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ª série
de 14 de outubro
Sumário: Cria uma reserva estratégica de gás natural, pertencente ao Estado Português, e esta-
belece medidas extraordinárias e temporárias de reporte de informação e de garantia
da segurança de abastecimento de gás.
gestor técnico global do sistema quando se verifique uma falha de abastecimento em resultado do
incumprimento por parte de um comercializador do SNG, que não possa ser suprida pela aquisição
do gás necessário para o efeito em mercado organizado gestor técnico global do sistema.
Foi ouvida a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.
Assim:
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:
Artigo 1.º
Objeto
O presente decreto-lei:
Artigo 2.º
Âmbito
O presente decreto-lei aplica-se aos intervenientes no SNG, conforme definidos no artigo 9.º
do Decreto-Lei n.º 62/2020, de 28 de agosto.
Artigo 3.º
Artigo 4.º
Garantia de abastecimento do Sistema Nacional de Gás
2 — O comercializador do SNG garante que o gás adquirido ao abrigo dos contratos de longo
prazo em regime de take or pay de que é titular é alocado, sem prejuízo de determinação diversa
pelo gestor técnico global do sistema, pela seguinte ordem preferencial:
3 — Em caso de não disponibilização do gás pelo produtor, em termos que coloquem em causa
o cumprimento do disposto no número anterior, o comercializador do SNG procura as melhores
alternativas para garantir o abastecimento, de modo a cumprir as obrigações a que se encontra
adstrito.
4 — O fornecimento de gás natural às entidades previstas nas alíneas a) e b) do n.º 2, nas
situações de indisponibilidade de gás pelo produtor deve ser suprida, se necessário, através de
celebração de novos contratos de fornecimento ao melhor preço de mercado, após parecer da
ERSE, mediante aprovação do membro do Governo responsável pela área de energia.
5 — A celebração de novos contratos a que se refere o número anterior depende da verifi-
cação de ausência de fornecimento alternativo por comercializador em regime de mercado, bem
como de proposta fundamentada do comercializador do SNG que comprove designadamente a
insuficiência dos contratos take or pay de que é titular e a ausência de proposta economicamente
mais vantajosa
6 — Nos casos referidos nos n.os 3 e 4, o fornecimento de gás pelo comercializador do SNG
continua a ser remunerado nos termos estabelecidos no regulamento tarifário, podendo, nas situa-
ções em que o equilíbrio económico e financeiro da atividade seja gravemente afetado, colocando
em causa a manutenção da mesma, ser repercutido nas tarifas fixadas pela ERSE o custo respei-
tante aos consumos previstos nas alíneas a) e b) do n.º 2, proporcionalmente à quantidade de gás
fornecido, até ao limite de 50 % do diferencial de preço.
Artigo 5.º
Condição de operador dominante no Sistema Nacional de Gás
a) Comercializador do SNG;
b) Comercializador de último recurso grossista no SNG;
c) Comercializadores e demais agentes de mercado assim constituídos, a atuar no SNG;
d) Consumidores de gás natural que assegurem diretamente o seu aprovisionamento de gás
no âmbito do mercado grossista de gás natural.
referencial a que se refere, o volume de entradas de gás natural na Rede Nacional de Transporte de
Gás Natural (RNTGN) e o volume de gás fornecido a clientes finais no ano imediatamente anterior
ao da identificação.
6 — Para efeitos do disposto no número anterior, a ERSE publicita, através do seu sítio na
Internet, até ao fim do primeiro trimestre de cada ano, a lista de operadores dominantes tendo por
base a quota apurada.
7 — Sempre que ocorram factos suscetíveis de alterar a lista de operadores dominantes,
designadamente por ocorrência de operações de fusão, de aquisição ou alienação de ativos, bem
como por variações de quota de mercado que excedam o limiar de cinco pontos percentuais, as
quotas de mercado podem ser recalculadas e revista a lista de operadores dominantes, desde que
decorrido um trimestre desde a publicitação da lista de operadores dominantes precedente.
8 — A condição de operador dominante vigora desde o dia seguinte ao da publicação da res-
petiva lista e até à publicitação de lista que a substitua.
9 — A ERSE aprova as regras necessárias à operacionalização da constituição da lista de
operadores dominantes, contendo, designadamente, as referências de informação a considerar para
apuramento das quotas de mercado, assim como os procedimentos de informação complementar
a requerer aos sujeitos do SNG.
Artigo 6.º
Obrigações dos operadores dominantes
Artigo 7.º
Constituição de reservas de segurança adicionais
1 — O membro do Governo responsável pela área da energia pode, mediante portaria, e ouvido
o gestor técnico global do sistema, determinar a constituição de reservas de segurança adicionais
no SNG, face às previstas no artigo 96.º do Decreto-Lei n.º 62/2020, de 28 de agosto, por parte
dos comercializadores em regime de mercado e dos comercializadores de último recurso retalhista,
sempre que razões ponderosas de segurança do abastecimento o justifiquem, designadamente
em caso de:
Artigo 8.º
Artigo 9.º
6 — O gestor técnico global do sistema mantém uma lista de todas as ofertas recebidas,
devidamente seriadas de acordo com a respetiva ordem de mérito.
Artigo 10.º
Mobilização do gás natural disponibilizado no âmbito do sistema
de disponibilização de excedentes de gás natural
1 — Verificada uma falha de abastecimento, o gestor técnico global do sistema pode redirecionar
o gás natural disponibilizado no âmbito da oferta do SDEGN para os clientes dos comercializadores
em incumprimento.
2 — Para efeitos do disposto no número anterior, existe uma falha de abastecimento sempre
que, perante a ordem de reequilíbrio emitida pelo gestor técnico global do sistema, este não se
verifique em resultado do incumprimento de um comercializador do SNG e não seja possível a
aquisição do gás necessário em mercado organizado pelo gestor técnico global do sistema.
3 — A disponibilização do gás natural do SDEGN é feita de acordo com a ordem de mérito
estabelecida, ficando o comercializador em incumprimento responsável pelo pagamento do gás
entregue aos seus clientes, ao preço constante da lista de mérito.
Artigo 11.º
Aditamento ao Decreto-Lei n.º 62/2020, de 28 de agosto
São aditados ao Decreto-Lei n.º 62/2020, de 28 de agosto, os artigos 102.º-A, 102.º-B, 102.º-C,
102.º-D, 102.º-E, 102.º-F e 102.º-G, com a seguinte redação:
«Artigo 102.º-A
Constituição, manutenção e gestão da reserva estratégica
Artigo 102.º-B
Armazenamento da reserva estratégica
Artigo 102.º-C
Prestações devidas pelos comercializadores registados
Artigo 102.º-D
Artigo 102.º-E
Mobilização de reservas
Artigo 102.º-F
1 — A ENSE, E. P. E., pode proceder à venda parcial da reserva estratégica mediante autori-
zação do membro Governo responsável pela área da energia.
Diário da República, 1.ª série
2 — A venda da reserva estratégica a preço inferior ao do custo médio de aquisição exige ainda
autorização do membro do Governo responsável pela área das finanças, e deve ser devidamente
fundamentada.
Artigo 102.º-G
Registo e informação
Artigo 12.º
Contraordenações
Constitui contraordenação leve, punível nos termos do artigo 2.º, da alínea j) do n.º 3 do
artigo 29.º e do n.º 4 do artigo 32.º do Regime Sancionatório do Setor Energético, aprovado pela
Lei n.º 9/2013, de 28 de janeiro, o incumprimento das obrigações estabelecidas nos artigos 3.º,
4.º e 6.º a 8.º
Artigo 13.º
Salvaguarda dos regimes aplicáveis à segurança do abastecimento e adoção de medidas adicionais
Artigo 14.º
Manutenção extraordinária de reservas de segurança
Artigo 15.º
Estatutos da Entidade Nacional para o Setor Energético, E. P. E.
Artigo 16.º
Entrada em vigor e vigência
2 — As medidas extraordinárias previstas nos artigos 3.º a 10.º vigoram pelo prazo de dois
anos a contar da entrada em vigor do presente decreto-lei.
3 — O disposto no artigo 14.º vigora até à data definida nos termos do n.º 1 do artigo 4.º do
Decreto-Lei n.º 74/2012, de 26 de março, na sua redação atual.
Publique-se.
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