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DIREITO CIVIL, EMPRESARIAL E PROCESSO

Módulo:
Processo Civil I Teoria Geral do processo

TEMA 03 – Da Petição Inicial Tutelas


Provisórias (urgência e evidência)

Podemos conceituar a petição inicial como o ato que dá início ao processo, é


a primeira peça. É na petição inicial que colocará o seu pedido. O que constar nessa
peça definirá os desdobramentos do processo. Deve conter todos os elementos da
ação, que são: partes, causa de pedir fática e jurídica e o pedido. A causa de pedir
próxima é o direito e a remota são os fatos.
Deve ainda observar os requisitos intrínsecos e extrínsecos na petição inicial.
Os requisitos intrínsecos estão previstos no artigo 319 do Código de Processo Civil.
Sobre os requisitos, Misael Montenegro Filho1, comenta:

O art. 319 do CPC relaciona os requisitos exigidos pela lei para que a
petição inicial seja considerada apta, para que seja aceita pelo
magistrado, que por conta disso designa dia e hora para a realização
da audiência de conciliação ou da sessão de mediação (art. 334) e
determina o aperfeiçoamento da citação do réu, para que apresente
contestação no prazo previsto em lei, que como regra é de 15 (quinze)
dias.
Embora o dispositivo citado esteja inserido no título que disciplina o
procedimento comum, os requisitos relacionados devem ser
observados na redação de petições iniciais das ações que tramitam
pelos demais ritos (especial, principalmente).
Por isso, devem ser observados na redação das petições iniciais das
ações de procedimento comum, especial e sumaríssimo, tanto na
jurisdição de conhecimento como na executiva, embora a exigência
seja mais rígida na primeira modalidade de jurisdição. (FILHO, 2018)

1MONTENEGRO FILHO, Misael. Direito Processual Civil. 13ª edição. São Paulo: Atlas, 2018,
p. 327.

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O primeiro requisito intrínseco da petição inicial, é o juízo a quem é dirigida a
ação, é o juiz competente para analisar e julgar a demanda. Sobre esse requisito
Marcus Vinicius Rios Gonçalves2, esclarece:

Como ela contém um requerimento dirigido ao Poder Judiciário, e


como este é composto por inúmeros órgãos, entre os quais é dividida
a competência, o autor deve indicar para quem a sua petição é dirigida.
Um eventual erro não ensejará o indeferimento da inicial, mas tão
somente a remessa da inicial ao correto destinatário. (GONÇALVES,
2022)

Ainda sobre os requisitos da petição inicial, observamos os comentários de


Misael Montenegro Filho3:

A autoridade competente para o julgamento da ação deve estar


expressamente identificada no topo da primeira página da petição
inicial (Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de
Campinas, por exemplo), matéria estudada na seção Jurisdição e
competência.
Naquela seção, demonstramos que o autor deve indicar o foro
competente, sinônimo de Comarca (Comarca de São Paulo, do Rio de
Janeiro etc.), e, dentro dele, o juízo, sinônimo de Vara (Vara de
Família, Vara Cível, Vara de Sucessões, Vara da Fazenda Pública
etc.).
A equivocada indicação da autoridade competente, com a
consequente distribuição da ação para juízo que não recebeu
delegação legal e constitucional para apreciá-la e julgá-la, pode
caracterizar a incompetência absoluta (por exemplo: distribuição de
ação de separação judicial para uma Vara Cível, quando a Comarca
apresenta Vara de Família em funcionamento), acarretando a
necessidade de encaminhamento dos autos ao juízo competente, com
a ressalva de que, salvo decisão judicial em sentido contrário,
conservar-se-ão os efeitos das decisões proferidas pelo juízo
incompetente, até que outra seja proferida, se for o caso, pelo juízo
competente (§ 4º do art. 64 do CPC).(FILHO, 2018)

A autoridade competente para julgar a causa deve estar devidamente


identificada. Caso a ação seja encaminhada (distribuída) a juízo incompetente será
necessário redistribuir a petição inicial.

2 GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, LENZA, Pedro (coord.). Direito Processual Civil –
coleção esquematizado. 13ª edição. São Paulo: SaraivaJur, 2022, p. 817.
3 MONTENEGRO FILHO, Misael. Direito Processual Civil. 13ª edição. São Paulo: Atlas, 2018,

p. 329.

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O segundo requisito intrínseco previsto no artigo 319 do CPC, é a qualificação
das partes (inciso nº II) e nesse ponto nos deparamos com uma dificuldade que é a
qualificação do réu, que nem sempre o autor não possui todas essas informações.
Nessas situações, a parte poderá se valer das previsões constantes nos §§ 1º, 2º e
3º do artigo 319 do CPC. Sobre a qualificação das partes, Misael Montenegro Filho4,
comenta:
O inciso II do art. 319 do CPC exige que o autor informe os nomes, os
prenomes, o estado civil, a existência de união estável, o número de
inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do
autor e do réu.
A exigência de indicação dos nomes das partes justifica-se pela
necessidade de delimitação do elemento subjetivo do processo,
verificando quem pode ser beneficiado pelos efeitos da sentença
judicial que se espera obter (autor), e em face de quem pode ser
prolatada (réu). (FILHO, 2018)

Ainda sobre os requisitos previstos no inciso nº II, §1º e 2º do CPC, Elpídio


Donizetti5, aponta:
Inciso II e §§ 1º e 2º. O CPC/2015 aumenta os requisitos para
qualificação das partes. Quanto ao estado civil, deverá ser indicada
também a existência da união estável. A indicação do CPF/CNPJ visa
evitar problemas com homônimos no momento da citação. A indicação
do endereço eletrônico serve para viabilizar a comunicação dos atos
processuais diretamente às partes.
Nem sempre o autor disporá de todas as informações previstas no
inciso II para propor a ação. Na ação de usucapião, por exemplo, é
perfeitamente possível a realização de citação de pessoas incertas ou
desconhecidas, as quais se submeterão à sentença da mesma forma
que as partes previamente identificadas.
A ausência de uma ou de algumas das informações descritas nesse
dispositivo não deve acarretar indeferimento da petição inicial se o réu
puder ser identificado, por exemplo, por suas características físicas,
apelidos ou quaisquer outras informações que não aquelas transcritas
no inciso II.
No entanto, sendo insuficientes as informações destinadas à citação
da parte contrária, poderá o autor requerer ao órgão jurisdicional a
realização de diligências para a obtenção das informações
necessárias (art. 319, § § 1 º e 2 º ). Somente se as diligências
pleiteadas pelo autor forem excessivamente onerosas ou restarem
infrutíferas é que a petição inicial poderá ser indeferida. (Destaques
originais). (DONIZETTI, 2018)

4MONTENEGRO FILHO, Misael. Direito Processual Civil. 13ª edição. São Paulo: Atlas, 2018, p. 329.
5DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil Comentado. 3ª edição. São Paulo: Atlas,
2018, p. 346.

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No inciso nº III do mesmo artigo 319 do CPC, temos os fatos e os fundamentos
jurídicos do pedido.
O terceiro requisito intrínseco previsto no artigo 319, inciso nº III do CPC e se
refere aos fatos e fundamentos jurídicos.
Pela teoria da substanciação, o juiz ao julgar deve ficar atrelado (vinculado)
aos fatos apresentados pelas partes. Quanto aos fundamentos de direito, o juiz
conhece o direito, ou seja, aplicará a lei ao caso concreto, mesmo que o fundamento
seja diferente do alegado pelas partes (iura novit curia).
Vejamos os comentários de Marcus Vinicius Rios Gonçalves6 sobre os fatos
e fundamentos:

O autor deve indicar quais são os fatos e os fundamentos jurídicos em


que se embasa o pedido, a causa de pedir. Esse é um dos requisitos
de maior importância da petição inicial, sobretudo a descrição dos
fatos, que, constituindo um dos elementos da ação, vincula o
julgamento (teoria da substanciação). O juiz não pode se afastar dos
fatos declinados na inicial, sob pena de a sentença ser extra petita. A
causa de pedir e o pedido formulados darão os limites objetivos da
lide, dentro dos quais deverá ser dado o provimento jurisdicional.
Por isso, os fatos devem ser descritos com clareza e manter
correspondência com a pretensão inicial. (...) Além dos fatos, o autor
deve indicar qual o direito aplicável ao caso posto à apreciação do juiz.
Não é necessária a indicação do dispositivo legal, mas das regras
gerais e abstratas das quais se pretende extrair a consequência
jurídica postulada. A indicação do direito aplicável não vincula o juiz,
que conhece o direito (jura novit curia) e pode valer-se de regras
diferentes daquelas apontadas na petição inicial. Por isso, pode haver
alguma tolerância do juízo em relação a isso na inicial, mas não em
relação aos fatos, que devem ser descritos com toda a precisão e
clareza necessárias para que o juiz possa compreendê-los.
(GONÇALVES, 2022)

O quarto requisito intrínseco previsto no artigo 319, inciso nº IV do CPC refere-


se ao pedido e suas especificações. Por regra o pedido deve ser certo e determinado,
inclusive no tocante ao valor dos danos morais, em circunstâncias excepcionais é
permitido o pedido genérico.

6GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, LENZA, Pedro (coord.). Direito Processual Civil –
coleção esquematizado. 13ª edição. São Paulo: SaraivaJur, 2022, p. 818.

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Quanto ao pedido, temos o pedido imediato e o pedido mediato. Sobre esses
pedidos, Marcus Vinicius Rios Gonçalves7, comenta:

É preciso que o autor indique com clareza o pedido imediato, o tipo de


provimento jurisdicional (condenatório, constitutivo, declaratório) e o
mediato (bem da vida almejado). Ambos vincularão o juiz, já que
servem para identificar a ação. O julgador não poderá conceder nem
um provimento jurisdicional, nem um bem da vida, distintos daqueles
postulados na inicial.
Daí a necessidade de que seja indicado com clareza e de que
mantenha correlação lógica com a causa de pedir. (...).
(GONÇALVES, 2022).

Importante destacar que a sentença não pode ser ultra petita (o juiz foi além
do pedido), extra petita (o juiz concede pedido diverso do que foi formulado).ou citra
petita (é aquela que não examina todos os pedidos formulados na inicial).
O quinto requisito intrínseco previsto no artigo 319, inciso nº V do CPC é o
valor da causa. Toda causa deve ter um valor, ainda que não seja econômico e essa
necessidade de recolhimento das custas previstas pelo Tribunal, bem como a fixação
da competência dos juizados especiais estaduais ou federais, por exemplo, causa de
até 40 salários-mínimos devem ser postuladas no Juizado Especial Cível ( artigo 3º
da Lei nº 9.099/1995) e até 60 salários mínimo, no Juizado Especial Federal (artigo 3º
da Lei nº 10.259/2001).
Sobre a necessidade de atribuir um valor a causa, Marcus Vinicius Rios
Gonçalves8, esclarece:

A toda causa será atribuído um valor certo, ainda que ela não tenha
conteúdo econômico imediatamente aferível (CPC, art. 291).
Tal atribuição terá grande relevância para o processo, pois repercutirá
sobre:
a) a competência, pois o valor da causa é critério para fixação do juízo;
b) o procedimento: pois influi, por exemplo, sobre o âmbito de atuação
do juizado especial cível;
c) no cálculo das custas e do preparo, que podem ter por base o valor
da causa;
d) nos recursos em execução fiscal, conforme a Lei n. 6.830/80;
e) na possibilidade de o inventário ser substituído por arrolamento
sumário (CPC, art. 664, caput).

7Idem, p. 819.
8GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios, LENZA, Pedro (coord.). Direito Processual Civil –
coleção esquematizado. 13ª edição. São Paulo: SaraivaJur, 2022, p. 820.

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Todas as demandas – o que inclui reconvenções, oposições e
embargos de devedor – devem indicar o valor da causa.
(...)
O valor da causa não repercute sobre os limites objetivos da lide. Se
o autor postula um montante e atribui valor à causa menor, ainda que
isso passe despercebido e o valor seja mantido, o juiz na sentença
não ficará limitado a este, mas ao que foi pedido. (GONÇALVES,
2022).

O sexto requisito intrínseco previsto no artigo 319, inciso nº VI do CPC, diz


respeito as provas que o autor pretende demonstrar o seu direito. É admitido pela
jurisprudência o protesto genérico de produção de provas.
Sobre a questão das provas, Misael Montenegro Filho9, comenta:

Nas ações de modo geral, a prova é produzida após o saneamento do


processo, com exceção da documental, que, como regra, deve ser
produzida no momento em que a ação é proposta (art. 320), sobretudo
se o documento for substancial (arts. 434 ss).
(...)
No caso do autor, só pode produzir provas se tiver protestado por essa
produção na petição inicial, explicitando de que forma pretende
comprovar a veracidade das alegações expostas, considerando que o
inciso I do art. 373 lhe atribui o ônus da prova quanto ao fato
constitutivo do seu direito (o fato que, por si só, é suficiente para
garantir a procedência da ação ou dos pedidos, como a culpa do réu
em acidente de trânsito). (GONÇALVES, 2022).

O sétimo requisito intrínseco previsto no artigo 319, inciso nº VII do CPC,


refere-se à opção pela realização da audiência de conciliação ou mediação. Só não
ocorrerá, por regra essa audiência de conciliação ou mediação, quando não for
possível dispor dos direitos ou quando as partes manifestarem desejo de não
realizarem a audiência. Sobre a audiência de conciliação e mediação, Elpídio
Donizetti10 comenta:

Inciso VII. O CPC/2015 remove dos requisitos da petição inicial o


requerimento para citação do réu. Embora se exija a iniciativa do autor,
o processo se desenvolve por impulso oficial. A citação é, portanto, ato
que o juiz pode praticar de ofício.
O inciso acrescenta, ainda, a faculdade de o autor optar pela
realização da audiência de conciliação e mediação (art. 334). Essa

9 MONTENEGRO FILHO, Misael. Direito Processual Civil. 13ª edição. São Paulo: Atlas, 2018,
p. 335.
10 DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil Comentado. 3ª edição. São Paulo:

Atlas, 2018, p. 346.

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audiência busca a composição amigável do conflito antes mesmo da
apresentação da contestação, conforme se verá adiante. (destaques
originais). (GONÇALVES, 2022).

Como já mencionado, se o pedido não comportar autocomposição ou se autor


e réu manifestarem o desejo de não participar da audiência, o juiz poderá deixar de
designar, todavia, é importante relembrar que sempre que possível é interessante
optar pela audiência, uma vez que é uma oportunidade das partes chegarem juntas a
uma solução para finalizar o processo.

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Leitura Complementar

Teoria da Individualização X Teoria da Substanciação:


https://guiadry.jusbrasil.com.br/artigos/1188309266/teoria-da-individualizacao-x-
teoria-da-substanciacao

Súmula 326 do STJ permanece válida na vigência do CPC/2015, define Quarta


Turma:
https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2022/20092022-
Sumula-326-do-STJ-permanece-valida-na-vigencia-do-CPC2015--define-Quarta-
Turma.aspx

Audiência de mediação ou de conciliação: finalidade:


http://genjuridico.com.br/2022/06/22/audiencia-de-mediacao/

Estudos apresentam dados sobre eficiência do uso mediação e conciliação na


Justiça:
https://www.cnj.jus.br/estudos-apresentam-dados-sobre-eficiencia-do-uso-mediacao-
e-conciliacao-na-justica-brasileira/

Legislação

Código de Processo Civil:

Art. 319. A petição inicial indicará:

I - o juízo a que é dirigida;

II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a


profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro

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Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor
e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos


alegados;

VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou


de mediação.

§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor,
na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.

§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações


a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.

§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no


inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou
excessivamente oneroso o acesso à justiça.

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Jurisprudência

SEGURO. Ação de cobrança. Apelação. Seguro de vida em grupo,


com cobertura de morte de filho. Sentença de improcedência. Apelo
da autora. Morte da filha da autora, com menos de três anos de idade.
Condições gerais que estabeleceram que, em caso de morte de filho
com menos de 14 anos, a cobertura se limita ao auxílio funeral,
mediante comprovação de despesas. Autora que não faz jus à
indenização por morte. Risco excluído expressamente das coberturas
do seguro. Segurador que não é obrigado a responder por riscos não
previstos (art. 757 do Código Civil). Ausência de violação ao CDC,
porquanto é da natureza do contrato de seguro a delimitação da
amplitude da cobertura com a exclusão de riscos específicos.
Indenização indevida. Ausência de dano moral. Inexistente perda de
tempo expressiva, bem como ausentes provas de que a ré fez diversos
e sucessivos pedidos de documentos para a autora. Dano moral não
caracterizado. Pedido subsidiário, de condenação da ré ao pagamento
de auxílio funeral, formulado neste grau recursal. Alteração do
pedido ou da causa de pedir que apenas pode ser feita antes da
citação do réu ou, após a citação, antes do saneamento e com
sua anuência (art. 319, I e II, do CPC). Inovação recursal, não
admitida no processo civil. Matéria não discutida em primeiro grau de
jurisdição, não podendo ser conhecida em sede de apelação (art.
1.013 do CPC). Sentença mantida. Apelo conhecido em parte e, na
parte conhecida, desprovido. (TJSP; Apelação Cível 1119072-
91.2019.8.26.0100; Relator (a): Carlos Dias Motta; Órgão Julgador:
26ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 29ª Vara Cível;
Data do Julgamento: 17/07/2020; Data de Registro: 17/07/2020).

Agravo de instrumento. Ação de usucapião. Decisão indicou


determinações diversas à parte autora. Insurgência sob alegação de
que as diligências necessárias foram cumpridas. Ausente
qualificação completa daqueles que integrarão o polo passivo.
Proprietários, possuidores ou confrontantes. Observância aos
requisitos apontados na decisão e aqueles previstos pelo art. 319,
II, do CPC. Desnecessidade de repetição ato citatório envolvendo
sucessores de adquirente do imóvel. Aviso de recebimento que
comprova a citação. Citação recebida por pessoa que aceitou a
correspondência. Aplicação da teoria da aparência. Necessidade de
citação do município. Expedida carta de cientificação. Ato diverso do
citatório. Certidões. Expedição em nome da autora e daqueles que
sucederam a adquirente falecida. Agravo parcialmente provido.

(TJSP; Agravo de Instrumento 2298136-48.2022.8.26.0000; Relator


(a): Edson Luiz de Queiróz; Órgão Julgador: 9ª Câmara de Direito
Privado; Foro de Tatuí - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento:
23/03/2023; Data de Registro: 23/03/2023)

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AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. DESPESAS CONDOMINIAIS. EXEQUENTE QUE
REQUER DILIGÊNCIA PARA OBTENÇÃO DE DADOS
QUALIFICADORES DO EXECUTADO. POSSIBILIDADE.
INTELIGÊNCIA DO ART. 319, § 1º, DO CÓDIGO DE PROCESSO
CIVIL (CPC). RECURSO PROVIDO. 1.- O Código de Processo Civil
(CPC) prevê que a parte autora, caso não possua as informações
que qualificam o réu (art. 319, II), pode requerer ao juízo as
diligências necessárias a sua obtenção (art. 319, § 1º). 2.- No caso
presente, requer o exequente a expedição de ofício ao Conselho
Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) para
obtenção dos números de RG e CPF do executado, bem como
informações acerca de eventual falecimento deste. 3.- O exequente
demonstrou: (a) ter procedido pessoalmente às diligências prévias a
si disponíveis (obtenção de matrícula do imóvel, escritura pública de
compra e venda e consulta ao site do CREMESP); (b) a necessidade
de intervenção judicial; (c) adequação e suficiência da diligência.
Assim, não há óbice ao deferimento da medida.

(TJSP; Agravo de Instrumento 2018153-47.2023.8.26.0000; Relator


(a): Adilson de Araujo; Órgão Julgador: 31ª Câmara de Direito Privado;
Foro Central Cível - 39ª Vara Cível; Data do Julgamento: 08/02/2023;
Data de Registro: 08/02/2023)

RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. TEORIA DA


SUBSTANCIAÇÃO. VINCULAÇÃO DO JUIZ À FUNDAMENTAÇÃO
DE OUTRAS DECISÕES. AUSÊNCIA. LIMITES OBJETIVOS DA
COISA JULGADA. VIOLAÇÃO À COISA JULGADA. NÃO
CARACTERIZAÇÃO. DISPOSITIVO LEGAL DISSOCIADO. SÚMULA
284 DO STF. TEORIA DA APARÊNCIA. REQUISITOS. REEXAME.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7 DO STJ. SÚMULA 283 DO STF.
COMPROVAÇÃO DA REALIZAÇÃO DO INVESTIMENTO.
REEXAME. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 5 DO STJ. SÚMULA 7 DO
STJ. PROVA DE FATO NEGATIVO. AUSÊNCIA.
1- Recurso especial interposto em 21/1/2020 e concluso ao gabinete
em 22/1/2021.
2- O propósito recursal consiste em dizer se: a) o acórdão recorrido
conteria vício por basear suas conclusões em fundamento que não
integrou a causa de pedir da ação; b) o juiz e a Corte de origem
estariam vinculados à fundamentação de outras decisões judiciais em
demandas semelhantes, envolvendo as mesmas partes e transitadas
em julgado; c) é lícita a utilização, para fundamentar decisão judicial,
de elementos externos ao processo, como notícias de jornal, não
submetidos ao contraditório; d) a mera existência de grupo econômico
é suficiente para responsabilizar uma sociedade empresária por
obrigações contraídas por outra; e) estaria caracterizada violação ao
princípio da relatividade dos efeitos contratuais; f) a simples assinatura
disposta em contrato real, sem a respectiva tradição do bem, é
suficiente para o aperfeiçoamento do negócio jurídico; e g) teria sido
imposto ao réu o ônus de provar fato negativo.

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3- De acordo com a teoria da substanciação, os fundamentos jurídicos
expendidos na causa de pedir não vinculam o juiz, cabendo-lhe aplicar
o direito à espécie conforme os fatos trazidos à sua apreciação,
mesmo que por fundamento diverso do invocado pelas partes,
notadamente tendo em vista o princípio do livre convencimento
motivado ("da mihi factum dabo tibi ius").
4- Tratando-se de ações distintas, pois diferentes as causas de pedir,
não há que se falar em vinculação de um juiz aos fundamentos
constantes de decisão judicial proferida em outro processo,
notadamente por não se estar diante de qualquer das hipóteses de
precedentes vinculantes previstas no art. 927, do CPC/2015.
5- Cabe ao juiz, como destinatário final da prova, respeitados os limites
impostos pelo Código de Processo Civil, a interpretação das provas
necessárias à formação do seu convencimento.
6- "A qualidade de imutabilidade e indiscutibilidade da coisa julgada
somente se agrega à parte dispositiva do julgado, não alcançando os
motivos e os fundamentos da decisão judicial" (AgInt nos EDcl no
REsp n. 1.593.243/SC, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/8/2017,
DJe 6/9/2017).
7- Quanto ao argumento relativo à coisa julgada, impõe-se registrar
que o comando normativo inserido no art. 926 do CPC/2015, apontado
como violado pelo recorrente, é demasiado genérico, não confere
sustentação à tese desenvolvida e não infirma as conclusões do
Tribunal estadual, o que caracteriza a deficiência da fundamentação
recursal, atraindo o óbice da Súmula 284 do STF.
8- A Corte de origem não se limita a citar informações mencionadas
pela imprensa para fundamentar a sua decisão, pois, como se observa
do atento exame do acórdão estadual, a conclusão acerca da
responsabilidade da parte recorrente e da existência de liame entre
esta e a sociedade S&S Finance Services decorreu de amplo exame
dos fatos e das provas colacionados aos autos, bem como da
aplicação da teoria da aparência.
9- Alterar a conclusão a que chegou o Tribunal a quo acerca da
aplicação da teoria da aparência e da consequente responsabilidade
do recorrente pelo inadimplemento, demandaria o revolvimento de
fatos e de provas, o que é vedado pelo enunciado da Súmula 7 do
STJ.
10- A parte recorrente não impugna, nas razões do recurso especial,
a aplicação da teoria da aparência, o que atrai a incidência do
enunciado da Súmula 283/STF, na medida em que a subsistência de
fundamento inatacado apto a manter a conclusão do acórdão recorrido
impõe o não-conhecimento da pretensão recursal.
11- Derruir a conclusão que chegou o Tribunal a quo no sentido de
que foi comprovada a realização do aporte financeiro, isto é, a tradição
do bem, demandaria o reexame das provas e do próprio negócio
jurídico celebrado, o que é vedado pelos enunciados da Súmulas 5 e
7 do STJ.
12- Ao contrário do que sustenta o recorrente, não lhe foi imposto o
dever de produzir prova impossível, pois a Corte de origem, após
afirmar que o autor comprovou o fato constitutivo de seu direito,
limitou-se a afirmar que caberia ao réu a prova de eventual fato

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impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, nos termos do
art. 373, do CPC/2015.
13- Recurso especial conhecido em parte e, nesta extensão, não
provido.

(REsp n. 1.922.279/SP, relatora Ministra Nancy Andrighi, Terceira


Turma, julgado em 27/9/2022, DJe de 30/9/2022.)

BIBLIOGRAFIA

BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil.


Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em 30 jan. 2023.

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DONIZETTI, Elpídio. Novo Código de Processo Civil Comentado. 3ª
edição. São Paulo: Atlas, 2018.

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Processual Civil – coleção esquematizado. 13ª edição. São Paulo: SaraivaJur,
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Paulo: Atlas, 2018.

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