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FASE POSTULATÓRIA
PROFESSORA DRA. DAIANE MOURA DE AGUIAR
IMAGEM DE FUNDO: ANGELUS NOVUS. PAUL KLEE. 1920
FASE POSTULATÓRIA
FASE POSTULATÓRIA
Denomina-se fase postulatória o espaço procedimental compreendido
entre o ajuizamento da ação e a apresentação da resposta pelo réu.
Nessa fase, os atos processuais das partes caracterizam-se pelo
conteúdo postulatório. Tanto na petição inicial quanto nos atos que
integram a resposta há formulação de pedidos, ainda que somente de
natureza meramente processual (como ocorre, por exemplo, quando se
pleiteia a extinção do processo sem resolução do mérito, na
contestação).
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• Nessa fase, o autor, no exercício do direito de ação (art. 5º, XXXV, da CF),
manifesta sua pretensão perante o Judiciário, consistente num pedido de tutela
de direito material. Proposta a ação, o juiz desenvolve cognição acerca dos
institutos fundamentais que integram o processo (jurisdição, ação e o processo
propriamente dito), bem como no que tange a algumas circunstâncias do direito
material postulado.
• Comumente defere-se a petição inicial, dando ensejo à apresentação de resposta
pelo réu, que engloba todas as suas manifestações em atendimento ao chamado
da citação. Assim, também configuram respostas a denunciação da lide, o
chamamento ao processo e o reconhecimento da procedência do pedido.
• Se, no entanto, o juiz entender que a demanda tem alcance coletivo, antes de
determinar a citação do réu deverá ordenar a conversão da ação individual em
coletiva, hipótese em que serão observadas as regras do processo coletivo.
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Petição inicial
• A petição inicial é a forma legal a que alude o art. 2º de provocar a
jurisdição, de fazer o pedido da providência jurisdicional desejada pelo
autor. Com o protocolo da petição, inicia-se a fase postulatória.
• Quando se fala em petição inicial refere-se ao ato processual com os
requisitos do art. 319 e seguintes. É certo que em alguns procedimentos a
petição inicial tem requisitos específicos, entretanto, em todos eles
aplicam-se as normas do procedimento comum, ainda que
subsidiariamente. No procedimento adotado nos Juizados Especiais (art. 14
da LJE), à semelhança do que ocorre no processo trabalhista, o direito de
ação pode ser exercido sem a observância rigorosa de tais requisitos, uma
vez que o pedido pode ser formulado oralmente.
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A teor do art. 319, a petição inicial deve conter os seguintes requisitos:
O fato e os fundamentos jurídicos do pedido (inciso III), isto é, a causa
petendi, são o nexo que existe entre ela e o efeito jurídico afirmado (o
pedido), ou, em outras palavras, a razão por que ao fato narrado se
deve atribuir esse efeito. Não é indispensável a especificação da norma
jurídica (o artigo de lei) que supostamente atribui o efeito ao fato (iura
novit curia), aliás, o erro na qualificação jurídica do fato não tem
qualquer relevância para o deslinde da lide.
A causa de pedir (ou causa petendi) subdivide-se em causa remota, que
se relaciona aos fatos e fundamentos jurídicos, e causa próxima,
relacionada com as consequências jurídicas desse fato.
FASE POSTULATÓRIA
• A causa de pedir (ou causa petendi) subdivide-se em causa remota,
que se relaciona aos fatos e fundamentos jurídicos, e causa próxima,
relacionada com as consequências jurídicas desse fato.
• O pedido deve ser certo (art. 322), pelo menos no que respeita ao
gênero do objeto pretendido.
• O pedido também deve ser determinado, mas o art. 324, § 1º,
permite a formulação de pedido genérico, isto é, pedido certo quanto
à existência, quanto ao gênero, mas ainda não individuado no que
respeita à quantidade, nas seguintes hipóteses:
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a)Nas ações universais, se não puder o autor individuar os bens
demandados. Refere-se à universalidade de fato ou de direito. O rebanho e a
biblioteca são universalidades de fato. A herança é uma universalidade de direito.
b)Quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do
fato. É o que ocorre quando se formula pedido de perdas e danos sem determinar
o valor do pedido. Sabe-se o an debeatur (o que é devido), mas não o quantum
debeatur (o quanto é devido). Nesses casos, o autor pleiteia a reparação, mas a
extensão dos danos somente se verifica no decorrer da instrução processual ou na
fase de liquidação de sentença.
c)Quando a determinação do valor da condenação depender de ato que deva ser
praticado pelo réu. É o que ocorre nas obrigações de fazer, quando o autor opta
pela indenização em razão do descumprimento da avença. Esclarece-se que, nesse
caso, a obrigação se converte em perdas e danos por ter natureza infungível e não
ser possível o seu cumprimento de outro modo.
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O valor da causa (inciso V) deve ser atribuído ainda que a demanda não tenha
conteúdo patrimonial (art. 291). Esse requisito pode interferir na fixação da
competência (lembre-se que o valor da causa nos juizados especiais estaduais pode
chegar a 40 salários mínimos); no recolhimento das custas processuais; na fixação
de honorários; na determinação da possibilidade de o inventário ser substituído
pelo arrolamento de bens (art. 664); e, tratando-se de execução fiscal, nas espécies
recursais cabíveis (art. 34 da Lei nº 6.830/1980).
A designação do valor da causa deve observar as regras constantes no art. 292. Se,
no entanto, o juiz verificar que o valor atribuído pelo autor não corresponde ao
conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido, poderá,
de ofício e por arbitramento, corrigir o valor da causa e determinar o recolhimento
das custas complementares (art. 292, § 3º).
O réu pode impugnar o valor da causa atribuído pelo autor na própria contestação
– em preliminar –, e não mais por meio de petição avulsa, como ocorre na
sistemática do CPC/1973. Não apresentada a impugnação no bojo da contestação,
opera-se a preclusão.
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• Importante salientar que não há mais previsão de abertura de prazo
para o autor manifestar-se acerca da impugnação, afinal, espera-se
que na própria inicial tenha-se esgotado a demonstração do valor
atribuído à causa. Evitam-se, assim, delongas sobre a questão e o
atraso no trâmite do processo.
• Tanto a decisão do juiz que determina a complementação das custas,
como aquela que acolhe a impugnação do réu quanto do valor da
causa, não são recorríveis. É que o art. 1.015 do novo CPC não insere
essa hipótese no rol de matérias passíveis de interposição de agravo
de instrumento.
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• Além dos requisitos mencionados, à petição inicial devem ser juntados
os documentos necessários à propositura da ação, incluindo-se a procuração
com a indicação dos endereços (eletrônico e não eletrônico) do advogado e as
provas com que o autor pretende demonstrar as suas alegações. Por fim, deve o
autor indicar se tem interesse na realização ou não de audiência de conciliação
ou mediação. Caso haja desinteresse do autor e também do réu, o ato não se
realizará.
• O art. 330, § 2º, com redação semelhante à do art. 285-B do Código de 1973,
dispõe que, nas demandas que tenham por objeto a revisão de obrigação
decorrente de empréstimo, financiamento ou alienação de bens, o autor deverá
discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que
pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito.
• O dispositivo não exige o depósito do valor incontroverso, ou seja, daquele
montante da obrigação sobre o qual as partes (credor e devedor) não
apresentam discordância. A exigência se faz quanto à discriminação de seu valor
na petição inicial.
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O pedido e suas espécies:
Além do pedido genérico e dos pedidos implícitos, o CPC dispõe sobre outras
espécies de pedido, que serão estudadas a seguir:
Pedido alternativo: o Código permite a formulação de pedido alternativo,
quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação
de mais de um modo (art. 325).
Formular pedido alternativo é pedir que o réu seja condenado em qualquer
dos possíveis modos de cumprimento de determinada obrigação assegurada
em lei ou em contrato. Nas obrigações alternativas, normalmente a escolha
da prestação cabe ao devedor (art. 252 do CC). Nesse caso, formulado o
pedido alternativamente, a condenação deverá ser também alternativa e a
especialização da prestação será feita no processo executório (art. 800 do
CPC).
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Pedido em ordem subsidiária: é uma modalidade de pedido alternativo,
com uma diferença: enquanto o pedido alternativo refere-se ao objeto
mediato, que pode ser escolhido inclusive na fase de execução, o pedido
subsidiário refere-se ao objeto imediato, à tutela jurisdicional, na qual a
prestação já fica definida.
Nessa hipótese, o autor formula mais de um pedido, a fim de que o juiz
conheça do posterior, se não puder acolher o anterior (art. 326). O autor
pede a entrega do apartamento ou a devolução das prestações pagas. O juiz,
não acolhendo um pedido, pode acolher o outro.
Como lembra Humberto Theodoro Júnior , nessa situação a cumulação de
pedidos é apenas eventual. Há, na verdade, um pedido principal e um ou
vários subsidiários, que só serão examinados na eventualidade de rejeição
do primeiro.
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Pedidos cumulados: além da cumulação eventual, quando o
acolhimento de um pedido implica rejeição do outro, permite o art.
327 a formulação de vários pedidos contra um mesmo réu, ainda que
entre eles não haja conexão.
A cumulação pode ser simples, quando os pedidos são absolutamente
independentes (exemplo: cobrança simultânea de duas dívidas
oriundas de fatos diversos); sucessiva, quando há uma relação de
dependência entre os pedidos, de forma que o acolhimento de um
pressupõe o do pedido anterior (exemplo: investigação de paternidade
cumulada com petição de herança); e eventual, quando a cumulação é
de pedidos subsidiários.
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• Apesar de não haver necessidade de conexão entre os pedidos, eles devem
ser compatíveis entre si; caso contrário, deve o juiz intimar o autor para
emendar a petição inicial para que seja feita a opção por um deles.
• Há necessidade, ainda, de o juiz ser competente para apreciar todos os
pedidos. Sendo absolutamente incompetente para algum deles, o juiz deve
julgar apenas aqueles para os quais detenha competência, sendo facultado
ao autor pleitear os demais perante o juízo competente. Essa é a regra que
se extrai da Súmula nº 170 do STJ:
“Compete ao juízo onde primeiro for intentada a ação envolvendo
acumulação de pedidos, trabalhista e estatutário, decidi-la nos limites da
sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com pedido
remanescente, no juízo próprio”.
FASE POSTULATÓRIA
Alteração do pedido
• Completada a relação processual com a citação do réu, estabilizam-se os
elementos da causa (partes, pedido e causa de pedir), operando-se a
litispendência, a individualização da demanda, pelo que nenhuma
alteração poderá ser levada a efeito sem o consentimento do réu. Assim,
até a citação, pode o autor alterar ou aditar o pedido ou a causa de pedir
sem o consentimento do réu. Se, no entanto, o ato citatório tiver sido
realizado, o aditamento ou a alteração do pedido e da causa de pedir
dependerão do consentimento da parte contrária. Nesta última situação a
manifestação do autor deve se dar até o saneamento do processo.
• As regras quanto à modificação do pedido e da causa de pedir também
valem para a reconvenção, instrumento por meio do qual pode se valer o
réu para formular pedidos contra o autor em seu favor. Trataremos da
reconvenção mais adiante.
FASE POSTULATÓRIA
POSTURAS DO JUIZ EM FACE DO AJUIZAMENTO DA AÇÃO
• Proposta a ação, cabe ao juiz exercer a cognição preliminar acerca dos
pressupostos e dos requisitos processuais, bem como da existência de
eventuais circunstâncias que possibilitem a resolução liminar do
mérito. Nessa etapa procedimental, que medeia a postulação do
autor e eventual resposta (postulação) do réu, o juiz, em geral, emite
provimento positivo, determinando a citação. Pode, entretanto,
emitir provimento negativo do direito de ação ou mesmo do direito
material veiculado na ação.
• Enfim, no cumprimento dessa função, pode o juiz adotar uma das
posturas:
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Declaração de impedimento ou de suspeição