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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 24

30/06/2017 PRIMEIRA TURMA

SEGUNDO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 942.287 RIO


GRANDE DO SUL

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


AGTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
AGDO.(A/S) : FUNDACAO DE ATENDIMENTO SOCIO-
EDUCATIVO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL

EMENTA

DIREITO TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. CONTRIBUIÇÕES À


SEGURIDADE SOCIAL. ASSISTÊNCIA SOCIAL. FUNDAÇÃO PÚBLICA
DE DIREITO PRIVADO. IMUNIDADE DO ART. 195, § 7º, DA LEI
MAIOR. RECURSO EXTRAORDINÁRIO INTERPOSTO SOB A ÉGIDE
DO CPC/1973. CONSONÂNCIA DA DECISÃO RECORRIDA COM A
JURISPRUDÊNCIA CRISTALIZADA DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERECE
TRÂNSITO. AGRAVO MANEJADO SOB A VIGÊNCIA DO CPC/2015.
1. O entendimento da Corte de origem, nos moldes do assinalado na
decisão agravada, não diverge da jurisprudência firmada no Supremo
Tribunal Federal.
2. As razões do agravo interno não se mostram aptas a infirmar os
fundamentos que lastrearam a decisão agravada.
3. Majoração em 10% (dez por cento) dos honorários anteriormente
fixados, obedecidos os limites previstos no art. 85, §§ 2º, 3º e 11, do
CPC/2015, ressalvada eventual concessão do benefício da gratuidade da
Justiça.
4. Agravo interno conhecido e não provido, com aplicação da
penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, calculada à razão de
1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa.
ACÓRDÃO

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal em conhecer do agravo regimental e negar-lhe
provimento, nos termos do voto da Relatora e por unanimidade de votos,
em sessão virtual da Primeira Turma de 23 a 29 de junho de 2017, na
conformidade da ata do julgamento. Aplicada a penalidade prevista no
art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, bem como majorados os honorários
advocatícios anteriormente fixados, obedecidos os limites previstos no
art. 85, §§ 2º, 3º e 11, do CPC/2015, ressalvada eventual concessão do
benefício da gratuidade da Justiça.

Brasília, 30 de junho de 2017.

Ministra Rosa Weber


Relatora

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SEGUNDO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 942.287 RIO


GRANDE DO SUL

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


AGTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
AGDO.(A/S) : FUNDACAO DE ATENDIMENTO SOCIO-
EDUCATIVO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO SUL

RELATÓRIO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Contra decisão


proferida pelo eminente Ministro Ricardo Lewandowski, na qualidade de
Presidente desta Corte, e pela qual negado seguimento ao recurso
extraordinário (doc. 06), manejou agravo regimental a União (doc. 08).
Após exercido o juízo de retratação pela eminente Ministra Cármen
Lúcia (doc. 17), na qualidade de Presidente desta Corte, distribuído o
feito à minha relatoria em 04.01.2017 (doc. 18).
Contra a decisão por mim proferida, pela qual negado seguimento
ao recurso (doc. 22), maneja agravo interno a União.
A matéria debatida, em síntese, diz com a imunidade do art. 195, §
7º, da Lei Maior à fundação pública de direito privado que desempenha
atividade de serviço público de assistência social.
A agravante ataca a decisão impugnada ao argumento de que a
violação dos preceitos da Constituição Federal se dá de forma direta.
Sustenta que “[...] a debatida imunidade às contribuições à seguridade social
beneficia apenas as entidades beneficentes (privadas) do Terceiro Setor voltadas à
promoção da assistência social, sem fins lucrativos - e não as entidades (estatais)
do Primeiro Setor -, como estímulo para que (aquelas) desenvolvam atividades de
interesse público que o Poder Público não tem condições de realizar por si só e a
contento. Ora, deduzir – ou construir - que pessoas jurídicas de direito público
não devem arcar com o custo das contribuições devidas à seguridade social

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

simplesmente porque essas entidades já são públicas e porque, ao desempenharem


atividades nas áreas de educação, saúde ou assistência social, elas já estariam
suprindo a atividade do Estado que estaria sendo custeada justamente pela
arrecadação das tais contribuições devidas à seguridade social, encerra
incoerência com a finalidade para a qual a norma protetora foi criada [...]” (doc.
28, fl. 04). Reitera a afronta ao art. 195, § 7º, da Lei Maior.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região julgou a controvérsia em
decisão cuja ementa reproduzo:

“TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA.


FUNDAÇÃO PÚBLICA DE DIREITO PÚBLICO. IMUNIDADE
DO § 7º DO ART. 195 DA CONSTITUIÇÃO. REQUISITOS DO
ART. 55 DA LEI Nº 8.212, DE 1991.
1. A FASE é entidade mantida pelo Poder Público, que
possui patrimônio público e desempenha atividades de
interesse público. Conquanto tenha sido criada com
personalidade jurídica de direito privado, não há como negar
sua vinculação ao Estado e sua finalidade de prestação de
relevante serviço público de assistência social.
2. A imunidade prevista no § 7º do art. 195 da Constituição
Federal estende-se inclusive a entidades estatais, instituídas e
mantidas pelo Poder Público com a finalidade de promover a
assistência social, ainda que se trate de pessoa jurídica de
direito privado.
3. O benefício da imunidade não se destina somente às
entidades privadas, com exclusão das fundações mantidas pelo
poder público. Embora seja correto afirmar que as entidades
privadas de saúde, educação ou assistência social sem fins
lucrativos sejam criadas a fim de atender o interesse coletivo e
contribuir com o Estado para a promoção da seguridade social,
não se pode perder de vista, conforme adverte o STF, que a ratio
da supressão da competência tributária funda-se na ausência de
capacidade contributiva ou na aplicação do princípio da
solidariedade de forma inversa, vale dizer: a ausência de
tributação das contribuições sociais decorre da colaboração que
estas entidades prestam ao Estado' (RE 636941, Relator(a): Min.

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 13/02/2014, ACÓRDÃO


ELETRÔNICO DJe-067 DIVULG 03-04-2014 PUBLIC 04-04-
2014). Nessa senda, se as entidades privadas são imunes porque
fazem as vezes do Estado, negar a imunidade a uma entidade
estatal que presta relevante serviço de assistência social
subverte completamente o conceito de imunidade.
4. Para as entidades estatais que promovem a saúde, a
educação ou a assistência social, não se exige o cumprimento
dos requisitos do revogado art. 55 da Lei nº 8.212, de 1991, para
o reconhecimento da imunidade, visto que a legislação se aplica
às entidades beneficentes privadas sem fins lucrativos.
5. Ao vedar a remuneração de diretores, presidentes e
conselheiros, o inciso IV do art. 55 da Lei nº 8.212 objetiva evitar
a burla ao benefício fiscal com a utilização maliciosa de
entidades assistenciais com fins de lucro por parte dos seus
controladores. O requisito, evidentemente, não é aplicável a
qualquer entidade mantida pelo Poder Público, ainda que sob
regime privado, que jamais exigiu contraprestação pecuniária
pelos serviços assistenciais prestados. Seria irrazoável exigir
que os diretores da FASE desempenhassem suas atribuições de
forma graciosa, como se estivessem prestando trabalho
voluntário. Aliás, tal espécie de trabalho voluntário é
sabidamente contrária às normas que regem a administração
pública, aplicáveis também às fundações públicas de direito
privado, como no caso da FASE.”(Doc. 04, fl. 228)

Recurso extraordinário interposto sob a égide do CPC/1973.


Agravo manejado sob a vigência do Código de Processo Civil de
2015.
É o relatório.

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SEGUNDO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 942.287 RIO


GRANDE DO SUL

VOTO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Preenchidos os


pressupostos genéricos, conheço do agravo interno e passo ao exame do
mérito.
Nada colhe o agravo.
Transcrevo o teor da decisão que desafiou o agravo:

“Vistos etc.
Contra o acórdão prolatado pelo Tribunal de origem,
maneja recurso extraordinário, com base no art. 102, III, da Lei
Maior, a União. Aparelhado o recurso na violação dos arts. 5º,
XXXV, LIV e LV, 93, IX, 97 e 195, § 7º, da Lei Maior.
É o relatório.
Decido.
Preenchidos os pressupostos extrínsecos.
Da detida análise dos fundamentos adotados pelo
Tribunal de origem, por ocasião do julgamento do apelo
veiculado na instância ordinária, em confronto com as razões
veiculadas no extraordinário, concluo que nada colhe o recurso.
Da leitura dos fundamentos do acórdão prolatado na
origem, constato explicitados os motivos de decidir, a afastar o
vício da nulidade por negativa de prestação jurisdicional
arguido. Destaco que, no âmbito técnico-processual, o grau de
correção do juízo de valor emitido na origem não se confunde
com vício ao primado da fundamentação, notadamente
consabido que a disparidade entre o resultado do julgamento e
a expectativa da parte não sugestiona lesão à norma do texto
republicano. Precedente desta Suprema Corte na matéria:

‘Questão de ordem. Agravo de Instrumento.


Conversão em recurso extraordinário (CPC, art. 544, §§ 3°

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

e 4°). 2. Alegação de ofensa aos incisos XXXV e LX do art.


5º e ao inciso IX do art. 93 da Constituição Federal.
Inocorrência. 3. O art. 93, IX, da Constituição Federal exige
que o acórdão ou decisão sejam fundamentados, ainda
que sucintamente, sem determinar, contudo, o exame
pormenorizado de cada uma das alegações ou provas,
nem que sejam corretos os fundamentos da decisão. 4.
Questão de ordem acolhida para reconhecer a repercussão
geral, reafirmar a jurisprudência do Tribunal, negar
provimento ao recurso e autorizar a adoção dos
procedimentos relacionados à repercussão geral.’ (AI
791.292-QO-RG, Relator Ministro Gilmar Mendes,
Plenário Virtual, DJE de 13.8.2010)

O exame da alegada ofensa ao art. 5º, LIV e LV, da


Constituição Federal dependeria de prévia análise da legislação
infraconstitucional aplicada à espécie, o que refoge à
competência jurisdicional extraordinária, prevista no art. 102 da
Constituição Federal. Cito o AI 745.285-AgR/PE, Rel. Min. Dias
Toffoli, Primeira Turma, unânime, DJE de 1º.02.2012, cujo
acórdão está assim ementado:

‘A afronta aos princípios do devido processo legal, da


ampla defesa e do contraditório, dos limites da coisa
julgada e da prestação jurisdicional, quando depende,
para ser reconhecida como tal, da análise de normas
infraconstitucionais, configura apenas ofensa indireta ou
reflexa à Constituição da República.’

Verifico, ainda, que no julgamento do RE 748.371-RG, Rel.


Min. Gilmar Mendes, Pleno, DJE de 1º.8.2013, decidiu-se pela
inexistência de repercussão geral da matéria relacionada à
alegação de violação dos princípios do devido processo legal,
do contraditório e da ampla defesa quando o julgamento da
causa depender de prévia análise da adequada aplicação das
normas infraconstitucionais, cuja ementa transcrevo:

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

‘Alegação de cerceamento do direito de defesa. Tema


relativo à suposta violação aos princípios do contraditório,
da ampla defesa, dos limites da coisa julgada e do devido
processo legal. Julgamento da causa dependente de
prévia análise da adequada aplicação das normas
infraconstitucionais. Rejeição da repercussão geral.’

Noutro giro, a Corte de origem consignou:

‘Trata-se de entidade mantida pelo Poder Público,


que possui patrimônio público e desempenha atividades
de interesse público. O Decreto nº 41.664/2002, que criou a
Fundação, estabelece prazo de duração indeterminado e a
reversão de todos os seus bens ao Patrimônio do Estado
em caso de extinção, bem como a finalidade de
implantação e de manutenção do sistema de atendimento
responsável pela execução do Programa Estadual de
Medidas Sócio-educativas de Internação e Semiliberdade.
Além disso, os recursos para a sua manutenção são
oriundos de dotação orçamentária estadual, nos termos do
art. 4º da Lei nº 11.800/2002. Dessa forma, conclui-se que,
conquanto a fundação tenha sido criada com
personalidade jurídica de direito privado, não há como
negar sua vinculação ao Estado e sua finalidade de
prestação de relevante serviço público, como responsável
pelo programa de execução de medidas sócio-educativas,
aplicadas em obediência à legislação vigente, em especial
ao Estatuto da Criança e do Adolescente. Resta patente
que as atribuições da FASE e as características pelas quais
foi instituída demonstram a sua verdadeira natureza
pública. Equivoca-se a embargante quando sustenta que o
benefício da imunidade seria destinado somente às
entidades privadas, com exclusão das fundações mantidas
pelo poder público. Embora seja correto afirmar que as
entidades privadas de saúde, educação ou assistência

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social sem fins lucrativos sejam criadas a fim de atender o


interesse coletivo e contribuir com o Estado para a
promoção da seguridade social, não se pode perder de
vista, conforme adverte o STF, que 'a ratio da supressão da
competência tributária funda-se na ausência de
capacidade contributiva ou na aplicação do princípio da
solidariedade de forma inversa, vale dizer: a ausência de
tributação das contribuições sociais decorre da
colaboração que estas entidades prestam ao Estado' (RE
636941, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno,
julgado em 13/02/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJE
de-067 DIVULG 03-04-2014 PUBLIC 04- 04-2014). Nessa
senda, se as entidades privadas são imunes porque fazem
as vezes do Estado, negar a imunidade a uma entidade
estatal que presta relevante serviço de assistência social
subverte completamente o conceito de imunidade. O cerne
da questão, na verdade, consiste em definir se é possível
que a FASE, fundação de direito privado, criada e mantida
pelo Poder Público com a finalidade de exercer atividade
de assistência social, remunere seus diretores ou
administradores. A resposta, no caso, advém da teleologia
da regra posta no inciso IV do art. 55 da Lei nº 8.212. Esse
dispositivo legal, ao vedar a remuneração de diretores,
presidentes e conselheiros, objetiva evitar a burla ao
benefício fiscal com a utilização maliciosa de entidades
assistenciais com fins de lucro por parte dos seus
controladores, o que, evidentemente, não é o caso da FASE
ou de qualquer entidade mantida pelo Poder Público,
ainda que sob regime privado, que nunca exigiu
contraprestação pecuniária pelos serviços assistenciais
prestados. Seria irrazoável exigir que os diretores da FASE
desempenhassem suas atribuições de forma graciosa,
como se estivessem prestando trabalho voluntário. Aliás,
tal espécie de trabalho voluntário é sabidamente contrária
às normas que regem a administração pública, aplicáveis
também às fundações públicas de direito privado, como

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no caso da FASE. A legislação instituidora da entidade já


estabelece, de forma clara, que a remuneração dos
membros que compõem a Direção-Geral é fixada por
decreto, fazendo jus também ao 13º salário anual, ao gozo
de férias anuais remuneradas e ao terço de ferias, nos
termos da lei. Não se verifica, assim, qualquer forma de
distribuição de lucros, dividendos ou bonificações. Enfim,
não há razoabilidade ou proporcionalidade negar a
imunidade à FASE unicamente porque é mantida por
verbas públicas, mormente porque inúmeras entidades
privadas gozam do benefício, na hipótese em que as
mantenedoras não remuneram seus administradores,
enquanto os órgãos de execução, tais como hospitais,
colégios, universidades, são geridos por administradores,
com remuneração equivalente ou próxima ao salário
pagos aos executivos.’

O entendimento adotado no acórdão recorrido não


diverge da jurisprudência firmada no âmbito deste Supremo
Tribunal Federal, razão pela qual não se divisa a alegada ofensa
aos dispositivos constitucionais suscitados. Nesse sentido:

‘TRIBUTÁRIO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO.


REPERCUSSÃO GERAL. REPERCUSSÃO GERAL
CONEXA. RE 566.622. IMUNIDADE AOS IMPOSTOS.
ART. 150, VI, C, CF/88. IMUNIDADE ÀS
CONTRIBUIÇÕES. ART. 195, § 7º, CF/88. O PIS É
CONTRIBUIÇÃO PARA A SEGURIDADE SOCIAL (ART.
239 C/C ART. 195, I, CF/88). A CONCEITUAÇÃO E O
REGIME JURÍDICO DA EXPRESSÃO “INSTITUIÇÕES
DE ASSISTÊNCIA SOCIAL E EDUCAÇÃO” (ART. 150, VI,
C, CF/88) APLICA-SE POR ANALOGIA À EXPRESSÃO
“ENTIDADES BENEFICENTES DE ASSITÊNCIA
SOCIAL” (ART. 195, § 7º, CF/88). AS LIMITAÇÕES
CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR SÃO O
CONJUNTO DE PRINCÍPIOS E IMUNIDADES

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TRIBUTÁRIAS (ART. 146, II, CF/88). A EXPRESSÃO


“ISENÇÃO” UTILIZADA NO ART. 195, § 7º, CF/88, TEM
O CONTEÚDO DE VERDADEIRA IMUNIDADE. O ART.
195, § 7º, CF/88, REPORTA-SE À LEI Nº 8.212/91, EM SUA
REDAÇÃO ORIGINAL (MI 616/SP, Rel. Min. Nélson
Jobim, Pleno, DJ 25/10/2002). O ART. 1º, DA LEI Nº
9.738/98, FOI SUSPENSO PELA CORTE SUPREMA (ADI
2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000). A
SUPREMA CORTE INDICIA QUE SOMENTE SE EXIGE
LEI COMPLEMENTAR PARA A DEFINIÇÃO DOS SEUS
LIMITES OBJETIVOS (MATERIAIS), E NÃO PARA A
FIXAÇÃO DAS NORMAS DE CONSTITUIÇÃO E DE
FUNCIONAMENTO DAS ENTIDADES IMUNES
(ASPECTOS FORMAIS OU SUBJETIVOS), OS QUAIS
PODEM SER VEICULADOS POR LEI ORDINÁRIA (ART.
55, DA LEI Nº 8.212/91). AS ENTIDADES QUE
PROMOVEM A ASSISTÊNCIA SOCIAL BENEFICENTE
(ART. 195, § 7º, CF/88) SOMENTE FAZEM JUS À
IMUNIDADE SE PREENCHEREM
CUMULATIVAMENTE OS REQUISITOS DE QUE TRATA
O ART. 55, DA LEI Nº 8.212/91, NA SUA REDAÇÃO
ORIGINAL, E AQUELES PREVISTOS NOS ARTIGOS 9º E
14, DO CTN. AUSÊNCIA DE CAPACIDADE
CONTRIBUTIVA OU APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA
SOLIDARIEDADE SOCIAL DE FORMA INVERSA (ADI
2.028 MC/DF, Rel. Moreira Alves, Pleno, DJ 16-06-2000).
INAPLICABILIDADE DO ART. 2º, II, DA LEI Nº 9.715/98,
E DO ART. 13, IV, DA MP Nº 2.158-35/2001, ÀS
ENTIDADES QUE PREENCHEM OS REQUISITOS DO
ART. 55 DA LEI Nº 8.212/91, E LEGISLAÇÃO
SUPERVENIENTE, A QUAL NÃO DECORRE DO VÍCIO
DE INCONSTITUCIONALIDADE DESTES
DISPOSITIVOS LEGAIS, MAS DA IMUNIDADE EM
RELAÇÃO À CONTRIBUIÇÃO AO PIS COMO TÉCNICA
DE INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO.
EX POSITIS, CONHEÇO DO RECURSO

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EXTRAORDINÁRIO, MAS NEGO-LHE PROVIMENTO


CONFERINDO EFICÁCIA ERGA OMNES E EX TUNC.’
(RE 636941, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno,
julgado em 13/02/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO
REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJE de-067 DIVULG
03-04-2014 PUBLIC 04-04-2014)

‘AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


ARTIGOS 12, "CAPUT", INCISO IV E 19, "CAPUT", E
PARÁGRAFOS 1º, 2º, 3º, 4º E 5º DA LEI Nº 10.260, DE
13/7/2001. INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR.
FUNDO DE FINANCIAMENTO AO ESTUDANTE DE
ENSINO SUPERIOR (FIES). EXIGÊNCIA, PELO ART. 19
DA MENCIONADA LEI, DE APLICAÇÃO DO
EQUIVALENTE À CONTRIBUIÇÃO DE QUE TRATA O
ART. 22 DA LEI Nº 8.212/91 NA CONCESSÃO DE
BOLSAS DE ESTUDO. VIOLAÇÃO AO DISPOSTO NO
ART. 195, § 7º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
IMUNIDADE QUE SE ESTENDE ÀS ENTIDADES QUE
PRESTAM ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CAMPO DA
SAÚDE E DA EDUCAÇÃO. ART. 12, CAPUT DA
REFERIDA LEI. FIXAÇÃO DE CONDIÇÕES PARA
RESGATE ANTECIPADO DE CERTIFICADOS JUNTO
AO TESOURO NACIONAL. INEXISTÊNCIA DE
INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 12, INCISO IV.
RESGATE CONDICIONADO À AUSÊNCIA DE LITÍGIO
JUDICIAL TENDO COMO OBJETO CONTRIBUIÇÕES
SOCIAIS ARRECADADAS PELO INSS OU
CONTRIBUIÇÕES RELATIVAS AO SALÁRIO-
EDUCAÇÃO. APARENTE AFRONTA AO ART. 5º, XXXV.
1. O art. 19 da Lei nº 10.260/01, quando determina que o
valor econômico correspondente à exoneração de
contribuições seja obrigatoriamente destinado a
determinada finalidade está, na verdade, substituindo por
obrigação de fazer (conceder bolsas de estudo) a obrigação
de dar (pagar a contribuição patronal) de que as entidade

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beneficentes educacionais estão expressamente


dispensadas. 2. O art. 12, caput, da Lei nº 10.260/01, ao
fixar condições para o resgate antecipado dos certificados,
teve como objetivo excluir da possibilidade de acesso ao
crédito imediato dos valores correspondentes a tais
certificados aquelas entidades que apresentem débitos
para com a previdência. Tal medida, antes de agressiva ao
texto constitucional, corresponde a atitude de necessária
prudência, tendente a evitar que devedores da
previdência ganhem acesso antecipado a recursos do
Tesouro Nacional. 3. O inciso IV do referido art. 12,
quando condiciona o resgate antecipado a que as
instituições de ensino superior "não figurem como
litigantes ou litisconsortes em processos judiciais em que
se discutam contribuições sociais arrecadadas pelo INSS
ou contribuições relativas ao salário-educação",
aparentemente afronta a garantia constitucional inserida
no art. 5º, XXXV. 4. Medida cautelar deferida.’ (ADI 2545
MC, Rel. Min. Ellen Gracie, Tribunal Pleno, DJ 07.02.2003)

‘AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
DIREITO TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO
PREVIDENCIÁRIA. ENTIDADE FILANTRÓPICA.
IMUNIDADE. CERTIFICADO DE ENTIDADE
BENEFICENTE DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - CEBAS.
RENOVAÇÃO PERIÓDICA. CONSTITUCIONALIDADE.
AUSÊNCIA DE DIREITO ADQUIRIDO. 1. A ausência de
provas idôneas que afastem quaisquer dúvidas quanto à
aplicação do percentual de 20% da receita bruta da
entidade em gratuidade evidencia a impossibilidade de se
reconhecer direito líquido e certo eventualmente
titularizado por ela à imunidade tributária. 2. A
jurisprudência do STF é firme no sentido de que não existe
direito adquirido à regime jurídico de imunidade
tributária. A Constituição Federal de 1988, no seu art. 195,

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

§ 7º, conferiu imunidade às entidades beneficentes de


assistência social, desde que atendidos os requisitos
definidos por lei. Precedentes. 2. Agravo regimental a que
se nega provimento.’ (RMS 27396 AgR, Relator(a): Min.
EDSON FACHIN, Primeira Turma, julgado em 16/02/2016,
ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJE de-039 DIVULG 01-03-
2016 PUBLIC 02-03-2016)

Ressalto que a Corte de origem não exonerou a recorrida


do cumprimento dos requisitos descritos na legislação de
regência (arts. 55 da Lei 8.212/91 e 14 do Código Tributário
Nacional) para concessão da imunidade prevista no art. 195, §
7º, da CF/88, mas, antes, concluiu preenchidos os requisitos
legais necessários ao gozo da imunidade.
Nesse contexto, entendimento diverso demandaria o
reexame da legislação infraconstitucional e o revolvimento do
quadro fático delineado, procedimentos vedados em sede
extraordinária. Aplicação da Súmula 279/STF: ‘Para simples
reexame de prova não cabe recurso extraordinário’. Nesse sentido:

‘RECURSO. Extraordinário. Inadmissibilidade.


Imunidade tributária. Entidade beneficente de assistência
social. Requisitos legais. Tema infraconstitucional.
Precedentes. Ausência de repercussão geral. Recurso
extraordinário não conhecido. Não apresenta repercussão
geral recurso extraordinário que, tendo por objeto o
preenchimento dos requisitos impostos pelo art. 55 da Lei
8.212/1991, aptos a caracterizar pessoa jurídica como
entidade beneficente de assistência social, para efeitos de
reconhecimento de imunidade tributária, versa sobre tema
infraconstitucional.’ (RE 642442 RG, Relator(a): Min.
MINISTRO PRESIDENTE, julgado em 05/08/2011, DJE de-
172 DIVULG 06-09-2011 PUBLIC 08-09-2011 EMENT
VOL-02582-03 PP-00410 )

Não há falar em ofensa ao art. 97 da Carta Maior ou em

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

contrariedade à Súmula Vinculante 10, porquanto não


declarada, na hipótese, a inconstitucionalidade de lei ou ato
normativo do Poder Público. Com efeito, a Corte de origem
solveu a questão à luz da aplicação das regras de hermenêutica
no âmbito infraconstitucional, sem, portanto, declarar a
incompatibilidade entre a Constituição Federal e a norma legal
que se pretende ver incidir à espécie. Nesse sentido: RE 639.866-
AgR/RS, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, DJE
de 16.9.2011, e AI 848.332-AgR/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli,
Primeira Turma, DJE de 24.4.2012, este assim ementado:

‘Agravo regimental no agravo de instrumento.


Constitucional. Artigo 97 da Constituição Federal. Súmula
Vinculante nº 10. Violação. Inexistência. Artigo 5º, inciso
XXXII. Ofensa reflexa. Precedentes. 1. Pacífica a
jurisprudência desta Corte de que não há violação do art.
97 da Constituição Federal e da Súmula Vinculante nº 10
do STF quando o Tribunal de origem, sem declarar a
inconstitucionalidade da norma e sem afastá-la sob
fundamento de contrariedade à Constituição Federal,
limita-se a interpretar e aplicar a legislação
infraconstitucional ao caso concreto. 2. Inadmissível, em
recurso extraordinário, a análise de ofensa indireta ou
reflexa à Constituição. 3. Agravo regimental não provido.’

Nesse sentir, não merece seguimento o recurso


extraordinário, consoante também se denota dos fundamentos
da decisão que desafiou o recurso, aos quais me reporto e cuja
detida análise conduz à conclusão pela ausência de ofensa a
preceito da Constituição da República.
Nego seguimento (art. 21, § 1º, do RISTF).”

Irrepreensível a decisão agravada.


As razões do agravo não se mostram aptas a infirmar os
fundamentos que lastrearam a decisão agravada, a inviabilizar o trânsito
do recurso extraordinário.

10

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

Oportuna a transcrição parcial do voto do acórdão recorrido:

“A Fundação de Atendimento Sócio-educativo do Rio


Grande do Sul – FASE (sucessora da Fundação Estadual do
Bem-Estar do Menor) é uma fundação pública de direito
privado, consoante dispõe o art. 1º da Lei Estadual nº
11.800/2002, que deu nova redação à Lei nº 5.747/1969,
instituidora da FEBEM:
(…)
Dessa forma, conclui-se que, conquanto a fundação tenha
sido criada com personalidade jurídica de direito privado, não
há como negar sua vinculação ao Estado e sua finalidade de
prestação de relevante serviço público, como responsável pelo
programa de execução de medidas sócio-educativas, aplicadas
em obediência à legislação vigente, em especial ao Estatuto da
Criança e do Adolescente. Resta patente que as atribuições da
FASE e as características pelas quais foi instituída demonstram
a sua verdadeira natureza pública.
Equivoca-se a embargante quando sustenta que o
benefício da imunidade seria destinado somente às entidades
privadas, com exclusão das fundações mantidas pelo poder
público. Embora seja correto afirmar que as entidades privadas
de saúde, educação ou assistência social sem fins lucrativos
sejam criadas a fim de atender o interesse coletivo e contribuir
com o Estado para a promoção da seguridade social, não se
pode perder de vista, conforme adverte o STF, que 'a ratio da
supressão da competência tributária funda-se na ausência de
capacidade contributiva ou na aplicação do princípio da
solidariedade de forma inversa, vale dizer: a ausência de
tributação das contribuições sociais decorre da colaboração que
estas entidades prestam ao Estado' (RE 636941, Relator(a): Min.
LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 13/02/2014, ACÓRDÃO
ELETRÔNICO DJE de-067 DIVULG 03-04-2014 PUBLIC 04-04-
2014). Nessa senda, se as entidades privadas são imunes porque
fazem as vezes do Estado, negar a imunidade a uma entidade
estatal que presta relevante serviço de assistência social

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

subverte completamente o conceito de imunidade.” (Doc. 04,


fls. 222.)

Conforme consignado, o entendimento adotado no acórdão


recorrido não diverge da jurisprudência firmada no Supremo Tribunal
Federal, razão pela qual não há falar em afronta aos preceitos
constitucionais invocados no recurso, a teor da decisão que desafiou o
agravo. Nesse sentido, além dos precedentes citados na decisão
impugnada, cito:

“AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. CONSTITUCIONAL.
TRIBUTÁRIO. IMUNIDADE RECÍPROCA. ARTIGO 150, VI,
“A”, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. IMUNIDADE
TRIBUTÁRIA DE FUNDAÇÃO PÚBLICA RECONHECIDA
PELO TRIBUNAL A QUO. NATUREZA DOS SERVIÇOS
PRESTADOS. SITUAÇÃO JURÍDICA QUE DEPENDE DE
REEXAME DO CONJUNTO PROBATÓRIO PARA A
DESCONSTITUIÇÃO. SÚMULA 279/STF. DESPROVIMENTO.
AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. A imunidade
tributária, reconhecida à fundação ora recorrida no Tribunal a
quo, e o debate sobre a natureza jurídica exclusivamente
pública dos serviços prestados pela agravada são questões
fáticas e que dependem do reexame do conjunto probatório
para a respectiva desconstituição, e da análise do Decreto
municipal nº 21.874/72. 2. A Súmula 279/STF, dispõe verbis:
Para simples reexame de prova não cabe recurso extraordinário.
3. A violação reflexa e oblíqua da Constituição Federal
decorrente da necessidade de análise de malferimento de
dispositivo infraconstitucional torna inadmissível o recurso
extraordinário. Precedentes: RE 596.682, Rel. Min. Carlos Britto,
DJE de 21/10/10, e o AI 808.361, Rel. Min. Marco Aurélio, DJE de
08/09/10. 4. Agravo Regimental a que se nega provimento.”
(ARE 708.404-AgR/RS, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, DJE
de 27.6.2013.)

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO


EXTRAORDINÁRIO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. PIS.
SOCIEDADES BENEFICENTES DE ASSISTÊNCIA SOCIAL.
DECISÃO AGRAVADA EM CONFORMIDADE COM O
ENTENDIMENTO ASSENTADO PELO PLENÁRIO EM SEDE
DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. No julgamento do RE 636.941-
RG, sob a relatoria do Ministro Luiz Fux, a Corte definiu três
pontos essenciais sobre a matéria em questão: (i) o PIS é uma
contribuição social vertida em favor da seguridade social, razão
pela qual se sujeita ao regime jurídico constante do art. 195 da
Carta; (ii) a lei de que trata o art. 195, § 7º, da Constituição é a
lei ordinária que prevê os requisitos formais de estrutura,
organização e funcionamento das entidades beneficentes de
assistência social; (iii) ainda que se admita, hipoteticamente,
que o dispositivo constitucional demanda complementação pela
via da lei complementar, a imunidade possui eficácia imediata,
devendo ser reconhecida em favor do contribuinte ainda que
pendente de regulamentação. 2. As razões de decidir adotadas
pela decisão monocrática foram confirmadas pelo Plenário da
Corte. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.” (RE
594.914-AgR/RS, Rel. Min. Roberto Barroso, Primeira Turma,
DJE de 14.4.2014.)

Acerca do assunto, qual seja, a imunidade prevista no art. 195, § 7º,


da Lei Maior, pertinente a transcrição do esclarecedor voto do Min. Luiz
Fux, no julgamento de mérito do RE 636.941, verbis:

“A isenção prevista na Constituição Federal, art. 195, § 7º,


tem o conteúdo de regra de supressão de competência
tributária, encerrando verdadeira imunidade. As imunidades
têm o teor de cláusulas pétreas, na forma do art. 60, § 4º, da
CF/88, tornando controversa a possibilidade de sua
regulamentação através do poder constituinte derivado e/ou
ainda mais, pelo legislador ordinário (ADI 2.208-MC, Rel. Min.
Moreira Alves, Pleno, DJ 08/03/2002).
(...)

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

O Sistema Tributário Nacional, encartado em capítulo


próprio da Carta Federal, encampa a expressão instituições de
assistência social e educação prescrita no art. 150, VI, c, CF/88,
cuja conceituação e regime jurídico se aplicam por analogia à
expressão “entidades beneficentes de assistência social” contida
no art. 195, § 7º, CF/88, à luz da interpretação histórica e dos
textos das CF/46, CF/67 e CF/69, bem como das premissas
fixadas no verbete da Súmula n° 730 desta Suprema Corte. É
que até o advento da CF/88 ainda não havia sido cunhado o
conceito de seguridade social, nos termos em que definidos
pelo art. 203, inexistindo distinção clara entre previdência,
assistência social e saúde, a partir dos critérios de generalidade
e gratuidade.
O art. 195, § 7º, CF/88, ainda que não inserido no capítulo
do Sistema Tributário Nacional, mas explicitamente incluído
topograficamente na temática da seguridade social, trata,
inequivocamente, de matéria tributária. Porquanto, ubi eadem
ratio ibi idem jus, podendo, bem por isso, estender-se às
instituições de assistência stricto sensu de educação, de saúde e
de previdência social, máxime na medida em que restou
superada a tese de que este artigo só se aplica às entidades que
tenham por objetivo tão somente as disposições do art. 203 da
CF/88 (MC ADIN nº 2.028-5, Rel. Ministro Moreira Alves, Pleno,
DJ 16.6.2000).
(...)
No julgamento da ADI 2.028-MC/DF, Rel. Min. Moreira
Alves, Tribunal Pleno, DJ 16/6/2000, o Supremo Tribunal foi
novamente instado a manifestar-se sobre a abrangência da
reserva de lei complementar, desta vez tendo como objeto o art.
195, § 7º, CF/88.
Superada a preliminar de mérito suscitada pela
Presidência da República, na qual se alegava que o art. 195, § 7º,
CF/88, só se aplicaria às entidades que tenham por objetivo
qualquer daqueles enumerados no art. 203 da CF/88, o Supremo
não conheceu, em sede de liminar, da alegação de
inconstitucionalidade formal da Lei nº 9.732/98, em virtude de

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

não ter sido atacada a legislação anterior, a Lei nº 8.212/91, bem


como relegou para a decisão sobre o mérito o deslinde da
controvérsia da questão de fundo (a distinção entre requisitos
objetivos e subjetivos), indeferindo a liminar.
A Suprema Corte decidiu que o artigo 195, § 7º, da Carta
Magna, com relação às exigências a que devem atender as
entidades beneficentes de assistência social para gozarem da
imunidade aí prevista, determina apenas a existência de lei que
as regule. Isso implica dizer que a Carta Magna alude
genericamente à lei para estabelecer princípio de reserva legal,
expressão que compreende tanto a legislação ordinária, quanto
a legislação complementar.
(…)
Restou decidido nesta ADI, conforme já explicitado, a
declaração de inconstitucionalidade de preceitos que limitavam
esta imunidade, a saber: art. 55, da Lei nº 8.212/91, na redação
dada pela Lei nº 9.732/98 e art. 4º, da Lei nº 9.732/98. Não
obstante, foram delineadas importantes balizas quanto ao
conceito, amplitude e objeto destas entidades beneficentes.
Transcrevo excertos do voto do Min. Moreira Alves, que
elucida muito bem o tema:
‘(...) Com efeito, a Constituição, ao conceder imunidade à
entidades beneficentes de assistência social, o fez para que
fosse a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
auxiliados nesse terreno de assistência aos carentes por
entidades que também dispusessem de recurso para tal
atendimento gratuito, estabelecendo que a lei determinaria as
exigências necessárias para que as entidades pudessem ser
consideradas beneficentes de assistência social. É evidente que
tais entidades, para serem beneficentes, teriam de ser
filantrópicas (por isso, o inciso II do artigo 55 da Lei 8.212/91,
que continua em vigor, exige que a entidade ‘seja portadora do
Certificado ou do Registro de Entidade de fins
Filantrópicos, fornecido pelo Conselho Nacional de Serviço
Social, renovado a cada três anos’), mas não exclusivamente
filantrópica, até porque as que o são não o são para o gozo de

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

benefícios fiscais, e esse benefício concedido pelo § 7º do artigo


195 não foi para estimular a criação de entidades
exclusivamente filantrópicas, mas sim, das que, também sendo
filantrópicas sem o serem integralmente, atendesse às
exigências legais para que se impedisse que qualquer entidades,
desde que praticasse atos de assistência filantrópica a carentes,
gozasse da imunidade, que é total de contribuição para a
seguridade social ainda que não fosse reconhecida como de
utilidade pública, seus dirigentes tivessem remuneração ou
vantagens, ou se destinassem elas a fins lucrativos. Aliás, são
essas entidades – que, por não serem exclusivamente
filantrópicas, têm melhores condições de atendimento aos
carentes que o prestam- que devem ter sua criação estimulada
para o auxílio ao Estado nesse setor, máxime em época em que,
como a atual, são escassas as doações para a manutenção das
que se dedicam exclusivamente à filantropia.
De outra parte, no tocante às entidades sem fins lucrativos
educacionais e de prestação de serviços de saúde que não
pratiquem de forma exclusiva e gratuita atendimento a pessoas
carentes, a própria extensão da imunidade foi restringida, pois
só gozarão desta ‘na proporção o valor das vagas cedidas
integral e gratuitamente a carentes, e do valor do atendimento à
saúde de caráter assistencial’, o que implica dizer que a
imunidade para a qual a Constituição não estabelece limitação
em sua extensão o é por lei.
Pela análise da legislação, percebe-se que se tem
consagrado requisitos específicos mais rígidos para o
reconhecimento da imunidade das entidades de assistência
social (art. 195, § 7º, CF/88), se comparados com os critérios para
a fruição da imunidade dos impostos (art. 150, VI, c, CF/88).
Ilustrativamente, menciono aqueles exigidos para a emissão do
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social –
CEBAS, veiculados originariamente pelo art. 55 da Lei nº
8.212/91, ora regulados pela Lei nº 12. 101/2009.
A definição dos limites objetivos ou materiais, bem como
dos aspectos subjetivos ou formais, atende aos princípios da

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proporcionalidade e razoabilidade, não implicando significativa


restrição do alcance do dispositivo interpretado, qual seja, o
conceito de imunidade, e de redução das garantias dos
contribuintes.
(…)
É insindicável na Suprema Corte o atendimento dos
requisitos estabelecidos em lei (art. 55, da Lei nº 8.212/91), uma
vez que, para tanto, seria necessária a análise de legislação
infraconstitucional, situação em que a afronta à Constituição
seria apenas indireta, ou, ainda, o revolvimento de provas,
atraindo a aplicação do verbete da Súmula nº 279 (Precedentes:
RE 570.773, Relator Min. RICARDO LEWANDOWSKI, julgado
em 06/05/2011, RE 720.051, Relator Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, julgado em 02/04/2013, RE 593.522 AgR-ED,
Relator Min. JOAQUIM BARBOSA, julgado em 16/04/2010, RE
495.630, Relator: Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 05/04/2011).
(...)
As entidades beneficentes de assistência social, como
consequência, não se submetem ao regime tributário disposto
no art. 2º, II, da Lei nº 9.715/98, e no art. 13, IV, da MP nº 2.158-
35/2001, aplicáveis somente àquelas outras entidades
(instituições de caráter filantrópico, recreativo, cultural e
científico e as associações civis que prestem os serviços para os
quais houverem sido instituídas e os coloquem à disposição do
grupo de pessoas a que se destinam, sem fins lucrativos) que
não preencherem os requisitos do art. 55, da Lei nº 8.212/91, ou
da legislação superveniente sobre a matéria, posto não
abarcadas pela imunidade constitucional.” (Tribunal Pleno, DJE
de 04.4.2014.)

De outro lado, cumpre destacar que a garantia de prestação


jurisdicional em tempo razoável, decorrência lógica da dignidade da
pessoa humana, fundamento da República Federativa do Brasil, passou a
figurar, de forma explícita, entre as cláusulas pétreas, a partir da Emenda
Constitucional nº 45/2004, quando inserido o inciso LXXVIII no art. 5º da
Lei Maior. Ressalte-se que a proteção contida no referido dispositivo não

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RE 942287 AGR-SEGUNDO / RS

se dirige apenas às partes, individualmente consideradas, estendendo-se


a todos os usuários do Sistema Judiciário, porquanto beneficiados pelo
desafogo dos Tribunais Pátrios.
Se a parte, ainda que não interessada na postergação do desenlace da
demanda, utiliza a esmo o instrumento processual colocado à sua
disposição quando já obteve uma prestação jurisdicional completa, todos
os demais jurisdicionados são virtualmente lesados no seu direito à
prestação jurisdicional célere e eficiente.
A utilização indevida das espécies recursais, consubstanciada na
interposição de recursos manifestamente inadmissíveis, improcedentes
ou contrários à jurisprudência desta Suprema Corte como mero
expediente protelatório, desvirtua o próprio postulado constitucional da
ampla defesa e configura abuso do direito de recorrer, a ensejar a
aplicação da penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC, calculada à
razão de 1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa, se
unânime a votação. Nesse sentido: ARE 951.191-AgR, Rel. Min. Marco
Aurélio, Primeira Turma, DJE de 23.6.2016; e ARE 955.842-AgR, Rel. Min.
Dias Toffoli, Segunda Turma, DJE de 28.6.2016.
Agravo interno conhecido e não provido, com aplicação da
penalidade prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC/2015, calculada à razão de
1% (um por cento) sobre o valor atualizado da causa, se unânime a
votação. Majoro em 10% (dez por cento) os honorários anteriormente
fixados, obedecidos os limites previstos no art. 85, §§ 2º, 3º e 11, do
CPC/2015, ressalvada eventual concessão do benefício da gratuidade da
Justiça.
É como voto.

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Extrato de Ata - 30/06/2017

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

SEGUNDO AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 942.287


PROCED. : RIO GRANDE DO SUL
RELATORA : MIN. ROSA WEBER
AGTE.(S) : UNIÃO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA FAZENDA NACIONAL
AGDO.(A/S) : FUNDACAO DE ATENDIMENTO SOCIO-EDUCATIVO DO ESTADO DO
RIO GRANDE DO SUL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

Decisão: A Turma, por unanimidade, conheceu do agravo e negou-


lhe provimento, com aplicação da penalidade prevista no art.
1.021, § 4º, do CPC/2015, e com majoração dos honorários
anteriormente fixados, obedecidos os limites previstos no art. 85,
§§ 2º, 3º e 11, do CPC/2015, ressalvada eventual concessão do
benefício da gratuidade da justiça, nos termos do voto da
Relatora. Primeira Turma, Sessão Virtual de 23 a 29.6.2017.

Composição: Ministros Marco Aurélio (Presidente), Luiz Fux,


Rosa Weber, Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.

Disponibilizaram processos para esta Sessão os Ministros


Ricardo Lewandowski e Edson Fachin. Não participaram do julgamento
desses processos, respectivamente, a Ministra Rosa Weber e o
Ministro Alexandre de Moraes por sucedê-los na Primeira Turma.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Secretária da Primeira Turma

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