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PROVA 1 DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO 1.

NOME: SAMER ALEXSANDER DE OLIVEIRA PORT 00277729.

1-Disserte sobre algum dos grandes mestres de Direito Internacional


Privado do Século XIX, Story, Savigny e Mancini, destacando a
importância de suas doutrinas ao estudioso de Direito Internacional
Privado do Século XXI, explicando a principal tese do seu pensamento e
a aceitação que teve no Brasil.

A contribuição de Savigny ao direito internacional privado, revela uma grande compreensão


do fenômeno jurídico e que devia existir uma distinção entre a relação local e aquela que se
manifesta a partir de um direito que nasce ou se vincula a uma norma não local, para
Savigny há conexão igualitária entre as leis, dando-se preferência a normas que
determinam qual lei é preferencial, por exemplo, de acordo com o domicílio, execução de
contratos etc. Savigny cria um Direito Internacional concentrando-se na ideia de relação
atípica, aparece a necessidade de resolver o conflito, que surge dessa relação. Savigny
demonstrou que o aumento das relações entre os diversos povos impõe a renúncia do
princípio de exclusividade territorialista pela adoção de um sistema que tende à
reciprocidade, com objetivo de estabelecer uma igualdade reivindicado pelos interesses dos
povos e dos indivíduos, uma fórmula vigente até a atualidade que se deve determinar para
cada relação jurídica o direito mais adequado a sua própria essência natural como objetivo
primordial, expondo sobre as razões de ordem pública e moral ou de interesse geral que
impediriam a aplicação da lei estrangeira, em cujo caso se aplica a lei local, os sistemas
então vigentes não se preocupavam em absoluto em saber se o direito aplicável era ou não
adequado à relação jurídica, mas apenas em determinar se a lei tinha ou não eficácia
territorial ou extraterritorial. O método conflitual de Savigny pode ser descrito que num
determinado caso podemos aplicar as leis estrangeiras A, B e C. Num primeiro momento,
Savigny diz que não se pode sair aplicando qualquer dessas leis, deve-se criar um sistema
que diga objetivamente qual lei deve ser aplicada, ou seja, criar uma regra de sobredireito.
Assim, todos os países acabam tendo uma lei de Direito Internacional Privado que está
acima das demais leis. Essa lei pode ser unilateral, que não permite qualquer ampliação de
interpretação e é imposta pelo país, devendo ser observada pelos demais países, um
exemplo no direito brasileiro seria o art. 7º, § 1º, da LINDB, "Realizando-se o casamento no
Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades
da celebração"), também o método bilateral de Savigny como exemplo no direito brasileiro
conforme o art. 7º, caput, da LINDB, "A lei do país em que domiciliada a pessoa determina
as regras sobre o começo eo fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de
família. Quer dizer, trata-se de uma regra bilateral, que transfere a resposta da norma posta
ao fato. Todos os juízes do mundo, ao aplicarem tal norma, chegarão à mesma conclusão.
Savigny fala que deve assegurar que esse direito reja sempre e em todas as partes a
relação, daí se extrai o fundamento e objetivo para a aplicação da lei em questões de
Direito Internacional Privado, para que uma relação específica seja regida sempre e em
todas as partes por um único e mesmo direito é preciso que as normas de direito privado
internacional sejam ou tenham caráter supranacionais, sejam de aplicação universal e
obrigatórias para todos os Estados. Savigny contradiz frontalmente o princípio
essencialmente territorialista, produto do conceito da soberania absoluta dos Estados da
época e das regras até então admitidas, como por exemplo que o estado pode exigir que
em toda a extensão de seu território não se reconheçam outras leis que não as suas ou
nenhum Estado pode estender além de seus limites a aplicação de suas leis. Nas próprias
palavras de Savigny: “Em virtude do direito rigoroso de soberania poderia ordenar-se
evidentemente aos juízes de um país que aplicasse exclusivamente seu direito nacional,
sem consideração às disposições contrárias de um direito estrangeiro, com o domínio do
qual poderia encontrar-se em contato a relação de direito litigiosa. Enquanto mais
numerosas e ativas são as relações entre os diferentes povos, mais devemos
convencer-nos de que é preciso renunciar a este princípio de exclusão para adotar o
contrário, por causa disso se tende à reciprocidade na apreciação das relações de direito,
estabelecendo entre nacionais e estrangeiros uma igualdade ante a justiça que reclama o
interesse dos povos e dos indivíduos. Se essa igualdade tivesse se realizado
completamente, não só seriam acessíveis os tribunais de cada Estado de igual maneira aos
nacionais e aos estrangeiros,o que constitui a igualdade de tratamento para as pessoas,
senão que, nos casos de colisão de leis, a decisão ditada sobre a relação de direito seria
sempre a mesma, qualquer que fosse o país em que a sentença tivesse sido pronunciada.
A possibilidade de o juiz de um país aplicar lei estrangeira decorre da necessidade de se
reconhecer fatos e atos jurídicos constituídos em outros países e cuja negação pelo juiz do
foro causaria uma injustiça. Por exemplo, o Direito internacional privado brasileiro dispõe
que a lei do país em que for domiciliada a pessoa determina as regras sobre a capacidade,
esta regra específica foi estabelecida pelo direito brasileiro para evitar, dentre outros
problemas, que uma pessoa domiciliada num país estrangeiro e reconhecida ali como maior
de idade venha a ser considerada menor de idade no Brasil, caso a lei brasileira e a
estrangeira divirjam nesse particular um “conflito de leis”, o que seria inconveniente e
injusto. Este é apenas um exemplo do conjunto de regras que o Brasil criou para evitar
conflitos semelhantes, da mesma maneira que o Brasil, cada Estado nacional possui o seu
Direito internacional privado, com regras não necessariamente uniformes conforme
podemos perceber o Brasil recepciona vários aspectos da teoria de Savigny.
4. Apesar da influência de numerosas fontes, cada Estado tem o seu
próprio Direito Internacional Privado. Assim também o Brasil tem um.
Alguns dos países europeus, nos últimos dez anos, sofreram
dramáticas mudanças no que tange às suas fontes de Direito
Internacional Privado. A União Europeia recebeu a competência
legislativa para o tema dos conflitos de leis. Com isso, algumas
legislações desse âmbito do Direito, autônomas, desapareceram ou se
tornaram sem significado. Bem, que fontes de DIPr vigem no Brasil, na
União Europeia, e que institutos são polos de produção legislativa de
normas de Direito Internacional Privado na atualidade?

Nos dias de hoje, em tempos globalização da vida econômica, cultural e social, é


imprescindível a criação de normas jurídicas uniformes, para amenizar os conflitos,
sabemos bem que o direito internacional privado é o direito do direito, um conjunto de
normas que regulam a relação entre determinados países, regulamentando a vida da
sociedade privada de acordo com a ordem internacional, cada país possui normas que a
princípio são aplicáveis dentro de suas regiões, no entanto, existem relações jurídicas que
extrapolam os limites dessas regiões, com isso o nome de “conflitos de leis no espaço”, cujo
papel do direito internacional privado é justamente de resolver os conflitos surgidos.
Diversas são as fontes produtoras de normas de Direito Internacional Privado, podemos
dividi-las ou classificá-las como, internas quando criadas por fontes legislativas nacionais,
ou seja, do próprio país, como por exemplo a nossa Lei de Introdução ao Código Civil
(LICC), e as internacionais (quando provenientes de tratados e convenções, as advindas
das convenções interamericanas realizadas nas Conferências Especializadas sobre o
Direito Internacional Privado. Portanto, são fontes do direito internacional privado: as leis, os
costumes, as doutrinas, as jurisprudências e os tratados e convenções internacionais.

A lei é tida fonte do direito internacional privado e segue de acordo com os preceitos da
ordem pública com normas internas. Como exemplo, a Lei de Introdução às Normas do
Direito Brasileiro, o Código de Processo Civil, o Código Civil, o Estatuto do Estrangeiro, a
Lei dos Refugiados, a Lei de Arbitragem e a Constituição Federal de 1988. Como lei
considera-se tudo aquilo que determinado estado tenha como direito pode emanar do
parlamento do rei ou até de uma tribo por exemplo, no brasil não temos uma lei unitária
para DIPR.

O tratado é uma fonte do DIPRI, no sentido da normatividade, fomenta a criação de um


direito uniforme, possuindo natureza internacional, o que as tornam meios idôneos à criação
de um direito internacional privado uniformizado, contudo, em relação à matéria somente
interessa a eficácia interna destes acordos internacionais uma vez que seus efeitos pairam
sobre as relações jurídicas de direito internacional privado. o tratado não deveria ter
vigência unilateral, suas cláusulas entram em vigor na mesma data dos países contratantes.
O tratado tem força obrigatória entre as partes que o fizerem, desde que adequadamente
aprovada e promulgada, transformando-se em direito interno de aplicação obrigatória pelo
juiz nos casos em que couber, quando outros tribunais ou juízes decidirem em única ou
ultima instancia e a decisão recorrida negar vigência de tratado, cabendo assim, recurso ao
STF. Portanto, para que suas normas previstas em acordos internacionais sejam aplicáveis
aos particulares que se encontrem no Brasil, é mister o consentimento popular, o qual é
manifestado através da ratificação do acordo pelo Congresso Nacional (CF, Art. 84 –
VIII).Sendo assim, somente adquirem eficácia após sua promulgação e publicação pelo
Presidente da República, atos estes condicionados à troca ou depósito das cartas de
ratificações entre os países signatários , condição suspensiva. É ponto pacífico que os
tratados e convenções internacionais devem obediência à Constituição Federal, estando,
inclusive, sujeitos à constitucionalidade.

A jurisprudência também deve ser considerada como fonte ela pode emanar de tribunais e
até mesmo de cortes internacionais como o CIJ, na falta de leis internas e costumes,
recorreram à jurisprudência, observará o juiz as regras hermenêuticas.

A doutrina é fonte importante pois analisa situações que ainda não possuem entendimento
consolidado, auxilia então criando critérios definindo conceitos de DIPri, é justamente na
disciplina do direito internacional privado é que percebemos as lacunas existentes nas
normas positivas, no entanto, embora não se apresente como forma política, legislativa, ela
possui a função de manter atualizadas tais legislações, sempre mostrando as interpretações
mais aceitáveis para determinadas normas.

Os costumes também são fontes do DIPri, sendo os costumes uma das maneiras existentes
em nosso sistema jurídico, como costume o comportamento generalizado de uma
sociedade é tido como obrigatório, apesar de haver controvérsias de alguns doutrinadores,
ao dizer que o costume somente será fonte quando reconhecida pelo Estado, no entanto o
magistrado não está criando direito quando, somente aplicando a lei que determinou usar o
costume quando necessário para solução de um litígio, como está previsto no art. 4º da
LICC, diante disso, é possível a aplicação subsidiária dos costumes em matéria de direito
internacional seja ela pública ou privada, aplicam-se assim como a doutrina em casos em
que não há lei versando sobre a temática ou não há entendimento consolidado são muito
aplicados no direito comercial a exemplo da lex mercatoria.
Após análise dessas fontes podemos perceber que com a globalização e intercâmbio cada
vez mais constantes entre as nações , seja comercial ou de pessoas, a busca por um direito
mais unitário é crescente. Nesse sentido os blocos econômicos como UE e MERCOSUL
elaboram tratados a fim de garantir a cooperação internacional e quem sabe concretizar a
teoria adotada por Savigny, que sonhava com um direito unitário em que a mesma solução
seria aplicada em todo o mundo frente ao mesmo caso em concreto. Devido ao grande
número de estados com legislações nacionais versando sobre dipr é um grande desafio a
busca por um direito universal comum a todos os países é por isso que ainda é o principal
objeto do DIPRI, o conflito de leis tendo como solução o método conflitual . Aos poucos,
porém , verifica-se que referido método pode não ser suficiente para garantir justiça e
proteção dos direitos humanos, motivo pelo qual buscam alternativas e inovações.

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