Você está na página 1de 16

Resumo Processo Civil

AV2
Petição Inicial: Art. 319, CPC

Art. 319. A petição inicial indicará:

I. O juízo a que é dirigida;


II. Os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de
união estável, a profissão, o número de inscrição no
Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a
residência do autor e do réu;
III. O fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV. O pedido com as suas especificações;
V. O valor da causa;
VI. As provas com que o autor pretende demonstrar a
verdade dos fatos alegados;
VII. A opção do autor pela realização ou não de audiência
de conciliação ou de mediação.

§1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II,


poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz
diligências necessárias a sua obtenção.

§2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da


falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a
citação do réu.

§3º A petição inicial não será indeferida pelo não


atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a
obtenção de tais informações tornar impossível ou
excessivamente oneroso o acesso à justiça.

Art. 319, caput, do Novo CPC


(1) O art. 319 do CPC/2015 trata dos requisitos da petição inicial. Assim, repete, de modo
geral, os requisitos do art. 282 do CPC/1973. Contudo, insere nova previsão acerca da
audiência de mediação e conciliação. Como é sabido, o Novo Código de Processo Civil
destacou os meios alternativos de resolução de conflitos, visando, assim, a celeridade
processual. O inciso VII do art. 319, desse modo, prevê que o autor da ação deve indicar, já
na peça inicial, a sua opção pela realização ou não de audiência de conciliação e mediação.

(2) Dessa maneira, são os requisitos da peça inicial:

1. A indicação do juízo a que se dirige;


2. Qualificação da partes (com inclusão do CPF ou CNPJ, conforme a Lei 11.419/2006,
acerca do processo eletrônico);
3. Fatos e fundamentos jurídicos do pedido (a remissão ao dispositivo legal é
facultativa, vide Enunciado 281 do FPPC);
4. O pedido em suas especificações;
5. O valor da causa (art. 291, Novo CPC);
6. As provas com que pretende provar os fatos alegados (art. 373, Novo CPC, e art.
429, Novo CPC);
7. A opção do autor pela audiência de conciliação e mediação (art. 334 do Novo CPC).

(3) Ademais, também são requisitos:

1. A forma da petição inicia que deve ser, então, escrita, datada e assinada, em regra,
ressalvadas as hipóteses de postulação oral (como na Lei 9.099/1999);
2. A assinatura de quem tenha capacidade para o ato;

(4) Pode haver, ainda, requisitos particulares, conforme a natureza da ação. É o caso, por
exemplo, da ação rescisória, cujos requisitos, além dos previstos no art. 319, NCPC, estão
dispostos no art. 968, Novo CPC.

(5) Cabe ressaltar, por fim, a hipótese de inépcia da petição inicial. Quando a peça inicial
deixar de atender aos requisitos do art. 319, NCPC, então, poderá ser indeferida, nos
moldes do art. 321, parágrafo único, NCPC.

Parágrafo 01

(6) O parágrafo 1º do art. 319, Novo CPC, dispõe acerca da hipótese de não serem
encontrados todos os dados de qualificação das partes, nos moldes do inciso II do caput.
Nesses casos, então, o autor poderá, na própria petição inicial, requerer ao juízo as
diligências necessárias à sua obtenção.

(7) O mesmo se aplica à qualificação das testemunhas. Nesse sentido, dispõe, então, o
Enunciado 519 do Fórum Permanente de Processualistas Civis (FPPC):

519. (art. 450; art. 319, §1º; art. 6º) Em caso de impossibilidade
de obtenção ou de desconhecimento das informações relativas à
qualificação da testemunha, a parte poderá requerer ao juiz
providências necessárias para a sua obtenção, salvo em casos de
inadmissibilidade da prova ou de abuso de direito. (Grupo: Direito
probatório)

Parágrafo 02

(8) Como vislumbrado no art. 319, caput, inciso II, e parágrafo 1º, NCPC, a qualificação das
partes é um dos requisitos da petição inicial. E a sua ausência ou incompletude pode
ensejar o indeferimento da inicial. Contudo, se a falta, ainda assim, não impedir que a
citação seja realizados, e respeitados os demais requisitos, a inicial não será indeferida.

Parágrafo 03

(9) O parágrafo 3º do art. 319, Novo CPC, enfim, dispõe que a petição inicial não será
indeferida, apesar da falta na qualificação das partes, se obtenção das informações
restantes forem de complexidade tal que torne o acesso à justiça impossível ou
excessivamente oneroso.

(10) Acerca do tema, então, Didier [1] escreve que:


Há casos em que se torna inviável o cumprimento estrito da
exigência forma de qualificação integral dos litigantes. A demanda
possessória relacionada a uma ocupação de terra é um bom
exemplo. Dada a existência de um número indeterminado, mas
determinável, de pessoas no pólo passivo, caracterizado está o
chamado “litisconsórcio passivo multitudinário”. Justamente
porque existe este número indeterminado de pessoas no pólo
passivo, é tarefa difícil, senão impossível, exigir do demandante a
perfeita identificação e qualificação de cada um dos réus, bem
assim o conhecimento dos locais onde têm residência ou
domicílio.

(11) A previsão é repetida, então, no Enunciado 145 do FPPC. Assim, ele dispõe:

145. (art. 319; art. 15) No processo do trabalho, é requisito da


inicial a indicação do número no cadastro de pessoas físicas ou no
cadastro nacional de pessoas jurídicas, bem como os endereços
eletrônicos do autor e do réu, aplicando-se as regras do novo
Código de Processo Civil a respeito da falta de informações
pertinentes ou quando elas tornarem impossível ou
excessivamente oneroso o acesso à justiça. (Grupo: Impacto do
CPC no Processo do Trabalho)

Contestação

Art. 335, CPC


O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de 15 (quinze) dias, cujo termo
inicial será a data:
I – da audiência de conciliação ou de mediação, ou da última sessão de conciliação, quando
qualquer parte não comparecer ou, comparecendo, não houver autocomposição;
II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação ou de mediação
apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso I;
III – prevista no art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação, nos demais casos.
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º, o termo
inicial previsto no inciso II será, para cada um dos réus, a data de apresentação de seu
respectivo pedido de cancelamento da audiência.
§ 2º Quando ocorrer a hipótese do art. 334, § 4º, inciso II, havendo litisconsórcio passivo e
o autor desistir da ação em relação à réu ainda não citado, o prazo para resposta correrá
da data de intimação da decisão que homologar a desistência.
Como deve ser a contestação para atender ao art. 335 do CPC

1. Endereçamento

O primeiro tópico da estrutura da contestação é o endereçamento. Ele segue o mesmo que


é observado na petição inicial, ou seja, deve seguir o exemplo:
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da (vara específica) da Comarca de (cidade/estado).
Como o Juízo a que a contestação se destina já é conhecido nessa parte do processo, é mais
fácil fazer esse endereçamento.
2. Qualificação das partes

Na prática, a qualificação das partes é algo que já não faz parte da contestação porque o
autor e o réu já foram qualificados na petição inicial. Assim, otimiza-se o tempo. Todavia,
saber que a qualificação das partes também consta da estrutura da contestação e como
proceder nesse ponto é importante.
Dessa forma, o que há para se saber é que na contestação, a primeira qualificação
apresentada é a do réu, por ser ele o apresentante da contestação. Depois, vem a
qualificação do autor, que é contra quem a contestação está sendo apresentada.
3. Síntese do processo

Essa parte é dedicada à descrição dos principais fatos sucedidos desde a petição inicial até
a apresentação da contestação.
A dica para elaborar uma boa síntese é resumir os fatos alegados pelo autor na petição
inicial e fazer o mesmo com os fundamentos jurídicos e os pedidos. Até porque não há
necessidade de repetir tudo o que consta na petição inicial. Somente o que for mais
importante deve migrar para o texto da contestação. A síntese serve a apenas relembrar
ao Juiz o que consta na petição inicial. Um cuidado importante é não apenas repetir os
fundamentos jurídicos levantados pelo autor para não correr o risco de colaborar para que
ele ganhe a causa.
Na síntese, a estratégia de defesa pode começar a tomar forma.
4. Realidade dos fatos

Esse não é um tópico que deve fazer parte obrigatoriamente da contestação. O profissional
que a redigir pode decidir se quer ou não que a realidade dos fatos estejam na estrutura da
contestação. É uma questão de estratégia de defesa.
Na petição inicial, o autor apresentou a versão dele dos fatos. Esse dispositivo permite ao
réu apresentar a sua realidade, fazendo a correção da apresentação dos fatos. Com isso, o
réu estabelece que a verdade é outra e coloca o Juiz em dúvida a respeito dos fatos
relatados pelo autor.
5. Preliminares

É nas preliminares que se entra na defesa, propriamente.


As defesas preliminares são as de natureza processual. Devem ser alegadas primeiro
porque o Juiz tem que verificar se não há nenhum defeito formal no processo para, então,
analisar o mérito da demanda. Isso antes de analisar qualquer coisa relativa ao mérito.
Mais de um tópico pode constar nas preliminares. Uma das alegações pode ser de inépcia
da petição inicial. A questão é organizar a apresentação da mais importante para a menos
importante.
6. Prejudiciais de mérito

As questões que afetam diretamente o mérito da demanda podem constar nas defesas
prejudiciais de mérito. Por exemplo, a prescrição e a decadência, que são de natureza
material.
7. Defesas de mérito

São as defesas que afetam diretamente o Direito que está sendo discutido na causa. Então,
sendo a ação por indenização de danos morais, é neste momento da defesa que o réu deve
alegar, por exemplo, que não estão presentes os requisitos que configuram a
responsabilidade civil, que o dano material e o dano moral pedidos pelo autor estão acima
dos patamares, que não há prova da existência dos danos e todas as demais questões que
afetam diretamente o Direito material discutido na demanda.
A defesa de mérito se diferencia das preliminares pelo objeto da defesa. Nas defesas
preliminares, alega-se o defeito no processo. Já nas defesas de mérito, a alegação é
referente a problemas na prova ou na constituição do Direito material que é objeto do
processo.
Uma recomendação para apresentar a defesa é partir da sustentação da defesa mais forte e
importante que para a de menos peso e importância.
8. Pedidos e requerimentos

O principal pedido de uma contestação é de que a ação seja julgada improcedente. No caso
de uma defesa preliminar ser a inépcia da petição inicial, o pedido é para que o processo
seja extinto sem a análise do mérito.
9. Data e assinatura

A data e a assinatura são parte da estrutura da contestação e não podem ser esquecidas.
A contestação é a principal forma de defesa do réu, aquela por meio da qual ele
exerce a sua defesa típica no processo.

Trata-se de um ato escrito (o art. 335 do CPC exige que seja apresentado “por
petição”), informal (não há forma prevista em lei), público (em regra) e no idioma
nacional.

O prazo para o réu apresentar a contestação é de 15 dias úteis (art. 335),


ressalvados os sujeitos processuais com direito à contagem em dobro. Ainda, em situações
especiais e por meio de decisão fundamentada, o juiz pode ampliar o prazo para o
oferecimento da contestação (art. 139, VI, CPC).

O termo inicial do oferecimento da contestação varia de acordo com o ato


praticado no início do processo (art. 335), especialmente a realização – ou não – da
audiência de conciliação ou mediação e a forma da citação.

Em regra, é fixado na audiência de conciliação ou de mediação, ou da última


sessão de conciliação, quando uma das partes não comparecer ou, comparecendo todas,
não ocorrer a autocomposição.

Excepcionalmente, coincide com o protocolo do pedido de cancelamento da


audiência de conciliação ou de mediação apresentado pelo réu, quando a parte autora
também já tiver manifestado ou se desinteresse na petição inicial (art. 334, § 4º, I, do CPC).

Quando não for designada a audiência de conciliação ou mediação (quando o


direito não for passível de autocomposição, com fundamento no art. 334, § 4º, II, do CPC,
ou por outra razão), aplicam-se as regras do art. 231 sobre a citação.

A contestação observa dois princípios:

(a) o princípio da eventualidade, que determina que o réu deve concentrar toda a
matéria de defesa na contestação, ainda que eventualmente haja alegações incompatíveis
entre si. Nesse sentido, o art. 336 do CPC dispõe que “incumbe ao réu alegar, na
contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que
impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”;

(b) e o princípio da impugnação especificada dos fatos, segundo o qual todos os


fatos alegados pela parte autora na petição inicial (e em outras eventuais manifestações
anteriores à contestação) devem ser impugnados, sob pena de ser considerados como
verdadeiros (art. 341 do CPC).

Existem exceções ao princípio da eventualidade, que são as defesas que podem


ser alegadas após a contestação, quando: forem relativas a direito ou a fato superveniente,
ou competir ao juiz conhecer delas de ofício, ou puderem ser formuladas em qualquer
tempo e grau de jurisdição em virtude de autorização legal expressa (art. 342 do CPC).

Da mesma forma, há exceções ao princípio da impugnação especificada dos fatos


(art. 341, I a III e parágrafo único, do CPC), que são as seguintes: (a) quando não for
admissível, a seu respeito, a confissão; (b) a petição inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considerar da substância do ato; (c) estiverem em contradição com a
defesa, considerada em seu conjunto; (d) e não se aplica ao defensor público, ao advogado
dativo e ao curador especial.

Quanto ao conteúdo tendo em vista que não há exceções ou incidentes no


CPC/2015, a contestação efetivamente concentra toda a matéria de defesa do réu. Há uma
simplificação dos atos processuais, sem a apresentação da defesa em petições separadas.
No conteúdo, a contestação do réu pode ser:

(a) processual: é aquela apresentada contra a admissibilidade do próprio


processo, ou até mesmo do exercício do direito de ação, e leva à dilação processual (para a
correção dos problemas indicados) ou ao julgamento sem resolução de mérito;

(b) e de mérito: é a apresentada contra os fatos e suas consequências jurídicas,


por meio da qual se busca o julgamento de improcedência do pedido inicial, com resolução
de mérito. A defesa de mérito pode ser direta (o réu impugna os fatos alegados pela parte
autora, por meio da negativa de sua ocorrência ou de questionamento sobre as
consequências jurídicas pretendidas) e indireta (o réu concorda com os fatos alegados na
petição inicial, mas alega novos fatos, que possam impedir, modificar ou extinguir o direito
do autor).

Não há propriamente uma ordem obrigatória de apresentação das questões


processuais. O art. 337 do CPC contém um rol exemplificativo de matérias que podem ser
alegadas na defesa processual.

De todas as questões referidas, o juiz só não pode conhecer de ofício a convenção


de arbitragem e a incompetência relativa (art. 337, § 5º). Todas as demais podem ser
conhecidas de ofício pelo juiz, respeitado o contraditório com a consulta prévia às partes
(art. 10 do CPC).

As questões processuais que não forem apresentadas na contestação, mas apenas


posteriormente (quando surgirem em um momento processual posterior ou quando for
permitida a sua alegação em qualquer fase do processo e grau de jurisdição), devem ser
oferecidas em petição simples, e não mais por meio de uma exceção.
Como era antes…
A grande alteração está no que se entende por procedimento comum, pois, enquanto
o CPC/1973 previa, em seu art. 272, que o procedimento comum poderia ser ordinário ou
sumário, regendo-se este último pelas disposições que lhe eram próprias,
o CPC/2015 deixou de dispor sobre o procedimento sumário.
O procedimento sumário estava previsto no CPC/1973 para causas de valor inferior a 60
salários mínimos ou que versassem sobre determinadas matérias, independentemente do
valor.
Com o procedimento sumário, buscava-se conferir maior celeridade e abreviação ao
procedimento.

Nesse sentido, na petição inicial o autor já deveria apresentar o rol de testemunhas e, se


fosse requerida perícia, deveria apresentar os quesitos, podendo já indicar assistente
técnico. O juiz, então, citava o réu para audiência de conciliação a ser realizada no prazo
de 30 dias.

Não obtida a conciliação, o réu tinha que oferecer, na própria audiência, resposta escrita
ou oral, acompanhada de documentos, rol de testemunhas e eventual prova pericial. No
procedimento sumário também não eram admissíveis ação declaratória incidental e a
intervenção de terceiros (salvo a assistência), o recurso de terceiro prejudicado e a
intervenção fundada em contrato de seguro.

O CPC/1973 previa ainda a possibilidade de conversão do procedimento sumário em


ordinário, o que ocorria, por exemplo, quando havia necessidade de instrução do
processo com prova técnica de maior complexidade.
Como é hoje…
O CPC atual, indo no sentido da fungibilidade, acabou com a dicotomia entre
procedimento ordinário e procedimento sumário, dado que previu apenas um único
procedimento comum, que é flexível e pode ser adaptado pelo juiz e pelas partes quando o
processo versar sobre direitos que admitam transação (art. 190).
A opção do legislador foi pela simplificação procedimental. Esse procedimento único
inspirou-se em elementos que existiam no procedimento sumário, como é o caso da
previsão de citação para a audiência de conciliação ou de mediação, antes da
apresentação de contestação, com o comparecimento obrigatório das partes sob pena de
a ausência injustificada ser considerada ato atentatório à dignidade da justiça, com
sanção de multa de até 2% da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa (art.
334, § 8º).

A diferença é que as partes não precisam apresentar a contestação na própria audiência,


como no antigo procedimento sumário, pois, de acordo com o CPC/2015, elas têm o prazo
de 15 dias para fazê-lo, além de haver a possibilidade de a audiência não ser realizada se
ambas as partes manifestarem desinteresse na composição consensual ou se o caso não
admitir a autocomposição.
Quer saber mais sobre a audiência conciliatória, veja nosso Maximizando!
O § 1º do art. 1.046 do novo CPC prevê que as disposições do CPC/1973 relativas ao
procedimento sumário e aos procedimentos especiais que forem revogadas aplicar-se-ão
às ações propostas e não sentenciadas até o início da vigência deste Código, ou seja, a Lei
nº 13.105/2015 revogou o procedimento sumário e também alguns procedimentos
especiais.
Assim nos casos pendentes que ainda não foram sentenciados até o início de vigência da
lei nova, o procedimento será conservado nos moldes do CPC anterior, até a prolação da
sentença. Quer dizer que, mesmo que ainda o processo não tenha sido sentenciado com
entrada em vigor da nova lei processual, fica o juiz vedado de converter tais processos
àquele procedimento previsto na nova lei.
Trata-se de regra de transição estipulada pelo legislador, diante da mudança ocorrida no
Código.

Aplicação subsidiária do procedimento comum aos demais procedimentos:


O parágrafo único do art. 318 mantém o entendimento que já existia no CPC/1973 sobre
a aplicação subsidiária das disposições do procedimento comum aos demais
procedimentos. Assim, o procedimento comum, que passa a ser único e não mais separado
em ordinário e sumário, é aplicável aos procedimentos especiais e ao processo de execução
naquilo em que não houver regulamentação diversa.

Sobre o princípio da congruência (ou adstrição)… convém lermos o seguinte


dispositivo do CPC/2015:

Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como
condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.

O princípio da congruência trata de uma proibição ao magistrado.

Não poderá o juiz conceder nada a mais (ultra petita) ou diferente do que foi pedido
(extra petita).

Assim, como não poderá fundamentar-se em causa de pedir diferente da narrada pelo
autor; caso não seja observado esse princípio a sentença será considerada nula.

Existem exceções, previstas em Lei, ao princípio da congruência.

1) Pedidos implícitos: o magistrado poderá conceder o que não foi demando pelo autor.

2) Fungibilidade: o magistrado poderá conceder tutela diferente da requerida nas ações


possessórias e cautelares.

3) Demandas cujo objetivo é uma obrigação de fazer ou não fazer: o magistrado poderá
conceder tutela diversa.

4) O Supremo Tribunal Federal também admite o afastamento do princípio da


congruência ao declarar inconstitucionalidade de uma norma, em atenção a pedido
formulado pelo autor, todavia, utilizando-se de fundamentos diferentes daqueles que
foram suscitados.

Dúvida: O Supremo pode, portanto, declarar a inconstitucionalidade de uma norma com


fundamento distinto do que foi suscitado pelo autor?

Resposta: Pode sim. Exatamente. Nesse sentido há esta decisão do STF:


“É da jurisprudência do Plenário, o entendimento de que, na ação direta de
inconstitucionalidade, seu julgamento independe da causa pretende formulada na inicial,
ou seja, dos fundamentos jurídicos nela deduzidos, pois, havendo, nesse processo objetivo,
arguição de inconstitucionalidade, a Corte deve considerá-la sob todos os aspectos em face
da Constituição e não apenas diante daqueles focalizados pelo autor. É de se presumir,
então, que, no precedente, ao menos implicitamente, hajam sido considerados quaisquer
fundamentos para eventual arguição de inconstitucionalidade, inclusive os apresentados
na inicial da presente ação.” (ADI 1.896-MC, Rel. Min. Sydney Sanches, julgamento em
18-2-99, DJ de 28-5-99)

Indo além…

É correto considerar que o princípio assumiu uma dimensão flexível no Código de


Processo Civil de 2015, verificável na disposição inovadora do parágrafo 2º do artigo 322,
que veio a considerar que a interpretação do pedido considerará o conjunto da
postulação e observará o princípio da boa-fé. No código anterior (de 1973), a previsão
era de que a interpretação deveria ser restritiva.

A novidade segue a tendência de se atribuir maior envergadura ao princípio da boa-fé e


maior autonomia aos sujeitos do processo, incluindo-se o juiz, em busca da efetiva
prestação jurisdicional.

Da entrada em vigor do CPC/2015 em diante, o princípio da congruência tornou-se mais


flexível, uma vez que se passou a admitir uma interpretação do pedido pelo juiz com grau
de subjetividade maior do que se reconhecia no sistema do código anterior.

Princípio da congruência ou adstrição refere-se à necessidade do


magistrado decidir a lide dentro dos limites objetivados pelas partes,
não podendo proferir sentença de forma extra, ultra ou infra petita .
Esse princípio está previsto no art. 460 do CPC, nos seguintes termos:
É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza
diversa da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior
ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Conforme classificado pela doutrina, decisão extra petita é aquela
proferida fora dos pedidos ou autor, ou seja, que concede algo além
do rol postulado, enquanto a decisão ultra petita é aquela que
aprecia o pedido e lhe atribui uma extensão maior do que a
pretendida pela parte. Já a decisão infra petita , também conhecida
como citra petita , deixa de apreciar pedido formulado pelo autor.

Revelia - Novo CPC (Lei nº 13.105/15)

É um ato-fato processual, consistente na não apresentação tempestiva da contestação. Há


revelia quando o réu, citado, não aparece em juízo, apresentando a sua resposta, ou,
comparecendo ao processo, também não apresenta a sua resposta tempestivamente. Nota-
se que não se confunde a revelia com a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo
autor, que é um dos seus efeitos. Nesse sentido, são os efeitos da revelia: efeito material -
presunção de veracidade das alegações de fato feitas pelo demandante (artigo 344, CPC);
os prazos contra o réu revel que não tenha advogado fluem a partir da publicação da
decisão (artigo 346, CPC); preclusão em desfavor do réu do poder de alegar algumas
matérias de defesa (efeito processual, ressalvadas aquelas previstas no artigo 342 do
CPC); possibilidade de julgamento antecipado do mérito da causa, caso se produza o efeito
material da revelia (artigo 355, II, CPC).

Fundamentação:

Artigo 344 a 346 do Código de Processo Civil

Art. 344 do Novo CPC

Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será


considerado revel e presumir-se-ão verdadeiras as
alegações de fato formuladas pelo autor.

Art. 344, caput, do Novo CPC

(1) Recebida a petição inicial, o réu será intimado então


para, querendo, oferecer contestação no prazo de 15 dias de
acordo com o art. 335 do Novo CPC. O instituto da revelia,
nos moldes do art. 344 do Novo CPC, portanto, dá-se quando
o réu, mesmo citado para contestar a ação, não o faz. E dessa
maneira, presumem-se verdadeiras as alegações de fato
formuladas pelo autor.

(2) O instituto da revelia já era previsto no art. 319 do


CPC/1973

Art. 345 do Novo CPC

Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no


art. 344 se:

I. havendo pluralidade de réus, algum deles


contestar a ação;
II. o litígio versar sobre direitos indisponíveis;
III. a petição inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considere indispensável à
prova do ato;
IV. as alegações de fato formuladas pelo autor forem
inverossímeis ou estiverem em contradição com
prova constante dos autos.

Art. 345, caput, do Novo CPC


(1) Apesar da previsão do art. 344 do CPC/2015, há
hipóteses em que a revelia não acarretará, dessa maneira,
na presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor.
Assim, o art. 345 do CPC/2015 dialoga com o art. 320 do
CPC/1973. Contudo, acrescenta uma nova previsão ao rol,
qual seja a do inciso IV.

(2) Dessa forma, a revelia não gera presunção de


veracidade, quando:

1. havendo pluralidade de réus, algum deles contestar


a ação;
2. o litígio versar sobre direitos indisponíveis
(conforme o art. 392 do Novo CPC);
3. a petição inicial não estiver acompanhada de
instrumento que a lei considere indispensável à
prova do ato;
4. as alegações de fato formuladas pelo autor forem
inverossímeis ou estiverem em contradição com
prova constante dos autos.

(3) Observe-se, então, a interpretação do STJ acerca da


previsão do art. 345 do Novo CPC:

Essa presunção de veracidade era – e continua sendo –


entendida como relativa, de modo que o magistrado pode
exercer um juízo de verossimilhança das alegações, antes de
aplicar a referida presunção. […]

Essa possibilidade de se exercer um juízo de


verossimilhança sobre as alegações do autor já era
alcançado na vigência do CPC/1973, tanto em âmbito
doutrinário como jurisprudencial.

(STJ, 3ª Turma, REsp 1758786/TO, Rel. Min. Paulo de Tarso


Sanseverino, julgado em 02/04/2019, publicado em
05/04/2019)

Art. 346 do Novo CPC

Art. 346. Os prazos contra o revel que não tenha


patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato
decisório no órgão oficial.

Parágrafo único. O revel poderá intervir no processo


em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se
encontrar.
Art. 346, caput, do Novo CPC

(1) O art. 346 do CPC/2015 remete ao art. 322 do


CPC/1973, e trata, desse modo, da hipótese de revelia sem
constituição de patrono nos autos. Nesses casos, então, os
prazos fluirão da data de publicação do ato decisório no
órgão oficial.

Art. 346, parágrafo único, do Novo CPC

(2) Por fim, o réu revel poderá intervir no processo em


qualquer fase, independentemente da revelia, recebendo-o
no estado em que se encontrar. Ou seja, considerando o
histórico do processo.

O que é audiência de conciliação?

A conciliação é um instrumento para a resolução de disputas legítima, no qual ocorre a


autocomposição, pois as próprias partes decidem como o conflito será dirimido. A
audiência de conciliação, portanto, é uma etapa anterior à audiência de instrução e
julgamento. E visa, dessa maneira, a resolução do conflito em tempo mais célere.

Conforme o parágrafo 3º do art. 308, Novo CPC:

§ 3º Apresentado o pedido principal, as partes serão


intimadas para a audiência de conciliação ou de mediação,
na forma do art. 334 , por seus advogados ou pessoalmente,
sem necessidade de nova citação do réu.

Na audiência, então, as partes se sentam para tentar


encontrar uma solução consensual. E contam, para isso, com
a ajuda de uma figura importante: o conciliador.

O conciliador é um terceiro que controla as negociações e aponta as possíveis


consequências do acordo que está sendo discutido. Nesse sentido, ele tem uma
participação ativa na audiência, embora a decisão seja efetivamente tomada pelas partes.

Ele não precisa ser magistrado e nem mesmo funcionário do judiciário brasileiro. Basta ser
plenamente capaz, estar cursando graduação reconhecida pelo MEC (no mínimo) e fazer o
curso de capacitação. Esse curso é oferecido pelos próprios tribunais e por
instituições credenciadas, segundo parâmetros estabelecidos na forma da Resolução CNJ n.
125/2010.

O que é audiência de mediação?

Assim como a conciliação, a mediação também é um meio de resolução de conflitos por


autocomposição. Neste caso, além das partes, participa da audiência também o mediador.

Ao contrário do conciliador, o mediador é uma figura mais passiva, que não sugere nem
direciona as partes para qualquer solução específica. Sua função é aplicar técnicas que
facilitam o diálogo, para que elas possam, de forma autônoma, chegar a uma resposta para
o conflito.
Todo indivíduo capaz, graduado em curso superior reconhecido pelo MEC há pelo menos
dois anos e capacitado para o exercício da função pode ser mediador.

Quando se aplica conciliação ou mediação?

A questão mais importante é: quando a audiência de conciliação ou de mediação deve ser


realizada no decorrer do processo? A esse respeito, o Novo CPC trouxe uma inovação
importante, visando incentivar essas alternativas de autocomposição da lide. Com isso,
após a instauração do processo, existe a obrigatoriedade da realização de, pelo menos,
uma audiência.

Segundo prescreve o art. 334, após receber e acolher a petição inicial, o juiz designará uma
audiência de conciliação ou de mediação. Esta somente não será obrigatória nos casos em
que o direito em causa não admite autocomposição ou, ainda, em que ambas as partes
exprimem desinteresse.

O autor deve expressar desinteresse por meio da petição inicial. Já o réu, em resposta à sua
citação, também por meio de petição, a qual deve ser apresentada com, no mínimo, dez
dias de antecedência em relação à data da audiência.

Sendo a audiência de conciliação designada pelo juiz, as partes devem comparecer


acompanhadas de advogado ou, se não tiverem, de um Defensor Público.

O que acontece se, na audiência de conciliação, houver não comparecimento do réu? De


acordo com o art. 334, §8, qualquer parte que se ausentar injustificadamente poderá
sofrer uma penalização. Trata-se de multa correspondente a até 2% do valor da causa, a
título de “ato atentatório contra a dignidade da Justiça”.

Quais as vantagens desses tipos de audiência?

Apostar em uma audiência de conciliação ou de mediação como forma de solucionar


conflitos é bom para os indivíduos que estão em disputa. Contudo, também é positivo para
o sistema judiciário do país.

As partes conseguirão, assim, encerrar a questão muito mais rapidamente do que se


estivessem se confrontando em um tribunal, porque estes meios não precisam atender a
ritos processuais e nem cumprir os prazos que são típicos de um processo judicial. Além
disso, será muito mais possível chegar a uma solução que agrade, ainda que parcialmente,
a ambos, enquanto a decisão do juízo pode beneficiar somente um dos lados.

Ademais, o sistema judiciário vive sobrecarregado. Se algumas demandas forem resolvidas


autonomamente pelos indivíduos envolvidos, entretanto, perceber-se-á redução nas
demandas. Assim, somente aqueles casos que realmente não podem ser tratados pelos
meios alternativos e efetivamente chegam aos Tribunais de Justiça. Com a redução na
carga de trabalho sobre os profissionais do judiciário, os processos poderão ser resolvidos
de maneira mais eficiente.

Estes são os principais aspectos relativos à audiência de conciliação e mediação no Novo


CPC. Lembre-se, ainda, de que o papel do advogado inclui aconselhá-las sobre esses meios,
garantindo que não sejam prejudicadas pelo desconhecimento das alternativas ao sistema
judiciário.
Modificação e Efeitos da Sentença
Publicada a sentença, o juiz só poderá alterá-la:

I – para corrigir-lhe, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros


de cálculo;

II – por meio de embargos de declaração.

De acordo com o novo CPC, a publicação da sentença pode se dar em dois momentos
distintos: na própria audiência de instrução, após o encerramento dos debates ou depois
de oferecidas as razões finais; ou no prazo de trinta dias, após o encerramento da fase
probatória. Quando proferida em audiência, as partes e os respectivos advogados serão
cientificados no mesmo ato. Quando prolatada em momento posterior, a intimação da
sentença será, preferencialmente, realizada por meio eletrônico. Não sendo o caso, será
publicada no órgão oficial (art. 272, CPC/2015).
Uma vez publicada a sentença (ou apenas proferida, no caso de ter sido prolatada em
audiência), pouco importa a sua natureza, incide o princípio da inalterabilidade da
decisão judicial, que se aplica também aos acórdãos e, de forma mitigada, até às decisões
interlocutórias.

A rigor, constitui erro procedimental a alteração, fora dos casos previstos em lei, de
qualquer decisão judicial. O próprio CPC, no entanto, prevê os casos em que se admite
alteração da sentença ou do acórdão.
Um deles é para correção de inexatidões materiais ou retificação de erro de cálculo
(art. 494, inciso I, CPC/2015). Por inexatidão material entende-se o erro, perceptível sem
maior exame, que traduz desacordo entre a vontade do julgador e a expressa na decisão.
Omitiu-se, por exemplo, o nome de uma das partes. Erro de cálculo passível de correção é
o que resulta de equívocos aritméticos, por exemplo, inclusão de parcela devida e não
constante do cálculo por equívoco.
Em caso de inexatidão ou erro, a correção pode ser feita por despacho retificador (que
não altera a substância do julgado e, portanto, não tem qualquer reflexo sobre o prazo
recursal), a qualquer tempo, mesmo depois de transitada em julgado a sentença. Ressalte-
se, no entanto, que os critérios de cálculo e os seus elementos não podem ser alterados
após o trânsito em julgado. Nesse sentido: STF, AI 851.363/PR, 1ª Turma, Rel. Min. Luiz
Fux, DJe 20.04.2012).
A alteração também pode ocorrer, de acordo com o inciso II do art. 494, CPC/2015, em
virtude de interposição de embargos de declaração, quando a sentença ou acórdão
contiver obscuridade, contradição ou for omissa com relação a questão suscitada pelas
partes.
Os embargos de declaração, espécie de recurso dirigido ao próprio juiz ou órgão prolator
da decisão, e por ele julgado, são opostos no prazo de cinco dias, interrompendo-se o
prazo para interposição de outros recursos (arts. 1.022 e seguintes do CPC/2015).
O acolhimento dos embargos é feito com a prolação de decisão complementar, de
natureza idêntica à decisão embargada, e que a esta se integra.

Afora os incisos do art. 494, outros dispositivos constantes do Código autorizam a


alteração da sentença.

O arts. 331, § 1º, e 332, § 3º, constituem exceção ao princípio da inalterabilidade, na


medida em que facultam ao juiz retratar-se, mediante interposição de recurso de
apelação, no caso de indeferimento da petição, bem como no de improcedência liminar do
pedido.

O princípio da inalterabilidade das decisões judiciais não retira do juiz a competência


para atuar no feito depois da publicação da sentença. Compete ao juiz de primeiro grau,
por exemplo, deferir o desentranhamento de documentos, exercer o juízo de
admissibilidade da apelação, determinar o cumprimento do julgado e homologar acordo
celebrado pelas partes, mesmo que o processo esteja em grau de recurso.

Efeitos da sentença

A tutela jurisdicional concedida pela sentença guarda relação com o pedido formulado na
petição inicial, ou mesmo pelo réu, quando este apresentar reconvenção ou pedido
contraposto, ou quando se tratar de ação dúplice. No processo de conhecimento, a
sentença será sempre declaratória, seja para conferir certeza à relação jurídica afirmada
pelas partes ou negar a existência dessa relação.

A meramente declaratória se restringe à declaração de certeza da existência ou


inexistência de relação jurídica, ou da autenticidade ou falsidade de documento. A
condenatória, além da declaração de certeza do direito afirmado pela parte, impõe uma
condenação ao devedor. A constitutiva, além da declaração da situação jurídica
preexistente, cria, modifica ou extingue a relação jurídica.

Tais efeitos são denominados principais porque visados pelos litigantes, tanto que se
manifestam em razão do pedido; também denominados formais, porquanto constam
expressamente do dispositivo da sentença; finalmente, denominam-se efeitos materiais
em razão da sua influência que podem criar sobre a situação jurídica dos litigantes.

Afora os efeitos principais (declaratório, condenatório ou constitutivo), há efeitos que se


manifestam automaticamente, em decorrência de previsão legal, independentemente de
qualquer pronunciamento judicial. Tais efeitos, denominados secundários ou acessórios,
surgem do simples ingresso da sentença no mundo jurídico.

A sentença que decreta a separação judicial ou divórcio, bem como a que anula o
casamento, além do efeito constitutivo ou declaratório visado pelas partes e deferido pelo
juiz, automaticamente, põe fim ao regime de comunhão de bens (arts. 1.571, II, III e IV,
e 1.576 do CC).
A hipoteca judiciária, conforme previsto no art. 495 constitui efeito secundário de toda
sentença que condenar o réu ao pagamento de prestação em dinheiro e que determinar a
conversão de prestação de fazer, não fazer ou dar coisa certa em prestação pecuniária. [1]
No Código de 1973, a hipoteca judiciária, que está prevista no art. 466, não assegura ao
credor qualquer direito de preferência quanto ao recebimento dos créditos estabelecidos
na sentença. Ela apenas figura como meio preventivo para se evitar a alienação dos bens
em fraude à execução. O credor dispõe, então, apenas do direito de sequela, isto é, da
prerrogativa de perseguir os bens hipotecados onde quer que eles se encontrem. A
preferência leva em consideração apenas o registro da penhora ou do arresto, segundo
posição dominante do STJ.

Conforme redação do art. 495, § 4º, do novo Código, “a hipoteca judiciária, uma vez
constituída, implicará, para o credor hipotecário, o direito de preferência, quanto ao
pagamento, em relação a outros credores, observada a prioridade no registro”. Isso quer
dizer que, nas hipóteses em que houver mais de um credor, o crédito daquele que fizer o
registro da sentença perante o cartório de registro imobiliário terá preferência em
relação aos demais. Ressalte-se que essa regra é processual e, portanto, não se sobrepõe
às preferências estabelecidas nas regras de direito material.

Nos termos do § 1º do art. 495, CPC/2015, a sentença condenatória produz o efeito


secundário relativo à hipoteca judiciária: (a) embora a condenação seja genérica, caso em
que o registro da “garantia” depende da liquidação da sentença; (b) ainda que o credor
possa promover o cumprimento provisório da sentença ou esteja pendente arresto sobre
bem do devedor; (c) mesmo que seja impugnada por recurso dotado de efeito suspensivo.
Para evitar abusos, o próprio CPC prevê que, sobrevindo reforma ou a invalidação da
decisão que produziu a hipoteca judiciária, deverá a parte que promoveu o registro,
independentemente de culpa, responder pelos prejuízos causados à outra (art. 495, §
5º, CPC/2015).
Para a efetivação da hipoteca judiciária basta que o credor apresente cópia da sentença
perante o registro imobiliário, sendo desnecessária qualquer providência por parte do
juiz (art. 495, § 2º, CPC/2015).

Você também pode gostar