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JUS COGENS

Jus cogens" (lei coercitiva ou imperativa) serve para designar, no campo


do Direito Internacional, uma norma peremptória geral que tenha o poder de obrigar os
diversos estados e organizações internacionais, devido à importância que sua matéria
contém, sendo esta impossível de se anular. Norma, portanto, que regula de modo
decisivo o espaço jurídico internacional.

Mesmo com certas controvérsias aflorando em relação ao seu conceito e validade, o


fato é que o jus cogens já está incluso em importantes documentos coletivos, como por
exemplo a seminal Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969, pelo fato
de que tal documento, ao ratificado por um certo estado, obriga-o compulsoriamente.

Além da Convenção de Viena, reconhece-se revestido de tais efeitos o princípio


"pacta sunt servanda", o da autodeterminação dos povos, a proibição do uso ou da
ameaça de uso da força, o princípio que garante a soberania e igualdade dos Estados, o
de soberania sobre os recursos naturais, a proibição do tráfico de seres humanos, a
escravidão, pirataria, genocídio, crimes contra a humanidade, em geral e tantos outros
consagrados no moderno repertório de leis internacionais construídas principalmente
após a Segunda Guerra Mundial .

Além de obrigar as partes, todo instrumento munido de tal ferramenta terá


prioridade sobre outros documentos que colidam com seus dispositivos. Assim, caso
uma determinada lei entre em conflito com uma gravada pela adoção do jus cogens, será
desconsiderada em relação a esta última.

Jus cogens assume um papel importante nos dias atuais, onde se faz cada vez mais
importante a existência de uma regra geral que sirva de parâmetro os atos de todos os
entes estrangeiros, pois o campo jurídico internacional pode ser ainda definido como
"terra de ninguém", onde muitas vezes o mais forte política ou militarmente faz valer a
sua vontade.

Importante salientar que a sua adoção por determinado país não trará conflito com as
normas infraconstitucionais. No Brasil, por exemplo, é pacificado o entendimento de
que normas que tratam de Direitos Humanos, aprovadas por quorum qualificado (como
muitas das citadas acima como exemplo de jus cogens) terão valor de Emenda
Constitucional, e outras que possuam também o imperativo do jus cogens entrarão no
repertório interno como leis.

É fato que a existência de tal espécie normativa, como figura diferenciada no


repertório de direito internacional carece ainda de unanimidade por parte dos Juristas,
exatamente pelo fato de seu conceito ser um tanto impreciso e vago, além do propósito
ao qual tal norma se presta, de colocar ordem e hierarquia em um sistema que
originalmente não os possui, aquele das relações internacionais.

Bibliografia:
NASSER, Salem Hikmat. Jus Cogens - Ainda esse desconhecido. Disponível em:
http://www.direitogv.com.br/subportais/publicaçõe/RDGV_02_p161_178.pdf.  Acesso
em: 31 jul. 2011.

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