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25ª Reunião Pública Ordinária

12/07/2022

VOTO

PROCESSOS: 48500.000395/2022-50, 48500.000394/2022-13, 48500.000424/2022-83.

INTERESSADOS: Concessionárias de transmissão de energia elétrica, usuários do Sistema Interligado


Nacional (SIN) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

RELATOR: Diretor Hélvio Neves Guerra.

RESPONSÁVEL: Superintendência de Gestão Tarifária (SGT).

ASSUNTO: Estabelecimento das Receitas Anuais Permitidas (RAP) das concessionárias de


transmissão de energia elétrica, das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica
(TUST), da Tarifa de Transporte da Energia Elétrica proveniente de Itaipu Binacional e dos Encargos
de Uso do Sistema de Transmissão e das Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição (TUSDg) de
referência para as centrais geradoras conectadas nos níveis de tensão de 88kV e 138 kV para o ciclo
2022-2023.

I – RELATÓRIO

1. O presente voto trata de forma conjunta, para o ciclo 2022/2023, o estabelecimento:

a) das Receitas Anuais Permitidas (RAP) das concessionárias de transmissão de energia


elétrica para o ciclo 2022-2023;

b) do valor das Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST);

c) da Tarifa de Transporte de Itaipu;

d) dos encargos das distribuidoras associados à Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição


para centrais de geração conectadas em 88 kV e 138 kV (TUSDg); e

e) da base de dados de cálculo da TUST para o ciclo tarifário 2022-2023.

2. Os contratos de concessão de serviço público de transmissão de energia elétrica,


celebrados entre a União e as concessionárias de transmissão de energia elétrica, dispõe que as
regras de reajuste e revisão devem ser suficientes para estabelecer e manter o equilíbrio
econômico-financeiro da concessão.

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3. Os Submódulos 9.3 e 10.4 dos Procedimentos de Regulação Tarifária (Proret)1,
definem os procedimentos para o reajuste anual das receitas das concessionárias de transmissão.

4. A Resolução ANEEL nº 281, de 1º de outubro de 1999, determina as condições gerais


para a contratação do acesso e do uso do sistema de transmissão e, em conjunto com outras
normas2, orientam o cálculo das tarifas e dos encargos dos diversos usuários desse sistema.

5. Os Submódulos 7.4, 9.4 e 10.5 do Proret 3 estabelece o procedimento para cálculo da


TUST e da TUSDg para as centrais geradoras em novo ciclo tarifário.

6. Em 18 de maio de 2022, na 6ª Sessão de Sorteio Público Extraordinário, os processos


foram distribuídos à minha relatoria.

7. Em 5 de julho de 2022, a Superintendência de Gestão Tarifária (SGT), concluiu 4 sua


análise para os valores das RAP das concessionárias de transmissão para o ciclo 2022-2023, e em 7
e 8 de julho de 2022, a SGT concluiu 5 a análise para os resultados das TUST, da Tarifa de Transporte
de Itaipu, dos encargos das distribuidoras associados à TUSDg e a base de dados de cálculo da TUST
para o ciclo tarifário 2022-2023.

II – FUNDAMENTAÇÃO

8. Trata-se do estabelecimento dos valores (i) da RAP referentes às instalações de


transmissão sob responsabilidade de concessionárias de transmissão de energia elétrica, (ii) da
TUST, (iii) da Tarifa de Transporte de Itaipu, (iv) da TUST IMP/EXP importação/exportação, (v) das
Tarifas de Uso das Interligações Internacionais (TUII), (vi) da TUST TEMP para contratação em caráter
temporário, (vii) dos encargos anuais de uso do sistema de transmissão que deverão ser
mensalmente aplicados às distribuidoras que possuam em sua área de concessão centrais geradoras

1
Aprovados pela Resolução Normativa ANEEL nº 7.742, de 27 de junho de 2017.
2
Resoluções Normativas ANEEL nº 442, de 26 de julho de 2011, nº 666, de 23 de junho de 2015, nº 722, de 31 de maio
de 2016 e nº 1.017, de 19 de abril de 2022.
3
Aprovados pela Resolução Normativa ANEEL nº 1.024, de 28 de junho de 2022.
4
Nota Técnica nº 102/2022-SGT/ANEEL, Sicnet nº 48581.001842/2022-00.
5
Nota Técnica nº 104, 7 de julho de 2022, Sicnet nº 48500.000394/2022 e Nota Técnica nº 116/2020-SGT/ANEEL, Sicnet
nº 48581.001866/2022-00.

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conectadas em nível de tensão de 138 e 88 kV e (viii) da base de dados de cálculo da TUST, todos
para o período de 1º de julho de 2022 a 30 de junho de 2023.

II.1 Estabelecimento da RAP

II.1.1 Regra geral

9. A RAP destinada às transmissoras devido à prestação de serviço público de


transmissão de energia elétrica é reajustada anualmente a partir da soma das parcelas de receita,
referentes às instalações de transmissão em operação comercial no ciclo anterior, atualizadas pelo
Índice de Variação da Inflação (IVI)i-1 6.

10. Os contratos de concessão de transmissão definem o índice a ser utilizado no


reajuste. Alguns contratos adotam o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), da Fundação
Getúlio Vargas (FGV), outros o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

11. Os valores do IVI para o Ciclo 2022-2023 para os contratos reajustados pelo IGP-M e
IPCA são respectivamente 1,107233872227246 e 1,11731212845584.

12. Além da atualização das receitas, no reajuste da RAP são refletidos, entre outros, os
resultados (i) das revisões periódicas de receita das transmissoras, aprovadas pela ANEEL; (ii) das
novas parcelas de RAP estabelecidas para os reforços autorizados sem estabelecimento prévio de
receita; (iii) das reduções em 50% da RAP no décimo sexto ano, previstas em alguns contratos de
concessão; e (iii) de outras decisões publicadas pela ANEEL ao longo do ciclo 2021/2022.

II.1.2 Parcelas de ajuste e outros componentes financeiros

13. A arrecadação e as necessidades de receita são variáveis ao longo do ciclo tarifário


em função, por exemplo, da entrada em operação comercial de novas instalações no sistema, com
suas respectivas receitas, e da dinâmica de contratação do uso da rede pelos usuários.

6
O IVIi-1 é o quociente do índice indicado no Contrato de Concessão, do mês de maio do período i-1, pelo índice do
mês de maio do período i-2.

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14. Como as tarifas de transmissão são fixas por um ano, os contratos de concessão
preveem um mecanismo, a Parcela de Ajuste (PA), para fazer frente ao superávit ou déficit de
arrecadação que ocorre ao longo do período. A PA é calculada anualmente de acordo com os
contratos de concessão, ou atos de equiparação, e com o que consta no Submódulo 9.3 do Proret.

15. A PA e os componentes financeiros a serem compensados no ciclo 2022- 2023 são


compostos das seguintes parcelas:

a) PA Apuração: compensa o déficit ou superávit de arrecadação apurado pelo ONS no


ciclo 2021-2022;

b) PA Qualidade DIT: corresponde ao valor a ser descontado da receita das


transmissoras devido a violações dos limites de continuidade dos pontos de conexão nas Demais
Instalações de Transmissão (DIT), em conformidade com os Procedimentos de Distribuição de
Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional (Prodist);

c) PA Autorizadas sem RAP prévia: compreende os valores retroativos referentes aos


reforços autorizados sem a definição prévia de receita;

d) PA Revisão: reflete alterações e ajustes resultantes das revisões periódicas de receita


ocorridas em ciclos anteriores;

e) PA Outros Ajustes: consolida diversos ajustes decorrentes, por exemplo, da correção


de datas de entrada em operação comercial de instalações, de erros materiais verificados na
definição das RAP de ciclos anteriores, da restituição de valores relativos a instalações de
transmissão que não operaram durante todo ou parte do ciclo tarifário anterior, etc.

f) Financeiro Melhorias: trata as anuidades de melhorias de pequeno porte, disposta


no Submódulo 9.1 do Proret, e corresponde ao valor para cobertura dos investimentos em
melhorias de pequeno porte;

g) ICG/IE: trata de ajustes dos ciclos anteriores e relativos às Instalações de Transmissão


de Interesse Exclusivo para Conexão Compartilhada (ICG) e das Instalações de Transmissão de
Interesse Exclusivo para Conexão Individual (IEG).

16. Essas componentes somadas totalizaram -R$ 278.719.616,05 a serem ressarcidos às


transmissoras ao longo do ciclo 2022-2023, conforme detalhado na Tabela 1.

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Tabela 1. Parcelas de Ajuste (PA) e componentes financeiros.
DIT
Rede Básica DIT de Uso
Tipo Rede Básica (R$) Compartilhada ICG /IEG TOTAL (R$)
de Fronteira (R$) Exclusivo (R$)
(R$)
Financeiro
195.573.997,93 0,00 0,00 0,00 195.573.997,93
Melhorias
PA Apuração -1.033.349.268,66 -220.635.148,38 93.507.497,76 0,00 -1.160.476.919,28
PA Instalações
Autorizadas sem 65.060.590,44 5.031.966,44 1.552.055,63 15.892.980,04 87.537.592,55
RAP prévia
PA Outros
114.063.381,93 -17.733.444,29 2.534.297,11 -21.140.945,33 5.889.958,27 83.613.247,69
Ajustes
PA Qualidade
0,00 0,00 0,00 -8.350.309,61 -8.350.309,61
DIT
PA Revisão 207.020.732,37 198.209.096,86 35.849.152,75 82.303.792,69 523.382.774,67
TOTAL -451.630.565,99 -35.127.529,37 133.443.003,25 68.705.517,79 5.889.958,27 -278.719.616,05
Fonte: Superintendência de Gestão Tarifária.

II.1.3 Parcela variável

17. A Parcela Variável (PV) é o desconto aplicado na RAP das transmissoras por
indisponibilidades, restrições operativas ou atrasos na entrada em operação de instalações
integrantes da Rede Básica 7. A redução de receita devido à aplicação da PV, no período de junho de
2021 a maio de 2022, totalizou R$ 500.762.679,74 conforme detalhado na Tabela 2.

Tabela 2. Descontos aplicados nas receitas das transmissoras de junho de 2020 a maio de 2021.
Concessionárias Parcela variável descontada (R$)
NÃO LICITADAS 1.041.864,80
NÃO LICITADAS PRORROGADAS 229.042.863,98
LICITADAS 266.856.352,24
INTERLIGAÇÕES INTERNACIONAIS 3.821.598,72
TOTAL 500.762.679,74
Fonte: CARTA CTA-ONS DTA/SA 1106/2022 - SIC nº 48513.016985/2022-00.

II.1.4 Carta CGT Eletrosul

18. Por meio da Carta CE DRP-0050/2022 8, de 17 de junho de 2022, a CGT Eletrosul


requisitou:

7
Conforme Módulo 4 das Regras dos Serviços de Transmissão de Energia Elétrica, aprovado pela Resolução Normativa
ANEEL nº 906, de 8 de dezembro de 2020.
8
Sicnet nº 48513.016361/2022-00.

5 de 21
a) revisar a lista de módulos disponibilizada por meio do Despacho nº 1.425/2022,
de modo a contemplar os ajustes de receita já processados por ocasião da REH nº
2.959/2021 e relacionados com o fim da concessão da Conversora de Uruguaiana (PRT MME
nº 624/2014);

b) analisar os pleitos constantes na CE DRP-0121/2021 9, de 25 de outubro de 2021,


não verificados por ocasião da análise dos recursos do ciclo anterior, quais sejam:

(b.1) revisão do cálculo do modelo DEA relativo à LT 138 kV Biguaçu-Florianópolis


C1 e C2, processado no ciclo 2021-2022; e
(b.2) alteração do titular do Contrato nº 004/2012 para CGT Eletrosul.

19. Considerados os argumentos apresentados pela CGT Eletrosul, a SGT recomendou a


republicação da lista de módulos constante no Despacho nº 1.425/2022, de modo a contemplar os
ajustes de receita já processados por ocasião da REH nº 2.959/2021 e relacionados com o fim da
equiparação da Conversora de Uruguaiana (PRT MME nº 624/2014).

20. Quanto ao pleito relativo à revisão do cálculo de redução da receita de O&M da PRT
579/2012 em virtude da transferência LT 138 kV Biguaçu-Florianópolis C1 e C2, a SGT reconstituiu
metade do valor processado no ciclo anterior.

21. Com relação ao pleito de alteração do titular do Contrato nº 004/2012 para CGT
Eletrosul, a SGT informou que, após ouvida a área de concessões, as instalações do referido contrato
foram alteradas.

II.1.5 Resultados

22. O resultado global da RAP da Rede Básica para o ciclo 2022-2023 totaliza R$
41.926.458.424,44 e representa um aumento de 19,60% em relação ao ciclo 2021-2022, conforme
detalhado na Tabela 3. As principais razões desse aumento são (i) o índice de reajuste previsto nos
contratos de concessão; (ii) a expansão do sistema de transmissão, com entrada em operação de 23
novos contratos, além das melhorias autorizadas; e (iii) os efeitos das revisões das receitas das

9
Sicnet nº 48513.029229/2021-00.

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concessionárias licitadas.

Tabela 3. Resultado global da RAP da Rede Básica (R$).


Itens Ciclo 2021-2022* Ciclo 2022-2023 Efeito %
Econômico 29.505.833.499,25 36.380.448.452,97 19,60%
Financeiro 2.443.310.611,62 3.680.822.673,34 3,50%
Previsão de Obras 3.117.105.938,00 1.865.187.298,13 -3,60%
Total 35.066.250.048,87 41.926.458.424,44 19,60%
(*) Ciclo praticado conforme REH nº 2.959/2021.

23. As Tabelas 4 a 7 sintetizam os valores da RAP, por tipo de receita, para o Ciclo Tarifário
2022-2023, a preços de junho de 2022.

Tabela 4. RAP da Rede Básica (R$)


Ref.: Jun-2022
RBSE [1] RBNI [2] Acesso à RB [3] RBL [4] RMEL [5] TOTAL
Rede Básica 9.794.570.954,09 1.949.906.879,81 8.152.568,64 20.807.113.305,87 153.478.765,87 32.713.222.474,28
RB de Fronteira 1.609.502.203,55 903.370.019,41 0,00 799.947.451,15 71.802.165,89 3.384.621.840,00
TOTAL 11.404.073.157,64 2.853.276.899,22 8.152.568,64 21.607.060.757,02 225.280.931,76 36.097.844.314,28
[1] Receita de instalações relativas à prorrogação das concessões (Lei nº 12.783/2013) ou que consta no contrato de concessão sob
esta denominação. [2] Receitas de novas instalações autorizadas. [3] Receitas de conexões à Rede Básica. [4] Receitas das
instalações licitadas. [5] Receitas das melhorias.

Tabela 5. Receita Anual Permitida das Demais Instalações de Transmissão (R$)


Ref.: Jun-2022
RPC [1] RCDM [2] RPEC [3] RMEL [4] TOTAL
DIT compartilhada 519.281.312,10 199.690.624,10 20.493.551,85 6.633.127,61 746.098.615,66
DIT de uso exclusivo 2.292.707.113,40 399.780.921,34 185.102.122,18 30.235.993,60 2.907.826.150,52
TOTAL 2.811.988.425,50 599.471.545,44 205.595.674,03 36.869.121,21 3.653.924.766,18
[1] Receita de instalações relativas à prorrogação das concessões (Lei nº 12.783/2013) ou que consta no contrato de concessão
sob esta denominação. [2] Receitas de novas instalações autorizadas.[3] Receitas das instalações licitadas. [4] Receitas das
melhorias.

Tabela 6. RAP das instalações de interesse exclusivo de centrais de geração (R$)


Ref.: Jun-2022
RICG [1] RICGNI [2] RIEG [3] TOTAL
91.928.100,12 31.069.243,11 30.633.812,13 153.631.155,36
[1] Receita relativa às ICG licitadas. [2] Receitas de novas ICG autorizadas. [3] Receita relativa às IEG licitadas.

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Tabela 7. RAP das interligações internacionais (R$)
Ref.: Jun-2022
REQ [1] REQNI [2] RMEL [3] TOTAL
380.950.337,75 14.763.835,60 163.582,89 395.877.756,24
[1] Receita relativa às interligações internacionais equiparadas. [2] Receitas de novas instalações de interligações internacionais
autorizadas. [3] Receitas das melhorias

II.2 TUST

II.2.1 Regra geral

24. O procedimento de cálculo da TUST segue o estabelecido no Submódulo 9.4 do


Proret, a partir da metodologia Nodal, considerando o cenário regional como caso base de fluxo de
potência, com as tarifas publicadas por ponto de conexão, para a carga e a geração.

25. O Submódulo 9.4 do Proret, aprovado recentemente pela REN nº 1.024/2022, após
duas fases de consulta pública, que também tive a oportunidade de ser o Relator, determina que
todas as TUST estabilizadas para o segmento geração, homologadas nos termos das REN nº
267/2007 e 559/2013, devem ser aplicadas até o término da estabilização. Assim, essas tarifas foram
atualizadas pelo Índice de Atualização da Transmissão (IAT), conforme a Tabela 1:

Tabela 8. Composição do IAT para o ciclo sob cálculo.

Proporção de RAP de Rede


Índice acumulado
Índices Básica em operação
jun/2021 a jun/2022 2022-2023
IGP-M 10,72% 13,91%
IPCA 11,73% 86,09%
IAT 11,59%

26. Ao fim do prazo de estabilização, as tarifas das centrais de geração 10 passam a ser
controladas por ponto de conexão, mediante envoltória tarifária, aplicando-se os procedimentos
transitórios. Para o segmento consumo, a TUST deve ser definida a cada ciclo tarifário, nos postos

10 Exceto as centrais em regime integral de cotas de garantia física.

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tarifários de ponta e fora de ponta, com o montante a ser arrecadado rateado de forma
proporcional ao total de Montante de Uso do Sistema de Transmissão (MUST) contratado em cada
horário.

27. Ressalta-se que, para o processo da TUST e TUSTg, apresentado mais adiante neste
voto, a SGT instaurou, de 9 a 20 de maio 2022, a Tomada de Subsídios nº 007/2022 para obter
subsídios relativos à base de dados preliminar para o cálculo do ciclo tarifário 2022-2023.

II.2.2 Tarifa de Transporte de Itaipu

28. A Tarifa de Transporte de Itaipu foi calculada a partir do Encargo de Conexão devido
à Furnas e das PAs referentes à previsão da Demanda Anual de potência do ciclo 2021/2022 e às
variações da RAP oriundas de revisão ou outros ajustes, conforme detalhado na Tabela 2. A tarifa
de R$ 11.738,71/MW deverá ser paga diretamente à Furnas pelos contratantes da energia da Itaipu,
proporcionalmente às suas cotas-parte.

Tabela 9. Parâmetros de cálculo da Tarifa de Transporte de Itaipu.

Parâmetros de cálculo 2021-2022 2022-2023 Variação


Encargo de Conexão (R$) 1.207.486.153,57 1.477.827.301,21 22,4%
PA RAP (R$) 23.235.409,97 -12.298.932,19 -152,9%
PA DEMANDA ANUAL (R$) 21.228.963,29 -11.102.410,14 -152,3%
Encargo a ser arrecadado (R$) 1.251.950.526,83 1.454.425.958,88 16,2%
Demanda anual (MW) 126.000,00 123.900,00 -1,7%
Tarifa de Transporte Itaipu (R$/MW) 9.936,12 11.738,71 18,1%

II.2.3 Tarifas de Importação/Exportação e de Interligações internacionais

29. A TUST IMP/EXP e TUII, apresentadas nas Tabelas 10 e 11, atendem à REN nº 666/2015,
que regula a contratação e forma da cobrança do uso do sistema de transmissão por esses agentes.
A elevação significativa das tarifas decorre do aumento do fator “f”, utilizado na conversão das
tarifas por demanda (R$/MW) para tarifas por consumo (R$/MWh) e calculado pela relação entre a
potência instalada e a garantia física do parque gerador em operação, em 54%, e da atualização
monetária incorrida no período (IAT de 11,59%).

9 de 21
30. A SGT explicou que a entrada em operação de usinas de fontes renováveis contribuiu
para a elevação do fator “f”, pois apresentam elevada potência e baixa garantia física, em
comparação com o parque gerador brasileiro.

Tabela 10. Tarifas de Importação/Exportação (TUST IMP/EXP )

TUST imp/exp TUST imp/exp


AGENTES DE IMPORTAÇÃO E DE Variação
2021-2022 2022-2023
EXPORTAÇÃO
R$/MWh R$/MWh %
INT. CONV.GARABI I(S.ANGELO) 10,796 18,491 71,3%
INT. CONV.GARABI II(ITA) 10,796 18,491 71,3%
INT. CONV.RIVERA(LIVRAMENTO) 10,973 18,313 66,9%
INT. CONV.URUGUAIANA 10,466 17,844 70,5%
INT. CONV.MELO(PRES. MÉDICI) 11,022 18,689 69,6%

Tabela 11. Tarifas de Interligações Internacionais (TUII).

INTERLIGAÇÃO TUII 2021-2022 TUII 2022-2023 Variação


INTERNACIONAL* (R$/MWh) (R$/MWh) (%)
Garabi I (S.ANGELO) 21,073 36,310 72,3%
Garabi II (ITÁ) 25,412 43,786 72,3%

II.2.4 Tarifas para a contratação em caráter temporário (TUST TEMP )

31. A contratação do uso do sistema de transmissão em caráter temporário é


caracterizada pelo uso de capacidade remanescente do sistema de transmissão por tempo
determinado, para escoamento da energia elétrica produzida por central geradora, após declaração
do ONS da importância sistêmica da sua permanência no SIN, e enquanto inexistirem contratos de
venda de energia elétrica em execução junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
(CCEE). A TUST associada à contratação em caráter temporário está disposta na Tabela 12 e sua
variação significativa em relação ao ciclo anterior também é explicado pelo fator “f” e pela inflação
do período.

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Tabela 12. Tarifas para a contratação em caráter temporário (TUST TEMP )

TUST temp TUST temp


Variação
GERADOR 2021-2022 2022-2023
(R$/MWh) (R$/MWh) %
UTE Uruguaiana 14,547 25,034 72,1%
UTE Termonorte I 21,246 36,562 72,1%
UTE Termonorte II 14,202 24,440 72,1%
* aplicáveis em horário único, sem distinção entre ponta e fora de ponta.

II.2.5 Base de dados de cálculo da TUST

32. O item 7 do Submódulo 9.4 do Proret estabelece os requisitos para montagem da


base de dados de cálculo da TUST, precedida de Tomada de Subsídios para escrutínio público, no
intuito de promover a assertividade do resultado. A SGT avaliou a base de dados do ciclo 2022/2023
e julgou que está em condições de ser aprovada e homologada pela ANEEL.

II.2.6 Casos específicos avaliados

33. Em 10 de abril de 2017, decisão liminar judicial deferiu, em favor da ABRACE,


ABIVIDRO e ABRAFE, pedido de tutela provisória de urgência para determinar que a “ANEEL exclua
a parcela dita de “remuneração” da Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão – TUST, calculada
sobre os bens reversíveis, ainda não amortizados e nem depreciados [...]”.

34. A decisão da ANEEL, acatando a determinação judicial, vigorou durante os ciclos


2017-2018, 2018-2019 e 2019-2020, até a cassação da liminar, o que ensejou a reinclusão do custo
do capital próprio no processo de Revisão Periódica, exceto para o consumidor livre GV do Brasil
Indústria e Comércio de Aço Ltda., cuja TUST é calculada sem os efeitos descritos, pois a decisão
liminar deferida continua vigorando.

35. No contexto do componente financeiro da RBSE homologado pela ANEEL, o


Consórcio CESTE (UHE Estreito) solicitou reconsideração do valor da TUST do ciclo 2021/2022,
recurso não acatado pela Diretoria Colegiada da ANEEL.

11 de 21
36. Com argumentação análoga, a Elera Renováveis11 e a ESBR 12 também solicitaram a
alteração das suas tarifas, em requerimentos que, julgo, não merecem ser acatados, com
fundamento na decisão do caso da CESTE.

37. A CPFL Renováveis13, em 26 de abril de 2022, solicitou a regularização das TUST


relativas ao Complexo Eólico Campo dos Ventos II, alegando desacordo com a Resolução
Homologatória nº 1.031/2010, referente ao Leilão nº 005/2010, da qual foi vencedora.

38. A SGT confirmou a existência do erro e calculou o passivo financeiro retroativo a 5


anos 14 (ciclos de 2017-2018 e 2021-2022), totalizando R$ 2.426.491,71, a preço de junho de 2022,
contabilizados nas apurações mensais do ciclo 2022/2023, como débito da central de geração.

39. Consoante a REN nº 1.021, de 24 de maio de 2022, as centrais geradoras com TUST
regida pela Resolução Normativa nº 267/2007, afetadas negativamente pela regra da transição
contida na REN nº 559/13, devem ser creditadas, no ciclo tarifário 2022/2023, no montante
correspondente à diferença decorrente da metodologia aplicada, em valor atualizado pelo IAT,
como exposto na Tabela 13. Esse dispositivo foi mantido nos procedimentos transitórios descritos
no item 86 do Submódulo 9.4 do Proret.

Tabela 13. Passivo financeiro decorrente do item 86 do Submódulo 9.4 do Proret.

CRÉDITO
Central Geradora CEG NÚCLEO
R$ (Ref. jun/22)
UTE PORTO PECEM I 029720-8 25.656.504,98
UTE SUAPE II 029719-4 5.839.333,65
UHE ESTREITO 028863-2 20.610.596,05
UTE GERAMAR I 029705-4 6.994.337,42

40. Por meio de Agravo de Instrumento deferido à SAESA, foram recalculadas as TUST
estabilizadas das Usinas Hidrelétricas (UHEs) Santo Antônio e Santo Antônio Ampliação,

11 Sicnet nº 48513.013483/2022-00.
12 Sicnet nº 48513.013058/2021-00.
13 Sicnet nº 48513.011870/2022-00.
14 As regularizações de situações pretéritas devem ser baseadas nos arts. 53 e 54 da Lei nº 9.784/1999, em que os

eventuais efeitos retroativos devem operar no período máximo de 5 anos, por preclusão administrativa.

12 de 21
desconsiderando a adoção da regra de transição. Porém, em decorrência da análise dos recursos
contra a REH nº 2.896/2021, que homologou as TUST do ciclo 2021/2022, as tarifas dessas usinas
foram alteradas.

41. Com a consolidação estabelecida pela REN nº 1.021/2022, é necessário proceder o


ajuste financeiro decorrente da diferença entre as tarifas original e alterada, totalizando R$
14.911.623,29 para a UHE Santo Antônio e R$ 3.049.906,82, para a UHE Santo Antônio Ampliação,
a preço de junho de 2022, a serem inclusos como débito nas apurações mensais do ciclo 2022/2023
pelo ONS.

II.2.7 RAP a ser arrecadada por TUST-RB

42. Para o cálculo da TUST-RB é necessário estabelecer o valor da receita de Rede Básica
para o ciclo sob cálculo. A Tabela 14 apresenta a previsão de total de arrecadação a ser utilizada no
estabelecimento da TUST-RB, comparada com o ciclo 2021-2022.

Tabela 14. Previsão de total de arrecadação a ser utilizada no estabelecimento da TUST-RB.

Variação %
Parâmetros Ciclo 2021-2022 [A] Ciclo 2022-2023 [B]
[C=B/A-1]
Previsão de RAP a ser utilizada no
estabelecimento das tarifas nodais de uso 27.660.751.560,97 34.036.637.270,95 23,1%
do sistema de transmissão - TUST-RB

Orçamento do ONS atualizado: 672.557.720,73 803.440.407,30 19,5%

Passivos 0,00 38.712.750,30 -


Previsão de total de arrecadação a ser
utilizada no estabelecimento das Tarifas
28.333.309.281,69 34.878.790.428,55 23,1%
de Uso do Sistema de Transmissão de
Rede Básica – TUST- RB

43. Os fatores que mais contribuíram para a elevação de 23,1% no valor foram:

a) Novas instalações: instalações que entraram em operação comercial no decorrer do


ciclo anterior considerando a RAP pro rata tempore e que para o ciclo sob cálculo entrarão com
a RAP integral (16,8%).

b) Revisão Periódica da RAP – RPR de 2018 (retroativa): resultado da Revisão Periódica

13 de 21
da RAP de 2018 das transmissoras prorrogadas nos termos da Lei nº 12.783, de 2013,
considerando o reperfilamento do componente financeiro da “RBSE/RPC”, que representa
cerca de 5,7% de aumento para a Rede Básica.

44. A Figura 1 apresenta o rateio da RAP arrecadada por meio de TUST-RB do ciclo
2013/2014 até o 2022/2023. Observa-se que no ciclo sob análise, o valor a ser dividido entre os a
Carga e a Geração é próximo do critério de partida do rateio de 50% para cada segmento.

Geração Carga RAP


120,00% R$40,00

Bilhões
R$34,88
R$35,00
100,00%
R$30,00
30,34% 32,74% 29,03%
80,00% 42,76%
50,09% 45,66% 46,16% 53,15% 47,42% 50,92% R$25,00

60,00% R$20,00

R$15,00
40,00%
69,66% 67,26% 70,97%
R$10,00
57,24% 49,91% 54,34% 53,84% 46,85% 52,58% 49,08%
20,00%
R$5,00

0,00% R$0,00

Figura 1. Rateio da RAP arrecadada via TUST-RB entre segmento consumo e geração.

45. A Figura 2 apresenta a evolução da TUST-RB média dos segmentos consumo e


geração. Nota-se, que as tarifas de geração apresentam pouca volatilidade, em função das regras
de estabilização que vigoravam até então. Em contrapartida, as tarifas de carga flutuam para
absorver os reflexos desta estabilização, já que a Rede Básica tem apenas dois pagantes, a carga e
a geração. Para este ciclo, a TUST-RB média do segmento consumo aumentou 11,67% e do
segmento geração reduziu 6,13%.

14 de 21
Consumo Geração
18,00
15,32
16,00
13,37
14,00 12,13 11,97
12,00 10,07 10,63
9,42 9,05 9,00 9,47 9,30 9,60 9,13
10,00 8,18
6,87 10,23 9,72
8,00
6,00 4,48 4,90 4,41
4,00
2,00
0,00
2013-2014 2014-2015 2015-2016 2016-2017 2017-2018 2018-2019 2019-2020 2020-2021 2021-2022 2022-2023

Figura 2. Evolução da TUST-RB média (R$/kW).

46. A Figura 3 compara o resultado tarifário da transmissão no ciclo 2022/2023 (R$ 42,6
bilhões) em relação ao anterior (R$ 34,5 bilhões), incluindo todos os componentes (Rede Básica,
DIT, Fronteira, interligação internacional, ICG e IEG), segregados em aspectos econômicos,
financeiros, orçamento do ONS e previsão de obras. O incremento total observado (23,5%) foi
decorrente do efeito inflacionário do reajuste dos contratos (R$ 4,0 bilhões), da entrada de novas
instalações (R$3,1 bilhões) e do efeito financeiro (R$1,0 bilhão).

45,0
0,8
BILHÕES

40,0 1,7
3,7
35,0 0,7
1,8
30,0 2,4
25,0
20,0
36,4
15,0 29,5
10,0
5,0
0,0
Ciclo 2021-2022 Ciclo 2022-2023
Econômico Financeiro Previsão de Obras ONS

Figura 3. Resultado tarifário total da transmissão.

47. Nota-se que o efeito da entrada de novas concessões e do reajuste dos contratos das
transmissoras, agregados na parcela econômica, são os fatores preponderantes para o resultado de

15 de 21
23,5% de impacto, como exposto na Figura 4. Por sua vez, o efeito financeiro é composto pelas
Parcelas de Ajuste (PA) e pelo componente financeiro da Portaria MME nº 120/2016.

23,5%
19,9%

3,6%
-0,4% 0,4%

Econômico Financeiro Previsão de Obras ONS Total

Figura 4. Efeito tarifário das componentes.

48. Ressalta-se que a partir dos valores provenientes do cálculo das tarifas de
transmissão, o efeito médio estimado para os consumidores finais na distribuição é de 3,04%.

II.3 TUSTg

49. A TUSDg é estabelecida para centrais geradoras conectadas em níveis de tensão de


88 kV a 138 kV, subgrupo A2, integradas ao SIN e os critérios para a definição de Rede Unificada
(RU) estão estabelecidos no Submódulo 7.2 do Proret e, no atual ciclo, constam da base de dados
42 RUs.

50. Na representação dos agentes de geração foi considerada todas as centrais em


operação no momento de definição da base de dados em junho de 2022. Além das centrais
geradoras em operação, são representadas as centrais geradoras que celebraram Contrato de Uso
dos Sistemas de Distribuição (CUSD) com previsão contratual de entrada em operação até 30 de
junho de 2023.

51. Ademais, independente da celebração ou não do CUSD, também são representadas


as centrais geradoras que se sagraram vencedoras de leilão de energia nova, e têm previsão de
entrega do produto ao decorrer do horizonte do ciclo. A Tabela 15 resume os critérios de

16 de 21
representação das centrais geradoras na base de dados da TUSDg.

Tabela 15. Critérios de representação de centrais geradoras.

Em operação Prevista* Leilão


Com CUSD Representada Representada Representada
Sem CUSD Representada Não Representada Representada
Fonte: Nota Técnica no 116/2022-SGT/ANEEL.
* Com data para início em operação no CUSD ocorrendo até 30 de junho de 2023.

52. Considerando o tempo de maturidade para a implantação de uma central geradora,


entende-se razoável a previsibilidade de entrada em operação da central geradora, que se
fundamenta na assinatura dos contratos. Neles deve ser estabelecida a data de entrada em
operação e o montante de uso a ser contratado.

53. Conforme indicado na Nota Técnica da SGT, o critério utilizado para a representação
do Montante de Uso do Sistema de Distribuição (MUSD) das centrais geradoras foi estabelecido a
partir do valor contratado para junho de 2023. Para as centrais geradoras vencedoras de leilão e
sem CUSD celebrado, o valor de potência que consta do cadastro do empreendimento no respeito
leilão que se sagrou vencedor.

54. Para o Ciclo 2022-2023 estão representadas na base de dados 538 centrais geradoras,
sendo 45 centrais geradoras adicionadas a base em relação ao ciclo passado. A SGT calculou a nova
TUSDg de referência para o Ciclo 2022-2023 considerando as centrais geradoras que atendam a pelo
menos um dos seguintes critérios:

a) central geradora está em operação, mas sem tarifa de referência nominal;

b) central geradora com data de entrada em operação, conforme o CUSD, entre 1º


de julho de 2022 e 30 de junho de 2023;

c) central geradora conectada em distribuidora que terá revisão tarifária entre 1º de


julho de 2022 e 30 de junho de 2023; ou

d) central geradora que teve o MUSD contratado alterado em relação à base do ciclo
2021-2022.

17 de 21
55. A Tabela 16 apresenta o quantitativo de centrais geradoras por critério de
classificação. Para o ciclo 2022/2023 são definidas tarifas de referência para 238 centrais geradoras.

Tabela 16. Critérios de representação de centrais geradoras.

Nº de centrais Tarifa calculada


Classificação
geradoras neste processo
Existentes 202 Não
Existentes Leilão 93 Não
Novas Leilão* 5 Não
Novas 40 Sim
Com revisão tarifária 192 Sim
Com Alteração de MUSD 6 Sim
TOTAL 538 238
Fonte: Nota Técnica no 116/2022-SGT/ANEEL.
* As tarifas de referência dessas centrais geradoras foram definidas na REH que homologou o edital do leilão.

56. Nos termos do parágrafo 10 do Submódulo 7.4 do Proret, a receita de referência de


cada RU deve se resumir à soma das receitas apuradas para cada parcela de rede de propriedade
de distribuidoras e de transmissoras. Para as Demais Instalações de Transmissão (DIT) e os
transformadores da Rede Básica com tensão secundária de 88 kV ou 138 kV (transformadores de
fronteira), a receita de referência foi estabelecida segundo os critérios de composição da parcela da
RAP dessas instalações. Os valores das receitas de referência das distribuidoras são baseados nos
custos padronizados dos ativos modelados na base de cálculo, sendo atualizados com base nos
valores do Banco de Preços de Referência da ANEEL 15

57. As novas TUSDg calculadas são consideradas de referência e servirão de base para o
cálculo das TUSDg de aplicação dos processos de revisão ou de reajuste tarifário das distribuidoras
acessadas pelas centrais geradoras, nos termos do Submódulo 7.4 do Proret.

58. Consoante a regulação vigente, o sinal locacional é recalculado a cada revisão


tarifária, trazendo estabilidade durante o ciclo tarifário de cada distribuidora (4 a 5 anos), período
em que a tarifa sofrerá reajustes baseados na variação do IGP-M e do Fator X da distribuidora.

59. Dessa maneira, no recálculo das tarifas de referência, a variação percebida pela

15
Aprovados pela Resolução Homologatória nº 2.514 de 19 de fevereiro de 2019.

18 de 21
central geradora poderá ser negativa ou positiva, de acordo com a variação do sinal locacional que
recebe influência: (i) da configuração da RU; (ii) da entrada de novos ativos; (iii) da variação da
receita de referência da RU; (iv) da alteração da carga conforme o MUST contratado pela
distribuidora; e (v) pela entrada de novas centrais geradoras.

60. Deve-se ainda considerar a possibilidade de entrada em operação de novas centrais


geradoras, que não constam na base de dados utilizada no ciclo 2022-2023. Para tais usinas, até que
se tenha a tarifa locacional específica da central geradora, adotar-se-á, inicialmente uma tarifa por
distribuidora, a qual será apurada com base na média aritmética das TUSDg das centrais geradoras
conectadas à distribuidora, consideradas todas como novas, ou seja, sem o mecanismo de
estabilização que alcança as centrais geradoras existentes ou vencedoras de leilão.

61. Esta tarifa média também deverá ser adotada no faturamento do encargo de uso dos
sistemas de distribuição dos acessos em caráter temporário em níveis de tensão de 88 kV ou 138
kV, conforme critérios estabelecidos na REN nº 1.000/2022.

62. Alguns casos específicos. Nos processos de reajuste tarifário da Energisa Tocantins
Distribuidora de Energia S.A (ETO), ENEL SP e Energisa Sul-Sudeste (ESS), deve-se incluir a tarifa para
as novas centrais geradoras não listadas nominalmente. No processo da ETO deve-se incluir a tarifa
para uma nova central geradora, UTE Itafos. Tais alterações não tem impacto nos valores aprovados
para esses processos. No caso da ESS, deve-se substituir a tarifa da UTE Quatá. No processo tarifário
foi considerada tarifa de referência provisória para essa central geradora. A atualização proposta
resultará em ajuste financeiro a ser tratado no próximo processo tarifário dessa empresa.

III – DIREITO

63. Essa análise se fundamenta nos seguintes dispositivos legais e normativos: Lei nº
8.987, de 13 de fevereiro de 1995; Lei nº 9.074, de 7 de julho de 1995; Lei nº 9.427, de 26 de
dezembro de 1996; Lei nº 9.648, de 27 de maio de 1998; Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999; Lei
nº 12.783, de 11 de janeiro de 2013; Decreto nº 2.655, de 2 de julho de 1998; Portaria MME nº 120,
de 20 de abril de 2016; Resolução ANEEL nº 281, de 1º de outubro de 1999; Resoluções Normativas

19 de 21
nº 67 e 68, ambas de 8 de junho de 2004; Resolução Normativa nº 320, de 11 de junho de 2008;
Resolução Normativa nº 666, de 23 de junho de 2015; Resolução Normativa nº 722, de 31 de maio
de 2016; Resolução Normativa nº 905 e 906, ambas de 8 de dezembro de 2020; Resolução
Normativa nº 918, de 23 de fevereiro de 2021; Resolução Normativa nº 1.017, de 19 de abril de
2022 e Submódulos 7.4, 9.1, 9.3, 9.4, 9.7, 10.4 e 10.5 dos Procedimentos de Revisão Tarifária
(Proret).

IV – DISPOSITIVO

64. Diante do exposto, e o que consta dos processos nº 48500.000395/2022-50,


48500.000394/2022-13 e 48500.000424/2022-83, voto por aprovar a emissão das Resoluções
Homologatórias anexas que:

a) estabelecem os valores de referência das Tarifas de Uso dos Sistemas de


Distribuição (TUSDg), aplicáveis às centrais geradoras conectadas nos níveis de tensão de 88 kV
a 138 kV, subgrupo A2, pertencentes ao Sistema Interligado Nacional (SIN), relativas ao ciclo
tarifário compreendido entre 1º de julho de 2022 e 30 de junho de 2023;

b) substituem nos processos tarifários da Energisa Tocantins Distribuidora de Energia


(ETO), ENEL SP e Energisa Sul-Sudeste (ESS), os valores das TUSDg para as centrais geradoras
que tiveram novas tarifas de referência homologadas para o ciclo 2022-2023;

c) indeferem os pleitos da Elera Renováveis e da Energia Sustentável do Brasil, que


solicitaram desconsiderar o componente financeiro oriundo da Portaria MME nº 120/2016 no
cálculo das TUST-RB;

d) deferem o pleito da CPFL Renováveis de regularização das TUST do Complexo


Eólico Campo dos Ventos II, nos termos da Resolução Homologatória nº 1.031/2010;

e) aprova a base de dados de cálculo da TUST do ciclo 2022/2023;

20 de 21
f) estabelecem as tarifas e os encargos de transmissão de energia elétrica, conforme
Anexos I, II, III, III-A, IV, V, V-A, VI e VIII da Nota Técnica nº 104/2022-SGT/ANEEL, de 7 de julho
de 2022, e a Tarifa de Transporte da energia elétrica proveniente de Itaipu Binacional; e

g) estabelecem as Receitas Anuais Permitidas (RAP) associadas às instalações de


transmissão sob responsabilidade das concessionárias de serviço público de transmissão de
energia elétrica, com vigência a partir de 1º de julho de 2022.

Brasília, 12 de julho de 2022.

(assinado digitalmente)
HÉLVIO NEVES GUERRA
Diretor

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