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Civil e Empresarial I
Petição Inicial
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Petição Inicial
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Introduzir o aluno no estudo prático do Direito, de modo que possa elaborar uma petição
inicial adequada ao caso concreto, baseado na técnica desenvolvida em sala de aula e de
acordo com as exigências das provas e mercado de trabalho.
UNIDADE Petição Inicial
A petição inicial é a peça que inaugura o processo, estabelecendo uma relação jurídica
processual entre o autor e o juiz. Em outras palavras, é a peça processual por meio da
qual a parte, que é o autor, exerce seu direito de ação, invocando uma tutela jurisdicional.
Importante!
As petições visam influenciar na convicção do magistrado. O advogado se vale desse
poderoso instrumento para convencer o juiz de que seu cliente tem determinado direi-
to assegurado no ordenamento jurídico. Não se trata de mera narrativa de fatos e de
direitos, mas de texto articulado para atuar na inteligência do magistrado (BARROSO;
LETTIERE, 2019, p. 23).
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É sempre bom lembrar que não fazemos nada “do nosso jeito”, mas sim como manda
a lei. A Lei n. 13.105/2015, do Código de Processo Civil, traz um capítulo específico
(arts. 319 ao 321) sobre a da petição inicial. Porém, antes de tratarmos dos requisitos
legais, precisamos ter uma conversa séria sobre dois temas muito importantes: estudo
jurídico e estudo da língua portuguesa.
Sobre a questão jurídica, é importante que você tenha o hábito de estudar. Não estamos
nos referindo ao estudo de véspera de prova, mas sim ao estudo contínuo. Precisamos que
você estude com afinco o direito material e processual. Se não for assim, você terá dificul-
dade na disciplina de prática.
É realmente necessário que você se preocupe com seu nível de conhecimento e, caso se
sinta inseguro, basta estudar. Seja qual for o caminho escolhido, o profissional do Direito
não para nunca, está sempre estudando, pesquisando e atualizando seus conhecimentos.
Outro assunto sério e que todo estudante deve se preocupar, é a língua portuguesa.
Começamos perguntando: você tem uma boa gramática da língua portuguesa? Deseja-
mos que sim, pois você precisará estudar a língua portuguesa com o mesmo empenho
que estuda o direito. Entenda que os dois conhecimentos andam juntos, não adianta você
conhecer o direito, mas não saber se expressar adequadamente. Também não adianta
você conhecer muito bem a língua, mas não o direito.
Como dispõe o art. 192, “Em todos os atos e termos do processo é obrigatório o uso da
língua portuguesa”, então vamos caprichar, pois o jurista deve escrever de forma correta.
Mais uma coisa: a elaboração de uma boa petição inicial, além dos conhecimentos
jurídicos e da língua portuguesa, exige treino. Por isso, sempre que possível, faça as
provas da OAB e de outros concursos, seja protagonista de seus estudos, assim teremos
a certeza de que você vai longe.
Feitas essas considerações, acreditamos que você já está preparado(a) para estudar
os requisitos da petição inicial, então vamos lá.
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UNIDADE Petição Inicial
Primeiramente, leia e releia o art. 319 infinitas vezes. Após, vamos juntos analisar
cada requisito. São eles:
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Regra Comum de Competência:
• Ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens imóveis (art. 46,
caput): domicílio do réu;
• Ações fundadas em direito real sobre imóveis (art. 47, caput): foro de situação
da coisa.
Cuidado, não deixe de estudar as situações em que a lei prevê foro privilegiado, em
especial, aquelas previstas no art. 53. Por exemplo, a ação de alimentos, sendo compe-
tente o foro do domicílio do alimentando (art. 53, II, do CPC).
Saiba que cada estado tem uma Lei de Organização Judiciária, assim você consegue
saber sobre a existência de varas especializadas ou foros regionais.
Justiça Federal:
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE FEDERAL DA ___ª VARA CÍVEL DA
SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ______.
Você sabe o motivo de mantermos um espaço em branco antes da Vara? Nos foros
com mais de uma vara, quando a petição inicial é distribuída, não sabemos a vara, por
isso deixamos em branco. Nas demais petições, no entanto, a vara é indicada.
Com o novo Código de Processo Civil, surgiu uma discussão. O atual CPC fala em
“juízo a que é dirigida (319, inciso A), o antigo falava em “juiz”. Por isso você pode ouvir
alguém falar que atualmente o endereçamento mudou, passou a ser apenas “Ao Juízo
Civil da Comarca de ___”. Na verdade, os dois estão corretos, como explicam Barroso e
Lettiere (2019, p. 99), “ao indicar VARA CÍVEL de tal lugar... o autor da peça processual
está indicando o Juízo, cumprindo de forma técnica a previsão legal”.
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UNIDADE Petição Inicial
Importante!
• Juiz Estadual: na petição inicial é chamado de Juiz de Direito (Comarca);
• Juiz Federal: na petição inicial é chamado de Juiz Federal (Seção ou Subseção
Judiciária).
Se o autor não souber alguma informação obrigatória, como o endereço do réu, segun-
do o § 1º do art. 319, “poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências neces-
sárias à sua obtenção.” Para a localização do réu, por exemplo, muito comum o pedido de
expedição de ofícios (ex. IIRG, DRF, Bacen).
A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se
refere o inciso II, for possível a citação do réu. (§ 2º do art. 319).
Exemplo:
Para pessoa física (autor e réu):
NOME DO AUTOR, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de
identidade n._____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da
Fazenda sob o n._____, endereço eletrônico ___, residente e domiciliado na
Rua ________, n.___, Bairro, Cidade, Estado, CEP_______.
Para concluir, gostaríamos que soubesse que, na petição inicial, escreve-se o nome
das partes na qualificação, mas, após, não é necessário repetir os nomes, basta indicar
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as partes como “autor” e “réu”, que é a regra geral. Lembrando que o autor é aquele que
promove a ação e o réu aquele contra quem se promove. Atente ao CPC, que apresenta
a terminologia correta das partes.
Exame de Ordem
Não se devem criar dados, somente utilizar aqueles trazidos pelo problema. Se o pro-
blema não trouxer, deixar de forma genérica, conforme exemplo acima. Qualquer
informação criada ou alterada corre um enorme risco de causar a anulação da prova,
pois se considera identificação do candidato, por exemplo, inventar sobrenome, nú-
mero de documento, endereço.
Observe um trecho da segunda fase da OAB, sendo a peça cabível uma petição ini-
cial, observe que o problema não traz maiores informações acerca da qualificação.
Aline é proprietária de uma pequena casa situada na cidade de São Paulo, residindo no
imóvel há cerca de 5 anos, em terreno constituído pela acessão e por um pequeno pomar.
Pouco antes de iniciar obras no imóvel, Aline precisou fazer uma viagem de emergência
para o interior de Minas Gerais, a fim de auxiliar sua mãe que se encontrava gravemente
doente, com previsão de retornar dois meses depois a São Paulo. Aline comentou a viagem
com vários vizinhos, dentre os quais, João Paulo, Nice, Marcos e Alexandre, pedindo que
“olhassem” o imóvel no período. (XXVI Exame de Ordem Unificado – 2018.2)
Para a descrição dos fatos, exige-se uma boa redação, com começo, meio e fim. Escre-
va somente o necessário, sempre com clareza e objetividade. Recomendamos iniciar os
fatos demonstrando a relação jurídica existente entre as partes (existência do contrato, por
exemplo) e a violação que deu causa à propositura da ação (não cumprimento do contrato,
por exemplo).
Os fatos “nada mais são que os eventos ou acontecimentos ocorridos no plano material que
originaram o conflito; os fatos costumam ser denominados como causa de pedir remota.
Como exemplo, imagine uma ação indenizatória decorrente de acidente de veículo auto-
motor. Os fatos vão indicar quando, onde e como se deu o acidente, assim como as conse-
quências que dele advieram (se houve ou não vítimas, se ocorreu alguma conversa entre os
envolvidos no acidente, quais foram os prejuízos, se houve algum tipo de pagamento etc.)”
(TARTUCE, 2020, p. 102).
Lembre-se de que o juiz não conhece os fatos, por isso seja bastante claro e objetivo.
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UNIDADE Petição Inicial
No Exame de Ordem, os fatos trazidos no problema devem ser respeitados, não crie
dados novos e nem altere os existentes.
Além de narrar os fatos (causa de pedir remota), o autor deve apresentar os funda-
mentos jurídicos (causa de pedir próxima). Não se trata apenas da citação ou transcrição
do artigo, o autor deve apresentar uma boa narrativa, que demonstre a aplicação da lei
ao caso concreto e que convença o juiz.
Fundamentos Jurídicos
[...] não se trata de dar a fundamentação legal, citando o número do
artigo da lei (fundamento legal é diferente de fundamento jurídico). A fun-
damentação legal seria apenas a indicação ou transcrição do artigo da
lei; enquanto o fundamento jurídico é mais, ao passo que representa o
raciocínio lógico de aplicação do direito ao fato, levando o magistrado ao
convencimento para acolher a pretensão. É na fundamentação jurídica
que o autor poderá apresentar jurisprudência, doutrina e, até mesmo, a
indicação do texto da lei. (BARROSO; LETTIERE, 2019, p. 108)
A certeza do pedido diz respeito à providência jurisdicional pleiteada, ao verbo que será
utilizado na redação da petição: no pedido deve-se fazer menção a condenar, declarar
ou constituir.
A determinação do pedido diz respeito ao complemento do verbo, ao bem da vida: ao pedir a
condenação (certeza do pedido), deve-se indicar de quanto se quer a condenação (TARTUCE,
2020, p. 108).
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Para finalizar, uma pergunta: é possível o autor acrescentar algo no pedido, após
a distribuição da petição inicial? Segundo o art. 329, inciso I, o autor poderá “até a
citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consenti-
mento do réu”. Por outro lado, o autor vai precisar do consentimento do réu, na hipótese
prevista no inciso II do precitado artigo. Assim, o autor poderá:
II – até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de
pedir, com consentimento do réu, assegurado o contraditório mediante a
possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias,
facultado o requerimento de prova suplementar.
V – O valor da causa
Outro requisito obrigatório é o valor da causa, toda causa tem um valor. Em regra, o
valor da causa corresponde ao benefício econômico reclamado pelo autor.
Conforme art. 291, “toda causa será atribuída valor certo, ainda que não tenha conteúdo
econômico imediatamente aferível”. As regras para atribuição do valor da causa estão nos
artigos 291 a 293 (recomendo leitura), além de legislação especial (ex. Lei do Inquilinato).
A atribuição do valor à causa estabelece:
• O cálculo da taxa judiciária;
• A competência (em alguns estados, existem foros regionais que têm sua competência
fixada pelo valor da causa);
• O procedimento (ex. juizados especiais);
• O valor das verbas de sucumbência (art. 85, parág. 2º, CPC: de 10 a 20% do valor
atualizado da causa).
Exemplo:
Dá à causa o valor de R$______ (valor por extenso).
Dá-se à causa o valor de R$ ____ (valor por extenso).
Veja algumas regras para atribuição do valor da causa, segundo o art. 292:
• Na ação de cobrança de dívida, será a soma monetariamente corrigida do principal,
dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de pro-
positura da ação;
• Na ação de alimentos, será a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;
• Na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, será o valor pretendido;
• Na ação em que há cumulação de pedidos, será a quantia correspondente à soma
dos valores de todos eles.
VI – As provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados
Ao autor compete, na petição inicial, especificar as provas com que pretende de-
monstrar a veracidade dos fatos constitutivos de seu direito.
Segundo o art. 369 do CPC: “As partes têm o direito de empregar todos os meios le-
gais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para
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UNIDADE Petição Inicial
provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na
convicção do juiz”. Na prática, irá depender do caso concreto, sendo as mais comuns as
provas orais (depoimento pessoal e oitiva de testemunhas), documentais e periciais.
Exemplo:
Requer provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidas, em especial
pelo depoimento pessoal do autor, oitiva de testemunhas, juntadas de documentos e
outros que se fizerem necessários à demonstração da verdade dos fatos. “Protesta-se
provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, principalmente
juntada de novos documentos, prova oral e pericial, sem exceção de outras que pos-
sam ser indicadas no momento oportuno” (CHACON, 2021, p. 9).
Exemplo:
Nos termos do art. 334, § 5º do Código de Processo Civil, o autor desde já manifesta,
pela natureza do litígio, desinteresse em autocomposição.
Nos termos do art. 334 do Código de Processo Civil, requer que seja designada a
audiência de conciliação, pois o autor manifesta interesse em autocomposição.
Segundo o art. 321, o juiz determinará que o autor a emende ou a complete no prazo
de 15 (quinze) dias, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. E se
o autor não cumprir a diligência? Aí o juiz indeferirá a petição inicial (parágrafo único
do art. 321).
E por falar em petição inicial, tome muito cuidado, pois o artigo 330 diz que a pe-
tição inicial será indeferida quando: for inepta, a parte for manifestamente ilegítima,
o autor carecer de interesse processual ou quando não forem atendidas as prescrições
dos arts. 106 e 321.
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Quando a petição inicial é inepta? Vamos recordar o §1º do precitado art. 330: a
petição é inepta quando lhe faltar pedido ou causa de pedir, quando o pedido for inde-
terminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico, quando
da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão e quando contiver pedidos
incompatíveis entre si.
Sinceramente, é muito desagradável ter uma petição considerada inepta, por isso há
importância em estudar.
Não se esqueça, por fim, de que sobre a decisão de indeferimento da petição inicial
cabe recurso de apelação, sendo facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se
(art. 331, caput).
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UNIDADE Petição Inicial
Conclusão, na exposição dos fatos, fundamentos e pedido, seja simples e direto (a),
lembre-se de que não é o número de páginas que irá definir a qualidade da sua peça e
que o importante é a compreensão do destinatário.
Barroso e Lettiere (2019, e-book, p. 23) explicam que a petição inicial deve ser redi-
gida com clareza, lógica e objetividade. Para melhor compreensão, eles dão importantes
orientações, preste atenção:
a) ordene os fatos na ordem cronológica;
b) separe a petição em “Dos fatos”, “Do direito” e “Do pedido”, espe-
cialmente quando o texto for longo, isso ajuda a estabelecer a lógica no
discurso jurídico;
c) para cada parágrafo use apenas uma ideia ou fato;
d) narre apenas os fatos relevantes para a solução do conflito ou inci-
dente processual;
e) os parágrafos devem estar atrelados ou conexos, por exemplo:
Caio e Tício celebraram contrato de compra e venda pelo qual este se
obrigou à entrega de 40 (quarenta) sacas de café... No entanto, Tício não
cumpriu a obrigação no prazo determinado, apresentando a alegação de
que a plantação não atingiu o resultado esperado.
f) ao redigir a tese (do direito) o raciocínio jurídico sempre se desenvolve
em um círculo vicioso (para cada tese autônoma):
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1º) Indicação do tema a ser tratado;
2º) Citação dos fundamentos jurídicos (legislação, jurisprudência e doutrina);
3º) Relação do direito (fundamento jurídicos) com o fato apresentado;
4º) Conclusão da ideia com a apresentação do objetivo da peça.
Na redação da peça, como vimos, deve ser utilizada uma linguagem correta e culta.
Não use gírias, linguagem chula, ditados populares, cuidado com os pleonasmos e evite
abreviaturas (exceto comuns ou oficiais, ex. REsp, INSS).
Documentos:
A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da
ação. (art. 320). Portanto, junte os documentos essenciais com a Petição Inicial.
Atenção sobre o pedido de citação! O pedido de citação do réu deixou de ser obri-
gatório pelo novo CPC, mas, para Chacon (2021, p. 20), “mesmo que dispensável, a
forma de elaboração do pedido de citação irá variar, portanto: em razão da forma como
se pretende seja realizada (correio, oficial, edital); e em razão do procedimento (citação
para quê?)”.
Esqueleto da Peça
Quadro 1 – Petição inicial: artigos importantes do CPC
• Art. 319, I;
• Arts. 42 a 43;
Endereçamento • Lei de Organização Judiciária do Estado;
• Regra: Distribuição livre;
• Exceção: distribuição por dependência.
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UNIDADE Petição Inicial
• Obrigatórios:
» Art. 319, VI, especificação de provas;
» Art. 319, VII, indicação de interesse ou não de conciliação.
Requerimentos • Facultativos (análise do caso concreto):
» Art. 98, Justiça Gratuita;
» Art. 1.048, Prioridade na tramitação;
» Art. 178, intimação do MP.
• Art. 319, V;
Valor da causa • Art. 291 e Art. 293.
Termos em que,
pede deferimento.
Encerramento Local e data.
Advogado.
OAB n.___
A ideia não é trazer uma peça pronta, mas sim o esqueleto (estrutura) da petição
inicial, bem simples, mas que prepare você para uma prova discursiva.
(Na petição inicial, não se aponta a vara, pois somente tomamos conhecimen-
to no momento da distribuição. Nas provas de concurso e exame de ordem,
a Vara e o Foro serão aqueles apontados na prova, não invente outro. Se o
problema for omisso, deixar em branco)
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Rua ________, n.___, Bairro, Cidade, Estado, CEP_______, vem, por seu
advogado (instrumento de mandato, doc. __), propor a presente AÇÃO DE CONHE-
CIMENTO PELO PROCEDIMENTO COMUM, nos termos do art. 319 do Código de Pro-
cesso Civil, em face de NOME DA PARTE RÉ, nacionalidade, estado civil, profissão,
portador da cédula de identidade n._____, inscrito no Cadastro de Pessoas Físicas
do Ministério da Fazenda sob o n._____, endereço eletrônico ___, residente e
domiciliado na Rua ________, n.___, Bairro, Cidade, Estado, CEP_______,
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos:
I – DOS FATOS
Narrar os fatos em ordem cronológica. Recomenda-se separar os parágrafos. Escreva
de forma clara e objetiva.
(OAB: cuidado, os fatos são exatamente aqueles trazidos pelo problema, não pode
inventar e nem alterar).
II – DO DIREITO
Apresentar o fundamento jurídico. Recomenda-se separar os parágrafos. Escreva de
forma clara e objetiva
OAB: “a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utili-
zados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo
legal não confere pontuação” (exame XXVI).
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UNIDADE Petição Inicial
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Manual de Prática Forense Civil
Leitura do Capítulo IV – Como se preparar para a prova da 2ª fase da OAB, p. 92 a 94.
CHACON, L. F. R. Manual de prática forense civil. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. (e-book)
Vídeos
Saber Direito Aula – Procedimento comum no Novo CPC
O Professor João Augusto Castro trata sobre o procedimento comum, em especial a peti-
ção inicial no novo CPC. Com a aula, você irá reforçar os estudos sobre a petição inicial.
https://youtu.be/QIMFfXTBcag
Leitura
FGV Conhecimento – Exame de Ordem da OAB
No site da FGV, você terá todas as informações sobre o exame de ordem, com as provas e
gabaritos da primeira e segunda fase.
https://bit.ly/3l8CobU
Lei nº 13.105, de 16 de Março de 2015
Acesse o Código de Processo Civil, disponível no site do Planalto. Para leitura dos artigos
recomendados na presente unidade sobre competência, valor da causa, pedido etc.
https://bit.ly/3jRK2Ij
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Referências
BARROSO, D.; LETTIERE, J. F. Prática no processo civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva,
2019. (e-book)
CHACON, L. F. R. Manual de prática forense civil. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
(e-book)
TARTUCE, F. D. L. Manual de prática civil. 16. ed. rev. atual. São Paulo: Método,
2021. (e-book)
THEODORO JUNIOR, H. Código de processo civil anotado. 23. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2020. (e-book)
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Prática Jurídica
Civil e Empresarial
Petição Inicial no Processo de Conhecimento
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin
Petição Inicial no Processo
de Conhecimento
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Interpretação de Casos Concretos visando à adequada solução jurídica, com elaboração de
Peças Processuais.
UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
Nesta Unidade, você irá aprender a redigir as principais petições iniciais exigidas em
provas, bem como na sua futura rotina profissional.
Mais uma vez, peço especial atenção no que se refere ao Direito Material e Proces-
sual, pois não posso entrar na TEORIA novamente, apenas destacar pontos principais
para a elaboração da Peça.
Boa Notícia!
Se a Peça estudada já foi objeto da segunda fase da OAB, tenho uma ótima notícia para
você: o enunciado e o gabarito comentado, na íntegra, incluindo o link de acesso, estão
presentes nesta Unidade.
Sim, vai exigir um tempo maior de você, pois deixou essa Unidade mais longa, mas não se
preocupe: o importante é você aprender.
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Reitero, por fim, que a ideia continua a mesma: NÃO trazer uma peça pronta. Entenda
que não quero engessar você.
Vamos lá!
Foco e dedicação!
Importante!
Toda a explicação da Unidade anterior refere-se ao Procedimento Comum. Para não ser
repetitiva, peço, por favor, que releia a Unidade.
Ação de Indenização
A Ação de Indenização é um exemplo clássico de aplicação do Procedimento Comum.
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
• Parte especial: Art. 389 (regra básica da responsabilidade contratual) e dois Capí-
tulos Específicos – “Da obrigação de indenizar” (Arts. 927 a 943) e “Da indeniza-
ção” (Arts. 944 a 954).
Sobre o nome da ação, nos Procedimentos Especiais, a própria Lei nomeia (Ação
Monitória e Ação de Consignação em Pagamento, por exemplo). O problema está no
Procedimento Comum, que a Lei é omissa. São as chamadas Ações Inominadas.
Barroso e Lettiere (2019, p. 109) criticam os advogados que “criam nomes para as
ações” e, como exemplo, citam a “Ação de Indenização por Danos Morais, Cumulada
com Ação de Indenização por Danos Materiais de Lucros Cessantes, Dano Estético e
Pensão Vitalícia”.
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Para os autores, é importante constar no preâmbulo que se trata de ação de conhe-
cimento, pelo Procedimento Comum. Sendo assim, sugerem “AÇÃO DE CONHECI-
MENTO PELO PROCEDIMENTO COMUM”.
Já Chacon (2021, p. 12), quando explica os requisitos da Petição Inicial, claramente
nomeia a ação como “Ação de Indenização”.
Bem, não é possível bater o martelo. Só posso dizer que na Prática Forense e até mesmo
em provas, temos visto as ações pelo Procedimento Comum sendo realmente nominadas.
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
termos de renúncia “em favor do monte” de José, Joaquim e Julieta, que foram reco-
nhecidos como válidos judicialmente. Questionado pelos três sobre o porquê de não
constar no documento, expressamente, que as partes deles estavam sendo doadas
para a sua mãe, foi esclarecido que não havia necessidade, já que, como os seus
avós não eram mais vivos, Maria acabaria por receber, além de sua meação, as cotas
dos renunciantes, na qualidade de herdeira, diante da ordem de vocação hereditá-
ria da sucessão legítima prevista no Artigo 1.829 do Código Civil, além de evitar o
pagamento do imposto de doação, que incidiria no caso de renúncia translativa. Tal
orientação foi dada acreditando que a mãe de Pedro manteria em segredo a pater-
nidade de seu filho, o que não ocorreu. Em virtude disso, Pedro acabou por receber
toda a herança avaliada no montante de R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil
reais), ficando Maria apenas com a sua meação de igual valor. José, Joaquim e Julieta
nada receberam, o que os abalou profundamente no âmbito emocional.
Considerando todos os fatos narrados acima, a ocorrência de danos sofridos por José,
Joaquim e Julieta em decorrência de orientação equivocada de seu então advogado
(Dr. João) e o reconhecimento judicial dos direitos de Pedro no procedimento suces-
sório de Manuel, você, na condição de novo advogado contratado pelos filhos legíti-
mos de Manuel para serem ressarcidos por todos os danos sofridos, elabore a peça
adequada para pleitear os direitos deles. Disponível em: https://bit.ly/3E5c5fK
Gabarito Comentado
A peça cabível será uma Petição Inicial direcionada para o Juízo Cível. Trata-se de uma
ação indenizatória proposta por José, Joaquim e Julieta em face do Dr. João, com base
na responsabilidade civil dos profissionais liberais, pleiteando danos materiais (cota-
-parte de cada um na herança de seu pai) e danos morais (decorrentes da dor, do so-
frimento, da angústia e da humilhação causadas pela orientação e atuação falhas do
Dr. João, ao efetuar uma renúncia abdicativa, e não translativa, mesmo sabendo da
existência de um outro herdeiro (Pedro – filho havido fora do casamento).
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2) O Dr. João não procedeu de forma correta, pois efetuou, ao elaborar um termo de
renúncia em favor do monte, uma renúncia abdicativa (em favor do monte) ao invés
de uma renúncia translativa (aceitação tácita seguida de doação para Maria), já que
até conseguiu evitar a configuração do imposto de doação, mas acabou prejudican-
do os filhos renunciantes de Manuel, pois, não havendo mais qualquer distinção
entre os filhos havidos no casamento e os filhos havidos fora do casamento, Pedro
poderá se habilitar no procedimento sucessório de seu pai, acabando por receber
toda a herança de seu pai, ante a renúncia abdicativa de seus irmãos, que são irrevo-
gáveis (Artigo 1812 do CC), não havendo falar em transferência para as classes sub-
sequentes diante da existência de filho não renunciante (Artigo 1810 do CC), ficando
Maria apenas com a sua meação diante do regime da comunhão universal de bens.
3) Danos Morais e Materiais Oriundos do Mesmo Fato: Falha na Prestação do
Serviço do Advogado: Danos materiais no valor de R$ 300.000,00 que cada um
deixou de receber da herança de seu pai, pois havendo 4 filhos e a herança sendo
avaliada em R$ 1.200.000,00, cada um faria jus a R$ 300.000,00; danos morais cau-
sados pela dor, sofrimento, angústia e humilhação decorrentes da atuação falha do
advogado, que ampliou a perda pelo ente querido com uma desestruturação fami-
liar e possibilidade de perda de toda a herança e não efetivação da doação para a sua
mãe em virtude da falha do advogado Dr. João.
Pedidos a Serem Formulados (282 do CPC)
1) Citação do réu;
2) Condenação no pagamento de danos materiais no valor de R$ 300.000,00 (tre-
zentos mil reais), para cada autor, pois havendo 4 filhos e a herança sendo avaliada
em R$ 1.200.000,00, cada um faria jus a R$ 300.000,00, e danos materiais a serem
arbitrados pelo Juiz para cada autor;
3) Protesto genérico de provas;
4) Valor da causa;
5) Condenação de honorários sucumbenciais;
6) Indicação da inserção de data e assinatura.
(...)
Igualmente seria possível compor uma ação indenizatória, por meio da qual o exa-
minando demonstrasse que o advogado deixou de ser proficiente no cumprimento
do mandato que lhe foi outorgado, devendo ser responsabilizado pelo insucesso da
orientação profissional.
Nesse caso, usou-se como base no critério de correção a demonstração da falta de
cuidado do Dr. João que importou na perda da chance de José, Joaquim e Julieta
obterem tutela jurisdicional que os satisfizesse na medida de seus objetivos, o que
era juridicamente possível.
A pontuação foi conferida de acordo com a coerência e fundamentação apresenta-
das pelos examinandos que identificaram a responsabilidade contratual dos pro-
fissionais liberais, correlacionando-a a dispositivos que tratassem de atos ilícitos e
obrigação de indenizar. Disponível em: https://bit.ly/3BY2PI9
Observação
A prova foi aplicada antes da vigência do novo CPC. Sendo assim: Art. 282, atual Art. 319.3
13
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
A Consignação em Pagamento está disciplinada pelo Código Civil (Arts. 334 a 345
do CC), que disciplina os fatos que autorizam a consignação, bem como pelo Código
de Processo Civil (Arts. 539 a 549 do CPC), que disciplina o modo como ocorre ação.
I – se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o paga-
mento, ou dar quitação na devida forma;
II – se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e
condição devidos;
III – se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado au-
sente, ou residir em lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV – se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto
do pagamento;
V – se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
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Sobre os requisitos da Petição Inicial, além dos requisitos do Art. 319, o autor reque-
rerá, conforme Art. 542:
Outra coisa: nessa ação, tem de fazer pedido de citação para levantar o depósito ou
oferecer contestação (Inc. I do Art. 542).
Importante salientar que, se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber
o pagamento, o autor requererá o depósito e a citação dos possíveis titulares do crédito
para provarem o seu direito (Art. 547).
Se a Ação não for proposta no prazo referido, “ficará sem efeito o depósito, podendo
levantá-lo o depositante” (§4º do Art. 539).
15
15
UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
16
Como advogado(a) de Priscila, redija a medida processual mais adequada para
que a compradora obtenha a quitação do seu débito e tenha, de imediato,
retirado seu nome do cadastro do SPC. (Valor: 5,00)
Observação
A peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados
para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal
não confere pontuação.”
Gabarito Comentado
“Priscila deverá ajuizar uma ação de consignação em pagamento, conforme o Art. 539
e seguintes do CPC.
A Petição Inicial deverá obedecer aos requisitos gerais do Art. 319 do CPC, sendo di-
rigida a uma das Varas Cíveis da Comarca de São Paulo, de acordo com o Art. 540 do
CPC, indicando, no polo ativo, Priscila, e, no polo passivo, Wagner, com a qualificação
completa de ambas as partes.
Deve ser arguida a tempestividade da presente ação, proposta dentro do prazo de um
mês da recusa de recebimento do valor depositado, conforme Art. 539, § 3º, do CPC.
O examinando deve mencionar que a inviabilidade do pagamento das duas parcelas
decorreu da impossibilidade de localização do réu, no mesmo modus operandi que
foi utilizado para a realização de todos os pagamentos desde o início.
Em seguida, deve o examinando ressaltar o prazo de favor obtido por Prisicila, que efe-
tuou o pagamento integral das parcelas remanescentes na data acordada com Wagner.
Deve o examinando informar que a autora realizou o depósito bancário, em instituição
oficial, tendo o réu além de recusado o pagamento, inserido o nome da autora nos
cadastros restritivos de crédito, o que a impossibilitou de conseguir um novo emprego.
Deve ser requerida a antecipação dos efeitos da tutela para exclusão do nome de
Priscila dos cadastros restritivos de crédito, eis que o valor do débito já se encontra
depositado, bem como a negativação está impedindo que Priscila consiga um novo
emprego, estando presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora.
Nos pedidos, deverá o examinando requerer a citação do réu para levantar o depósi-
to ou contestar, conforme Art. 542, Inciso II, do CPC, e a confirmação da quitação do
débito, uma vez que o valor já se encontra depositado, com a consequente extinção
da obrigação e a confirmação da tutela antecipada.
Deve ser mencionada a juntada dos seguintes documentos: contrato de compra e
venda, documento do veículo, comprovante do depósito e manifestação por escrito
da recusa de recebimento do valor depositado assinada por Wagner.
O valor da causa será de R$ 4.000,00, considerando que faltam duas prestações de
R$ 2.000,00 cada.
Por fim, o fechamento, com a indicação de local, data, assinatura e inscrição OAB.”
Disponível em: https://bit.ly/3E5J43q
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
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Quando for ordenada a justificação prévia, o prazo para contestar será contado da
intimação da decisão que deferir ou não a medida liminar (parágrafo único do Art. 564).
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
Gabarito Comentado
“A peça processual cabível na espécie é uma Petição Inicial. Considerando que ocorreu
esbulho possessório, na forma do Art. 1.210 do CC, deve ser proposta Ação de Reintegra-
ção de Posse. Como o esbulho ocorreu há menos de ano e dia da propositura da demanda
(Art. 558 do CPC), pois Aline tomou conhecimento do esbulho dentro deste prazo, deve ser
requerida a adoção do procedimento previsto no Art. 560 e seguintes do CPC.
A peça deve ser endereçada a um dos juízos cíveis da Comarca de São Paulo, conside-
rando a competência absoluta do foro de situação do imóvel para a ação possessória
imobiliária (Art. 47, § 2º, do CPC).
No mérito, deve ser afirmada a existência de esbulho possessório, bem como a carac-
terização da posse de João Paulo e Nice como posse de má-fé, nos termos do Art. 1.201
do CC, considerando sua clandestinidade. Também deve ser demonstrada a exten-
são dos danos sofridos no imóvel.
Deve ser formulado requerimento de concessão de liminar em ação possessória, na
forma do Art. 562 do CPC, eis que preenchidos os requisitos do Art. 561 do CPC.
Deve ser requerida, além da reintegração de posse, a condenação dos réus ao pagamen-
to de indenização por perdas e danos e pelos frutos colhidos, na forma do Art. 1.216 e do
20
Art. 1.218, ambos do CC, considerando a caracterização da posse como posse de má-fé.
Tal cumulação objetiva é possível com fulcro no Art. 555, caput, Incisos I e II, do CPC/15.
Quanto às provas, deve ser requerida a produção de prova testemunhal, a fim de de-
monstrar a clandestinidade da posse. Da mesma forma, deve ser requerida a produ-
ção de prova pericial, para comprovação da ocorrência dos danos sofridos no imóvel,
e em razão da coleta e alienação dos frutos naturais do imóvel.
O valor da causa deve corresponder a R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais), nos ter-
mos do Art. 292, Inciso VI, do CPC.
Por fim, o fechamento, com a indicação de local, data, assinatura e inscrição OAB”
Disponível em: https://bit.ly/3hjkhPw
Ação de Usucapião
Usucapião é o modo originário de aquisição da propriedade, pela posse prolongada
e qualificada pelos requisitos fixados em lei. Decorre “da somatória de dois elementos: a
inércia do titular do domínio e o tempo de posse” (BARROSO; LETTIERE 2019, p. 243).
Figura 3 – Julgamento
Fonte: Getty Images
Pelo atual CPC, a Ação de Usucapião, seja qual for a espécie, deixa de apresentar
um Procedimento Especial, aplicando-se as regras do Procedimento Comum (Art.
319 do CPC).
De qualquer forma, seguindo a doutrina, vamos analisar este Quadro com as demais
ações de Procedimentos Especiais.
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem
oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a proprieda-
de, independentemente de título e boa-fé; podendo requerer ao
Usucapião juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de título para
Extraordinária o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste Artigo reduzir-se-á a dez
anos se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia ha-
bitual, ou nele realizado obras ou serviços de caráter produtivo.
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até du-
zentos e cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterrup-
tamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário
Usucapião Especial de outro imóvel urbano ou rural.
Urbana § 1º Andrei título de domínio e a concessão de uso serão conferi-
dos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do
estado civil.
§ 2º Andrei direito previsto no parágrafo antecedente não será
reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.
Apesar de a Petição Inicial seguir o Procedimento Comum do Art. 319 do CPC, alguns
pontos merecerem destaque, como a necessidade de Publicação de Editais (Art. 259), o
pedido de citação dos confinantes, “exceto quando tiver por objeto unidade autônoma de
prédio em condomínio, caso em que tal citação é dispensada” (§ 3º do Art. 246) e a pos-
sibilidade do Pedido de Reconhecimento Extrajudicial de Usucapião (Art. 1.071).
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Procedimento Procedimento Comum, Arts. 319 e 320 do CPC.
Petição Inicial
CPC: Art. 319, Art. 320, Art. 256.
(requisitos)
Gabarito Ocomentado
“A medida judicial é AÇÃO DE USUCAPIÃO ESPECIAL URBANO, regido pela Lei n. 10.257/01
c/c Art. 1.240 do CC e Artigos 941 a 945 do CPC, pelo rito sumário (Art. 14 da Lei n. 10.257/01).
O examinando deverá dirigir a Petição Inicial ao juízo cível competente para conhecer e
julgar a medida, que é o da comarca de Condonópolis, à luz da competência territorial
absoluta em razão do disposto no Art. 95 do CPC.
No bojo da Petição Inicial deverá indicar corretamente os polos passivo (Cândido Gonçalves) e
ativo (Norberto da Silva), qualificando as partes, e o nome correto da ação, observando
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23
UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
que o procedimento a ser adotado é o sumário (Art. 14 da Lei n. 10.257/01 c/c Art. 275,
II, h, do CPC), e por isso deve indicar, desde logo, o rol de testemunhas.
O endereço profissional para onde deverão ser encaminhadas as intimações também
deve ser apresentado em atenção ao que dispõe o Art. 39, I, do CPC.
Por se tratar o autor de pessoa idosa e desprovida de recursos materiais, deve ser
apresentada fundamentação para a concessão da prioridade na tramitação do feito
(Art. 71 da Lei n. 10.74/01 – Estatuto do Idoso – ou Art. 1.211-A do CPC) e que justifique
a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita (Lei n. 1.060/50), inclusive no âmbito do
cartório do registro de imóveis (§ 2º do Art. 12 da Lei n. 10.257/01).
Além da narrativa dos fatos com clareza, devem ser apresentados os fundamentos jurídi-
cos compreendendo, em razão da natureza da causa, a exposição do exercício prolongado
da posse, sem oposição, de maneira ininterrupta e para fins de moradia, além do aponte
da inexistência de outro bem de propriedade do autor, bem como a demonstração de que
o imóvel é inferior 250m² nos termos da planta do imóvel anexada (Art. 942 do CPC), tudo
nos moldes do Art. 183 da CRFB/88 OU 1.240 e seguintes do CC ou 9º da Lei n. 10.257/01.
No pedido, deverá ser requerida a concessão dos benefícios da gratuidade de justiça e
da prioridade na tramitação; a citação do réu, dos confinantes pessoalmente (Súmula
391 do STF) e dos interessados, por edital; intimação das Fazendas Públicas (Art. 943
do CPC) e do Ministério Público (Art. 944 do CPC) e a produção de provas. Ao final, a
procedência do pedido para declarar a propriedade do imóvel e a condenação em ho-
norários e custas processuais. Por fim, deverá indicar o valor da causa e apontar o rol de
testemunhas (Art. 14 da Lei n. 10.257/01 c/c Art. 276 do CPC)”
Disponível em: https://bit.ly/3hjkhPw
Observação
A prova foi aplicada antes da vigência do novo CPC, sendo assim:
• Art. 941 a 945 (Procedimento Especial para a Ação de Usucapião) – Sem corres-
pondente no CPC atual, que segue o Procedimento Comum;
• Art. 275 (Procedimento Sumário) – Sem correspondente no CPC atual, segue o
Procedimento Comum;
• Art. 39, I – atual Art. 106, I.
Ação de Divórcio
Como você já sabe, o divórcio põe fim ao casamento.
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Figura 4 – Fim do casamento
Fonte: Getty Images
Após a alteração ocorrida no § 6º do Art. 226 da CF, a única exigência para o pedido
de divórcio é estar casado, o que se prova pela certidão de casamento.
Quadro 5
Redação anterior § 6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após pré-
via separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em
a EC 66/2010 lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.
Redação posterior § 6º. O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio (Redação
a EC 66/2010 dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010).
Segundo o Art. 1.581 do CC, “O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia
partilha de bens”.
Além dos requisitos do Art. 319 e 320 do CPC, a Petição Inicial do Divórcio Consensual,
segundo o Art. 731, deve indicar que as partes estão em comum acordo com relação:
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
Petição Inicial
CPC: Art. 319, Art. 320, Art. 731.
(requisitos)
Após incessantes buscas, tive a triste constatação: desde a unificação, não caiu a
peça de Ação de Divórcio na Segunda Fase da Prova da OAB.
Por outro lado, não faltaram questões sobre o tema na Prova Objetiva e nas questões
da Segunda Fase.
Saiba Mais
(FGV – 2018 – OAB – Exame de Ordem Unificado – XXV – Primeira Fase)
“Aline e Alfredo, casados há 20 anos pelo regime da comunhão parcial de bens, possuem
um filho maior de idade e plenamente capaz. Não obstante, Aline encontra-se grávida
do segundo filho do casal, estando no sexto mês de gestação. Ocorre que, por divergên-
cias pessoais, o casal decide se divorciar e se dirige a um escritório de advocacia, onde
demonstram consenso quanto à partilha de bens comuns e ao pagamento de pensão
alimentícia, inexistindo quaisquer outras questões de cunho pessoal ou patrimonial.
Assinale a opção que apresenta a orientação jurídica correta a ser prestada ao casal:
A) Inexistindo conflito de interesses quanto à partilha de bens comuns, Aline e Alfredo
poderão ingressar com o pedido de divórcio pela via extrajudicial, desde que estejam
devidamente assistidos por advogado ou defensor público.
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B) Aline e Alfredo deverão ingressar com ação judicial de divórcio, uma vez que a exis-
tência de nascituro impede a realização de divórcio consensual pela via extrajudicial, ou
seja, por escritura pública.
C) O divórcio consensual de Aline e Alfredo somente poderá ser homologado após a
partilha de bens do casal.
D)A partilha deverá ser feita mediante ação judicial, embora o divórcio possa ser reali-
zado extrajudicialmente.”
CORRETA: “B”
(VI Exame de Ordem Unificado – Direito Civil – Prova Prático-Profissional)
“Paulo, maior e capaz, e Eliane, maior e capaz, casaram-se pelo regime da comunhão
parcial de bens no ano de 2004. Nessa ocasião, Paulo já havia herdado, em virtude do
falecimento de seus pais, um lote de ações na Bolsa de Valores, cujo montante atualiza-
do corresponde a R$ 50.000,00, sendo certo que Eliane, à época, não possuía bens em
seu patrimônio. No ano de 2005, nasceu João, filho do casal. Em 2006, Paulo
vendeu as ações que havia recebido e, com o produto da venda, comprou um auto-
móvel de igual valor. Em 2007, Paulo foi contemplado com um prêmio de loteria no
valor atualizado de R$ 100.000,00, que se mantém depositado em conta bancária.
Agora, no ano de 2012, o casal, pretendendo se divorciar mediante a lavratura de
escritura pública, decide consultar um advogado.
Na condição de advogado(a) consultado(a) por Paulo e Eliane, responda aos itens a
seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal
pertinente ao caso.
a) Pode o casal divorciar-se por meio de lavratura de escritura pública? (Valor: 0,6)
b) A respeito da partilha de bens em caso de divórcio do casal, qual(is) bem(ns) deve(m)
integrar o patrimônio de Eliane e qual(is) bem(ns) deve(m) integrar o patrimônio de
Paulo? (Valor: 0,65)”
Gabarito Comentado
“a) Não, de acordo com o Artigo 1124-A, CPC. Isso porque os cônjuges possuem um
filho menor de idade, o que consiste em empecilho legal à utilização da via extraju-
dicial para a decretação do divórcio.
b) Caberá a Eliane perceber metade do prêmio de loteria a título de meação, na for-
ma do Artigo 1660, Inciso II, do CC/02. Paulo terá direito ao automóvel, por ter sido
adquirido com o produto da herança (Art. 1659, Inciso I, CC/02), e também a metade
do prêmio de loteria (Artigo 1660, II, CC/02)”.
Disponível em: https://bit.ly/3z0fVD0
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
Sabemos que não é fácil adquirir uma boa clientela, por isso, o ponto é valorizado
pelo Legislador, que permite, preenchidos os requisitos legais, a renovação do Contrato
de Locação independente da vontade do locador.
Segundo o Art. 51, o locatário terá direito à renovação do Contrato, por igual prazo,
desde que, cumulativamente:
Além do Artigo 319 e 320 do CPC, o Artigo 71 da Lei 8.245/91 apresenta outros
requisitos que devem ser observados na Petição Inicial, sendo:
28
• Locatário;
• Pelos “cessionários ou sucessores da locação; no caso de sublo-
Legitimidade ativa
cação total do imóvel, o direito a renovação somente poderá
ser exercido pelo sublocatário” (§ 1º do Art. 51).
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
outralocalidade, Iguatemi procurou sua advogada para que esta propusesse a me-
dida judicial que assegurasse sua permanência no imóvel, informando que o valor
atual do aluguel mensal é de R$ 17.000,00 (dezessete mil reais) e que contratou
seguro de fiança locatícia.
Considerando que na Comarca de Chapadão do Sul/MS existem apenas duas varas
(1ª e 2ª), competindo ao Juiz da 1ª Vara o julgamento de ações cíveis, elabore a peça
adequada (Valor: 5,00).
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo
legal não confere pontuação”.
Gabarito Comentado
“A questão tem relação com o contrato de locação empresarial (locação não residen-
cial) e a ação apropriada para assegurar a continuidade da locação e a proteção ao
ponto empresarial, isto é, a permanência pelo empresário no local onde exerce sua
empresa e que é referencial para sua clientela.
Com base nos dados descritos no enunciado verifica-se que a peça adequada para
assegurar a permanência de Iguatemi no imóvel é a AÇÃO RENOVATÓRIA [de locação
não residencial], com fundamento no Art. 51, caput, e § 3º e no Art. 71, ambos da
Lei nº 8.245/91.
A Petição Inicial da ação renovatória deve ser instruída com os documentos arrola-
dos no Art. 71 da Lei nº 8.245/91, no que couber, em conformidade com as informa-
ções do enunciado.
A Petição Inicial deve ser endereçada ao juízo da 1ª Vara da Comarca de Chapadão
do Sul/MS, com fundamento no Art. 58, Inciso II, da Lei nº 8.245/91 (“é competente
para conhecer e julgar tais ações o foro do lugar da situação do imóvel”).
O examinando deverá qualificar as partes: a autora Iguatemi, empresária individual
(que não é não EIRELI nem pessoa jurídica de direito privado) e a ré Imobiliária Três
Lagoas Ltda.
Deverá ser explicitado que a autora não é a locatária originária, mas tem legitimida-
de ativa ad causam, pois é sub-rogatária do direito à renovação porque permaneceu
exercendo o mesmo ramo de atividade após a dissolução da sociedade empresária,
com fundamento no Art. 51, § 3º, da Lei nº 8.245/91.
Nos fundamentos jurídicos do pedido o examinando deve demonstrar que a auto-
ra cumpre todos os requisitos do Art. 51, Caput, da Lei nº 8.245/91, com expressa
menção a esse dispositivo legal, (citando-os de per si e relacionando-os aos dados
contidos no enunciado). Ademais, deve ser ressaltado que a ação foi proposta dentro
do prazo previsto no Art. 51, § 5º, da Lei nº 8.245/91 (no interregno de um ano a seis
meses anteriores à data da finalização do prazo do contrato em vigor).
Com base no Art. 71, Incisos IV e V, da Lei nº 8.245/91, na petição da ação renovatória
o autor deverá prestar informações complementares referentes a:
a) apresentação da proposta das condições oferecidas para a renovação da locação,
de “forma clara e precisa”. O examinando deverá cumprir este requisito na elabo-
ração da peça, apresentando uma proposta de sua autoria, considerando o valor
atual do aluguel como patamar mínimo OU informar que a proposta está anexada
à inicial.
30
b) indicação do fiador em conformidade com a informação do enunciado (a au-
tora contratou seguro de fiança locatícia), portanto deverá ser apresentado o nome
empresarial da seguradora, CNPJ e endereço.
Nos pedidos deve ser requerida (i) a procedência do pedido para declarar o direito
da autora à renovação compulsória do contrato de locação pelo prazo de 5 anos nas
condições por ela propostas.
O examinando não deverá pedir a prorrogação do contrato pela soma dos pra-
zos dos contratos anteriores, ainda que não tenha havido interrupção entre eles.
A orientação na jurisprudência é a de que a renovação do contrato de locação não
residencial não excederá a 5 anos, mesmo que a soma dos contratos anteriores seja
superior a esse tempo, seja na vigência do Decreto nº 24.150/1934 (STF, Súmula nº
178: “Não excederá de cinco anos a renovação judicial de contrato de locação fun-
dada no Dec. 24.150, de 20.04.1934”; STJ, RESP 7653 e RESP 11640) seja na vigência
da Lei nº 8.245/91 (RESP 1323410/MG; RESP AR 4.220/MG; REsp. 693.729/MG; REsp.
267.129/RJ; REsp. 170.589/SP; REsp. 202.180/RJ; REsp. 195.971/MG).
Ademais, o examinando deve requerer (ii) a citação do réu (locador) e (iii) sua conde-
nação ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
Das provas: A Petição Inicial deverá ser instruída com as provas exigidas no Art. 71,
Incisos I, II, III e VI, da Lei nº 8.245/91). A simples transcrição do Art. 71 e seus Incisos
não pontua. Portanto, o examinando deverá fazer referência expressa que instrui a
inicial (ou que se encontram anexados) com os seguintes documentos:
a) contratos de locação firmados pela sociedade Distribuidora de Medicamentos Mun-
do Novo Ltda., para fins de cumprimento do Art. 51, Incisos I e II, da Lei nº 8.245/91;
b) prova(s) de que Iguatemi, como sub-rogatária do direito à renovação, deu con-
tinuidade ao mesmo ramo de negócio da sociedade empresária (distribuição de
medicamentos) perfazendo, sem interrupção, o prazo mínimo de três anos (Art. 51,
Inciso III, da Lei nº 8.245/91);
c) documentos que atestem o cumprimento do contrato em vigor;
d) comprovante (s) de quitação dos impostos e taxas sobre o imóvel e cujo paga-
mento incumbia a locatária;
e) apresentação de apólice de Seguro Fiança Locatícia contratada com a seguradora
e que o valor total da apólice abrange todos os custos da locação até seu encerra-
mento (a apólice substitui prova de anuência do fiador com os encargos da fiança de
que trata o Art. 71, Inciso VI, da Lei nº 8.245/91).
O valor da causa deve ser mencionado expressamente e corresponde a 12 meses do alu-
guel vigente por ocasião do ajuizamento da ação (Artigo 58, Inciso III, da Lei nº 8.245/91):
R$ 17.000,00 x 12 = R$ 204.000,00.
No fechamento da peça o examinando deverá proceder conforme o item 3.5.8 do
Edital, abstendo-se de inserir dado ou informação não contidos no enunciado:
Local ... ou Município (Chapadão do Sul/MS), Data..., Advogado... e OAB...”
Disponível em: https://bit.ly/3z1rTMP
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
Ação Monitória
Sobre a ação monitoria, ensinam Barroso e Lettiere (2019, p. 252):
Figura 5 – Cheque
Fonte: Getty Images
Em relação à Petição Inicial, além dos requisitos do Art. 319, a Inicial deve conter
requisitos específicos, contidos no § 2º do Art. 700 do CPC, são eles: a importância de-
vida, instruindo-a com memória de cálculo, o valor atual da coisa reclamada, o conteúdo
patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido.
Súmulas do STJ
Súmula 247: Contrato de Abertura de Crédito – Ação Monitória. O contrato de abertura de
crédito em contracorrente, acompanhado do demonstrativo de débito, constitui documento
hábil para o ajuizamento da Ação Monitória.
Súmula nº 299: Ação Monitória Fundada em Cheque Prescrito. É admissível a Ação Monitória
fundada em cheque prescrito.
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Segue um resumo sobre a Ação Monitória:
33
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
Gabarito Comentado
“O(A) examinando(a) deverá demonstrar conhecimento da disciplina relativa às no-
tas promissórias, especialmente o conhecimento do prazo prescricional trienal para
a ação de execução e sua necessária e umbilical relação com o cabimento da Ação
Monitória, caso esse prazo tenha expirado.
Dentre as ações cabíveis para a cobrança judicial da nota promissória (cambial ou
executiva, monitória e ordinária), aquela que se revela a mais adequada, eficaz e
pertinente para a defesa dos interesses da credora é a Ação Monitória, com base nas
informações contidas no enunciado, considerando-se que houve a prescrição da pre-
tensão à execução da nota promissória, a partir da análise das datas de vencimento
e da consulta feita ao advogado.
De acordo com o Art. 77 do Decreto nº 57.663/66 (Lei Uniforme de Genebra – LUG),
aplicam-se à nota promissória as disposições relativas à prescrição da letra de câm-
bio. Por sua vez, o Art. 70 do mesmo diploma estatui o prazo de 3 (três) anos para
a propositura da ação por falta de pagamento em face do aceitante, contados do
vencimento da cártula. A nota promissória não tem aceitante e sim subscritor, por-
tanto, é necessário o fundamento no Art. 78 da LUG, que equipara o subscritor da
nota promissória ao aceitante.
Pelas datas citadas no enunciado (25/01/2013 e 05/01/2017), verifica-se o decurso
de mais de 3 anos entre a data do vencimento e a data da solicitação de cobrança
judicial. Assim sendo, é patente a ocorrência da prescrição da pretensão à execução
da nota promissória. O examinando deverá reconhecer a prescrição e relacionar tal
fato ao cabimento da Ação Monitória.
Com base nessas considerações, a peça a ser elaborada pelo(a) examinando(a) é
uma Ação Monitória, com fundamento no Art. 700, Inciso I, do CPC/15, tendo em
vista que o título (prova escrita) perdeu sua eficácia executiva e a credora pretende
pagamento de quantia em dinheiro. Por esta razão, é indispensável que o exami-
nando mencione em sua resposta o Inciso I do Art. 700 do CPC/15, pois deverá pre-
cisar que o autor pretende o pagamento de quantia em dinheiro e não a entrega de
coisa ou de bem, ou ainda o cumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer.
O Juízo competente será a 1ª OU a 2ª Vara Cível da Comarca de São Lourenço/MG, lu-
gar do pagamento e domicílio do subscritor da nota promissória (Art. 53, Inciso III, alí-
nea d, do CPC/15). A vara onde tramitará a ação não estará determinada no momento
da elaboração da petição. Assim, não cabe sua indicação prévia na Petição Inicial.
O(A) examinando(a) deve demonstrar a tempestividade no ajuizamento da ação,
com base no Art. 206, § 5º, Inciso I, do Código Civil (prazo quinquenal) OU na Súmu-
la 504 do STJ (“O prazo para ajuizamento de Ação Monitória em face do emitente
de nota promissória sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte ao
vencimento do título”, STJ, Segunda Seção, julgada em 11/12/2013, DJe 10/02/2014).
Considerando-se que o vencimento ocorreu em 25/01/2013, não decorreram ainda
5 (cinco) anos, portanto há tempestividade para a propositura da Ação Monitória.
Na Petição Inicial da Ação Monitória, o autor deve explicitar o conteúdo patrimonial
em discussão, de modo que devem constar no texto da resposta na parte referente
aos fundamentos jurídicos:
a) a origem do crédito: aquisição de eletrodomésticos pelo devedor, ora réu;
b) o crédito está representado em nota promissória emitida pelo réu;
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c) não houve novação na emissão da nota promissória em relação ao crédito por ter
sido emitida em caráter pro solvendo;
d) do dia seguinte ao do vencimento da nota promissória até a data da propositura
da ação, decorreram mais de 3 (três) anos, verificando-se a prescrição da pretensão à
execução, nos termos do Art. 77 c/c os Artigos 70 e 78, todos do Decreto nº 57.663/66;
e) com a perda da eficácia executiva do título ainda é cabível a cobrança por via de
Ação Monitória, nos termos do Art. 700, Inciso I, do CPC/15.
A razão jurídica para o cabimento da Ação Monitória está, necessariamente, relacio-
nada à prescrição em 3 anos da pretensão à execução da nota promissória. Por esta
razão, a pontuação do item “e” da Fundamentação Jurídica depende que o exami-
nando reconheça a prescrição em 3 anos em sua resposta, e, dessa forma, atinja o
conteúdo mínimo avaliado.
35
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UNIDADE Petição Inicial no Processo de Conhecimento
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Manual de prática forense civil
CHACON, L. F. R. Manual de prática forense civil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2020
Ler capítulo V – Resolução de Exames da OAB (peças e questões), p. 95 e ss. (e-book)
Vídeos
Saber Direito – Teoria e prática das Ações Possessórias – Aula 2
https://youtu.be/nQBe04DeXKU
Prova Final: Usucapião
https://youtu.be/a_hKhqOCT6Y
Leitura
Exame de Ordem da OAB
https://bit.ly/3laZhvA
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Referências
ARAÚJO JÚNIOR, G. C. Prática no Processo Civil. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2020.
(e-book)
BARROSO, D.; LETTIERE, J. F. Prática no Processo Civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva,
2019. (e-book)
THEODORO JÚNIOR, H. Código de Processo Civil Anotado. 23. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2020. (e-book)
CHACON, L. F. R. Manual de Prática Forense Civil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
(e-book)
TARTUCE, F. D. L. Manual de Prática Civil. 16. ed. rev. atual. São Paulo: Método,
2021. (e-book)
37
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Prática Jurídica
Civil e Empresarial I
Respostas do Réu
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Selma Aparecida Cesarin
Respostas do Réu
• Introdução;
• Contestação;
• Reconvenção;
• Outras Petições Incidentais Importantes;
• Da Audiência de Conciliação e Mediação.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Atuação na defesa do jurisdicionado, utilizando toda a técnica necessária disponível no Direito;
• Redação jurídica pautada na ética, no conhecimento da Lei, da doutrina e da jurisprudência.
UNIDADE Respostas do Réu
Introdução
O momento agora é o da defesa!
Seguindo o comando maior, o Código de Processo Civil dispõe que “O juiz não pode
decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se
tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre
a qual deva decidir de ofício” (Art. 10).
Além da resposta do réu, nesta Unidade, iremos estudar outras Petições Incidentais
importantes, como a Réplica e o Rol de Testemunhas.
Boa aula!
Contestação
Para Barroso e Lettiere (2019, p. 123), a Contestação ”é o instrumento pelo qual o
réu se defende contra a pretensão do autor (pedido e causa de pedir), além de permitir
a defesa processual”.
8
Figura 2 – Redigindo a Contestação
Fonte: Getty Images
A Contestação pode ser dividida em duas partes, defesa processual (também chamada
de preliminar) e defesa de mérito (direta e indireta).
Em rápidas palavras, na defesa de mérito direta, o réu ataca os fatos alegados pelo
autor e ou a fundamentação jurídica. Na defesa de mérito indireta, o réu não nega as
alegações do autor, mas apresenta fato novo (extintivo, modificativo ou impeditivo).
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UNIDADE Respostas do Réu
Mas o que significa dizer que o réu tem o dever de impugnar especificamente todos os
pontos da Inicial?
O ordenamento processual prevê que é ônus do réu impugnar os fatos narrados pelo autor,
sob pena de, ao deixar de se manifestar sobre algum deles, ocorrer a presunção de veracida-
de, salvo se o fato depender da prova por instrumento público e o autor deixou de exibir tal
documento na petição inicial. Trata-se de direito indisponível que não comporta confissão,
ou, ainda, quando a interpretação do conjunto da contestação permitir a conclusão de que
todos os fatos estão impugnados” (BARROSO; LETTIERE, 2019, p. 126).
Importante!
Não deixe de contestar!
“A ausência de contestação acarreta a revelia” (CPC/2015, Art. 344). Em regra, são graves os
efeitos da revelia: (1) presumem-se verdadeiras as alegações dos fatos formuladas pelo autor
na petição inicial (CPC/2015, Art. 344); (ii) se não houver advogado constituído nos autos, os
prazos correm independentemente de intimação, bastando que haja a publicação no diário
oficial (CPC/2015, Art. 346); (iii) é possível o julgamento antecipado do mérito (Art. 335, II) ou
o julgamento antecipado parcial do mérito (Art. 356, II) (TARTUCE, 2020, p. 208).
Tabela 1
Endereçamento ao juiz da causa
Preâmbulo com qualificação resumida das partes
Resumo da petição inicial
Preliminares
Mérito da Contestação
Fatos e fundamentos jurídicos da Reconvenção
Pedido de improcedência da ação + preliminares + pedido
de procedência da Reconvenção e requerimentos
Protesto por provas
Fechamento
Fonte: Adaptada de CHACON, 2021, p. 68
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Como se vê, a Contestação tem forma simples e você não terá dificuldade, mas sugiro
alguns cuidados:
• Leia com atenção a Petição Inicial e os documentos juntados;
• Agende uma reunião com seu cliente;
• Estude a Lei, a doutrina e a jurisprudência sobre o caso.
Prazo de 15 Dias para Contestar
Art. 335. O réu poderá oferecer contestação, por petição, no prazo de
15 (quinze) dias, cujo termo inicial será a data:
I – da audiência de conciliação ou de Mediação, ou da última sessão de
conciliação, quando qualquer parte não comparecer ou, comparecendo,
não houver autocomposição;
II – do protocolo do pedido de cancelamento da audiência de conciliação
ou de Mediação apresentado pelo réu, quando ocorrer a hipótese do Art.
334, § 4º, inciso I;
III – prevista no Art. 231, de acordo com o modo como foi feita a citação,
nos demais casos.
Enunciado 122 da II Jornada de Direito Processual Civil (CJF)
“O prazo de contestação é contado a partir do primeiro dia útil seguinte à
realização da audiência de conciliação ou Mediação, ou da última sessão
de conciliação ou Mediação, na hipótese de incidência do Art. 335, inc. I,
do CPC”.
Para melhor compreensão do tema, peço que leia o enunciado e o gabarito comentado,
na íntegra, apresentados a seguir.
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UNIDADE Respostas do Réu
Após sua alta, ele retomou sua função como caminhoneiro, realizando novos fre-
tes. Contudo, 20 dias após seu retorno às atividades laborais, João, sentindo-se mal,
voltou ao Hospital X. Foi constatada a necessidade de realização de nova cirurgia,
em decorrência de uma infecção no crânio causada por uma gaze cirúrgica deixada
no seu corpo por ocasião da primeira cirurgia. João ficou mais 30 dias internado,
deixando de realizar outros contratos. A internação de João, por este novo período,
causou uma perda de R$ 10 mil.
João ingressa com ação indenizatória perante a 2ª Vara Cível da Comarca da Capital
contra o Condomínio Bosque das Araras, requerendo a compensação dos danos sofri
dos, alegando que a integralidade dos danos é consequência da queda do pote de
vidro do condomínio, no valor total de R$ 30 mil, a título de lucros cessantes, e 50
salários mínimos a título de danos morais, pela violação de sua integridade física.
Citado, o Condomínio Bosque das Araras, por meio de seu síndico, procura você para
que, na qualidade de advogado(a), busque a tutela adequada de seu direito.
Elabore a peça processual cabível no caso, indicando os seus requisitos e fundamentos,
nos termos da legislação vigente (Valor: 5,00).
Responda justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a
fundamentação legal pertinente ao caso.
Gabarito Comentado
A peça a ser formulada é uma Contestação à ação indenizatória proposta por João.
O Condomínio deverá defender a sua ilegitimidade passiva pelo fato de, em relação à
queda do pote de vidro, ser identificado o condômino e, com relação ao erro médico,
ser responsabilidade do Hospital Municipal X.
O Condomínio deverá arguir improcedência do pedido de indenização em relação à
primeira cirurgia, tendo em vista que o pote de vidro foi lançado de apartamento in-
dividualizado – 601 –, isto é, de unidade autônoma reconhecida. De acordo com o
Art. 938 do Código Civil, “aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano
proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido”. Assim,
o habitante (proprietário, locatário, comodatário, usufrutuário ou mero possuidor) da
unidade autônoma é o responsável pela prática do ato danoso, e não o Condomínio.
Outrossim, deverá o Condomínio arguir que não há obrigação de indenizar de sua
parte em relação aos danos decorrentes da segunda cirurgia sofrida por João, na
medida em que o dano é resultado de erro médico cometido pela equipe cirúrgica
do Hospital Municipal X, não da queda do pote de vidro. Ainda que materialmente
relacionado ao evento, a queda do pote de vidro do edifício somente se pode atribuir
a consequências danosas do primeiro evento, de acordo com o Art. 403 do CC: ”Ainda
que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os preju-
ízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do
disposto na lei processual”.
Por fim, deverá defender a inexistência de danos morais a serem indenizados e, caso
seja diferente o entendimento do juízo, que o valor a ser fixado a título de indenização
seja inferior àquele pedido pelo autor.
Fonte: https://bit.ly/3zaUeQK
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Reconvenção
Segundo o Art. 343 do CPC, “Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção
para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com o fundamento
da defesa”.
Para entender melhor a Contestação e a Reconvenção, Chacon (2021, p. 71) faz uma
comparação inteligente:
Imagine uma arena de luta romana. O soldado, gladiador, empunha uma
espada e um escudo. Quando ele é atacado por seu oponente, ficando
numa posição defensiva e levanta o escudo para se defender dos golpes
do adversário, está usando a ”Contestação” como método único de defe-
sa de mérito. Mas, quando ele percebe que pode contra-atacar e golpeia
o adversário com sua espada, usa a ”Reconvenção”, tudo na mesma luta.
Essas são as duas principais e mais comuns respostas do réu no processo
e devem ser feitas na mesma petição: a defesa propriamente dita e ao
contra-ataque (Reconvenção).
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UNIDADE Respostas do Réu
Podem ser partes contrárias na Reconvenção o autor e terceiro (§3º do Art. 343).
O réu pode propor Reconvenção independentemente de oferecer Contestação (§ 6º do
Art. 343).
Muito interessante o caso trazido pela OAB. Leia o enunciado e já pode fazer a peça.
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Obs.: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utiliza-
dos para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo
legal não confere pontuação.
Gabarito Comentado
A peça processual cabível é uma Contestação (Art. 335 do CPC), com Reconvenção
(Art. 343 do CPC), apresentada no prazo de 15 dias úteis (Art. 219 do CPC) a partir da
juntada do AR relativo à carta de citação (Art. 335 e Art. 231, inciso I, ambos do CPC)
ou seja, até 25/02/2019.
O examinando deverá apresentar a Contestação dirigida ao processo nº 11111111111,
para a 8ª Vara Cível da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.
Na Contestação, deverá alegar, em preliminar, incorreção do valor da causa, que deve
corresponder ao proveito econômico pretendido por Julia, nos termos do Art. 292,
inciso I, do CPC (ou seja, R$ 40.000,00), requerendo a correção e sua intimação para
recolher as custas complementares (Art. 292, § 3º, do CPC).
No mérito da Contestação, deverá indicar como os fatos ocorreram, defendendo a
ausência de responsabilidade pelo acidente, porque não praticou ilícito (Art. 927 e
Art. 186 do Código Civil), imputando à Julia a responsabilidade exclusiva pelo aci-
dente. Subsidiariamente, deve defender a responsabilidade concorrente de Julia
(Art. 945 do CC).
Na Reconvenção, deverá reiterar a responsabilidade de Julia, e demonstrar os pre-
juízos sofridos com o conserto de seu veículo, comprovando-o com notas fiscais e
comprovantes de pagamento dos R$ 30.000,00, para comprovar a extensão do dano
(Art. 944 do Código Civil).
Ao final, deve requerer a improcedência do pedido de Julia, ou subsidiariamente, o
reconhecimento de culpa concorrente, reduzindo-se o valor da indenização. Deve
requerer também a procedência do pedido reconvencional.
Fonte: https://bit.ly/3nyBKaA
Se o réu alegar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será
ouvido no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe o juiz a produção de prova (Art. 350).
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15
UNIDADE Respostas do Réu
Da mesma forma, se o réu alegar qualquer defesa processual (Art. 337), o juiz de-
terminará a oitiva do autor no prazo de 15 (quinze) dias, permitindo-lhe a produção de
prova (Art. 351).
Já faz um tempinho que a réplica caiu no Exame de Ordem. Foi na Prova Prático-Pro-
fissional, Direito Civil, Exame de Ordem 2010/1, Cespe/UnB, aplicada em 25/07/2010.
Vamos fazer?
Pode começar!
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Gabarito Comentado
Deve-se redigir uma réplica, com argumentos jurídicos capazes de levar à rejeição
das alegações aduzidas pelos réus em Contestação.
A Peça
Réplica endereçada ao juiz da 34.ª Vara de Família de São Paulo – SP.
Data: 1.º de outubro de 20XX (CPC, Art. 327).
Relato da situação fática.
Preliminares
A separação de fato entre o falecido e sua esposa, ocorrida há mais de vinte anos,
não serve de óbice à possibilidade jurídica do pedido (Código Civil, Art. 1.723, § 1.º),
verificando-se a possibilidade jurídica do pedido quando este é admitido pelo orde-
namento jurídico, ou não é vedado.
Estabelece o Código Civil:
Art. 1.521. Não podem casar:
(...)
VI − as pessoas casadas;
(...)
Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mu-
lher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o obje-
tivo de constituição de família.
§ 1º. A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do Art. 1.521, não
se aplicando a incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato
ou judicialmente.
Existe interesse de agir mesmo na simples declaração da união estável sem que haja
pensão. A convivência duradoura entre duas pessoas é um fato, sendo a união estável
um conceito jurídico que poderá ou não definir tal relação. A lei prevê a possibilidade
de ser declarada a existência de relação jurídica (CPC, Art. 4.º, I). Ademais, conside-
rando-se que há ação de inventário em curso, o falecido deixou bens, podendo algum
deles ter sido adquirido na constância da união estável.
Não ocorre litispendência, pois os elementos das ações não são coincidentes. Para
que ocorra a litispendência, deverá ser repetida ação em curso. De fato, uma ação é
idêntica a outra quando ambas têm as mesmas partes, a mesma causa de pedir e o
mesmo pedido (CPC, Art. 301, §§ 1.º e 2.º).
A atração exercida pelo inventário não se põe de tal modo a determinar que o pedido
de reconhecimento da união estável de quem não é herdeira precise necessariamente
ser processado nos autos do inventário. O reconhecimento de união estável é de com-
petência da vara de família. Foi respeitada a competência do foro, visto que a ação
declaratória foi proposta no foro do domicílio do autor da herança (CPC, Art. 96).
Não ocorre, na hipótese, coisa julgada, pois o pedido é diferente nas duas ações.
Ademais, os fundamentos de uma sentença não transitam em julgado de modo a
impedir novo pronunciamento judicial acerca da matéria já discutida em momento
anterior (CPC, Art. 301, §§ 1.º e 3.º).
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UNIDADE Respostas do Réu
Mérito
A existência de relacionamento não estável não serve de empecilho ao reconheci-
mento da união estável da autora com o falecido, visto que, conforme informação da
própria Contestação, o suposto relacionamento não tinha os atributos de união es-
tável nos termos da lei civil, de acordo com o que dispõe o Art. 1.723 do Código Civil:
“É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher,
configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o obje-
tivo de constituição de família”.
Requerimento Final
Deve ser requerida ao juiz a rejeição das preliminares alegadas, da causa de extinção
do processo, com a procedência do pedido inicial.
Observação
A prova foi aplicada antes da vigência do novo CPC. Sendo assim:
• Art. 327, atual Art. 351;
• Art. 4º, I, atual Art. 19, I;
• Art. 301, §1º e § 2º, atual Art. 337, § 1º e § 2º;
• Art. 96, atual Art. 48.
Muito comum no Processo é a Prova Testemunhal, que sempre é possível, não dispondo
a Lei de modo diverso (Art. 442).
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O CPC (Art. 443) permite que o juiz indefira a Prova Testemunhal sobre fatos “I – já
provados por documento ou confissão da parte; II – que só por documento ou por exa-
me pericial puderem ser provados”.
Caso tenha sido determinada a produção de Prova Testemunhal, o juiz fixará prazo
comum não superior a 15 (quinze) dias para que as partes apresentem rol de testemu-
nhas (§ 4º do Art. 357).
O rol de testemunhas deve conter, sempre que possível, ”o nome, a profissão, o estado
civil, a idade, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas, o número de registro
de identidade e o endereço completo da residência e do local de trabalho” (Art. 450).
Uma vez apresentado o rol, não pode mais ser alterado, sendo permitido a substituição
das testemunhas quando a testemunha arrolada falecer, se estiver enferma, sem condi-
ções de depor ou, ainda, caso tenha mudado o endereço e não for encontrada (Art. 451).
Trata-se de uma Petição simples, endereçada do Juiz da causa, devendo a parte infor-
mar a forma como a testemunha será intimada (Art. 455, § 4º, I) e os dados de cada
uma, individualmente, conforme Art. 450.
19
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UNIDADE Respostas do Réu
Lembre-se de que a intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu
advogado (§ 3º do Art. 334).
A regra é pela audiência, que somente não será realizada: “I – se ambas as partes
manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual; II – quando não
se admitir a autocomposição” (§ 4º do Art. 334).
O autor deve manifestar seu desinteresse na Petição Inicial, e o réu, por Petição,
apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência (§ 5º. do
Art. 334).
Lembrando-se, por fim, de que as partes devem estar acompanhadas por seus advo-
gados ou defensores públicos (§9º do Art. 334) e que a parte poderá constituir represen-
tante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir (§ 10
do Art. 334).
Enunciado 121 da II Jornada de Direito Processual Civil: não cabe aplicar multa a quem, com-
parecendo à Audiência do Art. 334 do CPC, apenas manifesta desinteresse na realização de
Acordo, salvo se a sessão foi designada unicamente por requerimento seu e não houver
justificativa para a alteração de posição.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Prática no processo civil
ARAÚJO JÚNIOR, G. C. Prática no processo civil. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2020.
O autor apresenta diversos modelos de Peças Processuais, a obra irá ajudar você a se pre-
parar para redigir sua própria petição. (e-book)
Vídeos
Português Jurídico – Aula 1
Aula sobre “Português Jurídico”, ministrada pelo Professor Marcelo Paiva, Programa Saber
Jurídico, transmitido pela TV Justiça. A aula é dada de modo simples e com ótima didática,
o que permite ao aluno ampliar seus conhecimentos na Linguagem Jurídica.
https://youtu.be/fU5Kr-fzv1s
Saber Direito – Direito Processual Civil – Aula 1
Aula sobre Direito Processual Civil, ministrada pelo Professor Daniel Viana, Programa
Saber Direito, transmitido pela TV Justiça. A aula irá ajudar você a revisar os principais
temas sobre o procedimento comum.
https://youtu.be/VFNTyUGIRxg
Leitura
Recurso Especial n.º 1940016 – PR, (021/0102946-0)
Julgamento, na íntegra, proferido pelo Superior Tribunal de Justiça, sobre Contestação
e Reconvenção (REsp 1940016/PR, Resp 2021/0102946-0, Relator(a) Ministro Ricardo
Villas Bôas Cueva, 3ª Turma, Data do Julgamento 22/06/2021, DJe 30/06/2021).
https://bit.ly/397Xb9W
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UNIDADE Respostas do Réu
Referências
ARAÚJO JÚNIOR, G. C. Prática de Contestação no processo civil: Contestação, Re-
convenção, Exceções, Impugnações. 6. ed. rev. atual. ampl. São Paulo: Atlas, 2020. (e-book)
________. Prática no processo civil. 24. ed. São Paulo: Atlas, 2020. (e-book)
BARROSO, D.; LETTIERE, J. F. Prática no processo civil. 9. ed. São Paulo: Saraiva,
2019. (e-book)
CHACON, L. F. R. Manual de prática forense civil. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
(e-book)
TARTUCE, F. D. L. Manual de prática civil. 16. ed. rev. atual. São Paulo: Método,
2021. (e-book)
THEODORO JÚNIOR, H. Código de Processo Civil Anotado. 23. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2020. (e-book)
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Prática Jurídica
Penal I
Prática Jurídica Penal I
Revisão Textual:
Esp. Aline Gonçalves
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Prática Jurídica Penal I
• Introdução;
• Fases do Processo;
• Atividade do Advogado.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender a forma como o processo se desenvolve e quais são os instrumentos processuais
utilizados pelas partes, com ênfase na atuação do advogado;
• Aprender a elaborar petições, bem como a técnica forense no desenvolvimento das peças.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas: Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveitee as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha ha o foco!
focco!
rair co
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
hidratado.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer
parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar
um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua inter-
pretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de dis-
cussão, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar
o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Prática Jurídica Penal I
Introdução
O advogado, embora exerça atividade liberal, atua, ao lado do Ministério Público, da
Advocacia Pública e da Defensoria Pública, como figura essencial ao exercício da Justiça.
A comunicação do advogado com o poder judiciário (Juiz ou Tribunal) ou mesmo
com as autoridades administrativas é realizada por meio de petições. Petição é a
peça processual em que se exprime um pedido, por escrito, ao juiz.
Para elaborar uma petição, o profissional do Direito deve seguir algumas formali-
dades coerentes, com correto endereçamento, clara exposição dos fatos, reivindica-
ção do direito, valendo-se da lei, bem como elaboração do pedido com coerência ao
direito invocado.
A petição deve ter boa redação forense, e isso dependerá do estilo pessoal de
cada profissional, bem como das exigências do caso concreto.
É, por exemplo, inviável que o advogado das partes, ou mesmo o promotor, deixe
de apontar o fundamento jurídico em que venha a embasar a sua pretensão.
Art. 6º. Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que
se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
O mesmo ocorre com o Código de Processo Penal, em seu artigo 41, ao trazer a
orientação para a elaboração da denúncia, ou mesmo no artigo 44 da mesma legisla-
ção, ao trazer as regras para o oferecimento da queixa-crime na ação penal privada.
Código Processual Penal
[...]
Art. 44. A queixa poderá ser dada por procurador com poderes especiais,
devendo constar do instrumento do mandato o nome do querelante e a
menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem
de diligências que devem ser previamente requeridas no juízo criminal.
8
Em qualquer área do Direito, uma boa petição deve demonstrar ao juiz, tanto quanto
possível, além do fundamento jurídico, quais decisões – jurisprudência, precedente ou
súmula – incidem no caso concreto. Enriquece a petição fazer relação entre os elemen-
tos fáticos da questão a ser julgada e uma anterior decisão que venha trazer a melhor
interpretação da regra de direito que embasa os argumentos deduzidos.
Cumprindo essa relevante tarefa, com o devido afinco e cuidado, torna-se bem
mais coerente e produtiva a atuação desempenhada pelo profissional do Direito.
Fases do Processo
Processo judicial é o meio jurídico pelo qual uma parte apresenta seus argumentos
perante a Justiça, porque entende ter sido prejudicada em algum sentido, e espera que
o Estado, na figura do juiz, decida sobre aquela suposta violação de direitos. Processo
é um ordenado de vários atos.
A fase pré-processual não é obrigatória, mas ela prepara para a fase processual.
Portanto, se existirem elementos capazes de iniciar a fase processual, a fase pré-
-processual será dispensável.
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UNIDADE Prática Jurídica Penal I
Quadro 1
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• Postulatória: é a etapa da propositura da ação; o começo de tudo. É o ajuizamento
da petição inicial. A parte lesada apresenta o seu pedido, contendo a qualificação
dos envolvidos, narra os fatos e faz os pedidos. Na área penal não é diferente, já que
a acusação, na ação penal pública ou privada, representando o ofendido, apresenta
qual foi o direito lesado, narra os fatos e faz o pedido (artigo 41 do CPP);
• Saneatória: emenda da inicial, indeferimento, julgamento liminar do pedido,
citação do réu, audiência de conciliação e mediação, defesa, réplica, reconven-
ção. A defesa é feita por meio da peça de Contestação (cível, administrativo,
trabalhista) e Resposta escrita (na área penal). O réu apresenta seus argumentos
face às acusações sofridas; pode negar e combater as acusações sofridas, bem
como pode fornecer sua versão para os fatos imputados;
• Instrutória: é a produção de provas testemunhais, documentais e periciais; é
nesta fase que as partes apresentam suas provas, indicando testemunhas, docu-
mentos, fotografias, laudos periciais etc., conforme o caso. É realizada audiência
para colheita da prova testemunhal;
• Decisória: é a etapa em que o juiz prolata a sentença, após a análise de todas as
etapas anteriores, principalmente no que diz respeito às provas que foram pro-
duzidas durante o processo judicial. O juiz proferirá a sua sentença, embasando
a sua decisão acerca do que fora inicialmente pedido;
• Recursal: se uma das partes não se conformar com a decisão proferida, por
discordar do entendimento proferido ou eventuais afrontas com a legislação vi-
gente, poderá socorrer-se da segunda instância ou de instâncias superiores, por
meio de recursos. O tribunal competente julga o recurso mantendo, reformando
ou alterando parcialmente a decisão inicial;
• Executória: é a etapa que se inicia com a prolação da sentença condenatória,
seja esta total, seja parcial. É a satisfação do direito. É a fase do cumprimento da
sentença e normalmente é realizada após encerradas as oportunidades de recurso.
Na área penal, havendo prolatado sentença condenatória, é a etapa em que será
executada a pena imposta. Especificamente, o Direito de Execução Penal é o ramo
que cuida da execução da pena e da aplicabilidade do direito de punir do Estado.
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UNIDADE Prática Jurídica Penal I
Exemplo de uma sala de audiência. No caso da ilustração, a figura traz a disposição de cada
pessoa na audiência do caso Isabella Nardoni, disponível em: https://bit.ly/3XeXaYw
12
• Julgamento (fase decisória): após a instrução criminal, com a colheita de pro-
vas, documentos e pericia (se for o caso), o juiz proferirá a sentença condenató-
ria (total ou parcial), absolutória ou mesmo com desclassificação do crime;
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UNIDADE Prática Jurídica Penal I
Atividade do Advogado
O advogado é o profissional que defende os interesses de seus clientes com base
nas leis vigentes no País. Ele pode representar tanto pessoas físicas quanto pessoas
jurídicas (empresas, organizações).
O advogado, como disposto em referida lei, em seu ministério privado presta ser-
viço público e exerce função social.
No processo judicial, o advogado busca decisão favorável ao seu constituinte e
convencimento do julgador de sua tese.
O advogado possibilita a eficácia de um instrumento de efetividade da garantia do
contraditório e da plena defesa, que é um princípio fundamental da declaração cons-
titucional de direitos, consoante se depreende do inciso LV do art. 5º da Constituição
Federal, assim descrito:
Art. 5º. [...]
LV – Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusa-
dos em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes.
14
Figura 3
Fonte: Getty Images
É importante saber que o advogado faz parte dessa garantia, no efetivo exercício
da defesa, inclusive nos processos administrativos conduzidos pelos órgãos da Admi-
nistração Pública.
A lei prevê exceção que possibilita a não atuação do advogado, ou seja, na impe-
tração de habeas corpus em qualquer instância ou tribunal. O mesmo ocorre quanto
à revisão criminal prevista no artigo 621 do Código de Processo Penal.
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UNIDADE Prática Jurídica Penal I
São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na
OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas. São também nulos os
atos praticados por advogado impedido no âmbito do impedimento suspenso, licen-
ciado ou que passar a exercer atividade incompatível com a advocacia.
É dever do advogado primar pelo devido processo legal, bem como pelo bom
andamento do processo de forma correta, primando pela lealdade.
Da mesma forma que o advogado possui deveres, ele possui direitos. No Estatuto
da OAB, especificamente em seu art. 7º, dispõe 21 itens (EOAB – Lei 8.906/1994),
que são direitos do advogado, tais como exercer com liberdade a profissão em todo o
território nacional.
Pode, também, ingressar livremente nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além
dos cancelos que separam a parte reservada aos magistrados; ingressar nas salas e de-
pendências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de Justiça, serviços notariais
e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e
independentemente da presença de seus titulares.
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informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele,
e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado.
Ele tem o direito de usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, me-
diante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a
fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar
acusação ou censura que lhe forem feitas; podendo reclamar, verbalmente ou por es-
crito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito
de lei, regulamento ou regimento.
Direito Trabalhista
Um advogado trabalhista atua em processos entre empresas e empregados. Pode
representar tanto os interesses da empresa quanto os interesses do trabalhador. Atua
na análise de rescisões, cálculo de horas extras ou férias, não pagamento de comis-
sões ou desvio de função.
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UNIDADE Prática Jurídica Penal I
valores que não foram pagos pela empresa. Se o constituinte for a empresa, ou seja,
a reclamada, o advogado atua na elaboração da defesa, consultoria para empresas
em questões de contratação e demissão de trabalhadores.
Direito Civil
O advogado civil atua defendendo os direitos civis de seus clientes, por exemplo,
propriedade, família, sucessões etc. Quando o cliente se sente prejudicado de algu-
ma forma em alguma transação, precisa formular um contrato de locação ou lidar
com questões de herança, ele busca o auxílio de um advogado civil. O advogado civil
é responsável por cada etapa de processos jurídicos, negociações ou acordos.
São diversas as áreas em que esse advogado pode atuar, por exemplo: ações de
cobrança; ações de despejo; adoção e tutela; contratos de compra e venda; danos
morais; indenizações; recuperação de crédito; renegociação de contratos; divórcio;
inventários; pensão alimentícia etc.
Direito Tributário
O advogado tributário, por sua vez, atua com questões relacionadas ao pagamen-
to de impostos e tributos. Ele presta consultoria a empresas, realiza ações preventi-
vas, auxilia tais empresas a efetuar um planejamento tributário e garantir a melhor
forma de pagar os tributos fiscais. Além da prevenção, o advogado tributário atua no
contencioso, administrativo e judicial. Ele acompanha processos de execução fiscal
visando defender o patrimônio de seus clientes, ou efetua regularização de pendên-
cias para obtenção de certidões negativas de débitos.
Direito Empresarial
O advogado empresarial atua para o bom funcionamento da empresa no que diz
respeito à segurança jurídica.
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Direito Penal
O advogado que atua na área penal é chamado de advogado criminalista.
O criminalista atua na defesa daquele que cometeu o crime, mas também é cha-
mado algumas vezes para atuar em favor da vítima de um crime (assistente de acu-
sação). O advogado elabora a defesa de seu cliente nos inquéritos policiais ou em
ações penais.
Figura 4
Fonte: Freepik
Caso o cliente esteja preso, ele elabora um requerimento para revogação ou rela-
xamento de prisão, atua nas audiências de custódia, a fim de reivindicar a soltura do
seu cliente, para que este possa responder à acusação em liberdade.
O advogado criminalista realiza júri popular nos crimes dolosos contra a vida.
Pode também atuar com o Direito Penal Empresarial, Direito Penal Econômico,
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UNIDADE Prática Jurídica Penal I
Tanto a petição inicial quanto as intermediárias devem ser efetuadas de forma clara,
com coerência ao descrever os fatos e ao reivindicar o direito. Saber fazer uma petição
é uma das atividades mais vitais para a vida profissional de um advogado, pois é a
partir dela que os processos se desenrolam e tomam seus rumos.
O artigo 319 do Código de Processo Civil orienta como devem ser elaboradas
suas petições, procurando ser objetivo na exposição dos fatos, claro e coerente na
fundamentação jurídica e preciso na formulação do pedido.
Na esfera penal, bem da verdade, não existe, a priori, qualquer norma positiva e
específica determinando o modo como devem ser elaboradas as petições judiciais,
exceto as petições que iniciam a ação penal, quais sejam, a denúncia na ação penal
pública e a queixa-crime na ação penal primava (art. 41 e 44 do CPP).
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• Prazo: em regra, 6 (seis) meses, contados do dia em que a vítima vier a saber
quem foi o autor do crime – art. 103, CP, e art. 38, CPP;
• Endereçamento: deve ser endereçada a um Juízo Criminal. Orientação sobre a
Competência – artigos 70 ao 73; 75 ao 83, todos do CPP;
• Observação: Vide artigo 806 do CPP – há a obrigatoriedade para a Distribui-
ção da Inicial (Queixa-Crime) do recolhimento de custas;
• Legitimidade: o ofendido. Caso este seja menor de 18 anos, a queixa deverá
ser oferecida por seu representante legal (pais, tutores, curadores). Em caso de
morte do ofendido, deve ser adotado o disposto no art. 31 do CPP;
• Pedido: por se tratar de uma petição inicial, deverão ser requeridos: (a) o recebi-
mento da ação; (b) a citação do Querelado; (c) a condenação do Querelado nas pe-
nas de um ou mais artigos específicos; (d) a notificação das testemunhas arroladas.
Liberdade Provisória
• Fundamento legal: art. 5, LXVI, da CF;
• Cabimento: pressupõe-se uma prisão legal, mas que não deve ser mantida, pois
não subsistem mais os pressupostos que a autorizam. A liberdade provisória
pode ser concedida com ou sem fiança;
• Fundamento legal complementar: artigos 310, III; 321 ao 331, todos do CPP;
• Observação: não haverá concessão de nova fiança quando o réu houver, no
processo, quebrado a fiança (art. 341, CPP);
• Prazo: o pedido de liberdade provisória pode ser realizado em qualquer mo-
mento processual, até o trânsito em julgado (artigo 334, CPP);
• Endereçamento: Via de regra, é dirigido ao juiz criminal de 1ª instância. A au-
toridade policial poderá conceder a fiança apenas nos termos do art. 322, CPP;
• Legitimidade: a pessoa submetida à prisão;
• Pedido: caso seja hipótese de liberdade provisória sem fiança, deve-se requerer
a concessão da liberdade com a expedição do alvará de soltura. Já se for caso
de fiança, pede-se, também, o seu arbitramento.
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UNIDADE Prática Jurídica Penal I
O art. 319 reforça a ideia de que a prisão deve ser medida excepcional, quando
nenhuma outra for suficiente para que se alcance o objetivo prático que se bus-
ca. Por fim, se a prisão em flagrante for ilegal, deve o juiz relaxá-la.
Memoriais
• Fundamento legal: art. 403, § 3º, e 404, parágrafo único, todos do CPP;
• Prazo: 5 dias;
• Endereçamento: ao juiz da causa;
• Cabimento: após o encerramento da instrução processual, mas se for deferida
a diligência eventualmente solicitada, o momento para a apresentação dos
memoriais será após a realização da diligência. Os memoriais constituem
exceção porque podem substituir os debates orais quando houver conveniência
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pela complexidade do feito e do número de réus ou quando, ao final da instrução
processual, houver necessidade de realização de diligências, determinadas pelo
juiz a requerimento da parte ou ex officio pelo juiz;
• Observação: não existe previsão de memoriais como substituição dos debates
orais no rito sumário nem no rito do júri. Entretanto, a doutrina tem se posicio-
nado a respeito dessa possibilidade, uma vez que o disposto para o rito comum
ordinário tem aplicação subsidiária nos demais ritos no que não for conflitante;
• Legitimidades: o Ministério Público ou o querelante; o assistente de acusação,
se houver; o acusado;
• Pedidos: Exemplos:
» Se for alegada nulidade processual, o pedido será a anulação do processo
desde o início ou a partir do ato viciado;
» Se for alegada a extinção da punibilidade, o pedido será a sua decretação;
» Se a defesa alegar falta de justa causa, o pedido deverá ser a absolvição do réu
com base em qualquer um dos incisos do art. 386 do CPP;
» Se for alegada a falta de justa causa relativa, o pedido deverá ser a desclassifi-
cação do crime ou a redução da pena.
Embargos de Declaração
• Fundamento legal: os embargos de declaração em face de acórdão têm pre-
visão legal no art. 619 do CPP, enquanto os embargos de declaração nas sen-
tenças encontram previsão no art. 382 do CPP. A Lei 9.099/95, que criou os
Juizados Especiais Criminais, prevê esse recurso no seu art. 83;
• Formalidade: os embargos são opostos em peça única;
• Cabimento: esse recurso é cabível para sanar ambiguidade, obscuridade, con-
tradição ou omissão na sentença ou no acórdão;
• Prazo: em regra, 2 dias. No rito sumaríssimo, o prazo é de 5 dias;
• Endereçamento: ao juiz da causa que proferiu a sentença ou o relato do acórdão;
• Legitimidade: a defesa e a acusação, inclusive o assistente de acusação,
se houver;
• Pedidos: deve-se pedir a declaração da sentença ou do acórdão, a fim de ser
sanada a obscuridade, ambiguidade, omissão ou contradição.
Habeas Corpus
• Fundamento legal: art. 5º, LXVIII, da Constituição Federal, e art. 647 e se-
guintes do CPP;
• Cabimento: sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer coa-
ção ou violência à liberdade de locomoção, em virtude de ilegalidade ou abuso
de poder. No art. 648 do CPP, estão relacionadas as hipóteses de cabimento;
• Prazo: não há;
23
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UNIDADE Prática Jurídica Penal I
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Prática da Advocacia: Dicas de como Redigir Peças Processuais
https://youtu.be/EHoEQiEUCrY
OAB – Direitos do Advogado
https://youtu.be/XwCiNXo6vog
Prática Processual Penal: Queixa-crime
https://youtu.be/6p3Q7SR46Gk
Leitura
A Importância do Domínio da Língua Portuguesa para o Operador em Direito
http://bit.ly/3ljsaJR
CNJ Serviço: Entenda as Fases de Conhecimento e de Execução do Processo
http://bit.ly/3RMrx7x
Redação Forense
https://bit.ly/3bBro1R
25
25
UNIDADE Prática Jurídica Penal I
Referências
AVENA, N. Processo Penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book)
LOPES JR., A. Direito Processual Penal. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2014.
________. Direito processual penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. (e-book)
PACELLI, E. Curso de processo penal. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)
RANGEL, P. Direito processual penal. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2019. (e-book)
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Prática Jurídica
Penal I
Prática Jurídica Penal
Revisão Técnico:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Revisão Textual:
Esp. Aline Gonçalves
Prática Jurídica Penal
• Tipos de Petição;
• Partes da Petição;
• Técnica de Elaboração;
• Como Elaborar uma Petição;
• Preâmbulo.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender as diversas formas de petição utilizadas no Direito Processual, suas partes
integrantes e a técnica para a sua elaboração em situações práticas.
UNIDADE Prática Jurídica Penal
Tipos de Petição
Como vimos, comunicamo-nos com o Poder Judiciário, e mesmo com as autori-
dades administrativas, por meio das petições.
Petição Inicial
Como o nome sugere, essa petição é a peça inaugural de um processo judicial.
É o documento que irá instaurar o processo, levando ao Poder Judiciário, ou às auto-
ridades administrativas, os fatos que constituem o direito. Por exemplo, se ocorre um
crime, é preciso que as autoridades competentes sejam notificadas para dar início à
investigação contra seu autor ou autores. Para tanto, é preciso fazer a exposição do
fato criminoso à polícia ou ao Ministério Público, por meio de uma “notícia-crime”,
pelo próprio ofendido. Todavia, se for efetuada pelo advogado, por meio de petição,
dá-se o nome de Pedido de Instauração de Inquérito Policial.
Na ação penal privada, a petição inicial, para dar origem à ação penal privada,
perante o Poder Judiciário, mormente o juízo criminal, é chamada de queixa-crime,
elaborada por advogado, com o pedido para que o autor ou os autores do crime
sejam processados e condenados.
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Na ação penal pública, a petição inicial é a denúncia, promovida necessariamente
pelo Ministério Público, sem a necessidade de que o ofendido esteja acompanhado
de advogado ou defensor público.
Na peça inaugural, deve-se abordar tudo o que for pertinente à causa, tanto os
fatos relevantes quanto os dispositivos legais que fundamentam a pretensão do autor.
Intermediária
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UNIDADE Prática Jurídica Penal
Rescisória
Na área penal, chamamos de revisão criminal. É uma ação autônoma, que tem
como objetivo desfazer os efeitos de sentença já transitada em julgado, ou seja, da
qual já não caiba mais qualquer recurso.
Como de praxe das petições iniciais, deve trazer a indicação das partes da de-
manda revisional, suas qualificações (nome completo, nacionalidade, estado civil,
profissão, endereço). É preciso descrever os fatos que pretende a revisão da sentença
transitada em julgado. Deve apresentar os fundamentos que servem de base para
sua pretensão.
Remédios Constitucionais
Também conhecidos como tutela constitucional das liberdades, são os meios, as
ações judiciais ou o direito de petição, postos à disposição dos indivíduos e cidadãos
para provocar a intervenção das autoridades competentes, visando sanar ilegalida-
des ou abuso de poder. Vale lembrar que a terminologia “remédios constitucionais”
é uma construção doutrinária e não legal, pois a legislação contempla cada remédio
com nome específico. Tais remédios são: habeas corpus; habeas data; mandado de
segurança; mandado de injunção, ação popular e ação civil pública.
Partes da Petição
Em um processo judicial, existem três partes envolvidas na demanda: juiz, autor
e réu.
Como vimos, denúncia e queixa-crime são as peças iniciais da ação penal. O que
as diferencia é a titularidade (capacidade de levar o pedido ao Judiciário).
A denúncia é interposta para os crimes que devem ser processados por meio de
ação penal pública, cujo titular é o representante do Ministério Público.
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A queixa-crime é utilizada para os casos de ação penal privada e é apresentada
em juízo pelo próprio ofendido ou representante legal, mas sempre por meio de
um advogado.
O autor é o polo ativo do processo judicial, é aquele que promove a ação civil,
administrativa ou criminal contra outra pessoa, que será considerada ré.
O réu é a parte contra quem o processo é promovido. É contra ele que o pedido
do autor é apresentado. Ele é o acusado, é o que responde pela infração penal e, no
fim do processo, ser condenado ou absolvido.
O requerente é a parte que faz um requerimento, aquele que solicita algo a alguém.
Tabela 1
Requerente Requerido Autor Réu
Indivíduo que faz uma Indivíduo que recebe uma Polo passivo de um processo É o polo passivo do
Definição solicitação por meio solicitação por meio de judicial, promovendo a ação processo judicial, responde
de requerimento. um requerimento. contra o réu. por uma infração penal.
De modo mais claro, veja-se que, se requerente é aquele que requer, tanto o autor
quanto o réu podem, em específica petição, ser o requerente da providência a que
visa o mencionado pedido.
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UNIDADE Prática Jurídica Penal
Já autor é aquele que promove uma ação judicial civil, administrativa, penal; e réu,
em contraposição, é aquele contra quem se promove ação judicial.
É claro que esse autor pode ser especificado de acordo com a modalidade da me-
dida judicial manejada: em execução é o exequente; em embargos é o embargante;
em recurso é o recorrente;
• Recurso:
» Recorrente;
» Recorrido.
• Inquérito:
» Requerente;
» Requerido.
• Ação Penal:
» Autor;
» Réu.
• Execução:
» Exequente;
» Executado.
Técnica de Elaboração
Para elaborar uma boa petição, é necessário redigir corretamente, com clareza,
com fundamento jurídico e cumprir os seguintes passos:
Estética é um dos elementos que devem ser levados em conta, já que o aspecto
visual acaba sendo o primeiro a ser avaliado pelo destinatário, qual seja o órgão
competente para apreciação do pedido.
Ao digitar uma petição, utilize uma fonte mais formal, usada para trabalhos aca-
dêmicos, por exemplo, Arial ou Times New Roman.
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A primeira linha de cada parágrafo (com exceção do endereçamento) deve iniciar
levemente deslocada para a direita. Além disso, não ultrapasse o espaço entre as
margens da folha reservado à redação.
A maioria das Comarcas já adotou o processo eletrônico, de forma que, nos pa-
drões digitais, uma petição bem organizada facilitará a leitura.
Para o exame da OAB, a apresentação estética da peça tem sido item expresso da
avaliação da prova. Preste atenção às margens da folha; não escreva fora da pauta
e evite rasuras. Caso tenha cometido algum erro, a solução é passar um traço sobre
a palavra e prosseguir.
A petição para exame da OAB deve ser petição escrita em letra legível, pois a
letra ilegível exige mais atenção do examinador e revela atitude negligente e descui-
dada por parte do candidato.
Requisitos Obrigatórios
Algumas petições exigem requisitos específicos, que devem ser seguidos cuida-
dosamente. Por exemplo, para elaborar uma petição inicial de causa cível, deverão
ser observados os requisitos do art. 319 do Novo Código de Processo Civil. Se for
um pedido de habeas corpus, deverão ser seguidos os preceitos estabelecidos no
art. 654, § 1º, do Código de Processo Penal. Uma queixa-crime deverá seguir as
formalidades contidas no artigo 41 do Código de Processo Penal.
De maneira geral, podemos dizer que a maioria das petições irá requerer:
• O nome do Juízo a que se destina aquela petição;
• O número do processo judicial, caso não se trate de uma petição inicial;
• O nome das partes e sua qualificação; a narrativa dos fatos; os fundamentos
jurídicos;
• O pedido final harmônico com a exposição dos fatos e os fundamentos.
Portanto, atente-se para esses requisitos, que podem mudar de uma petição para
outra, a depender do tipo, ou, ainda, a depender da área em que está se peticionan-
do (cível, penal, trabalhista etc.).
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UNIDADE Prática Jurídica Penal
Linguagem Adequada
Outro item básico e primordial na redação de qualquer documento é a observância
da linguagem. Utilizar-se de recursos gramaticais adequados é fundamental. Portanto
observe se você está utilizando o padrão culto da língua portuguesa, se está respei-
tando a concordância nas sentenças e se não está utilizando palavras coloquiais,
gírias ou abreviações.
É por meio dela que o magistrado poderá deferir ou indeferir a solicitação feita
pelo advogado, portanto, ter noção do que e como pedir é fundamental para o êxito
do procedimento – ou até da ação!
No mais, a petição deve ser redigida de forma técnica, mas isso não significa ape-
nas utilizar palavras rebuscadas e de difícil compreensão.
Também é necessário evitar parágrafos muito longos. O ideal é que cada ideia
esteja separada em um período diferente, para organização dos argumentos e facili-
tação na leitura e interpretação.
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Como Elaborar uma Petição
Endereçamento
Em primeiro lugar, na petição deverá conter o Juízo ou mesmo Autoridade Ad-
ministrativa (conforme o caso), competente para apreciá-la, a que ela será dirigida.
Você deverá endereçar a sua peça à pessoa ou ao órgão competente para apre-
ciar o pedido.
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UNIDADE Prática Jurídica Penal
Quando for dirigida ao juiz do juizado especial criminal – Jecrim (crimes de menor
potencial ofensivo):
Se for estadual:
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Criminal da
Comarcade ________ (nome da comarca) – UF
Se for federal:
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal do Juizado Especial Criminal Federal da
Seção Judiciária de ________ (nome da comarca) – UF
Importante!
No exame da OAB, é possível apresentar um problema sem fazer menção da cidade. Se
isso ocorrer no enunciado e não fizer menção à comarca, use um traço ou reticências.
Importante lembrar que o endereçamento não deverá ser abreviado.
Preâmbulo
Após o endereçamento, deverá pular, em média, 10 linhas, pois se o processo for
físico (em papel escrito), é nesse espaço que o juiz ou a autoridade dirigida irá proferir
um despacho: por exemplo: “junte-se”; “distribua-se”; “indefiro”; “defiro” etc. Se o
processo for eletrônico (digital), o despacho será em folha separada, assim, o espaço
será apenas para estética da petição. Na petição para o exame da OAB, pule ao
menos oito linhas para fins de estética.
Após isso, comece a peça com o nome do seu cliente. Não importa se for autor
ou réu. Se for para o exame da OAB, comece a peça com o nome da pessoa para
quem atuará.
Se a petição for inicial, deverá ser indicado o nome com a qualificação das partes,
com os seguintes dados: nome, nacionalidade, estado civil, profissão, RG, CPF e
endereço. Se a petição for civil, deverá colocar também o endereço eletrônico.
Exemplificando:
16
por intermédio do advogado que esta subscreve, vem respeitosamente, à presença
de Vossa Excelência, expor e requerer o que segue/propor ação (especificar).
Importante!
Quando for redigir a peça, tenha sempre em mente esses sete itens, tente manter sem-
pre essa sequência. Isso facilitará sua memorização.
Por exemplo:
Nome da parte, já qualificado, nos autos da ação penal, que lhe move o Ministério
Público, por seu advogado que esta subscreve, vem respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, expor e requerer o que segue:
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UNIDADE Prática Jurídica Penal
Na petição também deve ser feita menção ao juiz (conforme exemplo no quadro),
por exemplo: “vem, mui respeitosamente, à presença de Vossa Excelência…”.
No preâmbulo deve ser mencionado o nome da peça jurídica que está sendo ela-
borada, ou seja, o nome da peça juntamente com o fundamento legal. O fundamento
legal é o artigo em que se encontra a peça. Ex.:
• oferecer Representação, conforme artigo 24 do CPP;
• oferecer Queixa-crime, com fundamento no artigo 30 do CPP;
• requerer a Revogação da Prisão Preventiva, consoante os artigos 282, §5º c/c
o 316 do CPP.
Após isso, escrever: “pelos fatos a seguir expostos”; “pelos fatos que passa a ex-
por”; “pelos motivos fáticos e de direito a seguir expostos”.
Dos Fatos
É a introdução, a narração dos fatos.
Mais uma vez, lembre-se de que não é permitido inventar qualquer dado que não
conste expressamente do enunciado.
Importante!
Na queixa-crime, por se tratar de petição inicial, é necessário fazer a descrição completa
da conduta do querelado!
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O objetivo da petição elaborada pelo profissional do Direito e estudantes é persu-
adir o julgador a conceder ou reconhecer determinado direito.
Silogismo judiciário é uma espécie de raciocínio dedutivo formado por três propo-
sições encadeadas, de tal modo que, das duas primeiras, infere-se a terceira.
Essa palavra, empregada por Aristóteles para indicar um tipo perfeito de raciocí-
nio dedutivo, está no âmago da lógica contemporânea (DEZEM et al., 2020).
Nas petições, a premissa menor (os fatos) precede a premissa maior (o direito), na
ordem: fatos, direito e pedidos.
Além disso, a petição deve ser redigida com ideias concatenadas, isto é, articula-
das: disposição da matéria em artigos ou parágrafos, separados e correlacionados.
Por fim, a conclusão é a proposição que leva de forma imediata ao pedido que
será formulado.
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UNIDADE Prática Jurídica Penal
Situação-problema
Silmara é atacada a tiros desferidos por arma de fogo por Roberto, que não logra
acertar os dois primeiros tiros. Antes de desfechar o terceiro tiro, Silmara saca arma
que carrega em sua bolsa com autorização legal e vem a atingir Roberto, que veio
a óbito.
• Premissa maior: é o seu ponto de partida, algo que não poderá ser refutado.
Na argumentação jurídica, a premissa maior é, geralmente, uma fonte do Direi-
to (artigo de lei. Na falta dela, súmula, princípios).
Dessa forma, quando for citar artigos de lei, utilize, por exemplo, as seguin-
tes passagens:
» “Segundo o comando previsto no artigo tal, …”;
» “Consoante a inteligência do artigo tal, …”;
» “Ex vi o disposto na literalidade do artigo tal, …”;
» “Conforme se depreende do alcance do artigo tal…”.
Segundo o artigo 25 do Código Penal, está em legítima defesa quem, usando mo-
deradamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem.
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» “No caso em tela, esclareça-se que…”.
» “In casu, ocorre que…”.
No problema apresentado, será assim disposto:
No caso em tela, Roberto disparou tiros contra Silmara, e esta sacou arma que car-
regava em sua bolsa com autorização legal e reagiu à injusta agressão, levando
Roberto a óbito.
Se houver mais de uma tese a ser deduzida, a regra é manter a estrutura lógica
interna de cada argumento (premissa maior/premissa menor/conclusão).
Pedido
O pedido, relacionado com o tópico dos fatos, também tem grande peso na apre-
ciação da petição, sendo necessário especificar o que se deseja com clareza, de for-
ma que decorra de uma verdadeira conclusão dos fatos narrados.
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UNIDADE Prática Jurídica Penal
Do Pedido:
Diante do exposto, requer seja julgada improcedente a presente ação, absolvendo-
-se a ré Silmara, com fulcro no artigo 386, VI do Código de Processo Penal.
Não é necessário colocar o título “Do pedido”, mas faz com que a petição fique
com a estética melhor e organizada.
Importante!
Na peça inicial de queixa-crime, é necessário colocar pedido de recebimento (ex.: requer
seja recebida), de designação de audiência preliminar ou de conciliação, de citação, de
oitiva de testemunhas (se houver), condenação e de fixação de indenização.
Parte Final
Por fim, importante lembrar do pedido final de deferimento, data, local e assina-
tura do advogado.
Ou:
Após duas linhas, deve, ainda, colocar local de data, bem como assinar a peça
e apontar o número da OAB, ou, se for do Ministério Público, ou Procurador, deve
apontar a função pública. Ex.:
José de Tal
Promotor de Justiça.
Assim, somente colocará a expressão “local e data”, a não ser que no exame diga
para colocá-la. Exemplo: date no último dia de prazo).
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No caso do local, somente coloque a comarca se o problema trouxer essa informação.
Nestes termos,
pede deferimento.
Local, data.
Cuidado com a identificação da peça para exame da OAB. Nunca assine a peça
ou forneça quaisquer outros dados pessoais.
Assim, após o local e data, pular também duas linhas e, abaixo, conforme trans-
crito anteriormente, deverá colocar a expressão NOME DO ADVOGADO E OAB/
UF (unidade federal – o Estado em que realizará a prova).
Nestes termos,
pede deferimento.
Local, data.
Nome do Advogado
OAB/ (UF) n.º
Desta forma, jamais assine ou coloque o seu nome na peça. Sua desclassificação
será automática.
Importante!
Atente-se, pois algumas peças têm prazo, ou seja, em alguns casos, a FGV costuma pedir
que a peça seja oferecida, por exemplo, no último dia de prazo.
Quando a peça for composta por duas petições (recursos em geral) e o enun-
ciado solicitar que seja indicado o dia do prazo, coloque a mesma data em ambas
as petições.
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23
UNIDADE Prática Jurídica Penal
2. Preâmbulo
MEMORIAIS
com fulcro no artigo 403 §3º do Código de Processo Penal, pelas razões de fato e de direito
a seguir expostas:
II – DO DIREITO 4. O Direito
Dos fatos supra narrados exsurge cristalina (...)
(local, data)
___________________
ADVOGADO – OAB
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Como identificar a peça – OAB – Prática Penal
https://youtu.be/4mIB4CSbzsQ
Como identificar as teses da sua peça – OAB 2ª Fase em Penal
https://youtu.be/8Fce8jzhUoQ
Leitura
Técnica de Redação Forense
https://bit.ly/3HLw0Tj
Manual sobre “como fazer” no Direito Penal
http://bit.ly/3DR0Qc4
25
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UNIDADE Prática Jurídica Penal
Referências
AVENA, N. Processo Penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book)
DEZEM, G. M. et al. Prática jurídica penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
LOPES JR., A. Direito processual penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2018. (e-book)
MARCÃO, R. Curso de processo penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
(e-book)
PACELLI, E. Curso de processo penal. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)
RANGEL, P. Direito processual penal. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2019. (e-book)
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Prática Jurídica
Penal I
Peças Pré-Processuais Penais
Revisão Técnica:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan
Revisão Textual:
Esp. Aline Gonçalves
Peças Pré-Processuais Penais
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Compreender as peças profissionais que o advogado pode elaborar para que seja realizada
a instauração de inquérito policial e para que seja revogada a prisão preventiva.
UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
Requisição de Instauração
de Inquérito Policial
Elencado do artigo 4º ao 23 do CPP, é um procedimento administrativo, inquisi-
tivo, discricionário, que visa, basicamente, à apuração primária de um fato delituoso
e sua autoria, colhendo provas testemunhais, periciais e documentais. Utilizado para
penas superiores a 2 anos, seguindo o princípio da formalidade.
Se for apuração de infração de menor potencial ofensivo, cuja pena máxima seja
igual ou inferior a 2 anos, e ainda todas as contravenções penais (art. 61 da Lei
9.099/95), não será instaurado inquérito policial, mas, sim, Termo Circunstanciado
(art. 69 da Lei 9.099/95).
• Polícia Judiciária: é a responsável pela apuração e investigação das infrações
penais. Divide-se em Federal e Civil: a atribuição da Polícia Federal são as
infrações penais praticadas contra bens e interesses/serviços da União, e
ainda nos casos de tráfico internacional de drogas. Enquanto a Polícia Civil se
incumbe de investigar os crimes que não serão apurados pela Polícia Federal
(por exclusão);
• Finalidade: o inquérito policial tem dupla finalidade: apurar a materialidade e a
autoria do crime.
Prazos do Inquérito
O inquérito policial deverá ser concluído no seguintes prazos:
Tabela 1 – Prazos para conclusão do inquérito policial
10 dias 30 dias
CPR – Regra Geral Improrrogáveis Prorrogáveis
15 dias 30 dias
Justiça Federal – PF Prorrogáveis por igual período Prorrogáveis
Lei de Entorpecentes 30 dias 90 dias
Lei 11.343/06 Duplicável Duplicável
20 dias 40 dias
Inquérito Militar Improrrogáveis Prorrogáveis por + 20 dias
Crimes contra a 10 dias 10 dias
Economia Popular Improrrogáveis Improrrogáveis
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• Prazo no IP da Justiça Federal: Lei 5.010/66 – indiciado preso: 15 dias, pror-
rogáveis por igual período; solto: 30 dias.
Início do Inquérito
• Na ação penal pública incondicionada:
» Por portaria da autoridade policial;
» Por ofício requisitório do Promotor de Justiça;
» Por ofício requisitório do Juiz de direito;
» Por requerimento da vítima ou de quem legalmente a represente;
» Por auto de prisão em flagrante.
• Na ação penal pública penal condicionada à representação ou requisição
do Ministro da Justiça:
» Por representação da vítima ou de quem legalmente a represente;
» Por ofício requisitório do Promotor ou Juiz, acompanhado da representação
(quando esta for feita àquelas autoridades);
» Por auto de prisão em flagrante (caso haja representação).
• Na ação penal privada:
» Por requerimento da vítima ou de quem legalmente a represente (queixa-crime);
» Por auto de prisão em flagrante (caso haja queixa-crime).
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
Nos casos de ação penal pública, o Ministério Público, ao receber o relatório com
o encerramento do inquérito policial, poderá:
» Oferecer denúncia;
» Requisitar novas diligências; ou
» Requerer o arquivamento.
Importante!
A autoridade policial não pode arquivar o inquérito policial (CPP, art. 17).
Novas provas, segundo o STF, são aquelas substancialmente inovadoras e não apenas for-
malmente novas, isto é, que alteram o conjunto probatório dentro do qual o promotor se
valeu para pedir o arquivamento.
Trancamento do IP
• O trancamento do inquérito policial é diferente do seu arquivamento. No tran-
camento do inquérito, também determinado pelo juiz ou pelo tribunal, há uma
finalização antecipada do procedimento, após as investigações são paralisadas,
onde quer que se encontrem.
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Normalmente, essa decisão é proferida através de Habeas Corpus, impetrado.
Vícios Durante o IP
Não se trata de nulidade, mas mera irregularidade. Isso significa que se não foi
preenchida alguma formalidade durante o inquérito policial não acarretará nulidade,
mas será simplesmente sanada tal irregularidade.
O artigo 5º, II, do CPP prevê que o inquérito poderá iniciar por ofício ou mediante
requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do
ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
Fundamento legal (o artigo para fundamentar a peça): artigo 5º, II, do CPP.
I. DOS FATOS:
Narrar de forma circunstanciada o fato a ser investigado e os detalhes já conheci-
dos pelo requerente. Deve-se, também, apresentar a indicação do provável autor
do fato.
No dia ... de ... do corrente ano, o requerente foi acusado leviana-
mente pelo Sr. Beltrano de tal, brasileiro, casado, residente e domiciliado em ..., na
presença de diversos circunstantes, de ter cometido crime de furto ao adentrar a
residência de outro cidadão morador da cidade.
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• Tese: é a parte em que apresenta o direito. É aqui que se deve explicar a infra-
ção da qual seu cliente foi vítima. Por exemplo:
II – DO DIREITO
(descrever os tipos penais nos quais o investigado pode se enquadrar).
Tal fato, obviamente, não corresponde à verdade, portanto, o autor
do fato acima qualificado cometeu, em tese, crime de _____, nos termos do arti-
go_____, sendo necessária a apuração dos fatos para uma adequada obtenção do
suporte probatório necessário à propositura de ação penal.
• Pedido: após apontar os crimes sofridos pelo cliente, com o devido enquadra-
mento legal, ou seja o fundamento jurídico (artigo da tese), será efetuado pedi-
do. No pedido, deve-se requerer a instauração do inquérito policial para que o
requerido seja devidamente indiciado pelo crime cometido. Se houver testemu-
nhas, devem ser arroladas no final. O pedido deve ser efetuado desta forma:
III – DO PEDIDO:
Isso posto, requer, nos termos do art. 5º, II, do CPP, a instauração
do Inquérito Policial, para que seja apurada a autoria e materialidade da infração
cometida, para, posteriormente, ser oferecida a denúncia pelo Digno Representante
do Ministério Público.
Nestes termos,
pede e espera deferimento.
Local, data.
Nome do Advogado
OAB/..... nº..............
Assinatura do requerente:
(que será dispensável, tendo a procuração poderes especiais)
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
Representação
A representação é uma manifestação de vontade da vítima ou de seu represen-
tante legal no sentido de solicitar a instauração do inquérito e autorizar o Ministério
Público a ingressar com a ação penal contra os autores do delito. A representação
pode ser escrita ou oral, e pode ser ofertada pessoalmente ou por procurador com
poderes especiais (art. 39 do CPP).
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Para identificar se o crime é de ação pública condicionada à representação, de-
vemos verificar se no final do artigo ou no final do capítulo onde está o artigo está
escrito: “somente se procede mediante representação”.
• Prazo: nos termos do artigo 38 do CPP, o direito de representação deve ser
exercido no prazo de 6 (seis) meses, a contar do dia em que a vítima ou seu
representante legal tomaram conhecimento da autoria do crime;
• Crime Continuado: o prazo decadencial de seis meses é contado individualmente;
• Retratação: o art. 25 do Código de Processo Penal dispõe que a representação é
retratável até o oferecimento da denúncia. Assim, a vítima pode retirar a represen-
tação, de tal forma a retirar do Ministério Público a possibilidade de iniciar ação;
• Exceção: na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/06), em seu art. 16 – só será ad-
mitida a renúncia ao direito de representação perante o juiz, em audiência, antes
do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério Público;
• Titularidade da ação (Legitimidade para Representar): (Legitimidade para
Representar): o ofendido (a vítima de uma infração de ação penal pública con-
dicionada à representação).
Se a vítima for menor de 18 anos, apenas seu representante legal pode exercer
o direito.
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
O artigo 39, § 2º, do CPP, determina apenas que a representação conterá todas as in-
formações que possam servir à apuração do fato e da autoria. O representante deverá
demonstrar a ocorrência do crime de ação penal pública condicionada e, salvo se já
tiver elementos suficientes para comprovar a autoria, deverá requerer a instauração de
inquérito policial. Pode, ainda, requerer a oitiva das testemunhas e da vítima.
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Figura 1
Fonte: Getty Images
Modelo de Representação
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
Vamos lembrar: o juiz não pode decretar prisão preventiva de ofício, nem na
fase de investigação nem na fase da ação penal.
Com efeito, esses pressupostos constituem o fumus boni iuris para a decretação
da custódia. O juiz somente poderá decretar a prisão preventiva se estiver demons-
trada a probabilidade de que o acusado tenha sido o autor de um fato típico.
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Observa-se que, nessa fase, não se exige prova plena, bastando meros indícios,
isto é, que se demonstre a probabilidade de o réu ou indiciado ter sido o autor do fato
delituoso. A dúvida, portanto, milita em favor da sociedade, e não do réu (princípio
do in dubio pro societate)
• “periculum libertatis”: Art. 312, “in fine”, do CPP:
» perigo gerado na liberdade do imputado. Deve estar configurado haver
perigo gerado pelo estado de liberdade do imputado.
Requisitos Legais
Além dos pressupostos, também deverão estar presentes um dos requisitos descri-
tos no caput do art. 312 do CPP.
Segundo o artigo 312 do CPP, a prisão preventiva poderá ser decretada como
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução cri-
minal ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência
do crime e indício suficiente de autoria e de perigo gerado pelo estado de liberdade
do imputado.
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
Figura 2
Fonte: Adaptado de Getty Images
Hipóteses de Admissibilidade
• Nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior
a 4 (quatro) anos (inciso I);
• Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em
julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-lei n.
2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal (inciso II);
• Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execu-
ção das medidas protetivas de urgência (inciso III);
• Se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança,
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execu-
ção das medidas protetivas de urgência (inciso IV);
• Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a iden-
tidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para
esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida (§ 1º).
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Importante!
Não cabe prisão preventiva em caso de crime culposo e aos crimes cuja pena máxima
seja inferior a quatro anos.
O art. 314 do CPP prevê que a prisão preventiva em nenhum caso será decretada
se o juiz verificar, pelas provas constantes dos autos, ter o agente praticado o fato nas
condições previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei 2.848,
de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal.
• Não é possível a decretação de prisão preventiva no caso em que a impu-
tação ao agente é pela prática de contravenção penal.
Necessidade de Fundamentação
Em obediência ao princípio constitucional da motivação das decisões judiciais (ar-
tigo 93 da CF), o despacho que decretar ou denegar a prisão preventiva será sempre
fundamentado. Inteligência do art. 312,§ 2º e art. 315 do CPP.
Assim, a decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será sem-
pre motivada, em respeito ao artigo 93, IX, da CF. O juiz, ao decretar a prisão, deve
fundamentar qual motivo o levou a decretá-la.
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
Desta forma, o juiz deverá fundamentar a decisão que decreta a prisão preventiva.
A decisão não fundamentada, ou mesmo genérica será passível de nulidade.
Prisão Temporária
A prisão temporária também é prisão cautelar e está disciplinada na Lei nº 7.960/89.
Somente pode ser decretada na fase de inquérito, e deve ser por meio de decisão
fundamentada pela autoridade judicial competente.
Prazo de duração: Art. 2º da lei 7960/89 prevê que a prisão temporária será de
cinco dias, podendo ser prorrogado por igual prazo em caso de extrema e compro-
vada necessidade.
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O mesmo artigo 1º da Lei 7960/89 prevê no inciso III que a prisão preventiva
somente poderá ser decretada quando houver fundadas razões, de acordo com qual-
quer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos
seguintes crimes:
• Homicídio doloso (art. 121, caput, e seu § 2º);
• Sequestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus § § 1º e 2º);
• Roubo (art. 157, caput, e seus § § 1º, 2º e 3º);
• Extorsão (art. 158, caput, e seus § § 1º e 2º);
• Extorsão mediante sequestro (art. 159, caput, e seus § § 1º, 2º e 3º);
• Estupro (art. 213, caput);
• Atentado violento ao pudor (revogado);
• Rapto violento (art. 219, c/c o art. 223, caput e parágrafo único); ( revogado)
• Epidemia com resultado de morte (art. 267, § 1º);
• Envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualifi-
cado pela morte (art. 270, caput, c/c o art. 285);
• Quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; (atual associação criminosa);
• Genocídio (arts. 1º, 2º e 3º da Lei n. 2.889, de 1º-10-1956), em qualquer de suas
formas típicas;
• Tráfico de drogas;
• Crimes contra o sistema financeiro (Lei n. 7.492, de 16-6-1986);
• Crimes previstos na lei de terrorismo.
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
Assim, sempre que for decretada a prisão preventiva, estando o acusado preso ou
solto, poderá ser requerida a revogação da prisão preventiva.
Sempre que você for trabalhar questão de revogação da prisão preventiva, fique
atento aos arts. 282, 312 e 313 do Código de Processo Penal.
Tabela 2
Quando for dirigida ao juiz da vara criminal
Se for ao Juiz estadual:
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara _____ Criminal da Comarca de _____
(nome da cidade) – (UF)
Se for ao Juiz Federal:
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da Vara Criminal Federal da _____ Seção Judiciária da
_____ – (UF)
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Também não é necessário qualificar a parte contrária. Normalmente, coloca-se: já
qualificado, nos autos da ação penal, que lhe move o Ministério Público (ou o nome
do ofendido na ação penal privada).
Assim:
Processo nº
“Nome do requerente” (ou réu, se estiver na fase de processo), já qualificado, nos
autos do (IP ou ação penal), que lhe move o Ministério Público Estadual (ou Federal),
vem, por meio de seu advogado infra assinado, à presença de Vossa Excelência, nos
termos do artigo 316 do CPP, a
REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA (ou TEMPORÁRIA)
pelos motivos a seguir expostos:
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
• Recurso cabível: todavia, da decisão que revoga a prisão preventiva, cabe re-
curso em sentido estrito (CPP, art. 581, V).
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Pacote Anticrime – Lei 13.964: Novo Arquivamento do Inquérito Policial
https://youtu.be/qtidlyiE4Gs
Arquivamento do Inquérito Policial – Antes e Depois do Pacote Anticrime – Direito Processual Penal
https://youtu.be/MgjPJW-rCH0
Denúncia, Queixa, Representação e Ação Penal
https://youtu.be/Qx2lcDH-Yxw
Excesso de Prazo: Relaxamento ou Revogação da Prisão Preventiva?
https://youtu.be/AGbBDUxsCqw
Leitura
As Regras Sobre a Decisão do Arquivamento do Inquérito Policial: O que Muda com a Lei 13.964/19?
http://bit.ly/3YeuobL
A Prisão em Flagrante não Pode ser Convertida, de Ofício, em Preventiva
http://bit.ly/3x5tRgD
O Prazo Razoável da Prisão Preventiva: Reflexos da Inovação do Pacote Anticrime
https://bit.ly/3ihG0Fq
27
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UNIDADE Peças Pré-Processuais Penais
Referências
AVENA, N. Processo Penal. 11. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book)
LOPES JR., A. Direito processual penal. 15. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2018. (e-book)
MARCÃO, R. Curso de processo penal. 4. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018.
(e-book)
NUCCI, G. de S. Curso de direito processual penal. 17. ed. Rio de Janeiro: Fo-
rense, 2020. (e-book)
PACELLI, E. Curso de processo penal. 22. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)
RANGEL, P. Direito processual penal. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2019. (e-book)
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Direito Tributário I
Noções Preliminares de Direito Tributário
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Noções Preliminares
de Direito Tributário
• Introdução;
• Considerações Iniciais e Receita Pública;
• Conceito de Direito Tributário;
• Relação do Direito Tributário com os outros Ramos do Direito;
• Fontes do Direito Tributário.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer as diversas concepções da origem da sociedade;
• Desenvolver intimidade com a leitura e a interpretação de textos;
• Assumir interesse pelo conhecimento.
UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
Introdução
A disciplina Direito Tributário ocupa um lugar importante no mundo do direito, tendo
em vista a atuação do Estado como, cada vez mais, arrecadador de tributos, alcançando
todos os cidadãos que, direta ou indiretamente, são atingidos por seu poder impositivo
de tributação.
Assim, o estudo do Direito Tributário não deve ser exclusivo do estudante do Curso
de Direito, mas daqueles que atuam em outras tantas áreas, vez que não se aplica no
domínio do conhecimento puramente acadêmico jurídico, servindo como suporte para a
promoção do melhor desempenho em várias atividades, com viés econômico, financeiro
e contábil.
8
O Estado, que pode ser conceituado como uma sociedade política e juridicamente
organizada, dotada de soberania, dentro de um território, sob um governo, para a reali-
zação do bem comum, necessita de uma grande soma de recursos econômicos capazes
de custear suas realizações e alcançar sua finalidade.
Figura 2 – Receita
Fonte: Getty Images
As Receitas Públicas podem ser divididas em duas categorias: Receitas Públicas Ori-
ginais e Receitas Públicas derivadas.
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
As Receitas Públicas Derivadas (os tributos) são obtidas por meio de relações jurídi-
cas constituídas entre o Estado e o particular. Diante de tal relação jurídica, o Estado é
nomeado como Fisco, atuando como sujeito ativo da obrigação tributária, enquanto o
particular, o indivíduo, é denominado como contribuinte, ocupando a posição de sujeito
passivo da obrigação tributária.
Figura 3 – IPVA
Fonte: Getty Images
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de receitas, mas também na gestão dos bens e recursos públicos e na realização de des-
pesas condizentes com a finalidade estatal.
O Direito Financeiro concentra-se nas normas que regulam a relação entre o Estado e
o particular, objetivando gerir e aplicar os recursos financeiros de forma atender ao inte-
resse coletivo. O principal destinatário das normas de Direito Financeiro é o administra-
dor público, responsável pela condução da atividade financeira. O Direito Tributário con-
centra-se na atividade tributária do Estado, disciplinando sua principal fonte de receita, o
tributo, estabelecendo as normas especificamente destinadas à relação tributária existente
entre Estado e particular, consubstanciadas em princípios constitucionais tributários.
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
Importante!
O art. 1º da Constituição Federal do Brasil determina que nossa nação, a República Fe-
derativa do Brasil, constitui-se em um Estado Democrático de Direito, e tem como fun-
damentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do
trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Ainda, desta em seu parágrafo único
que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos da Constituição.
Podemos sintetizar o entendimento do que seja um Estado Democrático de Direito,
como aquele modelo de Estado no qual o governante e os governados se submetem às
leis, que por sua vez, são criadas pelo povo para a promoção do interesse público, com
total respeito a dignidade da pessoa humana.
Ainda, no Brasil, aplicamos a democracia representativa, modelo em que os cidadãos esco-
lhem seus representantes políticos, para representação não somente nas decisões de gover-
no, mas também na elaboração das leis às quais se submetem, governantes e governados.
12
Concluímos, assim, que o Direito Tributário é classificado como ramo do Direito Público
por ter sempre o Estado como uma das partes na relação jurídica, sendo seu objeto a tu-
tela do interesse público, com a finalidade de disciplinar a captação de receitas tributárias,
possuindo normas de conteúdo imperativo, obrigando um comportamento específico.
Direito tributário pode ser conceituado como uma disciplina localizada no ramo do Di-
reito Público, composta por um conjunto de normas que disciplinam as condutas dos par-
ticulares para a composição do patrimônio público capaz de custear o interesse coletivo.
13
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
O Direito Administrativo, outra disciplina do Direito Público, tem relação íntima com
o Direito Tributário, vez que dispõe sobre a atuação da administração pública quanto
à fiscalização e arrecadação dos tributos. Compete ao Direito Administrativo a deter-
minação das regras referentes ao procedimento de fiscalização, determinando diversos
deveres aos contribuintes, e de arrecadação do tributo, que correspondem ao exercício
da atividade administrativa praticada por funcionários e autoridades designadas pelas
leis e pelos regulamentos.
Ainda nas disciplinas de Direito Público, devemos indicar o Direito Penal e o Direito
Processual. No Direito Penal, encontramos conceitos e definições de crimes de ordem
tributária, os delitos fiscais, e previsão de penalidades a serem aplicadas àqueles que não
observam as normas tributárias. Um exemplo é o crime de sonegação fiscal.
14
lei, fonte formal, institui o IPVA e determina que o proprietário de veículo automoti-
vo tem a obrigação de efetuar seu pagamento. Nesse caso, a fonte formal que é a lei
instituidora do IPVA imputa uma repercussão jurídica diante da existência da fonte
material, a propriedade do veículo, determinando a obrigação jurídica tributária: o
pagamento do tributo;
• Fontes Formais: são as regras jurídicas que decorrem de uma atividade legislativa,
uma criação normativa exercida pelo Estado, a ser aplicada a um determinado caso
concreto. Para o estudo do Direito Tributário, as Fontes Formais são divididas em
Fontes Formais Primárias e Fontes Formais Secundárias.
15
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
Você Sabia?
Cláusula Pétrea é nome dado aos direitos que não podem sofrer qualquer proposta de
emenda que pretenda restringi-los ou suprimi-los. As chamadas cláusulas pétreas estão
elencadas no art. 60, §4º, inciso IV, da Constituição Federal.
Importante!
O Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966), CTN, foi edita-
da originalmente como Lei Ordinária, mas possui status de Lei Complementar, uma vez
que estabelece normas gerais em matéria tributária, as quais foram recepcionadas pela
Constituição de 1988.
• Lei Ordinária: é o procedimento legislativo mais simples e que pode abordar todas
as matérias tributárias, com exceção daquelas que devem tratadas através de Lei
Complementar, como indicado no item acima. É o meio normativo adequado à in-
trodução das normas de incidência de tributos no sistema jurídico tributário, descre-
vendo o tributo e as obrigações tributárias assessórias, como é o caso da emissão
de nota fiscal ou da declaração do Imposto de Renda anual. Os Poderes Legislativos
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios podem editar lei ordi-
nária tributária, conforme competência conferida pela Constituição Federal;
16
Normas de Incidência de Tributos são aquelas que criam os tributos in-
dicando quem deve pagar, porque deve pagar, onde deve pagar, quando
deve pagar e quanto deve pagar.
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
• Circular: é uma modalidade de regra jurídica, elabora pelo Poder Executivo, que
tem por objetivo a ordenação uniforme do serviço administrativo, a padronização
de condutas e regras a serem exercidas pelos servidores públicos, neste caso, liga-
dos à atividade tributária;
• Portaria: é uma modalidade normativa elaborada por autoridades, chefes de
órgãos públicos, determinando regra geral ou individual a ser observada por
seus subalternos;
• Instrução Ministerial: é um ato normativo editado pelos Ministros de Estado, que
tem como objeto a execução de Leis, Decretos e Regulamentos referentes à res-
pectiva competência, estabelecendo diretrizes, procedimentos e métodos para a
orientação de dirigentes e servidores diante do exercício de suas atribuições;
• Ordem de Serviço: é o ato normativo que determina uma autorização concreta
para que servidores púbicos determinados realizem um tipo de serviço específico;
• Decisão Administrativa: é a decisão proferida pelo Poder Público diante de uma
questão submetida à sua apreciação, produzindo efeito normativo, conforme auto-
rização legal. A decisão administrativa pode ser proferida por um órgão singular
(uma só pessoa) ou coletivo (várias pessoas).
Diante do que vimos, podemos afirmar que a legislação tributária, a fonte formal do Di-
reito Tributário, é composta por fontes primárias e secundárias, sendo as primeiras aque-
las manifestadas, geralmente, pelo Poder Legislativo, no exercício de sua função típica,
legislar, enquanto as secundárias são editadas pelo Poder Executivo, no exercício de uma
função atípica, sempre submetido à regra determinada em uma fonte formal primária.
O Código Tributário Nacional, o CTN, determina em ser artigo 96 qual seria o alcan-
ce da expressão Legislação Tributária:
Assim, não restam dúvidas a respeito das fontes de Direito Tributário, a Legislação
Tributária, alcançando não somente às leis, fontes formais primárias, mas também todas
as espécies normativas que preencham os requisitos determinados na norma indicada.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Finanças Públicas
MATIAS-PEREIRA, J. Finanças Públicas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017. (e-book)
Vídeos
Saber Direito – Direito Tributário – Aula 1
https://youtu.be/Qoj9DNti7BI
Leitura
Execução da receita pública
https://bit.ly/2Yt133l
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
Referências
ABRAHAM, M. Curso de direito tributário brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2020. (e-book)
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
(e-book)
BORBA, C. Direito tributário. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book)
CALIENDO, P. Curso de direito tributário. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book)
CASSONE, V. Direito tributário. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)
COELHO, S. C. N. Curso de direito tributário brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020. (e-book)
KFOURI JUNIOR, A. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
(e-book)
HARADA, K. Direito financeiro e tributário. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2020. (e-book)
MACHADO SEGUNDO, H. B. Manual de direito tributário. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2019. (e-book)
MAZZA, A. Manual de direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
(e-book)
NOVAIS, R. Direito tributário facilitado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2019. (e-book)
PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
(e-book)
SABBAG, E. Direito tributário essencial. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book)
SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. (e-book)
20
Direito Tributário I
Sistema Tributário Nacional
Revisão Textual:
Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira
Sistema Tributário Nacional
• Introdução;
• Competência Tributária;
• Conceito de Tributo;
• Os Tributos em Espécie.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer as noções de competência tributária e a noção de tributo;
• Compreender as espécies tributárias existentes no nosso ordenamento jurídico.
UNIDADE Sistema Tributário Nacional
Introdução
Denomina-se Sistema Tributário Nacional o conjunto de normas, sejam elas constitu-
cionais ou infraconstitucionais, que tratam do exercício da tributação. As normas cons-
tantes da Constituição Federal são aquelas que determinam a competência e os limites
ao poder tributante.
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Cientes da importância das normas constitucionais e de seu papel de influenciar todo
o conjunto de fontes formais que compreendem nosso ordenamento tributário, damos
início ao estudo do Sistema Tributário Nacional.
Importante!
Sistema é “[...] reunião ordenada de várias partes que formam um todo, de tal sorte que
elas se sustentam mutuamente e as últimas explicam‐se pelas primeiras. As que dão ra-
zão às outras chamam‐se princípios, e o sistema é tanto mais perfeito quanto em menor
número existam” (CARRAZZA, 2008, p.47).
Competência Tributária
A Constituição Federal autoriza a criação dos tributos, determinando os critérios para
sua criação. Seu papel é o de estabelecer quem pode criar o tributo (competência tribu-
tária) e proteger os contribuintes de qualquer abuso por parte daqueles que exercem o
poder de tributar (limites ao exercício das competências tributárias).
Importante!
É importante entender que a Constituição Federal não cria tributo.
E quem cria o tributo? Para responder a tal pergunta é necessário que primeiramente
seja compreendido o conceito de competência.
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
Importante!
Quando a Constituição Federal atribui a competência tributária, não está o ente político
obrigado a criar o tributo. A competência tributária é uma faculdade, podendo o ente
federado exercê-la ou não. Exemplo: Compete aos municípios a instituição de imposto
sobre a propriedade predial e territorial urbana, o IPTU, mas alguns municípios optam
por não instituir tal tributo, diante de singularidades locais.
A modalidade legislativa apta à instituição de tributos é a lei ordinária, seja uma lei
federal, estadual, distrital ou municipal, cabendo ao Código Tributário Nacional – CTN,
estabelecer as regras gerais para a instituição tributária.
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• O Livro Primeiro denomina-se “Sistema Tributário Nacional” (art. 1 a 95) e discipli-
na basicamente o regime dos tributos em espécie, contendo grande quantidade de
normas que repetem regras do Texto Constitucional de 1988.
• O Livro Segundo, muito importante àqueles que realizam provas e concursos públi-
cos, é intitulado “Normas Gerais de Direito Tributário” (art. 96 a 218), dividindo-se
em 5 partes:
» Título I: Legislação Tributária;
» Título II: Obrigação Tributária;
» Título III: Crédito Tributário;
» Título IV: Administração Tributária;
» Disposições Finais e Transitórias.
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
Quadro 1
Conceito de Tributo
A noção de tributo foi sendo alterada conforme os movimentos civilizatórios foram
se desenvolvendo. A princípio, o tributo era uma ferramenta de dominação e comer-
cialização de liberdades, e foi extinto com o nascimento da ideia de Estado de Direito e
a proteção aos direitos individuais. Atualmente, o tributo é visto como uma maneira de
concretização de justiça social, manifestado na solidariedade e participação na promoção
do bem comum, à medida da capacidade contributiva dos indivíduos.
CTN
Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo
valor nela se possaexprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituí-
da em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
12
Figura 4 – Tributo
Fonte: Getty Images
Quanto à função
• Tributos fiscais: são aqueles cobrados com finalidade meramente arrecadatória,
para prover os cofres públicos de recursos aptos a custear o aparelho estatal.
Ex.: Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF;
• Tributos extrafiscais: são aqueles instituídos pelo Estado com objetivo predomi-
nantemente social ou político, e não com a simples finalidade de obter recursos
financeiros. Tais tributos atuam estimulando ou desestimulando comportamentos
do contribuinte.
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
Quanto à competência
• Vinculados: são aqueles cuja instituição depende de uma prestação estatal ao
contribuinte. Sua incidência se dará com a prática de uma determinada prestação
pelo Estado.
Ex.: Taxas e Contribuição de Melhoria;
• Não vinculados: são aqueles que independem de prestação a cargo do Estado.
Ex.: Os impostos em geral.
Os Tributos em Espécie
É muito comum que os cidadãos utilizem a palavra imposto como sinônimo de tributo
quando se refere a toda a espécie de obrigação tributária imposta pelo Estado. Na reali-
dade, o imposto é uma das espécies do gênero tributo.
14
Denomina-se como espécies tributárias a divisão manifestada pela doutrina clássica
do Direito Tributário, com base na Constituição Federal, em que são identificadas cinco
modalidades tributárias, a saber: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, o
empréstimo compulsório e as contribuições especiais.
I – Impostos
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode-
rão instituir os seguintes tributos:
I – impostos; (CF/88).
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa
ao contribuinte. (CTN, LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966)
II – Taxas
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode-
rão instituir os seguintes tributos:
[...]
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização,
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, presta-
dos ao contribuinte ou postos a sua disposição; (CF/88)
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Fe-
deral ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm
como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização,
efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador
idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função
do capital das empresas.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a
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15
UNIDADE Sistema Tributário Nacional
A taxa se caracteriza por ser tributo vinculado a uma contraprestação direta do Estado
em benefício do contribuinte. Dessa maneira, o Estado só pode cobrar taxas com base
em serviço público específico ou em função do exercício regular do poder de polícia.
• Taxa de serviço: é também chamada de taxa de utilização e será cobrada em
razão da prestação (ou disponibilização) estatal de um serviço público específico e
divisível. Art. 77, II e III, CTN.
Serviço público é, por exemplo, o fornecimento de água, gás canalizado, telefonia
fixa, transporte coletivo, energia elétrica etc.
Específico é o serviço público singular, uti singuli, onde é possível identificar o su-
jeito passivo, ou seja, é possível saber quem é o usuário.
Divisível é o serviço público passível de individualização, aquele serviço que sua
pode ter averiguada a utilização individual pelo contribuinte.
• Taxa de polícia: é também chamada taxa de fiscalização e será exigida em virtu-
de de atos de polícia, realizados pela Administração Pública, pelos mais diversos
órgãos ou entidades fiscalizadoras. Ex. taxa para obtenção alvará, taxa de controle
e fiscalização ambiental, taxa para expedição de certidões e atestados, taxa para
renovação da licença de funcionamento do estabelecimento comercial.
16
A contribuição de melhoria terá como limite total a despesa realizada na construção da
obra pública beneficiadora. Deve existir, portanto, uma vinculação entre a obra pública e
a valorização dos imóveis por ela atingidos.
Entretanto, nem sempre a obra pública traz benefícios e valorização aos imóveis por
ela tangenciados. Dependendo da sua natureza, poderá provocar uma depreciação dos
referidos imóveis. Ex. construção de presídios, viadutos etc.
IV – Contribuições Especiais
As contribuições especiais foram introduzidas em nosso ordenamento jurídico pelo
art. 149, CF, subdividindo-se em contribuições sociais, de intervenção no domínio econô-
mico e de interesse de categorias profissionais e econômicas, como instrumento de atu-
ação da União nas respectivas áreas:
• Contribuições sociais: são tributos federais instituídos para financiamento da Se-
guridade Social (Previdência, Assistência e Saúde - art. 195, CF). Ex.: PIS (contri-
buição para o programa de integração social – LC 7/70), Pasep (Contribuição para
o programa de formação do patrimônio do servidor público – LC 8/70);
• CIDE (Contribuições de intervenção no domínio econômico: a CIDE visa inter-
vir na economia para ajustá-la aos objetivos da política econômica. São tributos
federais utilizados pela União como ferramenta de regulação sobre setores estraté-
gicos da economia.
Ex.: A Lei nº 10.336/2001 criou a CIDE sobre combustíveis derivados de petróleo
para substituir os subsídios que eram dados pela Petrobras sobre esses produtos.
As CIDES não incidem sobre receitas decorrentes de exportação, mas incidem so-
bre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
• Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas: são
contribuições devidas pelos profissionais a seu órgão de registro e fiscalização.
Ex.: advogado-OAB; contador-CRC; engenheiro-CREA; médico-CRM.
V – Empréstimo Compulsório
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir emprés-
timos compulsórios
I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade
pública, de guerra externa ou sua iminência;
II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b.
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição.
(CF/88)
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Impostos federais, estaduais e municipais
CARNEIRO, C. Impostos federais, estaduais e municipais. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
Tributos em espécie
JARDIM, E. M. F. Tributos em espécie. São Paulo: Elsevier, 2010.
Vídeos
Saber Direito – Direito Tributário – Aula 4
https://youtu.be/skRmD20ud9o
Saber Direito – Direito Tributário – Aula 5
https://youtu.be/m8J1Ou2RvnQ
19
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
Referências
ABRAHAM, M. Curso de direito tributário brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2020. (e-book)
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
(e-book)
BORBA, C. Direito tributário. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book)
CARNEIRO, C. Curso de direito tributário e financeiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020. (e-book)
CARRAZZA, R. A. Curso de direito constitucional tributário. 24. ed. São Paulo:
Malheiros, 2008.
________. Vigência e aplicação das leis tributárias. In: MARTINS, I. G. S. Curso de
direito tributário. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
CALIENDO, P. Curso de direito tributário. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book)
CASSONE, V. Direito tributário. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)
COELHO, S. C. N. Curso de direito tributário brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020. (e-book)
KFOURI JUNIOR, A. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
(e-book)
HARADA, K. Direito financeiro e tributário. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2020. (e-book)
MACHADO SEGUNDO, H. B. Manual de direito tributário. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2019. (e-book)
MAZZA, A. Manual de direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021.
(e-book)
NOVAIS, R. Direito tributário facilitado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2019. (e-book)
PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
(e-book)
SABBAG, E. Direito tributário essencial. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book)
SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. (e-book)
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Direito Tributário I
Princípios Constitucionais Tributários
Revisão Textual:
Prof.ª Ma. Sandra Regina Fonseca Moreira
Princípios Constitucionais Tributários
• Introdução;
• Princípio da Legalidade;
• Princípio da Isonomia;
• Princípio da Capacidade Contributiva;
• Princípio da Irretroatividade;
• Princípio da Anterioridade;
• Princípio do não Confisco;
• Princípio da Liberdade de Tráfego.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer os princípios constitucionais tributários;
• Desenvolver a capacidade reflexiva;
• Compreender as exceções constitucionais.
UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Introdução
Os princípios são normas especiais que, diante do seu grande valor no ordenamento
jurídico, orientam e conduzem a elaboração e a interpretação das normas jurídicas, ocu-
pando um lugar de destaque, condicionando a aplicação do direito.
Importante!
Ordenamento jurídico, também conhecido como sistema jurídico ou ordem jurídica, é
o conjunto de todas as normas legais de um determinado Estado, que se organizam
de uma forma hierárquica. As normas presentes na Constituição Federal ocupam uma
posição de superioridade diante das demais normas, que a ela se subordinam, formando
um todo harmônico.
[...] um enunciado lógico, implícito ou explícito, que, por sua grande genera-
lidade, ocupa posição de preeminência nos vastos quadrantes do Direito e,
por isso mesmo, vincula, de modo inexorável, o entendimento e a aplicação
das normas jurídicas que com ele se conectam. (CARRAZZA, 2008, p. 31)
Assim, destacamos que são encontrados em nossa Constituição Federal princípios que
norteiam todo o ordenamento jurídico, sendo que alguns alcançam especialmente o mun-
do do Direito Tributário. Quando os princípios regulam todo o ordenamento jurídico, são
denominados princípios gerais do direito; quando os princípios atuam especialmente no
campo do Direito Tributário, são denominados de Princípios Constitucionais Tributários.
8
Os estudiosos do Direito Tributário identificam os princípios constitucionais tributá-
rios, explícitos ou implícitos na Constituição Federal, que estudaremos a seguir:
Princípio da Legalidade
O princípio da Legalidade encontra previsão expressa na Constituição Federal, nos
art. 5.º, II e no art. 150, I, a saber:
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer nature-
za, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão
em virtude de lei.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
Importante!
O tributo não é instituído pela Constituição Federal, mas por lei (em regra Lei Ordinária e, ex-
cepcionalmente, através de Lei Complementar quando exigido pela Constituição Federal).
Figura 1 – Legalidade
Fonte: Getty Images
9
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UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Via de regra, os tributos são criados através de lei ordinária. Entretanto, a Constitui-
ção Federal determina que alguns tributos federais devem ser instituídos através de lei
complementar, como é o caso do Imposto sobre Grandes fortunas, previsto na CF/88,
no art. 153, VII e do Empréstimo Compulsório, previsto na CF/88, no art. 148.
10
dotados de condição de extrafiscalidade possuem uma importância menor como
instrumento arrecadatório, diante da importância como elemento de regulação da
atividade comercial, da produção nacional ou da economia.
Desta forma, o Poder Executivo é autorizado, através de normas “infralegais” (de-
cretos), no exercício de uma função atípica, alterar as alíquotas de determinados
tributos, seja majorando-as, seja diminuindo-as.
São tributos sujeitos à exceção ao Princípio da Legalidade:
» Imposto de Importação – II;
» Imposto de Exportação – IE;
» Imposto sobre Operações Financeiras – IOF;
» Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI;
» CIDE/combustíveis – incide sobre atividades de petróleo, gás natural e álcool;
serve para a União intervir nessa seara e arrecadar recursos para fomento de
projetos ambientais e infraestrutura de transportes;
» ICMS/combustíveis (único tributo não federal pertencente ao rol de tributos sujei-
tos à exceção).
Exemplos:
O Decreto nº 10.302, de 01 de abril de 2020, que zerou temporaria-
mente as alíquotas de IPI de alguns produtos utilizados na prevenção e
tratamento do Covid.
O Decreto nº 10.504, de 02 de outubro de 2020, que prorroga por 90
dias a redução da alíquota do IOF incidente sobre operações de crédito.
O Decreto nº 10.765, de 11 de agosto de 2021, que reduz a alíquota do
IPI de consoles e máquinas de game, de 30% para 20%.
Princípio da Isonomia
O Princípio da Isonomia está previsto na Constituição Federal de 1988, no artigo 5.º,
caput e no art. 150, II.
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer nature-
za, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, [...]
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
II – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denomi-
nação jurídica dos rendimentos, títulos ou direito.
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UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Figura 2 – Isonomia
Fonte: Getty Images
Exemplo:
A lei não poderá conceder um benefício tributário somente àqueles que ocupam
cargo de juiz de direito, uma vez que todos devem pagar impostos, independente-
mente do cargo ou função exercida.
Entretanto, é correto cobrar uma alíquota maior de imposto daquele que tem maior
capacidade econômica, que recebe uma maior remuneração, independentemente do
cargo ou função, levando-se em consideração a medida da sua capacidade contributiva.
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Figura 3 – Capacidade Contributiva
Fonte: Adaptada de Getty Images
Importante!
Taxas são espécies de tributos exigidos quando ocorre uma prestação por parte do Estado.
Contribuição de Melhoria é a espécie tributária exigida de proprietários de bens imóveis
valorizados através da realização de uma obra pública.
Princípio da Irretroatividade
A Constituição Federal de 1988 prevê, no artigo 5º, XXXVI e no artigo 150, III, a,
o Princípio da Irretroatividade:
13
13
UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer nature-
za, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte,
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
III – cobrar tributos:
a. em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da
lei que os houver instituído ou aumentado.
Figura 4 – Irretroatividade
Fonte: Getty Images
O Princípio da Irretroatividade visa proibir que uma lei nova alcance fatos ocorri-
dos no passado, colocando o indivíduo em situação de insegurança. A lei que institui,
aumenta ou reduz tributos não pode ser aplicada, ou seja, retroagir, alcançando fatos
ocorridos antes de sua entrada em vigor.
Demais disso, a ação do Fisco deve ser previsível. Em nome dessa previ-
sibilidade, a lei que cria ou aumenta um tributo não pode alcançar fatos
ocorridos antes de sua entrada em vigor. Sem esse penhor de confiança,
toda a vida jurídica do contribuinte perigaria. (CARRAZZA, 2000, p. 104)
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Exemplos:
Um Estado cobra no ano de 2020 a alíquota de IPVA de 2,8% e uma alteração de lei
aumenta a alíquota para 3,4%. O Estado não poderá exigir o recolhimento comple-
mentar dos anos anteriores, devendo apenas exigir a alíquota de 3,4% diante de
fatos geradores ocorridos após o aumento legal.
Um município reduz a alíquota de um tributo de sua competência de 6% para 3%.
O contribuinte que efetuou o pagamento do valor maior, diante da vigência da
lei anterior, não terá direito a devolução de valores, pois a redução da alíquota
ocorreu posteriormente.
Princípio da Anterioridade
O Princípio da Anterioridade é previsto na Constituição Federal de 1988, no art. 150,
III, alíneas b e c.
Anual
A anterioridade prevista na alínea b do art. 150, III, da CF/88 exige que a lei que ins-
tituir ou majorar um tributo deve entrar em vigor no exercício financeiro anterior àquele
em que o tributo será cobrado.
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UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Importante!
O exercício financeiro da administração pública coincide com o ano civil, iniciando-se no
dia 1º de janeiro e encerrando-se em 31 de dezembro do mesmo ano.
A Medida Provisória é a espécie legislativa editada pelo Presidente da República, que entra em
vigor imediatamente, com um prazo de eficácia de 60 dias, quando deve ser aprovada pelo
Congresso Nacional e convertida em lei para continuar produzindo efeitos no mundo jurídico.
Nonagesimal
A Anterioridade prevista na alínea c do art. 150, III, da CF/88 determina que a lei que
institui ou majore um tributo, além de respeitar a anterioridade do exercício financeiro,
prevista na alínea b, também deve respeitar, antes de ser exigido, um decurso de prazo
de 90 dias após a sua publicação.
Desta forma, o Poder Público apenas poderá exigir uma nova carga tributária obser-
vando cumulativamente dois critérios:
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• No ano seguinte, exercício financeiro, à publicação da lei que criou ou majorou
o tributo;
• Após o decurso de 90 dias da publicação da lei instituidora ou majorante.
Importante!
Apesar da grande semelhança na lista de exceções da anterioridade no exercício finan-
ceiro e na nonagesimal, elas não são iguais. Observe que o IR e as alterações da base
de cálculo do IPTU e do IPVA não obedecem aos 90 dias de prazo para cobrança, após
sua publicação, mas não estão afastadas da proibição de cobrança apenas no exercício
financeiro seguinte.
Por sua vez, IPI, a CIDE-combustível e o ICMS-Combustível não se sujeitam à anteriori-
dade prevista na alínea b do inciso III do art. 150 da CF, mas sujeitam-se à nonagesimal,
prevista na aliena c.
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UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
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• O ICMS é uma exceção prevista pela doutrina, não constante da Constituição
Federal, mas tem sua arrecadação exigida em rodovias, pelas autoridades fiscais
estaduais e do Distrito Federal. Observe que o objeto de tributação não é o tráfego
no território, mas sim a circulação da mercadoria, fato gerador do tributo.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Princípios constitucionais tributários
LACOMBE, A. L. M. Princípios constitucionais tributários. 2. ed. São Paulo: Malheiros
Editores, 2000.
Vídeos
Saber Direito – Princípios Constitucionais Tributários – Aula 1
https://youtu.be/M7LkxQxDBVI
Saber Direito – Princípios Constitucionais Tributários – Aula 2
https://youtu.be/1uMa359FtY4
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Referências
ABRAHAM, M. Curso de direito tributário brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2020. (e-book)
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação,
2021. (e-book)
BORBA, C. Direito tributário. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book)
________. Vigência e aplicação das leis tributárias. In: MARTINS, Ives G.S. Curso de
direito tributário. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
CALIENDO, P.. Curso de direito tributário. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book)
CASSONE, V. Direito tributário. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)
COELHO, S. C. N. Curso de direito tributário brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva
Educação, 2020. (e-book)
KFOURI JUNIOR, A. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
(e-book)
HARADA, K. Direito financeiro e tributário. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2020. (e-book)
MACHADO SEGUNDO, H. B. Manual de direito tributário. 11. ed. São Paulo: Atlas,
2019. (e-book)
NOVAIS, R. Direito tributário facilitado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
MÉTODO, 2019. (e-book)
PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 12. ed. São Paulo: Saraiva,
2021. (e-book)
SABBAG, E. Direito tributário essencial. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book)
SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. (e-book)
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