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Uso Público CPFL

TOMADA DE SUBSÍDIOS Nº 13/2022


APRIMORAMENTO NA REGULAMENTAÇÃO DA APURAÇÃO DAS
PERDAS TÉCNICAS REGULATÓRIAS
Uso Público CPFL
Tomada de Subsídios nº 013/2022
APRIMORAMENTO NA REGULAMENTAÇÃO DA APURAÇÃO DAS PERDAS TÉCNICAS REGULATÓRIAS

Sumário

1. Introdução ..................................................................................................................................................... 5

2. Contribuição .................................................................................................................................................. 6

2.1. Visão Geral .................................................................................................................................................. 6


Questão 01. Quais os principais pontos a serem aprimorados na metodologia de cálculo de perdas na
distribuição? Por quais razões? ............................................................................................................................ 6
2.1.1. Perdas técnicas de transformadores de distribuição ......................................................................... 6
2.1.2. Perdas técnicas em transformadores em vazio .................................................................................. 8
2.1.3. Perdas técnicas por componentes menores e ramais de entrada ..................................................... 9

2.2. Metodologia de cálculo das perdas do Sistema de Distribuição de Alta Tensão – SDAT 2.1 Fator de
Capacidade ............................................................................................................................................................. 12
Questão 02. A metodologia de cálculo de perdas do SDAT, que utiliza o sistema de medição, é a mais
adequada para obtenção das perdas nesse segmento? .................................................................................... 12
Questão 03. Existem aspectos a serem aperfeiçoados na metodologia de cálculo do SDAT? Caso positivo,
quais? ................................................................................................................................................................. 13
Questão 04. Os níveis de perdas no SDAT estão adequados? ............................................................................ 13
Questão 05. Como auditar as perdas apuradas por medição do SDAT? Um eventual procedimento de
auditagem deveria ser aplicado a todas as distribuidoras ou apenas em casos específicos? Qual critério
deveria ser usado para estabelecer a aplicação de um eventual procedimento de auditagem? ...................... 13
Questão 06. O envio de dados padronizados por ponto de medição seria uma possibilidade? Quais os aspectos
positivos e negativos dessa abordagem? ........................................................................................................... 14
Questão 07. A confiabilidade dos dados de medição – principalmente os que não pertencem ao Sistema de
Medição de Faturamento (SMF) – é adequada? ................................................................................................ 14
Questão 08. Em caso de falhas na apuração da medição de algum ponto de medição, quais são os
procedimentos adotados? Tais procedimentos deveriam ser detalhadamente definidos? ............................... 15

2.3. Critérios para a classificação de circuitos atípicos e reconfigurados......................................................... 15


Questão 09. Na maioria dos casos são significativas as variações diárias das unidades geradoras nos
alimentadores de distribuição? .......................................................................................................................... 15
Questão 10. As distribuidoras possuem os dados de medição dos geradores conectados aos circuitos de média
tensão com injeção de potência significativa? ................................................................................................... 16
Questão 11. Caso opte-se por calcular as perdas dos circuitos que possuem geração, qual seria a alternativa
mais adequada para a curva de carga? Teriam outras opções além das anteriormente elencadas? ............... 16
Questão 12. A distribuidora possui sistema de subtransmissão que interliga SED? Caso positivo, a distribuidora
dispõe de medição de modo a totalizar as perdas desse sistema? .................................................................... 17
Questão 13. O tratamento dispensado ao Sport Network pela metodologia de perdas é adequado? ............. 17
Questão 14. O tratamento dispensado a redes subterrâneas reticuladas pela metodologia de perdas é
adequado? ......................................................................................................................................................... 17

2.4. Incorporação de microgeração e minigeração distribuída ao modelo de cálculo de perdas por fluxo de
potência .................................................................................................................................................................. 18
Questão 15. A incorporação da microgeração e minigeração distribuída ao modelo de cálculo de perdas é
necessária? ......................................................................................................................................................... 18

Rod. Eng. Miguel Nascentes Burnier, km 2,5, 1755, Pq. São Quirino.
Campinas. SP. Brasil. 13088-900
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Questão 16. Considerando o número de unidades com geração e o acréscimo de complexidade ao cálculo, é
importante considerar as demais fontes de geração no cálculo de perdas? ..................................................... 21
Questão 17. Qual a melhor opção para se obter a energia mensal gerada: utilizando-se o OpenDSS como um
estágio que precede o cálculo ou por meio da formulação descrita anteriormente nessa seção? Existem outras
opções a serem avaliadas?................................................................................................................................. 21
Questão 18. Existe outra base de dados que poderia ser utilizada para a obtenção da irradiância solar, além
da base de dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar desenvolvido pelo INPE? ............................................... 22
Questão 19. Qual a periodicidade para a consideração da irradiância e da temperatura, tendo em vista a
disponibilidade de informação: diária, mensal, anual ou alguma outra forma? ............................................... 22
Questão 20. Como considerar a irradiância e a temperatura tendo em conta a localização geográfica da
unidade com geração: i) usar a localização geográfica unidade com geração sem qualquer simplificação; ii)
por conjunto de unidade consumidora; iii) por área de concessão; iv) por região ou alguma outra forma? .... 22

2.5. Definição da impedância das linhas .......................................................................................................... 23


Questão 21. Qual das opções deve ser adotada para representar as características elétricas das linhas do
SDMT e SDBT? Existiria outra forma não abordada nesse documento? ............................................................ 26
Questão 22. A solução implementada para considerar o neutro com a inserção do quarto condutor nas linhas
do SDMT e SDBT é adequada? ........................................................................................................................... 26
Questão 23. Realizar o aterramento do neutro através do objeto Reactor é a melhor opção? Ou seria mais
adequada a modelagem em que a resistência do neutro não seria considerada? ............................................ 26

2.6. Inserção da impedância de magnetização ao modelo dos transformadores de distribuição ................... 27


Questão 24. A representação da reatância de magnetização se faz necessária? ............................................. 28
Questão 25. Para considerar essa reatância basta adicionar o parâmetro %imag quando da definição do
objeto Transformer?........................................................................................................................................... 29

2.7. Tratamento regulatório para o carregamento dos transformadores de distribuição ............................... 29


Questão 26. Deve-se proceder à limitação da carga quando exceder a potência nominal do transformador de
distribuição em um determinado montante? .................................................................................................... 30
Questão 27. O limite de 140% está adequado para essa finalidade? ................................................................ 31
Questão 28. Deve-se proceder à limitação da carga quando exceder a máxima capacidade de condução dos
condutores? Qual limite deve-se estabelecer para essa finalidade?.................................................................. 32

2.8. Tratamento regulatório para a distribuição das cargas entre as fases no SDBT e no SDMT .................... 32
Questão 29. Deve-se proceder à redistribuição das cargas entre as fases do circuito quando o
desbalanceamento ultrapassar um determinado valor? ................................................................................... 32
Questão 30. Qual a melhor forma de ser determinar um limite para o desbalanceamento de carga ao longo
do alimentador? ................................................................................................................................................. 32

2.9. Aprimoramento das definições regulatórias de energia injetada e energia fornecida ............................. 33
Questão 31. As definições de energia injetada e de energia fornecida apresentadas descrevem
adequadamente o que deve ser considerado no computo desses montantes para fins do cálculo de perdas? 33
Questão 32. Há correspondência que permita a comparação entre os valores informados na BDGD e no SAMP
Balanço Energético? Caso negativo, qual a diferença entre as fontes de informação. ..................................... 33
Questão 33. A segregação da energia fornecida: em energia fornecida ao mercado livre, energia fornecida ao
mercado cativo e energia fornecida à outras distribuidoras contempla todas as situações presentes no
sistema de distribuição? Seria necessária a abertura de outros tipos de energia? ........................................... 34

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2.10. Aprimoramento na interface que acessa o OpenDSS ................................................................................ 35


Questão 34. Quais as vantagens e desvantagens de se adotar a interface DSS Extensions comparativamente à
interface COM? .................................................................................................................................................. 38
Questão 35. Há algum ponto de atenção em se empregar essa nova interface? .............................................. 39

3. Considerações finais .................................................................................................................................... 40

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1. Introdução
Nessa Tomada de Subsídios a Agência elencou alguns temas que podem ser alvo de
aprimoramento metodológico para o processo de apuração das perdas técnicas regulatórias, sobre os
quais foram estruturadas 35 questões sobre os respectivos temas, listam-se:

• Metodologia de cálculo das perdas do Sistema de Distribuição de Alta Tensão - SDAT;


• Critérios para a classificação de circuitos atípicos e reconfigurados;
• Incorporação de microgeração e minigeração distribuída ao modelo de cálculo de perdas por
fluxo de potência;
• Definição da impedância das linhas;
• Inserção da impedância de magnetização ao modelo dos transformadores de distribuição;
• Tratamento regulatório para o carregamento dos transformadores de distribuição;
• Tratamento regulatório para a distribuição das cargas entre as fases no Sistema de
Distribuição de Baixa Tensão - SDBT e no de Média Tensão - SDMT;
• Aprimoramento das definições regulatórias de energia injetada e energia fornecida; e
• Aprimoramento na interface que acessa o OpenDSS.

O Grupo CPFL Energia se inteirou das propostas de aprimoramentos elencadas pela ANEEL,
dispostas na Nota Técnica n° 047/2022-SRD/ANEEL, e apresenta suas contribuições sobre os
questionamentos levantados nos capítulos seguintes desse documento, trazendo também outros temas
relevantes para o cálculo de perdas técnicas e que merecem análises por parte dessa Agência.

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2. Contribuição
O Grupo CPFL Energia apresenta as contribuições acerca das questões levantadas na Tomada de
Subsídios nº 013/2022, elencadas na Nota Técnica nº 47/2022-SRD/ANEEL, que tem por objetivo
apresentar a discussão inicial acerca da avaliação de aprimoramentos na regulamentação e nos
procedimentos para o cálculo de perdas técnicas na distribuição.

2.1. Visão Geral

Questão 01. Quais os principais pontos a serem aprimorados na metodologia de cálculo de perdas na
distribuição? Por quais razões?
2.1.1. Perdas técnicas de transformadores de distribuição

O cálculo de perdas regulatórias atual considera que os transformadores de distribuição possuem


o nível de eficiência D estabelecido na norma ABNT NBR 5440:2014. Entretanto, isto não corresponde às
perdas técnicas reais dos transformadores instalados em campo, os quais possuem majoritariamente o
nível de eficiência E da norma em questão.

Em estudo realizado para avaliar o impacto desta consideração nas perdas técnicas das redes de
média e baixa tensão das quatro distribuidoras do Grupo CPFL Energia, sobre os quais foram utilizados os
dados da BDGD ordinária de 2019, indicam que o tratamento atualmente empregado no cálculo
regulatório subestima as perdas técnicas nas redes de distribuição em 9,5% a 11,5%, representando um
montante bastante significativo. Os resultados desse estudo são demonstrados na Tabela 2.1.

Tabela 2.1 – Efeito de considerar as perdas reais dos transformadores de distribuição.

Caso Base Alternativa CPFL Paulista CPFL Piratininga CPFL Santa Cruz RGE
(1.330 alimentadores) (424 alimentadores) (197 alimentadores) (984 alimentadores)

Perdas do Perdas reais +11,5% +11,5% +9,0% +9,5%


nível D

O Grupo CPFL Energia entende que o principal objetivo da ANEEL com este tratamento é
incentivar as distribuidoras a atualizar e melhorar a eficiência de seu parque de transformadores. No
entanto, o efeito desta consideração é muito elevado, com impacto de cerca de 10% nas perdas técnicas
nas redes de média e baixa tensão da distribuidora, e distorce o cenário real de perdas técnicas da
empresa, potencialmente levando a ações e tomadas de decisão equivocadas por parte das distribuidoras.
Por exemplo, o cálculo de perdas técnicas afeta diretamente o cálculo de perdas não técnicas. Logo,
subestimar as perdas técnicas leva a sobrestimar as perdas não técnicas, potencialmente induzindo a
distribuidora a implementar ações inadequadas de combate a perdas não técnicas.

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Em face do exposto acima, o Grupo CPFL Energia acredita que a melhor abordagem seja calcular
as perdas técnicas da forma mais precisa possível, utilizando os parâmetros reais dos transformadores, e
buscar outros mecanismos para incentivar as distribuidoras a atualizarem seu parque de transformadores.
De fato, este processo de substituição dos transformadores deve ser gradual e bem planejado para não
aumentar desproporcionalmente os investimentos em ativos e, em última instância, onerar o consumidor
via tarifa de energia.

Não obstante, não cabe simplesmente a análise individualizada do referido tratamento


regulatório aplicado às perdas dos transformadores de distribuição, sem uma análise do contexto
histórico de normativos e regras vigentes à época, uma vez que se trata de ativos que possuem vida útil
prolongada.

A Portaria interministerial nº 104, de 22 de março de 2013, determinou os níveis de perda máxima


em vazio e na derivação nominal para transformador de Distribuição Monofásico nas tensões primárias
nominais de 15; 24,2; e 36,2 kV e potências de 5 a 100 kVA; e transformador de Distribuição Trifásico nas
tensões primárias nominais de 15; 24,2; e 36,2 kV e potências de 15 a 300 kVA (classe E) cuja fabricação,
importação e comercialização se dê no período de 31/12/2013 a 31/12/2018.

Posteriormente, a Portaria interministerial nº 3, de 31 de julho de 2018, aprovou novos níveis de


perda máxima em vazio - Classe D e Classe C - para equipamentos cuja fabricação, importação e
comercialização se dê no período de 31/12/2018 a 01/01/2020 e no período de 01/01/2020 a 01/07/2023,
respectivamente.

A partir de 31/12/2013, ficou proibida a fabricação, importação e comercialização dos referidos


transformadores que não atendessem às disposições destas Regulamentações. Com isso, os
equipamentos comprados pelas distribuidoras, a partir de 2014, atendem a esses requisitos seja na
expansão ou substituição desses equipamentos em campo.

Há que se dizer que há um estoque de transformadores adquiridos antes de 2013 – alguns


fabricados há mais de 20 anos - que podem não corresponder aos valores estabelecidos na Portaria. Além
disso, os adquiridos entre 2018 e 2020 podem ter características de Classe D. Ou seja, grande parte da
base podem ser de transformadores comprados antes de 2014 e, posteriormente, com as características
vigentes a cada época.

Diante disso, o cálculo de perdas técnicas regulatórias das empresas deve guardar coerência com
a implementação dos transformadores ao longo dos anos e não com o limite regulatório vigente, pois de
forma contrária, irá produzir uma redução artificial dos limites de perdas técnicas globais.

Desse modo, o Grupo CPFL Energia propõe que ao invés de ser utilizada a Classe vigente no
momento da homologação do PRODIST, deveria ser criado um índice de níveis de perda máxima em vazio
para a distribuidora, levando em consideração as classes vigentes à época e ponderados pela idade média
dos equipamentos colocados em serviço pela distribuidora.

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2.1.2. Perdas técnicas em transformadores em vazio

O cálculo de perdas regulatórias atual desconsidera todos os transformadores de distribuição que


não possuem consumo (unidade consumidora ou ponto de iluminação pública) no período avaliado. Como
resultado, traz mais uma subestimação das perdas técnicas do circuito. Na prática, abaixo lista-se alguns
exemplos em que este cenário pode acontecer:

• Transformadores e redes elétricas instalados durante a construção de condomínios, em que


podem ser necessários meses adicionais para a conexão da carga (por exemplo, até a
finalização da construção do condomínio);
• Transformadores rurais que atendem apenas um consumidor e este consumidor pede
desconexão. O custo para a distribuidora despachar imediatamente uma equipe a campo e
remover este transformador em geral é superior ao custo do próprio transformador e das
perdas que ele causa na rede. Assim, é razoável economicamente manter o transformador na
rede até que sejam necessárias múltiplas obras e ações na região em que ele está conectado.
Ao realizar as obras, a equipe da distribuidora também desconecta o transformador;
• Transformadores que alimentam instrumentos de medição (e.g., transformadores de
potencial) instalados na rede elétrica. Neste caso, como os instrumentos de medição não
representam cargas no cálculo de fluxo de potência, o transformador é declarado operando
em vazio.

Em estudo realizado para avaliar o impacto desta consideração nas perdas técnicas das redes de
distribuição do Grupo CPFL Energia utilizou-se dados da BDGD ordinária de 2019. Os resultados mostrados
na Tabela 2.2 indicam que o tratamento atualmente empregado no cálculo regulatório confirma a
subestimação das perdas técnicas nas redes de média e baixa tensão em até 2,1%, um montante
significativo que não pode ser desconsiderado.

Tabela 2.2 – Efeito de considerar as perdas técnicas de transformadores de distribuição em vazio.

Caso Base Alternativa CPFL Paulista CPFL Piratininga CPFL Santa Cruz RGE
(1.330 alimentadores) (424 alimentadores) (197 alimentadores) (984 alimentadores)

Despreza Considera +0,7% +0,7% +2,1% +1,9%


perdas perdas

Portanto, embora este aspecto tenha impacto inferior ao impacto de considerar as perdas reais
dos transformadores, o Grupo CPFL Energia entende que se o transformador está de fato instalado em
campo, ele deve ser contabilizado no cálculo de perdas técnicas, sendo válido considerar as perdas de
transformadores em vazio. Ademais, em muitos cenários, há transformadores recém-instalados e operam
em vazio apenas temporariamente, até que comece a atender cargas do sistema.

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2.1.3. Perdas técnicas por componentes menores e ramais de entrada

O Manual de Controle Patrimonial do Setor Elétrico – MCSPE – define o componente menor


(COM) como parcela correspondente de uma Unidade de Adição e Retirada – UAR, que, quando
adicionada, retirada ou substituída, não deve refletir nos registros contábeis do “Ativo Imobilizado” dos
concessionários e dos permissionários. Em face dessas disposições, os componentes menores não são
contemplados em entidades específicas no atual modelo da BDGD.

Todavia, parte desses componentes participa ativamente no transporte de energia nos sistemas
de distribuição, tendo assim perda ôhmica inerente à passagem de corrente elétrica. Portanto, a falta de
modelamento desses ativos em entidades da BDGD leva à desconsideração das suas perdas técnicas no
cálculo regulatório vigente.

Convém complementar que as perdas diversas (5%), previstas pela metodologia vigente, não se
referem às perdas promovidas por componentes menores, conforme disposto no Módulo 7 do PRODIST.
A Seção 7.1 do referido documento estabelece que:

“28. Exceto para as perdas apuradas por medição, é considerado um adicional


de 5% sobre o montante de perdas técnicas totais, devido às perdas técnicas
produzidas por efeito corona em conexões, sistemas supervisórios, relés
fotoelétricos, capacitores, transformadores de corrente e de potencial, e por
fugas de correntes em isoladores e para-raios.”

Nesse contexto, o Grupo CPFL Energia enumera como principais componentes menores os
seguintes ativos:

• Condutores que conectam os terminais primários e secundários dos transformadores de


distribuição às redes primárias e secundárias, respectivamente;
• Condutores que conectam os pontos de iluminação pública (PIPs) aos transformadores de
distribuição ou às redes secundárias.

Ademais, a distribuidora buscou avaliar também a falta de incorporação de ramais de entrada na


BDGD das empresas, uma vez que esses equipamentos são de propriedade de terceiros e a distribuidora
não possui domínio sobre o conjunto de condutores e acessórios envolvidos dessas instalações, conforme
disposto na REN 1000/2022.

Definições da REN 1000/2021

XLII - ramal de entrada: conjunto de condutores e acessórios instalados pelo


consumidor entre o ponto de conexão e a medição ou a proteção de suas
instalações;

XLIII - ramal de conexão: conjunto de condutores e acessórios instalados pela


distribuidora entre o ponto de derivação de sua rede e o ponto de conexão;
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Entretanto, conforme disposto no Manual de Instruções da BDGD, a definição da entidade


RAMLIG deve abranger todas as instalações existentes até o equipamento de medição da unidade
consumidora, uma vez que não há desconto na fatura dos consumidores sobre a referida perda técnica.

Definições de RAMLIG do Manual de Instruções da BDGD

“Os ramais de ligação ou entrada particulares, e demais ativos de redes


particulares, devem ser declarados até o ponto de medição para fins de cálculo
de perdas, caso não haja o desconto da perda entre o ponto de acesso e a
medição. Caso haja o desconto, o consumidor deve ser declarado no ponto de
acesso e os ativos de terceiros não devem ser declarados.” (grifo nosso)

Por fim, para que os ramais de ligação possam ser considerados no cálculo de perdas técnicas, a
CPFL entende como ser fundamental a complementação de um modelo segundo padrões construtivos
definidos por cada distribuidora, para que possa haver um tratamento específico em tempo do Processo
de Revisão Tarifária da distribuidora.

(a) (b)
Figura 2.1 - a) Padrão de conexões de existentes em campo, primário e secundário de transformador, e braço de
iluminação pública (componentes menores); b) Padrão de ramal de entrada existente em campo de uma
distribuidora do Grupo CPFL Energia.
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Com vistas a mensurar as perdas técnicas associadas a esses elementos, a empresa procedeu com
os seguintes ajustes em uma base-teste, obedecendo aos padrões construtivos mais frequentes em
campo:

• Conexão dos transformadores de distribuição à rede primária: adição de condutor cobre de


16mm², sendo que sua extensão varia de acordo com a quantidade de fases primárias do
equipamento (tabela abaixo);

Fases primárias Extensão (m)

Trifásico 4,27
Bifásico 4,30
Monofásico 2,50

• Conexão dos transformadores de distribuição à rede secundária: adição de condutor cobre


de 2,5 metros, caso a rede secundária seja constituída de cabo nu. A bitola dependente da
potência nominal e tensão secundária do transformador (tabela abaixo);

Transformador Trifásico (kVA) Cabo


(mm²)
Tensão Secundária Tensão Secundária
127/220V 220/380V
15 / 30 / 45 15 / 30 / 45 / 75 35
75 112,5 / 150 120
112,5 225 185
150 300 2 x 120
225 / 300 - 2 x 185

• Pontos de iluminação: adição de 01 registro na SSDBT para cada PIP, considerando um


condutor de 05 metros de cobre e com bitola de 1,5mm². Essa configuração corresponde ao
padrão mais empregado em campo pela distribuidora (braço curto para conexão de PIPs);

• Ramal de entrada: aumento da extensão de todos os registros da RAMLIG em 03 (três) metros.


Embora o padrão empregado pela CPFL considera usualmente um condutor de menor bitola
do que o de ligação, optou-se por assumir o mesmo cabo da RAMLIG, mantendo-se assim uma
estimativa mais conservadora.

Ressalta-se que neste estudo as resistências dos condutores obedecem aos valores tabelados no
Anexo II do Módulo 7 do PRODIST. A Tabela 2.3 agrega o quantitativo e extensão de novos elementos
isolados na base-teste:

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Tabela 2.3 - Resumo dos elementos adicionados na simulação das perdas dos componentes menores

Ação Entidade km original Nº registros km %km adicionado


da entidade adicionados adicionado no total
1) Adição de condutores SSDMT 86.684,36 220.509 934,95 1,08%
nos primários dos trafos
2) Adição de condutores SSDBT 46.767,86 63.824 159,56 0,34%
nos secundários dos trafos
3) Inclusão dos ramais de RAMLIG 54.016,67 0 11.511,38 21,31%
entrada
4) Adição de condutores SSDBT 46.767,86 1.323.719 6.618,60 14,15%
de ligação das PIPs

Com base nas premissas supracitadas e utilizando o programa de Perdas disponibilizado pela
ANEEL aos concessionários (ProgGeoPerdas), a distribuidora simulou as perdas técnicas dos
alimentadores. Com efeito, verificou-se um aumento de 0,61% no valor de perdas técnicas totais,
impactado pelo aumento de 8,61% nas perdas técnicas especificamente em segmentos BT e ramais.

Em face dos argumentos expostos e do estudo realizado, a distribuidora julga pertinente um


incremento nas perdas técnicas totais em função dos componentes menores e ramais de entrada, cujas
perdas não são atualmente contempladas no atual modelo regulatório, mas comprovadas pela empresa
via simulação.

2.2. Metodologia de cálculo das perdas do Sistema de Distribuição de Alta Tensão –


SDAT 2.1 Fator de Capacidade

Questão 02. A metodologia de cálculo de perdas do SDAT, que utiliza o sistema de medição, é a mais
adequada para obtenção das perdas nesse segmento?
Sim, a metodologia atual é a mais adequada. É importante ressaltar que a apuração das perdas
técnicas no segmento em questão é toda feita por meio de medições em pontos de fronteira, geradoras,
subestações, suprimentos e clientes AT, seguindo as exigências do PRODIST – Módulos 2, 5 e 7. Diante
disto, a confiabilidade dos resultados apurados é elevada. A utilização de fluxo de potência no cálculo de
perdas técnicas no SDAT traria mais imprecisões para o resultado do que a metodologia atual, devido à
complexidade da modelagem precisa da rede.

Portanto, resta claro que a apuração de perdas através do sistema de medição representa o
comportamento real do sistema, o que não é possível através do cálculo por fluxo de potência. Diante
disto, é entendido que a metodologia atual é a mais adequada para o cálculo das perdas técnicas no SDAT.

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Questão 03. Existem aspectos a serem aperfeiçoados na metodologia de cálculo do SDAT? Caso positivo,
quais?
Não. Entende-se que a metodologia atual já é consolidada e apresenta confiabilidade e precisão
na apuração das perdas técnicas no SDAT.

Questão 04. Os níveis de perdas no SDAT estão adequados?


As perdas no SDAT estão atreladas a diversos fatores, sendo os principais:

1. Infraestrutura de distribuição de cada concessionária;


2. Mercado de energia elétrica atendido na área de concessão;
3. Existência, localização e despacho de geração;
4. Pontos de conexão com a rede básica e intercâmbios eletroenergéticos do SIN que
influenciam a operação do sistema de distribuição;
5. Fatores climáticos sazonais, como a variação de carga e geração que ocorrem nos períodos
seco e úmido.

A metodologia de apuração por meio de medições retrata a realidade e é adequada para a


composição das tarifas de energia elétrica.

Apesar do histórico apresentar um cenário com pouca ocorrência, um ponto a ser observado são
situações no qual o fluxo energético no SDAT da distribuidora varia a ponto de ter um impacto significativo
das perdas técnicas distanciando do valor reconhecido na RTP.

Questão 05. Como auditar as perdas apuradas por medição do SDAT? Um eventual procedimento de
auditagem deveria ser aplicado a todas as distribuidoras ou apenas em casos específicos? Qual critério
deveria ser usado para estabelecer a aplicação de um eventual procedimento de auditagem?
O Sistema de Informação Geográfica Regulatório (SIG-R) consiste na compilação de sistemas e
bases de dados agrupadas pela ANEEL, que dispõem de informações do sistema de distribuição, sendo
que dentre elas se encontra a Base de Dados Geográfica da Distribuidora (BDGD), que se constitui numa
simplificação do sistema elétrico real, objetivando refletir tanto a situação dos ativos, quanto as
informações técnicas e comerciais.

Conforme PRODIST Módulo 10 – Sistema de Informação Geográfica Regulatório, as informações


contidas no SIG-R são aplicadas para atividades vinculadas a regulação e fiscalizações conduzidas pela
ANEEL, de forma que é compreensível que a auditagem das perdas apuradas por medição do Sistema de
Distribuição de Alta Tensão (SDAT) se baseiam na BDGD.

A auditagem de dados apenas deve se fazer presente em casos específicos, sendo necessário,
previamente, que se defina o conjunto de testes e critérios objetivos de avaliação a serem aplicados na
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auditagem, com vistas a garantir a integridade das informações que se vinculam com a apuração das
perdas no SDAT, restando claro que todas as informações pertinentes a essa apuração estão contidas na
BDGD produzida pela distribuidora.

Eventual processo de auditagem deve sempre primar pelo respeito ao contraditório e ampla
defesa, de forma que se mostra recomendável que, em verificada suspeita de transgressão dos critérios
estabelecidos, deverá ser franqueado prazo à distribuidora para apresentar justificativas técnicas às
transgressões. Em sendo infundados os argumentos, pode-se iniciar auditoria detalhada.

Por fim, com vistas ao aprimoramento das boas práticas e elevação do caráter educativo que a
fiscalização responsiva demanda, faz-se recomendável que seja fixado prazo de transição, findo o qual
ter-se-á o início do novo regramento sobre auditagem.

Quanto ao critério a ser utilizado no processo de auditagem, entendemos que este deve ser
avaliado de acordo com a configuração do sistema de alta tensão da distribuidora em questão, visto que
existem particularidades que podem variar para cada concessionária, inviabilizando uma padronização do
procedimento de apuração efetiva de perdas na alta tensão.

Questão 06. O envio de dados padronizados por ponto de medição seria uma possibilidade? Quais os
aspectos positivos e negativos dessa abordagem?
A padronização dos dados por ponto de medição é uma possibilidade. Entretanto, a viabilidade
desta operação dependerá do formato de padronização e a disponibilidade dos dados de cada
distribuidora.

Como aspecto positivo seria possível uma maior averiguação da consistência de dados de perdas
na alta tensão.

Como ponto negativo, teríamos as possíveis dificuldades em extrair os dados de acordo com os
padrões definidos pela ANEEL, assim como a readaptação da BDGD para englobar esta alteração. Além
disso, é necessário avaliar os custos relacionados a investimentos nos sistemas de medição para garantir
a adequação a esta ação.

Questão 07. A confiabilidade dos dados de medição – principalmente os que não pertencem ao Sistema
de Medição de Faturamento (SMF) – é adequada?
Sim. Algumas metodologias são aplicadas aos dados de medição a fim de garantir a confiabilidade
deles, dentre os procedimentos estão a utilização de medições em alimentadores, quando disponível,
permitindo a confirmação dos montantes de energia medidos pelos transformadores nas subestações, o
registro dos dados de energia por medição operacional em relés de proteção ou transdutores, utilizados
na comparação com os valores de medições oficiais, e por fim, o monitoramento de alarmes via
plataforma de medição, onde são indicados problemas como correntes e tensões zeradas, lacunas de
dados, coleta atrasada etc.

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Questão 08. Em caso de falhas na apuração da medição de algum ponto de medição, quais são os
procedimentos adotados? Tais procedimentos deveriam ser detalhadamente definidos?
As ocorrências de falhas na apuração da medição são acompanhadas rigorosamente pelas
distribuidoras, aplicando-se metodologias adequadas para cada problema e de acordo com a hierarquia
declarada pela equipe que realiza os procedimentos.

Ressalta-se a importância da criação de uma definição detalhada dos procedimentos de ajuste


para cada distribuidora. É sabido que cada distribuidora possui recursos diferentes para os pontos de
medição, que vão desde conjuntos de medição com classe de exatidão de faturamento (incluindo os
obrigatórios por regulação vigente) até medição de equipamentos de proteção ao longo da rede de
distribuição. Dito isso, propõe-se a criação de um documento onde a distribuidora detalhe os
procedimentos de tratativas de falhas de medição.

A proposta consiste em tornar esse documento obrigatório para cada agente de distribuição,
passível de uma eventual solicitação de apresentação pelo regulador, mas que seu conteúdo respeite as
particularidades de cada empresa.

2.3. Critérios para a classificação de circuitos atípicos e reconfigurados

Questão 09. Na maioria dos casos são significativas as variações diárias das unidades geradoras nos
alimentadores de distribuição?
Sim, são significativas. Esse comportamento variável é observado na maioria das unidades
geradoras.

Nesse sentido, a proposta com melhor representatividade seria aquela que considera uma curva
de carga anual, com patamares de carga igual ao número de horas do ano. Nada obstante, tal alternativa
mostra-se inviável, dado o aumento do custo computacional a ela associada.

As demais alternativas apresentadas na NT 47/2022 apontam para uma ou três curvas de carga
diária (24 patamares). Operacionalmente, parecem ser as alternativas viáveis, entretanto, considerando
que as unidades geradoras possuem variações significativas na energia injetada ao longo do dia e a
depender do período do ano, em alguns casos, a representação em 24 patamares não expressa a realidade
anual do sistema de distribuição. Ainda, dado o modelo adotado de medição de geração distribuída,
principalmente os casos de geração com compensação local, há a necessidade de maior aprofundamento
em estudos que definam a modelagem adequada para o cálculo de perdas técnicas.

Por essa razão, o Grupo CPFL Energia propõe que se amplie a discussão acerca da utilização das
alternativas i e ii apresentadas no parágrafo 35 da Nota Técnica. Ainda, propõe que para aqueles casos
em que a(s) curva(s) obtidas não representem adequadamente a operação da rede, mantenha-se a
possibilidade de caracterização do circuito como atípico, considerando as perdas informadas pela
distribuidora.

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Questão 10. As distribuidoras possuem os dados de medição dos geradores conectados aos circuitos de
média tensão com injeção de potência significativa?
Para efeito de caracterização de unidades geradoras em modelos de fluxo de potência, entende-
se que a campanha de medição pode levantar informações satisfatórias, inclusive complementar os dados
de medição.

Por outro lado, entende-se que o levantamento de curva individual por gerador pode ser realizado
pela distribuidora que possui dados de medição dos geradores conectados aos circuitos de média tensão
com injeção de potência significativa.

Quanto as medições de geração distribuída com compensação local, o atual modelo de medição
não permite segregar de maneira completa o comportamento da geração e o comportamento da carga.
Portanto, nestes casos, conforme reforçado nas Questões 15 e 17, há necessidade de maior
aprofundamento nos estudos de aplicação de modelos a serem adotados para a correta representação
no cálculo de perdas técnicas.

Questão 11. Caso opte-se por calcular as perdas dos circuitos que possuem geração, qual seria a
alternativa mais adequada para a curva de carga? Teriam outras opções além das anteriormente
elencadas?
Para a consideração das unidades geradoras no cálculo de perdas técnicas foram levantadas três
opções de curvas de carga:

I. Uma curva de carga diária (24 patamares) que seria utilizada para todas as simulações ao
longo do ano;
II. Três curvas de carga diária (24 patamares) nos moldes do que é feito para as unidades
consumidoras; ou
III. Uma curva de carga anual, com o número de patamares de carga igual ao número de horas
do ano.

Visando a representação da rede, entende-se que a melhor opção é a alternativa III, uma vez que
existe expressiva variação diária da energia gerada a depender do período do ano. Entretanto, esta opção,
além de aumentar bastante o custo computacional, haja vista que seria necessário a execução de 8.760
(365x24) simulações por alimentador, podendo chegar até 10 iterações em cada simulação, e requisitar
da distribuidora dados volumosos de medição dessas unidades geradoras, conflita com a caracterização
das unidades consumidores, as quais são modeladas por tipologias de carga.

Sendo assim, entende-se que aprofundar os estudos sobre as alternativas I e II, permitindo o
tratamento destes alimentadores como circuitos atípicos em casos em que as curvas não representem
adequadamente a operação da rede, apresenta-se como opções viáveis.

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Entretanto, há de se considerar os argumentos apresentados nas Questões 15 e 17, onde, além


do efeito da energia injetada resultante ter relação direta com o comportamento da curva de carga do
consumidor, também sofre influência sobre as condições climáticas que devem ser consideradas na
modelagem estatística da curva de geração.

Questão 12. A distribuidora possui sistema de subtransmissão que interliga SED? Caso positivo, a
distribuidora dispõe de medição de modo a totalizar as perdas desse sistema?
Nas discussões entre as concessionárias, constatou-se que os casos de subtransmissão
interligando SED são raros e que para estes casos as perdas devem ser apuradas por medição.

Entretanto, formou-se um consenso entre as distribuidoras para apresentar nesta resposta a


seguinte sugestão: a separação da apuração de perdas da subtransmissão no nível A3a dos alimentadores
do nível A4, com as seguintes justificativas:

Primeiramente, trata-se de ativos com características distintas. O primeiro, subtransmissão em


linhas de A3a que interligam subestações A3a/A4. O segundo, o conjunto de alimentadores A4 que saem
destas subestações. Desta forma, o tratamento no dia a dia das concessionárias é diferente para estes
ativos, tais como: equipes de operação e manutenção distintas, bem como, não é incomum que os
sistemas de informações com o cadastro destes ativos também sejam distintos, requerendo intervenções
para o preenchimento da BDGD.

Para o Grupo CPFL Energia, a agregação dos circuitos alimentadores em A4 associados em


subestações conectados a um mesmo sistema de subtransmissão em A3a, acarreta a formação de um
único circuito. Este circuito apresenta tamanho e número de elementos muito superior à média dos
demais alimentadores, aumentando a complexidade da sua modelagem e acarretando dificuldades de
convergência no programa GeoPerdas, como já constatado.

Questão 13. O tratamento dispensado ao Sport Network pela metodologia de perdas é adequado?
A execução consistente do processo de cálculo de perdas técnicas para esta topologia, via BDGD,
necessitaria de complexas alterações para permitir formações de anéis entre circuitos de média e baixa
tensão, tornando as regras de conectividade pouco rígidas para a maior parte da rede. Assim, a
consideração destes circuitos como atípicos se mantém como a opção mais factível à apuração de perdas
técnicas em sistemas de distribuição.

Questão 14. O tratamento dispensado a redes subterrâneas reticuladas pela metodologia de perdas é
adequado?
O cálculo de perdas técnicas em redes subterrâneas reticuladas, via BDGD, necessitaria de
complexas alterações para permitir formações de anéis entre circuitos de média e baixa tensão, tornando
as regras de conectividade pouco rígidas para a maior parte da rede. Desta forma, as modificações
necessárias para refletir esta realidade topológica impactariam na análise e processo de cálculo para a

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rede aérea. Logo, a consideração destes circuitos como atípicos se mantém como a opção mais factível à
apuração de perdas técnicas em sistemas de distribuição.

2.4. Incorporação de microgeração e minigeração distribuída ao modelo de


cálculo de perdas por fluxo de potência

Questão 15. A incorporação da microgeração e minigeração distribuída ao modelo de cálculo de perdas


é necessária?
A inserção de mini e microgeração distribuída no Brasil (especialmente a geração fotovoltaica,
que corresponde a mais de 99% do total de unidades e mais de 98% da capacidade instalada) está
crescendo exponencialmente e excedendo até mesmo as previsões mais otimistas de adoção da
tecnologia. Atualmente existem mais de 11 GW instalados em todo o Brasil, distribuídos em mais de 1
milhão de unidades geradoras. Este cenário mostra a crescente importância de mini e microgeradores nas
redes de distribuição brasileiras, tornando importante avaliar a melhor forma de representação e modelos
a serem adotados para obtenção do adequado resultado das perdas técnicas regulatórias.

Na avaliação comportamental da geração, principalmente a fotovoltaica que representa a grande


maioria das conexões de geração distribuída, verifica-se algumas diferenças entre os padrões de registro
da energia medida quando de autoconsumo remoto ou geração compartilhada, onde a carga é
compensada distante do local da geração, quando comparado com a geração distribuída de compensação
local.

As figuras Figura 2.2 e Figura 2.3 trazem exemplos das curvas de unidades geradoras com
autoconsumo remoto ou geração compartilhada com conexão em Média Tensão de mesmo dia útil da
semana, de um mês de referência. Observa-se que o comportamento da curva é compatível com as curvas
típicas de geração fotovoltaica, dado que as MMGDs de compensação remota se comportam de forma
similar a produtores independentes. Ressalva para as variações registradas de geração de acordo com a
dinâmica da geração devido as condições climáticas e da eficiência da geração dependente da tecnologia
adotada.

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Figura 2.2 – Curva de carga de unidade geradora na cidade de Guararapes-SP (MGD com autoconsumo remoto ou
geração compartilhada em Média Tensão).

Figura 2.3 – Curva de carga de unidade geradora na cidade de Penápolis-SP (MGD com autoconsumo remoto ou
geração compartilhada em Média Tensão).

Entretanto, para sistemas de geração com compensação de consumo local, ou seja, sistema onde
carga e geração encontram-se dentro da mesma instalação, ressaltasse que o atual modelo adotado no
Brasil de medição e faturamento de energia levam a um desafio adicional na definição da modelagem a
ser adotada. Nesta condição a medição de faturamento traz informações da energia líquida resultante do
balanço interno entre carga e geração, ou seja, torna-se mais complexo segregar o comportamento da
carga do comportamento da geração.

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Figura 2.4 – Curva de carga de unidade geradora na cidade de Caxias do Sul-RS (central geradora com geração e
consumo com compensação local).

Figura 2.5 – Curva de carga de unidade geradora na cidade de Caxias do Sul-RS (central geradora com geração e
consumo com compensação local).

Portanto, para as unidades que possuem geração distribuída e compensam localmente, há a


necessidade de maiores estudos para aprofundamento da melhor representação e modelagem de
geração e carga. As figuras Figura 2.4 e Figura 2.5 trazem um exemplo de uma unidade com geração e
consumo com compensação local conectada em Baixa Tensão, onde o consumo representa uma potência
positiva e a geração é representada como uma potência negativa. Observe que a dinâmica do
comportamento em período de insolação segue o balanço de carga e geração, não sendo possível
determinar com precisão qual o montante de geração realizado em dado instante. Da mesma forma, não
é possível afirmar que no dia 02 do mês de referência houve uma redução da geração por questões
climáticas ou se houve um aumento de demanda por algum comportamento do consumidor.

Desta forma, a partir das figuras Figura 2.4 e Figura 2.5 fica evidente o desafio em se estimar a
curva de geração e demanda de uma unidade consumidora com compensação local. Na Nota Técnica nº
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0047/2022, a ANEEL apresenta duas opções para estimar a energia produzida pelo gerador. Entende-se
que, embora seja possível empregar o objeto PVSystem do OpenDSS, este modelo requer mais
informações de entrada (como dados de temperatura, eficiência em função da potência injetada), que
aumentam significativamente a complexidade do modelo e das operações de cálculo elétrico frente as
incertezas de informações apresentadas. Portanto, recomenda-se o aprofundamento de estudos
baseados em modelos matemáticos/estatísticos e campanha de medições para uma melhor metodologia
a ser empregada. Até que os modelos sejam amplamente discutidos, para a modelagem de MMGD com
compensação local, recomenda-se manter os atuais critérios de cálculo de perdas técnicas.

Questão 16. Considerando o número de unidades com geração e o acréscimo de complexidade ao


cálculo, é importante considerar as demais fontes de geração no cálculo de perdas?
O Grupo CPFL Energia entende o posicionamento da Agência acerca da relevância da geração
fotovoltaica na modelagem de MMGD para fins de Perdas Técnicas. Afinal, considerando os dados de
geração consultados em 05/09/2022, a potência instalada de geração fotovoltaica representa 98,3% de
toda a MMGD. Nada obstante, o Grupo CPFL Energia propõe que a ANEEL continue avaliando alternativas
simplificadas para modelagem dessa geração na metodologia de Perdas Técnicas, de forma a contemplar
também as demais fontes de geração.

Questão 17. Qual a melhor opção para se obter a energia mensal gerada: utilizando-se o OpenDSS como
um estágio que precede o cálculo ou por meio da formulação descrita anteriormente nessa seção?
Existem outras opções a serem avaliadas?
Geração Distribuída de consumo remoto:

Dada a operação de geração distribuída de compensação remota apresentar o comportamento


similar ao de geração de produção independente, entende-se que a modelagem é possível de forma mais
simples, através de curvas baseadas em campanha de medição ou histórico de medição das unidades
telemedidas.

Geração Distribuída de consumo local:

Ambas as modelagens apresentadas consideram modelos teóricos de geração e não consideram


aproximações as condições reais de geração, conforme apresentado nas figuras Figura 2.4 e Figura 2.5.
Dado que as simulações são realizadas hora a hora, em 24 patamares de carga e em dia útil, sábado e
domingo, a adoção de modelo teórico podem aumentar a complexidade das simulações de fluxo de
potência e os balanços de energia hora a hora.

Recomendamos que seja aprofundado o modelo a ser adotado com uma modelagem
considerando fatores estatísticos baseados em medições e estudos de modelos matemáticos que possam
desagregar carga de geração nos atuais modelos de medição adotados.

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Até que sejam concluídos e definidos modelos adequados para a modelagem de geração
distribuída com consumo local recomenda-se que mantenha os atuais modelos de simulação de perdas
técnicas.

Questão 18. Existe outra base de dados que poderia ser utilizada para a obtenção da irradiância solar,
além da base de dados do Atlas Brasileiro de Energia Solar desenvolvido pelo INPE?

Questão 19. Qual a periodicidade para a consideração da irradiância e da temperatura, tendo em vista
a disponibilidade de informação: diária, mensal, anual ou alguma outra forma?

Questão 20. Como considerar a irradiância e a temperatura tendo em conta a localização geográfica da
unidade com geração: i) usar a localização geográfica unidade com geração sem qualquer simplificação;
ii) por conjunto de unidade consumidora; iii) por área de concessão; iv) por região ou alguma outra
forma?
Em relação às Questões 18, 19 e 20, o Grupo CPFL Energia elaborou uma resposta única para
fundamentar sua contribuição.

Recentemente, na Consulta Pública n° 31/2022, que tratou da sobrecontratação involuntária


decorrente da opção dos consumidores pelo regime de microgeração ou minigeração distribuída. Na
ocasião, a Agência baseou sua proposta para estimar a energia gerada na Nota Técnica EPE DEA 005/2021:
Balanço Energético Nacional – Manual Metodológico.

Na NT n° 47/2022-SRD/ANEEL, publicada no âmbito da Tomada de Subsídios em consideração, a


Superintendência se depara com um problema similar àquele verificado no cálculo da sobrecontratação,
qual seja, a intenção de conhecer a potência total consumida pela Unidade Consumidora, o que, na visão
da ANEEL, exigiria estimar os valores de geração.

Nesse sentido, diferentemente da proposta para CP 31/2022, onde conhecer a geração estimada
era indispensável ao cálculo da sobrecontratação involuntária, para fins de modelagem e cálculo da Perda
Técnica com a incorporação da MMGD, como demonstrado pela CPFL na resposta à Questão 17,
evidenciou-se que há um comportamento típico para geradores remotos, onde a adoção de campanhas
de medidas poderia ser utilizada para modelagem desses geradores no fluxo de potência. Nessa proposta,
poderia ser utilizada a injeção líquida dessas usinas, uma vez que não há consumo no local da instalação,
ou o consumo é próximo de zero.

Entretanto, para as gerações com consumo locais, conforme esclarecido em tópicos anteriores, o
Grupo CPFL Energia entende que carece de maiores estudos acerca dos valores líquidos obtidos de
geração e carga, por não ser possível representar adequadamente a tipologia de carga associada às
gerações distribuídas com compensação local. Em posse das medições existentes e disponíveis na BDGD,
apenas a estimação do comportamento da geração não é suficiente para representar corretamente esses
geradores no cálculo de perdas técnicas.

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Sendo assim, antes mesmo de se discutir se os modelos de geração disponíveis do OpenDSS são
adequados, ou não, para representar as gerações distribuídas no fluxo de potência (PVSystem, Generator,
etc.), é de suma importância garantir que os dados de entrada do modelo sejam adequados para sua
utilização.

Apesar da utilização da BDGD ter sido um importante aprimoramento na estimação do cálculo de


perdas técnicas da distribuidora, a simples utilização de uma base de dados estática da rede em 31 de
dezembro não representa toda a dinâmica existente na rede de distribuição ao longo do ano, uma vez
que importantes aprimoramentos foram implementados buscando manter a qualidade de fornecimento
de energia elétrica aos consumidores.

Portanto, não carece incorrer em aumento demasiado da complexidade de um tema em


específico, em detrimento de outros aspectos muito mais relevantes para a correta apuração das perdas
técnicas da distribuidora.

2.5. Definição da impedância das linhas

O OpenDSS apresenta a possibilidade de declarar os parâmetros das linhas de diferentes formas:


parâmetros de sequência, matriz impedância e geometria do poste. Independente da forma de declarar
os parâmetros, internamente o OpenDSS os transforma em uma matriz de impedâncias a ser empregada
no cálculo de fluxo de potência. Caso os parâmetros de sequência sejam declarados, internamente o
OpenDSS emprega as equações Zp = (2Z1 + Z0)/3 e Zm = (Z0-Z1)/3 para calcular as impedâncias própria e
mútua da matriz impedância, respectivamente. Caso a geometria do poste (utilizando o objeto
LineGeometry) e características dos cabos (utilizando o objeto WireData) sejam declaradas, internamente
o OpenDSS emprega a função LineConstants para calcular a matriz impedância.

Caso o usuário não declare um ou mais parâmetros necessários para representar adequadamente
o modelo π da linha, são utilizados valores padrão declarados internamente no OpenDSS. Por exemplo, o
valor padrão para impedância de sequência zero é R0 = 0,5853 Ω/km e X0 = 1,3278 Ω/km, e o valor padrão
para a admitância shunt de sequência positiva e zero são, respectivamente, C1 = 11,1549 nF/km e
C0 = 5,2493 nF/km.

A fim de balizar a contribuição do Grupo CPFL Energia neste item, foram realizados estudos com
os modelos alternativos apresentados na Tomada de Subsídio 013/2022. Executou-se o cálculo de perdas
regulatório de 12 meses nas redes de média e baixa tensão das 4 distribuidoras do Grupo CPFL Energia
(CPFL Paulista, RGE, CPFL Piratininga e CPFL Santa Cruz), considerando os dados da BDGD ordinária de
2019. Da Tomada de Subsídios TS 013/2022, foram avaliadas as alternativas (i) (Caso Base considerado
atualmente), (ii), (iii) e (v). Não foi avaliada especificamente a alternativa (iv), visto que para obter
diretamente as matrizes impedância série e admitância shunt, é necessário declarar a geometria dos
postes e dados dos cabos e executar a rotina LineConstants do OpenDSS. Ou seja, a alternativa (iv) foi
considerada equivalente à alternativa (v).

A
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Tabela 2.4 apresenta os resultados do estudo como variação das perdas técnicas totais da
empresa em relação ao Caso Base, que é o modelo considerado atualmente (apenas impedância de
sequência positiva é declarada). Os impactos mostrados nesta tabela são em relação apenas às perdas
nas redes de média e baixa tensão da empresa, não são consideradas as perdas no sistema de distribuição
de alta tensão.

Tabela 2.4 – Efeito da impedância das linhas nas perdas técnicas totais da empresa em relação ao Caso
Base.

Caso Base Alternativa CPFL Paulista CPFL Piratininga CPFL Santa Cruz RGE
(1.330 alimentadores) (424 alimentadores) (197 alimentadores) (984 alimentadores)

(i): Z1 (ii): Z1 e Z0 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

(iii): Z1, Z0, -0,5% -0,3% -0,8% -0,6%


Y1 e Y0

(v): completo -1,2% -0,7% -1,4% -0,9%


(geometria e
dados dos
cabos)

Os resultados mostram que a alternativa (ii) não apresenta impacto mensurável nos resultados
de perdas; enquanto a alternativa (iii) apresenta redução no resultado de perdas entre 0,3% e 0,8%, e a
alternativa (v) apresenta redução no resultado de perdas entre 0,7% e 1,4%. Este resultado mostra que
os modelos mais detalhados (alternativas (iii) e (v)) de fato trazem maior precisão ao cálculo de perdas.

Por outro lado, para que os modelos mais detalhados sejam implementados, é necessário que a
distribuidora declare as características físicas dos condutores existentes e a disposição (geometria) desses
condutores nos postes. As características dos condutores devem incluir sua resistência, diâmetro e raio
médio geométrico. A disposição dos condutores no poste deve incluir a altura de cada condutor em
relação ao solo e a disposição horizontal dos condutores. Um exemplo de declaração dos objetos
WireData e LineGeometry no OpenDSS é mostrado na Figura 2.6. Neste exemplo, é possível observar a
quantidade extra de informações que devem ser fornecidas ao OpenDSS para obter o modelo mais
detalhado. Ou seja, este modelo aumenta a complexidade da declaração de segmentos de linha na BDGD,
o que dificulta sua adoção.

O OpenDSS também possui os objetos CNData e TSData para representar condutores com neutro
concêntrico e isolados. Entretanto, estes objetos requerem ainda mais informações dos condutores, tais
como permissividade elétrica e espessura das camadas de isolação.

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! Condutor
New WireData.ca-1_0awg Rac=0.6130 Runits=km Gmrac=0.3838
~ Gmrunits=cm Radunits=cm Normamps=205.0000 Diam=0.9360

! Geometria
New LineGeometry.sec_tradicionalca-1_0awg_ABCN Nconds=4 Nphases=3
~ Cond=1 Wire=ca-1_0awg X=0.0 H=880.0 Units=cm
~ Cond=2 Wire=ca-1_0awg X=0.0 H=860.0 Units=cm
~ Cond=3 Wire=ca-1_0awg X=0.0 H=840.0 Units=cm
~ Cond=4 Wire=ca-1_0awg X=0.0 H=820.0 Units=cm
~ Reduce=n

! Declaração de um segmento de linha com geometria


New Line.linha1 Bus1=busA.1.2.3.4 Bus2=busB.1.2.3.4 Length=0.020
~ Geometry=sec_tradicionalca-1_0awg_ABCN Units=km

Figura 2.6 – Exemplo de declaração de WireData e LineGeometry no OpenDSS.

Também realizado um estudo para avaliar o impacto da solução implementada para considerar o
condutor neutro nas linhas de distribuição. O efeito nas perdas técnicas das empresas do Grupo CPFL
Energia é mostrado na Tabela 2.5 (novamente, considerando apenas as perdas nas redes de média e baixa
tensão da empresa). Os resultados mostram que considerar o condutor neutro de fato é importante e
melhora a precisão do cálculo visto que ele possui um impacto de 0,3% a 2,3% nas perdas técnicas da
empresa.

Tabela 2.5 – Efeito do acréscimo do condutor neutro.

Caso Base Alternativa CPFL Paulista CPFL Piratininga CPFL Santa Cruz RGE
(1.330 alimentadores) (424 alimentadores) (197 alimentadores) (984 alimentadores)

Com neutro Sem neutro -0,9% -0,3% -0,3% -2,3%

O Grupo CPFL Energia considera que a solução implementada pela ANEEL para modelar este
condutor é adequada visto que ela não exige maior complexidade e quantidade de dados a serem
declarados pela distribuidora. A distribuidora informa apenas se determinado segmento de linha possui
ou não condutor neutro e esta informação já está presente no banco de dados da empresa, sendo
necessária também para validação de seus ativos. Um modelo mais preciso para considerar o condutor
neutro é declarando a geometria do poste detalhadamente. Entretanto, como discutido anteriormente
nesta seção, isto traz maior complexidade para as distribuidoras pois elas devem informar as geometrias
dos postes e características dos condutores utilizados em sua rede.

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Por fim, ressalta-se que os estudos realizados pelo Grupo CPFL Energia mostraram que a solução
implementada para inclusão do condutor neutro não impacta de forma negativa a taxa de convergência
do fluxo de potência dos circuitos.

Questão 21. Qual das opções deve ser adotada para representar as características elétricas das linhas
do SDMT e SDBT? Existiria outra forma não abordada nesse documento?

Em face dos estudos acima e das informações atualmente presentes no banco de dados das
empresas do Grupo CPFL Energia, é possível concluir que:

• A alternativa (ii) não apresenta ganho de precisão significativo no cálculo;


• As alternativas (iii) a (v) embora apresentem ganho de precisão, requerem informações
(capacitância, matriz impedância, geometria dos postes e características dos condutores tais
como diâmetro e raio médio geométrico) que atualmente não estão disponíveis no banco de
dados das empresas do Grupo CPFL Energia e, possivelmente, de outras distribuidoras
brasileiras.

Com isso, o Grupo CPFL Energia considera que o modelo empregado atualmente, em que a
distribuidora declara apenas a impedância de sequência positiva é adequado. O ganho de precisão obtido
com as alternativas apresentadas na Nota Técnica nº 0047/2022 Erro! Fonte de referência não
encontrada. não se mostra compatível com a dificuldade adicional criada para a distribuidora reunir e
informar os dados necessários para implementar esses modelos mais detalhados propostos.

Questão 22. A solução implementada para considerar o neutro com a inserção do quarto condutor nas
linhas do SDMT e SDBT é adequada?
Considera-se que esta solução é adequada visto que representa o importante efeito do condutor
neutro nas perdas técnicas sem requerer dados adicionais por parte da distribuidora. Uma modelagem
mais detalhada do condutor neutro demanda a informação completa da geometria dos condutores no
poste, o que, como explicado na Questão Q21, requer informações potencialmente não disponíveis para
as distribuidoras e que demandam elevado esforço para aquisição.

Questão 23. Realizar o aterramento do neutro através do objeto Reactor é a melhor opção? Ou seria
mais adequada a modelagem em que a resistência do neutro não seria considerada?
O Grupo CPFL Energia considera adequado realizar o aterramento do neutro por meio do objeto
Reactor. Estudos realizados por este grupo considerando diferentes valores de resistência de aterramento
do condutor neutro (entre 5 e 20 Ω) não apresentaram efeito significativo na taxa de convergência do
fluxo de potência. Dada esta característica observada nos estudos e dada a falta de informação detalhada
da resistência de aterramento nas empresas do Grupo CPFL Energia, não se vislumbra a necessidade de
alterar este parâmetro.

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2.6. Inserção da impedância de magnetização ao modelo dos transformadores de


distribuição

O modelo elétrico tradicional do objeto transformador, e que é implementado no OpenDSS, é


mostrado na Figura 2.7. Os parâmetros indicados nesta figura representam:

• R1, R2: perdas no cobre (perdas nos enrolamentos do transformador);


• RFe: perdas no ferro (perdas no núcleo do transformador);
• X1, X2: dispersão de fluxo nos enrolamentos do transformador;
• Xm: magnetização do transformador.

Figura 2.7 – Modelo completo do transformador.

O modelo de cálculo regulatório atual considera todos estes parâmetros exceto a reatância de
magnetização do núcleo do transformador (Xm). Na Tomada de Subsídio 013/2022, a ANEEL propõe
representar também este parâmetro no cálculo de perdas. Para isto, é possível utilizar o parâmetro %imag
do objeto Transformer do OpenDSS, que indica a corrente de magnetização do transformador como um
percentual de sua corrente nominal. Este valor pode ser obtido a partir da corrente de excitação nominal
e da corrente relativa a perdas no ferro nominais no transformador, que são informadas na norma ABNT
NBR 5440:2014. A magnitude da corrente de magnetização (Im) pode ser calculada em função da corrente
de excitação (Iϕ) e da corrente relativa às perdas no ferro (IFe) como:

𝐼𝑚 = √𝐼2∅ − 𝐼2𝐹𝑒 (2.1)

Para verificar se de fato a corrente de magnetização possui efeito relevante no cálculo de perdas
técnicas, foi executado o cálculo regulatório de 12 meses em 4 distribuidoras brasileiras, considerando os
dados da BDGD ordinária de 2019. Foi avaliado o cenário atual (considerado Caso Base), sem
representação da corrente de magnetização, e o cenário proposto na TS 013/2022 em que a corrente de
magnetização é modelada a partir dos valores de corrente de excitação informados na norma ABNT NBR
5440:2014.

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A corrente de excitação de transformadores cuja potência nominal não está presente na norma é
determinada considerando interpolação linear entre os valores mais próximos presentes na norma. Por
exemplo, para transformadores de 88 kVA, é considerada uma interpolação linear entre os dados para
transformadores de 75 kVA e 112,5 kVA. Considera-se que a corrente de excitação de transformadores
com potência acima de 300 kVA decresce linearmente com a potência nominal. Após obter a corrente de
excitação e as perdas em vazio nominais de um transformador, a corrente de magnetização é calculada
como em (2.1).

Os resultados deste estudo são mostrados na Tabela 2.6 (considerando apenas as redes de média
e baixa tensão da empresa) e indicam que ao representar a corrente de magnetização dos
transformadores, as perdas técnicas crescem de 2,5% a 6,7%. Ou seja, este parâmetro apresenta um
efeito importante não desprezível nas perdas técnicas da empresa. Visto que se trata de parâmetro que
pode ser facilmente incorporado no cálculo (via parâmetro %imag do objeto Transformer do OpenDSS),
sem necessidade de dados adicionais por parte das distribuidoras, o Grupo CPFL Energia entende ser
adequado incorporá-lo no cálculo regulatório.

Tabela 2.6 – Efeito da representação da corrente de magnetização.

Caso Base Alternativa CPFL Paulista CPFL Piratininga CPFL Santa Cruz RGE
(1.330 alimentadores) (424 alimentadores) (197 alimentadores) (984 alimentadores)

Sem corrente de Com corrente de +4,0% +2,5% +6,7% +4,7%


magnetização magnetização

Questão 24. A representação da reatância de magnetização se faz necessária?


O Grupo CPFL Energia considera que sim, visto que a magnetização é um fenômeno físico presente
em todos os transformadores independente de sua capacidade de transformação e do seu nível de
carregamento. Este parâmetro afeta diretamente as perdas técnicas da rede, especialmente da rede
primária, visto que o fluxo de corrente na rede primária aumenta para suprir a corrente de magnetização
aos transformadores do circuito.

Além disso, esta característica pode ser facilmente representada utilizando o campo %imag do
OpenDSS. Os valores da corrente de magnetização podem ser extraídos da corrente de excitação
informada na norma ABNT NBR 5440:2014, conforme proposto pela ANEEL. Para potências de
transformadores não informadas na norma, a ANEEL pode realizar interpolação linear com os valores
existentes na norma, como já é realizado para obter perdas totais e em vazio dos transformadores de
distribuição.

Ressalta-se a importância de considerar a corrente de magnetização não apenas dos


transformadores de distribuição de até 300 kVA, mas também dos transformadores presentes em
circuitos de média tensão (responsáveis por transformações de tensão das classes A4-A4, A4-A3a e A3a-
A4), visto que eles também são modelados no cálculo de perdas técnicas via fluxo de potência. Para estes
casos de transformadores de maior capacidade, o Grupo CPFL Energia entende que, na inexistência de
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informação mais precisa, a ANEEL pode utilizar os valores da norma ABNT NBR 5440:2014 e considerar
que a corrente de magnetização decresce linearmente até zero para transformadores com potência acima
de 300 kVA.

A consideração dos efeitos da corrente de magnetização é um importante passo para que sejam
calculadas as perdas efetivas dos transformadores de distribuição. Em que pese a ANEEL adote
transformadores de eficiência superiores e diferentes dos atuais transformadores instalados na rede é
importante que esta agência busque sempre obter modelos que expressem os reais resultados de perdas
técnicas em todos os segmentos de rede.

Questão 25. Para considerar essa reatância basta adicionar o parâmetro %imag quando da definição
do objeto Transformer?
O Grupo CPFL Energia considera que sim, sendo que o valor do parâmetro %imag deve ser
calculado a partir dos valores de corrente de excitação e corrente devido às perdas no ferro, ambos
informados na norma ABNT NBR 5440:2014. A equação a ser aplicada é:

%𝑖𝑚𝑎𝑔 = √%𝑖∅2 − %𝑖𝐹𝑒


2 (2.2)

em que %iϕ é o valor percentual da corrente de excitação em relação à corrente nominal do


transformador, o qual é informado diretamente nas tabelas da norma ABNT NBR 5440:2014; e %iFe é o
valor percentual da corrente referente às perdas em vazio do transformador, o qual pode ser obtido como
a razão Perdas em Vazio [W] / (10 * Potência do Transformador [kVA]).

2.7. Tratamento regulatório para o carregamento dos transformadores de


distribuição

O tratamento atualmente empregado pela ANEEL limita individualmente as cargas de uma rede
secundária a 140% da potência nominal do transformador. Este tratamento contribui para evitar cargas
excessivamente elevadas na rede e que, consequentemente, podem dificultar a convergência do cálculo
de fluxo de potência. Com este tratamento, ainda é possível existir múltiplas cargas elevadas na mesma
rede secundária que, mesmo limitadas individualmente, em conjunto sobrecarregam o transformador.

Neste contexto, a ANEEL propõe aprimorar este tratamento para limitar a carga máxima total da
rede secundária, considerando todos os consumidores, pontos de iluminação pública e perdas não
técnicas, a 140% da capacidade nominal do transformador.

Para avaliar o impacto desta proposta, foi executado um estudo considerando do cálculo
regulatório de 12 meses em 4 distribuidoras, considerando os dados da BDGD ordinária de 2020. Os
resultados obtidos no montante de perdas técnicas e taxa de convergência dos alimentadores está
mostrado na Tabela 2.7.

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Tabela 2.7 – Efeito de limitar carregamento do transformador a 140% da potência nominal.

Empresa Alims. Alims. Convergidos Comentário


Convergidos no no Cenário
Cenário Atual Proposto
CPFL Paulista 1.441 1.435 • 3 alimentadores convergiram
• 9 foram glosados por EI declarada mais de
2,5% superior à EI simulada
CPFL 472 469 • 3 alimentadores convergiram
Piratininga • 1 alimentador deixou de convergir
• 5 foram glosados por EI declarada mais de
2,5% superior à EI simulada
CPFL Santa 206 205 • 1 alimentador convergiu
Cruz • 2 foram glosados por EI declarada mais de
2,5% superior à EI simulada
RGE 977 975 • 7 alimentadores convergiram
• 1 alimentador deixou de convergir
• 8 foram glosados por EI declarada mais de
2,5% superior à EI simulada

Os resultados indicam que limitar o carregamento máximo do transformador a 140% de sua


capacidade nominal:

• Melhora a taxa de convergência do fluxo de potência;


• Cria alimentadores glosados por outros critérios avaliados, mais especificamente porque a
diferença entre energia injetada simulada e energia injetada declarada fica superior ao limiar
aceitável pela ANEEL.

Com isso, o Grupo CPFL Energia entende não ser adequado limitar o carregamento do
transformador sem adaptar os demais critérios de glosa avaliados. Mais detalhes e propostas alternativas
são apresentadas na seção seguinte, nas respostas às questões 26 e 27 da TS 013/2022.

Questão 26. Deve-se proceder à limitação da carga quando exceder a potência nominal do
transformador de distribuição em um determinado montante?
Não se recomenda. O Grupo CPFL Energia observa que, do ponto de vista conceitual, a abordagem
proposta pela ANEEL é oportuna e pode auxiliar na convergência de alguns circuitos. No entanto, estudos
realizados nas quatro distribuidoras do Grupo CPFL Energia indicam que embora esta proposta melhore
a taxa de convergência do cálculo de fluxo de potência, outras regras de verificação do resultado podem

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ser violadas e o número de alimentadores glosados pode até mesmo aumentar, devido a retirada de
energia do balanço geral do alimentador.

A atribuição das tipologias de cargas também pode inferir erros nesse processo se analisado de
modo agregado no transformador, uma vez que são determinadas por métodos estatísticos, podendo
comprometer indevidamente o carregamento do transformador e incorrer a glosas indevidas no cálculo,
inclusive inviabilizar a utilização de resultados de alimentadores inteiro.

Alternativamente, entende-se que a ANEEL pode:

• Manter a regra atual de limitar cargas individualmente;


• Estabelecer um limite de carregamento de no mínimo 200% da capacidade do transformador,
para os casos de fluxo de potência horário que excedem tal limite com base no limite de
carregamento de curta-duração previsto na NBR 5356.

Independente do critério adotado, a energia excedente limitada pelo critério de carregamento


deve ser reconsiderada na redistribuição de carga faturada para fins da correta simulação de perdas
técnicas, dado que essa energia circulou no sistema.

Questão 27. O limite de 140% está adequado para essa finalidade?


O Grupo CPFL Energia sinaliza que, se a aplicação de um limite de carregamento tem como
objetivo melhorar a taxa de convergência dos cálculos de perdas técnicas, na prática, os resultados podem
variar, inclusive, indo no sentido contrário da melhor eficiência do cálculo, dado que a composição das
curvas de cargas segue metodologias estatísticas, não representando necessariamente o real estado da
rede. Assim como mudanças topológicas não são capturadas no decorrer dos 12 meses de simulação,
podendo incorrer em alocações de unidades consumidoras diferente daquelas apresentadas com a
topologia do último mês do ano de referência.

Independente do critério adotado, a energia excedente limitada pelo critério de carregamento


deve ser reconsiderada na redistribuição de carga faturada para fins da correta simulação de perdas
técnicas, dado que essa energia circulou no sistema.

No parágrafo 68 da Nota Técnica cita-se:

“68. Nesse contexto, propõe-se que na avaliação do carregamento máximo dos


transformadores de distribuição seja considerado o somatório das demandas
máximas de todas as cargas conectadas ao equipamento, adicionado da
parcela de perda não técnica. Caso essa demanda ultrapasse em mais de 40% a
potência nominal do transformador, a proposta é que a carga (técnica e não
técnica) seja limitada de modo a não se exceder a 140% da potência nominal do
transformador. “ (grifo nosso).

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Deste modo, estaria sendo somada as demandas máximas não coincidentes. Isso está equivocado,
sendo que o correto é calcular a demanda máxima obtida pela curva agregada coincidente de todas as
cargas conectadas a um transformador.

Questão 28. Deve-se proceder à limitação da carga quando exceder a máxima capacidade de condução
dos condutores? Qual limite deve-se estabelecer para essa finalidade?
O Grupo CPFL Energia acredita não ser necessário este ajuste adicional, visto que a limitação de
carga empregada atualmente ou a limitação de carregamento dos transformadores, discutida nas
questões 26 e 27, de certa forma, também limita o nível de carregamento dos condutores, auxiliando na
melhoria da taxa de convergência dos circuitos.

2.8. Tratamento regulatório para a distribuição das cargas entre as fases no SDBT
e no SDMT

Questão 29. Deve-se proceder à redistribuição das cargas entre as fases do circuito quando o
desbalanceamento ultrapassar um determinado valor?
O sistema de distribuição de uma concessionária de energia elétrica reflete as peculiaridades de
sua região de atuação, em que é comum na operação real o desequilíbrio de carregamento entre fases,
determinadas situações, como por exemplo de áreas rurais, a presença de extensas redes monofásicas,
ou sistemas de distribuição com transformadores em delta, resulta em significativos desequilíbrios.

Em situações como essas, a solução de mitigação do desequilíbrio do carregamento entre as fases


demandaria investimentos robustos, como a construção de rede trifásica, substituição de
transformadores de distribuição, o que repercute em dispêndios financeiros, e, consequentemente, um
aumento significativo na tarifa dos consumidores. As soluções técnicas estudadas pelas distribuidoras,
visam otimizar o equilíbrio de cargas entre as fases, no entanto, algumas alternativas são de custo global
elevado, não demonstrando viabilidade econômica e técnica que justifiquem tais investimentos.

Adicionalmente, é importante que modelagem para o cálculo de perdas deva considerar as


características informada na BDGD das empresas, não devendo proceder com redistribuição de cargas
entre as fases. A modelagem para apuração das perdas técnicas deve ser determinada de forma fidedigna
com aspectos físicos da rede.

Sendo assim, o Grupo CPFL Energia entende que não se deve proceder com a redistribuição das
cargas entre as fases em nenhuma hipótese.

Questão 30. Qual a melhor forma de ser determinar um limite para o desbalanceamento de carga ao
longo do alimentador?
Em consonância com a questão anterior, não é necessário determinar um limite para o
desbalanceamento de carga ao longo do alimentador pois a BDGD reflete a realidade do sistema.

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2.9. Aprimoramento das definições regulatórias de energia injetada e energia


fornecida

Questão 31. As definições de energia injetada e de energia fornecida apresentadas descrevem


adequadamente o que deve ser considerado no computo desses montantes para fins do cálculo de
perdas?
Não, a definição está adequada para energia fornecida, mas necessita ser modificada para a
energia injetada. Entendemos que a definição vigente de energia injetada estabelecida pela ANEEL não
abrange claramente a energia injetada na rede por micro e minigeração. Visto que, este é um tema de
impacto cada vez mais perceptível na energia circulante dos sistemas elétricos de distribuição, sugere-se
a seguinte atualização ao texto regulatório:

Energia Injetada: corresponde à energia injetada no nível de tensão proveniente


de agentes supridores (transmissores, outras distribuidoras e geradores), de
geração própria e energia injetada na rede pela microgeração e
minigeração necessária para atendimento de seu mercado (cativo, livre e
suprimento) e das perdas de seu sistema de distribuição. Não deve ser
considerada a energia proveniente de outros níveis de tensão da distribuidora.
Este dado deve ser obtido de medições (operativas ou de fronteira).

Uma vez que os clientes que possuem a característica de geração citada estão inseridos no
mercado regulado ou livre e que a energia definida como fornecida corresponde ao montante medido,
diferentemente do faturado que poderia sofrer influência de compensações por energia gerada pela
unidade consumidora, não é necessário alterar a definição de energia fornecida.

Questão 32. Há correspondência que permita a comparação entre os valores informados na BDGD e no
SAMP Balanço Energético? Caso negativo, qual a diferença entre as fontes de informação.
Manter essa correspondência dentro dos parâmetros exigidos pela ANEEL é uma tarefa complexa.
Embora existam relações entre os valores informados na BDGD e no SAMP Balanço Energético, é
importante ressaltar que desvios pode existir por vários motivos sobretudo por critérios de
preenchimento.

Pelo lado da oferta/disponibilidade, a energia injetada e a estratificação da geração conectada à


rede da distribuidora (Geração Distribuída/Mini e Microgeração) apresentam correspondência, embora
seja uma atividade complexa manter todas as informações compatíveis e dentro dos parâmetros de
aceite.

Pelo lado da demanda/requisitos, para as unidades consumidoras classificadas como Mercado


Cativo, diferenças encontradas são justificadas pelo fato de que o mercado informado via SAMP (Ofício
003/ANEEL) é apurado por data de lançamento (saldo entre as operações de Faturamento –
Cancelamento + Refaturamento), refletindo os montantes medidos em kWh, enquanto os dados

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presentes na BDGD deverão, conforme regra da Agência, refletir os insumos medidos ajustados em mês
civil, adicionados aos insumos faturados ajustados em mês civil quando não houver medição.

Para as unidades consumidoras classificadas como Mercado Livre / Uso de Sistema, as diferenças
encontradas são justificadas pelo fato de que o mercado informado via SAMP (Ofício 003/ANEEL) são
apurados pelos insumos medidos independentemente da existência de Contratos de Uso do Sistema
(CUSD), já na BDGD, os montantes são obtidos pelo Sistema Comercial através dos insumos medidos
ajustados em mês civil, adicionados aos insumos faturados ajustados em mês civil quando não houver
medição, considerando a existência dos referidos Contratos.

Outro ponto relevante, durante a validação da BDGD, é que o fornecimento cativo acaba sendo
comparado com a somatória dos consumidores cativos do SIG-R, com os dados informados no módulo do
SAMP e com as linhas de fornecimento do balanço de energia (FMC). Essa assimetria de informações,
muitas vezes, acaba resultando em diferenças acima das permitidas durante a etapa de validação da
BDGD, onde são considerados como erros críticos: diferença maior que 0,5% entre a energia total do
balanço de energia (BE) e o total da energia dos usuários da rede no SIG-R; diferença maior que 2% entre
a energia total do balanço de energia e dos usuários da rede no SIG-R e a energia total do balanço e
consumidores do SAMP no ano. Desta forma, uma uniformização/padronização de dados poderia evitar
essas não conformidades.

Questão 33. A segregação da energia fornecida: em energia fornecida ao mercado livre, energia
fornecida ao mercado cativo e energia fornecida à outras distribuidoras contempla todas as situações
presentes no sistema de distribuição? Seria necessária a abertura de outros tipos de energia?
Em análise abrangente, a segregação de energia fornecida em: (i) fornecida ao mercado livre, (ii)
fornecida ao mercado cativo e (iii) fornecida à outras distribuidoras contempla todas as situações.

Entretanto, vale destacar que diferenças existentes entre os dados disponíveis na entidade
Balanço de Energia da BDGD e nas entidades UCxT para o consumo de origem FOD, ocorrem em razão da
representação das inversões que, por serem energia em trânsito, não possuem UC associada. Contudo,
como esta energia é contabilizada para fins da adequada representação da energia injetada, deverá ser
igualmente representada no balanço, no caso, através da origem FOD.

Assim, para este caso, propõ-se acrescentar na DDA Tipo da Origem da Energia (TORGENER) uma
opção para diferenciar esse montante de energia.

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Tabela 2.8 - Proposta de DDA Tipo da Origem da Energia (TORGENER)

COD_ID DESCRIÇÃO
0 Não informado
IT Energia Injetada Total
IGD Energia Injetada de Geração Distribuída REN 482/2012
IG Energia Injetada de Geração
FML Energia Fornecida ao Mercado Livre
FMC Energia Fornecida ao Mercado Cativo
FOD Energia Fornecida à Outras Distribuidoras
FRA Energia Fornecida sem Rede Associada
FOS Energia Fornecida sem Unidade Consumidora Associada

2.10. Aprimoramento na interface que acessa o OpenDSS

O programa desenvolvido pela ANEEL para cálculo de perdas técnicas regulatório, chamado
ProgGeoPerdas, escrito na linguagem de programação C#, utiliza a interface COM oficial do OpenDSS [5].
para controlar a execução dos estudos de fluxo de potência necessários ao cálculo das perdas. Em um
projeto de P&D ANEEL, que visa o aprimoramento do modelo e desempenho do cálculo de perdas, foi
desenvolvida uma ferramenta de cálculo de perdas regulatórias que utiliza a interface DSS Extensions [6]
ao invés da COM oficial, com linguagem de programação Python.

Ao longo dos quatro anos de projeto, a ferramenta de cálculo desenvolvida com as DSS Extensions
foi amplamente testada com redes de quatro distribuidoras de energia e os resultados numéricos foram
validados com o ProgGeoPerdas e com outra ferramenta comercial disponível no mercado brasileiro. Do
ponto de vista de desempenho computacional, a ferramenta desenvolvida apresentou desempenho
excelente, executando o cálculo de perdas completo de 4 empresas do Grupo CPFL Energia (incluindo
conversão da BDGD para arquivos DSS e execução completa do cálculo) em cerca de 5 horas como pode
ser visto nos tempos de execução da

Tabela 2.9. O estudo foi realizado em servidor com sistema operacional Linux (Red Hat),
processador Intel® Xeon® E5-2690 v4 (10 núcleos físicos), 64 GB de memória RAM e 256 GB de espaço de
armazenamento em SSD.

Tabela 2.9 – Tempo de execução do cálculo de perdas técnicas utilizando a DSS Extensions.

Etapa CPFL Paulista CPFL Santa Cruz RGE CPFL Piratininga


Conversão 0h30min 0h04min 0h25min 0h11min
Cálculo 2h00min 0h17min 1h15min 0h50min
Total 2h30min 0h21min 1h40min 1h01min

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APRIMORAMENTO NA REGULAMENTAÇÃO DA APURAÇÃO DAS PERDAS TÉCNICAS REGULATÓRIAS

De fato, segundo os desenvolvedores da DSS Extensions, a motivação inicial para criá-la foi
exatamente de contornar algumas dificuldades presentes na interface COM e no OpenDSSDirect.DLL (que,
no contexto do cálculo de perdas regulatório, não traz ganhos de desempenho significativos em relação
à interface COM), visando maior eficiência nos cálculos. Para atingir este objetivo, a DSS Extensions traz:

• Maior eficiência de código (incluindo melhorias no solver de fluxo de potência);


• Possibilidade de manipulação de estruturas/funções internas do OpenDSS;
• Possibilidade de uso em servidor com sistema operacional Linux em um ambiente de
Computação de Alto Desempenho (do inglês High-Performance Computing, HPC).

Atualmente, as DSS Extensions podem ser utilizadas em sistema operacional Windows, Linux ou
MacOS (sendo que o OpenDSS oficial pode ser utilizado apenas em sistema Windows) e possui interfaces
que permitem seu uso em linguagem de programação C/C++ (interface raiz da DSS Extensions, chamada
DSS C-API1), Python (módulo DSS Python2), C#/.NET (módulo DSS Sharp3), MATLAB (módulo DSS Matlab4)
e Julia (módulo OpenDSSDirect.jl5). A DSS Extensions também possui documentação própria6,
complementar à documentação oficial do OpenDSS.

A maturidade das DSS Extensions pode ser visualizada pelo número de usuários que possui. O
módulo base DSS C-API já possui mais de 10 mil downloads e o módulo DSS Python já possui mais de 470
mil downloads considerando espelhos e bots e mais de 50 mil usuários distintos. Alguns exemplos de
entidades nacionais e internacionais que utilizam as DSS Extensions são:

• National Energy Renewable Laboratory (NREL), EUA: página 22 do relatório disponível em


https://www.nrel.gov/docs/fy21osti/79444-7.pdf;
• NREL, Sandia National Laboratories e Idaho National Laboratory, EUA: slide 15 da
apresentação disponível em https://www.energy.gov/sites/default/files/2019/06/f63/
elt202_walkowicz_2019_o_4.19_7.16pm_jl.pdf;
• Hitachi America, Ltd., Arizona State University, EUA: slide 12 da apresentação disponível em:
https://documents.pserc.wisc.edu/documents/general_information/
presentations/pserc_seminars/webinars_2021/Webinar_Slides_Ayyanar_Yang_Chongfuang
prinya_8_31_21.pdf;

1
Disponível em: https://github.com/dss-extensions/dss_capi.
2
Disponível em: https://github.com/dss-extensions/dss_python.
3
Disponível em: https://github.com/dss-extensions/dss_sharp.
4
Disponível em: https://github.com/dss-extensions/dss_matlab.
5
Disponível em: https://github.com/dss-extensions/OpenDSSDirect.jl.
6
Disponível em: https://github.com/dss-extensions/dss-extensions.
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• Grupo de pesquisa do Prof. Luis (Nando) Ochoa, Austrália: enviou o email mostrado na Figura
2.8 no grupo de pesquisadores internacional Power Globe;
• Dezenas de repositórios no GitHub de institutos de pesquisa e empresas empregam ou citam
as DSS Extensions.

Figura 2.8 - DSS Extensions é adotada por um dos principais grupos de pesquisa em sistemas de
distribuição no mundo.
Para ilustrar o ganho de desempenho que pode ser proporcionado pela adoção da DSS Extensions,
foi realizado o cálculo de fluxo de potência de 12 meses em uma rede real de uma distribuidora de energia
considerando os seguintes cenários de simulação7:

• Cenário 1 (Caso Base): utilizando interface COM oficial do OpenDSS, EnergyMeter oficial do
OpenDSS, e sem reuso da fatoração numérica da matriz admitância da rede;
• Cenário 2: semelhante ao Cenário 1, mas substituindo a interface COM oficial pelo módulo
DSS Python das DSS Extensions;
• Cenário 3: semelhante ao Cenário 2, mas substituindo o EnergyMeter por um medidor
customizado, desenvolvido exclusivamente para o cálculo de perdas técnicas, utilizando
algumas novas funções disponibilizadas pelas DSS Extensions. Não seria possível implementar

7
A fim de garantir uma comparação de tempo de execução direta e justa, não foi considerado o efeito das perdas
não técnicas nas perdas técnicas.
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este medidor customizado considerando apenas as funções disponibilizadas na interface COM


oficial do OpenDSS;
• Cenário 4: semelhante ao Cenário 3, mas considerando reuso da fatoração numérica da
matriz admitância (matriz Y) da rede entre iterações de controle. Entre iterações de controle,
a matriz Y da rede praticamente não se altera. Quando ocorre uma mudança no circuito (como
ajustes de taps), o OpenDSS oficial invalida a matriz Y, a remonta do zero e refaz a fatoração.
As DSS Extensions melhoram este desempenho reutilizando a matriz já montada e mesmo os
termos da fatoração.

Os tempos computacionais obtidos (normalizados para o tempo obtido no Cenário 1) são


mostrados na Tabela 2.10. Nota-se que a simples substituição da interface COM pelas DSS Extensions leva
a uma redução de 30% do tempo de simulação. Isto ocorre devido às melhorias implementadas
diretamente no código do OpenDSS. Ao incorporar novas funcionalidades disponibilizadas pelas DSS
Extensions, foi observado um ganho de mais de 2,5 vezes no tempo de execução do cálculo.

Tabela 2.10 – Melhoria de desempenho observada com a substituição da interface COM oficial pelas
DSS Extensions.

Cenário Tempo normalizado


Cenário 1 (Caso Base) 100%
Cenário 2 70,8%
Cenário 3 53,5%
Cenário 4 38,8%

Questão 34. Quais as vantagens e desvantagens de se adotar a interface DSS Extensions


comparativamente à interface COM?
Muitas das funcionalidades do OpenDSS em Pascal foram reescritas de forma mais eficiente em
C++ no DSS Extensions, de modo a reduzir consideravelmente o tempo de processamento em comparação
ao OpenDSS. Além disso, o DSS Extensions apresenta uma interface mais amigável, mensagens de erros
mais informativas e vêm sendo amplamente testado e validado para o cálculo de perdas técnicas
regulatório por mais de 4 anos.

Um ponto de aprimoramento é que DSS Extensions ainda não possui algumas funcionalidades que
o OpenDSS traz (e que não interferem no cálculo de perdas), como por exemplo, as ferramentas de
visualização gráfica.

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Vale destacar que as atualizações do OpenDSS passam por etapas de validação dentro de um
criterioso sistema de testes antes de serem implementadas ao DSS Extensions, garantindo robustez ao
programa.

Questão 35. Há algum ponto de atenção em se empregar essa nova interface?


As DSS Extensions foram testadas no contexto do Programa de P&D ANEEL durante quatro anos
em plataformas Windows e Linux, sem dificuldades e com ganhos expressivos de desempenho
computacional.

Como ponto de atenção: cabe validar os resultados para as demais empresas do setor, garantindo
que os resultados calculados com a versão antiga do programa não sofram alterações significativas.

Vale destacar, no entanto, que uma vez adotando as DSS Extensions, além de adequar o código
do ProgGeoPerdas para que se beneficie das funcionalidades adicionais implementadas nas DSS
Extensions, é de suma importância manter em funcionamento a opção atual de cálculo, para que sejam
possíveis realizar os cálculos de ambas as formas.

Essa operação espelho se faz necessária para garantir a qualidade dos resultados apurados nos
processos tarifários, bem como identificar eventuais necessidades de atualizações dos códigos caso
identificadas divergências significativas nos resultados.

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3. Considerações finais
O Grupo CPFL Energia novamente reconhece o esforço da ANEEL em propor atualização da
regulamentação do cálculo de perdas técnicas regulatórias das distribuidoras e reforça a importância de
proceder com as adequações mencionadas ao longo desta contribuição, no intuito de garantir a
homologação de perdas técnicas mais condizentes com a realidade das distribuidoras.

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