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Direito Internacional Privado

INTRODUÇÃO
O direito internacional privado é o ramo jurídico que regulamenta as relações
jurídicas privadas com elementos estrangeiros. Ainda que tenha internacional no nome,
ele terá como objeto a regulamentação de pessoas jurídicas privadas internas. Portanto,
atua no âmbito das relações jurídicas civis e as relações empresariais.
Como ponto de partida, é importante salientar que há a soberania do Estado em
aceitar ou não o direito estrangeiro. Porém, ainda que o estado tenha a possibilidade de
aplicar ou não a lei estrangeira, existem limites concretos relacionados à segurança
nacional, aos bons costumes e questões relacionadas à ordem pública.
De maneira geral, quando tratamos de Direito Internacional Privado, a primeira
pergunta que deve ser feita é: qual a lei que deve ser aplicada? (para cada relação
jurídica, só é possível aplicar um ordenamento). Depois, deve se perguntar, qual o juízo
ou qual jurisdição é competente para solucionar a demanda (no caso do Brasil, temos o
CPC, art. 22 e seguintes), diferentemente da primeira pergunta, podemos ter mais de um
juízo competente (“jurisdição “concorrente”) - questões afetas ao direito processual. Por
fim, busca-se responder qual a solução do caso concreto com elemento estrangeiro, essa
pergunta só se faz pertinente ao dipr quando há um tratado internacional que estabelece
as diretrizes de uma determinada causa.
Portanto, no direito internacional privado, temos como normas, as materiais e
diretas, as normas processuais internas e as normas indiretas, chamadas de regras de
conexão, previstas da LINDB, com a finalidade de auxiliar o ordenamento jurídico a
escolher as normas aplicáveis.

FONTES DE DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO


As normas de direito internacional privado estão espalhadas no ordenamento
jurídico nacional, excepcionalmente na jurisprudência nacional (quando o Estado não
tem leis internas de dipr), e no direito internacional público, principalmente nos
tratados, no costume internacional e na jurisprudência.
Temos fontes polissêmicas, pois teremos modos diferentes de formalismo, e
existe uma pluralidade de relações regulamentadas.
Historicamente, o desenvolvimento histórico do Dipr ocorre em dois momentos:
em um primeiro momento, ocorre do século 16 até o século 19 (com a escola
estatutária) e, em segundo momento, do século 20 ao 21. O primeiro momento é
marcado pela eclosão da lei nacional. Em segundo momento, houve a valorização dos
tratados, que tinham a prerrogativa de escolha da lei aplicável, a jurisdição e a resolução
de conflitos (podemos ver os tratados internacionais no site do concordia do Itamaraty -
relações internacionais). O primeiro foco para o desenvolvimento de tratados é a
conferência de HAIA do século 19 e o sistema latino americano.
É importante ressaltar que existem 3 tipos de normas possíveis: as normas materiais ou
direitas; as normas processuais (relacionadas à jurisdição interna) e as normas indiretas
(regras de conexão), importantes ao direito internacional, pois elas são normas
“neutras”, não se preocupam com o resultado aplicável e determinarão a norma material
que ele

deverá aplicar. O juiz SEMPRE vai aplicar a sua norma indireta (o juiz BR sempre
aplicará a LINDB)

1. A LEI
Continua sendo a fonte principal do direito internacional privado.
A codificação que vai influenciar os dias hodiernos teve seu início em 1804 na
frança, com a inserção do direito internacional privado no sistema de direito civil.
Entretanto, o problema que surge é decorrente de uma falta de unificação, que gera uma
insegurança no momento de aplicação de uma lei. No caso brasileiro, o DIPR é
esquematizado no LINDB, sob influência do LICC alemão.
A lei é, sem dúvida, a fonte mais constante do DIPr em todos os países. É por
meio dela – da lex fori – que prioritariamente se estabelecem as regras conflituais a
serem seguidas pelo juiz do foro quando presente um conflito de leis no espaço com
conexão internacional. A Constituição dos Estados Unidos, no Artigo IV, Seção 1,
dispõe expressamente que “toda a fé e crédito devem ser dados, em cada Estado, aos
atos, arquivos e peças judiciárias públicas de todos os outros Estados”, complementando
que “o Congresso pode, por leis gerais, prescrever a maneira pela qual tais atos,
arquivos e peças devem ser estabelecidos, assim como os seus efeitos decorrentes”.
Ainda que a disposição tenha relevo para os conflitos interestaduais no âmbito da
federação estadunidense, o que dali sempre se extraiu é a importância das leis como
fonte do DIPr naquele país, mesmo que, na prática, a maioria dos conflitos
interespaciais norte-americanos encontre solução na Federal Common Law.
Ainda que existam tratados internacionais a regular os conflitos de leis no
espaço, bem assim costumes (internos e internacionais) a tratar da mesma matéria, o
certo é que as leis internas continuam disciplinando com maior abrangência essa
temática em vários países. De fato, é facilmente perceptível que as normas
internacionais e costumeiras que regulam o DIPr são em número bastante reduzido,
quando comparadas com as leis internas que tratam do mesmo assunto. Daí a
importância que têm as normas internas para o DIPr, especialmente a Constituição e as
leis.
A fonte interna mais importante para o DIPr brasileiro atual é a Lei de
Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB (Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de
setembro de 1942, com redação dada pela Lei nº 12.376, de 30 de dezembro de 2010),
que disciplina o assunto nos arts. 7º a 19. A LINDB, porém, como já se disse, tem sido
criticada por não ter acompanhado a evolução do DIPr no mundo contemporâneo, razão
pela qual deixa de regular inúmeras questões que a atualidade coloca.7 Há, porém,
várias outras normas de DIPr esparsas na legislação brasileira. Assim, v.g., no Código
de Processo Civil encontram-se normas relativas à competência internacional, à prova
do direito estrangeiro e à homologação de sentenças estrangeiras.
Destaque-se, porém, que as leis que disciplinam o DIPr nacional e as normas por
elas indicadas para resolver a lide, por serem leis, estão subordinadas, como não poderia
deixar de ser, às regras e princípios da Constituição Federal e de seu bloco de
constitucionalidade em geral (bem assim dos tratados internacionais em vigor no Estado
– v. item 3.1, infra).8 As normas de DIPr nacionais são leis ordinárias como quaisquer
outras, devendo respeito ao Texto Maior, sob pena de não recepção (se anteriores à
Constituição) ou de inconstitucionalidade (se posteriores à Constituição).9 Também as
leis estrangeiras indicadas pelas regras de DIPr da lex fori devem submeter-se ao exame
intrínseco de constitucionalidade (para além do anterior exame extrínseco de
constitucionalidade, isto é, da aferição de compatibilidade com a Constituição do Estado
de origem da norma – v. Cap. VII, item 2.6, infra), se já não tiveram efeitos cortados em
razão de ordem pública ou por normas de aplicação imediata.10 Objeta-se, contudo, que
as leis estrangeiras indicadas pela norma de DIPr da lex fori não estariam aptas a sofrer
exame material de constitucionalidade no Brasil, por provirem de sistema jurídico
distinto do nosso.
Tal raciocínio, no entanto, é equivocado, pois quando um juiz aplica uma lei
estrangeira num caso de DIPr é porque tal lei foi indicada pela norma nacional
competente, a partir de quando passa a integrar, ainda que reflexamente e para
determinado caso concreto, a coleção de leis nacionais. O controle de
constitucionalidade intrínseco, portanto, se exerce sobre as leis nacionais de DIPr
(formal e materialmente) e também sobre aquelas por elas indicadas (nesse caso, apenas
materialmente, por não poder a Constituição local estabelecer pressuposto
procedimental às normas editadas por outra ordem jurídica); ambas (as leis nacionais de
DIPr e as por elas indicadas) não se movimentam em espaço exterior à órbita
constitucional, em terreno alheio às regras e princípios constitucionais, mas integram a
ordem jurídica da qual a Constituição é norma soberanamente superior.
Por esse motivo, os direitos fundamentais previstos no texto constitucional hão
de impedir a aplicação das normas de DIPr ou das normas estrangeiras indicadas
contrárias aos seus mandamentos.11 Daí prevalecer o texto constitucional brasileiro
(bem como os tratados de direitos humanos incorporados) sobre eventual norma
estrangeira indicada que preveja, v.g., desigualdade entre homens e mulheres, entre
filhos havidos e não havidos na constância do casamento, ou discriminação em razão de
raça, sexo, língua e religião. Frise-se, a propósito, que nos termos do art. 4º do Código
Bustamante “[o]s preceitos constitucionais são de ordem pública internacional”, a
reforçar o impedimento de aplicação do direito estrangeiro contrário às normas de
índole constitucional. Em suma, deve o juiz do foro estar atento para se a indicação feita
pela lex fori não está a violar normas constitucionais, especialmente as de direitos
fundamentais, caso em que deverá rechaçar a aplicação da norma indicada em
desacordo com o comando constitucional.12
Exemplo concreto do que se acabou de dizer ocorreu na Alemanha e foi decidido
pelo Tribunal Constitucional daquele país em 1971.13 Tratava-se de um espanhol,
solteiro, que pretendera casar-se na Alemanha com uma cidadã alemã, divorciada. Pela
norma de conflito alemã a capacidade para casar haveria de reger-se pela lei nacional de
cada um, caso em que se fazia necessário comprovar, no momento da habilitação do
matrimônio, a capacidade de cada qual nos termos da lei do país de origem. O cidadão
espanhol não logrou o certificado, tendo em vista que uma das partes (a alemã) era
impedida de se casar na Espanha, por não ser ali autorizado o divórcio. Após negado o
casamento pelas instâncias judiciárias alemãs, recorreu o casal ao Tribunal
Constitucional, alegando violação de uma norma constitucional alemã, qual seja, a
relativa à liberdade de casamento.
Em sua decisão, o Tribunal Constitucional reconheceu a violação da
Constituição (bem assim, diga-se, da Convenção Europeia de Direitos Humanos de
1950) e autorizou o casamento, esclarecendo que a aplicação do direito estrangeiro
designado pela regra de conflito alemã sujeitava-se, também, aos imperativos da
Constituição. Houve, como se vê, interferência direta do texto constitucional,
especialmente dos direitos constitucionalmente assegurados, no momento da aplicação
da regra conflitual de DIPr alemão, consagrando-se, naquele caso, o efeito horizontal
dos direitos fundamentais (Drittwirkung).14 Em virtude dessa jurisprudência, o
Parlamento Federal alemão alterou a Lei de Introdução ao Código Civil em 1986.
É evidente que a supremacia constitucional (e internacional) que se acabou de referir
terá lugar apenas quando mais benéfica à proteção apresentada. Para chegar a essa
constatação e compreender corretamente o fenômeno, deve o juiz do foro, sobretudo,
aplicar “diálogo das fontes” para a solução adequada da questão sub judice, como se
verá adiante (v. item 5.1, infra).

COSTUME NACIONAL
Também não se descarta o costume nacional como fonte interna do DIPr,
utilizado, em sistemas como o nosso, especialmente quando o juiz do foro não encontra
norma escrita a resolver a questão entre normas interconectadas. De fato, em muitos
países, além das normas escritas há também costumes nacionais a reger as relações
jurídicas de DIPr. Os elementos de conexão lex rei sitae, mobilia sequuntur personam e
locus regit actum são, v.g., de caráter costumeiro em vários países.15 No Brasil, em
razão do disposto no art. 4º da LINDB, os costumes apenas serão utilizados em caso de
omissão legislativa: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia, os costumes e os princípios gerais de direito”.
Nos países que fazem parte da common law há regras de DIPr que provêm dos
precedentes jurisprudenciais, que também formam certo tipo de costume.16 Também na
França, que, não obstante ter grande codificação civil, dispõe de pouquíssimas e
incompletas regras de DIPr, estas têm sido ditadas constantemente pela Corte de
Cassação, formando um sólido costume interno relativo à matéria.17

2. FONTES INTERNACIONAIS

São majoritariamente previstas no art. 38 do estatuto constitutivo da corte internacional


de justiça, sendo que os de maior importância são os tratados e o costume.
Na europa, ao final do século 19, por intermédio das conferências de haia, começa a
desenvolver o direito internacional privado (criação das convenções de aia - tratados
sobre normas diretas e indiretas sobre DIPR).
O sistema latino americano possui duas fases: (1) até a metade do século 20 e (2) a
segunda metade do século 20.
(1) Pretende se contrapor a Europa, tentando criar um grande código de DIPR para
regulamentar todos os Estados americanos
São fontes internacionais do DIPr aquelas provindas diretamente da ordem
internacional, tais os tratados e os costumes internacionais; trata-se das fontes, como se
nota, comuns a dois ou mais Estados.26 Atualmente, tais fontes avultam de importância
nessa disciplina, por regularem aspectos específicos do DIPr, às vezes não disciplinados
pelas fontes de índole interna. Outras vezes, porém, não obstante haver fontes internas a
disciplinar certo problema de DIPr, os tratados ou os costumes internacionais
complementam a legislação doméstica dos Estados, auxiliando o juiz na resolução do
conflito sub judice. Nesse papel, portanto, também merecem destaque as fontes
internacionais do DIPr, especialmente pelo fato de, atualmente, se buscar (já se disse e
se vai complementar à frente) cada vez mais um “diálogo das fontes” na resolução dos
conflitos internormativos (v. item 5.1, infra).

3. COSTUME
Correspondem aos costumes internacionais. O costume só vira norma jurídica se houver
uma prática reiterada entre os Estados (Os Estados se comportam desse jeito por
entenderem que estão cumprindo uma norma jurídica).
● O caso concreto mais expressivo é a lex mercatoria.
4. DOUTRINA - secundária
Trabalho interpretativo das principais entidades (international law association, academia
de haia, instituto de DIPR e instituto latino americano de DIPR) em determinada
temática.
● É importante ressaltar que ela não cria uma lei, mas sim a interpreta outras
fontes

5. JURISPRUDÊNCIA - secundária
Decisão reiterada de órgãos colegiados. No caso em questão, serão as decisões das
cortes internas, cortes internacionais e tribunais de arbitragem.
● ex: Suíça em 1987; Corte EDH - não discriminação da aplicação do DIPR para o
etrangeiro e a noção de cooperação jurídica internacional entre os estados.

TRATADOS
Ante a impossibilidade de existência de um Direito Uniforme para todo o
planeta, os Estados têm procurado regular os conflitos de leis estrangeiras no espaço
pela conclusão de tratados internacionais específicos. De fato, tais instrumentos têm
experimentado enorme proliferação nos últimos tempos, versando temas e assuntos dos
mais variados relativos ao DIPr. Sejam bilaterais ou multilaterais, o certo é que os
tratados constituem a fonte internacional mais importante do contemporâneo DIPr.28
A afirmação que se acaba de fazer é curiosa, especialmente pelo fato de atestar
que a fonte internacional mais importante do DIPr provém do Direito Internacional
Público, o que demonstra a primazia deste, enquanto disciplina jurídica, sobre a ciência
do conflito de leis. Nesse sentido está a lição de Luís de Lima Pinheiro, para quem “o
Direito Internacional Privado tem o seu fundamento último no Direito Internacional
Público, especialmente no que toca ao Direito de Conflitos”.29 Essa também é a opinião
de Pontes de Miranda, ao sustentar que a primazia exercida pelo Direito Internacional
Público sobre o Direito interno – por delimitar a competência dos Estados em matéria
legislativa – se estende às normas de DIPr, que igualmente são normas internas.30 De
fato, sendo o DIPr regido, a priori, pelo Direito interno do Estado, iguala-se a qualquer
outra norma interna,31 que se subordina ao Direito Internacional Público em vigor no
país, nos termos do art. 27, primeira parte, da Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados de 1969: “Uma parte não pode invocar disposições de seu direito interno para
justificar o inadimplemento de um tratado”. Daí a constatação de que cada Estado “pode
ditar a extensão espacial das normas do Direito interno de outros Estados, salvo
existindo tratados ou convenções internacionais”.32
Seria impossível listar aqui todos os tratados de relevo para o DIPr brasileiro.
Assim sendo, basta agora saber – devendo o juiz do foro, se necessário, realizar a
investigação respectiva – que vários instrumentos internacionais em vigor no Brasil
estabelecem as conexões necessárias à determinação da lei aplicável nas situações por
eles reguladas. Havendo, então, tratado internacional a regular determinada conexão
(v.g., o domicílio, a nacionalidade ou o lugar da realização do ato), deverá o seu
comando ser levado em conta em detrimento de quaisquer disposições internas em
sentido contrário.
É evidente que, para vigorarem no plano interno, devem os tratados ser
ratificados pelo governo (após referendo do Congresso Nacional) e já estar em vigor no
plano internacional, quando, então, poderão impor novas regras de DIPr aos Estados-
partes, revogando as leis internas que lhe forem contrárias. A autorização parlamentar dá
carta branca ao Presidente da República para ratificar tratados, porém não o obriga a
tanto; é discricionária a ratificação de tratados em nosso sistema jurídico, podendo ou
não ocorrer a partir da aprovação (referendum) do Congresso Nacional.33 Uma vez
ratificados, se já em vigor externo, passam os tratados a operar no Brasil, ampliando a
coleção das normas com vigência interna.
Todo o processo de celebração de tratados vem previsto pela Constituição
Federal de 1988 (arts. 84, VIII, e 49, I) e pela Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados de 1969. Frise-se, contudo, que segundo a jurisprudência atual do STF a
hierarquia dos tratados comuns (como é o caso dos que versam regras de DIPr) é a
mesma das leis ordinárias.34 Não obstante, à luz da Convenção de Viena sobre o Direito
dos Tratados esse entendimento ressente-se de equívoco, pelo fato de não ser
internacionalmente lícito que um Estado invoque disposição de seu Direito interno (a
rigor, qualquer disposição de todo o Direito interno) para justificar o inadimplemento de
um tratado, o que demonstra haver, sim, primazia do Direito Internacional Público sobre
o direito interno estatal.35
Uma fonte convencional importante para o DIPr brasileiro, embora de alcance
limitado, é a Convenção de Direito Internacional Privado (Código Bustamante) de 20 de
fevereiro de 1928,36 elaborada pelo jurista cubano Antonio Sánchez de Bustamante y
Sirvén. Trata-se de um instrumento com 437 artigos, que versa praticamente todas as
questões de DIPr e de direito processual civil internacional, sendo, por isso, considerado
a codificação convencional mais completa existente sobre o DIPr.
Sua aplicação prática, porém, tem encontrado certa dificuldade entre nós, ainda
mais quando se constata que muitas de suas disposições caíram em verdadeiro desuso,
não obstante a qualidade de tratado de que se revestem. Pontes de Miranda, nesse
sentido, afirmava com hostilidade ser o Código de Havana “mero tratado, de quase
nenhuma aplicação”.37 Evidentemente que com a primeira assertiva não se pode
concordar; primeiro, por ser o instrumento codificação exaustiva de DIPr, não “mero
tratado”, e, segundo, porque sendo tratado prevalece sobre a LINDB naquilo em que
houver divergência. Isso é o que nos ensina, aliás, a Convenção de Viena sobre o Direito
dos Tratados de 1969 (art. 27).
Na prática, porém, é verdade que tem operado certo desuso da Convenção de
Havana. Outro problema a ela atinente é que a sua aplicação se restringe tão somente às
relações que envolvem nacionais ou domiciliados em seus pouquíssimos dezesseis
Estados-partes, não às ligadas a nacionais ou domiciliados em terceiros Estados (v.g., na
América do Norte ou em toda a Europa).38
Para as questões de DIPr, v.g., entre Brasil e Chile, Brasil e Equador ou entre
Brasil e Honduras, as disposições da Convenção se aplicam; não, porém, às relativas a
Brasil e Estados Unidos ou a Brasil e qualquer país europeu, como claramente
determina o art. 2º da introdução ao Código de Havana, para o qual as disposições do
Código “não serão aplicáveis senão entre as Repúblicas contratantes e entre os demais
Estados que a ele aderirem”.39 Alguns autores, contudo, como Jürgen Samtleben,
entendem, sem razão, ter o Código Bustamante aplicação universal, é dizer, valor
jurídico também para as relações atinentes a Estados-partes com não partes.40
No Brasil, igualmente, o STF, de forma errônea, já aplicou o mesmo Código em
diversos casos envolvendo países europeus (especialmente em matéria de extradição e
de homologação de sentenças estrangeiras). Em um desses casos, a Corte decidiu que
“[e]mbora Portugal não haja ratificado esse Código, ele foi aprovado por lei no Brasil e
assim o critério por ele fixado, quanto ao conceito de lei de ordem pública e
nacional…”.41 O próprio Código, repita-se, é claro ao afirmar que apenas entre os seus
Estados-partes terá valor jurídico vinculante. Seja como for, como lembra Dolinger,
nada obsta que se invoque o Código a título de doutrina, isto é, como meio auxiliar à
atividade prática do juiz para questões envolvendo nacionais ou domiciliados em
Estados que não o ratificaram.42 Por esse motivo, o Código Bustamante vem
constantemente citado no decorrer deste livro.
Ainda no que tange ao Brasil, merece destaque a Convenção Interamericana
sobre Normas Gerais de Direito Internacional Privado, de 1979, em vigor entre nós
desde 27 de dezembro de 1995 (nos termos do seu art. 14).43 Tal Convenção estabelece,
no art. 1º, que “a determinação da norma jurídica aplicável para reger situações
vinculadas com o direito estrangeiro ficará sujeita ao disposto nesta Convenção e nas
demais convenções internacionais assinadas, ou que venham a ser assinadas no futuro,
em caráter bilateral ou multilateral, pelos Estados Partes”, complementando que apenas
“na falta de norma internacional, os Estados Partes aplicarão as regras de conflito do seu
direito interno”.
Existem, atualmente, inúmeras convenções que versam temas estritos ou
conexos de DIPr, merecendo destaque as convenções internacionais de Direito
Uniforme (v. Cap. I, item 3, supra). Tais convenções, a exemplo das normas internas de
DIPr, estabelecem regras de conexão aplicáveis aos conflitos de leis no espaço com
conexão internacional que regulamentam. Na Europa, têm destaque as convenções da
Haia sobre diversos tipos de conflitos normativos, quer no âmbito do Direito Civil como
no do Direito Comercial
MÉTODO CONFLITUAL
1. determinação da lei aplicável (direito material):
● determinação da jurisdição competente para conhecer e julgar o caso (em
geral, é determinada a partir da vontade da parte);
● qualificar a relação jurídica - qual a natureza jurídica da relação
(“questão prévia”);
● análise da regra de conexão - inicialmente, sempre será a norma indireta
do juízo competente;
● elemento ou objeto de conexão

2. o elemento de conexão: irá determinar qual direito será aplicado.

 2.1. tipos de elementos de conexão: Na Europa, será a nacionalidade. Nas


Américas, o elemento mais recorrente é o domicílio.
 2.2. a teoria geral: Desenvolvida por Savigny. O primeiro elemento de
conexão discriminado por Savigny é a lei do domicílio/ nacionalidade
(referentes a questõesrelativas ao estatuto pessoal e ao casamento), o segundo
elemento é a lei do lugar da situação da coisa, que regulamenta os direitos reais,
o terceiro elemento é a lei do local da execução (referentes a validade do
contrato e a regência das regras de execução), o quarto ponto é a lei do local do
ato (assinatura de contrato e suas obrigações); o quinto ponto é o lex fori sempre
são regras de conexão unilaterais que regulamenta as regras de jurisdição de um
Estado.

o o caso brasileiro (LINDB): A lei do domicílio vai reger o estatuto pessoal


e do casamento, o ponto dois vai reger os direitos reais, o ponto três vai
reger tudo relacionado ao contrato, se não houver disposição diversa e
expressa no contrato.
 conflitos das normas de DIPR no espaço: são em relação às normas de conexão.
O conflito de primeiro grau diz respeito ao conflito de normas materiais e é
pressuposto aos conflitos de primeiro grau. Por sua vez, o conflito de segundo
grau diz respeito aos conflitos de normas de conexão.
 3.1. conflito positivo (nas normas indiretas): É quando cada uma das normas
de conexão escolhe aplicar o seu próprio direito nacional. exemplo: português
domiciliado no brasil, que quer discutir em juízo seu estatuto pessoas, no juízo
brasileiro, vai ser aplicada a lei brasileira e no juízo português vai ser aplicada a
nacionalidade. Geralmente, esse conflito é resolvido pela aplicação da lex fori,
hoje, entende-se que deve ser aplicado o princípio pro homine (aplica-se a lei
material que traga maior benefício aos direitos humanos, isso significa que não
será aplicada sempre a lei nacional.

Normas diretas e indiretas


Quando se lê uma norma como a do art. 5º do Código Civil brasileiro, que
dispõe que “a menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica
habilitada à prática de todos os atos da vida civil”, logo se percebe tratar-se de norma do
tipo direta, que soluciona de plano a questão jurídica. Quando cessa a menoridade para a
prática de todos os atos da vida civil? Aos dezoito anos completos. O dispositivo, vê-se,
responde à indagação diretamente, trazendo, em si mesmo, a consequência para a
hipótese aventada. Diferentemente são as normas indicativas ou indiretas do DIPr, que
não respondem à indagação colocada, senão apenas indicam qual norma (se nacional ou
a estrangeira) a responderá. Tome-se, como exemplo, o art. 7º da LINDB, que não diz
quais são as regras relativas ao início ou término da personalidade, ao nome, à
capacidade e aos direitos de família, apenas indicando que será “a lei do país em que
domiciliada a pessoa” a responsável por determiná-las.
A lei (nacional ou estrangeira) que a norma indicativa do DIPr manda aplicar ao
caso concreto pode ser, v.g., a lei do lugar da celebração do ato, a do lugar do domicílio
ou residência da pessoa, a de sua nacionalidade, a da situação dos bens etc. Cada uma
dessas leis regerá situações especificadas pelas normas de DIPr da lex fori: para uma
questão de capacidade da pessoa, a lei aplicável será a do lugar de seu domicílio;6 para
uma questão relativa a bens, será a do local em que estejam situados (lex rei sitae) etc.7

Hipótese e disposição
Como se vê, a norma indicativa ou indireta apresenta sempre uma hipótese e
uma disposição. Tome-se, como exemplo, o art. 10, caput, da LINDB, segundo o qual “a
sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto
ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens”. Nesse caso, o
fato da morte ou ausência é a hipótese normativa, eis que dele poderão decorrer
inúmeras consequências jurídicas, pois o de cujus terá deixado herdeiros, bens, dívidas
etc. A disposição da norma, por sua vez, indica que tais fatos (morte ou ausência) serão
regulados pela lei do domicílio do falecido ou do desaparecido, que poderá ser uma lei
nacional ou estrangeira.8
Diferentemente, porém, do direito comum, que visa solucionar (materialmente) a
questão jurídica concreta, no DIPr a norma respectiva apenas indica a ordem jurídica
adequada à sua resolução. Ademais, enquanto no direito comum há uma hipótese e uma
consequência jurídica com o efeito de obrigar, proibir ou permitir algo, como é, v.g., a
pena (consequência) para o cometimento de um crime (hipótese), no DIPr há uma
hipótese (morte, ausência, obrigação, casamento etc.) e uma disposição, que não obriga,
proíbe ou permite algo, senão apenas faz subordinar o fato geral por ela previsto (morte,
ausência, obrigação, casamento etc.) a um certo ordenamento jurídico.9

Nas normas indicativas de DIPr, à hipótese corresponde o seu objeto de conexão,


que identifica um instituto jurídico ou determinada matéria regulada pelo Direito, e à
disposição corresponde o seu elemento de conexão, que indica qual ordem jurídica será
competente para resolver (materialmente) a questão jurídica concreta (v. Cap. V, infra).

Conflito espacial positivo


Há o conflito espacial positivo de normas do DIPr quando cada um dos
ordenamentos em causa indica a sua própria norma para reger a questão jurídica com
conexão internacional. Tal seria o caso, v.g., que ocorre quando um juiz brasileiro tem
que decidir questão relativa à capacidade, aos direitos de família e à sucessão de um
português domiciliado no Brasil.
Nessa hipótese, a norma brasileira (LINDB, art. 7º, caput) determina que “a lei
do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família”, enquanto que o direito
português (Código Civil de 1966, art. 25) estabelece que o “estado dos indivíduos, a
capacidade das pessoas, as relações de família e as sucessões por morte são regulados
pela lei pessoal dos respectivos sujeitos…”.19 Ou seja, a lei brasileira optou pela lei do
domicílio, enquanto a portuguesa preferiu a da nacionalidade da pessoa.

Conflito espacial negativo (teoria do reenvio)


Há o conflito espacial negativo de normas do DIPr quando cada um dos
ordenamentos em causa exclui a aplicação de suas normas internas para a resolução da
questão jurídica com conexão internacional, fazendo incumbir a outro sistema jurídico
esse mister.24 É o que ocorria, v.g., nos casos relativos a direitos de família ou de
sucessão de brasileiros domiciliados na Itália, eis que a norma brasileira (LINDB, arts.
7º e 10º) manda aplicar a lei do domicílio da pessoa, enquanto a norma italiana (Código
Civil de 1942, art. 23) ordenava a aplicação da lei de sua nacionalidade.25 Eis aí,
tipicamente, o exemplo de conflito espacial negativo de normas do DIPr: enquanto a lei
brasileira mandava aplicar a lei
O reenvio (retorno ou devolução) consiste no estudo das regras de Direito
Internacional Privado (DIPr) do ordenamento estrangeiro indicado a partir das regras de
conflito do foro, para que seja (i) confirmada a indicação original, aplicando-se então o
direito material estrangeiro ou (ii) seja recusada a indicação, sendo apontado outro
ordenamento para reger o fato transnacional.
A origem do instituto relaciona-se com a constatação das diferenças profundas
de escolhas das regras de conexão nos diversos ordenamentos de DIPr dos Estados. A
ascensão do DIPr de matriz legal no século XIX e início do século XX sepultou a visão
doutrinária de Savigny a favor da homogeneidade e consensualidade do método indireto
multilateral entre os Estados, resultando em escolhas distintas em cada país nas regras
de conflito, tanto no que tange ao objeto de conexão (categorias jurídicas nas quais a
situação transnacional é inserida) quanto no elemento de conexão (os vínculos a um
determinado ordenamento).
O contexto no qual o reenvio está inserido é o da divergência entre os sistemas
nacionais de DIPr: se na qualificação a divergência era vista nas categorias jurídicas do
objeto de conexão, no reenvio a divergência encontra-se entre os elementos de conexão.
Por isso, Franceskakis apontou que ambos os institutos (qualificação e reenvio) eram
fruto de um “conflito de sistemas” de DIPr884, também chamados de conflitos de
segundo grau885.
No caso, trata-se de um conflito negativo de sistemas, pois o DIPr do Estado do
foro indica um determinado ordenamento estrangeiro, mas este ordenamento estrangeiro
(por meio do seu próprio DIPr) não quer regular o fato transnacional, devolvendo a
temática ao Estado do foro ou reenviando ao ordenamento de um Estado terceiro886.
Assim, ambos (o DIPr do Estado do foro e o DIPr do Estado estrangeiro) não querem
regular a situação transnacional, gerando o conflito negativo de sistemas.
O cerne do reenvio está na discussão sobre qual deve ser a amplitude do direito
estrangeiro indicado pela regra de conflito: se a “norma estrangeira indicada” deveria
ser entendida somente como sendo (i) o direito material estrangeiro ou (ii) seria possível
aplicar, inicialmente, o próprio Direito Internacional Privado estrangeiro e somente
depois determinado direito material. Nessa segunda hipótese, pode existir o reenvio, se
a regra de conexão estrangeira aplicável ao caso for diferente da regra de conexão
original do Estado do foro; caso seja idêntica, não ocorrerá o reenvio e será aplicado o
direito material estrangeiro pelo juízo. Para Batalha, o reenvio parte do pressuposto de
que a indicação feita pela regra de conexão do foro abrange também o DIPr
estrangeiro887.
O reenvio distingue-se da aplicação tradicional das regras de conflito, que tão
somente indicariam o direito material (do foro ou de Estado estrangeiro) para reger um
fato transnacional. Aumenta-se o leque de escolha de um direito material, pois é
possível que o DIPr do Estado estrangeiro aponte uma lei de Estado terceiro e assim por
diante888. Portanto, a análise do Direito Internacional Privado estrangeiro pode indicar
para reger o fato transnacional (i) o próprio direito material estrangeiro, (ii) o direito
material do Estado do foro ou até mesmo (iii) um direito material de Estado terceiro.

QUALIFICAÇÃO
Retomando: escolha da lei aplicável à relação jurídica com elemento estrangeiro:
1. determinação do juízo que pode conhecer a causa - essa determinação é feita
através da jurisdição, que pode ocorrer de forma concorrente ou exclusiva
(nesses casos a parte não tem autonomia de escolher). Na maior parte dos
casos, é uma premissa particular da parte.
2. o juiz vai qualificar a relação jurídica - necessariamente o juiz precisa
qualificar a relação para chegar na lei aplicável e ela será feita em acordo
com o direito civil ou econômico, dependente do caso.
3. O juiz vai aplicar o seu DIPR - o juiz sempre aplica a sua regra de conexão
4. Na regra de conexão, será observado o elemento de conexão, que irá
determinar o direito aplicável. O direito aplicável será material nacional
(Norma direta) quando a teoria do reenvio NÃO É ACEITA e o direito
aplicável será o direito material de outro país, se esse lugar aceitar a teoria do
reenvio.

Tem por finalidade qualificar a relação jurídica privada com elemento estrangeiro
dentro de alguma categoria jurídica.
Essa teoria surge no direito europeu, principalmente no direito francês, onde foi
desenvolvida por Bartin (1897), a partir do caso da sucessão maltês, e alemão nas
teorizações de Franz Kahn (1891).
O processo de qualificação pode acontecer pela lex fori, ou seja, a lei nacional
(1), pela lex causae, lei estrangeira (2) e por tratados assinados pelo DIP (3). A
qualificação pela lei nacional relaciona-se ao fato do juiz que está analisando a relação
concreta irá aplicar o seu direito nacional (material) para qualificar a relação jurídica
com elemento estrangeiro. Por outro lado, a qualificação por intermédio da lei
estrangeira vai partir do pressuposto (que muitas) que será o direito estrangeiro que será
aplicado ao caso concreto. Logo, será o próprio direito estrangeiro que estará apto a
qualificar a relação. Por fim, hoje, o processo de qualificação vem sendo aplicado
através dos tratados, em uma tendência de uniformização do direito civil internacional.
No Brasil, a qualificação é realizada a partir da lex fori, mas a lex causae pode
ser aplicada em casos de direito das obrigações e direito dos bens.

JURISDIÇÃO
Em sentido amplo, é determinado pelo poder de regência de um estado sobre
bens, pessoas e institutos localizados em seu território. Em sentido estrito, pode-se dizer
que é o poder ou atividade típica do poder judiciário. A CIJ define como o exercício da
soberania de um estado.
A importância da jurisdição circunda em torno de dois problemas diferentes: a
escolha do juízo que vai analisar o caso concreto (1) e a escolha do juízo que vai
determinar a lei aplicável (2).

1. CONFLITO/ CONCORRÊNCIA DE JURISDIÇÃO


Pressupõe que mais de uma jurisdição pode estar envolvida no
conhecimento e resolução de um caso concreto, fenômeno capaz de gerar
insegurança jurídica.
Durante os séculos 19 e 20, tal conflito era considerado normal, baseado nos
princípios da territorialidade vigente na época. Diferentemente, no século 20 e 21, a
normalidade do conflito de jurisdição foi contestada. Para além da insegurança jurídica,
Savigny determinou que esse fenômeno trazia como problemas: (1) a fixação abusiva da
jurisdição - pois o estado com o mínimo de ligação ao caso concreto teria competência
para julgar o caso; (2) denegação da justiça, que pode ocorrer a partir de um critério
discriminatório; (3) ausência do devido processo legal.
Hoje, os pressupostos de fixação surgem a partir dos vínculos mais fortes, sejam eles:
a) proteção do Estado aos nacionais - fixa-se a jurisdição a partir da
nacionalidade do autor ou do réu;
b) coerção sobre pessoas, bens e atos que ocorrem dentro de um território;
c) hipóteses de conveniência, equidade e justiça- interesse do estado em
decidir determinadas questões

1.1 - Os vínculos escolhidos para determinação da jurisdição são:


a) nacionalidade;
b) domicílio;
c) local da constituição da obrigação ou local onde a obrigação será
executada;
d) onde se dá a celebração do ato.

1.2- jurisdição abusiva, exorbitante ou de conveniência (diferente de juris. de


necessidade)
É quando a parte autora escolhe a jurisdição com o vínculo mais fraco para se valer de
uma jurisdição conveniente para ela própria. Como consequências temos: (1) o “fórum
shopping”
- quando a parte autora decide entrar no poder judiciário que mais lhe convém,
ainda que seja a partir de um vínculo mais falho - e (2) a dificuldade do réu em exercer
o seu devido processo legal.
● caso inglês das ilhas tobago 1.3- justiça de necessidade
Consolidação dos direitos humanos, principalmente, o princípio pro homine,
muitas vezes em frente a vulnerabilidade do indivíduo.
Pressupostos: o acesso à justiça; exercício do devido processo legal e falta de
justiça material.
casos paradigmáticos:
(os estados unidos não adotam a justiça de necessidade)
● caso kiobel (nigéria)
● caso damler - mercedes benz (argentina)

1.4 - caso brasileiro


A determinação da jurisdição no brasil vai ocorrer por meio de normas processuais (art.
21 e seguintes do CPC) e normas indiretas (art. 12 da LINDB). A jurisdição no Brasil
pode ser (1) concorrente ou (2) absoluta/exclusiva.
A juris relativa ou concorrente é aquela em que o Brasil admite que outros
Estados possam julgar a demanda concorrentemente. Ainda que eu tenha uma
concorrência, o dipr vai utilizar a modificação da jurisdição para evitar a
diferença de decisões para o mesmo caso.
Diferentemente, a juris absoluta ou exclusiva, é aquela que o Brasil permite
apenas que a competência nacional tenha conhecimento da causa, sob a pena de
não permitir que a sentença estrangeira seja homologada no país,
impossibilitando sua execução.
Nesse sentido, o brasil determina hipóteses de competência:

a) HIPÓTESES DE JURISDIÇÃO RELATIVA OU CONCORRENTE:


● réu domiciliado ou residente no Brasil: competência ao judiciário
brasileiro, mas será relativa ou concorrente;
● uma obrigação tiver que ser cumprida no Brasil: competência ao
judiciário brasileiro, mas será relativa ou concorrente;
● fato ocorrer no brasil ou for praticado no Brasil: competência ao
judiciário brasileiro, mas será relativa ou concorrente;
● nas ações de alimento, se o alimentante tiver residência no Brasil:
competência ao judiciário brasileiro, mas será relativa ou concorrente;
● em uma relação de consumo, se o consumidor tiver residência no Brasil:
competência ao judiciário brasileiro, mas será relativa ou concorrente;
(para consumidor e alimentando, não importa se é autor ou réu)
● se as partes expressa ou tacitamente escolherem a jurisdição brasileira:
competência ao judiciário brasileiro, mas será relativa ou concorrente;
b) HIPÓTESES DE JURISDIÇÃO ABSOLUTA OU EXCLUSIVA
● para todo imóvel situado no Brasil
● para bens situados no Brasil, em relação a partilha de testamento e
sucessão;
● bens situados no Brasil, em questões de divisão de bens
c) modificação de jurisdição:
Elemento que traz segurança jurídica para a jurisdição concorrente. De acordo
com a doutrina, a modificação de jurisdição ocasionou o declínio de uma das jurisdições
concorrentes (“uma vai perder a concorrência”). Isso ocorre nas seguintes hipóteses:
● juízo prevento vai derrogar a outra jurisdição (essa é a hipótese brasileira);
● hipótese a força do vínculo (EUA, RU e nova zelândia) - essa hipótese vai gerar
a doutrina do “forum non convenience”, não adotada no Brasil;

CONCEITO E TERMINOLOGIA: OS LITÍGIOS


TRANSNACIONAIS
Em seu sentido amplo, a jurisdição internacional de um Estado consiste no seu
poder de regência sobre pessoas, entes e bens, em geral localizados em seu território.
No seu sentido estrito, o termo jurisdição designa o poder do Poder Judiciário de um
determinado Estado de conhecer e solucionar controvérsias. A existência desse poder é
emanação da própria soberania do Estado, pois, como já decidiu a Corte Permanente de
Justiça Internacional, “(...) a jurisdição é uma das formas mais óbvias de exercício do
poder soberano”581.
No Brasil e em vários países que adotaram a fórmula de organização do Estado
Constitucional, a temática da jurisdição afeta os direitos dos indivíduos (como o direito
de acesso à justiça) e ainda a atuação do Poder Judiciário doméstico. Assim, a
modulação da jurisdição de cada Estado é tema importante para o Direito Internacional
(Público e Privado) e também para o Direito Constitucional, pois afeta tanto as relações
pacíficas entre Estados quanto a configuração dos direitos humanos582. Definições
mais amplas ou mais restritas de jurisdição podem levar a atritos entre Estados em
virtude de alegações de jurisdição concorrente e decisões contraditórias. Ou ainda pode
levar à denegação de justiça, quando os Estados sustentam não ter jurisdição para tratar
de determinado caso.

O estudo da jurisdição internacional no Direito Internacional Privado engloba as


normas internacionais e nacionais relativas aos fundamentos, princípios, limites e
extensão da jurisdição do Estado nos litígios envolvendo fatos transnacionais. Essas
normas compõem aquilo que parte da doutrina denomina de “direito processual
internacional” e representam, segundo Strenger, o “necessário complemento do direito
internacional privado”583. Valladão intitulava o estudo do “Direito Processual
Internacional” como sendo o Direito internacional privado do processo, “sendo uma das
seções mais importantes da Parte Especial” do DIPr

TIPOLOGIA DAS NORMAS SOBRE JURISDIÇÃO NO DIREITO


INTERNACIONAL PRIVADO
É possível classificar a jurisdição internacional no DIPr em dois tipos, a
depender do momento da análise das regras de sua determinação: (i) jurisdição imediata
ou direta e (ii) jurisdição mediata ou indireta.
A jurisdição internacional imediata ou direta é a determinação da jurisdição dos
juízos nacionais para que estes possam conhecer de litígios envolvendo fatos
transnacionais, o que seria, na linguagem de Amilcar de Castro, uma análise a priori das
regras nacionais e internacionais de delimitação da jurisdição606. Na jurisdição direta, é
definido, de modo preliminar, se o Estado-juiz possui jurisdição internacional para
apreciar determinada situação envolvendo fatos transnacionais.
Já a jurisdição internacional mediata ou indireta consiste na avaliação, em
determinada decisão estrangeira, da existência de jurisdição internacional do juízo
estrangeiro prolator da decisão para que o Estado do foro possa cumpri-la607. Na
jurisdição indireta, é feita uma análise a posteriori da existência da jurisdição, no caso
concreto, do Estado de estrangeiro que deu origem à modalidade de cooperação jurídica
internacional608. É também denominada bases indiretas de jurisdição, pois se trata da
avaliação, pelo Estado do foro, do exercício regular da jurisdição pelo Estado
estrangeiro, para fins de reconhecimento e execução da sentença estrangeira.
As normas nacionais sobre jurisdição internacional no DIPr são normas
unilaterais, pois só atentam para a fixação da jurisdição do Estado do foro, sem fazer
menção à jurisdição de outros Estados.
Por exemplo, quando o Estado estabelece sua jurisdição sobre ações sobre
imóveis situados no seu território, não é possível aplicar esse raciocínio para estabelecer
que, se o imóvel estiver situado no território de um Estado estrangeiro, este é que terá
jurisdição para conhecer de tais ações (“bilateralizando” a norma unilateral), uma vez
que cabe ao próprio Estado estrangeiro estabelecer sua jurisdição609. Por outro lado, é
possível que normas internacionais prevejam, de modo multilateral, regras de fixação de
jurisdição, abarcando tanto a determinação da jurisdição do Estado do foro quanto a dos
Estados estrangeiros partes do tratado610.
As normas de jurisdição são, em geral, normas de natureza pública, não podendo
ser derrogadas pela vontade das partes. Contudo, isso não significa que a autonomia da
vontade não tem papel na fixação da jurisdição internacional: há casos nos quais os
Estados aceitaram (por meio de normas nacionais ou internacionais) a derrogação da
jurisdição por acordo de vontades (cláusula de eleição de foro) ou mesmo ampliação da
jurisdição pela submissão voluntária da lide ao Poder Judiciário (princípio da
submissão).

2. O DIREITO INTERNACIONAL E O DIREITO NACIONAL


NA DETERMINAÇÃO DA JURISDIÇÃO
Em que pese ser a jurisdição do Estado inerente a sua própria soberania, houve o
desenvolvimento de normas internacionais sobre a temática justamente para evitar
atritos entre Estados, ameaçando a convivência e a paz. Ao assim proceder, o Direito
Internacional busca fixar marcos claros e consensuais evitando (i) conflitos positivos
(dois ou mais Estados querem a regência de certa conduta social) ou (ii) negativos
(nenhum Estado aceita regular determinada conduta, violando o direito de acesso à
justiça, previsto em tratados internacionais de direitos humanos). Existe, no Direito
Internacional, um conjunto de normas jurídicas, fundadas em tratados ou costumes
internacionais, que tratam da jurisdição de cada Estado.
Como já foi visto, é necessário separar o termo jurisdição internacional em
sentido amplo, que consiste na determinação do poder geral do Estado em seu território,
do seu sentido estrito, utilizado para denominar a atuação do Poder Judiciário nacional.
No seu sentido amplo, a jurisdição internacional pode ser dividida em três
subespécies: (i) a jurisdição normativa (ou jurisdição para prescrever), (ii) a jurisdição
para implementar ou executar e (iii) a jurisdição para adjudicar. A jurisdição normativa é
o poder do Estado de criar normas de regência sobre a conduta social. Já a jurisdição de
implementação é o poder de aplicar as regras estabelecidas. Finalmente, a jurisdição de
adjudicação ou de julgamento é também denominada jurisdição em sentido estrito,
consistindo no poder do Poder Judiciário nacional de conhecer e solucionar as
controvérsias611.
A repartição em três subespécies da jurisdição internacional é de grande auxílio
no estudo das normas internacionais. Por exemplo, a jurisdição para prescrever e para
adjudicar pode, em determinadas circunstâncias, ter alcance extraterritorial admitido
pelo Direito Internacional. Já a jurisdição de implementação só terá esse alcance
extraterritorial caso haja o consentimento prévio do Estado em cujo território a ação se
desenvolverá.

18/05/2023
PASSO A PASSO DO MÉTODO CONFLITUAL
-Passo 1: A determinação da lei aplicável:
1. Determinação da JURISDIÇÃO COMPETENTE;
2. Qualificar a relação jurídica com elemento estrangeiro (isto é, ver em qual
natureza jurídica está a relação – como no caso do marido morrer, a mulher e os
bens é caso de direito sucessório ou matrimonial, de separação de bens?). Essa
qualificação se dá a partir dos institutos do direito civil. Natureza jurídica é a
qualificação do instituto para o direito.
3. Juízo estrangeiro vai analisar a REGRA DE CONEXÃO. A regra de conexão,
inicialmente, sempre será a da jurisdição NACIONAL competente, e não a do
juízo estrangeiro (o juízo aplica primeiramente a sua regra de conexão). A regra
de conexão brasileira é a LINDB. Alguns países possuem a teoria do reenvio,
que estabelece que depois da regra de conexão do juízo nacional, vai para a
regra de conexão do país estrangeiro, e não direto para o seu direito material.
Exemplo: Priscilla é japonesa e mora na China, e quer mudar seu nome. A lei de
introdução ao Código chinês estabelece a aplicação do direito de nacionalidade, nesse
caso o japonês. No Japão, aplica-se a teoria do reenvio, que estabelece que após a regra
de conexão da China estabelecer que se aplica o direito japonês, deve-se olhar a regra de
conexão do Japão para ver o que essa estabelece. Não vai direto para a aplicação do
direito material japonês.
4. ELEMENTO/OBJETO DE CONEXÃO: irá determinar qual direito será
aplicável. Procura-se o elemento de conexão dentro da regra de conexão.
Exemplo: regra do domicílio, regra da nacionalidade. Para a América como um
todo, o elemento de conexão mais importante será o domicílio, já para a Europa,
é a nacionalidade. Isso ocorre porque o colonizador valoriza mais a
nacionalidade, a aplicação de sua lei em qualquer lugar do mundo onde o
europeu estiver. Já o colonizado valoriza mais o domicílio, o território, devido à
grande miscigenação. Problemas da regra da nacionalidade são a questão dos
apátridas, das pessoas com dupla ou tripla nacionalidade, dos refugiados, etc.
Art. 12 da Convenção de Proteção dos Apátridas: uma vez que a pessoa não tem
nacionalidade, aplica-se a lei do domicílio.
· A Teoria Geral dos Elementos de Conexão foi desenvolvida por Savigny:
-Lei do domicílio/nacionalidade: estatuto pessoal (questão do nome, direito de família,
personalidade), casamento;
-Lei do Lugar da Situação da coisa: direitos reais (direito de propriedade, direito de
posse- onde está o bem é que vai reger).
-Lei do Local da Execução: validade do contrato (forma e execução), reger as regras de
execução.
-Lei do Local do Ato (assinatura de contrato): direito das obrigações (conteúdo do
contrato). Pela teoria, duas leis poderiam reger o mesmo contrato, por isso o Brasil
altera essa ideia, no Brasil tudo é lei do local do ato, não se aplica lei da execução.
-Lex Fori: rege as regras da jurisdição de um Estado, isto é, as regras de processamento
e instâncias do Poder Judiciário. Sempre trabalha com regras de conexão
UNILATERAIS, principalmente porque trata de assuntos ligados à SOBERNIA do
Estado. A Lex Fori é a lei do foro, isto é, lei nacional. O antônimo de Lex Fori é a Lex
Causae, que significa lei alienígena ou lei estrangeira.
-Conflitos das normas de DIPRI no espaço:
Estados possuem regras de conexão diferentes, com elementos de conexão diferentes
(exemplo: um Estado adota a regra do domicílio e outro da nacionalidade).
a. Conflitos de 1º grau X conflitos de 2º grau:
· 1º grau: conflitos de normas de direito material
· 2º grau: pressupõe os conflitos de 1º grau, são os conflitos entre as REGRAS DE
CONEXÃO dos Estados, entre os elementos de conexão. Uma das
possibilidades de ocorrência é a TEORIA DO REENVIO.
Há 2 tipos de conflitos de 2º grau:
-CONFLITO ESPACIAL POSITIVO: cada uma das normas de conexão escolhe aplicar
o seu próprio direito nacional. Exemplo é se português domiciliado no Brasil deseja
discutir seu estatuto pessoal. No Brasil, aplica-se a regra do domicílio. No juízo
português, aplica-se a regra da nacionalidade. O português terá que ver qual dos juízos o
beneficiaria mais. Princípio “PRO HOMINE” é a solução para conflitos espaciais
positivos, que estabelece que se aplica a lei material que traga maior consolidação de
DIREITOS HUMANOS.
-CONFLITO ESPACIAL NEGATIVO: abster-se da aplicação do seu próprio
ordenamento nacional para resolver a relação jurídica privada com elemento
estrangeiro. Exemplo é para um brasileiro domiciliado na Itália, a regra para estatuto
pessoal no direito brasileiro é o domicílio, então se aplica o direito italiano. Entretanto,
na Itália, a regra de conexão é a da nacionalidade, portanto se aplica o direito brasileiro.
A solução para essa questão é a TEORIA DO REENVIO.

01/06/2023
-Teoria do REENVIO:
A teoria do reenvio estabelece que se limita ao reenvio a abstenção de aplicação de um
determinado direito para solução do conflito espacial negativo. Ou seja, o reenvio só
pode ocorrer uma vez, sendo proibido o re-reenvio.
· Reenvio de 1º grau: é quando a regra de conexão do país A manda aplicar a lei
do país B, e a lei de conexão do país B manda aplicar o direito do país A.
Lembrando que o processo NÃO sai do juízo do país A, apenas se analisam as
leis do país B.
· Reenvio de 2º grau: é quando a regra de conexão do país A manda aplicar a lei
do país B, e a regra de conexão do país B manda aplicar do país C.
O Brasil, segundo art. 16 da LINDB, não admite o reenvio.
Origem histórica da teoria do reenvio- caso FORGO (1882): Forgo era um cidadão da
antiga Bavária, mas era domiciliado na França, onde ficou muito rico. Foi na França
que, sem herdeiros, veio a falecer. Ele possuía alguns tios que tentaram fazer um
processo sucessório, no juízo francês, para requerer a herança. A regra de conexão da
França mandava aplicar a lei do domicílio, ou seja, a lei francesa. Entretanto, na época,
para se ter domicílio na França, era necessário um decreto do governo francês, o qual
Forgo não possuía. Aos olhos do direito francês, Forgo era domiciliado na Bavária, e,
portanto, o caso foi enviado para a Bavária. A lei da Bavária mandava aplicar a lei do
domicílio habitual, ou seja, a da França, e logo a Bavária reenviou o caso para a França.
Assim, para evitar que se ficasse em um eterno vai e vem, surgiu a teoria do reenvio.
Acabou por ser aplicada a lei francesa.
Pressupostos do reenvio:
· O DIPRI do Estado tem que admitir o reenvio;
· A regra de conflito deve ser bilateral em ambos os Estados (pois regra unilateral
não envia para outro Estado);
· A regra de conflito do Estado tem que resultar na aplicação do direito
estrangeiro (pois se resultar na aplicação do direito nacional, não há envio);
· O elemento de conexão da lei estrangeira tem que ser diferente do da lei
nacional (caso contrário não há conflito, e logo, reenvio).
PRÓXIMOS PASSOS
-Determinação do juízo:
Pode ser por juízo CONCORRENTE (a parte escolhe) ou juízo EXCLUSIVO (a parte
não escolhe).
-Passos para identificação do direito aplicável- passo 2- qualificação da natureza
jurídica:
Determinação de qual âmbito jurídico a relação está situada, isto é, em qual livro do
direito civil (estatuto pessoal, obrigações, família...). É o estudo do direito civil e do
direito econômico que vai determinar.
Quem desenvolveu o passo 2 foi Kahn (na Alemanha, em 1891) e Bartin (na França, em
1897). O direito que mais desenvolveu a teoria do direito internacional privado foi o
FRANCÊS (é um direito predominantemente europeu, com umas “pinceladas” latino-
americanas).
Processo de qualificação:
· Ou pela LEX FORI (lei nacional): juiz que está decidindo o caso concreto
aplicará o seu direito nacional (material) para qualificar a relação jurídica.
· Ou pela LEX CAUSAE (lei estrangeira): juiz vai qualificar a relação segundo o
direito estrangeiro (artifício artificial do juízo, quando ele imagina que a lei
aplicada vai ser a estrangeira, de qualificar a relação também segundo a lei
estrangeira- o juiz pula etapas para depois voltar, há um certo ativismo judicial,
não havendo segurança jurídica). O juiz, assim, parte do pressuposto de que o
direito estrangeiro será o aplicável ao caso concreto, e, portanto, será o apto a
qualificar a relação. O pressuposto pode ser um pressuposto errado, da própria
cabeça do juízo. A lex causae não é aplicada na maior parte dos casos, pois é
muito problemático.
· Ou por tratados de DIP: devido a um movimento crescente contemporâneo de
construção do direito civil internacional, tem-se a possibilidade de qualificar a
relação pela uniformização do direito civil por tratados (como no caso de
sequestro internacional de crianças).
-Passo 3: aplicação da regra de conexão:
Em um primeiro momento, o juízo sempre vai aplicar a regra de conexão da “lex fori”,
isto é, SUA PRÓPRIA regra de conexão.
-Passo 4: observar o elemento de conexão
-Passo 5: direito material aplicável
No caso brasileiro, vai chegar na norma material aplicável, isto é, na norma direta, pois
não se aceita a teoria do reenvio.
Já em outros países, que aceitam a aplicação da teoria do reenvio, vai chegar na norma
indireta.

15/06/2023
JURISDIÇÃO
-Conceito:
Jurisdição em sentido amplo: jurisdição é o poder de regência de um Estado sobre bens,
pessoas e institutos localizados em seu território (isto é, o Estado poder fazer valer o
direito em seu território). Vem da ideia do Estado dizer duplamente o direito, pois
quando o direito material falha, o Estado tem o poder de fazê-lo valer por meio do
processo (jurisdição).
Jurisdição em sentido estrito: é o poder/atividade típica do poder judiciário, isto é,
resolver casos concretos/aplicar o direito. Jurisdição não é sinônimo de poder judiciário,
é sinônimo da ATUAÇÃO do Poder Judiciário (Poder Judiciário é o instituto, a
atividade é jurisdição).
Jurisdição segundo a Corte Internacional de Justiça (CIJ): Jurisdição é o exercício da
soberania de um Estado.
-Escolha da jurisdição:
Geralmente, mais de uma jurisdição tem competência para analisar o caso concreto.
Pode haver DOIS OU MAIS juízos prolatando sentença sobre a mesma relação jurídica
com elemento estrangeiro. Com isso, pode haver uma jurisdição abusiva, um
oportunismo das partes (exemplo disso é o acidente da Gol no qual um avião caiu no
Mato Grosso e matou muitas pessoas. O acidente foi provocado por um jato Legacy
estadunidense que passou em baixo do avião. A jurisdição mais lógica é a brasileira,
mas alguns parentes de vítimas brasileiras entraram no juízo estadunidense, que possui
vínculo mais fraco, devido a maior rapidez e às maiores indenizações. Isso é um
exemplo de jurisdição abusiva. Os EUA, entretanto, fecharam as portas e mandaram
ingressar no juízo brasileiro).
-Limites do poder judiciário:
O DIP ajudou o DIPRI a estabelecer limites a escolha da jurisdição, para combater o uso
de jurisdição abusiva.
A regra geral é o PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: se o fato ocorreu em
determinado Estado, será o juízo daquele Estado o competente para julgar a demanda.
A exceção é o PRINCÍPIO DA EXTRATERRITORIALIDADE: quando o caso ocorre
em determinado Estado, mas o juízo de outro Estado está apto a julgar o caso. Isso se dá
por vínculo mais fraco ou mais forte (nacionalidade, por exemplo). Exemplo é o caso da
Mercedes-Benz, empresa alemã, que ocorreu na Argentina, mas foi julgado nos EUA
(maior mercado comprador de Mercedes do mundo).
Novidade: jurisdição universal (como o caso Pinochet).

22/06/2023
FALTA PEGAR

29/06/2023
-2º Caso: Damler-Mercedes-Benz: Durante a ditadura na Argentina, a
Mercedes-Benz começou a denunciar seus funcionários que eram abertamente
contrários ao regime ditatorial argentino para o governo, que, com o aval da empresa,
começou a persegui-los (casos de sequestros e assassinatos). Os familiares das vítimas
começaram a tentar ingressar na jurisdição da Alemanha (pois na Argentina não
adiantava, havia ditadura), mas a Alemanha, devido ao Tratado de Versalhes, não
possuía competência para conhecer o caso. Assim, na falta de alternativas, os familiares
ingressaram na jurisdição dos Estados Unidos, o maior comprador de Mercedes-Benz
do mundo. O vínculo da jurisdição estadunidense era extremamente fraco, por isso os
EUA negaram o caso mais de uma vez. A própria Mercedes-Benz começou a perceber
que teria sua imagem manchada quando caíssem os regimes ditatoriais, e alegou para os
EUA que não haveria prejuízo para sua defesa se o caso fosse lá julgado. Os EUA então
conheceram a demanda, para também não manchar sua imagem de defensor da
democracia.
-Jurisdição do Brasil:
 Normas processuais e normas indiretas.
 Previsão nos Arts. 21 e 55 do CPC mais art. 12 da LINDB.
O Brasil prevê 2 tipos de jurisdição:
· Jurisdição CONCORRENTE/RELATIVA: O Brasil admite que outros Estados
julguem e conheçam a demanda. Pode levar a decisões conflitantes, que serão
resolvidas pela modificação da jurisdição. A maioria dos casos brasileiros
admitem a jurisdição concorrente.
· Jurisdição ABSOLUTA/EXCLUSIVA: O Brasil não permite que outros Poderes
Judiciários conheçam e julguem a demanda, sob pena de não homologar a
decisão no seu território (se outro poder julgar a demanda, a sentença estrangeira
não poderá ser executada no Brasil- não será nem conhecida).

Hipóteses de JURISDIÇÃO CONCORRENTE fixadas pelo Brasil:


1. Se o réu for DOMICILIADO ou RESIDENTE no Brasil, a competência será do
Poder Judiciário brasileiro, mas será uma jurisdição concorrente ou relativa.
2. Se uma OBRIGAÇÃO tiver que ser cumprida no Brasil, a competência será do
Poder Judiciário brasileiro, mas também será uma jurisdição
concorrente/relativa.
3. Se o FATO/ATO ocorreu/foi realizado no Brasil, a competência será do Poder
Judiciário brasileiro, também jurisdição concorrente. Aqui entram também as
AÇÕES DE ALIMENTOS, se o credor (alimentando) tiver residência no Brasil
e o devedor fora (isso vem de tratado), e as AÇÕES DE CONSUMO, se o
consumidor tiver residência no Brasil (alimentando e consumidor, não importa
se forem autores ou réus).
4. Se as PARTES EXPRESSA ou TACITAMENTE ESCOLHEREM a jurisdição
brasileira, será uma jurisdição concorrente.
Hipóteses de JURISDIÇÃO ABSOLUTA fixadas no Brasil (ideia de proteção da
soberania):
1. Para todo e qualquer IMÓVEL situado no Brasil, somente o Poder Judiciário
brasileiro pode analisar a demanda.
2. Nas ações de PARTILHAS DE BENS (partilha de testamento e sucessão
hereditária), se os bens estiverem situados no Brasil (tanto móveis quanto
imóveis), somente o Poder Judiciário brasileiro pode analisar a demanda, mesmo
que o testamento tenha sido firmado em outro lugar ou a pessoa tenha morrido
em outro Estado. Partilha de testamento (50% a pessoa escolhe por testamento e
sucessão hereditária compreende os herdeiros em lei (outros 50%).
3. Nas ações de partilha de bens situados no Brasil, advindos de DIVÓRCIOS, de
SOCIEDADE CONJUGAL e FIM DA UNIÃO ESTÁVEL, também só o Poder
Judiciário pode analisar o caso.
-Modificação da jurisdição:
Serve para garantir segurança jurídica para a jurisdição concorrente, não só a
brasileira, mas para qualquer jurisdição concorrente do mundo.
Há o DECLÍNIO de uma das jurisdições concorrentes. Isso significa que uma
das jurisdições em conflito vai “perder” seu poder de conhecer e julgar a demanda.
Esse declínio ocorre pelas seguintes hipóteses:
· Juízo PREVENTO: primeiro juízo nacional que conheceu a demanda vai
provocar o declínio do outro. Essa é a hipótese brasileira.
· FORÇA DO VÍNCULO: hipótese aceita em vários países, significa que uma
jurisdição nacional vai declinar da sua competência concorrente se
entender/reconhecer que a outra jurisdição tem um vínculo mais forte com o
caso concreto (é arbitrário e subjetivo). Não é adotada no Brasil, só no Reino
Unido, nos EUA e na Nova Zelândia. Essa hipótese vai gerar a DOUTRINA DO
FORO NON CONVENIENS.

FALTA UMA AULA

03/08/2023
JURISDIÇÃO- A DOUTRINA DO FORUM “NON CONVENIENS”
-Justiça de Necessidade vs. Justiça de Conveniência:
Justiça de necessidade X justiça de conveniência (menor vínculo). Na justiça de
conveniência, o autor vai buscar o menor vínculo não devido à necessidade, mas porque
vai entender que o fórum de menor vínculo vai ser prejudicial para a defesa do réu. No
caso da justiça de necessidade, o autor vai também buscar a justiça de menor vínculo,
mas não para prejudicar o réu, e sim porque ele PRECISA, porque a de maior vínculo
não está apta (é para concretizar direitos humanos).
Ambas vêm da ideia de fórum SHOPPING (escolha da jurisdição).
A ideia do fórum non conveniens é a de um instrumento para acabar com a
justiça de conveniência. É utilizado pelos EUA, Reino Unido e Nova Zelândia. Não é
usado no Brasil, pois o Brasil não entende a ideia de justiça de conveniência (há um
certo medo do juiz de deixar de julgar um caso, mesmo com o vínculo frágil). Os juízes
brasileiros não sabem, na prática, o que é direito internacional privado e justiça de
conveniência (para eles, simplesmente não é possível se abster de julgar).

DIREITO CIVIL INTERNACIONAL


-Principais tratados- Conferência de Haia:
Ideia de determinar a escolha da jurisdição/da lei aplicável e de uniformizar o
direito MATERIAL (exemplo, no Brasil, seria a ideia de uniformizar a LINDB e o
Código de Processo Civil, mas não o Código Civil em si).
A Conferência de Haia, embora seja um sistema europeu, é aberta para que todos
os Estados do mundo participem. Ela trata de matérias específicas.
Principais tratados:
· Convenção relativa à OBTENÇÃO DE PROVAS NO ESTRANGEIRO (1970):
trata da obtenção de provas cíveis e materiais. Ideia de cooperação jurídica
internacional.
· Convenção relativa aos ASPECTOS CIVIS DO SEQUESTRO
INTERNACIONAL DE CRIANÇAS (1980)
· Convenção sobre ACESSO À JUSTIÇA INTERNACIONAL (1980): “embrião”
da justiça de necessidade
· Convenção relativa à PROTEÇÃO DAS CRIANÇAS NA ADOÇÃO
INTERNACIONAL (1993)
· Convenção sobre a ELIMINAÇÃO DA NECESSIDADE DE
AUTENTICAÇÃO DE DOCUMENTOS OBTIDOS NO ESTRANGEIRO
(1961): apostilamento de Haia. Antes, era feito o reconhecimento consular dos
documentos (enviava-se os documentos para o consulado do país no estrangeiro
para que este analisasse). Com o apostilamento de Haia, foi possível reconhecer
os documentos nos países signatários da convenção, obtendo um SELO DE
HAIA em um cartório que faça este serviço. O documento então passa a ser
válido no estrangeiro. O apostilamento geralmente tem validade de 3 meses. O
Brasil também participa do reconhecimento de documentos para países do
Mercosul (necessário apenas reconhecimento de firma em cartório).
· Convenção sobre CITAÇÃO/NOTIFICAÇÃO/INTIMAÇÃO DE
DOCUMENTOS OBTIDOS NO ESTRANGEIRO (judiciais/extrajudiciais) - de
matéria cível e comercial.
-Convenção de NOVA YORK SOBRE PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS NO
ESTRANGEIRO (1956):
Seu objetivo é estabelecer uma cooperação jurídica internacional entre os
Estados signatários, para que o CREDOR receba mais rápido suas verbas alimentares
(aqui não se discute quem tem ou não tem direito a pensão alimentícia, lida com
relações já discutidas em que há credor e devedor de pensão alimentícia).
Aplicável para MENORES DE 18 ANOS, mas excepcionalmente, pode ser
aplicada para maiores, se continuarem dependentes.
A cooperação internacional é feita estabelecendo nos Estados signatários a
instituição de AUTORIDADE REMETENTE e de INSTITUIÇÃO INTERMEDIÁRIA.
Exemplo: filho no Brasil e pai (devedor de pensão alimentícia) está na
Alemanha. Se o pai não pagar a pensão, a mãe (ou representante do menor) vai recorrer
na instituição de autoridade remetente localizada no Brasil (sempre no país do credor).
A autoridade remetente vai remeter o pedido para a instituição intermediária, localizada
sempre no país do devedor dos alimentos. A instituição intermediária vai receber o
pedido, e então fazer tudo para que o devedor pague os alimentos. Portanto, a ação é
DIRETA, NÃO PASSA PELO PODER JUDICIÁRIO DOS PAÍSES ENVOLVIDOS.
Geralmente, a autoridade remetente no Brasil é o Ministério da Justiça, e a instituição
intermediária é a Procuradoria Geral da República (PGR).
Essa convenção pode ser aplicada, excepcionalmente, para obrigações
matrimoniais (isto é, advindas do matrimônio).
Entretanto, a Convenção de Nova York não teve um alcance tão grande, ficando
restrita a países da América e alguns países da Europa.
-Convenção sobre a COBRANÇA INTERNACIONAL DE ALIMENTOS PARA
CRIANÇAS E OUTROS MEMBROS DA FAMÍLIA E SEU PROTOCOLO
ADICIONAL (2007).
Seu objetivo é assegurar o pagamento da pensão alimentícia de forma mais
rápida.
Seu objetivo é muito semelhante ao da Convenção de Nova York, com diferença
de que inclui cobrança de alimentos para qualquer membro da família, e é válida para
MENORES DE 21 ANOS e maiores que continuem dependentes, e também para
relações matrimoniais. Ou seja, foi ampliado o aspecto de aplicação em relação à
Convenção de Nova York.
A Convenção de Nova York de 1956 continua sendo aplicada naquilo que não
for contrária a esta convenção de 2007. Basicamente, continua a aplicação por meio da
autoridade remetente e das instituições intermediárias, pois a convenção de 2007
propositalmente não especificou como deveria ser feito o processo, se apropriando do
processo da Convenção de Nova York.
Nenhuma das convenções vai se intrometer em quem tem ou não direito a
pensão.
Protocolo adicional:
· Vai se preocupar com QUEM TEM DIREITO A TER A PRESTAÇÃO DE
ALIMENTOS. Vai ajudar a designar a lei aplicável a prestação do alimento.
· O protocolo fala que a prestação de alimentos vai ser regulada pela lei da
RESIDÊNCIA HABITUAL DO CREDOR. No caso dado como exemplo, a
instituição intermediária da Alemanha vai atrás do pai da criança, e o poder
judiciário da Alemanha vai aplicar a LEI BRASILEIRA contra o pai, pois a
residência habitual do credor (filho) é o Brasil.
· Porém, o protocolo também considera a AUTONOMIA DA VONTADE DAS
PARTES, isto é, preza para que as partes possam ESCOLHER qual lei vai ser
aplicada para reger a prestação (fórum shopping é escolher a jurisdição, aqui, se
fala da ESCOLHA DA LEI). As partes, no caso acima, podem concordar em
aplicar a LEI ALEMÃ (o juízo alemão pode ou não entender que a lei brasileira
melhor consolida os interesses da criança e aplica-la apesar da vontade das
partes? Não tem resposta para isso, depende do país e do entendimento do juiz).
A lei da residência habitual do credor é aplicada quando não há acordo entre as
partes.

10/08/2023
TRATADOS EM MATÉRIA CÍVEL
-Sequestro Internacional de Crianças:
Em inglês, vem de abduction, que não significa sequestro, mas sim subtração.
Para se caracterizar o abduction, tem que ser feita ou a removal (remoção), ou a
retention (retenção).
· Removal: retirar a criança de seu país de residência habitual, sem o
consentimento da outra pessoa que detém a guarda.
· Retention: a criança tem autorização para deixar o seu país de residência
habitual, porém, fica mais tempo que o devido e acaba prejudicando os direitos
de guarda ou de visita de outros (exemplo: pais com guarda compartilhada, um
deles retira a criança do país de origem, com autorização de um mês, mas fica
fora por mais tempo, prejudicando a guarda do outro).
O sequestro, aqui, não tem nada de criminal. Não há criminalização, os objetivos
centrais dessa convenção são: a proteção do menor e o RETORNO IMEDIATO da
criança para seu país de residência habitual, fazendo valer os direitos de guarda e de
visita do menor. Aqui, no entanto, não se discute o direito de guarda e visita em si.
Assim, o objetivo da convenção NÃO É a criminalização do subtraente, tanto
que tenta conciliar e permitir que o subtraente continue tendo seus direitos de guarda e
visita da criança. Portanto, o subtraente é necessariamente alguém que detém algum
direito de GUARDA E/OU VISITA DA CRIANÇA (por isso não é sequestro, e nem
Direito Penal. Se fosse alguém sem nenhum direito em relação a criança, seria sequestro
propriamente dito, e, logo, crime).
Especificidades da convenção:
· Válida somente para MENORES, visando a garantia de permanência em seu
núcleo (0 a 18 anos). Para menores de 0 a 12 anos, a vontade é desconsiderada;
para menores de 12 a 14 anos, ela é considerada; para maiores de 14 anos, pode
ser até determinante.
· A convenção determinou a figura das AUTORIDADES CENTRAIS, para
garantir o retorno da criança ao país de residência. Todos os países signatários
terão uma autoridade central, geralmente vinculada ao poder executivo. No
Brasil, é a ACAF (Autoridade Central Administrativa Federal- ligada ao
Ministério da Justiça). Quando o subtraente leva a criança, o outro detentor da
guarda entra em contato com a autoridade central de seu país, a qual entrará em
contato com a autoridade central do país onde se encontram o subtraente e a
criança. Assim, as autoridades centrais garantem celeridade na busca e apreensão
da criança, isto é, maior RAPIDEZ em relação ao que levaria o Poder Judiciário.
· ACAF: se a criança está no Brasil, chegará para a ACAF um pedido, vindo de
outro Estado, para que a ACAF realize a busca e apreensão da criança. A ACAF
abrirá então um processo administrativo, único e exclusivamente para que se
possa chegar a um acordo que possibilitará o retorno imediato da criança. O
subtraente não precisa nem de advogado. Se sair o acordo, a criança retorna e o
processo se encerra. Entretanto, se não houver acordo, a Advocacia Geral da
União (AGU-não representa a parte que quer o retorno. Representa os interesses
da UNIÃO, que quer fazer valer o tratado) vai abrir um processo contra o
subtraente na JUSTIÇA FEDERAL. Nesse caso, o subtraente vai precisar de um
advogado, e haverá um processo normal, com pedido de LIMINAR VISANDO
O RETORNO IMEDIATO DA CRIANÇA. A justiça federal vai decidir, no
processo, se retorna ou não a criança. Depois que a AGU começa a atuar, a
ACAF sai de cena, continua somente prestando informações.
Exceções:
· Se o país de residência oficial da criança está em ebulição social ou em situação
de guerra, a criança não está obrigada a ter seu retorno imediato (exemplo:
Síria).
· Se a pessoa que requereu o retorno imediato da criança mudou seu país se
residência habitual, tem o retorno da criança, mas não para o seu país de
residência habitual (vai para a nova residência).
· Há países que aplicam a hipótese de violência doméstica contra a mulher (mãe
provavelmente) como razão para o não retorno imediato da criança.

-Adoção Internacional de Menores:


Atualmente, no mundo globalizado, há uma facilidade para o intercâmbio de
pessoas, e, consequentemente, para a adoção.
Há as figuras do ADOTANDO (quem vai adotar) e do ADOTANTE (criança que
será adotada).
Pouco importa a nacionalidade do adotando e do adotante, a convenção versa
sobre adotante e adotando que TENHAM RESIDÊNCIAS EM PAISES DIFERENTES
(ADOÇÃO INTERNACIONAL).

QUALIFICAÇÃO
Retomando: escolha da lei aplicável à relação jurídica com elemento estrangeiro:
1. determinação do juízo que pode conhecer a causa - essa determinação é feita
através da jurisdição, que pode ocorrer de forma concorrente ou exclusiva
(nesses casos a parte não tem autonomia de escolher). Na maior parte dos casos,
é uma premissa particular da parte.
2. o juiz vai qualificar a relação jurídica - necessariamente o juiz precisa
qualificar a relação para chegar na lei aplicável e ela será feita em acordo com o
direito civil ou econômico, dependente do caso.
3. O juiz vai aplicar o seu DIPR - o juiz sempre aplica a sua regra de conexão
4. Na regra de conexão, será observado o elemento de conexão, que irá determinar
o direito aplicável. O direito aplicável será material nacional (Norma direta)
quando a teoria do reenvio NÃO É ACEITA e o direito aplicável será o direito
material de outro país, se esse lugar aceitar a teoria do reenvio.

Tem por finalidade qualificar a relação jurídica privada com elemento estrangeiro
dentro de alguma categoria jurídica.
Essa teoria surge no direito europeu, principalmente no direito francês, onde foi
desenvolvida por Bartin (1897), a partir do caso da sucessão maltês, e alemão nas
teorizações de Franz Kahn (1891). O processo de qualificação pode acontecer pela lex
fori, ou seja, a lei nacional (1), pela lex causae, lei estrangeira (2) e por tratados
assinados pelo DIP (3). A qualificação pela lei nacional relaciona-se ao fato do juiz que
está analisando a relação concreta irá aplicar o seu direito nacional (material) para
qualificar a relação jurídica com elemento estrangeiro. Por outro lado, a qualificação por
intermédio da lei estrangeira vai partir do pressuposto (que muitas) que será o direito
estrangeiro que será aplicado ao caso concreto. Logo, será o próprio direito estrangeiro
que estará apto a qualificar a relação. Por fim, hoje, o processo de qualificação vem
sendo aplicado através dos tratados, em uma tendência de uniformização do direito civil
internacional.
No Brasil, a qualificação é realizada a partir da lex fori, mas a lex causae pode ser
aplicada em casos de direito das obrigações e direito dos bens.

JURISDIÇÃO

Em sentido amplo, é determinado pelo poder de regência de um estado sobre bens,


pessoas e institutos localizados em seu território. Em sentido estrito, pode-se dizer que é
o poder ou atividade típica do poder judiciário. A CIJ define como o exercício da
soberania de um estado.
A importância da jurisdição circunda em torno de dois problemas diferentes: a escolha
do juízo que vai analisar o caso concreto (1) e a escolha do juízo que vai determinar a
lei aplicável (2).

1. - Conflito ou concorrência de jurisdição:

Pressupõe que mais de uma jurisdição pode estar envolvida no conhecimento e


resolução de um caso concreto, fenômeno capaz de gerar insegurança jurídica.
Durante os séculos 19 e 20, tal conflito era considerado normal, baseado nos princípios
da territorialidade vigente na época. Diferentemente, no século 20 e 21, a normalidade
do conflito de jurisdição foi contestada. Para além da insegurança jurídica, Savigny
determinou que esse fenômeno trazia como problemas: (1) a fixação abusiva da
jurisdição - pois o estado com o mínimo de ligação ao caso concreto teria competência
para julgar o caso; (2) denegação da justiça, que pode ocorrer a partir de um critério
discriminatório; (3) ausência do devido processo legal.
Hoje, os pressupostos de fixação surgem a partir dos vínculos mais fortes, sejam eles:
a. proteção do Estado aos nacionais - fixa-se a jurisdição a partir da nacionalidade
do autor ou do réu;
b. coerção sobre pessoas, bens e atos que ocorrem dentro de um território;
c. hipóteses de conveniência, equidade e justiça- interesse do estado em decidir
determinadas questões

1. - Os vínculos escolhidos para determinação da jurisdição são:

a.nacionalidade;
b. domicílio;
c.local da constituição da obrigação ou local onde a obrigação será
executada;
d. onde se dá a celebração do ato.

1.2- jurisdição abusiva, exorbitante ou de conveniência

É quando a parte autora escolhe a jurisdição com o vínculo mais fraco para se valer de
uma jurisdição conveniente para ela própria. Como consequências temos: (1) o “fórum
shopping” - quando a parte autora decide entrar no poder judiciário que mais lhe
convém, ainda que seja a partir de um vínculo mais falho - e (2) a dificuldade do réu em
exercer o seu devido processo legal.
1. caso inglês das ilhas tobago 1.3- justiça de necessidade

Também decorre do “forum shopping”, mas a jurisdição não busca a prejudicialidade do


réu, mas somente a consolidação dos direitos humanos, principalmente, o princípio pro
homine, muitas vezes em frente à vulnerabilidade do indivíduo.
Pressupostos: o acesso à justiça; exercício do devido processo legal e falta de justiça
material em locais com “maior vínculo” de jurisdição.
casos paradigmáticos:
(os estados unidos, Reino Unido e Nova Zelândia não adotam a justiça de necessidade,
eles pensam que toda e qualquer busca pelo menor vínculo é uma “conveniência”)

2. caso kiobel (nigéria)


3. caso damler - mercedes benz (argentina)

1.4 - caso brasileiro

A determinação da jurisdição no brasil vai ocorrer por meio de normas processuais (art.
21 e seguintes do CPC) e normas indiretas (art. 12 da LINDB). A jurisdição no Brasil
pode ser (1) concorrente ou (2) absoluta/exclusiva.
A juris relativa ou concorrente é aquela em que o Brasil admite que outros Estados
possam julgar a demanda concorrentemente. Ainda que eu tenha uma concorrência, o
dipr vai utilizar a modificação da jurisdição para evitar a diferença de decisões para o
mesmo caso.
Diferentemente, a juris absoluta ou exclusiva, é aquela que o Brasil permite apenas que
a competência nacional tenha conhecimento da causa, sob a pena de não permitir que a
sentença estrangeira seja homologada no país, impossibilitando sua execução.
Nesse sentido, o brasil determina hipóteses de competência:
a. HIPÓTESES DE JURISDIÇÃO RELATIVA OU CONCORRENTE:

4. réu domiciliado ou residente no Brasil: competência ao judiciário brasileiro, mas


será relativa ou concorrente;
5. uma obrigação tiver que ser cumprida no Brasil: competência ao judiciário
brasileiro, mas será relativa ou concorrente;
6. fato ocorrer no brasil ou for praticado no Brasil: competência ao judiciário
brasileiro, mas será relativa ou concorrente;
7. nas ações de alimento, se o alimentante tiver residência no Brasil: competência
ao judiciário brasileiro, mas será relativa ou concorrente;

8. em uma relação de consumo, se o consumidor tiver residência no Brasil:


competência ao judiciário brasileiro, mas será relativa ou concorrente;
(para consumidor e alimentando, não importa se é autor ou réu)
9. se as partes expressa ou tacitamente escolherem a jurisdição brasileira:
competência ao judiciário brasileiro, mas será relativa ou concorrente;

b. HIPÓTESES DE JURISDIÇÃO ABSOLUTA OU EXCLUSIVA

10. para todo imóvel situado no Brasil


11. para bens situados no Brasil, em relação a partilha de testamento e sucessão;
12. bens situados no Brasil, em questões de divisão de bens

c. MODIFICAÇÃO DE JURISDIÇÃO:

Elemento que traz segurança jurídica para a jurisdição concorrente. De acordo com a
doutrina, a modificação de jurisdição ocasionou o declínio de uma das jurisdições
concorrentes (“uma vai perder a concorrência”).
isso ocorre nas seguintes hipóteses:
13. juízo prevento vai derrogar a outra jurisdição (essa é a hipótese brasileira);
14. hipótese a força do vínculo (EUA, RU e nova zelândia) - essa hipótese vai gerar
a doutrina do “forum non convenience”, não adotada no Brasil;

A DOUTRINA DO FORUM NON CONVENIENS

instrumento para acabar com a justiça de conveniência - acabar com a possibilidade de


escolher entre o vínculo mais fraco.
1 - Principais tratados - conferência de Haia

Quando falamos em tratado, temos duas perspectivas: a uniformização da escolha da


jurisdição/lei aplicável ou a uniformização do direito material para todos os Estados.
Geralmente, os tratados atuam na primeira perspectiva.
Essas uniformizações foram estipuladas na Conferência de Haia.

1. Convenção relativa à obtenção de provas no estrangeiro;


2. Convenção relativa aos aspectos civis no sequestro internacional de crianças;
3. Convenção sobre acesso à justiça internacional;
4. Convenção relativa à proteção de crianças no cenário de adoção internacional;
5. Convenção sobre as exigências de autenticação de documentos obtidos no
estrangeiro - Essa convenção é chamada de “apostilamento de haia”. Via de
regra, antes dessa convenção, ocorria o reconhecimento consular, hoje,
documentos que possuam o selo de Haia serão reconhecidos por países
signatários da Convenção.
Países do Mercosul adotam o reconhecimento normal de cartórios, sem precisar de
tradução (não precisa de apostilamento);
6. Convenção relativa à citação, intimação e notificação de documentos obtidos em
estrangeiro (judiciais ou extrajudiciais) em matérias cível e comercial;
7. Convenção sobre a cobrança internacional de alimentos para crianças e outros
membros da família;
8. Protocolo adicional.

2 - Convenção de Nova york sobre prestação de alimentos em estrangeiro

1. Comunica com a convenção de número 7, e continua em vigência mesmo que


seja anterior.

1. objetivo: proporcionar um ambiente de prestação jurídica entre os estados


signatários, para que o credor de prestação alimentar (aplicável a crianças
menores de 18 anos, podendo ser aplicada a maiores se esta pessoa ainda for
dependente economicamente e, excepcionalmente a relações matrimoniais)
receba com mais facilidade as verbas alimentares. Não se debate sobre o direito
de receber ou não a verba.
2. figuras: A cooperação é realizada quando os Estados instituem duas
autoridades: (1) a Remetente (localizada sempre no país do credor dos
alimentos) e a Intermediária (localizada sempre no país do devedor dos
alimentos).
A autoridade remetente fica responsável pelo processamento para efetivação do
pagamento (remete o pedido do país para a autoridade intermediária). A intermediária
recebe o pedido e executa a sentença. No Brasil, geralmente a autoridade remetente é o
ministério da Justiça e a intermediária é a procuradoria geral da república.

3 - Convenção sobre a cobrança internacional de alimentos para crianças e outros


membros da família

Visa assegurar o pagamento da pensão alimentícia de forma mais célere, tal como a
convenção de Nova York.
A diferença está no fato de que ela é aplicável a qualquer membro da família. Portanto,
aplica-se a menores de 21 anos, maiores que continuem dependentes e relações
matrimoniais. Como dito anteriormente, a convenção de Nova York continua sendo
aplicada naquilo que não for contrária (ou seja, a cooperação jurídica a partir das duas
figuras).

1. Protocolo adicional: serve para determinar a lei aplicável às prestações


alimentares. Ou seja, determina se a pessoa possui ou não o direito ao
recebimento de verbas alimentares.
O protocolo fala que a prestação de alimentos será regulada pela lei da residência
habitual do credor. Entretanto, o protocolo considera a autonomia das partes, que podem
escolher qual lei será aplicada (isso se houver acordo).

TRATADOS EM MATÉRIA CIVIL

1. Sequestro internacional de crianças

Cumpre salientar, que originalmente, esse tópico não fala sobre sequestro, mas sobre a
subtração de crianças, que corresponde a duas perspectivas: o “removal” (remoção) e
“retention” (retenção). Quando falamos em removal, fala-se em retirar a criança de seu
país de residência habitual sem o consentimento do outro genitor (ou outra pessoa que
detém a guarda). Diferentemente, a retenção ocorre quando existe a autorização para
que a criança saia do país de residência habitual, mas a saída demora mais que o
combinado, prejudicando o exercício da guarda ou de visita da outra parte. Portanto,
sequestro é um termo indevido por fazer alusão à criminalidade. O abduction refere-se a
um aspecto cível, não criminalizado.
1. objetivos:

1. O objetivo central é a proteção do menor, com o retorno imediato da


criança para seu país de residência habitual;
2. Subsidiariamente, significa fazer valer os direitos de guarda e visita
sobre essa criança

2. especificidades:

1. menor (criança de 0 a 18 anos) - com o intuito de garantir a permanência


em seu núcleo. de 0 a 12 anos, a vontade da criança é desconsiderada,
dos 12 ao 14, a vontade é considerada e a partir dos 14, a vontade da
criança é determinante ao retorno ao país de origem ou não
2. subtraente: NÃO tem o objetivo de criminalizar essa figura. A
convenção incentiva que esta possa exercer seus direitos de guarda sob a
criança. Portanto, infere-se que o subtraente tem guarda sobre a criança,
uma pessoa em condição diversa, configura crime.
3. subtração pode corresponder ao removal ou retention
4. retorno: ficou determinada a autoridade central que irá determinar a
volta da criança.
No Brasil, a autoridade central é o ACAFE. A acafe vai falar com o país em que a
criança está para que seja efetuada a busca e apreensão da criança e tentará uma solução
consensual com a parte subtraente. Para que exista uma celeridade na busca e apreensão
da criança e no retorno do menor.
Se não houver acordo, haverá interferência da AGU, que abrirá um processo para que se
faça valer o tratado, através da liminar para determinar o retorno imediato da criança.
● exceções:
- passado um ano após o sequestro sem a manifestação da parte contrária,
a criança não irá retornar imediatamente
- podem haver casos em que a volta da criança não acontece no seu país de
origem, se a parte que está requerendo o retorno mudar o seu país de
residência habitual
- se o país de residência habitual encontra-se em momento de compulsão
social ou guerra, o retorno imediato da criança não pode ocorrer
2. adoção internacional de menores

1. O adotando é quem será adotando (criança) e o adotante é o adulto que


irá adotar
2. A adoção internacional só é considerada quando adotando e adotante tem
residências em países diferentes, ou seja, não importa a nacionalidade
das partes.
3. Nacionalidade corresponde ao vínculo jurídico existente entre um povo e
um Estado.
4. Toda ação de nacionalidade é feita através do ministério da Justiça

1. lei competente: Via de regra, é a lei da residência habitual do adotando (criança)


2. nacionalidade do adotado: Quando o adotando nasceu no estrangeiro, foi
adotado por pais brasileiros e mora no Brasil, nunca será brasileiro nato. Nesse
ponto, segundo o art. 46, 3°, do ECA, determina que para filhos adotados
(nascidos no Estrangeiro e adotados por pais brasileiros) existirá uma
nacionalidade provisória automática (não precisa comprovar o preenchimento de
algum requisito).

As hipóteses de nacionalidade são duas: a originária e a derivada (naturalização). O art.


12 da Constituição trabalha com a hipótese de nacionalidade originária - existe uma
taxatividade desse artigo, ou seja, fora do art. 12, nenhuma outra lei prevê as hipóteses
de nacionalidade.
- A regra geral dispõe que se vc nasceu aqui, é brasileiro nato, a menos que
seus pais estejam a serviço de governo estrangeiro
- Existem exceções: (1) critério de ius sanguini somado ao critério da
função: a criança não nasceu aqui, é filha de pais ou mãe brasileiros (nato
ou naturalizado), mas que esteja no estrangeiro prestando serviço ao
governo brasileiro. (2) ius sanguini somado ao registro em repartição
competente: os pais não estão prestando serviço, mas registraram o filho
no consulado brasileiro. (3) ius sanguini somados ao critério da
residência e da opção confirmativa

3. Convenção interamericana sobre conflito de leis em matéria de adoção


internacional: é um sistema que não vem das conferências de Haia, mas do
sistema latino americano.

1. Aplicação: Para adoções em que o adotando e o adotante tem residências em


Estados diversos e o adotando tem de 0 a 18 anos.
2. Leis aplicáveis: A primeira lei é a do Estado do adotando, para reger a
capacidade da criança para ser adotada, o consentimento da adoção e em relação
à regulamentação do processo de adoção.
A segunda lei é a do Estado do adotante: vai reger a capacidade da pessoa para poder
adotar, o limite de idade para adoção, a necessidade de consentimento do cônjuge.
Porém, se os requisitos para adotar forem mais complicados segundo a lei do Estado do
adotando, aplica-se a lei do Estado do adotante.
3. ECA: Estabelece que se os pais que moram no estrangeiro forem adotar uma
criança estrangeira, haverá um período de convivência (30 dias) com a criança
no Brasil

4) convenção relativa à proteção da criança e à cooperação em matéria de adoção


internacional

1. objetivos: Em relação à proteção da criança, são dois: (1) fazer valer os direitos
fundamentais do menor e (2) garantir uma rede de cooperação entre os Estados
signatários para fazer valer o exercício dos direitos fundamentais do menor (3)
reconhecimento automático da adoção internacional pelos Estados contratantes.
A sentença final de um processo de adoção se chama certificado de adoção, o
reconhecimento automático permite a dispensa para o processo de homologação de
sentença estrangeira.
2. aplicação: aplicada para menores de 0 a 21 anos
3. principais pontos: A convenção não trabalha com conflito de leis, mas o
elemento de conexão para que a convenção seja aplicável é o fato de o adotando
ter residência habitual em um Estado signatário.
4. certificado de adoção: dispensa de homologação (prevista no art. 960, 2°, do
CPC)

3. tráfico humano

Foi organizado em 2003 durante a Convenção das Nações Unidas para o combate do
crime organizado transnacional, complementada pelo protocolo adicional em relação ao
tráfico internacional de mulheres e crianças (“protocolo de Palermo”).

5. ato: Recrutamento, transporte, alojamento ou transferência da pessoa


6. meio: Pode haver uma coerção/uso da força, fraude, abdução, abuso de
poder ou vulnerabilidade, com garantias de pagamentos ou benefícios.
7. propósito
8. objetivos do documento: Cooperação internacional entre os Estados. o
segundo objetivo é considerar a pessoa traficada como refugiada

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