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Para que a atividade jurisdicional contenciosa (composição de lide) seja exercida é

necessário que o interessado provoque-a, pois prevalece o "princípio da inércia".


A petição inicial é o instrumento pelo qual o interessado invoca a atividade jurisdicional,
fazendo surgir o processo. Nela, o interessado formula sua pretensão, o que acaba por
limitar a atividade jurisdicional, pois o juiz não pode proferir sentença de natureza diversa
da pedida, bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do
demandado.
Petição inicial é a peça processual que instaura o processo jurídico, levando ao Juiz-
Estado os fatos
constitutivos do direito, também chamados de causa de pedir, os fundamentos
jurídicos e o pedido.
Nas formas de Estado onde o particular não pode realizar a autocomposição de seus
conflitos por não deter o
monopólio da força, como é o caso das democracias, o indivíduo precisará da
intervenção do Estado nos
conflitos que não se resolvam pela via negocial.
A petição inicial é a forma como o indivíduo retira o Poder Judiciário de sua inércia
e o convoca para atuar no
caso concreto, causando a substituição da vontade das partes pela vontade de um
julgador imparcial e
equidistante.

2. REQUISITOS DA PETIÇÃO (art. 282/CPC)

A) Indicação do juiz ou tribunal a que é dirigida: afinal, a petição inicial é dirigida ao


Estado, vez que a ele é formulada a tutela jurisdicional.

B) Indicação dos nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor
e do réu: é necessário analisar a legitimidade do autor e do réu para serem partes, bem
como individualizar e distinguir as pessoas físicas e jurídicas das demais. O estado civil faz-se
necessário para verificar a regularidade da petição inicial nos casos em que o autor
precisa de outorga uxória. O endereço é imprescindível para determinar a competência
territorial e a citação do réu.
C) Indicação do fato e dos fundamentos jurídicos do pedido: são as causas de pedir que
podem ser modificadas: antes da citação do réu, mediante requerimento do autor; após a
citação, com consentimento do réu (art. 264/CPC); na revelia, após a nova citação do réu.
Fato (causa de pedir remota): todo direito ou interesse a ser tutelado surge em razão de um
fato ou um conjunto deles, por isso eles são necessários na petição inicial.
Fundamentos jurídicos (causa de pedir próxima): que não é a indicação do dispositivo legal que
protege o interesse do autor.
D) Indicação do pedido, com suas especificações: pois ele também limita a atuação
jurisdicional.
Pedido Imediato: é sempre certo e determinado. É o pedido de uma providência
jurisdicional do Estado
.
Pedido Mediato: pode ser genérico nas hipóteses previstas na lei. É um bem que o
autor pretende conseguir com essa providência.
Pedido Alternativo: (art. 288/CPC) Ex: peço anulação do casamento ou separação
judicial.
Pedido Cumulativo: (art. 292/CPC) desde que conexos os pedidos podem ser
cumulados.
Porém, nem sempre o autor pode definir o seu pedido. Nas ações universais, o autor não
pode definir o pedido porque há uma universalidade de bens. Ex: petição de herança. Em
algumas ações não se pode definir o quantum debeatur. Ex: indenização de danos que estão
sucedendo.
E) Valor da Causa: toda causa deve ter um valor certo, ainda que não tenha conteúdo
econômico (art. 258/CPC), pois tal valor presta a muitas finalidades, como:
base de cálculo para taxa judiciária ou das custas (Lei Est./SP 4952/85, art. 4°)
definir a competência do órgão judicial (art. 91/CPC)
definir a competência dos Juizados Especiais (Lei 9099/95, art. 3°, I)
definir o rito a ser observado (art. 275/CPC)
base de multa imposta ao litigante de má-fé (art. 18/CPC)
base para o limite da indenização
Os art. 259 e 260 do Código Civil indicam qual o valor a ser atribuído à algumas causas, sob
pena do juiz, de ofício, corrigir a petição inicial, determinando o recolhimento da diferença.
Se não se tratar de causa prevista nestes artigos e o seu valor estiver incorreto, a correção
dependerá de impugnação do réu, ouvindo-se o autor em 5 dias. Após alteração da petição,
o juiz determinará o recolhimento das custas faltantes (art. 261/CPC).
F) Indicação das provas pelo autor (art. 282, VI/CPC): é praxe forense deixar de indicar as
provas, apenas protestando na inicial “todas que sejam necessárias”. Em razão disso, surgiu
um despacho inexistente no procedimento: "indiquem as partes as provas que efetivamente
irão produzir".
Tipos de provas:
a) Documental: fatos que são comprovados somente por escrito.
b) Pericial: fatos que dependem de parecer técnico.
c) Testemunhal: fatos demonstráveis por testemunhas.
G) Requerimento para citação do réu (art. 282, VII): ato pelo qual se assegura o exercício
do contraditório (defesa do réu). A citação pode se dar:
 pelo correio: com A.R. (Aviso de Recebimento)
 por mandado: quando o réu é incapaz ou quando não há entrega domiciliar de
 correspondência (art. 221/CPC)
 por edital: nas hipóteses do art. 231, quando deve ser declarado na inicial. Se houver dolo
da parte do autor, ele incorrerá no art. 233.
 por meio eletrônico: conforme regulado em lei própria. (Incluído pela Lei 11.419/2006)

O Direito de Agir
O Direito de ação deve ser exercido pelo próprio interessado, sendo que, no Direito
Brasileiro, os
relativamente incapazes serão assistidos e os totalmente incapazes serão
representados. Apenas em casos
excepcionalíssimos a lei permite a substituição processual, ou seja, a capacidade de
terceiro pleitear em Juízo
direito alheio.
O direito de agir, geral e abstrato, formaliza-se na invocação da tutela jurisdicional
do Estado, por intermédio
de uma petição endereçada ao juiz . Que será protocolada no fórum da comarca em
que o processo sera
distribuído.
A petição inicial no Processo Civil Brasileiro
O Código de Processo Civil brasileiro estabelece os critérios para que uma petição
inicial seja considerada
apta. Ela deverá indicar, além dos fatos e fundamentos jurídicos do pedido, o Juiz ou
Tribunal a que se dirige o
Autor; os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e
do réu; requerer a

prestação jurisdicional, detalhando o pedido e declinar o valor da causa; e, por fim,


deve requerer a citação do
réu para que, não apresentando defesa, ocorram os efeitos da revelia.
O CPC, em seu art. 2o, afirma que "nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão
quando a parte a requerer
nos casos as formas legais", tornando a petição inicial no único instrumento válido
para a atuação estatal nos
litígios instaurados nas relações interpessoais.
Partes da petição inicial
Autor: requerente, justificante, suplicante, arrolante, exequente.
Réu: o termo "Réu" deixou de ser utilizado nos últimos tempos, por remeter a uma
idéia pejorativa, já que tal
termo é designado à pessoa do condenado. Com freqüência utilizam-se outra
expressões para designar o Réu,
tais como requerido, suplicado, executado, etc.
Fatos e fundamentos do pedido
Toda peça inaugural deve trazer os fundamentos fáticos e jurídicos do pedido.
Equivale à descrição dos fatos
que geraram a incidência da norma jurídica ao caso concreto.
Todo direito subjetivo nasce de um fato. O fato é aquilo que leva o autor a reclamar
a prestação jurisdicional.
Fundamento jurídico é a natureza do Direito que o autor reclama em juízo.
Ao postular a prestação jurisdicional, o autor indica o direito subjetivo que pretende
exercitar contra o réu e
aponta o fato de onde ele provém.
A causa de pedir deve ser decorrência lógica dos fatos e fundamentos anteriormente
narrados.
O pedido
O pedido consiste naquilo que o autor pretende com a tutela reclamada.
Dependendo da natureza da tutela requerida, o pedido pode ser condenatório,
declaratório ou acautelatório,
conforme se requeria um bem da vida, uma declaração (constitutiva ou
desconstitutiva) ou se o que se busca é
garantir uma tutela jurisdicional futura, respectivamente.

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