfer characteristics: a) saturated DPD; b) PA; c) cascade


ACPR = 10 log10 
adj , (2)
connection between saturated DPD and PA.  2 
 main OUT ( f ) df 
From now on, the limiting and filtering CFR technique where OUT(f) is the CFR output signal, for either
described in Section 3, which is applied to a PA linearized saturated or non-saturated CFR, and the indexes adj and
by a non-saturated DPD, is designated as non-saturated main point the adjacent and main channels, respectively. In
CFR. If the same limiting and filtering CFR technique is the other hand, the EVM metric quantifies the distortion
instead combined with a PA linearized by a saturated DPD, levels within the main channel and uses time-domain
then the resulting technique is referred to as saturated CFR. samples. EVM is represented by:
The contribution of this work is to investigate the benefits,
in terms of PAPR reduction, of applying a saturated CFR NT
2
instead of a non-saturated CFR.  out  n − u  n
n =1
EVM = 100%, (3)
The block diagram of a saturated CFR is shown in Fig. 4. NT
2
In comparison with the non-saturated CFR, the saturated  u  n
CFR includes an additional limiter, placed in the cascade n =1

connection after the linear filter, which acts as a PA where u[n] is the CFR input signal and out[n] the CFR
linearized by a saturated DPD. In a practical implementation output signal.
of the saturated CFR, only the input limiter and the linear
filter need to be fabricated using dedicated digital In order to perform the constrained optimization
hardwares. The task performed by the output limiter is algorithm, the following mathematical modeling is
incorporated, without any additional computational cost, proposed:
inside the DPD circuitry. Because of that, the output limiter
 ACPR ( x )  MAX ACPR

must always be considered as a hard-clipping limiter. min PAPR ( x ) subject to  ,
Furthermore, if the saturated and non-saturated CFRs  EVM ( x )  MAX EVM

x
(4)
employ the same input limiter and same linear filter, their where MAXACPR and MAXEVM are the maximum values
complexities are the same. The output limiter available at which respect the communication standard, quantified by
the saturated CFR provides an additional design parameter. the ACPR and EVM metrics, respectively, and x the
The clipping factor L2 of the output limiter determines how optimization variable vector, composed by the real-valued
much level of saturation to put into the DPD and can be
filter design parameter  and either the clipping factor L for
exploited in order to obtain a greater PAPR reduction.
non-saturated CFR or the clipping factors L and L2 for
saturated CFR. For this constrained optimization, a
nonlinear tool is applied because the objective and
constraint functions present a nonlinear relation with the
optimization variables. For nonlinear algorithms, it is
necessary that the user enter an initial value set, which has a
great influence on the convergence of the optimization
Fig. 4. Block diagram of CFR followed by saturated DPD variables.

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VI. MATLAB SIMULATION RESULTS


In this section, the saturated and non-saturated CFR
techniques are applied to reach the PAPR maximum
reduction using the optimal coefficients provided by the
nonlinear optimization. In MATLAB environment, an
interior point algorithm, presenting a double float precision,
was used in the nonlinear constrained optimization [8].
Concerning the signal test, it was used a WCDMA complex
envelope that was sampled 2,048 times, with sampling
frequency of 61.44 MHz and a bandwidth of 3.84 MHz. The
initial PAPR signal value is 9.7 dB. For the communication
standard, it has been adopted the 3GPP. Therefore, the EVM
maximum is set to 17.5% and ACPR to -45 dB. In the
ACPR measurement, it has been applied an adjacent channel
with a bandwidth of 3.84 MHz whose center is 5 MHz from
the main channel center. Fig. 6. Power spectral densities at CFR input and output.

Table I presents the PAPR reduction provided by the VII. CONCLUSIONS


optimized non-saturated and saturated CFR realizations.
This paper investigates the benefits of allowing a DPD
From Table I, it can be noticed that the inclusion of a new
saturation in combination with a limiting and filtering CFR
hard-clipping limiter after the digital filter increased the
technique. The reported case study showed that an
PAPR reduction by 1.1 dB because it clipped the signal at
additional reduction of 1.1 dB in the PAPR value of a
filter output, hence reducing more the signal peak power
WCDMA signal was possible in presence of the DPD
levels compared to the non-saturated CFR realization.
saturation, without adding any further computational
complexity in the CFR implementation. If the PA maximum
TABLE I. SIMULATION RESULTS FOR OPTIMIZED NON-SATURATED output power is kept fixed, then the further PAPR reduction
AND SATURATED CFR REALIZATIONS.
offered by the proposed approach is translated into an
CFR Realization PAPR Reduction increase in PA mean output power and, indirectly, an
increase in its average drain efficiency.
Non-saturated 3.5 dB

Saturated 4.6 dB ACKNOWLEGMENT


Figures 5 and 6 show the differences between the two The authors would like to acknowledge the financial
optimized CFR realizations. Figure 5 shows the CFR input support provided by National Council for Scientific and
and output waveforms. Figure 6 presents the PSDs of the Technological Development (CNPq).
CFR input and output signals.
From Fig. 5, it can be observed that the saturated CFR REFERENCES
clipped the most the complex-valued signal whereas the [1] D. Raychaudhuri and N. B. Mandayam, “Frontiers of Wireless and
non-saturated CFR clipped the least the complex-valued Mobile Communications,” Proceedings of the IEEE, vol.100, no.4, pp.824-
840, Apr. 2012. DOI: 10.1109/JPROC.2011.2182095
signal. From Fig. 6, it can be noticed that both saturated and
non-saturated CFRs show significant distortion level at the [2] S. Cripps, RF Power Amplifiers for Wireless Communications, 2nd
edition. Norwood, MA: Artech House, 2006.
adjacent channels.
[3] C. Nader, P. N. Landin, W. V. Moer, N. Björsell, and P. Händel,
“Performance Evaluation of Peak-to-Average Power Ratio Reduction and
Digital Pre-Distortion for OFDM Based Systems,” IEEE Transactions on
Microwave Theory and Techniques, vol. 59, no. 12, pp. 3504–3511, Dec.
2011. DOI: 10.1109/TMTT.2011.2170583
[4] X. Li and L. Cimini, “Effects of clipping and filtering on the
performance of OFDM,” IEEE Communications Letters, vol. 2, no. 5, pp.
131–133, May 1998. DOI: 10.1109/4234.673657
[5] L. D. Silva and E.G. Lima, “A Novel Limiter with Application in Crest
Factor Reduction Techniques for Wireless Communications”, in 31st
Symposium on Integrated Circuits and Systems Design (SBCCI), 2018.
DOI: 10.1109/SBCCI.2018.8533234
[6] V. K. Ingle and J. G. Proakis, Digital Signal Processing using Matlab®,
3rd Edition. Cengage Learning, 2012.
[7] Q. Hammi, “Efficient linear amplification using digitally predistorted
overdriven power amplifiers,” IEEE Transactions on Broadcasting, vol. 61,
no. 3, pp. 398-406, Sep 2015. DOI: 10.1109/TBC.2015.2419191
Fig. 5. Amplitude waveforms at CFR input and output. [8] R. A. Waltz, J. L. Morales, J. Nocedal, and D. Orban, “An interior
algorithm for nonlinear optimization that combines line search and trust
region steps,” Mathematical Programming, vol. 107, no. 3, pp. 391–408,
2006. DOI: 10.1007/s10107-004-0560-5.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Projeto de Divisor de Potência Ativo para GNSS

Rodrigo J. Zandoná, Juner M. Vieira, Fúlvio F. Oliveira, Daniel B. Ferreira, Daniel C. Nascimento, Felix Antreich,
Ildefonso Bianchi
Laboratório de Antenas e Propagação – LAP
Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA
São José dos Campos – SP, Brasil
{rjzandona, juner.vieira}@gmail.com, fulvio.oliveira@hotmail.com, {danielbf, danielcn, fean, ibianchi}@ita.br

Resumo—Neste artigo, apresenta-se o projeto de um divisor de componentes concentrados, cujos valores não são independentes
potência ativo de 1:4 desenvolvido para operar na faixa de da frequência. Esses fatores dificultam o funcionamento
frequências de 1,1 GHz a 1,7 GHz, que é alocada aos sistemas de satisfatório em todas as bandas atribuídas ao GNSS, bem como
navegação por satélite. Inicialmente, são definidos os requisitos de a repetibilidade de desempenho entre as unidades de um mesmo
desempenho do divisor e propõe-se uma arquitetura conveniente lote. Por isso, a proposta deste artigo é apresentar o projeto de
para cumprir essas especificações. Na sequência, descreve-se a um divisor de potência ativo de 1:4 apropriado para as estações
síntese do divisor, que começa com o dimensionamento de seu de recepção de sinais de GNSS. Nesse desenvolvimento, é
modelo elétrico, passa para o modelo físico em tecnologia de sintetizada uma versão do divisor Wilkinson com duas seções
microfita e se encerra com a simulação de onda completa de seu
em linha de microfita visando assegurar bom desempenho em
modelo tridimensional usando a ferramenta ANSYS Electronics
Desktop. Um problema de otimização foi resolvido para definir toda a faixa e para todos os dispositivos fabricados.
os valores dos parâmetros do divisor e um protótipo foi fabricado Este documento está dividido em seis seções, sendo que, na
para verificação de desempenho. Ainda é feita a validação do Seção II, são estabelecidas as especificações de desempenho do
protótipo utilizando uma antena e um receptor para GNSS. divisor e, na Seção III, define-se a sua arquitetura. A síntese de
Observa-se boa recepção de sinais em toda a banda. cada bloco que compõe o divisor é relatada na Seção IV, onde
se aborda desde o modelo elétrico até a simulação de onda
Palavras-chave—divisor de potência ativo; divisor Wilkinson; completa do modelo tridimensional. Os resultados dos testes de
divisor para GNSS
verificação e validação foram consolidados na Seção V e
atestam o bom funcionamento do protótipo. Por fim, na Seção
I. INTRODUÇÃO VI, registram-se as conclusões do trabalho.
Estações para recepção de sinais do Sistema de Navegação
Global por Satélite (GNSS) estão espalhadas por todo o globo. II. ESPECIFICAÇÕES DE DESEMPENHO DO DIVISOR
No Brasil, em particular, há um conjunto dessas estações que As especificações de desempenho do divisor de potência
integram a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos ativo de 1:4 deste artigo foram definidas a partir da análise dos
Sistemas GNSS (RBMC), que é administrada pelo Instituto datasheets de divisores de potência comerciais destinados a
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) [1]. Nessas sistemas de recepção de sinais de GNSS [2], [3]. Além desses
estações, é comum que o sinal de GNSS recebido por uma dados, uma unidade do divisor S14 Splitter foi testada em
única antena seja utilizado em mais de um equipamento, por laboratório para auxiliar nessa tarefa [4].
exemplo, receptores para GPS, GLONASS, gravadores de
sinais, analisadores de espectro, etc. Por essa razão, o emprego Primeiramente, fixou-se a faixa de frequências de projeto
de um divisor de potência na saída dessa antena é fundamental. para que o divisor trabalhe com sinais dos sistemas GPS,
Porém como se trata de um sinal de GNSS, esse divisor precisa Galileo e GLONASS, o que levou ao intervalo que se estende
ter algumas características de desempenho particulares, como de 1,0 GHz a 1,8 GHz. Essa faixa contém uma margem de
baixa figura de ruído e pequena variação do atraso de grupo ao segurança nos dois extremos para acomodar tanto as
longo da banda de operação; caso contrário, pode-se tolerâncias dos parâmetros de componentes e laminados quanto
inviabilizar o processamento desse sinal nos receptores os desvios inerentes ao processo de fabricação. Na sequência,
acoplados às saídas do divisor. estabeleceu-se que o coeficiente de onda estacionária de tensão
(VSWR) nas cinco portas do dispositivo deve ser inferior a 2,0
Alguns modelos de divisores destinados a sinais de GNSS e o ganho entre a porta de entrada e as de saída deve ser de pelo
encontram-se disponíveis comercialmente [2], [3], todavia, na menos 10 dB, com uma variação admissível de ±1 dB ao longo
busca realizada, não se detectou nenhum desenvolvido por da faixa. Note que esse ganho compensa a atenuação sofrida
empresa brasileira, ainda que exista grande demanda por esse por um sinal em 1,4 GHz que se propaga num cabo coaxial
dispositivo nas estações da RBMC, por exemplo. Além disso, a LMR-195 com 20 m de comprimento, o qual apresenta uma
análise do divisor S14 Splitter [3], [4], fabricado pela GPS atenuação de 0,46 dB/m nessa frequência [5]. Cabos como esse
Source, revela que sua arquitetura é fundamentada no uso de costumam ser usados para realizar a conexão entre o divisor e a
divisores Wilkinson com uma seção e implementados com antena das estações para recepção de sinais de GNSS. Já a
Este trabalho foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq através dos Processos N.os 409865/2018-4,
157888/2019-3 e 305425/2018-8.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

isolação entre as portas de saída do divisor deve ficar acima de R L


20 dB, sua figura de ruído não deve ultrapassar 2 dB, nem a
variação do atraso de grupo na faixa ser maior do que 2,0 ns, C C #5
para evitar a distorção dos sinais recebidos. Por último, os
máximos desbalanceamentos de amplitude e de fase entre as C #4
portas de saída devem ser de 0,5 dB e 2,0°, respectivamente. #1 R L
LNA
C
III. ARQUITETURA DO DIVISOR L R L
A C #3
Para propor uma arquitetura conveniente para o divisor de +V
potência deste trabalho, que possibilite o cumprimento dos B C #2
requisitos relacionados na Seção II, foi considerado de antemão
que, em sua entrada, é acoplado um cabo coaxial que o conecta L
a uma antena ativa receptora de sinais de GNSS. Em geral,
essas antenas são instaladas em áreas externas, enquanto os Fig. 1. Arquitetura do divisor de potência ativo de 1:4.
receptores dos sinais de GNSS ficam no interior das
edificações. Por esse motivo, o divisor deve possuir um IV. PROJETO DO DIVISOR
amplificador em sua arquitetura, de modo a compensar pelo
menos uma parte (se não toda) da atenuação do sinal devida à A. Projeto de um Divisor Passivo de 1:2 com Duas Seções
propagação no cabo coaxial. O amplificador também deve Uma vez que os divisores passivos de 1:2 A, B e C (Fig. 1)
compensar a perda de inserção decorrente da divisão de precisam ser dispositivos casados com as portas de saída
potência. Somado a isso, o divisor precisa ter figura de ruído isoladas, optou-se pelo divisor Wilkinson para sintetizá-los.
baixa para não comprometer a operação dos receptores ligados Inicialmente, foi avaliado o desempenho do modelo elétrico de
às suas saídas. Assim, optou-se pela colocação de um um divisor Wilkinson canônico [6] formado por dois trechos de
amplificador de baixo ruído (LNA) logo na entrada do divisor, linha de transmissão sem perdas idênticos, com comprimento
como ilustrado na Fig. 1. de um quarto de onda em 1,4 GHz, impedância característica
Para efetuar a divisão de potência de 1:4, foi adotada uma de 70,7  e com os terminais de entrada ligados em paralelo e
topologia corporativa formada por três divisores de potência um resistor de isolação de 100  conectado entre as saídas das
passivos de 1:2 com saídas isoladas, conforme mostrado na linhas. Esse divisor foi analisado na plataforma para projeto de
Fig. 1, onde eles são identificados pelas letras A, B e C. Essa circuitos do software ANSYS Electronics Desktop e as
escolha se deu pelo fato de a topologia corporativa possuir um impedâncias de referência (Z0) nos três acessos do dispositivo
projeto mais simples e ser de fácil construção. No entanto, para foram fixadas em 50 . Apesar de o VSWR em suas três portas
assegurar que as portas de saída do divisor ativo apresentem nem sequer atingir 1,4 na faixa de 1,0 GHz a 1,8 GHz, a
isolação maior do que 20 dB, não basta apenas que as portas de isolação entre suas portas de saída só é melhor do que 20 dB no
saída dos divisores A, B e C tenham elevada isolação. É intervalo que vai de 1,147 GHz a 1,653 GHz. Por conseguinte,
necessário ainda que as portas de saída do divisor A o divisor Wilkinson canônico não é uma alternativa viável para
apresentem um casamento de impedância adequado, da mesma figurar no divisor de 1:4 deste artigo.
maneira que a porta de saída do LNA, pois as ondas refletidas
Entretanto, o acréscimo de mais seções constituídas de dois
nelas retornam às portas de saída do divisor ativo, degradando, trechos de linha de um quarto de onda e de um resistor de
desse modo, a isolação entre estas. isolação na topologia do divisor Wilkinson canônico tem o
Outro ponto a se levar em conta na arquitetura do divisor efeito de aumentar a sua faixa de passagem [6]. Como
ativo é que os receptores de sinais de GNSS costumam exemplo, na Fig. 2, mostra-se um esquemático do divisor
disponibilizar em seus conectores coaxiais de entrada uma Wilkinson contendo duas seções. Nessa figura, Z01 e Z02
tensão DC para alimentação de antenas ativas. Por isso, denotam as impedâncias características dos trechos de linha, 1
definiu-se que a tensão de polarização (+V ) do LNA será e 2 representam os comprimentos de onda nesses trechos na
inserida no conector de saída #2 do divisor. As demais portas frequência central da faixa de operação, assim como R1 e R2
de saída (#3, #4 e #5), por sua vez, terão um resistor de carga indicam as resistências de isolação. A seguir, será visto que a
(R), como o do polígono tracejado em vermelho na Fig. 1, que adição de mais uma seção à topologia canônica já é suficiente
reproduz aos receptores acoplados nelas o comportamento DC para o projeto abordado neste artigo.
típico de uma antena ativa. Além disso, a tensão de polarização
injetada na porta #2 também é disponibilizada no conector de A tecnologia de microfita foi selecionada para realizar o
entrada (#1) do divisor, para permitir a alimentação de uma divisor Wilkinson, pois torna sua fabricação e integração com o
antena ativa. Observe ainda que capacitores (C) e indutores (L) LNA bastante simples, além de contribuir para a repetibilidade
foram introduzidos na arquitetura da Fig. 1 para isolar os sinais de desempenho. O laminado de micro-ondas disponível para a
de alta frequência das tensões DC e vice-versa. fabricação do protótipo do divisor foi o TMM4, produzido pela
Rogers Corporation, com espessura de 30 mils (= 0,762 mm) e
Na próxima seção, descrevem-se o projeto dos divisores que apresenta permissividade relativa (nominal) de 4,5 e
passivos de 1:2 A, B e C, a seleção de um LNA comercial tangente de perdas de 0,0020. Ademais, escolheu-se a
compatível com os requisitos de desempenho do divisor, bem microfresadora T-Tech Quick Circuit AMC2500 para usinar
como o dimensionamento das indutâncias L e capacitâncias C. as trilhas metálicas no laminado. Esse equipamento permite a

182
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2/4 -15 1
|S11| |S22| |S23| |S21|
1/4
2 -20
(1)
0
Z02

Magnitudes de S11, S22 e S23 (dB)


Z0 Z01 Z0
R1 R2

Magnitude de S21 (dB)


1 Z01 -25 -1
Z02
3 (2)
1/4 -30 -2
2/4 Z0
-35 -3

(3)
Fig. 2. Esquema elétrico do divisor Wilkinson com duas seções. -40 -4

prototipagem de trilhas de circuito impresso com largura acima -45 -5


de 0,50 mm. Em vista disso, a impedância característica dos 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8

trechos de linha de um quarto de onda do divisor Wilkinson Frequência (GHz)

não pode ultrapassar 82 . Assumiu-se ainda que a maior


Fig. 3. Respostas do modelo elétrico do divisor de 1:2 sintetizado.
largura de trilha admitida na placa do divisor ativo é a das linhas
de impedância característica igual a 50 , ou seja, 1,54 mm. Note que mesmo não havendo uma máscara específica para
Outro aspecto a ser contabilizado na síntese do divisor a magnitude de S22(33) , as portas de saída estão casadas na faixa.
Wilkinson é o intervalo conveniente para as resistências de
isolação R1 e R2 , porque, via de regra, valores muito altos ou B. Projeto de um Divisor Passivo de 1:4
muito baixos exigem o uso de séries de resistores destinadas à Segundo a arquitetura da Fig. 1, o divisor de 1:2 projetado
faixa de micro-ondas, que são mais caras, pois os efeitos no último item deve ser colocado numa topologia corporativa.
reativos dos resistores passam a ser mais expressivos à medida Contudo o desempenho do divisor de 1:4 assim formado tem
que a frequência sobe. Assim, limitou-se a seleção de R1 e R2 às possibilidade de ser melhorado, pois repare que, nas saídas do
resistências comerciais contidas no intervalo de 43  a 220 . divisor A, estão conectadas as entradas dos divisores B e C, as
Então, tendo em conta as restrições impostas a Z01 , Z02 , R1 e quais não possuem impedância constante de 50  como na
R2 , o modelo elétrico da Fig. 2 foi analisado no software síntese precedente, da mesma forma que as impedâncias
ANSYS Electronics Desktop e a ferramenta para otimização sintetizadas nas saídas do divisor A e vistas das entradas dos
presente nesse programa foi executada para determinar esses divisores B e C. Destaca-se, porém, que o casamento de
quatro parâmetros. Seguiu-se essa estratégia em lugar de usar impedâncias nessas portas é muito bom, pois ao examinar |S11|
as expressões publicadas em [7], já que estas não permitem e |S22| na Fig. 3, vê-se que esses parâmetros permanecem
fixar condições no domínio de soluções, ou seja, em muitos abaixo de –20 dB de 1,0 GHz a 1,8 GHz.
casos, pode-se chegar a impedâncias e resistências não Em função disso, decidiu-se fazer uma sintonia somente nas
realizáveis na prática. impedâncias características Z01 e Z02 , mantendo as resistências R1
No processo de otimização, primeiramente estabeleceram- e R2 inalteradas nos valores comerciais já calculados. Para tanto,
se máscaras a serem satisfeitas pelas magnitudes dos o modelo elétrico do divisor corporativo de 1:4 foi simulado no
parâmetros S11 e S23 : programa ANSYS Electronics Desktop e a ferramenta para
otimização desse software foi configurada para o método
S11  −20 dB, para 1,0 GHz  f  1,8 GHz () gradiente Quasi-Newton, sendo Z01 e Z02 as variáveis de
otimização, novamente limitadas ao intervalo [50, 82]  e com
S23  −30 dB, para 1,1 GHz  f  1,7 GHz () valores de partida da busca iguais às impedâncias características
do divisor de 1:2 sintetizado. As máscaras especificadas neste
S23  −40 dB, para 1, 2 GHz  f  1,6 GHz () caso, para a numeração de portas da Fig. 1, foram:

Em seguida, a otimização foi conduzida em duas etapas. Na S11 , S23  −20 dB, para 1,0 GHz  f  1,8 GHz ()
primeira delas, utilizou-se um Algoritmo Genético, que é um
método de busca global, para encontrar as impedâncias S11 , S23  −30 dB, para 1,1 GHz  f  1,7 GHz ()
características e as resistências de isolação. Já na segunda
etapa, empregou-se a solução ótima encontrada anteriormente O resultado no término da otimização foi: Z01 = 82  e
como valor de partida para o método gradiente Quasi-Newton, Z02 = 59 , que é muito próximo da solução encontrada para o
que consiste em uma técnica de busca local. Realizou-se esse divisor de 1:2. Posteriormente, o modelo elétrico do divisor de
procedimento visando maximizar as chances de achar uma 1:4 foi convertido num modelo físico em tecnologia de
solução ótima global. Após 74 iterações do método gradiente, microfita contendo inclusive elementos que modelam as
que partiu dos valores Z01 = 80,5 , Z02 = 56 , R1 = 75  e descontinuidades do tipo step e T existentes na topologia. Os
R2 = 200 , as grandezas finais avaliadas foram: Z01 = 81 , parâmetros (S) desse circuito foram calculados no programa
Z02 = 55,6 , R1 = 75  e R2 = 200 . Na Fig. 3, registram-se as ANSYS Electronics Desktop. Verificou-se que as curvas das
magnitudes dos parâmetros S11 , S22 e S23 do divisor sintetizado. magnitudes dos parâmetros não estavam centralizadas em torno

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

de 1,4 GHz, como ocorria com as respostas do modelo elétrico. que armazena as matrizes espalhamento do divisor passivo de
Devido a isso, todos os comprimentos das linhas do divisor 1:4, calculadas na simulação de onda completa. Esses arquivos
foram multiplicados por um fator de sintonia igual a 0,956. Touchstone são disponibilizados pela Skyworks e referem-se às
tensões de polarização de 3,3 V e 5,0 V. Enfatiza-se, porém, que
Finalmente, as dimensões do modelo físico foram usadas as respostas derivadas nessa análise apenas representam um
para desenhar o modelo mecânico tridimensional do divisor desempenho típico esperado para o protótipo do divisor ativo de
corporativo de 1:4, o qual foi analisado através do Método dos 1:4, uma vez que, o layout da placa de avaliação do LNA, usada
Elementos Finitos no ANSYS Electronics Desktop. Pelo fato para o levantamento dos arquivos Touchstone, não é o mesmo
de se ter adotado que os trechos de linha de um quarto de onda adotado no divisor, nem todas as séries de indutores e
teriam forma de arco, com raios médios r1 = 10,35 mm e capacitores sugeridas pela Skyworks para os circuitos de
r2 = 10,10 mm, foi necessário efetuar um estudo paramétrico no polarização e de casamento do LNA foram empregadas no
software a fim de otimizar os comprimentos desses trechos, divisor. Na Fig. 4, registram-se os resultados derivados nessa
bem como para dimensionar a extensão da interseção entre as simulação, que também foi executada no programa ANSYS
duas seções dos divisores de 1:2. Cabe registrar que estruturas Electronics Desktop. Vê-se que o ganho do conjunto (|S21|) é
representativas dos conectores coaxiais foram incluídas nesse bem estável ao longo da faixa, com um ripple inferior a 1 dB. A
modelo, buscando aproximá-lo ao máximo do protótipo. perda de retorno na porta de entrada é melhor do que 10 dB, a
isolação entre as portas de saída adjacentes #2 e #3 é superior a
C. Seleção do LNA e Integração com o Divisor Passivo de 1:4 20 dB a partir de 1,0 GHz e |S12| é próximo a –29 dB na faixa.
O LNA escolhido para compor o divisor ativo foi o
SKY67159-396LF, desenvolvido pela Skyworks, que pode V. PROTÓTIPO E TESTES
operar na faixa de 200 MHz a 3800 MHz. De acordo com o Concluído o layout da placa do divisor ativo, passou-se à
datasheet desse amplificador, na frequência de 1,2 GHz e para fabricação do seu protótipo. Como já mencionado, uma
tensão de polarização de 3,3 V, ele apresenta figura de ruído de microfresadora foi usada para delimitar as trilhas da placa que, a
0,97 dB, ganho de 17,5 dB e perda de retorno na entrada e na seguir, foi imersa em solução aquosa de FeCl3 para remoção do
saída de 20 dB e 19 dB, respectivamente. Esses são valores que cobre excedente. Por último, o LNA, resistores, indutores,
retratam o desempenho típico do componente na temperatura de capacitores e conectores SMA foram soldados e a placa foi
25 °C. Veja que o casamento de impedâncias na entrada e na fixada, por meio de parafusos, numa base feita de FR-4 com
saída corresponde a um VSWR inferior a 1,3, ou seja, a isolação 6 mm de espessura, para lhe conferir robustez mecânica. Na
entre as portas de saída do divisor de 1:4 não será degradada de Fig. 5, visualiza-se uma foto desse protótipo.
modo apreciável com o uso desse LNA, visto que ele exibe um Os parâmetros (S) e o atraso de grupo (GD) entre a porta de
bom casamento em sua saída. Além disso, seu ganho compensa entrada e as de saída foram medidos com o analisador de redes
a perda de inserção nominal de uma divisão de potência de 1:4,
N5230A da Agilent Technologies; já a figura de ruído (NF) foi
que é de 6 dB, somada a uma atenuação de cerca de 10 dB de caracterizada com o analisador de sinais N9000B e uma fonte
um cabo coaxial de alimentação. Por fim, sua figura de ruído é
de ruído N4000A, ambos da Keysight Technologies. Em todos
inferior a 1 dB e, como ela é a parcela dominante da figura de os ensaios, conectou-se um Bias T na porta #2 para injetar a
ruído do divisor ativo, a relação sinal-ruído nas saídas do
tensão de alimentação (+V ), ajustada em 5,0 V. As respostas
divisor não será perturbada significativamente. obtidas nesses testes são mostradas na Fig. 6. Observa-se que
Para os capacitores de acoplamento da arquitetura da Fig. 1, a perda de retorno em todos os cinco acessos do dispositivo
por sua vez, selecionou-se o modelo CBR06C470FAGAC da manteve-se acima de 15 dB (ou VSWR < 1,5), o ganho
Kemet, que tem capacitância de 47 pF e dimensão 0603. Já para apresentou valor médio de 10,2 dB e ripple máximo de
os indutores de bloqueio de RF, foi escolhido o modelo 0603CS- 0,5 dB, a isolação entre as portas de saída adjacentes #2 e #3
R10XGLW da Coilcraft, que possui 100 nH de indutância e 15
dimensão 0603. O primeiro ressoa em 1,0 GHz, enquanto o 10
segundo, em 1,4 GHz, parâmetro principal que norteou a 5
3,3V 5V
|S11| |S11|
definição deles. Os três resistores de dreno tiveram suas |S12| |S12|
0
resistências R fixadas em 200  para assegurar que uma corrente |S21| |S21|
-5
contínua acima de 15 mA seja consumida dos receptores |S23| |S23|
Magnitude (dB)

acoplados às portas #3, #4 e #5 do divisor ativo. Isso, -10


obviamente, no caso de o receptor disponibilizar uma tensão DC -15
em seu conector coaxial de entrada. Escolheu-se o modelo de -20
uso geral CRCW0402200RFKTD da Vishay para essa -25
finalidade, de cuja série também foram selecionados os resistores
-30
de isolação, todos operando adequadamente até 1,8 GHz.
-35
Antes de incluir os layouts do LNA, capacitores de -40
acoplamento, indutores para bloqueio de RF e resistores de dreno -45
no modelo 3D do divisor corporativo de 1:4 projetado no último 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
item, conduziu-se uma análise linear de um modelo elétrico Frequência (GHz)
formado por um quadripolo contendo os arquivos Touchstone
(extensão s2p) do LNA e por um componente com cinco portas Fig. 4. Respostas do modelo elétrico com blocos para o LNA e divisor de 1:4.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

ficou superior a 20 dB, de 1,0 GHz a 1,8 GHz, e entre as portas -5


|S11| |S22| |S33| |S44| |S55|
12

#2 e #4, acima de 25 dB. O maior desbalanceamento de -10 |S23| |S24| |S21| |S31| |S41| |S51| 11
amplitude foi verificado entre as portas #2 e #5 sendo igual a
0,3 dB. A figura de ruído (NF21), medida entre as portas #1 e -15 10

Reflexão e Isolação (dB)


#2, assumiu valor máximo de 2,20 dB entre 1,0 GHz e
1,8 GHz, que é muito próximo ao limiar de 2,0 dB proposto na -20 9

Ganho (dB)
Seção II. Com relação ao atraso de grupo (GD31), caracterizado -25 8
entre as portas #1 e #3, nota-se que sua maior variação é de
2,7 ns e ocorre entre as frequências de 1,103 GHz e 1,291 GHz, -30 7
que definem uma faixa maior do que as bandas alocadas entre
1,1 GHz e 1,3 GHz para os sistemas GPS, Galileo e -35 6

GLONASS. Para essas bandas, a análise da Fig. 6(b) aponta


-40 5
que as maiores variações do atraso de grupo são sempre
inferiores a 2,0 ns, como especificado no início do projeto. -45 4
Finalmente, avaliaram-se os desbalanceamentos de fase, i.e., 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
foram calculados os valores absolutos das diferenças entre as Frequência (GHz)
fases dos parâmetros S21 , S31 , S41 e S51 medidos. Como (a) Magnitude dos parâmetros (S ) do protótipo.
resultado, chegou-se a 5,0°. Esse valor está acima do requisito 2,50
NF21 GD31
5,00

de 2,0° registrado na Seção II. Por conta disso, no segundo


protótipo, será prevista uma maneira para a equalização das
fases dos 4 braços. Esse desbalanceamento constatado é 2,25 3,75
possivelmente causado pelas tolerâncias dos componentes

Figura de ruído (dB)

Atraso de grupo (ns)


concentrados próximos às portas de saída.
O protótipo também foi testado em conjunto com uma antena 2,00 2,50
ativa e um receptor para sinais de GNSS, implementado num
rádio definido por software de código aberto [8], que alimentou
o divisor com tensão de 5,0 V. Foram adquiridos sinais dos
1,75 1,25
sistemas Galileo e GPS durante 5 min no Laboratório de Antenas
e Propagação – LAP do ITA. Cinco sinais do Galileo e oito
sinais do GPS foram identificados com relação portadora-ruído
superior a 40 dB-Hz, que é um desempenho muito semelhante 1,50 0,00
1,0 1,2 1,4 1,6 1,8
quando se emprega um divisor comercial nesse tipo de setup.
Frequência (GHz)
(b) Figura de ruído (NF21) e atraso de grupo (GD31) medidos.
VI. COMENTÁRIOS FINAIS
Fig. 6. Respostas do ensaio do protótipo para V = 5,0 V.
Neste artigo, apresentou-se o projeto de um divisor de
potência ativo de 1:4 destinado a estações para recepção de
sinais de GNSS. Todas as etapas do desenvolvimento do REFERÊNCIAS
divisor foram descritas, compreendendo a otimização proposta [1] IBGE, Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas GNSS
para o cálculo das impedâncias e resistências dos divisores - RBMC. 2017. Accessed: Oct. 25, 2019. [Online]. Available:
https://www.ibge.gov.br/geociencias/informacoes-sobre-
Wilkinson com duas seções. Um protótipo foi fabricado e posicionamento-geodesico/rede-geodesica/16258-rede-brasileira-de-
testado, mostrando bom desempenho quando usado com antena monitoramento-continuo-dos-sistemas-gnss-rbmc.html?=&t=o-que-e
e receptor de sinais de GNSS. Destaca-se, por fim, que a [2] GPS NETWORKING, ALDCBS1X4 GPS Amplified 1X4 Splitter. Oct.
arquitetura e estratégia de projeto aplicadas neste trabalho 31, 2018. Accessed: Nov. 17, 2019. [Online]. Available:
podem ser estendidas a divisores para GNSS com mais vias, https://www.gpsnetworking.com/products/aldcbs1x4
por exemplo, 1:8, e também para outras faixas de frequência. [3] GPS SOURCE, GPS 1x4 Standard Splitter - S14. Jan. 5, 2013.
Accessed: Nov. 17, 2019. [Online]. Available:
https://www.gpssource.com/products/s14-1x4-standard-gps-
splitter?variant=10809568899
[4] R. J. Zandoná, “Projeto de divisor de potência ativo em micro-ondas
#5 para GNSS,” Trabalho de graduação, Div. Eng. Eletrôn., ITA, São José
dos Campos, 2019.
[5] TIMES MICROWAVE SYSTEMS, Coaxial Cable Attenuation &
#1 LNA #4 Power Handling Calculator. 2018. Accessed: Feb. 17, 2020. [Online].
120,0

Available: https://www.timesmicrowave.com/Calculator
#3 [6] E. H. Fooks and R. A. Zakarevicius, Microwave Engineering Using
Microstrip Circuits. New York: Prentice Hall, 1990.
[7] S. B. Cohn, “A class of broadband three-port TEM-mode hybrids,”
#2 IEEE Trans. Microw. Theory Techn., vol. 16, no. 2, pp. 110–116, Feb.
140,0 1968, doi: 10.1109/TMTT.1968.1126617.
[8] HACKRF ONE, Software defined radio specifications. 2016. Accessed:
Sep. 08, 2020. [Online]. Available: https://greatscottgadgets.com/hackrf/
Fig. 5. Protótipo do divisor de potência ativo de 1:4. Dimensões em mm. one/

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Novel Volterra Series Model for Compensation of IQ


Modulator Imbalances and PA Nonlinear Distortions

Bruna Temporal Marcondes and Eduardo Gonçalves de Lima


Grupo de Circuitos e Sistemas Integrados (GICS) – Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brazil
bruna.temporal@gmail.com, elima@eletrica.ufpr.br

Abstract—The linearity in wireless transmitters can baseband predistortion can also be applied in this case as seen
substantially depreciate due to power amplifier (PA) and in-phase in two approaches found in the literature [9]-[10].
and quadrature (IQ) modulator imbalances. In these
circumstances, a linearization method must satisfy both Both compensate the imbalances with a single predistorter
imperfections. For being able to achieve a joint compensation, two in cascade with the PA and IQ modulator, depending on a
models using the Volterra series are reported in the literature. One polynomial order truncation, a memory depth, complex
relies upon the input and its complex conjugate, composing a coefficients, and the input signal. The compensator is primarily
complex matrix. The other depends on a real input matrix, with conceived as a post-distorter. After the input passes the PA and
the real and imaginary input components, increasing the number modulator, its coefficients are identified by the least-squares
of complex coefficients. The contribution of this work is to suggest method. The difference in these traditional approaches consists
a new model using the Volterra series, one less complex to compute of the nature of the series matrix and the number of complex
and without expanding the number of coefficients. Simulation coefficients of each model. While the first relies on a complex
results of a case study in MATLAB, with an OFDMA input matrix, the second, with real terms, increases the amount of
envelope, were used to validate the proposed method. parameters to be identified [9]-[10]. The matrix nature is
important because it shows the complexity of the system, as the
Keywords— power amplifier, predistorter, IQ modulator
most intricate computation calculus is multiplication.
imbalances; linearization; modeling; wireless communication
systems. This work contributes with a novel model of a joint
compensator of the IQ modulator imbalances and PA
I. INTRODUCTION distortions. Relying on the Volterra series, the proposed method
consists in a rearrange of the complex terms on the matrix,
The growth of modern wireless communications made the leaving only the complex coefficients and the IQ part of the
linearity a fundamental condition in transmitter systems [1]-[2]. input signal, distancing itself from the traditional strategy
Its input is determined by a complex envelope having a disadvantages.
bandwidth equal to the channel length. As the available
bandwidth is divided into adjacent channels, distortion on the The work is distributed in six sections as follows. Section II
information signal may spread its contents to nearby shows the behavioral modeling of the IQ modulator imbalances
frequencies, causing interferences between users. and PA distortions. The joint approach is reviewed in Section
III as well as the models found in the literature. The suggested
These distortions, in practice, can be provided from a few technique is presented in Section IV. In Section V the validation
elements in the transmitter chain, particularly those at the final of the new method is found, and, in Section VI, the conclusions
amplification and up-conversion stages, therefore must be are given.
compensated [3]. The last element in the chain is the power
amplifier (PA). Since it needs to provide the signal power to be
transmitted by the antenna, it is the element that consumes the II. BEHAVIORAL MODELING OF PAS AND IQ MODULATORS
highest amount of power. However, there is a trade-off between
power efficiency and linearity. To be able to operate efficiently, A. Power amplifier
the PA is driven to a compression mode, causing distortions on The input of radio frequency (RF) PAs can be represented
the output envelope [4]. Different linearization procedures are as a real signal characterized by a GHz range carrier, modulated
available, among them is the digital baseband predistortion [5]- by complex envelopes. In baseband, the PA behavioral
[6]. This technique consists of an element that has the opposite modeling can be described as the following Volterra series
PA behavior, achieved by modeling the PA operation through a
polynomial, one of which is the Volterra series [7].
The in-phase and quadrature (IQ) modulator performs the
up-conversion stage and its behavior may result in amplitude
and phase imbalances [8]. The concept of a Volterra series

186
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

It can be questioned if an expression that depends on the


P M M M M M M signal and its module can mimic the IQ modulator behavior. If
o( n) =          that is the case, x*(n) could be defined in the basis {x(n),
p =1 q1 = 0 q2 = q1 q p = q p −1 q p +1 = 0 q p +2 = q p +1 q2 p −1 = q2 p −2 x(n)|x(n)|2,...,x(n)|x(n)|2P}. Such representation is inconceivable,
p 2 p −1 once it demands estimating phase information based just on
h2 p −1 (q1 , q2 , , q2 p −1 ) z (n − q j1 )  z * (n − q j 2 ), amplitude, e.g.
j1 =1 j2 = p +1 P P

(1) | x ( n) | e
− j
=  a p | x( n) |2 p +1 e j → e −2 j =  a p | x(n) |2 p . (8)
p =0 p =0

with z(n) and o(n) being the input and output envelopes,
respectively, P the polynomial order, M the memory length, and III. TRADITIONAL COMPENSATION APPROACHES
h2p-1(q1, q2,ꞏꞏꞏ,q2p-1) the low-pass equivalent of Volterra kernels, The most common method to compensate for the PA and IQ
obtained by the least-squares (LS) method [11]. To represent imperfections is the joint approach. In this case, shown by Fig.
the predistorter model, the input and output of (1) are switched, 1, the input goes through the IQ modulator and PA. The output
as seen in the theoretical analysis disclosed in [12]. data is utilized to identify the coefficients of the chosen model
and create the inverse model, also known as the compensator
B. In-phase and quadrature modulator [13].
PA
The IQ modulator depends on a complex envelope (x(n) = x ( n) IQ z (n)PA o( n)
xi(n) + j xq(n)) as its input signal. Therefore, the first output s(n), i ( n) Modulator
IQ z ( n ) o( n)
is the real modulated carrier signal Modulator

s(n) = x(n) cos(2 fc n) − ( + 1) j sin(2 fc n +  )  , (2)


Measurement
Measurement

(a)
which contains the carrier frequency fc and the amplitude and
phase imbalances ( and ), that occur due to the non-optimal PA
process. i ( n) PA + IQ Modulator x ( n) IQ z ( n) o( n)
To restore the original input, s(n) is multiplied by two Inverse Modulator
different expressions, cos(fct) and -sin(fct), to demodulate
xi(n) and xq(n), respectively, followed by lowpass filters that (b)
remove the harmonics. As a result, the complex envelope x(n)
is linked with the obtained output z(n) by Fig. 1. Traditional joint approach of PA and IQ modulator compensations: (a)
disposal for acquiring the compensator; (b) single joint compensator.
z ( n ) = xi ( n ) + ( + 1)  cos( ) j − sin( )  xq ( n). (3)
In the literature, two potential models make use of the
This process, that includes a non-ideal modulator and an Volterra series. One depends on the signal and its complex
ideal demodulator, can be rewritten as conjugate, and the other on its real and imaginary parts. Both
rely on the procedure described above, identifying the Volterra
z ( n ) = a1 x ( n ) + a2 x ( n ),
*
(4) kernels through the LS method.
where a1 and a2 are complex coefficients and x*(n) is the
A. Joint compensation by complex input matrix
complex conjugate of the input signal. The IQ compensator
* In this approach, the complex conjugate of the input
x ( n ) = b1 z ( n ) + b2 z ( n ) , (5) envelope is used [9]. Therefore, the input matrix is complex, as
can be achieved by changing the output and input roles of (4). seen on
The complex coefficients, b1 and b2, come from the relation P M M M M M M
between (4) and (5) and are described by o( n) =         
p =1 q1 = 0 q2 = q1 q p = q p−1 q p+1 = 0 q p+2 = q p+1 q2 p−1 = q2 p−2

p 2 p −1
h2 p −1 (q1 , q2 , , q2 p −1 ) x(n − q j1 )  x* ( n − q j 2 )
1 a2 ( a1 + a2 )
* *

b1 = + 2 2
, (6) j1 =1 j2 = p +1

a1 + a2 ( a1 + a2 )(| a1 | − | a2 | ) +
P M M M M M M
and
− a2
      
p =1 q1 = 0 q2 = q1 q p−1 = q p−2 q p = 0 q p+1 = q p
 
q2 p−1 = q2 p−2
b2 = 2 2
. (7)
(| a1 | − | a2 | ) p −1 2 p −1
 g 2 p −1 (q1 , q2 , , q2 p −1 ) x(n − q j1 )  x* (n − q j 2 ), (9)
j1 =1 j2 = p

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

where x(n) and x*(n) are the input signal and its conjugate, o(n) P M M M M M M

the output envelope, h and g the low-pass kernels, P the o( n) =         
polynomial order, and M represents the memory. p =1 q1 = 0 q2 = q1 q p = q p−1 q p+1 = 0 q p+2 = q p+1 q2 p−1 = q2 p−2

 2 p −1
p

B. Joint compensation by real input matrix c2 p −1 (q1 , q2 , , q2 p −1 )  x(n − q j1 )  x* (n − q j 2 ) 
 j1 =1 j2 = p +1 
With this method, described by [10], the output is given by
+
P0 p M M M M M M
o(n) =        
P M M M M M M
         
p =1 l = 0 q1 = 0 q2 = 0 q p−l = q p−l −1 q p−l +1 = 0 q p−l +2 = q p−l +3 q p = q p−1 p =1 q1 = 0 q2 = q1 q p = q p−1 q p+1 = 0 q p+2 = q p+1 q2 p−1 = q2 p−2

p −l p
 2 p −1
p

hp ,l (q1 , q2 , , q p ) xi (n − q j1 )  xq (n − q j 2 ), d 2 p −1 (q1 , q2 , , q2 p −1 )  x(n − q j1 )  x* (n − q j 2 ) 
j1 =1 j2 = p −l +1  j1 =1 j2 = p +1 
(10) (12)
where o(n) is the output signal, xi(n) and xq(n) are the real and
imaginary parts of the input envelope, P is the polynomial V. VALIDATION
order, M the memory depth, and h is the complex lowpass To validate the new technique, several simulations were run
kernels. In this case, the input matrix becomes real. However, through the MATLAB® software.
the number of kernels increases due to the new term l added on
the sum. An LTE OFDMA discrete-time envelope was used as the
input for the systems. It is sampled at a frequency of 12.288
GHz, with 409600 time samples and a 10 MHz bandwidth. To
IV. PROPOSED APPROACH model the RF PA under test, a gain of 0.3 is applied, followed
As seen on (9) and (10), each sample of the output envelope by an FIR filter with memory and the 5th order polynomial
depends on the multiplication of a complex coefficient vector
5
by an input matrix. Hence the complexity of each model can be
yRF (n) =  h p [ xRF (n)] p , (13)
related to the number of multiplications needed to obtain the
p =1
predistorter output envelope. When multiplied by a complex
vector, a complex matrix will have double the amount of with h1 = 10.339, h2 = 1.101, h3 = -21.688, h4 = 29.017 and h5
multiplications compared to a real one. = -13.507. To eliminate the undesirable harmonics, a bandpass
Therefore, the suggested method has the goal of establishing filter with a bandwidth equal to 122.88 MHz and centered at
a Volterra series model with a real matrix, without expanding 1.2288 GHz is also employed. The IQ modulator analyzed has
the number of kernels. This can be possible if the terms in (9) a carrier frequency of 1.2288 GHz with an imbalance of 0.2 on
are rearranged by its real and imaginary components, as the amplitude (α) and of  on the phase (). For this paper, to
demonstrated in allow an increased differentiation between the approaches, it
was chosen a high imbalance value. In the literature, the
amplitude imbalance is described in the range of 0.03 and 0.1,
and the phase within 3 and 5 degrees [9]-[10].
r1 y + r2 y* = (r1r + jr1i )( yi + jyq ) + (r2 r + jr2i )( yi − jyq )
The ideal IQ demodulator used to execute the measurements
= (r1r + jr1i + r2 r + jr2i ) yi + ( jr1r − r1i − jr2 r + r2i ) yq had its lowpass filter bandwidth set to 122.88 MHz. A
= (v1r + jv1i ) yi + (v2 r + jv2i ) yq frequency domain sequence of ones and zeros was adopted by
both PA bandpass filter and a demodulator lowpass filter.
= v1 yi + v2 yq
(11) To compare the three different approaches, a series of
simulations were made varying the order P and the memory
where v1 and v2 are complex coefficients that depend on the depth variable from 2 to 5 and from 0 to 2, respectively, for
original coefficients r1 and r2. Because the input sample will every series. However, the first simulation was made running
always have its complex conjugate on the matrix, (11) is applied the input only through the IQ modulator and PA. Then, this
to obtain the new model output was used as the input on the other simulations.
Therefore, in each case, after identifying the kernels by the LS
method, a validation LTE OFDMA signal, with the same
characteristics, goes through the predistorter, the IQ modulator,
and PA.
The differences between the validation inputs i(n) and
outputs o(n) were computed as error signals, which were used
to measure the accuracy of the approaches by the normalized
mean square error (NMSE) [14]. The numbers of complex
coefficients and multiplications were also computed and can be
seen in Table I.

188
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE I. RESULTS OBTAINED IN EACH APPROACH

Traditional approaches
Complex matrix Proposed approach
Real matrix [10]
[9]
NMSE NMSE NMSE
P M Coef. Mult. Coef. Mult. Coef. Mult.
(dB) (dB) (dB)
2 0 4 16 -25.7 6 12 -25.2 4 8 -25.7

2 1 16 64 -39.7 24 48 -39.8 16 32 -39.7

2 2 42 168 -39.1 62 124 -38.0 42 84 -39.1

3 0 6 24 -25.7 12 24 -24.3 6 12 -25.7

3 1 40 160 -44.6 80 160 -42.1 40 80 -44.6

3 2 162 648 -42.7 314 628 -44.4 162 324 -42.7


Fig. 3. Power spectral densities (PSDs) of the original input and the outputs of
4 0 8 32 -25.4 20 40 -24.9 8 16 -25.4 the studied approaches, using P = 5 and M = 2.
4 1 80 320 -41.2 212 424 -37.4 80 160 -41.2

4 2 462 1848 -46.3 1256 2512 -44.2 462 924 -46.3

5 0 10 40 -25.5 30 60 -23.0 10 20 -25.5

5 1 140 560 -37.5 432 864 -39.1 140 280 -37.5

5 2 1092 4368 -46.5 3258 6516 -41.7 1092 2184 -46.5

The effectiveness of the proposed approach is noticeable, as


it has the lowest quantity of multiplications for every case,
without an increase in coefficients and with similar NMSE as
the traditional methods. Such observation is further visible in
Fig. 2, where, for the same degree of complexity, the suggested
approach has a better operation.
Fig. 4. Absolute error between the output and input for the cascade connection
shown in Fig. 1b, using the three identification strategies, using P = 5 and M =
2.

It can be noticed, in Fig. 5, that the simulated transfer


characteristic, using the proposed identification method, is very
close to the ideal one. This indicates that the compensator
almost completely cancels out the impairments derived from
the IQ modulator and the PA nonlinear distortions. The angle
difference and the real and imaginary parts of the output,
displayed by Figs. 6, 7 and 8, respectively, further illustrate the
compensator linearization behavior.

Fig. 2. Correspondence between NMSE and amount of multiplications in


different cases of Volterra series order and memory length for the three
presented models.

The power spectral densities are shown in Fig. 3. As the


proposed strategy derivates of the traditional complex method,
their behavior is similar throughout the spectrum, with both
results overlapping and being slightly better than the traditional
real method at attenuating the frequencies outside the
bandwidth. Such a pattern is seen in Fig. 4, where both absolute
errors are significantly lower than the identification with a real
matrix. Fig. 5. Output amplitude as a function of the input amplitude using the
proposed identification approach, using P = 5 and M = 2.

189
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

VI. CONCLUSIONS
This paper described a new technique for the joint
compensation of the IQ modulator imbalances and PA
distortions. The Volterra series applied behaved similarly to the
other approaches but didn’t include the disadvantages of
models already found in literature, reducing the modeling
complexity without increasing the quantity of complex
coefficients.

ACKNOWLEDGMENT
This study was financed in part by Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil
(CAPES) - Finance Code 001 and by National Council for
Scientific and Technological Development (CNPq).

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Fig. 6. Difference between the output and input angles as a function of the [1] D. Raychaudhuri and N.B. Mandayam, "Frontiers of Wireless and Mobile
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Fig. 8. Imaginary part of the output using the proposed identification


approach, using P = 5 and M = 2.

190
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A GMDH based approach for the Behavioral


Modeling of Radiofrequency Power Amplifiers
André Felipe Zanella Eduardo Gonçalves de Lima
Department of Electrical Engineering Department of Electrical Engineering
Federal University of Paraná (UFPR) Federal University of Paraná (UFPR)
Curitiba, Brazil Curitiba, Brazil
andrezanella@ufpr.br elima@eletrica.ufpr.br

Abstract—This work addresses the behavioral modeling of a able to estimate complex values of the envelope signal and be
nonlinear Radiofrequency Power Amplifier (RFPA) suitable for able to predict the nonlinear dynamic behaviors encountered
a Digital Baseband Predistorter (DPD) utilized in linearization of in it. It’s also of interest to apply methods with reduced
the system. The main focus given is in the effectiveness of Group
Method of Data Handling (GMDH) algorithm for this task. This computational cost and memory storage size, in the intend to
is a self-organized polynomial neural network model, capable of utilize embedded systems or programmable circuits. A popular
building itself and selecting its best features, in order to achieve alternative is to use a real valued feed-forward artificial neural
a model with good accuracy and reduced computational burden, network (ANN) that with training can be able to reproduce
which is interesting when implementing the DPD in embedded with satisfactory accuracy the dynamic non linearity of the
and low cost systems. In addition to that, a proven topology
for networks that estimate complex based numbers is utilized, PA transfer function and generating a complex valued output
in order to model the complex input/output behavior of the [4], [5]. Also, since ANN models only input real based values,
RFPA. When modeling the inverse function of a nonlinear RFPA, it’s essential to utilize a topology that can model the complex
the GMDH based model reduced the normalized mean square value input and output, as well as define which information
error by at least 7 dB, when compared to both traditional Multi from the input signal are essential for modeling. The use of the
Layered Perceptron (MLP) neural network models and using a
similar number of coefficients. absolute value of the envelope signal and its past components,
Index Terms—GMDH, DPD, predistortion, self-organized as well as the sine and cosine of the phase difference of
consecutive signals was proved to be able to represent all
I. I NTRODUCTION required nonlinearity [6]. Considering that the network must be
The achievement of highly efficient radiofrequency power able to predict both the amplitude and phase of the complex
amplifiers (RFPAs) for modern wireless communications de- output signal, those two distinct information are difficult to
mands for the combination of two strategies [1]. In one hand, be projected in the same space of functions. Therefore, it’s
the RF circuit topology must provide a high efficiency in a interesting to separate each output in a separate network, which
wide range of output power levels. On the other hand, to will improve accuracy of the model and provide simplified
exploit the operation in the range of higher efficiency, the models, when compared to an unified model [7]. To avoid the
RFPA must be linearized. The combination of these strategies network to be stuck in local minimal, it was seen as effective
is necessary because the quality of service in modern wireless way to optimize training for each model to predict the real
systems is strongly conditioned by the linear amplification of and imaginary components of the output signal, instead of
envelope signals having a high peak-to-average power ratio amplitude and phase [8].
(PAPR) [2]. This work focuses on PA linearization. The advances in ANN studies have showed a variety of deep
To linearize an RFPA, a common approach is to deliberately networks systems, aimed to model with improved accuracy
pre-distort the envelope signal to be amplified by it [3]. Such nonlinear systems. But, those models tend to have an expo-
digital baseband predistortion (DPD) must produce nonlinear nential grow in number of coefficients related to the number
dynamic distortions that completely cancel out the distortions of neurons and layers, resulting in increased size and complex
inserted by the RFPA. The aforementioned condition is only algorithms for training and validating the model, translated
attained if the circuit that implements the DPD is described by in big computational cost, which might not be suited to
a nonlinear dynamic model able to represent the RFPA inverse embedded systems. In the past, a variety of works of modeling
transfer characteristic with an extremely high level of fidelity. have shown Group Method of Data Handling (GMDH) as
Notwithstanding, the computational complexity of the DPD an interesting self organized deep learning method. GMDH-
model is also required to be maintained at acceptable degrees, based neural networks are considered as polynomial neural
in order to assure that the DPD power consumption is kept at networks and have shown good efficiency in modeling high-
reduced levels. order nonlinear systems, even with small amounts of data for
This work addresses behavioral models for RFPAs suitable training, due to its principle of self organization [9], [10]. This
for DPD purposes. An accurately model for a PA must be means it’s possible to build a deep model simple to implement

191
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

with reduced computational cost and fast training, shown in


different fields, but not yet in PA modeling [11], [12], [13],
[14], [15]. GMDH training algorithm also has an optimizer y = a0 + a1 xi + a2 xi + a3 x2i + a4 xj + a5 x2j + a6 xi xj . (2)
process encompassed in its training process, which eliminates
neurons that are not contributing to the overall efficiency of The training process will consist in adjusting the coefficients
the model before moving to the next layer. This eliminates the of each neuron. Even though the polynomials are nonlinear,
necessity to add an external topology optimizer to the chain, its coefficients are linear and can be obtained via least squares
reducing complexity. Also, the use of polynomial operations in the training process, which is a simple method to be im-
as its activation function reduces the need for exponential and plemented computationally, specially when compared to other
logarithm operations, making it more suitable for embedded feedforward ANN training methods, such as back propagation.
systems. Finally, the use of a linear method like least squares Next, let’s understand the way the network is built during
for training proves a huge benefit over traditional ANNs which training. It is based in heuristic methods, where initially a
uses nonlinear learning and optimizing techniques. number of partial models or representations is present, with
This work addresses the effectiveness of GMDH method each individual being the combination of two inputs of the
in behavioral models for RFPAs suitable for DPD purposes, previous layer. After training each individual in a single layer,
using a proven topology and compares its accuracy and a process of selection occurs (using Mean Square Error, per
computational load against traditional ANN models. example), where each individual is evaluated and only the ones
meeting the established criteria are selected and recombined
II. G ROUP M ETHOD OF DATA H ANDLING
in pairs to form the next layer. This process of building
A. Fundamentals for GMDH partial models is repeated until a macro criteria is met, being
GMDH is a family of algorithms, also known as polynomial the total number of layers or accuracy of model. This is a
neural networks. It is considered a self-organizing technique fully automated process, hence the self organizing name. An
which aims to model multiple/input single output systems, advantage of partial models is that, instead of calculating all
based on the creation of partial models. In the original work the coefficients of the entire network at the same time, it will
of Ivakhnenko [9], the polynomials were limited to second split it into a series of polynomials like (1), each representing
degree order or lower. But, newer iterations of the method have a neuron.
introduced higher order polynomials, as well as the potential The number of neurons for a generic k-th layer Nk+1 is
to use other functions besides polynomials, taking advantage obtained by
of the way it constructs and optimizes its structure without
supervision. This results in a feed-forward network based on Nk (Nk − 1)
nonlinear transfer functions whose coefficients are linear and Nk+1 = , (3)
2
can be calculated by least squares method. The network is able
to model highly nonlinear behavior due to the introduction of a the combinatorial of selected outputs Nk of the previous layer
vast number of combinations of its inputs and neuron outputs, two by two. The process of creating new layers will stop until
generating a broad space of factors. a meeting criteria is achieved and, if two or more neurons are
First, let’s understand the premises of the neuron used in remaining in this moment, only the one with best evaluation
GMDH. The transfer function of each neuron in the traditional result will be selected as the model output.
method is The building of a model can be seen in Figure 1, showing
that layer being individually added, trained and evaluated for
m
X m X
X m m X
X m X
m its best neurons, before creating the next layer. The final
y = a0 + ai xi + aij xi xj + aijk xi xj xk , model, as seen in item 6., shows that it’s possible to have
i=1 i=1 j=1 i=1 j=1 k=1 a reduced and optimized deep network, which can be faster to
(1) update in dynamic systems due to its lower number of neurons.
known as the Kolmogorov-Gabor polynomial, where a0 is
a coefficient representing bias. ai , aij and aijk represent
the coefficients for first, second and third order polynomials,
respectively, and xi and xj represent the i-th and j-th inputs.
Each neuron of the network will be represented by (1),
with each of them being input a pair of entry values of the
system. The designer of the model can adjust the order of
the polynomials used for the method, as well as have mixed
ordered polynomials in the structure (i.e. one neuron can
achieve better results with a cubic polynomial and another
with a quadratic polynomial). For example, a neuron with a
quadratic polynomial transfer function would be represented Fig. 1. Example of GMDH training process.
by

192
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

B. Variations of GMDH Method


As the original proposed GMDH algorithm had a simple
structure and was limited only to second order polynomial,
and due to the facility to change the function in the neurons,
as well as the possibility of introducing new ways to connect
the inputs and neurons between layers, several variations can
be presented to increase model variety.
In order to increase diversity of the model and simplify its
coefficients towards late layers, it’s interesting to use multiple
orders of polynomial. For this work, it’s proposed to use:
• Linear: yL = a0 + a1 xi + a2 xj Fig. 2. Block Diagram of Network for RFPA Modeling.
• Linear Covariance: yLC = a0 + a1 xi + a2 xj + a3 xi xj
• Quadratic: yQ = a0 +a1 xi +a2 xj +a3 xi xj +a4 x2i +a5 x2j
A. GMDH Model
• Cubic: yC = yQ + a6 x3i + a7 x3j + a8 x2i xj + a9 xi x2j
Since the GMDH model builds and organizes itself based
With the model evaluating the best of the polynomials for on the data feed to it, it’s interesting to have it trained in
each neuron. Also, since there’s a possibility that some initial order to understand the best network fitted for the problem.
inputs might be lost in the initial layers, but could be necessary By using all polynomial models described in Section II for
in posterior layers, it will allow for model inputs not used to both networks proposed in the topology of Figure 2, a few
be reintroduced in new layers. interesting points of its structure can be pointed. More details
about it will be given in Section IV.
III. M ODELING AN RFPA USING N EURAL N ETWORKS It can be noted that the training of the first network, which
will predict the real part of the output values, resulted in
A complex valued input envelope x̃n can be decomposed 9 layers and total of 11 neurons with 40 parameters to be
into amplitude an and polar phase θn , according to estimated. The second network, that will predict the imaginary
part of output values, resulted with 6 layers, with 15 neurons
x̃(n) = an exp(jθn ), (4) in total and 55 parameters to be estimated. Since GMDH
proposed a structure optimizer in order to remove neurons
with its real part being Rn = an cos(θn) and imaginary part that are not contributing to the final result, a homogeneous
In = an sin(θn). number of neurons per layer is not expected. The total number
The output of an RFPA excited by a complex value input of parameters for this GMDH model will be 95.
of (4) is represented by B. Traditional MLP ANN Model
For the Multi Layered Perceptron (MLP) model, two vari-
ỹn = bn exp(jαn ). (5) ations will be evaluated, both implemented in the diagram of
Figure 2. First, a model with a single activation layer, but a
It’s important to notice that, due to all the nonlinearity bigger number of neurons in that layer, will be used. Secondly,
introduced in the signal by the RFPA, the values of θn and a network with two activation layers, but each with a reduced
αn at the same instant will be different. number of neurons in each will be used. Both networks should
As explained in Section I, in order to model a complex have similar number of neurons. Even though both will still be
valued envelope signal of an RFPA, a special topology for the of a small size, growing in deepth instead of width for feed-
network must be used, since the networks will only process forward tends to make the network have a richer structure,
real based values. The model chosen for this work is seen in even if by one layer [16].
Figure 2. The inputs will be the absolute value of the envelope, In order to achieve a similar number of parameters of the
its past M-1 values, as well as the sine and cosine of the phase GMDH model and have similar computational loads, MLP
difference of the envelope signal in the current moment and 1 will have one activation layer with 6 neurons, totaling 98
its previous moment value. parameters, while MLP 2 will have 2 activation layers, with
The outputs of the model, and therefore its targets for the first one having 4 neurons and the second one having
learning, will be real and imaginary parts of the output ỹn 3 neurons, totaling 94 parameters. Both of them will be
subtracted by the input phase. This means the targets for each using hyperbolic tangent activation functions, with the training
network will be process using MSE as its accuracy loss function, and RMSprop
• Real Network Target: bn cos(αn − θn ) as the optimization algorithm.
• Imaginary Network Target: bn sin(αn − θn ) C. Evaluation metric: NMSE
In order to reassemble the output ỹn , it’s necessary to sum Since both models have complex valued outputs, it’s inter-
the value of the input phase θn in the same time moment. esting to compare them with the Normalized Mean Squared

193
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Error (NMSE) metric. It’s described as

PN
|e(n)|2
N M SE = 10log10 PN n=1 , (6)
2
n=1 |yref (n)|

with yref (n) being the targeted value, ytest (n) being the
modeled output and e(n) = yref (n) − ytest (n) being the
difference between the target value and the model value.

IV. S IMULATION AND R ESULTS


Fig. 3. Structure for GMDH Networks after training and validation.(a)
Structure for prediction of real part. (b) Structure for prediction of imaginary
In this section, the accuracy of both MLP and GMDH part.
proposed models are compared. In order to achieve it, a Rohde
& Schwarz FSQ vector signal analyzer (VSA)was used to
measure an input-output discrete in time signal, sampled at
61.44 MHz from a GaN HEMT class AB PA, excited by a TABLE I
NMSE R ESULTS IN D B FOR THE 3 EVALUATED M ODELS FOR DIRECT
double-carrier WCDMA signal having a bandwidth of 8.84 MODELING OF A RFPA
MHz and centered at 900 MHz, for a PA average output power
Direct Modeling of a RFPA
of 26 dBm. The data used is normalized. Model Parameters NMSE
Of the 33,780 points obtained, 24,180 (71.5%) of the data is GMDH 95 -36.30 dB
used for training and validation of the models (with 70% used MLP 1 98 -33.05 dB
MLP 2 94 -34.3 dB
for training and 30% for validation of train), and 9,600 (28.5%)
was used for evaluation. Both models will have 6 input signals,
being it the absolute value of the envelope input and its past
value, as well as the sine and cosine of the phase difference In Table II, it’s presented the results for the inverse modeling
between the current and previous phase, and the previous of the PA. This is done in order to achieve a DPD model, since
and its predecessor. In order to have a fair comparison, both it’s characterized by the inverse function of the PA. For this,
models will be of similar computational complexity, having the output complex envelope of the PA will be used as the
the same number of coefficients, and will be compared by inputs of the networks, and the targets is the complex envelope
their accuracy using NMSE values, between measured and input signal.
estimated complex valued envelope outputs.
Before we show the results of the modeling, it’s interesting
to notice how the training method for the GMDH can impact TABLE II
its accuracy. If we do a 50% split between training and NMSE R ESULTS IN D B FOR THE 3 EVALUATED M ODELS FOR INVERSE
MODELING OF A RFPA
validation data for the network, it was noticed that the NMSE
was close the 1dB worse in accuracy, than when we did a 70% (Inverse Modeling of a RFPA
train and 30% validate, which proved to be the best split in Model Parameters NMSE
GMDH 95 -34.41 dB
terms of performance. As much as it is a small detail, adjusting MLP 1 98 -25.21 dB
training method for neural networks can present important MLP 2 94 -27.41 dB
improvements in model accuracy.
After training the GMDH Model, its structure for each
of the two networks described in Figure 2 can be seen in
Figure 3. The part (a) will describe the first network, which In Figure 4, we see the AM-AM and AM-PM plots for
models the real part of the output, while the (b) part will the GMDH model for the inverse PA function, in red, versus
model the imaginary part. It’s very interesting to notice the the measured data, in blue. It can be seen that the model
differences in each network structure, showing how the model has achieved a good accuracy in tracking both the nonlinear
will organize its shape according to the data it’s fit into. Also, characteristic of the inverse PA model, as well as the memory
even though both models are deep, their number of neurons effects (seen in the spread of the data along the Y axis).
are still short, while still contributing to a big combination In Figures 5 and 6, we see the AM-AM and AM-PM plots
pool as the network grows deeper. for MLP model 1 and model 2, respectively. It’s possible to
In Table I, it’s presented the results for the direct modeling notice that on the top 40% of input amplitude, the output is not
of the PA. That is, when the actual PA is modeled, having its as accurate modeled as it’s seen in GMDH model of Figure
input envelope signal used as the input of the networks, and 3. Specially, the memory effects present in this range are not
targeting its output envelope signal. as detailed for both of the traditional MLP models.

194
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

again, the deeper MLP 2 performed better the the wider MLP
1. This not only shows that a GMDH model can be used as
a mathematical model of a DPD used to linearize a RFPA,
but it can be a desired candidate over traditional MLP ANN.
The training process for GMDH is also simpler and less
resource-intensive then the process used for ANNs (which
was the backpropagation algorithm in this work), making it
an interesting advantage when doing HW implementation of
the DPD. This will be the subject of future works, where the
performance of GMDH will be measured when implementing
this model as a DPD in a FPGA system.
Fig. 4. AM-AM and AM-PM for GMDH model versus the Measured Data. ACKNOWLEDGMENT
The authors would like to acknowledge the financial support
provided by National Council for Scientific and Technological
Development (CNPq).
R EFERENCES
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MLP ANN, on a similar level of computational complexity. forecasting in cloud computing”, Applied Soft Computing Journal, 2019.
When directly modeling the RFPA, GMDH was between 2 [13] Sattari, M.A., Roshani, G.H., Hanus, R., Improving the structure of two-
phase flow meter using feature extraction and GMDH neural network,
and 3 dBs better then traditional ANNs models. As it was said Radiation Physics and Chemistry, 2020.
in previous sections, MLP 2 showed a 1.25 dB better NMSE [14] L. Lin, S. Li, S. Sun, Y. Yuan and M. Yang, ”A novel efficient
then MLP 1, showing that even with only two hidden layers, model for gas compressibility factor based on GMDH network”. Flow
Measurement and Instrumentation, Vol. 71, 2020.
deeper networks tend to be more accurate then wider networks [15] M. Dorn, A.L.S. Braga, C.H. Llanos and L.S. Coelho, ”A GMDH
(in this case MLP 1). polynomial neural network-based method to predict approximate three-
The improvements for GMDH were more substantial when dimensional structures of polypeptides”. Expert Systems with Applica-
tions, Vol. 39, 2012
doing the inverse function modeling of the RFPA, significantly [16] R. Eldan and O. Shamir, ”The Power of Depth for Feedforward Neural
reducing the modeling error by over 9 dB. Also, in this case Networks”. Conference on Learning Theory, 2015.

195
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A new technique to cancel additional phase shifts of


two-port resonant devices

L.M. da Silva1, H.V.H. Silva Filho, P.H.B. Cavalcanti Filho, M.T. de Melo
Electronics and Systems Department
Federal University of Pernambuco
Recife, Brazil
1
leomoraisilva@gmail.com

Abstract—This paper proposes a new way to obtain and cancel defined as the difference between the initial scattering
additional phases shifts that derive from non-ideal effects, and are parameters and those obtained from the extracted coupling
added to the S-parameters of coupled resonant structures. For this matrix. In reference [5] the additional phase is found through the
purpose, it is defined an error function whose minimization leads exhaustive solution of a least squares problem. Reference [1]
to finding the additional phases. This way, the phase corrected S- makes an estimate for the additional phase by adjusting the curve
parameters can be used to obtain a valid rational model for the for the group delay at frequency points distant from the central
structure response and extract its coupling matrix for purposes of frequency of the filter. Finally, reference [6] obtains a precise
computer-aided-tuning. This method is applicable to lossy or value for the additional phase by obtaining a high order model
lossless networks of two ports composed of coupled resonators
using vector fitting (VF) and taking the poles and zeros located
such as microwave filters. In addition, it is free of limiting elements
far from the origin. The big problem in [2]-[4] is that there is an
inherent to the other solutions already existing in the literature
and has the advantage of not requiring S parameters in a
inversion of the extracted coupling matrix embedded in its
frequency range much higher than the filter band. Examples operations. Such issue make difficult its convergence for low-
including simulations of microwaves passband filters are given in order filters and make the method unfeasible in cases of high-
order to demonstrate the functionality of the new technique. order filters. Regarding to [1], [5] and [6], the issue is that the S-
parameters are required with spam ranging from 3-6 times the
Keywords—Coupling matrix, Computer-aided tuning; filters; filter bandwidth. To overcome these issues, in this article, we
rational aproximations; propose a new method based on minimizing a function, but
without the need for matrix inversion operations. This way, it
I. INTRODUCTION was possible to establish a new technique for obtaining the
additional phases without the need of large frequency spam for
The coupling matrix is a mathematical model that can be the S-parameters. In addition, this technique can be applicable
used to describe microwave filters in an elegant and convenient to high-order filters.
way. Through this model, the work of analyzing and
synthesizing coupled resonators filters becomes simplified since
the relationship between each element of the matrix with the II. THEORY
filter physical elements becomes more visible. The coupling
matrix can also be applied to tuning filters in a process called A. Defining the error function
computer-aided tuning (CAT). In general, this process consists The method proposed in this work is outlined in the diagram
of extracting the coupling matrix from the filter's frequency in Fig. 1.
response and then comparing it with the ideal matrix in order to
indicate which elements of the filter need physical adjustment.
A crucial step for the extraction of the coupling matrix is to
obtain a rational model of the Y-parameters from the filter
frequency response. However, in order to obtain a correct
rational model, it is necessary to make a phase adjustment of the
S-parameters before converting to the Y-parameters. As
observed in [1], this adjustment is needed due to the existence of
two non-ideal effects: 1) a section of transmission line
connecting to the ports of the microwave device, which
contributes a frequency dependent phase shift; and 2) a constant
phase loading, caused by the higher order modes at the vicinity
of I/O coupling structures, which add a frequency independent
Fig. 1 - Block diagram of the proposed method
phase shift. Obtaining it is the great challenge behind the
extraction of the coupling matrix. Thus, in the literature some
Regarding to Fig. 1, the error is defined as a function of the
methodologies can be applied to solve the problem. In references
parameter γ, which represents the additional phase that must be
[2]-[4] the additional phase is obtained by minimizing a function

196
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

introduced in the S-parameters in order to eliminate the non- From the expression (1) it is possible to see that from the
ideal effects already mentioned. In the case of networks with point of view of the source and load, a filter with order N should
two ports, it is possible to establish that γ is a two elements appear to have order N + m, with m≥1, whenever θ0i ≠ 0. Also,
vector given by [γ1 γ2], such that γi= j(φ0i + θ0i f / fc) where φ0i when φ0i ≠ 0 there will be an error since rational models of filters
and θ0i are constants to be determined and fc and f are, always produce null phase for Sii when ω → ∞ [1]. In this way,
respectively, the filters central operating frequency and the it is evident that the non-removal of φ0i and θ0i of the S
passband frequency variable. It should be noted that in the parameters leads us to obtaining incorrect rational models.
present case, φ0i and θ0i, respectively represents an independent Hence, the idea behind this method is to find the values of φ0i
and a dependent frequency phase shift that are proposedly added and θ0i (with: i = 1, 2) so that (5) is minimized. When this
in the filter S-parameters in order to cancel the non-ideal effects. happens, it means that the order of the S-parameters is reduced
to its true value, making it possible to obtain a correct rational
The phase corrected S-parameters (S’) is given by:
model of the filter.

B. Minimizing the error function


[𝑺′ ] = [𝒆𝛄 ][𝑺][𝒆𝛄 ] (1)
In order to minimize the error function and consequently find
where the values of φ0i and θ0i, one can use some optimization tool
−γ1 such as Genetic Algorithm (GA) or Nelder-Mead Simplex
[𝒆𝛄 ] = [𝑒 0
]. (2) Algorithm. The data set to be used for the optimization, i.e. the
0 𝑒 −γ2
frequency range of the input S-parameters, can be defined as that
range of sampled Y-parameters is such that it encompasses all
After this step, S’ is converted into Y-parameters. Thus, peaks in the Y22 and Y21 responses, without being unnecessarily
using vector fitting (VF) [7], the rational model shown in (3) large. For example, good results can be obtained using the range
must be extracted for Y21 and Y22 where Ω is the low pass shown in Fig. 2 where the lower interval frequency, fmin, is such
normalized frequency variable and N is filter order. that the inclination of abs(Y22 (fmin)) or abs(Y21 (fmin)) is equal to
10 °, and the upper interval frequency, fmax, is such that the
inclination of abs(Y22 (fmin)) or abs(Y21 (fmin)) is equal to 170 °.
𝑁
1 𝑦21𝑛 𝐾 1 𝑟
[𝒀] = [𝑦 ] = [ ] + ∑ [𝑟21𝑘 ]. (3)
𝑦𝑑 22𝑛 0 Ω − 𝑝𝑘 22𝑘
𝑘=1 30
Inclination=10° Inclination=170°
25
With the residues r21k, r22k , it is possible to obtain the Y21
fp1
absoute valor

residues of the expansion of parameters Y11 using (4), which may 20 fpn Y22
be easily derived from the model introduced by Cameron [8, pp. fmin
272-273]. 15 fmax
𝑟21𝑘 2 10
𝑟11𝑘 = . (4) f1 fend
𝑟22𝑘
5

0
Finally, we define the error function f (γ), by expression (5)
2,5 2,6 2,7 2,8
Frequency (GHz)
𝑵𝒑 Fig. 2 Generic Y21 and Y22 responses

𝑓(𝛄) = ∑|(|𝑌11 (Ω𝑖 )| − |𝑌11𝑜𝑢𝑡 (Ω𝑖 )|)| (5)


Regarding to Fig.2 , it is possible to see that fmin∈ [f1 fp1] and
𝒊=𝟏 fmax∈ [fpn fend] where f1 and fend, are, respectively, the minimum
where and maximum frequency points of the input data set, and fp1 and
fpn are, respectively, the first and last frequency point at which
abs (Y22) or abs(Y21) is a peak. Choosing the frequency range in
𝑁 this way, at the same time, ensures that all poles of the Y-
𝑟11𝑘 parameters are used for the rationalization process, and the
𝑌11𝑜𝑢𝑡 (Ω) = ∑ . (6)
𝑘=1
Ω − 𝑝𝑘 frequency range is not unnecessarily large.
Finally, a criteria to ensure convergence of the minimization
process is that f(γ)≤ error, where error=𝛿 × ∑𝑖|𝑌11 (Ω𝑖 )| with
Regarding to (5), |x| is the absolute value of “x”, and Np is the index "i" sweeping the totality of points provided in the
the number of simulated points. In addition, Y11 is the admittance simulation and δ equal to a small value, such as 0.02 (error of
parameter obtained from the transformation S → Y and Y11out is 2%).
obtained using (6).

197
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

III. EXAMPLES From the extracted rational model, it was possible to obtain
In this section we give three examples in order to the folded N+2 coupling matrix by using the formulation in [8,
demonstrate the operability of the proposed method for pp. 261-275]. Thus, the filter’s coupling matrix as well as its
determine and eliminate the extra phase delay that exists in the external quality factors [10] could also be obtained. They are
S-parameters of a filter. summarized in Table I, where the suffix “ex” indicates
“extracted parameters” and the suffix “id” means “ideal
A. Ordinary lossless open-loop filter parameters”.
As a first example, an ordinary fourth-order open-loop filter 250
with two finite transmission zeros was designed in order to have 200
f0 = 2.655GHz, FBW = 2.6461% and RLmax = -20dB on a 150

Phase (Degree)
microstrip board with Er = 2.94, d = 1.524mm and tan (δ) = 0. 100
Its geometry, as well as its S-parameters obtained by use of a 50
full-wave EM simulation tool, are shown in Fig. 3, where a = 0
11.7 mm, w = 1.5 mm, wLT = 1,0mm, t1 = t2 = 1.4mm, g1 = g4 = -50 S21ext
1.5mm, g2 = g3 = 1.3mm, d12 = d34 = 3.3mm, d23 = 3.8mm, d14 -100 S21
= 3,9mm. -150 S11ext
-200 S11
-250
2,4 2,5 2,6 2,7 2,8
Frequency (GHz)
Fig. 5 S-parameters phase response for lossless ordinary open-loop filter.

TABLE. I COUPLING MATRIX AND EXTERNAL QUALITY FACTORS

Mij j=1 j=2 j=3 j=4


0,0019 (ex) 0,0193(ex) 0,0000(ex) -0,0064(ex)
i=1
0,0000 (id) 0,0184(id) 0,0000(id) -0,0065 (id)
0,0193(ex) 0,0005(ex) 0,0182(ex) 0,0004(ex)
i=2
0,0184 (id) 0,0000(id) 0,0180(id) 0,0000 (id)
Fig. 3 Fourth order filter layout 0,0000(ex) 0,0182(ex) 0,0008(ex) 0,0192(ex)
i=3
0,0000 (id) 0,0180(id) 0,0000(id) 0,0184 (id)
Considering the filter having: φ01 = φ02 and θ01 = θ02 (i.e. -0,0064(ex) 0,0004(ex) 0,0192(ex) 0,0021(ex)
symmetrical feed lines), when applying the methodology i=4
-0,0065 (id) 0,0000(id) 0,0184(id) 0,0000 (id)
proposed in this work, by using the Nelder-Mead Simplex 40.7121(ex) 40.7121(ex)
algorithm [9], it was possible to quickly find φ0i = -93.6159 ° Q1 Q2
43,7490(id) 43,7490(id)
and θ0i = -100.4122 ° so that f (γ) = 0.44 with fmin = 2.602GHz
and fmax = 2.698GHz using 49 frequency samples points. Thus, As can be observed in Table I, the coupling matrix and the
we plot in Fig. 4 and Fig. 5 the response obtained using the quality factors obtained from the rational model extracted from
extracted rational model versus the original simulated curve, the filter response are similar to their ideal values, as expected.
where it is possible to observe that exists very good agreement In addition, it is interesting to notice that, from the extracted
between the responses. coupling matrix, it is still possible to identify the existence of
different types of coupling, since Hong [10, pp. 265, 266]
10 demonstrated that electrical and magnetic couplings have
0 opposite signs for open loop coupled resonators.
Absolute Value (dB)

S21ext
-10
S11ext
-20 S21 B. Ordinary lossy open-loop filter
-30 S11 In this example, the same model shown in Example A is
-40 used, however with the dielectric having tan losses (δ) = 0.0024.
Thus, when applying the methodology proposed in this work, it
-50
was possible to find φ0i = -73.8686 ° and θ0i = -120.3243 ° so
-60 that f (γ) = 0.87 with fmin = 2.594GHz and fmax = 2.72GHz using
-70 64 frequency samples points. Again, in Fig. 6, and Fig. 7 it is
2,40 2,50 2,60 2,70 2,80 possible to observe a good agreement between the responses
Frequency (GHz) obtained using the extracted rational model and the original
Fig. 4 S-parameters absolute values for lossless ordinary open-loop filter. filter response.

198
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

0 C. Non-tuned ordinary lossless open-loop filter


S21ext In this example, the capacity of the method is checked even
when the S-parameters are from a non-tuned filter. In this case,
Absolute Value (dB)

-10 S11ext
S21 the filter (Fig.8), which has 6 poles and four transmission zeros,
-20
S11
is initially designed to have f0 = 2.45 GHz, FBW = 4.0825%
and RLmax = -30dB. Its implementation was carried out in
-30 microstrip with the same characteristics as in Example A, where
a = 7.7mm, w = 1.0mm, wLT = 0.7mm, t1 = t2 = 1.1mm, g1 = g2
-40 = g3 = g4 = g5 = g6 = 0.7mm, d12 = d56 = 0.8mm, d23 = d45 =
1.1mm, d34 = 1.3mm, d25 = 2.0mm and d16 = 1.2mm.
-50
2,40 2,50 2,60 2,70 2,80
Frequency (GHz)
Fig. 6 S-parameters absolute values for lossy ordinary open-loop filter.

250
200
150
Phase (degree)

100
50
0
-50
S11ext
-100 S11
-150 S21ext
-200 S21
-250
2,40 2,50 2,60 2,70 2,80
Frequency (GHz) Fig. 8 Non-tuned lossless sixth-order filter layout
Fig. 7 S-parameters phase response for lossy ordinary open-loop filter.

Making the same considerations and following the same


The coupling matrix as well as the external quality factors procedure of Examples A and B, it was possible to find φ0i = -
for this case are given in Table II, where it is possible to observe 23.0911 ° and θ0i = -133.5145 ° so that f (γ) = 1.33 with fmim =
that complex elements are now added to the main diagonal. As 2.318GHz and fmax = 2.484GHz using 84 frequency samples
previously shown in [7], these elements are due to the existence points. In Fig. 9 and Fig. 10 the response, obtained using the
of losses. From them it is possible to calculate the unloaded extracted rational model versus the original simulated response,
quality factors of the filter’s resonators. Another notable fact is is plotted.
that, there is no significant change in the value of the real part
of Mij when comparing to Example A. This fact indicates that
10
the losses have little influence on the self and mutual couplings
between the resonators. 0
Absolute Value (dB)

-10
TABLE. II EXTRACTED COUPLING MATRIX AND EXTERNAL
QUALITY FACTORS. -20
-30
Mij j=1 j=2 j=3 j=4 S21ext
-40 S11ext
0,0018-
i=1 0,0193 0,0000 -0,0064 -50 S21
j0,0020
0,0005- -60 S11
i=2 0,0193 0,0182 0,0004
j0,0020 -70
0,0008- 2,15 2,35 2,55 2,75
i=3 0,0000 0,0182 0,0193
j0,0020 Frequency (GHz)
0,0020- Fig. 9 S-parameters absolute values for non-tuned, ordinary lossless open-
i=4 -0,0064 0,0004 0,0193 loop filter
j0,0020
Q1 40.5888 Q2 40.4353

199
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250 1.8 times bigger than the filter bandwidth. To achieve a similar
200 result, references [1], [5] and [6] need that this value be 3-6.
150 In addition, when compared to the references [2]-[4], the
proposed method presents better simplicity and performance,
Phase (degree)

100
50 since in [2]-[4] the number of operations is bigger and also
0 includes the inversion of the extracted coupling matrix in order
-50 S11ext to obtain an error function to be minimized. Such
-100 S11 characteristics, that hinders the minimization process even for
-150 S21 low order filers, can easily make the method unfeasible in case
-200 S21ext of high order filters. This problem does not occurs with the
-250 solution proposed in this work. Finally, it should be mentioned
2,15 2,35 2,55 2,75 that, although the proposed method presents good results in its
Frequency (GHz) objective (including in the case of presence of loss), it can only
Fig. 10 S-parameters phase response for non-tuned, ordinary lossless open- be applicable to two-port devices.
loop filter .
As occurred in Examples A and B, in the present case, we V. CONCLUSION
again observe a good agreement between the responses,
The method proposed in this work can be applied in two-
indicating that the extracted rational model is correct. The
coupling matrix as well as the external quality factors for this port devices in situations where the available S-parameters have
case are given in Table III, where the suffix “ex” indicates a narrow range of values, or when the operational cost of
extracted parameters, the suffix “id” means ideal parameters, obtaining a larger range may not be tolerated. For example, in
and 0,0001 must be multiplied to the coupling matrix elements. filter tuning applications based on the extraction of coupling
matrices from simulations, an increase in the simulation
Still Regarding Table III, it is possible to observe that, frequency range may cause a considerable increase in the tuning
although the coupling matrix and external quality factors are time, since in this way, the simulations will take longer. Thus,
significantly different from their ideal values (as expected for the proposed method may be more suitable than [1], [5] and [6]
non-tuned cases), the coupling matrix is, within a small margin in similar situations. In addition, the proposed method
of error, symmetric in relation to the secondary diagonal. This
overcomes convergence issues in [2]-[4], since it does not
fact is expected since the structure in Fig. 8 is symmetrical with
respect to the feed lines. involve any matrix inversion operations and make use of less
math operation. Finally, it was possible to verify that the
TABLE. III EXTRACTED COUPLING MATRIX AND EXTERNAL method works even when there are losses, showing good
QUALITY FACTORS
results.
Mij i=1 i=2 i=3 i=4 i=5 i=6
523(ex) 436(ex) 0(ex) 0(ex) 0(ex) -131(ex) REFERENCES
j=1
0(id) 359(id) 0(id) 0(id) 0(id) -25(id) [1] M. Meng e K. L. Wu, “An Analytical Approach to Computer-Aided
436(ex) 457(ex) 302(ex) 0(ex) 190(ex) 47(ex) Diagnosis and Tuning of Lossy Microwave Coupled Resonator Filters,”
j=2
359(id) 0(id) 214(id) 0(id) 110(id) 0(id)
IEEE Transactions On Microwave Theory And Techniques, vol. 57, nº
0(ex) 302(ex) 471(ex) -92(ex) 48(ex) 0(ex)
j=3
0(id) 214(id) 0(id) -296(id) 0(id) 0(id) 12, pp. 3188-3195, 2009.
0(ex) 0(ex) -92(ex) 464(ex) 304(ex) 0(ex) [2] R. Wang e J. Xu, “Extracting Coupling Matrix And Unload Q From
j=4 Scattering Parameters Of Lossy Filters,” Progress In Electromagnetics
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0(ex) 190(ex) 48(ex) 304(ex) 412(ex) 433(ex) Research, vol. 115, pp. 303-315, 2011.
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0(id) 110(id) 0(id) 214(id) 0(id) 359(id) [3] R. Wang, L. Zhong, L. Peng, X. Qiang e X. Zhong, “Diagnosis of Coupled
-131(ex) 47(ex) 0(ex) 0(ex) 433(ex) 526(ex) Resonator Bandpass Filters Using VF and Optimization Method,”
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-25(id) 0(id) 0(id) 0(id) 359(id) 0(id) Progress In Electromagnetics Research M, vol. 51, pp. 195-203, 2016.
26.4049(ex) 26.3742(ex) [4] R. Wang e J. Xu, “Computer-Aided Diagnosis of Lossy Microwave
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[5] F. Seyfert, L. Baratchart, J. P. Mannorat, S. Bila e J. Sombrin, “Extraction
of coupling parameters for microwave filters: Determination of a stable
IV. COMMENTS
rational model from scattering data,” IEEE MTT-S International
As it was possible to observe in the previous examples, the Microwave Symposium Digest, pp. 25-28, June 2003.
methodology proposed in this work for obtaining and cancel the [6] P. Z. “Phase De-Embedding of Narrowband Coupled-Resonator
Networks by Vector Fitting,” IEEE Transactions On Microwave Theory
additional phase shift in the S-parameters, has direct application And Techniques, 2018.
in the extraction of the coupling matrix of two-port resonant [7] C.-K. Liao, C.-Y. Chang e J. Lin, “A Vector-Fitting Formulation for
filters. When compared to existing methodologies in the Parameter Extraction of Lossy Microwave Filters,” IEEE Micorwave and
literature, we observe that the proposed method offers greater Wireless Components Letters, vol. 17, nº 4, pp. 277-279, 2007.
[8] R. J. Cameron, C. M. Kudsia e R. R. Mansour, Microwave Filters for
flexibility as will be justified. For example, unlike the methods Communication Systems Fundamentals, Design and Applications, 2ª ed.,
given in references [1], [5] and [6], the proposed method does Wiley, 2018.
not require S-parameters with a wide range. This fact may be [9] M. B. Nelder-Mead User’s Manual, Consortium Scilab - Digiteo, 2010.
observed in Examples A,B and C, where in the worst case [10] J. S. Hong e M. J. Lancaster, Microstrip filters for RF/Microwave
applications, New York: John Wiley & Sons, Inc, 2001.
(Example B), the frequency range of the S-parameters is only

200
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Filtro em Guia de Onda para Sistemas de Medição


Instantânea de Frequências

C. P. do N. Silva J. A. I. Araujo
Departamento de Eletrônica e Sistemas Departamento de Eletrônica e Sistemas
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal de Pernambuco
Recife, Brasil Recife, Brasil
crislanepns@gmail.com jorgeantonio1@me.com

M. T. de Melo
Ignacio Llamas-Garro Departamento de Eletrônica e Sistemas
Centre Tecnològic de Telecomunicacions de Catalunya Universidade Federal de Pernambuco
(CTTC/CERCA), Barcelona, Spain. Recife, Brasil
ignacio.llamas@cttc.es marcostdemelo@gmail.com

Resumo—Um novo design de filtro para sistemas de medição onde um microcontrolador é utilizado como filtro e em [5] onde
instantânea de frequências é apresentado neste trabalho. Os filtros o processo de filtragem se baseia no conceito fractal.
são compostos por cavidades ressoadores conectados ao guia de
onda por meio de íris. Cada cavidade ressoa em uma frequência Neste trabalho, é proposta uma nova configuração 3D para
distinta que combinadas formam a resposta em frequência um filtro de sistemas IFM. Os filtros propostos funcionam em
desejada para o sistema IFM. O sistema proposto é de dois bits e um intervalo de frequência entre 14,96 GHz e 15,13 GHz e
apresenta quatro sub-bandas na faixa de 14,96 GHz a 15,13 GHz. podem identificar até quatro intervalos de frequências
A modelagem e a simulação das estruturas proposta foram desconhecidas. Os filtros são compostos por três cavidades
realizadas através de um software de simulação eletromagnética ressonantes conectadas ao um guia de onda através de uma íris.
3D, e suas respostas em frequências são aqui obtidas e comentadas. Cada cavidade ressoa em uma frequência distinta que é
facilmente obtida variando o comprimento da cavidade. Quando
Keywords—Guia de onda; cavidade ressonante; filtro; IFM. as três cavidades são colocadas a uma distância em que não haja
interferência eletromagnética entre elas, a resposta em
I. INTRODUÇÃO frequência do filtro para o sistema IFM pode ser alcançada. Pelo
Sistemas de medição instantânea de frequências (do inglês, conhecimento do autor, não existe tal configuração de filtros
Instantaneous Frequency Measurement – IFM) são sistemas para aplicações em sistema IFM.
utilizados para determinar frequências desconhecidas, de forma
instantânea, em uma determinada faixa de frequências para o II. SISTEMA IFM
qual foi projetado, sem a necessidade de varredura de espectro. Um sistema IFM de micro-ondas tradicional é composto por
São amplamente utilizados em guerra eletrônica, radares, um amplificador limitador, divisor de potência, interferômetros,
sistemas de inteligência eletrônica, monitoramento da saúde, filtros, detectores e conversor analógico-digital [6]. Na Fig. 1 se
determinação de propriedades químicas, entre outras aplicações encontra a representação em diagrama de blocos de um sistema
[1]. IFM clássico para dois bits. Nela, um sinal desconhecido é
Nos últimos 50 anos, os sistemas IFM têm passado por uma percebido na sua entrada e após passar por todos os estágios, o
série de aprimoramentos, passando a ser capazes de medir sinal digital resulta em sua saída.
amplitude, largura de pulso, tempo de chegada, direção e
distância da fonte emissora para sinais RF (Rádio Frequência)
pulsados e CW (Continuous Wave). O surgimento de circuitos
com clocks na ordem de GHz, de conversores analógicos-
digitais (A/D) e da tecnologia de amostragem possibilitaram
também o uso de técnicas digitais para a identificação de
frequências [2]. Os sistemas IFM tradicionais apresentam vários
componentes, dentre eles os filtros, com o objetivo de definir a
sub-banda de frequência em que o sinal de entrada se encontra Fig. 1. Sistema IFM clássico [6].
[3]. Uma diversidade de filtros para uso em sistemas IFM foram
apresentados na literatura, como é possível verificar em [4],

201
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

O primeiro elemento do sistema é o amplificador limitador frequência de ressonância pode ser determinada pelo
que proporciona um ganho alto do sinal na banda de operação comprimento dr e tem uma relação quase linear e inversamente
do sistema, o que aumenta a sensibilidade do receptor, e proporcional a esta como mostra a Fig. 5. A altura da cavidade
minimiza a entrada de sinais com frequências diferentes (h) e di também influenciam na frequência de ressonância como
daquelas do projeto do dispositivo. O próximo elemento é o mostra a Fig. 6. Quanto maior di, menor a frequência de
divisor de potência, que tem a função de dividir o sinal em suas ressonância. Quanto maior h, maior a frequência de ressonância.
duas saídas balanceadas. No entanto, aqui, para se configurar a frequência de cada
ressoador, h é deixado fixo em 6 mm, e di, em 8 mm. Assim a
O seguinte estágio proporciona a função matemática de frequência de ressonância é apenas definida pelo comprimento
dividir a entrada RF em dois caminhos diferentes. Cada filtro do ressoador (dr).
irá gerar um bit de uma palavra binária como saída B. Filtros para o sistema IFM
correspondente a uma determinada sub-banda de frequência. Os O sistema IFM de 2 bits aqui proposto é projetado para
detectores realizam a detecção quadrática desses sinais. Nessa funcionar entre 14,96 e 15,12 GHz, identificando sinais com
etapa, o sistema fornece um valor de tensão DC aos frequências que estão contidas em quatro sub-bandas distintas
amplificadores e seguidamente aos conversores A/D, na ordem com largura de 40 MHz. Para se alcançar a resposta em
de mV, em função da potência do sinal periódico vindo dos frequência semelhante a da Fig. 2, dois filtros são projetados. Os
filtros. filtros são constituídos de um guia de onda de 80 mm de
comprimento e três ressoadores.
O último estágio corresponde ao conversor A/D, onde
ocorre a comparação dos níveis de tensão proveniente dos
detectores com um nível de referência Nref, no qual apresentará
o nível lógico “0” quando a tensão do detector ficar abaixo
desse valor de referência Nref e apresentará o nível lógico “1” BIT 1
quando o valor de tensão ficar acima de Nref. Na prática esses
valores de referência não precisam ser iguais [7]. No processo
da conversão digital, vários tipos de filtros são colocados em
paralelo e o valor de Nref determinado. Cada filtro será
responsável por um bit na saída, ou seja, um sistema de N bits, BIT 0
ou N filtros, é capaz de identificar 2N sub-bandas.

Na Fig. 2 podem ser vistas as respostas características de um


sistema IFM de 2 bits. O sistema é dividido em sub-bandas, as
quais são atribuídas os bits 0 ou 1 de acordo com o nível de
referência escolhido. Bit 0 corresponde ao bit menos 𝑓0 𝑓1 𝑓2 𝑓3 𝑓4
significativo e o Bit 1, o mais. Por exemplo, quando o sistema
fornece saída igual a 01, o sinal de entrada se encontra na
1 0 0 1 BIT 1
segunda sub-banda do sistema.

III. FILTROS EM GUIA DE ONDAS PARA O SISTEMA IFM 1 1 0 0 BIT 0

O projeto de dois filtros em guia de onda para um sistema


1 2 3 4 Sub-banda
IFM de 2 bits é aqui proposto. Os filtros em guia de onda
apresentados são baseados nos filtros em microfita de [8].
Cavidades ressonantes retangulares são conectadas a um guia de Fig. 2. Resposta característica do sistema IFM de 2 bits.
onda através de uma íris. Cada cavidade retangular ressoa em
uma frequência de ressonância distinta. Um conjunto de
cavidades são projetadas para que o filtro tenha um resposta em
Cavidade
frequência de acordo com o esperado na Fig. 2. Um software de dr ressonante
simulação eletromagnética de onda completa foi utilizado para
realizar as simulações. Porta 2
h
A. Cavidade ressonante
O filtro mostrado na Fig. 3 é composto de um guia de onda
e uma cavidade ressonante. A cavidade é conectada ao guia por di
Íris
uma íris de 1 mm de espessura, di de largura e dr de
comprimento. O filtro é um rejeita faixa com banda passante b
Porta 1
relativamente estreita. A Fig. 4 mostra a resposta típica em
frequência do filtro com um ressoador para três dr diferentes. O a
filtro apresenta uma largura de banda na frequência de
ressonância em torno de 0,4% (para di = 8 mm e h = 6 mm). A Fig. 3. Filtro com apenas uma cavidade ressonante; a = 15,8 mm, b = 7,9 mm.

202
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Os ressoadores do primeiro filtro, cuja saída digital


corresponde ao BIT 0 (Fig. 2), foram projetados para ressoar nas
frequências 15,04 (f1), 15,08 (f2) e 15,12 (f3) GHz como pode ser
visto na Fig. 8. Os ressoadores do segundo filtro, cuja saída
digital corresponde ao BIT 1 (Fig. 2), foram projetados para
ressoar nas frequências 15,00 (f1), 15,04 (f2) e 15,08 (f3) GHz
como pode ser visto na Fig. 9. A Tabela 1 mostra os
comprimentos dos ressoadores para se obter as frequências de
ressonância desejadas.
Quando os ressoadores são colocados juntos numa mesma
linha de transmissão, eles interferem na frequência de
ressonância um do outro. Simulações são realizadas para se
escolher a distância em que os ressoadores juntos tenham a
mesma frequência quando separados. As distâncias ótimas (di,j)
entre os ressoadores i e j são apresentadas na Fig. 7, onde d1,2 =
41 mm, d1,3 = 18 mm e d2,3 = 23 mm. A resposta em frequência Fig. 6. Variação da frequência de ressonância com di (dr = 14 mm, h = 6 mm)
e h (dr = 14 mm, di = 8 mm).
resultante dos três ressoadores juntos para o filtro do BIT 0 e 1
são mostradas também nas Fig. 8 e 9, respectivamente. Observa-
𝑑𝑟2
se que a banda total de cada filtro é praticamente a soma das
bandas de cada ressoador em separado. Mais ressoadores podem 𝑑𝑟1
ser adicionados, caso se queira uma banda maior e o guia de
onda deve ser grande o suficiente para suportá-los.

𝑑𝑟3

Fig. 7. Filtro em guia de onda com três cavidades ressonantes.

Fig. 4. Resultados de simulação de um guia de onda conectado a uma cavidade


ressonante quando dr é variado; di = 8 mm e h = 6 mm.

Fig. 8. Resultados de simulação do filtro para o BIT 0 (linha sólida) e das


cavidades ressonantes.

A Fig. 10 mostra o resultado de simulação dos filtros para o


BIT 0 e 1. A Tabela 2 mostra as palavras binárias geradas
quando o nível de referência de -10 dB é escolhido para ambos
os filtros. Após o estágio de conversão A/D, para |S21| abaixo
de -10 dB, os filtros fornecem o bit 0, e para |S21| acima de -10
dB, os filtros fornecem o bit 1. O sistema consegue identificar
sinais em quatro sub-bandas distintas com largura média de 44
Fig. 5. Resultados de simulação da variação da frequência de ressonância com MHz. Apesar dos ressoadores terem uma largura de banda
dr ; di = 8 mm e h = 6 mm. estreita, não é possível realizar uma transição tão abrupta na
prática como a da resposta ideal da Fig. 2.

203
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Nref

Fig. 9. Resultados de simulação do filtro para o BIT 1 (linha sólida) e das Fig. 10. Resultados de simulação do filtro para o BIT 0 e 1 para compor um
cavidades ressonantes. IFM de 2 bits.

IV. CONCLUSÃO
TABLE I. CARACTERÍSTICAS DOS RESSOADORES DOS FILTROS. O projeto de filtros utilizando cavidades ressonantes
retangulares para um sistema IFM de 2 bits é aqui proposto. A
Frequência de ressonância (GHz) dri (mm) cavidade ressonante apresenta uma banda de rejeição estreita e
f1 = 15,04 13,9118 sua frequência de ressonância pode ser determinada pelo o
comprimento do ressoador. Três ressoadores são utilizados no
BIT 0

f2 = 15,08 13,8483
f3 = 15,12 13,7679
projeto de cada filtro. Resultados de simulação mostram que os
filtros podem ser utilizados para o projeto de um IFM de 2 bits,
f1 = 15,00 13,9950
identificando sinais em quatro sub-bandas distintas entre 14,96
BIT 1

f2 = 15,04 13,9118
a 15,129 GHz sem ambiguidade. A mesma técnica pode ser
f3 = 15,08 13,8483 utilizada para o projeto de um IFM com N bits, e algoritmos de
otimização podem ser utilizados para se alocar as frequências de
Assim, as larguras das sub-bandas de frequências são ressonância e obter sub-bandas com larguras iguais dado certo
diferentes daquelas escolhidas no projeto. No entanto, é possível nível de referência.
identificar o sinal com frequência desconhecida entre 14,952 e AGRADECIMENTOS
15,129 GHz sem ambiguidade. Melhores respostas podem ser
obtidas, usando-se algoritmos de otimização. MICINN, Espanha, concessão RTI2018-099841-B-I00.
Gencat, Espanha, concessão 2017 SGR 891 e da CAPES PDSE
Essa mesma técnica pode ser utilizada para o projeto de um 47/2017.
IFM de N bits. Em resumo, pode-se descrever as seguintes
etapas do projeto de um IFM de N bits com ressoadores de guia REFERÊNCIAS
de ondas: 1) Definir a frequência de operação do sistema e [1] I. Llamas-Garro, M. T. de Melo, and J.-M. Kim, “Frequency
quantidade de bits; 2) Determinar o número de ressoadores e a Measurement Technology”, Norwood, MA, USA: Artech House, 2017.
frequência de cada um; 3) Determinar dr e 4) Determinar as [2] P. W. East, “Fifty years of instantaneous frequency measurement,” IET
distâncias entre os ressoadores para não afetar suas respostas Radar Sonar Navig., vol. 6, p. 112 –122, 2012.
[3] G. J. Pinheiro. “Sistema de medição de frequência instantânea de 4 bits
individuais. Uma desvantagem de se usar linhas de transmissão baseado em superfícies seletivas em frequência”, MS thesis, Universidade
e ressoadores em guia de ondas para o projeto de IFM é o Federal de Pernambuco, 2018.
tamanho do dispositivo para baixas frequências. Contudo, com [4] E. M. F. de Oliveira, M. R. T. de Oliveira, M. T. de Melo, T. L. Pedrosa;
a evolução da impressão 3D e a necessidade de dispositivos de B. G. M de Oliveira, “Instantaneous Frequency Measurement Subsystem
alta frequências para comunicação 5G, por exemplo, esse tipo Implementation Using Low-cost Microcontroller”, SBMO/IEEE MTT-S
International Microwave and Optoelectronics Conference (IMOC), pp 1–
de dispositivo pode se tornar atrativo. 4, Nov. 2015.
[5] C. P. do N. Silva, E. M. F. de Oliveira, M. R. T. de Oliveira, M. T. de
TABLE II. PALAVRAS BINÁRIAS FORNECIDAS PELO SISTEMA COM OS Melo, B. G. M. de Oliveira, “New Compact Interferometer based on
DOIS FILTROS EM GUIA DE ONDA. Fractal Concept”, SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and
Optoelectronics Conference (IMOC), pp 1– 3, Nov. 2015.
Palavra Banda em frequência Banda [6] B. G. M. de Oliveira, M. T. de Melo, G. G. Machado, I. Llamas-Garro.
binária (GHz) (MHz) “Compact coplanar interferometer for a 5–6 GHz IFM system”,
11 14,952 - 14,992 40 International Journal of Applied Electromagnetics and Mechanics, 45(1-
01 14,992 - 15,031 39 4), 235-240, 2014.
00 15,031 - 15,085 54 [7] C. P. do N. Silva. “Interferômetros baseados na geometria fractal de
10 15,085 - 15,129 44 Hilbert”, MS thesis, Universidade Federal de Pernambuco, 2016
[8] M. F. A. de Souza, F. R. L. e Silva, M. T. de Melo, “A Novel LSB
Discriminator for a 5 bit IFM Subsystem Based on Microstrip Band-Stop
Filter”, 38th European Microwave Conference, pp 36-39, Oct. 2008

204
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Análise de Propriedades Elásticas de


Sensores à Fibra Ótica Encapsulados em
Elastômero
Natália Carolina Schvan Wendt, Vinicius de Carvalho,
Marcia Muller, José Luís Fabris Francelli Klemba Coradin
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Curitiba, Brasil Curitiba, Brasil

Abstract— O trabalho apresenta uma proposta para a Sendo assim, é importante a caracterização dos materiais
avaliação simultânea da sensibilidade à pressão aplicada e das encapsulantes, visando o funcionamento satisfatório do sensor,
características da encapsulação de sensores à fibra ótica baseados além de viabilizar adequações de acordo com a aplicação
em macrocurvatura. Para tanto foram fabricados e avaliados pretendida [8].
sensores de macrocurvatura de geometria similar encapsulados
em material elastomérico com dois diferentes parâmetros de Quando são aplicadas tensões mecânicas (𝜎) em
rigidez. Para caracterização dos sensores, os mesmos foram determinados materiais elásticos, deformações relativas (𝜀)
submetidos a ensaios experimentais realizados com controle de podem ocorrer de forma proporcional, como descrito por (1)
pressão e deformação relativa. Os experimentos forneceram as
curvas de calibração e as sensibilidades dos dispositivos à pressão
para materiais na região elástica. A constante de
e à deformação, bem como o módulo de elasticidade do material proporcionalidade é chamada de módulo de elasticidade ou
encapsulante. módulo de Young (G).
Palavras chave — sensores, macrocurvatura, sensibilidade, 𝜎 = 𝐺𝜀 ()
módulo de Young.

I. INTRODUÇÃO O módulo de Young é um parâmetro físico fundamental


para a engenharia de materiais, estando associado ao grau de
A operação de sensores de macrocurvatura em fibra ótica rigidez de um material sólido. Dependente da composição
baseia-se na análise da atenuação do sinal ótico transmitido pela química, microestruturas e defeitos, torna-se uma propriedade
fibra, normalmente associada às variações de curvatura na fibra intrínseca do material [9].
resultantes de alterações do parâmetro que se deseja medir.
Perdas no sinal transmitido ocorrem devido ao acoplamento O objetivo deste trabalho é apresentar uma metodologia
entre modos guiados e de radiação na região em que a fibra é para a análise de sensores a fibra ótica baseados em
curvada. Além destas, mudanças de intensidade no sinal macrocurvatura, possibilitando a análise da sensibilidade e
transmitido também ocorrem pelo acoplamento entre modos faixa dinâmica de operação dos dispositivos de acordo com a
guiados e modos de fuga que são refletidos nas interfaces das rigidez do material encapsulante. Para isso, foram realizados
camadas externas da fibra denominados whispering gallery ensaios experimentais com controle de pressão sobre os
modes (WGM). Ambos os efeitos são dependentes de dispositivos e com controle de deformação relativa. Foram
parâmetros geométricos da fibra ótica e das características levantadas curvas de calibração que possuem características
espectrais da luz injetada na fibra [1], [2]. associadas à elasticidade da encapsulação; nesse sentido,
também foi possível estimar o módulo de Young dos materiais
Tais sensores são fáceis de fabricar e podem ser codificados encapsulantes.
em intensidade, o que os torna atraentes devido ao baixo custo
de fabricação e interrogação. Sensores de macrocurvatura têm
sido aplicados na detecção de diferentes parâmetros, como
II. MÉTODOS
pressão mecânica [3], [4], tensão elétrica [5], temperatura [6] e
índice de refração [7]. Para fabricação do sensor, um segmento de fibra ótica em
anel (SSMF, G-652, Draktel) foi encapsulado em material
Nesses dispositivos, a encapsulação utilizada é responsável elastomérico de silicone (Dow Corning, BX3-8001). Foram
por garantir a integridade dos transdutores, com reflexos nos fabricados dois sensores de formato cilíndrico com diferentes
parâmetros de operação como, por exemplo, a sensibilidade. concentrações de pó de quartzo (0% e 33%) adicionados ao

205
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

silicone junto ao catalisador [4], com a finalidade de alterar a passos de (9,18 ± 0,09) mε. A deformação relativa é calculada
rigidez mecânica do material. A macrocurvatura na fibra é levando em conta a deformação aplicada pelo parafuso
formada por um anel com diâmetro de (4,00 ± 0,01) mm e o micrométrico e a altura inicial do sensor.
plano formado pelo anel é alinhado perpendicularmente à base
do cilindro elastomérico e posicionado na parte central do Também foi realizado um ensaio experimental de pressão
mesmo. Após a cura do elastômero, o sensor cilíndrico para investigar a repetibilidade de cada um dos sensores.
resultante, representado na Fig. 1, tem base com diâmetro de Ambos foram submetidos a três ciclos de pressões entre (8,18 ±
(16,00 ± 0,01) mm e altura de (11,00 ± 0,01) mm. 0,35) kPa e (17,94 ± 0,35) kPa em passos de (2,44 ± 0,35) kPa,
com intervalos de 10 minutos entre ciclos.

(a) (b)
(a)

(b)

Fig.2. (a) Diagrama esquemático do aparato experimental de pressão;


(b) Diagrama esquemático do aparato experimental de deformação.

III. RESULTADOS
A Fig. 3, referente ao teste de repetibilidade, mostra os
Fig.1. (a) Foto do sensor; (b) Diagrama esquemático do sensor (direita), espectros de atenuação em função das pressões aplicadas para
mostrando um corte transversal do dispositivo (esquerda) para evidenciar o os três ciclos de medições realizados com um mesmo
posicionamento da fibra ótica com a macrocurvatura em anel.
sensor (0%). As barras de erros representam os desvios-padrão
dos três ciclos.
Para a interrogação do sensor foi utilizada uma lâmpada
halógena de banda larga (LS-1, Ocean Optics, 360 a 2000 nm), 100

juntamente com um espectrômetro UV-Vis a fibra ótica 8,18 kPa


(HR4000, Ocean Optics, resolução de 6,2 nm). O sistema é 80
10,62 kPa
interligado a um computador que realiza a coleta e exibição dos 13,06 kPa
15,50 kPa
dados espectrais.
Atenuação (%)

60
17,94 kPa
Os espectros de atenuação do sensor sob a ação de pressão
ou deformação são relativos ao sinal de referência
correspondente ao espectro de transmissão do sensor na ausência
40

de carga aplicada.
20
Testes de resposta à pressão foram realizados para
caracterizar as sensibilidades dos sensores. Os ensaios
experimentais foram realizados utilizando um aparato no qual o 0

sensor foi posicionado abaixo de um suporte de massas que o


pressiona uniformemente, conforme o esquema da Fig. 2. A
400 500 600 700 800 900

pressão corresponde a carga aplicada sobre a área da base do Comprimento de Onda (nm)

cilindro do sensor. Fig.3. Espectros de atenuação média para cada valor de pressão aplicada
indicando repetibilidade.
As curvas de calibração dos sensores foram determinadas
numa faixa estendida de pressões entre (8,18 ± 0,35) kPa e Abaixo de 700 nm a atenuação é dominada por efeitos de
(78,86 ± 0,35) kPa com passos de (2,44 ± 0,35) kPa. acoplamento entre modos guiados e WGM, enquanto que acima
de 700 nm a atenuação é principalmente devida às perdas por
Nos testes de deformação foi utilizado um parafuso acoplamento entre modos guiados e de radiação resultantes das
micrométrico na configuração apresentada na Fig. 2. Foram alterações na macrocurvatura da fibra [10].
realizadas deformações relativas de até (184,24 ± 0,09) mε com

206
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A Fig. 4 apresenta os espectros de atenuação apenas para 15000

algumas das pressões aplicadas para melhor visualização. 0% quartzo


12000
100 33% quartzo
8,18 kPa
10,62 kPa
0% quartzo
13,06 kPa

Área (%.nm)
15,49 kPa 9000
80 17,94 kPa
20,37 kPa
22,81 kPa
25,25 kPa
6000
Atenuação (%)

27,68 kPa
60 30,12 kPa
32,56 kPa
34,99 kPa
37,43 kPa
39,87 kPa
3000
40 42,31 kPa
44,74 kPa

0
20
10 20 30 40
Pressão (kPa)
0
Fig.5. Resposta dos sensores em termos das áreas sob o espectro de atenuação
para cada pressão aplicada.
100400 500 600 700 800 900
8,18 kPa
33% quartzo
10,62 kPa
13,06 kPa
Comprimento de Onda (nm) A análise da resposta do sensor à deformação relativa é
80
15,49 kPa
17,94 kPa avaliada por meio do cálculo das áreas sob as curvas de
20,37 kPa
22,81 kPa atenuação do sensor, da mesma maneira que para a análise de
25,25 kPa
pressão.
Atenuação (%)

27,68 kPa
60 30,12 kPa
32,56 kPa
34,99 kPa A Fig. 6 apresenta os espectros de atenuação para apenas
37,43 kPa
39,87 kPa algumas das deformações realizadas para melhor visualização.
40 42,31 kPa
44,74 kPa 100
19,00 m 0% quartzo
28,18 m
20 37,36 m
80 46,54 m
55,72 m
64,90 m
Atenuação (%)

0 74,08 m
60 83,26 m
92,44 m
400 500 600 700 800 900
Comprimento de Onda (nm) 40

Fig.4. Espectros de atenuação em função da pressão para o sensor sem adição


de quartzo e para o sensor com 33% de adição de quartzo ao silicone 20
encapsulante.

A análise quantitativa da resposta do sensor é realizada 0


através do cálculo da área sob a curva referente a cada pressão
aplicada, tomando como linha de base a atenuação sem força 400
100 500 600 700 800 900
aplicada. A região analisada foi a banda espectral entre 700 nm 19,00 m 33% quartzo
Comprimento de Onda (nm)
a 900 nm, onde a atenuação é devida majoritariamente às perdas 28,18 m
37,36 m
por curvatura da fibra. 80 46,54 m
55,72 m
No gráfico da Fig. 5 são apresentadas as curvas de resposta 64,90 m
Atenuação (%)

74,08 m
e de calibração para os dois sensores distintos, sem e com a 60 83,26 m

adição de pó de quartzo ao elastômero, 0% e 33% de quartzo 92,44 m

respectivamente. As análises foram restritas aos valores de 40


pressão de até 40 kPa, para a faixa espectral escolhida na qual os
sensores têm respostas aproximadamente lineares. Verifica-se
que a inclinação de cada reta depende da quantidade de quartzo 20
na composição da borracha, de modo que a sensibilidade dos
dispositivos é relacionada com a rigidez do material
encapsulante. 0

As sensibilidades à pressão encontradas foram de (0,410 ± 400 500 600 700 800 900
0,010)%.nm/Pa e (0,117 ± 0,007)%.nm/Pa para 0% e 33% de pó Comprimento de Onda (nm)
de quartzo, respectivamente.
Fig.6. Espectros de atenuação em função da deformação relativa para o sensor
sem adição de quartzo e para o sensor com 33% de adição de quartzo ao silicone
encapsulante.

207
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

No gráfico da Fig. 7 são apresentadas as curvas de resposta TABELA I: SENSIBILIDADE DOS SENSORES À PRESSÃO E SEUS RESPECTIVOS
MÓDULOS DE YOUNG
e de calibração para os dois sensores distintos, 0% e 33% de
quartzo. As análises foram restritas a um limite de compressão Concentração de Sensibilidade Módulo de Young, G
de 1 mm (0,09 ), onde o sensor tem uma resposta quartzo (%) (unid. arb./Pa) (MPa)
aproximadamente linear. Para 0% e 33% de pó de quartzo, as 0 0,410 ± 0,010 0,33 ± 0,01
sensibilidades foram de (1,35 ± 0,05)x105 %.nm/ e (7,79 ±
0,26)x104 %.nm/, respectivamente. 33 0,117 ± 0,007 0,67 ± 0,05

15000

0% quartzo
12000
IV. CONCLUSÃO
33% quartzo
A metodologia experimental de caracterização apresentada
neste trabalho permite avaliar características operacionais dos
Área (%.nm)

9000
sensores de macrocurvatura encapsulados em materiais
elastoméricos ao mesmo tempo em que é obtido o coeficiente
6000
de elasticidade do material. Nesse sentido, a sensibilidade e
faixa de operação do sensor podem ser adequadas às aplicações
3000 desejadas, determinando regiões de linearidade para operação
que são fortemente dependentes do módulo de Young do
material encapsulante.
0

20 30 40 50 60 70 80 90 100

Deformação relativa (m)


AGRADECIMENTOS
Fig.7. Resposta dos dois sensores em termos das áreas sob o espectro de Os autores agradecem o apoio recebido das agências de
atenuação em função da deformação relativa. financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de
Para se obter o módulo de Young dos materiais Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES)
encapsulantes dos sensores é preciso uma relação entre pressão - Código de Financiamento 001.
e deformação relativa, de acordo com (1). Os eixos verticais da
Fig. 5 e da Fig. 7 apresentam os valores de área sob a curva do
espectro (𝐴). Portanto, fazendo a razão entre os coeficientes
REFERÊNCIAS
angulares do gráfico de deformação e de pressão estima-se o
módulo de Young para cada sensor, de acordo com (2). [1] S. H. Nam, S. Yin. “High-Temperature Sensing Using Whispering
Gallery Mode Resonance in Bent Optical Fibers”. IEEE photonics
technology letters, vol. 17, no. 11, Nov 2005.
[2] Q. Wang, G. Farrell, T. Freir. “Theoretical and experimental
investigations of macro-bend Losses for standard single mode fibers”.
𝐴 Optics Express, vol. 13, no. 12, Jun 2005.
𝜀 𝜎 [3] W. -C. Wang, W. R. Ledoux, B. J. Sangeorzan and P.G. Reinhall, “A
𝐴 = =𝐺 (2) shear and plantar pressure sensor based on fiber-optic bend loss,” Journal
𝜀 of Rehabilitation Research & Development, vol. 42, no. 3, pp. 315-326,
𝜎 May/June 2005.
[4] M. A. Kamizi, L. H. Negri, J. L. Fabris, M. Muller, “A Smartphone Based
Fiber Sensor for Recognizing Walking Patterns,” IEEE Sensors Journal,
vol.19, no. 21, pp 9782-9789., Nov. 2019.
Para o sensor com 0% de quartzo foi obtido um módulo de [5] P. Wang, Y. Semenova, Q. Wu and G. Farrell, “A Fiber-Optic Voltage
Young G0% = (0,33 ± 0,01) MPa, enquanto que para o sensor Sensor Based on Macrobending Structure,” Optics and Laser Technology,
vol. 43, no. 4, pp. 922-924, Jan 2011.
com 33% de quartzo foi G33% = (0,67 ± 0,05) MPa. Os [6] A. T. Moraleda, C. V. Garcá, J. Z. Zaballa and J. Arrue, “A Temperature
resultados obtidos estão dentro da faixa de valores de módulo Sensor Based on a Polymer Optical Fiber Macro-Bend,” Sensors, vol. 13,
pp. 13076-13089, Sept 2013.
de Young para borrachas de silicone fornecidos na [7] P. Wang, Y. Semenova, Q. Wu, G. Farrell, Y. Ti and J. Zheng,
literatura [11]. “Macrobending single-mode fiber-based refractometer,” Applied optics,
vol. 48, n. 31, pp. 6044-6049, Nov 2009.
A Tabela I apresenta as sensibilidades determinadas bem [8] M. A. Kamizi, M. A. Pedroso, J. L. Fabris and M. Muller, “Fabrication
como os módulos de elasticidade associados a cada and characterization of fiber Bragg grating based sensors for force
measurements,” 2017 SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and
concentração de quartzo utilizada no material de encapsulação Optoelectronics Conference (IMOC), pp. 1-5, 2017.
dos dispositivos. [9] W. D. Callister Júnior, Ciência e Engenharia de Materiais, 5th ed., Rio de
Janeiro: LTC, 2002.
[10] M. A. Kamizi, D. Lugarini, R. Fuser, L. H. Negri, J. L. Fabris and M.
Muller, “Multiplexing Optical Fiber Macro-Bend Load Sensors,” Journal
of Lightwave Technology, vol. 37, no.18, pp. 4858-4863, Sept. 2019.
[11] “Overview of materials for Silicone Rubber”. Disponível em: http://
http://www.matweb.com/search/DataSheet.aspx?MatGUID=b30885d0d
d3c42f489961abb0eec494b. Acesso em: 06 mar. 2020

208
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Plataforma Tátil com Sensores Multiplexados de


Macrocurvatura em Fibra Ótica
Vinicius de Carvalho, Marcos Aleksandro Kamizi, Diogo Lugarini, José Luís Fabris, Marcia Muller
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e Informática Industrial - CPGEI

Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR

Curitiba, Brasil

Resumo— Neste trabalho são apresentadas as etapas de a posição de forças atuando sobre superfícies são de interesse
produção e testes de uma plataforma tátil instrumentada com na avaliação da integridade de estruturas e máquinas, pois
sensores de macrocurvatura em fibra ótica instalados sob uma auxiliam na detecção de parâmetros físicos associados ao
placa de polimetilmetacrilato. O sensoriamento da magnitude e estresse mecânico [5]-[6].
posição de forças aplicadas em até quatro regiões de
Dentre os sensores à fibra ótica mais simples encontram-se
sensoriamento da plataforma é realizado por meio do sinal ótico
aqueles baseados em macrocurvatura, cuja operação baseia-se
de transmissão de três sensores de macrocurvatura
na modulação da intensidade luminosa transmitida resultante
multiplexados conectados em série. A interrogação é realizada
de alterações na curvatura da fibra ótica [7]-[9]. Apesar da
por meio da câmera de um smartphone que detecta a luz visível
simplicidade de interrogação, as características da propagação
transmitida pelo conjunto de sensores. A capacidade de detecção modal têm desestimulado a aplicação destes sensores em
foi testada aplicando tanto individualmente quanto sistemas mais complexos [10].
simultaneamente cargas de 0,5 kgf a 2,0 kgf em quatro regiões
distintas da superfície da placa. Os resultados indicam a A capacidade de multiplexação de sensores de
capacidade de identificação de até quatro cargas aplicadas sobre macrocurvatura, produzidos pela encapsulação em silicone de
a superfície da placa para um número de regiões de aneis de fibra ótica, foi relatada recentemente na literatura em
sensoriamento maior do que o número de sensores. sistemas interrogados com luz visível usando um smartphone
[11] e um espectrômetro [12]. Nesses trabalhos, os sistemas
Palavras chave—sensoriamento tátil; macrocurvatura; sensor foram testados quanto à capacidade de detecção da localização
ótico; fibra ótica; multiplexação e magnitude de forças aplicadas diretamente sobre os sensores.

I. INTRODUÇÃO No presente trabalho, três sensores de macrocurvatura em


fibra ótica, encapsulados individualmente em silicone e
As fibras óticas têm sido amplamente utilizadas como conectados em série, instrumentam uma placa de
componentes no desenvolvimento de novas tecnologias de polimetilmetacrilato (PMMA) formando uma plataforma tátil.
sensoriamento em aplicações que envolvem a medição de Testes preliminares foram realizados para determinar a
parâmetros físicos variados, como deformação, temperatura, capacidade do sistema de identificar a magnitude e posição de
pressão, vibração, aceleração, rotação, curvatura e torção [1]. forças aplicadas tanto individualmente quanto simultaneamente
Além das suas vantajosas características intrínsecas, como sobre a placa. Nesta configuração contendo três sensores, as
imunidade eletromagnética, flexibilidade, dimensões reduzidas, forças são aplicadas em até quatro áreas de sensoriamento.
resistência térmica e passividade elétrica, as fibras óticas Assim, a resposta acoplada dos mesmos é utilizada na
podem ser facilmente encapsuladas [2], o que tem contribuído identificação da magnitude e localização da força aplicada.
para a disseminação da tecnologia de sensoriamento baseada II. METODOLOGIA
nesta classe de dispositivos. Outra questão a ser considerada é a
capacidade de multiplexação, característica importante que A. Sistema Sensor
possibilita a interrogação simultânea de vários sensores Cada elemento sensor foi fabricado a partir de um anel de
conectados em um único enlace de fibra ótica [3]. fibra ótica (SSMF, G-652, Draktel), com raio de curvatura de
Os sensores à fibra ótica têm potencial para aplicação em (2,50 ± 0,05) mm encapsulado em silicone (Dow Corning,
sistemas robóticos [4], uma vez que permitem o BX3-8001). O encapsulamento protege o anel contra
desenvolvimento de sistemas de sensoriamento nos quais rompimento da fibra e facilita a fixação dos sensores no
matrizes de sensores são utilizadas na monitoração de um ou sistema [9]. Após a encapsulação, os elementos sensores
mais parâmetros. Sistemas capazes de monitorar a magnitude e

209
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

cilíndricos possuem diâmetro de (27,00 ± 0,05) mm e altura de Do espaço amostral total de 1024 configurações de carga
(8,00 ± 0,05) mm. possíveis, 87 combinações foram escolhidas aleatoriamente e
17 foram definidas previamente. Entre estas 17 configurações
Para a montagem da plataforma tátil foram utilizadas duas
pré-definidas, está a configuração inicial que corresponde à
placas quadradas de PMMA com 10 cm de lado e 0,5 cm de plataforma livre de carga.
espessura. Os três elementos sensores foram dispostos entre as
duas placas formando um triângulo equilátero com
aproximadamente 6 cm de lado. No diagrama esquemático da
Fig. 1 é indicado o posicionamento dos sensores na plataforma
tátil, assim como o arranjo de interrogação do sistema. O sinal
ótico transmitido pelos sensores de macrocurvatura conectados
em série e captado pelo smartphone.
Com o intuito de aumentar a transferência das forças
aplicadas sobre a placa para os sensores, foi inserido um
cilindro metálico entre a placa e cada sensor, diminuindo assim
a área de contato. Os cilíndros metálicos foram posicionados
no centro da base de cada cilindro de silicone, portanto sobre o
anel de fibra. Os elementos metálicos com diâmetro de (7,00 ±
0,05) mm e altura de (3,00 ± 0,05) mm foram fixados ao
silicone com cola à base de cianoacrilato.

Fig.2. Diagrama esquemático e foto da plataforma tátil instrumentada com


os sensores de macrocurvatura.

As outras 16 configurações pré-definidas correspondem às


situações nas quais apenas uma das áreas de sensoriamento está
sujeita a uma determinada carga externa.
Durante o experimento, cada configuração de cargas foi
mantida sobre a plataforma por 10 s resultando em 300
imagens gravadas com uma taxa de 30 Hz. Após este intervalo
de tempo, as cargas eram removidas e outra configuração era
aplicada sobre a plataforma. A capacidade do sistema de
detectar a carga e a sua localização foi testada em temperatura
Fig.1. Diagrama esquemático do sistema indicando o posicionamento dos controlada de (21,0 ± 0,5) ºC.
sensores na plataforma tátil, o sinal ótico acoplado a fibra e o smartphone usado
para interrogar o conjunto. C. Coleta e Processamento do Sinal Ótico
As duas placas de PMMA que constituem a base (placa No arranjo experimental da Fig.2, o conector FC/PC de
inferior) e a plataforma tátil (placa superior), foram fixadas entrada do sistema de sensoriamento tátil é conectado a uma
formando uma estrutura na qual os elementos sensores estão fonte ótica visível de banda larga (LS-1, Ocean Optics, 360 a
levemente pressionados entre as placas. A Fig. 2 mostra um 2000 nm), enquanto que o conector de saída é instalado em um
diagrama esquemático e a foto da plataforma tátil. posicionador que permite direcionar a luz transmitida para a
câmera de um smartphone.
B. Metodologia de Testes
O tempo de exposição e a focalização da imagem foram
A plataforma tátil foi testada para as 4 áreas de determinados em experimentos prévios, para evitar a saturação
sensoriamento indicadas na Fig.2. Sobre estas áreas foram da intensidade ao longo dos testes com diferentes
aplicadas tanto individualmente quanto simultaneamente forças configurações de cargas.
de 0,5 kgf, 1,0 kgf, 1,5 kgf e 2,0 kgf. É importante salientar que
como são 3 elementos sensores e 4 áreas de sensoriamento, as As imagens captadas pela câmera durante os ensaios são
localizações das cargas aplicadas não coincidem transferidas para um computador e por meio de um algoritmo
necessariamente com as posições dos sensores. de detecção de borda executado no Matlab® extraem-se

210
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

valores médios de intensidade dos pixels para cada um dos


canais RGB. Estes valores são utilizados como sinal de saída da
plataforma tátil. A Fig. 3 exibe dois exemplos de imagens
captadas e decompostas nas componentes RGB.
Por fim, as intensidades médias para os canais RGB são
tratadas como coordenadas espaciais x, y e z e associadas às
combinações discretas de cargas utilizadas.

Fig.4. Gráfico 3D das intensidades médias dos pixels nos canais RGB das
imagens obtidas com as 16 configurações nas quais cargas são aplicadas
individualmente em cada área de sensoriamento.

Fig.3. Amostra de imagens captadas pela câmera do smartphone. As imagens A Fig. 5 mostra o mapeamento de intensidades para todas
monocromáticas são referentes aos canais vermelho, verde e azul as 104 configurações testadas. A Tabela 1 lista as intensidades
respectivamente.
médias dos pixels detectadas nos canais RGB para 15
configurações de carga distintas. Novamente os resultados
III. RESULTADOS E DISCUSSÕES apontam para a capacidade do sistema de responder de forma
diferenciada para cada configuração. Observa-se que, para as
A Fig. 4 apresenta a resposta do sistema quando cargas de 104 configurações testadas, não há superposição significativa
0,5 kgf, 1,0 kgf, 1,5 kgf e 2,0 kgf são aplicadas dos pontos. Este comportamento aponta para a possibilidade de
individualmente sobre a plataforma tátil. Os eixos x, y e z extrair informações relacionadas à posição e ao valor de cargas
correspondem às intensidades médias dos pixels captadas nos atuantes sobre a plataforma tátil, desde que o processo seja
canais RGB para as 16 configurações de cargas pré-definidas. acompanhado por um método adequado de tratamento de
Os números ao lado dos pontos experimentais indicam a área, dados. No entanto, a escolha adequada dos parâmetros
de acordo com a Fig.2, na qual a carga é aplicada. Verifica-se construtivos do sistema como, as dimensões da plataforma, o
que com a alteração da carga sobre uma dada área de número de sensores e sua sensibilidade e o número de áreas de
sensoriamento a distribuição da intensidade do sinal entre os sensoriamento são determinantes para a aplicação desejada.
canais varia. Portanto, a decomposição do sinal ótico
transmitido, que é resultante da resposta dos 3 elementos
sensores à perturbação externa, possibilita a identificação da
carga que é aplicada em uma dada região previamente
conhecida. Observa-se também que o sistema fornece respostas
distintas quando uma mesma carga é aplicada em diferentes
regiões. Portanto, conhecendo-se a carga, é possível identificar
a posição em que ela é aplicada. O mapeamento de
intensidades fornecidas pelo gráfico da Fig. 4 mostra que, para
as 16 configurações que correspondem a aplicação de uma
única carga na plataforma, não ocorre superposição para
configurações distintas. Ou seja, o conjunto formado pelas
intensidades médias dos pixels nos canais RGB, tratados como
coordenadas espaciais x, y e z, são diferentes para cada
configuração de carga.
A fim de verificar a resposta do sistema para configurações
que implicam na aplicação simultânea de cargas em 2, 3 ou 4
áreas de sensoriamento, foram realizados testes com as 87
configurações geradas aleatoriamente.
Fig.5. Gráfico 3D das intensidades médias dos pixels nos canais RGB das
imagens obtidas com todas as 104 configurações de cargas testadas.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABELA I. ALGUMAS CONFIGURAÇÕES DE CARGA APLICADAS SOBRE A Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de
PLATAFORMA TÁTIL.
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil
Cargas nas áreas (kgf) Intensidade nos canais (unid. arb.) (CAPES) - Código de Financiamento 001.
1 2 3 4 R G B
1,5 0,0 0,0 1,5 66,97008 68,71940 70,53038
0,0 0,0 1,0 0,5 73,40184 74,63685 77,38828
0,0 0,5 2,0 0,5 66,23580 66,50702 63,06156 REFERÊNCIAS
0,0 0,5 0,0 1,0 79,62023 81,86537 82,59824
0,0 1,0 0,5 0,5 70,39017 70,74556 72,15546
0,0 1,0 0,0 1,5 72,95130 71,39796 72,62850 [1] H. K. Hisham, ‘Optical Fiber Sensing Technology: Basics, classification
0,5 1,5 0,0 2,0 62,97596 65,79054 63,88381 and Applications,” American Journal of Remote Sensing, vol. 6, no. 1,
0,0 1,5 2,0 0,0 63,35347 63,34116 62,52948 pp. 1-5, 2018.
0,0 2,0 0,5 1,0 66,32156 67,91971 68,31984 [2] M. Ramakrishnan, G. Rajan, Y. Semenova, and G. Farrell, “Overview of
0,5 0,0 0,0 1,5 75,71268 77,96033 77,93059 Fiber Optic Sensor Technologies for Strain/Temperature Sensing
0,5 0,0 2,0 1,5 61,11661 61,60398 60,55605 Applications in Composite Materials,” Sensors, vol. 16, no. 1, p. 99, Jan.
0,5 1,5 1,0 0,0 67,16523 68,31871 66,96656 2016.
1,0 0,0 0,5 1,0 72,83651 75,34652 75,04831 [3] P. Lu, N. Lalam, M. Badar, B. Liu, B. T. Chorpening, M. P. Buric, P. R.
1,0 0,5 1,5 0,0 68,37007 69,98622 67,05619 Ohodnicki, “Distributed optical fiber sensing: review and perspective,”
1,5 0,0 0,5 0,5 74,48512 76,03686 76,00309 Appl. Phys. Rev, vol. 6, 041302, 2019.
[4] K. C. Galloway, Y. Chen, E. Templeton, B. Rife, I. S. Godage, and E. J.
Barth, “Fiber Optic Shape Sensing for Soft Robotics,” Soft Robotics,
IV. CONCLUSÃO vol. 6, no. 5, pp. 671-684, 2019.
[5] P. Nazarko, L. Ziemianski, “Force identification in bolts of flange
Os resultados obtidos neste trabalho apontam para a connections for structural health monitoring and failure prevention,”
possibilidade da realização de sensoriamento tátil com a Procedia Structural Integrity, v. 5, p. 460-467, 2017..
plataforma desenvolvida. O fato do sistema conter um número [6] W. Lu, J. Teng, Q. Zhou and Q. Peng, “Stress prediction for distributed
de sensores menor do que o número de áreas de sensoriamento structural health monitoring using existing measurements and pattern
indica a capacidade do sistema em realizar um sensoriamento recognition,” Sensors, v. 18, n. 2, p. 419, 2018.
quasi-distribuído utilizando um número reduzido de sensores. [7] A. T. Moraleda, C. V. García, J. Z. Zaballa, and J. Arrue, “A
temperature sensor based on a polymer optical fiber macro-bend,”
A natureza dos sensores torna o conjunto experimental de Sensors, vol. 13, no. 10, pp. 13076–13089, 2013.
baixo custo e de fácil fabricação. Além dos sensores de [8] K. V. Madhav, Y. Semenova, and G. Farrell, “Macro-bend optical fiber
macrocurvatura, apenas uma fonte de luz na região do visível e linear displacement sensor,” Proc. SPIE, vol. 7726, 2010, Art. no.
772608.
um smartphone são necessários.
[9] K. Alemdar, S. Likoglu, K. Fidanboylu, and O. Toker, “A novel periodic
A faixa dinâmica de operação pode ser ajustada de acordo macrobending hetero-core fiber optic sensor embedded in textiles,” in
com as demandas da aplicação, por meio da alteração das Proc. 8th Int. Conf. Elect. Electron. Eng. (ELECO), Bursa, Turkey, 2013,
pp. 467–471, doi: 10.1109/ELECO.2013.6713886.
características físicas dos sensores como raio de curvatura ou
[10] S. H. Nam and S. Yin, “High-temperature sensing using whispering
escala de dureza do polímero de silicone, e da escolha do gallery mode resonance in bent optical fibers,” IEEE Photon. Technol.
número de sensores e dimensões da plataforma. Lett., vol. 17, no. 11, pp. 2391–2393, Nov. 2005.
Estudos estão em andamento buscando a modelagem do [11] M. A. Kamizi, M. A. Pedroso, J. L. Fabris, and M. Muller, “Smartphone
technology applied in an approach for multiplexing of fibre optic
sistema a fim de tornar possível a identificação da magnitude e intensity-modulated macro-bend based sensors,” in Proc. 26th Int. Conf.
posição das cargas em sistemas mais complexos. Opt. Fiber Sens., 2018, paper TuE8.
[12] M. A. Kamizi, D. Lugarini, R. Fuser, L. H. Negri, J. L. Fabris, M.
AGRADECIMENTOS Muller, “Multiplexing Optical Fiber Macro-Bend Load Sensors,”
Os autores agradecem o apoio recebido da agências de Journal of Lightwave Technol., vol. 37, no. 18, pp. 4858-4863, 2019.
financiamento: Conselho Nacional de Desenvolvimento

212
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Optoelectronic sensor applied to flow rate


measurements on oil and gas industry
Alexandre S. Allil1∗ , Fabio da Silva Dutra2 , Cesar C. Carvalho1 , Regina C. S. B. Allil1 and Marcelo M. Werneck1
1
Electrical Engineering Program (PEE), Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ)
2
Research Center Leopoldo Américo Miguez de Mello (CENPES - Petrobras)
Rio de Janeiro, Brazil

Corresponding author: allil@poli.ufrj.br

Abstract—A flare system in oil platform is a combustion stack hydrocarbons whose main component is always methane
used to burn off excess gases that cannot be processed and (CH4 ).
gases that have to be eliminated in emergency shutdown to
avoid the risk of explosion. Gas flow measurement in flares
• Velocity range and accuracy. During 98% of total oper-
is still considered challenging because the measurement has to ating time the range may vary from a meager 0.03m/s up to
attend many specific demands, quite different from any other 5m/s, which is the normal plant operation (known as pilot or
flow measurement applications. For these types of measurements purge). Accuracy demands are around 10%;
many sensor technologies are available, however they are all
• Gas temperature may vary from −70°C to above 150°C;
very expensive, and only a few ones can attend all demands.
The objective of this letter is to present a flow rate sensor • Size of flare systems. The burner line diameter may vary
based on Fiber Bragg Grating (FBG), cross-correlation and from 800 to 4000 ;
heatwave travel time techniques. The system was developed • Being the flare an important safety equipment, flowmeters
with inexpensive components and is little-intrusive, capable of
attaining the rangeability of the flare demand and independent
should not impinge any impedance in the flow so that conven-
of gas composition, pressure and temperature. tional flowmeters based on turbine, orifice plate, Coriolis and
Keywords—Cross-correlation, Fiber Bragg grating (FBG), Vortex cannot be applied on flares.
Flare systems, Flow rate, Optical fiber sensor. Several technologies are available for flow velocity mea-
surement. The most used technologies are:
I. I NTRODUCTION • Ultrasonic Flow Meter. It measures the difference in
The oil and gas industry is responsible for a significant transit time of pulses that travel from a downstream trans-
share of the greenhouse gas emissions. In the exploration and ducer to the upstream transducer and vice versa. It is highly
production of natural gas and oil, the gas which is burned in accurate but presents a high cost per installation, ranging from
torches, known as flare or relief system, is a huge source of $50, 000 − $100, 000 [2];
CO2 emissions. • Pitot Tube. This is the oldest way to measure flow velocity,
A typical flare system is a combustion stack used to burn it is based in a differential pressure to determine the flow
off excess gases that cannot be processed. It is also used velocity. It presents low flow sensitivity and its response
as a safety measure in emergency shutdown when gases in depends on the gas composition;
the process plant have to be eliminated to avoid the risk of • Thermal mass flow meter. Their working principle is
explosion. based on the measurement of the heat convection from a
In addition to contributing to global warming and climate heated surface to the flowing fluid as the sensor temperature
change, the burning of natural gas is considered a waste of is proportional to the mass flow rate. This the most commonly
valuable, nonrenewable energy resource. method to measure the mass flow of clean and unmixed gases
In this context, the need to quantify the waste of gas vol- or gases mixtures when the gas composition is consistent and
umes correctly and accurate is evident. Due to the importance known. Since this technique is based on the thermal properties
of this fact, frequent publications of regulatory directives are of the fluid it is dependent upon fluid composition [3];
issued, aiming at improving the measurements of gas flow in • Optical flow meters. They are divided into two classes,
flare systems. Laser Doppler velocimeters (LDV) and Doppler-Laser-Two-
Nowadays, the gas flow measurement in flares is performed Focus Velocimetry (L2F). LDV is based in the Doppler shift
with very expensive equipment and it is still considered of a laser beam to measure the velocity where two beams of
challenging because the measurement is quite different from laser cross the flow being measured generating fringes. L2F
other flow measurement applications. method, also known as Laser Transit Anemometry, measures
The following challenges are still to be overcome when the time of flight (T oF ) of particles crossing the two laser
measuring flow in flares [1]: Unpredictable nature of gas beams [4]. These two optical methods are independent of
flaring, since the petroleum gas is a varied mixture of gaseous pressure, temperature and gas composition but are based on

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the presence of sub-micrometer size particles in the gas that Where λB is the Bragg wavelength, ηef f is the effective
shall be inserted by the system [5]. refractive index of the core and Λ is the periodicity of the
In conclusion from the challenges and technologies listed grating. Essentially, any external agent capable of changing Λ
above, all flowmeters present good performance in some or ηef f will displace the reflected spectrum centered at λB ,
aspects but bad performance in others. Normally, the choice either a longitudinal deformation or a temperature variation.
goes to the most expensive one, the ultrasonic flowmeter. The sensitivity of the Bragg wavelength with temperature is
Another important feature that is preferable in equipment given by Equation (5).
applied to the oil and gas industry is the capability of work- ∆λB
ing without embarked electricity. This is because electrically = (αF BG + η)∆T (5)
λB
passive equipment does not depend on the expensive security
technology for protection against fire and explosions. In this Where ∆λB is the Bragg wavelength shift, ∆T is the tempera-
sense, fiber optic sensors tend to be cheaper and less complex ture variation, αF BG is the silica thermal expansion coefficient
to install and maintain. (αF BG = 0.55 × 10−6 /°C) and η is thermo-optic coefficient
The objective of this paper is to present a flow rate sensor for a Ge-doped silica optical fiber (η = 8.6×10−6 /°C). Thus,
based on Fiber Bragg Grating (FBG), cross-correlation and the sensitivity of the grating to temperature at the wavelength
heatwave travel time techniques. The system is inexpensive range of 1550nm is ∆λB /∆T = 14.18pm/°C.
and minimum intrusive, capable of attaining the rangeability of
IV. M ATERIALS AND M ETHODOLOGIES
the flare demand and independent of gas composition, pressure
and temperature. The general idea of the proposed system it to apply a current
signal on a heat source upstream inside the duct. The heat
II. C ROSS - CORRELATION T ECHNIQUE source is initially comprised by a small resistor, which will be
The cross-correlation (CC) is frequently applied when one changed in the future by a laser source injecting light into an
needs to recognize a short-duration signal inserted in a longer optical fiber with its tip coated with an absorbing material to
signal. CC presents many applications, such as in pattern generate heat. In this work we tested only the resistor as a heat
recognition, for instance in biometric recognition of retina or source; the methods to produce the heat with laser are under
fingerprint, or tracking a person through a camcorder through study. As a result of the heat pulse, a sub-degree temperature
face recognition [6]. Other application of CC is presented in variation will flow inside the duct at the same speed as the
the work of [7], who studied cross-correlation for application gas. When this temperature pulse reaches the sensors, they
in velocimetry using electrostatic sensors. The result of the will respond accordingly with a time delay. But due to the
CC algorithm is a measurement of similarity between two fact that the heat produced will be vanishing along the tube,
signals against the displacement of one of them along the the two sensors will detect different signal intensities. In order
time. CC is used in signal processing and is defined as the to detect the time delay, a CC algorithm is employed and the
correlation of a series against another series, shifted by a flow velocity is calculated by the ratio between the sensors
particular number of samples. distance and the time delay.
The CC algorithm is easily understood when we exam the This technique was mentioned by the first time by [9] that
algorithm applied to produce it. used thermistors to measure flow velocity. They tested at flow
Suppose two time series (xk , yk ) having M samples each speeds up to 30mm/s, clearly far below from what is needed
by Equations (1) and (2). for flare flow measurement.
It is good to notice that [10] demonstrated a T oF technique
[xk ] = [x0 , x1 , x2 , ..., xM −1 ] (1) using thermocouples, but the measured velocities were in
[yk ] = [y0 , y1 , y2 , ..., yM −1 ] (2) the range of millimeters per second, not obtaining a linear
relationship for flow velocities above 16mm/s.
Then, the cross-correlation function, φyx (τ ), is defined as Additionally, [11] applied the T oF and CC techniques
Equation (3). to measure newborn air breathing velocity using two lasers
M −1
X beams perpendicular to the respiratory flow and two position
φyx (τ ) = xτ yt+τ (3) sensor detectors (P SDs) as sensors. They demonstrated a
t=0 good linearity in the flow velocity measurement up to 1m/s.
Where τ is the time delay. The schematic diagram of the proposed system in this paper
is shown in Figure 1, where d is the distance between the two
III. F IBER B RAGG G RATING temperature sensors, F BG1 and F BG2 .
Fiber Bragg grating is a modulation of the refractive index The CC detects the few-milliseconds delay between the
of the core of an optical fibers, forming a grating. This grating two pulses and the flow velocity can be calculated by the
reflects a narrow band of the light guided in the fiber, centred ratio between the sensors distance d and the time delay τ .
at the Bragg wavelength, according to the Bragg law [8] of The airflow is obtained by a turbine that controls the airflow
Equation (4). velocity in a wind tunnel (see Figure 1), by the motor speed
λB = 2ηef f Λ (4) and a Pitot tube is used for calibration. The FBG interrogator

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is a Micron Optics model si155 with 5kHz interrogation signals from the noise, a low-pass, first-order Butterworth filter
frequency and ±2pm resolution. was applied using Matlab software. The command used is
[b, a] = butter(n, Wn ) which returns the transfer function
coefficients of an nth order lowpass digital Butterworth filter
with normalized cutoff frequency Wn .
The command returns b and a which are row vectors of
length n+1, representing the coefficients of the filters transfer
function. We decided by a second-order filter (n = 2) and the
cut-off frequency to be Wn = 850mHz because the heat pulse
frequency was 500mHz. Since n = 2, vectors a and b will
contain 3 numbers each, that are used on the transfer function
of the digital filter, H(z) at Equation (6).
Fig. 1. Schematic diagram of the system inside the wind tunnel.
B(z) b(1) + b(2)z −1 + b(3)z −2
The Figure 2 shows a picture of the experimental setup, the Hz = = (6)
A(z) a(1) + a(2)z −1 + a(3)z −2
wind tunnel and the sensors.
However, since filters change signal phase and since the
signals shown in Fig. 3 are different from each other, even
using the same filter one can change differently the phase in
each signal, disturbing the cross-correlation results. In order to
circumvent this effect, the MatLab function f iltf ilt was used.
The syntax is y = f iltf ilt(b, a, x) that performs a zero-phase
digital filtering by processing the input data, x, which contains
125, 000 points, in both forward and reverse directions.
The result of this operation is a zero-phase distortion with
a transfer function equals to the squared magnitude of the
original filter and an order that is double the order specified
Fig. 2. Picture of the wind tunnel and the sensors location. by b and a.
The Fig. 4 shows the result of these two operations applied
in real time to the signals shown in Fig. 3.
V. R ESULTS AND DISCUSSION
The Figure 3 shows the signals collected from the FBGs for
a flow rate of 5m/s. The blue line represents the output from
the proximal FBG, while the orange line represents the output
from the distal FBG. The signal-to-noise ratio is low because
the temperature pulses collected by the FBGs are too close to
the accuracy of the interrogation equipment, ±2pm, recalling
that 1°C in an FBG represents about 14pm displacement of
Fig. 4. Temperature signals captured by the two FBGs as a result of the signal
its central wavelength. processing techniques applied to the signals shown in Fig. 3. The upper line
(blue) represents the temperature sensed by F BG1 and the bottom line (black)
the temperature sensed by F BG2 . Horizontal axis shows time (h:m:s).

Notice that the delay between the signals is now visible and
that, while the proximal sensor measured a pulse of about 1°C,
the distal sensor measured only about 0.2°C. This temperature,
according to the FBG sensitivity to temperature shown above,
represents a Bragg wavelength shift of only 5pm, too close to
±2pm, the FBG interrogator accuracy.
Before applying the CC procedure, it is necessary to
Fig. 3. The output signals produced by the two FBGs at a flow rate of perform another signal processing, because the two signals
5m/s. The signal-to-noise ratio is too small to allow any temperature variation
distintion. Blue line: F BG1 ; Orange line: F BG2 . shown in Fig. 3, although with a noticeable phase delay, are
completely different from each other, both in shape and in
As expected, no direct cross-correlation is possible with amplitude. Any attempt to cross-correlate these signals would
this low signal-to-noise ratio, as the noise produced by result in a triangular-shape output with zero delay, meaning
the interrogation equipment modifies differently each signal, no correlation at all. To circumvent this, we have to normalize
making them absolutely uncorrelated. In order to clear the both signals by the average and the standard deviation using

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the Matlab command: T = (a − mean(a))/std(a) where a also for the system presented in this work. However, the
stands for each series. measurement accuracy of CC depends on high-speed of an
Finally, Fig. 5 shows the result of the CC algorithm analogical-to-digital converter (ADC), which is not the case
performed in Matlab on the signals shown in Fig. 3 after of commercial interrogators.
normalization. The maximum probability occurred at a delay In order to improve the accuracy and resolution of T oF
of 135ms. measurements, [12] proposed the cross-correlation calcula-
tion performed after digital filtering and interpolation. Such
technique worked well in our case but only up to 10m/s.
For higher speeds the conclusion is that, either the sampling
rate needs to be implemented or an interrogation system with
continuous output signal be applied.
To circumvent these limitations, we propose the use
of a bench-top interrogation technique such as those em-
ployed in [13] consisting of wavelength-division multiplexing
(DW DM ) or Fabry-Perot edge filters, respectively, which
provide a higher output sensitivity to FBG center wavelength
displacement, together with a continuous, real-time output.

VI. C ONCLUSIONS

Fig. 5. The cross-correlation results. Y -axis plots the probability of similarity A new methodology to measure volumetric flow rate inside
whereas X-axis plots the time delay. flare ducts based in heatwave travel time, FBG and cross-
correlation techniques was presented. Results demonstrate that
From this calculated delay, corresponding to the lag time the system attend the main demands for a flare flowmeter
that the heat pulse takes to travel 77cm from the upstream showing independence of gas composition, good linearity and
sensor to the downstream sensor, it is possible to calculate an accuracy and low cost as compared to conventional flowme-
airflow velocity of approximately 5.70m/s. ters. On the top of that, the system can be built so as to not
This process was repeated twenty times each, for different require electricity for its operation, promising to be a good
velocities resulting in the plot shown in Fig. 6. candidate for an all-fiber explosion-proof system.
The system presented a linear behavior for flow velocities
measurement up to a velocity of 10m/s. Flow velocities above
that present an up to 10% precision, due to limitations of the
commercial interrogation system used.
It is suggested an edge filter interrogation technique to
be applied in future tests to interrogate the FBGs in order
to improve signal-noise-ratio, allowing the measurement of
higher velocities.

ACKNOWLEDGMENT
The authors acknowledge the valuable support from Petro-
bras whose guidance and assistance are gratefully acknowl-
edged.
Fig. 6. Plot of the measured velocity by the FBG system versus calibrated
velocity measured by the Pitot tube. R EFERENCES

Notice that, while for flow velocities up to 6m/s the [1] Shannon, W., “The Challenges and Solutions of Flare
Gas Metering. A Sage Metering,” [Online]. Available at:
standard deviations are smaller than 5%, for higher velocities, https://sagemetering.com/wp-content/uploads/2017/08/Challenges-
the error bars increase substantially reaching up to 10% for Solutions-Flare-Gas-Measurement.compressed.pdf. Accessed on: July,
speeds higher than 9m/s. The reason for this is attributed to 28th , 2019.
[2] Sage Metering, Inc. [Online]. Available at:
two limitations: The first one is the sampling rate provided https://sagemetering.com/flare-gas-meter/flare-gas-flow-meter-
by the commercial interrogator. It produces output values at technologies/. Accessed on: July, 28, 2019.
regular frequency, rather from being continuous, which causes [3] Steinberg, B, Flare Gas Measurement Using Thermal Mass
Flow Meters, A Sage Metering White Paper, 2013. Available:
phase errors in the CC calculations. The second reason is its https://sagemetering.com/pdf-doc/articles-whitepapers/Flare-Gas-
±2pm Bragg wavelength uncertainty, leading to limitations in Measurement-UsingThermal-Mass-Flow-Meters-0713.pdf.
detecting sub-degree-centigrade temperatures. [4] Ruck, B., Pavlovski, B., Semidetnov, N., Phase-two-focus anemometer
for simultaneous measurement of particle velocity and particle size. Flow
High-precision T oF measurement is the main request to Measurement and Instrumentation, Volume 5, Issue 3, July 1994, Pages
flow rate measurement of ultrasonic gas flowmeters and 195-202.

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Modelagem Computacional de Sensor de Campo


Magnético à Fibra Óptica Considerando Efeitos de
Temperatura

Allamys A. Dias da Silva, Hebio J. B. Oliveira, Jehan Fonsêca do Nascimento


Henrique P. Alves, Joaquim F. Martins Filho Núcleo Interdisciplinar de Ciências Exatas e da Natureza –
Departamento de Eletrônica e Sistemas – DES NICEN, CAA
Universidade Federal de Pernambuco - UFPE Universidade Federal de Pernambuco - UFPE
Recife, Brasil Caruaru, Brasil
allan16@outlook.com, jfmf@ufpe.br jehan.nascimento@ufpe.br

Resumo— Devido a vasta área de aplicação, sensores de campo de transformadores em operação [9], como também, sensores
magnético vêm sendo objeto de várias pesquisas, e um dos focos que detectam o campo magnético residual em transformadores
dessas pesquisas é em sistemas à fibra óptica, devido à alta fora de operação [10]. Uma possível aplicação tecnológica dos
confiabilidade e sensibilidade que esses sistemas oferecem. sensores de campo magnético à fibra óptica propostos neste
Portanto, neste trabalho, são mostradas as análises de uma manuscrito é o monitoramento do campo magnético nominal em
modelagem computacional de um sensor de campo magnético à transformadores, onde, além de possíveis alterações de campo
fibra óptica, fazendo uso do efeito Faraday magneto-óptico. Para magnético, há também variações de temperatura [11].
modelagem, é usado um modelo numérico construído no
COMSOL multiphysics. Os resultados obtidos mostram uma Neste artigo, é apresentada uma modelagem computacional
sensibilidade a variações de campo magnético de até 4,45 T-1, para sensor de campo magnético à fibra óptica, baseado no efeito
enquanto que variações na temperatura podem gerar variações na magnético-óptico Faraday, incluindo as modificações na
leitura de campo magnético do sensor que podem chegar a 2,47 resposta do sensor devido a variações de temperatura. Na
mT/°C, levando a concluir que a temperatura é um importante composição do transdutor do sensor, é utilizado um material
fator a ser considerado na leitura do sinal óptico, para garantir a transparente com propriedades magnéticas, o Ce:YIG [12]. O
seletividade do sensor. sensor proposto é reflectométrico e apresenta alta sensibilidade
com uma larga faixa de operação em relação aos sensores
palavras-chaves: sensor de campo magnético, efeito Faraday
descritos na literatura [5-8]. A modelagem computacional usa o
magneto-óptico, Ce:YIG, correção de temperatura, COMSOL.
Método dos Elementos Finitos, por meio do COMSOL
Multiphysics.
I. INTRODUÇÃO
A Seção II apresenta uma descrição dos efeitos magneto-
Nos últimos anos, diversos tipos de sensores de campo ópticos Faraday, enquanto que a modelagem computacional é
magnético a base de fibra óptica vêm sendo desenvolvidos apresentada na Seção III. Os resultados e discussões obtidos pelo
devido suas diversas aplicações, tais como: navegação, estudo realizado neste trabalho são apresentados na Seção IV. A
ressonância magnética, geofísica, sistemas espaciais e outros Seção V trás as conclusões do artigo.
[1,2]. Isso porque as técnicas de monitoramento de grandezas
por fibra óptica oferecem várias vantagens como simplicidade,
versatilidade, segurança, baixo peso e confiabilidade [3]. Além II. EFEITO MAGNETO-ÓPTICO
disso, eles podem transportar sinais ópticos a longas distâncias De maneira geral, o efeito magneto-óptico descreve a
sem perda apreciável de potência e livres de interferência interação da luz com a matéria magnetizada [14]. Esse efeito é
eletromagnética externa [4]. As técnicas de detecção mais observado pela birrefrigência gerada no material magnético pelo
usadas pelos sensores de campo magnético à fibra óptica campo magnético externo. A resposta magneto-óptica do
utilizam interferometria modal, cavidade de Fabry-Perot, redes material é descrita pelo tensor permissividade elétrica relativa
de Bragg e efeitos magneto-ópticos [5-8]. do material magnético como sendo [13]
O campo magnético produzido por um equipamento elétrico  1 jmx Q0  jmz Q0 
pode ser um indicativo importante de seu bom funcionamento.  , (1)
Como, por exemplo, em um transformador de potência usado ε     jmx Q0 1 jm y Q0 
 
em linha de transmissão de energia elétrica, a maioria dos  jmz Q0  jm y Q0 1 
problemas é caudada por falhas no enrolamento e nos terminais
do transformador, e essas falhas podem ser detectadas através da em que  , é a permissividade relativa do material magnético
variação do fluxo magnético gerado pelo transformador [9]. Na não-magnetizado, Q0 é a constante magneto-óptica e
literatura, existem propostas de sensores não ópticos m  (mx , m y , mz ) é a magnetização normalizada do material. Em
direcionados ao monitoramento do campo magnético nominal

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frequências ópticas, e a permeabilidade relativa é


aproximadamente 1.
Utilizando (1) nas equações de Maxwell, são obtidos dois
modos normais de propagação no material magnetizado, que são
polarizações circulares com índices de refração
 1 
N   N  1  Q0mek  , (2)
 2 
sendo o índice (+) para polarização circular à direita e o (-) à
esquerda, ek a direção de propagação da luz e N o índice de Fig. 1. Arquitetura simplificada do sistema sensor à fibra óptica para
monitoramento do campo magnético usando efeito magneto-óptico.
refração do material não-magnetizado [13].
O efeito Faraday magneto-óptico é observado pela rotação O modelo numérico para o sensor de campo magnético à
da polarização do sinal óptico transmitido em um material fibra óptica é implementado no COMSOL Multiphyics, que é
magnético. A expressão (3) descreve o ângulo de rotação um software de modelagem computacional baseado no Método
Faraday, obtido para uma onda que atravessa um material na dos Elementos Finitos (FEM) [15]. Esse software permite a
mesma direção do campo magnético [14] simulação do elemento transdutor, levando em consideração a
geometria 2D de uma fibra óptica, como mostra a Fig. 2.
 dNQ0 mx , (3)
B  A Fig. 2 mostra a geometria 2D, que representa a seção
 longitudinal de uma fibra óptica monomodo, com um material
em que λ é o comprimento de onda da luz no vácuo e d é a magnético composto por Ce:YIG, como elemento transdutor, e
espessura do material magnético. É importante destacar que, no uma camada espessa de material metálico composto por
efeito Faraday, o sentido de propagação da onda não altera o alumínio, para gerar reflexão do sinal óptico de volta para a
efeito. Portanto, onda EM, que faz o percurso de ida e volta no fibra. É importante destacar que, na modelagem computacional,
material de espessura d , tem um ângulo de rotação Faraday de o efeito magneto-óptico é introduzido apenas usando o tensor
2B . permissividade elétrica relativa, expresso em (1). Isso permite a
simulação de uma situação que se aproxima melhor da realidade,
Considerando um material magnetizado apenas em uma enquanto que um modelo analítico possui aproximações [13]. Os
direção, ex , o índice de refração expresso em (2) para o material valores dos parâmetros usados no modelo estão na Tabela I.
magnetizado é dado por
TABELA I
Parâmetros usados na simulação numérica
 1 
N   N 1  Q0 mx  . (4) Descrição Parâmetro Valor
 2 
Comprimento de onda λ 1550 nm
Sendo o valor de saturação para a magnetização normalizada Índice de refração do núcleo da
mx  1 e o índice de refração complexo do material magnético ncore 1,444
fibra óptica em 1550 nm [16]
descrito por N  n  j , em que n é a parte real do índice de Índice de refração da casca da
nclad 1,4378
refração e κ é o coeficiente de extinção, tem-se que a constante fibra óptica em 1550 nm [16]
magneto óptica do material magnético é dada por Índice de refração do Ce:YIG
Nm 2,25+j8,3×10-5
em 1550 nm [12]

Bmax n  max  Índice de refração do Al em


Q0  2 2
j B  Q0'  jQ0'' . (5)
1550 nm [17]
nAl 1,5137+j15,234
d n   d n2   2
Constante magneto-óptica do
Q0Ce:YIG -2,41×10-2+j8,9×10-7
III. MODELAGEM COMPUTACIONAL Ce:YIG
Comprimento da fibra óptica L 3 µm
Esta seção descreve a modelagem computacional para o
perfil de sensor de campo magnético à fibra óptica. A Fig. 1 Espessura do material magnético
LCr:YIG 4,3 µm, 19,11 µm
mostra a arquitetura simplificada do sistema sensor a base de Ce:YIG (sensor Tipo II)
fibra óptica, proposto neste manuscrito, para detecção de campo Espessura da camada de Al LAl 1 µm
magnético usando efeito magneto-óptico. Como pode ser Diâmetro do núcleo da fibra
observado na figura, a luz emitida por um laser passa por um Dcore 8 µm
óptica
sistema de polarização antes de ser transmitida ao longo do
enlace de fibra óptica mantedora de polarização que contém o Diâmetro da casca da fibra
Dclad 20 µm
elemento sensor na extremidade desse enlace. O elemento óptica
sensor consiste de um material com propriedades magnéticas
depositado sobre a face clivada da fibra óptica no final do enlace.
Esse elemento sensor é colocado em uma região que está sob
ação de um campo magnético.

219
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

é mostrado na Fig. 4. As reflectâncias das ondas P ou S são


obtidas separadamente, simulando um polarizador em 90° para
selecionar a onda S e outro polarizador em 0° para selecionar a
onda P.

Fig. 2. Elemento transdutor do sensor de campo magnético a fibra óptica.

IV. RESULTADOS E DISCUSSÕES


Devido a estrutura do sensor, além do efeito Faraday, há
um efeito de cavidade (Etalon), que influenciam na modulação
do sinal. Assim, para otimizar a sensibilidade do sensor é
necessária uma combinação específica do ângulo de polarização
Fig. 4. Curvas de Reflectância em função do campo magnético para as
do sinal óptico de entrada e da espessura do material magnético. ondas P e S obtidas pelo modelo numérico (estrutura de fibra óptica).
A análise da configuração para se obter a melhor sensibilidade
em toda faixa de operação do sensor é feita através do gráfico de A distribuição do campo elétrico da polarização S é
superfície da Fig. 3, gerado de forma analítica, pelo modelo de mostrada na Fig. 5 para a estrutura de fibra óptica, em duas
reflexão de Fresnell [13]. Nesse gráfico, o eixo x corresponde a situações: campo magnético nulo com a polarização da onda em
espessura do material magnético e o eixo y ao ângulo de 10° (Fig. 5a) e para o campo magnético de 0,2 T (Fig. 5b). Essa
polarização do sinal óptico de entrada. A superfície de nível distribuição do campo elétrico é o resultado das ondas S
corresponde a diferença entre a reflectância para um campo transmitidas e refletidas em cada meio da estrutura. É possível
magnético de saturação R(BSAT) e a reflectância para um campo notar que, na presença do campo magnético, a componente S
magnético nulo R0, dada por ΔR = R(BSAT) - R0. Para o Ce:YIG, possui maior intensidade devido ao efeito de rotação de
o campo magnético de saturação é BSAT = 0,2 T [12]. polarização da luz que se propaga em Ce: YIG. Uma análise
Nota-se, na Fig. 3, que várias regiões possuem variação de mais detalhada e maiores discussões sobre a caracterização do
reflectância máxima, porém, devido ao comportamento senoidal sensor em temperatura ambiente são encontradas em [18].
da modulação do sinal óptico com o campo magnético, algumas As curvas da Fig. 4 mostram a modulação das ondas P e S
configurações podem ter alta variação de reflectância, mas uma em fibra óptica (modelo numérico). Esse resultado foi
sensibilidade que varia significativamente ao longo de toda faixa comparado com o resultado obtido utilizando modelagem com
de operação (0 a 0,2 T). No entanto, é possível obter uma as equações de Fresnel para a estrutura (não apresentados neste
configuração em que a sensibilidade se mantém artigo), onde é possível observar boa concordância entre os
aproximadamente constante ao longo de toda faixa de operação. modelos. Esse resultado é gerado considerando que o transdutor
Analisando as regiões do gráfico da Fig. 3, que corresponde a está num local com temperatura ambiente (25 °C). No entanto,
uma variação de campo magnético nulo até o valor de saturação existem situações em que o sensor pode estar sob variações
do Ce:YIG, é selecionada a configuração com 10º de polarização consideráveis de temperatura ao longo de um dia, como, por
do sinal óptico de entrada e LCe:YIG = 4,3 µm de espessura do exemplo, no interior de um transformador de potência [11].
Ce:YIG. Essa região é selecionada por possuir alta sensibilidade, Logo, é necessário saber como a temperatura afeta a modulação
aproximadamente constante em toda faixa de operação. O do sinal óptico.
resultado da modulação do sinal óptico, para essa configuração,

Fig. 3. Curva de nível para R para um campo magnético de saturação (B=200 mT)

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 5. Distribuição da componente S do campo elétrico ao longo das


interfaces de fibra óptica / Ce: YIG / Al, para (a) campo magnético nulo e
(b) campo magnético de saturação.

O efeito da temperatura pode ser incluído no modelo


computacional através da taxa de variação do índice de refração
de cada material em relação a temperatura, dn/dT, e da variação
da constante magneto-óptica do Ce:YIG, que pode ser calculada
utilizando a taxa de variação da rotação Faraday do Ce:YIG em
relação a temperatura, dϕB/dT . Para a rotação Faraday do
Ce:YIG tem-se a taxa dϕB/dT = 13°/cm/°C [19], e para os
índices de refração dos materiais dn/dT = 10-5, 2.5 × 10-4 e 10-3
°C-1, respectivamente para SiO2 , Ce:YIG e Al [17,19]. Esses
efeitos da temperatura no sinal são apresentados na Fig. 6, onde
é observada a curva de reflectância da onda S para o modelo de
fibra óptica. Através dos resultados apresentados na figura, é
notado que a resposta magneto-óptica é bem mais sensível a
temperatura que a resposta puramente óptica devido à variação Fig. 6. Curvas de Reflectância para onda S considerando o efeito da
do índice de refração do material com a temperatura. O motivo temperatura apenas na (a) constante magneto-óptica e (b) apenas no
da variação do índice de refração interferir pouco na modulação índice de refração.
do sinal pode ser entendido através da Fig. 3, uma vez que a
configuração de ângulo de polarização e espessura do Ce:YIG
foi escolhida de forma a cair no centro de uma curva de nível do
plot da figura, a mudança no índice de refração, que causa uma
alteração no efeito de Etalon na estrutura do sensor, produz uma
mudança desprezível no nível de refletância do sinal.
Utilizando os resultados da Fig. 6, é possível mensurar o
quanto o sistema é sensível à variações de campo e temperatura,
através da sensibilidade ao campo magnético,
R , (6)
SB 
Bsat
e, pela sensibilidade à temperatura,
R (T  75 C)  R (T  25 C ) . (7)
ST 
50 C

A sensibilidade ao campo magnético é dependente da


tempera da região sensora, como também, a sensibilidade à
temperatura varia com o campo magnético sobre a região. Esses
comportamentos das sensibilidades são ilustrados na Fig. 7.
De acordo com a Fig. 7 (a), é observada uma queda de 45%
da SB, quando há um aumento de 50 °C em relação a temperatura
ambiente (25 °C), devido à mudança na constate magneto-
óptica, enquanto que a variação no índice de refração quase não
altera a sensibilidade, como discutido anteriormente. Da Fig. 7
(b), é observado como a sensibilidade à temperatura cresce com
o aumento da magnetização do material, mostrando mais uma Fig. 7. Sensibilidades com relação (a) ao campo magnético em função da
vez que o efeito magneto-óptico é dominante frente o efeito de tempera na região sensora, e (b) à temperatura em função do campo
cavidade, considerando a configuração escolhida para o sensor. magnético na região sensora.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig.8. Curvas de nível para reflectância da onda S

Uma síntese dos resultados obtidos neste trabalho é giant magnetoresistance films”, IEEE Transactions on Magnetics, vol. 51,
apresentada na Fig. 8, que mostra um plot das curvas de nível no. 11, pp 1-4, 2015.
para a reflectância da onda S. Na figura, é possível observar [3] J. F. Martins-Filho, E. Fontana, J. Guimarães, D. F. Pizzato, and I. J.
Souza Coelho. Fiber-optic-based Corrosion Sensor using OTDR.
como a temperatura afeta pouco a resposta do sensor quando ele Presented at 6th annual IEEE Conference on Sensors, pp. 1172–1174,
está atuando em campos baixos, como também a sensibilidade 2007.
ao campo é bem maior quando está atuando em temperaturas [4] J. Haus, “Optical Sensors: Basics and Applications”. Ed. Wiley-Vch,
próximas à ambiente. Uma análise de como a temperatura 2010.
interfere na medida de campo pode ser feita através da relação [5] Y. Chen, Q. Han, T. Liu, X. Lan and H. Xiao, “Optical fiber magnetic
entra a sensibilidade SB e ST, Como exemplo, se o sensor está field sensor based on single-mode–multimode–single-mode structure and
operando em temperatura ambiente (25 °C), e sob a ação de um magnetic fluid”, Optics letters, vol. 38, no. 20, pp. 3999-4001, 2013..
campo de 160 mT, a razão ST sobre SB fornece um valor de 2,47 [6] F. Chen, Y. Jiang, H. Gao and L. Jiang, “A high-finesse fiber optic Fabry–
mT/°C, o que significa que um aumento de 10°C na temperatura Perot interferometer based magnetic-field sensor”. Optics and Lasers in
Engineering, Elsevier, vol. 71, pp. 62–65, 2015.
acarretaria uma variação de 24,7 mT no campo magnético.
[7] L. Bao, X. Dong, S. Zhang, C. Shen and P. P. Shum, “Magnetic field
Outras estimativas desse tipo podem serem feitas sensor based on magnetic fluid-infiltrated phase-shifted fiber Bragg
acompanhando as curvas de nível da Fig. 8. grating”. IEEE Sensors Journal, vol. 18, no.10, pp. 4008-4012, 2018.
[8] F. Pang, H. Zheng, H. Liu, J. Yang, N. Chen, Y. Shang and T. Wang, “The
V. CONCLUSÕES Orbital Angular Momentum Fiber Modes for Magnetic Field Sensing”.
Apresentamos a modelagem computacional de sensor de IEEE Photonics Technology Letters, vol. 31, no. 11, pp. 893-896, 2019.
campo magnético por efeito Faraday baseado em fibra óptica em [9] F. Haghjoo and H. Mohammadi, “Planar sensors for online detection and
region identification of turn-to-turn faults in transformers”, IEEE Sensors
que o efeito da temperatura foi levado em consideração. O Journal, vol. 17, no. 17, pp. 5450-5459, 2017.
sensor proposto consiste de um material magneto-óptico
[10] D. Cavallera, V. Oiring, J. L. Coulomb, O. Chadebec, B. Caillault and F.
(Ce:YIG) acoplado à face clivada de uma fibra óptica. A Zgainski, “A new method to evaluate residual flux thanks to leakage flux,
modelagem, feita através de Método de Elementos Finitos, application to a transformer”, IEEE Transactions on Magnetics, vol. 50,
considera o efeito da temperatura na variação do índice de no. 2, pp. 1005-1008, 2014.
refração dos materiais e do efeito da temperatura sobre a [11] L. Chen, Z. Zheng, S. Liu, L. Guo, and C.Dun, “Temperature prediction
constante magneto-óptica do material. on power transformers and the guide on load dispatch”. IEEE Annual
Report Conference on Electrical Insulation and Dielectric Phenomena
Os experimentos de simulação foram realizados para a faixa (pp. 444-447). 2012.
de operação de campos entre 0 e 200 mT e faixa de temperatura [12] T. Goto, M. C. Onbaşli, C. A. Ross, “Magneto-optical properties of
de 25 à 75 °C. Os resultados mostram que a dependência da cerium substituted yttrium iron garnet films with reduced thermal budget
for monolithic photonic integrated circuits”. Optics express, vol. 20, no.
constante magneto-óptica com a temperatura é dominante na 27, pp. 28507-28517, 2012.
faixa de campos e temperaturas estudadas. Além disso, que a
[13] J. Zak, E. R. Moog, C. Liu and S. D. Bader, “Universal approach to
sensibilidade do sensor ao campo magnético é de 4,45 T-1, magneto-optics”. Journal of Magnetism and Magnetic Materials, vol. 89,
enquanto que a sensibilidade do senhor à variações de no. 1-2, pp. 107-123, 1990.
temperatura pode chegar a 0,011 °C-1. Desta forma, variações na [14] M. Mansuripur, “The faraday effect”, Optics and Photonics News, vol.
temperatura podem gerar variações na leitura de campo 10, no. 11, pp. 32-36, 1999.
magnético do sensor que podem chegar a 2,47 mT/°C. [15] COMSOL MULTIPHYSICS, v. 5.2. www.comsol.com. COMSOL AB,
Stockholm, Sweden.
AGRADECIMENTOS [16] A. Mendez and T. F. Morse, Specialty Optical Fibers Handbook. San
Os autores agradecem a UFPE, FACEPE, CAPES e CNPq Francisco, CA, USA: Academic, 2011.
(Proc. APQ-CNPq: 456436/2014-6) pelo suporte financeiro. [17] A. D. Raki´c, A. B. Djuriˇsi´c, J. M. Elazar, and M. L. Majewski, “Optical
properties of metallic films for vertical-cavity optoelectronic devices,”
Applied Optic, vol. 37, no. 22, pp. 5271–5283, 1998.
REFERENCIAS
[18] A. A. D. da Silva, H. P. Alves, F. C. Marcolino, J. F. do Nascimento and
[1] E. Paz, R. Ferreira, and P. P. Freitas, “Linearization of magnetic sensors J. F. Martins-Filho, “Computational Modeling of Optical Fiber-Based
with a weakly pinned free-layer MTJ stack using a three-step annealing Magnetic Field Sensors Using the Faraday and Kerr Magnetooptic
process”, IEEE Transactions on Magnetics, vol. 52, no. 7, pp 1-4, 2016. Effects”. IEEE Transactions on Magnetics, vol. 56, no. 9, pp. 1-9, 2020.
[2] V. S. Luong, J. T. Jeng, B. L. Lai, J. H. Hsu, C. R. Chang, and C. C. Lu, [19] Y. Shoji, T. Nemoto and T. Mizumoto, “Analysis of temperature
“Design of 3-D magnetic field sensor with single bridge of spin-valve dependence of Ce: YIG for athermal waveguide optical isolator”.
Technical Digest on ECIO/MOC, P022. 2014.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Influência da Rugosidade de Superficie na


Sensibilidade de um Sensor de Índice de Refração
Baseado em Fibra Óptica com Perfil D

Henrique Patriota Alves, Daniel L. S. Nascimento, Jehan Fonsêca do Nascimento


Marianne S. Peixoto e Silva, Eduardo Fontana, Núcleo Interdisciplinar de Ciências Exatas e da Natureza
Joaquim F. Martins-Filho Centro Acadêmico do Agreste
Departamento de Eletrônica e Sistemas Universidade Federal de Pernambuco
Universidade Federal de Pernambuco Caruaru, Brasil
Recife, Brasil jehan.nascimento@ufpe.br
henrique.patriota@ufpe.br; jfmf@ufpe.br

Resumo—Este trabalho apresenta um estudo acerca da A fibra óptica com perfil D é um tipo especial de fibra
influência da rugosidade de superfície no desempenho de um óptica que é usualmente empregada na construção de sensores
sensor de índice de refração baseado em fibra óptica com perfil baseados em onda evanescente [6]. Essa fibra óptica tem sua
D. Além disso, o processo de fabricação de perfil D em fibras casca removida parcialmente/totalmente em determinado
ópticas com diferentes níveis de rugosidade é descrito. São trecho, formando uma região plana (Perfil D) onde o meio
apresentados resultados experimentais e de simulação utilizando externo se aproxima do núcleo da fibra [6]. Na literatura, os
uma modelagem computacional para a rugosidade de superfície sensores à base de fibra óptica com perfil D são empregados na
implementada no COMSOL Multiphysics. Os resultados obtidos detecção de vários fenômenos e grandezas, tais como índice de
apontam que a rugosidade de superfície contribui positivamente
refração [9], concentração de gases [10], temperatura [11],
para a sensibilidade do sensor de índice de refração, alcançando
corrosão [12], substâncias biológicas [13], entre outros [6].
sensibilidade de até 100 dB/UIR e resolução de até 10 -4 UIR.
Nesse sentido, mesmo obtendo-se comercialmente as fibras
Palavras-chaves—rugosidade; índice de refração; sensores; ópticas com perfil D, boa parte dos trabalhos que propõem
fibra óptica. sensores usando esse tipo de fibra óptica apresentam um
método próprio de fabricação do perfil D. Basicamente, três
métodos possibilitam a fabricação do perfil D em fibras
I. INTRODUÇÃO ópticas: realizando polimento, através de discos abrasivos em
Sensores à base de fibra óptica vêm ganhando destaque em rotação [14]; por corrosão, usando soluções com HF [15]; por
relação a outros tipos de sensores ópticos ou não-ópticos [1,2]. ablação, usando lasers de alta potência [16]. Dentre esses três
Isso porque as técnicas de monitoramento de grandezas por métodos, o mais usual é o que realiza polimento. No entanto,
fibra óptica oferecem várias vantagens como simplicidade, usando esse método, o nível de rugosidade gerada na superfície
versatilidade, segurança, baixo peso e confiabilidade [3]. Além plana do perfil D é maior que nos demais [17].
disso, podem transportar sinais de luz por longas distâncias
sem perda apreciável de potência e livres de interferências Na literatura, são encontrados relatos da influência da
eletromagnéticas externas [3]. Dentre os diversos tipos de rugosidade de superfície na resposta de sensores à fibra óptica.
sensores à fibra óptica [3,4], estão os que fazem uso da onda No trabalho proposto por H. P. Alves et al. [18], é comprovada
evanescente que se propaga na interface entre o núcleo e a a existência do efeito de Ressonância de Plásmon de Superfície
casca da fibra óptica. Os elementos transdutores desse tipo de (RPS) devido à rugosidade de superfície gerada em um filme
sensor podem ser construídos de diversas formas, com objetivo fino de alumínio, usado como transdutor do sensor de corrosão.
de permitir que parte da luz guiada na interface núcleo/casca Em relação à rugosidade gerada na fabricação do perfil D em
interaja com o meio externo: realizando curvaturas na fibra uma fibra óptica, no trabalho proposto por N. Zhong et al. [19]
óptica [5]; com a remoção total ou parcial da casca da fibra é destacada a influência da rugosidade de superfície na
óptica em um dado trecho de sua extensão [6]; afinando um performance de um sensor baseado em fibra óptica de plástico
trecho da fibra óptica, construindo um taper [7]. O (FOP) com perfil D. Os autores observaram que para um dado
sensoriamento, nesse tipo de sensor, pode ser realizado pela nível de rugosidade, pode-se aprimorar o desemprenho de um
medição da variação do nível da potência óptica refletida ou sensor para detecção de mercúrio numa solução buffer [19].
transmitida, devido à interação da onda evanescente com o Uma conclusão semelhante é obtida no trabalho proposto por
meio externo [8]. Portanto, esse tipo de sensor funciona com F. Sequeira et al. [20], para um sensor de índice de refração à
base na variação do índice de refração efetivo da região em que base de FOP com perfil D. Os autores destacam que para um
a onda evanescente entra em contato com o meio externo [8]. maior nível de rugosidade de superfície, maior a fração de luz
espalhada no perfil D [20]. Estudos desse tipo são realizados

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

com a fabricação de perfis D através de polimento com discos de onda λ=1310 nm é excitado na extremidade esquerda,
de diferentes superfícies abrasivas. através de uma porta numérica, configurada como um emissor,
estabelecendo um modo de propagação no núcleo dessa
Neste trabalho, propomos um estudo da influência da estrutura. A potência óptica transmitida é mensurada na
rugosidade de superfície na sensibilidade de um sensor de extremidade direita, através de uma porta numérica,
índice de refração baseado em uma fibra óptica monomodo configurada como um detector. Uma malha retangular foi
com perfil D. Para tal, é apresentado um método de fabricação usada para discretizar o núcleo e a casca. Para a casca residual,
de perfil D em fibra óptica, através de polimento, usando na presença da rugosidade, uma malha triangular foi usada,
quatro discos abrasivos. Além disso, para auxiliar na pois se adequa melhor aos contornos. O tamanho do elemento
compreensão dos efeitos oriundos da interação da luz com a finito para os dois tipos de malhas é λ/12.
superfície rugosa do perfil D, propomos uma modelagem
computacional para a rugosidade de superfície através de um Os valores dos parâmetros ópticos usados na modelagem
modelo que obteve êxito ao reproduzir os efeitos da rugosidade computacional, para o comprimento de onda de 1310 nm, são:
em um sensor à fibra óptica [18]. ncore=1,4443 e nclad=1,4378, para os índices de refração do
núcleo e casca da fibra óptica, respectivamente [4]; nágua=1,32,
II. MODELAGEM COMPUTACIONAL DA RUGOSIDADE nace=1,35 e nalc=1,37, para os índices de refração da água
destilada, da acetona e álcool isopropílico, respectivamente
A rugosidade de superfície pode ser caracterizada de [26, 27]. Os valores para os parâmetros geométricos são:
maneira geral por uma geometria irregular não euclidiana [21]. Dcore=8 µm, Dclad=20 µm e L=13 mm, para o diâmetro do
Sua estrutura pode apresentar aleatoriedade ou similaridade núcleo, da casca e o comprimento do perfil D, respectivamente.
[21] e nesse sentido, a rugosidade de superfície pode ser tratada O uso de um diâmetro reduzido para a casca da fibra óptica tem
como uma geometria fractal [22]. Na literatura são encontradas o objetivo de reduzir o uso de memória RAM requerido pela
duas funções fractais clássicas que podem representar a simulação numérica. Não há perda de generalidade, pois o
rugosidade de superfície: fractal de Weierstrass e fractal de comprimento de penetração da luz na casca da fibra óptica é
Weierstrass-Mandelbrot [23]. Essas funções são representadas inferior à 20 µm [8].
por séries infinitas de funções senoidais, que modelam a
rugosidade de superfície por uma estrutura periódica [23].
Desta forma, quanto mais termos da série forem expandidos,
mais complexa torna-se a representação da rugosidade, como
esperado para uma abordagem por fractais. No entanto, o termo
de ordem zero é uma função senoidal simples, que pode ser
facilmente implementada numa modelagem computacional.
Além disso, alguns trabalhos obtidos na literatura fazem o
tratamento da rugosidade de superfície por uma função
senoidal [18, 24, 25].
Neste trabalho também propomos uma abordagem para a
rugosidade de superfície, gerada na fabricação do perfil D em Fig. 1. Geometria 2D do modelo computacional.
fibras ópticas através de polimento, por meio de uma função
senoidal. Essa função, denominada de função rugosidade R(s),
está expressa na equação (1) III. APARATO EXPERIMENTAL

 2  A. Método de Fabricação de Perfil D em Fibra Óptica


R ( s )  A s en  s  B , (1) A fabricação de perfil D em fibra óptica por meio de
  polimento requer a preparação do trecho de fibra que será
em que A é a amplitude da rugosidade, B é um parâmetro de polido. Neste trabalho, faz-se uso de um substrato de acrílico e
translação, usado para ajustar a distância entre a rugosidade e o resina epóxi, para acomodar e fixar, respectivamente, o trecho
núcleo da fibra óptica, definindo a espessura média da casca de fibra óptica a ser polido, como ilustrado na Fig. 2(a). A
residual, Λ é a periodicidade e s é a variável de varredura no região plana do substrato tem seu tamanho definido de acordo
intervalo [0, L], em que L é o comprimento do perfil D. Na com o comprimento do perfil D que se deseja fabricar, pois o
simulação, os valores da amplitude A e periodicidade Λ são trecho de fibra fixado sobre essa região receberá o polimento.
escolhidos com base no tamanho da partícula do disco Neste trabalho, o comprimento usado é de 13 mm.
abrasivo. Esses parâmetros são exibidos na Fig. 1. A Fig. 2(b) ilustra o aparato experimental empregado,
A modelagem computacional proposta neste trabalho constituído por um laser que emite no comprimento de onda de
utiliza o método dos elementos finitos e foi implementada no 1310 nm e um sistema de medição de potência óptica. Esse
COMSOL Multiphysics. O Módulo Wave Optics, que permite o sistema de medição é composto por um fotodetector de GaAs
estudo da propagação de ondas eletromagnéticas com (FD), acoplado a um conversor analógico/digital (A/D), que é
frequências ópticas em guias de onda, foi utilizado na conectado a um computador (PC). A interface entre o sistema
modelagem. A Fig. 1 apresenta a geometria 2D da secção de medição e o computador é feita através de um Arduino Uno.
longitudinal de uma fibra óptica monomodo com um perfil D Esse sistema de medição permite registrar os valores de
rugoso. Nesse modelo 2D, um sinal óptico com comprimento potência óptica transmitida na fibra ao longo do processo de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

polimento. À medida que a casca vai sendo removida, parte da 3000#, com tamanho de partícula de 7 µm. O disco 4 faz uso
luz que se propaga na interface núcleo/casca da fibra óptica de uma pasta abrasiva de 100000#, com tamanho de partícula
escapa para o meio externo, provocando alterações no valor da de 0,25 µm [28]. O tamanho da partícula influencia no nível de
potência óptica que é detectada pelo sistema de medição. Ainda rugosidade gerada, de modo que quanto menor a partícula,
na Fig. 2(b), a estrutura de polimento é composta por uma menor deve ser o nível da rugosidade de superfície. Com isso,
máquina da Hi-Tech Diamond, com suporte para diferentes quatro amostras de fibra óptica com perfil D foram geradas.
discos abrasivos, funcionando a 800 rpm, e um suporte Para a amostra com perfil D fabricado através do disco 4, uma
mecânico para um estágio de translação Thorlabs. O processo sequência de polimentos foi realizada com os discos 1, 2, 3 e 4,
de polimento é automatizado por etapas, ou seja, uma vez nesta ordem, pois o disco 4 é empregado apenas para eliminar a
definido o disco abrasivo que se deseja utilizar e o nível de rugosidade gerada pelos discos anteriores, permitindo obter
perda da potência óptica, o polimento é iniciado. A leitura da uma superfície aproximadamente lisa (sem rugosidade).
potência óptica é uma variável de controle para a atuação do
estágio de translação. Com isso, realizando passos de 0,1 B. Sensor de Índice de Refração
µm/min, o estágio de movimento estabelece o contato e o O sensor de índice de refração realizado neste trabalho é
avanço, da região lateral da fibra óptica a ser polida, em comumente encontrado na literatura, pois é baseado na
direção à superfície do disco abrasivo, permitindo que o interação direta da onda evanescente, que se propaga na
polimento seja realizado de forma lenta e controlada. A Fig. interface núcleo/casca da fibra óptica, com o meio externo [29].
2(c) mostra a estrutura de polimento do aparato experimental, A configuração experimental usada para o sensor de índice de
com destaque para o disco abrasivo, o estágio de translação e o refração é basicamente a mesma ilustrada na Fig. 2(b), que faz
substrato de acrílico com a fibra óptica a ser polida. uso do laser e do sistema de medição de potência óptica
destacados anteriormente, em que a estrutura de polimento é
substituída pela fibra óptica com o perfil D, apenas. O
monitoramento do índice de refração do meio externo é
realizado com base em alterações na potência óptica
transmitida.
Quatro fibras ópticas com perfil D foram construídas, D1,
D2, D3 e D4, com quatro níveis distintos de rugosidade de
superfície, associadas aos discos 1-4. Cada uma dessas fibras
ópticas é conectada ao arranjo experimental e uma sequência
de medidas da potência óptica é realizada, com o elemento
sensor (perfil D) imerso, sucessivamente, em três meios: 1) ar,
2) água destilada; 3) acetona; 4) álcool isopropílico. Esses
meios foram escolhidos com base nos valores dos seus índices
de refração para o comprimento de onda de 1310 nm, que estão
no intervalo 1 – 1,37.
A sensibilidade às mudanças do índice de refração do meio
externo é calculada através da expressão (2)

dPop
S , (2)
dnext

em que dPop é uma variação infinitesimal na potência óptica


transmitida devido a uma variação infinitesimal no índice de
refração do meio externo dnext.

IV. RESULTADOS E DISCUSSÕES


A Fig. 4 apresenta a potência relativa do sinal óptico
Fig. 2. (a) Arranjo para fixar o trecho de fibra óptica a ser polido. (b) transmitido em função do índice de refração do meio externo,
Esquema completo do aparato experimental. (c) Estrutura de polimento para as amostras D1-D4. Os pontos representam os resultados
do aparato experimental. experimentais e as barras de erro estão associadas ao erro
absoluto entre a medida experimental e da simulação. Essa
Para possibilitar o estudo da influência da rugosidade de potência óptica é relativa ao sinal óptico transmitido na
superfície gerada na fabricação do perfil D sobre a ausência do perfil D, de modo que ela também representa a
sensibilidade de um sensor de índice de refração, quatro perfis perda de inserção do elemento sensor (perfil D). Para as
de polimento foram realizados, utilizando quatro discos de amostras D1 e D2, que foram fabricadas com os discos que
polimento com diferentes superfícies abrasivas. O disco 1 tem podem gerar maiores níveis de rugosidade, destacam-se as
800#, com tamanho de partícula de 25 µm; o disco 2 tem maiores perdas de sinal óptico. Enquanto que, com a
1200#, com tamanho de partícula de 15 µm; o disco 3 tem diminuição do nível de rugosidade, a quantidade de sinal óptico

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transmitido aumenta, como pode ser observado para as melhorar a visualização gráfica das pequenas diferenças de
amostras D3 e D4. Ainda na Fig. 4, o aumento no índice de valores entre sensibilidades de cada amostra. Como pode ser
refração do meio externo resulta no aumento da potência observado, quanto maior o nível de rugosidade, maior a
relativa, ou seja, na diminuição da perda de inserção. Isso sensibilidade, como mostrado nas curvas de D1 e D2. No
porque à medida que o índice de refração do meio externo entanto, deve-se destacar uma perda de potência óptica
aumenta, se aproximando do índice de refração da casca, o considerável, pela inserção desses elementos sensores, superior
efeito da rugosidade diminui, pois a interface se comporta à 18 dB para D1 (vide Fig. 4). Percebe-se uma relação de
como se fosse um meio homogêneo, ou seja, como se não compromisso entre sensibilidade e perda de inserção nos
houvesse um perfil D na fibra. dispositivos construídos.
0
Através de uma análise estatística dos resultados obtidos
experimentalmente com o sensor de índice de refração
-2
construído com a amostra D1 (mais sensível), pode-se obter
-4 uma medida para a resolução desse sensor. Para uma
-6 amostragem com 100 pontos da potência relativa para cada
Potência Relativa (dB)

-8 índice de refração do meio externo, calculou-se a média e o


-10
desvio padrão associado a cada valor de potência óptica. O
D1 - Experimental desvio padrão é a resolução da medida de potência óptica
-12 D1 - Numérico
D2 - Experimental devido a flutuações no sistema de detecção, flutuações de
-14 D2 - Numérico
D3 - Experimental
potência do laser, ou outras flutuações e limitações do sistema.
-16 D3 - Numérico Com isso, obteve-se uma resolução de aproximadamente 0,01
D4 - Experimental
-18 D4 - Numérico dB para o sistema de detecção. Calculando-se a razão desse
valor com a sensibilidade obtida para as amostras D1-D4 e a
-20
1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35 1,40 resolução da medição de potência óptica, obtém-se a resolução
Índice de Refração na medida de índice de refração (em UIR) para o sensor para
Fig. 4. Potência relativa transmitida em função do índice de refração do cada uma dessas amostras, em função do índice de refração do
meio externo, obtida experimentalmente (pontos e barras de erro) e a meio externo. Os resultados obtidos são mostrados na da Fig.
partir do modelo numérico (linhas). 5, também em escala logarítmica. Como pode ser observado, os
sensores que fazem uso das amostras D1 e D2 exibem melhor
De posse dos resultados experimentais da potência óptica resolução. Além disso, a inclinação das curvas de resolução
relativa para cada valor de índice de refração do meio externo, indica como a resolução varia ao longo da faixa de detecção de
para as amostras D1-D4, foram obtidos os valores para os índice de refração, podendo chegar à 10-4 UIR.
parâmetros da equação (1), que modela a rugosidade de
superfície dessas amostras. Esses valores são apresentados na
Tabela I. Eles foram obtidos comparando os valores da 1E-4
100
potência óptica medida com o perfil D exposto ao ar obtidos na
modelagem computacional com as medidas experimentais,
Sensibilidade (dB/UIR)

buscando a menor diferença entre esses valores. Isso foi feito 10 1E-3

Resolução (UIR)
para cada amostra D1-D4. Os resultados obtidos com a
modelagem computacional da rugosidade de superfície 1
0,01
também são mostrados na Fig. 4. Uma vez ajustados os
parâmetros da rugosidade de superfície para o modelo de cada 0,1
amostra D1-D4 (Tabela I), pode-se variar os valores de índice D1 - Numérico 0,1
de refração do meio externo em passo de 0,01 UIR nas D2 - Numérico
simulações. As curvas obtidas com o modelo numérico, em 0,01 D3 - Numérico
linhas na Fig. 4, mostram a tendência dos pontos D4 - Numérico 1

experimentais. Deve-se destacar a boa correspondência entre 1,00 1,05 1,10 1,15 1,20 1,25 1,30 1,35 1,40
os resultados obtidos experimentalmente e a modelagem Índice de Refração
numérica.
Fig. 5. Sensibilidade, em dB/UIR e Resolução, em UIR (Unidades de
TABELA I. PARÂMETROS DA FUNÇÃO RUGOSIDADE Índice de Refração), como função do índice de refração do meio externo,
obtida a partir do modelo numérico para os quatro perfis de rugosidade de
Amostras
Parâmetro superfície.
D1 D2 D3 D4
Λ (µm) 25 15 7 0,8
A (µm) 10,02 5,15 2,12 0,52
V. CONCLUSÕES
B (µm) 11,5 6,14 4,77 1,0
Neste trabalho apresentamos um estudo da influência da
A sensibilidade obtida com a modelagem computacional do rugosidade de superfície na sensibilidade de um sensor de
sensor de índice de refração é mostrada na Fig. 5, como uma índice de refração baseado em fibra óptica de perfil D. O
função do índice de refração do meio externo, para o modelo processo de polimento proposto permitiu construir perfis D
de cada amostra D1-D4. A escala logarítmica foi usada para com quatro níveis diferentes de rugosidade de superfície em
fibras ópticas monomodo. De acordo com os resultados

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obtidos, quanto maior a rugosidade gerada, maior a [11] V. M. Silva-Junior, J. F. Martins-Filho, J. F. Nascimento, Computational
sensibilidade do sensor de índice de refração. No entanto, a modeling of transducer elements of temperature sensors using surface
plasmon resonance in a D-shaped optical fiber. In: SBMO/IEEE MTTS
perda de sinal óptico é mais significativa em superfícies mais International Microwave and Optoelectronics Conference (IMOC),
rugosas. Os resultados obtidos mostraram que a rugosidade de Águas de Lindóia, vol. 1, pp. 1-5, 2017.
superfície contribui para o aumento da sensibilidade do sensor [12] W. Hu, L. Ding, C. Zhu, D. Guo, Y. Yuan, N. Ma and W. Chen,
de índice de refração, alcançando sensibilidade de até 100 “Optical fiber polarizer with Fe–C film for corrosion monitoring”, IEEE
dB/UIR e resolução de até 10-4 UIR. Sensors Journal, vol 17, no. 21, pp. 6904-6910, 2017.
[13] P. Zubiate, C. R. Zamarreño, P. Sánchez, I. R. Matias and F. J. Arregui,
O sensor construído tem potencial para aplicações “High sensitive and selective C-reactive protein detection by means of
bioquímicas [8] devido à alta sensibilidade e ótima resolução, lossy mode resonance based optical fiber devices”, Biosensors and
na faixa de índice de refração entre 1,32-1,37. Isso porque Bioelectronics, vol. 93, pp. 176-181, 2017.
alterações na concentração de algumas substâncias em meio [14] A. Khalilian, M. R. R. Khan and S. W. Kang, “Highly sensitive and
aquoso provocam variações no índice de refração que se wide-dynamic-range side-polished fiber-optic taste sensor”, Sensors and
Actuators B: Chemical, vol. 249, pp. 700-707, 2017.
enquadram nessa faixa de detecção [8].
[15] T. L. Lowder, K. H. Smith, B. L. Ipson, A. R. Hawkins, R. H. Selfridge
A função rugosidade modelou com êxito a rugosidade de and S. M. Schultz, “High-temperature sensing using surface relief fiber
superfície gerada em cada processo de polimento. Sem perda Bragg gratings”, IEEE photonics technology letters, vol. 17, no. 9, pp.
1926-1928, 2005.
de generalidade, a representação morfológica da superfície
[16] Z. Yin, Y. Geng, Q. Xie, X. Hong, X. Tan, Y. Chen and X. Li,
rugosa pela função rugosidade deve estar relacionada à “Photoreduced silver nanoparticles grown on femtosecond laser ablated,
periodicidade e amplitude mais significativas do perfil D-shaped fiber probe for surface-enhanced Raman scattering”, Applied
topológico real. Isso permitiu que os resultados do modelo optics, vol. 55, no. 20, pp. 5408-5412, 2016.
computacional ajustassem, com boa aproximação, os resultados [17] H. Esmaeilzadeh, E. Arzi, F. Légaré, M. Rivard and A. Hassani, “A
obtidos experimentalmente. Por fim, imagens por microscopia super continuum characterized high-precision SPR fiber optic sensor for
dos perfis D devem ser realizadas para comparar a distância refractometry”, Sensors and Actuators A: Physical, vol. 229, pp. 8-14,
2015.
estimada do perfil D para o núcleo na simulação com o valor
[18] H. P. Alves, J. F. Nascimento, E. Fontana, I. J. S. Coêlho, J. F. Martins-
real. Filho, ‘‘Transition Layer and Surface Roughness Effects on the
Response of Metal-based Fiber-optic Corrosion Sensors’’, Journal of
AGRADECIMENTOS Lightwave Technology , vol. 36, no. 13 pp. 2597-2605, 2018.
[19] N. Zhong, Z. Wang, M. Chen, X. Xin, R. Wu, Y. Cen and Y. Li, “Three-
Os autores agradecem à FACEPE, ao CNPq e à UFPE, pelo layer-structure polymer optical fiber with a rough inter-layer surface as a
apoio financeiro. highly sensitive evanescent wave sensor”, Sensors and Actuators B:
Chemical, vol 254, pp. 133-142, 2018.
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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Otimização de Sensores Baseados em Ressonância de


Plásmons de Superfície em Grades Metálicas por
Enxame de Partículas
Felipe José Lucena de Araujo1, Ernande Ferreira de Melo2, Eduardo Fontana1
1
Departamento de Eletrônica e Sistemas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE, Brasil
Departamento de Engenharia da Computação, Universidade do Estado do Amazonas, Manaus – AM, Brasil
2

felipe.joselaraujo@gmail.com, ernande@uea.edu.br, fontana@ufpe.br

Resumo — Neste trabalho, utilizou-se o algoritmo de otimização de significativo. Para solucionar esta problemática, técnicas de otimização
enxame de partículas para maximizar a sensibilidade de um sensor baseado eficientes devem ser aplicadas.
em Ressonância de Plásmons de Superfície (RPS) em grades de difração
com interface de perfil senoidal. A função reflectância foi modelada a partir Fontana [6] estabeleceu os requisitos para obtenção de uma
do critério de Rayleigh, que utiliza a expansão de ondas planas em séries de sensibilidade máxima de um sensor RPS em acoplamento por prisma,
Fourier. O valor da sensibilidade é determinado pela taxa de variação da no regime de pequenas perdas. A máxima sensibilidade é obtida no
função reflectância em relação ao índice de refração do meio sensoriado. ângulo de máxima inclinação da curva de reflectância, onde esse ângulo
Para um ângulo de incidência normal à superfície, comparou-se os valores é ligeiramente menor que o ângulo de ressonância. Melo e Fontana [7]
ótimos obtidos pelo enxame de partículas com o método de busca direta utilizaram esse princípio para determinar a amplitude e período ótimos
utilizado pelo aplicativo SPRinG.
de uma grade metálica, utilizando um método de otimizaçao de busca
Palavras-Chave—Plásmons de superfície, Enxame de partículas, Grades direta. Cavalcanti e Fontana [8] propuseram métodos heurísticos para
senoidais, Otimização, máxima sensibilidade. otimização de sensores RPS na configuração de Kretschmann ou de
Otto, uma estratégia que foi seguida em outro trabalho [9].
I. INTRODUÇÃO
Plásmons de Superfície (PS) são oscilações coletivas de elétrons que A função reflectância na interface entre o meio sensoriado e uma
se propagam na direção paralela à interface entre um meio dielétrico e grade metálica de perfil senoidal pode ser calculada a partir do critério de
um meio metálico [1]. Caso a componente tangencial do vetor de onda Rayleigh [10]. Esse critério estabelece que os campos eletromagnéticos
do feixe de luz incidente seja igual ao vetor de onda dos PS, se estabelece em toda a região do domínio de estudo são descritos como expansões de
o acoplamento máximo entre essas duas ondas. Esse efeito é ondas planas, em séries de Fourier, com base no teorema de Floquet [11].
denominado de Ressonância de Plásmons de Superfície (RPS) e é Para um dado comprimento de onda e ângulo de incidência fixos, a
responsável por um decaimento da intensidade da luz refletida nesta função sensibilidade é definida pela taxa de variação da reflectância em
interface. Como a ressonância está situada numa região angular estreita, relação ao índice de refração do meio sensoriado. Utilizando o algoritmo
esse efeito é extremamente sensível à variação do indice de refração do de enxame de partículas, a sensibilidade é testada por um conjunto de
meio sensoriado e tem sido empregado na detecção de gases [2], pares ordenados dentro de um espaço predeterminado, para a
caracterização de filmes finos [3] e em projetos de biosensores [4]. maximização da função sensibilidade.

Como o número de onda de um feixe de luz no espaço livre é sempre II. RESSONÂNCIA DE PLÁSMONS DE SUPERFÍCIE EM GRADES DE
menor que o número de onda dos PS, não é possível sustenta-los em DIFRAÇÃO
superfícies planas, e para excitar os PS deve-se aumentar o número de Uma das condições necessárias para o aparecimentos dos PS é a
onda do feixe de luz incidente [1]. Em princípio, os PS podem ser presença de um meio com parte real negativa da função permissividade.
excitados por acoplamento por prisma, fibra óptica ou grades metálicas Admitindo a permissividade complexa do metal na forma
de difração. O acoplamento por prisma ainda é o método mais utilizado
em dispositivos comerciais devido à facilidade de projeto [5]. No 𝜀𝑚 = 𝜀 ′ + 𝑗𝜀 ′′ , (1)
entanto, o uso dessa configuração torna complexa sua integração a abaixo da frequência de plasma do metal tem-se 𝜀 ′ < 0. As perdas
sensores em fibra óptica. intrínsecas dentro do metal levam à condição 𝜀 ′′ < 0 [1]. A
O projeto de um sensor baseado em RPS requer a determinação dos componente complexa do vetor de onda dos PS pode ser escrita como
parâmetros estruturais do sensor. Estes parâmetros determinam a função ′
𝐾𝑃𝑆 = 𝐾𝑃𝑆 ′′
− 𝑗𝐾𝑃𝑆 , (2)
reflectância, como também a sensibilidade do sensor. Além disso, o
processo de fabricação de dispositivos sensores baseados em RPS em onde a parte real e imaginária representam a constantes de propagação e
grades de difração é complexo e caro. Portanto, o projeto de dispositivos amortecimento da onda dos PS respectivamente. Uma aproximação do
sensores baseados em RPS em grades otimizadas é altamente

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número de onda dos PS formulada a partir de dois meios planos semi- −1 (10)
infinitos fornecem [1] 𝜆 𝜀′
Λ 0 ≈ ( ) (√ ′ − 𝑠𝑖𝑛𝜃𝑅𝑃𝑆 ) ,
𝑛𝑠 𝜀 + 𝑛2𝑠

𝜀′
𝐾𝑃𝑆 = 𝐾0 √ , (3)
𝜀′ + 𝑛𝑠2 em que 𝜃𝑅𝑃𝑆 é uma aproximação do ângulo de ressonância.

𝜀 ′′ (4) Pequenas variações no índice de refração do meio em contato direto


′′
𝐾𝑃𝑆 ′
= 𝐾𝑃𝑆 , com a superfície do metal causam mudanças no ângulo de ressonância
2𝜀 ′ + (𝜀 ′ + 𝑛𝑠2 ) 𝜃𝑅𝑃𝑆 da curva de reflectância, que se traduz em variações na potência
com 𝐾0 =
2𝜋
, sendo 𝜆 o comprimento de onda operacional. refletida, conforme ilustrado na Fig. 2.
𝜆

Analisando-se a Equação (3), temos que 𝐾𝑃𝑆 ′


> 𝐾0 , portanto, os
PS não podem ser excitados por incidência direta em uma interface plana
no espaço livre. Uma maneira de excitar PS é utilizando uma grade de
difração revestida com uma película de metal nobre. Essas grades são
estruturas periódicas tendo periodicidade de ordem do comprimento de
onda de operação. A Fig.1 ilustra uma grade metálica de perfil senoidal
da forma
𝑠(𝑥) = ℎ sin(𝐾𝑔 𝑥),
(5)
onde h representa a amplitude da grade, e
2𝜋
𝐾𝑔 =, (6)
Λ
em que Λ representa o período da grade.

Fig. 2– Função reflectância para dois valores de índice de refração.

III. MODELO MATEMÁTICO DA RESSONÂNCIA DE PLÁSMONS DE


SUPERFÍCIE EM GRADES DE DIFRAÇÃO
Considerando-se uma grade unidimensional de perfil senoidal como
mostrado na Fig.1 e uma incidência de uma onda plana com polarização
Transverso Magnético (TM). Aplicando-se as condições de contorno na
interface s(x) temos as seguintes equações acopladas [11]:
𝑙=∞ (11)
𝐽𝑚 (𝑘1 ℎ) = ∑ 𝑡(𝑘𝑙 )𝐽𝑚−𝑙 (𝑞𝑙 ℎ)
Fig. 1 – Configuração de uma grade metálica senoidal. 𝑙=−∞
− 𝑟(𝑘𝑙 )(−1)𝑚−𝑙 𝐽(𝑚−𝑙) (𝑝𝑙 ℎ)
Devido ao perfil curvilíneo da grade, a conservação do vetor de onda
dos campos de entrada e saída ao longo da direção x não é satisfeita e 𝑚𝑘𝑔 𝑥 − 𝑘12 (12)
( ) 𝐽𝑚 (𝑘1 ℎ)
com isso, gera-se um conjunto discreto de ordens difratadas refletidas e 𝑘1
transmitidas pela interface. A componente x do vetor de onda de uma (𝑚 − 𝑙)𝑘𝑔 𝑘𝑙 − 𝑞𝑙 2
dada ordem de difração é dada por [10]. = ∑ 𝑡(𝑘𝑙 ) ( 2 )𝑞 ) 𝐽(𝑚−𝑙) (𝑞𝑙 ℎ)
(𝑛𝑚 𝑙
𝑙
𝐾𝑙 = 𝐾𝑥 + 𝑙𝐾𝑔 , (7) (𝑚 − 𝑙)𝑘𝑔 𝑘𝑙 − 𝑝𝑙 2
− ∑ 𝑟(𝑘𝑙 ) ( ) (−1)𝑚−𝑙 𝐽(𝑚−𝑙) (𝑝𝑙 ℎ),
(𝑛𝑠2 )𝑝𝑙
com 𝑙 = 0, ±1, ±2, ±3 ⋯ ± ∞ e 𝑙

𝐾𝑥 = 𝑛𝑠 𝐾0 𝑠𝑖𝑛𝜃, (8) com 𝑘1 , 𝑝𝑙 e 𝑞𝑙 representam as componentes z das ondas incidente,


refletidas e transmitidas respectivamente. Nas Equações (11) e (12),
é a componente x do vetor de onda da onda incidente, 𝑛𝑠 representa o 𝐽𝑛 (x) representa uma função de Bessel de primeiro tipo e ordem n. Para
índice de refração do meio sensoriado e 𝜃 é o ângulo de incidência da solucionar as Equações (11) e (12), trunca-se os valores de l e m para
onda incidente. Na condição de ressonância, temos que |𝑙𝑚𝑎𝑥 | = |𝑚𝑚𝑎𝑥 | = 𝐿 [11]. Com isso, obtêm-se um sistema linear de
𝐾𝑙 = ±𝐾𝑃𝑆 ′ . (9) 2(2𝐿 + 1 ) × 2(2𝐿 + 1) equações. Para solucionar esse sistema de
equações, desenvolveu-se uma rotina em Matlab, obtendo-se os
Assumindo que se queira que a ordem l = 1 corresponda a condição de coeficientes de reflexão e transmissão das ordens difratadas. Neste
ressonância, o período da grade pode ser estimado na forma artigo, estamos interessados em determinar o coeficiente de reflexão
especular. A partir de 𝑟(𝑘0 ) determina-se a função reflectância
especular [11]

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𝑅 = |𝑟(𝑘0 )|2 , (13) espaço de busca pelo vetor 𝐸{𝛬1 ≤ 𝛬 ≤ 𝛬2 , ℎ1 ≤ ℎ ≤ ℎ2 }, o


número de partículas NP, o número máximo de iterações Imax e os
onde a reflectância é uma função do tipo 𝑅 = 𝑓(𝐿, 𝜆, 𝑛𝑠 , 𝜀𝑚 , ℎ, 𝜃, Λ). coeficientes de inércia e aprendizados cognitivos e sociais 𝜔, 𝑐1 e 𝑐2 ,
A otimização de um sensor baseado em RPS em grade de difração respectivamente. Em um laço de repetição, inicializa-se:
de perfil senoidal, ilustrada na Fig. 1 e descrita pela Equação (5) consiste
 Posições das partículas aleatoriamente dentro do espaço
em determinar a amplitude h e período Λ que fornece a máxima
de busca.
sensibilidade  Velocidades das partículas sendo zero.
𝑑𝑅 (14)  Calcula-se a sensibilidade com 𝑆(𝜃, 𝑥𝑖 (1), 𝑥𝑖 (2)).
𝑆= ,  Determina-se o 𝑝𝑀 e 𝑔𝑀 .
𝑑𝑛
com o ângulo de incidência 𝜃 sintonizado no ponto de máxima A próxima instrução é atualizar a velocidade e posição das partículas
sensibilidade da curva de reflectância. Para um dado meio dielétrico pelas Equações (15) e (16), respectivamente, em um laço de repetição
sensoriado 𝑛𝑠 , meio metálico 𝜀𝑚 e comprimento de onda fixos, pode-se controlado por uma variável de controle. Com isso, as novas posições
definir uma função sensibilidade dada por 𝑆(𝜃, Λ, ℎ). das partículas são analisadas na função sensibilidade
𝑆(𝜃, 𝑥𝑖 (1), 𝑥𝑖 (2)). A melhor posição de cada partícula e melhor
IV. OTIMIZAÇÃO DE SENSORES BASEADOS EM RESSONANCIA DE posição do enxame dentro do espaço de busca são atualizadas e
PLÁSMONS DE SUPERFÍCIE EM GRADES DE DIFRAÇÃO armazenadas nos vetores 𝑝𝑀 e 𝑔𝑀 respectivamente. No final do
Um problema de otimização consiste em determinar os parâmetros procedimento, obtém-se o período e amplitude ótimas que maximizam
ótimos que minimizem ou maximizem uma ou várias funções objetivo. a sensibilidade.
Um procedimento de otimização por busca direta foi implementado
1. Entrada de dados: 𝜆, 𝜃, 𝑛𝑠 , 𝜀𝑚 ;
anteriormente em um aplicativo web, denominado SPRinG. Esse 2. Estimativa inicial do período Λ pela Equação (10);
aplicativo foi desenvolvido pra realização de otimização de grades de 3. Entrada de dados : 𝐸, 𝐼𝑚𝑎𝑥 , 𝑁𝑃 , ω, c1 , c2 ;
difração via web [12]. Neste trabalho, para determinar a amplitude e 4. 𝑀𝐺 = −∞ ;
período ótimos da grade, foi utilizado o algoritmo de enxame de 5. para i = 1 até NP faça
partículas. Esse algoritmo consiste em simular o comportamento 6. 𝑥𝑖 ← 𝑎𝑙𝑒𝑎𝑡ó𝑟𝑖𝑜 𝑛𝑜 𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑜 𝑑𝑒 𝑏𝑢𝑠𝑐𝑎
adotado em multidões de indivíduos, como no caso de bando de 7. 𝑣𝑖 ← 0;
pássaros ou cardume de peixes [13], em que a função objetivo é 8. 𝑆(𝑖) = 𝑆𝑖 (𝜃, 𝑥𝑖 (1), 𝑥𝑖 (2)) ;
9. 𝑝𝑀 (𝑖) = 𝑥𝑖 ;
analisada para um conjunto finito de valores. No problema de 10. 𝑆𝑀 (𝑖) = 𝑆(𝑖)
otimização deste trabalho, considera-se a sensibilidade como função 11. se 𝑆𝑀 (𝑖) > 𝑀𝐺 então
objetivo. 12. 𝑔𝑀 = 𝑥𝑖 ;
13. 𝑀𝐺 = 𝑆𝑀 ;
Utilizando-se o algoritmo de enxame de partículas para determinar 14. fim do se
os parâmetros ótimos da grade, cada partícula possui sua própria posição 15. fim para
𝑥𝑖𝑘 = (Λ𝑘𝑖 , ℎ𝑖𝑘 ) e velocidade 𝑣𝑖𝑘 = (𝑣𝑖𝑘Λ , 𝑣𝑖ℎ
𝑘
), onde o sobrescrito k 16. para k=1 ate 𝐼𝑚𝑎𝑥 faça
representa o número da iteração e o subscrito i representa a i-ésima 17. para i = 1 ate 𝑁𝑃 faça
18. 𝑣𝑖𝑘 ← 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (15);
partícula. Cada partícula também possui sua melhor posição 𝑝𝑀 , sendo 19. 𝑥𝑖𝑘 ← 𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 (16);
definida pelo seu maior valor da função sensibilidade 20. 𝑆𝑖𝑘 = 𝑆𝑖 (𝜃, 𝑥𝑖 (1), 𝑥𝑖 (2));
𝑆𝑖 (𝜃, 𝑥𝑖 (1), 𝑥𝑖 (2)), definida pela variável 𝑆𝑀 . Outra característica 21. se 𝑆𝑖𝑘 > 𝑆𝑀 (𝑖) faça
importante desse algoritmo é que o enxame de NP partículas, possui o 22. 𝑆𝑀 (𝑖) = 𝑆𝑖𝑘 ;
conhecimento da melhor posição 𝑔𝑀 das NP partículas, com o respectivo 23. 𝑝𝑀 (𝑖) = 𝑥𝑖𝑘 ;
valor da função sensibilidade. 24. se 𝑆𝑀 (𝑖) > 𝑀𝐺 faça
25. 𝑔𝑀 = 𝑥𝑖 ;
As velocidades das partículas são atualizadas a cada iteração k pela 26. 𝑀𝐺 = 𝑆𝑀 ;
relação [13] 27. fim do se
28. fim do se
𝑣𝑖𝑘+1 = 𝜔 ∙ 𝑣𝑖𝑘 + 𝑐1 𝑟1 ∙ (𝑝𝐵 − 𝑥𝑖 ) + 𝑐2 𝑟2 ∙ (𝑔𝐵 − 𝑥𝑖 ), (15) 29. fim do para
30. fim do para
onde 𝜔 é o coeficiente de inercia e quantifica a confiança da partícula
nela mesma na iteração k, 𝑐1 é o coeficiente cognitivo e quantifica a
Fig.3 – Pseudocódigo do procedimento de otimização de uma grade de difração com
confiança da partícula em suas experiencias anteriores e 𝑐2 é o interface simples utilizando enxame de partículas.
coeficiente social e quantifica a confiança da partícula em todas as
partículas do enxame. As variáveis 𝑟1 e 𝑟2 determinam um número V. RESULTADOS
aleatório entre 0 e 1. A posição de cada partícula é atualizada pela relação O procedimento de otimização utilizando o algoritmo de enxame
[13] de partículas foi implementado em Matlab para maximizar a função
𝑥𝑖𝑘+1 = 𝑥𝑖𝑘 + 𝑣𝑖𝑘+1 . (16) sensibilidade 𝑆(𝜃, Λ, ℎ) tendo como variáveis de decisão o período Λ
e amplitude h da grade metálica de perfil senoidal ilustrada na Fig.1. Ao
O pseudocódigo com o processo de otimização do algoritmo de final da execução, encontra-se o vetor 𝑥𝑜 = [Λ𝑜 , ℎ𝑜 ] e a sensibilidade
enxame de partículas utilizado para determinar os parâmetros ótimos de máxima. As simulações foram realizadas em um computador pessoal
uma grade de interface simples esta mostrado Fig.3. Inicialmente define- com as seguintes configurações: processador intel ® Core i7-5500U;
se os parâmetros para estimar o valor do período Λ0 de acordo com a CPU 2.4 GHz; Memória RAM 8 GB.
Equação (10). Também na inicialização do algoritmo, define-se o

230
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

O algoritmo de otimização de enxame de partículas é classificado


como um algoritmo estocástico, portanto, a utilização desse algoritmo
não garante encontrar uma solução ótima. A especificação dos
parâmetros 𝜔, 𝑐1 e 𝑐2 da Equação (15), como também o número NP de
partículas do enxame e o número de iterações Imax estão relacionados à
qualidade do algoritmo em encontrar um ótimo global. Outro fator que
influencia no desempenho desse algoritmo é o espaço de busca, sendo
que quanto mais extenso o domínio, maior será a probabilidade do
algoritmo convergir para um ótimo local.
Experimentos computacionais realizados neste trabalho, mostraram
que o período ótimo que maximiza a função sensibilidade está em uma
região próxima ao ponto determinado pela Equação (10). Nestes
experimentos também ficou evidenciado que os parâmetros 𝜔 =
0.75, 𝑐1 = 1.5, 𝑐2 = 1.5 e Imax = 100 resultam em convergencia do
algoritmo de enxame de partículas para uma solução satisfatória. Fig.4 – Valor da sensibilidade em função da iteração.

O número de partículas NP foi definido com 10, 15, 20, 30, 40 e 50. Em comparação com esses resultados, tem-se o SPRinG [12], que
O espaço de busca do período Λ foi fixado em [Λ0 − 0.01Λ0 , Λ0 + utiliza um método de busca direta, e que fornece os parâmetros ótimos
0.01Λ0 ], sendo que Λ0 foi determinado pela Equação (10), resultando Λ = 987.9 𝑛𝑚, ℎ = 8.4 𝑛𝑚 e uma sensibilidade 𝑆 = 1001.1 em
em um intervalo [977.8, 997.5]. O espaço de busca da amplitude foi um tempo de processamento de 13.54 s. Para o comprimento de onda
definido por (1,100) [7]. de operação utilizado neste trabalho, a sensibilidade máxima de um
dispositivo sensor baseado em RPS é 𝑆 = 1010.4 [12]. As curvas de
A. Grades Otimizadas em incidência normal reflectância calculadas com o método do SPRinG e otimizada por
Sintonizando-se o ângulo de incidência em 𝜃 = 0 e determinando- enxame de partículas estão ilustradas na Fig. 5.
se os parâmetros ótimos para que a sensibilidade máxima seja atingida
nesse ângulo, obtêm-se o acoplamento parcial com plásmons de
superfície contra-propagantes, tendo dois ângulos de ressonância. Sob
essas condições específicas, a máxima sensibilidade ocorre no ponto de
inclinação nula da curva de reflectância. Para um comprimento de onda
de operação λ = 1000 nm, indice de refração do metal 𝑛𝑚 =
0.099172 − 6.3850j e uma variação do indice de refração do meio
sensoriado ∆𝑛𝑠 = 10−4 , foram realizados 6 experimentos variando o
número de partículas do enxame. Em cada experimento o procedimento
de otimização convergiu para o ótimo global 𝑆 = 1006.4, com o
período ótimo Λ = 987.9 𝑛𝑚 e amplitude ótima ℎ = 7.8 𝑛𝑚.
Tabela 1 – Desempenho do algoritmo enxame de partículas em grades de
difração de perfil senoidal em interface simples.

NP 𝑆 𝑡(s)
10 1006.3 8.08
15 1006.3 10.97
20 1006.3 13.42 Fig. 5 – Curvas de reflectância otimizada por enxame de partículas e pelo SPRinG de
30 1006.3 19.27 uma grade revestida de ouro em incidência normal.
40 1006.3 27.78 Analisando a Fig.5 observa-se que a variação da reflectância
50 1006.3 36.09 utilizando os parâmetros obtidos pelo método de enxame de partículas é
maior que a variação da reflectância utilizando os parâmetros obttidos
Analisando a Tabela 1, observa-se que o algoritmo converge para o pelo SPRinG. Com isso, o algoritmo de enxame de partículas
mesmo valor de sensibilidade para todos números de partículas do proporciona melhores resultados que o algoritmo utilizado pelo
enxame. O tempo de processamento aumenta com o tamanho do SPRinG.
enxame devido ao maior número de avaliação da função sensibilidade. VI. CONCLUSÃO
A Fig.4 ilustra o processo de convergência do algoritmo de enxame Neste trabalho, utilizou-se o algoritmo de otimização de enxame de
de partículas com a quantidade de partículas NP iguais a: 10; 15; 20; 30; partículas para maximizar a sensibilidade de um sensor baseado em RPS
40; 50. Analisando a Fig.4 observa-se que o processo de otimização em grades de difração com interface simples de perfil senoidal. A função
converge para um valor ótimo antes da iteraçao número 20 para todos os reflectância foi modelada a partir do critério de Rayleigh, que utiliza a
números de partículas simulados neste trabalho. expansão de ondas planas em séries de Fourier. O valor da sensibilidade
é determinado pela taxa de variação da reflectância em relação ao índice
de refraçâo do meio sensoriado. A partir do procedimento de otimização
apresentado neste trabalho, determinou-se o período e amplitude ótimas

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

da grade metálica. Para um ângulo de incidência normal à superfície, resonance effect on a recordable compact disk,” Appl. Opt., vol. 43, no. 1,
determinou-se uma configuração sensora com a máxima sensibilidade pp. 79–87, 2004.
no ponto de inclinação nula. Além disso, verificou-se que o algoritmo de [12] E. F. Melo and E. Fontana, SPRinG - Surface Plásmon Resonance in
enxame de partículas encontra uma sensibilidade maior em um tempo Grating, Acesso:http://lsi.fotonica.ufpe.br/fontana/spring.
de execução menor, dependendo do tamanho do enxame, quando
comparado com algoritmos de busca direta, como o SPRinG [12].
O algoritmo enxame de partículas mostrou-se robusto e de
implementação simples para o desenvolvimento de configurações
sensoras operando no ângulo de incidência normal à superfície. Para
trabalhos futuros, pretende-se utilizar o algoritmo enxame de partículas
em grades de difração em multiplas interfaces com perfis senoidais e
quadradas operando em outros comprimentos de onda e angulos de
incidência, a fim de comparar a sensibilidade dessas configurações.
Também pretende-se utilizar esse algortimo para maximizar a
sensibilidade obtidas pelo método de elementos finitos .
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio financeiro do CNPq e
CAPES, e o apoio institucional da Universidade Federal de
Pernambuco e Universidade Estadual do Amazonas.

REFERÊNCIAS
[1] D. Sarid, W. Challener, D. Sarid, and W. Challener, “Techniques for
exciting surface plasmons,” Modern Introduction to Surface. Plasmons, pp.
256–282, 2013.
[2] S. P. Usha, S. K. Mishra, and B. D. Gupta, “Fabrication and characterization
of a SPR based fiber optic sensor for the detection of chlorine gas using
silver and zinc oxide,” Materials (Basel)., vol. 8, no. 5, pp. 2204–2216,
2015.
[3] G. O. Cavalcanti, “Caracterização precisa de filmes metálicos e novas
propostas de transdutores ópticos por ressonância de plásmons de
superfície”, Tese de Doutorado, DES, UFPE, Recife, BR, 2013.
[4] I. Abdulhalim, M. Zourob, and A. Lakhtakia, “Surface plasmon resonance
for biosensing: A mini-review,” Electromagnetics, vol. 28, no. 3, pp. 214–
242, 2008.
[5] S. Rossi, E. Gazzola, P. Capaldo, G. Borile, and F. Romanato, “Grating-
coupled surface plasmon resonance (GC-SPR) optimization for phase-
interrogation biosensing in a microfluidic chamber,” Sensors (Switzerland),
vol. 18, no. 5, 2018.
[6] E. Fontana, “Thickness optimization of metal films for the development of
surface-plasmon-based sensors for nonabsorbing media,” Appl. Opt., vol.
45, no. 29, pp. 7632–7642, 2006.
[7] E. F. Melo and E. Fontana, “Optimization of metal gratings for SPR sensing
applications,” SBMO/IEEE MTT-S Int. Microw. Optoelectron. Conf. Proc.,
vol. 1, no. 2, pp. 819–823, 2011.
[8] L. M. Cavalcanti and E. Fontana, “Monte Carlo and particle swarm methods
applied to the design of surface plasmon resonance sensors,” Proc. IEEE
Sensors, pp. 31–33, 2017.
[9] Y. Sun, H. Cai, X. Wang, and S. Zhan, “Optimization methodology for
structural multiparameter surface plasmon resonance sensors in different
modulation modes based on particle swarm optimization,” Opt. Commun.,
vol. 431, no. August 2018, pp. 142–150, 2019.
[10] A. Wirgin, “Plane-wave expansions used to describe the field diffracted by
a grating: comments,” J. Opt. Soc. Am., vol. 72, no. 6, p. 812, 1982.
[11] E. Fontana, “Theoretical and experimental study of the surface plasmon

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Identificação de Parâmetros de Máquinas Síncronas


pelo Ensaio de Resposta em Frequência utilizando
Rede Neural LSTM

Vitor Annecchini Schimid Silvio Ikuyo Nabeta


Escola Politécnica da Universidade de São Paulo Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
São Paulo, Brasil São Paulo, Brasil

Abstract— Este artigo propõe uma metodologia de ajuste indutância de eixo direto de uma máquina síncrona no domínio
numérico para a curva de indutância de uma máquina síncrona da frequência seja similar à Figura1.
obtida através de um ensaio de resposta em frequência com o uso
de um inversor de frequência. O ajuste consiste em prever pontos
fora do intervalo original de medição através do uso de uma rede
neural do tipo LSTM (Long-Short Term Memory). Com esta
metodologia, espera-se aumentar o grau de precisão dos
parâmetros da referida máquina extraídos de sua curva de
indutância.

Keywords—rede neural; LSTM; ajuste de curva; resposta em


frequência; máquina síncrona.

I. INTRODUÇÃO
Alguns ensaios de máquinas elétricas no domínio do
tempo podem ser realizados em laboratório sem grande
dificuldade, tendo em vista a possibilidade de utilização de
equipamentos de mais fácil acesso. Porém, alguns deles Fig. 1. Indutância de eixo direto – IEEE (2009) - modificado
podem causar danos à máquina, como o ensaio de curto-
circuito trifásico abrupto. Por outro lado, o ensaio estático de Conforme destacado na Figura 1, os valores de Ld e Ld’’
resposta em frequência tem como grande vantagem a ausência são os pontos extremos da mais baixa e mais alta frequência
de quaisquer danos à maquina, tendo em vista que o rotor da curva de indutância. Ou ainda, o módulo da curva tende a
permanece estático e os níveis de tensões e correntes estabilizar-se em Ld em valores de frequência da ordem de
envolvidos são baixos. mHz, e o módulo tende a estabilizar-se em Ld’’
Em sua dissertação de mestrado, Sousa (2011) propôs uma aproximadamente quando a frequência do gráfico ultrapassa o
metodologia alternativa para a realização deste ensaio, ponto de 200Hz (para máquina com frequência nominal de
utilizando um inversor de frequência em vez de um gerador de 60Hz).
tensões senoidais de frequência variável. Esta abordagem,
entretanto, gera resultados com alta relação ruído/sinal,
III. MEDIÇÃO DA CURVA DE INDUTÃNCIA
especialmente para valores de frequências mais baixas e,
assim sendo, demanda um ajuste de curvas robusto para a A medição da curva de indutância da máquina síncrona em
obtenção de resultados com baixa margem de erro. questão está representada na Figura 2:
O objetivo deste trabalho é encontrar, por meio de um
ajuste de curvas baseado na rede neural LSTM, a indutância
transitória de eixo direto (Xd’) e as constantes de tempo (T’do,
T’d, T’’do e T’’d) da máquina síncrona de 2kVA e 60Hz
ensaiada por Sousa (2011). Todos os dados experimentais
utilizados no presente trabalho foram retirados da referida
dissertação.
II. CURVA DE INDUTÂNCIA OPERACIONAL
Segundo o texto “IEEE Guide for Test Procedures for
Synchronous Machines (2009)”, espera-se que a curva de Fig. 2. Medição de Sousa (2011)

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A Tabela 1 apresenta os parâmetros da máquina obtidos por Uma característica importante da rede LSTM é a
Sousa (2011): necessidade de trabalhar com sequências de dados igualmente
espaçados. Todavia, as medições não seguem este padrão. Para
que tais dados pudessem ser utilizados, foi necessário o
Tabela 1. Resultados do ajuste de curvas proposto por Sousa (2011) acréscimo de novos pontos no intervalo de 1,5Hz a 70Hz.
Adotou-se então o método de interpolação linear para cada dois
pontos consecutivos, com novos pontos intermediários
igualmente espaçados de 0,25Hz, totalizando 274 pontos no
intervalo. Para cada um dos pontos de frequência desta nova
sequência de dados, a rede neural associa um número que varia
De acordo com a norma IEEE (2009), os valores de sequencialmente no intervalo de 1 ao número total de pontos da
indutância de baixa frequência não ultrapassam o valor de Ld, curva.
e os valores de indutância de alta frequência não ultrapassam Primeiramente, foram realizadas as previsões de valores
os valores de Ld’’. Estes valores já eram previamente para a alta frequência. Ou seja, de 70Hz a 200Hz. Para este
conhecidos por meio de outros ensaios e valem Ld=93,32mH e intervalo de frequências, também é necessário que haja um
L’’d=11,83mH. A metodologia de ajuste de curva aqui espaçamento equidistante entre os pontos. Repetindo o padrão
proposta utilizará estes dois valores como condição de de divisões de 0,25Hz, tem-se um total de 520 pontos no
contorno. intervalo. Como a rede neural trabalha no domínio do tempo,
O primeiro passo para o ajuste da curva é a fixação dos esta parcela do gráfico torna-se mais extensa que a parte
valores de Ld e L’’d nos extremos da curva. A Figura 3 ilustra conhecida da curva (1,5Hz a 70Hz). Nessas circunstâncias,
esta situação: observou-se que a rede LSTM gera resultados com margem de
erro insatisfatória. Para corrigir esta discrepância, optou-se por
dividir o intervalo de 70Hz a 200Hz em três partes, de 70Hz a
95Hz (100 pontos), posteriormente de 95Hz a 120Hz (100
pontos) e por fim de 120Hz a 200Hz (320 pontos). A terceira
etapa possui mais pontos que as anteriores por se tratar de uma
região da curva próxima da estabilidade, exigindo um grau de
precisão menor da rede. Para cada um destes três intervalos,
utilizou-se o processo de previsões da rede LSTM, sendo que o
gráfico da segunda etapa contém os resultados da primeira e o
gráfico da terceira etapa contém os resultados das duas
anteriores.
V. RESULTADOS
A Figura 4 apresenta a curva gerada para previsão dos
pontos entre 70Hz e 95Hz. O trecho em azul representa a
etapa de treinamento utilizada pela rede, enquanto a parte em
vermelho representa os novos pontos previstos.
Fig. 3. Curva de Sousa (2011) modificada

Como pode ser visto na Figura 3, os valores de Ld e Ld’’


foram fixados nos pontos de frequências 1mHz e 200Hz,
respectivamente, e as medições da curva de indutância
passaram a abranger a faixa de frequências entre 1,5Hz e
70Hz. Para que seja possível extrair os parâmetros de eixo
direto da máquina em questão, adotou-se como estratégia o
prolongamento dos dois extremos da curva, culminando nos
valores de Ld e Ld’’, com erros de no máximo 10%. Para
preencher os pontos destas regiões, foi utilizada a rede neural
LSTM.

IV. REDE NEURAL LSTM (LONG- SHORT TERM MEMORY)


A rede neural LSTM é uma arquitetura do tipo RNN
(Recurrent Neural Network) capaz de processar não apenas
pontos isolados, mas também sequências inteiras de dados.
Esta característica torna a rede LSTM ideal para classificação,
processamento e previsão de dados. Para o ajuste de curvas
proposto no presente texto, a rede será utilizada com o Fig. 4. Previsão de pontos referentes ao intervalo de 70Hz a 95Hz
propósito de prever os pontos das lacunas da curva da Figura 3.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A Figura 5 utiliza os pontos da Figura 4 para gerar a


previsão dos pontos entre 95Hz e 120Hz.

Fig. 7. Previsão de pontos referentes ao intervalo de 1mHz a 1,5Hz

A partir das quatro etapas de previsões de pontos


apresentadas, foi possível coletar os pontos da curva para o
Fig. 5. Previsão de pontos referentes ao intervalo de 95Hz a 120Hz
intervalo de 1mHz a 200Hz. Para facilitar a visualização da
curva na etapa de extração de polos e zeros, foram feitos
A Figura 6 utiliza os pontos da Figura 5 para gerar a prolongamentos na baixa e alta frequências, até os pontos de
previsão dos pontos entre 120Hz e 200Hz. frequências 0,0001Hz e 500Hz, respectivamente, utilizando-se
a aproximação de que a curva já está plenamente estabilizada
nos pontos de 1mHz e 200Hz. O resultado é apresentado na
Figura 8:

Fig. 6. Previsão de pontos referentes ao intervalo de 120Hz a 200Hz

O próximo passo do ajuste da curva é a previsão dos pontos


para as baixas frequências (1mHz a 1,5Hz). Como a rede Fig. 8. Curva de Ld no domínio da frequência
neural LSTM só trabalha com previsão de valores no sentido
positivo do eixo das abcissas, foi necessário inverter o sentido
da curva da medição de indutância. Ao fim do processo de VI. MÉDIA MOVEL
previsão de pontos, inverteu-se novamente o sentido do Diferentemente da curva da figura 1, a curva da Figura 8
gráfico para que este voltasse a sua posição original. apresenta alguns pontos de variação abruta de Ld, causados
A Figura 4 apresenta a curva gerada para previsão dos pelas imprecisões nas medições. Para minimizar esta
pontos entre 1mHz e 1,5Hz. inconsistencia, foi utilizado o algoritmo de “média móvel” do
software Matlab, que consiste em calcular a média de pontos
consecutivos da curva em torno de uma pequena janela de
tamanho pré-definido que se desloca do início ao fim da curva.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A figura 9 apresenta o resultado deste algoritmo, onde a


curva em azul é a mesma da Figura 8, e a curva em vermelho
representa a suavização pela aplicação da média móvel:

Fig. 11. Diagrama de Bode (módulo) de G(1+jω)-n (Felippe, 2019)

Aplicando tais relações no gráfico da Figura 9, chega-se a


T’do=0.07019591 e T’’d=0.00573597.

VII. EXTRAÇÃO DAS CONSTANTES DE TEMPO T’D E T’’DO


Os valores de T’d e T’’do são mais difíceis de serem
encontrados por estarem localizados na região central da curva.
Para encontrar estes valores, foi utilizada a rotina “bodefit”,
criada pelo Dr. Fabio Fialho (2011). Esta função foi concebida
Fig. 9. Aplicação do algoritmo “média móvel” para ser empregada na determinação dos parâmetros faltantes
de uma função de transferência em um processo iterativo que
Para que seja possível extrair os polos e zeros da curva utiliza como base estimativas iniciais definidas pelo usuário.
ajustada da Figura 9, é necessário compará-la à curva Os resultados da função “bodefit” estão explicitados na
esquemática do módulo de Ld, conforme figura 10: Figura12.

Fig. 12. Resultado gráfico da função bodefit

Conforme gráfico da Figura 12, T’d=0,0111355 e


T’’do=0,00722032.
Fig. 10. Curva esquemática de Ld
Com os valores de Ld, T’d e T’do, é possível calcular o
valor de Ld’, que é o último a ser calculado pelo ajuste
Utilizando as relações dos diagramas de módulo e proposto:
frequência de raízes de funções de transferência apresentados
na Figura 11, os valores de T’do e T’’d, que são o polo e o
zero de mais baixa e alta frequências, respectivamente, podem
ser retirados diretamente da função de transferência da
indutância operacional da máquina síncrona, já que estas
raízes são as duas mais próximas de cada uma das duas
assíntotas dos extremos de frequências do gráfico de Ld. A ( )
Figura 11 apresenta as relações para um polo. Para um zero o
gráfico seria análgo.

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Tabela 2. Resultados do ajuste de curvas proposto

Conforme Tabela 2, os parâmetros ajustados, com excessão


do T’’do, possuem margem de erro menor que 10%.

VIII. CONCLUSÃO
O método de ajuste de curva de indutância operacional de
máquina síncrona aqui exposto, associado ao ensaio de
resposta em frequência utilizando inversor de frequência,
mostrou ser uma alternativa viável na determinação dos
parâmetros de eixo direto de uma máquina síncrona.

REFERENCES

[1] FÁBIO FIALHO. Apostila de Laboratório de Controle. Escola


Politécnica da Universidade de São Paulo, 2017.
[2] FELIPPE DE SOUZA J.A.M, Análise de Sinais. 4 ed. 2019.
[3] HOCHREITER, S; SCHMIDHUBER, J. Long-Short Term Memory,
1997.
[4] IEEE GUIDE, Guide for test Procedures for Synchronous Machines.
IEEE Std 115TM-2009.
[5] SOUSA, M. H. Determinação de parâmetros de máquinas síncronas
pelo ensaio de resposta em frequência: proposta de metodologia com
inversor de frequência, 2011.

237
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Investigation of Fault Detection in Synchronous


Generators through Neutral Current Monitoring by
Rogowski Coil
Leandro V. Carril, Marjorie Hoegen, Luciano M. de Freitas, Rubens J. Nascimento
Danilo G. Aurich, Helton F. dos Santos, ENGIE Brasil Energia
Carlos A. C. Wengerkievicz, Patrick Kuo-Peng, Florianópolis, Brazil
Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela
GRUCAD/EEL Celso L. de Souza
Universidade Federal de Santa Catarina
AQTech Engenharia e Instrumentação S.A.
Florianópolis, Brazil
Florianópolis, Brazil

Abstract—This paper investigates the effectiveness of the neutral components of the external magnetic field for fault detection
current monitoring by a Rogowski Coil current sensor for were studied in [5] and [6], and magnetic field in the air gap, in
detection of incipient faults in synchronous generators. Voltage [7]. Other methodologies presented in [8] monitor the
waveforms in the coil terminals, proportional to the derivative of condition of the machine through the combined analysis of
the neutral current, are analyzed. Methodologically different multiple quantities.
types of faults are imposed in an eight-pole synchronous
generator. Using frequency spectra of waveforms of the The methodology presented in this paper, as well as those
derivative of the neutral current, trend curves of the components from [5] and [6], is addressed in [9]. This paper shows
amplitudes are built. Components whose amplitudes are changed specifically the effectiveness of the fault detection in SG by
due to the imposed faults are detected. The results obtained with monitoring the amplitudes of harmonic components of the
a Rogowski Coil are compared with those obtained with an neutral current derivative using a Rogowski Coil. It
external magnetic field sensor. It is concluded that the complements the methodology based on the external magnetic
investigated methodology can complement the monitoring field measurement described in [5] and [6], applied
through the external field. successfully in [10]. In comparison to commercial sensors,
such as those used in [1], [2] and [4], Rogowski Coil presents
Keywords—Rogowski coil; synchronous generators; fault
advantages such as the possibility of enlacing conductors with
detection.
different formats [11] and its wide bandwidth, as it has no
ferromagnetic core [12], or even the possibility to measure
I. INTRODUCTION currents of very low amplitude, in the order of microamperes
Synchronous generators (SG) are essential machines in [13], when an appropriate ferromagnetic core is employed.
power systems, widely used in hydroelectric and thermoelectric Until the present moment, there are no known publications
plants. Due to their importance and to the relatively high costs addressing such methodology of incipient fault detection in
involved in their operation, maintenance and unavailability to electrical machines by analyzing the amplitude trend curves of
generate energy, these machines have been the subject of frequency spectra components of waveforms proportional to
studies addressing the development of methodologies to enable the neutral current derivative, although it is already contained
the early detection of possible faults. This condition monitoring in [9].
aims to prevent the catastrophic evolution of faults, to enable The Rogowski Coil principles are demonstrated in
the scheduling of maintenance shutdowns and to provide a high section II. Section III presents the methodology used in this
rate of availability of these assets, providing the electrical work to assess the fault information contained in the neutral
system with greater reliability and avoiding losses to the energy current. The results are presented and analyzed in section IV.
utilities.
Different machine quantities can be monitored for fault II. ROGOWSKI COIL
detection, such as mechanical vibration, magnetic field,
The Rogowski Coil (RC), illustrated in Fig. 1, is a current
electrical current and other electrical quantities. In [1],
transducer constituted by a conductive wire uniformly coiled in
harmonic components of field current of a synchronous
a closed tube, usually of non-ferromagnetic material, which
machine are analyzed in order to detect faults. In [2], in
acts as mechanical support. By opening its ends, the coil can be
addition to the field current, the analysis of the voltage signal
wrapped around the conductor which current is to be measured.
from an internal probe is performed, and in [3], phase voltage
Constructive details can be found in [11] and [12].
signal is analyzed. In [4], the harmonic analysis is performed
only in the line current of the synchronous generator. Harmonic

238
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

The current i(t) in the central conductor generates a In the current derivative waveform there is an amplification
magnetic field H around it, as shown in Fig. 1. Applying of higher frequency harmonics, due to the appearance of the
Ampère’s Law, the magnetic field H along a closed path L factor n in the amplitude. From (4), to obtain the current i(t)
involving the conductor can be defined by (1). that flows through the conductor, it is necessary to integrate the
voltage signal v(t). Aside from its difficult practical
∮ 𝐻 ∙ 𝑑𝑙 = 𝑖(𝑡) (1) implementation [13], this integration process filters the
𝐿(𝑆) harmonic components of interest. Thus, instead of performing
Considering that L is the circular line of radius r centered the signal integration, the current derivative is analyzed itself.
on the conductor, where r is the average radius of the RC, the Due to the amplification observed in (6), higher frequency
integral in (1) is solved to obtain the time-varying average harmonics, which naturally have lower amplitudes, can be
magnetic field inside the coil, as in (2). analyzed with a better signal-to-noise ratio.

𝑖(𝑡) III. METHODOLOGY


𝐻(𝑡) = (2)
2𝜋𝑟
The magnetic field H(t), generated by the current in the A. Manufacturing and Sensitivity Verification of the RC
central conductor, produces a magnetic flux which variation To perform the tests, a Rogowski Coil, depicted in Fig. 2,
induces an electromotive force U(t) distributed in the turns of was manufactured with a tube of flexible, non-ferromagnetic
the RC. This electromotive force is defined in (3) for a coil material, filled with air. The coils were wound with copper
with N turns, where St is the cross-sectional area of the toroidal wire and, subsequently, the coil was coated with an elastic
core and µ is the magnetic permeability of the material. material for mechanical protection.
𝑑𝐻(𝑡) After its manufacturing, an investigation of the sensitivity
𝑈(𝑡) = −𝑁𝑆𝑡 𝜇 (3)
𝑑𝑡 of this RC was carried out at 60 Hz. The current in the
conductor was imposed at different levels, being measured by a
Considering that the toroid has an average path L equal to Yokogawa WT500 Power Analyzer and, simultaneously, by the
2πr and that its core is made of air, replacing (2) in (3) results acquisition system described in section III.C. The measured
in (4), which relates the voltage v(t) at the RC terminals and the values of the current in the conductor and the terminal voltage
net current that flows through its loop. in the Rogowski Coil are presented in Table I.
𝑁𝑆𝑡 𝜇0 𝑑𝑖(𝑡)
𝑣(𝑡) = − (4) From these values, a linear regression was performed,
𝐿 𝑑𝑡 resulting in the linear equation (7) that relates the voltage
In this paper, a Rogowski Coil is used to obtain waveforms indicated by the measurement system (v), in microvolts, with
containing the harmonic components of the neutral current the current in the conductor (i), in amperes.
derivative of an SG, that is, its frequency spectrum, which 𝑣 = 2.5616𝑖 − 0.0336 (7)
fundamental is the mechanical frequency ([5] and [6]). The
harmonic components of the neutral current in(t) can be The coil is not sensitized by direct current, therefore the
represented by its decomposition into a series of sine waves linear coefficient 0.0336 V comes from imperfections in the
described in (5), where an is the amplitude of each harmonic, measuring system. The estimated sensitivity of the
0 is the fundamental frequency, t is the time and n is the manufactured Rogowski Coil is 2.5616 µV/A, at 60 Hz.
phase of each component.

𝑖𝑛 (𝑡) = ∑ 𝑎𝑛 𝑠𝑖𝑛(𝑛𝜔0 𝑡 + 𝜃𝑛 ) (5)


𝑛=1

Deriving (5), the neutral current derivative 𝑖′𝑛 (𝑡) is


obtained in (6).

𝑖′𝑛 (𝑡) = ∑ 𝑛𝜔0 𝑎𝑛 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝜔0 𝑡 + 𝜃𝑛 ) (6)


𝑛=1

Fig. 2 Manufactured Rogowski Coil.

TABLE I. MEASURED CURRENT AND VOLTAGE FOR THE


MANUFACTURED ROGOWSKI COIL

Current (A) Voltage (µV)


5.001 12.636
9.971 25.785
Fig. 1 Rogowski coil around a conductor. 15.044 38.365

239
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

B. Test bench
The tests were performed on a test bench composed of two
10 kVA three-phase synchronous generators, one with 8 salient
poles and the other with 2 non-salient poles, both driven by a
DC motor. The bench was designed to allow the controlled
imposition of faults that can occur in synchronous machines.
The faults can be imposed with the machine in operation by
connecting taps on the machine windings or by closing specific
electrical circuits [5]. This is carried out by an automated
microcontrolled system [14] operated by the user.
Tests were performed on the 8-pole SG, synchronized to Fig. 3 Harmonics in point 2 whose amplitudes changed at both points,
the 60 Hz electrical grid, and 4 types of faults were imposed with the imposition of short-circuit in the field winding.
with the machine in operation: short-circuit in the rotor (field)
winding, reduction in the number of turns of a stator pole,
short-circuit in the armature winding and short-circuit between
core sheets. For each type of fault, the test was carried out in
two operating points:
• Point 1: Generator providing 5 kW of active power and
absorbing 3 kvar of reactive power.
• Point 2: Generator providing 0.5 kW of active power
and absorbing 5 kvar of reactive power.
In each test, the amplitudes of 135 harmonics, from 15 Hz
Fig. 4 Harmonics whose amplitudes decreased at operating point 1, with
to 2025 Hz, were monitored using trend charts, and the
the imposition of short-circuit in the field winding.
harmonics that presented alterations after the fault imposition
were visually selected. and the vertical axis indicates the amplitude of the harmonic in
decibels referenced to 1 V. The red vertical lines mark the
C. Measurement/Acquisition System instants of imposition and removal of the fault, respectively.
An acquisition system with signal conditioning for stray A decrease in the amplitudes of harmonics between 435
magnetic field sensors was developed in [4] and improved in and 525 Hz was observed during the imposition of this fault at
[6] and [15]. Due to the nature and amplitude similarities of operating point 1, as shown in Fig. 4.
these signals with those from the RC, the same system was
used in this work. B. Stator Faults
The signal available at the RC terminals is amplified and With a reduction in the number of turns of a stator pole,
filtered before its analog-to-digital conversion, at a sampling harmonics near 1000 Hz presented amplitude alteration at both
rate of 10 kS/s and acquisition time of 10 seconds, resulting in operating points. Fig. 5 depicts the behavior of the harmonics
100 thousand points per acquisition. The data from the ADC amplitudes at point 2. In this spectrum range, the multiples of
are processed by a virtual instrument developed in the electrical fundamental 1080 and 1140 Hz did not present
LabVIEW®, by National Instruments. This virtual instrument any alteration in amplitude.
executes a Fast Fourier Transform (FFT) of the signal, with At operating point 1, amplitude changes were also observed
spectral resolution of 0.1 Hz, tracks the harmonics of the in other frequencies, including those close to 300 Hz. Fig. 6
mechanical fundamental frequency of 15 Hz and finally shows amplitude trends of harmonics close to the 8th electric
organizes and stores the trend series of the amplitudes of the harmonic (480 Hz) that showed alterations in amplitude. The
harmonics, i.e., the curves formed by the amplitudes of each amplitude of this electric harmonic did not change.
harmonic in successive acquisitions.
At the second operating point, with the machine absorbing
IV. RESULTS reactive power from the grid, the amplitudes of the electric
fundamental and of nearby harmonics increased, as can be seen
The results for each type of fault are presented below. in Fig. 7.

A. Rotor Fault During the tests with imposition of short-circuit in armature


turns, an increase in amplitude was observed for the same
In the tests of short-circuit imposition in the field winding, harmonics with frequencies close to 1000 Hz, for both
an alteration in harmonics from 405 to 555 Hz was observed operating points. Fig. 8 depicts the amplitude trends at point 2.
during the presence of the fault. Fig. 3 shows the behavior of In addition to these harmonics, the components of 150 Hz,
the trend curves of four harmonics whose amplitudes increased 270 Hz and 330 Hz also presented alteration at point 2.
with the fault imposition at operating point 2. The same
behavior was observed at point 1. The horizontal axis indicates No harmonics have presented significant amplitude
the successive 10-second acquisitions used for FFT calculation, variation during the tests of short-circuit between core sheets,

240
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 5 Harmonics at operating point 2 whose amplitudes increased at both Fig. 8 Harmonics at operating point 2, altered in both operating points,
points with an imposed reduction of active turns in a stator pole. with the imposition of short-circuit in the armature winding.

Fig. 6 Harmonics with alteration at operating point 1 with an imposed Fig. 9 Harmonics with observed alteration using the Rogowski coil
reduction of active turns in a stator pole. acquired with the first magnetic field sensor.

Fig. 7 Electrical fundamental and nearby harmonics at operating point 2, Fig. 10 Harmonics with observed alteration using the Rogowski coil
altered by an imposed reduction of active turns of a stator pole. acquired with the second magnetic field sensor.
indicating that the neutral current may not contain information it should be reported that a greater number of fault-related
on this type of fault. harmonics are identified in the harmonic spectrum of the
external magnetic field in comparison with the method based
C. Comparison of methods: Rogowski Coil vs External on the Rogowski Coil. However, the harmonics identified with
Magnetic Field Sensor the field sensors are of different orders, some of them above
1700 Hz.
In order to compare the results obtained with the Rogowski
Coil with those obtained with magnetic field sensors,
simultaneous measurements were also performed during the V. CONCLUSION
tests with two field sensors, positioned on the outside of the The results obtained in this investigative experimental work
frame, employing the same measurement system. indicate that the neutral current has its spectral composition
At operating point 2, with the imposition of short-circuit in sensitized by the occurrence of some faults. Among the four
the armature winding, amplitude variations were detected in tested types of faults, only the short-circuit of core sheets did
some harmonics of the neutral current measured by the not produce noticeable alterations in any harmonic at the tested
Rogowski Coil, as already shown in Fig. 8. The chart in Fig. 9 operating points. The short-circuit of turns in a rotor pole
presents the trends of the same harmonics of the previous sensitized several harmonic components of frequencies below
figure, now measured by one of the external magnetic field 600 Hz. In the stator, the removal and short-circuit of turns of
sensors, where no variation was observed. Some of the curves one of its poles resulted in amplitude alteration of harmonics
obtained with the other sensor present alterations, as can be close to 1000 Hz.
seen in Fig. 10. Since the focus of this paper is not the use of The results also indicate that the Rogowski Coil can be
external magnetic field sensors, further successful results employed for neutral current monitoring in order to detect
through this method are not presented for other harmonics. Yet,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

faults on synchronous generators. The main advantages of the REFERENCES


applied method are the natural amplification of harmonics due [1] P. Rodriguez, S. Sahoo, C. T. Pinto, M. Sulowicz, “Field current
to its operating principle, the possibility to enlace conductors signature analysis for fault detection in synchronous motors”. In 2015
with different shapes, as well as to enlace the conductor IEEE 10th International Symposium on Diagnostics for Electrical
multiple times in order to increase the amplitude of the output Machines, Power Electronics and Drives (SDEMPED), pp. 246-252,
2015.
signal, the non-invasive character of the method and its ease of
[2] P. Neti, S. Nandi, “Stator interturn fault detection of synchronous
application. The low amplitude of the signal, in the order of machines using field current and rotor search-coil voltage signature
microvolts per ampere in 60 Hz, requires an adequate system analysis,” IEEE Trans. Ind. Appl., vol. 45, no. 3, 2009, pp. 911–920.
for conditioning and acquisition, which is one of the main [3] M. Fayazi, F. Haghjoo, “Turn to turn fault detection and classification in
limitations of this technique. stator winding of synchronous generators based on terminal voltage
waveform components,” in Proc. Power Syst. Protection Control Conf.
The comparison between the methodologies based on the 2015, Jan. 14–15, 2015, pp. 36–41.
Rogowski Coil and on the external magnetic field sensor [4] C. P. Salomon, et al., “A Study of Fault Diagnosis Based on Electrical
denotes that the first can be used to complement the second. Signature Analysis for Synchronous Generators Predictive Maintenance
Using the Rogowski Coil, for the tested machine, the harmonic in Bulk Electric Systems”. Energies, v. 12, n. 8, p. 1506, 2019.
components most sensitized by the short-circuit in the armature [5] M. Rigoni, Desenvolvimento de um sistema de detecção e avaliação de
winding were those with frequencies near 1000 Hz. With the faltas em geradores síncronos por meio do campo magnético externo.
Doctoral Thesis, Universidade Federal de Santa Catarina, 2014.
magnetic field sensor, frequencies in its majority above
1700 Hz presented alteration. This is not explicitly shown here, [6] H. F. dos Santos, Desenvolvimento de um equipamento para
monitoração de geradores síncronos através do campo magnético
but can be found in other publications of this research group. externo. Masters Dissertation, Universidade Federal de Santa Catarina,
To sum up, a more complete monitoring is obtained by using 2016.
both methodologies. [7] M. Sasic, S. Campbell, B. Lloyd, Flux monitoring improvement, IEEE
Industry Applications Magazine, 2011, pp. 66 - 69.
It was observed that the operating point influences which
[8] G. Luo, J. E. D. Hurwitz and T. G. Habetler, "A Survey of Multi-Sensor
harmonics are sensitized by the fault. A greater number of tests Systems for Online Fault Detection of Electric Machines," 2019 IEEE
with different operating points may provide important 12th International Symposium on Diagnostics for Electrical Machines,
information for monitoring the generator through the analysis Power Electronics and Drives (SDEMPED), Toulouse, France, 2019.
of its neutral current. [9] Sistema e Método para Identificar Características de uma Máquina
Elétrica. BR1020150114389, INPI - Instituto Nacional da Propriedade
In subsequent stages of this work, the fault sensitized Industrial, 2015.
harmonics of the neutral current will be identified by an [10] L. M. Freitas, “Emprego de Nova Técnica na Detecção de Falta
automatic algorithm, in order to overcome the limitations of the Incipiente em Gerador Síncrono através do Campo Magnético
visual analysis of the trend lines, as well as to survey the Externado”, Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia
influence of the operating point in the detection of incipient Elétrica, Belo Horizonte/MG. Conference proceedings XXV SNPTEE,
v. 1. p. 1-11, 2019.
faults.
[11] M. Rigoni, J.S. D. Garcia, A.P.Garcia, P.A. da Silva Júnior, N. J.
Batistela, P. Kuo-Peng, “Rogowski coil current meters in
ACKNOWLEDGMENTS nonconventional applications,” IEEE Potentials, v. 27, p. 40-45, 2008.
[12] M. Rigoni, Desenvolvimento e aplicações de sensores de campo
This work was motivated and partially funded in the scope magnético por indução. Masters thesis, Universidade Federal de Santa
of the ANEEL R&D program and developed in the R&D Catarina, 2009.
programs of ENGIE Brasil Energia and Itá Energética S.A., [13] Tulio Luiz dos Santos. Desenvolvimento de um Sistema Embarcado de
PD-0403-0033/2012 e PD-00403-0048/2019, both entitled Medição de Corrente. Masters thesis, Universidade Federal de Santa
“Non-invasive equipment for fault detection in synchronous Catarina, 2010.
generators through the external magnetic field”. This study was [14] Gabriel Piazera Hessmann. Automação de procedimentos de imposição
also financed by Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de falhas em Máquina Síncrona. Bachelor thesis, Universidade Federal
de Santa Catarina, 2018.
de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001 and by
CNPq. [15] Leonardo Augusto Feler. Estudo e desenvolvimento de circuitos para
condicionamento e medição de sinais de campo magnético. Masters
thesis, Universidade Federal de Santa Catarina, 2019.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Comparison of Standard Methods for Efficiency


Determination of Three-Phase Induction Motors

Leonardo E. Martins, Abraão R. de Queiroz, Vinicius J. Nascimento, Carlos A. C. Wengerkievicz, Nelson Sadowski,
Nelson J. Batistela
GRUCAD/EEL/CTC
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, Brazil
leoestevo@gmail.com

Abstract— The IEEE Std 112 is an important reference for from the IEC, the IEEE 112 method B and the calorimeter
tests with induction motors, presenting methods for efficiency method is presented in [6]. The repeatability of method B is
determination, each with a different field of application. The studied in [7].
methods A, B and F, which correspond to the direct, the indirect
and the equivalent circuit methods, are studied and applied to This paper aims to compare the efficiency values
five motors of different ratings, pole numbers and design types. determined by three IEEE112 methods, namely the methods A,
The efficiency and losses curves are compared and indicate good B and F, which are the most commonly employed in the
agreement between the results from methods A and B, except for literature. The objective is to allow researchers and
a design D motor, whose high discrepancy must be further practitioners to understand the implications of choosing one
studied. Method F produced reasonable results, although with method over the others. These methods are explained in section
higher deviation. II. Section III presents the methodology for the comparison and
the experimental apparatus employed. The results are presented
Keywords—induction motor;losses;efficiency;tests. in Section IV and analyzed in section V, with special attention
to those of a motor with design type D.
I. INTRODUCTION
The efficiency of electrical machines is a key indicator for II. IEEE STANDARD 112
the analysis of these machines, such as in economic,
maintenance and legal aspects. It is defined as the ratio A. Overview
between the output power converted by the machine and the The IEEE112 is a technical standard that describes a
input power absorbed by it, and it depends on the losses that comprehensive set of tests applicable to polyphase induction
occur during its operation. The measurement of these losses machines. It contains a section dedicated to the determination
and of the efficiency is the subject of technical standards with of losses and efficiency of these machines. The losses that
various themes and geographic applicability. Particularly, for occur during the electromechanical conversion are divided in
three-phase induction motors, which correspond to a wide five main components:
portion of the electrical motors operating in the industry [1],
the main technical standards in this issue are the IEEE Std. 112 ≠ Stator Joule losses (Pj1), caused by the circulation of
[2], the IEC 60034-2-1 [3] and, in Brazil, the NBR 17094- currents in the stator winding;
3 [4]. ≠ Rotor Joule losses (Pj2), similar to the previous one;
The IEEE112 is widely used in the academy for its ≠ Iron or core losses (Pc), due to the magnetic hysteresis,
generality and contains many similarities with other standards. the parasitic currents and other phenomena in the iron
A set of methods for efficiency determination is described and core;
recommended for different situations, with regard to the rated
power of the machine being tested, its mounting (vertical or ≠ Friction and windage losses (Pfw), corresponding to the
horizontal) and the available test facilities. The computation of portion of power consumed by the cooling system and
efficiency can be based on direct measurement of input and the bearing friction;
output power, segregation of losses, use of duplicate machines
or modelling through an equivalent electric circuit. ≠ Stray-load losses (Psll), a residual portion of the losses
not accounted for in the other types, usually related to
The comparison of efficiency results produced by different the losses caused by stray and harmonic fluxes.
standard methods has been the subject of some papers. In [5],
the authors have evaluated the measurement uncertainties The standard describes five main methods for the
associated to the direct and indirect determination of efficiency determination of efficiency, and other six variations which are
according to the IEC 60034-2-1, almost equivalent to methods either simplifications or combinations of the main methods.
A and B of the IEEE Std. 112. A comparison of results arising The main methods are: i) Method A, based on the direct
measurement of the input and the output power; ii) Method B,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

based on the separate measurement of each of the loss each load point, the stray load losses are roughly estimated by
components, including the measurement of output power; iii) (4). This value is plotted against the square of the measured
Method C, where a set of duplicate machines is tested in a torque, and the slope of the linear regression is multiplied by
motor-generator arrangement; iv) Method E, similar to method the squared torque to calculate the fitted value of Psll.
B, but without the measurement of the output power, and;
v) Method F, based on the per-phase equivalent circuit. The Pj 2 ≅ s +Pin 0 Pj1 0 Pc , (3)
method B is recommended for all machines rated higher than
0.7457 kW (1 hp), thus being the main method. The use of Psll ≅ Pin 0 Pj1 0 Pc 0 Pj 2 0 Pfw 0 T ζ (4)
method A is limited to machines rated up to 0.7457 kW (1 hp).
The capability of the testing facilities and the bearing After temperature corrections of the stator and rotor joule
construction of vertical machines determine the applicability of losses, the efficiency is computed by (5).
the other methods. Nevertheless, the equivalent circuit method Pin 0 Pj1 0 Pc 0 Pj 2 0 Pfw 0 Psll
(F) is widely used in the academy to provide reference values, κ≅ (5)
mainly due to the simple instrumentation required for its Pin
execution. The methods A, B and F are briefly presented
below, while a more comprehensive description is available in D. Method F – Equivalent circuit method
the technical standard [2].
In method F, the machine is assumed to have symmetrical
windings, and each phase is modelled by the circuit shown in
B. Method A – Direct method Fig. 1. In this circuit, V1 is the phase voltage phasor, R1 and R2
With the motor at ambient temperature, the resistance of the the winding resistances of the stator and rotor, respectively, X1
stator winding and the temperature are measured. The motor is and X2 are the respective leakage reactances of the stator and
operated at rated load until thermal stability to determine the the rotor, Xm is the magnetizing reactance, Rc accounts for the
specified winding temperature. Finally, during the load test, the core losses and s is the per phase slip. While the joule and core
motor is operated at six load levels from 150 % to 25 % of the losses are represented in the circuit by the resistive elements,
rated output power, while line voltages, line currents, input the friction and windage losses and the stray-load losses must
power, torque, speed and winding temperature are measured. be subtracted a posteriori from the converted power, which is
The input power and the rotor speed are corrected to the the power over the variable resistance in the rotor branch.
specified temperature prior to the efficiency calculation for
each load level through (1), where T is the measured torque in Fig. 1. Per phase equivalent circuit of the induction motor.
newton-meters, ζ c is the corrected measured speed in radians
per second, and Pinc is the corrected measured input power in
watts.
Tζ c
κ≅ (1)
Pinc

C. Method B – Indirect method


Method B employs the same resistance, temperature and
load tests of method A. After the load test, the motor is
uncoupled from the dynamometer for a no-load test, where the The determination of the values of these parameters is
motor is operated with no load at different voltage levels, while achieved through a process consisting of the same resistance
the line voltages, the line currents, the input power and the measurement and no-load test of the previous methods, as well
winding temperature are recorded. as an impedance test, which can be one of the following:
For each measurement, the stator Joule loss are calculated 1) Locked rotor test at rated current and at maximum of
by (2), where m is the number of phases, I is the line current 25% of rated frequency;
and R is the stator resistance per phase, equal to half of the 2) Locked rotor test at rated current at three frequencies:
measured line to line resistance, corrected to the test rated, 50% and at maximum 25%;
temperature.
3) Test at rated slip, resulting from load or reduced
Pj1 ≅ mI 2 R (2) voltage;
Employing the data from the no-load test, the input power 4) Locked rotor test at rated current and rated frequency.
minus the stator joule loss is plotted against the squared line In these impedance tests, the line voltage, the line current,
voltage. After a linear regression of the plot, the intercept with the input power, the frequency and the winding temperature are
the vertical axis is taken as the friction and windage losses. The recorded, as well as the slip in the third option. Although the
core losses are then calculated as the residual power at the rated fourth option is to be used only when none of the others is
voltage. applicable, it is by far the most seen in the literature. The
Then, employing the data from the load test, the rotor joule parameter values are determined through iterative calculations
losses are calculated as (3), where s is the per unit slip. For employing the data of the resistance measurement, the no-load

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

test and the impedance test. The method F comprises as well a whose converted energy is dissipated in a resistor bank. An
direct measurement of stray-load losses. The calculations HBM T40B in-line torque transducer provides the
comprised in this method are not reproduced here for measurements of torque and speed, which are acquired in a
simplicity and can be consulted in the standard [2]. personal computer through a MX 460 amplifier. Electrical
measurements of voltage, current, power and frequency are
III. METHODOLOGY performed by a Yokogawa WT500 power analyzer,
communicating with the personal computer as well. An Agilent
A. Comparison of methods 34410A bench multimeter is employed to measure the
electrical resistance of the stator windings in a four-wire
In order to compare the standard methods, a set of five setting. A Yokogawa GP10 data logger records the temperature
motors of different power ratings, pole number and design signals from two thermocouples, one for the ambient
types was tested, and their data are indicated in Table I. temperature and one positioned between the frame and the
stator core of the motor.
TABLE I. MOTOR DATA
Fig. 2. Test bench for induction motors.
Motor Rated power (hp) Pole number Design Speed (rpm)
1 5 4 N 1740
2 7.5 6 N 1160
3 15 4 N 1760
4 5 4 H 1730
5 5 4 D 1650

A set of tests comprising the resistance measurement, a


temperature test, a no-load test and a load test was performed
on each of the motors. This set of tests allows the computation
of the losses and of the efficiency according to methods A, B
and F, employing the same test data. For method A, the no-load
data are not used, while for B, all data are used. For method F,
the load data at the point closest to the rated condition are
IV. RESULTS
considered as the impedance test, corresponding to the third
option listed in section II.D. Although the locked rotor test
A. Design N motors
under rated frequency is the most frequent practice in the
literature, a comparison employing this test might not be fair, The curves of efficiency and total losses of motors 1, 2 and
since it is expected to deliver poorer results. The value of stray- 3 are displayed in Fig. 3, Fig. 4 and Fig. 5, respectively. The
load losses determined in method B is assumed as a known light and dark blue solid lines indicate the results from method
value of stray load losses for method F. The use of the same A, the orange and yellow dashed lines, from method B, and the
test data enables the comparison of the methods themselves, light and dark grey dotted lines, from method F. The efficiency
without interference from differences in the test data. Curves of values are displayed in the left vertical axis, and the losses in
total losses and efficiency are obtained through each method the right. A great correspondence can be observed between the
and compared. The RMS deviation, defined by (6), is used to curves resulting from methods A and B for all three motors,
measure the global deviation between the N points of two while those from method F present considerable deviation from
curves x and y. the others for motors 1 and 2. The deviation of the total losses
calculated by this method, however, is not large.
N

 +x 0 y ,
2
i i Fig. 3. Efficiency and total losses of motor 1
RMSd ≅ i ≅1
(6)
N Efficiency (A) Efficiency (B) Efficiency (F)
Loss (A) Loss (B) Loss (F)
B. Experimental Apparatus 87 1,4
A test bench for induction motors, depicted in Fig. 2, was 86 1,3
85 1,2
used to perform the tests. It was specified in cooperation with 84 1,1
WEG S.A. and installed in the Laboratory of Electrical
Total loss (kW)

83 1,0
Efficiency (%)

Machines and Drives (LABMAQ) of the Department of 82 0,9


Electrical Engineering of UFSC to enable studies on the 81 0,8
efficiency of induction motors. It is capable to test motors rated 80 0,7
79 0,6
up to 15 kW supplied at maximum 380 V. 78 0,5
The motor under test can be supplied either by a variac 77 0,4
76 0,3
transformer or by a 30 kVA three-phase electronic source 75 0,2
Supplier FCATH3000. The motor is loaded mechanically by an 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07
inverter driven 30 hp induction motor in generating mode, Slip (pu)

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 4. Efficiency and total losses of motor 2 Fig. 6. Summary of efficiency deviations of motors 1, 2 and 3

Efficiency (A) Efficiency (B) Efficiency (F) M1(A-B) M1(F-B) M2(A-B) M2(F-B) M3(A-B) M3(F-B)
Loss (A) Loss (B) Loss (F) 2,0 180
89 1,9 1,5 160

Efficiency deviation (%)


87 1,7
1,0 140
85 1,5
0,5 120

Total loss (kW)


Efficiency (%)

83 1,3
0,0 100
81 1,1
79 0,9 -0,5 80
77 0,7 -1,0 60

Losses deviation (W)


75 0,5 -1,5 40
73 0,3
-2,0 20
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06
Slip (pu) -2,5 0
Fig. 5. Efficiency and total losses of motor 3 -3,0 -20

-3,5 -40
Efficiency (A) Efficiency (B) Efficiency (F)
Loss (A) Loss (B) Loss (F) -4,0 -60
91 3,6 -4,5 -80
90 3,2 25% 50% 75% 100% 125% 150% RMSd
89 2,8 Load (% of rated)
Total loss (kW)
Efficiency (%)

88 2,4 Fig. 7. Efficiency and total losses of motor 4 (design H)


87 2,0
Efficiency (A) Efficiency (B) Efficiency (F)
86 1,6
Loss (A) Loss (B) Loss (F)
85 1,2
90 1,2
84 0,8 89 1,1
83 0,4 88 1,0
0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 87 0,9

Total loss (kW)


Efficiency (%)

Slip (pu) 86 0,8


85 0,7
84 0,6
A summary of deviations for each test point is presented in 83 0,5
Fig. 6, with the efficiency deviations on the left axis and the 82 0,4
losses on the right. The results of method B are assumed as the 81 0,3
80 0,2
reference, since this method is the most recommended by the
79 0,1
standard. The RMSd of the deviations provides a global 0 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,06 0,07
estimate for each method. Small deviations of efficiency are Slip (pu)
observed from method A to method B, with a maximum of -
0.5 % in the lightest load for motor 3. This motor presented the Fig. 8. Efficiency and total losses of motor 5 (design D)
maximum RMSd of 0.23 % for this method. The efficiency
deviation of method A was consistently negative. In terms of Efficiency (A) Efficiency (B) Efficiency (F)
losses, the results from method A of motors 2 and 3 deviated Loss (A) Loss (B) Loss (F)
up to 16.6 W from those of method B, with an RMSd of around 82 2,8
13 W. The results from method F presented higher deviations
80 2,4
in all three motors, with differences up to 1.53 % in efficiency
and -60.7 W in losses, and respective RMSd of 1.07 % and 78 2,0
Total loss (kW)
Efficiency (%)

27.2 W. In the region between 75 % and 100 % of rated load, 76 1,6


the results are more stable, with maximum deviations of -
0.54 % and 24.3 W. 74 1,2
72 0,8
B. Design H and D motors 70 0,4
The curves of motors 4 and 5, (design types H and D) are
68 0,0
displayed in Fig. 7 and Fig. 8. Unlike the previous results, the 0,01 0,03 0,05 0,07 0,09 0,11 0,13 0,15 0,17
efficiency from B tends to be closer to F, and there are visible Slip (pu)
differences between methods A and B, especially for motor 5.

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The summary in Fig. 9 shows similar performances for Fig. 10. Linear regressions of stray load losses for motors 1, 4 and 5.
methods A and F for motor 4, with RMSd in the order of
0.4 %, significantly higher than in the previous motors. The y = 0,0647x + 2,7947 1 (type N) 4 (type H) 5 (type D)
poor performance of method A for motor 5 stands out, with 150 R² = 0,9981 600

Stray-load loss (W) - M1,M4


efficiency deviations reaching –2.96 % and RMSd of 1.89 %

Stray-load losses (W) - M5


125 500
and 55.4 W. The results from method F, on the other hand, y = 0,0578x + 8,8192
100 R² = 0,9968 400
presented much lower efficiency deviations for this motor,
75 300
peaking at -0.57 % with RMSd of only 0.28 %. The losses
50 200
deviations, however, reached -220.2 W, with RMSd of 95.9 W. y = 0,3497x + 56,28
25 100
R² = 0,9963
Fig. 9. Summary of efficiency deviations of motors 4 and 5 0 0
0 500 1000 1500
M4(A-B) M4(F-B) M5(A-B) M5(F-B) Torque² (N²m²)
2,0 360
1,5 330
1,0 300 VI. CONCLUSIONS
Efficiency deviation (%)

0,5 270 The comparison of methods for efficiency determination


0,0 240
-0,5 210
carried out in this paper showed a good agreement between
-1,0 180 methods A and B for design N motors, with average deviation
-1,5 150 in the order of 0.2 %. Lower efficiency resulted from method A
-2,0 120 for all tested motors. The high deviation observed in the design
-2,5 90 D motor stood out and might suggest limitations in the
-3,0 60
application of method B to this type of motor, perhaps due to
Losses deviation (W)

-3,5 30
-4,0 0 the high rated slip. As for method F, reasonable results were
-4,5 -30 obtained, although efficiency deviations up to ±1.5% from
-5,0 -60 method B should be expected, as in Fig. 6.
-5,5 -90
-6,0 -120 Further studies will investigate the discrepancy between
-6,5 -150 methods A and B for design D motors, with different
-7,0 -180 techniques and a larger sample. The method F with locked
-7,5 -210 rotor tests shall be included in the comparison to evaluate the
-8,0 -240
25% 50% 75% 100% 125% 150% RMSd impact of this practice on the accuracy of the results.
Load (% of rated)
ACKNOWLEDGMENTS
V. ANALYSIS This work was partially funded by the project PD-0403-
For all motors, method A resulted in lower efficiency than 0034/2013 of ENGIE Brasil Energia’s R&D Program,
method B. The great agreement observed in the results from regulated by ANEEL, and supported by CAPES and CNPq.
methods A and B for motors 1, 2 and 3 indicate that the total
losses measured by the direct method are well mapped in the REFERENCES
indirect method. The equivalent circuit method performed well
[1] I. L. Sauer, H. Tatizawa, F. A. M. Salotti, and S. S. Mercedes, “A
for motors 3, 4 and 5, but produced great deviations for motors comparative assessment of Brazilian electric motors performance with
1 and 2, indicating that it should be applied with caution. The minimum efficiency standards,” Renew. Sustain. Energy Rev., 2015.
good results may not be achieved when a locked rotor test at [2] Institute of Electrical and Electronics Engineers, 112 - IEEE Standard
rated frequency is used. Test Procedure for Polyphase Induction Motors and Generators. 2018.
[3] International Standard IEC 60034-2-1, “Rotating electrical machines -
The results from motors 4 and 5 instigate a deeper Part 2-1: Standard methods for determining losses and efficiency from
investigation of the precision of methods A and B for motors tests (excluding machines for traction vehicles).” 2014.
with special designs, especially in the case of the design D. The [4] ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, “NBR17094-3
tests with motor 5 were repeated and similar results were Máquinas elétricas girantes Parte 3: Motores de indução trifásicos -
obtained. It is not possible to state whether method B was Métodos de ensaio.” Rio de Janeiro, 2018.
unable to properly identify the losses or if uncertainty issues on [5] G. Bucci, F. Ciancetta, E. Fiorucci and A. Ometto, "Uncertainty issues
method A may have produced the difference. in direct and indirect efficiency Determination for Three-Phase
Induction Motors: Remarks About the IEC 60034-2-1 Standard," in
The curve fits of stray-load losses of motors 1, 4 and 5 are IEEE Transactions on Instrumentation and Measurement, Dec. 2016.
added to the discussion in Fig. 10. All three linear regressions [6] W. Cao, "Assessment of induction machine efficiency with comments
have high determination coefficients (R²), suggesting good on new standard IEC 60034-2-1," 2008 18th International Conference on
Electrical Machines, Vilamoura, 2008, pp. 1-6.
accuracy in the tests. The linear coefficients indicate the
average difference between the losses determined directly and [7] E. B. Agamloh, "The repeatability of IEEE standard 112B induction
motor efficiency tests," 2009 IEEE International Electric Machines and
indirectly and reflect the deviation between the curves from Drives Conference, Miami, FL, 2009, pp. 1119-1126.
methods A and B: 2.8 W in motor 1 (Fig. 3), 8.8 W in motor 4
(Fig. 7) and 56.3 W in motor 5 (Fig. 8). The reason for the high
deviation with the design D motor is yet unknown.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Design of axial flux motors with coreless stator for


electric vehicle application
André Felipe Venzon, Nelson Sadowski, Yvan Lefèvre
Renato Carlson LAPLACE – ENSEEIHT
GRUCAD – UFSC Institut National Polytechnique de Toulouse
Florianópolis, Brasil Toulouse, França

Abstract— Axial flux motors have a high torque density and AFPM sem núcleo ferromagnético no estator para a tração de
the possibility to adapt the machine's geometry for a desired veículos elétricos. Nesse tipo de dispositivo, não utiliza-se
application. One of the major disadvantages of this type of qualquer material para concentrar o fluxo no estator da
machine is the difficulty to manufacturing the stator core, which máquina, assim a construção dos dispositivo é facilitada e as
increases the cost of these machines and hinders their large-scale perdas no núcleo ferromagnético são eliminadas [3]. Contudo,
production. Using stators with a coreless configuration reduces como desvantagem, é necessário aumentar a quantidade de
manufacturing difficulties and the cost of the machine. ímãs permanentes na máquina.
Therefore, in this paper, the possibility of implementing this
machine topology in the electric traction is evaluated. In this way, Com o objetivo de analisar a viabilidade da implementação
to obtain the performance of the machine, the dynamics of an deste tipo de máquina ao sistema de tração de veículos
electric vehicle is simulated in a standard drive cycle. Then, an elétricos, um modelo de veículo é implementado e simulado
analytical model of the machine is implemented. Thus, the em circuitos de condução padrões (drive cycles). Desta
implemented model is optimized using different strategies. maneira, é possível obter alguns parâmetros que a máquina
Finally, the possibility of using ferrite magnets instead of rare deve possuir, tais como potência, torque e rotação.
earth magnets is studied.
Após obter os parâmetros de desempenho do motor, um
Keywords—Axial flux motor; electric vehicle; optimisation; modelo analítico da AFPM é desenvolvido. Tendo em vista que
coreless stator; trata-se de um motor sem núcleo no estator, optou-se por
projetar a máquina com dois rotores externos e o estator
I. INTRODUÇÃO interno, de maneira a concentrar o fluxo no entreferro.
Também optou-se por utilizar ímãs planares, os quais são
Tendo em vista os constantes esforços em desenvolver fixados nos núcleos ferromagnéticos dos rotores. A Fig. 1
novas tecnologias aplicadas à tração elétrica, os veículos representa uma vista explodida da topologia implementada
elétricos estão conquistando mercado e se tornando mais neste trabalho, onde o suporte das bobinas é feito de ABS, já o
populares a cada ano. Os avanços tecnológicos nesse segmento suporte do rotor e a carcaça da estrutura são feitos de alumínio.
vêm diminuindo custos e viabilizando a sua comercialização, o O núcleo de ferro do motor é composto por uma chapa
que contribui para a preservação do meio ambiente e não ferromagnética, as bobinas são de cobre e os ímãs são
dependência de combustíveis fósseis [1]. analisados em dois casos distintos, um deles com terras raras
Os motores elétricos são elementos que têm grande (NdFeB) e o outro com ferrite.
influência no custo e desempenho dos veículos elétricos. Sendo
assim, diversas topologias de máquinas vêm sendo estudadas
com o objetivo de melhorar características como densidade de
potência, custo e eficiência dos motores. Uma das topologias
que está se destacando é a de máquinas de ímãs permanentes à
fluxo axial (AFPM – axial flux permanent magnet machine), as
quais apresentam alta densidade de potência, além da
facilidade da adaptação da geometria quando comparadas às
máquinas de fluxo radial [2]. Devido ao seu volume reduzido e
capacidade de adaptar a geometria da máquina, ela se torna
mais atrativa para aplicações em dispositivos móveis como o
caso dos veículos elétricos.
Um dos empecilhos em se utilizar as AFPM é a dificuldade
de fabricação em série desses dispositivos, já que a laminação
dos núcleos ferromagnéticos do estator desse tipo de máquina é
mais complexa e custosa quando comparada à produção das
máquinas de fluxo radial convencionais. Sendo assim, neste
trabalho buscou-se estudar a viabilidade de implementar
Fig. 1. AFPM sem núcleo no estator e dois rotores em vista explodida.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fazendo uso do modelo analítico implementado, uma Tabela 1. Parâmetros no ponto de máxima potência.
otimização mono objetivo é utilizada para se obter o motor
ideal para o a tração do veículo modelado. Optou-se por utilizar Potência máxima (Pout ) 10400 (W)
diferentes métodos de otimização e os resultados são
Rotação da roda na potência máxima (rpmroda ) 622 (rpm)
comparados de maneira a se definir o método mais eficaz para
esse projeto em questão. Por fim, outra sequência de Torque na roda na potência máxima (Troda ) 159,7 (Nm)
otimização é realizada, porém, neste caso substitui-se os ímãs Velocidade do veículo 78,4 (Km/h)
de NdFeB por ímãs de ferrite e os resultados são comparados.

II. MODELO DO VEÍCULO


A fim de obter os parâmetros que a AFPM deve possuir
para poder ser aplicada à tração de um veículo elétrico real,
tomou-se como base para o modelo da dinâmica veicular as
características construtivas do Tesla Model 3, o qual é um dos
veículos elétricos mais populares na atualidade [4]. Sendo
assim, o veículo modelado possui massa de 1611 kg, área
frontal de 2,18 m2, coeficiente aerodinâmico de 0,23 e rodas
aro 18 polegadas.
Possuindo as características construtivas do Tesla Model 3,
um modelo foi elaborado tomando como base o
equacionamento descrito em [5], [6] e [7], de maneira a realizar
uma simulação quase-estática da dinâmica, ou seja, a dinâmica
do sistema é calculada e atualizada a cada passo de tempo. Essa
aproximação diminui consideravelmente o tempo de cálculo se
comparado às simulações em que resolve-se equações
diferenciais em tempo real.
O modelo foi simulado impondo-se velocidade,
deslocamento e aceleração ao veículo, de maneira a se obter a
rotação, torque e potência que o veículo deve suprir para
atender aos parâmetros impostos. Considerou-se que o veículo
possui quatro motores, sendo cada um deles acoplado a uma Fig. 2. Velocidade, torque e potência em simulação da dinâmica no WLTP.
roda do mesmo, então os valores de rotação, torque e potência
foram mensurados por roda do veículo. III. MODELO ANALÍTICO DO MOTOR
Os parâmetros impostos de velocidade, deslocamento e O sistema de tração deve ser dimensionado para suprir os
aceleração foram baseados no WLTP (World Harmonized parâmetros apresentados na Tabela 1 sem que haja sobrecarga
Light-duty Vehicles Test Procedure), que é um banco de dados do mesmo, ou seja, projeta-se os motores para operarem nas
obtidos de veículos reais em rodagem no meio urbano e no condições acima em seu modo nominal de funcionamento.
rodoviário [8]. Esses bancos de dados são utilizados por Desta maneira, os motores serão capazes de suprir picos de
diversas montadoras para emular o funcionamento dos seus potência que podem ocorrer em outras condições de
veículos e estimar o consumo médio de combustível e as funcionamento do veículo e que não foram contempladas no
emissões de CO2. WLTP.
Os resultados de interesse para o desenvolvimento do Como no projeto em questão trata-se de uma AFPM sem
modelo de motor deste trabalho estão apresentados na Fig. 2 núcleo no estator, o fluxo magnético no entreferro da máquina
onde a dinâmica do veículo é simulada durante um ciclo do fica reduzido devido à ausência do núcleo ferromagnético para
WLTP, que tem duração de 1800 segundos. Em vermelho concentrar o fluxo. Sabe-se que o torque eletromagnético é
encontra-se a velocidade de rotação da roda em rpm, em azul o proporcional ao fluxo, então será necessário empregar uma
torque em cada uma das rodas do veículo em Nm e em preto a quantidade maior de ímãs permanentes no dispositivo para
potência que cada motor deve suprir, sendo que, todos os suprir a demanda de torque requerida pelo veículo, o que
parâmetros estão apresentados em função do tempo decorrido. aumentará o custo da máquina. Uma maneira de diminuir o
Com os resultados da Fig. 2 é possível observar os torque exigido e consequentemente o valor da máquina, é
desempenhos mínimos de torque e rotação na roda que o utilizar uma caixa de redução. Sendo assim, uma variável GR
sistema de tração deve ser capaz de suprir. Sendo assim, que representa a relação de redução é acrescentada ao modelo e
escolheu-se o caso onde o sistema estava sendo mais exigido, à otimização.
ou seja, o ponto de máxima potência, onde observou-se o Outra maneira de aumentar o torque do sistema é utilizar
torque e rotação na roda nessa situação. A Tabela 1 contempla dois rotores de maneira a concentrar o fluxo magnético no
uma síntese do comportamento desejado ao sistema de tração. entreferro da máquina, como apresentado na Fig. 1. Em relação
à disposição das bobinas, optou-se por utilizar um número

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

inteiro de lados de bobina-por-polo-por-fase, ou seja, quando


comparado às máquinas que têm ranhuras, corresponde ao caso
onde há apenas uma bobina por ranhura, o que aumenta o fator • Potência eletromagnética:
de enrolamento. Pelm =2∙π∙n∙Td (8)
O modelo analítico da AFPM teve como principal • Potência no eixo do motor:
referência o trabalho desenvolvido em [3]. Porém, neste estudo
isolaram-se as variáveis de interesse para se conceber o projeto Pout =Pelm -Prot (9)
de acordo com os desempenhos estabelecidos na simulação do onde Prot corresponde às perdas rotacionais que são compostas
veículo. Assim, algumas variáveis foram pré-selecionadas pelas perdas por fricção nos rolamentos e perdas de atrito com
como entrada no modelo, podendo assumir valores fixos ou ar.
variarem dentro de uma faixa de valores.
• Torque no eixo do motor:
Dentre as equações que compõem o modelo, destacam-se:
Pout
• Fluxo magnético no entreferro: Tsh = (10)
2∙π∙n
π 2
∅f =αi ∙Bmg ∙ ∙D ∙(1-kd2 ) (1) • Tensão na entrada da máquina:
8∙p out
2
onde αi é a razão entre a indução média e de pico no entreferro; V1 =L(Ef +Ia ∙R 1 )2 +NIa ∙Xsq P (11)
p é o número de pares de polos; Dout é o diâmetro externo do
motor; kd é a razão entre o diâmetro externo e interno do onde R 1 é a resistência elétrica do enrolamento; Xsq é a
motor. reatância síncrona segundo o eixo em quadratura (q).
• Indução de pico no entreferro: • Superfície dos ímãs permanentes:
Br π
Bmg = (2) SPM =αi ∙ ∙(D2out -D2in ) (12)
µr 1 4
1+ 2hm ∙ 6g+ 2 ∙tw;< ∙k sat
onde Din é o diâmetro interno do rotor e estator.
onde Br é a indução remanente nos ímãs; µr é permeabilidade • Força de atração entre os rotores externos [9]:
relativa dos ímãs; hm é a espessura dos ímãs; tw é a espessura 2
da bobina; k sat é a constante de saturação do circuito 1 Bmg
FZ = ∙ ∙S (13)
magnético. 2 µ0 PM
• Distância entre cada um dos rotores externos e as onde µ0 é permeabilidade no vácuo.
bobinas do estator:
• Pressão magnética:
1
g= ∙(t-tw) (3) FZ
2 ρZ = (14)
SPM
onde t é a distância entre os dois ímãs opostos nos rotores.
• Deformação máxima do rotor:
• Constante de força contra eletromotriz (EMF): g
dmax = (15)
k E =π∙√2∙p∙N1 ∙k w1 ∙∅f (4) 10
onde N1 é o número de espiras em uma fase; k w1 é o fator de • Espessura dos discos externos no rotor [10]:
enrolamento.
3 k∙ρ ∙D4
Z out
• Constante de torque: dFE =T (16)
Ey ∙dmax
m1
k T =k E ∙ (5)
2∙π onde k é uma constante de deformação em anéis; Ey é o
onde m1 é o número de fases. módulo de Young.

• Força contra eletromotriz (EMF): • Espessura do motor:

Ef =k E ∙n (6) Lmot =2∙(g+dFE +hm)+tw (17)


onde n é a rotação do motor em rpm.
IV. OTIMIZAÇÃO E RESULTADOS
• Torque eletromagnético: O modelo analítico foi implementado no software CADES
Td =k T ∙Ia (7) [11], onde foram realizadas otimizações com três diferentes
métodos para AFPM com ímãs de NdFeB do tipo N48 [18] e,
onde Ia é a corrente de armadura. em seguida, o método mais eficaz foi utilizado para otimizar

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

uma AFPM com ímãs de ferrite. O ímã de ferrite escolhido Tabela 3. Resultados ES com ímãs de NdFeB.
para a otimização teve como base o produto FB14H, o qual é
fabricado e comercializado pela TDK [15]. Variável Otimização 1 Otimização 2 Otimização 3

Os parâmetros de entrada e saída do modelo foram Cost 70,66 ($) 73,24 ($) 76,64 ($)
definidos de modo que os desempenhos apresentados na Tabela M 6,73 (kg) 7,21 (kg) 6,84 (kg)
1 sejam atendidos. Contudo, para dar maior grau de liberdade
às variáveis de simulação, uma tolerância correspondente a η 0,93 0,95 0,94
20% a mais do que os valores apresentados na Tabela 1 foi Dpot 4,83 (W/cm ) 3
4,94 (W/cm ) 3
5,54 (W/cm3)
implementada. Portanto, Pout pode variar de 10400 W até
12480 W; rpmroda pode variar de 622 rpm até 746 rpm; Troda 𝐹O 217,84 226,31 235,23
pode variar de 159,7 Nm até 192 Nm.
C. Non Sorted Genetic Algorithm com ímãs de NdFeB
A função objetivo escolhida é dada em (18) e tem como Este algoritmo é baseado na adaptação de algoritmos
intuito otimizar a eficiência, a massa, o volume e o custo do
evolutivos para resolver problemas multiobjetivos. Este
motor. Nesta equação Cost é o custo do motor; M é a massa método usa a técnica do elitismo para manter os melhores
dos materiais ativos (bobina, ímãs e núcleo do rotor); η é a indivíduos por várias gerações, e a técnica simplificada de
eficiência; Dpot é a densidade de potência. Sendo assim, para alinhamento baseada em um mecanismo estimador de
conceber a máquina mais eficaz o algoritmo de otimização densidade (distância de aglomeração) para ter uma boa
deve minimizar a função objetivo escolhida. distribuição de indivíduos na curva de Pareto [14].
𝐹O=3∙Cost+2∙M-3∙η-Dpot (18) Tabela 4. Resultados NSGAII com ímãs de NdFeB.

Os três métodos implementados são o Particle Swarm


Variável Otimização 1 Otimização 2 Otimização 3
Optimization (PSO), o Evolutionary Strategy (ES) e o Non
Sorted Genetic Algorithm (NSGAII). Sendo que, para cada Cost 49,70 ($) 62,99 ($) 66,50 ($)
método foram realizadas três rodadas de otimização, de
M 4,80 (kg) 5,51 (kg) 5,50 (kg)
maneira a garantir que, em cada caso, o melhor resultado foi
alcançado. Os resultados mais relevantes de cada iteração estão η 0,93 0,95 0,94
sintetizados nas próximas seções. 3 3
Dpot 8,33 (W/cm ) 6,68 (W/cm ) 6,55 (W/cm3)

A. Particle Swarm Optimization com ímãs de NdFeB 𝐹O 147,57 190,62 201,22


O algoritmo PSO é inspirado nos métodos de busca de
D. Non Sorted Genetic Algorithm com ímãs de Ferrite
alimentos que os pássaros utilizam. Neste caso, cada pássaro se
move em um campo de busca juntamente com os seus A fim de realizar as otimizações utilizando-se ímãs de
vizinhos, com os quais troca informações (normalmente a ferrite, houve a necessidade de alterar alguns parâmetros de
melhor direção para buscar alimentos) de maneira a encontrar o entrada que haviam sido definidos para as otimizações com
caminho pelo qual ele e seus vizinhos passaram e tendem a ir ímãs de NdFeB. Algumas das alterações foram a densidade dos
[12]. Desta maneira, o algoritmo tende a seguir sempre na ímãs, o custo por kg, a indução remanente, a permeabilidade
direção da solução mais eficaz. Os resultados obtidos com esse relativa, a espessura mínima dos ímãs, dentre outras.
método estão apresentados na Tabela 2, onde η é o rendimento Tabela 5. Resultados NSGAII com ímãs de Ferrite.
da máquina.
Tabela 2. Resultados PSO com ímãs de NdFeB. Variável Otimização 1 Otimização 2 Otimização 3

Cost 19,47 ($) 19,15 ($) 18,63 ($)


Variável Otimização 1 Otimização 2 Otimização 3
M 6,25 (kg) 6,60 (kg) 6,18 (kg)
Cost 73,33 ($) 103,80 ($) 134,74 ($)
η 0,92 0,94 0,93
M 7,01 (kg) 8,45 (kg) 9,12 (kg)
3 3
Dpot 5,50 (W/cm ) 5,02 (W/cm ) 5,80 (W/cm3)
η 0,94 0,93 0,94
𝐹O 62,66 62,80 59,68
Dpot 6,28 (W/cm3) 5,11 (W/cm3) 4,30 (W/cm3)

𝐹O 224,92 320,39 415,31


V. DISCUSSÃO DE RESULTADOS
B. Evolutionary Strategy com ímãs de NdFeB Dentre as três estratégias de otimização, a NSGAII obteve
A estratégia evolucionária, também conhecida como os melhores resultados, onde a função objetivo vale 147,57.
algoritmo genético, é inspirada na teoria de evolução biológica Sendo assim, 52% menor que para o melhor valor do método
[13]. Neste caso, um conjunto de variáveis são alteradas a cada PSO (224,92) e 47% menor que que o melhor valor obtido
geração de maneira a se cruzar e realizar mutações (alteração para o método ES (217,84). Percebe-se que, a estratégia
de valores), de forma que a cada nova geração/iteração uma adotada pelo algoritmo NSGAII de manter os resultados “elite”
solução mais eficaz seja alcançada. e realizar uma varredura mais abrangente no domínio de
cálculo se mostrou muito mais eficaz, quando comparada aos

251
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

demais algoritmos que se focaram mais nos resultados ótimos AGRADECIMENTOS


encontrados. O presente trabalho foi realizado com apoio da
Após avaliar qual das estratégias forneceu os melhores Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
resultados, foram feitas otimizações de máquinas com ímãs de Superior – Brasil (CAPES) – CAPES/COFECUB n.
NdFeB e de ferrite. Os ímãs de terras raras (NdFeB) costumam 88881.191763/2018-01.
ter um custo muito maior se comparados aos de ferrite [16].
Contudo, eles possuem uma indução remanente e uma REFERÊNCIAS
coercitividade muito maior, fazendo com que a máquina seja
mais robusta à desmagnetização e compacta. Existem vários
[1] G. Wu, A. Inderbitzin, and C. Bening, “Total cost of ownership of
estudos que consideram a utilização de materiais alternativos electric vehicles compared to conventional vehicles: A probabilistic
aos ímãs de terras raras em motores brushless, como os analysis and projection across market segments,” Energy Policy, vol. 80,
desenvolvidos em [16] e [17]. Sendo assim, é válido avaliar os pp. 196–214, May 2015.
prós e contras de cada topologia no momento que se for [2] Aydin, M. & Huang, Shouming & Lipo, T.A.. (2004). Axial flux
conceber um novo projeto. permanent magnet disc machines: A review. Conf. Record of
SPEEDAM.
As duas configurações de ímãs foram implementadas e [3] A J. F. Gieras, R. Wang, and M. J. Kamper, Axial Flux Permanent
otimizadas, alguns dos resultados obtidos para cada caso estão Magnet Brushless Machines, 2nd, Springer, 2008. Print.
sintetizados na Tabela 6. Percebe-se que, em ambos os casos, [4] Model 3, Tesla, Avaliable in: <https://www.tesla.com/model3> Access
os desempenhos desejados foram atendidos, conforme Tabela Date: 27/03/2020.
1. Como esperado, a estrutura com ímãs de NdFeB apresentou [5] L. C. M. Leal, E. Rosaand, and L. C. Nicolazzi, “Uma introdução à
uma maior densidade de potência, porém o custo do motor foi modelagem quase-estática de automóveis,” Publicação interna do
GRANTE – Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC,
quase 3 vezes maior do que o da estrutura com ímãs de ferrite. Florianópolis, Brazil, 2012.
Desta maneira, a função objetivo para o caso do NdFeB ficou
[6] A. Bhatt, “Planning and application of Electric Vehicle with
em torno de 147% maior do que a dos ímãs de ferrite. MATLAB®/Simulink®,” in 2016 IEEE International Conference on
Tabela 6. Resultados obtidos para topologias com ímãs de NdFeB e de Ferrite. Power Electronics, Drives and Energy Systems (PEDES), 2016, doi:
10.1109/pedes.2016.7914220.
[7] A. O. Kıyaklı and H. Solmaz, “Modeling of an Electric Vehicle with
Variável NdFeB Ferrite MATLAB/Simulink,” International Journal of Automotive Science And
Technology, pp. 9–15, Jan. 2019, doi: 10.30939/ijastech..475477.
Cost 49,70 ($) 18,63 ($)
[8] Bielaczyc, J. Woodburn, A. Szczotka, and Bosmal, “THE WLTP AS A
M 4,80 (kg) 6,18 (kg) NEW TOOL FOR THE EVALUATION OF CO 2 EMISSIONS,”
Unpublished, 2014.
η 0,93 0,93
[9] .J. Kierstead, R.-J. Wang, and M.J. Kamper, “Design optimization of a
Dpot 8,33 (W/cm ) 3
5,80 (W/cm3) single-sided axial flux permanent magnet in-wheel motor with double-
layer non-overlap concentrated winding,” Unpublished, 2009.
𝐹O 147,57 59,68 [10] Boresi, Arthur P., and Richard J. Schmidt. Advanced mechanics of
materials. New York: John Wiley & Sons, 2003. Print.
Volume 1,38 (L) 2,07 (L)
[11] CADES, G2eLab, Avaliable in: <http://www.g2elab.grenoble-
Dout 0,238 (m) 0,255 (m) inp.fr/fr/recherche/cades> Access Date: 27/03/2020.
[12] J. Kennedy and R. Eberhart, “Particle swarm optimization,” in
Din 0,138 (m) 0,147 (m) Proceedings of ICNN’95 - International Conference on Neural
Networks, doi: 10.1109/icnn.1995.488968.
𝐺𝑅 7,27 8
[13] J. A. Vasconcelos, R. R. Saldanha, L. Krahenbuhl, and A. Nicolas,
ℎ𝑚 2,43 (mm) 7,13 (mm) “Genetic algorithm coupled with a deterministic method for
optimization in electromagnetics,” IEEE Transactions on Magnetics,
Tsh 24,04 (Nm) 20,81 (Nm) vol. 33, no. 2, pp. 1860–1863, Mar. 1997.
𝑟𝑝𝑚 4575,79 (rpm) 5492,94 (rpm) [14] K. Deb, A. Pratap, S. Agarwal, and T. Meyarivan, “A fast and elitist
multiobjective genetic algorithm: NSGA-II,” IEEE Transactions on
Troda 171,09 (Nm) 163,17 (Nm) Evolutionary Computation, vol. 6, no. 2, pp. 182–197, Apr. 2002, doi:
10.1109/4235.996017.
rpmroda 630,19 (rpm) 686,62 (rpm) [15] Catalog, TDK, Avaliable in: <https://product.tdk.com/info/en/products/
ferrite/index.html> Access Date: 26/03/2020.
Pout 11521,41 (W) 11972,27 (W)
[16] K. Chiba, S. Chino, M. Takemoto, and S. Ogasawara, “Fundamental
Analysis of a Ferrite Permanent Magnet Axial Gap Motor with Coreless
VI. CONCLUSÃO Rotor Structure,” IEEJ Journal of Industry Applications, vol. 3, no. 1,
pp. 47–54, 2014, doi: 10.1541/ieejjia.3.47.
Após a análise dos resultados, comprovou-se que as AFPM
[17] S. Chino, S. Ogasawara, T. Miura, A. Chiba, M. Takemoto, and N.
sem núcleo ferromagnético no estator, com ou sem ímãs de Hoshi, “Fundamental characteristics of a ferrite permanent magnet axial
terras raras, são capazes de suprir o desempenho necessário gap motor with segmented rotor structure for the hybrid electric
para serem aplicadas à tração de um veículo elétrico. Além vehicle,” in 2011 IEEE Energy Conversion Congress and Exposition,
disso, percebe-se que melhores resultados são obtidos quando 2011, doi: 10.1109/ecce.2011.6064146.
são empregados algoritmos de otimização que consideram um [18] NEODYMIUM IRON BORON MAGNETS, ARNOLD, Avaliable in:
número maior de valores ótimos, de maneira a abranger uma <https://www.arnoldmagnetics.com/products/neodymium-iron-boron-
magnets/> Access Date: 28/03/2020.
parte maior do domínio de cálculo.

252
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Review of Simulation Techniques of Electrical


Machines - Attention to Coupling Behavior
C. G. C. Neves1, A. F. F. Filho2
1. CENG-ECA/Universidade
CENG Federal de Pelotas
DELET-PPGEE / Universidade Federal do Rio Grande do Sul
2. LMEAE-DELET

Abstract—In this work, a review of the coupling simulation A. Weak Coupling


techniques to model the coupling between the magnetic circuit
and the electrical circuit of the electrical machines by Finite This technique uses a differential equation to represent the
Element Method (FEM) is demonstrated. Too exemplify the converter-motor coupling [4]:
method of co-simulation
simulation by indirect coupling, three electrical
machines are simulated: Switched Reluctance Motors (SRM),
Single-phase Brushless Capacitor-exciter
exciter Synchronous Generator
d  , i 
 V  Ri (1)
(BCESG) and a Wind Power Outer Rotor Synchronous dt
Generator (WPORSG).
where V is the voltage applied by the converter, i the phase
Keywords— single-phase synchronous generator
generator; brushless winding current and R is the winding resistance. The values of
machine; self-excited machine; rectifier; capacitor flux linkage for each angular position and current expressed
mathematically as function φ(θ,i),, which describes the
I. INTRODUCTION magnetic behavior of thee motor, are obtained using the two
two-
Since the appearance of finite element methods and their dimensional finite element method. Originating the curves in
use in electromechanical energy converters, there has been an Fig. 1.
increasing sophistication of modeling and simulation
techniques. In the beginning, rotating electrical machines, for
example, were statically simulated, that is, in a determined
position or angle of rotation. In the 1980s, numerical models
started to incorporate electronic converters,rs, thus it became
possible to simulate the activation of an electric motor driven
by a frequency inverter, for example [1]. ]. In the 90s, angular
displacement started to be taken into account through the
Movement Band Technique [2], ], concomitantly with the
incorporation of the circuit and mechanical equations that
enabled the simulation of electromechanical transients. At the
beginning of 2000,, techniques for coupling circuit equations,
movement, and mechanical equations were incorporated Fig. 1. Magnetization curves versus rotor angular displacement.
displacement
giving rise to very sophisticated and accurate models [3].
[ This
work is relevant because reviews the techniques for coupling The system of equations is then solved through numerical
behavior and turns possible to understand each one and its integration. At the end of each integration step, θ and φ are
evolution capabilities during the time. both known and the current can be determined via the second
seco
Newton Interpolation from the magnetization curve, for each
der of dependency is voltage → flux
rotor angle. The order
II. COUPLING SIMULATION METHODS linkage → current. The electromagnetic torque Te is
niques of modeling electrical
In this work, three techniques determined by the partial differential of the co
co-energy with
machines are demonstrated. The first one uses a model based constant current:
on electrical circuits that describe the converter, in which the
magnetic parameterss of the machine are obtained by finite Wc i, 
Te  (2)
elements (weak coupling), the second one uses es finite elements d
for simultaneous resolution of the field equations with the
converter circuit (strong coupling) and the third one where the Although effective, this method is limited to Variable-
field and the circuit simulator are treated as separated systems Reluctance Machines and Stepping Motors.
step process concerning time, while they
in a step-by-step
exchange coupling coefficients in each step (co-simulation).
(co B Strong Coupling or Direct Coupling
All the techniques allow coupling converter and motor, but In this technique, the interaction between the magnetic and
only the strong and the co-simulation
simulation allow simultaneous electrical circuits is taken into account by addi
adding the equations
resolution of the magnetic circuit with the converter circuit. of the external circuit to the finite element
elem matrix [5].

253
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

According to [1] and [3], ], to simulate an electromagnetic principle of electromagnetic induction, such as asynchronous
device modeled by finite elements connected to an electric machines.
circuit, the following equations system can be used:
C Co-Simulation
Simulation by Indirect Coupling
dA In this method, the Finite Element model (FE model) and
MA  N  PI  D (3) the circuit simulator are treated as separated systems in a step-
step
dt by-step
ep process concerning time, while they exchange
dA dI coupling coefficients in each step (co (co-simulation). Figure 3
Q  R  G6 I  L  G4 X  G5 E (4)
illustrates the co-simulation
simulation coupling parameters for a one-one
dt dt
winding device. The field side (finite(finite-element side), the
dX winding appears to the circuit simulator as a resistances R,
 G1 X  G3 I  G2 E (5)
dt inductances L, and back EMF E. On the circuit side, no matter
In this equation system, the unknowns are A (the magnetic how complicated the circuit system, the coupling nodes appear
vector potential in the finite element nodes), I (the currents in to the FEM simulator as a Norton ton equivalent circuit with a
device) and X (the
the windings of the electromagnetic device), current source I, conductance G. For the mechanical
feeding circuit state-variables). M and N are respectively the subsystem, on the field side, the FE simulator injects a torque
assemblings of elemental Finite Elements matrices related to Te into the circuit simulator’s mechanical model. The load is
permeability and conductivity [3]. P is the matrix that relates represented by the resistant torque Tr, by the damping B, and
the elemental current to the elemental nodes. D is the by the inertia J [5].
excitation vector related to permanent magnets. Q is the
matrix that represents the flux linkage of the windings. The
end winding inductances and winding resistances are taken
into account respectively through matrices R and L. E is the
electric circuit voltage and/or current sources vector. G1 to G6
matrices depend only on the circuit topology and they are
determined automatically according to the converter operation
sequences [3]. The movement of the rotor is taken into
account through the Movement Band technique [2]. Figure 2
shows the region of the air gap with the Movement Band.
Band

Fig. 3. Magnetic Circuit Simulator – Electrical Circuit


Simulator transient coupling

To exemplify this technique some simulations of different


types of electrical machines considering different aspects will
be performed:

A SRM
Fig. 2. Mesh in the region of the air gap of a SRM with band in the dark.
Figure 4 shows the 2D-FEA
FEA model of the SRM utilizing
In studies involving electromechanical transients, the Maxwell® software.
equation that relates the electromagnetic torque (T ( e) and the
J) and Damping
mechanical torque (TL), as well as the Inertia (J)
(B)) of the entire system must be incorporated into the
calculation process.

d 1
 Te  B  TL  (6)
dt J
d
 (7)
dt

This method can be applied to all types of electrical


machines, including machines that operate based on the Fig. 4. 2D-FEM model of SRM - Not aligned position

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Figure 5 refers to the FE model coupled to the converter single-phase


phase armature reaction is converted from AC to DC by
and mechanical components in Simplorer® to perform the co-
co a half-wave rectifier, and self-excitation
excitation is obtained [6-7].
simulation. Figure 7 shows the 2D-FEM FEM model of the generator
created utilizing Maxwell® software. The one-phase one
distributed winding stator is composed of the main winding,
thirds of the number of slots, and the auxiliary
which uses two-thirds
winding uses the remaining one-third.
third. The field winding and
cage winding are embedded in the salient pole rotor.
rotor

Fig. 5. SRM’s SIMPLORER® model.

This simulation aimss to obtain the current in the SRM’s Fig. 7. BCESG 2D-FEM
FEM model.
field for a constant speed load (3000 rpm). The co-simulation
co
is carried out by running the Finite Element Model subsystem Figure 8 refers to the FE model coupled to the electrical
in a black-box
box manner exchanging data with the converter.
converter and mechanical components in SIMPLORER® to perform the
The process is controlled by switching the voltage of the co-simulation. The co-simulation is carried out by running the
source, that is, in the circuit of Fig. 5,, when the IGBT1 and FE Model subsystem in a black-box box manner exchanging data
IGBT2 transistors are turned on by switch pulse the current is with the electrical circuit and the mechanical ssystem.
established in the winding, due to the voltage applied by the
source. Generally,
erally, the trigger angle corresponds to the position
shown in Fig. 4,, this means, not aligned position or maximum
reluctance position,, since the SRM works based on the
principle of minimum reluctance which states the rotor tries to
align to the rotor to reach
each the minimum reluctance position.
Figure 6 shows the obtained current and inductances
waveforms.

25 10
Inductance [mH]

20 8
Current [A]

15 6
10 4
5 2
0 0
0 10 20 30 Fig. 8. BCESG SIMPLORER®
SIMPLORER model.
Time [ms]
As far as the model represented in Fig. 8, a constant
Current Inductance
mechanical speed source was applied to the generator through
Fig. 6. SRM’s Current and Inductance. a speed source (prime mover) component V_ROT. A value of
A pulse current is applied for a short time to Field_in
1-A
B Self-Excitation of a BCESG terminal to represent the remanent magnetic flux in the core. A
suitable value for self-excitation
excitation capacitance should be chosen
circuited field winding with a
This generator uses a short-circuited
from the magnetization curves to self-excite
self the generator at
diode to obtain self-excitation
excitation in a brushless generator. The
stator contains a two-phase
phase winding similar to a conventional the rated voltage. The load R1 is switched on by step
phase induction motor. The primary winding is
single-phase controlled switched s1 after the generator been entirely
connected to the electrical load, and the auxiliary winding has excited. Figure 9 shows the variations of flux linkages in the
a capacitor connected across its terminals. The voltage windings along the transient and steady steady-state periods,
induced in the field coil by the reverse revolving field due to considering a 5 ohms resistive load connected to the main

255
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

winding and C1 = 120 μF connected across to the auxiliary


winding.
2
Flux Linkage [Wb]

1.5
1
0.5
0
-0.5
Field Main Aux
-1 Fig. 12. WPORSG SIMPLORER® model.
0 50 100 150 200 250 300
The response of the currents of the machine to the fault can
Time [ms] be seen in Fig. 13. Figure 14 shows the torque response in the
Fig. 9. Flux linkages for a 120μF capacitor. same condition. One can notice that phase B is not affected by
the fault and the machine hits large torque values.
Figure 10 shows the flux linkages when a 60-μF capacitor is
incapable of self-exciting the generator. 1500
0.25 1000
0.2
Flux Linkage [Wb]

500
0.15
0
0.1
0.05 -500 0 100 200 300 400 500

0 -1000
-0.05
Field Main Aux -1500
-0.1 Time [ms]
0 200 400 600 Current(PhaseA) [A] Current(PhaseB) [A]
Time [ms] Current(PhaseC) [A]

Fig. 10. Flux linkages along with transitory and steady-state for a 60μF Fig. 13. Three-phase currents of the machine during a fault.
capacitor.

C Simulation of a fault in WPORSG 15


In this section, a WPORSG (shown at Fig. 11) is simulated 10
during a transient electrical fault condition. Figure 12 refers to
Torque [kNm]

the co-simulation model created to simulate the fault. At 0.15 5


s, a short-circuit is created between phases A and C, through a
fault resistor (Rfault) of 1mΩ switched by S1. 0
-5 0 100 200 300 400 500

-10
-15
Time [ms]

Fig. 14. Electromagnetic torque during a fault.

III. CONCLUSION
In this work, a review of the coupling simulation
techniques to model the coupling between the magnetic circuit
and the electrical circuit of the electrical machines by FEM is
demonstrated which turns possible to understand each one and
Fig. 11. WPORSG 2D-FEM model. its evolution capabilities during the time. The use of Co-

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Simulation instead of Direct Coupling facilitates the modeling "Conference Record of the 1992 IEEE Industry Applications Society
and simulation of coupled phenomena since it permits to add Annual Meeting, Houston, TX, USA, 1992, pp. 198-203 vol.1.
electronic switches, mechanical variable inputs/outputs, and
pulse-controlled sources. Besides that, it helps a better
understanding of this subject due to the block diagrams which
permit us to understand what role each part plays in the
working of a machine. To exemplify the method of co-
simulation by indirect coupling, three electrical machines are
simulated: Switched Reluctance Motors, Single-phase
Brushless Capacitor-exciter Synchronous Generator, and a
Wind Power Outer Rotor Synchronous Generator.

REFERENCES
[1] N. Sadowski, B. Carly, Y. Lefevre, M. Lajoie-Mazenc and S. Astier,
"Finite element simulation of electrical motors fed by current inverters,"
in IEEE Transactions on Magnetics, vol. 29, no. 2, pp. 1683-1688,
March 1993, doi: 10.1109/20.250729.
[2] N. Sadowski, Y. Lefevre, M. Lajoie-Mazenc, and J. Cros, "Finite
element torque calculation in electrical machines while considering the
movement," in IEEE Transactions on Magnetics, vol. 28, no. 2, pp.
1410-1413, March 1992, DOI: 10.1109/20.123957.
[3] P. Kuo-Peng, N. Sadowski, N. J. Batistela, and P. A. Bastos, "Coupled
field and circuit analysis considering the electromagnetic device
motion," in IEEE Transactions on Magnetics, vol. 36, no. 4, pp. 1458-
1461, July 2000, DOI: 10.1109/20.877713.
[4] J. M. Stephenson and J. Corda, "Computation of torque and current in
doubly salient reluctance motors from nonlinear magnetization data," in
Proceedings of the Institution of Electrical Engineers, vol. 126, no. 5, pp.
393-396, May 1979, DOI: 10.1049/piee.1979.0095.
[5] P. Zhou, D. Lin, W. N. Fu, B. Ionesco, and Z. J. Cendes, "A general
cosimulation approach for coupled field-circuit problems," in IEEE
Transactions on Magnetics, vol. 42, no. 4, pp. 1051-1054, April 2006,
DOI: 10.1109/TMAG.2006.871374.
[6] K. Harada and S. Nonaka, "Self-excited type single-phase synchronous
generator", Japanese patent no. 244444, 1958.
[7] Nonaka and K. Kesamaru, "Analysis of new brushless self-excited
single-phase synchronous generator by finite element method,

257
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Efficiency Determination of Single and Three-Phase


Induction Motors Embedded in Compressors

Carlos A. C. Wengerkievicz1, Leonardo E. Martins1, Cristian F. Mazzola1, Nelson Sadowski1, Nelson J. Batistela1,
Marconi B. Mondo2, Fernando A. Aardoom2, Cesar J. Deschamps2
1
GRUCAD/EEL/CTC, ²POLO/EMC/CTC
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, Brazil
carlos.cacw@gmail.com

Abstract— The constructive features of compressor mounted iii) once the stator is mounted by mechanical interference, it is
induction motors restrict its testing possibilities. The main practically impossible to remove it without destroying the
feature of the paper is an overview of standard and alternative compressor; iv) rotors with a one-sided shaft require some
methods for efficiency testing of these machines based on the solution to allow the mechanical coupling to a dynamometer.
IEEE standards 112 and 114 and other literature, including a Similar difficulties are reported in [7], where a BLDC motor
brief guide for method selection. Two practical approaches for testing procedure is proposed.
dynamometer testing are applied and discussed. Efficiency and
losses curves are presented for two machines. Fig. 1. Cutaway view of a rotary compressor. [8]

Keywords—induction motor; compressors; losses; tests.

I. INTRODUCTION
Cooling systems are estimated to correspond to 20 % of the
energy consumption of buildings worldwide and are the fastest
growing end-use in this sector [1]. These systems are
commonly based on vapor compression and consist of a
compressor, a condenser, an evaporator and an expansion
device [2]. An extensive survey on air conditioners [3] pointed
out that 80 % to 87 % of the steady-state input power of these
appliances correspond to the compressor, the remaining being
absorbed by fans and controls. Energy efficiency policies are
expected to double the average efficiency and reduce in 45 % In [9], the efficiency of small rotary compressors is
the energy demand of cooling systems by 2050 [1], evidencing analyzed for each stage of the compression process,
the importance of efficiency studies focused on compressors. determining the motor, mechanical, compression and
Compressors embedded in household refrigeration systems volumetric efficiencies. The efficiency of the electric motor is
are commonly driven by two-pole induction motors [4], either simply assumed as a fixed value of 85 %. Semi-empiric models
single-phase or three-phase, while a few employ permanent of scroll compressors are determined through calorimeter tests
magnet motors. The internal view of a hermetic rotary in [10] and [11], where the motor losses are separated in two
compressor is shown in Fig. 1. The vertical stator is mounted parts, one constant and another proportional to the internal
on the compressor frame, and the rotor is held by plain compression power. The parameters that characterize the
bearings only on the bottom part of the shaft, close to the losses, along with other model parameters, are determined by
compression mechanism. In other types of compressors, such minimizing the difference between external measurements and
as the scroll type, the mechanism is located on the top, and its calculated values. The modelling is achieved, but the
upper bearings are present. Oil is pumped from the bottom of precision of the found parameters lacks experimental proof.
the compressor to lubricate the bearings, and the motor is This paper offers an overview of experimental methods for
cooled by the circulating fluid and through the frame. Although efficiency testing of single and polyphase induction motors
it is common to determine the efficiency of electric motors embedded in hermetic compressors, including two practical
through standard methods such as those described in IEEE approaches for dynamometer testing. The objective is to
Standards 112 [5] and 114 [6], some difficulties arise from the provide other practitioners with useful insights obtained during
constructive features of these motors: i) prior to the compressor tests performed at GRUCAD/UFSC. The main test methods
assembly, the motor does not have its own frame to be tested found in the literature are presented in Section II. Practical
separately, requiring customized mechanical support; ii) the aspects are exposed in Section III, while the results are
compressor cannot run horizontally to be tested in traditional presented and discussed in Section IV.
test benches, due to its bearings and its lubrication system,

258
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. METHODS FOR EFFICIENCY DETERMINATION B. Segregation of losses with and without dynamometer
The efficiency determination of induction machines is Another method for efficiency determination is the
described by test standards such as the IEEE Std. 112 [5] and “indirect” method, where the losses (Ploss) are measured and
IEC 60043-1 [12], for polyphase machines, and IEEE Std. 114 subtracted from the input power, as in (5). This is the preferred
[6], for single-phase ones. While the testing procedures for the standard method for integral horsepower TPIM (method B of
first group are well-established, the standards for the single- [5]), but it is only defined in [6] for SPIM with a single run
phase machines are much simplified and do not contemplate winding, therefore it is not standardized for permanent
many topologies. Although some alternatives have been capacitor, shaded-pole or split-phase motors.
presented in [13], [14] and [15], their effectiveness and
precision have not yet been solidified in standards. The test Pin  Ploss
 (5)
methods for three-phase induction motors (TPIM) and single- Pin
phase induction motors (SPIM) are summarized below with
special emphasis to standard methods. The losses are divided in five types: stator joule losses (Pj1),
rotor joule losses (Pj2), core losses (Pc), friction and winding
A. Direct method losses (Pfw) and stray-load losses (Psll). For TPIM, the method
B of [5] comprises the same temperature and load tests as the
The simplest way to determine the efficiency of an electric direct method, plus a no-load test, when the machine operates
machine is by the so-called direct method, where dynamometer uncoupled at decreasing voltage levels from 125 % of the rated
tests are employed to calculate the efficiency () as the ratio value down to the point where the current increases, as
between the output and the input power, as expressed in (1). readings of voltage, current and input power are recorded.
Herein, T is the measured torque in newton-meters, r is the
shaft speed in radians per second and Pin is the input power in At any test condition, the stator joule losses are calculated
watts. The method is recommended for fractional horsepower as (6), where m is the number of phases.
TPIM [5] and is the general recommendation for SPIM [6].
Pj1  mI 2 Rt (6)
T r
 (1) From the no-load test, the input power minus Pj1 is plotted
Pin against the voltage squared, the intercept of the linear fit results
The procedure starts with a load temperature test to in Pfw, and the remaining no-load power at rated voltage is
determine the motor steady-state temperature at rated attributed to Pc, since the rotor losses are assumed to be
condition. The stator resistance and the ambient temperature negligible. The rotor joule losses are determined for each
are also measured. The machine is then operated at six load condition in the load test as (7), where s is the per unit slip. The
levels: approximately 25%, 50%, 75% and 100% of the rated stray load losses are initially calculated for each point of the
load, and two additional points between 100 % and 150%. At load test as the difference between total losses and the sum of
each level, readings of voltage, current, input power, the remaining types, as expressed in (8). A linear regression of
frequency, speed, torque, ambient temperature and stator these values against the squared torque yields a fitted value.
winding temperature are recorded. The temperature of the Temperature and dynamometer corrections are also applicable.
stator windings can be inferred from its resistance variation. Pj 2  s  Pin  Pj1  Pc  (7)
The efficiency is computed through (1) after corrections of
torque, input power and speed due to the dynamometer drag, to Psll  Pin  T r  Pj1  Pc  Pj 2  Pfw (8)
the influence of the temperature on the stator and rotor winding
resistances, and to the frequency deviations during the tests. A similar approach is described in methods E and E1 of [5],
The dynamometer correction is reported to have great with the difference that no torque measurements are required.
importance for fractional horsepower machines in [13]. The In method E, the stray-load losses are measured directly in a
stator winding resistance (Rs) is corrected to the specified procedure that involves removing the rotor and driving it
temperature (ts) by (2) as a function of the resistance (Rt) at test backwards, while in E1 its value at rated condition is simply
temperature (tt) and of the constant k1, which is 234.5 C for assumed as a percentage of the rated output power.
copper windings and 225 C for aluminum. The input power In the case of SPIMs, the standard [6] contemplates only
correction (CPin) as (3) is simply the difference between the motors with a single run winding. An additional locked rotor
stator joule losses at ts and at tt with each measured current I. test (LRT) at 50 % of rated voltage is required to account for
The corrected slip (ss) is calculated in a similar way by (4), the effect of the negative sequence currents on the no-load
where k2 depends on the rotor winding material. rotor losses [13]. The total no-load joule losses for a SPIM are
calculated as (9), where PL and IL are respectively the locked-
 ts  k1  (2) rotor input power and current. The determination of Pfw, Pc and
Rs  Rt
 tt  k1  Pj2 in SPIM is similar to the polyphase case. The stray-load
losses can be assumed as 1.8 % of the rated output power, but
CPin  I 2  Rs  Rt  (3)
are reported to be negligible in SPIMs [14].
 ts  k2  (4)
ss  st 2  P 
 tt  k2  Pj  I R  L 2 (9)
2  t IL 

259
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

An early methodology presented in [14] contemplates Fig. 3. Equivalent circuit of single-winding SPIM [6]
SPIM topologies with more than one run winding, with a
numerical example of a permanent capacitor motor. It requires R1 jX 1
the determination of some constants and comprises the R2
following tests: i) resistance measurement of the main and the 2s
auxiliary windings; ii) locked rotor tests (LRT) at 50% of rated j Xm
2
voltage and at rated current; iii) no-load test as in [6]; iv) load j X2
2
test at the levels of interest; v) a modified no-load test, running V1
the motor with only the main winding and then with only the R2
2(2-s)
auxiliary, to determine the ratio of effective turns between j Xm
them, if this constant is not available from design data. The 2
j X2
calculations are not reproduced here for lack of space. The 2
absence of torque measurement is an advantage of this method.
D. Selection of test method for compressor motors
C. Equivalent circuit method
The most adequate test method for a compressor induction
The efficiency can also be computed from the equivalent
motor depends on a series of factors: the type of the machine
circuit of the machine. For TPIM, the methods F and F1 of [5]
(TPIM, single or multi winding SPIM); the available testing
recommend the circuit depicted in Fig 2, where V1 is the phase
facilities; if the motor has already been mounted in the
voltage phasor, R1 and R2 the resistances of the stator and rotor
compressor; if the compressor frame can be destroyed; if the
windings, respectively, X1 and X2 are the respective leakage
result is desired to be supported by a test standard.
reactances of the stator and the rotor, Xm is the magnetizing
reactance and Rc accounts for the core losses, all values For TPIMs, the preferred method according to [5] should be
referred to the stator. The friction and windage losses and the the segregation of losses with torque measurement, for integral
stray-load losses are not represented and must be subtracted a horsepower machines, or the direct method, for fractional ones.
posteriori from the converted power, which is the power over Practical approaches for dynamometer tests are presented in the
the variable resistance in the rotor branch. The test procedure next section, either with the motor removed from the
involves the measurement of stator, a no-load and an compressor frame or still mounted. If such tests are not
impedance test, which can be one of the following: i) LRT at possible, methods E1 and F1 would be recommended. In the
rated current and at maximum of 25% of rated frequency; first case, aside from electrical measurements, it is necessary to
ii) LRT at rated current at three frequencies: rated, 50% and at measure the slip accurately while the motor is loaded; in the
maximum 25%; iii) Test at rated slip, resulting from load or second, according to the chosen impedance test, it may be
reduced voltage; iv) LRT at rated current and rated frequency, necessary to lock the rotor or to achieve the rated slip by load
if none of the previous are practicable. The stray-load losses imposition or voltage reduction. The speed measurement is
are measured directly in method F and assumed as a percentage relatively simple with the motor removed or with the frame
of rated output power in method F1. open. With a totally closed compressor, it might be possible to
measure the speed by alternative means (e.g. by current,
Fig. 2. Per-phase equivalent circuit of TPIM [5] vibration or acoustic signal analysis), to lock the rotor by
stalling the compressor and to modulate the load by controlling
the suction and discharge pressures and temperatures [11].
Similar guidelines apply for SPIMs. If standard methods
are necessary, the direct method and the segregated losses are
the only options, the latter limited to single run-winding
machines with the advantage of not requiring a very accurate
torque measurement. Otherwise, the methods described in [14],
despite not standardized, are reported to provide accuracy
comparable to the direct method even for SPIMs with multiple
run-windings. These do not require torque measurements and
For SPIMs, however, the equivalent circuit depicted in might be applicable to closed compressors.
Fig. 3, based on the revolving field theory [15], is only briefly
presented in [6], and no test procedures for parameter
determination are described. Traditional methods for this III. PRACTICAL ASPECTS
purpose employ no-load and locked rotor tests [14]. For SPIMs This section reports the test procedures performed on six
with multiple run windings, the circuit must be modified to compressor induction motors, whose data are summarized in
consider the interaction between the windings [15]. Table I, emphasizing the mechanical arrangements for
dynamometer testing. The compressors were previously tested
The main advantages of this method are the possibility to
in a calorimeter to determine their total losses at several
calculate the motor performance for a wide operating range and conditions, and then the frames were cut to remove the motors.
the simple instrumentation required. On the downside, it tends All of them have two poles and operate at 60 Hz, 380/220 V.
to be less precise than the remaining methods for small
The SPIMs are of the permanent capacitor type and have been
machines [5]. tested by the direct method due to its standard character. The

260
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TPIMs were tested by the segregated loss method, except for Fig. 5. Motor 5 and test bench adapted for vertical testing. The load cell and
motor 2, which has unsymmetrical windings and was tested by the shaft mounting are detailed in the bottom left and right, respectively.
the direct method. The rated input power was assumed as a
reference since the rated output power is not known. There was
no sense for a temperature test since there is no refrigerant
flowing, thus the specified temperature was assumed as 80 C.

TABLE I. COMPRESSOR DATA


Motor Type Rated input (kW) Compressor type kBTU/h
1 TPIM 1.62 Reciprocating 18
2 TPIM 3.49 Scroll 36 Side view
3 TPIM 3.41 Reciprocating 38
4 SPIM 1.70 Scroll 18
5 SPIM 1.61 Rotary 18
6 SPIM 3.60 Rotary 36

A. Reframing
A first approach to perform dynamometer tests was to
install the motors in a horizontal custom built adjustable steel Despite the need for a special or adapted test bench, this
frame, depicted in Fig. 4. The single sided shafts were replaced approach is practical once it avoids the need to remove the
by double-sided machined brass ones. Two screws in the frame motor and to build a custom frame. It also offers a realistic
allow the adjustment of the shaft height. The tests were evaluation of the motor losses, especially of Pfw, that includes
performed on the test bench for electrical motors described in the effect of all moving parts of the compressor. Care must be
[16], installed in the Laboratory of Electrical Machines and taken not to block the oil flow through channels inside the
Drives (LABMAQ) of the Electrical Engineering Department shaft. This caused a permanent rotor block in motor 6, which
of UFSC. Torque and speed are measured with an HBM T40B then had to be tested by the previous approach, this time with
in-line torque transducer. the screwed shaft.
Fig. 4. Motor with custom horizontal frame (on the right).
C. Instruments and connections
The electrical measurements are performed by a Yokogawa
WT500 power analyzer. The winding temperature was
monitored by a thermocouple and the resistance was measured
with a four-wire 6 ½ digit benchtop multimeter. The electrical
connections depicted in Fig. 6 allow the separate measurement
of the main and the auxiliary windings in tests with SPIMs.
The connections for TPIMs are similar.
Fig. 6. Electrical connections for tests with SPIM

While the possibility to employ traditional test benches is


an advantage of this approach, the main drawbacks are the
effort required to adjust the airgap, the possibility of shaft
eccentricity, the need to destroy the compressor frame and the
change in the friction and windage losses.

B. Vertical testing IV. RESULTS


A new approach was employed to repeat the tests with The results for motors 1 and 5 are summarized in Fig. 7 and
motors 5 and 6. New compressors were acquired by the client Fig. 8, respectively, where the measured efficiency and the
and the original frames were maintained. As shown in Fig. 5, a total losses are plotted against the input power. The markers
horizontal test bench containing an electromagnetic brake was indicate the test points. Although the horizontal axis usually
tumbled to allow the test of vertical motors. The compressor represents the output power or the slip, the input power makes
cap was sawn off and a brass shaft was screwed to the rotor it more practical to cross the results with those of other tests
short-circuit ring to allow the brake disk mounting. Special with a closed compressor, such as with a calorimeter. Motor 1
care was taken to lock the screws. The suction and discharge is a TPIM tested by the segregated loss method after being
are kept open, thus there is no pressure difference and almost installed in the custom frame. The calculated losses at each
no loading by the mechanism. The torque is measured by a point were used to compute the efficiency values. Motor 5, on
load cell attached to the mechanical arm that supports the brake the other hand, is a SPIM tested by the direct method in its
coils, and the speed was measured with an optical tachometer. original frame with the vertical dynamometer.

261
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 7. Efficiency and losses of motor 1 (three-phase). standards, and dynamometer tests are indicated as the only
option for SPIMs with more than a single run winding. The
y = 5.66E-05x2 - 1.14E-02x + 1.10E+02 alternatives found in the literature expand the range of
87 600
R² = 1.00E+00
possibilities.
85 500
Two practical approaches for dynamometer testing of
Efficiency (%)

83 400 compressor motors were presented. They are valid for both

Losses (W)
81 300 single and polyphase machines and provided satisfactory
results. The second approach was shown to be less time-
79 200 demanding than the first, as one of the most difficult tasks
77 100 required by the reframing strategy was the airgap adjustment.
This was aggravated by small eccentricities observed in some
75 0 of the rotors whose shafts were replaced. The presented
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 strategy for vertical testing, however, may not be applicable to
Efficiency Losses Input power (W) all types of compressors. Due to the circumstances of the study,
it was not possible to test the same motor by both approaches
Fig. 8. Efficiency and losses of motor 5 (single-phase)
to compare the results. This may be achieved in future works.

85 550
REFERENCES
80 500
[1] IEA, The Future of Cooling, IEA, Paris, 2018. Available at
75 450 https://www.iea.org/reports/the-future-of-cooling.
Efficiency (%)

Losses (W)
70 400 [2] R. Z. Wang, et al, “The present and future of residential refrigeration,
65 350 power generation and energy storage,” Applied Thermal Engineering,
53(2), pp. 256-270, 2013.
60 300
[3] A. M. Gaikwad, et al. "Results of residential air conditioner testing in
55 250
WECC," IEEE Power and Energy Society General Meeting-Conversion
50 y = 1.55E-04x2 - 3.90E-01x + 4.99E+02 200 and Delivery of Electrical Energy in the 21st Century. IEEE, 2008.
R² = 1.00E+00
45 150 [4] F. J. H. Kalluf, et al, “2/4-POLE split-phase capacitor motor for small
500 1000 1500 2000 2500 compressors: A comprehensive motor characterization,” IEEE Trans. on
Input power (W) Ind. Applications, 50(1), 2013.
Efficiency Losses
[5] Standard Test Procedure for Polyphase Induction Motors and
Generators, IEEE Std. 112 - 2018.
Both machines drive 18 kBTU/h compressors and operate [6] Standard Test Procedure for Single-Phase Induction Motors, IEEE
with practically the same input power at rated condition. It can Std. 114 – 2010.
be verified for both motors that the losses are well represented [7] K. W. Lee, et al, “Quality assurance testing for magnetization quality
by a second degree polynomial fit that can be used as a simple assessment of BLDC motors used in compressors,” IEEE Trans. on Ind.
Applications, 2010.
loss model. The high coefficient of determination (R²) of the
[8] P. Lin, V. Avelar, “The different types of cooling compressors. A
losses obtained with the vertical dynamometer indicates the Journal of Different Technologies for Cooling Data Centres, 2017.
validity of the approach. While the losses of motor 1 increase [9] M. Ozu, T. Itami, "Efficiency analysis of power consumption in small
with the power, the minimum losses of motor 5 are achieved at hermetic refrigerant rotary compressors." International Journal of
approximately 75 % of its rated power, illustrating well the Refrigeration, 1981.
effect of the backward field on the no-load losses. Even though [10] E. Winandy, C. Saavedra, and J. Lebrun. "Experimental analysis and
the efficiency values are comparable at rated condition (85.1 % simplified modelling of a hermetic scroll refrigeration compressor,"
for motor 1, 83.1 % for motor 5), the TPIM performs much Applied thermal engineering, 2002.
better at lower levels. [11] C. Cuevas, et al, “Characterization of a scroll compressor under
extended operating conditions,” Applied thermal engineering, 2010.
All motors tested in the custom horizontal frame presented [12] International Standard IEC 60034-2-1, “Rotating electrical machines -
similar values of Pfw around 20 W, which is coherent since the Part 2-1: Standard methods for determining losses and efficiency from
same bearings were used. The vertical testing of motor 5 tests (excluding machines for traction vehicles).” 2014
resulted in a Pfw of 105.5 W, reflecting the effect of the [13] E. Agamloh, A. S. Nagorny, "An overview of efficiency and loss
compression mechanism that was still attached and running characterization of fractional horsepower motors," IEEE Transactions on
Industrial Electronics, 2012.
idle.
[14] C. G. Veinott, “Segregation of losses in single phase induction motors,"
Transactions of the American Institute of Electrical Engineers, 1935.
V. CONCLUSIONS [15] W. J. Morrill, "The revolving field theory of the capacitor motor,"
Transactions of the American Institute of Electrical Engineers,1929.
This paper presented an overview of efficiency test
[16] A. Y. Beltrame, et al, “Avaliação em campo de rendimento de motores
methods for induction machines embedded in hermetic de indução trifásicos,” Anais do VIII Congresso de Inovação
compressors. There are many standard methods for polyphase Tecnológica em Energia Elétrica (IX CITENEL), João Pessoa, 2017.
machines, with options of different levels of intrusion and
complexity that can be chosen according to the situation. For
single-phase machines, however, few options are described in

262
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Modelagem de Onda Eletromagnética Plana


Unidimensional utilizando FDTD
Julia Grasiela Busarello Wolff e Pedro Bertemes Filho
Departamento de Engenharia Elétrica
UDESC
Joinville, Brasil
Rua Paulo Malschitzki 200, Zona Industrial Norte

Abstract— Este trabalho tem por objetivo o desenvolvimento de diferenciais de Maxwell no domínio do tempo. O espaço é
um algoritmo que descreva, de forma satisfatória, os resultados obtidos discretizado utilizando a malha de Yee [1], a qual é mostrada
quando uma onda eletromagnética unidimensional se propaga no na Fig. 1. As componentes dos campos elétrico e magnético são
espaço constituído de dois meios arbitrários. O algoritmo foi calculadas em diferentes pontos no espaço.
desenvolvido em plataforma Matlab® e está baseado no Método das
Diferenças Finitas no Domínio do Tempo (FDTD). As equações de
Maxwell utilizadas para essa modelagem foram derivadas da Lei de
Ampère e da Lei de Faraday, em suas formas rotacionais. Como
validação da eficácia e da precisão do algoritmo, foram analisadas
simulações nos seguintes meios: (a) não-magnético e magnético sem
perdas; (b) não-magnético e magnético com perdas. Os resultados
obtidos através da simulação foram comparados com os obtidos
analiticamente.

Keywords— Método das Diferenças Finitas no Domínio do


Tempo (FDTD), Onda Eletromagnética, Matlab®.

I. INTRODUÇÃO

Este artigo trata da modelagem de uma onda eletromagnética


Fig. 1. Posições das componentes de campo em uma célula reticulada de
plana unidimensional, numa interface constituída de dois Yee. [5], p. 161.
meios, utilizando o Método das Diferenças Finitas no Domínio
do Tempo (FDTD). O método numérico denominado Na Fig. 1 conclui-se que as posições das componentes de
Diferenças Finitas no Domínio do Tempo (FDTD – Finite campo elétrico estão situadas nas arestas da célula unitária
Difference Time Domain) foi proposto por Yee, em 1966, reticulada de Yee. Enquanto que, os campos magnéticos estão
porém, foram Allen Taflove e Brodwin que apresentaram o localizados nos centros das faces. Inicialmente, o método
critério de estabilidade exato, em 1975. Esse método é utilizado FDTD foi aplicado ao espalhamento em meios isotrópicos, cujo
para modelar campos eletromagnéticos utilizando equações espaço computacional foi discretizado uniformemente em
discretizadas no tempo e no espaço. São utilizadas, nas rotinas células contendo, cada uma, seis componentes de campo
de cálculo, as equações de Maxwell na forma diferencial, as  
quais relacionam os campos elétricos e magnéticos variáveis no elétrico, E , e de campo magnético, H . Essas componentes
tempo [1]. estão entrelaçadas no espaço e no tempo de modo a simular a
Este método torna-se viável na resolução numérica de propagação de uma onda eletromagnética [9], conforme visto
problemas propostos na teoria eletromagnética, os quais não na Fig. 2. A formulação do método das diferenças finitas no
possuem solução analítica, ou mesmo, tal como, o objetivo domínio do tempo (FDTD) para solução de problemas contendo
deste trabalho. Neste trabalho, o método serve para comparar campos eletromagnéticos é uma ferramenta conveniente, pois,
os resultados calculados analiticamente com os obtidos através se trata de uma solução direta das equações rotacionais de
do algoritmo computacional utilizado nas simulações. Esses Maxwell, dependentes do tempo. Juntamente com este fato,
problemas podem ser constituídos de regiões com condições de acrescentamos o motivo de haver menos programas de
contorno mistas, meios não-homogêneos, anisotrópicos, não simulação em FDTD disponíveis, do que, programas que
lineares e dispersivos [2]. Na Fig. 1, foi traçada uma onda utilizam outros métodos, tais como, o método de elementos
eletromagnética incidindo no plano xz constituído de uma finitos e o TLM. Portanto, esse trabalho foi proposto a fim de
interface a qual está centrada no nó km = 60, que separa dois validar o algoritmo desenvolvido em 1D para, posteriormente,
meios, considerando uma malha com 120 nós no eixo z. O estendê-lo para problemas em 2D com Camada Perfeitamente
FDTD é uma solução direta do conjunto completo das equações Casada (PML).

263
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. METODOLOGIA
H xn  2 (i, j  1 2 , k  1 2 ) 
1

A forma como se comporta uma onda eletromagnética


(OEM) plana unidimensional num meio composto por uma t (9)
H xn  2 (i, j  1 2 , k  1 2 ) 
1

interface entre o ar e um outro meio, já é bem conhecida na  (i, j  2 , k  12 )


1

literatura. O algoritmo, implementado em plataforma Matlab,


foi elaborado, primeiramente, para propagação de OEM plana
 E yn (i, j  1 2 , k  1)  E yn (i, j  1 2 , k )  
 n 
unidimensional a fim de comparar os resultados simulados com n
 E z (i, j , k  1 2 )  E z (i, j  1, k  1 2 ) 
os obtidos analiticamente e validar seu funcionamento. São
incluídas, neste artigo, a entrada de dados com as constantes do
programa, tais como, fonte de campo elétrico forçada, definição
H yn  2 (i  1 2 , j , k  1 2 ) 
1

das condições de contorno no fim da malha, faixa de frequência,


geração e obtenção das formas de onda. O parâmetro de malha t (10)
H xn  2 (i  1 2 , j , k  1 2 ) 
1
foi atribuído levando em conta o maior comprimento de onda
entre os meios. A malha possui, aproximadamente 40000
 (i  12 , j , k  12 )
pontos e o contador armazena o módulo dos campos, elétrico e  E zn (i  1, j , k  1 2 )  E zn (i, j , k  1 2 )  
magnético, decorridos cem passos de tempo. O algoritmo de  n n

Diferenças Finitas de Yee é descrito a seguir. Em um meio  E x (i  1 2 , j , k )  E x (i  1 2 , j  1, k  1)
isotrópico, as equações de Maxwell importantes para o
desenvolvimento do método FDTD, são a Lei de Faraday,
descrita na Eq. (1), e, pela Lei de Ampère, mostrada na Eq. (2), H zn  2 (i  1 2 , j  1 2 , k ) 
1

pois as mesmas descrevem o comportamento de propagação de


uma OEM [8]: t (11)
H xn  2 (i  1 2 , j  1 2 , k ) 
1


 (i  2 , j  12 , k )
1

 B
 H  E xn (i  1 2 , j  1, k )  E xn (i  1 2 , j , k )  
 E    E  
t ou t (1)  n n

  D
   E y (i, j  1 2 , k )  E y (i  1, j  1 2 , k ) 
 H  j  ou   H  j  E (2)
t t   (i  12 , j , k )t 
E xn 1 (i  1 2 , j , k )  1  
Resolvendo o rotacional para a Lei de Faraday apresentada na
  (i  12 , j , k ) 
Eq. (1), obtêm-se, as equações escalares derivadas no tempo: (12)
t
E xn (i  1 2 , j , k ) 
H x 1  E y E z   (i  12 , j , k )
    (3)
y   H zn  2 (i  1 2 , j  1 2 , k )  
1

t   z
 n 1

H z 1  E x E y   H z 2 (i  1 2 , j  1 2 , k )  
    (4)  
x 
n  12
  y  H y (i  2 , j , k  2 )  
1 1
t
 n  12 
H y 1  E z E x   H y (i  2 , j , k  2 ) 
1 1

    (5)
t   x z 

Da mesma forma, para a Lei de Ampère expressada pela Eq.   (i, j  12 , k )t 
E yn 1 (i, j  1 2 , k )  1  
(2), obtêm-se as equações escalares derivadas no tempo:   (i, j  12 , k ) 
t (13)
E x 1  H z H y  E yn (i, j  1 2 , k ) 
    E x  (6)  (i, j  12 , k )
t   y z   H xn  2 (i, j  1 2 , k  1 2 )  
1

E y 1  H z H x   n 1

    E y  (7)  H x 2 (i, j  1 2 , k  1 2 )  
t   x z   n  12 
 H z (i  2 , j  2 , k ) 
1 1

E z 1  H y H x   H n  12 (i  1 , j  1 , k ) 
    E z  (8)  z 2 2 
t   x y 

De [5], obtém-se a aproximação por diferenças finitas das


Eqs. (3)-(8); e extraem-se as Eqs.(9) a (14):

264
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

 t  n 1
  (i, j , k  12 )t 
E zn 1 (i, j , k  1 2 )  1   Exn (k )  1   Ex (k ) 
t

H yn 1 (k  1)  H yn 1 (k ) (19) 
  (i, j , k  12 )     z
(14)
t
E zn (i, j , k  1 2 ) 
 (i, j , k  12 ) H yn (k )  H xn 1 (k ) 
z

t n 1
Ex (k )  Exn 1 (k  1)  (20)
H y (i  2 , j , k  2 )  
n  12 1 1
 
n  12
 H y (i  1 2 , j , k  1 2 )   Portanto, estamos considerando o meio (1) como sendo não-
 n 1
 magnético, ou seja, o ar e, definindo os parâmetros para os
 H x 2 (i, j  1 2 , k  1 2 )  campos elétrico e magnético, das equações que serão
 n  12  apresentadas nas Eqs. (21) a (22).
 H x (i, j  2 , k  2 ) 
1 1

E xn (k )  AE xn 1 (k )  B[ H yn 1 (k  1)  H yn 1 (k ) (21)
Taflove & Brodwin [8] acrescentaram, ao método de FDTD,
a condição de Courant, a qual estabelece o compromisso entre
os parâmetros dos materiais e de discretização espaço-temporal, H yn (k )  H yn 1 (k )  C[ E xn 1 (k )  E xn 1 ( K  1)] (22)
a fim de atender a estabilidade numérica do algoritmo. Então,
segundo [5], para assegurar a exatidão dos resultados As condições de contorno impostas, para os campos elétrico
computados, o incremento espacial ou parâmetro de malha  e magnético, são: E x (k )  0 e H y (k )  0 .
deverá ser pequeno comparado ao comprimento de onda.
Geralmente,   10 , ou seja, deve-se ter dez ou mais células III. ANÁLISE DOS RESULTADOS
por comprimento de onda. Para garantir a estabilidade do
esquema de diferenças finitas das Eqs. (9)-(14), o incremento Foram analisadas simulações entre dois meios separados por
uma interface onde o meio (1) é constituído de ar e o meio (2)
de tempo t deverá satisfazer a seguinte condição de
é constituído por um material: caso (a) magnético sem perdas
estabilidade:
1
(  0;  r  10) e caso (b) água do mar (  1;  r  78). As
 1 1 1  2 (15) características ou entradas no algoritmo do meio não-magnético
v máx t   2  2  2 
 x y z  (ar), ou seja, do meio (1), calculadas analiticamente, são
onde vmáx é a velocidade de fase máxima da onda. Já que está mostradas na Tab. I:

sendo utilizada uma única célula cúbica, com TABELA I – Comparação entre valores analíticos e numéricos para o caso
(a): ar e um meio-magnético sem perdas.
x  y  z   ; a Eq. (15) se torna:
v máx t 1 Caso (1) – Meios (1) e (2) não dissipativos
 (16) Características Cálculo Cálculo Cálculo Cálculo
 3 do meio analítico – numérico analítico – numérico
material meio (1) – meio (1) meio (2) – meio (2)
Onde, o número três é o número de dimensões no espaço. 0 8,8543 x 8,8543 x
Considerando o problema unidimensional que está sendo 10-12 10-12
proposto; temos que: E x  E x ( z)  E z  E y  0 ; r 1 10
0 4 x 10-7 4 x 10-7
H y  H y ( z)  H z  H x  0 ; kˆ  xˆ  yˆ . Onde k representa r 1 1
 0 0 0 0
a direção de propagação da onda unidimensional e z é o  0 0 0 0
parâmetro de malha. Modificando as equações (12) e (10),  2,0954 6,62608 10,47
respectivamente, apresentadas em [5]; obtêm-se:  j2,09535 j6,62608
Z0 377 119,16077
  
 t  n
Exn 1 (k )  1   Ex (k )   -0,5197 -0,5197
   (17)
 0,48033 0,48033
f 100 x 106 100 x 106 100 x 106 100 x 106

t
z

H yn  2 (k  1 2 )  H yn  2 (k  1 2 )
1 1
 Nz
t
120
1 x10-12
120 120
1 x10-12
120

Ni 40000 40000 40000 40000


E0 1 1 1 1

H yn  2 (k )  H yn  2 (k ) 
1 1 t
z

E xn (k )  E xn (k  1)  (18)
v 3 x 108 9,48251 x
107
 3 0,94825
Reescrevendo as duas expressões acima, ou seja, as Eqs. (17) z 0,1 0,03161
e (18), com índices inteiros; têm-se as Eqs. (19) e (20): m 333,33333 333,33333
ROE 3,1638 3,1638 3

265
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Emáx 1,51967 1,51967 1,53


Emín 0,48033 0,48033 0,51

As Figs. (4) a (6) foram obtidas através da simulação do


algoritmo em Matlab, no qual, foram utilizadas 120 divisões
no eixo z, 40000 pontos na malha e parâmetro de malha de 1 x
10-12, para garantir a convergência do processo. Os vetores de
campo elétrico e magnético foram salvos em 392 vetores,
contendo 100 valores cada um, na posição z = 196. Essa posição
corresponde a interface entre os meios, com isso, pode-se
observar, na Fig. 4, a OEM mudando de meio, porém, sem
atenuação, pois, o meio (2) é sem perdas.
Fig. 6. OEM Unidimensional no espaço e no tempo, para o Caso (a).

TABELA II – Comparação entre valores analíticos e numéricos para o


caso (b): ar e meio-magnético com perdas.

Caso (1) – Meio (1) não dissipativo e meio (2) dissipativo


Características Cálculo Cálculo Cálculo Cálculo
do meio material analítico – numérico – analítico – numérico
meio (1) meio (1) meio (2) – meio (2)
0 8,8543 x 8,8543 x
10 -12
10 -12

r 1 78
0 4 x 10-7 4 x 10-7
r 1 1
 0 1
 0 0,78 21,3331
Fig. 4. OEM Plana Unidimensional na posição do espaço z = 196, ou seja, 2,0954 2,18 18,50562

na interface entre os meios 1 e 2.
 j2,0953 21,3331 +
j18
A Fig. 5 apresenta os valores e as formas dos campos elétrico R0 377 42,6664
e magnético, respectivamente, no momento em que a onda X0 0 j49,18563
alcança o fim da malha, ou seja, na posição z = 392. Z0 377 28,1
 0,0503 0,04688
 0,79667 0,79667
 1,79667 1,79667
f 100 x 106 100 x 106 100 x 106 100 x106
Nz 120 120 120 120
t 1 x 10-12 1 x 10-12
Ni 40000 40000 40000 40000
E0 1 1 1 1
V 3 x108 3 x108
 3 2,88 0,31623
z 0,1 0,010541
M 333,3333 333,3333
ROE 8,8362 8,8362 10,5
Emáx 1,79667 1,79667 2,1
Emín 0,20333 0,20333 0,2

Fig. 5. OEM Plana Unidimensional na posição do espaço z = 392, ou seja, As Figs. (7)-(9) mostram o caso (b) e concluímos que na
na última iteração do meio 2. propagação de onda em meios magnéticos com perdas, como
por exemplo, a água do mar, a onda atenua rapidamente. Nela,
Concluímos que na propagação de onda em meios magnéticos a defasagem entre os campos elétrico e magnético é de 45°. A
sem perdas, não há atenuação, como se pode verificar em   0 velocidade de propagação da onda depende muito da frequência
e na Fig. 6. e, devido ao efeito pelicular, se a frequência aumenta,
consequentemente a resistência do condutor também aumenta,
pois diminuem a seção transversal do condutor e a profundidade
de penetração.

266
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

meio da entrada de dados de forma manual ou por longos


arquivos de configuração, tornando a tarefa de modelagem do
problema a parte mais trabalhosa e demorada da simulação.
O objetivo deste trabalho que era o desenvolvimento de um
programa para a análise de problemas utilizando o método
FDTD, para fins didáticos e de pesquisa, foi alcançado. As
premissas utilizadas para a elaboração do programa foram a sua
facilidade de implementação e uso, e a inclusão de novos
parâmetros sem a necessidade de mudanças bruscas. Agora, o
próximo passo é estendê-lo para 2D utilizando a PML.

REFERÊNCIAS

[1] Yee, K.S. “Numerical solution of initial value problems involving


Fig. 7. OEM Plana Unidimensional no tempo z = 196, ou seja, na interface Maxwell’s equations in isotropic media”, IEEE Trans, AP-14, pp. 302-307,
entre os meios (1) e (2). 1966.
[2] Gilbert, J. e Holland, R. “Implementation of the thin-slot formalism in the
finite-difference EMP code THREDII”, IEEE Trans, NS-28, pp. 4269-
4274, 1981.
[3] Yee, K.S. “A numerical method of solving Maxwell’s equation with a coarse
grid bordering a fine grid”, Doc D-DV-86-0008, D Division, Lawrence
Livermore National Laboratory, California, 1986.
[4] Taflove, A. et al., “Detailed FD-TD analysis of electromagnetic fields
penetrating narrow slots and lapped joints in thick conducting screens”,
IEEE Trans, AP-36, pp.247-257, 1988.
[5] Sadiku, M.N.O. Numerical Techniques in Electromagnetics, 2nd. edition,
CRC Press: 2001, pp. 159-218.
[6] Zhou, Pei-Bai. Numerical Analysis of Electromagnetic Fields, Editora
Spring Verlang, 1993, pp.135-150.
[7] Cheng, David K. Field and Wave Electromagnetics, 2nd. edition, Prentice
Hall: 1983, pp.
[8] Borges, C. “Diferenças Finitas no Domínio do Tempo”, Florianópolis:
UFSC, 06/2004. pp. 1-15.
[9] Oliveira, C. H. L. de. “Modelagem de Bipólos Lineares no Domínio do
Fig. 8. OEM Plana Unidimensional no tempo z = 392. Tempo Baseada em Medidas no Domínio da Frequência”, Curitiba: UFPR,
2004. pp-33-36.

Fig. 9. OEM Unidimensional no espaço e no tempo, para o Caso (b).

IV. CONCLUSÕES

Apesar da simplicidade de equacionamento e das vantagens


do método FDTD, não se trata de uma tarefa fácil a
implementação prática de um algoritmo que reúna todas as
constantes e variáveis necessárias para a modelagem das OEM
no plano. Muitas das implementações do método FDTD são
feitas de forma que permitem apenas a análise de uma estrutura
em particular, ou então que possibilitem a sua configuração por

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Modelo Híbrido para Perda de Propagação em


Radioenlaces sobre Terrenos Irregulares com Floresta

Felipe M. da Costa, Luis A. R. Ramirez Maurício H. C. Dias


Seção de Engenharia Elétrica Departamento de Engenharia de Telecomunicações
Instituto Militar de Engenharia CEFET/RJ – Campus Maracanã
Rio de Janeiro, Brasil Rio de Janeiro, Brasil
felmacedo@gmail.com, luis.ramirez.rj@gmail.com mauricio.dias@cefet-rj.br

Resumo—Este trabalho apresenta um modelo analítico para de propagação, representando a camada de vegetação, para
predição de perda de propagação em terrenos irregulares então ser calculada a perda por difração. Essa abordagem
montanhosos cobertos por vegetação de floresta. Para tal, tipicamente apresenta resultados mais próximos das medidas,
adaptou-se um modelo de difração, baseado na Teoria Uniforme como em [3], por exemplo.
da Difração (UTD), inserindo informações sobre o efeito da
vegetação a partir de um modelo de camada homogênea com Este trabalho apresenta um modelo analítico para predição
perdas. Para testar o modelo híbrido proposto, tomou-se um de perda de propagação em cenários com terreno irregular
conjunto de medidas de perda de percurso de 27 enlaces na montanhoso cobertos por vegetação de floresta, por meio da
região metropolitana do Rio de Janeiro, na banda de UHF. As combinação do modelo de cunha dielétrica de Luebbers [4],
estatísticas de aderência do modelo proposto foram melhores que baseado na Teoria Uniforme da Difração (Uniform Theory of
as de outros modelos pertinentes também aplicados, para o Diffraction – UTD), com o modelo de camada homogênea de
conjunto de dados disponível, evidenciando seu potencial. Tamir [5] para florestas. Para validação do modelo, simulações
para 27 pontos de recepção e um transmissor comum foram
Palavras-chave—difração eletromagnética; radiopropagação realizadas e as perdas de percurso obtidas comparadas com as
em florestas; radiopropagação UHF; Teoria Uniforme da Difração. de outros modelos pertinentes e com medidas.

I. INTRODUÇÃO O trabalho está organizado da seguinte forma. A seção II


explica sucintamente os dois modelos que serviram de base e
A determinação do valor de perda de percurso é de suma inspiração para o modelo híbrido proposto, que é apresentado
importância no planejamento de sistemas de rádio para em detalhes na seção III. A metodologia de validação e análise
qualquer aplicação. Em especial, existem cenários é apresentada na seção IV. Os resultados são discutidos na
particularmente desafiadores que impõem um esforço adicional seção V. Por fim, a seção VI conclui o artigo.
pois incorporam características que não são previstas em
modelos convencionais de predição da perda de percurso. Um
II. MODELOS DE BASE
exemplo em particular deste tipo de cenário é um terreno
irregular coberto por vegetação de floresta. O modelo proposto neste trabalho se baseia em duas
vertentes: difração causada por irregularidades do terreno e
A literatura pertinente ao tema fornece uma série de atenuação adicional devida à vegetação. Para a primeira, foi
modelos específicos exclusivamente para o tratamento da escolhida uma representação dos obstáculos do cenário por
difração em terrenos com irregularidades, assim como os meio de uma cunha única. A representação de um obstáculo
destinados para o tratamento da vegetação de floresta. No modelado como uma cunha com suas faces (0 e n) e os
entanto, uma modelagem única para essas duas características principais parâmetros geométricos é ilustrada na Fig. 1.
aplicadas simultaneamente raramente é aplicada. Uma
abordagem usual para casos assim é a utilização de métodos A análise da difração por obstáculos modelados como
numéricos, recomendados para cenários complexos de cunha já foi discutida em alguns trabalhos. O primeiro deles é
qualquer tipo. Alguns desses métodos incluem o algoritmo conhecido como Teoria Geométrica da Difração (Geometrical
Split-Step Fourier e o método de diferenças finitas no domínio theory of diffraction – GTD), de autoria de Keller [6]. No
do tempo (FDTD), com aplicações exemplificadas em [1] e [2]. entanto, seu trabalho apresentava problemas de convergência
O problema com esse tipo de abordagem é o alto custo no entorno das regiões de sombra (de incidência e reflexão).
computacional demandado.
Uma correção para esse problema foi desenvolvida por
Quando essa limitação é relevante, modelos analíticos se Kouyoumjian e Pathak, na conhecida UTD [7]. Tanto na
tornam interessantes pois são capazes de tratar os efeitos da GTD, quanto na UTD, as faces da cunha são definidas como
difração e da vegetação no cenário de interesse com muito condutores perfeitos. Uma década mais tarde, Luebbers
menos esforço numérico. Uma solução simples, porém, incorporou coeficientes de reflexão na equação do campo
frequentemente adotada é a adição de uma altura adicional ao difratado, no intuito de uma maior aproximação da realidade
perfil do terreno, usualmente denominada clutter em modelos em problemas de radiopropagação [4].

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 1. Obstrução modelada como uma cunha, principais parâmetros


geométricos, e componentes incidente e difratada dos campos elétrico (E) e
magnético (H), para as polarizações vertical e horizontal.
Fig. 2. Cunha com duas camadas (solo e vegetação), com distâncias, alturas e
Em todos os modelos 2D baseados em GTD ou UTD, o os pontos de transmissão e recepção indicados.
campo elétrico no ponto de recepção (RX) é definido como:

e  jks1 s1
E RX  E0  D  e  jks2 , (1)
s1 s2 ( s1  s2 )

onde E0 é a amplitude relativa da fonte, s1 é a distância do


ponto de transmissão (TX) até o ponto em que ocorre a
difração, s2 é a distância do ponto de difração até o ponto de
recepção (RX), k é o número de onda e D é o coeficiente de
difração, dependente do modelo de difração escolhido.
A outra componente analisada, a vegetação de floresta, foi
Fig. 3. Zoom do topo da cunha da Fig. 2, com outros parâmetros geométricos
modelada como um bloco homogêneo, isotrópico e com importantes para o modelo realçados.
perdas, assim como feito por Tamir [5]. Em sua abordagem, a
camada de floresta é definida pelos valores médios de suas Neste modelo, o coeficiente de difração é definido de
propriedades elétricas (permissividade relativa e forma análoga ao de Luebbers [4]. A diferença se dá somente
condutividade) e sua altura. Valores típicos para esses nos coeficientes de reflexão. O coeficiente de difração
parâmetros, para diferentes tipos de floresta, podem ser utilizado é definido como:
encontrados em [8].
A análise feita por Tamir é limitada às faixas de HF e VHF
para propagação no interior de florestas, situação em que a 
e  j / 4  cot   2  1  

||
Dveg    F  kLa  2  1  
onda lateral se destaca como principal mecanismo de 2n 2 k 
 2n
propagação. No entanto, no escopo deste trabalho, mesmo sem , (2)
cot    2  1  
a onda lateral representar um mecanismo relevante, a   F  kLa 2  1  

representação da floresta como uma camada fina situada 2n


acima da cunha permanece válida. Isso se dá em função das   2 1    F kLa    
 cot     
 Rveg |0|    2 1 
dimensões reduzidas dessa camada de vegetação em relação às 2n
da cunha que representa a irregularidade do terreno  cot   2  1   

 Rveg |n|   F  kLa  2  1   
montanhoso. Além disso, tendo em vista que o principal 2n 

mecanismo de propagação é a difração acima no topo da
cunha, o que realmente importa nesse caso é como a vegetação onde 1 e 2 são os ângulos de incidência e de difração, n é o
afeta a difração. Sendo assim, a abordagem de camada com fator de abertura da cunha e k é o número de onda. F(x) é
perdas, homogênea e isotrópica é razoável até para frequências conhecida como função de transição de Fresnel, com
mais altas, como na faixa de UHF, por exemplo. argumento L e subfunção a±(y), com todos os termos
equivalentes aos definidos em [4] e [7]. Os coeficientes de
III. MODELO HÍBRIDO reflexão (Rveg) são tomados na interface entre ar e camada de
floresta, e consideram o mecanismo de múltiplas reflexões
O modelo proposto considera a cunha composta por duas decorrente da presença da outra interface entre floresta e
camadas de material homogêneo e isotrópico: uma camada terreno [9]. Além disso, as expressões variam de acordo com a
interna representando o solo; e uma camada superior polarização e com a face de incidência na cunha (0 e n). Outra
representando a camada de vegetação de floresta. Alguns variável importante para caracterizar os materiais constituintes
parâmetros geométricos importantes são mostrados na Fig. 2 e das camadas é a permissividade complexa, incorporada na
alguns outros na Fig. 3. expressão dos coeficientes de reflexão e definida por:

269
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

 parâmetros foi obtido a partir da análise dos cenários dos 27


 c   r 0  j , (3) enlaces.

onde 0 é a permissividade elétrica, r é a permissividade
relativa,  é a condutividade elétrica (S/m) e  é a frequência
angular (rad/s). Outra variável de grande importância, também
incorporada na expressão dos coeficientes de reflexão é a
altura escolhida para o bloco de vegetação, representada por h.
As expressões completas dos coeficientes de reflexão
utilizados podem ser encontradas em [10].

IV. METODOLOGIA DE ANÁLISE


A análise de desempenho do modelo de propagação
híbrido foi feita por comparação com outros modelos
pertinentes e com um conjunto de medidas de perda de
Fig. 4. Visão de satélite da região analisada, contemplando os 27 pontos de
percurso realizadas na região metropolitana da cidade do Rio recepção espalhados pela cidade do Rio de Janeiro e o ponto de transmissão
de Janeiro [11]. Para realizar essa comparação, os dados dos no morro do Sumaré (Tx) [14].
receptores e do transmissor para cada enlace foram replicados
em simulações (elevação, latitude, longitude, potência de
transmissão e altura das antenas, por exemplo), junto com os
respectivos perfis 2D de terreno, incorporados usando bases de
dados topográficos SRTM (Shuttle Radar Topography
Mission) utilizando códigos adaptados em MATLAB® [12].
O conjunto disponível de medidas realizadas no Rio de
Janeiro é originalmente descrito em [11]. No entanto, nem
todos os pontos desse conjunto representavam o cenário em
questão, de terreno irregular montanhoso coberto por floresta.
De todos os enlaces disponíveis, foram selecionados 27
correspondentes a esse perfil. A Fig. 4 aponta 27 pontos
amarelos que indicam as posições de recepção para cada
enlace, e também a posição única fixa do transmissor (Tx), em
vermelho. Fig. 5. Perfil vertical de elevação do terreno de um dos enlaces analisados
Na campanha de medidas, o transmissor operava em (linha verde), com indicação das posições das antenas transmissora (Tx) e
receptora (Rx), e da cunha representando o obstáculo montanhoso (linha
563 MHz, com polarização horizontal. Em todos os 27 preta). Figura adaptada de [14].
enlaces, a recepção se dava por difração por conta de um
obstáculo coberto por vegetação de mata atlântica, com altura Com os parâmetros definidos, os valores de perda de
das árvores variando entre 10 m e 20 m. Em três desses percurso medidos foram comparados com os obtidos por
enlaces, ocorria uma segunda difração causada por um simulações do modelo proposto e de outros modelos de
obstáculo de menor altura. Todos os enlaces analisados difração por cunha pertinentes aplicados. Em particular, os
operavam com distâncias entre 5 km e 30 km. A antena de seguintes modelos foram escolhidos: Luebbers [4], sem
transmissão, localizada no morro do Sumaré, estava a uma considerar vegetação; Luebbers [4], adicionando uma altura de
altura de 860 m acima do mar. O perfil vertical de um desses clutter representando a camada de vegetação; e UTD [7]. Em
enlaces escolhidos é mostrado na Fig. 5, com destaque para a todos os modelos, a curvatura da terra e a não-homogeneidade
cunha difratora que representa a obstrução. Para todos os da atmosfera foram incorporadas por meio da abordagem de
pontos de recepção, uma van com um mastro telescópico foi terra equivalente, onde o feixe de propagação é uma linha reta
utilizada, mantendo a antena sempre 10 m acima do solo [11]. e o raio da terra é multiplicado por um fator K, função do
Para realizar as simulações e então comparar os resultados gradiente vertical da refratividade da troposfera. Valores para
com os valores das medições, foi necessário definir três o fator K ao redor do mundo podem ser obtidos a partir dos
parâmetros de entrada, fundamentais para o modelo proposto: dados disponíveis em [15]. Os valores calculados de perda de
altura (h), permissividade elétrica relativa (r) e condutividade percurso dos modelos foram então comparados com as
() da camada de floresta. A escolha de valores iniciais para medidas, utilizando as seguintes estatísticas: raiz quadrada do
esses parâmetros foi baseada em informações contidas em erro médio quadrático (EMQ); erro médio (EM); e desvio
[11], e em inferências a partir dos dados em [8]. Já as padrão (DP). A proximidade da simulação de cada modelo
características elétricas do solo foram obtidas de referências com as medidas foi então analisada para checar o desempenho
pertinentes, em especial [13]. A partir dos valores iniciais, foi de cada um deles.
realizado um ajuste fino buscando o trio (h, r, ) que levou ao
menor valor de erro médio quadrático. O valor final dos

270
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

V. VALIDAÇÃO E RESULTADOS Entretanto, para uma maior confiabilidade nesse desempenho,


Com relação ao trio de parâmetros de entrada do modelo é necessário testá-lo com um conjunto maior e mais
diversificado de medidas, tomadas em diferentes tipos de
híbrido (h, r, ), inicialmente a altura da floresta foi testada
floresta, em terrenos com maior diversidade de alturas das
entre 10 m e 16 m e a permissividade relativa entre 1,3 e 1,4.
elevações, em enlaces operando em outras frequências na
Após o processo de ajuste fino, uma permissividade de 1,31 e
banda de UHF, etc.
uma condutividade de 0,14 mS/m foram obtidas como
melhores resultados. Variações de altura da camada de
vegetação dentro desses valores escolhidos acarretaram em AGRADECIMENTOS
mudanças não significativas nos erros analisados. Os valores O presente trabalho foi realizado com apoio da
de permissividade e condutividade escolhidos para o solo não Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
passaram por etapa de ajuste fino. Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
Para fins de validação do modelo proposto no cenário Menção especial vai também a Francisco de Assis Campos
escolhido, foi estabelecida, então, uma altura da camada de Peres, pelas informações complementares relevantes sobre sua
vegetação de 12 m. Como argumento adicional para essa campanha de medidas no Rio de Janeiro prestadas aos autores.
escolha, havia resultados de simulação de outros modelos de
propagação nesse mesmo cenário disponíveis, considerando a REFERÊNCIAS
altura como 12 m [14]. Já para o solo, os valores de [1] E. B. Amalia, “A terrain parabolic equation model for propagation in the
permissividade relativa e condutividade utilizados foram de 13 troposphere”, IEEE Transactions on Antennas and Propagation, vol. 42,
e 0,005 S/m, respectivamente. Para a região das medidas, a no. 1, pp. 90–98, 1994.
partir de [15], foi identificado um fator K = 1,47 (excedido em [2] J. W. Schuster, K. C. Wu, R. R. Ohs, R. J. Luebbers, “Application of
50% do tempo). moving window FDTD to predicting path loss over forest covered
irregular terrain”, em Proc. IEEE Antennas and Propagation Society Int.
A Tabela I resume a análise estatística de desempenho do Symp., vol. 2, 2004, pp. 1607–1610.
modelo proposto e dos outros escolhidos. Os resultados [3] M. Meeks, “VHF propagation over hilly, forested terrain”, IEEE
indicam que o modelo híbrido proposto apresentou o melhor Transactions on Antennas and Propagation, vol 31, no. 3, pp. 483–489,
1983.
desempenho, com os menores valores de erro e a menor
[4] R. J. Luebbers, “Finite conductivity uniform GTD versus knife edge
dispersão. É importante ressaltar também que foram realizadas diffraction in prediction of propagation path loss”, IEEE Transactions
simulações variando o fator K. Os resultados gerais foram on Antennas and Propagation, vol 32, no. 1, pp. 70–76, 1984.
basicamente os mesmos, com desvios de no máximo 0,14% [5] T. Tamir, “On radio-wave propagation in forest environment”, IEEE
para K = 1,31 (excedido para 90% do tempo) ou K = 1,71 Transactions on Antennas and Propagation, vol 15, no. 6, pp. 806–817,
(excedido para 10% do tempo). 1967.
[6] J. B. Keller, “Geometrical theory of diffraction”, Journal of the Optical
Society of America, vol. 52, no. 2, pp. 116–130, 1962.
TABELA I. DESEMPENHO DOS MODELOS TESTADOS
[7] R. G. Kouyoumjian, P. H. Pathak, “A uniform geometrical theory of
Modelo EMQ EM DP diffraction for an edge in a perfectly conducting surface”, Proceedings
of the IEEE, vol. 62, no 11, pp. 1448–1461, 1974.
Híbrido (12 m) 9,20 -3,76 8,56
[8] D. Dence, T. Tamir, “Radio loss of lateral waves in forest
Luebbers (12 m) 10,23 -4,84 9,18 environments”, Radio Science, vol. 4, no. 4, pp. 307–318, 1969.
Luebbers 11,16 -6,05 9,56 [9] S. J. Orfanidis, Electromagnetic Waves and Antennas, 2016. Disponível
UTD 11,04 -5,63 9,68 em: http://eceweb1.rutgers.edu/~orfanidi/ewa/. Último acesso em fev.
2020.
VI. CONCLUSÃO [10] F. M. Costa, “Modelo híbrido de propagação V/UHF em terrenos
irregulares com vegetação de floresta baseado em Teoria Uniforme da
Um modelo híbrido para determinação da perda de Difração”, Dissertação de Mestrado, Instituto Militar de Engenharia, RJ,
percurso em terrenos irregulares montanhosos cobertos por 2018.
vegetação de floresta foi proposto. A validação foi realizada [11] F. A. C. Peres, “Estudo de modelos de radiopropagação para recepção
por comparação da performance do modelo com outros fixa de TV digital na faixa de UHF”, Dissertação de Mestrado, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, RJ, 2011.
pertinentes e com medidas realizadas em 27 pontos na região
metropolitana da cidade do Rio de Janeiro com as [12] F. Beauducel. “READHGT”. Disponível em:
https://www.mathworks.com/matlabcentral/fileexchange/36379-readhgt-
características em questão. import-download-nasa-srtm-data-files-hgt. Último acesso em fev. 2020.
A comparação dos modelos foi feita por análise estatística [13] S. Stroobandt. “World Atlas of Ground Conductivity”. Disponível em:
http://hamwaves.com/ground/en/. Último acesso em fev. 2020.
da raiz do erro médio quadrático, erro médio e desvio padrão
dos valores de perda de percurso dos modelos testados em [14] F. M. Costa, L. A. R. Ramirez, M. H. C. Dias, “Analysis of ITU-R
VHF/UHF propagation prediction methods performance on irregular
comparação com as medidas disponíveis. Foi observada uma terrains covered by forest”, IET Microwaves, Antennas & Propagation,
melhor aderência do modelo híbrido às medidas em relação vol. 12, no. 8, pp. 1450–1455, 2018.
aos outros modelos, para o limitado conjunto de valores [15] The radio refractive index: its formula and refractivity data, Rec. ITU-R
testado. O modelo híbrido apresenta, portanto, potencial de ser P.453-14, International Telecommunications Union, Geneva,
uma escolha de bom desempenho para o cenário em questão, Switzerland, ago. 2019.
em especial quando houver informações sobre as
características elétricas do terreno e da vegetação, ou quando
esses parâmetros possam ser facilmente estimáveis.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Combinational Angle Difference Series: A New


Approach to Digital Predistortion
Leonardo N. Moretti, Eduardo G. Lima
Grupo de Circuitos e Sistemas Integrados (GICS), Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal do Paraná
Curitiba, Brazil
nakatani@ufpr.br, elima@eletrica.ufpr.br

Abstract—In the last couple of decades, wireless communica- that handles with multiple sums and it is of high computational
tion networks have become a vital asset for modern society. A complexity. The PVS characteristic equation is:
key component in those systems is the power amplifier (PA).
This tool has permitted the rise of many useful things, such as
portable devices and the Internet of Things. In those applications, P1 X
X P2 X
M M
X L
X L
X
and in many others, efficiency becomes a key characteristic, due ỹ(n) = ... ...
to physical restraints such as battery. Searching to improve the p1 =1 p2 =1 m1 =0 mp1 =mp1 −1 l1 =0 lp2 =lp2−1
efficiency of PAs, this work studies implementation of different
algorithms that model the transfer behavior of the PA in order L
X L
X
to capture non-linearity and treat it in order to be able to ... hp1 , p2 (m1 , ..., mp1 , l1 , ..., l2p2 −1 )
operate in highly nonlinear, highly efficient points of operation, lp2+1 =0 l2p2 −1 =l2p2 −2
a process known as digital predistortion. The work introduces
p1 p2 2 −1
2pY
a new model, combinational angle difference series, as well as Y Y
revisits an already studied model, the angle difference series, and a(n − mk ) ej(φ(n−lr )) e−j(φ(n−ls )) , (1)
compares them against the state of the art (Polar Volterra Series), k=1 r=1 s=p2 +1
showing promising results.
Keywords—digital predistortion, power amplifiers, radiofre- where P 1 and P 2 are the powers by which the amplitude and
quency, Volterra series phase information will be raised, respectively, and where M
and L are the number of memory elements for amplitude and
I. I NTRODUCTION phase information, respectively. The input and output signals
Power amplifiers (PAs) are essential to modern data trans- are represented by x̃ = a.ej(φ) and ỹ, respectively, and h
mission systems [1]. Raising power with a small non-linearity indicates the Volterra kernels
and high efficiency has always been a desired characteristic for
B. Angle difference series (ADS)
the industry. However, due to the physical nature of PAs, those
characteristics are often correlated, meaning that the higher Suggested in the authors’ previous work of [4], this model,
the efficiency on a given operation point, the higher the non- inspired by the behavior of NNs, tries to handle the input
linearity [2]. phase information in a more simplistic manner compared to
There are many approaches on how to handle such behavior the commonly used PVS. The characteristic equation for this
in order to reduce non-linearity, without losing efficiency. model is:
Among those many, the one that will be addressed in this
work is the very prominent digital predistortion (DPD). The P2 X
P1 X M M L−1
polar Volterra series (PVS) and neural networks (NNs) are
X X X
ỹ(n) = ...
very popular methods for the implementation of DPD, however p1 =1 p2 =0 m1 =0 mp1 =mp1 −1 l1 =0
those methods usually are very computationally complex, p1
which often renders the application unfeasible [3].
Y
hp1 ,p2 (m1 , ..., mp1 , l1 ) a(n − mk )
Motivated by those models, and in others already discussed k=1
in other works [4]-[5], this work discusses the implementation ej(φ(n)) {e j(φ(n−l1 )) −j(φ(n−l1 −1))
(e )}p2 , (2)
of another model, called Combinational Difference Angle
Series (CADS), a different approach to the already studied In every contribution of ADS, a positive instantaneous phase
model called Angle Difference Series (ADS). is always present, accompanied by a varying power of a single
phase difference between two consecutive time instants.
II. PA M ODELING
A. Polar Volterra series (PVS) C. Combinational angle difference series (CADS)
The polar Volterra series is a well known, popularized This new model incorporates products among phase dif-
method to model PAs [5]. It is a very complicated algorithm ferences from distinct time samples, in order to increase the

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

variety of angle components that the algorithm can achieve. compared and if the |N M SEext − N M SEval | > 2 that
The characteristic equation for this model is: model is discarded as overfitting. Also, both the direct and
inverse (substituting the inputs for the outputs and calculating
P1 X
P2 X
M M L−1
X L−1 L−1
X X X X the inputs) modelings were done.
ỹ(n) = ... ...
Input and output data was collected, with a vector signal an-
p1 =1 p2 =0 m1 =0 mp1 =mp1 −1 l1 =0 l2 =l1 lp2 =lp2−1
alyzer from Rohde & Schwarz, from a GaN class AB PA, with
p1
Y a center frequency of 900 MHz and subjected to a WCDMA
hp1 ,p2 (m1 , ..., mp1 , l1 , ..., lp2 ) a(n − mk )
3.84 MHz envelope. The sampling frequency is 30.72 MHz.
k=1
p2 The algorithms and calculations were implemented in Matlab
Y
ej(φ(n)) {ej(φ(n−li )) (e−j(φ(n−li −1)) )}, (3) R2018, in double floating point arithmetic.
i=1 Figure 1 and Figure 2 show the relationship between the
estimated amplitude characteristic of every model, for the best
found combinations of P 1, P 2, M and L in comparison with
III. M ODELING I DENTIFICATION AND A SSESSMENT
the measured data, for direct and inverse data, respectively,
Many calculated elements can be arranged in vector, and be whereas Figure 3 and Figure 4 show the same comparisons
written in the following form: but now for the phase characteristic.
Y cal = XH, (4)
where Y cal is the N × 1 vector of the calculated outputs,
using any of the algorithms, X is a N × Q matrix whose
elements are obtained from using a constitutive equation and
taking the parameters, H is a Q × 1 vector containing the
coefficients, N is the number of samples being used to model
the system and Q is the number of the coefficients. The
parameter identification is done by least squares. After Y cal
is properly calculated, we can use a metric, called normalized
mean square error (NMSE) [6], to measure how good was the
calculated value in comparison to the real output.
NMSE can be calculated by the following equation:
PN
|yndes − yncal |2
N M SE = 10log10 { n−1 PN }, (5)
des 2
n−1 |yn |

where yndes is the measured output at the time sample n and


yncal is the estimated output at the time sample calculated from Fig. 1. AM-AM characteristics for direct modeling
any of the given bases.
The result, in decibels, usually is a negative number. This
number has to be as negative as possible, indicating that are
little to no difference between the calculated and measured
values. Comparing different NMSE will allow us to verify
how different models performed.
Varying P 1, P 2, M and L, and calculating each of the
combinations’ NMSE for each model, will allow us to confirm
if the model is in any way better than the current model.
IV. R ESULTS
By fixating P 1 and M , which are variables that have
the same behaviour in both models, it can be evaluated the
performance of CADS in comparison to ADS by investigating
how they perform for different values of P 2 and L.
To ensure that our modeling was not biased or overfitted,
the data samples are split into extraction and validation data,
and the extraction data is used to calculate the coefficients
H and the validation data is used to calculate values of
NMSE for comparisons. To ensure our validation data was Fig. 2. AM-AM characteristics for inverse modeling
not being overfitted, NMSE of extraction and validation are

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE II
NMSE FOR P 1 = 3, M = 3 AND VARYING VALUES OF P 2 AND L FOR
DIRECT MODELING USING CADS ( IN DECIBELS )

P2=1 P2=2 P2=3 P2=4


L=1 -30.52 -30.89 -31.35 -31.74
L=2 -31.80 -33.11 -34.58 -36.68
L=3 -32.00 -33.88 -36.16 -40.75
L=4 -32.18 -34.89 -38.84 -

TABLE III
NMSE FOR P 1 = 3, M = 3 AND VARYING VALUES OF P 2 AND L FOR
INVERSE MODELING USING ADS ( IN DECIBELS )

P2=1 P2=2 P2=3 P2=4


L=1 -37.72 -37.97 -38.08 -38.47
L=2 -38.05 -38.63 -39.02 -40.03
L=3 -38.17 -38.84 -39.44 -40.62
L=4 -38.31 -39.15 -39.95 -41.32

Fig. 3. AM-PM characteristics for direct modeling

divergence arrives to the point where, even with a lower


value of P 2, better NMSE results are observed with CADS
in comparison with ADS having the same value for L. For
instance, with L = 4, CADS with P 2 = 3 improves the
modeling accuracy of ADS with P 2 = 4 by 1.46 dB and 2.19
dB in NMSE for direct and inverse modeling, respectively. It
is also noted that for P 2 and L equal 4, overfitting starts to
occur in CADS. Table V reports the best NMSE achieved
by ADS, CADS and PVS. Due to its much larger set of
phase components, the modeling accuracy of PVS is severely
compromised by overfitting, exhibiting NMSE values not
better than -32 dB for direct modeling and -38 dB for inverse
modeling.

Fig. 4. AM-PM characteristics for inverse modeling

Tables I and II report the direct modeling results, whereas


Tables III and IV contain the inverse modeling results.
TABLE IV
NMSE FOR P 1 = 3, M = 3 AND VARYING VALUES OF P 2 AND L FOR
TABLE I INVERSE MODELING USING CADS ( IN DECIBELS )
NMSE FOR P 1 = 3, M = 3 AND VARYING VALUES OF P 2 AND L FOR
DIRECT MODELING USING ADS ( IN DECIBELS ) P2=1 P2=2 P2=3 P2=4
L=1 -37.83 -38.05 -38.13 38.53
P2=1 P2=2 P2=3 P2=4 L=2 -38.10 38.87 -39.76 -41.25
L=1 -30.31 -30.66 -3112 -31.56 L=3 -38.20 39.39 -41.20 -44.60
L=2 -31.74 -32.50 -33.81 -35.23 L=4 -38.33 40.17 -43.51 -
L=3 -31.96 -32.99 -34.59 -36.37
L=4 -32.17 -33.48 -35.17 -37.38
TABLE V
B EST NMSE VALUES FOR DIRECT AND INVERSE MODELINGS USING THE
It can be observed that, for same values of L and P 2, CADS STUDIED SERIES ( IN DECIBELS )
achieves lower errors than ADS. As higher values of P 2 and
L are used, larger divergences between the two approaches Direct Inverse
are noticed. Specifically, the largest NMSE differences, equal PVS -32 -38
ADS -37.38 -41.32
to 4.38 dB and 3.98 dB for direct and inverse modeling, CADS -40.75 -44.60
respectively, appears when L = 3 and P 2 = 4. The increasing

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

V. C ONCLUSION
Digital predistortion is a powerful tool for the linearization
of power amplifiers. Providing models of high fidelity and
low complexity for the implementation of such techniques is
essential.
In that regard, this work has managed to evaluate and
compare simpler models (ADS and CADS) to the state of the
art (PVS), and show that those models are viable options for
implementation. As it can be seen from our measurements
of NMSE, shown in Table V, both ADS and CADS have
significantly less modeling error results, meaning that they
can be utilized for DPD, same as PVS, with a less intensive
computational load or with more margin for other kinds of
error and noise. Given the results, it is demonstrable that it is
feasible to adopt a CADS implementation to substitute PVS
as a considerably simpler model.
It is good to remind the reader that in implementing those
systems, one should be cautious to verify if the model is not
being overfitted, and validating data before considering any
system to have high fidelity.
ACKNOWLEDGMENT
This study was financed by National Council for Scientific
and Technological Development (CNPq).
R EFERENCES
[1] S. Cripps, RF Power Amplifiers for Wireless Communications, 2nd
edition. Norwood, MA: Artech House, 2006.
[2] P. B. Kenington, High Linearity RF Amplifier Design. Norwood, MA:
Artech House, 2000.
[3] Pedro, J. C. ; Maas, S. A. . A comparative overview of microwave
and wireless power-amplifier behavioral modeling approaches. IEEE
Transactions on Microwave Theory and Techniques, v. 53, p. 1150–1163,
2005.
[4] Moretti, L. N. ; Schuartz, L. ; Lima, E. G. . Incrementally Reduced Angle
Difference and Polar Volterra Series for Power Amplifier Modeling. 34th
South Symposium on Microelectronics, 2019, Pelotas - RS.
[5] Cunha, T. R. ; Lima, E. G. ; Pedro, J. C. . Validation and Physical
Interpretation of the Power-Amplifier Polar Volterra Model. IEEE Trans-
actions on Microwave Theory and Techniques, v. 58, p. 4012- 4021,
2010.
[6] Muha, M. S.; Clark, C. J.; Moulthrop, A.; Silva, C. P. . Validation of
power amplifier nonlinear block models. IEEE MTT-S Int. Microwave
Symp. Dig., 1999, pp. 759–762, Anaheim.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Aplicação do Filtro de Mediana em Sistema de


Comunicação M2M com Tecnologia
G3-PLC/IEEE1901.2
Samuel C. Pereira Vinicius S. Silva Jefferson F. Rosa
Instituto Federal de São Paulo Universidade Federal do ABC Universidade Federal do ABC
Suzano, Brasil Santo André, Brasil Santo André, Brasil
samuel.pereira@ifsp.edu.br vinicius.silva@ufabc.edu.br jefferson.rosa@ufabc.edu.br

Carlos E. Capovilla Ivan R. S. Casella


Universidade Federal do ABC Universidade Federal do ABC
Santo André, Brasil Santo André, Brasil
carlos.capovilla@ufabc.edu.br ivan.casella@ufabc.edu.br

Resumo—Este artigo propõe um sistema de transmissão de comunicações de M2M [1], [3]. Entretanto, a diversificação
Formas de Onda de Referência Genéricas (FORGs) por meio das tecnologias de comunicação é muito importante, visto que,
da tecnologia de Power Line Communication (PLC) operando em em 2025, é esperado que haja 75,44 bilhões de dispositivos
conjunto com um Filtro de Mediana (FME). No sistema proposto,
as diferentes FORGs analógicas, que podem ser encontradas conectados [4], sendo altamente necessário reduzir custos,
em aplicações de comunicação Machine-to-Machine (M2M), são tempo de instalação e consumo de energia da infraestrutura
digitalizadas e transmitidas por cabos de energia elétrica de baixa de comunicação.
tensão utilizando o padrão G3-PLC/IEEE 1901.2. No receptor, as Dentro deste contexto, as tecnologias de PLC, que permitem
formas de onda recebidas podem apresentar distorções na forma transmissão de dados por meio dos cabos utilizados para
de spikes devido a erros, nos dados dos pacotes recebidos, que são
causados pelo canal de PLC. Em condições normais de operação, transmissão de energia elétrica, poderiam ser uma solução
esses pacotes de dados corrompidos são descartados e retrans- complementar no cenário das comunicações de M2M, visto
mitidos por meio de um protocolo de Automatic Repeat Request que aproveitam uma infraestrutura física já existente como
(ARQ), o que pode gerar considerável atraso na comunicação. meio de comunicação, o que reduz custos e tempo de instala-
Entretanto, para várias aplicações de M2M, há a necessidade ção. Entretanto, para algumas aplicações, como na indústria
de baixa latência de comunicação, de modo que a redução de
retransmissões se torna necessário. Neste contexto, este trabalho 4.0 e nas SGs, as comunicações M2M devem apresentar,
propõe a utilização do FME para suprimir estas distorções e re- como características, alta confiabilidade, baixa latência e longo
construir a forma de onda original, mesmo com o uso de pacotes alcance [5]. Deste modo, o uso neste contexto das tecnologias
de dados corrompidos. O sistema de comunicação proposto foi de PLC pode ser bastante complexo e necessitar um estudo
implementado em ambiente computacional utilizando a camada mais profundo, pois o canal de comunicação PLC pode apre-
física e o modelo de canal de PLC definidos pelo padrão IEEE
1901.2. Os resultados das simulações mostraram que o FME sentar uma propagação por multipercursos e conter diferentes
é capaz de recuperar as FORGs recebidas, sem a necessidade tipos de ruído que causam erros de comunicação, aumento da
de retransmissão dos pacotes corrompidos, mesmo em condições latência e redução do alcance do sistema [6], [7].
críticas de relação sinal-ruído (Signal to Noise Ratio - SNR) e As tecnologias de PLCs de banda larga (Broadband PLC
propagação por multipercursos de um enlace de PLC típico. - BB-PLC) podem oferecer taxas de transmissão da ordem
Keywords—Filtro de Mediana, M2M Communications, Power
Line Communications, PLC, G3-PLC, IEEE 1901.2. de dezenas de Mbps e um alcance da ordem de 300 metros
[8], enquanto que as tecnologias de PLCs de banda estreita
(Narrowband PLC - NB-PLC) apresentam baixa taxa de
I. I NTRODUÇÃO
transmissão de dados, longo alcance e dispositivos menos
Atualmente, as comunicações M2M são empregadas, prin- complexos [6]. Assim, os NB-PLCs são mais apropriados para
cipalmente, em redes inteligentes (Smart Grids - SGs), no as aplicações citadas, pois estas necessitam de dispositivos
conceito de Internet das Coisas (Internet of Things - IoT) e, de baixo custo, baixo consumo de energia, baixa taxa de
mais recentemente, em aplicações da Indústria 4.0 [1], [2]. De- dados e, no caso de conexões remotas, um longo alcance
vido às características como baixo custo, mobilidade e acesso [8]. Testes com o G3-PLC, um padrão NB-PLC, cuja camada
remoto, padrões de comunicação sem fio, como Bluetooth física (Physical layer - PHY) foi adotada pelo padrão IEEE
(IEEE 802.15.1), ZigBee (IEEE 802.15.4), WiFi (IEEE 802.11) 1901.2, mostraram que é possível estabelecer enlaces de até
e Celular (3G e 4G), são as tecnologias mais empregadas em 6.4 km em redes de média tensão [10] e 1,7 km em redes

276
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

de baixa tensão [11], com possibilidade do sinal transmitido


atravessar transformadores sem dispositivos de acoplamento
Forma de Onda
[10]. O padrão G3-PLC foi testado com resultados satisfatórios de Referência
(RX) Filtrada
em ambientes industriais [6] e também na transmissão remota Filtro de
Mediana (FME)
de referências de potência de Sistemas de Geração de Energia
Eólica (SGEEs) [12]. Forma de Onda Forma de Onda Recebida
Transmitida (TX) (RX) com spikes
O padrão G3-PLC/IEEE 1901.2 define um protocolo de
ARQ para garantir a integridade das mensagens recebidas,
de modo que todos pacotes recebidos são verificados por Informação
Digitalizada
100100011100110
meio de um código de Cyclic Redundancy Check (CRC). Se Conversor 011001101110101
000001111110010
Conversor
A/D 10100110101010 D/A
nenhum erro for detectado, o receptor envia uma mensagem de 101110010010101

reconhecimento para o transmissor, chamada de Acknowledg- Sinal Modulado

ment (ACK). Por outro lado, se algum erro for detectado, o Modem
G3-PLC (TX)
Modem
G3-PLC (RX)
receptor solicita a retransmissão do pacote por meio de uma
mensagem Not ACK (NACK). O intervalo de tempo, entre Canal de PLC
L1 L1
o envio de um pacote e o recebimento de uma mensagem
L2 L2
de ACK ou NACK, pode ser representado por um parâmetro
chamado de Round Trip Delay. Testes de campo com o padrão
G3-PLC mostraram que a média para esse parâmetro é de
aproximadamente 400 ms [11], o que pode inviabilizar o Figura 1. Sistema de comunicação M2M com tecnologia de PLC e FME.
seu uso em algumas aplicações M2M para Indústria 4.0 e
SGs que exigem baixa latência. A latência de comunicação II. T ECNOLOGIA DE PLC E MODELO DE CANAL ADOTADOS
pode ser reduzida drasticamente se o protocolo de ARQ PLCs são tecnologias que utilizam os cabos da rede de ener-
for desabilitado, porém isto pode trazer sérios problemas ao gia elétrica como meio para transmissão de dados. Conforme
sistema devido a erros nos dados recebidos. mostrado na Figura 2, e de acordo com o padrão utilizado,
Uma maneira interessante para reduzir distorções e erros os dados a serem transmitidos, já no formato digital, são
em aplicações M2M que utilizam FORGs analógicas seria o codificados pelo sistema de correção direta de erros (Forward
emprego de técnicas de filtragem. Em [13], foi proposto o uso Error Correction - FEC) e modulados em um sinal banda
de um FME de baixa complexidade para aumentar a robustez base ou passa banda que, por sua vez, é injetado à rede por
de um sistema de controle sem fio de um SGEE, sendo capaz meio de filtros de acoplamento específicos. No receptor, o
de suprimir as distorções introduzidas pelo canal de comuni- sinal de PLC é extraído da rede, demodulado e decodificado
cação nas referências de potência transmitidas remotamente (erros introduzidos pelo canal de PLC são, parcialmente ou
ao SGEE de uma forma bastante eficiente. totalmente, corrigidos no processo de decodificação).
Dentro deste contexto, este artigo propõe um novo sistema No G3-PLC/IEEE 1901.2, o sistema de FEC é composto
de comunicação de M2M baseado no padrão G3-PLC/IEEE por um codificador (235, 239) Reed Solomon (RS) não
1901.2, apresentado na Figura 1, para a transmissão de FORGs binário externo concatenado a um codificador (171,133)8
analógicas utilizadas, por exemplo, na transmissão de refe- Convolucional (CONV) binário interno com taxa de 1/2, um
rências de potência para controle de máquinas elétricas em codificador de repetição com fator quatro, caso o modo robusto
indústrias e SGs e no monitoramento de medidas de sensores (Robust Operation - ROBO) esteja ativado, e um entrelaçador
remotos. No sistema proposto, os pacotes corrompidos pelo bidimensional. Os parâmetros da camada PHY são mostrados
canal de PLC podem introduzir distorções que se manifestam, na Tabela I.
nas FORGs recebidas, na forma de spikes. Desta maneira,
é adicionado, ao receptor, um FME para a supressão destas Tabela I
distorções, permitindo a adequada reconstrução das FORGs E SPECIFICAÇÕES DA CAMADA PHY DO G3-PLC/IEEE 1901.2 [12]
transmitidas, mesmo com a presença de pacotes de dados
corrompidos, eliminando a necessidade de retransmissão por Parâmetros G3-PLC/IEEE 1901.2
meio do protocolo de ARQ e reduzindo a latência do sistema, Faixa de frequência 10-490 kHz
de forma a possibilitar operações de tempo-real. Taxa de dados (camada PHY) 500 kbps
Segurança Encripitação AES-128-bit
O artigo é organizado da seguinte maneira: na Seção II Alcance (máximo) 6 km (rede de média tensão)
são descritos o padrão G3-PLC/IEEE 1901.2, o modelo de e 1,7 km (rede de baixa tensão)
canal utilizado nas simulações e uma breve descrição do Modulação da subportadora DBPSK, DQPSK e D8PSK com OFDM
FME empregado. Na Seção III é apresentada a simulação
computacional da camada PHY do padrão diante do modelo A. Modelo do canal de PLC
de canal proposto. Na Seção IV é descrita a implementação do A rede de energia elétrica não foi originalmente projetada
sistema proposto e os resultados das simulações. Finalmente, para transmitir informação, sendo que a conexão de cargas à
as conclusões são apresentadas na Seção V. rede pode, em menos de 1 segundo, causar variações de 20 dB

277
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Sistema de FEC Canal de PLC


DPSK +

Dados
de Tx
Codificador Codificador Código de Entrelaçador Mapping Modulação St(f)
St(f).H(f)
Scrambler H(f)
RS Convolucional Repetição 2D OFDM
(D8PSK, DQPSK
or DBPSK)

Multipercursos
para modo ROBO

Ruído

Canal
Ciclo n(F)

DPSK
Dados
de Rx
Decodificador Decodificador Decodificador Desentrelaçador Demapping Demodulação
Descrambler RS Convolucional de Repetição 2D OFDM
(D8PSK, DQPSK
or DBPSK)
Sr(f) = [St(f).H(f)] + n(f)
para modo ROBO

Figura 2. Diagrama de blocos da camada PHY de um modem G3-PLC/IEEE 1901.2.

na atenuação do sinal transmitido e 10 dB na SNR [7]. Um por cada uma das PSDs de cada região (cada uma com uma
canal de NB-PLC típico apresenta SNRs entre -5 dB e 10 dB, duração específica). A Figura 3 mostra o procedimento de
sendo que as ramificações da rede, com terminais abertos, dife- geração do ruído cicloestacionário, dividido em 3 regiões por
rentes cargas e componentes elétricos, causam descasamentos período, baseado nas medidas realizadas em uma rede de baixa
de impedâncias que, por sua vez, promovem reflexões do sinal tensão [14].
transmitido. As componentes refletidas do sinal chegam ao
receptor, com pequenos atrasos, e são adicionadas ao sinal B. FME proposto
original, causando atenuações e distorções [12]. Tal fenômeno O FME utilizado neste estudo foi baseado no filtro descrito
é chamado de propagação por multipercursos. em [13]. Basicamente, o processo de filtragem consiste de
No modelo de canal definido pelo padrão IEEE 1901.2 uma janela deslizante que seleciona um número de amostras
em [14], o sinal de PLC recebido Sr (f ), no domínio da específico ao longo do sinal a ser filtrado, sendo que as
frequência, é representado por: amostras selecionadas pela janela são organizadas em ordem
numérica. A saída do filtro é escolhida selecionando o valor
Sr (f ) = St (f ) · H(f ) + ηc (f ) + ηimp (f ) (1) central entre todas as amostras da janela. O esquema de
filtragem é ilustrado na Figura 4 na qual o sinal x[n] é
Na qual: St (f ) é o sinal transmitido, H(f ) é a Função de composto pelo conjunto {1, 5, 2, 3 e 1}. A Figura 4 (a) mostra
Transferência do Canal (FTC) com propagação por multi- o processo de deslizamento da janela, com um número de
percursos, ηc (f ) é o ruído de fundo e ηimp (f ) é o ruído amostras fixo, ao longo do sinal. Na Figura 4 (b) as amostras
impulsivo. O H(f ) é representado por: organizadas em ordem numérica e, na Figura 4 (c), a saída
N y[n] do filtro.
X k di
H(f ) = gi · e−(a0 +a1 f )·di
· e−j2πf Vo (2)
i=1 Janela deslizante Valor de saída do filtro

Na qual: gi é o fator de peso que representa a influência de


cada percurso, di é uma variável gaussiana que corresponde
y[n]
à distância entre transmissor e receptor, Vo é a velocidade
x[n]
de propagação da onda, k é a taxa de atenuação relacionada
Janela fixa do filtro Amostras ordenadas n
com a frequência, a0 e a1 são os parâmetros de atenuação (a) (b) (c)
que dependem das características da rede elétrica (como
impedância) e N é o número de percursos. Figura 4. Esquema de janela deslizante utilizada no FME.
Na faixa de frequência do NB-PLC, o ruído dominante
é de natureza cicloestacionária, ou seja, varia no tempo de III. A NÁLISE DO G3-PLC/IEEE 1901.2
forma sincronizada com metade do período da tensão alternada Com a finalidade de verificar a robustez da camada PHY
da rede elétrica [14]. No modelo definido pelo padrão IEEE do G3-PLC/IEEE 1901.2 diante de um canal de PLC típico e
1901.2, os componentes ηc (f ) e ηimp (f ) da Equação (1) também implementar o sistema de comunicação proposto em
são representados por um ruído cicloestacionário dividido ambiente computacional, simulações foram realizadas tendo
em porções cuja duração é igual à metade do período da como base o modelo de canal da Equação (1), utilizando, como
tensão da rede elétrica. Cada porção é dividida em regiões ruído de fundo e ruído impulsivo, o modelo cicloestacionário
com densidades espectrais (Power Spectral Density - PSD) descrito na Seção II-A, com os PSDs obtidos na rede de baixa
específicas e que são obtidas de medidas reais, ou seja, o tensão LV8 disponível em [14]. Por outro lado, a atenuação
modelo proposto emula o perfil de ruído presente na rede do canal por multipercursos foi implementada utilizando os
elétrica. Desta maneira, o ruído cicloestacionário da rede parâmetros da Tabela IV de [15], que representam um enlace
pode ser reproduzido no ambiente computacional por meio de PLC de 110 metros e com 15 percursos. Estes parâmetros
da filtragem de um ruído gaussiano branco aditivo (Additive foram aplicados à Equação (2), utilizando a faixa de frequência
White Gaussian Noise - AWGN) no domínio da frequência NB-PLC, de modo que foi obtida a FTC (H(f )) mostrada

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

PSD da Região 1 (R1)


Ruído
-80
cicloestacionário

Magnitude (dB/Hz)
-85
-90
-95
-100
gerado (4 períodos)
-105
-110
Ruído Gerado
-115 (Espectrograma)
-120 450 -180

Frequência (kHz)

Magnitude (dB/Hz)
50 100 150 200 250 300 350 400 450 400
-160
Frequência (kHz) 350
AWGN 300 -140
PSD da Região 2 (R2) 250 -120

Amplitude (mV)
4 -80 200

Magnitude (dB/Hz)
3 -85 -100
2 150
1 -90 100 -80
0 -95
-1 50 -60
-2 -100

(Domínio do Tempo)
Amplitude (mV)
R3
-3 -105 4

Ruído Gerado
-4 R2
0 10 20 30 40 -110 2 R1
50 100 150 200 250 300 350 400 450
Tempo (ms) Frequência (kHz) 0
-2
PSD da Região 3 (R3) -4
-70

Magnitude (dB/Hz)
-75 0 5 10 15 20 25 30 35 40
-80
-85 Tempo (ms)
-90
-95
PSDs medidos em rede -100
-105
Região 1: 0,00 - 5,96 ms
de baixa tensão (LV8 - -110
50 100 150 200 250 300 350 400 450 Região 2: 5,96 - 8,01 ms
Região 3: 8,01 - 8,30 ms
Frequência (kHz)
IEEE 1901.2)

Figura 3. Geração do ruído cicloestacionário definido pelo padrão IEEE 1901.2.

-10 10
0

ROBO
-15 DBPSK
DQPSK
10 -1
D8PSK
-20

-25 10-2
H(f) em dB

BER
-30
10-3
-35
10-4
-40

-45 10-5

-50 10-6
50 100 150 200 250 300 350 400 450
0 5 10 15 20 25
Frequência (kHz) Eb/N0(dB)

Figura 5. FTC definida pelo IEEE1901.2. Figura 6. Desempenho do G3-PLC/IEEE 1901.2 para o canal adotado.
na Figura 5. Assim, o sinal de PLC a ser transmitido é mas ROBO, DBPSK, DQPSK and D8PSK, respectivamente,
multiplicado pela FTC e, logo em seguida, somado ao ruído requerem uma Eb /N0 de aproximadamente 8,5, 14,5, 17,5 e
cicloestacionário gerado, conforme mostrado na Figura 2. 20 dB.
Nas simulações, os símbolos de Orthogonal Frequency-
Division Multiplexing (OFDM) foram gerados utilizando um IV. R ESULTADOS DO DESEMPENHO DO SISTEMA DE
bloco Inverse Fast Fourier Transform (IFFT) de 256 pontos COMUNICAÇÃO PROPOSTO
e frequência de amostragem de 1,2 MHz (duração de 213,3 O sistema de comunicação proposto foi implementado
microsegundos). Cada símbolo tem 72 subportadoras de dados, em ambiente computacional por meio do software Matlab.
utilizando o espectro entre 54,6875 kHz e 487,5 kHz (com Nas simulações, operando apenas na camada PHY, a FORG
espaçamento de 4,6875 kHz entre subportadoras), conforme consiste de uma onda quadrada com frequência de 1 Hz e
estabelecido pelo padrão IEEE 1901.2 na faixa definida pela variando de 12 V a -12 V. O sinal analógico é convertido
Federal Communications Commission (FCC). O sistema de para o formato digital utilizando um conversor AD de 8 bits e
FEC foi implementado como mostrado na Figura 2, utilizando transmitido usando a camada PHY do G3-PLC/IEEE 1901.2 e
os parâmetros descritos na Seção II. Foram feitas simula- canal implementados nas simulações da Seção III. O modo de
ções utilizando modulação de subportadora DBPSK, DQPSK, transmissão selecionado foi o ROBO, que possui uma taxa
D8PSK e ROBO (DBPSK com código de repetição). de dados, na camada PHY, de 11 kbps. Desta maneira, a
Para cada ponto da simulação, foram transmitidos 1 · 104 frequência de amostragem do conversor AD foi configurada
pacotes de dados. Os resultados das simulações são mostrados para 1 kHz (com 8 bits, a taxa de dados para aplicações em
na Figura 6 por meio de curvas que descrevem o desempenho tempo real deve ser de, no mínimo, 8 kbps, o que é coberto
da camada PHY em termos de taxa de erro de bit (Bit Error pela taxa do modo ROBO).
Rate - BER) como uma função da SNR normalizada (Energy Para testar o sistema em uma condição crítica, a transmissão
per Bit to the Noise Power Spectral Density Ratio - Eb /N0 ). foi feita com uma Eb /N0 de 5 dB, pois com esta SNR, que
A Eb /N0 é obtida considerando a potência média de todos conforme Figura 6 apresenta uma BER de ≈ 1 · 10−2 , as
os símbolos de cada pacote de dados transmitido (após ser distorções nas FORGs recebidas são predominantes. A FORG
multiplicado pela FTC) e a potência média da porção do ruído transmitida (RefT X ) e a recebida, sem o uso do FME (RefRX ),
cicloestacionário que abrange todos os símbolos. De acordo são mostradas na Figura 7. Para transmitir esta porção da
com a curva, para atingir uma BER de 1 · 10−4 , os esque- FORG (2 ciclos) foram necessários 91 pacotes de dados, dos

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

quais 12 foram corrompidos pelo canal (apresentaram erros de recebidas, que são introduzidas pelo canal de PLC, e reduzir
bit), introduzindo as distorções na RefRX e tornando inviável a necessidade de retransmissão de pacotes corrompidos, é
seu uso para comunicações de M2M. proposto um FME adicional ao sistema G3-PLC/IEEE 1901.2.
15 Assim, em determinadas condições, é possível utilizar todos os
Ref
Ref
TX pacotes de dados recebidos, o que reduz a latência do sistema
RX
10 e permite comunicação em tempo real.
As simulações computacionais mostraram que o sistema
5
Amplitude (V)

proposto, operando com o modelo de canal por multipercursos


0
e ruído cicloestacionário adotados pelo padrão IEEEE 1901.2,
foi capaz de suprimir completamente as distorções na forma de
-5 spikes que predominavam as FORGs recebidas, mesmo para
uma situação crítica de SNR com uma Eb /N0 de 5 dB.
-10
R EFERÊNCIAS
-15
0 0.5 1 1.5 2 [1] N. Shaukat et al., "A survey on consumers empowerment, communi-
Tempo (s) cation technologies, and renewable generation penetration within Smart
Grid,"Renewable and Sustainable Energy Reviews, vol. 81, pp. 1453–
Figura 7. RefT X e RefRX para a FTC adotada e Eb /N0 de 5dB. 1475, 2018.
[2] S.S. Reka, and T. Dragicevic, "Future effectual role of energy delivery: A
15 comprehensive review of Internet of Things and smart grid,"Renewable
RefRX
and Sustainable Energy Reviews, vol. 91, pp. 90–108.
RefFME
10 [3] P.K. Verma et al, "Machine-to-Machine (M2M) communications: A
survey,"Journal of Network and Computer Applications, vol. 66, pp.
83–105, 2016.
5
Amplitude (V)

[4] R. Verma, "Why enterprises need connected products to


connect with their future,"Ericsson Blog, 2019. Available from:
0 https://www.ericsson.com/en/blog/2019/11/why-enterprises-need-
connectivity [cited 2020 March 20].
-5 [5] F. Montori, L. Bedogni, M. Felice, and L. Bononi, "Machine-to-machine
wireless communication technologies for the Internet of Things: Taxo-
-10 nomy, comparison and open issues,"Pervasive and Mobile Computing,
vol. 50, pp. 56-81, 2018.
[6] S.C. Pereira, A.S. Caporali, and I.R.S. Casella, “Power line communica-
-15
0 0.5 1 1.5 2 tion technology in industrial networks,” 2015 IEEE International Sym-
Tempo (s) posium on Power Line Communications and Its Applications (ISPLC),
2015 March 28 - April 1, Austin, USA, pp. 216–221, 2015.
Figura 8. RefRX e RefF M E para a FTC adotada e Eb /N0 de 5dB. [7] D. Clark, "Powerline communications: finally ready for prime
time?,"IEEE Internet Computing, vol. 2, pp. 10–11, 1998.
Por outro lado, a Figura 8 mostra a RefRX e a FORG [8] P. Stephenson, “Real World performance of Solwise HomePlug
powerline data transfer devices,” Solwise Ltd., 2013. Available from:
filtrada (RefF M E ), utilizando um FME com 20 amostras. Um https://solwise.co.uk/net-powerline-real-world-performance.htm [cited
filtro com um número menor de amostras não mostrou-se 2020 March 20].
capaz de suprimir todas as distorções, ao passo que quanto [9] S. Dawaliby , A. Bradai, and Y. Pousset, "In depth performance
evaluation of LTE-M for M2M communications,"IEEE 12th Internati-
maior o valor deste parâmetro, maior é tempo de resposta onal Conference on Wireless and Mobile Computing, Networking and
do filtro. Assim, o número de 20 amostras foi selecionado Communications (WiMob), 2016 October 17-19, New York, USA, 2011.
heuristicamente, balanceando a remoção das distorções no [10] K. Razazian, M. Umari, A. Kamalizad, V. Loginov and M. Navid,
“G3-PLC specification for powerline communication: overview, system
sinal e o tempo de resposta. Comparando a RefRX com a simulation and field trial results,” 2010 IEEE International Symposium
RefF M E , é possível constatar que o FME suprimiu com- on Power Line Communications and Its Applications (ISPLC), 2010
pletamente as distorções, recuperando a FORG predominada March 28-31, Rio de Janeiro, Brazil, pp. 313–318, 2010.
[11] M. Koch, “G3-PLC 500 kHz for Smart Metering,” European Utility
por spikes. O sinal filtrado (RefF M E ) é uma fiel reprodução Week 2014 (EUW 2014), 2014 Nov 4-6, Amsterdam, Holland, 2014.
de RefT X da Figura 6, mesmo utilizando todos os pacotes [12] S.C. Pereira et al., "Enabling Smart Grid Concept in Wind Farms
de dados recebidos, sem a necessidade de retransmissão dos by Means of Power Line Communication Technology.,"13th IEEE
International Conference on Industry Applications (INDUSCON), 2018
corrompidos. Há um pequeno atraso no sinal de saída do FME Nov 11-14, São Paulo, Brazil, 2018.
(cerca de 20 ms devido ao número de amostras selecionado), [13] C.E. Capovilla, I.R.S Casella, F.F. Costa, L.A. Luz-de-Almeida, and
porém esse tempo de resposta do filtro é insignificante perto A.J. Sguarezi Filho, "DFIG-Based Wind Turbine Predictive Control
Employing a Median Filter to Mitigate Impulsive Interferences on
do atraso que seria causado pela retransmissão dos 12 pacotes Transmitted Wireless References,"IEEE Transactions on Industry Ap-
de dados corrompidos por meio do protocolo de ARQ. plications, vol. 55(4), pp. 4091–4099, 2019.
[14] IEEE, “1901.2-2013 - IEEE Standard for Low-Frequency (less than 500
V. C ONCLUSÕES kHz) Narrowband Power Line Communications for Smart Grid Appli-
cations,” Institute of Electrical and Electronics Engineers, ISBN:978-0-
Este artigo propôs um sistema de comunicação de M2M 7381-8793-8, Dec 2013.
destinado a transmitir FORGs, por meio de cabos da rede [15] M. Zimmermann, and K. Dostert, "A multipath model for the power
line channel,"IEEE Transactions on Communications, vol. 50(4), pp.
de energia elétrica de baixa tensão, utilizando o padrão G3- 553-559, 2002.
PLC/IEEE1901.2. Para suprimir as distorções nas FORGs

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Solução Aproximada para a Irradiação do Cabo


Coaxial Fendido
Thayana M. L. Sousa, Leni J. Matos, Mauricio W.B. da Silva, Vitor L. G. Mota e Vanessa P. R. Magri
Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Engenharia Elétrica e de Telecomunicações - PPGEET
Escola de Engenharia, UFF
Niterói, Brasil
thayana_mayrink@id.uff.br, lenijm@id.uff.br, mauriciobenjo@id.uff.br, vitorluiz@id.uff.br e vanessamagri@id.uff.br

Resumo - Empregando o teorema da equivalência e a teoria endfire para emprego como antena glide slope usada no
de conjuntos de antenas, determina-se o campo aproximado sistema ILS (Instrument Landing System), de pouso por
irradiado por um cabo fendido, com fendas de pequenas instrumento, para aeronaves em aeroportos de pequena
dimensões e distribuídas uniformemente, e os resultados são extensão de terreno, ou terreno muito irregular à frente da
comparados com os simulados através do uso de software
antena.
comercial, mostrando a tendência endfire do conjunto.
No intuito de entender o funcionamento da estrutura
Palavras-chave - cabo coaxial fendido; conjunto de antenas; usada, inicialmente é preciso entender o comportamento da
equivalência superficial; irradiação. irradiação de um cabo com muitas fendas. Nesse contexto, este
trabalho buscou uma forma de calcular os campos aproximados
I. INTRODUÇÃO irradiados por um cabo fendido. Dessa forma, os campos são
O cabo coaxial fendido tem sido utilizado em diversos determinados empregando o teorema da equivalência
segmentos das comunicações móveis, como em túneis superficial e a teoria de conjuntos de antenas, e os diagramas
rodoviários, linhas submarinas, minas, e até mesmo na aviação. de irradiação obtidos são comparados aos da simulação
Os estudos da teoria e aplicação de cabos coaxiais fendidos realizada com o emprego do software CST Studio.
iniciaram-se com Wait [1] e Seidel [2], os quais estudaram o
campo, a constante de propagação e a impedância de superfície II. ASPECTOS BÁSICOS DO CABO COAXIAL
de transferência dos cabos coaxiais blindados com fio Utilizado para transmitir sinais de radiofrequência, o cabo
helicoidal. Esses tipos de cabos, entretanto, são menos coaxial é mostrado na Fig. 1, com seus elementos constituintes:
atraentes devido à grande atenuação longitudinal, próxima a núcleo interno, isolador, proteção exterior e cobertura,
103dB/km, em uma faixa de frequência de 0,2 a 100 MHz. Em dispostos em camadas concêntricas que compartilham o
[3], utilizando o método dos momentos, a constante de mesmo eixogeométrico.
propagação e a perda de acoplamento foram obtidas para várias
configurações de fendas, e foi verificado que quanto maior o
ângulo e o tamanho da fenda, mais perturbações são geradas.
Neste mesmo estudo, também se verificou que, em frequências
mais baixas, a perda de acoplamento permanece praticamente
plana no cabo, e à medida que a frequência se torna mais alta, a
perda de acoplamento irá variar ao longo do cabo, limitando a
capacidade de banda larga do mesmo, que pode ser melhorada
se mais fendas são acrescentadas. Diversos outros autores [4]-
[6] estudaram as propriedades de propagação e irradiação dos
cabos coaxiais com configuração de múltiplas fendas com
angulação, aplicado à alta frequência e banda larga, no entanto, Fig. 1. Estrutura de um cabo coaxial.
a maioria desses autores utiliza o método clássico de
correspondência de modos nos limites ou foram feitos por No interior do cabo coaxial, o modo de propagação
experimentos. Wang [7] usou o método de diferença finita no dominante é o Transverse Electromagnetic Mode (TEM), onde
domínio do tempo (FDTD), combinado com o método de super os campos Elétrico (𝐸) e Magnético (𝐻) são transversos à
absorção de Mei [8] para calcular, com precisão, a distribuição direção de propagação, não havendo as componentes
dos campos nas fendas e o campo distante, sendo o campo longitudinais nas linhas ideais. No caso de linhas reais, haverá
elétrico na abertura integrado usando a função de Green. uma pequena componente de campo elétrico longitudinal
(𝐸𝑙𝑜𝑛𝑔 ) responsável pela perda ôhmica no condutor, em geral,
Uma das aplicações de cabos coaxiais fendidos é em de cobre, cuja condutividade é  = 5,8x107S/m, que é calculada
aeroportos nos quais a aterrissagem é crítica devido à pequena pela razão entre a densidade de corrente longitudinal (𝐽𝑙𝑜𝑛𝑔 ) no
extensão da pista. Existe um sistema, extremamente caro, condutor e a condutividade do mesmo (𝐸𝑙𝑜𝑛𝑔 = 𝐽𝑙𝑜𝑛𝑔 /𝜎).
usado nestes tipos de aeroportos, conhecido como conjunto

281
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Usando o sistema de coordenadas da Fig. 2, onde a e b são, deseja-se determinar o campo irradiado 𝐸(𝜃, ∅) em um ponto P
respectivamente, os raios interno e externo do cabo;  é a do espaço pela abertura da fenda, mostrada na Fig. 3.
permissividade do dielétrico no espaço entre os condutores, e Para isto, se o campo na abertura é conhecido, é possível
os condutores e o dielétrico são supostos perfeitos, obtém-se determinar o campo aproximado no ponto distante supondo as
para a amplitude do campo elétrico harmônico [9], quando uma dimensões da fenda bem menores que o raio de curvatura b do
tensão harmônica (V e- j  z )é aplicada entre os condutores: cabo, através das densidades de corrente equivalentes na
𝑉 1 abertura, em  = b, produzidas pela onda TEMz propagante no
𝐸𝜌 = 𝑏 𝑒 −𝑗𝛽𝑧 (1) cabo, através do Teorema da Equivalência [9].
ln( ) 𝜌
𝑎

e, tomando-se a impedância intrínseca do dielétrico como:


 = √ ⁄ (2)

onde  é a permeabilidade do dielétrico e a constante de fase:


𝛽 = 𝜔√ (3)
obtém-se para a amplitude do campo magnético:
𝑉 1
𝐻ø = 𝑏 𝑒 −𝑗𝛽𝑧 (4)
𝜂ln( ) 𝜌
𝑎

(a) (b)
Fig. 3. Fenda no cabo coaxial: (a) posição em z e (b) posição em .

Do Teorema da Equivalência, supondo que o condutor


externo tenha a dimensão do raio bem maior que as dimensões
da fenda, podendo-se considerar a superfície  = b como plana
condutora perfeita:
⃗⃗𝐽⃗ = 2𝑛⃗ × 𝐻
⃗𝑎
{ 𝑆 (10)
⃗⃗⃗⃗⃗
𝑀𝑆 = −2𝑛⃗ × 𝐸⃗ 𝑎
onde são definidos:
⃗⃗𝐽⃗𝑆  densidade linear de corrente elétrica na abertura;
0

Fig. 2. Corte transvesal do cabo mostrando as coordenadas cilíndricas. 𝑀𝑆  densidade linear de corrente magnética na abertura;
⃗⃗⃗⃗⃗

Integrando 𝐻ø ao longo da variável , obtém-se para a 𝑛⃗  componente normal à abertura (𝑎


⃗⃗⃗⃗ );
corrente harmônica: ⃗ 𝑎  intensidade de campo magnético na abertura; e
𝐻
2𝜋𝑉
𝐼= 𝑏 𝑒 −𝑗𝛽𝑧 (5) 𝐸⃗ 𝑎  intensidade de campo elétrico na abertura.
𝜂ln( )
𝑎

Chamando a amplitude de tal corrente de I0, os campos em De (6) e (7), na abertura ( = b), tomando-se a mesma em
(3) e (4) tornam-se: z' = 0, com a fenda centrada em z, tem-se:
 𝐼0  𝐼0
𝐸𝜌 = 𝑒 −𝑗𝛽𝑧 (6) 𝐸⃗ 𝑎 = 𝑎
⃗⃗⃗⃗ (11)
2 2𝑏
𝐼0
𝐻ø =
𝐼0
𝑒 −𝑗𝛽𝑧 (7)
⃗𝑎=
𝐻 𝑎
⃗⃗⃗⃗ (12)
2𝜋𝑏
2𝜋𝜌
Aplicando (8) e (9) dos campos na abertura em (10), chega-
Numa forma compacta, os campos TEM ficam:
se para as densidades de corrente equivalentes na abertura:
𝐸⃗ = 𝐸0 ()𝑒 −𝑗𝛽𝑧 ⃗⃗⃗⃗
𝑎𝜌 (8) 𝑀𝑆 = ⃗0
⃗⃗⃗⃗⃗ (13)
𝐸0 ()
⃗ =
𝐻 𝑒 −𝑗𝛽𝑧
⃗⃗⃗⃗
𝑎 (9) ⃗⃗𝐽⃗𝑆 = 𝐸0
𝑒 −𝑗𝛽0 𝑧 ′
⃗⃗⃗⃗𝑧
𝑎 (14)
 
𝐼
III. IRRADIAÇÃO PELO CABO COAXIAL FENDIDO onde 𝐸0 = ; Js é a densidade de corrente elétrica na
2𝑏
abertura, na direção z, Jz, responsável pela irradiação no ponto
A. Irradiação por uma fenda
P, em 0     e 0    .
Considerando um cabo coaxial alimentado numa ponta e
casado na outra, propagando o modo TEMz, ao longo de z, Para a determinação dos campos irradiados [9], tem-se:

282
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

onde  é a diferença, em radianos, dos ângulos que limitam a


𝐸𝑟 ≅ 0 largura da fenda, L é o comprimento da fenda (ao longo de z) e
𝑒 −𝑗𝛽0 |𝑟⃗−𝑟′|
⃗⃗⃗⃗
𝑏 é o raio do cilindro externo.
𝐸𝜃 ≅ −𝑗𝛽0 (𝜂0 𝑁𝜃 + 𝐿𝜙 ) (15)
4𝜋𝑟
⃗⃗⃗⃗ |
𝑒 −𝑗𝛽0 |𝑟⃗−𝑟′
A Fig. 4 mostra o diagrama de irradiação vertical
{ 𝐸𝜙 ≅ 𝑗𝛽0 4𝜋𝑟
(𝐿𝜃 − 𝜂0 𝑁𝜙 ) normalizado obtido para a fenda considerada, determinado a
partir da programação em MATLAB. Na Fig. 5 está o diagrama
𝐻𝑟 ≅ 0 obtido por simulação, no software CST Microwave Studio.
⃗⃗⃗⃗
𝑒 −𝑗𝛽0 |𝑟⃗−𝑟′| 𝐿𝜃 Observa-se uma característica broadside nos diagramas.
𝐻𝜃 ≅ 𝑗𝛽0 (𝑁𝜙 − )
4𝜋𝑟 𝜂0 (16)
⃗⃗⃗⃗ 0
𝑒 −𝑗𝛽0 |𝑟⃗−𝑟′| 𝐿𝜙
{𝐻 ≅ −𝑗𝛽0 (𝑁𝜃 + ) 30 330
 = 90o  = 270o
4𝜋𝑟 𝜂0

onde: 60 300

|𝑟 − ⃗⃗𝑟′| = √𝑟 2 + 𝑟 ′ 2 − 2𝑟𝑟′cos(𝜃 ′ − 𝜃) (17) 1 0.8 0.6 0.4 0.2


90 270
e como a fenda é centrada em 𝑧 = 0, então 𝜃 = 90 , logo:
′ ′ 0

|𝑟 − ⃗⃗𝑟′| = √𝑟 2 + 𝑟 ′ 2 − 2𝑟𝑟′sen(𝜃) (18) 120 240

Fazendo, 𝑏 = 𝑟 ′ . 𝑠𝑒𝑛𝜃, obtém-se: 150 210

180
|𝑟 − ⃗⃗𝑟′| = √𝑟 2 + 𝑏 2 /𝑠𝑒𝑛2 𝜃 − 2𝑟𝑏 (19)
Fig. 4. Diagrama de irradiação vertical calculado para a fenda da Fig. 3.
Os fatores 𝐿𝜙 , 𝐿𝜃 , 𝑁𝜙 𝑒 𝑁𝜃 são calculados de [9], e 𝜂0 é a
impedância intrínseca do ar. Devido ao fato de só haver a
componente Jz na abertura, 𝐿𝜃 , 𝐿 e 𝑁𝜙 são nulos, restando:
′ cos(𝜓)
𝑁𝜃 = ∫𝑆 ′ [−𝐽𝑧 𝑠𝑒𝑛𝜃]𝑒 𝑗𝛽0𝑟 𝑑𝑠 ′ (20)  = 900  = 2700

Considerando a abertura −𝐿⁄2 < 𝑧′ < 𝐿⁄2 e


1 < ′ < 2 , centrada no plano XY e, ainda:
𝑑𝑠 ′ = 𝑑𝑧 ′ 𝜌′ 𝑑𝜙 ′ = 𝑏𝑑𝑧′𝑑𝜙 ′ (21)
⃗⃗⃗⃗𝑟 . ⃗⃗⃗
𝑟 ′ 𝑐𝑜𝑠𝜓 = 𝑎 𝑟′ (22)
𝑟 ′ 𝑐𝑜𝑠𝜓 = 𝑏𝑠𝑒𝑛𝜃 + 𝑧 ′ 𝑐𝑜𝑠  (23)
e substituindo em (20):
𝐿/2 2
𝐸𝑜𝑎
𝑒 −𝑗 𝑧′ 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑒 𝑗𝛽0 (𝑏.𝑠𝑒𝑛𝜃+𝑧
′ .𝑐𝑜𝑠𝜃)
𝑁𝜃 = − ∫ ∫ 𝑏𝑑𝜙′𝑑𝑧′

−𝐿/2 1

que, após desenvolvimento, se reduz a: Fig. 5. Diagrama de irradiação vertical simulado para a fenda da Fig. 3.
𝐸𝑜𝑎 𝑏∆𝐿
𝑁𝜃 = −
𝐿
. 𝑒 𝑗𝛽0𝑏𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑆𝑎 [ ( − 0 𝑐𝑜𝑠𝜃)] (24) Vale observar que a fenda foi suposta em um plano de terra
 2
condutor perfeito na solução aproximada, levando ao diagrama
Substituindo, (24) em (15) e (16), obtém-se os seguintes nulo para a direita, enquanto na solução simulada o que se tem
campos distantes: é o corpo condutor do cabo real, levando à irradiação também
𝐸𝑟 = 𝐸 = 𝐻𝑟 = 𝐻 ≅ 0 (25) para o lóbulo traseiro ( = 2700).

𝑗𝛽0 𝐸𝑜𝑎 𝑏∆𝐿 0 𝐿


𝐸𝜃 = . 𝑒 𝑗𝛽0𝑏𝑠𝑒𝑛𝜃 . 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑆𝑎 [ ( − 0 . 𝑐𝑜𝑠𝜃)]. B. Irradiação por várias fendas
4𝜋𝑟 2
2 +(𝑏 2 /𝑠𝑒𝑛2 𝜃)−2𝑟𝑏
Da teoria de conjuntos [10-11], o campo total irradiado por
𝑒 −𝑗𝛽0√𝑟 (26) um conjunto de N elementos (fontes) é o somatório do campo
𝑗𝛽0 𝐸𝑜𝑎 𝑏∆𝐿 𝑗𝛽 𝑏𝑠𝑒𝑛𝜃 𝐿 irradiado por cada um dos elementos (no caso, fendas), ou seja,
𝐻 = .𝑒 0 . 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑆𝑎 [ ( − 0 . 𝑐𝑜𝑠𝜃)]. é o campo irradiado por um elemento centrado em z' = 0
4𝜋𝑟 2 multiplicado pelo fator de conjunto. Os elementos neste
𝑏2 trabalho são representados por pontos no centro de cada fenda,
−𝑗𝛽0 √𝑟 2 +(
𝑒 𝑠𝑒𝑛2 𝜃
)−2𝑟𝑏
(27) ao longo de Z, com o primeiro deles em −𝐿⁄2, como mostra a

283
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 6. A distribuição das fendas é suposta uniforme e o campo simulação. O cabo foi projetado para operar na faixa 3,28 -
irradiado por elas é calculado por [11]: 3,36 GHz. O diagrama calculado pela solução numérica, este
normalizado pelo fator em negrito em (31), e o obtida pela
simulação se acham na Fig. 7 e Fig. 8, respectivamente. Ambos
mostram uma tendência endfire do diagrama.

TABELA I. ESPECIFICAÇÕES DO CABO FENDIDO USADO NAS SIMULAÇÕES


Especificações Valores
Número de fendas 12
Largura das fendas 0,125 mm
Comprimento das fendas 0,0625mm
Espaçamento entre fendas /2 (= 4,52 cm)
Comprimento do cabo 58,76cm
Permissividade do dielétrico 0
Fig. 6. Cabo coaxial de N fendas irradiando para o espaço. Raio externo do condutor externo/espessura 2,05 cm/ 0,05 cm

𝐸𝑡 (𝜃, ) = ∑𝑖 ⃗⃗⃗
⃗⃗⃗ 𝐸𝑖 (𝜃, ) = 𝑓(𝜃, ) ∑𝑖 𝐼𝑖 𝑒 𝑗(𝛽0 𝑟𝑖𝑐𝑜𝑠𝜓𝑖 +𝛼𝑖) , (28) Raio externo do condutor interno/espessura 1,05 cm/ 0,05 cm

onde 𝛼𝑖 é a fase da corrente em cada ponto central das fendas,


f(,) é o fator de elemento obtido em (26) e:
 = 900  = 2700
𝑐𝑜𝑠𝜓𝑖 = 𝑐𝑜𝑠𝜃. 𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖 + 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖 cos(𝜙 − 𝜙𝑖 ). (29)
Como as fendas (elementos) estão ao longo de uma linha
paralela ao eixo z, 𝜃𝑖 vai ser variável para cada fonte. Na
superfície 𝜌 = 𝑏 (raio externo do cabo coaxial) e para 𝜙𝑖 =
90𝑜 , conforme representado na Fig. 5, tem-se para (28):
𝑏
𝑗[𝛽0 ( )(𝑐𝑜𝑠𝜃.𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖 +𝑠𝑒𝑛𝜃𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖 senϕ)+𝛼𝑖 ]
𝐸𝜃 = 𝑓(𝜃, ) ∑𝑖 𝐼𝑖 𝑒 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖
(30)
O fator de conjunto é o campo irradiado por um elemento
centrado na origem do sistema, em 𝑧𝑖 = 0 e 𝜙𝑖 = 90𝑜 , logo, é
o campo irradiado por uma fenda centrada no cabo, conforme
já calculado em (26). Finalmente, substituindo a expressão do
fator de conjunto em (30), tem-se o campo total irradiado pelo
conjunto, supondo desacoplamento entre as fendas:
𝑗𝜷𝟎 𝑬𝒂𝒐 𝒃∆𝑳𝟎 𝑗𝛽 𝑏𝑠𝑒𝑛𝜃 𝐿 Fig. 7. Diagrama de irradiação vertical calculado para o cabo de 12 fendas.
𝐸𝜃 = .𝑒 0 . 𝑠𝑒𝑛𝜃. 𝑆𝑎 [ ( − 0. 𝑐𝑜𝑠𝜃)].
𝟒𝝅𝒓 2
𝑏2
−𝑗𝛽0 √𝑟 2 +( )−2𝑟𝑏  = 900  = 2700
.𝑒 𝑠𝑒𝑛2 𝜃 .
𝑏
𝑗[𝛽0 ( )(𝑐𝑜𝑠𝜃.𝑐𝑜𝑠𝜃𝑖 +𝑠𝑒𝑛𝜃𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖 sen𝜙)+𝛼𝑖 ]
. ∑𝑖 𝐼𝑖 𝑒 𝑠𝑒𝑛𝜃𝑖
(31)
Sendo suposto o desacoplamento entre as fendas, o cabo
opera no modo irradiante e o período p de repetição das fendas
é calculado por [12]:
𝑝 = /(√𝑟 + 1) (32)
onde  é o comprimento de onda na menor frequência de
operação (fmín) do cabo, que funcionará no modo irradiante até
2.fmín e r é a permissividade relativa do dielétrico do cabo,
sendo as fendas de comprimento L = p/2 ( 10%), paralelo a z.
Supondo um conjunto de fendas com as características da
Tabela I, p = /2, e as correntes Ii foram consideradas iguais
em (31), já que o cabo tem características ideais. Realmente, Fig. 8. Diagrama de irradiação vertical simulado para o cabo de 12 fendas.
isto foi confirmado na simulação, onde elas foram
determinadas e se mostraram muito próximas. Em seguida, os A Fig. 9 mostra o diagrama 3D obtido da simulação,
diagramas de irradiação são calculados numericamente e por evidenciando a característica endfire do cabo com mais

284
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

fendas. A fim de melhor observar a tendência ao diagrama fendas em relação a uma fenda. Quanto aos campos
endfire com o aumento do número de fendas, e aproximar ao aproximados obtidos, observa-se que diferem daqueles
resultado da antena do conjunto endfire do ILS, que é formada simulados na sua amplitude, devido à suposição de fendas
por 8 trechos de cabos com 12 fendas, ou seja, 96 fendas, na muito pequenas frente ao raio externo do cabo, e considerando
Fig. 10 mostra-se o diagrama vertical aproximado para N = 96 este um plano de terra praticamente plano e infinito. Mostram,
fendas. entretanto, a mesma tendência endfire do diagrama na direção
de máxima irradiação e de aumento de lobos laterais com o
aumento do número de fendas, que no caso da simulação não
chegam a ser nulos. Isto, entretanto, tenderá a acontecer
quando refletores forem usados para aumentar a relação frente-
costa do diagrama, assim como a sua diretividade, como ocorre
nos sistemas reais desses aeroportos, onde três refletores (um
acima, um abaixo e outro atrás do cabo fendido) são usados
[11]. Vale ressaltar que os cabos são montados paralelos ao
solo. Os resultados, aqui encontrados, vão permitir a
continuidade do assunto para obtenção da irradiação de um
total de 96 fendas em um trecho de cabo circular, que é a base
para o conjunto endfire usado na antena glide slope. Neste
caso, a faixa de frequência a ser utilizada é a de VHF, 329-335
MHz, e que não foi aqui empregada devido às grandes
Fig. 9. Diagrama tridimensional do conjunto simulado de 12 fendas. dimensões do cabo, que inviabilizariam a simulação no
software, devido ao grande processamento necessário. Na
continuidade deste trabalho, os refletores e, depois, os trechos
 = 900  = 2700 circulares de cabo fendido, estão sendo usados para determinar
a irradiação dos mesmos.

REFERÊNCIAS
[1] J. R. Wait and D. A. Hill, “Propagation along a braided coaxial cable in
a circular tunnel”, IEEE Trans. Microwave Theory Tech, vol. MTT-23,
pp. 401-405, May 1975.
[2] D.B Seidel and J.R. Wait, “Transmission modes in a braided coaxial
cable and coupling to a tunnel environment”, IEEE Trans. Microwave
Theory Tech, vol. MTT-26, pp. 494-504, July 1978.
[3] S. T. Kim, G. H. Yun, and H. K. Park, “Numerical analysis of the
propagation characteristics of multiangle multislot coaxial cable using
moment method”, IEEE Trans. Microwave Theory Tech., vol. 46, pp.
269-279, Mar. 1998.
[4] S. T. Kim, K. J. Kim, Y. J. Yoon, and H. K. Park, “New design
Fig. 10. Diagrama de irradiação vertical calculado para o cabo de 96 fendas. technique for 22 mm ultra-wideband LCX”, in Proc. Asia Pacific
Microwave Conf., 1995, pp. 514-516.
IV. CONCLUSÕES [5] K. Aihara, "Ultra-high-bandwidth heat-resistant leaky coaxial cable”, in
Proc. Int. Wire Cable Symp., 1992, p. 41.
Com o objetivo de obter uma solução aproximada do [6] M. S. Leong, P. S. Kooi, T. S. Yeo, and X. G. Liu, “Higher perturbed
campo elétrico irradiado pelas fendas de um cabo coaxial modes excited by 1.8 GHz leaky cable located in a circular tunnel”, in
fendido, este artigo trata, inicialmente, do campo gerado por Asia Pacific Microwave Conf., 1995, pp. 163-165.
uma pequena fenda e, a seguir, por várias fendas de forma a, [7] J. H. Wang, and K. K. Mei, “Theory and analysis of leaky J. H. Wang,
futuramente, descrever as equações complexas de irradiação da and K. K. Mei, “Theory and analysis of leaky coaxial cables with
periodic slots”, IEEE Trans. on Antennas and Propagation, vol. 49, no.
antena glide slope usada nos sistemas ILS. 12, Dec. 2001.
Partindo do campo irradiado produzido por correntes [8] K. K. Mei and J. Fang, “Superabsorption – A method to improve
equivalentes na abertura de uma fenda, através do emprego do absorbing boundary conditions”, IEEE Trans. on Antennas and
Propagation, vol. 40, pp. 1001-1010, Sept. 1992.
teorema da equivalência, e empregando a teoria de conjunto de
[9] C. A.Balanis, Advanced Engineering Electromagnetic, John Wiley&
antenas, estendeu-se a determinação dos campos irradiados Sons, New York, NY, EUA, 1989.
para um cabo fendido de N fendas e os diagramas de irradiação [10] C. A. Balanis, Antena Theory - Analysis and Design, 3rd. Ed., John
obtidos foram comparados aos da simulação realizada com o Wiley& Sons, New York, NY, EUA, 1997.
emprego do software CST Studio. Os resultados para diferentes [11] M. T. Ma, Theory and Application of Antenna Arrays, John
números de fendas tiveram variação no ângulo de máxima Wiley&Sons, New York, NY, EUA, 1974.
irradiação e observou-se, à medida que crescia o número de [12] W. Pirard, High-Frequency Radiating Line, United Sttaes Patent, Patent
fendas, que o diagrama tendia ao tipo endfire, com o número Number 5,705,967, Jan 6, 1998.
de lóbulos laterais crescendo à medida que mais fendas eram [13] Disponível em: https://wattsantenna.com/product/model-105-frangible-
tomadas, o que era de se esperar da teoria dos conjuntos, e um end-fire-glide-slope-antenna-system. Acesso em: 18 de junho de 2020.
crescimento de 51,13 dB para a irradiação máxima de 96

285
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Avaliação preliminar das oportunidades para


aplicações indoor na faixa de 2,5 GHz no Brasil
Marilson Duarte Soares Pedro Vladimir Gonzales Castellanos Diego Passos
Instituto de Computação Dep. Engenharia de Telecomunicações Instituto de Computação
Universidade Federal Fluminense Universidade Federal Fluminense Universidade Federal Fluminense
Niterói, Brasil Niterói, Brasil Niterói, Brasil
marilsonduarte@id.uff.br pcastellanos@id.uff.br dpassos@id.uff.br

No Brasil, a faixa de 2,5 GHz (2500-2690 MHz) é alocada conceito de rádios cognitivos que podem sentir as janelas de
para sistemas licenciados que utilizam a tecnologia Long Term oportunidades espectrais e aumentar a eficiência espectral
Evolution (LTE) ou LTE-Advanced. Devido às características [4,5].
intrínsecas de propagação nessa faixa, o sinal transmitido pela
estação rádio base é degradado, limitando a cobertura Inúmeras iniciativas de mapeamento de oportunidades de
principalmente em ambientes indoor, produzindo regiões de espectro vêm sendo realizadas ao redor do mundo há mais de
sombra. Devido à escassez de espectro para novos sistemas de uma década em diversas faixas de frequências. Vários
comunicação, estas regiões podem ser enxergadas como organismos internacionais padronizam como estes estudos
oportunidades de espectro para equipamentos que trabalhem devem ser realizados. Entre eles, há a International
de forma oportunista e em caráter secundário, possibilitando Telecommunication Union (ITU), a Federal Communications
assim, um uso mais eficiente do espectro de rádio frequências.
Esse artigo apresenta uma metodologia de busca de
Commission (FCC), o Institute of Electrical and Electronic
oportunidades de espectro em ambientes indoor aplicada aos Engineers (IEEE), o European Telecommunications
sistemas LTE. Standards Institute (ETSI), a European Conference of Postal
and Telecommunications (CEPT) e o 3rd Generation
Palavras-Chave: sistemas oportunistas, ambientes indoor, Partnership Project (3GPP).
LTE 2,5 GHz, coexistência, eficiência espectral.
Esse trabalho usou um analisador de espectro durante 24
I. INTRODUÇÃO horas em um ambiente indoor, na cidade de Niterói,
coletando amostras da potência dos sinais transmitidos pelas
operadoras na faixa de downlink, para obter dados de
Há alguns anos, observa-se um forte crescimento do ocupação de espectro, baseadas nas características
mercado de celulares, smartphones, tablets e dos dispositivos específicas do sistema LTE 2,5 GHz, que poderão ser usadas
sem fios empregados em monitoramento e coleta de sinais pelos sistemas cognitivos.
que estão impulsionando a demanda do tráfego nas redes de
dados sem fio [1]. Do outro lado da balança, o espectro de
frequências licenciadas é limitado e novas licenças se tornam II. UMA VISÃO HISTÓRICA DO CONCEITO E APLICAÇÃO DE
escassas e caras [2]. RÁDIOS COGNITIVOS

A demanda por mais espectro para comunicações sem fio Na Tabela 1, observa-se a evolução do tema de rádios
é um grande desafio ao redor do mundo [3]. Dessa forma, cognitivos dentro do ambiente da ITU, através das World
devido ao número de usuários e às necessidades por diversos Radio Conferences (WRC) ou das recomendações de rádio
tipos de qualidade de serviço, parece contraditório tentar usar frequências.
uma faixa destinada ao LTE por outro sistema em caráter Enquanto a ITU se organizava e estruturava a inserção e
secundário. testes de rádios cognitivos, o IEEE 802.19 Group e a FCC
Em contrapartida, os autores através de medições lançavam estudos em 2008 na área de TV White Space
experimentais procuram, apresentar as oportunidades que (TVWS) que culminaram com os lançamentos dos padrões
ocorrem devido às condições de propagação, para o sistema IEEE 802.22 em 2011 e 802.11af em 2014 [4,5].
celular LTE 2,5 GHz em ambiente indoor. Tal abordagem Outras iniciativas e estudos de rádios cognitivos pelo
pode aumentar a eficiência espectral na banda, e desta forma, FCC ocorreram em 2015 como o Citizens Broadband Radio
permitir outros serviços de acesso em banda larga sem fio em Service (CBRS) para compartilhar banda larga sem fio na
ambientes indoor. faixa de 3550-3700 MHz [6].
Estudos iniciados por Joseph Mitola, na década de 90, no Na Europa, a partir das especificações técnicas TS 103-
Royal Institute of Technology, apontavam que para 154 (2014), TS 103-235 (2015) e TS 103-379 (2017), tem-se
solucionar os problemas gerados pela crescente demanda de o Licensed Shared Access (LSA), desenvolvido pelo ETSI
tráfego de dados nas redes sem fio, deve-se lançar mão de em conjunto com o CEPT. Ele possibilita que o LTE utilize
novas arquiteturas tecnológicas, usadas para aumentar a o espectro em 2,3 GHz, compartilhando-o com um sistema já
eficiência espectral das atuais frequências disponíveis e do existente na região, porém com baixa utilização.
aproveitamento dos chamados “spectrum holes” ou das
janelas de oportunidades espectrais que são regiões espaciais Para o 3GPP, a rede móvel celular precisa de mais
e/ou temporais nas quais o espectro não apresenta uso pelos espectro. Dessa forma, o LTE foi introduzido, a partir de
usuários primários, podendo, assim, acomodar outra 2014, compartilhando espectro não licenciado através das
transmissão de rádio de forma secundária sem prejuízos ao tecnologias LTE-U, LTE-LAA e eLAA [7].
dono da faixa de frequências. Essa ideia deu origem ao

286
Tabela
19º I. Marcos
Simpósio dos rádiosdecognitivos
Brasileiro na ITU
Micro-ondas representação
e Optoeletrônica e 14º Congresso gráfica
Brasileiro de dessa alocação
Eletromagnetismo, 8-12é de
mostrada nadeFigura
novembro 2020 1

Marcos Detalhamento
[8].

Trabalhos com compartilhamento de espectro com


Fig. 1. Identificação das operadoras e suas faixas no Rio de Janeiro
WRC-03 satélite em 5 GHz. Através da ITU-R 229 com a
utilização de “Dynamic Frequency Selection”.
Iniciou-se a demanda por estudos de rádios
WRC-07
cognitivos com a ITU-R 241.
ITU-R SM 2152
Define rádio cognitivo em 2009.

Introduz rádios cognitivos no serviço móvel


ITU-R M 2225 terrestre, exceto para International Mobile
Telecommunication (IMT), em 2011.

ITU-R M 2242 Introduz sistemas de rádios cognitivos para IMT, Pode-se observar que no Brasil, as operadoras trabalham
em 2011. com canais de 10 MHz (TIM e Oi) e 20 MHz (Claro e Vivo).
WRC-12 Apoia o desenvolvimento e uso de rádios
cognitivos em conjunto com a ITU-R 58. B. Detalhando o downlink do LTE
ITU-R M 2320 Desenvolve os conceitos de rádios cognitivos para
IMT-Advanced, em 2014. Uma parte importante do estudo é a definição do nível de
A Resolução 235 sugere a revisão do espectro de sinal recebido, observado através do analisador de espectro.
utilização da faixa de frequências 470-960 MHz na Para tal foi necessária a definição do compromisso entre
WRC-15 Região 1, para a Conferência Mundial de espaçamento de frequência na leitura do equipamento e o
Radiocomunicações de 2023. Resolução 239 pede número de amostras a cada varredura.
para a WRC-19 analisar o uso da faixa de 5 GHz
para área móvel A interface de rádio LTE é baseada em Orthogonal
Frequency Division Multiple Access (OFDMA) com a
Afirma, em 2015, a necessidade de aumento de transmissão realizada através de um recurso elementar que
ITU-R M 2083
eficiência espectral e “interworking” entre rádios,
pode ser visto em tempo-frequência [9].
para “IMT-2020 and beyond”.
Apresenta, em 2017, testes de rádios cognitivos nas
Um recurso elementar representa a transmissão de um
ITU-R SM 2405
faixas abaixo de 800 MHz, em países da Europa, na símbolo OFDM que ocorre com apenas uma subportadora de
Coreia, Rússia e Filipinas. 15 kHz. Quando se agrupam 12 subportadoras consecutivas
no domínio da frequência se obtém o Physical Resource
Com o crescente número de projetos de rádios Block (PRB) com uma largura de 180 kHz, sendo essa a
cognitivos que operam LTE na faixa não licenciada,
WRC-19 largura mínima que um usuário de celular poderá acessar no
a ITU apresenta as justificativas para utilização de
5 GHz como faixa para aplicações móveis
downlink [9].
celulares.
Fig. 2. Alocação de usuários no downlink do LTE

III. ENTENDENDO A TECNOLOGIA LTE EM 2,5GHZ

A procura e a utilização eficiente das janelas de


oportunidades espectrais de cobertura da rede móvel celular,
deve levar em conta as características da tecnologia móvel
que ocupa a faixa definida pela agência reguladora. Os
assinantes das operadoras móveis são usuários primários e,
dessa forma, apresentam privilégios e garantias de qualidade
que não podem ser prejudicados. É importante observar que o número total de PRBs que o
usuário pode acessar ao mesmo tempo está relacionado com
a largura de banda do canal da operadora. Portanto, baseado
A. LTE-2,5 GHZ no Brasil na canalização do 3GPP, pode-se gerar a Tabela 2 [10].
Tabela II. Quantidade de PRBs por largura de banda (MHz)
A faixa de 2,5 GHz pode ser usada pelo LTE na
tecnologia Frequency Division Duplex (FDD) dividida Banda da Operadora PRBs Banda real ocupada
respectivamente em uplink, que contempla as transmissões 10,0 50 9,0
do celular para a torre da operadora, e downlink que
20,0 100 18,0
contempla as transmissões da torre da operadora para os
celulares. Essas porções do espectro, já foram leiloadas pela
ANATEL e estão em operação. Há também porções O espaço não ocupado pelos PRBs dentro das bandas são
dedicadas à tecnologia Time Division Duplex (TDD) que relacionados às bandas de guardas, evitando assim
apresenta operações da Telefônica no Distrito Federal. Uma interferências entre operadoras [10].

287
Usar
19º a canalização
Simpósio dode3GPP
Brasileiro para decidir
Micro-ondas e Optoeletrônica 14º CongressoVários
a distânciae entre autores
Brasileiro definem as estatísticas
de Eletromagnetismo, de ocupação
8-12 de novembro de 2020 de
os pontos de leitura do analisador de espectro é fundamental, espectro em função do nível de potência recebida dentro de
pois, dessa forma, pode-se garantir a melhor “frequency bin” uma determinada banda (channel power). Assim, a forma de
para a tecnologia em estudo, evitando usar amostras fora das determinar se um canal está livre ou ocupado se dá através da
frequências de cada PRBs e forçando que cada PRB comparação da leitura do equipamento com um limiar de
contribua para a amostragem do sinal de downlink. decisão predefinido. Se o nível está acima do limiar mais
uma margem, o canal ou a faixa de frequência em questão é
A varredura da faixa de frequências deve ser com definida como ocupada, caso contrário o canal está livre. No
intervalo entre as medidas (“frequency bin”) de 100 kHz. caso do sistema LTE, dadas as suas características e a forma
Isso significa que o centro de frequências deve ser sempre como é determinada sua área de cobertura, a leitura do
um inteiro múltiplo de 100 kHz. A frequência da portadora equipamento deve ser tratada e o valor do RSRP calculado,
no uplink e no downlink é designada pelo número absoluto (já que o RSRP é uma média de todas as amostras dentro da
do canal de radiofrequência E-UTRA Absolute Radio banda da operadora) para então comparar com o limiar de
Frequency Channel Number (EARFCN) no intervalo de 0 a decisão.
65535. A relação entre a EARFCN e a frequência da
portadora em MHz para o downlink é dado pela seguinte Assim, não se pode afirmar nada sobre a frequência
equação [10]: selecionada na amostra, pois ela sozinha não representa a
tomada de decisão. Ou seja, se o RSRP estiver acima do
FDownlink = FDL_low + 0.1(NDL – NOffs_DL) padrão solicitado em norma, toda a banda da operadora é
considerada em uso, mesmo que algumas PRBs na banda
estejam abaixo do valor de referência.
Onde: FDL_low = 2620 e Noffs_DL = 2750, assim como o
intervalo EARFCN de NDL = 2750 até 3449. IV. REALIZAÇÃO DAS MEDIDAS DE ESPECTRO
As medidas foram realizadas no Laboratório de
C. Valores básicos RSSI e RSRP no LTE Propagação e Rádio Frequências (RF), no 4°andar, Escola de
Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF),
Niterói, Rio de Janeiro, no mês de março de 2020.
O Received Signal Strength Indicator (RSSI) é um
parâmetro que fornece informações sobre a potência total Usou-se o analisador de espectro Anritsu MS2692A (50
recebida em banda larga, incluindo todas as interferências e Hz – 26,5 GHz) com pré-amplificador interno no estado off,
ruídos térmicos. Na prática é o Channel Power na largura de antena omni-direcional AH-8000 banda larga 100 MHz a
banda do canal da operadora [11]. 3.300 MHz (3 dBi), amplificador de baixo ruído (LNA) com
14 dB, dois cabos coaxiais (0,3 dB/m) de pouco mais de 50
Vários autores, e notas técnicas, calculam o cm cada, que conectam a antena ao LNA e o LNA ao
Analisador, laptop com pacote MATLAB conectado ao
Reference Signal Received Power (RSRP) como a média da
analisador através de um cabo de rede e um no-break.
distribuição da energia do canal da operadora (RSSI) pelo
número de subportadoras [11]: Fig. 3. Setup das medidas do espectro de RF

RSRP (dBm) = RSSI (dBm) – 10 * log (12* n°PRBs).

D. Valores de referência para cobertura (aferição para


presença de sinal)

Afirmar que uma operadora está cobrindo ou não uma


área não é uma tarefa fácil. Porém, é de grande importância
para tentar cobrar e fiscalizar a qualidade dos serviços
prestados à população.
Antes de realizar as medições em laboratório, os Tendo em vista que a faixa TDD não apresenta uso no
parâmetros do analisador de espectro devem ser ajustados estado do Rio de Janeiro e que o uplink possui um uso muito
para que os níveis de sensibilidade definidos em norma pela
aleatório, devido à presença ou não de celulares nas
Agência Reguladora de Telecomunicações (ANATEL) ou
normas internacionais possam ser comparados. proximidades das medições, o estudo se concentra na faixa
de downlink para avaliar se existem possibilidades de
Ao avaliar a Portaria da Anatel n° 1718, de 07 de ocupações do espectro por um sistema de rádio cognitivo
dezembro de 2017, observa-se a utilização do critério de operando em caráter secundário.
cobertura baseado no conceito de RSRP. Dessa forma, pode-
se considerar que há sinal da operadora, ou que a operadora Deve-se ressaltar que as janelas de oportunidades
está cobrindo o local, se o nível de potência recebido espectrais no downlink automaticamente se refletem no
encontra-se entre os valores de RSRP = -102 dBm ou RSRP uplink, pois sem sinal da operadora, não existe a
= -110 dBm. possibilidade do assinante utilizar o uplink para realizar uma
chamada. Logo, o sistema cognitivo poderia ocupar tanto o
Além da portaria da ANATEL, o trabalho de [11] downlink como o uplink da operadora que apresenta a
apresenta valores mais restritivos de RSRP para determinar oportunidade de espectro, seja no tempo ou no espaço.
cobertura. Este trabalho, define que valores menores que -95
dBm geram níveis de qualidade de serviços inaceitáveis, Nesse estudo foram usados os limiares de decisão de
resultando em vazão próxima de zero [11]. RSRP iguais a -95 dBm, -102 dBm e -110 dBm. Dessa

288
forma, a escolha
19º Simpósio do ajuste
Brasileiro do RBW em
de Micro-ondas 10 kHz seguiu
e Optoeletrônica de 100
e 14º oCongresso kHz, tem-se
Brasileiro que o ponto 251
de Eletromagnetismo, 8-12(EARFCN = de
de novembro 2750)
2020é o
conceito de usar um piso de ruído em torno de 3 dB abaixo início da banda TIM-1. Porém, como no padrão LTE existe a
do menor limiar de decisão. O valor médio do piso de ruído banda de guarda informada na Tabela II, a primeira PRB da
de -112,9 dBm foi obtido através de 4 minutos de coleta de operadora será encontrada no ponto 256 (EARFCN = 2755),
amostras na faixa de 2595-2695 MHz, com 1001 pontos em a última PRB corresponderá ao ponto 346 (EARFCN =
cada amostra, ou seja, frequency bin de 100 kHz e o 2845) e o final da banda estará no ponto 351 (2850). Isso
analisador com uma carga casada de 50 Ω. garante, no mínimo, uma amostra por PRB de 180 kHz,
como pode ser visto na Figura 5.
Quanto maior a distância entre o valor médio do piso de
ruído e o limiar de decisão, melhor a precisão na tomada de Fig. 5. Detalhamento da banda da operadora TIM-1.
decisão, evitando um erro denominado de leitura falsa, ou
contaminada pelo ruído. Na Tabela III, tem-se as
porcentagens de erros geradas por diferentes separações de
limiares e valor médio do piso de ruído nas medidas [12].
Tabela III. Falsas leituras por distância do piso de ruído

Distância em dB 3 dB 5 dB 7 dB 10 dB
Taxa de falsas leituras 8,75% 1,22% 0,08% 0,0005%

Existe uma relação linear entre a taxa de ocupação e o


número de amostras requeridas para se alcançar um desejado
nível de confiança. Portanto, baixos níveis de ocupação
requerem muitas amostras, assim como altos níveis de
ocupação da banda pelo sinal da operadora vão requerer
menores quantidades de amostras. Dessa forma, usa-se a
primeira ordem da cadeia de Markov, para um nível de
confiança de 95% na tomada de decisão de ocupação [13]. As médias calculadas na Tabela IV levam em
Observa-se que aumentar a quantidade de amostras por consideração a largura de banda de cada operadora, através
hora nas medições passa a ser importante. Portanto, a escolha de uma média ponderada com largura total de downlink de
do VBW passa a ter um importante papel, afinal, esse valor 70 MHz.
pode alterar consideravelmente o tempo de varredura (tempo Tabela IV. Taxa de ocupação de espectro – 24 horas
de revisita), não alterando o valor do sinal da amostra, apenas
disponibilizando uma tela mais nítida no analisador de -95 dBm -102 dBm -110 dBm
espectro. Nesse trabalho, optou-se por RBW = VBW = 10 TIM_1 0% 0% 0%
kHz, gerando um tempo de revisita de 3,141 segundos. Vale
CLARO 0% 2,27% 49,48%
destacar que a redução ou aumento no número de pontos na
medida não reduzem ou aumentam o tempo de revisita, TIM_2 0,96% 29,99% 78,63%
apenas alteram o frequency bin, gerando mudanças no padrão
OI 9,37% 58,94% 92,35%
de 100 kHz.
VIVO 0% 0% 0,71%
V. RESULTADOS DAS MEDIDAS E ANÁLISES Média Ponderada (70MHz) 1,43% 13,35% 38,77%
Foram realizadas 27504 amostras para varredura da faixa
de 2595 a 2695 MHz, totalizando 24 horas de medidas, com
frequency bin de 100 kHz. Uma amostra do sinal coletado No segundo momento, avaliou-se hora a hora a variação
pode ser visualizado na Figura 4. da taxa de ocupação em relação aos valores obtidos na
Tabela IV, dividindo 27504 por 24 horas, gerando 1146
Fig. 4. Exemplo de amostragem da faixa 2595-2695MHz com 1001 pontos.
amostras/hora. Esse ordenamento dos dados pode ser
visualizado no gráfico da Figura 6. Infelizmente, as taxas da
operadora Vivo são baixas quando comparada com as demais
operadoras, tornando sua visualização difícil no gráfico, mas
no intervalo entre 00:37 as 06:37, os valores registrados
foram de 0%.
No caso da operadora Claro, observa-se que as taxas de
ocupação ficam abaixo da média diária no período de 00:37
às 07:37, sendo a que mais reduz as taxas de ocupação nesse
horário em relação ao seu valor médio de ocupação (50%),
com valor mínimo de 15,36%.
No caso da operadora Tim, na faixa que apresenta sinal
(Tim-2), observa-se que as taxas de ocupação ficam abaixo
da sua média diária (78,63%) no período de 23:37 às 08:37,
A faixa de TDD não será analisada, pois está sem com valor mínimo de 72,83%.
utilização no estado do Rio de Janeiro.
No caso da operadora Oi, observa-se que as taxas de
Vale destacar que, em uma amostra, o primeiro ponto ocupação ficam abaixo da sua média diária (92,35%) no
equivale a 2595 MHz. Dessa forma, seguindo o espaçamento período de 23:37 às 08:37, com valor mínimo de 84,03%.

289
Fig.19º
6. Simpósio
Avaliação Brasileiro
hora a horade
da Micro-ondas
taxa de ocupação com RSRP = -110
e Optoeletrônica oportunidades
dBmCongresso
e 14º para
Brasileiro de sistemas rádios8-12
Eletromagnetismo, cognitivos que de
de novembro poderiam
2020
operar com maiores taxas, nesses horários, em ambientes
indoor para o acesso à internet ou para utilização da faixa
com acesso aos dispositivos de Internet das Coisas (IoT) e
depois enviá-los pela rede móvel.

REFERENCIAS

[1] Bolin Chen, Jiming Chen, and Jie Zhang, “Scenario-Oriented


Small Cell Network Design for TE-LAA and WiFi
coexistence on 5GHz,” IEEE CAMAD, June 2017.
[2] 3GPP_TDRP-140808, “Review of regulatory
requirements for unlicensed spectrum,” Alcatel-Lucent,
Alcatel-Lucent Shanghai Bell, Ericsson, Huawei, Nokia and
Qualcom et al., June 2014.
[3] Report ITU-R M.2290-0, “Future spectrum requirements
estimate for terrestrial IMT,” December 2013.
[4] R. Tandra, S.M. Mishra and A.Sahai, “What is a
spectrum hole and what does it take to reconize one?” Proc.
IEEE, vol.97, pp.824-848, May 2009.
[5] A. Canavitsas, “Prediction of White Spaces for
Cognitive Radios: Methodology, Algorithms,
Simulation and Performance,” Ph.D. dissertation,
PUC/RJ, Rio de Janeiro, Brasil, September 2014.
[6] Report and Order FCC 15-47, “Amendment of the
VI. CONCLUSÃO Commission’s Rules with Regard to Commercial
Operations in the 3550-3650MHz band,” April 2015.
[7] Report GSA, “LTE in Unlicensed Spectrum: Trials,
No total, quatro campanhas de medições foram realizadas Deployments and Devices,” January 2018.
num ambiente indoor na faixa que vai de 2570 MHz até 2620 [8] Resolução 544 da ANATEL, Modificar a Destinação de
MHz. Para análise da ocupação de espectro não foi utilizado Radiofrequências nas Faixas de 2.170 MHz a 2.182 MHz e
o nível de potência recebida diretamente, mas sim o RSRP de 2.500 MHz a 2.690 MHz e republicar, com alterações,
que é uma média de todas as amostras dentro da banda da o Regulamento sobre Condições de Uso de Radiofrequências
nas Faixas de 2.170 MHz a 2.182 MHz e de 2.500 MHz a 2.690
operadora. Após o cálculo da RSRP, esta foi comparada com
MHz, Agosto 2010.
vários limiares de decisão para definir se o espectro está
[9] LTE_10A_Interface, Student Book – LZT 1238959R1A,
ocupado ou não. Das análises realizadas nestas condições, Ericsson, 2009.
podemos concluir que toda a faixa TDD (2570-2620 MHz) [10] 3GPP TS 36.104 V8.14.0, 3rd Generation Partnership Project;
pode ser utilizada e assim aumentar a eficiência de espectro Technical Specification Group Radio Access Network;
para uso de outros serviços, como os sistemas de rádios Evolved Universal Terrestrial Radio Access (E-UTRA); Base
cognitivos. São 50 MHz livres que representam 71% da atual Station (BS) radio transmission and reception, December
faixa de downlink de todas as operadoras reunidas. 2016.
[11] Kreher, R., Gaenger, K. LTE Signaling – Troubleshooting &
As taxas médias de ocupações de espectro, somente no Optimization. John Wiley and Sons, 2011.
downlink, representam inúmeras oportunidades para sistemas [12] Robin I. C. Chiang, Gerard B. Rowe, and Kevin W.
de rádios cognitivos. Considerando um limiar de RSRP = - Sowerby, “A Quantitative Analysis of Spectral
110 dBm, encontrou-se taxas de ocupação de 38,77 % por Occupancy Measurements for Cognitive Radio”, IEEE, 2007.
dia, dos 70 MHz da soma de todas as operadoras. Ou seja, [13] Recommendation ITU-R SM.1880-1, “Spectrum occupancy
em 61,23 % do dia, os 70 MHz estão livres. É importante measurement and evaluation”, August 2015.
observar que esse valor de RSRP é o mais restritivo, ou seja,
aquele que evita interferências em áreas cobertas pela BIOGRAFIAS
operadora móvel.
Diego Passos é doutor em ciência da computação pela Universidade
Como quantidade de espectro pode ser dobrada quando se Federal Fluminense em 2013, onde também se graduou e se tornou
considera o uplink nos mesmos instantes de disponibilidade mestre em ciência da computação em 2007 e 2009 respectivamente.
do downlink, chega-se a 140 MHz disponíveis durante 52902 Atualmente é professor nas turmas de graduação e pós-graduação no
segundos por dia. Considerando um sistema oportunista com departamento de ciência da computação da UFF.
eficiência de 1bit/s/Hz, isso pode incrementar o tráfego de Marilson Duarte Soares é doutorando em ciência da computação na
dados no ambiente indoor em 7,4 Terabits/dia. UFF, com mestrado em informática na UNIRIO em 2016, MBA na
USP em 2002, pós-graduação em administração industrial na USP em
Oportunidades de tráfego em ambientes indoor 1999, pós-graduação em análise de sistemas na PUC/RJ em 1997 e
considerando RSRP de -95 dBm ou -102 dBm podem engenharia de telecomunicações pela UFF em 1995. Apresenta
alcançar terabits/dia. experiências em engenharia, estratégia e regulamentação em empresas
como Siemens, Ericsson, Huawei, ZTE e TIM. E como professor na
A Figura 6 apresenta reduções nas taxas de ocupação de escola de engenharia da Estácio e UFF.
espectro de todas as operadoras, das 00:37 às 07:37,
colocando-as com taxas menores que os valores das médias Pedro Vladimir Gonzales Castellanos é doutor e mestre em engenharia
elétrica pela PUC/RJ em 2008 e 2003 respectivamente, e graduado em
diárias na Tabela IV. Causadas pela redução da potência engenharia de sistemas pela Universidade Francisco de Paula
transmitida na banda de cada operadora móvel. Santander em 2001. Atualmente é Professor do departamento de
telecomunicações da UFF, nos programas de graduação e pós-
Um impacto dessa atitude na potência de transmissão é a graduação. Suas áreas de interesse são eletromagnetismo, micro-ondas,
redução das áreas de coberturas e o aumento das propagação e antenas.

290
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Radio Propagação e Modelagem para uma Ponte


sobre o rio Tocantins para LTE
Alaim de Jesus Leão Costa, Thiago Eleuterio da Silva, Hugo Alexandre Oliveira da Cruz
Diego Kasuo N. da Silva, Leslye Estefania Castro Eras Laboratório de Computação e Telecomunicações – LCT
Faculdade de Computação e Engenharia Elétrica- UFPA
Belém-PA, Brasil.
UNIFESSPA
hugo.oliveira@itec.ufpa.br
Marabá-PA, Brasil.
alaim.costa23@gmail.com, thiago-eleuterio@hotmail.com,
diegokasuo@unifesspa.edu.br, lecastro@unifesspa.edu.br

Abstract—This paper describes a model of propagation loss for mesmas frequências em ambiente que envolva terrenos
the Long-Term Evolution (LTE) system on a bridge over the suburbanos e sobre rios. Com isso, as discussões sobre
Tocantins River in the city of Marabá-PA. Data on the received modelos de perda de propagação para várias faixas de
signal strength is obtained in a measurement campaign. A Neuro- frequências, tipos de trajetos, correções para perfis do terreno,
Fuzzy system is used to develop the proposed model. The studied
scenario is a region with the city and river, a very common
alturas das antenas transmissora e receptora entre outros são
environment in northern Brazil and, a few studied. An appropriate frequentes para adequação de novas tecnologias de
propagation model for LTE technology is of great importance to transmissão [5]-[8].
providing an efficient service, especially in a region of unique A seleção de um modelo de propagação de rádio adequado
climate and characteristics. The results confirm the applicability of para a tecnologia LTE é de grande importância para os
the proposed model with RMS error no greater than 2 dB. serviços de comunicação e de trafego de dados nas regiões do
norte do Brasil. No entanto, quando se trata de perda de
Keywords—Propagation Loss; Long-Term Evolution (LTE); propagação em ambientes de terra e rios, poucos modelos têm
Neuro-Fuzzy, Radio Propagation Over Bridges, Recovery Effect.
sido desenvolvidos como em [6] e [9-10]. Adicionalmente,
I. INTRODUÇÃO encontram-se poucos estudos de propagação sobre pontes,
como o descrito em [11].
Um modelo adequado de predição de propagação é Um modelo de propagação descreve o comportamento do
essencial para a cobertura móvel em cidades localizadas no sinal enquanto ele é transmitido e proporciona uma relação
entorno dos rios amazônicos, no qual o deslocamento de entre a distância transmitida pelo transmissor em direção ao
pessoas, bens e serviços se dará por meio de pontes trafegáveis receptor e a potência recebida. A partir dessa relação, pode-se
sobre regiões hidrográficas. A ponte de Marabá sobre o rio projetar a perda de potência no trajeto caminho e o máximo
Tocantins tem a função de permitir o cruzamento do transporte intervalo entre as células de transmissão. A perda de
ferroviário pela Estrada de Ferro Carajás e o cruzamento da propagação depende da condição do ambiente, frequência de
BR-155, sendo responsável pela ligação de cidades do sudeste operação e condições atmosférica [4]. Poucos trabalhos têm
paraense, como Marabá, até a costa norte brasileira [1]. Logo, demostrado que o uso de ANFIS (Redes Neuro Fuzzy) tem
a mobilidade nesse trajeto se dará em ambiente misto de sido eficaz na predição da intensidade do sinal, nas faixas de
cidade e rio. Com isso, um modelo adequado de predição de UHF e VHF [12-13]. Nestes trabalhos foram mostraram
propagação de dados móveis, nas estações bases, são cruciais ambientes outdoor, mas não incluía pontes sobre rio.
no planejamento de rádio propagação para esse cenário [2]. Este trabalho propõe um modelo de propagação em
O LTE é um dos sistemas de rádio frequência de celular ambientes misto de cidade e rio adequado para o sistema LTE.
mais importante baseado nos padrões desenvolvidos pelo Os dados são coletados através de uma campanha de medição
3GPP (3rd Generation Partnership Project). O sistema foi e organizados através de ferramentas computacionais. São
criado com a função de fornecer taxas de dados mais altas para apresentadas simulações de rede feita com o sistema Neuro-
aplicações de dispositivos móveis através da rede de rádio [3]. Fuzzy para predição da perda de percurso.
O LTE é também conhecido como a tecnologia de Acesso à Este artigo está dividido em cinco seções. Na seção II está
Rádio Terrestre UMTS Evolved (E-UTRA), tendo como descrita a campanha de medição realizada na ponte de Marabá
principal objetivo prover maior taxa de dados e escalabilidade sobre o rio Tocantins. Na seção III é exposto o
na largura de banda [4]. desenvolvimento do modelo de propagação utilizando rede
Com o avanço da tecnologia, o aumento do número de Neuro-Fuzzy. Na seção IV são apresentados os resultados da
usuários e novos serviços, faz-se necessário estudos de campanha de medição e, na seção V, as conclusões e
predição de propagação em redes sem fio. Tais estudos podem perspectivas de trabalhos futuros.
permitir o funcionamento adequado de sistemas de celular,
sem a interferência entre as células que venham a utilizar as

291
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. CAMPANHA DE MEDIÇÃO desenvolvimento do modelo de propagação com redes neuro-


fuzzy, devido a que os dados necessários para os cálculos
A. Cenário
foram os antes mencionados.
A Campanha de Medição foi realizada na cidade de Na recepção foi utilizado um celular Huawei PLITE 9, o
Marabá, a qual está situada na região do sudeste paraense, a mesmo que possui uma antena interna omnidirecional, com
554 km da capital do Estado [1], dentro da Região Amazônica. ganho de 2 dBi, com polarização circular. Para comprovar a
A cidade possui um clima tropical úmido e se encontra as polarização foram feitas medidas com o celular na posição
margens do rio Tocantins. As medições se concentram ao horizontal e vertical, e não foram observadas mudanças
longo da ponte que passa sobre o rio Tocantins [14], sendo este significativas. A unidade de recepção foi colocada dentro do
um trajeto misto composta por estrada sobre a terra com 600 m veículo, sendo assim a altura do receptor é de 1.28 m em
de comprimento e a ponte sobre o rio de 1.75 km de relação do nível do solo. A velocidade média do veículo de 40
comprimento, conforme mostrado na Fig. 1. O cenário de km/h. O software G-Net Track Pro [15] foi instalado no
medição, onde vários pontos de recepção foram coletados receptor, para fazer a coleta dos níveis da potência de recepção
sobre a ponte é apresentado na Fig. 2. Não foram considerados e das coordenadas de latitude e longitude.
os pontos de recepção perto do transmissor, localizado na
cidade, pois eles não fazem parte da ponte. C. Tratamento dos Dados Medidos
Após a campanha de medição, os dados coletados foram
organizados para calcular a distância entre o transmissor e o
receptor e o cálculo de perda de percurso [16], considerando
que foi medida a potência de recepção.
A distância horizontal, entre dois pontos, é calculada
usando a fórmula de Haversine [17], na qual usa a latitude e
longitude entre dois pontos em uma esfera, com raio R (neste
caso o raio da terra em metros), latitudes e
(respectivamente, receptor e transmissor), longitudes e
(respectivamente, receptor e transmissor). Os ângulos
são em radianos e a distância, , entre dois pontos
da esfera (neste caso o globo terrestre) é relacionada as suas
localizações. A fórmula (1) demonstra a equação utilizada.
Fig. 1. Percurso da campanha de medições.
)
O cenário de medição, onde vários pontos de recepção )
foram coletados sobre a ponte é apresentado na Fig. 2, em que: ) (1)
D é a distância do receptor e o transmissor; é a distância )
total horizontal e é a distância sobre a terra. ))

Com a distância horizontal ( ) entre a torre de


transmissão e os pontos de coleta de dados obtidos, foi
possível calcular a distância real entre a antena transmissora e
a antena receptora através do teorema de Pitágoras, como
mostrado na Fig. 3 a seguir.

Fig. 2. Cenário de medições.

B. Equipamento e coleta de dados


A antena transmissora está localizada após a ponte sobre o Fig. 3. Cálculo da distância real.
rio Tocantins, com se observa na Fig.2. A altura da antena é de
40 metros, possui um ganho de 15.5 dBi, a potência de Para o cálculo da distância real ( ), adaptou-se o
transmissão é de 40 dBm e a frequência de transmissão é de teorema de Pitágoras, através da diferença entre a altura
783 MHz. Estes dados foram fornecidos pela operadora, sendo do transmissor, de 40 m, a altura do receptor, de 1.28 m e
que o modelo da antena faz parte da confidencialidade de a distância de Haversive , deixando o teorema
dados dela. Não entanto isto não influencia no da maneira representada abaixo na equação (2).

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

) (2) gaussiana, que foi 5, o fator multiplicador 1,25, o raio de


Foram coletados dados de 234 pontos. Os valores da aceitação no agrupamento 0,5 e raio de rejeição 0,15.
distância real e a potência recebida são apresentados na Fig. 4. Para o desenvolvimento do modelo de propagação,
utilizou-se um total de 234 amostras. Estas amostras são a
potência recebida coletada na campanha de medição, que
posteriormente foram transformadas em perda de percurso. As
amostras foram misturadas aletoriamente e divididas em 3
grupos: 70 % para treino, 15 % para validação e 15 % para
teste. Para a criação do modelo baseado em uma rede Neuro
Fuzzy foi utilizado o software Matlab.
As entradas para a rede foram três: distância entre
transmissor e receptor, perda de espaço livre [16] e a distância
somente sobre a água. A saída da rede é a perda de percurso.
Estes parâmetros são detalhados a seguir:
Entradas:
 Distância entre transmissor e receptor: Esta
entrada permite que a rede possa diferenciar que o cenário
é um trajeto misto, devido a consideração da distância total
e posteriormente somente a distância sobre a água. Para
Fig.4. Gráfico da Distância e Potência Recebida, de todos os pontos coletados. calcular a distância entre transmissor e receptor, foi usada
a equação (1).
Pode-se observar o Recovery Effect [8], verificado em
trajetos mistos, a partir da distância de 1.6 km até 1.7 km  Perda por espaço livre: A maioria de modelos de
porque é observado um reforço do sinal, isto é, quando o sinal propagação tem como base a perda pela distância sem
passa da estrada para a ponte sobre o rio. Em seguida, em 1.8 considerar obstáculos. Isto porque as atenuaçãoes causadas
km, o sinal decresce devido à proximidade de um arco de pelo ambiente são adicionadas posteriormente, seja como
metal sobre a ponte, mostrado na Fig. 5. A proximidade com o fatores de correcão ou variáveis de atenuação, que
arco claramente causa somatório em contra fase do sinal. Por dependem do tipo de modelagaem. Neste estudo, a rede
outro lado, quando o receptor está posicionado de 1.9 km até 2 calculará os parâmatros adicionais de perda baseada nos
km, o sinal apresenta um acréscimo, justamente na frente do dados medidos usados para o treinamento. Esta metologia
arco de metal. poderia ser comparada a modelos como Close in [18] ou
Floating Intercept [19]. A perda de espaço livre é calculada
como a seguinte fórmula:

) ) (3)

onde:

Perda de percurso no espaço livre;


Distância entre transmissor e receptor em km;
Frequência em MHz.

 Distância somente sobre o rio: No caso de modelos


de propagação em trajetos mistos, estes consideram a
Fig. 5. Arco de ferro presente na ponte.
distância somente sobre a água, como se verifica nos
modelos clássicos como Okumura [20] e ITU-1546-5[21],
D. Redes Neuro Fuzzy
assim como também na modelagem com técnicas de
aprendizagem de máquina [22]. As distâncias usadas na
Um Sistema Neuro-Fuzzy (SNF) é um sistema híbrido e equação (4) podem ser observadas na Fig. 2.
constituído pela junção de duas técnicas de modelagem: as
Redes Neurais (RN) e a Lógica Fuzzy (LF). Essas técnicas (4)
combinadas tornam-se de grande interesse para aplicações onde:
principalmente na área de engenharia [7].
Neste trabalho foi usado o SNF do tipo Sugeno, método de Distância sobre o rio ou distância somente
treinamento híbrido, que combina Least Squares e Back sobre a água;
Propagation com Downward Gradient. Outros dados Distância horizontal total.
importantes são o valor do raio de influência da base da função

293
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Distância sobre a terra. onde:


Saída: para d < 20 km (6)
 Perda de percurso: Usando as entradas antes
mencionadas e o treinamento da rede, é possível obter a
( ) (7)
predição da perda de percurso para um trajeto misto que
considera cidade e rio. Para calcular a saída foram feitas onde:
várias simulações com diferentes números de iterações. A : Correção da ERP, porque o modelo é feito para 1 Kw de ERP (8)
rede que obteve melhores resultados precisou de 1000
iterações, isto porque o parâmetro de avaliação para O erro RMS obtido é de 2 dB entre os dados medidos e os
selecionar a rede Neuro Fuzzy foi o erro médio quadrático dados preditos pelo modelo proposto, o que indica que o
(ERMSE), sendo selecionada a rede que obteve o menor modelo apresenta um bom desempenho para uma ponte sobre
valor de ERMSE. o rio. Outros trabalhos apresentaram erros de 3 a 3.7 dB para
trajetos sobre pontes como detalha em [11], embora esta ponte
não foi sobre o rio, porém permite reforçar a ideia de que o
III. RESULTADOS modelo de propagação proposto é válido e fiável para o
cenário no qual foi desenvolvido.
A precisão do modelo proposto é avaliada na comparação Adicionalmente, na Fig. 6 é mostrado que a partir da
dos dados medidos no entorno da ponte e os dados preditos distância de 1.5 km até 1.7 km, os dados medidos mostram o
pela rede Neuro Fuzzy. É importante mencionar que os dados Recovery Effect, que se produz ao passar da estrada para a
de teste são totalmente desconhecidos pela rede. Estes dados ponte. Tal efeito é acompanhado pelo modelo proposto. Uma
estão ilustrados na Fig.6, sendo que os vermelhos são dados da segunda característica do sinal que é acompanhada pelo
rede e os pontos da cor preta é o modelo proposto para a rede. modelo é diminuição da perda em 1.9 km na frente do arco de
Pode-se observar que há coerência entre os dados medidos e os metal sobre a ponte que se observa na Fig. 4. A partir da
dados preditos, mostrando que a técnica de Redes Neuro Fuzzy distância de 2 km o sinal diminui com a distância.
é satisfatória para a elaboração de modelos de propagação, no Na fig. 6 são apresentados os resultados entre o modelo de
entanto, está limitado para o cenário no qual foi criado. Okumura misto, suburbano e o modelo proposto em cenário
de cidade e rio. O modelo proposto se apresenta como uma
importante alternativa para ambientes de cidade e rio, pois tem
a menor perda de percurso se comparado aos demais modelos
presentes na figura conforme é mostrado na Tabela I.

TABELA I – ERRO RMS DOS MODELOS

Modelo Erro RMS


Okumura-Hata Suburbano 16.95
Okumura-Hata Misto 13.14
Modelo Proposto 1.98

IV. CONCLUSÃO

Para avaliação dos resultados obtidos no método de


predição de perda de propagação sobre a ponte de Marabá no
Rio Tocantins, a métrica utilizada para avaliar o modelo de
Fig. 6. Gráfico dos dados medidos, modelo proposto, modelo Okumura-Hata propagação foi o erro médio quadrático. Dessa forma, o
Suburbano e modelo Okumura-Hata para trajeto misto.
modelo proposto conseguiu predefinir a perda de percurso
com um erro de RMSE 1.98 dB.
O modelo Okumura-Hata é originalmente usado em Os resultados da predição de perda de percurso no trajeto
ambientes urbanos, mas pode ser adaptado para cenários misto estrada sobre terra e ponte sobre o rio, foram obtidos
suburbanos. As equações (4) e (6) mostram os cálculos de através do processamento dos dados no sistema Neuro-Fuzzy.
perda de percurso utilizados para o modelo Okumura-Hata Com isso, os resultados foram consistentes para um sistema de
para ambientes urbanos e suburbanos, respectivamente. comunicação móvel no cenário tipicamente amazônico, pois
conseguiram acompanhar os dados medidos com menor perda
) ) de percurso e dessa forma, torna-se essencial para atender de
) ) ) (5) forma satisfatório o sistema (LongTerm Evolution) LTE em
)) ) ambientes não homogêneos.

294
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Adicionalmente, como forma de otimização do sistema de [11] Guan. K, Zhong. Z, Ai. B, Kürner. T, "Propagation measurements and
modeling of crossing bridges on high-speed railway at 930 MHz", IEEE
comunicação, faz-se necessário novas propostas de medição Transactions on vehicular technology, vol. 63, no. 2, February 2014.
para o aprimoramento de estudos de perda de propagação para [12] Faruk, N., Popoola, S. I., Surajudeen-Bakinde, N. T., Oloyede, A. A.,
adequação de novas tecnologias, como a LTE-Advanced e o Abdulkarim, A., Olawoyin, L. A., ... & Atayero, A. A. (2019). Path Loss
5G. Adicionalmente, para trabalhos futuros serão consideradas Predictions in the VHF and UHF Bands within Urban Environments:
as características do rio Tocantins, visto que o mesmo tem Experimental Investigation of Empirical, Heuristics and Geospatial
Models. IEEE Access, 7, 77293-77307.
uma variação de nível do rio de até 10 m.
[13] Cruz, H. A. O., Nascimento, R. N. A., Araujo, J. P. L., Pelaes, E. G., &
Cavalcante, G. P. S. (2017, August). Methodologies for path loss
prediction in LTE-1.8 GHz networks using neuro-fuzzy and ANN.
AGRADECIMENTOS In 2017 SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and
Optoelectronics Conference (IMOC) (pp. 1-5). IEEE.
Os autores gostariam de agradecer ao PIBIC / CNPq /
[14] Agência Nacional de Água, Disponivel em:
FAPESPA-2019/2020 (EDITAL PROPIT 06/2019 - PIBIC / <https://www.ana.gov.br/sala-de-situacao/tocantins/saiba-mais-
CNPq / FAPESPA) pelo apoio prestado às pesquisas tocantins>, Acessado em março de 2020.
realizadas neste artigo. [15] Gyolov Solutions. G-Net Track Manual
<https://www.gyokovsolutions.com/G-
NetTrack%20Android.html>Acessado em março de 2020.
REFERÊNCIAS [16] T. William, K. Shanmuan, S. Rappaport, K. Kurt, Principles of
communication systems simulation with wireless applications, s. 16,
Upper Saddle River, 2004.
[1] F. Schnaider, T. Schnaider, "Ponte mista de Marabá", Disponivel em:
[17] H. Charles, Versines and haversines in nautical astronomy, Disponível
<https://www.flickr.com/photos/tsomineiro/5873829601/>. Acessado
em março de 2020. em: <https://www.cambridge.org/core/services/aop-cambridge-
core/content/view/S0373463300029337>, Acessado em maio de 2020.
[2] S.Nkordeh, “LTE Network Planning using the Hata-Okumura and the
COST-231 Hata Pathloss Models” World Congress on Engineering, [18] F. Anderson, S. J. Arismar, "Caracterização da Perda de Percurso Indoor
London, 2014. De Redes 5g Em Ondas Milimétricas" XXXV Simpósio Brasileiro De
Telecomunicações E Processamento De Sinais – Sbrt2017, 3-6 De
[3] M. Suneetha, S. Behara, K. Suresh, "Comparison of standard Setembro De 2017, São Pedro, SP
propagation model (SPM) and Stanford University Interim (SUI) Radio
[19] S. Sun et al., "Investigation of Prediction Accuracy, Sensitivity, and
propagation models for long term evolution (LTE)", Department of
Parameter Stability of Large-Scale Propagation Path Loss Models for 5G
ECE, Chaitanya Engineering College Visakhapatnam, A.P. INDIA.
ISSN: 2278-7844, INDIA 2012. Wireless Communications,” IEEE Transactions on Vehicular
Technology, vol. 65, no. 5, pp. 1-18, May 2016.
[4] N. Shabbir, M. Sadiq, H. Kashif, R. Ullah, "Comparison of radio
propagation models for long term evolution (lte) network", International [20] Y. Okumura, E. Ohmori, T. Kawano, “Field strength and its variability
Journal of Next-Generation Networks (IJNGN) Vol.3, No.3, September in VHF and UHF land-mobile radio service,” Rev. Elec. Commun. Lab,
2011. 1968, 16(9): 825-73.
[21] Method for point-to-area predictions for terrestrial services in the
[5] P. Muñoz, O. Sallent, P. Romero, "Self-Dimensioning and Planning of
frequency range 30 MHz to 3 000 MHz. RECOMMENDATION ITU-R
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[6] Y. Junyi, W. Chen, B. Zhang, J. Zhang, "4G TD-LTE Radio coverage [22] A. D. S. Braga et al.: "Radio Propagation Models Based on Machine
model optimization design under complex inland river environment", Learning Using Geometric Parameters for a Mixed City-River Path"
The 3rd International Conference on Transportation Information and IEEE ACESS publication July 29, 2020.
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[7] R. Jang, "Anfis: Adaptive-network based fuzzy infeence system", IEEE
Trans.on systems, man, and cybernetics, 23 (03):665-685, may, 1993.
[8] L. Carter, T.Maclean, “Recovery effect in cellular radio systems”, IEEE,
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[9] Eras, L. E. C., da Silva, D. K., Barros, F. B., Correia, L. M., &
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Paths in Amazon Environments for the UHF Band. Wireless
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[10] da Silva, D. K. N., Eras, L. E. C., Moreira, A. A., Correia, L. M., Barros,
F. J. B., & dos Santos Cavalcante, G. P. (2018). A Propagation Model
for Mixed Paths Using Dyadic Green's Functions: A Case Study Over
the River for a City–River–Forest Path. IEEE Antennas and Wireless
Propagation Letters, 17(12), 2364-2368.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Aplicação dos Modelos Ocultos de Markov na


Modelagem do Canal Rádio Móvel

Leonardo G. Ribeiro, Leni J. Matos e Edson Cataldo


Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Engenharia Elétrica e de Telecomunicações - PPGEET
Universidade Federal Fluminense
Niterói, Brasil
leogr84@gmail.com, lenijm@id.uff.br e ecataldo@id.uff.br

Resumo— O objetivo deste trabalho é aplicar Modelos disponível. Assim, este trabalho propõe inovar na modelagem
Ocultos de Markov na modelagem do canal rádio móvel indoor do canal rádio móvel indoor, através de HMMs cujas entradas
faixa larga, usando parâmetros de dispersão temporal do sinal são parâmetros de dispersão do canal.
calculados através do processamento dos dados obtidos em
medições realizadas no canal. Os resultados mostram a Na continuação, a Seção II descreve, de maneira sucinta, a
viabilidade técnica desta modelagem podendo ser estendida a caracterização teórica do canal. A Seção III aborda os cenários
outras situações. e técnicas de medição utilizados para a obtenção dos
parâmetros de dispersão do canal. Na Seção IV é tratada a
Palavras-Chave— Modelagem do canal rádio móvel; modelos
conceituação e aplicação de HMMs na modelagem do canal e
ocultos de Markov; parâmetros de dispersão temporal; sondagem
do canal rádio móvel.
seus resultados, com a conclusão do artigo sendo apresentada
na Seção V.
I. INTRODUÇÃO
II. CARACTERIZAÇÃO DO CANAL RÁDIO MÓVEL
O crescente avanço de tecnologias e do número de
usuários de telefonia móvel tem tornado necessário, nos A. Funções do Canal
últimos anos, um estudo mais apurado do comportamento do Um canal rádio móvel pode ser descrito pela resposta a um
canal rádio móvel (CRM) e no sinal que por ele se propaga. impulso aplicado num instante t, devido a uma excitação
Ano após ano, são discutidas novas soluções com o objetivo impulsional aplicada há τ segundos, que representa o retardo
de dimensionar corretamente esses canais, tornando-os cada com que este percurso é percebido. Essa função do canal é
vez mais eficientes. Com o alvo nos sistemas de banda larga representada no domínio do tempo e retardo (t;). Por
5G, de quinta geração, este trabalho apresenta a caracterização transformação de Fourier, tal função pode ser representada em
experimental do CRM em banda larga para ambiente indoor. outros três domínios: tempo e frequência (t;f), Doppler e
A partir dos dados, são determinados os parâmetros de retardo frequência (;f) e Doppler e retardo (;) [9].
médio e espalhamento de retardo, relativos à dispersão
temporal do sinal no canal indoor para, posteriormente, serem Na prática, o canal rádio móvel funciona como um sistema
utilizados na modelagem do canal através da aplicação dos aleatório e variável no tempo e a função que o representa não é
determinística, mas um processo estocástico. Assim, são
Modelos Ocultos de Markov (HMM).
utilizadas funções de autocorrelação das funções do sistema,
Há quantidade razoável de artigos e registros de pesquisa obtendo-se funções de autocorrelação do sinal de saída a partir
sobre a caracterização do CRM ou outros assuntos atinentes às do sinal conhecido na entrada. Como as autocorrelações de
comunicações por radiofrequência (RF), que envolvem a multivariáveis demandariam cálculos complexos, considera-se
teoria de Cadeias de Markov, como em [1], [2], [3] e [4]. Há, o canal como WSSUS, ou seja, estacionário no sentido amplo
também, estudos utilizando, especificamente, HMMs para com espalhadores descorrelacionados [9]. Assim, em canais
estimar as estatísticas do desvanecimento de um sinal de WSSUS, a função de autocorrelação de saída do canal é o
comunicações medido, ou seja, uma caracterização em faixa próprio perfil da distribuição dos retardos, P(), da potência
estreita [5]. Outros relevantes trabalhos envolvendo aplicações recebida, quando a entrada é impulsiva, ou seja:
de HMM são: a modelagem de rádio-localização com e sem P() = |h()|2| (1)
linha de visada [6]; classificação de canais de redes móveis
[7]; ou mesmo simulação de um canal celular de 3ª geração, onde h() é a resposta ao impulso instantânea do canal.
do tipo Wideband Code-Division Multiple Access (WCDMA)
[8]. Ocorre, entretanto, que o emprego do HMM na B. Parâmetros de Dispersão Temporal
modelagem de canal, fazendo uso de seus parâmetros de São aqui definidos os dois parâmetros a serem usados na
dispersão faixa larga, ainda não foi observado na literatura modelagem do canal [9]:

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

 Retardo Médio – tempo médio de ocorrência dos N – 1 O ambiente escolhido para a realização das medições foi o
primeiros multipercursos do sinal, que partiram do hall de entrada do já mencionado Bloco D da Faculdade de
transmissor em um determinado instante de tempo t e Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF) [10]. A
que alcançam o receptor em instantes de tempo Fig. 2 descreve o ambiente de medições, onde TX representa o
(retardos) τi. transmissor do sinal e RX1 a RX7 são as posições de recepção
do sinal.
∑𝑁−1
𝑖=1 𝜏 𝑃ℎ (𝜏𝑖 )
𝜏̅ = (2)
∑𝑁−1
𝑖=0 𝑃ℎ (𝜏𝑖 )

SOBE
2,55m
 Espalhamento de Retardo – corresponde ao desvio- RX2
padrão da função densidade de probabilidade (f.d.p.) Corredor

5,45m

5,8m
que caracteriza o tempo de chegada dos multipercursos
que atingem o receptor, a partir do impulso em t = 0 3,1m TX 9,65m 4,5m
RX1
Bloco D

4,65m
∑𝑁−1 2
𝑖=1 (𝜏𝑖 − 𝜏̅) 𝑃ℎ (𝜏𝑖 )

5m
𝜎𝑇 = √ 𝑁−1
(3)
∑𝑖=0 𝑃ℎ (𝜏𝑖 ) RX3
Hall

3,2m
Pilastra

2m
Parede de tijolos vazados
RX5 3,2m 3,2m
RX6
III. CENÁRIO E SISTEMA DE MEDIÇÕES RX4
Banco de Pedra

6,6m
DESCE
A. Cenário de Medições
Poste
Pilastra
Jardim Jardim
As medições foram realizadas no prédio da Escola de em Ponto 1 2 3 4 5 6 em

Engenharia, Bloco D da UFF, à noite, de maneira que houvesse


declive 7 declive
RX7

menor contaminação dos dados medidos devido ao movimento

8,6m
das pessoas, durante cada varredura de sinal na faixa escolhida Ponto 36

SOBE
de 960 a 1710 MHz. As medidas foram tomadas em visada
direta e submetidas à técnica de limpeza de perfil CFAR [10].
Esta técnica pressupõe um valor de patamar de ruído igual à Bloco E
diferença entre valores medianos das amostras e o desvio- Fig. 2. Planta baixa do ambiente de medição [14].
padrão dos níveis de ruído térmico (suposto, nesse caso,
gaussiano), somada a uma margem de guarda, que separa
B. Técnica de Sondagem e Sistema de Medição
níveis de ruído impulsivo dos multipercursos válidos [11].
A técnica de varredura [9], que realiza a sondagem no
O ambiente caracterizado foi do tipo indoor. As medidas domínio da frequência, varreu a banda de 960-1710 MHz em
foram obtidas utilizando-se um grid de 36 posições, como 1601 amostras de frequência. Um analisador vetorial de rede
mostra a Fig. 1, distanciados de tal forma que as 36 funções de foi utilizado como transceptor para a aquisição das amplitudes
canal obtidas estejam descorrelacionadas. Segundo Parsons e fases nos 36 pontos discretos de cada grid, excitando-se uma
[10], a distância de 0,38 λ entre dois sinais medidos se constitui portadora senoidal sobre tais pontos. A medição desta banda
no primeiro nulo de correlação entre eles. Como a faixa de em vários pontos do ambiente permite a determinação da
frequência sondada varia de 17,54 cm na frequência superior função T(f;t), que representa a resposta em frequência
(1710 MHz) a 31,25 cm (960 MHz) na frequência inferior, impulsional do canal ao longo do tempo, sendo chamada
verifica-se que 0,38 λ desses valores fornecem 6,7 cm e 11,9 também função seletividade [9].
cm, respectivamente, portanto o espaçamento de 15 cm entre
os pontos do grid é suficiente para assegurar a descorrelação A Tabela I apresenta as principais características dos
entre os sinais medidos. equipamentos empregados nas medições.

TABELA I. ESPECIFICAÇÕES DO SISTEMA DE SONDAGEM.


Parâmetro Valor
Faixa de Frequência 960 a 1710 MHz
Largura de Banda 750 MHz
Espaçamento em Frequência entre amostras - Δf 0,46875 MHz
Número de Amostras Varridas 1601
Resolução Temporal - Δτ 1,33 ns
Retardo Máximo – τMAX 2133 ns
Tempo de varredura 696 ms
Potência de Transmissão 10 dBm
Ganho do LNA 25 dB
Ganho das Antenas 2,14 dBi

Realizada a sondagem, foi desenvolvida programação em


Fig. 1. Grid de 6 x 6 pontos [14]. MATLAB® para realizar todo o processamento dos dados

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

coletados, incluindo a limpeza do perfil de retardo de potência, No caso do objeto de estudo deste trabalho, os observáveis
utilizando a já descrita técnica CFAR. A partir dos valores assumem valores dentro de um espaço contínuo, e são
obtidos para a resposta de amplitude e fase do sinal, e representados por funções de densidade de probabilidade
aplicando-se a transformada inversa de Fourier, no domínio da (f.d.p.). O modelo probabilístico considerado será o que
frequência, é obtida a resposta impulsiva do canal h(t;) e, chamamos de mistura de gaussianas; isto é, a combinação
finalmente, é possível traçar o perfil de potência de retardo linear de funções densidade de probabilidade gaussianas.
complexo para o canal de banda larga em questão, no ambiente Dessa forma, o objetivo será determinar os coeficientes da
de medições considerado. Como resultado final, são calculadas combinação linear e, também, os parâmetros das gaussianas
as estatísticas de retardo médio e espalhamento de retardo do envolvidas [14].
sinal para todos os pontos de todos os grids.
Podemos dizer que um modelo HMM contínuo é
Para exemplificar, foi utilizado o perfil 25 do grid do ponto
completamente caracterizado pelo conjunto:
de medição RX1, representado pela Fig. 3.
𝜆 = {𝑄, 𝑉, 𝛑, 𝐀, 𝑩}; (4)
onde:
 Q: conjunto dos N estados do modelo;
 V:conjunto dos símbolos de saída;
 π: vetor das probabilidades iniciais de estado;
 A: matriz de probabilidades de transição entre estados;
 B: conjunto das distribuições de probabilidade de
emissão dos observáveis (O).

B. Aplicação à Modelagem do Canal


Para a modelagem, a técnica deve resolver dois problemas
Fig. 3. Perfil de Potência de Retardo, ponto RX1, posição 25. básicos:
Adicionalmente, para cada um dos grids de medição de Problema 1:
sinal, foi traçada a função de densidade de probabilidade para Determinar a probabilidade de uma dada sequência de
cada um dos grids de medição de sinal e foi possível verificar observáveis O = (o1, o2, ..., oT) ser gerada por um modelo λ
que a distribuição normal, em geral, ficou bem ajustada ao específico de forma computacionalmente eficiente, ou seja, um
espalhamento de retardos, entretanto, a distribuição não algoritmo para calcular P(O| λ), chamada de verossimilhança.
paramétrica foi a de melhor ajuste tanto para este parâmetro Solução: Algoritmo Forward [15], englobando:
quanto para o retardo médio, como se vê na Fig. 4.
 Inicialização:
𝛼1 (𝑖) = 𝜋𝑖 𝑏𝑖 (𝑜1 ) (5)
 Indução:
𝑁

𝛼𝑡+1 (𝑗) = [∑ 𝛼𝑡 (𝑖)𝑎𝑖𝑗 ] 𝑏𝑗 (𝑜𝑡+1 ) (6)


𝑖=1
 Finalização:
𝑁

𝑃(𝑂|𝜆) = ∑ 𝛼 𝑇 (𝑖) (7)


𝑖=1
Fig. 4. F.d.p.’s dos retardos médios e dos espalhamentos de retardo do grid 1. Problema 2:
Dada a sequência de observáveis O, determinar os
IV. MODELOS OCULTOS DE MARKOV E APLICAÇÃO À parâmetros do modelo λ = {Q, V, π, A, B} de modo a
CARACTERIZAÇÃO DO CANAL maximizar a probabilidade P(O|λ) (verossimilhança). Isso
consiste em fazer o modelo se adaptar ao padrão da sequência
A. Conceituação O, chamada de sequência de treinamento, uma vez que é
utilizada para treinar o HMM.
Um modelo oculto de Markov (Hidden Markov Model – Solução: Algoritmo Baum-Welch [15], compreendendo:
HMM) representa um par de processos estocásticos que
seguem a propriedade de Markov. Um dos processos é oculto,  Inicialização: determinação dos valores iniciais de π, A
descrevendo o fenômeno em questão, e o outro consiste dos e B e da quantidade de iterações a serem realizadas na
observáveis que permitem a modelagem probabilística do segunda etapa;
fenômeno [12]. Os observáveis são variáveis aleatórias com  Treinamento: é realizado o cálculo em cada iteração, a
domínio nos estados da cadeia de Markov [13]. partir dos valores atuais dos parâmetros A, B e π e da
sequência O. No caso contínuo, esses parâmetros são
adaptados, de modo que seja possível empregar as

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

misturas gaussianas adequadamente para o treinamento amostras; e 4. valores de validação – a outra metade
do modelo HMM em questão. desta porção de amostras.
Em seguida, é estimada uma função de densidade de
C. Uso dos Parâmetros de Dispersão no HMM probabilidade (f.d.p.) para um vetor de valores de log-
Uma vez definida a metodologia para obtenção do modelo, verossimilhanças. São calculadas 14 f.d.p.’s, sendo uma para
é necessário enquadrar os parâmetros de dispersão nas cada região.
variáveis correspondentes do HMM.
O cálculo dos limiares, que correspondem aos valores de
O conjunto Q consiste de dois estados, sendo cada um deles log-verossimilhanças de referência de cada região, é o próximo
dado por um grid de recepção do sinal, denotados por RX1, passo. Valores encontrados acima do limiar são as log-
RX2, ..., RX7. verossimilhanças válidas, consideradas pertencentes à região
Os parâmetros de dispersão do sinal rádio, representados do HMM que está sendo considerado. Na Tabela II, quatro
pelo retardo médio e espalhamento de retardo, atuam como os métodos são definidos para o estabelecimento dos limiares
observáveis do conjunto V. [17].

O vetor π das probabilidades iniciais de estado do modelo é TABELA II. MÉTODOS PARA ESCOLHA DOS LIMIARES
determinado a partir dos parâmetros de retardo médio e Limiares Especificação
espalhamento de retardo calculados para cada um dos 36 média aritmética simples entre a médias das log-
pontos das sete regiões de medição. 1. Média das Médias verossimilhanças da região em questão e das log-
verossimilhanças de outras regiões
A matriz A de probabilidades de transição entre estados é
a média das log-verossimilhanças da região em
obtida com base na variação dos valores dos parâmetros de questão é multiplicada pelo desvio-padrão das log-
dispersão, entre pontos iguais (1 a 36, segundo a Fig. 1) de verossimilhanças das demais regiões. Também são
regiões RX vizinhas, conforme definido na Fig. 2. 2. Média Cruzada
multiplicados os valores da média das log-
verossimilhanças das demais regiões pelo desvio-
O próximo passo corresponde ao real objetivo deste padrão das log-verossimilhanças da região em
trabalho, que é a capacidade, com base nas ferramentas questão. Em seguida, é calculada a média aritmética
computacionais disponíveis, de dimensionar os conjuntos de simples dos dois valores obtidos
distribuições de probabilidades de emissão de observáveis B do 3. Percentil P20 das o limiar é posicionado de modo a ser maior que 20%
log-verossimihanças das log-verossimilhanças do conjunto
modelo. Cada conjunto B é comparado com valores limiares de
log-verossimilhança (o logaritmo aplicado a P(O| λ), como o limiar separa, à sua esquerda, 20% da área sob a
4. Percentil P20 das
f.d.p. das log-verossimilhanças e, à sua direita, os
exige o modelo) de modo que seja atestada a eficácia da f.d.p.’s
demais 80%
sondagem realizada, além de permitir a predição do
comportamento do canal. Dessa forma, é possível construir um
Estabelecidos os limiares e as f.d.p.’s, são construídos 14
modelo (HMM) para o canal. Todos os algoritmos foram
gráficos, um para cada região. Cada gráfico contém 14 funções
desenvolvidos em MATLAB® [16].
de densidade de probabilidade, aplicadas ao HMM de cada
Inicialmente, foi necessário adequar os dados obtidos na região em questão, além dos quatro limiares de log-
sondagem de canal de acordo com o funcionamento dos verossimilhança. A f.d.p. do vetor de log-verossimilhanças da
toolboxes do MATLAB. Por isso, foi definida uma matriz região em questão é representada por uma linha cheia.
tridimensional, cujas dimensões são:
O último passo é verificar a eficácia dos limiares, através
a) 1ª dimensão: parâmetros obtidos na sondagem do da elaboração de alguns testes que relacionam os limiares com
canal – retardo médio e espalhamento de retardo; as log-verossimilhanças, descritos na Tabela III [17]:
b) 2ª dimensão: os sete pontos onde foram obtidos os
parâmetros da 1ª dimensão – RX1 a RX7; e TABELA III. TESTES PARA CLASSIFICAÇÃO DAS LOG-VEROSSIMILHANÇAS
c) 3ª dimensão: 36 pares de parâmetros aleatórios, Resultado Explicação
montados através de um chamado vetor de índices
Verdadeiro a log-verossimilhança era da região em questão e ficou acima
aleatórios, de 𝜏̅ e 𝜎𝑇 , de uma região, concatenado com Positivo do limiar (deveria aceitar e aceitou)
o de uma região vizinha, nos sentidos direto e inverso. Falso a log-verossimilhança era da região em questão e ficou abaixo
Negativo do limiar (deveria aceitar, mas rejeitou)
Cada um desses pares foi definido como sendo uma região,
totalizando 14 regiões. Assim, foram definidas 14 matrizes Verdadeiro a log-verossimilhança era de outra região e ficou abaixo do
Negativo limiar (deveria rejeitar e rejeitou)
tridimensionais.
Falso a log-verossimilhança era de outra região e ficou acima do
A etapa subsequente foi estabelecer as proporções de Positivo limiar (deveria rejeitar, mas aceitou)
matrizes usadas para treinamento e teste dos HMMs. Foram
estabelecidas as seguintes proporções: D. Resultados
a) 50% das amostras – Treinamento do HMM; e Os resultados da aplicação do modelo HMM aos
b) 50% das amostras – dados para teste, englobando: 1. parâmetros estatísticos do canal podem ser analisados sob dois
cálculo das log-verossimilhanças; 2. retirada de aspectos. O primeiro deles diz respeito à análise gráfica das
outliers (log-verossimilhanças discrepantes); 3. f.d.p.’s das log-verossimilhanças, comparadas com os limiares
cálculo dos limiares – metade desta porção de calculados. Isso possibilita determinar o melhor limiar para o

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modelo, ou seja, aquele que posiciona a f.d.p. das log- AGRADECIMENTOS


verossimilhanças da região em questão o máximo possível à Ao Prof. Dr. Pedro Castellanos, professor do Programa de
sua direita. Tomando como exemplo a região 1-2, tem-se o Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Telecomunicações
gráfico das f.d.p.’s das log-verossimilhanças mostrado na Fig. (PPGEET-UFF), por seus valiosos comentários para o trabalho
5. proposto; à pesquisadora Carla Schueler, M.e.; ao engenheiro
O segundo método de análise dos modelos HMM Felipe Silveira; e aos demais colegas do Laboratório de
corresponde à verificação de testes dos limiares. Nessa Propagação da UFF (LaProp) por seu apoio durante o trabalho.
situação, as log-verossimilhanças calculadas são submetidas às
classificações de seu posicionamento em relação aos limiares, REFERÊNCIAS
definidas ao final do item V. Nas conclusões, a Tabela IV [1] C. N. Devanarayana, e A. S. ALFA, "Proactive channel access in
mostra as matrizes de confusão para cada limiar, na região 1-2. cognitive radio networks using statistical radio environment maps",
EURASIP Journal on Wireless Communications and Networking, no.
88, 2015.
[2] D. Arndt, A. Ihlow, A. Heuberger, R. Prieto-Cerdeira e E. Eberlein,
"State modelling of the land mobile propagation channel for dual-
satellite systems", EURASIP Journal on Wireless Communications and
Networking, no. 228, 2012.
[3] F. Babich, G. Lombardi, "A Markov model for the mobile propagation
channel", IEEE Transactions on Vehicular Technology, vol. 49, no. 1,
2000.
[4] M. Chu, D. L. Goeckel, "On the design of Markov models for fading
channels", IEEE VTS 50th Vehicular Technology Conference, 1999.
[5] A. Jain, P. D. Vyavahare e L. D. Arya, "A survey of fading models for
mobile radio channal characterization", International Journal of
Engineering and Technology, vol. 2(1), 2010, pp. 7-15.
[6] C. Morelli, M. Nicoli, V. Rampa e U. Spagnolini, "Hidden Markov
Models for Radio Localization in Mixed LOS/NLOS Conditions", IEEE
Transactions on Signal Processing, vol: 55, 2007, pp. 1525-1542.
[7] R. Boujbell, "Channel Classification with Hidden Markov Models in
Mobile Networks", Athens Journal of Technology & Engineering, 2015.
Fig. 5. Gráfico das f.d.p.’s das log-verossimilhanças para a região 1-2.
[8] A. Umbert e P. Diaz. "A radio channel emulator for WCDMA, based on
the Hidden Markov Model (HMM)", Vehicular Technology Conference,
V. CONCLUSÕES IEEE 38th, vol.5, February 2000, pp. 2173-2179.
A partir da observação da Fig. 5, pode-se perceber que o [9] J. D. Parsons, Wideband Channel Characterization - The Mobile Radio
Propagation Channel, Inglaterra: John Wiley & Sons Ltd, 2000, 418 p.
limiar 3 (Percentil P20 das log-verossimilhanças) é o mais cap. 6, pp. 164-189.
efetivo na identificação das log-verossimilhanças pertencentes [10] C. F. Souza. "Análise da dispersão temporal de canais de banda
à própria região do HMM em que foram aplicadas. ultralarga (UWB) através de medidas realizadas em ambientes internos e
externos". Dissertação (mestrado) – Universidade Federal Fluminense,
De acordo com a Tabela IV, apesar de o limiar 3 apresentar Niterói, Rio de Janeiro, 2006.
menor percentual de “Verdadeiros Positivos”, ele apresenta [11] E. S. Sousa, V. M. Jovanovik e C. Daigneaut, "Delay Spread
maior quantidade de “Verdadeiros Negativos”, pois há muito Measurements for the Digital Cellular Channel in Toronto", IEEE
mais amostras das outras 13 regiões do que da própria região Transactions on Vehicular Technology, vol. 43, no. 4, pp. 837-847,
analisada. 1994.
[12] M. S. Robert. "A first study on Hidden Markov Models and one
TABELA IV. RESULTADOS DAS MATRIZES DE CONFUSÃO DE ACORDO COM application in speech recognition", Linkopings Universitet, Linköping,
CADA LIMAR USADO. Suécia, 2016.
[13] B. Resch. "Hidden Markov Models - A Tutorial for the Course
Verdadeiro Falso Verdadeiro Falso Computational Intelligence". Signal Processing and Speech
Limiar
Positivo Negativo Negativo Positivo Communication Laboratory, Inffeldgasse, Áustria, 2016.
1 7% 0% 61% 32%
[14] L. R. Rabiner e B. Juang, Fundamentals of Speech Recognition, Prentice
2 7% 0% 1% 92%
Hall, p. 493, 1993.
3 0% 7% 93% 0%
4 7% 0% 0% 93% [15] C. F. Schueler e F. M. Silveira, "Desenvolvimento de um sistema de
verificação de locutor, usando Modelos Ocultos de Markov, unindo a
técnica MFCC com parâmetros extraídos do sinal glotal", Trabalho de
Diante deste cenário, é possível afirmar que a técnica HMM Conclusão de Curso de Graduação – Universidade Federal Fluminense,
consegue ratificar as estatísticas de retardo médio e Niterói, Rio de Janeiro, 2017.
espalhamento de retardo de sinal para um determinado canal, [16] K Murphy, "Hidden Markov Model (HMM) Toolbox for MATLAB",
objetivo deste trabalho. Para trabalhos futuros, vislumbra-se University of British Columbia, 2015.
sua utilização para a modelagem de canais rádio móveis de [17] S. H. Chen e Y. R. Luo, "Speaker verification using MFCC and support
sistemas mais robustos, com mais transições, gerando uma vector machine, in proceedings of the international multiconference of
engineers and computer scientist". IMECS-2009, vol. 1, 2009.
quantidade maior de amostras. Além disso, há perspectivas
para a aplicação em outras situações de modelagem do canal,
como ambientes suburbanos, rurais, veiculares e submarinos.

300
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Modelagem utilizando RSSI em Condições Sem


Visada Direta para a Tecnologia LoRa©
1st Erika Reis 2nd Andréia Lopes 3rd Iury Batalha
Telecommunication and Computation Telecommunication and Computation Telecommunication and Computation
Laboratory - UFPa Laboratory - UFPa Laboratory - UFPa
Belém, Brazil Belém, Brazil Belém, Pará
erika4reis@gmail.com andreia.lopes@itec.ufpa.br iurybatalha@gmail.com

4th Fabrı́cio Barros 5th Gervásio Cavalcante


Telecommunication and Computation Telecommunication and Computation
Laboratory - UFPa Laboratory - UFPa
Belém, Pará Belém, Pará
fjbbrito@gmail.com gervasio@ufpa.br

Abstract—A busca por soluções mais eficientes no ramo tec- da comunicação móvel de 2020 em diante. Constituem-se de
nológico e a necessidade cada vez maior de automação de serviços complexos ecossistemas tecnológicos de comunicação sem fio,
tem intensificado o uso da Internet da Coisas (IoT) ao redor que darão suporte a serviços e negócios, contribuindo para
do mundo. Nas aplicações de IoT, a rede LPWAN se apresenta
como a interface de comunicação mais indicada, por apresentar o desenvolvimento econômico e social em todo o planeta.
baixo custo, uso em aplicações remotas e boa cobertura. Este A nova geração de telefonia é considerada uma revolução
trabalho contribui para estudos de redes IoT utilizando a camada das comunicações que envolve diversas tecnologias e muitos
fı́sica LoRa e protocolo de rede LoRaWAN no âmbito da trilhões de dólares, mudando paradigmas e conectando pes-
análise da perda de propagação em ambientes internos. Nesse soas, instituições, negócios, serviços e coisas [6].
contexto, foi realizada a modelagem de canal em larga escala
em três ambientes distintos tipificados como corredores, onde As redes IoT, que já vem sendo exploradas nos últimos anos,
foram coletados valores de RSSI medidos através de dispositivos estará entre as tecnologias que farão parte do ecossistema 5G,
LoRa na frequência de 915 MHz sem visada direta. Os modelos apresentando soluções mais exigentes e sendo responsável pelo
Close-In e Floating Intercept foram ajustados para os ambientes uso massivo de dispositivos [7]. O IoT pode oferecer diversas
estudados através dos parâmetros de FSPL, α e β. A partir soluções em inúmeros setores, dando conectividade a todo
dos resultados foi possı́vel observar que os múltiplos caminhos
gerados pela composição do ambiente ao longo de uma distância tipo de objeto. Alguns conceitos são importantes para essa
maior estão diretamente relacionados à perda de sinal. conectividade, e estes serão abordados brevemente a seguir.
Keywords—RSSI, 5G, LoRa, Indicador de Perda de
Propagação, LPWAN. A. Redes de Longa Distância e Baixa Potência - LPWAN
Em pesquisas para comunicação móvel nas frequências
I. I NTRODUÇ ÃO abaixo de 1 GHz [8] [9], as redes LPWAN (Low Power
A modelagem de canal é fundamental para a eficiência de Wide Area Network) são uma das grandes apostas por seu
projetos de sistemas sem fio [1] [2], pois ela apresenta uma baixo custo, menor consumo de bateria e maior cobertura. As
simulação bem similar à comunicação da camada fı́sica. Ao principais alternativas de LPWAN são: SIGFOX, LoRaWAN
usar o modelo de canal adequado, é possı́vel otimizar o link, e NB-IoT [10]- [12].
realizar melhorias na arquitetura e fornecer uma avaliação Essas redes de longa distância e baixa potência (LPWAN)
realista do desempenho geral do sistema. são projetadas para suportar uma grande parte dos bilhões de
A análise desse desempenho é de suma importância em dispositivos previstos para a Internet de Coisas (IoT).
redes sem fio, pois compreender as propriedades do sinal ajuda
na otimização do sistema a ser desenvolvido, seja ele interno B. Protocolo LoRaWAN e camada fı́sica LoRa
ou externo [3]. Por isso, diversos estudos são realizados sem- LoRaWAN é um protocolo de rede de longa distância de
pre que uma tecnologia precisa ser implementada, na intenção baixo consumo de energia otimizado para suporte a grandes
de mapear as caracterı́sticas de determinados ambientes e redes com milhões de dispositivos. Visando aplicativos de rede
sistema desejado da maneira mais otimizada quanto possı́vel. de longa distância (Wide-Area Network - WAN), o LoRaWAN
Em redes 5G, esse mapeamento deverá dar atenção especial foi projetado para fornecer WANs de baixa potência com
às condições de propagação em altas frequências [4] [5]. os recursos necessários para oferecer suporte à comunicação
As redes de quinta geração - 5G - materializam a próxima bidirecional segura, móvel e de baixo custo em IoT, M2M,
geração de telefonia móvel, que visa atender as demandas cidade inteligente e aplicativos industriais.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

O LoRaWAN™ surgiu meia década à frente do ecossistema LoRaWAN, indica a duração do tempo do sı́mbolo (chirp)
5G e possui a maior variedade e quantidade de sensores e através do espalhamento de frequência no tempo. Onde, esse
soluções completas disponı́veis hoje, com implementações em fator determina as caracterı́sticas do canal. No LoRa, esse fator
mais de 140 paı́ses em todo o mundo. varia de 7 a 12, com SF7 sendo o menor tempo no ar, SF12
Especificamente, o LoRaWAN define o protocolo de o maior tempo no ar.
comunicação e a arquitetura do sistema para a rede, enquanto
a camada fı́sica LoRa® (Long Range), permite o link de B. Cenários
comunicação de longo alcance. Onde, muitos sistemas sem fio As campanhas de medições foram conduzidas em três
herdados usam a modulação FSK (Frequency Shifting Keying) ambientes caracterizados como corredores, no prédio dos
como camada fı́sica, porque é uma modulação muito eficiente Laboratórios de Engenharia Elétrica e Computação (LEEC)
para obter baixo consumo de energia [13]. da Universidade Federal do Pará. Os corredores são formados
por paredes de alvenaria e teto de concreto, com portas
C. Indicador de Intensidade de Sinal Recebido de madeiras e grades de ferro ao longo do seu interior e
A capacidade geral do receptor de rádio LoRa será indicada dão acesso a salas e laboratórios. Pesquisas e campanhas
através dos valores de Indicador de intensidade do sinal de medições em ambientes internos utilizando a tecnologia
recebido (RSSI), que é uma métrica utilizada para mensurar LoRaWAN são importantes para analisar não só a perda de
o nı́vel do sinal [11] [13]. caminho, como também análise de desempenho da tecnologia,
A camada fı́sica LoRa coleta e calcula valores de RSSI, e ao sensoriamento de prédios inteligentes e seu uso em prédios
final, retorna esses valores de potência coletados num intervalo industriais [14]- [17].
de tempo definido. De posse desses valores de potência, é Os cenários utilizados neste trabalho são listados a seguir.
possı́vel relacionar os valores de perda referentes à distância 1) Corredor 1: O corredor 1 (C1) possui 15,22 m de
entre devices LoRa transmissores e receptores. comprimento por 1,37 m de largura. O end-Node transmissor
De posse desses conceitos, este trabalho apresentará uma (Tx) foi posicionado na região central de entrada, e o end-Node
análise de perda de propagação sem linha de visada no receptor (Rx) foi posicionado próximo ao inı́cio e no centro
interior de corredores, baseada nas coleta de valores de RSSI do corredor e movido ao passo de 1 m em toda a extensão em
utilizando LoRa para aprimorar a estimativa de distância. Os situação NLoS, como é descrito na Fig.1. Foram coletados 13
valores de RSSI foram coletados via campanhas de medições pontos ao longo de C1.
em três corredores distintos no prédio dos Laboratórios de
Engenharia Elétrica e Computação, na Universidade Federal
do Pará. Foram utilizados dois end-Node integrando LoRa e
placas Arduı́nos na frequência de 915 MHz, com largura de
banda de 125 kHz e Fator de espalhamento 7 (spreading factor
- SF).
As principais contribuições desse trabalho podem ser lis-
tadas como: i) campanhas de medições em ambientes de
corredores com larguras e comprimentos distintos, coletando
valores de RSSI para estimar a perda de propagação no interior
desses ambientes; ii) análise de perda em situação de NLoS;
e iii) investigação empı́rica das caracterı́sticas de propagação Fig. 1. Corredor 1
a partir de modelagem de perda de propagação no interior dos
ambientes estudados. 2) Corredor 2: O corredor 2 (C2) é um corredor em
formato de ”T”, onde somente uma ramificação foi utilizada
II. C AMPANHAS DE M EDIÇ ÕES nas campanhas de medições, com comprimento de 14,6 m por
Esta seção apresentará os equipamentos utilizados nas cam- 1,8 m de largura. Analógo a C1, o end-node Tx foi fixado na
panhas de medições, os cenários analisados e a metodologia parte central da entrada de acesso, enquanto o end-node Rx
empregada nas campanhas. foi movido em NLoS na ramificação perpendicularmente. A
entrada de acesso possui 5,43 m de comprimento por 2,45 de
A. Equipamentos utilizados largura. Foram medidos 10 pontos em NLoS em C2, como
Para as campanhas de medições foram utilizados dois end- mostra a Fig. 2.
Nodes compostos por uma shield LoRa SX1276 integrada 3) Corredor 3: O corredor 3 (C3) foi recentemente refor-
ao Arduı́no UNO usados na transmissão e recepção, dois mado e faz parte do novo prédio anexo ao LEEC, com 38,7 m
notebooks para coleta de dados e cabos USB. Os end-Nodes de comprimento total. Possui um corredor de acesso de 12,66
operaram na frequência central de 915 MHz, com potência m de comprimento por 1,98m de largura, e aproximadamente
de trasmissão de 20 dBm, antenas ominidirecionais com 3 26 m de comprimento por 2,45 de largura no restante do
dBi de ganho, largura de banda 125 kHz e spreading factor corredor. O C3 pode ser visualizado na Fig.3, onde Rx
7. O fator de espalhamento (SF), utilizada na tecnologia foi movido do inı́cio do corredor até o final do corredor,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Foi utilizado um software gratuito para terminal CoolTerm,


que coleta os dados de RSSI, grava e exibe esses dados em
formato decimal. Em cada ponto eram coletados 10 kB de
pacote de dados uma única vez nos dois end-Nodes.

III. M ODELAGEM EM L ARGA ESCALA UTILIZANDO RSSI

Fig. 2. Corredor 2
O Indicador de Intensidade de Sinal Recebido pode ser
utilizado para estimar a perda de percurso [8] [18]- [21].
Assim, os valores coletados de RSSI serão utilizados como
totalizando 37 pontos e Tx fixado centralmente no corredor valores de potência recebida, acrescidos dos valores médios de
de acesso. SNR. Sendo utilizados na modelagem como: Pr = RSSI +
SN Rmedio .
Para este artigo, os modelos utilizados serão o modelo
Close-In (CI) e o modelo Floating Intercept (FI). Ambos são
utilizandos amplamente na literaruta em modelagem em larga
escala, visando apresentar a propagação em tempo real no
ambiente.
O modelo CI descreve a perda de propagação através de
um único parâmetro definido pela distância: o coeficiente de
perda de caminho - (PLE - Path Loss Expoent). E sua equação
é dada por (1).

P LCI (f, d) = F SP L(f, d0 ) + 10nlog(d/d0 ) + XσCI (1)


Fig. 3. Corredor 3
F SP L(f, d0 ) = 20log(4πd0 /λ) (2)
Há muitas salas ao longo de C3, como também um espaço
aberto onde se encontra a escada de acesso ao andar superior, Com F SP L sendo a constante do modelo que representa
o que pode exercer uma influência no comportamento do a perda de propagação no espaço livre em uma distância de
sinal diferente em relação aos outros corredores. Pelo fato 1 metro entre transmissor e receptor dado na equação (2), d0
de cada ambiente apresentar suas próprias caracteristas, a é a distância referência igual a 1 metro, n é o coeficiente de
implementação eficiente de uma rede de sensores IoT somente propagação pela distância ou P LE. A XσCI é uma variável
pode se dar ao estudar minunciosamente como o sinal se aleatória gaussiana com média 0 e desvio padrão σ em dB.
caracteriza em cada cenário. O modelo FI é usado nos padrões WINNER II e 3GPP (3ª
Geração do Projeto de Parceria Público-Privada) [22] [23].
C. Metodologia de Medições Este modelo requer dois parâmetros e não considera uma
As campanhas de medições se deram com os end-Nodes ancoragem fisicamente baseada na potência transmitida, e tem
LoRa fixados em um tripé a uma altura de 1,6 metro em uma forma similar a (3).
relação ao solo e posicionados na parte central dos corredores
em relação as laterais. Os end-Nodes atuaram como transmis- P LF I (d) = α + 10βlog(d) + XσF I (3)
sor e receptor e ambos foram programados em um código para
o Arduı́no para coletar, enviar e calcular os valores de RSSI. O Onde α é a interceptação flutuante em dB e β é a inclinação
end-Node Tx era fixado na entrada dos corredores analisados, da reta. O sombreamento gaussiano com média zero é repre-
sempre posicionado a 2 m de distância da porta de acesso sentado pela variável aleatória XσF I em dB e que descreve as
ao corredor, enquanto o end-Node Rx era movido por todo o flutuações do sinal em larga escala sobre a perda média de
comprimento dos corredores em situação de NLoS. propagação com a distância.
Em cada corredor, foram coletados valores de RSSI Os valores de P LE, α e β são ajustados através do Método
espaçados em 1 metro, que é a distância de referência adotada de Mı́nimos Quadrados. Os valores de α e β são muito
por Friis em ambientes internos quando se trata de análise similares ao F SP L e P LE do modelo CI. Isso implica que
de modelagem em larga escala [3], no entanto, a distância o modelo FI, que é utilizado principalmente no padrão 3GPP
sem linha de visada (NLoS) entre Tx e Rx foi calculada para as faixas de frequências abaixo de 6 GHz [3] [5].
levando em consideração a distância euclidiana entre os dois Os modelos CI e FI baseiam-se em princı́pios fundamentais
dispositivos. No corredor 1 (C1) foram coletados dados em 13 de propagação sem fio, que remontam a Friis e Bullington,
pontos distintos em NLoS, no corredor 2 (C2) foram coletados onde o β ou PLE oferecem uma visão da perda de trajetos
10 pontos distintos em NLoS e no corredor 3 (C3) foram baseada no ambiente, tendo um valor de 2 no espaço livre
coletados 37 pontos em NLoS. como mostrado por Friis [3].

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IV. R ESULTADOS TABLE I


VALORES DE F SP L, P LE, α E β PARA C1, C2 E C3.
Nesta seção, serão apresentados os resultados em situações
de NLoS para os três corredores estudados, utilizando os Parâmetros
Corredores
F SP L α P LE β
modelos CI e FI; também será apresentada uma análise com- C1 46,94 52,7 4,15 3,49
parativa entre os resultados apresentados neste trabalho com os C2 43,74 54,8 3,77 2,42
trabalhos presentes na literatura. O parâmetro que determina C3 44,12 55,2 3,49 2,63
o tamanho da inclinação para os modelos são o F SP L e
β, que determinam a perda inicial para os modelos CI e FI,
respectivamente. cada corredor, representados em azul. Demonstrando que a
A Fig. 4 apresenta os dados de perda medidas no interior perda inicial definida pelo F SP L = 46, 94 e a inclinação do
dos três corredores. Com os dados em vermelho representando modelo CI é determinada pelo P LE = 4, 15 dB, o maior valor
o corredor C1, em preto o corredor C2 e o corredor C3 em entre os três corredores. O modelo FI apresenta perda inicial
verde. de α = 52, 7 e a inclinação do modelo FI apresentou maior
acurácia em relação aos dados medidos, com β = 3, 49. O
corredor C1 apresenta o maior valor de β e o menor valor
de α em comparação aos outros corredores, esses resultados
podem ser devido a distância adotada para as modelagens e
pelo fato de α representar o ponto de interceptação flutuante
do modelo FI.

Fig. 4. Valores de Perda a partir dos valores de RSSI coletados.

A perda no corredor C1 varia de 60 a 95 dB, no corredor


C2 varia de 68 a 79 dB e de 63 a 100 dB no corredor C3.
Verificou-se que a menor perda média entre os corredores
investigados foi registrada no corredor C2, onde também foi
observada a menor variação de sinal, possivelmente rela- Fig. 5. Modelagem em NLoS para C1.
cionada ao sombreamento no interior do corredor e à largura
do corredor que é a maior entre os corredores estudados. Nos A Fig. 6 mostra que no corredor C2, o modelo CI apresentou
corredores C1 e C3, a perda de propagação obteve valores a maior inclinação, com P LE = 3, 97 dB, partindo de
mais significativos e uma maior instabilidade no sinal, estando uma perda inicial mais baixa referente à distância adotada. O
associadas ao sombreamento do sinal no interior dos corre- modelo FI representou os dados medidos com maior precisão,
dores e as caracterı́sticas morfológicas dos mesmos como: com α = 54, 8, se adequando melhor à perda inicial medida
tipos de paredes, largura e altura do teto. Dessa forma, a perda e β = 2, 42, que corresponde melhor à menor variação dos
constatada nos corredores C1 e C3, pode estar associada à dados nesse ambiente. O corredor C2 apresenta o menor valor
maior extensão dos mesmos e às propriedades de tunelamento de β em comparação aos outros corredores.
dos corredores. Já a Fig. 7, apresenta os modelos ajustados para o corredor
Para as modelagens com CI e FI, foram adotadas as C3, onde a perda inicial medida é maior do que a definida
distâncias euclidianas calculadas entre Tx e Rx que foram de pelo modelo CI, cuja inclinação do modelo foi de P LE =
5,83 m, 4,02 m e 4,21 m para os 3 corredores, respectivamente. 3, 49. Ambos os modelos apresentaram boa acuracidade em
Assim, os valores de P LE, α e β foram definidos a partir relação aos dados medidos, com α = 55, 2 e β = 2, 63. O
do Método de Mı́nimos Quadrados Lineares, de acordo com corredor C3 apresenta o maior valor de α e o menor valor de
as distâncias euclidianas. A Tabela I, apresenta os valores de P LE em comparação aos outros corredores. Enquanto que,
F SP L, α e β. nos corredores C1 e C2 o modelo FI foi o mais preciso na
A Fig.5, apresenta a modelagem com CI (em vermelho) representação dos dados medidos, em C3 o modelo CI também
e modelo FI (em preto) em relação aos dados medidos em apresentou uma boa acurácia.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

observar o desvio padrão, pode-se notar que o modelo FI


apresentou os menores valores, indicando que ele teve maior
acurácia se comparado ao modelo CI. Os valores de RMSE
e desvio padrão apresentados nesses estudo, são menores em
comparação aos abordados por alguns trabalhos presentes na
literatura. Como por exemplo em [15], que apresentou valores
de desvio padrão para o modelo CI de 5,79 dB. Da mesma
forma, em [16] são apresentados valores de desvio padrão para
o modelo CI com valores de 6,58 dB, 6,61 dB, 5,7 dB e 4,88
dB para medições com LoRa em ambientes de corredores em
situação de NLoS.

V. C ONCLUS ÃO
Este trabalho teve como objetivo analisar a perda de
propagação em ambientes internos caracterizados como corre-
Fig. 6. Modelagem em NLoS para C2. dores a partir dos valores do Indicador de Intensidade de
Sinal Recebido - RSSI-, obtidos com o uso da tecnologia
LORAWAN.
Foram conduzidas campanhas de medições em três corre-
dores com caracterı́sticas morfológicas semelhantes, com Tx
e Rx em situação de NLoS, utilizando equipamentos do
protocolo LoRa, na frequência de 915 MHz. Foram feitos os
ajustes dos modelos CI e FI, resultando em valores de F SP L
de 46,94 dB, 43,74 dB e 44,12 dB para todos os três corredores
e valores de P LE de 4,15 dB, 3,77 dB e 3,49 dB, para C1,
C2 e C3, respectivamente; valores de α de 52,7 dB, 54,8 dB
e 55,2 dB para C1, C2 e C3, respectivamente; e valores de β
de 3,49 dB, 2,42 dB e 2,63 dB para para C1, C2 e C3.
Analisando os valores de perda no interior dos corredores
estudados, pode-se observar que o corredor C2 possui a menor
perda, menor valor de β e os menores valores de RMSE e
Desvio padrão para ambos os modelos. O corredor C3 possui
Fig. 7. Modelagem em NLoS para C3. maior valor médio de perda e maior valor de α, e o corredor
C1 obteve o menor valor de α e o maior valor de β e os
maiores valores de RMSE e Desvio padrão de acordo com as
Para auxiliar na aferição da qualidade de um modelo, a modelagens propostas.
métrica RMSE (Root Mean Square Error) pode ser usada Para estudos futuros, espera-se estudar a variação da perda
como medida de precisão. Outro parâmetro importante na de caminho a partir da variação do fator de espalhamento
alálise de dados é o desvio padrão, que indica a dispersão (Spreading Factor - SF) em ambientes internos, pois este
em torno da média dos valores totais. Para as modelagens é inversamente proporcional à sensibilidade de recepção do
propostas neste trabalho, os valores de RMSE e desvio padrão LoRa.
são apresentados na Tabela II.
ACKNOWLEDGMENT
TABLE II
VALORES DE RMSE E DESVIO PADR ÃO
Os autores agradecem à Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nı́vel Superior (CAPES), pelo aporte financeiro,
Valores e ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Corredores RMSE Desvio Padrão
CI FI CI FI (PPGEE), da Universidade Federal do Pará (UFPA).
C1 6,61 6,26 6,88 6,46
C2 3,23 2,63 3,39 2,77 R EFERENCES
C3 5,81 5,29 5,87 5,36
[1] H. Holma, A. Toskala and T. Nakamura, 5G Technology: 3GPP New
Radio. Wiley, 2020.
A Tabela II mostra que o corredor C2 apresenta os menores [2] S. Sun, et al , “Investigation of prediction accuracy, sensitivity, and
valores de RMSE e desvio padrão em comparação com parameter stability of large-scale propagation path loss models for 5G
os demais corredores. No geral, os valores de RMSE são wireless communications,” IEEE Transactions on Vehicular Technology,
Vol 65, No.5, pp.2843-2860, 2016.
menores para o modelo FI, o que demonstra que esse mod- [3] T. S. Rappaport, Wireless Communications: Principles and practice, 3rd
elo possui menor erro em relação aos dados medidos. Ao ed, Prentice-Hall, New-Jersey: Upper Saddle River, 2002.

305
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

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306
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Análise e Modelagem de Perda de Percurso


através de Parede de Alvenaria na Frequência de
10 GHz
Wirlan G. Lima Flávio H. C. S. Ferreira Érika C. S. Reis
UFPA, Belém-PA, Brasil UFPA, Belém-PA, Brasil UFPA, Belém-PA, Brasil
wyhlima@gmail.com henryferreira014@gmail.com erika4reis@gmail.com

Iury da S. Batalha Miércio C. de Alcântara Neto Fabrı́cio J. B. Barros


UFPA, Belém-PA, Brasil UFPA, Belém-PA, Brasil UFPA, Belém-PA, Brasil
iurybatalha@gmail.com miercio@ufpa.br fjbbrito@gmail.com

Gervásio P. S. Cavalcante
UFPA, Belém-PA, Brasil
gervasio@ufpa.br

Abstract—A quinta geração de telefonia móvel 5G vem com de ondas milimétricas são muito citadas como um espectro
o intuito de sanar problemas de demanda dos usuários que propı́cio [2] - [4]. Dentre os espectros cotados para implemen-
tende a aumentar exponencialmente nos próximos anos, gerando tar o 5G em frequências acima de 6 GHz, encontra-se a faixa
sobrecarregamento do sistema. Dessa forma, essa nova tecnologia
contará com o uso de portadoras, cujas frequências são acima de 10 GHz, proposta pelo projeto METIS (Mobile and wireless
de 6 GHz e, portanto, estudos em diferentes ambientes devem communications Enablers for the Twenty-twenty Information
ser feitos para este sistema. Neste estudo, dois modelos de Society), e também posta em evidência pelo órgão regulador
perda de percurso foram formulados com o auxı́lio de funções norte-americano FCC (Federal Communications Commission)
polinomial e exponencial para a modelagem de perda de percurso [5], [6]. Tratando-se de uma faixa com maior alocação de
através de uma parede de alvenaria para diferentes ângulos
de recepção a partir de dados de campanhas de medições na banda (faixa X no padrão IEEE), e situada na transição entre
frequência de 10 GHz utilizando antenas cornetas direcionais as frequências de micro-ondas e as mmWaves, prova-se útil
com abertura de 29,3º em polarização V-V. Os modelos propostos o estudo de modelagem para a sua propagação, assim como
para perda de propagação apresentaram resultados satisfatórios o seu comportamento do sinal em situações de visada direta
em comparação com os dados medidos. O erro RMSE entre a (LoS) e visada não-direta (NLoS).
curva representada pela função polinomial e os dados medidos
é de 2,354. Para a função exponencial, por ter sido utilizada Dentre os tipos de análise para circunstâncias de NLoS
a modelagem dual-slope, os erros RMSE entre as curvas rep- disponı́veis na literatura, há uma notável escassez de estu-
resentadas pela função exponencial para os ângulos negativos dos que exploram a modelagem de perdas de ondas EM
e positivos é de 1,966 e 2,547, respectivamente. Além do mais, presenciadas em paredes, especialmente que considerem uma
são apresentados graficamente os valores de perda por parede análise angular da propagação destas ondas – dois exemplos
que podem ser utilizados como parâmetro de perdas em futuros
modelos de propagação. encontram-se em [7] - [9]. Ou seja, pouco se é pesquisado
Keywords—5G, 10 GHz, NLoS Best, Perda por Parede, Perda sobre os efeitos de refração, distorção de sinal e atenuação
de Propagação. com a variação da angulação com a qual o sinal é recebido,
após atravessar uma parede, por uma unidade receptora (que,
I. I NTRODUÇ ÃO por exemplo, pode ser o usuário de uma rede móvel).
A nova geração de redes de comunicação sem fio, ou Neste artigo é proposto o estudo na frequência de 10 GHz
5G, está se desenvolvendo rapidamente, a partir de estudos para a ocasião de visada não-direta, especificamente para
visando novos padrões de modelagem de canal, espectros de calcular e compreender o seu comportamento em relação às
propagação e dispositivos capazes de atuar em frequências que perdas de sinal, reflexões e refrações ocorridas quando os
percorrem de faixas de micro-ondas até as ondas milimétricas obstáculos são paredes – para diferentes ângulos de incidência
(também chamadas de mmWave) [1]. do sinal propagado. Para tal, uma configuração envolvendo
Com maior demanda de dados e disponibilidade de sinal parede de alvenaria e duas antenas direcionais foi desen-
para todos os usuários, os novos sistemas 5G necessitam de volvida, variando-se a rotação angular da antena receptora
soluções práticas para propagá-los em faixas de frequências (Rx) em relação à transmissora (Tx) em 15 graus a cada ponto
possı́veis e estáveis, com banda ultra larga. Para tanto, as faixas de medição.

307
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Não apenas a medição da perda é realizada, mas também Em [11], os autores realizaram modelagem de canal em
uma modelagem angular de perdas para esta frequência em larga escala para as frequências de 14 GHz e 22 GHz em um
ambiente indoor. Através da análise da perda de percurso, erro ambiente de corredor indoor em condições LoS e NLoS, com
médio em relação aos modelos teóricos e o caminho percorrido análise de NLoS Best. Um diferencial visto neste estudo é o
pela onda eletromagnética, define-se, objetivamente, o melhor tratamento do corredor como um guia de onda, visto que em
ângulo de chegada em relação aos ângulos de incidência ambientes fechados e estreitos pode-se fazer uma modelagem
testados durante as campanhas de medição – o caminho de de canal com paralelos ao comportamento de ondas EM
visada não-direta denominado de NLoS Best. propagando-se em um guia. Aqui, também é empregada a
Tratando-se de uma composição muito comum ao redor do modelagem de propagação dual-slope, na qual dois exponentes
mundo, optou-se pelo estudo do sinal em paredes de alvenaria de perda de percurso (PLE), n1 e n2, são divididos entre
para que a modelagem realizada pudesse demonstrar uma o ambiente a partir de uma distância de quebra (dbreak).
verossimilhança de resultados aplicável para todas as paredes Isto resulta em maior precisão dos resultados de atenuação
indoor desta composição. no ambiente, visto que há uma distribuição de perda mais
fidedigna com esta separação do PLE. Esta divisão dual-slope
II. T RABALHOS C ORRELATOS serviu de inspiração para a separação de modelagem de sinal
Embora poucos trabalhos sejam encontrados especifica- por angulação disponı́vel na Seção 5.
mente para o fim deste estudo, ou seja, a perda de sinal A principal referência do estudo pode ser encontrada em
provocada por paredes para diferentes ângulos de chegada em [12], em que o artigo trata da otimização de propagação por
visada não-direta, a maioria dos estudos expostos nesta seção meio de drones em ambiente outdoor e rural por meio de
visam implementação para propagação do 5G, em sua maioria um algoritmo bioinspirado – no caso, o PSO (Particle Swarm
para a frequência de 10 GHz, e citando como referências o Optimization). Para as medições e modelagem da propagação
projeto METIS e a FCC como justificativa dos espectros a de sinal, diversas funções são listadas como testadas, porém,
serem pesquisados. as escolhidas pelos autores por demonstrarem maior eficácia
Em [8], as frequências de 8, 9, 10 e 11 GHz são testadas a foram a exponencial e a polinomial. Baseando neste artigo,
modo de produzir futuras opções de modelo de canal para escolheu-se utilizar, na modelagem da perda nas angulações,
aplicações 5G. Foram executadas medições indoor em um estas mesmas funções, nas quais os resultados de erro médio
ambiente de corredor, e outro de sala de escritório, situados quadrático (RMSE) e correlação entre medição e modelagem
no Laboratório de Engenharia Elétrica e Computação da mostram-se bastante satisfatórios. O software utilizado para
Universidade Federal do Pará (LEEC-UFPA). As medições facilitar matematicamente e graficamente esta modelagem an-
levam em conta as polarizações vertical (V-V), horizontal (H- gular de perda é o mesmo do artigo supracitado, o Curve-
H) e cruzada (V-H), e a sondagem de canal é implementada em Fitting Tool, do programa MATLAB.
cinco modelos de larga escala teóricos diferentes. Estes são:
close-in free space (CI), floating interception (FI), frequency III. M ETODOLOGIA
attenuation (FA), alpha-beta-gama (ABG) e close-in free space A. Equipamentos de Medição e Setup
com peso de frequências (CIF) [14]. Para situações de visada Os experimentos foram realizados com um sinal CW (Con-
não-direta, evidência especial é dada para a análise dos ângulos tinuous Wave) na frequência de 10 GHz. O equipamento
de chegada, da qual deriva-se a conclusão de que o tipo de transmissor (Tx) utilizado foi um Gerador de Sinal de Onda
antena mais propı́cio para analisar a perda de propagação Contı́nua (Continuos Wave - CW) do modelo Synthesized
nestes casos é a direcional (ou corneta). A escolha de análise Sweeper 83752A do fabricante Hewlett Packard, configurado
do NLoS Best conforme o melhor ângulo de chegada foi uma com potência de transmissão de -10 dBm. O equipamento
grande influência de [8] para o estudo aqui exposto. receptor (Rx) utilizado foi um Analisador de Sinal modelo
Quanto aos trabalhos de perda por parede, pode-se destacar Signal Analyzer MS2692A do fabricante Anritsu. As antenas
a análise de perda realizada de um ambiente outdoor para direcionais utilizadas (Tx e Rx) foram do tipo corneta, todas
indoor (O2I) em 10,1 GHz, encontrada em [9]. A parede fabricadas pela MC Industries, com 15 dBi de ganho, com
atravessada, neste caso, é composta de concreto, possuindo feixe de abertura de 29º no plano Horizontal e 29,3º no Plano
também diversas janelas de vidro. O modelo utilizado para Vertical, conforme informações da Tabela I.
modelagem é o COST-231 O2I, no qual um dos objetivos do A Fig. 1 apresenta a arquitetura base empregada nas
estudo é propor uma extensão em frequência deste modelo medições. Os cabos utilizados na comunicação entre os
para funcionamento no espectro de 10,1 GHz. equipamentos de transmissão e recepção com suas respectivas
Ainda para a frequência de 10 GHz, [10] trata de campanhas antenas foram os dos modelos RG 56 de 1,5 m e LMR 400
de medição realizadas na intenção de fortificar trabalhos de 2 m, respectivamente.
relacionados ao 5G em ambientes internos. Os cenários in-
vestigados são um corredor e uma sala de laboratório, onde B. Cenário
as medições foram efetuadas e a técnica de Ray Tracing foi As campanhas de medições foram realizadas no prédio
implementada para verificação das caracterı́sticas inerentes à anexo do laboratório de Engenharia Elétrica e Computação da
propagação no canal. Universidade Federal do Pará, onde foi estudado os sinais de

308
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE I ângulo, a medição foi repetida 10 vezes, totalizando 100.010


C ONFIGURAÇ ÃO DAS M EDIÇ ÕES unidades de dados brutos de potência recebida por ângulo,
Parâmetros Configurações Unidades gerando 1.100.110 dados de Pr.
Frequência Central 10 GHz
Transmissão de Sinal Onda Contı́nua -
Antenas Direcional do Tipo Corneta -
Potência Transmitida -10 dBm
Altura da Antena Tx/Rx 1,4 m
Ganho da Antena Tx/Rx 15 dBi
Azimute HPBW Tx/Rx 29 Graus
Elevação HPBW Tx/Rx 29,3 Graus

Fig. 3. Esquematização das Posições das Antenas Transmissora e Receptora.

Fig. 1. Arquitetura de Medições para Sondagem de Canal. D. Tratamento dos Dados


No processamento dos dados, para cada ângulo foi calculada
rádio em 10 GHz através da parede de alvenaria de 15 cm de a perda de propagação do canal, a qual despreza as perdas
espessura e 2,90 m de altura entre o corredor e o Laboratório inerentes ao sistema, como, por exemplo, perda nos cabos de
de Computação e Telecomunicações (LCT). A Fig. 2 apresenta transmissão e recepção. Além disso, atribuem-se aos cálculos
o transmissor e o receptor. a soma dos ganhos das antenas. Logo:

P L[dB] = Pt + Gt + Gr − PcaboT x − PcaboRx − P r (1)


onde P L é a perda no canal, Pt é a potência transmitida em
dBm, Gt e Gr são os ganhos das antenas em dBi, PcaboT x
e PcaboRx são os valores de perda nos cabos usados no
transmissor e no receptor, respectivamente, e Pr é a potência
medida no receptor. A Fig. 4 apresenta as perdas considerando
a média das 10 aferições para cada ângulo.

90

85
Perda de Percurso (dB)

Fig. 2. Disposição das Antenas. (a) Antena Transmissora; (b) Antena


80
Receptora
75

C. Procedimento Experimental
70
Esta subseção destina-se a descrever os procedimentos du-
65
rante as campanhas de medições. Por questões de mobilidade, -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Ângulo de Recepção (º)
a antena transmissora foi posicionada no corredor como ponto
fixo e a antena receptora, dentro do LCT, sendo possı́vel a Fig. 4. Perda de Propagação para os 11 Ângulos de Recepção.
variação angular, ambas a 1,4 m de altura para polarização
vertical (V-V).
A antena receptora varia de -75 a 75 graus ao passo de IV. M ODELOS DE P ROPAGAÇ ÃO
15 graus no sentido do cı́rculo trigonométrico (sentido anti- O estudo da propagação das ondas nos dá a distribuição
horário), como mostra a Fig. 3. A captura da potência recebida de energia deste sinal no espaço. Alguns fenômenos fı́sicos
(Pr) foi feita com medições a cada 15 graus, em que foram estão relacionados ao comportamento da propagação de ondas
coletados 10.001 valores de Pr em cada aferição. Para cada eletromagnéticas, dentre eles podem ser citados a reflexão,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

a difração e o espalhamento [13]. Em um canal sem fio, 90

os modelos de perda em larga escala baseados em medições


85
proporcionam recursos de propagação realistas [8], pois os

Perda de Percurso (dB)


fenômenos citados, além de outros menos significantes, mas 80

que ainda assim modificam o comportamento da onda, fazem


75
com que a onda transmitida chegue ao receptor com uma certa
aleatoriedade. 70

Devido às obstruções de qualquer natureza, lidar com canais Modelo Polinomial
Perda de Percurso
65
para comunicação sem fio é bastante delicado, portanto, a -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Ângulo de Recepção (º)
modelagem em larga escala tem por objetivo prever o com-
portamento do sinal, ou seja, prever a intensidade média do Fig. 5. Ajuste de Curva da Função Polinomial
sinal recebido a uma dada distância do transmissor a partir de
funções, sendo elas determinı́sticas ou empı́ricas, capazes de 90

representar em boa proximidade os dados reais medidos [14].


85
Apesar dos inúmeros modelos na literatura, nenhum de-

Perda de Percurso (dB)


les é capaz de caracterizar com exatidão uma situação de 80

propagação. De acordo com a frequência, ambiente, sejam eles


75
corredores, paredes, andares, etc., entre outras situações, as
equações terão adaptações que melhor representam o cenário 70
Modelo Exponencial 1
estudado. Os modelos mais comuns mostrados na literatura Modelo Exponencial 2
Perda de Percurso
65
levam em consideração a perda de percurso em relação à -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80
Ângulo de Recepção (º)
distância. Neste trabalho, entretanto, verificou-se a perda de
percurso em relação ao ângulo de recepção do sinal, sendo Fig. 6. Ajuste de Curva da Função Exponencial
necessário encontrar um modelo que seja capaz de predizer
a perda em função deste parâmetro e, para isto, utilizou-se a
regressão linear sobre funções exponenciais e polinomiais. em função do ângulo de recepção, como mostrado em (4) e
(5).
V. R ESULTADOS
Depois que a relação entre a perda de percurso e o ângulo P L[dB] = 0.002267θ2 + 0.00614θ + 74.44 (4)
de recepção foi estabelecida, o método de ajuste de curvas
foi realizado para estimar o modelo. As funções selecionadas
foram a polinomial e a exponencial, geradas com base no

71, 85 exp(−0, 002359θ), −75 ≤ θ ≤ 0
ajuste de curvas de modo a determinar o fator de correlação P L[dB] =
71, 85 exp(0, 002491θ), 0 ≤ θ ≤ 75
entre a perda de percurso e o ângulo de recepção. Estas (5)
funções foram selecionadas, pois o comportamento da perda Para a Fig. 5, o coeficiente de correlação entre a perda
se assemelha a uma função polinomial de segundo grau, assim de percurso e o ângulo de recepção é de, aproximadamente,
como se assemelha a duas funções exponenciais decrescente e R2 = 0, 835, com um RMSE de 2,354. Para a Fig. 6,
crescente, respectivamente, analisadas separadamente a partir observa-se que há duas curvas, sendo elas para os ângulos de
do ângulo central. recepção negativos e positivos, respectivamente, de modo que
O formato das funções polinomial e exponencial são dados a modelagem da perda de percurso se dá por duas equações
de acordo com (2) e (3), respectivamente. distintas (modelagem dual-slope), técnica está usada em [11].
Neste caso, duas funções exponenciais são utilizadas a fim
f (x) = Ax2 + Bx + C (2) de se obter uma maior precisão dos modelos, de forma a au-
mentar o coeficiente de correlação. O coeficiente de correlação
f (x) = AeBx (3)
para os ângulos de recepção negativos é de, aproximadamente,
onde A, B, e C são os coeficientes das funções. R2 = 0.8969, com um RMSE de 1,966. Da mesma forma, para
Os coeficientes de correlação (R2 ) das duas funções po- os ângulos de recepção positivos, o coeficiente de correlação
dem ser obtidos diretamente do método de ajuste de curvas. é de, aproximadamente, R2 = 0, 8185, com um RMSE de
Ressalta-se que quanto mais próximo de 1 o coeficiente de 2,547.
correlação for, mais a curva se aproxima dos pontos medidos. O sinal mais forte, ou seja, a menor perda em relação ao
Nesta seção, serão mostrados os resultados para cada função ângulo de chegada é denominado NLoS Best. A Tabela II
adotada, com seus respectivos coeficientes. apresenta a relação entre perda de propagação e ângulo de
A Fig. 5 e a Fig. 6 apresentam as curvas ajustadas utilizando chegada (Angle of Arrival - AoA), na qual são mostrados os
as funções polinomial e exponencial, respectivamente, carac- 4 melhores AoA de acordo com a menor perda de percurso.
terizando o comportamento ponto a ponto dos dados medidos. Conforme a Tabela II, o melhor AoA foi o ângulo central 0º,
A partir de (2) e (3) é possı́vel expressar a perda de percurso em que a perda obtida foi de 69,86 dB, sendo este o menor

310
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE II média dos dados medidos é de 2,354. Para a função exponen-


M ELHORES Â NGULOS DE C HEGADA . cial, por ter sido utilizada a modelagem dual-slope, os erros
NLoS Best RMSE entre as curvas representadas pela função exponencial
Ângulo (º) 0 15 -30 -15 para os ângulos negativos e positivos é de 1,966 e 2,547,
Perda (dB) 69,86 74,07 75,39 75,95 respectivamente. De acordo com a perda observada em relação
aos ângulos de recepção, o melhor AoA é o de 0º, no qual as
antenas transmissora e receptora estão posicionadas em visada
valor observado no canal apesar do desvio padrão ser alto direta, que possui uma perda por parede de aproximadamente
em relação a todas as medidas efetuadas neste ponto. Esse 27,52 dB.
desvio padrão pode ser associado aos mecanismos de refração De forma geral, o trabalho atingiu os objetivos propostos
ao atravessar a parede e de reflexão nos espaços ocos dentro efetivando o estudo do canal em 10 GHz e analisando o im-
da parede, os quais se comportam como um guia de onda de pacto da morfologia do cenário, das condições e mecanismos
forma que os raios que chegam na antena receptora é a soma, de propagação envolvidos na transmissão da onda através de
seja ela construtiva ou destrutiva, de vários raios de diversas uma parede de alvenaria.
direções.
Por fim, a Fig. 7 apresenta apenas os valores da perda por ACKNOWLEDGMENT
parede, sendo possı́vel usá-los como parâmetro em modelos Os autores agradecem à Universidade Federal do Pará
de propagação futuros, como, por exemplo, para o ângulo de (UFPA), ao PPGEE / UFPA, ao LCT / UFPA e à CAPES pelo
recepção 0º, o valor da perda é de, aproximadamente, 27,52 suporte e apoio concedido ao desenvolvimento desta pesquisa.
dB. Os valores da perda por parede deram-se a partir da
diferença entre a média da perda de percurso total e a perda R EFERENCES
do espaço livre, considerando que a perda restante seja apenas [1] A. Gupta e R. K. Jha, “A Survey of 5G Network: Architecture and
da parede de alvenaria, como mostra a equação a seguir. Emerging Technologies”, IEEE Access, vol. 3, pp. 1206–1232, 2015.
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[4] Y. Niu, Y. Li, D. Jin, L. Su, e A. V. Vasilakos, “A survey of millimeter
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45
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40
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[6] Due to Procedural Differences at FCC and Ofcom there is more Redun-
35
dancy in the Documents Filed at FCC than those at Ofcom. [Online].
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30
[7] M. U. Sheikh, K. Hiltunen, e J. Lempiainen, “Angular wall loss model
and Extended Building Penetration model for outdoor to indoor propaga-
25
tion”, in 2017 13th International Wireless Communications and Mobile
-75 -60 -45 -30 -15 0 15 30 45 60 75 Computing Conference (IWCMC), Valencia, Spain, pp. 1291–1296,
Ângulo de Recepção (º)
2017.
[8] I. S. Batalha et al., “Indoor Corridor and Office Propagation Measure-
Fig. 7. Valores das Perdas por Parede. ments and Channel Models at 8, 9, 10 and 11 GHz”, IEEE Access, vol.
7, pp. 55005–55021, 2019.
[9] A. Roivainen, V. Hovinen, N. Tervo, e M. Latva-aho, “Outdoor-to-indoor
VI. C ONCLUS ÕES path loss modeling at 10.1 GHz”, in 2016 10th European Conference
on Antennas and Propagation (EuCAP), Davos, Switzerland, pp. 1–4,
Este trabalho teve por objetivo realizar a modelagem de 2016.
canal por meio de aproximação de curvas para a caracterização [10] L. C. Eras et al., “Measurements and modeling for indoor environments
de canais de rádio. A investigação do canal foi feita com analysis at 10 GHz for 5G”, in 2015 9th European Conference on
Antennas and Propagation (EuCAP), Lisbon, Portugal, 2015.
antenas cornetas em polarização V-V através de parede de [11] N. O. Oyie e T. J. O. Afullo, “Measurements and Analysis of Large-
alvenaria para diferentes ângulos, visando a tecnologia 5G. Scale Path Loss Model at 14 and 22 GHz in Indoor Corridor”, IEEE
No que diz respeito ao novo sistema a ser implantado, um Access, vol. 6, pp. 17205–17214, 2018.
[12] H. M. Jawad et al., ”Accurate Empirical Path-loss Model Based on
dos principais adventos será a utilização de portadoras em Particle Swarm Optimization for Wireless Sensor Networks in Smart
frequência acima de 6 GHz e, por isso, a de 10 GHz foi Agriculture”, IEEE Sensors Journal (Early Access), 2019.
escolhida para o estudo. [13] N. R. Zulkefly et al. ”Channel characterization for indoor environment
at 17 GHz for 5g communications”. In: 2015 IEEE 12th Malaysia
As funções utilizadas para representar o comportamento International Conference on Communications (MICC). [S.l.]: IEEE,
médio da perda de potência foram as funções polinomial 2015.
de segundo grau e a exponencial, cuja acurácia sobre os [14] T. S. Rappaport, ”Wireless Communications: Principles and Practice”,
2nd ed. Upper Saddle River, 2002.
dados medidos são satisfatórias. O erro RMSE entre a curva
representada pela função polinomial do segundo grau e a

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Caracterização Experimental de Transmissão


Óptica Sem Repetição a 400G Empregando
Equalização Digital Otimizada
José Hélio da Cruz Júnior, Tiago Sutili, André Luiz Nunes de Souza e Rafael Carvalho Figueiredo
Soluções de Comunicações Ópticas – CPQD
Campinas, São Paulo, Brasil

Resumo—Nesse artigo, investigamos o desempenho, em termos única vem atraindo a atenção da indústria comparados
de informação mútua, de uma transmissão óptica sem repetição aos transceptores ópticos baseados em múltiplas portadoras,
com taxas de 400 Gb/s por canal, empregando equalizações considerando questões de custo e complexidade [1]. Para
linear e não-linear otimizadas. A equalização dinâmica linear
é realizada baseada na combinação de algoritmo de mínimo soluções a 400G, a principal configuração baseia-se no
erro médio quadrático dirigido a decisão (DD-LMS), auxiliado formato de modulação de amplitude em quadratura em dupla
pela realimentação da correção de erros (FEC) com equalizador polarização (DP-16QAM – Dual Polarization Quadrature
de múltiplas entradas e múltiplas saídas (MIMO) 4×4. Amplitude Modulation) com taxa de símbolo de 64 GBd,
Já a equalização não-linear é efetuada pelo algoritmo de permitindo desempenho sistêmico e custo de implementação
retropropagação digital (DBP). As técnicas de equalização são
avaliadas através da transmissão óptica sem repetição de 16 superiores a outra soluções como, por exemplo, DP-64QAM
canais com taxas de 400 Gb/s (66 GBd DP-16QAM) por 403 a 43 GBd [2].
km. Os resultados indicam que a equalização dinâmica linear A combinação de tecnologias chaves como subsistemas
apresenta melhor desempenho em comparação ao DBP, se ópticos, especificamente amplificadores e fibras ópticas, e
mostrando como uma potencial solução para alcançar maior digitais, tais como algoritmos de processamento digital de
informação mútua com complexidade computacional reduzida.
sinais (DSP – Digital Signal Processing) e correção de
erros (FEC – Forward Error Correction), permitem estender
Palavras-Chave—Compensação de efeitos não-lineares, o alcance e a capacidade dos sistemas sem repetição a
processamento digital de sinais, retropropagação digital,
sistemas ópticos sem repetição. 400G. Paralelamente, o avanço da eletrônica digital viabilizou
o desenvolvimento de circuitos integrados de aplicação
I. I NTRODUÇÃO específica (ASICs – Application Specific Integrated Circuits)
para transceptores ópticos coerentes. Entre os blocos de DSP
TUALMENTE, existe um crescente interesse da indústria
A de telecomunicações em conectar áreas isoladas por
questões geográficas ou ambientais. Nesses cenários, aspectos
implementados nos ASICs coerentes, os equalizadores lineares
possibilitam a compensação dos efeitos lineares da fibra óptica,
dentre os quais destacam-se a dispersão cromática (CD –
de instalação e manutenção se mostram desafiadores, Chromatic Dispersion) e a dispersão dos modos de polarização
resultado da utilização de equipamentos ópticos de linha (PMD – Polarization Mode Dispersion). Agora, esforços da
ativos. Alternativamente, os sistemas ópticos sem repetição academia e da indústria se concentram na compensação dos
se mostram como uma solução promissora para prover efeitos não-lineares, tais como auto-modulação de fase (SPM
conectividade em áreas de difícil acesso, uma vez que – Self-Phase Modulation), modulação cruzada de fase (XPM –
nenhum elemento ativo de linha é requerido, reduzindo a Cross-Phase Modulation) e mistura de quatro de ondas (FWM
complexidade e o custo total do sistema. Baseado nisso, – Four-Wave Mixing), os quais limitam consideravelmente o
sistemas de transmissão óptica sem repetição são essenciais desempenho dos sistemas ópticos. Nesse âmbito, o algoritmo
para aplicações submarinas e terrestres como, por exemplo, de retropropagação digital (DBP – Digital Back-Propagation)
conexões entre ilhas ou indústrias químicas, de gás e energia. se apresenta como um possível candidato para compensação
Em paralelo, para suportar a crescente demanda de tráfego, das distorções não-lineares [3]. Alternativamente, técnicas de
os sistemas ópticos sem repetição precisam escalar a taxa equalização adaptativa supervisionadas também estão sendo
de transmissão, migrando de interfaces ópticas coerentes já investigadas [4].
estabelecidas comercialmente a 100G/200G para soluções a Diversos trabalhos propostos na literatura, baseados em
400G e acima. Os módulos ópticos a 400G em portadora sistemas sem repetição, alcançaram resultados interessantes.
Em [5], a transmissão óptica sem repetição de 9,6 Tb/s
O presente trabalho foi financiado pelos órgãos brasileiros MCTIC e
FUNTTEL-Finep. (24×64/66 GBd DP-16QAM) por 443,1 km é demonstrada
Os autores podem ser contatados através do email: hcruz@cpqd.com.br. empregando DBP e equalização dinâmica baseada no

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λ01

Rx HYB
Tx HYB
DP-IQM Tx DRA Rx DRA DSP Offline
λ03
Mux
80 GSa/s Scope
λ15 EX3000 EX3000/EX2000 EX2000
Tx EDFA Tx ROPA Rx ROPA Rx EDFA
92 GSa/s
Mux
AWG
λ02 50 km 248 km 95 km
o
λ04 EX2000 EX2000 Híbrida de 90
Mux Tx PUMP Rx PUMP

DP-IQM
λ16 1480 nm
50 km 95 km
1480 nm 100 GHz LO

Fig. 1. Arranjo experimental para transmissão óptica sem repetição de 16 canais multiplexados em comprimento de onda com taxas de 400G por 403 km,
empregando amplificadores híbridos (HYB) e remotamente bombeados (ROPA).

algoritmo de mínimo erro médio quadrático dirigido a superior, comparada ao DBP, para potências lançadas de
decisão (DD-LMS - Decision-Directed Least Mean Square). 3 dBm e 6 dBm por canal, se mostrando uma potencial
Em [6], a transmissão de 29,2 Tb/s (79×49 GBd PS solução para alcançar maior informação mútua com um
DP-64QAM) é demonstrada por 295 km utilizando algoritmos custo computacional reduzido. Este trabalho encontra-se assim
de módulo constante (CMA - Constant Modulus Algorithm) organizado: a Seção II apresenta o arranjo experimental
e de múltiplos módulos (MMA - Multi-Modulus Algorithm), utilizado; a Seção III apresenta os resultados do experimento
para pré-convergência, e o LMS, para pós-convergência. e, por fim, a Seção IV apresenta as conclusões.
Em um trabalho anterior [7], é demonstrada a transmissão
óptica sem repetição de 16×400 Gb/s (66 GBd DP-16QAM) II. A RRANJO E XPERIMENTAL
por 403 km. No receptor, é empregado o DBP combinado As estratégias de equalização digital são investigadas
com DD-LMS auxiliado pela realimentação do FEC. No usando a montagem experimental mostrada na Fig. 1. No
trabalho em questão, não avaliou-se a capacidade alcançada lado do transmissor, dois grupos de lasers de cavidade externa
por cada estratégia de equalização digital separadamente. (ECLs – External Cavity Lasers), com largura de linha
Além disso, nenhum outro esquema de equalização adaptativa menor do que 100 kHz, são arranjados de modo intercalado,
foi considerado para melhorar o desempenho do sistema. representando os canais pares e ímpares, com espaçamento
Visando expandir tal análise, nesse trabalho, investigamos o de 75 GHz e cobrindo uma faixa de frequência de 192,850
desempenho de uma transmissão óptica sem repetição a 400G THz até 191,725 THz. Os dois conjuntos de canais são
empregando DBP e a combinação do DD-LMS, auxiliado pela modulados independentemente por um par de moduladores de
realimentação do FEC com equalizador de múltiplas entradas fase e quadratura de dupla polarização em LiNbO3 (DP-IQM
e múltiplas saídas (MIMO - Multiple-Input Multiple-Output) – Dual-Polarization In-Phase Quadrature Modulators) com
4×4. Todas as estratégias de equalização digital são otimizadas largura de banda de 29 GHz. Cada DP-IQM é modulado por
e analisadas em termos de informação mútua (MI – Mutual quatro sinais elétricos a 66 GBd DP-16QAM (roll-off = 0,1),
Information). As técnicas de equalização são avaliadas através taxa suficiente para incluir 31% e 1% de cabeçalhos para
da transmissão óptica sem repetição de 16×400 Gb/s (66 os FECs com decisão suave (SD - Soft-Decision) e abrupta
GBd DP-16QAM) por 403 km. Os resultados indicam (HD - Hard-Decision), respectivamente. Os sinais elétricos
que a equalização dinâmica linear apresenta capacidade modulantes foram produzidos por um gerador de forma

Decodificador
Remapeamento

MIMO
4x4
CDC
processamento

normalização

DD-LMS

SD-FEC
Cálculo
da MI
Orto-
Pré-

CR
DBP

Fig. 2. Diagrama de blocos representando os três subsistemas de DSP investigados: equalização linear empregando somente compensação de dispersão
cromática (linha azul pontilhada), equalização linear empregando realimentação da saída do código corretor de erro (linha verde contínua) e equalização
baseada em algoritmo de retropropagação digital (linha vermelha tracejada).

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de onda arbitrária (AWG - Arbitrary Waveform Generator), configuração do bloco de DSP (representada pela linha
operando a 92 GSa/s com resolução de 8 bits e largura de vermelha pontilhada) é semelhante a primeira, contudo a CDC
banda de 32 GHz. Em seguida, os sinais ópticos modulados é substituída pelo DBP para a compensação conjunta de CD e
são multiplexados e lançados no enlace óptico sem repetição. efeitos não-lineares. Por fim, a terceira configuração (retratada
O enlace óptico sem repetição compreende quatro estágios pela linha verde contínua) emprega a CDC e equalização
de amplificação: dois amplificadores híbridos (Tx HYB e Rx dinâmica (DE – Dynamic Equalization) modificada. Nesse
HYB), consistindo de um amplificador a fibra dopada com caso, a equalização dinâmica é realizada em dois estágios:
érbio (EDFA – Erbium-Doped Fiber Amplifier) combinado o primeiro estágio consiste em um DD-LMS convencional;
com amplificador Raman distribuído (DRA – Distributed já no segundo estágio, as saídas do decodificador SC-LDPC
Raman Amplifier) de primeira ordem, e dois amplificadores são remapeadas e realimentadas no DD-LMS, atuando como
a fibra dopada com érbio com bombeio óptico remoto uma sequência de treinamento. Em ambos os estágios um
(ROPA – Remote Optically Pumped Amplifier) (Tx ROPA equalizador MIMO 4×4 é empregado logo após a CR.
e Rx ROPA). Cada DRA faz uso de dois bombeios, com
comprimentos de onda de 1452 nm e 1457 nm para o Tx, III. R ESULTADOS
e 1440 nm e 1455 nm para o RX, e uma potência total de
bombeio de aproximadamente 500 mW. Já os ROPAs foram Nessa seção é apresentada a caracterização experimental
projetados considerando potências de bombeios para o Tx da transmissão óptica sem repetição a 400G utilizando
e Rx iguais a 1,38 W e 880 mW, respectivamente, visando o arranjo de laboratório ilustrado na Fig. 1. Conforme
otimizar o seu desempenho sem induzir retroespalhamento descrito na seção anterior, diferentes algoritmos de equalização
significativo. Entre os estágios de amplificação, o enlace digital são avaliados no receptor. Inicialmente, visando uma
óptico sem repetição é composto por três seções de fibra comparação igualitária, todas as abordagens aqui investigadas
para transmissão do sinal óptico e duas fibras dedicadas para são otimizadas através da maximização da MI na saída
bombear os ROPAs. Utilizamos fibras EX3000 (área efetiva de toda a cadeia de DSP. Em todos os casos, o processo
de 150 µm2 e atenuação de 0,157 dB/km) nos dois primeiros de otimização foi realizado apenas para o canal central.
segmentos, objetivando reduzir efeitos não-lineares, e EX2000 A Fig. 3(a) apresenta a otimização do número total
(área efetiva de 112 µm2 e atenuação de 0,157 dB/km) no de passos do DBP para potências lançadas de 3 e 6
restante do enlace. dBm, considerando apenas o DD-LMS convencional. Ao
Depois da transmissão óptica via fibra, cada canal óptico aumentar-se o número total de passos, observa-se ganhos
é filtrado e detectado por um receptor óptico coerente com significativos de desempenho, entretanto uma tendência de
diversidade de polarização. Utilizamos um receptor baseado saturação em tal comportamento fica evidente. Buscando o
em componentes discretos, que inclui uma híbrida óptica de melhor compromisso entre complexidade e desempenho, o
90◦ , oscilador local (ECL com largura de linha de 100 kHz) número ótimo para ambos os valores de potências lançadas
e fotodetectores balanceados (largura de banda de 40 GHz). é de 36 passos. Em tal condição ótima, as capacidades
Posteriormente, os sinais elétricos são amostrados por um alcançadas foram 6,82 e 6,80 bit/símbolo para 3 e 6 dBm,
osciloscópio de tempo real, operando a 80 GSa/s com largura respectivamente.
de banda de 35 GHz. Os sinais amostrados são processados Já a Fig. 3(b) apresenta a otimização do número
de forma offline empregando o conjunto de algoritmos de coeficientes do filtro do DD-LMS, auxiliado pela
de DSP descritos na Fig. 2. Diferentes configurações de realimentação do FEC, para as duas potências lançadas
subsistemas de DSP foram utilizadas, sendo que, em todas consideradas. Nesse caso, apenas CDC foi utilizada e o
as abordagens propostas, inicialmente o sinal adquirido número de coeficientes do equalizador MIMO 4×4 foi
experimentalmente é reamostrado para 2 amostras/símbolo e mantido fixo em 25. Um comportamento semelhante ao da
ortonormalizado, visando compensar distorções do front-end otimização do DBP é observado. O mesmo compromisso entre
óptico. A seguir, especificamente no que se refere a cadeia complexidade e desempenho foi seguido, sendo o valor ótimo
de DSP dita linear (representada pela linha azul pontilhada), de coeficientes igual a 34 para ambas as potências lançadas.
tem-se um algoritmo de compensação de dispersão cromática Considerando o número ótimo de coeficientes, as capacidades
(CDC - Chromatic Dispersion Compensation) convencional, alcançadas foram 6,93 e 6,91 bit/símbolo para 3 e 6 dBm,
baseado em equalização no domínio da frequência (FDE respectivamente.
- Frequency Domain Equalization). Em seguida, realiza-se Por fim, realizou-se a otimização do número de coeficientes
a demultiplexação de polarização com o uso de DD-LMS do filtro do equalizador MIMO 4×4 para ambas as potências
convencional e a recuperação de portadora (CR - Carrier lançadas, conforme retratado na Fig. 3(c). Para esse caso,
Recovery), visando compensar o desvio de frequência entre apenas o CDC foi empregado com o DD-LMS utilizando
a portadora óptica e o oscilador local e o ruído de fase. 34 coeficientes, conforme otimização anteriormente realizada.
Subsequentemente, a MI é calculada. Por fim, emprega-se o Ao aumentar-se o número de coeficientes, é notável que
código de verificação de paridade de baixa densidade acoplado a capacidade aumenta para as duas potências lançadas.
espacialmente (SC-LDPC - Spatially-Coupled Low-Density Entretanto, para 3 dBm, o desempenho é degradado para um
Parity-Check) para correção dos erros de bit. Já a segunda número de coeficientes muito alto. O valor ótimo encontrado

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6,85 6,94

6,94
MI [bit/símbolo]

MI [bit/símbolo]

MI [bit/símbolo]
6,92
6,8

6,92
6,9
6,75

6,88 6,9
Pch = 3 dBm Pch = 3 dBm Pch = 3 dBm
6,7 Pch = 6 dBm Pch = 6 dBm Pch = 6 dBm

10 20 30 40 20 25 30 35 10 20 30
Número Total de Passos Número de Coeficientes Número de Coeficientes
(a) MI versus número total de passos do DBP (b) MI versus número de coeficientes do (c) MI versus número de coeficientes do MIMO
para 3 e 6 dBm. DD-LMS para 3 e 6 dBm. 4x4 para 3 e 6 dBm.
Fig. 3. Otimização das técnicas de equalização digital considerando a maximização da informação mútua (MI) na saída do bloco de DSP em função dos
parâmetros de interesse de cada algoritmo proposto.

foi de 30, resultando em capacidades alcançadas iguais a 6,94 6 dBm. Com base nos resultados obtidos, percebe-se que
e 6,92 bit/símbolo para 3 e 6 dBm, respectivamente. a equalização dinâmica linear otimizada alcança capacidade
maior para todas as potências, quando comparada ao DBP
Empregando os algoritmos com parâmetros otimizados, as convencional. Entretanto, o DBP apresenta uma complexidade
Figs. 4(a) e (b) apresentam as capacidades alcançadas por superior [8]. Dessa forma, a equalização dinâmica linear
canal para a CDC, DBP e a combinação do DD-LMS auxiliado otimizada se mostra como uma potencial solução para se obter
pela realimentação do FEC com MIMO 4×4 (nomeado DE) uma maior informação mútua com um custo computacional
para 3 dBm e 6 dBm. Para o caso com apenas CDC e reduzido. Percebe-se também que, para todas as abordagens
3 dBm, as capacidades máxima e média foram de 6,93 e de equalização aqui propostas, a capacidade do sistema foi
6,82 bit/símbolo, respectivamente. Para o mesmo caso e 6 maior para potências lançadas de 3 dBm por canal. Tal
dBm, os valores de capacidades máxima e média foram 6,86 comportamento pode ser resultado de maiores degradações
e 6,77 bit/símbolo, respectivamente. Já para o caso com devido a XPM, a qual, além de não ser mitigada pelos
apenas DBP e potência lançada de 3 dBm, as capacidades algoritmos aqui propostos, se torna mais severa para maiores
máxima e média foram 6,96 e 6,86 bit/símbolo, enquanto potências de lançamento. A compensação de tal efeito depende
que, para 6 dBm, foram de 6,93 e 6,84 bit/símbolo. Por fim, do uso de equações acopladas (CE – Coupled Equations)
a combinação dos dois equalizadores dinâmicos foi avaliada, capazes de representar as interações intercanais, decorrentes
resultando em capacidades máxima e média iguais a 7 e 6,93 de efeitos não-lineares durante sua propagação pelo enlace.
bit/símbolo, para 3 dBm, e 7 e 6,9 bit/símbolo, considerando

7 7
MI [bit/símbolo]

MI [bit/símbolo]

6,8 6,8

CDC (Pch = 3 dBm) CDC (Pch = 6 dBm)


6,6 6,6
DBP (Pch = 3 dBm) DBP (Pch = 6 dBm)
DE (Pch = 3 dBm) DE (Pch = 6 dBm)

4 8 12 16 4 8 12 16
Índice do Canal Índice do Canal
(a) Capacidades alcançadas por canal empregando diferentes técnicas de (b) Capacidades alcançadas por canal empregando diferentes técnicas de
equalização digital para 3 dBm. equalização digital para 6 dBm.

Fig. 4. Desempenho sistêmico em termos de informação mútua (MI) para os 16 canais transmitidos a 400G, por enlace óptico sem repetição de 403 km,
para duas potências de lançamento por canal.

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IV. C ONCLUSÕES [3] E. Ip and J. M. Kahn, “Compensation of Dispersion and Nonlinear


Impairments Using Digital Backpropagation,” Journal of Lightwave
Neste trabalho investigamos a equalização não-linear Technology, vol. 26, no. 20, pp. 3416–3425, 2008.
baseada em algoritmo DBP e a equalização dinâmica linear [4] M. V. Mazurczyk, J.-X. Cai, H. G. Batshon, M. Paskov, O. V.
baseada na combinação do DD-LMS com equalizador MIMO Sinkin, D. Wang, W. Patterson, C. R. Davidson, P. Corbett, G. Wolter,
T. Hammon, M. A. Bolshtyansky, and D. G. Foursa, “Performance
4×4, com e sem realimentação do FEC, em enlaces ópticos of Nonlinear Compensation Techniques in a 71.64 Tb/s Capacity
sem repetição. As estratégias de equalização foram avaliadas Demonstration Over 6970 km,” in European Conference on Optical
através da transmissão óptica sem repetição de 16×400 Gb/s Communication (ECOC), 2017.
(66 GBd DP-16QAM) por 403 km. Demonstramos que a [5] J. C. S. S. Januário, S. M. Rossi, J. H. C. Júnior, A. Chiuchiarelli,
A. L. N. Souza, A. Felipe, A. C. Bordonalli, S. Makovejs, C. Mornatta,
equalização dinâmica linear apresenta capacidade superior, A. Festa, E. Golovchenko, G. BuAbbud, and J. D. Reis, “Single-Carrier
comparada ao DBP, para potências lançadas de 3 dBm e 6 400G Unrepeatered WDM Transmission over 443.1 km,” in European
dBm, se mostrando uma potencial solução para alcançar maior Conference on Optical Communication (ECOC), 2017.
informação mútua com uma complexidade computacional [6] H. Bissessur, C. Bastide, S. Dubost, A. Calsat, F. Hedaraly, P. Plantady,
and A. Ghazisaeidi, “Unrepeatered Transmission of 29.2 Tb/s over 295
reduzida. km with Probabilistically Shaped 64 QAM,” in European Conference on
Optical Communication (ECOC), 2018.
R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS [7] J. H. C. Júnior, A. L. N. Souza, J. C. S. S. Januário, S. M. Rossi,
[1] J. Reis, V. Shukla, D. Stauffer, and K. Gass, “Technology Options for A. Chiuchiarelli, J. D. Reis, S. Makovejs, and D. A. A. Mello,
400G Implementation,” Optical Networking Forum (OIF), Tech. Rep., “Single-Carrier 400G Unrepeatered WDM Transmission using Nonlinear
2015. Compensation and DD-LMS with FEC Feedback,” in International
[2] J. C. S. S. Januário, A. Chiuchiarelli, S. M. Rossi, J. H. C. Júnior, J. D. Microwave and Optoelectronics Conference (IMOC), 2017.
Reis, C. Mornatta, A. Festa, and A. C. Bordonalli, “System Design for [8] H. Yao, W. Li, J. Han, Z. He, Z. Yuan, Q. Hu, Q. Yang, and S. Yu,
High-Capacity Unrepeatered Optical Transmission,” Journal of Lightwave “A Modified Adaptive DBP for DP 16-QAM Coherent Optical System,”
Technology, vol. 37, no. 4, pp. 1246–1253, Feb 2019. IEEE Photonics Technology Letters, vol. 28, no. 22, pp. 2511–2514, 2016.

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Robust Power Budget Model for an Optical Fiber


Link
Bruno Fanzeres Gustavo Amaral
Industrial Engineering Department Center for Telecommunication Studies
Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, Brazil Rio de Janeiro, Brazil
bruno.santos@puc-rio.br amaral@puc-rio.br

Abstract—The power budget of an optical fiber link is a crucial and the receiver’s detection threshold. Even though most of
aspect of its design and the correct placement of amplifiers along the estimates for these numbers can be determined with great
the fiber link can simultaneously decrease costs and ensure good precision a priori, the optical fiber can be damaged (either
signal quality at the end node. Unfortunately, the communication
channel can impart losses to the optical signal due to the over time or due to a specific event) thereby changing the
corruption of the optical fiber, which can happen for a multitude dynamics of the power budget. One possible solution to this
of reasons. The problem of creating a design that can endure problem is optical fiber monitoring, that can be used to timely
dynamic changes after its deployment is present in many fields detect losses in the fiber so that a repair unit can be dispatched,
of technology, and robust optimization techniques have been minimizing the downtime of the link. Another possibility
developed to tackle such instances. This work focuses on the
analysis and mathematical modeling of the power budget of is the one unveiled by contemporary reconfigurable optical
an optical fiber link suitable to be accommodated into least- interconnections, which allow the power flow to be redirected
cost planning models. In order to introduce resilience against in case a loss is identified [4], [5].
unexpected power losses due to fiber faults, robust optimization
techniques are adapted into the planning model and a numerical These solutions, even though quite successful, tackle the
experiment is conducted in order to illustrate its applicability. problem after it has been detected and offer no means of
Results indicate that a significant reduction on the probability of preventing the link from becoming inoperative but, rather, a
closing the links power budget under the adverse condition of a means of reducing the total downtime. The concept of robust
fiber fault can be achieved under the robust design.
Keywords—Optical Fiber Network Design, Mixed Integer Lin- designs can, on the other hand, be used in this context to create
ear Programming, Mathematical Modeling, Robust Optimization. a link that is able to endure a certain level of dynamic changes
before becoming inoperative, providing even more resilience
to the network operator. In this work, the proposal of a precise
I. I NTRODUCTION mathematical representation of the power budget of an optical
fiber link is set forth such that it can be accommodated into
Optical fibers are currently responsible for the majority of
least-cost planning models. The model takes into account the
the telecommunication traffic in the world, carrying about
input power, amplifier gain, amplifier saturation, and eventual
80% of the total load of long-distance communication signals
losses due to the mechanical fragility of the physical layer. By
[1]. Establishing an optical fiber link is a delicate process
casting the problem as a Mixed Integer Linear Programming
and involves several constraints that are not limited to the
(MILP) problem), it is possible to develop robust operation
characteristics of the optical signal that will flow through
techniques, allowing network planners to introduce a compro-
the fiber (such as the type of multiplexing (time, sub-carrier,
mise relationship between cost and operational quality in their
wavelength, spatial mode); bandwidth; modulation format;
designs [6]. This is done by identifying the least-cost design
power levels; dispersion effects; intermodulation of carriers;
that closes the power budget of the link under power losses
and potential nonlinear effects [2]) but are associated to geo-
of at most a given magnitude (defined by the planner) due to
graphical and civil aspects of the design, such as the physical
fiber faults at any position in the fiber.
location of the optical amplifiers along the link (often limited
to specific sites), the availability of energy supply in remote The framework constructed in this work paves the way for
locations, and several others. Due to its high complexity, great efficient methodologies to further increase the complexity of
effort in creating a methodology for optical fiber link design the model more smoothly. The model, described in Section II,
has been expended, with the creation of software tools that provides flexibility in the design constraints, which, in turn,
support the design choices, e.g. [3]. allows for the introduction of fault robustness (presented in
One important aspect of any optical fiber link is the power Section III) into the design model. The unfolding possibilities
budget, which relates the total expected losses along the provided by the initial problem, specifically how to accommo-
channel to the necessary output power at the transmitter date the complexities of real-world scenarios, is discussed in
location, the gain of eventual optical amplifiers along the link, the concluding Section IV.

317
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. M ODELING THE P OWER B UDGET OF AN O PTICAL this condition. Formally, a binary variable bsat j for each ampli-
F IBER L INK fier j ∈ {1, . . . , N } is introduced with the following definition:
The design of an optical fiber link must consider several
(
sat
1, fjIN + G > psat
parameters, such as: type of multiplexing (time, sub-carrier, bj = , (3)
wavelength, spatial mode); bandwidth; modulation format; 0, fjIN + G ≤ psat
power budget; dispersion effects; intermodulation of carriers; The positions of the amplifiers are also modeled by a set
and potential nonlinear effects [2]. However, it can be argued of equations, presented in (4). Following the logic relation
that the first condition that needs to be met is the link power introduced in (1), the position of the amplifiers increases with
budget, i.e., making sure that the signal has enough power to its index. It is important to note that this idea is rather a math-
reach the receiver above the detection margin, after multiple ematical necessity than a phenomenological effect and aims at
amplifications along the transmission link. This is, thus, the facilitating the mathematical formulation of the dynamics of
framework of the proposed model: meeting the power budget the power flow along the optical fiber link. In other words, a
conditions of the link by finding the appropriate positions given amplifier j, when included in the link, will do so in a
to place amplifiers while considering the intrinsic attenuation position greater than its predecessor j − 1 and smaller than
of the optical fiber and the cost of installation. A pictorial the subsequent amplifier j + 1. The equations that characterize
depiction of an optical fiber link’s power budget can be found this dynamics are as follows:
in Fig. 1.
∆X y1 ≤ X1 ≤ Ly1 ,
(Xj−1 + ∆X )yj ≤ Xj ≤ Lyj , ∀ j ∈ {2, ..., N } (4)
yj ≤ yj−1 , ∀ j ∈ {2, ..., N },
where ∆X corresponds to a minimum distance in which con-
secutive amplifiers are allowed to be placed; and yj ∈ {0, 1}
indicates if the amplifier j ∈ {1, . . . , N } is chosen to be
installed. Finally, the objective function, considering all the
Fig. 1. The power budget of an optical fiber link depicted as a function of decision variables, can be written as:
its mathematical parameters. N
X
C inst yj + λbsat

min j , (5)
Formally, let N denote the number of amplifiers available sat
yj ,bj ,Xj ,
j=1
for installation. The basic power budget of an optical fiber link fjIN ,fjOUT
with total length L is modeled through the following set of
constraints: where C inst is the, hereby assumed fixed, cost of installation,
and λ is an extra cost (penalty) incurred when an amplifier
f1IN = F IN − αX1 operates saturated. Even though the restrictions presented in
fjIN = fj−1
OUT
− α(Xj − Xj−1 ), ∀ j ∈ {2, ..., N }; (1) Equations 1-4 translate, in mathematical terms, the rationale
F OUT
≤ OUT
fN − α(L − XN ), behind their purpose, they are not suitable for direct imple-
mentation on off-the-shelf solvers. Nevertheless, by making
where {Xj }N
j=1 |Xj ∈ (0; L)∀j indicates the respective posi- use of arithmetical techniques to cast the non-linear equations
tion of each amplifier in the fiber link and fjIN/OUT denotes (2) and (3) into mixed-integer linear constraints, it is possible
the input and output powers of amplifier j ∈ {1, . . . , N }. to efficiently accommodate the model into a format that can
Moreover, F IN/OUT stands for transmitter output power and be properly interpreted by a solver. Due to spacing limits,
receiver minimum input power, respectively. The fiber attenu- however, the length of the reformulated problem in its final
ation coefficient (α) is written, as are all the power values, in form make its inclusion impracticable in this document. Fur-
logarithmic scale, which allows the power budget equations thermore, the final equations obfuscate most of the physical
to be linear. The intrinsic behaviour of each amplifier is intuition associated to them, and, even though they are not
also characterized by a set of restrictions. More precisely, a presented here, Fig. 2 depicts the rationale behind the amplifier
piecewise linear function has been used to model equipment saturation mathematical relations.
saturation, i.e., the amplifier operates linearly up to a given In order to certify the model accuracy, a numerical experi-
output power psat after which its output is constant. For ment is conducted next, in which a set of links of increasing
each amplifier j ∈ {1, . . . , N }, the dynamic induced by this lengths is studied. The positions and total number of amplifiers
behaviour is modeled as follows: included is evaluated and presented in Fig. 3. As the results
( sat
OUT
p , fjIN + G > psat of Fig. 3 indicate, the model adequately includes amplifiers
fj = , (2) to allow the link to operate above the power budget and
fjIN + G, fjIN + G ≤ psat
the positions follow the intuitive approach, i.e., dividing the
where G stands for the optical gain of the amplifier. Since length of the fiber in stretches that correspond to the optical
operation under saturation is an unwanted condition, a penalty power loss equal to the optical power gain of the amplifiers
factor (λ) is assumed for each amplifier that operates under and including the amplifiers in these positions. For these and

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

an optical power loss at position q ∈ (0, L). Therefore, under


this adverse condition, Equation (1) can be rewritten as:
f1IN = F IN − αX1 − β δ[0,X1 ] (q)
fjIN = fj−1
OUT
− α(Xj − Xj−1 ) − β δ[Xj−1 ,Xj ] (q)
(6)
∀ j ∈ {2, ..., N };
F OUT − ε ≤ fN
OUT
− α(L − XN ) − β δ[XN ,L] (q),
where δ represents a delta (Dirac) impulse function and ε(≥ 0)
translates an a priori defined level of reduction on the optical
power across the link that the network manager stipulates as
its maximum allowed adverse condition. It is important to
Fig. 2. Linearization of the amplifier equations. By introducing auxiliary highlight that, although several fiber monitoring techniques
(1) (2)
variables θj and θj , the model is able to identify whether an amplifier is have been recently proposed in technical literature (see, e.g.,
saturated.
[8] and the references therein), critical locations of power loss
cannot be precisely defined before the actual implementation
other results, parameters of amplifiers were chosen arbitrarily, and operation of the fiber. Therefore, in order to introduce
not necessarily resembling parameters of real devices. These robustness into the fiber link design, robust optimization tech-
are: F IN = 20 [dBm]; F OUT = 0 [dBm]; α = 0.2 [dB/km]; niques are used to identify a least-installment-cost amplifiers’
C inst = 1000; λ = 100; G = 45 [dB]; psat = 50 [dBm]. The locations that cope with Equation (6), regardless of the fault at
fact that the parameters are somewhat arbitrary showcases the position q ∈ (0, L). This is performed through the introduction
generality of the model. of the following restrictions:
∀ q ∈ (0, L) :
IN
f1,q = F IN − αX1 − β δ[0,X1 ] (q);
IN OUT
fj,q = fj−1,q − α(Xj − Xj−1 ) − β δ[Xj−1 ,Xj ] (q),
∀ j ∈ {2, ..., N };
F OUT − ε ≤ fN,q
OUT
− α(L − XN ) − β δ[XN ,L] (q), (7)
where f OUT and bsat follow, respectively, (2) and (3).
These restrictions can be interpreted as enforcing the optical
power flow to be sufficient to meet the minimum level at
the receiver up to an a priori defined ε deduction for all
fault positions q ∈ (0, L). From a solution methodology
Fig. 3. Design of an optical fiber link with varying length. The left (black) perspective, the objective function (5) – presented in Section II
vertical axis corresponds to the position of the amplifiers; if the position is –, subject to constraints (2)–(4) and (6)–(7), can be efficiently
zero, it indicates that the model did not choose to include the corresponding
amplifier. The right (red) vertical axis corresponds to the total cost of
formulated as a large-scale MILP Problem by using disjunctive
installation. constraints, suitable for applying the CCG algorithms [9].
An illustrative numerical experiment is presented in order to
showcase the robust methodology’s features. The parameters,
now, are adjusted to resemble real off-the-shelf components
III. I NTRODUCING ROBUSTNESS such that: F IN = psat = 25 [dBm]; and G = 25 [dB].
Other parameters are kept the same, and an optical fiber link
A critical issue for an adequate design of optical networks with L = 500 [km] and minimum distance ∆X = 5 [km]
is its operative reliability under adverse conditions. More is introduced. For expository purposes, a fault of maximum
precisely, despite the significant advances recently achieved magnitude β = 50 [dB] is assumed and three design cases are
in the physical protection of optical fiber links, their intrinsic compared: (i) a Nominal design, which is identified by running
mechanical fragility induces network managers to constantly the design model without the robust counterpart (Equations
operate the fiber under some source of optical power loss (e.g., (7)); (ii) a Light Robust design, comprising the solution of the
due to a fiber bending and/or breaking, imperfect fiber splices, robust design model with ε = 10 [dB]; and (iii) a Tight Robust
and corrupted connectors). Notwithstanding, the impact of design in which no deduction is allowed (i.e., ε = 0 [dB]).
some of these losses can change over time due to their nature The results are summarized in Table I.
[7]. In this context, designing a link that assures sufficient Three aspects of the results require highlighting. First, the
degree of robustness against unexpected loss conditions is fact that, as ε approaches zero, the model includes more
of utmost importance, both from a technical and a financial amplifiers, so as to be more resilient against an unexpected
viewpoint. For this purposes, let β denote the magnitude of fault; this, in turn, increases the cost, as expected. Second,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE I [4] D. M. Marom, P. D. Colbourne, A. Dérrico, N. K. Fontaine, Y. Ikuma,


T OTAL COST AND VIOLATION PROBABILITIES OF THE ROBUST ANALYSIS . R. Proietti, L. Zong, J. M. Rivas-Moscoso, and I. Tomkos, “Survey
of Photonic Switching Architectures and Technologies in Support of
Nominal Light Robust Tight Robust Spatially and Spectrally Flexible Optical Networking,” IEEE/OSA Journal
of Optical Communications and Networking, vol. 9, no. 1, pp. 1–26, 2017.
Total Cost $4,000.00 $5,100.00 $6,300.00 [5] M. Channegowda, R. Nejabati, and D. Simeonidou, “Software-Defined
Viol. Prob. 49.33 % 3.99% 0.01% Optical Networks Technology and Infrastructure: Enabling Software-
Defined Optical Network Operations,” Journal of Optical Communica-
tions and Networking, vol. 5, no. 10, pp. A274–A282, 2013.
[6] T. Bauschert, C. Busing, F. D’Andreagiovanni, A. Koster, M. Kutschka,
the Tight Robust model chooses to operate with one of the and U. Steglich, “Network Planning under Demand Uncertainty with
Robust Optimization,” IEEE Communications Magazine, vol. 52, no. 2,
amplifiers saturated; this analysis is interesting since, unless pp. 178–185, 2014.
the cost of saturation is extremely high, the system will likely [7] P. J. Urban, G. C. Amaral, G. Żegliński, E. Weinert-Raczka, and J. P.
opt for this solution; the requirement of a more profound von der Weid, “A tutorial on fiber monitoring for applications in analogue
mobile fronthaul,” IEEE Communications Surveys & Tutorials, vol. 20,
analysis of the impact of amplifier saturation on the expected no. 4, pp. 2742–2757, 2018.
signal-to-noise ratio, instead of simply on the power budget [8] R. Saavedra, P. Tovar, G. C. Amaral, and B. Fanzeres, “Full Optical
of the link, becomes clear. Finally, the third line of Table Fiber Link Characterization With the BSS-Lasso,” IEEE Transactions on
Instrumentation and Measurement, vol. 68, no. 10, pp. 4162–4174, Oct.
I depicts the reliability of the designs by calculating the 2019.
violation probability, i.e., the probability of not meeting the [9] B. Fanzeres, S. Ahmed, and A. Street, “Robust Strategic Bidding in
required minimum power at the receiver given a randomly Auction-Based Markets,” European Journal of Operational Research, vol.
272, no. 3, pp. 1158–1172, Feb. 2019.
sampled fault. Both position and magnitude of this sampled
fault were drawn from Uniform and β(2,5) distributions in the
range [0, L] [m] and [0, 75] [dB], respectively. Even though β
was arbitrarily chosen as a lower value than the maximum of
the magnitude’s sample region, it is noteworthy that the Tight
Robust case still guarantees a very low violation probability.

IV. C ONCLUSION
A robust strategy for optical fiber link design has been
proposed and its viability, under certain modeling simplifi-
cations and assumptions, has been demonstrated; the link can
be designed to be resilient against stipulated faults, which, as
expected, represents an increased installation cost. Modeling
of the simplified link already represents an interesting and
non-trivial problem, where advanced optimization techniques
have to be used to ensure a viable and physically consistent
solution. Taking the currently presented model as the basic
framework, several more complex conditions and effects can
be taken into account, such as the effect of the amplifier’s
noise figure on the resulting SNR at the receiver and non-
linear effects in case multiple optical carriers are used for
transmission (WDM). Extending the model to allow for more
than one optical fiber link to be considered is the sought-after
future point of investigation, as it will allow for robust design
of optical fiber networks.

ACKNOWLEDGMENT
This study was financed in part by the Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior - Brasil
(CAPES) - Finance Code 001. The research of Bruno
Fanzeres was partially supported by FAPERJ (project E-
26/202.825/2019)

R EFERENCES
[1] S. Kumar and M. J. Deen, Fiber optic communications: fundamentals
and applications. Wiley, 2014.
[2] J. Hecht, Understanding Fiber Optics, 5th ed. Prentice Hall, Apr. 2005.
[3] Telecominfraproject, “Optical route planning library, based on a gaussian
noise model,” https://github.com/Telecominfraproject/oopt-gnpy, 2018.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Caracterização Experimental do Travamento por


Injeção Óptica de Sinais com Múltiplas Portadoras

A. I. N. B. Pereira, L. A. Huancachoque, D. V. G. L. Nascimento, M. L. M. dos Santos e A. C. Bordonalli


Departamento de Comunicações Ópticas, Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação
Universidade Estadual de Campinas
Campinas, SP, 13083-852, Brasil
alexbraz@decom.fee.unicamp.br, aldario@decom.fee.unicamp.br

Resumo—Este trabalho apresenta a análise experimental do Atualmente, diversos enlaces de fibra ainda utilizam o
travamento por injeção óptica de um laser semicondutor em sistema de modulação de intensidade e detecção direta
relação à diferentes linhas espectrais de um pente óptico de (IM/DD), no qual a informação é transportada via intensidade
frequências. Visando aplicação desse laser como oscilador local da luz e recuperada utilizando-se apenas um fotodiodo [2].
de receptores ópticos coerentes de supercanais, investigaram-se Contudo, com a evolução da tecnologia de informação e,
as faixas de travamento do laser para componentes espectrais consequentemente, com o aumento da quantidade de dados
distintas do pente. Para determinadas condições de operação, transmitidos, o número de problemas presentes nos sistemas
observaram-se interferências no travamento provocadas pela ópticos baseados em IM/DD aumentou, principalmente, por
existência de linhas adjacentes. O problema pode ser evitado se
causa de efeitos dispersivos. Estes efeitos geram distorção na
forem definidos espaçamentos mínimos entre os limites da banda
de travamento relativa a essas linhas, definidos como bandas de
transmissão digital ao longo das fibras, especialmente nos
guarda. No caso do experimento avaliado nesse trabalho, uma sistemas de longa distância. À medida que o pulso óptico viaja
banda de guarda de aproximadamente 12 GHz deve ser mantida ao longo do canal, ele sofre alargamento. Neste caso, ao
se a razão de injeção utilizada for menor que -27 dB. O ruído de ocorrer o alargamento dos pulsos, estes se sobrepõem a seus
fase obtido durante o processo chegou a aproximadamente -86 vizinhos, gerando erros na recepção, conhecidos como
dBc/Hz para essa mesma razão de injeção. interferência intersimbólica (ISI – intersymbol interference)
[3]. Associando-se a sensibilidade do receptor, a ISI e as não
Palavras chave—Travamento por injeção óptica; pente óptico linearidades da fibra ao fato dos sistemas baseados em IM/DD
de frequência; laser oscilador local estarem próximos de sua saturação, a detecção coerente ganhou
espaço nas últimas décadas, num formato um pouco diferente
I. INTRODUÇÃO dos receptores coerentes clássicos.
A taxa de informação transmitida é uma variável de Similarmente ao que ocorre com as técnicas de recepção
extrema importância a ser considerada em projetos recentes de coerente clássicas, tais como o laço de travamento de fase
sistemas de comunicações ópticas, principalmente por causa do óptica (OPLL), o travamento por injeção óptica (OIL) e o laço
constante aumento de demanda por banda. Ela afeta de travamento de fase com injeção óptica (OIPLL), os
diretamente todas as características do projeto. Na transmissão, chamados receptores coerentes digitais (RCD) também
apareceram novas formas de enviar dados, como o emprego de promovem a sincronização entre fontes distintas com supressão
supercanais, gerados a partir de pentes ópticos de frequência do erro de fase, porém, com isso sendo alcançado via DSP. Do
(OFC – optical frequency comb). Na recepção, a busca pelo ponto de vista estrutural, o RCD também faz uso de um laser
aumento da eficiência espectral encorajou o reaparecimento da oscilador local (LOL), mas este não é fisicamente travado à
detecção coerente, que permite o uso de diferentes formatos de portadora do sinal recebido. O DSP permite o sincronismo com
modulação adaptados para os sistemas ópticos, como o compensação de erros de fase e frequência, a recepção de sinais
chaveamento de fase em quadratura (QPSK – quadrature multiplexados em diferentes estados de polarização, a detecção
phase-shift keying) e a modulação de amplitude em quadratura de formatos de modulação de maior eficiência espectral e a
(QAM – quadrature amplitude modulation), associados ao correção de efeitos lineares e de alguns efeitos não lineares de
processamento digital de sinais (DSP – digital signal propagação pela fibra, entre outros [4]. Assim, estes receptores
processing) [1]. propiciaram um aumento considerável na capacidade de
transmissão do sistema óptico. Contudo, a sofisticação do
sistema começou a impor demandas estritas à eletrônica
O presente trabalho foi realizado com apoio da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP, 16/11163-6, 15/24517-8); da envolvida na utilização do DSP, conforme a taxa de símbolos
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, aumentava. Por exemplo, a utilização de taxas de símbolos de
00.889.834/0001-08/1723908, 88882.329469/ 2019-01, 88882.329378/2019- 32 Gbaud requer que os conversores do DSP possuam larguras
01, 88882.329363/2019-01), código de financiamento 001; do Conselho de banda acima de 60 GHz, exigindo avanços físicos da
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, 402923/2016- eletrônica de alta frequência e investimentos pesados para a
2, 306355/2014-0); e do FAEPEX/UNICAMP.
expansão dos sistemas.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Uma forma de tentar corrigir a limitação eletrônica em do LOL, o que define o extremo da região de dissintonia
enlaces e redes com alto tráfego de informações e positiva, e outro, onde ocorre o oposto, definindo o extremo da
potencialmente aumentar a capacidade do sistema é a proposta região de dissintonia negativa.
recente da utilização de supercanais, obtidos a partir do uso de
geradores de pente óptico de frequência (OFCG – optical A Fig. 1 apresenta o diagrama da montagem construída
frequency comb generator). O supercanal utiliza um certo para realizar o estudo sobre o OIL de um laser semicondutor
número de subportadoras que operam mais próximas as da em relação a um sinal óptico de múltiplas portadoras (OFC
atual grade da multiplexação por divisão densa em mestre). Um laser DFB (EM4, 191-2/29/14748) encapsulado
comprimento de onda (DWDM – dense wavelength division sem isolador de saída foi utilizado como LOL. Nesse caso,
multiplexing) do ITU-S (International Telecommunication injeção e emissão são possíveis em uma mesma face do laser
Union – Standards), portanto, a uma taxa de símbolos mais via um circulador, cujas portas são ilustradas pelo bloco LOL
baixa. Apesar do aumento de complexidade e granularidade (BLOL). Para atender aos requisitos do sistema, o LOL
dos transmissores e receptores, que agora precisam lidar com forneceu 2,77 dBm e operou em, aproximadamente, 1545,989
cada subcanal do supercanal, a consequente diminuição da taxa nm. O laser em cavidade externa (ECL – external cavity laser,
de símbolos faz com que a eletrônica se torne de fácil acesso e Santec TSL-210V) utilizado como ML foi sintonizado de
maneira a que sua frequência de operação (f0) fosse próxima
a um custo bem inferior. Porém, um fato que pode dificultar a
implantação desses sistemas é a necessidade de se ter um LOL daquela do LOL. Para compensar as perdas do sistema e
para cada um dos subcanais e todo o aparato do DSP para a fornecer potências de injeção e fotodetecção adequadas, o ML
recuperação da informação. O problema do LOL poderia ser operou com 11,32 dBm. Para gerar o sinal de múltiplas
solucionado se um supercanal oscilador local (SOL) fosse portadoras, um modulador de fase (PM – phase modulator,
gerado no próprio receptor, a partir de um LOL. EOspace PM-5SE-20-PFA-PFA-UV) foi utilizado. Um gerador
de RF (RFG – RF generator, Agilent E8257D) conectado a um
A utilização do LOL como fonte para a geração local de um amplificador (RFA – RF amplifier, Mini-Circuits ZVE-3W-
pente de frequência ainda requer que o sistema apresente um 183+) forneceu ao PM um sinal harmônico de frequência e
bloco DSP, com todos os algoritmos de recepção, para cada potência iguais a 18 GHz e 4,18 dBm, respectivamente. Como
subcanal. No entanto, alguma simplificação na estrutura do resultado, o espectro de saída do PM mostrou um pente de
DSP, levando à redução da carga de processamento imposta a várias linhas com amplitudes não uniformes, como na Fig. 2.
ele, poderia ser obtida se houvesse a aplicação de uma das Mais tarde, o OIL do LOL foi avaliado para as cinco linhas
técnicas de recepção coerente clássicas para sincronizar o pente centrais do OFC, cujas frequências são equivalentes a f-2, f-1, f0,
oscilador local (POL) a uma das portadoras do supercanal. f1 e f2. Um controlador de polarização (PC1 – polarization
Além de melhorar a capacidade de transmissão, os supercanais controller 1) antes do PM alinhou a polarização da luz na fibra
também são uma solução alternativa para a manutenção das com a do guia de onda do modulador.
infraestruturas de redes já instaladas. Assim, devido a papel da
recepção coerente na recuperação da informação pós DSP, este
trabalho tem como principal objetivo estudar o travamento
experimental de laser semicondutores por injeção óptica de
sinais com múltiplas portadoras, visando aplicação em
receptores coerentes de supercanais.

II. ESTUDO EXPERIMENTAL DO OIL

A. Determinação da faixa de travamento Fig. 1. Diagrama esquemático do OIL de um LOL em relação a um sinal de
múltiplas portadoras.
O OIL é um fenômeno não linear, resultante da injeção de
parte do sinal de um laser mestre (ML – master laser) na região
ativa de um LOL [5]. Assim, dependendo da diferença inicial
entre as frequências de operação livre (FRF – free-running
frequency) do ML e do LOL, a injeção altera o mecanismo de
ganho do LOL, forçando emissões estimuladas na frequência
do ML. Como resultado, o LOL opera sincronizado (travado), à
fonte mestra, adquirindo suas características espectrais. O
travamento persiste enquanto a diferença entre as FRFs do ML
e do LOL estiverem dentro da chamada banda de travamento
do OIL [6]. Além do tipo e da estrutura do LOL, a largura da
banda de travamento depende da razão entre as potências
injetada do ML e a produzida pelo LOL, definida como a razão
de injeção (IR – injection ratio) do OIL [6]. A banda ou faixa
de travamento é definida em termos da diferença entre as FRFs
do ML e do LOL [7] e pode ser determinada para uma dada IR Fig. 2. Espectro do OFC gerado na saída de um PM alimentado por um sinal
ao se medirem essas diferenças nos limites de travamento. de 4,18 dBm e 18,0 GHz, mostrando as frequências f-2, f-1, f0, f1 e f2 das linhas
Portanto, há um limite onde a frequência do ML é maior que a de referência do OFC relativas aos seus comprimentos de onda.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Após o PM, o OFC (portadora e bandas laterais) seguem Apesar da descrição acima ter considerado apenas o ECL
para um acoplador (C1 – coupler 1), que divide o feixe de luz como ML, a mesma pode ser estendida para uma situação onde
em dois caminhos ópticos distintos. No primeiro caminho, a o sinal é composto por um OFC como o da Fig. 2. Nesse caso,
luz vai direto para um segundo acoplador (C2). No caminho 2, a análise do OIL foi feita para cada linha do pente e observou-
a outra parte desse sinal viaja através de um o atenuador óptico se comportamentos de OIL semelhantes ao anterior para baixo
variável (VOA – variable optical attenuator), um isolador (I) e IR. Porém, quando a IR é alta, pode ocorrer das potências
um controlador de polarização (PC2) antes de ser injetado na ópticas de linhas adjacentes àquela que está gerando o OIL
cavidade do LOL. Nesse caso, o VOA é responsável pelo serem altas o suficiente para interferir no OIL daquela linha,
controle da quantidade de potência óptica injetada na região gerando instabilidades por intermodulação (XTLK – crosstalk)
ativa do LOL. O PC2 é responsável pelo alinhamento da de travmento. As Fig. 3 mostram um exemplo do espectro de
polarização do sinal na fibra de entrada do LOL ao de sua travamento (a) estável (baixa IR) e (b) instável (alta IR) do
região ativa. O sinal proveniente do LOL passa por PC3 e é LOL à linha f0 de um OFC com espaçamento fixo entre linhas.
combinado ao do Caminho 1 em C2. O ajuste da polarização
por PC3 alinha as polarizações dos sinais nas duas fibras,
permitindo o batimento do sinal resultante pelo fotodetector do
receptor (PD – photodetector, Newport D-8ir) conectado a uma
das portas de saída de C2. A outra foi acoplada à entrada de um
analisador de espectro óptico (OSA – optical spectrum
analyzer, Agilent 86146B). Por fim, a saída de RF do PD foi
observada em um analisador de espectro elétrico (ESA –
electrical spectrum analyzer, Agilent E4408B). O OSA visa
monitorar o travamento e o espectro dos sinais ópticos. O ESA
é utilizado para medir os pontos limites do travamento do LOL
às linhas central (f0) e laterais (f-2, f-1, f1 e f2) do OFC.
O primeiro passo de caracterização do OIL foi a medição
da banda de travamento do LOL em relação ao sinal do ML
(ECL ligado diretamente à C1). Mantendo-se a frequência do
LOL fixa e partindo-se de uma condição de LOL travado, o
ML é sintonizado em direção à um dos extremos da faixa de
travamento (repete-se o procedimento para o outro). No OSA e
no ESA da Fig. 1, observam-se, respectivamente, os espectros
ópticos e elétrico de travamento. Com o travamento, os
espectros ópticos do ML e LOL se sobrepõem, de modo que se
observa um deslocamento espectral com a sintonia do ML
como se fosse apenas o do sinal mestre. Ao mesmo tempo, no
ESA, com a frequência intermediária (FI) de batimento nula, o
espectro elétrico está na banda base e não há sinal observável.
Se a injeção é bloqueada via o VOA da Fig. 1, os espectros
ópticos do ML e do LOL se separam e um sinal de batimento
elétrico aparece na frequência igual à da diferença entre as
FRFs dos lasers. Da posição e leitura dos comprimentos de
Fig. 3. Gráfico mostrando o travamento (a) estável e com (b) XTLK.
onda dos espectros ópticos após a separação, é possível inferir
a região de dissintonia e confirmar a diferença de frequência. Nota-se uma deformação espectral considerável ao se
Próximo dos limites, há região estreitas de transição até a perda passar de uma condição de baixa para alta IR deixando claro
do travamento, observadas por meio de alterações nos formatos que a operação sob XTLK deve ser evitada quando do projeto
dos espectros óptico e elétrico. Por fim, os espectros ópticos de um receptor utilizando OIL. Além disso, observou-se que a
dos lasers se separam e se estabelece um batimento no espectro XTLK pode ocorrer em toda a extensão da banda de OIL ou
elétrico. Após isso, a injeção é bloqueada e as diferenças de próxima de seus limites, dependendo da linha adotada como
frequência relativas aos limites da banda de OIL medidas. O mestre e/ou da IR utilizada. Nesse sentido, concluiu-se que um
bloqueio da injeção é necessário, pois a luz injetada é suficiente mapeamento da banda de OIL do LOL em relação a cada uma
para promover uma variação de sua frequência em relação ao das linhas do OFC sob análise seria necessário para diferentes
valor de FRF, dependente da quantidade de potência injetada. IR. O controle da IR e, consequentemente, da amplitude das
Os espectros óptico e elétrico se comportam de forma análoga linhas do pente foi feito via VOA. O resultado do mapeamento
ao observado ao se sintonizar o ML de volta para o travamento do travamento do LOL às linhas de referência o OFC (Fig. 2) é
do LOL. Além de bloquear a injeção durante os experimentos, mostrado na Fig. 4. A sintonia do ECL permitiu a sintonia do
o VOA faz o controle da IR. Como esperado [6], observou-se OFC de maneira que o LOL pudesse ser travado em relação às
que a largura de banda de travamento se torna mais estreita linhas em questão. Os retângulos mostram a extensão dos
quando a IR diminui. As medições foram limitadas pela intervalos de travamento do LOL medidos (dissintonia positiva
máxima potência óptica disponível para injeção e pela mínima para a direita e negativa para a esquerda das setas vermelhas)
resolução em se obter o travamento com baixa IR. em relação a cada linha (acima, para f2 f0 e f-2, abaixo, para f1 e

323
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

f-1), tendo o nível de atenuação do VOA como parâmetro. Fig. 4 (a) a (c) acontece para altos valores de potência óptica
Regiões com XTLK estão em rosa e estáveis em azul. Os injetada, uma vez que o desvio de frequência do LOL se torna
comprimentos das setas indicam as distribuições proporcionais maior em relação à sua FRF. Ainda, é possível observar a
de amplitude da portadora e das bandas laterais e suas posições variação da faixa de travamento com a IR, além de faixas
a condição de dissintonia nula (frequência da linha em questão estáveis (azul) e com XTLK (rosa). Com relação as Fig. 4 (b),
igual à de FRF do LOL). As divisões no eixo horizontal os espectros ópticos de travamento foram observados durante a
correspondem a 3,0 GHz. sintonia do OFC em direção a maiores comprimentos de onda.
Durante a sintonia, notou-se que, apesar da ocorrência de
XTLK, os espectros de OIL do LOL mostravam uma mudança
de formato recursiva nos pontos indicados (degraus) na Fig. 4
(b), sugerindo a ocorrência dos limites da banda em relação a
uma dada linha. Já a partir da Fig. 4 (c), observaram-se faixas
de OIL como descrito anteriormente. As faixas de travamento
medidas para a Fig. 4 (c) foram de 6,09, 12,65, 18,36, 16,30 e
7,22 GHz para travamento do LOL em relação à f-2, f-1, f0, f1 e
f2, respectivamente. Assim, ao se diminuir a IR e a potência das
linhas adjacentes, tem-se que a XTLK diminui e as bandas de
travamento se tornam estáveis e mais simétricas, como o
observado após o mapeamento que resultou nas Fig. 4 (d) e (e).
Nesses casos, o VOA foi ajustado para atenuações de 16 e 20
dB na potência de entrada do LOL, respectivamente. De fato,
para um dado espaçamento entre as linhas do OFC, esses
valores de atenuação resultam em IRs e potências das linhas do
pente que permitem bandas de OIL para o LOL mais estreitas,
estáveis e, praticamente, simétricas. Esses resultados sugerem
que uma relação entre a IR e o espaçamento entre as linhas do
OFC pode ser estabelecida para se evitar a XTLK. Em outras
palavras, para uma dada IR limite, assegura-se uma faixa de
frequência entre as linhas do pente (banda de guarda) que
mantém os limites das bandas de travamento de linhas vizinhas
longe o suficiente para prevenir a intermodulação. Assim, no
projeto de receptor OIL, deve-se observar a banda de guarda
para impedir que a intermodulação afete o travamento do LOL
em relação às linhas do OFC.
Fig. 4. Distribuição das faixas de travamento do LOL em relação às linhas do A Fig. 5 mostra a faixa de OIL do LOL em relação às
OFC, mostrado as regiões estáveis (azul) e com intermodulação (rosa), para linhas do OFC (a) f0, f1 e f-1 e (b) f2 e f-2, em função da IR. Os
atenuação do VOA igual a (a) 0, (b) 6, (c) 10, (d) 16 e (e) 20 dB.
limites de travamento são mostrados para as regiões de
Na saída do VOA ajustado para 6 dB (VOA = 6 dB) de dissintonia positiva (+) e negativa (-) ao se mudar a IR. Como
atenuação, as potências de pico de f0, f1 e f-1 foram de -13,74 as linhas f0, f1 e f-1 apresentam valores próximos de IR, as
dBm, e de f2 e f-2 de -21,75 dBm. As IRs experimentais faixas de travamento relativas a estas linhas foram postas juntas
correspondentes foram de -16,51 dB para o OIL devido a f0, f1 na Fig. 5 (a). Para IRs maiores que -20 dB e dissintonia
e f-1 e de -24,52 dB para f2 e f-2. Observando-se os resultados positiva, há uma diminuição nas faixas de travamento. Esta
mostrados pelas Fig. 4 (a) a (c), pode-se afirmar que a XTLK queda é esperada, uma vez que a Fig. 4 mostra a assimetria
esteve presente nas bandas de OIL do LOL em relação à todas existente no sistema quando altas IRs são aplicadas. A Fig. 5
as linhas analisadas. Em particular, devido ao excesso de (b) apresenta as faixas de OIL para as linhas f2 e f-2. A linha
potência óptica injetada na região ativa do LOL e à distância vermelha vertical representa a posição estimada para o menor
entre as linhas, houve sobreposição das faixas de travamento na valor possível de IR que ainda produz resposta do LOL, mas
Fig. 4 (a) e não foi possível determinar os limites das bandas de que não permite a medição da faixa de travamento devido à
travamento. Com um OFC de espaçamento entre linhas fixo e a resolução dos aparelhos. Novamente, para IR maior que -20
alta IR, a faixa de travamento tornou-se assimétrica e dB, tem-se assimetria semelhante à do caso da Fig. 5 (a).
sobreposta à de linhas vizinhas, com forte XTLK na região de
sobreposição. Esse é um caso extremo de intermodulação e B. Determinação do ruído de fase para o OIL com linhas
apresentado pela primeira vez na literatura. Além disso, o caso adjacentes
ilustrado pela Fig. 4 (a) propõe a necessidade de cuidados com Na seção anterior, realizou-se a caracterização do OIL em
a IR disponível e o espaçamento entre as linhas do OFC. O termos da largura de banda do OIL em função da IR. Agora,
excesso de energia injetada, incluindo a das bandas vizinhas, parte-se para a avaliação do sincronismo alcançado pelo LOL
pode modificar severamente a dinâmica de ganho do LOL, em relação à linha travada por meio de uma análise do ruído de
levando-o a apresentar efeitos não lineares que comprometem a fase do sistema. Para isso, o arranjo experimental ilustrado pela
estabilidade dos travamentos [4] e afetando o uso do OIL no Fig. 1 foi levemente modificado, com a inclusão de uma chave
receptor. As assimetrias existentes nas faixas de travamento das seletora de comprimento de onda (WSS – wavelength selective

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switch, Finishar WaveShaper 4000M) no Caminho 1, entre C1 1),


tendo a IR como parâmetro. Nota-se, como esperado, que, à
e C2. A WSS pode ser programada para que uma ou mais de medida que a IR diminui, o ruído de fase torna-se maior.
suas quatro entradas atue como filtro de banda estreita (< 18
GHz) e permita a passagem de apenas uma das linhas do pente. TABELA I. RUÍDO DE FASE (DBC/HZ) DEVIDO AO TRAVAMENTO DO LOL
15 EM RELAÇÃO A LINHA F1 E F-1 DO OFC, TENDO IR COMO PARÂMETRO

10 Razão de injeção (dB) f1 f-1


5 -24 -87,925 -86,640
Faixa de travamento (GHz)

0 -30 -86,122 -86,192


-5 -36 -84,992 -85,715

-10 -39 -84,526 -85,483


f1 sintonia +
-15 f1 sintonia -
III. CONCLUSÕES
f0 sintonia +
-20
f0 sintonia - Neste artigo, realizou-se a avaliação experimental do OIL
-25 f-1 sintonia + de um laser semicondutor DFB em relação à linhas de um OFC
f-1 sintonia -
-30
gerado por um PM. Primeiro, investigaram-se as interferências
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 geradas durante o travamento de um LOL a diferentes linhas do
Razão de potência injetada (dB) OFC pela presença de linhas adjacentes. Concluiu-se que é
(a) necessário estabelecer bandas de guarda entre os limites das
15
bandas de travamento resultantes de diferentes linhas vizinhas,
10 especialmente quando altas IR estiverem presentes, para evitar
5
XTLK e assimetrias na faixa de OIL. A Fig. 4 (d) mostra as
faixas de OIL para o valor mais alto de IR (-26,5 dB) sem a
Faixa de travamento (GHz)

0 presença de XTLK. As menores distâncias entre os limites das


-5 bandas de OIL para linhas adjacentes, cerca de 11 GHz, foram
observadas entre as linhas f-1, f0 e f1. Portanto, uma banda de
-10
guarda de, no mínimo, 12 GHz (IR < -27 dB), asseguraria
-15 travamento do LOL às linhas do OFC sem a ocorrência de
f2 sintonia +
-20 f2 sintonia -
XTLK. O ruído de fase resultante do processo de OIL do LOL
f-2 sintonia + foi medido quando este foi travado em relação à f0, tomando-se
-25
f-2 sintonia - as linhas adjacentes f1 e f-1 como referência de FI. O erro de
-30 fase medido foi da ordem de -86,2 dBc/Hz para uma IR de
-45 -40 -35 -30 -25 -20 -15 -10 cerca de -30 dB. Essa IR garantiria travamento isento de XTLK
Razão de potência injetada (dB) e com supressão razoável de ruído de fase, sem um desvio
(b) excessivo da potência óptica que chega ao PD do receptor.
Fig. 5. Limites de travamento medidos em um OIL com linhas adjacentes (a)
linhas f-1, f0, f1 e (b) linhas f-2, f2.
AGRADECIMENTOS
Assim, dentro dos limites de operação do ESA, o PD pode Os autores agradecem à Fundação CPqD, Centro de
produzir o batimento entre o sinal do LOL e o de uma das Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações pelo
linhas adjacentes àquela que ocasionou o travamento do LOL, empréstimo da chave seletora de comprimento de onda.
ou seja, numa FI de 18 GHz. Dessa forma, considerando-se o
LOL travado em relação à f0, efetuou-se o batimento do sinal REFERÊNCIAS
do LOL em relação às bandas laterais f1 e f-1 do OFC. Nessa
[1] G. Agrawal, Fiber-Optic Communications Systems, Wiley, New York,
etapa do experimento, o LOL foi polarizado com corrente e 3rd edition, 2002.
temperatura iguais a respectivamente, 50 mA e 20o C, trazendo
[2] K.-P. Ho, Phase-Modulated Optical Communication Systems, Springer,
a sua potência de saída a 8,30 dBm e o seu comprimento de New York, 1st edition, 2005.
onda a 1545,702 nm. A amostra do sinal de batimento coletada [3] J. M. Senior, Optical Fiber Communications Principles and Practice,
na entrada do PD apresentou potência igual a -3 dBm, de forma Pearson Education, Harlow, 3rd edition, 2009.
que foi necessária a inclusão de um amplificador a fibra dopada [4] A. C. Bordonalli, M. J. Fice e A. J. Seeds, "Optical injection locking to
com érbio (EDFA – erbium doped fiber amplifier) entre C2 e optical frequency combs for superchannel coherent detection," Opt.
PD para elevar a amplitude do sinal no ESA. Com o uso do Exp., vol. 2, no. 2, pp. 1547-1557, 2015.
EDFA, a potência do sinal chegando ao PD subiu para 16,0 [5] A. C. Bordonalli, C. Walton e A. J. Seeds, “High-performance phase
dBm. Após a fotodetecção, o ESA mostrou o resultado da locking of wide linewidth semiconductor lasers by combined use of
optical injection locking and optical phase-lock loop”, J. Lightwave
mistura entre o sinal do LOL estavelmente travado em relação Technol., vol. 17, no. 2, pp. 328-342, 1999.
à f0, e o de f1 ou o de f-1. Do espectro, o ruído de fase do
[6] A. C. Bordonalli, “Optical Injection Phase-lock Loops”, tese de
sistema foi medido utilizando-se técnicas tradicionais, doutorado, Dept. of Eletronic and Electrical Engineering, University
assumindo-se intervalo de 1 MHz e ESA com resolução de 300 College London, England, 1996.
kHz. A Tabela 1 mostra os valores mínimos do ruído de fase [7] Z. Liu e R. Slavík, "Optical injection locking: from principle to
para o travamento do LOL em relação às linhas do OFC (f1 e f- applications," J. Lightwave Technol., vol. 38, no. 1, pp. 43-59, 2020.

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Otimização dos Recursos de Redes Ópticas Passivas


Baseadas em OFDMA com Banda Escalável
Jardel T. Flores, Higor. A. F. Camporez, Jair A. L. Silva, Helder R. O. Rocha

Programa de Pós-Graduação em Engenharia Eletrica (PPGEE)


Universidade Federal do Espírito Santo (UFES)
Av. Fernando Ferrari, 514, 29075-910, Vitória-ES, Brasil
Emails: jardel_ter@hotmail.com, higorcamporez@gmail.com, jair.ufes@gmail.com, helder.rocha@ufes.br

Resumo—O quesito escalabilidade na largura de banda em alocação de largura de banda flexível. Além disso, é uma
redes PON (Passive Optical Network) baseadas em OFDMA eficiente solução para a interferência intersimbólica e prover
(Orthogonal Frequency Division Multiple Access) é, até o presente robustez contra dispersão cromática em sistemas ópticos [4].
momento, pouco abordado na literatura. Através da variação
da ordem de modulação por subportadora e da largura das O OFDMA apresenta-se como técnica promissora para
sub-bandas das ONUs (Optical Network Units), abordou-se este compartilhamento de recursos em PONs, já que consumo de
importante requisito na arquitetura BS (Bandwidth Scalable)- energia e complexidade computacional são restrições que po-
OFDMA-PON na comunicação downlink, por meio da otimização dem ser reduzidas mediante sua implantação. No entanto, um
de parâmetros via o algoritmo Grey Wolf Optimizer. Resultados sistema de controle da largura de banda ocupada pelos variados
de simulação em enlaces ópticos que variam de 20 a 40 km
demonstraram a optimização dos recursos alocados à rede de usuários deve ser estabelecido quando aplicado a sistemas
modo a atender 16 ONUs com taxas de transmissão individuais ópticos com várias sub-bandas elétricas. A arquitetura BS
iguais a 1 Gbps, mediante a adoção de mapeamentos 4, 8, 16, 32 (Bandwidth Scalable)-OFDMA-PON é baseada em OFDMA,
e 64-QAM e relação sinal ruído óptica igual a 20 e 24 dB. na qual a camada física compartilha o mesmo símbolo OFDM
Palavras-chave—Algoritmo Grey Wolf Optimizer, multiplexação (Orthogonal Frequency Division Multiplexing) entre todas as
OFDMA, optimização, redes ópticas PON.
diversas ONUs (Optical Network Units). Este é capaz de
fornecer um gerenciamento de largura de banda para aumentar
I. I NTRODUÇÃO
a granularidade de alocação da mesma. Além disso, prevê-se
O tráfego de dados na internet tem dobrado a cada biênio e que esta arquitetura melhora a eficiência espectral do sistema,
as previsões projetam um crescimento de maneira exponencial reduzindo a banda de guarda utilizada no início do espectro
devido as aplicações em alta definição e transmissões de óptico e a banda de guarda utilizadas entre sub-bandas [6].
vídeo em tempo real [1]. Além disso, tem-se um crescente É neste contexto que este trabalho tem como principal
aumento de demanda por parte dos usuários e novas aplica- objetivo avaliar a escalabilidade da largura de banda da rede
ções, exigindo uma constante melhoria na infraestrutura das BS-OFDMA-PON, mediante a variabilidade da quantidade
redes de telecomunicações, bem como no uso eficiente da de subportadoras de dados e da ordem de modulação por
largura de banda disponível para comunicação. Uma resposta subportadora, via algoritmo de otimização GWO (Grey Wolf
a estas demandas está na implantação da quinta geração Optimizer). Resultados de simulação para o sistema BS-
de redes móveis (5G). De fato a implementação do 5G, OFDM-PON com distâncias que variam de 20 a 40 km e
pretende atender aos requisitos confiabilidade, baixa latência 16 ONUs demonstraram uma otimização de recursos que
e altas taxas [2]. Para a implementação do conceito de rede permitiu atender cada ONU com 1 Gbps, mediante a adoção
centralizada C-RAN (Centralized Radio Access Networks) da de mapeamentos 4, 8, 16, 32 e 64-QAM e relação sinal ruído
rede 5G, principalmente nos segmentos backhaul e fronthaul a óptica igual a 20 e 24 dB.
rede PON é uma escolha atraente devido a sua baixa latência, O restante deste artigo está organizado da seguinte maneira.
alta capacidade, e flexibilidade oferecida [3]. Na seção II descreve-se a arquitetura da BS-OFDMA-PON e
A exigência por eficiência espectral, bem como energética, a parametrização do sistema OFDMA. Nas seções III e IV
requer uma rede flexível e com granularidade capaz de forne- explica-se como funciona a Metaheurística avaliada e a formu-
cer adaptação às demandas de sub ou super comprimento de lação do problema, respectivamente. Na seção V descreve-se
onda [4], [5]. Desta forma, faz-se necessária a escalabilidade os resultados obtidos e por fim, na seção VI as conclusões.
em termos de largura de banda, a fim de atender a demanda
personalizada de cada usuário. Uma maneira eficiente de II. A A RQUITETURA DA R EDE BS-OFDMA-PON
atender a este requisito consiste prover o acesso múltiplo A arquitetura analisada neste trabalho é apresentada na
por meio da técnica de multiplexação OFDMA (Orthogonal Figura 1, avaliada em [7] e [8], e experimentalmente validada
Frequency Division Multiple Access), a qual permite uma em [6]. Para explorar a escalabilidade da largura de banda

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Figura 1. Diagrama de blocos da arquitetura BS-OFDMA-PON. S/P: serial/paralelo; QAM: Quadrature Amplitude Modulation; Hermit: simetria Hermitiana;
(I)FFT: (inverse) fast Fourier transform; P/S: paralelo/serial; CP: Prefixo Cíclico; DAC: digital-to-analog converter; E/O: conversor elétrico para óptico; O/E:
conversor óptico para elétrico; ADC: analog-to-digital converter. Fonte: [7]

total do sistema, a largura de banda disponível é dividida em um fotodetector é utilizado para conversão óptico-elétrica
N sub-bandas, sendo atribuída a cada sub-banda uma quan- (O/E), após a separação dos comprimentos de onda. Cada
tidade de subportadoras de dados destinadas a cada usuário ONU seleciona suas subportadoras de dados com o auxílio de
denominado ONU. Convém ressaltar que a escalabilidade se um filtro digital que emprega o artifício zero padding. Após,
dá pela atribuição de uma quantidade de subportadoras para passa-se o sinal por um ADC (Analog-to-Digital Converter) e
cada ONU sendo possível aumentar o número de clientes retira-se o CP (Cyclic Prefix). O sinal é demultiplexado pela
atendidos ou a velocidade de transmissão destinada a cada um. transformação rápida de Fourier (FFT), retira-se a simetria
O fato do acesso múltiplo ao canal de comunicação ocorrer Hermitiana e os dados são demapeados.
via multiplexação OFDMA, há a necessidade de uma banda No sentido uplink, os sinais de todos os usuários são
de guarda no início do espectro OFDM e entre as ONUs a fim combinados no PSC (Power Splitter Combiner) antes de
de reduzir as interferências e melhorar a eficiência espectral. propagação até o OLT via fibra óptica. Em cada um dos
Observa-se na Figura 1 que na comunicação downlink, sentidos de comunicação utiliza-se um comprimento de onda
os dados binários destinados a cada ONU passam por um diferente, sendo o λdown para downlink e sendo o λup para
mapeamento QAM. Em seguida, realiza-se um simetria her- uplink. Convém ressaltar que este trabalho foca os estudos
mitiana na entrada do modulador IFFT (inverse fast Fourier na comunicação apenas no downlink. Mais detalhes sobre a
transform). Adiciona-se um prefixo cíclico CP (cyclic prefix) arquitetura, nomeadamente os relacionados aos controladores,
no início do sinal. Realiza-se uma conversão digital analógica podem ser encontrados em [7] e [8].
por meio de um DAC (Digital-to-Analog Converter). Por fim,
realiza-se uma conversão eletro-óptica através de um laser CW A. Parametrização do Sistema OFDMA da Rede
(Continuous Wave). Para combater efeitos lineares que possam afetar o desem-
Um multiplexador óptico concatena os dois comprimentos penho de sinais OFDM em sistemas ópticos, pode-se iniciar o
de onda antes da propagação via 20 km de fibra monomodo projeto de tais sistemas com o projeto do prefixo cíclico (CP
até o PSC (passive splitter/combiner), e o sinal óptico irá ser - Cyclic Prefix), determinando sua duração fazendo
dividido pelos 16 usuários. Então, propaga-o para as ONUs c
através de fibras sem compensação por dispersão. Na recepção Tcp ≥ 2 · |D| · L · Bw , (1)
f

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

onde f é a frequência da portadora óptica, c é a velocidade lobo α. No entanto, em um espaço de busca abstrato, estes não
da luz no vácuo, D é a dispersão da fibra, L é o comprimento detêm conhecimento da localização da presa (solução ótima).
da fibra e a largura de banda total Bw = Nu × ∆f , sendo Desta forma, supõe-se que α, β e δ possuem conhecimento
Nu o número de subportadoras úteis e ∆f é o espaçamento sobre a possível localização da presa. Portanto as 3 melhores
entre as subportadoras. Empregando uma razão G entre o Tcp soluções são salvas e, após, atualiza-se a posição dos lobos
1
e a duração útil do sinal Tu (sinal sem CP), igual a G = 64 , seguindo-as [9]. Assim sendo, a modelagem proposta consi-
−1
determina-se Tu e consequentemente ∆f = (Tu ) . dera o seguinte:
Assumindo a multiplexação de subportadoras na OLT via
uma IFFT de NF F T = 8192 amostras determina-se, conside-
Dα = |C~1 · X~α − X|,
~ Dβ = |C~2 · X~β − X|,
~ Dδ = |C~3 · X
~δ − X|
~ (7)
rando a simetria Hermitiana, a quantidade de subportadoras
Nu = NF F2T −2 = 4095 que podem conter dados. Porém, ~1 = X~α − A~1 · D~α , X
X ~2 = X~β − A~2 · D~β , X
~3 = X
~δ − A~3 · D
~δ (8)
destas apenas Ns = 3686 são usadas para dados, sendo as
demais zeradas por questões de interferência co-canal. Por fim, ~ ~ ~
~ + 1) = X1 + X2 + X3 .
X(t (9)
calcula-se da taxa de transmissão em bps fazendo 3
Bw Ns × log2 (M ) Os lobos finalizam a caça da presa (attacking prey) parando
Rb = · , (2)
Nu 1+G os movimentos da mesma. Isto é representado na modelagem
para M a ordem do QAM utilizada nos mapeamentos. matemática decrescendo-se o valor de ~a. Desta forma, o
intervalo de flutuação de A~ tem os seus valores restringidos e o
III. O ALGORITMO Grey Wolf A DOTADO valor de ~a é calculado fazendo ~a = 2 − θ2 , para θ a quantidade
O Algoritmo do Lobo Cinzento (GWO – Grey Wolf Opti- máxima de iterações [9]. Na busca local, o otimizador verifica
mizer), proposto em [9], baseia-se no comportamento de caça se algum usuário obteve uma taxa de erros de bit (BER - bit
do lobo cinzento. Sabe-se que os lobos vivem em grupos error rate) maior que 10−3 . O caso negativo significa que a
normalmente compostos de 5 a 12 animais, denominados banda de guarda e as ordens de modulação utilizados foram
alcateias. As alcateias possuem uma hierarquia na qual α suficientes para realizar a transmissão. Neste caso diminui-se a
representa os maiores (lobos dominantes) responsáveis pelas banda de guarda, a fim de reduzir o número de subportadoras
tomadas de decisão, enquanto que os da classe β, subordinados zeradas. Caso algum usuário possua uma BER maior que
aos lobos α, os auxiliam na tomada de decisão, sendo por 10−3 , aumenta-se a largura da banda de guarda aumentando-
isso os melhores candidatos para a substituição na liderança, se a quantidade de subportadoras zeradas, reduzindo assim
quando os α ficarem velhos. O terceiro nível é composto pelos a BER. Isto tem como consequência a redução da taxa de
δ. O nível dos ω é o mais baixo dos lobos e, sendo submissos transmissão.
aos lobos dominantes, são os últimos a comer.
B. O Pseudocódigo do Algoritmo Implementado
A. Modelagem Matemática do Algoritmo Implementado O pseudocódigo do algoritmo GWO implementado respeita
A hierarquia social acima descrita influenciou diretamente a seguinte sequência:
na modelagem matemática do algoritmo, pois a melhor solução • Passo 1: gera-se a população inicial dos lobos;
é chamada α, a segunda e terceira melhores recebem as siglas • Passo 2: calcula-se os valores de A, ~ C~ e ~a;
β e δ, respectivamente, enquanto as demais são denominadas • Passo 3: calcula-se a aptidão de cada lobo;
ω [9]. Como os lobos atacam em grupo cercando a presa • Passo 4: realiza a etapa de busca local;
(encircling prey), as seguintes equações foram utilizadas para • Passo 5: definam-se os lobos α, β e δ;
modelar este comportamento: • Passo 6: se os critérios de parada forem atingidos deve-se
~ =| C
D ~ ·X
~ p (t) − X(t)
~ |, (3) ir ao Passo 9, senão avança-se para o Passo 7;
• Passo 7: atualiza-se a posição de cada lobo;
~ + 1) = X
X(t ~ p (t) − A
~ · D,
~ (4) • Passo 8: atualizam-se os valores de ~ ~eC
a, A ~ e retorna-se
~eC~ são vetores de coeficientes, X
~ ao Passo 3;
sendo t a iteração atual, A
~p a • Passo 9: armazena-se a melhor solução.
representa o vetor posição do lobo cinzento e o vetor X
posição da presa. Os vetores A~ eC~ são calculados como:
IV. F ORMULAÇÃO DO PROBLEMA
~ = 2~a · r~1 − ~a,
A (5) Para avaliar a aplicabilidade da otimização proposta na BS-
~ = 2r~2 , OFDMA-PON, realizou-se simulações numéricas e o desem-
C (6)
penho foi medido pela contagem de bits errados recebidos,
sendo os componentes de ~a decrescidos linearmente de 2 até mediante uma relação sinal ruído óptica OSNR= 20 dB e
0, de acordo com o decorrer das iterações. Já r~1 e r~2 são 24 dB, valores utilizados em [7]. Em cada simulação, ≈ 15000
vetores randômicos com coeficientes entre 0 e 1 [9]. sinais OFDM foram enviados e a largura de banda total
Os lobos possuem a habilidade de reorganizar a localização utilizada foi, conforme descrito em [7] e [8], Bw = 10 GHz.
da presa e circundá-la durante a caça (hunting), guiados pelo Como modulador óptico, foi usado um Mach–Zehnder com

328
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

tensão de polarização Vbias = 2, 8 V e com λdown = 1550 nm TABELA II


[7]. T IPOS DE MODULAÇÕES E TAXA DE BITS
No enlace entre a OLT e o Splitter foi utilizado uma fibra Quantidade Mínima de
monomodo padrão de 20 km. O Splitter interligou 16 ONUs Taxa de bits (Rb )
Tipos de modulação Subportadoras de dados
(em Gbps)
por intermédio de várias fibras com comprimento variando para 1 Gbps
entre 0 e 20 km. Nenhuma perda de inserção no Splitter foi 4-QAM 208 1.000
8-QAM 139 1.003
considerada e as fibras empregadas possuem como principais 16-QAM 104 1.000
parâmetros um coeficiente de atenuação α = 0.2 dB/km 32-QAM 84 1.010
e coeficiente de dispersão D = 17 ps/(nm.km), para uma 64-QAM 70 1.010
potência de inserção no primeiro enlace igual a 0 dBm.
A otimização dos recursos da rede teve como objetivo,
mantendo-se a taxa de transmissão por usuário em 1 Gbps, Além disso, também destinou-se subportadoras como banda
reduzir a largura de banda utilizada, sujeito as restrições que de guarda entre as sub-bandas dos diferentes usuários, a fim de
consideram a ordem de modulação, BER ≤ 10−3 por usuário, evitar uma interferência intersimbólica. O formato da solução
entre outros, como pode ser visto na Tabela I. pode ser vista na Tabela III em que cada linha representa um
lobo na Metaheurística Grey Wolf. Cada ONU é representada
TABELA I por 2 colunas consecutivas, sendo que a primeira coluna
F ORMULAÇÃO DO PROBLEMA de cada ONU representa a modulação sorteada dentre as
PN existentes conforme a Tabela II. A segunda coluna da primeira
i i
Min. Bw
i=1 + BG ONU mostra quantas subportadoras foram destinadas para
s.t. banda de guarda. Posteriormente, a segunda coluna das outras
4 ≤ M − QAM i ≤ 64; i = 1, ..., N ONUs representam a quantidade de subportadoras existentes
i T na banda de guarda entre os usuários.
0 ≤ BG ≤ Bw ; i = 1, ..., N
i −3
BER ≤ 10 ; i = 1, ..., N
T
Bw ≤ 10 GHz TABELA III
i F ORMATO DA SOLUÇÃO
Rb = 1 Gbps; i = 1, ..., N
OSNR = 20, 24 ONU 1 ONU 2 ONU 3
M-QAM = 4, 16, 32, 64 Lobo 1 2 250 3 8 5 15
Lobo 2 3 240 2 7 4 6
Visando avaliar a adequação de cada solução para o pro-
blema, optou-se por uma função de avaliação formulada como
N
V. A NÁLISE DOS R ESULTADOS
X
F A = P1 + P2i + P3 , (10) Os resultados das simulações numéricas estão expostos na
i=1 Tabela IV. Para atender as 16 ONUs, cada uma com taxa de
onde N é o número total de ONUs e P1 é uma penalização transmissão igual a Rb = 1 Gbps, 1279 das 3686 subportado-
caso o número de subportadoras reservadas pela solução ras foram utilizadas para transmissão de dados, o que equivale
ultrapasse o total possível. P2 representa uma penalização para a 34, 7% do total para OSNR = 24 dB. Além disso, alocou-se
cada ONU que obter uma BER > 10−3 e P3 é uma penalidade uma grande quantidade de subportadoras no início do espectro,
para cada subportadora ocupada. Os valores usados para P1 , para formar a banda de guarda. Isto deve-se ao emprego de
P2 e P3 foram 5000000, 100000 e 10, respectivamente. várias ordens de modulação necessárias para o atendimento do
A Metaheurística implementada utilizou intervalos numéri- requisito Rb , ao contrário do 1% (quando comparado com Bw )
cos igualmente espaçados, no qual cada um está associado comprovado em [10] que se faz necessário quando a mesmo
a um valor numérico inteiro correspondente de ordem de valor de M é usado nas modulações.
modulação utilizada para cada subportadora e para a quanti- Constata-se ainda na Tabela IV que, para OSNR = 24 dB,
dade de subportadoras utilizadas nas bandas de guarda. Dessa é necessário zerar apenas uma subportadora para estabelecer
maneira, sorteou-se para todos os usuários uma quantidade a banda de guarda entre as sub-bandas. Para OSNR = 20 dB,
randômica entre os limites inferiores e superiores totais e este valor, maior que 10, varia porém com uma banda guarda
verificou-se em qual faixa de intervalo este se encontrava. bem menor. Além disto, o algoritmo de otimização proposto
Desta forma, pôde-se consultar a Tabela II para obter a garantiu valores de BER abaixo dos 10−3 para ambos os va-
ordem de modulação daquele respectivo usuário. Em seguida lores de OSNR avaliados. A OSNR igual a 24 dB propiciou a
conseguiu-se calcular, pela Equação 2, a quantidade mínima adoção do mapeamento 64-QAM na maioria das subportadoras
de subportadoras necessária para atingir o 1 Gbps desejado. de dados, ao contrário do ocorrido para OSNR = 20 dB.
Esta quantidade pode ser consultada na Tabela II. A Figura 2 ilustra a curva de convergência do algoritmo
Posteriormente, visando evitar as interferências entre a o valor da penalidade obtida pela equação 10 em função de
portadora óptica e a banda de sinal, reservou-se um deter- iterações. O resultado mostra que após a vigésima iteração o
minado número de subportadoras para o início do espectro. processo de convergência não consegue melhorias relevantes,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABELA IV

ONU #12

ONU #15
ONU #1

ONU #3
PARÂMETROS OTIMIZADOS
Banda de
Banda de
guarda
Modulação BER Subportadoras Guarda
ONUs (QAM) (x 10−4 ) Banda de Guarda
SNR SNR SNR SNR SNR SNR
20 24 20 24 20 24
1 32 32 9,8 6,3 129 297
2 32 32 9,6 6,9 17 1
3 16 64 8,1 7,4 15 1
4 16 32 8,9 5,2 15 1
5 32 64 9,2 3,6 14 1
6 16 64 9,1 8,9 15 1
ONU # 1 ONU # 3 ONU # 12 ONU # 15
7 16 64 9,5 6,4 17 1
8 16 64 9,4 3,8 14 1
9 16 64 7,3 4,2 14 1
10 16 64 9,9 2,9 14 1
11 32 32 2,7 7,7 15 1
12 16 8 5,8 8,9 15 1
13 16 64 9,8 5,1 14 1
14 16 64 6,7 2,3 14 1
15 16 16 9,6 3,4 15 1 Figura 3. Espectro elétrico dos sinais OFDMA recebidos com OSNR= 24 dB.
16 32 64 2,3 1,3 17 1 Diagramas de constelação são mostrados para ilustrar o desempenho.

estabilizando próximo da quadragésima iteração mostrando 40 km. Percebeu-se que 1279 das 3686 subportadoras foram
que o algoritmo encontrou um ótimo local ou global. utilizadas, o que equivale a 34, 7% das subportadoras de dados
disponíveis pela multiplexação IFFT da modulação OFDM
convencional quando OSNR = 24 dB. A aplicação da oti-
mização em redes com mais usuários e de longo alcance será
avaliada. Uma demonstração experimental da aplicabilidade
do algoritmo também faz parte dos nossos trabalhos futuros.
R EFERÊNCIAS
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detectado. A escalabilidade atribuída pela variabilidade das evolutionary computation to reduce cross-phase modulation,” Journal of
Microwaves, Optoelectronics and Electromagnetic Applications, vol. 13,
ordens de modulação é perfeitamente observável na variação no. 1, pp. 1–15, 2014.
da amplitude espectral do sinal recebido. Os diagramas de [6] R. B. Nunes, A. Shahpari, J. A. Silva, M. Lima, P. S. de André, and
constelação corroboram com a constatação dos desempenhos M. E. Segatto, “Experimental demonstration of a 33.5-gb/s ofdm-based
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alcançados. vol. 28, no. 8, pp. 860–863, 2016.
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[8] R. B. Nunes, J. M. Bacalhau, J. A. Silva, and M. E. Segatto, “A mac layer
óptica passiva BS-OFDMA-PON foi avaliada neste trabalho, protocol for a bandwidth scalable ofdma pon architecture,” Computer
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Advances in Engineering Software, vol. 69, pp. 46 – 61, 2014.
algoritmo Grey Wolf Optimizer). [10] E. d. V. Pereira, R. d. O. Helder, R. B. Nunes, M. E. Segatto, and
Os resultados de simulação corroboram que a técnica ado- J. A. Silva, “Impact of optical power in the guard-band reduction of an
tada para a otimização teve um desempenho satisfatório. O optimized ddo-ofdm system,” Journal of Lightwave Technology, vol. 33,
no. 23, pp. 4717–4725, 2015.
algoritmo permitiu atender aos 16 usuários com 1 Gbps,
em enlaces ópticos cujo comprimento variaram entre 20 e

330
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Concept of All-Optical Ultra-Wideband


Electronic Warfare Receiver

André Paim Gonçalves Olympio Lucchini Coutinho


Departamento de Eletrônica, Departamento de Eletrônica,
Instituto Tecnológico de Aeronáutica, ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica, ITA
São José dos Campos/SP – Brasil São José dos Campos/SP – Brasil

Robson Ribeiro Carreira José Edimar Barbosa Oliveira


Departamento de Eletrônica, Departamento de Eletrônica,
Instituto Tecnológico de Aeronáutica, ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica, ITA
São José dos Campos/SP – Brasil São José dos Campos/SP – Brasil

Joaquim José Barroso de Castro Felipe Streitenberger Ivo


Departamento de Eletrônica, Departamento de Eletrônica,
Instituto Tecnológico de Aeronáutica, ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica, ITA
São José dos Campos/SP – Brasil São José dos Campos/SP – Brasil

Abstract: This paper presents the theoretical and control systems to avoid drift on the quadrature operating
experimental concept of an all-optical ultra-wideband point [6].
Electronic Warfare receiver based on an envelope detector It is noteworthy that these devices employ several
with a 100% probability of intercepting broadband signals photonic and electronic components, which make
and can be miniaturized and integrated. Its operating range difficult their miniaturization by silicon photonics.
in RF can reach over 100 GHz depending on the phase The proposal of this work is an architecture that
modulator and the stopband of the fiber Bragg grating employs a laser, an optical phase modulator, an optical
used. Its instantaneous bandwidth can reach over tens of filter, and a low speed photodetector. The proposed
GHz depending on the photodetector. The proposed
architecture does not need an optical or video signal
architecture uses photonic self-homodyne detection,
amplifier. The implementation of this conceptual receiver is bringing the additional advantage to reduce the optical
simple, employs few components and uses inexpensive carrier power at the photodetector, and thus drastically
components found in the shelf. Its miniaturized version can reduce the shot noise [6]. The RF-to-optical conversion
be used in remotely piloted aerial vehicles and satellites due enables photonic signal processing that can reduce the
to its low power consumption, small weight, and volume. complexity of the RF hardware front-end [6]. This
receiver does not claim for optical or electronic
Index Terms—Envelope detection, ultra-wideband, amplification and it has few components, which allows a
microwave photonics. future miniaturization. Because it employs a phase
modulator, it does not depend on a modulator bias control
I. INTRODUCTION
circuit. Since the receiver output signal is at the base
band, the photodetector used in this approach can be low
With the advent of the use of satellites and remotely
speed, reducing the cost and complexity of
piloted aircrafts in electronic warfare, we can see the
implementation. For the case of pulses with an
growing need for reduction of energy consumption, low
instantaneous bandwidth below 1.5 GHz, it is still
volume and weight, as well as large radio frequency
possible to employ such a photodetector. The receiver
bandwidth [1]. The microwave photonics emerged to
consumes little energy because its few components are
overcome the electronics in the fulfillment of such a
mostly passive and have low energy loss through
difficult requirement. Faced with this challenge, the
coupling and absorption. This receiver has a 100%
potentialities of using microwave photonics to reduce
interception probability because it does not have to beat
weight, volume, consumption and increase the bandwidth
frequencies from local oscillators. This characteristic is
were studied [2].
observed in Radar Warning Receiver (RWR) [7]. Its RF
Some architectures emerged proposing the detection
operating range may exceed 100 GHz considering the use
of signals with these characteristics [3], [4], and [5].
of phase modulators based on plasmonic technology [8].
However, both architectures employ intensity
modulators that demand for a rigorous bias voltage

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. SYSTEM CONFIGURATION AND PRINCIPLE

The principle of operating of the fully photonic


electronic warfare receiver is shown in Fig. 1. The light
signal from the laser is coupled to the phase modulator
and undergoes optical phase modulation by the RF
signal. The modulated optical signal passes through an
optical filter. The optical carrier and the low sideband of
the modulated signal is reflected. The upper-sideband
Fig. 2: Schematic diagram of the behavior of the optical filter and the
portion of the modulated optic signal is transmitted optical carrier tuning. OC – Optical Carrier; 1 and 2 means the
through the filter to the photodetector, to be converted sidebands of the optical signal modulated at the optical filter.
into a baseband electrical signal. This process is similar
to the one used on [5], but the authors thought this A. Mathematical Modeling of the Fully Photonic
structure was a down converter for Ultra-Wideband Envelope Receiver
(UWB) receiver.
An optical electric field of laser carrier can be
expressed by

𝐸(𝑡) = 𝐸 𝑒𝑥𝑝[𝑗(𝜔 𝑡 + 𝜑 )], (1)

where the electric field amplitude of the signal coming


from the laser diode is 𝐸 , its angular frequency is 𝜔 ,
the time is t and the phase is 𝜑 , focuses on a phase
modulator. In order to facilitate the analysis of the
electric field 𝐸(𝑡) , the phase 𝜑 = 0 is considered.
Let consider an electrical RF signal feeding the RF
Fig. 1: Schematic diagram of the proposed architecture. LD – Laser input of a phase modulator defined as:
Diode; PM – Phase Modulator; OF – Optical Filter and PD -
Photodetector. 𝑉(𝑡) = 𝑉[cos([𝜔 + ∆𝜔 ]𝑡 + 𝜑 ) + (2)
cos([𝜔 − ∆𝜔 ]𝑡 + 𝜑 )],
There are two important processes to consider in the
proper operation of this receiver. The first is the tuning where the amplitude of the incident RF voltage is V, its
of the RF filter based on the fiber Bragg grating (FBG), angular frequency is 𝜔 and its phase is 𝜑 . The
where the laser frequency is chosen in order to make the ∆𝜔 is the instantaneous RF pulse bandwidth divided
optic carrier and low sideband falls on the FBG reflect by two.
spectrum. Fig. 2 illustrates how this tuning is done. It was In the phase modulator, the optical carrier undergoes
used a tuning procedure quite different from the other a phase change expressed by [6]:
ones observed in the literature, where the laser chirping
characteristic was explored. The laser current or the laser 𝐸(𝑡) = {𝐸 𝑒𝑥𝑝[𝑗𝜔 𝑡] (3)
cavity temperature was modified to tune a laser carrier × 𝑒𝑥𝑝[𝑗𝑚 cos([𝜔 + ∆𝜔 ]𝑡 + 𝜑 )]
frequency [9]. Other approaches for tuning use changes × 𝑒𝑥𝑝[𝑗𝑚 cos([𝜔 − ∆𝜔 ]𝑡 + 𝜑 )]}.
in temperature or strain on the FBG to tune the filter
bandpass. The second process to consider on this The modulation index m is defined as:
approach is the phase to intensity modulation conversion,
quite different on this case. The most common process is (4)
𝑚= 𝜋,
the use of an optical filter to eliminate one of the lateral
sidebands of the modulated signal and inject the optical
carrier and the remain sideband into the photodetector. where the 𝑉 is the half-wave voltage of the phase
The optic spectrum beating results on the RF components modulator.
at the photodetector [6]. However, this work proposes Considering a small RF signal operating regime,
something different, letting the optical filter transmit only where is m<<1, equation (3) can be mathematically
one of the sidebands of the modulated optical signal to rewritten in a simplified way using the Bessel functions.
the photodetector. At the optical filter, one of the In this way the modulator output signal can be expressed
sidebands and optical carrier are rejected. Thus, the by:
electric signal at the photodetector output comes from the 𝐸(𝑡) = 𝐸 𝐽 (𝑚)𝑒𝑥𝑝[𝑗(𝜔 𝑡)] (5)
beating of the only optic sideband spectrum. The result +𝐸 𝐽 (𝑚)𝑒𝑥𝑝 𝑗 𝐴𝑡 + 𝜑 + 𝜋 2
of this process is the detection of the RF pulse envelope. +𝐸 𝐽 (𝑚)𝑒𝑥𝑝 𝑗 𝐵𝑡 + 𝜑 + 𝜋 2
This process is explained in more details on the following
+𝐸 𝐽 (𝑚)𝑒𝑥𝑝 𝑗 𝐶𝑡 − 𝜑 − 𝜋 2
section.
+𝐸 𝐽 (𝑚)𝑒𝑥𝑝 𝑗 𝐷𝑡 + 𝜑 + 𝜋 2 ,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

where the Bessel functions of first species and order 0 Knowing that (9) corresponds to the trigonometric
and 1 are respectively 𝐽 (𝑚) and 𝐽 (𝑚). 𝐴 = [𝜔𝑂 + identity 2cos(𝐹) = 𝑒𝑥𝑝[−𝑗(𝐹)] + 𝑒𝑥𝑝[+𝑗(𝐹)] will
𝜔𝑅𝐹 + ∆𝜔𝑅𝐹 ], 𝐵 = [𝜔 + 𝜔 − ∆𝜔 ], 𝐶 = [𝜔 − result in:
𝜔 − ∆𝜔 ] and 𝐷 = [𝜔 − 𝜔 + ∆𝜔 ].
This output signal of the phase modulator is then 𝑆(𝑡) ∝ 2 𝑇𝐸 𝐽 (𝑚) cos(2∆𝜔 𝑡). (10)
coupled to an optical filter as shown in Fig. 1 and tuned
to the optical filter operation point shown in Fig. 2. For It should be noted that ∆𝜔 is equal to the half of the
the theoretical model, the optical filter response was bandwidth of RF signal. By replacing (8) in (10) will lead
considered as a step function for the first orders to:
harmonics. Tuning the laser wavelength close to the edge
of the step function filter frequency response will cut the ( ) ( ∆ ) (11)
optic carrier and the lower sidebands at the 𝑆(𝑡) = ,
photodetector. It will produce the phase modulation to
intensity modulation conversion. This process is similar
where T is the constant transmission coefficient. The
to [5], but with the difference that here we allow only the baseband electrical current, i(t), at the photodetector
upper sideband to reach the photodetector. It results the output is calculated by multiplying (11) by the
demodulation of RF modulated signal at the baseband photodetector area, A, and by the photodetector
level on the photodetector. responsiveness, ℜ, according to:
It is important to note that it was considered the optic
filter frequency response with a high reflectivity optic (12)
ℜ ( ) ( ∆ )
coefficient, and constant within the bandwidth of RF 𝑖(𝑡) = .
frequency inside the region of the stopband.
The tuning of the RF filter was done based on the Observing (12) is possible realize that the electric
adjustment of the laser temperature to set 𝜔 to became signal at the photodetector output is the baseband signal
equal to the superior edge optic filter as shown in Fig. 2. of the RF phase modulator input.
The optic signal expressed in (6) depends directly on the
filter transmission frequency response coefficient 𝑇(𝜔) III. EXPERIMENTAL DEMONSTRATION OF THE
and phase 𝜑(𝜔): ELECTRONIC WARFARE RECEIVER CONCEPT
𝐸(𝑡) ≅ 𝑇(𝜔)𝐸 𝐽 (𝑚) × (6) In order to check the concept of the EW receiver, an
𝑒𝑥𝑝 𝑗 𝐴𝑡 + 𝜑 + 𝜋 2 + 𝜑(𝜔) experiment was carried out. The schematic diagram is
showed in Fig. 3. A DFB laser was used as optical source.
+𝑒𝑥𝑝 𝑗 𝐵𝑡 + 𝜑 + 𝜋 2 + 𝜑(𝜔) .
The phase modulator operates at frequencies up to 20
GHz. A uniform FBG was used as optical filter followed
As the photodetector is sensitive to the intensity of the by a 1.5 GHz low speed photodetector. The RF signal
incident optic signal, it will be necessary to calculate the generator was used to perform the radar signal emulator
value of the Poynting vector module, given by: and a high-speed digital sampling oscilloscope (DSO) to
measure the input and the output RF signal.
𝑆(𝑡) ≅ 𝐸(𝑡) ×
( )
, (7)

where η is the intrinsic impedance of the material.


Substituting (6) in (7) will result in:

𝑆(𝑡) ∝ 𝑇(𝜔)𝐸 𝐽 (𝑚) (8)


× 𝑒𝑥𝑝 𝑗 𝐴𝑡 + 𝜑 +𝜋
2 + 𝜑(𝜔)
+𝑒𝑥𝑝 𝑗 𝐵𝑡 + 𝜑 + 𝜋 2 + 𝜑(𝜔)
× 𝑒𝑥𝑝 −𝑗 𝐴𝑡 + 𝜑 + 𝜋 2 + 𝜑(𝜔)
+𝑒𝑥𝑝 −𝑗 𝐵𝑡 + 𝜑 + 𝜋 2 + 𝜑(𝜔) . Fig. 3: Schematic diagram setup of the receiver. DFB - Distributed
Feedback Laser, TEC - Thermal Electronic Cooler, PM – Phase
Modulator; OI - Optical Isolator, RF - Radio Frequency, PD -
Considering only the time variation signal of the Photodetector and FBG - Fiber Bragg Grating.
optical intensity in (8) and 𝑇(𝜔) and phase 𝜑(𝜔) is
constant within transmission region of the grating: The FBG employed is few different from the one
showed in Fig. 2. Those edges have a ramp that starts
𝑆(𝑡) ∝ 𝑇𝐸 𝐽 (𝑚) × (9) from the total transmission and ends at the beginning of
𝑒𝑥𝑝[−2𝑗(∆𝜔 𝑡)] + 𝑒𝑥𝑝[+2𝑗(∆𝜔 𝑡)]. the region of maximum optical signal reflection as shown
in Fig. 4. This ramp is not desirable for this application.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Ideally the grating response should be an ideal step


function. However, the operation in this region still
allows an unbalance in amplitude and phase of the lateral
bands of the signal coming from the phase modulator,
originating the phase into intensity modulation
conversion.

Fig. 5: Capture of the DSO screen showing the RF signal pulses at the
yellow phase modulator input and the base band pulses at the blue low
speed photodetector output.

Fig. 4: Schematic diagram of the actual behavior of the grating and the
optical carrier tuning in the uniform apodized Bragg grating. The
beginning of the frequency scale is the center of the stopband of the
grating. This center is around of 1551.71 nm.

The EW receiver tuning occurs as explained


previously. The real behavior of the grating reduces the
flatness of the baseband of the signal at the photodetector
output. This fact happens because of the grating has a real
behavior different from ideal one (step function). The
transition region between stopband end transmission
band has the slew rate around to 2.86 dB/GHz. The
operation band of the RF signal for this filter was 7 to 18 Fig. 6: MXA Signal Analyzer screen capture showing the RF signal
pulses at the phase modulator input operating in the 6 to 19 GHz range.
GHz.
The test was performed with laser tuning according to
The photodetector used in the experiment allows to
Fig. 4 and then three radar signals was generated at the
reach instantaneous bands up to 1.5 GHz. In Fig. 5, in
same time: one with frequency of 7 GHz, pulse width of
yellow, it is showed the RF signal. In blue, it is showed
37.5 µs and an repetition interval of 80 µs; other with
their respective envelopes in baseband level.
frequency of 12.5 GHz, pulse width of 15 µs and
The results observed in Fig 5 and Fig 6 demonstrate
repetition interval of 117 µs; and another with frequency
that the receiver can operate in very wide instantaneous
of 17.5 GHz, pulse width of 8 µs and repetition interval
reception bands and can presents a 100% probability of
of 123 µs. The generator output power for those signals
signal interception, the same characteristics of a EW
was set to zero dBm and injected into the phase
crystal receiver. In the experiment it was only possible to
modulator to make it operates at the small signal regime.
operate with signals with carriers of up to 17.5 GHz in
The RF pulses and the baseband pulses are observed in
the input and maximum instantaneous band of 125 kHz
Fig. 5, in yellow and blue, respectively. The RF spectrum
because of the limitations of the components, generation
of the signal injected at the receiver input is showed in
equipment and measurements available in the laboratory.
Fig 6.

334
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

It should be noted that these values are only limited REFERENCES:


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and a 100% probability of signal interception. As this
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system uses a optic phase modulator it brings the envelope detector for broadband wireless signals using a single
advantage of do not need to employing a bias voltage Mach-Zehinder modulator and a fibre bragg grating,” Eur. Conf.
control circuit compared with the ones those use intensity Opt. Commun. ECOC, no. October, pp. 19–21, 2008, doi:
10.1109/ECOC.2008.4729527.
modulators.
[5] M. Hossein-Zadeh and A. F. J. Levi, “Selfhomodyne photonic
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limits are conditioned to the operating limits of the phase modulation and filtering,” Microw. Opt. Technol. Lett., vol. 50,
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[6] V. J. Urick, J. D. Mckinney, and K. J. Williams, Fundamentals
frequencies up to 100 GHz. In the case of Electronic
of microwave photonics. 2015.
Warfare, this receiver presents characteristics that enable [7] P. E. Pace, Detecting and Classifying Low Probability of
fulfill the needs arising from the new generation of EW Intercept Radar, Second. Artech House, 2009.
systems. [8] D. Hillerkuss et al., “Integrated photonic and plasmonic
technologies for microwave signal processing enabling mm-
wave and sub-THz wireless communication systems,” 2019, doi:
ACKNOWLEDGMENTS 10.1117/12.2513182.
[9] F. Ivo, R. Baroni, O. Coutinho, “Filtro de RF Fotônico
This work was supported by the Brazilian Air Force Sintonizável por Variação de Temperatura em Laser DFB,”
presented at the Simpósio de Aplicações Operacionais em Áreas
and the Brazilian Navy at the ITA Electronic Warfare
de Defesa, São José dos Campos, São Paulo, Brazil, Sep. 26-28,
Laboratory, as well as by the CAPES. 2016.

335
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Ruídos em Lasers de Longo Tempo de Coerência


com Interferômetros de Pequenos Tempos de Atraso
Mareli Rodigheri† , Flávio José Galdieri† , Tiago Sutili†§ e Evandro Conforti†
† Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação, Universidade de Campinas, Campinas, Brasil
§ Soluções de Comunicações Ópticas, CPQD, Campinas, Brasil

Resumo—A presença de ruídos dos tipos acústico, branco Neste método realizamos o batimento heteródino de lasers com
e 1/f são caracterizados utilizando-se interferômetro de distanciamento em frequência na faixa de 10 a 20 GHz seguido
Mach-Zehnder baseado em fibra óptica, com diferenças nos por DSP adequado [16–18]. No entanto, é difícil distinguir a
tempos de atraso menores do que o comprimento de coerência
do laser. Uma câmara de vácuo, onde a pressão pôde ser contribuição do ruído de cada laser e um esquema proposto
controlada, foi utilizada para abrigar o interferômetro e assim em [19] pode resolver essa lacuna.
variar a intensidade sonora que incide sobre o mesmo. Os Na medição auto-homódina a configuração experimental é
resultados experimentais mostraram que o ruído 1/f e o ruído mais simples. Trata-se da interferência entre o sinal do laser
acústico aparecem misturados nas medições. Além disso, este é em teste e uma réplica atrasada de si mesmo, onde flutuações
minimizado quando a pressão na câmara diminui. Observou-se
ainda que o espectro da largura de linha aparente medida pelo de fase óptica são convertidas em flutuações de intensidade.
interferômetro é alargado sob a influência dos ruídos acústico e No espectro de potência da fotocorrente a largura de linha
1/f . pode ser deduzida com resolução muito alta, até kHz, desde
Palavras-Chave—Largura de linha, interferômetro de que a linha de atraso seja tão grande quanto o comprimento
Mach-Zehnder, ruídos em lasers. de coerência do laser [14]. No entanto, para lasers de alta
coerência o enlace de fibra pode se tornar demasiadamente
I. I NTRODUÇÃO longo. Recentemente, nosso grupo mostrou que mesmo um
S RECENTES avanços na tecnologia de diodos laser atraso curto, menor do que o tempo de coerência do laser,
O possibilitaram a fabricação de dispositivos com largura
espectral de emissão muito estreita, os quais poderão
pode ser suficiente para medir larguras de linha estreitas [20].
As flutuações de fase em lasers se devem, principalmente,
ser utilizados na redução de custo em links de curto aos ruído branco e ruído do tipo 1/f [21]. No entanto,
alcance em Data Centers [1–3] e sistemas coerentes de a utilização de um comprimento adequado de fibra no
1 Tb/s [4]. Além disso, lasers com alta pureza espectral interferômetro atua como um filtro para o ruído de frequência
têm aplicações relevantes em sensores baseados em fibra, 1/f [13, 22–25]. Além disso, ao se medir lasers de largura de
incluindo dispositivos médicos de ultrassom [5], medições linha muito estreitas, o braço do MZI de longo comprimento
de micro-vibração [6], sensores acústicos [7] e sensores de também está sujeito a ruídos acústicos ambientais. Em um
temperatura e pressão [8]. trabalho recente, confinamos o MZI dentro de uma câmera de
Devido ao interesse em se caracterizar lasers e sua vácuo, obtendo uma redução significativa dos ruídos externos
relevância para o projeto e análise de sistemas ópticos [9, 10], [20, 26]. Por sua vez, neste trabalho, será mostrado que o ruído
várias técnicas foram desenvolvidas para mensuração da sua 1/f aparece misturado com o ruído sonoro no laser de HeNe
largura de linha [11]. Os métodos mais tradicionais são e que há um alargamento no espectro medido sob influência
baseados em processos interferométricos, compreendendo o dos mesmos. Na sequência, a Seção II apresenta a formulação
auto-heteródino atrasado [12, 13] e detecção auto-homódina matemática para obtenção da densidade espectral de potência.
com curto atraso em interferômetro de Mach-Zehnder (MZI) As Seções III e IV são relativas à montagem experimental e
[14]. Recentemente a dispersão Brillouin estimulada tem sido à obtenção de resultados, respectivamente. Por fim, a Seção V
usada para induzir um batimento heteródino entre o sinal do traz a conclusão do trabalho.
laser em teste e a onda de Stokes gerada por um laser de
II. L ARGURA DE L INHA E SPECTRAL
bombeio [15]. Outra técnica de medição da largura de linha
é através do processamento digital de sinais (DSP) offline. Quando técnicas interferométricas basedas em linhas de
atraso são analisadas, a relação entre o tempo de coerência
Este trabalho foi apoiado pelas agências brasileiras Fundação de Apoio do laser, τc , e o tempo de atraso na longa fibra do MZI, τa ,
a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP - doações 2018 / 18337-5,
2017 / 20121-8, 2015 / 50063-4, 2015 / 24517-8 e 2007 / 56024-4) , define o regime de operação do interferômetro [27]. O MZI
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) e é coerente quando τa /τc << 1 e, neste caso, a dinâmica
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq - de fases dos campos interferentes permanece parcialmente
bolsas 301409/2017, 159388/2017, 159388/2017, 400129/2017, 402923/2016
e 301420/2015). correlacionada e a análise dos resultados torna-se mais
Os autores poderão ser contatos pelo email: conforti@ieee.org. complicada [14]. Por outro lado, quando τa /τc >> 1 o regime

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

de trabalho é incoerente e os campos encontram-se totalmente a função de correlação de intensidade do campo detectado é
descorrelacionados permitindo a obtenção da largura de linha dada por [13]:
diretamente através da densidade espectral de potência do (2)
sinal. Porém, a medida que o tempo de atraso τa aumenta, há GEr (τ ) = hET (t)ET∗ (t)ET (t + τ )ET∗ (t + τ )i (7)
um alargamento espectral na forma de linha espectral obtida Substituindo a Eq. 6 na Eq. 7 obtêm-se uma expressão para
[23]. Esse alargamento, conforme demonstrado em [11] é (2)
GEr (τ ) composta por uma grande quantidade de termos. No
causado pelo ruído 1/f . Sendo assim, a largura de linha obtida entanto, pode-se desconsiderar aqueles cuja média temporal é
é dada por [11]: nula. Além disso, alguns termos atuam como filtros para ruídos
k do tipo 1/f e podem ser eliminados. O resultado é dado por
Sφ = So + (1)
|ω| [13]:
onde Sφ é o espectro de intensidade de ruído do sinal (2)
GEr (τ ) = E04 = (1 + α2 )2 + 2αcos(Ωt)LG
fotodetectado e os termos So e k/|ω| são relativos ao ruído
branco e 1/f , respectivamente. É importante observar que o 
espectro relativo a So é dependente da potência, Pout , do sinal,  −S0 |τ |, |τ | ≤ τ0
de forma que So decai com o aumento de Pout na proporção L = exp
−1 −S0 τ0 , |τ | ≥ τ0

de Pout [28]. Essa característica foi primeiramente observada
por Schawlow e Townes [29], antes mesmo da demostração
experimental do primeiro laser, o que levou à famosa equação 2 2
G = (τ + τ0 )−k(τ +τ0 ) /2π
(|τ − τ0 |)−k(τ −τ0 ) /2π
de Schawlow-Townes, dada por: 2 (kτ02 /π)
2
.τ (kτ /π)
.τ0 (8)
4πhν(∆νc )
∆νlaser = (2)
Pout
Por fim, a transformada de Fourier da Eq. 8 fornece
na qual hν é a energia do fóton, ∆νc é a largura de banda a equação do espectro de potência do sinal, que permite
do ressonador e Pout é a potência de saída. Nesta equação mensurar a largura de linha da fonte óptica.
apenas o ruído de frequência branco é calculado e seu espectro
é estritamente lorentziano. No entanto, o formato da linha III. C ONFIGURAÇÃO EXPERIMENTAL
espectral muda para gaussiano à medida que o ruído 1/f se As medições da largura de linha foram obtidas pelo método
torna predominante. auto-homódino, com montagem de um interferômetro de
A formulação matemática para obtenção do espectro relativo Mach-Zehnder (MZI) em fibra óptica, para os regimes de
ao ruído de fase é obtida, primeiramente, convertendo-se as trabalho coerente e incoerente, conforme mostra a Fig. 1. A
flutuações de fase em amplitude. Logo em seguida a função luz da fonte laser é colimada por uma lente objetiva 20X e, em
de autocorrelação pode ser mensurada e a sua transformada de seguida, o feixe é dividido através de um separador óptico em
Fourier permite a obtenção da informação de largura de linha dois caminhos na proporção de 50% cada. Um dos feixes viaja
[30]. por um caminho curto, onde tem sua polarização ajustada por
Considerando o campo elétrico de um laser monomodo um controlador de polarização e logo em seguida passa por
quasi-monocromático definido por: um modulador de fase em transdutor piezoelétrico (PZT), o
qual introduz um desvio de fase diretamente relacionado ao
E(t) = Eo .exp j[ωo t + φ(t)] (3)
alargamento espectral. O segundo feixe viaja por um braço
onde ωo é a frequência média e φ(t) é um processo estocástico de comprimento longo (carretel de fibra óptica) que serve
que representa flutuações de fase, Eq. 4, e frequência, Eq. 5, como linha de atraso. Um acoplador combina os campos
responsáveis pelo alargamento espectral, dadas por [13]: ópticos de ambos os braços e o feixe resultante segue para um
fotodetector. O espectro do sinal fotodetectado foi examinado
h∆φ2 (t)i = h(φ(t − τ ) − φ(t))2 i (4) através de um analisador dinâmico de sinais baseado no
cálculo da transformada rápida de Fourier. [31].
2 ∞
Z
2 ωt dω A fim de minimizar ruídos térmicos e vibracionais, a
h∆φ (t)i = sin2 ( )Sφ (ω) 2 (5)
π −∞ 2 ω montagem foi apoiada em mesa óptica estabilizada localizada
em uma sala limpa, fechada e com temperatura estabilizada.
O campo fotodetectado através do método auto-heteródino
Para o regime coerente de trabalho, o braço longo do
atrasado, ET , é a soma do campo do laser com uma réplica
MZI foi construído por uma fibra monomodo 632,8nm com
de si mesmo atrasada e deslocada em frequência [13]:
comprimento de 2000m. As fontes ópticas utilizadas foram
ET = E(t) + αE(t + τ0 )ejΩt (6) lasers de HeNe (LHRP501-REO e Uniphase 155SL, fabricados
pela Research Electro Optics), operando em 632,8nm, cuja
em que α é um fator real relacionado à razão da amplitude fonte de polarização foi cuidadosamente projetada a fim de
entre os dois campos, τ0 é o tempo de atraso entre eles e Ω minimizar os efeitos do ruído elétrico sobre o desempenho
é a diferença de frequência entre os mesmos. Dessa forma, do laser. Para a medida do efeito do ruído acústico sobre a

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

branco. No entanto, conforme observado em [28, 35], a largura


de linha de lasers quando a potência do mesmo tende ao
infinito não é zero, mas sim um valor finito originado pela
presença do ruído 1/f [13]. O gráfico da Fig. 4 mostra a
largura de linha medida experimentalmente para os lasers
HeNe LHRP501-REO (pontilhado azul) e Uniphase 155SL
(pontilhado vermeho) em função do inverso da potência.
Além disso, a largura de linha ideal, obtida pela equação
de Schawlow-Townes (Eq. 2) é mostrada. Pode-se notar, pela
comparação dos valores teóricos e experimentais, que há uma
largura de linha residual independente da potência. A presença
da mesma pode definir o limite máximo de sensibilidade do
receptor em sistemas de comunicações óptica coerentes, por
isso há grande interesse em analisá-la [28].

Fig. 1. Arranjo Experimental

linha espectral, o interferômetro foi montado em uma câmara


de vácuo, onde uma onda sonora incide sobre o mesmo e o
ajuste da pressão interna permite a variação da intensidade
acústica. Para o regime incoerente, foram realizadas medições
utilizando diodos laser com cavidade externa e largura de linha
na ordem de dezenas de kHz. O sistema foi montado com fibra
óptica monomodo para comprimento de onda de 1550 nm e
comprimento do braço do MZI de 9952 m. O sistema de vácuo
não foi utilizado.
IV. R ESULTADOS
Inicialmente foram realizadas simulações com o
interferômetro nos regimes incoerente e coerente com e
sem modulação. Quando o regime incoerente é utilizado, a
largura de linha é determinada no ponto de meia potência, Fig. 2. Espectro de densidade de potência para operação do interferômetro
em regime incoerente com λ = 632, 8nm, τa = 20ms e ∆f = 30Hz [33]
conforme destacado na Fig. 2. Já para o regime coerente de
trabalho, a análise dos resultados é dependente da diferença
de fase entre os braços do interferômetro [32].
Conforme analisado em [34], o aumento do atraso da
propagação temporal da luz entre os caminhos provoca uma
interferência gradativa da onda luminosa, ou seja, há uma
mudança gradual entre os estados de interferência construtiva
e destrutiva. Sobreposta a essa rápida oscilação da intensidade
em relação ao atraso nos caminhos, ocorre também uma
diminuição gradativa nos picos de variação da intensidade
luminosa fotodetectada. Essa diminuição está ligada ao fato
de o tempo de coerência do laser ser um fenômeno estatístico,
devido à natureza quântica dos fótons de luz. A perda gradual
da coerência entre os dois feixes no interferômetro fica
claramente demonstrada na Fig. 3, a qual mostra a variação
da intensidade da corrente, ID , em função da diferença entre
os caminhos do interferômetro, h, normalizada em relação ao
valor médio do comprimento de onda.
Os resultados simulados mostram a boa resolução do
método baseado em interferometria atrasada, cuja forma do Fig. 3. Interferograma com ID em função de h/λ e λ = 632,8 nm e tempo
pulso é lorentziana e composta essencialmente pelo ruído de coerência τc = λ/c em um interferogramo de Michelson [33]

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

ruído incidente sobre o MZI. Sob esta condição a medida


da largura de linha diminui para 270Hz e se aproxima do
valor real. Em ambas as medições, há presença de picos
mais acentuados na frequência de 60Hz e seus múltiplos,
devido ao funcionamento da rede elétrica. Da mesma forma,
na frequência de 12Hz há um pico proveniente da ressonância
acústica do carretel de fibra [20]. Além disso, o ruído 1/f ,
que aparece misturado com o ruído acústico, decai com a
frequência até 20Hz aproximadamente e, a partir deste ponto,
o espectro segue a forma lorentziana.
A causa externa do aumento da largura aparente da linha do
laser HeNe, com o aumento do ruído acústico, é a indução de
birrefringência na fibra, por efeito elasto-óptico, o que aumenta
o ruído de fase da luz. Esta variação do índice de refração
com a pressão da onda sonora resulta na modulação de fase
da luz que é detectada no espectro como o alargamento da
Fig. 4. Gráfico da largura de linha ideal (Shalow Townes) e experimental em linha original do laser. Desta forma é possível inferir que há
função do inverso da potência um alargamento no espectro medido quando o ruído acústico
incide sobre o braço de longo comprimento do MZI. Além
disso há presença do ruído 1/f nas medições, o que implica
Os resultados experimentais para o regime não coerente com uma largura espectral finita para o laser mesmo com o aumento
diodos lasers em 1550nm (não mostrados aqui) apresentaram da potência. Os resultados apresentados aqui podem ser úteis
boa correlação com os resultados teóricos [33]. Entretanto, para o estudo e desenvolvimento de sensores hidrofônicos
para o regime coerente, a pressão dentro da câmera de vácuo [36–38].
afeta os resultados. Isso pode ser observado comparando-se os
resultados mostrados nas Fig. 5 e Fig. 6. A Fig. 5 mostra o V. C ONCLUSÃO
espectro obtido com a pressão ambiente (700Torr) e a Fig. 6 Neste trabalho utilizou-se o método auto-homódino atrasado
com a câmara evacuada para uma pressão de 1,6Torr. para obtenção da largura de linha em lasers. Uma câmara
A diferença se deve à presença do ruído acústico. Na pressão de vácuo, com pressão controlável, foi montada para abrigar
ambiente de 700Torr, há incidência de uma onda sonora com o interferômetro e, com isso, expô-lo ao ruído sonoro em
frequência de 75Hz. O espectro medido é aumentado nessa diferentes intensidades. Observou-se que há um alargamento
condição e a largura de linha obtida é de 720Hz. Por outro na linha espectral medida com o aumento do ruído acústico
lado, reduzindo a pressão interna na câmara de vácuo obtém-se incidente sobre o MZI. Além disso, há presença de ruído do
um maior isolamento acústico e, portanto, menor nível de tipo 1/f nas medições, o que delimita o valor mínimo da

Fig. 5. Largura de linha experimental medida em regime coerente e pressão Fig. 6. Largura de linha experimental medida em regime coerente e pressão
ambiente de 700Torr. Adaptado de [33] de 1,6Torr. Adaptado de [33]

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largura de linha a ser medida. Desta forma, pôde-se observar [17] E. Conforti and T. Sutili, “Offline measurements of photonic
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sua largura de linha. [18] T. Sutili and E. Conforti, “Optical modulator half-wave voltage
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340
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Protótipo de um Controlador Multiespectral com


Lasers de Realimentação Distribuída
José Otávio Maciel Neto Eduardo Fontana, Henrique P. Alves Ricardo Ataíde de Lima
Departamento Acadêmico de Controle Departamento de Eletrônica e Sistemas Laboratório de Sistemas Cyber Físicos,
de Sistemas Eletrônicos Universidade Federal de Pernambuco Instituto de Inovação Tecnológica - IIT
Instituto Federal de Educação, Ciência Recife, Brasil Universidade de Pernambuco
e Tecnologia de Pernambuco fontana@ufpe.br; Recife, Brasil
Recife, Brasil henrique.patriota@ufpe.br ricardo.lima@poli.br
josemaciel@recife.ifpe.edu.br

Resumo—O presente trabalho tem por objetivo demonstrar o O presente trabalho mostra o progresso de desenvolvimento
progresso no desenvolvimento de um controlador multiespectral do MCA, expandido para o controle e chaveamento automático
baseado em lasers de realimentação distribuída (DFB). O de cinco lasers. O atual protótipo também integra outros
controlador é baseado em um módulo microprocessador de recursos necessários à investigação por WMS, incluindo um
controle e aquisição de dados, chaveando interfaces compostas oscilador local senoidal com amplitude e frequência de
por relés de estado sólido, integrado a um conjunto de lasers operação predeterminadas, além de uma entrada analógica para
DFB. Testes preliminares demonstram a operação bem sucedida detecção do sinal proveniente do fotodetector cuja finalidade é
do controlador. verificar os níveis de absorção do gás em análise.
Palavras-Chaves—laser DFB; relé de estado sólido;
controlador de corrente e temperatura. II. APARATO EXPERIMENTAL
Esta seção apresenta todos os blocos funcionais envolvidos
I. INTRODUÇÃO nos experimentos: aplicativo executado pelo PC, hardware do
Espectroscopia no infravermelho próximo, com múltiplas MCA e dispositivos ópticos utilizados para detecção dos
fontes espectrais, tem aplicabilidade em vários sistemas comprimentos de onda de interesse.
sensores. Em particular, nossos grupos de pesquisa no LSI – A. Aplicativo em Visual C#
Laboratório de Sensores e Instrumentação do Departamento de
Eletrônica e Sistemas da UFPE e do IIT – Instituto de Inovação A nova versão do aplicativo executado pelo PC foi
Tecnológica da UPE têm trabalhado nos últimos anos no uso desenvolvida em Visual C#. Seu objetivo é parametrizar os
dessa tecnologia para aplicações no setor elétrico, para o dados de corrente e temperatura a serem enviados para o MCA,
desenvolvimento de sistemas sensores para a análise de gases bem como, a recepção dos valores realmente aplicados ao laser
dissolvidos em equipamentos de alta tensão [1-3]. O sistema em operação, tendo em vista que o controlador utilizado é PI de
em desenvolvimento, em sua configuração final será capaz de malha fechada e disponibiliza o feedback destes valores para o
realizar detecção específica e simultânea de alguns gases de MCA. A comunicação entre o PC e o MCA é via USB-HID, ou
interesse, como por exemplo, CO, CO2, CH4, C2H2 e H2O. O seja, é plug and play.
sistema de detecção do LSI é baseado na técnica de A Fig. 1 mostra a interface gráfica de programação dos
espectroscopia por modulação em comprimento de onda parâmetros do aplicativo. Para cada laser que se deseja
(WMS – sigla do termo inglês Wavelength Modulation parametrizar é necessário marcar o checkbox correspondente.
Spectroscopy). Os lasers empregados são do tipo DFB Assim os campos de corrente mínima, máxima, incremento e
(Distributed Feedback), que exibem larguras espectrais cerca temperatura ficam disponibilizados para preenchimento. Essa
de 100 vezes mais finas em comparação àquelas das linhas de versão do aplicativo trabalha com valores inteiros e o
absorção dos gases de interesse [4-6]. Esses lasers são incremento de corrente tem uma resolução de 1 mA. O campo
sintonizáveis pelo ajuste tanto da corrente quanto da Ativação das Células já foi implementado a nível de hardware
temperatura de operação. e software e destina-se à seleção das células espectrais que
Um componente fundamental do sistema ora em contêm os gases a serem analisados. Entretanto, esse recurso
desenvolvimento é o Módulo de Controle e Aquisição de não é utilizado neste trabalho, pois o objetivo é analisar
Dados (MCA) [7], cujo objetivo é integrar, em um único aspectos relacionados ao chaveamento automático entre lasers
dispositivo, os recursos necessários à realização da WMS. Uma DFB e um controlador PI de corrente e temperatura.
primeira versão do MCA foi utilizada para análise da absorção
de CO e para chavear automaticamente dois lasers e acionar
um módulo de controle de corrente e temperatura.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

individualmente, um canal de comunicação SPI e uma


unidade de comunicação USB.
• Um conversor digital/analógico com dois canais de dez
bits e comunicação SPI, o MCP4812 [9].
• Uma matriz com sete transistores Darlington, ULN2003
[10], cuja finalidade é atuar como drive de corrente e
chave seletora para as interfaces contendo os relés de
estado sólido.
• Um controlador PI de corrente e temperatura em malha
fechada, o LDTC0520 [11], altamente estável,
constituído por uma fonte de corrente modelo FL500 e
um controlador de temperatura modelo WLD3343,
ambos da Wavelenght Electronics®. Além de atender
às especificações de amplitude de corrente e
temperatura de trabalho, necessárias a experimentos de
Detecção Harmônica do Espectro utilizando lasers
DFB, o fator determinante para a escolha desse
modelo, em detrimento de outros disponíveis
comercialmente, foi o fato de tratar-se de um
Fig. 1. Interface Gráfica do Aplicativo para parametrização do equipamento OEM de custo significativamente inferior
experimento. aos demais.
• Oito relés de estado sólido, G3VM-41AY [12], que
Na Fig. 2 temos um exemplo de arquivo txt que é gerado possuem um certo protagonismo neste trabalho, tendo
pelo aplicativo, a partir dos dados provenientes do MCA e que em vista, que são eles, juntamente com a matriz de
representam os valores reais aplicados ao laser em operação. A transistores ULN2003 e o microcontrolador
coluna de sinal (mV) apresenta valores nulos, porque refere-se PIC18F4550, os responsáveis diretos pela comutação
aos valores provenientes do fotodetector, recurso que não está automática entre os cinco lasers DFB e o controlador
implementado na versão atual do protótipo. LDTC0520. A Fig. 3 mostra a imagem real da interface
contendo os relés de estado sólido e um dos lasers
utilizados nos experimentos em análise.

Fig. 2. Arquivo txt gerado pelo aplicativo, com os valores reais de


temperatura e corrente aplicados ao laser em operação.

Fig. 3. PCI com os oito relés de estado sólido G3VM-41AY.


B. Módulo de Controle e Aquisição de dados (MCA)
O MCA é composto fundamentalmente por:
• Um microcontrolador, o PIC18F4550 [8], que possui Na Fig. 4 temos uma imagem real do MCA completo,
dez canais de conversão analógico/digital de dez bits, inclusive, com as cinco interfaces contendo relés de estado
portas de entrada e saída de bits configuráveis sólido com os lasers conectados.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

segundos, pois o MCA só chaveia o laser seguinte, quando a


temperatura do laser em operação atinge o setpoint
previamente estabelecido. O gráfico da Fig. 5 mostra o
comprimento de onda de cada laser deste experimento. Vale
salientar que o comprimento de onda central para cada um dos
lasers encontra-se na faixa de valores informada por suas
respectivas folhas de dados, para a temperatura de 25 ºC.

Fig. 4. Módulo de Controle e Aquisição de dados (MCA).

C. Dispositivos Ópticos
Fig. 5. Sinais capturados pelo analisador de espectro óptico, para cada um dos
Os dispositivos ópticos que compõem o aparato cinco lasers DFB utilizados nos experimentos.
experimental são:
• Um analisador de espectro óptico, modelo MS9470A da Objetivando checar a reprodutibilidade de experimentos
Anritsu® [13]. Utilizado para a detecção da alteração realizados anteriormente [7], [15], no segundo experimento
dos comprimentos de onda dos lasers DFB em função foram realizadas quatro sequências de medição, para verificar o
da variação de corrente e temperatura a eles aplicada. comportamento do laser DFB de 1568 nm submetido às
temperaturas de 22 ºC, 25 ºC, 30 ºC e 37 ºC. Para cada um
• Um multiplexador passivo de cinco entradas e uma destes valores de temperatura, o laser foi submetido a uma
saída da Optolink®. Utilizado para o acoplamento variação na corrente de operação entre 60 mA e 90 mA, com
óptico entre o laser DFB selecionado e o analisador de incremento de corrente de 5 mA. O gráfico da Fig. 6 mostra o
espectro óptico. comportamento dos comprimentos de onda emitidos para
variações de corrente de operação a uma temperatura constante
• Cinco lasers DFB, encapsulamento butterfly com de 25 ºC. A Fig. 7 apresenta o valor do comprimento central de
quatorze terminais, contendo uma célula Peltier e um onda, para cada valor de corrente aplicado.
termistor do tipo NTC, com os seguintes comprimentos
de onda, 1392 nm, 1531 nm, 1568 nm, 1571 nm e 1654
nm. A escolha dos comprimentos de onda está
diretamente relacionada à detecção por absorção direta,
ou por WMS, de cada gás, respectivamente, H2O (fase
gasosa), C2H2, CO, CO2, CH4.

III. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS EXPERIMENTOS


Os experimentos aqui descritos tomaram como base um
sistema de chaveamento de lasers DFB originado no nosso
grupo de pesquisa [7], [14], [15], objetivando aumentar o
número de lasers a serem controlados. Como a nova
configuração do MCA automatiza o chaveamento entre lasers
DFB e o LDTC0520, além da troca de dados com o PC, a
análise cuidadosa dos experimentos assume um caráter
relevante para validação desse dispositivo.
No primeiro experimento foram estabelecidas uma corrente
de operação de 85 mA e uma temperatura de trabalho de 25 ºC.
O intervalo de tempo para o chaveamento e consequente Fig. 6. Comportamento do laser DFB de 1568 nm a temperatura constante,
submetido a variações de corrente.
operação de cada um dos cinco lasers foi de, no mínimo, dez

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 9. Pontos experimentais e ajuste linear para o valor central do


Fig. 7. Pontos experimentais e ajuste linear para o valor central do comprimento de onda do laser DFB de 1568 nm, submetido a diferentes
comprimento de onda do laser DFB de 1568 nm, submetido a diferentes valores de temperatura".
valores de corrente".
Podemos observar, através dos gráficos da Fig. 7, da Fig. 9
Nas faixas analisadas o deslocamento do comprimento de e dos valores de R2, respectivamente 0,9969 e 0,99863, um
onda para variações de temperatura é significativamente maior comportamento linear do valor central dos comprimentos de
do que para variações de corrente, além do mais, o limite onda, obtidos a partir da variação de corrente e temperatura
superior das correntes experimentadas está muito próximo à aplicada ao laser DFB de 1568 nm.
máxima corrente que pode ser aplicada ao laser, segundo sua
folha de especificações. Por outro lado, o limite superior de
temperatura que os lasers suportam está distante dos valores IV. CONCLUSÕES
experimentados aqui. Entretanto, o deslocamento no Neste trabalho o foco dos experimentos foi verificar a
comprimento de onda obtido a partir dessa faixa de capacidade da atual configuração do MCA de operar
temperatura é suficiente para os objetivos do MCA. A Fig. 8 automaticamente cinco lasers DFB, deslocando o valor central
mostra o comportamento do laser DFB para variações de de seus comprimentos de onda, a partir de variações na
temperatura a um valor de corrente de 85 mA. A Fig. 9 temperatura de trabalho e corrente de operação. Os resultados
apresenta o valor do comprimento central de onda, para cada obtidos atestam a reprodutibilidade dos experimentos
valor de temperatura aplicado. realizados anteriormente [7], [15]. Foi demonstrado, pela
similaridade dos resultados obtidos em relação aos fornecidos
pelas folhas de dados dos fabricantes, que o chaveamento entre
os lasers, utilizando relés de estado sólido, não afetou os
parâmetros de interesse. Também ficou evidente que
deslocamentos mais expressivos no valor central do
comprimento de onda ficam a cargo de variações na
temperatura, enquanto o ajuste fino da sintonia no valor de
interesse é obtido por variações na corrente aplicada ao laser.
Isso é um aspecto relevante em trabalhos futuros, onde serão
explorados recursos do MCA para análise de gases dissolvidos
em óleos por absorção direta, ou por WMS, pois o princípio de
funcionamento do MCA consiste em varrer uma determinada
faixa de comprimentos de onda, objetivando atingir o valor no
qual ocorre absorção do sinal pelo gás em análise. Também já
se encontra implementado no hardware do MCA, um circuito
oscilador senoidal, cujo objetivo é modular a corrente de
operação aplicada ao laser, técnica adotada pela WMS na qual
a absorção do sinal se manifesta de maneira mais acentuada.
Em sua versão final, o MCA será capaz chavear cinco
Fig. 8. Comportamento do laser DFB de 1568 nm a corrente constante, lasers; variar as temperaturas de trabalho e correntes de
submetido a variações de temperatura.
operação destes lasers; chavear uma das oito células espectrais
contendo os gases a serem analisados; detectar o sinal de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

retorno de cada uma das células espectrais a partir de um [15] R. A. Lima and E. Fontana. “Development of a control
conversor eletro-óptico. Além de interagir com um PC, através and acquisition module for the harmonic detection of
multiple spectral lines”, Measurement Science and
da porta USB-HID, na parametrização dos experimentos e na Technology, vol. 28, no. 3, pp. 035901, 2017.
tabulação e análise dos dados obtidos.

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao PPGEE-UFPE, à CAPES, ao
CNPq, à FACEPE, ao IIT-UPE e ao IFPE-Campus Recife,
pelo apoio.

REFERÊNCIAS

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insulating fluids,” DGA Expert System: A Leader in
Quality, Value and Experience, vol. 1, pp. 1-17, 2005.
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Microwave and Optoelectronics Conference, pp. 229-233,
2007.
[3] E. Fontana, L. M. Urtiga and J. F. Martins-Filho, “Sensor
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[4] E. Fontana, “Atenuação”, Curso de Fundamentos de
Óptica e Propagação da Luz. PPGEE -UFPE, 2010.
[5] W. Demtroder, “Laser Spectroscopy: Basic Principles,”
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[6] L. S. Rothman et al., “The HITRAN 2004 molecular
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spectroscopy and radiative transfer, vol. 96, no. 2, pp.
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[7] R. A. Lima, “Módulo Eletro-Óptico de Detecção
Harmônica de Múltiplos Gases para Aplicações no Setor
Elétrico”, Tese de Doutorado, Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Elétrica, Universidade Federal
de Pernambuco.
[8] Microchip, “28/40/44-Pin, High-Performance, Enhanced
Flash, USB Microcontrollers with NanoWatt Technology
PIC 18F4550,” pp. 1-438.
http://ww1.microchip.com/downloads/en/DeviceDoc/396
32e.pdf.
[9] Microchip, “8/10/12-Bit Dual Voltage Output Digital-to-
Analog Converter with Internal VREF and SPI Interface
MCP4812,” pp.1-50.
http://ww1.microchip.com/downloads/en/DeviceDoc/200
02249B.pdf
[10] St-Microelectronics, “ULN2003 Seven Darlington
arrays,” pp.1-17.
https://www.st.com/resource/en/datasheet/uln2001.pdf
[11] Wavelength Electronics, “Datasheet and Operation Guide
LDTC0520/LDTC1020: Laser Diode and Temperature
Controller,” pp.1-27.
[12] Omron Electronic Components, “G3VM-41AY/G3VM-
41DY MOS FET Relays,” pp. 1-3.
https://www.components.omron.com/product-
detail?partId=296
[13] Anritsu, “Optical Spectrum Analyser (OSA)”, pp. 1-16.
https://dl.cdn-anritsu.com/en-en/test-
measurement/files/Brochures-Datasheets-
Catalogs/Brochure/ms9740a-e11000.pdf.
[14] R. A. Lima, V. H. Soares, J. F. Martins-Filho and E.
Fontana. “Tailoring a spectral line detection system for
applications in dissolved gas analysis”, Sensors and
Actuators A: Physical, vol. 293, pp. 178-188, 2019.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Proposta de Amplificador Lock-in via Software para


Aplicações em Espectroscopia Óptica
Hugo de Albuquerque Fonsêca; Diego José Rátiva Millán; Ricardo Ataide de Lima
Instituto de Inovação Tecnológica
Universidade de Pernambuco
haf@poli.br;diego.rativa@poli.br;ricardo.lima@poli.br

Abstract—O presente trabalho descreve o desenvolvimento de utilizar plataformas embarcadas para caracterização óptica de
um software de baixo custo computacional, capaz de aplicar substâncias in loco.
a técnica de correlação de sinais utilizada em amplificadores Assim, o presente trabalho descreve o desenvolvimento de
lock-in, em todo um espectro óptico de um experimento de
espectroscopia óptica. O amplificador sı́ncrono ou lock-in possui um software que permita obter os dados de um espectrômetro,
como principal caracterı́stica a obtenção do mensurando em um discretizá-lo e aplicar a técnica de processamento lock-in
meio com densidade de ruı́do superior a magnitude do sinal. O em cada ponto do espectro obtido. Outra funcionalidade do
programa foi desenvolvido na linguagem de programação C#. A programa inclui uma interface gráfica que permita ajustes
partir dos dados obtidos por um espectrômetro da StellarNet, o de parâmetros do processamento. Pode-se citar por exemplo
programa é capaz de aplicar o processamento lock-in de forma
simultânea nos 2050 pontos que compõe o espectro. O teste de constante de tempo, ordem do filtro, número de pontos de
desempenho realizado consistiu em recuperar o perfil de emissão discretização do espectro óptico, entre outros. O programa
espectral de um LED amarelo, submetido a um ruı́do óptico permite visualizar os resultados de forma gráfica e tabular. Ex-
emulado por um LED com o pico de emissão no verde. Os perimentos preliminares indicam que a técnica é capaz de obter
resultados preliminares indicam a eficácia do programa e a o sinal desejado, mesmo sob influência de fontes externas. O
viabilidade de uso de plataforma embarcadas para o projeto de
protótipos que permitam usar técnicas de espectroscopia óptica esforço computacional deste programa é compatı́vel com as
sem a necessidade de controle de luminosidade. plataformas embarcadas, viabilizando o projeto de soluções
Keywords—processamento lock-in; espectroscopia óptica; sis- portáteis de espectroscopia óptica.
temas embarcados
II. T ÉCNICA Lock-in E S OFTWARE D ESENVOLVIDO
I. I NTRODUÇ ÃO A Fig. 1 mostra o diagrama de blocos simplificado de um
amplificador lock-in. O Objeto de Estudo (ODE) é excitado por
A espectroscopia óptica é uma técnica de caracterização uma componente de referência em fase p(t) de um sinal de
de materiais e efeitos dinâmicos amplamente utilizada. O tensão/corrente que pode ser senoidal ou quadrático. A saı́da
espectro molecular de uma substância pode ser determinado do do ODE é dada por s(t) + n(t) , em que n(t) representa
pela alteração na distribuição de carga de suas moléculas a componente do ruı́do. Interno ao amplificador lock-in é
constituintes sob a ação de radiação eletromagnética [1]– possı́vel realizar um deslocamento de fase de 90º, gerando uma
[3]. Para analisar caracterı́sticas ópticas destas substâncias componente de referência em quadratura q(t) . Em seguida é
é possı́vel aplicar técnicas de espectroscopia de absorção, realizada a correlação dos sinais de saı́da do ODE com sua
fluorescência, fosforescência, entre outras [4], [5]. respectiva componente de referência, sendo constituı́do de um
No tocante à instrumentação das técnicas de espectroscopias multiplicador de sinais e de um filtro passa baixa. Os sinais
citadas, tem-se em comum o uso do amplificador lock-in u1 (t) e u2 (t) correspondem ao resultado do processamento da
ou amplificador sı́ncrono. Como principal caracterı́stica deste correlação com os sinais em fase e em quadratura, respecti-
equipamento tem-se a capacidade de obter o mensurando, vamente. Ambos os sinais são componentes contı́nuas (DC)
mesmo quando ele está imerso em uma densidade de ruı́do diretamente proporcionais as caracterı́sticas do ODE [6]–[9].
superior à sua amplitude [6]–[9]. Este equipamento utiliza a As saı́da u1 (t) e u2 (t) são dadas por:
técnica de correlação, que consiste no grau de similaridade
1 τ
Z
entre um sinal de referência periódico e o espectro modulado
u1 (t) = (s(t) + n(t)) · p(t)dt (1)
por este sinal. τ 0
Uma proposta interessante do uso da técnica lock-in em
1 τ
Z
espectroscopia óptica é aplicá-la de forma simultânea em u2 (t) = (s(t) + n(t)) · q(t)dt (2)
todo o espectro em análise. Ou seja, realizar a aquisição da τ 0
resposta de um espectrômetro, discretizá-lo e aplicar a técnica sendo τ a constante de tempo do filtro passa-baixa. Em
de correlação em cada ponto do espectro. Desta forma, torna- sistemas lock-in sofisticados esta constante varia de 100 ms
se viável realizar experimentos ópticos sem a necessidade até 10 s [9]. As componentes de amplitude e fase são obtidas
de realizar o controle de iluminação externa. Isso permite a partir das seguintes equações:

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

em que Ts representa o perı́odo de amostragem. A ampli-


tude a[k] e fase φ[k] são dadas por:
q
a[k] = u21 [k] + u22 [k] (7)

u2 [k]
φ[k] = tan−1 ( ) (8)
u1 [k]
Para cada ponto do espectro óptico, o programa desen-
volvido calcula a amplitude e fase e mostra de forma gráfica
ou tabular o resultado do processamento.
A linguagem de programação utilizada para o desenvolvi-
mento do programa foi o C#. A Fig. 2 mostra a interface
gráfica do software. O usuário é capaz de inserir e configurar
Fig. 1. Diagrama esquemático de um amplificador lock-in as seguintes informações e funcionalidades:
1) Ajuste de dados iniciais: importação dos dados gerados
pelo espectrômetro, exibição e ajuste da faixa espectral
q de trabalho,
a(t) = u21 (t) + u22 (t) (3) 2) Determinar o número de processamentos lock-in em
paralelo, podendo variar de 1 a 2050,
u2 (t) 3) Ajuste do tempo de amostragem, constante de tempo,
φ = tan−1 ( ) (4) processamento em quadratura e,
u1 (t)
4) Visualização e exportação da informação processada.
O multiplicador conjuntamente com o filtro passa-baixa O modelo do espectrômetro utilizado para análise de de-
detecta apenas sinais com frequências próximas a dos sinais sempenho do software é o StellarNet BLUE-Wave Miniature
de referência em fase e em quadratura. As componentes Spectrometer. O espectro óptico obtido por este equipamento
harmônicas do sinal do ruı́do que são distantes da frequência é armazenado no formato de texto do tipo .txt e utilizado pelo
do sinal de referência são atenuadas na saı́da do multiplicador software desenvolvido para processamento.
pelo filtro passa-baixa. Em compensação, as componentes
que são próximas da frequência de referência adicionam na III. T ESTE DE E MPENHO
saı́da do amplificador lock-in sinais de tensão ou corrente de
A Fig. 3 mostra do diagrama de blocos do aparato instru-
baixa frequência. A atenuação destas componentes depende
mental utilizado para realizar os testes de desempenho do
da constante de tempo do filtro passa-baixa. Quanto maior o
programa. Foram utilizados dois LEDs, sendo um na região do
valor da constante, menos o ruı́do irá influenciar na medição
amarelo com pico de emissão em 589 nm, e o outro na região
[6]–[9].
do verde com pico de emissão em 565 nm, ambos com largura
Neste trabalho é possı́vel realizar o processamento lock- espectral de 20 nm. Os LEDS utilizados possuem intensidade
in em até 2050 pontos de um espectro óptico de forma luminosa de 30 mcd. O LED amarelo foi modulado com uma
simultânea. Isso é viável a partir do desenvolvimento de um onda quadrada de frequência de 100 Hz e corrente de valor
software. Técnicas computacionais se mostram promissoras RMS de 15 mA. O LED verde foi alimentado por uma fonte
e apresentam vantagens em relação a hardwares analógico. de corrente DC de 25 mA. Desta forma o LED verde estava
Pode-se citar na inexistência de flutuação térmica, melhor emulando o ”ruido”, com componentes espectrais na faixa de
supressão de harmônicos, opções mais flexı́veis de processa- emissão do LED amarelo.
mento e apresentam maior potencial de precisão [10], [11].
A radiação luminosa resultante foi capturada pelo StellarNet
Considerando o domı́nio de Laplace, as saı́das u1 [k] e u2 [k] BLUE-Wave Miniature Spectrometer através do cabo óptico do
do processamento lock-in são obtidas a partir da correlação equipamento. A Fig. 4 mostra o espectro obtido, representado
com os sinais de referência em fase p[k] e quadratura q[k]. pela amplitude normalizada em função do comprimento de
Para tal é utilizada a detecção de fase e um filtro digital por onda. Destaca-se um pico de emissão de 589 nm, corre-
convolução do tipo média móvel de primeira ordem. Desta spondente ao LED amarelo modulado e um pico de 572
forma o valor das saı́das em um instante de tempo k representa nm relacionado à sobreposição espectral dos LEDs verde e
a soma ponderada entre o valor anterior k − 1 e o valor de amarelo de magnitude superior, representando o ruı́do óptico.
entrada k . Por fim, as equações das saı́das u1 [k] e u2 [k] são A Fig. 5 mostra o resultado obtido pelo programa. Foram
dadas por: utilizados o tempo de amostragem de 1 ms, constante de tempo
−Ts −Ts
de 10 s e a discretização do espectro de entrada em 2050
u1 [k] = −e τ u1 [k − 1] + τ (1 − e τ ) · p[k] (5) pontos. Verifica-se que o software consegue atenuar de forma
−Ts −Ts
significativa a influência da radiação do LED verde. O sinal
u2 [k] = −e τ u2 [k − 1] + τ (1 − e τ ) · q[k] (6) recuperado mantém o perfil de emissão do LED amarelo, com

347
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 2. Interface gráfica do programa desenvolvido

Fig. 5. Espectro óptico após processamento lock-in

Fig. 3. Diagrama esquemático do experimento realizado


No tocante ao esforço computacional, a simulação, que foi
realizada em um computador com processador Intel® Core
(TM) i5-3337u com 1,8 GHz e 6 GB de memória RAM,
teve um tempo total de execução de 100 ms. Considerando
computadores do tipo OEM (Original Equipment Manufac-
turing) que possuem quatro núcleos de 1,5 GHz e 4 GB
de memória RAM, estima-se que o tempo de processamento
seja de aproximadamente 200 ms. Esse intervalo de tempo
é aceitável, pois é compatı́vel com os amplificadores lock-in
vendidos comercialmente.
IV. C ONCLUS ÃO E TRABALHOS FUTUROS
Fig. 4. Espectro óptico obtido pelo StellarNet BLUE-Wave Miniature Spec-
trometer Foi possı́vel, através deste trabalho, mostrar o desenvolvi-
mento de uma ferramenta computacional capaz de utilizar a
técnica lock-in que pode ser utilizada em experimentos de
a amplitude máxima no comprimento de onda central de 589 espectroscopia. Nos resultados aqui apresentados foi possı́vel
nm e largura espectral de 20 nm. A relação sinal ruı́do do verificar a recuperação do espectro de um LED modulado com
experimento foi de 20 dB. sobreposição espectral provocada por outra fonte luminosa

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

alimentada por corrente contı́nua, com intensidade média


superior. O software é capaz de realizar o processamento lock-
in nos 2050 pontos que compõem o espectro do LED de forma
simultânea.
O esforço computacional requerido pelo programa per-
mite a sua utilização em plataformas embarcadas, como por
exemplo, o Raspberry PI. Desta forma, torna-se viável o
desenvolvimento de equipamentos portáteis que permitem
realizar análises de espectroscopia óptica sem a necessidade
de controle de iluminação externa. Como prováveis aplicações
pode-se citar as áreas de energia solar e caracterização de
materiais biológicos.
Como trabalhos futuros estão em atual desenvolvimento
testes de desempenho com a utilização de fontes luminosas
de maior intensidade e amplo espectro para emulação de
ruido óptico. Desta forma pretende-se verificar a máxima
relação sinal/ruido do processamento lock-in. Além disso,
pretende-se realizar experimentos de tempo de decaimento de
fluorescência de corantes, como, por exemplo, a rodamina, em
um ambiente sem controle e iluminação. Os resultados obtidos
serão reportados oportunamente.
V. AGRADECIMENTO
Os autores agradecem à FACEPE, à CAPES, ao CNPq, e
ao IIT-UPE, pelo suporte a pesquisa.
R EFER ÊNCIAS B IBLIOGR ÁFICAS
[1] M. BASS in Handbook of Optics, vol. 1, McGraw-Hill, 2 ed., 1995.
[2] J. D. JACKSON in Classical Electrodynamics, Wiley, 3 ed., 1998.
[3] J. M. STONE in Radiation and Optics, New York: McGraw-Hill, 1963.
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ion mobility spectrometry response to binary gas mixture,” in 2018 IEEE
SENSORS, pp. 1–4, Oct 2018.
[5] A. Sorokin, E. Zhvansky, K. Bocharov, I. Popov, D. Zubtsov, A. Voro-
biev, E. Nikolaev, V. Shurkhay, and A. Potapov, “Multi-label classifica-
tion of brain tumor mass spectrometry data in pursuit of tumor boundary
detection method,” in 2017 International Conference on Intelligent
Informatics and Biomedical Sciences (ICIIBMS), pp. 169–171, Nov
2017.
[6] M. Ayat, M. A. Karami, S. Mirzakuchaki, and A. Beheshti-Shirazi,
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mode atomic force microscopy systems,” IEEE Transactions on Instru-
mentation and Measurement, vol. 65, pp. 2284–2292, Oct 2016.
[7] M. Meade in Lock-in amplifiers: principles and applications, pp. 1–4,
Peter Peregrinus Ltd, 1983.
[8] G. Kloos in Applications of Lock-in Amplifiers in Optics, pp. 5–24,
Society of Photo-Optical Instrumentation Engineers, 2018.
[9] S. Akshaya, S. N. Rao, and K. Bennaceur, “A survey of low-cost lock-
in amplifiers for sensor applications,” in 2018 International Conference
on Advances in Computing, Communications and Informatics (ICACCI),
pp. 2486–2490, Sep. 2018.
[10] D. Afanassyev and V. Rabyk, “A digital lock-in technique for small
signal detection with square wave reference over a wide frequency
range,” in 2018 14th International Conference on Advanced Trends
in Radioelecrtronics, Telecommunications and Computer Engineering
(TCSET), pp. 480–483, Feb 2018.
[11] Chao Qi, Yiyi Huang, Wensheng Zhang, Di Zhou, Yanmin Wang, and
Min Zhu, “Design of dual-phase lock-in amplifier used for weak signal
detection,” in IECON 2016 - 42nd Annual Conference of the IEEE
Industrial Electronics Society, pp. 883–888, Oct 2016.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Caracterização de Dispositivos Otto Chip de gap


Variável por Reflectometria Óptica
Gabriel de Freitas Fernandes Brianne Paola Mochel Moreira Eduardo Fontana
Departamento de Eletrônica e Sistemas Departamento de Eletrônica e Sistemas Departamento de Eletrônica e Sistemas
Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal de Pernambuco Universidade Federal de Pernambuco
Recife, Brasil Recife, Brasil Recife, Brasil
gabriel.freitasf@ufpe.br brianne.mochel@ufpe.br fontana@ufpe.br

Gustavo Oliveira Cavalcanti Jung-Mu Kim Ignacio Llamas-Garro


Escola Politécnica Division of Electronic Engineering CTTC
Universidade de Pernambuco Chonbuk National University Castelldefels, Spain
Recife, Brasil Jeonju, Republic of Korea ignacio.llamas@cttc.es
gustavooc@poli.br jungmukim@jbnu.ac.kr

Resumo - O presente trabalho relata os resultados experi- II. D ISPOSITIVO OTTO CHIP E M ETODOLOGIA
mentais da caracterização da topografia do gap de dispositivos O fenômeno de RPS é observado por uma queda na re-
Otto chip. Neste trabalho são apresentados os resultados de flectância R da estrutura em função do ângulo de incidência
varredura da área ativa do dispositivo por reflectometria óptica θ, cujo o efeito é caracterizado por uma curva semelhante à
de toda a superfı́cie do dispositivo, a partir dos quais é possı́vel lorentziana, conforme ilustrado na Fig 1(a). Na configuração
identificar regiões de adesão irregular entre diferentes ca- de Otto, mostrada na Fig. 1(b), é utilizado um prisma de
madas, desgaste do substrato e mapear a região ativa do filme acoplamento para aumentar o número de onda do campo
metálico, em que é possı́vel observar o efeito de ressonância incidente, permitindo a excitação do PS[9].
de plásmons de superfı́cie. Esses resultados são importantes
no estudo de reprodutibilidade e confiabilidade na fabricação
de sensores baseados na configuração Otto chip.
Palavras-Chave - Otto chip, ressonância de plásmons de
superfı́cie, sensores, microfabricação.

I. I NTRODUÇ ÃO

Plásmons de Superfı́cie (PS) são ondas eletromagnéticas


que se propagam em interfaces metal-dielétrico[1]. Tal efeito
pode ser evidenciado experimentalmente pela queda na in-
tensidade da onda refletida na estrutura[2]. Para observar o
Fig. 1. Configuração Otto para excitação de plásmons de superfı́cie[9].
confinamento de onda na interface metal-dielétrico, conhecido
como ressonância de plásmons de superfı́cie (RPS), existem A reflectância da estrutura exibida na Fig. 1(b) é obtida a
configurações em grades de difração[3], fibras ópticas[4]e em partir das equações de Fresnel para três camadas[10], sendo
prisma de acoplamento como as de Kretschmann[5] e a de elas o prisma, o dielétrico e o metal, respectivamente. A
Otto[6]. camada dielétrica de espessura d, denotada como gap neste
O fenômeno de RPS é utilizado para construção de sensores trabalho, deve ser fina o suficiente para que seja possı́vel
por sua alta sensibilidade a parâmetros estruturais e ópticos dos observar o acoplamento caracterı́stico do efeito RPS como
dispositivos[7]. A configuração de Kretschmann é comumente ilustrado na Fig. 1(a).
adotada para construção de sensores, porém, a configuração A reflectância da estrutura é dada por[10]:
de Otto tem potenciais vantagens na miniaturização dos dis-
r12 + r23 exp(−2jk2 d) 2

positivos. Um dispositivo Otto chip foi previamente proposto
para aplicações em sensoriamento óptico[8]. Este estudo relata R= , (1)
1 + r12 r23 exp(−2jk2 d)
resultados de caracterização de um Otto chip com espessura
de canal (gap) variável por reflectometria óptica. O objetivo onde o i - ésimo coeficiente é dado por:
é mapear a área ativa do chip em termos de qualidade na i+1 ki − i ki+1
fabricação e região ativa do filme metálico. ri,i+1 = , (2)
i+1 k1 + 1 ki+1

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

com i = 1,2 e B. Montagem Experimental


p A análise de reflectometria óptica é feita por um re-
ki = k0 i − 1 (senθ)2 . (3) flectômetro automatizado que com o auxı́lio de um prisma de
A. Otto chip acoplamento, como ilustrado na Fig. 1(a) pode ser empregado
O dispositivo Otto chip é fabricado em substrato de silı́cio na caracterização de superfı́cies ópticas como a do Otto chip.
conforme relatado na ref. [8]. A configuração de Otto permite Um prisma de BK7 é utilizado e o chip é colocado com a
o emprego de filme metálico espesso garantindo propriedades janela de Quartzo em contato óptico com a parte superior do
similares à do material volumétrico, o que fornece menos prisma, utilizando um óleo mineral entre o BK7 e o quartzo.
perdas ópticas. O dispositivo tratado neste trabalho possui um Esse óleo possui ı́ndice de refração similar ao do BK7 e
gap variável como é possı́vel observar no esquema das etapas do quartzo. O reflectômetro opera em modo de varredura,
de fabricação, como ilustrado na Fig. 2. que permite medir 121 pontos na superfı́cie, organizados
espacialmente como uma matriz 11x11 e cujo espaçamento
entre pontos pode ser definido pelo software que controla o
reflectômetro. Em cada ponto na superfı́cie, é medida uma
curva de reflectância, como função do ângulo de incidência.
No presente caso cada curva de reflectância é medida para 700
valores do ângulo de incidência.
O ponto de iluminação na superfı́cie é mantido estacionário
por meio de um procedimento automático, mesmo com a
varredura angular em andamento. Este é um nı́vel de controle
especı́fico desse reflectômetro, que segue uma estratégia de
ajuste automático proposta por Fontana e Cavalcanti[11].
Para obter informações de todas as regiões do Otto chip
Fig. 2. Etapas de fabricação de Otto chip com gap variável. e um maior número de dados na região ativa, em que está
depositado o filme de ouro, foram realizados dois experimen-
Com o uso de quatro máscaras, são feitas cavidades de 1.8,
tos com diferentes valores de espaçamento entre os pontos
2.3, 2.8 e 3.3 µm a partir do processo DRIE (deep reactive
medidos, conforme ilustrado na Fig. 5. O primeiro, ilustrado
ion etching). Em seguida, é depositado um filme de 200 nm
por marcações vermelhas, foi feito com espaçamento de 1.5
de Au e uma camada de 500 µm de quartzo é selada ao Si
mm entre cada ponto de medição na superfı́cie e tem como
por meio do processo de selagem assistida por plasma de
objetivo obter curvas em todas as regiões do dispositivo. Esse
oxigênio[8]. As Figs. 3 e 4 mostram as dimensões do Otto
experimento busca identificar regiões de não-uniformidade no
chip e do dispositivo real, respectivamente.
selamento entre Si e quartzo assim como regiões de desgaste
do substrato.
O segundo experimento, ilustrado por marcações pretas na
Fig. 5, foi realizado com espaçamento de 1mm entre pontos
medidos. Com isso busca detalhar a região ativa do dispositivo.
A Figura 5 ilustra a metodologia de ambos experimentos, e
apresenta ainda o limite externo do Otto chip e a área útil,
na qual foi realizado maior número de amostragens. A seguir
estão apresentados os resultados das 242 medições realizadas.
III. R ESULTADOS
Fig. 3. Dimensões do dispositivo.
O mapeamento das regiões de desgaste e de não-
uniformidade no selamento são obtidas similarmente ao re-
latado por Santos e colaboradores em [12].
Para o experimento realizado com espaçamento de 1mm
são identificadas regiões onde o efeito RPS é observado de
forma mais nı́tida. Tais regiões apresentam reflectância mı́nima
menor, indicando maior acoplamento óptico na superfı́cie.
O mapa de cores na Figura 6 é construı́do com dados
de reflectância mı́nima e apresenta as regiões em azul que
indicam alto acoplamento na superfı́cie. Regiões em verde
indicam RPS com acoplamento um pouco menor, enquanto
a área em vermelho denotam pouco ou nenhum acoplamento.
Fig. 4. Otto chip real em comparação à moeda de um Euro. É interessante ressaltar que os pontos medidos que se situam
na linha x = 0 mm demonstram alto acoplamento, mesmo

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A curva obtida no ponto 55 ilustra um exemplo de baixo


acoplamento, com reflectância mı́nima de cerca 0,83. A curva
teórica é para um gap de 3,2 µm.

Fig. 5. Configuração espacial dos experimentos de varredura realizados com


dois espaçamentos diferentes. Cada marcação corresponde a uma curva de
reflectância medida.

estando entre dois degraus do filme metálico no interior do Fig. 7. Curvas experimental (vermelho) e teórica (azul) para gap = 3,2 µm
chip.
A curva obtida no ponto 61 ilustra uma ressonância com
reflectância mı́nima de aproximadamente 0,4. Uma curva
teórica para gap de 2,4 µm é exibida.

Fig. 6. Mapa de cores de Reflectância mı́nima


Fig. 8. Curvas experimental (vermelho) e teórica (azul) para gap = 2,4 µm

Observando o mapa de cores é possı́vel identificar as quatro Não foi possı́vel observar efeito RPS na região de gap =
regiões de diferentes gaps. Entre x = −5 mm e x = −2.5 mm 1,8 µm. É possı́vel que o filme metálico nessa região tenha
encontra-se a região com gap de 3.3 µm, onde a impossibili- sofrido desgaste durante a fabricação. A Fig. 9 mostra uma
dade de observar acoplamento significativo é previsto em (1) curva obtida nessa região, a curva teórica exibida é para gap de
para esse gap. Entre x = −2.5 mm e x = 0 mm encontra-se 1,8 µm. Esse comportamento também é observado nas demais
a região com gap de 2.8 µm. Nessa região são observadas curvas obtidas nessa região.
curvas de ressonância com acoplamento significativo. Entre Não foram identificadas regiões de desgaste do substrato,
x = 0 mm e x = 2.5 mm, identifica-se a região com gap porém foi possı́vel identificar não-uniformidade no selamento
igual à 2.2 µm, onde também é possı́vel observar acoplamento entre Quartzo e Si. Essa região é ilustrada na Figura 10
significativo. Entre x = 2.5 mm e x = 5 mm, temos a região denotada pela área A.
com gap de 1.8 µm, onde observa-se que não há acoplamento
significativo comparado às regiões de gap 2.8 µm e 2.2 µm. IV. C ONCLUS ÕES
O baixo acoplamento dessa região não é previsto por (1). Com os dados aqui expostos foi possı́vel caracterizar um
Curvas obtidas na região metálica do dispositivo são dispositivo Otto chip de gap variável quanto à possibili-
ilustradas nas Figs. 7, 8 e 9. dade de observar efeito RPS, identificação de região ativa e

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Elétrica da UFPE, ao Conselho Nacional
de Desenvolvimento Cientı́fico e Tecnológico - CNPq, à
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Su-
perior. Este trabalho também recebeu apoio dos seguintes
projetos e instituições: SPS da OTAN G5640, SensorQ do
Ministério da Defesa Espanhol, RTI2018-099841-B-I00 do
Ministério da Ciência e Inovação da Espanha, e concessão
2017 SGR 891.2017 SGR 891 da Generalitat da Catalunha.
R EFERENCES
[1] R.B.M. Schasfoort, Anna J. Tudos, ”Handbook of surface plasmon
resonance.” RSC Publishing, 2008.
[2] B. H. L. Novotny, ”Principles of Nano-Optics.” Cambridge University
Press, 2006.
[3] S. H. Zaidi, M. Yousaf and S. R. J. Brueck, “Grating coupling to surface
plasma waves. I. First-order coupling,” J. Opt. Soc. Am. Vol.8, No.4,
Fig. 9. Curvas experimental (vermelho) e teórica (azul) para gap = 1,8 µm pp 770-779, 1991.
[4] R. C. Jorgenson and S. S. Yee, “A fiber-optic sensor based on surface
plasmon resonance,” Sensors and Actuators B Vol. 12, No. 3, pp. 213-
220, 1993.
[5] E. Kretschmann, ”Determination of optical constants of metals through
the stimulation for surface plasma oscillations” Zeitschrift für Phys., vol.
241, pp. 313–324, 1971.
[6] A. Otto, “Excitation of nonradiative surface plasma waves in silver by
the method of frustrated total reflection.” Z. Phys. 216, 398–410, 1968.
[7] Eduardo Fontana, “Thickness optimization of metal films for the de-
velopment of surface plasmon based sensors,” Applied Optics, Vol.45,
No.29, pp. 7632-7642, 2006.
[8] E. Fontana, J.-M. Kim, I. Llamas-Garro, and G. O. Cavalcanti, “Micro-
fabricated Otto chip device for surface plasmon resonance-based optical
sensing,” Appl. Opt., vol. 54, no. 31, p. 9200, 2015.
[9] G. O. Cavalcanti, “Reflectômetro controlado por computador e sua
aplicação na detecção de hidrogênio com filmes finos de paládio e
ouro/paládio.” dissertação de mestrado apresentada à UFPE, Recife,
2008.
[10] W. P. Chen and J. M. Chen, ”Use of surface plasma waves for
determination of the thickness and optical constants of thin metallic
films.” J. Opt. Soc. Am. 71(2), 189-191 (1981).
[11] E. Fontana, G. O. Cavalcanti. “Maintaining a stationary laser footprint
during angular scan in internal-reflection experiments.” Applied Optics,
v. 52, p. 7669-7674, 2013.
Fig. 10. Região A indica não-uniformidade no selamento [12] M. R. N. Santos, G. F. Fernandes, I. Llamas-Garro, J. Kim, Y. Lee, S.
Sim, G. O. Cavalcanti, E. Fontana. ”Perfilometria De Dispositivos Otto
chip Por Reflectometria Óptica.” Anais do MOMAG, 2018.

de não-uniformidades no selamento. Com uma região ativa


identificada pode-se concluir que o dispositivo está apto a
ser usado como sensor RPS. Para investigar o problema da
região de gap = 1,8 µm outros dispositivos semelhantes serão
caracterizados para se obter mais informações a respeito dessa
região. Além desta região, onde o dispositivo não se comporta
como esperado, é possı́vel observar assimetria da região ativa
também no eixo y. Para investigar este comportamento o grupo
pretende obter imagens de Microscopia de Força Atômica
para caracterizar a rugosidade do filme metálico. Quanto à
zona de não-uniformidade, observa-se que é pequena quando
comparada ao tamanho do dispositivo, cerca de 3 mm, e não
oferece risco ao uso deste Otto chip como sensor.
Para trabalhos futuros será feita caracterização de Otto
chips com gap variável e em diferentes geometrias de filme.
Pretende-se caracterizar Otto chips com filme de paládio para
sensoriamento de H2 .

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Detecção de Fase Ótica em Interferômetos


Homódinos Passivos Usando o Método Jn/Jn+2

Alexander C. Carneiro, Valter Lima Junior Andrés Barbero, Vinícius Silva, Ricardo Ribeiro
Departamento de Engenharia Departamento de Engenharia de Telecomunicações
Universidade Salgado de Oliveira, UNIVERSO Universidade Federal Fluminense, UFF
Niterói, Brasil Niterói, Brasil

Cláudio Kitano, José H. Galeti Alexandre Bessa dos Santos


Departamento de Engenharia Elétrica Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Estadual Paulista, UNESP Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF
São Paulo, Brasil Juiz de Fora, Brasil

Abstract— Os métodos de interferometria homódina passiva diferença básica entre essas técnicas de detecção está na forma
em fibras óticas se destacam pela elevada precisão na detecção da como elas tratam o desvanecimento do sinal. Nesse contexto,
fase ótica. Entretanto, por utilizarem entre três a seis podemos destacar os métodos de detecção baseados em
componentes harmônicas, os métodos disponíveis na literatura interferometria homódina passiva, os quais obtêm o valor da
são mais imprecisos em ambientes ruidosos. O presente artigo diferença de fase ótica por meio de equações que anulam a
propõe um método Jn/Jn+2, que utiliza apenas duas componentes influência do desvanecimento do sinal.
harmônicas no cálculo da fase ótica. Como resultado, o método
proposto obteve melhor precisão frente aos demais métodos É importante observar que os métodos de detecção
descritos pela literatura. homódinos passivos são baseados na análise espectral, uma vez
que a diferença de fase ótica é obtida por meio de equações
Keywords—método de detecção de fase ótica; interferometria envolvendo as componentes harmônicas do sinal de saída.
homódina passiva; duas componentes harmônicas; melhor precisão Alguns dos métodos clássicos de detecção homódina passiva
são o método J1...J4 [9], o método J1...J6 [10] e o método de
I. INTRODUÇÃO Pernick [11].
Sensores em fibras óticas possuem diversas vantagens em Recentemente, uma adaptação do método de Pernick,
relação aos sensores eletrônicos e óticos convencionais, como nomeada como método de Pernick n-comutado (n-CPM – n-
baixa perda por propagação (devido à baixa atenuação das commuted Pernick method), foi proposta para ser utilizada na
fibras óticas), imunidade a interferências eletromagnéticas, caracterização de atuadores piezoelétricos flextensionais [12].
capacidade de multiplexação, elevada precisão e sensibilidade, O método n-CPM possui elevada faixa dinâmica de operação e
baixo custo de fabricação e pequenas dimensões [1]. Além calcula o valor da diferença de fase ótica através de equações
disso, os sensores em fibras óticas são uma excelente que contêm três componentes harmônicas. Entretanto, a
alternativa em aplicações que demandem elevada precisão, terceira componente harmônica requerida pelo método n-CPM
sensibilidade e larga faixa dinâmica de operação. (componente harmônica de maior ordem) introduz um ruído
adicional, elevando o erro para o cálculo da diferença de fase
Em aplicações envolvendo a detecção de ondas acústicas,
ótica.
vibração e pressão, é comum a utilização de alguma
configuração baseada em interferômetros em fibras óticas, Dessa forma, o presente artigo propõe um novo método,
como, por exemplo, para a exploração de petróleo e gás [2], denominado método Jn/Jn+2, capaz de calcular o valor da
para a detecção de vazamento de tubulações [3], no diferença de fase ótica a partir de apenas duas componentes
monitoramento da saúde estrutural [4], na determinação da harmônicas. O método aqui proposto possui as vantagens do
difusividade de gases [5], e para a medição de pressão arterial método n-CPM, como não utilizar elementos ativos, aparato
[6]. O sensor a fibra ótica pode ser um dos braços do experimental simples, ser auto referenciável, ser imune ao
interferômetro [7], ou então um elemento externo, como uma desvanecimento e possuir elevada faixa dinâmica. Além disso,
rede de Bragg (FBG – Fiber Bragg Gratting) [8]. será demonstrado que o método proposto neste artigo é mais
preciso do que o método n-CPM para os casos em que a
Existe uma vasta gama de técnicas de detecção da fase para
relação sinal ruído (SNR – signal-to-noise ratio) está abaixo de
interferômetros em fibras óticas disponíveis na literatura. A
23 dB.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. MODELAGEM MATEMÁTICA DAS HARMÔNICAS respectivamente. É importante observar que o


Os interferômetros em fibras óticas se baseiam na desvainescimento do sinal impacta diretamente a amplitude de
interferência entre dois feixes que se propagam através de dois cada harmônica, podendo inclusive cancelá-las. Para Φ(t)=0
caminhos óticos diferentes. A variação na intensidade da luz na (sinal em fase) apenas as componentes de ordem par estão
saída do interferômetro pode ser escrita como: presentes no sinal de saída; para Φ(t)= π/2 (sinal em
quadratura) apenas as componentes de ordem ímpar estão
presentes no sinal de saída.
I (t )  A  B cos[(t )] (1)
Dessa forma, os objetivos da interferometria homódina
passiva para a detecção de parâmetros como vibração, ondas
onde θ(t) é a diferença de fase entre os caminhos óticos em acústicas e pressão, são:
função do tempo t. As constantes A e B são proporcionais à
potência ótica de entrada, mas B também depende da 1. Calcular o valor de x a partir de v(t) medido na saída
visibilidade do interferômetro. do interferômetro, dado em (4).

Se uma modulação senoidal, com amplitude x e ω=2πf, em 2. Obter o valor de ∆λC a partir do valor de x, dado em
que f é a frequência, for imposta sobre um interferômetro, (3).
então (1) se torna 3. Determinar o valor do parâmetro medido a partir do
valor de ∆λC.
I (t )  A  B cos[ x sin( t )  (t )] (2)
III. MÉTODO JN/JN+2
onde Φ(t) é o desvainescimento do sinal devido aos efeitos
A. Modelagem matemática
ambientais (como temperatura e deformação). Nesse caso, o
índice de modulação x é função do parâmetro a ser medido. Considerando a razão |Vn(x)/Vn+2(x)| tanto em (5a) quanto
em (5b), chega-se à solução
O parâmetro a ser medido (em geral, vibração, onda
acústica, ou pressão) modula o comprimento de onda central λc
do elemento sensor do interferômetro, causando uma variação Vn ( x ) J n ( x) (6)
do índice de modulação de 
Vn  2 ( x ) J n  2 ( x)

2OPD (3) onde, |Vn(x)| é a componente harmônica de maior magnitude


x  C
C
2 para um dado x e, consequentemente, |Jn(x)| é a função de
Bessel com maior magnitude para um dado x. É importante
observar que a razão |Vn(x)/Vn+2(x)| pode então ser investigada a
onde ∆λc é a amplitude de modulação do comprimento de onda partir da razão |Jn(x)/Jn+2(x)|.
central causada pela variação do parâmetro a ser medido, e
OPD é a diferença de caminho ótico (optical path difference). A TABELA I lista os intervalos de x em que cada
componente harmônica (de ordem ímpar e par) possui a maior
A intensidade do sinal elétrico modulado na saída do magnitude. Observe que a TABELA I apresenta apenas as
interferômetro homódino passivo (medida no fotodetector) harmônicas desde |V1(x)| até |V18(x)|.
pode ser obtida expandindo (2) em série de Fourier, resultando
em
TABELA I. COMPONENTES HARMÔNICAS DE MAIOR MAGNITUDE EM
  
 FUNÇÃO DOS INTERVALOR DE X EM QUE ELAS OCORREM
v(t )  A  B cos(t ) J o ( x )  2 J 2i ( x ) cos2it 
  i 1  Harmônica Intervalo de x Harmônica Intervalo de x
[V] [rad] [V] [rad]
|V1(x)| 0 – 3,05 |V2(x)| 0 – 4,20


 2 sin  (t )  J 2i 1 ( x ) cos2i  1 t  (4) |V3(x)| 3,05 – 5,32 |V4(x)| 4,20 – 6,42
i 1  |V5(x)| 5,32 – 7,50 |V6(x)| 6,42 – 8,58
|V7(x)| 7,50 – 9,65 |V8(x)| 8,58 – 10,71
|V9(x)| 9,65 – 11,77 |V10(x)| 10,71 – 12,83
onde Ji(x) são as funções de Bessel de primeira espécie e |V11(x)| 11,77 – 13,88 |V12(x)| 12,83 – 14,93
ordem i. As harmônicas ímpares e pares de v(t) tem |V13(x)| 13,88 – 15,98 |V14(x)| 14,93 – 17,02
ampltitudes dadas por |V15(x)| 15,98 – 18,06 |V16(x)| 17,02 – 19,10
|V17(x)| 18,06 – 20,14 |V18(x)| 19,10 – 21,18

V2i 1 ( x)  B J 2i 1 ( x) sin (t ) (5a) Assim, existe um intervalo único de x dentro do qual cada
componente harmônica possui a maior magnitude. Isso
E significa que, por exemplo, se a maior componente harmônica
for |V11(x)| então, certamente, x pertencerá ao intervalo de
11,77 rad até 13,88 rad.
V2i ( x)  B J 2i ( x ) cos(t ) (5b)

355
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

É importante ressaltar que a TABELA I pode ser extendida TABELA II. COEFICIENTES DO POLINÔMIO DE AJUSTE DE GRAU 3 PARA
DIFERENTES VALORES DE N (ORDEM DA COMPONENTE HARMÔNICA DE MAIOR
para um número ilimitado de componentes harmônicas. MAGNITUDE)
Contudo, as limitações para a implementação desse método
podem limitar o número máximo de componentes harmônicas n an bn cn dn
devido a aspectos tecnológicos, principalmente relacionados à
conversão analógico digital. 3 -0,28472 4,43412 -24,37811 48,0347
4 -0,1248 2,45738 -17,19944 43,14672
5 -0,06807 1,60701 -13,54941 40,94189
B. Solução proposta 6 -0,04176 1,14476 -11,2536 39,65696
A solução proposta para a razão dada em (6) consiste em 7 -0,02786 0,86618 -9,69442 38,92059
definir uma curva de ajuste para |Jn(x)/Jn+2(x)| (ou 8 -0,02027 0,69985 -8,71803 39,0002
9 -0,01536 0,58122 -7,95673 39,17304
|Vn(x)/Vn+2(x)|). Simulações com diferentes curvas de ajuste 10 -0,01204 0,49474 -7,36598 39,49622
mostraram que (6) se ajusta a um polinômio de grau 3 11 -0,0098 0,43293 -6,9403 40,11991
12 -0,00819 0,38677 -6,62431 40,95594
13 -0,00701 0,35134 -6,38899 41,97281
J n ( x) (7) 14 -0,00611 0,32389 -6,22066 43,18072
 an x 3  bn x 2  cn x  d n 15 -0,00541 0,30218 -6,10366 44,56014
J n  2 ( x) 16 -0,00486 0,28499 -6,03211 46,12845
17 -0,00439 0,26955 -5,96509 47,67054
A Fig. 1 ilustra, por exemplo, o polinômio de ajuste de grau 18 -0,00405 0,25993 -5,9899 49,78069
3 para a razão |J3(x)/J5(x)| (ou |V3(x)/V5(x)|), em que |V3(x)| é a
componente harmônica de maior magnitude. Note que, uma Dessa forma, o valor de x é obtido por meio das etapas:
vez que |V3(x)| é a componente harmônica de maior magnitude,
1. Detectar |Vn(x)| (componente harmônica de maior
o intervalo de x deve pertencer à faixa entre 3,05 rad e 5,32 rad
magnitude), sua ordem n e a componente |Vn+2(x)|.
(TABELA I).
2. Com n, obter os coeficientes de (8), dados na
TABELA II.
3. Resolver (8), obtendo os valores de x.
4. Selecionar a solução de x, a qual deve pertencer ao
intervalo de x para |Vn(x)|, dado na TABELA I.

IV. CONFIGURAÇÃO EXPERIMENTAL


A Fig. 2 mostra a configuração esquemática para a
validação experimental do método Jn/Jn+2.

Fig. 1. Curva de ajuste polinomial para a razão |J 3(x)/J5(x)| (ou |V3(x)/V5(x)|).

A TABELA II apresenta os coeficientes do polinômio de


ajuste de grau 3, an, bn, cn e dn, dados em (7), para as diferentes
componentes harmônicas de maior magnitude. Por exemplo, se
a componente harmônica de maior magnitude for |V7(x)|, então
devem ser selecionados os coeficientes dados na linha n=7 para
construir a curva de ajuste polinomial de |J7(x)|/|J9(x)| em (7).
A partir de (7), chega-se a seguinte equação polinomial de
grau 3

Fig. 2. Representação esquemática da configuração usada para a validação


Vn ( x ) (8) experimental do método Jn/Jn+2.
an x 3  bn x 2  cn x  d n  0
Vn  2 ( x )
Como pode ser observado na Fig. 3, a luz da fonte de ASE
(Amplified Spontaneous Emission – Emissão Espontânea
Cuja solução leva ao valor de x.
Amplificada) é acoplada ao sistema e modulada pelo
Modulador de Comprimento de Onda. O Gerador de Sinais

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

controla o comprimento de onda central λc, a frequência f e a TABELA III. PARÂMETROS EXPERIMENTAIS
amplitude de modulação de comprimento de onda ∆λc. É
λC=1546,0 nm
importante ressaltar que o Modulador de Comprimento de Modulador de
Onda está representando um sensor ótico, cujo parâmetro a ser Comprimento de ∆λC≅[0,25 , 0,5] nm
Onda
medido ∆λc é controlado pela tensão elétrica do Gerador de f=50,0 Hz
Sinais. O sinal ótico modulado em comprimento de onda, com OPD=12,75 mm
MZI
amplitude de modulação ∆λc e comprimento de onda central λc, Desbalanceado De (3), x≅[8,38 , 16,76] rad
é transmitido a um interferômetro de Mach-Zehnder (MZI –
Mach-Zehnder Interferometer) desbalanceado. A intensidade
do sinal ótico na saída do MZI é dada por (2). Visto que o OPD Considerando os dados da TABELA III, é possível obter
é conhecido (é um parâmetro da configuração experimental), uma equação de ∆λc em função de x a partir de (3)
então x pode ser calculado via (3). O Fotodetector converte a
intensidade ótica em um sinal elétrico v(t), dado em (4), o qual
é digitalizado por um conversor analógico/digital (A/D) e C
2
 C  x  2.98352  101 1 x (9)
transmitido para um computador pessoal (PC – Personal 2OPD
Computer) com o software LabVIEW.
A rotina desenvolvida no LabVIEW primeiramente calcula A Fig. 4 mostra os resultados teóricos, obtidos de (9), e
a transformada rápida de Fourier (FFT – Fast Fourier experimentais para ∆λc.
Transform) do sinal elétrico v(t), obtendo um sinal elétrico no
domínio da frequência V(f). Em seguida, a rotina detecta a
maior componente harmônica |Vn(x)|, sua ordem n, a
componente |Vn+2(x)| e os coeficientes an, bn, cn e dn da
TABELA II. Finalmente as soluções de (8) são calculadas e o
valor de x é selecionado da TABELA I. A Fig 3 mostra a
interface da rotina desenvolvida em LabVIEW para a execução
do método Jn/Jn+2.

Fig. 4. Resultados teóricos e experimentais de ∆λC para o método Jn/Jn+2.

A Fig. 4 demonstra que os resultados teóricos e


experimentais para ∆λc obtidos de x são muito próximos.
Portanto, o valor de ∆λc pode ser calculado, por meio de (9), a
Fig. 3. Interface do método Jn/Jn+2 desenvolvida em LabVIEW. partir da solução de x calculada pelo método Jn/Jn+2.
Observe na Fig. 3 que a componente harmônica de maior A precisão na detecção de x pode ser avaliada por meio do
magnitude é |V6(x)|=0,1159. Além disso, como n=6, tem-se erro relativo
|Vn+2(x)|=|V8(x)|=0,09698, e os coeficientes a6=–0,04176,
b6=1,14476, c6=–11,2536 e d6=39,65696, dados na TABELA
II. Substituindo os coeficientes e fazendo |V6(x)|/|V8(x)|=1,1951 x  x' (10)

em (8), chega-se à equação –0,04176x3+1,14476x2– x'
11,2536x+39,65696–1,1951=0, cujas soluções são
x={9,533+4,412i , 9,533–4,412i , 8,348}. A solução x=8,348 é onde x é o valor experimental (solução de x) obtida pelo
selecionada, uma vez que ela pertence ao intervalo método Jn/Jn+2 ou pelo método n-CPM, e x’ é o valor do
6,42≤x<8,58 para n=6, dado na TABELA I. índice de modulação que foi inserido. A partir de (10), será
feita uma comparação entre os dois métodos
V. RESULTADOS TEÓRICOS E EXPERIMENTAIS Em primeiro lugar é preciso considerar o erro relativo
Nessa seção serão apresentados os resultados teóricos e devido ao ajuste polinomial de grau 3 usada pelo método
experimentais obtidos tanto para o método Jn/Jn+2 quanto para Jn/Jn+2. É importante observar que o método n-CPM não
o método n-CPM (para a comparação). A TABELA III mostra utiliza curva de ajuste e portanto não possui erro relativo
os valores dos parâmetros experimentais. devido ao ajuste. Isso significa que, no caso ideal em que não
exista fonte de ruído, o método n-CPM irá resultar em x=x’, ou

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

seja, o valor obtido com o método é igual ao valor que foi


inserido.
A TABELA IV apresenta o erro relativo do método Jn/Jn+2
devido ao ajuste polinomial de grau 3.

TABELA IV. ERRO RELATIVO DO MÉTODO JN/JN+2 DEVIDO AO AJUSTE


POLINOMIAL

Φ(t) Erro relativo médio Erro relativo máximo


(graus) (%) (%)
~[0,40] 0,0574 0,1544 at x = 14,92 rad
41 0,0586 0,1544 at x = 14,92 rad
42 0,0597 0,1510 at x = 14,82 rad
43 0,0605 0,1473 at x = 14,71 rad
44 0,0607 0,1433 at x = 14,59 rad
Fig. 5. Erro relativo em função da SNR para x=12 rad.
45 0,0604 0,1393 at x = 14,47 rad
46 0,0600 0,1348 at x = 14,34 rad
47 0,0595 0,1299 at x = 14,20 rad
48 0,0592 0,1256 at x = 13,76 rad VI. CONCLUSÃO
49 0,0592 0,1287 at x = 13,86 rad O método aqui proposto possui diversas vantagens, como
~[50,90] 0,0597 0,1290 at x = 13,87 rad
não utilizar elementos ativos, ter uma configuração
experimental simples, ser auto referenciável, ser imune ao
A partir da TABELA I, observa-se que os valores de desvanecimento do sinal e possuir faixa dinâmica infinita.
x=14,92 rad e x=13,87 rad estão próximos aos limites Além disso, o método possui maior resistência ao ruído, sendo
superiores de |V12(x)| e |V11(x)|, respectivamente. Note ainda adequado para aplicações em ambientes mais ruidosos.
que o maior erro relativo é de 0,1544% é ocorre para x=14,92
rad. REFERÊNCIAS
Simulações com diferentes valores de relação sinal ruído [1] B. H. Lee, Y. H. Kim, K. S. Park, J. B. Eom, M. J. Kim, B. S. Rho, and
(SNR – signal-to-noise ratio) mostraram que: H. Y. Choi, “Interferometric Fiber Optic Sensors,” Sensors, vol. 12, pp.
2467–2486, 2012.
1. Quando SNR > 23 dB: existe uma tendência para o [2] J. Ni, C. Wang, Y. Shang, X. Zhang, and Y. Zhao, “Distributed fiber-
método n-CPM ter um erro relativo menor do que o optic acoustic sensing for petroleum geology exploration,” Journal of
observado no método Jn/Jn+2. Isso significa que o Physics: Conference Series, vol. 1065, issue 25, pp. 1–4, 2018.
método n-CPM tende a ser mais preciso para valores [3] Q. Wang, L. Han, X. Fan, and J. Zhu, “Distributed fiber optic vibration
de SNR maiores do que 23 dB. De fato, para o método sensor based on polarization fading model for gas pipeline leakage
Jn/Jn+2, à medida que o valor da SNR aumenta, o testing experiment,” Journal of Low Frequency Noise, Vibration and
Active Control, vol. 37, no. 3, , pp. 468–476, 2017.
ruído diminui, tornando o erro relativo de ajuste
[4] C. Sbarufatti, A. Beligni, A. Gilioli, M. Ferrario, M. Mattarei, M.
predominante. Por outro lado, para o método n-CPM, Martinelli, and M. Giglio, “Strain Wave Acquisition by a Fiber Optic
não existe o erro de ajuste, fazendo com que seu Coherent Sensor for Impact Monitoring,” Materials, vol. 10, no. 7, pp.
resultado fique sujeito apenas ao baixo ruído. 1–18, 2017.
[5] R. Yang, Z. Xu, S. Zeng, W. Jing, A. Trontz, and J. Dong, “A Fiber
2. Quando SNR < 23 dB: existe uma tendência para o Optic Interferometric Sensor Platform for Determining Gas Diffusivity
método Jn/Jn+2 ter um erro relativo menor do que o in Zeolite Films,” Sensors, vol. 18, no. 14, pp. 1–18, 2018.
observado no método n-CPM. Isso significa que o [6] R. Correia, S. James, S.-W. Lee, S. P. Morgan, and S. Korposh,
método Jn/Jn+2 tende a ser mais preciso para valores “Biomedical application of optical fibre sensors,” Journal of Optics, vol.
de SNR menores do que 23 dB. Isso ocorre pois, à 20, no. 7, pp. 1–25, 2018.
medida que o valor da SNR diminui, o ruído aumenta, [7] K. Miah and D. K. Potter, “A Review of Hybrid Fiber-Optic Distributed
tornando o erro relativo devido ao ruído predominante. Simultaneous Vibration and Temperature Sensing Technology and Its
Geophysical Applications,” Sensors, vol. 17, pp. 1–25, 2017.
Uma vez que o método n-CPM depende da medida de
[8] X. Qiao, Z. Shao, W. Bao, and Q. Rong, “Fiber Bragg Grating Sensors
uma terceira componente harmônica (n+4), o elevado for the Oil Industry,” Sensors, vol. 17, pp. 1–34, 2017.
ruído causará uma maior imprecisão no cálculo de x.
[9] V. S. Sudarshanam, K. Srinivasan, “Linear readout of dynamic phase
A Fig. 5 mostra o erro relativo para ambos os métodos em change in a fiber-optic homodyne interferometer,” Optics Letters, vol.
14, no. 2, pp. 140–142, 1989.
função da SNR, para x=12 rad. Observe que o erro relativo é
menor para o método n-CPM quando a SNR é maior do que 23 [10] [V. S. Sudarshanam, R. O. Claus, “Generic J1...J4 method of optical
phase detection,” Journal of Modern Optics, vol. 40, no. 3, pp. 483–492,
dB, e é menor para o método Jn/Jn+2 quando a SNR é menor 1993.
do que 23 dB. [11] B. J. Pernick, “Self-consistent and direct reading laser homodyne
measurement technique,” Applied Optics, vol. 12, pp. 607–610, 1973.
É importante ressaltar que, em aplicações reais, os
componentes e circuitos estarão sujeitos a níveis de ruído [12] J. H. Galeti, P. L. Berton, C. Kitano, R. T. Higuti, R. C. Carbonari, and
E. C. N. Silva, “Wide dynamic range homodyne interferometry method
elevados, ou seja, em condições muito baixas de SNR. Nesse and its application for piezoactuator displacement measurements,”
caso, o método Jn/Jn+2 é mais vantajoso, uma vez que utiliza Applied Optics, vol. 52, no. 28, pp. 6919–6930, 2013.
apenas 2 componentes harmônicas.

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Avaliação de Blindagem Eletromagnética para


Aplicação em Inspeção Robotizada de Subestações
Luis R. A. Gamboa, Rafael L. B. Stonoga, Gabriel S. Francisco Roberto Hopker
Haveroth, José F. Bianchi Filho e Victor S. Borges Matrinchã Transmissora de Energia (TP Norte) S.A.
LACTEC, Curitiba, Brasil 81531-980 Rio de Janeiro, Brasil
Email: rafael.stonoga@lactec.org.br Email: francisco.hopker@tplt.com.br

Resumo—Tem-se observado recentemente um aumento da de blindagem eletromagnética, especialmente por conta do ele-
utilização de robôs em subestações (SE). Além de garantir vado número de sensores e dispositivos eletrônicos sensı́veis
proteção aos operadores, evitando sua entrada em ambientes de em seu interior. Em contrapartida, muitas SEs se localizam
risco, os robôs garantem maior eficiência na coleta de dados
quando em missões de inspeção, que configuram tarefas lentas, em regiões de clima quente, o que exige a implementação
monótonas e estão sujeitas a erros por negligência quando de um sistema de ventilação que mantenha a temperatura
realizadas por humanos. Além da necessidade de garantir uma interna dentro dos limites de operação dos componentes.
blindagem contra os campos eletromagnéticos, as carcaças dos Assim, este trabalho apresenta um estudo de eficiência de
robôs também precisam de aberturas para ventilação a fim de blindagem eletromagnética utilizando estruturas com diferen-
estabilizar a temperatura de operação dos componentes, o que
é crı́tico para subestações em regiões de clima quente. Nesse tes espessuras e aberturas para ventilação. O material escolhido
contexto, este trabalho apresenta um estudo da eficiência da para blindagem foi o aço 1020 pois, além de ser comumente
blindagem para campos magnéticos considerando estruturas de utilizado no revestimento de robôs, proporciona blindagem
aço 1020 com diferentes espessuras e aberturas para ventilação. eletromagnética, proteção contra intempéries e resistência con-
tra choques mecânicos.
Palavras-chave—Blindagem eletromagnética; campos de
frequência extremamente baixa; inspeção robotizada II. I NSPEÇ ÃO ROBOTIZADA DE S UBESTAÇ ÕES
Dentro do grande campo da robótica é possı́vel destacar
I. I NTRODUÇ ÃO
os robôs móveis autônomos, que possuem a capacidade de
A inspeção de subestações (SE) é uma das importantes locomoção em ambientes de operação sem supervisão direta.
tarefas ligadas ao cotidiano da manutenção do Sistema Elétrico Suas aplicações abrangem diversos campos industriais onde
de Potência (SEP). Ela é necessária para o monitoramento é necessário ou recomendado afastar o elemento humano do
periódico de diversas variáveis, o que auxilia na identificação ambiente de operação, como por exemplo as SEs. Diversos
de situações anormais e de necessidades de manutenção. Isso estudos já descreveram a aplicação de robôs móveis na super-
garante uma maior vida útil dos equipamentos, o que reduz visão de equipamentos e na segurança da SE [2]–[5].
gastos e contribui para a estabilidade e segurança operativa do Para realizar tarefas, os robôs utilizam conjuntos de sensores
SEP. que permitem a percepção do ambiente, tornando possı́vel
Essa atividade exige treinamento por parte do operador, determinar sua localização e planejar suas ações [6]. Em
tanto pela periculosidade do ambiente da SE quanto pela geral, os robôs realizam o monitoramento de equipamentos
complexidade das tarefas (que envolvem a coleta de diversos nas SEs por meio de módulos de câmera visı́vel e termográfica
dados da SE). Como a inspeção é tradicionalmente realizada e enviam os dados coletados para um sistema remoto de
de modo manual, por meio de rondas a pé, ela configura armazenamento. Outros sensores também são comumente uti-
uma atividade lenta, monótona e subjetiva, o que eleva a lizados, como GPS (Global Positioning System) [4]; e LASER
probabilidade de ocorrência de erros por negligência [1]. (Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation)
Nesse contexto, o uso de equipamentos robóticos passou a para escaneamento [3], [5], além de placas controladoras
ser uma alternativa cada vez mais utilizada para inspeção de responsáveis pelo processamento inteligente de todos os dados
SEs. Além de contribuir para um aumento da qualidade e da coletados pelo robô.
confiabilidade da base de dados de medições, o uso de robôs Esses sensores são essenciais para o funcionamento dos
operados remotamente garante menos contato dos operadores robôs autônomos, pois, em caso de falha, podem ocorrer
com os riscos da SE e facilita a realização de inspeções em colisões com prejuı́zo tanto para o robô quanto para equipa-
SEs localizadas em locais de difı́cil acesso. mentos na SE. Falhas devido a interferências eletromagnéticas
Como o ambiente das SEs é permeado por campos eletro- (IEM) podem ser evitadas pelo uso de blindagens, que normal-
magnéticos de frequência extremamente baixa (campos ELF, mente correspondem à própria cobertura metálica dos robôs
do inglês Extremely Low Frequency) e de intensidade razoável, [5]. Nesse contexto, um estudo de eficiência de blindagem
é de extrema importância que os robôs possuam algum tipo de diferentes carcaças se prova de grande valia, ainda mais

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

quando é necessário conciliar proteção contra IEM com sis-


temas de ventilação para evitar superaquecimento de compo-
nentes, o que é crı́tico para SEs instaladas em regiões de clima
quente.
III. B LINDAGEM DE C AMPOS M AGN ÉTICOS DE
F REQU ÊNCIA E XTREMAMENTE BAIXA
A blindagem de campos magnéticos ELF encontra
aplicações não apenas na proteção de elementos sensı́veis
de circuitos eletrônicos, mas também na proteção da saúde
humana [7]. Por serem campos gerados pelo SEP como um (a) (b)
todo, estão presentes tanto em SEs quanto em ambientes
Fig. 1: (a) Bobina de Helmholtz utilizada nos ensaios (b)
residenciais, ainda que de modo menos intenso neste último.
Densidade de fluxo magnético gerado no eixo axial da BH
Como a fonte deste campo não pode ser eliminada, a alterna-
em função da distância em relação ao seu ponto médio.
tiva é mitigá-lo até nı́veis não nocivos.
Existem diversas metodologias possı́veis para projetar sis-
temas de blindagem [8] [9], contudo é comum ser necessária
gerar uma indução magnética de 500 µT. A Fig. 1b apresenta o
uma análise empı́rica, posto que diversas variáveis influenciam
resultado de uma simulação no software Comsol Multiphysics
na qualidade da proteção [10]–[12]. Por exemplo, o tipo de
considerando a aplicação de 1,315 A nos terminais da BH. O
material utilizado no revestimento determina diretamente o
gráfico apresenta a densidade de fluxo magnético Bz ao longo
efeito responsável pela mitigação do campo. Um material
do eixo axial da bobina em função de uma distância dz de seu
de alta permeabilidade proporciona um caminho de menor
ponto médio.
relutância, o que desvia as linhas de campo da região que
se deseja proteger, enquanto um de alta condutividade reduz a É desejável que seja gerada uma indução magnética prati-
amplitude do campo resultante graças à indução de correntes camente uniforme em um espaço da ordem de grandeza das
parasitas, que produzem um campo no sentido contrário [13]. estruturas de blindagem utilizadas (16 cm como será descrito
Outras variáveis que influenciam na qualidade da blindagem na seção IV-C). A Fig. 1b mostra que a densidade de fluxo
são a orientação do campo e a distância em relação à sua magnético apresenta uma variação inferior a 0,08% para os
fonte. Alguns trabalhos na literatura inclusive abordam essas 16 cm centrais, atendendo aos critérios para realização do
dependências e propõem soluções que tornem a eficiência da ensaio.
blindagem independente da orientação do campo [14] [15],
o que é normalmente atingido utilizando duas camadas de B. Sensores
blindagem com materiais de propriedades distintas.
Uma figura de mérito comumente utilizada para avaliar a A amplitude da indução magnética gerada foi controlada
eficiência de um sistema de blindagem é o Fator de Blindagem pela corrente aplicada à BH, que por sua vez foi ajustada por
(FB) [16]. O FB relaciona valores do módulo da indução um autotransformador e mensurada por um multı́metro digital
magnética medida sem blindagem (Bi ), também chamada de da Fluke, modelo 179.
indução incidente, com os obtidos na presença da blindagem Já as medidas de indução magnética foram efetuadas pelo
(Bt ), ou indução transmitida, conforme mostra (1). sensor EPH50F e armazenadas pelo leitor NBN-550, ambos
  fabricados pela Narda. A comunicação entre esses equipa-
Bi mentos se dá por uma fibra óptica, o que exigiu um preparo
FBdB = 20log (1)
Bt especial em uma das faces da estrutura de blindagem conforme
IV. M ATERIAIS E M ÉTODOS apresentado na seção IV-C.
A tabela I apresenta os valores de indução magnética
A seguir serão descritos os equipamentos utilizados para
medidos sem a presença de blindagem, que serviram de base
realização dos ensaios de blindagem, desde a geração do
para o cálculo do FB nos ensaios subsequentes.
campo até a sua medição.
A. Geração do Campo Magnético Tabela I: Medidas de indução magnética incidente sem a
Para geração do campo magnético foi utilizada a bobina presença de blindagem
de Helmholtz (BH) apresentada na Fig. 1a. Ela possui um Corrente Indução Incidente
raio médio de 48,25 cm, que é igual ao espaçamento entre A µT
as bobinas. Os carretéis são constituı́dos de UHMW, possuem 0,500 192,50
2,2 cm de espessura e comportam 12 camadas de 17 espiras 1,000 382,50
de fio 17 AWG cada. 1,315 500,40
1,700 648,60
Esses atributos conferem à BH um ganho de 380,2 µT/A, o
que faz com que seja necessária uma corrente de 1,315 A para

360
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

(a) (b)
Fig. 2: (a) Caixa de blindagem com chapas de aberturas
circulares. (b) Chapa lisa e chapa com ranhuras longitudinais. (a) (b)
Fig. 4: (a) Presença de entreferro nas arestas da caixa. (b)
C. Estruturas de blindagem Correção parcial do entreferro pelo uso de cantoneiras.
A estrutura utilizada para blindagem consistiu de uma
armação cúbica de alumı́nio com aresta de 16 cm à qual centro da caixa. Isso contribui, de modo geral, para a redução
foram afixadas placas de aço 1020 com 1 mm de espessura. do FB.
Para avaliar diferentes arranjos de aberturas para ventilação, Para amenizar o efeito desses espaçamentos, foram adi-
foram confeccionados três tipos de chapa: com arranjo de cionadas cantoneiras às arestas da caixa, como mostra a
11 × 11 aberturas circulares de 1 mm de diâmetro (AC); com Fig. 4b, limitando o entreferro aos vértices da estrutura. Foram
6 ranhuras longitudinais de 40 mm × 3 mm (RL); e lisas, sem realizados novos ensaios para se obter uma noção quantitativa
abertura. A Fig. 2a mostra a caixa montada com chapas AC, da melhora proporcionada no FB.
e a Fig. 2b apresenta uma chapa RL e uma chapa lisa. Para estimar um FB elevado nessas condições de ensaio
Além dessas opções, por conta da necessidade de (sem blindagem ativa e não utilizando materiais de alta per-
comunicação entre o sensor e o leitor de densidade de fluxo meabilidade), confeccionou-se uma segunda estrutura, apre-
magnético por meio de fibra óptica, foi necessário confeccio- sentada na Fig. 5a. Essa nova caixa teve a lateral fabricada em
nar uma chapa com abertura especı́fica para inserção da fibra uma única peça de aço de 2 cm de espessura, proporcionando
dentro da caixa. Essa abertura também tinha a função de per- uma superfı́cie contı́nua e sem entreferros. Foi confeccionada
mitir o religamento do sensor caso ocorresse seu desligamento uma única abertura em sua face vertical a fim de permitir a
automático por inatividade durante os ensaios. entrada da fibra óptica.
Nessa mesma chapa foi inserida uma abertura para permitir Por conta da espessura da carcaça, não foi possı́vel utilizar a
a fixação mecânica do sensor por meio de uma haste de haste de plástico para fornecer sustentação mecânica ao sensor.
plástico. A Fig. 3 retrata a chapa em questão, ilustrando a Por isso fez-se uso de espuma de polietileno para fixar o sensor
conexão por fibra óptica e a haste de sustentação. no interior da estrutura, como ilustra a Fig. 5b, garantindo a
Por conta das caracterı́sticas construtivas da caixa, foi estabilidade mecânica desejada.
detectada a presença de entreferros em suas arestas, como
ilustra a Fig. 4a. Considerando o comportamento da caixa V. R ESULTADOS
análogo ao de um circuito magnético, a presença de entreferros Como as caixas construı́das não eram simétricas por conta
aumenta sua relutância equivalente, o que reduz a quantidade da face com a abertura para a fibra óptica, foram utilizadas
de linhas de campo desviadas pela carcaça metálica e leva, duas posições para realização do ensaio, representadas nas
consequentemente, a um aumento na intensidade do campo no Fig. 6a e 6b e, por simplicidade, chamadas respectivamente

(a) (b)
Fig. 3: Face da caixa de blindagem com aberturas para a fibra Fig. 5: (a) Caixa com lateral contı́nua e de maior espessura.
óptica e para a haste de sustentação do sensor. (b) Espuma de polietileno para fixação mecânica do sensor.

361
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

(a) (b) (a) (b)


Fig. 6: Posições relativas da caixa em relação à indução Fig. 7: Orientações frontal (a) e vertical (b) da caixa utilizando
magnética aplicada, com a face em vermelho representando a chapas RL.
chapa com abertura para a fibra óptica. (a) Orientação frontal.
(b) Orientação vertical. Tabela III: Resultados do ensaio de blindagem utilizando a
caixa original com cantoneiras e com orientação frontal
Lisa AC RL
de orientação frontal e orientação vertical. Nessas imagens, Bi
Bt FB Bt FB Bt FB
(µT)
os elipsoides em azul representam a bobina de Helmholtz e (µT) (dB) (µT) (dB) (µT) (dB)
o cubo, a caixa de blindagem. A face em vermelho indica a 192,50 67,20 9,14 69,60 8,84 68,10 9,03
chapa com abertura para a fibra óptica. 382,50 121,10 9,99 124,80 9.73 122,10 9,92
500,40 149,10 10,52 152,70 10,31 150,10 10,46
O primeiro ensaio utilizou a caixa original, sem cantoneiras, 648,60 181,00 11,09 182,00 11,04 181,30 11,07
com orientação vertical e visou uma primeira avaliação do
fator de blindagem para cada tipo de chapa. Substituindo a
cada ensaio as 5 faces por chapas do mesmo tipo (lisas, AC
Primeiramente foi possı́vel observar que houve uma melhora
e RL), foram obtidos os resultados que constam na tabela II.
dos resultados em relação ao ensaio anterior. Além disso, o
uso de cantoneiras permitiu uma diferenciação dos resultados
Tabela II: Resultados do ensaio de blindagem utilizando a
entre as diferentes chapas, o que era desejável.
caixa original sem cantoneiras
Foi possı́vel constatar que as chapas lisas apresentaram os
Lisa AC RL melhores FBs, independente da posição relativa da caixa, o que
Bi
Bt FB Bt FB Bt FB era um resultado esperado. Percebeu-se também que as chapas
(µT)
(µT) (dB) (µT) (dB) (µT) (dB)
AC apresentaram FBs invariantes em relação à posição relativa
192,50 96,90 5,96 95,40 6,10 97,50 5,91 da caixa, o que indica que a face com abertura para fibra óptica
382,50 173,90 6,85 171,90 6,95 173,60 6,86
500,40 216,40 7,28 217,90 7,22 217,10 7,25 possui um comportamento similar às chapas AC em relação
648,60 248,80 8,32 252,60 8,19 252,50 8,19 à blindagem, conferindo à caixa FBs muito próximos para
ambas as orientações.
Foi possı́vel observar que os fatores de blindagem foram Por fim, foi possı́vel notar a influência da orientação do
muito próximos para os três tipos de chapas, levando à campo em se tratando de chapas não simétricas, como a RL.
conclusão de que o espaçamento presente nas arestas da caixa Quando uma abertura possui dimensões distintas, sua maior
limitou a qualidade da blindagem de modo que não foi possı́vel dimensão determina o pior caso para efeitos de blindagem:
diferenciar a influência das diferentes aberturas nas chapas. quando ela está paralela ao campo, como no caso da orientação
frontal (Fig. 7a), a blindagem é melhor do que quando
Outro efeito interessante foi perceptı́vel: o fator de blin-
ambos estão em direções ortogonais, como na orientação
dagem se tornou maior para valores maiores de indução
vertical (Fig. 7b) [9]. Isso foi perceptı́vel especialmente em
incidente. Isso se deve ao fato de a indução ser de baixa in-
tensidade, o que corresponde ao inı́cio das curvas de histerese,
regiões em que a permeabilidade magnética relativa (µr ) tende Tabela IV: Resultados do ensaio de blindagem utilizando a
a aumentar com o crescimento da indução aplicada. Como a caixa original com cantoneiras e com orientação vertical
qualidade da blindagem está diretamente relacionada ao µr da
carcaça, o FB tende a melhorar conforme o campo incidente Lisa AC RL
Bi
Bt FB Bt FB Bt FB
aumenta. (µT)
(µT) (dB) (µT) (dB) (µT) (dB)
Em seguida, foram realizados ensaios utilizando a caixa com 192,50 66,40 9,25 69,10 8,90 70,70 8,70
cantoneiras. A tabela III apresenta os resultados para os três 382,50 118,90 10,15 124,60 9.74 128,00 9,51
tipos de chapa na orientação frontal, enquanto a tabela IV 500,40 148,20 10,57 152,70 10,31 158,30 10,00
648,60 176,90 11,28 181,90 11,04 190,30 10,65
apresenta os resultados para a orientação vertical.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

comparação com as chapas AC: na orientação frontal, o FB para simular comportamentos de reatores em subestações, é
para as chapas RL foi levemente superior, enquanto o contrário possı́vel realizar chaveamentos no campo aplicado de modo a
ocorreu para a orientação vertical. avaliar a influência de campos magnéticos com componentes
Por fim, foram realizados ensaios utilizando a caixa com as de frequência mais alta.
faces laterais sem presença de entreferro e sem aberturas para
AGRADECIMENTOS
ventilação. Seus resultados constam na tabela V.
Esse trabalho foi desenvolvido dentro do projeto P&D
Tabela V: Resultados do ensaio de blindagem utilizando a PD08106-0002/2017 contratado pelas empresas Matrinchã
caixa de lateral contı́nua Transmissora de Energia (TP NORTE) S.A., Guaraciaba
Transmissora de Energia (TP SUL) S.A., Paranaı́ba Trans-
Frontal Vertical
Bi missora de Energia S.A. e Luziânia-Niquelândia Transmissora
Bt FB Bt FB
(µT)
(µT) (dB) (µT) (dB) S.A. sob os auspı́cios do Programa P&D da Agência Nacional
192,50 28,00 16,75 22,40 18,68 de Energia Elétrica (ANEEL).
382,50 45,60 18,47 33,30 21,20
500,40 55,80 19,05 39,00 22,17 R EFER ÊNCIAS
648,60 68,60 19,51 44,40 23,29
[1] S. Lu, Y. Zhang, and J. Su, “Mobile robot for power substation
inspection: a survey,” IEEE/CAA Journal of Automatica Sinica, pp. 1–
Foi possı́vel perceber que os fatores de blindagem foram 18, 2017.
[2] J.-F. Allan and J. Beaudry, “Robotic systems applied to power
consideravelmente superiores aos obtidos nos ensaios anteri- substations-a state-of-the-art survey,” in Proceedings of the 2014 3rd
ores, o que pode ser atribuı́do tanto à ausência de aberturas International Conference on Applied Robotics for the Power Industry.
quanto à espessura da carcaça. Além disso, é perceptı́vel a IEEE, 2014, pp. 1–6.
[3] Y. Gao, S. Li, X. Wang, and Q. Chen, “A patrol mobile robot for power
influência da continuidade da estrutura em relação à posição transformer substations based on ros,” in 2018 Chinese Control And
relativa da caixa. Na orientação frontal, o campo incide Decision Conference (CCDC). IEEE, 2018, pp. 456–460.
diretamente sobre a face com a abertura para a fibra óptica, [4] R. Guo, P. Xiao, L. Han, and X. Cheng, “Gps and dr integration for robot
navigation in substation environments,” in The 2010 IEEE International
que é removı́vel e, portanto, deve apresentar um entreferro Conference on Information and Automation. IEEE, 2010, pp. 2009–
ainda que muito pequeno na conexão com o restante da 2012.
caixa. Já na orientação vertical, o campo incide diretamente [5] H. Xiao-le, W. Xiao-bo, C. Fang-dong, H. Xu, F. Xue-min, and L. Lin,
“500 kv substation robot patrol system,” in 2017 IEEE 3rd Information
sobre a lateral da caixa que, por ser contı́nua, permite um Technology and Mechatronics Engineering Conference (ITOEC). IEEE,
caminho para as linhas de campo sem a presença de entreferro. 2017, pp. 105–109.
Essa diferença é bastante sutil por conta da espessura da [6] S. Thrun, B. Wolfram, and D. Fox, Probabilistic Robotics, 1st ed. MIT
Press Ltd, 2005.
caixa, porém é suficiente para que o fator de blindagem seja [7] D. Bavastro, A. Canova, F. Freschi, L. Giaccone, and M. Manca,
levemente superior no caso da orientação vertical. “Magnetic Field Mitigation at Power Frequency: Design Principles and
Case Studies,” IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 51,
VI. C ONCLUS ÃO no. 3, pp. 2009–2016, 2015.
[8] A. Canova, A. Manzin, and M. Tartaglia, “Evaluation of different
Neste trabalho foram realizados ensaios de blindagem analytical and semi-analytical methods for the design of ELF magnetic
magnética de campos ELF utilizando diferentes estruturas de field shields,” IEEE Transactions on Industry Applications, vol. 38, no. 3,
aço 1020. Foram avaliados efeitos de orientação do campo, pp. 788–796, 2002.
[9] C. Christopoulos, Electromagnetic Shielding, 2nd ed. New Jersey:
continuidade da estrutura de blindagem e presença de dife- Taylor & Francis Group LLC, 2007.
rentes aberturas. Foi possı́vel observar que a continuidade da [10] E. Salinas, “Conductive and ferromagnetic screening of 50 Hz magnetic
superfı́cie de blindagem foi um dos fatores mais relevantes fields from a three-phase system of busbars,” Journal of Magnetism and
Magnetic Materials, vol. 226-230, no. PART II, pp. 1239–1241, 2001.
para blindagem de campos ELF, de modo que a presença de [11] S. Kong, Y. Du, and J. Burnett, “Experiment on Finite-Width planar
aberturas adicionais pouco alterou a qualidade da blindagem Sheets for ELF MAgnetic Field Shielding,” in International Symposium
caso a carcaça não seja constituı́da de uma peça única de on Electromagnetic Compatibility. Tokyo: IEEE, 1999, pp. 524–527.
[12] R. G. Olsen and P. Moreno, “Some observations about shielding ex-
metal. tremely low-frequency magnetic fields by finite width shields,” IEEE
No que tange à avaliação das aberturas para ventilação, Transactions on Electromagnetic Compatibility, vol. 38, no. 3, pp. 460–
não foi possı́vel estabelecer um critério decisivo a partir dos 468, 1996.
[13] L. Hasselgren and J. Luomi, “Geometrical Aspects of Magnetic Shi-
ensaios realizados, já que não houve diferença significativa elding at Extremely Low Frequencies,” IEEE Transactions on Electro-
entre os fatores de blindagem para as diferentes aberturas. magnetic Compatibility, vol. 37, no. 3, pp. 409–420, 1995.
Ainda assim, em termos de invariabilidade com a orientação do [14] P. Moreno and R. G. Olsen, “A simple theory for optimizing finite width
ELF magnetic field shields for minimum dependence on source orien-
campo, as aberturas circulares apresentaram melhor resultado, tation,” IEEE Transactions on Electromagnetic Compatibility, vol. 39,
posto que as ranhuras longitudinais apresentaram resultados no. 4, pp. 340–348, 1997.
distintos dependendo da posição relativa à fonte do campo. [15] S. Koroglu, N. Umurkan, and O. Kilic, “Experimental performance
investigation of double-layer shields at power frequency magnetic shiel-
Por fim, para garantir aplicabilidade à inspeção robotizada ding,” PQ 2008: 6th International Conference - 2008 Power Quality and
de subestações, futuros ensaios devem ser realizados avaliando Supply Reliability, Conference Proceedings, no. 1, pp. 207–210, 2008.
não apenas o nı́vel de campo no interior das estruturas de [16] S. Celozzi, R. Araneo, and G. Lovat, Electromagnetic Shielding. New
Jersey: John Wiley & Sons, Inc., 2008.
blindagem, mas também o funcionamento de componentes
eletrônicos dentro dessas estruturas de proteção. Além disso,

363
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Umbilical Interference Study

Marcelo Sanches Dias José Carlos Leão Veloso Silva


Luiz Cezar Trintinalia
Mario Leite Pereira Filho Subsea Equipment Technology
PSI - Electronic Systems
LEO - Electrical and Optical Management
Engineering Department
Equipment Laboratory (CENPES) - research Center
USP - Sao Paulo University
IPT - Institute for Technological Petrobras
São Paulo, Brazil
Research Rio de Janeiro, Brazil
São Paulo, Brazil
mdias@ipt.br

Abstract — This work analyzes the interference that can


occur in umbilicals when they have power and data cables. With II. METHODOLOGY
the extraction of oil from the pre-salt, the umbilical has more For this interference study, an umbilical model, the Feko
than 1000 meters long, and this depends on how it is built, software is used to perform the simulations, then details of how
position of the data cable in relation to the power, distance the connections were created at the ends of the cable, the two
between one and the other, rotation of one in relation the other
cases used to connect the shields, the frequency of analysis and
can affect how much voltage is induced in the data cable. In
by end where tension will be measured to evaluate the results.
addition to the possible shield connections that according to this
study must be grounded to minimize interference. With the
results presented, it is observed that in addition to the cable A. Umbilical
shields, the rotation between data cable and power is important For this study, an umbilical with dimensions and
to reduce interference. characteristics similar to those used in oil platforms, which
connect the platform with the Wet Christmas Tree that is
Keywords—Umbilical; Interference; Shielding; crosstalk installed on the ocean floor, was considered. They have an
average length of 1600 meters, this measure being used in this
I. INTRODUCTION work, not considering amendments. In addition to the average
Companies are increasingly looking for new oil extraction length found in the field, thicknesses of the conductors and
wells and improving existing ones. And in Brazil after shields of the power cables will also be used, which in this case
discovering the pre-salt, the need for new technologies is a three-phase system, and also of the three twisted pairs that
increased. New challenges came in depth pre-salt layer, are used to obtain information inside platform from the sensors
ranging from 1,000 to 2,000 meters of water depth, where installed on the Wet Christmas Tree, like temperature and
pumps and sensors are installed. And then between 4,000 to pressure.
6,000 meters deep underground.
B. Software
This work will be for the umbilical that are used for control,
The software used is Feko, from the Altair company,
which connect the platform on the surface of the ocean, with
version 2019.1, making it possible to obtain the numerical
the beginning of the subsoil on the underside, therefore the
results for this specific cable that was modeled.
cables inside the umbilical, which contain power cables, data
cables, hoses and elements structural, they are under high Fig. 1 shows the representation of the umbilical in the
pressures and temperatures, in addition to sea currents. simulation environment. These results were obtained with a
more simplified section (without hoses and tube). The drawing
In addition to the interference that may occur in the
shows the details of the cable under analysis, where are the
environment external to this cable, making it impossible to
conductors and the shields in the red color. It has numbering
communicate, Interference between power cables and data
that means each of the conductors and shields, Starting with
cables can occur, and thus making it impossible to correctly
conductor #1 and shield #2 of the first phase of the three-phase,
measure the sensors that are installed on the side of the
and so on the three power conductors are defined. Then the
submarine.
first twisted pair, which has the balanced conductors numbered
Through simulation it will be possible to study the behavior #7 and #8, with their shielding #9, then the other two twisted
and the intensity of interference that occurs in the data cable pairs. Finishing with the conductor #16, which is the armor of
with the noise source being the three-phase sources. this umbilical. The drawing is 2D however the software is
configured with the length, the turns per meter each conductor,
This work is divided into methodology, where it has the and other parameters. Making it possible simulate the crosstalk
details of model construction and the analysis variations. In the of the whole cable like a 3D model.
sequence we will have the results obtained and finally the
conclusion.

364
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Connectors are used at both ends of the umbilical, where for visualization, shown in Fig 3, where the left end represents
they connect the loads, sources, sensors and meters, in addition the surface side and the right end the underwater side.
to the connection of the shields.

Fig. 3. Circuit complet PSpice

The submarine side of the umbilical was considered, for


this simulation, with all the power and data shields connected
Fig. 1. Feko software umbilical model. to the armor and the local ground. For the surface side, the
switches (CSW) represent the connection of the shields as
Fig 2 shows the representation in the Feko environment of follows:
the circuit where the umbilical is inserted, including twisted
pair termination resistors, three-phase generator and power  Connection between the shields of the power
load, as well as a set of resistors to simulate the opening or conductors: CSW #7 to #9;
closing of the shields for their respective reference ground. In
this figure it is possible to identify the two connectors with all  Connecting the shields of the power cables and armor:
16 conductors. Representing the connection on the platform CSW 1 to 3;
and the below the connection on the submarine, where the Wet  Connection between the shields of the data
Christmas Tree is. The three-phase source can be checked on conductors: CSW #10 to #12;
the first conductors and a star connection on the other end,
simulating the load of this three-phase set.  Connecting the shields of the data cables and armor:
CSW #4 to #6.
Several simulations were carried out with combinations of
these open and closed keys, totaling 18 combinations. These
results were consolidated into a single file that, due to its
dimensions, cannot be adequately represented in this text. To
demonstrate the need for this study, we chose two of these
combinations, which may be the extremes, with the following
details:
1) Shorted: The shields of the power cable and the twisted
pairs are connected to each other and grounded in the armor.
As shown in Fig 4.

Fig. 2. Circuit source and load.

Fig. 4. Connection of all shield conductos shorted.


C. Conections
In order to facilitate the reading of the electrical circuit, a
non-functional PSpice schematic model was created, used only

365
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

2) Opened: The shields of the power cable and of the E. Frequency


twisted pairs are disconnected from each other, nor grounded The frequencies evaluated in this study are from 10 Hz to
in the armor. As shown in Fig 5 300 kHz.

F. Voltage measurement point


The measurement point is located on the surface side,
where it is possible to measure in the future in practice. On the
other side, the submarine, it is being considered in all
simulations that all shields are connected to the armor. And the
voltage will be measured in relation to one of the conductors of
the twisted pairs in their shielding, then their shielding in
relation to the armor, finally in the graph we will see a third
result in red which means the sum of these two voltages.
Fig. 5. Connection of all shield conductos opened.
III. RESULTS E COMMENTS
D. Umbilical construction cases After carrying out all 18 simulations, the configurations
described above were selected, with two variations of
After identifying the umbilical under analysis, as it was connections, all shields in short-circuit and open, and two ways
designed in the simulation and the connections, now the two of constructing the umbilical cable, the twisted pairs standing
cases of construction of the power cables will be described, as or rotating in relation to the conductors of power.
we can see in fig. 6, the starting point of the two power cables
are identical, the only difference being the following. To illustrate the crosstalk results showing the common
mode induced voltages that will arise between the data
1) Stopped Case: where the twisted pairs of data are not conductors (twisted pair) and the respective shielding, which
fitted between the veins of the power conductors, still will directly affect the transceiver used and also the common
maintaining a constant relative position between the data mode voltage between data shields and the armor, which may
conductors and the power conductors. Therefore, the pairs do or may not affect the transceiver depending on the form of
not spin around the power conductors. connection. To better demonstrate this voltage, the sum of the
two described above was included, representing the voltage in
2) Spinning Case: Simulation performed similarly to common mode between the data conductors and the armor.
Case 1 - Stopped, where the twisted pairs of data are not fitted The injected current has an amplitude of 1.0 A effective,
between the veins of the power conductors, only the difference balanced three-phase, so that the induced crosstalk voltages can
is that there is relative movement between the data conductors be easily scaled from the spectral content of the actual load
and the power conductors, in a way that the twisted pair current.
propeller gives 20 turns for each turn of the power conductor All measurements shown below were measured on the
propeller. surface side with the following color description:
 Blue line: Common mode voltage between shields and
armor
 Green line: Common mode voltage between the
twisted pair and its shield.
 Red line: Sum of the two previous voltges.

A. Result for short-circuit shields


In this result, the two cases of construction of the umbilical
are being considered, the first case 1, where they are stopped
and case 2, where the twisted pairs are rotating.
Fig. 6. Position of data cables in the umbilical.
It can be checked in fig. 7 and fig. 8 that in the region not
In case 1, over 1600 meters the power cable and the twisted yet affected by the resonances, case 2 presented a reduction in
pairs are in the same position, that is, not the rotation of the induced tension of up to three orders of magnitude, showing
twisted pairs in relation to the power cables. the importance of spinning the twisted pairs in relation to the
power trefoil. Physically, this rotation equalizes the coupling of
In case 2, over the 1600 meters the twisted pairs spin
each pair to the power conductors, so that the total sum is
around the power conductors completely every 800 mm.
equivalent to a three-phase sum, and since the three-phase is
And within each twisted pair the two internal conductors balanced, this sum is close to zero.
rotate on their axis completely every 40 mm.

366
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 7. Result for short circuit shields for case 1 Fig. 9. Result for opened shields for case 1.

Fig. 8. Result for short circuit shields for case 2. Fig. 10. Result for opened shields for case 2.

B. Result for open shields C. Result between shield connections


In this result, all disconnected shields and the two cases of As it was identified that the best results occur when the
construction of the umbilical cable are being considered, the twisted pairs are rotating in relation to the power cable, now we
first case 1, where they are stopped and case 2, where the will check the difference in relation to the connection of the
twisted pairs are rotating. shields, between short-circuit, Fig. 8 and, open connection, Fig.
10.
When checked at Case 2, Fig. 10, it is noted that the
reduction of up to three orders of magnitude continues in As all the graphics are on the same scale, it is possible to
relation to Case 1, Fig. 9, confirming the importance of turning quickly understand that the result when all the shields are
the data pairs in relation to the trefoil and power. connected and grounded reduces practically three decades the
interference from power cables for the twisted pairs. All results
And also because the shields are opened is observed figures the scale changes between V, mV and µV, however, the
voltage values between shields of twisted pair to armor. And modification of this parameter is not possible in the Feko
theses voltages are the blue line. environment, so it was necessary to configure the y axis so that
all results were on the same scale.

367
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

IV. CONCLUSION REFERENCES


It’s possible to verify the importance of the connection with
the ground connector in transmission lines even if it is not yet [1] A. G. Lazaropoulos e P. G. Cottis, “Broadband Transmission via
in the resonance region. Underground Medium-Voltage Power Lines—Part I: Transmission
Characteristics” IEEE Transactions on power delivery, vol. 25, no. 4,
The results show the importance of spinning the twisted outubro 2010
pairs around the power conductors. In this case the interference [2] C. J. Collins, e J. R. Bray, “Worst-Case Crosstalk Measurements of
from power conductors, due to their sources being switched of Cables—The Multinetwork Analyzer Method” IEEE Transactions on
Electromagnetic Compatibility, vol. 60, no. 4, Agosto 2018
great power intensities to feed pumps in the Wet Christmas
[3] Paul, C. - “Introduction to Electromagnetic Compatibility”, John Wiley
Trees, thereby inducing currents in the data conductors, which & Sons, 1992.
use the twisted pairs becoming victims and that incorrect
[4] Holte, N., “An analytical model for the probability distributions of
information from pressure and temperature sensors can occur. crosstalk power sum for a subset of pairs in a twisted pair cable”, Global
Telecommunications Conference, 2004, GLOBECOM '04, IEEE
The next steps in this work are to carry out measurements Volume 1, 29 Nov.-3 Dec. 2004 Page(s):313 - 317 Vol.1
with physical cables, to understand which the impedances of [5] Ott, H. W. – “Noise Reduction Techniques in Electronic Systems”, John
the loads found are and how the shield of cables are connected, Wiley & Sons, 1988.
because armor are always grounded. [6] C. R. Paul and J . A. McKnight; “Prediction of crosstalk involving
twisted pairs of wires: Part I, A transmission line model for twisted wire
ACKNOWLEDGMENTS pairs”, IEEE Trans. Electromagn. Compat., vol. EMC-21, no. 2, pp. 92-
105, May 1979;
Firstly to God for the opportunity to learn this content, to [7] Su, W.; Riad, S.M.; Elshabini-Raid, A.; Poulin, T., “Crosstalk analysis
Dr. Jose Carlos who made it possible through details to inform of multisection multiconductor lines Instrumentation and Measurement”,
us what would be interesting to study. To Dr. Mario Leite in IEEE Transactions on Volume 41, Issue 6, Dec. 1992 Page(s):926 –
931.
the figure of the IPT for allowing my link, offering all the tools
for this work to be carried out, in addition to all guidance. And [8] Clayton R. Paul, “Analysis of Multiconductor Transmission Lines”,
Wiley-Interscience, New York, 1994. ISBN 047102080X.
to Dr. Trintinalia who made possible the study and orientation
of this subject in the master's Degree.

368
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Estudo de Comportamentos de Espectros de Campos


Magnéticos Externos de Gerador Síncrono de 2 Polos

Danilo G. Aurich, Helton F. dos Santos, Marjorie Hoegen, Luciano M. de Freitas, Rodrigo Souza, Luiz A. C. Borges,
Luis O. S. Grillo, Leonardo E. Martins, Patrick Kuo-Peng, Rubens J. Nascimento
Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela ENGIE Brasil Energia
GRUCAD/EEL Florianópolis, Brazil
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, Brazil

Resumo—Este artigo apresenta sumariamente uma visão uma falta incipiente no gerador de polos salientes.
geral de investigações em geradores síncronos de dois polos para Atualmente, um novo projeto de P&D, envolvendo a UFSC, a
a detecção de faltas incipientes realizadas pelo GRUCAD (Grupo ENGIE e a AQTech Engenharia e Instrumentação S.A., está
de Concepção e Análise de Dispositivos Eletromagnéticos) em aprimorando os equipamentos e as técnicas de detecção e de
parceria com engenheiros da empresa ENGIE Brasil Energia. Há diagnóstico de faltas incipientes em máquinas síncronas.
poucos trabalhos na literatura abordando a detecção de faltas em
máquina síncrona de 2 polos. Levando em conta este aspecto, Em [12], [13], [14], [15], [16] e [19] foi proposta uma
apresenta-se um conjunto de conhecimentos organizados metodologia de detecção de faltas em geradores síncronos
pertinentes à questão da detecção de faltas através do (GSs) baseada no monitoramento das componentes de
comportamento do campo magnético externo de geradores frequência de formas de onda da derivada temporal do campo
síncronos de dois polos, onde as frequências fundamentais magnético externo. Numa máquina ideal, contendo apenas
elétrica e mecânica coincidem. Alguns dos estudos aqui formas de ondas sinusoidais, seu espectro eletromagnético
apresentados são de conclusões publicadas, e outros são novos, externo conteria apenas sua frequência elétrica fundamental.
incluindo alguns provenientes de um gerador de um parque Entretanto, conforme descoberto experimentalmente em [20] e
termoelétrico. confirmado com argumentação teórica em [12], pequenas
assimetrias construtivas da máquina real geram harmônicas
Palavras chaves—gerador síncrono de 2 polos; faltas
múltiplas da frequência mecânica fundamental. Com este
incipientes; campo magnético externo.
conhecimento, uma das técnicas empregadas em [12], [15] e
I. INTRODUÇÃO [16] realiza o monitoramento do comportamento deste
conteúdo em espectros de frequência do campo magnético
O comportamento do campo magnético externo de externo para a detecção de faltas incipientes em GSs, que
máquinas elétricas é objeto de estudo desde a década de 1970. também é aplicável em motores síncronos.
Inicialmente, os estudos buscavam avaliar sua influência sobre
outros equipamentos e componentes eletrônicos, bem como Para mostrar algumas dificuldades a serem superadas na
seu possível impacto na saúde humana, como em [1] - [5]. aplicação da técnica, este artigo aborda desenvolvimentos já
Outra vertente propunha a análise do campo magnético publicados, resultados de medições em um GS de 2 polos lisos
externo para detecção de faltas em máquinas de indução e em laboratório e resultados preliminares obtidos pelo
síncronas, como em [6] - [11]. A maioria dos trabalhos é equipamento instalado na usina. A abordagem analítica para a
focada na máquina assíncrona trifásica, havendo em detecção de faltas é diferente daquela aplicada em GSs com
comparação um número pequeno de publicações na aplicação mais de 2 polos, embora seja empregado praticamente o
em máquinas síncronas, especialmente a de 2 polos. mesmo hardware.
Há anos o GRUCAD (Grupo de Concepção e Análise de Neste trabalho, comportamentos de espectros de
Dispositivos Eletromagnéticos do Departamento de frequência do campo magnético externo de GS de 2 polos são
Engenharia da Elétrica da Universidade Federal de Santa abordados utilizando resultados de um método numérico
Catarina) se dedica à medição de campos magnéticos, e em analítico baseado nos desenvolvimentos de [12], [13] e [16],
especial em duas áreas investigativas: na modelagem e resultados de simulação com o método de cálculo de campo
caracterização de materiais ferromagnéticos e na detecção de por elementos finitos (MEF), já apresentados em [16] e [17], e
faltas em máquinas elétricas. Em projeto de P&D finalizado em resultados experimentais. Apresentam-se também alguns
em 2015, intitulado “Equipamento não invasivo para detecção comportamentos do campo magnético externo obtidos com um
de falhas em geradores síncronos através do campo magnético equipamento desenvolvido em [12] e [13], atualmente
externo”, e realizado em parceria com a empresa ENGIE instalado em um GS de 2 polos e 131 MW, no Complexo
Brasil Energia S.A, instalou-se equipamentos em dois Termelétrico Jorge Lacerda – CTJL, Capivari de Baixo, SC.
geradores, um de 2 polos lisos e outro de 56 polos salientes,
em duas usinas de geração de energia elétrica [12] - [13]. A II. INFORMAÇÕES DOS EQUIPAMENTOS EMPREGADOS
referência [18] apresenta um caso de sucesso na detecção de Nesta seção, apresenta-se sumariamente o princípio

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

fundamental de funcionamento dos equipamentos empregado uma redução de apenas 0,1 %, representando uma diminuição
nos ensaios em laboratório e instalado na usina. Um do número de espiras ativas. Consequentemente, aparecem
equipamento semelhante ao instalado na usina também está harmônicas pares e ímpares.
instalado em laboratório para o estudo de GSs em uma
bancada experimental para imposição de faltas [12]. Maiores
detalhes são encontrados em [13], [15], [18] e [19]. O
equipamento mede sinais da tensão induzida em sensores de
campo magnético por indução. Este sensor é uma bobina com
núcleo de ar, cuja tensão induzida v(t) em seus terminais é
proporcional à derivada do campo magnético H que a
atravessa a seção transversal S formada pela bobina de N
espiras envolvendo um carretel com permeabilidade próxima à Fig. 1 Espectro de frequência do resultado de simulação da máquina com
diminuição na amplitude da indução de um dos polos em 0,1%.
do vácuo (0), conforme (1).
𝑑𝐻 A Fig. 2 apresenta o espectro harmônico do GS, mantendo
𝑣(𝑡)𝑏𝑜𝑏𝑖𝑛𝑎 = −𝜇0 𝑁𝑆 (1) o mesmo grau de defeito em 0,1% na amplitude de um polo,
𝑑𝑡
mas alterando o formato da onda da indução gerada pelo polo,
Os sinais provenientes do sensor são amplificados e que poderia ser devido à variação do grau de saturação
filtrados antes de serem processados. Este processamento relacionado a uma mudança do ponto de operação do GS pelo
consiste, basicamente, na decomposição dos sinais através da aumento da corrente de excitação de campo. Comparando o
transformada rápida de Fourier (FFT – Fast Fourier espectro de frequência da Fig. 2 com o da Fig. 1, notam-se
Transform) por meio da qual são obtidos os espectros de aumentos das amplitudes das harmônicas ímpares. As
frequência a serem analisados. harmônicas pares mantiveram o mesmo nível, pois o grau de
Para os estudos apresentados neste artigo, utilizam-se defeito não foi alterado. O conhecimento deste comportamento
resultados de ensaios em um GS de 2 polos lisos, de 10 kVA, é fundamental para detecção e análise de faltas. Além de
380 V, capaz de operar em 50 e 60 Hz, de uma bancada geralmente o GS não estar sincronizado à rede, em análises de
instalada no laboratório, que é semelhante à máquina instalada resultados experimentais e de simulação publicados na
na termelétrica. Com os ensaios/análises realizados com este literatura especializada, este comportamento não é levado em
GS, busca-se análises adicionais e comparações de conta e pode conduzir a conclusões equivocadas.
comportamento, que não podem ser obtidos no GS da usina.
III. RESULTADOS DE SIMULAÇÕES NUMÉRICAS E
EXPERIMENTAIS PARA GS EM LABORATÓRIO
Em GSs instalados em usinas, é inviável a inserção
proposital de faltas ou mesmo a alteração arbitrária do ponto
de operação. O comportamento dos espectros de frequência do Fig. 2 Espectro de frequência simulado analiticamente, com diminuição de
campo magnético com a presença de faltas é estudado em três 0,1 % na amplitude da indução de um polo e alteração do ponto de operação.
frentes: por simulação numérica utilizando um modelo
analítico para gerar dados sintéticos; por cálculo de campos B. Simulação por MEF
através do MEF utilizando o software EFCAD desenvolvido As referências [16] e [17] apresentam estudos de
no GRUCAD; e em ensaios com o GS instalado em simulação numérica com o EFCAD e de resultados
laboratório em condições de máquina sadia ou com defeito, e experimentais de ensaios no GS de 2 polos lisos do
com alteração do ponto de operação. laboratório, sem carga e não sincronizado a uma rede. Em [16]
Para evitar possíveis interferências de outros dispositivos, empregam-se sondas sensibilizadas pelo campo magnético
os ensaios foram realizados em 50 Hz. As simulações externo e na região do entreferro, e em [17] só no entreferro.
numéricas também foram feitas para esta mesma frequência. Nesta região, a sonda de tensão é uma bobina colocada em um
Os resultados, porém, são semelhantes aos que seriam obtidos dos dentes do estator. Como mostrado por simulação em [16]
em 60 Hz. e experimentalmente em [12] e [15], para GS de 2 polos, as
formas de onda de tensão induzidas em sensores colocados no
A. Simulação por modelo analítico interior e no exterior da máquina apresentam conteúdos
Numa máquina ideal (sem ranhuras, enrolamentos harmônicos praticamente iguais, mesmo quando há presença
perfeitamente distribuídos, linear, sem saturação etc.) contendo do defeito, embora as amplitudes e formatos sejam diferentes.
apenas formas de ondas sinusoidais, o espectro eletromagnético
externo seria composto apenas pela sua frequência A Fig. 3 (a) mostra a distribuição do fluxo magnético na
fundamental, como demonstrado por um modelo simples de máquina operando em 50 Hz em uma condição saudável, sem
simulação analítica em [12], [14], [17]. Entretanto, conforme carga e não sincronizado. Inserindo excentricidade no rotor,
[12], pequenas assimetrias construtivas da máquina acabam obteve-se uma distribuição de fluxo menos homogênea,
gerando harmônicas da frequência fundamental mecânica, que representada na Fig. 3 (b), embora pouco perceptível
no GS de 2 polos é igual à elétrica, como apresentado na Fig. 1. visualmente. O efeito da falta torna-se nítido na FFT dos sinais
Nesta simulação, a amplitude da indução de um dos polos tem de tensão dos sensores posicionados no entreferro e no
exterior, conforme mostram a Fig. 4 e a Fig. 5,

370
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

correspondentes à condição sadia e com falta. Para o GS


sadio, como a simulação leva em conta a característica não
linear do material magnético dos núcleos e também uma
distribuição não homogênea dos enrolamentos do rotor, de
modo que as formas de onda não sejam puramente senoidais,
há um conteúdo harmônico ímpar, não havendo o conteúdo
harmônico par. Com o defeito, um conteúdo par aparece. Fig. 7 Espectro de frequência da tensão do sensor no entreferro obtido via
EFCAD para o GS com falta no enrolamento do rotor [16].

C. Resultados experimentais
Foram realizados ensaios experimentais com o GS de 2
polos da bancada de ensaios para análise de seu campo
magnético externo, com a máquina operando sem carga a
50 Hz, em condição saudável e com remoção de espiras de um
polo do rotor. A máquina real apresenta imperfeições, tais
como assimetrias nos enrolamentos, anisotropia do material e
tolerâncias de fabricação, evidenciados pela presença das
componentes ímpares e pares no espectro do campo magnético
Fig. 3 Distribuição de fluxo magnético no GS de 2 polos operando sem carga, externo do GS operando sem falta, apresentado na Fig. 8. Com
(a) na condição saudável e (b) com excentricidade no rotor [16]. a imposição de uma falta de remoção de 50% das espiras de
um polo do rotor, há alteração na FFT, conforme mostra a
Fig. 9.

Fig. 4 Espectro de frequência da tensão do sensor no entreferro obtido via


EFCAD para o GS na condição saudável [16].

Fig. 8 FFT do sinal obtido experimentalmente com um sensor externo no GS


operando sem falta.

Fig. 5 Espectro de frequência da tensão de um sensor externo obtido via


EFCAD para o GS na condição de excentricidade [16].

Para o mesmo GS, investigou-se a redução do número de


espiras do enrolamento de um dos polos do rotor com um Fig. 9 FFT do sinal obtido experimentalmente com um sensor externo no GS
sensor na região do entreferro. A Fig. 6 apresenta as formas de operando com remoção de espiras de um polo no rotor.
onda da tensão do sensor no entreferro calculadas via EFCAD,
Comparando as duas FFTs, nota-se um aumento
com e sem a presença do defeito. A FFT da forma de onda
significativo na amplitude das componentes pares. O conteúdo
correspondente à condição de defeito mostrada na Fig. 7
ímpar também apresenta alterações, mas não da mesma
indica o aparecimento de conteúdo harmônico par. Os
ordem.
resultados indicam que o monitoramento do comportamento
das amplitudes das harmônicas pares pode indicar a ocorrência IV. ANÁLISE DOS DADOS DA USINA
de faltas incipientes neste tipo de máquina.
No GS de 2 polos do CTJL estão instalados 2 sensores do
Volts lado externo da carcaça, um (S1) próximo à região da cabeça
de bobina e outro (S2) praticamente na metade do pacote do
estator. O GS não apresentou problemas no período sob
estudo, mas algumas análises podem ser realizadas pela
observação do comportamento do histórico de amplitudes de
componentes harmônicas.
A Fig. 10 apresenta o histórico da amplitude da
Time[s] componente fundamental elétrica/mecânica de 60 Hz. O eixo
Fig. 6 Formas de onda de tensão calculadas no sensor do entreferro via horizontal indica as sucessivas aquisições realizadas para
EFCAD para o GS na condição saudável e com defeito. As diferenças entre as efetuar FFTs e o eixo vertical indica a amplitude da harmônica
formas de onda estão indicadas pelas setas [16].

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

em decibéis com relação a 1 V. O comportamento da Percebe-se um padrão de componentes afetadas pela


amplitude da fundamental obtido pelos dois sensores reflete o mudança no ponto de operação, repetindo-se a cada 6
comportamento da amplitude de tensão gerada pela máquina, harmônicas. Dessa forma, as componentes foram separadas
que é praticamente constante. A curva do sensor S1 (região de em seis grupos em que n é um número inteiro.
cabeça de bobina) está em branco e o sensor S2 (região no
centro do pacote do estator) em vermelho. As linhas verticais  Grupo 0: harmônicas da forma 6𝑛 (0, 6ª, 12ª, ...).
amarelas marcam os instantes em que o equipamento instalado  Grupo 1: harmônicas da forma 6𝑛 + 1 (1ª, 7ª, ...).
foi desligado, não havendo aquisições por cerca de dois a três  Grupo 2: harmônicas da forma 6𝑛 + 2 (2ª, 8ª, ...).
meses. Após os religamentos, os níveis da componente  Grupo 3: harmônicas da forma 6𝑛 + 3 (3ª, 9ª, ...).
fundamental não apresentaram alteração significativa, como  Grupo 4: harmônicas da forma 6𝑛 + 4 (4ª, 10ª, ...).
esperado. Há também períodos em que a amplitude possui
 Grupo 5: harmônicas da forma 6𝑛 + 5 (5ª, 11ª, ...).
valores próximos a −120 dB. Nestes períodos, o GS esteve
fora de operação. Os demais períodos de intervalos distintos As diferenças apresentadas na Fig. 12 para os sensores S1
são identificados como os períodos 1, 2 e 3. e S2 são agrupadas na Fig. 13 e Fig. 14, respectivamente,
conforme os grupos definidos e em função do índice n. Para
cada grupo, definem-se os conjuntos de harmônicas baixas
como as primeiras 3 harmônicas do grupo, das altas como as
últimas 3 harmônicas do grupo e das intermediárias como o
restante.

Fig. 10 Curva da amplitude da fundamental de 60 Hz em função do número de


FFTs realizadas ao longo do tempo.

A Fig. 11 apresenta o histórico de amplitudes da 16ª Grupos: 0 1 2 3 4 5


harmônica (960 Hz). Comparando o período 2 com os demais
em que o GS esteve em operação, notam-se mudanças de 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

amplitude desta harmônica, chegando a cerca de 10 dB para o Fig. 13 Separação de grupos para o primeiro sensor.
sensor S1 e de cerca de 15 dB para o sensor S2. Como os
valores das amplitudes no início e no final de todo o período
analisado da Fig. 11 possuem praticamente os mesmos
valores, conclui-se que a alteração ocorreu devido à mudança
na operação da máquina, e não por causa de falta incipiente.
Grupos: 0 1 2 3 4 5

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fig. 14 Separação de grupos para o segundo sensor.

Como pode ser observado na Fig. 13 e Fig. 14, para os dois


1 2 3
sensores, o grupo de harmônicas que possuiu maior alteração
positiva foi o grupo 4. O grupo 3 também possuiu alteração
Fig. 11 Histórico de amplitude da décima sexta harmônica. positiva significativa, mas apenas para harmônicas de
frequência intermediária. Já para as alterações negativas, os
A alteração observada na 16ª harmônica ocorreu também grupos afetados são diferentes para os dois sensores. Para o
para outras harmônicas nos mesmos períodos, algumas com sensor S1, apenas o grupo 1 apresentou alteração negativa
aumento em sua amplitude e outras com diminuição. A Fig. 12 significativa para frequências intermediárias e apenas o grupo
apresenta a diferença em amplitude, em dB, entre as 0 apresentou alteração negativa significativa para harmônicas
amplitudes médias do intervalo 2 e dos intervalos 1 e 3, para mais altas. Para o sensor (S2), o grupo 2 apresentou maior
os sensores S1 e S2, respectivamente, das harmônicas cuja alteração para harmônicas intermediárias, o grupo 5
ordem é indicada no eixo horizontal. apresentou uma alteração menor para o conjunto de
harmônicas intermediárias e altas e o grupo 1 apresentou
alteração para o conjunto de harmônicas mais altas. Note-se
que os grupos 0, 2 e 4 contém harmônicas pares e os grupos 1,
3 e 5, harmônicas ímpares.
A análise desses dados indica que o espectro magnético da
máquina é afetado pelo seu ponto de operação, tanto nas
harmônicas ímpares como nas pares. Este tipo de análise deve
Fig. 12 Diferença de amplitude de cada harmônica entre os intervalos
analisados para os dois sensores.
ser levado em conta na detecção de faltas para evitar
equívocos.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

V. CONCLUSÃO [4] B. Belhoucine, A. Foggia, G. Meunier, M. Besseau, and H. Kermorgant,


“3d finite element investigation of the magnetic field outside
Este trabalho apresentou um estudo do espectro magnético electromagnetic devices,” IEEE Transactions on Magnetics, vol. 30, no.
de GSs de 2 polos no contexto da detecção de faltas 5, 1994.
incipientes. A abordagem empregou quatro metodologias: [5] P. Ferrari, A. Mariscotti, A. Motta, and P. Pozzobon,
simulação analítica, simulação pelo MEF, ensaios “Electromagneticemissions from electrical rotating machinery,” IEEE
Transactions on Energy Conversion, vol. 16, no. 1, 2001.
experimentais em laboratório e análise de dados coletados
num GS instalado em usina. [6] M. Kiani, W.-J. Lee, R. Kenarangui, and B. Fahimi, “Detection of rotor
faults in synchronous generators,” IEEE International Symposium on
Os resultados de simulações numéricas, tanto a analítica Diagnostics for Electric Machines, Power Electronics and Drives,
SDEMPED, 2007.
como a por MEF, foram concordantes na indicação de que as
não idealidades naturalmente presentes nas máquinas [7] M. Sasic, S. Campbell, and B. Lloyd, “Flux monitoring improvement,”
IEEE Industry Applications Magazine, September 2011.
produzem harmônicas ímpares no espectro magnético, mesmo
[8] B. A. T. Iamamura, “Contribuição à detecção de defeitos nos rotores de
que não haja faltas. Os resultados também indicaram que a turboalternadores,” Ph.D. dissertation, Universidade Federal de Santa
presença das faltas simuladas gera conteúdo harmônico par. Catarina, 2012.
Enquanto o conteúdo ímpar se mostrou impactado por [9] J. Penman, M. Dey, A. Tait, and W. Bryan, “Condition monitoring of
mudanças no ponto de operação, o par se manteve electrical drives,” IEE Proceedings, vol. 133, no. 3, 1986.
praticamente inalterado. [10] J. Penman, H. Sedding, and W. Fink, “Detection and location of
interturn short circuits in the stator windings of operating motors,” IEEE
Nos resultados de ensaios, ficou clara a presença de Transactions on Energy Conversion, vol. 9, no. 4, 1994.
conteúdo harmônico par e ímpar na máquina sadia, devido a [11] G. Kliman, R. Koegl, J. Stein, R. D. Endicott, and M. W. Madden,
suas imperfeições naturais. Com a imposição de falta, “Noninvasive detection of broken rotor bars in operating induction
importantes alterações foram percebidas no conteúdo par, e motors,” IEEE Transactions on Energy Conversion, vol. 3, no. 4, 1988.
pequenas no ímpar, sugerindo que a detecção de faltas deve [12] M. Rigoni, Desenvolvimento de um sistema de detecção e avaliação de
levar em conta a evolução de componentes pares, faltas em geradores síncronos por meio do campo magnético externo.
Tese de doutorado, UFSC, 2014.
preferencialmente. Nos dados coletados na usina, que refletem
o comportamento do espectro numa mudança de ponto de [13] H. F. dos Santos, Desenvolvimento de um equipamento para
monitoração de geradores síncronos através do campo magnético
operação, o grupo de harmônicas que mais apresentou externo. Dissertação de mestrado, UFSC, 2016.
alteração foi o grupo 4, seguido pelos grupos 2, 3 e 1. Os [14] H. F. dos Santos, L. Carril, N. Yamakoshi, A. C. Wengerkievicz, L. A.
grupos 2 e 4 são formados por harmônicas pares, indicando Feler, N. J. Batistela, N. Sadowski, J. P. A. Bastos, “Estudo
que estas podem ser influenciadas também pelo ponto de experimental de detecção de curto-circuito de chapas em um gerador
operação em GSs sincronizados. síncrono de dois polos”, MOMAG 2018.
[15] M. Rigoni, L. de Freitas, T. Carloto, L. Mariano, A. Pasqual, P. H. S.
Os vários aspectos abordados demonstram as dificuldades Feitosa, E. R. Bento, R. M. P. Silva, A. Y. Beltrame, C. S. P. Gameiro,
envolvidas no monitoramento de máquinas de 2 polos, que L. A. Feler, H. F. dos Santos, R. A. Elias, N. Sadowski, P. Kuo-Peng, J.
devem ser levadas em conta para evitar diagnósticos P. A. Bastos, N. J. Batistela, “Aparelho de Detecção de Faltas em
Geradores Síncronos através do Campo Magnético Externo”, Anais do
equivocados. VIII Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica (VIII
CITENEL).
AGRADECIMENTOS
[16] H. F. dos Santos, M. Rigoni, R. de A. Elias, L. A. Feler, C. A. C.
Este trabalho foi motivado e parcialmente custeado no Wengerkievicz, N. J. Batistela, N. Sadowski, P. Kuo-Peng, J. P. A.
âmbito do programa de P&D ANEEL e desenvolvido nos Bastos, “Non-invasive monitoring system of synchronous generator
Programas de P&D da Engie Brasil Energia e Itá Energética using external field”, Journal of Microwaves, Optoelectronics and
Electromagnetic Applications, vol. 16, no. 1, March 2017.
S.A., PD-0403-0033/2012 e PD-00403-0048/2019, ambos
[17] H. F. dos Santos, N. Sadowski, N. J. Batistela, and J. P. A. Bastos,
intitulados “Equipamento não Invasivo para Detecção de "Synchronous Generator Fault Investigation by Experimental and Finite
Falhas em Geradores Síncronos através do Campo Magnético Element Procedures," IEEE Transactions on Magnetics, vol. 52, no. 3, p.
Externo”, e realizado com apoio da Coordenação de 4, 2015.
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil [18] L. M. Freitas, “Emprego de Nova Técnica na Detecção de Falta
(CAPES) - Código de Financiamento 001 e do CNPq. Incipiente em Gerador Síncrono através do Campo Magnético
Externado”, Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia
REFERÊNCIAS Elétrica, Belo Horizonte/MG. Anais de Congresso XXV SNPTEE, v. 1.
p. 1-11, 2019.
[1] D. Howe and P. Hammond, “Examination of the axial flux in stator
[19] Sistema e Método para Identificar Características de uma Máquina
cores with particular reference to turbogenerators,” IEE Proceedings,
Elétrica. BR1020150114389, INPI - Instituto Nacional da Propriedade
vol. 121, no. 12, 1974.
Industrial, 2015.
[2] P. Tavner, P. Hammond, and J. Penman, “Contribution to the study of
[20] P. Neti, A. B. Dehkordi, and A. M. Gole, “A new robust method to
leakage fields at the ends of rotating electrical machines,” IEE
detect rotor faults in salient-pole synchronous machines using structural
Proceedings, vol. 125, no. 12, 1978.
asymmetries”, IEEE Industry Applications Society Annual Meeting,
[3] A. Anderson, T. Bedfrod, and A. Craddock, “Transient leakage flux in Edmonton, 2008.
small universal motors,” IEE Proceedings, vol. 128, no. 5, 1981.

373
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Testes de Imunidade contra Surtos Elétricos


em Eletrodomésticos

Gustavo O. Cavalcanti, Marcílio A. F. Feitosa, Kayro Douglas T. M. Lara, Thiago F. Gomes, Renato J.
F. H. Pereira, Manoel H. N. Marinho, Antonio S. Neto, Teixeira, Wagner A. Barbosa
Lucas de C. Sobral, Pollyana M. R. Gonçalves Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento
Escola Politécnica CLAMPER Indústria e Comércio S.A
Universidade de Pernambuco Lagoa Santa, Brasil
Recife, Brasil douglas.lara@clamper.com.br,
gustavooc@poli.br, marcilio@poli.br thiago.gomes@clamper.com.br

Resumo—O presente trabalho descreve um conjunto de testes Segundo a NBR-5410 [5] toda instalação elétrica deve ser
de compatibilidade eletromagnética realizados para avaliar a provida de proteção contra sobretensões transitórias, seja a
imunidade a surtos elétricos de alta tensão em dois tipos de instalação de telefone, de comunicação de dados, de vídeo ou
eletrodomésticos, televisor e refrigerador. Os testes foram qualquer outro sinal eletrônico. O impacto que a utilização do
realizados em condições específicas definidas pelo padrão DPS gera na manutenção da vida útil dos equipamentos é uma
internacional IEC 61000-4-5 de 2015. Os resultados mostraram informação importante para determinar a sua eficiência e,
que o televisor suporta maiores níveis de tensão e número de surtos sobretudo, justificar o custo da sua aplicação nas instalações
que o refrigerador, entretanto, considerando que os surtos elétricas dos vários tipos de infraestrutura. Dessa forma, o
elétricos induzidos podem atingir níveis da ordem de 8kV o uso de
presente trabalho apresenta testes de compatibilidade
dispositivos de proteção contra surtos (DPS) é indicado. Os
resultados mostram ainda que a utilização do DPS pode ser
eletromagnética que mostram como o DPS pode ser empregado
imprescindível para manter a vida útil do equipamento em regiões na manutenção da vida útil de televisores e refrigeradores.
com grande incidência de descargas atmosféricas.
II. APARATO EXPERIMENTAL
Palavras chaves—Surtos elétricos; proteção contra surtos;
refrigerador; televisor; vida útil. Nos sistemas de distribuição de baixa tensão as descargas
atmosféricas podem causar danos aos dispositivos elétricos,
porém, apenas 10% desses danos são causados por descargas
I. INTRODUÇÃO
diretas. Os 90% restantes são provocados por tesões induzidas
O desenvolvimento tecnológico propiciou o aumento do [6]. Segundo Silva [7], uma descarga atmosférica no primário
número de eletrodomésticos nas residências, sendo os mais de um transformador de distribuição (13.8kV – 220/127 V,
comuns o fogão, a geladeira e a televisão que estão em quase
todos os lares brasileiros - 98,8%, 97,6% e 97,1%, 30kVA) gera uma tensão induzida no secundário que pode
respectivamente [1]. Segundo a Norma Internacional IEC chegar a 8kV. Além disso, raios adjacentes podem induzir, por
62305-2 de 2006 [2], os surtos na rede elétrica ocorrem quando acoplamento, tensões transitórias na linha, as quais serão
a carga elétrica é elevada em algum ponto da rede. O surto pode transferidas para os dispositivos que estiverem conectados a
aumentar a corrente que flui na instalação e danificar esta linha [8 – 9]. O DPS é utilizado para limitar a tensão
equipamentos elétricos ligados à rede. Diversos eventos podem transitória que atingiria os equipamentos a um nível mais baixo,
produzir um surto, sendo a descarga atmosférica um dos atuando em um tempo muito curto e protegendo os
principais [3]. equipamentos conectados ao circuito [10].
A utilização de DPS (Dispositivo de Proteção contra Surtos) No Brasil os equipamentos eletrodomésticos são
nas instalações elétricas propicia vários benefícios aos normatizados pela NBR 5410 [5]. Essa norma estabelece uma
equipamentos a eles conectados, não só na infraestrutura tensão impulsiva mínima de 1,5 kV que os eletrodomésticos
industrial e comercial, mas também no ambiente residencial, na devem ser capazes de suportar sem apresentar falhas. Porém,
proteção de eletrodomésticos [4]. A proteção oferecida pelos segundo o Institute of Electrical and Electronic Engineers –
DPSs pode prevenir não só a inutilização definitiva e instantânea Surge Protective Committee (IEEE - SPDC), a tensão na
de um equipamento na ocorrência de surtos de alta intensidade,
entrada de uma edificação fica limitada em 6 kV [11], que é
quanto prolongar sua vida útil nos casos de surtos de menor
intensidade, porém, com maior frequência de incidência, que superior à proteção exigida pela NBR 5410 e pode levar a uma
degradam os componentes gradativamente, causando perda de falha nos eletrodomésticos. Nesse contexto, o presente trabalho
eficiência do equipamento até sua completa inutilização. descreve a realização de testes de compatibilidade
eletromagnética regidos pela Norma IEC 61000-4-5 de 2015

374
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

[12] em um modelo de televisor e um de refrigerador. Segundo VNormalizada


esta norma, os testes devem ser realizados sob a configuração
apresentada na Figura 1. 1,0
O gerador de onda combinada produz os surtos elétricos 0,9
padronizados que são injetados nos conectores Neutro e Fase de
uma rede elétrica de testes com o auxílio da rede de
acoplamento, conforme ilustrado na Figura1. O gerador utiliza
um aterramento exclusivo, através do qual ele descarrega o surto 0,5
que retorna do circuito de teste. A rede de desacoplamento, TD
ilustrada na Figura 1, é utilizada para evitar que o surto injetado 0,3
passe para as instalações elétricas locais e provoque danos em
outros equipamentos que não fazem parte do teste. Uma tomada 0
de 10 A é utilizada na saída da rede de acoplamento para que o t
equipamento sob teste esteja em condições reais de uso. A seguir TS 0 a - 0,3
descreve-se o gerador de onda combinada, a rede de
acoplamento e desacoplamento utilizados nos experimentos
bem como uma estimativa do impacto do uso do DPS na vida Fig. 2. Forma de onda da tensão normalizada aplicada aos equipamentos.
útil dos equipamentos.

A. Gerador de Onda Combinada TABELA I. PARÂMETROS DA FORMA DE ONDA DO GERADOR 1,2/50.

O gerador de onda combinada produz surtos elétricos com Tempo de Subida Tempo de Duração
forma de onda padronizada pela IEC 61000-4-5 [12] e (TS) μs (TD) μs
parâmetros específicos como tensão de circuito aberto e corrente Tensão em Circuito Aberto TS = 1,2 ± 30% TD = 50 ± 20%
de curto circuito. A Figura 2 apresenta a forma de onda da tensão Corrente de Curto Circuito TS = 8 ± 20% TD = 20 ± 20%
normalizada utilizada nos experimentos. Dois tipos de geradores
de ondas combinadas são especificados em função do tempo de
subida (TS) e tempo de duração (TD), ilustrados na Figura 2. Para B. Rede de Acoplamento
a onda de tensão esses geradores são definidos por: 10/700 μs A rede de acoplamento é responsável por permitir a inserção
(TS = 10 μs e TD = 700 μs) e 1,2/50 μs. Cada um tem suas do surto de tensão proveniente do gerador na rede elétrica do
aplicações específicas dependendo do tipo de porta a ser testada. equipamento sob teste, conforme ilustrado na Figura 1, e
O gerador de ondas combinadas de 10/700 μs é usado para testar impedir que a tensão da rede local entre no gerador. O circuito
portas de comunicação simétricas que se destinam a ser da rede de acoplamento é um varistor, que permite a passagem
diretamente conectadas a redes de telecomunicações externas. O do surto de alta tensão e impede a passagem da tensão da rede
gerador de ondas combinadas de 1,2 / 50 μs é usado em todos os local para o gerador, em série com um fusível térmico, que em
outros casos e é exatamente o gerador aplicado para testar os caso de falha do varistor desconecta o gerador da rede de testes.
eletrodomésticos neste trabalho. Esse gerador tem uma A saída da caixa de acoplamento é uma tomada de 10A padrão,
resistência interna de 2 Ω e os parâmetros da forma de onda estão na qual os equipamentos sob teste são conectados e recebem a
apresentados na Tabela 1. alimentação para operação junto com o surto elétrico na tensão
de testes definida no gerador.

C. Rede de Desacoplamento
A rede de desacoplamento permite a conexão do
equipamento sob teste à rede elétrica local, que no laboratório é
de 220VAC - 60Hz, e impede a passagem do surto injetado no
circuito pelo gerador para a rede local. A rede de
desacoplamento é formada por duas bobinas de indutância 1,5
mH, como definido pela norma IEC 61000-4-5 [12]. As bobinas
foram colocadas dentro de uma caixa de proteção conforme
ilustrado na Figura 3. Um transformador de corrente foi
instalado no condutor fase para medição da corrente e
confirmação de que o surto elétrico injetado pelo gerador não
atinge a rede elétrica local.

III. RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES


O aparato experimental apresentado na Figura 1 foi montado
Fig. 1. Configuração das conexões do equipamento sobre teste para os testes
de compatibilidade.
no Instituto de Inovação Tecnológica da Universidade de
Pernambuco IIT/UPE e um televisor e uma geladeira foram
submetidos a surtos elétricos de alta tensão para avaliar a

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 4. Fotografia da fonte de alimentação do televisor utilizado nos testes.

de alimentação do televisor, na qual destaca-se o varistor


responsável pela proteção desse dispositivo. Assim, ficou
constatado que o circuito interno de proteção do modelo de
televisor escolhido possui proteção eficiente contra os níveis e
Fig. 3. Fotografia do circuito da rede de desacoplamento. quantidade de surtos aplicados neste trabalho. Vale salientar que
apesar do modelo possuir proteção interna o uso do DPS seria
necessidade de utilização do DPS para proteção desses recomendado, uma vez que evitaria que o televisor recebesse os
equipamentos. Também foram utilizados nos experimentos surtos diretamente e garantiria um tempo de vida ainda maior
DPSs Classe III [13], aplicados em série à entrada de potência para o equipamento.
do equipamento sob teste.
Os ensaios foram realizados sob duas hipóteses de B. Experimentos com Refrigerador
resultados: quantidade de surtos/pulsos até ocorrer a falha do Foram realizados dezoito (18) experimentos com um
equipamento ou não falhar. Ocorrendo a falha, a quantidade total refrigerador comercial sendo nove com o refrigerador conectado
de pulsos aplicados até então é registrada e, quando o aparelho diretamente ao circuito gerador de surtos e nove com o
não falhou, foi registrado 700 que é o número máximo de surtos equipamento protegido por um DPS comercializado no Brasil.
ao qual cada equipamento poderia ser submetido. O tempo entre Por se tratar de um equipamento de custo elevado os
surtos aplicados pelo gerador é de 30 segundos e, para que o teste experimentos foram realizados com um único refrigerador e as
em um único equipamento fosse realizado em um dia, definiu- falhas apresentadas eram corrigidas pela equipe da UPE antes da
se que o número máximo de surtos seria de 700, que corresponde próxima sequência de testes. A falha mais comumente
a aproximadamente 6 horas. As marcas e modelos dos apresentada foi a queima de um capacitor na placa de potência,
equipamentos não serão mencionados, mas são equipamentos apresentada na Figura 5. Essa placa foi substituída em todos os
amplamente comercializados no Brasil. testes. Realizava-se uma bateria de testes até a falha do
refrigerador e, na sequência, as peças que apresentavam falha
A. Experimentos com Televisor eram substituídas e o equipamento ficava em observação. Após
Um televisor com fonte de alimentação externa foi adquirido comprovação de que o equipamento funcionava corretamente
e submetido a surtos elétricos de até 6kV. A Tabela II apresenta uma nova bateria de testes era realizada. Os resultados são
os resultados dos testes com esse equipamento. Observa-se que apresentados na Tabela III.
o televisor não apresentou falhas, mesmo sem a utilização de
TABELA III. DADOS EXPERIMENTAIS COM O REFRIGERADOR
DPS na sua proteção, para surtos de até 6kV. Esse resultado
mostra que para surtos até esse nível de tensão o televisor Refrigerador sem DPS
escolhido não precisa da proteção de um DPS. Entretanto, os
surtos induzidos no secundário de um transformador podem Teste 3 kV 4 kV 5 kV
chegar a 8kV [7], o que não foi testado pois o gerador disponível 1º 700 (S) 114 (FE) 1 (FE)
não atingia esse nível de tensão.
2º 700 (S) 225 (FE) 1 (FE)

TABELA II. DADOS EXPERIMENTAIS COM O TELEVISOR 3º 700 (S) 700 (S) 1 (FE)

Televisor sem DPS Refrigerador com DPS

4 kV 5 kV 6 kV Teste 5 kV 6 kV 7 kV

700 (S) 700 (S) 700 (S) 1º 700 (S) 160 (FD) 74 (FD)
S = Não ocorreu Falha no Equipamento. 2º 700 (S) 104 (FD) 55 (FD)

3º 700 (S) 256 (FD) 53 (FD)


Os resultados motivaram a abertura da fonte de alimentação
do televisor para constatar se o equipamento possui proteção FE = Ocorreu Falha no Equipamento / FD = Ocorreu Falha no DPS / S = Não
ocorreu Falha no Equipamento nem no DPS.
interna específica. A Figura 4 apresenta uma fotografia da fonte

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 5. Fotografia do componente que falhou na placa de potência do


refrigerador após surto elétrico.

Os resultados experimentais apresentados na Tabela III


mostram a importância do uso do DPS no modelo de
refrigerador escolhido, uma vez que um único surto de 5kV Fig. 6. Área de influência de uma descarga atmosférica na edificação.
produz falha no equipamento. Com a proteção do DPS o
conjunto suportou em média 60 surtos de 7kV. Vale salientar,
que a falha apresentada foi apenas no DPS, ou seja, a placa de IV. CONCLUSÕES
potência e todas as funcionalidades do refrigerador foram O presente trabalho mostra como os testes de
mantidos mesmo após o DPS apresentar falha com surtos de compatibilidade eletromagnética, em especial os de imunidade
7kV. Esses resultados mostram que o uso do DPS pode garantir contra surtos elétricos de alta tensão possuem relevância na
que o equipamento não apresente falha precoce em decorrência determinação da qualidade dos produtos produzidos no país e na
de surtos elétricos de alta tensão. comprovação da necessidade do uso de DPSs para proteção de
equipamentos instalados nas regiões de incidência de descargas
C. Análise sobre a Vida Útil dos Equipamentos atmosféricas. Os resultados experimentais comprovam a
O estado brasileiro com a maior densidade de raios em 2019 necessidade de utilização do DPS nessas regiões e mostram que
foi Tocantins, com 19,8 raios por km2 por ano [14]. Com os seu uso pode evitar a falha em um equipamento como um
experimentos realizados foram determinados o número de refrigerador logo no início de sua vida útil. Vale salientar que
surtos que cada equipamento pode suportar. Dessa forma, nos testes realizados nenhum equipamento apresentou falha
quando utilizado em conjunto com o DPS. A análise sobre a vida
determinando o número de surtos que pode atingir uma
útil do equipamento, apresentada neste trabalho, mostra um
residência, obtém-se o tempo de vida do equipamento resultado importante no tocante ao cálculo do número de surtos
considerando que a única falha possível seja devido a surtos que podem ser produzidos pela ocorrência de descargas
provocados por descargas atmosféricas. atmosféricas. Esse resultado é relevante para o aprimoramento
Um surto elétrico pode atingir um equipamento em uso na de circuitos de proteção das edificações, dos eletrodomésticos e
residência quando uma descarga atmosférica incide: a) na dos DPSs.
estrutura ou em uma área próxima à estrutura num raio de 500
m [15]; b) na linha externa de alimentação ou em uma área AGRADECIMENTOS
próxima a ela. A área considerada como próxima à linha Agradecemos a CLAMPER Indústria e Comércio S.A pelo
consiste num comprimento de 1km de linha e distante até 2 km suporte técnico e financeiro na realização deste trabalho.
da linha (para um lado ou para o outro) [15], conforme ilustrado
na Figura 6. Desconsiderando a sobreposição entre as duas
áreas, a área total de influência de uma descarga na edificação REFERÊNCIAS
é de 4,39 km2. Assim, no estado de Tocantins, uma residência
estaria sujeita a aproximadamente 87 raios por ano. Diante do [1] AMORIM, D.; Pennafort, R. e Neder V. “Máquina de lavar é objeto de
exposto, os resultados com o refrigerador mostram que o desejo das famílias brasileiras, diz IBGE”. 2015, Disponível em:
equipamento poderia apresentar falha logo no início de uso sem https://goo.gl/6mgUXp, Acesso em:17 de janeiro de 2018.
a proteção do DPS uma vez que ele falhou com apenas um surto [2] IEC – Internacional Electrotechnical Commission – IEC 62305-2 -
Protection against lightning - Part 2: Risk management. Genebra,
de 5kV. Com o DPS o conjunto suportou os 700 surtos 2006.171.p.
(podendo suportar mais já que 700 foi o limite de pulsos [3] KIDERMANN, G. Descargas atmosféricas: uma abordagem de
aplicados no teste), considerando 85 surtos por ano isso engenharia. São Paulo: ABDR Editora, 1997.132.p
corresponde a aproximadamente 8 anos. [4] J. O. S. Paulino, C. F. Barbosa, R. K. Moreira, W. A. Barbosa, M. A. F.
Lobo, A. R. Lobo, “Proteção de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos
contra Surtos Elétricos em Instalações”, 1. Ed. Lagoa Santa – MG, Editora
Clamper, 2016.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

[5] ABNT, NBR 5410, “Instalações Elétricas de Baixa Tensão”, versão [10] V. Milardić, I. Uglesic and I. Pavić, "Selection of Surge Protective
corrigida, Março 2008. Devices for Low-Voltage Systems Connected to Overhead Line," in IEEE
[6] Y. Zhang, S. Chen, X. Yan, W. Lv and C. Chen, "Observation and Transactions on Power Delivery, vol. 25, no. 3, pp. 1530-1537, July 2010.
analysis of residual voltage of SPD connecting to overhead line," 2015 [11] IEEE Std. C62.41 (IEEE 587) – “Recommended Practice on
Asia-Pacific Symposium on Electromagnetic Compatibility (APEMC), Characterization of Surge in Low-Voltage (1000V and less) AC Power
Taipei, 2015, pp. 360-363. Circuit”, PES SPDC, New York, 2002.
[7] Silva Neto, A. ; Piantini, A. “Sobretensões Induzidas por Descargas [12] Norma IEC 61000-4-5:2015, “Electromagnetic compatibility (EMC) –
Atmosféricas em Redes Secundárias.” In: VII Conferência Brasileira Part 4-5: Testing and measurement techniques – Surge immunity test”,
sobre Qualidade da Energia Elétrica (VII SBQEE), 2007, Santos. VII Edition 3.0, 2014.
Conferência Brasileira sobre Qualidade da Energia Elétrica (VII SBQEE), [13] Norma IEC 61643-11:2011, “Low-voltage surge protective devices – Part
2007. v. único. p. 1-6. 11: Surge protective devices connected to low-voltage power systems -
[8] F. J. Mo, J. J. Ruan and Y. P. Chen, "Surge Suppression and Requirements and test methods”, 2011.
Electromagnetic Compatibility", Power System Technology, Vol.28, [14] Folha de S.Paulo, Tocantins é Estado campeão em raios; em SP, São
No.5, pp:69-72, Mar.2004. Caetano lidera ranking. Disponível em: <encurtador.com.br/ghpBQ>
[9] Y.Yang, R. Cheng, J. Shen, et al. “Method for online outdoor electrical Acesso em 02 de maio de 2019.
equipment lightning warning based on grey relation analysis.” Electric [15] ABNT, NBR 5419-2, “Proteção contra descargas atmosféricas - Parte 2:
Power, 45: 20-23, 2012. Gerenciamento de risco”, Junho 2015.

378
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020 1

Ensaios de magnetização e curto-circuito de um


Limitador de Corrente de Curto-circuito de Núcleo
Saturado
M. C. Lima, G. dos Santos, F. Sass, G. G. Sotelo
Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal Fluminense - UFF
Niterói, Brasil
moniquelima@id.uff.br

Resumo—Devido à expansão do sistema de potência e o Neste contexto, o limitador de corrente de curto-circuito


crescimento da geração distribuı́da, o nı́vel dos curtos-circuitos supercondutor (LCCS) pode ser aplicado para reduzir os
aumentaram. Sendo assim, muitos equipamentos elétricos estão elevados nı́veis de curto-circuito do sistema elétrico. Na li-
tornando-se superados frente a esse novo cenário. Uma solução
que tem sido utilizada para mitigar esse problema é o limitador teratura, existem dois tipos de limitadores de curto-circuito.
de corrente de curto-circuito (LCC). Neste contexto, os LCCs O primeiro tipo é denominado de limitador com transição
supercondutores têm ganhado destaque devido à sua capacidade de estado (Quench Type). Já o segundo tipo é classificado
de mudar rapidamente a impedância na ocorrência de um curto- como limitador sem transição de estado (Non-Quench Type).
circuito. Neste trabalho, serão apresentados ensaios realizados Neste grupo de LCCS, o material trabalha sempre no estado
num protótipo de LCC do tipo Núcleo Saturado. Inicialmente
foram realizados o ensaio de caracterização (que permite obter supercondutor [2]. Nesta categoria está inserido o limitador
a curva B-H do equipamento) e a medida da indutância em que será estudado neste trabalho, o limitador de corrente
função da força magnetomotriz. Além disso, é realizado o ensaio de curto-circuito supercondutor de núcleo saturado (LCCS-
de curto-circuito, que simula a atuação do equipamento na rede. NS) [3], [4]. Para construı́-lo, são usados seis núcleos ferro-
São avaliados a capacidade de limitação do equipamento para um magnéticos tipo janela. Em cada núcleo há um enrolamento de
determinado nı́vel de corrente de curto-circuito prospectiva, as
correntes através dos dispositivos que compõem o equipamento corrente alternada (CA). O enrolamento de corrente contı́nua
e as tensões em cada um desses dispositivos. Com o ensaio (CC) envolve todas as seis pernas simultaneamente. A figura
de caracterização foi possı́vel observar que a saturação dos 1 apresenta o LCCS-NS estudado neste trabalho [5].
núcleos ferromagnéticos encontra-se próxima ao valor de 1,7 T,
a indutância do equipamento encontrada no regime de saturação
dos núcleos é igual a 0,25 mH. Para os ensaios de curto-circuito,
uma limitação de 30,6% foi observada para o primeiro pico do
curto-circuito. Além disto, uma limitação máxima de 58,2% foi
medida. Por fim, o tempo medido para a magnetização do núcleo,
após o curto-circuito, foi aproximadamente 0,2 s.
Keywords—Limitadores de corrente, Núcleo Saturado, Curto-
circuito, Ensaio de caracterização.

I. I NTRODUÇ ÃO
Nesta seção serão apresentadas a contextualização e as
contribuições deste trabalho. Na primeira subseção será apre-
sentada uma breve revisão da literatura sobre os limitado-
res de curto-circuito. Em seguida, o limitador estudado e
as contribuições deste trabalho são introduzidos. Por fim, a
subseção de organização do texto é apresentada.
Figura 1. Limitador de Núcleo Saturado Trifásico estudado.

A. Contextualização e contribuições Este limitador é composto por enrolamentos de corrente


Com os sistemas de potência em constante expansão, os alternada que são conectados em série com a rede elétrica do
nı́veis de curto-circuito da rede têm aumentado considera- sistema. Além disto, há um enrolamento de corrente contı́nua
velmente. Outro fator agravante que contribui para elevação que é usado para saturação do núcleo ferromagnético do
dos nı́veis de curto-circuito é o surgimento da geração dis- limitador. Para alimentar o enrolamento de corrente contı́nua,
tribuı́da no sistema [1]. Neste cenário, como a fonte e a carga usa-se um sistema que é composto por uma fonte, uma chave
encontram-se conectadas por uma baixa impedância, os nı́veis de acionamento rápido, um diodo de roda livre e uma re-
de curto-circuito podem ser mais elevados. sistência de dissipação. A figura 2 apresenta uma representação
379
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020 2

monofásica destas conexões, onde Rd , S1 , Drl , Rn , e Iap construı́do em [5]. Neste primeiro protótipo, o enrolamento CC
são a resistência de derivação, a chave de abertura rápida, o supercondutor foi substituı́do por um enrolamento de cobre.
diodo de roda livre, uma resistência equivalente de Norton e a Desta forma, foi possı́vel estudar a magnetização e alguns
corrente aplicada pela fonte, respectivamente. Os dois últimos tipos de curto circuito do LCC-NS, evitando-se as dificuldades
itens representam o uso de uma fonte controlada de corrente criogênicas oriundas do uso de materiais supercondutores.
que alimentará o enrolamento de corrente contı́nua. Ao final do ensaio de magnetização, obtém-se a curva B-
O funcionamento do LCCS-NS pode ser dividido em dois H dos núcleos ferromagnéticos que compõem o limitador.
cenários: o primeiro é de regime permanente e outro cenário Além disso, uma curva da indutância dos enrolamentos CA
de curto-circuito. Em regime permanente, o núcleo ferro- em função da força magnetomotriz é apresentada. Já o ensaio
magnético encontra-se completamente saturado. Neste caso, de curto-circuito apresenta os resultados de limitação do equi-
a força magnetomotriz (FMM) gerada pelo enrolamento de pamento estudado. Com isso, uma análise da capacidade de
corrente contı́nua é muito maior do que a FMM gerada pelos limitação do protótipo é feita. A corrente de desmagnetização
enrolamentos de corrente alternada. O fluxo gerado pelos é estudada e as tensões sobre os elementos do limitador são
enrolamentos CA provoca, apenas, uma pequena perturbação avaliadas.
no ponto de operação configurado pelo enrolamento CC.
No curto-circuito, a força magnetomotriz de ambos enrola-
mentos igualam-se e, sendo assim, o núcleo ferromagnético é B. Organização do texto
desmagnetizado. Com a desmagnetização o ponto de operação O texto deste trabalho está divido da seguinte forma: na
da curva B-H do material ferromagnético é deslocado para primeira seção foi apresentada um breve revisão sobre limita-
a região linear da curva. Desta forma, a permeabilidade do dores de corrente de curto-circuito. Em seguida, a seção dois
material aumenta. Com isso, a indutância deste material eleva- explica a metodologia usada para desenvolver este trabalho. A
se, limitando desta forma, o curto-circuito [6]. seção seguinte é composta pelos resultados e discussões. Por
Devido à uma grande e rápida variação do fluxo magnético fim, as conclusões do trabalho são apresentadas.
no momento de uma falta, a tensão induzida sobre os terminais
do enrolamento de corrente contı́nua pode ultrapassar a tensão II. M ETODOLOGIA
gerada pela fonte que alimenta os seus terminais. Sendo
assim, para evitar uma reversão do fluxo de corrente, causando Nesta seção serão apresentadas as metodologias aplicadas
a danificação da fonte, uma chave de acionamento rápido para a realização dos ensaios. Na primeira subseção é ex-
(S1 ) é usada. Quando o curto-circuito ocorre, a chave S1 é plicada a metodologia para os ensaios de magnetização dos
aberta e a energia do campo magnético que está acumulada núcleos ferromagnéticos e a obtenção das curvas de excitação
no enrolamento CC deve ser dissipada em algum elemento. e magnetização do material. Já na segunda subseção é apre-
Sendo assim, a resistência Rd é usada para dissipar a energia sentada a metodologia usada para a execução dos ensaios de
magnética acumulada no enrolamento CC. curto-circuito.
Já o diodo de roda livre (Rrl ) é usado por dois motivos: No
cenário de regime permanente, o diodo evita que a corrente A. Ensaios de Caracterização
imposta pela fonte CC seja dividida pela resistências dos
enrolamentos CC e pela resistência Rd . No cenário de curto- Nesta subseção são realizados ensaios de caracterização dos
circuito, o diodo é usado para curto-circuitar a resistência Rd e núcleos a fim de obter as curvas de excitação, de magnetização
os terminais da bobina CC, permitindo, desta forma, que toda do material ferromagnético e a indutância dos enrolamentos de
energia acumulada pela bobina seja dissipada na resistência corrente alternada (CA).
Rd . O ensaio de magnetização tem como objetivo a obtenção da
curva B-H do material ferromagnético e a de excitação. Desta
forma, este ensaio assemelha-se ao ensaio de magnetização
de um transformador. Sendo assim, para o desenvolvimento
do ensaio de magnetização, varia-se gradualmente a aplicação
de tensão nos enrolamentos CA (VCA ) e aquisitam-se os dados
eficazes, em valores RMS, da corrente e tensão do enrolamento
CA e a tensão induzida no enrolamento CC. Com os dados
de tensão e corrente CA em RMS medidos, obteve-se a curva
de magnetização através das equações 1 e 2, onde B e H
apresentam seus valores máximos. Para obtenção da curva de
excitação é necessário plotar as medidas, em RMS, da corrente
CA (ICA ) pela tensão induzida no enrolamento CC.

Figura 2. Esquema de ligação do LCC-NS por fase. Vca 2
B= , (1)
ωANca
Neste trabalho, serão realizados os ensaios de magnetização
e curto circuito de um protótipo de limitador de curto-circuito √
Nca Ica 2
de núcleo saturado (LCC-NS). Este limitador foi projetado e H= (2)
l
380
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020 3

Nas equações 1 e 2, Nca é o número total de espiras conectado à uma fonte de corrente contı́nua variável (Icc ).
do enrolamento de corrente alternada. Cada enrolamento é Sendo assim, a corrente imposta ao enrolamento CC pôde
constituı́do de 70 espiras. Cada fase contém dois enrolamentos ser aumentada gradativamente até o valor de 60 A, quando a
que estão ligados em série. Logo, o valor total de espiras por fonte de corrente atinge o valor máximo estipulado e o núcleo
fase é igual a 140. A área da seção transversal do material ferromagnético já se encontra completamente saturado. Sendo
ferromagnético é representada por A. A constante l é caminho assim, são aquisitados os pontos da força magnetomotriz e
médio do núcleo ferromagnético. A frequência angular do os respectivos valores de indutância medida. Por fim, uma
sistema é representado por ω, sendo a frequência f igual a curva de indutância em função da força magnetomotriz (NI)
60 Hz. é construı́da, onde N é 300, sendo o número de espiras do
A figura 3 apresenta o esquemático de ligações para a enrolamento CC.
realização deste ensaio. Em operação normal, os enrolamen-
tos CA são conectados em série com uma ligação subtra-
tiva uma vez que o enrolamento CC é responsável pela
saturação dos núcleos. No entanto, para realização do ensaio
de caracterização, os enrolamentos CA necessitam estar liga-
dos de forma aditiva para que o fluxo produzido, que é dife-
rente de zero, seja capaz de saturar os núcleos ferromagnéticos.
Com relação ao enrolamento CC, na figura 3 é repre-
sentado neste esquemático por dois enrolamentos conectados
em série com uma ligação aditiva. Esta ligação representa o
acoplamento magnético do enrolamento CC com cada um dos
enrolamentos CA. Para realização dos ensaios, foram usados
um VARIC, dois voltı́metros e um amperı́metro. O VARIC
possibilita a regulação da tensão aplicada nos enrolamentos
CA do limitador. O voltı́metro Vap faz a medição da tensão
após o VARIC. O amperı́metro Imed é usado para medição
da corrente de magnetização dos núcleos ferromagnéticos da
fase A. Já o voltı́metro Vmed é usado para medição da tensão
induzida no enrolamento CC.
Figura 4. Ensaio realizado por fase para a obtenção da curva de indutância
do enrolamento CA.

B. Ensaios de Curto-circuito
A partir da realização do ensaio de caracterização, pôs-se em
prática a montagem de um sistema de teste para aplicação de
curto-circuito monofásico com apenas uma fase do limitador
ligada a essa rede. Esse sistema consistiu em uma fonte de
tensão CA nominal de 127 Vrms e um conjunto de cargas
puramente resistivas de 18 ohms. A impedância de curto
utilizada correspondeu a um indutor de impedância 0,15 ohms.
O curto foi aplicado através de uma contatora e iniciou-se em
0,1 s e persistiu por 9 ciclos e meio. O ensaio completo durou
0,5 s.
Figura 3. Ensaio realizado por fase para a obtenção da curva de magnetização Com o circuito montado, aplicou-se o curto-circuito mo-
dos núcleos ferromagnéticos do protótipo estudado. nofásico na rede de teste sem a presença do limitador. O os-
ciloscópio foi empregado para aquisitar as medidas da tensão
Para medição da indutância do enrolamento CA por fase, e da corrente do sistema, sendo esta chamada de prospectiva.
algumas metodologias de ensaio poderiam ser empregadas, Essa corrente se refere ao comportamento que ocorreria em
como resposta ao degrau e medição utilizando instrumento uma rede sem a presença de nenhum limitador de corrente de
capaz de medir indutância como uma ponte RLC ou um curto.
multı́metro com a capacidade de medir a indutância, sendo A partir do ensaio realizado para obtenção da corrente
esse recurso escolhido para o estudo. prospectiva, inseriu-se o LCC-NS no sistema de teste em
O ensaio para medir a variação da indutância por fase questão e reproduziu-se o mesmo ensaio de curto-circuito.
dos enrolamentos CA foi configurado conforme a figura 4. Destaca-se que somente uma fase do LCC-NS foi ensaiada.
Neste caso, utilizou-se um multı́metro, que na figura 4 está A fim de proporcionar uma comparação com o ensaio já
representada por Lmed . Este multı́metro é posto em paralelo realizado, as medidas da corrente e tensão do sistema foram
com o enrolamento CA por fase. Já o enrolamento CC foi realizadas no mesmo ponto. Com isso, foi possı́vel analisar a
381
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020 4

limitação efetiva promovida pela inserção do LCC-NS nesta maior a força magnetomotriz (NI) aplicada no enrolamento
rede. Além disso, pode-se observar o desempenho favorável do CC, menor fica a indutância e, na saturação dos núcleos
limitador com relação à queda de tensão no sistema provocada por fase, o enrolamento CA apresenta uma indutância de
pelo curto. aproximadamente 0,25 mH. Enquanto que fora da região de
A respeito do circuito de saturação do LCC-NS, utilizou-se saturação dos núcleos a indutância dos enrolamentos CA por
uma fonte controlada contı́nua ajustada em 65 Acc . Nesse lado fase vai para 4 mH.
CC, foi medida a corrente em 2 pontos distintos. O primeiro
foi no enrolamento CC, que na ocorrência de curto, a medição
desta proporciona a corrente de desmagnetização dos núcleos
ferromagnéticos. O segundo ponto de medição foi no IGBT, a
fim de notar a interrupção da corrente CC para a saturação dos
núcleos uma vez detectado o curto pelo sistema de proteção
desenvolvido.

III. R ESULTADOS E D ISCUSS ÕES


Com base nos ensaios realizados de caracterização dos
núcleos ferromagnéticos e de aplicação de curto-circuito mo-
nofásico com e sem a inserção do LCC-NS no sistema de Figura 7. Curva da indutância do enrolamento CA.
teste, os resultados obtidos e discussões encontram-se neste
item. Através das figuras 5 e 6, é possı́vel observar a não Mediante estes ensaios, foi possı́vel observar que os núcleos
linearidade do material ferromagnético dos núcleos. estavam ı́ntegros e, então, deu-se inı́cio à realização de ensaios,
Analisando a figura 5 tendo em vista o ensaio realizado, é aplicando curto-circuito monofásico e ligando apenas 1 fase
possı́vel constatar que a saturação dos núcleos por fase ocorreu do protótipo de limitador no sistema de teste. Desta forma,
quando a tensão induzida no enrolamento CC foi em torno de foi necessário observar a corrente e tensão desse sistema sem
280 V . A partir dos dados medidos e utilizando as equações a presença do limitador a fim de analisar a influência do uso
1 e 2 a figura 3 pode ser plotada, nela a saturação dos núcleos do LCC-NS. As figuras 8 a 10 apresentam os resultados dos
ferromagnéticos por fase se deu em 1,7 T . ensaios de curto-circuito.
A figura 8 apresenta uma comparação entre a corrente
prospectiva do sistema de teste, que consiste na corrente
obtida nessa rede sem a presença de um limitador; a corrente
limitada do sistema e, as correntes medidas no lado de CC do
LCC-NS. Sem a presença do limitador, a corrente prospectiva
medida atingiu 1225 Apico no primeiro pico do curto-circuito e
1110 Apico no regime de curto. Com o emprego do LCC-NS
no sistema de teste o primeiro pico caiu 850 Apico , confi-
gurando assim uma redução de dorrente de aproximadamente
30,6%. No regime de curto, essa limitação chega a 58,2% uma
vez que a corrente limitada alcançou 465 Apico .

Figura 5. Curva de Excitação.

Figura 8. Comparação das correntes medidas.

Para uma melhor observação das correntes do lado CC


Figura 6. Curva de Magnetização B x H. apresentadas na figura 8, a figura 9 apresenta correntes em
2 pontos distintos do lado CC. Na ocorrência do curto, um
A figura 7 apresenta o resultado da indutância medida em sistema de detecção atua a fim de abrir o IGBT e, quanto mais
uma fase do LCC-NS através esquemático discutido na figura rápido essa chave abrir, a desmagnetização do núcleo é mais
4. Desta forma, com base na figura 7 fica notório que quanto ágil e melhora a limitação da corrente. É possı́vel observar que
382
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o tempo para a magnetização do núcleo após o curto-circuito foram analisadas a corrente de desmagnetização do núcleo, a
é aproximadamente 0,2 s. corrente do IGBT (chave de acionamento rápido) e as tensões
sobre os dispositivos.

AGRADECIMENTOS
Os autores gostariam de agradecer ao CNPq, CNPq-
INERGE, FAPERJ e CAPES pelo suporte financeiro dado,
possibilitando o desenvolvimento desta pesquisa. Um agra-
decimento especial aos professores Ernesto Ruppert Filho e
Carlos Alberto Baldan por cederem o protótipo ensaiado neste
trabalho.

R EFER ÊNCIAS
Figura 9. Correntes medidas no lado CC do LCC-NS. [1] K. Balamurugan, D. Srinivasan e T. Reindl, Impact of
distributed generation on power distribution systems,
Por fim, o gráfico com as tensões medidas nos terminais do Energy Procedia, vol. 25, pp. 93–100, 2012.
LCC-NS e da carga comparadas com a tensão sem o limitador [2] M. R. Barzegar-Bafrooei, A. Akbari Foroud, J. Dehghani
é apresentado na figura 10. Para uma melhor análise, as tensões Ashkezari e M. Niasati, On the advance of SFCL: a
no LCC e na carga foram somadas pois esta se iguala à tensão comprehensive review, IET Generation, Transmission
aos pontos medidos sem a presença do limitador. Pode-se Distribution, vol. 13, n.º 17, pp. 3745–3759, 2019, ISSN:
observar que durante o curto-circuito ocorre queda da tensão. 1751-8695. DOI: 10.1049/iet-gtd.2018.6842.
No entanto, a partir do 4º ciclo do curto com a inserção do [3] W. Gong, J. Zhang, Z. Cao, H. Hong, B. Tian, Y. Wang,
LCC-NS, a tensão retorna ao valor nominal, enquanto sem o J. Wang, X. Niu, J. Qiu, S. Wang et al., HTS dc bias
limitador a queda provocada é de 40 V no regime de curto. coil for 35 kV/90 MVA saturated iron-core fault current
A implementação do limitador influencia, ainda que pouco, limiter, Physica C: Superconductivity, vol. 468, n.º 15-
no sistema de teste. Em operação normal, com os núcleos 20, pp. 2050–2053, 2008.
saturados, a tensão nos terminais do LCC-NS é de 3 Vpico . [4] X. Niu, W. Gong, B. Tian, Y. Sun, J. Zhang, J. Cui,
H. Hong e Y. Xin, Manufacture and test of the dc
superconducting coil for a 220 kV/300MVA SFCL,
Physics Procedia, vol. 27, pp. 388–391, 2012.
[5] F. C. Fajoni et al., Estudos, desenvolvimento e
construção de um limitador de correntes elétricas com
núcleo magnético saturado, 2015.
[6] Cuixia Zhao, Shuhong Wang, Jie Qiu, Jian Guo Zhu,
Youguang Guo, Weizhi Gong e Zhengjian Cao, Tran-
sient Simulation and Analysis for Saturated Core High
Temperature Superconducting Fault Current Limiter,
em 2006 12th Biennial IEEE Conference on Electromag-
netic Field Computation, 2006, pp. 503–503.
Figura 10. Comparação das tensões medidas.

IV. C ONCLUS ÕES


Neste trabalho foram apresentados os ensaios de
caracterização e de curto-circuito de um protótipo LCC-
NS. Com base nos ensaios de caracterização, verificou-se que
a total saturação do núcleo ferromagnético ocorre em 1,7 T
e a tensão induzida no enrolamento CC nesse estado é de
280 V . Além disso, neste mesmo ensaio foi determinada que
a indutância do enrolamento CA é de 0,25 mH quando os
núcleos encontram-se saturados e, fora da saturação, varia
para 4 mH. Já no ensaio de curto-circuito, foram estudas a
capacidade de limitação de corrente do equipamento para
uma corrente de curto-circuito prospectiva com 1225 Apico
no primeiro pico de curto. A limitação encontrada para
esse ensaio foi de 30,6% no primeiro pico, chegando a
uma limitação máxima de 58,2%. Além desta avaliação,
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Behavioral Modeling of Power Amplifiers Using


Three Dimensional Approximations
Marcio Nassif Maluf e Eduardo Gonçalves de Lima
Grupo de Circuitos e Sistemas Integrados (GICS) – Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal do Paraná, Curitiba, Brasil

Abstract - The behavioral modeling of radio frequency power The first approach extends the model in [7] to the full three-
amplifiers (RFPAs) is constantly advancing to improve the dimensional (3D) model, that is, with equal polynomial order
compromise between accuracy and computational complexity. and memory duration truncations for the terms 1D, 2D, and
The purpose of this paper is to present two three-dimensional 3D. The second approach is applied in conjunction with the
models (3D). In the first model all dimensions have the same
two-dimensional model defined in [7]. This model includes
order of truncations. The second uses independent truncation
orders. The new models are compared with the previous two- truncations specific to each dimension.
dimensional model with independent truncations using two sets of
inputs and outputs obtained from a class AB GaN HEMT RFPA
excited by a WCDMA signal. II. APPROACHES TO BEHAVIORAL MODELING OF
RADIO FREQUENCY POWER AMPLIFIERS
Keywords - Power Amplifier; Modeling; Radio frequency; Volterra
series; Wireless Communications Systems.
The characteristic equation of the Bidimensional Model with
I. INTRODUCTION Independent Truncations [7] is:
Behavioral modeling of a radio frequency power amplifier
(RFPA) for linearization purposes using the linearization pre- 𝑦(𝑛) = ℎ |𝑥(𝑛 − 𝑚 )|
, , ,
distortion technique (PDD) [1]-[2], should consider not only
the nonlinearities but also the memory effects resulting from
(1)
its internal circuits. Commonly used for this purpose, the |𝑥 (𝑛 − 𝑚 | 𝑥(𝑛 − 𝑚 ) + ∑ ∑ ℎ |𝑥(𝑛 − 𝑚 )| 𝑥(𝑛 −
,
Volterra series attend of these needs [3]. Output at the current
𝑚 ) ,where P1 and P2 indicate the polynomial truncation orders
time instant is a polynomial function of the inputs applied at
for the 1D and 2D contributions, respectively, M1 and M2
the current and past time instants. For truncation values
indicate the memory durations for the 1D and 2D
typically used in RFPAs, with the number of coefficients
contributions, respectively, 𝑥 (𝑛) is the complex input, 𝑦(𝑛) is
conditional on the polynomial truncation order and memory
duration, the number of extracted coefficients is extremely the complex output, and ℎ are the model coefficients. In (1)
high. Its makes the use of the complete Volterra series the truncation factors P1 and M1 determine the number of
impracticable [4]. To reduce computational complexity, summation terms that provide only one-dimensional terms.
without deteriorating the accuracy of the Volterra series, Truncation factors P2 and M2 determine the number of
compact series have been proposed in the literature. In [5], summation terms that provide only the two-dimensional terms.
only one-dimensional (1D) contributions are retained, To ensure this, condition 𝑚 ≠ 𝑚 is imposed. The 𝑝 + 𝑝 <
involving inputs extracted at the same instant of time. The 𝑃2 − 1 constraint ensures that the contributions generated by
behavioral model defined in [5] was extended in [6], which (1) will, at most, involve the product of P2 complex value
incorporated the two-dimensional (2D) contributions, inputs wrap information.
obtained at two different time points. The model defined in [6]
is a complete two-dimensional (2D) model as it includes all The characteristic equation of the Tridimensional Model with
contributions within a given order of polynomial truncation Independent Truncations is:
and memory duration. The two-dimensional (2D) behavioral
model, existing in the literature and defined in [7], advances 𝑦(𝑛) = ℎ |𝑥 (𝑛 − 𝑚 )|
, , , , ,
the model in [6]. It has one-dimensional (1D) and two-
dimensional (2D) terms with independent polynomial order
truncations and memory duration. From this model, based on
the Volterra series, the objective of this academic work is to |𝑥 (𝑛 − 𝑚 )| |𝑥 (𝑛 − 𝑚 )| 𝑥 (𝑛 − 𝑚 ) (2)
propose two new behavioral approaches for RFPA
linearization purposes. The new approaches incorporate three- + ℎ , , , |𝑥 (𝑛 − 𝑚 )| |𝑥 (𝑛 − 𝑚 )| 𝑥 (𝑛 − 𝑚 )
dimensional terms with different or equal truncation factors for
different dimensions.
+ ℎ |𝑥 (𝑛 − 𝑚 )| 𝑥 (𝑛 − 𝑚 ) ,

384
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where P1, P2 and P3 indicate the polynomial truncation orders
for the 1D, 2D, and 3D contributions, respectively, and M1, Table 2 summarizes the previous comparisons as follows. The
M2, and M3 indicate the memory durations for the 1D, 2D, number of 1D terms relative to the total number of terms
and 3D contributions, respectively. In (2) the truncation generated by the behavioral model described by (2) increased
factors P1 and memory duration M1 determine the number of by 4.29% with the strategy of truncation specific for different
summation terms that provide only one-dimensional terms. dimensions, while the amount of 2D terms also related to the
Truncation factors P2 and memory duration M2 determine the total amount of terms generated by model (2) increased by
number of summation terms that provide only the two- 21.43%. The amount of 3D terms has decreased by 25.71%.
dimensional terms. To ensure this, condition 𝑚 ≠ 𝑚 is That is, the gain in the amount of 1D terms, in modulus, plus
imposed. Truncation factors P3 and memory duration M3 the gain in the amount of 2D terms, is equal to the reduction in
determine the number of summation terms that provide only the amount of 3D terms.
three-dimensional terms. To ensure this, conditions 𝑚 ≠
𝑚 , 𝑚 ≠ 𝑚 e 𝑚 ≠ 𝑚 are imposed. III. SCENARIO FOR BEHAVIORAL MODELING OF
RADIO FREQUENCY POWER AMPLIFIERS
If in (2) the truncations of the terms 1D, 2D and 3D assume
identical values, that is, P1 = P2 = P3 = P and M1 = M2 = M3
= M, then we obtain the three-dimensional model with equal The ideal scenario for polynomial order and memory duration
truncations, called the model Full 3D. This indicates that the is, respectively, P = ∞ and M = ∞. The number of coefficients
model with equal truncations is a particular case of the model is strongly conditioned by the order of polynomial truncation
proposed by (2). and the duration of memory. Thus, the ideal condition is
impossible to apply.
One-dimensional (1D) truncation choices are independent of For the definition of finite values it is assumed that, since
2D and 3D truncation choices. However, the biggest advantage RFPA is a nonlinear system, it is convenient to choose the
of (2) over the full 3D model is that it includes a greater minimum value of the polynomial order P = 3. For memory
proportion of 1D terms than 2D, and 2D terms over 3D. To duration, considering that the models proposed in this work
explore this advantage, truncations for larger or at least equal are three-dimensional, and compared with a previous two-
1D contributions, i.e. P1 ≥ P2 and M1 ≥ M2, should be dimensional model in the literature [6]-[7], it makes no sense
adopted, as well as truncations for larger or at least equal 2D to choose a minimum value less than M = 2 for two-
contributions. respective 3D, i.e. P2 ≥ P3 and M2 ≥ M3. dimensional and less than M = 3 for three-dimensional.
Simulations below these truncation limits would prevent terms
The table 1 presents the comparison between the total number from being generated in their respective dimensions in each of
of coefficients and the terms 1D, 2D and 3D obtained by (2). the models.

TABLE 1 - NUMBER OF COEFFICIENTS GENERATED IN (2). The maximum truncation values were chosen after prior
TRUNCATIONS No. of Coefficients analysis of the data, which indicated a more pronounced
LINE presence of memory effects over nonlinear effects for the class
P1 M1 P2 M2 P3 M3 Total 1D 2D 3D AB GaN HEMT RFPA. Thus the polynomial truncations P1
1 3 5 3 5 3 5 168 18 90 60 and P2 of (1) and P1, P2 and P3 of (2) were varied between
2 3 5 3 5 3 4 138 18 90 30 their minimum values up to 3. The M1 and M2 truncations of
(1) and M1, M2 and M3 of (2) were varied between their
3 3 5 3 5 3 3 120 18 90 12
minimum values up to 5.
In Table 1, the line 1 presents the result for the complete 3D Two sets of inputs and outputs were used. From the first set it
model, since P1 = P2 = P3 and M1 = M2 = M3. Lines 2 and 3 was possible to perform the extraction of the coefficients. With
present two situations where only the memory duration for 3D the coefficients, and using the second set, the accuracy of the
terms is different from 1D and 2D dimensions. In line 1, in modeling was evaluated.
relation to the total amount coefficients generated by the Extraction and validation sets were obtained by stimulating the
complete behavioral model, there are 10.71% of 1D terms, same PA with a carrier modulated by a wrap of the same
53.57% of 2D terms and 35.71% of 3D terms. In the third line, pattern. The data were obtained from an RFPA manufactured
in relation to the total amount coefficients generated by (2), in gallium nitride (GaN) technology, with HEMT transistor
there are 15% of 1D terms, 75% of 2D terms and 10% of 3D operating in class AB. The input and output complex envelope
terms. signals were measured with a Rohde & Schwarz FSQ signal
vector analyzer at a sampling frequency of 61.44 MHz. The
Comparing the percentages obtained for 1D, 2D, and 3D terms input signal was a carrier at the 900 MHz modulated by a
between lines 1 and 3, it follows that the proportion of 1D 3GPP WCDMA wrap with 3.84 MHz bandwidth.
terms increased relative to 2D terms, just as the proportion of
2D terms increased relative to 3D terms. Table 2 summarizes In Matlab environment, the model codes described by (1) and
this comparison. (2) used different values of polynomial truncations and
memory. At each combination of polynomial values and
TABLE 2 - COMPARISON BETWEEN PERCENTAGE OF memory duration, the extraction of the coefficients was
QUANTITIES OF 3D MODEL COEFFICIENTS. performed using the least squares (LS) method [4]. Modeling
Terms 1D Terms 2D Terms 3D accuracy was assessed by the Normalized Mean Square Error
(NMSE) [8].
Full in (2) Full in (2) Full in (2)
35,71 The NMSE can evaluate the behavior of the model within the
10,71 % 15 % 53,57 % 75 % 10 % RFPA band and provides a measure of how much the model
%
+ 4,29 % + 21,43 % - 25,71 % deviates from the actual RFPA on the main channel. NMSE is
defined by:
385
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𝑁𝑀𝑆𝐸 = 10 log
∑ |𝑦 (𝑛) − 𝑦 (𝑛)|
, (3)
P2 ≥ P3, M1 ≥ M2 and M2 ≥ M3 are not imposed, the result
∑ |𝑦 (𝑛)| for the 3D model using (2) gives better results in accuracy.
The results for this condition are presented in Figure 3.
Where 𝑦 and 𝑦 indicate the outputs measured
and estimated by the model, respectively, and N is the total -20 2D using (1) [7] - Pmax.= 3 , Mmax.= 5
amount of samples. 3D Proposed (2) - Pmax.= 3 , Mmax.= 5
-25

IV.VALIDATION
-30

The results for the behavioral models defined in (1) and (2) as -35

well as the comparison between them are presented in this 0 5 10 15 20 25 30


section. The proposed model, described by (2), will also be Nº de Coefficients
compared with the full 3D model.
Figure 3 - NMSE as a function of the number of coefficients for 2D
Making in (2) the truncations of the terms 1D, 2D, and 3D
(1) [6] and 3D (3) models without truncation constrains.
assume identical values, that is, P1 = P2 = P3 = P and M1 =
M2 = M3 = M, then the complete three-dimensional model is
obtained. The results between the NMSE and the number of Looking at the graph in Figure 3 it is possible to verify that the
coefficients for the particular case of (2) compared to the three-dimensional model improved the error. This means that
behavioral model defined in (2) are presented in Figure 1. ensuring a greater number of 1D terms than 2D, and 2D terms
The three-dimensional behavioral model with specific with respect to 3D does not improve model accuracy.
truncations presented better accuracy than the complete 3D Otherwise, the contributions of 3D terms are significant for
behavioral model. That is, ensuring a higher ratio of 1D to 2D better modeling error results.
terms, and 2D to 3D terms has improved accuracy. The Figure
1 shows this improvement. Two points, chosen in Figure 1, Two comparison scenarios are used to verify the accuracy and
confirm the results. The first is for 30 coefficients, where there quantity of coefficients.
was an improvement in the accuracy of 2.62 dB. The second In the first case, the most exact models with the same number
situation is for 81 coefficients, obtained by (2), and 105 of coefficients are verified, and in the second case, for models
coefficients, obtained by the complete 3D model for a -38.36 with the same accuracy, it is verified which model has the
dB NMSE. There was a reduction of 24 coefficients. lowest number of coefficients.

-20 The Figure 3 shows, for the first analysis, that for 12
Proposed Full 3D - Pmax=3 , Mmax=5
Proposed using (2) - Pmax=3 , Mmax=5
coefficients the 3D model defined by (2) has an error reduction
of 2.95 dB. For 21 coefficients the 3D model of (2) reduced
-30
the error by 2.52 dB.
In the second analysis, for the NMSE equal to -37.48 dB, the
-40 3D model defined in (2) allows a reduction of 18 coefficients.
0 20 40 60 80 100 120
For the NMSE equal to -38.4 dB the reduction was 15
Nº of Coefficients
Figure 1 - NMSE as a function of the number of coefficients for 3D
coefficients.
models with equal truncations and for the model defined in (2).
The linearity can be defined by the ability of the RFPA not to
introduce distortions in amplitude and phase of the amplified
Based on this result the two-dimensional behavioral model
signal. This verification can be done by looking at the
defined in (1) will be compared only to the three-dimensional
amplitude modulation to amplitude modulation (AM-AM) and
behavioral model with specific truncations.
amplitude modulation to phase modulation (AM-PM)
The results obtained for the NMSE as a function of the number
conversions. The Figure 4 shows the signal amplitudes of the
of coefficients are shown in Figure 2.
output estimated by the model and measurement, as the signal
amplitude increases at the input. Figure 5 shows the difference
-20
Proposed using (2), Pmax=3 , Mmax=5 between the output signal phase (estimated or measured) and
Proposed using (1) [6], Pmax=3 , Mmax=5 the input signal phase with increasing signal amplitude at the
-30 input.
1.5
Measured
Estimated by (1) [7]
-40 Estimated by (2)
0 10 20 30 40 50 60 70 80 1

Nº of Coefficients
0.5
Figure 2 - NMSE as a function of the number of coefficients for 2D
(1) [6] and 3D (2) models.
0
0 0.5 1 1.5
Normalized Input (V/V)
The Figure 2 shows that with the imposed restrictions, P1≥P2, Fig 4 - AM-AM conversion to data measured and estimated by (1) [6]
P2≥P3, M1≥ M2 and M2 ≥ M3, the proposed 3D model using and (2) with 30 coefficients.
(3) showed no improvement in accuracy compared to the
model obtained using (1). In Figure 2 the curve referring to the
model described by (1) is superimposed by the model
described by (2). Based on the above analysis, the three-
dimensional behavioral model of (2) was further investigated
and, after some simulations, it was concluded that if P1≥ P2,
386
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Measured V. CONCLUSION
0.5
Estimated by (1) [7]
Estimated by (2)
This article aimed to conduct the behavioral modeling of
0 RFPAs based on the Volterra series, from two new approaches
of the series. The first with three-dimensional (3D) terms with
equal polynomial order and memory duration truncations for
-0.5
all terms. The second, also with three-dimensional (3D) terms,
0 0.5 1 1.5
Normalized Input (V/V)
but with independent polynomial order and memory duration
truncations for all terms. Using input and output data obtained
Figure 5 - AM-PM conversion for data measured and estimated by (1) from an RFPA, the results were compared with the results of
[7] and (2) with 30 coefficients. the previous two-dimensional (2D) approach with independent
truncations. The analysis of the results considered two aspects:
For better viewing, errors in output amplitude and phase the model performance in reducing the NMSE to equal
difference are shown in Figures 6 and 7, respectively. number of coefficients, and reducing the number of
For the error in the output amplitude, shown in Figure 6, the coefficients to obtain the same NMSE. The model presented in
smallest error was obtained by the model defined in (1). this article showed improvements in both situations. For class
The graph in Figure 6 presents three distinct situations, which AB GaN HEMT RFPA there was a gain in NMSE ranging
can be divided into three time intervals. from 2.52 dB to 2.95 dB. It was also possible to reduce 18
Up to 0.2 μs the 2D model, defined in (1), has smaller errors coefficients for an NMSE of -37.48 dB and 15 coefficients for
than the 3D model, defined in (2). an NMSE of -38.4 dB. The most important application of
behavioral modeling is in RFPA linearization. The number of
From 0.2 μs to 0.7 μs, the new model proposed in (2) presents coefficients is directly related to the power consumption of the
smaller errors than the existing model in the literature, defined digital pre-distortion. Thus, a lower number of coefficients
in (1). Also in this range, it is possible to observe that the ensures that the linearizer electronic circuit has lower power
models keep the difference between their errors in the output consumption.
amplitude. Above 0.7 μs each model has a particular Overall, the new models met expectations, combining
characteristic for the obtained error values. improved accuracy and a reduction in the number of
coefficients.
-30

-40

-50 REFERENCES
-60

-70
Estimated using (1) [7] [1] P. B. Kenington, High Linearity RF Amplifier Design.
Estimated using (2)
-80 Norwood, MA: Artech House, 2000.
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1
[2] M. Schetzen,“Nonlinear system modeling based on the
Time (s) 10 -6
Figure 6 - Output amplitude error estimated by (1) [6] and (2) with 30
Wiener theory, Proc. IEEE, vol. 69, no. 12, pp. 1557–1573,
coefficients. Dec. 1981.
[3] J. C. Pedro and S. A. Maas, “A comparative overview of
The error in phase difference, shown in Figure 7, shows, in microwave and wireless power-amplifier behavioral modeling
general form, that the two models keep their errors in phase approaches,” IEEE Trans. Microw. Theory Tech., vol. 53, no.
difference varying in the same way. That is, the variations 4, pp. 1150–1163, Apr. 2005
oscillate sometimes with the measured values greater than the [4] V. Mathews and G. Sicuranza, Polynomial Signal
estimated values, where the error is positive, and in reverse, Processing. New York: Wiley, 2000.
where the errors are negative. [5] J. Kim and K. Konstantinou, “Digital predistortion of
wideband signals based on power amplifier model with
memory,” Electron. Lett., vol. 37, no. 23, pp. 1417–1418,
Nov. 2001.
Phase Difference Error (rad)

[6] E. J. Bonfim and E. G. Lima, “Um Novo Modelo com


Memória baseado em Aproximações Polinomiais
Bidimensionais para Transmissores de Sistemas de
Comunicações sem Fio,” in 33º Simpósio Brasileiro de
Telecomunicações, Juiz de Fora - MG, Sept. 2015, pp 103-
107.
[7] M. N. Maluf e E. G. Lima, “Modelagem Comportamental
de Amplificadores de Potência usando Aproximações
Figure 7 – Output amplitude error estimated by (1) [6] and (3) with Unidimensionais e Bidimensionais com Truncamentos
30 coefficients. Independentes” MOMAG 2018 - 13º CBMag -Congresso
Brasileiro de Eletromagnetismo e 18º SBMO – Simpósio
Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica.
[8] M. S. Muha, C. J. Clark, A. Moulthrop, and C. P. Silva,
“Validation of power amplifier nonlinear block models,” in
IEEE MTT-S Int. Microwave Symp. Dig., Anaheim, Jun. 1999,
pp.759–76

387
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Estratégia de Calibração para Comparadores Vetoriais


em Micro-ondas

Juner M. Vieira, Eduardo S. Sakomura, Fúlvio F. Oliveira, Daniel C. Nascimento, Daniel B. Ferreira, Ildefonso
Bianchi
Laboratório de Antenas e Propagação – LAP
Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA
São José dos Campos – SP, Brasil
juner.vieira@gmail.com, eduardosakomura@gmail.com, fulvio.oliveira@hotmail.com, {danielcn, danielbf, ibianchi}@ita.br

Resumo—Neste artigo, apresenta-se uma estratégia de demodulador, avaliam-se os quocientes entre as amplitudes dos
calibração para comparadores vetoriais em micro-ondas cuja sinais das antenas; da mesma maneira que as defasagens entre
arquitetura se fundamenta no uso de demoduladores em esses sinais são derivadas por meio do arco tangente da razão
quadratura. Comparadores vetoriais são comumente encontrados entre q e i [2]. Contudo as tensões de saída desses
nos circuitos de alimentação de phased arrays e de sistemas para demoduladores normalmente não podem ser representadas por
localização de fontes irradiadoras de micro-ondas, pois permitem funções cosseno e seno com amplitudes iguais e sem offsets
avaliar a razão entre as amplitudes dos sinais nas entradas das DC – condições que usualmente são adotadas no modelamento
antenas, bem como a diferença de fase entre eles. O procedimento matemático de demoduladores em quadratura. Essa
de calibração proposto leva em conta que os sinais de saída do
característica das tensões i e q, por sua vez, requer que o
demodulador, via de regra, não são descritos por funções cosseno
e seno com amplitudes iguais e sem offsets DC, como usualmente
comparador seja calibrado antes de entrar em operação, do
se observa em muitos modelamentos desse dispositivo. A técnica contrário haverá erros nas estimativas de amplitude e de fase.
introduzida é verificada utilizando um comparador baseado no Neste artigo, propõe-se um método para a calibração de
demodulador em quadratura ADL5380. Erros inferiores a 0,1 dB comparadores vetoriais em micro-ondas baseados em
e 4,3° foram obtidos nas estimativas dos desbalanceamentos de demoduladores em quadratura. Diferentemente da técnica
amplitude e de fase em frequências nas bandas L, S e C, descrita em [3], que avalia erros de fase, de offset e de ganho
demonstrando a efetividade do procedimento. separadamente, a estratégia introduzida neste trabalho consiste
em resolver um único problema de ajuste de curvas, visando
Palavras-chave—comparador vetorial; demodulador em
agilizar a calibração. Um comparador vetorial projetado
quadratura; phased array; sistema DF
utilizando o demodulador em quadratura ADL5380 [4], de
fabricação da Analog Devices, foi empregado para a
I. INTRODUÇÃO verificação da estratégia de calibração proposta. Como será
Comparadores vetoriais são elementos-chave para a visto, um erro menor do que 0,1 dB foi obtido nas estimativas
operação de phased arrays e sistemas de localização de fontes de amplitude e abaixo de 4,3° nas estimativas de fase,
emissoras de micro-ondas, ditos sistemas DF (Direction considerando frequências nas bandas L, S e C [5].
Finding) [1]. Através desses comparadores, podem-se Este documento encontra-se estruturado em cinco seções,
determinar as relações entre as amplitudes e as fases dos sinais sendo que a descrição da arquitetura do comparador vetorial
presentes nos acessos das antenas de tais dispositivos. No caso utilizado como referência é feita na Seção II. Já na Seção III,
dos phased arrays, por exemplo, essa informação costuma ser relata-se, em detalhes, o procedimento de calibração, incluindo
confrontada com os valores dos desbalanceamentos de aspectos relacionados aos setups necessários para a consecução
amplitude e das defasagens programados no circuito de do processo. Um exemplo de aplicação do método proposto é
alimentação, a fim de assegurar que o diagrama de irradiação mostrado na Seção IV. Por fim, na Seção V, são registradas as
pretendido seja realmente sintetizado. Se houver divergências conclusões do artigo.
detectadas, o circuito é então reprogramado. Já nos sistemas de
localização de fontes emissoras de micro-ondas, as II. ARQUITETURA DO COMPARADOR VETORIAL
comparações entre as amplitudes e as fases dos sinais nas
entradas das antenas fazem parte do conjunto de dados Na Fig. 1, visualiza-se a arquitetura do comparador vetorial
essenciais para a execução dos algoritmos de estimação das usado como base para a elaboração do procedimento de
direções das fontes. calibração que será tratado na Seção III. Veja que o comparador
é formado por um demodulador em quadratura, dois filtros
Arquiteturas fundamentadas no uso de demoduladores em passa-baixa, dois amplificadores de frequência intermediária
quadratura são bastante convenientes para implementar (FI) e dois conversores analógico-digital (ADC). Os sinais de
comparadores vetoriais na faixa de micro-ondas. Isso, porque a saída digitalizados, designados como id e qd , por sua vez, são
partir da norma euclidiana das tensões de saída i e q do enviados a um microcontrolador, cujo papel é estimar a
Este trabalho foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico – CNPq através dos Processos N.os 407733/2018-3,
157888/2019-3, 166603/2017-1 e 305425/2018-8.

388
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

amplitude e a fase da tensão de entrada vin (relativa ao oscilador


local). Ressalta-se que, neste trabalho, somente sinais senoidais LO
não modulados são considerados na entrada do circuito. A
forma geral das tensões de entrada é representada segundo
Demod
vin = A cos ( t +  ) ()
Sinal de
em que A é a amplitude,  é a frequência angular e  é a fase. entrada
Como se observa na Fig. 1, em sua concepção mais básica,
ADC
o demodulador é composto de dois divisores de potência: um
responsável por dividir o sinal de entrada para que os dois
misturadores sejam excitados por tensões idênticas; e o outro
encarregado de dividir o sinal do oscilador local (LO) com
defasagem relativa de 90º. Disso decorre que nas saídas do Fig. 2. Foto do protótipo do comparador.
demodulador há dois sinais, um em fase (i, do inglês in-phase)
e outro em quadratura (q, do inglês quadrature), com
q = C3 sen ( +  ) + C4 ()
defasagem de 90° entre si, conforme a nomenclatura sugere.
Adicionalmente, para se ter funcionamento adequado, filtros onde C1 e C3 denotam as amplitudes de i e q, respectivamente,
passa-baixa são colocados nas saídas do demodulador com o C2 e C4 indicam os offsets DC de i e q, nessa ordem, e 
propósito de eliminar as componentes de alta frequência que representa a fase adicionada pelo demodulador. Portanto, o lugar
afetam a estabilidade e a linearidade dos amplificadores de FI e
geométrico descrito no plano iq quando se varia  é uma elipse
que poderiam comprometer sobremaneira o estágio seguinte de cujo centro não coincide com a origem do sistema de
conversão analógico-digital. coordenadas sempre que houver offsets DC (C2 ou C4 não nulos).
Para o comparador de referência, foi escolhido o
Ademais, as amplitudes C1 e C3 se relacionam com a
demodulador em quadratura ADL5380, desenvolvido pela
Analog Devices. Esse componente opera em uma faixa larga amplitude A da tensão senoidal de entrada vin por meio de
que se estende de 400 MHz a 6 GHz e que faz o comparador C1 = mi A ()
ser um bom candidato para uso em phased arrays e sistemas
DF que trabalham em UHF e nas bandas L, S e na primeira C3 = mq A ()
metade da banda C. Já os filtros passa-baixa têm topologia RC
e frequência de corte de 480 Hz e o ADC empregado foi o em que mi e mq são as inclinações dos canais i e q,
ADS1115 [6], da Texas Instruments, que permite digitalizar respectivamente, responsáveis pela diferença entre C1 e C3 .
dois sinais diferenciais simultaneamente e ainda possui
Dessa maneira, uma vez medidas as tensões i e q, a
amplificadores de FI internos com ganho configurável, ou seja,
é bastante conveniente para uso no comparador. Além disso, o amplitude A e a fase  da tensão de entrada podem ser
ADS1115 é um ADC de 16 bits, o que confere uma resolução prontamente estimadas através das relações
adequada para as tensões de saída id e qd do comparador. Na 2 2
Fig. 2, vê-se uma foto do protótipo do comparador. A = ( i − C2 ) mi  + ( q − C4 ) mq  ()

III. PROCEDIMENTO DE CALIBRAÇÃO  ( q − C4 ) mq 


Como já foi mencionado na introdução deste documento, as  = arctg   − ()
 ( i − C2 ) mi 
tensões contínuas de saída i e q do demodulador em quadratura  
não possuem necessariamente as mesmas amplitudes, Chama-se atenção para o fato de que C1 , C2, C3, C4 e  são
tampouco offsets DC nulos. Por isso, i e q podem ser expressas
dependentes da frequência  do sinal de entrada, o qual deve
por estar sincronizado com o oscilador local para garantir que (2) e
i = C1 cos ( +  ) + C2 () (3) sejam, de fato, válidas. Admite-se ainda que o demodulador
opera em regime linear e com nível de potência apropriado em
Oscilador Local
seu terminal de oscilador local.
i FI ADC id Resta então determinar C1 , C2 , C3 , C4 e . Para isso,
excursiona-se, de 0° a 360° e com passo de 10°, a fase  do
sinal de entrada, mantendo a amplitude A constante, e
armazenam-se as leituras das tensões i e q do protótipo.
SinalSinal de RF
de Entrada
vin Repete-se esse processo para todas as frequências  de
interesse.
q FI ADC qd
Na sequência, constrói-se uma função conjunta f ( , k) [7]
para cada , cuja finalidade é o cálculo dos cinco parâmetros
anteriores através da execução de uma rotina para ajuste de
Fig. 1. Arquitetura do comparador vetorial de referência. curvas. Neste caso, adotou-se

389
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

f ( , k ) =  k1i( ) +  k 2 q( ) () modelo EXG N5173B. Para gerar os sinais de entrada, por sua
vez, empregou-se um sintetizador Rohde&Schwarz modelo
sendo i( ) e q( ) dadas por (2) e (3), respectivamente, SMB 100A. O esquema da Fig. 3 retrata as ligações entre os
k ∈ {1, 2} e k denota o delta de Kronecker, que é igual a 1 equipamentos do setup. Os níveis dos sintetizadores dos sinais
quando k =  e 0 nas demais situações. Funções como de entrada e de LO foram ajustados para –30 dBm e 9,1 dBm,
NonlinearModelFit do pacote Mathematica® ou fitnlm do respectivamente. Cabe destacar que, na porta de entrada do
programa MATLAB® são bastante pertinentes para efetuar esse oscilador local foi colocado um atenuador de 10 dB, com o
ajuste não linear. Veja que para cada frequência em que se intuito de melhorar o casamento de impedâncias e, assim,
medem as tensões i e q, demanda-se um novo ajuste. Note assegurar que o nível de potência usado na calibração possa ser
ainda que passos maiores do que 10° ou mesmo uma excursão facilmente configurado na operação do dispositivo. O
de  inferior a 360° geram dados que possibilitam proceder ao desenvolvimento de uma rede de casamento de impedâncias a
cálculo dos parâmetros, todavia podem interferir na acurácia ser introduzida nessa porta é uma alternativa ao atenuador.
dos resultados. Repare também que se não for mandatório o A partir dos valores das tensões i e q medidas para cada
conhecimento da fase absoluta do sinal de entrada, não é passo da variação da fase do sinal de entrada, montou-se uma
necessário determinar , o qual pode ser inclusive anulado em tabela que foi carregada na rotina de ajuste NonlinearModelFit
(2) e (3). Nessa condição, rotinas para ajuste linear são usadas, do software Mathematica® juntamente com (2) e (3). Assim,
acelerando a avaliação dos parâmetros C1 a C4. computaram-se os parâmetros C1, C2 , C3, C4 e  para quatro
Antes de encerrar esta seção, é válido destacar que alguns frequências, conforme descrito na Tabela I. Observe que, à
cuidados precisam ser tomados na calibração do comparador, medida que a frequência sobe, a diferença entre os valores
especificamente durante a aferição das tensões i e q quando se absolutos das amplitudes C1 e C3 aumenta. Repare também que
varia a fase da tensão de entrada. O primeiro deles é assegurar sempre há um offset DC nas saídas, pois C2 e C4 realmente são
que os sinais de entrada e do oscilador local do comparador não nulos. Já na Fig. 4, exemplificam-se as curvas das tensões i
estejam sincronizados em frequência. No caso de um setup e q medidas (símbolos) e ajustadas (linhas contínuas) para a
composto de um sintetizador, de um divisor de potência e de frequência de 3,2 GHz. Vê-se desse gráfico que (2) e (3) são, de
um defasador, designado como setup A, esse sincronismo de fato, bem apropriadas para o ajuste das tensões de saída i e q.
frequência já está automaticamente garantido, pois os dois Em seguida, para avaliar o desempenho das funções de ajuste
sinais são provenientes de um único gerador. Em contrapartida, obtidas, alguns testes foram realizados nas frequências de
setups onde há dois sintetizadores – um para o sinal de entrada interesse. O primeiro deles consistiu em variar somente a
e outro para o oscilador local –, denominados setup B, amplitude do sinal de entrada em torno de um nível de –20 dBm
demandam que o sinal de referência dos geradores seja comum. adotado como referência. Já no segundo teste, avaliaram-se as
Grande parte dos sintetizadores dispõe de uma tensão de saída respostas para mudanças de fase do sinal de entrada mantendo a
de 10 MHz com essa finalidade. sua amplitude em –20 dBm. Nas Tabelas II e III, são descritos
Além disso, as fases dos sinais de entrada e do oscilador os valores das variações de amplitude e das defasagens
local precisam manter-se estáveis ao longo do tempo. Isso, determinados nesses testes. Das informações que constam nas
muitas vezes, requer que os sintetizadores, seja do setup A, seja Tabelas II e III, chega-se a erros nas estimativas de variação de
do setup B, já estejam operando por determinado período sob amplitude inferiores a 0,1 dB e abaixo de 4,3º nas defasagens.
condições ambientais controladas. Em particular, existem
modelos mais novos de geradores vetoriais que trazem
configurações para melhorar a estabilidade e a coerência de Sinal do LO
fase [8]. id
Sinal de
Outro ponto importante a se considerar na calibração é que Referência Comparador
Arduino
USB

o nível de potência entregue à porta do oscilador local do 10 MHz Vetorial


qd
demodulador não pode ser alterado na operação do
comparador, senão, os parâmetros C1, C2, C3, C4 e  calculados
são invalidados. Isso exige um cuidado especial, visto que, na Sinal de entrada
maioria dos demoduladores, a porta do oscilador local exibe
perda de retorno aquém de 10 dB. Fig. 3. Ilustração do setup B utilizado para a calibração do comparador
vetorial.

IV. APLICAÇÃO
TABELA I. PARÂMETROS DAS FUNÇÕES DE AJUSTE DO COMPARADOR
A fim de verificar a acurácia do procedimento descrito na
Seção III, o processo de calibração foi realizado para diferentes 1,5 GHz 2,7 GHz 3,2 GHz 5,5 GHz
frequências, de forma a cobrir as bandas L, S e C. Para tal, foi C1 (mV) –10,6611 –10,7103 –9,6997 6,4234
utilizado o comparador vetorial baseado no demodulador em C2 (mV) 0,50619 –4,6650 –1,5317 –2,0808
quadratura ADL5380, associado a uma placa de Arduino – na
C3 (mV) 10,5212 10,5758 9,2644 –5,7908
qual foi embarcado um código responsável pela leitura,
armazenamento e processamento das tensões digitalizadas id e C4 (mV) –5,4550 –11,8128 –9,4681 0,5998
qd. O setup B foi adotado para os ensaios, sendo que o sinal do  (rad) 1,6255 1,4909 –0,0770 1,3880
oscilador local (LO) foi gerado por um sintetizador Keysight

390
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

10 funções que ajustam as tensões de saída i e q e que admitem


que esses sinais podem apresentar offsets DC, bem como não
5 ter a mesma amplitude. Os dados para conduzir o ajuste de
curvas são coletados excursionando-se a fase do sinal de
0
Tensão (mV)

entrada do comparador, com a sua amplitude fixa, e realizando


a leitura das tensões i e q correspondentes nas frequências de
-5
interesse. Através das funções encontradas, é possível estimar a
-10
amplitude e a fase da tensão de entrada durante a operação do
i Ajustada comparador. Esse procedimento de calibração é facilmente
-15 q Ajustada automatizado com ferramentas como LabVIEW, o que mostra
i Medida seu caráter prático. Um exemplo de aplicação do método foi
q Medida ilustrado. Obtiveram-se erros nas estimações de variação de
-20
0 40 80 120 160 200 240 280 320 360 amplitude inferiores a 0,1 dB e abaixo de 4,3° nas defasagens,
 (grau) que permitem validar a técnica descrita. Por fim, para o
comparador testado, comprovou-se que o uso de funções
Fig. 4. Tensões i e q medidas e ajustadas para 3,2 GHz. cosseno e seno, que têm quadratura perfeita, para aproximar i e
q é bastante pertinente.
TABELA II. VALORES DAS VARIAÇÕES DE AMPLITUDE ESTIMADAS
Nível (dB) 1,5 GHz 2,7 GHz 3,2 GHz 5,5 GHz AGRADECIMENTO
+3,0 +2,99 dB +2,92 dB +2,94 dB +3,06 dB Os autores agradecem ao Instituto de Fomento e
+1,0 +0,97 dB +0,93 dB +0,96 dB +1,06 dB
Coordenação Industrial – IFI/DCTA por disponibilizar sua
infraestrutura para a realização do ensaio com o comparador.
+0,5 +0,47 dB +0,43 dB +0,47 dB +0,56 dB
0 (ref.) 0,00 dB 0,00 dB 0,00 dB +0,01 dB REFERÊNCIAS
–0,5 –0,50 dB –0,50 dB –0,49 dB –0,49 dB [1] B. M. Fabiani, “Circuito de alimentação para redes com apontamento de
–1,0 –1,01 dB –0,99 dB –0,98 dB –0,99 dB feixe,” Mestrado, Div. Eng. Eletrôn., ITA, São José dos Campos, 2017.
[2] O. Inac, D. Shin, and G. Rebeiz, “A phased array RFIC with built-in
–3,0 –3,02 dB –2,97 dB –2,94 dB –2,98 dB self-test capabilities,” IEEE Trans. Microw. Theory Techn., vol. 60, no.
1, pp. 139–148, Jan. 2012.
TABELA III. VALORES DAS DEFASAGENS ESTIMADAS [3] R. Curran, Q. Luu, and M. Pachchigar, “RF-to-bits solution offers
Defasagem 1,5 GHz 2,7 GHz 3,2 GHz 5,5 GHz precise phase and magnitude data for material analysis,” Analog
Dialogue, vol. 48, no. 4, pp. 1–5, Oct. 2014.
0º (ref.) –0,08º 0,28º –0,14º 0,11º
[4] Analog Devices, “400 MHz to 6 GHz quadrature demodulator,”
–5º –4,88º –5,04º –5,89º –4,27º ADL5380 datasheet, Dec. 2014 [Rev. B].
–50º –49,95º –48,98º –49,6º –50,10º [5] “IEEE Standard Letter Designations for Radar-Frequency Bands”, in
IEEE Std 521-1984, pp. 1-8, Nov, 1984.
–100º –100,72º –99,16° –99,21º –104,03º
[6] Texas Instruments, “Ultra-small, low-power, 16-bit analog-to-digital
–200º –201,45º –200,88º –203,81º –203,40º converter with internal reference,” ADS1115 datasheet, Jan. 2018
[SBAS444D].
–300º –302,12º –302,81º –304,30º –304,30°
[7] Stack Exchange Network, 'Combined fitting via NonlinearModelFit',
2012. [Online]. Available: https://mathematica.stackexchange.com/
V. COMENTÁRIOS FINAIS questions/15905/combined-fitting-via-nonlinearmodelfit. [Accessed: 10-
Neste artigo, foi proposto um procedimento para a Feb- 2020].
calibração de comparadores vetoriais em micro-ondas cuja [8] E. Hsu, How to generate multi-channel phase-stable and phase-coherent
arquitetura emprega um demodulador em quadratura. Em signals. Apr. 4, 2019. Accessed: Mar. 09, 2020. [Online]. Available:
https://blogs.keysight.com/blogs/tech/rfmw.entry.html/2019/04/10/how_
síntese, o método baseia-se em estimar os parâmetros de duas to_generate_mult-tLFC.html

391
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Método de Casamento de Modos Aplicado ao


Estudo de Guias de Ondas Cilı́ndricos com
Bifurcações
Andre L. S. Lima, Guilherme S. Rosa, e José R. Bergmann
Centro de Estudos em telecomunicações
Pontifı́cia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, RJ 22451-900, Brasil
santos@cetuc.puc-rio.br, guilhermesimondarosa@cetuc.puc-rio.br

Resumo—Este trabalho apresenta uma formulação baseada Região II


no método de casamento de modos na análise eletromagnética
Região I Região III
de guias circulares bifurcados em domı́nios circulares e coaxiais. Região II
A matriz de espalhamento generalizada é obtida permitindo uma Região I
solução analı́tica para as integrais de acoplamento. Resultados
de validação são apresentados demonstrando que a formulação
pode ser empregada no modelamento acurado e eficiente de uma
classe de estruturas guiadas.
Keywords—Método de casamento de modos, guias de ondas, Região III

método analı́tico.
Figura 1. Geometria para bifurcação em guia circular. A região hachurada
representa condutor elétrico perfeito.
I. I NTRODUÇ ÃO

A descrição computacional do acoplamento entre guias


II. F ORMULAÇ ÃO
de ondas pode a primeira vista aparentar ser um problema
simples, mas mesmo uma junção do tipo degrau entre dois A estrutura de base apresentada na Fig. 1 é utilizada para
guias de ondas pode demandar horas de simulação em estações modelagem da bifurcação entre a entrada circular (região II)
de trabalho dedicadas. Quando os parâmetros de simulação acoplada a circular (região I) e coaxial (região III). Esta es-
são crı́ticos, por exemplo, um coeficiente de reflexão inferior trutura é interessante devido a sua versatilidade na composição
a −40 dB, a quantidade de memória RAM necessária para o de subdomı́nios de uma estrutura complexa. Cada guia de
problema pode ser muito elevada, ou mesmo ser impraticável onda é considerado semi-infinito longitudinalmente, preen-
de ser solucionado em tempo hábil. Notadamente, quando o chido com material homogêneo e isotrópico nos domı́nios
problema envolve a otimização de estruturas guiadas, na qual definidos abaixo.
centenas ou milhares de simulações devem ser realizadas,
percebemos que o estudo de técnicas de eletromagnetismo • Região I: 0 ≤ ρ ≤ a e z < 0 para todo φ
computacional alternativas e mais eficientes são necessárias. • Região II: 0 ≤ ρ ≤ d e z > 0 para todo φ
Neste sentido, este trabalho apresenta o estudo de métodos • Região III: b ≤ ρ ≤ c e z < 0 para todo φ
analı́ticos para a solução eletromagnética rigorosa (de onda As expressões para os campos que são solução para as
completa) no domı́nio da frequência de uma classe de estru- equações de Maxwell em coordenadas cilı́ndricas são bem
turas guiadas baseadas no método de casamento de modos conhecidas, e, para evitar repetições, adotou-se notação similar
(conhecido na literatura internacional como Mode-Matching à utilizada em [11, Ch. 5], ou seja, a dependência harmônica
Technique (MMT) [1]–[9]). temporal na forma exp(+jωt) será assumida e omitida.
No passado, um problema foi modelado em [10] usando a Os campos eletromagnéticos numa região homogênea livre
teoria de resı́duos para resolver o acoplamento entre guias de de fontes podem ser representados pela superposição das suas
ondas bifurcados no plano z = 0, como ilustrado na Fig. 1. componentes transversais magnética (TMz ) e elétrica (TEz )
Esta formulação considerou no máximo dois modos propagan- com respeito a z por meio de [11, Sec. 3-12]
tes nos guias, e exige muito esforço analı́tico caso campos de
alta ordem sejam necessários para melhoria da acurácia. Será 1
E = −∇ × F +∇×∇×A (1)
apresentada uma formulação generalizada baseada no MMT, jω
que permita incluir tantos campos modais quanto o necessário 1
H=∇×A+ ∇×∇×F (2)
para a correta convergência dos resultados. jωµ

392
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

sendo os vetores potenciais dados por A = ψ TM uz e campo. As condições de contorno são aplicadas no plano da
F = ψ TE uz , com os potenciais sendo representados por uma bifurcação, em z = 0, e, através da conservação da reação [5],
superposição modal infinita como [13], [11, p. 118], [14] nas aberturas SII − SI e SII − SIII ,
∞ X
X ∞ obtém-se
TM/TE TM/TE
ψ = ψrs . (3)
r=0 s=0
P̄¯ [ĀI + B̄I ] + Ū
¯ [Ā + B̄ ] = Q̄
III III
¯ [Ā + B̄ ]
II II (13a)
A r-ésima componente modal para z ≥ 0 é da forma [11, ¯ T ¯
p. 199] P̄ [B̄II − ĀII ] = R̄[ĀI − B̄I ] (13b)
TM
¯ T ¯
Ū [B̄II − ĀII ] = W̄ [ĀIII − B̄III ], (13c)
TM
ψrs = BrTM (kcrs
TM
ρ) cos (rφ − α) e−Γrs z
(4)
TE
ψrs = BrTE (kcrs
TE
ρ) sin (rφ − α) e −ΓTE
rs z (5) onde as amplitudes modais Ā e B̄ são vetores coluna, e
as matrizes P̄¯ , Q̄
¯ , Ū
¯ , R̄
¯ e W̄
¯ em (13) são formadas pelos
TM/TE
sendo a constante de propagação Γrs dada por elementos,
r 2
TM/TE
ΓTM/TE
Z
rs = kcrs − k2 , (6)
Pnm = (emI × hnII ) · ds (14)
SI
onde a ramificação da raiz quadrada aplicada foi Z
TM/TE √ Qnn = δn,n (enII × hnII ) · ds (15)
<e(Γrs ) ≥ 0 e k = ω µ, e α é uma constante
SII
associada a polarização no domı́nio azimutal φ. A função Z
TM/TE
cilı́ndrica Br (·) é a solução da equação diferencial Unp = (epIII × hnII ) · ds (16)
de Bessel de ordem inteira r e, por conveniência, pode ser SIII
Z
expressa de forma compacta como Rmm = δm,m (emI × hmI ) · ds (17)
BrTM/TE (kcrs
TM/TE
ρ) = Z SI
 TM/TE Wpp = δp,p (epIII × hpIII ) · ds, (18)
Jr (kcrs
 ρ), para região I SIII
TM/TE
Jr (kcrs ρ), para região II (7) onde os subscritos no lado esquerdo da expressão indicam
 TM/TE TM/TE

as linhas e colunas, respectivamente, e, δi,j é o delta de
Zr (kcrs ρ), para região III
Kronecker, advindo da ortogonalidade dos campos modais na
sendo seção transversal do guia de onda [15, Ch. 1], [12, Sec. 15.8].
ZrTM (kcrs
TM TM
ρ) = Yr (kcrs TM
b)Jr (kcrs TM
ρ) − Jr (kcrs TM
b)Yr (kcrs ρ) As integrais de acoplamento descritas acima são apresentadas
no apêndice.
Uma relação entre as amplitudes dos campos incidentes
(8)
e refletidos pode ser obtida através da solução do sistema
ZrTE (kcrs
TE
ρ) = Yr0 (kcrs
TE TE
b)Jr (kcrs ρ) − Jr0 (kcrs
TE TE
b)Yr (kcrs ρ) de equações em (13), fornecendo a matriz de espalhamento
(9) generalizada (Generalized Scattering Matrix-GSM) [5], ou
onde Jr (·) e Yr (·) são funções de Bessel de primeiro e seja,
segundo(Neumann) tipo de ordem inteira r, e 0 representam
diferenciação de primeira ordem com relação ao argumento. S̄¯11 = [R̄
¯ + P̄¯ T (2Q̄
¯ − F̄¯ )−1 P̄¯ ]−1 [R̄
¯ − P̄¯ T (2Q̄
¯ − F̄¯ )−1 P̄¯ ]
Para cada ı́ndice azimutal r, a constante de propagação radial (19a)
TM/TE
kcrs são as raı́zes das respectivas equações caracterı́sticas
da região em análise, ou seja, S̄¯ = [R̄
12
¯ + P̄¯ (2Q̄
T ¯ − F̄¯ ) P̄¯ ] [P̄¯ + P̄¯ (2Q̄
−1 −1 T T ¯ − F̄¯ )−1 F̄¯ ]
(19b)
JrTM (kcrs
TM

a) = 0
para região I (10) S̄¯13 = −2R̄ P̄ [(2Q̄
¯ −1 ¯T ¯ − F̄¯ ) + P̄¯ R̄ P̄ ] Ū
¯ −1 ¯ T −1
¯ (19c)
Jr0TE (kcrs
TE
a) = 0
S̄¯21 = 2[(2Q̄
¯ − F̄¯ ) + P̄¯ R̄
¯ P̄¯ ] P̄¯
−1 T −1
(19d)
JrTM (kcrs
TM ¯ ¯ ¯ ¯ ¯ −1 ¯ T −1 ¯ ¯ ¯ −1 ¯ T

d) = 0 S̄22 = −[(2Q̄ − F̄ ) + P̄ R̄ P̄ ] [F̄ − P̄ R̄ P̄ ] (19e)
para região II (11)
Jr0TE (kcrs
TE
d) = 0
S̄¯ = 2[(2Q̄
23
¯ − F̄¯ ) + P̄¯ R̄
¯ −1 P̄¯ T ]−1 Ū
¯ (19f)
ZrTM (kcrs
TM
c) = 0
 S̄¯31 = −2W̄¯ −1 Ū
¯ T [(2Q̄
¯ − F̄¯ ) + P̄¯ R̄¯ −1 P̄¯ T ]−1 P̄¯ (19g)
para região III (12) ¯ ¯ ¯ T ¯ ¯ ¯ −1 ¯ T −1 ¯ −1
Zr0TE (kcrs
TE
c) = 0 S̄32 = [W̄ + Ū (Q̄ + P̄ R̄ P̄ ) Ū ]
As componentes modais de campo para z ≤ 0 podem ser ¯ T − Ū
× [Ū ¯ T (Q̄
¯ + P̄¯ R̄
¯ −1 P̄¯ T )−1 (P̄¯ R̄
¯ −1 P̄¯ T − Q̄
¯ )]
obtidas por relações de simetria [12, p. 861]. Uma vez decom- (19h)
posto o problema em subdomı́nios circulares e coaxial, uma ¯ ¯ ¯ T ¯ ¯ ¯ −1 ¯ T −1 ¯ −1
S̄ = [W̄ + Ū (Q̄ + P̄ R̄ P̄ ) Ū ]
33
solução analı́tica para cada região pode ser expressa através ¯ − Ū
¯ T (Q̄
¯ + P̄¯ R̄
¯ −1 P̄¯ T )−1 Ū
¯ ],
de um somatório modal para as componentes transversais de × [W̄ (19i)

393
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

onde F̄¯ = Q̄¯ − Ū


¯ W̄
¯ −1 Ū
¯T . 0
¯
A matriz S̄ em (19) permite descrever o problema para
-5 TE11
(I)
múltiplos modos num dispositivo de três portas, como ilus-
TE11
(II)

trado na Fig. 1. Entretanto, casos especiais podem ser explo- -10


TE11
(III)

rados através da inserção de dielétricos ou terminações nas -15 TM11


(II)

portas(curto-circuitos). Adicionalmente, matrizes GSMs po- TM11


(I)

-20

|S11|(dB)
dem ser cascateadas para modelamento de estruturas guiadas
mais complexas conectadas as regiões I, II e III através das -25
relações em [16], [17].
-30
III. R ESULTADOS N UM ÉRICOS
-35
Para ilustrar a versatilidade do método, resultados de
-40
simulação para o coeficiente de reflexão e transmissão de
dispositivos excitados pelo modo TE11 na faixa superior da -45
banda X (10 GHz–12 GHz) e banda Ku (12 GHz–18 GHz) 10 11 12 13 14
são apresentados. Um algoritmo numérico foi implementado Frequência (GHz)
em Fortran 90 utilizando operações em ponto flutuante com
precisão dupla, e os resultados foram comparados com os Figura 2. Coeficiente de reflexão para os modos propagantes nas regiões I,
II e III em função da frequência para o Caso 1. Os resultados deste trabalho
obtidos pelo método dos elementos finitos [18] e resultados são representados por sı́mbolos. Em linha sólida resultados de simulação [18].
experimentais publicados [19]. Adicionalmente, utilizou-se um
material homogêneo com permeabilidade µr = 1.
0
A. Caso 1: Bifurcação Circular-Coaxial
-5
Inicialmente considerou-se o problema da bifurcação da
Fig. 1, onde o meio é caracterizado por r = 1, e a = b = -10
1, 45 cm e c = d = 1, 60 cm. A Fig. 2 ilustra os coeficientes
-15
|S11|,|S21| (dB)

de reflexão em decibel para os modos nas regiões I, II e III


em função da frequência. Foram utilizados 20, 28 e 10 modos -20
na região I, II e III, respectivamente, sendo balanceados
entre TE e TM. -25
O tempo computacional do algoritmo implementado
-30
aproxima-se dos 6 segundos para 81 amostras de frequência
de 10 GHz–14 GHz, utilizando 7 MB de RAM em uma -35 MMT
Workstation Hewlett-Packard com processador duplo de 2.40- FEM
GHz Intel Xeon E5620 8-core. Por outro lado, a simulação -40
12 13 14 15 16 17 18
Frequência (GHz)
em elementos finito (FEM) requereu 43.053 tetraedros, em
138 minutos e 1.2 GB de RAM para obter o mesmo número
de amostras. Figura 3. Coeficientes de reflexão (•) e transmissão (◦) em dB para o modo
TE11 na região I em função da frequência para o Caso 2. Os resultados
B. Caso 2: Guia Circular com Descontinuidade em Degrau deste trabalho são representados por sı́mbolos enquanto em linha sólida são
Neste caso analisou-se a configuração inserida na Fig. 3 resultados de simulação [18].
cujos parâmetros estão na Tabela I. Guias circulares de raios
distintos são acoplados através de uma seção intermediária. Tabela II
PAR ÂMETROS DE SIMULAÇ ÃO PARA O C ASO 3.
C. Caso 3: Junção de Guias Circular e Coaxial
Int. Ext.
Um terceiro caso é ilustrado na Fig. 4 sendo seus parâmetros Região raio (mm) raio (mm) r L (mm) Modos
apresentados na Tabela II. Trata-se de um filtro para baixas I – 6.900 2.1 – 20
frequências na banda Ku obtido pela junção de um guia II 3.175 6.900 2.1 10 10
circular através de uma seção coaxial. III – 6.900 2.1 – 20

Tabela I D. Caso 4: Guia Circular com Fendas Radiais Assimétricas


PAR ÂMETROS DE SIMULAÇ ÃO PARA O C ASO 2.

Região Raio (mm) r L (mm) Modos Considerou-se agora a geometria inserida na Fig. 5 com
I 7.5 1.0 – 20 parâmetros dados na Tabela III. Este caso ilustra um conversor
II 12 1.0 20 36 modal [19] de TE11 na região I no modo hı́brido HE11 através
III 16 1.0 – 48 das corrugações.

394
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

0 Tabela IV
PAR ÂMETROS DE SIMULAÇ ÃO PARA O C ASO 5, SENDO d = w = 3 MM .
-5
-10 Região Raio (mm) r L (mm) Modos
-15 I 9.27 1.0 – 8
II 15.27 1.0 3 14
-20
III 9.27 1.0 7 8
|S11|,|S21| (dB)

-25 IV 15.27 1.0 3 14


-30 V 9.27 1.0 7 8
VI 15.27 1.0 3 14
-35 V II 9.27 1.0 – 8
-40
-45

MMT
-50
-55 FEM
-60
10 11 12 13 14 15 16 17 18
Frequência (GHz)

Figura 4. Coeficientes de reflexão (•) e transmissão (◦) em dB para o modo


TE11 na região I em função da frequência para o Caso 3. Os resultados
deste trabalho são representados por sı́mbolos enquanto em linha sólida são
resultados de simulação [18].

Tabela III
PAR ÂMETROS DE SIMULAÇ ÃO PARA O C ASO 4, SENDO d = w = 3 MM .

Região Raio (mm) r L (mm) Modos


I 9.27 1.0 – 8
II 15.27 1.0 3 14
III 9.27 1.0 7 8
IV 15.27 1.0 3 14 Figura 6. Coeficiente de reflexão em dB para o modo TE11 na região
V 9.27 1.0 7 8 I em função da frequência para o Caso 5. Os resultados deste trabalho
VI 15.27 1.0 3 14 são representados por sı́mbolos enquanto em linha sólida são resultados
V II 9.27 1.0 – 8 experimentais publicados [19].

-14 Fig. 6. Os parâmetros estão na Tabela IV.


-16 MMT
-18 Exp. IV. C ONCLUS ÃO
-20 Uma modelagem eletromagnética de guias de ondas circula-
-22 res bifurcados foi explorada neste trabalho com base no MMT.
-24
A matriz de espalhamento GSM para o caso de três portas
|S11| (dB)

foi determinada, e todas as integrais de acoplamento foram


-26
apresentadas em forma analı́tica. Os resultados demonstram
-28
que a abordagem utilizada permite modelar acuradamente uma
-30
classe de estruturas em guias circulares de forma eficiente. A
-32
formulação desenvolvida unifica um número de acoplamentos
-34 modais de uma forma generalizada.
-36
-38
A P ÊNDICE
12 13 14 15 16 17 18 I NTEGRAIS DE ACOPLAMENTO
Frequência (GHz) As matrizes em (13) foram descritas como quatro sub-
matrizes relacionando as componentes modais como
Figura 5. Coeficiente de reflexão em dB para o modo TE11 na região  ¯ TETE ¯ TMTE 
I em função da frequência para o Caso 4. Os resultados deste trabalho P̄ P̄
são representados por sı́mbolos enquanto em linha sólida são resultados P̄¯ = ¯ TETM ¯ TMTM , (20)
experimentais publicados [19].
P̄ P̄
Definição similar se aplica as matrizes Q̄ ¯ , Ū
¯ , R̄
¯ e
¯
W̄ .Importante observar-se que as matrizes de auto-reação Q̄ ¯,
E. Caso 5: Guia Circular com Fendas Radiais Simétricas ¯ ¯
R̄ e W̄ são diagonais, em consequência da ortogonalidade dos
O último caso é o de um conversor modal similar ao Caso 4, modos, enquanto as matrizes de reação P̄¯ e Ū
¯ são cheias. Adi-
mas utilizando fendas radiais simétricas, como ilustrado na cionalmente, não há acoplamento entre modos TM na região

395
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

I e III com modos TE na região II, como consequência, as R EFER ÊNCIAS


sub-matrizes P̄¯ TMTE e Ū
¯ TMTE são matrizes nulas.
[1] A. Wexler, “Solution of waveguide discontinuities by modal analysis,”
Para o caso onde temos dependência azimutal r = 1, temos IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol. 15, no. 9,
pp. 508–517, Sep. 1967.
0 [2] P. J. B. Clarricoats and K. R. Slinn, “Numerical solution of waveguide-
TETE ΓTE
n
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jωµ (kcm cn
(21a) [3] P. H. Masterman and P. J. B. Clarricoats, “Computer field-matching
solution of waveguide transverse discontinuities,” Proceedings of the
TETM TE TM
Pmn = πJ1 (kcm a)J1 (kcn a) (21b) Institution of Electrical Engineers, vol. 118, no. 1, pp. 51–63, Jan. 1971.
TM TM TM 0 TM
[4] W. J. English, “The circular waveguide step-discontinuity mode trans-
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TMTM
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TETE ΓTE
m π
 TE 2 [6] F. Arndt, R. Beyer, J. M. Reiter, T. Sieverding, and T. Wolf,
(kcm a) − 1 J12 (kcm
TE

Rmm = a) (22a)
jωµ 2 “Automated design of waveguide components using hybrid mode-
matching/numerical em building-blocks in optimization-oriented cad
ΓTM π TM 2 02 TM
TMTM
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TE

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[9] F. Arndt, “Hybrid methods - efficient em cad and optimization of mi-
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TETM
Upn = πZ1TE (kcp
TE TM
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NY, USA: McGraw-Hill, 1961.
TMTM
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TM
ckcn TM
J1 (kcn c)Z10TM (kcp
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TETE
ΓTE
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(kcp c) − 1 Z1TE (kcpTE

Wpp = c) [15] N. Marcuvitz, Waveguide handbook, ser. IEE electromagnetic waves
jωµ 2
 TE 2 2 o series. New York: McGraw-Hill, 1951.
b) − 1 Z1TE (kcpTE

− (kcp b) (25a) [16] D. J. R. Stock and L. J. Kaplan, “A comment on the scattering matrix of
cascaded 2n-ports (correspondence),” IRE Transactions on Microwave
TMTM
ΓTM
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Wpp = (kcp c) Z1 (kcp c) [17] P. L. Overfelt and D. J. White, “Alternate forms of the generalized
jω 2 composite scattering matrix,” IEEE Transactions on Microwave Theory
2 o and Techniques, vol. 37, no. 8, pp. 1267–1268, Aug. 1989.
b) Z10TM (kcp
TM 2 TM

− (kcp b) . (25b) [18] CST AG, CST Studio Suite 2019, Darmstadt, Germany, 2019.
[19] G. L. James and B. M. Thomas, “TE11 to HE11 cylindrical waveguide
mode converters using ring-loaded slots,” IEEE Transactions on Mi-
Nestas expressões os subscritos m, n e p são utilizados para crowave Theory and Techniques, vol. 30, no. 3, pp. 278–285, Mar. 1982.
representar os ı́ndices das matrizes (linhas e colunas), bem
como indicar as regiões I, II e III, respectivamente.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação


de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior – Brasil
(CAPES) – Código de Financiamento 001.

396
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Numerical investigation of a tunable plasmonic filter


based on graphene nanodisk resonator
1st Jórdan Martins da Cruz 2nd Victor Dmitriev 3rd Wagner Ormanes Castro
Dept. of Electrical Engineering Dept. of Electrical Engineering Dept. of Electrical Engineering
Federal University of Para Federal University of Para Federal Rural University of Amazonia
Belem, Brazil Belem, Brazil Belem, Brazil
jaleixocruzmartins@gmail.com victor@ufpa.br wagnerormanes@yahoo.com

Abstract— In this study, a compact nanoscale plasmonic filter cuts dimensions and of the Fermi energy on resonance
was propose and numerically analyze. The plasmonic filter is frequencies of the device.
based on graphene ribbons coupled with a graphene side-cut
nanodisk resonator deposited on silica (SiO2) and silicon (Si) II. STRUCTURE OF DEVICE
dielectric substrate operating in THz region. We investigated the Figure 1 shows the schematic diagram of the graphene
side-cuts dimensions influence in the resonance frequencies. The
plasmonic filter, which is composed of inputting and outgoing
proposed device was numerically investigated by 3D finite
waveguides as well as a disk-shaped resonator with double
element method (FEM). The operation frequency of the device
could also be tuned by modifying the cuts size in cavity and by narrow gaps in the side of the structure. The device is formed
changing Fermi energy from graphene. Our paper provides a by layers of silica (SiO2), silicon (Si) and graphene. Graphene
feasible structure for a graphene plasmonic nano-filter for future resonator of radius 𝑅 = 600 nm, waveguides of width w = 200
use in applications of highly integrated plasmonic device in THz nm and length L = 1500 nm are frontally coupled by a distance
and FIR regions. 𝑔 = 5 nm. The dimensions 𝑤 and 𝐿 are the width and length
of the side-cuts in graphene resonator, respectively. The layers
Keywords— filter; resonator; graphene; surface plasmons; of SiO2 and Si have thickness h1 = h2 = 2500 nm, with relative
terahertz (THz). permittivity ε1 = 2.09 and ε2 = 11.9.

I. INTRODUCTION
Surface plasmon polaritons (SPPs) are electromagnetic
waves that can propagate on metal- dielectric interface
because of the interaction of electromagnetic fields and free
electrons with field profiles exponentially decaying into both
sides [1]. Recently, theoretical studies and experiments have
shown that highly confined SPPs can also propagate through
the graphene surface [2].
Graphene is an allotrope of carbon with a hexagonal two-
dimensional crystalline structure (honeycomb lattice), was the
first one‐atom‐thick (2D) obtained experimentally. Its
remarkable optical, electronic and mechanical properties
qualify graphene as a material with a great potential for Fig. 1 – Schematic of graphene filter (a) Top View, (b) Front View
designing devices [3].
Plasmonic devices operating in the visible, near-infrared III. MODEL AND SIMULATOINS
and THz regions have been demonstrated in a variety of To model the conductivity of graphene in this work, we use
systems, such as, waveguides [4], filters [5], all-optical the semi-classic model of Drude, present in equation (1). As
switchers [6], and Bragg reflectors [7]. These devices are very there no presence of external magnetic field, the conductivity
important in communication area, and have been extensively of monolayer graphene is described by the following equation
analyzed in recent years [8, 9]. When using graphene, the [11]:
performance of plasmonic filter can be changed as modifying (1)
his structure [10]. 2𝐷 𝑖𝜔 − 1 𝜏
In this work, a plasmonic filter based on a graphene is 𝜎=
𝜋 (𝜔 + 𝑖 𝜏)
proposed. The device consists of a graphene nanodisk-shaped
resonator with side-cuts, coupled frontally to two waveguides
also of graphene. The graphene elements are deposited in where 𝐷 = 2𝜎 𝜖 ⁄ℏ is the Drude weight, 𝜎 = 𝑒 ⁄(4ℏ) is the
dielectric substrate. Was analyzed the influences of the side- universal conductivity of graphene, 𝜖 is related to fermi
energy of graphene, ℏ is the reduced Planck’s constant, 𝜏 is the

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

relaxation time, 𝑒 is electron charge and 𝜔 is the frequency of FEM results are caused by multiple reflections at the edges of
the incident wave. side-cuts in resonator. Moreover, the other frequencies of
In numerical calculus, we use the commercial software higher order (quadrupole, hexapole and octapole modes)
COMSOL Multiphysics, based on finite element method disappear due also the multiple reflections with destructive
(FEM) to perform the simulations [12]. As graphene is a two- interference caused by influence of the lateral cuts.
dimensional material, it has an atomic thickness that cannot be
inserted directly in software COMSOL. To solve this problem,
we consider a monolayer with a finite thickness 𝑑 and the
conductivity of graphene given by [𝜎 ] = [𝜎 ]⁄𝑑 , where [𝜎 ]
is the surface conductivity of graphene [13]. In the simulations
we assume 𝑑 = 1nm, 𝜖 = 0.15 eV and 𝜏 = 0.9 ps, usual values
IV. NUMERICAL RESULTS
The principle of operation of the filter is based on guided
plasmonic waves in the graphene waveguides, which excite
the dipole, quadrupole, hexapole and octapole mode
resonances in the resonator. To start with, the frequency
characteristics of the filter without side-cuts in resonator are
plot in Fig. 2 to be compared with the proposed structure (see
Fig. 1). We shall consider in the following only the losses
related to the resonator. For this purpose, we subtract from the
whole losses of the filter the losses of the waveguides with the
length 2L (see Fig. 1). It is possible to observe that there are
four transmission extremums in the frequencies 5.45 THz
(dipole mode), 7.2 THz (quadrupole mode), 8.55 THz
(hexapole mode) and 9.8 THz (octapole mode) corresponding
to the levels of transmission of - 1.9 dB, - 2 dB, - 2.1 dB and - Fig.3 – |𝐸 | distribuition at a) 5.45 THz (dipole), b) 7.2 THz
2.2 dB, respectively. (quadrupole), c) 8.55 THz (hexapole) and d) 9.8 THz (octapole).

On the other hand, at the frequency of 6 THz, the incident


wave does not pass from port 1 to port 2 (Fig. 4c), while the
wave transmission from port 1 to port 2 also occurs at the
frequency of 8.9 THz (Fig. 4d).

Fig. 2 – Transmission and reflection coefficients for the structure without cuts,
𝜖 = 0.15 eV

The wave injected into port 1, will be transmitted to port 2,


as can be seen in the field distribution of the Ez component of
the electric field for the dipole, quadrupole, hexapole and
octapole modes presented in figures 3a-d, respectively.
We introduce double cut with the width and length of 200
nm in side of resonator (see Fig. 1). The frequency
characteristics and the field distributions of the propagation of
SPPs for three different frequencies (4.4 THz, 6 THz and 8.9
THz) are present in figures 4a-d, respectively. All other
parameters are kept fixed, i.e. R = 600 nm, w = 200 nm, L =
Fig.4 – a) Transmission and reflection coefficients for the structure with side-
1500 nm, g = 5 nm and 𝜖 = 0.15 eV. It is observed that the cuts, wc = Lc = 200 nm and 𝜖 = 0.15 eV and |𝐸 | distribuition at b) 4.4 THz
device starts to operate at the dipole resonance frequency of (dipole mode), c) 6 THz (isolation) and d) 8.9 THz (transmission).
4.4 THz (Fig. 4a), with insertion losses of -3.2 dB. It can be
understood that the increase in insertion losses found in the

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Next, we investigated the influence of different side-cuts in V. VARYING THE FERMI ENERGY
the graphene resonator on the resonance frequencies of device. To investigate dynamically the control of the frequency
The width 𝑤 of the side-cut was varied from 50 nm to 500 band of the graphene plasmonic filter, we vary 𝜖 from 0.15
nm and the length 𝐿 was set as 200 nm, while other eV to 0.3 eV, while keeping other parameters fixed.
parameters are fixed as above. Figure 5 shows the Frequency responses of the filter are shown in Fig. 9, from
transmission spectra of dipole mode for three variations of 𝑤 which it can be observe that the resonance frequencies of the
(100 nm, 200 nm and 300 nm). We observe that the filter are displaced from 4.4 THz to 6.4 THz (dipole mode),
excitations of resonant dipole modes in the nanocavity not and 6 THz to 8.5 THz, 8.9 THz to 12.2 THz for the other
change the operation frequency of the device, presenting a higher order modes.
linear behavior of the widths 𝑤 with the dipolar frquency, as
can be in Fig. 6.

Fig. 7– Transmission responses with respect to different 𝐿 of the side-cuts


and 𝑤 = 200 nm.
Fig. 5– Transmission responses with respect to different 𝑤 of the side-cuts
and 𝐿 = 200 nm.

Fig. 8– Dipole resonant frequencies with respect to the width 𝐿 of the side-
cut and 𝑤 = 200 𝑛𝑚.
Fig. 6 – Dipole resonant frequencies with respect to the width 𝑤 of the side-
cut and 𝐿 = 200 nm. .
Furthermore, the transmission spectra with different
lengths 𝐿 of the side-cuts in the graphene nanodisk were also
studied. Figure 7 shows the transmission response to three
lengths (100 nm, 200 nm and 300 nm), while the other
parameters are set as R = 600 nm, w = 200 nm, L = 1500 nm,
g = 5 nm, 𝑤 = 200 nm and 𝜖 = 0.15 eV. By introducing
side-cuts in disk resonator, the transmission of the dipole
resonance mode can be effectively adjusted by changing the
length (𝐿 ). It reveals that the transmission peak of the dipole
mode is shifts to lower frequencies with the increasing of the
length of the side-cut 𝐿 . In Fig. 8, there is a linear relationship
between the resonant frequency and the length 𝐿 (increasing
from 50 nm to 500 nm in steps of 50 nm). Fig. 9 – Transmission and reflection coefficients for the structure with side-
cuts, wc = Lc = 200 nm and 𝜖 = 0.3 eV.

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VI. CONCLUSIONS [14] Zunwei Liu, Tian Zhang, Jian Dai, and Kun Xu "Wideband and
polarization-independent silicon waveguide to plasmonic waveguide
In this paper, we have numerically investigated one type mode converter based on optimization algorithms", Proc. SPIE 11455,
of compact plasmonic filter based on graphene and dielectric Sixth Symposium on Novel Optoelectronic Detection Technology and
Applications, 114554J (17 April 2020);.
substrate operating in the THz region. The device consists of
two graphene waveguides frontally coupled to a graphene
resonator with side-cuts, which was designed to modify the
transmission characteristics of the proposed filter. The
frequency responses have been studied by FEM method. The
simulation results show that the side-cuts created in the
resonator can be experienced multiple reflections at the
discontinuity introduced by the cut. The dipolar resonance
frequency of the plasmonic filter could be tuned in a large
frequency range based on resonator geometric design and also
by change Fermi energy of graphene applying an external
electric field. The results of this study can be used to design
filters and modulators operating in THz and FIR regions.
ACKNOWLEDGMENTS
This work was supported by the Brazilian Agency National
Counsel of Technological and Scientific Development CNPq,
Federal University of Para (UFPA) and Federal Rural
University of Amazônia
.
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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Implementação De Um Analisador De Espectro


Utilizando O Conceito De Rádio Definido Por
Software

Paulo Vinicius A. de Freitas, Ruan F. Hanthequeste, Ângelo A. Caldeira Canavitsas


Gabriel B. A. Orofino, Pedro V Gonzalez Castellanos PETROBRAS – Petróleo Brasileiro S.A.
Universidade Federal Fluminense (UFF) Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Niterói, RJ, Brasil canavitsas@petrobras.com.br
pvafreita@gmail.com

Robson Costa Bentes


Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
rbentes@anatel.gov.br

Resumo—O rádio definido por software (RDS) vem permitindo definidas áreas de cobertura, verificar níveis de interferência e
aos engenheiros a possibilidade de implementação de operações avaliar os diferentes mecanismos de propagação. Por outro lado,
em software que antigamente só eram possíveis de serem este tipo de equipamento é de alto custo e, na maioria dos casos,
realizadas através de hardware. Com o contínuo aumento da de dimensões físicas e peso que demandam uma viatura para seu
capacidade de processamento dos computadores é possível transporte para, enfim, viabilizar a campanha de coleta das
modificar em tempo real os parâmetros de operação dos novos informações desejadas.
rádios chamados de rádios RDS ou utilizar dispositivos comerciais
para outros propósitos, além daqueles estabelecidos na sua O objetivo deste artigo é apresentar o desenvolvimento de
concepção. O presente trabalho tem como objetivo a um protótipo para medição de potência de sinais em
caracterização de um dispositivo comercial utilizado para radiofrequência (RF), de baixo custo, dimensões e peso
recepção de sinal digital de televisão Digital Video Broadcasting - reduzidos para facilitar ou viabilizar campanhas de medição em
Terrestrial (DVB-T) para coletar medições de potência numa cenários que, em alguns casos, com os equipamentos
determinada faixa de frequência com maior exatidão. convencionais seriam impossíveis ou de custo elevado.
Keywords—Radio definido por Software; Radio Cognitivo; No trabalho presente, os autores implementaram um
Calibração protótipo de analisador de espectro através de um dispositivo de
baixo custo (RTL-SDR R820T2) e software livre.
I. INTRODUÇÃO Posteriormente, o protótipo foi calibrado para definir sua
Com o crescente aumento da demanda por serviços e acesso referência de potência recebida. Como parte final do trabalho, o
à Internet nos últimos anos, tem se incrementado a necessidade dispositivo foi embarcado em um drone para a realização de
dos usuários se manterem constantemente conectados, na medições, com objetivo de avaliar a degradação por difração
maioria dos casos, através de dispositivos móveis como causada pelo morro do Pão de Açúcar, bairro da Urca, na cidade
Notebooks, Tablets e Smartphones. Esses novos serviços cada do Rio de Janeiro.
vez mais estão demandando bandas de frequências para alocar O artigo está organizado como segue: a Seção II apresenta o
os sinais transmitidos ao usuário. Porém, a alocação de banda Rádio Definido por Software. A Seção III descreve as
para esses serviços não é suficiente para garantir o ferramentas do RDS. O protótipo é conceitualmente apresentado
funcionamento correto do sistema. Antes de implantar quaisquer na Seção IV. A Seção V descreve os experimentos realizados
sistemas de comunicação sem fio, é necessária a realização de para calibração do sistema. A Seção VI relata a utilização do
estudos sobre o comportamento e disponibilidade do sinal dentro protótipo em medições em difração. Por fim, a Seção VII,
dos cenários que estes vão funcionar. De maneira específica, apresenta a conclusão sobre o presente trabalho.
deve ser realizada a caracterização do canal de radiopropagação
que deverá, entre outros, determinar a área de cobertura dos II. RÁDIO DEFINIDO POR SOFTWARE
sistemas de acordo com os parâmetros de cada serviço de
comunicação. Na atualidade, este tipo de estudo é realizado por A. Conceito RDS
engenheiros de telecomunicações utilizando-se de equipamentos Um RDS é um dispositivo de comunicação sem fio que
como o analisador de espectro cuja função, entre outras, é coletar possui parte de suas funções implementadas por software em um
o espectro do sinal recebido e calcular o seu nível em cada ponto computador, em vez de usar componentes fixos de hardware [4],
de medição do cenário. Com estas informações podem ser facilitando a integração e a configuração de diferentes

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parâmetros. Em 1999 Joseph Mitola [5] [6] utilizou o conceito Neste trabalho será utilizado o RTL-SDR R820T2 [8] dado o seu
de cognição que é o processo de tomar decisões e resolver baixo custo. Esta peculiaridade possibilitou a massificação de
problemas através da aquisição de conhecimentos com seu uso, tanto de entusiastas, como de pesquisadores ao redor do
experiências passadas, para propor uma nova classe de rádios mundo [9]. Para o desenvolvimento deste projeto, as
que utiliza o espectro de forma mais eficiente. Mitola aborda o características de pequena dimensão física e baixo peso
RDS como um rádio transceptor cujos sinais permitiram embarcar o protótipo num drone para a realização de
transmitidos/recebidos são gerados/recebidos e medições.
modulados/demodulados por software [5]. Este tipo de
implementação permitirá aos usuários mudar os parâmetros do Como a aplicação comercial do dispositivo é a recepção de
sinal para adaptar este aos diferentes ambientes de propagação e sinal de televisão digital (TVD), no caso DVB-T, FM e Digital
aplicações. Audio Broadcasting (DAB), a maioria destes dispositivos terá
impedância nominal de entrada de 75 Ohms, no entanto, a perda
B. Estrutura Básica do RDS de casamento ao se utilizar cabos de 50 Ohms será mínima, de
O RDS, conforme já definido, é um sistema de comunicação aproximadamente 0,177 dB. A Fig. 2 apresenta o RTL-SDR
cuja funcionalidade é baseada numa combinação de operação R820T2.
em hardware e software. A Fig. 1 apresenta, de forma geral,
como um dispositivo RDS é formado:
Antena

Rx Processamento
Estágio
ADC
- Modulação
RF FI - Demodulação
- Controle de Erro
...
DAC
Tx

Fig. 1. Diagrama de blocos de um rádio definido por software


Fig. 2. Dongle R820T2
O dispositivo de hardware se encarrega de receber o sinal
em RF através de sua antena. O batimento da frequência é B. Software – GNURadio
realizado do oscilador local pela RF recebida pela antena, sendo GNURadio é uma plataforma de código aberto ou conjunto
produzido o sinal de frequência intermediária (FI). Este sinal é de programas em um software livre que permite o
digitalizado pelo conversor analógico digital (ADC) e enviado à desenvolvimento dos componentes de processamento de sinais
unidade de processamento [7] que, neste trabalho, trata-se de um e/ou blocos de processamento necessários para a implementação
computador que processará o sinal convertido em fase (I) e dos RDS. A implementação pode ser realizada de duas formas:
quadratura (Q). a primeira utilizando-se ferramenta gráfica e a segunda através
Importante ressaltar que as características de dispositivos de desenvolvimento de código na linguagem Python.
como o utilizado, por não terem sido fabricados para realizar • GRC (GNURadio Companion) é uma plataforma
medições em RF, possuem limitações de operação que variam gráfica de código aberto que permite o desenvolvimento
com o seu custo. Existem no mercado opções de dispositivos a dos componentes de processamento de sinais e/ou
serem utilizadas com o mesmo propósito, porém, o baixo custo blocos de processamento necessários para a
da solução foi um dos pontos relevados neste trabalho. implementação das aplicações RDS, utilizando
Acerca das limitações do dispositivo, podemos citar as computadores pessoais e equipamentos de rádio de
seguintes: faixa de frequência de operação, nível de baixo custo, tendo um melhor custo benefício tanto para
sensibilidade, nível de saturação e taxa de amostragem. o mercado corporativo, quanto para um usuário comum.
• A plataforma GNURadio possui uma série de códigos
III. FERRAMENTAS DO RDS
em Python que podem ser utilizados e modificados de
A seguir serão apresentados os componentes de hardware acordo com as necessidades. A maioria dos blocos de
(RTL-SDR R820T2) e software (GNU-Radio) utilizados neste processamento é desenvolvida de C++ e integrada no
trabalho. Cabe ressaltar que na literatura existem algumas código Python através da ferramenta Simpler Wrapper
ferramentas de hardware e software que podem ser utilizadas no e Interface Grabber (SWIG). Neste trabalho foi
desenvolvimento de aplicações RDS, porém, as mencionadas adaptado um código em Python para a coleta da medida
aqui são amplamente utilizadas por pesquisadores e entusiastas. da potência recebida, numa determinada faixa de
frequência, modificando-se alguns parâmetros para
A. Hardware - RTL-SDR R820T2
estabelecer a calibração do hardware.
Entre as soluções em hardware, modelos de RDS, pode-se
identificar: Universal Software Radio Peripheral (USRP),
RDSplay, Airspy, FunCube Dongle Pro e o RTL-SDR R820T2.

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IV. O PROTÓTIPO de faixa estreita cuja potência de saída foi mantida constante em
-60 dBm. Na recepção utilizou-se um analisador de espectro da
Anritsu (MS2724B) conectado através do cabo objeto da
análise. Para verificar a atenuação fornecida por cada um dos
cabos utilizados em diversas frequências, realizou-se varredura
na faixa de 100 MHz à 1.7 GHz. A Fig. 4 apresenta o valor de
perda inserida pelos cabos 1 e 2. Nesta figura é possível
observar, como esperado, que há variação do valor de atenuação
fornecido por cada um dos cabos, com máximo de atenuação de
2,9 dB no cabo 2, e 2,5 dB no cabo 1, nas frequências de 1500
MHz e 1700 MHz, respetivamente.

Fig. 3. Diagrama conceitual do protótipo

O hardware utilizado para controle, processamento e


armazenamento das medições é um raspberry pi 3. A Fig. 3
apresenta conceitualmente o protótipo que é composto pela
antena, o dispositivo RTL-SDR R820T2 (Dongle RTL-SDR), o
hardware Raspberry pi 3 e um power bank acoplado.
A coleta de dados de medição é realizada pelo dispositivo
dongle RTL-SDR R820T2 que sintoniza o sinal de RF da antena
e realiza a conversão analógico-digital.
A ferramenta fft_power_fftw controla os componentes do Fig. 4. Calibração dos cabos
dongle e coleta o sinal digital através da porta USB que o
B. Calibração do Protótipo
conecta ao Raspberry pi 3. Para automatizar o processo de coleta
de dados foi desenvolvido um algoritmo em python. Os dados Após a calibração dos cabos e do divisor de potência (3 dB
de medição são armazenados em arquivos no cartão Secure em cada ramo) procedeu-se a calibração do dispositivo para
Digital (SD) do Raspberry pi 3. medição. O diagrama esquemático de interligações para a
Um algoritmo foi desenvolvido para realizar o pós- calibração do RTL-SDR R820T2 pode ser observado na Fig. 5.
processamento necessário no notebook que se conecta ao Foram utilizados os seguintes elementos: Gerador de sinais
protótipo através da rede wireless. Os dados resultantes do pós- (Anritsu MG3700A), analisador de espectro (Anritsu
processamento são automaticamente salvos em arquivos. Para MS2724B), cabos calibrados, divisor de sinal, computador tipo
que os dados de medição possam ser rapidamente visualizados notebook, o código rtl_power.c [10] e o RTL-SDR R820T2.
foi desenvolvido um algoritmo para gerar gráficos a partir de um
arquivo pós-processado [12].
V. DESENVOLVIMENTO E CALIBRAÇÃO

Um dos problemas encontrados neste tipo de dispositivo é a


precisão nos valores dos dados coletados. Conforme citado
anteriormente, o dispositivo utilizado não foi fabricado para o
objetivo deste trabalho que é a coleta do nível de sinal recebido
em diversas larguras de banda. Por este motivo, os resultados RTL-SDR R820T2

das medições apresentam distorções de linearidade. Para


obtermos confiabilidade nos valores dos dados coletados é
necessária a calibração e parametrização dos elementos que
compõem o sistema de medição. Os experimentos foram
Fig. 5. Diagrama esquemático de interligações.
realizados no laboratório de propagação da UFF, onde o setup
de calibração foi montado em bancada. Os elementos utilizados
A calibração foi realizada da seguinte forma:
nessa calibração foram um gerador arbitrário de sinais, um
divisor de potência, dois cabos RG213 e um analisador de • A saída do MG3700A com potência de -60 dBm foi
espectro. A metodologia empregada será brevemente descrita dividida utilizando-se um divisor de sinal que adicionou
nas seguintes seções. perda de 3 dB em cada saída. Em cada uma das saídas do
divisor foram conectados o analisador de espectro e o
A. Calibração dos cabos dispositivo RDS (RTL-SDR R820T2) através dos cabos
Para a calibração de cada um dos elementos foi utilizado um 1 e 2, respetivamente.
gerador de sinal Anritsu (MG3700A) para transmitir um sinal

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

• Para a coleta dos níveis de sinal recebido, o RTL-SDR média de -65 dBm ± 1 dB na frequência de 500 MHz. Para as
R820T2 foi plugado a um computador via porta USB. A outras frequências, os valores de potência recebida dependem
Fig. 6 apresenta a montagem do setup de testes na do valor de atenuação adicionado pelos cabos (Fig. 4).
bancada do laboratório de propagação da UFF. De forma análoga à seção anterior, a tabela I apresenta o
valor de correção que deve ser aplicado à leitura obtida através
do dispositivo. A terceira coluna apresenta o valor obtido no
analisador de espectro.

TABELA I. VALOR DE CALIBRAÇÃO ADICIONADO AO RTL-SDR R820T2


PARA GANHO DE 0 E 8 DB

RTL-SDR R820T2 Anritsu


Frequência
Ganho 0 dB Ganho 8 dB MS2724B
(MHz)
(dB) (dB) (dBm)
100 -14,03 -0,06 -64,78
200 -13,38 0,96 -63,33
300 -17,95 -1,87 -65,45
400 -16,77 -2,48 -63,22
Fig. 6. Montagem para a calibração do RTL-SDR R820T2 500 -14,65 -0,6 -66,22
600 -16,04 -3,21 -63,7
• Após contabilizadas todas as perdas inseridas pelos 700 -20,49 -5,32 -65,74
elementos do setup, a calibração foi realizada 800 -20,48 -6,96 -64,3
comparando-se os valores de potência medidos no 900 -17,18 -3,42 -65,04
analisador de espectro e os valores medidos através do 1000 -17,80 -4,78 -65,82
software que coleta os dados via RTL-SDR R820T2,
levando-se em consideração as configurações ajustadas Após adicionar os valores de calibração foi realizada a
através do código rtl_power.c. comparação de um sinal de banda larga de 6 MHz em ambos
O RTL-SDR R820T2 possui parâmetros que podem ser equipamentos, o protótipo e o analisador de espectro. A Fig. 8
configurados em tempo real. O dispositivo permite adicionar apresenta uma medição realizada no canal digital 29
valor de ganho ao sinal na recepção. Porém, conforme (frequência central 563.143 MHz). Na figura é comparada a
observado nas experiências, os ganhos definidos pelo fabricante medição realizada pelo protótipo calibrado com a realizada por
não correspondem aos valores medidos, o que corrobora a um analisador de espectro.
necessidade do processo de calibração. A Fig. 7 apresenta as
medidas dos valores de potência recebida por frequência para
os ganhos de 0 dB, 8 dB, 10 dB, 12 dB configurados no
dispositivo. Nesta figura é possível observar que a diferença
entre o ganho de 0 dB e 8 dB, em 200 MHz, é de
aproximadamente 12 dB. Se observamos a mesma diferença,
mas desta vez na frequência de 500 MHz, o valor é de
aproximadamente 11 dB.
.......... Anritsu MS2724B
______ RTL-SDR R820T2

Fig. 8. Canal 29 UHF (563.143 MHz)

VI. MEDIÇÕES EM DIFRAÇÃO

Estudos estão sendo conduzidos para caracterizar a


atenuação adicional devida à difração. Um dos locais escolhidos
para estudo deste tipo de atenuação foi o morro da Urca, na
cidade do Rio de Janeiro. Nos arredores deste morro é possível
obter visada para a antena transmissora, localizada no morro do
Fig. 7. Variação da potência recebida por ganho do RTL-SDR R820T2
Sumaré (Fig. 9). Porém, em determinadas outras posições, é
possível observar a existência de obstrução da linha de visada
Após a definição dos valores reais de ganho em cada
para a mesma antena transmissora. O sinal recebido nesta
frequência, procedeu-se a comparação dos dados coletados pelo
posição, obstrução da visada, é degradado pelo fenômeno da
RTL-SDR R820T2 aos medidos pelo analisador de espectro.
difração. Para analisar a atenuação causada por este fenômeno
Através do balanceamento das perdas (Fig. 7), verifica-se que a
utilizando equipamentos convencionais, dadas as características
potência recebida do sinal pelo analisador de espectro é em

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de dimensões e peso, a campanha de medição somente poderia 120 metros o valor da potência recebida por frequência é maior
ser realizada no nível do solo. que para as outras altitudes indicando, possivelmente, ser um
pico de irradiação da antena transmissora.
VII. CONCLUSÕES
Neste trabalho foi desenvolvido um protótipo para medição
de espectro utilizando hardware de baixo custo e software livre.
Foram estudadas as capacidades e características de ferramentas
de desenvolvimento de rádio definido por software.
Um dispositivo de uso comercial para a decodificação de
sinais de rádio e de TV digital no formato Europeu (DVB-T)
teve seu hardware configurado através de software para coletar
medições de potência de sinais na faixa de 100 MHz à 1 GHz. A
plataforma RTL-SDR R820T2, Raspberry pi 3 e
GNURadio/Python/C foi utilizada para realizar a calibração e
Fig. 9. Visada da antena transmissora implementação de um analisador de espectro em um dispositivo
de baixo custo, dimensões físicas e peso reduzidos.
Com o objetivo de realizar as medições em diferentes
Antes de realizar os experimentos foram realizadas as
altitudes, o protótipo desenvolvido neste trabalho foi
respectivas calibrações dos componentes do setup montado,
encapsulado utilizando-se material acrílico para conferir ao
inclusive do RTL-SDR R820T2 por tratar-se de dispositivo não
dispositivo proteção física e menor peso total ao conjunto (500
concebido para realizar medições em RF. Em campo, as
gramas). Posteriormente, o protótipo e a antena foram acoplados
medições foram realizadas acoplando-se o protótipo a um drone,
a um drone da marca DJI Inspire I [11], Fig. 10.
com o objetivo de caracterizar a atenuação adicional devida à
difração nos arredores do morro da Urca, na cidade do Rio de
Janeiro. O protótipo encontra-se em fase de testes. Em medições
realizadas comparando-se os valores medidos pelo analisador de
espectro e os valores medidos e ajustados pelo protótipo (ambos
equipamentos no nível do solo) foi possível verificar que os
resultados são promissores.
REFERÊNCIAS

[1] X. Hong, J. Wang, C. X. and J.Shi, “Cognitive radio in 5G: a perspective


on energy-spectral efficiency trade-off,” Communications Magazine,
IEEE, 2014. v. 52. p. 46-53.
[2] S. Haykin, “Cognitive radio: brain-empowered wireless
communications,” Selected Areas in Communications, IEEE Journal,
Fig. 10. Protótipo de medição acoplado ao drone 2005. v. 23. p. 201-220.
[3] J. Mitola, “Cognitive radio for flexible mobile multimedia
communications,” Mobile Multimedia Communications, 1999.
(MoMuC’99) 1999 IEEE International Workshop. p. 3-10.
[4] Ettus Research LLC. http://www.ettus.com.
[5] J. Mitola, “The software radio architecture,” Communications Magazine,
IEEE, 1995. v. 33. p. 26-38.
Potência Recebida [dBm]

[6] WIRELESS FORUM. http://www.wirelessinnovation.org


[7] Barros, Letícia Garcia. “O rádio definido por software,” Brasília, 2007.
Trabalho de Conclusão de Curso – Graduação em Engenharia Elétrica -
Universidade de Brasília.
[8] Datasheet do chip RTL da Realtek. http://datasheetcafe.databank.netdna-
cdn.com/wp-content/uploads/2015/09/RTL2832U.pdf
[9] “RTL-SDR for Linux Quick Start Guide” por Kenn Ranous.
https://ranous.file.wordpress.com/2016/03/rtl-sdr4linux_quickstartv10-
16.pdf
Fig. 11. Campanha de medidas [10] Repositório contendo o projeto rtl-power-fftw. https://github.com/AD-
Vega/rtl-power-fftw
Uma série de medições em diferentes altitudes e condições [11] Características técnicas do drone DJI Inspire 1,
https://www.dji.com/br/inspire-1/info
de propagação foram realizadas com o objetivo de comparar a
[12] Hanthequeste, Ruan Ferreira. “Sistema de sensoriamento espectral para
atenuação adicional devida à difração. A Fig. 11 apresenta a uso em campo utilizando software livre e Raspberry pi,” Niterói, 2019.
sobreposição de medições realizadas com o protótipo já Trabalho de Conclusão de Curso – Graduação em Engenharia de
calibrado. Comparando-se é possível observar que na altitude de Telecomunicações – Universidade Federal Fluminense.

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Um Novo Filtro Passa-faixa de Banda Estreita e


Compacto para Aplicações em Wi-Fi 802.11ah
J. G. Duarte-Junior, V. P. Silva Neto, A. G. D’Assunção
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Departamento de Engenharia de Comunicações- DCO
Natal-RN, 59072-970, Brasil
garibs@ufrn.edu.br, vpraxedes.neto@gmail.com, adaildo@ct.ufrn.br³

Resumo— Este artigo apresenta a síntese de uma nova filtros. Particularmente, os filtros baseados em ressoadores
configuração de filtro passa-faixa constituída por ressoadores com planares costumam ser mais frequentes devido a facilidade de
estubes (stub loaded resonators, SLRs) e transformadores de fabricação, baixo custo e volume reduzido [2].
impedância em degrau (stepped-impedance resonators, SIRs) para
aplicações em sistemas de comunicação de banda estreita e Recentemente, foram investigadas diversas configurações
tamanho reduzido. A associação de seções de linha de transmissão de topologia de filtros passa-faixa (BPF). Por exemplo,
terminadas em circuito aberto ou curto-circuito proporcionam estruturas de BPF baseadas em patches condutores foram
características de ajuste ao filtro de modo a otimizar a sua resposta desenvolvidas em [3], [4]. Em [5], [6] foram utilizados anéis
em frequência e reduzir suas dimensões físicas. A análise teórica ressoadores baseados na modelagem de linha de transmissão
das frequências dos modos ressoantes é apresentada, sendo a convencional, podendo gerar geometrias de grandes dimensões
geometria ótima do filtro para a aplicação desejada definida para dadas frequências, não sendo indicadas para certas
através de um processo de síntese e simulações no software aplicações. Por outro lado, a utilização de linhas acopladas se
Advanced Design System, ADS. Um protótipo é construído e apresenta como um método bastante comum no projeto de
medido de modo a operar em 900 MHz com 5% de largura de filtros de micro-ondas, como em [7], [8]. Um dos métodos mais
banda fracionária (fractional bandwidth, FBW), baixa perda de comuns para o desenvolvimento de BPFs utiliza ressoadores
inserção e desempenho adequado para aplicação no padrão com estubes (SLRs) em conjunto com transformadores de
802.11ah. Uma boa concordância é observada entre os resultados
impedância em degrau (SIRs) [9]-[10]. Esta combinação
simulados e medidos. O filtro passa-faixa proposto se constitui em
uma boa alternativa para aplicações em sistemas de comunicação
possibilita a obtenção de diversas performances que vão de uma
que apresentem os requisitos de banda estreita e dimensões banda de transmissão estreita até múltiplas bandas de diferentes
reduzidas. larguras. Dependendo da disposição e das características das
linhas de transmissão ao longo da geometria, filtros com
Palavras chaves— Filtro Passa-faixa; Ressoador com Estube; múltiplos modos podem ser obtidos [11]-[21], proporcionando
Ressoador em Degrau; Faixa-estreita; Wi-Fi Halow. o aumento do número de bandas de transmissão e a inserção de
frequências de transmissão zero. No entanto, um aumento
considerável da complexidade e modelagem do projeto são
I. INTRODUÇÃO
observados. Múltiplas frequências com zeros de transmissão,
As demandas recentes por aplicações em rádio frequência próximos a banda de transmissão, como em [10] e [17], podem
(RF) e micro-ondas têm impulsionado a pesquisa e o acarretar em um filtro de alta seletividade, entretanto, pode
desenvolvimento de novos sistemas de comunicação. Em também gerar um aumento da largura de banda, algo indesejado
particular, novos padrões estão sendo desenvolvidos como em sistemas de banda estreita. Logo, as características do
forma de atender necessidades específicas, como é o caso do projeto estão fortemente ligadas aos requisitos do projeto.
padrão IEEE 802.11ah. Também conhecido como Wi-Fi
Halow, o padrão 802.11ah opera em 900 MHz. Em comparação Desta forma, este trabalho propõe um novo filtro BPF de
com outras especificações Wi-Fi, este padrão tem a capacidade banda estreita e compacto, cuja geometria se baseia na utilização
de estabelecer uma maior área de cobertura, pois sua frequência de ressoadores com estubes (SLR), terminadas em curto-circuito
de operação permite obter um maior alcance e uma maior ou em aberto, combinada com transformadores de impedância
penetrabilidade em ambientes fechados [1]. Suas aplicações de degrau (SIR) para aplicações Wi-Fi Halow na faixa de 900
envolvem principalmente dispositivos voltados para a MHz.
tecnologia de Internet das Coisas (Internet of Things, IoT). Uma modelagem em termos dos modos ressoantes é
O desenvolvimento de dispositivos de comunicação para a apresentada para a geometria do filtro proposto. Um protótipo é
atual e a próxima geração requer a concepção de novas analisado via software de simulação de onda completa, sendo
configurações de filtros passa-faixa (bandpass filters, BPFs). ainda este construído em tecnologia de microfita afim de
Especificamente, os modernos sistemas de comunicação obtenção de resultados medidos. Uma comparação entre
necessitam de BPFs que atendam seus requisitos de espectro e resultados obtidos via simulação e medição é apresenta e
dimensões físicas. Desta forma, vários trabalhos foram discutida.
realizados visando o desenvolvimento de novas arquiteturas de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. MODELAGEM E ANÁLISE DO FILTRO PASSA-FAIXA


sendo,
O projeto do filtro proposto se baseia em um ressoador cuja a1 = Y1 (Y2 tan θ4 + Y4 tan θ2 ) (3a)
modelagem é realizada através da interconexão de seções de
linhas de transmissão de admitância Yi e comprimento elétrico a 2 = Y1 tan θ2 tan θ4 (Y3 tan θ3 + Y5 tan θ5 ) (3b)
θi , terminadas em circuito aberto ou em curto-circuito, de a 3 = jY2 Y4 tan θ1 (3c)
acordo com a técnica de utilização de estubes, como
apresentado na Figura 1. A fim de investigar o desempenho do a 4 = jY2 tan θ1 tan θ4 (Y3 tan θ3 + Y5 tan θ5
filtro, uma análise dos modos é realizada, considerando a (3d)
+ Y2 tan θ2 )
simetria da sua geometria, em relação ao plano A-A'.
b1 = Y2 tan θ4 (3e)
b2 = Y3 tan θ3 + Y5 tan θ5 (3f)
A aplicação da condição de ressonância,Yine = 0, para este
modo de excitação, permite relacionar as admitâncias e seus
respectivos comprimentos elétricos, como mostrado em (4) e
(5). Registre-se a independência de Y1 e tan θ1 em relação a
frequência de ressonância do modo.
Y2 Y4
+ = Y3 tan θ3 + Y5 tan θ5 (4)
tan θ2 tan θ4
Fig. 1. Diagrama esquemático do filtro proposto com a utilização de estubes e
seções de linhas de transmissão. Y4
= Y3 tan θ3 + Y5 tan θ5 + Y2 tan θ2 (5)
Em seguida são determinadas as expressões, em função das tan θ4
admitâncias de entrada e dos comprimentos para cada um dos Analogamente, foi efetuada a análise do circuito
modos, a fim de estabelecer as relações entre os parâmetros da equivalente para o modo ímpar, mostrado na Figura 2(b). O uso
geometria do filtro proposto na condição de ressonância, tanto de (1) e (2), permite obter a expressão para a admitância de
para o modo par como para o modo ímpar. entrada do modo ímpar, Yino , mostrada em (6).
(c1 − c2 )(Y1 tan θ2 + jY2 tan θ1 )
A. Análise dos Modos Par e Ímpar Yino = (6)
Na Figura 2(a) é possível observar o circuito equivalente do d1 + jd2 d3
filtro para o modo par. São determinadas as admitâncias de sendo,
entrada Yin para cada uma das seções, através da teoria de linhas
de transmissão [2]. Em (1) e (2) são apresentadas as expressões c1 = Y5 tan θ4 + Y4 tan θ5 (6a)
para as admitâncias de entrada em seções de linhas de
c2 = Y3 tan θ3 tan θ4 tan θ5 (6b)
transmissão terminadas por circuito aberto (ca) e curto-circuito
(cc), respectivamente. d1 = −Y2 tan θ1 tan θ4 tan θ5 (6c)
d2 = tan θ1 tan θ2 (6d)
d3 = Y4 tan θ5 + Y5 tan θ4
(6e)
− Y3 tan θ3 tan θ5 tan θ5

A aplicação da condição de ressonância,Yino = 0, para este


Fig. 2. Circuitos equivalentes análise das excitações dos modos: (a) par e (b) modo de excitação, permite relacionar as admitâncias e seus
ímpar. respectivos comprimentos elétricos, como mostrado em (7) e
(8).
Yinca = jYi tan θi (1)
Y4 Y5
Yi + = Y3 tan θ3 (7)
Yincc = (2) tan θ4 tan θ5
jtan θi
Y1 Y4 Y5
Para o modo par, a expressão da admitância de entrada, Yine , + + = Y2 tan θ2 + Y3 tan θ3 (8)
obtida das associações série-paralelo das admitâncias, é tan θ1 tan θ4 tan θ5
apresentada em (3). O uso de (4)-(5) e (7)-(8) permite considerar as admitâncias
a1 − a 2 + a 3 − a 4 como parâmetros e determinar as frequências de ressonância
Yine = (3) dos modos par e ímpar do filtro. Neste sentido, a Figura 3
j tan θ1 [b1 + tan θ2 (Y4 − b2 tan θ4 )] mostra curvas de transmissão para diferentes comprimentos
elétricos de θ3 , onde são observadas as frequências de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

ressonância dos modos (f1 e f2 ) e a frequência de transmissão


zero ftz . Sendo a grandeza das frequências f1 -f2 e o
distanciamento entre os modos inversamente proporcionais ao
comprimento da linha de admitância Y3 .
Como esperado, a variação das impedâncias das linhas que
compõem o filtro causa variações acentuadas nas frequências
de ressonância dos modos, como mostrado na Figura 4(a). Por
outro lado, o aumento de Z3 ocasiona um aumento das
frequências f1 e f2 em uma mesma proporção, fazendo com que
o fator de qualidade externo Q e tenha um crescimento linear.
Com relação a Z5 , há uma aproximação entre as frequências dos
modos, proporcionando assim um aumento também linear do
fator de qualidade externo do filtro. A variação positiva de Z1 e (a)
Z4 , ao contrário do observado para as demais impedâncias,
proporciona uma diminuição das frequências de operação dos
modos e uma consequente redução do fator Q e , como mostrado,
em detalhe, na Figura 4(a).

(b)

Fig. 4. Análise do filtro. Comportamentos de f1 e f2 em função (a) da


impedância e (b) do comprimento elétrico dos modos par e ímpar.
Fig. 3. Parâmetro de transmissão do filtro para diferentes valores de θ3 .
e com linhas adicionais) é apresentada na Figura 5,
A Figura 4(b) apresenta a variação das frequências f1 e f2 considerando-se a modelagem a partir de linhas de transmissão
em função dos comprimentos elétricos das impedâncias do sem perdas. Constata-se então a permanência na faixa de
fitro. Em geral, o aumento dos comprimentos ocasiona uma frequência anterior à conexão das linhas de entrada e que a
diminuição das frequências dos modos. No entanto, com frequência de transmissão zero próximo a 1.1 GHz se mantém
relação a Z5 , a frequência de um dos modos permanece inalterada. Em conjunto com as linhas de 50 Ω, foram também
inalterada (f1 ). Observa-se ainda, uma maior influência de θ3 anexadas seções de linhas acopladas de 2 mm, resultando assim
nas frequências dos modos em comparação com os demais numa maior atenuação fora da banda de transmissão, após a
comprimentos, atingindo uma variação média de 1.2 GHz, frequência de transmissão zero f_tz. Em detalhe na Figura 5, é
enquanto os demais apresentaram um deslocamento de alguns possível ainda observar a variação de fase próximo a 1 GHz,
MHz. Portanto, torna-se desejável a utilização de θ3 como frequência escolhida inicialmente para a realização das análises
parâmetro de ajuste da banda de frequência de operação do e simulações.
filtro passa-banda.
Com base na modelagem a partir de linhas de transmissão
apresentada na seção anterior, foram realizadas simulações no
III. SIMULAÇÃO E PROJETO DO FILTRO PROPOSTO Advanced Design System (ADS) de modo a obter a resposta em
Com o objetivo de melhorar a resposta em frequência e frequência do filtro proposto (BPF) otimizada para a aplicação
facilitar a construção de um protótipo, a partir da utilização de em questão.
uma geometria simples, foi escolhida a conexão de seções de
linhas de transmissão de 50 Ω (linhas de entrada) nas portas do
filtro. A comparação entre as duas geometrias (sem

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

simulação EM realizada com o software Ansoft HFSS.


Também são apresentados resultados obtidos através da
medição do protótipo construído. Observa-se uma grande
semelhança entre as curvas obtidas nas portas do filtro para o
coeficiente de reflexão, assim como para o coeficiente de
transmissão entre elas. A ressonância do filtro (BPF) está
centrada próximo a 900 MHz com uma banda de operação
simulada de 876 a 932 MHz, e medida de 882 a 935 MHz,
ambas abrangendo a faixa referente ao Wi-Fi Halow que vai de
902 a 928 MHz. Observa-se ainda as frequências de
transmissão zero obtidas via simulação e medição, ambas em
1.07 GHz, estando consideravelmente próximas da banda de
transmissão do filtro, aumentando assim seu nível de
seletividade.
Em comparação com outros trabalhos a respeito filtros
planares passa-banda na faixa dos 900 MHz observados na
literatura [18]-[21], a estrutura do filtro baseado em ressoadores
SLR-SIR permite a obtenção de uma ou múltiplas bandas de
operação, dependendo da sintonia entre linhas de impedância.
Fig. 5. Análise do filtro. Resposta em frequência dos parâmetros de Em [20], com a utilização de linhas acopladas, o circuito
espalhamento. Resultados para o módulo e a fase.
proposto opera em 900 MHz com BW de 20 %. Neste trabalho,
foi desenvolvido um filtro com uma banda de operação e
Neste projeto, o filtro foi projetado para operar em uma
estável, sendo alcançada uma largura de banda na faixa dos 5,83
frequência próxima de 900 MHz e com uma largura de canal de
% e dimensões físicas aproximadas de 0,0782 múltiplos
aproximadamente 26 MHz, referente ao padrão IEEE 802.11ah
quadrados do comprimento de onda guiado, sendo indicado
(Wi-Fi Halow). A Figura 6 apresenta a geometria adotada para
para sistemas de banda estreita e com requisitos de dimensões
o filtro (BPF) com a indicação das suas respectivas dimensões
físicas reduzidas.
otimizadas. Uma superfície de área total 0.22 x 0.36 λc ² foi
obtida.

Fig. 6. Geometria do BPF (vista superior - dimensões em mm: dvia =0.37,


Lpad =1, wpad =2, L1=11.41, L2=2.78, L3=2, L4=2, L5=10.9, L6=4.94,
L7=4.12, L8=9.56, L9=4.4, L10=8.3, L11=4.03, L12=4.51, L13=5.98,
L14=10.56, L15=16.12, L16=11.74, s=0.5, w1=3, w2=2.5, w3=2.27, w4=6.27,
w5=0.5, w6=0.56, w7=0.4).
Fig. 7. Resposta em frequência do filtro proposto. Resultados simulados e
medidos para os parâmetros de espalhamento.
IV. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O filtro (BPF) modelado e desenvolvido neste trabalho tem V. CONCLUSÃO
a proposta de operação na faixa de frequência de 900 MHz com
uma banda de operação estreita (de aproximadamente 26 MHz) Foi apresentada uma nova geometria de filtro passa-faixa
de maneira a ser designado ao padrão IEEE 802.11ah. Uma outra (BPF) constituída por ressoadores com estubes (SLRs) e
característica desejada para o filtro foi a redução das dimensões transformadores de impedância em degrau (SIRs) para
físicas da sua estrutura, de modo a ser uma alternativa para aplicações em sistemas de comunicação de banda estreita e
integração à tecnologia IoT (Internet of Things). tamanho reduzido. A análise da estrutura proposta foi efetuada
através dos circuitos equivalentes para os modos de excitação
Na Figura 7 é apresentada a resposta em frequência do filtro par e ímpar com o propósito de determinar as suas características
com relação aos parâmetros de espalhamento obtidos com a principais e otimizar a sua performance. Medições realizadas

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

com o protótipo apresentaram resultados concordantes com os [9] B. Mohammadi, A. Valizade, P. Rezaei, and J. Nourinia, “New design of
simulados, demonstrando uma boa resposta com relação a compact dual band-notch ultra-wideband bandpass filter based on coupled
wave canceller inverted T-shaped stubs”, IET Mic., Ant. & Prop., vol.
frequência de operação, largura de banda e características físicas 9(1), pp. 64-72, 2014.
da geometria do filtro. O modelo de filtro passa-faixa [10] M. Riaz, B. S. Virdee, P. Shukla, and M. Onadim, “Quasi-elliptic ultra-
desenvolvido se apresenta como uma boa alternativa para wideband bandpass filter with super-wide stopband”, AEU-Int. Jour. of
aplicações em sistemas de comunicação de banda estreita e com Elec. and Commu., vol. 105, pp. 171-176, 2019.
requisitos de dimensões reduzidas. [11] H. Zhu, and A. M. Abbosh, “Single-and dual-band bandpass filters using
coupled stepped-impedance resonators with embedded coupled-lines”,
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Este trabalho foi apoiado em parte pelo CNPq projeto using coupled lines and grounded stepped impedance resonators”, IEEE
573939/2008-0 (INCT-CSF), CAPES e Universidade Federal Mic. and Wir. Comp. Letters, vol. 24(5), pp. 333-335, 2014.
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Electronics Letters, vol. 54, pp. 665-667, 2018. inductive stub”, IEEE Trans. on Mic. Theor. and Tec, vol. 60(12), pp.
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[4] N. Janković, G. Niarchos, and V. Crnojević-Bengin, "Compact UWB
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[5] M. H. Weng, S. W. Lan, S. J. Chang, and R. Y. Yang, “Design of Dual-
Band Bandpass Filter With Simultaneous Narrow-and Wide-Bandwidth [18] Y. H. Cho, and G. M. Rebeiz, “0.73–1.03-GHz tunable bandpass filter
and a Wide Stopband”, IEEE Access, vol. 7, pp. 147694-147703, 2019. with a reconfigurable 2/3/4-pole response”, IEEE Trans. on Mic. Theor.
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with third-order quasi-elliptic bandpass response”, IEEE Access, vol. 6, [20] B. A. Belyaev, A. M. Serzhantov, A. A. Leksikov, Y. F. Bal'va, and A. A.
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2013. switchable diplexer design”, IEEE Mic. and Wir. Comp. Letters, vol.
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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Rede de Antenas de Microfita SIW Modularmente


Reconfigurável

Marcus V. P. Pina Juner M. Vieira, Daniel C. Nascimento, Daniel B.


Laboratório de Integração e Testes – LIT Ferreira, Ildefonso Bianchi
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE Laboratório de Antenas e Propagação – LAP/ITA
São José dos Campos – SP, Brasil São José dos Campos – SP, Brasil
marcus.pina@lit.inpe.br {juner, danielcn, danielbf, ibianchi}@ita.br

Resumo—Este trabalho apresenta o projeto e a construção de A concepção da rede reconfigurável é estruturada ao longo
uma rede de antenas de microfita modularmente reconfigurável deste trabalho da seguinte forma. Inicialmente realiza-se o
com tecnologia SIW (Substrate Integrated Waveguide) de baixa projeto da antena de microfita híbrida com paredes elétricas
polarização cruzada na faixa de 5,25 GHz. Os elementos da rede ideais e uma única ponta de prova de alimentação. Na sequência,
apresentam dupla alimentação baseada em divisor híbrido de 180º a parede elétrica é substituída por pinos metálicos (tecnologia
com a finalidade de gerar diagramas de irradiação simétricos. A SIW [3]), identificando nesse estágio a adequada quantidade de
validação dessa proposta é realizada com auxílio de projetos no pinos de forma a manter o desempenho do irradiador. Na
software de simulações eletromagnéticas HFSS e a caracterização continuação, o elemento irradiador é excitado com dupla
de protótipos.
alimentação (diferencial) buscando uma melhor simetria no
Palavras-chave—alimentação diferencial; antena de microfita diagrama de irradiação. Uma vez estabelecido o irradiador, a
SIW; rede de antenas rede reconfigurável é projetada no software de simulação. E, por
fim, protótipos são construídos e caracterizados com o intuito de
validar a técnica proposta.
I. INTRODUÇÃO
No decorrer das últimas décadas, as pesquisas em torno de II. PROJETO DA ANTENA SIW
antenas de microfita para aplicações civis e militares se
tornaram de grande relevância e têm recebido grande atenção A. Antena Híbrida com Paredes Metalizadas – AHPM
da comunidade científica em virtude das suas características de O projeto da antena que irá compor a rede inicia-se com a
conformabilidade em superfícies cilíndricas, esféricas e análise da geometria híbrida, composta de paredes laterais
cônicas, facilidade de construção empregando técnicas de condutoras ideais e duas fendas, cujo desenvolvimento analítico
circuito impresso e também devido à sua fácil integração com é discutido em [4]. Utilizando-se do modelo da cavidade
componentes eletrônicos integrados [1]. Exemplos do uso desse ressonante, as dimensões iniciais da AHPM são calculadas e um
irradiador são inúmeros, podendo elencar alguns de grande modelo, conforme ilustrado na Fig. 1, é criado no software
importância, tais como, estações rádio base, antenas para HFSS. A antena é impressa em um substrato dielétrico com
aeronaves, foguetes de pesquisa, radares meteorológicos, espessura de 3,048 mm, permissividade elétrica relativa de 2,55
receptores de GNSS e receptores móveis. Por outro lado, e tangente de perdas de 0,002. A alimentação é realizada por
poucos trabalhos na literatura [2] sugerem o emprego da antena meio de uma ponta de prova com raio de 0,65 mm, que conecta
de microfita como padrão de transmissão em laboratórios de a antena a uma linha de transmissão de 50 Ω impressa em um
pesquisa, homologação e calibração de equipamentos, que substrato com espessura de 0,762 mm que está fixado na parte
usualmente usam antenas do tipo corneta. traseira da antena na configuração back-to-back [5]. Esse
Este trabalho apresenta o estágio inicial de uma pesquisa substrato apresenta as mesmas características elétricas do
cujo objetivo é criar uma rede de antenas de microfita laminado empregado na antena.
modularmente reconfigurável para aplicação em laboratórios.
O objetivo principal da pesquisa é projetar e construir uma
rede linearmente polarizada reconfigurável que opera na faixa
de frequências de 5,25 GHz do Wi-Fi, devido ao grande
crescimento do uso de equipamentos nessa faixa de
frequência, o que requer diversos ensaios de homologação em
laboratórios certificados. Ademais, a especificação proposta
estabelece que a rede deve apresentar baixa polarização
cruzada e diretividade variável controlada por módulos
“antenas” que podem ser adicionadas ou removidas
manualmente do conjunto. Fig. 1. AHPM no ambiente do HFSS.

Este trabalho foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento


Científico e Tecnológico – CNPq através dos Processos N.os 407733/2018 e
305425/2018-8.

411
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Ressalta-se que essa antena, por operar no modo 𝑇𝑀11


𝑍
, tem 0

Módulo do coeficiente de reflexão [dB]


a frequência de ressonância (Equação 1) controlada pelas duas -5 AHPM
AHPSIW
dimensões (a e b), diferentemente da antena de microfita -10

retangular convencional [1], onde esse parâmetro é controlado -15

por uma única dimensão. Essa característica é de grande -20

importância para o projeto proposto, uma vez que se pode -25

manipular as duas dimensões da antena com o objetivo de -30


controlar efeitos de acoplamento mútuo e dimensões da rede, -35
atuando em sua diretividade. 5,10 5,15 5,20 5,25 5,30
Frequência [GHz]
5,35 5,40

(a)
𝐶0 𝑚𝜋 2 𝑛𝜋 2 50j
𝑓0 = √( ) +( ) (onde n ≠ 0 e m ≠ 0) (1)
2 𝜋 √𝜀𝑟𝑒𝑓 𝑎 𝑏 25j 100j
AHPM
AHPSIW
B. Antena Híbrida com Paredes SIW– AHPSIW 10j 250j

Devido à simplicidade de construção, por meio de técnicas 5,25 GHz


5,4 GHz
de circuito impresso, a estrutura SIW é uma evolução natural 10 25 50 100 250
da geometria com paredes condutoras anteriormente
apresentada. Nessa abordagem, as paredes metálicas são -10j
5,1 GHz
-250j

substituídas por cilindros metálicos, que podem ser constituídos


de pinos de cobre, furos metalizados ou até mesmo tintas -25j -100j

condutoras. Uma boa prática de projeto é dispor esses cilindros -50j

com uma distância da ordem de 0,1𝜆𝑔 , onde 𝜆𝑔 é o comprimento (b)


de onda guiado no substrato dielétrico. 0
0
30 330
Na Fig. 2, é apresentada a AHPSIW no software de -5
simulação, onde a quantidade e o espaçamento entre pinos -10 60 300

Diagrama normalizado [dB]


foram ajustados de forma a garantir as recomendações da -15
literatura [4], mantendo também as dimensões da AHPM. -20
-25 90 270
-20
E - Plano H
-15 E - Plano E
-10 120 240
AHPM AHPSIW
-5
0 150 210
180
(c)
Fig. 3. Comparação entre AHPM e AHPSIW: (a) Coeficiente de Reflexão;
(b) Impedância de entrada; (c) Diagramas nos planos principais (5,25 GHz).

III. PROJETO DA ANTENA SIW COM DUPLA ALIMENTAÇÃO

A. Antena Híbrida com Dupla Alimentação


Com o objetivo de suprimir a assimetria da componente Eθ
de campo distante no plano E, a AHPSIW é alimentada com
Fig. 2. AHPSIW no ambiente do HFSS. duas pontas de prova defasadas de 180o. Além disso,
antecipando que os conectores SMA estarão localizados na
lateral do irradiador, um rebaixo foi realizado para facilitar a
A validação da AHPSIW projetada é realizada por meio de adaptação entre as partes, resultando em nova geometria,
comparações com a AHPM, levando em conta parâmetros apresentada na Fig. 4. O posicionamento do conector na lateral
como coeficiente de reflexão, impedância de entrada e da antena permite a adequada conexão entre elementos da rede,
diagrama de campo distante, ilustrados na Fig. 3. Dessa análise, conforme visualizado na Fig. 5.
nota-se uma excelente concordância entre os desempenhos dos
dois irradiadores, o que valida as estratégias empregadas. Por
outro lado, com relação ao plano E (xz), ambas as antenas
apresentam assimetria no diagrama de irradiação, indicando
uma característica indesejada para a rede.
Esse comportamento é amplamente discutido na literatura,
sendo decorrente da alimentação por uma única ponta de
prova [6]. Uma forma de contornar esse efeito indesejado é
através da alimentação diferencial [7], a qual é adotada a
seguir. Fig. 4. AHPSIW com alimentação diferencial.

412
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

alimentação, e apresenta uma banda de 100 MHz ( < –10 dB)


em torno da frequência de 5,25 GHz. Esses dados indicam que
a AHPSIW com dupla alimentação é, de fato, uma boa escolha
para compor a rede de antenas reconfigurável.

Fig. 5. Posicionamento do conector SMA na AHPSIW diferencial.

O desempenho da AHPSIW com alimentação diferencial é Fig. 7. AHPSIW alimentada por divisor Rat-Race.
apresentado na Fig. 6 para os diagramas de irradiação. Nota-se 0
que, no plano E, a componente de campo Eθ apresenta simetria, 0 30 330

indicando que a técnica de alimentação escolhida conduziu, -5

como esperado, ao comportamento especificado. -10 60 E - Plano E 300

Diagrama normalizado [dB]


-15
0 -20
0 30 330
-25 90 270
-5
-20 E - Plano H
-10 60 300
Diagrama normalizado [dB]

E - Plano E
-15
-15
-10 120 240
-20
-5
-25 90 270
0 150 210
-20 E - Plano H 180
-15 Fig. 8. Diagramas de irradiação da AHPSIW integrada com divisor Rat-Race.
-10 120 240
0
-5
150 210
Módulo do coeficiente de reflexão [dB]
0
180 -5

Fig. 6. Diagramas de irradiação da AHPSIW diferencial.


-10

B. Circuito de Alimentação da AHPSIW -15

A AHPSIW de dupla alimentação apresentada, até o -20


momento, tem os coeficientes de excitação garantidos nas duas
provas por meio de parâmetros impostos no software HFSS. -25

Neste estágio do trabalho, é apresentada a integração entre a


-30
antena e o circuito capaz de sintetizar essa excitação. Por se 5,0 5,1 5,2 5,3 5,4 5,5
tratar de uma alimentação que requer duas portas com mesmas Frequência [GHz]

amplitudes e oposição de fase, optou-se por utilizar o divisor Fig. 9. Coeficiente de reflexão da AHPSIW integrada com divisor Rat-Race.
híbrido de 180º (Rat-Race) [8].
IV. REDE DE ANTENAS
Na Fig. 7, é apresentado o circuito final acoplado à antena.
Escolheu-se uma geometria quase elíptica para o circuito de A. Modelo Teórico
alimentação, de forma que as pontas de prova fiquem em seu A rede de antenas deve apresentar a facilidade de permitir a
interior. Essa escolha limitou a região para posicionamento do conexão de diversos módulos de forma sequencial, conforme
excitador, restringindo o conjunto de valores de impedâncias de ilustrado na Fig. 10, podendo ser aumentada ou reduzida,
entrada. Como resultado dessa abordagem, a antena apresenta acrescentando ou removendo módulos manualmente. Essa
um alto valor de impedância de entrada no modo diferencial. estratégia irá permitir o controle da diretividade do sistema
Para reduzir o nível dessa impedância, empregou-se um irradiante.
capacitor anular em torno das provas, sendo que a escolha do
capacitor foi realizada por seus efeitos na parte real da
impedância de entrada [9].
Uma vez concluído o projeto da antena, as suas figuras de
mérito foram extraídas do simulador eletromagnético e são
apresentadas nas Figs. 8 e 9 para diagramas de irradiação e
coeficiente de reflexão, respectivamente. O diagrama de
irradiação nos planos principais indica uma excelente simetria,
enquanto o coeficiente de reflexão na porta de entrada mostra
que a antena está muito bem casada com o conector SMA de Fig. 10. Rede de AHPSIW com 6 elementos.

413
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Na Fig. 10 é ilustrado um exemplo dessa rede composta de Como previamente comentado, a rede analisada (Fig. 10)
6 elementos, cujos diagramas resultantes, nos planos principais, não possui circuito de conexão entre os elementos. Esse circuito
são apresentados na Fig. 11. Uma vez que todos os elementos é baseado em junções do tipo T devidamente dimensionadas, de
estão excitados em fase e com mesma amplitude, a máxima forma que as antenas sejam excitadas com a mesma amplitude.
irradiação ocorre na direção broadside com lóbulos secundários Ademais, atenção especial deve ser dada para o controle da fase
13 dB abaixo do principal. Ressalta-se que, nessa análise, cada de excitação para garantir a irradiação na broadside. Essa
irradiador apresenta uma porta de excitação independente e imposição acarreta a necessidade de aferição do tamanho
controlada pelo software de simulação. elétrico dos conectores que ligam as antenas, procedimento esse
0
que foi realizado com o auxílio de um analisador de redes
0 30 330 vetorial.
-5
-10 60 300 Na Fig. 14, é apresentado um esquemático do circuito de
Diagrama normalizado [dB]

-15 alimentação para uma rede de N antenas. Vale ressaltar que,


-20 nesse diagrama, as antenas são idênticas e alimentadas por um
-25 90 270 divisor híbrido de 180º. A introdução de mais irradiadores no
-20 sistema é realizada acrescentando uma nova junção T, que
-15
E - Plano H
deve garantir adequada divisão de potência do novo estágio
-10 120
E - Plano E
240
(excitação uniforme e em fase). No exemplo abaixo, a
-5
150 210
inserção da antena 4 na rede implica em um novo divisor, onde
0
180 ¼ da potência de entrada é transferida para esse irradiador e
Fig. 11. Diagrama de irradiação da rede de 6 elementos. ¾ são transferidos para o próximo estágio (conjunto de
antenas 1-2-3).
Simulações indicam que a rede analisada apresenta uma
diretividade de 17,5 dB. A curva da diretividade versus
Antena Antena Antena Antena
número de elementos para a rede modular é apresentada na 1 2 3 N
Fig. 12. Esse parâmetro é de relevante importância para a
definição do número de elementos a ser utilizado em um
1/2 1/3 1/N
experimento.
1/2 2/3
... (N-1)/N Entrada
Além do diagrama de irradiação, outro parâmetro a ser
observado neste estágio do projeto é o coeficiente de reflexão Divisor Divisor Divisor
1 2 N-1
na entrada de cada antena. Na Fig. 13, esse parâmetro é
apresentado para os elementos centrais da rede, indicando que Fig. 14. Esquema do circuito de alimentação.
a presença dos irradiadores laterais pouco afeta o seu
desempenho. Assim sendo, o projeto do circuito divisor que B. Protótipo
conecta as antenas pode ser realizado desconsiderando os
efeitos do acoplamento mútuo. Com o intuito de validar a técnica proposta, conduziu-se a
construção dos protótipos que constituem uma rede de 4
25
elementos. Na Fig. 15, é apresentado o primeiro módulo da rede,
em processo de fabricação, destacando-se o circuito de
20
alimentação e o elemento irradiador. Ressalta-se que pelo fato
Diretividade [dB]

de a antena manter o cobre na região superior, o conector SMA


15 pode ser soldado nessa superfície, facilitando a sua integração
com a antena. Essa integração é ilustrada em detalhes nos
10 elementos apresentados a seguir.

5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Número de Elementos

Fig. 12. Diretividade versus número de elementos.

0
Módulo do coeficiente de reflexão [dB]

-5
-10
-15
-20
-25
-30
Fig. 15. Detalhes de construção do protótipo – circuito de alimentação e antena.
-35
-40
5,10 5,15 5,20 5,25 5,30 5,35 5,40 Na sequência, após a construção dos elementos, procedeu-se
Frequência [GHz] com a medida da impedância de entrada e diagramas de
Fig. 13. Coeficiente de reflexão de um elemento da rede. irradiação. Na Fig. 16, é apresentado o coeficiente de reflexão

414
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

para a antena 1 do sistema proposto. Nota-se uma boa


concordância entre os resultados teóricos e os medidos,
indicando que o módulo construído atuará como uma boa
terminação para o conjunto. A medida do diagrama de irradiação 90 mm
foi realizada na câmara anecoica (Fig. 18) do Instituto de
Fomento e Coordenação Industrial do Departamento de Ciência
e Tecnologia Aeroespacial IFI/DCTA. Na Fig. 19, é apresentada
a componente E de campo distante no plano H, mostrando 165 mm
também uma excelente concordância com a previsão teórica,
sugerindo que, quando em rede, o diagrama previamente Fig. 20. Vista frontal da rede com 4 elementos.
estabelecido será obtido.
Por fim, nas Figs. 20 e 21, é ilustrada a rede de antenas
composta de 4 elementos (vista frontal e traseira,
respectivamente). Ressalta-se que a rede está em fase inicial de
ensaios e os resultados provenientes de diagrama de irradiação e
impedância de entrada serão apresentados em publicações
futuras.

0
Módulo de coeficiente de reflexão [dB]

-10 Fig. 21. Vista traseira da rede com 4 elementos.

-20 V. COMENTARIOS FINAIS


-30 Este trabalho apresenta o projeto e caracterização em estágio
preliminar de uma rede de antenas modularmente reconfigurável
-40
Protótipo para aplicações na banda de 5,25 GHz do Wi-Fi. Os resultados
-50
Simulação obtidos até o presente momento indicam o bom andamento do
projeto. Destaca-se que, além do uso em laboratórios – foco
-60
5,10 5,15 5,20 5,25 5,30 5,35 5,40
principal da proposta –, outro possível emprego dessa antena é
Frequência [GHz]
em células de comunicação Wi-Fi. Essa abordagem permite ao
Fig. 17. Coeficiente de reflexão. usuário ajustar a rede de antenas de acordo com as necessidades
de cobertura existentes.

REFERÊNCIAS
[1] K. Lee, K. Luk and H. Lai, Microstrip patch antennas, 2nd ed. 2018.
[2] M. Kanda, "A microstrip patch antenna as a standard transmitting and
receiving antenna", IEEE Transactions on Electromagnetic Compatibility,
vol. 32, no. 1, pp. 5-8, 1990.
[3] M. Bozzi, A. Georgiadis and K. Wu, "Review of substrate-integrated
waveguide circuits and antennas", IET Microwaves, Antennas &
Propagation, vol. 5, no. 8, p. 909, 2011.
[4] D. Nascimento, P. Ribeiro Filho, A. Tinoco-S and J. Lacava, "Analysis
and Design of Cavity-Backed Probe-Fed Hybrid Microstrip Antennas on
FR4 Substrate", International Journal of Antennas and Propagation, vol.
2015, pp. 1-12, 2015.
Fig. 18. Setup de medida na câmara anecoica.
[5] D. Moná, E. Sakomura and D. Nascimento, "Circularly polarised
rectangular microstrip antenna design with arbitrary input impedance", IET
0
0 Microwaves, Antennas & Propagation, vol. 12, no. 9, pp. 1532-1540, 2018.
330 30
-5 [6] D. Nascimento, B. Fabiani and J. Lacava, "Performance Analysis of
-10 Probe-Fed Circularly-Polarized Moderately-Thick Microstrip Antennas
300 Simulação 60
Diagrama normalizado [dB]

-15 Protótipo
Designed under the Null Reactance Condition", Journal of Microwaves,
-20 Optoelectronics and Electromagnetic Applications, vol. 17, no. 1, pp. 1-
-25 9, 2018.
-30 270 90 [7] A. Petosa, A. Ittipiboon and N. Gagnon, "Suppression of unwanted probe
-25 radiation in wideband probe-fed microstrip patches", Electronics Letters,
-20 vol. 35, no. 5, p. 355, 1999.
-15 [8] D. Pozar, Microwave Engineering, 4th ed. Hoboken: Wiley, 2012.
240 120
-10 [9] D. C. Nascimento, Nascimento, J. A. Mores, R. Schildberg, and J. C. S.
-5 Lacava, “Low-cost truncated corner microstrip antenna for GPS
0 210 150 application,” in Proc. IEEE Antennas and Propag. Soc. Int. Symp., Jul.
180
2006, pp. 1557-1560.
Fig. 19. Diagrama de irradiação para a polarização principal no plano H.

415
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Metodologia de análise eletromagnética para redes


refletoras em banda S embarcadas em nanossatélite
Edson R. Schlosser1,2 e Marcos V. T. Heckler1 José R. Bergmann2
1 2
Universidade Federal do Pampa Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
Alegrete, Brasil Rio de Janeiro, Brasil
{edsonschlosser, marcosheckler}@unipampa.edu.br bergmann@puc − rio.br

Resumo—Neste artigo é apresentada a análise e síntese de dedicados a receber os sinais transmitidos pelos sensores alo-
redes refletoras com poucos elementos. O método do circuito cados nestes ambientes e a retransmití-los para os centros de
equivalente é utilizado para a formulação da diádica de Green, armazenamento e processamento (CMCD) [1]. Esse conjunto
possibilitando estabelecer relações entre os campos eletromag-
néticos e as densidades superficiais de corrente elétrica em de PCDs, juntamente com o segmento espacial, é conhecido
meios estratificados e constituídos por diversas metalizações. como Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais
Análises de redes refletoras com poucos elementos são realizadas (SBCDA) e pode ser visualizado na Fig. 1.
empregando-se o método dos momentos para calcular numerica-
mente as densidades superficiais de corrente elétrica que fluem
sobre os patches. Adicionalmente, aplica-se uma função base
de domínio completo com condição de borda segmentada para
modelar o comportamento impulsivo da densidade de corrente
nas bordas dos espalhadores. Diferentes curvas de fase são
obtidas por meio da técnica de variação das dimensões físicas
dos espalhadores metálicos, considerando o campo elétrico total Alcântara
Natal
composto pelos campos espalhado, refletido e difratado, devido às
posições espaciais dos patches. Por fim, o conceito de defasagem Cuiabá
progressiva e o método de enxame de partículas foram aplicados Legenda
para se determinar a fase desejada em cada célula. Assim, as Nanossatélite
curvas de fase são interpoladas e utilizadas para projetar as PCD marítima
dimensões dos elementos impressos e garantir a distribuição PCD terrestre
de fase calculada sobre as superfícies das redes refletoras, de CMCD
forma a reproduzir os diagramas desejados. Software comercial Alegrete
Uplink
é utilizado nas verificações dos resultados obtidos. Downlink
Palavras-chave—Método do circuito equivalente, método dos Figura 1. Sistema Brasileiro de Coleta de Dados Ambientais (SBCDA).
momentos, redes refletoras, síntese de redes refletoras.

I. I NTRODUÇÃO O sistema embarcado nos nanossatélites contém os blocos


As áreas de tecnologia espacial e de comunicação são de recepção (uplink do transponder), responsáveis pelo enlace
consideradas relevantes pelos países desenvolvidos, em que de subida de dados e que opera em UHF, e de retransmissão
grandes investimentos em pesquisas são disponibilizados cons- (downlink do transponder), que opera em banda S e estabe-
tantemente para o desenvolvimento e o aprimoramento destes lece o enlace de descida entre o satélite e estações terrenas
sistemas. O Brasil tem investido recursos para aperfeiçoar sua de armazenamento e processamento dos dados coletados [2],
capacidade no setor de produção de satélites, visando apli- conforme ilustrado na Fig. 2. O sistema de radiofrequência é
cações em defesa, comunicações e monitoramento ambiental. composto por antenas e circuitos de recepção e transmissão,
Atualmente, o Brasil conta com uma rede de plataformas de constituídos por amplificadores de baixo ruído, filtros, am-
coleta de dados ambientais (PCDs), distribuídas em todo o plificadores de potência, misturadores e outros componentes
território nacional, que são monitoradas pelo Instituto Nacional eletrônicos que operam na faixa de micro-ondas.
de Pesquisas Espaciais (INPE). Algumas destas estruturas são Neste trabalho, tem-se apenas o interesse na modelagem
aplicadas em ambientes remotos e de difícil acesso, podendo- eletromagnética de uma antena a ser utilizada no link de
se citar as estações responsáveis pela cobertura da Floresta descida, que pode operar com determinada faixa na banda S (2
Amazônica. As plataformas instaladas possuem sensores ca- GHz a 4 GHz). Diversos tipos de antenas são apresentados na
pazes de medir grandezas físicas do local de interesse, tais literatura, tais como monopolos, dipolos, cornetas, microfita,
como temperatura, umidade, velocidade dos ventos, etc. Estas parabólicas e outras derivações. Entretanto, deve-se dedicar
estruturas possibilitam monitorar as mudanças climáticas que atenção especial na escolha, pois estas devem ser integradas
estes ambientes vêm sofrendo cotidianamente. A coleta destes ao corpo do nanossatélite no momento do lançamento. Em
dados é realizada a partir de uma constelação de nanossatélites, [3] são discutidas as vantagens e desvantagens em relação à

416
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

máxima abertura, ganho, apontamento, largura de banda, nível z' y'


dos lóbulos secundários, acondicionamento, complexidade, Alimentador x'
confiabilidade, massa e custos para três tipos de antenas que E(esp)( J(s) )
E(f)( J(f ))
n^i Ar
podem ser aplicadas em nanossatélites, que são as antenas Metalização
refletoras, as redes de microfita e as redes refletoras. Dentre as
E (J )
(inc) (f )
citadas, a mais conveniente de ser aplicada neste trabalho são W J (s) dm
as redes refletoras (RAs), pois apresentam grande facilidade
de integração ao corpo do nanossatélite no momento do L
lançamento e a possibilidade do aumento da abertura a partir
z
y E(r)( J )
(f ) Substrato E(d)( J(f ))
de abas articuladas. x
𝑃𝐸𝐶 Plano de terra
Uplink do
Nanossatélite Figura 3. Campo elétrico tangencial total sobre a superfície metálica impressa.

Plataforma de transponder
coleta de dados
Downlink do visto que somente o campo incidente é conhecido. Assim,
transponder o método dos momentos pode ser aplicado para determinar
numericamente as densidades de corrente elétrica. Em [6],
Estações receptoras de
Downlink de foi apresentada a formulação do método dos momentos para
Cuiabá e Alcântara telemetria redes refletoras a fim de calcular o campo elétrico espalhado.
Uplink de
Adicionalmente, é proposta a utilização de uma função base
telecomando
com condição de borda segmentada, de forma a modelar o
Estações de rastreio, telemetria comportamento impulsivo da densidade de corrente nas bordas
e telecomando de Natal dos patches com poucos modos.
Figura 2. Sistema de comunicação.
B. Campo refletido
O campo refletido na interface ar/substrato de terra é de-
II. M ODELAGEM ELETROMAGNÉTICA DE REDES terminado a partir da combinação do formalismo apresentado
REFLETORAS (RA)
em [7] e [8]. O campo elétrico deve ser analisado nas três
Os elementos impressos sobre o dielétrico podem apresentar regiões (ar, substrato e plano de terra) da Fig. 3, de forma a
diversos formatos geométricos, os quais se diferenciam em obter o campo elétrico refletido no plano a partir da incidência
termos de variação de fase, eficiência, banda e frequência de do campo elétrico da fonte. Adicionalmente, o cálculo requer
operação, polarização e reconfigurabilidade. A fase desejada a definição dos coeficientes de reflexão e transmissão nas
em cada elemento de RAs pode ser alcançada a partir das interfaces entre os meios distintos, além do coeficiente de
seguintes características: i) elemento com tamanho fixo; ii) reflexão generalizado. A partir disso, aplica-se a transformada
elemento com tamanho variável; iii) rotação dos elementos; de Fourier das componentes tangenciais à interface, somam-
iv) elemento com reconfigurabilidade [4]. Neste trabalho a fase se os campos refletido e espalhado no domínio espectral, e,
desejada sobre a abertura é determinada a partir de elementos posteriormente, aplica-se o método da fase estacionária para
quadrados de tamanhos variados e de condutividade infinita calcular o campo espalhado somado ao refletido em campo
(condutor elétrico perfeito, do inglês perfect electric conductor distante.
- PEC).
C. Campo difratado
O campo elétrico total re-irradiado por cada célula que
compõe redes refletoras é dado basicamente pela soma vetorial Diversas técnicas são propostas na literatura para repre-
dos campos espalhado (E(esp) ), refletido (E(r) ) e difratado sentar os campos difratados por bordas condutoras. Algumas
(E(d) ), conforme cenário ilustrado na Fig 3. Estes campos delas apresentam complexidade na formulação e facilidade de
elétricos são funções das correntes superficiais na fonte (J(f ) ) implementação, entretanto, o campo elétrico difratado não é
ou induzidas (J(s) ). possível ser representado em regiões de transição de reflexão e
iluminação devido às singularidades (conhecidas como regiões
A. Campo espalhado de sombra), podendo-se citar técnicas da geometria óptica,
O campo elétrico espalhado depende da diádica de Green e tais como a teoria geométrica da difração e a teoria uniforme
da densidade de corrente elétrica superficial induzida nas me- da difração. Neste trabalho, aplica-se a formulação apresen-
talizações. A diádica de Green é determinada a partir das ca- tada em [9], em que os problemas encontrados nas regiões
racterísticas físicas da estrutura multicamada (permissividade de sombra são removidos a partir da separação do campo
elétrica, permeabilidade magnética, espessura e tangente de difratado em duas parcelas: a primeira consiste na componente
perdas de cada camada dielétrica). Neste trabalho, a formula- de franja (não uniforme) e a segunda a componente uniforme,
ção foi determinada a partir do método do circuito equivalente, que representa as correntes da óptica física nas proximidades
que é descrita detalhadamente em [5]. As densidades superfi- da borda. Assim, as singularidades são extraídas a partir do uso
ciais de corrente não podem ser determinadas analiticamente, de coordenadas locais e correção da fase do campo incidente.

417
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

III. S ÍNTESE DE REDES REFLETORAS do substrato εrb = 3,38. A análise é realizada na frequência
A estrutura da rede refletora é dividida neste trabalho em de 2,33 GHz. Devido às limitações das dimensões físicas do
células, conforme pode ser observado na Fig. 4. Pode-se nanossatélite e da frequência de operação, apenas redes 5×5
verificar, no exemplo apresentado, uma rede refletora composta são projetadas.
por nove células igualmente espaçadas de λ0 /2, em que λ0 é Na Fig. 5 pode ser observada a resposta de fase para as
o comprimento de onda no espaço livre. Percebe-se que um diferentes células, onde todos os elementos são quadrados com
q-ésimo patch possui dimensão Lq × Wq . dimensão L.

Cx
Cy
W z y
L
x
GND
a)
Borda #4
W7 W8 W9 9
7 8
Borda #1 L7 L8 L9
W4 W5 5 W6 6
4
z
L4 L5 L6 y
W1 1 W2 2 W3 3 x
L1 L2 L3 Borda #3 Figura 5. Comportamento da fase das células de uma RA 5×5.
Plano de terra Borda #2
b) A estrutura descrita previamente possibilita a variação de
fase na faixa de 165° a -165°. As curvas de fase são interpola-
Figura 4. Células pertencentes a redes refletoras. a) Célula isolada; b) Célula das e a fase desejada em cada célula é calculada. Os tamanhos
central e demais células.
são determinados através das curvas com elevado número de
pontos discretos na faixa de 31 - 36 mm. Adicionalmente,
O campo elétrico re-irradiado por cada célula é calculado
o leiaute da rede é exportado automaticamente, podendo-se
individualmente na presença das demais células, de forma a
importar na prototipadora de precisão e também no software
incluir os efeitos do acoplamento mútuo, diferenciando-se de
HFSS, sendo este utilizado na validação dos resultados.
uma célula isolada, sendo o campo elétrico total re-irradiado
pela rede refletora expresso matematicamente por, IV. R ESULTADOS
E h
X i Inicialmente, realiza-se a síntese do diagrama de irradiação
E(T ) = E(esp)
q + E(r) (d)
q + Eq , (1) para projetar os tamanhos dos elementos para se obter o
q=1
apontamento do feixe para determinada direção. Para este
em que E é o número total de células e E(T ) é o campo caso, aplica-se o conceito de defasagem progressiva entre as
elétrico total. Vale salientar que o campo difratado é diferente células da rede para determinar analiticamente a fase desejada.
de zero apenas para as células pertencentes às bordas da Posteriormente, o método de enxame de partículas é utilizado
estrutura, que, para o exemplo apresentado, são às células em para determinar numericamente as fases que reproduzam um
vermelho, ou seja, a célula central (em verde) contém apenas diagrama com feixe retangular nos planos E e H. Essa técnica
as parcelas dos campos espalhado e refletido. de otimização é descrita detalhadamente em [10]. Para reduzir
O projeto de redes refletoras com determinados diagramas o esforço computacional no processo de síntese, consideram-
de irradiação necessita determinar a fase desejada em cada se células irradiando com mesma amplitude (a amplitude deve
célula da rede. Neste tipo de análise, poder-se-ia dizer que ser suprimida na implementação), sendo necessário otimizar
a distribuição de fase é calculada de forma discreta sobre apenas a fase.
a abertura. Para elementos de tamanho variado, a resposta
de fase da célula varia conforme o tamanho do elemento A. Apontamento de feixe
impresso. Especifica-se um diagrama de irradiação com apontamento
Neste trabalho, extraem-se as curvas de fase considerando de feixe para uma direção diferente da especular. Esse apon-
uma rede finita de elementos idênticos. As curvas são obti- tamento é realizado eletromagneticamente, diferentemente do
das para a incidência normal de uma onda plana sobre as conceito de tilt que é realizado mecanicamente. Em com-
metalizações. A onda plana é linearmente polarizada, com paração com os refletores clássicos, poder-se-ia dizer que é
orientação do vetor campo elétrico em x. O substrato utilizado equivalente a modelar a estrutura metálica do refletor. O caso
apresenta espessura dm = 1,524 mm e permissividade relativa analisado trata-se de uma incidência normal e direcionamento

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

do feixe para 20°. Na Tabela I são apresentadas as numerações B. Conformação de feixe


das células na rede, as fases desejadas que devem ser repro- Por fim, especifica-se um diagrama com formato retangular
duzidas pelas células em graus (°) e os tamanhos dos patches nos planos E e H para ser sintetizado. Para diagramas com
quadrados em milímetros para uma rede 5×5. Os diagramas simetria, tais como isof lux e retangular (com linha de sime-
de irradiação e o leiaute da rede podem ser visualizados nas tria na direção broadside), as características da rede podem
Figs. 6 e 7, respectivamente. ser exploradas para minimizar o número de variáveis a serem
Tabela I
calculadas numericamente. Na Tabela II são apresentadas as
I NFORMAÇÕES DA REDE 5×5: APONTAMENTO DE FEIXE . fases desejadas que devem ser reproduzidas pelas células em
Numeração graus (°) e os tamanhos dos patches quadrados em milímetros
21 22 23 24 25 para uma rede 5×5. Os diagramas de irradiação e o leiaute da
16 17 18 19 20 rede podem ser visualizados nas Figs. 8 e 9, respectivamente
11 12 13 14 15
6 7 8 9 10 Tabela II
1 2 3 4 5 I NFORMAÇÕES DA REDE 5×5: FEIXE RETANGULAR .
Fase desejada Fase desejada
123,2 61,6 0,0 -61,6 -123,2 110,49 -114,17 -11,52 -114,17 110,49
123,2 61,6 0,0 -61,6 -123,2 -114,17 64,51 28,24 64,51 -114,17
123,2 61,6 0,0 -61,6 -123,2 -11,52 28,24 137,12 28,24 -11,52
123,2 61,6 0,0 -61,6 -123,2 -114,17 64,51 28,24 64,51 -114,17
123,2 61,6 0,0 -61,6 -123,2 110,49 -114,17 -11,52 -114,17 110,49
Dimensões Dimensões
33,27 33,75 33,94 34,18 34,59 33,33 34,48 33,96 34,48 33,33
33,29 33,76 34,02 34,23 34,67 34,46 33,71 33,88 33,71 34,46
33,3 33,73 33,95 34,19 34,64 33,92 33,82 32,99 33,82 33,92
33,29 33,76 34,02 34,23 34,67 34,46 33,71 33,88 33,71 34,46
33,27 33,75 33,94 34,18 34,59 33,33 34,48 33,96 34,48 33,33

Figura 6. Campo calculado e simulado para uma RA 5×5. Plano E: a)


Eθ (θ, φ = 0◦ ).

b)
Figura 8. Campo calculado e simulado para uma RA 5×5: feixe retangular.
Figura 7. Leiaute de uma RA 5×5: Apontamento de feixe. a) Plano E: Eθ (θ, φ = 0◦ ); b) Plano H: Eφ (θ, φ = 90◦ ).

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

[4] J. Huang, J. A. Encinar, Reflectarray antennas. IEEE Press/Wiley, New


York, 1st edition, 2008.
[5] E. R. Schlosser, M. V. T. Heckler, J. R. Bergmann, “Análise de Estruturas
Planares a partir do Método do Circuito Equivalente,” 18º SBMO –
Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 13º CBMag –
Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 2018.
[6] E. R. Schlosser, M. V. T. Heckler, J. R. Bergmann, “Full-Wave Analysis
of Small Reflectarrays,” SBMO/IEEE MTT-S International Microwave
and. Optoelectronics Conference, 2019.
[7] S. Dattahanasombat, Analysis and design of high-gain spacefed passive
microstrip array antennas. Tese de doutorado em Engenharia Elétrica,
University of Southern California, Los Angeles, California, 2003.
[8] W. C. Chew. Waves and Fields in Inhomogenous Media. Wiley-IEEE
Press, New York, 1st edition, 1999.
[9] C. G. Rego. Formulações assintóticas para o espalhamento por su-
perfícies condutoras no domínio do tempo e aplicações à análise de
transientes em antenas refletoras. Tese de doutorado em Engenharia
Figura 9. Leiaute de uma RA 5×5: Conformação de feixe. Elétrica, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-Rio,
Rio de Janeiro, Brasil, 2001.
[10] E. Yoshimoto, E. R. Schlosser, M. V. T. Heckler. Optimisation of
antenna arrays installed on non-conductive unmanned aerial vehicle. IET
V. C ONSIDERAÇÕES FINAIS Microwaves, Antennas and Propagation, Vol. 12, Iss. 15, pp. 2292-2300,
2018.
Neste artigo é apresentada a modelagem eletromagnética de
estruturas planares a partir do método do circuito equivalente
e a solução numérica da estrutura através do método dos
momentos para determinar com precisão as densidades superfi-
ciais de corrente elétrica, e, assim, o campo elétrico espalhado.
Adicionalmente, as técnicas utilizadas para o cálculo analítico
dos campos elétricos refletido e difratado são discutidas.
Ainda, o conceito de defasagem progressiva e o método de
enxame de partículas foram utilizados para definir as fases
desejadas nas diferentes células que compõem estruturas 5×5.
Para trazer maior confiabilidade no projeto, diferentes curvas
de fase foram utilizadas na determinação das dimensões físicas
dos elementos metálicos.
Os resultados obtidos apresentam boa concordância com o
software Ansys HFSS. Percebe-se discrepâncias dos resultados
no plano E para regiões próximas de 90° em decorrência da
consideração do plano de terra e substrato infinitos na diádica
de Green, que tendem a diminuir à medida que o número
de patches aumenta. Com relação ao plano H, percebe-se
um pequeno alargamento do feixe. Todavia, os resultados
são considerados satisfatórios. Vale destacar que a estrutura
é extremamente sensível à variação de fase (ver as dimensões
apresentadas nas Tabelas I e II) devido à banda estreita da
geometria impressa.
Vale destacar que o ripple presente no plano E do diagrama
de irradiação retangular é decorrente dos poucos elementos
utilizados no projeto, oscilação essa menor para estruturas que
contém maior número de células.
R EFERÊNCIAS
[1] J. M. Vieira, E. Yoshimoto, F. G. Ferreira, V. M. Pereira, M. V. T.
Heckler,“UHF and S-band Antenna Arrays for Nano-Satellite-Based
Data-Relay,” 12th European Conference on Antennas and Propagation,
2018.
[2] F. G. Ferreira, J. M. Vieira, D. P. Fumagalli, L. S. Pereira and M. V. T.
Heckler, Circularly Polarized Antenna Array with Sequential Rotation
for Nanosatellites. Journal of Communication and Information Systems,
Vol. 33, N.1, pp. 138-145, 2018.
[3] R. E. Hodges, N. Chahat, D. J. Hoppe, and J. D. Vacchione, A
Deployable High-Gain Antenna Bound for Mars: Developing a new
folded-panel reflectarray for the first CubeSat mission to Mars. IEEE
Antennas and Propagation Magazine, Vol. 59, Iss. 2, pp. 39-49, 2017.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Método de Colônia de Vaga-lumes Aplicado na


Síntese de Diagramas de Irradiação em Redes de
Antenas
Liebert L. da Silva, Marcos V. T. Heckler, Edson R. Schlosser
Laboratório de Eletromagnetismo
Micro-ondas e Antenas - LEMA
Universidade Federal do Pampa - UNIPAMPA
E-mail: liebert2008@hotmail.com

Resumo—Este trabalho apresenta a síntese de diagramas de exemplo de um apontamento de feixe de uma rede com quatro
irradiação utilizando o método de colônia de vaga-lumes. A elementos irradiadores, alimentados por canais com amplitude
técnica é aplicada no apontamento de feixe e controle do nível dos e defasagens variáveis.
lóbulos secundários de redes lineares de antenas compostas por
elementos isotrópicos e de microfita. Adicionalmente, a varredura
do feixe principal em uma região angular superior a 50◦ é
realizada, mantendo o nível dos lóbulos secundários abaixo de -20 Variação
dB. A caracterização dos elementos impressos é feita através de angular
simulações eletromagnéticas usando o software comercial Ansys
HFSS. Por fim, uma rede linear composta por 4 elementos é
construída e medida através de um medidor de campo próximo.

Palavras-chave—Colônia de Vaga-Lumes, Otimização, Redes


de Antenas, Antenas de Microfita.

I. INTRODUÇÃO
Rede de
Algoritmos de otimização são amplamente utilizados na antenas
engenharia, uma vez que inúmeros problemas não possuem
soluções analíticas. Os métodos de otimização = como Deslocadores
finalidade encontrar valores ótimos de variáveis para atender de fase
critérios de projeto pré-estabelecidos. Existem, basicamente,
duas classes usuais deste tipo de algoritmo: métodos heurísti- Amplificadores/
cos e técnicas baseadas na teoria do cálculo [1]. Atenuadores
Alguns dos algoritmos heurísticos são: o algoritmo genético
(do inglês, genetic algorithm - GA) [2], otimização por bando
de gatos (do inglês, cat swarm optimization - CSO) [3] e Gerador
a otimização por enxame de partículas (do inglês, particle
swarm optimization - PSO) [4]. Já um método baseado em Figura 1. Diagrama em blocos de uma rede de antenas com apontamento de
teoria do cálculo que apresenta bons resultados na literatura é feixe.
o de programação quadrática sequencial (do inglês, sequential
quadratic programming - SQP) [5].
O presente trabalho apresenta a aplicação do algoritmo
Na área de engenharia de antenas, a utilização de algoritmos
de colônia de vaga-lumes (do inglês, firefly algorithm - FA)
de otimização é indispensável, pois são amplamente usados
para conformação de feixe de redes lineares. A escolha deste
na síntese de redes de antenas [6]. Com estes métodos, é
método é baseada em [8], onde o autor apresenta diversas
possível modificar a forma, o apontamento e controlar o nível
otimizações de funções matemáticas, as quais o FA apresenta
de lóbulos secundários (do inglês, side lobe level - SLL) de
desempenho superior em relação ao PSO e ao GA em 90%
um diagrama de irradiação resultante de uma rede de antenas.
dos casos.
As características que governam o comportamento da potência
emitida pelo conjunto são, basicamente, a amplitude e a fase O trabalho está dividido em cinco seções. Na seção II, a
das correntes de excitação de cada elemento. Logo, existem teoria é apresentada. Nas seções III e IV, duas aplicações do
infinitas combinações para estes parâmetros que geram infini- método em redes de antenas são abordadas e discutidas. Por
tos tipos de diagramas de irradiação [7]. A Fig. 1 mostra um fim, na seção V, são feitas as considerações finais do trabalho.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. ALGORITMO DE COLÔNIA DE VAGA-LUMES aplicado na rede. Já o AF é calculado considerando-se que


O algoritmo baseado em colônia de vaga-lumes é consi- cada elemento do conjunto seja uma antena isotrópica.
derado um método heurístico. Esta técnica é fundamentada A Fig. 2 mostra a geometria de uma rede linear de antenas
no modo com que os vaga-lumes se comportam na busca de ao longo do eixo z. Se um conjunto linear de antenas com M
parceiros para acasalamento [8].
O método consiste na geração de um enxame de vaga-lumes,
sendo que cada indivíduo deve ter sua posição (potencial z
solução do problema) atualizada de acordo com a seguinte
equação
2
xn+1
i = xni + β0 e−γrij (xnj − xni ) + αi , (1)
onde xn+1
i é a posição atualizada do vaga-lume i (iteração
n+1), xni é a sua posição anterior, β0 é a atratividade entre os Antenas
vaga-lumes i e j, ou seja, o quanto o melhor vaga-lume atrai
os piores, γ é o índice de decaimento da potência luminosa dz
no ambiente, rij é a distância entre os vaga-lumes i e j no
espaço de busca multidimensional, dada por Figura 2. Geometria de rede de antenas linear uniforme.
v
uD
uX elementos está disposto ao longo do eixo z, como ilustrado na
rij = t (xni,k − xnj,k )2 , (2) Fig. 2, o seu fator de rede pode ser descrito por
k=1
M
xni xnj ,
X
sendo e respectivamente, as posições atuais dos vaga- AFz = Im ej(m−1)(k0 dz cos θ+βz ) (5)
lumes i e j, α é o coeficiente de aleatoriedade, i é uma m=1
variável aleatória com valores entre 0 e 1 e D é o número
onde Im é a amplitude da corrente de excitação do m-ésimo
total de insetos. O vaga-lume com índice j será aquele que
elemento, k0 é a constante de propagação no espaço livre, dz é
estiver mais próximo de satisfazer as especificações. Os termos
o espaçamento entre as antenas e βz é a defasagem progressiva
de aleatoriedade são utilizados de forma a possibilitar que os
entre as excitações dos elementos da rede. A equação (5) deve
vaga-lumes realizem busca local.
ser modificada para antenas realistas, para levar o acoplamento
Cada vaga-lume é um vetor multidimensional composto por
mútuo, ignorado na teoria clássica de antenas, em considera-
todas as variáveis otimizáveis, tal que
ção. Devido ao acoplamento mútuo entre os elementos da rede,
x = [a1 δ1 a2 δ2 ... am δm ], (3) é interessante utilizar os campos individuais irradiados nesta
análise. Logo, o campo total irradiado pelo arranjo é descrito
sendo am e δm a amplitude e a fase, respectivamente, do por
coeficiente de excitação do m-ésimo elemento da rede de M
X
antenas. O espaço de busca utilizado nesta aplicação é de [0 - E~ total
mut
= am ejδm E ~m
ind
(θ), (6)
1] para as amplitudes e [0 - 360◦ ] para as fases otimizáveis. m=1
Por definição, uma rede de antenas é um conjunto de onde ~ ind (θ)
E é o campo elétrico irradiado pelo m-ésimo
m
elementos que irradiam ou recebem ondas eletromagnéticas elemento da rede.
simultaneamente. A disposição de cada elemento do arranjo é Nesta aplicação, busca-se otimizar as amplitudes e fases
chamada de geometria da rede. As geometrias mais utilizadas dos coeficientes de excitação da rede. A função que deve ser
são: a linear, a planar e a cilíndrica. A linear é aplicada quando minimizada é a função erro definida por
se deseja uma estrutura simples [6]. A planar é normalmente ◦
180
utilizada em aplicações que necessitam de um diagrama de X
irradiação mais diretivo, como é o caso dos radares. As estru- erro = |O(θ)P eso(θ)(U M ask (θ)dB − U Rede (θ)dB )|,
0◦
turas cilíndricas possuem aplicação mais restrita, normalmente (7)
empregada no setor aeroespacial, em foguetes e aeronaves. onde U M ask (θ)dB e U Rede (θ)dB são, respectivamente, as
De acordo com a teoria clássica de redes de antenas intensidades de irradiação normalizadas da máscara e da rede,
uniformes, tem-se que o campo elétrico total irradiado pode dadas, de forma geral,por
ser descrito por  
U (θ)
~ T OT AL = E
E ~ ELEM EN T O .AF, (4) U (θ)dB = 10 log . (8)
max(U (θ))
onde o E ~ ELEM EN T O é o campo elétrico de um elemento Já O(θ) é uma função que assume valor 0 ou 1, utilizada
isolado e AF (do inglês, array factor) é o fator de rede, que para computar, ou não, um erro em uma determinada direção
modela o efeito de agrupar antenas em um arranjo. O campo θ, e, por fim, P eso(θ) é uma função que distribui pesos
elétrico de um elemento isolado depende do tipo de antena específicos para cada ângulo θ.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A Fig. 3 mostra um gráfico da máscara utilizada para sinte-


tizar os diagramas de irradiação desejados. Neste exemplo, a
Início
máscara está, basicamente, dividida em duas partes: a fim de
minimizar o nível de lóbulos secundários, nos intervalos de 0◦
1
a θSLL 2
e de θSLL a 180◦ , possui o valor de -20 dB na presente Características Comparação dos
da rede vaga-lumes
aplicação, e na direção de máxima irradiação (θmax ) 0 dB. O
ângulo de máxima irradiação e a abertura do lóbulo principal Características da Aplicar (1) nos
variam de acordo com o diagrama que se deseja sintetizar. colônia piores vaga-lumes
A função O(θ), nesta aplicação, possui dois tipos de funci- Parâmetros de
onamento. No lóbulo principal, ela é ativada apenas no ângulo otimização Incrementar o número
de máxima irradiação. Já para o controle de SLL, possui uma de iterações
condição para ser ativada: se U M ask (θi )dB ≥ U Rede (θi )dB ,
Criação da máscara
então O(θi ) = 0; senão, O(θi ) = 1. Dessa forma, se o diagrama
respeitar o máximo valor de SLL imposto pela máscara, NÃO Atingiu o número
Criação da colônia
então o erro nesta direção (θi ) não deve ser computado e inicial de vaga-lumes máximo de
minimizado. iterações?
A função P eso(θ) tem a finalidade de aumentar a eficiência Cálculo dos diagramas
da otimização em uma certa região da máscara. de cada vaga-lume SIM
Diagrama sintetizado
Cálculo do erro e variáveis otimizadas
U (θ)dB de cada vaga-lume
0
FIM

Figura 4. Fluxograma do algoritmo de colônia de vaga-lumes.

-20
θ onde dn são as distâncias entre cada elemento e a origem. A
1 θmax 2 distância entre antenas adjacentes é de λ20 (λ0 é o comprimento
0 θSLL θSLL 180
de onda no espaço livre), que, em 2,4 GHz, corresponde a
62,5 mm.
Figura 3. Máscara de intensidade de radiação normalizada com SLL menor Para estudar a capacidade de apontamento dessa rede, o
que -20 dB.
algoritmo de otimização foi configurado considerando-se a
A Fig. 4 mostra um fluxograma do algoritmo de colônia utilização de 20 vaga-lumes, β0 = 2, γ = 5, α = 10−3 e
de vaga-lumes implementado neste trabalho. Primeiramente, com número máximo de 100 iterações. A Fig. 5 mostra os
são especificados os dados da rede de antenas, tais como: diagramas de irradiação sintetizados com estas especificações.
frequência de operação e distância entre elementos. Logo após,
Intensidade de potência normalizada (dB)

as características da colônia (número máximo de iterações 0


θmax = 45◦
e quantidade de vaga-lumes) são definidas, bem como as −5 θmax = 70◦
variáveis otimizáveis. Posteriormente, a colônia de vaga-lumes θmax = 90◦
−10
inicial é criada e, então, é feita uma comparação, em relação à θmax = 110◦
−15 θmax = 135◦
função erro (7), entre todos vaga-lumes da colônia. Os piores
(vaga-lume i), ou seja, que apresentam maior erro, são guiados −20
a acompanhar o melhor (vaga-lume j) com (1). Este processo é
−25
realizado com todos os vaga-lumes até que o número máximo
de iterações seja alcançado. Por fim, como saída do código, −30
são gerados os diagramas de irradiação desejados e as variáveis −35
otimizadas.
−40
0 30 60 90 120 150 180
III. REDE LINEAR DE ANTENAS ISOTRÓPICAS
θ (Graus)
Manipulando-se (4) e (5) para uma rede de quatro elementos
isotrópicos com a origem de coordenadas no centro do arranjo, Figura 5. Resultados simulados para rede isotrópica com SLL menor que
tem-se que o campo elétrico total irradiado é dado por -20dB.

~ Tiso
E otal =|a1 |e
j(−k0 d1 cos(θ)+δ1 )
+ |a2 |ej(−k0 d2 cos(θ)+δ2 ) + Nota-se que, ao direcionar o feixe para fora da direção de
|a3 |ej(k0 d3 cos(θ)+δ3 ) + |a4 |ej(k0 d4 cos(θ)+δ4 ) , broadside (90◦ ), este tende a se alargar. Isto ocorre devido
(9) a distribuição das amplitudes dos coeficientes de excitação

423
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

dos elementos da rede, que, neste caso, não é concentrada Com os diagramas de irradiação gerados pelo simulador
no centro do arranjo e sim nos elementos das bordas da rede. eletromagnético (ANSYS HFSS), é possível realizar a otimiza-
É possível verificar, também, que próximo de 0◦ e de ção com o FA. Nesta aplicação são utilizados 20 vaga-lumes,
180◦ o diagrama não obedece ao SLL desejado. Isto se β0 = 2, γ = 5, α = 10−3 e número máximo de iterações
deve ao fato de haver campo irradiado entre 180◦ e 360◦ , igual a 100. O tempo de processamento em todos os casos
não analisado na otimização devido à simetria do arranjo. é inferior a 0,5 segundo. A Fig. 8 mostra a intensidade de
Este efeito pode ser contornado substituindo-se as antenas potência normalizada para cinco diferentes apontamentos.
isotrópicas por elementos diretivos.

Intensidade de potência normalizada (dB)


0
IV. REDE LINEAR DE ANTENAS DE MICROFITA θmax = 63◦
−5 θmax = 75◦
A fim de aplicar os conceitos de otimização para uma antena θmax = 85◦
−10
real, um modelo eletromagnético de uma rede de antenas de θmax = 90◦
−15 θmax = 95◦
microfita foi considerado para realização de beamforming. A
θmax = 105◦
Fig. 6 mostra o modelo simulado, com quatro elementos, −20 θmax = 117◦
espaçados entre si de λ20 . O número de elementos na rede
−25
foi escolhido com base no equilíbrio entre complexidade
de construção e grau de liberdade no controle do diagrama −30
resultante do conjunto. −35

−40
0 30 60 90 120 150 180
θ (Graus)

Figura 8. Resultados simulados para rede linear com SLL menor que -20dB.

Em todos casos o diagrama sintetizado obedeceu ao SLL


imposto pela máscara. Foram alcançados resultados satisfató-
rios para apontamento de feixe, sendo estes de até 27◦ para
fora da direção de broadside. A área total de varredura em θ,
obtida para um SLL ≤ -20 dB, foi de 54◦ , o que significa que
a potência irradiada pela rede pode ser apontada em diversas
Figura 6. Modelo eletromagnético da rede de antenas projetada.
direções no intervalo angular entre 63◦ e 117◦ .
Pelo fato de esta rede possuir apenas quatro elementos e
A Fig. 7 mostra as intensidades de potência normalizadas os diagramas de irradiação possuírem uma forma simples, o
simuladas para cada uma das antenas do conjunto. Estes método converge em poucas iterações. A Fig. 9 apresenta a
diagramas são simulados excitando-se uma antena por vez, curva de evolução do algoritmo, que mostra a função erro em
terminando-se as entradas dos demais elementos da rede relação ao número de iterações para o caso de apontamento
com cargas casadas em 50 Ω. Verifica-se que, devido ao em θ = 63◦ .
acoplamento mútuo, cada elemento apresenta um diagrama de
irradiação particular. 120 erro
Intensidade de potência normalizada (dB)

0
Antena 1 90
Antena 2
Erro

Antena 3
−5 Antena 4 60

−10 30

−15 0
0 25 50 75 100
Iteração

−20
0 30 60 90 120 150 180 Figura 9. Curva de evolução do método iterativo.
θ (Graus)
Nota-se que, apesar de serem utilizadas 100 iterações, o mé-
Figura 7. Resultados simulados para rede de antenas de microfita. todo converge em torno da iteração numero 60. É interessante

424
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

ressaltar a boa evolução do algoritmo, minimizando um erro imposto. Há uma pequena diminuição na abertura angular
de, aproximadamente, 120 na primeira iteração para 0,8 na do beamforming, de 54◦ (modelo eletromagnético) para 52◦
última. Isso corresponde a um valor de erro residual de cerca (protótipo), decorrente de pequenas imperfeições do processo
de 0,06 % do valor de erro inicial. construtivo do protótipo.
Para validação das simulações, a rede de antenas foi fa-

Intensidade de potência normalizada (dB)


bricada. É importante salientar que este dispositivo apresenta 0
θmax = 65◦
uma largura de banda de 192 MHz em torno da frequência −5 θmax = 75◦
central de 2,4 GHz. O protótipo instalado na câmara anecoica θmax = 85◦
−10
de campo próximo da UNIPAMPA, como mostrado na Fig. 10, θmax = 90◦
e os campos irradiados por cada elemento individualmente fo- −15 θmax = 95◦
θmax = 105◦
ram medidos utilizando-se procedimento similar ao realizado −20 θmax = 117◦
no HFSS. De posse desses dados, pôde-se calcular o diagrama
−25
que seria medido excitando-se os elementos para apontar o
feixe para θmax = 90◦ sem controle de lóbulos secundários. −30
A comparação entre o diagrama obtido com os dados medidos −35
com o resultado do HFSS é mostrada na Fig. 11. Percebe-
se excelente concordância entre os resultados, o que valida o −40
0 30 60 90 120 150 180
modelo eletromagnético. θ (Graus)

Figura 12. Resultados do protótipo da rede de antenas de microfita com SLL


menor que -20dB.

V. CONCLUSÃO
Neste trabalho, uma aplicação do algoritmo de otimização
por colônia de vaga-lumes foi apresentado. Foram sintetizados
diferentes diagramas de irradiação para três redes de antenas:
com elementos isotrópicos e com antenas de microfita (modelo
eletromagnético e protótipo). Foram alcançados resultados
satisfatórios tanto em SLL quanto em apontamento de feixe,
para o modelo eletromagnético e para o protótipo da rede de
Figura 10. Protótipo da rede de antenas de microfita. antenas de microfita, com uma abertura de feixe superior a
50◦ mantendo-se SLL ≤ -20 dB.
A Fig. 12 mostra os apontamentos de feixe, obtidos também
para o modelo eletromagnético da rede, implementados com AGRADECIMENTOS
os diagramas de irradiação medidos. Neste caso os resultados O presente trabalho foi realizado com apoio da Fundação
foram gerados com os mesmos parâmetros de otimização. de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
Nota-se que os lóbulos secundários respeitam o SLL de -20 dB (FAPERGS), processo SPI n◦ 18/2551-0000632-7.
Referências
◦ [1] E. Yoshimoto and M. V. T. Heckler, “Otimização de Redes Planares de
0 345◦ 0 15◦ Antenas utilizando o Método de Colônia de Vaga-lumes,” 18◦ Simpósio
330◦ 30◦
Intensidade de irradiação normalizada (dB)

Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica - MOMAG 2018 - Santa Rita


315◦ 45◦ do Sapucaí-MG, Ago. 2018.
−10 [2] Y. Rahmat-Samii and E. Michielssen, “Electromagnetic optimization by
300◦ 60◦ genetic algorithms,” Microwave Journal, vol. 42, no. 11, pp. 232–232,
1999.
−20 285◦ 75◦ [3] S.-C. Chu, P.-W. Tsai, and J.-S. Pan, “Cat swarm optimization,” in Pacific
Rim international conference on artificial intelligence. Springer, 2006,
pp. 854–858.
−30 270◦ 90◦ [4] S. M. Tolfo, “Desenvolvimento de uma ferramenta computacional para
síntese de redes de antenas,” 2016.
255◦ 105◦ [5] K. Slavakis and I. Yamada, “Robust wideband beamforming by the hybrid
steepest descent method,” IEEE Transactions on Signal Processing,
HFSS vol. 55, no. 9, pp. 4511–4522, 2007.

240
Medido 120◦ [6] C. A. Balanis, Antenna theory: analysis and design, 3rd ed. John Wiley
& sons, 2005.
225◦ 135◦ [7] L. L. da Silva, J. M. Vieira, E. Yoshimoto, and M. V. T. Heckler, “Estudo
◦ ◦
210 150 de Defasadores em Banda S Utilizando Elementos Discretos,” XXXVII
195◦ 180◦ 165◦ Simpósio Brasileiro de Telecomunicações e Processamento de Sinais
Petrópolis-RJ, Sep. 2019.
Figura 11. Diagramas de irradiação (broadside) das redes simulada e [8] X.-S. Yang, “Firefly algorithms for multimodal optimization,” in Interna-
construída. tional symposium on stochastic algorithms. Springer, 2009, pp. 169–178.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Análise de uma Antena de Microfita com Substrato


Composto de Células Metamateriais Rotacionadas

Adelson M. Lima1,2 N. O. Cunha2, J. P. da Silva2 e Magno M. de Araújo2,3


1
Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA 2
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Pau dos Ferros, RN Natal, RN
adelsonmlima@gmail.com nilson.ee@gmail.com, patroc@ct.ufrn.br
3
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte - IFRN
Mossoró, RN
magno.medeiros@ifrn.edu.br

Resumo—Neste artigo é proposto o projeto de uma antena carga em ambos os lados do patch e na superfície do plano de
plana de microfita baseada em um substrato metamaterial. A terra [11]. Com a presença do arranjo MTM no interior do
estrutura consiste em um arranjo periódico de células dispostas no substrato em conjunto com a antena, os fenômenos de atração e
interior do substrato. Inicialmente, a célula unitária é repulsão entre as cargas elétricas fazem surgir uma densidade de
caracterizada e analisada para ressoar na frequência de operação corrente nas células unitárias, que dependerá de sua posição e do
de projeto e em seguida disposta em linhas ao longo da direção ângulo de inclinação. A interação dos campos eletromagnéticos
longitudinal do substrato da antena, tendo sua inclinação variada no substrato com esta densidade de corrente promove o efeito de
em relação ao plano de terra. A análise é feita utilizando um ressonância, mudando a resposta do modo principal da antena
modelo computacional baseado no método dos elementos finitos
projetada [9]. Esta interação pode ter efeito construtivo ou
pelo software HFSS®. O desempenho da estrutura é verificado
para o coeficiente de reflexão (S11), largura de banda de operação
destrutivo com os campos da antena, permitindo o aumento do
e ganho. desempenho do dispositivo.
Nesse contexto, as antenas de microfita e os MTMs se
Palavras-chave — Antenas de microfita; arranjo; célula, tornaram uma combinação bastante interessante, devido a
metamaterial; substrato. possibilidade de construção e união de materiais, já que o
I. INTRODUÇÃO material que constitui o substrato da antena é de grande
relevância para obtenção do seu desempenho.
A pesquisa contínua por tecnologias em sistemas de
comunicação sem fio, como as antenas de circuito impresso, tem Na literatura, diversas geometrias são caracterizadas como
levado os pesquisadores a investigarem intensamente o seu estruturas MTMs que são aplicadas no patch, no substrato ou no
desempenho com a introdução de técnicas na sua construção, em plano de terra das antenas. Cada configuração pode influenciar
especial nas antenas de microfita. Para isso, os metamateriais de forma diferente os parâmetros de desempenho da antena. Esta
(MTMs) e nanomateriais estão sendo considerados como o influência pode ser no ganho, na largura de banda (LB), no
próximo marco para quaisquer melhorias no desempenho da diagrama de radiação, na diretividade, e em outras
antena [1]. características como miniaturização, multibanda, redução da
absorção eletromagnética, isolamento de antenas de múltiplas
Conforme a literatura, os MTMs são construídos a partir de entradas e atenuação de ondas de superfície [1], [2], [9], [12]-
células unitárias periódicas, compreendendo ressoadores [15].
metálicos que modificam a propriedade eletromagnética do
meio [2]. Conceitualmente, são apresentados como estruturas Nos primeiros estudos sobre MTMs, os arranjos de células
periódicas artificiais que possuem propriedades não encontradas eram dispostos apenas na posição horizontal (0 graus) [3],
na natureza [3], podendo exibir permissividade (εeff) e contudo os estudos recentes sobre caracterização de estruturas
permeabilidade efetivas (µeff) simultaneamente negativos em MTMs observou que a angulação da célula pode manter a
uma faixa de frequência finita [4]. O termo “inspirado em estrutura como MTM, porém criando respostas em frequências
metamateriais” refere-se a antenas cujas propriedades não são diferentes [4], [16]. Neste contexto, o presente trabalho tem
determinadas pela interação com um meio metamaterial eficaz, como objetivo o estudo de um substrato MTM projetado para
mas pela interação com um meio de células unitárias ou um operar em 5,8 GHz. Neste estudo é verificado a contribuição da
conjunto de células [5]-[9]. inclinação das células unitárias, que foram variadas em
intervalos de 15 graus, dentro de um intervalo de 0 a 90 graus
Para que um conjunto de células ou um arranjo periódico em torno da direção ±ŷ. Foram elaboradas três antenas com
apresente as características de εeff e µeff negativos, seus elementos diferentes distâncias (0) na direção ±ŷ entre as células do
devem ter tamanho e espaçamento bem menores do que o arranjo MTM. Os resultados obtidos numericamente através de
comprimento de onda na faixa de frequência desejada [10]. simulação foram comparados para os ângulos entre 0 e 90 graus.
Quando uma antena plana é energizada surge uma densidade de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Por fim, uma comparação do resultados simulados em 0 graus é as frequências de ressonância diminuírem, possibilitando uma
apresentado. miniaturização da antena. Esse efeito pode ser avaliado com o
uso de (4) [11], em que o aumento absoluto de µeff leva a uma
Na próxima seção será apresentada o projeto da célula MTM. redução das frequências ressonantes da antena.
A seção III apresenta o projeto das antenas propostas, na seção
IV contempla as configurações de arranjo utilizadas, na seção V 𝑐 2 2 2
são mostrados os resultados das simulações, e por fim, na seção (𝑓𝑟 )𝑛𝑚 = √(𝑚.𝜋) + (𝑛.𝜋) + (𝑝.𝜋) 
2𝜋√𝜇𝑒𝑓𝑓 .𝜀𝑒𝑓𝑓 ℎ 𝐿 𝑊
VI as conclusões.
Sendo m, n, p índices modais e L o comprimento e W a largura,
II. PROJETO DA CÉLULA METAMATERIAL h espessura do substrato.
Para a obtenção do MTM usado nos projetos das antenas
propostas, a célula unitária do tipo Capacitive Loaded Loop 300

(CLL) da Fig. 1 [12] foi modificada estruturalmente para ressoar


em 5,8 GHz e analisado seu desempenho usando o método dos 200
elementos finitos no software HFSS®. As simulações utilizaram
material FR4 (εr = 4,4 e tgδ = 0,02) como substrato. A Fig. 1
apresenta as partes que compõem a célula e a Tabela I mostra 100

Amplitude
suas dimensões em milímetros.
b 0
i
d e
-100 Re (eff)
f Re (eff)
a c
-200 Re (n)
h
5,60 5,65 5,70 5,75 5,80 5,85 5,90 5,95 6,00
g Frequência (GHz)

Fig. 1. Projeto da célula MTM. Fig. 2. Caracterização dos parâmetros εeff, µeff e n.

TABELA I. DIMENSÕES DA CÉLULA MTM


III. PROJETO DAS ANTENAS PROPOSTAS
Dimensões em mm
As antenas foram projetadas para aplicações em 5,8 GHz
a b c d e f g h i com substrato FR4 (εr = 4,4 e tgδ = 0,02). A excitação foi feita a
2,6 4,4 2 1,65 0,5 1,2 3,8 0,2 1,55 partir de uma linha de alimentação que é integrado ao patch para
um melhor casamento de impedância entre a linha e o elemento
Em alguns casos, as dimensões das células não atendem aos radiante [11]. As antenas sem e com MTM, Fig. 3 e Fig. 4,
resultados desejados, tornando-se necessário ajustar utilizaram placas de FR4 com dimensões (Lg e Wg) e espessura
gradualmente sua dimensão para que os resultados total de t = 3,1 mm, com laminados de cobre com 0,03 mm de
computacionais atendam às condições de εeff e µeff negativos espessura. As dimensões estão na Fig. 3 e apresentadas na
simultaneamente. A excitação de uma célula unitária, para a Tabela II. Para as antenas com MTM o arranjo de células ficou
obtenção dos parâmetros εeff e µeff, requer a incidência de uma imerso no substrato e centralizado, conforme a Fig. 4.
onda eletromagnética plana e da aplicação de condições de
contorno periódicas adequadas, para obter os parâmetros da
W0
matriz de espalhamento (S). Os coeficientes de reflexão (S11) e
de transmissão (S12) são usados para o cálculo dos parâmetros L0
εeff e µeff de acordo com (1) e (2) [16]-[17]. Lg Lp Patch
2 1−𝑆11 −𝑆12 Substrato
 𝜀𝑒𝑓𝑓 = ( )( )   Wp
𝑗𝑘0 𝑙1 1+𝑆11 +𝑆12
t
Plano de Terra
2 1+𝑆11 −𝑆12
 µ𝑒𝑓𝑓 = ( )( )  Wg
𝑗𝑘0 𝑙1 1−𝑆11 +𝑆12
Fig. 3. Antena de microfita sem MTM e suas dimensões.
 𝑛 = √𝜀𝑒𝑓𝑓 µ𝑒𝑓𝑓  
TABELA II. DIMENSÕES DOS PARÂMETROS DAS ANTENAS
Sendo l1 é o comprimento máximo da célula unitária na direção Dimensões em mm
de propagação [18] e k0 é o número de onda no espaço livre. Lg Wg Lp Wp L0 W0 t’ t”
A Fig. 2 mostra a parte real εeff, µeff e n da célula, e que na 29,2 41,6 10 16 6,5 2,7 1,55 1,55
região de operação desejada da antena, a célula CLL apresenta
característica magnética predominante. Essas características
induzem que a µeff do substrato da antena aumentou, o que leva

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

V. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Simulações baseadas no método dos elementos finitos foram
realizadas para analisar o desempenho e validar os resultados
com valores dentro da faixa de -10 dB, conforme determina a
Arranjo Federal Communication Commission (FCC), para produção
imerso no comercial.
x,k z,E substrato
y,H A Fig. 7 mostra as curvas do parâmetro S11 simulado para a
0 de 4 mm e para os diferentes ângulos de rotação. A literatura
Fig. 4. Antenna com arranjo de células MTMs. sobre a teoria de metamateriais [5]-[6] diz que quando a onda
eletromagnética atravessa as células, incidindo de forma plana,
IV. CONFIGURAÇÃO DOS ARRANJOS faz surgir um momento de dipolo elétrico entre a parte superior
As antenas baseadas em MTM são projetadas com arranjos e inferior da célula, alterando sua permissividade e
de células inseridas no substrato, com as células distribuídas permeabilidade efetiva. A Fig. 7 mostra que a antena sem MTM
periodicamente para as três antenas propostas (Fig. 5). Foram e a antena com MTM em 0 graus apresentam frequências
simuladas antenas com arranjos de 7 x 7 elementos ressoadores, ressonantes semelhantes. À medida que a inclinação aumenta, o
com uma distância 0 entre o centro das células de 4 mm, 5 mm efeito do dipolo elétrico passa a ser significativo e diminui as
e 6 mm na direção ±ŷ, e uma distância fixa na direção ±𝑥̂ de 4 frequências ressonantes do primeiro modo. A Tabela III resume
os parâmetros analisados para cada ângulo.
mm. Nas análises seguintes foi realizada uma rotação das células
de 0 a 90 graus em torno da direção ±ŷ, em intervalos de 15 0

graus, para cada espaçamento 0 conforme a Fig. 6. -5

-10

-15
S11(dB)

-20 Sem MTM



-25 15º
30º
45º
-30
60º
(a) (b) 75º
-35 90º
4,50 4,75 5,00 5,25 5,50 5,75 6,00 6,25 6,50
Frequência (GHz)

Fig. 7. Parâmetro S11 para o arranjo de células de 4 mm

TABELA III. PARÂMETROS PARA A 0 DE 4 MM

Ângulo Frequência de Coeficiente de Largura de


(graus) Ressonância (GHz) Reflexão (S11) Banda (MHz)
0 5,80 -23,93 580
(c) 15 5,35; 5,98 -21,82; -17,85 480; 340
30 5,16; 5,87 -11,64; -21,67 140; 380
Fig. 5. Configurações dos Arranjos de células MTMs (a) 4 mm, (b) 5 mm, (c) 45 5,23; 5,70; 6,01 -15,57; -13,23; -18,99 360; 80; 150
6 mm.
60 5,08; 6,05 -14,39; -13,60 340; 140
75 4,90; 5,88 -12,53; -10,03 570; 290
90 4,98; 5,96 -14,46; -10,74 290; 250

A Fig. 8 apresenta as curvas do S11 simulado para a 0 de 5


mm e para os diferentes ângulos de rotação. Observa-se o modo
dominante na frequência de 5,8 GHz para as rotações 0 e 15
(a) graus. Nas demais rotações, a antena ressoa em frequências mais
baixas. Para o caso de 90 graus, tem-se o mesmo fenômeno já
apresentado na variação de 4 mm. A tabela IV resume os
parâmetros analisados para cada ângulo.
(b)

Fig. 6. Visão da antena (a) Lateral, (b) Frontal com células em 90 graus.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

0 TABELA V. PARÂMETROS PARA A 0 DE 6 MM


-5 Ângulo Frequência de Coeficiente de Largura de
(graus) Ressonância (GHz) Reflexão (S11) Banda (MHz)
-10 0 5,77 -18,05 580
15 5,80 -14,56 600
-15
30 5,63 -16,77 420
45 5,48 -16,92 350
S11(dB)

-20
Sem MTM 60 5,36 -15,46 340
-25 0º 75 5,31 -13,33 270
15º 90 5,26 -14,46 340
-30 30º
45º
-35 60º A Fig. 10 apresenta a comparação entre os resultados
75º
90º
simulados para a antena sem MTM e com MTM em 0 graus e
-40
4,50 4,75 5,00 5,25 5,50 5,75 6,00 6,25 6,50 para os diferentes 0, visto que na prática é a forma mais
Frequência (GHz) acessível de se realizar. Percebe-se que o aumento de 0, resulta
Fig. 8. Parâmetro S11 para o arranjo de células de 5 mm. na diminuição da frequência de ressonância, enquanto ocorre um
aumento na LB quando comparado com a antena sem MTM.
TABELA IV. PARÂMETROS PARA A 0 DE 5 MM Ainda verifica-se que a inserção do arranjo MTM no substrato
da antena modificou a permissividade e a permeabilidade
Ângulo Frequência de Coeficiente de Largura de efetivas do substrato.
(graus) Ressonância (GHz) Reflexão (S11) Banda (MHz)
0
0 5,80 -14,66 740
15 5,76 -15,79 670 -5
30 5,58; 5,96; 6,15 -21,01; -11,45; -12,25 390; 60; 70
45 5,45 -20,73 390 -10

60 5,30; 6,12 -13,18; -11,83 210; 50


-15
S11 (dB)
75 5,24; 6,14 -14,19; -12,59 250; 50
90 5,17 -12,02 220 -20

A Fig. 9 mostra as curvas de S11 simulado para 0 de 6 mm -25


Sem MTM
e para os ângulos de rotação. -30 4 mm
0 5 mm
6 mm
-35
-5 4,50 4,75 5,00 5,25 5,50 5,75 6,00 6,25 6,50
Frequência (GHz)
-10
Fig. 10. Parâmetro S11 simulados da antena sem e com MTM em 0 graus.
-15
A Fig. 11 apresenta os ganhos para a frequência de 5,8 GHz
S11(dB)

-20
Sem MTM
da antena sem e com MTM, em que na antena com MTM as
-25 0º células estão dispostas na horizontal. Verifica-se que os ganhos
-30
15º
30º
máximos da antena são alcançados em theta igual a -10 graus.
45º Além disso observa-se que todas as antenas com MTM
-35 60º
75º
obtiveram uma redução em seu ganho máximo.
90º
-40
4,50 4,75 5,00 5,25 5,50 5,75 6,00 6,25 6,50
Frequência (GHz)

Fig. 9. Parâmetro S11 para o arranjo de células de 6 mm.

Verifica-se o modo dominante na frequência de 5,8 GHz


para os ângulos de 0 e 15 graus. Nas rotações entre 30 e 90
graus, as frequências de ressonâncias são menores. Para 75 e 90
graus, notam-se os maiores resultados insatisfatórios para o
casamento de impedância, além disso apresenta o mesmo
fenômeno citado na 0 de 4 mm e 5 mm. A tabela V resume os
parâmetros analisados para cada ângulo.

Fig. 11. Ganho em 5,8 GHz com as células em 0 graus.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Esta redução no ganho se deve ao fato das células serem AGRADECIMENTOS


elementos metálicos, e isso provoca uma maior perda devido a A UFRN/PPGEEC, IFPB/Campus João Pessoa e
circulação de corrente de superficie nestas estruturas, como UFERSA/PPGEE pela licença do software comercial (nº
respota uma redução no ganho. A tabela VI resume os 1058710). O presente trabalho foi realizado com apoio da
parâmetros analisados para o ângulo em 0 graus. Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
- Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.
TABELA VI. PARÂMETROS PARA A ANTENA SEM E COM MTM SIMULADOS.
Largura REFERÊNCIAS
Ângulo Frequência de Coeficiente de Ganho
de Banda [1] T. A. Elwi, “Novel UWB printed metamaterial microstrip antenna based
0 graus Ressonância (GHz) Reflexão (S11) (dB)
(MHz) organic substrate for RF-energy harvesting applications’, Intern. Journal
Sem of Elect. and Commun. , vol.101, pp. 44-53, March 2019.
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MTM [2] A. W. Saadh and T. Ali, “A compact coaxial fed metamaterial antenna for
4 mm 5,8 -16,30 580 5,42 wireless applications”, Journal of Instrumentation, vol. 14, no. 6, pp.
5 mm 5,8 -22,65 740 2,7 P06025, June 2019.
6 mm 5,8 -33,00 570 5,42 [3] C. Caloz and T. Itoh, “Electromagnetic Metamaterials: Transmission Line
Theory and Microwave Applications, John Wiley & Sons, 2005.
Os resultados simulados demonstraram que para os arranjos [4] D. R. Smith and N. Kroll, “Negative refractive index in left-handed
materials,” Phys. Rev. Lett., vol. 85, no. 14, pp. 2933–2936, October
dispostos no ângulo de 0 graus a ressonância surge, 2000.
principalmente, devido à interação com as cargas elétricas entre [5] V. G. Veselago, “The electrodynamics of substances with simultaneously
o patch e o plano de terra da antena. À medida que a inclinação negative values of E and mi,” Soviet Physics Uspekhi, vol. 10, pp. 509–
aumenta o campo elétrico passa a induzir um dipolo elétrico 514, 1968.
entre a parte superior e inferior do CLL que ao somar-se com os [6] D. R. Smith, J. B. Pendry and M. C. K Wiltshire, “Metamaterial and
efeitos das cargas já existentes, modificam o comportamento das negative refractive index,” Scince, vol. 305, pp. 788–792, 2004.
frequências de ressonância. Para a variação do espaçamento [7] D. C. Corrêa, U. C. Resende, F. S. Bicalho and Y. S. Gonçalves, “Design,
entre as células, na direção ±𝑦̂, permite verificar que o aumento optimization and experimental evalution of a F-shaped Multiband
metamaterial antenna,” Journal of Microw., Opt. and Electrom. Applic.,
da 0 diminui os efeitos de indutâncias e capacitâncias mútuas vol. 17, pp. 590-603, 2018
entre as células, comprovado pela diminuição de frequências [8] A. Salim and S. Lim, “Compact microwave components with harmonic
ressonantes nas curvas apresentas na Fig. 10 suppression based on aReview of recent metamaterial microfluidic
sensors”, Sensors, vol. 18, no. 1, p. 232, January 2018.
VI. CONCLUSÕES [9] E. J. Rothwell and R. O. Ouedraogo, “Antenna miniaturization:
Neste artigo, uma geometria MTM é caracterizada e inserida definitions, concepts, and a review with emphasis on metamaterials”,
Journal of Electromagnetic Waves and Applications, vol. 28, no. 17, pp.
no substrato da antena de microfita, sendo distribuída em um 2089–2123, November 2014.
arranjo de 7 x 7 células. A principal proposta é mostrar a [10] R. A. Shelby, D. R. Smith, and S. Schultz, “Experimental verification of
aplicabilidade da estrutura, com a possibilidade de fabricar a negative index of refraction,” Science, vol. 292, no. 5514, pp. 77–79,
placas de circuito impresso que utilizam este material. A April 2001.
distribuição entre as células, variação (0) entre as células e as [11] C. A. Ballanis, ‘Antenna theory analysis and design’. Jonh Wiley &
rotações angulares em torno da direção ±ŷ, foram definidas para Sons, Inc., New jersey, 2005.
verificar a influência no desempenho da antena. Nesse contexto, [12] D. A. Ketzaki and T. V. Yioultsis, “Metamaterial-based design of planar
observou que pequenas variações na direção ±𝑦̂ para 0 graus, compact MIMO monopoles,” IEEE Trans. on Antennas and Prop., vol.
61, pp. 2758–2766, May 2013.
causam reduções na frequência de ressonância e aumenta a
[13] T. Alam, M. R. I. Faruque and M. T. Islam, “Specific absorption rate
largura de banda do modo fundamental. Entretanto, a medida reduction of multi-standard mobile antenna with double-negative
que a angulação da célula varia de 0 a 90 graus, nota-se uma metamaterial,” Eletronics Letters, vol. 51, no. 13, pp. 970-971, June 2015.
degeneração da frequência do modo fundamental e uma [14] A. H. Jabire, H. Zheng, A. Abdu and Z. Song, “Characterístic mode
deteriorização no casamento de impedância para angulações analysis and design of wide band MIMO antenna consisting of
maiores. Além disso, a introdução do MTM nas antenas metamaterial unit cell,” Eletronics, vol. 8, no. 1, p. 68, January 2019.
possibilitou um melhor casamento de impedância da antena, [15] P. Baccarelli, P. Burghignoli, G. Lovat and S. Paulotto, “Surface-wave
como pode ser visto nos gráficos de S11 entre 0 e 15 graus. Ainda suppression in a double-negative metamaterial grounded slab,” IEEE Ant.
observou-se uma redução nos ganhos máximos de and Wireless Prop. Letters, vol. 2, no. 1, pp. 269-272, February 2003.
aproximadamente 1 dB nas antenas com 0 de 4 mm e 6 mm. [16] A. B. Numan and M. S. Sharawi, “Extraction of material parameters for
metamaterials using a full-wave simulator,” IEEE Trans. on Antennas and
Para a antena com 0 de 5 mm obteve redução de 3,7 dB. Assim, Prop., vol. 55, no. 5, pp. 202-211, October 2013.
apesar da redução dos ganhos, as antenas propostas [17] S. Roy, K. L. Baishnab and U. Chakraborty, “Beam focusing compact
evidenciaram uma solução para otimizar o casamento de wideband antenna loaded with mu-negative metamaterial for wireless
impedância e aumentar a largura de banda da antena, utilizando LAN application’, Progress In Electrom. Research, vol. 83, pp. 33-44,
materiais de baixo custo. Por fim, as estruturas projetadas foram January 2018.
analisadas por simulação e verificou-se a viabilidade de [18] X. Chen, T. M. Grzegorczyk, B. I. Wu, J. Pacheco, and J. A. Kong,
prototipagem para a configuração com células em 0 graus, sendo “Robust method to retrieve the constitutive effective parameters of
metamaterials,” Phys. Rev. E - Stat. Physics, Plasmas, Fluids, Relat.
possível obter resultados experimentais. Interdiscip. Top., vol. 70, no. 1, p. 7, July 2004.

430
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Desenvolvimento de Arranjo de Antenas de Microfita


com Ressonadores de Geometria Matrioska no Plano
de Terra para Aplicação em Sistemas de
Comunicação 5G na Banda de Frequência de 3,5 GHz
Jefferson Costa e Silva, Alfrêdo Gomes Neto, Mateus Lucas de Campos e Silva, Álef Huan Pereira Souto, Bruna
Luíse da Silva Bandeira de Carvalho
Instituto Federal da Paraíba – IFPB - Grupo de Telecomunicações e Eletromagnetismo Aplicado - GTEMA
João Pessoa, Paraíba, Brasil, gtema.ifpb@gmail.com

Resumo — Neste trabalho é apresentado o desenvolvimento antenas de microfita nos dispositivos portáteis possui a
de um arranjo de antenas de microfita com ressonadores de vantagem de seu pequeno volume e da disposição planar dos
geometria matrioska no plano de terra para aplicação em elementos irradiantes, apresentando um equilíbrio adequado
sistemas de comunicação 5G na banda de frequência de 3,5 GHz. entre desempenho e complexidade de fabricação para
O arranjo proposto é composto por quatro antenas de microfita aplicações 5G [5], [6].
com patch retangular, onde os ressonadores são aplicados no
plano de terra, na forma de estruturas DGS (Defected Ground As antenas de microfita são adequadas para a transmissão e
Structure). O objetivo principal é verificar a influência dos a recepção na banda de micro-ondas, e devido à necessidade
ressonadores no desempenho do arranjo, bem como sua atual dos equipamentos de comunicações serem cada vez mais
influência nos principais parâmetros da estrutura irradiante. São compactos, um aspecto desejável para esse tipo de antena tem
descritos os procedimentos de projeto dos irradiadores e dos sido a miniaturização. Dessa forma, têm sido desenvolvidas
ressonadores e são obtidos resultados numéricos e experimentais técnicas capazes de alterar a sua estrutura de maneira que
referentes à frequência de ressonância, largura de banda e resulte na redução do tamanho. Uma dessas técnicas tem sido a
diagrama de irradiação. Uma boa concordância foi obtida entre utilização de estruturas DGS (Defect Ground Structure) [7]-[9].
os resultados simulados e obtidos experimentalmente, com uma A aplicação da estrutura DGS em antena de microfita é feita
redução na ressonância do arranjo e com um aumento da largura através da inserção de uma fenda no plano de terra da antena,
de faixa. para melhorar o seu desempenho, podendo essa fenda ser
Palavras-chave—arranjo de antenas; microfita; geometria
baseada em diferentes geometrias. Diferentes tipos de
matrioska; DGS; ressonadores. geometria podem ser gravadas no plano de terra de uma antena
de microfita, Fig.1 [10]. De modo geral, as diferentes formas
de estrutura DGS possuem as mesmas funções e características,
I. INTRODUÇÃO tais como, por exemplo, rejeição de banda e miniaturização do
Os sistemas de comunicação sem fio têm experimentado tamanho da antena. Uma proposta de geometria que tem sido
rápidas mudanças ao longo das últimas décadas. Cada nova desenvolvida em trabalhos recentes no GTEMA/IFPB, Grupo
geração dos sistemas de comunicação móveis apresenta um de Telecomunicações e Eletromagnetismo Aplicado, tem sido a
incremento substancial no desempenho com relação à geração geometria matrioska, que foi desenvolvida aplicando a ideia
anterior. Particularmente, os sistemas de comunicação móveis das bonecas matrioska [11], as quais são constituídas por uma
de quinta geração (5G) prometem conectar não só os série de bonecas colocadas umas dentro das outras,
dispositivos móveis, como também outros equipamentos à expandindo-se da mais externa (maior) até a mais interna
Internet através de enlaces de dados de alta velocidade e banda (menor) ocupando apenas o volume da boneca mais externa,
larga [1]. [12], Fig. 1.
As antenas assumem um papel fundamental para que o Neste trabalho é apresentado o desenvolvimento de arranjo
sistema 5G possa alcançar seus objetivos, demandando por de antenas de microfita com ressonadores de geometria
numerosos desafios de projeto para satisfazer o compromisso matrioska no plano de terra para aplicação em sistemas de
entre os aspectos relacionados ao projeto tecnológico e comunicação 5G na banda de frequência de 3,5 GHz. O
demandas comerciais. Particularmente, as antenas de microfita objetivo é verificar a influência dos ressonadores matrioska nos
se adequam muito bem no atual contexto, por possuírem principais parâmetros da antena, tais como, largura de banda e
características muito vantajosas e que as tornam adequadas diagrama de irradiação, além de comprovar sua influência no
para uso nos atuais sistemas de comunicações móveis, dentre processo de miniaturização da estrutura.
as quais podem ser citados: baixo custo, tamanho reduzido,
eficiência de radiação, ganho, desempenho para transmissão
em banda larga, dentre outros [2]-[4]. Além disso, o uso das

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

3×108
𝑊= 2
, (1)
2𝑓𝑟 √
𝜖𝑟 +1

𝑊
3×108 (𝜀𝑒𝑓𝑓 +3)∙( +0,264)
𝐿= − 0,824 ℎ
𝑊 (2)
2𝑓𝑟 √𝜀𝑒𝑓𝑓 (𝜀𝑒𝑓𝑓 −0,258)∙( +0,8)

1⁄
a) Diferentes formatos de DGS b) Bonecas matrioska
𝜀𝑟 + 1 𝜀𝑟 − 1 ℎ − 2
(3)
𝜀𝑒𝑓𝑓 = + [1 + 12 ∙ ]
2 2 𝑊

onde, 𝑓𝑟 , é a frequência de ressonância, 𝑊 e 𝐿 são a largura e


comprimento do patch, respectivamente, ℎ é a altura do
substrato, 𝜀𝑟 é a constante dielétrica relativa e 𝜀𝑒𝑓𝑓 é a
constante dielétrica efetiva.
A alimentação foi realizada através de linha de microfita e
c) Matrioska com 4 anéis d) Matrioska expandida para o casamento de impedâncias da antena foi utilizado o
Fig. 1. Diferentes geometrias de estruturas DGS [10]-[12]. transformador de quarto de onda, que realiza alterações na
linha de transmissão.

II. PROJETO DO ARRANJO DE ANTENAS DE MICROFITA III. PROJETO DOS ELEMENTOS COM GEOMETRIA MATRIOSKA
Nesta seção são descritos os procedimentos para o projeto O diferencial dos ressonadores com geometria matrioska, é
do arranjo de antenas de microfita utilizados neste trabalho. Os que os anéis são interligados, o que torna toda a estrutura um só
arranjos são muito utilizados, entre outras coisas, para se obter anel, resultando em um aumento do comprimento efetivo final
características que não podem ser conseguidas com um sistema do elemento e possibilita a redução da frequência de
irradiante com um único elemento. Se esse elemento irradiante ressonância e um comportamento multibanda.
for repetido obedecendo a uma periodicidade de distribuição
pré-definida, será criada uma matriz de antenas. A amplitude e O ponto de partida para esse tipo de estrutura são os anéis
a fase dos sinais emitidos por cada um desses elementos concêntricos, que são apresentados na Fig. 3. A matrioska é
individuais podem ser ajustadas de modo a controlar a direção obtida interligando-se os dois anéis.
do feixe e os níveis dos lóbulos laterais do diagrama de
irradiação, criando um “phased array”. Isso resulta em uma
rede de alimentação significativamente mais complexa [13].
Dentre os diversos tipos de configurações diferentes, uma
das mais utilizadas, e que será adotada nesse trabalho, é o
arranjo planar com patch retangular, linear, uniforme e com
alimentação única, Fig. 2.

a)Geometria com anéis concêntricos b)Geometria matrioska-dois anéis

Fig. 3. Geometria matrioska.

A determinação do valor aproximado da primeira


ressonância da geometria matrioska é realizada através de (4)-
(5), correspondendo a um valor inicial de projeto, sendo um
primeiro passo para uma posterior parametrização numérica
[11].

3 × 108
𝑓𝑟𝑒𝑠1 = , (4)
𝐿𝑒𝑓𝑓 √𝜀𝑒𝑓𝑓

Fig. 2. Arranjo linear planar horizontal com 1 x 4 elementos e alimentação com:


única.
𝐿𝑒𝑓𝑓 = 4(𝐿𝑥1 + 𝐿𝑥2 ) − 2𝑔 + 2𝐿𝑐 (5)

As dimensões dos patches retangulares foram calculadas a


partir de (1)-(3) [13]: O comprimento efetivo, Leff, de uma estrutura com
geometria matrioska corresponde ao tamanho linear resultante

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

da interação entre o campo incidente e a forma geométrica da La 5,0 mm Wa 3,032 mm D4 55,28 mm


camada metalizada. Ou seja, é o comprimento de todos os anéis A Tabela II apresenta um resumo dos valores numéricos e
e conexões. Neste trabalho, as estruturas com geometria experimentais obtidos para o arranjo convencional.
matrioska utilizadas são do tipo complementar (fendas).
TABELA II - FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA E LARGURA DE BANDA – ARRANJO
IV. RESULTADOS NUMÉRICOS E EXPERIMENTAIS CONVENCIONAL

Os resultados numéricos foram obtidos utilizando o 𝒇𝒓 Numérico Medido BW Numérico Medido


programa comercial ANSYS HFSS [14]. Nos resultados
numéricos e experimentais foi considerado um substrato FR4, 𝒇𝒓 4,725 GHz 4,800 GHz 𝑩𝑾 265 MHz 125 MHz
de espessura h=1,6 mm, constante dielétrica 𝜀𝑟 = 4,4 e
tangente de perdas tg(δ)=0,02. A caracterização experimental
Os ressonadores com geometria matrioska com dois anéis,
foi realizada no Laboratório de Micro-ondas do GTEMA-
Fig. 2, foram projetados com quatro dimensões diferentes,
IFPB, utilizando um analisador de redes vetorial de duas portas
conforme mostrado na Tabela III. Os mesmos foram impressos
Agilent, VNA E5071C, Fig. 4.
no plano de terra do arranjo convencional na forma de
O arranjo planar, linear e uniforme é constituído de 4 estruturas DGS, observando a disposição indicada na Fig. 6 e
patches retangulares, com alimentação por linha de microfita, com os espaçamentos mostrados na Tabela IV.
com casamento de impedância realizado através de
transformador de λ /4 e plano de terra convencional, Fig. 2. A TABELA III - RESUMO DAS DIMENSÕES DOS RESSONADORES COM GEOMETRIA
Tabela I apresenta um resumo das dimensões do arranjo planar MATRIOSKA
projetado, enquanto que a Fig. 5 mostra sua resposta em
Dimensão DGS - Matrioska
frequência (parâmetro S11). Foi considerado o limite de S11 = (mm) 01 02 03 04
-10 dB para a determinação da banda passante do arranjo. LX1 12,03 12,09 12,22 12,36
LX2 5,00 5,00 5,00 5,00
LY1 12,03 12,09 12,22 12,36
LY2 5,00 5,00 5,00 5,00
LC 2,01 2,04 2,11 2,18
W 1,50 1,50 1,50 1,50
G 1,00 1,00 1,00 1,00

Fig. 4. Setup de medição.

Fig. 6 Disposição dos ressonadores matrioska no plano de terra do arranjo


planar (estrutura DGS).

TABELA IV - RESUMO DAS DIMENSÕES DA ESTRUTURA DGS

LX 11,85 mm LY 14,86 mm DY 16,22 mm


DX 25,02 mm DX1 1,59 mm Lg 70,0 mm
Wg 100,0 mm
Fig. 5 Resposta em frequência do arranjo planar linear de quatro elementos
com plano de terra convencional.

TABELA I - RESUMO DAS DIMENSÕES DO ARRANJO PLANAR O arranjo de antenas de microfita com as estruturas DGS
em seu plano de terra, constituídas de ressonadores de
L 13,1mm Lb 11,75 mm Wb 1,58 mm geometria matrioska, Fig. 7, foram caracterizados
W 17,0 mm Lc 5,0 mm D1 9,85 mm numericamente e experimentalmente. Como esperado, houve
Lqt 7,7 mm Ld 9,0 mm D2 25,27 mm uma redução na frequência de ressonância do sistema
irradiante, para os quatro casos avaliados, para a banda de
Wqt 1,5 mm Le 10,0 mm D3 28,43 mm
frequência de 3,5 GHz. As Figs. 8, 9, 10 e 11 mostram as

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

respostas em frequência (parâmetro S11) simuladas e medidas


para as estruturas que utilizam os ressonadores com geometria
matrioska 01, 02, 03 e 04, respectivamente.

Fig. 11 Resposta em frequência do arranjo planar linear de quatro elementos


com DGS com geometria matrioska 04.
Fig. 7 Arranjo planar com estrutura DGS com geometria matrioska no plano
de terra.
Para uma melhor análise dos resultados obtidos, a Tabela V
apresenta um resumo dos resultados obtidos para os quatro
arranjos planares com estrutura DGS. Observa-se uma boa
concordância entre os resultados medidos e simulados da
frequência de ressonância.

TABELA V - FREQUÊNCIA DE RESSONÂNCIA E LARGURA DE BANDA – ARRANJO


PLANAR COM DGS COM GEOMETRIA MATRIOSKA

Matrioska Matrioska
Numérico Medido Numérico Medido
01 02
Fig. 8 Resposta em frequência do arranjo planar linear de quatro elementos 𝒇𝒓 3,42GHz 3,55GHz 𝒇𝒓 3,49MHz 3,50GHz
com DGS com geometria matrioska 01.
BW 515 MHz 450 GHz 𝑩𝑾 500 MHz 400 MHz
Matrioska Matrioska
Numérico Medido Numérico Medido
03 04
𝒇𝒓 3,46GHz 3,52GHz 𝒇𝒓 3,23GHz 3,50GHz
BW 505 MHz 462 MHz 𝑩𝑾 555 MHz 400 MHz

A partir dos resultados apresentados na Tabela V, pode-se


observar a influência da estrutura DGS sobre o desempenho do
arranjo planar convencional. A primeira característica
Fig. 9 Resposta em frequência do arranjo planar linear de quatro elementos observada foi a redução da frequência de ressonância de, no
com DGS com geometria matrioska 02. mínimo 1,235 GHz (26,1%) para os valores simulados
(matrioska 02), e de 1,25 GHz (26,0%) para os valores
medidos (matrioska 01), o que propicia a miniaturização da
estrutura. Outra vantagem importante foi o aumento da largura
de banda do sistema irradiante, com um valor mínimo de 235
MHz (88,7%) para os valores simulados (matrioska 02) e de
275 MHz (220%) para os valores medidos (matrioska 02 e 04).
A Fig. 12 mostra os diagramas de radiação simulados e
medidos no Plano E e Plano H para a frequência de ressonância
do arranjo planar com DGS com elementos de geometria
matrioska 01. Os desvios observados no lóbulo principal, que
estão orientados para ângulos diferentes de 0º, bem como os
Fig. 10 Resposta em frequência do arranjo planar linear de quatro elementos lóbulos secundários presentes nos diagramas são devido ao
com DGS com geometria matrioska 03. acoplamento entre os elementos do DGS que possuem
orientação transversal ao sentido da alimentação do arranjo.
Esses resultados podem ser ajustados, através de ajuste na
disposição dos elementos DGS no plano de terra do arranjo.
Porém, os resultados simulados e medidos apresentaram uma
boa concordância.

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pelo Edital 55/2019/PRPIPG Programa Institucional de Apoio


à Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico para a Inovação.

REFERENCES
[1] 3GPP, Release 15, “Technical Specification Group Services and System
Aspects,” TR 21.915 V15.0.0 (2019-09), 2019.
[2] D. A. Outerelo, A. V. Alejos, M. G. Sanchez, M. V. Isasa, “Microstrip
Antenna for 5G Broadband Communications: Overview of Design
Issues”, 2015 IEEE International Symposium on Antennas and
Propagation & USNC/URSI National Radio Science Meeting, pp. 2443-
2444, 2015.
Fig. 12 Diagramas de radiação Plano E e Plano H do arranjo planar linear de
quatro elementos com DGS com geometria matrioska 01. [3] M. Shafi, et. al., “5G: A Tutorial Overview of Standards, Trials,
Challenges, Deployment, and Practice”, IEEE Journal on Selected Areas
in Communications, Vol 35, No. 6, pp. 1201-1221, Junho 2017
[4] N. Luo, Y. He, L. Zhang, Sai-Wai Wong, C. Li, Y. Huang, “A
V. CONCLUSÕES Differential Broadband Dual-Polarized Base Station Antenna Element
for 4G And 5G Applications”,Computing, Communications and
Neste trabalho foi apresentado o desenvolvimento de um Applications Conference (ComComAp), pp. 337-340, 2019.
arranjo de antenas de microfita com ressonadores de geometria [5] H. Liu, W. Yang, A. Zhang, S. Zhu, Z. Wang and T. Huang, "A
matrioska (DGS) no plano de terra para aplicação em sistemas Miniaturized Gain-Enhanced Antipodal Vivaldi Antenna and Its Array
de comunicação 5G na banda de frequência de 3,5 GHz. Foram for 5G Communication Applications," in IEEE Access, vol. 6, pp.
descritos os procedimentos de projeto, o que se mostrou 76282-76288, 2018.
adequado como uma primeira etapa para uma otimização [6] S. Chen, C. Chiang and C. I. G. Hsu, "Compact Four-Element MIMO
Antenna System for 5G Laptops," in IEEE Access, vol. 7, pp. 186056-
numérica. 186064, 2019.
Os resultados obtidos demonstraram a influência dos [7] L. H. Weng, Y.-C. Guo, X.-W. Shi, and X.-Q. Chen, "An Overview on
ressonadores com geometria matrioska sobre o desempenho do Defected Ground Structure," Progress In Electromagnetics Research B,
Vol. 7, pp. 173-189, 2008.
arranjo. O primeiro efeito observado foi a redução de mais de
25% da frequência de ressonância da estrutura com DGS, [8] A. K. Arya, M. V. P. A. Kartikeyan, “Defected ground structure in the
perspective of microstrip antennas: A review”, Frequenz, vol. 64, pp.
quando comprado com o arranjo planar com plano de terra 79-84, Jun. 2010.
convencional, importante para o processo de miniaturização da [9] V. Ajay, A. T. M. Parvathy, “Microstrip antenna with DGS based on
estrutura. Outro fator importante foi o aumento significativo da CSRR array for wimax applications”. International Journal of Electrical
largura de banda, podendo chegar a mais de 200% para os and Computer Engineering (IJECE), Vol. 9, No. 1, p. 157-162, 2019.
resultados medidos. A geometria utilizada neste trabalho, se [10] S. Varshney, U. Barahdiya, S.S. Khare. “Microstrip Circuit Design
mostrou eficiente no uso como DGS em um arranjo planar e os Using Defected Ground”, International Journal of Recent Research
resultados obtido são considerados satisfatórios para os Aspects, Vol. 3, pp. 174-178, 2016.
objetivos propostos. Considerando os parâmetros analisados de [11] A. Gomes Neto, A. G. DAssunção, J. C. e. Silva, A. N. d. Silva, H. d. P.
A. Ferreira and I. S. S. Lima, "A proposed geometry for multi-resonant
redução de frequência e largura de banda, o arranjo matrioska frequency selective surfaces," 2014 44th European Microwave
04 foi o que obteve os resultados mais promissores. Conference, Rome, 2014, pp. 897-900.
[12] J. N. Cruz, Caracterização de FSS com Geometria Matrioska Aberta.
AGRADECIMENTOS Dissertação (Mestrado) - Instituto Federal da Paraíba, João Pessoa, PB,
2015.
Os autores agradecem ao suporte parcial recebido do IFPB, [13] C. A. Balanis, Antenna Theory: Analysis and Design, Wyley and Sons,
através do Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica, 2012.
PPGEE-IFPB e do EDITAL n° 54/2019/PRPIPG retificado [14] http://www.ansys.com.

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Desenvolvimento de uma nova Figura de Mérito


para avaliação de etiquetas passivas UHF RFID em
superfícies metálicas e não metálicas
Juliana Borges Ferreira Álvaro Augusto Almeida de Salles
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS
Porto Alegre, RS, Brasil Porto Alegre, RS, Brasil
ju.borges@ufrgs.br aasalles@ufrgs.br

Giovani Bulla
Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS
Porto Alegre, RS, Brasil
giovani.bulla@ufrgs.br

Resumo— Neste artigo é apresentada uma nova figura de em um objeto sejam rastreadas remotamente por um
mérito para avaliação de etiquetas planares passivas de equipamento de leitura.
identificação de rádio frequência (Radio Frequency IDentification
– RFID) em ultra-alta frequência (Ultra High Frequency – UHF) Sistemas RFID podem ser classificados de acordo com a
para uso em superfícies metálicas e não metálicas. Desenvolver fonte de alimentação de energia da etiqueta em: ativo e passivo
uma figura de mérito se justifica devido a uma variação e também com base na frequência do sinal. Os sistemas que
considerável de fatores (alcance, área, sensibilidade do chip, operam na faixa UHF entre 860 MHz e 960 MHz obtêm
custo do substrato e custo do processo de fabricação) que alcances de leitura maiores do que os que operam em
influenciam na avaliação e comparação de antenas, estabelecendo frequências mais baixas [2].
assim, um padrão de comparação que englobe os parâmetros
relevantes. Duas novas antenas passivas UHF RFID de estruturas Estima-se que até 2022 o mercado total de RFID
diferentes foram criadas para avaliação através nova figura de movimentará cerca de US$ 13 bilhões, enquanto que, para as
mérito. A primeira refere-se a uma antena para utilização em etiquetas RFID passivas alcançará em torno de 5 US$ bilhões
objetos metálicos e a segunda trata-se de uma antena para [3]. Esses números motivam as pesquisas para a redução do
objetos não metálicos desenvolvidas através dos processos de custo das etiquetas e a necessidade de uma ferramenta de
Remoção – “Etching” e Impressão por Transferência Térmica – comparação dentre as diversas características da antena para o
“ThermalTransfer”, respectivamente. Antenas existentes na desenvolvimento de um projeto otimizado.
bibliografia também foram utilizadas para a quantificação da
figura. A figura de mérito proposta emprega diversas Obter uma antena com desempenho satisfatório e custo
características da antena fornecendo assim uma ampla mínimo é fundamental, porém em muitos casos antenas de
possibilidade para quantificação da mesma, indicando que o RFID são elaboradas para atender objetivos específicos como:
valor derivado do mérito é particularmente útil para o projeto de alcance de leitura (R), área (A) e custo. A definição de uma
antenas UHF RFID quando comparada com as figuras existentes, figura de mérito pode corresponder aos requisitos específicos
tendo também potencial para aplicação em outros tipos de de diferentes aplicações. Algumas figuras são somente obtidas
antenas. após sua fabricação através de resultados simulados como em
[4] dificultando assim a possibilidade de quantificação prévia
Palabras-Chave— Figura de Mérito, RFID, UHF, etiqueta da antena, outras figuras incluem na sua equação a análise das
passiva, superfície metálica, superfície não metálica. dimensões, porém fazem somente uma observação do processo
de fabricação mais vantajoso [5], não tendo assim uma
aplicação concreta para tomadas de decisões iniciais em
I. INTRODUÇÃO projetos de desenvolvimento de antenas. Desenvolver uma
A identificação por radiofrequência (RFID) é uma figura de mérito que contenha uma ampla quantidade de
tecnologia amplamente difundida que permite identificar características até então não incluídas nas figuras existentes nas
objetos através de ondas eletromagnéticas [1]. Um sistema bibliografias torna-se uma ferramenta que poderá ser usada não
RFID é uma unidade de processamento em tempo real que somente para tomada de decisões em projetos iniciais como
permite que as informações armazenadas na etiqueta colocada também para avaliações de antenas existentes.

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II. VARIÁVEIS ou ThermalTransfer, Eletrodeposição e Sistema de Fabricação


O projeto de etiquetas RFID depende de diversos por Corte ou Cutting System.
parâmetros dentre eles estão o alcance de leitura (R), a A Figura 1 mostra os processos de fabricação considerados
sensibilidade do chip (Pth), a área (A), o custo do substrato neste artigo.
(Cs) e o custo do processo de fabricação.
O alcance de leitura (R) é uma das mais importantes
características destas antenas. Ele define a máxima distância na
qual o leitor pode detectar o sinal da etiqueta via retro
espalhamento (backscattering). Na equação do alcance já são
considerados os parâmetros de ganho, frequência de operação e
coeficiente de transmissão [6]. Assumindo condições de
propagação no espaço livre, o máximo alcance de leitura R
pode ser calculado usando a equação 1 [7].
Figura 1. Processos de fabricação de antenas para RFID.

𝜆 𝑃𝑡 𝐺𝑡 𝐺𝑟 𝜏
𝑅= √ (1) Remoção Química (ou Aluminum Etching)
4𝜋 𝑃𝑡ℎ

É o processo mais empregado, que domina o mercado


onde λ é o comprimento de onda, P t é a potência transmitida mundial, produz a antena de melhor qualidade devido à
pelo leitor, Gt é o ganho da antena do leitor, (PtGt) é a potência espessura da camada de alumínio. O custo em equipamentos é
equivalente transmitida isotropicamente radiada-EIRP, Gr é o médio, porém há uma diferença significativa dependendo da
ganho da antena receptora simulado pelo HFSS, P th é o limite empresa/país de origem da aquisição, sendo menor para os
mínimo de potência necessária para ativar o chip da etiqueta e τ equipamentos chineses. A qualidade da antena é definida pela
é o coeficiente de transmissão dado pela equação 2 [7]: qualidade da impressão da máscara. O custo variável é
dominado pelo custo da matéria prima principal, ou seja, do
laminado composto de 10 % de alumínio (Al) + 90% de
4𝑅𝑐 𝑅𝑎 polietileno tereftalato (PET) com uma redução no custo total de
𝜏= , 0≤𝜏 ≤1 (2) fabricação superior a 10% com a triplicação do volume.
|𝑍𝑐 +𝑍𝑎 |2
Como o processo é similar ao de fabricação de placas de
circuito impresso, usando os mesmos produtos químicos, uma
onde Za = Ra + jXa é a impedância complexa da antena
forma de redução de custo seria adquirir parceria com
simulada pelo HFSS em 915MHz e Zc = Rc - jXc é o complexo
fabricantes de placas de circuito impresso locais. Para se
conjugado de Za.
chegar a custos comparados aos dos fornecedores chineses é
A sensibilidade do chip (Pth) está diretamente relacionada necessário adquirir o laminado PET + Al por menor valor e
com o alcance da etiqueta, quanto mais sensível o chip, menor reduzir os custos de internação (impostos). Outra alternativa de
a energia necessária para a leitura, ou menor a potência redução de custo seria reduzir a camada de PET de 50 para 38
necessária para ativá-lo. µm. Existe essa opção no mercado, porém o PET mais fino
fragiliza o substrato na hora da cura da solda do chip durante a
Dispositivos compactos e com custo reduzido mostram que montagem do tag. O PET mais fino é menos resistente à
a Área (A) e o Custo do substrato (Cs) devem ser considerados, temperatura, enrugando mais facilmente. Deve ser combinado
pois substratos com menor tangente de perdas são utilizados com ajuste fino de processo e talvez o uso de um adesivo de
em antenas miniaturizadas, porém possuem um maior custo. cura mais rápida para a solda do chip. É praticamente
Existem diversos processos de fabricação de antenas UHF impossível obter custos menores para produção em volume
RFID, porém há diferenças significativas entre os custos de com qualquer outra técnica.
processo de fabricação (CPF) da antena nas seguintes
Impressão por Jato de Tinta
tecnologias: Remoção química ou Aluminum Etching,
Impressão por Jato de tinta, Impressão por Serigrafia,
Os maiores custos respectivamente são: a impressora, o
Impressão por Transferência Térmica ou ThermalTransfer,
laminado e a tinta. O que dificulta a viabilidade comercial
Eletrodeposição e Sistema de Fabricação por Corte ou Cutting
dessa tecnologia não é o custo da tinta, é o custo das
System.
impressoras, já que não existem impressoras ou cabeçotes
III. PROCESSOS DE FABRICAÇÃO industrias com velocidade suficiente para produção em alto
volume a custo baixo. O custo dos equipamentos depende do
Existem diversos processos de fabricação de antenas UHF tipo, tamanho e quantidade de bocais do cabeçote. No entanto,
RFID, porém há diferenças significativas entre os custos de mesmo uma impressora com elevado número de bocais
fabricação da antena e também no desempenho máximo conseguiria imprimir apenas cerca de 10 milhões de
alcançável em cada das seguintes tecnologias: Remoção antenas/ano, isso eleva o investimento necessário para
química ou “Aluminum Etching”, Impressão por Jato de tinta, produção em volume. Pode vir a competir com “aluminum
Impressão por Serigrafia, Impressão por Transferência Térmica

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

etching” caso venham a surgir impressoras/cabeçotes mais adquirida. O custo do substrato pode ser considerado o mesmo
velozes. das técnicas anteriores. Essa técnica de impressão pode ser
usada sobre diferentes substratos de PET ou papel podendo
O custo do substrato também representa potencial de obter uma camada de metal impressa (alumínio) de apenas 0,5
redução, pode ser empregado substrato de papel, mas o papel µm de espessura com uma excelente qualidade.
necessita de tratamento superficial para melhorar a adesão da
tinta, também precisa ser resistente à tração para resistir ao
processo de fabricação rolo a rolo e resistir às temperaturas do
tratamento térmico (cura da tinta). Se for empregado substrato Eletrodeposição
de PET, apesar de não conter a camada metálica, como no caso
do aluminum etching, a superfície do PET necessita de Técnica mais indicada para deposição de camadas mais
tratamento extra para garantir a boa adesão e definição da espessas. O custo dos equipamentos de eletrodeposição é
impressão. elevado. Há no mercado nacional diversos fabricantes de
equipamentos de eletrodeposição, porém para deposição em
Os custos de mão de obra e energia são muito baixos nessa placas ou peças mecânicas, não são utilizados equipamentos
tecnologia, as máquinas são automáticas e o consumo de rolo a rolo, precisariam ser adaptados. O controle do processo
energia é baixo, então esses custos não interferem no precisa ser muito bom devido às baixas espessuras. Uma antena
comparativo das tecnologias. Imprimir por rotogravura pode para tags UHF necessita de apenas 2 µm de cobre para
deixar o processo competitivo, mas precisa funcionar bem. Isso requer um equipamento com excelente
desenvolver/adaptar a impressora. controle de concentração, pH e temperatura, ou seja, bem
superior aos equipamentos existentes no mercado nacional. A
vantagem é que os equipamentos têm elevadíssima capacidade
Impressão por Serigrafia (Screen Printing) de produção, podem ser usados para a fabricação de antenas
para tags LF e HF também, já que é possível depositar camadas
Técnica simples e de uso comum na indústria de eletrônica. espessas, como por exemplo 10 µm de cobre, bastando assim
O investimento em equipamentos é baixo e a capacidade de aumentar o tempo de deposição.
produção é alta. Na serigrafia, em função da presença de um Quanto ao custo variável, acaba sendo elevado também
veículo não condutivo, são necessários elevados percentuais de porque é necessário imprimir a camada denominada semente e
sólidos, entre 50 e 70% para produção de tintas com depois depositar o cobre. Mesmo trabalhando com reposição e
condutividade e viscosidade adequadas. O veículo é formado filtragem dos químicos há consumo e custos de tratamento de
por solventes e aditivos, que são diversos químicos utilizados
efluentes.
para conferir as propriedades necessárias e desejáveis para o
processo de impressão onde os resultados são satisfatórios
apenas para percentuais a partir de 60% de prata. Esse elevado
percentual de prata faz com que os custos das pastas/tintas para Fabricação por Estampagem / Corte (Cutting System)
serigrafia sejam significativamente mais elevados comparados
às tintas para impressão a jato de tinta. Trata-se de um processo extremamente simples que
emprega apenas uma matéria prima, no caso a mesma já
Para diminuir o custo, uma alternativa é reduzir a espessura utilizada por outras técnicas como o aluminum etching, e
da camada de tinta referente ao elemento irradiante, sendo também apenas um equipamento, totalmente automático.
possível por meio de ajustes do processo de impressão e
estêncil podendo chegar a 8 µm. A desvantagem é que através O custo do equipamento é elevado, isso torna o
dessa técnica não é possível imprimir camadas muito finas, investimento inicial consequentemente muito elevado, no
menores que 8 a 10 µm, por exemplo, o que aumenta o entanto, como a capacidade produtiva é muito grande, o custo
consumo de matéria-prima e consequentemente o custo. da amortização/peça passa a ser atrativo para grandes volumes.
Na velocidade máxima de 40 m/min, o equipamento é capaz de
O custo do substrato pode ser considerado o mesmo produzir antenas do modelo JBF (25 mm de passo) indicado na
empregado na técnica de jato de tinta, inclusive valem as Fig. 3 a uma taxa de 32.000 peças/hora. Dessa forma, um único
mesmas considerações de tratamento superficial e resistência. equipamento é capaz de produzir 200 milhões de peças, desse
Da mesma forma, a serigrafia pode ser realizada sobre papel ou modelo, em um ano, operando em 3 turnos.
PET.
O único custo de material nesta técnica é o laminado de
Os custos de mão de obra e energia são muito baixos nessa alumínio, que pode ser o mesmo utilizado no processo de
tecnologia, as máquinas são automáticas e o consumo de remoção química. Outro custo é o da ferramenta de corte,
energia é baixo, portanto esses custos não interferem no porém como é possível fabricar um grande volume de peças
comparativo das tecnologias. com a mesma ferramenta, o impacto no custo é baixo. Os
demais custos são irrisórios, sem impacto no custo final do tag.
Impressão por Transferência Térmica A Tabela I mostra o fator de custo relativo calculado para
as diferentes tecnologias pesquisadas normalizado com o custo
O custo dessa impressora depende da velocidade e do processo Etching por ser a antena mais barata existente no
resolução e o custo das fitas de transferência térmica mercado atual.
conhecidas como “ribbons” depende da quantidade a ser

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABELA I. FATOR DE CUSTO DOS PROCESSOS DE FABRICAÇÃO


POR ANTENA

Processo de Fabricação Fator de custo


Remoção química ou Aluminum Etching 1
Impressão por Jato de tinta 2,3
Impressão por Serigrafia 3
Impressão por Transferência Térmica 3,9
Eletrodeposição 3,2
Fig. 2. Antena para superfície metálica.
Fabricação por corte (Cutting System) 1,4

A Fig. 3 mostra a antena projetada para utilização em


IV. ELABORAÇÃO DA FIGURA DE MÉRITO superfície não metálica, fabricada pelo processo de Thermal
A definição de uma figura de mérito pode corresponder aos Transfer com dimensões 70 × 14 × 0,05 mm³ (L × W × H). As
requisitos específicos de diferentes aplicações. Neste artigo, partes metálicas em alumínio tem condutividade (σ) = 38 × 106
uma nova figura de mérito para avaliação de etiquetas planares S/m e espessura (T) = 5 µm. O substrato utilizado foi o PET
passivas UHF RFID nomeada (FOMJB) foi desenvolvida para filme com permissividade relativa (εr = 3) e tangente de perdas
auxiliar no projeto dessas para superfícies metálicas e não (tan δ) = 0,002.
metálicas juntamente com o projeto de duas novas etiquetas
com características diferentes para comparação. A avaliação
também será feita com etiquetas existentes na literatura tanto
para superfícies metálicas quanto para superfícies não
metálicas.
A equação 3 leva em consideração o alcance normalizado
para a sensibilidade do chip, a área, o custo do substrato e o
fator do custo do processo de fabricação.
𝑅∗ Fig. 3. Antena para superfície não metálica.
𝐹𝑂𝑀𝐽𝐵 = 10 𝑙𝑜𝑔 ( ) (3)
𝐴 × 𝐶𝑠 × 𝐹𝐶𝑃

onde R* é o valor medido do alcance da antena [metros], VI. RESULTADOS


normalizado [8] com o valor da sensibilidade (Pth) [dBm]
indicada na especificação/ Datasheet do chip a ser utilizado, A Para os cálculos provenientes das simulações houve a
é o valor calculado referente a área da etiqueta [mm²], Cs é o necessidade de implementação das equações de alcance e
custo do substrato utilizado na antena [R$/mm²], e FCP é o fator coeficiente de transmissão no software comercial HFSS. Nas
do custo do processo de fabricação normalizado com o custo simulações foram utilizadas: P tGt de 4W EIRP, Pth de -20
do processo Etching. dBm e a etiqueta para objetos metálicos foi simulada com
A figura de mérito irá apresentar um mérito maior para uma base metálica de alumínio situada no centro da mesma,
valores maiores de alcance assim como, devido a com dimensões de 130 × 130 mm e espessura de 3 mm.
proporcionalidade indireta, irá apresentar valores maiores para
Para a etiqueta de superfície metálica o alcance simulado
antenas com menor área, menor custo do substrato e menor
ficou em torno de 10 metros e para a etiqueta de superfície
custo de processo de fabricação.
não metálica o alcance ficou em torno de 12 metros.
V. PROJETO DAS ANTENAS As medições em ambiente controlado foram feitas com a
câmera anecóica da Voyantic. A etiqueta de superfície
metálica foi medida com uma base metálica de alumínio
As dimensões iniciais das antenas foram calculadas para
um máximo alcance de leitura (R), e posteriormente otimizadas situada no centro da mesma, com dimensões de 130 × 130
utilizando o software HFSS [9] na frequência de 915 MHz. O mm e espessura de 3 mm. Para a etiqueta de superfície
chip utilizado foi o Monza R6 [10] da IMPINJ Inc que possui metálica o alcance medido ficou em torno de 7 metros e
sensibilidade de leitura (Pth) = - 20 dBm e impedância (Zc) = para a etiqueta de superfície não metálica o alcance ficou
11.65 – j117.69 Ω em 915 MHz. em torno de 8 metros.
Para análise da nova Figura de Mérito foram utilizados
A Fig. 2 mostra a antena projetada para utilização em os valores de alcance medido das duas antenas
superfícies metálicas, fabricada pelo processo de Etching com desenvolvidas e também foram utilizados os valores de
dimensões 46,1 × 28,58 × 6 mm³ (L × W × H). O elemento alcance medidos indicados nos dados das antenas existentes
irradiante (patch) em alumínio possui condutividade (σ) = 38 ×
na bibliografia.
106 S/m e espessura (T) = 10 µm. O substrato utilizado foi o
A Tabela 2 mostra os valores calculados para a figura de
PET-G que foi caracterizado e apresentou permissividade
relativa (εr )= 3,37 e tangente de perdas (tan δ) = 0,0208. Mérito de antenas RFID para superfícies metálicas. A tabela

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

compara os tipos de substratos mais conhecidos para A Tabela 3 mostra os valores calculados para a figura de
fabricação dessas antenas onde encontra-se o substrato FR4 Mérito de antenas RFID para superfícies não metálicas. A
que tem um custo baixo, é o mais utilizado na construção de tabela compara duas antenas com tipos diferentes de
antenas porém tem uma tangente de perdas muito alta processo de fabricação, uma delas é a antena da CCRR
gerando alcances menores, por outro lado compara uma modelo E62 fabricada pelo processo Etching sendo uma das
antena com substrato cerâmico que tem um custo antenas mais utilizada comercialmente e a outra trata-se da
considerado alto porém devido a sua tangente de perdas ser antena desenvolvida neste trabalho pelo processo de
muito baixa proporciona alcances maiores, foi citada fabricação Thermal Transfer. A limitação para o
também uma antena com substrato Roger que é considerado desenvolvimento de uma antena pelo processo Thermal
um avanço em relação ao substrato FR4 por apresentar Transfer e não pelo processo Etching se deu pelo fato de que
tangente de perdas menores e por fim, a comparação de uma para criar antenas com o substrato PET filme se faz
antena com substrato PET utilizado que é o substrato necessário utilizar equipamentos/linhas de processos de
utilizado na antena desenvolvida neste trabalho que possui fabricação encontrados somente em empresas de produção
um custo considerado baixo, baixa tangente de perdas e a de grande escala, por isso foi utilizado o processo Thermal
vantagem de poder ser utilizado em temperaturas que Transfer que necessita apenas de uma impressora zebra
suportam os processos de cura dos adesivos condutivos. A como equipamento. Mesmo utilizando o mesmo chip, o
análise da Figura de Mérito mostra que a antena mesmo substrato e a mesma área, a Figura de Mérito da
desenvolvida neste trabalho apresenta um mérito maior em antena desenvolvida neste trabalho para antenas RFID em
detrimento as outras devido a utilização de um chip com superfícies não metálicas apresentou um mérito menor em
uma sensibilidade melhor, de uma área considerada pequena detrimento a antena comercial, isso se deve ao fato da
que utiliza um substrato baixo custo e que tem um alcance antena desenvolvida neste trabalho utilizar um processo de
que concorre com o das antenas indicadas na bibliografia e fabricação com um custo mais alto e também por apresentar
antenas comerciais que para superfícies metálicas fica em um alcance menor.
torno de 5 metros.

TABELA 2. RESULTADO DA FIGURA DE MÉRITO PARA SUPERFÍCIES METÁLICAS


Fator de
Alcance Custo do Custo do
Alcance Sensibilidade Área Processo de FOMJB
normalizado Substrato Substrato Processo Referência
(m) do CI (dBm) (mm²) Fabricação (dB)
com Pth [R$/mm²] de
Fabricação
13 -18 0,72 1072,5 Cerâmica DR36 0,0086 Etching 1 1,49 [11]
ESTE
7 -20 0,35 3864 PET-G 0,0004 Etching 1 6,5
TRABALHO
6,8 -18 0,37 2571 Rogers RO3010 0,0005 Etching 1 5,56 [6]
5,5 -15 0,36 537,6 PTFE/FR4 0,00035 Etching 1 2,81 [12]

TABELA 3. RESULTADO DA FIGURA DE MÉRITO PARA SUPERFÍCIES NÃO- METÁLICAS


Fator de
Alcance Custo do Custo do
Alcance Sensibilidade Área Processo de FOMJB
normalizado Substrato Substrato Processo Referência
(m) do CI (dBm) (mm²) Fabricação (dB)
com Pth [R$/mm²] de
Fabricação
12 -20 0,6 49 PET-Filme 0,00005 Etching 1 23,88 [13]
Thermal ESTE
8,08 -20 0,4 49 PET-Filme 0,00005 3,9 16,21
Transfer TRABALHO

VII. CONCLUSÕES REFERÊNCIAS


A Figura de mérito desenvolvida emprega cinco [1] R. Want, "An introduction to RFID technology," IEEE Pervasive
Computing, vol. 5, pp. 25-33, 2006.
variáveis correspondentes ao projeto de etiquetas RFID,
[2] K. Finkenzeller, RFID Handbook: Fundamentals and Applications in
resultando em um abrangente mecanismo de avaliação e Contactless Smart Cards and Identification, John Wiley & Sons, New
comparação. Além disso, o valor do mérito irá diminuir o York, NY, USA, 2nd edition, 2003.
tempo-solução do projeto de antenas. As duas novas antenas [3] IdTechEx, “RFID Forecasts, Players and Opportunities 2018-2028”
projetadas também mostram uma boa alternativa para [Online]. Available: http://www.idtechex.com
utilização em sistemas UHF RFID. [4] D. Bao, Z. Zou, M. Baghaei Nejad, Y. Qin and L. Zheng, "A
Wirelessly Powered UWB RFID Sensor Tag With Time-Domain

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Analog-to-Information Interface," in IEEE Journal of Solid-State vol. 56, n. 1, pp. 79-103, fevereiro de 2014, doi: 10.1109 /
Circuits, vol. 53, no. 8, pp. 2227-2239, Aug. 2018. MAP.2014.6821761.
[5] M.M. Khan et. al, “3.56-bits/cm Compact Inkjet Printed and [9] ANSYS. Ansys Corporation HFSS . Disponível em:. www.ansys.com
Aplications Specific Chipless RFID Tag” in IEEE Antennas an [10] IMPINJ. https://support.impinj.com/hc/en-us/articles/202765328-
Wireless. Monza-R6-Product-Datasheet
[6] Zuffanelli, S., Zamora, G., Aguilà, P., et al.: ‘On-metal UHF-RFID [11] S. L. Soriano. and J. Parrón, "Parallel plate antenna for UHF RFID
passive tags based on complementary split-ring resonators’, IET tags operating over metallic objects," 2016 10th European Conference
Microwaves Antennas & Propagation, 2017, 11, (7), pp. 1040–1044 on Antennas and Propagation (EuCAP), Davos, 2016, pp. 1-3.
[7] K. V. S. Rao, P. V. Nikitin and S. F. Lam, “Antenna design for UHF [12] J. Zhang and Y. Long. “A Novel Metal-Mountable Electrically Small
RFID tags: a review and a practical application”, in IEEE Antenna for RFID Tag Applications With Practical Guidelines for the
Transactions on Antennas and Propagation, vol. 53, no. 12, pp. 3870- Antenna Design” in IEEE TRANSACTIONS ON ANTENNAS AND
3876, Dec. 2005. PROPAGATION, VOL. 62, NO. 11, PP.5820-5828, 2014.
[8] T. Björninen, L. Sydänheimo, L. Ukkonen e Y. Rahmat-Samii, [13] CCRR. Grupo Colacril. Disponível em:. http://www.colacril.com.br/
"Avanços no design de antenas para etiquetas RFID UHF montáveis
Sept. 2015.
em itens condutores", em IEEE Antennas and Propagation Magazine ,

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Numerical analysis of a Sagnac interferometer as a


monophasic fluid flow meter sensor
João Paulo Lebarck Pizzaia∗ , Carlos Eduardo Schmidt Castellani† Arnaldo Gomes Leal
Electrical Engineering Dep. Mechanical Engineering Dep.
Federal University of Espı́rito Santo (UFES) Federal University of Espı́rito Santo (UFES)
Vitória, Brazil Vitória, Brazil
∗ lebarckpizzaia@hotmail.com, † carlos.castellani@ufes.br leal-junior.arnaldo@ieee.org

Abstract—Along with temperature, pressure and level, the


measurement flow in the pipeline system is vital for many
modern large scale industries. There are many sensors capable
of measuring flow using different methods, each one with their
own advantages and disadvantages. In order to propose another
option to the the flow sensing field, this paper presents a
mathematical model for the Sagnac interferometer and Fresnel
aether drag effect to simulate its flow sensing capabilities. For this
propose, the simulations were conducted using different variables
values, such as the pipe’s internal diameter, beam inclination,
light source’s wavelength, biased phase delay and fluid average Fig. 1. Schematic representation of an all-fibre interferometer.
velocity to evaluate how they affect the sensors readings level
and accuracy. The results show the viability of the technic for
flow sensors, exhibiting sensibility rates at the photodetector in Optical sensors that use interferometric techniques to per-
order of 10−6 W/ms−1 , causing no obstruction to the flow, thus form measurements are generally more sensitive in the optical
neither inducing turbulence nor pressure drop.
Flow meter, Optical sensor, Sagnac interferometer— sensing field [10]. The interferometer consist of an optical
arrangement in which two or more beams of electromagnetic
waves, originating from the same source, follow different paths
I. I NTRODUCTION
and at the end are added and have their amplitudes analysed
Precisely measuring the fluid flow inside a pipeline sys- [11]. There are several configurations for the assembly of an
tem is essential to many applications, such as in process interferometer, the best known being elaborated by: Fizeau,
control, medicine, trades, environment control, among others Michelson, Mach-Zander, Fabry-Perot and Sagnac [12]. The
[1]. There are different methods to evaluate the flow using latter being the one that will be addressed by the work, due
distinct working principles, being the most common those the fact it’s classified as a common path interferometer, which
based on positive displacement, pressure difference, variable- is a fundamental characteristic to proposed sensor, as later
area, acoustic, thermal, vortex, electromagnetic and Coriolis explained.
effect [2][3][4]. Each method is recommended for a specific In this paper, we propose an optical device to measure fluid
flow rate, pressure, fluid type, desired precision, and process flow: a Sagnac interferometer using Polarization Maintaining
thermochemical specificities [5]. Fibre (PMF), in the optical loop. The aim of that method is
The main issue that comes with flow metering is the to overcome the issues caused by typical flow meters cited
disturbance in the fluid stream characteristics caused by the above. Mathematical models and numerical simulations were
sensing technique. Pressure drops, thermal variation, turbu- used to determine its behaviour and evaluate its performance
lence formation and fluid’s chemical characteristics alteration, under distinct conditions, such as flow rate, pipe dimensions
are some of the unwanted side-effects generated[6]. and used wavelength.
Optical fibre sensors are demonstrating to be a viable
alternative from classical electromechanical ones in various II. T HEORY AND S ETUP
applications, such as strain, pressure, force, rotation, acceler- The Sagnac interferometer consists of two beams of electro-
ation, electromagnet fields, vibration, temperature, humidity, magnetic waves traveling the same optical path, but in opposite
pH, viscosity, and many others[7]. The uprising of those kinds directions, this arrangement characteristic classifies it as a
of sensors is related to its advantages over the other classical common path interferometer [13], and therefore, this interfer-
techniques mentioned, optical fibre sensors are lightweight, ometer is extremely stable, and easy alignment when compared
don’t produce much heat, have small dimensions, are immune to the other classic interferometers listed previously [14]. The
to electromagnetic interference and are chemically stable [8] standard configuration for the all-fibre Sagnac interferometer
[9]. is shown by Fig. 1.

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The transmitted light enters the system through the circu-


lator’s input and, at the coupler, it is split in two beans that
propagate in a clockwise (CW) and counter-clockwise (CCW)
direction, then the beams are merged together at coupler, and
the reflected light exits the system at the circulator’s output.
Interferometers in which both counter propagating beams
share the same optical path, are labeled as common path inter-
ferometers. So, with no further modifications, due the common
path characteristic, the CW and CCW beams are always in
phase, so, the transmitted and reflected amplitudes are equals.
Thus the setup behaves as an Fibre Loop Mirror (FLM) [15].
In order to have sensing capabilities, it’s necessary to add
some modification to the setup, usually it is done by taking
advantage of some effect that modifies the electromagnetic
waves’ phase [16] [13].
To create a phase difference between the CW and CCW, our Fig. 2. Relation between phase difference and signal’s power. P (Θ) in blue
proposed flow meter uses the aberration of light in a moving and its derivative, P 0 (Θ), in orange.
medium, as known as Fresnel aether drag. First described in
1818 by Fresnel, then correctly described by Laue in 1907
[17] using Einstein’s theory of special relativity, this theory signal’s power (P) by the phase difference Θ when near the
explains why electromagnet waves travelling in a moving Θ=0 region is given by (5)
medium has a different velocity compared to a stationary |δP(Θ) |
medium. ≈0 (5)
δΘ Θ=0
Equation (1) describes the velocity change (V+ ) for the light
So, to overcome that we need to add an offset phase
travelling parallel and at the same direction as the fluid and
difference (Φ) a little less than π rad, so small changes is
considering v  c [17].
the Θ occurs in the region near the π rad, in which the |P(Θ)|
derivative is at its maximum and at its most linear region as
 
c 1
V+ = + v 1 − 2 (1) shown in (7)
n n
The velocity change (V- ) for the light going in the opposite Ψ = Θ + Φ, Φ ∈ R∗ ⊂ {]0, 2π − Θ]} (6)
direction we have (2).
  Notwithstanding, the sum from (6) should not be greater
c 1 than 2π radians, that would imply in the same P output for
V− = − v 1 − 2 (2)
n n two different Ψ, hence losing the bijective characteristics of
the function P(Θ) which is fundamental for a sensor.
Where v is the medium velocity, c is the speed of the light
So, this improvement allow us to use φ . 2π − Θ and as a
in the vacuum and n is the medium’s refractive index.
result, we have (7).
The phase difference (Θ) generated by the two counter-
propagating waves caused by the aether drag effect can be |δP(Θ) | |δP(Ψ) |
calculated by (3), using the difference in the time (∆t) taken  (7)
δΘ δΨ
to cross the moving medium with a length L. In order to achieve the offset phase difference (Φ) a half-
L wave plate and a Polarization Maintenance (PM) fibre will
∆t = (3) be used. The goal is to make one of the counter propagating
V+ − V+
waves in the loop goes faster in the PM fibre section than the
Once known the ∆t, equation (4) uses that value to deter- other.
mine Θ. The proposed scheme is shown in Fig. 3. The setup can
be divided into two parts: in-fibre and open-space. The in-
2π∆tλ fibre section are the single mode fibre (SMF) and PM paths,
Θ= (4)
c unpolarized light source, polarizer, optical circulator, optical
In which λ is the wavelength of the light and L is the optical coupler, half-wave plate and photo-detector. The other part
path parallel to the fluid flow. consists at the pipe section, in which the light exits from the
According to the sum of waves theory [18], the sum of optical fibre tip, is collimeted, pass through the flowing fluid
two normalized sine waves with a phase difference and its inside the pipe, then it is collimated back to the optical fibre
inclination curve is represented in Fig. 2. at the other side of the pipe.
When using pipes with a few centimeters in diameter and Figure 3 also shows some of the variables used in the
slow flow rates, (Θ) is usually small, thus the variation of the numerical simulation, such as the pipe internal diameter (D),

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Fig. 3. Theoretical setup for the numeric simulations.

the fluid average velocity (v) and the angle between the pipe
wall and the light beam (β).
Fig. 4. Output power as a function of fluid average velocity for various pipe’s
internal diameters.
III. S IMULATION AND RESULTS
Firstly it’s necessary to calculate a value for Φ, using the
fibre birefringence (B) and it’s length (L) in meters. The beat- caused by the change of temperature were not considered,
length Lb represents the distance, in meters, in which the the those disturbances can appear in the form of fluid refractive
perpendicular beams traveling in the PM fibre will be 2 π rad index change, fibre thermal expansion and for more severe
apart from each other [19], so, it can be modified from it’s cases, changes in the fibre optical properties. Also, all the
original formula (8), to (9). simulations consider a laminar flow of water with a refractive
index of 1.33 and an unpolarized 10 mW laser beam power.
λ
Lb = (8) A. Pipe’s internal diameter (D)
B
For phase difference: The variable D corresponds to the internal diameter of the
pipe, hence the part filled with the flowing fluid. For that
2πLB analysis, 4 different values for D were used, 0.01, 0.10, 0.25
Φ= (9)
λ and 0.50 meters, for v varying from 0 to 5 m/s. The results of
Since Θ is a small value, less than 10º for the the boundary the change at the received power along with the curve slope
conditions of the simulation scenarios, the phase difference (s) are shown in Fig. 4.
(Φ) that the PM fibre needed to achieve is Φ = 180º - Θ = And just as expected, the increase in diameter leads to a
170º. Using the (9) to determine the length required for a PM longer optical path inside the flowing fluid, thus increasing
fibre with a 4×10−6 birefringence value and a wavelength of the curve’s slope. In practice it means that wider pipes allow
1550 nm, since all optical elements used are standardize for a a better resolution for the sensor, hence the flow can be
better performance at that value. So the results show a value measured with a higher accuracy. In the other hand, small
of 184 mm for the PM fibre length. pipes, e.g. capillary tubes (0.5 to 3 mm) [20], would have a
The simulation’s aim is to demonstrate the sensor’s response flatter curve, implying a lower measurement accuracy.
for different configurations, therefore, we used a set of fixed
values for the variables (see table I), changing one of them at B. Inclination between the light beam and pipe’s walls (β)
each subsection. The inclination (β) is responsible to increase the open space
path for a fixed pipe diameter. The β angle changes from 15 to
TABLE I 75º with 15º steps, v again going from 0 to 5 m/s the outcome
S ET OF F IXED VALUES
is shown in Fig. 5. Analysing the curves slopes, the precision
Variable Fixed value Unit of the sensor is increased as β decreases, since it increases the
D 0.1 m optical path within the moving medium, as expected from (3)
β 45 degrees and (4).
λ 1550 nm
Φ 170 degrees C. Wavelength (λ)
Other way to influence the sensor sensitivity is to use others
Although, it is important to note that the proposed mathe- wavelengths (λ), the Fig.6 shows the results acquired for 1550,
matical model, due to the setup short length, does not consider 980, 700, 550 and 400nm. To demonstrate it, again the range
the effects of attenuation, optical dispersion, dynamic light 0-5 m/s for v was used to show the power output result and
scattering and source’s amplitude oscillation. It was assumed the curves’ slopes.Notice that due the modifications in λ, the
a constant room and fluid temperature, thus the disturbances L was modified in order to keep Φ fixed at 170º.

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TABLE II
B IASED P HASE DIFFERENCE

Φ[◦] Slope [mW/ms−1 ]


0 1.7e-05
45 5.0e-03
90 9.2e-03
135 12.0e-03
170 13.0e-03

The results displayed in this section demonstrate how each


variable change the sensor’s reading, increasing or decreasing
its sensitivity by changing the P(v) slope. Some of those
variables can be modified with ease for real applications, such
as β and Φ, and others like D and λ rely on the piping system
physical dimensions and availability of the optical components
Fig. 5. Output power as a function of fluid average velocity for different for the desired wavelength, respectively.
values of β. For the standard case (see Table I), we got a sensibility
of 13×10−3 mW/ms−1 . Assuming a handheld optical power
meter (e.g. Anritsu CMA5) which has a measurement range
from 5 to -60 dBmW and an accuracy of ± 0.2 dBmW, which
means an error of 9 µW at the 200 µW region (archived using a
10 mW laser), hence the proposed setup can measure changes
in the fluid velocity as little as 0.7×10−3 m/s.
IV. C ONCLUSIONS
Here we demonstrated by simulations that the proposed flow
meter sensor is capable of measuring the fluid flow using
its average velocity with a good precision. Other important
advantage of this device is the reduction of disturbances
in the flow that are common to classical methods of flow
measurement, such as: induced pressure drop in the pipeline,
no change in the fluid temperature or composition or the
formation of vertices.
Fig. 6. Output power as a function of fluid average velocity for various
Due its construction characteristics, the absence of a physi-
wavelength values. cal obstructions inside the pipe eliminates the development of
a turbulent flow, makes it desirable for process which requires
minimal turbulence. It is also safe for use with flammable
Although this modification is easily done in simulations, in fluids or in explosive atmospheres, since the laser beam power
practice it isn’t simple. Optical components are designed per- passing through the moving medium is low, so the heat
form better at a specific wavelength band, using a wavelength generated in the process can be neglected. Other advantage
out of the that device’s specification range can result in high is that the laser can’t alter the fluid chemical characteristics,
attenuation, misreading values and incorrect operation [21]. except for some fluids which the used wavelength (λ) triggers
a photochemical reaction. Although those reactions can be
D. Offset phase difference (Φ) predicted and λ value changed to suit the process operation
Last parameter to be tested is Φ, so five distinct values were needs.
chosen: 0, 45, 90, 135 and 170 degrees. Table II exhibit the It is important to notice that a real device may experience
impact of that variable, specifically the improvement of its some effects cited in section 2, but due its small size, the dif-
slope. ferences would be small and easily overcome in the calibration
The difference between using no phase delay and using stage.
Φ=170º illustrates how important this variable is to the setup. Future works that may arise from this paper include the
The curve’s slope improved almost a thousand times, which construction of the physical setup in order to compare theorical
translates in sensitivity gain of the same magnitude. However, and pratical results, the usage of a similar setup to measure
Φ value must be carefully chosen, considering the process multi phase flow, e.g. water and steam, the study of the
boundary conditions, because if Φ becomes greater than 180º, proposed sensor in a turbulent flow, and the appraisal of a
the function loses it’s bijective proprieties [22], thus misinter- different technique for induce a phase delay (Φ) between the
preting a value. two counter propagating waves inside the Sagnac loop.

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Análise do envelhecimento, precisão e exatidão em


sensores óticos FBG e RFBG para temperatura

Karoline Akemi Sato, Camila Carvalho de Moura, Luis Camilo Jussiani Moreira e Valmir de Oliveira
Antonio Carlos Ribeiro Filho Universidade Tecnológica Federal do Paraná
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Laboratório de Fotônica
Laboratório de Fotônica Curitiba, Brasil
Curitiba, Brasil valmir.utfpr@gmail.com
fale.kakemi@gmail.com, camilacmwill@gmail.com,

Resumo— Foram produzidos, caracterizados e mantidos em de redes sementes saturadas, para posterior processo de
operação dois sensores óticos do tipo rede de Bragg em fibra ótica. regeneração [7], é necessária a etapa de hidrogenação da fibra
Um dos sensores é de tipo FBG e o outro RFBG (Regenerado). ótica seguida da gravação da FBG. A hidrogenação aumenta a
Ambos sensores foram produzidos em fibra ótica monomodo fotossensibilidade na fibra [17][18] e uma maior fluência laser
padrão G-652, um dos quais em fibra hidrogenada e submetido a na banda do ultravioleta produz redes sementes saturadas, as
tratamento térmico para regeneração (RFBG). Os dois sensores quais são caracterizadas por espectro alargado. A regeneração
foram encapsulados com tubo capilar em aço inoxidável (AISI pode ser obtida através de tratamento térmico adequado da fibra
304), calibrados em temperatura na faixa entre 5ºC e 60ºC. Os ótica, ao final do qual é produzida a rede de Bragg regenerada
respectivos sensores foram colocados em operação fixados a uma
em fibra ótica (RFBG). A RFBG é caracterizada por elevada
parede metálica, em temperatura ambiente, com o intuito de
comparar durabilidade (envelhecimento), bem como precisão e
durabilidade em altas temperaturas [19].
exatidão em relação a um termopar padrão. Ao final de 16 Os objetivos do presente trabalho são a comparação da
semanas não foram observadas degradações significativas no sinal durabilidade entre dois sensores por rede de Bragg, um do tipo
de cada sensor e o erro de medição foi ≤ 2ºC.
RFBG e o outro FBG padrão, durante um período de 16
Palavras chave—FBG; RFBG; durabilidade de rede de Bragg; semanas em temperatura ambiente e também de avaliar a
encapsulamento precisão e exatidão dos referidos sensores em relação a um
padrão fornecido por termopar de tipo K. Ao longo do período
foram realizadas medições semanais em ambos sensores óticos,
I. INTRODUÇÃO
através da aquisição dos espectros de reflexão e também da
As redes de Bragg em fibra ótica (FBG) foram descobertas temperatura obtida em termopar.
em 1978 por K. O. Hill [1]. Desde sua descoberta muitos
trabalhos foram desenvolvidos em torno desses sensores óticos II. METODOLOGIA
[2][3][4][5][6][7], devido as suas propriedades intrínsecas de O primeiro sensor foi produzido em um segmento de fibra
medição de temperatura, deformação e imunidade a
ótica não hidrogenada, monomodo padrão (SSMF G-652
interferência eletromagnética [8]. Algumas aplicações desse tipo
Draka®), com 30cm de comprimento. Essa FBG foi gravada,
de sensor baseadas na temperatura podem ser vistas na indústria
petroquímica, pois tais sensores não utilizam corrente elétrica, encapsulada, posteriormente calibrada em temperatura e
sendo aptos para operarem em áreas classificadas [9]. Na aplicada em campo, denominada sensor 1. Em um outro
biomecânica, os sensores baseados em redes de Bragg em fibra segmento da mesma fibra (40cm), porém hidrogenado, foi
ótica utilizam-se da deformação para mensurar, por exemplo, gravada a rede semente e posteriormente realizado o tratamento
força de mordida, aquisição de dados na aplicação de aparelhos térmico para regeneração, seguido de encapsulamento,
ortodônticos e monitoração de problemas no maxilar [10]. calibração em temperatura e aplicação em campo, denominada
Também há estudos sobre o envelhecimento de sensores sensor 2.
baseados em FBG, para avaliação de durabilidade e
A. Hidrogenação
desempenho, por exemplo, no monitoramento de umidade em
um ambiente na presença de gases residuais [11] e no Primeiramente, o trecho de fibra ótica monomodo padrão
monitoramento de vibração quando tais sensores foram (G-652), com 40cm de comprimento, foi inserido na câmara de
encapsulados em metal [12]. hidrogenação sob pressão de 80bar, temperatura ambiente. A
fibra ótica permaneceu na câmara por um período de sete dias.
O método de inscrição sob máscara de fase por uma fonte A câmara de hidrogenação é formada por tubo inoxidável, de
laser ultravioleta é amplamente utilizado para gravação de redes 5mm de diâmetro interno e 1m de comprimento, comportando
de Bragg em fibra ótica [13], porque o método apresenta maiores várias dezenas de fibras.
estabilidade e repetibilidade da gravação quando comparado a
outros métodos interferométricos [14][15][16]. Para a gravação

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B. Gravação
O sensor 1 - FBG, foi gravado com 3mm de comprimento,
utilizando o método de gravação sob máscara de fase. O laser da
gravação Coherent® Xantos XS, com comprimento de onda de
emissão em 193nm, energia de 1,80mJ/pulso, frequência de
Fig. 2. Esquemático do encapsulamento da FBG para medição em reflexão.
250Hz e tempo de exposição de 20 minutos. A máscara de fase Fonte: Adaptado de [7].
utilizada Ibsen® com pitch de 1055,2nm.
D. Tratamento térmico
O sensor 2 - RFBG, foi obtido através da gravação da rede
de Bragg semente com 3mm de comprimento, utilizando o A rede semente, que produzira o sensor 2, depois da
método de gravação sob máscara de fase. Foi utilizado o mesmo gravação e do encapsulamento, foi submetido a um processo de
laser do sensor 1, energia de 1,00mJ/pulso, frequência de 250Hz tratamento térmico para obtenção da rede de Bragg regenerada
e tempo de exposição de 10 minutos. A máscara de fase utilizada (RFBG). O referido sensor foi inserido em um forno elétrico
Ibsen® com pitch de 1058,9nm. Como a fibra ótica utilizada tubular, o qual possui controle de temperatura até 1000°C e foi
para a gravação do sensor 2 estava hidrogenada, foi possível desenvolvido no próprio grupo de pesquisa. O forno foi
utilizar menor fluência laser neste caso. A rede produzida programado, para seguir uma rampa de aquecimento, iniciando
resultou em eficiente regeneração após o tratamento térmico em 22°C e atingindo 900°C em 30 minutos. O forno
específico. permaneceu em 900°C por mais 80 minutos até concluir a
Os diferentes pitchs das máscaras de fase resultam distintos regeneração térmica da RFBG, resultando no sensor 2, seguido
comprimentos de onda de Bragg (λB) em cada sensor, porém não de resfriamento de maneira natural, pela troca de calor com o
produzem efeitos apreciáveis na durabilidade e na precisão dos ambiente.
mesmos. O setup de monitoração durante o tratamento térmico do
sensor 2 constituiu-se do interrogador ótico, do forno elétrico
Para monitoração das gravações foi utilizado o interrogador tubular e do controlador de temperatura, conforme a Fig. 3.
ótico (Micron Optics® SM 125) com resolução de 0,001nm.
Na Fig. 1, pode ser visto um esquemático do sistema de
gravação utilizado no Laboratório de Fotônica, na Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, campus Curitiba.

Fig. 3. Setup para monitoração do tratamento térmico do sensor 2.

O forno elétrico tubular é formado por uma resistência de


níquel-cromo, posicionada a 15cm da entrada, envolvendo um
tubo em alumina com 12mm de diâmetro. A potência é
fornecida por um relé eletrônico comandado pelo controlador
Novus 1200, conforme mostra a Fig. 4. A rede de Bragg foi
posicionada no centro da área de aquecimento, a qual tem
comprimento próximo a 3cm. Para o monitoramento da
temperatura interna do forno utilizou-se termopar tipo K, ligado
ao controlador, obtendo a temperatura na região próxima à
Fig. 1. Esquemático do sistema de gravação de FBG. FBG.
Fonte: Adaptado de [7].

C. Encapsulamento
Os sensores 1 e 2 foram encapsulados utilizando um tubo
capilar em aço inoxidável (AISI 304), com diâmetro interno de
0,3mm e espessura de parede de 0,6mm. Esta proteção é
necessária para aplicações em campo, pois as fibras óticas são
razoavelmente sensíveis a impacto e curvatura. A Fig. 2 mostra
a composição do encapsulamento. A fibra ótica possui uma
proteção primária em acrilato, e outras camadas de materiais
plásticos, que foram removidas para fabricação desses sensores
e substituídas pelo encapsulamento em aço inox. A fixação Fig. 4. Detalhes da parte interna do forno.
Fonte: Adaptado de [7].
entre o tubo capilar e a capa plástica externa do cordão ótico foi
obtida utilizando tubo termo retrátil de mesmo tipo utilizado em E. Calibração
isolamento de cabo elétrico. Os sensores 1 e 2 foram calibrados para obtenção da curva
de sensibilidade térmica. Para ambas calibrações foi utilizada
uma pastilha termoelétrica Peltier (TEC) e controlador
específico, com as temperaturas ajustadas para 5°C, 10°C,

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20°C, 30°C, 40°C, 50°C e 60°C, pois os referidos sensores indicando que a rede foi mantida sem deformação pós
serão operados em temperatura ambiente. Para cada encapsulamento.
temperatura selecionada foi aguardado um tempo de 5 minutos
para adequada estabilização e adquiridas as medidas, de 1 em 1
minuto, totalizando 11 aquisições para cada temperatura. Para
cada nível de temperatura foram realizadas as médias para os
comprimentos de onda de Bragg (λB) e obtenção da curva de
sensibilidade térmica.
F. Montagem dos sensores para medida de temperatura
ambiente
Os sensores foram fixados em chapa metálica, em uma
janela do laboratório, com o auxílio de grampos metálicos
parafusados, o laboratório é condicionado em 22ºC ± 2ºC,
porém como a chapa metálica tem contado direto com o exterior
as variações de temperaturas são apreciáveis. O propósito para
os sensores foi medir a temperatura na chapa metálica,
correlacionar com medições de um termopar e também observar
possível degradação na amplitude espectral (envelhecimento).
Na Fig. 5 é mostrado o esquema que representa as ligações entre
os equipamentos, os componentes elétricos e os sensores. Para Fig. 6. Espectros em reflexão da FBG inicial (rede semente) comparada aos
evitar a fadiga ou deficiência de acoplamento nos conectores espectros regenerados após o tratamento térmico (RFBG com e sem
óticos, optou-se por seleção via chave ótica, para o sensor a ser encapsulamento).
medido em cada operação. A chave ótica (JDS Uniphase® 1:2 Durante o tratamento térmico para obter o sensor 2 foram
channel) é ativada por tensão continua 5V, que altera o caminho adquiridos os espectros e posterior leitura da amplitude e
ótico entre C e porta 2 (leitura sensor 2), para C e porta 1 (leitura comprimento de onda, utilizando software comercial, resultando
sensor 1). Como referência de temperatura utilizou-se, no gráfico mostrado na Fig. 7. A temperatura (triângulos) foi
multímetro (ICEL® MD-6111, com resolução de 1°C) em elevada de 22°C a 900°C em 30 minutos e foi mantida em 900°C
conjunto com termopar tipo K. Os dois sensores e o termopar por mais 80 minutos, totalizando aproximadamente 110
foram acoplados termicamente à placa metálica com o auxílio minutos. A amplitude do sinal refletido (círculos) permaneceu
de pasta térmica. próximo de 26,4dB até a temperatura atingir 850°C, porém a
rede perdeu a saturação nessa fase. O processo foi seguido de
redução gradativamente na amplitude do sinal, atingindo um
mínimo próximo de 8,5dB aos 47 minutos. Por último ocorreu a
fase da regeneração (aumento gradativo do sinal) estabilizando
a amplitude em aproximadamente 20dB.

Fig. 5. Equipamentos, componentes elétricos e sensores para medição da


temperatura ambiente.
Fonte: Adaptado de [7].

III. RESULTADOS
Conforme a Fig. 6, para o sensor 2 foram obtidos o
espectro inicial (rede semente) em linha contínua e os espectros Fig. 7. Variação da amplitude do sinal refletido e da temperatura ao longo do
finais após a regeneração, sendo em tracejado o espectro da processo para regeneração.
RFBG não encapsulada e com a linha traço-ponto o espectro da Para a calibração dos sensores 1 e 2, foi utilizado uma
mesma RFBG pós encapsulamento. Os espectros foram obtidos pastilha termoelétrica Peltier (TEC). Conforme mostra a Fig. 8,
a uma temperatura de 22°C. É possível verificar a perda da o sensor 1 apresentou sensibilidade térmica de 12,23nm/°C,
saturação da rede de Bragg após a regeneração e seu obtida através de ajuste linear.
deslocamento para comprimento de onda menor. O
encapsulamento não provocou alteração espectral significativa,

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Fig. 8. Curva de sensibilidade térmica do sensor 1. Fig. 10. Espectros em reflexão para o sensor 1 nas semanas 0, 7 e 15.
Para o sensor 2 a sensibilidade térmica resultou 11,80nm/°C,
conforme mostra a Fig. 9.

Fig. 11. Espectros em reflexão para o sensor 2 nas semanas 0, 7 e 15.


Fig. 9. Curva de sensibilidade térmica do sensor 2.

Durante 16 semanas, ambos sensores monitoraram a


temperatura ambiente. Na Fig. 10 pode-se observar nos
espectros do sensor 1 insignificantes variações nas intensidades
dos sinais refletidos e os pequenos desvios no comprimento de
onda são devidos às diferentes temperaturas durante tais
aquisições. Na semana 7 foi observado um deslocamento na
linha de base, o que sugere ocorrência de flutuação na fonte ótica
do interrogador. Da mesma forma, isso ocorre com o sensor 2,
conforme mostra na Fig. 11. Ainda na Fig. 11, observa-se
razoável correlação com os espectros mostrados na Fig. 10 para
início, meio e fim de ciclo, sugerindo alguma flutuação no
sistema de interrogação/leitura e de temperatura entre as
medições.
A Fig. 12 mostra as amplitudes dos sinais refletidos por
ambos sensores, ao longo das 16 semanas. Observa-se um
padrão nas flutuações das amplitudes dos sinais refletidos pelos
sensores, corroborando com uma provável flutuação na potência
da fonte ótica do interrogador, como também pode ser observado
Fig. 12. Variações nas amplitudes dos sinais refletidos, correspondentes aos dois
nos espectros correspondentes às semanas 0, 7 e 15, mostrados sensores, ao longo das 16 semanas.
nas Figs. 10 e 11. Aparentemente não ocorreu degradação
apreciável em ambos os sensores durante o período observado. A Tabela 1 correlaciona as temperaturas obtidas pelos
sensores 1 e 2 com a temperatura de referência, indicada no
multímetro (termopar tipo K), ao longo do experimento. Para
obter a temperatura através dos sensores 1 e 2, comparou-se o

450
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

comprimento de onda de Bragg (λB) nos espectros adquiridos a REFERÊNCIAS


cada semana com as respectivas curvas de calibração. Não foi [1] K. O. Hill, Y. Fujii, D. C. Johnson, and B. S. Kawasaki, “Photosensitivity
observada discrepância superior a 2°C em nenhuma das in optical fiber waveguides: aplication to reflection fiber fabrication,”
medições. Applied Physics Letters, vol. 32, issue 10, 1978.
[2] L. N. da Costa, C. C. de Moura, V. de Oliveira, I. Chiamenti, and H. J.
TABELA I. TEMPERATURAS DO MULTÍMETRO COMPARADAS ÀS Kalinowski, “Bragg gratings written with ultrafast laser pulses”, Journal
TEMPERATURAS DOS SENSORES NO DECORRER DAS SEMANAS
of Microwaves, vol. 14, p. 15-24, 2015.
Temperatura Temperatura Temperatura
Semana [3] C. C. de Moura, P. L. Inacio, I. Chiamenti, V. de Oliveira, and H. J.
Multímetro [°C] Sensor 1 [°C] Sensor 2 [°C]
Kalinowski, “Regeneration characteristics of FBG writen for the visible
0 27 25 27
spectral range”, Proceedings of the SPIE (2017), 25th Optical Fiber
1 19 21 21
Sensors Conference, Jeju, Republic of Korea, vol. 10323, p. 1-4, 2017.
2 27 27 27
3 21 22 23 [4] D. Feng, Y. Liu, X. Luo, and X. Zhang, “Experimental study on high
temperature regeneration of fiber Bragg grating”, Proceedings of the SPIE
4 26 25 26
(2019), Beijing, China, vol. 11455, p. 1-6, 2020.
5 27 27 27
6 20 22 21 [5] K. Lu, H. Yang, K. Lim, H. Ahmad, P. Zhang, Q. Tian, X. Ding, and X.
Qiao, “Effect of two annealing processes on the thermal regeneration of
7 25 25 26
fiber Bragg gratings in hydrogenated standard optical fibers”, Applied
8 24 24 25
Optics, vol. 57, n. 24, p. 6971-6975, 2018.
9 24 25 26
10 23 23 24 [6] J. Peng, X. Zhou, S. Jia, Y. Jin, S. Xu, and J. Chen, “High precision strain
monitoring for lithium ion batteries based on fiber Bragg grating sensors”,
11 23 23 24
Journal of Power Sources, vol. 433, p. 1-7, 2019.
12 22 22 23
13 23 23 24 [7] V. de Oliveira, “Redes de Bragg para medições em altas temperaturas”,
Tese (Doutorado), Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
14 28 27 29
Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e Informática
15 33 32 33
Industrial, Curitiba, 137 p., 2012.
IV. CONCLUSÃO [8] O. Frazão, F. M. Araújo, I. Dias, L. A. Ferreira, J. L. Santos, “Sensores
de Bragg em Fibra Óptica”, Jornadas de Engenharia de Telecomunicações
As leituras obtidas pelos sensores 1 e 2 referenciadas ao e Computadores – JETC99, Lisboa, Portugal, 1999.
multímetro, apresentaram diferenças máximas de 2°C, [9] G. G. Terada, “Caracterização e aplicação de sensores à fibra ótica no
eventualmente estando dentro da faixa de erro dos instrumentos. setor petroquímico”, Dissertação (Mestrado), Universidade Tecnológica
Federal do Paraná, Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e
O experimento relatou 16 semanas e nesse tempo não foi Informática Industrial, Curitiba, 120 p., 2010.
possível mensurar perda de intensidade do sinal refletido pelos
[10] R. Fiorin, A. P. G. O. Franco, M. A. de Souza, D. M. Fontenele, I. L. G.
sensores óticos, até pelo fato de ter ocorrido alguma flutuação Jones, H. J. Kalinowski, and I. Abe, “Case study for monitoring the
no próprio sistema interrogador. Contudo, ao observar as rhythmic masticatory muscle activity during sleep bruxism episodes by
potências nos picos para os espectros nas semanas 0, 7 e 15 using fiber Bragg gratings”, Journal of Lightwave Technology, vol 37, n.
(Figs. 10 e 11), mensuram-se variações inferiores a 1dBm para 18, p. 4823-4829, 2019.
os dois sensores. [11] L. S. M. Alwis, H. Bustamante, B. Roth, K. Bremer, T. Sun, and K. T. V.
Grattan, “Evaluation of the durability and performance of FBG-based
Devido a razoavelmente baixa temperatura de operação sensors for monitoring moisture in an aggressive gaseous waste sewer
(inferior a 40°C), a durabilidade e exatidão observada nos dois environment”, Journal of Lightwave Technology, vol. 35, n. 16, p. 3380-
3386, 2017.
sensores óticos são razoavelmente próximas, o que
eventualmente poderá mudar com o transcorrer do experimento, [12] Y. Guo, L. Xiong, and H. Liu, “Research on the durability of metal-
packaged fiber Bragg grating sensors”, IEEE Photonics Technology
devido ao sensor 2 ter sido produzido através de regeneração em Letters, vol. 31, n. 7, p. 525-528, 2019.
FBG, normalmente mais estável. Ambos os sensores se [13] K. O. Hill, B. Malo, F. Bilodeau, D. C. Johnson, and J. Albert, “Bragg
mostraram adequados para aplicação em campo e apresentaram gratings fabricated in monomode photosensitive optical fiber by UV
razoável precisão em relação ao medidor de temperatura de exposure thorough phase mask”. Applied Physics Letters, vol. 62, issue
referência. O encapsulamento proposto revelou-se eficiente, 10, p. 1035-1037, 1993.
tanto pela robustez, quanto pela baixa influência sobre as [14] S. J. Mihailov, C. W. Smelser, D. Grobnic, R. B. Walker, P. Lu, H. Ding,
características de uma FBG sem capsula. and J. Hunruh, “Bragg gratings written in All-SiO2 and Ge-doped core
fibers with 800 nm femtosecond radiation and phase mask”, Journal of
Os dois sensores apresentados neste trabalho continuam sob Lightwave Technology, vol. 22, issue 1, p. 94-100, 2004.
análise na mesma instalação, possibilitando novas conclusões [15] M. Fokine, “Formation of thermally stable chemical composition gratings
em médio/longo prazo. in optical fibers”. Journal Optical Society of America B, vol. 19, issue 8,
p. 1759-1765, 2002.
[16] S. Pal, J. Jandal, T. Sun, K. T. V. Grattan, M. Fokine, F. Carlsson, P. Y.
AGRADECIMENTOS Fonjallas, S. A. Wade, and S. F. Collins, “Characteristics of potential fibre
Bragg grating sensor-based devices at elevated temperatures”.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação Measurement Science and Technology, vol. 14, issue 7, p. 1131-1136,
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil 2003.
(CAPES) – Código de Financiamento 001, além de ter apoio [17] H. Patrick, S. L. Gilbert, A. Lidgard, and M. D. Gallagher, “Annealing of
financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Bragg gratings in hydrogen-loaded optical fiber”, Journal Applied
Científico e Tecnológico (CNPq). O trabalho foi desenvolvido Physics, vol. 78, issue 5, p. 2940-2945, 1995.
no Laboratório Multiusuário de Fotônica, UTFPR – CT. [18] R. J. Egan, H. G. Inglis, P. Hill, P. A. Krug, and F. Ouellette, “Effects of
hydrogen loading and grating strength on the thermal stability of fiber
Bragg gratings”. Optical Fiber Communication Conference, OFC-1996,
p. 83-84. San Jose, California, USA. 1996.
[19] J. Canning, S. Bandyopadhyay, M. Stevenson, P. Biswas, J. Fenton, and
M. Åslund, “Regenerated gratings”. Journal of European Optical Society-
Rapidy Publications 4, n. 09052, 2009.

451
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Monitoramento de nós de pontes estruturadas


com treliças planas por sensores ópticos
Guilherme Ébias∗ , Júlia Bittencourt† , Felipe Barino‡ , A. Bessa dos Santoso
Departamento de Circuitos, Universidade Federal de Juiz de Fora

guilherme.ebias@engenharia.ufjf.br, † julia.bittencourt@engenharia.ufjf.br,

felipe.barino@engenharia.ufjf.br, o alexandre.bessa@engenharia.ufjf.br

Resumo—Neste trabalho apresenta-se o uso de um sensor Baseado nisso, este trabalho propõe um sensoriamento por
LPFG como alternativa para monitoramento e previsão de fibra óptica através de sensores de Redes de Perı́odo Longo
possı́veis anormalidades em nós de suporte de pontes estrutu- em nós de suporte de pontes estruturadas com treliças planas,
radas com treliças planas, através do efeito da birrefringência
induzida na fibra provocada por uma carga lateral, pela análise a fim de verificar se este nó suportaria uma força especı́fica em
de sua intensidade e ângulo de aplicação. uma direção estipulada e manter uma medição contı́nua para
Palavras-chave—sensores ópticos, redes de perı́odo longo, monitorar possı́veis acontecimentos atı́picos. Evento este que
treliças, pontes, forças bidirecionais, birrefringência é validado pelo efeito da birrefringência induzida pela força
bidirecional aplicada no sensor LPFG [8].
I. I NTRODUÇ ÃO Entretanto, sabe-se que LPGs são sensı́veis também a
variações de temperatura além da deformação, o que leva o
Com o crescente aumento da estatı́stica de desastres na- sensor a apresentar uma sensibilidade cruzada, prejudicial a
turais e seus consequentes impactos na edificação humana, interpretação dos resultados. Porém, na literatura já existem
como o recente caso do rompimento da barragem de Bru- propostas eficientes para solucionar este problema [9]. Dessa
madinho, buscam-se maneiras de averiguar e deliberar com forma, um modelo fácil para resolução dessa questão é a
maior precisão a resistência que tais composições oferecem a utilização de 2 fibras em série, fazendo com que a primeira
determinadas cargas [1]. fibra seja sensı́vel a temperatura com o mesmo coeficiente de
Normalmente, a situação costuma ser tratada com o uso sensibilidade da segunda, porém não sensı́vel a deformação.
de Strain Gages [2], sensor que quando fixado a superfı́cie Já a segunda fibra será sensı́vel a temperatura e deformação, o
do corpo de interesse, sofre a mesma deformação que ele, objeto de análise. Logo, analisando a resposta obtida por cada
alterando sua resistência. Entretanto, os mesmos são muito fibra, é possı́vel excluir o efeito térmico e considerar somente
instáveis, com uma faixa limitante de temperatura de operação, as variações de deformações, que é o interesse do exposto.
além de apresentarem baixa sensibilidade. [10].
Dessa forma, o monitoramento do exposto por sensores de Este conjunto é formado por treliças planas isostáticas com
fibra óptica se apresenta como uma alternativa atraente [3], o design denominado Pratt [11]. O nó de base da ponte
uma vez que essas fibras fornecem, dentre outras vantagens, sofrerá com o efeito de uma força de intensidade F e ângulo
pequeno tamanho e peso, imunidade a interferência elétrica, θ, força essa que pode ser oriunda de algum elemento que
uma melhor capacidade de informação a maiores distâncias, passe pelo vão abaixo da ponte ou outro item que esteja
resistência a corrosão, fadiga estática e são inoxidáveis [4]. atravessando a própria estrutura. Esta carga, ao incidir no nó
As chamadas Redes de Perı́odo Longo em Fibra (LPFGs da treliça, também será transmitida ao sensor LPG, causando
ou somente LPGs) e as Redes de Bragg (FBG), são redes uma deformação na fibra com correlação a intensidade F e
de difração escritas dentro da própria fibra por meio da ângulo θ. A partir desta deformação, é possı́vel avaliar e medir
modulação periódica de seu ı́ndice de refração. As LPFGs são a tensão gerada(Ver Figura 1).
estruturas mais simples e de fabricação mais fácil, podendo
ser feitas até mesmo manualmente por técnicas de ponto a
ponto, que realizam as modulações de ı́ndice por meio de
arco elétrico [5] gerado por uma máquina de fusão. Seu uso
como sensor ocorre pois o comprimento de onda central da
banda de rejeição do m-ésimo modo de propagação (fato
este que permite considerá-la um filtro rejeita-faixa), denotado
por λm res , é função de parâmetros que podem variar com o Figura 1: Carga aplicada sobre o nó da estrutura
ambiente, como o ı́ndice de refração do núcleo nef f,co , da
casca nef f,cl e o perı́odo Λ da LPG [6] [7]: Para estudar este conjunto foram realizadas simulações de
aplicações de forças e ângulos diversos. Com o primeiro fator
λm m
res = (nef f,co − nef f,cl )Λ (1) variando de 0 a 1kg e o segundo de 0 a 360°, ambos com

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

13 valores escolhidos, totalizando um banco de dados de 156 baseadas na variação do ı́ndice de refração para cada eixo de
situações distintas. As intensidades das forças utilizadas para polarização [14]:
simulação foram normalizadas para facilitar os cálculos, o
entendimento da aplicabilidade e para se adaptar às condições n3ef f
∆nx = − ((p11 − 2vp12 )σx +
ofertadas para desenvolvimento no LITel. 2E (4)
O trabalho foi simulado conforme a configuração experi- +((1 − v)p12 − vp11 )(σy + σz )
mental representada na Figura 2 para testar a LPG em dife-
rentes cenários de carga transversal, variando sua intensidade n3ef f
e ângulo de aplicação. De uma maneira geral, a Fonte de Luz ∆ny = − ((p11 − 2vp12 )σy +
2E (5)
de Banda Larga (BBS), com comprimento de onda central
+((1 − v)p12 − vp11 )(σx + σz )
próximo de 1550 nm, é usada junto com o Analisador de
Espectro Óptico (OSA) para adquirir e visualizar os espectros Onde E, v e pij são o módulo de Young, o coeficiente de
durante estes testes. Neste modelo, a luz da fonte é polarizada Poisson e os componentes do tensor foto-elástico, respectiva-
usando um polarizador de fibra e o estado de polarização pode mente. Como foi utilizada uma fibra de sı́lica, esses dados são:
ser ajustado pelo controlador de polarização. Ainda, o sensor E = 74.52 GPa, v = 0.17, p11 = 0.121 e p12 = 0.27.
LPG é colocado com ambas as extremidades fixadas em 2
rotadores de fibra entre o PC e o OSA, que garantem a variação
angular da carga aplicada ao sensor.

Figura 3: LPFG submetida a uma carga lateral

Analisando a força F incidente sobre o sensor encapsulado,


Figura 2: Configuração experimental de uma carga transversal esta pode ser modelada como uma distribuição de cargas linear
no sensor e uniforme por todo o comprimento da grade L. Chamando
de θ o ângulo que esta força faz com o eixo y de polarização
da fibra de raio b, σx e σy são os estresses causados em cada
II. M ETODOLOGIA coordenada, definidos por:
A. Modelo do sensor
F
A aplicação de uma carga transversal em uma LPFG leva ao σx = (cos(θ) − 2sin(θ)) (6)
πLb
aumento da birrefringência na mesma, gerando uma separação
de cada modo propagante em dois, cada qual relacionado F
a um eixo de polarização, aqui chamados de eixos x e y σy = (sin(θ) − 2cos(θ)) (7)
πLb
[12]. Entretanto, as grades escritas pelo método dito acima, Ademais, a variação no perı́odo da grade é uma con-
disponı́veis para estudo no LITel, já possuem birrefringência, sequência da deformação fı́sica:
inerente ao processo de confecção [13]. Isto se deve ao fato de
a descarga elétrica produzir variações de aproximadamente ∆n 1
Λ = Λ0 (1 + (σz − v(σx + σy ))) (8)
≈ 2 × 10−3 no ı́ndice de refração. Além disso, essa variação E
não é uniforme por toda a seção transversal, o que possibilita o Ao manipular todas as equações expostas de (2) a (7), é
efeito da birrefringência. Dessa maneira, nos principais eixos possı́vel modelar o efeito das cargas bidirecionais nas LPFGs.
de polarização, os comprimentos de onda ressonantes se dão A fibra em estudo, a qual o LITel dispõe, é a SMF28, de
como segue: perı́odo Λ = 470 µm.

λmax min B. Modelo da Treliça


res = Λ(∆n ) (2)
O uso de treliças na construção civil se deve ao fato
de serem estruturas rı́gidas e estáveis, capazes de sustentar
λmin
res = Λ(∆n max
) (3)
grandes carregamentos utilizando menos materiais, além de
Por outro lado, a aplicação de cargas laterais, como se serem utilizadas em extensos vãos. Treliças planas [15] [16]
propõe neste exposto, induz uma birrefringência que pode ser são aplicadas para telhados e pontes, em que estas precisam
calculada pela aplicação das equações do efeito foto-elástico, de três graus de apoio para se manterem estáveis e, para

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

fins de cálculos, todas as forças aplicadas sob a estrutura são plotados os espectros resultantes de cada uma das 13 forças
analisadas nos nós. Sendo assim, as barras que interligam as simuladas de aplicação. O resultado se deu como o esperado na
conexões podem sofrer reações de tração ou compressão. caracterização. Alguns dos gráficos plotados para tal análise,
Para a análise matemática são utilizados três métodos distin- contendo a transmissão em x, y e a resultante, seguem, sendo
tos: o Métodos dos Nós, das Seções ou Gráfico. Neste estudo que foram escolhidos, dentre as 13 possibilidades de resultante
o método aplicado será o das seções, que é utilizado para para cada ângulo, um valor baixo (carga de 0.08kg), um médio
encontrar os esforços em apenas alguns nós da estrutura. Um (carga de 0.67kg) e um alto (carga de 1kg), para facilitar a
corpo rı́gido está em equilı́brio quando o somatório de forças compreensão do comportamento destas variações:
em todas as direções e o momento angular são nulos, como
demonstrado nas equações abaixo, relacionadas apenas à seção -10
Potência x Comprimento de Onda Ressonante para 0.08kg

em análise. Para esta situação, a seção A(Figura 4):


-15

X -20
Fx = 0 (9)

Potência (dB)
-25

X -30
Fy = 0 (10)
-35
Eixo X
Resultante
-40 Eixo Y
X
Mo = 0 (11) -45
1.5 1.51 1.52 1.53 1.54 1.55 1.56 1.57 1.58 1.59 1.6
Comprimento de Onda (um) 10-6

Figura 5: Espectros X, Y e Resultante para 0.08kg

Potência x Comprimento de Onda Ressonante para 0.67kg


-10

-15

-20
Potência (dB)

Figura 4: Método das Seções para análise de Treliças -25

-30

III. R ESULTADOS E XPERIMENTAIS -35 Eixo X


Resultante
Eixo Y
A. Caracterização -40

-45
Submeteu-se a LPFG a diferentes cargas, variando-se em 1.5 1.51 1.52 1.53 1.54 1.55 1.56 1.57 1.58 1.59 1.6
Comprimento de Onda (um) 10-6
13 intervalos de 0 a 1kg. Ainda, se subordinou o ângulo de
incidência da normal da carga com o eixo y de polarização da Figura 6: Espectros X, Y e Resultante para 0.67kg
fibra, comutando-os também em 13 intervalos aleatórios de 0
a 360°. Ao observar tais eventos, nota-se que o aumento da
carga exercida sobre o sensor leva a um similar aumento na -10
Potência x Comprimento de Onda Ressonante para 1kg

separação entre os comprimentos de onda ressonantes de x e


-15
y. Isso ocorre porque, conforme a força F cresce, o estresse
-20
no eixo x σx também se eleva, deslocando o comprimento
Potência (dB)

-25
de onda ressonante em x para a direita, ao passo que σy
diminui e dispersa o comprimento de onda ressonante deste -30

eixo para a esquerda. Este fenômeno provoca o aumento da -35 Eixo X


Resultante
birrefringência. -40 Eixo Y

Em contrapartida, ao fixar a força e alternar o ângulo, -45


1.5 1.51 1.52 1.53 1.54 1.55 1.56 1.57 1.58 1.59 1.6
percebe-se certa periodicidade no vale de ressonância. Comprimento de Onda (um) 10-6

Figura 7: Espectros X, Y e Resultante para 1kg


B. Análise
Ao final desta primeira etapa e, agora, dispondo de todos Observando-os, fica evidente que ao aumentar a intensidade
os pares ordenados de intensidade da força e ângulo de da força exercida, aumenta-se a separação entre os comprimen-
aplicação por comprimento de onda ressonante nos dois eixos tos de onda ressonante x e y, pois σx cresce e σy decresce,
de polarização, x e y, tornou-se possı́vel caracterizar como es- levando o primeiro para a direita e o segundo para a esquerda
tes estão relacionados e como variam e respondem à mudança e aumentando assim a birrefringência induzida.
de um ou mais parâmetros que incidem sobre a LPFG. A partir Repetindo o procedimento anterior, agora para variações de
disso, mantendo-se fixo o ângulo de incidência em 0°, foram ângulo em uma dada intensidade de força fixa, confirma-se

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

portanto o exposto de que esta variável conferiria um com- Tabela II: Coeficientes do polinômio do ângulo θ
portamento periódico quanto aos vales ressonantes, formando pij valor pij valor
senóides a partir dos comprimentos de onda com os ângulos p00 +183.90 p02 -17.58
p10 -35.16 p30 -3.27
de incidência da carga, como explicita o gráfico abaixo: p01 -112.40 p21 +3.88
p20 -18.25 p12 +19.13
p11 -49.14 p03 +20.78

Dessa forma, para conferir a precisão e a confiabilidade


do sistema proposto, substitui-se os valores dos comprimentos
de onda ressonantes encontrados nos dois eixos nas 156
simulações realizadas, gerando a força e o ângulo de aplicação
estimados. Estes dois são plotados para comparação com os
valores reais para essas duas grandezas, através do modelo de
regressão linear simples. O resultado é exposto na Figura 9
para a intensidade e na Figura 10 para o ângulo.

Força Estimada LPFG x Força Real Aplicada


1

0.9

0.8

Força Estimada (kg)


0.7

0.6

0.5

0.4

Figura 8: Senóides formadas pelos comprimentos de onda 0.3

ForcaEstimada vs. ForcaReal


ressonantes relacionados aos ângulos de incidência para forças 0.2
Reta Aproximada
0.1
fixadas 0

0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8 0.9 1

Força Real (kg)


Cada senóide, demarcada por sı́mbolos e cores diferentes,
representa um valor de intensidade fixo. Dessa forma, nota- Figura 9: Comparação para Força Estimada e Força Real
se o comportamento periódico dos comprimentos de onda
ressonantes relacionados a cada força, ao variar o ângulo de
Theta Estimado LPFG x Theta Real Aplicado
incidência sobre a LPG. 350

Por conseguinte, foram criados dois polinômios da forma z


Theta Estimado (°)

300

250

= f(x,y), sendo z correspondente à intensidade aplicada sobre o 200

nó no primeiro caso e, no segundo estudo, ao ângulo. Enquanto 150

100
ThetaEstimado vs. ThetaReal
isso, x e y são respectivamente os comprimentos de onda 50 Reta aproximada
ressonantes nos eixos x e y. Ambos os polinômios são de 0

0 50 100 150 200 250 300 350

terceiro grau para as duas variáveis, dados por: Theta Real (º)

Figura 10: Comparação para Ângulo Estimado e Ângulo Real


2 2
f (x, y) = p00 + p10 x + p01 y + p20 x + p11 xy + p02 y +
+p30 x3 + p21 x2 y + p12 xy 2 + p03 y 3 Por ambos os gráficos, é notória a precisão do estudo
(12) realizado, indicando bom funcionamento para a aplicação
Os coeficientes pij encontrados nesta aproximação poli- proposta. Ainda, em termos numéricos, esta ideia se confirma
nomial, que estão nas tabelas I e II, indicam um fator de ao analisar o coeficiente de determinação do modelo, que é
qualidade de ajuste para R2 de 0.9626 para força e de 0.8144 uma medida de ajuste do modelo, variando de 0 a 1 sendo
para o ângulo θ, o que confere boa confiabilidade para este que, quanto mais próximo de 1, melhor a relação linear entre
modelo de estudo aplicado, favorecendo o monitoramento que as duas grandezas comparadas, isto é, melhor ajuste e precisão
fora proposto. das grandezas ao modelo. Para a intensidade da força, Figura
9, este coeficiente se deu no valor de 0.99, ao passo que para
Tabela I: Coeficientes do polinômio de força
o ângulo ficou em 0.92. Portanto, a boa confiabilidade citada
pij valor pij valor do modelo comprova-se por esses valores.
p00 +2.29 p02 +2.80
p10 -0.14 p30 +0.02 IV. C ONCLUS ÃO
p01 -0.37 p21 +0.43
p20 +3.04 p12 +0.53 Esse trabalho expõe um estudo sobre a aplicação de sensores
p11 +3.88 p03 +0.23 ópticos empregados para monitoramento de construções civis.
Dessa maneiro, buscou-se focar em pontes estruturadas com

455
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

treliças planas e a avaliação da intensidade e ângulo de [12] L. Zhang, Y. Liu, L. Everall, J. Williams, and I. Bennion, “Design
incidência de forças sobre as mesmas, através do Método das and realization of long-period grating devices in conventional and high
birefringence fibers and their novel applications as fiber-optic load
Seções para essas estruturas. sensors,” IEEE Journal of Selected Topics in Quantum Electronics, vol.
O método de simulação obteve resultados satisfatórios para 5, no. 5, pp. 1373–1378, 1999.
um possı́vel protótipo, ao se aproximar dos atributos reais da [13] B. Sevigny, M. Leduc, M. Faucher, N. Godbout, and S. La-
croix,“Characterization of the large index modification caused by elec-
fibra e se beneficiar da birrefringência induzida, caracterı́stica trical discharge in optical fibers,” in Conference on Lasers and Electro-
implı́cita ao material, para atingir os objetivos propostos. Optics. Optical Society of America, 2009, p. JTuD72.
Portanto, foi notória a precisão gerada pelo uso da LPFG, [14] B. L. Bachim and T. K. Gaylord, “Polarization-dependent loss and
birefringence in long-period fiber gratings,” Applied optics, vol. 42, no.
o que a torna uma boa alternativa para monitorar estas 34, pp. 6816–6823, 2003.
composições e eventuais anormalidades que são modeladas [15] DW Alspaugh, K Kunoo, ”Optimum Configurational and Dimensional
como forças bidirecionais. Fixada a intensidade, observou-se Design of Trusses Structures,”Computers and Structures, vol. 4, pp. 755-
770, 1974.
um comportamento periódico do efeito do ângulo de aplicação [16] Z. Pravia, D. Orlando, ”Modelos qualitativos de treliças planas:
da força no sensor sobre o comprimento de onda ressonante. construção e aplicação no ensino da análise e comportamento estru-
Por um modelo de regressão linear, foi possı́vel atestar a tural,”Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 29, Porto Alegre,
2001
precisão do sistema apresentado, em que as retas, tanto para
força quanto para ângulo estimados, se ajustaram bem aos
pontos das gradezas reais, com coeficientes de determinação
de 0.99 e 0.92, respectivamente. Tais valores garantem ótima
confiabilidade do modelo proposto, alcançando o objetivo de
avaliação desejado.

AGRADECIMENTOS
Agradecemos ao apoio da CAPES, CNPq, Inerge-UFJF,
PET Elétrica e CPFL Energia.

R EFER ÊNCIAS
[1] Hong-yue Liu, Da-kai Liang, Jie Zeng, ”Long period fiber grating
transverse load efferct-based sensor for asphalt pavement pressure field
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[3] D. Hou et al., ”Fiber sphere-embedded long-period fiber grating for
curvature measurement with high sensitivity,”Optical Engineering, vol.
57, no. 04, pp. 1, 2018
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perature Based on Balloon-Shaped Bent SMF Structure Incorporating
an LPG,”J. Ligthwave Technol, 4960-4966(2018)
[10] CCM de Barros, OJ Henrique, BC Ricardo, ”Sensor óptico de alta
sensibilidade para avaliação de adulteração de combustı́veis empregando
redes de perı́odo longo e fibras ópticas afinadas,”2014
[11] Dogmar A. de Souza Junior, Francisco A. R. Gesualdo, Lı́via M.
P. Ribeiro, “Avaliação do comportamento mecânico de treliças de
madeira do tipo Howe, Pratt e Belga otimizadas pelo método dos
algoritmos genéticos” Uberlândia, MG - Brasil: Universidade Federal
de Uberlândia, 2010.

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Interrogador para LPGs utilizando FBGs e Rede


Neural
Felipe O. Barino Alexandre Bessa dos Santos
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Departamento de Circuitos Elétricos
Universidade Federal de Juiz de Fora Universidade Federal de Juiz de Fora
Juiz de Fora, MG, Brasil Juiz de Fora, MG, Brasil
felipe.barino@engenharia.ufjf.br alexandre.bessa@engenharia.ufjf.br

Resumo—Este trabalho introduz um novo método para onde nef f,co é o ı́ndice de refração efetivo do modo do núcleo,
interrogação de sensores ópticos baseados em redes de perı́odo nmef f,cl é o ı́ndice de refração do m-ésimo modo de casca, Λ o
longo (LPGs) operando no infravermelho em fibras monomodo. perı́odo da grade e λm res é o comprimento de onda ressonante
Neste método, determina-se o comprimento de onda ressonante
da LPG interrogada utilizando um arranjo de redes de Bragg do m-ésimo modo de acoplamento e, devido a perda de energia
(FBGs) para extrair informações do espectro da LPG e uma por espalhamento, há uma banda de atenuação centrada nele.
rede neural artificial para processar estas informações. Este As LPGs podem ser utilizados como sensores, pois λres
trabalho demonstra o projeto do banco de filtros FBG e da rede é função de parâmetros que podem variar com o ambiente,
neural Multilayer Perceptron, que são a base do funcionamento como o ı́ndice de refração do núcleo nef f,co , da casca nef f,cl
do interrogador desenvolvido neste trabalho. A performance do
interrogador é analisada com relação ao erro quadrático médio, e também do perı́odo Λ da LPG, [4], [5]. Dessa maneira
erro absoluto médio e distribuição dos resı́duos da estimativa. deve-se correlacionar a grandeza mensurada com a variação
Esta análise é feita com diferentes LPGs, com as mais variadas do espectro de transmissão do dispositivo, em especı́fico com
caracterı́sticas espectrais, e estima-se que o comprimento de onda a variação de λres .
ressonante destas pode ser determinado com incerteza de 2,82 Esse processo recebe o nome de interrogação e, em sua
nm, considerando um intervalo de confiança de 95%.
Palavras-chave—redes de perı́odo longo, redes neurais, sensor
maioria, ele requer equipamentos volumosos e de alto custo.
óptico, interrogação, redes de Bragg Uma abordagem consiste em aplicar uma fonte luminosa de
banda larga ao sensor óptico e observar seu espectro em um
Analisador de Espectro Óptico (OSA). Outra técnica utiliza
I. I NTRODUÇ ÃO lasers com comprimento de onda central variável para varrer
o espectro óptico [6], [7]. Ambas as técnicas obtém todo o
Os avanços no mercado de comunicações ópticas vêm bene-
espectro de transmissão da LPG, ou uma secção suficiente
ficiando o desenvolvimento da tecnologia de sensores ópticos,
para identificar o comprimento de onda ressonante. E então,
tanto pelo aumento da oferta de componentes a um bom custo-
a partir desta identificação, obtém-se o mensurando. Uma
benefı́cio, quanto pelo aumento do número de fornecedores
solução mais barata e compacta consiste em filtrar o espectro
[1]. Dentre os diversos tipos de sensores ópticos a fibra, pode-
do sensor (com um ou mais filtros ópticos) que se deseja
se destacar os sensores baseados em redes de difração em
interrogar e correlacionar a potência óptica nos filtros com
fibra, as chamadas Redes de Bragg (Fiber Bragg Grating -
o mensurando [8]–[12].
FBGs) e Redes de Perı́odo Longo em Fibra (Long Period Fiber
Porém os interrogadores baseados em leituras de potência
Grating - LPGs). Dentre estes dois, as LPGs são estruturas
reportados até então são projetados para trabalhar com LPGs
de simples fabricação, pois devido ao perı́odo de modulação
especı́ficas, uma vez que deve-se conhecer o espectro do
consideravelmente maior, elas podem ser facilmente fabricadas
sensor LPG e a posição dos filtros deve ser otimizada para
por técnicas ponto a ponto, como por exemplo a técnica do
a caracterı́stica espectral deste. Para contornar este problema
arco elétrico [2].
[13] propõe um sistema de interrogação baseado em Arrayed
O funcionamento das redes de difração é baseado no acopla-
waveguide grating (AWG, grades dispostas em guias de onda,
mento de energia entre modos de propagação da fibra óptica.
em tradução livre) modulado por temperatura. Tal sistema
Nas LPGs o modo de propagação do núcleo de uma fibra
é capaz de obter a potência em diversos comprimentos de
monomodo é acoplado a um modo copropagante de casca
onda diferentes e recuperar o espectro de transmissão de
e, por espalhamento da luz na interface entre casca e meio
uma LPG genérica, mas apesar dos AWGs serem compactos,
externo, a energia do modo de casca é atenuada [3], [4]. Esse
eles possuem alto custo. Outra proposta, de menor custo, é
acoplamento ocorre em comprimentos de onda especı́ficos,
apresentada por [14], e consiste em um interrogador fabricado
dados por:
a partir três lasers modulados por temperatura. Nesta proposta,
o espectro é obtido a partir do ajuste das potências obtidas
λm m
res = (nef f,co − nef f,cl )Λ (1) pelo esquema de lasers e fotodetectores ao espectro por meio

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Redes neurais são adequadas para o interrogador proposto,


pois são modelos computacionais capazes de mapear pa-
res entrada-saı́da com base em um conhecimento adquirido
durante seu treinamento [22], [23]. Dentre as topologias e
algoritmos de RNAs, o MLP se destaca em casos de regressão
não linear, já que é capaz de aproximar qualquer função que
possua um número finito de descontinuidades com apenas uma
camada escondida [24].
Um MLP possui três ou mais camadas: camada de entrada,
Ne >= 1 camada(s) escondida(s) e uma camada de saı́da.
Os nós destas camadas são conectados por meio de pesos,
chamados de pesos sinápticos e, exceto pela camada de
Figura 1: Esquema do interrogador proposto. entrada, esses nós são chamados de neurônios. Cada neurônio
possui uma função de ativação que mapeia a combinação linear
entre suas entradas e seus pesos à sua saı́da. O MLP utilizado
de uma função matemática. Apesar desta função ser única neste trabalho possui uma única camada escondida, com N
para diversas LPGs, seus parâmetros devem ser otimizados nós de entrada, H neurônios na camada escondida e um nó
para cada sensor, diminuindo a capacidade de generalização de saı́da.
da proposta. Os pesos sinápticos, denotados por wn,a , são atualizados,
Com objetivo de manter o baixo custo, mas conservando a durante o treinamento da RNA, para minimizar o erro entre a
generalidade dos métodos citados anteriormente, este trabalho estimativa da rede neural e a saı́da conhecida. O subscrito
propõe uma nova técnica de interrogação baseada em filtros n indica o ı́ndice do nó destino e a do nó de inı́cio. O
ópticos. Esta técnica utiliza um arranjo de filtros ópticos FBG processamento ao longo do MLP se dá, na saı́da do i-ésimo
e, a partir da potência óptica em cada elemento desse arranjo, neurônio da camada escondida, por:
estima-se o comprimento de onda ressonante da LPG. O pro-
cessamento dos dados deste arranjo, usado para estimar λres , N
X −1
!
é feito por meio de uma rede neural Multi-layer Perceptron hi = f bi + xk wi,k (2)
(MLP) que tem como entrada a potência óptica filtrada em k=0
cada elemento do arranjo e como saı́da o comprimento de em que bi é o termo independente (bias) do i-ésimo neurônio,
onda ressonante da LPG interrogada. Em propostas anteriores, wi,k o peso sináptico que conecta a entrada k a este neurônio
nós demonstramos um esquema semelhante: com arranjo de e f (·) sua função de ativação. Já a saı́da da rede é calculada
FBGs modulado por deformação e temperatura utilizando em função da saı́da dos H neurônios:
redes neurais para estimar todo o espectro [15], [16]. A
nova proposta dispensa a modulação das FBGs e estima o H−1
X
comprimento de onda ressonante da LPG diretamente, sem y = by + hi wy,i (3)
realizar estimação do espectro de transmissão. i=0

II. M ÉTODOS onde by é o termo independente do neurônio de saı́da e wy,i


o peso sináptico que conecta o i-ésimo neurônio a este.
O uso de Redes Neurais Artificiais (RNAs) na interrogação
O modelo MLP descrito acima foi projetado e avaliado
de sensores LPGs é reportando na literatura, em geral, como
com um banco de dados formado por 528 espectros, con-
ferramenta para obter o mensurando a partir do espectro de
tendo um único vale de ressonância, obtidos com um OSA.
transmissão do transdutor. As aplicações variam de sensores
Estes espectros são provenientes de 83 LPGs com variados
multi-parâmetro a multi-dimensionais, e até classificadores
parâmetros de fabricação, como perı́odo e intensidade de
[17]–[21].
modulação, conferindo ao banco de dados variabilidade quanto
Porém estes trabalhos têm como entrada das RNAs dados
às caracterı́sticas de transmissão das LPGs. Para somar os
espectrais da LPG, como comprimento de onda e atenuação
528 espectros, as LPGs foram submetidos a variações de
do vale de ressonância, que são geralmente extraı́dos por um
temperatura e deformação. O comprimento de onda ressonante
OSA. Além do mais, as técnicas de interrogação para LPGs
destes foi extraı́do utilizando ajuste gaussiano ao redor da
focam em sensores especı́ficos e, em geral, o interrogador está
região do vale de atenuação das LPGs. O comprimento de
acoplado ao sistema sensor. Por outro lado, neste trabalho usa-
onda ressonante, largura a meia altura (FWHM) e potência
se RNAs para determinar o comprimento de onda ressonante
na ressonância, para cada um dos espectros deste banco de
da LPG, ou seja, para interrogar de fato o transdutor óptico. O
dados estão resumidos na Figura 2, note o espalhamento e
esquema da proposta pode ser visto na Figura 1, note que as
variabilidade destas caracterı́sticas.
entradas do MLP são as potências medidas em um arranjo com
Os dados foram aleatoriamente separados em grupos de
N filtros FBG, e a saı́da o comprimento de onda ressonante
treino (60%), validação (20%), e teste (20%). O projeto dos
da LPG.
filtros FBG é feito a partir da análise da FWHM e λres dos

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grupos foi calculada para compor o gráfico usado nesta análise.


Após o projeto dos filtros, coletou-se as potências ópticas
de todos os espectros do banco de dados, utilizando o setup
ilustrado na Figura 1, obtendo então os pares entrada-saı́da
para desenvolvimento e avaliação do MLP. Os dados de
entrada (potência óptica nas FBGs) foram normalizados para
o intervalo [0, 1]. Os neurônios do MLP foram configurados
com função de ativação ReLU (Rectified Linear Unit) e seus
pesos otimizados pelo método LBFGS. Todo o processo foi
desenvolvido em python com auxı́lio da biblioteca sci-kit learn
[25].
O tamanho da camada escondida (número de neurônios)
foi determinado em vinte testes por tamanho, variando de 3
a 8 neurônios. A métrica utilizada tanto para otimização dos
pesos quanto para a escolha do número de neurônios é o Erro
Quadrático Médio (MSE, do inglês Mean Squared Error).
Seleciona-se então o modelo com menor erro e variação
Figura 2: Caracterı́sticas espectrais dos espectros que compõe durante os vinte testes realizados, note que para essa escolha
o banco de dados utilizado. o MSE foi avaliado no conjunto de validação.
Por fim, o modelo foi avaliado com os dados de teste, pelo
erro absoluto médio da estimativa de λres , análise dos resı́duos
espectros do grupode projeto (união dos grupos de treino e desta, e também pela relação entre o valor real e o estimado
teste). Os valores máximo e mı́nimo do λres determinam a pelo interrogador. A primeira métrica dá uma ideia da distância
faixa dinâmica do interrogador e, consequentemente, o maior entre os valores obtidos e os reais, já a segunda determina a
e menor valor do comprimento de onda de Bragg das FBGs. distribuição dos erros da estimativa, enquanto a última provê
Já o valor mı́nimo da largura a meia altura determina o uma visualização do modelo proposto para identificação de
espaçamento necessário entre os filtros deste arranjo, que deve λres .
ser menor que metade do FWHM, garantindo que pelo menos
uma FBG estará no vale de qualquer uma das LPGs analisadas. III. R ESULTADOS
Além do mais, analisa-se a relação entre o comprimento
Análise dos espectros indica que o comprimento de onda
de onda ressonante e a potência óptica filtrada por cada FBG
ressonante das LPGs está no intervalo de 1510 nm a 1585 nm
que compõe o interrogador. Essa análise permite visualizar a
e que o menor valor de FWHM é 15.3 nm. Portanto, deve-se
contribuição média de cada filtro na extração de informação
projetar um arranjo tal que as FBGs tenham aproximadamente
do posicionamento do comprimento de onda ressonante. Para
7.7 nm de distância no espectro. Para a janela de 1500 nm
tal, os espectros foram agrupados em 20 regiões, de acordo
a 1596 nm do espectro óptico, 13 FBGs conferem 7.69 nm
com λres , e a média da potência filtrada por cada FBG nestes
igualmente espaçados entre as FBGs.

(a) 1500 nm a 1600 nm (b) 1512 nm a 1584 nm


Figura 3: Relação entre λres e potência extraı́da pelas 13 FBGs de (a) 1500 nm a 1600 nm e (b) 1512 nm a 1584 nm.

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Observando o comportamento deste banco de filtros nos 1584 nm do espectro óptico, com suas potências normalizadas
espectros do conjunto de projeto, observa-se que este apresenta para o intervalo [0, 1], que são utilizadas como entrada em um
comportamento redundante. A Figura 3 mostra a relação entre MLP de três camadas, com 5 neurônios na camada escondida
o comprimento de onda ressonante e a potência óptica filtrada e um único neurônio na camada de saı́da, que exprime a
pelo arranjo FBG, com o eixo-x representando faixas de λres , estimativa do comprimento de onda ressonante do espectro
o eixo-y a posição de cada FBG do banco de filtros e a da LPG interrogada.
intensidade representando a potência extraı́da por cada filtro, O MSE do modelo selecionado, calculado no grupo de
observe que quanto mais escura a região, menos potência testes do banco de dados, é 1.98 nm2 enquanto o erro absoluto
é filtrada, indicando que a FBG está próxima ao vale da médio é de 1.00 nm. Já a relação entre o valor estimado pelo
LPG. Na Figura 3a nota-se que para o arranjo contendo 13 interrogador e o valor real do comprimento de onda ressonante
FBGs na região 1500 nm a 1596 nm a potência óptica das pode ser visto na Figura 5, onde em preto está representada
FBGs próximas a 1500 nm e 1596 nm variam pouco com o a reta de um modelo ideal, ou seja y = x, em que os valores
comprimento de onda ressonante, indicando que a informação observados são iguais aos valores estimados, já em vermelho
fornecida por estes filtros, em média, não é fundamental estão representados os eventos do grupo de teste. Observe que
para identificar o comprimento de onda ressonante, já que estes acompanham a reta preta com pouca dispersão, de fato
é praticamente contante para todo λres . Portanto o arranjo o R2 do MLP é igual a 0.993, indicando que este modelo
foi reajustado para 13 FBGs distantes por 6 nm na faixa explica bem os dados observados.
1512 nm a 1584 nm e o resultado pode ser visto na Figura 3b. Observe que a diferença entre os pontos vermelhos e a
Para este segundo arranjo projetado, há maior sobreposição reta preta na Figura 5 representam os resı́duos da estimativa
entre as regiões escuras e todas as FBGs apresentam variação do comprimento de onda ressonante e o valor médio desses
semelhante ao longo dos diferentes espectros de transmissão resı́duos representam a tendência, ou a polarização, do inter-
das LPGs do conjunto de projeto, indicando que os filtros rogador. Note que, essa métrica é diferente do erro absoluto
contribuem bem para a determinação do comprimento de onda médio, que representa a distância vertical média entre os
ressonante das LPGs que compõe o banco de dados utilizado pontos e a reta. Na Figura 6 tem-se o histograma dos resı́duos
neste trabalho. dessa estimativa, juntamente com o ajuste paramétrico deste
Com relação ao projeto do MLP, os resultados da seleção com uma distribuição normal.
do tamanho da camada oculta estão expressos no gráfico de O valor médio da distribuição normal mostrada na Figura 6 é
caixas da Figura 4, note que para uma camada oculta maior µ =−0.0330 nm e o seu desvio padrão é σ =1.41 nm, ou seja,
que cinco neurônios não há melhora significativa no MSE do o interrogador projetado possui uma tendência de −33.0 pm
grupo de validação do banco de dados. Portanto, a fim de e uma incerteza de 2.82 nm, considerando um intervalo de
se manter o menor modelo, que tende a ter menor variância, confiança de 95%.
seleciona-se o MLP com cinco neurônios na camada escondida
IV. C ONCLUS ÃO
com menor erro entre os vinte testados. O modelo final,
projetado, para o interrogador é então: um banco de filtros Este trabalho propõe um interrogador genérico para sensores
com 13 FBGs espaçadas por 6 nm na região de 1512 nm a LPGs, usando um arranjo de filtros FBG para extração de
parâmetros do espectro de transmissão do sensor e utilização

Figura 4: Relação entre tamanho da camada oculta e MSE nos Figura 5: Relação entre valor estimado e valor real do com-
20 testes por número de neurônios. primento de onda ressonante.

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possa determinar o comprimento de onda ressonante de uma por estresse e rede neural,” in MOMAG 2018 - 18 SBMO - Simpósio
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Os autores agradecem ao apoio da CAPES, CNPq, Inerge- 094027, 2010.
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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Modelling Comparison of Two Different


Organic Field-Effect Transistors

Campos. C. F.*; Giraldi, M. T. M. R.


Laboratory of Photonics - Military Institute of Engineering - Rio de Janeiro - Brazil
felipecmcampos@gmail.com*

Abstract— This paper presents a review of the organic field- Other common applications of OFET are: flat panel display,
effect transistor (OFET) analytical model, proposed by Estrada et light emitting diode (LED), radio frequency identification
al. The OFET has gained importance in the last decades, (RFID) tag, different types of sensors, static random-access
principally because of its low cost and the possibility of being used memory (SRAM), e-paper, and flexible integrated circuits [3].
in innovative applications. Despite that, the mathematical model
Despite the advancements in OFET materials and
normally utilized to simulate it has several limitations. Here this
model and a new model proposed by Estrada et al are presented, manufacturing, an important feature still need attention, the
and the new model is evaluated. Two p-types planar OFETs, whose development of a universal model for OFET that would cover a
characteristics are detailed in this paper, were used to evaluate large variety of materials and structures [5]. This is essential for
Estrada’s model, which was capable of representing both devices the development of circuits using this transistor.
appropriately, principally when the values of the gate voltage are In this paper, the OFET structure and characteristics are
very negative. However, it is necessary to adjust the model to work briefly explained. OFET DC compact model [5] and Estrada’s
with less negatives values of the gate voltage and to simulate the model [6] are presented. Estrada’s model was applied, through
OFETs with others structures. MATLAB software, in two planar OFETs with different
Keywords: Organic field-effect transistor; modeling; DC
insulator materials. The DC compact model is widely used, but
compact model; simulations. presents some problems [5], and did not presented satisfactorily
results in the simulation of both OFETs. Estrada’s model,
otherwise, exhibited consistent results, which is detailed in this
I. INTRODUCTION work.
Traditionally, field-effect transistors (FETs) are built using In Section II, the de device structure and both models are
inorganic semiconductors materials, but organic semiconductor presented. The results of the evaluation of Estrada’s model are
materials (OSC) are gaining importance in FETs´ industry and described and discussed in Section III. Finally, in Section IV
research and development areas since better and more varied the conclusions are shown.
types of devices using OSC has increased in recent decades.
The first conducting organic material was introduced in the
II. DEVICE MODELING
late seventies [1]. Later in 1986, Tsumura et al. [2] reported the
first thin film transistor made with organic semiconductor. A. The organic field-effect transistor
Since then a large quantity of organic semiconductor materials
were reported and the OFET characteristics have been greatly The organic field-effect transistor (OFET) is normally built
improved [3]. as a thin-film transistor; the simpler type of OFET is composed
Despite that, OFET performance is still not comparable with by three layers: substrate, organic semiconductor (OSC) and the
inorganic devices, principally because of the mobility of insulator. Besides that, there is the source (S), drain (D) and
organic materials that is significantly lower than in inorganic gate (G) electrodes, as can be observed in fig. 1 [3].
materials, although its performance will indubitably increase
further [3].
OFETs finds their space in innovative applications, where
the inorganic thin film transistors cannot be applied or when
OFET low costs outweighs its performance. One of the qualities
of the organic device is, precisely, its cost. Not only due to the
low cost of organic materials but also for its ease of
manufacture, since OFET can be manufactured in low Fig.1. The OFET structure [3].
processing temperatures [3]. The organic transistor can also be
directly fabricated in flexible substrates, allowing specific The substrate has no electrical property, its only function is
applications like artificial skin [4]. to support the device. A large number of materials can be used
as the substrate. The insulator, on the other hand, has the

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

function of preventing leakage of current between the gate and voltage, Vt is the threshold voltage, Vds is the voltage bias
the active layer (OSC), also, it has influence in some important between source and drain.
parameters of the device, such as the threshold voltage (Vt) [3]. Although this model is widely used to represent the device,
At last, the layer that has more influence in the transistor it has several limitations. For instance, it does not consider
performance is the organic semiconductor layer, or active layer. some important parameters of the OFET, as the contact
Currently the p-type OSC presents better mobility, an important resistance [5]. Besides that, the behavior of the OFET can vary
parameter of the OFETs [3]. The pentacene, the P3HT (Poly (3- widely, since there are several organic materials that can be
hexylthiophene)) and the DNTT (di-ndecyldinaphtho[2,3-b:20, used as the semiconductor material, and the manufacturing
30-f] thieno [3,2-b]thiophene) are some examples of these p- process can also influence in the device behavior. Because of
that, the output curve of the device may exhibit distinct results,
type materials [3].
but this model cannot simulate all of them appropriately.
Therefore, several models have been proposed in the past
decades [5].

C. Model by Estrada et al.


This is a compact model based on the unified model
Fig.2. Different OFET geometries. G: gate. S: source. D: drain [5].
parameter extraction method [6], that was originally develop to
be used with inorganic thin-film transistor (TFT) such as the a-
The OFET was initially proposed as a single gate thin film Si:H TFT, the polycrystalline and the nanocrystalline silicon
transistor, as depicted in fig. 2. Although this structure is transistor. However, the method has been adapted by Estrada et
commonly used, and both devices presented here exhibit this al to be used with OFETs [6].
structure, it is important to clarify that the OFET may have other The main characteristic of this model is that the off-state,
structures, for instance: dual gate structure, cylindrical gate and the subthreshold and the above-threshold regimes are defined
the vertical channel structure. Each one with its own independently. These equations are then merged into a single
particularities [3]. expression using external transition functions. This model can
As shown in fig. 2, the OFET may be built in four different be simply demonstrated starting from equation 1, considering
geometries according to the primary position of the gate low |Vds|, which means that Vds2/2 can be neglected, and
electrode and the relative position of the source/drain electrodes including the contact drop (Idlin.Rc), where Rc is the contact
to the active layer [5]. There is the top gate with bottom or top resistance. Then rearranging to make Idlin explicit, Idlin is now
contact, TGBC and TGTC, respectively, and the bottom gate given by:
with top or bottom contact, BGTC and BGBC, respectively.
The performance of the OFET is affected by these !
structures. Normally top contact structures exhibit lower (3)
contact resistance and better mobility, but it is difficult to " #$ !
fabricate top contact OFETs with small channel length, which
influences the device performance [7]. Equation 3 can be used to represent the above-threshold
device behavior. To do so, it is necessary to add three simple
B. The DC compact Model expressions. First the dependence of the mobility (µ) with the
Initially, the model of the OFET was created by adapting gate voltage needs to be considered, that can be described by
and extending the MOSFET DC compact model due to their [8]:
similar behaviors. This model is divided in two equations: one
for the linear regime and another for the saturation regime. For µ = µ0[(Vgs-Vt)/Vaa]γ (4)
p-type semiconductor materials, the model for the drain current
(Id) in the linear, Idlin, and saturation, Idsat, regimes is [5]:
Where, Vaa and γ are fitting parameters and µ0 is estimated
normally based on the material under analysis. Vaa is the
mobility enhancement voltage and γ is the characteristic
(1) mobility exponent [8].
Now, equation 3 is multiplied by the effective Vds (Vdse),
which allows a smooth linear-to-saturation transition [8], and it
(2) is defined as [5]:

"/
- -
% . (1 * . (5)
+, . !
Where, W and L are the width and the length of the
semiconductor channel, respectively. µ is the hole mobility, Ci
is the insulator capacitance per unit area, Vgs is the gate Where, αs is the saturation modulation parameter, since the
saturation voltage, Vsat, is equal to αs (Vgs-Vt), and m is the

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transition parameter. Equation 5 simply approximates to Vds Silicon dioxide (SiO2) as the insulator and silicon (Si) as the
when Vds << Vsat and to Vsat when Vds >>Vsat [8]. substrate [9]. While OFET 2 has PET and plastic as the insulator
At last, the term (1 - λVds) is included to the equation. This and substrate, respectively [10]. PET and SiO2 present a similar
term has the function to model the imperfect saturation of the dielectric constant [10]. Consequently, the small difference
OFET, therefore λ is the saturation coefficient. between OFET 1 and 2 capacitance (Ci) is mostly due to the
Finally, the equation to the above-threshold current has the devices insulator layer thickness.
form [5]: Note that, in table 1, OFET 1 has a mobility that is eight
3
74 8 ! 97:; times greater than OFET 2. Despite that, its output current, Id,
566
012% 3 . %. 1 = (6) is smaller than OFET 2, but still a reasonable value. OFET 2
"< 74 #$8 ! 97:;
has accomplished that by using a Vgs and a Vds that is five and
566
four times greater than the values used in OFET 1 (in absolute
The subthreshold equation is simpler. The model uses a values), respectively. OFET2 values of voltage, however, are
simplified exponential equation that explicit the subthreshold excessively large (in absolute values). OFET 2 also needed a
swing parameter (S) [5] that is the inverse of the ratio of the relation W/L two times greater than OFET 1 to accomplish a
change in Vgs to the variation in the drain current in logarithmic greater output current. Consequently, to achieve devices with
scale [3]: good output current values at reasonable voltage values, a good
mobility is necessary. The relation W/L can also influence
CD "? positively.
>0 ? exp ? (7)
E The output current as a function of Vds for three different
values of Vgs, obtained with the simulations, is exhibited in
Moreover, the off-state current and the onset voltage, I0 and figures 3 and 4, for OFET 1 and OFET 2, respectively. Estrada’s
V0, respectively, in equation 7, are defined experimentally by model was used in both simulations. In figures 3 and 4 the lines
the transfer curve [8]. are the results of the simulations and the symbols are the
The complete model for all the regimes can be, now, experimental results obtained in the literature.
obtained using the hyperbolic tangent as the transition function,
so that the total current can be expressed as [5]:
"
1 012% . 81 tanh8J K 99 *
"
>0 . 81 * tanh8J K 99 * ? (8)

The model proposed by Estrada et al. presents explicitly all


its important parameters. In addition, using the fitting
parameters, it should be capable of being adjusted to different
types of OFET.

III. RESULTS AND DISCUSSION


In this study, the parameters of many OFETs were achieved
in the literature and were used to test the models presented in
Section II, using MATLAB software.
Initially, both models were utilized, but the DC compact
model was not capable of representing appropriately most of
the devices. For this reason, the results using the model by
Fig. 3. Output caracteristic OFET 1.
Estrada et al. are the only presented here for the two devices
modelled. Fig. 3 presents the output curve of OFET 1. Vds in this
device varies from -25V to 0, and Vgs varies from -20 to -10V
TABLE 1 – OFETS PARAMETERS
[9]. Figure 4 shows the output curve of OFET 2. For this device,
Id Vds Vgs Vt µ Ci W/L Ref Vds range of operation is: from -100V to 0, while Vgs varies
(µA) (V) (V) (V) (cm²/ (nF)
from -100 to -60V [10]. Despite the fact that both devices utilize
V.s)
OFET -12 -25 -20 - 0.08 16.5 33.4 9 pentacene as the active layer material, their output curves
1 3.2 behaviour are distinct. OFET 1 saturate faster and its curve has
OFET -33 -100 -100 -32 0.01 21 66.7 10 a greater slope. On the other hand, OFET 2 only saturates with
2
a Vds lower than -100V [10]. And it uses greater values of Vgs
when compared to OFET 1. The difference between these
Table 1 shows some parameters of the devices that were
devices may be atribuitted to various aspects: different
simulated. Both devices has pentacene as their active layer and
materials used in other layers and the manufacture method are
are bottom gate top contact structure (BGTC). OFET 1 has
some of them.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

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output current of -12 µA is achieved for Vds > - 20V and Vgs organic field effect transistor (OFET) structures," 2017 2nd
= - 20V. On the other hand, for OFET 2, the same value of the International Conference on Frontiers of Sensors Technologies
output current is attained for Vds = - 24V and Vgs = -100V. (ICFST), Shenzhen, 2017, pp. 6-9.doi:
10.1109/ICFST.2017.8210461
Since this value of Vgs is too excessive, OFET 1 presents better
[8] Kim. C. et al. “A Compact Model for Organic Field-Effect
performance. Transistors with Improved Output Asymptotic Behaviors.” IEEE
It is also important to note that, the model by Estrada et al. Transactions on Electron Devices, v. 60, n. 3, 2013.
was capable of representing both devices appropriately, when [9] Dipti Gupta, M. Katiyar; Deepak Gupta “An analysis of the
difference in behavior of top and bottom contact organic thin film
the value of Vgs is small. However, for more negatives values
transistors using device simulation” Organic Electronics n° 10
of Vgs the model diverges. Therefore, Estrada’s model must be (2009) p. 775–784.
adjusted to better simulate the devices with more negatives [10] Cosseddu, Piero; Bonfiglio, Annalisa. “A comparison between
values of Vgs. bottom contact and top contact all organic field effect transistors
assembled by soft lithography.” Thin Solid Films. 515.
10.1016/j.tsf.2006.11.182. (2007).
IV. CONCLUSION

In this paper, the OFET model proposed by Estrada et al was


evaluated, with a MATLAB code, in two distinct planar
OFET’s. The basic single gate OFET structure and both models,
DC compact and Estrada’s model, were presented. The DC
compact model, although widely utilized, did not present
satisfactory results. The results show that the Estrada’s model
can represent different types of OFETs satisfactorily for very
negatives values of Vgs. Although the model diverges for less
negatives values of Vgs, it does not mean that it cannot be
adjusted to fit in this range. For future research, the authors
intend to evaluated other OFET’s models in order to define a
more adequate model and utilize it to propose an optimal
device.

ACKNOWLEDGMENTS

Authors would like to acknowledge the Coordenação de


Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) -
Finance Code 001 and the Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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Optical Sensor Based on Core Diameter Mismatch


Structures for Measurement in Single- and
Two-Phase Flow
Cardoso, V. H. R.1* ; Fernandes, C. S.2 ; Silva, M. O.3 ; Giraldi, M. T. M. R.4 ; Costa, J. C. W. A.1
Applied Electromagnetism Laboratory - Federal University of Pará - Belém - Brazil1
Applied Electromagnetism Laboratory - Federal University of South and Southeast of Pará - Belém - Brazil2
Laboratory of Vapor - Federal University of Pará - Belém - Brazil3
Laboratory of Photonics - Military Institute of Engineering - Rio de Janeiro - Brazil4
victorcard@ufpa.br*

Abstract—In this paper we proposed two sensors based on core [4], [6], [7], however they need high-resolution analysis of
diameter mismatch for flow measurement. Two configuration of the optical spectrum by means of tunable lasers or optical
Mach-Zehnder Interferometers based on Core Diameter Mis- spectrum analyzers, being rather expensive and presenting
match structures are proposed and experimentally investigated.
The first one consists of a MMF section between two SMFs sec- complicated manufacturing techniques [8].
tions, this sensor is called SMS sensor. The second configuration In [9], structures based on core diameter mismatch tech-
consists of an input SMF, a section of SMF spliced between two nique are proposed and experimentally investigated for curva-
MMFs and an output SMF, this sensor is called SMSMS sensor. ture and vibration analysis. Two configurations are suggested,
These proposed sensors generate interference patterns when bent, one consisting of splicing a Multimode Fiber section (MMF)
causing optical power loss.
Index Terms—Flow Measurement, Optical Sensor, SMS, between two Singlemode Fibers sections (SMF), this structure
SMSMS is called SMS, and the other structure consisting of splicing a
SMF section between two MMFs sections, where each MMF
I. I NTRODUCTION is spliced to an input and output SMF, this structure is called
SMSMS. For the curvature case, it is used the SMS structure,
A correct flow measurement is significant for many ap- where destructive interference patterns are generated when the
plications such as medical, chemical engineering, industry sensor is bent, changing the signal attenuation only without
areas and so on. There are many kinds of the traditional variation in the wavelength [9], this work showed that the
flow meter such as volumetric flow meter, turbine flow meter, SMS sensor presented a high sensitivity to curvature using a
ultrasonic flow meter, electromagnetic flow meter and so on. short MMF length of the 3 mm. A same structure are proposed
The measurement of liquid and gas flow in a pipeline, is in [10] using tree MMFs lengths (3 mm, 6 mm and 10 mm)
usually called a two-phase or biphasic flow [1]–[3]. Very which presented the similar behaviours, due to the fact that it
common in industrial applications, such as the transportation is based on radiation of the cladding modes. In [6] is showed
of petroleum from the pipeline industry, its precise monitoring a numerical and experiment study about curvature analysis
is very important because it has a great economic impact in a structure SMSMS and this work demonstrated that the
on production efficiency [4], [5]. In addition to industrial structure SMSMS can be used as a sensor for small curvatures
applications, biphasic flow is also present in the transportation with a linear response using optical power loss analysis.
of water in domestic supply systems, which is delivered by In this paper, we proposed an optical flow meter based on
sanitation companies to a particular consumer. The presence of core diameter mismatch structures (SMS and SMSMS) as a
air in this type of application can directly impact the amount low cost alternative, easy to manufacture and able to detect
paid by the consumer as many conventional meters cannot the presence of air. The proposed sensor measures only the
differentiate between liquid and gas [1]. water flow and this occurs due to the hydrodynamic pressure
Optical sensors can be used as an alternative to carry out this of the water applied on the proposed sensor causing the water
measurement. Sensors based on optical fibers have awakened to bend it.
great interest in several fields of practical application due to
their advantages compared to conventional sensors. Optical II. S ENSORS FABRICATION AND P RINCIPLES OF
sensors have low weight, they are compacts, inert, intrinsically O PERATION
immune to electromagnetic interference, resistant to high In this work we proposed two sensors based on core
temperatures, durable and do not require an external power diameter mismatch. The fibers used in this work have the
source [3][4]. Sensors based on Fiber Bragg Grating (FBG) following diameters of core/cladding: SMF is standard SMF-
are the most used one as alternative for flow measurement 28 from Corning, Inc. and MMF 105/125 µm. The first sensor

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sections, MMF1 and MMF2, and MMF1 is spliced to the


input SMF and MMF2 is spliced to the output SMF. The
MMFs sections act as light couplers and re-couplers due to
the core diameter mismatch structure, and the SMF section
in the middle acts as a sensor element due to the modes
that propagate in the cladding. When the light is re-coupled
the fundamental mode interferes with the other due to the
phase difference. For a specific spectrum dip resulting from
the destructive interference, the phase difference is given by:

2π∆nkef f L
Φk = (βnucleo − βcasca )L = (1)
λ
where λ is the wavelength of the dip, (βnucleo − βcasca )
Fig. 1. Schematic of the proposed SMS sensor. is the effective index of the core mode and the k-th order
cladding mode and L is the length of the sensing SMF in the
is based on a SMS structure, which is schematically shown middle. This sensor operates with phase difference, however,
in Fig. 1. This sensor consists of splicing a MMF section as demonstrated in [6], it is possible to use this structure
between two SMF sections. This union by splicing creates a to analyze small curvatures through the analysis of power
core diameter mismatch structure and due to it, acts as a core- variation.
cladding coupling mechanism. Several high order modes are The length of the SMF section that acts as the sensor
excited in the MMF section when the light comes in from the element in the middle of the structure is 20 mm. It is known
SMF and the destructive interference between different modes that the longer the SMF length, the narrower the Free Spectral
occurs while the light propagates along the MMF section, due Range (FSR), the separation of two adjacent spectrum dips.
to its short length, LM M F . Part of the light is coupled from the [10]. In this way, the FSR will increase as the length (L)
MMF section to to the output SMF section and this coupling of the SMF that acts as a sensor element decreases, that is,
induces a loss of power in the transmitted signal travelling they work in an inversely proportional way. This means that a
in the core. When the curvature is applied to the sensor, the specific SMF length can be selected, providing a customizable
coupling coefficient is changed and due to it there is a variation interference spectrum and, consequently, controllable detection
in the transmitted signal [9], [11]. performance. The length of 20 mm of the SMF was chosen
The SMS sensor was fabricated by splicing a short MMF due to its compact size and for providing a good FSR.
section of graded index fiber, FG105-LCA from Thorlabs Inc., Light from a LASER source is injected into the input
with a length of 5 mm, between two standards SMFs sections, SMF. After propagating through the SMF, the optical beam is
SMF-28 from Corning Inc. This length was chosen due to introduced in the MMF1, exciting cladding modes in this fiber.
provide a compact size and for presenting a high sensitivity When the light is coupled from the MMF1 to the middle SMF,
[10]. low order cladding modes are excited. These cladding modes
The second proposed sensor is a Mach-Zehnder interfer- together with the fundamental mode from the middle SMF will
ometer and its configuration is showed in Fig. 2. The sensor excite high order core modes at MMF2. These core modes will
is formed by splicing a SMF section between two MMFs be re-coupled to the fundamental mode of the output SMF. In
the MMF2 and output SMF interface, the modes interfere with
each other due to phase difference [9], [12], [13]. In this work,
the curvature that is applied to the sensors is too small, so it is
possible to use the SMSMS sensor analyzing only its power
loss [14].
III. E XPERIMENTAL S ETUP
The flow analysis experiment was performed using the two-
phase flow analysis setup present in the Laboratory of Vapor at
Federal University of Pará. The experiment was performed to
ensure continuous flow of water and air in horizontal system,
this experimental setup is shown in Figure 3. Flow operation’s
range from 0 to 1.8 m3 /h was applied, with steps of 0.3
m3 /h, because in this interval the flow is in laminar state. The
water flow was monitored using a rotameter, which is a flow
meter per area, where a floater varies its position vertically
in a tapered tube proportional to fluid flow. The sensors were
Fig. 2. Schematic of the proposed SMSMS sensor. inserted transversely to the pipeline and fixed to the pipeline

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Fig. 3. Illustrative diagram of the setup and demonstration of the curvature


sensors operating mechanism for water flow measurement.

walls. Furthermore the sensors were inserted into a capillary Fig. 4. Optical power as a Flow Comparing SMS Sensor Behavior to Single-
tube to promote resistance from the sensor to fluid mass. Phase and Two-Phase Flow.
The air was inserted with the following values: 1.2 m3 /h
and 2.5 m3 /h. For each measured water flow value it is added
one of the 2 air values into the system. This analysis has
as main objective to observe if the sensors can identify the
presence of air inside the pipe. The air was inserted into
the system using a air generator device and the air flow
was monitored using a equipment similar to the operation
of the rotameter. So, the air and water flow were monitored
independently.
The sensors were inserted transversely to the pipeline so
that a curvature was generated from the drag of moving water.
The hydrodynamic pressure applied by the water on the sensor
induces a curvature on the sensors. As the water flow increases,
the mechanical force induced along the fiber by the water in
the sensor causes the curvature to increase, thereby varying
the attenuation of the optical signal. A laser source was used
to inject light into the fiber with an input power of -2.0 dBm
and the interrogation method was performed using a power
meter.

IV. R ESULTS AND D ISCUSSIONS Fig. 5. Optical power as a Flow Comparing SMSMS Sensor Behavior to
Single-Phase and Two-Phase Flow.
In this section, it is presented the results and discussions
concerning the analysis of the water flow in a pipe with single
and two-phase flows using the SMS and SMSMS structures. For calculate the total flow system we must take the x-axis
Firstly, the structures are subjected to water flow only, thus value and add it to the air flow that was inserted into the
characterizing single-phase system. Then, the structures are system.
subjected to water and air flow simultaneously, characterizing
a two-phase system. The flow pattern observed in this system
A. SMS sensor subjected to single and two-phase flows
was the elongated-bubble (or Plug), the air bubbles group
together to form larger bubbles that move in the direction of The air flow values 1.2m3 /h and 2.5m3 /h were identified
flow like elongated bubbles or plugs, concentrated in the upper as Two-Phase 1 and Two-Phase 2, respectively. It was possible
part of the tube [15]. The interrogation method is performed to observe with the experiments for the analysis of the sensor
through a simple power meter. The sensitivity is evaluated by submitted to single and two-phase flows that the SMS sensor
the variation in the optical power according to the increase in presents a low sensitivity and a disorder in its behavior as
flow. The x-axis in Fig.4 and Fig.5 presents water flow only. depicted in Fig.4.

468
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

B. SMSMS sensor subjected to single and two-phase flows [4] V. H. Baroncini, C. Martelli, M. J. da Silva, and R. E. M. Morales,
“Single- and two-phase flow characterization using optical fiber bragg
Fig. 5 shows the curves obtained for the analysis of the gratings,” Sensors, vol. 15, p. 6549=6559, 3 2015.
SMSMS sensor submitted to single and two-phase flows. The [5] P. Wanga, Y. Zhaoa, Y. Yangb, and D. juan Bia, “Simple fiber bragg
air flow values 1.2m3 /h and 2.5m3 /h were identified as grating sensing systems for structural health monitoring,” Sensors and
Actuators A: Physical, pp. 29–32, 2015.
Two-Phase 1 and Two-Phase 2, respectively. As the response [6] S. R. Thekkethil, R. J. Thomas, H. Neumann, and R. Ramalingam,
obtained was not linear, its sensitivity is a variable and the “Experimental investigation on mass flow rate measurements using fibre
curve usually is a tangent. In the single-phase flow, the bragg grating sensors,” IOPscience, 2017.
[7] Z. Liu, L. Hteina, L.-K. Cheng, Q. Martina, R. Jansen, and H.-Y. Tam,
SMSMS sensor presents a sensitivity of -0.3277 dBm.h/m3 “Miniature fbg-based fluidic flowmeter to measure hot oil and water,”
and a coefficient of determination of 0.9991. When we inserted 25th INternational Conference on Optical Fiber Sensors, vol. 10323,
the 1.2 m3 /h air flow in the system we obtained a sensitivity of 2017.
[8] L.-H. Kang, D.-K. Kim, and J.-H. Han, “Estimation of
the -0.1453 dBm.h/m3 . And when we inserted the 2.5 m3 /h dynamic structural displacements using fiber bragg grating
air flow in the system we obtained a sensitivity of the -0.0845 strain sensors,” Journal of Sound and Vibration, vol.
dBm.h/m3 . Regarding the coefficient of determination for 305, no. 3, pp. 534 – 542, 2007. [Online]. Available:
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0022460X07003045
these two values of the air flow, the values obtained were as [9] C. S. F. et al., “Curvature and vibration sensing based on core diam-
follows: 0.9909 and 0.9875, respectively. eter mismatch structures,” IEEE Transactions on Instrumentation and
The observed results showed that the sensitivity values are Measurement, vol. 65, p. 2120=2128, 9 2016.
[10] Y. Ma, X. Qiao, T. Guo, R. Wang, J. Zhang, Y. Weng, Q. Rong,
lower when air is included into the system, as can be seen M. Hu, and Z. Feng, “Mach–zehnder interferometer based on a sandwich
in Fig 5. This can be explained due to the presence of air fiber structure for refractive index measurement,” IEEE Sensors Journal,
bubbles inside the pipeline and due to them, the applied force vol. 12, pp. 2081–2085, 6 2014.
[11] “Strain sensing based on a core diameter mismatch structure,” Sensors
is lower when a bubble passes through the sensor because the and Actuators A: Physical, pp. 29–32, 2015.
air has a lower viscosity. This enables the system to identify [12] V. H. R. Cardoso, F. M. Takeda, C. S. Fernandes, M. T. R. M. Giraldi,
the presence of air in the pipeline. and J. C. W. A. Costa, “Mach-zehnder interferometer based on core
diameter mismatch structures for curvature measurement,” International
V. C ONCLUSION Microwave and Optoelectronics Conference, 2019.
[13] X. SUN, H. DU, X. D. Y. HU, and J. DUAN, “Simultaneous curvature
In conclusion, we proposed an experimental investigation and temperature sensing based on a novel mach-zehnder interferometer,”
of the optical flow meter based on core diameter mismatch Photonic Sensors, 2019.
[14] F. M. Takeda, V. H. R. Cardoso, C. S. Fernandes, M. T. M. R. Giraldi,
structures (SMS and SMSMS) as a low cost alternative, and J. C. W. A. Costa, “Experimental and simulated curvature analysis in
easy to manufacture and simple to interrogate for measuring a structure based on core diameter mismatch,” Latin American Workshop
water flow. The results demonstrated that the SMS sensor is on Optical Fiber Sensors, 2019.
[15] L. Cheng, G. Ribatski, and J. R. Thome, “Two-phase flow patterns and
not a good alternative for flow measurement because it did flow-pattern maps: Fundamentals and applications,” Applied Mechanics
not present a good sensitivity. However, the SMSMS sensor Reviews, vol. 61, p. 050802, 5 2008.
presented a satisfactory sensitivity and it enabled to identify
the presence of air. The SMSMS sensor presents a better
sensitivity than the SMS sensor due to the middle SMF which
is very sensitive. So, the SMSMS sensor can be used as a low
cost alternative for flow measurement as demonstrated by the
results in this work.
ACKNOWLEDGMENT
This study was financed in part by the Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior - Brasil
(CAPES) - Finance Code 001 and Conselho Nacional de
Desenvolvimento Cientı́fico e Tecnológico (CNPq). It was also
supported by the Federal University of Pará (UFPA), Federal
University of South and Southeast of Pará and the Military
Institute of Engineering(IME).
R EFERENCES
[1] T. C. Amaral, “Aferição de um hidrometro unijato classe c quando
submetido a escoamento bifásico,” Universidade Federal do Pará, Tech.
Rep., 2016.
[2] M. C. P. VENZON, “Comportamento do esoamento bifásico Água-ar em
placas de orifı́cio,” Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 1996.
[3] A. S. I. Ismail, I. Ismail, M. Zoveidavianpoor, R. Mohsin, A. Piroozian,
M. S. Misnan, and M. Z. Sariman, “Experimental investigation of
oil–water two-phase flow in horizontal pipes: Pressure losses, liquid
holdup and flow patterns,” Journal of Petroleum Science and Engineer-
ing, vol. 127, pp. 409–420, April 2015.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Um Novo Método para Separação das Perdas no


Ferro Eliminando o Ensaio em Baixa Frequência

Filomena B. R. Mendes, Fredy M. S. Suárez N. J. Batistela, J. V. Leite, N. Sadowski, J.P. A. Bastos


DAELE, DAMAT GRUCAD
Universidade Tecnológica Federal do Paraná Universidade Federal de Santa Catarina
Pato Branco, Brasil Florianópolis, Brasil
filomena@utfpr.edu.br jean.vianei@ufsc.br

Resumo—O objetivo deste trabalho é propor um novo método magnéticos rotativos em duas e em três dimensões com base nos
para separação das perdas no ferro eliminando o ensaio em baixa métodos clássicos de cálculo das perdas no ferro.
frequência e reduzindo o número de experimentos. O artigo trata
de metodologias que utilizam métodos numéricos para encontrar Neste artigo apresentam-se três metodologias de segregação
os coeficientes do modelo matemático de separação das perdas de perdas que eliminam o ensaio da perda por histerese em baixa
magnéticas em perdas por histerese, perdas por correntes de frequência e também não requerem o conhecimento da
Foucault e perdas excedentes. Três metodologias são apresentadas condutividade elétrica do material para separar os diferentes
e dependem de ensaios experimentais com: (i) indução magnética tipos de perdas. A primeira metodologia que aplica o método de
variando e frequência de alimentação constante da ordem de 50 Newton foi validada utilizando-se uma estratégia de referência
Hz, (ii) indução magnética constante da ordem de 1 T e frequência que separa as perdas magnéticas através de três ensaios: da perda
variando. A primeira metodologia se baseia no método de Newton total com variação da indução magnética mantendo a frequência
para resolver o sistema numérico gerado com dados experimentais constante (por exemplo 50 Hz), da perda por histerese com
dos dois experimentos. Ela foi validada com dados experimentais variação da indução magnética mantendo a frequência constante
na literatura anterior. As duas outras metodologias se baseiam em (por exemplo 1 Hz) e da perda total com variação da frequência
algoritmos genéticos (AG). Uma depende de dados experimentais mantendo a indução magnética constante (por exemplo 1 T). A
dos dois experimentos e outra depende de dados experimentais segunda metodologia proposta neste artigo aplica o método de
apenas do experimento (i). Os resultados indicam que o método
algoritmos genéticos (AG) para separar as perdas magnéticas
com algoritmos genéticos apresentou excelentes soluções na
através de dois ensaios. A terceira metodologia proposta neste
comparação com a referência.
artigo aplica o método de AG para separar as perdas magnéticas
Palavras-chave—algoritmos genéticos; método de Newton; através de um ensaio. Para a validação das metodologias foram
perdas no ferro utilizadas lâminas de aço ao silício de grão não orientado
testadas no quadro de Epstein Padrão 25 cm. Comparando os
resultados obtidos no trabalho observa-se que a primeira
I. INTRODUÇÃO metodologia supera a metodologia de referência. A segunda
As perdas no ferro têm sido estudadas e há bancadas de testes metodologia apresenta precisão superior à da primeira
de aços para fins elétricos que operam variando a frequência, metodologia. Existe pouca diferença entre as constantes das
mas sem efetivamente poder reduzi-la para desprezar as perdas perdas obtidas utilizando a terceira metodologia e a segunda
dinâmicas. As perdas no ferro são de fundamental importância metodologia.
já que afetam o projeto de máquinas elétricas. Nos últimos cinco
anos pesquisas foram realizadas [1]-[3] para propor novos II. PRIMEIRA METODOLOGIA DE SEPARAÇÃO DAS PERDAS
modelos de perdas no ferro, comparar os modelos de perda UTILIZANDO O MÉTODO DE NEWTON: DOIS ENSAIOS
existentes e para calcular as perdas em máquinas elétricas. Em
[1] foi comparada a previsão da perda excedente de três Considerando (1), as amostras de aço ao silício são inseridas
modelos: dois modelos no domínio da frequência e um modelo no teste de Epstein e submetidas ao primeiro ensaio para
no domínio do tempo. A precisão dos modelos foi testada em determinar as constantes da perda total que são kt e αt. Este
formas de onda de fluxo senoidal e não senoidal. Em [2] foi ensaio é realizado variando-se a indução magnética e mantendo
desenvolvido um modelo de perda no ferro que considera a o valor da frequência constante (ft = 50 Hz). A perda total Wt em
influência da temperatura nas perdas por histerese e por J/Kg é medida para cada valor de indução magnética Bm em T.
correntes de Foucault. As perdas no ferro medidas mostraram Para selecionar a separação das perdas as amostras são
que as perdas por histerese e por correntes de Foucault variam submetidas ao segundo ensaio com variação da frequência
linearmente com temperaturas entre 40 e 100 oC. A vantagem mantendo-se a indução constante (Bmf = 1 T). Neste ensaio a
deste modelo é sua utilidade na análise do acoplamento perda total Wtf em J/Kg é medida para cada valor de frequência
eletromagnético e térmico para prever a perda no ferro e a freq em Hz.
distribuição de temperaturas em máquinas elétricas. Em [3] é
apresentado um método para determinar perdas para campos

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A. Utilizando os Dados do Primeiro Ensaio Laboratorial Após calcular várias soluções do sistema (3), seleciona-se
A perda total em função da indução magnética é dada por: aquela que apresentar menor erro dado por (5).

III. SEGUNDA METODOLOGIA DE SEPARAÇÃO DAS PERDAS


Wt = kt Bmt () UTILIZANDO ALGORITMOS GENÉTICOS: DOIS ENSAIOS

A. Utilizando os Dados do Primeiro Ensaio Laboratorial


Seja n o número de pontos experimentais. Para cada ponto
experimental Pi(Bmi, Wti) com i=1, …, n é calculado o logaritmo As constantes da perda total kt e αt são calculadas de forma
(lnBmi, lnWti). Estes logaritmos permitem calcular as constantes análoga à apresentada no item II-A.
da perda total e o coeficiente de determinação. Para separar a
perda total em três componentes (perda por histerese, perda por B. Utilizando os Dados do Segundo Ensaio Laboratorial
correntes de Foucault e perda excedente respetivamente) utiliza- O método de AG é utilizado para calcular as quatro
se a seguinte equação: constantes das perdas magnéticas (kh, α, kf, ke) que minimizam a
soma do erro relativo da perda total calculada Wtc e da perda total
experimental Wtf. A equação (6) é a função objetivo a ser
kt Bmt = kh Bm + k f Bm2 + ke Bm1,5 () minimizada.

Como as constantes da perda total já foram determinadas (kt,


αt), restam determinar quatro constantes: kh, α, kf e ke. Para isto
nf
Wtf ( i ) − Wtc ( i )
é resolvido o seguinte sistema de equações não lineares g ( x ) = g1 ( x ) + + gn f ( x ) =  ()
utilizando o método de Newton: i =1 Wtf ( i )

sujeito a
 kh 0, 4 + k f 0, 42 + ke 0, 41.5 − kt 0, 4t 
   f1  0,001 ≤ kh ≤ 0,1; 1≤ α ≤ 2; 0,0004 ≤ kf ≤ 0,01; 0,0001 ≤ ke ≤ 0,01
 2 1.5
 kh 0, 73 + k f 0, 73 + ke 0, 73 − kt 0, 73 t    f  ()
F =  =  2 em que nf é o número de pontos do ensaio de perda com variação
 kh1, 067 + k f 1, 067 + ke1, 067 − kt 1, 067   f3 
 2 1.5  t de frequência mantendo a indução magnética constante em 1 T.
  f  A perda total calculada Wtc é dada por (4).
 kh1, 4 + k f 1, 42 + ke1, 41.5 − kt 1, 4t   4
  No método de AG, cada etapa de cálculo é chamada de
Neste método existem critérios de parada para aceitar um geração. A geração inicial é construída aleatoriamente, sua
população é avaliada, e cada cromossomo recebe uma nota de
ponto xk como aproximação da solução exata x  e para aptidão que reflete a qualidade da solução que o cromossomo
( )
detectar divergência. Como F x  = 0 , como critério de representa. Os cromossomos mais aptos são selecionados e
modificados através dos operadores crossover e mutação
parada é necessário verificar se todas as componentes de gerando filhos, que constituem a próxima geração. O processo
F ( xk ) possuem módulo de dimensão pequena. Para detectar se repete até que uma solução satisfatória seja encontrada. As
constantes das perdas encontradas são inseridas em (4) para
divergência e interromper os cálculos, utiliza-se teste com um comparar a perda total calculada com a perda total experimental
número máximo de iterações. Wtf obtida no ensaio com variação da frequência mantendo-se
indução constante (Bmf = 1 T).
B. Utilizando os Dados do Segundo Ensaio Laboratorial
O sistema (3) apresenta várias soluções, entretanto, existe IV. TERCEIRA METODOLOGIA DE SEPARAÇÃO DAS PERDAS
apenas uma solução fisicamente verdadeira, ou que atenda o UTILIZANDO ALGORITMOS GENÉTICOS: ÚNICO ENSAIO
modelo (2). Esta estratégia permite o encontro da solução
fisicamente verdadeira através da seleção da separação das A. Utilizando os Dados do Primeiro Ensaio Laboratorial
perdas que coincide com a curva de pontos experimentais
obtidos no ensaio com variação da frequência mantendo-se As constantes da perda total kt e αt são calculadas de forma
indução constante (Bmf = 1 T). Seja nf o número de pontos análoga à apresentada no item II-A.
experimentais. Para cada ponto experimental Pi(freqi, Wtfi) com O método de AG é utilizado para calcular as quatro
i=1, …, nf é calculada: constantes das perdas magnéticas (kh, α, kf, ke) que minimizam a
norma infinito de F dada por (3). A equação (7) é minimizada.
f req ( i ) f req ( i ) ()
( ) ( ) ( )
 2 1,5
Wtc ( i ) = kh Bmf + k f Bmf + ke Bmf
ft ft g (x) = F = max f m 1 ≤ m ≤ 4 ()

sujeito a
((
erro ( i ) = abs Wtf ( i ) − Wtc ( i ) Wtf ( i ) ) ) ()
0,001 ≤ kh ≤ 0,1; 1≤ α ≤ 2; 0,0004 ≤ kf ≤ 0,01; 0,0001 ≤ ke ≤ 0,01.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A norma infinito de F é sua componente de valor máximo único par ordenado que corresponda ao material ensaiado é
necessário levantar a curva da perda total experimental
em módulo. A minimização da norma infinito de F é apropriada (variando a frequência freq) bem como calcular a perda total por
porque se x  é a solução exata do sistema (3) então (4) com o par. Desta forma, seleciona-se o par ordenado (kf, ke)
( )
F x  = 0 . Se a maior componente, em módulo, de F ( x ) é
que minimiza o erro de aproximação entre estas curvas (da perda
total experimental e da perda total calculada).
minimizada então a solução aproximada do sistema (3) pode ser
alcançada. Isto é, para saber se um dado vetor está próximo do VI. RESULTADOS E CONCLUSÃO
vetor nulo basta verificar o módulo de sua maior componente.
As três metodologias apresentadas foram aplicadas em dois
Os passos apresentados no item III-B são também seguidos casos com a finalidade de separar as perdas magnéticas totais
para minimizar (7). A principal distinção observada entre o (Wtotal) em: perda por histerese (Wh), perda por correntes de
método apresentado no item III e o método atual é a função Foucault (Wed) e perda excedente (Wex). Nas Fig. 1-7 e Tabela I
objetivo. Notar que (7) não requer dados experimentais obtidos podem ser observados os resultados obtidos: constantes das
no segundo ensaio. Desta forma o método atual requer dados perdas (kt, αt, kh, α, kf, ke), o valor do erro máximo cometido e
experimentais somente do ensaio realizado variando-se a uma comparação entre as metodologias.
indução magnética e mantendo o valor da frequência constante
(ft = 50 Hz).

V. METODOLOGIA DE SEPARAÇÃO DAS PERDAS DE REFERÊNCIA:


TRÊS ENSAIOS

A. Utilizando os Dados do Primeiro Ensaio Laboratorial


Na estratégia de referência para a separação das perdas,
obtém-se a perda por histerese em uma frequência relativamente
baixa, por exemplo 1 Hz, onde as perdas dinâmicas (perdas por
correntes de Foucault e perdas excedentes) podem ser
desprezadas. Pelo modelo de Steinmetz a perda por histerese é
dada por: Wh = khBmα.
As constantes da perda por histerese kh e α são obtidas de
forma análoga a apresentada no item II-A para determinar as
constantes da perda total.

B. Utilizando os Dados do Segundo Ensaio Laboratorial


A perda total é obtida pelo ensaio do material em uma
frequência relativamente alta (50 Hz), onde as perdas dinâmicas
podem ser facilmente detectadas. A evolução da perda total pode
ser representada conforme (2). O procedimento para obtenção
das constantes kt e αt da perda total é análogo ao procedimento
apresentado no item II-A.

C. Utilizando os Dados do Terceiro Ensaio Laboratorial


Conhecendo as constantes kt, αt, kh e α, tem-se (8)
proveniente de (2).

( )
ke = kt Bmt − kh Bm Bm1,5 − k f Bm0,5 ()
Fig. 1. Primeiro caso. Estratégia de referência: (a) separação das perdas, (b)
erro relativo.

Para o primeiro caso, utilizando-se a estratégia de referência,


Na equação (8), necessita-se encontrar ainda os valores de foram obtidos os resultados apresentados na Fig. 1.a e Tabela I.
duas constantes ke e kf. Para isto escreve-se (8) como uma Pode-se observar que até 1,2 T existe uma boa aproximação
equação de reta dada por: ke = afe + bfekf. Ao se desenhar o gráfico entre o modelo e os pontos medidos. Na Fig. 1.b a perda
desta reta, verifica-se que esta corta o eixo vertical (eixo da calculada apresenta uma concordância aceitável em relação à
variável ke) e o eixo horizontal (eixo da variável kf) em certo curva medida, tendo um erro máximo de aproximadamente
ponto. Para a determinação das constantes ke e kf, devem-se 6,5%. A Fig. 3 mostra os resultados com a aplicação da primeira
excluir os pontos de interseção entre a reta e os eixos e encontrar metodologia (Newton) para o primeiro caso. Observar que a
os restantes pares (ke, kf) situados apenas no primeiro quadrante. primeira metodologia atingiu um conjunto de parâmetros que
Da reta é possível extrair um segmento que contém todos os
pares (ke, kf) fisicamente possíveis. Entretanto, para escolher um

472
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

representa a curva das perdas até com melhor resultado do que a


estratégia de referência.
Na Fig. 6.b observa-se que para o método de Newton o erro
máximo cometido é de 0,10 e para o método de AG, Fig. 5.b, o
erro máximo cometido é de 0,010. Examinando o método de
Newton juntamente com o método de AG, que utiliza dados de
dois ensaios, é estabelecida a seguinte diferença: em todos os
casos analisados, o método de AG permitiu obter o conjunto de
constantes das perdas que representa melhor o comportamento
experimental da amostra.
Para as Fig. 4 e 7 os valores da função objetivo são
respetivamente: 3,186x10-05 e 6,924x10-05. O método de AG que
utiliza dados de dois ensaios é comparado com o método de AG
que utiliza dados de um ensaio e a maior diferença é de 0,52 no
expoente da perda por histerese do primeiro caso.

Fig. 3. Primeiro caso. Método de Newton: (a) separação das perdas, (b) erro
relativo.

Fig. 2. Primeiro caso. AG. Dois ensaios: (a) separação das perdas, (b) erro
relativo. Fig. 4. Primeiro caso. AG. Um ensaio: separação das perdas.

No primeiro caso o material ensaiado foi inserido no quadro A perda total calculada representa a curva da perda total
de Epstein com todas as lâminas cortadas na direção medida até aproximadamente 1,3 T. Dependendo do material,
longitudinal. O segundo caso trata do material E230-C0 de sabe-se que khBmα pode não representar a evolução das perdas
espessura 479,29µm. para toda a faixa de indução até a saturação. Após a saturação, a
perda por histerese não deveria continuar crescendo como é
calculada por khBmα.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 6. Segundo caso. Método de Newton: (a) separação das perdas, (b) erro
relativo.

Fig. 5. Segundo caso. AG. Dois ensaios: (a) separação das perdas, (b) erro
relativo.
Fig. 7. Segundo caso. AG. Um ensaio: separação das perdas.
TABELA I. COMPARAÇÃO ENTRE METODOLOGIAS
Neste artigo foram apresentadas três metodologias para
Referência: Alg. Genét.: Newton: Alg. Gen.: prever as perdas no ferro e para separâ-las em três componentes
3 ensaios 2 ensaios 2 ensaios 1 ensaio
Caso eliminando o ensaio em baixas frequências. A precisão obtida na
Acordo Erro Acordo Erro Acordo Erro Acordo previsão das curvas experimentais da perda total em função da
1 o
1,2 T 6,5% 1,3 T 1,1% 1,2 T 5,2% 1,3 T frequência é excelente e consequentemente eleva a
confiabilidade das constantes das perdas obtidas. Separar as
2o - - 1,3 T 1,0% 1,3 T 10% 1,3 T perdas magnéticas sem a necessidade de dados do ensaio em
baixas frequências (1 Hz) é um avanço importante na área da
modelagem de materiais magnéticos. As contribuições deste
artigo são a proposta de uso de AG para otimização do sistema
numérico de cálculo dos coeficientes das perdas magnéticas e a
redução do número de experimentos necessários com o uso da
otimização da norma infinito.

REFERÊNCIAS
[1] Damian Kowal, Peter Sergeant, Luc Dupré, and Lode Vandenbossche,
“Comparison of iron loss models for electrical machines with different
frequency domain and time domain methods for excess loss prediction,”
IEEE Transactions on Magnetics, vol. 51, jan. 2015.
[2] Shaoshen Xue, Jianghua Feng, Shuying Guo, Jun Peng, W. Q. Chu, and
Z. Q. Zhu, “A new iron loss model for temperature dependencies of
hysteresis and eddy current losses in electrical machines,” IEEE
Transactions on Magnetics, vol. 54, jan. 2018.
[3] Samuel Muller, Michael Siegle, Marina Keller, and Nejila Parspour,
“Loss calculation for electrical machines based on finite element analysis
considering 3D magnetic flux,” in 2018 XIII ICEM, pp. 1246-1252, 2018.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Influência dos Esforços Mecânicos nos Parâmetros de


Um Modelo de Perdas de Histerese
Rodrigo de A. de Miranda, Indiara P. C. da Silva, Nelson Sadowski, Nelson J. Batistela, Laurent D. Bernard

GRUCAD/EEL/CTC/UFSC, Caixa Postal 476, 88040-900 Florianópolis, SC, Brasil


rodrigo.miranda@posgrad.ufsc.br
indiara.pitta@posgrad.ufsc.br
nelson@grucad.ufsc.br

Resumo — O efeito de esforços mecânicos sobre as


propriedades magnéticas de lâminas de aços para fins elétricos é II. PROCEDIMENTO DE OBTENÇÃO DAS PERDAS MAGNÉTICAS
investigado nesse artigo. Uma bancada experimental dedicada é EXPERIMENTAIS
utilizada para obter dados experimentais das amostras de aço Para realização dos ensaios, foi utilizada uma bancada
silício submetidas a esforços uniaxiais de tração e compressão.
experimental [10] em que se realiza a imposição de esforços
Uma modelagem para a variação dos valores dos parâmetros do
modelo de perdas por histerese é proposta, possibilitando levar em
mecânicos uniaxiais e a imposição de fluxos magnéticos
conta, futuramente, o efeito de esforços mecânicos em cálculos de controlados. Através de uma análise posterior, obtêm-se os
campos via elementos finitos. resultados de perdas magnéticas nas lâminas W (1), onde H é o
campo magnético na superfície da amostra, B é a indução
Palavras-chave — Perdas no aço, máquinas elétricas, magnética e ρ é a densidade da amostra. Detalhes mais
acoplamento magnetomecânico, histerese, modelos de perdas específicos da bancada magnetomecânica e da metodologia de
magnéticas. cálculo do campo magnético utilizada podem ser encontrados
nas referências [10]-[12].
I. INTRODUÇÃO 1 1
𝑊 = ∮ 𝐻𝑑𝐵 = ∮ 𝐵𝑑𝐻 (J/kg) (1)
Máquinas elétricas podem ser submetidas a esforços 𝜌 𝜌

mecânicos de diferentes maneiras. Por exemplo, o estator pode


ser mecanicamente inserido na carcaça através de shrink-fitting. A. Amostras
Além disso, esforços mecânicos podem surgir em rotores de Os ensaios foram realizados em chapas de aço para fins
alta velocidade, devido a forças centrífugas ou quando é elétricos de grão não orientado, com direções de corte em
necessário um alto grau de suportabilidade térmica, de modo a relação ao sentido de laminação de 0°, 45° e 90°. As dimensões
das três amostras são de aproximadamente 300 mm de
garantir que o núcleo do rotor permaneça fixo ao eixo. Pode-se
comprimento, 98 mm de largura e 0,5 mm de espessura. Ao
também mencionar a influência dos esforços mecânicos nas longo do artigo, serão utilizadas as nomenclaturas 0RD, 45DD e
lâminas durante processos de fabricação, como corte, 90TD, fazendo referência às amostras de direções 0°, 45° e 90°,
perfuração, empilhamento e montagem [1]–[3]. respectivamente.
A influência de tensões mecânicas no comportamento das
características magnéticas dos materiais utilizados nos B. Especificações dos ensaios
equipamentos elétricos é chamada de acoplamento Os ensaios foram realizados com a aplicação de um nível de
magnetomecânico. De uma maneira geral, para analisar o esforço mecânico σ, de intensidade constante e, após isso,
comportamento deste acoplamento, diversas abordagens podem realizou-se a imposição de campos magnéticos H na direção
longitudinal das chapas. As intensidades dos esforços aplicados
ser empregadas. Com relação à modelagem da histerese no
foram de 5 MPa, 10 MPa, 15 MPa e 20 MPa de tração e de
material, tem-se modelos multi-escala preditivos robustos [4], compressão paralelos ao campo magnético e a forma de onda da
bem como premissas fenomenológicas de Jiles-Atherton ou indução magnética foi senoidal com frequência de 1 Hz. Os
Preisach [5]. Quando se analisa o comportamento das curvas de resultados foram analisados na faixa de indução magnética de
perdas magnéticas no material, formulações simplificadas 0,05 T a 1,5 T.
derivadas de Steinmetz-Bertotti [6]-[9] também podem ser
A partir dos valores de perdas em função dos esforços
utilizadas. A última abordagem é particularmente interessante
mecânicos aplicados em cada uma das amostras, obteve-se
quando se pretende avaliar as perdas magnéticas utilizando
curvas de perdas para cada nível de tensão mecânica em função
ferramentas baseadas no método de elementos finitos, devido
da indução magnética. Baseado nas curvas de perdas
ao baixo custo computacional empregado. Com essa finalidade,
experimentais, utilizou-se uma estratégia de separação de
escolheu-se uma formulação simplificada baseada em modelos
perdas magnéticas para encontrar parâmetros de um modelo
de Steinmetz, onde, neste trabalho, pretende-se modelar a
que descrevesse o comportamento dessas perdas. O modelo
variação dos parâmetros de um modelo de perdas por histerese
escolhido para representação das perdas por histerese neste
em função do esforço mecânico aplicado.

475
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

material é descrito na seguinte seção. conforme [5], uma função f(), genérica, foi empiricamente
proposta de acordo com (3): nesta equação, c0 a c6 são
III. MODELAGEM DAS PERDAS POR HISTERESE NO MATERIAL constantes.
Estudos amplamente discutidos na literatura [13], [14] f(σ) = c0· tg-1(c1· σ + c2) ± c3·tg-1(c4· σ ‒ c5) + c6 (3)
determinam três quantidades distintas de perdas e como elas
afetam as perdas totais de maneira independente. As três As constantes do modelo proposto foram obtidas através de
parcelas da separação de perdas são as denominadas perdas por um ajuste de curvas, onde se usou a função curve_fit da
biblioteca scipy.optimize, componente da linguagem Python.
histerese, perdas por correntes induzidas de Foucault e perdas
excedentes. Dentre estas três parcelas de perdas, sabe-se que as Na próxima seção serão apresentados os resultados obtidos
perdas que sofrem modificações mais significativas em seus utilizando as considerações e metodologias propostas nas seções
valores, devido aos esforços mecânicos, são as perdas por II, III e IV.
histerese Wh, também chamadas de perdas estáticas, por serem V. RESULTADOS
independentes da frequência. Portanto, neste trabalho, foi
Esta seção de resultados será dividida em três partes: A)
realizada a obtenção dos parâmetros de um modelo de
resultados das curvas de perdas magnéticas em 1 Hz obtidas com
representação das perdas por histerese Wh (2) proposto por [9]. a bancada magnetomecânica para as três amostras, B) uma
Na equação (2), Bp é a indução magnética de pico e Kh, α0, α1, avaliação dos resultados encontrados utilizando o modelo de
α2 e α3 são parâmetros do modelo. O comportamento dos representação das perdas por histerese (2), e C) resultados da
parâmetros obtidos foi analisado em função da intensidade e do representação da função que descreve o comportamento dos
tipo dos esforços mecânicos aplicados. parâmetros do modelo de Wh em função dos esforços mecânicos
(3).
2
+𝛼3 𝐵𝑝 3 (2)
𝑊ℎ = 𝐾ℎ 𝐵𝑝 𝛼0+𝛼1𝐵𝑝 +𝛼2𝐵𝑝 (J/kg) A. Curvas de perdas magnéticas em 1 Hz em função dos
esforços mecânicos
Para obtenção dos parâmetros do modelo (2), foi utilizada a As curvas de perdas por histerese do material analisado, para
ferramenta solver do editor de planilhas Excel. Dentre outras as três amostras com diferentes direções entre corte e laminação,
atribuições, esta ferramenta possibilita a determinação de sofreram variações quando comparadas com o caso sem
esforços mecânicos.
valores de parâmetros de uma função através de um objetivo
pré-definido. O objetivo escolhido para aproximação das curvas Na Fig. 1 são apresentadas as curvas de perdas da amostra
foi o coeficiente de determinação R2, sendo simultaneamente 0RD em função da indução magnética para todos os níveis de
observadas as diferenças relativas entre os valores de perdas esforços mecânicos aplicados e na Fig. 2, o comportamento das
medidas e calculadas. Esta metodologia de obtenção dos perdas por histerese em função dos esforços mecânicos para três
parâmetros foi realizada nas curvas de perdas medidas em uma níveis de indução (0,5 T, 0,8 T e 1,0 T). Em todas as figuras, os
valores negativos de esforços mecânicos correspondem a
frequência para a qual é possível desprezar os efeitos das perdas esforços de compressão e valores positivos correspondem a
dinâmicas no material (1 Hz), para as três amostras e em todos esforços de tração. Observa-se na Fig. 1, que, conforme se
os níveis de esforços aplicados. Considerando isto, todos os aumentam os níveis de esforços mecânicos em compressão, há
termos de perdas neste artigo se referem as perdas em 1 Hz, ou um aumento significativo das perdas magnéticas com relação ao
seja, perdas por histerese do material. caso de 0 MPa (curva na cor azul). Entretanto, quando se
aplicam esforços de tração, percebe-se uma redução inicial das
IV. MODELAGEM DO COMPORTAMENTO DOS PARÂMETROS EM perdas em 5 MPa (curva na cor laranja) e nos demais níveis as
FUNÇÃO DO ESTRESSE MECÂNICO curvas praticamente se sobrepõem.
Os valores dos parâmetros do modelo de perdas por Tem-se mais detalhe do comportamento das perdas em
histerese, obtidos nos ensaios realizados, são determinados em função dos esforços mecânicos para esta mesma amostra na Fig.
níveis de esforços específicos. Entretanto, é desejável a obtenção 2. Nesta figura, as linhas indicam o comportamento das perdas
de uma função que permita estimar os valores dos parâmetros de em função do nível de esforços mecânicos. As cores das curvas
perdas para qualquer valor de tensão mecânica, visto que se se referem aos níveis de indução magnética em que as perdas
deseja predizer o comportamento das perdas por histerese foram medidas, onde as cores azul, laranja e verde indicam as
quando o material estiver submetido a esforços mecânicos de induções magnéticas de 1,0 T, 0,8 T e 0,5 T, respectivamente.
qualquer intensidade (dentro ou próximo da faixa de medições Em concordância com os resultados da figura anterior, observa-
realizadas: ±20 MPa). se que, com relação ao caso sem esforços, há uma leve
Com base nos valores extrapolados para os parâmetros, diminuição dos valores de perdas em 5 MPa, 10 MPa e 15 MPa,
através da separação de perdas escolhida, realizou-se e com a aplicação de 20 MPa, há um leve aumento das perdas
inicialmente a média dos mesmos, de modo a se obter uma (as perdas ainda são inferiores ao caso de 0 MPa). Em
função que possa ser utilizada independente da direção de compressão, observa-se na Fig. 2 que há um aumento
laminação. Conhecendo-se os valores dentro da faixa de significativo das perdas, com relação ao caso de 0 MPa, que se
medição, bem como a tendência do comportamento dos eleva conforme aumentam os esforços
parâmetros em esforços além da faixa de medição de ±20 MPa,

476
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

B. Representação das perdas por histerese a partir dos


parâmetros do modelo
O modelo de perdas utilizado representou bem os valores de
perdas experimentais em todos os níveis de esforços mecânicos
aplicados. Destaca-se que nenhum ponto de operação dos
ensaios realizados foi retirado para a aproximação das curvas e,
ainda assim, os valores do coeficiente de determinação R2
encontrados para todas as intensidades de esforços foram
próximos de 1. Os menores valores de R2 encontrados foram de
0,99961 para a amostra 0RD em 10 MPa de tração, de 0,99979
para a amostra 45DD em 5 MPa de tração e de 0,99942 em
0 MPa para a amostra 90TD.
Para as três amostras, os valores dos parâmetros α1 e α2 foram
nulos em todos os níveis de tensões aplicados. Nos gráficos
dispostos na Fig. 3, na Fig. 4 e na Fig. 5 são apresentados,
respectivamente, os resultados dos valores dos parâmetros Kh, α0
e α3 em função dos esforços mecânicos. Nestas figuras, os
Fig. 1. Curvas de perdas por histerese da amostra 0RD em função da indução resultados referentes às amostras 0RD, 45DD e 90TD são
magnética para todos os níveis de tensão mecânica aplicados.
identificados, nesta ordem, pelos círculos na cor azul, pelas
cruzes na cor amarela e pelos pentágonos na cor verde.

Fig. 3. Evolução do parâmetro Kh em função da tensão mecânica para as


Fig. 2. Perdas por histerese da amostra 0RD em função da tensão mecânica amostras 0RD, 45DD e 90TD.
para os níveis de indução magnética de 0,5 T, 0,8 T e 1,0 T.

Os comportamentos das curvas de perdas das amostras 90TD


e 45DD, analisadas individualmente em função dos esforços
mecânicos foram similares ao da amostra 0RD e, portanto, não
serão apresentadas aqui. Comparando-se os valores das perdas
entre as três amostras, foram verificadas algumas diferenças,
onde no caso sem esforços, em geral, os valores de perdas na
amostra 90TD foram superiores as demais (diferenças de até
25% em alguns níveis de indução). Aplicando-se tensões
mecânicas, notou-se que os valores de perdas das três amostras
foram mais próximos entre si do que no caso de 0 MPa.
Como apresentado na Fig. 1. e na Fig. 2, os esforços
mecânicos alteram as perdas magnéticas dependendo do nível e
do tipo de esforço (tração ou compressão) e, por isso, destaca-se
a importância de analisar o comportamento dos parâmetros do
modelo que descreve as perdas por histerese, uma vez que as
constantes obtidas para representar o material no caso sem Fig. 4. Evolução do parâmetro α0 em função da tensão mecânica para as
esforços mecânicos podem não representar bem os demais amostras 0RD, 45DD e 90TD.
casos.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A função ajustada para o parâmetro Kh (Fig. 6) foi a que


apresentou o melhor ajuste, pois estes valores, encontrados a
partir das medições de perdas, foram os que tiveram menor
dispersão, quando comparados com os demais parâmetros α.
Percebe-se que a tendência de Kh é de apresentar valores mais
elevados para os esforços de compressão, reduzindo até uma
certa estabilidade para esforços de tração.
Quanto ao parâmetro a0 (Fig. 7), os valores obtidos para a
amostra 45DD destoam dos valores encontrados nas outras duas
amostras. Embora a função obtida represente de maneira
razoável a tendência de a0, houve uma diferença relativa máxima
de 12,76% entre os valores da amostra 45DD e a média das três
amostras, refletindo em um ajuste de curvas não tão satisfatório
quanto ao obtido para o parâmetro Kh.
Na Fig. 8, observa-se que a função ajustada para o parâmetro
Fig. 5. Evolução do parâmetro α3 em função da tensão mecânica para as a3 representa melhor a evolução do parâmetro. Novamente, os
amostras 0RD, 45DD e 90TD. parâmetros da amostra 45DD apresentaram valores em menor
conformidade com os das amostras 0RD e 90TD, o que diminui
Nota-se que os comportamentos encontrados através do a qualidade geral do ajuste de curvas realizado. Em relação à
ajuste de curvas para os parâmetros Kh e α3 (Fig. 3 e Fig. 5) foram média dos valores dos parâmetros, a diferença relativa máxima
semelhantes nas três amostras com diferentes direções de corte dos valores da amostra 45DD chegou a ser de 40,52%, em
em relação à direção de laminação. Este resultado é condizente, virtude da ordem de grandeza de a3 ser menor do que a de a0.
uma vez que as amostras são de material de grão não orientado
e possuem característica predominantemente isotrópica. Na Fig.
4, observou-se que os comportamentos de α0 se aproximaram
mais entre si nos resultados das amostras 0RD e 90TD (cores
azul e verde, respectivamente). Os valores de α0 das amostras
0RD e 90TD obtidos foram na faixa de 1,25 a 1,67, enquanto os
valores da amostra 45DD (cor amarela) variaram de cerca de 1,5
a 1,62. Nos níveis de tração aplicados, os valores de α0 foram
próximos nas três amostras (diferenças relativas de até 6%). Em
compressão, as diferenças relativas foram mais significativas,
chegando até 21%.
Destaca-se que as diferenças entre os valores dos parâmetros
encontradas nas três amostras, podem refletir diferenças entre os
valores de perdas das três amostras (leve anisotropia, ainda que
em um material GNO), ou ainda, diferenças intrínsecas ao
processo de medição. Porém, ainda que algumas diferenças
tenham sido percebidas nos valores de Kh, α0 e α3 quando
comparadas as amostras de 0º, 45º e 90º, pode-se ver uma Fig. 6. Evolução de Kh obtida via ajuste de curvas.
tendência de seus comportamentos em função dos esforços
mecânicos aplicados. Desta maneira, realizou-se a modelagem
de uma função f(σ) que descreve estes comportamentos para
quaisquer valores de esforços mecânicos.
C. Representação do comportamento dos parâmetros do
modelo de perdas proposto
As curvas das Fig. 6 – Fig. 8 ilustram os parâmetros
extrapolados a partir das medições realizadas para as três
amostras (símbolos nas cores azul, amarela e verde), a média
computada (pontos identificados pela cor vermelha) e a função
ótima obtida pelo ajuste de curvas (linha na cor preta). Embora
os dados experimentais estarem contidos apenas entre ±20 MPa,
as funções encontradas foram utilizadas para extrapolar os
valores até ±30 MPa, de modo a avaliar o comportamento
esperado dos parâmetros além do intervalo das medições
experimentais.

Fig. 7. Evolução de a0 obtida via ajuste de curvas.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Medições experimentais adicionais podem ser realizadas de


modo a melhorar os modelos. A implementação dessas funções
para o cálculo de perdas em ferramentas de análise baseadas nos
métodos dos elementos finitos é sugerida como trabalho futuro.
AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil
(CAPES) – Código de Financiamento 001.
REFERÊNCIAS
[1] T. Nakata, M. Nakano, and K. Kawahara, “Effects of Stress Due to
Cutting on Magnetic Characteristics of Silicon Steel,” IEEE Transl. J.
Magn. Japan, vol. 7, no. 6, pp. 453–457, 1992.
[2] A. Schoppa, J. Schneider, and C.-D. Wuppermann, “Influence of the
manufacturing process on the magnetic properties of non-oriented
electrical steels,” J. Magn. Magn. Mater., vol. 215 , no. 0, pp. 74–78, 2000.
[3] R. Rygal, A. J. Moses, N. Derebasi, J. Schneider, and A. Schoppa,
Fig. 8. Evolução de a3 obtida via ajuste de curvas “Influence of cutting stress on magnetic field and flux density distribution
in non-oriented electrical steels,” J. Magn. Magn. Mater., vol. 215, pp.
687–689, 2000.
VI. DISCUSSÃO
[4] L. Bernard, L. Daniel, “Effect of stress on Magnetic Hysteresis Losses in
As curvas obtidas para os três parâmetros modelados fazem a Switched Reluctance Motor: Application to stator and rotor shrink
uma estimativa razoável de seus valores médios. Para os fitting”, IEEE Tran. on Magn., Vol. 51 (9), 2015, pp. 1-13.
parâmetros a0 e a3, devido às medições da amostra 45DD, [5] M. J. Sablik, H, Kwun, G. L. Burkhardt, D. C. Jiles, “Model for the Effect
percebe-se uma maior discrepância entre as funções modeladas of Tensile and Compressive Stress on ferromagnetic Hysteresis”, Journal
of App. Physics, Vol. 61 (8), 1987, pp. 3799-3801.
e as extrapolações individuais encontradas. Nesses casos,
[6] J. Karthaus, S. Steentjes, K. Hameyer, “Mechanical Stress-dependency of
medições adicionais para outros níveis de esforços mecânicos Iron Losses in Non-oriented Electrical Steel Stheets”, XXIV EPNC 2016
podem ser empregadas, visando aprimorar os ajustes de curva Proceedings, Helsinki, Finland.
efetuados. [7] U. Aydin, P. Rasilo, F. Martin, A. Belahcen, L. Daniel, A. Haavisto, A.
Arkkio, “Effect of Multi-axial Stress on Iron Losses of Electrical Steel
VII. CONCLUSÕES Sheets”, Journal of Magnetism and Magnetic Materials, Vol. 469, 2019,
As perdas por histerese medidas experimentalmente na pp. 19-27.
bancada magnetomecânica apresentaram comportamento [8] O. Saeed, “Effect of static stress and magnetic ageing on iron losses for
non-oriented and grain oriented electrical steels”, Master Thesis, McGill
esperado em função dos esforços mecânicos aplicados, University, 2015
conforme indica a literatura, onde houve aumento significativo [9] [D. M. Ionel, M. Popescu, S. J. Dellinger, T. J. E. Miller, R. J. Heideman,
das perdas para esforços em compressão, que se intensificaram and M. I. Mcgilp, “On the variation with flux and frequency of the core
conforme se elevaram os níveis dos esforços, e uma leve redução loss coefficients in electrical machines,” IEEE Trans. Ind. Appl., vol. 42,
dos valores em tração (em relação ao caso sem esforços). no. 3, pp. 658–667, 2006.
[10] B. J. Mailhé, “Characterization and modelling of the magnetic behaviour
O modelo de representação de perdas por histerese escolhido of electrical steel under mechanical,” Universidade Federal de Santa
apresentou boa aproximação dos valores medidos Catarina, 2018.
experimentalmente, onde os valores de coeficiente de [11] I. P. C. da Silva, “Estudos sobre o efeito dos esforços mecânicos no
determinação encontrados foram próximos de 1. A partir dos comportamento de valores de parâmetros de modelos de perdas
valores dos parâmetros obtidos para ±20 MPa, pode-se analisar magnéticas,” Universidade Federal de Santa Catarina, 2019.
a tendência de seus comportamentos, onde, através da [12] B. J. Mailhé, R. de A. Elias, I. P. C. . Silva, N. Sadowski, N. J. . Batistela,
and P. Kuo-Peng, “Influence of shielding on the magnetic field
proposição e otimização via ajuste de curvas de funções, pode- measurement by direct H-coil method in a double-yoked SST,” IEEE
se ter uma estimativa do comportamento dos parâmetros do Trans. Magn., vol. 54, no. 3, 2018.
modelo de perdas em função do esforço mecânico para qualquer [13] C. P. Steinmetz, “On the law of hysteresis,” 1892.
nível de esforços (dentro ou próximo da faixa de medições). [14] G. Bertotti, “Hysteresis in Preisach Systems,” Hysteresis Magn., pp. 479–
506, 1998.

479
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Development of a multiconductor transmission line


model and comparison with experimental values
Lucas Yukio Nascimento Matsukuma Mario Leite Pereira Filho
Laboratório de Equipamentos Elétricos e Ópticos (LEO) Laboratório de Equipamentos Elétricos e Ópticos (LEO)
Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)
Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas São Paulo, Brazil
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) mleite@ipt.br
São Paulo, Brazil
lucasyukio@ipt.br

Renato Machado Monaro José Carlos Leão Veloso Silva


Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Gerência de Tecnologia de Equipamentos Submarinos
Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (EPUSP) Petrobras - Centro de Pesquisas (CENPES)
São Paulo, Brazil Rio de Janeiro, Brazil
monaro@usp.br jcarlos lvs@petrobras.com.br

Abstract—The determination of the voltage and current along An important characteristic of some submarine cables, espe-
the conductors of any cable, be it underground or submarine, is cially umbilicals, with communication or control circuits [3] is
paramount in the study of a power system. In the design process that they usually lie relatively close to the power conductors,
of a cable for any project, it is necessary to obtain the current
that passes through the power conductors and the voltage at the so that the crosstalk between them might be considerable.
load so that the cable can meet the system requirements. Since the installation and repair of submarine cables are
As a means to obtain those important parameters, in this paper costly when compared to land cables, its project must be well
a software based model is developed, built on the Multiconductor designed in an effort to minimize interference, which could
Transmission Line (MTL) theory in [1]. To validate the conceived lead to generation of false signals due to noise and erroneous
model, the open/short circuit and the characteristic impedances
for a conductor of an umbilical type cable are calculated and
information being acknowledged. Twisted wire pairs, which
compared to its values measured experimentally. are present in the simulated umbilical, are common for com-
One of the most critical steps to obtain voltages and currents munication circuits and sensitive to crosstalk depending on its
is the determination of the cable’s electrical parameters. In this configurations [4].
model it is possible to obtain them in a MTL by two distinct So that this effect can be accounted for, as well as having
methods: the first one is by analytical formulae described in the
a better understanding of the operating condition of the cable,
theory in [1] and the second is to use a different software that
uses the finite element method to obtain the electrical parameters. there is the necessity to be able to calculate voltages and
Keywords—umbilical, submarine cables, multiconductor trans- currents at the MTL terminations when it is being excited. The
mission line, crosstalk, characteristic impedance cable’s electrical parameters, especially the mutual parameters,
must be known. Not only that, these parameters are also
I. I NTRODUCTION necessary for the transient analysis [5].

Transmission lines are a fundamental part of any electric II. O BJECTIVE


circuit, independent of its size. Being a necessity in power The objective of this paper is to detail the methodology
systems so that power generated at a site can be transmitted to elaborated in MATLAB® 2019a used to determine the volt-
the final users at another location. Submarine power cables are ages and currents in a MTL, based on the theory in [1],
an example of transmission lines that are gaining popularity and then validate it by comparing the short/open circuit and
with the increase of the importance in renewable energy, characteristic impedances of an umbilical’s phase conductor
especially with offshore wind farms. to its experimental measurements.
These have been used for quite some time but its primary The results of the model are shown considering two different
use has shifted over time. From supplying isolated offshore approaches in the parameter calculation: the so called “analyti-
facilities to its more modern usage for renewable energy and cal curve” is obtained by the model with the cable’s electrical
for oil and gas platforms, which may demand shore-generated parameter calculated analytically with formulae available in
power and umbilicals feeding pumps to extract oil from the the literature [1]. The “numeric curve” is achieved with the
seabed [2]. parameters gathered by using the finite element method with

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

the software Altair Flux™. Both these curves are compared


between each other and with the experimental values.

III. M ETHODOLOGY
This section illustrates the method proposed in [1] for the
analysis of MTL that the model was built on along with
the formulation used to calculate the umbilical’s parameter
analytically and how it was obtained numerically.
Fig. 2: Per unit length model of the line
In Fig. 1a and in Fig. 1b it is shown, respectively, the cross
section of the studied umbilical and the same section with the
mesh used to obtain its parameters using the finite element • Terminal conditions: with the configuration of both
method simulation. terminations in a MTL it is possible to gather additional
The power circuit is composed by three 240 mm2 copper equations as to obtain the voltages and currents in the
power conductors with Ethylene Propylene Rubber (EPR) conductors in any of its terminals.
insulation and copper shield. The twisted wire pairs, that 1) Analytical parameters: The equations for calculating
comprises the communication circuit, are made of 2.5 mm2 LC analytically are performed according to [1]. The case
copper with High-density polyethylene (HDPE) insulation and considered is that of n conductors within a perfectly conductive
copper shielding. There are also hoses and tubes with hydraulic shield (the umbilical’s armor). In Eq. 1 and Eq. 2 the equation
fluids flowing in it, which were not considered electrically so for the self and mutual inductances, respectively, are shown.
that the calculations would be simpler. Finally, the cable is The variables are as follow: rs is the radius of the armor, di
surrounded by two layers of galvanized steel armor totaling the distance between conductor i to the center of the cable, rwi
7 mm in width. is the radius of the conductor i and Θij is the angle between
The armor thickness is considered infinite so that the conductor i and j.
surrounding medium, such as water, will not be taken into µ rs − di 2
 2 
account to further simplify the calculations. According to [6], Lii = ln (1)
2π rs rwi
for pipe type cables this assumption introduces negligible error " s #
2
for frequencies higher than 10 Hz. So, considering that the µ dj (di dj ) + rs 4 − 2di dj rs 2 cos θij
Lij = ln 2 (2)
armor of the umbilical is similar to the pipe in those type of 2π rs (di dj ) + dj 4 − 2di dj 3 cos θij
cables, that approximation may be used. Considering that the medium is homogeneous, the linear
relation LC = µǫ can be used, with ǫ being the insulation’s
electrical permittivity and µ, its magnetic permeability. With
that relation it is possible to find the equations for the self and
mutual capacitances, Eq. 3 and Eq. 4, by means of Eq. 1 and
Eq. 2.
2πǫ
Cii = h 2 2 i (3)
ln rsrs−d
rwi
i

2πǫ
Cij =  r  (4)
(b) Meshed umbilical dj 2
(di dj ) +rs 4 −2di dj rs 2 cos θij
(a) Umbilical simulated
ln rs (di dj )2 +dj 4 −2di dj 3 cos θij
However, since the cooper shielding blocks the electric
Fig. 1: Umbilical analyzed
field from propagating, a conductor will only have mutual
capacitance with another if they are inside the same shield,
A. Multiconductor Transmission Line if one is a shield that contains the other conductor or if both
are shields, in all other cases the mutual capacitance is zero.
The method proposed in [1] takes place, basically, through a Regarding the resistance R for each conductor, that parame-
three-step process. The per unit length model of a transmission ter is obtained by [7] taking the skin effect into consideration.
line employed in the model is illustrated in Fig. 2, the 2) Numerical parameters: The finite element method is
conductance G is not taken into account while elaborating the used to do the electromagnetic calculations as a way to obtain
MTL model. the inductance and capacitance matrices of the cable in a
• Determine the electrical parameters of the line: the different way. The software used in these simulations was
cable’s resistance (R), inductance (L) and capacitance (C) Altair Flux™, however, any other software could be used.
per unit length are obtained; In Fig. 1b it is possible to see the cross section of the
• Solve the MTL equations: with the parameters, differen- simulated umbilical cable together with the triangular second
tial equations relating currents and voltages at both ends order mesh. The simulation for the inductance matrix is
of the cable are attained. performed by the A-V method and for different frequencies,

481
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starting at 10 Hz to 100 kHz with 40 simulations per decade. The submatrices of [Φ] are calculated p according to Eq.
That frequency range was chosen so that it would be closer 8 to Eq. 11, where [γ] = [T ]−1 [Y ][Z] [T ] and [Zc ] =
to practical observable frequencies during operation. [Y ]−1 [T ][γ][T ]−1 . Even with the matrix [Φ], Eq. 7 cannot
To obtain the inductances, 1 A is injected into one of be solved, the additional equations necessary are obtained by
the conductors and the magnetic flux is measured in the taking into account the MTL termination at both ends.
excited conductor and in all other conductors for its self and 4) Terminal conditions: The MTL terminals are modeled
mutual inductances. The inductance is numerically equal to using Thevénin equivalents. Each conductor has an equiva-
the magnetic flux, since the current in the excited conductor lent voltage generator on both terminations with an internal
is 1 A. impedance. It may also have differential impedances between
For the capacitance matrix, the simulation is electrostatic. two separate conductors, which is common for the twisted
Similarly to the inductance, a voltage of 1 V is applied to a wire pairs. In this way, the column matrices [Vs ] and [VL ]
conductor and the electrical charge on the excited conductor are created, corresponding to the voltages in each of the n
and on the others are measured, which are numerically equal conductors on the generator and load sides, respectively. Also,
to the capacitances. [Zs ] and [ZL ] are the equivalent impedance matrices, which
With the inductances and capacitances, it is possible to include the differential impedances between the conductors on
generate the inductance matrix L and the capacitance matrix C. both sides.
The resistance matrix R is the same as in the one used to obtain Being a Thevénin equivalent, it is possible to obtain Eq. 12
the analytical matrices. It is noteworthy that conductance and Eq. 13. Solving these equations while also using 7, the
parameters were not taken into consideration. currents at both ends of the line can be achieved with Eq. 14
3) MTL equations: For a general line, like Fig. 2, with and Eq. 15, where the submatrices [Φ] are calculated at d.
length d that extends along the z axis with parameters R, L, [V (0)] = [Vs ] − [Zs ][I(0)] (12)
G and C, it can be obtained Eq. 5 and Eq. 6. These partial [V (d)] = [VL ] − [ZL ][I(d)] (13)
differential equations allows the voltage and current at any [VL ] − ([Φ11 ] − [ZL ][Φ21 ])[Vs ]
point z at a given time t to be found in [8]. [I(0)] =
[Φ12 ] − [Φ11 ][Zs ] − [ZL ][Φ22 ] + [ZL ][Φ21 ][Zs ]
∂V (z, t) ∂I(z, t)
= −RI(z, t) − L (5) (14)
∂z ∂t
∂I(z, t) ∂V (z, t) [I(d)] = [Φ21 ][Vs ] + ([Φ22 ] − [Φ21 ][Zs ])[I(0)] (15)
= −GV (z, t) − C (6) Finally, with the values of the currents at both ends of the
∂z ∂t
For the case of a MTL, the same equations can be used line, with Eq. 12 and Eq. 13 the voltages at the MTL terminals
but with matrices instead of only a single value. The matrices can be calculated. For the considered cable, all shields are
[V(z,t)] and [I(z,t)] correspond to column matrices in which shorted in the simulations and the terminal of one of the phase
each element of the line is the voltage, or current, of one of conductors is shorted or opened, depending on the case.
the conductors at point z and instant t. The matrices [R], [L], The input impedance of a phase is given by the ratio of the
[C] and [G] are the electrical parameters of the conductors, so voltage and current at that point, at the start of the MTL. That
that [Z] = [R] + jω[L] and [Y ] = jω[C], since G is not taken impedance’s absolute value curve is calculated and plotted
into account. with the frequency in both cases so as to compare with the
The general solution of the differential equations in the experimental impedances.
frequency domain can be seen in Eq. 7, where the matrix 5) Experimental measurements: The experimental mea-
[Φ] relates the voltages and currents at the output of the MTL surements were performed for a section of the umbilical with
according to their values at the input. The [Φ] matrix can be a length of 2 km using the following equipment: function
obtained by means of a similarity transformation using another generator, power meter, power amplifier and a notebook with
matrix, [T]. data acquisition and instrument control. The cable was not
The matrix [T] is that which makes the product between [Y] inside the water, it was measured while in its drum.
and [Z] a matrix with elements only in its main diagonal. There In Fig. 3 the setup used to obtain the voltage and current
may be several matrices that satisfy this condition, however, at the start of the umbilical is shown. The sinusoidal function
for the calculations generator excites the phase of the conductor which will be
  in question, any is sufficient.
 
[V (d)] [Φ11 (d)] [Φ12 (d)] [V (0)] analyzed in the frequency range defined. But before feeding
= (7) the cable there is a power amplifier, which is connected to the
[I(d)] [Φ21 (d)] [Φ22 (d)] [I(0)]
1 desired phase and the power meter to obtain it’s current and
[Φ11 (d)] = [Y ]−1 [ [T ](e[γ]d + e−[γ]d )[T ]−1 ][Y ] (8) voltage.
2
1 Data acquisition was done in an automated way. The termi-
[Φ12 (d)] = −[Zc ][ [T ](e[γ]d − e−[γ]d )[T ]−1 ] (9) nation of the phase studied was left open or shorted to obtain
2
1 the parameters of interest. In all the configurations measured,
[Φ21 (d)] = −[ [T ](e[γ]d − e−[γ]d )[T ]−1 ][Zc ]−1 (10)
2 all other conductors were short-circuited at both ends.
1 With the measurements made, the per unit length parameters
[Φ22 (d)] = [T ](e[γ]d + e−[γ]d )[T ]−1 (11)
2 of the phase conductor were obtained for different frequencies.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

103
Analytical
Numeric
Experimental

102

|Z| [ ]
101

Fig. 3: Experimental setup 100

With the values of the series impedance (Z) and admittance 10-1
101 102 103 104 105
(Y) of the conductor it is possible to calculate the characteristic Frequency [Hz]

impedance (Zc ) and the line propagation constant (γ) for the Fig. 5: Input impedance - Short circuit
total length of the cable (d). With these values, the short and
open impedances of the phase conductor are calculated for
each frequency as Eqs. 16 to r 19 [9]. simpler and that of the quantity of measurements. The simula-
Z tions in the model were carried out for 160 frequencies while
Zc = (16)
√ Y the experimental measurements were only made for 70 points
γ = ZY (17) in the same range. That means that the difference between
Zshort = Zc tanh(γd) (18) adjacent frequency points are greater for the experimental case.
For lower frequencies the smaller quantity of points is not that
Zopen = Zc coth(γd) (19)
perceptible since in a log scale they tend to follow a straight
With the short and open impedances obtained through mea-
line with frequency.
surements for different frequencies, the curves of the absolute
But close to the resonant frequencies the circuit has a high
value of these impedances are plotted with the frequency and
quality factor, meaning that a small change in frequency can
compared with the results obtained by the model.
lead to a huge variation in the impedance. As the resolution
IV. R ESULTS for the experimental case is lower, the measured value can
The input impedance for the open circuit and short circuit have a huge variation between adjacent measurements close
cases obtained with the model and experimentally is shown in to the resonant frequencies, shaving the peaks or valleys of
Fig. 4 and Fig. 5 respectively. The model’s results are close to the curve at resonance.
the ones obtained experimentally with some slight discrepancy One example of that is at the fourth resonant frequency,
in the higher frequency range. Also, the model’s result using close to 80 kHz, in Fig. 4, the two adjacent experimental points
the parameters obtained analytically are close to the ones that are almost at the same value and there is no peak characteristic
were achieved with the finite element method software. of a resonance. That resonant frequency was not measured
experimentally, only two points around it.
The bigger differences observed at lower frequencies at the
105
Analytical short circuit impedance, Fig. 5, could have its origin due to
Numeric
Experimental
the influence of the electrical parameters of the measurement
104
equipment, especially its resistance. For lower frequencies
there is less influence of the inductive part of the cable’s
103 impedance and, as the short circuit current is higher than the
|Z| [ ]

open circuit one, the influence of the resistive component of


102 the equipment is more perceptible.
The maximum variation of impedance values between the
101
different methods are calculated so as to illustrate the differ-
ence between them. These values are calculated before and
after the first resonant frequency.
100
101 102 103 104 105 Comparing the analytical and the numerical results, the
Frequency (Hz)
maximum difference prior to the first resonance lies around
Fig. 4: Input impedance - Open circuit 21.2 % for the short termination and 7.5 % for the open circuit
while after that frequency the differences are 275.5 % and
The biggest differences in the results are for the highest 404.6 % for the same terminations.
frequencies. Some of that difference may be due to the fact that The experimental case is compared to the numerical one
the model had some approximations to make the calculations and the difference is 29.6 % for the short and 7.4 % for the

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open circuit prior to the specified frequency and 116.5 % and simulated ones. This model still needs more investigation so as
203.1 after it, for the short and open circuit respectively. to improve it to represent better the real umbilical, including
With the short and open impedance of the conductor, the the surrounding medium, and to also analyze crosstalk between
absolute value of thepcharacteristic impedance (Zc ) is easily conductors.
obtained by |Zc | = |Zopen ||Zshort |. In Fig. 6 the charac- Even so, this model can be used to have an early, and
teristic impedance is represented by the dashed lines for the important, understanding of the conditions of a MTL during
numeric and experimental cases, along with the impedances operation, especially since in the lower frequency range,
for the short and open circuit termination represented by the which is more important during regular work conditions, the
full line. values obtained with the model are not that different from the
It can be seen that it starts decreasing until it stabilizes in experimental measurements.
respect to the increasing frequency and, also, that even though Since the model’s result using the analytically and the
for the highest frequencies the difference between the short numerically obtained parameters are close to each other, it
and open impedances are notable when comparing both cases, can be a simpler and effective solution for many cases to
its characteristic impedances remains roughly the same. use the analytical formulae to get a quicker understanding of
the MTL operation. But still, the numerical solution using the
finite element method would yield more precise results since
105
Numeric the parameters would be obtained directly through Maxwell’s
Zopen Experimental
104
equations instead of using some approximations.
The crosstalk analysis between conductors is very important
103
in cables with instrumentation circuit considering the impor-
tance of the correct information of the cable’s conditions being
|Z| [ ]

102 Zc transmitted between land and the seabed. Incorrect information


could lead to a shutdown of the operation, incurring in high
101 costs. So, naturally, it shall be studied and implemented with
more depth along the improvement of this model.
100 Zshort
ACKNOWLEDGMENT
10-1
101 10 2
10 3
10 4
10 5 The authors thank Petróleo Brasileiro S.A. (PETROBRAS)
Frequency [Hz] for funding this project and all the collaborators at LEO (IPT)
Fig. 6: Phase characteristic impedance that helped in this project.
Also, L. Y. N. Matsukuma would like to thank all the
The frequencies in which resonance occurs for the power authors that helped in this paper, especially professor R. M.
conductor are the same regardless of the end termination of Monaro for being his master’s program advisor at Escola
the phase. For this conductor, the magnetic permeability of Politécnica da Universidade de São Paulo.
the material is the same as air while the relative electric
R EFERENCES
permittivity of the isolation is 4, resulting in waves that
[1] C. R. Paul, Analysis of multiconductor transmission lines. John Wiley
propagate at around 1.5 × 108 m/s, as in v = √1µǫ [1]. & Sons, 2007.
According to [10], for both terminations, the first two res- [2] T. Worzyk, Submarine power cables: design, installation, repair, envi-
onances will occur for frequencies in which the transmission ronmental aspects. Springer Science & Business Media, 2009.
[3] M. Hovde, “Electromagnetic modelling of power umbilical systems,”
line has a quarter and half of the wavelength. Since the cable Master’s thesis, Norwegian University of Life Sciences, Ås, 2017.
has 2 km, when the propagating waves have a wavelength of [4] C. R. Paul, Introduction to electromagnetic compatibility. John Wiley
8 km and 4 km, it will be noted a peak or valley for the input & Sons, 2006, vol. 184.
[5] J. C. L. V. Silva, A. C. S. Lima, A. P. C. Magalhães, and M. T. C.
impedance due to the resonance in the circuit. de Barros, “Modelling seabed buried cables for electromagnetic transient
So, the first resonance occurs at around 18.7 kHz and the analysis,” IET Generation, Transmission & Distribution, vol. 11, no. 6,
second, at 37.5 kHz. From Fig. 6 it can be seen that the pp. 1575–1582, 2017.
[6] A. Ametani, “A general formulation of impedance and admittance of
first two resonant frequencies obtained are close to the ones cables,” IEEE transactions on power apparatus and systems, no. 3, pp.
calculated, with the subsequent resonances separated from 902–910, 1980.
each other by 18.7 kHz, the same frequency that the circuit [7] R. A. Chipman, Shaum’s theory and problems of transmission lines.
McGraw-Hill, 1968.
has its first one. [8] F. T. Ulaby, E. Michielssen, and U. Ravaioli, “Fundamentals of applied
electromagnetics 6e,” Boston, Massachussetts: Prentice Hall, 2010.
V. C ONCLUSION [9] S. Ramo, J. R. Whinnery, and T. Van Duzer, Fields and waves in
communication electronics. John Wiley & Sons, 1994.
The results obtained with the model, analytically or nu- [10] L. Frenzel, Principles of electronic communication systems. McGraw-
merically, are close to the experimental measurements with Hill, Inc., 2007.
some deviation at higher frequencies. That may be due to
the approximations made in the calculations as well as the
small quantity of measured frequencies when compared to the

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Influência dos Esforços Mecânicos em Características


Magnéticas de Chapas de Aço de Grão Não Orientado
Indiara P. C. da Silva, Nelson J. Batistela, Nelson Sadowski, Jean V. Leite, Laurent D. Bernard
GRUCAD/EEL/CTC
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Florianópolis, SC, Brasil
indiara.pitta@posgrad.ufsc.br

Resumo —Este artigo apresenta um estudo experimental


utilizando uma bancada específica e padronizada em que é II. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
possível realizar a imposição de esforços mecânicos e o controle do Para realização dos ensaios, foi utilizada uma bancada
fluxo magnético em chapas de aço. Foram realizadas comparações experimental disponível no Grupo de Concepção e Análise de
entre resultados de características magnéticas de lâminas de aço Dispositivos Eletromagnéticos (GRUCAD) [9], na qual é
para fins elétricos de grão não orientado (GNO), de utilização
possível realizar a imposição de esforços mecânicos
comum em máquinas rotativas, por sua característica
simultaneamente a imposição de fluxo magnético controlado e,
predominantemente isotrópica, quando submetidas a esforços
mecânicos uniaxiais de tração e de compressão com intensidades posteriormente, a análise das características magnéticas.
de até 20 MPa. As lâminas ensaiadas possuem ângulos entre
direção de laminação e direção de corte de 0°, 45° e 90°. Análises A. Bancada Magnetomecânica
de características magnéticas em função dessas direções também A bancada magnetomecânica (Fig. 1) consiste em um Single
foram realizadas quando o material foi submetido a esforços Sheet Tester (SST) modificado para aplicar tensões mecânicas
mecânicos. paralelas à direção de fluxo magnético e possibilita o estudo do
comportamento magnético de um material quando submetido a
Palavras chave — bancada experimental; acoplamento
um campo magnético variável unidirecional e a esforços
magnetomecânico; perdas magnéticas; permeabilidade magnética;
mecânicos de tração ou compressão uniaxiais.
aço para fins elétricos; grão não orientado; isotropia magnética.

I. INTRODUÇÃO
Materiais ferromagnéticos vêm sendo estudados ao longo
dos últimos séculos devido, principalmente, a sua utilização em
equipamentos elétricos. Nesses equipamentos, há uma contínua
busca pelo aprimoramento de sua eficiência. Quando se trata de
melhora na eficiência das máquinas elétricas, deve-se considerar
fenômenos envolvidos nas operações das máquinas elétricas,
tais como, o acoplamento entre propriedades magnéticas e
mecânicas, também chamado de acoplamento
magnetomecânico. Tal acoplamento pode ser gerado pelo
processo de fabricação de equipamentos elétricos, ou ainda,
durante sua utilização. Podem-se citar como efeitos gerados pelo
processo de fabricação o corte, a perfuração, o empilhamento e
a montagem (shrink fitting) e como efeitos gerados na utilização,
cita-se as forças inerciais que surgem na estrutura devido à
rotação do equipamento [1]–[6]. Diversos estudos da literatura
indicam que esforços mecânicos impactam nas características
magnéticas de materiais ferromagnéticos [7]–[9]. Foram Fig. 1. Bancada magnetomecânica.
analisados os comportamentos dessas características em um aço
para fins elétricos quando submetido a esforços mecânicos Na Fig. 1, tem-se uma foto da bancada magnetomecânica em
uniaxiais de tração e compressão. O material utilizado nas que estão identificados seus três blocos: I) o bloco que consiste
análises foi um aço elétrico de grão não orientado (GNO), de do SST modificado onde é realizada a aplicação de esforços
comportamento isotrópico e comumente utilizado na fabricação mecânicos na amostra, II) o bloco de controle da forma de onda
de máquinas elétricas de fluxo girante [7], [10], [11], com da indução magnética na chapa, através do controle da tensão do
ângulos entre direção de corte e direção de laminação de 0º, 45º enrolamento secundário do circuito magnético (SST
e 90º. As dimensões das amostras analisadas são de modificado), e III) o bloco que consiste do sistema de
aproximadamente 0,5 mm de espessura, 300 mm de amplificação e filtragem das tensões dos sensores-H e na
comprimento e 98 mm de largura. aquisição de dados. Nesta figura, tem-se também, em destaque,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

o bloco de imposição dos esforços mecânicos sem a blindagem laços de perdas magnéticas (laços BH) para as três diferentes
externa utilizada para reduzir interferências. amostras. Nas equações (3) e (4), ρ é a densidade do material, Bp
e Hp são os valores de indução magnética e de campo magnético
B. Metodologia de Ensaio de pico, respectivamente.
Para avaliar a influência dos esforços mecânicos nas 1
𝑊 = ∮ 𝐻𝑑𝐵 = ∮ 𝐵𝑑𝐻
1
[J/kg] (3)
características magnéticas do material, utiliza-se a metodologia 𝜌 𝜌

σ-H. Nesta metodologia, realiza-se a aplicação de um valor de 𝐵𝑝 (4)


𝜇𝑟𝑒𝑙 =
esforço mecânico σ, de intensidade constante e, após isso, 𝜇0 𝐻𝑝
realiza-se a imposição de campos magnéticos H. As intensidades
dos esforços aplicados foram de 5 MPa, 10 MPa, 15 MPa e III. RESULTADOS
20 MPa em tração e em compressão, a forma de onda do campo Foram realizados ensaios em três pares de amostras de aço
magnético foi senoidal e de frequência 1 Hz e os pontos de para fins elétrico de grão não orientado com direções de corte de
operação analisados foram definidos a partir dos níveis de 0°, 45° e 90° em relação ao sentido de laminação.
indução magnética (0,05 T a 1,5 T com passo de 0,05 T). Primeiramente, será apresentada uma validação da medição da
Para configurar o esforço mecânico imposto à amostra, deve- bancada magnetomecânica e, posteriormente, os resultados de
se ajustar o parâmetro de deslocamento em [mm] do laços de perdas magnéticas e curvas de permeabilidade relativa
equipamento Mecmesin® a fim de se atingir a força equivalente das amostras, comparando-se resultados para as três diferentes
ao esforço desejado. Configurada a parte mecânica da bancada, direções.
passa-se à configuração da magnetização da amostra. Para isto,
deve-se ligar a bancada de controle. Em cada frequência A. Validação dos Resultados Obtidos na Bancada
ensaiada, a amostra é desmagnetizada e os pontos de operação Magnetomecânica
desejados são ajustados. Para isto, modifica-se a referência do A fim de validar os resultados de caracterização magnética
sinal enviado ao controle a fim de se obter um valor de tensão obtidos utilizando a bancada magnetomecânica, foram
induzida no secundário equivalente à indução magnética realizadas duas comparações: uma avaliação dos resultados
desejada. Os sinais de tensão dos sensores passam por uma etapa obtidos nos ensaios sem aplicação de esforços mecânicos em
de filtragem/amplificação e após o processo de ajuste do ponto comparação com os resultados na bancada comercial
de operação, os sinais são adquiridos. Brockhaus® MPG200 e uma comparação entre resultados de
perdas magnéticas de um par de lâminas de mesma direção de
C. Metodologia de Cálculo das Características Magnéticas corte.
A grandeza de interesse adquirida no ensaios foi a tensão no 1) Comparações de Resultados de Ensaios sem Esforços
enrolamento secundário do SST modificado vs(t), com a qual é Mecânicos na Bancada Magnetomecânica e na Bancada
calculada a indução magnética B(t) (1). Nesta equação, Ns é o
Comercial Brockhaus®
número de espiras do enrolamento secundário e S é a seção
transversal da lâmina. Além disso, são adquiridos também os O módulo de medição da bancada Brockhaus® utilizado foi
valores de tensão nos três sensores bobina-H localizados em três o SST. Neste equipamento, o cálculo do campo magnético na
posições diferentes e conhecidas em relação à lâmina para amostra é realizado de maneira indireta (5), diferentemente do
realizar o cálculo do campo magnético instantâneo H(t) (2) cálculo realizado na metodologia utilizada nos resultados
nessas três posições. Nesta metodologia de cálculo, diz-se que o obtidos com a bancada magnetomecânica (2). Em (5), Np, lm e
campo magnético é obtido de maneira direta e é baseada na i(t) são o número de espiras do enrolamento primário do SST, o
conservação da componente tangencial do campo magnético caminho magnético do núcleo e a corrente que circula no
[12], [13]. Em (2), NH é o número de espiras do sensor, SH é a enrolamento primário. Sabe-se que na medida do campo
seção transversal do sensor e μ0 é a permeabilidade magnética magnético realizado de maneira indireta por serem utilizados os
do ar. A partir do campo magnético H(t) em cada sensor, utiliza- valores da corrente de excitação, pode-se contemplar efeitos de
se o conceito de extrapolação do campo magnético [9], [14], [15] possíveis entreferros [13].
para obter o campo magnético na superfície da lâmina HL(t). 𝑁𝑝 (5)
𝐻(𝑡) = 𝑖(𝑡) [A/m]
Para realizar a extrapolação, utilizam-se os valores dos campos 𝑙𝑚
magnéticos de pico dos sensores localizados nas três distâncias As comparações foram realizadas entre os resultados de
conhecidas e, extrapola-se o valor do campo magnético na perdas magnéticas em amostras de mesmo material e mesma
distância “zero” (equivalente ao campo magnético na superfície direção de corte (0º e 90º) caracterizadas nas duas bancadas (sem
da lâmina). Nas referências [9], [14], tem-se mais detalhes sobre aplicação de esforços mecânicos) nas frequências de 3 Hz,
a metodologia de extrapolação para cálculo do campo magnético 50 Hz e 100 Hz e em induções de 0,1 T a 1,5 T. Destaca-se que
empregada. as duas amostras foram diferentes, pois as dimensões dos
𝐵(𝑡) = ∫𝑜 −
𝑡 1
𝑣𝑠 (𝑢)𝑑𝑢 [T] (1) equipamentos são diferentes. Os valores de perdas magnéticas
𝑁𝑆 𝑆 entre as amostras com direção de laminação longitudinal (0º)
𝐻(𝑡) = −
1

𝑡
𝑣𝐻 (𝑢)𝑑𝑢 [A/m] (2) apresentaram diferenças relativas inferiores a 4% em 3 Hz, 6%
𝑁𝐻 𝑆𝐻 𝜇0 𝑜
em 50 Hz e 13% em 100 Hz. Nas comparações entre os valores
A partir dos valores de indução magnética e de campo
de perdas magnéticas entre as amostras com direção de
magnético na amostra, foi possível realizar o cálculo das perdas
laminação transversal (90º), obteve-se diferenças relativas
magnéticas no material (3), a permeabilidade relativa (4) e os
inferiores a 5% em 3 Hz, 10% em 50 Hz e 20% em 100 Hz (em

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induções acima de 0,3 T em 100 Hz, as diferenças relativas diferentes níveis de esforços mecânicos e de indução magnética,
ficaram entre 12% e 16%). Observou-se, portanto, resultados considera-se validada a bancada utilizada para avaliação de
bastante próximos comparando valores de perdas magnéticas características magnéticas quando impostos carregamentos
entre as duas bancadas, ainda que com amostras diferentes mecânicos uniaxiais. Na próxima seção serão apresentados
(porém de mesmo material e mesma direção de corte) e resultados de laços de perdas magnéticas e de permeabilidade
diferentes metodologias de cálculo do campo magnético. magnética relativa em função do nível e tipo de esforço
mecânico.
2) Comparação entre Duas Amostras com Mesma Direção
de Corte Ensaiadas na Bancada Magnetomecânica Perdas Magnéticas – 1 Hz
Além da comparação entre resultados de duas bancadas de 0,025
caracterização no caso sem aplicação de esforços mecânicos,

Perdas Magnéticas
realizou-se comparações entre resultados de perdas magnéticas 0,02
n1 1 T
em pares de amostras de mesmo material e mesma direção de 0,015

[J/kg]
n1 0,8 T
corte nos níveis de 0 MPa (sem esforços) e de 5 MPa a 20 MPa 0,01 n1 0,5 T
em tração e em compressão. 0,005 n2 1,0 T
n2 0,8 T
Nas Fig. 2(a), Fig. 2(b) e Fig. 2(c) são apresentados os 0 n2 0,5 T
resultados de perdas magnéticas em 1 Hz, induções de 0,5 T, -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20
Tensão Mecânica [MPa]
0,8 T e 1 T e diferentes níveis de esforços aplicados nas amostras
de 0° (0RD), 90º (90TD) e 45º (45DD), respectivamente. Na Fig. (a) 0RD
2(a) (0RD), a mostra n1 é identificada pela curva na cor azul 0,03
claro, onde os losangos, asteriscos e cruzes equivalem aos níveis 0,025

Perdas Magnéticas
de indução de 1 T, 0,8 T e 0,5 T, respectivamente; e a amostra 0,02 n1 1 T
n2 é identificada pela curva na cor azul escuro e os triângulos, 0,015 n1 0,8 T

[J/kg]
círculos e quadrados equivalem aos níveis de indução de 1 T, 0,8 0,01 n1 0,5 T
n2 1,0 T
T e 0,5 T, respectivamente. Nas Fig. 2(b) (90TD) e Fig. 2(c) 0,005 n2 0,8 T
(45DD), segue-se a mesma relação de identificação dos 0 n2 0,5 T
marcadores com relação aos níveis de indução magnética, -20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20
diferenciando-se as amostras pelas cores verde claro (amostra Tensão Mecânica [MPa]
n1) e verde escuro (amostra n2) para amostras com direção de 90º (b) 90TD
e pelas cores laranja (amostra n1) e vermelho (amostra n2) para 0,025
amostras com direção de 45º. Constatou-se que o
Perdas Magnéticas

comportamento e os valores das perdas magnéticas em função 0,02


n1 1 T
do esforço mecânico para os pares de amostras de 0°, 45º e 90º 0,015 n1 0,8 T
[J/kg]

foram semelhantes. As diferenças relativas entre os valores de 0,01 n1 0,5 T


perdas do par de amostras de 0º (Fig. 2(a)) foram inferiores a n2 1,0 T
0,005 n2 0,8 T
8%. Com exceção dos casos de 5 MPa de compressão e 0 MPa n2 0,5 T
0
em que as diferenças relativas foram de no máximo 15%. Para o
-20 -15 -10 -5 0 5 10 15 20
par de amostras de 90º Fig. 2(b), as diferenças relativas foram Tensão Mecânica [MPa]
inferiores a 8% (excetuando os ensaios em 5 MPa e 10 MPa de (c)45DD
compressão, nos quais as diferenças foram de até 17%). Já as
diferenças relativas entre os valores de perdas do par de amostras Fig. 2. Perdas magnéticas das amostras n1 e n2 de (a) 0RD, (b) 90TD e (c)
de 45º (Fig. 2(c)) foram inferiores a 7%, excluindo-se os casos 45DD medidas em 1 Hz em função da tensão mecânica para diferentes
níveis de indução.
específicos de 5 MPa e 10 MPa de compressão nas quais as
diferenças foram de até 16%. As maiores diferenças percentuais B. Influência dos Esforços Mecânicos nos Laços de Perdas
podem ter sido por erros intrínsecos ao processo de medição, Magnéticas
devido a interferência humana na medição, tais como variação Para avaliar a influência dos esforços mecânicos nos laços
na aplicação do valor do esforço (através da imposição do de perdas magnéticas, foi realizada uma análise em cada uma
deslocamento horizontal dos mancais na estrutura do SST das amostras individualmente e em conjunto. Para análise destes
modificado (vide número “I.”. da Fig. 1), ou ainda, em uma resultados, utilizou-se apenas os valores de perdas de uma das
variação na aplicação do nível de indução magnética na amostra. amostras de cada direção (amostras nomeadas como n1). Como
Ensaios de repetitividade em que se efetuam medições em um a frequência elétrica nos ensaios foi de apenas 1 Hz, admite-se
mesmo nível de esforço mecânico e de indução magnética são que as perdas sejam devidas somente ao fenômeno da histerese
objetos de estudos futuros. magnética. Na Fig. 3, tem-se os laços das três amostras em
Com os resultados das comparações entre valores de perdas conjunto para um mesmo nível de esforço mecânico, onde os
magnéticas obtidos em ensaios na bancada magnetomecânica e laços na cor azul se referem à amostra de 0º, os laços na cor verde
na Brockhaus®, para o caso de 0 MPa, em duas amostras de à amostra de 90º e os laços na cor vermelha à amostra de 45º. Na
mesmo material com direções de corte longitudinal e transversal Fig. 3(a), tem-se os laços das três amostras no caso sem esforços
e com as comparações dos valores de perdas magnéticas entre mecânicos, na Fig. 3(b) quando aplicados 20 MPa de tração e na
pares de amostras de mesma direção de corte (0º, 45º e 90º) Fig. 3(c) quando aplicados 20 MPa de compressão. Nota-se que,
obtidos com a bancada magnetomecânica e avaliados em apesar do material analisado (aço GNO) ter característica

487
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

predominantemente isotrópica, existe uma diferença nos laços Fig. 3. Laços de histerese (1 T) das amostras 0RD, 45DD e 90TD no caso (a)
de perdas dessas três amostras ainda que sem aplicação de 0MPa, (b)20 MPa de tração e (c)20 MPa de compressão.
esforços mecânicos (Fig. 3(a)). Além disso, notou-se que, com a Laços de Histerese – 1 Hz – 1 T
aplicação dos esforços mecânicos, as diferenças entre os laços 1,2

Indução Magnética [T]


diminuíram. As diferenças relativas entre os valores de perdas 0,8
magnéticas das amostras 45DD e 90TD em relação à amostra
0RD foram de 22% e 34%, respectivamente no caso de 0 MPa, 0,4
0MPa
de 15% e 14% quando aplicados 20 MPa de tração, e de 1% e 0,0 T5MPa
T10MPa
10% quando aplicados 20 MPa de compressão. -0,4 T15MPa
T20MPa
Nas Fig. 4(a), Fig. 4(b), Fig. 4(c), tem-se respectivamente os -0,8
C5MPa
C10MPa
laços de perdas a 1 Hz da amostra com direção de 0°, de 90º e C15MPa
de 45º quando aplicados 5 MPa, 10 MPa, 15 MPa e 20 MPa de -1,2 C20MPa
-240 -160 -80 0 80 160 240
tração e de compressão, bem como o caso sem esforços. Campo Magnético [A/m]
Observa-se nas três figuras que há uma modificação (a) 0RD
significativa, com relação ao caso sem esforços, na forma e no 1,2
tamanho dos laços quando a amostra está submetida a esforços
0,8
de compressão (laços em linhas tracejadas). Entretanto, quando

Indução Magnética [T]


aplicados esforços de tração (laços em linhas contínuas), 0,4
0MPa
observa-se que há uma diminuição no tamanho dos laços 0,0 T5MPa
T10MPa
(menores valores de perdas em tração também podem ser T15MPa
observados nas Fig. 4(a), Fig. 4(b) e Fig. 4(c)). Nota-se que as -0,4 T20MPa
C5MPa
diferenças observadas em tração em comparação com o caso de -0,8 C10MPa
0 MPa não são tão significativas quanto em compressão. Em -1,2
C15MPa
C20MPa
relação aos esforços de tração, destaca-se também que há uma -300 -200 -100 0 100 200 300
diminuição inicial nos valores de perdas nas menores Campo Magnético [A/m]
intensidades de esforços (por exemplo, quando se comparam os (b) 90TD
laços e os valores de perdas em 5 MPa com relação a 0 MPa) e 1,2
um leve aumento dos valores de perdas a partir de certa 0,8
intensidade de tensão mecânica (por exemplo, comparando-se as
Indução Magnética [T]

0,4 0MPa
perdas em 15 MPa com 20 MPa), mas em todos os casos T5MPa
analisados, os laços de perdas foram de tamanho e forma 0,0 T10MPa
T15MPa
semelhantes. Pode-se notar que as formas dos laços se -0,4 T20MPa
modificam diferentemente nas três amostras, principalmente em C5MPa
-0,8 C10MPa
compressão, atingindo os maiores valores de campo magnético C15MPa
máximo na amostra 90TD (Fig. 4(b)). -1,2 C20MPa

-250 -170 -90 -10 70 150 230


Laços de Histerese – 1 Hz – 1 T Campo Magnético [A/m]
1,2 1,2 (c) 45DD

0,8 0,8 Fig. 4. Laços de histerese (1 Hz) em 1 T da amostra (a) 0RD, (b) 90TD e (c)
0,4 45DD nos níveis de esforços mecânicos aplicados.
0,4
Indução Magnética [T]

Indução Magnética [T]

0,0 0,0 C. Curvas de Permeabilidade Magnética


-0,4 -0,4 A fim de analisar o comportamento da permeabilidade
-0,8
relativa das amostras em relação à direção de corte do material
-0,8
e à intensidade do carregamento mecânico, são apresentadas, na
-1,2 -1,2
-120-80 -40 0 40 80 120
Fig. 5, as curvas de permeabilidade magnética relativa de cada
-70 -35 0 35 70
Campo Magnético [A/m] Campo Magnético [A/m] amostra separadamente em função dos níveis e tipos de esforços
(a) 0MPa (b) T20MPa
mecânicos. Utilizando a mesma identificação anterior, nesta
figura, as linhas contínuas indicam os valores de permeabilidade
1,2
relativa quando aplicados esforços de tração e o caso sem
0,8 esforços e as linhas tracejadas indicam os valores de
Indução Magnética [T]

0,4 permeabilidade relativa nos níveis de compressão. Nas Fig. 5(a),


0,0 Fig. 5(b) e Fig. 5(c), tem-se as curvas das amostras 0RD, 90TD
-0,4 e 45DD, respectivamente. Nota-se que a permeabilidade relativa
-0,8 0RD nas três amostras se eleva quando submetidas à tração e reduz
45DD em compressão. Em todos os níveis de compressão, conforme se
-1,2 90TD
-300 -150 0 150 300
eleva a intensidade do esforço, há uma queda dos valores de
Campo Magnético [A/m] permeabilidade, sendo em 20 MPa a maior redução. Quando
(c) C20 MPa
comparados os casos de 0 MPa e 20 MPa de compressão, os
valores de permeabilidade magnética relativa máxima

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

diminuíram em 76% na amostra 0RD (Fig. 5(a)), 62% na relação às curvas de permeabilidade magnética relativa obtidas,
amostra 90TD (Fig. 5(b)) e 60% na amostra 45DD (Fig. 5(c)). notou-se melhora na permeabilidade em tração em relação a
Com relação aos esforços mecânicos de tração, observa-se que, 0 MPa e os aumentos, também não se deram de maneira
na amostra 0RD, houve um aumento inicial nos níveis de 5 MPa gradativa conforme se elevou o nível do esforço. Os valores de
e 10 MPa seguido de uma diminuição em 15 MPa e 20 MPa, permeabilidade tiveram uma degradação significativa conforme
onde a permeabilidade máxima foi cerca de 21000 em 10 MPa se elevou os níveis de compressão aplicadas. Apesar de o
(curva na cor laranja na Fig. 5(a)). Na amostra 90 TD, observou- material analisado ser de grão não orientado e possuir
se que houve um aumento significativo nos valores de características magnéticas predominantemente isotrópicas, as
permeabilidade em tração a partir de 5 MPa e a permeabilidade amostras com direções de laminação de 0°, 45° e 90°
relativa máxima foi cerca de 15500 em 15 MPa, que representa apresentaram diferenças nos valores de perdas e nos formatos
um aumento de 107% em comparação com 0 MPa (curva na cor dos laços, ainda que no caso sem esforços mecânicos. O
verde da (Fig. 5(b)). Na amostra 45DD, o valor da comportamento dos laços de perdas sofreu modificações com o
permeabilidade magnética relativa máxima foi cerca de 15000 nível e tipo de esforço e, constatou-se que os comportamentos
quando aplicados 20 MPa de tração e equivale a um aumento de dos laços das três amostras foram mais próximos quando
59% em relação ao caso de 0 MPa. aplicados esforços, ou seja, apresentaram características
Permeabilidade Magnética Relativa magnéticas com comportamento mais isotrópico do que sem
24000 esforço e com compressão (que mantiveram certo grau de
T10 MPa anisotropia o que pode ser visto na comparação dos formatos dos
20000 T5 MPa
T15 MPa laços).
16000
Magnética Relativa

T20 MPa Análises experimentais em que se obtém o comportamento


Permeabilidade

12000 0 MPa
das perdas magnéticas em amostras de aço elétrico de grão não
C5 MPa
8000 C10 MPa orientado quando submetidas a esforços mecânicos, como as
4000 C15 MPa realizadas neste artigo, concordantes com resultados da
C20 MPa
0 literatura, podem proporcionar subsídios para análises preditivas
0,0 0,5 1,0 1,5 do comportamento das perdas no material. Tal predição pode ser
Indução Magnética [T] levada em conta em projetos de máquinas elétricas.
(a) 0RD
18000 AGRADECIMENTOS
T15 MPa
15000 T20 MPa O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação
Magnética Relativa

12000 T10 MPa de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil


Permeabilidade

T5 MPa
9000 0 MPa (CAPES) - código de financiamento 001.
C5 MPa
6000 C10 MPa REFERÊNCIAS
3000 C15 MPa [1] L. Bernard, X. Mininger, L. Daniel, G. Krebs, F. Bouillault, and M. Gabsi, “Effect
C20 MPa of stress on switched reluctance motors: a magneto-elastic finite-element approach
0 based on multiscale constitutive laws”, 2011.
0,0 0,5 1,0 1,5 [2] L. Bernard, and L. Daniel, “Effect of stress on magnetic hysteresis losses in a
Indução Magnética [T] switched reluctance motor: Application to stator and rotor shrink fitting,” IEEE
(b) 90TD Trans. Magn., 2015.
16000 [3] D. Miyagi, N. Maeda, Y. Ozeki, K. Miki, and N. Takahashi, “Estimation of iron loss
14000 T20 MPa in motor core with shrink fitting using FEM analysis,” IEEE Trans. Magn., 2009.
T15 MPa [4] T. Nakata, M. Nakano, and K. Kawahara, “Effects of Stress Due to Cutting on
12000
Magnética Relativa

T10 MPa Magnetic Characteristics of Silicon Steel,” IEEE Transl. J. Magn. Japan, 1992.
Permeabilidade

10000 T5 MPa [5] A. Schoppa, J. Schneider, and C. D. Wuppermann, “Influence of the manufacturing
8000 0 MPa process on the magnetic properties of non-oriented electrical steels,” J. Magn. Magn.
6000 C5 MPa Mater., 2000.
C10 MPa [6] R. Rygal, A. J. Moses, N. Derebasi, J. Schneider, and A. Schoppa, “Influence of
4000 cutting stress on magnetic field and flux density distribution in non-oriented
C15 MPa
2000 C20 MPa electrical steels,” J. Magn. Magn. Mater., 2000.
0 [7] B. D. Cullity and C. D. Graham, Introduction to magnetic materials, 2nd ed. New
0,0 0,5 1,0 1,5 Jersey: John Wiley & Sons, Inc, 2009.
Indução Magnética [T] [8] O. Hubert and S. Lazred, “Two phase modeling of the influence of plastic strain on
(c) 45DD the magnetic and magnetostrictive behaviors of ferromagnetic materials,” J. Magn.
Magn. Mater, 2017.
Fig. 5. Curvas de permeabilidade relativa em função dos esforços mecânicos [9] B. J. Mailhé, “Characterization and modelling of the magnetic behaviour of
nas amostras (a) 0RD, (b) 90TD e (c) 45DD. electrical steel under mechanical,” Tese de Doutorado, Universidade Federal de
Santa Catarina, 2018.
IV. CONCLUSÕES [10] J. M. D. Coey, Magnetism and magnetic materials. New York: Cambridge
University Press, 2010.
Os comportamentos das características magnéticas do [11] F. J. G. Landgraf, “Propriedades magnéticas de aços para fins elétricos”, 2016.
material de aço elétrico analisado em função dos esforços [12] J. P. A. BASTOS, Eletromagnetismo para engenharia: estática e quase estática, 3rd
ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2012.
mecânicos foram coerentes com a literatura, onde as perdas [13] T. Nakata, Y. Ishihara, M. Nakaji, and T. Todaka, “Comparison between the H-coil
magnéticas diminuíram quando se aplicaram esforços de tração method and the magnetizing current method for the single sheet tester,” J. Magn.
(em relação ao caso sem esforços), mas de maneira não gradativa Magn. Mater., 2000.
[14] B. J. . Mailhé, R. D. A. Elias, I. P. C. . Silva, N. Sadowski, N. J. . Batistela, and P.
conforme se aumentaram os níveis dos carregamentos. Em Kuo-Peng, “Influence of shielding on the magnetic field measurement by direct H-
esforços de compressão, as perdas aumentaram coil method in a double-yoked SST”, 2018.
significativamente conforme o nível do esforço aplicado. Com [15] S. Tumanski, “A multi-coil sensor for tangential magnetic field investigations,” J.
Magn. Magn. Mater., 2002.

489
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Metodologia para Minimização do Campo Elétrico


ao Nı́vel do Solo de Linhas de Transmissão
Aéreas usando Análise de Sensibilidade
André L. Paganotti, Rodney R. Saldanha, Adriano C. Lisboa Márcio M. Afonso , Marco A.O.Schroeder,
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Marcı́lio Q. Melo
Universidade Federal de Minas Gerais Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Belo Horizonte, Brazil UFSJ-CEFET-MG
paganotti@cefetmg.br, rodney@cpdee.ufmg.br, Belo Horizonte, Brazil
adrianochaves@cefetmg.br. marciomatias@cefetmg.br, schroeder@ufsj.edu.br,
marcilioq@yahoo.com.br.

Resumo—Neste trabalho, uma nova metodologia é aplicada otimização dos feixes de condutores em circuitos simples e
para o processo de otimização da geometria de feixes de condu- múltiplos via métodos evolucionários é amplamente realizado
tores de linhas de transmissão aéreas. Esta metodologia é baseada na literatura [3], [13].
na análise de sensibilidade dos parâmetros relacionados a carga
elétrica das linhas de transmissão usando o Método Adjunto. Esta Este trabalho realiza a análise de sensibilidade do campo
informação é usada com o Método do Gradiente e o Algoritmo da elétrico ao nı́vel do solo usando o método Adjunto, [14]. Este
Seção Áurea para minimizar o campo elétrico ao nı́vel do solo de método tem sido usado com sucesso em estudos de previsão
uma LT trifásica aérea com dois cabos por fase. A aproximação do tempo, na engenharia elétrica e em problemas com elevado
usando Diferenças Finitas Centrais para se obter a sensibilidade número de variáveis [15], [16], [17].
é adotada para validação e comparações. A potência natural da
LT é calculada após o processo de otimização para verificação O Método Adjunto fornece a análise de sensibilidade
do aumento da capacidade de transmissão de energia. (derivada da função objetivo em relação ao parâmetro de
Palavras-Chave—Linhas de Transmissão; Método Adjunto; interesse) de um problema resolvendo apenas mais um sistema
Análise de Sensibilidade; Carga Elétrica; Método do Gradiente. linear de equações. Enquanto que usando uma aproximação
clássica como as diferenças finitas faz se necessário resolver
um sistema de equações para cada variável envolvida [15].
I. I NTRODUÇ ÃO O Método Adjunto é eficiente e rápido para a obtenção
A larga extensão do território brasileiro gera a necessidade da informação do gradiente da função objetivo. O método
de linhas de transmissão (LT’s) muito longas que possuem alto do Gradiente, Elipsoidal e Quasi-Newton, são exemplos de
custo. Uma milha de LT aérea tem um custo médio entre 1 métodos de direção de busca que trabalham com a informação
e 2 milhões de dólares, segundo [1]. Além disso, o aumento de sensibilidade obtida pelo método Adjunto [18], [2].
da demanda por energia elétrica tem acarretado a necessidade A utilização do método Adjunto em problemas eletro-
do desenvolvimento e implementação de novas metodologias magnéticos de baixa frequência relacionados a otimização
para a transmissão eficiente de energia elétrica [2], [3], [4]. de feixes não está disponı́vel na literatura e consiste na
O aumento da capacidade de transmissão de energia pode nova metodologia proposta neste trabalho. A avaliação da
ser alcançado por meio de técnicas de recapacitação tais sensibilidade pelo método Adjunto é baseada no princı́pio de
como: o aumento do limite térmico da linha [5], [6]; aumento Telegen’s e tem sido aplicada em problemas de alta frequência
da tensão operativa; aumento do número de subcondutores [19].
por fase [7], [8]; ou usando compensadores [8], entre outros Este artigo desenvolve uma ferramenta para calcular e
métodos. minimizar o campo elétrico ao nı́vel do solo. Um modelo
Uma alternativa não convencional e altamente viável é a eletromagnético da LT sobre estudo é desenvolvido e a carga
Linha de Potência Natural Elevada (LPNE) [9], [10]. Esta elétrica e a intensidade de campo elétrico do sistema são
tecnologia compreende o rearranjo ou o aumento do número calculadas. O processo de otimização é realizado pelo Método
de condutores por fase para equalização do campo elétrico do Gradiente que usa a sensibilidade obtida pelo Método
em cada feixe. A implementação da LPNE tem como base Adjunto e pela aproximação por diferenças finitas centrais.
o entendimento da conduta do campo elétrico associado com A potência natural da linha (SIL - Surge Impendace Loading)
cada condutor e como os parâmetros fı́sicos e geométricos da é calculada antes e após o processo de otimização.
linha afetam a distribuição do campo elétrico [11], [12], [10]. Este artigo é organizado da seguinte maneira. A Seção II
Uma discussão dos desafios tecnológicos envolvidos na apresenta a modelagem da LT . Na seção III a modelagem
implementação da tecnologia LPNE é dada em [10]. A Adjunta é apresentada. A Seção IV apresenta uma introdução

490
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

do método de otimização adotado. Na Seção V a potência Uma análise de sensibilidade da carga elétrica do sistema de
natural da LT é discutida. Na Seção VI, os resultados das transmissão em relação a posição dos cabos precisa e rápida
simulações são apresentados. As conclusões são apresentadas pode representar ganhos para o processo de otimização e levar
na Seção VII. Finaliza-se, com os agradecimentos as agências a obtenção de novas geometrias. A análise da sensibilidade
de fomento na Seção VIII. da carga elétrica do sistema obtido por (1) relacionadas as
variáveis de design ( coordenadas x e y dos cabos) é obtida
II. M ODELAGEM DA L INHA DE T RANSMISS ÃO
usando-se o Método Adjunto apresentado na próxima seção.
A LT opera em regime quasi-estático. Considera-se que
o domı́nio que envolve o problema é linear, homogêneo e III. A N ÁLISE DE S ENSIBILIDADE
isotrópico [5], [20]. A carga elétrica de cada condutor da LT é obtida por meio
Para o cálculo do campo elétrico os condutores da LT são do sistema linear de equações dada por:
modelados como sendo retos, cilı́ndricos, de comprimento
infinito, sem perdas e paralelos ao plano do solo. O efeito P (x, y)q = V (4)
do solo é levado em consideração usando-se o Método das
Em (4), P (x, y) é a matriz do sistema com dimensão
Imagens. A carga elétrica de cada fase é obtida por meio da
{N × N }, onde N é o número de condutores da LT.
Matriz dos Coeficientes Potenciais de Maxwell [20]:
Os elementos desta matriz são dependentes das variáveis de
   −1   design x e y. q é o vetor de variáveis de estado e V é o vetor
qa Paa Pab Pac Van
 qb  =  Pba Pbb Pbc  .  Vbn  (1) de excitação, ambos de dimensão {N × 1}.
qc Pca Pcb Pcc Vcn O objetivo do Método Adjunto é obter o gradiente de uma
função resposta(objetivo) de interesse definida pelo usuário
Em (1) qa , qb e qc são os fasores carga elétrica de cada f (x, y, q) em relação as coordenadas x e y do problema. A
fase, Van , Vbn e Vcn são os fasores tensão aplicado em cada maneira clássica de se obter este gradiente é por meio do
fase. Os elementos da Matriz dos Coeficientes Potenciais de método das diferenças finitas. Nele se faz a perturbação de
Maxwell podem ser obtidos em [20]. cada parâmetro em relação a xi e yi e se resolve os sistemas
Uma vez que a carga elétrica de cada fase é definida, lineares obtidos oriundos da perturbação de cada variável.
as componentes x e y do campo elétrico ao nı́vel do solo Esta aproximação necessita obter P (x, y) para cada parâmetro
podem ser obtidas aplicando-se a Lei de Gauss. Sendo Ex a perturbado e resolver o sistema linear pelo menos n vezes,
componente na direção x, [20]: sendo n o número de variáveis perturbadas [15].
O Método Adjunto pode estimar a derivada da função
XN 
qi
 
(xn − xi ) objetivo (sensibilidade) de maneira mais eficiente. A análise de
Ex (x, y) = × sensibilidade em relação a coordenada x é detalhada a seguir.
2π0 (xn − xi )2 + (yn − yi )2
i=1 Inicia-se pela diferenciação do sistema linear dado em (4)
2
(xn − xi ) em relação ao i-ésimo parâmetro xi , [14]:
− (2)
(xn − xi )2 + (yn + yi )2 ∂(P (x)q̄) ∂q ∂V
Onde qi é a carga elétrica do i-ésimo condutor, xi e yi , +P = (5)
∂xi ∂xi ∂xi
xn e yn , são respectivamente as posições horizontal e vertical
O primeiro termo de (5) consiste da derivada da matriz P
dos condutores e dos pontos de avaliação do campo; e N
enquanto q é mantido em seu valor nominal q̄. Reescreve-se
é o número de condutores. A magnitude do campo elétrico
a expressão em função da variável de estado:
depende da posição e da carga elétrica de cada condutor.  
Além disso a posição de cada condutor afeta a capacitância ∂q −1 ∂V ∂(P q̄)
=P − (6)
e indutância da LT, estes parâmetros estão diretamente rela- ∂xi ∂xi ∂xi
cionados com a capacidade de transmissão da LT [21]. A derivada da função objetivo f (x, q) em relação ao i-ésimo
O campo elétrico superficial é calculado ao longo da su- parâmetro xi é dado por, [14]:
perfı́cie de cada um dos condutores da LT considerada. Adota-
 T
se o Método das Imagens Sucessivas, descrito em detalhes por ∂ef
 
∂f ∂f −1 ∂V ∂(P q̄)
[22]. O campo elétrico superficial máximo de cada um dos = + P − (7)
∂xi ∂xi ∂q ∂xi ∂xi
cabos é comparado com o valor do campo elétrico superficial
crı́tico (Ec ) a partir do qual tem-se a ocorrência do Efeito Insere-se a variável adjunta em (7), que é a responsável
Corona, ele é dado por [23], [10]: pela ligação entre as variáveis de design do problema (x, y) e
  a função objetivo, faz-se [14], [25]:
0.54187
Ec = 18.11.fs .δik 1 + √ (3)  T
∂f
r.δik T
q̂ = P −1 (8)
∂q
Onde (3) r é o raio do condutor em cm, fs é o fator de
superfı́cie, normalmente adotado como 0.82 e δik é a pressão
 
T ∂f
atmosférica ao nı́vel do mar [24]. P q̂ = (9)
∂q

491
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

O vetor q̂ de variáveis adjuntas é obtido resolvendo (9).


A matriz Adjunta do sistema é a transposta do sistema
original dada por (4). A excitação do sistema adjunto (9)
depende da função objetivo f (x, q) e da derivada dela em
relação as variáveis de estado. Resolvendo o sistema Adjunto
a sensibilidade da resposta do i-ésimo parâmetro xi é dada
por, [14]:
∂ef
 
∂f T ∂V ∂(P q̄)
= + q̂ − (10)
∂xi ∂xi ∂xi ∂xi
Verifica-se que com a solução do sistema original (4) obtém-
se q e resolvendo-se o sistema adjunto (9) q̂ é obtido, a
sensibilidade relacionada a cada parâmetro x pode ser obtida Fig. 1. Restrições Geométricas Adotadas no Processo de Otimização:
por meio de (10). Dmin , dmin : distância mı́nima entre fases diferentes e da mesma fase,
respectivamente. Hmin , Hmax : altura mı́nima e máxima de cada cabo,
A função resposta (objetivo) f (x, q) adotada neste trabalho respectivamente.
é dada por:
NX
!2
cond

f (x, q) = qi (11) mı́nimo, este mı́nimo é adotado como sendo xk+1 . α é um


i=1 termo minimizante escalar que muda a cada iteração e é
Sendo Ncond o número de condutores da LT analisada. A obtido via algoritmo da Seção Aúrea [15]. A única condição
derivada da função resposta adotada como vetor de excitação necessária para a aplicação deste algoritmo é que a função
no modelo Adjunto é dada por: seja diferenciável. A completa descrição deste algoritmo é
dada por [18]. A função objetivo deste trabalho é dada pelo
NX quadrado do somatório das intensidades de cargas elétricas de
!
cond
∂f (x, q)
=2 qi (12) cada condutor da LT obtidos por meio de (1) e representado
∂q i=1 por (11).
A função resposta adotada e o fasor tensão V , usado Durante o processo de otimização a altura dos cabos pode
na determinação da carga elétrica do sistema, não tem de- variar de 0.80 m acima ou 0.90 m abaixo das posições
pendência em x, então em (10) eles são nulos. A expressão verticais originais. As restrições adotadas durante o processo
da análise de sensibilidade obtida com o Método Adjunto em de otimização estão na Fig. 1.
relação a xi é finalmente obtida: Na Fig. 1 Dmin determina a distância mı́nima entre
  fases diferentes e dmin determina a distância mı́nima entre
∂f (x, q) T ∂P condutores da mesma fase.
= q̂ − q̄ (13)
∂xi ∂xi Para simplificar o processo de otimização, os cabos para-
Em (13), q̂ é obtida pela solução do sistema Adjunto e q raios são desconsiderados, pois seu efeito na avaliação do
é obtida pela solução do sistema original. Com a modelagem campo elétrico ao nı́vel do solo é desprezı́vel [22]. Após a
adjunta do problema é possı́vel obter a informação da sensi- aplicação do processo de otimização a potência natural da LT
bilidade de n variáveis apenas resolvendo mais um sistema original e otimizada é analisada.
linear. V. P OT ÊNCIA NATURAL DE L INHAS DE T RANSMISS ÃO
Neste trabalho a derivada da matriz P (x, y) do sistema
A potência natural de linhas de transmissão de extra alta
é obtida de maneira numérica usando a aproximação por
tensão (EHV ) é dada em MW e é obtida quando o balanço
diferenças finitas centrais (CFD) dada por [15]. Uma vez
de reativos ocorre [26]. A impedância caracterı́stica (Zc ) é
definida a metodologia para a obtenção da informação do gra-
expressa como sendo a potência reativa produzida sendo igual
diente, o próximo passo é escolher um método de otimização
a potência reativa consumida. Esta relação é expressa por [26]:
que a utilize. s 
IV. M ÉTODO DE OTIMIZAÇ ÃO Vf f L
Zc = = (15)
O método de otimização adotado utiliza o gradiente da I C
função objetivo obtido por meio do método Adjunto descrito Em (15), Vf f é o módulo da tensão entre duas fases, I é a
na seção anterior. O método do Gradiente com o algoritmo da corrente de linha [A], L é a indutância da linha de sequência
Seção Aúrea é adotado neste trabalho. O método é definido positiva por metro [H/m], C é a capacitância da linha de
simplificadamente pelo algoritmo iterativo, [15]: sequência positiva por metro [C/m] e Zc é a impedância
caracterı́stica [Ω]. A potência natural (SIL) pode ser expressa
xk+1 = xk − α∇f (x) (14) como, [26]:
Em (14) a partir do ponto xk é obtido ao longo da direção Vf f 2
do gradiente negativo da função objetivo um novo ponto de SIL = (16)
Zc

492
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

De (16) e (15), verifica-se que um aumento da potência


natural pode ser obtido aumentando-se C e/ou reduzindo L da
linha. A LPNE adota distâncias entre fases diferentes reduzida
e distância entre subcondutores aumentada [27].
A viabilidade mecânica e estrutural da configuração suge-
rida pela otimização deve ser analisada por meio de estudos
técnicos dos esforços mecânicos, custos, entre outros [28].
VI. R ESULTADOS
Uma LT de 345 kV, 2 cabos por fase, é analisada. As
restrições adotadas são apresentadas na Tabela I, onde Xe
e Xd são os limites horizontais, os demais parâmetros são
apresentados na Fig. (1).

TABELA I
R ESTRIÇ ÕES DO P ROCESSO DE OTIMIZAÇ ÃO
Fig. 2. Perfil do Campo Elétrico ao Nı́vel do Solo - Original e Otimizado
Caso Dmin dmin Xe Xd Hmax Hmin
(m) (m) (m) (m) (m) (m)
I 5.00 0.40 -9.46 9.46 15.09 13.39

O gradiente da função objetivo é obtido de duas maneiras


diferentes: primeira, com o método adjunto desenvolvido na
Seção III; segunda, com o cálculo da sensibilidade da função
objetivo usando a aproximação por diferenças finitas centrais
(CFD). O erro obtido entre as duas metodologias de se calcular
a sensibilidade é apresentado na Tabela II.

TABELA II
E RRO C OMPARATIVO - M ÉTODO A DJUNTO E A PROXIMAÇ ÃO CFD

Caso I - Cabo 1 Gradiente em x Gradiente em y


Método Adjunto 0.1021497399422e-11 0.3558566740333e-13
Aproximação CFD 0.1021497399190e-11 0.3558565644821e-13
Erro (%) 2.2711754699145e-10 3.0785203153360e-07
Fig. 3. LT 02 cabos - Configuração Original (), Configuração Otimizada:
Sensibilidade CF D (*) e Sensibilidade Adjunta (◦)
Na Tabela II o condutor 1 da LT é escolhido para análise do
erro das análises de sensibilidade obtidas via Método Adjunto
e via CFD. Verifica-se que a sensibilidade em x e y obtida Nota-se na Fig. 3 que as configurações obtidas são
por meio do Método Adjunto apresenta uma elevada precisão simétricas e apresentam distâncias entre fases reduzidas.
com erros a partir da sexta casa decimal. Verifica-se que a configuração final obtida pelo método do
A Sensibilidade Adjunta leva cerca de 5 vezes menos tempo Gradiente via método Adjunto difere da obtida via Diferenças
do que a sensibilidade obtida via CFD. Isto se dá pelo fato de Finitas Centrais. As posições iniciais e finais dos cabos são
que com apenas a solução de mais um sistema linear obtém- dados na Tabela III. Verifica-se na Tabela IV que o campo
se a sensibilidade em relação as n variáveis consideradas. Por elétrico superficial máximo nas configurações otimizadas são
outro lado na aproximação por CFD tem-se que ter a solução inferiores ao campo elétrico superficial crı́tico. Logo, tem-se
de um sistema com perturbação forward e backward para cada um comportamento satisfatório em relação ao Efeito Corona.
uma das n variáveis analisadas.
O algoritmo adota 100 iterações. O perfil do campo elétrico TABELA III
original e otimizado por meio do método do gradiente que usa P OSIÇ ÕES O RIGINAIS E OTIMIZADAS
da sensibilidade obtida pelo método Adjunto e por meio da Caso I Fase 1 Fase 2 Fase 3
aproximação CFD pode ser verificado na Fig. 2. (m) (m) (m)
A Fig. 2 mostra que a aplicação do Método do Gradiente xorig -9.457 -9.000 -0.228 0.228 9.000 9.457
xotim−Adj -9.019 -9.000 -0.450 0.450 9.000 9.019
que utiliza da informação da sensibilidade obtida por meio xotim−CF D -9.124 -9.000 -0.228 0.228 9.000 9.124
do método Adjunto obtém uma configuração com redução yorig 14.290 14.290 14.290 14.290 14.290 14.290
yotim−Adj 14.259 14.567 15.090 15.090 14.567 14.259
do campo elétrico ao nı́vel do solo. As posições originais e yotim−CF D 15.090 13.390 13.390 13.390 13.390 15.090
otimizadas dos cabos podem ser observadas na Fig. 3.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABELA IV [5] A. EPRI, Transmission Line Reference Book–200 kV and Above. Elec-
C AMPO E L ÉTRICO S UPERFICIAL M ÁXIMO E C R ÍTICO tric Power Research Institute, 2005.
[6] J. Hall and A. K. Deb, “Prediction of overhead transmission line
Cabo E-Sup-Original E-Sup-Adjunto E-Sup-CFD E-Sup-Crı́tico ampacity by stochastic and deterministic models,” IEEE transactions
(kV/cm) (kV/cm) (kV/cm) (kV/cm) on power delivery, vol. 3, no. 2, pp. 789–800, 1988.
1 16.13 16.39 17.67 19.37 [7] A. SALARI, J.C.; REIS and L. ESTRELLA JR, “Metodologia sistema-
2 17.60 18.16 18.16 19.37 tizada para a otimização técnico-econômica da geometria dos feixes de
3 16.54 16.41 17.93 19.37 condutores de linhas de transmissão aéreas,” in XVIII ERIAC. CIGRE,
4 16.55 16.41 17.93 19.37
2019.
5 17.60 18.16 18.16 19.37
6 16.13 16.39 17.67 19.37
[8] S. Gomes Jr, C. Portela, and C. Fernandes, “Principles and advantages
of utilizing high natural power lines and presentation of comparative
results - xiii snptee national seminar of production and transmission of
electric energy,” Florianópolis, Brazil, 1995.
A potência natural da linha (SIL) da configuração original [9] J. Acosta and M. Tavares, “Enhancement of overhead transmission
e otimizada são dados na Tabela V. Os ganhos de potência line capacity through evolutionary computing,” in 2018 IEEE PES
natural observados são de 3.11% e 5.00% por meio da sensi- Transmission & Distribution Conference and Exhibition-Latin America
(T&D-LA). IEEE, 2018, pp. 1–5.
bilidade adjunta e por meio do método CFD, respectivamente. [10] M. Ghassemi, “High surge impedance loading (hsil) lines: A review
identifying opportunities, challenges, and future research needs,” IEEE
Transactions on Power Delivery, vol. 34, no. 5, pp. 1909–1924, 2019.
TABELA V
[11] M. O. Melo, L. C. Fonseca, E. Fontana, and S. Naidu, “Electric and
P OT ÊNCIA NATURAL(SIL) E I MPED ÂNCIA C ARACTER ÍSTICA (Zc )
magnetic fields of compact transmission lines,” IEEE Transactions on
Power Delivery, vol. 14, no. 1, pp. 200–204, 1999.
Caso I Original Sensibilidade Adjunta Sensibilidade CFD [12] G. N. Alexandrov, “Theory of bundle conductors,” IEEE Transactions
Zc (Ohms) 294.40 285.51 280.36 on Power Apparatus and Systems, no. 6, pp. 932–936, 1969.
SIL(M W ) 404.29 416.87 424.29 [13] J. S. Acosta and M. C. Tavares, “Multi-objective optimization of
Aumento SIL (%) 3.11 5.00 overhead transmission lines including the phase sequence optimization,”
International Journal of Electrical Power & Energy Systems, vol. 115,
p. 105495, 2020.
[14] M. Bakr, A. Z. Elsherbeni, and V. Demir, Adjoint sensitivity analysis of
VII. C ONCLUS ÕES high frequency structures with Matlab. The Institution of Engineering
and Technology, 2017.
A metodologia desenvolvida obtém configurações com [15] M. Bakr, Nonlinear optimization in electrical engineering with applica-
campos elétricos ao nı́vel do solo reduzidos. Verifica-se tions in matlab. Institution of Engineering and Technology, 2013.
[16] M. S. Dadash, N. K. Nikolova, and J. W. Bandler, “Analytical adjoint
que a análise de sensibilidade via Método Adjunto fornece sensitivity formula for the scattering parameters of metallic structures,”
a informação do gradiente com elevada precisão e maior IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol. 60, no. 9,
eficiência do que a aproximação por diferenças finitas centrais. pp. 2713–2722, 2012.
[17] N. K. Nikolova, J. W. Bandler, and M. H. Bakr, “Adjoint techniques for
Os resultados mostram que o método Adjunto pode ser sensitivity analysis in high-frequency structure cad,” IEEE transactions
usado com outros algoritmos que são baseados no gra- on microwave theory and techniques, vol. 52, no. 1, pp. 403–419, 2004.
[18] D. G. Luenberger, Y. Ye et al., Linear and nonlinear programming.
diente da função objetivo tais como, o método de Broy- Springer, 1984, vol. 2.
den–Fletcher–Goldfarb–Shanno (BFGS), o método Elipsoidal, [19] S. Director and R. Rohrer, “The generalized adjoint network and network
entre outros. sensitivities,” IEEE Transactions on Circuit Theory, vol. 16, no. 3, pp.
318–323, 1969.
A análise de sensibilidade apresenta potencial para ser [20] C. A. Balanis, Advanced engineering electromagnetics. John Wiley &
utilizada em casos com maior número de condutores por fase. Sons, 1998.
Em trabalhos futuros, a LT será modelada via elementos finitos [21] J. D. Glover, M. S. Sarma, and T. Overbye, Power system analysis &
design, SI version. Cengage Learning, 2012.
e o método Adjunto será aplicado na análise de sensibilidade [22] M. P. Sarma and W. Janischewskyj, “Electrostatic field of a system of
dos parâmetros relacionados ao campo elétrico e ao SIL. parallel cylindrical conductors,” IEEE transactions on power apparatus
and systems, no. 7, pp. 1069–1079, 1969.
VIII. AGRADECIMENTOS [23] C. J. Miller, “The calculation of radio and corona characteristics of
transmission-line conductors,” Transactions of the American Institute of
Ao suporte parcial da CAPES, CNPq, UFMG, FAPEMIG e Electrical Engineers. Part III: Power Apparatus and Systems, vol. 76,
CEFET-MG. no. 3, pp. 461–472, 1957.
[24] J. S. A. Sarmiento and M. C. Tavares, “Enhancement the overhead
transmission lines’ capacity by modifying the bundle geometry using
R EFER ÊNCIAS heuristics algorithms,” in 2016 IEEE PES Asia-Pacific Power and Energy
[1] P. Nefzger, U. Kaintzyk, and J. F. Nolasco, “Overhead power lines: Engineering Conference (APPEEC). IEEE, 2016, pp. 646–650.
planning, design, construction,” 2003. [25] H.-b. Lee and N. Ida, “Interpretation of adjoint sensitivity analysis
[2] A. L. Paganotti, M. M. Afonso, M. A. O. Schroeder, R. S. Alipio, for shape optimal design of electromagnetic systems,” IET Science,
E. N. Gonçalves, and R. R. Saldanha, “An adaptive deep-cut ellipsoidal Measurement & Technology, vol. 9, no. 8, pp. 1039–1042, 2015.
algorithm applied to the optimization of transmission lines,” IEEE [26] F. Kiessling, P. Nefzger, J. F. Nolasco, and U. Kaintzyk, Overhead power
Transactions On Magnetics, vol. 51, no. 3, pp. 1–4, 2015. lines: planning, design, construction. Springer, 2014.
[3] J. S. Acosta and M. C. Tavares, “Methodology for optimizing the [27] M. O. Melo, L. C. Fonseca, E. Fontana, and S. Naidu, “Electric and
capacity and costs of overhead transmission lines by modifying their magnetic fields of compact transmission lines,” IEEE Transactions on
bundle geometry,” Electric Power Systems Research, vol. 163, pp. 668– Power Delivery, vol. 14, no. 1, pp. 200–204, 1999.
677, 2018. [28] O. Régis Jr, F. C. DART, A. L. P. CRUZ, and C. C. CHESF, “Avaliação
[4] C. K. Arruda, L. A. M. Domingues, A. L. E. dos Reis, F. M. A. Salas, comparativa das concepções de linhas de potência natural elevada em
and J. C. Salari, “The optimization of transmission lines in brazil: Proven 500 kv utilizadas no brasil,” XIII ERIAC, 2009.
experience and recent developments in research and development,” IEEE
Power and Energy Magazine, vol. 18, no. 2, pp. 31–42, 2020.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Operação de Linhas Aéreas de Transmissão


Recapacitadas por Técnicas Não Convencionais
Marcílio Q. Melo, Márcio M. Afonso, Eduardo G. Silveira e André L. Paganotti, Bárbara M. F. Gonçalves
Marco A. O. Schroeder Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica
Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG
CEFET-MG – UFSJ Belo Horizonte, Brasil
Belo Horizonte, Brasil paganotti@div.cefetmg.br, barbara.goncalves@ifmg.edu.br
marcilioq@yahoo.com.br, marciomatias@des.cefetmg.br,
eduardo@cefetmg.br, schroeder@ufsj.edu.br

Resumo — Fenômenos como o Efeito Ferranti e a corrente de corrente na carga e a diferença de potencial no receptor torna-
curto-circuito podem influenciar a operação técnica e os custos se maior que na extremidade transmissora da linha. Esse
de projeto, operação e manutenção de Linhas Aéreas de comportamento tem como consequência a elevação do nível de
Transmissão. Através de técnicas de recapacitação não tensão entregue ao consumidor final e é conhecido como efeito
convencionais pode-se reduzir os fenômenos indesejados. Neste Ferranti. Em suma, o efeito Ferranti se caracteriza pela
artigo, uma linha de potência natural elevada, obtida por elevação da tensão ao final da linha e aparece frequentemente
otimização da posição dos condutores, é avaliada nas condições a em linhas com comprimento considerável e na situação em que
vazio, em curto-circuito e com carga. O resultado mostra que a a carga no receptor é baixa [4]. Além disso, a especificação e o
linha recapacitada apresenta redução do Efeito Ferranti, da
dimensionamento dos equipamentos de proteção requerem o
corrente de curto-circuito e da queda de tensão no terminal
receptor.
conhecimento da corrente de curto-circuito da linha. Desta
forma, quanto menor for a corrente de curto-circuito da LT
Palavras-chaves: Linha de Transmissão; Recapacitação; Efeito menor será seu custo de operação e manutenção [1].
Ferranti; Corrente de Curto-circuito; Operação; Otimização. Nos últimos anos, diversas estratégias de recapacitação de
LTs foram propostas para obter o aumento na capacidade de
transmissão, observando seus consequentes impactos sociais,
I. INTRODUÇÃO econômicos e ambientais [5][6]. As técnicas de recapacitação
Os modernos conceitos relacionados à operação dos convencionais estão relacionadas com o aumento do limite
sistemas elétricos de potência incluem requisitos e indicadores térmico das LT e as técnicas não convencionais buscam alterar
de qualidade. Os estudos de planejamento e operação devem os parâmetros elétricos das linhas, tais como resistência,
levar em consideração o controle dos níveis de tensão em condutância, capacitância e indutância [5][7]. Dentre estas
faixas cada vez mais estreitas de forma a garantir os valores estratégias destaca-se a técnica de Linha de Potência Natural
próximos do nominal ou de referência, ou, ainda, do valor Elevada (HSIL), obtida por meio da otimização da posição dos
contratado. Um problema importante a ser considerado tanto condutores [8]. A ferramenta de otimização desenvolvida por
no projeto como no funcionamento de uma linha de [9] utilizou o método do gradiente que se enquadra na categoria
transmissão é o da manutenção da tensão ao longo da linha e de algoritmos determinísticos. O método do gradiente
no receptor, dentro de limites especificados pelas agências determina a busca pela solução ótima do problema baseado na
reguladoras [1][2]. Se, de um lado cresce a relevância do ação do vetor gradiente da função avaliada, uma vez que o
assunto no que tange à observância dos padrões mesmo posiciona-se, em cada ponto, na direção de crescimento
regulamentados, de outro, aumenta a demanda de potência da função. Sendo assim, na busca por um ponto de máximo,
requerida nas Linhas de Transmissão (LT) [3]. basta seguir a direção do gradiente, e na busca por um mínimo
basta seguir na direção oposta ao mesmo [11]. No referido
Quando se trata especificamente do nível de tensão, espera- trabalho, o objetivo é minimizar o campo elétrico ao nível do
se que este, na extremidade receptora da linha, seja menor que solo, maximizando a potência natural, sem violar as restrições
a tensão na entrada, devido, essencialmente, a perdas. Neste geométricas da LT. A aplicação desta técnica aumenta a
caso, quanto menor a queda de tensão junto ao receptor melhor capacidade de transmissão de energia elétrica da linha,
é a eficiência da LT. No entanto, esse efeito não acontece determinando uma configuração geométrica dos feixes de
rigorosamente em todas as situações, e o caso inverso é comum condutores que proporcione os valores ótimos de parâmetros
em linhas médias e longas quando a carga no receptor é baixa elétricos [10][11][12].
ou a linha opera a vazio [1][4]. Assim, linhas de transmissão de
grandes extensões possuem um comportamento capacitivo O presente trabalho tem como principal objetivo avaliar a
muito acentuado, devido à característica capacitiva intrínseca eficiência de linhas recapacitadas por técnica não convencional
da LT. Além disso, em períodos de baixo carregamento ou de de reconfiguração geométrica de feixe de condutores. Para isso
circuito aberto, o fluxo de corrente capacitiva supera o fluxo da são consideradas as condições de operação a vazio, em curto-
circuito e com carga.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. MODELAGEM ELETROMAGNÉTICA DA LINHA DE onde 𝜔 = 2𝜋𝑓 é a frequência da linha. Em linhas sem perdas,
TRANSMISSÃO a parte real de 𝛼 é nula e 𝛽 = 𝜔√𝐿𝐶, de forma que (4) pode
As linhas de transmissão podem ser simplificamente ser reescrita da seguinte forma:
representadas por um circuito equivalente. Em linhas longas
(acima de 240 km) os efeitos distribuídos dos parâmetros 𝜆=𝑓
𝑣
(6)
tornam-se significantes e a linha não deve ser representada por
um único circuito π equivalente [4]. Alternativamente, a linha Portanto, no domínio da frequência e em função dos
pode ser representada pela menor associação de circuitos π parâmetros no receptor, as equações (1) e (2) podem ser
equivalente em cascata [13]. Para a proposta deste artigo, será reescritas como:
considerada uma linha longa sendo composta de múltiplos
circuitos π equivalentes como mostrado na Fig. 1.
̇
𝑉̇ + 𝐼 √𝑧̇ ⁄𝑦̇ 𝑥𝛾̇ ̇
𝑉 − 𝐼 √𝑧̇ ⁄𝑦̇ −𝑥𝛾̇ ̇
Seja 𝑉𝑥 , a tensão (volts), e 𝐼𝑥 , a corrente (ampères), ao 𝑉𝑥̇ = 𝑅 𝑅2 𝑒 + 𝑅 2𝑅 𝑒 (7)
longo de qualquer ponto 𝑥 da linha, as equações diferenciais
gerais para as linhas de transmissão em regime permanente são 𝐼𝑥̇ =
𝑉̇𝑅 + 𝐼̇𝑅 √𝑧̇ ⁄𝑦̇
𝑒 𝑥𝛾̇ −
̇ √𝑧̇ ⁄𝑦̇
𝑉̇𝑅− 𝐼𝑅
𝑒 −𝑥𝛾̇ (8)
[1]: 2√𝑧̇ ⁄𝑦̇ 2√𝑧̇ ⁄𝑦̇

𝜕 2 𝑉𝑥 𝜕𝑉𝑥 𝜕 2 𝑉𝑥 onde 𝑉̇𝑅 e 𝐼𝑅̇ são, respectivamente, a tensão e a corrente no


= 𝑟𝑔𝑉𝑥 + (𝑟𝐶 + 𝐿𝑔) + 𝐿𝐶 (1) receptor. A impedância 𝑧̇ (ohm/quilômetro) e a admitância 𝑦̇
𝜕𝑥 2 𝜕𝑡 𝜕𝑡 2
(siemens/quilômetro) são obtidas pela capacitância e a
indutância.
𝜕 2 𝐼𝑥 𝜕𝐼𝑥 𝜕 2 𝐼𝑥
= 𝑟𝑔𝐼𝑥 + (𝑟𝐶 + 𝐿𝑔) + 𝐿𝐶 (2) Considerando uma linha perfeitamente transposta e
𝜕𝑥 2 𝜕𝑡 𝜕𝑡 2
modelada com parâmetros distribuídos, pode-se utilizar a
sequência positiva para representar o quadripolo
onde 𝑟 e 𝑔 representam as perdas no condutor correspondente às grandezas de tensão e corrente em seus
(ohm/quilômetro) e no dielétrico (siemens/quilômetro), terminais [4]:
respectivamente. 𝐿 é a indutância da linha (henry) e 𝐶 a
capacitância (farad). 𝑉𝑠 𝑐𝑜𝑠ℎ(𝛾𝑙) 𝑍𝑐 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝛾𝑙) 𝑉𝑅
As equações (1) e (2) são conhecidas como equações de [ ] = [ 𝑠𝑒𝑛ℎ(𝛾𝑙) ][ ] (9)
𝑐𝑜𝑠ℎ(𝛾𝑙)
onda, cujas soluções representam ondas de correntes e tensões 𝐼𝑠 𝑧𝑐 𝐼𝑅
que se propagam ao longo da linha. Para uma linha sem perdas
tal que 𝑟 = 0 e 𝑔 = 0 a velocidade de propagação 𝑣 é definida 𝑧̇
onde 𝑍𝐶 = √𝑦̇ é a impedância característica da linha e l é o
como:
comprimento da linha.
1
𝑣= (3) A capacitância da linha relativa ao campo elétrico 𝐸 e à
√𝐿𝐶

Em uma dada linha de transmissão, o comprimento de onda diferença de potencial 𝑉 pode ser encontrada aplicando a Lei
das tensões e correntes pode ser calculado a partir da seguinte de Gauss para o campo variante no tempo, tal que [14]:
expressão:
𝜕 𝜕𝑞𝑒 𝜕𝑉𝑥
λ=
2𝜋
(4) − 𝜕𝑡 ∬𝑆 𝜀𝐸𝑥 𝑑𝑆 = − 𝜕𝑡
= −𝐶 (10)
𝛽 𝜕𝑡

onde 𝛽 é a parte imaginária da constante de propagação 𝛾 da


linha, dada por: onde 𝜀 é a permissividade do meio (farad/metro) e 𝑞𝑒 é a
densidade de carga elétrica (coulomb/metro quadrado).
𝛾 = √(𝑟 + 𝑗𝜔𝐿)(𝑔 + 𝑗𝜔𝐶) = 𝛼 + 𝑗𝛽 (5)
Para o cálculo da capacitância e da indutância nas LTs os
condutores são modelados como condutores perfeitamente
cilíndricos e paralelos ao solo. A capacitância e a indutância
de uma LT trifásica podem ser deduzidas, respectivamente,
como [1][13]:

0,02412 .10−6
𝐶𝑘 = 𝑑 1 (11)
ln 𝑚
𝑎 2
√1+( 𝐷𝑚 )
2ℎ𝑚

Fig. 1. Cascata de π equivalente para representação de linhas longas. Os 2ℎ𝑚 𝐷


subescritos S e R indicam parâmetros do emissor e receptor, respectivamente. 𝐿𝑘 = 4,6052. 10−4 (log 𝐷𝑚
− log 𝑑𝑚 ) (12)
R, B e X são a resistência, a susceptância e a reatância, respectivamente. ∆𝑥 é 𝑚
a variação do comprimento da LT.

496
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

onde 𝐶𝑘 é dada em farad/quilômetro, 𝐿𝑘 é dada em


henries/quilômetro, 𝑎 é o raio do condutor e, para uma linha
trifásica:

3
𝑑𝑚 = √∏3𝑖,𝑘=1 𝑑𝑖𝑘 (12)

3
𝐷𝑚 = √∏3𝑖,𝑘=1 𝐷𝑖𝑘 (13)

3
ℎ𝑚 = √∏3𝑖,𝑘=1 ℎ𝑖𝑘 (14)

A posição de cada condutor afeta os parâmetros de


capacitância e indutância das LTs e consequentemente, a Fig. 3. Posição dos condutores de fase.
potência natural da linha [13].
TABELA I. VALIDAÇÃO DO CÁLCULO DA IMPEDÂNCIA E ADMITÂNCIA DE
SEQUÊNCIA POSITIVA DA LINHA ORIGINAL
III. RESULTADOS
Dados Z (Ω) Y (µS)
Uma linha de transmissão trifásica real de 345 kV com dois CEMIG 5,180 + j 64,520 j 344,500
condutores por fase conforme [15] é considerada a fim de
Calculado 5,256 + j 69,421 j 313,547
demonstrar a efetividade da proposta. Vale ressaltar que o
Diferença 7,03% 8,98%
procedimento pode ser aplicado a qualquer nível de tensão e
configuração de condutores. Na operação a vazio das linhas, é importante avaliar o
Com o objetivo de reduzir o campo elétrico ao nível do aumento da tensão na barra receptora, ou seja, com a
solo, a otimização foi realizada pelo método determinístico otimização espera-se reduzir o Efeito Ferranti. A linha
gradiente cujos detalhes estão demonstrados por [9][11]. Ao simulada é curta e, portanto, o Efeito Ferranti não é
longo do processo de otimização, a altura dos condutores em significativo. Contudo, numa linha que opera a vazio e cujo
relação ao solo é considerada constante. A Fig. 3 mostra a comprimento se aproxima de λ/4 haverá um sensível aumento
posição horizontal dos condutores em metros na configuração da tensão ao longo da linha com relação à tensão aplicada no
original e otimizada. O Matlab® foi utilizado para obtenção emissor, sendo sempre máxima junto ao receptor [1]. Logo, a
dos resultados. tensão máxima no receptor leva a um campo elétrico máximo
quando o comprimento da linha chega a λ/4. A Fig. 5
As características geométricas e construtivas da linha, evidencia uma redução de cerca de 30% do efeito Ferranti
incluindo o posicionamento dos condutores, são utilizadas no resultado do processo de otimização para uma linha de
cálculo da capacitância e indutância da linha conforme comprimento λ⁄4.
equações (11) e (12), repectivamente. Na Tabela I, estão os
resultados dos cálculos para a impedância e a admitância da
linha original cujos valores são validados com aqueles
fornecidos por [15]. O percentual de diferença associado ao
cálculo deve-se, essencialmente, ao fato de serem
desconsiderados os cabos para-raios, as torres e o efeito do
solo.
Após a validação dos resultados é possível aplicar a mesma
metodologia de cálculo às linhas otimizadas. A reconfiguração
da posição dos condutores possibilita a redução do campo
elétrico e o aumento da potência natural (SIL) devido à redução
da impedância natural da linha [16]. A potência natural da linha
em estudo original é de 253 MVA e, após a reconfiguração dos
condutores passou a ser de 377 MVA, um aumento de cerca de
33%. Vale ressaltar que o aumento da potência natural da linha
deve-se, essencialmente, aumento de sua admitância. A Fig. 4
mostra a admitância em relação ao comprimento da linha para
os modelos original e otimizado. A admitância no receptor Fig. 4. Admitância para as configurações original e otimizada.
chega a ser 30% maior em relação à configuração original.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 5. Efeito Ferranti ao final da linha de comprimeto λ⁄4. Fig. 6. Relação de correntes na linha em curto-circuito no receptor.

Para a linha operando em curto-circuito, nota-se que o Na Fig. 8 é avaliada a queda percentual de tensão junto ao
processo de otimização é capaz de reduzir a corrente de curto barramento receptor para a situação Zr = Zc para a linha em
no receptor em 30%. A Fig. 6 mostra a relação entre a corrente estudo. Nota-se que a linha otimizada apresenta menor
do emissor Is e a corrente no receptor Ir para a linha de 345 kV percentual de queda de tensão junto ao receptor quando
em curto-circuito no receptor. comparada à linha original em ambas condições avaliadas.
Ressalta-se que o rendimento de transmissão da linha
Avalia-se, a seguir, as condições de operação das linha sob otimizada obteve ganho de 1% nesta situação de carga. Para a
carga. Para isso, analisa-se as equações de linha através da linha com impedância casada não há consumo de reativo de
variação de sua impedância terminal, representativa da carga modo que o índice de desempenho de consume de reativo não é
[1]. Na análise qualitativa realizada, verifica-se que o avaliado para a condição de carga. Já a regulação de tensão não
comportamento da linha sob carga depende essencialmente da apresentou ganho significativo após a recapacitação.
relação existente entre impedância terminal no receptor Zr e a
impedância característica da linha Zc . Desta relação obtêm-se o Na situação em que Zr < Zc , avalia-se as condições
coeficiente de reflexão da tensão e da corrente. Zr < Zc orig. e Zr < Zc otim. tal que a potência da carga é
maior que a potência natural da linha. Neste caso, a condição
O coeficiente de reflexão relaciona as ondas diretas com as limite de operação da linha é a impedância mínima, ou seja,
ondas refletidas. Quando Zr = Zc , os coeficientes de reflexão Zr = Zmin e ocorre quando a linha opera em sua potência
da tensão e da corrente são nulos indicando que não há ondas máxima. Assim, a condição Zmin ≤ Zr < Zc é observada nas
refletidas. Em outras palavras, uma linha homogênea que opera avaliações, onde três condições de carga são consideradas:
com impedância de carga igual à impedância característica não Zr = Zmin , Zr = 2Zmin e Zr = 3Zmin .
apresenta transitório de energia, seu fator de potência e o
defasamento entre tensão e corrente são constantes [1]. Essa é a
condição de operação mais vantajosa, visto que a linha não
consome e nem gera energia reativa, porém não é uma situação
frequente na prática. Tendo em vista estas características, vale
avaliar a operação das linhas de transmissão em duas situações
específicas: Zr = Zc e Zr < Zc .
As situação em que Zr → 0 e Zr → ∞ já foram avaliadas e
indicam a operação e curto-circuito e a vazio, respectivamente.
Para identificar os pontos de operação que serão considerados
toma-se como exemplo a LT de 345 kV em estudo. O
coeficiente de reflexão em suas configurações original e
otimizada é apresentado na Fig. 7. Com a otimização, nota-se o
deslocamento do ponto de impedância característica da linha, o
que modifica a sua potência natural. Pela Fig. 7 fica evidente
que duas impedâncias características distintas deverão ser
consideradas, uma impedância relativa à linha original
chamada Zc orig. e outra relativa à linha otimizada Zc otim. Para
avaliação fiel das vantagens da linha otimizada, as simulações Fig. 7. Ondas refletidas de tensão e corrente na LT 345 kV nas configurações
original e otimizada. kru e kri representam os coeficientes de reflexão da
devem considerar a mesma impedância de carga aplicada nos tensão e da corrente, respectivamente.
terminais das linhas. Logo, tem-se para a situação Zr = Zc,
duas condições: Zr = Zc orig. e Zr = Zc otim.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

É interessante observar que a redução do efeito tem


proporção aproximada à potência natural maximizada, ou seja,
30%. Nas condições de carga, observa-se que a linha
recapacitada apresenta menor queda percentual de tensão em
todas as situações simuladas. Isso permite, dentre outros
fatores, reduzir o custo com o dimensionamento dos
condutores. Portanto, a linha recapacitada além de
proporcionar aumento da capacidade de potência, melhora o
desempenho e reduz os custos de operação e manutenção das
linhas de transmissão.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi parcialmente apoiado pelo CEFET-MG,
FAPEMIG, CAPES e CNPq.
Fig. 8. Queda percentual de tensão quando Zr = Zc .
REFERÊNCIAS
A Fig. 9 traz a queda percentual de tensão no receptor na [1] R. D. Fuchs. Transmissão de Energia Elétrica. LTC, 1979.
situação Zr < Zc . Novamente nota-se que a configuração [2] ANEEL. Resolução Normativa nº 398, 2010.
otimizada apresenta redução da queda de tensão no receptor [3] J. M. Pacheco. Determinação dos Parâmetros de Compensadores
quando comparada à configuração original. Vale destacar que Estáticos de Reativos e Estratégia para o Projeto Otimizado de Reatores
esta é a condição de operação mais comum em linhas aéreas de Saturados. Uberlândia, MG, Brasil: UFU-MG, 2008.
transmissão reais. Com a LT otimizada, o ganho no rendimento [4] Jr. W. D. Stevenson. Elements of Power System Analysis, 4th ed.
da transmissão se aproxima de 1% a plena carga. McGraw-Hill, 1982.
[5] Electric Power Research Institute (EPRI), Transmission Line Reference
Book/345 kV and Above, General Electric Company, Brisbane, CT,
USA, 1987.
IV. CONCLUSÕES [6] M. O. B. C. Melo, L. C. A. Fonseca, E. Fontana, and S.R. Naidu.
Com a configuração otimizada, ou seja, com o “Electric and magnetic fields of compact transmission lines,’’ IEEE
Transactions on Power Delivery, vol. 14, pp 200-204, 1999.
reposionamento dos condutores de fase de uma linha de
transmissão aérea, mostra-se que é possível maximizar a [7] J. Hall and A. K. Deb, “Prediction of overhead transmission
lineampacity by stochastic and deterministic models,” IEEE transactions
potência natural da linha, recapacitando-a. Quando se avalia a on power delivery, vol. 3, no. 2, pp. 789–800, 1988.
linha recapacitada em diferentes condições de operação, nota- [8] J. Acosta and M. Tavares. “Enhancement of overhead transmission line
se que a técnica utilizada proporciona vantagens econômicas e capacity through evolutionary computing ” in 2018 IEEE PES
operativas devido à redução de efeitos indesejados. A vazio, Transmission & Distribution Conference and Exhibition-Latin America
observa-se a redução do Efeito Ferranti em 30% quando a linha (T&D-LA). IEEE, 2018, pp. 1–5.
se aproxima do comprimento λ⁄4, o que viabiliza a instalação [9] A. L. Paganotti, M. M. Afonso, M. A. O. Schroeder. Cálculo e
de reatores de menor potência. Quando a linha opera em curto- Minimização de Campos Elétricos de Linhas de Transmissão Trifásicas.
In: 15º SBMO- Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e o
circuito, a corrente de curto junto ao recepetor também é 10º CBMag- Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 2012, João
reduzida em 30%, o que possibilita redução de custo no Pessoa. MOMAG 2012, 2012.
dimensionamento de equipamentos de proteção para a LT. [10] P. H. C. Santos, M. M. Afonso, A. L. Paganotti, R. S. Alipio, M. A. O.
Schroeder. Transmission Lines Optimization By The Elitist Non-
Dominated Multi-Objective Evolutionary Algorithm. ISEF Digital ,
2017.
[11] A. L. Paganotti, M. M. Afonso, M. A. O. Schroeder, T. A. Santos, R. S.
Alipio, E. N. Gonçalves, and R. R. Saldanha. “An Adaptive Deep-Cut
Ellipsoidal Algorithm Applied to the Optimization of Transmission
Lines,” IEEE Transactions on Magnetics, vol. 51, n.3, 2015.
[12] P.C.V. Esmeraldo, C. P. R. Gabaglia, G. N. Aleksandrov, I. A Gerasinov
and G. N. Evdokunin. “A proposed design for the new Furnas 500 kV
transmission lines the high surge impedance loading line,” IEEE
Transactions On Power Delivery, vol. 14, pp. 278-286, 1999.
[13] Jr. L. C. Zanetta. Fundamentos de Sistemas Elétricos de Potência. 1ª.
Edição; Editora Livraria da Física, São Paulo, 2006.
[14] C. A. Balanis, Advanced Engineering Electromagnetic. 2ed. John Wiley
& Sons, 2012.
[15] CEMIG ER-LT. LT São Gotardo 2 - Três Marias - 345 kV -
Características da Linha. Companhia Energética de Minas Gerais S.A.,
1988.
[16] R. d. P. Maciel, M.C.D.Tavares, “Maximização da potência
Fig. 9. Queda percentual de tensão quando Zr < Zc orig. característica de linhas de transmissão usando método de otimização não
linear.” 2013.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Caracterização de Materiais Magnéticos utilizando


Identificação de Sistemas
Rafael L. B. Stonoga, Gideon V. Leandro, Marlio J. C. Bonfim
Departamento de Engenharia Elétrica
Universidade Federal do Paraná - UFPR
Curitiba - PR, Brasil
ralu.brusto@ufpr.br, gede@eletrica.ufpr.br, marliob@eletrica.ufpr.br

Resumo—Este trabalho apresenta uma metodologia para “caixa branca”, na qual o modelo do sistema é elaborado de
obtenção da permeabilidade complexa de materiais magnéticos acordo com as leis da fı́sica que o regem. Isso explica a rigidez
em função da frequência utilizando os princı́pios dos métodos de exigida tanto na confecção das LTs quanto na preparação das
transmissão/reflexão, porém considerando uma linha de trans-
missão (LT) de fácil confecção e amostras de tamanhos não amostras.
padronizados. Para contornar a dificuldade de estabelecer um Nesse contexto, o presente trabalho propõe a caracterização
modelo analı́tico para amostras sem tamanho padrão, o que é de materiais utilizando uma LT do tipo microstrip, o que fle-
necessário para aplicação do algoritmo de Nicholson-Ross-Wier, xibiliza as dimensões das amostras utilizadas. Para compensar
propõe-se a utilização de conceitos de identificação sistemas, a ausência de um modelo analı́tico simplificado, propõe-se
obtendo modelos a partir de dados de entrada (parâmetros S) e
de saı́da (permeabilidade) conhecidos. O algoritmo da evolução também a utilização de uma abordagem “caixa preta”, que
diferencial (DE) foi utilizado para estimar os parâmetros dos permite encontrar um modelo matemático com base apenas
modelos considerando dados de amostras individuais e, por nos dados de entrada e nos esperados como saı́da (respectiva-
meio de uma análise estatı́stica, os principais resultados foram mente os parâmetros S e a permeabilidade complexa).
apresentados e discutidos.
Palavras-chave—caracterização de materiais, permeabilidade II. C ARACTERIZAÇ ÃO DE M ATERIAIS M AGN ÉTICOS
complexa, método de transmissão/reflexão, identificação de siste-
mas, algoritmo genético Quando se trata da caracterização eletromagnética de ma-
teriais, é mais comum encontrar trabalhos que descrevem
I. I NTRODUÇ ÃO medições de permissividade elétrica do que de permeabilidade
magnética. Até mesmo metodologias documentadas como
Materiais magnéticos encontram aplicações nos mais varia- padrões internacionais por agências como ASTM, NIST e IEC
dos campos da ciência, desde dispositivos de armazenamento são mais numerosas para medições de permissividade do que
de dados, filtros de alta frequência, até tratamentos de câncer de permeabilidade [4].
por meio de nanopartı́culas [1]. Como suas propriedades Isso serve como estı́mulo para se buscar alternativas de
magnéticas dependem de diversos fatores, como temperatura, métodos e sistemas de medida que apresentem bons resultados,
frequência, homogeneidade e linearidade, diversos métodos de mesmo que para diferentes amostras ou faixas de frequência.
caracterização foram propostos, cada um visando aplicações A tabela I mostra um conjunto de trabalhos que realiza-
em situações especı́ficas (e.g. temperaturas extremas, campos ram caracterizações magnéticas utilizando diferentes LT como
de alta intensidade e materiais em estado não sólido) [2]. porta-amostras.
Em se tratando de caracterização de materiais em função Nota-se que, como os intervalos de frequência de medição
da frequência, um dos métodos mais conhecidos é o incluem valores elevados de frequência, atingindo algumas
de Nicholson-Ross-Wier (NRW), que permite a obtenção unidades de GHz, é comum que os sistemas de medição sejam
da permeabilidade magnética (µr ) por meio de medidas de difı́cil confeccção e que as amostras necessitem de um
de parâmetros de espalhamento em linhas de transmissão preparo para assumirem formatos de dimensões especı́ficas.
(LT) parcialmente preenchidas por amostras de materiais Ambos os fatos podem ser considerados como limitações,
[3]. Diversos trabalhos já foram desenvolvidos aplicando o posto que restringem a quantidade de amostras que podem
método NRW para diferentes topologias de LT, contudo duas ser caracterizadas por esses sistemas.
limitações são comuns à maioria deles: o uso de porta- As caracterizações em frequências mais altas normalmente
amostras de difı́cil confecção e a restrição das dimensões e utilizam guias de ondas [9] ou cabos coaxiais [6] [10]. No caso
da geometria das amostras. dos cabos coaxiais, por exemplo, é necessário que as amostras
Ambas as limitações possuem relação direta com a neces- preencham sua seção transversal com maior exatidão possı́vel
sidade de se utilizar equações analı́ticas no método NRW, para evitar erros devido à presença de espaços com ar entre a
que dependem principalmente da geometria e das dimensões face interna do cabo e a amostra [2]. Uma alternativa a esses
tanto da LT quanto da amostra. Isso corresponde na área casos é o uso de amostras semi-sólidas, como pó ou pasta, que
de Identificação de Sistemas à utilização de uma abordagem são moldáveis de acordo com o diâmetro do cabo [6] [10].

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Tabela I: Comparação de trabalhos que realizaram caracterização magnética de materiais

Limitação
Referência Tipo de LT Frequência Confecção Geometria
da LT da amostra

Barry [5] Stripline 500 MHz - 5 GHz Sim Sim


Riahi-Kashani [6] Cabo coaxial 500 kHz - 2 GHz Sim Sim
Quéffélec [7] Microstrip 100 MHz - 10 GHz Não Sim
Kang [8] Coplanar 500 MHz - 6 GHz Sim Não
Hyde [9] Flanged Rectangular Waveguide 8 GHz - 12,5 GHz Sim Sim
Ba [10] Cabo coaxial 1 GHz - 18 GHz Sim Sim
Shafi [11] Meandered Line Split Ring Resonator 2,45 GHz Sim Sim

Já para frequências mais baixas utilizam-se LT planares, se torna praticamente inviável. Como alternativa, propõe-se
como stripline, coplanar e microstrip. A primeira limita o a utilização de uma abordagem caixa preta, que permite a
tamanho das amostras por conta da presença do plano terra obtenção de um modelo com base em coleta de dados expe-
inferior e superior, o que também confere complexidade à sua rimentais. As etapas dessa abordagem, segundo [13], constam
confecção [5]. Já o trabalho que utiliza uma LT coplanar exige a seguir:
elevada precisão em seu processo de fabricação, apesar de 1) Testes dinâmicos e coleta de dados: coleta de dados de
não limitar o tamanho das amostras [8]. Por fim, a microstrip entrada e de saı́da nas situações de operação desejadas.
é a LT de mais fácil construção, porém o trabalho que a 2) Escolha da representação matemática a ser utilizada:
utiliza recomenda que seja envolvida por um plano terra [7], escolha do tipo de modelo matemático a ser utilizado
assemelhando-a de uma stripline, o que também restringiu o entre os vários lineares e não-lineares existentes na
tamanho das amostras caracterizadas. literatura;
Diante das alternativas presentes na literatura, optou-se pelo 3) Determinação da estrutura do modelo: definição das
uso de uma LT do tipo microstrip devido à sua simples combinações de termos a serem utilizadas, no caso de
confeccção e por não restringir rigorosamente o tamanho das modelos não lineares, ou a ordem, no caso de modelos
amostras. A única exigência imposta qualitativamente foi a lineares;
presença de uma face plana nas amostras, a fim de agir como 4) Estimação de parâmetros: implementação de um algo-
superfı́cie de apoio sobre a LT. ritmo responsável por encontrar um conjunto de coefi-
cientes do modelo definido;
III. I DENTIFICAÇ ÃO DE S ISTEMAS
5) Validação do modelo: avaliação do quão bom é um
Encontrar um modelo matemático que represente um sis- determinado conjunto de coeficientes estimados, a partir
tema é a essência da área de modelagem de sistemas. Nela de determinada métrica escolhida pelo projetista.
é comum dividir as técnicas de modelagem em três grandes Essa sequência de etapas também corresponde ao chamado
grupos: experimento de Identificação de Sistemas. A Fig. 1 apresenta
• Caixa Branca: utiliza como base os conceitos e leis da um diagrama representativo do problema de identificação de
fı́sica que regem o sistema a ser modelado; sistemas associado à caracterização de materiais magnéticos
• Caixa Preta: utiliza como base apenas os dados de utilizando métodos de transmissão/reflexão.
entrada e de saı́da;
• Caixa Cinza: utiliza uma abordagem mista, levando em
conta tanto os dados de entrada e de saı́da quanto algum
conhecimento prévio sobre o sistema.
No caso dos trabalhos de caracterização eletromagnética
Fig. 1: Representação do problema de Identificação de Siste-
de materiais, a modelagem caixa branca depende fundamen-
mas associado à caracterização de materiais magnéticos
talmente das equações de propagação de ondas em meios
materiais. Dada a complexidade desse equacionamento, é co- Na abordagem convencional, dispõe-se dos dados dos
mum realizarem-se simplificações que reduzem a precisão do parâmetros de espalhamento S(ω) e do modelo H(ω) do
modelo [12]. Desse modo, quanto maior o rigor na construção porta amostras, de modo que a permeabilidade é encontrada
das LTs e na definição das dimensões das amostras, maior será diretamente. A abordagem caixa preta, por sua vez, propõe
a semelhança entre o modelo proposto e o sistema real, o que utilizar dados de S(ω) e de µ(ω) para encontrar um modelo
garante a qualidade dos resultados dentro das simplificações H(ω).
consideradas.
Flexibilizar tanto a construção da LT quanto as dimensões IV. M ATERIAIS E M ÉTODOS
das amostras implica uma necessidade de aumentar a com- Para realização das medidas foi utilizado o VNA modelo
plexidade do modelo de modo que a abordagem caixa branca E5063A da Keysight. Já os materiais utilizados como amostras

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

fazem parte de um kit de ferrites da Würth Elektronik com- Uma observação relevante sobre a modelagem caixa preta é
posto por um conjunto de 33 núcleos de diferentes tamanhos a possibilidade de utilizar modelos matemáticos que não pos-
com formatos similares a toróides, sendo 13 os que possuı́am suam necessariamente um significado fı́sico equivalente. Por
uma face suficientemente plana para serem colocados sobre exemplo, como os dados tanto de parâmetros S quanto de µ
a LT. A seguir serão descritas as etapas da metodologia são complexos, é possı́vel utilizar suas partes real e imaginária
correspondentes às apresentadas na seção III. separadamente, como se fossem dados independentes. Assim
se garante um conjunto de dados reais tanto na entrada quanto
A. Coleta de dados na saı́da.
Para coleta dos dados de entrada foi utilizada como porta- Contudo, o modelo escolhido para H(s) também apresenta
amostras uma microstrip com impedância caracterı́stica de partes real e imaginária. Desse modo, para ser possı́vel utilizar
50 Ω, mostrada na Fig. 2a. A Fig. 2b apresenta três núcleos o modelo descrito em (1) para dados reais de entrada e de saı́da
de ferrite utilizados como amostras. Cada núcleo é constituı́do é necessário tomar ou a parte real, ou a parte imaginária ou o
de duas metades, das quais apenas uma foi utilizada para módulo do lado direito da igualdade, como mostra (3). Assim,
coleta de dados. Os dados de saı́da foram obtidos via medições essas três possibilidades também foram avaliadas para todas
de impedância dos núcleos seguindo procedimentos propostos as ordens de modelo testadas neste trabalho.
pelo fabricante. 
 Re {H(s)X(s)}

Y (s) = Im {H(s)X(s)} (3)

|H(s)X(s)|

D. Estimação dos parâmetros


A etapa de estimação dos parâmetros foi realizada pelo
algoritmo da Evolução Diferencial (DE) em sua versão clássica
[14]. Ele faz parte de um conjunto de algoritmos que recebem
o nome genérico de “algoritmos evolucionários”, que buscam
a otimização de uma ou mais funções objetivo utilizando abor-
(a) (b)
dagens ligadas a conceitos de evolução, como seleção natural
Fig. 2: (a) Microstrip utilizada como porta-amostras. (b) Três e mutação. As etapas do algoritmo DE estão representadas na
exemplos de núcleos de ferrite utilizados como amostras Fig. 3 e serão descritas sucintamente a seguir.

B. Escolha da representação matemática


No processo de determinação do modelo, quanto mais
complexa a representação escolhida, maior é o custo compu-
tacional associado à estimação dos parâmetros. Assim, nessa
abordagem optou-se por uma representação linear no domı́nio
da frequência, como a representada em (1)
Fig. 3: Etapas do algoritmo da evolução diferencial
Y (s) = H(s)X(s) (1)
onde H(s) é o modelo, X(s) são os dados de entrada e O primeiro passo para o algoritmo DE é a criação de uma
Y (s), os de saı́da. Visando a utilização de modelos mais população, ou conjunto, (P ) de cromossomos. Nesse caso,
simples, optou-se por um H(s) do tipo função de transferência um cromossomo (p) é um conjunto de coeficientes ai e bi ,
polinomial, cuja representação genérica é apresentada em (2) e cada coeficiente é chamado de gene. Os genes são criados
aleatoriamente dentro de um intervalo definido pelo projetista.
an sn + an−1 sn−1 + · · · + a1 s + a0 O critério de parada pode variar de acordo com a aplicação.
H(s) = (2)
bn sn + bn−1 sn−1 + · · · + b1 s + b0 Nesse trabalho optou-se por limitar o número máximo de
na qual ai e bi são os i-ésimos coeficientes do numerador e do iterações e por utilizar o critério de convergência, que encerra
denominador, respectivamente, e s é a frequência no domı́nio o algoritmo caso as soluções se tornem muito próximas umas
de Laplace (equivalente a jω). das outras ao longo de sucessivas iterações.
Na etapa de mutação são sorteados três cromossomos dis-
C. Estrutura do modelo tintos da população P (p1 , p2 , p3 ) e, a partir deles, cria-se um
A estrutura de um modelo corresponde, no caso de uma cromossomo v de uma nova população temporária V a partir
função de transferência polinomial, à sua ordem, que também de (4)
foi objeto de avaliação nesse trabalho. Foram testados modelos
de ordem 2 a 8. v = p1 + F (p2 − p3 ) (4)

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

onde F é um parâmetro definido pelo usuário e assume os dados de saı́da a partir de uma multiplicação direta entre
qualquer valor não negativo. a função de transferência e os dados de entrada, conforme
O processo de cruzamento (ou crossover, do inglês) ocorre (1), qualquer informação que a função de transferência tente
com a criação da população filha U . Nessa etapa, o m-ésimo representar se perde após uma multiplicação por zero. Por
gene ui [m] do cromossomo ui é definido da seguinte forma: conta disso, optou-se por utilizar apenas a parte real de S21
sorteia-se um número α entre 0 e 1, caso α seja maior do que como entrada do modelo.
Cr (número entre 0 e 1 definido pelo projetista), ui [m] recebe A estimação dos parâmetros considerou inicialmente amos-
valor igual ao m-ésimo gene vi [m] do cromossomo vi , caso tras individuais, ou seja, foram utilizados dados de entrada e de
contrário seu valor será igual ao m-ésimo gene pi [m] de pi . saı́da de uma única amostra para cada execução do algoritmo.
Esse processo é resumido em (5). Isso significa que cada modelo representa apenas um material,
( o que é útil para avaliar a aplicabilidade da metodologia,
vi [m], se α < Cr mesmo que os modelos não sejam abrangentes como os da
ui [m] = (5)
pi [m], caso contrário literatura.
Alguns resultados são apresentados graficamente para ilus-
Ressalta-se que o algoritmo DE clássico insere uma
trar exemplos de comportamentos observados. Dentre as
verificação para avaliar se ui é igual a pi . Caso isso ocorra,
opções de (3), são apresentados os melhores modelos de
substitui-se um dos genes de ui pelo seu correspondente em
ordens distintas para a amostra A tomando o módulo da
vi . Isso é feito para que se garanta que não haja genes iguais
saı́da da função de transferência. A Fig. 4a e 4b apresentam
nas populações P e U .
os resultados para o cálculo de µ0 e µ00 , ambos em escala
Por fim, a etapa de seleção é realizada na forma de torneio.
normalizada pelo valor máximo dos dados reais.
O m-ésimo cromossomo de P é comparado com o m-ésimo
cromossomo de U por meio de uma função custo. O que
possuir melhor avaliação por essa função torna-se membro
da próxima geração da população P . Nesse trabalho a função
custo utilizada foi o cálculo do RMSE (Root Mean Square Er-
ror) entre o resultado esperado e o obtido pelo cromossomo. A
equação (6) representa matematicamente o cálculo do RMSE
s
N 2
X (yesp − ycal )
RM SE = (6)
N (a) (b)
onde yesp representa os dados de permeabilidade (real ou
imaginária) esperados, ycal , os dados obtidos pelo modelo e N
o número de dados coletados dentro do intervalo de frequência.
E. Validação do modelo
Como o algoritmo DE envolve eventos aleatórios, é ne-
cessário executá-lo mais de uma vez para ser possı́vel realizar
uma análise estatı́stica sobre os resultados. Por conta disso,
para cada estrutura de modelo testada realizou-se a estimação (c) (d)
dos parâmetros 40 vezes e, para cada execução do algoritmo,
tomou-se o RMSE do cromossomo com melhor resultado após Fig. 4: Resultados obtidos para a amostra A tomando o módulo
algum critério de parada ser atingido. Ao final do processo, da saı́da da função de transferência e utilizando a parte real
foram discriminados o melhor, o pior e o desempenho médio de S21 como entrada. (a) µ0 (b) µ00 . Aplicação dos modelos
entre os 40 melhores cromossomos. da amostra A na amostra B (c) µ0 (d) µ00

V. R ESULTADOS E D ISCUSS ÕES É possı́vel notar, primeiramente, que os resultados de ordem


Os dados de entrada e de saı́da foram coletados em 1001 acima de 4 se tornam graficamente muito próximos em ambos
pontos de frequência em escala logarı́tmica, indo de 100 kHz a os gráficos. Nesse exemplo, os modelos de µ00 apresentaram
1 GHz. Já o algoritmo DE, após algumas variações, apresentou curvas mais próximas dos dados reais do que os de µ0 . Isso
melhores resultados utilizando 3 para o parâmetro de mutação se deve ao fato de µ0 assumir valores negativos, que não
F e 0, 5 para a taxa de cruzamento Cr. Por questões de podem ser representados pelo uso do módulo da função de
simplicidade de calibração do VNA optou-se por coletar transferência. Desse modo, é esperado que os resultados para
apenas dados do parâmetro S21 . o módulo sejam piores do que os que utilizaram a parte real
Testes iniciais mostraram que as amostras de modo geral ou imaginária da saı́da da função de transferência.
apresentavam valores nulos para a parte imaginária de S21 em O algoritmo foi executado para todas as 13 amostras con-
frequências mais baixas. Como o modelo utilizado fornece forme citado na seção IV-E. As tabelas II e III apresentam as

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Tabela II: Estatı́sticas do RMSE dos resultados dos modelos Tabela III: Estatı́sticas do RMSE dos resultados dos modelos
individuais para µ0 individuais para µ00
Ordem Maior Médio Menor σ Ordem Maior Médio Menor σ
4 1.398e-1 4.284e-2 1.240e-2 3.028e-2 4 1.9013e-1 4.206e-2 4.516e-3 3.788e-2
5 1.398e-1 4.357e-2 1.169e-2 3.306e-2 5 1.9013e-1 4.237e-2 4.016e-3 4.341e-2
Real 6 1.398e-1 4.301e-2 1.232e-2 3.277e-2 Real 6 1.9013e-1 4.116e-2 4.115e-3 4.184e-2
7 1.398e-1 4.283e-2 1.028e-2 3.259e-2 7 1.9013e-1 3.742e-2 4.132e-3 3.880e-2
8 1.398e-1 4.209e-2 9.854e-3 3.279e-2 8 1.9013e-1 3.994e-2 4.165e-3 4.301e-2
4 1.714e-1 7.387e-2 1.494e-2 4.708e-2 4 8.253e-2 4.512e-2 5.813e-3 2.286e-2
5 6.018e-1 8.824e-2 1.492e-2 6.596e-2 5 2.214e-1 4.862e-2 5.752e-3 2.751e-2
Abs 6 1.714e-1 6.843e-2 1.492e-2 4.377e-2 Abs 6 9.211e-2 4.876e-2 5.769e-3 2.356e-2
7 1.714e-1 7.433e-2 1.490e-2 4.681e-2 7 1.148e-1 4.953e-2 5.737e-3 2.518e-2
8 1.714e-1 7.127e-2 1.488e-2 4.709e-2 8 8.253e-2 4.926e-2 5.760e-3 2.332e-2
4 8.254e-2 7.178e-2 3.311e-3 7.514e-3 4 6.883e-2 6.837e-2 6.552e-2 8.268e-4
5 1.170e-1 6.405e-2 5.393e-3 2.804e-2 5 6.883e-2 6.810e-2 5.779e-2 2.029e-3
Imag 6 1.175e-1 6.218e-2 5.378e-3 2.930e-2 Imag 6 6.883e-2 6.806e-2 5.779e-2 2.039e-3
7 1.137e-1 6.444e-2 5.207e-3 2.626e-2 7 6.883e-2 6.838e-2 6.198e-2 1.290e-3
8 8.253e-2 6.283e-2 4.979e-3 2.412e-2 8 6.883e-2 6.735e-2 5.508e-2 3.062e-3

estatı́sticas dos resultados dos melhores modelos para µ0 e µ00 . [2] L. Sandrolini, U. Reggiani, and M. Artioli, “Electric and Magnetic
Characterization of Materials,” in Behaviour of Electromagnetic Waves
Assim como observado nos gráficos das Fig. 4a e 4b, os in Different Media and Structures, A. Akdagli, Ed. IntechOpen, 2011,
resultados nas tabelas indicam que os melhores modelos em ch. 1. [Online]. Available: https://www.intechopen.com/books/behavior-
termos de RMSE médio foram os que utilizaram a parte real da of-electromagnetic-waves-in-different-media-and-structures/electric-
and-magnetic-characterization-of-materials
função de transferência, enquanto os que utilizaram o módulo [3] L. F. Chen, C. K. Ong, C. P. Neo, V. V. Varadan, and V. K. Varadan,
apresentaram os piores resultados. Microwave Electronics - Measurements and Materials Characterization.
A limitação desse modelo está em sua linearidade, quando Chichester, England: John Wiley & Sons, 2004.
[4] K. Y. You, F. B. Esa, and Z. Abbas, “Macroscopic characterization of
se sabe pelo método NRW que os parâmetros S e a perme- materials using microwave measurement methods - a survey,” Progress
abilidade estão relacionados de modo não linear. Isso gera in Electromagnetics Research Symposium, vol. 2017-November, no. c,
resultados incorretos, como os apresentados nas Fig. 4c e pp. 194–204, 2017.
[5] W. Barry, “A Broad-Band, Automated, Stripline Technique for the
4d, quando a estimação dos parâmetros e a aplicação do Simultaneous Measurement of Complex Permittivity and Permeability,”
modelo ocorrem com dados de amostras distintas. Uma vez IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol. 34, no. 1,
que os resultados em amostras individuais foram promissores, pp. 80–84, 1986.
[6] M. M. Riahi-Kashani and A. Elshabini-Riad, “Permeability evaluation of
é plausı́vel que se dê continuidade ao estudo desses modelos, ferrite pastes, epoxies, and substrates over a wide range of frequencies,”
adaptando-os para que seja possı́vel caracterizar múltiplos IEEE Transactions on Instrumentation and Measurement, vol. 41, no. 6,
materiais com uma única equação. pp. 1036–1040, 1992.
[7] P. Quéffélec, M. Le Floc’h, and P. Gelin, “Broad-band characterization
of magnetic and dielectric thin films using a microstrip line,” IEEE
Transactions on Instrumentation and Measurement, vol. 47, no. 4, pp.
VI. C ONCLUS ÃO 956–963, 1998.
[8] B. Kang, J. Cho, C. Cheon, and Y. Kwon, “Nondestructive measurement
Neste trabalho foi apresentada uma metodologia para of complex permittivity and permeability using multilayered coplanar
waveguide structures,” IEEE Microwave and Wireless Components Let-
determinação de modelos caixa preta relacionando o parâmetro ters, vol. 15, no. 5, pp. 381–383, 2005.
de espalhamento S21 com permeabilidade magnética de amos- [9] M. W. Hyde IV and M. J. Havrilla, “Measurement of complex per-
tras de ferrites. Os principais resultados foram apresentados e mittivity and permeability using two flanged rectangular waveguides,”
IEEE MTT-S International Microwave Symposium, no. July, pp. 531–
discutidos, mostrando que essa abordagem apresenta resulta- 534, 2007.
dos interessantes para modelar materiais individualmente. [10] D. Ba and P. Sabouroux, “EpsiMu, A Toolkit for Permittivity and
Melhorias em futuros modelos podem envolver a inserção Permeability Measurement in Microwave Domain at Real Time of all
Materials: Applications to Solid and Semisolid Materials,” Microwave
de outros parâmetros de espalhamento como dados de entrada, And Optical Technology Letters, vol. 52, no. 12, pp. 2643–2648, 2010.
além da utilização de estruturas de modelo não lineares. [11] K. T. M. Shafi, A. K. Jha, and M. J. Akhtar, “Improved Planar Resonant
Outra possibilidade seria considerar um modelo caixa cinza, RF Sensor for Retrieval of Permittivity and Permeability of Materials,”
IEEE Sensors Journal, vol. 17, no. 17, pp. 5479–5486, 2017.
cuja representação matemática seria semelhante às equações [12] R. Isermann and M. Münchhof, Identification of dynamic systems: An
obtidas pelo método NRW. introduction with applications. Berlin: Springer, 2011.
[13] L. A. Aguirre, Introdução à identificação de sistemas: Técnicas lineares
e não-lineares aplicadas a sistemas reais, 3rd ed. Belo Horizonte:
R EFER ÊNCIAS Editora UFMG, 2007.
[14] S. Amari, G. Brassard, K. A. De, J. C. C. A. M. Gielen, T. Head,
L. Kari, L. Landweber, T. Martinetz, Z. Michalewicz, M. C. Mozer,
[1] A. Tiwari, P. K. Iyer, V. Kumar, and H. Swart, Advanced Magnetic and E. Oja, G. Paun, J. Reif, H. Rubin, A. Salomaa, M. Schoenauer, H.-P.
Optical Materials. Beverly: Scrivener Publishing, 2017. Schwefel, C. Torras, D. Whitley, E. Winfree, J. M. Zurada, . C, K. V.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Price, R. M. Storn, and J. A. Lampinen, Natural Computing Series


Differential Evolution A Practical Approach to Global Optimization,
G. Rozenberg, T. Bäck, A. E. Eiben, J. N. Kok, and H. P. Spaink, Eds.
Vacalle: Springer, 2005.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Estudo de Aspectos Construtivos de Sensores de


Campo Magnético por Indução

Guilherme F. dos Santos, Luciano B. Antunes, Luciano M. de Freitas


André Duarte, Carlos A. C. Wengerkievicz, ENGIE Brasil Energia
Helton F. dos Santos, Cristian F. Mazzola, Nelson Florianópolis, Brasil
Sadowski, Nelson J. Batistela
GRUCAD/EEL
Universidade Federal de Santa Catarina
Fabrizio L. Freitas
Florianópolis, Brasil AQTech Engenharia e Instrumentação S.A.
Florianópolis, Brasil

Resumo—Este artigo trata de um estudo sobre alterações nos magnético pode assumir valores abaixo de 1 A/m, ou acima de
parâmetros construtivos de um sensor de indução atualmente 3000 A/m quando próximo às cabeças de bobina e/ou aos
empregado em equipamentos instalados em geradores de usinas barramentos. Uma desvantagem deste tipo de sensor são os
elétricas para detecção de faltas incipientes através do campo baixos valores de tensão de saída nos seus terminais para
magnético externado da máquina. Produziram-se sensores campos de intensidade baixa (menores do que 100 A/m),
variando parâmetros construtivos de formato, número de requerendo o emprego de circuitos de condicionamento e
espiras, número de camadas e altura do sensor, buscando manter amplificação adequados, tais como os desenvolvidos em [1],
constante o valor da tensão induzida para um mesmo valor de [4] e [5], projetados para uma ampla faixa de intensidade de
campo magnético. Os sensores foram testados em ensaios de
campo magnético.
tensão induzida e de medição de parâmetros elétricos. Também
foram realizados ensaios para avaliação da repetibilidade do Outras soluções para obter uma maior tensão de saída dos
processo de bobinagem e para avaliar a influência da sensores de indução seriam aumentar a área interna, o que os
sobreposição de espiras. Ao final, geraram-se subsídios para a tornaria sensores não pontuais, ou incrementar o número de
escolha do sensor de melhor desempenho para a aplicação. Os espiras, tendo como consequência a elevação da sua indutância
sensores quadrados apresentam em geral maior tensão induzida e, se forem acrescentas camadas sobrepostas, o aumento da
do que os circulares com características semelhantes. Mantendo capacitância parasita, diminuindo a banda passante. Nessas
constante o número de espiras, a sobreposição de camadas
aplicações, os parâmetros elétricos do sensor devem ser
provoca um aumento na indutância independente do formato do
sensor, e tende a reduzir a tensão induzida nos sensores
considerados na concepção de filtros analógicos, e é comum o
circulares ensaiados.
surgimento de dificuldades na sua implementação devido às
instabilidades de alguns componentes eletrônicos de alta
Palavras-chave—sensor por indução, aspectos construtivos, qualidade/sensibilidade. Particularmente, quando se requer a
indutância, tensão induzida medição de harmônicas de ordens elevadas de um sinal, a
indutância e a capacitância do sensor são fatores limitantes,
I. INTRODUÇÃO sendo desejável a sua minimização. Por outro lado, deve-se
A medição de campos magnéticos de baixa intensidade ou projetar o sensor para garantir um nível suficiente de sinal de
de baixa frequência, respectivamente com amplitudes ou tensão de saída [5], de modo que indutância e tensão induzida
frequências menores do que 10 A/m e 10 Hz, está presente em nos terminais constituem um compromisso de projeto.
diversas frentes de estudo e aplicações [1] - [9]. Alguns dos Sensores por indução com formato cilíndrico e núcleo de ar
sensores utilizados nesse contexto são as bobinas sonda [5], de são empregados em unidades de monitoramento do
efeito Hall e AMR [6], normalmente buscando-se linearidade, equipamento não invasivo MagAnalyzer [5], vide Fig. 1,
banda passante adequada, versatilidade de aplicação, tamanho presente em geradores da ordem de megawatts. O objetivo
compacto e custo reduzido. O sensor por indução é constituído deste trabalho é estudar o efeito de alterações construtivas nas
por uma bobina com núcleo de ar e, no monitoramento do características elétricas do sensor. A seção II apresenta a
campo disperso em máquinas elétricas [1], apresenta vantagens topologia básica do sensor e sua modelagem elétrica para
sobre os demais tipos, tais como simplicidade, robustez e estimar as dependências entre parâmetros físicos e valores
amplificação natural de componentes de alta frequência na elétricos de indutância e de resistência. A metodologia do
forma de onda de tensão induzida nos seus terminais [10]. estudo é abordada na seção III. Os resultados dos ensaios
Outra grande vantagem da aplicação deste sensor à medição do realizados com os diversos sensores são apresentados e
campo magnético externo em geradores hidráulicos de grande analisados na seção IV.
porte é sua adequação a uma ampla faixa de amplitudes dos
campos medidos [1], [4] e [5], sem saturar ou perder
sensibilidade e linearidade. Nesta aplicação, conforme o local
onde é colocado o sensor na parte externa da máquina, o campo

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

𝑁 2 𝜋𝑅2
𝐿𝑆𝐶 ≅ 𝜇0 (6)
√4𝑅2 + 𝐿2

𝑁 2 𝑎4 0,5𝐿 𝑑𝑥
𝐿𝑆𝑄 ≅ 𝜇0 ∫ (7)
2𝜋𝐿 −0,5𝐿 (0,25𝑎2 + 𝑥 2 )√0,5𝑎2 + 𝑥 2

Fig. 1. Fotos de uma unidade de monitoramento sobre a carcaça de um


gerador termoelétrico e do sensor de indução existente no seu interior III. CONFECÇÃO E AVALIAÇÃO DE AMOSTRAS
II. ESTIMATIVA DOS VALORES DOS PARÂMETROS ELÉTRICOS O sensor circular do Equipamento MagAnalyzer mostrado
na Fig. 1 é assumido como referência para o estudo. Foram
Os sensores por indução realizam a conversão de um sinal produzidos seis sensores com seção quadrada e circular com
de variação temporal de um campo magnético H(t) em um sinal diferentes áreas e número de espiras. A fim de manter a
de tensão induzida v(t) dada pela Lei de Faraday-Lenz (1), mesma tensão de saída do sensor de referência, o produto NS
sendo N o número de espiras, S a área da seção transversal e 0 dos sensores é nominalmente constante, a qual pode ser
a permeabilidade do vácuo, visto que o núcleo é composto de afetada pelos parâmetros parasitas e fatores construtivos que
material não ferromagnético, com permeabilidade próxima ao alteram a homogeneidade do comportamento eletromagnético.
do vácuo. A altura dos sensores foi definida de forma a manter as
mesmas quatro camadas de fio. A Tabela I apresenta os
𝑑𝐻(𝑡) valores de parâmetros construtivos dos sensores por indução
𝑣(𝑡) = −𝑁𝜇0 𝑆
𝑑𝑡 (1) utilizados nesta investigação experimental. Os sensores do
Tipo I têm aproximadamente o dobro da área do sensor de
Como não há saturação do núcleo, a relação entre a tensão referência, enquanto para os do Tipo II a relação é de
induzida e o campo magnético é idealmente linear. A ausência aproximadamente quatro vezes. Para os três tipos, há sensores
deste núcleo também permite maior flexibilidade na confecção de seção quadrada e circular.
de formatos deste tipo de sensor. Tabela I. Parâmetros construtivos dos sensores.
As resistências da bobina dos sensores de seção circular e Área Número de Altura
Sensor
(cm²) Espiras (cm)
quadrada (vide Fig. 2 e Fig. 3) podem ser estimadas por (2) e Ref. 7,66 500 2,26
(3), respectivamente, em que 𝑎 é o lado médio, 𝑅 o raio médio, Tipo I 15,90 241 1,09
𝑅𝑓𝑖𝑜 a resistência por metro do fio utilizado. Neste estudo, foi Tipo II 29,46 130 0,59
utilizado o fio AWG33 com resistência de 0,6693Ω/m.
Os carretéis utilizados nesse estudo foram fabricados
𝑅𝑆𝐶 ≅ 2𝜋𝑅𝑁𝑅𝑓𝑖𝑜 (2) utilizando o software SolidWorks, uma impressora 3D
MakerBot Replicator® 2X, e uma bobinadeira linear RUFF
𝑅𝑆𝑄 ≅ 4𝑎𝑁𝑅𝑓𝑖𝑜 LW 16, buscando se obter uma maior uniformidade. A Fig. 2
(3) mostra os modelos 3D dos Tipo I quadrado e circular e a
Fig. 3 após a confecção.
O cálculo analítico da indutância própria para os sensores
deste estudo é difícil, pois há sobreposição de espiras,
imperfeição na bobinagem e, naturalmente, a não
homogeneidade do campo magnético em todo o sensor. Em
[11] é apresentado (4), que fornece o campo magnético no
centro de um solenoide, sendo 𝐿 a altura da bobina. Utilizando-
se a mesma metodologia, determina-se (5) que fornece o
campo magnético no centro de um prisma quadrangular.

𝑁𝐼 Fig. 2. Modelos 3D de sensores Tipo I com formatos quadrado e circular.


𝐻𝑆𝐶 = (4)
√4𝑅2 + 𝐿2

𝑁𝐼𝑎2 0,5𝐿 𝑑𝑥
𝐻𝑆𝑄 = ∫ (5)
2𝜋𝐿 −0,5𝐿 (0,25𝑎2 + 𝑥 2 )√0,5𝑎2 + 𝑥 2

Desconsiderando a sobreposição de espiras e a não Fig. 3. Sensores Tipo I confeccionados com formatos quadrado e circular.
homogeneidade das linhas de campo, (6) e (7) fornecem uma
estimativa da indutância própria para estes dois formatos de Os sensores foram submetidos a ensaios de medição de
sensores, circular e quadrado respectivamente. tensão induzida sob campos produzidos por uma bobina de
Helmholtz com amplitude constante e frequência variável. O

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

campo magnético foi mantido senoidal e com amplitude fixa.


Os valores dos parâmetros parasitas dos sensores foram
medidos com um analisador de impedância BK Precision 600
889B.

Tensão Induzida Pico-a-Pico (mV)


500
IV. RESULTADOS E ANÁLISES
A. Comparação de formatos 400
A Fig. 4, construída com o Microsoft Excel, mostra o valor
da tensão induzida em cada um dos sensores em função da 300
frequência, comparando os três tipos com formatos circular e
quadrado. Idealmente, para uma mesma frequência e mesmo 200
campo magnético, a tensão deveria ter a mesma amplitude em
todos os sensores, pois todos possuem o mesmo produto 100
número de espiras e área da seção transversal.
0
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
Frequência (Hz)
600 Fig. 5. Tensão induzida em função da frequência nos sensores do ensaio de
repetibilidade.
Tensão Induzida Pico-a-Pico (mV)

500
De maneira visual, observa-se que há pouca diferença
400 entre as linhas de tendência dos seis sensores. Para validar
quantitativamente os resultados da seção IV.A, calculou-se a
300 partir das curvas de tendência das Fig. 4 e Fig. 5, para cada
frequência de ensaio, o desvio padrão amostral Sn entre os
200 valores de tensão induzida, dado por (8), onde n é o número de
amostras (sensores) e X é a variável aleatória (tensão
100 induzida). O desvio padrão fornece uma determinação
numérica de dispersão dos valores com relação à média deles
0 em sua própria unidade. Então, para se ter uma relação
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 percentual e comparar desvios em diferentes ordens de
Frequência (Hz) amplitude, divide-se Sn pela média, conforme (9), onde M
corresponde ao valor percentual do desvio padrão amostral
Fig. 4. Tensão induzida em função da frequência nos três tipos de sensores com relação à média.
com formato circular e quadrado.

Comparando os resultados entre sensores de mesmo tipo, 𝑛


para os três tipos, os valores de tensão induzida dos sensores 1
de seção quadrada são maiores do que os valores das seções 𝑆𝑛 = √( ∑(𝑋𝑖 − ̅𝑋̅̅𝑛̅)2 ) (8)
𝑛−1
circulares. A diferença é mais acentuada entre sensores do 𝑖=1
Tipo I. Visualmente, observam-se também não linearidades no
sensor quadrado do tipo referência pelos valores medidos.
̅̅̅𝑛̅
𝑀 = 𝑆𝑛 /𝑋 (9)
B. Ensaio de repetibilidade
Para certificar que as diferenças entre as tensões induzidas Os valores de M dos sensores “Rep.” para cada frequência
da Fig. 4, para um mesmo tipo de sensor, devem-se ao formato foram multiplicados pelo valor t de Student para abrangência
e não a fatores aleatórios, e também para avaliar a de 95 % com cinco graus de liberdade, igual a 2,571.
repetibilidade do processo de confecção empregado, foram Resumidamente, o valor resultante estima o limite dentro do
confeccionados seis carretéis circulares de mesma seção e qual são abrangidos 95 % das ocorrências aleatórias. A Fig. 6
altura, bobinados com mesmo número de espiras e número de mostra a comparação deste limite com as diferenças
camadas. Manteve-se a mesma seção e número de espiras do percentuais entre a tensão induzida nos sensores quadrados e
sensor de referência, porém com metade da altura, dobrando circulares de cada tipo, tomando os circulares como
assim o número de camadas. A Fig. 5, também construída com referência.
o Microsoft Excel e na mesma escala que a Fig. 4, apresenta os
resultados do ensaio de tensão induzida com estes sensores,
doravante denominados tipo Rep. (A, B, C, D, E e F).

508
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Limite 95%
30% 50
Ref
25% Tipo I 40 Quadrada Circular
Tipo II

Diferença (mV)
20% 30
Desvio (%)

15% 20

10% 10

5% 0

0% -10
0 1000 2000 3000 4000 5000 600 800 1000 1200 1500 1800 2000 2500 3000 3500 4000
Frequência (Hz) Frequência (Hz)

Fig. 6. Comparação entre os desvios das linhas de tendência de tensão Fig. 7. Diferença entre tensão induzida em sensores com e sem sobreposição
induzida, em cada frequência de ensaio, com a repetibilidade da fabricação. de espiras, para formato circular e quadrado.

A figura indica que o limite estimado de repetibilidade dos D. Medição da indutância e resistência
sensores estabiliza em 4 % a partir de 2 kHz. Os valores mais Utilizando um analisador de impedância BK Precision
elevados em frequências mais baixas podem ser devidos à 889B, mediu-se, na frequência de 1 kHz, a indutância e a
maior imprecisão na medição da tensão induzida nesta faixa. resistência de todos os sensores construídos. A Tabela III
Observa-se que as diferenças na tensão induzida de um sensor apresenta valores calculados por (2), (3), (6) e (7), medidos e
quadrado para o circular de mesmo tipo são ao menos duas os desvios relativos ao valor teórico, de resistência e
vezes o limite estimado de repetibilidade. indutância.
Realizou-se a mesma análise para os coeficientes angulares Tabela III. Resistências e indutâncias calculadas e medidas. As siglas C e Q se
das curvas de tendência, obtendo-se também um limite de referem a seção circular e quadrada, respectivamente. Sobrep se refere aos
repetibilidade bastante inferior às diferenças, conforme sensores sem camadas sobrepostas do ensaio de sobreposição.
indicado na Tabela II. Resistência (Ω) Indutância (mH)
Sensor Desvio Desvio
Tabela II. Desvios padrão amostrais com relação à média dos coeficientes Calc. Med. Calc. Med.
(%) (%)
angulares das linhas de tendência de tensão induzida de cada tipo de sensor. Ref. C 32,83 38,38 16,91 6,241 6,490 3,99
Ref. Tipo I Tipo II Limite 95% Ref. Q 36,08 37,42 3,71 6,286 6,990 11,12
Desvio (%) 8,0 17,0 7,8 5,5 Tipo I Q 25,27 25,96 2,73 2,542 4,190 64,83
Tipo II Q 18,61 19,20 3,17 1,033 2,160 109,1
Os resultados obtidos com a Fig. 6 e a Tabela II indicam Tipo I C 22,80 23,00 0,88 2,507 3,770 50,38
que a diferença entre as curvas de tendência do ensaio de Tipo II C 16,74 17,34 3,58 1,017 2,020 98,62
comparação de formatos é também devido ao formato e não Sobrep C 16,40 17,39 6,04 0,937 1,320 40,88
apenas à repetibilidade e a outros fatores aleatórios. Sobrep Q 24,97 25,65 2,72 1,464 1,762 20,36
A 34,12 39,64 16,18 7,561 8,925 18,04
C. Ensaio de sobreposição de espiras B 34,12 34,14 0,06 7,561 8,868 17,29
C 34,12 34,38 0,76 7,561 8,814 16,57
Para verificar o impacto da sobreposição de camadas de D 34,12 33,86 0,76 7,561 8,809 16,51
espiras na tensão induzida, foram produzidos mais dois E 34,12 33,62 1,47 7,561 8,823 16,69
sensores, um quadrado com mesma área e número de espiras F 34,12 33,51 1,79 7,561 8,602 13,77
do Tipo I, porém com seis vezes sua altura, e um circular com
mesma área e número de espiras do Tipo II, todavia com Os valores de resistência obtidos foram próximos dos
altura aproximadamente quatro vezes maior. A altura foi teóricos para todos os sensores, com exceção dos sensores
definida de forma a não haver sobreposição de camadas de “Ref. C” e “A”, por um provável mal posicionamento dos
espiras. A Fig. 7 mostra a diferença verificada nos valores de sensores na bobinadeira. Este desvio não se refletiu em
tensão induzida nos novos sensores, para comparar os diferença significativa na tensão induzida dos sensores (IV.B).
resultados da sobreposição de quatro camadas de espiras com
os resultados da inexistência de sobreposição. Para a indutância, os maiores desvios ocorreram nos
sensores de seção quadrada, fator provavelmente atrelado à
Os sensores de seção quadrada apresentam diferenças presença de ângulos retos que ocasionam uma maior
relativamente pequenas na tensão induzida, aparentemente concentração de linhas de campo magnético. Nota-se que, sob
aleatórias, com máximo de 15 mV, indicando o aparente baixo o aspecto da repetibilidade do processo de confecção, as
impacto causado pela sobreposição de camadas de espiras. Já indutâncias dos sensores A, B, C, D, E e F são muito
para os sensores circulares, o sensor sem sobreposição chega a próximas. Com os valores das indutâncias medidos para os
apresentar tensão induzida 45 mV maior do que seu par com sensores do ensaio de comparação de formatos, construiu-se o
sobreposição, e a diferença observada é consistentemente gráfico de barras da Fig. 8, o qual indica que a indutância dos
positiva. Para os sensores de seção circular estudados aqui, sensores de seção quadrada é maior do que os de seção
portanto, a sobreposição gera uma redução na tensão induzida.

509
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

circular, mesmo com todos os outros parâmetros mantidos AGRADECIMENTOS


idealmente constantes. Este trabalho foi motivado e parcialmente custeado pelos
projetos regulados pela ANEEL e desenvolvidos no âmbito do
Indutância - Geometria Distinta Programa de P&D da ENGIE Brasil Energia, PD-0403-
Circular Quadrada
0033/2012 e PD-00403-0048/2019, ambos intitulados
8
“Equipamento não Invasivo para Detecção de Falhas em
6,99
7 6,49 Geradores Síncronos através do Campo Magnético Externo”, e
6 realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Indutância (mH)

5 4,19
4
3,77 Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de
3 2,02 2,16 Financiamento 001, e do CNPq.
2
1
0 REFERÊNCIAS
Ref Tipo I Tipo II
Mesma Seção, Mesma Altura e Mesmo Número de Espiras [1] M. Rigoni, L. M. de Freitas, T. A. S. Carloto, L. B. Mariano, A. S.
Pasqual, P. H. S. Feitosa, E. R. Bento, R. M. P. Silva, A. Y. Beltrame, C.
S. P. Gameiro, L. A. Feler, H. F. dos Santos, R. d. A. Elias, N. Sadowski,
Fig. 8. Indutâncias medidas para os sensores do ensaio de comparação de P. Kuo-Peng, J. P. A. Bastos e N. J. Batistela, “Aparelho de Detecção de
formatos. Faltas em Geradores Síncronos Através do Campo Magnético Externo,”
A sobreposição de camadas de espiras impacta de forma Em: VIII Congresso de Inovação Tecnológica em Energia Elétrica
(CITENEL), Costa do Sauípe, Bahia, 2015.
significativa a indutância dos sensores. A ausência de
[2] M. Rigoni, “Desenvolvimento de Um Sistema de Detecção e Avaliação
sobreposição produziu uma redução de 4,190 mH para de Faltas em Geradores Síncronos Por Meio do Campo Magnético
1,762 mH no sensor de seção quadrada e de 2,020 mH para Externo,” Tese de doutorado, 2014.
1,320 mH no de formato circular. [3] M. Rigoni, “Desenvolvimento e aplicações de sensores de campo
magnético por indução,” Dissertação de mestrado, 2009.
V. CONCLUSÃO
[4] L. M. Freitas, L. K. C. R. Gomes, N. J. Batistela, R. d. S. Souza, N.
Os resultados obtidos neste trabalho experimental Sadowski, H. F. Santos, R. J. Nascimento e A. H. Munaretti, “Emprego
investigativo apontam que sensores de formato quadrado de Nova Técnica na Detecção de Falta Incipiente em Gerador Síncrono
possuem valores de tensão induzida e indutância maiores do Através do Campo Magnético Externado,” Em: Seminário Nacional de
Produção e Transmissão de Energia Elétrica, Belo Horizonte/MG. Anais
que os de formato circular, mesmo mantido nominalmente de Congresso XXV SNPTEE, vol. 1, pp. 1-11, 2019.
constante o produto NS, a altura e o número de camadas de
[5] H. F. Santos, M. Rigoni, R. d. A. Elias, L. A. Feler, C. A. C.
espiras. O estudo da influência do formato do sensor foi Wengerkievicz, N. J. Batistela, N. Sadowski, P. Kuo-Peng, J. P. A.
validado através do estudo de repetibilidade, que mostrou Bastos e L. M. Freitas, “Non-invasive monitoring system of synchronous
homogeneidade adequada no processo de confecção dos generator using external field,” Journal Of Microwaves, Optoelectronics
sensores. and Electromagnetic Applications, vol. 16, pp. 70-89, 2017.
[6] F. M. Cardenuto, “Estudo e aplicação de sensor de campo magnético
O ensaio com os seis sensores semelhantes verificou que o AMR em baixa frequência,” Dissertação de mestrado - Universidade
grau de repetibilidade do processo de construção e bobinagem Federal de Santa Catarina, 2019.
dos sensores, gera uma variação esperada de apenas 5,5 % na [7] P. A. da Silva Junior, “Bancada Para Ensaios de Materiais
sensibilidade do sensor. Resultados semelhantes são Ferromagnéticos em Chapa Única Sob Campos Rotacionais,” Tese de
observados nos valores de indutância. doutorado - Universidade Federal de Santa Catarina, 2007.
[8] B. J. Mailhé, “Characterization and modelling of the magnetic behaviour
Foi observado que a sobreposição de camadas de espiras of electrical steel under mechanical stress,” Tese de doutorado -
impacta de maneira significativa a tensão induzida dos Universidade Federal de Santa Catarina, 2018.
sensores de seção circular, o que não ocorre para os sensores [9] L. A. Feler, “Estudo e desenvolvimento de circuitos para
de formato quadrado. Em ambos os formatos se notou grande condicionamento e medição de sinais de campo magnético,” Dissertação
modificação dos valores de indutância própria, que são de mestrado - Universidade Federal de Santa Catarina, 2019.
menores quando não há sobreposição de espiras. [10] “Sistema e Método Para Identificar Características de Uma Máquina
Elétrica”. Patente BR1020150114389, INPI - Instituto Nacional da
O sensor quadrado do Tipo I apresentou maior tensão Propriedade Industrial, 2015.
induzida e menor indutância se comparado ao sensor de [11] J. P. A. Bastos, “Eletromagnetismo para Engenharia: Estática e Quase
referência utilizado na unidade de monitoramento do Estática,” Florianópolis: Editora UFSC, 2004.
MagAnalyzer. Somado a isso, seu formato facilita a produção,
pois viabiliza a utilização de carreteis comerciais, e a fixação
em placas de circuito impresso.
Na sequência deste trabalho, serão realizados ensaios em
geradores para verificação do desempenho do sensor quadrado
Tipo I na aplicação no equipamento MagAnalyzer.

510
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Perdas Magnéticas sob Regime de Tensão PWM -


Parte I: Estudos do Dispositivo Eletromagnético
Ricardo de Araujo Elias, Guilherme H. Souza Reis, João Pedro Assumpção Bastos
Lorenzo C. dos Santos Borges, Nelson Sadowski, PPGESE e GRUCAD/EEL/CTC
Nelson Jhoe Batistela Universidade Federal de Santa Catarina
GRUCAD/EEL/CTC Joinville, Brasil
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, Brasil

Resumo—Este artigo aborda questões experimentais sobre de compensar o fluxo magnético disperso. Esta primeira parte
procedimentos de estudos sobre perdas magnéticas em núcleos de do estudo sobre perdas magnéticas sob regime de tensão PWM
dispositivos eletromagnéticos quando estes estão processando apresenta especificadamente esta desvantagem, com
energia para uma carga. Os fluxos magnéticos dispersos relativos abordagens realizadas por meio de simulação com cálculo por
às correntes dos enrolamentos de alimentação e da carga fazem elementos finitos (MEF) e experimentos.
com que a corrente de magnetização do núcleo seja obtida
erroneamente. Uma solução é proposta e empregada, mostrando
que a influência dos fluxos dispersos é atenuada. II. DEFINIÇÃO DA QUESTÃO
Um circuito magnético tradicional, comumente utilizado
Palavras-chave—circuito magnético; elementos finitos; fluxo para caracterizar materiais ferromagnéticos moles, possui
disperso. enrolamentos de alimentação e de medição de fluxo sobrepostos.
Uma versão inicial de um transformador de três enrolamentos
I. INTRODUÇÃO foi confeccionada aplicando enrolamentos sobrepostos,
Inicialmente, este artigo é complementado pela sua segunda conforme ilustrado na seção transversal esquematizada na Fig.
parte relativa ao comportamento do dispositivo eletromagnético 2. Após a comparação de desempenho e adequação aos testes
em vazio ou transferindo energia sob regime PWM (Pulse- (e.g., níveis de tensão e corrente que o equipamento de testes
Width Modulation). O objetivo desta primeira parte é abordar o pode fornecer) entre alguns dispositivos estudados, definiu-se o
desenvolvimento e apresentar questões associadas à dispositivo de teste com um núcleo toroidal com 16 lâminas de
caracterização de um circuito magnético com núcleo toroidal de aço para fins elétricos de 0,5mm de espessura, diâmetros externo
três enrolamentos, que possibilite a transferência de energia da e interno respectivamente de 340 mm e 310 mm, com três
fonte de alimentação para uma carga, simultaneamente com as enrolamentos de 720 espiras cada. A disposição de cada
medições do fluxo magnético no núcleo e do campo magnético enrolamento é mostrada na Fig. 2. O enrolamento para medição
de magnetização a fim de se obter o laço de magnetização do de fluxo magnético, chamado bobina-B, foi confeccionado na
material do núcleo. Uma ilustração esquematizada do circuito primeira camada, o enrolamento primário foi confeccionado na
magnético de três enrolamentos conectados à fonte, à carga e segunda camada e o enrolamento secundário na terceira camada.
ao sistema de realimentação é apresentada na Fig. 1. Este dispositivo foi ensaiado em vazio para obter as
características do material magnético com formas de onda
senoidais, em várias frequências e pontos de indução a fim de
segregar os tipos de perdas magnéticas. Uma foto do circuito
magnético montado é apresentada na Fig. 3.

Fig. 1. Esquema simplificado do sistema com o transformador.

A utilização de toróides como circuito magnético para


caracterização de materiais ferromagnéticos tem
peculiaridades, tais como a vantagem do conhecimento do Fig. 2. Ilustração de corte transversal do circuito magnético de três
caminho magnético médio e a desvantagem da impossibilidade enrolamentos.

511
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

quando se tem o mesmo número de espiras para ambos os


enrolamentos.
imag (t) = ip (t)-is (t) (1)
A Fig. 4 apresenta laços BH experimentais para a
magnetização a 10 Hz e em vazio (curva Vazio) e com carga
(curvas curva 10R_1_calc e curva 10R_1). O laço BH em carga
“curva 10R_1_calc” foi obtido através da utilização das duas
sondas e o laço BH “curva 10R_1” por uma única sonda.
Comparando visualmente os laços BH em carga, houve uma
melhoria quando utilizou-se apenas uma sonda. Apesar do laço
BH empregando uma única sonda ser qualitativamente melhor,
visivelmente persiste um estreitamento do laço de
magnetização quando comparado com o caso em vazio.
1 Vazio_1
Fig. 3. Foto do circuito magnético com três enrolamentos. 10R_1

Indução Magnética [T]


0,6 10R_1_calc
Após confeccionar o dispositivo, foram realizados ensaios 0,2
preliminares para averiguar as metodologias de medição das
grandezas elétricas e magnéticas de interesse, e principalmente -0,2
para avaliar os métodos de cálculo das potências com o circuito -0,6
transferindo energia para uma carga. De fato, os métodos
apresentados na literatura fornecem resultados de perdas -1
magnéticas diferentes, como apresentados em [1] e abordados -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100
no artigo “Estudo de Perdas Magnéticas sob Regime de Tensão Campo Magnético [A/m]
PWM - Parte II: Dispositivo Eletromagnético Transferindo Fig. 4. Laços de magnetização para o toróide de 16 lâminas, em 1,0 T e 10 Hz,
Energia e em Vazio” em complemento ao presente artigo. em vazio e com carga de 10 Ω no enrolamento secundário.

Nos primeiros ensaios, verificou-se que os laços de Na abordagem do problema sobre o estreitamento do laço
magnetização foram diferentes daqueles obtidos em vazio, de magnetização quando em carga, realizou-se ensaios com
quando o dispositivo processava energia para uma carga. outros valores de carga para a averiguação de uma possível
Adicional e consequentemente, os valores das perdas influência no formato dos laços BH. Notou-se que com o
magnéticas calculadas não foram os mesmos quando obtidos aumento da carga (diminuição dos valores da resistência
por diferentes métodos PDM (power difference method) e CDM inserida no enrolamento secundário), os laços se estreitavam
(current difference method), vide [1] e o artigo complementar cada vez mais. A Fig. 5 apresenta curvas do campo magnético
Parte II, evidenciando a influência da operação em carga. Em para o caso em vazio e para o caso em duas condições de carga
geral, houve uma diminuição em torno de 8% em relação às no enrolamento secundário (5 Ω e 10 Ω). O índice “_1” das
perdas magnéticas obtidas em vazio. Isto não corresponde à legendas das figuras indica que a fonte está conectada no
realidade, pois para a mesma indução, deve-se ter o mesmo laço enrolamento da segunda camada e a carga no enrolamento da
de magnetização, independentemente de estar ou não terceira camada. Nota-se visualmente que com o aumento da
processando carga. Assim, buscou-se a razão de haver tais carga (diminuição do valor do resistor de carga ou aumento da
diferenças e incoerências nas medições experimentais. corrente de carga), as amplitudes do campo medido tendem a
diminuir.
Inicialmente, aborda-se a questão de utilizar dois sensores
de corrente, um para a bobinagem primária e outro para a 100
Vazio_1
secundária. A corrente primária foi medida com um transdutor 10R_1
60
Campo magnético

de corrente por efeito Hall, modelo TCP0030 da marca 5R_1


Tektronix, conectado diretamente ao osciloscópio da mesma 20
[A/m]

marca, modelo DPO4104. A corrente secundária foi medida


também com um transdutor de corrente por efeito Hall, modelo -20
A6302, com o sinal processado pelo amplificador AM503, -60
ambos da Tektronix, conectado a outro canal do osciloscópio.
A corrente de magnetização é a subtração da corrente primária -100
0 500 1000 1500 2000 2500
pela secundária, conforme a Eq. (1). O resultado da subtração Número de pontos
foi bastante ruidoso (vide Fig. 4). Entretanto, notou-se a Fig. 5. Formas de onda do campo magnético, operação em vazio e carga no
possibilidade de obter a corrente de magnetização utilizando enrolamento da terceira camada.
um mesmo transdutor (foi utilizado então o transdutor modelo
TCP0030 por efeito Hall), medindo-se simultaneamente na Resolveu-se então alterar as conexões da fonte e da carga
mesma sonda as duas correntes primária e secundária, tendo nos enrolamentos, i.e., conectou-se a fonte no enrolamento
uma elas passando pelo transdutor no sentido oposto, realizando exterior e colocou-se a carga conectada no enrolamento da
o processo da Eq. (1). Este procedimento experimental é válido segunda camada, mantendo como sonda a bobina-B na primeira

512
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

camada. Ocorreu diferença entre os laços BH com um meio de simulação das várias condições de confecção do
comportamento contrário ao anterior, i.e., eles se alargam com dispositivo através de cálculo por elementos finitos. A seção a
o aumento da carga (aumento da corrente de carga). A Fig. 6 seguir apresenta resultados qualitativos obtidos por meio de
apresenta os laços de magnetização, apresentados na Fig. 4, simulação com o MEF (Método de Elementos Finitos).
incluindo os laços medidos com a nova configuração. O índice
“2” diz respeito à conexão da fonte no enrolamento da terceira III. SIMULAÇÃO DO CIRCUITO MAGNÉTICO POR MEF
camada e da carga no enrolamento da segunda camada.
Apresenta-se também os laços medidos em vazio para ambas as Para realizar as simulações dos dispositivos
configurações. Os laços de magnetização para o caso de eletromagnéticos com as diferentes bobinagens, empregou-se o
alimentação em vazio são praticamente idênticos. Porém, para programa EFCAD [2]. Os dispositivos não foram simulados
o processamento de energia para a carga, conforme a com as dimensões, material do núcleo, número de espiras,
configuração, há um campo magnético medido a menos ou a espaçamentos etc. conforme os dispositivos montados. Assim,
mais em relação à condição em vazio: na primeira configuração os resultados de simulação são conceituais e servem para ajudar
investigada (_1), o laço tende a se estreitar na medida em que a a esclarecer a questão que é abordada de maneira qualitativa.
carga aumenta; e contrariamente, na segunda configuração (_2), O primeiro tipo de bobinagem simulada consistiu na
o laço se alarga com o aumento da carga. representação de um circuito magnético composto por dois
enrolamentos concêntricos, com a alimentação conectada no
1
enrolamento da camada interna (em vermelho) e a bobina de
Indução Magnética [T]

0,6 carga na camada externa (em verde). A Fig. 8 apresenta o


domínio de cálculo simulado, havendo uma caixa de ar
0,2 apropriada e não mostrada na figura.
Vazio_1
-0,2 10R_1
5R_1
-0,6 Vazio_2
10R_2
5R_2
-1
-100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100
Campo Magnético [A/m]
Fig. 6. Circuito magnético em vazio e com carga em dois casos de utilização
dos enrolamentos primário e secundário.

Para corroborar o que foi constatado, mostra-se na Fig. 7 as


curvas de correntes de magnetização im(t) e de carga i2(t) no
tempo para o ponto de operação 1,0 T e 10 Hz, com resistor RL
de 10 Ω conectado ao secundário, medidas na primeira Fig. 8. Domínio de cálculo do dispositivo eletromagnético simulado com
configuração. A divergência entre as curvas de campo alimentação no enrolamento da camada interna.
magnético observadas na Fig. 5 ocorre predominantemente na
região próxima em que o valor de corrente na carga é máximo. O dispositivo foi simulado em duas condições, em vazio e
Conclui-se então que a corrente no enrolamento de carga tem em carga. Em cada condição, a forma de onda da indução foi
influência na medição da corrente de magnetização, obtida em um ponto no centro do núcleo, com as formas de onda
impossibilitando a realização da investigação do das correntes dos enrolamentos primário ip(t) e secundário is(t).
comportamento das perdas magnéticas sob regime de tensão No ensaio em vazio, a corrente de magnetização é a mesma que
PWM quando o dispositivo processa energia para uma carga. a corrente do primário. No ensaio com carga, a corrente de
magnetização foi calculada a partir da diferença entre as
correntes simuladas no primário e no secundário.
A Fig. 9 apresenta as formas de onda de indução no núcleo
nas condições em vazio e com carga. Nota-se que no caso com
carga houve uma diminuição da indução no núcleo, fenômeno
esperado devido à queda de tensão na resistência do
enrolamento primário (observação: a tensão primária não foi
alterada para manter a indução, o que não influencia o estudo
qualitativo da questão). A Fig. 10 apresenta as curvas de
corrente no enrolamento primário ip(t) e enrolamento
secundário is(t) nas condições em vazio e com carga.

Fig. 7. Corrente de magnetização e corrente na carga para caso 1.

Na busca de uma solução para a questão experimental, as


bobinas da segunda e terceira camadas foram retiradas. As duas
bobinas foram então confeccionadas com seus condutores
trançados entre si. Também se empregou uma abordagem por

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 9. Formas de onda de indução no núcleo em função do tempo, com


enrolamentos sobrepostos.
Fig. 12. Domínio de calculo simulado com enrolamentos primário e alternados.

As formas de onda de indução no núcleo para esta nova


configuração são apresentadas na Fig. 13. Da mesma maneira
que no caso dos enrolamentos sobrepostos, há uma diminuição
da indução ao se adicionar a carga no enrolamento secundário.

Fig. 10. Formas de onda da corrente no primário e no secundário para o circuito


em vazio e com carga. Enrolamentos sobrepostos.

As formas de onda simuladas da corrente de magnetização,


calculadas a partir da diferença entre as correntes primária e
secundária, são apresentadas na Fig. 11. É notável a diferença
entre as formas de onda da corrente de magnetização para as Fig. 13. Formas de onda de indução no núcleo em função do tempo, com
duas condições, em vazio e em carga. enrolamentos alternados.

As formas de onda de corrente de magnetização calculadas


são apresentadas na Fig. 14. Nota-se que existe ainda uma
diferença de amplitude entre as formas de onda, mas de menor
magnitude do que no caso da bobinagem sobreposta.
Comparando os resultados da Fig. 11 com os da Fig. 14 em
termos defasagem, nota-se que na bobinagem trançada a
diferença de fase entre as condições em vazio e em carga é
quase imperceptível visualmente, o que não ocorre com a
bobinagem sobreposta.
Fig. 11. Formas de onda da corrente de magnetização para o circuito em vazio
e com carga. Enrolamentos sobrepostos.

Na sequência, apresenta-se resultados de simulações


numéricas com uma estratégia de alteração da posição dos
enrolamentos, em função de arcos polares, ora um enrolamento
externo, ora interno, como mostra a Fig. 12. Esta estratégia foi
adotada para representar a bobinagem de maneira trançada dos
enrolamentos primário e secundário do dispositivo
eletromagnético.
Fig. 14. Corrente de magnetização para o circuito em vazio e com carga.
Enrolamentos alternados.

Pelos resultados experimentais até aqui apresentados e,


principalmente, pelos resultados obtidos via simulação
numérica, as diferenças observadas experimentalmente na
corrente de magnetização se devem a efeitos de fluxos
dispersos. A seção a seguir apresenta resultados experimentais
com o dispositivo confeccionado com os dois enrolamentos
trançados.

514
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

IV. RESULTADOS EXPERIMENTAIS COM O DISPOSITIVO DE TRÊS Definiu-se então este dispositivo como adequado para
ENROLAMENTOS COM DOIS TRANÇADOS EM MESMA CAMADA continuar a investigação experimental do comportamento das
Construiu-se um novo dispositivo eletromagnético com perdas por histerese no núcleo sob alimentação senoidal e PWM
enrolamentos primário e secundário enrolados em uma mesma a três níveis, em diferentes condições de carga. Esta
camada. Procurou-se trançar entre si os condutores de cada investigação é apresentada no artigo “Estudo de Perdas
enrolamento, empregando o mesmo núcleo magnético com 16 Magnéticas sob Regime de Tensão PWM - Parte II: Dispositivo
lâminas já apresentado anteriormente. A TABELA 1 apresenta os Eletromagnético Transferindo Energia e em Vazio”.
dados construtivos do dispositivo eletromagnético, onde Np, Ns
e Nb são respectivamente o número de espiras do primário, do V. CONCLUSÕES
secundário e da bobina sensora de fluxo. Este artigo abordou questões pertinentes a dificuldades
TABELA 1: DADOS DO CIRCUITO MAGNÉTICO UTILIZADO experimentais na confecção de dispositivos eletromagnéticos
PARA ENSAIOS. para estudos sobre perdas magnéticas quando há processamento
Grandeza Valor Unidade de energia para uma carga. Efeitos dos fluxos dispersos relativo
Diâmetro externo 340 mm às correntes de alimentação e de carga fazem com que
Diâmetro interno 310 mm metodologias tradicionais de determinação de perdas
Espessura 8 mm magnéticas tenham imprecisões. Os enrolamentos de
Massa 930,54 g alimentação e de carga devem ser confeccionados de tal modo
Densidade 7,595 g/cm³ que efeitos dos fluxos dispersos não gerem alterações indevidas
Np 360 espiras nas formas de ondas medidas das correntes. Sobre a aplicação
Ns 360 espiras do método CDM, deve-se empregar um mesmo transdutor
Nb 720 espiras medindo a resultante das correntes de alimentação e de carga,
Caminho magnético 1,02102 m resultando em formas de onda da corrente de magnetização de
Seção transversal 0,00012 m² qualidade. Se não há possibilidade de tratar as formas de onda
medidas no processo de subtração das correntes,
necessariamente a relação de transformação deve ser unitária.
Realizaram-se ensaios em vazio e para as condições de
carga com 2,5 Ω e 1,67 Ω. Os laços de magnetização são AGRADECIMENTOS
apresentados na Fig. 15, para indução de pico de 1,0 T na
frequência de 10 Hz. Também é apresentado o laço BH “Vazio Os autores agradecem ao Conselho Nacional de
caso 1” obtido na configuração dos enrolamentos sobrepostos Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pelo apoio
na condição em vazio. Nota-se que os dois laços, na condição financeiro na forma de bolsa.
em vazio para as duas configurações de enrolamentos, são
praticamente idênticos, como também para os casos em que se REFERÊNCIAS
processa energia para uma carga com os fios dos enrolamentos [1] T. Sasayama, M. Morita, e M. Nakano, “Experimental study on effect of
de alimentação e carga trançados entre si. load on iron loss of an electrical steel sheet under PWM inverter
excitation”, IEEE Trans. Magn., vol. 50, no 11, p. 0–3, 2014.
Laço de magnetização - toróide 340 mm - 10 Hz
1 [2] J. P. A. Bastos e N. Sadowski, Electromagnetic Modeling by Finite
Vazio
Vazio caso 1 Element Methods, 1 Ed. CRC Press, 2003.
0,5 carga 2,5 Ω
Indução magnética [T]

carga 1,67 Ω

-0,5

-1
-100 -50 0 50 100
Campo magnético [A/m]
Fig. 15. Laços de magnetização para o dispositivo com enrolamentos trançados
em vazio e com diferentes condições de carga.

515
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Perdas Magnéticas sob Regime de Tensão PWM -


Parte II: Dispositivo Eletromagnético Transferindo
Energia e em Vazio
Ricardo de Araujo Elias, Guilherme H. Souza Reis, João Pedro Assumpção Bastos
Gabriela de Almeida Riul, Nelson Sadowski, Nelson PPGESE e GRUCAD/EEL/CTC
Jhoe Batistela Universidade Federal de Santa Catarina
GRUCAD/EEL/CTC Joinville, Brasil
Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis, Brasil

Resumo—Este artigo aborda a influência das resistências resultados experimentais medidos em três motores de indução,
elétricas do enrolamento primário (de excitação) e de carga no incluindo resultados de modelagem analítica e pelo método de
comportamento de perdas no ferro em um dispositivo elementos finitos (MEF). Embora as metodologias empregadas
eletromagnético alimentado com tensão do tipo PWM a três níveis. na comparação entre os casos estudados não sejam tão claras, a
Também aborda metodologias experimentais de obtenção de referência [6] conclui que as perdas no núcleo aumentam com o
valores de perdas no núcleo quando o dispositivo está processando acréscimo de carga no eixo. A referência [5] apresenta análises
energia para uma carga. por meio simulação com o MEF e por ensaios experimentais,
concluindo que há um aumento de perdas no núcleo de um motor
Palavras-chave—perdas magnéticas; regime PWM; constante de
tempo; dispositivo com carga.
de imãs permanentes quando acionados com tensão PWM e
carga no eixo. Este trabalho apresenta uma investigação com
uma metodologia própria e uma proposta de avaliação de
I. INTRODUÇÃO dispositivos eletromagnéticos quando operando nos regimes
O estudo sobre perdas magnéticas (perdas em núcleos pulsados e conectados a uma carga. Emprega-se um
ferromagnéticos) é um tema bastante atual realizado por várias transformador com três enrolamentos e núcleo toroidal para o
motivações, desde acadêmicas, ambientais, de desempenho, estudo.
comerciais até a questão de eficiência energética, a qual é uma
das mais importantes. Por exemplo, em motores de indução II. SISTEMA COM DISPOSITIVO DE TRÊS ENROLAMENTOS
trifásicos alimentados por fontes senoidais, as perdas no núcleo
correspondem a cerca de 15 % a 25 % das perdas totais [1]. Nos O circuito eletromagnético adotado para realização dos
estudos experimentais realizados em [2], verificou-se que as ensaios consiste em um transformador com núcleo toroidal,
perdas magnéticas aumentaram entre 150 % a 400 % quando o composto por três enrolamentos. A Fig. 1 apresenta um
motor é alimentado por um conversor de frequência em relação diagrama de blocos simplificado do circuito magnético, da sua
à alimentação senoidal. Geralmente, os estudos e medições de alimentação, da carga e de um esquema de malha fechada que
perda nos materiais ferromagnéticos são para a condição em que foi empregado em alguns ensaios.
não há uma transferência de energia para uma carga, como foi o
estudo em [2]. São poucos os trabalhos que investigam a
influência da carga no comportamento das perdas magnéticas
sob regime PWM, podendo-se citar [3]–[6]. Zhang et al. [4]
abordam o cálculo por elementos finitos das perdas magnéticas
para dois motores (5,5 kW e 30 kW) operando em vazio e em
carga, com alimentação senoidal e PWM, e comparam com
valores experimentais. Alterando a alimentação senoidal para a
do tipo PWM, as perdas magnéticas totais calculadas em vazio
aumentaram em 37 % e 19 % para os motores de 5,5 kW e
30 kW, respectivamente. A referência [3] fez um estudo em Fig. 1. Esquema simplificado do sistema com o transformador.
amostra toroidal avaliando o efeito nas perdas magnéticas da
frequência de comutação dos interruptores de eletrônica de No enrolamento primário, com Np espiras, é aplicada a
potência, incluindo métodos de medição. Este trabalho será tensão vp(t) da fonte de alimentação. A bobina-B, com Nb
abordado com detalhes mais adiante. Em [6], as perdas no espiras, constitui um sensor de fluxo magnético e opera sempre
núcleo de um motor de indução são avaliadas para diferentes em aberto (i.e., sem corrente elétrica), conectada apenas ao
materiais empregados para o núcleo, incluindo as alimentações sistema de medição de grandezas e, opcionalmente, à uma malha
pela a rede elétrica ou do tipo PWM. São apresentados fechada de controle a fim de manter formas de onda desejadas

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do fluxo no circuito magnético. Neste enrolamento, mede-se A. Método do balanço energético


também a força contraeletromotriz (ou a tensão induzida). O O método do balanço energético Eq. (1) empregado aqui é
enrolamento secundário, com Ns espiras, é o enrolamento um aperfeiçoamento do método da diferença de potências PDM
empregado para transferir energia da fonte para a carga. (Power Difference Method) de [3]. Nesta equação, a potência de
O circuito magnético confeccionado para esta investigação entrada Pin corresponde a toda energia dissipada no circuito
possui os enrolamentos primário e secundário trançados entre si, magnético Pfe e nos enrolamentos primário PRp e secundário PRs,
enrolados em uma mesma camada. Foram confeccionadas 360 como também a consumida pela carga Pload. Em [3], o método
espiras nos enrolamentos primário e secundário e 720 espiras na PDM difere por utilizar os valores de resistência para os
bobina sensora de fluxo. O diâmetro externo do toróide do enrolamentos primário e secundário.
núcleo é 340 mm, com 310 mm de diâmetro interno. Utilizou-se Pin =Pfe +PRp +PRs +Pload (1)
16 lâminas de um aço para fins elétricos de 0,5 mm de espessura Calcula-se a potência de entrada conforme a Eq. (2) com as
para a sua confecção. Mais detalhes sobre o circuito magnético, formas de onda da tensão no primário vp(t) e da corrente no
o processo de definição do circuito e do tipo de enrolamento primário ip(t).
empregado são apresentados no artigo “Perdas Magnéticas sob
Regime de Tensão PWM - Parte I: Estudos do Dispositivo 1
Eletromagnético”. P𝑖𝑛 = ∫ vp (t)ip (t)dt (2)
T T
A potência dissipada no enrolamento primário PRp é
III. DETERMINAÇÃO DOS VALORES DE PERDAS calculada por Eq. (3) utilizando a corrente do primário ip(t) e a
MAGNÉTICAS NO DISPOSITIVO DE TRÊS ENROLAMENTOS queda de tensão no enrolamento primário em função da tensão
O dispositivo da Fig. 1 pode ser modelado por um circuito no primário vp(t) e da força contraeletromotriz e(t) medida
elétrico equivalente, conforme apresentado na Fig. 2, com uma através da bobina-B. A potência dissipada no enrolamento
carga resistiva RL conectada no enrolamento secundário. Pode- secundário é calculada utilizando a corrente no secundário is(t) e
se escrever as equações das perdas de energia nos enrolamentos a queda de tensão entre os terminais da bobina-B e(t) e a tensão
primário e secundário com base nas grandezas elétricas em na carga vs(t), conforme Eq. (4).
ambos os enrolamentos. Apesar da possibilidade de se medir o
1
valor das resistências em cada enrolamento e na carga, conforme PRp = ∫ [v (t)-e(t)]ip (t)dt (3)
realizado por [3], é interessante utilizar apenas as grandezas T T p
tensão e corrente elétrica no cálculo da potência dissipada a fim 1
de evitar erros associados aos valores empregados para as PRs = ∫ [e(t)-vs (t)]is (t)dt (4)
T T
resistências elétricas dos enrolamentos, os quais variam com a De maneira semelhante, a potência dissipada na carga Pload é
frequência e a temperatura. Desta maneira, leva-se em conta que obtida em função da tensão na carga e da corrente no
as formas de onda das grandezas tensão e corrente em ambos os enrolamento secundário. Conhecidos estes valores, tem-se a
enrolamentos sejam conhecidos, bem como o valor e(t) medido perda no ferro Pfe. Este valor de perda, em watts, corresponde à
na bobina-B. perda magnética no material do núcleo para uma condição de
operação, com determinados valores de indução de pico Bp e de
frequência f. Este procedimento é utilizado para avaliar as perdas
quando o circuito magnético está processando energia, ou seja,
quando há carga no enrolamento secundário. Quando em vazio,
emprega-se a Eq. (7) com im(t)=ip(t), apresentada na próxima
seção, onde im(t) é a corrente de magnetização.
Fig. 2. Circuito elétrico equivalente do dispositivo.
B. Método da Diferença de Correntes - CDM
Rp – resistência do enrolamento primário [Ω] Um segundo método de diferença das correntes – CDM
Ldp – indutância de dispersão do enrolamento primário [H] (Current Difference Method) foi estudado por [3]. As perdas no
ferro são calculadas de maneira clássica, i.e., utiliza-se a corrente
Lds – indutância de dispersão do enrolamento secundário [H] de magnetização im(t) e a tensão induzida na bobina sensora de
fluxo. Neste método, a corrente do enrolamento secundário is (t)
Rs – resistência do enrolamento secundário [Ω]
deve ser referenciada ao enrolamento primário i,s (t), conforme a
Rfe – resistência referente às perdas magnéticas [Ω] Eq. (5). Assim, pode-se obter a corrente no ramo de
magnetização im (t) através de Eq. (6). Com a Eq. (7), obtém-se
Lm – indutância referente à magnetização [H] a perda no ferro em watts.
RL – resistência de carga [Ω] Ns
i,s (t)= i (t) (5)
A seguir, os dois métodos empregado em [3] para determinar Np s
os valores de perdas magnéticas no núcleo do dispositivo são im (t)=ip (t)-i,s (t) (6)
apresentados.
1
Pfe = ∫ e (t)im (t)dt (7)
T T

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IV. ESTUDO DA INFLUÊNCIA DA CONSTANTE DE TEMPO DO de tempo. Sob o aspecto da qualidade do material
CIRCUITO ELÉTRICO EQUIVALENTE ferromagnético, quanto maior a permeabilidade magnética
Considerando o sistema linear, uma maneira de caracterizar maior será a constante de tempo.
o comportamento do dispositivo de testes é através da alteração Np Ns µS
do valor da constante de tempo τ principal do sistema em função Lm = (13)
lm
da variação da carga. A constante τ é definida pelas indutâncias Os valores das resistências dos enrolamentos primário e
e resistências do sistema. A Fig. 3 mostra um circuito elétrico secundário são proporcionais ao número de espiras, à geometria
equivalente simplificado daquele da Fig. 2, onde se desconsidera da bobina e ao diâmetro do condutor. O valor de Rp é fixo e o
os indutores Ldp e Lds correspondentes aos fluxos dispersos do valor de Rs’ se altera conforme a carga. Define-se, uma constante
primário e do secundário, respectivamente e do resistor Rfe que α que relaciona Rs’ e Rp, conforme a Eq. (14), de modo que a
se refere às perdas magnéticas. Lm é a indutância de Eq. (12) pode ser reescrita em função de α, conforme a Eq. (15).
magnetização. As indutâncias de dispersão podem ser
desprezadas, pois a de magnetização é relativamente maior. A Rs' = α Rp (14)
resistência do enrolamento secundário é agrupada com o Lm 1+α
enrolamento de carga, passando a ser chamada por Rs’. τ= (15)
Rp α
A evolução da constante de tempo normalizada τ/ τmin (onde
τmin = Lm/Rp) em função de α está representada na Fig. 4. Observe
que quanto maior o valor de α, menor é o valor de τ, o que
corresponde a uma maior variação da corrente no indutor de
magnetização Lm e a uma maior variação da tensão e(t) no
indutor para um degrau de tensão aplicada, por exemplo. Sob o
Fig. 3. Circuito elétrico equivalente simplificado. aspecto de regimes pulsados, isto resulta em maiores variações
do campo magnético e da indução, provocando aumento das
A função transferência G(S) da relação VOUT/VIN, no domínio perdas magnéticas.
da frequência complexa, é dada pelo desenvolvimento da
equação do divisor de tensão, resultando a Eq. (8). 10
Lm Rs' s 8
G(S) = 6
Rp + Rs' (8)
τ/τmin

Rp Rs'
sLm +1
Rp Rs' 4
Define-se um resistor R equivalente à associação de Rp e Rs’ 2
em paralelo, conforme a Eq. (9). 0
Rp Rs' 0 1 2 3 4
R= (9) ↑ carga α ↑ perdas no ferro
Rp + Rs'
Substituindo a Eq. (9) na Eq. (8), tem-se Eq. (10).
Fig. 4. Constante de tempo normalizada em função de α.
Lm s
G(S) = (10) As principais conclusões que se obtém desta análise estão
Rp s Lm + 1
R relacionadas à constante de tempo τ e a sua relação com a
Reescrevendo a Eq. (10) na forma canônica de um sistema indutância de magnetização e as resistências dos enrolamentos
de primeira ordem, tem-se a Eq. (11), onde a constante de tempo primário e do secundário adicionada à da carga. A variável α foi
τ é dada pela razão Lm/R e o termo Rs’/(Rp+Rs’) corresponde ao inserida como um fator de carga, possibilitando avaliar de
ganho da função de transferência. maneira qualitativa e quantitativa o comportamento da constante
de tempo em função da carga adicionada ao enrolamento
Rs' s secundário. Na seção de ensaios experimentais será observada a
G(S) =
Rp +Rs' s + R (11) influência da resistência Rp na formação de laços de
Lm magnetização internos e consequente aumento de perdas
Assim, a constante de tempo τ pode ser expressa conforme a magnéticas.
Eq. (12).
V. ENSAIOS COM TENSÃO PWM A TRÊS NÍVEIS
Rp +Rs'
τ = Lm (12) Esta seção tem como objetivo apresentar ensaios e análise de
Rp Rs' resultados de perdas obtidas nas condições em vazio e em carga,
Levando-se em conta as considerações assumidas (os mas com a alimentação com tensão do tipo PWM a três níveis
parâmetros são constantes e com comportamento linear) e que a no enrolamento primário, pois os conversores estáticos não
indutância de magnetização é função da geometria do impõem a forma PWM na fem e(t). Os ensaios foram realizados
dispositivo e da permeabilidade do material do núcleo (onde se na frequência de 10 Hz e em diferentes condições de indução de
supõe a não existência da variação do caminho magnético e da pico. O nome PWM3 será utilizado na sequência para indicar a
seção efetiva S), resulta a Eq. (13). Quanto maior for a alimentação PWM a três níveis [7], [8]. Quando não
indutância de magnetização Lm, maior será o valor da constante especificada outra condição, considera-se uma frequência de

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comutação fs de 70 Hz e uma frequência fundamental f de 10 Hz Laços de magnetização 1,4 T @ 10 Hz - PWM3 - detalhe


para a forma de onda do sinal modulante. Vazio Carga 5 Ω Carga 2,5 Ω Carga 1,67 Ω
0,82

Indução magnética [T]


A. Variando a resistência de carga 0,8
A seguir são apresentados resultados de perdas magnéticas e 0,78
laços de magnetização obtidos a partir de ensaios onde se 0,76
conectou uma carga resistiva no enrolamento secundário, 0,74
fazendo com que o circuito magnético transferisse energia para
0,72
a carga, utilizando como fonte uma tensão pulsada do tipo PWM 35 45 55 65 75
a três níveis. Em cada um dos ensaios, a amplitude da tensão de Campo magnético [A/m]
alimentação foi ajustada a fim de manter valores de indução de Fig. 7. Detalhe dos laços menores do laço principal da Fig. 6.
pico Bp em cada condição de operação. Os ensaios foram
realizados para valores de indução de pico entre 0,6 T e 1,4 T,
na frequência de 10 Hz (no intuito de minimizar a influência de B. Variando a resistência do enrolamento primário e da carga
perdas dinâmicas no laço de magnetização). Conforme exposto na seção IV, há uma constante de tempo
principal τ que rege o comportamento dinâmico do dispositivo
A Fig. 5 apresenta valores de perdas totais obtidos através
eletromagnético. Também como foi apresentado, alterações no
dos métodos CDM (índice _CDM) e balanço energético (índice valor da resistência Rp têm influência no valor de τ. Sob este
_PDM) com uma carga de 5 Ω conectada no enrolamento enfoque, investiga-se na presente seção o comportamento das
secundário. Para fins de comparação, os valores de perdas
perdas magnéticas em função da alteração do valor da resistência
magnéticas em vazio também são apresentados, como também
no primário. Dois valores de resistência adicional foram
a diferença relativa percentual entre os valores de perdas com
utilizados para aumentar o valor de Rp: um resistor de 10 Ω em
carga em relação aos em vazio. Os valores de perdas na condição
série com o enrolamento primário, chamado de Rp 10 Ω, e um
de carga variam na faixa de ±2 % para ambos os métodos
resistor de 5 Ω (Rp 5 Ω).
utilizados. Nestas condições, há apenas quatro laços menores
(interiores) ao laço principal de magnetização (vide Fig. 6). A Fig. 8 apresenta laços de magnetização do núcleo do
dispositivo eletromagnético em 1,0 T @ 10 Hz, em vazio, sem a
0,4 PWM3 10 Hz - perdas totais Rload = 5 Ω 2,0% adição de um resistor no primário e acrescentando os resistor de
P_fe_vazio
10 Ω ou 5 Ω. Observe que com o aumento do valor da
Perdas totais [W]

0,3 P_fe_CDM 1,0% resistência no primário ocorre um aumento da área dos laços
Dif. rel. %

P_fe_PDM
Dif % CDM-vazio menores. Com um maior valor de resistência elétrica no
0,2 Dif % PDM-vazio 0,0% primário, menor é o valor da constante de tempo τ, aumentando
a variação da indução em um mesmo intervalo de tempo,
0,1 -1,0%
aumentando as áreas dos laços menores e, consequentemente,
0 -2,0% aumentando as perdas magnéticas.
0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
Bp [T] Toróide 340 mm - PWM3 - 10 Hz - vazio
1
Sem Rp
Fig. 5. Perdas totais no ferro para o circuito alimentado com tensão PWM a
Rp 5 Ω
Indução magnética [T]

três níveis, carga de 5 Ω conectada no enrolamento secundário. 0,6


Rp 10 Ω

A Fig. 6 mostra o laço de magnetização para a indução de 0,2


pico de 1,4 T, e a Fig. 7 mostra detalhes do comportamento dos
-0,2
laços menores em função da alteração das condições de carga.
Quando a carga aumenta (RL diminui), visualmente a área do -0,6
laço interno tende a diminuir. A tendência é que com aumento
da carga, a perda magnética diminua em relação à condição em -1
vazio (vide [9]). -100 -80 -60 -40 -20 0 20 40 60 80 100
Campo magnético [A/m]
Laços de magnetização 1,4 T @ 10 Hz - PWM3
1,4 Fig. 8. Laços de magnetização para o circuito com diferentes valores de
Vazio
1 resistência do primário - dispositivo em vazio.
Carga 5 Ω
0,6
Indução magnética [T]

Carga 2,5 Ω
0,2 Carga 1,67 Ω
As formas de onda da tensão induzida e(t) são apresentadas
-0,2 na Fig. 9. As regiões destacadas são aquelas onde a tensão e(t)
-0,6 possui valores instantâneos com polaridade contrária à da
-1 fundamental. Esta regra, abordada em [7], [10], define o
-1,4 comportamento da ocorrência de formação de laços internos,
-500 -300 -100 100 300 500 como mostrado na Fig. 8. Note que quando a resistência do
Campo magnético [A/m] enrolamento primário aumenta, aumentam-se os valores de pico
Fig. 6. Laços de magnetização para Bp = 1,4 T em 10 Hz, alimentação PWM a da tensão induzida quando a polaridade é contrária à da
três níveis. Dispositivo em vazio (legenda Vazio) e com três valores de carga fundamental.
(legenda: Carga 5 Ω, Carga 2,5 Ω e Carga 1,67 Ω).

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A referência [3] mostra valores de perdas obtidos com a


metodologia CDM diferentes daqueles obtidos com a PDM.
Embora ambos os métodos tenham imprecisões inerentes, o
aperfeiçoamento do método da diferença de potências PDM
realizado neste trabalho, bem como a aplicação de um rigor
experimental, mostrou que os valores de perdas obtidos por
ambos os métodos são próximos.
As diferenças nos valores de perdas no ferro obtidas neste
trabalho são relativamente pequenas, pois a forma de onda
pulsada é de baixa frequência, só proporcionando a
possibilidade de formação de quatro laços internos ao laço de
Fig. 9. Curvas de tensão induzida para três valores de Rp. Ponto de operação
magnetização principal (da fundamental). Assim, as conclusões
1,0 T @ 10 Hz. Dispositivo em vazio. possuem mais um cunho qualitativo e indicativo dos
comportamentos e fenômenos abordados. No entanto, estima-se
A fim de avaliar as perdas magnéticas quando o dispositivo que as conclusões originais que foram tiradas apontam para uma
transfere energia para uma carga, adicionou-se um resistor de continuação das investigações visando contribuir aos estudos de
carga de 5 Ω no enrolamento secundário, e repetiu-se os ensaios perdas magnéticas em dispositivos alimentados por tensões
anteriores variando a resistência do primário. Aumentando-se o PWM.
valor da resistência do primário, houve um aumento das perdas
no ferro. Entretanto, as perdas no ferro são menores quando AGRADECIMENTOS
comparadas na condição em vazio. Por exemplo, com uma
resistência acrescentada no primário de 10 Ω, a perda em vazio Os autores agradecem ao Conselho Nacional de
aumentou em cerca de 48% em relação a quando se acrescentou Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq pelo apoio
também uma carga de 5 Ω no enrolamento secundário. financeiro na forma de bolsa.

VI. CONSLUSÕES REFERÊNCIAS


[1] G. A. McCoy e J. G. Douglass, Energy-Efficient Electric Motor Selection
Contatou-se que há o surgimento de laços internos de Handbook, Revision 3. Portland, OR: Bonneville Power Admin., 1993.
magnetização quando o dispositivo eletromagnético está sob
uma alimentação imposta na excitação com uma forma de onda [2] W. de L. Pires, “Estudo do comportamento das perdas no ferro em motores
de indução alimentados por conversores de freqüência”, Dissertação de
de tensão do tipo PWM a três níveis, pois a tensão induzida Mestrado. Departamento de Engenharia Elétrica. Universidade Federal de
possui valores instantâneos com polaridade contrária à da Santa Catarina, 2008.
fundamental. Não encontrou-se um trabalho na literatura que
[3] T. Sasayama, M. Morita, e M. Nakano, “Experimental study on effect of
aborda este comportamento, pois os trabalhos anteriores load on iron loss of an electrical steel sheet under PWM inverter excitation”,
possuem uma metodologia de investigação experimental IEEE Trans. Magn., vol. 50, no 11, p. 0–3, 2014.
excitando o dispositivo impondo a forma de onda PWM a três
níveis para a força eletromotriz e(t) [7], [8], [10]. Outros estudos [4] D. Zhang, H. Dai, H. Zhao, e T. Wu, “A Fast Identification Method for Rotor
Flux Density Harmonics and Resulting Rotor Iron Losses of Inverter-fed
sobre a questão desprezam os efeitos da impedância do Induction Motors”, IEEE Trans. Ind. Electron., vol. 0046, no c, p. 1–1, 2017.
enrolamento primário [3]. Esta é uma contribuição original deste
trabalho. Com esta abordagem, há uma indicação de que a [5] N. Denis, Y. Wu, S. Odawara, e K. Fujisaki, “Study of the Effect of Load
Torque on the Iron Losses of Permanent Magnet Motors by Finite Element
principal contribuição para o aumento das perdas magnéticas Analysis”, in 2017 11th International Symposium on Linear Drives for
(surgimento dos laços menores) em regimes pulsados se deve à Industry Applications (LDIA), 2017.
resistência do enrolamento primário. Este fenômeno
provavelmente ocorre com maior gravidade ainda quando a [6] M. Dems e K. Komeza, “The Influence of Electrical Sheet on the Core
Losses at No-Load and Full-Load of Small Power Induction Motors”, IEEE
forma de onda de alimentação do dispositivo for com PWM a Trans. Ind. Electron., vol. 64, no 3, p. 2433–2442, 2017.
dois níveis, onde naturalmente os laços internos estão presentes
[7], [8]. Na continuidade do trabalho investigativo, esta forma [7] C. Simão, “Estudo da eficiência energética de dispositivos eletromagnéticos
e de suas alimentações”, Tese de Doutorado. Departamento de Engenharia
de alimentação será explorada com a metodologia apresentada Elétrica. Universidade Federal de Santa Catarina, 2008.
neste artigo.
[8] C. Simão, N. Sadowski, N. J. Batistela, e J. P. A. Bastos, “Analysis of
Quando o dispositivo processa energia para uma carga, por Hysteresis Losses In Iron Sheets Under Arbitrary Voltage Waveforms”,
causa do paralelismo entre as resistências elétricas envolvidas, a Eletrônica de Potência, v. 13, p. 285–289, 2008.
constante de tempo tende a aumentar seu valor, fazendo com que [9] C. Simão, N. Sadowski, N. J. Batistela, e J. P. A. Bastos, “Evaluation of
as amplitudes das variações da tensão induzida hysteresis losses in iron sheets under DC-biased inductions”, IEEE Trans.
(consequentemente da variação local da indução no ferro nas Magn., vol. 45, no 3, p. 1158–1161, 2009.
regiões de formação de laços menores) diminuam. Assim, em [10]A. Boglietti, A. Cavagnino, M. Lazzari, e M. Pastorelli, “Predicting iron
termos de aumento de perdas magnéticas, o pior caso para o losses in soft magnetic materials with arbitrary voltage supply: An
regime de alimentação na forma de pulsos acorre quando o engineering approach”, IEEE Trans. Magn., vol. 39, no 2 II, p. 981–989,
dispositivo opera em vazio. 2003.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Detecção de Tratamentos Térmicos e Anisotropia


Magnética em um Aço SAE 4340 através de um
Ensaio Eletromagnético

Edgard de Macedo Silva, Arthuci Francis Pereira Lima, Ibernon Pereira de Barros Neto e Amanda Medeiros
Rodrigues.
Engenharia Elétrica, Unidade Acadêmica III.
Instituto Federal da Paraíba, IFPB
João Pessoa, Brasil
edgard@ifpb.edu.br
arthuci@gmail.com

Resumo— Variações microestruturais resultam em mudanças Keywords— electromagnetic test; permeability; thermal
das propriedades magnéticas dos materiais ferromagnéticos. treatments.
Essas levam a mudança na permeabilidade magnética dos
materiais e baseado nisso ensaios eletromagnéticos vêm sendo I. INTRODUÇÃO
desenvolvidos para esse fim. No presente trabalho, um ensaio
As propriedades magnéticas dependem de várias
eletromagnético baseado na aplicação de intensidades de campo
na região de reversibilidade magnética é aplicado para detecção
características dos materiais como composição química,
de efeito de tratamentos térmicos e anisotropia magnética em um microestrutura, dureza, estados de tensões, deformações e
aço SAE 4340, que possui alta capacidade de endurecimento em tratamentos térmicos [1]–[5]. As microestruturas dos materiais
profundidade e é usado em trens de pouso de aviões. Três apresentam variações devido a ciclos térmicos e/ou processos
diferentes tratamentos térmicos: um recozimento na temperatura de conformação mecânica, o que leva a mudança da
de 850 ºC, austenitização a 1000 ºC seguida de resfriamento em permeabilidade do material e suas propriedades magnéticas e
óleo e outro ao forno foram analisados. Uma intensidade de mecânicas. Ensaios eletromagnéticos têm sido desenvolvidos
campo magnético fixa foi aplicada no centro das amostras para acompanhamento dessas microestruturas de modo a
circulares, bem como nessas rotacionadas até 360 graus. Os detectar as mudanças dessas características [6]-[10].
resultados de densidade de fluxo magnético obtidos mostram que
o ensaio é capaz de diferenciar os tratamentos, bem como Ao aplicarmos uma intensidade de campo magnético num
determinar a direção e sentido de fácil magnetização do material material ferromagnético, pode-se por meio de um sensor Hall
estudado. detectar a variação da permeabilidade no material decorrente
de alterações microestruturais devido a tratamentos térmicos ou
Palavras chaves— ensaio eletromagnético; permeabilidade; processos de conformação mecânica. Essas variações da
tratamentos térmicos. microestrutura já são estudadas por outros métodos e em outros
materiais e se mostram eficazes [1]-[4], [8], [9].
Ensaios eletromagnéticos na região de reversibilidade do
Abstract— Microstructural variations result in changes in the movimento dos domínios magnéticos têm sido desenvolvidos
magnetic properties of ferromagnetic materials. These lead to para acompanhamento de fragilização em aços inoxidáveis
changes in the magnetic permeability of the materials and based duplex, por formação de novas microestruturas devido à
on this, electromagnetic tests have been developed for this imposição de ciclos térmicos [5]. Além disso, são utilizados
purpose. In the present work, an electromagnetic test based on para detecção da direção de fácil magnetização em aços [11].
the application of field intensities in the region of magnetic
reversibility is applied to detect the effect of heat treatments and É possível classificar aços com base em diferentes critérios
magnetic anisotropy in a SAE 4340 steel, which has a high [12]. As classificações mais comuns são as que se baseiam:
capacity for deep hardening and is used in trains landing planes. • Na composição química (aços carbono, aços baixa
Three different heat treatments: an annealing at a temperature
liga, etc).
of 850 ºC, austenitization at 1000 ºC followed by cooling in oil
and another in the oven were analyzed. A fixed magnetic field • Na aplicação (aços para a construção mecânica, aços
strength was applied to the center of the circular samples, as well para embalagens).
as those rotated up to 360 degrees. The magnetic flux density • Nas características microestruturais (aços
results obtained show that the test is capable of differentiating austeníticos, aços dual phase, etc).
treatments, as well as determining the direction and direction of
easy magnetization of the studied material.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A diferença entre o aço SAE 1045 estudado por [11] e o bobina com a finalidade de detectar a densidade de fluxo
SAE 4340 são as aplicações que variam devido as suas magnético gerado pela bobina e transmitir o sinal a uma placa
características. O aço SAE 1045 é do grupo aços carbono e é de aquisição de dados responsável por converter o sinal
um aço para beneficiamento com temperabilidade baixa, ou analógico em digital. O computador faz conexão com a placa
seja, baixa penetração de dureza na seção transversal, suas de aquisição de dados via cabo USB e realiza a aquisição
aplicações mais comuns são em eixos em geral, pinos, automática dos dados utilizando o programa desenvolvido no
cilindros, ferrolho, parafusos, grampos, braçadeiras, pinças, laboratório.
cilindros, pregos, colunas, entre outros. Já o aço SAE 4340 é A configuração experimental mostrada na Fig. 1 foi usada
do grupo aços para a construção mecânica e é um aço para para estudar as amostras em análise com base na aplicação de
beneficiamento com elevada temperabilidade, ligado ao uma intensidade de campo magnética e avaliação da densidade
cromo-níquel-molibdênio, utilizado na fabricação de de fluxo magnético resultante. Nesta configuração, um
diferentes componentes mecânicos, inclusive com seções solenoide é responsável por gerar o campo magnético externo
espessas, quando se deseja uma combinação de resistência e um sensor de efeito Hall (da Honeywell, modelo SS495A) é
mecânica média e resistência à fratura. Também usado para determinar a densidade do fluxo magnético. Uma
possui elevada resistência à fadiga, suas principais aplicações intensidade de campo magnético externo de 282 A/m foi
são: eixos, engrenagens comuns, engrenagens planetárias, aplicada para gerar a densidade de fluxo magnético resultante
colunas, mangas, trens de pouso de aeronaves e cilindros. na região de reversibilidade do domínio magnético. A região
No presente trabalho um ensaio eletromagnético aplicado de reversibilidade do domínio magnético corresponde à região
na região de reversibilidade do movimento dos domínios de magnetização, onde os domínios são orientados
magnéticos é aplicado para detecção do efeito de tratamentos aleatoriamente, e a aplicação de um campo magnético externo
térmicos em um aço SAE 4340, bem como da presença de não causa seu movimento permanente ou campo residual. A
anisotropia magnética proveniente do processo de fabricação. densidade de fluxo magnético resultante na região de
Este aço foi escolhido por ter alta capacidade de reversibilidade é proporcional à permeabilidade magnética do
endurecimento por tratamento térmico e ser muito usado na material em estudo. Isso significa que a densidade de fluxo
indústria nas aplicações citadas acima. A Tabela 1 apresenta magnético resultante obtida por um campo magnético externo
os componentes do aço SAE 4340 com as suas respectivas fixo não é afetada por alterações em termos de geometria das
variações expressas em percentuais. amostras. Quinhentos sinais foram adquiridos de cada amostra
e os valores de densidade de fluxo magnéticos foram obtidos
TABELA I. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DO AÇO SAE-4340 EM % [15]. com um intervalo de confiança de 95%. Utiliza-se uma gaiola
C Si Mn Cr Ni Mo de Faraday e cabos blindados a fim de diminuir a interferência
0.38 0.15 0.65 0.70 1.65 0.20 de sinais provenientes do meio.
--- --- --- --- --- ---

0.43 0.35 0.85 0.90 2.00 0.30

II. METODOLOGIA
Este trabalho propõe detectar efeito de tratamentos
térmicos em um aço SAE 4340, por meio de medidas de
densidade de fluxo magnético através de um ensaio
eletromagnético. Um aço SAE 4340 que possui alta
temperabilidade, ou seja, que tem alta capacidade de
endurecimento foi escolhido. Amostras circulares com
diâmetro de 24 mm e possuindo 5 mm de espessura foram
submetidas a diferentes tratamentos térmicos: aquecimento na
temperatura de 850 ºC por 30 min seguido de resfriamento ao
ar, aquecimento a 1000 ºC por 30 min seguido de Fig. 1. Bancada experimental: Fonte de Corrente Contínua (1); Cabo
resfriamento em óleo e outra ao forno (austenitização). Blindado (2); Micrômetro para ajuste da amostra (3); Amostra (4); Bobina de
indução (5); Gaiola de Faraday (6); Placa de aquisição de dados (7);
Também se utilizou uma amostra sem tratamento denominada Computador (8); Sensor Hall para detecção (9) e Bateria 12 VCC (10).
como recebida a fim de se efetuar comparações com os
tratamentos aplicados às demais amostras. Os tratamentos As medidas de densidade de fluxo magnético foram
resultaram em microestruturas de ferrita mais perlita com realizadas no centro das amostras e as condições como
diferentes tamanhos de grãos (recozimento e austenitização ao recebida, recozida e resfriadas em óleo tiveram medições além
forno) e martensita (austenização em óleo). do centro de referência, medidas com rotação das amostras de
O módulo de aquisição integra o sensor de efeito Hall, uma 0 a 360 graus com passo de 45 graus. Estas tiveram como
placa de aquisição de dados, uma bateria 12 V e um objetivo verificar a presença de anisotropia magnética devido
computador. O sensor Hall foi posicionado no mesmo lado da ao processo de fabricação.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

III. RESULTADOS E DISCUSSÕES de uma anisotropia magnética no material como recebido,


Na Fig. 2 temos a variação das medidas de densidade de devido ao processo de fabricação e que a imposição dos
fluxo magnético encontradas para a intensidade de campo tratamentos realizados não modificam este comportamento.
magnético fixo aplicado em função do tratamento aplicado nas
amostras ou da ausência de tratamento para o caso da amostra Como recebida
como recebida. Nota-se da Fig. 2, uma subida nos valores de 844 Recozida
Resfriada oleo
densidade de fluxo magnético para a amostra recozida em 842

Densidade de fluxo magnético (Gauss)


comparação a amostra como recebida, seguido de um 840
decaimento em função do tratamento que lhe foi aplicado - 838
sendo austenitização a 1000 ºC seguido de resfriamento ao 836
forno e ao óleo. Os valores obtidos com esse experimento se 834
mostraram dentro do esperado, e estão de acordo com a 832
literatura, pois o recozimento provoca um aumento da 830
permeabilidade magnética [13], fazendo com que o ciclo de 828
histerese gire no sentido anti-horário. Conforme observado por 826
[14] quanto maior o tempo de recozimento, mais o ciclo gira 824
no sentido anti-horário. Os resultados mostram que o novo
822
teste é capaz de diferenciar as microestruturas ferrita mais
-50 0 50 100 150 200 250 300 350 400
perlita e martensita. As medidas de densidade de fluxo
Angulo (graus)
magnético obtidas mostram ser capazes de diferenciar as
estruturas com diferentes tamanhos de grãos, pois a redução Fig. 3. Variação da densidade de fluxo magnético de cada amostra com seu
dos mesmos dificulta o movimento das paredes dos domínios respectivo tratamento térmico, após as mesmas serem rotacionadas de 45 em
magnéticos e diminuem a permeabilidade do material devido à 45 graus até o giro completo – 360 graus.
ancoragem desses pelos contornos de grãos. A maior redução
dessa foi observada para a microestrutura martensita (resfriada As três condições da Fig. 3 indicam um valor máximo para
em óleo). A formação da martensita depende da composição densidade de fluxo magnético para o ângulo de 180 graus, ou
química e da microestrutura para transformação fora das seja, na direção de 0 a 180 graus, que corresponde ao diâmetro
condições de equilíbrio termodinâmico - taxa de resfriamento. das amostras circulares, existe uma direção de fácil
Assim, um aço com alta temperabilidade como o SAE magnetização no sentido do ângulo de 180 graus. Em [11] foi
4340 é capaz de formar martensita em seções mais espessas - observado resultados similares ao estudarem a anisotropia em
taxas de resfriamento baixas. Tamanhos de grão austenítico aços SAE 1045, devido ao processo de fabricação.
mais finos facilitam a nucleação dos microconstituintes a
serem formados durante o tratamento térmico - resfriamento.
IV. CONCLUSÕES
O presente trabalho estudou a detecção de tratamentos
837
térmicos em amostras de um aço SAE 4340 através de
836 medidas de densidade de fluxo magnético, determinadas na
Densidade de fluxo magnético (Gauss)

835
região de reversibilidade do movimento das paredes dos
domínios magnéticos e analisou a anisotropia desse material.
834 Como contribuição, espera-se estabelecer relações
833 quantitativas entre parâmetros de densidade de fluxo
magnético e os parâmetros microestruturais – para se avaliar o
832
estado da microestrutura dos componentes do aço SAE 4340
831 durante a fabricação ou em serviço, bem como com o estudo
da anisotropia obter a direção de melhor alinhamento dos
830
domínios magnéticos, que é importante para a redução de
829 perdas por histerese.
Como recebida Recozida Resfriada forno Resfriada oleo
Após o ensaio chegou-se às seguintes conclusões:
Amostra5mm (Tratamento termico)
i. O ensaio eletromagnético mostrou ser capaz de
Fig. 2. Variação das medidas de densidade de fluxo magnético na amostra diferenciar os diferentes tratamentos térmicos
como recebida e nas amostras em função do tipo de tratamento térmico aplicados em um aço SAE 4340.
aplicado, para a tensão de 5 V na bobina indutora.
ii. As medidas mostram ser sensíveis a variações de
A Fig. 3 mostra a variação da densidade de fluxo tamanho de grão entre a condição como recebida e
magnético em função do ângulo de rotação para as amostras recozida.
como recebida, recozida e resfriada em óleo. Nota-se que as iii. As medidas realizadas na amostra resfriada no forno
três mantêm o mesmo comportamento. Isto indica a existência mostram, devido à alta temperabilidade do aço

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

estudado, que os resultados foram inferiores aos da vol. 26, pp. 245–256, 2018.
condição recozida, indicando ter ocorrido alguma
[7] D.-H. Xia, S.-Z. Song, and Y. Behnamian, “Detection of corrosion
formação de martensita durante o resfriamento.
iv. A condição resfriada ao óleo teve o menor valor de degradation using electrochemical noise (EN): review of signal
densidade de fluxo magnético, isto se deve a processing methods for identifying corrosion forms,” Corros. Eng.
formação de uma microestrutura fina denominada Sci. Technol., vol. 51, no. 7, pp. 1–18, 2016.
martensita, formada em materiais de alta
temperabilidade. [8] Jiles, D. C. "The Effect of Compressive Plastic deformation on the
v. O ensaio eletromagnético foi capaz de observar Magnetic Properties of AISI 4130 Steels with Various
anisotropia magnética proveniente do processo de Microstructure". J. Phys. D: Appl. Phys., v. 21, p. 1196-1204, 1988.
fabricação do material e obteve a direção e o sentido
de fácil magnetização das amostras. [9] K. S. Ryu, J. S. Park, S. H. Nahm, K. M. Yu, Y. B. Kim, and D.
Son, “Nondestructive evaluation of aged 1Cr-1Mo-0.25 V steel by
AGRADECIMENTOS harmonic analysis of induced voltage,” J. Magn. Magn. Mater., vol.

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ultrasonic property relationships in steel". 16th WCNDT-World
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characteristics of tracking failure in epoxy resin with harmonic and
fractal dimension analysis,” Turkish J. Electr. Eng. Comput. Sci.,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Um estudo sobre os parâmetros e campos elétricos


das linhas de transmissão em 500 kV do Brasil
Álvaro Menezes, Engenheiro Sérgio Haffner, Professor Doutor
Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica
Universidade Federal Rio Grande do Sul - UFRGS Universidade Federal Rio Grande do Sul - UFRGS
Porto Alegre, Brasil Porto Alegre, Brasil
alvaro.menezes@ufrgs.br haffner@ieee.org

Resumo—Linhas de transmissão em 500 kV são parte im- capacitância shunt (ao neutro) e também os campos elétricos
portante do sistema interligado nacional brasileiro. As grandes na superfı́cie dos condutores.
distâncias pelas quais estas linhas transportam energia impõe que O tipo de torre adotado para uma LT tem implicações
os parâmetros elétricos de seus circuitos equivalentes obedeçam
a certos requisitos. Diferentes soluções estruturais implicam dife- sobre a geometria de fases e do feixe. Em [1] é feita uma
rentes configurações de fase, que por sua vez requerem diferentes comparação entre concepções de linhas de potência natural
configurações de geometria de feixe para atender a requisitos elevada no Brasil com quatro subcondutores por fase, apre-
mı́nimos de parâmetros elétricos. Este artigo faz uma análise de sentando silhuetas, valores de parâmetros elétricos, campos
cinco tipos de estruturas empregadas no Brasil: a torre tipo cara- eletromagnéticos no nı́vel do solo e perfis de ruı́do audı́vel
de-gato, cross-rope, VX assimétrico, cross-rope FEXCOM e cross-
rope experimental assimétrica. São avaliados e comparados os e rádio interferência. Entretanto, [1] desconsidera pequenas
efeitos da disposição geométrica dos condutores sobre a reatância variações nos valores de potência natural e também não faz
série, a capacitância shunt, potência natural e campos elétricos um detalhamento aprofundados dos valores de campo elétrico
superficiais nos condutores. Os cálculos utilizaram ferramentas superificial nos condutores. Este artigo faz uma comparação
computacionais implementadas pelos autores. A análise permitiu dos parâmetros elétricos de LTs em 500 kV do SIN, detalhando
identificar a influência da compactação das fases, da expansão e
da assimetria do feixe sobre os parâmetros elétricos. Verificou- aspectos da geometria de suas configurações que influenciam
se que a compactação das fases é viabilizada pela compactação nos resultados. O trabalho também apresenta os valores de-
do feixe ou pelo aumento do número de subcondutores por fase. talhados dos campos elétricos superficiais nos subcondutores
Observou-se que a expansão do feixe aumenta a potência natural de LTs em 500 kV do SIN. São avaliados e comparados
de configurações não compactas. A disposição assimétrica dos parâmetros elétricos tais como a reatância série, capacitância
subcondutores no feixe pode promover a equalização dos seus
campos elétricos superficiais. shunt e potência natural. Também são apresentados os valores
Palavras-chave—Linhas de transmissão, sistema interligado de campo elétrico superficial nos subcondutores, possibilitando
nacional brasileiro, campo elétrico superficial, parâmetros análise de como tais grandezas são influenciadas pela sua
elétricos. configuração geométrica.

I. I NTRODUÇ ÃO II. C ÁLCULOS EL ÉTRICOS


O sistema interligado nacional (SIN) brasileiro possui mui- A. Parâmetros elétricos
tas linhas de transmissão (LTs) em 500 kV, que desempe- Os cálculos de indutância e capacitância de uma LT são
nham papel importante no transporte de energia por grandes baseados no conceito de raio médio gemétrico do feixe
distâncias. As grandes distâncias fazem com que parâmetros (GMD, em inglês Geometric Mean Radius) e distância média
elétricos sejam fatores fundamentais para determinar o com- geométrica entre fases (GMD, em inglês Geometric Mean
portamento da LT no sistema. LTs em 500 kV usam múltiplos Distance). As equações apresentadas nessa seção são baseados
condutores por fase, formando feixes de subcondutores que na metodologia apresentada por [2]. A Figura 1 apresenta uma
podem ter diversas geometrias. Tipicamente as linhas em 500 configuração genérica de feixe de condutores e afastamento
kV do SIN utilizam quatro subcondutores por fase, existindo entre fases.
também LTs com três e com seis. A GMD entre as fases x e y é dada por:
O uso de múltiplos condutores tem diversos motivos. Um
p
deles é diminuir a resistência da linha, minimizando perdas GM Dxy = mn
(Daa0 Dab0 ...Dam )...(Dna0 Dnb0 ...Dnm ), (1)
ôhmicas. Outro motivo é manter o campo elétrico na superfı́cie
onde Dnm0 é a distância entre o subcondutor n da fase x e o
dos condutores abaixo de valores que causariam efeitos de
subcondutor m0 da fase y e r é o raio do subcondutor.
ruı́do audı́vel, rádio interferência, perdas por corona e corona
O GMR de uma fase x é dado por:
visual. Tais efeitos são conhecidos como efeitos de corona.
A geometria de fases e a disposição dos subcondutores no
n2
p
feixe afetam parâmetros elétricos como a reatância série e a GM Rx = (Daa Dab ...Dan )...(Dna Dnb ...Dnn ), (2)

525
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

para que a LT forneca a mesma quantidade de potência reativa


que consome. Nesse caso, diz-se que a linha está sintonizada.
A SIL de uma LT é calculada por:

VL−L 2
SIL = (9)
Figura 1. Configuração genérica de feixe e fases
ZC
Fonte: [2]
onde VL−L é a tensão de linha eficaz.
Quando uma LT está carregada com potência superior a
onde Daa = Dbb = ... = Dnn = r.e−1/4 . Para uma sua SIL, ela tem um comportamento prioritariamente indutivo,
configuração nas quais cada fase (A, B, e C) tem uma consumindo reativos e aumentando a queda de tensão. Por
geometria própria de feixe, a indutância equivalente da LT outro lado, quando a potência da carga é inferior à SIL, a
transposta1 é dada por: LT tem comportamento capacitivo, aumentando a tensão no
terminal. Em ambos os casos, é necessário compensação de
  reativos para reduzir perdas e melhorar os niveis de tensão.
−7 GM D mH
L = 2.10 ln √
3
(3) Uma discussão mais aprofundada sobre o efeito da potência
GM RA GM RB GM RC km natural sobre o desempenho elétrico da linha no sistema é
onde a GMD é dada por: encontrada em [2] e [3].
p
3
GM D = GM DAB .GM DBC .GM DCA (4) C. Campo elétrico superficial
e a reatância série de sequência positiva é dada por: O campo elétrico na superfı́cie dos condutores é o fator
responsável pelos efeitos de corona. A relação entre os campos
XL+ = 2πf L (5) superficiais e esses efeitos é analisada em [4] e [5], onde são
apresentadas equações empı́ricas para estimar os efeitos de
onde f é a frequência da rede em Hz.
corona. As equações podem utilizar valores médios do feixe
A capacitância equivalente ao neutro de uma LT transposta
ou também valores individuais de cada subcondutor.
é dada por 2 :
O cálculo do valor médio dos campos superficiais em um
feixe simétrico4 é feito satisfatoriamente pelo método do raio
 
CA + CB + CC
C= , (6) equivalente do feixe. Nos casos de feixes assimétricos, se
3
faz necessária a avaliação individual dos campos em cada
onde CX é a capacidância de uma fase X, dada por3 : subcondutor. Tal avaliação é importante neste trabalho para
  analisar o carregamento elétrico de cada subcondutor e avaliar
0, 0556 µF
CX = GM D
(7) sua utilização em relação aos efeitos de corona.
ln GM km
R X Em [6] são comparados algus métodos de cálculo de campo
B. Impedância caracterı́stica e potência natural elétrico superficial e o método apresentado em [7] é indicado
como o que produz os melhores resultados com o menor
A impedância caracterı́stica Zc de uma LT é a razão entre
esforço computacional. Portanto, o método das imagens su-
as ondas de tensão e corrente que se propagam em uma linha
cessivas apresentado em [7] foi implementado para analisar
infinita. Para uma LT sem perdas, a impedância caracterı́stica
as LTs deste trabalho. Os resultados foram validados com a
é dada por:
ferramenta computacional SIGA (Sistema Integrado de Ge-
r renciamento de Arquivos) do Centro de Pesquisas do Grupo
L Eletrobrás (CEPEL).
ZC = (8)
C
onde L é a indutância por unidade de comprimento (H/m) e C III. R ESULTADOS E DISCUSS ÃO
é a capacitância ao neutro por unidade de comprimento (F/m).
Todos os cálculos deste trabalho foram realizados conside-
Em cálculos elétricos de linhas de transmissão de energia,
rando o mesmo condutor de alumı́nio com alma de aço (CAA)
utiliza-se 8 para determinar a impedância caracterı́stica.
954 MCM RAIL, a mesma flecha (20 m) e a mesma altura
A potência natural (Surge Impedance Loading, SIL) de uma
mı́nima cabo-solo. Essas considerações têm a finalidade de
LT é a potência que uma carga puramente resistiva deve ter
comparar as geometrias. Tais considerações, ainda que não
1 Para esclarecimento do conceito de transposição e importância na mode- representem exatamente alguns dos projetos originais, não
lagem de circuitos equivalentes de LTs, sugere-se a referência [2]. invalidam quaisquer análises conceituais elétricas sobre eles,
2 O efeito da altura sobre o solo e dos cabos de proteção sobre a capacitância
uma vez que as diferenças são relativamente pequenas.
da linha foi desconsiderado.
3 Para cálculo da capacitância o GM R
X é calculado pela Equação 2,
considerando Daa = Dbb = ... = Dnn = r. 4 Subcondutores estão dispostos no feixe formando um polı́gono regular.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A. Torre estaiada monomastro cara-de-gato - FEX 95cm 500kV Monomastro Cara de Gato - 4x954MCM 45/7 - FEX 95cm
20
A torre estaiada monomastro cara-de-gato com feixe ex-
pandido simétrico de 95 cm foi a solução técnica estrutural

Campo elétrico superficial [kV/cm rms]


18
adotada para a LT 500 kV Interligação Norte / Sul III - Trecho
16.84 16.84
2, com 525 km de extensão [8]. O condutor utilizado para essa
16.04 16.04
16 15.72 15.76 15.75 15.72
linha foi o 954 MCM RAIL. 15.24 15.08 15.07 15.24
14.86 14.66 14.86
A Figura 2 apresenta a configuração geométrica dos con- 14.28
14.68
14.46 14.66 14.68
14.46
13.95 14.1 14.1 14.27 13.95
dutores e dos para-raios na altura média da a silhueta torre 14 13.64 13.62 13.64 13.62
13.31 13.31
13.04 13.04
monomastro estaiada de suspensão tipo SEQ15 . 12.77 12.77

12 B
E max subcond
500kV Monomastro Cara de Gato - 4x954MCM 45/7 - FEX 95cm A C
E min subcond
Geometria da linha - Altura mínima: 11.5m + 1/3 flecha 20m.
3200 E med subcond
10
Média E max fase
E13 E14 Média E med fase
3000
8
0 2 4 6 8 10 12
Coordenada vertical (cm)

2800 Índice do subcondutor


B8 B6
2600 B7 B5 Figura 3. Campo elétrico superficial nos condutres: cara-de-gato 95 cm
Fonte: autor
2400
500kV CrossRope - Feixe quadrado (lado 45.7cm)
2200 Geometria da linha - Altura mínima: 11.5m + 1/3 flecha 20m.
3000

2000
A4 A2 C10 C12 13 14
2800
A3 A1 C9 C11
1800
Coordenada vertical (cm)

-800 -600 -400 -200 0 200 400 600 800


2600
Coordenada horizontal (cm)

Figura 2. Configuração dos condutores - torre cara-de-gato, feixe 95cm 2400


Fonte: autor
2200
A Figura 3 mostra os valores dos campos elétricos super-
ficiais nos subcondutores da configuração da Figura 2. Para
2000
cada subcondutor é apresentado o valor do campo mı́nimo, 42 10
12
31 9
11
máximo e o médio. Também são apresentados as médias dos 86
75
valores máximos e a média dos valores médios de cada fase. 1800
-1500 -1000 -500 0 500 1000 1500
Os subcondutores com maiores campos elétricos superficiais Coordenada horizontal (cm)
são B5 e B7, devido à maior proximidade com as fases laterais.
Os subcondutores com os menores campos são 3 e 11, pois Figura 4. Geometria Cross Rope - feixe 45cm
encontram-se nas fases laterais (menos carregadas) e mais Fonte: autor
afastados da fase central.
B. Torre estaiada compacta tipo cross-rope Figura 4. Os subcondutores com maiores campos elétricos
superficiais são 6 e 8 (15,12 kV/cm), devido à maior proximi-
A solução estrutural da torre estaiada compacta tipo cross-
dade com as fases laterais. Os subcondutores com os menores
rope (CCRS) foi desenvolvida no final dos anos 90, tendo
campos são o 4 e o 12, pois, assim como na geometria cara-
em vista a previsão de grandes linhas e transmissão na
de-gato, estão nas fases laterais na posição mais afastada da
região Norte do Brasil. A LT 500 kV Tucuruı́ - Vila do
fase central.
Conde foi construı́da utilizando essa solução estrutural e
obteve desempenho plenamente satisfatório do ponto de vista C. Torre VX - Feixe expandido assimétrico
elétrico e mecânico [8]. O projeto considera feixe com quatro
Em meados dos anos 90, com o desenvolvimento dos
subcondutores 954 MCM RAIL simétricos espaçados 457 mm.
conceitos de linha de potência natural elevada, verificou-se
A Figura 4 apresenta a configuração geométrica dos condu-
que a expansão do feixe através do aumento do espaçamento
tores e dos para-raios na altura média da torre tipo CCRS.
dos subcondutores resultaria em configurações eficazes para
A Figura 5 mostra os valores dos campos elétricos su-
o aumento da capacidade de transmissão das linhas [8]. Com
perficiais nos subcondutores da configuração apresentada na
isso, a Companhia Hidrelétrica do Rio São Francisco (CHESF)
5 SEQ1 é o código da estrutura dentro da série de estruturas considerada desenvolveu uma solução estrutural conhecida como Torre
para este projeto. VX, utilizando feixe expandido assimétrico de 4 subcondu-

527
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

500kV CrossRope - 4x954MCM 45/7 - Feixe quadrado(lado 45.7cm) condutores, razão pela qual eles apresentam valores muito
20
semelhantes aos dos seus vizinhos.
18.01 18.01
Campo elétrico superficial [kV/cm rms]

18 17.74 17.74

16.4 16.23 16.4 16.23


16 15.62 15.82 15.62 15.81
15.16 15.04 15.16 15.04
14.35 14.22 14.34 14.21
14
13.4 13.3 13.47 13.6 13.47 13.6 13.4 13.3

12.27 12.18 12.27 12.17


12 B
11.62 11.54 11.62 11.54
A E max subcond C
E min subcond
10 E med subcond
Média E max fase
Média E med fase
8
0 2 4 6 8 10 12
Índice do subcondutor

Figura 5. Distribuição campo elétrico superficial: Cross Rope


Fonte: autor

Figura 7. Distribuição campo elétrico superficial: VX FEX assimétrico


tores CAA 954 MCM RAIL, com fases dispostas horizontal- Fonte: autor
mente sem compactação. A solução estrutural foi utilizada na
construção da LT 500 kV Presidente Dutra / Teresina / Sobral
D. Projeto Paranaı́ba - Cross Rope FEXCOM
/ Fortaleza [8].
A Figura 6 apresenta a configuração geométrica dos condu- A construção da usina hidroelétrica de Belo Monte na região
tores e dos para-raios na altura média da torre VX. Norte do Brasil, com capacidade de geração da ordem de
11000 MW, requereu reforços no SIN. Parte do sistema de
reforços foi o escoamento para a região Norte e a interligação
Nordeste e Centro/Centro Oeste em um sistema em 500 kV em
corrente alternada que interliga as subestações (SEs) Barreiras
2 / Rio das Éguas / Luziânia / Pirapora 2. A interligação
entre as SEs Barreiras II e Luziânia necessitou uma elevada
capacidade de transmissão (1670 MW), sendo conhecida como
Projeto Paranaı́ba. A solução de configuração elétrica adotada
no projeto original foi uma linha que utiliza a concepão tipo
cross-rope, com fases compactas e feixes super expandidos de
6 condutores CAA 795 MCM TERN dispostos em elipses [9].
Diferentemente do projeto original, os cálculos aqui apre-
sentados consideram o condutor CAA 954 MCM RAIL. A
Figura 8 apresenta a configuração dos condutores e dos para-
raios na altura média da torre do Projeto Paranaı́ba.
A Figura 9 mostra os valores dos campos elétricos su-
perficiais nos subcondutores da configuração apresentada na
Figura 8. A média dos valores máximos de campo elétrico
Figura 6. Geometria Torre VX 500kV - FEX assimétrico superficial nos condutores é 14,78 kV/cm. A média dos
Fonte: autor campos máximos nas fases laterais é 14,29 kV/cm e na fase
central é 15,77 kV/cm. Os subcondutores com maiores campos
A Figura 7 mostra os valores dos campos elétricos su- elétricos superficiais são 9 e 12 com 16,19 kV/cm.
perficiais nos subcondutores da configuração apresentada na
Figura 6. Os subcondutores com maiores campos elétricos E. Cross-rope experimental FURNAS
superficiais são 1 e 9, devido à proximidade da fase central. Um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D) co-
Mesmo que os condutores 3 e 11 estejam nas posições mais ordenado por FURNAS teve como objetivo desenvolver e
afastadas da fase central(o que implicaria campos elétricos testar uma nova concepção de linha de transmissão de alta
menores) a configuração assimétrica do feixe afasta eles dos capacidade que servisse como base para viabilizar linhas de
seus vizinhos, que estão no mesmo potencial. Esse afastamento transmissão que transportassem grandes blocos de potência. O
provoca um aumento da carga elétrica acumulada nesses projeto construiu um trecho experimental de 2,3 km na antiga

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Figura 8. Geometria condutores PTE Cross Rope 500kV Figura 10. Geometria Torre Furnas Cross Rope Experimental 500kV - feixe
Fonte: autor 45.7cm
Fonte: autor

Figura 9. Distribuição campo elétrico superficial: PTE Figura 11. Distribuição campo elétrico superficial: Furnas Experimental
Fonte: autor Fonte: autor

LT 500 kV Angra / Adrianópolis, utilizando uma geometria de F. Comparação e análise


feixe e de fases assimétrica inédita e não convencional. Foram A Tabela I apresenta o resumo dos resultados das LTs cara-
utilizadas estruturas do tipo cross-rope com fases dispostas em de-gato (CG), cross-rope(CR), VX assimétrica (VX), projeto
triângulo invertido. Os 6 subcondutores CAA 954 MCM RAIL paranaı́ba (PTE) e cross-rope experimental de Furnas (CR
estão dispostos de forma assimétrica no feixe expandido [10]. EXP). A primeira linha (Méd. Esup ) mostra a média dos
A Figura 10 mostra a configuração geométrica dos condutores campos elétricos superficiais máximos nos condutores de cada
e dos para-raios na altura média da torre tipo cross-rope configuração. A segunda linha (CV) mostra o coeficiente de
experimental. variação dos campos máximos de cada configuração, isto é, o
A Figura 11 mostra os valores dos campos elétricos su- desvio padrão dividido pela média. As demais linhas contém
perficiais nos subcondutores da configuração apresentada na os parâmetros elétricos de cada geometria.
Figura 10. A média dos valores máximos de campo elétrico Comparando-se os resultados dos parâmetros elétricos das
superficial nos condutores é 15,84 kV/cm. A média dos configurações com quatro subcondutores por fase (cara-de-
campos máximos nas fases laterais é 15,91 kV/cm e na fase gato, cross-rope e VX assimétrico), observa-se que possuem
central é 15,69 kV/cm. Os subcondutores com maiores campos valores de SIL, impedância caracterı́stica, reatância e capa-
elétricos superficiais são 2 e 14 com 16,36 kV/cm. citância relativamente próximos. A razão por que cada uma

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Tabela I IV. C ONCLUS ÕES


C OMPARAÇ ÃO DE PAR ÂMETROS E RESULTADOS DAS CONFIGURAÇ ÕES
O tipo de solução estrutural adotada em um projeto de linha
de transmissão tem influência significativa sobre os parâmetros
CG CR VX PTE CR EXP
elétricos do circuito equivalente e sobre os valores de campos
Méd. Esup (kV/cm) 15,53 16,43 15,73 14,78 15,84
CV Esup (%) 5,05 6,94 1,72 9,45 2,05 elétricos superficiais dos condutores. Com diferentes afasta-
Zc (Ω) 209,6 211,5 211,8 150,6 135,8 mentos entre fases, são necessárias medidas de compactação
SIL (MW) 1192,9 1182,0 1180,2 1660,5 1840,7 ou expansão do feixe para atingir requisitos de parâmetros
GM D (m) 11,69 6,98 13,99 8,25 7,03
GM RA,C (cm) 36,6 21,1 46,6 81,5 77,7 elétricos.
GM RB (cm) 36,6 21,1 34,3 46,2 68,4 A análise comparativa realizada identificou as diretrizes de
XL (Ω/km) 0,2659 0,2683 0,2690 0,1919 0,1724 configuração de fases e feixe que levam diferentes tipos de
C (nF/km) 16,06 15,91 15,90 22,46 24,79
torre a apresentarem os valores de parâmetros elétricos e cam-
pos superficiais que atendam aos seus respectivos requisitos.
As LTs em 500 kV apresentadas neste trabalho que utilizam
das configurações apresenta esses resultados é diferente. quatro subcondutores por fase têm valores de parâmetros
elétricos relativamente próximos, porém tem concepcões es-
A configuração da torre cross-rope é a que tem a maior
truturais significativamente diferentes. A compactação de fases
compactação (i.e: menor GMD). Para que as fases possam
da torre tipo cross-rope foi viabilizada pela compactação do
ser compactadas sem aumentar demais os valores de campos
feixe. A torre VX, apesar de apresentar um grande afastamento
superficiais, é necessário limitar o espaçamento do feixe
entre fases, atingiu valores tem parâmetros elétricos similares
até 45,7 cm, ou seja, a menor expansão do feixe entre as
à cross-rope graças à expansão do feixe. A torre tipo cara-de-
configurações com quatro subcondutores. A torre VX não pos-
gato tem compactação de fases e expansão intermediárias, se
sui compactação (maior GMD), porém tem a maior expansão
comparado à VX e à cross-rope, porém possuindo valores de
do feixe, que pode ser observado pelos valores de raio médio
parâmetros elétricos similares.
geométrico das fases. Essa expansão é o fator responsável
Conforme apresentado nos resultados do Projeto Paranaı́ba
pela reatância baixa e capacitância alta que resultam em uma
e do projeto de P&D de Furnas, o número de subcondutores no
potência natural elevada, se comparada à configurações hori-
feixe viabiliza sua expansão e a compactação maior das fases.
zontais similares sem feixe expandido. O maior afastamento
Como consequência, atinge-se valores de potência natural
entre fases associado à disposição assimétrica dos condutores
bem maiores do que com quatro subcondutores. Em ambos
no feixe possibilita a equalização dos campos superficiais, que
os casos, a disposição assimétrica dos subcondutores dentro
pode ser observada pelo menor valor de coeficiente de variação
do feixe pode levar à uma melhor distribuição dos campos
dos campos superficiais máximos (1,72%). A torre cara-de-
superficiais, otimizando a utilização elétrica dos condutores.
gato apresenta uma compactação intermediária associada a um
feixe expandido, mas não tanto como a VX. AGRADECIMENTOS
Comparando-se com as configurações que utilizam quatro O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação
subcondutores por fase, soluções com seis subcondutores por de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior - Brasil
fase têm uma potência natural significativamente maior. Tal (CAPES), Código de Financiamento 001. Os autores deste
aumento se deve ao maior número de subcondutores, que trabalho agradecem: à CAPES e ao Conselho Nacional de
possibilita a expansão do feixe (maiores GMRs) mantendo- Desenvolvimento Cientı́fico e Tecnológico (CNPq); a André
se os campos elétricos superficiais abaixo dos limites de Luiz Pereira da Cruz, mestre em engenharia elétrica e enge-
corona. Os seis subcondutores dispostos de forma de elipses nheiro de estudos de sistemas da CHESF pelo apoio na busca
super expandidas nas fases laterais e não tão expandidas de materiais e dados a respeito da LT 500 kV Presidente Dutra
na fase central possibilitaram compactar as fases e alcançar / Teresina; a Oswaldo Régis Júnior, gerente da divisão de
um alto valor de potência natural mantendo-se valores de linhas de transmissão da CHESF e membro atuante do CIGRÉ,
campo superficial dentro dos limites. A forma simétrica das pelo apoio e incentivo no desenvolvimento das ferramentas
elipses associada à expansão causa um maior desbalancea- para cálculo de campo elétrico superficial; a Vicente Ribeiro
mento dos campos superficiais (9,45%), se comparado à torre Simoni, professor doutor em engenharia elétrica da Univer-
cross-rope experimental de Furnas. A configuração experi- sidade Federal de Pernambuco e engenheiro da CHESF, pelo
mental de FURNAS é mais otimizada do ponto de vista cálculos utilizando o SIGA-CEPEL, que possibilitaram validar
de distribuição de campos elétricos superficiais e potência a ferramenta computacional utilizada para cálculo do campo
natural. A configuração assimétrica do feixe possibilita uma elétrico superficial nos condutores.
melhor distribuição dos campos superficiais, que por sua vez,
possibilita maiores compactações de fase e maiores expansões R EFER ÊNCIAS
do feixe central. A configuração experimental assimétrica tem, [1] O. Régis, F. Dart, and A. L. Cruz, “Avaliação comparativa das
porém, desafios executivos associados à estabilidade mecânica concepções de linhas de potência natural elevada em 500kv utilizadas no
brasil,” in XIII ERIAC ENCUENTRO REGIONAL IBEROAMERICANO
dos subcondutores, o que dificulta a aplicação prática dessa DE CIGRÉ, Região Ibero-Americana CIGRÉ. CIGRÉ, May 2009.
tecnologia em LTs do SIN. [2] H. Saadat, Power system analysis. WCB/McGraw-Hill, 1999.

530
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

[3] M. N. Sadiku, Elements of electromagnetics. Oxford university press,


2014.
[4] W. G. 01 of SC.36, “Interferences produced by corona effect of electric
systems: Description of phenomena and practical guide for calculation.”
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[5] ——, “ADDENDUM to CIGRÉ TB20 (1974): Interferences produced
by corona effect of electric systems: Description of phenomena and prac-
tical guide for calculation,” CIGRÉ, Technical Brochure 61, December
1976.
[6] W. G. IEEE, “A survey of methods for calculating transmission line
conductor surface voltage gradients,” IEEE Transactions on Power
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parallel cylindrical conductors,” IEEE transactions on power apparatus
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[8] V. G. Machado, C. Machado Júnior, J. Fernandes, M. D. Araújo,
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interligação norte/sul iii-trecho 2-solução estrutural com torre estaiada
monomastro e feixe expandido,” XIX SNPTEE, 2007.
[9] J. B. G. F. Silva and E. K. Hiruma, “Projeto Paranaı́ba - uma linha
com elevada capacidade de transmissão,” in XVII ERIAC ENCUENTRO
REGIONAL IBEROAMERICANO DE CIGRÉ, Região Ibero-Americana
CIGRÉ. CIGRÉ, May 2017.
[10] J. F. Amon, R. C. R. Menezes, G. Tavares, A. S. Rigueira, F. C.
Dart, J. B. G. F. Silva, and L. F. Ferreira, “Otimização de linha de
transmissão não convencional de alta capacidade em 500 kV,” in XIII
ERIAC ENCUENTRO REGIONAL IBEROAMERICANO DE CIGRÉ,
Região Ibero-Americana CIGRÉ. CIGRÉ, May 2009.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Numerical High Intensity Radiated Field Assay with


Experimental Validation
H.R.D. Filgueiras and Arismar Cerqueira S. Jr. R. Marques, A. Roza, S. Nunes and H. L. de Faria
Laboratory WOCA, National Institute of Telecommunications LACE
Santa Rita do Sapucaí-MG, Brazil São José dos Campos-SP, Brazil
hugorodrigues@get.inatel.br, arismar@inatel.br henrique@laceeng.com.br

Abstract— This paper presents a simulation methodology manipulate. For simple structures, such as the preliminary
and experimental validation for high intensity radiated field stages of airplane design, in which all of the details are not yet
(HIRF) assay on a first-stage airplane prototype fuselage. It well defined, such tools may come in handy. In this paper, to
consists of a partnership project between National Institute of
Telecommunications representing the academia and LACE the best of the authors' knowledge, we first-present a
representing the industry. HIRF is one of the key components of comparison between simulation and measured results of a
an electromagnetic interference environment and a critical HIRF low-level swept fields (LLSF) rehearsal on a first-stage
phenomenon for airplanes correct functionality. The numerical airplane prototype fuselage from 2 up to 9 GHz. Our
analysis was carried out using the well-known finite-element simulation environment, using ANSYS HFSS, considers a
method (FEM) and method of moments (MoM) using ANSYS hybrid method based on FEM and MoM, called Fe-Bi. It
HFSS. Experimental results from 2 to 9 GHz have been shown consists of a partnership project between industry and
in good agreement compared to numerical simulations.
academia composed of two partners: National Institute of
Index Terms—Aeronautical, HIRF, LLSF, RF interference. Telecommunications (Inatel), and LACE.
The rest of this manuscript is structured as follows:
I. INTRODUCTION Section II describes the simulation environment and the
Recent aeronautical development has intensively used results analysis methodology. In Section III, the experimental
electronic devices in their aircrafts from the simplest interior rehearsal is described and a comparison with the numerical
lighting up to complex systems such as flight control [1]. This results are presented. Finally, the conclusions are drawn in
feature creates a vulnerable environment for electromagnetic Section IV.
interference. The most basic component of electromagnetic
interference is the high intensity radiated fields (HIRF), which II. SIMULATION METHODOLOGY
can produce system failure by degrading digital performance The numerical simulations have been performed with the
[1]. The negative effects caused by HIRF on an aircraft is a software ANSYS HFSS. We have drawn the airplane fuselage
challenging issue to predict by electromagnetic simulations considering its main characteristics, such as: external radius;
due to the large computational domain [2]. door and windows positioning; door and windows dimension;
Common frequency-based electromagnetic simulations, fuselage length. The fuselage thickness has not been
such as finite-element method (FEM) and method of moments considered and the material has been set as a perfect electrical
(MoM), are able to predict the HIRF phenomena even with conductor (PEC). It is important to highlight this has been the
large structures, but with small electrical details [3]. By first modeling and further investigation should be done for
increasing the model details and its dimensions, frequency increasing the simulation precision and complexity. Fig. 1
domain becomes inefficient, since each frequency requires a displays the fuselage photograph and its numerical model.
complete simulation. Such a problem increases by considering The project was estimating the loss caused by the carbon
that HIRF analysis demands a wideband study [2]. fiber composite (CFC) structure. The Guide to Certification of
Most papers presented in literature considers time-domain aircraft in the HIRF environment ARP5583A [7] is a
simulation solutions, such as finite-difference time-domain document from the SAE Aerospace for aerospace
method (FDTD) and discontinuous Galerkin time-domain recommended practice, which established the rehearsal setup.
(DGTD) [2][4][5]. Such methods excite the structure with a Basically, a radiofrequency (RF) source is placed several
narrow pulse, e.g. Gaussian pulse, and estimate the system meters away from the fuselage structure and a RF sensor
impulse response. Once such response is estimated, the inside it for the reception. Afterward, the structure is removed
Fourier-transform is applied for estimating the frequency from the setup and, in the same environment and under the
response. Higher frequencies are excited as the pulse gets same conditions of radiated power and angle of departure and
narrower. Such methods require a lower computational effort arrival, the same measurement is performed. The difference
since all frequencies are simulated at the same time by the between the received power with and without the fuselage
same simulation [1-6]. structure is the attenuation caused by it, considering an ideal
Most of the commercial simulation software uses classical environment, i.e., interference-free. This rehearsal should be
FEM and MoM, which are well known and easy to

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

performed from 30 MHz to 18 GHz. For comparison By using a waveport as source, we have considered a port
purposes, we have evaluated from 2 to 9 GHz, which is the emulating a perfectly matched antenna in the entire frequency
frequency range in which we have all the equipment, such as range, which is positive, and with a directive beam, which is
RF generators, spectrum analyzer and antennas. a negative feature, once it would restrict the receiver capacity
for capturing multiple reflections inside the fuselage. To solve
the directivity issue, two waveports were placed back-to-back
as presented in Fig. 3. In this way, it was ensured the capability
of receiving reflections from multiple directions, emulating a
unique antenna.

(a) Fuselage prototype.

Fig. 3. Receiver methodology. Two waveports placed back-to-back for


ensuring the reception of multiple reflections with distinct angle of arrival.

Two different simulations conditions have been


performed. The first one was considering the entire
(b) Fuselage numerical model. environment, including the fuselage structure. We have
Fig. 1. First-stage airplane prototype fuselage. computed the coupling between port 1 (transmitter) and port
2 (receiver 1), which will be treated in this document as S21.
The available fuselage structure is 4-meters length with Furthermore, we have also computed the coupling between
1.2-meters diameter. Considering the transmitter and receiver port 1 and port 3 (receiver 2), which will be treated as S31. By
spaced by 15 meters away from each other for ensuring far- combining both results according to (1), it was possible to
field region, the computational domain for modeling the calculate the total coupling between transmitter and receiver
scenario would be massive and impracticable. In this way, we (Sfuselage) in a worst case scenario. In the second simulation, we
have used two small Fe-Bi regions, one at the transmitter and have computed both S21 and S31, but without the fuselage
the other at the receiver, in which inside each one it was structure and the total coupling is denominated Sreference. The
located just the waveports. The Fe-Bi region solves the loss caused by the fuselage (L) is defined as the difference
computational domain using FEM inside of it and MoM for between Sfuselage and Sreference, in logarithm scale (dB), as
everything in the outside of it. As the fuselage has been defined in (2). The numerical results are presented in
modeled as PEC, MoM is applicable and much less memory- Section III for comparison purposes.
demanded. Fig. 2 presents the simulation environment
considering the first-stage airplane prototype fuselage,
transmitter and receiver. 𝑆fuselage [𝑑𝐵] = 20 log10 [mag(𝑆21 ) + mag(𝑆31 )] (1)

𝐿 = 𝑆reference − 𝑆fuselage (2)

III. EXPERIMENTAL VALIDATION


The experiments have been carried out in the Parque
Tecnológico (Technological Park) of São José dos Campos,
Brazil, at the LACE company facilities. The applied
methodology was the same as described in Section II. A
transmission horn antenna has been placed 15-meters apart
Fig. 2. Simulation environment. Transmitter and fuselage are 15 meters apart from the fuselage and a reception biconical antenna inside of
and the entire computational domain outside the transmitter box is a MoM it. First, we have measured the received power in the desired
region. frequency band with the fuselage, then, at the same condition,
without the fuselage for reference. The loss is the difference

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

between them. Both horn and biconical used in the i.e., it is expected that the antennas characteristics would be
experiments were commercial models: BBHA9120D from eliminated in the final result when (2) is applied.
Schwarzbeck and AO-0.5-18V/2509 from COBHAM, Fig. 5 presents a comparison between measurement and
respectively. A spectrum analyzer has been used for simulation, which are in good agreement. If compared
simultaneously generating and analyzing the entire frequency frequency-by-frequency, one may notice differences up to
range from 2 to 9 GHz. Fig. 4 presents the experimental setup approximately 10 dB, but by analyzing on a large scale, it is
photographs. possible to notice a similar behavior. At approximately 2.1
and 2.4 GHz, it is possible to observe more intensive
discrepancy, which is probably caused by cellular network
and Wi-Fi interferences.

Fig. 4. Experimental setup photographs.

By analyzing Fig. 4, it becomes clear many differences


compared with the simulation environment. One can infer the
presence of wood support for the fuselage, some foliage and
trees, in the back it is possible to observe some parked cars,
even the tent used to shelter the equipment and workers were
Fig. 5. Comparison between measurement and simulation of the fuselage loss.
not considered in the simulation. Additionally, the
experimental results may have been influenced by the floor
The Guide to Certification of aircraft in HIRF
itself (asphalt), fuselage material (CFC) and metallic cable
environment ARP5583A allows to perform a 5% average for
support elements inside the fuselage. Even though, it is worth
providing a more accurate information [7]. In our case, we
mentioning the simulation results presented in this manuscript
have performed a moving average of 350 MHz, which
represent a preliminary investigation. The aforementioned
corresponds to 5% of 7 GHz. The moving average acts like a
environment characteristics have been not considered for
finite impulse response filter with a low-passband response
simplicity purposes and to evaluate the necessity for
and can be performed according to (3), in which n is the
increasing the simulation model complexity. This means that
number of samples, p is the original series and k is the resultant
if the results in the simulation present themselves close
averaged series [8].
enough to the experimental ones, there is no need to increase
the fidelity in the numerical model and, consequently, 𝑛−1
exponentially increase the computational effort. 1
𝑘𝑖 = ∑ 𝑝𝑖+𝑗 (3)
It is important to highlight the extreme complexity of the 𝑛
𝑗=0
performed setup. Ideally, the rehearsal has to be carried out in
a controlled environment, which is quite difficult to perform.
Many RF interferences were present in the air, such as cellular Fig. 6 reports a comparison between measurement and
networks, satellite and even military applications signals. The simulation after the 5% bandwidth moving average operation.
military signals have to be considered in this situation since One can note a good agreement between the results, which
São José dos Campos (the city in which the rehearsal was demonstrates our numerical design could represent the main
carried out) has a large military research base. Possible electromagnetic behaviors of the experimental rehearsal. It is
interference signals were out of our control in terms of power, worth mentioning the simulation can be improved by
phase and angle of arrival, which could drastically change increasing the details and complexity, which will demand
throughout the rehearsal. In any case, we have tried to perform other solution methods for reducing the computational effort.
all of the experiments at the same RF conditions. Additionally, the experimental setup could be improved by
Additionally, in the numerical simulations, we have performing the rehearsal on a controlled and interference-free
considered a matched antenna in the entire frequency range environment, which is a hard task to execute. In any case, for
and a directive beam. In the experiment, it was ensured the a first HIRF investigation on a real airplane first-stage
antennas reflection coefficients below -10 dB but the radiation prototype fuselage, we have considered the results with good
patterns were not the same as those considered in the agreement, with differences lower than 10 dB in the entire
simulation. Such difference was expected to not considerable analyzed bandwidth. Additionally, the three highlighted
influence in the results since the loss is a differential metric, frequency ranges (2.2-7.45 GHz; 7.65-8 GHz; 8.1-8.65 GHz)
correspond to ranges in which the differences between

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

simulation and measurement are lower than 6 dB, REFERENCES


corresponding to approximately 88% of the analyzed [1] A. Schröder et al., "Analysis of High Intensity Radiated Field Coupling
bandwidth, reaching in some frequencies even difference into Aircraft Using the Method of Moments," in IEEE Transactions on
lower than 1 dB. Electromagnetic Compatibility, vol. 56, no. 1, pp. 113-122, Feb. 2014.
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[5] S. V. Georgakopoulos, C. R. Birtcher, C. A. Balanis and R. A. Renaut,
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models using a hybrid subgrid FDTD(2,2)/FDTD(2,4) method," in
IEEE Transactions on Electromagnetic Compatibility, vol. 45, no. 2,
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[6] G. G. Gutierrez et al., "HIRF Virtual Testing on the C-295 Aircraft: On
Fig. 6. Comparison between measurement and simulation of the fuselage loss the Application of a Pass/Fail Criterion and the FSV Method," in IEEE
Transactions on Electromagnetic Compatibility, vol. 56, no. 4, pp. 854-
after performing a 5% bandwidth moving average operation.
863, Aug. 2014.
[7] SAE Aerospace, "Aerospace recommended practice – Guide to
IV. CONCLUSIONS certification of aircraft in High-Intensity Radiated Field (HIRF)
environment, " ARP5583, Rev. A, June 2010.
We have successfully proposed and implemented a [8] A. Leon-Gracia, Probabilty, Statistic, and Random Processes for
simulation methodology for analyzing radiofrequency Electrical Engineering, 3rd edn., New Jersey, Pearson Prentice Hall,
interference on a real airplane first-stage fuselage prototype 2008.
on a high intensity radiated field (HIRF) environment. To the
best of the author's knowledge, it is the first time a comparison
between simulation and measurement is presented in literature
in this wide frequency range, from 2 to 9 GHz. Our
methodology was based on scattering parameters analysis
among one transmitter and two receivers. The antennas were
modeled as perfectly matched antennas in the entire analyzed
bandwidth with directive beams. The simulation was
experimentally validated on a rehearsal and good agreement
between the results was observed, with differences between
them lower than 10 dB in the entire bandwidth and
approximately 88% of the bandwidth with difference lower
than 6 dB. As future work, we envisage to perform more
experimental rehearsals on a more controlled and
interference-free environment and increase the numerical
model reliability by increasing the details and complexity for
reducing the differences between simulation and
measurements. Furthermore, we envisage performing the
measurements from 30 MHz up to 18 GHz, which is in
accordance with the ARP5583A guide.
ACKNOWLEDGMENTS
This study was partially financed by FAPESP Grant No.
2017/14487-0, under the PIPE phase 2 project, Finep/Funttel
Grant No. 01.14.0231.00, under the Radio Communications
Reference Centre (CRR) project of the National Institute of
Telecommunications (Inatel), Brazil and the Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil
(CAPES) - Finance Code 001. Authors also thank the
technical support from ANSYS ESSS and financial support
from CNPq, MCTIC, FAPEMIG.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Otimização da Técnica de Reflectometria pelo


Algoritmo PSO na Localização de Falhas em Haste
Marcelo M. Alves* Marcos T. de Melo
Marcelo S. Coutinho Lauro R. G. S. Lourenço Novo
Douglas C. P. Barbosa Luiz H. A. de Medeiros
Renan G. M. dos Santos Universidade Federal de Pernambuco
Vinícius L. Tarragô Recife, Brasil
Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação
Universidade Federal de Pernambuco
Recife, Brasil

Henrique B. D. T. Lott Neto Paulo H. R. P. Gama


Sistemas de Transmissão Nordeste S/A Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação
Recife, Brasil Recife, Brasil

Resumo—As hastes de âncora são estruturas metálicas II. REFLECTOMETRIA NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA
utilizadas para fixar no solo os estais de torres de transmissão
A técnica de FDR é utilizada para detectar falhas em
de energia elétrica. O método empregado para manutenção
preventiva e substituição destas hastes é a inspeção visual. A
cabos coaxiais e antenas. Outrossim, essa técnica avalia
técnica proposta para avaliar falhas estruturais nas hastes é falhas em hastes metálicas, e consiste em transmitir um sinal
não-destrutiva, e baseada na reflectometria no domínio da de múltiplas frequências para a linha de transmissão formada
frequência (FDR). A identificação de falhas muito pequenas a pela haste de âncora e outra haste metálica cobreada, e
partir das respostas da FDR é complexa devido a possibilidade correlacionar os sinais refletido e transmitido na conexão do
de estas serem confundidas com demais estruturas da cabo coaxial à linha com a haste [3]-[5]. Esse procedimento
ancoragem. O algoritmo de Otimização por Enxames de pode fornecer informações úteis sobre a topologia da rede,
Partículas (PSO) foi utilizado nos dados das medições FDR especificamente sobre a presença e localização de falhas [5].
para realçar as respostas associadas às falhas nas hastes, o qual
inseriu um ganho médio relativo de aproximadamente 90% nos A. Medição experimental pela técnica FDR
valores de VSWR na região do desgaste na haste.
Na técnica FDR proposta, ondas eletromagnéticas são
Palavras-chave—hastes de âncora; localização de desgastes; inseridas pelo analisador de redes vetorial (VNA) na porta
reflectometria no domínio da frequência; otimização por de entrada do experimento, neste caso, na conexão N fêmea
enxames de partículas. do conector para altas frequências, especialmente
desenvolvido, chamado de MDSC (Microwave Device of
Supporting and Connection) [3]-[6].
I. INTRODUÇÃO
A fixação das torres de transmissão de energia elétrica A Fig. 1 mostra a configuração experimental da técnica
por estais, por meio da ancoragem de hastes metálicas, tem FDR utilizada, onde as hastes de âncora e cobreada (de
sido amplamente empregada por empresas transmissoras do referência) são posicionadas paralelamente entre si, e
setor elétrico brasileiro, devido seu relativo mais baixo custo conectadas pelo MDSC. A Fig. 2 exibe esboço das hastes de
operacional, e ocupação de menor espaço de construção âncora e de referência conectadas pelo MDSC.
comparativamente às estruturas autoportantes [1]. As medições FDR devem apresentar, por meio da
Imperfeições durante a montagem da ancoragem pode interface do VNA, respostas da perda de retorno do
fixar inapropriadamente a haste ao solo gerando pilhas experimento, as quais devem ser distintas para hastes com
galvânicas que resultam em corrosões que podem levar à esboços estruturais distintos. Nesse caso, valores distintos de
ruptura da haste e muito provavelmente a queda da torre. A |S11| medidos pelo VNA permitem detectar possíveis
metodologia de manutenção preventiva atual das hastes é processos de corrosão na superfície da haste de âncora.
bastante onerosa para as empresas detentoras das torres Medições foram realizadas para haste de âncora sem
estaiadas. Portanto, é de grande interesse desenvolver um falhas (haste normal), e também para haste dita desgastada,
método capaz de verificar a integridade estrutural das hastes a qual apresenta um desgaste de 0,1 m de extensão e 16,5
de âncora de forma preditiva e não destrutiva [2]. mm de profundidade inserido a 0,5 m da entrada da
O algoritmo de Otimização por Enxames de Partículas medição. A linha de transmissão formada pelas hastes foi
(PSO) foi convenientemente adaptado às medições obtidas detectada na medição como mostra a Fig. 3. A resposta da
pela técnica FDR existente, com a previsão de amplificar as medição obtida pelo VNA é dada por |S11| versus metro,
respostas associadas às falhas estruturais nas hastes. sendo que o sinal é devidamente correlacionado ao
parâmetro VSWR ao longo da linha de transmissão do
experimento [6].

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig 3. Resposta do método FDR sobre a linha de transmissão das hastes.

Fig. 1. Configuração experimental da medição pela técnica FDR.

Fig. 2. Conexão do conector MDSC às hastes de âncora e de referência.

A Fig. 4 amplia a resposta do método FDR na região de


interesse visto que os comprimentos da haste de âncora e do
cabo coaxial do VNA somam aproximadamente 2 metros.
Cinco marcadores indicam mudanças ao longo da linha de
transmissão formada pelas hastes, as quais podem estar
relacionadas com a presença do conector MDSC, o final das
hastes, ou, como investigado, as falhas estruturais na haste. O
marcador 1 refere-se à porta de saída do VNA conectada ao Fig 4. Ampliação da resposta do método FDR na região de interesse.
cabo coaxial. O marcador 2 mostra a variação do VSWR ao
longo do cabo coaxial utilizado. O marcador 3 é relativo à
conexão do cabo coaxial ao conector MDSC, o qual é Os efeitos de descontinuidades associados a falhas ou
referenciado como entrada da medição. O marcador 4 desgastes nas hastes de âncora são então identificados na
apresenta pico relativo ao desgaste da haste de âncora a 1,6 resposta de FDR, porém, podem não ser suficientemente
metros da referência da medição. Por fim, o marcador 5 diferenciáveis na resposta de medição, tornando a técnica
mostra pico referente ao final das hastes. FDR incompleta para essas análises. A resolução de resposta
desta técnica é, portanto, melhorada com a utilização do
algoritmo PSO em conjunto nas medições, descrito a seguir.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

III. MÉTODO DE OTIMIZAÇÃO DE ENXAMES DE PARTÍCULAS Portanto, ao isolar a faixa de frequências dos demais
A ideia básica do algoritmo PSO é otimizar uma função, termos de (1), e assumindo os valores da Tabela I, esta
seja maximizá-la ou minimizá-la, utilizando informações equação torna-se uma função dos parâmetros 𝐹𝑀𝑎𝑥 e 𝐹𝑀𝑖𝑛 ,
compartilhadas por um conjunto de partículas. Cada partícula como dado em (2).
representa uma solução da função. O PSO considera que
todas as soluções de uma função são representadas por
partículas. A i-ésima partícula pode ser indicada por um vetor 𝐹𝑀𝑎𝑥 = 𝐹𝑀𝑖𝑛 + 3719400000 (2)
xi = (x1, x2, ..., xD), onde D é a dimensão do espaço amostral
determinado pelos limites de uma função [7]-[9].
TABELA I. PARÂMETROS DA MEDIÇÃO EXPERIMENTAL
Cada partícula se move no espaço amostral para pesquisar
as melhores soluções, para um determinado problema de Parâmetro Descrição Valor
maximização ou minimização de funções. Como resultado,
c Velocidade da Luz 299792458 m/s
todas as partículas possuem uma velocidade que pode ser
definida como vi = (v1, v2, ..., vD). k Fator de velocidade 0,79
Pontos Número de Pontos 201
Durante a execução do PSO, as partículas atualizam suas
posições e velocidades de acordo com as demais partículas. A 𝐹𝑀𝑖𝑛 Frequência Mínima 600,624 MHz
melhor solução encontrada durante uma iteração por uma 𝐹𝑀𝑎𝑥 Frequência Máxima 4,32 GHz
partícula é conhecida por solução pbest. Enquanto que, a
melhor solução encontrada por todo o algoritmo PSO é
referida como gbest. A Fig. 5 mostra resumidamente o
fluxograma do algoritmo PSO [7]-[9]. B. Modelagem da otimização da faixa de frequências
Nesta seção, é descrita a modelagem para a otimização da
A proposta é utilizar o algoritmo PSO como método de
otimização sobre as respostas da técnica FDR com o objetivo faixa de frequências no algoritmo PSO. Os valores de 𝐹𝑀𝑎𝑥 e
de amplificá-las, e assim localizar a falha na haste de âncora. 𝐹𝑀𝑖𝑛 são limitados por 10 GHz e 1 MHz, respectivamente. O
valor de 𝐹𝑀𝑖𝑛 é inicialmente aleatório, e consequentemente o
A. Otimizando a faixa de frequências valor de 𝐹𝑀𝑎𝑥 é determinado por (2).
A seleção da faixa de frequências de medição é um Os valores de velocidade das partículas variam
procedimento complexo, pois a distância máxima alcançada inicialmente entre -1 e 1, e posteriormente de acordo com as
pela medição depende de três parâmetros básicos de posições das partículas. A componente cognitiva de velocidade
calibração: faixa de frequências, número de pontos de dados (𝑉𝐶𝑜𝑔𝑛𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎 ), apresentada em (3), é dada pela diferença entre a
de frequência, e velocidade de propagação do sinal do VNA melhor solução encontrada na iteração e a posição da
na linha de transmissão formada pelas hastes, definido pelo partícula, onde 𝑐1 é a constante cognitiva, e 𝑟1 é um valor
parâmetro fator de velocidade [10]. O resultado da medição aleatório entre 0 e 1. A componente social de velocidade
FDR da Fig. 4 foi obtido com os parâmetros da Tabela I. (𝑉𝑆𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙 ) dada por (4) é a diferença entre a melhor solução
A distância máxima da medição é inversamente global encontrada pelo algoritmo e a posição atual, onde 𝑐2 é
proporcional à faixa de frequências, conforme mostrado em a constante social e 𝑟2 é um valor aleatório entre 0 e 1.
(1). Para os dados da Tabela I, a distância máxima da
medição apresentada na Fig. 4 foi de 6,37 m. 𝑉𝐶𝑜𝑔𝑛𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎 = 𝑐1 𝑟1 (𝑃𝐵𝑒𝑠𝑡 − 𝑃𝑃𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 ) (3)

𝑉𝑆𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙 = 𝑐2 𝑟2 (𝐺𝐵𝑒𝑠𝑡 − 𝑃𝑃𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 ) (4)

A velocidade final da partícula, dada em (5), é o


somatório da sua velocidade atual proporcional à constante
de inércia w, e das suas componentes cognitiva e social.

𝑉𝑃𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 = 𝑤 𝑉𝑃𝑎𝑟𝑡í𝑐𝑢𝑙𝑎 + 𝑉𝐶𝑜𝑔𝑛𝑖𝑡𝑖𝑣𝑎 + 𝑉𝑆𝑜𝑐𝑖𝑎𝑙 (5)

A função que avalia a posição de cada partícula, ou seja,


responsável por encontrar a melhor faixa de frequências para a
medição pretendida é dada por (6). A avaliação é dada pelo
somatório dos valores de VSWR nas posições 1.5 m e 1.7 m.
O algoritmo PSO busca qual a faixa de frequências que resulte
num maior valor da função 𝐹𝐴𝑣𝑎𝑙𝑖𝑐𝑎çã𝑜 . Os valores dos
parâmetros 𝑐1 , 𝑐2 e w são dados na Tabela II, além do número
total de partículas (N).
Fig 5. Fluxograma utilizado para o algoritmo PSO.
𝐹𝐴𝑣𝑎𝑙𝑖𝑎çã𝑜 = 𝑉𝑆𝑊𝑅(1.5) + 𝑉𝑆𝑊𝑅(1.7) (6)

𝑐 𝑘 (𝑃𝑜𝑛𝑡𝑜𝑠 − 1)
𝐷𝑖𝑠𝑡â𝑛𝑐𝑖𝑎𝑀𝑎𝑥 = (1)
2 (𝐹𝑀𝑎𝑥 − 𝐹𝑀𝑖𝑛 )

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABELA II. PARÂMETROS DO ALGORITMO PSO

Parâmetro Descrição Valor


c1 Constante Cognitiva 1
c2 Constante Social 2
w Constante de Inércia 0,5
N Número de Partículas 30

C. Resultados e Discussões

A Fig. 6 mostra a resposta FDR modificada pelo


algoritmo PSO executado para 5 iterações, cuja amplificação
máxima foi obtida em sua iteração 3. Em relação à resposta
apresentada na Fig. 4, houve um ganho de amplificação do
sinal na região do desgaste da haste, destacada pelo círculo
em vermelho, onde alguns valores de VSWR foram
superiores a 1,01.
O ganho médio relativo do valor de VSWR entre as
medições com e sem a utilização do algoritmo PSO foi de
aproximadamente 90% na referida região de desgaste, o qual
Fig 6. Resposta FDR após iterações do algoritmo PSO.
foi calculado pela diferença relativa dos valores de VSWR
entre as curvas de maior amplificação do sinal (iteração 3 do
PSO), e aquela dada pela iteração 1 a qual representa o
resultado de medição sem a influência do PSO.
O ganho obtido pela técnica proposta é expressivo, e pode
ser útil na detecção e localização de falhas estruturais das
hastes de âncora operacionais de torres de transmissão de
energia elétrica.
As iterações do PSO foram constituídas pelos pontos
apresentados na Fig. 7. Nessa representação tridimensional
os eixos X, Y e Z representam respectivamente a frequência
mínima, a frequência máxima, e o valor de VSWR para a
medição com a respectiva faixa de frequências. Os pontos
estão localizados no semiplano (Y - X) = 3719400000,
variando de 1 MHz a 10 GHz, como determinado por (2).

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS


O sistema de suporte das hastes de ancoragem é
amplamente difundido em projetos de engenharia, tais como
suporte para cabos de sustentação para torres de transmissão
Fig 7. Resposta das iterações do algoritmo PSO.
de energia. Estas hastes possuem atualmente, porém, um
custo bastante elevado de manutenção para as empresas.
A técnica FDR permite tornar as manutenções mais A técnica proposta da medição FDR modificada pelo
baratas, pois, a haste de âncora será desenterrada apenas de algoritmo PSO mostrou-se eficaz para detecção e
forma preditiva pelas respostas da FDR. A resposta FDR, localização de falhas estruturais nas hastes de âncora
porém, pode apresentar dificuldades na identificação de utilizadas em linhas de transmissão de energia elétrica, e pode
desgastes ao longo das hastes de âncora. ser adaptada a um sistema de auxílio às manutenções
preditivas destas hastes.
O algoritmo PSO foi, portanto, proposto para melhorar a
localização dos desgastes em hastes de âncora a partir de
AGRADECIMENTOS
suas respostas FDR. O objetivo do PSO é amplificar os
valores de VSWR na região do desgaste a partir da Este artigo é resultado de um projeto de pesquisa
otimização na faixa de frequências utilizada. desenvolvido pelas instituições UFPE – Universidade Federal
de Pernambuco, e IATI – Instituto Avançado de Tecnologia e
Para o caso exemplificado, onde foi utilizada a resposta Inovação, para a empresa Sistema de Transmissão Nordeste
FDR de uma haste de âncora desgastada de 1 metro de S.A. - STN, vinculado ao Programa de Pesquisa e
comprimento conectada ao VNA por cabo coaxial e o Desenvolvimento do Setor Elétrico Brasileiro promovido pela
conector MDSC, o ganho médio relativo de amplificação do ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica.
parâmetro VSWR na região do desgaste foi de
aproximadamente 90%.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

REFERÊNCIAS
[1] X. Wang, C. Sun, Y. Cui, S. Zhang, L. Wang e Z. Luo, “Research on
Construction Technology of Guide-hole Implantable Branch-provided
Rock Anchor Rod Based on Experimental Analysis,” Smart Ground
and Electrical Automation, 2016.
[2] H. Zheng, S. Zhang e X. Sun, “Classification recognition of anchor
rod based on PSO-SVM,” 29th Chinese Control and Decision
Conference (CCDC), 2017.
[3] L. R. G. S. L. Novo et al, Desenvolvimento de Método para Detecção
de Desgaste ou Corrosão em Hastes de Âncora de Torres Estaiadas de
Linhas de Transmissão de Energia Elétrica. Recife, PE: Universidade
Federal de Pernambuco, 2015.
[4] M. S. Coutinho et al., “Sistema Diagnóstico Da Integridade De Hastes
de Âncora De Torres Estaiadas De Linhas De Transmissão De
Energia Elétrica,” in XVIII Encontro Regional Ibero-Americano do
Cigre - ERIAC 2019, 2019.
[5] D. C. P. Barbosa et al., “Machine Learning Approach to Detect Faults
in Anchor Rods of Power Transmission Lines,” IEEE Antennas
Wirel. Propag. Lett., vol. 18, no. 11, pp. 2335–2339, Nov. 2019, doi:
10.1109/LAWP.2019.2932052.
[6] D. M. Pozar, Microwave Engineering, fourth edition, John Wiley and
Sons INC, NY: New York, 1998.
[7] S. Mahapatra, M. Badi e S. Raj, “Implementation of PSO, it’s variants
and Hybrid GWO-PSO for improving Reactive Power Planning”,
G1oba1 Conference for Advancement in Technology (GCAT), Oct
18-20, 2019.
[8] A. Ratnaweera, S.K. Halgamuge, and H.C. Watson, “Self-organizing
hierarchical particle swarm optimizer with time-varying acceleration
coefficients”, IEEE Transactions on Evolutionary Computation, vol.
8, no. 3, pp. 240–255, June 2004, doi: 10.1109/TEVC.2004.826071.
[9] V. Veeramanikandan e Dr. M. Jeyakarthic, “Futuristic Framework for
Financial Credit Score Prediction System using PSO based Feature
Selection with Random Tree Data Classification Model”, Second
International Conference on Smart Systems and Inventive
Technology (ICSSIT), 2019.
[10] Anritsu, “Distance to Fault Measurements for Cable and
Antenna Installation and Maintenance”, 2020. [Onlinel Available:
https://www.anritsu.com/en-us/test-measurement/solutions/en-
us//distance-to-fault.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Aplicação da Transformada Rápida de Fourier em


Equações Integrais no Domı́nio do Tempo para a
Caracterização de Propagação Radioelétrica
Renata Alves Antunes Teles Fernando José da Silva Moreira
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica Departamento de Engenharia Eletrônica
Universidade Federal de Minas Gerais Universidade Federal de Minas Gerais

Resumo—Neste trabalho, a Transformada Rápida de Fourier faixa estreita. Neste caso, o cálculo é feito para uma única
(FFT) é utilizada em uma técnica - marching-on-in-time (MOT) frequência e assume-se um comportamento espectral uniforme
- baseada na equação integral do campo magnético (TD-MFIE), na amplitude e linear na fase pra toda a faixa de operação.
aplicada na predição da propagação de um pulso eletromagnético
sobre um terreno suavemente irregular. Assume-se incidência Predição baseada na Equação Integral do Campo Elétrico
rasante de uma onda polarizada verticalmente, sendo o terreno (Electric Field Integral Equation - EFIE), no domı́nio da
tratado como um condutor magnético perfeito. frequência, foi proposta em [4] para terrenos levemente irregu-
Palavras chave—FFT, MOT, Equações integrais, Domı́nio do lares. Outra proposta, também no domı́nio da frequência, foi
tempo, MFIE, Previsão de propagação. baseada na Equação Integral do Campo Magnético (Magnetic
Field Integral Equation - MFIE) [3], onde concluiu-se que a
I. I NTRODUÇ ÃO MFIE apresenta melhor convergência e, portanto, exige menor
Métodos de predição de cobertura radioelétrica são alta- custo computacional. Em [3] e [4], assumiu-se incidência
mente desejados, não só para o cálculo da potência do sinal rasante, possibilitando a aproximação do terreno por uma
transmitido que viabilize a comunicação em um determinado superfı́cie condutora magnética perfeita. O princı́pio da equi-
ambiente, bem como para estimar os efeitos de interferências valência foi aplicado e correntes superficiais magnéticas equi-
do ambiente sobre o sinal. Isso permite que um sistema de valentes foram obtidas pelo Método dos Momentos (Method
comunicação sem-fio seja projetado de forma mais eficiente, of Moments - MoM). Assumindo terreno invariável na direção
possibilitando altas taxas de transmissão e uso apropriado do transversal ao plano de incidência, utilizou-se o Método da
espectro. Fase Estacionária para transformar a integral de superfı́cie
Os métodos para a caracterização de canais de rádio po- correspondente em uma integral de linha.
dem ser classificados como empı́ricos ou determinı́sticos. Os A análise no domı́nio do tempo é geralmente recomendada
empı́ricos, como os modelos Log-Distância e Okumura-Hata, para a caracterização de canais de rádio operando em faixas
consistem em obter curvas ou expressões que se aproximam de frequência muito largas (Ultra Wideband - UWB), ou
dos resultados obtidos por medições locais. São métodos que quando se quer conhecer a resposta transitória do sistema.
levam em consideração, de forma implı́cita, fatores como Com esse tipo de análise é possı́vel, ainda, obter a dispersão
reflexões, espalhamento, difrações e componentes multiper- temporal do sinal e a resposta ao impulso do sistema, o
curso, e normalmente possuem baixo custo computacional. No que permite a determinação da função de transferência e
entanto, geralmente demandam novas medições para calibrar o de caracterı́sticas como causalidade, estabilidade e variância
modelo a cada ambiente e frequência de operação [1]. Métodos no tempo [5]. Em [6] e [7] foram propostas formulações
determinı́sticos, por sua vez, possuem custo computacional no domı́nio do tempo para as Equações Integrais do Campo
maior que os empı́ricos. Em princı́pio, são mais precisos por Elétrico (Time Domain Electric Field Integral Equation - TD-
utilizarem fórmulas diretamente oriundas das Equações de EFIE) e Magnético (Time Domain Magnetic Field Integral
Maxwell [2]. Equation - TD-MFIE), respectivamente, assumindo as mes-
Com o aumento da capacidade de processamento computa- mas considerações geométricas feitas em [3] e [4] para o
cional, em casos onde a geometria do ambiente não é muito terreno. A transformada inversa de Fourier foi analiticamente
complexa e a precisão de resultados é fundamental, simulações aplicada sobre a formulação obtida anteriormente no domı́nio
obtidas de métodos determinı́sticos tornam-se altamente inte- da frequência. O Método dos Momentos foi então utilizado
ressantes e práticas. Por exemplo, em terrenos eletricamente para obter as correntes superficiais equivalentes, enquanto que
suaves, caracterizações de canal rádio utilizando equações a técnica marching-on-in-time (MOT) foi empregada para a
integrais têm sido extensivamente investigadas [3], [4]. avaliação das integrais de convolução. Nesse procedimento,
A previsão da propagação eletromagnética pode ser reali- as correntes em cada instante de tempo são calculadas a partir
zada no domı́nio da frequência ou do tempo. A predição no das correntes nos instantes anteriores. Os resultados obtidos
domı́nio da frequência é comumente utilizada para sistemas foram bastante precisos; porém, as integrais de convolução

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

demandaram um tempo significativamente alto para serem Neste problema, assume-se que o campo incidente pos-
avaliadas [6], [7]. sui polarização vertical e que a incidência é rasante. Nessa
No presente trabalho as integrais de convolução são avali- situação, as condições de contorno sobre a superfı́cie de
adas com o auxı́lio da transformada rápida de Fourier (Fast um terreno suavemente irregular aproximam-se às de uma
Fourier Transform - FFT), com o objetivo de diminuir o tempo superfı́cie condutora magnética perfeita (CMP) [4]. Caso a
de processamento. Os resultados obtidos pela presente técnica polarização seja horizontal, a aproximação mais adequada é
são comparados aos obtidos pela TD-MFIE, TD-EFIE e Teoria a de uma superfı́cie condutora elétrica perfeita (CEP) e o
Uniforme da Difração no domı́nio do tempo (Time Domain problema será dual ao presente. Sendo a superfı́cie CMP, o
Uniform Theory of Diffraction - TD-UTD) [8]. Outro trabalho problema equivalente é o de uma densidade superficial de
que uniu as técnicas FFT e MOT na resolução de um problema corrente magnética (M ~ s ) sobre a superfı́cie do terreno [4].
de espalhamento está descrito em [9]. Nesse trabalho, a técnica Portanto, as equações EFIE e MFIE no domı́nio da frequência
marching-on-in-time é aplicada na discretização da TD-EFIE são [10]:
e a FFT é utilizada na avaliação de convoluções espaciais para
resolver um problema de espalhamento sobre uma superfı́cie
H(~ ~ in (~r) + 1 L
~ r ) = T [H ~ 1 (M~ s )], (1)
condutora elétrica perfeita. η
O trabalho é estruturado da seguinte forma: na próxima ~ r ) = T [E
E(~ ~ in (~r) + L
~ 2 (M~ s )], (2)
seção as formulações da EFIE e MFIE no domı́nio da
frequência são apresentadas, incluindo a aplicação do Método onde H~ in e E~ in são os campos incidentes radiados pela antena
da Fase Estácionária na avaliação assintótica da integral na transmissora,
direção normal ao plano de incidência. Na Seção III é discu- Z Z ∞
tido o desenvolvimento das formulações integrais no domı́nio ~ 1 (M
L ~ s ) = −jk [M~ s (~r 0 )G
do tempo (i.e., TD-EFIE e TD-MFIE), a aplicação do MoM l0 −∞
1 ~ s (~r 0 )∇0 G] dy 0 dl0 ,
(exemplificado para a TD-MFIE) e uma breve explicação sobre − 2 ∇0 · M (3)
a técnica FFT implementada. Na Seção IV são apresentados kZ Z

resultados da presente técnica, que são comparados aos obtidos ~ 2 (M
L ~ s) = − [M~ s (~r 0 ) × ∇0 G] dy 0 dl0 , (4)
por outras técnicas independentes da presente. Finalmente, na l0 −∞
(~r − ~r 0 ) jk|~r − ~r 0 | + 1 −jk|~r−~r 0 |
 
Seção V são apresentadas as conclusões do trabalho.
∇0 G = e , (5)
4π |~r − ~r 0 |3
II. F ORMULAÇ ÃO I NTEGRAL NO D OM ÍNIO DA G é a função de Green do espaço livre, T = 1 (T = 2) se
F REQU ÊNCIA o observador ~r estiver fora (sobre) a superfı́cie do terreno,
k = 2π/λ, λ é o comprimento de onda, e η é a impedância
O sistema de coordenadas utilizado para descrever o pro-
intrı́nseca da atmosfera em questão. Para uma superfı́cie CMP
blema é ilustrado na figura 1. ~r e ~r 0 localizam, respectiva-
as condições de contorno são:
mente, o observador e a fonte de corrente equivalente. n̂ e n̂0
são vetores unitários normais à superfı́cie em ~r e ~r 0 , respecti- ~ = 0 e n̂ × E
n̂ × H ~ = −M
~ s. (6)
vamente, e ˆl e ˆl0 são as correspondentes direções tangentes ao
perfil do terreno. R ~ 1 localiza a fonte de corrente equivalente Aplicando (6) às equações (1) e (2) com T = 2 (ou seja,
em relação à antena (fonte) transmissora e R ~ 2 = ~r − ~r 0 . observador sobre o terreno) temos [2]:
A antena transmissora e o observador estão no plano de 1
~ in (~r) = − ~ 1 (M
~ s ),
incidência y = y0 = 0. n̂ × H n̂ × L (7)
η
~
~ in (~r) = − Ms (~r) − n̂ × L
n̂ × E ~ 2 (M
~ s ). (8)
2
Caso a antena transmissora esteja suficientemente afastada
do terreno, pode-se considerar que M ~ s possui distribuição de
fase aproximadamente esférica [10]. Neste caso:
M~ s (~r 0 ) ≈ M
~ a (~r 0 ) e−jk|~r−~r0 | = Ma (~r 0 ) ŷ e−jk|~r−~r0 | , (9)
 
0 ~ ~ ~r − ~r0 ~
∇ · Ms ≈ −jk Ma · + ∇ · Ma e−jk|~r−~r0 | ,
0
|~r − ~r0 |
(10)
onde ~r0 localiza a antena transmissora (figura 1).
Assumindo kr >> 1 (ou seja, que as dimensões do terreno
são muito maiores do que λ) e que a variação do perfil do
Figura 1. Sistema local de coordenadas descrevendo o perfil do terreno.
terreno não é significativa na direção ŷ, o Método da Fase
Estacionária pode ser empregado para avaliar assintoticamente

542
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

as integrais em y 0 em (3) e (4). Nesse caso, (7) e (8) são terreno em segmentos de reta e discretiza-se o tempo, obtendo-
reescritas como [3], [4]: se o seguinte sistema de equações [2]:
Z
n̂ × H~ in = k ~ a G1 dl0 ,
n̂ × M (11) [Vi,p ]M F IE = [Zij,p ]M F IE [Mi,p − Mi,p−1 ]M F IE , (20)
η l0
~ Z onde ı́ndices i, j indicam i- e j-ésimo segmentos do terreno,
n̂ × E~ in = − Ma e−jkR1 + k (n̂ · R̂2 )M
~ a G2 dl0 , (12) respectivamente, e ı́ndice p representa o p-ésimo instante
2 l 0
de tempo. A convolução (18) pode ser calculada em cada
onde intervalo de tempo ∆ti [2]:
ejπ/4 e−jk(R1 +R2 ) Z tp
Mi,p − Mi,p−1 dt0
G1 = p , (13) J1 (~r = ~ri ) = √
4π (1 + R2 /R1 ) R2 /λ tp−1 c ∆ti τ − t0
 
G2 = 1 −
j
G1 . (14) Mi,p − Mi,p−1 p p
kR2 =2 [ τ − tp−1 − τ − tp ]. (21)
c ∆ti
~ a pode ser calculada aplicando o
A corrente equivalente M Após a aplicação de MOT em (20), os elementos das
Método dos Momentos (MoM) em (11) ou (12) e, a partir dela, matrizes tensão ([V ]) e impedância ([Z ]) são dados por [2]:
encontra-se o campo espalhado pelo terreno com o auxı́lio de
(1)–(5) e (9), agora com T = 1. Vi,p = −η[H~in (~r = ~ri , tp ) · ŷ], (22)
v
1 u
u  2c
III. MFIE NO D OM ÍNIO DO T EMPO (TD-MFIE) Zij,p = − 
2πc R 1 + R2
t
2 R1
Como as condições geométricas do problema em questão
são invariantes no tempo, o desenvolvimento da formulação ∆j p p
× ( τ − tp−1 − τ − tp ), para i 6= j, (23)
no domı́nio do tempo é espacialmente semelhante ao da ∆tj

formulação da seção anterior, bastando, então, aplicar a trans- 2 c∆i p
Zii,p
p
=− ( τ − tp−1 − τ − tp ), i = j. (24)
formada inversa de Fourier sobre (11) e (12) [2]: πc∆ti
−ˆl Consequentemente, a solução de (20), negligenciando-se o
Z
n̂ × H~in (~r, t) = F (R1 , R2 ) J1 dl0 , (15) retroespalhamento (Zij,p = 0 para i > j), é dada por [2]:
4πη l0
M~(~r, t) 1
n̂ × E~in (~r, t) = − Mi,p = [Vi,p + Zii,p Mi,p−1
2 Zii,p
(n̂ · R̂2 )ŷ
Z
p−1
+ F (R1 , R2 ) (J1 + J2 ) dl0 , (16) −
X
Zii,pi (Mi,pi − Mi,pi −1 )
l0 4π
pi =2
onde p

s i−1 X
2c
X
F (R1 , R2 ) = (17) − Zij,pi (Mj,pi − Mj,pi −1 ) . (25)
R2 (R1 + R2 ) j=1 pi =2

e as integrais de convolução são dadas por Aplicando (21), (23) e (24) em (25), tem-se:
Z ∞
δM (~r 0 , τ ) 1 δM (~r 0 , t0 ) dt0 1
J1 = ∗√ = √ , (18) Mi,p = [Vi,p + Zii,p Mi,p−1
c δτ τ −∞ c δt0 τ − t0 Zii,p
Z ∞ √
M (~r 0 , τ ) 1 M (~r 0 , t0 ) dt0 c∆i tpi =tp−1 Mi,pi − Mi,pi −1 dt0
Z
J2 = ∗√ = √ . (19) + √
R2 τ −∞ R2 τ − t0 π tpi −1 =1 c ∆ti τ − t0
i−1
e c é a velocidade da luz na atmosfera em questão. 1 X
Como demonstrado em [3], para o presente problema a + F (R1 , R2 ) ∆j
4π j=1
MFIE é computacionalmente mais eficiente do que a EFIE. Por #
Mj,pi − Mj,pi −1 dt0
Z tp =tp
isso, aqui iremos apresentar a solução MoM apenas para a TD- i
× √ . (26)
MFIE. Porém, passos semelhantes podem ser empregados na tpi −1 =1 c ∆tj τ − t0
solução da TD-EFIE [2]. Para calcular as correntes magnéticas
equivalentes M~, utiliza-se o MoM - semelhantemente ao A equação (26) envolve, portanto, o cálculo da convolução
realizado no domı́nio da frequência - e a técnica marching-on- (18), caso isto seja feito diretamente no domı́nio do tempo, fa-
in-time (MOT), comumente utilizada na avaliação de integrais zendo com que o tempo de processamento seja extremamente
no domı́nio do tempo. Esta técnica consiste em calcular M~ longo [2]. O objetivo deste trabalho é justamente reduzir este
em um determinado instante de tempo a partir de valores tempo de processamento. Para tal, antes da aplicação da FFT,
calculados em instantes anteriores. Para isso, divide-se o a expressão (26) é reescrita da seguinte forma:

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

IV. R ESULTADOS
1 Neste trabalho, a TD-MFIE é utilizada na previsão de
Mi,pM F IE = {Vi,p + Zii,p Mi,p−1 propagação de um pulso eletromagnético sobre um perfil de
Zii,p
√ terreno caraterizado por duas cunhas consecutivas. A Figura
c∆i δMi (~r 0 , τ )
 
1
+ ∗√ 2 representa um sistema de rádio enlace com uma distância
π c δτ τ τ =tp
 de 200 m entre as antenas transmissora e receptora sem
i−1
1 X

δMj (~r 0 , τ ) 1
  obstáculos que superem as alturas das antenas.
+ F (R1 , R2 )∆j ∗√ .
4π j=1 c δτ τ τ =tp − R2 
c

(27)

Aplicando a FFT à expressão (27):

1 Figura 2. Duas cunhas CMP consecutivas.


Mi,pM F IE = [Vi,p + Zii,p Mi,p−1
Zii,p

δMi (~r0 , τ )
    
c∆i −1 1
+ FFT FFT · FFT √
π cδτ τ
τ =tp
i−1
1 X
+
F (R1 , R2 )∆j
4π j=1
#
δMj (~r0 , τ )
    
−1 1
FFT FFT · FFT √ .
cδτ τ R
τ =tp − c2
(28)

É importante ressaltar que esta passagem culmina na perda


da causalidade do problema, pois a convolução vai considerar
toda a janela de tempo de teste, e não somente os instantes
de tempo anteriores ao instante analisado. No entanto, ganha- Figura 3. Pulso incidente (a) no domı́nio do tempo e (b) seu espectro.
se consideravelmente em tempo de processamento, pois não
haverá necessidade de se avaliar uma convolução para cada As formulações apresentadas foram utilizadas na previsão
instante de tempo e para cada segmento representando o perfil da propagação de um pulso eletromagnético definido em [2]
do terreno. e [13], representado na Figura 3 no domı́nio do tempo e
Em [9], a FFT é utilizada na avaliação de convoluções da frequência. O pulso da Figura 3 possui atraso de 4 ns e
espaciais em duas dimensões. Aqui, a FFT é aplicada em frequência central de 850 MHz.
convoluções temporais de uma dimensão. Uma sugestão para Na análise temporal, o tempo foi discretizado com uma
um trabalho posterior é estudar a possibilidade de se aplicar a frequência de amostragem de 40 GHz e o terreno foi dividido
FFT nas convoluções espaciais do problema. Isso demandará em 0,5 segmentos/λ, considerando a maior frequência signifi-
uma manipulação maior das equações, o que provavelmente cativa do espectro do sinal (em torno de 7 GHz). O pulso foi
envolverá separação de variáveis - para encontrar funções transmitido num intervalo de 0 a 8 ns e propagou ao longo do
espaciais que dependam apenas de x ou de z - e outras terreno representado por duas cunhas consecutivas, ilustradas
aproximações. As técnicas utilizadas para acelerar a trans- na Figura 2. A simulação considerou o receptor a uma altura
formada discreta de Fourier são a decimação em frequência hR = 5m e polarização vertical. Os resultados obtidos pela
(decimation-in-frequency), que consiste em dividir a transfor- aplicação da FFT na TD-MFIE foram comparados aos da TD-
mada de Fourier da função de interesse em subsequências EFIE e da TD-MFIE obtidos em [2].
menores [5], e a decimação no tempo (decimation-in-time), na Em [2], a TD-MFIE e TD-EFIE, juntas, demandaram apro-
qual formam-se subsequências a partir da função de entrada ximadamente 21 horas de cálculo, enquanto a formulação no
no domı́nio do tempo. A ferramenta utilizada foi a biblio- domı́nio da frequência demorou entre um e sete minutos.
teca FFTW [11], desenvolvida no MIT e implementada pela Os resultados obtidos de ambas formulações ficaram muito
combinação dos dois métodos [12]. O programa foi desenvol- próximos entre si, embora a MFIE - que demandou aproxima-
vido em linguagem C. A máquina utilizada nas simulações damente 14 horas - convirja mais rápido que a EFIE - cujos
possui as seguintes configurações: cálculos foram computados em torno de 19 horas. Já com a
• Processador Intel Core i7-3770 CPU @ 3,40 GHz utilização da técnica FFT, o tempo da simulação para a TD-
• Memória RAM - 24 GB MFIE cai para algo entre 30 e 60 minutos, representando uma
• Sistema Operacional - Windows 10 (64 bits) diminuição considerável no tempo de processamento.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

As Figuras 4 e 5 mostram que as diferentes formulações ba- terrenos, o que implica uma revisão das condições impostas
seadas em equações integrais no domı́nio do tempo alcançaram ao problema.
resultados muito próximos entre si. Na Figura 5, essas Convém estudar, também, a relação entre o problema, com
formulações foram comparadas com a TD-UTD, observando- suas condições e aproximações, e o fato de a MFIE ter
se pequenas discrepâncias. Para a presente geometria (Fi- convergido mais rapidamente que a EFIE. Um dos motivos
gura 2), tais discrepâncias estão basicamente associadas às pode ser o número maior de operações feitas no código que
múltiplas difrações entre cunhas, não consideradas pela TD- calcula a EFIE. Logo, é interessante analisar a relação entre a
UTD [2]. condições impostas e as formulações.
AGRADECIMENTOS
Este trabalho foi parcialmente financiado por CNPq e Capes
(PROCAD 068419/2014-01).
R EFER ÊNCIAS
[1] T. S. Rappaport, Wireless Communications: Principles and Practice, 2nd
ed., Prentice Hall PTR, 2002.
[2] R. L. Barbosa, Caracterização da Propagação Radioelétrica sobre
Terrenos Irregulares Utilizando Equações Integrais no Domı́nio do
Tempo, Dissertação de Mestrado, PPGEE - UFMG, Belo Horizonte, MG,
2018.
[3] F. J. S. Moreira, MFIE-based propagation prediction, SBMO/IEEE
MTT-S International Microwave and Optoelectronics Conference
Figura 4. Pulso eletromagnético no receptor a 5m de altura, calculado pela (IMOC 01), Belém, PA, 2001.
TD-MFIE e TD-EFIE. [4] J. T. Hviid, J. B. Andersen, J. Toftgard and J. Bojer, Terrain-Based
Propagation Model for Rural Area - An Integral Equation Aproach,
IEEE Transactions on Antennas and Propagation, vol. 43, pp. 41–46,
1995.
[5] A. V. Oppenheim and R. W. Schafer, Discrete-Time Signal Processing,
2nd ed., Prentice Hall, 1998.
[6] R. B. V. Teperino and F. J. S. Moreira, A TD-MFIE for a Vertically Pola-
rized Pulse Propagation over Irregular Terrains, SBMO/IEEE MTT-S
International Microwave and Optoelectronics Conference (IMOC 03),
Foz do Iguaçu, PR, 2003.
[7] R. L. Barbosa and F. J. S. Moreira, Propagation Prediction Based on
Time Domain Electric Field Integral Equation for Smoothly Irregular
Terrains, European Conference on Antennas and Propagation (EuCAP
2018), London, 2018.
[8] K. L. Borges and F. J. S. Moreira, Wideband channel propagation
prediction in urban scenarios using TD-UTD, SBMO/IEEE MTT-S
International Microwave and Optoelectronics Conference (IMOC 03),
Foz do Iguaçu, PR, 2003.
[9] A. E. Yilmaz, J. M. Jin, E. Michielssen and D. S. Weile, A Fast Fourier
Transform Accelerated Marching-on-in-Time Algorithm for Electromag-
netic Analysis, Electromagnetics, 21:3, 181–197, 2010.
[10] R. Mittra (ed.), Computer Techniques for Electromagnetics, Oxford:
Pergamon Press Ltd., 1973, pp. 159–264.
Figura 5. Pulso eletromagnético no receptor a 5m de altura, calculado pela
[11] FFTW Home Page, http://fftw.org/.
TD-UTD, TD-MFIE e TD-EFIE.
[12] M. Frigo and S. G. Johnson, The Design and Implementation of FFTW3,
Proceedings of the IEEE, 93:2, 216 - 231, 2005.
[13] P. M. Johansen, Time-domain analysis of electromagnetics scattering
V. C ONCLUS ÕES problems, Ph.D. Thesis, Technical University of Denmark, 1996.

Com os resultados obtidos, pode-se concluir que a previsão


de propagação de um pulso eletromagnético utilizando a TD-
EFIE apresenta uma boa concordância com a previsão feita
utilizando a TD-MFIE para o caso de uma cunha dupla, em-
bora ambas as formulações demandem muito tempo de cálculo
e alocação de memória. Enquanto a TD-MFIE, resolvida no
domı́nio do tempo, demorava cerca de 14 horas para fornecer
os resultados, a aplicação da FFT sobre a TD-MFIE levava
entre 30 e 60 minutos, diminuindo drasticamente o tempo de
processamento em cerca de 14 vezes.
Propostas de trabalhos futuros são estudar a viabilidade e
as consequências no custo computacional à medida que se
diminui a largura do pulso eletromagnético analisado, fazendo-
o tender ao impulso. Pode-se analisar, também, outros tipos de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Spectral Representation of Periodic Green’s


Function with Progressive Phase Shift
A. F. S. Cruz1 , N. W. P. Souza1 , J. C. Silva1 , T. Del Rosso2 , V. Dmitriev3 and K. Q. Costa3

Department of Electrical Engineering from Federal University of South and Southeast Pará1 , Brazil
Department of Physics from Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro2 , Brazil
Department of Electrical Engineering from Federal University of Pará3 , Brazil
E-mails: andcruz@unifesspa.edu.br, nadsonwelkson@unifesspa.edu.br, jean.carneiro@unifesspa.edu.br,
tommaso@puc-rio.br, victor@ufpa.br and karlo@ufpa.br

Abstract—In this paper we present a spectral representation of A conventional SPR sensor, in the Surface Plasmon Coupled
the Periodic Green’s Function (PGF) with out-of-phase boundary Emission (SPCE) configuration, consists of a multilayer struc-
conditions. First, we present the Closed Form of Green’s Function ture coupled to a microfluidic channel containing biomolecules
Method with out-of-phase boundary conditions, and then, using
the Residue Theorem, we determine the spectral representation and fluorophores (fluorescent molecules) immobilized on the
of the Dirac’s delta Function. From this, we obtain as a main sensor structure, excited by an external laser source applied
result the Fourier transform pairs with progressive phase shift, directly to the sample. The sensing process is based on the
and finally, we determine the spectral representation of Periodic optical response of the device, coming from the fluores-
Green’s Function with Progressive Phase Shift. The pair of cent molecules, depending on the sample’s electromagnetic
spectral transforms can be used in the electromagnetic modeling
of Plasmonic Sensors in several configurations, such as SPCE, properties in the microfluidic channel [11-13]. Other SPR
Otto and Kretschmann. As a form of validation, we compare the sensors include the Kretschmann configuration and the Otto
obtained series with the exact closed form, and then check the configuration in their structure [13-15].
convergence of the method. Additionally, the effect of phase shift In any case, the electromagnetic modeling of these SPR
over the spectral representation is verified. devices involves approximating the sample containing analytes
Keywords—Periodic Green’s Function, Spectral Representa-
tion, Residue Theorem, Progressive Phase Shift. and nanoparticles, in a single layer containing a periodic planar
array of evenly distributed nanoparticles, in this way, the
sample density adjustment is reflected directly from the period
I. I NTRODUCTION
of the periodic array. Based on this approach, Reference [16]
The research and development of new optical devices based proposed to use the Clausius-Mossotti and Maxwell-Garnett
on metamaterials has been of great interest in the past two equations to model the layer containing the nanoparticle array
decades. This is due to the recent miniaturization capability as a single homogeneous layer with effective permittivity in
of these devices, and mainly the versatility in different ap- function of the sample’s geometric and dielectric characteris-
plications, such as sensing, optics and electromagnetism [1- tics. Using this method, the electromagnetic modeling of the
4]. Among these metamaterials, we can highlight the two- SPR sensor is reduced to a modal problem in a homogeneous
dimensional carbon-based materials and the noble metals, multilayer structure.
each type being used in a certain frequency range, a few However, the effective permittivity method fails to describe
Terahertz, to high frequencies in the optical spectrum [3,4]. the scattering effects caused by the array of nanoparticles in
The interaction between metals and electromagnetic waves, in the sample, in addition, this method has limitations that were
the optical regime, produces a collective oscillatory behavior analyzed in [16]. To improve the electromagnetic description
in the metal free electron gas in opposite phase to the incident of these devices, it has been proposed to use full wave solu-
field. This behavior result in the excitation of a surface wave tions based on Green’s function models [12,13]. The Green’s
with evanescent characteristics at the metal/dielectric interface, function method is based on the impulsive response of a phys-
known as Surface Plasmon Polariton (SPP) wave [5,6]. In view ical system, associated to a linear operator with well-defined
of these optical properties, the application of noble metals in boundary conditions [17]. Reference [12] applied the Periodic
multilayer structure has become usual in the development of Green’s Function (PGF) method with in-phase excitation to
new devices based on Surface Plasmon Resonance (SPR). describe the response of a SPR sensor in the Surface Plasmon
Currently, the study of the plasmonic phenomenon has been Coupled Emission Configuration. However, for the method to
of great importance in the development of new SPR photonic be applied to sensors with other configurations, it is necessary
devices for applications of photodetection, biosensing, spec- to consider that the array of nanoparticles is excited with a
troscopy and detection of metallic nanopollutants produced by progressive phase shift, that is, with out-of-phase boundary
residues in nanofabrication processes [7-10]. conditions.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

In this paper we present a formal modeling of the spectral A. Closed Form of Green’s Function (CFGF) Method
representation of Periodic Green’s Function with progressive In general, a differential equation in the form [L−λ]u(x) =
phase shift. First, the closed form of Green’s function with f (x), with well-defined boundary conditions, has a single
out-of-phase periodic boundary conditions is demonstrated, solution of u(x) in terms of f (x), so u is the response of the
then, using the residue theorem, we determine the spectral physical system to forced input f . The CFGF method aims to
representation of delta function. Finally, the spectral transform develop a methodical process for solving differential equations
pair is used in the construction of the spectral representation (one-dimensional) using a set of conditions that culminate in
of PGF with progressive phase shift. a closed structure called Green’s function. For this reason, it
is said that the Green’s function g(x, x0 ) is the response of the
II. G ENERIC O NE -D IMENSIONAL P ERIODIC P ROBLEM
physical system to an impulsive input δ(x − x0 )/w(x) applied
In this section, the formal modeling of PGF with progres- at x = x0 , provided that [L − λ]g(x, x0 ) = δ(x − x0 )/w(x).
sive phase shift is presented, firstly, by the Closed Form of The CFGF method consists of four steps [17]:
Green’s Function Method (CFGF Method), and then by the 0
• Solve (2) in the x 6= x region, obtaining two solutions,
Spectral Representation of Green’s Function method (SRGF g1 (x, x ) for x < x and g2 (x, x0 ) for x > x0 . The result
0 0
Method). The generic one-dimensional periodic problem with will contain four as yet undetermined coefficients.
progressive phase shift is defined in Fig.1. • Apply the boundary conditions (3) and (4). These two
conditions will result in the determination of two of the
four coefficients.
• Apply the continuity condition of the Green’s function
at x = x0 (5), and so, one more coefficient will be
determined.
g1 (x, x0 )|x=x0 = g2 (x, x0 )|x=x0 (5)
• Apply the jump condition of the Green’s function at x =
x0 (6), and finally, the final coefficient will be determined.
dg2 dg1 1
(x, x0 )|x=x0 − (x, x0 )|x=x0 = − (6)
dx dx p(x)
Fig. 1. Generic one-dimensional periodic problem with progressive phase
shift. After determining the four unknown coefficients, the closed
form of Green’s function is obtained.
The problem is defined as a linear array of delta functions For the periodic problem in Fig. 1 with ODE (2) and
above the x-axis, equally separated by 2a. Note that each boundary conditions in (3) and (4), first, solving (2) in the
delta function has a ∆Ψ phase shift in relation to its neighbor x 6= x0 region, we obtain [−d2/dx2 −λ]g(x, x0)= 0, resulting in:
(Progressive phase shift). The Ordinary Differential Equation ( √ √
Ae−j √λx + Bej √λx , x < x0
(ODE) in question has the Sturm-Liouville operator L (1), g(x, x0 ) = (7)
which has square integrable solutions within Hilbert spaces Ce−j λx + Dej λx , x > x0
[17].   Applying the boundary conditions (3) and (4), and solving
1 d d the system for the coefficients A and B, we obtain:
L=− p(x) + q(x) (1) √
w(x) dx dx
A = Ce−2j λa j∆Ψ
e (8)

Due to the periodicity of problem, we can define the domain +2j λa j∆Ψ
B = De e (9)
of the operator at −a < x < a, defining the analysis cell
with periodic progressive boundary conditions (3) and (4). Substituting (8) and (9) in (7), applying the continuity (5)
The Green’s function problem with Sturm-Liouville operator and jump (6) conditions, and then solving the system to obtain
is written as follow: C and D:
√ 0
1 1
δ(x − x0 ) i √ e+j λx
   
1 d d C= h (10)
− p(x) + q(x) − λ g(x, x0 ) = (2) √
1 − e−2j λa ej∆Ψ 2j λ
w(x) dx dx w(x)
√ 0
−1 1
e−j∆Ψ/2 g(−a, x0 ) = e+j∆Ψ/2 g(+a, x0 ) (3) D= h √ i √ e−j λx (11)
1− e+2j λa ej∆Ψ 2j λ
dg dg
e−j∆Ψ/2 (−a, x0 ) = e+j∆Ψ/2 (+a, x0 ) (4)
dx dx Finally, replacing (8) - (11) in (7), and then using some
where λ ∈ C, generally being a physical parameter of the trigonometric identities, the closed form of the PGF with
problem in question. In electromagnetic modeling, the second progressive phase shift is obtained in (12).
−j∆ΨSGN(x−x0)
" #
order differential operator is the Laplacian −∇2 [18]. It can 1−e √ √
√ sin λ|x−x0|−cos λ(|x−x0|−b)
be seen that for one-dimensional problems, −∇2 is a Sturm- 2 sin λa
Liouvile operator, which in rectangular coordinates has p(x) = g(x, x0 ) = √ cos∆Ψ−1


 (12)
1, w(x) = 1 and q(x) = 0, resulting in L = −d2 /dx2 [17,18]. 2 λ √ +sin λa
2 sin λa

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

B.Spectral Representation of Green’s Function (SRGF)Method Applying the limit limλn →0 s(λn ), it can be seen that λn =
The spectral representation method aims to describe the 0 is not a pole of Green’s function (12), since s(λn → 0) =
solution u, of an ODE in the form [L − λ]u(x) = f (x), as [cos ∆Ψ − 1]/a. Thus, by solving (18), the poles of PFG with
a linear combination of orthonormal functions un (x), called progressive phase shift are located at:
proper eigenfunctions. The method consists of three steps [17]: 
2πn + ∆Ψ
2
λn = , n = ±0, 1, 2, 3, ... (19)
• Use the identity (13) with the closed form of Green’s 2a
function (12) to determine the spectral representation of Note that the poles of Green’s function are located over
the delta function. the positive <{λ}-axis. Since r(λ) is a continuous function in
δ(x − x0 )
I
1 the complex λ-plane, s(λ) has simple poles in λn , provided
g(x, x0 , λ) dλ = − (13)
2πj C w(x) that [ds/dλ]λ=λn 6= 0. By the residue theorem, the complex
• Use the identity (14) with the spectral representation of integral (17) has the following solution:
the delta function to determine the spectral transform pair. 1
I X  r(λ) 
Z a lim g(x, x0 , λ) dλ = (20)
R→∞ 2πj ds/dλ λ=λn
f (x) = f (x00 )δ(x − x00 ) dx00 (14) CR n
−a
where:
• Use the spectral transform pair to obtain the spectral √ √
1−e−j∆Ψ
 
√ sin λ(x − x0 )−cos λ (x − x0 ) − b

representation of the Green’s function, from the ODE (2) r(λ) = (21)
2 sin λa
with boundary conditions (3) and (4). " " √ # " √ ##
Green’s function (12) is defined for x < x0 and x > x0 dq cos ∆Ψ−1 sin λa √ sin λa √
=a √ √ −cos λa + √ +cos λa (22)
(being continuous at x = x0 ), so it is expected that the delta dλ 2 sin2 λa λa λa
function would be defined by a similar structure, a part for When replacing λn in (21) and (22), the expressions are
x < x0 and another for x > x0 . First we will determine the oversimplified, so that [ds/dλ] = 2a(−1)n cos (∆Ψ/2) and
representation of the delta function for x > x0 , and in this 0
r = −(−1)n cos (∆Ψ/2)e(−j(x−x )[2πn+∆Ψ]/2a) .
case the signal function takes the value SGN(x − x0) = 1 and Thus, as w(x) = 1, the spectral representation of the delta
the modular function |x − x0 | = (x − x0 ) in (12). function obtained from the closed form of the Periodic Green’s
First, to define the spectral representation of the delta func- Function with progressive phase shift is presented in (23).
tion, it is necessary to solve the complex integral in (13). As λ    
is a complex variable, it must be verified that the Green’s func- 2πn+∆Ψ 0
2πn+∆Ψ
∞ −jx
1 1 +jx
 
tion has no discontinuities from singularities δ(x − x0 ) =
X
√ e 2a √ e 2a
√ such as branch- 2a 2a
(23)
cut. It is already known that the function λ = |λ|1/2 ejφ/2 n=−∞

is discontinued in the complex λ-plane, since there is no The delta function representation found in (23) is valid for
restriction condition imposed on λ = |λ|ejφ , 0 < φ < 2π, x > x0 . However, when we solve the integral (17) for x < x0 ,
over the real axis there is the following discontinuity: with |x − x0 | = −(x − x0 ) and SGN(x − x0) = −1, it can be
√ √ noted that the result found is the same as (23). Therefore, the
lim λ = |λ|1/2 6= lim λ = −|λ|1/2 (15)
φ→0 φ→2π spectral representation is valid for every x ∈ (−a, a).
However, a quick analysis shows that limφ→0 g(λ) = By substituting (23) in the identity (14), we obtain the main
limφ→2π g(λ), therefore, Green’s function (12) is continuous result of this method, the spectral transform pair:
over the real axis. Thus, in the complex plane, the Green’s Z a

function must have only simple pole type singularities. Since Fn = F{f (x)} = f (x00 )un (x00 ) dx00 (24)
−a
the numerator of the Green’s function (12) is finite throughout ∞
the complex λ-plane, it is sufficient to search for poles caused
X
f (x) = F −1 {Fn } = Fn un (x) (25)
by the denominator. Let: n=−∞

r(λ) being (24) the direct transform,


√ and (25) the inverse transform,
g(x, x0 , λ) = (16)
s(λ) composed by un (x) = [1/ 2a]e−jx[2πn+∆Ψ]/2a the proper
The solution for integral (13) is obtained by the Residue eigenfunction associated with the eigenvalue λn (19).
Theorem [17,19]: Applying the direct transform to the Green’s function prob-
I lem in (2), we obtain F{[L−λ]g(x, x0 )} = [λn −λ]Gn (x0 ) and
1 X
lim g(x, x0 , λ) dλ = R ES{g(λ), λn } (17) F{δ(x − x0 )/w(x)} = un (x0 ), thus, Green’s function in the
R→∞ 2πj CR n spectral domain takes the form Gn (x0 ) = un (x0 )/[λn − λ].
where R is the radius of the circular contour CR centered Finally, applying the inverse transform (25), we obtain the
at the origin of the complex λ-plane, and λn are the poles Spectral Representation of PGF with Progressive Phase Shift:
of the Green’s function (12), with location determined by the 
2πn+∆Ψ

∞ −j  (x−x0 )
solution of (18). 1 X 1 2a
g(x, x0 ) = 2 e (26)
√ cos ∆Ψ − 1 √ 2a
  
n=−∞ 2πn+∆Ψ
s(λ)|λ=λn =2 λ √ + sin λa = 0 (18) −λ
2 sin λa 2a

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

III. R ESULTS In each result of Fig. 2 three SRGFs are presented, the first
truncated from −4 to 4 (nine terms), the second truncated from
Using Green’s functions obtained by the CFGF and SRGF −5 to 5 (eleven terms), and the third truncated from −12 to
methods in (12) and (26), respectively, parametric results 12 (twenty five terms), such values chosen to better exemplify
were prepared from a code built in the MATLAB® software. the behavior of the method convergence. In all cases, we can
In this section we compare the spectral representation of see that as the number of terms increases in the series, more
Green’s function with its closed form, in order to verify the the SRGF results approach the closed form (exact solution).
convergence of the series in the spectral representation. In Reference [20] found that the method convergence is strongly
addition, parametric analyzes of the phase shift and the λ- associated with the period of the analysis cell 2a. However,
parameter effects on Green’s function were performed.
√ In all even for a period of five times the wavelength, only twenty
simulations we use x0 = 0 and 2a = [2π/<{ λ}] × 5, which five terms are needed to describe the ODE solution (2). In
is equivalent to five wavelengths in the analysis cell. addition, we also found that even with the introduction of the
In Fig. 2 we compare (12) and (26) for ∆Ψ = 0◦ , 45◦ , 90◦ ∆Ψ 6= 0, there is convergence of the SRGF method.
and 180◦ , with λ = 1+0.1j. In these simulations, the series in In Fig. 2 we can see that the periodic condition in module is
(26) have been truncated from −N to N , thus counting 2N+1 met, provided that |g(−a, x0 )| = |g(a, x0 )|, regardless of any
terms in the series. value ∆Ψ. It is interesting to note that the progressive phase
shift distorts the symmetry of the Green function distribution
1 in the cell −a < x < a, in addition, there is a left-shift
(a) SR N=4
of this distribution. Remember that the phase shift influences
0.8 SR N=5
SR N=12
CF
the interaction, whether constructive or destructive, between
0.6
|g(x,x’)|

the impulse functions in the periodic array, and therefore, if


0.4 for ∆Ψ = 0◦ we have a constructive interaction at the cell
0.2 boundaries, in the extreme case of ∆Ψ = 180◦ , we have a
total destructive interaction at the cell boundaries.
0
−15 −10 −5 0 5 10 15 In order to show the behavior of the progressive phase
x
shift, Fig.3 shows the SRGF phase with N = 12, for
1 ∆Ψ = 0◦ , 45◦ , 90◦ and 180◦ , with λ = 1+ 0.1j. It is possible
(b) SR N=4
0.8 SR N=5 to verify that the phase boundary conditions are also met.
SR N=12
CF
0.6
|g(x,x’)|

0.4 ∆Ψ=0º
∆Ψ=45º
100
0.2 ∆Ψ=90º
angle{g(x,x’)}

∆Ψ=180º

0 0
−15 −10 −5 0 5 10 15
x
−100
1
(c) SR N=4
0.8 SR N=5 −15 −10 −5 0 5 10 15
SR N=12 x
CF
0.6
|g(x,x’)|

Fig. 3. SRGF phase, truncated with N = 12 for ∆Ψ = 0◦ , 45◦ , 90◦ and


0.4 180◦ , all simulations with λ = 1+ 0.1j.
0.2
We now turn our attention to the effects of the λ-parameter
0
−15 −10 −5 0 5 10 15 on the Green’s function response. Fig. 4 shows the SRGF
x
module with N = 12, ∆Ψ = 0◦ , for ={λ} = 0, 0.1, 0.2, 0.5,
1 and <{λ} = 1.
(d) SR N=4
0.8 SR N=5
SR N=12
CF 1
0.6
|g(x,x’)|

ℑ{λ} = 0

0.4 0.8 ℑ{λ} = 0.1


ℑ{λ} = 0.2
ℑ{λ} = 0.5
0.6
|g(x,x’)|

0.2
0.4
0
−15 −10 −5 0 5 10 15
x 0.2

0
Fig. 2. Closed Form (CF) and Spectral Representation (SR) of Green’s −15 −10 −5 0 5 10 15
x
function: (a) ∆Ψ = 0◦ , (b) ∆Ψ = 45◦ , (c) ∆Ψ = 90◦ , (d) ∆Ψ = 180◦ .
All simulations with normalized |g(x, x0 )|, λ = 1 + 0.1j and Cell period of
2a = 31.3768. Fig. 4. SRGF module with N = 12, ∆Ψ = 0◦ , for: ={λ} = 0, 0.1, 0.2, 0.5.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Analyzing the CFGF in (12) analytically, we can verify ACKNOWLEDGMENT


that if λ ∈ C, then we will have a response in the form of The authors thank the members of the Nanoelectronics and
periodic damping oscillating modes within the analysis cell. Nanophotonics Laboratory from UFPA (NANOTIBO-UFPA)
This characteristic of decay towards the cell boundaries is and CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
associated with ={λ}, whether ={λ} > 0 or ={λ} < 0. In Nı́vel Superior).
fact, when 2a → ∞, we have the limit case, in which there
is no interaction between the delta functions. However, by R EFERENCES
evaluating the eigenfunctions un of the spectral representation [1] M. A. Cooper, Optical biosensors in drug discovery. Nature Reviews
(26), we can see that the natural modes are purely oscillating, Drug Discovery. 1:515-528, 2002.
[2] D. W. Pohl, A. Alu, N. Engheta & F. Marquier, Optical Antennas.
due to the fact that the eigenvalues (19) are purely real. Forthcoming Publications: Science, PRL, 2013.
A first hypothesis could erroneously suggest that the com- [3] R. Marani, M. Grande, V. Petruzelli & A. DOrazio, Plasmonic bandgaps
bination of purely oscillating modes would result in an oscil- in 1D arrays of slits on metal layers excited by out-of-plane sources,
International Journal of Optics, Hindawi, 2012.
lating distribution without decay, however, the result in Fig. [4] H. S. P. Wong & D. Akinwande. Carbon nanotube and graphene device
4 shows us the opposite, in fact, although the eigenvalues are physics. Cambridge University Press, 2011.
purely real, we have a SRGF with a decreasing oscillating [5] P. A. D. Gonalves, & N. M. Peres. An introduction to Graphene
plasmonics. 2016.
function behavior, with damping defined by ={λ}, similarly [6] S. A. Maier, Plasmonics: Fundamentals and Applications, 1st ed. New-
to the CFGF (in fact, both produce the same result). This is the bYork, NY, USA: Springer pp. 6587,2007.
main characteristic of the spectral representation method, the [7] D. W. Pohl, A. Alu, N. Engheta & F. Marquier, Optical Antennas.
Forthcoming Publications: Science, PRL, 2013.
ability to describe the behavior of an arbitrary function from [8] Homola, Surface Plasmon Resonance Based Sensors, ser. Springer
the linear combination of a set of orthonormal eigenfunctions. Series on Chemical Sensors and Biosensors. New York: Springer Berlin
Heidelberg, 2006.
IV. C ONCLUSIONS [9] T. Del Rosso, Q. Zaman, M. Cremona, O. Pandoli & A. R. J. Barreto.
”SPR sensors for monitoring the degradation processes of Eu (dbm)
In this paper, the formal development of the Spectral 3 (phen) and Alq3 thin films under atmospheric and UVA exposure”.
Representation of Green’s Function with a Progressive Phase Applied Surface Science, 442, 759-766, 2018.
[10] X. Huang, R. OConnor & E. A. Kwizera, Gold Nanoparticle Based
Shift was presented. First, we use the Closed Form of Green’s Platforms for Circulating Cancer Marker Detection, Nanotheranostics
Function (CFGF) method to solve the second order differential (Sydney, NSW.), vol. 1, pp. 80-102, 2017.
operator problem with periodic out-of-phase boundary condi- [11] J. Malicka, I. Gryczynski, Z. Gryczynski & J. R. Lakowicz, Use of
Surface Plasmon-Coupled Emission to Measure DNA Hybridization,
tions. From this CFGF, the spectral representation of the delta Anal Biochem, pp. 208-215, 2004.
function was defined. The great merit of this methodology is [12] A. Cruz, V. Dmitriev, T. Del Rosso & K. Costa (2019). Electromagnetic
the development of the spectral transform pair, obtained from Model of a SPR Sensor Coupled to Array of Nanoparticles by Periodic
Greens Function. International Journal of Antennas and Propagation,
the spectral representation of the delta function composed by 2019.
the proper eigenfunctions to the same periodic problem that [13] N. W. P. de Souza, J. S. Costa, R. C. Santos, A. F. S. Cruz, T. D. Rosso,
originated the CFGF. As has been verified, the use of this pair & K. Q. Costa, ”Modal Analysis of Surface Plasmon Resonance Sensor
Coupled to Periodic Array of Core-Shell Metallic Nanoparticles”,in:
of transforms greatly simplifies the resolution of the proper Resonance, Prof. Jan Awrejcewicz, InTech, 2017.
differential problem, since the transform of the second order [14] J. S. Costa, A. F. S Cruz, R. C. Santos & K. Q. Costa. Effect of Dielectric
differential operator results directly in the eigenvalue in the Shell on Gold Nanoparticles in a Surface Plasmon Ressonance Sensor
Response. In: MOMAG 2016, 2016, Porto Alegre, RS. 12 CBMag -
spectral domain. Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 2016.
As was also verified, the series representation method [15] K. Q. Costa, J. S. Costa, V. Dmitriev, T. D. Rosso, O. Pandoli & Q.
converges to the closed form, even when the progressive phase R. Aucelio, Analysis of surface plasmon resonance sensor coupled to
periodic array of gold nanoparticles, in IMOC 2015 SBMO/IEEE MTT-
shift in the boundary conditions is considered. In addition, we S International, Nov 2015, pp. 15.
found that the spectral representation method can describe the [16] J. S. Costa, Q. Zaman, K. Q. Costa, V. Dmitriev, O. Pandoli, G. Fontes &
damping effects on Green’s function, even though the proper T Del Rosso. Limits of the effective medium theory in particle amplified
surface plasmon resonance spectroscopy biosensors. Sensors, 19(3), 584,
eigenvalues are purely real. 2019.
The idea of comparing CFGF and SRGF methods is vitally [17] D. G. Dudley, Mathematical foundations for electromagnetic theory.
important, since there is convergence of the representation in New York: IEEE press, 1994.
[18] C. A. Balanis. Advanced engineering electromagnetics. John Wiley &
the series form, we can then say that the transform pair found Sons, 2012.
is capable of solving ODE with boundary conditions properly [19] G. B Arfken & H. J. Weber. Mathematical methods for physicists, 1999.
associated with the eigenfunctions of the transform pair. Of [20] A. F. S. Cruz, K. Q. Costa, V. Dmitriev & T. Del Rosso, Spectral
Analysis of a Surface Plasmon Resonance Sensor of Nanoparticles
course, it is already known that methods of resolving ODE by by Periodic Green Function, 2018 SBFoton International Optics and
transforms are extremely powerful. In fact, using the results Photonics Conference (SBFoton IOPC), Campinas, pp. 1-5, 2018.
obtained in (24) and (25), we can then apply the spectral
transform method to solve three-dimensional electromagnetic
problems, such as the vectorial Helmholtz differential equa-
tion. For future work, it is proposed to use this transform pair
applied to the electromagnetic problem of a SPR sensor in the
Kretschmann configuration.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Transmissão de Energia sem Fio Ponto-Multiponto


Planar Utilizando Acoplamento Indutivo Ressonante
Thiago Henrique Gonçalves Mello, Ursula do Carmo Resende
Departamento de Engenharia Elétrica
CEFET-MG
Belo Horizonte, MG
thiagohgmello@gmail.com, resendeursula@cefetmg.br

Abstract—Este trabalho apresenta o projeto de um sistema II. DESCRIÇÃO DO SISTEMA


para transmissão de energia sem fio planar utilizando a tecnologia
de acoplamento indutivo ressonante. O sistema trabalha na
Muitas são as possibilidades de topologias para a realização
configuração ponto-multiponto e é composto por uma bobina da transmissão de energia sem fio via AIR, sendo então
transmissora circular de fio e duas bobinas receptoras iguais indispensável investigar qual apresenta melhor desempenho de
também circulares de fio inseridas internamente à transmissora. acordo com as características da carga a ser alimentada. Neste
O Projeto do sistema foi desenvolvido utilizando uma modelagem trabalho, optou-se por estudar o caso em que o sistema é
matemática baseada em teoria de circuito de forma a obter a composto por uma unidade transmissora (UT) e duas unidades
configuração mais eficiente. Também é apresentado o projeto de receptoras (UR) iguais, caracterizando um sistema ponto-
um conversor auto-oscilante para alimentação do sistema. Os multiponto.
resultados numéricos obtidos demonstram a viabilidade e
funcionalidade da solução proposta. A. Ressonância
Palavras-chave—ressonância, sem fio, magnético, ponto- Quando, em um circuito, tem-se o fenômeno de ressonância,
multiponto. as parcelas reativas indutiva e capacitiva presentes se igualam
em módulo, resultando, portanto, numa impedância puramente
resistiva. Em sistemas que empregam AIR, é usual inserir
I. INTRODUÇÃO capacitores no circuito indutivo (ligados às bobinas), para
Há muito se fala a respeito da transmissão de energia elétrica alcançar a condição de ressonância. Estes são chamados de
sem fio (TEESF), ou seja, a capacidade de transmitir energia capacitores de compensação. Há duas formas de se realizar tal
elétrica sem a necessidade de conexão física entre a parcela conexão: 1) em série ou 2) em paralelo. A definição de qual
transmissora e a receptora do fluxo de potência. Grande parte utilizar depende diretamente da indutância mútua e topologia do
dessa discussão se dá devido às exigências cada vez maiores por sistema AIR ou do tipo de conversor utilizado para sua
economia, mobilidade e acessibilidade. alimentação.
As técnicas para atingir esse objetivo até hoje desenvolvidas Para o modelo investigado neste trabalho, a faixa de
podem ser separadas em: 1) campo próximo, utilizando frequência de operação 𝑓 escolhida foi de 650𝑘𝐻𝑧 a 1,2𝑀𝐻𝑧.
acoplamento indutivo (AI) ou acoplamento indutivo ressonante Esta faixa foi definida de acordo com a disponibilidade das
(AIR); e 2) campo distante, com tecnologias baseadas no chaves (MOSFETs) para construção do conversor eletrônico que
emprego de micro-ondas ou laser. Dentre estas, a AIR assumiu alimenta o sistema, perdas por efeito pelicular, tamanho da
um papel importante na corrida por transmissão eficiente de montagem e a distância esperada de transmissão, que diminui
grandes blocos de energia. Essa tecnologia pode ser facilmente com o aumento de 𝑓. Também deve ser lembrado que, em
aplicada em diferentes setores como, por exemplo, eletrônico, configurações nas quais o comprimento de onda do sinal
com carregadores de veículos e dispositivos móveis [1]; na área viajante é consideravelmente maior que as dimensões do
de saúde, em aparelhos auditivos intracranianos e robôs sistema, é possível utilizar parâmetros concentrados, ou seja,
cirúrgicos [2]; e em dispositivos domésticos, alimentando teoria de circuitos.
batedeiras, cafeteiras, entre outros [3].
Nos últimos anos, muitas configurações para a tecnologia B. Posição e projeto das bobinas
AIR têm sido investigadas. Em especial, a aplicação em sistemas Sistemas de TEESF utilizando AIR operam por meio do
que operam na configuração ponto-multiponto é muito atrativa acoplamento de campo magnético na região de campo próximo.
por ser capaz de alimentar mais de uma carga simultaneamente. Assim, as bobinas, de acordo com a frequência de operação do
Assim, neste trabalho é apresentado o projeto de um sistema que sistema, devem ser posicionadas dentro deste limite. A
emprega AIR ponto-multiponto composto por uma bobina configuração investigada neste trabalho é composta por uma UT
transmissora e duas bobinas receptoras iguais. Também é e duas URs, sendo que cada uma destas é constituída por uma
apresentado o projeto de um conversor auto-oscilante para bobina principal de fio nomeada main e uma bobina auxiliar
alimentação do sistema. Os resultados numéricos obtidos guia, também de fio, nomeada drive. As drives são conectadas
demonstram a viabilidade e funcionalidade do modelo proposto. em série à fonte e às cargas do sistema, enquanto as mains são

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curto-circuitadas ou inseridas em série com um capacitor. A UT III. MODELAGEM DO SISTEMA


é composta das bobinas B1 (drive) e B2 (main) e as URs são Definida a topologia, deve ser, então, realizada a etapa de
compostas das bobinas B3 (main) e B4 (drive), conforme projeto, constituída da modelagem matemática tanto do micro
ilustrado na Fig. 1.a). As URs são posicionadas dentro da UT, (bobinas, fonte e carga) quanto do macrossistema (indutância
conforme ilustrado na Fig. 1. a) e b), formando assim uma rede mútua).
planar. Porém, deve-se observar que existe um deslocamento
entre o centro da UT em relação ao centro das URs, a saber de
A. Indutância Própria
6𝑐𝑚. Adicionalmente, com o intuito de facilitar o projeto do
sistema desenvolvido neste trabalho, foram escolhidas cargas de Devido ao fato de demandar um elevado custo
igual valor (𝑅𝐿 = 10Ω) para conexão às URs. Todas as bobinas computacional, diferentes equações aproximadas foram
mains e respectivas drives são concêntricas e as URs desenvolvidas ao longo dos anos para o cálculo da indutância
posicionadas de forma simétrica em relação à UT. própria de uma bobina.
Os parâmetros de projeto das bobinas envolvem a definição Uma destas aproximações assume que a indutância própria
do número de espiras, raio das bobinas, espaçamento entre drive de uma bobina em que o diâmetro é muito menor que sua altura
e main e bitola do fio utilizado. Todos esses parâmetros definem, (2𝑟 ≪ 𝑙) é equivalente ao resultado da sobreposição de infinitos
além das características geométricas, características elétricas, condutores de espessura infinitesimal com espaçamento nulo
como indutância própria 𝐿, indutância mútua 𝑀, resistência 𝑅 e entre eles, mas sem contato elétrico [5]. Chamada folha de
fator de qualidade 𝑄. Neste trabalho, os parâmetros das bobinas corrente, esta aproximação também apresenta um coeficiente de
foram definidos de forma que a montagem seja planar e possa correção aplicável aos casos em que o raio da bobina se torna
ser utilizada, por exemplo, inserida à uma mesa pessoal de comparável à sua altura (𝑙 ≈ 𝑟). A aproximação estabelecida
escritório capaz de carregar dispositivos sobre ela inseridos, sem por este modelo é dada por:
necessidade de conexão física por meio de fios entra carregador
𝜇𝜋𝑟 2 𝑁 2 𝑘𝐿 (1)
e carregado. Dito isto, foi empregado um número reduzido de 𝐿= ,
espiras (2 para as bobinas drive, 10 para as mains receptoras e 9 𝑙
para a main transmissora) sem espaçamento entre elas. Os dados em que 𝐿 refere-se à indutância de uma folha de corrente e 𝑟, 𝑁
específicos de cada bobina estão na Tabela I. e 𝑙 são o raio, número de espiras e a altura da bobina,
Embora o número reduzido de espiras para as bobinas respectivamente. 𝜇 é a permeabilidade magnética do meio com
conduza a um valor baixo de fator 𝑄, auxilia na redução de 𝜇0 sendo a do vácuo e 𝑘𝐿 o coeficiente de correção de Nagaoka,
representatividade de fenômenos eletromagnéticos tais como dado por:
splitting e cross coupling [4], uma vez que estes estão
diretamente relacionados com a indutância mútua do sistema. 4(𝐷⁄𝑙 ) 2𝜅 2 − 1 1 − 𝜅2
𝑘𝐿 = [ 𝐸(𝜅) + 𝐾(𝜅) − 1]. (2)
Minimizando esses efeitos, é possível obter um melhor 3𝜋 𝜅3 𝜅3
desempenho de transmissão.
Os termos 𝐾(𝜅) e 𝐸(𝜅) são integrais elípticas de primeiro e
segundo tipo, respectivamente, e 𝜅, conhecido como módulo
UT
integral, é [6]:
UR1 𝐷
𝜅 = 𝑠𝑒𝑛(𝜃) = , (3)
√𝐷2 + 𝑙2
h
UR2 com o ângulo 𝜃 sendo aquele apresentado na Fig. 2.

Fig. 1. Sistema planar para transmissão de energia sem fio. a) Vista lateral e b)
superior. B1 é a bobina drive transmissora, B2 a main transmissora, B3 a main
receptora e B4 a drive receptora. Em a) é possível observar o desalinhamento
vertical, enquanto que em b) fica claro o desalinhamento lateral.

TABELA I. PARÂMETROS CONSTRUTIVOS DAS BOBINAS

Parâmetro
Bobina
N° espiras Raio condutor (𝒎𝒎) Raio espiras (𝒎)
Drive UT 2 1,35 0,13 Fig. 2. Solenoide de folha de corrente.
Drive URs 2 0,5 0,053
Main UT 9 1,35 0,13 B. Indutância Mútua
Main URs 10 0,5 0,053 A indutância mútua entre duas folhas de corrente pode ser
calculada utilizando modelagem apresentada em [7], a qual
aproxima a indutância mútua entre dois caminhos fechados
paralelos deslocados lateralmente um do outro por:

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

𝜇𝑎𝑏 cada uma com sua respectiva bobina drive. Neste trabalho a
𝑀= 𝐺(𝜌𝑚á𝑥 ), (4) bobina drive transmissora é compensada em paralelo, conforme
√𝑎(𝑏 + Δ)
requer o modelo de conversor auto-oscilante escolhido para
em que 𝑀 é a indutância mútua aproximada, 𝑎 e 𝑏 são os raios alimentação do sistema. A Fig. 4 ilustra o modelo circuital do
das duas espiras e Δ o desalinhamento lateral. Por sua vez, 𝜌𝑚á𝑥 sistema proposto, em que 𝑍𝐿1 e 𝑍𝐿2 são as impedâncias das
é: cargas conectadas aos terminais das bobinas drives receptoras,
1 𝑅 a resistência equivalente da bobina, 𝑉𝑆 a fonte, 𝐶 o capacitor
4𝑎(𝑏 + Δ) 2 de compensação e 𝐿 indutância da bobina em ressonância. Os
(5)
𝜌𝑚á𝑥 ≡(
(𝑎 + 𝑏 + Δ)2 + 𝑑2
) , índices de 1 a 6 indicam a qual circuito os parâmetros
pertencem. Par este trabalho, foram escolhidas cargas resistivas
com 𝑑 representando a distância vertical entre bobinas. de 10Ω. Mesmo não tendo sido representadas, as mútuas
consideradas são aquelas existentes entre todas as bobinas.
Na equação (4), 𝐺(𝜌) é calculado a partir de:
2 2
𝐺(𝜌) = ( − 𝜌) 𝐾(𝜌) − 𝐸( 𝜌), (6)
𝜌 𝜌
em que 𝜌 é a distância entre o ponto do elemento infinitesimal
de comprimento da espira integrada e o centro da outra espira.
Os parâmetros apresentados de (4) a (6) podem ser
identificados na Fig. 3.
Conforme [8], (4) tende a subestimar a real indutância
mútua, embora permita o cálculo para condições em que Δ > 𝑏. Fig. 4. Modelo circuital do sistema ponto-multiponto estudado.
Para aplicar esta equação a sistemas com mais de uma espira,
utiliza-se um somatório responsável por considerar a
contribuição de cada combinação de par de espiras entre IV. SIMULAÇÕES
bobinas. A modelagem matemática apresentada na seção III deste
trabalho foi implementada em ambiente MATLAB e foram
realizadas simulações das configurações com compensação
paralelo-paralelo (PP) e paralelo-série (PS).
A melhor topologia de compensação, levando em conta
apenas duas bobinas, é a série-série devido ao fato de não refletir
parcela reativa entre bobinas primária e secundária [1]. Apesar
disso, para sistemas com um número maior de bobinas
interagindo magneticamente ou muito próximas, a reflexão de
parcelas reativas acontece mesmo que o sistema seja
compensado. Como consequência, este fenômeno conduz a um
deslocamento no valor da frequência de ressonância 𝑓𝑟 do
sistema completo quando comparado com a frequência de
ressonância das bobinas individuais.
Assim, com o objetivo de identificar a forma de conexão
mais eficiente dos capacitores no sistema AIR proposto, duas
simulações distintas foram realizadas: uma com as bobinas
Fig. 3. Definição de parâmetros para cálculo da indutância mútua entre bobinas
drives receptoras compensadas em série e outra em paralelo.
com desalinhamento lateral.
Para as bobinas main a única forma de conexão possível é a
série. Os capacitores de compensação 𝐶 foram calculados para
C. Sistema Ponto-Multiponto que a frequência de ressonância 𝑓𝑟 de cada bobina fosse em
Para modelagem matemática do sistema AIR proposto neste 1𝑀𝐻𝑧, conforme apresentado na Tabela II. A equação utilizada
trabalho é utilizado o teorema das correntes de malha juntamente para determinação de 𝐶 foi:
à lei de Kirchhoff das tensões no domínio fasorial. Assim, a 𝐶 = 1/ (𝑓𝑟2 𝐿) (9)
equação a ser resolvida na forma matricial é:
𝑽̇ = 𝒁𝑰̇ ⇒ 𝑰̇ = 𝒁−1 𝑽̇, (7) TABELA III. COMPESSÃO DAS BOBINAS

Bobina Capacitância
com 𝑽̇ sendo o vetor coluna 1𝑥𝑛 das excitações ativas dos
circuitos, 𝒁 a matriz de impedâncias 𝑛𝑥𝑛 das malhas com 𝒁−𝟏 Drive UT 9.3𝑛𝐹
sua inversa e 𝑰̇ o vetor coluna 1𝑥𝑛 das correntes de cada malha. Drives URs 22𝑛𝐹
Main UT 650𝑝𝐹
Um modelo genérico do sistema ponto-multiponto consiste Mains URs 1.3𝑛𝐹
de uma bobina main transmissora e 𝑛 bobinas mains receptoras,

553
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A classe de conversores eletrônicos mais empregada em


sistemas práticos de TEESF é a D com os principais motivos que
levam a tal cenário sendo, entre outros, o baixo estresse das
chaves e seu médio ou elevado nível de potência de saída [9].
Uma outra característica desejável para operação destes
conversores é que eles não necessitem de circuitos auxiliares
como drives para fornecer comando às chaves, reduzindo
complexidade de projeto.
Diante disto, neste trabalho um conversor do tipo auto-
oscilante foi escolhido para alimentação do sistema AIR
proposto. A configuração auto-oscilante possui a grande
Fig. 5. Eficiência para compensações PS e PP. vantagem de realizar o comando de chaveamento automático, e
consequentemente, o controle da frequência de oscilação.

A. Circuito Completo do Oscilador


Tendo como objetivos para a operação do conversor
oscilação em 1𝑀𝐻𝑧 e o maior nível de potência de saída
possível, foi utilizada a topologia ilustrada na Fig. 7, a qual
requer que a bobina drive transmissora seja utilizada como
circuito tank [10], o que impõe que a compensação desta bobina
seja paralela. Nesta figura , 𝑅𝑝 são os resistores de polarização
das chaves, 𝑅 representa a resistência interna dos indutores 𝐿𝑜𝑠𝑐
que são tipo RFC (radio frequency choke) de 10𝜇𝐻, 𝐷 são os
Fig. 6. Potência de saída para compensações PS e PP. diodos da malha de realimentação, 𝑄 os elementos ativos de
chaveamento (MOSFETs), 𝑉𝑆 uma fonte de corrente contínua e
Os resultados de eficiência e potência transmitida obtidos 𝐶1, 𝑅𝑠1 e 𝑆1 o capacitor, resistência série equivalente e indutor
estão apresentados na Fig. 5 e Fig. 6, respectivamente. Para a do circuito tank, respectivamente. 𝑅𝑝 foi definido
eficiência, pode-se perceber uma banda ligeiramente mais larga empiricamente de forma a obter maior frequência de oscilação,
para a PP na faixa de trabalho e uma redução mais brusca de assim como 𝐶1. Seus valores são 100Ω e 12𝑛𝐹. Com isso, 𝐶1
desempenho a partir de 1,75𝑀𝐻𝑧. Em relação à potência, é empírico diverge de 𝐶1 calculado.
possível observar que a partir deste ponto a parcela transferida à
carga é desprezível, tornando esta região irrelevante para os
objetivos propostos. A partir da Fig. 6, verifica-se que na
frequência de operação escolhida, 1MHz, as duas configurações
operam com desempenho semelhante, diferenciando apenas na
maior expressividade do splitting na compensação PS.
Os resultados obtidos para ambas configurações demostram
que em uma banda de frequência larga (aproximadamente 0,65
a 1.2 𝑀𝐻𝑧), valores elevados de eficiência e potência podem ser
alcançados, caracterizando um sistema ressonante. O vale
acentuado observado em torno de 1,45𝑀𝐻𝑧 tanto na resposta de
eficiência quanto na potência é devido ao cancelamento das
reatâncias no denominador da expressão analítica para cálculo
da impedância de entrada do sistema completo.
Fig. 7. Circuito auto oscilante proposto.
V. CONVERSOR AUTO-OSCILANTE
O objetivo central deste trabalho é o projeto de um sistema B. Circuito Tank
AIR na configuração ponto-multiponto que pode ser utilizado, O circuito tank destacado na Fig. 7 é responsável pela
por exemplo, como uma mesa carregadora para dispositivos definição da frequência de operação do oscilador dada por (8).
eletrônicos. Assim, a demanda média de potência na saída do Entretanto, devido à proximidade entre as unidades transmissora
sistema deve ser em torno de 10𝑊. A faixa de frequência de e receptoras, existe uma grande parcela de indutância mútua que
operação de 650𝑘𝐻𝑧 a 1,2𝑀𝐻z foi definida de acordo com as é refletida para a entrada do sistema, o que acarreta
características das chaves eletrônicas comercialmente deslocamento na frequência de operação em relação ao valor
disponíveis e também de acordo com as dimensões propostas. definido. Esse fato evidencia a necessidade de simulação do
Todas essas características implicam na necessidade do emprego sistema completo para garantia das condições de operação de
de um conversor com bom despenho em relação à potência acordo com o projetado.
transmitida, eficiência e frequência para alimentação do sistema. 1
𝑓𝑟𝑜𝑠𝑐 = . (8)
2𝜋√𝑆1𝐶1

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

C. Chaves obedeça a critérios de zero voltage switching (ZVS), elevando a


A escolha da chave é um dos pontos fundamentais no projeto dissipação de potência e incluindo harmônicos à onda de saída
de um conversor eletrônico. Dentre os vários tipos de chaves do oscilador.
disponíveis, os MOSFETs são aqueles que melhor se adequam
às demandas de frequência, preço e corrente conduzida. B. Eficiência de Transmissão
Parâmetros como gate charge, resistência equivalente, A eficiência de transmissão está mais relacionada à parcela
capacitância dreno-fonte, tempo de recuperação reversa, dentre transformada em fluxo magnético e aquela recebida pelas
outros, são de suma importância para o projeto e operação do cargas. Em simulações, a potência entregue à bobina drive
conversor. Levando todos estes aspectos em consideração, além transmissora foi de 13𝑊, resultando em uma eficiência de
do critério de custo, o MOSFET do tipo IRF540 foi selecionado 97,15%. Outro ponto que merece destaque é a forma de onda da
para ser utilizado neste trabalho. tensão nas cargas. Por se tratar de um circuito que se comporta
naturalmente como filtro, os harmônicos de ordem superior a
fundamental, presentes na onda transmitida não são percebidos
D. Diodos na carga.
No conversor da Fig. 7, os diodos possuem a função de criar
uma malha de realimentação. Por serem não lineares, sua análise
VII. CONCLUSÃO
é complexa, devendo ser realizada por meio de simulações.
Assim como os MOSFETs, os diodos devem ser rápidos o Visto ainda como uma tecnologia em desenvolvimento, o
suficiente para se recuperarem antes que haja exigência de uma estudo detalhado da configuração ponto-multiponto para um
nova condução. Desta forma, foram escolhidos diodos do tipo sistema AIR foi proposto, apresentado a metodologia necessária
1𝑁4148. para projeto e previsão de comportamento. Adicionalmente foi
projetado um conversor auto-oscilante para sua alimentação. Os
resultados obtidos demonstraram que valores elevados de
VI. SISTEMA COMPLETO
eficiência podem ser alcançados enquanto uma quantidade de
O tipo de compensação (PS ou PP) das bobinas drive potência suficiente para alimentar pequenos aparelhos
receptoras para sistemas com elevadas indutâncias mútuas eletrônicos é transmitida. Verificou-se também que a frequência
interfere diretamente na frequência de operação do sistema de operação de sistemas com valores elevados de indutância
completo. Assim, com o objetivo de definir o tipo de mútua é diferente da frequência de operação individual das
compensação que conduz a uma operação mais próxima das bobinas. Por isso, deve-se então realizar a simulação do sistema
condições projetadas, o sistema completo (todas as bobinas e completo para o seu rigoroso projeto.
oscilador) foi simulado no software MULTSIM.
Os resultados obtidos mostraram frequência de operação REFERÊNCIAS
para o sistema de 695 𝑘𝐻𝑧 para compensação PS e 840 𝑘𝐻𝑧 [1] C. Auvigne, P. Germano, Y. Civet, and Y. Perriard, “Design
para a PP, não havendo significativa divergência entre o considerations for a contactless battery charger,” 2014 16th Eur.
comportamento dos circuitos em relação a eficiência. A Conf. Power Electron. Appl. EPE-ECCE Eur. 2014, 2014.
[2] A. K. RamRakhyani, S. Mirabbasi, and M. Chiao, “Design and
configuração PP foi escolhida para esse trabalho pois conduziu optimization of resonance-based efficient wireless power delivery
a resultados que se aproximam mais de 1MHz. Embora a systems for biomedical implants,” IEEE Trans. Biomed. Circuits
frequência de operação do sistema completo não seja igual a Syst., vol. 5, no. 1, pp. 48–63, 2011.
frequência de ressonância individual das bobinas, esta se [3] S. FH, “Future with Wireless Power Transfer Technology,” J. Electr.
encontra dentro da faixa de bom desempenho, conforme Electron. Syst., vol. 07, no. 04, pp. 2–9, 2018.
apresentado na Fig. 5 e Fig. 6. [4] X. Wei, Z. Wang, and H. Dai, “A critical review of wireless power
transfer via strongly coupled magnetic resonances,” Energies, vol. 7,
Por se tratar de um sistema composto por componentes no. 7, pp. 4316–4341, 2014.
[5] A. C. M. de Queiroz, “Cálculo De Indutâncias E Indutâncias Mútuas
ativos, há a necessidade de se levar em conta o efeito das perdas
Pelo Método De Maxwell,” no. 5, pp. 1–7, 1873.
de chaveamento e polarização. Tendo isto em mente, pode-se [6] D. W. Knight, Solenoid Inductance Calculation With Emphasis on
definir duas eficiências distintas: global e de transmissão. Radio-Frequency Applications. 2016.
[7] Q. T. Hoang, B. F. Hete, and R. P. Gaumond, “Comments on ‘Radio-
A. Eficiência Global frequency coils in implantable devices: misalignment analysis and
design procedure’.,” IEEE Trans. Biomed. Eng., vol. 40, no. 7, p. 715,
A eficiência global reflete a relação entre a parcela de 1993.
potência entregue às cargas em relação àquela que de fato foi [8] K. Fotopoulou and B. W. Flynn, “Wireless power transfer in loosely
injetada pela fonte 𝑉𝑆 . A partir da simulação realizada no coupled links: Coil misalignment model,” IEEE Trans. Magn., vol.
47, no. 2 PART 2, pp. 416–430, 2011.
software MULTISIM com componentes de valores comerciais [9] C. Jiang, K. T. Chau, C. Liu, and C. H. T. Lee, “An overview of
próximos dos calculados, a potência injetada por 𝑉𝑆 foi de resonant circuits for wireless power transfer,” Energies, vol. 10, no.
18,2𝑊 com média de 6,32𝑊 entregue para cada carga. Assim, 7, pp. 1–20, 2017.
a eficiência global obtida foi de 69,4%. Parte da dissipação [10] S. T. M. SATHLER, H. H.; BARBOSA, U. F. ; Resende, U.C. ;
acontece nas chaves, uma vez que estas possuem resistências GONCALVES, “Design of a Resonant Wireless Power Transmission
System,” 10th Int. Symp. Electr. Magn. Fields, Lyon., 2016.
internas. Outro ponto é que, por ser um sistema autocontrolado,
condições de projeto podem fazer com que o chaveamento não

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Automatic Detection of Azimuth Change in


Antennas for 5G-IoT Networks Using Deep
Learning
Sergio Paul, Pedro Souza, Lucian Ribeiro, Fabrı́cio Barros, Gervásio Cavalcante, Jasmine Araújo
Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica (PPGEE)
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Belém-PA, Brasil

Abstract—This paper is about applied artificial intelligence field audit with a technician performing measurements using
techniques solving a telecommunications problem. 5G-IoT anten- a compass.
nas will operate at high frequencies. Therefore, they individual The problem caused by this measurement process imposes
coverage area will be smaller. Targeting the antenna correctly
ensures adequate network coverage, but the antennas azimuths a periodic audit on each antenna to update the RF database.
undergo many involuntary changes. The only way to audit There are countless azimuth changes situations such as main-
azimuths on a mobile network is through manual measurements tenance activities, network modernization and optimization,
on each antenna, a time-consuming and unreliable task. The vandalism, wind action and others. These changes are invisible
objective of this research is to present a digital solution for to the operator because it is impossible to obtain informa-
automatic measurement and detection of azimuth change in 5G-
IoT antennas. Using techniques of Deep Learning and Internet tion in real-time when these changes occur. Each azimuth
of Things, the proposed work inserts computer vision in the change results in coverage network deformation affecting users
smart antennas concept. Satisfactory results in simulated tests since many antennas are aimed directly to airports, hospitals,
are presented and prove that the model presented works as an schools, business centers, government areas, bus terminal,
efficient solution for azimuth auditing, collaborating with mobile public areas and others high demand places.
networks coverage quality.
Keywords—Internet of Things (IoT), Deep Learning, Convolu- Pilot Pollution Interference is another serious problem,
tional Neural Networks (CNN), Antenna, RF Design, 5G, C-RAN. especially in big cities with a great deal of antennas on
Cell Network. Azimuths directed incorrectly cause overlap-
ping coverage of several cells creating network performance
I. I NTRODUCTION degradation due to the absence of a best server cell and the
Global mobile data traffic continues to grow exponentially, noise floor elevation. The interference occurrence increases
and is expected to rise from 33 EB (2019) to 164 EB (2025) poor service perception.
when video consumption will account for 76% of total traffic The manual process involving a compass is also a problem,
according to [1]. The crisis caused by COVID-19 changed peo- as it is necessary for the technician to be positioned in
ple’s digital behavior, increasing mobile broadband providers alignment with the antenna direction. This procedure is often
challenge. By October 2019 there were already 50 operators hampered by the antenna height and tower positioning making
with 5G commercial launch while 328 operators in 109 the process dependent on the technician’s intuition on compass
countries announced that they are investing in 5G networks measurement. According to information from RF engineers
[2]. this problem can cause different results when the same azimuth
5G-IoT operates at higher frequencies than 2G/3G/4G stan- is determined by different technicians.
dard so its coverage area is smaller compared to the legacy The proposed work presents a digital procedure using In-
network. Thus, 5G networks will further increase the number ternet of Things (IoT) and deep learning to obtain antenna
of antennas. With smaller cells, network design and optimiza- azimuth remotely, accurately and daily automatically updated,
tion requires fine-tuning to cover access points where heavy detecting and alarming any azimuth changes in real-time,
user are (human or not). Therefore, the accuracy of network decreasing the poor user experience time. Antennas installed
coverage becomes a challenge. in the right direction reduce interference, maximize voice and
Network coverage can be manipulated through point adjust- data traffic quality, reduce operational costs and improve user
ments in each cell with parameters such as transmission power, experience.
azimuth and electrical tilt that determines the range of the
cell while azimuth directs the antenna. Electrical tilt control II. R ELATED W ORK
is done remotely, using remote electrical tilt (RET), where the The brilliant experiment of Heinrich Hertz (1857-1894) in
operator can query, and even change any cell range in the 1888 confirming Maxwell’s theories (1831-1879) published in
network to optimize interference, capacity and coverage area. ”Dynamical Theory of the Electromagnetic Field” [3] of 1865
On the other hand, the antenna azimuth can only be verified in culminated in the first antenna development beginning of its

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

technological evolution. The ability to manipulate electromag- operator when any azimuth change occurs in the network, thus
netic parameters on antennas to control their irradiation area ensuring a more accurate coverage audit than the current way.
allows the network operator to control the coverage area on a The remainder of this manuscript is structured in three
mobile system. sections. In Section III we describe the methodology applied.
Mobile network needs to be flexible, and adjust its coverage Section IV presents the results obtained. Finally, conclusions
automatically according to performance analysis indicators. and future work are covered in section V.
Dynamically changing electrical tilts on antennas through
III. M ETHODOLOGY
remote electrical tilt (RET) for cell confinement and expansion
is a common technique in cellular networks [4] in both self- The methodology adopted to the proposed system uses the
planning and self-optimization processes. Self-Optimization Cloud Radio Access Network (C-RAN) architecture with IoT
Network systems (SON) adjust real-time coverage based on as the Data Plane (collecting information) and Convolutional
information received from the network itself [5]-[7]. Cisco’s Neural Network (CNN) as the Control Plane (processing
SON algorithm operates RET to optimize coverage and ca- information). The 5G-IoT network will be based primarily on
pacity by controlling interference and load balancing [5]. In 5G wireless systems, thus utilizing this two-tiered architecture
[6] call trace information is input to the proposed system and allowing massive access of devices on the network [17].
to detect insufficient coverage, overshooting and overlapping Figure 1 demonstrates our proposal emphasizing Data Plane,
problems in dynamic tilting adjustment optimization, and the with cameras integrated or attached to antennas acting as IoT
authors present a review of other SON applications. The devices, and Control Plane, where a cloud server will receive
algorithm presented in [7] manipulates RET and controls the the images and process them with deep learning. The Network
main irradiation lobe of the antenna in a steering range to operator will have access to the system to view azimuth change
improve throughput and coverage in cellular mobile networks. alarms or a simple spot conference on any network antenna.
The correct azimuth information is required to configure SON The proposal is to insert deep learning to assist the azimuth
systems and any tool that needs to use RF design data as configuration survey in the network. Figure 2 illustrates the
coverage predictor [8]. process. Cameras function as an IoT device whose purpose is
The Advanced Antenna System (AAS) concept involves to get the sight image of each antenna and send it once a day
antennas evolution. Smart antennas operate at various fre- to the cloud server. The sight image represents the azimuth
quencies on the same element, have integrated beamforming of the antenna itself. The trained CNN algorithm will process
and massive MIMO [9]-[15]. The purpose of using integrated these images and check each antenna if the received sight
antenna networks is the ability to direct the beam at a given matches the correct azimuth having as reference the images
angle range [9] and the recent 5G networks are stimulating received from the previous day. If the image represents another
new antenna designs with Beam Steering characteristics [10] class, the system sends an alarm to the operator, indicating
[11]. An antenna network based on the Butler Matrix design an azimuth change and informing the new azimuth of each
feed network is presented in [12] with wide variation in antenna in which alteration was detected. The cycle ends with
beam direction allowing simultaneous operation with orthog- update of corrected information in RF database and starts again
onal dual linear polarization in 5G networks. Dual Band the next day with new images sent by the antennas.
Antennas with Beam Steering allow beam manipulation in Figure 3 shows how the training images are obtained.
two distinct frequency bands on the same antenna [13] [14]. A drone scans 360º around the site at the same height as
Several technologies for multi-beam antennas are presented in the installed antennas making pictures. These images are
[15] exploring architectures and beamforming methods. In all
these situations, antenna azimuth as the main reference in the
irradiation diagram is a fundamental parameter.
The analysis of the related work has show that computer
vision is not part of the smart antenna state of art, and azimuth
is a key topic for the success of RF Design and coverage
control in mobile networks. There is no network auditing
model that automatically reports the correct azimuths of all
antennas installed on a cellular mobile network. Some vendors
offer expensive solutions with GPS-enabled handheld devices
for microwave alignment and antenna azimuth measurements
[16] but in these cases it is still necessary to send a specialized
technician to make measurements on each network antenna.
Compass has evolved but the process remains manual.
The proposed system features a deep learning solution
using low-cost cameras integrated in the antennas, as IoT
devices, capable of obtaining sight images of each antenna,
automatically detecting its azimuth daily and informing the Fig. 1. C-RAN Architecture with IoT

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 4. CNN Architecture

Fig. 2. flowchart Process


Recognition Challenge (ILSVRC) in 2012. It was able to
processed and classified for the system to understand each classify 1.3 million high resolution images from the ImageNet
azimuth target. training set into 1000 different classes.
Alexnet’s network architecture contains twenty-five layers,
in which five are convolutional layers and three fully connected
layers. The last fully connected layer, called softmax, connects
to 1000 classes and remained network is considered as a
resource extractor [21].
Transfer learning is a popular method in computer vision,
as it allows training to be optimized, reducing processing time
and increasing computational efficiency. This method seeks to
adjust a pre-trained CNN to perform classification in a new
image collection [22].
The main idea of this method is to keep the convolutional
base in its original form and replace the classifier layer
block. Thus, the Alexnet network is trained with images
that represent azimuths and classifies them according to this
acquired knowledge. Using the pre-trained CNN model as a
Fig. 3. Drone scan for CNN training fixed resource extraction mechanism is very suitable when
there is little computational power and/or a small data set [23]
A. Deep Learning [24].
Convolutional Neural Network (CNN) is a variation of the
B. Experiment
multilayer perceptron network architecture and is based on the
human vision biological process. Therefore it is widely used Images obtained in December 2019 and February 2020 with
in imaging and video detection, classification and recognition a 360º scan of a drone around an imaginary axis on a building
applications. This type of architecture is capable of filtering the rooftop in the Universidade Federal do Pará (UFPA) in Brazil
input data, maintaining the neighborhood relationship between were saved in an image bank available in [25].
the image pixels throughout the network processing [18]. The images collected by drone simulate each possible an-
CNN’s are made up of layers that have a specific function. tenna sight and are divided from 10º to 10º, forming 36 classi-
Figure 4 illustrates the architecture of a CNN and its main fication groups: Azimuth 0º, Azimuth 10º, Azimuth 20º,. . . and
layers: convolution, responsible for extracting attributes from Azimuth 350º. For the sake of approximation, some degrees
input data, resulting in a characteristic map; pooling, a layer immediately next to an azimuth group are considered to be
that reduces the size of the volume resulting from convolu- part of the group itself, for example, the 10th azimuth group
tional layers; and the fully connected layer, which is responsi- consists of the 6th, 7th, 8th, 9th, 10th, 11th, 12th, 13th, 14th
ble for plotting a decision path from previous layer responses, and 15th azimuths. Figure 5 illustrates the 36 classification
for each response class. CNN output is the probability that groups used in the experiment.
the input image belongs to one of the classes for which the The collected data were divided into training, validation and
network was trained. The process can be divided between the test data, corresponding to approximately 70%, 15% and 15%
image feature extraction block and the classification block that of the total images, respectively, as show in Table I.
uses these features to correctly classify the image class [19].
Alexnet is one of the most commonly used CNNs to R ESULTS
solve deep learning classification problems. This network was A network was trained with a different number of images
created by [20] winning the ImageNet Large Scale Visual per class. Overall network accuracy was drastically affected by

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE I
CNN T RAINING DATA D IVISION

Class Training Validation Test Total


Azimuth 0 70 15 15 100
Azimuth 10º 70 15 15 100
. . . . .
. . . . .
. . . . .
Azimuth 350º 70 15 15 100
General 2520 540 540 3600

the inclusion of azimuth imaging. Table II shows the observed


Fig. 6. Correctly classified with Fig. 7. Correctly classified with
accuracy values depending on the number of images per class. test image, azimuth of 0º. test image, azimuth of 80º.

TABLE II
ACCURACY IN TERMS OF NUMBER OF IMAGES PER AZIMUTH

Img/Azimuth 10 20 100 balancing


Accuracy 73.24% 77.78% 87.17% 97.07%

The term balancing in the table refers to an increase in


the number of images taken in classes that the network
found difficult to classify correctly in at least one of the
tests performed. These classes correspond to one third of the
total and received 370 images per azimuth: 10°, 30°, 50°,
70°, 90°, 110°, 180°, 190°, 250°, 270°, 280° e 340°. The
remaining classes received 170 images per azimuth. With
this balanced distribution of images, the accuracy improved Fig. 8. Classification performed Fig. 9. Classification performed
erroneously with test image, 210º erroneously with test image, az-
11,35% compared to CNN with 100 images per class. azimuth being classified as 220º imuth of 330º being classified as
Figs. 6, 7, 8 and 9 illustrate samples of the direct view azimuth. azimuth of 320º.
images obtained by the drone and representing the classes
azimuth 0°, 80°, 210° and 330° respectively. After transfer
learning and training, CNN correctly classified azimuths as that each class defines a set of azimuths around a central value
the examples of the figures 6 and 7 however erroneously with multiple of 10, images very close to the limit between classes
a 10° margin the azimuth classification as the examples of can induce the network to classify azimuths with a maximum
figures 8 and 9. 10° error. Depending on the environment, this margin may not
There is similarity among the images since the 36 classes represent a major change in the coverage area of the antenna
ordered in sequence represent a panoramic antenna view. The since the opening angle commonly used in cellular mobile
adjacent classes have contiguity in the images. Considering networks is 60° although any subtle azimuth change can cause
coverage degradation at cell edges and indoor areas.
Extra tests were performed. Each azimuth was tested with
two images, that were not used in training, taken at different
times and days, totaling 72 extra tests. 12 images were
classified with error, of which 10 with a class below and 2
with a class above. With these results, we reached an average
deviation of -1.4° from the central point that represents each
azimuth group with standard error varying between -2.4° and
-0.4° in a 95% confidence interval.
The confusion matrix obtained after CNN training and class
balance is available at [25]. It was possible to extract from
this matrix the overall accuracy of 97.07%, as well as the
recall and precision metrics for each class. Due to matrix
dimensions, for better viewing, recall, precision and f-score
values are available in [25]. Table III represents the overall
values of the evaluation metrics.
Fig. 5. Azimuth groups While the Accuracy represents an overall performance of

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE III [4] F. Athley and M. N. Johansson, “Impact of electrical and mechanical
OVERALL EVALUATION METRICS : PRECISION , RECALL AND F- SCORE . antenna tilt on lte downlink system performance,” in 2010 IEEE 71st
Vehicular Technology Conference, pp. 1–5, IEEE, 2010.
Metric Precision Recall F-score [5] “Aplicativos cisco son - cisco.” https://www.cisco.com/c/en/us/solutions/
General 96.78% 97.10% 96.85% service-provider/son-applications/index.html. (Accessed on 12/12/2019).
[6] V. Buenestado, M. Toril, S. Luna-Ramı́rez, J. M. Ruiz-Avilés, and
A. Mendo, “Self-tuning of remote electrical tilts based on call traces
for coverage and capacity optimization in lte,” IEEE Transactions on
Vehicular Technology, vol. 66, no. 5, pp. 4315–4326, 2016.
the classification model, Precision indicates the percentage [7] F. Kasem, A. Haskou, and Z. Dawy, “On antenna parameters self
of correct classification (correct classified the azimuth) in optimization in lte cellular networks,” in 2013 Third International
relation to the total number of samples that received the same Conference on Communications and Information Technology (ICCIT),
pp. 44–48, IEEE, 2013.
classification and Recall indicates among all classifications [8] M. L. Nunes, “Predição de cobertura radioelétrica em ambiente urbano
whose expected value is positive, were correctly predicted. complexo utilizando base de dados descritiva de alta resolução,” 98pgs,
The F-Score is the harmonic average between Precision and Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica - Universidade
Federal de Minas Gerais, 2017.
Recall. [9] 5G AMERICAS, ADVANCED ANTENNA SYSTEMS FOR 5G. Avail-
able in: https://www.5gamericas.org/wp-content/uploads/2019/08/5G-
C ONCLUSION AmericasAdvancedAntennaSystemsfor5GWhitePaper.pd. (Accessed on
We have successfully proposed and presented the prelimi- 10/12/2019).
[10] Z. Cao, Q. Ma, A. B. Smolders, Y. Jiao, M. J. Wale, C. W. Oh, H. Wu,
nary results of a convolutional neural network which purpose and A. M. J. Koonen, “Advanced integration techniques on broadband
is to add computer vision to the smart antennas concept, millimeter-wave beam steering for 5g wireless networks and beyond,”
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[11] N. Ojaroudiparchin, M. Shen, and G. F. Pedersen, “Beam-steerable
and automatically obtain azimuths of all installed antennas and microstrip-fed bow-tie antenna array for fifth generation cellular com-
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The results obtained in section IV demonstrate that the Propagation (EuCAP), pp. 1–5, IEEE, 2016.
[12] K. Klionovski, A. Shamim, and M. S. Sharawi, “5g antenna array with
proposed methodology can solving the problem exposed with wide-angle beam steering and dual linear polarizations,” in 2017 IEEE
97.07 % accuracy and a small margin of error that, as defined, International Symposium on Antennas and Propagation & USNC/URSI
is minimized when the number of training images increases National Radio Science Meeting, pp. 1469–1470, IEEE, 2017.
[13] L.-P. Shen, H. Wang, S. Farzaneh, W. Lotz, N. Hojjat, and M. Gavrilovic,
in a balanced way. These few errors only occur in adjacent “Dual band multi-beam base station antennas,” in 2017 IEEE Inter-
classes where the images can be similar at the contiguous national Symposium on Antennas and Propagation & USNC/URSI
edges. The experiment presented offers a challenge in this National Radio Science Meeting, pp. 1167–1168, IEEE, 2017.
[14] I. da Costa, S. A. Cerqueira, and D. Spadoti, “Dual-band antenna
way because simulations was made in an environment with array with beam steering for mm-waves 5g networks,” in 2017
predominance of the Amazon rainforest, car parking and SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and Optoelectronics Con-
roof top with fiber cement showing very similarity between ference (IMOC), pp. 1–4, IEEE, 2017.
[15] Z. Wu, B. Wu, Z. Su, and X. Zhang, “Development challenges for
the images. Meteorological factors and phenomena such as 5g base station antennas,” in 2018 International Workshop on Antenna
scintillation may contribute to these misinterpretations, but Technology (iWAT), pp. 1–3, IEEE, 2018.
since the neural network will classify the image according [16] “Rf vision - 3z telecom antenna alignment reinvented.”
https://3ztelecom.com/antenna-alignment-tool/. (Accessed on
to the highest probability of belonging to a certain class, the 12/12/2019).
margin of error is restricted to adjacent classes. [17] S. Li, L. Da Xu, and S. Zhao, “5g internet of things: A survey,” Journal
of Industrial Information Integration, vol. 10, pp. 1–9, 2018.
Future work will address image processing in order to in- [18] Y. LeCun, K. Kavukcuoglu, and C. Farabet, “Convolutional networks
crease network accuracy and minimize errors. The images used and applications in vision,” in Proceedings of 2010 IEEE International
for network training presented in this article were collected Symposium on Circuits and Systems, pp. 253–256, IEEE, 2010.
[19] A. C. G. Vargas, A. Paes, and C. N. Vasconcelos, “Um estudo sobre redes
with an amateur-piloted drone. Optimizing this process by neurais convolucionais e sua aplicação em detecção de pedestres,” in
programming the drone route with better resolution cameras Proceedings of the XXIX Conference on Graphics, Patterns and Images,
qualifies the training dataset. Exclude borderline samples in pp. 1–4, 2016.
[20] A. Krizhevsky, I. Sutskever, and G. E. Hinton, “Imagenet classification
adjacent classes to minimize errors is an action that helps with deep convolutional neural networks,” in Advances in neural infor-
network training. Other locations such as more urban and mation processing systems, pp. 1097–1105, 2012.
rural environments should be considered to train the model [21] J. Hosang, M. Omran, R. Benenson, and B. Schiele, “Taking a deeper
look at pedestrians,” in Proceedings of the IEEE Conference on Com-
in different scenarios. puter Vision and Pattern Recognition, pp. 4073–4082, 2015.
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560
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Design of Dual-band Wilkinson Power Divider


With Wide Isolation
Renato Ramalho Costa, Hugo Daniel Hernandez Dionı́sio de Carvalho, Wilhelmus Van Noije
Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) Departamento de Sistemas Eletrônicos
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Escola Politécnica da Universidade de São Paulo
renatorc15@ufmg.br, hhernan@ufmg.br dionisio.carvalho@usp.br , noije@lsi.usp.br

Abstract—This paper presents a dual-band Wilkinson power

Z3,θ
divider design for the 915 MHz and 2.45 GHz ISM bands. Four (a)
topologies reported in the literature considered of wide isolation P2
are studied and compared. The even-odd equivalent circuits are Z2,θ Z4,θ Zo
analyzed and the design equations of each topologies are derived. Zo Z1,θ R
Layout and electromagnetic simulations of the two best topologies
were performed. The ports matching and the output port-to-port P1 Z2,θ Z4,θ Zo
isolation are larger than 30 dB, and the insertion loss are better P3

Z3,θ
than 3.4 dB, for both 915 MHz and 2.45 GHz frequencies. The
devices were sent to fabrication and tests will be perform in the
coming months.
Keywords—Wilkinson power divider, Dual-band, Wide isola-

Z3,θ
tion. (b)
P2
Z2,θ Z5,θ Zo
I. I NTRODUCTION Zo Z1,θ Z4,θ R
Microwave power dividers (PD) have increased their impor- P1 Z2,θ Z5,θ Zo
tance, especially due to their use in antenna networks, power P3

Z3,θ
amplifiers and wireless communication systems. A power
divider can divide an input signal into two or more output
signals or combine two or more signals into a single signal. (c) P2
In order to efficient use of the available spectrum, dual-band Z3e,Z3o,θ
Z2,θ Zo
or tri-band PDs have been developed to integrate the function Zo R
of two or three components, respectively, in a single device.
P1 Z2,θ Zo
The conventional Wilkinson PD based on λ/4 transmission-
lines (TL) is simple and efficient but is limited to a single P3
band. (d) Z3,θ
P2
Recently, several studies have proposed a wide variety of Z2,θ Z4,θ Zo
dual-band Wilkinson PDs topologies as a result of the growing
Zo Z1,θ R
demand for multiband microwave systems. Topologies based
on two section transmission lines transformers with open/short P1 Z2,θ Z4,θ Zo
P3
stubs [3]–[6], [14], [15] or coupled microstripline [2], [3] are Z3,θ
the most frequently reported in the literature. Equally, there are
some researchers performing PDs with multi-band operation Fig. 1. Dual-band power dividers topologies selected for this study.
based on multi-section structures [10] [11], but additional
isolation resistors are required.
Despite, the use of lumped elements (inductors and capaci- especially for antenna array, dual-band rectifiers, modulation
tors) has been proposed in some studies [12] [13] to increase and demodulation circuits implementation.
the isolation between the output ports. However, additional This work presents the design of a dual-band microstripline
lumped elements to the circuit will increase the reactive Wilkinson PD using for 915 MHz and 2.45 GHz. The design
parasitic effects inherent to these devices at high frequencies. focuses on wide output port-to-port isolation using a single
In recent years, the IoT applications are simultaneously used isolation resistor. Four topologies reported in the literature and
the ISM bands of 915 MHz, 2.45 GHz and 5.8 GHz, espe- considered of wide isolation were selected, also taking into ac-
cially for Wireless Power Transfer (WPT) and RFID [7]–[9]. count the reduced size of the final device. The design equations
Dual-band power dividers are required in these applications for each topology derived from the even/odd mode analysis

561
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

(a) Odd-mode (c) Odd-mode

Z3,θ
ZinA
ZinA

Z2,θ Z4,θ Zout =1 Z2,θ Z3o,θ Zout =1


R/2
R/2

[1a]
[1c]
Even-mode Even-mode
Z3,θ
ZinC ZinB ZinA Z=1
ZinA

Zin=2 2Z1,θ Z2,θ Z4,θ


Zin=2 Z2,θ Z3e,θ Z=1

[2c]
[2a]

(d) Odd-mode

Z3,θ
(b) Odd-mode
Z3,θ

ZinA ZinA ZinB

Z2,θ Z5,θ Zout =1 Z2,θ Z4,θ Zout =1


R/2 R/2

[1d]
[1b]

Even-mode Even-mode
2Z4,θ

Z3,θ

2Z1,θ

ZinD ZinA
Z3,θ
ZinB
ZinB ZinA
Zin=2 2Z1,θ Z2,θ Z5,θ Z=1
ZinC
Zin=2 Z2,θ Z4,θ Z=1
ZinC

[2b]
[2d]

Fig. 2. Equivalent circuits of the PDs topologies (a) [4] and (b) [15] Fig. 3. Equivalent circuits of the PDs topologies (c) [2] and (d) [14] obtained
obtained from the even-odd analysis. from the even-odd analysis.

design theory of dual-band PDs. Section III shows the S-


for the dual-band case are presented, and the impedance and parameter specifications obtained from electromagnetic sim-
electrical length (θ) values are calculated for a frequency ratio ulation results. Conclusions are drawn in section IV.
of 2.45/0.915. The dimensions of each TL are determined
through ADS LineCalc and the circuit schematic for each II. D ESIGN T HEORY
topology was implemented. From the S-parameters simulation Fig. 1 shows the topologies selected for this study. The
results, a specifications comparison of the studied topologies impedance value (Z) and electrical length (θ) for each mi-
is performed. Two topologies were chosen for electromagnetic crostrip TLs are indicated. The topologies (a), (b) and (d)
simulation and fabrication. are based on two section transmission lines transformers with
This paper is organized as follows: Section II presents the open/short stubs proposed in [4] [15] and [14], respectively,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

and the topology (c) based on coupled microstrip TLs pro- for the topologies (a) and (c), thus four variables can be
posed in [2]. The experimental results presented in these determined.
works, shown that an isolation less than -12 dB is achieved in Topology (b) assumes that Z5 = 1 and select a high value
a fractional bandwidth more than 50% with reference to the of Z2 in order to improve the isolation [15]. Because the
central frequency (f2 + f1 )/2, for frequency relations (f2 / f1 ) maximum impedance physically realizable for a microstrip TL,
close to the 2.6776 ratio utilized in this work. a Z2 = 2 (100 Ω) was chosen in this work, since a Z3 of 131 Ω
The selected topologies are analyzed for the dual-band was calculated.
operation to derive the design equations. Because the high Topology (d) assumes a Z4 /Z2 ratio of 2 for frequency ratio
symmetry referenced to the horizontal line of the structure, (k) between 2 and 3. The foregoing constraints also allow us
the even/odd decomposition methodology can be applied. For to solve the system of equations numerically for the topologies
simplicity, all TLs impedance values, isolation resistance R (b) and (d).
and port impedance Z0 have been normalized to the impedance
of 50 Ω, such that Z0 = 1 Ω and so forth. The electrical length
of all TLs are assumed to be equals.
In the Odd-mode analysis the input port (P1), the common
TLs (Z1 for all and Z4 for [b]) and the midpoint of the
isolation resistor (R) are shorted. Therefore, the equivalent
odd-mode half circuit can be obtained for each topology as
shown in Fig. 2 and Fig. 3, where ZinA , ZinB , ZinC and ZinD
represent the equivalent impedance seen from the indicated
circuit nodes. Applying the TL theory, the equations 1a-d
bellow the odd-mode equivalent circuits, were obtained for
each topology. The output impedance seen for the output port
(P2 or P3) Zout must be 1 + 0j for port impedance matching.
For even-mode excitation, there is an open-circuit plane
established symmetrically between the output ports (P2) and
(P3). The equivalent even-mode half circuit is illustrated in
Fig. 2 and Fig. 3. The isolation resistor R will not influence the
event mode circuit matching because there is no current flow
through it. The input port and the common TLs (Z1 ) should
have impedance values of 2Z0 and 2Z1 , respectively. ZinA ,
ZinB , ZinC and ZinD express the equivalent impedance seen
from the indicated nodes of the equivalent circuit. Applying
the TL theory, and the equations (2a-d) below the equivalent
circuit, were derived for each topology. The input impedance
seen for the input port (P1) Zin must be 1 + 0j for port
Fig. 4. Simulation results of the S11,S22=S33 and S21=31 parameters.
impedance matching.
A quick examination of the equations (1a-d) and (2a-d)
exposes that they are related to the odd function tanθ. The
TL electrical length required for dual-band operation for the
f1 and f2 frequencies are defined as follows [1]:

θ(f1 ) + θ(f2 ) = nπ (1)


θ(f1 ) = (2)
(1 + k)
knπ
θ(f2 ) = (3)
(1 + k)
where k is the frequency ratio k = f2 /f1 and n is an
arbitrary integer, that is chosen to be 1 in this work. It is
important to highlight that a TL designed for Z, θ(f 1) will
have the same physical length than a TL designed for Z, θ(f 2)
according to equation 1.
From the even-odd decomposition, a non-linear system of Fig. 5. Simulation results of the power dividers isolation.
four equations is obtained which are easily solved numerically

563
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE I Z3 P2
C ALCULATED VALUES OF IMPEDANCE FOR EACH PD TOPOLOGY.

Topology Z1 (Ω) Z2 (Ω) Z3 (Ω) Z4 (Ω) Z5 (Ω) R(Ω) Z2 Z4


Topology (a) R
(a) [4] 27.4 67.2 88.5 50 – 100
Z1
67.9/33.5
(b) [15] – 73.6 – – 68.71
(e/o) P1

(c) [2] 55.7 100 131.8 29.5 50 100


Z2
Z4
(d) [14] 96.2 61.6 48.1 35.6 – 100

Table I presents the calculated values of impedance for each Z3 P3


topology. All lines have a electrical length of θ = 48.9450◦ . P2
A Rogers 4003C substrate with relative dielectric constant Z3

εr =3.55, substrate thickness h=0.8 mm, loss tangent tanδ = Topology (d)
0.0021, and the conductor thickness T=0.035 mm was utilized Z4
Z2
in the ADS circuit simulation. Fig. 4 and 5 present the S- R
parameters simulation results (schematic) in order to compare
the performance of the chosen topologies. Fig. 4 illustrated as Z1
P1
the topology (c) provide higher S11/S22 bandwidth than other
topologies, and as all topologies obtain the almost the same Z4

insertion-loss of 3.4 dB for f1 and f2 . Furthermore, topology


(c) provides wider isolation around f1 and f2 that other Z2

topologies, but the isolation port-to-port around (f1 + f2 )/2 is


much higher in (a),(b) and (d), as illustrated in Fig. 4. From
Z3 P3
Table I, is clear that the Z3 value of the topology (b) will
conduct to a very long TLs implementation. By regarding that Fig. 6. ADS layout photograph of the designed dual-band power dividers.
the focus of this study is wide port-to-port isolation and small
device dimensions, the topologies (a) and (d) were chosen for S11,S22
electromagnetic simulation and manufacture. 0

III. R ESULTS
-10
The ADS layout photograph of the designed dual-band S21
dB(S(2,1))
dB(S(2,3))
dB(S(2,2))
dB(S(1,1))

power dividers is shown in Fig. 6. The devices physical size


are 54 × 33 mm and 51 × 48 mm of the topologies (a) and -20
S23
(d), respectively. Fig. 7 and 8 present the ADS electromagnetic
simulation results of the scattering parameters for both design
-30
(Rogers 4003C εr =3.55, h=0.8 mm and tanδ = 0.0021). The
simulated values of ports matching (S11, S22 and S33) are
larger than 30 dB at both 915 MHz and 2.45 GHz, indicating -40
that there is good return loss. The isolation specification (S23) 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0
is better than 30 dB and the insertion loss (S21) is better than freq, GHz
3.4 dB at both frequencies. The layouts of the selected power
dividers were sent to manufacture and the experimental tests Fig. 7. S-parameter electromagnetic simulation of the Topology (a).
phase will be carried out in the next months.

IV. C ONCLUSION manufacture and we are planning to performs experimental


tests in the coming months.
The design, layout and electromagnetic simulation of wide
isolation dual-band Wilkinson power dividers topologies for R EFERENCES
the ISM frequencies bands of 915 MHz and 2.45 GHz were
[1] F. Liu and J. Lee, ”Design of New Dual-Band Wilkinson Power Dividers
presented. Four topologies considered of wide port-to-port With Simple Structure and Wide Isolation,” in IEEE Transactions on
isolation based on microstrip TLs transformers and open/short Microwave Theory and Techniques, vol. 67, no. 9, pp. 3628-3635, Sept.
stubs were discussed and their frequencies performance were 2019.
[2] M. J. Park, ”Dual-band Wilkinson divider with coupled output port
compared. Layout and electromagnetic simulations of the two extensions”, IEEE Trans. Microw. Theory Techn., vol. 57, no. 9, pp.
best topologies were performed. The devices were sent to 2232-2237, Sep. 2009.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

S11,S22
0

S21
-10
dB(S(2,1))
dB(S(2,3))
dB(S(2,2))
dB(S(1,1))

-20

S23
-30

-40
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 2.5 3.0

freq, GHz

Fig. 8. S-parameter electromagnetic simulation of the Topology (d).

[3] Y. Wu, Y. Liu, Q. Xue, ”An analytical approach for a novel coupled-
line dual-band Wilkinson power divider”, IEEE Trans. Microw. Theory
Techn., vol. 59, no. 2, pp. 286-294, Feb. 2011.
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Bands”, Microwave RF, Dec. 2014.
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Microwave Theory and Techniques, vol. 56, no. 2, pp. 487-492, Feb.
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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Caracterização Elétrica de Material Têxtil


Autorrespirante Para Aplicações em Redes de
Sensores Corporais

Matheus Emanuel Tavares Sousa1, Humberto Dionísio Marcos Silva de Aquino2, Moisés Vieira de Melo2,
de Andrade1, José Lucas da Silva Paiva1 Pedro Vinícius Nóbrega Wanderley2
Centro de Engenharias
1
Departamento de Engenharia Têxtil
2

Universidade Federal Rural do Semi-Árido - UFERSA Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Mossoró – RN, Brasil Natal – RN, Brasil
{humbertodionisio, jose.paiva@ufersa.edu.br, {silvaquino,moisesvmelo@yahoo.com.br,
matheus.emanuel@mail.com} pedroviniwanderley@hotmail.com}

Resumo— Este artigo apresenta a caracterização dos Pesquisas voltadas à saúde estão entre as mais rápidos na
parâmetros elétricos permissividade elétrica e tangente de perdas adoção de tecnologias baseadas em IoHT, além disso, essa
de um material têxtil tipo malha composto por poliamida, tecnologia pode proporcionar suporte a condições médicas que
poliéster e elastano, com estrutura de fabricação que proporciona envolvam pacientes idosos, pediátricos e gerenciamento/
característica flexível e autorrespirante ao material, com objetivo supervisão de doenças crônicas, dessa forma, a relação entre
de aplicação em tecnologias Internet das Coisas Para Saúde essa tecnologia e assistência médica, que possibilita
(IoHT) focando em monitoramento com instalação de oportunidades únicas no setor da saúde, por meio da adoção
dispositivos em redes corporais, desenvolvendo-se também uma dos wearables médicos, como serviços personalizados,
antena do tipo microfita com utilização de substrato do tipo
economia e melhor acessibilidade [2][3]. A utilização dos
têxtil. Por meio da utilização dos parâmetros experimentais
permissividade elétrica, para a faixa de frequências ISM 2,4
dispositivos vestíveis (wearable devices) abrange utilizações
GHz, e espessura do material no Modelo da Linha de como monitoramento de posição de sono de recém nascidos,
Transmissão foi desenvolvida uma antena em microfita com comunicação em tecnologias WBAN e detecção precoce de
substrato têxtil e, por meio da análise simulada e experimental do câncer de pele [4][5][6].
dispositivo, verificou-se aplicabilidade à faixa de frequências de Aliado ao avanço das tecnologias aplicadas no setor da
interesse. saúde, o desenvolvimento de dispositivos e materiais para
aplicações nesses contextos deve acompanhar essa tendência,
Palavras-Chave— Antena em microfita; IoHT; Caracterização
têxtil.
com utilização de materiais adaptáveis e minimamente
invasivos, no caso das aplicações IoHT. Portanto, este artigo
tem por objetivo a caracterização elétrica de um material têxtil
I. INTRODUÇÃO do tipo malha composto por poliamida (50%), elastano (10%) e
O avanço dos sistemas de comunicação na área da saúde poliéster (40%), constituído com estrutura de forma a
apresenta relevância em situações de transmissão de dados com proporcionar característica autorrespirante ao material
possibilidade de cuidados à saúde mesmo quando a distância (facilitação da circulação de oxigênio), visando tanto a
for um fator crítico, como citado em [1]. Dessa forma, surge de aplicação de dispositivos de monitoramento alocados sobre o
maneira geral a definição de telemedicina e definições como corpo do paciente (on-body) quanto a verificação da
home care, e-health e telehealth, todas relacionadas ao aplicabilidade do material como substrato para uma antena do
monitoramento remoto de sinais vitais de um paciente tipo microfita, a ser também utilizada como dispositivo para
hospitalizado ou internado no próprio domicílio. Essas aplicações IoHT.
definições estão englobadas na tendência das tecnologias
baseadas em internet das coisas (IoT – Internet of Things), II. MATERIAIS E MÉTODOS
mais especificamente no conceito que vem sendo classificado
como Internet das Coisas Para Saúde (IoHT – Internet of A etapa inicial do processo metodológico se deu pela
Health Things), em conjunto com protocolos de comunicação obtenção de características dielétricas do material em estudo, a
voltados à esse tipo de aplicação, por exemplo as Redes de fim de realizar a verificação de aplicabilidade como substrato
Área Corporal Sem Fio (WBAN - Wireless Body Area de uma antena em microfita. O processo metodológico
Network). São parte dos protocolos da família STD IEEE adotado é apresentado na Fig. 1.
802.15, e o protocolo Medical Body Area Network – MBAN,
que são definidas pela Federal Communications Commission –
FCC.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

As duas camadas externas do material são de mesma


estrutura. Na Fig. 3 é apresentada a visualização da estrutura
interior do material, utilizando-se para isso o microscópio
modelo LEICA DM500, com ampliação de quatro vezes.

(a) (b)

Fig. 3. Visualização da estrutura do material com ampliação por microscópio


(a) Camada externa (b) Camada interna

A estrutura observada na Fig. 3(b), favorece uma melhor


circulação de ar no material, sendo uma característica
importante para a aplicação proposta neste trabalho, além
disso, a opção de utilização de substrato tipo têxtil favorece à
adaptabilidade do dispositivo para aplicação on-body.
Para a medição de gramatura do material têxtil foram
utilizadas 3 amostras circulares com 11 cm de diâmetro,
utilizando e colocadas numa balança Sartorius PRACTUM213
– 1S. A gramatura do material foi determinada a partir da
média aritmética das gramaturas medidas para cada amostra.
Fig. 1. Procedimento metodológico Para a medição da espessura foi utilizado o medidor de
espessura MESDAN Thickness Gauge D-2000-T-NW. Na Fig.
A. Seleção do material têxtil 4 são apresentados os equipamentos utilizados no
O material foi desenvolvido no setor de Engenharia Têxtil, procedimento.
localizado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte
(UFRN). A escolha do material em estudo se deu
principalmente pela estrutura física como foi confeccionado
(autorrespirante), proporcionando melhor circulação de
oxigênio no material. Essa característica torna-se relevante
pela aplicação proposta, que é a de monitoramento de
pacientes estando diretamente em contato com o corpo (on-
body). Na Fig. 2 é apresentada a estrutura do material têxtil
utilizado.

(a) (b)

Fig. 4. Medições de gramatura e espessura (a) Balança Sartorius


PRACTUM213 – 1S (b) medidor de espessura MESDAN Thickness Gauge
D-2000-T-NW

O parâmetro espessura é fundamental ao projeto, uma vez


que essa dimensão será um parâmetro de entrada para o
(a) (b) projeto da antena de microfita com substrato têxtil. Já a
gramatura influencia diretamente na densidade de material da
Fig. 2. Estrutura física do material utilizado (a) Visão geral (b) Estrutura da
camada interior

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

amostra, fator que também é relevante no comportamento da camadas. As medições foram realizadas para a faixa de
antena com substrato têxtil. frequências Industriais, Científicas e Médicas 2,4 GHz (ISM
2,4 GHz), considerando o range de 2,4 a 2,4835 GHz.
B. Caracterização Elétrica Realizou-se o processamento dos dados obtidos para a
Nessa etapa foi medida a constante dielétrica do material verificação da permissividade elétrica e tangente de perdas do
em estudo por meio de um analisador vetorial de redes (AVR) material.
Agilent E5071C juntamente com o Dielectric Probe Software Apresenta-se na Fig.10 o equipamento utilizado para a
85070, então foi verificada a aplicabilidade do material como verificação experimental de desempenho da antena.
substrato dielétrico para uma antena de microfita, utilizando
um AVR Rohde & Schwarz modelo ZND, no Laboratório de
Micro-ondas (LABMICRO), do Centro Integrado de Inovação
Tecnológica do Semi-Árido (CITED), localizado na
Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). Esses
dados serão utilizados para o projeto e construção da antena de
microfita com substrato têxtil.

1) Medição da permissividade relativa e tangente de


perdas do material têxtil

Na Fig. 9 é apresentada a imagem da medição da constante


Fig. 10 Equipamento para medição experimental de desempenho da antena
dielétrica do material.
2) Aplicação do material têxtil como substrato em antena
de microfita

Os parâmetros de espessura e permissividade elétrica


relativa obtidos nas medições serão utilizados para o projeto
de uma antena de microfita com substrato têxtil, dimensionada
a partir do Modelo da Linha de Transmissão [7]. O Modelo da
Linha de Transmissão foi utilizado para a obtenção das
dimensões ilustradas na Fig. 11.

Fig. 9. Medição da constante dielétrica do material têxtil

Nessa etapa há o objetivo de obtenção da constante


dielétrica ε´, sendo a parte real da permissividade elétrica, e
obtenção do fator de perdas ε´´, que é a parte imaginária da
permissividade elétrica do material. Essas grandezas
relacionam-se por meio da Eq. 1.

𝜀 = 𝜀𝑜 (𝜀 ´ − 𝑗𝜀 ´´ ) (1)

Com 𝜀𝑜 representando a permissividade elétrica no vácuo. (a) (b)


Fig. 11. Antena projetada (a) Estrutura e dimensões projetadas para a antena
Conhecidos esses parâmetros, por meio da Eq. 2 pode-se obter com substrato têxtil (b) Ilustração com conector SMA
a tangente de perdas tan 𝛿 do material.
A alimentação do dispositivo se dará por meio de conector
𝜀 ´´ SMA (SubMiniature Version A), conforme ilustrado na Fig.
tan 𝛿 = ´ (2)
𝜀 10(b), conectado à linha de microfita, considerando-se
impedância de entrada 50 Ω. Previamente ao processo de
A caracterização elétrica ocorreu por meio de utilização de fabricação da antena houve a simulação do protótipo para uma
cabo coaxial e ponta de prova (probe). O procedimento foi primeira avaliação de desempenho do dispositivo, utilizando-
realizado com utilização de uma camada e de quatro camadas ®
se o software ANSYS HFSS versão 19.2.
do material, para verificação da influência da quantidade de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

III. RESULTADOS E DISCUSSÃO do dispositivo. Na Fig. 13 é ilustrado o dispositivo juntamente


Na Tab. 1 são apresentados os resultados obtidos para a com seu padrão de radiação simulado.
medição de gramatura e espessura do material têxtil utilizado.

TABELA I. GRAMATURA E ESPESSURA DO MATERIAL TÊXTIL


Ensaio
Medição da Gramatura Medição da Espessura
MESDAN
Sartorius
Equipamento Equipamento D-2000-
PRACTUM213
T-NW
Valores Valor
4,651 4,652 4,653 2,88 mm
medidos (g) medido
Valor médio 4,652 g

As amostras utilizadas apresentaram valores próximos,


com variação máxima de 0,002 g entre as medições,
demonstrando que o material utilizado possui uma estrutura de
fabricação uniforme. A espessura do material torna-se um
parâmetro de interesse por ser uma das variáveis de entrada Fig.13 Padrão de radiação simulado para o dispositivo
nos cálculos pertinentes ao Modelo da Linha de Transmissão,
utilizado para o projeto da antena com substrato têxtil. Assim O dispositivo simulado demonstrou padrão de radiação do
como a espessura, a permissividade elétrica também é um tipo broadside, ou seja, perpendicular ao elemento radiante
parâmetro de entrada do método. Na Fig. 12 é apresentada a patch, alcançando um ganho máximo de 4,4 dB. A operação
curva de permissividade elétrica para o material têxtil, obtida do dispositivo na faixa de frequência de interesse foi analisada
na etapa de caracterização elétrica. tanto no resultado simulado quanto de forma experimental. Na
Fig. 14 são comparados os coeficientes de reflexão (S11) em
função da frequência para o dispositivo proposto.

Fig. 12. Permissividade relativa em função da frequência

Para a frequência central de 2,45 GHz, a permissividade


relativa medida para o material foi de 1,6134, com tangente de Fig. 14 S11 (dB) em função da frequência (GHz). Comparação entre simulado
perdas igual a 0,03855. O baixo valor de permissividade e experimental
elétrica se dá pela característica estrutural (ver Fig. 2) do
O resultado experimental mostra que o dispositivo
material, que possibilita a maior presença de ar no substrato.
alcançou uma largura de banda operacional de 10 MHz, de
De posse dos valores de espessura e permissividade elétrica, a
2,47 GHz até 2,48 GHz, portanto, dentro da faixa de
aplicação do Modelo da Linha de Transmissão resultou num
frequências de interesse. A simulação apontou largura de
dispositivo com as dimensões indicadas na Tab. 2, com
banda operacional de 50 MHz, partindo de 2,4 GHz até 2,45
relação à Fig. 10 (a).
GHz. A diferença entre os resultados experimental e simulado
mostrados na Fig. 14 é influenciado pela alta porosidade do
TABELA II. DIMENSÕES DA ANTENA (MILÍMETROS)
material têxtil, mas, com frequências ressonantes dentro da
Dimensão faixa de operação de interesse. Os pontos com menores
W L Wp Lp Wm Lm xo yo
71 88 53,54 45,94 9,99 24,62 3,24 11,84
coeficientes de reflexão para cada caso está também dentro da
faixa de frequências ISM 2,4 GHz.
A partir das dimensões calculadas o dispositivo foi
simulado em software para a observação do comportamento

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS


Neste trabalho buscou-se investigar a aplicabilidade de um
material têxtil flexível autorrespirante como componente de
um dispositivo para comunicação, atuando como substrato de
uma antena tipo microfita, com objetivo de utilização em
aplicações IoHT em que haja necessidade de aplicação de
redes de sensores corporais. Verificou-se experimentalmente
os parâmetros de espessura, gramatura, permissividade elétrica
e coeficiente de reflexão (dB) em função da frequência para o
dispositivo, que se mostrou operacional para a faixa de
frequências de interesse ISM 2,4 GHz, ou seja, para o
intervalo de frequências de 2,4 GHz a 2,4835 GHz.
AGRADECIMENTOS
Esse estudo foi financiado em parte pela Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil
(CAPES) – Código de financiamento 001.
REFERÊNCIAS

[1] C. L. Wen, Telemedicina e Telessaúde: Um panorama no Brasil.


Informática Pública, Belo Horizonte, p. 7-15, Dez. 2008. Disponível em:
http://www.ip.pbh.gov.br/ANO10_N2_sum.html#. Acesso em 15 mar.
2020.
[2] J. J. P. C. Rodrigues, D. B. R. Segundo, H. A. Junqueira, M. H. Sabino,
R. M. Prince, J. Al-Muhtadi, V. H. C. de Albuquerque. “Enabling
Technologies for the Internet of Things”. IEEE Access. Vol. 6, pp 129-
141, Jan. 2018.
[3] B. Farahani, M. Barzegari, F. S. Aliee, K. A. Shaik. “Towards
collaborative intelligent IoT eHealth: From device to fog, and cloud”.
Microprocessors and Microsystems. Vol. 72, Nov. 2019.
[4] I. Yun, J. Jeung, M. Kim, Y. Kin, Y. Chung. “Ultra-Low Power
Wearable Infant Sleep Position Sensor”. Sensors. Vol. 20, pp 61-71,
Dez. 2019.
[5] U. Illahi, J. Iqbal, M. I. Sulaiman, M. M. Alam, M. M. Su'ud, M. H.
Jamaluddin, M. N. M. Yasin. “Design of New Circularly Polarized
Wearable Dielectric Resonator Antenna for Off-Body Communication in
WBAN Applications”. IEEE Access. Vol. 7, pp 573-582, Out. 2019.
[6] A. Mersani, L. Osman, J. M. Ribero. “Flexible UWB AMC Antenna for
Early Stage Skin Cancer Identification”. Progress in Electromagnetic
Research. Vol. 80, pp 71-81, Abr. 2019.
[7] C. Balanis. Teoria de Antenas: Análise e síntese. 3 ed. Rio de Janeiro:
LTC, 2009.
[8] ANSYS®, High Frequency Structure Simulator, release 19.2, ANSYS,
Inc.

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Um Sistema Transceptor de Baixo Custo e


Alta Confiabilidade para a Leitura de
Etiquetas RFID Passivas
Nicollas R. de Oliveira∗ , Lucas P. Boaventura† , Tadeu N. Ferreira† ,
Vanessa P. R. Magri† , Jacqueline S. Pereira† , Diogo M. F. Mattos∗
∗ Mı́diaCom, † LAPROP – PPGEET/TET/UFF
Universidade Federal Fluminense (UFF)
Niterói/RJ – Brasil

Resumo—Etiqueta de identificação por radio-frequência principais tecnologias habilitadoras de aplicações inteligentes


(RFID) passiva é uma das principais tecnologias habilitadoras na Internet das Coisas (Internet of Things - IoT) [2], [3]. Tal
de aplicações de Internet das Coisas em cenários de baixo custo capacidade de identificação de objetos, pessoas e produtos,
e alta granularidade. Contudo, o custo de implantação dessas
aplicações se concentra no desenvolvimento e na operação de sem necessidade de contato ou linha de visada, faz com que
sistemas transceptores para a leitura das etiquetas. Este artigo a tecnologia seja perfeitamente capaz de ser incorporada em
propõe um sistema transceptor de baixo custo, baseado em aplicações não usuais, tais como o auxı́lio na mobilidade de
equipamentos de prateleira, e com o desenvolvimento de uma idosos [4], a detecção de umidade em fraldas descartáveis [5]
antena impressa em microfita, capaz de realizar a recepção e a identificação de animais [6]. Contudo, o emprego de tec-
e processamento digital de sinais oriundos de uma etiqueta
RFID passiva. A proposta se baseia em uma aplicação Python, nologias RFID é constantemente limitado por três fatores: (i)
embarcada em um hardware Raspberry Pi, que permita o economia de energia, um fator a ser considerado em etiquetas
microprocessador implementar um banco de filtros digitais. A ativas que dependem de alimentação por baterias ou circuitos
proposta separa o sinal recebido em sub-bandas e implementa um externos; (ii) custos de fabricação em escala, recorrente em
decisor capaz de detectar e codificar a presença de portadoras de sistemas RFID convencionais que usam circuitos integrados
radio-frequência nas sub-bandas. Simulações empregando ruı́do
aleatório artificial comprovaram que o decisor implementado ou microchips; (iii) eficiência da transmissão e recepção. Em
apresenta confiabilidade de 92% para uma relação Sinal-Ruı́do especial, o escopo deste artigo foca na recepção, pois em meios
entre 1,6 dB e 2,3 dB. A avaliação do par de antenas dipolos ruidosos há requisitos estritos para a seletividade de filtros,
impressas para a transmissão e recepção de sinais do sistema fundamentais para a separação de sinais combinados [7], [8].
transceptor RFID indicou perda de retorno de 19,22 dB para a Este artigo propõe um sistema transceptor de baixo custo
operação em 915 MHz.
Keywords—RFID, Raspberry Pi, Leitor, Transceptor para a operação de etiquetas RFID, investigando através de
uma emulação a viabilidade de uma aplicação embarcada em
I. I NTRODUÇ ÃO um equipamento de baixo custo suportar o processamento
de sinais refletidos por uma etiqueta passiva e sem chip. O
Sistemas de Identificação por rádio-frequência (Radio Fre- artigo propõe também um protótipo de um par de antenas
quency Identification - RFID) funcionam a partir da interação dipolos, operáveis em 915 MHz e impressas em microfita
de ondas eletromagnéticas entre uma etiqueta (tag) e um leitor. para a transmissão e recepção de sinais RFID. A emulação
A etiqueta consiste em um dispositivo identificador do objeto é desenvolvida em Python, empregando a técnica de banco
no qual foi implementado, enquanto o leitor é o dispositivo de filtros digitais, a fim de separar o sinal recebido em
responsável por realizar a interface com sistemas externos de sub-bandas, detectar e codificar a presença, ou ausência, de
processamento de dados [1]. A disseminação dessa tecnologia, portadoras de radio-frequência. O protótipo do par de antenas
principalmente em redes de venda de varejo, é evidenciada dipolos é impresso em microfita e é avaliado em laboratório,
pelo aumento de 5 bilhões de etiquetas utilizadas por ano entre comparando os resultados reais com a simulação da técnica.
2014 e 2017, chegando a quase 8 bilhões de etiquetas em Em trabalhos anteriores, [9] descrevem um chip de
20171 , o que impulsionou a receita desse mercado em todo o identificação de dimensões milimétricas passı́vel de funcionar
mundo. Atualmente, a previsão é que o mercado de etiquetas na faixa de 0,1 a 10 terahertz, com nı́veis relativamente
alcance 41 bilhões de dólares em 20252 . baixos de energia fornecidos por diodos fotovoltaicos. Ao
Com a disseminação do uso e a consequente queda do valor aplicar a função de direcionamento de feixe no conjunto
de cada etiqueta, a tecnologia RFID é apontada como uma das de antenas, foi garantida uma comunicação mais eficiente,
1 Disponı́vel aumentando a intensidade e o alcance do sinal e reduzindo
em: https://cybra.com/5-huge-rfid-statistics-2017/.
2 Disponı́vel em: https://www.statista.com/statistics/781338/global-rfid- a interferência. Em outros trabalhos, como em [8], propõe-se
technology-market-revenue/. uma nova etiqueta de identificação por radiofrequência sem

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

chip, operável na faixa de frequência de 0,86 a 2,5 GHz, com possuem fonte de alimentação a bordo. Nesses casos, a própria
design e custo reduzidos e independência do sistema de leitura energia operacional da etiqueta é proveniente da onda contı́nua
UWB (Ultra-WideBand). Dando prosseguimento a este último transmitida pelo leitor [13]. Dessa forma, uma vez captado
trabalho, [10] desenvolvem um transmissor em UHF para um pela antena receptora RX, o sinal refletido pela etiqueta é
leitor RFID apropriado para as etiquetas passivas, sem chip submetido a um sistema simétrico ao da transmissão, ou
e com um layout de microfita. [11] apresentam o projeto de seja, passando pelo amplificador, demodulador e alcançando
antena de microfita para leitor de RFID com múltiplas bandas, finalmente um dispositivo de processamento [14].
sendo capaz de funcionar com um sistema de transmissão com
III. O S ISTEMA T RANSCEPTOR P ROPOSTO
polarização circular, enquanto [12] envolvem um arranjo de
64 elementos de antena, operando na faixa de operação de 2,4 A proposta do presente trabalho divide-se em duas etapas,
GHz. Diferentemente, este artigo propõe o projeto do sistema uma focada na transmissão e recepção emuladas de um sistema
transceptor que considera tanto a execução de uma aplicação RFID desenvolvido em linguagem Python e a outra que visa
Python em um hardware padrão e de baixo custo, quanto a o projeto e fabricação de um par antenas dipolo operáveis em
prototipação de uma antena dipolo que opera na frequência 915 MHz para leitores RFID.
de 915 MHz com baixas perdas. A arquitetura do sistema proposto, expressa na Figura 2, é
O restante do artigo está organizado da seguinte forma. Uma modular e prevê a atuação complementar de dois elementos,
breve fundamentação teórica sobre o sistema RFID é descrita um transmissor e um receptor/processador. Inicialmente, o
na Seção II. A Seção III expõe o sistema proposta, incluindo módulo de Geração de Sinais é responsável pela construção
os módulos que compõe sua arquitetura. Na Seção IV são deta- e amostragem do sinal de consulta, podendo ser formado por
lhadas as etapas de desenvolvimento da emulação. A avaliação uma ou mais portadoras de radiofrequência. Visando tornar o
dos resultados da emulação é evidenciada na Seção V. Na cenário da emulação mais realista, o módulo de Adição de
Seção VI é apresentada uma abordagem prática de projeto e Ruı́do insere componentes de ruı́do no sinal de consulta. O
fabricação de uma antena transceptora própria para leitores ruı́do emula a transmissão por um rádio real. Em seguida,
RFID. Por fim, a Seção VII conclui o artigo. o módulo de Transmissão garante que o sinal formado no
transmissor seja enviado, por um soquete de rede, através
II. O PERAÇ ÃO DA I DENTIFICAÇ ÃO POR de meio sem fio. Um vez conectado à mesma rede local do
R ÁDIO -F REQU ÊNCIA transmissor, o receptor/processador capta o sinal de consulta
A operação de identificação por radiofrequência (RFID) pelo módulo Recepção. Posteriormente, o módulo de Banco
é desempenhada pela comunicação entre o par leitor e eti- de Filtros aplica uma técnica de associação de filtros digitais
queta, como visto na Figura 1. Um leitor consiste em um a fim de separar o sinal recebido em sub-bandas. No módulo
equipamento integrado pelas seções de geração, transmissão, Decisor são calculadas e comparadas as potências médias do
recepção e processamento de sinais em radiofrequência. As- sinal e do ruı́do no domı́nio espectral para estabelecer um
sim, qualquer processo de leitura de uma etiqueta pelo leitor, procedimento de codificação, traduzindo assim a existência,
inicia-se pela geração de um sinal de consulta, este sendo ou ausência, de portadoras em um código de identificação
formado por um ou mais sinais senoidais em frequências binária. Por último, o módulo Análise de Sensibilidade
diversas. Em seguida, o sinal de consulta é transladado até permite avaliar o desempenho do decisor em diferentes faixas
uma frequência de ordem superior, normalmente da ordem de de relação Sinal-Ruı́do (SNR).
MHz ou GHz, usando um modulador. Posteriormente, o sinal
de consulta passa por um amplificador de potência garantindo
que um destino receba, em nı́veis aceitáveis de intensidade, a
informação enviada pela antena transmissora TX.

Figura 2. Emulação do sistema transceptor RFID. O sistema implementa


módulos de processamento para a transmissão e recepção do sinal. A interface
aérea é emulada através de uma rede WiFi. O ruı́do é emulado somando-se
um ruı́do aleatório ao sinal gerado.

IV. D ESENVOLVIMENTO DA E MULAÇ ÃO


Figura 1. Um sistema RFID conta com módulos de um sistema de transmissão
que gera o sinal de consulta. O sinal é refletido pela etiqueta e captado pelos
Como a arquitetura da emulação proposta é essencialmente
módulos de recepção do sistema. caracterizada pela interação entre dois elementos, um trans-
missor e um receptor, resolveu-se representá-los no ambiente
Supondo que o destino seja uma etiqueta passiva, sem chip, de emulação com um notebook e um Raspberry Pi, respec-
o processo de resposta à consulta é executado através do tivamente. Vale ressaltar que a emulação foi implementada
fenômeno de retroespalhamento, visto que tais etiquetas não usando um notebook pessoal equipado com processador Intel

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Core i7 4770, com 8 GB de RAM e 1 TB de disco rı́gido e de portadoras, foi devidamente desmembrado em dois sinais
um microprocessador Raspberry Pi 3B. filtrados, um contendo a portadora em 42 MHz e outro a de
84 MHz.
A. Geração e Transmissão do Sinal de Consulta
O procedimento de emulação inicia-se no transmissor que 0.4

Magnitude
produz o sinal de consulta, composto por um par de portadoras 0.2 Sinal de Entrada
cossenoidais em 42 MHz e 84 MHz amostrados em 200 MHz. 0.0
A adoção desses valores de frequências visa alinhar-se com 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
1.0

Amplitude
os mesmos valores apresentadas na etapa de transmissão em Filtro FIR Passa-Baixa
0.5 Filtro FIR Passa-Banda
trabalhos anteriores como [10]. Sinal de Entrada
0.0
B. Adição de um Ruı́do Aleatório 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0.50

Magnitude
Para emular os efeitos do ruı́do num cenário de transmissão Sinal de Saída (2ª Componente)
0.25 Sinal de Saída (1ª Componente)
real, adicionou-se artificialmente ao sinal de consulta um ruı́do
0.00
aleatório uniforme produzido pela função random.uniform() 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
Frequência( rads/amostra)
da biblioteca scipy disponı́vel para a linguagem Python.
Contudo, apesar dessa função permitir a escolha do número Figura 3. a) Representação espectral do sinal de consulta composto pelo sinal
de amostras aleatórias que compõem o ruı́do, a função não cossenoidal somado a componentes de ruido uniforme. b) Representação no
possibilita o controle expresso da SNR. Ao invés disso, domı́nio da frequência do sinal recebido sobreposto ao banco de filtros. c)
Sinais recebidos após a passagem pelos filtros passa-baixa e passa-alta.
permite somente configuração da faixa de variação do ruı́do
delimitada pelos seus limites superior Lsup e inferior Linf . Ci-
ente dessa ingerência sobre a relação sinal-ruı́do, a alternativa D. Decisor
foi estabelecer uma relação entre os limites superior e inferior Embora o sinal original tenha sido devidamente transmitido,
do sinal ruidoso com os valores máximo xmax e mı́nimo xmin recebido e subdivido em um par de sinais filtrados, nada se
sinal de consulta através de uma variável intitulada fator de sabe ainda sobre o número de identificação que eles represen-
correção (Fcorr ). Tal relação é expressa por: tam. Nesse contexto, torna-se necessário aplicar um processo
Lsup = xmax × Fcorr (1) lógico decisório que extraia informações sobre as possı́veis
portadoras contidas nesses sinais filtrados e que codifique
Linf = xmin × Fcorr . (2) a presença, ou ausência, delas em uma sequência binária
Uma vez composto o sinal, este é então transmitido do de identificação. Esse processo de identificação constrói-se
notebook para o microprocessador através de uma rede local a partir da concatenação de três procedimentos, sendo a
que utiliza o padrão IEEE 802.11 (WiFi). Computacional- primeira a aplicação da Transformada Rápida de Fourier (FFT)
mente, a comunicação é viabilizada por soquetes de rede pela função fft() do scipy. Sendo uma alternativa menos
presentes em ambos os scripts executados nesses elementos da custosa computacionalmente, a FFT converte sinais discretos
comunicação. A tecnologia WiFi foi escolhida por ser de baixo no domı́nio do tempo em sua versão no domı́nio da frequência.
custo e disponı́vel no Raspberry Pi [3]. Após o recebimento No segundo procedimento, calculam-se as potências médias
do sinal, o Raspberry Pi inicia as medidas de processamento dos sinais filtrados e do ruı́do. Em especial, como esses são
descritas a seguir. sinais discretos x[n], em que n é o número de amostras de
cada sinal, empregou-se a equação 3 que aplica o conceito de
C. Criação e Aplicação de um Banco de Filtros limite e efetua somatório das energias instantâneas de cada
Um banco de filtros consiste em uma disposição de filtros amostra.
destinada a dividir um sinal em canais adjacentes podendo
D
ser, ou não, reconstruı́do após os respectivos processamentos 1 X 2
Px[n] = lim |[x(t)]| (3)
individuais em cada sub-banda [15]. Devido aos requisitos D→+∞ 2D + 1
n=−D
de seletividade e fase linear, decidiu-se projetar um banco de
filtros digitais FIR composto por um filtro um passa-baixa de Devido a caracterı́stica não-determinı́stica do ruı́do, seria
ordem 50 e um passa-alta de ordem 51, tendo ambos 50 MHz muito vago calcular a potência média do ruı́do baseando-
como frequência de corte. se apenas em um exemplo de sinal composto por somente
Projetado o banco de filtros, pode-se convolui-lo com o sinal componentes de ruı́do aleatório. Dessa forma, optou-se por
recebido, que para fins de filtragem, promove um ganho para efetuar uma média das potências médias de 1000 exemplos de
frequências localizadas dentro da banda de passagem do filtro sinais de ruı́do gerados pela função random.uniform(). Vale
e uma atenuação para frequências localizadas na banda de ressaltar que todos esses sinais foram gerados sob as mesmas
rejeição do filtro. Sendo assim, após a convolução usando a condições iniciais, ou seja, mesmo número de amostras e
função convolve da biblioteca numpy, observa-se o fenômeno limites. Outrossim, em posse dos três valores de potência
representado na Figura 3c. Na figura, como esperado, constata- média – do ruı́do e dos sinais filtrados pelos filtros passa-
se que o sinal de consulta original, composto por um par baixa e passa-alta – pode-se então compará-los. Baseado

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

nessa comparação, o decisor produz executa o último dos F_corr = 0.7


procedimentos, a codificação binária de acordo com a regra: 2.5 F_corr = 0.75
• Se a potência do sinal filtrado pelo filtro passa-baixa for
F_corr = 0.8
maior que a potência do ruı́do, o primeiro bit será 1. 2.0

P(X = x)
Caso contrário, será 0.
• Se a potência do sinal filtrado pelo filtro passa-alta for
1.5
maior que a potência do ruı́do, o segundo bit será 1.
Caso contrário, será 0.
1.0
Segundo essa regra, ao observar a Figura 3c, pode-se 0.5
deduzir que o código binário gerado pelo decisor proposto
seria 11, visto que há portadoras tanto em baixa frequência 0.0
0.5 1.0 1.5 2.0
quanto em alta.
Relação Sinal Ruído (dB)
V. A AVALIAÇ ÃO DA E MULAÇ ÃO DO T RANSCEPTOR
(a) Histograma dos valores de SNR testados.
Sabendo que a aleatoriedade do ruı́do dificulta o pleno
funcionamento do decisor, tendo em vista a dificuldade de 100
estabelecer um limiar preciso entre o que é ruı́do e sinal 90
80

Probabilidade (%)
efetivamente, mostrou-se igualmente importante realizar um
estudo empı́rico que estimasse as faixas de operação do deci- 70
sor. Neste contexto, usando três fatores de correção diferentes, 60
que reproduzissem SNRs variados e de preferência baixos, 50
foram gerados 150 exemplos de sinais de consulta contendo 40
componentes de ruı́do – 50 por cada Fcorr . Depois de criados, 30
cada exemplo do conjunto de sinais foi submetido ao mesmo 20 Codificação Correta
fluxo de etapas explicado a partir da Seção IV-C. Os resultados 10 Codificação Errada
desse estudo estão expressos na Figuras 4(a) e 4(b). 0
Na análise das Figuras 4(a) e 4(b) é notória as dispari- 0,7 0,75 0,8
dades entre os desempenhos do decisor quando submetido Fatores de Correção
à diferentes SNR. Objetivamente, percebe-se que as baixas (b) Assertividade do Decisor.
taxas de assertividade 34% e 56% do decisor para Fcorr
iguais a 0,8 e 0,75, respectivamente, devem-se principalmente Figura 4. Desempenho do algoritmo de decisão para os três tipos de
Fcorr testados. Destaca-se a assertividade acima de 90% mesmo em cenários
aos baixos nı́veis da relação sinal-ruı́do presentes nessas ruidosos em torno de SNR igual a 2 dB.
emulações. Tal resultado é esperado, tendo em vista que em
algumas emulações o SNR atingiram valores menores que
1, indicando que as componentes de ruı́do se sobrepõem ao S103, disponı́vel no Laboratório de Antenas e Propagação
sinal cossenoidal. Nesses casos, a lógica de codificação é (LAProp) da UFF. As antenas desenvolvidas são mostradas
prejudicada, interpretando como inexistente toda e qualquer na Figura 5(a).
presença de portadoras no sinal filtrado e consequentemente, A fim de avaliar o protótipo da antena de baixo custo con-
traduzindo em códigos binários contendo sequências de zeros. feccionado, foram realizadas medidas da perda de retorno das
Paralelamente, percebe-se que o decisor, para Fcorr igual a antenas (S11 ). Os resultados da perda simulada e medida são
0,7, apresenta uma assertividade superior a 90% mesmo em mostradas nas Figuras 6(a) e 6(b). Como pode ser observado,
cenários com SNRs na faixa de 1,6 a 2,3 dB. a simulação da antena atingiu a perda de retorno de 22,79 dB
a aproximadamente 915 MHz.
VI. O P ROT ÓTIPO DA A NTENA PARA O L EITOR RFID A recepção de sinais pela antena foi feita através da conexão
A partir dos requisitos de funcionamento de um sistema da antena a um analisador vetorial de redes Anritsu MS2034A
RFID, foi então projetada uma antena transceptora impressa configurado como analisador de espectro, como mostrado na
em microfita [16] para operar em 915 MHz. Primeiramente Figura 5(b). A perda de retorno medida no protótipo da
foram testados 26 tipos diferentes de substratos, dos tipos antena atingiu 19,22 dB à frequência de operação próxima
FR-4, Roger 5080 e Roger 6010, com seus valores dimen- a 915 MHz.
sionais diversos, considerando antenas portáteis, tanto para
antenas monopolo quanto para antenas dipolo. Embora todos VII. C ONCLUS ÃO
os substratos testados tenham apresentado bons valores de A identificação de objetos por radiofrequência (RFID) é
banda, diretividade e ganho, optou-se pelo substrato FR-4 uma tecnologia de baixo custo que permite a implantação da
(Flame Retardant 4) por esse ser a opção de mais baixo custo. aplicações inteligentes no cenário de Internet das Coisas. Con-
Sendo assim, foram então confeccionadas duas antenas dipolo tudo, o desenvolvimento de sistemas transceptores modulares e
PCB no substrato FR-4 utilizando a prototipadora LPKF baseados em hardware padrão é essencial para a popularização

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

que os softwares desenvolvidos para o transmissor e para o


receptor são escaláveis, podendo ser facilmente adaptados a
outros tipos, quantidades e frequências de portadoras. O artigo
desenvolveu também o protótipo de antenas dipolo de baixo
custo impressas em microfita com perda de retorno real medida
em 19,22 dB na frequência de operação próxima a 915 MHz.
(a) Dimensões das antenas desenvolvidas para o leitor.
Como trabalhos futuros pretende-se realizar um teste completo
do sistema com diversas etiquetas e vários usuários.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a FAPERJ, CAPES e CNPq pelo
financiamento que viabilizou essa pesquisa.
R EFER ÊNCIAS
[1] M. S. Sabarish, S. Srihari, T. S. Arunaa, and D. G. Kurup, “Simulation
and design of a chipless passive rfid tag,” in International Conference on
Advances in Electronics Computers and Communications. Bangalore,
India: IEEE, 2014, pp. 1–3.
[2] D. M. F. Mattos, P. B. Velloso, and O. C. M. B. Duarte, “An agile and
(b) Montagem do setup de recepção com antena e analisador de espectro. effective network function virtualization infrastructure for the internet
of things,” Journal of Internet Services and Applications, vol. 10, no. 1,
Figura 5. Setup experimental para avaliação do protótipo da antena. a) O p. 6, 2019.
protótipo da antena é portátil, medindo aproximadamente 6,5 cm de largura e [3] L. H. A. Reis, L. C. S. Magalhães, D. S. V. de Medeiros, and
13 cm de comprimento. b) Medição experimental da perda de retorna medido D. M. F. Mattos, “An unsupervised approach to infer quality of service
no protótipo. for large-scale wireless networking,” Journal of Network and Systems
Management, Apr. 2020.
[4] C. Tsirmpas, A. Rompas, O. Fokou, and D. Koutsouris, “An indoor
navigation system for visually impaired and elderly people based on
radio frequency identification (rfid),” Information Sciences, vol. 320, pp.
288–305, 2015.
[5] P. Sen, S. N. R. Kantareddy, R. Bhattacharyya, S. E. Sarma, and J. E.
Siegel, “Low-cost diaper wetness detection using hydrogel-based rfid
tags,” IEEE Sensors Journal, 2019.
[6] A. S. Voulodimos, C. Z. Patrikakis, A. B. Sideridis, V. A. Ntafis,
and E. M. Xylouri, “A complete farm management system based on
animal identification using rfid technology,” Computers and electronics
in agriculture, vol. 70, no. 2, pp. 380–388, 2010.
[7] D. K. Klair, K.-W. Chin, and R. Raad, “A survey and tutorial of rfid
anti-collision protocols,” IEEE Communications Surveys & Tutorials,
(a) Perda de retorno simulada para a antena dipolo projetada. vol. 12, no. 3, pp. 400–421, 2010.
[8] R. B. Di Renna, C. R. Corrêa, V. P. Magri, T. N. Ferreira, M. W. Silva,
L. J. Matos, and J. A. Souza, “Novel design of a compact rfid chipless
tag at 860, 915 mhz, and 2.4 ghz bandwidth,” Microwave and Optical
Technology Letters, vol. 59, no. 10, pp. 2474–2479, 2017.
[9] M. Ibrahim, M. I. Khan, C. Juvekar, W. Jung, R. Yazicigil, A. Chan-
drakasan, and R. Han, “Thzid: A 1.6mm2 package-less cryptographic
identification tag with backscattering and beam-steering at 260ghz,”
2020 Intenational Solid-State Circuits Conference (ISSCC), 2020.
[10] A. G. Araujo, J. S. Pereira, V. P. Magri, T. N. Ferreira, and P. V. Cas-
tellanos, “Desenvolvimento de um transmissor rfid utilizando arduino,”
in XXXVII Simpósio Brasileiro de Telecomunicações (SBrT2019), 2019,
pp. 1–2.
[11] N. Nasimuddin, Z. N. Chen, and X. Qing, “Asymmetric-circular shaped
(b) Perda de retorno medida para a antena dipolo construı́da. slotted microstripantennas for circular polarization and rfid applications,”
IEEE Transactions on Antennas and Propagation, vol. 58, no. 12, pp.
Figura 6. Comparação dos resultados do parâmetro S11 nos cenários 3821–3828, Dec. 2010.
simulados e medidos. [12] A. Buffi et al., “A focused planar microstrip array for 2.4 ghzrfid
readers,” IEEE Transactions on Antennas and Propagation, vol. 58, pp.
1536–1544, May 2010.
[13] G. Maselli, M. Pietrogiacomi, M. Piva, and J. A. Stankovic, “Battery-
das aplicações inteligentes. Assim, esse artigo propôs um free smart objects based on rfid backscattering,” IEEE Internet of Things
sistema transceptor RFID baseado no microcontrolador Rasp- Magazine, vol. 2, no. 3, pp. 32–36, 2019.
[14] J. Su, Z. Sheng, V. C. Leung, and Y. Chen, “Energy efficient tag
berry Pi, com software desenvolvido em linguagem Python. identification algorithms for rfid: survey, motivation and new design,”
A emulação da proposta mostrou que ao receber os dados IEEE Wireless Communications, vol. 26, no. 3, pp. 118–124, 2019.
espelhados por uma etiqueta RFID passiva, a proposta foi [15] G. Ozdemir and N. Karaboga, “A review on the cosine modulated filter
bank studies using meta-heuristic optimization algorithms,” Artificial
capaz de separar e codificar sinais enviados pela etiqueta, com Intelligence Review, vol. 52, no. 3, pp. 1629–1653, 2019.
assertividade do decisor próxima a 92% para valores de SNR [16] D. Pozar, Microwave Engineering, 2nd ed. New York: John Wiley and
na faixa de 1,6 dB até 2,39 dB. Adicionalmente, vale salientar Sons, 1998.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Desempenho de Sistemas LoRa para Aplicações


de LPWA em Canais com Desvanecimento Plano
em Frequência
Renan R. Mendes, Carlos E. Capovilla, Ivan R. S. Casella
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
Universidade Federal do ABC
São Paulo, Brasil
renan.mendes@ufabc.edu.br, carlos.capovilla@ufabc.edu.br, ivan.casella@ufabc.edu.br

Resumo—A necessidade de monitorar e/ou controlar uma Neste contexto, este trabalho visa complementar os traba-
grande quantidade de dispositivos e processos a distância, em lhos supracitados através da apresentação de uma análise de
áreas importantes, como por exemplo as redes de energia desempenho da tecnologia LoRa em canais com desvaneci-
inteligentes, as redes industriais 4.0 e a própria Internet of Things
(IoT) tem promovido o desenvolvimento e o uso cada vez maior mento plano em frequência e ruído do tipo Additive White
de dispositivos de comunicação Low Power Wide Area (LPWA). Gaussian Noise (AWGN), considerando diferentes configura-
Dentre as tecnologias de LPWA disponíveis para aplicações nessas ções de operação.
áreas, a tecnologia Long Range (LoRa) tem se destacado por Além dessa seção introdutória, na seção II é apresentada
apresentar longo alcance e por ser mais robusta a ruídos. Em
função disto, será analisado neste trabalho, como as diferentes uma descrição do LoRa, enquanto na seção III é mostrado
configurações de operação da tecnologia LoRa e as diferentes uma análise de desempenho do LoRa. Finalmente, na seção
condições de propagação podem afetar o desempenho do sistema. IV as conclusões são apresentadas.

Palavras-Chave—LoRa, LPWA, CSS.

II. D ESCRIÇÃO DO L O R A
I. I NTRODUÇÃO
Nos últimos anos é visto o crescimento de sistemas mo- O LoRa é um padrão de comunicação de dados sem
dernos e inteligentes, como as redes de energia inteligentes, fio, desenvolvido para operar nas faixas de frequência não-
as redes industriais 4.0 e a Internet das Coisas (IoT), onde licenciadas, sendo essas de 430 MHz (Asia), 433 MHz (EUA),
existem o uso de uma infraestrutura de monitoramento e 868 MHz (Europa) e em 915 MHz (Brasil). Ele emprega a
controle de dispositivos e processos em tempo real, provendo modulação CSS para oferecer ao sistema uma maior robustez
o desenvolvimento e uso de dispositivos de comunicação sem a interferências e cobrir grandes distâncias.
fio. Na Figura 1, são apresentados os dois sinais de chirp utili-
Dentre as tecnologias de comunicação sem fio, existem zados na modulação CSS do LoRa. O primeiro, denominado
as que empregam a tecnologia de Low Power Wide Area de Up-chirp, apresenta um aumento linear de sua frequência
(LPWA) como o Zigbee Pro, Narrowband - IoT (NB-IoT), [f0 , f1 ] durante o intervalo de símbolo, enquanto o segundo,
Sigfox e Long Range (LoRa), no qual oferecem um custo denominado de Down-chirp, apresenta uma diminuição de
de implantação reduzido, menor consumo, baixo preço por frequência [f1 , f0 ], onde f1 >f0 .
dispositivo, flexibilidade e ampla cobertura.
O LoRa permite o ajuste de parâmetros importantes do
Portanto, esse artigo visa analisar a tecnologia LoRa, moti-
sistema como, por exemplo, o SF que especifica o número
vado pelo seu longo alcance e por utilizar a técnica de Chirp
de símbolos enviados para cada bit de informação, Bandwidth
Spread Spectrum (CSS), que a torna mais robusta a ruídos e
(BW) que se refere a taxa de transmissão, e a Coding Rate (CR)
ao desvanecimento por multipercurso [1].
que ajusta a capacidade de correção de erros do esquema de
Diversos trabalhos apresentam diferentes estudos para essa codificação de FEC (Forward Error Correction) usado ao custo
tecnologia, dos quais é possível destacar o artigo [2], onde de uma redução da taxa de dados transmitida. Estes parâmetros
os autores analisaram o desempenho do LoRa sob o ponto de podem variar dentro dos seguintes intervalos [4]:
vista da Bit Error Rate (BER) através de uma aproximação
por modelos matemáticos, levando em consideração todas as • SF - 7 a 12;
configurações possíveis e o artigo [3], onde foi apresentado • BW - 125 kHz, 250 kHz, 500 kHz;
um estudo do desempenho do LoRa sob a presença de inter-
• CR - 4/5, 4/6, 4/7, 4/8.
ferências em função do Spreading Factor (SF) utilizado.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Para se obter o Tpay primeiramente é necessário determinar


Npay que pode ser obtido por:
(h i )
8P L−4SF +16CRC−20IH
Npay =8+max 4(SF −2DE) ·[CR+4.0],0 (7)

Na qual: PL é o número de bytes da mensagem (1 a 255); IH


é a presença do cabeçalho (1 presente ou 0 ausente); DE é a
otimização da taxa de dados (1 presente ou 0 ausente); CRC
é verificação cíclica de redundância (1 presente ou 0 ausente)
[4].
III. A NÁLISE DE D ESEMPENHO DO L O R A
Nesta seção, será analisado o desempenho do sistema LoRa
em diferentes configurações de operação, sendo que o SF foi
alterado entre os valores de 7 a 12, a BW foi modificada
entre 125 a 500 kHz e a CR definida em 4/5, sendo utilizado
canais AWGN e de desvanecimento plano em frequência, e
considerando-se que as variações do canal são lentas o sufi-
ciente para que as Interferências Intersimbólicas (ISI) possam
ser negligenciadas. Deste modo, as variações de magnitude
Figura 1: Sinais de Up-Chirp e de Down-Chirp. causadas pelo canal no sinal recebido serão modeladas por
uma distribuição de Rayleigh e as variações de fase serão
Para entender melhor como cada configuração pode afetar modeladas por uma distribuição uniforme [6]. O diagrama de
as características do sistema, serão apresentadas a seguir as blocos ilustrado na Figura 2 representa a simulação do sistema.
equações que definem o número total de símbolos (Ns ), o Inicialmente, os bits da mensagem são gerados aleatoriamente
tempo de símbolo (Ts ), a taxa de bit (Rb ) e o tempo de pacote e simulam a mensagem a ser transmitida, em seguida é
(Tpk ) [5]. realizada a formatação do pacote LoRa onde são gerados os
O Ns é função do SF e pode ser determinado por: bits de preâmbulo e de sincronização junto com a mensagem
a ser enviada, após isso são gerados os sinais de modulação
Ns = 2SF (1)
CSS e transmitido através do canal de comunicação.
Por outro lado, o Ts depende do SF e da BW e pode ser
representado por:
2SF
Ts = (2)
BW
A Rb depende do SF, da BW e da CR e é dada por:
BW
Rb = SF · · CR (3)
2SF
As equações a seguir demonstram a forma de estimar o
Tpk que é uma característica muito importante dependendo do
tipo de aplicação [4] e pode ser obtido em função do tempo Figura 2: Diagrama de Blocos do Sistema de Comunicação
de preâmbulo (Tpre ) e do tempo de payload (Tpay ): LoRa.

Tpk = Tpre + Tpay (4) O sinal CSS é demodulado utilizando os bits de preâmbulo e
de sincronização, em seguida é feita a extração do pacote LoRa
O Tpre depende de Npre que é o número de símbolos do
retirando os bits de preâmbulo e de sincronização obtendo os
preâmbulo que por padrão é definido como 12 e de Ts e é
bits recebidos, a partir disso são calculados os desempenhos
dado por:
da transmissão LoRa [7].
Na Figura 3 é apresentada a variação de Ns em função
Tpre = (Npre + 4, 25) · Ts (5) do SF independente da BW. Pode-se verificar que o aumento
O Tpay depende de Ts e de Npay que representa número do SF de 7 a 12 causa um crescimento não-linear do Ns .
de símbolos do payload e é dado por: Deste modo, aumentando SF pode-se aumentar a quantidade
de símbolos enviados para cada bit de informação.
Tpay = Npay · Ts (6) Na Figura 4 é apresentado o Ts em função do SF para todas
as bandas consideradas. Pode-se verificar que o aumento do SF

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

de 7 a 12 causa um crescimento não-linear do Ts e o aumento


da BW de 125 a 500 kHz causa a diminuição do mesmo.
Deste modo, quando queremos um menor Ts devemos utilizar
SF menores e BW maiores.

Figura 5: Taxa de Bits x Spreading Factor.

Figura 3: Número de Símbolos x Spreading Factor.

Figura 6: Tempo do Pacote x Spreading Factor.

As Figuras 7 e 8 mostram o desempenho dos sistemas LoRa


em canais AWGN e planos em frequência, respectivamente.
Os resultados apresentados, dados pela variação da BER em
função da SNR (Signal to Noise Ratio), foram obtidos através
Figura 4: Tempo de Símbolos x Spreading Factor. de simulação computacional, conforme demonstrado na Figura
2, e não por meio de aproximação matemática como em [2].
Para estas análises foram transmitidos 27720 bits repetidos
Na Figura 5 é apresentado a Rb em função do SF para todas em 50 iterações para obter uma precisão de 95% no valor da
as bandas consideradas. Pode-se verificar que o aumento do BER estimada, sendo considerado todos os SF e definido a
SF de 7 a 12 causa uma diminuição não-linear da Rb e o BW em 125 kHz.
aumento da BW de 125 a 500 kHz causa um crescimento do Na Figura 7 é apresentado o desempenho do sistema LoRa,
mesmo. Deste modo, quando queremos um maior Rb devemos para um canal do tipo AWGN. Pode-se verificar que o LoRa
utilizar SF menores e BW maiores. com SF 12 obtém resultados melhores de BER que o SF 7,
Na Figura 6 é apresentado o Tpk em função do SF para sendo que para atingir uma BER de 1 · 10−3 é necessário um
todas as bandas consideradas. Nesta análise foi considerado SNR de aproximadamente -8,2 dB para o SF 7, já para o SF 12
que o número de bytes de mensagem é 8, e que o CRC e tem-se a BER em 1·10−3 para uma SNR de aproximadamente
o cabeçalho estão presentes. Pode-se verificar que o aumento -22 dB.
do SF de 7 a 12 causa o crescimento não-linear do Tpk e o Na Figura 8 é apresentado o desempenho do sistema LoRa,
aumento da BW de 125 a 500 kHz causa uma diminuição do para um canal com desvanecimento plano em frequência.
Tpk . Deste modo, quando queremos um menor Tpk devemos Pode-se verificar que o LoRa em ambientes com desva-
utilizar SF menores e BW maiores. necimento plano em frequência tem um pior desempenho

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comparado ao AWGN, sendo que para atingir uma BER de de transmissão da mensagem, porém com melhores resultados
1 · 10−3 é necessário uma SNR de aproximadamente 7 dB, de BER.
já para o SF 12 tem-se a BER de 1 · 10−3 para uma SNR
R EFERÊNCIAS
de aproximadamente -6dB, portanto isso pode ter um forte
impacto na capacidade do LoRa de suportar a comunicação [1] M. Saari, A. Muzaffar Bin Baharudin, P. Sillberg, S. Hyrynsalmi, and
W. Yan, “LoRa - A survey of recent research trends,” in 2018 41st
de longo alcance desejada em ambientes urbanos, onde as International Convention on Information and Communication Technology,
características de desvanecimento plano em frequência podem Electronics and Microelectronics, MIPRO 2018 - Proceedings, pp. 872–
prevalecer. 877, Institute of Electrical and Electronics Engineers Inc., jun 2018.
[2] T. Elshabrawy and J. Robert, “Closed-Form Approximation of LoRa
Modulation BER Performance,” IEEE Communications Letters, vol. 22,
pp. 1778–1781, sep 2018.
[3] L. Feltrin, C. Buratti, E. Vinciarelli, R. De Bonis, and R. Verdone,
“LoRaWAN: Evaluation of Link- and System-Level Performance,” IEEE
Internet of Things Journal, vol. 5, pp. 2249–2258, jun 2018.
[4] M. Capuzzo, “Reliable LoRaWAN links : performance analysis,” 2019.
[5] T. Bouguera, J. F. Diouris, J. J. Chaillout, R. Jaouadi, and G. Andrieux,
“Energy consumption model for sensor nodes based on LoRa and
LoRaWAN,” Sensors (Switzerland), vol. 18, jul 2018.
[6] Mathuranathan Viswanathan, Wireless Communication Systems in Matlab.
2018.
[7] M. J. Quinones Olaya, “Methodology for the dimensioning and develop-
ment of an urban LoRaWAN network,” apr 2019.

Figura 7: BER x SNR para canais AWGN.

Figura 8: BER x SNR para canais com desvanecimento plano


em frequência.

IV. C ONCLUSÃO
Este artigo foi vislumbrado para se obter um panorama
geral do desempenho da tecnologia LoRa, que está em ampla
evolução, e para que fosse possível futuramente realizar-se
testes em ambientes reais, utilizando-o como base. No canal
do tipo AWGN, o LoRa apresentou um bom desempenho
sem impacto na sua capacidade, entretanto no canal do tipo
desvanecimento plano em frequência, o LoRa apresentou um
forte impacto na sua capacidade, sendo assim, o LoRa pode
apresentar dificuldades em locais com essa característica. As
análises realizadas, como esperado, mostraram que as opções
de configuração do LoRa alteram seu desempenho, assim,
quando se necessita de uma maior imunidade a ruído deve
ser utilizado SF mais altos, o que acarreta num maior tempo

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Caracterização em Banda Larga de Canal em


Ambiente Arborizado na Faixa de 26 GHz
Jean Carneiro da Silva (1), Diego Kasuo Nakata da Silva (1), Leslye Estefania Castro Eras (1), Nadson Welkson Pereira
de Souza (1), André Felipe Souza da Cruz (1), Emanoel Costa (2)
(1) Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará – UNIFESSPA, Folha 31, QD. 7, s/n, 68507-590 Marabá, Brasil
(2) Centro de Estudos em Telecomunicações, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – CETUC/PUC-Rio, Rua
Marquês de São Vicente 225, 22451-900 Rio de Janeiro RJ Brasil

Abstract— The present work describes the use of a simulation linha de visada mostra-se pobre na faixa de ondas milimétricas
model based on asymptotic methods (ray tracing) on the [4]. Por outro lado, pequenos obstáculos e espalhadores,
propagation of ultra-wideband radio signals in a densely-arborized desconsiderados no passado, podem causar impactos na
urban channel. The model was validated and adjusted using data propagação de ondas em canais urbanos, nos quais estão
obtained from measurement campaigns in the millimeter-wave presentes em grandes quantidades, o que motivou a inclusão de
band in different locations. The simulation uses deterministic árvores, postes de trânsito, distribuição de energia e iluminação
methods to predict the received power, XPD (depolarization), RMS nesta simulação.
delay spread and mean delay in a channel with a high density of
scatterers (trees, buildings, and poles). Simulated signals were A faixa de 26 GHz é de interesse para a implementação de
transmitted in the vertical and horizontal polarizations considering serviços móveis de quinta geração (5G) em ambientes urbanos.
the non-specular reflection caused by rough surfaces and the effect Assim, avaliar os possíveis efeitos da propagação de sinais de
of the height variation of the transmitter in outdoor channels. comunicações móveis nestes ambientes é de relevante
importância. Nestas frequências, que possuem menor penetração
Keywords— Ray tracing; millimeter waves; propagation model, em construções e estão mais sujeitas à ação de pequenos
Sumário—O presente trabalho descreve a utilização de um espalhadores, sua aplicação é usualmente feita em células
modelo de simulação baseado em métodos assintóticos (ray tracing) menores, onde o transmissor encontra-se em menores alturas e
de propagação de sinais de rádio de banda ultra larga em um canal em situações de visada [4]. Nestas condições, a cobertura vegetal
urbano densamente arborizado. O modelo foi validado e ajustado presente nas cidades pode ter um forte impacto na qualidade do
utilizando dados obtidos em campanhas de medições na faixa de sinal recebido. Portanto, o presente trabalho simula a transmissão
ondas milimétricas em diversas localidades. A simulação utiliza de sinais acima, entre e abaixo da linha das copas, em um cenário
métodos determinísticos para prever a potência recebida, XPD onde os receptores estão a 1,5 m do chão.
(despolarização), espalhamento de retardo RMS e retardo médio
em um canal com alta densidade de espalhadores (árvores, prédios Na próxima seção, o modelo de traçado de raios é descrito,
e postes). Foram simuladas a transmissão de sinais nas utilizando princípios da ótica geométrica (GO) e teoria uniforme
polarizações vertical e horizontal e considerada a reflexão não da difração (UTD). Na seção III, são explanados os aspectos e
especular provocada por superfícies rugosas, assim como o efeito técnicas da simulação. A seção IV mostra os resultados da
da variação de altura do transmissor em canais externos. simulação em uma rota preestabelecida em um canal externo em
uma praça da cidade de Belém, com base nas métricas: potência
Palavras-chave— Traçado de raios; ondas milimétricas; modelo recebida, discriminação de polarização cruzada (XPD),
de propagação espalhamento de retardo RMS e retardo médio para sinais de
banda ultra larga (UWB) para as componentes vertical e
I. INTRODUÇÃO horizontal do campo elétrico. Por fim, a seção V, analisa os
A literatura recente sobre canais de propagação na faixa de resultados sob os pontos de vista quantitativos e qualitativos,
ondas milimétrica é relativamente limitada. Efetivamente, o alto definindo as metas futuras deste estudo.
custo dos equipamentos utilizados em campanhas de medição,
pode limitar o desenvolvimento de estudos experimentais sobre II. O MODELO DE PREVISÃO
o uso desta faixa. Para contornar esta dificuldade, diversas O modelo de simulação adotado foi originado dos trabalhos
técnicas de simulação têm sido propostas [1]. de Silva e Costa [5]-[7]. Inicialmente, o ambiente é modelado a
Em faixas de frequência baixas, modelos determinísticos partir de um mapa bidimensional, onde todas as construções de
baseados em traçado de raios foram capazes de executar um quarteirão são agrupadas e substituídas por sua envoltória
previsões em ambientes urbanos com ótima concordância com convexa (poligonal). Em seguida cada polígono é extrapolado na
valores obtidos em campanhas de medições [2]. O estudo da direção vertical para formar o prisma reto que representa o
faixa de ondas milimétricas, em função de seu diminuto quarteirão. O solo é suposto como plano e horizontal. Assim
comprimento de onda e do possível impacto sobre mecanismos como os prismas (verticais), possui propriedades constitutivas
importantes nestas faixas, adiciona dificuldades aos modelos (permissividade, permeabilidade, condutividade, rugosidade e
previamente desenvolvidos para as faixas de VHF e UHF. dimensões) individuais. A atmosfera é modelada como uniforme
Estudos recentes [3] mostram que o mecanismo da difração pode e isotrópica, com atenuação da onda eletromagnética descrita
sofrer severas perdas, de modo que a cobertura em canais sem pela Recomendação ITU-R P.676-10 [8].

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Cada árvore é modelada por tronco e copa, representados por III. A SIMULAÇÃO
cilindros retos concêntricos de raio e altura especificados. A copa No modelo de simulação, um canal é caracterizado pelas
se apoia no tronco. Postes de iluminação, distribuição de energia posições e orientações das antenas do Tx e Rx, pela polarização
e de trânsito são representados como cilindros retos de raio e do campo radiado e o ambiente circundante. Em cada canal, a
altura também especificados. Uma pesquisa foi realizada para função de transferência H(f) é estimada em uma faixa de
melhor dispor as árvores e postes de forma a aproximar a frequências caracterizada como UWB. A faixa é discretizada em
representação computacional do ambiente a ser simulado. um grande número de frequências uniformemente espaçadas.
O traçado de raios (RT) utiliza o método das imagens. Desta forma, H(f) é calculada para cada frequência discretizada
Inicialmente, determina uma árvore de imagens para as projeções pela soma dos vetores complexos que representam os campos
do transmissor (Tx), pontos de difração, árvores, postes e pontos elétricos de todos os raios que partem do Tx e atingem o Rx. A
de reflexão difusa. São geradas imagens até a oitava ordem de resposta ao impulso é obtida pela aplicação da transformada
interação (reflexão especular) com o ambiente. São considerados rápida inversa de Fourier (IFFT) à função de transferência H(f),
os mecanismos de raio direto, refletido no solo e paredes o que permite determinar o perfil de potência e retardos (PDP)
verticais dos prismas, difração nas arestas verticais dos prismas, do canal. A potência recebida é obtida pela integração numérica
difração geodésica nos cilindros retos que representam troncos e do PDP sobre o domínio do retardo. O retardo médio e o
postes, atenuação por copas de árvores, espalhamento difuso nas espalhamento de retardo RMS são obtidos a partir do PDP e a
paredes rugosas e copas das árvores e bloqueios pelos prismas, XPD é calculada pela razão entre as potências recebidas
troncos e postes, bem descritos em [5]-[7]. Posteriormente, os associadas às componentes copolarizadas e de polarização
conjuntos de imagens são utilizados para gerar a representação cruzada do campo elétrico, conforme descrito em [3], [5], [11].
2½D dos raios traçados entre o transmissor e o Receptor (Rx). Na simulação, a técnica de Combinação de Feixes [17] é
Isto é, estes novos raios consideram a diferença entre as alturas implementada pelo alinhamento dos eixos dos feixes principais
de: (1) Tx e Rx; (2) Tx e a imagem de Rx em relação ao solo das antenas do Tx e do Rx com as direções de partida (DoD) e
(para determinar raios refletidos no mesmo). Entretanto, chegada (DoA) do raio com o campo elétrico mais intenso,
desprezam raios que se desenvolveriam acima das edificações. respectivamente. Ou seja, a transmissão e recepção atuam no
Em função das altas perdas observadas nos mecanismos de sentido de proporcionar o máximo ganho nas direções do raio
difração e espalhamentos difusos nesta faixa [3], o máximo de mais intenso do enlace.
uma interação destes tipos são consideradas para cada raio O local escolhido para a simulação foi a Praça da República
traçado. Algumas técnicas de aceleração da simulação foram em Belém do Pará, mostrada na visão geral da Figura 1. A praça
empregadas para otimizar o tempo de processamento [5]. Foi é bem arborizada e cercada por prédios de vários andares. Suas
utilizado nas simulações um IBM PC Intel i5 Q6600K com 16 faces sul e norte possuem os mais altos prédios, com dezenas de
Gb DDR4, levando em média 148 minutos em cada posição de andares. O Tx foi mantido em posição fixa, nas alturas de 3 m,
Rx simulada. 12 m e 30 m acima do solo. Esta variação foi realizada com o
Os diagramas de radiação do Tx e Rx são modelados pela objetivo de avaliar os efeitos da propagação para o Tx abaixo,
combinação de um feixe Gaussiano axialmente simétrico e um entre e acima da linha das copas. As dimensões das árvores da
lóbulo lateral constante, praça foram obtidas das campanhas realizadas por Silva e
Siqueira [18], que estudaram a propagação em áreas com
𝜃 2
𝐺(𝜃) = 𝐺𝑚𝑎𝑥 𝑒
−4𝑙𝑛2(
𝜃3𝑑𝐵
)
+ 𝐺𝑜 , (1)
vegetação urbana, obtendo a altura total média de 20 m para as
árvores. As copas começam na altura média de 3,8 m. As copas
e troncos possuem diâmetros médios de 12,0 m e 0,5 m,
onde 𝜃 representa o ângulo entre a direção do raio desejado e o
respectivamente. O Rx foi deslocado ao longo de uma rota
eixo do feixe, 𝐺𝑚𝑎𝑥 é o ganho máximo e 𝜃3𝑑𝐵 é a largura de feixe preestabelecida em intervalos uniformes de 20 m. sempre a uma
de meia potência (HPBW). Supondo que o ganho do lóbulo
altura de 1,5 m do solo, considerado plano. A Figura 2 descreve
lateral 𝐺𝑜 é muito pequeno, a normalização de (1), integrada
a geometria do canal e a Tabela I mostra as posições dos
sobre todo o ângulo sólido radiado pela antena, produz um
transceptores, a distância entre Tx e Rx e o número de raios em
relacionamento entre 𝐺𝑚𝑎𝑥 e 𝜃3𝑑𝐵. O objetivo é simular respostas
cada posição simulada.
altamente diretivas, com um feixe principal que pode ser
orientado para a direção desejada, como esperado para as antenas
da tecnologia 5G [9].
A propagação dos campos eletromagnéticos ao longo dos
raios é simulada com base em princípios teóricos fundamentais,
em conjunto com aqueles da ótica geométrica (GO) e teoria
uniforme da difração (UTD). Em particular, os mecanismos
associados ao raio direto, a reflexões especulares, à difração em
arestas verticais, à reflexão e difração em superfícies cilíndricas,
à reflexão não especular em paredes rugosas, ao espalhamento
em copas de árvores e à perda de percurso em copas de árvores
são tratados de forma individual em [10]-[16], respectivamente, Fig. 1. Praça da República em Belém, Pará. Típico bosque urbano com árvores
e, em conjunto, em [5]-[7]. O modelo foi validado em vários frondosas em suas bordas externas, com o predomínio de mangueiras, com
ambientes selecionados, descritos em [5]. vegetação mais esparsa em seu interior. Adaptado do Google Maps.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

pode-se constatar a perfeita linha de visada. A partir da posição


Rx15, ocorre o bloqueio da visada por parte do prédio do Teatro
RX1 da Paz, que é o maior prédio interno à praça. As últimas cinco
RX2 posições estão na borda sul da praça, cercados por árvores.
As simulações foram realizadas na frequência central de 26
TX GHz com um sinal UWB de largura de banda de 500 MHz. A
Fig. 3 descreve a representação computacional do ambiente: os
RX10 círculos verde e preto representam árvores e postes,
respectivamente, e as projeções dos prismas são representadas
por polígonos pretos.
As antenas do Tx e Rx possuem ganho máximo de 24 dBi e
HPBW de 10°. A potência transmitida em todas as polarizações
foi de 1 W. O solo e as paredes das construções possuem
constante dielétrica r = 3, condutividade  = 15 mS/m e
rugosidade média h = 0,75 mm. A atenuação específica devida
0m 100 m 200 m RX23 a gases atmosféricos é  = 0,1 dB/km e a atenuação específica
Fig. 2. Posições do Tx (círculo amarelo) e dos Rx ao longo da rota (círculos devida a copas de árvores varia linearmente no intervalo [6,83
vermelhos). Adaptado do Google Maps. dB/m, 6,98 dB/m] ao longo da faixa de frequências, sendo
TABELA I. POSIÇÕES DOS TX E RX; DISTÂNCIAS E NÚMEROS DE RAIOS
modelada de acordo com [5] e [18]. O modelo de espalhamento
ASSOCIADOS difuso adotado foi o Misto, com o fator de diretividade 𝛼𝑅 = 6
[5]. Os postes têm altura de 10 m e diâmetro de 0,30 m [18]. Para
Id Posição Dist. Tx- Rx (m) No. Raios cada Rx simulado, os eixos dos feixes das antenas do Tx e Rx
TX 1 27 07 S 48 29 36 W 0 são alinhados às direções DoD e DoA do raio com maior
Rx1 1 27 05 S 48 29 43 W 230,5 73256 intensidade de campo elétrico.
Rx2 1 27 05 S 48 29 42 W 209,6 69444 IV. RESULTADOS
Rx3 1 27 06 S 48 29 42 W 191,1 71852 A. Traçado de Raios
Rx4 1 27 06 S 48 29 41 W 175,4 77984 De acordo com a Tabela I, foi possível estabelecer que os Rx
Rx5 1 27 07 S 48 29 41 W 157,5 59738 que sofreram bloqueios da visada pelo teatro (Rx15-Rx20)
Rx6 1 27 07 S 48 29 40 W 137,9 66082 tiveram um número significativamente menor de raios traçados
Rx7 1 27 07 S 48 29 40 W 125,7 74016 que os Rx próximos às bordas da praça (Rx21 a Rx23). Estes
tiveram os maiores números de raios traçados, seguidos pelos Rx
Rx8 1 27 08 S 48 29 39 W 113,6 67160
localizados no meio da praça (Rx3 a Rx9), com menor
Rx9 1 27 08 S 48 29 39 W 101,7 62878 vegetação, que apresentaram números variáveis. Estes números,
Rx10 1 27 09 S 48 29 38 W 93,1 55462 em geral, se situam acima daqueles associados aos Rx em visada,
Rx11 1 27 09 S 48 29 38 W 88,5 52770 sem árvores próximas (Rx10- Rx14).
Rx12 1 27 10 S 48 29 38 W 107,2 58914 A Figura 4 mostra os raios traçados em alguns Rx. Por
Rx13 1 27 10 S 48 29 39 W 126,2 50228 questões de escala e conforto visual, nem todos os raios e
Rx14 1 27 11 S 48 29 39 W 145,6 61988 elementos foram mostrados. O Tx e o Rx são representados por
Rx15 1 27 12 S 48 29 39 W 150,5 48656 círculos grandes (vermelho e verde, respectivamente). Polígonos
Rx16 1 27 12 S 48 29 38 W 151,3 35780
Rx17 1 27 12 S 48 29 37 W 153,6 33654
Rx18 1 27 13 S 48 29 37 W 163,2 41662
Rx19 1 27 13 S 48 29 36 W 175 48004
Rx20 1 27 13 S 48 29 35 W 189,8 57840
Rx21 1 27 14 S 48 29 35 W 204 69210
Rx22 1 27 14 S 48 29 34 W 224 60580
Rx23 1 27 15 S 48 29 33 W 245,5 53308

O Tx está posicionado ao centro da face norte da praça, em


local sem prédios ou árvores em um raio de 25 m. A praça é
cercada de árvores frondosas em suas bordas externas, com
vegetação mais esparsa em seu interior.
As primeiras posições do Rx estão na borda oeste, em área
com várias árvores. Em seguida, até o Rx9, a rota atravessa o
centro da praça (com menos vegetação) e, nas próximas cinco, Fig. 3. Representação computacional do ambiente.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

(a)

Fig. 5. Potências recebidas nas polarizações VV e HH e alturas do Tx acima do


solo, para os 23 canais.
(b) centrais há grande variação provocada pela vegetação, que
bloqueia parte dos raios que chegam. No Rx9 há maior
correlação com as próximas cinco posições do Rx, que estão em
visada. No Rx16 até o Rx19 o prédio do teatro bloqueia o raio
direto causando forte queda na potência recebida. Com o Tx a 12
m os percursos dos raios interceptam as copas, sendo possível
notar que nos Rx das bordas e centrais há um forte decréscimo
na potência recebida em ambas as polarizações e nos Rx em LOS
a potência recebida apresentou valores muito próximos. Na
simulação com o Tx a 30m, houve um comportamento
semelhante ao observado para 12m, entretanto houve uma forte
queda depois do teatro pois os raios traçados em maiores alturas
agora interagem com as copas que estão mais próximas aos
Fig. 4. Painel (a) apresenta o resultado do traçado de raios no Rx1, o Painel 4(b)
apresenta o resultado do traçado de raios no Rx17, usando a mesma convenção. receptores, ocasionando a forte queda na potência recebida.

pretos representam as projeções dos prismas. Asteriscos e C. Retardo Médio


triângulos vermelhos representam espalhamentos e difrações, A Fig. 6 ilustra os valores simulados para o retardo médio,
respectivamente. Os raios refletidos especularmente, difratados usando apenas a componente vertical. Os Rx iniciais apresentam
e submetidos a alguma forma de espalhamento (por árvores, altos valores que decrescem suavemente nos Rx centrais até o
postes, ou paredes rugosas) são representados por linhas azuis, Rx11, que possui a menor distância ao Tx. Em seguida, cresce
magenta e verde, respectivamente. No Painel (a) da Fig. 4, suavemente à medida que aumenta a distância ao Tx. No Rx16,
observa-se o traçado de raios do canal Rx1, sendo possível notar há um forte aumento, devido à inexistência de visada, o que
que as construções em volta da praça agem de modo a confinar a permanece até o Rx20, que retoma o crescimento suave à medida
energia em seu interior, refletindo os raios de volta à praça. É que a distância Tx-Rx aumenta. Nas simulações com o Tx a 12
importante verificar a intensa contribuição da reflexão especular, m e 30 m, houve um comportamento bastante semelhante desta
assim como do espalhamento proveniente da grande quantidade métrica, com os Rx sem visada apresentando os menores níveis
de árvores, postes e superfícies rugosas que circundam o Rx1. e os demais com variações devidas às interações com os
No Painel (b), que representa o traçado de raios no canal Rx17, espalhadores.
há o bloqueio da visada, sendo possível notar a importante
contribuição dos espalhadores já citados para o campo elétrico D. Espalhamento de Retardo RMS
recebido. A fig. 7 mostra a variação do espalhamento de retardo RMS,
fortemente afetado pelo tipo de raio que atinge ao Rx. Os
B. Potência Recebida nos Canais mecanismos de raio direto e reflexão especular, em geral, têm
Após o traçado de raios em cada Rx, considerando a altura maiores potências que raios oriundos do espalhamento ou
do Tx, são calculadas a função de transferência para as difração, assim é possível notar na simulação com o Tx a 3 m,
componentes copolarizadas (VV e HH) e de polarizações uma forte variação de seu valor em posições do Rx próximos de
cruzadas (VH e HV) do campo. Em seguida, são calculadas suas vegetação e sem visada, onde em geral a proporção de raios
potências, cuja razão é a XPD. O PDP é obtido aplicando a IFFT oriundos de espalhamento ou difração pode ser mais alta. Nos Rx
às respectivas funções de transferência de cada polarização. em visada, essa métrica possui os menores valores dentre todos.
Nas simulações com o Tx a 12 m e 30 m apenas os Rx em visada
A Fig.5 mostra a variação da potência recebida em cada Rx
apresentaram um comportamento suave e com os mesmos
(VV ou HH), considerando a altura do Tx acima do solo. Na
valores encontrados na simulação com o Tx a 3 m. Os demais Rx
simulação com o Tx a 3 m do solo, o Rx2 sofre o bloqueio da
apresentaram fortes variações em função da interação com as
visada por um tronco, o que diminui a potência recebida de
copas das árvores. Estes valores tem boa concordância aos
aproximadamente 30 dB em relação à dos Rx adjacentes. Nos Rx
encontrados na literatura [7].

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REFERÊNCIAS
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stardards, trials, challenges, deployment, and practice,” IEEE Journal on
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[2] M. C. Lawton e J. P. McGeehan, “The application of a deterministic ray
launching algorithm for the prediction of radio channel characteristics in a
small-cell environment,” IEEE Trans. Antennas Propag., vol. 43, no. 4, pp.
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Millimeter Wave Wireless Communications. New York, NY, USA:
Fig. 6. Retardo Médio simulado em todos os canais, menores variações são Prentice Hall, 2015, pp. 83-135.
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Thomä, K. Haneda, J. M. M. G. Pardo, J. P. Garcia, D. P. Gaillot, M. Ne
kovee, e S. Hur, “Millimeter-wave propagation: characterization and
modelling toward fifth-generation systems,” IEEE Antennas and Propagat.
Magaz., vol. 58, no. 6, pp.115-127, 2016.
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em ambientes com alta densidade de espalhadores,” Tese de Doutorado,
CETUC/DEE, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, RJ, Brazil, 2019.
[6] J. C. Silva e E. Costa, “Modelo de propagação de ondas milimétricas em
ambientes urbanos com alta densidade de espalhadores.” In: XXXV
Simpósio Brasileiro de Telecomunicações e Processamento de Sinais
(SBrT2017), vol. 1, pp. 383-387, São Pedro, SP, Brasil, 2017.
[7] J. C. Silva e E. Costa, “UWB Millimeter wave propagation model for
realistic outdoor environments: dense scatter by trees and non-specular
Fig. 7. Espalhamento de Retardo RMS nos canais, canais LOS sofrem pouca scattering effects.” In: 2018 IEEE AP-S and URSI USNC Joint Meeting
variação com a altura. (AP-S/URSI 2018), 2018, Boston, MA, USA, 2018.
[8] International Telecommunication Union, Attenuation by atmospheric
E. XPD gases, Recommendation ITU-R P.676-10, Geneva, Switzerland, 2013.
A Fig. 8 ilustra o comportamento da XPD, que mostra efeitos [9] T. S. Rappaport, S. Sun, R. Mayzus, H. Zhao, Y. Azar, K. Wang, G. N.
inversos aos observados no espalhamento de retardo RMS. Isto Wong, J. K. Schulz, M. Samimi, e F. Gutierrez, “Millimeter wave mobile
é, seus valores aumentam com o predomínio do raio direto e communications for 5G cellular: it will work!,” IEEE Access, vol. 1, pp.
335-249, 2013.
refletido especularmente, atingindo seus maiores valores. É [10] H. W. Son, and N. H. Myung, “A deterministic ray tube method for
possível observar a forte variação desta métrica em função dos microcellular wave propagation model,” IEEE Trans. Antennas Propag.,
mecanismos predominantes em cada Rx. De modo geral, os Rx vol. 47, no. 8, pp. 1344-1350, 1999.
LOS e os NLOS bloqueados pelo teatro apresentaram menores [11] H. L. Bertoni, Radio Propagation for Modern Wireless Systems. New
variações. York, NY, USA: Prentice Hall PTR, 2000.
[12] R. G. Kouyoumjian e P. H. Pathak, “A Uniform geometrical theory of
V. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS diffraction for an edge in a perfect conducting surface,” Proc. IEEE, vol.
62, no. 11, pp. 1448-1461, 1974.
Neste trabalho, ficou evidente que o desempenho das [13] P. H. Pathak, W. D. Burnside, e R. J. Marhefka, “A uniform GTD analysis
métricas analisadas apresentou melhores resultados com visada. of the diffraction of electromagnetic waves by a smooth convex surface,”
As árvores e outros espalhadores podem causar fortes impactos IEEE Trans. Antennas Propag., vol. 28, pp. 631-642, 1980.
na propagação do sinal UWB de sistemas operando na faixa de [14] V. Degli-Esposti, “A diffuse scattering model for urban propagation
prediction,” IEEE Trans. Antennas Propag., vol. 49, no. 7, pp. 1111-1113,
ondas milimétricas. O estudo prosseguirá com a simulação do 2001.
comportamento de canais em novas faixas e outros ambientes, [15] R. F. S. Caldeirinha e M. O. Al-Nuaimi, “Propagation modelling of
assim como com a possível comparação com dados obtidos em bistatic scattering of isolated trees for micro and millimeter wave urban
campanhas de medidas em ambientes arborizados. microcells,” In: 13th IEEE Int. Symp. Pers. Indoor Mob. Radio Comm.,
Lisboa, Portugal, 2002, pp. 135-139.
[16] S. A. Torrico, H. L. Bertoni, e R. H. Lang, “Modeling tree effects on path
loss in a residential environment,” IEEE Trans. Antennas Propag., vol.
46, no. 6, pp. 872-880, 1998.
[17] H. Yan, G. R. MacCartney Jr., S. Sun, e T. S. Rappaport, “5G millimeter-
wave channel model alliance measurement parameter, scenario
parameter, and measured path loss data list,”, NYU Wireless Rep.
TR2016-002, New York University, New York, NY, USA, 2016.
[18] J. C. Silva, G. L. Siqueira, e P. V. G. Castellanos, “Propagation model for
path loss through vegetated environments at 700-800 MHz band,” Journal
of Microw. Opt. and Electrom. Applic., vol. 17, no. 1, 2018.

Fig. 8. XPD entre sinais copolarizados e cruzados. É possível notar forte variação,
causada principalmente por árvores próximas aos receptores.

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Análise da viabilidade de implementação da


tecnologia LTE nos sistemas de comunicação dos
navios da Marinha do Brasil
Luiz Guilherme Almeida Ramalho Barbosa Carlos Vinício Rodríguez Ron
Marinha do Brasil (MB) INMETRO
Rio de Janeiro/RJ, Brasil Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia.
l_guilherme@msn.com cvron@colaborador.inmetro.gov.br
carlosvin76@gmail.com

Resumo— As comunicações têm papel imprescindível para SISMC², a estrutura de comunicações tem papel fundamental
uma Força Naval em operação. Elas permitem que as informações para garantir que as informações fluam de maneira rápida,
fluam de maneira rápida, segura e confiável entre as unidades, segura e confiável entre as forças em operação [1].
possibilitando o cumprimento da missão. No entanto para que
sejam eficientes, as redes de comunicação devem possuir alta Assim sendo, é imprescindível que os recursos de
capacidade de transferência de dados e garantir o fluxo seguro das comunicação utilizados pelos navios acompanhem as inovações
informações, de forma a proporcionar um melhor desempenho da tecnológicas emergentes no contexto atual das
atividade de Comando e Controle (C²). Para isso, é fundamental telecomunicações. Conforme a Doutrina para o Sistema Militar
que os sistemas de comunicações acompanhem as novas de Comando e Controle, atualmente, as redes de comunicações
tecnologias presentes no cenário atual das telecomunicações. Nesse devem ser dotadas de ampla capacidade de transferência de
sentido, a utilização da tecnologia Long Term Evolution (LTE), dados e garantir o fluxo seguro de informações. Nesse sentido,
padronizada pelo Third Generation Partnership Project (3GPP), se as redes de comunicações digitais seriam apropriadas para este
configura como uma proposta de rede de comunicação de alto fim, uma vez que possuem altas taxas de transmissão,
desempenho, apropriada para as necessidades atuais, promovendo capacidade de armazenar grandes volumes de informação e
uma integração eficiente entre os navios. O estabelecimento de estrutura para tratamento e atualização de dados em tempo real,
enlaces utilizando o LTE possibilitaria, ainda, o compartilhamento possibilitando que o processo decisório seja mais ágil [1].
de recursos de comunicação por satélite. Assim, navios próximos
que não possuem o recurso satelital poderiam ter acesso a Atualmente, quando uma Força Naval está engajada em uma
comunicações igualmente eficientes. Dessa forma, o presente operação, cada um dos navios componentes precisa fazer uso de
trabalho analisará a viabilidade da implementação de redes de um terminal móvel de comunicação via satélite para que possa
comunicação entre navios utilizando a tecnologia LTE, por meio utilizar o máximo possível dos recursos de C² disponíveis. Isso
da realização de cálculos de cobertura e de simulações realizadas ocorre, pois, nos dias atuais, a comunicação entre os navios é
no Software Radio Mobile. feita por meio de redes de VHF/UHF para radiotelefonia e radio-
dados de baixa velocidade e com capacidade de tráfego de dados
Palavras-chave — LTE; 3GPP; Comunicações sem fio; pequena, impedindo o compartilhamento de recursos de
Comunicações navais; Força Naval; Radio Mobile.
comunicação por satélite. Cabe a ressalva de que os meios que
não possuem o recurso satelital, certamente, terão sua
I. INTRODUÇÃO capacidade de C² prejudicada [3].
Uma Força Naval se caracteriza por um conjunto de navios, Uma possível solução para essa questão, segundo [3],
sob comando único, destinado a realizar operações navais. Nesse consistiria no emprego de redes sem fio de alta capacidade entre
contexto, a atividade de Comando e Controle (C²) é um fator os navios. Tais redes possibilitariam uma integração dos
fundamental para a eficácia na obtenção de objetivos táticos, recursos de C² entre os meios, bastando que apenas um navio
operacionais e estratégicos. Segundo o Glossário das Forças necessitasse fazer uso de comunicações via satélite. Assim, a
Armadas, C² consiste no “exercício da autoridade e da direção partir desse navio, todas as demais unidades envolvidas na
que um comandante tem sobre as forças sob o próprio comando, operação, inclusive aqueles sem recursos de comunicação por
para o cumprimento da missão designada”. Assim, o C² satélite, teriam acesso às comunicações satelitais de saída de
possibilita a atuação conjunta dos meios e a convergência de tráfego de dados, aos recursos de C² e até mesmo à Internet para
esforços, fatores indispensáveis para a obtenção de eficácia no atender às suas demandas administrativas.
emprego da Força Naval e, consequentemente, para o
cumprimento da missão [1], [2]. Dessa forma, uma proposta de rede de alta capacidade entre
os navios de uma Força Naval consiste em utilizar a tecnologia
O Sistema Militar de Comando e Controle (SISMC²) é o LTE, de uso consolidado em redes terrestres de comunicação
conjunto de infraestrutura de tecnologia da informação e móvel celular de quarta geração (4G), cuja viabilidade de
comunicações, reunião de doutrinas e procedimentos, além dos implementação será o problema em análise neste trabalho. Este
recursos humanos essenciais ao C². Dentre os elementos do

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estudo pode ser ampliado para as novas tecnologias e padrões dados, sem a necessidade de empregar maior largura de banda
suportados pelo 3GPP como o LTE-Advanced e o 5G. ou potência adicional para a transmissão [7]. Além disso, faz uso
de modulação adaptativa e modulação de taxa alta com o
A Estratégia Nacional de Defesa identifica as tecnologias de propósito de alcançar a melhor eficiência espectral possível [8].
comunicações como assunto de Segurança Nacional. Tal fato,
aliado à afirmação da Doutrina para o Sistema Militar de Em 2007, a ITU publicou o padrão International Mobile
Comando e Controle que aponta para a importância de redes de Telecommunications-Advanced (IMT-Advanced), que trazia os
comunicação seguras e com grande capacidade de transmissão, requisitos para que um serviço fosse classificado como 4G. A
desperta para a necessidade de se pesquisar novas alternativas tecnologia LTE, considerada a princípio como 4G, não cumpria
para os sistemas de comunicação atuais [1],[4]. totalmente esses requisitos. Somente com o 3GPP release 10,
também chamado de LTE-Advanced, foram alcançadas
Assim, o estudo realizado proporcionará um melhor melhorias na eficiência espectral, nas taxas de pico de dados e
entendimento da tecnologia LTE desde o seu release 8 e de na experiência do usuário em relação ao LTE. Com uma taxa
como ela pode ser aplicada às comunicações navais. Este máxima de dados de 1 Gbps, em vez dos 300 Mbps alcançados
trabalho evidenciará, portanto, a viabilidade do uso de outras pelo LTE, o LTE-Advanced foi então aprovado pela ITU como
novas tecnologias como as evoluções até os previstos sistemas uma tecnologia IMT-Advanced [9].
de quinta geração 5G para os sistemas de comunicação dos
navios. Segundo a ITU, diversas bandas de frequências podem ser
utilizadas para o LTE/LTE-Advanced. As faixas vão desde 450
O sistema proposto nesta pesquisa, por fazer uso de MHz até 3,6 GHz [10]. Em geral, são utilizadas as faixas de
tecnologia LTE, se configura em uma rede de comunicação de frequência de 2,5 GHz e 700 MHz para telefonia móvel 4G [11].
alta capacidade, possibilitando a integração entre navios em Além disso, outras bandas como 450 MHz e 250 MHz podem
operação. Por meio desses enlaces, será possível, por exemplo, ser utilizadas em implementações que necessitem de maior raio
que meios navais sem equipamentos de comunicação por satélite de cobertura, por exemplo, em áreas rurais [12].
possam, através de unidades com tais equipamentos, ter acesso
à internet e aos recursos de Comando e Controle. Segundo [11], a melhor frequência de operação para o LTE
é a faixa de 700 MHz em razão da escala global de
Cabe mencionar que novas estratégias de compartilhamento implementação e custos. No entanto no Brasil, esta frequência
de espectro permitirão o uso de frequências normalmente usadas por muito tempo foi ocupada pela TV analógica. Assim,
pelas empresas operadoras de sistemas celulares por outras somente após a transição para a TV digital foi possível a
entidades em acordos intermediados pela Anatel. liberação desta porção do espectro, e, então, a destinação por
Os novos conceitos regulatórios como das Redes Privadas parte da ANATEL da faixa de 698 MHz a 806 MHz para o 4G.
que poderão fazer parte do espectro de 3.7 GHz por exemplo. Enquanto este processo não estava concluído, a ANATEL
disponibilizou para o LTE a faixa de frequências entre 2.500
Sem duvida as questões práticas em sistemas sem fio de MHz e 2.690 MHz.
navios em ambiente militar são bastante desafiadores e
abrangem outras áreas de conhecimento como o da Atualmente, segundo a ANATEL, e após estudo realizado
cibersegurança, que neste artigo não será considerada. pelo Grupo de Implantação do Processo de Redistribuição e
Digitalização de Canais de TV e RTV (GIRED), todos os
II. FUNDAMENTOS DO LTE municípios brasileiros já possuem viabilidade para a operação
do LTE na faixa de 700 MHz. Tal fato possibilita a ampliação
A crescente demanda por redes de banda larga, ocasionada da disponibilidade dos serviços de telefonia móvel 4G [13].
pela popularização de dispositivos móveis inteligentes no início
dos anos 2000, fez com que fosse necessário buscar uma nova Embora a abordagem das simulações seja para os sistemas
tecnologia que oferecesse velocidades de acesso mais rápidas, 4G, na atual discussão e já especificação da tecnologia New
menor latência, mais capacidade e maior eficiência. Com esse Radio (NR) para sistemas 5G, a aplicação de simulação poderá
intuito, o padrão LTE foi desenvolvido e devidamente ser realizada da mesma forma, considerando os limiares de
padronizado pelo 3GPP já em março de 2009 através do release recepção para os novos esquemas de modulação.
8, sendo a primeira rede comercial LTE estabelecida em
dezembro do mesmo ano [5]. III. DESCRIÇÃO DO CENÁRIO
O LTE é uma rede de banda larga sem fio totalmente baseada O sistema proposto no presente trabalho trata-se de um
em IP. Como principais tecnologias, utiliza como método de enlace de dados utilizando a tecnologia LTE entre navios
acesso o Orthogonal Frequency Division Multiplexing / operando em conjunto. Tal enlace pode ser útil não só para a
Multiple Access (OFDM/OFDMA) , que divide a largura de comunicação entre os navios envolvidos, mas também
banda disponível em várias subportadoras ortogonais, possibilitaria que um navio que não possua equipamentos de
proporcionando a eliminação da banda de guarda, obtendo com comunicação via satélite obtivesse acesso à Internet por meio de
isso uma redução de 50% do uso do espectro de frequências e um navio que dispusesse de tais recursos.
sendo uma característica benéfica quando da presença do
multipercurso[6]. Utiliza ainda a técnica Multiple-Input
Multiple-Output (MIMO), que emprega múltiplas antenas na
transmissão e recepção de sistemas de comunicação sem fio e
possibilita a obtenção de ganhos significativos nas taxas de

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Os parâmetros adotados nos cálculos e simulações são TABELA III. Relação sinal-ruído requerida
apresentados na Tabela I:
Modulação Taxa de código SNR [dB]
QPSK 1/2 -1,02
TABELA I. Parâmetros adotados QPSK 3/4 1,45
Parâmetro Valor 16-QAM 1/2 3,44
Potência de transmissão da Estação Rádio Base (ERB) 48 dBm 16-QAM 3/4 6,76
Potência de transmissão da estação móvel ou CPE (Customer 64-QAM 1/2 6,76
30 dBm
Premises Equipment) 64-QAM 2/3 9,68
Ganho da antena da ERB 12 dBi 64-QAM 3/4 11,06
Ganho da antena da estação móvel ou CPE 12 dBi 64-QAM 5/6 12,41
Perdas na transmissão 3 dB
Perdas na recepção 0 dB Com base nos valores requeridos de SNR e nos parâmetros
SNR (Signal-to-noise ratio) de referência 0 dB apresentados anteriormente, foram realizadas simulações de
Ganho de diversidade 0 dB perda de propagação com o software Radio Mobile e a aplicação
Margem de desvanecimento 5 dB do modelo de propagação de Longley-Rice [18], [19] e difração
Sensibilidade na recepção no sentido ERB->CPE (downlink) -92 dBm para as frequências de 700 e 450 MHz. Para cada caso, são
Sensibilidade na recepção no sentido CPE->ERB (uplink) -101,5 dBm inseridos os parâmetros da rede, como a frequência, informação
sobre o clima e dados de refratividade da superfície,
Inicialmente, é necessário que se calcule a taxa de condutividade do mar e a permissividade média do mar,
transmissão máxima do canal (Throughput). Para esse cálculo, conforme exemplificado na Fig. 1 para a rede de 700 MHz.
é considerado o tempo de símbolo (71,367 us para um símbolo
OFDM), o número de bits/símbolo de cada modulação utilizada
(2 para o QPSK, 4 para o 16-QAM e 6 para o 64-QAM) [16],
[17], o número de subportadoras disponíveis (300 para cada 5
MHz de largura de banda) e a taxa de código, que indica, em
cada tipo de modulação, quantos bits são utilizados
adicionalmente para transportar a informação em cada símbolo
com menor probabilidade de erro. Para tal utiliza-se (1) e as
taxas apresentadas na Tabela II.

Throughput = 1/Ts × Nb × Sp × Rc (1)

onde, Ts é o tempo de símbolo, Nb é o número de bits por


símbolo, Sp é o número de subportadoras e Rc é a taxa de código Fig. 1. Parâmetros da rede
da modulação. Posteriormente são inseridas as informações dos sistemas
utilizados pela ERB e pelas estações móveis, como a potência
TABELA II. Taxas de código utilizadas de transmissão, o limiar de recepção, a perda de transmissão
(linha), o ganho da antena e a sua altura, por exemplo. A Fig. 2
Modulação Taxa de código ilustra esse procedimento, utilizando como exemplo o sistema
QPSK 1/2 da ERB.
QPSK 3/4
16-QAM 1/2
16-QAM 3/4
64-QAM 1/2
64-QAM 2/3
64-QAM 3/4
64-QAM 5/6

A partir dos resultados obtidos e por meio da Lei de


Shannon, apresentada em (2), pode-se então encontrar a relação
sinal-ruído requerida para cada modulação utilizada. Os
resultados são apresentados na Tabela III.
Fig. 2. Parâmetros dos sistemas utilizados

C (bps) = W × log2(1 + SNR) (2)


Estando configuradas as redes e os sistemas a serem
utilizados, são então posicionadas as estações. Em um cenário
típico, um navio de maior porte e de maior valor estratégico para

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a força, denominado Corpo Principal, estaria preferencialmente


posicionado no centro da formatura. Sendo o Corpo Principal o
navio alocado para atuar como ERB, sua posição central é
particularmente interessante do ponto de vista da cobertura, uma
vez que pode favorecer o alcance aos demais navios envolvidos.
Neste estudo foi considerada a altura da antena para a ERB
de 30 m, compatível com as dimensões de um navio de grande
porte. Como estações móveis, foram empregados cinco navios
dispostos ao redor da ERB, afastados desta de 10, 20, 30, 40 e
50 km, a fim de simular afastamentos possíveis entre navios
durante uma operação naval. A altura adotada para as antenas
das estações móveis foi de 15 m, condizente com a altura do
mastro de navios de pequeno e médio porte. Tendo em vista que
o sistema proposto é de aplicação estritamente marítima, a
simulação foi realizada com um afastamento de cerca de 100 km
do litoral, de forma a não haver interferência com os sistemas
terrestres. A Fig. 3 apresenta o posicionamento das estações para
as simulações.
Fig. 4. Simulação em 700 MHz com modulação QPSK e taxa de código
1/2

Já para a frequência de 450 MHz os resultados são um pouco


melhores. Nas simulações, obteve-se um alcance teórico
máximo de 60 km atingindo taxas entre 4.2 e 16.8 Mbps para a
modulação QPSK com taxa de código 1/2 e largura de banda de
5 a 20 MHz, conforme apresentado na Fig. 5. Igualmente, a
máxima taxa obtida é de 84.1 Mbps para a modulação 64-QAM
com taxa de código 5/6 e largura de banda de 20 MHz, nesse
caso podendo abranger uma cobertura de 43 km.

Fig. 3. Posicionamento das estações

IV. RESULTADOS
Para a frequência de 700 MHz foi obtido, através das
simulações, um alcance teórico de até 55 km com taxa de
transmissão de 4.2 a 16.8 Mbps para a modulação QPSK com
taxa de código 1/2 e largura de banda de 5 a 20 MHz,
respectivamente conforme ilustrado na Fig. 4. Pode ainda ser
alcançada uma taxa de 84.1 Mbps nesta frequência com
modulação 64-QAM, taxa de código 5/6 e largura de banda de
Fig. 5. Simulação em 450 MHz com modulação QPSK e taxa de código 1/2
20 MHz, alcançando a cobertura de até 39 km.
Em alguns casos específicos é possível que haja algum
obstáculo, como uma ilha, entre os navios. O modelo Longley-
Rice, utilizado pelo Radio Mobile, leva em conta o mecanismo
de difração, possibilitando realizar a simulação mesmo nesses
casos. Essa situação é apresentada na Fig. 6.

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No caso de mais computadores serem disponibilizados para


acesso ou caso seja autorizada a utilização de outras aplicações
simultaneamente, como o acesso a vídeos, naturalmente a taxa
requerida passará a ser maior. Assim, para atingir essa nova taxa
seria necessário adequar parâmetros do enlace, como por
exemplo, usar maior largura de banda ou modulação e taxa de
codificação mais altas. No entanto, percebe-se que, nesse caso,
o alcance seria diminuído.
É importante observar que, em uma rede já estabelecida, os
recursos são finitos e pode não haver flexibilidade em
determinados parâmetros. Assim, em caso de necessidade de
utilizar uma aplicação com maior requisito de taxa de
transmissão, como em uma videoconferência, pode ser
necessário interromper o acesso dos demais usuários, com o
propósito de direcionar os recursos para uma estação de trabalho
específica.

Fig. 6. Simulação com obstrução


V. CONCLUSÃO
Embora os resultados sejam bastante otimistas, é importante
Na situação apresentada é possível observar que, apesar do ressaltar que as simulações não consideram fatores presentes em
obstáculo entre Navio ERB e Navio3 (localizado atrás de uma um ambiente real como vento, o estado do mar e a formação de
ilha), o enlace de comunicação ainda poderia ser estabelecido. ondas gerando variações no alcance, obstruções em partes do
No entanto, percebe-se pelo diagrama de cobertura que somente próprio navio ou reflexões causadas por estes. Apesar disso, os
em determinadas direções e distâncias específicas esse enlace experimentos realizados, em média, permitem alcançar uma boa
poderia ser completado. Nota-se também que a intensidade do percepção das possibilidades de áreas de cobertura do sistema
sinal recebido, nesse caso, seria reduzida, assim como o alcance. proposto. Certamente há aspectos de camada física adicionais a
No exemplo, o alcance de 55 km ficaria reduzido para cerca de serem considerados, mas próximos de um ambiente real e que
30 km. poderão propiciar uma melhor cobertura, como a configuração
MIMO e a modulação adaptativa por meio de parâmetros de
Assim, quando há obstáculo entre a ERB e uma estação qualidade como o Channel Quality Indicator (CQI).
móvel, mesmo que ela esteja dentro do raio de cobertura, é
possível que a difração provoque a interrupção do enlace. Pode- A partir do estudo desenvolvido, é possível perceber que
se pensar, como solução, em uma interação entre o sistema tecnologias de redes de comunicação tradicionalmente terrestres
proposto e os sistemas de detecção radar, de forma a indicar podem ser utilizadas em ambiente marítimo, dada a necessidade
possíveis obstáculos ao enlace e os navios que ficariam sem de acesso à internet para atender a demandas administrativas.
serviço por obstrução. As simulações realizadas no software Radio Mobile
A partir dos valores de throughput obtidos nos cálculos é demonstraram que é possível atingir uma área de cobertura
possível analisar a viabilidade de uso de determinadas suficiente para um grupo de navios atuando conjuntamente com
aplicações típicas da internet, com base nos requisitos a rede proposta. Além disso, mostraram a capacidade de
apresentados na Tabela IV [14], [15]. alcançar taxas de transmissão que podem suprir as necessidades
de acesso dos navios e seus tripulantes.
TABELA IV. Requisitos de throughput para aplicações da internet
Assim, com base nas simulações realizadas e nos resultados
Aplicação Download [Mbps] Upload [Mbps] obtidos, comprovou-se a viabilidade da utilização de redes com
E-mail 2 1 tecnologia LTE para o enlace entre navios. Esta mesma
Navegação Web 3 1,5 metodologia poderá ser adotada para o uso de novas tecnologias
Vídeo 3 1,5 como o 5G, com maior taxa de transmissão para o ambiente
Videochamada 1,5 1,5 naval.
Videoconferência (3 pessoas) 2 0,5 Embora as simulações tenham sido com CPEs e com alto
Videoconferência (5 pessoas) 4 0,5 ganho de antena, os usuários dos navios poderão também acessar
Videoconferência (7 pessoas) 8 0,5 as redes LTE por meio dos seus dispositivos móveis, observando
Assim, para uma estação de trabalho utilizando apenas e- um dimensionamento de tráfego para esta situação e com
mail ou navegação web seria suficiente uma taxa de 3 Mbps de alcance menor também.
download e 1,5 Mbps de upload. Supondo, em um navio, a No âmbito regulatório, o uso de técnicas de
existência de cinco computadores semelhantes com acesso compartilhamento de espectro permite que seja possível o uso
simultâneo à essa rede, a taxa necessária passaria a ser de 15 de tecnologias de redes celulares com tecnologia 3GPP por
Mbps de download e 7,5 Mbps de upload. outras entidades diferentes das empresas de telefonia móvel
celular.

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REFERÊNCIAS
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Militar de Comando e Controle,” 3. ed. Brasília, DF, 2015.
[2] BRASIL. Ministério da Defesa. “MD-35-G-01 Glossário das Forças
Armadas,” 5. ed. Brasília, DF, 2015.
[3] A. V. P. Luiz, “A evolução tecnológica e sua influência no Sistema Militar
de Comando e Controle: impactos e consequências das novas tecnologias
e do SGDC na capacidade do Sistema Militar de Comando e Controle,”
Escola de Guerra Naval. Rio de Janeiro, 2017.
[4] BRASIL. Ministério da Defesa. “Estratégia Nacional de Defesa (END),”
Brasília, DF, 2012.
[5] H. Holma, and A. Toskala, “LTE-advanced: 3GPP solution for IMT-
advanced,” UK: John Wiley & Sons, 2012.
[6] E. Krouk, and S. Semenov, “Modulation and coding techniques in
wireless communications,” UK: John Wiley & Sons, 2011.
[7] B. Yin, and J. R. Cavallaro, “LTE uplink MIMO receiver with low
complexity interference cancellation,” Analog Integrated Circuits and
Signal Processing: An International Journal, vol. 73, no. 2, pp. 443-450,
November 2012.
[8] UMTS Forum. “Mobile Broadband Evolution: the roadmap from HSPA
to LTE,” 2009.
[9] H. Zarrinkoub, “Understanding LTE with MATLAB: from mathematical
foundation to simulation, performance evaluation and implementation,”
UK: John Wiley & Sons, 2014.
[10] International Telecommunication Union. “Spectrum for IMT,” Mobile
Communications. Genebra, 2012.
[11] B. R. F. Izario, “Comparação do sistema LTE operando na faixa de 2,5
GHz e 700 MHz,” Universidade Presbiteriana Mackenzie. São Paulo,
2015.
[12] “Soluções Wireless,” Trópico. [Online]. Available:
http://www.tropiconet.com.br/solucoes-wireless. [Accessed: 19-Jan-
2020].
[13] anatel.gov.br. [Online]. Available: http://www.anatel.gov.br/
institucional/component/content/article?id=2303. [Accessed: 18-Feb-
2020].
[14] “Summary of Data and Bandwidth Required for Internet Applications,”
GoBrolly Internet - "It Just Works,” 15-Feb-2019. [Online]. Available:
https://gobrolly.com/summary-data-bandwidth-requirements/.
[Accessed: 23-Feb-2020].
[15] “How much bandwidth does Skype need?,” Skype Support. [Online].
Available: https://support.skype.com/en/faq/FA1417/how-much-
bandwidth-does-skype-nezd. [Accessed: 23-Feb-2020].
[16] “LTE; Evolved Universal Terrestrial Radio Access (E-UTRA); Base
Station (BS) radio transmission and reception (3GPP TS 36.104 version
14.3.0 Release 14) ”, ETSI TS. 136.104, 2017
[17] “3rd Generation Partnership Project; Technical Specification Group Radio
Access Network; Evolved Universal Terrestrial Radio Access (E-UTRA);
Physical layer procedures (Release 16)”, 3GPP TS 36.213, 2020.
[18] P. L. Rice, A. G. Longley, K. A. Norton. and A. P. Barsis, "Transmission
Loss Prediction for Tropospheric Communication Circuits", NBS Tech.
Note 101, Vols. I and II (revised), Jan. 1, 1967. Vol. T, NTIS, AD
6PTP2O. Vol. II. NTIS, AD 687821.
[19] A. G. Longley and P. L. Rice, "Prediction of Tropospheric Radio
Transmission Loss Over Trregular Terrain: A Computer Method-1968",
ESSA Technical Report ERL-79-ITS 67, U. S. Dept. of Commerce,
Boulder, CO., 1968, NTIS, AD 676F74.

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Avaliação de Desempenho de Handover para


Aplicações Multimı́dia Entre Estações Base Aéreas
Sem Fio
1ª Thalita Ayass 2º José Jailton 3º Tássio Carvalho
Instituto de Tecnologia (ITEC) Instituto de Tecnologia (ITEC) Instituto de Tecnologia (ITEC)
Universidade Federal do Pará (UFPA) Universidade Federal do Pará (UFPA) Universidade Federal do Pará (UFPA)
Belém, Brasil Belém, Brasil Belém, Brasil
thalita ayass@hotmail.com jjj@ufpa.br tassio@ufpa.br

4ª Jasmine Araújo
Instituto de Tecnologia (ITEC)
Universidade Federal do Pará (UFPA)
Belém, Brasil
jasmine@ufpa.br

Resumo—No âmbito das novas tecnologias para as de tráfego, supervisão de fronteiras, operações de busca e
comunicações sem fio, as Redes Aéreas Ad Hoc, também salvamento, monitoramento de incêndios florestais, inspeção
conhecidas como FANETs (Flying Ad Hoc Networks), têm de locais perigosos, aprovisionamento de cobertura em eventos
emergido como uma alternativa para prover cobertura em
áreas de difı́cil acesso. Este tipo de rede possui particularidades temporários e etc [3].
e desafios que necessitam ser considerados para garantir a
Qualidade de Serviço (QoS) e fornecer acesso ao usuário mesmo
em circunstâncias de grande mobilidade. Neste contexto, este
artigo apresenta uma avaliação de desempenho de handover
tradicional para um cenário de transmissão de vı́deo entre
as estações aéreas e o usuário móvel e, através das métricas
de Qualidade de Experiência (QoE) estabelecidas, analisa a
qualidade da comunicação. Os resultados obtidos apontam
que os fatores de tomada de decisão do modelo tradicional de
handover não atendem à boa manutenção de continuidade do
serviço, causando severas degradações no vı́deo recebido.
Palavras-chaves—FANET; handover; QoS; QoE.
Figura 1. Fanet [2]
I. I NTRODUÇ ÃO
Mesmo com grandes vantagens no uso desse tipo de rede,
As Redes Aéreas Ad Hoc (FANET) ganharam grande as FANETs possuem algumas especificidades que necessi-
viabilidade nos últimos anos. Devido à sua adaptabilidade, tam de uma abordagem mais direcionada, de modo a não
flexibilidade, estabelecimento simples e relativo baixo custo comprometer sua operação. Diferentemente das estações base
de implementação [1], as FANETs estão se tornando uma terrestres, as redes aéreas possuem grande mobilidade uma
importante ferramenta para prover infraestrutura de rede e vez que os dispositivos podem variar sua localização para
ampliação de cobertura em ambientes que geralmente são atender as demandas de cobertura. Portanto, investigar e eleger
remotos e difı́ceis de acessar, tanto para fins civis quanto parâmetros efetivos para uma tomada de decisão de handover
militares. transparente que contemplem entraves caracterı́sticos dessas
Esse tipo de rede é caracterizada pelo agrupamento de redes, a exemplo do consumo de energia dos dispositivos que
veı́culos aéreos não tripulados (VANTs), também conhecidos pode ser considerado um de seus principais obstáculos, pois
como drones (Fig. 1). Esses dispositivos possuem sistemas limita o tempo de voo dos drones, a velocidade da conexão
embarcados que podem voar autonomamente e também serem e o alcance do sinal transmitido pelos VANTs [4-6], com-
controlados remotamente por um ser humano, com a tarefa prometendo o encaminhamento de pacotes, são desafios que
de monitorar, coletar ou transmitir dados de um ambiente precisam ser superados para tornar a FANET uma ferramenta
para os mais variados propósitos, como segurança e vigilância confiável.

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Especialmente em casos de aplicações multimı́dia, com o caracterı́sticas próprias destes dispositivos, incluindo limite de
crescente consumo de vı́deo que, estima-se alcançar 82% do velocidade e área de cobertura como parâmetros de entrada
conteúdo trafegado na Internet até o ano de 2021 [7], e também para um sistema de inferência Fuzzy na tomada de decisão do
a demanda cada vez mais alta por parte dos usuários na handover. Primeiramente as informações do terminal (drone)
entrega de um serviço de qualidade, a avaliação de handover são analisadas para selecionar os fatores que podem influenciar
neste cenário se faz necessária para assegurar bons nı́veis de na decisão, depois convertidas em funções de associação e,
Qualidade de Experiência (QoE). por fim, as regras de tomada de decisão são planejadas e
aplicadas. O cálculo do número de decisões de handover
A. Problemática mostrou que considerar os parâmetros relacionados ao terminal
Com o expressivo número de aplicações envolvendo tráfego e os parâmetros relacionados à rede tem um efeito positivo na
de conteúdo multimı́dia em redes sem fio, especialmente nas decisão.
FANETs, onde alguns cenários demandam transmissão de Com base no levantamento dos trabalhos relacionados,
vı́deo e imagem em situações crı́ticas, são cada vez mais observou-se que a aplicabilidade de esquemas do handover
pertinentes os esforços para avaliação do comportamento de tradicional, assim como novas propostas que atendam carac-
métricas que contemplem a qualidade do vı́deo. terı́sticas próprias para as redes FANETs ainda são pouco
A transmissão multimı́dia neste tipo de rede não é uma investigadas, o que ressalta a importância de novas pesquisas
tarefa trivial, pois é necessário considerar que as FANETs neste campo.
possuem caracterı́sticas próprias, a exemplo de sua mobilidade
que impacta diretamente nas tomadas de decisão de handover, III. CASOS DE USO PARA ESTAÇ ÃO BASE A ÉREA
energia limitada dos dispositivos, além de exigir muita largura SEM FIO
de banda e bons nı́veis de QoS.
Os VANTs podem ser empregados para o fornecimento ou
Neste sentido, este artigo se propôs a avaliar o desempenho
extensão de cobertura sem fio em um determinado cenário,
de handover tradicional na transmissão de vı́deo em uma FA-
onde cada dispositivo vai desempenhar o papel de base aérea
NET, e indicar até que ponto não considerar fatores correlatos
sem fio, suplementando as estações base terrestres. Diversas
a este tipo de rede, bem como não possuir uma tomada de
são as aplicações possibilitadas através do uso de VANTs para
decisão inteligente para o handover, pode resultar em uma
estabelecer uma comunicação wireless, oferecendo conectivi-
baixa qualidade de vı́deo, comprometendo a Qualidade de
dade para dispositivos desprovidos de infraestrutura, seja por
Experiência do usuário.
falhas na estação base devido a desastres naturais, ou até
II. TRABALHOS RELACIONADOS mesmo por sombreamento em cenários urbanos, que resultam
em perda de cobertura do sinal. Abaixo, são discutidos alguns
Na literatura é possı́vel encontrar estudos que abordam es-
tı́picos casos de uso onde são aplicadas as estações base aéreas
tratégias com intuito de assegurar um handover eficiente para
sem fio, bem como alguns desafios caracterı́sticos que podem
manter a continuidade do serviço e fornecer alta performance
comprometer o desempenho da aplicação.
na entrega de conteúdo aos usuários. Em [8] é proposto um
método inteligente de controle de handover para VANTs em A. Cenários
redes celulares, onde os autores introduziram um modelo de
Deep Learning para prever a trajetória do usuário, sendo a • Cobertura ubı́qua: os VANTs servem como auxiliares
decisão de handover concebida através do cálculo da potência ao fornecimento de cobertura sem fio onipresente em
do sinal recebido correspondente dos usuários com base na uma determinada região de interesse. De forma prática,
localização prevista e nas caracterı́sticas do canal ar-solo, para podemos citar o rápido restabelecimento do serviço por
tomada de decisão com precisão. Os resultados da simulação falhas parciais ou integrais na infraestrutura, e também
mostram que a taxa de sucesso de transferência do método quando há sobrecarga na estação base em áreas de grande
proposto é 8% maior que os métodos existentes. demanda, quando a rede se torna inapta a atender todos
Os autores de [9] apresentaram um mecanismo de han- os usuários, a exemplo de um estádio durante um evento
dover eficiente para redes aéreas no espaço tridimensional, esportivo.
que difere consideravelmente dos esquemas bidimensionais • VANTs como gateways de rede: em áreas geografica-
convencionais. O esquema proposto ajusta a altura de um mente remotas ou acometidas por desastres naturais, os
drone e também a distância entre os drones. Para esse fim, VANTs podem ser implementados como nós gateways
foi considerada a probabilidade de sucesso de handover sem para prover conectividade a redes backbone, infraes-
interrupção e a falsa probabilidade de inı́cio de handover para trutura de comunicação ou Internet, de forma rápida,
avaliar o algoritmo ideal de decisão de cobertura. O método econômica e eficiente para execução de tarefas.
proposto é apontado como a primeira tentativa de oferecer um
esquema de handover para drones no espaço tridimensional. B. Desafios
O estudo de [10] destaca que a decisão de handover Mesmo com grandes benefı́cios ao utilizar VANTs para
tradicional não é adequada para drones que se movem e se estabelecer comunicação sem fio, este tipo de rede enfrenta
comunicam em um espaço 3D. O trabalho então considera alguns desafios próprios que necessitam de atenção, como

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

forma de mitigar seus efeitos no desempenho do serviço. Tabela I


Algumas destas caracterı́sticas são apresentadas a seguir: PAR Â METROS DA SIMULAÇ ÃO

• A capacidade de bateria de um VANT é uma de suas Parâmetro Valor


principais limitações, tomando-se um fator crı́tico para Drones 4
a continuidade da aplicação. É necessário então, um Tecnologia de Acesso IEEE 802.11n
Modelo de Propagação Shadowing
gerenciamento eficaz de energia para os dispositivos que Pathloss 2 (dB)
operam por meio de bateria. Algumas soluções como Shadowing Deviation 3.4 (dB)
carregamento sem fio, tecnologia de carregamento solar Taxa de Transmissão 2 Mbps
Área 1000 m x 1000 m
e até mesmo técnicas de Machine Learning [11] são Tempo da Simulação 170 s
indicadas para um gerenciamento inteligente de energia,
que proporcionam missões mais prolongadas.
• Outro desafio em destaque é a mobilidade, devido à A. Peak Signal-to-Noise Ratio (PSNR)
topologia fluida e mudanças repentinas de links entre A PSNR é amplamente utilizada pela comunidade cientı́fica,
os VANTs, caracterı́sticos das FANETs. O VANT possui sendo a mais tradicional métrica que faz a relação entre
mobilidade 3D e velocidade que varia de 30 a 460 km/h a máxima potência de um sinal e o ruı́do que afeta a
[11], o que altera a qualidade do link com os demais nós. representação do sinal entre os quadros do vı́deo original e
Dessa maneira, a FANET demanda o desenvolvimento o vı́deo recebido pelo usuário. A PSNR possui a faixa de
de protocolos de comunicação que atendam requisitos valores entre 0 e 100 decibéis. Para valores acima de 30
especı́ficos de sistemas multi-VANT. dB, é compreendido que o vı́deo possui boa qualidade. Por
IV. AVALIAÇ ÃO DE DESEMPENHO outro lado, vı́deos que estejam a baixo da faixa de 20 dB são
Para a avaliação de desempenho proposta neste trabalho, foi considerados de péssima qualidade [13].
utilizado o software Network Simulator 2 (NS-2) para simular B. Structural Similarity Metric (SSIM)
a rede. O NS-2 não possui suporte para simulações em um
A métrica SSIM faz a avalição do vı́deo recebido, conside-
espaço 3D, portanto, conforme ilustra a Fig. 2, os drones foram
rando caracterı́sticas como, brilho, estrutura e cor, comparando
dispostos a uma mesma altura de 200 metros, com distância
cada frame do vı́deo de origem e do recebido, para quantificar
de também 200 metros entre os dispositivos em uma área de
a degradação sofrida. A faixa de valores da SSIM está entre
1000 m x 1000 m, transmitindo a 2 Mbps. Os parâmetros da
0 e 1, sendo 1 representando exata correlação com a imagem
simulação são descritos na Tabela 1.
original [14].
C. Video Quality Metric (VQM)
A VQM trata da avaliação da distorção de pixel, ruı́do e
cor, usando como entrada o vı́deo original e o degradado. Essa
métrica determina o nı́vel de qualidade do vı́deo com base nas
percepções do olho humano e fatores subjetivos, considerando
desfoque, distorção de cor, ruı́do global e distorção de bloco.
Para esta métrica, 0 caracteriza o melhor valor possı́vel [13].
D. Discussão de resultados
Para auxiliar a compreensão dos resultados gerados a
avaliação ponderou os dados da vazão média entre todos os
usuários, de modo a verificar o comportamento da rede ao
Figura 2. Cenário proposto variar a quantidade de dispositivos conectados à mesma.
O gráfico da Fig. 5 ilustra a variação na taxa de vazão
A ferramenta Evalvid Framework foi utilizada para trans- primeiramente para dois usuários que estão se deslocando em
mitir o vı́deo na rede. O Evalvid pode ser integrado ao NS-2, linha reta, requerendo assim três handovers entre as estações
sendo a ferramenta aplicada para avaliar a qualidade do vı́deo aéreas, e depois para cinco usuários realizando o mesmo
transmitido no ambiente de simulação, gerando dados brutos processo, onde é possı́vel perceber que, na primeira situação, a
que serão tratados posteriormente. taxa mantém uma boa média na transmissão. Já para o cenário
Através do arquivo YUV e do arquivo de vı́deo original, com cinco usuários conectados, pôde-se notar que a taxa
a comparação é realizada pelo software MSU Video sofreu severa redução em sua média. Estas variações ocorrem
Quality Measurement Tool [12], gerando os cálculos das tanto pelo aumento de usuários, quanto pela ineficiência do
métricas objetivas de QoE avaliadas neste trabalho, que handover tradicional em atender às caracterı́sticas da rede,
são apresentadas a seguir e têm seus resultados analisados consequentemente, impactando na aplicação multimı́dia que
posteriormente. está sendo executada. Para retratar de forma mais realı́stica
estes impactos, foi utilizado também o modelo shadowing na

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Figura 3. Performance PSNR, SSIM e VQM para o cenário com 2 usuários.

Figura 4. Performance PSNR, SSIM e VQM para o cenário com 5 usuários.

propagação do sinal dos VANTs para os usuários, pelo fato do representada em dB (decibel). A comparação com o arquivo
modelo representar as aleatoriedades do ambiente que podem original mostra que o PSNR do vı́deo recebido obteve média
causar atenuação e interferências. de 43,07 dB, classificando-o como um vı́deo de qualidade
Para efeito de avaliação da qualidade da mı́dia recebida, excelente.
foram comparados os resultados de QoE nas duas situações. O Diferente do PSNR, que considera a taxa de erro para fazer
vı́deo utilizado na simulação possui resolução 176x144, 1000 a análise da degradação do sinal do vı́deo de referência, a
frames e decodificação no formato YUV 4:2:0. métrica SSIM atenta para a medição da distorção estrutural da
Desta maneira, foram consideradas as métricas PSNR, imagem. A Fig. 3 exibe os valores de SSIM para os frames,
SSIM e VQM, sendo estas métricas objetivas que se com- obtendo uma média calculada em 0,97. O resultado obtido está
plementam para avaliar os impactos da degradação do sinal próximo de 1, que é o valor admitido para uma correlação
no vı́deo original em relação ao de referência. Ao final da perfeita de imagens. Nesse sentido, pôde-se perceber que o
transmissão, os valores das métricas em questão são calculados vı́deo de referência teve baixa distorção para este parâmetro.
e apresentados frame a frame. A avaliação da qualidade da VQM do vı́deo é ilustrada
Para a rede com dois usuários, o gráfico da Fig. 3 mostra os no gráfico da Fig. 3. A métrica VQM realiza um cálculo
valores de PSNR para cada frame do vı́deo, sendo sua unidade de qualidade global, com base em uma combinação linear de

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

futuros pretende-se aliar estas e outras especificidades dos


dispositivos, como nı́vel de mobilidade, nı́vel de bateria,
direção de deslocamento, vazão e Received Signal Strength
Indication (RSSI) a um sistema de inferência Fuzzy, com
o objetivo de propor uma solução para mitigar questões de
handover em FANETs.

AGRADECIMENTOS
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior - Brasil
(CAPES) - Código de Financiamento 001.

R EFER ÊNCIAS
Figura 5. Média das vazões entre os usuários.
[1] K. K. Kashyap, A. Agrawal. “FANET: Survey on design challenges, ap-
plication scenario and communication protocols.” International Journal
of Research and Analytical Reviews (IJRAR), 2018.
parâmetros. O resultado obtido após a avaliação mostra que a [2] D. Ronzani. “Data Propagation over Networks Connecting
Objects in Land, Air and Cyberspace.” 2017. Disponı́vel em:
média VQM foi igual a 0,52, o que indica que o vı́deo também https://www.math.unipd.it/ dronzani/research.html
não sofreu uma degradação considerável neste sentido, estando [3] A. Khan, F. Aftab, Z. Zhang. “BICSF: Bio-inspired clustering scheme
próximo do valor ideal de 0. for FANETs.” IEEE Access Special section on network resource ma-
nagement in flying ad hoc networks: challenges, potentials, future
No cenário com cinco usuários, o vı́deo recebido sofreu applications, and wayforward, 2019.
severas degradações. Conforme a Fig. 4, a média PSNR [4] C. A. Kerrache, E. Barka, N. Lagraa, A. Lakas. “Reputation-aware
foi calculada em 19,11 dB, indicando um vı́deo de pobre energy-efficient solution for FANET monitoring.” In: 2017 10th IFIP
Wireless and Mobile Networking Conference (WMNC); Valencia: 2017.
qualidade. pp. 1-6
Pela métrica SSIM, o vı́deo obteve média igual 0,68, [5] M. N. Bashir, M. Yusof. “Green mesh network of UAVs: A survey of
assinalando também para um vı́deo bastante degradado. energy efficient protocols across physical, data link and network layers.”
In: 2019 4th MEC International Conference on Big Data and Smart City
A média VQM também mostrou-se elevada em comparação (ICBDSC); Muscat. Oman: 2019. pp. 1-6.
ao cenário com dois usuários, sendo calculada em 6,01. [6] J. Park, S. Choi, H. R. Hussen, J. Kim. “Analysis of dynamic cluster head
É notório que a qualidade do vı́deo transmitido foi bastante selection for mission-oriented flying Ad hoc network.” In: 2017 Ninth
International Conference on Ubiquitous and Future Networks (ICUFN);
afetada com o aumento no número de usuários na rede, aliado Milan: 2017. pp. 21-23.
a locomoção dos usuários e a aleatoriedade do modelo de [7] Cisco (2016). Cisco visual networking index: Forecast and methodology,
propagação empregado, causando variações na transmissão do 2015–2020.Technical report, Tech Report.
[8] B. Hu, H. Yang, L. Wang, S. Chen. ”A trajectory prediction based
sinal. A simulação adotou o modelo tradicional de handover, intelligent handover control method in UAV cellular networks.”, China
a fim de avaliar seu desempenho em uma FANET e, como Communications, Vol 16, Jan. 2019.
já citado anteriormente, as FANETs possuem caracterı́sticas [9] K. Park, et al, ”Handover anagement of net-drones for future internet
platforms.”International Journal of Distributed Sensor Networks, 2016.
particulares que precisam ser consideradas para que o han- [10] E. Lee, C. Choi and P. Kim, ”Intelligent handover scheme for drone
dover seja eficiente. Por não considerar tais fatores, os resul- using fuzzy inference systems,”IEEE Access, vol. 5, pp. 13712-13719,
tados obtidos mostraram que o desempenho da aplicação foi 2017.
[11] H. Shakhatreh et al., ”Unmanned aerial vehicles (UAVs): A survey on
comprometido, reforçando a importância dos estudos para o civil applications and key research challenges,”IEEE Access, vol. 7, pp.
desenvolvimento de algoritmos que estejam alinhados a estas 48572-48634, 2019.
caracterı́sticas. [12] D. Vatolin, M.Smirnov, A.Ratushnyak, V.Yoockin,
“MSU video quality measurement tool,” MSU Graphics
Media Lab (Video Group), 2020. Disponı́vel em:
V. CONSIDERAÇ ÕES FINAIS http://compression.ru/video/quality measure/video measurement tool.html.
[13] S. Nefti, M. Sedrati, ”PSNR and jitter analysis of routing protocols for
Este artigo apresentou uma abordagem avaliativa sobre o video streaming in sparse MANET networks, using NS2 and the evalvid
desempenho do comportamento de handover em uma FANET, framework”, International Journal of Computer Science and Information
aplicado ao tráfego de conteúdo multimı́dia. Os resultados Security (IJCSIS), Vol. 14, No. 3, March 2016.
[14] D. C. Begazo, D. Z. Rodriguez, M. A. Ramı́rez, ”Avaliação de quali-
atingidos demonstraram que o handover tradicional não sa- dade de vı́deo sobre uma rede IP usando métricas objetivas.”Sistemas,
tisfaz às peculiaridades destas redes e seus componentes, cau- cibernética e informática, vol. 8 nº 1, 2011.
sando baixa qualidade da mı́dia transmitida, comprometendo
a Qualidade de Experiencia do usuário, e não garantindo um
handover transparente, de modo a impactar na continuidade
do serviço.
Como propõe [10], a decisão de handover pode ser
associada às caracterı́sticas dos drones, incluindo limite
de velocidade e cobertura. Nesse contexto, para trabalhos

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

ESTUDO DO CANAL DE PROPAGAÇÃO PARA


APLICAÇÃO EM INTERNET DAS COISAS NA FAIXA DE
903 MHZ
Jéssica Cristine Bonoto de Oliveira Glaucio Lopes Ramos, Paulo Tibúrcio Pereira
Universidade Federal de São João Del Rei DETEM/PPGEL
UFSJ Universidade Federal de São João Del-Rei
São João Del Rei, Brasil Ouro Branco/MG, Brasil
jessicabonoto@yahoo.com.br glopesr@gmail.com, paulotiburciop@gmail.com

destinada a fins de pesquisa industrial e médica (ISM), na


Resumo Este trabalho baseia-se na análise de um canal de faixa de 900 MHz.
propagação para uso em sistemas de comunicação sem fio com o
intuito de conectar objetos à Internet (Internet das coisas), sendo que Para implementar essas tecnologias, é necessário o estudo
esses sistemas atualmente utilizam frequências abaixo de 1 GHz com e a caracterização da propagação no determinado ambiente no
a finalidade de obter uma maior cobertura. Foram utilizados cenários qual será feita as operações. Nos ambientes indoor a
indoor e outdoor e ao avaliar os efeitos da variação rápidas do sinal propagação por radiofrequência é afetada por muitos
observa-se uma variabilidade no canal e uma tendência das parâmetros como: arquitetura do edifício, o tipo de material
distribuições de probabilidade de Rice, Nakagami e Normal serem empregado em sua construção, a presença de mobílias, o
mais adequadas. movimento de pessoas ou objetos no interior dos imóveis e a
simples ação de abrir e fechar janelas ou portas, pois nesse
Palavras-chave Internet das Coisas, Propagação em canal tipo de ambiente podem existir interferências e,
sem fio, Desvanecimento rápido, Distribuições de probabilidade. consequentemente com isso haver mudanças nas
características do sinal em um curto espaço de tempo a certas
I. INTRODUÇÃO distâncias [5], [15]. Em ambientes outdoors, existem fatores
externos que podem alterar a propagação do sinal [5].
Os sistemas de comunicação sem fio vêm ocupando lugar
Os ambientes de propagação indoor e outdoor tem sido
de destaque no âmbito do mundo das telecomunicações. Nos
muito estudados e diversas pesquisas nessa área avaliaram
últimos anos, as tecnologias utilizadas na mobilidade dos
propagações nas faixas de 2,4 GHz [6], [7] e outros indoor na
terminais de comunicação tiveram um crescimento acelerado
faixa UHF abaixo de 1 GHz [8].
fazendo com que esses sistemas sejam parte do dia a dia da
grande parte da população. Os usuários de dispositivos Mesmo assim, ainda existe certa deficiência de estudos que
móveis, incluindo os “phablets” (híbrido entre telefone e avaliem propagação e os seus efeitos em frequências abaixo de
tablet), chegarão aos 5,4 bilhões em 2020, 70% da população 1 GHz. Esse artigo objetiva analisar um canal de propagação
estimada para esse ano, indica o estudo “Visual Networking sem fio indoor e outdoor por meio de medições em banda
Index – Global Mobile Data Traffic Forecast [1]. estreita na frequência de 900 MHz (especificamente 903 MHz,
que faz parte da sub faixa 902 MHz a 907,5 MHz).
Até finais de 2020 é esperado que de 25 a 28 bilhões de
dispositivos estarão conectadas à internet [1]. Atualmente, as As medições foram realizadas nos corredores das UFSJ
pessoas possuem maior acesso a computadores, celulares, Campus Alto Paraopeba, simulando assim uma possível
internet, à informação, e também a inovação da Internet das operação de um sistema IoT, usando dois estudos de casos
Coisas (Internet of Things- IoT). diferentes para análise do comportamento dos sinais.
IoT pode ser definido como uma nova dimensão da II. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
internet e nova geração de serviços ou ainda a conexão mútua
de qualquer elemento ou dispositivo que possa ser monitorado Ao caracterizar um canal de banda estreita, é necessário o
em qualquer momento, ou seja, conectar tudo o que for uso de um transmissor de uma portadora na frequência
possível à Internet [2]. escolhida, no caso 903 MHz, e um receptor sincronizado com
a mesma frequência mencionada interligados em um
Tecnologias como, por exemplo, LoRa [3] e Sigfox [4]
computador para que as medidas sejam automatizadas.
vem sendo desenvolvidas e utilizadas no estudo e
desenvolvimento da transmissão de dados aplicadas à IoT,
Transmissor: foi utilizado um gerador de sinal Agilent EXG,
sendo que as citadas utilizam banda aberta, sem licença
N5171B [9], ajustado para onda contínua sintonizado em 903
MHz. Foi utilizada uma antena celular omnidirecional de teto,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

polarização vertical, modelo CF-02 (Aquário), ganho variabilidade do sinal através do seu comportamento
aproximado de 3 dBi com uma altura do chão de estatístico comparando as distribuições.
aproximadamente 1,70 m presa em um suporte de alumínio.
Receptor: para receptor foi usado um analisador de espectro
Agilent CXA Signal Analyzer N9000A [10]. No receptor foi
utilizada uma antena com as mesmas características do
transmissor e para a captura dos dados e para as medições foi
utilizado um notebook com processador intel core i7. Nesse,
através um código modificado de MATLAB fornecido pela
Keysight, as medidas foram salvas e automatizadas para fazer
um tratamento estatístico nelas. A Figura 1 mostra o bloco
receptor e a Figura 2 o diagrama de blocos TX-RX.
Os cabos utilizados nas medições foram calibrados e
validados tornando os mesmo confiáveis. O cabo utilizado
usado no transmissor, com cerca de 2 metros de comprimento
teve perda de -1,27 dB e a calibração do cabo do receptor,
com tamanho de 0,5 metros mostrou uma perda de -0,38 dB, o
que garante que os cabos não tiveram grande atenuação no
sinal. Foram analisados dois estudos de casos:
1. Efeito da presença de pessoas no ambiente Figura 1: Estação receptora.

Medições foram realizadas no bloco 4 da UFSJ, ambiente


indoor com visada direta em que a distância entre o
transmissor e o receptor era de 40 metros. O sinal foi captado
duas vezes, com o corredor vazio, depois pessoas transitando
(mais de 20 pessoas), para assim avaliar o efeito das pessoas
no canal. O receptor foi caminhando em direção ao
transmissor captando os dados do sinal.
2. Transmissão outdoor e recepção indoor
Medições feitas nos blocos 1 e 4, sem visada direta, sendo
uma análise feita com o sistema em movimento e com pessoas
transitando. O receptor foi se afastando do transmissor até
atingir uma distância aproximada de 95 metros. A planta do
prédio com rotas de medição está na Figura 3.
As medições feitas tiveram um intervalo entre as suas
amostras de 1,1 ms aproximadamente, ou um período de Figura 2: Diagrama de blocos TX e RX.
amostragem de 1000 amostras a cada 1,10 segundos .
aproximadamente. Em todas as medições foram gerados 100 Rayleigh: a potência do sinal recebido é formada
arquivos txt, cada um com 1000 amostras, gerando com isso principalmente por sinais espalhados por diferentes obstruções
um arquivo final com todas as amostras do percurso. De no percurso entre transmissor e receptor e não somente por
acordo com [11], o número de amostras, a taxa de amostragem visada direta. O envelope do sinal recebido (r) possui uma
é mais que o suficiente para fazer as análises dos sinais função densidade de probabilidade (PDF) dada por [16]
obtidos. No caso desse trabalho, serão analisadas as variações
decorrentes do desvanecimento rápido. Esse fenômeno pode ( ) ( ) (1)
ser considerado umas das causas da degradação de
desempenho de um sistema de comunicações móveis [12].
O desvanecimento de pequena escala ou a variação rápida sendo que é o valor rms do sinal recebido antes da detecção
no nível do sinal recebido é consequência direta do efeito de do envelope e é a potência média. Já a função de
propagação por multipercurso. As distribuições de distribuição cumulativa (CDF), a probabilidade do envelope
probabilidade Rayleigh, Rice, Nakagami, Weibull são não exceder um determinado valor R é [16]
caracterizadas para estudo desse tipo de desvanecimento com
a finalidade de qual delas representa a melhor variação rápida ( ) ( ) (2)
do sinal, usou-se também a Normal. Essa variação é feita
tirando a média móvel sobre os valores das amostras, um
filtro, que exclui a variação lenta e a atenuação com a Rice: distribuição útil em desvanecimento de pequena escala.
distância [13]. A partir disso, é possível analisar a Ela é definida pela relação entre a potência do sinal dominante
( ) e a potência do sinal espalhado ( ), ou fator k, [14]

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

(3)

Se k tender a zero, a função Riciana tende a Rayleigh e a PDF


é dada por [14]

( ) ( ) ( ) (4)
e a CDF é dada por [14], sendo que Io é a função de Bessel de
ordem zero, e

( )+ (5)

( ) * ( )+ ( ) *
Figura 3: Planta do prédio com rotas dos casos 1 e 2 das medições.

Nakagami-m: Os seus parâmetros são e e podem ser


e, é o valor observado e o estimado para melhor
associados aos parâmetros e de Rice, ressaltando que
aproximação possível. Todas as distribuições citadas possuem
podem ser aproximados, mas não coincidentes.
parâmetros que são ajustados para que a função densidade de
probabilidade e a função de distribuição acumulada sejam o
( )
( √ ). (6) mais próximo possível delas na sua forma experimental.

III. RESULTADOS E DISCUSSÕES


PDF e CDF dadas por [14]
Os trajetos percorridos tiveram obstáculos, como presença
de pessoas, e também a ocorrência ou não de visada direta. A
( ) ( ) (7) frequência usada nas medições foi de 903 MHz. Na estação
( )
transmissora o sinal era transmitido e levado até a antena da
estação receptora, onde, situada num carrinho móvel levou o
( )
( )
( ) ( ( )) (8) sinal até o analisador de espectro. A informação foi
transmitida para um computador que coletou as amostras e
Weibull: usada em canais com desvanecimento onde os usou um programa em MATLAB que analisou todos os dados,
multipercursos tornam o canal um sistema não linear. A filtrando apenas o desvanecimento de pequena escala, objeto
função densidade de probabilidade pode ser descrita por [14] deste trabalho. Com a montagem dos arquivos de dados feita,
as envoltórias dos sinais estão prontas para estudo. Para o
tratamento estatístico desses dados foram utilizadas funções
( ) ( )( ) (9) do MATLAB. As distribuições de probabilidade de Rayleigh,
Rice, Nakagami, Weibull e Normal são caracterizadas para
e a função de distribuição cumulativa normalizada é: estudo desse tipo de desvanecimento com a finalidade de qual
delas representa a melhor variação rápida do sinal. Foram
( ) (10) extraídos cálculos das PDF’s e CDF’s de cada medição e
possível analisar a variabilidade do sinal através do seu
comportamento estatístico. Estudo de caso 1, amostra do sinal
em que c é o fator de escala de distribuição de Weibull e α é a
com corredor vazio, sendo mostrado na Figura 4.
representação da não linearidade do meio de propagação [14].
Normal: tem sua função densidade de probabilidade da
seguinte forma [17]

( )
( ) ( ) ( )

Sendo µa média e σ o desvio padrão da variável aleatória.


Para avaliação de qual distribuição melhor representa os
dados buscou-se o parâmetro dentre os citados nas FDA’s
normalizadas que possui o menor erro quadrático médio
(EQM) dado por:
Figura 4: Amostra do sinal para corredor vazio.
∑ ( ) (11)

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Figura 8: PDF corredor cheio.


Figura 5: PDF corredor vazio.

A partir dessa amostra é possível analisar a PDF, na Figura


5 e a CDF, na Figura 6. O caso 1com pessoas transitando visto
na Figura 7, nota-se uma variabilidade maior na potência do
sinal com relação à primeira medida, e a PDF e CDF, podem
ser analisados nas Figuras 8 e 9.

Figura 9: CDF corredor cheio.

TABELA I: PARÂMETROS ENCONTRADOS E SEUS ERROS RESPECTIVOS.

Parâmetros
σ K α µ
Cenário m Nakagami
Rayleigh Rice Weibull Normal
Vazio 0,7 1348,8 727,5 8,8 1,0001
Cheio 0,7 655,6 347,8 8,7 1,0003
Figura 6: CDF corredor vazio.
Erro Quadrático Médio
Cenário Rayleigh Rice Nakagami Weibull Normal
Vazio 0,2147 0,0004 0,00034 0,01683 0,00037
Cheio 0,2148 0,0008 0,00072 0,01716 0,00076

No estudo de caso 2, onde a análise foi voltada para um


sistema sem visada direta, estações paradas inicialmente, logo
com afastamento do receptor até 95 metros de distância.

Figura 7: Amostra do sinal para corredor cheio.

Foram observadas maiores diferenças pelos gráficos e


também através dos valores dos parâmetros mostrados na
Tabela I, sendo que o comportamento do sinal diante desse
cenário ilustra que o efeito da presença de pessoas no local
mostra que o canal realmente se tornou mais variável em
função desse aspecto. Figura 10: Amostra do sinal, sistema em movimento.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Na Figura10 é mostrado o comportamento do sinal, em que IV. CONCLUSÕES FINAIS


inicialmente com poucas oscilações, mantendo um nível de Atualmente, as pessoas possuem maiores acesso a
potencia em torno de -40 a -50 dBm, e conforme as estações computadores, celulares, internet, à informação, e também a
foram se afastando, a potência vai caindo cada vez mais e a inovação da Internet das Coisas (Internet of Things- IoT).
oscilação do sinal continua. As Figuras 11 e 12 mostram as Este trabalho teve como objetivo principal analisar o
diferenças entre as distribuições estatísticas utilizadas, bem desvanecimento de pequena escala através da medição dos
como algumas distorções presentes nos resultados. níveis de sinais a uma frequência de 903 MHz em ambiente
indoor e outdoor, com visada e sem visada direta.
As amostras de sinais coletados foram analisadas
estatisticamente e comparadas com distribuições utilizadas
Rayleigh, Rice, Nakagami, Weibull e Normal. As
distribuições que foram mais adequadas com relação às
medidas encontradas foram as de Rice, Nakagami e Normal,
seus valores de parâmetros estimados, mostrando
concordância com o previsto. Em aplicações de IoT, em que
os em que os ambientes geralmente são mais comumente
fechados, como por exemplo, residências, indústrias, hotéis,
são necessários mais e mais estudos, além disso pode ser
utilizada também para ambientes externos, como no caso das
cidades inteligentes, em que tudo ficará cada vez mais
automatizado e robotizado. Os resultados desse estudo podem
contribuir de alguma forma no desenvolvimento de algoritmos
Figura 11: PDF sistema em movimento.
sobre o efeito que o acúmulo de pessoas pode gerar no canal.
V. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
[1] Cisco Inc., “Cisco visual networking index: Global mobile data traffic
forecast update, 2016–2021 white paper,” Tech. Rep., 2017.
[2] Yaqoob, I., Ahmed, E., Hashem, I. A. T., Ahmed, A. I. A., Gani, A.,
Imran, M., & Guizani, M. (2017). Internet of things architecture: Recent
advances, taxonomy, requirements, and open challenges. IEEE Wireless
Communications, 24(3), 10–16.
[3] Semtech, “Lora wireless technology.” [Online]. Available:
https://www.semtech.com/technology/lora (acessado em Novembro de 2019).
[4] Sigfox, “The global communications service provider for internet of things
(iot).”. Available: https://www.sigfox.com (acessado em Novembro de 2019).
[5] T. S. Rappaport, Wireless Communications: Principles and Practice.
Prentice Hall, 2002.
[6] J. Mendes, “Modelo de propagação outdoor sub-urbano no campus II do
Cefet-MG em 2,45 GHz”., 2017.
Figura 12: CDF sistema em movimento. [7] E. Walker, H. J. Zepernick, and T. Wysocki, “Fading measurements at 2.4
GHz for the indoor radio propagation channel,” in 1998 International Zurich
Nesse cenário, é visto que as distribuições de Rice, Seminar on Broadband Communications. Accessing, Transmission,
Networking. Proceedings, Feb 1998, pp. 171–176.
Nakagami e Normal apresentaram melhor adequação de [8] M. C. Correa, L. M. Eckhardt, T. A. Scher, F. J. A. andrade, and A. A. M.
acordo com os dados e os menores erros. Portanto, em de Medeiros, “Plataforma baseada em SDR para medição de canais 4G indoor
ambientes sem visada direta, os parâmetros estimados na faixa de 700 MHz,” MOMAG, 2016.
mostraram mais concordância com que se esperava o que pode [9] A. Techonologies, Agilent N5171B EXG Analog Signal Generator –
User’s Guide, november 2019.
ser visto na Tabela II. É importante acrescentar que nesse [10] A. Techonologies, Agilent N9000A CXA Signal Analyser – User’s Guide, november
estudo de caso a distribuição Weibull obteve erros bem 2019.
menores que no caso 1. [11] Parsons J. D., The Mobile radio Propagation Channel, John Wiley & Sons, 2000.
[12] M. Patzold. Mobile Fading Channels. Wiley, West Susses, Inglaterra,
TABELA II: PARÂMETROS ENCONTRADOS E SEUS ERROS RESPECTIVOS. [13] Ramos, G. L. Medidas de Radio Propagação em 3,5 GHz em Ambientes
Urbanos: Análise de Perda de Percurso e Variabilidade. Puc Rio, 2001.
Parâmetros [14] H. B. Tercius, “Distribuições generalizadas de desvanecimento de curto
m α µ prazo: medições de campo e validações”, 2008.
Sistema σ Rayleigh K Rice
Nakagami Weibull Normal [15] B. W. M. Lima, “Análise da Propagação de Ondas Eletromagnéticas em
Ambientes Indoor: Modelo do Caminho Dominante Versus Traçado de
Movimento 0,715 21,18 11,03 5,35 0,99991
Raios,” Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Pará, Belém, 2011.
Erro Quadrático Médio [16] M. D. Yacoub, Foundations of Mobile Radio Engineering. Florida: CRC
Sistema Rayleigh Rice Nakagami Weibull Normal Press, 1993.
[17] MARTIN, T. N.; STORCK, L.; DOURADO NETO, D. Simulação estocástica da
Movimento 0,2194 0,0228 0,0023 0,04422 0,02276
radiação fotossinteticamente ativa e da temperatura do ar por diferentes métodos.
Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 42, n. 09, p. 1211-1219, 2007.

600
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

ANÁLISE DE CANAL PARA A FREQUÊNCIA


DE 3,5 GHz EM AEROPORTO
Alex S. Macedo Leslye Castro Pedro V. G. Castellanos
Thiago A. Costa Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará Leni J. de Matos
Iury S. Batalha UNIFESSPA, Belém-PA, Brasil Universidade Federal Fluminense
Edemir M. C. Matos castro.leslye@gmail.com UFF, Nitéroi-RJ, Brasil
Jasmine P. L. Araújo pcastellanos@id.uff.br
Fabrı́cio B. Barros
Universidade Federal do Pará
UFPA, Belém-PA, Brasil
alexsanchess@gmail.com

Resumo—Neste artigo, é feito a análise de canal para a para Line-Of-Sight (LOS), no saguão do Aeroporto Interna-
frequência de 3,5 GHz em um grande ambiente indoor, onde cional Val de Cans em Belém do Pará. Com objetivo de
o estudo de caso é no Aeroporto. Medidas foram realizadas caracterizar o ambiente em pequena escala usando as métricas:
para Line-Of-Sight (LOS) e por meio da sondagem de canal
são extraı́dos os parâmetros de dispersão do canal de pequena power delay profile, mean delay, RMS delay spread e banda de
escala. Os modelos Floot-Interception e Close-In são aplicados e coerência. Enquanto que em larga escala, verifica-se o com-
analisados para avaliar a perda de percurso para co-polarização portamento da perda percurso dos modelos: Floot-Interception
e polarização cruzada. A metologia aplicada em larga escala (FI), Close-In (CI).Onde para o modelo CI também é aplicado
mostrou-se adequada com os dados para outros tipos de ambi- para suas variações nas configurações de co-polorização e
entes e outras frequências encontrados na literatura.
Keywords—Frequência 3.5GHZ, Sondagem de Canal, Pequena polarização cruzada (CIX).
e Larga Escala. O artigo está organizado como segue: a Seção II apresenta
o cenário do aeroporto e descreve os equipamentos para a
I. I NTRODUÇ ÃO campanha de medições. A Seção III, compõe uma análise do
Na literatura são estudas diferentes faixas de frequência canal com os parâmetros de pequena e larga escala, baseado
como alternativas para a nova rede móvel de quinta geração nas medições. Por fim, a Seção IV apresenta as conclusões do
(5G) [1]. Destacam-se as faixas de frequência abaixo de 6 artigo.
GHz, que estão em processo de leilão pelos orgãos reguladores II. S ETUP E C AMPANHA DE M EDIÇ ÕES
[2]. No Brasil, está previsto para 2021 a abertura do edital
para licitação das faixas de radiofrequências que permitirão a Na seção II-A são descritos os equipamentos e o Setup para
implementação da tecnologia de 5G, entre elas a banda de 3.5 coleta dos dados. Na seção II-B detalha o processo para a
GHz1 . campanha de medições.
O acesso as redes sem fio estão tendo uma demanda A. Setup para medição
crescente de dados multimı́dias, criando novos desafios para
Na Fig. 1 está ilustrado os equipamentos utilizados para a
desenvolvimento de tecnologias de acesso que atendam gran-
campanha de medição, onde são compostos por transmissor
des ambientes indoors, tais como terminais de passageiros
(TX) e receptor (RX). A seguir são apresentados suas breves
ferroviários. A exemplo da pesquisa [2] que investiga a perda
descrições:
de propagação com a distância, avaliando o fator de perda de
• TX: Para a transmissão do sinal foram utilizados um
percurso e a orientação da antena na frequência de 28 GHz
no terminal ferroviário de Seul e no aeroporto de Incheon gerador de sinais (Anritsu MG3700A) com potência de -
da Coréia do Sul. Em [3] apresentam resultados baseado 11 dBm, ligado a um amplificador de potência (MilMega
em sondagem de canal de rádio direcional nas frequências AS0204-7B:2-4GHz-7W ) em concordância com a curva
15, 28 e 60 GHz analisando os caminhos de propagação, de linearidade, com 46 dB de ganho na saı́da. Uma antena
perfil de potência, polarização e delay spread no aeroporto tipo painel hyperlink hg3515P-120 com frequência de
de Helsinque da Finlândia. operação no intervalo de 3,4 GHz a 3,7 GHz, 120◦ de
Neste artigo, analisa-se a sondagem de canal para o espectro abertura horizontal, 8◦ de abertura vertical, ganho GT X
de 3,5 GHz por meio de campanha de medições realizadas, de 16 dBi. Logo, P tx é o valor da saı́da do amplificador
somado ao GT X , com valor igual a 51 dBm. O sinal
1 http:\\www.anatel.gov.br transmitido possui largura de banda de 60 M Hz. A

601
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

antena TX foi colocada a uma altura de 7,09 metros em planta baixa do saguão, conforme a Fig. 3, apresenta destacada
relação ao solo. em amarelo, dimensões de 25 m de largura por 60 m de
• RX: Para a recepção do sinal foi adaptado um carrinho comprimento, com área aproximada de 1500 m2 . A altura
movél, onde foram colocados a antena receptora ominidi- variando de 8-12 m devido ao declı́nio do teto. Sua área é
recional (Hyperlink HG3505RD-RSP), com frequência de composto por quiosques, lojas, saı́da de ar no formato de um
operação que varia de 3,4-3,6 GHz, com 5 dBi de ganho totem no meio do saguão. As paredes externas são compostas
GRX , abertura horizontal de 360◦ . Também no carrinho por colunas de concreto, vidros, teto de gesso, além do piso
foram colocados um notebook e um analisador de sinais do primeiro pavimento ser composto por concreto e dutos de
para captura dos dados. O carrinho foi movimentado a ventilação de aço (ver Fig. 3).
uma velocidade média de aproximadamente de 0,87 m/s. Para coleta dos dados na campanha de medições foram
Na Fig. 2 os diagramas de radiação das antenas TX e RX eleitas no térreo do saguão duas rotas distintas, paralelas e
são representadas. livres de obstáculos entre os pontos iniciais e finais. A rota
1 (R1) e rota 2 (R2) são presentadas em pontos azuis e
vermelhos, respectivamente. O comprimento das rotas são de
24 metros. As descrições do ambiente estão ilustrados na Fig.
3.
O processo de medições foi conduzido variando o apon-
tamento das antenas TX e RX com intuito de capturar da-
dos conforme a orientação em co-polarizadas e polarização
cruzada. As configurações das polarizações de TX e RX,
respectivamente, foram da seguinte forma: Vertical-Vertical
(V-V), Horizontal-Horizontal (H-H), Vertical-Horizontal (V-
H) e Horizontal-Vertical (H-V). As distâncias entre TX e os
pontos inicias das rotas R1 e R2 são indicados por d0 e d00 na
planta baixa da Fig. 3.
Figura 1. Setup para a campanha de medicões. Inicialmente, foram realizadas 4 campanhas de medições
para co-polarização de antenas, duas para polarização V-V
e duas para polarização H-H. Em seguida foram realizadas
3 campanhas de medições nas configurações de polarização
cruzada, duas V-H e uma para H-V.

III. M ODELAGEM E A N ÁLISE DOS R ESULTADOS

Serão apresentados a partir da coleta dos dados a sondagem


do canal, além da análise das caracterı́sticas em pequena e
larga escala.

A. Análise do Canal em 3,5 GHz


A sondagem de canal é feita por sinal OFDM (Orthogonal
Frequency Division Multiplexing), que consiste em transmitir
um sinal banda larga com diversos canais faixa estreitas [4].
Os perfis são obtidos após uso do método Constante False
Alarm Rate (CFAR) [5], que consiste na técnica de limpeza
de perfis, que diferenciam componentes de multipercurso de
componentes de ruı́do. A análise do Power Delay Profile
(PDP) permite encontrar os parâmetros para caracterização de
canais sem fio, bem como o mean delay e delay spread. A
banda de coerência é definida como a menor separação em
Figura 2. Diagramas de Radiação: a) Antena TX Plano Vertical. b) Antena
frequência para a qual a função autocorrelação da função de
TX Plano Horizontal. c) Antena RX Plano Vertical. d) Antena RX Plano transferência atinge um determinado nı́vel, que neste caso foi
Horizontal aplicado para os nı́veis de 0,9 e 0,7 [6].
A metodologia aplicada para obtenção das métricas de
B. Campanha de Medições pequena escala são apresentadas na seção III-A1. Na seção
As medições foram realizadas no saguão de desembarque III-A2 os modelos de perda de percurso são aplicados e seus
do Aeroporto Internacional Val de Cans, em Belém do Pará. A resultados são analisados.

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Figura 3. Planta Baixa do Saguão de Desembarque.

1) Análise e Resultados dos Parâmetros de Dispersão do grau de confinamento. Estes valores em polarização em VV e
Canal em Pequena Escala: O PDP do canal, Ph (τ, t), repre- HH são apresentados na Tab. III-A1.
senta a energia recebida em cada componente de caminhos Outro parâmetro para caracterizar o canal é banda de
múltiplos no atraso domı́nio do tempo, seus valores são coerência, que é a faixa de frequências onde o espectro
calculados por meio da Eq. 1 [5]. do sinal tem caracterı́sticas de atenuação comuns [6]. Esta
2 banda é calculada da resposta em frequência do canal, após
Ph (τ, t) = |h(τ, t)| (1) a eliminação dos espúrios pela técnica CFAR. Os valores de
Onde h(τ, t) representa a resposta impulsiva do canal dada média MD e DS para R1 e R2 são apresentados na Tab. III-A1.
pela transformada inversa de Fourier H(f, t). O Delay Spread
(DS) (σt ) representa o valor estatı́stico do segundo momento Tabela I
central (variância) de Ph (τ, t) que é dado pela Eq. 2 [7]: PAR ÂMETROS DE DISPERS ÃO DO CANAL EM PEQUENA ESCALA E BANDA
sR DE COER ÊNCIA

(τ − τ̄ )2 Ph (τ, t)dτ Pol. Mean Delay (ns) Delay Spread (ns)


σt = R (2)
Ph (τ, t)dτ Média Mediana Média Mediana
R1: 162,1 R1: 87,5 R1: 144,1 R1: 89,50
VV
Sendo τ̄ o Mean Delay (MD) que representa o primeiro R2: 98,30 R2: 89,4 R2: 77,00 R2: 70,00
valor estatı́stico do momento central e é dado por Eq. 3 [7]: R1: 110 R1: 98,00 R1: 90,00 R1: 52,40
HH
R2: 104,5 R2: 98,50 R2: 95,00 R2: 57,50
R Pol. B. Coerência 0,9 (KHz) B. Coerência 0.7 (KHz)
τ Ph (τ, t)dτ
τ̄ = R (3) Média Mediana Média Mediana
Ph (τ, t)dτ R1: 9,13 R1: 9,20 R1: 5,09 R1: 5,05
VV
R2: 8,31 R2: 8,20 R2: 4,89 R1: 4,90
A etapa de pós-processamento de 64.000 dados brutos con- R1: 9,70 R1: 8,60 R1: 5,50 R1: 5,03
HH
sistiu em determinar os sinais dividas em fase (I) e quadratura R2: 8,50 R2: 8,30 R2: 5,03 R1: 5,00
(Q), referentes a cada subportadora do sı́mbolo OFDM e gerar
os dados para a análise da dispersão do sinal e determinação 2) Análise e Resultados em Larga Escala: O modelo co-
da banda de coerência do canal. mum de perda de percurso CI descreve a atenuação do sinal
Dois parâmetros de dispersão do canal o mean delay e por meio de um único parâmetro, definido pela distância, dado
delay spread foram observados. As medidas nas Rotas R1 e pela Eq. 4. A Eq. 5 define a perdas pela perda de percurso no
R2 notou-se uma estabilidade nos valores de MD e DS ao espaço livre-FSPL a uma distância d0 de 1 m entre TX e RX.
longo das rotas. Embora as rotas fossem próximas entre si, O FSPL é uma constante. O expoente de perda de percurso
apresentaram valores diferentes. Na R1 em polarização VV os (PLE) ou n é o coeficiente de perda em relação a distância. O
valores da média de MD e DS foram de 162,1 ns e 144 ns, modelo CI é encontrado por regressão linear do PLE a partir
respectivamente. Enquanto que em R2 a média dos valores da aplicação do Minimum Mean Square Error (MMSE) que
de MD e DS foram de 98,30 ns e 77,00 ns. Os resultados se ajusta aos dados medidos com o menor erro usando um
encontrados estão na faixa de valores conforme avaliado por ponto de ancoragem fı́sico. Este ponto de ancoragem expressa
ITU-R P.1238-10 [8] e [9] o DS,MD, na faixas abaixo de 15 a potência transmitida da antena TX no espaço livre em uma
GHz para ambientes internos comerciais. Como também em distância inicial d0 . O termo XσCI é uma variável gaussiana
comparação com o apresentado em [6] para uma faixa de 3,5 aleatória com o valor médio de 0 e do desvio padrão σ em
GHz em ambiente outdoor utilizando sinais WiMAX OFDM- dB [10].
256. Estes valores encontrados na R2 são explicados pela
caracterı́sticas do corredor 2 estar mais próximo de paredes
e teto do 1° pavimento (Ver Fig. 3) ou seja, sinal com maior P LCI = F SP L + 10n(V V ) log10 (d/d0 ) + XσCI (4)

603
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

onde d ≥ d0 ; quando d0 = 1m. 86


Polarização TX-Vertical RX-Vertical (Rota 1 e Rota 2)
CIR1 : n vv = 2.49, = 2.95 dB
FIR1 : ( , , )= (74.64, 0.33, 2.05)
2 84
F SP L(f, d0 ) = 10log10 (4pid0 /λ) (5) Medidos R1
CIR2 : n vv = 2.23, = 2.40 dB
82 FIR2 : ( , , ) = =(49.76, 1.79, 2.74)
Os valores do fator PLE são diferentes de acordo com o 80
Medidos R2

Perda (dB)
ambiente e configuração da polarização [10]. Dessa forma 78
a metologia CI da equação Eq. 4 é aplicada para a co- 76
polarização H-H, onde o seu fator de PLE (nHH ) é o fator
74
de perda de caminho em H-H. A componente XσCI é uma
72
variável aleatória gaussiana com valor médio zero e desvio
70
padrão em dB. Assim encontra-se a perda de percurso CI em 20 22 24 26 28
Distância(m)
30 32 34 36 38

HH ou P LCIHH [11].
O modelo CI também pode ser utilizado para estimar a perda Figura 4. Modelos de perda de percursos por distância para a polarização
de propagação das medições de polarização cruzada. A Eq.6 é V-V.
uma extensão do modelo CI, chamada perda CIX. O modelo
CIX foi aplicado nas medidas em V-H. Um novo fator PLE Já para a co-polarização H-H, apresentados na Fig. 5, os
(nV H ) é calculado a partir dos dados das medições em V-H valores de PLE para perda CI em R1 e R2 são de, respectiva-
[11]. O fator de discriminação de polarização cruzada chamado mente, 3,01 e 2,8. Nota-se que os valores encontrados de PLE
de XPD. Esta constante é encontrada usando MMSE dado em para a perda CI são próximos, devido ao diagrama de radiação
dB, XσCIX é uma variável aleatória gaussiana com valor médio da antena TX, que quando posicionada horizontalmente, tem
de zero e desvio padrão em dB. maior abrangência (ver Fig. 2). Os resultados para FI estão na
Tab. III-A2.
P LCIX = F SP L + 10n(V H) log10 (d/d0 ) + (6)
Polarização TX-Horizontal RX-Horizontal (Rota 1 e Rota 2)
XP D + XσCIX 98
CIR1 : n hh = 3.01, = 3.98 dB

96 FIR1 : ( , , ) = (81.13, 0.406, 3.16)


Medidos
Uma outra configuração analisada é a polarização cruzada 94 R1
CIR2 : n hh = 2.96, = 2.41 dB

em H-V. Aplicando a mesma metodologia da Eq. 6. Porém 92 FIR2 : ( , , ) = (62.52, 1.64, 2.37)
Medidos R2
90
modifica-se o valor do PLE (nHV ) e XPD, definidos a partir
Perda (dB)

88
das medidas em H-V. 86
Outro modelo considerado é o FI que não considera a perda 84

inicial, FSPL. Na Eq. 7 modelo requer dois parâmetros, um 82

80
para o deslocamento da perda de caminho dos dados medidos,
78
α, e o coeficiente β que depende da distância [10]: 20 22 24 26 28 30 32 34 36 38
Distância(m)

Figura 5. Modelos de perda de percursos por distancia para a co-polarização


P LF I = α + 10βlog10 (d) + XσF I (7) H-H.
Analisou-se os modelos de perda de percurso para a campa-
nha da medições para a frequência de 3,5 GHz corresponden- A seguir serão apresentados os resultados para as perdas em
tes à distância entre TX-RX. Calculou-se os parâmetros usando polarização cruzada, seguindo a mesma metodologia adotada
a metologia apresentada neste trabalho e foram aplicados aos na co-polarização. Em virtude disso, seus valores de PLE e
modelos. Observou-se a relação direta de PLE e β com as XPD do modelo CIX e α e β do modelo FI, serão apresentados
curvas dos modelos. Como também os valores de perda inicial na Tab. III-A2, que também contém os valores para co-
indicados pelos parâmetros FSPL e α de acordo com cada tipo polarização.
de configuração da polarização. Para facilitar a compreensão, Pela análise da Fig. 6 que apresenta os resultados da
nas figuras a seguir as curvas em cor azul representam a rota polarização V-H, observa-se que a medida que a distância
1 e vermelho para rota 2. Assim como o calculo do desvio aumenta não há uma variação significativa da perda da perda.
padrão σ em dB. Nota-se em FI o valor de β negativo na rota 2, valores baixos
Na Fig. 4 mostra os dados medidos e os ajustes dos são encontros em [6]. Esse comportamento está relacionado
modelos na configuração de polarização V-V. Para o modelo com onda propagante em TX que tinha componentes eletro-
CI, os valores de PLE são 2,45 e 2,23 para rota 1 e rota 2, magnéticas verticais e passa a ter componentes horizontais.
respectivamente. Observou-se também que em R2 há maior Dessa forma o sinal tem uma diminuição das perdas de
probabilidade de interferência construtiva o que produz um casamento de polarização, ou seja um ganho [13].
efeito de perda menor que no caso de R1, (ver Fig. 3). Para a Fig. 7 são apresentados os resultados para a
Contudo, a rota 2 está próxima a um espaço fechado entre o polarização cruzada H-V. Neste caso nota-se os valor de PLE
primeiro pavimento e o teto de concreto (ver Fig. 3) permitindo de HV baixo como em HV. Além o valor de XPD serem
maior confinamento do sinal. Para o modelo FI os resultados próximos. As perdas em HV apresentam perda menores em
estão na Tab. III-A2. comparação a VH. Essa semelhança das curvas também são

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Tabela II CI mostra os parâmetros de PLE que variam de 2,23 a 2,49


PAR ÂMETROS DE PL DOS MODELOS CI E FI. em VV, de 2,9 a 3 em HH. Porém, os PLE’s para polarização
Perda de Percurso Modelo CI cruzada, menores que o PLE do espaço livre (PLE = 2). Com
Pol. PLE (n) σ(dB) XPD (dB) isso constatou-se que estão em concordância como os estudos
R1: 2,49 R1: 2,95 encontrados na literatura para outras faixas de frequências e
VV x
R2: 2,23 R2: 2,40
R1: 0,04 R1: 4,16 R1: 20 grandes ambientes indoors. Portanto, esta metologia pode ser
VH aplicada neste tipo de ambiente para outras faixas frequências.
R2: 0,32 R2: 4,48 R2: 19
R1: 3,01 R1: 3.98
HH x
R2: 2,96 R2: 2,41 AGRADECIMENTOS
HV R2: 0,90 R2: 1.80 R2: 23
Perda de Percurso Modelo FI Este estudo foi financiado em parte pela Coordenação
Pol. α β (dB) σ(dB) de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nı́vel Superior - Brasil
R1: 74,64 R1: 0,33 R1: 2,05 (CAPES). Os autores gostariam de agradecer ao Programa de
VV
R2: 49,76 R2: 1,79 R2: 2,74
Pós-Graduação em Engenharia Elétrica-PPGEE, Universidade
R1: 99,96 R1: 0,03 R1: 2,98
VH Federal do Pará (UFPA).
R2: 96,06 R2: - 0,25 R2: 2,98
R1: 81,13 R1: 0,40 R1: 3.16
HH R EFER ÊNCIAS
R2: 62,52 R2: 1,64 R2: 2,37
HV R2: 70,22 R2: 0,83 R2: 1.8 [1] A.Osseiran,Boccardi, F.,et al, “Scenarios for 5G Mobile and Wireless
Communications: The Vision of the METIS Project”, in Communicati-
Polarização TX-Vertical RX-Horizontal (Rota 1 e Rota 2)
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102
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100 ristics of Large Indoor Environments with 28 GHz Measurements”2015
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Perda (dB)

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Conference (VTC-Fall),pp.1-5.
92
CIXR1 : (n vh , XPD, ) = (0.04, 20, 4.16) [4] MARUM, G.A. Mentastre, “ Modeling, and OFDM Synchronization for
FIR1 : ( , , )= (96.96, 0.035, 2.44)
90
Medidos R1
the Wideband Mobile-to-Mobile Channel”, Tese de Doutorado,School of
88
CIXR2 : (n vh , XPD, ) = (0.32, 19, 4.48) Electrical and Computer Engineering, Georgia Institute of Technology,
FIR2 : ( , , )= (96.06, - 0.25, 3.15)
Medidos R2
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86
20 22 24 26 28 30 32 34 36 [5] T.A.Wysocki and H-J.Zepernick,“Characterization of the indoor radio
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CIX R2 : (n HV , XPD, ) = (0.90, 23, 1.80)
mm-Wave Radio Propagation in Indoor Public Area”, International Con-
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FIR2 : ( , , ) = (70.22, 0.83, 1.80) ference on Information and Communication Technology Convergence,
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20 22 24 26 28 30 32 34 36 2015,Vol.3, pp.1-37.
Distância(m)
[11] Iury S. Batalha , A.V.R. Lopes, J.P.L.Araújo, F.J.B. Barros,B.L.S.Castro,
G.P.S.Cavalcante, and E.G.Pelaes. “Large-Scale Channel Modeling and
Figura 7. Polarização Tx-Horizontal Rx-Vertical Measurements for 10GHz in Indoor Environments”, Published 23 Ja-
nuary 2019 Hindawi International Journal of Antennas and Propaga-
tion.Volume 2019, Article ID 9454271, 10 pages.
IV. C ONCLUS ÕES [12] A.M.Al-Samman1*, T.A.Rahman1, M.H.Azmi1,
M.N.Hindia1.“Statistical Modelling and Characterization of
Neste artigo, para cenário de aeroporto, a partir de Experimental mm-Wave Indoor ChannelsforFuture 5G Wireless Com-
municationNetworks”, PLOS ONE DOI:10.1371/journal.pone.0163034
medições, analisou-se os parâmetros de dispersão do canal em September 21, 2016.
pequena escala. Neste caso notou-se que a variação média de [13] Constatine A. Balanis, “Teoria de Antenas(Análise e Sı́ntense)”Vol.1 e
delay spread de 144 e 77 ns para rota 1 e rota 2 em polarização Vol.2,3 edição.
[14] M.Kim, Y.Konis, Y. Chang, and Jun-ichi Takada, “Large Scale Para-
VV, respectivamente. Em relação a banda de coerência obteve meters and Double-Directional Characterization of Indoor Wideband
uma variação para correlação de 0,9 na faixa de 8-12 KHz e Radio Multipath Channels at 11 GHz”,IEEE TRANSACTIONS ON
para correlação de 0,7 na faixa de 4-8 KHz. Em larga escala ANTENNAS AND PROPAGATION, VOL. 62, NO. 1, JANUARY 2014.
aplicou-se os modelos de perda de percuso CI e FI. O modelo

605
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Generalized Analysis of a Tunable Range


Photonic-Assisted Instantaneous Frequency
Measurement of Microwave Signals
Robson R. Carreira1,2 , Joaquim J. Barroso1 , José E. B. Oliveira1 , André P. Gonçalves1,2 , Alessandro R. Santos1,2 ,
Olympio L. Coutinho1 , Vilson R. Almeida1 and Carla S. Martins3
1
Instituto Tecnológico de Aeronáutica, São José dos Campos, SP, Brasil
2
Centro de Coordenação de Estudos da Marinha em São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
3
Estado-Maior da Armada, Brası́lia, DF, Brasil

Abstract—This work proposes an Instantaneous Frequency source, a dual-output MZM with one RF port terminated and
Measurement (IFM) system which the frequency range can be two dispersive elements [10].
increased by designs based on unbalanced fiber optical paths, Microwave IFM can be divided in three classes, i.e., chan-
on arbitrary directional coupler coefficients other than the usual
3 dB and on modulation indexes not limited to small signals. nelized receivers, photonic frequency scanning and frequency-
Together, the combined use of modulation formats of a dual- to-power mapping. Specifically in the latter, focus of this
output dual-drive Mach-Zehnder modulator (DD-MZM), namely paper, the relationship between the RF signal frequency and its
double-sideband (DSB) and single-sideband (SSB), can make the detected optical power is established [5]. A way to achieve this
system tunable, what is desirable. The analytical model developed relation is through the chromatic dispersion (CD), an important
also includes higher order lateral bands, it can reproduce
previously published results and provides new ones. Analysis phenomenon inherent to optical fiber links. In certain applica-
shows a frequency range increase over a thousand percent for a tions, CD is highly undesirable, e.g., communication network,
DSB link configuration. but in others is the key factor to enable a specific measure,
Keywords—directional coupler, instantaneous frequency mea- e.g., IFM. The amplitude comparison function (ACF), used in
surement, dual-drive Mach-Zehnder modulator this work, is derived from power fading due to the CD effect.
The ACF vantage relies in a high precision for an unknown
I. I NTRODUCTION frequency estimation, but the limit to measure, simultaneously,
For over sixty years, instantaneous frequency measurement different microwave frequencies is its disadvantage [5].
(IFM) has been used in electronic warfare (EW) applications, Here, we propose a functional block diagram which offers
specially electronic support measures (ESM). The Korea war more flexibility to set up a greater number of parameters. This
outbreak (1950 – 1953) and the missiles advent, brought up approach allows representation in both time and frequency
the need for intensifying its research and development aiming domains. It is emphasized that the model is not limited to small
early warning systems [1]. signals, where the mathematical formalism can handle large-
The 1990s witnessed the maturity of the technology, spe- amplitude signals by the use of Graf´s theorem, thus allowing
cially the digital IFM (DIFM) in the microwave EW industry. the consideration of high modulation indexes. Likewise, the
In the 2000s, IFM applications based on microwave-photonics ACF can be obtained for double-sideband (DSB) and single-
(MP) technology emerged [1], the so called photonic-assisted sideband (SSB) modulation formats thanks to the use of a dual-
IFM. The MP solutions have a dual character, in other words, output dual-drive Mach-Zehnder modulator (DD-MZM), what
can be used for both civil, e.g., long-haul links [2], terahertz makes the system tunable. The analytical model developed
wireless communication [3] and signal processing techniques also includes higher order lateral bands, enabling ACF ratios
[4], and military applications, e.g., electronic warfare [4], [5], for spectral components of orders different than unity.
remote radar antenna [6] and signal generation [7]. All of these
uses are possible due to MP characteristic of low signal loss II. O PERATION P RINCIPLE
in optical fiber, wideband [2] and electromagnetic immunity The functional block diagram proposed is shown in Fig. 1.
[4]. It is composed by an optical source, two directional couplers
Nowadays, authors have proposed several architectures aim- (DC) with arbitrary coupling coefficients, the first (DC1 )
ing IFM applications, e.g., using two lasers as optical sources, working as an optical splitter, two phase modulators (PM),
a polarization modulator, an optical fiber path and a wave- two phase shifters (PS), two distinct standard single-mode fiber
length division multiplexer (WDM) [8]; a single optical source, (SSMF) paths with lengths L1 and L2 and two semiconductor
a polarization-maintaining coupler, a MZM combined with a photodiodes working as photodetectors (PD). The PM can be
phase modulator and two optical fiber paths [9]; a tunable laser fed, independently, by RF signals, RF1 and RF2 , and the PS by

606
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

(rf ) (bias)
RF1 BV1 φ1 (t) φ1
   
κ1 jρ1 κ2 jρ2
SSMF1 jρ1 κ1 PM1 PS1 jρ2 κ2
(out)
PM1 PS1 (in)
e1 (t)
e (t)
PDA DC1 DC2
Laser DC1 DC2
PDB (out)
e2 (t)
PM2 PS2
PM2 PS2
SSMF2 DD-MZM
DD-MZM
(rf ) (bias)
φ2 (t) φ2
RF2 BV2

Fig. 2. Schematic representation of a dual-output DD-MZM in terms of


Fig. 1. Functional block diagram of a typical IFM system. PM means phase a functional block diagram with coupling coefficients scattering matrices.
(out) (out)
modulator, PS is phase shifter, DC is directional coupler, SSMF is standard Electric fields e1 (t) and e2 (t) feed distinct optical fiber paths.
single-mode fiber, PD is photodetector, BV is bias voltage and RF denotes to
radio frequency signal.
Differently from a single-output DD-MZM that has an
optical combiner in the output, a dual-output DD-MZM has
distinct DC bias voltages, BV1 and BV2 . This block diagram
two complementary outputs due to the DC2 presence. These
gives a global picture of a generalized IFM system aiming (out) (out)
output electric fields, e1 (t) and e2 (t), which obey the
to obtain a power-to-frequency relationship, the ACF. To be
principle of energy conservation, feed distinct SSMF paths
effective, this parameter should be represented by a sharp
until reaching PDA and PDB . Finally, the ratio of the PD RF
curve as function of the input microwave frequency [11].
power outputs provides the ACF.
The next step is to set up a proper dispersion effect. It (in)
is important to get notch regions that enable high output RF Assuming E = E (in) ejφo as the complex optical elec-
powers minimum-to-maximum difference. In our scheme, it tric field input envelope, the DC2 output complex envelopes
can be obtained either by adjusting the length of the fiber paths can be given by [12]:
or by using high dispersion fibers. This minimum-to-maximum +∞
(out) (in) X
difference allows a measurable frequency range between the E1 = ΓE a(1)
n Jn (m) e
jnωrf t
(2a)
ACF maximum and minimum values. Another benefit of the n=−∞
block diagram proposed is to reproduce, after few adjusts,
some other published architectures [5], [10], [11]. +∞
(out) (in) X
E2 = jΓE a(2)
n Jn (m) e
jnωrf t
(2b)
III. F ORMULATION OF THE P ROBLEM n=−∞

The DC1 optical input is represented by the following scalar where Γ is the link power insertion loss, Jn is the n-th
electric field: order Bessel function of the first kind, m = πVrf /Vπ is the
modulation index, being Vrf the RF signal amplitude and Vπ
e(in) (t) = E (in) cos (ωo t + φo ) (1) the DD-MZM half-wave voltage, and:
where E (in) is the scalar optical electric field e(in) (t) am-
   
(0) (bias) (0) (bias)
j nφ1 +φ1 j nφ2 +φ2
a(1)
n = κ1 κ2 e −ρ1 ρ2 e (3a)
plitude, ωo is the average optical angular frequency, φo is
the optical initial phase and t is the time. In this work, 
(0) (bias)
 
(0) (bias)

j nφ1 +φ1 j nφ2 +φ2
a deterministic approach is used whereby the laser average a(2)
n = κ1 ρ2 e +κ2 ρ1 e (3b)
power and its phase are time invariant [6].
(0) (bias)
In Fig. 2, one can note that the functionality blocks DC1 , where φi is the PMi RF signal initial phase and φi is
DC2 , PM1 , PM2 , PS1 and PS2 constitute a dual-output DD- the DC bias phase shift inserted by the PSi .
MZM. In the DC1 block, e(in) (t) is split according the This device works well in communication applications in a
coupling coefficients κ1 and ρ1 . Usually, a 3 dB ratio is used, balanced configuration, but for IFM, it has to work unbalanced.
but here we propose the possibility of using arbitrary values Such condition allows the ACF to be used to determine the
of these coefficients, obeying the condition κi2 + ρ2i = 1, with instantaneous frequency of a microwave signal. Commonly,
i = 1; 2, by calculating the DC1 scattering matrix. This feature unbalance is obtained by driving only one arm of the DD-
allows the increase of the ACF frequency range. These two MZM while the other one enables the optical carrier to pass
new optical electric fields are modulated in the PM blocks by without the modulation effect, just with the inherent DD-MZM
RF signals and biased in the PS blocks. These electric fields phase shift.
are recombined in the DC2 block according to its scattering The output signals travel through optical fiber paths with
matrix with coupling coefficients κ2 and ρ2 , as obtained for lengths L1 and L2 and then are detected by PDA and PDB .
DC1 . At this point the CD and attenuation effects of each fiber path

607
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

are take into account. Thus, the complex envelopes incident 60


in PDA and PDB are: (A)

Normalized Power and ACF (dB)


Prf
(out) −γ(ωo +nωrf )L1 40 (B)
EA = E1 e (4a) Prf
(out) −γ(ωo +nωrf )L2 20 ACF
EB = E2 e (4b)
where γ is the fiber-optic propagation constant. The photocur- 0
rent in each PD is given by:
1 D (out) E −20
IA,B (t) = |eA,B (t) |2 ξ (5)

−40
where the bracketed term means the time average of
(out)
|eA,B (t) |2 over an optical cycle, A, B refers to each PD, −60
ξ is the PD effective cross sections and η the optical wave
impedance. Expanding γ in Taylor series and substituting (4)
0.6 5 10 15 20
in (5), one takes:
Input Microwave Frequency (GHz)
+∞
X
IA (t) = <Γ2 P (in) e−2α1 L1 j n ejnωrf t × (B)
Fig. 3. PDA and PDB RF power, normalized with respect to Prf , and ACF
n=−∞ for modulation format SSB, modulation index m = 0.2, optical fiber path 1
× κ12 κ22 ejn∆φrf Jn [−2m sin (Φ)] +

L1 = 20 km, optical fiber path 2 L2 = 20 km and DC1 and DC2 coupling
coefficients setted with 3 dB.
+ ρ21 ρ22 Jn [−2m sin (Φ)]+
 n∆φ 
rf
j +∆φbias h  ∆φ i
− κ1 κ2 ρ1 ρ2 e 2
Jn 2m sin 2
rf
−Φ + 60
j
 n∆φ
rf
−∆φbias

h  ∆φ

i m = 0.2
− κ1 κ2 ρ1 ρ2 e 2
Jn −2m sin 2
rf
+Φ 40 m = 0.7
(6a) m = 1.2
20
ACF (dB)

+∞
X
IB (t) = <Γ2 P (in) e−2α2 L2 j n ejnωrf t × 0
n=−∞
× κ12 ρ22 ejn∆φrf Jn [−2m sin (Φ)] +
 −20
+ κ22 ρ21 Jn [−2m sin (Φ)]+ −40
 n∆φ 
rf
j +∆φbias
Jn 2m sin ∆φ2rf −Φ +
h  i
+ κ1 κ2 ρ1 ρ2 e 2

 n∆φ   −60
rf
j −∆φbias
Jn −2m sin ∆φ2rf +Φ
h  i
+ κ1 κ2 ρ1 ρ2 e 2

0.6 5 10 15 20
(6b)
Input Microwave Frequency (GHz)
where ∆φbias is the DD-MZM DC bias phase shift, ∆φrf
is the RF phase change set in a hybrid, α1;2 are the optical Fig. 4. ACF for modulation format SSB, optical fiber path 1 L1 = 20 km,
2
fiber attenuations, Φ1;2 = β2 ωrf nL1;2 /2, β2 = −D1;2 λ2o /2πc optical fiber path 2 L2 = 20 km, DC1 and DC2 coupling coefficients setted
is the second-order dispersion coefficient, D1;2 are the fiber with 3 dB for different modulation indexes.
dispersion parameters, λo is the laser wavelength and c is the
speed of light in vacuum. The Graf’s addition theorem was
used to calculate the current waveform in each PD [12]. The addition theorem, the modulation index can be adjusted not
ACF is defined by the ratio between the RF power obtained only for small signals, making possible to explore results for
in PDA and PDB , in other words [9], [13]: any m value. Thus, starting from the previous configuration,
plotted in Fig. 3, we vary m for higher values. Fig. 4 shows
2 (A)
[IA (t)] Prf that the increase of m enlarges the frequency range covered by
ACF = 2 = (B)
(7) such set. For m = 0.2, the difference between the minimum
[IB (t)] Prf
and maximum frequencies is 7.05 GHz, while for m = 1.2,
IV. N UMERICAL R ESULTS the difference is 8.9 GHz. It represents an increase of 1.85
Initially, aiming at a proof of concept, the parameters are GHz. That is, the minimum frequency varied from 9.55 to
set up looking for literature previous results. Fig. 3 reproduces 8.35 GHz and the maximum frequency varied from 16.6 to
[10] when configured for SSB, m = 0.2, L1 = L2 = 20 km, 17.25 GHz.
D = 17 ps/km.nm and λo = 1550 nm. By using the Graf’s The DD-MZM permits some modulation formats, e.g.,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

60 60
m = 0.2 SSB
40 m = 0.7 40 DSB
m = 1.2
20 20
ACF (dB)

ACF (dB)
0 0

−20 −20

−40 −40

−60 −60

0.6 5 10 15 20 0.6 5 10 15 20
Input Microwave Frequency (GHz) Input Microwave Frequency (GHz)

Fig. 5. ACF for modulation format DSB, optical fiber path 1 L1 = 20 km, Fig. 6. ACF for modulation format SSB and DSB, optical fiber path 1 L1 =
optical fiber path 2 L2 = 20 km, DC1 and DC2 coupling coefficients setted 20 km, optical fiber path 2 L2 = 20 km, DC1 with coupling coefficients
with 3 dB for different modulation indexes. ρ1 = 10% and κ1 = 90% and DC2 with ρ2 = 10% and κ2 = 90%.
Modulation index is m = 1.2.

double-sideband (DSB), single-sideband (SSB) and double-


sideband supressed carrier (DSB-SC). The SSB can be split Another feature that can be explored in model is the length
in lower-sideband (LSB) and upper-sideband (USB) in the imbalance in the fiber paths [9], which, as far as we know, has
outputs 1 and 2, respectively. In this paper, only DSB and not been used with the parameters presented in this work. For
SSB are used due to DSB-SC format to provide one output comparison, we maintain the coupler coefficients relations in
with odd order components and the other one with the even 10−90% and the modulation index m = 1.2 for SSB and m =
orders. This special characteristic will be subject of a specific 1.1 for DSB. Due to the modulation formats characteristics,
work. the unbalance has to be different aiming DSB and SSB best
Unlike SSB, DSB presents an inverse behavior when m is performances. Fig. 7 shows a SSB comparison between the
increased, in other words, the already narrow frequency range same 20 km length for both L1 and L2 and for L1 = 12 km
for low m becomes narrower for high m. In Fig. 5, one can and L2 = 15 km. These lengths are arbitrarily choosen to show
note that the frequency range decreases from 2.75 GHz, for the effect in the ACF curve. One can note that the minimum
m = 0.2, to 1.3 GHz, for m = 1.2. frequency increases 0.9 GHz, from 2.95 GHz to 3.85 GHz,
However, when a imbalance between the directional coupler while the maximum frequency increases 2.7 GHz, from 17.25
coefficients ρi and κi is created, that is their values are GHz to 19.95 GHz, corresponding to a frequency range of 16.1
no longer the usual 3dB (50 − 50%), the DSB modulation GHz. On the other hand, Fig. 8 presents the comparison for
format starts to behave similar to the SSB. This is due to DSB, with m = 1.1, between the same 20 km optical fiber path
the fact that, as ACF is a ratio between both PD RF power lengths and L1 = 18 km and L2 = 10 km lengths. As the SSB,
outputs, a variation of the coupler coefficients permits more these lengths are arbitrarily choosen to show the effect. The
effective PD RF power outputs relations. In Fig. 6, we plot modulation index is changed from 1.2 due to the beginning
both curves for m = 1.2 and both DC coupling coefficients of an inaccuracy in the ACF measurement. One can note that
with a 10 − 90% relation. One can note a substantial variation the minimum frequency increases 0.2 GHz, from 3.65 GHz to
of the DSB minimum frequency for lower values, from 12.9 3.85 GHz, while the maximum frequency increases 5.9 GHz,
GHz (Fig. 5) to 3.4 GHz, while the maximum frequency, from 14.3 GHz to 20.2 GHz, corresponding to a frequency
14.2 GHz, do not experiment variation. For the SSB, the range of 16.35 GHz, that means a greater coverage than SSB.
minimum frequency moves from 8.35 GHz (Fig. 4) to 2.95
GHz, while the maximum frequency, 17.25 GHz, as DSB, do Table I is a summary of frequency ranges for SSB and DSB.
not experiment variation. The frequency ranges are 10.8 and Case 1 means both DC set for 50−50%, L1 = 20 km, L2 = 20
14.3 GHz for DSB and SSB, respectively, which represents km and m = 1.2. Case 2 means both DC set for 10 − 90%,
an increase of 60.7%, for SSB, and 730.8%, for DSB, when L1 = 20 km, L2 = 20 km and m = 1.2. Case 3 means
m = 1.2. Specifically for DSB, the disadvantage relies on both DC set for 10 − 90%, SSB lengths L1 = 12 km and
a resolution loss in the region of 10 GHz when comparing L2 = 15 km and DSB lengths L1 = 18 km and L2 = 10
with other coupler coefficients relations and modulation index km, SSB modulation index m = 1.2 and DSB modulation
values. index m = 1.1. In terms of frequency range coverage, case 3

609
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

60 TABLE I
F REQUENCY R ANGES (GH Z ) S UMMARY FOR SSB AND DSB
L1 = 12; L2 = 15
40 L1 = 20; L2 = 20 Modulation
Case 1 Case 2 Case 3
Format
20
SSB 8.9 14.3 16.1
ACF (dB)

0 DSB 1.3 10.8 16.35

−20
through adjustments of some parameters, as far as we know,
−40 not clearly presented in the literature. Depending on the
configuration, frequency ranges can be increased by 1, 157.7%
−60 (DSB in case 3) with a fairly simple photonic link architecture,
i.e., a laser, a dual-output DD-MZM, two optical fiber paths
0.6 5 10 15 20 and two photodetectors. The work is advancing towards to
incorporating coherent detection in the scheme and also optical
Input Microwave Frequency (GHz) fiber nonlinearities.
Fig. 7. ACF for modulation format SSB, optical fiber path 1 L1 = 12 km, R EFERENCES
optical fiber path 2 L2 = 15 km, DC1 with coupling coefficients ρ1 = 10%
and κ1 = 90% and DC2 with ρ2 = 10% and κ2 = 90%. Modulation index [1] P. W. East, “Fifty years of instantaneous frequency measurement,” IET
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[2] J. F. Diehl and V. J. Urick, “Chromatic dispersion induced second-order
distortion in long-haul photonic links,” Journal of Lightwave Technology,
60 vol. 34, no. 20, pp. 4646–4651, Oct. 2016.
[3] H. Shams and A. Seeds, “Photonics, fiber and THz wireless commu-
L1 = 18; L2 = 10 nication,” Optics and Photonics News, vol. 28, no. 3, pp. 24–31, Mar.
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[4] X. Li, J. Yu, and G. Chang, “Photonics-assisted technologies for
extreme broadband 5G wireless communications,” Journal of Lightwave
20 Technology, vol. 37, no. 12, pp. 2851–2865, Jun. 2019.
[5] S. Song, X. Yi, L. Gan, W. Yang, L. Nguyen, S. Chew, L. Li,
ACF (dB)

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−20 Santos Fegadolli, J. A. J. Ribeiro, V. R. de Almeida, and J. E. B. Oliveira,
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−60 [7] R. H. de Souza, O. L. Coutinho, J. E. B. Oliveira, A. A. F. Júnior, and
A. J. Ribeiro, “An analytical solution for fiber optic links with photonic-
assisted millimeter wave upconversion due to mzm nonlinearities,” Jour-
0.6 5 10 15 20 nal of Microwaves, Optoelectronics and Electromagnetic Applications,
vol. 16, no. 1, pp. 237–258, Mar. 2017.
Input Microwave Frequency (GHz) [8] Y. Li, L. Pei, J. Li, J. Zheng, Y. Wang, J. Yuan, and Y. Tang, “Instan-
taneous microwave frequency measurement with improved resolution,”
Fig. 8. ACF for modulation format DSB, optical fiber path 1 L1 = 18 km, Optics Communications, vol. 354, pp. 140–147, Nov. 2015.
optical fiber path 2 L2 = 10 km, DC1 with coupling coefficients ρ1 = 10% [9] J. Zhou, S. Fu, S. Aditya, P. P. Shum, and C. Lin, “Instantaneous
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is m = 1.1. Photonics Technology Letters, vol. 21, no. 15, pp. 1069–1071, Aug.
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[10] J. Li, S. Fu, K. Xu, J. Q. Zhou, P. Shum, J. Wu, and J. Lin, “Photonic-
assisted microwave frequency measurement with higher resolution and
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for m = 1.1, which shows an increase of 1, 157.7% when [11] X. Zou, H. Chi, and J. Yao, “Microwave frequency measurement based
compared with the case 1. on optical power monitoring using a complementary optical filter pair,”
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V. C ONCLUSION [12] R. R. Carreira, J. J. Barroso, and J. E. B. Oliveira, “Mitigation of chro-
matic dispersion in fiber-optic link using dual-drive mach-zehnder mod-
This work proposed a generalized analysis of a tunable ulator and heterodyne detection technique,” in 2019 SBMO/IEEE MTT-
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the input and output DC coupling coefficients ratios other than IEEE, Nov. 2019.
[13] K. Xu, J. Dai, R. Duan, Y. Dai, Y. Li, J. Wu, and J. Lin, “Instantaneous
the usual 3 dB of a dual-output DD-MZM and also unbalanced microwave frequency measurement based on phase-modulated links with
optical fiber path lengths. Results show the importance of interferometric detection,” IEEE Photonics Technology Letters, vol. 23,
a semi-analytical model which allows a broader analysis, no. 18, pp. 1328–1330, Sep. 2011.
making possible an increase of the system frequency range

610
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Análise de uma célula solar de múltiplos filmes de


GaAs/AlGaAs
Pedro Vitor Taranto de Carvalho*, Renan Silva Santos%, Maria Aparecida G. Martinez*%
Departamento de Engenharia Eletrônica, CEFET/RJ, Rio de Janeiro, Brasil
Programa de Pós-Graduação em Instrumentação e Óptica Aplicada, CEFET/RJ, Rio de Janeiro, Brasil
pedro.carvalho@aluno.cefet-rj.br

Resumo— A transmitância, reflectância e absorbância é uma III, é apresentada a estrutura e os resultados são discutidos. As
análise que permite a otimização na construção de células solares. conclusões são apresentadas na seção IV.
Neste trabalho, o método da matriz de transferência é
desenvolvido e aplicado para modelar e analisar uma célula solar II. MÉTODO DA MATRIZ DE TRANFERÊNCIA
de GaAs/AlGaAs otimizada e de alta eficiência, operando próximo
ao limite de Shockley-Queisser. A faixa de comprimento de onda A. Descrição do método
de emissão da luz solar é entre 250 até 1600 nm. A célula otimizada A luz é tratada como uma onda plana, com o campo elétrico
apresenta uma absorção de cerca 70%, na faixa espectral de normal (𝑇𝐸 − 𝐸! , 𝐻" , 𝐻# ) ou paralelo '𝑇𝑀 − 𝐻! , 𝐸" , 𝐸# ) ao
450nm a 700nm, para ângulos de incidência de 0º a 60º. A plano de incidência. Esta incide em um arranjo de múltiplos
estrutura da célula apresenta um ângulo crítico em torno de 87º. filmes de espessura 𝐿$ , permissividade elétrica, 𝜀$ ,
A refletância na célula aumenta em até 16% para incidência em
permeabilidade magnética 𝜇$ , onde 𝑛 = 1,2, … 𝑁 como
torno de 60º, quando comparado com incidência normal para os
comprimentos de onda no visível.
ilustrado na figura 1. As interfaces entre os filmes estão
definidas em 𝑧 = 𝑧% , 𝑧& , … , 𝑧'(%
Palavras-chave—célula solar; matriz de transferência

I. INTRODUÇÃO
A geração de energia baseada em células solares é uma
tecnologia que vem se destacando nos últimos anos, entre
outros fatores, por se tratar de uma energia limpa e renovável.
Esta faz uso do efeito fotovoltaico que transforma a energia
solar, absorvida em materiais semicondutores, em energia
elétrica. O espectro emitido pela luz do sol abrange uma larga
faixa espectral, em torno de 200nm à 1600nm. A eficiente
capitação da luz em larga faixa espectral demanda uma
combinação de diversas camadas de filmes semicondutores na
região ativa da célula solar. Várias tecnologias vêm sendo
Fig. 1. Onda plana , polarização TE, indicidindo em um arranjo de N filmes,
exploradas com o objetivo de aumentar a eficiência das células, de espessura, 𝐿! , permissividade elétrica, 𝜀! , permeabilidade magnética
entre estas, tecnologia baseada em silício cristalino [1], silício 𝜇! , onde 𝑛 = 1,2, … 𝑁.
amorfo [2], semicondutores binários, ternários e quaternários
[3], polímeros [4], corantes orgânicos [5], e ainda tecnologias A luz incide no arranjo de filmes com vetor de onda no
híbridas [6]. plano 𝑥𝑧, e angulo 𝜃) em relação a normal. Aplicando
As células baseadas em filmes de arseneto de gálio e condições de contorno para campos 𝐸! , 𝐻" , e 𝐸" , 𝐻! na
compostos apresentam eficiência da ordem de 28% [7]. Estas interface 𝑧 = 𝑧$ , para as polarizações TE e TM,
são tipicamente compostas por múltiplas camadas de filmes. A
respectivamente, tem-se.
eficiência da célula é dependente da espessura, posição e
energia de banda proibida dos vários materiais. Neste trabalho, ,
𝐸!,$ = 𝐸!,$+% -
+ 𝐸!,$ .
= 𝐸!,$ ,
+ 𝐸!,$ (1)
o método da matriz de transferência é aplicado a uma célula de
múltiplas camadas de arseneto de gálio e compostos ternários
,
𝐻",$ = 𝐻",$+% -
− 𝐻",$ .
= 𝐻",$ ,
− 𝐻",$ (2)
[8] operando próximo ao limite de eficiência de Shockley-
Queisser [7]. O método permite simular e analisar a
,
𝐸",$ = −𝐸",$+% -
+ 𝐸",$ .
= −𝐸",$ ,
+ 𝐸",$ (3)
absorbância, transmitância e refletância da luz através da 𝐻!,$ = ,
𝐻!,$+% -
+ 𝐻!,$ .
= 𝐻!,$ ,
+ 𝐻!,$ (4)
estrutura em função das espessuras e materiais das camadas. Na
seção II, o método é descrito para os modos TE e TM. Na seção e na interface 𝑧 = 𝑧$(% , tem-se,
,
𝐸!,$(% = 𝐸!,$(% -
+ 𝐸!,$(% .
= 𝐸!,$(% (5)

611
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

,
𝐻",$(% = 𝐻",$(% -
− 𝐻",$(% .
= 𝐻",$(% (6) 𝑀8 = ∏$,9) 𝑀$ (22)
𝐸",$(% = ,
−𝐸",$(% + -
𝐸",$(% = .
−𝐸",$(% (7) C. Transmitância e Refletância
A razão da luz transmitida e refletida depende unicamente
,
𝐻!,$(% = 𝐻!,$(% -
+ 𝐻!,$(% .
= 𝐻!,$(% (8) da razão dos campos elétricos e magnéticos das interfaces,
A relação entre as amplitude do campos elétricos e portanto, dos coeficientes da matriz de transferência. Assim, os
magnéticos transversais, para os modos TE e TM, é dada por: coeficientes de reflexão e transmissão para os modos TE e TM,
são dados por:
,,-,. / ,,-,. 2# ,,-,.
𝐻",$ !,#
= 01 𝐸!,$ = 𝐸!,$ (9) : 2 (: 2 2 +: (: 2
# 0 𝑟6 = :&&2'(:&(2'2#(:(&(:((2# (23)
&& ' &( ' # (& (( #
,,-,. /!,# 4#
𝐸",$ = − 𝐻,,-,. =− 𝐻,,-,. (10) : 4 4 (: 4 +: 4 (:
03# !,$ 0 !,$ 𝑟; = :)*4'4#(:))4'(:**4#(:*) (24)
)* ' # )) ' ** # *)
onde, 𝑘#,$ é a componente na direção 𝑧̂ do vetor de onda, da
&2'
camada 𝑛 e os parâmetros 𝛽$ e 𝛾$ , são definidos como [6]: 𝑡6 = (25)
:&& 2' (:&( 2' 2# (:(& (:(( 2#
/
𝛽$ = 1# 𝑐𝑜𝑠 𝜃$ (11) 𝑡; = :
&4'
(26)
# )* 4' 4# (:)) 4' (:** 4# (:*)
/#
𝛾$ = 𝑐𝑜𝑠 𝜃$ (12) A reflectância e transmitância total é calculada, de acordo
3#
com [1]:
e, 𝑘$ é o modulo de vetor de onda na camada 𝑛, e 𝜃$ é o angulo |-+ |& (|-, |&
<+ (<,
de incidência na interface 𝑧 = 𝑧$(% . 𝑅= = (27)
& &
B. Matriz de Transferência -# .
|. |& ( # |., |&
8+ (8, -' + .'
Utilizando-se as relação (9) e (10), no conjunto de equações de 𝑇= = (28)
& &
(1) a (8), e considerando que os campos incidentes e
transmitidos, e os campos refletidos e incidentes, entre as Pelo princípio de conservação de energia, a energia
incidente no dispositivo, é igual a soma das parcelas absorvida
interfaces 𝑧 = 𝑧$(% e 𝑧 = 𝑧$ , estão relacionados conforme:
refletida, e transmitida, ao longo do dispositivo. Sendo assim, a
,
𝐸!,$(% .
= 𝐸!,$ 𝑒 +,5# (13) transmitância, absorbância e reflectância da luz ao longo do
dispositivo estão relacionadas de acordo com a expressão
-
𝐸!,$(% ,
= 𝐸!,$ 𝑒 (,5# (14) [4][5]:
,
𝐻!,$(% .
= 𝐻!,$ 𝑒 +,5# (15) 𝑅+𝑇+𝐴 =1 (29)
-
𝐻!,$(% ,
= 𝐻!,$ 𝑒 (,5# (16) III. APLICAÇÃO EM CÉLULAS SOLARES
Pode-se relacionar 𝐸!,$
.
, 𝐸!,$
,
, 𝐻!,$
.
e 𝐻!,$
,
, como: A. Estrutura analisada
2# 6$,# (7%,# As camadas de filmes da célula [7] são mostradas na Figura
.
𝐸!,$ =@ A 𝑒 ,5# (17) 2. A luz penetra na célula, e os fótons absorvidos na junção PN
&2#
dão origem a pares elétron-lacunas, que por processo de difusão
2# 6$,# +7%,#
,
𝐸!,$ =@ A 𝑒 +,5# (18) e deriva são transportados para região dos contatos, dando
&2#
origem a uma fotocorrente. Esta fotocorrente, alimenta uma
.
𝐻!,$ =@
4# 7$,# (6%,#
A 𝑒 ,5# (19) carga externa, sob a qual mede-se a tensão fotovoltaica.
&4# As camadas de AlGaAs formam uma heterojunção com os
4# 7$,# +6%,# filmes de GaAs. A heterojunção aumenta a eficiência na
,
𝐻!,$ = @ &4#
A 𝑒 +,5# (20). geração de portadores (pares elétron-lacuna) na região de
depleção da célula quando comparada com uma homojunção.
onde, 𝛿$ representa a variação da fase, 𝛿$ = 𝑘) 𝑛$ 𝑐𝑜𝑠 𝜃$ 𝐿$ e A luz incide na camada do tipo N de AlGaAs, que tem uma
𝑘) o número de onda no vácuo. Aplicando-se identidades de
energia de banda proibida, 𝐸>?@AB?C , maior do que a energia de
Euler, a matriz de transferência da camada n é
banda proibida da camada de GaAs, ou seja , 𝐸>?@AB?C > 𝐸>AB?C .
0 𝑗𝛾# sin 𝛿# Assim, esta primeira camada é transparente para fótons com
⎡ cos 𝛿# 0 ⎤
𝐸!,#$% sin 𝛿# 𝐸 energia, ℎ𝜈 < 𝐸>?@AB?C . Os fótons com energia entre, 𝐸>AB?C <
⎡ ⎤ ⎢ 0 cos 𝛿# 𝑗 0 ⎥ ⎡ !,# ⎤
𝐸 𝛽# ⎥ ⎢ 𝐸&,# ⎥
⎢ &,#$% ⎥ = ⎢ ℎ𝜈 < 𝐸>?@AB?C e ℎ𝜈 > 𝐸>?@AB?C são absorvidos na região de
⎢𝐻!,#$% ⎥ ⎢⎢ 0 𝑗𝛽# sin 𝛿#
cos 𝛿# 0
⎥ ⎢𝐻!,# ⎥
⎥ depleção, da homojunção e das camadas transparentes, dando
⎣𝐻&,#$% ⎦ ⎢ sin 𝛿# ⎥ ⎣𝐻&,# ⎦ origem a portadores em excesso na região da depleção da
𝑗 0 0 cos 𝛿#
⎣ 𝛾# ⎦ célula. A espessura das camadas garante a coleta eficiente dos
(21) portadores em excesso.
Para determinar a matriz de transferência de toda estrutura,
basta somente multiplicar as matrizes de cada camada da
estrutura [1].

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A figura 4 mostra a refletância, transmitância e


absorbância da célula, para um incidência normal, ou seja, 𝜃" =
0. A célula apresenta grande parte da absorção na faixa entre
400 a 700 nm, onde cerca de75% da luz é absorvida.

Fig. 2. Estrutura da Célula solar baseada em GaAs.

A proporção de alumínio nas camadas de AlxGa1-xAs,


impacta nas propriedades ópticas do semicondutor, assim
como, o nível de dopagem nas camadas de GaAs, causam uma
variação no índice de refração do material [12][13], dada por:
+F.H"%)/&* $'
∆𝑛D@D.-E$C (𝐸) ≅ (30)
$6 &
+H.K"%)/&& L Fig. 4. Resposta da célula para um ângulo de incidência de 0º.
∆𝑛@BIJ$BC (𝐸) ≅ '
(31)
6&
Onde ∆𝑛 representa a variação no índice de refração, 𝑛 o Vale ressaltar também que praticamente nenhuma luz é
índice de refração original, 𝑛) e 𝑝) a concentração de elétrons transmitida, ou seja, atravessa a célula, nessa faixa. Isso
e buracos, e 𝐸 o nível de energia. representa um bom resultado visto que a luz solar tem maior
intensidade na faixa de 300nm a 900 nm.
B. Resultados A intensidade da luz através da estrutura para os ângulos de
incidência de 0 e 60 º é mostrada nas Figuras 5 (a) e (b),
As partes real e imaginária dos índices de refração respectivamente. Verifica-se que quase toda absorção ocorre
complexos, 𝑛 + 𝑖𝑘, de cada camada da estrutura [14] são nas camadas do tipo n (isto é, na profundidade até cerca de 300
mostrados nas Figuras 3 (a) e (b), respectivamente. O índice de nm), como esperado, tendo a camada de AlGaAs maior
refração das camadas varia entre cerca de 2 e 5 na faixa de influência em menores comprimentos de onda do que a camada
comprimento de onda entre 250 a 800 nm. A inclusão de de GaAs somente.
alumínio na proporção AlxGa1-xAs desloca o valor máximo do
índice de refração para comprimentos de onda mais curtos. O
coeficiente de extinção das camadas diminui com o
comprimento de onda. A dopagem feita no GaAs causa
mudanças no índice de refração, da ordem de 10+M , e
imperceptíveis no gráfico.

(a)

(a)

(b)

(b) Fig. 5. Intensidade da luz através da estrutura para (a) 0º e (b) 60º de
incidência. Linhas verticais dividem, da esquerda para a direita, as
Fig. 3. Gráficos dos índices de refração, (a) parte real e (b) imaginária dos camadas de Al0.80Ga0,20As, GaAs p, e GaAs n respectivamente.
materiais da estrutura.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

O ângulo de incidência é variado de modo a verificar a IV. CONCLUSÃO


refletância e absorbância para os comprimentos de onda de 300, O método da matriz de transferência foi desenvolvido e
400 e 500 nm. Estes resultados são mostrados na Figura 6 (a) e aplicado para analisar a absorbância, refletância e transmitância
(b), respectivamente. de um uma célula solar de GaAs/AlGaAs. Os resultados
mostram que a célula solar permite máxima absorção, cerca de
60% a 80%, na região ativa, nos comprimentos de onda dentro
da faixa espectral da radiação solar (400nm a 700nm) até
mesmo em ângulos elevados (60º). Isso mostra que a estrutura
busca garantir o maior aproveitamento da luz possível ao longo
do dia.
REFERENCIAS

[1] A. Blakers, N. Zin, K.R. McIntosh, K. Fong, “High efficiency silicon


solar cells,” Energy Procidia, vol. 33, 2013.
[2] Y.Y. Cheng, B. Fückel, R.W. MacQueen, T. Khoury, R.G.C.R. Clady, …
, T.W. Schmidt, “Improving the light-harvesting of amorphous silicon
solar cells with photochemical upconversion,” Energy & Environmental
(a) Science, vol. 5, pp. 6953-6959, fevereiro 2012.
[3] X. Wang, J. Li, Z. Zhao, S. Huang, W. Xie, “Crystal structure and
electronic structure of quaternary semiconductors Cu2ZnTiSe4 and
Cu2ZnTiS4 for solar cell absorber,” Journal of Applied Physiscs, vol.
112, pp. 023701, julho 2012.
[4] C. Small, S. Chen, J. Subbiah, C.M. Amb, S. Tsang, F. So, “High-
efficiency inverted dithienogermole–thienopyrrolodione-based polymer
solar cells,” Nature Photonics, vol. 6, pp. 115-120, dezembro 2012.
[5] B.C. Ferreira, D.M. Sampaio, R.S. Babu, e A.L.F. de Barros, “Influence
of nanostructured TiO2 film thickness in dye-sensitized solar cells using
naturally extracted dye from thunbergia erecta flowers as a
photosensitizer,” Optical Materials, vol. 86, pp. 239-246, outubro 2018.
[6] J.P. Thomas, L. Zhao, D. McGillivray, K.T. Leung, “High-efficiency
hybrid solar cells by nanostructural modification in PEDOT: PSS with co-
solvent addition,” Journal of Material Chemestry A, vol. 2, pp. 2383,
dezembro 2013.
[7] X. Wang, M.R. Khan, J, L, Gray, M.A. Alam, e M.S. Lundstrom, “Design
of GaAs solar cells operating close to the shockley-queisser limit,” IEEE
Journal of photovoltaics, vol. 3, pp. 737-744, abril 2013.
[8] S. Moon, K. Kim, Y. Kim, J. Heo, e J. Lee “Highly efficient single-
(b) junction GaAs thin-film solar cell on flexible substrate,” Scientific
Reports, vol. 6, pp. 30107, julho 2016.
Fig. 6. (a) Reflectância e (b) absorbância para o ângulo de incidência variando [9] S.J. Orfanidis, “Eletromagnetic waves and antennas,” Rutgers University,
de 0 a 79º, nos comprimentos de onda de 300nm, 400nm e 500nm vol. 1, 2004.
[10] F.T. Ulaby, “Eletromagnetismo para engenheiros,” Bookman, vol. 1,
2007.
A variação do ângulo de incidência de 0º a 79º, deve-se ao [11] H. J, El-Khozondar, M. M. Shabat, A.N. Alshembari, “Characteristics of
fato do ângulo crítico ser próximo a 80º. Observando o gráfico, Si-solar cell (PV) waveguide structure using transfer matrix method,”
International Conference on Promising Electronic Technologies (ICPET),
vemos que a reflectância começa a aumentar indefinidamente pp. 99-102, outubro 2017
quando próximo desse ângulo. Pode-se perceber que para os [12] M. Cross, M.J. Adams, “Effects of doping and free carriers on the
refractive index of direct-gap semiconductors,” Opto-eletronics, vol. 6,
comprimentos de onda mais longos (dentro da faixa do visível) pp. 199-216, novembro 1974.
a absorbância diminui em até 16% quando comparado com a [13] J. G. Mendoza-Alvarex, F.D. Nunes, N. B. Patel, “Refractive index
incidência normal. Para o comprimento de onda mais curto, a dependence on free carriers fo GaAs,” Journal of Applied Physics, vol.
51, pp. 4365-4367, agosto 1980.
absorbância quase não é afetada pelo ângulo de incidência. [14] D.E. Aspnes, S. M. Kelso, R.A. Logan e R. Bhat. “Optical properties of
AlxGa1−xAs,” Journal of Applied Physics, vol. 60, pp. 754-767 1986.
[15] B. Swatowska, T. Stapinski, K. Drabczyk, P. Panek, “The role of
antireflective coatings in silicon solar cells,” OpticaApplicata, vol. 41, pp.
2, janeiro 2011.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Simulador de um Lock-in Digital para Aplicações em


Detecção Harmônica de Linhas de Absorção

Bernardo Caio Nunes de O. Lima, Eduardo Fontana Ricardo Ataíde de Lima


Departamento de Eletrônica e Sistemas Instituto de Inovação Tecnológica
Universidade Federal de Pernambuco Universidade de Pernambuco
Recife-PE, Brasil Recife-PE, Brasil
bernardo.caio@ufpe.br ricardo.lima@poli.br
fontana@ufpe.br

Resumo — Este trabalho descreve o progresso do Diante do fato de que os amplificadores look in comerciais
desenvolvimento de um processador digital para detecção são muito mais robustos, poderosos e caros do que o requisitado
harmônica de absorção em sistemas de espectroscopia por pelo sistema sensor descrito neste trabalho, e diante da proposta
modulação de comprimento de onda. Nessa versão inicial foi do projeto de um sistema remoto de detecção óptica de gás em
desenvolvido um código em Python para emular um sistema lock- desenvolvimento, faz-se necessário o projeto de um
in de detecção harmônica. Simulações realizadas com o emprego amplificador lock-in digital dedicado que possa ser utilizado em
do sinal de absorção emulado de monóxido de carbono mostraram uma plataforma embarcada. Desta forma, a proposta do presente
que o processador é capaz de recuperar o módulo do segundo trabalho é descrever o desenvolvimento de um processador
harmônico a partir do sinal de absorção, mesmo na presença de
digital que consiga obter o perfil de segundo harmônico
ruído. O tempo necessário para a simulação e processamento é
associado à linha de absorção do gás de interesse. O código foi
adequado para ser utilizado em uma plataforma embarcada para
realização de processamento de dados oriundos de sistema sensor. desenvolvido na linguagem de programação Python. Foi
emulado um perfil de linha de absorção de CO em função do
Palavras-Chave – Lock in; Detecção Harmônica; comprimento de onda do laser DFB. A partir desse perfil o
Espectroscopia; Modulação de Comprimento de Onda; Python. código realiza modulação em amplitude, discretização em 250
pontos por período e aplica o processamento lock-in em cada
ponto para compor o módulo do segundo harmônico em função
I. INTRODUÇÃO
do comprimento de onda.
Uma das técnicas de análise de falhas em transformadores de
alta tensão consiste na análise dos gases dissolvidos no óleo II. AMPLIFICADOR LOCK IN
isolante presente no equipamento. Pesquisadores do Laboratório O amplificador lock in ou amplificador diferencial é um
de Sensores e Instrumentação (LSI) do Grupo de Fotônica, Dep. equipamento usado para amplificação e recuperação de sinais
de Eletrônica e Sistemas – UFPE e do Instituto de Inovação sob forte influência de ruído. O princípio usado é a detecção
Tecnológica IIT – UPE vêm desenvolvendo um sistema síncrona ou detecção sensível à fase. Um sinal de referência
optoeletrônico embarcado para detecção de concentração previamente conhecido é usado para modular um determinado
diminuta de gases dissolvidos em óleo de transformador da experimento [9-10]. A Fig. 1 mostra um exemplo simplificado
CHESF [1]. Este sistema é capaz de realizar o controle de de um amplificador lock-in. No bloco Detector Síncrono os
corrente e temperatura de 5 lasers do tipo DFB – Distributed
sinais de referência e do experimento (mais o ruído) são
Feedback. A técnica proposta para o sensoriamento dos gases
emprega o princípio de detecção harmônica do espectro que multiplicados e filtrados. De maneira simples o que teremos na
utiliza os lasers do tipo DFB em diferentes comprimentos de entrada é um sinal do tipo
onda, com cada comprimento de onda ajustado em torno do
(1)
centro da linha de absorção do gás de interesse. uin = u0sen(wt + f) + unoise ,
Para viabilizar a técnica de detecção harmônica, um
equipamento fundamental é o amplificador lock-in ou
amplificador síncrono [2]. Além de recuperar e amplificar sinais
que estão abaixo do nível do ruído, é possível obter o n-ésimo
harmônico desses sinais [3]. Nos trabalhos desenvolvidos pelos
pesquisadores do LSI e IIT, é analisado o módulo do segundo
harmônico do sinal de absorção óptica do gás devido ao perfil
quadrático da linha. O valor de pico do segundo harmônico é
diretamente proporcional à concentração do gás [4-7]. Fig. 1 – Esquema simplificado de um amplificador lock-iIn.

615
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

e na saída teremos um sinal DC que é proporcional à amplitude


do sinal de entrada e ao cosseno da fase, dado por: Tabela 1 – Parâmetros da linha de absorção de CO.
u µ u cos(f) (2)
out 0 Símbolo Definição Valor Unidade
Os sinais em fase e quadratura são obtidos com o deslocamento N
Densidade numérica das
81,9×10 16
[1/𝑐𝑚 3]
moléculas absorvedoras
do sinal de referência em 90°.
Secção transversal de
σ 1×10-22 [𝑐𝑚 2]
absorção do gás
III. METODOLOGIA
HWHM (half width at half
γ 0,0186 [nm]
Para o desenvolvimento do programa, foram emulados o maximum).
procedimento e os instrumentos dos experimentos de detecção Comprimento de onda de
𝜆0 1568,035 [nm]
absorção do gás
harmônica de CO [1]. Tem-se um laser DFB com comprimento
de onda central 1568,0355 nm (25°C), uma célula
espectrométrica de 130 cm de comprimento de interação, um A Fig. 2 mostra o fluxograma simplificado do algoritmo
fotodetector e um amplificador lock-in. Este equipamento desenvolvido. De maneira bem simples, podemos dizer que o
algoritmo calcula a transmitância da célula para cada valor de
realiza a modulação em amplitude da potência e comprimento
de onda do laser e tem como saída os parâmetros do módulo do corrente i0 selecionado. O primeiro valor de corrente
segundo harmônico registrados no fotodetector. É realizada selecionado é i0 = 32 mA. A varredura de corrente vai de 32 a
uma varredura da corrente de injeção do laser. Isto corresponde 62 mA, em intervalos de 0,25 mA. Isso significa que teremos
ao incremento do comprimento de onda do laser em função da 120 valores de transmitância, cada um referente a um
corrente injetada. A concentração de CO para este experimento comprimento de onda selecionado. A frequência de modulação
emulado foi de 35000 ppm. A simulação tem como cenário uma emulada foi de 100 Hz. Para cada incremento de corrente, o
célula espectrométrica de 130 cm preenchida com CO programa executa as seguintes rotinas:
(monóxido de carbono). A corrente do laser possui uma
componente dc adicionada a uma componente ac de modulação Aquisição de 250 pontos por período, o que
em amplitude, dada por: corresponde a uma frequência de amostragem de 25
KHz.
i0 (t) = i0 + Dicos(nwt) , (3) Cálculo de l(t) e Sin (t ) de acordo com as equações (2)
e (3).

em que i0 corresponde à corrente média do laser, e i éa Cálculo de T (l,t) e Sout (λ, t ) de acordo com as
equações (4) e (5).
amplitude de modulação da corrente. Para a simulação realizada
neste trabalho foi adotado i 5 mA, valor ótimo obtido em [8]. Adição à Sout (t) de ruído com intensidade aleatória de
Além disso a partir de experimentos realizados em [1] o
até 1% do valor da potência de entrada.
comprimento de onda e a potência do laser para a detecção de
CO são dadas, respectivamente, por Processamento lock-in.

l(t) = 0,005i0 (t) +1567,8 , No bloco Processamento Lock-In é realizado o cálculo em


(4) fase e quadratura [9-10] do sinal de interesse, dados
respectivamente por:

Sin (t ) i0 (11/ 60) -1,5 . (5)


t

U1 = ò Sout (t)cos(2wt) dt , (8)


0
A potência óptica no fotodetector é dada por

Sout (λ, t ) Sin (t )T ( , t ), (6) t (9)


U 2 = ò Sout (t)sin(2wt) dt ,
em que Sin (t ) é a potência do laser DFB e 0

æ -Nsg 2 L ö
T (l,t) = exp ç 2 2÷
(7) em que t = 2p / w é o período. Essas integrais foram calculadas
è [l(t) - l 0 ] + g ø numericamente, com o emprego de sub-rotinas desenvolvidas
em Python, baseadas no método dos trapézios descrito em [11].
é a função transmitância da célula. As constantes do argumento Os sinais U1 e U 2 são valores dc proporcionais ao valor de
de (5) são apresentados na Tabela 1. Sout (t) .

616
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

O módulo do segundo harmônico é dado por: IV. RESULTADOS


(10) A Fig. 3 mostra a transmitância obtida em função do
M = U12 +U 22 . comprimento de onda. Esse conjunto de valores foi obtido na
varredura feita pelo algoritmo. O cálculo foi feito a partir de (5)
para cada valor de corrente i0 selecionado. Conforme esperado,
a atenuação máxima é de 1 % para uma célula espectrométrica
de 130 cm de comprimento de interação preenchida com 35000
ppm de CO, no comprimento de onda de 1568,035 nm [3].
A Fig. 4 mostra o perfil do segundo harmônico em função
do comprimento de onda. O pico do gráfico ocorre exatamente
onde o valor da transmitância é mínimo.

Fig. 3 – Função transmitância da célula.

A Fig. 5 mostra o sinal de transmitância em função do


comprimento de onda submetida a um ruído branco. A
intensidade deste ruído equivale a 1% sobre o valor no sinal
Sin (t ) na entrada da célula. A Fig. 6 mostra esse sinal após um
processo de filtragem com um filtro do tipo média móvel com
M=7.

Fig. 2 – Fluxograma simplificado do algoritmo.

Na última etapa do algoritmo, após a finalização da


varredura, há o processo de filtragem do sinal do segundo
harmônico em função do comprimento de onda. Essa filtragem
foi realizada por um filtro do tipo média móvel com K = 7, onde
K é o número de amostras usadas para fazer a média. Esse valor
de K foi selecionado experimentalmente. Após a observação de
repetidas simulações percebeu-se que esse era o valor de K a
partir do qual o sinal filtrado apresentava uma forma similar ao
sinal sem ruído.
A escolha do tipo de filtro se deu pelo fato do filtro de média
móvel ser o indicado quando se deseja a redução de ruído
aleatório presente em sinais codificados no domínio do tempo Fig. 4 – Segundo Harmônico em função do comprimento de onda.
[12].

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 5 - Função transmitância sob influência de ruído branco. Fig. 7 – Segundo Harmônico em função do comprimento de onda.

Fig. 6 – Função transmitância após processo de filtragem com um filtro do Fig. 8 – Segundo Harmônico em função do comprimento de onda após
tipo média móvel com M=7. processo de filtragem com filtro do tipo média móvel com M=7.

V. CONCLUSÕES
A Fig. 7 mostra o perfil do segundo harmônico antes do
processo de filtragem. A Fig. 8 mostra o segundo harmônico De acordo com os resultados simulados obtidos neste
após o processo de filtragem. É possível perceber que o segundo trabalho o programa é capaz de ser utilizado na técnica de
harmônico sofre menos com o ruído que o sinal de detecção harmônica. Os resultados emulados apresentados neste
transmitância. trabalho são animadores, pois asseguram que o algoritmo aqui
apresentado pode ser utilizado em cenários práticos. No tocante
No tocante ao esforço computacional, a simulação, que foi ao tempo de processamento, o programa desenvolvido pode ser
realizada em um computador com processador Intel® Core utilizado em plataformas de computadores utilizados em
(TM) i5-3337u com 1,8 GHz e 6 GB de memória RAM, teve um sistemas embarcados. Estamos dando continuidade neste
tempo total de execução de 6,4 segundos. Esse intervalo de trabalho para poder integrar o simulador ao sistema
tempo é aceitável para a aplicação em questão visto que na optoeletrônico embarcado para detecção de gases dissolvidos
prática a periodicidade de análise de gases dissolvidos em óleo que está em atual desenvolvimento.
isolante podem ocorrer com intervalos da ordem de dias ou até
de meses. [13].
VI. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio do Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Elétrica da UFPE (PPGEE-UFPE) e
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPQ).

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

VII. REFERÊNCIAS

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Mestrado apresentada á UFPE, 2010
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[12] S.W. Smith, “The Scientist and Engineer's Guide to Digital Signal
Processing”, California Technical Pub, 1st Edition, 1997.
[13] IEEE - Guide for Installation and Maintenance of Liquid-Immersed
Power Transformers, 2019.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Photodetector optic power optimization to increase


the gain on sub-octave microwave photonic link
Naiara Tieme Mippo,
Felipe Streitenberger Ivo,
Olympio Lucchini Coutinho.
Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA)
São José dos Campos, Brazil.
naiara@ita.br

Abstract— An investigation of the optic spectral components figure (NF) and the spurious free dynamic range (SFDR). On
beating at the photodetector to recover the RF signal at the output MZM IM-DD systems, the gain and the NF are strongly
of a sub-octave microwave photonic link is presented, by a dependent of the incident photodetector optic power (POP). The
theoretical and experimental approach. It is demonstrated the best higher the POP, the higher the gain. But, unfortunately, the
efficiency is achieved when the carrier to sideband ratio (CSR) is photodetector output noise power increases as the POP grows
0 dB at a low bias voltage condition on Mach-Zehnder (MZM) up. Also, in order to avoid harmonic distortion, the MZM is
intensity modulator. A RF power link gain improvement of 9.7 dB commonly biased at the quadrature point of its electrooptic
is demonstrated for a same photodetector incident optic power, transfer function, where the second-order harmonics are
compared with a link operating at quadrature bias voltage
completely suppressed [1].
condition on the MZM.
The MZM IM-DD link gain depends on the squared optic
Keywords— fiber optic links; low bias photonics links; power and there is no theoretical superior limit to it. However,
microwave photonics. in practice, it is limited by the photodetector optic saturation
power, limited on few milliwatts for high speed commercial
I. INTRODUCTION devices. On quadrature biased MZM photonic links, the optic
Microwave photonics (MWP) has been considered a carrier to sideband ratio (CSR) is high [2], approximately 20 dB
promising technology to implement RF functionalities at high for low signal condition. So, most of the power relies on the
frequency and high bandwidth (BW) long distance transmission optical carrier, which brings the photodetector to the saturation
lines and signal processing systems, where conventional region with no significant contribution to recover the RF signal,
electronics circuits based on coaxial cables, waveguides and since it results from the beating between the carrier and the
printed circuits boards (PCB) face limitations, due to high optic sidebands [5].
propagation losses and circuitry complexities [1]. The To improve the RF recovering efficiency at the
electronic circuit behavior is strongly dependent to the photodetector, the CSR reduction is mandatory. Some
wavelength, and it brings severe design limitations for high approaches use nonlinear optic effects to transfer power from
bandwidth systems, where the start frequency is far from the the carrier to the sideband, such as four-wave-mixing [3] and
stop frequency. In contrast, microwave photonics principle parametric amplification of the sidebands [4]. Other approaches
basically consists in modulating an optical carrier with the RF move the MZM bias away from the quadrature point to get the
signal, to transmits and processes it at the optic spectrum and carrier power down, known as low biasing technique [5-7].
finally recover it at the system output by photodetection. The Those approaches have shown good improvement on the
RF signal modulates an optic carrier at frequencies about 200 system gain, NF and SFDR, comparing to quadrature biased
THz, producing a very low change on the wavelength among MZM links. As consequence, the system is limited to a sub-
all the system bandwidth. Besides, fiber optic also offers other octave bandwidth because of the increase on the harmonic
advantages like electromagnetic interference immunity (EMI), distortion. Previous works mentioned above explore those
low weight and size. Those characteristics have been attracted techniques focused on the system performance, not considering
attention to modern microwave systems implementation on the photodetector optic power as a reference variable. This
civilian and military application, such as 5G, radio over fiber, work investigates the low biasing technique to obtain gain
electronic warfare systems, radar and remote antennas [2-4]. improvement, considering the POP as a constant parameter,
The most spread architecture of MWP systems uses Mach- compared with the quadrature condition.
Zehnder interferometric modulator (MZM) to intensity
modulate (IM) the optic carrier and direct detection (DD) to Section II shows the analytical analysis of the system.
recover the electric signal, commonly referred as MZM IM-DD Section III shows simulations using the expressions deduced in
analog optical link [1]. the previous section, with some approximations and
considerations. In section IV, experimental results are presented
Just like any other RF system, the main figures of merit to as a proof of concept. Conclusions are presented in section V.
evaluate an MWP system are the power gain (G), the noise

620
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. THEORETICAL FOUNDATION The total power of the spectrum represented by (2) is the
The schematic diagram of an MZM IM-DD photonic link is sum of the individual powers of each optic component [9]. The
shown on Fig. 1. It is composed basically by a laser as the optic power at the photodetector, 𝑃𝑑 , can be expressed by:
optical source feeding a Mach-Zehnder intensity modulator,
followed by a photodetector connected to the MZM by a single- 2
mode optical fiber. To get a general formulation, it is considered 𝑛=−∞[𝐽𝑛 (𝑚). cos⁡(𝜙𝑝𝑑 + 𝑛𝜙𝑚𝑑 )] ,
𝑃𝑑 = 𝑃𝐿 𝐾𝑝𝑜 ∑𝑛=+∞ (3)
a dual drive configuration (DD-MZM), where two independent
RF signal are injected into the modulator together with a DC where 𝑃𝐿 is the laser optic power and Kpo is the link coefficient
bias voltage to stablish the operation point at the modulator loss, including the insertion loss of the DD-MZM.
electrooptic transfer function. The instantaneous envelope power of the modulated signal
is proportional to the product of (2) by its complex conjugated
vm1(t)  Vm sin(mt m1) and it is related to its optic intensity [8]. It can be understood as
Optic
carrier Vdc1 the average power within one period of the carrier lightwave.
o Microwave The RF signal at the photodetector output is proportional to this
output signal
Laser DD-MZM PD envelope power [1]. From (2), the photodetector envelope
Optic fiber
Photodetector power, 𝑃𝑑 (𝑡), can be expressed by:
Optic carrier
Vdc2 Optic Optic 1𝑝=+∞
𝑃𝑑 (𝑡) = 𝑃𝐿 𝐾𝑝𝑜 { ∑𝑝=−∞ 𝐽𝑝 2 (𝑚)[cos(2𝜙𝑝𝑑 + 2𝑝𝜙𝑚𝑑 ) +
sidebands sidebands
vm2 (t)  Vm sin(mt  m2 ) 1
2
1] + ∑𝑘=+∞ ∑𝑝=+∞
𝑝=−∞ 𝐽𝑝 (𝑚)𝐽𝑝−𝑘 (𝑚)[cos(2𝜙𝑝𝑑 + 2𝑝𝜙𝑚𝑑 −
o m  o o m 2 𝑘=1
𝑖(𝑘𝜔𝑚 𝑡+𝑘𝜙𝑚𝑠 )
𝑘𝜙𝑚𝑑 ) 𝑒 + (−1)𝑘 𝑐𝑜𝑠(2𝜙𝑝𝑑 − 2𝑝𝜙𝑚𝑑 +
Fig.1. Microwave photonic link with a DD-MZM configuration and direct 𝑘𝜙𝑚𝑑 )𝑒 −𝑖(𝑘𝜔𝑚 𝑡+𝑘𝜙𝑚𝑠 )
]+
detection 1 𝑘=+∞ 𝑝=+∞
∑𝑘=1 ∑𝑝=−∞ 𝐽𝑝 (𝑚)𝐽𝑝−𝑘⁡(𝑚) 𝑐𝑜𝑠(𝑘𝜙𝑚𝑑 )[𝑒 𝑖(𝑘𝜔𝑚 𝑡+𝑘𝜙𝑚𝑠 ) +
It is assumed the lightwave electric field can be expressed 2
by: (−1)𝑘 𝑒 −𝑖(𝑘𝜔𝑚 𝑡+𝑘𝜙𝑚𝑠 ) ]} , 
where p represents the orders of the optical spectrum
 ⃗𝒆(𝑡) = 𝑅𝑒[𝐸𝑜 𝑒 𝑗[𝜔𝑜 𝑡+𝜙𝑜 ] 𝑒 ]  components, and k the orders of the RF spectrum components,
in other words, the electric harmonics frequencies.
where Eo is the electrical field amplitude, ωo is the optic angular
The small signal RF power gain can be calculated taking the
frequency, ϕo is the initial phase and 𝑒 is the electric field
fundamental harmonic frequency for ⁡𝑚 ≪ 1. Considering the
polarization vector. For a sake of clarity, it will be assumed the
input and output impedances matched, it can be expressed by
field polarization does not change through the optic system and
[10]:
can be neglect on the formulation, which will consider only
phasor representation from now on and will be referred as optic 1 𝜋𝑃𝐿 𝜋Δ𝑉𝑑𝑐 2
 𝐺 = ⁡ 𝐾𝑝𝑜 2 𝜂𝑑 2 [ 𝑐𝑜𝑠 ( )] 𝑍𝑚 𝑍𝐿  
signal. 4 𝑉𝜋 𝑉𝜋

The intensity modulation process at the DD-MZM will where ηd is the photodetector responsivity, ΔVdc is the DD-
produce at the output an optic spectrum composed by an optic MZM voltage bias drift far from the quadrature bias point,
carrier surrounded by a series of sidebands spaced by multiples expressed by Δ𝑉𝑑𝑐 = [(𝑉𝑑𝑐1 − 𝑉𝑑𝑐2 ) − 𝑉𝜋 ⁄2], Zm is the DD-
of the RF modulating frequency. Neglecting all the losses in the MZM input impedance and ZL is the load output impedance.
modulator and in the fiber optic path, it can be expressed by [8]:
𝐸𝑜 𝑗[𝜙 +𝜙 +𝜙 ]∙ III. SIMULATIONS
𝐸𝑚 (𝑡) = 𝑒 𝑜 𝑏 𝑝𝑠
2 It was considered the DD-MZM in a push-pull operation,
where Vdc1 = -Vdc2 and the phase difference between φm1 and φm2
∑𝑛=+∞
𝑛=−∞ 𝐽𝑛 (𝑚) cos(𝜙𝑝𝑑 + 𝑛𝜙𝑚𝑑 ) 𝑒
𝑖[(𝜔𝑜 +𝑛𝜔𝑚 )𝑡+𝑛𝜙𝑚𝑠 ]
 
is π. The DD-MZM V𝜋 adopted for the simulations is 3.5 V. For
where ϕb is the absolute phase shift accumulated through the simulation, the phases ϕo and ϕb were considered equal to 0 to
system, ϕps=π(Vdc1+Vdc2)/2Vπ is the common phase produce by simplify (2) and (4).
the bias voltages Vdc1 and Vdc2 applied to the MZM arms 1 and It was considered Vm = 0.25 V to keep the modulation index
2, respectively, Vπ is the half wave voltage of the MZM, Jn(m) on small signal condition, resulting in m = 0.224.
represents the coefficients of the Bessel functions of first kind
of order n, 𝑚 = 𝜋𝑉𝑚 ⁄𝑉𝜋 is the RF modulation index, 𝑉𝑚 is the A. Bias voltage at the quadrature point
modulating signal amplitude, ϕpd=π(Vdc1-Vdc2)/2Vπ is phase Based on the previous considerations, the electric field
difference between the MZM arms produced bias voltages, amplitude spectrum from (2) is expressed by:
ϕmd=(φm1-φm2)/2 and ϕms=(φm1+φm2)/2 are optic phases
produced by the two RF modulating signals, where φm1 and φm2 𝐸𝑜 𝜋 𝜋
are its initial phases respectively and ωm is its angular  𝐸𝑚 (𝑛) = [𝐽𝑛 (𝑚) cos ( + 𝑛 )] 
2 4 2
frequency.
which has the shape shown in Fig. 2, per unit of electric field.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

the amplitude of the two components are equals. From (2) this
bias condition can be determined, resulting in:
𝐽0 (𝑚)
 𝜙𝑝𝑑_𝑜𝑝𝑚 = tan−1 ( )⁡ 
𝐽1 (𝑚)

For the same modulation condition adopted for the


quadrature case, m = 0.224, 𝜙𝑝𝑑_𝑜𝑝𝑚 is 1.46 and the amplitude
spectrum of (2) becomes:
𝐸𝑜 𝜋
 𝐸𝑚 (𝑛) = [𝐽𝑛 (𝑚) cos (1.46 + 𝑛 )] 
2 2

which are shown in Fig. 5.


The blue dotted lines in Fig. 4 also shows, together (9), that
Fig.2: Optic amplitude spectrum of the modulated signal, at quadrature bias the Bessel functions coefficients continues with a great
condition and m=0.244. difference between then, but the cosine amplitude factor
attenuates the carrier and increases the sidebands, bringing the
Using (4) to plot Fig. 3, it is possible to realize that the
optics components to the same amplitude to achieve the highest
second harmonic does not appear on the expected RF amplitude
beating efficiency.
spectrum.
The total power incident at the photodetector is calculated
from (3), expressed by:
𝜋 2
𝑛=−∞ [𝐽𝑛 (𝑚). cos⁡(1.46 + 𝑛 )] .
𝑃𝑑 = ⁡ 𝑃𝐿 ∑𝑛=+∞
2


The photodetector output RF signal spectrum is shown in


Fig. 6, where it can be seeing the presence of the second
harmonic.
73 
 pd_opm
_ 
157
 
 pd _ Q  pd_ Q 

n=0
2 4

sine
n= Low bias

0
 1 direction

n=
Fig.3: Optic power envelope spectrum per unit of PL, at quadrature bias pd_opm n=1
2 cosine
condition and Kpo unitary.
n=-1 
 pd_opm
Appling the quadrature condition in (3) results in: n= 2
-
1
𝜋 𝜋 2
 𝑛=−∞ [𝐽𝑛 (𝑚)cos⁡( + 𝑛 )] 
𝑃𝑑 ≡ ⁡ 𝑃𝐿 ∑𝑛=+∞ 
4 2

pd _ Q 
which reveals that, together (6), it is possible to decrease the 2

carrier, n=0, and increase the sidebands, n= ±1, by growing up
Fig.4: Trigonometric circumference plotting of the cosine argument
the cosine bias argument, 𝜙𝑝𝑑 , toward to 𝜋⁄2. Fig. 4 shows that (∅𝑝𝑑 + 𝑛 𝜋⁄2). Red lines represent the quadrature condition. Dotted blue
condition. Equation (2) and the red lines in Fig. 4 reveal that lines represent the low bias condition.
there is a high CSR penalty to eliminate the second-order
harmonics, i.e, the cosine amplitude factor in (6) and (7) is the
same for the carrier and sidebands components. For low
modulation indexes, the carrier power is much bigger than the
sidebands and does not contribute to recover the RF output
signal efficiently. This effect goes down with the modulation
index increasing, but it keeps still high for practical condition.
Consequently, increasing the laser power will bring the
photodetector to saturation without produce link RF power gain
efficiently.

B. Shifting bias voltage far from the quadrature point


By inspection of (2) and starting from the quadrature
condition, the best bias voltage to optimize the beating between
the carrier and the sidebands can be calculated for a given
modulation index. The best beating efficiency will occur when Fig.5: Optic spectrum amplitude of the modulated signal, at optimum
MZM bias condition.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig.8: Schematic diagram of the experiment setup.

Fig.: Optic power envelope spectrum per unit of PL and Kpo unitary, at To measure the optical spectrum, it was inserted before the
optimum MZM bias condition. photodetector a 90/10 fiber coupler, taking 10% of the
modulated optic signal to an optical spectrum analyzer (OSA)
C. Link RF power gain and injecting 90% into a high speed photodiode, from New
Fig. 7 shows a comparative plot of the RF power gain of the Focus Inc, with responsivity of 0.6 A/W, saturation power of 8
link, considering the two conditions assumed above and mW, output impedance of 50 Ω and bandwidth of 25 GHz. A
equation 5. It was considered 𝑍𝑚 = 𝑍𝐿 = 50Ω, and 𝐾𝑝𝑜 and 𝜂𝑑 multimeter was used to measure the incident power on
photodiode, using a low frequency transimpedance amplifier
unitary. As can be seen in Fig. 7, the gain for optimal bias available in the photodetector module, with 1 kΩ of gain. The
condition is 9.7 dB above the gain in quadrature, for the same RF photodetector output signal is injected into an RF amplifier,
incident optic power at the photodetector. from Miteq Inc, to feed an electric spectrum analyzer (ESA).
The RF power gain of the amplifier is 40 dB at 7 GHz, with an
input and output impedances of 50 Ω, powered by a DC power
supply of 15 V. The fiber path is a single mode fiber and the
total losses are 3.3 dB.
To achieve an RF signal amplitude of 0.25 V, the same
value used for the simulations, the signal generator power was
adjusted to 3.44 dBm at a frequency of 7 GHz. The first gain
measurement was taken for the low bias condition. Measuring
the optic signal on the OSA, the MZM bias voltage was adjusted
to get a CSR of 0 dB as shown in Fig. 9.

Fig.7: Comparative plot of the RF link power gain. Quadrature condition in


blue line and low bias condition in red line.

IV. EXPERIMENT
Fig. 8 shows the schematic diagram of the experiment setup.
The experiment was carried out with the MZM operating upon
a push-pull configuration. The optic carrier is from a DFB laser,
tuneded at the wavelengh of 1552.54 nm, with a maximal power
of 100 mW when drived by a current of 454.72 mA.
A laser drive controls the temperature and the current in the
DFB laser. The optical carrier is coupled into a Mach-Zehnder
intensity modulator with 10 GHz of bandwidth, from EOspace Fig.9: Optic modulated signal spectrum at low bias condition.
Inc, with a mesured insertion loss of 5 dB, a RF Vπ of 6.54 V, So, the laser power was set to its maximum, PL = 100 mW.
a bias Vπ of 6.3 V and input impedance of 50 Ω. A symetric DC The transimpedance amplifier output marked 48 mV at this
power supply of +/-10 V feeding a potenciometer was used to point. The fundamental RF frequency output signal measure
regulate the bias voltage into the MZM, measured by a digital was -12.98 dBm, as shown in Fig. 10. Taking out the RF
voltimetre. An RF signal generator feeds the MZM with the amplifier gain, the intrinsic link gain was -52.98 dB.
modulating signal.

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The experimental measure was 7.63 dB, taken under MZM


biasing instabilities.

Fig.10: RF output signal spectrum at low bias condition.

Then, the MZM bias voltage was adjusted to the quadrature


point, where the second harmonic is canceled. The laser power Fig. 12 – RF signal output spectrum at quadrature bias condition.
was decreased to obtain the same value at the photodetector for
the low bias condition, that is, 48 mV at the transimpedance
ACKNOWLEGMENT
output. On that condition, the laser power was 2.57 mW. The
optic spectrum was measured, and it is shown in Fig. 11, with a This work was supported by the Brazilian Air Force at the
measured CSR of 16.12 dB. Electronic Warfare Laboratory of ITA, by the Ecole Nationale
d’Ingénieurs de Brest (ENIB) - France, and by the Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil
(CAPES).

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dos Campos, september 2011.

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Low-cost Techniques for Producing Fabry-Perot


Interferometers: A Comparative Study Between
UV-Curable Resin Cavities and In-fiber Cavities
Produced by the Catastrophic Fuse Effect
Mariana L. Silveira, Anselmo Frizera, Camilo A. R. Dı́az
Telecommunications Laboratory LABTEL
Graduate Program in Electrical Engineering, Federal University of Espı́rito Santo
Vitória, Brazil
mariana.silveira@aluno.ufes.br

Abstract—Low-cost fabrication techniques of Fabry-Perot in- in many applications, the sensor cost is an important and
terferometers (FPIs) have been widely developed in recent years mandatory concern and therefore different low-cost fabrication
and it is feasible and desirable that they warrant repetitive processes of FPIs are reported in the literature.
and high-quality results. In this paper, we apply and compare
two techniques for producing inexpensive FPIs, in order to An inexpensive and simple production method is performed
evaluate the repeatability and signal quality. The first technique by splicing two single-mode fibers (SMFs) segments after they
consists of creating a micrometric air gap between two optical
fiber edges, which is filled with an ultraviolet-curable resin. are immersed into a refractive index matching liquid, resulting
The distance between the fiber edges is adjusted by setting in an in-fiber air micro-cavity [5]. Another cost-effective in-
the desired free spectal range (FSR). In the second technique, fiber approach consists of splicing an SMF with a recycled
an in-fiber cavity is generated by splicing an single-mode fiber optical fiber which was destroyed by the catastrophic fuse ef-
(SMF) to a recycled optical fiber that was destroyed by the fect [7], [8]. Moreover, the fabrication of an in-fiber air cavity
catastrophic fuse effect. Part of the micro-cavity is cleaved,
eliminating the fiber affected by the fuse effect, and spliced to a may be performed by inserting a hollow-core fiber segment
second SMF segment. The resin micro-cavity technique delivered between two standard optical fibers segments [9]. Despite the
more repetitive results, exhibiting interference fringe patterns fact that in-fiber structures generally have higher coupling
with lower standard deviations of FSR and visibility. In addition, efficiency, extrinsic FPIs have been broadly developed in
this technique yielded a mean visibility 163% higher as compared recent years. Low-cost extrinsic FPIs are often produced by
with the in-fiber technique. Moreover, experimental evidence has
shown that the deposition of the resin over the extrinsic air spacing two optical fiber segments (or a fiber segment and
micro-cavity improved the mean visibility by at least 200%. a pressure sensing diaphragm) and consequently creating an
Keywords—Optical fiber sensor, Fabry–Perot interferometer, air cavity between them [4], [6]. Although the fabrication
Curable resin, Fiber fuse effect process is relatively simple and does not need any high-
cost equipment, this solution may have packaging problems,
I. I NTRODUCTION especially for vibration and strain sensing applications [4].
The popularization and fast evolution of optical fiber sensing Regardless of the fabrication methodology, it is feasible and
technology may be attributed to its advantages over standard desirable that it should warrant repetitive and high-quality
electronic technology, such as immunity to electromagnetic in- results. Therefore, this paper presents a comparative study
terference, galvanic isolation, resistance to chemical corrosion, between two techniques for producing inexpensive Fabry-
lightweight, small size and capability for multiplexing [1], [2]. Perot interferometers. The first technique consists of coupling
These features have stimulated the employment of optical fiber two optical fiber edges via an UV-curable resin [10], [11],
sensors in multiple fields, like structural health monitoring, whereas the second technique generates an in-fiber micro-
industrial monitoring and medical applications [3]. cavity by employing a recycled optical fiber that was destroyed
Although many optical fiber sensing technologies have by the catastrophic fuse effect. In order to analyze the re-
been widely explored (e.g. fiber Bragg gratings and optical peatability and the spectral characteristics achieved by each
reflectometry techniques) optical interferometers are often fabrication method, twelve sensors were produced per method.
employed to monitor measurands such as strain, temperature The remainder of this paper is organized as follows: Section
and refractive index [4]. Fabry-Perot interferometers (FPIs) 2 presents a brief theoretical background in FPIs. Section 3
are particularly attractive due to their inherent features, e.g. presents the methodology of both techniques and depicts the
high sensitivity, linear response, miniature size and capability experimental setup. The experimental results are discussed in
of responding to various measurands [5], [6]. Nevertheless, Section 4. Finally, Section 5 presents the conclusions.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 2. Fabrication Process of the in-fiber micro-cavity, exhibited from the


Fig. 1. Fabrication Process of the resin made micro-cavity: (a) cleaved optical splice machine’s display: (a) the alignment of a SMF (left) and a optical
fibers positioned on a 3-axis stage platform; (b) aligned fiber edges with a fiber destroyed by the catastrophic fuse effect (right); (b) the drop-shaped in-
micrometric air gap created along the y-axis; (c) UV-curable resin deposited fiber micro-cavity; (c) the alignment of the cleaved micro-cavity (left) and
over the air gap; (d) ultraviolet curing process. a standard SMF (right); (d) in-fiber quasi-spherical micro-cavity (adapted
from [13]).

II. T HEORETICAL BACKGROUND


III. M ATERIALS AND M ETHODS
The FPI can be considered as an optical resonator. It consists
A. Description of the FPI Fabrication Process
of two parallel reflecting surfaces (e.g. mirrors) closely spaced
by a distance L or by a solid transparent material named The sequential description of the methods applied by each
etalon, forming an optical micro-cavity. Therefore, a portion technique is provided in this section, as well as the materials
of the incident electromagnetic wave reflects on the cavity’s deployed in each stage of the fabrication processes.
surfaces and generates an interference fringe pattern due to 1) Resin Made Micro-Cavity Technique: Two cleaved
the interaction between the incident and reflected light beams. single-mode optical fiber (SMF) segments are positioned on
Assuming both cavity’s surfaces to be plane and one of them a 3-axis stage platform with manual micrometric controllers
to be illuminated by a monochromatic light beam, the optical (MBT616D/M, Thorlabs). Fig. 1a exhibits the cleaved fiber
phase delay between the signals reflected signals may be segments arbitrarily positioned in the stage platform. There-
described by [10]: after, the fiber edges are totally aligned by adjusting the
platform micrometric controllers, and a micrometric air gap
4πnL cos θ of length L is created along the z-axis, as depicted in Fig. 1b.
δ= (1) An electron microscopy is used in order to assist the alignment
λ
process of the fibers. Since the measurement of the air micro-
where n is the reflective index of the micro-cavity’s ma- cavity length would contain great uncertainty due to its micro-
terial, λ is the monochromatic wave wavelength in vacuum scopic scale, an optical interrogator (SM125, Micron Optics)
medium, and θ is the angle of incidence of the light beam is used to monitor the reflected spectrum Ir . To preserve
into the micro-cavity. Considering constant wavelength and the repeatability of the process, a target value of FSR is
refractive index, by taking Eq. 1 it is observed that the phase established and achieved by modifying the distance L (see
delay depends on the cavity length. Eq. 3). After adjusting L to obtain a desired FSR, a dosed
The portion of incident intensity (Ii ) that is reflected (Ir ) quantity of ultraviolet-curing resin is deposited over the air
by the FPI’s micro-cavity is given by Eq. 2. gap and the fiber edges are united to each other (Fig. 1c).
Finally, the resin is cured by an UV lamp UTarget-365 (AMS
Ir 4r sin2 (δ/2) Technologies, Germany) until it becomes rigid (Fig. 1d). In
= 2 (2)
Ii (1 − r) + 4r sin2 (δ/2) order to ensure maximum stiffness, the resin is exposed to UV-
light with constant power (1400mW/cm2 radianceat365 nm)
where r is the mirror’s reflectance. From Eq. 2, it is noted during 5 minutes.
that the condition for minimum reflection (Ir /Ii = 0) is given 2) In-fiber Micro-Cavity Technique: By means of a splice
when δ = 2mπ, where m is an integer. Therefore, considering machine (40s, Fujikura), a standard SMF and an optical fiber
normal incidence (cos θ=1), the free spectral range (FSR) can destroyed by the catastrophic fuse effect are spliced together
be expressed in terms of free-space wavelength as [12]: (Fig. 2a). During the fusion splicing process, a drop-shaped
micro-cavity is formed in-fiber (Fig. 2b). Thereafter, the micro-
λ2 cavity is cleaved, eliminating the tale of the drop-shaped
∆λ = (3)
2nL cavity (the thinner region), which is attached to the fiber
segment affected by the fusion effect. Finally, the remainder

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

fiber segment (the one that contains the body of the drop-
shaped cavity) is spliced to a standard SMF segment (Fig. 2c),
resulting in an in-line quasi-spherical micro-cavity, as depicted
in Fig. 2d.

B. Experimental Setup
To analyze the reflected portion Ir of the incident light,
the produced interferometers are coupled to a pigtail, which is
connected to an optical interrogator (SM125, Micron Optics)
that internally integrates a laser light source and an optical
circulator. From the interference fringe pattern, spectral char-
acteristics like visibility and FSR can be obtained.

IV. R ESULTS AND D ISCUSSION


The spectral characteristics of twelve FPIs produced with
both fabrication techniques are depicted in Table I. Regarding Fig. 3. Reflected spectra with highest and lowest visilibility: (a) resin made
micro-cavity technique and (b) in-fiber micro-cavity technique.
the resin made micro-cavity technique, two target values of
FSR were aimed, namely 10 nm and 13 nm, and six FPIs
were produced for each target. With respect to the group with
FSR approximately equal to 13 nm, the standard deviations of 10 nm and 13 nm are exhibited in Fig. 3a and Fig. 3b, respec-
FSR (σF SR ) and visibility (σv ) were 0.22 nm and 3.22 dB, tively. In both cases, there is a similarity of the interference
respectively, whereas the group with FSR approximately equal fringe patterns between the interferometers that belong to the
to 10 nm showed σF SR = 0.21 nm and σv = 1.17 dB. Alter- same group, demonstrating that the resin made micro-cavity
natively, the in-fiber micro-cavity technique yielded standard technique delivered good repeatability.
deviations of σF SR = 6.25 nm and σv = 3.50 dB. Therefore, In order to verify the interference of the resin on the overall
it is noted that the resin made micro-cavity technique yielded outcomes, the spectral characteristics were analyzed before
more repetitive results than its counterpart. In addition, this (see Fig. 1b) and after (see Fig. 1d) its deposition and cure,
technique delivered the greater mean visibility (for FSR equal as depicted in Table II. Regarding the group with FSR equal
to 13 nm), achieving a mean value approximately 163% higher to 13 nm, the mean visibilities before and after the resin
as compared with the in-fiber method. The interference fringe deposition are, respectively, 6.94 ± 1.73 dB and 16.75 ± 3.22,
patterns with the highest and lowest visibility (see table I) are and therefore an improvement of 234% was obtained. With
exhibited in Fig. 3a (resin made micro-cavity technique) and respect to the group with FSR equal to 10 nm, the mean
Fig. 2b (in-fiber micro-Cavity technique). visibility after the resin deposition is 9.40 ± 1.17 dB, which
Fig. 4 depicts the mean reflected spectrum (solid line) of represents a 200% improvement as compared with the situation
different FPIs produced with the resin made micro-cavity
technique. The shaded areas represent the deviation of three
original spectra from the mean spectrum. The spectra were
normalized with respect to their maximum amplitude. The
results obtained considering the target FSR values equal to

TABLE I
S PECTRAL CHARACTERISTICS OF THE PRODUCED FPI S .

Resin Technique In-fiber Technique


FSR Visibility FSR Visibility
(nm) (dB) (nm) (dB)
13.92 15.81 23.00 10.24
13.98 19.03 13.65 7.75
13.83 22.20 11.88 7.18
13.87 15.06 33.07 7.96
13.38 14.54 15.92 6.46
13.85 13.87 18.58 11.03
10.06 8.72 18.47 15.04
10.42 7.52 15.71 9.86
10.16 9.42 13.86 18.65
9.87 9.63 9.27 11.33 Fig. 4. Mean spectrum (solid line) and deviation of three spectra from
9.88 10.23 22.22 8.47 the mean (shaded area) obtained by employing the resin made micro-cavity
10.17 10.85 16.46 9.16 technique: (a) FSR equal to 10 nm and (b) FSR equal to 13 nm.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABLE II CNPq:304049/2019-0 under Grant 408480/2018-1 and by


S PECTRAL CHARACTERISTICS BEFORE AND AFTER THE RESIN FAPES under Grant 84336650.
DEPOSITION .

Before resin deposition After resin deposition


R EFERENCES
FSR Visibility FSR Visibility [1] A. H. Hartog and D. N. Payne, “Remote Measurement of Temperature
(nm) (dB) (nm) (dB) Distribution Using an Optical Fibre,” in 8th ECOC. July, France, 1982,
13.59 6.02 13.92 15.81 pp.215-–220.
13.42 8.69 13.98 19.03 [2] A. H. Hartog, A. P. Leach and M. P. Gold, “Distributed Temperature
13.61 8.93 13.83 22.20 Sensing In Solid-Core Fibres,” Electronics Letters. Vol. 21, No. 23,
13.24 5.90 13.87 15.06 pp.1061–1062, November 1985.
13.60 7.55 13.38 14.54 [3] C. A. R. Dı́az, C. Leitão, C. A. Marques, M. F. Domingues, N.
13.20 4.53 13.85 13.87 Alberto, M. J. Pontes, A. Frizera, M. R. N. Ribeiro, P. S. B. André
10.05 4.39 10.06 8.72 and P. F. C. Antunes, “Low-Cost Interrogation Technique for Dynamic
9.94 4.42 10.42 7.52 Measurements with FBG-Based Devices,” Sensors. Vol. 17, No. 10,
9.85 4.90 10.16 9.42 2017.
10.03 4.19 9.87 9.63 [4] B. H. Lee, Y. H. Kim, K. S. Park, J. B. Eom, M. J. Kim, B. S. Rho
9.91 4.84 9.88 10.23 and H. Y. Choi, “Interferometric Fiber Optic Sensors,” Sensors. Vol. 12,
10.02 5.42 10.17 10.85 pp.2467–2486, 2012.
[5] S. Liu, Y. Wang, C. Liao, G. Wang, Z. Li, Q. Wang, J. Zhou, K. Yang,
X. Zhong, J. Zhao, and J. Tang, “High-sensitivity strain sensor based
on in-fiber improved Fabry–Perot interferometer,” OPTICS LETTERS.
prior to the deposition and cure of the resin (4.69 ± 0.45 dB). Vol. 39, No. 7, pp.2121–2124, April 2014.
[6] T. Lü and S. Yang, “Extrinsic Fabry–Perot cavity optical fiber liquid-
This improvement stems from lower power losses due to the level sensor” APPLIED OPTICS. Vol. 46, No. 18, pp.3682–3687, June
similarity between the RI of the resin (∼ 1.40) and of the 2007.
SMF (≈ 1.47) in comparison to the RI of the air (∼ 1.00). [7] P. F. C. Antunes, M. F. F. Domingues, N. J. Alberto and P. S. André,
“Optical Fiber Microcavity Strain Sensors Produced by the Catastrophic
In addition, the resin enhances the FPI’s robustness, which Fuse Effect,” IEEE PHOTONICS TECHNOLOGY LETTERS. Vol. 26,
is attractive to sensing applications that may contain major No. 1, pp.78–81, January 2014.
mechanical disturbances. Moreover, from Eq. 3, it can be [8] J. Martins, C. A. R. Diaz, M. F. Domingues, R. A. S. Ferreira, P. Antunes
and P. S. André, “Low-Cost and High-Performance Optical Fiber-Based
observed that the FSR increases along with the decrease of the Sensor for Liquid Level Monitoring,” IEEE Sensors Journal. Vol. 19,
cavity length L. This leads to higher visibility (see Tables I and No. 13, July 2019.
II), since there are lower power losses due to light dispersion. [9] Y. Zhao, M. Chen, and R. Lv and F. Xia, “In-fiber rectangular air
fabry-perot strain sensor based on high-precision fiber cutting platform,”
Optics Communications. Vol. 384, pp.107–110, February 2017.
V. C ONCLUSIONS [10] A. G. Leal, L. M. Avellar, C. A. R. Dı́az, A. Frizera, C. Marques and
Two techniques for producing inexpensive FPIs were ap- M. J. Pontes, “Fabry-Perot Curvature Sensor with Cavities based on
UV-Curable Resins: Design, Analysis and Data Integration Approach,”
plied and compared with respect to repeatability and signal IEEE Sensors Journal. Vol. 19, No. 21, pp.9798–9805, November 2019.
quality. The first technique consists of coupling two optical [11] A. G. Leal, C. A. R. Dı́az, C. Marques, A. Frizera and M. J. Pontes,
fiber edges via an UV-curable resin, whereas the second one “Analysis of viscoelastic properties influence on strain and temperature
responses of Fabry-Perot cavities based on UV-curable resins,” Optics
generates an in-fiber cavity by splicing an SMF to a recycled and Laser Technology. Vol. 120, December 2019.
optical fiber that was destroyed by the catastrophic fuse effect. [12] H. A. Haus, “Waves and fields in optoelectronics”. Prentice-Hall, 1984.
The resin micro-cavity technique delivered more repetitive [13] C. A. R. Dı́az, C. A. F. Marques, M. F. F. Domingues, M. R. N.
Ribeiro, A. Frizera, M. J. Pontes, P. S. André and P. F. C. Antunes, “A
results, exhibiting interference fringe patterns with lower cost-effective edge-filter based FBG interrogator using catastrophic fuse
standard deviations of FSR and visibility. In addition, this effect micro-cavity interferometers”. Prentice-Hall, 1984. Measurement,
technique yielded a mean visibility 163% higher as compared Vol. 125, pp.486–493, August 2018.
with the in-fiber technique. Moreover, experimental evidences
have shown that the deposition of the resin over the extrinsic
air micro-cavity improved the mean visibility by at least 200%.
Nonetheless, the resin micro-cavity technique may contain
some drawbacks as compared with in-fiber techniques, such
as lower robustness, packing problems and higher sensitivity
to environmental temperature and refractive index changes.
Future investigations will be addressed to analyze the stiffness
and robustness of FPI sensors with UV-curable resin cavities
for vibration measurement. In order to mitigate the temperature
and refractive index sensitivity problems, the FPI will be
anchored on a peltier module inside a temperature controlled
room.

ACKNOWLEDGEMENT
This project was supported by Petrobras S.A. under
Grant 2017-00702/6, by CAPES-financing code 001, by

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Modelagem e Simulação do Controle do BDFRG com


aplicação na geração da energia eólica
Felipe Henrico Leite Ferraz de Campos, Nelson Jhoe Batistela, Patrick Kuo-Peng
Departamento de Engenharia Elétrica, GRUCAD
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
Florianópolis - SC, Brasil
E-mail: felipehenricolfc@gmail.com

Resumo— Este artigo apresenta a modelagem, os métodos de Contudo, o uso de escovas e anéis coletores para conectar o
controle e as análises do gerador de relutância duplamente rotor bobinado ao conversor de frequência reduz a
alimentado sem escovas (BDFRG – Brushless Doubly-Fed confiabilidade e agrega custos de manutenção regular,
Reluctance Generator) para a aplicação em energia eólica. A principalmente, em usinas offshore [6], [8], [9].
máquina foi modelada nos eixos de referência ‘dq’. O modelo foi
Considerando isto, uma categoria especial de máquinas
implementado e integrado com a rede elétrica para o estudo das
técnicas de controle via simulação numérica. Para o controle do torna-se atrativa: as máquinas duplamente alimentadas sem
conversor do lado da máquina foi implementada a técnica de escovas (BDFM – Brushless Doubly-Fed Machine). Nesta
controle escalar, que prioriza a máxima extração de potência da categoria, destaca-se o gerador de relutância duplamente
turbina eólica (MPPT). Para o controle do conversor do lado da alimentado sem escovas (BDFRG - Brushless Doubly-Fed
rede foi implementado via simulação um controle vetorial Reluctance Generator) que vêm a se tornar uma tecnologia
orientado à tensão da rede. O respectivo modelo e controle foi atrativa para aplicações eólicas [7], [10].
implementado em ambiente de simulação Matlab/Simulink®. Os O BDFRG não utiliza ímãs permanentes, seu
resultados demonstram que o BDFRG apresenta uma solução funcionamento não demanda escovas e utiliza um conversor
potencialmente interessante para geração eólica.
de potência com classificação fracionada [7]. Desta forma,
mantém as características vantajosas do DFIG e supera os
Palavras-chave—Energia eólica. Geradores duplamente problemas relacionados à manutenção [6], [11]. Com isso, as
alimentados. Máquinas sem escovas. Máquinas de Relutância. técnicas de controle do BDFRG têm chamado a atenção da
Controle escalar. Controle vetorial. comunidade científica, havendo diferentes técnicas de controle
propostas na literatura [11]–[13].
I. INTRODUÇÃO O BDFRG é conectado diretamente à rede pelo
A geração de energia eólica é eficaz e sustentável, tendo enrolamento primário enquanto o enrolamento secundário é
atraído o interesse mundial para sua ampliação [1]. No Brasil, conectado à rede através de um conversor bidirecional [9]–
esta matriz energética está em considerável crescimento [2], [11]. Este conversor é constituído de dois conversores (tipo
com destaque para a indústria eólica onshore (em terra), mas fonte de tensão), os quais são conectados por um barramento
já iniciando projetos dos parques eólicos offshore (no mar) [3], CC composto por um capacitor. Neste trabalho, os
[4]. Considerando o potencial de ampliação do uso de energia conversores são denominados como “conversor do lado da
eólica, buscam-se a melhor tecnologia e as melhores máquina” e “conversor do lado da rede”.
topologias de geradores. O controle escalar, que prioriza a máxima extração de
As tecnologias com aplicação em energia eólica tem potência da turbina eólica (MPPT) foi escolhido para o
aperfeiçoado a eficiência da conversão da energia cinética do controle do conversor do lado da máquina e para o controle do
vento em energia elétrica, introduzindo uma gama de conversor do lado da rede utilizou-se o controle vetorial, com
geradores e subdividindo as turbinas eólicas em três o objetivo de manter a tensão constante no barramento CC.
topologias principais: as de velocidade fixa, as de velocidade
II. PRINCÍPIOS OPERACIONAIS DO BDFRG
variável com conversor parcial e as de velocidade variável
com conversor total [5], [6]. O BDFRG tem dois enrolamentos: o enrolamento primário
Na turbina com velocidade fixa normalmente é utilizado o conhecido como enrolamento de potência, o qual é conectado
gerador de indução trifásico com gaiola de esquilo (GIGE)[6], à rede elétrica; e o enrolamento secundário conhecido como
[7]. Na aplicação de velocidade variável com conversor total a enrolamento de controle que é conectado à rede através de um
topologia mais encontrada é o gerador síncrono com imãs conversor bidirecional na configuração back-to-back (Fig. 1)
permanentes (GSIP)[5], [6]. Já para a topologia de velocidade [10], [14]. Além disso, o número de polos do rotor (𝑝 ) é igual
variável com conversor parcial destacam-se os geradores de à soma dos pares de polos dos dois enrolamentos [15],
indução duplamente alimentados (DFIG), estes geradores conforme mostrado em (1), onde 𝑝 é o número de polos do
tornaram-se os mais utilizados em aplicações eólicas, devido à rotor, 𝑝 e 𝑝 é o número de pares de polos dos enrolamentos
redução no custo da eletrônica de potência envolvida [5]–[7]. primário e secundário.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

 𝑝 =𝑝 +𝑝   As correntes nos eixos de referência ‘dq’ para o BDFRG


são apresentadas em (6), onde 𝐿 e 𝐿 são as indutâncias
primária e secundária e 𝐿 é a indutância mútua.

𝑖 =− 𝜆 + 𝜆

𝑖 =− 𝜆 − 𝜆
  
𝑖 =+ 𝜆 − 𝜆

𝑖 =− 𝜆 − 𝜆

A expressão do torque eletromagnético (𝑇 ) em (7),


permite o controle do torque pela corrente no enrolamento
secundário [16].

Fig. 1 - Diagrama conceitual do sistema eólico baseado no BDFRG [13]  𝑇 = 𝑝 (𝜆 𝑖 + 𝜆 𝑖 ) 

A velocidade angular mecânica de rotação é dada em (2),


onde 𝜔 e 𝜔 são as velocidades angulares primária e A equação eletromecânica, considerando os dados da
turbina eólica é apresentada em (8) [12], [17], onde 𝐽 e 𝐽 são
secundária, 𝜔 e 𝜔 são as velocidades angulares elétrica e
mecânica do rotor, 𝑓 e 𝑓 são as frequências primária e o momento de inércia da turbina e do gerador, 𝑛 é a relação
secundária. da caixa de engrenagem, 𝑇 é o torque da turbina eólica, 𝑏 e
𝑏 são os coeficientes de atrito da turbina e do gerador.
 𝜔 = →𝜔 =  
 𝐽 +𝑛 𝐽 = 𝑛 𝑇 + 𝑛 𝑇 − (𝑏 + 𝑛 𝑏 )𝜔  

III. MODELO DO BDFRG


 𝜔 =𝑝 𝜔 −𝜔 → 𝑓 = 𝑝 −𝑓 
A Fig. 2 apresenta o modelo dinâmico do BDFRG (onde
No BDFRG, a velocidade angular síncrona é igual à K=𝐿 𝐿 − 𝐿 𝐿 ). Os parâmetros utilizados nas simulações
velocidade angular do enrolamento primário, visto que o estão disponíveis na Tabela 1.
mesmo é conectado diretamente à rede elétrica [7], [15].
Assim o escorregamento ‘genérico’ ( s ) é definido em (4):

 𝑠 = =−  

Deste modo, é possível observar que 𝜔 define o modo de


operação do BDFRG. Assim, se 𝜔 = 0 a máquina opera no
modo síncrono, se 𝜔 > 0 a máquina opera em modo
supersíncrono e quando 𝜔 < 0 a máquina opera em modo
subsíncrono [7], [15], [16].
As equações dos fluxos no quadro de referência ‘dq’
(𝜆 , 𝜆 , 𝜆 e 𝜆 ) são apresentadas em (5) [15], [16], onde
𝑣 , 𝑣 , 𝑣 e 𝑣 são as tensões ‘dq’ primária e secundária,
𝑅 e 𝑅 são as resistências primária e secundária, 𝑖 , 𝑖 , 𝑖
e 𝑖 são as correntes ‘dq’ primária e secundária.

𝜆 = ∫𝑣 − 𝑅 𝑖 +𝜔 𝜆 Fig. 2 - Diagrama de blocos do BDFRG


𝜆 = ∫𝑣 −𝑅 𝑖 − 𝜔 𝜆
   Tabela 1 - Parâmetros do BDFRG [7]
𝜆 = ∫𝑣 − 𝑅 𝑖 + 𝜔 𝜆
Tensão de fase em rms 𝑉 127 V
𝜆 = ∫𝑣 − 𝑅 𝑖 − 𝜔 𝜆 Resistência enrolamento primário 𝑅 5,66 Ω
Resistência enrolamento secundário 𝑅 6,13 Ω
Indutância primária 𝐿 142,9 mH

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Indutância secundária 𝐿 129,9 mH Neste trabalho, foi escolhida para a modelagem, a turbina
Indutância mútua 𝐿 81,58 mH eólica Bergey Excel 1kW [7], [18]. As principais
Frequência da rede 𝑓 50 Hz características da turbina estão apresentadas na Tabela 2.
Par de polos do rotor 𝑝 4 -
Momento de inércia do gerador 𝐽 0,1 kg.m²
Tabela 2 - Parâmetros da turbina eólica Bergey Excel 1kW [7], [18]
Potência nominal 𝑃 1 kW
IV. CONTROLE DO BDFRG Velocidade nominal 𝑉_ 11 m/s
As estratégias de controle escolhidas são o controle escalar Raio do rotor R 1,25 m
para o controle do conversor do lado da máquina e o controle Velocidade nominal do rotor 𝜔 490 rpm
vetorial orientado à tensão da rede para o controle do Momento de inércia da turbina 𝐽 0,15 Kg.m²
conversor do lado da rede, conforme apresentado na Fig. 3.
O uso de um conversor parcial de potência, classificado em
1/3 da potência total do sistema, faz com que a frequência
máxima do enrolamento secundário seja de 25 Hz. Desta
forma, a velocidade angular mecânica do rotor é igual a 750
rpm.
Com isso, calcula-se a relação da caixa de engrenagem,
𝑛 = 𝜔 /𝜔 = 1,53. A relação linear entre a velocidade
tangencial da ponta da pá da turbine e a velocidade do vento,
conhecida com Tip Speed Radio (λ), é mostrada em (9), onde
R é o raio da turbina, 𝜔 é a velocidade angular da turbina e 𝑉
é a velocidade do vento.

 𝜆= =  

A equação (10) calcula o valor do coeficiente de potência (𝐶 )


com base nas características aerodinâmicas da turbina [19],
onde β é o ângulo de passo da turbina eólica em grau (º) e os
coeficientes 𝑐 , 𝑐 , 𝑐 , 𝑐 , 𝑐 𝑒 𝑐 dependem das características
aerodinâmicas da turbina eólica, e seus valores são
apresentados na Tabela 3.

 𝐶 (𝜆, 𝛽) = 𝑐 −𝑐 𝛽−𝑐 𝑒 + 𝑐 𝜆 

Onde:
,
 = −  
,

Tabela 3 - Valor para os coeficientes da turbina eólica [7], [18]


𝑐 𝑐 𝑐 𝑐 𝑐 𝑐
0,7105 250 0,4 25 26 0,010868

Fig. 3 - Controle aplicado ao BDFRG


No caso de β=0º, o valor máximo de 𝐶 (𝐶 _ á =0,2498) é
A. Controle do conversor do lado da máquina encontrado quando 𝜆 =5,856. Portanto, o cálculo da
O controle escalar, geralmente chamado de controle V/f potência extraída do vento pela turbina eólica é apresentado
(tensão pela frequência), é a maneira de controlar o valor do em (12), onde 𝑃 é a potência extraída do vento pela turbina
fluxo no entreferro da máquina para mantê-lo próximo do eólica em (W), ρ é a densidade do ar em (kg/m³) e A é a área
máximo valor possível. Para manter o fluxo constante, a circular varrida pelas pás da turbina (m²).
tensão deve variar com a frequência e a razão V/f deve ser
mantida constante.  𝑃 = 𝜌𝐴𝐶 (𝜆, 𝛽)𝑉  
Para definir os valores da razão V/f a técnica escolhida
prioriza o ponto de máxima extração de potência da turbina A Fig. 4 apresenta o torque mecânico no eixo da turbina
(MPPT, Maximum Power Point Tracking)[12], [17]. (𝑇 ) em função da sua velocidade angular mecânica (𝜔 ) em
rpm, destacando os pontos de máxima extração de potência da
1) Turbina eólica turbina eólica (MPPT).

631
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

V. RESULTADOS DAS SIMULAÇÕES


Os resultados estão apresentados observando o
comportamento da máquina e do conversor bidirecional, com
a variação da velocidade do vento entre os instantes de tempo
de 0 s a 20 s. A variação da velocidade do vento é apresentada
nesta seção, como uma escala distinta no eixo vertical (eixo y)
do lado direito, nas figuras 5 até 7.
Na Fig. 5 a velocidade angular mecânica do rotor se altera
conforme as curvas em rpm. Mesmo com a variação da
velocidade do vento o sistema atinge os estados estacionários,
sem ocorrência de oscilações, mostrando a eficácia do controle
Fig. 4 - Gráfico 𝑻𝒎 x 𝝎𝒓𝒎 do BDFRG implementado.

2) Metodologia do controle escalar


A Tabela 4 mostra os modos de operação de acordo com
os estados das chaves (S1, S2, S3 e S4) apresentados na Fig. 3.
Para utilizar o controle escalar, o enrolamento secundário deve
estar em curto-circuito durante a partida (Modo indução),
quando a máquina opera próxima a velocidade síncrona o
BDFRG opera no modo suavização e o próximo modo
operacional é o controle da relação V/f [12], [17].

Tabela 4 - Modos de operação e tempo de chaveamento


Modo operacional Fechado Aberto Tempo (s)
Modo Máquina de Indução do
BDFRG S1 S2 0 Fig. 5 - Velocidade angular mecânica do BDFRG
Modo Suavização: próximo da
velocidade síncrona S2 e S3 S1 e S4 2,5 O comportamento do torque eletromagnético sob as
Modo Controle: Ativando controle
escalar V/f S2 e S4 S1 e S3 5,5
variações da velocidade do vento é apresentado na Fig. 6 e seu
sinal negativo evidencia que o BDFRG está operando em
A equação (13) apresenta a frequência de comando (𝑓 ). modo gerador.
Com isso, um sinal trifásico é gerado com o auxílio da técnica
de modulação por largura de pulso sinusoidal (SPWM -
Sinusoidal Pulse Width Modulation) [20].

 𝑓 = _
−𝑓 

B. Controle do conversor do lado da rede


Na Fig. 3 visualiza-se o controle do conversor do lado da
rede. O principal objetivo do uso deste conversor é manter a
tensão no barramento CC constante [19]. Há ainda as
vantagens da viabilidade de ajuste do fator de potência na
rede, devido à capacidade do controlar as potências de forma Fig. 6 – Torque eletromagnético do BDFRG
independente. Os valores utilizados na simulação estão
disponíveis na Tabela 5. A corrente da fase A do enrolamento secundário é
apresentada na Fig. 7. A corrente secundária é a responsável
Tabela 5 - Valores utilizados para o controle do lado da rede pela variação e produção de torque eletromagnético no
Tensão no barramento CC 𝑉 400 V BDFRG, onde sua frequência varia conforme a carga da
Potência máxima no conversor 𝑃 300 W
máquina. A estratégia de controle escalar implementada evitou
Frequência de comutação do conversor 𝑓 4,3 kHz
Indutor 𝐿 100 mH
a sobrecorrente no conversor (vide o início da curva de
Capacitor barramento CC 𝐶 500 µF simulação da Fig. 7).
Ganho proporcional – Corrente 𝑘 75,2982 - A Fig. 8 apresenta a curva da tensão no barramento CC.
Ganho integral – Corrente 𝑘 14212,23 - Observa-se que o valor da tensão contínua permanece
Ganho proporcional – Tensão 𝑘 0,46 - constante durante as variações de vento, comprovando a
Ganho integral – Tensão 𝑘 86,13 - eficiência do controle proposto.

632
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

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penetration over 10 years (1995-2004),” Wind Energy, vol. 10, no.
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reluctance drive and generator systems,” Renew. Energy, vol. 37,
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Fig. 8 – Tensão contínua no barramento CC under unbalanced grid voltage condition,” Int. J. Electr. Power
Energy Syst., vol. 83, pp. 547–559, Dec. 2016.
VI. CONCLUSÃO [12] M. G. Mousa, S. M. Allam, and E. M. Rashad, “Maximum power
O controle escalar que prioriza o MPPT extraiu a potência tracking of a grid-connected wind-driven Brushless Doubly-Fed
máxima da turbina eólica. Os resultados apresentaram boas Reluctance Generator using scalar control,” in 2015 IEEE 8th GCC
respostas transitórias frente às variações da velocidade do Conference & Exhibition, 2015, pp. 1–6.
vento e o processo de suavização da partida foi capaz de evitar [13] M. G. Jovanovic, “A review of control methods for brushless
as sobrecorrentes no conversor. Com o uso da técnica de doubly-fed reluctance machines,” in International Conference on
controle vetorial aplicado ao conversor do lado da rede, a
Power Electronics Machines and Drives, 2002, vol. 2002, pp. 528–
tensão no barramento CC permaneceu constante durante as
533.
variações da velocidade do vento, esta estratégia de controle é
independente dos parâmetros do BDFRG. O BDFRG é uma [14] S. Ademi and M. Jovanović, “A novel sensorless speed controller
tecnologia promissora e concluímos que com a implementação design for doubly-fed reluctance wind turbine generators,” Energy
adequada das técnicas de controle pode ser uma alternativa Convers. Manag., vol. 120, pp. 229–237, Jul. 2016.
viável para aplicações em energia eólica. A próxima etapa é a [15] R. E. Betz and M. G. Jovanović, “Introduction to the space vector
implementação experimental das estratégias propostas. modeling of the brushless doubly fed reluctance machine,” Electr.
Power Components Syst., vol. 31, no. 8, pp. 729–755, 2003.
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[17] M. G. Mousa, S. M. Allam, and E. M. Rashad, “A sensorless scalar-
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control strategy for maximum power tracking of a grid-connected
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633
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Panorama dos Benefı́cios da Cooperação


Multidisciplinar das Engenharias Aplicada a
Indústria Automotiva
Lara Magro Pereira; Diego Carlo Corrêa; Igor Feliciano da Costa
Polyanna Mara Pereira; Ana Carolina Silveira Veloso; Departamento de Simulação de Software
Thaylane Azevedo Marques; Thiago Martins de Vasconcelos ESSS
Departamento de Validação Elétrica e Eletrônica São Paulo, Brasil
Fiat Chrysler Automobiles – FCA LATAM
Betim, Brasil Úrsula do Carmo Resende
Departamento de Engenharia Elétrica
CEFET-MG
Belo Horizonte, Brasil

Resumo—O contı́nuo processo de inovação conduz à busca na Fig. 1. Esses sistemas devem operar regularmente, sem
por novas fontes de desenvolvimento tecnológico e capacitação apresentar problemas, sob diversas condições ambientais ou
profissional. O presente trabalho apresenta um panorama da sob interferências eletromagnéticas. A sinergia destes sistemas
cooperação multidisciplinar entre instituição de ensino e empresa
no desenvolvimento de tecnologias aplicadas ao mercado automo- depende da cooperação e troca de informações entre diversas
tivo, tendo como foco o desenvolvimento e aplicação de veı́culos áreas de conhecimento, o que demanda uma qualificação
como plataforma de tecnologias embarcada. profissional diferenciada, capaz, especialmente, de lidar com
desafios em equipe. Em geral, estas qualidades são desenvol-
Palavra-chave—compatibilidade eletromagnética, cooperação vidas de forma individualizada pelas instituições de ensino
multidisciplinar; educação; setor automotivo; simulação virtual.
tradicionais, cabendo a empresa o treinamento adequado com
foco na aplicação do negócio.
I. I NTRODUÇ ÃO
A utilização de ferramentas comuns entre as duas partes,
A interação entre universidades e empresas se ampliou con- empresa e escola, estreita os laços e diminui a distância entre
sideravelmente a partir dos anos 1990. A crescente demanda o que é ensinado e o que o mercado de trabalho necessita.
por projetos de inovação, bem como a complexidade dos A FCA LATAM possui um histórico de colaboração junto ao
produtos e dos processos produtivos nas empresas fomentou a CEFET-MG e a ESSS no desenvolvimento de habilidades e
busca por novas fontes de informação e de conhecimento, que pesquisas com a utilização de softwares de simulação para
poderiam ser providos pelas universidades. Nesse contexto, compatibilidade eletromagnética.
a pesquisa acadêmica exerce um papel significativo na trans-
ferência de novos conhecimentos para as empresas e estas, por
sua vez tem a função de apontar direções para as pesquisas
com base nas tendências de mercado, criando uma relação
de cooperação e mutualidade. Estudos realizados em paı́ses
como nos Estados Unidos e na Europa, demonstram que a
aproximação entre a pesquisa acadêmica e empresa é de suma
importância no fornecimento de subsı́dios para a inovação em
ambas instituições [1].
Este trabalho apresenta um panorama da cooperação multi-
disciplinar entre instituição de ensino e empresa no desenvolvi-
mento de tecnologias aplicadas ao mercado automotivo, tendo
como foco o desenvolvimento e aplicação de veı́culos como
plataforma de tecnologia embarcada. Essa cooperação tem
sido realizada por meio de trabalhos como artigos e trabalhos
de conclusão de curso, que possuem resultados numéricos e
experimentais.
Atualmente os veı́culos são compostos por sistemas que
operam e monitoram inúmeras atividades, conforme ilustrado Fig. 1. Eletrônica Embarcada.

634
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Neste cenário, o trabalho em equipe de forma sincroni-


zada é a melhor ferramenta a ser empregada, pois propor-
ciona o desenvolvimento de processos tecnológicos alinhados
com as melhores práticas do mercado, além da divulgação
e introdução de novas práticas de ensino e aprendizagem.
Fatores estes que podem abranger desde a concepção de uma
grade curricular diferenciada até a aplicação de ferramentas
computacionais com biblioteca de código aberto, enfatizando
a cooperação multidisciplinar.
II. D ESAFIO E MERGENTES
Atualmente veı́culos autônomos, elétricos e sustentáveis
concentram o foco da inovação no mercado automobilı́stico
[2], [3]. A constante evolução e aceleração do mercado conduz Fig. 2. Trem de pulso de onda quadrada a) domı́nio do tempo b) Componente
a busca por processos cada vez mais ágeis e eficientes. Uma espectral [4]
vez que o tempo de desenvolvimento é curto, a aplicação
e validação de componentes em um veı́culo é um ponto
importante a ser observado. Este cenário implica em diferen- esta onda quadrada pode ser representada por uma série de
tes alterações no processo de desenvolvimento e produção, ondas senoidais cujas componentes harmônicas compõe a sua
demandando do tempo de desenvolvimento um cuidado na identidade espectral. A amplitude da componente espectral de
criação de projetos capazes de agregar qualidade, confiabi- uma onda quadrada é ilustrada na Fig. 2(b) em função da
lidade e diferentes funcionalidades. Estes tópicos tornam-se frequência f, sendo suas frequências harmônicas, fn múltiplos
suficientemente desafiadores no campo de estudos de forma ı́mpares da frequência fundamental, f0 . Tempos de transição
isolada e até mesmo multidisciplinar. (T-τ ) rápidos geram uma faixa mais ampla de frequências do
A inclusão de Sistemas Avançados de Assistência ao Con- que tempos de transição mais lentos. O conteúdo espectral dos
dutor (ADAS - Advanced Driver Assistance Systems) tais dispositivos eletrônicos digitais, velocidade de chaveamento,
como controle de atividade do motorista, radares de alerta de geralmente ocupa uma ampla gama de frequências e também
colisão ou ultrapassagem de faixa, GPS, sistemas de controle pode causar interferência e ruı́dos em dispositivos elétricos e
autônomo ou semi-autônomo dentre outros sistemas de con- eletrônicos [4].
trole conduziram ao aumento da complexidade e quantidade de A compatibilidade eletromagnética visa garantir que estas
componentes eletrônicos inseridos nos veı́culos. Nesse âmbito, informações, compiladas de forma binária, sejam enviadas e
uma grande variedade de fontes de emissões eletromagnéticas recebidas de forma fidedigna. Além disso, busca assegurar
como descargas eletrostáticas, chaveamento de relés, motores que os componentes dos sistemas embarcados não apresen-
de corrente contı́nua, lâmpadas LED, sensores baseados em tem distúrbios eletromagnéticos que possam comprometer a
rádio frequência, geram ondas eletromagnéticas com potencial comunicação e o funcionamento e que trabalhem corretamente
e conteúdo espectral capazes de interferir no funcionamento sem que causem ou sofram interferências [5]. Para tanto,
harmônico entre todos esses sistemas embarcados no veı́culo. durante a fase de desenvolvimento do automóvel é avaliada
Em termos gerais, os dispositivos eletrônicos utilizam pul- a interação eletromagnética entre os seus componentes das
sos que representam números binários, 0 (desligado) e 1 seguintes formas:
(ligado). Números, comandos, sı́mbolos e informações são • Imunidade conduzida: diz respeito a resistência do com-
codificados nessa combinação binária e transmitidos a uma ponente diante a interferências propagadas por cabos e
taxa que varia entre centenas de kbps a algumas dezenas de chicotes. No âmbito automobilı́stico a preocupação está
Mbps. O tempo de comutação entre o pulso de desligado para voltada especialmente para o impacto de transitórios cau-
ligado e vice-versa é por vezes o fator mais importante na sados pelo acionamento de cargas indutivas e descargas
determinação do conteúdo espectral do pulso. eletrostáticas em centrais eletrônicas.
A Fig. 2(a) ilustra uma onda quadrada, também conhecida • Imunidade radiada: trata da resistência do componente
como “Trem de Pulsos”, que mostra os estados de comutação frente a campos eletromagnéticos irradiados por outros
de alguns componentes eletrônicos. A amplitude A desta onda componentes tais como, antenas, cabos e trilhas de cir-
quadrada é o seu valor de tensão ou corrente elétrica, o cuitos impressos, ou Printed circuit board (PCB) [6].
tempo em que esta onda varia entre o estado “ligado” e • Emissões conduzidas: acontece através da interação entre
“desligado” é denominado perı́odo T e representa o inverso da dois componentes interligados por condutores elétricos.
frequência desta onda. Uma onda quadrada é completamente Essa análise visa quantificar de tensão e corrente emitida
caracterizada conhecendo-se a sua amplitude A e o seu ciclo de um componente para outro e comparar com dados de
de operação, ou Duty cycle, que é a razão entre o tempo normas internas da FCA e padrões internacionais como
que o sinal fica em seu estado “ligado”, representado na IEC/ISO e CISPR [7], [8].
Fig. 2(a) por τ , e o perı́odo da onda T. Matematicamente, • Emissões radiadas: análise da emissão de campo eletro-

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

magnético do componente. Centrais eletrônicas e display


são grandes fontes de campos EM.
Os testes de EMC são realizadas em dois momentos dis-
tintos: primeiramente em componentes isolados para depois
ser analisado seu comportamento dentro do veı́culo como
um todo, compreendendo todos os seus múltiplos sistemas.
Entretanto, a preocupação com a qualidade e a possı́vel
resposta do componente frente aos parâmetros pertinentes são
consideradas desde sua concepção e envolvem todos os tempos
de projeto. Estes testes são um bom e prático exemplo da
necessidade de cooperação multidisciplinar para um projeto
viável, uma vez que diversos fatores e caracterı́sticas dos
componentes de um veı́culo são sensı́veis a interferência
eletromagnética. Fatores como o material de fabricação, o
tamanho, arquitetura do componente, a posição de instalação,
Fig. 3. Evolução de custo de eletrônica pelo custo total do automóvel [11]
suas conexões e comunicação entre sistemas podem alterar
consideravelmente a resposta de um componente aos testes
submetidos [9]. Essas demandas exigem um profissional mais
atendimento das demandas de um mercado cada vez mais
qualificado e especializado e reforça a necessidade de investir
dinâmico.
em tecnologias que visam redução de tempo e custos, como é
o caso da simulação eletromagnética [10]. Dentro da FCA LATAM, o time da Engenharia do Produto,
responsável pela Validação em EMC, vem conduzindo um
III. E VOLUÇ ÃO DO P ROGRAMA I NTEGRADO DE P ESQUISA trabalho desde 2009, focado no desenvolvimento de com-
Desde o inı́cio da produção de veı́culos em escala industrial, petências em simulação eletromagnética e sua aplicação no
a eletrônica embarcada vem assumindo um papel de destaque processo de desenvolvimento de veı́culos. O objetivo deste
e tem sido adicionada de maneira sempre crescente devido às trabalho é antecipar para as etapas iniciais do projeto possı́veis
demandas de conteúdos por parte dos clientes e também por problemas que seriam encontrados nos testes fı́sicos. Este
requisitos regulatórios principalmente nas áreas de segurança, trabalho de pesquisa pode ser dividido em duas etapas. A
sustentabilidade e eficiência energética. A eletrônica passa a primeira consiste no estudo dos princı́pios envolvidos e passos
assumir uma parcela significativa em um produto que ante- necessários para a realização de simulações, que culminou
riormente era em sua essência mecânico, conforme evolução na adoção do software ANSYS Electronics Desktop como
apresentada na Fig. 3. ferramenta de trabalho. A segunda etapa deste trabalho con-
Considerando-se os moldes tradicionais de desenvolvimento sistiu na realização de simulações de casos isolados dentro do
e validação, a necessidade de corpos de prova fı́sicos, sejam veı́culo com o objetivo de validar o processo de simulação
componentes ou veı́culos, leva a realização dos testes de internamente à FCA LATAM e fazer a correlação entre os
EMC a acontecerem num momento já avançado do projeto resultados obtidos nas simulações e os testes fı́sicos sobre
onde o tempo de resposta a inconformidades encontradas componentes.
é extremamente reduzido e o custo da correção se torna Do ponto de vista da educação e formação de recursos
consideravelmente alto pois neste momento grande parte do humanos, um dos requisitos mandatórios para a obtenção de
ferramental de produção dos mesmos já se encontra em estágio um tı́tulo de graduação, ou bacharelado, é de que o egresso
avançado de desenvolvimento. tenha completado um número definido de horas de estágio.
Até o fim dos anos 90 este modelo tradicional de desen- Esta atividade é coberta pela Lei 11.788/2008 [12], conhecida
volvimento e validação ainda era aceitável pois se presen- como a Lei do Estágio, que estabelece como toda a relação
ciava o incremento do número de componentes eletrônicos entre a empresa, a instituição de ensino e o aluno deve
embarcados, porém estes ainda trabalhavam em sua maioria de se estabelecer. Contudo, dentro do objetivo deste trabalho,
forma isolada, apresentando uma baixa quantidade de dados mesmo sendo esta relação previamente estabelecida como
transmitidos. Este cenário mudou a partir dos anos 2000, im- requisito obrigatório e defendida por regulamentação federal
pulsionado pela adoção de arquiteturas eletrônicas distribuı́das no Brasil, ela não garante que o estagiário chegue a esta etapa
onde as centrais eletrônicas passam a estar interligadas através em condições e com habilidades ideais para aprender e ou
de uma rede de comunicação passando a trocar dados entre si. executar as atividades as quais a teoria acadêmica o encobrem,
Ao término da primeira década de 2000 era evidente a de forma a atender as expectativas que o mercado de trabalho
importância da validação em EMC e a necessidade de uma em evolução requer, bem como a expectativa da contratante.
nova abordagem quanto à sua metodologia pois somado ao Isto significa que o aluno recém-formado precisa ser preparado
incremento da quantidade de eletrônica embarcada, também para a função que vai exercer dentro da empresa.
era notável a necessidade, por parte das montadoras, de um Entendendo a importância da simbiose entre empresa e
tempo de desenvolvimento mais curto de seus veı́culos para academia, toda esta pesquisa vem sendo desenvolvida dentro

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

de programas de estágio, assistidos pelo time de EMC FCA a compatibilidade eletromagnética, tornando-a assim um dos
LATAM, onde cada estagiário deixa sua contribuição como componentes essenciais aplicados a validação de componentes
parte de um projeto colaborativo e incremental. Neste tópico, automotivos. Obtida a conformidade da especificação ideal da
a parceria já estabelecida entre a FCA LATAM e ESSS, antena, em especial com relação à diretividade, a antena é
potencializa o processo de pesquisa e auxilia a capacitação de posicionada de maneira adequada a realização padronizada do
estudantes para o mercado de trabalho através do programa de teste [13]. Seguiu-se com a modelagem fragmentada da carro-
estágio. ceria de um veı́culo possibilitando a verificação de integridade
O quadro do programa integrado de pesquisa é em sua mai- de sinal e efeitos eletromagnéticos em partes especı́ficas do
oria oriundo do CEFET-MG, visto que esta instituição possui automóvel, Fig. 4(b), com o objetivo de reduzir o esforço
em sua grade disciplinas de eletromagnetismo que trabalham computacional [14] e facilitar a verificação dos resultados
o conceito de simulação. Tendo em vista, o estreitamento antes de uma análise mais robusta. Feito isso já era possı́vel
evidente desta cooperação, em especial, o departamento de reproduzir testes de imunidade radiada com a carroceria com-
Engenharia Aplicada tem desenvolvido técnicas educacionais, pleta, Fig. 4(c), de forma virtualizada [15]. Foi feito o trabalho
tais como: de roteamento e simulação do sistema de cabeamento do carro,
• Aprendizado cognitivo de forma flexı́vel em diversas Fig. 4(d), aprimorando a capacidade de sugerir mudança no
disciplinas, aprimorando a grade curricular com disci- layout de chicotes e disposição de condutores. A partir daı́
plinas exclusivas e técnicas estas que como resultado foram feitos trabalhos de simulação em demanda que visavam
capacitam os estudantes a conhecer conceitos inerentes entender o impacto dos componentes, Fig. 4(e), dentro do
de outras disciplinas que sejam relevantes para projetos carro no que se refere a emissões e imunidade do mesmo.
de engenharia; A partir da cooperação entre as três instituições, foi reali-
• Discriminação de estratégias para o aprendizado de novos zado um estudo de simplificação de geometria veicular a fim
conteúdos em uma disciplina desconhecida que esteja de reduzir esforços computacionais [14]. Foram desenvolvidos
conectada de alguma maneira ao projeto de trabalho; três modelos com diferentes graus de simplificação. O modelo
• Enumeração de teorias ou categorizações para descrever 1 representa um roteamento de chicote simplificado utilizando
interações interdisciplinares, selecionando uma aborda- apenas curvas de 90º, enquanto o modelo 2 representa o
gem apropriada para organizar um projeto de equipe roteamento real do chicote, ambos sem a estrutura externa do
interdisciplinar, resumindo o debate atual sobre o valor e veı́culo. O modelo 3 representa o roteamento real do chicote
a avaliação de trabalho interdisciplinar; com o corpo metálico do veı́culo, uma reprodução matemática
• Estudo e Comparação e contraste de abordagens e valores mais fidedigna com a real do que os modelos anteriores.
de pesquisa de uma disciplina com aqueles em outra; Análises de crosstalk e de imunidade radiada foram efetuadas
• Dimensionamento de grandezas interdisciplinares que baseadas nestes modelos. As simulações foram realizadas no
possam interferir em resultados de simulações. software ANSYS HFSS e comparadas com testes fı́sicos, rea-
lizados nos componentes reais, a fim de validar esses modelos
IV. S IMULAÇ ÃO E LETROMAGN ÉTICA de simplificação. Os resultados de correlação são apresentados
O principal meio utilizado para entender os efeitos da na Tab. I. Conforme apresentado em [14] a correlação é
interferência é uma modelagem matemática. Em aplicações calculada a partir dos valores dos vetores contendo a diferença
automobilı́sticas reais o modelo matemático deve ser multi- entre cada forma de onda simulada versus medida. Como
disciplinar, de modo a representar com precisão um projeto pode ser visto os resultados demonstram que as simulações
real. Simulações matemáticas quantificam a compreensão de foram condizentes com os testes fı́sicos. Os resultados obtidos
fenômenos e também podem trazer propriedades importan- comprovam a capacidade de antecipar resultados de testes a
tes que não são tão aparentes. Uma vantagem adicional da fim de propor soluções logo no inı́cio do desenvolvimento do
simulação de um modelo matemático é sua capacidade de projeto, como blindagem de cabos, espaçamento de centrais,
auxiliar no processo de design, determinando se o modelo par trançado, entre outros.
representa adequadamente o fenômeno e se ele pode ser
usado para prever experimentalmente os resultados esperados. Tab. I
Caso os resultados de simulação não se correlacionarem com C ORRELAÇ ÃO ENTRE VALOR MEDIDO E SIMULADO [14].
aqueles observados experimentalmente o modelo matemático Modelo crosstalk Correlação (mV)
foi mal elaborado. 1 -0,2315
Dentro do estudo de caso desta cooperação multidiscipli- 2 0,3595
nar, inicialmente foi definida a modelagem e simulação de 3 0,3426
uma antena Horn, conforme ilustrada pela Fig. 4(a). Esta
antena apresenta caracterı́sticas especificas como diretividade,
largura de banda, impedância e simplicidade construtiva. Ca-
racterı́sticas que, dentre outras, viabilizam sua aplicação como
padrão de calibração de outras antenas e, consequentemente,
para o atendimento às regulamentações internacionais relativas

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 4. Fluxo de simulação (a) antena tipo Horn (b) simulação veı́culo seccionado (c) simulação de carroceria automotiva completa (d) simulação de chicotes
do veı́culo (e) simulação de componentes.

V. C ONCLUS ÕES [4] C. R. Paul, Introduction to electromagnetic compatibility, vol. 184. John
Wiley & Sons, 2006.
Neste artigo foi apresentado um panorama com o estudo [5] J. J. Nelson, W. Taylor, and R. Kado, “Impact on emc for electrical
e resultados da implementação de um programa educacional powertrains with respect to functional safety: Iso 26262,” in 2012 IEEE
implementado pela FCA LATAM que atende aos preceitos de International Electric Vehicle Conference, pp. 1–7, IEEE, 2012.
[6] N. Artur, Ú. d. C. Resende, J. H. Ferreira, A. C. Colin, M. A.
um programa governamental e visa a difusão de conhecimen- de Menezes, R. M. d. S. Batalha, and J. F. Mologni, “Experimental
tos visando o progresso tecnologia em parceria com diversas and computational analysis of a radiated immunity standard represen-
instituições. Este trabalho traz uma abordagem das formas de tativeness in the 210–216 mhz frequency range,” in 2017 International
Symposium on Electromagnetic Compatibility-EMC EUROPE, pp. 1–5,
interação entre instituições de ensino e empresas que possibi- IEEE, 2017.
litam o desenvolvimento profissional. Os resultados deste pro- [7] “Iso 11451-2, road vehicle-vehicle test methods for electrical distur-
grama foram consolidados com publicações acadêmicas que bances from narrowband radiated electromagnetic energy,” part2: Off-
vehicle radiation sources,” ISO, 2015.
corroboram o sucesso da cooperação multilateral [13]- [16]. [8] “Cispr 25, “limits and methods of measurement of radio disturbance
Ressalta-se também alto ı́ndice de aproveitamento de pessoal characteristics for the protection of receivers used onboard vehicles”.,”
capacitado durante o programa. Ainda como consequência po- CISPR25, 2015.
[9] M. A. de Menezes, P. da Costa, A. N. de Sáo José, U. Resende, J. H.
sitiva dessa cooperação, as instituições educacionais parceiras Ferreira, L. D. R. de Oliveira, and J. F. Mologni, “Signal integrity
apresentaram uma grade curricular diferenciada que visa a considerations applied to automotive grounding system’s design,” IEEE
aproximação maior entre a teoria, a prática e as necessidades Latin America Transactions, vol. 14, no. 11, pp. 4474–4481, 2016.
[10] A. de Almeida Guimarães, Eletrônica embarcada automotiva. Érica,
evolutivas do mercado. Agregando recursos e o emprego de 2007.
tecnologias modernas, como modelagem computacional, que [11] S. Nelson, “Automotive market & industry update,” NXP, Director-
beneficiam o ensino aplicado de forma sinérgica as práticas e Global Automotive Marketing.[Online]. Available: https://www. nxp.
com/docs/en/supporting-information/WBNR FTF10 AUT F0747 PDF.
necessidades atuais. pdf, vol. 2.
[12] L. I. L. da Silva, F. Haddad, and A. P. F. Lima, “Lei nº 11.788 de
AGRADECIMENTOS 25 de setembro de 2008–dispõe sobre o estágio de estudantes,” Revista
Segurança Urbana e Juventude, vol. 2, no. 1, 2009.
Este foi um trabalho produzido e elaborado a partir de [13] C. H. Santos, M. M. Afonso, and Ú. C. Resende, “Simulation of
uma parceria irrestrita entre as instituições CEFET-MG, ESSS, automotive vehicles emc experiment considering nearness to an ane-
FCA EMC as quais rendemos os nossos sinceros agradecimen- choic wall,” in 2009 SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and
Optoelectronics Conference (IMOC), pp. 751–755, IEEE, 2009.
tos. [14] A. Nogueira de Sao Jose, A. Colin, J. F. Mologni, G. M. Dip,
U. do Carmo Resende, and S. T. M. Goncalves, “Computational sa-
R EFER ÊNCIAS vings based on three-dimensional automotive geometries’ simplificati-
ons in electromagnetics simulations,” in International Conference on
[1] R. Garcia, M. Rapini, and S. Cário, “Experiências de interação Microwave and Optoelectronics, 2013.
universidade-empresa no brasil,” 2018. [15] A. C. S. V. J. F. M. A. Colin, A. Nogueira and M. Kopp, “Test drive
[2] M. Menze and A. Geiger, “Object scene flow for autonomous vehicles,” for emi 2015 ansys advantage,” in Ansys, 2015.
in Proceedings of the IEEE conference on computer vision and pattern [16] T. L. O. [B. N. Giarola, G. A. T. Almeida and J. F. Mologni, “The path
recognition, pp. 3061–3070, 2015. of least resistance,” in Ansys Advantage, pp. 13–17, Ansys, 2019.
[3] M. Todorovic, M. Simic, and A. Kumar, “Managing transition to elec-
trical and autonomous vehicles,” Procedia computer science, vol. 112,
pp. 2335–2344, 2017.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Modelagem eletromagnética da ancoragem de torres


transmissoras de energia elétrica

Vinícius L. Tarragô Lauro R.G.S. Lourenço Novo


Marcelo S. Coutinho* Marcos T. de Melo
Douglas C. P. Barbosa Luiz H. A. de Medeiros
Marcelo M. Alves Leon P. Pontes
Renan R. M. dos Santos Universidade Federal de Pernambuco
Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação Recife, Brasil
Universidade Federal de Pernambuco
Recife, Brasil

Paulo H. R. P. Gama
Henrique B. D. T. Lott Neto Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação
Sistema de Transmissão Nordeste S/A Recife, Brasil
Recife, Brasil

Abstract—Este artigo propõe uma abordagem alternativa diagnóstico de falhas estruturais nestas cujas amostras de sinais
para a modelagem eletromagnética da ancoragem de torres de medição são em geral reduzidas.
estaiadas de linhas de transmissão de energia elétrica,
empregando a técnica de reflectometria no domínio da Trabalhos anteriores sugeriram método não destrutivo de
frequência. A modelagem proposta utiliza a Teoria de Ondas inspeção das hastes através da técnica de reflectometria no
Viajantes, matrizes ABCD, parâmetros de espalhamento, e domínio da frequência, com a utilização, por exemplo, de
simulação 3D. Sua aplicação visa auxiliar um sistema diagnóstico analisador de redes vetorial (do inglês, vector network analyzer
para a detecção de corrosões em hastes de ancoragem, e revelou- – VNA), e estruturas de aprendizado de máquina, e
se célere na obtenção dos sinais de parâmetros S apresentando sistemas de manutenção preditiva para estas
comparativamente às simulações 3D tradicionais, mostrando-se hastes cuja modelagem das âncoras foi feita por metodologia
uma ferramenta capaz de otimizar consideravelmente o tempo de tradicional conhecidamente morosa [1]–[7].
elaboração do banco de dados de sinais do sistema para os mais
diferentes perfis de corrosão das hastes de âncora. Este trabalho visa otimizar o tempo demandado pela etapa
de modelagem eletromagnética da haste de âncora por substituir
Keywords—Modelagem eletromagnética; Matrizes ABCD; as suas simulações computacionais 3D por um processo
Parâmetros S; Haste de âncora; Linha de transmissão analítico baseado nas equações que descrevem os resultados
dos parâmetros S para a linha de transmissão (LT) formada pela
I. INTRODUÇÃO haste de âncora disposta paralelamente à haste de referência
como apresentado na Fig. 1.
A modelagem eletromagnética de estruturas complexas
como as hastes de ancoragem de torres transmissoras de energia Os sinais obtidos por meio de métodos numéricos através
elétrica, por meio de ferramentas computacionais de simulação das iterações de variáveis e elementos finitos [8]-[9] dados
3D, pode ser inviabilizada pela morosidade de seus resultados. pelas simulações 3D são substituídos por aqueles obtidos mais
A comparação válida entre os resultados simulados e medidos rapidamente através de cálculos analíticos das equações de
das hastes, dada por ferramentas de correlação de sinais, linha de transmissão e são validados por não apresentarem
garantem a utilização do modelo computacional das hastes em alterações significativas na confiabilidade do sistema. Análises
substituição às respectivas medições, para construção de banco semelhantes já foram feitas com cabos coaxiais, como por
de dados significativo de amostras de hastes para sistema exemplo, na modelagem de falhas estruturais destes cabos [10].

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Fig. 1. Linha de transmissão entre as hastes de âncora e de referência.

II. METODOLOGIA
A metodologia utilizada foi baseada na caracterização das
LTs da Fig. 2 a partir da multiplicação das matrizes
paramétricas ABCD dos diferentes trechos destas. O trecho Fig. 3. Rede de duas portas por parâmetros S. Adaptado de [11].
correspondente ao conector MDSC foi simulado no software
Ansys HFSS para obtenção dos seus respectivos parâmetros S
(scattering, espalhamento) devido sua complexidade, e em
seguida estes parâmetros foram convertidos para sua respectiva
matriz ABCD [11].
Os parâmetros S são utilizados na caracterização de redes
de circuitos elétricos de frequências elevadas, e são definidos
pela relação de ondas de tensão ou corrente refletidas ou
transmitidas numa dada seção de circuito, por aquela incidente.
A Fig. 3 exibe uma representação de rede de duas portas na
qual os parâmetros de espalhamento: S11 e S22 relacionam as
ondas refletida e incidente, respectivamente nas portas 1 e 2; Fig. 4. Representação do trecho infinitesimal de LT por parâmetros
concentrados. Adaptado de [11].
S21 relaciona a onda transmitida na porta 2 pela incidente na
porta 1; e S12 relaciona a onda transmitida na porta 1 pela
incidente na porta 2 [11]. A partir das matrizes ABCD de todas as seções de cada LT,
é obtida a matriz equivalente desta [11] a qual é convertida em
A matriz ABCD de cada trecho é composta pelos sua matriz S para comparação com os sinais de simulação
parâmetros elétricos distribuídos RLGC os quais quantificam a correspondentes. O fluxograma do método proposto é
resistência elétrica, indutância, capacitância, e condutância, apresentado na Fig. 5. Cada condição de haste, normal ou
distribuídas por unidade de comprimento, para o trecho desgastada, vai gerar uma matriz ABCD diferente em cada
infinitesimal da linha de transmissão formada por dois valor de frequência. Uma base de dados pode ser formada com
condutores elétricos dispostos paralelamente, como exibido na várias condições de hastes e ser utilizada em um algoritmo de
Fig. 4, para os valores de tensão e corrente relativos a sua aprendizagem de máquina para detectar possíveis falhas
posição (z) e instante (t) considerados. estruturais nas âncoras [1]–[6].
A primeira seção da Fig. 2 (a) e (b) mostra a interconexão
entre as hastes de âncora e de referência [6] por meio de o
conector de altas frequências MDSC. A modelagem desta
seção foi realizada por simulação eletromagnética utilizando o
software Ansys HFSS o qual forneceu os respectivos
parâmetros S, e em seguida foi obtida sua matriz ABCD. Um
conector semelhante foi modelado eletromagneticamente em
trabalhos anteriores utilizando o software ANSYS HFSS [3].
A segunda e quarta seções da Fig. 2 (a), e a parte 2 da Fig.
2 (b) representam trechos da LT sem desgaste. A seção 3 da
Fig. 2 (a) representa o trecho da LT relativo a falha estrutural.

Fig. 2. Sistema para a haste com falha (a) e intacta (b). Fig. 5. Fluxograma do método proposto.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

III. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A. Modelagem do MDSC
A modelagem do trecho da LT na presença do conector
MDSC (parte 1) utilizou o software Ansys HFSS para geração
da sua matriz ABCD. Portas discretas de impedância 50 Ω
foram inseridas na entrada (conector N), e saída (seção
formada pela âncora e final da referência do MDSC) da
configuração de simulação apresentada na Fig. 6, cujo
resultado está presente na Fig. 7. A partir dessas portas, é
possível obter a matriz dos parâmetros S e em seguida a
Fig. 6. Configuração de simulação do MDSC.
respectiva matriz ABCD [11].
A simulação do MDSC, bem como sua parametrização
elétrica, consumiu tempo estimado de MM minutos. A
vantagem da modelagem proposta é que a parametrização do
MDSC é feita de forma única, ou seja, este tempo é computado
uma única vez, sendo este trecho da LT o mais complexo e de
resultados mais demorados. Na modelagem 3D das hastes este
tempo seria considerado em todos os resultados a serem
obtidos, o que geraria um dispêndio inconveniente de tempo à
modelagem do sistema de detecção de falhas em hastes.

B. Modelagem da Linha de Transmissão com e sem Falha


A haste de âncora foi modelada a partir de um cilindro de
aço com 34 mm de diâmetro, e a haste de referência como um Fig. 7. Resultado de simulação do MDSC em parâmetros S.
cilindro de cobre com diâmetro de 11 mm. A Fig. 8 mostra a
seção transversal da linha de transmissão sem falha.
As equações (1), (2), (3) e (4) foram utilizadas para modelar
a LT através dos parâmetros RLGC. O parâmetro G é nulo, pois
as hastes estão eletricamente isoladas [11], [12].

Fig. 8. Secção transversal da linha de transmissão.

simulados software Ansys HFSS para os quais a âncora foi


aproximada convenientemente por um cilindro equivalente.
Devido à simetria da LT, os parâmetros |S22| e |S21| são
respectivamente iguais a |S11| e |S12| [11]. Percebe-se grande
similaridade entre os resultados simulados e calculados para as
LTs sem falhas na faixa de frequência de 2 MHz a 400 MHz.
(4) A haste com falha foi modelada como uma LT, pelas
equações (1), (2), (3) e (4), onde a haste de âncora sofre uma
redução em seu diâmetro (falha), como mostrado na Fig. 2(a).
Onde ZC representa a impedância característica da linha, a A equação (5) apresenta a matriz ABCD da linha de
frequência do sinal, a impedância intrínseca do vácuo e, e transmissão com falha ( , vista na Fig. 2(a), sem a
são as condutividades das hastes de referência e âncora, presença do trecho com o conector MDSC, onde:
respectivamente. e são, respectivamente, a permeabilidade
magnética e a permissividade elétrica do meio onde a linha está  é a matriz ABCD da parte 2 da linha;
imersa, neste caso, o vácuo. é a distância entre os centros dos  é a matriz ABCD do trecho com falha;
condutores de cobre cujos diâmetros são e .
 é a matriz ABCD da parte 4 da linha;
A Fig. 9 apresenta os resultados calculados pela modelagem
da LT da Fig. 1, dada pelas equações (1), (2), (3) e (4), para a
qual |S11| e |S12| foram obtidos a partir dos parâmetros RLGC
para a LT de um metro (a) e dois metros (b) sem falhas, e sem a (5)
presença do trecho de LT referente ao MDSC, e os resultados

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

(a) Fig. 10. Resultados de cálculo e simulação para haste com falha.

(b) Fig. 11. Resultados para o conjunto completo de haste com e sem falha.

Fig. 9. Resultados para a haste sem falhas: (a) 1 metro (a); (b) 2 metros.
A modelagem das hastes utilizando apenas simulações
computacionais 3D pelo Ansys HFSS consumiu tempos
A Fig. 10 mostra forte concordância entre os resultados superiores a 60 minutos por haste, o que é extremamente
calculados e simulados para a haste da Fig. 2(a) sem a presença superior aos 6 segundos consumidos pela modelagem proposta.
do trecho com o MDSC, mostrando que para este caso o O tempo de simulação do conector MDSC é utilizado uma
método da multiplicação de matrizes ABCD, cuja formulação única vez nesta modelagem, e para utilização em centenas de
está apresentada na equação (5), é válido. amostras de hastes pode-se desconsiderá-lo destes cálculos.
A tabela 1 apresenta os percentuais obtidos pela correlação
de Pearson [13] entre os resultados calculados e simulados
C. Modelagem do Conjunto MDSC e Haste de Âncora visualizados nas Fig. 9, 10 e 11. Esta correlação quantifica o
Depois de obtidas as matrizes ABCD dos trechos de linha grau de correlação linear entre duas variáveis quantitativas, ou
com e sem falhas, é possível multiplicá-las, e assim obter a seja, reflete a intensidade de uma relação linear entre dois
resposta do conjunto completo no qual há a presença do trecho conjuntos de dados. Os percentuais apresentados na tabela 1
de LT com o MDSC. A Fig. 11 apresenta os resultados do corroboram com a visualização dos respectivos resultados, com
sistema completo para as hastes de âncora com e sem falha. correlações variando de 80,50 a 99,74%.
Os resultados calculados e simulados para o sistema
completo apresentaram boa concordância. Os tempos de TABELA I. CORRELAÇÃO DE PEARSON
simulação observados para as hastes de 1 e 2 metros foram,
Gráficos Correlação (%)
respectivamente, 60 minutos e 105 minutos. O tempo de
simulação da modelagem do conector MDSC conectado à Fig.9 (a) 80,50
âncora foi de aproximadamente 30 minutos. Já o tempo gasto
Fig.9 (b) 99,73
pelos cálculos paramétricos de obtenção da matriz ABCD da
LT e sua respectiva matriz S foi inferior a 6 segundos. Todos os Fig. 10 80,22
tempos gastos na obtenção dos resultados foram medidos
Fig. 11 (sem falha) 99,51
utilizando o mesmo hardware computacional.
Fig. 11 (com falha) 99,74

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

IV. CONCLUSÕES REFERENCES


A modelagem da ancoragem de torres estaiadas de linhas de [1] D. C. P. Barbosa et al., “Machine Learning Approach to Detect Faults in
transmissão de energia elétrica pode ser viabilizada com a Anchor Rods of Power Transmission Lines,” IEEE Antennas Wirel.
metodologia proposta através das equações da Teoria de Ondas Propag. Lett., vol. 18, no. 11, pp. 2335–2339, Nov. 2019, doi:
Viajantes, utilização do método de multiplicação de matrizes de 10.1109/LAWP.2019.2932052.
parâmetros ABCD, e obtenção dos parâmetros S por simulação [2] D. C. P. Barbosa et al., “Ar uitetura de Rede eural Artificial Para
Detec o de Falhas struturais em astes de ncora de Torres staiadas
computacional de trechos da LT complexos e com partes em
de Linhas de Transmiss o de nergia l trica,” in XVIII Encontro
comum, como é o caso do MDSC. Regional Ibero-Americano do Cigre - ERIAC 2019, 2019.
A abordagem proposta obteve níveis de correlação entre os [3] M. de S. Coutinho et al., “Sistema Diagnóstico Da Integridade De astes
sinais simulados tradicionalmente e aqueles obtidos por esta, de Âncora De Torres Estaiadas De Linhas De Transmissão De Energia
satisfatoriamente superiores a 80,50%. A metodologia utilizou l trica,” in XVIII Encontro Regional Ibero-Americano do Cigre -
rotinas convencionais de programação, eliminando o esforço ERIAC 2019, 2019.
computacional de softwares de simulação eletromagnética 3D, [4] D. C. P. Barbosa et al., “An electromagnetic multi-parameter strategy to
detect faults in anchor rods using neural networks,” in SBMO/IEEE
e otimizando o tempo de obtenção dos resultados. Por exemplo,
MTT-S International Microwave and Optoelectronics Conference, 2019.
a modelagem tradicional das âncoras consome tempos
[5] M. M. Alves et al., “ ondestructive Inspection of Anchor Rods based on
superiores a 60 minutos por haste simulada, enquanto a Fre uency Domain Reflectometry,” in SBMO/IEEE MTT-S International
proposta pode gerar uma base de dados robusta de hastes Microwave and Optoelectronics Conference, 2019.
desgastadas em um espaço de tempo consideravelmente menor. [6] M. D. S. Coutinho et al., “A ovel Methodology to Detect Faults on
Os resultados obtidos podem ser utilizados na criação de Anchor Rods Using Reflectometry and Machine Learning,” in
SBMO/IEEE MTT-S International Microwave and Optoelectronics
expressivo banco de dados de hastes desgastadas para o
Conference, 2019.
desenvolvimento de um sistema diagnóstico de falhas
[7] J. M. B. Bezerra et al., “Localization and diagnosis of stay rod of V
estruturais dessas hastes. As empresas transmissoras de energia
guyed towers corrosion,” in 2014 ICHVE International Conference on
elétrica que utilizam torres estaiadas ancoradas por estas hastes High Voltage Engineering and Application, 2014, pp. 1–5, doi:
poderiam utilizar este sistema nas suas rotinas de manutenção 10.1109/ICHVE.2014.7035402.
para mitigar seus custos e riscos, os quais são bastante [8] W. T. Wang, B. M. W. Tsui, . C. Frey, and D. . Wessell, “Comparison
dispendiosos na inspeção tradicional das âncoras. of an analytical and an iterative based collimator-detector response
compensation method in SP CT,” in 1998 IEEE Nuclear Science
Symposium Conference Record. 1998 IEEE Nuclear Science Symposium
and Medical Imaging Conference (Cat. No.98CH36255), vol. 2, pp.
AGRADECIMENTOS 1382–1386, doi: 10.1109/NSSMIC.1998.774410.
[9] Y. Watanabe, Y. Sato, and . Igarashi, “Performance of 3-D infinite
Este artigo é resultado de um projeto de pesquisa
elements for high-fre uency electromagnetic fields,” IEEE Trans. Magn.,
desenvolvido pelas instituições UFPE – Universidade Federal
vol. 49, no. 5, pp. 1673–1676, 2013, doi: 10.1109/TMAG.2013.2240281.
de Pernambuco, e IATI – Instituto Avançado de Tecnologia e
[10] . J. P. Santos and L. B. M. Silva, “Calculation of scattering parameters
Inovação, para a empresa transmissora de energia elétrica STN in multiple-interface transmission-line transducers,” MEASUREMENT,
S.A. – Sistema de Transmissão Nordeste S.A., como parte do vol. 47, pp. 248–254, 2014, doi: 10.1016/j.measurement.2013.08.024.
Programa de Pesquisa e Desenvolvimento do Setor Elétrico [11] D. M. Pozar, Microwave Engineering, 4th ed. John Wiley & Sons, 2012,
Brasileiro promovido pela ANEEL – Agência Nacional de pp. 48-52, pp.178-188.
Energia Elétrica. [12] W. Liu, “ lectromagnetic Modeling of Embedded Metallic Structures for
ondestructive valuation Using Time Domain Reflectometry,”
University of Delaware, 2001D. M. Pozar, Microwave Engineering, 4th
ed. John Wiley & Sons, 2012.
[13] S. Haykin, Neural networks and learning machines. Pearson, 2009, pp. 3-
129.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Comparação da Eficiência de Algoritmos MPPT


para a Geração Fotovoltaica: Filtro de Kalman vs.
Perturba e Observa (P&O)
1st Domingos Teixeira da Silva Neto 2nd Maurı́cio Barbosa de Camargo Salles 3rd Pablo Daniel Paz Salazar

4th José Roberto Cardoso

LMAG – Laboratório de Eletromagnetismo Aplicado - Universidade de São Paulo - São Paulo, Brazil

Abstract—A energia solar é uma alternativa limpa para substi- Perturba e Observa (P &O). A escolha do P &O deve-se a
tuir os combustı́veis fósseis. A transformação de energia solar em simplicidade de implementação [4].
eletricidade é feita por células fotovoltaicas. A potência máxima Contudo, o P &O pode ter falhas de rastreamento em
de uma célula fotovoltaica depende dos valores de temperatura
e de Irradiação solar. As modificações desses fatores ambientais situações de bruscas modificações de temperatura e irradiação,
criam a necessidade de um rastreador para encontrar o ponto necessitando assim de estudos e projetos para diminuir custos
de máxima potência (PMP). O rastreador é o Maximum Power e obter resultados satisfatórios na otimização da potência
Point Tracking (MPPT) e para realizá-lo requer técnicas ou algo- máxima, conforme aponta [5].
ritmos. Com o auxı́lio do MatLab/Simulink são implementados A modo de testar outros algoritmos que tem funcionado efi-
os algoritmos MPPT baseado no Filtro de Kalman e o Perturba
e Observa (P&O). A comparação da potência máxima fornecida cientemente em outras aplicações, tem-se o Filtro de Kalman,
pelos algoritmos MPPT com a potência de saı́da da célula que é uma técnica computacional recursiva oriunda do método
fotovoltaica demonstrou que o baseado no Filtro de Kalman é dos mı́nimos quadrados. As vantagens do filtro estão inerentes
mais eficiente do que o P&O. a previsão de estados por meio de estimativas atuais e do
Keywords—Energia Solar, MPPT, Filtro de Kalman, P&O. passado, mesmo na ausência de um modelo do sistema [6].
Nessa direção, [7] propôs um algoritmo para encontrar
I. I NTRODUÇ ÃO o PMP, porém não realizou a variação de temperatura e
irradiação solar e nem mensurou a eficiência do algoritmo
A energia proveniente de fontes renováveis tem suscitado MPPT.
interesse de engenheiros e cientistas, uma vez que com as Por consequência, este artigo objetiva implementar os al-
mudanças climáticas surge a necessidade de que a eletricidade goritmos MPPT (Filtro de Kalman e P &O) através do Mat-
não seja obtida por intermédio de combustı́veis fósseis [1]. lab/Simulink, nas condições de mudanças de temperatura e
Além disso, a produção eficiente de energia renovável vem irradiação solar, e comparar a eficiência de ambos métodos
de encontro com a preocupação do suprimento da demanda en- por meio dos resultados obtidos.
ergética das atividades da sociedade. Por esta razão, a energia
solar aparece como alternativa por conta de ser disponibilizada II. C ÉLULA F OTOVOLTAICA
em altı́ssimas quantidades na superfı́cie da Terra. Para o O circuito equivalente de uma célula fotovoltaica é apresen-
aproveitamento da energia solar, na forma de eletricidade, tada na Figura 1. Como pode ser notado, o circuito possui uma
são usadas as células fotovoltaicas. A eficiência das células fonte de corrente em paralelo, um diodo, e duas resistências
fotovoltaicas é baixa, não superando 20% [2]. (uma em série e outra em paralelo) [8].
A potência máxima de um célula fotovoltaica depende da A equação que caracteriza a corrente de saı́da de uma célula
temperatura e irradiação solar. Portanto, modificações rápidas fotovoltaica de acordo com [9] é:
desses fatores ambientais requerem a inclusão de um ras-
q(V +IRs ) V + IRs
treador para achar um ponto de operação chamado de Ponto de I = Iph − Id [e nKT − 1] − ( ) (1)
Máxima Potência (PMP), onde se maximiza a eficiência. Este Rp
rastreador é denominado de MPPT, do inglês Maximum Power Onde: I é a corrente de saı́da da célula fotovoltaica; Iph é
Point Tracking, e é o responsável por fornecer os valores de a foto corrente, Id é a corrente de saturação reversa da célula;
tensão e corrente elétrica que estipulam o ponto PMP, e que n é o fator de qualidade da junção p-n; V é a Tensão de saı́da
concede o maior fornecimento de energia elétrica [3]. da célula; q é a carga do elétron de valor 1.6 × 10−19 C; K a
Para a realização do rastreamento precisa-se programar o constante de Boltzman (1.38 × 10−23 J/K); Rs a resistência
MPPT com algoritmos. Um algoritmo muito utilizado é o em série; Rp a resistência em paralelo.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

A. Conversor Boost
O conversor Boost transforma uma tensão CC (V ) em outra
tensão CC (Vo ). Como pode ser notado pela Figura 3, esse
conversor possui um MOSFET, que é controlado por um
PWM. Cada componente elétrico tem uma função diferente,
que é inerente ao estado de ligado ou desligado do interruptor.
Numa situação, em que o interruptor está ligado, o indutor
armazena energia da célula fotovoltaica, o diodo desconecta
a saı́da da célula fotovoltaica e o capacitor de saı́da fornece
Fig. 1. Circuito equivalente de um modelo tradicional de uma célula corrente para a carga. Já na situação, em que o interruptor
fotovoltaica. está desligado, o indutor fica no estado de descarga e o
diodo polariza e conecta a saı́da da célula fotovoltaica. Nessas
condições, as caracterı́sticas do conversor Boost são dadas
A Tabela I mostra as caracterı́sticas do modelo da Célula
pela soma das consequências do estado ligado e desligado do
Fotovoltaica MX60 extraı́da do Matlab/Simulink, para uma
interruptor. Assim, a tensão de saı́da (Vo ) é sempre maior do
irradiação solar e condições de temperatura de 1000 W/m2 e
que a de entrada (V ), uma vez que é a soma desta e da tensão
25 ◦ C, respectivamente.
do indutor (na descarga) [11].

TABLE I
C ARACTER ÍSTICAS DA C ÉLULA F OTOVOLTAICA M ODELO MX60
I Io
Caracterı́sticas Valor
Potência Máxima (W) 60.53 W
Tensão de circuito aberto Voc 21.10 V
Tensão no ponto de potência máxima Vmp 17.04 V V Vo
Coeficiente de temperatura de Voc -0.22 (%/ deg.C)
Corrente de curto-circuito Isc 3.80 A
Corrente no ponto de potência máxima Imp 3.55 A
Coeficiente de temperatura de Isc (%/ deg.C) 0.03 (%/ deg.C)

Fig. 3. Conversor Boost.

III. ALGORITMO MPPT O conversor Boost tem as seguintes equações:


Como a potência é modificada em razão das variações de V
temperatura e irradiação solar e, logo provoca mudanças no Vo = (2)
1−D
PMP, faz-se necessário de um algoritmo para encontrar este
ponto sob essas modificações. Para encontrar o ponto PMP, em Io = I(1 − D) (3)
um sistema fotovoltaico deve ser implementado um algoritmo
MPPT como na Figura 2 [9]. Onde: I é a corrente da célula fotovoltaica (entrada), Io é a
corrente de saı́da do sistema e D é o duty cicle. Por meio da
equação 2 calcula-se o valor de D que depende do valor de
I Io V , isto significa que alterações no valor da tensão atingem o
valor do duty cicle [11].
Célula Fotovoltaica V Conversor Boost  Vo
Carga
B. Filtro de Kalman
O Filtro de Kalman é muito utilizado em função de poder
prever um estado futuro, e em certos casos sem a presença de
D um modelo matemático, por meios de estimativas do presente e
MPPT 
(Filtro de Kalman ou do passado. As estimativas no Filtro de Kalman são realizadas
P&O)
pela combinação de duas etapas: propagação e assimilação.
Cada etapa tem seu próprio conjunto de equações. A equação
Fig. 2. Arquitetura do sistema fotovoltaico. 4 é a primeira equação da etapa de propagação e estima o
estado posterior [6].
Na Figura 2 tem a arquitetura de um sistema fotovoltaico.
x−
k+1 = Cxk + Duk (4)
Como pode ser observado, tem-se o conversor Boost sendo
controlado pelo algoritmo MPPT e conectado entre a célula Onde: x− k+1 é a estimativa do estado na iteração k + 1 predita
fotovoltaica e a carga [10]. da iteração anterior. xk é o estado corrigido na iteração k e
A seguir é explicado sobre o conversor Boost. é obtido por meio da medida da saı́da da medição zk . uk é

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

o controle do processo da iteração k. C é uma constante do Onde: Vk+1 é o valor da tensão corrigida mediante o uso
modelo de transição de estados que é usado para o estado do MPPT baseado no Filtro de Kalman na iteração k + 1
anterior. D é uma constante que depende do modelo que é disponibilizada pela medição da tensão da célula fotovoltaica
utilizado no controle do processo [15]. Já a segunda equação Vsolar,k+1 [16].
da etapa de propagação estima a covariância de erro posterior.
C. Perturba e Observa (P&O)

Hk+1 = CHk C T + Q (5)
O algoritmo MPPT Perturba e Observa (P&O) controla
Onde: Q é a covariância do processo relacionada com a matriz o duty cicle por meio de conseguir uma tensão (V) de

de estados de ruı́dos. Hk+1 é a covariância a priori para a referência equivalente a requerida para a potência máxima. Por
iteração k. Hk+1 é o erro da covariância a posteriori para a esta razão, o algoritmo pode aumentar ou diminuir a tensão,
iteração k+1 [15]. A segunda etapa é a (assimilação), cujo o conforme pode ser notado no Fluxograma da Figura 4 .
intuito é retificar o valor previsto pela etapa de propagação.
Na primeira equação dessa etapa calcula o ganho K.
− −
Kk+1 = Hk+1 E T (EHk+1 E T + R)−1 (6) Início

A estimativa xk+1 é atualizada por meio da saı́da zk+1 .


xk+1 = x− −
k+1 + Kk+1 (zk+1 − Exk+1 ) (7)
Medidas
E por fim a última equação que atualiza o erro da co- V(k+1), I(k+1)

variância.

Hk+1 = (In − Hk+1 E)Hk+1 (8)
Onde: xk+1 é o estado que sofreu correção na iteração
P(k+1)=V(k+1)*I(k+1)
k + 1 devido a saı́da zk+1 . Hk+1 é a covariância do erro a
ΔP=P(k+1)-P(k)
posteriori na iteração k + 1. Kk+1 é o ganho de Kalman. R é ΔV=V(k+1)-V(k)
a covariância do ruı́do. zk+1 é a medição. E é uma constante
relacionada com o sistema do Filtro de Kalman e o espaço
observado. In é a matriz identidade [15]. Não Sim
Com o objetivo de determinar o ponto de operação PMP ΔP > 0
utilizando o Filtro de Kalman, é necessário projetar o filtro
para encontrar a tensão referente a potência máxima. De
acordo com [3], a potência cresce com uma inclinação positiva
até o ponto de máxima potência e decai com uma inclinação ΔV < 0 ΔV > 0
negativa. Conforme [16], considera-se C = 1 e D = M , então
Não Sim Não Sim
as equações da etapa de propagação ficam:
− ∆P
Vk+1 = Vk + M (9) Decrementa V Incrementa V Decrementa V Incrementa V
∆V

Hk+1 = Hk + Q (10)

Onde: Vk+1 é o valor da tensão estimada pelo MPPT
baseado no Filtro de Kalman na iteração k +1 e corresponde a
∆P k−1
x−k+1 . M é equivalente a D, que é um fator de escala. ∆V k−1
é a inclinação da curva de potência e tensão na iteração k + 1
e ao controle uk [16]. Retorne

Na sequência, as equações da etapa de assimilação ficam:


O ganho K pode ser calculado adotando E = 1 e por meio
da covariância de erro [16]. Assim: Fig. 4. Fluxograma do algoritmo MPPT P &O

Kk+1 = Hk− (Hk− + R)−1 (11) IV. R ESULTADOS


As duas últimas equações da etapa de assimilação fazem a Para comparar os algoritmos MPPT foram realizadas
correção da medição da covariância prevista com a medição simulações via MatLab/Simulink. Assim, dois cenários foram
da tensão da célula fotovoltaica Vsolar,k . concebidos. O primeiro cenário com temperatura constante de

Vk+1 = Vk+1 −
+ Kk × (Vsolar,k+1 − Vk+1 ) (12) 25◦ C e variações na irradiação de 1000 W/m2 , 800 W/m2 ,
600 W/m2 e 500 W/m2 por um tempo de 2 segundos. O

Hk+1 = (1 − Kk+1 ) × Hk+1 (13) segundo cenário usou o mesmo tempo de duração, porém,

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a irradiação solar foi mantida constante em 1000 W/m2 , TABLE II


enquanto a temperatura sofreu modificações de 25◦ C, 50◦ C, C OMPARAÇ ÃO DA POT ÊNCIA DE SA ÍDA DA C ÉLULA FOTOVOLTAICA E OS
VALORES OBTIDOS POR MEIO DO ALGORITMO MPPT FILTRO DE K ALMAN
75◦ C e 100◦ C. As Figuras 5 e 6 apresentam as comparações A TEMPERATURA CONSTANTE DE 25 ◦ C.
dos MPPT baseado no Filtro de Kalman e P &O nos dois
cenários aqui citados.
Potência Máxima de
Irradiação Potência Máxima de Saı́da usando Eficiência
W/m2 Saı́da (W ) MPPT Filtro %
de Kalman (W )
1000 60.53 60.45 99.86
800 49.00 48.84 99.67
600 37.11 36.77 99.08
70
500 31.03 30.84 99.38

Filtro de Kalman
1000 W/m2
60 P&O

TABLE III
800 W/m2
50 C OMPARAÇ ÃO DA POT ÊNCIA DE SA ÍDA DA C ÉLULA FOTOVOLTAICA E OS
VALORES OBTIDOS POR MEIO DO ALGORITMO MPPT FILTRO DE K ALMAN
Potência (W)

A IRRADIAÇ ÃO SOLAR CONSTANTE DE 1000 W/m2 .


40 600 W/m2

500 W/m2
30 Potência Máxima de
Temperatura Potência Máxima Saı́da usando Eficiência
◦C Saı́da (W ) MPPT Filtro de %
20
Kalman (W )
25 60.53 60.45 99.86
10 50 56.74 56.1 98.88
75 51.64 51.62 99.96
100 47.12 46.92 99.58
0
0 0.5 1 1.5 2
Tempo (s)

Fig. 5. Potências de saı́da com os algoritmos MPPT baseado no Filtro de TABLE IV


Kalman e P&O a temperatura constante de 25 ◦ C. C OMPARAÇ ÃO DA P OT ÊNCIA D E S A ÍDA DA C ÉLULA FOTOVOLTAICA E OS
VALORES O BTIDOS P OR M EIO DO A LGORITMO P&O A T EMPERATURA
C ONSTANTE DE 25◦ C.

Potência Máxima de
Irradiação Potência Máxima de Eficiência
Saı́da usando
W/m2 Saı́da (W ) %
MPPT P&O (W )
1000 60.53 59.15 97.72
800 49.00 47.95 97.85
600 37.11 34.53 93.04
500 31.03 27.46 88.49

70
Filtro de Kalman
P&O 25 °C TABLE V
60 50 °C C OMPARAÇ ÃO DA P OT ÊNCIA DE S A ÍDA DA C ÉLULA FOTOVOLTAICA E OS
VALORES OBTIDOS POR MEIO DO ALGORITMO MPPT P&O A
75 °C
I RRADIAÇ ÃO S OLAR C ONSTANTE DE 1000 W/m2 .
50 100 °C
Potência (W)

40
Potência Máxima de
Potência Máxima de
Temperatura Saı́da usando Eficiência
30 ◦C Saı́da
MPPT %
(W )
P&O (W )
20 25 60.53 59.15 97.72
50 56.74 55.39 97.62
75 51.64 50.43 97.65
10
100 47.12 45.54 96.64

0
0 0.5 1 1.5 2
Para mensurar a eficácia do MPPT, foram realizadas
Tempo (s)
comparações entre os valores encontrados por meio do Filtro
Fig. 6. Potências de saı́da com os algoritmos MPPT baseado no Filtro de de Kalman e os fornecidos pelo P&O com valores disponi-
Kalman e P&O a irradiação solar de 1000 W/m2 . bilizados pelo Matlab/Simulink da célula fotovoltaica. Nas

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Tabelas II, III, IV e V encontram-se as comparações. Pelas [10] R. Rakhmawati, E. Wahjono, Suhariningsih, F. D. Murdianto and D.
análises das tabelas, é notável que o MPPT baseado no Filtro Andriawan, ”Design and implementation boost converter with constant
voltage in dynamic load condition,” 2017 International Seminar on
de Kalman é melhor, uma vez que teve eficiências maiores que Application for Technology of Information and Communication (iSe-
99%, enquanto no P&O o maior rendimento foi de 97.85%. mantic), Semarang, 2017, pp. 273-278.
Pelas análises dos gráficos, é possı́vel observar oscilação da [11] R. Faranda, S. Leva and V. Maugeri, ”MPPT techniques for PV Systems:
Energetic and cost comparison,” 2008 IEEE Power and Energy Society
potência de saı́da com o uso do algoritmo MPPT usando Filtro General Meeting - Conversion and Delivery of Electrical Energy in the
de Kalman em relação ao algoritmo P&O. 21st Century, Pittsburgh, PA, 2008, pp. 1-6.
[12] A. K. Bilhan, A. Caliskan and S. Unal, ”Simulation of a photovoltaic
panels by using Matlab/Simulink,” 2016 8th International Conference
V. C ONCLUS ÃO on Electronics, Computers and Artificial Intelligence (ECAI), Ploiesti,
2016, pp. 1-6.
Com a finalidade de testar e comparar o desempenho [13] A. Durgadevi, S. Arulselvi and S. P. Natarajan, ”Photovoltaic modeling
do algoritmo MPPT baseado no Filtro de Kalman o P&O, and its characteristics,” 2011 International Conference on Emerging
dois cenários foram criados. O primeiro cenário com tem- Trends in Electrical and Computer Technology, Nagercoil, 2011, pp.
469-475.
peratura fixa de de 25◦ C e variações de irradiação solar [14] A. Safari and S. Mekhilef, ”Simulation and Hardware Implementation
de 1000 W/m2 , 800 W/m2 , 600W/m2 e 500W/m2 . No of Incremental Conductance MPPT With Direct Control Method Using
segundo cenário, a irradiação solar ficou constante em 1000 Cuk Converter,” in IEEE Transactions on Industrial Electronics, vol. 58,
no. 4, pp. 1154-1161, April 2011.
W/m2 enquanto a temperatura era variada de 25◦ C, 50◦ C, [15] L. Han and L. Jia, ”Photovoltaic power generation system MPPT,”
75◦ C e 100◦ C. Nos dois cenários, o MPPT baseado no 2012 IEEE Fifth International Conference on Advanced Computational
Filtro de Kalman apresentou uma eficiência maior do que o Intelligence (ICACI), Nanjing, 2012, pp. 919-922.
[16] B. O. Kang and J. H. Park, ”Kalman filter MPPT method for a
P&O. Salienta-se, que as oscilações provocadas pelo Filtro solar inverter,” 2011 IEEE Power and Energy Conference at Illinois,
de Kalman não implicaram em problemas na execução do Champaign, IL, 2011, pp. 1-5.
algoritmo. [17] P. J. Costa, J. P. Dunyak and M. Mohtashemi, ”Models, prediction,
and estimation of outbreaks of infectious disease,” Proceedings. IEEE
SoutheastCon, 2005., Ft. Lauderdale, FL, USA, 2005, pp. 174-178.
AGRADECIMENTOS [18] L. Han and L. Jia, ”Photovoltaic power generation system MPPT,”
2012 IEEE Fifth International Conference on Advanced Computational
Os autores agradecem ao apoio financeiro e suporte técnico Intelligence (ICACI), Nanjing, 2012, pp. 919-922.
fornecido pela CAPES e a Universidade de São Paulo. [19] B. M. Hasaneen and A. A. Elbaset Mohammed, ”Design and simulation
of DC/DC boost converter,” 2008 12th International Middle-East Power
System Conference, Aswan, 2008, pp. 335-340.
R EFERENCES [20] A. Dolara, F. Grimaccia, M. Mussetta, E. Ogliari, and S. Leva, “
An evolutionary-based MPPT algorithm for photovoltaic systems under
[1] B. S. Pali and S. Vadhera, ”Renewable energy systems for generating dynamic partial shading,” Appl. Sci. 8(4), 558 (2018).
electric power: A review,” 2016 IEEE 1st International Conference on [21] L. Peng, S. Zheng, X. Chai, and L. Li, “A novel tangent error maximum
Power Electronics, Intelligent Control and Energy Systems (ICPEICES), power point tracking algorithm for photovoltaic system under fast multi-
Delhi, 2016, pp. 1-6. changing solar irradiances,” Applied Energy, vol. 210, pp. 303–316,
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[3] D. Verma, S. Nema, A.M. Shandilya, S.K. Dash, “Maximum power
point tracking (MPPT) techniques: Recapitulation in solar photovoltaic
systems,” Renewable Sustain. Energy Rev., vol. 54, pp. 1018-1034,
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[5] T. Sen, N. Pragallapati, V. Agarwal, and R. Kumar, ”Global maximum
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[7] R. Varun, P. Kranthi, and C. Roy, ”Comparative Study of Maximum
Power Point Tracking Using Linear Kalman Filter and Unscented
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[8] M. Tanemo, K. Matsudate and S. Nomura, ”Series/Parallel Switching
Circuits Using Power MOSFETs for Photovoltaic Modules,” 2018
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Asia), Niigata, 2018, pp. 2022-2029.
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fied incremental conductance and fuzzy logic MPPT techniques using
MCUK converter under various environmental conditions,” Appl. Sol.
Energy, vol. 53, no. 2, pp. 173–184, 2017.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Time and Frequency Domain Numerical Analyses


for Electrical Circuits under Fixed Large Signal
Stimulus and Variable Small Signal Sources
Caio G. Natalino, Maysa A. C. Araújo and Eduardo G. Lima
Group of Integrated Circuits and Systems (GICS) – Electrical Engineering Department
Federal University of Paraná, Curitiba, Brazil

Abstract—The development of the electrical generation, trans- In addition to static converters, inverters and other non-
mission and distribution systems resulted in an increase in the linear loads in the electrical system, the instruments used in
number of non-linear loads at all levels of supply. From voltage power quality measurement, for harmonic voltage monitoring
and current distortions in power grids, power systems non-
linear devices are submitted to an input signal containing a [3] are characterized as significantly non-linear circuits. These
strong fundamental component and harmonics that are much circuits are also powered by sinusoidal sources where only the
smaller in amplitude. The large signal analysis or steady state independent source that injects the signal in the fundamental
simulation is broadly used for low frequency circuits, such as frequency is considered a large signal and all other indepen-
those presented in power systems. In this case of analysis, the dent sources that inject the harmonic components are in small
circuit topology and fundamental amplitude injected by the
independent sources are fixed, varying only the amplitudes of the signal. Hence, an analysis that aims to study the impacts of
harmonic components injected by the independent sources. Thus, harmonic injections on small signal in a system due to sources
using traditional transient simulation tools, a new full circuit of variable amplitudes and frequencies external to the circuit
analysis is required with each new value set for the harmonic results in a simulation with high reconfigurability.
components in the simulation. The objective of this work is to In transient analysis, there is a direct relationship between
propose two different approaches that allow performing such
simulation in a computationally more efficient way. The original the response and the initial circuit conditions, so the solu-
circuit is initially analyzed disregarding all harmonic components tion of a circuit requires a series of analyses to obtain the
injected by the independent sources. The effect of harmonic circuit components over a time interval with samples equally
components injected by independent sources is then studied spaced in time. By using traditional transient simulation, it is
only in the linearized original circuit. The first approach is a necessary to carry out a complete circuit analysis at each new
frequency domain analysis called periodic alternating current in
radio frequency circuits, while the second one works in time harmonic component injection value, making the process more
domain using shooting methods. computationally costly. Furthermore, when contemplating the
Keywords—dynamic non-linear circuits, harmonic balance entire circuit response, the simulation includes the transient
analysis, harmonic distortion, low frequency electromagnetic response, even when the information to be extracted is in the
devices, periodic alternating current analysis, power system steady state, as is the case with the analysis of harmonics in
harmonics, shooting analysis, transient analysis.
a system.
Some approaches not very commonly used for this appli-
I. I NTRODUCTION cation allow performing such a simulation more efficiently
and that can be used to simulate these dynamic non-linear
With the rise of semiconductor devices and the development components present in power systems. Such approaches can
of power electronics, the use of systems involving rectifica- replace successive analyzes that require more processing with
tions was intensified, starting with the use of static converters a more effective method. The circuit is linearized around
and inverters. These non-linear dynamic circuits generate the the steady state response due to the source at fundamental
appearance of a voltage with a non-sinusoidal waveform in frequency and, through superposition, the contributions of
the load and, consequently, a non-sinusoidal current in the sources injecting harmonics are analyzed one at a time always
load and in the supply system [1]. In smart grids, there is the in a linear circuit.
presence of such converters scattered over the network, making Thus, in order to identify the harmonic effects in the
it extremely important, during a project, to analyze the effects system in these circuits simulations, it is possible to linearize
of the components injected by switching this equipment. the circuit around a fixed large signal response and include
Harmonic components in electrical systems not only influ- the presence of small signal harmonic sources individually.
ence the operation but also affect the quality of the electricity By performing a very large number of linear analyzes and
supply. For this reason, power quality metrics, such as total considering that independent sources inject harmonics, the
harmonic distortion (THD), according to [2], are calculated in computational cost is only linked to the simulation parameters
power systems and standards define harmonic limits by voltage defined by the user. The periodic alternating current (PAC)
and current levels. method, usually adopted for the analysis of radio frequency

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

eletronic circuits, can perform such task in the frequency A. Frequency domain method using Periodic AC Analysis
domain with the help of the harmonic balance (HB) [4]. For the large signal analysis, harmonic balance (HB) sim-
To perform such task in the time-domain, the shooting ulation is chosen, since this method is already formulated
method (SM) can be employed for both non-linear and lin- in the frequency domain. It consists of transforming all the
earized circuit analyzes. The SM is broadly used in engi- characteristic equations of the circuit components given in the
neering for solving dynamic systems that can be converted time domain to a set of equations independent of each other
to boundary-value problems [5]. Differently from the tran- in the frequency domain. The steady-state response of a non-
sient analysis that must compute the circuit unkowns over linear circuit powered by a sinusoidal signal is represented by
a sometimes long time interval until the transient response a vector of values corresponding to amplitudes of sine, cosine
becomes negligible, the SM searchs for the initial conditions and constant components, according to:
that produce a null transient response, in this way providing
directly the stedy state response. H
X
Those approaches are widely known in radio frequency xA (t) = XA + {[Xash sin (hωc t)] + [Xach cos (hωc t)]}
circuits. It is proposed their application in non-linear dynamic h=1
circuits under fixed large signal stimulus and variable small (2)
signal sources as seen in the power system, and in the im- where XA , Xash and Xach are respectively the amplitudes
pacts of harmonic injections studies, by high reconfigurability of the constant value and the sine and cosine components, H
simulations. is the number of harmonics to be considered in the simulation
The superpositions between large and small signal analyses and ωc is the fundamental frequency of the circuit.
in frequency and time domains are briefly explained and Each time-varying unknown is replaced by a set of constant
applied using simulations of a test circuit that corresponds to a (2H + 1) unknowns. Therefore, each equation of the circuit
non-linear dynamic element in power systems. After that, the components in the time domain is also replaced by (2H + 1)
results are reported, discussed and compared with the results algebraic equations in the frequency domain. For non-linear
provided by the transient analysis. circuits, the non-linear function is handled in the time domain
and the frequency domain vector of amplitudes is converted
II. S UPERPOSITION B ETWEEN L ARGE AND S MALL to the time domain through a procedure similar to the inverse
S IGNAL A NALYSES Fourier transform [4], specifically by a linear transformation
Aiming the small signal response of non-linear circuits provided by:
stimulated by only a large amplitude sinusoidal signal with
injection of other signals with much smaller amplitudes [4],  1 sin ( 2.π.0.1
2H+1 ) cos ( 2.π.0.1 2.π.0.H
2H+1 ) ... sin ( 2H+1 ) cos ( 2.π.0.H
2H+1 )

superposition between large and small signal analyses is 1 sin ( 2.π.1.1
2H+1 ) cos ( 2.π.1.1
2H+1 ) ... sin ( 2.π.1.H
2H+1 ) cos ( 2.π.1.H
2H+1 )
F =  ...

useful. ... ... ... ... ... 
In power systems, non-linear devices are powered by 1 sin ( 2.π.2H.1 2.π.2H.1 2.π.2H.H 2.π.2H.H
2H+1 ) cos ( 2H+1 ) ... sin ( 2H+1 ) cos ( 2H+1 )
sources with a strong fundamental component and harmonics (3)
with much smaller amplitudes [6]. The verification of the accu-  
racy of a non-linear device for measuring harmonic voltages is   XA
xA (t0 )  Xas1 
performed from sinusoidal voltage signals with a fundamental  xA (t1 )   
component of great magnitude in relation to other spectral  xA (t2 )  = F ×  Xac1 
   
 ...  (4)
components [3]. Thus, superposition between large and small 
 ... 

 
signal analyses satisfies the simulation conditions for these XasH 
xA (t2H )
types of circuits. XacH
The procedures of the Superposition between Large and A Jacobian matrix is created for the dynamic elements
Small Signal Analyses simulation involve analyzing the non- such as capacitors and inductors, since the derivative found
linear circuit considering initially only the source of great in its characteristic equation must be linearly transformed in
amplitude, by a periodic steady state analysis. In the sequence, the frequency domain, for instance, in case of an inductor,
the non-linear components are linearized and the sources according to:
of small signal are injected into the circuit. The simulation
response [6] is the superposition of the non-linear large signal 
0 0 0 0 0 ... 0

analysis and of small signal analysis in the linearized circuit, 0 0 ωc 0 0 ... 0
as expressed in: 
0 −ωc 0 0 0 ... 0


 
VL = L× 0 0 0 0 2ωc ... 0 ×IL
 
Xtotal = Xlarge + Xsmall (1) 0 0 0 −2ωc 0 ... 0
 
 .. 
Furthermore, superposition between large and small signal 0 0 0 0 0 . Hωc 
analyses is able to be used either in time domain or frequency 0 0 0 0 0 −Hωc 0
domain. It depends on the adopted simulation method. (5)

650
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

where VL e IL indicate the vector of inductor voltage and fundamental frequency of the current or voltage independent
current, respectively. sources and these signals must be periodic in time.
In the linearization [4] of the non-linear components of the The set size of non-linear algebraic equations in this method
circuit, the derivative of the non-linear equation around the does not depend on the number of harmonics injected in the
large signal response is performed, obtaining a vector G given electronic circuit. However, it is equal to the system order [8].
by: Since SM finds the solution that provides a steady-state
condition for a circuit with dynamic elements, the final value
of each state variable (X), which can be capacitor voltages
 
1
 sin ωc t  or inductor currents, calculated after a period (T ) of the
fundamental frequency is subtracted by the initially assigned
 
   cos ωc t 
G = g0 g1 g1 g2 g2 ... g2H × 
 ...  (6)

value at t0 and they must be identical, as shown in:
 
 sin Hωc t 
X(t0 ) − X(t0 + T ) = 0. (11)
cos Hωc t
The values X(t0 + T ) are estimated by transient analysis.
with (2H + 1) positions. It consists of conductance ampli-
Therefore, the initial guess X(t0 ) has a big influence on the
tudes multiplied by time domain functions of sines and cosines
convergence of the system solution.
at the fundamental frequency and their harmonics.
The differential equations presented in the circuit mathe-
From the vector G, it is possible to derive a conductance
matical model are discretized and integrated at each time step.
matrix COND given by:
Furthermore, the next step of the simulation depends on the
previous values. The discretized system has the same linearity
 G0 G2 G4 ... G2H−4 G2H−2 G2H 
GT
2 G0 G2 ... G2H−6 G2H−4 G2H−2 condition that the original one.

 GT
4 GT
2 G0 ... G2H−8 G2H−6 G2H−4

 In general, it is necessary differentiating the element equa-

CON D =  ... ... ... ... ... ... ...

 tion in relation to an initial trajectory for linearizing it. For
 T
 G2H−4 GT
2H−6 GT
2H−8 ... G0 G2 G4

 example, the linearization of an unknown is:
 T
G2H−2 GT GT

2H−4 2H−6 ... G2 G0 G2 dfN L (X)
GT GT GT ... G4T GT G0 fN L (X) = |X=X0 · (X − X0 ), (12)
2H 2H−2 2H−4 2
(7) dX
where GTk indicates the transposition of the vector Gk , and: where X0 (t) is the initial trajectory and fN L (X) is the non-
  linear function of the unknown X(t) for being linearized.
g 0 Thus, a first shooting method is applied in the non-linear
G0 = 0 (8)
0 g0 circuit, and at the end of the simulation, the function is
 g
k −gk−1  linearized around the result. Thus, this signal becomes time-
Gk = gk−1 2 2
gk (9) varying with the same frequency that the fundamental signal.
2 2 The dynamic response obtained by linearizing the function
for k = 2, 4, ..., H, so that around the first shooting method response is described by:

I = CON D × V (10) Ilin = h(t)Vlin , (13)


is satisfied and the relationship between circuit unknowns where Vlin is the linearized signals and h(t) is the time-
becomes linear [4]. Vector I is the linearized current amplitude varying parameter with fundamental frequency.
vector, CON D is the conductance matrix that linearly relates Therefore, for making the non-linear shooting, it is first
the current and voltage responses of the linearized element to necessary to obtain the response of the circuit being fed by
be analyzed in small signal, and V is the vector of the small the large signal and fundamental independent source acting
signal voltage amplitudes. separately. The currents or voltages obtained are periodic
Thus, for simulations with high reconfigurability in the am- signals for a finite time step. Then, the shooting is applied
plitudes of the sources injecting harmonics, without changes in the linearized system being fed by one of the small signal
in the rest of the circuit and in the source of large signal, the sources. The process is repeated by each small signal source
PAC method is indicated. acting alone. The full response of the system is given by the
superposition of the response for each independent source, by
B. Time domain method based on Shooting Method
algebraic summing the results.
The Shooting Method (SM) is used for solving boundary
and initial value problems. It is a numerical procedure based III. S IMULATION R ESULTS
on time domain analysis [7]. In order to evaluate the proposed approaches, they have
This method is valid for linear and non-linear systems of been applied through arbitrary non-linear dynamic circuit sim-
algebraic equations in which the unknowns are the initial ulations. This section presents the simulation results obtained
conditions, hence it can be used for solving linear and non- by using Matlab software as a mathematical library for the
linear electrical circuits. However, it is mandatory knowing the iterative calculation and execution.

651
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

This paper case study consists of a saturable inductor that


represents a passive, non-linear load. The operation of the in-
ductor in non-linear region can be equivalent to the saturation
of ferromagnetic cores of transformers and electromagnetic
machines, such as motors and generators.
The circuit is presented in Fig. 1. The voltage source vs (t)
represents the system independent power source at fundamen-
tal frequency, and the harmonic injection by other small signal
external source is associated with vp (t).

Fig. 2. Inductor Voltage-Current Characteristic Curve With Non-linear


Behavior.

Considering only the presence of an independent voltage


source in the circuit, that is, disregarding independent sources
that inject harmonics into the circuit, large signal simulations
were developed. Subsequently, an independent source that
inject a third harmonic into the circuit was included. It is
possible to conclude, by Fig. 3, that both approaches in the
time domain and in the frequency domain have correspondent
Fig. 1. Circuit Schematic. results.

Hence, the voltage source association is described by:

v(t) = Vs sin (2πfc t + φ) + Vp sin (2πhfc t + φp ) (14)

where Vs is the amplitude of the voltage source vs (t), Vp is


the amplitude of small signal voltage source vp (t), fc is the
fundamental frequency of the system, φ the angular phase of
the voltage vs (t), h is the number of the harmonic injected
into the system by the vp (t) source and φp is the angular phase
of the vp (t) voltage.
The Vs amplitude used for the system fundamental power
supply was defined in order to guarantee the operation of the
inductor in a saturation region, that is, ensuring non-linearity. Fig. 3. Voltage Curves at the Independent Voltage Source.
This non-linear behavior of the inductor can be observed
by the voltage-current relationship expressed in Fig. 2. The Comparing both method responses with the transient liter-
inductor voltage is equal to the time derivative of: ature method, the responses of the transient, PAC and SM
simulations were plotted considering independent source that
φ(iL ) = tanh (iL ) (15) inject a third harmonic into the circuit, as shown in Fig. 4
.Thus, it was possible to verify their validities.
The resistance value was chosen in order to observe for In order to present the injection of one more harmonic
the fundamental component a current lag in relation to the component in the system, an independent source was included
source voltage of approximately 45º. The values of the circuit in the fifth harmonic of the fundamental frequency of the
resistances, magnitudes, frequency and angles are reported in circuit, as shown in Fig. 5.
Table I. Finally, the effectiveness of both approaches is tested with
the inclusion of the third and fifth harmonics in the system
TABLE I from the confrontation with the transient simulation. There is
C IRCUIT PARAMETERS
a convergence in the results, as seen in Fig. 6.
Vs Vp fc φ φp R It is observed that the number of harmonics injected into the
440 V 150 V 60 Hz 0° 180° 377 Ω system is directly proportional to the number of unknowns in

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

one approach may be more computationally suitable than the


other.
IV. C ONCLUSIONS
The aim of this work was to present and compare two sim-
ulation approaches for non-linear dynamic circuits, especially
those contained in systems of electrical power or harmonic
distortion measurement. PAC and SM analyzes for topologies
with high reconfigurability were briefly developed in systems
with fixed large signal stimulus and variable small signal
sources.
From the comparisons between both approaches and the
commonly used transient simulation, it can be concluded that
they are applicable to the case studied and, considering their
Fig. 4. Comparison between PAC, SM and transient with injection of small iterative processes, they are more computationally efficient
signal at third harmonic. than the transient, mainly for a serial inclusion of sources
injecting harmonics in the circuit.
Thus, both PAC and SM simulations, generally implemented
in RF circuits, can be used in non-linear low frequency
dynamic circuits, such as those found in the power system. As
presented, each of the two approaches has its particularities
related to the simulation to be performed, being necessary
for the user to define which approach will be chosen, in
substitution of the transient method.
ACKNOWLEDGMENT
The authors would like to acknowledge the financial support
provided by National Council for Scientific and Technological
Development (CNPq).
R EFERENCES
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Efeitos sobre o Desempenho Operacional de Equipamentos e Instalações
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of Large order non-linear systems - Application to Rotor Systems.
Journal of Sound and Vibration, p. 695–723, 1998.
the PAC simulation. For SM simulation, the shorter the time
step, the greater the number of iterations needed to converge
on a response. Therefore, depending on the desired simulation,

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Modelagem da Largura de Banda para FSS com


Espira Quadrada com Grade
João G. D. Oliveira, José G. Duarte Junior, Bruno M. Pinheiro, Antonio L. P. S. Campos, Valdemir P. da Silva Neto
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Programa de Pós-graduação em Engenharia Elétrica e de Computação
Natal, Brasil
alpscampos@gmail.com

Abstract— Neste trabalho é proposto um método matemático método do circuito equivalente (MCE) para análise e como
baseado nas expressões do circuito equivalente, para a modelagem validação foi empregado o software comercial ANSYS HFSS na
da largura de banda de superfícies seletivas em frequência com realização de simulações. Na Seção II deste trabalho é
espiras quadradas com grade. Foi realizado o estudo de quais apresentada a teoria do MCE e o modelo de circuito para a
dimensões físicas exercem a maior influência sobre a largura de estrutura abordada neste trabalho, na Seção III o
banda e posteriormente foi obtido via simulação com software desenvolvimento matemático da modelagem proposta. Na Seção
comercial ANSYS HFSS e interpolação, um fator de correção IV são apresentados resultados e discussões e, por fim, na Seção
polinomial aplicado a equação do circuito equivalente. Como V são apresentadas as principais conclusões.
resultado, é proposto um método de otimização para projetos de
FSS. Todos os resultados são discutidos e uma boa concordância II. MÉTODO DO CIRCUITO EQUIVALENTE
entre os resultados obtidos e simulados foi observada.
O MCE é uma alternativa aproximada bastante eficaz, pois,
Keywords— FSS, MCE, espira com grade, modelagem, largura o nível de processamento computacional necessário para este
de banda. tipo de modelagem é bem menor que na análise de onda
completa, que é amplamente empregada em aplicações
I. INTRODUÇÃO eletromagnéticas. A primeira etapa para a representação de
No cenário atual do desenvolvimento tecnológico, um fator qualquer FSS no MCE é a consideração dos elementos como um
que vem sendo amplamente buscado em diversas áreas, arranjo infinito [9], que foi desenvolvido inicialmente por
incluindo aplicações com eletromagnetismo, é a otimização dos Marcuvitz [10], sendo a polarização da onda incidente um fator
parâmetros de entrada de projetos. Uma vez que, quando se é primordial para esta aproximação.
obtido uma técnica ou método que permite que isso aconteça, a Fig. 1 e 2 ilustram a célula unitária considerada nesse
eficácia e a dinâmica que se dá ao projeto tornam o processo trabalho bem como o seu circuito equivalente.
como um todo mais confiável e robusto.
As superfícies seletivas em frequência (FSS), são arranjos
periódicos bidimensionais compostas por elementos condutores
ou por aberturas, impressos sobre uma camada dielétrica. A
otimização no projeto de FSS pode ser aplicada a partir da
modelagem dos elementos, por meio de circuitos equivalentes,
facilitando assim no que diz respeito ao esforço computacional
relacionado ao projeto [1]-[5], implementação de algoritmos
baseados em enxame de partículas (PSO) aplicados a otimização
das dimensões ou formas geométricas dos elementos da FSS [6],
[7] e algumas variações como o BPSO [8].
Nas aplicações que utilizam FSS, existem diversos fatores
que podem ser considerados, sendo os principais a frequência de
Fig. 1. Elemento unitário de uma FSS espira quadrada com grade e parâmetros
ressonância, a estabilidade angular e a largura de banda, no qual, físicos.
o condicionamento de prioridades varia de acordo com a
aplicação.
Neste trabalho, é proposto um método para a determinação
dos parâmetros físicos dos elementos que constituem uma FSS
com célula unitária, que utiliza a geometria espira quadrada com
grade, para uma dada largura de banda e frequência de
ressonância, como condições de entrada. Foi utilizada uma
ferramenta de otimização matemática, para o ajuste de curva e
realizado o estudo de quais parâmetros mais influenciavam na
largura de banda para este tipo de geometria. Foi empregado o Fig. 2. Circuito equivalente para a espira quadrado com grade

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

É possível observar em Fig. 1 que os parâmetros físicos


referentes ao elemento unitário do arranjo de uma espira
quadrada com grade são p, que representa a periodicidade, d o
comprimento da espira, w1 a largura da fita da grade e w2 a
largura da fita da espira. As expressões para o cálculo das
reatâncias indutivas e da susceptância capacitiva são descritas
por [11].

= 2( // ) (1)

= ( , , , ) (2)

= ( ,2 , , ) (3)

=2 ( , , , ) (4)

Fig. 3. Largura de Banda (BW) percentual em função de , e .


em que g descreve o espaçamento entre a espira e a grade =
, (1) – (3) descrevem as reatâncias indutivas, sendo Da análise do circuito equivalente que modela a FSS espira
referente aos elementos da espira, referente ao elemento da com grade e tomando como referência o método empregado em
grade e referente a uma indutância mútua entre os elementos [13], é proposta uma expressão que descreve a largura de banda
paralelos da espira e da grade. A susceptância corresponde da geometria espira quadrada com grade, tomando como base a
a associação entre a espira e a grade A permissividade efetiva forma como estão colocadas as indutâncias e capacitância
é obtida por meio da relação entre a permissividade relativa descritas no MCE. A expressão proposta é:
e um termo N que leva em consideração o fator de ocupação
de área condutiva na célula unitária, sendo calculada como [12]: = (6)
6 +
−1
= +( − 1) (5) Reescrevendo (6) a partir das funções de Marcuvitz [10],
obtém-se:
Ainda em (5) x = 10h/p, sendo h a espessura do substrato e
p a periodicidade da célula unitária. Os termos F(a,b,c,d) 1 2
(%) = 100% (7)
representam as funções propostas por Marcuvitz [10], sendo ϕ 2
+
o ângulo de incidência da onda TE incidente e θ o da onda TM. +

III. MODELAGEM DA LARGURA DE BANDA


em que, as funções descritivas , e são:
A modelagem da largura de banda pelo MCE da FSS de
geometria espira com grade se deu, inicialmente, a partir da = ( , , , ) (8)
análise da influência das dimensões d, w1 e w2 sobre a largura de
banda percentual. A metodologia adotada foi a mesma
= ( ,2 , , ) (9)
apresentada em [13]. Considerando uma FSS de dimensões
iniciais mostradas na Tabela 1, analisou-se as alterações da
largura de banda percentual em função da variação individual =2 ( , , , ) (10)
das três dimensões físicas consideradas, gerando 3 curvas.

TABELA I DIMENSÕES EM MM DA FSS ANALISADA.
r é o comprimento de onda na frequência de ressonância.
Caso =
A fim de validar (6), foram realizadas uma série de
1 5,05 4,00 0,15 0,027 2,6
simulações variando-se as dimensões e da espira com
grade e obtendo-se a largura de banda percentual a partir da
Fig. 3 apresenta as três curvas da largura de banda BW (%), resposta em frequência da geometria, gerando assim uma
sendo uma delas em função do parâmetro d, outra em função de superfície de BW (%) em função de e . Para o caso da
w1 e finalmente a última em função de w2. Observa-se que, a geometria de dimensões descritas na Tabela I e com relação a
largura de banda é proporcional as espessuras w1 e w2, porém mais três casos mostrados na Tabela II, gerou-se as superfícies
com menor influência da dimensão w1. Diferentemente, o obtidas a partir de (7) proposta e da simulação em software
aumento de d apresenta uma influência inversa ao crescimento comercial. A comparação entre as superfícies em cada caso é
da largura de banda. Com base nas curvas, constata-se que os mostrada na Fig. 4. Com a análise das superfícies, foi observada
parâmetros d e w2 apresentam uma maior influência sobre BW a necessidade de ajuste matemático de forma a proporcionar
(%). uma maior fidelidade à modelagem proposta.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

TABELA II DIMENSÕES EM MM DAS FSS ANALISADAS. IV. RESULTADOS E DISCUSSÕES


Caso Para validar a modelagem da largura de banda, acrescida do
1 5,05 0,15 0,027 2,6 fator multiplicativo K, foram geradas superfícies comparando
2 20 1,25 1,20 4,4 cada um dos quatros casos conforme ilustrado em Fig. 5. Pode-
3 27 0,40 0,10 3,0 se observar que os planos da equação tiveram uma boa
4 15 0,50 1,60 4,4 aproximação com relação a simulação, mas que ainda existe um
erro envolvido devido as limitações interpolação polinomial.

Fig. 5. Comparação dos planos de Largura de Banda (BW) percentual


simulado e calculado com a equação (10) em função de d, w e w :
Fig. 4. Largura de Banda (BW) percentual em função de d, w e w : (a) Caso 1 – Tabela 1. (b) Caso 2. (c) Caso 3. (d) Caso 4.
Simulação no Ansoft e Equação 6. (a) Caso 1 – Tabela 1. (b) Caso 2.
(c) Caso 3. (d) Caso 4. Em seguida foi desenvolvido um algoritmo baseado nas
expressões da frequência de ressonância oriunda do Método do
Como ajuste matemático da expressão para a modelagem da Circuito Equivalente e da equação proposta neste trabalho para
largura de banda, foi proposta a inserção de um fator obtenção da largura de banda percentual. A aplicação tem o
multiplicativo K junto a (7). Como observado anteriormente, a intuito de auxiliar na obtenção dos parâmetros físicos de uma
largura de banda percentual da geometria espira quadrada com FSS do tipo espira quadrada com grade, sendo os parâmetros de
grade sofre maior influência da variação de d e w2, desta forma, entrada a frequência de ressonância e a largura de banda
a equação para K foi modelada em função destas dimensões. percentual desejada. Devido a implementação ser realizada
A modelagem de K se deu a partir da interpolação das através de métodos matemáticos simples, o desempenho do
superfícies para os casos analisados, de forma a minimizar o erro código é satisfatório, sendo executado com um esforço
resultante da diferença entre superfície gerada pela simulação no computacional pequeno. Como parâmetros de saída, o método
Ansoft e da expressão proposta. A expressão que melhor retorna as dimensões e que compõem a geometria de forma
descreve K é do tipo polinomial de grau 3 tendo como variáveis a gerar o menor erro combinado ( ) em comparação aos
d e w2. Em (11) se descreve o fator de ajuste K em função dos parâmetros de entrada ( e (%)), na qual a expressão para
coeficientes aij, que por sua vez foram parametrizados com base o erro implementado no algoritmo é mostrada em (12).
em p e h para os casos analisados. +
= (12)
1 2 +
(%) = 100% (11)
2
+ em que e representam os erros relativos com relação a
+
frequência de ressonância e a largura de banda, respectivamente.
Os índices e são os pesos, que podem vir a ser
parâmetros de entrada, pois dependente da aplicação que vá ser
= empregada a estrutura projetada, tanto a frequência de
ressonância ou a largura de banda podem assumir papel
prioritário na modelagem.
0 Para validar a eficácia do método proposto, foram
= 0 0 investigadas duas geometrias, a primeira para operar em 3,50
0 0 0 GHz com uma largura de banda de 25 %, e a segunda para 5,00
GHz com 35 % de largura de banda percentual. Para ambos os

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

casos, foram considerados pesos unitários, explicitando assim para foi de 0,8 %. Para BW, o erro foi de 0,01 %. Ainda, foram
que a frequência de ressonância e largura de banda possuem o analisados diversos casos de FSS, de maneira que todas as
mesmo nível de prioridade na modelagem. As dimensões de dimensões físicas da geometria foram parametrizadas em função
, ℎ, e foram fixadas para ambos os casos, sendo seus das variáveis e obtidas a partir do algoritmo desenvolvido,
valores: = 20 , ℎ = 1,57 , = 1,25 e = fixando-se apenas as escolhas dos substratos dielétricos e de suas
4,4, considerando FR4 como substrato dielétrico. Como respectivas espessuras, cujos resultados são mostrados na Tabela
resultado da utilização do algoritmo junto à modelagem 3. A dimensão foi parametrizada de forma a ter seu valor igual
proposta, as dimensões obtidas para o primeiro caso foram: = a 1,3 , já , teve seu parâmetro baseado em ℎ e , de forma
16 e = 0,35 ; para o segundo caso foi obtido: = a obedecer a equação: 0,111ℎ + 0,4705 + 0,003113. Desta
15,5 e = 1,85 . Os resultados podem ser forma, todas as dimensões da FSS podem ser obtidas através da
observados em Fig. 6 e Fig. 7. escolha dos parâmetros de entrada ( e ).

TABELA II DIMENSÕES EM MM DAS FSS ANALISADAS.


Fr BW BW
Modelo d
[GHz] (%) [GHz] (%)
FSS1 3,20 30 21 1,10 3,12 31,04
FSS2 3,50 25 16 0,35 3,46 24,46
FSS3 4,00 23 23,5 2,10 4,11 28,39
FSS4 4,50 30 23 3,10 4,75 30,55
FSS5 4,70 45 19,25 0,35 5,08 49,65
FSS6 5,00 35 15,5 1,85 4,98 40,56
FSS7 8,00 42 9 1,20 8,56 40,54
FSS8 9,50 30 7,25 0,60 9,73 32,78
FSS9 11,00 32 5,75 0,50 11,25 30,75
FSS10 12,00 32 6 0,80 12,45 35,26
FSS11 14,50 40 5,40 0,90 15,02 37,35
FSS12 18,00 20 5 0,35 18,60 16,67
FSS13 19,00 27 4,75 0,35 19,34 24,14
FSS14 20,00 20 4 0,10 19,90 16,58
FSS15 23,00 40 4 0,35 24,10 27,83
Fig. 6. Resultado simulado para a estrutura proposta com =
V. CONCLUSÕES
3,50 e = 25 %.
Este trabalho desenvolveu uma análise a respeito da FSS
com geometria espira com grade, desenvolvendo um método
para obtenção dos parâmetros físicos por meio da frequência de
ressonância e largura de banda desejados. O desenvolvimento se
deu incialmente a partir do estudo do Método do Circuito
Equivalente para a estrutura espira com grade. Com base na
equação proposta que descreve a largura de banda percentual
baseado nos parâmetros físicos da estrutura, foi realizado uma
análise da influência das dimensões sobre a largura de banda.
Como resultado desta análise, foi proposto um fator de correção
baseado em um método matemático de interpolação de
superfícies, gerando assim uma expressão dependente das
dimensões e da geometria da FSS. Com intuito de validar
o método, foi desenvolvido um algoritmo para a obtenção das
dimensões físicas da estrutura da FSS com base na frequência de
ressonância e na largura de banda requeridas. Para a obtenção
dos resultados, foram investigados dois casos distintos, o
primeiro com operação em 3,50 GHz e BW de 25 %, e o segundo
caso para 5 GHz e 35 %. A partir das dimensões obtidas através
do método, realizou-se simulações em software comercial para
obtenção das curvas e validação do método. Foram constatados
Fig. 7. Resultado simulado para a estrutura proposta com =5 erros aceitáveis resultantes da comparação entre os resultados
e = 35 %. obtidos pelo algoritmo e os simulados via software baseadas nas
dimensões obtidas.
Os resultados simulados obtidos para as dimensões
provenientes do algoritmo apresentaram boa concordância, REFERENCES
sendo para o caso 1 mostrado em Fig. 6, um erro relativo [1] Ghosh, S., & Srivastava, K. V., “An equivalent circuit model of FSS-
percentual para igual a 0,85 %. Para , o erro percentual based metamaterial absorber using coupled line theory” IEEE Antennas
foi de 0,04 %. Com relação ao caso 2 ilustrado em Fig. 7, o erro and Wireless Propagation Letters, 14, 2014, pp. 511-514.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

[2] Chang, K., il Kwak, S., & Yoon, Y. J., “Equivalent circuit modeling of [8] Gutierrez, A. L., Perez, J. R., & Basterrechea, J., “Binary particle swarm
active frequency selective surfaces” IEEE Radio and Wireless optimization of FSS using a CG-FFT modelling” 3rd European
Symposium, Jan. 2008, pp. 663-666. Conference on Antennas and Propagation, 2009, pp. 45-49.
[3] Costa, F., Monorchio, A., & Manara, G., “An equivalent circuit model of [9] Araújo, G. L. D., Método híbrido para projeto de superfícies seletivas em
frequency selective surfaces embedded within dielectric layers” IEEE frequência, doctoral dissertation, Federal Univ. of Rio Grande do Norte
Antennas and Propagation Society International Symposium, June 2009, (UFRN), Dept. of electrical engineering and computational engineering,
(pp. 1-4). 2015.
[4] Costa, F., Monorchio, A., & Manara, G., “An equivalent-circuit modeling [10] Marcuvitz, N., Waveguide handbook (No. 21). Iet, 1951.
of high impedance surfaces employing arbitrarily shaped FSS” [11] Lee, C. K., & Langley, R. J., “Equivalent-circuit models for frequency-
International Conference on Electromagnetics in Advanced Applications, selective surfaces at oblique angles of incidence” IEEE Proceedings H
Sept. 2009, (pp. 852-855). (Microwaves, Antennas and Propagation) Vol. 132, No. 6, Oct. 1985, pp.
[5] Junior, A. G. D. A., Fontgalland, G., Titaouine, M., Baudrand, H., & Neto, 395-399.
A. G., “Analysis of quasi-square open ring frequency selective surface [12] V. V. Yatsenko, S. A. Tretyakov, S. I. Maslovski, and A. A. Sochava,
using the Wave Concept Iterative Procedure” SBMO/IEEE MTT-S “Higher Order Impedance Boundary Conditions for Sparse Wire Grids”
International Microwave and Optoelectronics Conference (IMOC), Nov. IEEE Transactions on Antennas and Propagation, 48 (5), 2000, pp. 720 –
2009, pp. 735-740. 727.
[6] da Silva, M. R., Nóbrega, C. D. L., Silva, P. H. D. F., & D'Assunção, A. [13] M. A. R. Barrera and W. P. Carpes, Jr., “Bandwidth for the Equivalent
G., “Optimization of FSS with Sierpinski island fractal elements using Circuit Model in Square-Loop Frequency Selective Surfaces”, IEEE
population‐based search algorithms and MLP neural network” Transactions on Antennas and Propagation, Vol. 65, No. 11, 2017
Microwave and Optical Technology Letters, 56(4),2014, pp. 827-831.
[7] Genovesi, S., Mittra, R., Monorchio, A., & Manara, G., “Particle swarm
optimization for the design of frequency selective surfaces” IEEE
Antennas and Wireless Propagation Letters, 5, 2006, pp. 277-279.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Etiqueta RFID UHF Flexível para Aplicações


Biomédicas baseada em Estruturas Metamateriais

Jéssyca Iasmyn Lucena Araujo, Samuel Medeiros Araújo Morais, Camila Caroline Rodrigues de Albuquerque,
Georgina Karla de Freitas Serres, Helder Alves Pereira, Alexandre Jean René Serres, Danilo Freire de Souza Santos
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Campina Grande
Campina Grande, Brasil
jessyca.araujo@ee.ufcg.edu.br

Resumo—Neste artigo, foi proposta uma etiqueta RFID UHF, podem ser constituídos por uma matriz de ressoadores de anéis
baseada em estruturas metamateriais e com substrato flexível de fendidos (SRR – Split Ring Resonator), circulares ou
poli-imida, para aplicações biomédicas. Na etiqueta RFID quadrados, ou ainda por seus complementares (CSRR –
passiva, foi utilizada uma estrutura constituída de células CSRRs Complementary Split Ring Resonator) [6].
para melhorar seu desempenho. Com a estrutura metamaterial, o
valor de ganho máximo aumentou de -0,24 dBi para 0,63 dBi e o Dessa forma, neste artigo, foi proposta uma etiqueta RFID
valor da diretividade máxima de 1,33 dB para 2,21 dB. Além passiva com chip na faixa de frequências ultra altas (UHF –
disso, a SAR média, simulada da estrutura com duas células Ultra High Frequency), baseada em estruturas metamateriais
CSRRs, atendeu aos limites estabelecidos pela Comissão (células CSRRs), utilizando substrato flexível de poli-imida.
Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante, ao Está organizado da seguinte forma: na Seção II, apresenta-se o
contrário da etiqueta RFID sem metamaterial, que excedeu o projeto da etiqueta, bem como os resultados de simulação
limite para exposição do público em geral. O alcance de leitura obtidos antes e após a inserção das estruturas metamateriais,
máximo obtido, a partir dos dados de simulações com a etiqueta assim como a etiqueta confeccionada. Na Seção III, descreve-
baseada em conceitos metamateriais, foi de 14,09 m. A etiqueta se as configurações e os resultados de medição do alcance de
foi fabricada e medida sobre o abdômen com alcance máximo de leitura máximo da etiqueta RFID, sem considerar o corpo
1,04 m, demonstrando possibilidades práticas em aplicações humano e com ela sobre o abdômen de um indivíduo. Por fim,
biomédicas.
na Seção IV, apresenta-se as conclusões deste trabalho.
Palavras-chave—Antena flexível; aplicações biomédicas;
CSRR; etiqueta passiva; metamaterial; RFID. II. PROJETO DA ETIQUETA RFID PASSIVA E FLEXÍVEL BASEADA
EM ESTRUTURAS METAMATERIAIS
I. INTRODUÇÃO O projeto de construção da etiqueta foi desenvolvido em
Alguns equipamentos utilizados no monitoramento de etapas de simulação e construção do dispositivo físico. Na
sinais vitais, como respiração e frequência cardíaca, são primeira (Subseção II.A), descreve-se a geometria da etiqueta
desconfortáveis, restringindo os movimentos do corpo, RFID proposta, bem como suas respectivas camadas,
pesados, podendo ainda serem invasivos [1-2]. Nesse contexto, constituída de estruturas metamateriais, os parâmetros de
observa-se um avanço das pesquisas no desenvolvimento de simulação e a ferramenta de simulação utilizados, os resultados
dispositivos sem fio para aplicações biomédicas, que utilizam em termos de coeficiente de reflexão, diagrama de irradiação e
eletrônica epidérmica e dispositivos vestíveis, no intuito de valor médio da taxa de absorção específica (SAR – Specific
proporcionar conforto ao indivíduo [3]. Absorption Rate). Na segunda (Na Subseção II.B), apresenta-se
o processo de construção físico da etiqueta, o qual utilizou o
A tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID – processo de corrosão da face cobreada do laminado de poli-
Radio Frequency Identification) é uma alternativa as imida, contendo o layout da etiqueta, por meio de solução de
tecnologias já existentes, uma vez que permite a comunicação percloreto de ferro.
sem fio e a utilização de substratos flexíveis, fornecendo
conforto ao usuário. Além disso, as etiquetas RFID passivas A. Simulações
não necessitam de uma bateria interna para funcionamento, o
que contribui para redução de peso, custo e aumento do seu A geometria da etiqueta RFID proposta, com suas
tempo de vida útil [4]. respectivas camadas, pode ser observada na Fig. 1. Constitui-se
de uma antena dipolo dobrado com uma célula CSRR em suas
Para melhorar o desempenho das antenas, estruturas laterais. A antena dipolo dobrado proporciona a obtenção de
metamateriais vêm sendo amplamente utilizadas devido ao fato uma reatância positiva, necessária para o casamento de
de proporcionarem aumento no valor de ganho, diretividade e impedância com o chip SL3S4021 da NXP, o qual contém uma
largura de banda [5-6]. Sendo assim, podem ser usadas para impedância de entrada Zc = (12,7-j199) Ω na frequência de 915
aperfeiçoar o desempenho de etiquetas RFID. Esses materiais MHz [7].

659
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

As simulações foram realizadas no software ANSYS


Electronics Desktop. O substrato utilizado foi a poli-imida, que
oferece conforto ao indivíduo pelo fato de ser um substrato
flexível. Além disso, é resistente a altas temperaturas, o que
permite a soldagem do chip. A espessura desse substrato é de
0,05 mm, a tangente de perdas (tg δ) é de 0,004 e a
permissividade elétrica relativa considerada (εr) é de 4. Uma
das faces do laminado de poli-imida usado contém uma
camada de cobre de 0,035 mm de espessura, correspondendo à
camada condutora.
Realizou-se a simulação da etiqueta com apenas a antena
dipolo dobrado e, posteriormente, foram inseridas as células
CSRRs. Fig. 1 e Fig. 2 ilustram, respectivamente, a etiqueta
RFID e suas camadas e as dimensões da etiqueta RFID. As Fig. 3. Coeficientes de reflexão (S11) das etiquetas sem e com a estrutura
dimensões em milímetros dessas estruturas se encontram metamaterial na frequência de operação.
descritas em detalhes na Tabela I, as quais foram variadas por
meio de análises paramétricas e otimizações no intuito de obter Os diagramas de irradiação 3D dessas etiquetas, sem e com
um melhor casamento de impedância. Entre a antena dipolo as células CSRRs, estão presentes em Fig. 4 e Fig. 5,
dobrado e cada célula CSRR foi considerada uma distância de respectivamente. Observa-se um padrão omnidirecional, de
1 mm. A dimensão total da etiqueta RFID com as duas células modo similar ao de uma antena dipolo clássica. Com a inserção
CSRRs é de 115 x 27,1 mm². da estrutura metamaterial, conforme ilustrado em Fig. 5,
verifica-se que foi possível alcançar valores positivos de ganho,
aumentando seu valor máximo de -0,24 dBi para 0,63 dBi.
Além disso, o valor de diretividade máximo aumentou de 1,33
dB para 2,21 dB.

Fig. 1. Etiqueta RFID e suas camadas.

Fig. 2. Dimensões da etiqueta RFID.

TABELA I. DIMENSÕES DAS ETIQUETAS RFID EM (mm) Fig. 4. Diagrama de irradiação 3D da etiqueta RFID sem metamaterial.

CSRR L1 L2 L3 W1 W2 W3 l w d g
Sem 56 37 0,2 11 1,7 5,4 - - - -
Com 54 39 0,2 7,2 1,1 4,1 24,9 2,1 3,7 1,5

Os coeficientes de reflexão (S11) das etiquetas sem e com a


estrutura metamaterial, na frequência de operação, podem ser
observados em Fig. 3. Nota-se que, para a etiqueta sem
metamaterial, seu valor é de -31,13 dB e, para a etiqueta com
duas células CSRRs, de -30,64 dB, verificando-se, assim, um
bom casamento de impedância, já que o S11 ≤ -30 dB. Além
disso, a largura de banda dessas etiquetas compreende as
bandas de frequência UHF americana (902 a 928 MHz) e
europeia (865,6 a 867,6 MHz) [8], uma vez que o S11 ≤ -10 dB
entre 700 MHz e 1,10 GHz. Fig. 5. Diagrama de irradiação 3D da etiqueta RFID com metamaterial.

Fig. 6 ilustra os diagramas de irradiação 2D das etiquetas


(sem e com a estrutura metamaterial), considerando o plano θ =

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

90º. É possível verificar o aumento no valor do ganho máximo Fig. 7 ilustra o comportamento da SAR no substrato da
com a etiqueta contendo a estrutura metamaterial. etiqueta RFID sem metamaterial na frequência de 915 MHz.
Verifica-se que seu valor excede os limites estabelecidos pela
ICNIRP ao considerar a exposição do público em geral, no
entanto, atende aos limites definidos para exposição
ocupacional, conforme os dados descritos na Tabela II. Com
relação ao comportamento da SAR para a etiqueta RFID com
duas células CSRRs na frequência de 915 MHz, conforme
ilustrado em Fig. 8, percebe-se que seu valor não excede os
limites estabelecidos pela ICNIRP para a SAR localizada em
nenhum dos dois tipos de exposição (ocupacional e público em
geral).

Fig. 6. Diagramas de irradiação 2D das etiquetas (sem e com a estrutura


metamaterial), considerando o plano θ = 90º.

O alcance de leitura máximo pode ser calculado por [9]:

λ Pl Gl Geτ
d = 4π √  ()
Pmin

em que λ representa o comprimento de onda, Pl a potência


transmitida pelo leitor, Gl o ganho da antena do leitor, Ge o
ganho da antena da etiqueta RFID, Pmin a potência mínima para
ativar o chip da etiqueta (-18 dBm para o chip SL3S4021) e τ o
coeficiente de transmissão de potência, que pode ser obtido por
[10]:
Fig. 7. Comportamento da SAR no substrato da etiqueta RFID sem
metamaterial na frequência de 915 MHz.
τ = 1 − |S11 |2  ()

Considerando a banda de frequência americana, na qual o


produto PlGl é 4 W [9], obteve-se um alcance de leitura
máximo de 12,75 m para a etiqueta sem metamaterial e de
14,09 m para a etiqueta com metamaterial em 915 MHz,
evidenciando que o aumento no valor do ganho resultou em um
aumento no alcance de leitura.
Como os tecidos do corpo humano, quando expostos à
irradiação eletromagnética, tendem a absorver energia das
ondas eletromagnéticas emitidas pela etiqueta RFID [11],
também foi observado o valor médio da SAR, com o objetivo
de verificar se os limites especificados pela Comissão
Internacional de Proteção Contra Radiação Não Ionizante
(ICNIRP – International Commission on Non-Ionizing
Radiation Protection) estavam sendo atendidos. Os valores
desses limites para a faixa de frequência entre 10 MHz e 10
GHz, na qual está inserida a frequência de operação de 915 Fig. 8. Comportamento da SAR no substrato da etiqueta RFID com
MHz, estão descritos na Tabela II [12]. metamaterial na frequência de 915 MHz.

TABELA II. VALORES LIMITES DA SAR ENTRE 10 MHZ E 10 GHZ B. Confecção


SAR Localizada SAR Localizada Para confecção da etiqueta com estruturas metamateriais,
Tipo de Exposição (Cabeça e Tronco) (Membros) utilizou-se o processo de corrosão da face cobreada do
(W.kg-1) (W.kg-1) laminado de poli-imida, contendo o layout da etiqueta, por
Ocupacional 10 20 meio de solução de percloreto de ferro. Posteriormente,
realizou-se o corte do substrato e a soldagem do chip. Fig. 9
Público em Geral 2 4 ilustra a etiqueta confeccionada, na qual se deixou uma

661
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

pequena margem de substrato no processo de fabricação A etiqueta RFID foi colada ao corpo por meio de uma fita
manual, com o objetivo de evitar o corte da camada condutora. dupla face fina. A posição da etiqueta sobre o abdômen foi
variada entre as três posições indicadas em Fig. 12, com o
objetivo de observar em qual posição seria possível ler as
etiquetas com um maior alcance. A posição 1 refere-se à borda
superior da etiqueta colocada logo abaixo do esterno, a posição
2 com ela colocada aproximadamente a quatro dedos abaixo do
esterno e a posição 3 com sua borda inferior estando
Fig. 9. Etiqueta RFID confeccionada.
aproximadamente a três dedos acima da cicatriz umbilical. O
alcance máximo obtido em cada uma dessas medições está
presente na Tabela III.
III. RESULTADOS DE MEDIÇÕES
Um teste inicial foi realizado com a etiqueta confeccionada
com o objetivo de verificar o seu funcionamento e obter o seu
alcance de leitura máximo por meio do leitor RFID. Fig. 10
ilustra a configuração dessa medição, na qual foi variada a
distância entre a etiqueta RFID e a antena conectada ao leitor
de rede Intermec IF2 (dl) para obtenção do valor do alcance de
leitura máximo. A antena utilizada, conectada ao leitor, foi a
antena Laird PAL90209H, cujo ganho é de 9 dBic e opera na
faixa de frequência de 902 a 928 MHz, estando em Fig. 12. Posições da etiqueta RFID sobre o abdômen (adaptado de [13]). A
posição 1 refere-se à borda superior da etiqueta colocada logo abaixo do
conformidade com a frequência de operação (915 MHz). Para esterno, a posição 2 com ela colocada aproximadamente a quatro dedos abaixo
essa medição inicial, o alcance de leitura máximo obtido foi de do esterno e a posição 3 com sua borda inferior estando aproximadamente a
0,97 m. três dedos acima da cicatriz umbilical.

TABELA III. ALCANCE DE LEITURA MÁXIMO DA ETIQUETA RFID


Posição da Etiqueta Alcance de Leitura
Medição
sobre o Abdômen Máximo (m)
Sem o corpo humano - 0,97
1 0,70
Com o corpo humano 2 0,65
3 1,04

Fig. 10. Configuração do teste inicial.


De acordo com os dados descritos na Tabela III, observa-se
Posteriormente, foi realizada a medição com a etiqueta que foi possível obter um alcance de leitura maior com a
sobre o corpo humano, mais especificamente sobre o abdômen, etiqueta RFID na posição 3 sobre o abdômen. Percebe-se que
de modo similar à configuração ilustrada em Fig. 11, uma vez os valores de alcance obtidos nessa configuração e sem
que o intuito é utilizá-la para aplicações biomédicas, como para considerar o corpo humano foram próximos (aproximadamente
o monitoramento da frequência respiratória, estando o 1 m). Nota-se ainda que todas as distâncias foram maiores do
participante em repouso e sentado. que 20 cm, respeitando, assim, a exigência da Comissão
Para a realização desses experimentos, o projeto foi Federal de Comunicações (FCC – Federal Communications
submetido a avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa do Commission) de uma distância mínima de 20 cm entre a antena
Hospital Universitário Alcides Carneiro (CEP-HUAC), sendo transmissora e o corpo humano [14].
aprovado e registrado sob o número de parecer 3.742.182 e A diferença entre os alcances de leitura máximos obtidos
número de Certificado de Apresentação para Apreciação Ética nas medições e o valor obtido por meio dos dados de simulação
(CAAE) 21811419.3.0000.5182. (14,09 m) pode ser devido a falhas no processo de fabricação
manual, tais como (1) a precisão no corte do substrato e do
adesivo, o que altera as dimensões e, consequentemente, a
frequência de ressonância, (2) a solução de percloreto de ferro
pode penetrar nas bordas do adesivo durante o processo de
corrosão e (3) interferências eletromagnéticas no ambiente de
medição.
Em relação à SAR da etiqueta confeccionada, não foi
possível realizar sua medição pelo fato de não dispor do
equipamento necessário para esse teste.

Fig. 11. Configuração de medição considerando o corpo humano.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

IV. CONCLUSÕES [4] Z. Zhi-yuan, R. He and T. Jie, "A method for optimizing the position of
passive UHF RFID tags," 2010 IEEE International Conference on RFID-
Neste artigo foi proposta uma etiqueta RFID passiva para Technology and Applications, Guangzhou, 2010, pp. 92-95.
aplicações biomédicas, a qual utiliza o substrato flexível de [5] V. Rajeshkumar and S. Raghavan, "A compact CSRR loaded dual band
poli-imida. Mostrou-se que, com a inserção de estruturas microstrip patch antenna for wireless applications," 2013 IEEE
metamateriais, é possível melhorar o desempenho da etiqueta, International Conference on Computational Intelligence and Computing
Research, Enathi, 2013, pp. 1-4.
como aumentar o valor máximo de seu ganho e,
consequentemente, seu alcance de leitura. O alcance de leitura [6] J. C. Su, X. J. Huang and M. S. Tong, "A metamaterial-inspired
structure for UHF RFID tag antenna," 2018 Progress in
máximo obtido, a partir dos dados de simulação, foi de 14,09 Electromagnetics Research Symposium (PIERS-Toyama), Toyama,
m. No entanto, na medição com a etiqueta RFID na posição 3 2018, pp. 1395-1398.
sobre o abdômen do participante, o alcance de leitura máximo [7] NXP. SL3S4011_4021: UCODE I²C [Online]. Disponível em:
obtido foi de 1,04 m. Verificou-se também, por meio de https://www.nxp.com/products/identification-and-security/smart-label-
simulação, que, após a inserção das estruturas metamateriais, and-tag-ics/ucode/ucode-ic:SL3S4011_4021 [Acessado em 25 Jun.
foi possível obter um valor médio da SAR que obedeceu aos 2019].
limites estabelecidos pela ICNIRP. [8] M. Riaz, G. Rymar, M. Ghavami and S. Dudley, "A novel design of
UHF RFID passive tag antenna targeting smart cards limited area," 2018
IEEE International Conference on Consumer Electronics (ICCE), Las
AGRADECIMENTOS Vegas, NV, 2018, pp. 1-4.
[9] I. Aznabet, M. Ennasar, O. El Mrabet, S. Tedjini and M. Khalladi,
Os autores agradecem à COPELE/UFCG e ao CNPq pelo "Meander-line UHF RFID tag antenna loaded with split ring rersonator,"
apoio institucional e financeiro e à Simões, que trabalha no 2016 5th International Conference on Multimedia Computing and
Embedded/DEE/UFCG, pela soldagem do chip da etiqueta Systems (ICMCS), Marrakech, 2016, pp. 757-759.
RFID, sem os quais este artigo não seria possível. [10] F. Paredes, G. Zamora, T. M. Nguyen, F. Martín and J. Bonache, "A
novel design strategy for small on-metal UHF-RFID tags with long read
range based on Complementary Split-Ring Resonator (CSRR)," 2018
REFERÊNCIAS 48th European Microwave Conference (EuMC), Madrid, 2018, pp. 985-
989.
[1] W. Mongan et al., "A multi-disciplinary framework for continuous [11] D. D. Arumugam and a. D. W. Engels, "Impacts of RF radiation on the
biomedical monitoring using low-power passive RFID-based wireless human body in a passive RFID environment," 2008 IEEE Antennas and
wearable sensors," 2016 IEEE International Conference on Smart Propagation Society International Symposium, San Diego, CA, 2008,
Computing (SMARTCOMP), St. Louis, MO, 2016, pp. 1-6. pp. 1-4.
[2] Y. Hou, Y. Wang and Y. Zheng, "TagBreathe: monitor breathing with [12] International Commission on Non-Ionizing Radiation Protection,
commodity RFID systems," 2017 IEEE 37th International Conference “Guidelines for limiting exposure to time-varying electric, magnetic, and
on Distributed Computing Systems (ICDCS), Atlanta, GA, 2017, pp. electromagnetic fields (up to 300 GHz),” Health Physics, vol. 74, no. 4,
404-413. pp. 494-522, Abril de 1998.
[3] M. C. Caccami, C. Miozzi, M. Y. S. Mulla, C. Di Natale and G. [13] P. A. Potter and A. G. Perry, Fundamentos de Enfermagem, 8th ed. Rio
Marrocco, "An epidermal graphene oxide-based RFID sensor for the de Janeiro: Elsevier, 2013.
wireless analysis of human breath," 2017 IEEE International Conference [14] Federal Communications Commission. FCC review of RF exposure
on RFID Technology & Application (RFID-TA), Warsaw, 2017, pp. policies [Online]. Disponível em: https://www.fcc.gov/document/fcc-
191-195. review-rf-exposure-policies [Acessado em 02 Jan. 2020].

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Etiqueta RFID UHF Flexível com Metamaterial


para Detecção de Movimento
Samuel M. A. Morais, Jéssyca I. L. Araujo, Camila C. R. Albuquerque, Alexandre J. R. Serres,
Helder A. Pereira, Georgina K. F. Serres, Danilo F. S. Santos
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
Campina Grande, Brasil
samuel.morais@ee.ufcg.edu.br

Resumo—Neste artigo, propõe-se uma etiqueta RFID, ope- Neste artigo, propõe-se uma etiqueta RFID UHF flexível
rando na banda UHF, para detecção do movimento humano. a qual possui componentes básicos dos meios metamateriais,
As simulações foram realizadas no software ANSYS® Electronics conhecidos como CSRRs (do inglês, Complementary Slip-
Desktop, considerando os seguintes parâmetros de desempenho:
coeficiente de reflexão, ganho e taxa de absorção específica Ring Resonators), aplicados ao seu plano refletor para apri-
de energia eletromagnética pelo corpo. A adição de estruturas moramento do alcance de leitura. Está organizado da seguinte
metamateriais (CSRRs) ao plano refletor da etiqueta permitiu forma: na Seção II é apresentada a caracterização do substrato
aumentar o ganho e o alcance de leitura em até 25 % quando que consiste em monômero de etileno-propileno-dieno (EPDM
comparados com a etiqueta sem as estruturas metamateriais. – Ethylene Propylene Diene Methylene), bem como a compa-
Aplicando-se a etiqueta sobre o corpo e avaliando o RSSI com
o tempo, foi possível validar sua aplicabilidade na detecção dos ração entre os resultados de simulação da etiqueta proposta
movimentos humanos. antes e depois de adicionados os CSRRs. Na Seção III são
Palavras-chave—Alcance, Detecção, Metamaterial, Movimen- apresentados os testes de aplicação da etiqueta na detecção
tos humanos, Simulação, RFID. do movimento humano e os resultados obtidos. Finalmente,
as conclusões são apresentadas na Seção IV.
I. I NTRODUÇÃO
A identificação por radiofrequência (RFID – Radio- II. E TIQUETA PROPOSTA
Frequency IDentification) consiste na utilização da reflexão Nesta seção, descreve-se em detalhes o processo de caracte-
das ondas de rádio, um fenômeno conhecido como retroespa- rização do substrato utilizado para confecção da etiqueta (Sub-
lhamento, para a identificação de objetos ou pessoas [1]. seção II-A), as configurações das simulações realizadas (Sub-
Com os avanços nos estudos de materiais flexíveis para seção II-B) e a inserção dos elementos CRRs para melhoria
fabricação de dispositivos utilizados em rádio-frequência (RF), do desempenho da etiqueta proposta (Subseção II-C).
a tecnologia RFID tem expandido seu campo de aplicação,
incluindo, por exemplo, aplicações em redes de sensores A. Caracterização do Substrato
sem fio para a área corporal (WBAN – Wireless Body-Area A borracha de EPDM é comumente utilizada em sistemas
Network) [2]–[4]. Acoplando a capacidade de sensoriamento RFID para aplicações no corpo e suas vantagens incluem [10]:
dessa tecnologia à característica passiva das etiquetas, os resistência ao calor e à radiação ultravioleta e alta flexibilidade
sistemas RFID surgem como uma importante alternativa na a baixas temperaturas. As curvas de permissividade e tangente
redução de custos e complexidade dessas aplicações. de perdas, dentro da faixa de 500 MHz e 1 GHz, obtidas com
Contudo, o corpo humano influencia diretamente no de- a caracterização do EPDM, são apresentadas na Figura 1.
sempenho da etiqueta em termos de eficiência de irradiação
[5], [6]. O ganho de uma etiqueta RFID está diretamente
relacionado ao seu alcance de leitura e, consequentemente,
à portabilidade do sistema [7]. Dessa forma, quanto maior o
alcance de leitura da etiqueta, menor a quantidade de leito-
res necessários no ambiente para permitir uma comunicação
contínua.
A aplicação de estruturas metamateriais à geometria de an-
tenas e etiquetas RFID tem sido objeto de estudo na literatura
recentemente. Essas estruturas sintéticas − por apresentarem
propriedades de permissividade negativa, permeabilidade ne-
gativa ou ambos − promovem uma melhoria nos principais
parâmetros de desempenho desses dispositivos, tais como Figura 1: Curvas de permissividade e tangente de perdas para
ganho, diretividade e largura de faixa, por exemplo [8], [9]. a borracha de EPDM.

664
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

As curvas foram obtidas pelos autores a partir da caracteri-


zação do susbtrato pelo método da sonda coaxial em aberto.
Por meio de um processo de interpolação linear, foram
obtidos, a 915 MHz, os seguintes valores de permissividade
relativa e tangente de perdas: εr = 1,30 e tan δ = 0,0064.

B. Simulação
Com as propriedades dielétricas do substrato, o passo se-
guinte foi o processo de simulação da etiqueta no software
ANSYS® Electronics Desktop. Para a estrutura ilustrada na
Figura 2a, utilizou-se a técnica de casamento de impedância
com uma fenda em forma de H invertido [11], na qual a Figura 3: Coeficiente de reflexão (S11 ) em função da frequên-
impedância de entrada da etiqueta pode ser alterada a partir cia para a etiqueta descrita na Figura 2.
da variação das dimensões da fenda. As camadas simuladas
da etiqueta estão definidas na vista lateral (Figura 2b).

Figura 4: SAR ao longo da estrutura da etiqueta (a 915 MHz).


(a)

específica (SAR – Specific Absorption Rate) ao longo da


estrutura da etiqueta, conforme ilustrado na Figura 4.
Os limites de absorção de energia eletromagnética pelo
corpo são definidos pela Comissão Internacional de Proteção à
Radiação Não-Ionizante (ICNIRP – International Commission
on Non-Ionizing Radiation Protection) de acordo com a faixa
(b) de frequência da radiação [13]. Para a faixa entre 10 MHz
Figura 2: Vistas (a) frontal e (b) lateral da etiqueta proposta. e 10 GHz e para aplicações em membros do corpo, a SAR
máxima é limitada a 4 W/kg. Com a simulação da etiqueta,
Os valores de cada um dos parâmetros que compõem a obteve-se um valor máximo de 0, 00235 W/kg para esse parâ-
estrutura da etiqueta estão descritos na Tabela I. metro, o que atende ao limite definido.
Para a etiqueta descrita na Figura 2, o diagrama de irradia-
Tabela I: Dimensões da estrutura proposta (em mm). ção 3D está ilustrado na Figura 5. O diagrama apresenta um
comportamento omnidirecional, semelhante a uma antena di-
w h ws hs
75,00 20,00 48,00 4,00 polo, com ganho máximo de −3, 35 dBi na direção θ = 180◦ .

O chip utilizado na etiqueta foi o SL3S4021 da NXP®. Para


a frequência de 915 MHz, esse chip apresenta uma impedância
característica Zchip = 12, 7 − j199 Ω [12].
A curva do coeficiente de reflexão (S11 ) na porta 1 (chip)
em função da frequência para a etiqueta descrita na Figura 2
é apresentada na Figura 3, do qual é possível verificar a
frequência de ressonância de 915 MHz com S11 = −30, 76 dB.
Percebe-se ainda que na faixa de 638 MHz a 1, 103 GHz, o
coeficiente de reflexão está abaixo de −10 dB, definindo assim
uma largura de faixa de 465 MHz.
Quanto à absorção de energia eletromagnética pelo corpo
humano, avaliou-se o comportamento da taxa de absorção Figura 5: Diagrama de irradiação 3D da etiqueta.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

C. Inserção dos CSRRs


Duas células CSRRs foram adicionadas ao plano refletor da
etiqueta RFID com o objetivo de aumentar o valor máximo
do ganho e, consequentemente, o alcance. O plano refletor
da etiqueta, após a inserção dessas estruturas, está ilustrado
na Figura 6 e as novas dimensões necessárias para atingir
a frequência de ressonância em 915 MHz estão definidas na
Tabela II.

Figura 8: Diagrama de irradiação 3D da etiqueta com CSRRs.

Figura 6: Plano refletor da etiqueta com o par de CSRRs.

Tabela II: Dimensões da estrutura proposta (em mm).

w h ws hs D d a
91,82 20,00 45,5 3,73 16,00 8,00 2,00

Na Figura 7, as curvas do coeficiente de reflexão de ambas


as etiquetas são comparadas. Em termos de desempenho,
ambas as etiquetas alcançaram um valor similar para o S11
na frequência de ressonância de 915 MHz (S11 = −30, 76 dB
sem os ressoadores e S11 = −30, 87 dB após a sua inserção).

Figura 9: Diagramas de irradiação 2D (Plano E) da etiqueta


com e sem CSRRs.

r
λ EIRP · G · τ
AL = (1)
4π Pc
em que λ representa o comprimento de onda (mm), EIRP a
potência equivalente isotropicamente irradiada (EIRP – Equi-
Figura 7: Comparação entre os coeficientes de reflexão simu- valent Isotropic Radiated Power), determinada por regulações
lados da etiqueta antes e depois da inserção dos CSRRs. locais (por exemplo, 3, 3 W na Europa e 4 W nas Américas), G
o ganho da etiqueta, τ representa a potência do coeficiente de
Com a aplicação dos ressoadores, o diagrama de irradiação transmissão, que pode ser calculado a partir do coeficiente de
da etiqueta continuou com a mesma distribuição ominidireci- reflexão como sendo τ = 1 − |S11 |2 e Pc a potência mínima
onal, como pode ser observado na Figura 8. No entanto, foi necessária para ativar o chip (15.85 µW nesse caso [7]).
possível obter um ganho máximo de −0, 81 dBi na direção A partir da Equação (1), as curvas de alcance de leitura
θ = 180◦ , um aumento de 2, 54 dBi quando comparado com a das duas etiquetas são definidas e comparadas na Figura 10.
etiqueta ilustrada na Figura 5. Isso ocorreu devido à melhoria É possível notar que, para toda faixa de frequência simulada
na eficiência de irradiação de 0, 24 para 0, 41, como obtido entre 700 MHz e 1 GHz, a etiqueta com o par de CSRRs no
por meio da realização de simulações. plano refletor apresentou um alcance maior em comparação
Na Figura 9 é ilustrado o diagrama de irradiação 2D (plano à etiqueta sem metamaterial. Na frequência de 915 MHz,
E) de ambas as etiquetas (com e sem CSRRs), a partir do qual a etiqueta com os ressoadores atingiu um alcance máximo
é possível avaliar, por comparação direta, o aumento do ganho simulado de 11, 94 m contra 8, 91 m da etiqueta sem ressoa-
na direção mencionada. dores. Comparando com o atual estado da arte [7], a etiqueta
O alcance de leitura (AL), em mm, de uma etiqueta RFID proposta, mesmo com um material de altas perdas como a
é definido pela Equação (1): borracha de EPDM, conseguiu atingir um alcance de leitura

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

comparável a uma etiqueta produzida em um material mais do leitor utilizado. Esses movimentos foram repetidos a cada
caro, não-flexível e com menos perdas. Além disso, a etiqueta 2 s, correspondendo a uma taxa de 0, 5 Hz. Em cada caso, a
com CSRRs, proposta neste artigo, é 26, 5 % menor em área. antena do leitor foi posicionada à máxima distância da etiqueta
que permitiu a leitura.
Na primeira configuração de medição, com a etiqueta
colocada sobre o antebraço direito da pessoa sob teste, o
movimento indicado na Figura 12 foi executado.

Figura 10: Alcance de leitura simulado da etiqueta antes e


depois da inserção dos CSRRs.

Quanto à absorção de energia eletromagnética pelo corpo


humano, avaliou-se também o comportamento da SAR ao
longo da estrutura dessa etiqueta, como ilustrado na Figura 11,
obtendo-se um valor máximo de 1, 22 W/kg, o que, apesar de
representar um aumento em relação à etiqueta sem metamate-
rial (0, 00235 W/kg), ainda atende aos limites para aplicações
Figura 12: Movimento realizado com a etiqueta sobre o
localizadas em membros do corpo humano (4 W/kg).
antebraço direito.

A medição da variação do RSSI com relação ao tempo


foi realizada a uma distância de aproximadamente 74 cm da
antena do leitor, inicialmente com o braço estático e em
seguida com o movimento sendo realizado. As duas curvas
são apresentadas na Figura 13, pelas quais é possível verificar
que, enquanto o braço se mantém na posição estática, o
valor do RSSI permanece praticamente constante em torno de
−58 dBm. No momento em que o movimento é realizado, esse
parâmetro começa a variar periodicamente entre −57 dBm e
−64 dBm, com um período T ≈ 2 s, correspondente ao mesmo
Figura 11: SAR ao longo da estrutura da etiqueta com CSRRs período do movimento.
(a 915 MHz).

III. T ESTES DE VALIDAÇÃO


Testes de validação foram realizados no Laboratório de Me-
trologia da Universidade Federal de Campina Grande (LAB-
MET/UFCG) para verificar a capacidade da etiqueta de de-
tectar movimentos humanos na frequência desejada. Para
esse propósito, utilizou-se uma antena de polarização circu-
lar (Laird® PAL90209H) com ganho de 9 dBic na faixa de
frequência UHF americana (902 − 928 MHz) conectada ao
leitor RFID (Honeywell® Intermec 1009FF01).
Os testes consistiram em colocar a etiqueta sobre o braço Figura 13: Curvas do RSSI em função do tempo para a etiqueta
e, depois, a perna da pessoa sob teste (usando fita adesiva sobre o antebraço direito.
para adesão). Para cada caso, foi realizado um movimento
contínuo e periódico enquanto era feita a coleta dos dados de Em seguida, o mesmo foi realizado com a etiqueta sobre a
potência do sinal recebido da etiqueta (RSSI – Recieved Signal perna direita da pessoa sob teste e o movimento realizado está
Strengh Indicator) em função do tempo por meio do software indicado na Figura 14.

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de −3, 35 dBi para −0, 81 dBi na direção θ = 180◦ , devido à


melhoria na eficiência de irradiação da etiqueta após a inserção
das estruturas metamateriais. Esse aumento no ganho, pro-
porcionou, consequentemente, um aprimoramento no alcance
de leitura teórico da etiqueta, de 8, 91 m para 11, 94 m na
frequência de operação. Na prática, no entanto, esse alcance é
bastante degradado pelas falhas inseridas na fabricação manual
da etiqueta, chegando apenas próximo de 1 metro.
Aplicando-se a etiqueta sobre o corpo, foi avaliada a in-
fluência do movimento do membro ao qual a etiqueta estava
fixada na variação do sinal de RSSI com o tempo, a partir
do qual foi possível validar a aplicabilidade da etiqueta na
detecção desses movimentos.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à COPELE/UFCG e ao CNPq pelo
Figura 14: Movimento realizado com a etiqueta sobre a perna suporte e financiamento, sem os quais o desenvolvimento desta
direita. pesquisa não seria possível.
R EFERÊNCIAS
Dessa vez, foi possível realizar a medição a uma distância [1] V. D. Hunt, A. Puglia e M. Puglia, RFID: A Guide to Radio Frequency
Identification, 1 ed., vol. 1. New Jersey: Wiley, 2007, pp.1–23.
de aproximadamente 1 m da antena do leitor. As duas curvas [2] C. Occhiuzzi, S. Cippitelli e G. Marrocco, "Modeling, Design and
são apresentadas na Figura 15, pelas quais é possível verificar Experimentation of Wearable RFID Sensor Tag,"in IEEE Transactions
que, enquanto a perna se mantém na posição estática, o on Antennas and Propagation, vol. 58, no. 8, pp. 2490-2498, Agosto
2010.
valor do RSSI permanece praticamente constante em torno [3] S. M. A. Morais, J. I. L. Araujo, A. J. R. Serres, C. C. R. de
de −58 dBm. No momento em que o movimento é realizado, Albuquerque, M. P. Santos e J. N. Carvalho, "Flexible UHF RFID
esse parâmetro começa a variar com uma tendência periódica Tag for Human Body Motion Detection,"IEEE MTT-S Latin America
Microwave Conference (LAMC), Arequipa, Peru, 2018, pp. 1-3.
entre −57 dBm e −66 dBm, com um período T ≈ 2 s. [4] J. I. L. Araujo et al., "Passive RFID Tag for Respiratory Frequency Mo-
nitoring,"International Symposium on Instrumentation Systems, Circuits
and Transducers (INSCIT), Bento Goncalves, 2018, pp. 1-5.
[5] A. Rashee, E. Iranmanes, W. Li, X. Fen, A. S. Andrenk e K. Wan,
"Experimental study of human body effect on temperature sensor inte-
grated RFID tag,"IEEE International Conference on RFID Technology
Application (RFID-TA), Warsaw, 2017, pp. 243-247.
[6] Z. Wei et al., "Comparison of wearable passive UHF RFID tags based
on electro-textile dipole and patch antennas in body-worn configurati-
ons,"IEEE Radio and Wireless Symposium (RWS), Phoenix, AZ, 2017,
pp. 204-206.
[7] F. Paredes, G. Zamora, T. M. Nguyen, F. Martín e J. Bonache, "A
Novel Design Strategy for Small On-Metal UHF-RFID Tags with
Long Read Range based on Complementary Split-Ring Resonator
(CSRR),"European Microwave Conference (EuMC), Madrid, 2018, pp.
985-989.
[8] R. Pandeeswari e S. Raghavan, "Microstrip antenna with complementary
Figura 15: Curvas do RSSI em função do tempo para a etiqueta split ring resonator loaded ground plane for gain enhancement,"in
Microwave and Optical Technology Letters, vol. 57, no. 2, pp. 292-296,
sobre a perna direita. 2015.
[9] S. Patel e Y. Kosta, "Complementary split ring resonator metamaterial to
achieve multifrequency operation in microstrip-based radiating structure
IV. C ONCLUSÕES design,"in Journal of Modern Optics. vol. 61, 2014.
[10] A. Majeed e V. Vijayakumar, "Mechanical, Thermal and Electrical
Uma etiqueta RFID flexível, desenvolvida em substrato de Properties of EPDM/Silicone blend Nanocomposites,"in International
borracha de EPDM e operando na frequência de 915 MHz, Journal of Engineering Research and Applications. vol. 3, pp. 1177-
1180, 2013.
foi proposta neste trabalho para aplicação na detecção do [11] T. Phatarachaisakul, T. Pumpoung, C. Phongcharoenpanich e S. Ko-
movimento humano. O substrato utilizado foi caracterizado sulvit, "Tag antenna using printed dipole with H-slot for UHF RFID
por meio do método da sonda coaxial aberta para obter suas applications,"International Electrical Engineering Congress (iEECON),
Chonburi, 2014, pp. 1-4.
características dielétricas e as simulações foram realizadas [12] NXP, "SL3S4011_4021,"SL3S4021 datasheet, Jun. 2011 [Revised May
no software ANSYS® Electronics Desktop, avaliando-se o 2017].
desempenho da etiqueta em termos de coeficiente de reflexão, [13] A. Ahlbom, “Guidelines for limiting exposure to time-varying electric,
magnetic, and electromagnetic fields (up to 300 GHz). International
ganho e SAR. Commission on Non-Ionizing Radiation Protection,” in Health physics,
A aplicação de um par de anéis CSRRs ao plano refletor vol. 74, no. 4, pp. 494-522, 1998.
da etiqueta permitiu aumentar o ganho máximo da estrutura

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Eficiência da estrutura EBG para atenuação do


SSN

Dalcin, Jean Carlos Bortoli Bonfim, Marlio Jose do Couto


Laboratório de Magnetismo, Medidas e Instrumentação Laboratório de Magnetismo, Medidas e Instrumentação
Universidade Federal do Paraná Universidade Federal do Paraná
Curitiba, Brasil Curitiba, Brasil
jean.dalcin@ifc.edu.br marliob@eletrica.ufpr.br

Resumo — Com o desenvolvimento da eletrônica digital e de principalmente quando há uma troca de plano de referência do
potência, que operam em frequências cada vez mais elevadas, há sinal. Dessa forma, o SSN tornou-se um gargalo limitante para
uma necessidade de pesquisas constantes para atenuação de o desenvolvimento de circuitos digitais mais complexos [1],
ruídos eletromagnéticos. Dentre estes, o ruído Simultaneous para a obtenção de uma boa Integridade de Sinal (SI) e para os
Switching Noise é um dos maiores problemas para o requisitos de Compatibilidade Eletromagnética (EMC) .
desenvolvimento de placas em alta frequência multicamadas.
Este ruído gera uma radiação que se propaga por toda a placa Diversos métodos são propostos para reduzir o ruído SSN,
utilizando as camadas de energia como guia de onda e afeta como inserir os capacitores de desacoplamento que
principalmente os sinais que transitam pelas vias de proporcionam um caminho de baixa impedância para
interconecção entre as diversas camadas da placa provocando a correntes de retorno. Porém, capacitores reais possuem
deterioração da integridade de sinal dos dispositivos eletrônicos. elementos parasitas (indutâncias e resistências), formando uma
Existem diversos métodos para atenuação desse ruído, sendo que estrutura RLC série, que limitam a eficiência de filtragem em
um dos mais estudados é a estrutura eletromagnetic bandgap por altas frequências. Logo a impedância decai até os pontos de
sua capacidade de atenuação em frequências acima de 1 GHz. ressonância dos capacitores e após esse ponto passa a
Este artigo explora através de simulações eletromagnéticas a aumentar, de modo que, acima dessa frequência o uso de um
eficiência desta estrutura na atenuação do ruído em regiões que único capacitor para realizar o desacoplamento é ineficiente.
possuem vias de passagem. Através de simulações de campo
Com isso, uma solução para esse problema é trabalhar com
próximo elétrico, magnético e análise do Diagrama de Olho, é
verificado que a placa que utiliza a estrutura EBG obtém um
múltiplos capacitores em paralelo, podendo ser todos do
resultado na SNR de 4,8 vezes melhor e uma redução de 30% do mesmo valor ou ter seus valores espaçados por década [2] .
campo elétrico na região em torno da via de passagem, quando A estrutura de eletromagnetic bandgap (EBG) é um campo
comparada à uma estrutura convencional. Em etapa futura de estudo em investigação nas últimas décadas para diversas
serão realizados estudos experimentais na estrutura, de modo a aplicações, dentre elas como um filtro rejeita-faixa em
validar os dados obtidos nas simulações. frequência de micro-ondas [3] . As estruturas de filtro de EBG
podem ser divididas em duas categorias: mushroom-like EBG
Keywords— eletromagnetic band-gap, SSN, PCB multilayer,
[3] e planar EBG [1]. A primeira categoria é também
electromagnetic interference (EMI), signal integridy (SI)
conhecida por high impedance surface (HIS), foi proposta no
trabalho de Sievenpiper [4] e possui uma boa atenuação de
I. INTRODUÇÃO SSN. No entanto, devido ao seu custo de produção, tendo em
Os circuitos integrados com tecnologia CMOS utilizados vista que é necessária uma camada extra na placa entre as
nas placas de circuito impresso (PCB) multicamadas estão camadas de energia, acaba não sendo tão viável. A topologia
operando com uma taxa crescente de velocidade, com tempo de planar EBG torna-se mais interessante pois não necessita de
transição lógico cada vez menor, além do progressivo aumento uma camada extra e possibilita uma filtragem eficiente em uma
da densidade de integração e diferentes funções no mesmo larga faixa de frequências, melhorando a integridade dos sinais.
circuito integrado (CI). No entanto, esse crescimento das Dessa forma, o principal objetivo deste trabalho é
comutações internas dos dispositivos dos circuitos digitais demonstrar a eficiência de uma estrutura planar EBG para
acarreta um ruído de alta frequência conhecido como atenuar o SSN em relação a uma estrutura de referência.
Simultaneous Switching Noise (SSN) que é proporcional à Assim, são propostas duas placas de 4 camadas, uma das placas
frequência de operação e a magnitude da corrente de transição será a referência e outra contemplará uma EBG. A análise
de níveis lógicos. neste primeiro momento é realizada através do software de
Consoante ao fato do crescimento da densidade de simulação eletromagnética ADS da empresa Keysight. Foram
componentes eletrônicos nas placas, é comum utilizar vias de realizadas simulações eletromagnéticas para avaliar aspectos da
passagem para estabelecer uma interconexão entre os integridade de sinal e campo próximo. Esse artigo está
dispositivos das camadas superiores e inferiores da PCB e organizado em cinco tópicos: tópico um introdução; no tópico
reduzir o tamanho das trilhas. Contudo, essa via de sinal é a dois é explicado como é gerado o SSN e suas formas de
estrutura mais sensível ao acoplamento do ruído SSN, acoplamento; o tópico três apresenta a estrutura da EBG

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escolhida e suas funcionalidades; tópico quatro trata dos frequência. O formato e as características, tais como: tamanho
resultados obtidos e discussões e por fim a conclusão. das trilhas, distância entre elas e a espessura do dielétrico,
determinam as características de indutâncias e capacitâncias na
II. SIMULTANEOUS SWITCHING NOISE célula EBG e atuam como um conjunto de circuitos
ressonantes LC de forma a suprimir a propagação de ondas
O SSN é geralmente produzido pelos sinais elétricos de alta eletromagnéticas de superfície em uma larga faixa de
velocidade quando há uma troca de estados das portas lógicas frequência [5].
com tecnologia CMOS nos circuitos digitais. Conforme é visto
na Fig. 1, o sinal ao atravessar uma via entre as camadas da
PCB causa uma radiação que é conhecida como SSN [3]. IV. MATERIAIS E METODOS
Para verificar o desempenho da proposta, foram realizadas
simulações de onda completa usando o finite element method
(FEM) do software ADS. As estruturas de testes são compostas
por duas placas de espessura de 1 mm, com a dimensão de
60x60 mm de material FR4. As PCBs são formadas por quatro
camadas onde as duas externas são de sinal e as duas internas
de energia, conforme é demonstrado na Fig.2. Além disso,
todas as trilhas e vias estão ajustadas para a impedância de 50
ohms, de forma a minimizar as reflexões.

Fig.1. Representação da propagação do SSN em uma placa multicamada


adaptada de Shahparnia [3].

Essa radiação se propaga como um campo eletromagnético,


confinado entre os planos sólidos de energia da PCB nos
modos ressonantes, produzindo picos de alta impedância que
bloqueiam a corrente de retorno do sinal das vias que
interligam a placa em suas diferentes camadas e assim resultam
em flutuações de energia e deterioração da integridade de sinal.
Por fim, ao chegar na extremidade da placa, o ruído é irradiado
Fig.2. Camadas e espessuras dos modelos das placas de testes.
e eventualmente gera interferência eletromagnética em outros
circuitos [3]. Uma dessas placas é formada pela estrutura da planar EBG
na camada Power e a camada Ground é continua. A outra PCB
III. ELETROMAGNETIC BAND-GAP será utilizada como referência, com as camadas de energia
Power e Ground sem nenhuma ranhura. Atualmente existem
O EBG é definido como uma estrutura padronizada, com diversas propostas de EBG para as mais diversas finalidades e
repetições periódicas pela extensão da PCB, sendo que operam com diferentes faixas de frequências. Neste
desenvolvido em materiais dielétricos e/ou condutores trabalho é utilizada a proposta de Zuo [1], onde na Fig.3 é
metálicos que auxiliam ou bloqueiam a propagação de ondas representada uma única célula (fora de escala) com suas
eletromagnéticas de superfície dentro de uma faixa de respectivas dimensões
frequência específica, assim reduzindo a radiação de campo
próximo; cada elemento é conectado ao adjacente através de
uma trilha que pode assumir diferentes formas [5].
O conceito se originou a partir da estrutura photonic band
gap que é utilizada no campo de estudo de desenvolvimento de
antenas [6]. No entanto, graças as suas características eficazes
para supressão de ruído em frequências acima de 1 GHz e a
larga faixa de frequência de atenuação, a sua utilização foi
estendida para aplicações a problemas de integridade de
energia (PI), SI e para atenuação de SSN em placas de circuito
impresso, onde as técnicas usuais de desacoplamento com
capacitores discretos e/ou capacitores de placas paralelas se
mostram ineficazes [5].
Tradicionalmente um projeto de placa multicamadas de
quatro camadas utiliza as duas camadas internas como dois Fig.3. Células EBG utilizadas para atenuação da radiação SSN, medidas
planos sólidos adjacentes sem ranhuras empregados para em milímetros adaptada de Zuo [1]
fornecimento de energia. A estrutura EBG é aplicada nessa Na Fig.4. é apresentada a proposta da PCB completa com
camada para atuar como um filtro rejeita faixa em uma faixa de quatro células de EBG. A porta 1 está conectada na camada

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interna de energia Power, sendo através dela que é injetado o -50 dB na faixa de 1 GHz a 5 GHz, algo desejado para
ruído SSN que é gerado utilizando o arquivo IBIS aplicação desse trabalho.
(Input/Output Buffer Information Specification) do circuito
integrado SN74LVC14A. Este ruído se propaga por toda a . S41
extensão da placa utilizando as camadas de energia como
guias de onda.
As portas 2 e 3 estão conectadas entre si através de uma
microstrip sem ter nenhuma conexão física com as camadas de
energia. Conforme é visto na Fig. 4, esse caminho inicia na
porta 2, em uma trilha na camada inferior da PCB passando
para uma trilha na camada superior que utiliza a Via de Sinal 1
para essa interconexão de camadas, retornando para nível
inferior através da Via de Sinal 2 que por fim, chega na porta
3.
Através desse trajeto que é realizado análise de degradação
do sinal, inserindo-se na porta 2 uma sequência binária
pseudo-aleatório de 2,5 Gb/s com amplitude de 0,5V e tempo
de transição de 100 ps. As características de propagação são
analisadas na porta 3, podendo-se assim demonstrar a
eficiência de atenuação do ruído que se propaga pelas camadas
de energia e que alcança as vias de passagem 1 e 2 [7]. A
placa de referência possui as mesmas ligações, porém com as Fig.5. Resposta da perda da inserção das portas 1 para 4. Curva azul a
camadas internas de energia contínuas. placa de referência; curva em vermelha referente a placa EBG.

B. Integridade de Sinal
Uma preocupação no desenvolvimento de projetos de alta
v
frequência é a SI, que analisa a qualidade da transferência da
informação entre os circuitos eletrônicos. Os barramentos de
comunicação entre os microprocessadores ou módulos de
memória com taxas de dados que ultrapassam centenas de
megabits (Mb/s) são desenvolvidos de forma a preservar a
qualidade do sinal digital, possuindo comprimento e
impedâncias controlados, de forma a evitar a reflexão do sinal
[8]
Uma das análises mais utilizadas para avaliar a qualidade
da integridade de sinais é o diagrama de olho, que possui
Fig.4. Proposta da placa e localização das portas parâmetros quantitativos, como o Maximum Eye Open (MEO),
Maximum Eye Width (MEW) e a relação de sinal-ruído (SNR).
V. RESULTADOS O software ADS possui este tipo de análise, que é efetuada a
partir do modelo elétrico equivalente extraído das geometrias
v As simulações foram realizadas na faixa de frequência de da placa (trilhas, vias, conectores) e dos arquivos de parâmetros
0,45 a 18 GHz para obtenção dos dados eletromagnéticos. A IBIS dos componentes eletrônicos. Na Fig.6 e Fig.7 é
partir desses dados em conjunto com o arquivo IBIS do circuito demonstrado o sinal obtido na porta 3, respectivamente, da
integrado foram realizadas análises de integridade de sinal e referência e da estrutura EBG.
campo próximo.
A. Perda de Inserção
O resultado da simulação do parâmetro S Perda de Inserção
é visto na Fig.5. São utilizadas as portas 1 e 4 que estão
conectadas no centro de cada uma das células EBG e
respectivamente na mesma posição na placa referência. Com
essa análise é possível verificar qual é a capacidade de
propagação de sinais elétricos através das duas camadas
internas de energia.
Observa-se na Fig. 5 que na estrutura EBG os sinais com
frequências superiores a 1 GHz são atenuados de forma mais
significativa que na referência, chegando a valores inferiores a

Fig.6. Diagrama de olho na porta 3 da estrutura Referência.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

a)

Fig.7. Diagrama de olho na porta 3 da estrutura EBG


O valor ideal seria o resultado de um sinal MEO de 500
mV, MEW de 400 ps e um SNR infinito. A tabela 1 mostra os
resultados do diagrama de olho obtidos após as simulações
eletromagnéticas da placa de referência e da estrutura EBG. b)

TABELA I
Valores do Diagrama de Olho
Modelos de Placa MEO (mV) MEW (ps) SNR

Placa Ideal 500 400 Inf.

Referência 108 346 3,2

Estrutura EBG 397 386 15,3

Ao analisar os dados aludidos na Tabela 1, conclui-se que a


referência tem um MEO de 21,6% do valor ideal e a estrutura
EBG obteve um resultado de 79,4%. No caso do MEW o sinal
da placa EBG e da referência tem uma degradação de 3,5% e
13,5% respectivamente e o SNR da estrutura EBG é de 4,8
vezes melhor que a da referência. Diante do exposto, o
resultado do diagrama de olho demonstra como um sinal de
dados que transita por uma placa com estrutura EBG é menos
afetado pela radiação que se propaga por sua extensão quando
comparado a uma PCB que não possui esse modelo de filtro. Fig.8. Campo elétrico. (a) radiação da placa de referência a 1,3 GHz (b)
Assim, a estrutura EBG proporciona menos falhas de placa com estrutura EBG a 1,3 GHz
comunicação entre os dispositivos eletrônicos.
Devido ao fato de que as vias de sinal são as estruturas mais
C. Campo Próximo sensíveis ao SSN [7], os dados eletromagnéticos de campos
Para análise do campo próximo foi injetado na Porta próximos são analisados com maior detalhamento em toda a
faixa de frequência, computados em um perímetro de 1 cm² em
1 senoides com 1 V de pico na faixa de frequência de 0,45 a
torno da via, sendo calculadas a média e o desvio padrão destes
18 GHz com espaçamento linear de 0,45 GHz entre elas. Em
dados.
cada frequência o simulador calcula o campo elétrico e
magnético por toda a extensão da PCB, com uma malha do Na Fig.9. são apresentados os gráficos dos resultados
tipo tetraédrica com tamanho médio de aresta de 2 mm. O obtidos da simulação dos campos elétricos em dB(uV/m) na
mapa de campo elétrico resultante da simulação para região entorno da via 1 para as frequências de 0,45 a 18 GHz.
frequência de 1,3 GHz pode ser visto na Fig. 8. Observa-se Observa-se que a placa de referência (linha vermelha)
que na placa de referência (a) a intensidade de campo é bem apresenta um campo elétrico médio que varia de 145 a 166
superior à placa com estrutura EBG (b) em toda sua extensão. dB(µV/m) na faixa de frequência analisada, enquanto a
estrutura EBG tem valores médios que variam de 103 até 140
dB(uV/m). Além disso, é possível verificar que a estrutura

672
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

EBG em determinadas frequências, como em 1,35 GHz, teve VI. CONCLUSÃO


uma atenuação de 51 dB em relação a referência.
Nesse artigo, foi demonstrado através de simulações
eletromagnéticas a eficiência da utilização da estrutura EBG
para atenuar o SSN quando comparado a uma placa que não
] possui essa topologia de filtro. Os resultados simulados
evidenciam que, ao utilizar uma estrutura EBG há uma
supressão de aproximadamente 30% do campo próximo
elétrico nos perímetros do entorno das vias da PCB e uma
redução de quase cinco vezes do campo magnético. Além
disso, a estrutura em estudo demonstrou uma eficiência
expressiva para impedir que os campos eletromagnéticos que
provém da fonte de SSN degradassem a integridade de sinal,
conforme observado no resultado do SNR de 4,8 vezes melhor
na placa com a estrutura EBG em relação a referência. Esses
resultados demonstram a qualidade do filtro para serem
aplicadas em placas multicamadas de forma a minimizar a
interferência eletromagnética entre os circuitos integrados e
assim, melhorar a comunicação de todo o sistema. Por fim, o
Fig.9. Gráfico do campo próximo elétrico de 0,45 GHz a 18 GHz da EBG é um filtro rejeita-faixa com uma larga banda de
estrutura EBG e da referência entorno do perímetro da via de sinal 1. operação, assim é possível com a mesma estrutura o
Na Fig. 10 são apresentados os resultados das simulações desenvolvimento de um projeto eletrônico para uma gama
para o campo magnético da primeira via de passagem em maior de sinais em alta frequência sem a mudança de
dB(A/m) na faixa de 0,45 a 18 GHz. A linha vermelha componentes em relação a propostas de filtros tradicionais.
corresponde à placa de referência e a linha azul a estrutura Para trabalhos futuros, vislumbra-se a realização de estudos
EBG. A placa EBG se manteve com valores de campo experimentais para validação das respostas obtidas nas
magnético médio abaixo de -30 dB(A/m) em quase toda a faixa simulações.
de frequência. Já a PCB de referência apresentou valores
médios em torno de -10 dB(A/m). AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Instituto Federal Catarinense que me
possibilitou o desenvolvimento deste mestrado com o
programa institucional de qualificação de servidores – PIQ/IFC
portaria 865/2019 e ao GICS – UFPR por possibilitar o uso do
software ADS.
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Estimation and Its Reduction Using a Novel EBG for PCB”, IEEE
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Os resultados das simulações para as frequências 0,45 a 18 and Techniques, vol. 47, no 11, 1999, doi: 10.1109/22.798001.
GHz dos campos próximos elétrico e magnético corroboram [5] F. Yang e Y. Rahmat-Samii, Electromagnetic band gap structures in
que a utilização da estrutura EBG atenua a radiação que antenna engineering, vol. 9780521889. 2008, p. 266.
provém da fonte de SSN em uma larga faixa de frequência. [6] L.-F. Shi, Z.-M. Sun, G.-X. Liu, e S. Chen, “Hybrid-Embedded EBG
Structure for Ultrawideband Suppression of SSN”, IEEE Trans.
Esses campos eletromagnéticos se propagam pelas camadas Electromagn. Compat., vol. 60, no 3, p. 747–753, jun. 2018, doi:
internas da PCB, chegando até a localização das vias de sinal 10.1109/TEMC.2017.2743039.
que interconectam a camada superior e inferior da placa. Com [7] J. Park et al., “Modeling and measurement of simultaneous switching
a redução da radiação nesses perímetros é possível obter um noise coupling through signal via transition”, IEEE Transactions on
menor acoplamento do ruído nas correntes de alta frequência Advanced Packaging, vol. 29, no 3, p. 548–559, 2006, doi:
10.1109/TADVP.2006.872996.
que transitam nas trilhas de comunicação, o que resulta em [8] S. H. Hall e H. L. Heck, Advanced Signal Integrity for High-Speed
uma melhoria na qualidade dos dados. Digital Designs. 2008, p. 660.

673
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Virtual Magnetic TL-based Channel Modeling of


SWIPT Systems assisted by MTMs

Jorge Virgilio de Almeida, Eduardo Costa da Silva Carlos A. F. Sartori


and Marbey Manhães Mosso Dept. of Electrical and Automation Engineering
Dept. of Electrical Engineering Polytechnic School of University of São Paulo
Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro São Paulo, Brazil
Rio de Janeiro, Brazil Nuclear and Energy Research Institute
virgilio@aluno.puc-rio.br University of São Paulo
São Paulo, Brazil

Abstract— This paper describes a general methodology for decaying. According to [10], the MTM solution differs from
the description of inductive power and data transfer based on the previous one due to its “lattice gain”, which emerges from
virtual magnetic transmission-lines (VMGTLs). This approach the collective behavior of its unit-cells. In both cases,
presents a better physical insight on the channel behavior since
the model correctly preserves the energy flow between the
however, the common-used analytical method consists on
transmitting and receiving coils. Particularly, the virtual-TL solving a set of linear equations relating the circuit component
analogy clarifies the mechanism of transmission gain of the drivers (resistance, inductance, capacitance, etc), which
improvement between any two coils assisted by MTM lenses. can be highly complex to solve, particularly when MTM
Based on the results of this work, these lenses do not enhance the (artificial crystals made out of many small resonant coils) are
magnetic coupling between the drivers, as usually claimed, but involved. Also, there is a fundamental problem in taking this
create conditions to propagating near-field modes to increase
their power transfer. This approach also reveals that MTMs
approach, since, as it be further shown here, coupling is not
could be employed not only for the increasing of power transfer the unique power transfer mechanism of the near field. This
but also for enlarging the inductive channel bandwidth. oversimplification usually conducts to the wrong conclusion
that assumes signal variance and power to be exactly the same
Keywords— SWIPT, IoT, inductive channel, metamaterial, thing in simultaneous wireless power and data transmission
virtual magnetic transmission lines (SWIPT). It is a core problem for these systems since their
control and tuning depends on the knowledge of the channel.
I. INTRODUCTION Some papers have tried to overcome this problem by
Inductive-coupling based systems present enormous directly characterizing the inductive channel through
advantages over other power and data transmission measurement [11]. Yet this strategy is also quite complicated
mechanisms like electromagnetic (EM) or acoustic to be implemented, especially considering operating scenarios
propagating waves in extreme environments, such as like massive MIMO-SWIPT. Based on that, a more systematic
underground or underwater, due to the fact that the vast inductive channel modeling technique based on virtual
majority of the materials in the Universe are magnetic magnetic transmission line (VMGTL) is proposed in order to
insensitive (this is to say, their permeability equals the free- solve large-scale systems. This model was recently introduced
space one). For this reason, the envisioned Internet of in [12] as an extension of the theory of the magnetic TLs for
Underwater and Underground Things (IoUT) are expected to non-confined magnetic flux. Like the Gyrator-Capacitor
primarily rely on inductive channels [1-3]. Despite of their Lumped Element Model [13], VMGTL also preserves the
virtues, however, their fundamental flaws remain a challenge representation of the energy flow along the inductive channel,
for designers. Particularly, their very limited operation range with the advantage of being a distributed model.
and strictly nonlinear nature. In the last decades, many In this paper, VMGTL-based channel modeling is employed
different techniques have been proposed trying to ameliorate to make a parametric study of the impact of the insertion of
or mitigate such problems. Concerning the limitations in the MTM lenses in the magnetic link. The obtained results show
operating range, the main strategies employed by designers that MTM-assisted inductive channels can also transfer power
are: resonant relays [4-6] or near-field MTM based lenses [7- by means of backward propagating modes and that in fact it is
9]. these modes that are responsible for MTM-enhanced coupling
Both strategies are actually quite similar to each other since phenomenon.
both employ very frequency-selective circuits (high-Q
resonators) in order to compensate the magnetic-coupling

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

II. CHANNEL MODELING USING A VIRTUAL MAGNETIC where , , , , , , and denote the series
TRANSMISSION LINE APPROACH magnetic impedance, the shunt magnetic admittance, the
In this section, VMGTL technique is briefly presented and magnetic reluctance, the magnetic coupling coefficient, the
some parametric studies are done in order to clarify the electrical conductance, the magnetic conductance, the
inductive channel response to MTM-based artificial magnetic inductance and the capacitance per unit length, respectively.
conductors. This theoretical development is the same one From Eqs. 4-5, it can be seen that when the TL
previously introduced by the authors in [12]. analogy becomes quite similar to the magnetic TLs proposed
by [14]. VMGTL approach, however, keeps its validity even
when is low until the limiting case where .
A. Inductive Channel Modeling using VMGLT The characteristic electrical impedance of the VMGTL,
The main design principal of the VMGTL model is the its complex propagation parameter and its load reflection
observation that electric/magnetic fluxes and charges have the coefficient are defined as:
same dimension. Hence, any time-varying flux behaves as a
“virtual current” (which are the well-known displacement
magnetic/electric currents): ( )
√ [ ] (6)
( ) √

∬ ∬ ∬
(1)
[ ] √ √( )( ) [ ] (7)
∬ ∬ ∬
(2)
[ ] (8)

Like real current, displacement ones can also guide EM where is the load at the receiver. The general solution of
fields, as illustrated in Fig. 1. this one-dimensional Helmholtz problem is [15]:

( ) ( ) ( ) [ ], (9)
( )
( ) ( ) (10)

The total power flow at any point of the inductive channel


Fig. 1. The displacement magnetic current between the transmitting and will then be:
receiving coils forms a virtual circuit similar to a conventional TL.
Accordingly to Poynting theorem, power flow in the inductive channel will
depends on the perpendicular component of the magnetic near field created by ( ) [ ] (11)
the magnetic potential difference between the flux in positions and .
By definition, the frequency-domain channel transfer
For all purpose, a VMGTL consists of two insulated drivers function of the system is given by:
with no physical charge flowing between them and interacting
only by means of non-confined magnetic flux. The driving ( ) ( )
force of a VMGTL is the magnetic potential given by: ( ) (12)
( ) ( )

∫ ( ) (3) where is the separation distance of the drivers.


It is important to mention that the model is only valid if
, where is the radius of TX coil.
The magnetic potential and the magnetic displacement
current of the VMGTL follow propagation equations
analogous to the ones of conventional TLs: B. Estimation of the Model Parameters
In order to determine the five parameters presented in Eqs.
4-5, some simplifying hypotheses must be made.
( ) ( ) The first hypothesis assumes that distributed elements ,
(4) , and are uniform throughout the inductive channel. If
( ) [ ] so, they can be directly estimated as follows:

( ) ( ) ( ) [ ] (5)

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

( )
(13)
(21)
( ( ) )
(14)
{ }
(15) where and are the period of the MTM lattice and its
{ } operating angular frequency, and and are the filling factor
{ }
(16) and the quality factor of the unit cells.
{ } Hence, Eq. 5 can be rewritten as

where and are the equivalent inductance and capacitance


of the TX coil, and and are the relative permittivity and ( ) ( ( ) )
permeability of the channel medium. (22)
The estimation of distributed , however, is a little bit ( ) [ ]
more complicated, since the original concept of magnetic
reluctance was conceived for magnetic circuits where since the MTM changes the variation of the magnetic flux
most of the magnetic flux is confined into a region of constant with the distance. In other words, the MTM alters the
transverse section imposed by a ferromagnetic core. magnetic admittance of the channel.
Nevertheless, despite of that, an approximation for the non- The magnetic coupling between the MTM and the TX and
confined case can be made. RX coils depends on the physical size of the MTM. Assuming
First, we observe that, by definition, is given by: a semi-infinite MTM plane in the transversal section of the
channel, it can be approximated by:
(17)
(23)

where and is the TX-coil magnetic-motive force of the This simplifying hypothesis can be assumed if the MTM
transmitter and the mutual flux between the TX and the RX. dimensions are larger than the diameter TX and RX coils.
Secondly, we recall that the mutual inductance
between the drivers is given by: III. MODEL APPLICATION AND DISCUSSION
The considered system is composed of two electrically
(18) small far-from-resonance coils separated by a fixed distance
. The coils are copper-made with diameter
. The self-inductance of the small circular loop is
Hence, based on Eqs. 17-18, can be approximated by: found in closed-form in literature [16]. Their magnetic
coupling coefficient can be estimated using the thin-wire
(19) approximation [17]. In the present work, all the MTM slabs
are made of square SRs identical to the one employed in [12],
with the same equivalent . Also, they are supposed to be
where is a geometrical weighting parameter. placed perpendicularly to the magnetic flux.
Making another simplifying hypothesis that equals the In order to demonstrate the model’s accuracy, the analytical
square of the radius of TX-coil channel estimation is compared with the one obtained on
ADS2019 using the Method of Moments. Notice that some
(20) discrepancies between the analytical and the numerical results
exist due to the simplifying hypotheses applied to Eqs. 19-23.
the equivalent VMGTL of the system can now be completely As shown in Fig. 4, when there is no MTM in the channel,
characterized. imaginary part of the propagation constant , known as phase
constant , is null, and the real part of , known as the
attenuation constant , is low-varying with frequency. In this
C. MTM interaction with the Inductive Channel
situation, the only mechanism of power exchange between the
As demonstrated in [12], the effects of the MTM on the electric interfaces is their mutual coupling. The H-field lines
inductive channel can be introduced to the VMGTL model by generated by each driver are in contact with its neighbor,
defining an equivalent impedance of the MTM. hence inducing current on it accordingly to Faraday’s Law.
Assuming MTM slabs made of a constant lattice of spiral This case can be completely characterized by means of the
resonators (SRs) unit cells, the equivalent is found to be: mutual inductance matrix and similar circuital analogies.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

However, if a MTM slab is introduced in the channel,


independently of its relative position inside the link, other
power transfer mechanisms arises. In Fig. 5, it can be seen that
the enhancement of the transmission gain around the MTM
operating frequency is basically due to the appearance of a
pass-band (non-null propagation constant) in the inductive
link. So, the additional power being transferred between the
drivers is not coming from the enhancement of the coupling,
but by propagating modes supported by the MTM lens. Notice
that since ( ) these waves are backwardly-oriented ones.
Another important fact usually neglected by the literature
on MTM-enhanced coupling theory and that becomes clear
with this approach is the region of minimum attenuation in the
MTM-induced pass-band. This region lies in the sub-resonant
region and has a relative flat response in comparison with the
region of maximum power gain (around the operating
frequency ). This means that this region imposes very low
distortion to signals and can be used for improved data
transmission.
Thus, we can conclude that MTMs could be either used for
maximizing data rate or power transfer, but optimum values
for both cannot be simultaneously obtained. Optimum
bandwidth-gain trade-off in SWIPT systems lies in-between
this two cases.

Fig. 2. Magnitude of the transfer function as a function of frequency for a


VGMTL without MTM: analytical model (a) and numerical simulation (b) for
r=4cm (blue), r=5cm (orange) and r=6cm (yellow).

Fig. 4. Attenuation (a) and propagation (b) constants as a function of


frequency for a VGMTL without MTM for (blue),
(orange) and (yellow).

Fig. 3. Magnitude of the transfer function as a function of frequency for a


VGMTL assisted by one MTM slab: analytical model (a) and numerical
simulation (b) for (blue), (orange) and (yellow).

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

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IV. CONCLUSION by Metamaterial-Based Mu-Negative Lenses," IEEE Microwave
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In this work, a VGMTL-based model of the channel was
employed in order to clarify the MTM mechanism of power [11] T. Arakawa, S. Goguri, J. V. Krogmeier, A. Kruger, D. J. Love, R.
Mudumbai and M. A. Swabey, "Optimizing Wireless Power Transfer
enhancement. Metamaterial-enhanced coupling is shown to be FromMultiple Transmit Coils," IEEE Access, vol. 6, pp. 23828 - 23838,
actually a secondary power transfer supported by backward 2018.
propagating modes around the resonance. Besides that, the [12] J. V. de Almeida, G. L. Siqueira, M. M. Mosso and C. A. F. Sartori, "Mu
VMGTL model has demonstrated the existence of a flat Negative Metamaterials Seen as Band Limited Non Foster Impedances in
minimum-distortion response in the sub-resonance region of Inductive Power Transmission Systems," Journal of Microwaves,
the system that could be employed to maximize the Optoelectronics and Electromagnetic Applications, vol. 18, no. 4, pp.
bandwidth/data rate. This region, however, is show to have just 492 - 504, 2019.
a slight power gain in comparison with the inductive channel [13] D. C. Hamill, "Lumped Equivalent Circuits of Magnetic Components:
assisted by no MTM. Although passive MTMs can only The Gyrator-Capacitor Approach," IEEE Transactions on Power
Electronics, vol. 8, no. 2, pp. 97 - , 1993.
maximize either the power transfer or the data rate, it remains
as a possibility that active MTMs, with electronically [14] J. A. B. Faria and M. P. Pires, "Theory of Magnetic Transmission Lines,"
IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques, vol. 60, no.
controlled unit-cells, could be employed in order to create 10, pp. 2941-2949, 2012.
reliable SWIPT networks in extreme environments, such as
[15] R. F. Harrington, Time-Harmonic Electromagnetic Fields, Piscataway,
future the Internet of Underwater Things (IoUT), that could NJ: Wiley-IEEE Press, 2001, pp. 61-66.
switch from one region to the other (high-gain or minimum [16] C. A. Balanis, Antenna Design Theory, Hoboken, New Jersey: John
distortion) accordingly to the system operation. Finally, in a Wiley & Sons, Inc, 2005.
future work, the authors intend to present a complete [17] R. M. Duarte and G. K. Felic, "Analysis of the Coupling Coefficient in
parametric study of inductively-coupled SWIPT systems, as Inductive Energy Transfer Systems," Active and Passive Electronic
well as an extension of this theory to MIMO scenarios. Components, vol. 2014, Article ID 951624, 6 pages, 2014.

ACKNOWLEDGEMENTS
The authors would like to thank CNPq for the financial
support and the reviewers for their valuable comments.

678
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Design of a transmission-line metamaterial with a


negative index of refraction at S-Band
Lucas D. Ribeiro1; Arthur H. L. Ferreira1; Juscelino J. Oliveira1; Rose M. S. Batalha1, Member, IEEE
Graduate Program in Electrical Engineering
1

Pontifical Catholic University of Minas Gerais


Belo Horizonte, Brazil
ldribeiro.eng@gmail.com, arthur.ferreira@sga.pucminas.br, juscelinooliveirra@gmail.com, batalha@pucminas.br

Abstract— A metamaterial based on a two-dimensional a focal region.. The designed lens employs a multilayer
transmission-line network loaded with inductors and capacitors geometry of unit cells that are loaded using fully printed
enabling to achieve negative-refractive-index (NRI) is developed. capacitors and inductors in a substrate.
The dispersion characteristics are calculated by their equivalent
circuit model and an operating frequency of 2.95 GHz in which A similar development is done in this work. We propose to
there is impedance matching with free space is chosen in the S- design a transmission-line (TL) network periodically loaded
Band. This NRI metamaterial supports transverse electric (TE) using discrete (surface-mounted) inductors and capacitors. The
waves, thus it can be used in applications such as lensing. TL is modeled by a metamaterial unit cell using circuit theory,
and an operating frequency of 2.95 GHz at S-Band, in which
Keywords— Composite Right/Left-Handed; left-handed media there is impedance matching with free space, is chosen. The unit
(LHM), metamaterials, negative permeability, negative permittivity, cell size is approximately 11 times smaller than the wavelength,
negative refractive index, periodic structures. which is sufficient to consider it as an effective medium. The
equation for the dispersion relation is compared with the
I. INTRODUCTION simulation results to analyze the metamaterial behavior.
In 1968, Veselago investigated materials with The behavior of an NRI-TL metamaterial in the GHz
simultaneously negative permittivity and permeability, due to frequency is studied in this paper. Section II presents the
the reversal of the Snell’s law, negative phase velocity, and some metamaterials theory based on transmission line parameters. In
other electrodynamic properties, they are known as left-handed Section III, the simulation of a unit cell is shown. The
materials (LHM). These metamaterials (MMs) are artificial Conclusion is in Section VI.
composites characterized by subwavelength features and
effective negative value of the refractive index (NRI). LHMs can II. METAMATERIALS BASED ON TRANSMISSION LINE
be applied to optical and microwave applications, including PARAMETERS
beam steerers, modulators, band-pass filters, microwave
couplers, antenna radomes, and superlenses [1], [2]. As Pendry Metamaterials can be defined as artificial structures of
proposed in 2000 [3], the application of MM lensing, which natural elements that when correctly arranged can exhibit
avoids the diffraction limit by utilizing both periodic and unnatural behavior. When they have an average cell size much
evanescent electromagnetic waves, further increased the interest smaller than the wavelength, they become effectively
for NRI MMs. homogeneous structures. Thus, the refractive phenomenon can
overlap the diffraction and scattering in MMs when there is
Whereas the split-ring resonators (SRRs) and thin wires were wave propagation.
the first realizations of LHMs [4], the first MM lens in planar
form using the NRI transmission-line (NRI-TL) approach was It is possible to separate the MMs into two groups: resonant
achieved by [5]. In that work, a host TL is loaded using lumped and non-resonant. The most common resonant is the Split Ring
shunt inductors and series capacitors that, respectively, create Resonator. In the group of non-resonant, we have the
the conditions for an effective NRI. metamaterials modeled by transmission line theory, also called
TL metamaterials [12].
The TL MMs can be used in many applications, which
include electrically small antennas, subwavelength resonators, The non-resonant metamaterial, also found in the literature
guided wave applications, phase compensators, LTE antennas, as CRLH (Composite Right/Left-Handed), do not rely on
radar applications [6], superconductors [7] and perfect lens, and resonances to provide negative parameters, thus obtaining lower
superlens [8]. ohmic losses and larger bandwidth when compared with the
resonant metamaterials [5], [13]. The TL MMs can be used in
Some developments of volumetric arrays of NRI-TL two configurations: shunt and series [9], [14].
metamaterials that interact efficiently with free space were
achieved in [9], [10], and led to the experimental demonstration Any natural dielectric can be modeled by an electric circuit
of free space NRI lens [8]. The free space metamaterial lens composed by a series inductance and a shunt capacitance, which
development in [11] allows electromagnetic waves to focus into are directly related to the material parameters permeability and

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

permittivity. This theory, a circuit of unit cell size d with shunt The circuit of the loaded block can be seen in Fig. 3.
inductance and a series capacitance, is used to model a TL
metamaterial and obtain negative parameters.
A traditional transmission line can be used as the host to
implement a material with negative parameters, together with
loading elements as inductors and capacitors. An example of this
configuration is the microstrip line that can be made in shunt and
series configurations [9]. There are two co-planar strip lines on Fig. 3. Circuit model of one block.
the top of a substrate in the series topology, and there is no
ground plane. In the shunt configuration [15], the stripline is on Before obtaining the values of the terms 𝐿𝑅 e 𝐶𝑅 , it is
top of the substrate and the ground plane on the bottom. These necessary to calculate the effective permittivity 𝜀𝑒𝑓𝑓 of the
two configurations are shown in Fig. 1. medium. Considering a stripline with lands of width 𝑤
separated by a distance 𝑠, on a substrate with relative
permittivity 𝜀𝑟 , a height ℎ, and surrounded by air with
permittivity 𝜀0 . As discussed in [16], it can be considered that
the same stripline is surrounded by a single dielectric with an
effective permittivity 𝜀𝑒𝑓𝑓 , as shown in Fig. 4.

Fig. 1. Transmission line host topologies. (a) Series. (b) Shunt [9].

The series configuration is shown in Fig. 1 (a). It can be seen


as the connection of four transfer-matrices, which relates the Fig. 4. Effective permittivity [16].
input and output terminal voltages and currents of a two-port
network. The connected transfer-matrices are shown in Fig. 2. Then, effective permittivity can be calculated by:

𝜀𝑟 + 1 ℎ
𝜀𝑒𝑓𝑓 = {tanh [0,775 ln ( ) + 1,75]
2 𝑤
𝑘𝑤
+ [0,04 − 0,7𝑘 (2)

+ 0,01(1 − 0,1𝜀𝑟 )(0,25 + 𝑘)]}

where 𝑘 = 𝑠⁄𝑠 + 2𝑤 .
The values of 𝐿𝑅 and 𝐶𝑅 can be obtained from:

120𝑑 1 + √𝑘 1
𝑙𝑛 (2 ), ≤𝑘≤1
Fig. 2. Block diagram for the series unit cell. 𝑣0 1 − √𝑘 √2
𝐿𝑅 = 377𝜋𝑑 1
Every arm of Fig.2 is a block represented by its transmission ,0 ≤ 𝑘 ≤
matrix and presents the following relations: 1 + √𝑘 ′ √2
𝑣0 𝑙𝑛 (2 ′
)
{ 1 − √𝑘
𝜀𝑒𝑓𝑓 𝑑 1 (3)
𝑉𝑥𝑜 = 𝑉𝑥𝑖 𝑒 −𝑗β𝑥𝑑 𝐼𝑥𝑜 = 𝐼𝑥𝑖 𝑒 −𝑗β𝑥𝑑 , ≤𝑘≤1
−𝑗 β 𝑑 −𝑗 β 𝑑 (1) 1 + √𝑘 √2
𝑉𝑦𝑜 = 𝑉𝑦𝑖 𝑒 𝑦 𝐼𝑦𝑜 = 𝐼𝑦𝑖 𝑒 𝑦 120𝑣0 𝑙𝑛 (2 )
1 − √𝑘
𝐶𝑅 =
Where β is the phase delay over the cell dimension d. Due to the 1 + √𝑘 ′
𝜀𝑒𝑓𝑓 𝑑𝑙𝑛 (2 )
symmetry of the circuit, the transmission matrix is inverted in 1 − √𝑘 ′ 1
,0 ≤ 𝑘 ≤
the output side. { 377𝜋𝑣0 √2
The series impedance 𝑍 = 𝑗(𝜔𝐿𝑅 − 1/(𝜔𝐶𝐿 ) and the shunt
where 𝑘 ′ = √1 − 𝑘 2 e 𝑣0 is the speed of light in a vacuum.
admittance 𝑌 = 𝑗(𝜔𝐶𝑅 − 1/(𝜔𝐿𝐿 ) can compose the circuit of
The transmission matrix coefficients can be defined as:
each loaded block, where 𝐿𝑅 and 𝐶𝑅 represent the natural
characteristic of the strip lines, also called host line elements,
and 𝐿𝐿 and 𝐶𝐿 are the loading elements. 𝐴 = 𝑍𝑌 + 1 𝐵=𝑍 𝐶=𝑌 𝐷=1 (4)

680
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Through the circuit theory in the diagram of Fig.2, it is


possible to get the following equations:

𝑉1 = 𝐷𝑉𝑥𝑖 − 𝐵𝐼𝑥𝑖 𝐼1 = −𝐶𝑉𝑥𝑖 + 𝐴𝐼𝑥𝑖


𝑉2 = 𝐷𝑉𝑦𝑖 − 𝐵𝐼𝑦𝑖 𝐼2 = −𝐶𝑉𝑦𝑖 + 𝐴𝐼𝑦𝑖
𝑉3 = 𝐷𝑉𝑥𝑜 − 𝐵𝐼𝑥𝑜 𝐼3 = 𝐶𝑉𝑥𝑜 + 𝐴𝐼𝑥𝑜 (5)
𝑉4 = 𝐷𝑉𝑦𝑜 − 𝐵𝐼𝑦𝑜 𝐼4 = 𝐶𝑉𝑦𝑜 + 𝐴𝐼𝑦𝑜
0 = 𝑉1 + 𝑉2 − 𝑉3 − 𝑉4 𝐼1 = 𝐼2 = 𝐼3 = 𝐼4

After solving (1) and (5):


Fig. 5. (a) Top view of the simulated unit cell with main dimensions.
(b)Boundaries conditions used in the simulation.
𝑉𝑥𝑖
The host line elements were obtained for each block using
𝐼𝑥𝑖
[𝑀] × 𝑖 = 0 (6) the main dimensions and referring to [16], [17]. Furthermore,
𝑉𝑦 there is no ground below the substrate. Then we have 𝐿𝑅 =
𝑖
[ 𝐼𝑦 ] 2.73 𝑛𝐻 and 𝐶𝑅 = 0.16 𝑝𝐹, and the loading elements selected
are 𝐶𝐿 = 0.6 𝑝𝐹 and 𝐿𝐿 = 14 𝑛𝐻. To reduce reflection, the 90-
𝐶 + 𝐶𝑒𝑥 𝐴𝑒𝑥 − 𝐴 0 0 degree bends were mitered.
0 0 𝐶 + 𝐶𝑒𝑦 𝐴𝑒𝑦 − 𝐴
[𝑀] × [ ] To simulate the system is necessary to impose boundary
𝐶𝑒𝑥 𝐴𝑒𝑥 𝐶 −𝐴 (7)
conditions, as shown in Fig. 5 (b). These conditions are imposed
𝐷 − 𝐷𝑒𝑥 −𝐵 − 𝐵𝑒𝑥 𝐷 − 𝐷𝑒𝑦 −𝐵 + 𝐵𝑒𝑦
to simulate the neighboring unit cells by keeping the behavior of
the field as if the unit cell were in the full model. Through two
Where 𝑒𝑥 = 𝑒 −𝑗𝛽𝑥𝑑 and 𝑒𝑦 = 𝑒 −𝑗𝛽𝑦 𝑑 . The dispersion
waveguide ports, the unit cell of Fig. 5 was simulated with the
relation shows the behavior of MM as a function of frequency. propagating wave passing along the x-axis.
This relation can be found by solving:
The dispersion relation was drawn and the S-Parameters
were retrieved, as shown in Fig. 6, along with the dispersion
𝑑𝑒𝑡(𝑀) = 0 (8) relation calculated with (9). Considering the frequency range of
the left-handed (LH) region, between 1.85 and 3.39 GHz, the
For simplicity, only axial propagation in the x-direction will difference between the calculated and simulated curves is
be considered, so that there is no delay in the y-direction and 11.9%. The LH region shaded in gray is where backward waves
𝛽𝑦 = 0. After solving (8) and simplifying it, the dispersion and negative refractive index occur. The matching point with
relation is: free space at 2.95 GHz is indicated by the intersection point with
the light line.
𝛽𝑑 = arccos (1 + 4𝐵𝐶) (9)

III. SIMULATION OF A UNIT CELL


The software CST Studio Suite® was used to simulate a unit
cell, according to the theory developed in the previous section.
A comparison between the dispersion relation generated by
theory and simulation is made. The simulation also provides the
material parameters that can be used in the development of the
complete system.
The values of the host line elements, 𝐿𝑅 and 𝐶𝑅 , are
dependent on the unit cell dimensions and material. The loading
elements 𝐿𝐿 and 𝐶𝐿 can be freely selected. It is important to stick
to the matching condition with free space that is achieved when
𝜀𝑅 = −1 and 𝜇𝑅 = −1, culminating in a negative refractive
index 𝑛 = −1 and a characteristic impedance 𝑍 = 377Ω. The
Fig. 6. Dispersion relation found by theory and by simulation.
cell size must be small when compared to the wavelength used,
in this case, approximately 11 times smaller. Through the simulation, the unit cell parameters of
permittivity 𝜀, permeability 𝜇, refractive index 𝑛, and the
The free space matching condition can be achieved by many
impedance relative to the characteristic impedance of free space
L and C parameter combinations. These values were defined by
𝑧 were extracted, as shown in Fig. 7. The intersection point with
iterative calculations. In Fig. 5 (a), the top view of the simulated
the light line indicates the matching point frequency with free
unit cell can be seen. The substrate material is Rogers RO3003
space at 2.95 GHz given by the dispersion relation of Fig. 6.
with 𝜀𝑅 = 3 and height ℎ = 1.54 mm.

681
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

[10] S. M. Rudolph and A. Grbic, “Volumetric negative-refractive-index


medium exhibiting broadband negative permeability,” J. Appl. Phys., vol.
102, no. 1, p. 13904, 2007.
[11] S. Das, H.-L. Nguyen, G. N. Babu, and A. K. Iyer, “Free-Space Focusing
at C-Band Using a Flat Fully Printed Multilayer Metamaterial Lens,”
IEEE Trans. Antennas Propag., vol. 63, no. 11, pp. 4702–4714, 2015.
[12] C. Caloz and T. Itoh, Electromagnetic Metamaterials: Transmission Line
Theory and Microwave Applications. The Engineering Approach. Wiley,
2006.
[13] C. Caloz and T. Itoh, “Transmission line approach of left-handed (LH)
materials and microstrip implementation of an artificial LH transmission
Fig. 7. Unit cell parameters extracted from simulation.
line,” IEEE Trans. Antennas Propag., vol. 52, no. 5, pp. 1159–1166, 2004.
[14] F. Elek and G. V. Eleftheriades, “A two-dimensional uniplanar
transmission-line metamaterial with a negative index of refraction,” New
IV. CONCLUSION J. Phys., vol. 7, 2005.
In this work, a transmission-line (TL) network periodically [15] J. J. Oliveira and R. M. S. Batalha, “Application of Metamaterials Based
loaded using inductors and capacitors was modeled by a on Transmission Line Parameters in Wireless Power Transfer,” in 22nd
metamaterial unit cell using circuit theory. The discrete International Conference on the Computation of Electromagnetic Fields -
Compumag 2019, 2019, vol. 1, no. 22nd, pp. 1–2.
capacitor and inductors enabled stronger loading than with fully
[16] C. R. Paul, Analysis of Multiconductor Transmission Lines, 2nd ed.
printed ones. A unit cell size smaller than 𝜆0 ⁄11 allowed the use Wiley, 2008.
of effective medium theory in this model. The equation for the
[17] C. R. Paul, Inductance: Loop and Partial. Hoboken,: Wiley, 2010.
dispersion relation was validated by simulations and used to
analyze the metamaterial behavior. The simulations confirmed
the NRI and impedance matching to free space at the operating
frequency of 2.95 GHz at the S-Band. A structure using the unit
cells in the shape of a lens with fixed curvature that can focus
electromagnetic waves is being developed. The lens will have a
ladder-shaped surface since it is made with unit cells.

ACKNOWLEDGMENT
The authors would like to thank the Brazilian institutions
CAPES, CNPq, and FAPEMIG for their financial support.

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fundamental properties of left-handed materials in waveguide
configurations,” J. Appl. Phys., vol. 90, no. 11, pp. 5483–5486, 2001.
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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Uso de CSRR para Redução de Dimensões de Filtro


Passa-baixas de microfita para Aplicação em TV
Digital

João A. da Silva Neto, Antonio Luiz P. S. Campos e Alfredo Gomes Neto


Ruann Victor A. Lira Instituto Federal da Paraíba
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Campus Central
Natal, Brasil Paraíba, Brasil
alpscampos@gmail.com alfredogomesjpa@gmail.com

Abstract—Nesse trabalho um filtro passa-baixa de microfita Uma opção é usar anéis ressoadores fendidos
para ser usado em televisão e evitar interferências produzidas complementares (Complementary Split Ring Resonator –
por sinais LTE é proposto. O filtro passa-baixas proposto foi CSRR), que são amplamente utilizados para projetar novos
projetado usando o método de impedância de passo por filtros planares com dimensões menores do que as estruturas
microfita. Um filtro Chebyshev de quinta ordem com ripple de clássicas de ressonadores [9] – [11].
0,01 dB e frequência de corte a 700 MHz é proposto. Para reduzir
as dimensões do filtro anéis ressoadores fendidos Assim, o objetivo desse trabalho é reduzir as dimensões de
complementares foram inseridos no plano de terra do filtro. O um filtro passa-baixas, para usar em conversores digitais de
filtro passa-baixa projetado foi simulado usando o Ansoft HFSS. TV, que foi proposto em [1]. Para conseguir a redução da área
Após a simulação, o filtro passa-baixas foi fabricado para fins de total ocupada pelo filtro, propõe-se a aplicação de dois CSRR
validação. Os resultados medidos apresentaram boa no plano de terra do filtro, reduzindo a frequência de corte e
concordância com as simulações. permitindo alternativamente que se reduzam as dimensões do
filtro e a área total ocupada.
Keywords— Filtro passa-baixa, ressoador de anel fendido
complementar, CSRR, LTE, TV digital
II. PROJETO DO FILTRO E DO CSRR
I. INTRODUÇÃO Os filtros de microfita são amplamente pesquisados [9],
[12], [13] e utilizados no projeto de filtros em frequências
A evolução das redes móveis exige, cada vez mais, fatias maiores que 500 MHz, devido à dificuldade de realizar filtros
do espectro de frequências e, no Brasil, parte da banda UHF, com elementos agrupados que possuem valores comerciais
anteriormente alocada à transmissão de TV, agora é usada para predeterminados e dimensões físicas comparáveis ao
redes móveis de banda larga. Assim, torna-se importante evitar comprimento de onda da operação de frequência, o que pode
interferências causadas por sinais transmitidos em bandas resultar em degradação do desempenho [1].
adjacentes. No Brasil, o novo espectro está sendo atribuído às
redes móveis de Long Term Evolution (LTE) na faixa de 700 Existem diversas maneiras de implementar filtros passa-
MHz, próximo ao espectro de frequências usado pela baixas de microfita. Uma dessas maneiras é fácil de
transmissão de TV digital [1]. implementar e usa seções alternadas de linhas de impedância
característica alta e baixa, como indutores e capacitores, e esses
Esse requisito de largura de banda para uso em filtros são geralmente chamados de impedância escalonada ou
telecomunicações móveis de banda larga está alimentando o filtros hi-Z, low-Z [1], [14], [15]. A Fig. 1 ilustra uma estrutura
debate entre agências reguladoras; e o processo para reforma geral do filtro passa-baixas de microfita.
do espectro, atualmente, está em andamento em todo o mundo
[2] – [4]. Como consequência dessas reformas no espectro, o
LTE está operando em frequências próximas as de aplicativos
de TV UHF e podem surgir possíveis problemas de
coexistência, uma vez que os decodificadores distribuídos para
a população carente não possuem filtros de entrada [5] – [8].
Dessa forma, um filtro passa-baixas para uso em
decodificadores de TV, que bloqueie as frequências acima de
700 MHz usadas pelo LTE, pode ser usado. Entretanto, devido
à faixa de frequências em questão, as dimensões do filtro
tendem a ser relativamente grandes, o que pode inviabilizar o
uso em decodificadores de TV. Fig. 1. Estrutura do filtro passa-baixas de microfita

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Como citado na seção anterior, a ideia é reduzir as Foi realizado o projeto, de anéis ressonadores, que serão
dimensões do filtro proposto em [1]. O dielétrico usado no empregados como um DGS (Defected Ground Structure) no
projeto foi o FR-4, com permissividade relativa de 4,4, plano de terra do filtro passa-baixas proposto em [1]. As
tangente de perdas de 0,02 e espessura de 1,6 mm. O filtro equações de projeto dos CSRR circular foram propostas em
projetado é de 5ª ordem, com frequência de corte igual a 700 [17]. Considerando a frequência de ressonância de 1,8 GHz, o
MHz, ripple na banda passante de 0,01 dB e impedância de triplo de 600 MHz, conforme metodologia de [17], e usando
entrada/saída de 50 . essas equações, os valores obtidos para as dimensões físicas
dos CSRR são listados na Tabela I.
As dimensões iniciais foram calculadas usando equações
tradicionais fornecidas em [14]. Depois, um modelo foi
implementado no Ansys HFSS. No simulador de software, as TABELA I DIMENSÕES DO CSRR PROJETADO.
dimensões foram parametrizadas e ajustadas para melhor CSRR circular
operação do filtro, com o método de otimização do próprio rext (mm) c (mm) d (mm) g (mm) f0 (GHz)
software. As dimensões finais do filtro passa-baixas simulado e 11 3 2 0,5 1,8
fabricado são mostradas na Fig. 2.
Foram consideradas aberturas idênticas para o anel interno
e externo, do CSRR circular.
Os filtros passa-baixas de impedância escalonada têm a
vantagem de ocupar menos espaço do que um filtro passa-
baixas similar usando tocos, por exemplo [1], portanto, é uma
boa opção para uso em dispositivos com dimensões limitadas.
Fig. 4 ilustra o modelo construído no HFSS. A quantidades de
anéis, bem como o posicionamento deles foram escolhidos
baseando-se no estudo apresentado em [18].

Fig. 2. Filtro passa-baixas proposto em [1] e suas dimensões em mm

Um CSRR possui a característica principal de apresentar


Fig. 4. Filtro passa-baixas com CSRR no HFSS
intensa rejeição nas vizinhanças da frequência de ressonância.
Níveis de rejeição atingindo 60 dB podem ser obtidos [16].
Foram inseridos os CSRR e os dois filtros, proposto em [1]
Desta forma, projetando adequadamente as dimensões dos
e o filtro projetado nesse estudo com CSRR, foram simulados
ressonadores, pode-se usar este comportamento para reduzir a
no HFSS. Os resultados obtidos são ilustrados na Fig. 5.
frequência de corte de um filtro passa-baixas. Fig. 3 ilustra a
configuração de um CSRR circular e suas principais
dimensões. A dimensão c representa a espessura dos anéis, d
representa o espaçamento entre os anéis, g representa o
comprimento das fendas usadas e rext representa o raio do anel
externo. A parte cinza corresponde ao metal.

Fig. 3. Principais dimensões físicas de um CSRR circular Fig. 5. Parâmetros S dos dois filtros, proposto em [1] com e sem CSRR

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Os resultados simulados para o filtro proposto em [1] 680 MHz e para os resultados medidos foi de 650 MHz.
mostram uma frequência de corte de 680 MHz, com perda de Acredita-se que isso pode ter ocorrido devido a imprecisões no
inserção máxima de 1,7 dB em 540 MHz. O filtro com a processo de fabricação. Entretanto, também pode-se considerar
inserção dos CSRR teve a frequência de corte reduzida para que houve uma boa concordância entre os resultados.
615 MHz. Com isso, percebeu-se que o filtro poderia ter suas
dimensões reduzidas, a fim de se obter a frequência de corte
desejada de 700 MHz. Para isso, o novo filtro foi projetado
com o fator de redução aplicado na frequência de corte. Assim,
a nova frequência de corte será mais alta e, com a inserção dos
CSRR, a frequência final será a desejada. O fator de redução
foi encontrado simplesmente dividindo a frequência de corte
anterior, 680 MHz, pela frequência de corte obtida após a
inserção dos CSRR, 615 MHz. Com isso, obteve-se um fator
de redução de 0,89, aproximadamente. Após a aplicação do
fator de redução obtivemos então a estrutura com as seguintes
dimensões: a = 3 mm; b = 16 mm; c = 60 mm; d = 1,3 mm; e =
0,9 mm; f = 29 mm; g = 58 mm; h = 1,7 mm; L = 90 mm; W =
94,3mm. Isso proporcionou uma redução de área de 12 %.
(a)
Fig. 6 ilustra a comparação da resposta em frequência para
o filtro proposto em [1] e o filtro com CSRR de dimensões
reduzidas, proposto neste trabalho. Pode-se observar que os
resultados são muito próximos. A frequência de corte ficou
igual, houve uma redução na perda de inserção máxima para
0,79 dB. Entretanto, houve uma leve redução no fator de
qualidade.

(b)

Fig. 7. Protótipo construído: (a) Vista superior e (b) vista doplano de terra

Fig. 6. Parâmetros S do filtro proposto em [1] e proposto neste trabalho

III. RESULTADOS EXPERIMENTAIS


Para fins de validação dos resultados simulados, um
protótipo foi construído, inserindo os CSRR no plano de terra
do filtro proposto em [1] e redimensionando as dimensões
originais, reduzindo a largura W em 12%. As medições foram
realizadas no Laboratório de Micro-ondas do GTEMA/IFPB,
utilizando um analisador de redes Agilent E5071C. A foto do
protótipo construído pode ser vista em Fig. 7.
Fig. 8. Comparação entre os resultados simulados e medidos para o
Fig. 8 ilustra a comparação entre os resultados simulados e coeficiente de transmissão do filtro proposto
medidos para o coeficiente de transmissão para o filtro com os
CSRR circulares inseridos no plano de terra. Pode-se observar Finalmente, os resultados simulados e medidos do atraso de
uma boa concordância em termos de banda de passagem e grupo são ilustrados na Fig. 9. Pode-se observar que o atraso
perda de inserção. Entretanto, houve uma pequena diferença na do grupo na banda passante (< 650 MHz) permanece constante,
frequência de corte, que para os resultados simulados foi de em torno de 4 ns, chegando a 5 ns na frequência de corte, uma

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

diferença pequena de apenas 1 ns. Essa variação ocorre porque [3] World Radiocommunication Conference, Switzerland, 2015 (WRC-15),
o atraso do grupo foi extraído dos parâmetros S, e como o filtro https://www.itu.int/en/ITU-R/conferences/ wrc/2015/Pages/default.aspx
não é uma linha de transmissão perfeita, haverá variações do [4] D. Gómez-Barquero, M. W. Caldwell, "Broadcast Television Spectrum
Incentive Auctions in the U.S.: Trends, Challenges, and Opportunities",
atraso na frequência. Uma boa concordância entre os resultados IEEE Communication Magazine, vol. 53, no. 7, pp. 50–56, Jul. 2015
é observada. [5] M. Celidonio, P. G. Masullo, L. Pulcini, M. Vaser, "Measured
Interference of LTE Uplink Signals on DVB-T Channels", Journal of
Telecommunications and Information Technology, 4, 2015, pp. 74-85.
[6] Mackenzie Presbyterian University - Engineering School, "Test Report
on LTE Signal Interference in Digital TV in the UHF Band", SET –
Brazilian Society of TV Engineering, 2013
[7] M. Ferrante, et al, "Experimental results on the coexistence of TV
broadcasting service with LTE mobile systems in the 800 MHz band",
Euro Med Telco Conference (EMTC), 2014
[8] S. Yrjölä, E. Huuhka, P. Talmola, T. Knuutila, "Coexistence of Digital
Terrestrial Television and 4G LTE Mobile Network Utilizing
Supplemental Downlink Concept: A Real Case Study", IEEE
Transactions on Vehicular Technology, 2017, v.66, n.6, pp. 5422-5434
[9] B. Nasiri et al., "A Novel Design of a Compact Microstrip Band-stop
Filter Based on CSRR", ICCWCS 2017, 2nd International Conference on
Computing and Wireless Communication Systems, 2017, Marrocos.
[10] H. Nasraoui et al., "Novel Microstrip low pass Filter Based on
Complementary Split-Ring resonators", International Journal of Modern
Communication Technologies & Research (IJMCTR), Vol. 2, no. 10,
2014.
Fig. 9. Atraso de grupo medido para o filtro proposto [11] R. Baktur and A. Genc, “Miniaturized Microstrip Dual-Band Bandpass
Filter”, INTERNATIONAL UNION OF RADIO SCIENCE, General
Assembly, 2008, Chicago, USA.
IV. CONCLUSÕES [12] J.-T. Kuo, E. Shih, "Microstrip Stepped Impedance Resonator Bandpass
Filter With an Extended Optimal Rejection Bandwidth", IEEE
Neste trabalho, foi proposta a inserção de CSRR circulares Transactions on Microwave Theory and Techniques, 2003, v.51, v.5, pp.
no plano de terra de um filtro passa-baixas de impedância 1554-1559.
escalonada de microfita, para reduzir a frequência de corte e, [13] Y.-C. Chiou, J.-T. Kuo, "Planar Multiband Bandpass Filter with
alternativamente, reduzir as dimensões físicas do filtro. Os Multimode Stepped-Impedance Resonators", Progress In
Electromagnetics Research, 2011, v. 114, 129–144
resultados medidos mostraram que a proposta atingiu seu
objetivo. A redução foi de 12% na área total ocupada pelo novo [14] D. M. Pozar, "Microwave Engineering", Wiley, 4.ed, pp. 422
filtro, quando comparado com o filtro original proposto em [1]. [15] T. H. Lee, "Planar Microwave Engineering. A Practical Guide to
Theory, Measurements and Circuits", Cambridge, pp. 787
O processo de fabricação dos CSRR é crucial, pois pequenas
[16] F. Falcone, T. Lopetegi, J. D. Baena, R. Marqués, F. Martín, M. Sorolla,
imprecisões podem levar a problemas na resposta em “Effective Negative-ε stopband microstrip lines based on
frequência desejada. Mesmo assim, o filtro se mostrou Complementary Split Ring Resonators”, IEEE Microw. Wirel. Compon.
adequado para aplicações em TV digital e pode ser usado para Lett., vol. 14, no. 6, pp. 280-282, 2004.
evitar interferências produzidas por sinais LTE nos conversores [17] C. Saha e J. Y. Siddiqui, “Theoretical Model for Estimation of
digitais entregues à população carente. Resonance Frequency of Rotational Circular Split-Ring Resonators”,
Electromagnetics, Vol. 32, pp. 345–355, 2012.
[18] I. F. Costa, A. L. P. S. Campos, A. Gomes Neto, “Filtros Passa-baixa em
REFERENCES Microfita baseados em Ressoadores de Anéis Fendidos
[1] E. L. Chuma, Y. Iano, P. E. R. Cardoso, H. J. Loschi, and D. Pajuelo, Complementares”. MOMAG 2018 - 18º SBMO - Simpósio Brasileiro de
"Design of Stepped Impedance Microstrip Low-Pass Filter for Micro-Ondas e Optoeletrônica 13º CBMAG - Congresso Brasileiro de
Coexistence of TV Broadcasting and LTE Mobile System Close to 700 Eletromagnetismo, 2018, Santa Rita do Sapucaí, Brasil.
MHz", SET International Journal of Broadcast Engineering, Vol. 4,
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[2] World Radiocommunication Conference, Switzerland, 2012 (WRC-12),
https://www.itu.int/net/newsroom/wrc/2012

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

Seleção de Materiais Aplicada a Magnetização Axial


de uma LTNL Giromagnética para Uso Espacial.

André F. Teixeira, Fernanda S. Yamasaki, José O. Rossi, Joaquim J. Barroso, Daniel A. Nono, Maria do Carmo A.
Nono.
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
São José dos Campos, Brasil
andre-zth@hotmail.com

Resumo—Linhas de Transmissão Não Lineares (LTNLs) geradas pela precessão dos momentos magnéticos da ferrita,
constituem uma nova alternativa para geração de radiofrequência quando excitados pelo campo azimutal criado pela corrente do
(RF). Uma variação desta linha denominada giromagnética utiliza pulso de entrada, o qual interage com o campo magnético axial
solenoides para a polarização de seu campo magnético externo. externo, gerado por solenoides.
Em aplicações espaciais, especificamente em satélites, a
substituição destes solenoides por ímãs permanentes é pertinente,
pois além de eliminar uma das fontes de corrente contínua,
diminuiria o peso e o custo efetivo do lançamento. Este trabalho
avaliou, selecionou os materiais de ímãs permanentes e os modelou
computacionalmente para análise do campo magnético gerado por
estes, a fim de se obter uma região de campo uniforme dentro das
especificações de operação da LTNL. Para isso, foram elaboradas
cartas de seleção para a escolha adequada do material e
posteriormente foi simulado um arranjo de ímãs usando o
programa de simulação eletromagnética CST Studio. Um campo Fig. 1. Efeito de precessão magnética em uma linha giromagnética. [1].
magnético com variação dentro da faixa aceitável foi obtido e
discutido. O efeito de precessão giromagnética amortecida é descrito
pela equação de Landau-Lifshitz-Gilbert (LLG) [4]:
Palavras-chave—linhas de transmissão não lineares
giromagnéticas; ímãs permanentes; seleção de materiais; ��⃗
𝜕𝜕𝑀𝑀
��⃗ × 𝐻𝐻
�⃗ − α ��⃗
��⃗ × 𝜕𝜕𝑀𝑀 .
= γµ0 𝑀𝑀 𝑀𝑀 (1)
𝜕𝜕𝜕𝜕 𝑀𝑀𝑠𝑠 𝜕𝜕𝜕𝜕
I. INTRODUÇÃO
Linhas de Transmissão Não Lineares (LTNLs) são Esta equação descreve a dinâmica de magnetização que
dispositivos empregados para gerar radiofrequência (RF) ocorre na ferrita [5], onde 𝑀𝑀 ��⃗ é o vetor de magnetização, 𝐻𝐻
�⃗ é o
visando à substituição de tubos eletrônicos a vácuo e de vetor do campo magnético axial, Ms é a magnetização na
filamento termiônico [1]. Esta tecnologia representa uma nova saturação, γ é a relação giromagnética dos elétrons (1,760×
alternativa para gerar RF sem o emprego de feixe de elétrons, 1011 rad · s-1T-1), α é a constante de amortecimento da precessão,
podendo ser basicamente de dois tipos: (1) uma rede dispersiva que depende do material e possui valores típicos de 0,001–0,1 e
de células LC na faixa de VHF (5-400 MHz), onde pelo menos µ0 é a permeabilidade magnética no vácuo. A polarização
um componente deve ser não linear (L ou C) ou (2) uma linha externa (𝐻𝐻 �⃗) tradicionalmente é provida por solenoide
coaxial contínua, denominada de giromagnética (objeto de posicionado na região externa da LTNL [6]. De acordo com
estudo deste trabalho), operando na banda S (1-2 GHz). As dados analíticos e experimentais, uma faixa aceitável de campo
LTNLs giromagnéticas podem gerar alta potência (centenas de magnético axial estende-se de 20 kA/m a 40 kA/m [7] e [5]. Para
MW) [2-3], possibilitando aplicações em sistemas pulsados de gerar o movimento de precessão nos spins dos elétrons (efeito
satélites radares (SAR). Há um grande interesse na compactação giromagnético), é necessário que o campo seja capaz de saturar
destas linhas para o uso destes dispositivos como fontes de os anéis de ferrita. Entretanto, com um campo axial acima de 40
micro-ondas de alta potência, embarcados em pequenas kA/m a frequência de precessão diminui e o efeito é atenuado
plataformas de defesa (barcos e caminhões) com aplicações [7]. Embora seja comum o uso de solenoides nestes dispositivos,
operacionais, para neutralizar sistemas eletrônicos inimigos [1] Bragg [6] obteve resultados promissores para a substituição
na chamada guerra eletrônica. deles por ímãs permanentes, apesar de não ter obtido um campo
Nas linhas giromagnéticas o meio magnético de propagação magnético suficientemente uniforme. Estudos sobre a
é formado por núcleos magnéticos de ferrita imersos em um uniformidade do campo axial gerado por ímãs permanentes
campo magnético axial externo constante. A Fig. 1 ilustra a também são investigados em [8-9].
geração de RF em uma LTNL giromagnética coaxial a partir da A fim de obter uma compactação das LTNLs giromagnéticas
aplicação de um pulso de corrente, onde as oscilações de RF são visando aplicações espaciais, esta pesquisa tem o objetivo de

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selecionar ímãs permanentes que melhor atendem aos requisitos embarcada internamente em um satélite. Os vários fabricantes
(densidade, temperatura de operação e intensidade do campo de satélites diferem entre as tecnologias utilizadas em sua
magnético) e de avaliar com o auxílio de simulações construção, tornando comuns as variações dos limites de
eletromagnéticas o comportamento do campo magnético axial temperatura de operação de um satélite para outro [12] de
gerado por eles, a fim de se obter uma configuração que acordo com o balanço térmico de cada um. A fim de possibilitar
possibilite um campo uniforme, sem o uso de solenoides. Para a aplicação das LTNLs em vários tipos de satélites, considerou-
isso, é importante investigar o processo de seleção de materiais se que a linha estará operando sob um controle térmico dentro
para aplicações espaciais, selecionando o material mais do intervalo de temperatura de 0°C a 100°C, garantindo assim
adequado ao projeto. uma margem de operação. A LTNL estará protegida por uma
estrutura de absorvedores eletromagnéticos para evitar
II. SELEÇÃO DE MATERIAIS PARA USO ESPACIAL interferências eletromagnéticas (EMI) com outros dispositivos,
Diversas restrições ambientais restringem a seleção de já que serão utilizados ímãs permanentes.
materiais para aplicações espaciais. Os materiais escolhidos,
dentre outras propriedades, devem ser leves para otimizar a III. ÍMÃS PERMANENTES
massa da carga útil. O peso reduzido de um veículo espacial ou Ímãs permanentes são permanentemente magnetizados, ou
satélite, afeta diretamente a quantidade de combustível seja, possuem a capacidade de armazenar energia magnética.
utilizado, provendo enormes benefícios econômicos e Porém, eles podem perder sua magnetização caso sejam
ecológicos [10]. Alguns dos principais objetivos para o expostos a altas temperaturas (temperatura de Curie), tensões
desenvolvimento de materiais na indústria aeroespacial são a mecânicas que alteram a distribuição atômica dos cristais ou
redução de peso e o aumento da resiliência às variações bruscas elevados campos magnéticos externos capazes de desmagnetizar
de temperatura. Assim, selecionar um material ideal a partir de o material. Suas propriedades oferecem uma infinidade de
uma ampla variedade de materiais disponíveis para uma aplicações, que resultam dos seus requisitos de projeto. Existem
aplicação específica, não é uma tarefa trivial. Existem mais de diferentes tipos de ímãs permanentes, dependendo da geometria,
21 aspectos e fenômenos diferentes no espaço, que podem das propriedades e do tipo de material. Os materiais mais
afetar as propriedades físicas dos materiais e, populares de ímãs permanentes são [13]: ligas de Alnico, onde
consequentemente, o desempenho de seus dispositivos [11]. A seus principais componentes são ferro, cobalto, níquel e
influência do ambiente espacial nos materiais depende alumínio, ímãs cerâmicos (ferrites), samário-cobalto (SmCo),
principalmente do tipo de missão, do período solar que ocorrerá neodímio-ferro-boro (NdFeB) e ferro-cromo-cobalto (FeCrCo).
a missão e da órbita na qual um satélite opera, por exemplo. Diversas geometrias podem ser implementadas, desde formato
de discos, anéis, cilindros, até blocos, barras e cubos.
Dentre os vários métodos de seleção de materiais Geometrias especiais podem ser fornecidas por cada fabricante.
encontrados na literatura, o que se destaca é o método de Ashby,
que relaciona duas propriedades específicas dos materiais por As características magnéticas principais para a seleção dos
meio de gráficos. Como o desempenho de um componente ímãs são obtidas através de suas curvas de desmagnetização
depende quase sempre de uma combinação de propriedades, o (BH). Tais curvas são obtidas ao se analisar o segundo quadrante
método surge da ideia de plotar uma propriedade em função da do ciclo de histerese (Fig. 2) e indicam como a densidade do
outra, mapeando-as através de regiões, denominadas ilhas, fluxo magnético B em um ímã varia com o campo de
ocupadas por cada material. Uma função, denominada de índice desmagnetização H aplicado.
de mérito é determinada para descrever uma linha divisória
entre os materiais possíveis e os não possíveis. Uma limitação
secundária pode ser empregada, o que permite detalhar ainda
mais a área de escolha dos materiais. Os gráficos resultantes,
chamados de cartas de seleção, são úteis de várias maneiras.
Eles condensam um grande corpo de informações em uma
forma compacta mais acessível e revelam correlações entre as
propriedades dos materiais [11].
Considerar todos os fatores do ambiente espacial de uma só
vez tornaria o problema muito complicado. Para simplificar,
neste artigo, são examinados dois fatores do ambiente espacial:
densidade (relacionado a massa) e temperatura no ambiente de
operação. Como visto anteriormente, a massa reflete
diretamente nos custos de lançamento de qualquer artefato para
o espaço, no caso de satélites, a temperatura varia drasticamente
de acordo com o seu movimento orbital, passando por regiões
de eclipse (sem visada para o sol) e regiões iluminadas (com
visada para o sol). O requisito funcional do campo magnético
axial (necessário para a polarização externa da LTNL Fig. 2. Ciclo de histerese (produção dos autores).
giromagnética) também foi levado em conta. Este foi obtido
experimentalmente e analiticamente em trabalhos anteriores [5] O processo de magnetização de um material é realizado
e [7]. Neste trabalho, considerou-se que a LTNL estaria aplicando-lhe um campo magnético externo. Inicialmente
desmagnetizado, o material começa a sofrer ação do campo

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externo aplicado H. Partindo da origem O (0,0) na Fig. 2,


observa-se um crescimento da magnetização do material em
comparação com o campo externo aplicado. O material então
atinge o nível de saturação (Bmax). Ao diminuir a intensidade de
H, o fluxo magnético do material torna-se cada vez menor,
porém o retardamento deste fluxo não ocorre pelo caminho de
magnetização inicial.
Alguns ímãs permanentes têm a propriedade de serem
dificilmente desmagnetizados (hard materials), possuindo alta
coercitividade (Hc), que é a medida da resistência de um material
magnético à desmagnetização. A remanência (Br) quantifica o
magnetismo que permanece em um ímã, após a remoção da do
campo magnético externo que foi aplicado para magnetizá-lo (H
= 0).
Fig. 3. Carta de seleção: fluxo remanente por densidade (produção dos
A escolha adequada de um ímã permanente leva em autores).
consideração vários fatores (mecânicos, térmicos, magnéticos,
geométricos etc. [13]). Neste trabalho, os aspectos considerados
críticos para uma análise inicial utilizando as cartas de seleção
foram: (1) remanência (Br), (2) densidade do material e (3)
temperatura máxima de operação.
IV. METODOLOGIA
A metodologia utilizada neste trabalho dividiu-se em quatro
partes:
1) Realizou-se uma pesquisa das propriedades dos ímãs
permanentes em base de dados de empresas nacionais e
internacionais: objetivou compor as cartas de seleção dos
materiais adequados.
2) Foram inseridos nas cartas os limites permitidos pelos
requisitos de projeto: procurou reduzir o campo de soluções Fig. 4. Carta de seleção: máxima temperatura de operação por densidade
(produção dos autores).
adequado aos requisitos de projeto das LTNLs.
3) Selecionou-se o conjunto de materiais adequados aos
requisitos de projeto: objetivou a seleção dos materiais
adequados, levando em conta aspectos não descritos pelas
cartas, como resistência do material e curva de
desmagnetização.
4) Simulou-se utilizando o programa de simulação
eletromagnética CST Studio® [14] um arranjo utilizando os
ímãs permanentes selecionados: buscou-se desenvolver a
configuração ideal do ímã selecionado com o intuito de
maximizar a constância do campo gerado na região requerida.
V. RESULTADOS E DISCUSSÕES
A. Geração das Cartas de Seleção
Após a compilação de 574 ímãs para a formação do banco Fig. 5. Carta de seleção: fluxo remanente por máxima temperatura de operação
(produção dos autores).
de dados das propriedades dos materiais, foram plotadas três
cartas de seleção, onde é possível mapear algumas propriedades
B. Seleção dos Materiais
dos ímãs. As Figs. 3, 4 e 5 apresentam as regiões mapeadas dos
diferentes materiais de acordo com suas propriedades. Observa-se nas cartas de seleção, que os ímãs cerâmicos
possuem remanência inferior em relação aos demais. Apesar de
serem materiais com uma faixa de densidade menor,
conseguem operar em grandes temperaturas. Note-se que uma
faixa restrita de remanência pode inviabilizar a aplicação dos
ímãs cerâmicos em dispositivos que necessitam de um intenso
campo magnético.

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Os ímãs de samário cobalto possuem maior densidade e se


encontram na faixa intermediária de temperatura máxima de
operação, comparado-se aos outros materiais. Apresentam uma
boa variação de remanência e são considerados resistentes a
corrosão. O custo deste tipo de ímã geralmente é mais elevado
do que os de neodímio. Todos os ímãs são quebradiços, porém
o ímã de SmCo é o mas frágil e quebradiço.
Já os ímãs de ferro-cromo-cobalto não possuem uma ampla
faixa de remanência e são razoavelmente maleáveis. Por ser um Fig. 7. Dimensões em milímetros (espessura, espaçamento, comprimento e
material semi-hard, é mais facilmente desmagnetizado quando diâmetro interno) dos componentes da estrutura.
exposto a campos externos, porém, estes ímãs não necessitam
de nenhum revestimento contra corrosão. A orientação do vetor de magnetização e o valor de
remanência de cada bloco são apresentados na Fig. 8. O fluxo
Os ímãs de Alnico são as melhores escolhas em aplicações remanente entre os blocos do mesmo anel são iguais, blocos de
com temperaturas extremamente altas, pois possuem elevada anéis diferentes possuem fluxo remanente diferente. A
temperatura máxima de operação juntamente com os remanência dos blocos são: 1T, 0,75T, 0,7T e 0,6T. Para os
cerâmicos. Os Alnicos apresentam uma faixa de densidade quatro primeiros anéis, os blocos possuem a mesma orientação
intermediária, quando comparado aos outros ímãs. São menos do vetor de magnetização (apontados para o centro do anel),
densos que os ímãs de SmCo e ferro-cromo-cobalto, porém, são enquanto nos quatro últimos anéis, a magnetização é invertida
ímãs com baixa coercitividade, ou seja, também são facílmente (apontando em direção oposta ao centro dos anéis, como mostra
desmagnetizados. a Fig. 8). Assim configurado, tal arranjo possibilitou uma
Como mostram as cartas (Figs. 3, 4 e 5), os ímãs de simetria no campo magnético [15]
neodímio apresentam uma boa faixa de remanência, possuem
uma variabilidade em sua densidade e são mais limitados
quanto a máxima temperatura de operação. Este tipo de material
deve ser revestido para evitar riscos de corrosão; entretanto, eles
possuem um melhor desempenho com um volume menor de
ímã, quando comparado com outro material, além de serem
dificilmente desmagnetizados.
Portanto, avaliando as vantagens e desvantagens de todos os
Fig. 8. Fluxo remanente dos blocos e orientação dos vetores de magnetização.
ímãs e com o auxílio das cartas de seleção, foi escolhido o ímã
de neodímio para prover a magnetização axial da LTNL. A Fig. 9 apresenta a intensidade do campo magnético axial
C. Simulação Computacional (com x = 0, y = 0), onde os pontos 1 e 2 representam o início e
o fim da estrutura dos anéis ao longo do eixo z (288 mm).
Para a análise do campo magnético axial gerado, foi Observa-se que o campo magnético varia na faixa de
simulada uma estrutura de 8 anéis contendo 12 blocos de 27,92kA/m a 35,01kA/m, suficiente para possibilitar a
neodímio em cada anel [15]. Uma visão explodida é polarização funcional de uma LTNL de 235 mm de
apresentada na Fig. 6. comprimento.

Fig. 6. Visão explodida do arranjo de anéis formados por blocos.

A estrutura está orientada ao longo do eixo z e suas


dimensões podem ser observadas na Fig. 7. A distância entre os
anéis variam e sua largura se mantém fixa (30 mm). O diâmetro Fig. 9. Intensidade do campo magnético no centro dos anéis (x = 0, y = 0), ao
interno dos anéis é constante (48,3 mm), permitindo o encaixe longo do eixo z.
da LTNL em seu interior.
Na Fig. 10, é possível notar a variação espacial da
intensidade do campo magnético, assim como a orientação do
mesmo. Há pontos onde as linhas de campo se cancelam. Este
fenômeno ocorreu devido ao entrelaçamento das linhas de
campo magnético com vetores opostos entre os ímãs.

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dispositivo, pois não mais necessitaria uma fonte de corrente


contínua para a alimentação do solenoide.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais – INPE e ao Laboratório Associado de Plasma –
LABAP por fornecerem as instalações para esta pesquisa.
REFERÊNCIAS
[1] J. O. Rossi, F. S. Yamasaki, J. J. Barroso, E. Schamiloglu, U. C. Hasar.
Fig. 10. Linhas de campo magnético na seção tranversal da estrutura. “Operation analysis of a novel concept of RF source known as
gyromagnetic line”. In Proc. SBMO/IEEE MTT-S Int. Microw.
A montagem da LTNL no centro dos anéis de neodímio é Optoelectron. Conf. (IMOC), Águas de Lindoia, SP, Brasil, pp. 1-4,
apresentada na Fig. 11. Essa estrutura foi considerada para (2017).
análise, pois a intenção dos estudos relacionados ao campo [2] I. V. Romanchenko, V. V. Rostov, V. P. Gubanov, A. S. Stepchenko, A.
gerado pelos ímãs é que a polarização axial fornecida pelos V. Gunin, and I. K. Kurkan, “Repetitive sub-gigawatt rf source based on
gyromagnetic nonlinear transmission line,” Rev. Sci. Intrum. 83, 074705,
mesmos seja o suficiente para saturar as ferritas da linha (2012).
giromagnética. Desta forma, em estudos futuros, pretende-se [3] D. V. Reale, J.-W. B. Bragg, N. R. Gonsalves, J. M. Johnson, A. A.
que os resultados aqui apresentados sejam utilizados de base Neuber, J. C. Dickens, and J. J. Mankowski, “Bias-field controlled
para o projeto e análise de uma estrutura experimental, phasing and power combination of gyromagnetic nonlinear transmission
convergindo para uma validação dos resultados. lines”, Rev. Sci. Instrum. 85, 054706, (2014).
[4] T. L. Gilbert, “A phenomenological theory of damping in ferromagnetic
materials,” IEEE Transaction on Magnetics, Vol. 40, No. 6, p. 3443-3449,
(2004).
[5] J-W. B. Bragg, J. C. Dickens, and A. A. Neuber, “Material selection
considerations for coaxial, ferrimagnetic-based nonlinear transmission
lines,” J. Appl. Phys. 113, 064904 (2013).
[6] J. Bragg, J. Dickens, A. Neuber, “Magnetic biasing of ferrite filled
nonlinear transmission lines”, IEEE International Power Modulator and
High Voltage Conference, (2010).
[7] J. O. Rossi, F. S. Yamasaki, E. Schamiloglu, J. J. Bararoso, “Analysis of
Fig. 11. Corte transversal de uma LTNL de 235 mm de comprimento,
nonlinear gyromagnetic line operation using LLG equation”, 2017 IEE
posicionada no interior do arranjo de ímãs de neodímio.
21st International Conference on Pulsed Power (PPC), Brighton, pp. 1-3,
(2017).
VI. CONCLUSÃO [8] H. J. Jens, G. B. Manlio, “Generation of highly uniform magnetic fields
Através do método de seleção de materiais, foi analisado e with magnetized wedges”, IEEE Transaction on Magnetics, Vol. 34, No.
4, p. 2316-2326, (1998).
escolhido o ímã permanente de neodímio para a polarização
axial de uma LTNL giromagnética. Apesar de possuir algumas [9] T. Zhang, C. Jiang, Huibin Xu, M. Jianqin, “Permanent-magnet
longitudinal fields for magnetostrictive devices”, J. Appl. Phys. 101,
limitações quanto à temperatura máxima de operação, os ímãs 034511 (2007).
de neodímio apresentam um desempenho melhor com um [10] M. Peters, C. Leyens, “Aerospace and space materials”, Materials Science
volume menor de material. Isto possibilita uma maior and Engineering. Vol III, (2009).
compactação das LTNLs, além de serem dificilmente [11] K. Fayazbakhsh, A. Abedian, “Materials selection for applications in
desmagnetizados e de ainda serem um material resistente space environment considering outgassing phenomenon”, Advances in
mecanicamente. Foi simulada uma estrutura de anéis compostos Space Research. 45, 741-749 (2010).
de blocos de neodímio. Apesar de não se ter alcançado um [12] R. D. Karam, “Satellite thermal control for system engineers”, Progress
campo ideal e totalmente uniforme na região de interesse, foi in Astronautics and Aeronautics, Vol. 181, AIAA, Cambridge, 274p.
(1998).
possível obter um campo magnético com uma variação de 11,2%
em torno do valor médio de 31,4kA/m, ou seja, dentro da faixa [13] S. R. Trout, G. D. Wooten, ‘Selection and specification of permanent
magnet materials’. Proceedings of Electrical Insulation Conf. and
de operação da LTNL (20 kA/m a 40kA/m), de acordo com os Electrical Manufacturing and Coil Winding Technology Conf. pp. 59–63,
requisitos iniciais. A obtenção de campos uniformes produzidos (2003).
por ímãs permanentes será investigada em estudos futuros. Este [14] CST STUDIO SUITE®, CST – Computer Simulation Technology AG,
trabalho mostrou aspectos da utilização de ímãs permanentes www.cst.com.
para a substituição de solenoides em LTNLs para aplicações [15] G. Aubert, “Cylindrical permanent magnet with longitudinal induced
espaciais, o que diminuiria a massa e o volume de todo o field”. United States Patent. Patent Number: 5.014.032. (1991).

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A new instructional kit proposal for signal integrity


study in Microstrip structured printed circuit boards
Jean Lescowicz
Pablo Dutra da Silva
IFSC, Campus Jaraguá do Sul - Rau
Jaraguá do Sul, Brazil
jean.lescowicz@gmail.com
pablo.silva@ifsc.edu.br

Abstract— This paper presents a new proposal for an reflection. Wave reflection is an electromagnetic compatibility
instructional kit for signal integrity study in printed circuit (EMC) issue.
boards (PCB). The high frequency of electronic systems and the
low transition time between logical levels lead us to study the In order to improve signal integrity in PCB learning
effects caused by these conditions. The objective of this kit is to through practical experiences, promoting a better
address the lack of practical activities in electromagnetic understanding, a proposal for an instructional kit, aimed at
compatibility courses and provide the student with a solid electrical and electronic engineering courses, mainly, is
understanding of the theory, regarding the causes and effects of presented. Similar proposes from that is presented in this paper
wave reflection in signal integrity for microstrip lands. This was not found in the literature. Some limited initiatives were
device was made to be used with common equipment in verified in the using of isolated PCB tracks excited by
laboratories of electronics, as a power supply and general- expensive signal generators and using expensive measuring
purpose digital oscilloscope. The results were obtained from a equipment to verify wave reflection and other effects [11].
prototype with five lands of different lengths, in which a clock Some few trainings offer practical experiments, but they have
generator applied the signal to the desired land, enabling data the same characteristics of expensiveness already commented.
acquisition. The most expressive wave reflection effect is
observed in the 80cm land, where there is a 1.9V voltage This instructional kit was developed with the following
overshoot. The referred kit allows the observation of matching objectives: to present the problem of signal integrity in PCB
impedance benefits for wave reflection mitigation. with Microstrip structure, analyze its causes and observe ways
to minimize signal integrity problems. Through the kit students
Keywords—Signal integrity; microstrip; instructional kit for will be able to understand the importance of the speed of
Enginering Education; printed circuit board (PCB); wave transition of logic levels and the influence of the length of the
reflection. lands in signal integrity. In addition, the kit has the allows the
students verify the effect of impedance matching resistors for
I. INTRODUCTION the wave reflection phenomenon. It will also be possible to
We are facing the fastest technologic development ever provide a more relevant learning due to the practical
seen and the clock frequencies increasing as signal integrity visualization of theoretical concepts [4][5].
problems arise [1][2]. In addition, the time available to solve Other important factors of this instructional kit are the low
these problems and develop new products is getting shorter [3]. cost of production, and the simple operation, using in
Due to this fact, the effects of signal integrity on printed circuit conjunction with equipment easily found in laboratories of
board (PCB) study is fundamental for electronic designers. electronics such as power supplies and oscilloscopes. These
Increase in the transition speed between logical levels is characteristics confirm the feasibility of this kit for use in
caused by the higher clock frequencies. For years, the transition courses of various educational levels. In addition, we have its
time between logic levels was neglected by PCB designers small physical dimensions, which also make it possible to be
because they are mainly concerned about the maximum used in online courses together the SPICE models available
frequency applied to these lands. This fact raised many signal with the instructional manuals.
integrity problems in PCB designs and is the main reason of
the kit proposal. Improve the signal integrity study in II. SOME BACKGROUND
Engineering courses in order to give to these professional
practical insights to deal with this kind of issue. A. Education and EMC.
The signal transition speed compared to the land length can As the designer of conventional digital systems begins to
tell us whether the land can be considered a transmission line work with high speed digital projects, he will experience a
or not. When a land becomes a transmission line, we conclude completely different view of high-speed logical signals [5].
that the propagation of a signal through it is not instantaneous. This is due to the increasing speed of digital systems in recent
Linked to this we have a consequence, which is wave decades. In practical terms, this speed increase has provided an
exponential advance of technology, however, from the design
perspective, several EMC problems begin to arise. Among the

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EMC problems, one of the most important issues covered in


this work is wave reflection that characterize as Signal Integrity 𝑣0
(4 )
𝑣=
issue. To deal with these problems, it is imperative that an √𝜀′𝑟
understanding, of both intuitive and quantitative, about signal
integrity should be acquired by the Engineer [7]. Thus, to calculate the propagation speed of a signal in a
A new product design methodology is needed to ensure that track (4), it’s necessary to have the knowledge of the value of
signal integrity issues are identified and eliminated from the the effective relative electrical permittivity of the environment
product as soon as possible [3]. The main point of this new around the land and the propagation velocity of an
methodology, suggested by [3], is "Understanding the root electromagnetic wave in a vacuum (𝑣0 ). With the propagation
cause of signal integrity problems and the general guidelines speed (𝑣) and length (ℒ) of the printed circuit land, it is
for minimizing these problems." Thus, the instructional kit possible to calculate the propagation time (TD), provided by
presented in this work meets this idea, helping to understand equation (5).
signal integrity through practical experiences. ℒ
𝑇𝐷 = (5)
B. Using the transmission line model 𝑣
Whenever a signal, digital or analog, travels through a As already mentioned, the clock frequencies of digital
printed circuit line, there will be the presence of electrical and systems have been increasing significantly and, conversely,
magnetic fields. These fields are responsible for the capacitive transition times between logic levels (TH) are shrinking.
and inductive effects between the signal land and the return Considering a land as a transmission line, it is essential to
path. However, if its influence does not cause problems to the consider the values of TH and TD. Finally, a PCB land is
functionality of the circuit this will not be an issue [7]. Ideally, considered a transmission line when the transition time (TH)
what is expected is that the voltage and current at the value is close to signal propagation time (TD) [8].
beginning of the land are equal to the voltage and current at In the electromagnetic compatibility terms, signal integrity
the end of the land. However, as the clock speed tends to corresponds to the study area that analyzes the effects able to
increase, seemingly limitless, these conductors will have a modify the format of a signal. In general, it refers to all
significant effect on signal transmission and cannot be ignored problems that appear in high-speed products due to their
[8]. interconnections [3]. In other words, a signal applied at the
The propagation velocity of an electromagnetic wave, in beginning of a printed circuit land is expected to be the same
any environment, is given by equation (1). Where μ0 and ε0 as the end of that same land. However, this signal will be
represent magnetic permeability in vacuum and electrical subject to the impedance of this line, and thus will certainly
permittivity in vacuum, respectively. As well as μr and εr suffer some distortion and attenuation [8].
represent relative magnetic permeability and relative electrical For the design of a signal land on printed circuit board,
permittivity, respectively. there are several formats of structures that can be employed.
1 When the signals employed are high-speed, the most common
𝑣= (1) structures are microstrip and stripline [6]. The microstrip
√𝜇0 𝜇𝑟 𝜀0 𝜀𝑟 consists of a path on a printed circuit board with only
reference plane. There are still two types of microstrip, buried
Since we are working with a microstrip structure, we must and nonburied. The buried microstrip is a transmission line
consider effective relative permittivity (ε'r). It takes into incorporated into the dielectric [6]. In this work was used the
account the electric field lines that are partially in the air and nonburied microstrip structure.
PCB’S substrate, according to the geometric characteristic of
this structure type. To microstrip structures, the effective C. Possible Remedies for Signal Integrity Degradation
relative permittivity is. Signal integrity for digital systems is linked to wave
reflection [7]. On PCB, wave reflection occurs when a signal
𝜀𝑟 + 1 𝜀𝑟 − 1 1 generated by a source, which is propagated through a
𝜀′𝑟 = + (2) transmission line, encounters a variation in the characteristic
2 2 √1 + 10ℎ/𝑤
impedance. At this point, part of the signal is driven to the end
on the transmission line, and another part is reflected to the
Where ℎ and 𝑤 are board height and line width, signal source. Thus, wave reflection can cause voltage and
respectively. For our case, ℎ >> 𝑤, causing the right parcel current overshoots that cause logical errors in the systems, in
tends towards zero. So, it can be approximated as follows: the worst cases damage some component [8]. A simple, but
limited, way to deal with wave reflection is to design the land
𝜀𝑟 + 1 short enough that it does not behave like a transmission line.
𝜀′𝑟 = (3)
2 Employ components with a lower transition time (TH) is
another way to face these problems.
As the focus of this work is to study signal integrity in
PCB’s, which is a homogeneous environment, the equation (1) If the use of a slower technology or short lands is not a
consideration, two additional solutions are presented. The first
can be simplified as (3) according to [9].
is to keep the impedance constant along the path, which can be

693
19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

done by manipulating the geometry of the transmission lines. IV. RESULTS AND DIDACTIC OBJECTIVES
The second is to use resistors at specific points to control The equation (2) can be simplified by (3) because the
impedance characteristic of the transmission line [3]. height of the land is greater than width in this kit design. Using
The second solution presented above is based on the equations (3), considering relative permittivity being equal to
principle of impedance matching. Impedance matching aims six (εr= 6), the value of effective relative permittivity is
to make the impedance of the load equal to the impedance of obtained(ε'r). With equation (4), the propagation velocity (𝜈)
the source, causing the conditions of minimum signal for that specific PCB is found for a microstrip structure. This
reflection and maximum power transfer to be met value will be the same for all subsequent cases. Aiming to
simultaneously [10]. To implement the matching of calculate the size of five different lands, with the TH/TD ratio of
impedances on a transmission line, simply add a circuit 1, 2, 5, 10 and 20, it is possible to obtain these values through
equivalent to the impedance of the source. Often this circuit is the equation (5). The results can be seen in Table I.
formed only by a resistance. The signal generator employed, has as main characteristics
supply voltage 5V, has a fixed transition time (TH) of 5ns and
III. THE KIT PROPOSAL (STRUCTURE) its output was programmed to offer a clock signal frequency of
This instructional kit will offer to Electromagnetic 32kHz and 4MHz with the amplitude of 5V. This is an
Compatibility students the opportunity to relate the theory of important characteristic that allows students verify the TH/TD
various themes in a practical activity with a great didactic ratio importance in contrast of using the fundamental frequency
value. The main subjects necessary for the student to criterium.
understand and analyze the results obtained with the use of this For testing, this kit was assembled as illustrated by Fig. (1).
kit are electromagnetism and electrical circuits analysis. The generator is connected at the beginning of the lands, the
With the intention of facilitating the use, this kit was oscilloscope acts as a load at the end of the land, and the signal
designed so that its use was done in a very intuitive way. Fig. returns occurs, on the opposite side of the PCB’S, by a ground
(1) illustrates the connection scheme with a conventional plane. The land selection is made by jumpers positioned
oscilloscope. In this way it is possible to observe the behavior between the clock generator output and one of the Land’s End.
of the signal in lands of various lengths. As can be seen in Fig. (2), with the increase in the length of
By sizing an electrically large land, using the TH/TD ratio, the land there was a considerable increase in the voltage spikes
the student can understand the importance of a good project in during the level transition. On the 4cm land, the peak voltage
the point of view of the quality of the signal to be transmitted. during the transition reached 6.3V, about 0.2V above the
In a practical way, he may also observe that the transition time applied signal. However, in 80cm land, the peak voltage during
(TH) is more responsible for signal distortion than its the transition reached 8.0V, approximately 1.9V above the
frequency. The kit presents lands, in microstrip structures, with applied signal. The values of high logical level (5.0V) and low
various lengths, where it is possible to see that the integrity of logical level (0V) do not present significant distortions. This
the signal changes according to its extension. voltage spike, caused during the transition of logical levels, can
damage or decrease the life of the circuit in which it is applied.
Again, in a practical and intuitive way, this work suggests a This knowledge about the project is of great use for PCB
way to reduce signal distortion, through the matching of designers. In the same figure, is possible to observe the
impedances, using a serial resistor with the land. Thus, the propagation delay caused by the propagation through a long
student can verify that the integrity of the transmitted signal transmission line.
will depend on the value of the resistor employed. Always
comparing signal at the end of the land with the signal of the It is also important to note, still in Fig. (2), that the
generating source in order to have the correct insight. minimum voltage value at a high logic level, reached by the
signal during the transition, in the 4cm land was 4.3V, as well
The use of this kit requires only a conventional oscilloscope as the signal applied at the beginning of the trail. Unlike the
and a continuous voltage source, which are common equipment 80cm land in which the minimum stress value at a high level,
in electronics laboratories. This is a simple and inexpensive during the transition was 2.6V, approximately 2.0V below the
proposal for the study of electromagnetic compatibility, applied signal.
specifically in microstrip structures.

TABLE 1 Land length and the TH/TD relation.

TH (ns) TD (ns) TH/TD 𝓛 (cm)


5 1 80

2.5 2 40

5 1 5 15

0.5 10 8

0.25 20 4

Fig. 1. Kit assembly diagram.

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Fig. 2. Comparison between the lands input signal and the response Fig. 4. Comparison between the 80 cm land input signal and the
in two transmission lines (4 cm and 80 cm length). response at is end with and without the impedance matching resistor.

In digital circuits, which work with voltages of 0.0V and pursuing the matching of impedances. The test was performed
5.0V, this minimum voltage value at a high level can be with the 80cm land using a resistor with a value of 100Ω. Fig.
misinterpreted by the system, thus causing a logical error. This (4) shows the result obtained. It is noted that with the addition
is a practical problem that students will be able to check in the of the resistor, the signal was like that obtained in the oscillator
laboratory. output. Significantly reducing the effects caused by wave
reflection. In this way, the kit provides students with
Similarly, in the lengths of 8, 15 and 40cm, as the length of foundations for the design and solution of possible problems
the lands increases greater the peak stress value and the lower within the theme of signal integrity in PCB with microstrip
the minimum voltage value of high level. Thus, showing that structure.
the longer the land length, the greater the oscillation effects as
a result of the reflection of signals.
V. CONCLUSION
Other instructional objectives that can will be developed
The proposed kit for the study of signal integrity, in
through the comparison of the practical results, simulation
microstrip PCB structures, has been shown to be an effective
results and theoretical calculations. For this, transmission lines
tool for a solid understanding of concepts that become
SPICE macro models will be available to perform simulations
indispensable for electronic contemporary designers. With it
and compare its results with the measures. In Fig. (3), one can
the student can visualize the problems, of signal integrity, and
verify how the SPICE macro model simulation results are close
understand the importance of considering a transmission line
with the measuring performed.
and its propagation time relation with the transition time of the
With the intention of attenuating the oscillation during the applied signal. It also brings the possibility of dealing with
transitions of levels, a series resistor was added with the land, these problems, with the matching of impedances.
The assimilation of abstract theoretical concepts is better
done through practical experiences. In the case of
Electromagnetic Compatibility courses, practical experiences
were prohibitive due to equipment volume and price of
available in the market. So, the proposed kit allows the study of
a specific subject with a low-cost kit that permits its use in low
cost laboratory structure.
Comparing the input signal form of a set of various length
PCB lands and its response at the end, allow the students note
that the decrease in transition time between logical levels is
fundamental to cause signal integrity problems, altering a
mistaken idea that these would be caused by high fundamental
frequencies. Probably it is one of most important insight
promoted by this proposed kit.
As future proposals, the development of SPICE macro
models for the kit lands and an auxiliar PCB of logic gates, in
Fig.3. Comparison between the 80 cm land input signal measured
and the 80 cm land input signal simulated. order to observe the issues caused by signal integrity problems
in bit recognition, are our plans.

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19º Simpósio Brasileiro de Micro-ondas e Optoeletrônica e 14º Congresso Brasileiro de Eletromagnetismo, 8-12 de novembro de 2020

ACKNOWLEDGMENTS [6] S. H. Hall and H. L. Heck, Advanced signal integrity for high-speed
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We are grateful for Federal Institute of Santa Catarina [7] P. D. da Silva, G. R. de Oliveira and G. M. Floriani, "Proposta de kit
(IFSC in Portuguese acronym) for support this work by the didático para estudo de integridade de sinal em placas de circuito
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Retificador de Radiofrequência com Toco Radial


Para Redução de Harmônicos
Humberto P. Paz, Vinícius S. Silva, Eduardo V. V. Cambero, Ricardo Q. Martins,
Ivan R. S. Casella, Carlos E. Capovilla
Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas
Universidade Federal do ABC
São Paulo, Brasil
humberto.paz@ufabc.edu.br, vinicius.santana@ufabc.edu.br, eduardo.valdes@ufabc.edu.br, ricardo.queiroz@ufabc.edu.br,
ivan.casella@ufabc.edu.br, carlos.capovilla@ufabc.edu.br

Resumo—Este artigo descreve o projeto, simulação, prototipa- perdas intrínsecas ao único dispositivo não linear do circuito
gem e medição de um retificador de radiofrequência (RF) para a retificador, o diodo [7], [8].
banda ISM de 2,4 GHz, utilizando filtros distribuídos formados Esse comportamento não linear do diodo também é respon-
por tocos radiais, com o intuito de viabilizar o projeto de um
dispositivo otimizado e com níveis desprezíveis de harmônicos sável por efeitos diversos no funcionamento do dispositivo.
na saída. Para tal, um retificador série é utilizado, sendo Em [3], uma associação de diodos é utilizada para alterar a
desenvolvido um arranjo de tocos radiais na saída do dispositivo, impedância de entrada do dispositivo para níveis elevados de
reduzindo diretamente os harmônicos de primeira e de segunda Pin (acima de −10 dBm), buscando ajustar o comportamento
ordem gerados pelo comportamento não linear do diodo. O não linear do diodo quanto ao casamento de impedância do
protótipo do retificador é desenvolvido com um substrato de
baixo custo (FR-4). A tensão de saída, assim como a eficiência do dispositivo. Em [9], um estudo de uma rede de compressão
circuito, são apresentados para uma carga otimizada de 3, 3 kΩ. de impedância (RCN) é apresentado, visando reduzir o efeito
Keywords—harmônicos, harvesting, retificador, radiofrequên- da resistência de saída associada ao diodo no casamento de
cia, toco radial. impedância. Já em [10], um estudo baseado em simulações
sobre os efeitos da variação da temperatura no casamento
I. I NTRODUÇÃO de impedância do retificador é apresentado, demonstrando a
sensibilidade da eficiência quanto à variação da temperatura
O desenvolvimento de retificadores de RF vem sendo con- ambiente. Além destes, análises que descrevem a redução
solidado no âmbito acadêmico como uma alternativa promis- da eficiência do retificador devido ao não tratamento dos
sora para a expansão de dispositivos energeticamente autô- harmônicos gerados pelo diodo são realizadas [11], [12], sendo
nomos [1], [2], sendo dedicados à aplicações em ambientes que em [12] um segundo retificador na saída do circuito
internos ou externos, de acordo com a proposta de projeto. é utilizado para reaproveitar o segundo harmônico gerado
Estes são comumente categorizados e citados em dois grupos pelo diodo, porém com uma relação custo benefício pouco
principais: Wireless Power Transfer, para casos de transmissão significativa por praticamente dobrar as dimensões do circuito.
dedicada de energia, utilizando sinais não modulados, podendo Os diversos métodos descritos têm como intuito principal
apresentar potência, distância e período de exposição como o aprimoramento da eficiência de conversão do retificador, e,
parâmetros de otimização do projeto [3], [4]; Ambient Energy por consequência, demonstram as diversas propostas que estão
Harvesting, quando o dispositivo é totalmente dependente da sendo colocadas em prática para contrapor as dificuldades
energia ambiente disponível decorrente de redes móveis, sendo de projetos eficientes. Por este motivo, este artigo foca na
que o nível de potência disponível no retificador neste caso descrição de uma nova metodologia de elaboração do filtro
tende a ser variável e dependente de diversos fatores [5], de saída de um retificador de RF para a banda do ISM de
[6]. Para aplicações em ambientes internos, principalmente na 2, 4 GHz, utilizando a composição de múltiplos tocos radiais
faixa do ISM de 2, 4 GHz, o Ambient Energy Harvesting como capacitores, sendo estes projetados para a frequência
é promissor, principalmente devido à crescente densidade fundamental do sinal de entrada e para o segundo harmônico,
espectral de potência resultante de tecnologias como WiFi [2]. visando assim aprimorar a eficiência do circuito, evitando a
A densidade espectral de potência e a eficiência de conver- utilização de indutores choke para isolar a carga do resto do
são RF-DC destes dispositivos são fatores fundamentais para sistema. Além disso, a faixa de otimização de Pin é de -20
o projeto de rectenas, e, por consequência, dos retificadores de a -10 dBm, visando rede móveis de comunicação na faixa de
RF, sendo que o aumento da quantidade de locais de acesso frequência especificada [10].
de redes de comunicação e de dispositivos conectados afeta O artigo está estruturado em IV seções, sendo a Introdução
diretamente a potência de saída do sistema. Assim, temos que a que dá início até o fim desta seção. Na seção II é descrito
o aumento da eficiência é diretamente proporcional à potência o desenvolvimento do retificador de RF, detalhando o passo a
de entrada do retificador (Pin ), fator que é justificado pelas passo do projeto do filtro de saída com elementos distribuídos

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para redução dos harmônicos. Na seção III, os resultados


obtidos a partir da medição do retificador são apresentados.
Por fim, a conclusão é apresentada na seção IV.
II. R ETIFICADOR DE RF
Devido às características não lineares do diodo de RF
somadas aos efeitos parasitas do encapsulamento do disposi-
tivo [10], [12], o filtro de saída do retificador de RF deve ser
projetado levando em consideração parcelas significativas de
harmônicos múltiplos da frequência fundamental do sinal de
entrada. O desenvolvimento do filtro de saída de retificadores
de RF, utilizando exclusivamente tocos radiais para a filtragem (a) Projetado para 2, 45 GHz (b) Projetado para 4, 9 GHz
do sinal, sob o pretexto de obter uma tensão DC de saída com
um fator de oscilação reduzido pode ser explorado a partir da Figura 2: Simulação da impedância dos tocos radiais na Carta
emulação de uma capacitância para a frequência de interesse. de Smith.
A equação que representa a impedância equivalente do toco
radial (Zr ), representado pela Figura 1 e desenvolvida por [13],
é extrapolada para um toco radial sobre micro-linha, assim na Figura 3, sendo que os tocos radiais foram adicionados
como pode ser visto em (1), no qual β é a constante de de forma a realizar um filtro de quarta ordem intercalado,
fase, Eef f é a constante dielétrica efetiva, h é a espessura reduzindo significativamente a relação dos harmônicos na
do dielétrico, W é a largura de entrada do toco radial, L é o tensão DC de saída através da redundância dos componentes.
seu comprimento, e θ é o ângulo de abertura.

Figura 1: Toco radial.

Figura 3: Layout do retificador série com filtros formados por


sin( θ2 ) W
2 
  
j120πhβ 1 2
Zc = − p ln + + (1) tocos radiais.
θ Eef f L 2 (βL)2
Visando eliminar os harmônicos de maior intensidade, na As dimensões finais das linhas responsáveis pelo casa-
saída do retificador, dois tocos radiais distintos são projetados, mento de impedânca são: L1 = 8 mm, L2 = 10, 5 mm,
sendo utilizado como base um substrato de FR-4 de baixo L3 = 7, 9 mm, L4 = 18, 7 mm, W1 = 3 mm, e θ1 = 40°.
custo com parcela real da permissividade dielétrica relativa de Dentre estas, é importante ressaltar o curto circuito para DC de
4,5, tangente de perdas 0,018 e altura 1,6 mm [6]. Ambos comprimento L4 , localizado no anodo do diodo, sendo estes
os tocos radiais são projetados de forma que Zc seja aproxi- imprescindível para anular a polarização reversa do diodo [10].
madamente um curto-circuito para a frequência de interesse,
tomando como base a reatância capacitiva de um capacitor de
100 pF . Desta forma, a Figura 2 apresenta a impedância de III. A NÁLISE DOS R ESULTADOS
ambos os tocos radiais sendo representada na Carta de Smith, a
partir de uma simulação realizada no software ADS (Advanced O protótipo do retificador é apresentado na Figura 4, sendo
Design System) da Keysight. utilizado uma resistência de carga de 3, 3 kΩ, valor este que
O toco radial projetado para 2, 45 GHz foi otimizado maximizou a eficiência em testes prévios. Para verificar o
no ADS, possuindo as seguintes dimensões: θ2 = 45°, funcionamento do dispositivo, o coeficiente de reflexão (S11 )
W in = 2, 2 mm e L5 = 11, 5 mm. Já para o caso do é medido, e, de acordo com a proposta de operação para níveis
toco radial de 4, 9 GHz, θ3 = 45°, W in = 2, 2 mm e reduzidos de Pin , o circuito pode ser considerado bem casado,
L6 = 5, 2 mm. principalmente para a região central da banda ISM de 2,4 GHz,
O retificador de RF foi elaborado considerando uma topolo- assim como apresentado na Figura 5. É importante ressaltar
gia série [14]–[17], devido à eficiência aprimorada para níveis que, com o aumento de Pin , a banda de funcionamento do
reduzidos de Pin [10]. O layout do retificador é apresentado circuito é deslocada para frequências mais elevadas.

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Figura 4: Protótico do retificador.

Figura 6: Eficiência medida do retificador com relação à


frequência do sinal, considerando uma carga de 3, 3 kΩ.

Figura 5: S11 medido do retificador com relação à frequência


do sinal, considerando uma carga de 3, 3 kΩ.

O comportamento do S11 , apresentado na Figuras 5, é útil


para apresentar uma previsão da eficiência do retificador com
o aumento de Pin . Para averiguar tal fator, a Figura 6 apresenta
a eficiência medida do retificador com relação a frequência do
sinal de entrada, descrevendo um comportamento que mapeia
o ponto de melhor casamento de impedância com a máxima Figura 7: Eficiência medida do retificador com relação a Pin
eficiência do circuito. Além disso, é visível que com o aumento do sinal, considerando uma carga de 3, 3 kΩ.
de Pin , o ponto de máxima eficiência tende para frequências
mais elevadas.
Com intuito de enfatizar a correlação da variação da efi- para a faixa central do ISM de 2,4 GHz em -20 dBm, além
ciência do circuito com relação a Pin , a Figura 7 apresenta de atingir valores de pico acima de 45% para a mesma faixa
a eficiência do retificador em torno da frequência central de de frequência.
projeto. É possível verificar que para valores pouco significa- Por fim, com o intuito de verificar a veracidade do projeto, a
tivos de Pin , de -30 a -20 dBm, não há variação significativa tensão de saída do retificador foi analisada por meio da simu-
da eficiência do circuito com relação a frequência do sinal. lação Harmonic Balance no ADS, centrando a frequência de
Entretanto, com o aumento da Pin , principalmente entre -15 excitação do circuito em 2, 45 GHz. O resultado é apresentado
e 0 dBm, o retificador apresenta um incremento da eficiência na Figura 8, deixando em evidência que os harmônicos do
com relação a frequência, demonstrando que tal fator também sinal de entrada podem ser desprezados para este caso, já que
é dependente e proporcional a Pin , assim como previsto pelo a mínima diferença é de 30 dB quando comparados à parcela
S11 . DC. Além disso, o harmônico de terceira ordem apresenta um
É importante ressaltar que o retificador alcançou valores comportamento mais intenso que dos outros harmônicos para
significativos de eficiência, obtendo aproximadamente 20% potências acima de -11 dB, sendo este resultado justificado

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pelo fato desta componente não estar sendo diretamente tratada [6] S. Lin, C. Hsieh, C. Chang, and T. Jong, “Design and implementation
pelos tocos radiais na saída. of planar rectenna for ISM-band application,” pp. 999–1002, Sep. 2015.
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[8] A. Nimo, T. Beckedahl, T. Ostertag, and L. Reindl, “Analysis of passive
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watt sensors,” AIMS Journal, vol. 3, pp. 184–200, Apr. 2015.
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compression network for improving efficiency over extended input
power range,” IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques,
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[10] H. P. Paz, V. S. Silva, E. V. Cambero, H. X. Araujo, I. R. Casella, and
C. E. Capovilla, “A survey on low power RF rectifiers efficiency for
low cost energy harvesting applications,” AEU - International Journal
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[11] S. Chandravanshi and M. J. Akhtar, “Design of efficient rectifier using
IDC and harmonic rejection filter in GSM/CDMA band for RF energy
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[13] A. Tiwary and P. Singh, “Novel compact dual bandstop filter using radial
stub,” Microwave Review, vol. 21, pp. 17–22, Sep. 2015.
Figura 8: Simulação do componente DC e harmônicos de [14] V. Palazzi, J. Hester, J. Bito, F. Alimenti, C. Kalialakis, A. Collado,
primeira, segunda e terceira ordem da tensão de saída do P. Mezzanotte, A. Georgiadis, L. Roselli, and M. M. Tentzeris, “A novel
ultra-lightweight multiband rectenna on paper for RF energy harvesting
retificador com uma carga de 3, 3 kΩ. in the next generation LTE bands,” IEEE Transactions on Microwave
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[15] X. Gu, S. Hemour, L. Guo, and K. Wu, “Integrated cooperative ambi-
IV. C ONCLUSÃO ent power harvester collecting ubiquitous radio frequency and kinetic
energy,” IEEE Transactions on Microwave Theory and Techniques,
O trabalho analisou o funcionamento de um retificador série vol. 66, no. 9, pp. 4178–4190, Sep. 2018.
[16] V. Palazzi, C. Kalialakis, F. Alimenti, P. Mezzanotte, L. Roselli, A. Col-
de RF, utilizando tocos radiais para reduzir as componentes lado, and A. Georgiadis, “Design of a ultra-compact low-power rectenna
harmônicas da tensão de saída do circuito de forma satisfatória. in paper substrate for energy harvesting in the Wi-Fi band,” in 2016 IEEE
O protótipo foi desenvolvido para operar na banda ISM de Wireless Power Transfer Conference (WPTC), May. 2016, pp. 1–4.
[17] G. Singh, R. Ponnaganti, T. Prabhakar, and K. Vinoy", “A tuned rectifier
2, 4 GHz, utilizando um substrato de FR4 de baixo custo, for RF energy harvesting from ambient radiations,” AEU - International
apresentando valores satisfatórios de S11 , e valores de efici- Journal of Electronics and Communications, vol. "67", no. "7", pp. "564
ência significativos para uma carga de 3, 3 kΩ. Os resultados – 569", 2013.
descrevem um incremento da eficiência do dispositivo com
Pin , fator que é mapeado pelo S11 , resultando em valores de
pico de eficiência em torno de 20% para −20 dBm e de 40%
para −10 dBm.

AGRADECIMENTOS
Esta pesquisa foi parcialmente financiada por CNPq e
CAPES.

R EFERÊNCIAS
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low-power RF energy for wireless healthcare applications,” Oct. 2018,
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sustainable standalone wireless sensor platforms,” Proceedings of the
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[3] A. Almohaimeed, R. Amaya, J. Lima, and M. Yagoub, “An adap-
tive power harvester with active load modulation for highly efficient
short/long range RF WPT applications,” Electronics, vol. 7, p. 125, 07
2018.
[4] A. Fisher and D. Peroulis, “Efficient rectifier for wireless power transfer
in VHF band,” in 2018 IEEE 19th Wireless and Microwave Technology
Conference (WAMICON), Apr. 2018, pp. 1–4.
[5] U. Olgun, C. . Chen, and J. L. Volakis, “Design of an efficient
ambient WiFi energy harvesting system,” IET Microwaves, Antennas
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Sensor em Microfita para Detecção de Hidrogênio


em Frequências de Micro-ondas
Keila Silva dos Santos, Eduardo Fontana, Marcos Tavares de Melo, Gustavo Oliveira Cavalcanti
Crislane Priscila do Nascimento Silva e Antonio Azevedo da Costa. Escola Politécnica de Pernambuco
Departamento de Eletrônica e Sistemas / Departamento de Fı́sica Universidade de Pernambuco
Universidade Federal de Pernambuco Recife, Brasil
Recife, Brasil

Resumo—Este artigo descreve a construção de um dispositivo molécula do H2 ser extremamente pequena, ela consegue
capaz de detectar hidrogênio usando estruturas simples de micro- penetrar nos compostos metálicos se posicionando entre os
ondas. Como o uso de hidrogênio está crescendo em diversas átomos dos metais na sua rede cristalina, o que provoca
áreas, devido à grande liberação de energia na sua queima, é
importante que esse gás seja detectado em tempo hábil, uma vez mudanças ópticas, elétricas e estruturais [10]. Na verdade, a
que ele possui baixo limite explosivo. A estrutura escolhida para molécula de H2 se dissocia na superfı́cie do Pd em forma
a construção do sensor foi a linha de microfita, que antes de ser de hidrogênio atômico [11, 12], e a permeação do H2 em
construı́da foi otimizada em um ambiente de simulação virtual. filmes finos de Pd envolve algumas etapas de dissociação
Após a fabricação, a detecção foi realizada pela observação da molécula de hidrogênio. O mecanismo de difusão envolve
da variação na amplitude do sinal propagado em estruturas
hı́bridas de micro-ondas em microfita composta de segmentos desde a dissociação através do Pd até a formação do P dHd
longitudinais de cobre e paládio. Observou-se uma variação de [13] em que o d é a fração atômica do hidrogênio.
18% na amplitude do sinal transmitido pela microfita quando
exposta a uma concentração de 4% de hidrogênio em 96% de Dessa forma realizou-se a escolha deste metal para fazer
nitrogênio. parte da estrutura que realiza a detecção do H2 . O sistema
Palavras-chave—Detecção de Hidrogênio, Micro-ondas, Mi- proposto para este trabalho, conforme apresentado na Figura
crofita, Paládio, Sensor. 1, é formado por uma linha de microfita na qual um segmento
da linha de cobre de comprimento x é substituı́do por paládio
I. I NTRODUÇ ÃO que funciona como região ativa do sensor. A detecção do H2
O suprimento de energia agregada à sustentabilidade am- é realizada pela observação da variação na amplitude do sinal
biental é um desafio iminente das sociedades atuais, então é transmitido pela linha na faixa de frequência de 1 GHz a 8,5
relevante o desenvolvimento de pesquisas na área de energia a GHz quando a estrutura é exposta a uma mistura padrão com
fim de viabilizar fontes alternativas aos combustı́veis fósseis, 4% de H2 em 96% de N2 .
por exemplo, já que é uma fonte de energia não renovável Estruturas de microfita foram selecionadas devido à sua
[1]. Nesse contexto, são crescentes os estudos que utilizam simplicidade de projeto e fabricação. Os parâmetros desse
hidrogênio como fonte de energia limpa, principalmente pela tipo de estrutura devem ser definidos para que a impedância
sua aplicação em diversos setores, como por exemplo, refinar- da linha de transmissão seja de 50 Ω [14], pois o circuito é
ias, indústrias quı́micas, siderurgia, indústria de alimentos e alimentado pelo Analisador de Redes Vetorial E50071B ENA
em células combustı́veis [1–3]. Series (300 kHz – 8,5 GHz) do fabricante Agilent.
O hidrogênio possui um baixo limite explosivo em que
concentrações acima de 4% com pressão atmosférica tornam Para o dispositivo, optou-se por adquirir uma placa de FR4
o ambiente perigoso. Por esse motivo e pelo seu grande dupla face cobreada, encontrada com valores pré-definidos
número de aplicações [3, 4], é de grande importância o da espessura da placa e da espessura do cobre. Com base
desenvolvimento de sensores com alta sensibilidade, resposta nesses valores pré-determinados, os valores obtidos para uma
rápida e operabilidade à temperatura ambiente na detecção do impedância Z0 ' 50 Ω são: largura da linha w = 2,9 mm, altura
hidrogênio [5]. Para o presente projeto, foram desenvolvidos do substrato h = 1,53 mm, espessura da linha t = 0,035 mm,
sensores, a partir de estruturas simples de microfitas, capazes comprimento da linha L = 100 mm e largura do dispositivo
de detectar o hidrogênio em uma atmosfera com diversos gases de microfita k = 70 mm.
num intervalo de frequência entre 1 GHz a 8,5 GHz. Após definição dos parâmetros é realizada a simulação do
II. OTIMIZAÇ ÃO DO S ENSOR dispositivo em um ambiente de simulação virtual por meio
do software HFSS (High Frequency Structure Simulator). Na
A. Detecção de Hidrogênio em Linhas de Microfita porção central da linha em vez de cobre é depositada uma
Conforme apresentado na literatura, o paládio (Pd) tem fina camada do metal paládio de comprimento variável x e
afinidade especı́fica pelo gás hidrogênio [3, 5–9]. Devido à espessura variável y, conforme ilustrado na Figura 1.

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Fig. 1. Estrutura hı́brida de microfita e parâmetros de projeto.

A partir de mudanças na condutividade do paládio após


exposição ao gás hidrogênio em frequências de micro-ondas é Fig. 4. Dispositivo de microfita inserido na câmara de selamento de gás.
observada uma variação na amplitude do sinal de transmissão
da linha de microfita. As espessuras do cobre e do paládio Concluı́da a etapa de metalização por sputtering, os sensores
foram atribuı́das de acordo com a profundidade pelicular de estavam prontos para serem expostos a uma mistura padrão
cada metal. Com base em resultados anteriores sobre o efeito de 4% de H2 em 96% de N2 . Após esse processo de
pelicular nos metais Cu e Pd [15], foram construı́das duas fabricação foram realizadas as medições no Laboratório LSI1
estruturas de microfita com as seguintes configurações para o do Grupo de Fotônica da UFPE, utilizando o analisador de
Pd: redes, o sensor na câmara de selamento e um sistema de gases,
conforme ilustrado na Figura 5. O sistema de gases permite
• Comprimentos x = 20 mm e espessura y = 10 nm;
expor o sensor às seguintes condições: vácuo, ar atmosférico,
• Comprimentos x = 40 mm e espessura y = 10 nm.
nitrogênio puro e mistura de 4% de H2 em 96% de N2 .
A maior sensibilidade de absorção de H2 em filmes finos de
paládio ocorre para espessura entre 10 nm e 17 nm [8]. Assim
optou-se pela construção de filmes com 10 nm que possuem
alta sensibilidade e baixo tempo de resposta [8].
III. FABRICAÇ ÃO DA M ICROFITA E S ETUP E XPERIMENTAL
Os dispositivos de microfita foram fabricados em uma placa
FR4 dupla face cobreada na qual foi utilizada a técnica da
fototransferência para construção das microfitas, conforme
ilustrado na Figura 2. A construção na microfita de paládio,
que é a região ativa do sensor, foi realizada pela técnica de
sputtering, assim obtém-se a estrutura ilustrada da Figura 3.

Fig. 5. Sistema de detecção de hidrogênio.

IV. R ESULTADOS
Fig. 2. Fabricação do dispositivo pela técnica de fototransferência. Além da estrutura com paládio, foram realizadas medições
em linhas completas de cobre de comprimentos L = 40 mm
e L = 100 mm, sem exposição ao hidrogênio, para verificar o
casamento de impedância das estruturas com o Analisador de
Redes Vetorial e se o tamanho da microfita influenciaria na
atenuação do sinal de transmissão.
Comparando os resultados de simulação por software com
os valores obtidos na medição laboratorial para o parâmetro
S21 que é o sinal de transmissão, foi observado que as curvas
Fig. 3. Deposição do Pd pela técnica do sputtering. simuladas e medidas em laboratório são muito próximas até 5
GHz e que a partir dessa frequência as curvas divergem para
Uma câmara de selamento foi construı́da na oficina do até aproximadamente 2 dB com uma variação na amplitude
Departamento de Fı́sica da UFPE, conforme ilustrado na do sinal transmitido em 8 GHz para L = 100 mm, conforme
Figura 4, para evitar o vazamento dos gases utilizados nos ilustrado na Figura 6, confirmando que ocorre um aumento
experimentos e manter a região ativa do sensor a uma pressão da tangente de perdas do FR4 com o aumento da frequência,
constante durante as medições do sinal transmitido pela linha. inviabilizando os estudos da variação de sinal acima de 5 GHz.

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Devido a isso, foram feitas análises dos dados de 1 GHz a 5 Pode-se observar que até uma frequência de 5 GHz, há
GHz. variações na amplitude do sinal de transmissão. Com base
nessa observação, para uma melhor análise das variações,
foram realizadas as diferenças entre os sinais S21 após
exposição a 100% de N2 e a 4% de H2 em 96% de N2 .
Antes de realizar a verificação dos dados que indicariam uma
alteração de sinal após exposição à presença do hidrogênio,
foi feita uma análise do erro no dispositivo que poderia ser
causado por interferências externas e pela solda dos conectores
que fazem a ligação entre o sensor e o analisador de redes, pois
esses fatores poderiam “camuflar” a detecção de H2 . Para essa
análise do erro foram realizadas 5 medições consecutivas no
sensor, em ar atmosférico, com intervalos de 5 minutos cada
e feita a diferença entre os sinais de transmissão obtidos. A
partir desses resultados, foi realizada uma comparação com a
variação na amplitude do sinal de transmissão que foi definida
como,

4S21 = S21 (A) − S21 (B), (1)


em que S21 (A) e S21 (B) são os parâmetros de transmissão
Fig. 6. Análise da atenuação do sinal de transmissão em uma linha completa da linha em duas condições diferentes de exposição A e
de cobre.
B, respectivamente. Na Figura 8 tem-se a diferença 4S21
A. Sensor de Microfita (x = 20 mm e y = 10 nm) representada pela curva azul em que A representa o sinal de
transmissão após exposição ao H2 e B representa o sinal de
exposição após exposição ao N2 . Já o erro, representado pelo
O experimento foi realizado a uma pressão constante de 0,4
conjunto de curvas cinzas em que A é o sinal de transmissão
bar. O dispositivo foi exposto primeiramente ao N2 por 5 min,
após exposição ao N2 e o B é o sinal de transmissão após
logo após foi feito um vácuo em todo sistema para retirar o N2
exposição ao N2 .
e expor o sensor ao H2 por 20 min. Após a sensibilização do
Pd é feito vácuo em todo sistema para retirada do H2 e para
finalizar expõe o sensor novamente ao N2 por 20 min. Após
esse processo foi realizada a análise de dados das medições
no dispositivo.
Foi observado nas medições que o dispositivo possui
alterações no sinal de transmissão após exposição do sensor
a 100% de N2 e a 4% de H2 em 96% de N2 , conforme
observado na Figura 7.

Fig. 8. Comparação entre a variação na amplitude do sinal de transmissão


após exposição ao H2 e o erro.

Pode-se observar que nas frequências de aproximadamente


2,12 GHz, 3,06 GHz, 3,17 GHz e 4,71 GHz existe uma
maior variação na amplitude do sinal de transmissão após
exposição do Pd ao H2 . Na Figura 9, pode-se observar a
diferença relativa do sinal de transmissão após sensibilização
pelo hidrogênio que apresenta um resultado em torno de 18%
Fig. 7. Sinais de transmissão após exposição ao N2 e H2 . na frequência 3,17 GHz.

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= 20 mm e espessura y = 10 nm, da fita de paládio, detecta


a presença do hidrogênio com uma variação na amplitude do
sinal em torno de 18% na frequência 3,17 GHz.
Fatores que podem ter contribuı́do para a baixa intensidade
no sinal dos sensores são: ruı́dos devido à influência do
ambiente externo, solda dos conectores, conexão com os cabos
do analisador, comprimento e espessura da linha de paládio e
também a adesão entre a linha de cobre e a de paládio. A
sensibilidade obtida para o caso do sensor com x = 20 mm e
y = 10 nm é significativamente maior do que o nı́vel de ruı́do,
trazendo assim boas perspectivas para o desenvolvimento de
sensores de baixo custo, para detecção de hidrogênio, por
exemplo, com emprego de tecnologia baseada em RFID.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a UPE/POLI e UFPE pelo suporte a
Fig. 9. Variação do sinal relativo. este trabalho e ao CNPq e FACEPE pelo apoio financeiro.
R EFER ÊNCIAS
B. Sensor de Microfita (x = 40 mm e y = 10 nm)
[1] M. d. M. V. M. Souza, Tecnolo

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