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EXTINÇÃO DO CONTRATO

A extinção (dissolução ou desfazimento) constitui o gênero, do qual extraímos algumas


espécies de desfazimento do contrato.

A extinção pode ser dar por sua forma mais comum, que é a extinção natural do
contrato. Essa extinção natural ocorre com:

a) Cumprimento do pactuado (ou seja, cumprimento do que foi estipulado; ex.: no


contrato de compra e venda de uma moto, se o comprador pagou o valor cobrado
pelo vendedor e o vendedor entregou a moto, o que foi pactuado foi cumprido,
assim, o contrato está extinto).
b) Verificação de fator eficacial (é o implemento de termo, condição ou encargo, que
se encontram no terceiro plano da “Escada Ponteana”, os requisitos de eficácia do
negócio; ex.: contrato de doação de um carro com eficácia condicionada ao dever
do donatário ser aprovado em todas as matérias da faculdade com nota 10, nesse
caso, quando o donatário for aprovado com nota 10, terá se verificado o fator
eficacial e assim o contrato de doação estará extinto).

Mas, a extinção também pode se dar pelo desfazimento do pacto, ou seja, quando não
há cumprimento do pactuado. Nesse caso, tem-se:

1) Resolução;

2) Rescisão;

3) Resilição.

Vejamos:

RESOLUÇÃO

É a dissolução do contrato por INADIMPLEMENTO (arts. 474 e 475). Ou seja, um dos


contratantes não adimpliu, não cumpriu sua prestação/contraprestação.

O contrato pode, inclusive, prever a chamada cláusula resolutiva, que permite ao


contraente frustrado desfazer a avença sem a necessidade de interpelação do devedor (está na
primeira parte do art. 474).

Art. 474. A cláusula resolutiva EXPRESSA opera de pleno direito; a TÁCITA depende de
interpelação judicial.
Na segunda parte do artigo acima, verificamos que é possível que haja resolução ainda
quando não tenha cláusula expressa no contrato. Trata-se da resolução tácita, que, nesse caso,
dependerá de acionar o Poder Judiciário.

Art. 475. A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a RESOLUÇÃO do contrato, se
não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas
e danos.

O art. 475 deixa claro que quando um dos contraentes está inadimplente, o outro pode
tanto exigir o cumprimento forçado do contrato, quanto pedir a resolução. A escolha é da pessoa
lesada e, em qualquer dos dois casos, haverá indenização.

RESCISÃO

A palavra rescisão é apresentada em dois sentidos pela doutrina e jurisprudência:

 Rescisão como sinônimo de resolução (visto acima).


 Rescisão como sinônimo de invalidação do contrato por nulidade ou anulabilidade (ou
seja, quando há vícios no negócio, mais graves ou menos graves, a depender do caso).
 Rescisão como invalidação do contrato em caso de lesão (sob a influência da doutrina
do Italiano Messineo).

RESILIÇÃO

Nada tem a ver com inadimplemento ou invalidade. Significa, simplesmente, o


desfazimento do contrato por simples manifestação de vontade da parte.

É um direito potestativo da parte.

A resilição é, simplesmente, a dissolução do contrato por iniciativa de uma ou ambas as


partes.

É o exercício do direito de dizer “não dá mais”.

A resilição pode ser bilateral ou unilateral. Sempre com efeitos ex nunc (ou seja, não
retroagem; os efeitos são daquele momento em diante).

 Resilição Bilateral: É o chamado distrato (art. 472), que deve obedecer às


mesmas formalidades impostas pela lei à celebração do contrato.
Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato.

 Resilição unilateral: Só é permitida quando autorizada por lei e mediante prévia


comunicação da parte.

Em geral, contratos de atividade admitem resilição unilateral. Exemplo: Contrato de


prestação de serviços de um professor de Educação Física para uma academia.

Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a LEI expressa ou implicitamente o
permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte.

Cuidado: A resilição unilateral se opera por meio de um ato jurídico denominado


denúncia. Denunciar o contrato significa resili-lo unilateralmente.

OBS: Em respeito ao princípio da boa-fé objetiva, a denúncia do contrato deve ser


antecedida por um aviso prévio, evitando que se pegue a outra parte de surpresa (proibição do
tu quoque).

Atenção! Mesmo quando possível a resilição unilateral, em alguns casos,


independentemente de prévia comunicação, não se permite que seja feita imediatamente, sob
a pena de causar total prejuízo a outra parte. Como se verá abaixo, é um caso de extensão
compulsória da vigência do contrato.

Art. 473, Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes
houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá
efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos.

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