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NT.

G-0008-2020

NOTA TÉCNICA

CRITÉRIOS PARA A INSTALAÇÃO E MANUTENÇÃO


DE CONVERSORES DE VOLUME PTZ
(Processo ARSESP.ADM-0196-2020)

DEZEMBRO DE 2020

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NT.G-0008-2020

Sumário
1 OBJETIVO ........................................................................................................................... 3
2 HISTÓRICO ......................................................................................................................... 3
3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................................... 4
4 FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA ............................................................................................... 5
4.1 Fator fixo de conversão de temperatura (Ftemperatura)......................................................... 7
4.2 Fator fixo de conversão de pressão (Fpressão) ..................................................................... 7
4.3 Fator fixo de conversão de compressibilidade (Fz)............................................................. 8
4.4 Fator fixo de conversão de PCS (FPCS) ................................................................................ 9
4.5 Principais implicações sobre Fatores Fixos de Conversão ................................................ 10
4.5.1 Fator Fixo de Temperatura ..................................................................................................................... 10
4.5.2 Fator Fixo de Pressão .............................................................................................................................. 12
4.5.3 Fator Fixo de Compressibilidade ............................................................................................................. 20

4.6 Conversores de volume de gás do tipo PTZ ..................................................................... 20


4.6.1 Análise de amostra contendo usuários do segmento Industrial ............................................................ 23
4.6.2 Análise de amostra contendo usuários do segmento GNV .................................................................... 24
4.6.3 Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica – Conversores PTZ ............................................................ 26
4.6.4 Critérios para manutenção de conversores de volume PTZ ................................................................... 32

5 CONCLUSÃO E CONSULTA PÚBLICA ................................................................................... 33

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NT.G-0008-2020

1 OBJETIVO

Este documento visa justificar tecnicamente a necessidade de aprimoramento dos


critérios para instalação e manutenção de conversores de volume de gás do tipo PTZ,
pelas concessionárias de distribuição de gás canalizado do estado de São Paulo,
abrangendo usuários em menor faixa de consumo mensal, de modo a melhorar a
qualidade de medição e faturamento.

2 HISTÓRICO

O Programa de Desestatização do Estado de São Paulo, implementado a partir da


década de noventa, deu início ao processo de concessão dos serviços de distribuição de
gás canalizado. O Decreto nº 43.889/1999 aprovou o Regulamento da Concessão e
Permissão da Prestação de Serviços Públicos de Distribuição de Gás Canalizado no
Estado de São Paulo.

Como resultado, foi concedida a exploração dos serviços de gás canalizado, mediante a
celebração de Contratos de Concessão referentes a três regiões geográficas distintas do
estado, a saber: região leste foi concedida em 31/05/19991 à Companhia de Gás de São
Paulo (Comgás); região noroeste do estado, em 10/12/1999 2, à Gás Brasiliano
Distribuidora Ltda. (GBD); e, em 31/05/20003, a região sul foi concedida à Concessionária
Gás Natural São Paulo Sul S/A (Naturgy).

A obrigação de instalação de conversores de volume de gás do tipo PTZ, consta apenas


no contrato de concessão da Comgás, mais precisamente no inciso VII da CLÁUSULA
SÉTIMA – METAS. Essa cláusula determinou a obrigação da concessionária em cumprir
uma série de metas mínimas, inclusive a instalação de tais equipamentos, que no contrato
de concessão foram chamados de “unidades de correção de medição para a pressão e
temperatura”, para usuários com consumo médio acima de 50.000 m 3/mês.

1
Contrato de Concessão CSPE/01/99
2
Contrato de Concessão CSPE/02/99
3
Contrato de Concessão CSPE/03/00

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CLÁUSULA SÉTIMA - METAS

VII. a CONCESSIONÁRIA deverá instalar, em até 5 (cinco) anos


contados da data da assinatura deste Contrato, unidades de
correção de medição para a pressão e temperatura nos pontos de
fornecimento para todas as instalações com consumo médio mensal
superior a 50.000 m3 (cinquenta mil metros cúbicos).

Segundo a Terceira Subcláusula da Cláusula Sétima do Contrato de Concessão da


Comgás, a concessionária é obrigada a apresentar à CSPE, atualmente ARSESP,
anualmente, Plano Quinquenal de Investimentos e Obras coerente com as obrigações
previstas na Cláusula Sétima - Metas.

Sendo assim, esse critério para instalação de conversores PTZ continuou sendo
respeitado pela Comgás até a atualidade. No caso da Naturgy, houve uma consulta à
CSPE e ficou estabelecido, por meio de Ofício CSPE OF/CC/0516/2003, de 08 de agosto
de 2003, a adoção do mesmo critério da Comgás. Para a GBD, não há regra formal
definindo os critérios para a instalação de conversores PTZ nas instalações de seus
usuários. Apesar disso, a concessionária se utiliza do mesmo critério adotado pelas
demais.

3 JUSTIFICATIVA

A fim de estabelecer um critério isonômico para todas as concessionárias, aperfeiçoar as


condições para instalação de conversores de volume PTZ na área de concessão da
Comgás e melhorar os procedimentos para manutenção desses equipamentos, a
ARSESP resolve, por bem, estabelecer uma norma que trate sobre esse assunto, tendo
em vista a necessidade requerida para a evolução da qualidade da medição e de
faturamento dos usuários, levando em consideração os sinais de amadurecimento e
expansão da atividade de distribuição de gás canalizado, no estado de São Paulo, em
relação à época da assinatura dos contratos de concessão.

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4 FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICA

Apesar do consumo de gás canalizado ser quantificado através do registro do volume nos
medidores, na realidade, sua cobrança é feita de acordo com a quantidade de energia
consumida. Sendo assim, para se chegar a esse equivalente energético, há a
necessidade de se utilizar fatores de conversão para transformar as quantias medidas em
termos de volume, naquelas equivalentes à energia consumida.

A energia contida em determinado volume de gás medido sofre variações de acordo com
as condições em que essa medição é realizada. As principais variáveis que influenciam a
medição são: a pressão, a temperatura, a compressibilidade do gás e o seu poder
calorífico superior.

A conversão do volume medido para seu equivalente em energia é feita de acordo com
algumas etapas. Primeiramente, o volume de gás que passa através do medidor é
registrado de acordo com a pressão e a temperatura em que o gás se encontra. Esse
volume é então convertido a condições padrão, de modo a passar a considerar o gás
como tendo o comportamento de um gás ideal. Isso significa que o volume de gás medido
é convertido para o volume que ele teria se estivesse sob uma pressão absoluta de
1,01325 bar e a uma temperatura absoluta de 293,15 K (20ºC).

Em altas pressões, a suposição de que o gás se comporta como um gás ideal não é mais
válida, para tanto é utilizado um fator de conversão de compressibilidade.

Finalmente, o volume sob condições padrão, de acordo com as etapas acima, é


convertido para a condição energética de referência de 9.400 kcal/m 3, pela multiplicação
do fator do poder calorífico superior do gás.

A Deliberação ARSESP Nº 732, de 06 de julho de 2017 estabelece que as


Concessionárias Distribuidoras de Gás Canalizado do Estado de São Paulo devem, para
fins de faturamento dos seus Usuários, adotar os seguintes conceitos:

Artigo 42 - Para efeito de faturamento, a unidade de volume será o metro


cúbico de Gás, nas condições de referência estabelecidas em

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regulamentação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e


Biocombustíveis - ANP.

Artigo 43 - Para fins de faturamento, os volumes medidos em cada Unidade


Usuária serão corrigidos por meio da aplicação de Fatores de Correção de
Poder Calorífico Superior, Pressão, Temperatura e Compressibilidade, os
quais serão determinados a partir da relação entre as condições de
referência das mencionadas características, estabelecidas conforme definido
no Artigo anterior, e as condições das mesmas características,
correspondentes ao Gás efetivamente fornecido.

Como mencionado anteriormente, a Condição de Referência do Gás, utilizada para a


conversão da medição volumétrica, corresponde a uma pressão absoluta de 101,325 kPa
(1,01325 bar), temperatura absoluta de 293,15 K (20 ºC) e Poder Calorífico Superior de
Referência de 9.400 kcal/m3, em base seca.

A partir desses conceitos, as concessionárias de distribuição de gás canalizado do estado


de São Paulo se utilizam de dois métodos para a realização do faturamento de seus
Usuários: instalação de conversores de volume PTZ e aplicação de fatores fixos de
conversão de pressão, temperatura, compressibilidade e de poder calorífico superior.

Para usuários classificados em faixas de consumo menores, são utilizados, na maioria


dos casos, fatores fixos de conversão, enquanto para usuários com consumo mais
expressivo de gás canalizado, são instalados os equipamentos conversores de volume
PTZ, com a intenção de aumentar a exatidão das medições.

Na ausência de conversores de volume PTZ, o volume de gás medido será convertido em


termos de pressão, temperatura e compressibilidade, com base nos correspondentes
fatores fixos de conversão, de acordo com a fórmula oriunda da lei dos gases:

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Vfaturado = Vmedido x (Fpressão x Ftemperatura x Fz) x Fpcs


Onde:

Vmedido = (Leitura atual – Leitura anterior) do medidor instalado


Fpressão = Fator fixo de conversão de pressão
Ftemperatura = Fator fixo de conversão de temperatura
Fz = Fator fixo de conversão de compressibilidade
Fpcs = Fator fixo de conversão de poder calorífico superior

4.1 Fator fixo de conversão de temperatura (Ftemperatura)

A aplicação de um fator de conversão de temperatura possibilita que o volume de


gás medido seja convertido para o volume correspondente, caso estivesse sob
condições padrão, ou seja, à temperatura de 20ºC (293,15 K).

O fator fixo de conversão de temperatura é calculado através da seguinte fórmula:

𝟐𝟗𝟑, 𝟏𝟓 (𝑲)
𝑭𝒕𝒆𝒎𝒑𝒆𝒓𝒂𝒕𝒖𝒓𝒂 =
𝟐𝟕𝟑, 𝟏𝟓 (𝑲) + 𝑻𝒈á𝒔 (˚𝑪)

Onde:

𝑻𝒈á𝒔 = Temperatura do gás que flui no medidor

A Tgás, em teoria, por se tratar de um valor fixo, deveria corresponder à


temperatura média real do gás que flui através do medidor, já levando em
consideração quaisquer outras influências de temperatura como o efeito Joule-
Thomson, temperatura ambiente e local de instalação do medidor, por exemplo.

4.2 Fator fixo de conversão de pressão (Fpressão)

A utilização de um fator de conversão de pressão possibilita que o volume de gás


medido seja convertido para o volume correspondente, caso estivesse sob
condições padrão, ou seja, à pressão absoluta de 1,01325 bar ou 1 atm.

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O fator fixo de conversão de pressão é calculado através da seguinte fórmula:

𝑷𝒇𝒐𝒓𝒏𝒆𝒄𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 (𝒃𝒂𝒓) + 𝑷𝒂𝒕𝒎𝒐𝒔𝒇é𝒓𝒊𝒄𝒂 (𝒃𝒂𝒓)


𝑭𝒑𝒓𝒆𝒔𝒔ã𝒐 =
𝟏, 𝟎𝟏𝟑𝟐𝟓 (𝒃𝒂𝒓)

Onde:

𝑷𝒇𝒐𝒓𝒏𝒆𝒄𝒊𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐 : é a pressão estabelecida e ajustada manualmente no regulador


de pressão instalado em cada CRM, utilizando-se, para isso, de um
manômetro, cujo valor de ajuste inicial e seu permanente controle são de
responsabilidade da Concessionária.

𝑷𝒂𝒕𝒎𝒐𝒔𝒇é𝒓𝒊𝒄𝒂 : é obtida por meio de medição através da utilização de um


barômetro ou através de fórmulas que consideram a altitude média do local
(Ex.: bairro, município, região geográfica etc.).

4.3 Fator fixo de conversão de compressibilidade (Fz)

O fator de conversão de compressibilidade é usado para corrigir desvios do


comportamento do gás em relação a um gás ideal.

Em gases ideais a distância entre as moléculas é grande o suficiente para que


influências da atração com outras moléculas seja desprezível. Quando as
pressões aumentam ou as temperaturas diminuem, as moléculas se aproximam e
o resultado é que o volume ocupado acaba sendo menor que o previsto pela lei
dos gases ideais.

O fator de conversão de compressibilidade (Fz) é calculado da seguinte forma:

𝒁𝒑𝒂𝒅𝒓ã𝒐
𝑭𝒛 =
𝒁𝒎𝒆𝒅𝒊çã𝒐

Onde:

Zpadrão = Compressibilidade nas condições padrão

Zmedição = Compressibilidade nas condições de operação

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Obs: Para os cálculos do fator de compressibilidade existem normas


estabelecidas como, por exemplo, a AGA 8 / NX 19.

4.4 Fator fixo de conversão de PCS (FPCS)

O poder calorífico superior (PCS) pode ser entendido como sendo a energia
liberada em forma de calor. Assim, quanto maior o PCS, maior é a energia
liberada pelo gás natural. O PCS é calculado com base em cromatografia e varia
de acordo com a composição química do gás natural distribuído.

Convém mencionar que, conforme o Artigo 7º, da Deliberação ARSESP nº 813,


de 09 de outubro de 2018, estabelece-se que para fins de faturamento, os dados
correspondentes ao PCS devem ser apurados pela Concessionária,
ponderadamente, em função dos volumes de gás recebidos nas Estações de
Transferências de Custódia – ETC.

O fator fixo de conversão de PCS é calculado através da seguinte fórmula:

𝑷𝑪𝑺𝒎𝒆𝒅𝒊çã𝒐
𝑭𝑷𝑪𝑺 =
𝑷𝑪𝑺𝒑𝒂𝒅𝒓ã𝒐

Onde:

𝑷𝑪𝑺𝒑𝒂𝒅𝒓ã𝒐 = 9.400 kcal/m3

𝑷𝑪𝑺𝒎𝒆𝒅𝒊çã𝒐 = PCS do gás distribuído

De acordo com os conceitos ora apresentados, o cálculo e definição de fatores fixos de


conversão envolvem uma série de implicações que interferem em seus valores e,
consequentemente, no nível de exatidão da medição e do faturamento, como apresentado
a seguir.

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4.5 Principais implicações sobre Fatores Fixos de Conversão

4.5.1 Fator Fixo de Temperatura

São inúmeros os fatores que podem influenciar a temperatura do gás no momento


da medição, por exemplo: a temperatura do gás no subsolo; o efeito Joule-
Thompson (a cada redução de 1 bar no regulador de pressão ocorre uma redução
da temperatura do gás de 0,5 ºC); a temperatura ambiente (primavera, verão,
outono e inverno); a variação da velocidade do fluxo de gás no medidor de acordo
com as variações de consumo de cada Usuário; e as condições de instalação do
CRM (local ensolarado, na sombra, com movimentação de ar no local, além de
outras situações).

A fim de ilustrar a variabilidade da temperatura do gás nos locais de medição, a


seguir, são apresentados os gráficos elaborados a partir de dados reais de dois
usuários industriais, localizados em um mesmo município, cujos registros foram
obtidos pelos respectivos conversores PTZ instalados. Os dados evidenciam que,
no mesmo dia, no primeiro usuário (Gráfico 1), foi registrada uma temperatura
média do gás de 25,35 ºC, enquanto no segundo usuário (Gráfico 2) a
temperatura média do gás registrada foi de 22,05 ºC. Uma diferença, portanto, de
3,30 ºC.

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Gráfico 1 – Variação da temperatura do gás registrado por conversor PTZ –


Indústria 1

Hora Temperatura (°C)


00:00 25,1
01:00 25,1
02:00 25,1
03:00 25,1
04:00 25,2
05:00 25,1
06:00 25,2
07:00 25,2
08:00 25,2
09:00 25,2
10:00 25,2
11:00 25,3
12:00 25,4
13:00 25,6
14:00 25,7
15:00 25,7
16:00 25,7
17:00 25,6
18:00 25,7
19:00 25,6
20:00 25,5
21:00 25,4
22:00 25,3
23:00 25,3
Média 25,35

Gráfico 2 – Variação da temperatura do gás registrado por conversor PTZ –


Indústria 2

Hora Temperatura (°C)


00:00 19,11
01:00 18,98
02:00 19,11
03:00 19,80
04:00 20,05
05:00 20,21
06:00 20,28
07:00 20,44
08:00 20,40
09:00 19,89
10:00 21,09
11:00 22,46
12:00 23,73
13:00 25,27
14:00 25,82
15:00 26,34
16:00 26,39
17:00 26,29
18:00 25,34
19:00 23,41
20:00 21,69
21:00 21,04
22:00 20,60
23:00 21,46
Média 22,05

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Constata-se, pela utilização da fórmula de cálculo do fator fixo de temperatura,


que para cada 1 ºC de desvio em relação a temperatura de referência de 20 ºC,
há variação de 0,33% no fator fixo de temperatura calculado, o que,
consequentemente, influencia a exatidão do faturamento do gás consumido.

4.5.2 Fator Fixo de Pressão

4.5.2.1 Quanto ao Regulador de Pressão

O ajuste da Pressão de Fornecimento é efetuado pela Concessionária em um


determinado set-point. Devido às características de funcionamento e operação do
equipamento, não é possível manter sua pressão ajustada entre a vazão mínima
e máxima de maneira constante, sendo normal a existência de variações.

Figura 1 - Curva característica de um regulador de pressão, conforme consta na


Norma ABNT-NBR-15590

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De acordo com as variações no consumo do usuário, há comportamentos


distintos do regulador, sendo que o desvio da pressão ajustada é mais acentuado
quanto maior for a vazão no consumo. A Figura 1, apresenta a curva
característica de um regulador de pressão, conforme consta na Norma ABNT-
NBR-15590 – Regulador de Pressão para Gases Combustíveis, demonstrando a
situação ora descrita.

Por meio do download dos registros de dados coletados em diversos


equipamentos conversores de volume PTZ, é possível confirmar que a pressão
ajustada não é constante. O Gráfico 3, a seguir, ilustra esse comportamento. Ela
se refere a variação de consumo de um usuário do segmento industrial, onde as
colunas em azul representam o volume medido hora a hora e a linha vermelha
indica o comportamento variável da pressão do gás no medidor da unidade
usuária, sabendo-se que a pressão ajustada no CRM é de 1 bar manométrico
(gauge) ou 1,95 bar absoluto.

Gráfico 3 – Variações de volume e pressão, em usuário industrial, registradas por


conversor PTZ

60 2.15

50 2.1

40 2.05

30 2

20 1.95

10 1.9

0 1.85
0:00
1:00
2:00
3:00
4:00
5:00
6:00
7:00
8:00
9:00
10:00
11:00
12:00
13:00
14:00
15:00
16:00
17:00
18:00
19:00
20:00
21:00
22:00
23:00

Volume medido (m3) Pressão abs (bar)

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Existem basicamente dois tipos de reguladores de pressão utilizados pelas


Concessionárias: os Auto Operados (operação direta) e os Pilotados. Os
reguladores pilotados são os que apresentam menor desvio de regulagem. A
Norma ABNT-NBR-15590 – Regulador de Pressão para Gases Combustíveis
estabelece cinco grupos de regulagem: 1% do valor nominal de pressão de saída
da pressão de fornecimento absoluta, 2,5%, 5%, 10% e 20%. Esses percentuais
dizem respeito ao desvio máximo admissível que um regulador de pressão pode
apresentar entre a sua vazão mínima e máxima de operação especificada.

A Tabela 1, a seguir, apresenta um exemplo do impacto do desvio de regulagem


de um regulador de pressão no cálculo do fator de conversão de pressão. Nesse
exemplo, considera-se uma unidade usuária com pressão de fornecimento
(ajustada) de 1 bar e pressão atmosférica média, fixa, de 0,95 bar. Ao supor um
desvio médio de regulagem de 5% em relação à pressão ajustada do regulador de
pressão, constata-se que a diferença entre o Fator de Pressão Fixo e o Fator de
Pressão Real seria de 2,63%.

Tabela 1 - Impacto do desvio de regulagem de um regulador de pressão no


cálculo do fator de conversão de pressão

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4.5.2.2 Quanto a Pressão Atmosférica

O valor da pressão atmosférica em uma unidade usuária não é constante, pois


além da altitude local, há outros fatores que a influenciam como: as condições de
temperatura, de densidade, de vapor d´água e do volume da massa de ar.

Para o cálculo do fator fixo de pressão, deve-se utilizar valores absolutos, ou seja,
a pressão de fornecimento, que é manométrica, deve ser somada à pressão
atmosférica local.

A Pressão Atmosférica pode ser obtida por meio de barômetro ou com a utilização
de fórmulas que considerem a altitude do local (Ex: bairro, região, município etc).

Entretanto, não existe consenso sobre qual é a fórmula mais apropriada para o
cálculo da Pressão Atmosférica. A seguir, são apresentadas algumas das
diferentes fórmulas existentes, inclusive aquelas utilizadas por cada
concessionária.

 Fórmula definida na Norma ABNT-NBR-16107-2017 – Fator de Conversão


do Volume de Gás

0,0065 × 𝐻 5,2568
𝑃𝑎𝑡𝑚 = 1,3332 × 760 × (1 − )
288
Onde:

H = altitude em relação ao nível do mar (m)

 Fórmula adotada pela GBD

Na GBD, para usuários sem conversores de volume do tipo PTZ, é utilizada a


equação barométrica descrita no relatório AGA Report nº 7 – Measurement of
Natural Gas by Turbine Meters – Apêndice B.1.4:

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P𝑎𝑡𝑚 = 1,01325 × (1 − 0,00002256 × H)5,2554

Onde:

H = altitude em relação ao nível do mar (m)

A elevação dos pontos de interesse pode ser determinada de 3 (três) formas:


informações de levantamento topográfico apresentado nas plantas As Built da
rede, dados topográficos de elevação provenientes de imagens do
mapeamento SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) ou por meio do
Google Earth.

 Metodologia adotada pela Naturgy

A Tabela 2, a seguir, apresenta as pressões atmosféricas utilizadas pela


Naturgy para todos os usuários residenciais, comerciais e industriais, de acordo
com proposta enviada pela concessionária através do Ofício 24/2004, de 01 de
abril de 2004.

Tabela 2 - Pressões atmosféricas utilizadas pela Naturgy para usuários


residenciais, comerciais e industriais dos respectivos municípios

Municípios Pressão Atmosférica


(bar)
Sorocaba 0,947
Votorantim 0,948
Itu 0,945
Salto 0,953
Tatuí 0,953
Capela do Alto 0,949

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 Fórmula adotada pela Comgás

A pressão atmosférica no local da unidade usuária é estimada pela fórmula a


seguir (TUBELIS [1]), acrescida do termo de ajuste TA.

5,2568
0,0065 × 𝐻
P𝑎𝑡𝑚 = 𝑇𝐴 + [760 × [1 − [ ]] ] × 1,3332
288

Onde:

H = altitude do local onde o medidor é instalado (m)

TA = Termo de ajuste

[1] TUBELIS, A. Meteorologia descritiva. São Paulo, Nobel, 1982.p.: 138

O Termo de Ajuste (TA) tem como objetivo minimizar a incerteza da estimativa


do cálculo da pressão atmosférica pela equação de TUBELIS, através de um
ajuste dos valores estimados por fórmulas, tendo como base valores
efetivamente medidos.

O termo de ajuste TA é definido como a diferença entre a média das pressões


atmosféricas disponibilizadas, em um determinado período, pela Estação
Meteorológica do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (antigo Parque do
Estado) e a pressão atmosférica calculada de acordo com a metodologia de
TUBELIS, levando em conta a altitude do local. Desta forma, o valor do termo
de ajuste adotado pela Comgás é de 5,63 mbar.

 Outras fórmulas citadas em publicações científicas para a estimativa da


pressão atmosférica

o DOORENBOS, J.; PRUITT, W. Crop water requirements. FAO Irrigation and


Drainage Paper 24. Rome, Italy. 1992 (reprinted). 144 p.

P𝑎𝑡𝑚 = 101,3 − 0,01152 × A + 0,544 × 10−6 × 𝐴2

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Onde P𝑎𝑡𝑚 (kPa) e A (m)

o BURMAN, R. D.; POCHOP, L. O. Evaporation, evapotranspiration and climatic


data. Amsterdam: Elsevier. 1994. 278 p.

P𝑎𝑡𝑚 = 101,3 + 0,01055 × A

Onde P𝑎𝑡𝑚 (kPa) e A (m)

o REICHARDT, K. A água em sistemas agrícolas. São Paulo: Manole. 1990. 1988 p.

𝐴

P𝑎𝑡𝑚 = 101,3 × 𝑒 8,4

Onde P𝑎𝑡𝑚 (kPa) e A (km)

Na Tabela 3, a seguir, apresenta-se um comparativo dos valores de pressão


atmosférica calculados através das fórmulas utilizadas por cada uma das
concessionárias do estado de São Paulo, adotando-se como referência a fórmula
da ABNT.

Tabela 3 - Comparativo dos valores de pressão atmosférica calculados através de


diferentes fórmulas

Fórmula Altitude (m) P atmosférica (bar) Desvio % com ABNT

ABNT 600 0,9432 ----------

GBD 600 0,9432 0%

Naturgy 600 0,9397 - 0,37%

Comgás 600 0,9488 + 0,59% (*)

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Obs: (*) No caso da Comgás, se for retirado o termo TA – Termo de Ajuste, que não consta em
nenhuma outra fórmula, a Pressão Atmosférica seria de 0,9432, ou seja, igual à fórmula da
ABNT.

A Tabela 4, a seguir, demonstra o impacto da variação da altitude no valor do


fator fixo de conversão de pressão. Nesse exemplo, foram calculados fatores fixos
de pressão, utilizando-se a fórmula da ABNT, para variações de altitude de 10
metros em relação a uma altitude média de referência de 600 m e pressão de
fornecimento de 1 bar.

Tabela 4 - Impacto da variação da altitude no valor do fator fixo de conversão de


pressão

Pressão Altitude Pressão Fator Fixo Diferença %


(bar) (m) atmosférica (bar) de Fator Fixo
- ABNT Pressão Adotado

580 0,9454 1,9200 0,11

590 0,9443 1,9189 0,06

1 600 0,9432 1,9178 Adotado

610 0,9420 1,9166 - 0,06

620 0,9409 1,9155 - 0,11

A partir desses dados, verifica-se que para uma pressão de fornecimento de 1 bar
e altitude de referência de 600 m, uma alteração de 10 m na altura do local de
medição resulta em uma diferença de 0,06% no fator fixo de Pressão calculado.

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4.5.3 Fator Fixo de Compressibilidade

O fator de compressibilidade varia em função da pressão, temperatura e


composição do gás, mais notadamente com relação a densidade relativa e da
porcentagem molar de CO2 e N2.

Para os cálculos do fator de compressibilidade existem normas estabelecidas


como, por exemplo, a AGA 8 / NX 19 e a ISO 12213.

Como mencionado anteriormente, apesar das implicações enumeradas acima, para


usuários classificados em faixas de consumo menores, são utilizados, pelas
concessionárias, na maioria dos casos, fatores fixos de conversão relativos à pressão,
temperatura e compressibilidade do gás natural distribuído. Para usuários que consomem
volumes mais expressivos de gás canalizado, são instalados equipamentos conversores
de volume PTZ, com a intenção de aumentar a exatidão das medições e do faturamento.

4.6 Conversores de volume de gás do tipo PTZ

Os conversores de volume PTZ são dispositivos eletrônicos, microprocessados,


que convertem continuamente o volume real, registrado pelo medidor de gás
instalado na unidade usuária, para as condições de referência (pressão absoluta
de 101,325 kPa (1,01325 bar) e temperatura absoluta de 293,15 K (20 ºC)). Ou
seja, o PTZ se utiliza dos volumes registrados pelo medidor mecânico e dos
dados de pressão e de temperatura do gás obtidos por sensores instalados no
Conjunto de Regulagem de Medição (CRM), de modo a armazenar,
continuamente, o volume de gás já convertido para as condições de referência,
promovendo, deste modo, uma medição mais exata dos volumes distribuídos e,
consequentemente, faturados aos usuários.

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Figura 2 – Esquema de instalação de conversor de volume de gás do tipo PTZ

Considerando tais características dos conversores PTZ e tendo em vista todas as


implicações envolvendo a definição e utilização de fatores fixos de conversão
enumeradas anteriormente, é indiscutível, mesmo levando em consideração todos
os procedimentos para mitigar os desvios na definição de tais fatores, adotados
pelas Concessionárias, que a exatidão obtida na medição e faturamento com a
utilização de conversores PTZ é muito superior.

Sabendo-se disso, decidiu-se por analisar a magnitude da diferença entre os


volumes faturados com a utilização de conversores PTZ e os volumes faturados
com a utilização de fatores fixos de conversão. A fim de realizar essa
comparação, foram solicitadas a cada uma das três concessionárias do estado de
São Paulo, bases de dados contendo tais valores.

Essas bases de dados foram solicitadas de modo a conter as seguintes


características:

 usuários com o conversor de volume PTZ instalado;


 usuários com consumo médio mensal abaixo de 70 mil m 3; e

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 período da base: ano de 2019.

Para efeito de comparação com os volumes registrados pelos conversores PTZ,


solicitou-se para que as Concessionárias calculassem os volumes que seriam
faturados caso fossem utilizados os respectivos fatores fixos de conversão para
cada uma das unidades usuárias.

A partir da consolidação dessas bases, constatou-se, como se esperava,


diferenças entre os volumes faturados com os conversores PTZ e os volumes que
seriam faturados em caso de utilização dos fatores fixos de conversão.

Dentre os segmentos de usuários contemplados com a instalação de conversores


PTZ, está o de GNV, que não possui reguladores de pressão instalados nas
unidades usuárias. Como essa característica comprometeria, de forma
significativa, a comparação com usuários da amostra que integram outros
segmentos, o segmento GNV foi analisado separadamente, embora já sejam
instalados conversores de volume PTZ em todas as suas unidades usuárias,
independentemente do volume consumido, de acordo as três concessionárias,
mesmo não havendo regulamentação nesse sentido.

Atualmente, a maioria dos conversores de volume PTZ se encontra instalada no


segmento industrial. Além disso, em caso de diminuição do limite mínimo de
consumo para a instalação de conversores PTZ, hoje de 50.000 m 3/mês, esse
seria o segmento mais impactado, justificando a sua análise.

Devido ao reduzido número de usuários, relacionados nas bases de dados


fornecidas pelas concessionárias, pertencentes aos segmentos: comercial,
cogeração, refrigeração e gás comprimido, não foi possível realizar uma análise
mais aprofundada a respeito dos mesmos.

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4.6.1 Análise de amostra contendo usuários do segmento Industrial

Consolidando as bases de usuários do segmento industrial das três


concessionárias, obteve-se uma amostra de 85 Usuários.

Para esses usuários, a comparação entre os volumes registrados com a utilização


de conversores PTZ e os volumes que seriam registrados com a utilização de
fatores fixos de conversão foi realizada com base no volume total de gás
consumido durante todo o ano de 2019.

Com isso, calculou-se a diferença percentual entre esses dois volumes, em


termos absolutos, resultando em valores dentro da faixa entre 0,1% e 17%.

Elaborando um histograma da quantidade de usuários por faixas de variação de


1%, obteve-se a distribuição apresentada na Tabela 5 e no Gráfico 4.

Tabela 5 - Quantidade de usuários por faixas de variação de 1%

Gráfico 4 – Histograma da quantidade de usuários por faixas de variação de 1%

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Tendo em vista que a distribuição dos dados não tem características de uma
curva normal, calculou-se a mediana das variações dessa amostra, obtendo-se o
valor de 1,6% de variação.

Esse percentual foi definido como premissa para representar a diferença, em


termos absolutos, do volume que seria faturado com a instalação de um
conversor PTZ em relação ao volume faturado com a utilização de fatores fixos,
para usuários do segmento industrial. No âmbito das análises realizadas,
assumiu-se que as características dos conversores PTZ a serem instalados para
usuários do segmento comercial, seriam equivalentes as do segmento industrial,
adotando-se assim, a mesma diferença percentual.

4.6.2 Análise de amostra contendo usuários do segmento GNV

Consolidando as bases de usuários do segmento GNV das três concessionárias,


obteve-se uma amostra de 63 Usuários.

Da mesma forma que para o segmento industrial, a comparação entre os volumes


faturados com a utilização de conversores PTZ e os volumes que seriam
faturados com a utilização de fatores fixos foi realizada com base no volume total

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de gás consumido durante todo o ano de 2019, pelos respectivos usuários do


segmento GNV.

Com isso, calculou-se a diferença percentual entre esses volumes, resultando em


valores, em termos absolutos, dentro da faixa entre 0,1% e 13%.

Elaborando um histograma da quantidade de usuários por faixas de variação de


1%, obteve-se a distribuição apresentada na Tabela 6 e no Gráfico 5.

Tabela 6 - Quantidade de usuários por faixas de variação de 1%

Gráfico 5 - Histograma da quantidade de usuários por faixas de variação de 1%

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Tendo em vista que a distribuição dos dados não tem características de uma
curva normal, calculou-se a mediana das variações dessa amostra, obtendo-se o
valor de 2,8% de variação.

Esse percentual foi definido como premissa para representar a diferença, em


termos absolutos, do volume que seria faturado com a instalação de um
conversor PTZ em relação ao volume faturado com a utilização de fatores fixos,
para usuários do segmento GNV.

4.6.3 Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica – Conversores PTZ

Além das bases contendo os dados de medição dos usuários que possuem o
conversor PTZ instalado, solicitou-se, às três concessionárias, informações
quanto aos custos para instalação e manutenção de conversores PTZ em
unidades usuárias que possuem consumo médio mensal de gás canalizado
abaixo de 50 mil m3.

A partir dessas informações, constatou-se que a instalação de um conversor PTZ


em uma unidade usuária, envolve um custo médio na faixa de R$ 11.000,00
(onze mil reais), de acordo com os valores informados pelas três
concessionárias. Esse custo abrange os seguintes itens: o equipamento PTZ, o
serviço de instalação e as peças e acessórios para isso.

Em relação aos custos de manutenção, identificou-se que, em média, seriam


gastos R$ 1.000,00 (um mil reais) anualmente, com itens como: calibração,
manutenção e download de dados.

A taxa de depreciação dos conversores PTZ considerada pelas três


concessionárias é de 20% ao ano, ou seja, a vida útil do equipamento é de 5
anos.

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A partir dessas informações sobre os custos para instalação e manutenção de


conversores PTZ e da definição da diferença percentual na medição que esse
equipamento proporciona em relação à utilização de fatores fixos de conversão
(diferença de 1,6% nos segmentos comercial e industrial e de 2,8% no segmento
GNV), elaborou-se um Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE), a fim
de averiguar a possibilidade de instalação de conversores PTZ em unidades
usuárias com menor consumo mensal de gás. Ou seja, considerou-se que essas
diferenças percentuais seriam semelhantes, caso os conversores PTZ fossem
instalados em unidades usuárias com faixas de consumo inferiores ao limite
mínimo de 50.000 m3/mês, a partir do qual as concessionárias instalam o
equipamento atualmente.

Além disso, para a elaboração do EVTE, definiu-se o volume médio de 20.000


m3/mês como premissa para estabelecer o limite mínimo de consumo para a
instalação de um conversor de volume PTZ, já que acima dessa faixa, a maioria
dos medidores instalados são do tipo turbina ou rotativos, os quais são
tecnicamente compatíveis para operar em conjunto com tais equipamentos. Essa
condição foi assumida para que não haja a necessidade de troca do medidor
devido à instalação de um conversor PTZ.

Dessa forma, para a elaboração do EVTE, foram assumidas as seguintes


premissas:

 Vida útil do equipamento PTZ: 5 anos


 Custo total de instalação e manutenção do PTZ durante sua vida útil: R$
16.000,00
 Diferença percentual entre o volume medido com a instalação do PTZ e o
volume medido com a utilização de fatores fixos de conversão:
 Segmentos comercial e industrial: 1,6% de diferença
 Segmento GNV: 2,8% de diferença
 Limite mínimo de consumo para a instalação de PTZ: 20.000 m3/mês

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 Tarifas consideradas:
 Deliberação ARSESP 1.039/2020 – Naturgy
 Deliberação ARSESP 1.040/2020 – Comgás
 Deliberação ARSESP 1.048/2020 – GBD

Multiplicando-se as diferenças percentuais, referentes aos respectivos


segmentos, pelo volume de 20.000 m 3/mês, obtém-se o valor de 340 m3/mês para
os segmentos comercial e industrial e de 560 m 3/mês para o segmento GNV.
Esses volumes correspondem às diferenças mensais na medição, proporcionadas
pela instalação de um conversor PTZ.

Com a multiplicação dos correspondentes volumes pelas respectivas tarifas dos


segmentos, obtém-se as diferenças mensais em termos monetários, o que
possibilita a mensuração da quantidade de meses necessários para que a
instalação do conversor PTZ seja totalmente compensada, financeiramente.

Com a realização desses cálculos, obteve-se os resultados apresentados na


Tabela 7, na qual se observa que para todos os segmentos analisados, a
compensação financeira do valor de R$ 16.000,00, referente à instalação e
manutenção de um conversor PTZ, ocorre em prazo inferior a 60 meses,
correspondente ao tempo de vida útil do equipamento. Ou seja, para as
premissas assumidas nessa análise, fica constatada a viabilidade da instalação
de conversores PTZ para usuários com consumo médio acima de 20.000 m 3/mês.

Mesmo considerando um cenário pessimista, em que os custos para a instalação


e manutenção de um conversor de volume PTZ sejam 100% maiores, totalizando
R$ 32.000,00, a instalação desses equipamentos, em unidades usuárias com
consumo médio acima de 20.000 m3/mês, ainda se mostra viável.

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Tabela 7 – EVTE para instalação de conversores PTZ em usuários com consumo


médio de gás acima de 20.000 m3/mês

Por outro lado, deve-se levar em consideração que a instalação de conversores


de volume PTZ, apesar dos benefícios proporcionados, significa investimentos a
serem realizados pelas concessionárias e que serão compensados através de
uma oneração na tarifa de seus usuários.

Assim, analisando o volume de gás consumido pelos usuários das três


concessionárias, no período de novembro de 2019 a março de 2020 (período pré-
pandemia), obteve-se a estimativa da quantidade mensal de usuários por faixa de

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consumo, apresentada na Tabela 8. Importante destacar que nas quantidades


apresentadas na Tabela 8, não estão incluídos os usuários do segmento GNV,
por já possuírem o conversor de volume PTZ instalado.

Tabela 8 – Estimativa da quantidade mensal de usuários por faixa de consumo

Entre Entre Entre


20.000 30.000 e 40.000 e
e 30000 40.000 50.000
m3/mês m3/mês m3/mês Total
Comgás 92 70 49 211
GBD 6 3 3 12
Naturgy 10 9 6 25

De acordo com a Tabela 8, conforme o critério estabelecido anteriormente de


instalação de conversores PTZ em unidades usuárias com consumo médio acima
de 20.000 m3/mês, estima-se que seriam instalados 211 novos equipamentos na
área de concessão da Comgás, 12 na área de concessão da GBD e 25 na área
de concessão da Naturgy.

Assumindo o valor de R$ 16.000,00 como sendo o custo total para a instalação e


manutenção de um conversor de volume PTZ durante sua vida útil de 5 anos,
com a instalação dos novos equipamentos, chega-se às seguintes estimativas de
valores que seriam agregados no cálculo da tarifa dos usuários das respectivas
concessionárias, nos próximos anos:

 Comgás: R$ 3.376.000,00
 GBD: R$ 192.000,00
 Naturgy: R$ 400.000,00

Para efeito de comparação, no âmbito da 4ª Revisão Tarifária Ordinária da


Comgás, em maio de 2019, o valor total dos investimentos aprovados pela
ARSESP para o período de 2018 a 2024 foi de aproximadamente R$ 4,4 bilhões.
Assim, o investimento para a instalação de equipamentos PTZ (R$ 11.000,00),

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em 211 unidades usuárias, representaria cerca de 0,05% desse valor total


aprovado.

De forma equivalente, no âmbito da 4ª Revisão Tarifária Ordinária da GBD, em


novembro de 2020, o valor total dos investimentos propostos pela concessionária
para o período de 2019 a 2024 foi de aproximadamente R$ 200 milhões. Assim, o
investimento para a instalação de equipamentos PTZ (R$ 11.000,00), em 12
unidades usuárias, representaria cerca de 0,07% desse valor total proposto.

Ou seja, apesar de serem investimentos que trarão impacto na tarifa dos


usuários, podem ser considerados relativamente pequenos se comparados ao
total de investimentos envolvidos nos ciclos tarifários acima exemplificados.

Além disso, propõe-se a adoção de um período de transição de 3 anos, a partir da


data de publicação da nova deliberação, para que as concessionárias instalem os
novos equipamentos de forma gradual em unidades usuárias já conectadas à
rede de distribuição, conforme os critérios a seguir:

I. Unidades usuárias com consumo médio mensal igual ou superior a


40.000 m3 devem ter conversores PTZ instalados em até 1 (um) ano;
II. Unidades usuárias com consumo médio mensal igual ou superior a
30.000 m3 e inferior a 40.000 m3 devem ter conversores PTZ instalados
em até 2 (dois) anos; e
III. Unidades usuárias com consumo médio mensal igual ou superior a
20.000 m3 e inferior a 30.000 m3 devem ter conversores PTZ instalados
em até 3 (três) anos.

O consumo médio mensal deve ser calculado para o período de 1 (um) ano
móvel, apurado mensalmente.

Para novos usuários ou após o período de transição de 3 anos, as


concessionárias devem instalar conversores de volume de gás do tipo PTZ em
todas as unidades usuárias que registrarem consumo médio mensal igual ou

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superior a 20.000 m3, também calculado para o período de 1 (um) ano móvel,
apurado mensalmente.

4.6.4 Critérios para manutenção de conversores de volume PTZ

A ARSESP deve zelar pela realização das devidas manutenções dos


equipamentos, de modo a garantir a operacionalidade correta e dentro das
especificações, em prol da exatidão na medição dos volumes de gás consumidos
pelos usuários.

Assim, quanto à necessidade de calibração dos conversores de volume de gás do


tipo PTZ, a ARSESP realizou uma consulta às três concessionárias, a respeito da
periodicidade para a realização de ensaios de calibração adotada por cada uma
delas, obtendo as seguintes informações:

 Comgás: realiza as calibrações a cada 3 anos.


 GBD: realiza calibrações anualmente.
 Naturgy: realiza calibrações de acordo com os critérios apresentados na
Tabela 8, a seguir.

Tabela 8 – Critérios para calibração de conversores de volume PTZ (Naturgy)

Dessa forma, julgou-se adequado definir um intervalo máximo de 2 anos para a


realização de calibrações em conversores de volume PTZ, levando em
consideração as condições adversas as quais tais equipamentos estão sujeitos
durante a sua operação, como: intempéries climáticas, ação de terceiros,
degradação do equipamento ao longo do tempo entre outros fatores.

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Ressalta-se que as calibrações devem ser realizadas com emissão de certificação


por entidade acreditada.

5 CONCLUSÃO E CONSULTA PÚBLICA

Pelos motivos expostos, faz-se necessário a definição de um critério isonômico para a


instalação de equipamentos conversores de volume do tipo PTZ para as três
concessionárias de distribuição do estado de São Paulo. Além disso, pelas análises
apresentadas nesta nota técnica, verificou-se que a instalação de conversores PTZ para
uma faixa maior de usuários, com consumo médio a partir de 20.000 m 3/mês, traz
compensações, em vista da maior exatidão na medição e faturamento proporcionados
pelo equipamento.

Quanto aos critérios de calibração e manutenção dos conversores de volume PTZ,


considerando o compromisso da ARSESP em garantir a correta operacionalidade do
sistema de distribuição e a melhoria contínua da qualidade dos serviços prestados pelas
concessionárias de distribuição de gás canalizado do estado de São Paulo, faz-se
necessário o estabelecimento de regras que garantam a adequada calibração dos
equipamentos de conversão e medição instalados pelas concessionárias.

Desta forma, sugerimos a abertura de Consulta Pública para participação da sociedade


na elaboração da regulação a respeito do tema. Segue anexa à presente Nota Técnica, a
minuta de Deliberação da matéria em epígrafe.

DIRETORIA DE REGULAÇÃO TÉCNICA E FISCALIZAÇÃO


DOS SERVIÇOS DE GÁS CANALIZADO

São Paulo, 03 de Dezembro de 2020

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NT.G-0008-2020

Maria Regina Rocha


Superintendente de Regulação de Gás Canalizado

Marcelo de Guimarães Santos


Superintendente de Fiscalização de Gás Canalizado

Equipe Técnica:

Gilberto Ogassavara
Especialista em Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos

Marcio Akira Siotani


Especialista em Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos

Nelson Alexandre Vanucci


Especialista em Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos

Renato Massaru Nakai


Especialista em Regulação e Fiscalização de Serviços Públicos

Código para simples verificação: 4d02923f801bcabd. Havendo assinatura digital, esse código confirmará a sua
autenticidade. Verifique em http://certifica.arsesp.sp.gov.br

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