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DISCIPLINA: PROCESSO DO TRABALHO I

ASSUNTO: PETIÇÃO INICIAL


PROFª: Petrucia Danielle

1 PETIÇÃO INICIAL

NOÇÕES PRELIMINARES

Diz o art. 2º do CPC, aplicável ao processo do trabalho (CLT, art. 769; CPC, art. 15), que o
processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções
previstas em lei.

A petição inicial é, portanto, a peça inaugural do processo, sendo, também, apelidada de “peça
exordial”, “peça vestibular”, “peça de ingresso”, “peça preambular” ou, simplesmente, “inicial”.
O adjetivo “inicial” significa que é o primeiro requerimento dirigido pela parte à autoridade
judiciária para, segundo os preceitos legais, iniciar o processo.

Na verdade, a petição inicial é o veículo, o meio, o instrumento pelo qual o autor exerce o direito
fundamental de acesso à justiça. Trata-se, pois, do ato processual mais importante para o exercício
desse direito. Além disso, a petição inicial é pressuposto processual de existência da própria
relação jurídica que se formará em juízo. Sem petição inicial, o processo não existe. Se a petição
inicial for inepta, o caso é de pressuposto processual de validade (ou desenvolvimento) da relação
processual. Diferentemente do processo civil (CPC, art. 319), a CLT (art. 840) não utiliza o termo
“petição inicial”.

2 REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL

Os requisitos da petição inicial da ação trabalhista individual estão previstos no art. 840 da CLT,
razão pela qual não se mostram aplicáveis, em princípio, as regras subsidiárias do CPC/2015 (art.
319). Com efeito, o art. 840 da CLT diz que a petição inicial poderá ser escrita ou verbal. Se
verbal, deverá ser reduzida a termo (termo de reclamação), em duas vias datadas e assinadas pelo
Diretor de Secretaria ou escrivão.

A petição inicial verbal deve observar, no que couber, os requisitos exigidos para a petição inicial
escrita (CLT, art. 840, § 2°).
OBS:

A petição inicial do dissídio coletivo (CLT, art. 856) e do inquérito para apuração de falta grave
deve ser, necessariamente, escrita (CLT, art. 853).

De acordo com a literalidade do § 1º do art. 840 da CLT, com nova redação dada pela Lei n.
13.467/2017, a petição inicial escrita nos dissídios individuais deverá conter seis requisitos:

a) a designação do Juízo;

b) a qualificação das partes;

c) a breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio;

d) o pedido, que deverá ser certo, determinado e com indicação de seu valor;

e) a data; e

f) a assinatura do reclamante ou de seu representante.

Foram, assim, por força da Lei n. 13.467/2017, instituídos novos requisitos da petição inicial da
reclamação trabalhista no tocante à designação do Juízo e ao pedido, o qual deverá ser:

I - certo;

II - determinado;

III - com indicação de seu valor.

Endereçamento ou designação do Juízo A designação do Juízo ao qual é dirigida a petição inicial


ou, simplesmente, o endereçamento da inicial, é requisito essencial, cujo objetivo repousa na
indicação do órgão judicial competente para processar e julgar a demanda. Não deve ser indicado
o nome do juiz, mas, sim, do órgão judicial.

Exemplo: “Excelentíssimo Senhor Juiz Titular da___Vara do Trabalho de Vitória-ES”.

Ocorre que o § 1º do art. 840 da CLT (redação dada pela Lei n. 13.467/2017) dispõe que a
reclamação deverá conter “a designação do juízo”. Logo, na primeira instância da Justiça do
Trabalho, a petição inicial deve ser sempre dirigida ao Juízo da Vara do Trabalho, e não ao Juiz
ou à Juíza, titular ou substituto(a), do Trabalho. A alteração legislativa, que também ocorreu no
processo civil, está fundada no princípio do juiz natural e tem por objetivo impessoalizar o órgão
judicial destinatário da petição inicial. Entretanto, não haverá nulidade se a petição inicial for
dirigida ao “Excelentíssimo Senhor Juiz do Trabalho (gênero, ressaltamos) da Vara do Trabalho”,
porque, nesse caso, também não haverá pessoalização da figura do magistrado (ou magistrada).

Nos Tribunais Regionais do Trabalho ou no Tribunal Superior do Trabalho, a petição inicial deve
ser dirigida ao respectivo Presidente. É o que ocorre com as ações de competência originária dos
tribunais, como a ação rescisória, o dissídio coletivo, o mandado de segurança contra ato judicial
etc.
Exemplo: “Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal Regional do
Trabalho da 17â Região” ou “Excelentíssimo Senhor Ministro Presidente do Egrégio Tribunal
Superior do Trabalho”.

Depois da distribuição do processo ao Relator, a este devem ser dirigidas quaisquer outras
petições.

Exemplo: “Excelentíssimo Senhor Ministro (ou Desembargador) Relator”.

É muito importante o correto endereçamento da petição inicial não apenas pela indicação do órgão
judicial competente para processar e julgar a ação, como também para se evitar desperdício de
tempo e custos processuais pela errônea indicação do órgão judicial ao qual é dirigida.

3 QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Nos termos do § 1º do art. 840 da CLT, a petição inicial deve conter a qualificação das partes. O
inciso II do art. 319 do CPC dispõe que a petição inicial deve conter:

“os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável,


a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas
ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico,
o domicílio e a residência do autor e do réu”.

Tratando-se de pessoas jurídicas, a petição inicial deve conter o nome ou razão social, indicando
se é de direito público ou privado, bem como o CNPJ e o endereço físico completo (e o endereço
eletrônico, se houver).

De acordo com os §§ 1º, 2º e 3º do art. 319 do CPC:

• caso não disponha das informações previstas no inciso II do art. 319 do CPC, poderá o autor, na
petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção;

• a petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso
II do art. 319 do CPC, for possível a citação do réu.

• a petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II do art. 319 do
CPC, se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à
justiça.

Tendo em vista a lacuna normativa da CLT e a ausência de incompatibilidade procedimental,


pensamos ser aplicáveis supletivamente ao processo do trabalho as regras dos §§ 1-, 2- e 3- do
art. 319 CPC. Havendo litisconsortes passivos, como nos casos de empreitada ou de terceirização
(responsabilidade subsidiária), é condição necessária a inclusão de cada uma das empresas
tomadoras do serviço no polo passivo, a fim de que elas constem do título executivo judicial e
possam figurar como executadas.
Na hipótese de grupo econômico (responsabilidade solidária), esse também era o entendimento
conforme a Súmula 205 do TST. Com o cancelamento dessa súmula, deixou de haver obstáculo
à inclusão no processo de empresas do grupo econômico na fase de execução, mesmo que não
tivessem integrado o polo passivo como ré na fase de conhecimento.

Todavia, tendo em vista as divergências doutrinária e jurisprudencial a respeito, recomenda-se,


para se evitar nulidades por cerceio ao direito de ampla defesa, inserir na fase de conhecimento
todas as empresas integrantes do grupo econômico no polo passivo da demanda. Não é necessário
indicar o nome dos sócios no polo passivo da demanda, pois eventual responsabilidade destes
decorrerá da adoção, pelo magistrado, na fase (ou processo) de execução, da teoria da
desconsideração da personalidade jurídica da empresa ré com a qual mantêm ou mantiveram
relação jurídica.

De acordo com o parágrafo único do art. 274 do CPC, cuja primeira parte é aplicável ao processo
do trabalho (CLT, art. 769; CPC, art. 15):

“Presumem-se válidas as intimações dirigidas ao endereço constante dos autos, ainda que não
recebidas pessoalmente pelo interessado, se a modificação temporária ou definitiva não tiver sido
devidamente comunicada ao juízo, fluindo os prazos a partir da juntada aos autos do comprovante
de entrega da correspondência no primitivo endereço”.

4 BREVE EXPOSIÇÃO DOS FATOS DE QUE RESULTE O DISSÍDIO (CAUSA DE


PEDIR):

O § 1º do art. 840 da CLT exige que a petição inicial, dentre outros requisitos, contenha uma
“breve exposição dos fatos de que resulte o dissídio”

É importantíssima a indicação da causa de pedir, porque:

• constitui, ao lado das partes e do pedido, um dos elementos da ação;

• permite a observância do princípio da inalterabilidade da demanda, consagrado no art. 329, II,


do CPC;

• possibilita a verificação da possibilidade jurídica do pedido, como uma das condições da ação;

• auxilia no exame da ocorrência dos institutos da conexão, continência, litispendência e coisa


julgada.

A petição inicial da ação trabalhista individual, portanto, deve conter os fundamentos fáticos e
jurídicos.

OBS: Não há necessidade de indicação do fundamento legal.

Fundamentos jurídicos do pedido: são os que compõem a causa de pedir remota ou mediata.
É dizer, o autor deve indicar o porquê do seu pedido. Assim, se o autor pede aviso prévio, deverá
indicar na petição inicial que a dispensa se deu sem justa causa. Se pede horas extras, deverá
indicar, como causa de pedir, que cumpria jornada além do limite máximo permitido.
Convém lembrar que há situações especiais em que o juiz não estará adstrito à causa de pedir,
podendo, assim, proferir decisão extra petita.

É o que se infere da Súmula 293 do TST:

ADICIONAL DE INSALUBRIDADE. CAUSA DE PEDIR. AGENTE NOCIVO DIVERSO


DO APONTADO NA INICIAL. A verificação mediante perícia de prestação de serviços em
condições nocivas, considerado agente insalubre diverso do apontado na inicial, não prejudica o
pedido de adicional de insalubridade.

5 PEDIDO

O pedido, como já ressaltamos anteriormente, é o objeto da ação. É ele que faz com que o autor
“bata às portas” do Poder Judiciário para postular a restauração de seu direito, que alega ter sido
violado, agredido ou ameaçado de lesão pelo outro sujeito da relação jurídica de direito material:
o réu.

O pedido é, portanto, o “projeto da sentença”. Nesse sentido, o pedido do autor estabelece os


limites da tutela jurisdicional em função do princípio da congruência entre o pedido e a sentença
(CLT, art. 832; CPC, arts. 2º, 141 e 492).

Na linguagem do direito processual, o termo “pedido” é sinônimo de mérito, objeto litigioso,


lide e bem da vida.

O § 1º do art. 840 da CLT passou a prever, expressamente, que o pedido “deverá ser certo,
determinado e com indicação do seu valor”. Assim, o pedido na petição inicial da ação
trabalhista deve ser certo, isto é, expresso, exteriorizado, inconfundível. Por isso que o autor,
na inicial, não deve deixar transparecer pedido tácito. Também é requisito imprescindível do
pedido a sua determinação, isto é, ele deve ser definido e delimitado, em sua qualidade e
quantidade. É preciso, pois, que o pedido seja expresso, exteriorizado, inconfundível, definido e
delimitado para que o Juiz possa se pronunciar com eficiência e presteza sobre se o pedido é ou
não procedente, quando da prolação da sentença.

O Art. 322 CPC. O pedido deve ser certo:

§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de


sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.

§ 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da


boa-fé.

Art. 324. O pedido deve ser determinado.

§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:

I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;

II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser
praticado pelo réu.

OBS: Nas ações de indenização por acidente do trabalho, o pedido poderá ser genérico se as
consequências do ato ilícito perpetrado pelo réu não puderem ser apuradas de modo definitivo,
como é o caso das sequelas dos tratamentos de saúde que se prolongarão no tempo depois da
propositura da ação. O pedido genérico, não obstante seja certo quanto à existência e determinado
ao menos quanto ao gênero, é quantitativamente indeterminado, porém determinável em
posterior liquidação de sentença.

5.1 Classificação dos pedidos

Pedidos simples ou cumulados:

O pedido simples é aquele que contém uma única postulação na ação proposta.

Exemplo: o autor pede apenas o pagamento do salário do último mês em que trabalhou na
empresa.

Os pedidos cumulados, diferentemente do que se dá no processo civil, são os mais frequentes


na praxe forense laborai. Exemplo: o autor formula, na mesma petição inicial, pedidos de horas
extras, 13º salário, férias, depósitos fundiários etc.

De outra parte, não é lícita a cumulação quando o juiz do trabalho for competente para um pedido
e incompetente para o outro, como, por exemplo, o servidor celetista que passa à condição de
estatutário por força de conversão legal de regime jurídico de trabalho e cumula pedido de FGTS
(relativo ao regime celetista) e quinquênio (relativo ao regime estatutário).

Neste caso, tendo em vista que o entendimento do STF de que a ação oriunda da relação de
trabalho de natureza institucional ou administrativa é da competência da Justiça Comum, a
solução que nos parece mais adequada é julgar extinto o último pedido, por ausência de
pressuposto de desenvolvimento válido do processo no âmbito da Justiça do Trabalho (CPC, art.
485, IV).

Pedidos principal, acessório e implícito: Aqui se segue a mesma regra das obrigações principal
e acessória.

Assim, se o autor pede o pagamento do salário do último mês trabalhado, este será o pedido
principal, enquanto os juros de mora serão pedidos acessórios. Quanto aos juros e à correção
monetária, o § 1º do art. 322 do CPC dispõe: “Compreendem-se no principal os juros legais, a
correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios”.

Registre-se que a Súmula 211 do TST prevê, textualmente:

JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA. INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO


INICIAL E DO TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL. Os juros de mora e a correção monetária
incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação.
Vê-se, assim, que o verbete em causa considera que os juros e a correção monetária devem ser
incluídos na liquidação, ainda que não constem expressamente da sentença.

Em outros termos, o TST entende que o silêncio da sentença não produz coisa julgada quanto a
juros de mora e correção monetária, uma vez que tais valores devem ser incluídos na liquidação
ainda que omisso o pedido inicial ou a sentença.

Pedido implícito é a prevista no art. 323 do CPC:

Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas
serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e
serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo,
deixar de pagá-las ou de consigná-las.

Não há confundir pedido acessório com pedido implícito, na medida em que a regra geral é a de
que o autor deve formular expressamente o pedido.

Pedidos alternativos: O pedido alternativo é aquele em que a obrigação, por força do contrato
ou da lei, pode ser cumprida de mais de uma forma. Com efeito, diz o art. 325 do CPC:

Art. 325. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir
a prestação de mais de um modo.

Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe
assegurará o direito de cumprir a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha
formulado pedido alternativo.

Um exemplo de pedido alternativo pode ocorrer quando o réu, empregador, comprometer-se a


conceder um prêmio ao empregado mais assíduo, cabendo-lhe escolher entre o pagamento das
mensalidades de um curso a ser realizado no estrangeiro ou o pagamento das passagens aéreas.
Percebe-se que a obrigação do empregador, neste caso, é tipicamente alternativa, o que implica
dizer que o autor somente poderá formular pedido alternativo: ou o pagamento das mensalidades,
ou o pagamento das passagens aéreas. A escolha caberá ao réu, se procedente o pedido.

Pedidos sucessivos: O CPC, em seu art. 326, alterou a nomenclatura do pedido sucessivo para
pedido subsidiário, in verbis:

Art. 326. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça
do posterior, quando não acolher o anterior.

Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha
um deles.

Nos pedidos sucessivos, portanto, vê-se que o primeiro pedido é prejudicial em relação ao
segundo. Em outros termos, se for acolhido o primeiro pedido, o juiz não poderá mais apreciar o
segundo, o terceiro ou os demais pedidos sucessivos contidos na petição inicial.
Exemplo: a empregada gestante dispensada sem justa causa formula pedido de reintegração ou,
se esta não for possível por motivos alheios à sua vontade, a indenização do período estabilitário
correspondente. Neste caso, o juiz deverá apreciar, primeiramente, o pedido de reintegração. Caso
não seja possível acolhê-lo, aí, sim, poderá o juiz, sucessivamente, converter a reintegração em
indenização (CLT, art. 496), sem que se possa falar em julgamento extra petita.

Nesse sentido, o item II da Súmula 396 do TST:

ESTABILIDADE PROVISÓRIA. PEDIDO DE REINTEGRAÇÃO. CONCESSÃO DO


SALÁRIO RELATIVO AO PERÍODO DE ESTABILIDADE JÁ EXAURIDO.
INEXISTÊNCIA DE JULGAMENTO EXTRA PETITA. I - Exaurido o período de
estabilidade, são devidos ao empregado apenas os salários do período compreendido entre a data
da despedida e o final do período de estabilidade, não lhe sendo assegurada a reintegração no
emprego. II - Não há nulidade por julgamento extra petita da decisão que deferir salário quando
o pedido for de reintegração, dados os termos do art. 496 da CLT.

Pedidos líquidos e ilíquidos:

O pedido líquido: é aquele que já especifica o quantum debeatur, ou seja, o autor já delimita, na
petição inicial, de forma qualitativa e quantitativa, os valores que o autor sustenta ser titular em
relação ao réu.

Exemplo: aviso prévio não pago no valor de R$ 500,00. Já o pedido ilíquido contém apenas o an
debeatur, isto é, o autor apenas indica que determinada parcela é devida, mas não especifica o
quantum debeatur.

Exemplo: adicional de insalubridade não pago durante todo o contrato, a ser apurado em
liquidação de sentença.

Nas ações trabalhistas sujeitas ao procedimento sumaríssimo, o autor deverá formular pedido
certo e determinado, indicando, desde logo, “o valor correspondente” (CLT, art. 852-B, I), isto
é, o pedido há de ser, necessariamente, certo, determinado e com indicação de seu valor.

Nas ações submetidas ao procedimento ordinário, o § 1º do art. 840 da CLT, com redação dada
pela Lei n. 13.467/2017, dispõe que o pedido “deverá ser certo, determinado e com indicação
de seu valor”.

Caso o autor não formule na petição inicial pedido certo, determinado e com indicação de seu
valor, dispõe a lei que o processo será extinto sem resolução do mérito (CLT, art. 840, § 3°),
arcando o autor, no procedimento sumaríssimo, com o pagamento de custas calculadas sobre
o valor da causa, nos termos do § 1-do art. 852-B da CLT. Já no procedimento comum, apenas
o pedido que não for certo, determinado e líquido será julgado extinto sem resolução do
mérito.

Ocorre que o § 3º do art. 840 da CLT (com redação dada pela Lei n. 13.467/2017), aplicável ao
procedimento comum, passou a dispor que os pedidos que não atenderem ao disposto no § 1º (ou
seja, se o autor não formular pedido certo, determinado e com indicação de seu valor) “serão
julgados extintos sem resolução do mérito”.

Assim, a diferença básica entre o § 2º do art. 852-B e o § 3- do art. 840 da CLT reside no
procedimento:

A) no procedimento sumaríssimo, haverá extinção do processo (arquivamento da reclamação)


e condenação ao autor ao pagamento das custas sobre o valor da causa);

B) no procedimento comum ordinário (ou sumário), haverá extinção do(s) pedido(os) sem
resolução do mérito, continuando a tramitação do processo em relação aos demais pedidos.

Todavia, se houver, ad argumentan dum tantum, apenas um pedido na petição inicial (o que é
muito raro), seja no procedimento ordinário ou no sumaríssimo, a consequência, será a extinção

6 DATA:

A data da assinatura da petição inicial escrita corresponde à data em que ela for protocolada.
Sendo a petição inicial verbal, é a data em que a parte comparece pessoalmente à Vara do Trabalho
para apresentar sua reclamação.

A data na petição inicial, ao que nos parece, não é requisito essencial, pois a data a ser considerada
é a do protocolo da Vara do Trabalho ou Juízo de Direito, ou, ainda, da Distribuição ou da
Atermação (CLT, art. 841, § 2°), conforme o caso.

No PJe, a data da assinatura da petição inicial é feita direta e automaticamente pelo advogado no
momento da distribuição. Não há necessidade de intervenção do cartório ou secretaria judicial,
uma vez que o ato é praticado por meio eletrônico. A autuação, assim, é automática, e o próprio
sistema fornecerá recibo eletrônico de protocolo.

7 A ASSINATURA DO SUBSCRITOR:

É interessante notar que o CPC não exige a assinatura do subscritor - sempre advogado - da
petição inicial. Já o processo do trabalho impõe a assinatura da parte, ou do seu representante,
como requisito essencial da petição inicial da ação trabalhista, seja ela escrita ou, depois de
reduzida a termo, verbal (CLT, art. 840, §§ Ia e 2fi).

A petição inicial, no sistema do PJe, só pode ser feita mediante aquisição de Certificado Digital
de Assinatura (Certificação ICP - Brasil). Logo, a petição inicial no processo judicial eletrônico
para ser distribuída pressupõe a assinatura eletrônica do seu subscritor, sendo importante destacar
que essa assinatura eletrônica possui a mesma validade jurídica da assinatura equivalente em
papel assinado de próprio punho.

8 DOCUMENTOS:

Devem acompanhar a petição iniciai Prescreve o art. 787 da CLT que a petição inicial escrita
“deverá ser formulada em duas vias e desde logo acompanhada dos documentos em que se
fundar”. Na prática forense laborai, tal regra raramente é observada e a razão é simples:
dificilmente o autor da ação trabalhista, que geralmente é o trabalhador, dispõe dos documentos
alusivos à comprovação dos fatos pertinentes à relação empregatícia. Quase sempre, a petição
inicial é acompanhada apenas de cópia da CTPS (na parte do contrato de trabalho).

Se o pedido é de reconhecimento de vínculo empregatício, a inicial, geralmente, não é


acompanhada de nenhum documento. Quando o autor formula pedido fundado em acordo ou
convenção coletiva de trabalho, direito municipal, estadual ou estrangeiro, os documentos
correspondentes devem acompanhar a petição inicial. Outra hipótese de documento que deve
acompanhar obrigatoriamente a inicial se dá quando o autor pede algum crédito trabalhista e diz
que houve interrupção da prescrição, caso em que a inicial deverá ser acompanhada do documento
que comprova tal fato. De toda a sorte, se o juiz entender que algum documento deve
obrigatoriamente acompanhar a petição inicial, não poderá, de plano, indeferi-la, mas, sim,
conceder um prazo de dez dias, para que o autor a complete. Se o autor não cumprir a diligência,
o juiz indeferirá a petição inicial (ou o pedido pertinente), nos termos do art. 321 do CPC,
aplicável ao processo do trabalho (CLT, art. 769), que diz:

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320
ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito,
determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com
precisão o que deve ser corrigido ou completado.

Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.

9 A ESPECIFICAÇÃO DAS PROVAS

As provas são, a princípio, produzidas em audiência, uma vez que no procedimento ordinário
trabalhista o art. 845 da CLT dispõe que o “reclamante e o reclamado comparecerão à audiência
acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas”.

No procedimento sumaríssimo, prescreve o art. 852-H da CLT que “todas as provas serão
produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente”.

Revela-se, portanto, inócuo inserir na petição inicial trabalhista a expressão “protesto por todos
os meios de prova em direito admitidos”, tradicionalmente adotada na inicial do processo civil.

10 REQUERIMENTO PARA CITAÇÃO:

O requerimento para citação do réu não está mais previsto no CPC (art. 319) como requisito da
petição. Todavia, o inciso II do art. 319 do CPC exige que o autor apresente na exordial “os
nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço
eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu”, sendo certo que os §§ 1-, 2- e 3- do
referido art. 319 dispõem:

§ 1- Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial,
requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.
§ 2- A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o
inciso II, for possível a citação do réu.

§ 3- A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste
artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à
justiça.

Não obstante, já vimos que a notificação citatória no processo do trabalho é ato processual
praticado por servidor público, e não pelo magistrado (CLT, arts. 838 e 841).

É, pois, automática a notificação citatória do réu no processo do trabalho, independentemente de


requerimento do autor ou de despacho do juiz.

11 VALOR DA CAUSA

Quanto ao valor da causa, há divergências quanto à sua exigência no processo laborai. Alguns o
consideram requisito essencial da petição inicial da ação trabalhista, cujo objetivo é estabelecer o
tipo de procedimento a ser adotado (ordinário, sumário ou sumaríssimo) e, consequentemente,
possibilitar a interposição de recursos.

Outros advogam a desnecessidade da indicação na petição inicial, uma vez que o juiz pode, de
ofício, fixá-lo, quando omissa a peça vestibular a respeito.

O valor da causa é requisito obrigatório apenas para as causas sujeitas ao procedimento


sumaríssimo, por força da aplicação conjunta dos arts. 852-A e 852-B, I, § 1-, da CLT, e deve
corresponder ao valor do pedido (ou somatória dos valores dos pedidos).

Já nas ações individuais submetidas aos procedimentos ordinário e sumário, se o autor não indicar
o valor da causa, o juiz, antes de passar à instrução da causa, deverá fixá-lo para determinação da
alçada (Lei n. 5.584/70, art. 2°). Vale dizer, se omissa a petição inicial quanto ao valor da causa
nos procedimentos ordinário e sumário, cabe ao juiz fixá-lo de ofício, ainda que na própria
sentença.

Entretanto, o § 3- do art. 840 da CLT, com redação dada pela Lei n. 13.467/2017, dispõe que se
a petição inicial não contiver pedido certo, determinado e “com indicação de seu valor”,

Parece-nos, assim, que o TST passou a exigir o valor da causa estimado como requisito da petição
inicial trabalhista, contrariando, dessa forma, o que dispõe o art. 2- da Lei n. 5.584/70, segundo o
qual, somente se o autor não indicar o valor da causa, o juiz arbitrá-lo-á.

Vale dizer, apenas no caso de o autor não indicar o valor da causa é que o juiz poderia arbitrá-lo
para fins de fixação da alçada. Pela teoria do ordenamento jurídico, a Lei n. 13.467/2017, por ser
geral, não revogaria a Lei n. 5.584/70, que é especial.

12 ALTERAÇÃO DA PETIÇÃO INICIAL

Como corolário dos princípios da estabilização da demanda e da preclusão, feita a citação, não
poderá o autor alterar o pedido ou a causa de pedir, sem o consentimento do réu (CPC, art. 329,1).
Há, porém, exceções a tais princípios, desde que observados alguns requisitos previstos em lei.
Trata-se da alteração da petição inicial, gênero que tem como espécies o aditamento (CPC, art.
329) e a emenda (CPC, art. 321).

12.1 Aditamento da petição inicial

Antes do recebimento da notificação citatória pelo réu, ao autor é facultado alterar o pedido e a
causa de pedir por meio de simples aditamento da petição inicial. É condição para a validade do
aditamento que o autor o formule antes da citação do réu.

Com efeito, o art. 329,1, do CPC, aplicável ao processo do trabalho por força do art. 769 da CLT,
prescreve que o autor poderá: “Até a citação, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir,
independentemente do consentimento do réu”.

Já o aditamento da inicial depois da notificação citatória do réu só será admitido com a


concordância deste. Trata-se da interpretação a contrário sensu do art. 329 do CPC.

No processo do trabalho, não raro, o autor formula requerimento de aditamento da inicial na


própria audiência, caso em que o juiz indaga ao réu se concorda ou não com o aditamento. Se a
resposta for positiva, o juiz autoriza o aditamento. Se negativa, não há previsão legal para o juiz
impor ao réu a aceitação. Neste caso, restaria ao autor elaborar nova petição inicial, instaurando
outro processo, o que colocaria em xeque o princípio da economia processual.

12.2 Emenda à petição inicial

O art. 321 do CPC prevê que o juiz, verificando que a petição inicial não preenche os requisitos
exigidos nos arts. 319 e 320, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o
julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de quinze dias, a emende ou a complete,
indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. Se o autor não cumprir a
diligência, o juiz indeferirá a petição inicial (CPC,art. 321, parágrafo único).

A petição inicial apta é pressuposto processual de validade da relação processual, e o seu


indeferimento acarreta a extinção do processo sem resolução do mérito, nos termos do art. 485,1,
do CPC.

Depois de apresentada a resposta do réu, que no processo do trabalho ocorre em audiência (CLT,
arts. 846 e 847), o caso não é mais de indeferimento da petição inicial que apresenta
irregularidades ou desacompanhada de documento essencial à propositura da ação, mas, sim, de
extinção do feito sem resolução do mérito por ausência de pressuposto processual de validade
(CPC, art. 485, IV).

Estas normas são aplicáveis no processo do trabalho, como se infere da Súmula 263 do TST:

PETIÇÃO INICIAL. INDEFERIMENTO. INSTRUÇÃO OBRIGATÓRIA DEFICIENTE


(atualizada em decorrência do CPC de 2015) - Res. n. 208/2016, DEJT divulgado em 22, 25 e 26-
4-2016.
Salvo nas hipóteses do art. 330 do CPC de 2015 (art. 295 do CPC de 1973), o indeferimento da
petição inicial, por encontrar-se desacompanhada de documento indispensável à propositura da
ação ou não preencher outro requisito legal, somente é cabível se, após intimada para suprir a
irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação precisa do que deve ser corrigido ou
completado, a parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015).

Todavia, os arts. 338 e 339 do CPC passaram a permitir a alteração da petição inicial para
modificar o polo passivo da demanda, nos seguintes termos:

Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo
invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para
substituição do réu.

Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários


ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa
ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8°.

Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação
jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais
e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.

§1- 0 autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição
inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.

§ 2- No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir,
como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

13 INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL

O art. 330 do CPC prevê que a petição inicial será indeferida quando:

I - for inepta;

II - a parte for manifestamente ilegítima;

III - o autor carecer de interesse processual;

IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321.

§ 1- Considera-se inepta a petição inicial quando:

I - lhe faltar pedido ou causa de pedir;

II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido


genérico;

III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

IV - contiver pedidos incompatíveis entre si.


O indeferimento, ab initio, da petição inicial é raramente observado no processo do trabalho, uma
vez que o juiz geralmente dela só toma conhecimento na própria audiência. Ademais, no processo
laborai o juiz, via de regra, não despacha a petição inicial, determinando a citação do réu. Esse
ato processual é feito automaticamente pela Secretaria da Vara (ou pelo Distribuidor), nos termos
dos arts. 838 e 841 da CLT. A

lém disso, há forte tendência a aproveitar ao máximo os pedidos contidos na petição inicial,
mormente quando a parte postula pessoalmente (jus postulandi), isto é, desacompanhada de
advogado (CLT, art. 791), sendo certo que, nos termos da Súmula 263 do TST, salvo nas hipóteses
do art. 330 do CPC de 2015, o indeferimento da petição inicial, por encontrar-se desacompanhada
de documento indispensável à propositura da ação ou não preencher outro requisito legal, somente
é cabível se, após intimada para suprir a irregularidade em 15 (quinze) dias, mediante indicação
precisa do que deve ser corrigido ou completado, a parte não o fizer (art. 321 do CPC de 2015).

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