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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

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03/10/2017 PRIMEIRA TURMA

SEGUNDO AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 779.185 S ÃO PAULO

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


AGTE.(S) : ANTENOR DE PONTES E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : WILSON LUIS DE SOUSA FOZ
AGDO.(A/S) : DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA
- DAEE
ADV.(A/S) : MÁRIO DINIZ FERREIRA FILHO

SERVIDOR ESTADUAL – REAJUSTE – ARTIGO 25 DA LEI


COMPLEMENTAR Nº 467/1986 DO ESTADO DE SÃO PAULO –
INCONSTITUCIONALIDADE – PRECEDENTE. É inconstitucional a
norma veiculada no artigo 25 da Lei Complementar nº 467/1986, por meio
da qual estabelecido sistema de reajuste automático de vencimentos,
proventos e pensões pautado na variação acumulada do Índice de Preços
ao Consumidor. Precedente: recurso extraordinário nº 174.184, relator o
ministro Moreira Alves, publicado no Diário de Justiça de 16 de agosto de
2001.

HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS – FIXAÇÃO. Havendo


interposição de recurso sob a regência do Código de Processo Civil de
2015, cabível é a fixação de honorários de sucumbência recursal previstos
no artigo 85, § 11, do diploma legal.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal em desprover o segundo

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agravo regimental no agravo de instrumento, nos termos do voto do


relator e por unanimidade, em sessão presidida pelo Ministro Marco
Aurélio, na conformidade da ata do julgamento e das respectivas notas
taquigráficas.

Brasília, 3 de outubro de 2017.

MINISTRO MARCO AURÉLIO – PRESIDENTE E RELATOR

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03/10/2017 PRIMEIRA TURMA

SEGUNDO AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 779.185 S ÃO PAULO

RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO


AGTE.(S) : ANTENOR DE PONTES E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : WILSON LUIS DE SOUSA FOZ
AGDO.(A/S) : DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA
- DAEE
ADV.(A/S) : MÁRIO DINIZ FERREIRA FILHO

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Em 15 de fevereiro de


2017, provi o agravo, consignando:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO –
SERVIDOR ESTADUAL – REAJUSTE –
PARÂMETROS – ARTIGO 25 E
PARÁGRAFO ÚNICO DA LEI
COMPLEMENTAR Nº 467/1986 DO
ESTADO DE SÃO PAULO –
INCONSTITUCIONALIDADE –
PRECEDENTE – PROVIMENTO NOS
AUTOS DE AGRAVO PROVIDO.

1. O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo,


reformando em parte o entendimento do Juízo, afastou a
alegação de prescrição e, por entender que a decisão do Pleno
do Supremo mediante a qual declarado inconstitucional o
artigo 25 da Lei Complementar estadual não ostenta caráter
vinculante (recurso extraordinário nº 174.184, relator o ministro
Moreira Alves), julgou procedente o pedido de diferenças
salariais na amplitude requerida. Nas razões do extraordinário
cujo trânsito busca alcançar, interposto com alegado
fundamento na alínea “c” do permissivo constitucional, o

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recorrente diz contrariado o referido precedente.

2. A questão versada neste processo foi analisada pelo


Plenário quando do julgamento do mencionado extraordinário.
Confiram a ementa:

Recurso extraordinário. Gatilho salarial. Artigo 25 e


seu parágrafo único da Lei Complementar nº 467, de
02.07.86, do Estado de São Paulo.
- A atual jurisprudência firmada pelo Plenário desta
Corte – assim, entre outros julgados, os prolatados nas
ações originárias 286, 299 e 300 -, ao julgar casos análogos
ao presente em que a lei estadual determinava o
automático reajuste da remuneração do servidor público,
a título de antecipação salarial, pela variação do IPC, ou
seu equivalente, toda vez que tal acumulação atingisse
20%, decidiu pela inconstitucionalidade dessa norma
inclusive por atentar contra a proibição da vinculação de
qualquer natureza para efeito de remuneração do pessoal
do serviço público ao conceder reajuste automático a
índice de correção monetária fixado pela União.
- É o que ocorre no caso, em que o artigo 25 e seu
parágrafo único da Lei Complementar nº 467 , de 02.07.86,
do Estado de São Paulo estabelecem:

"Art. 25. Os vencimentos, remuneração,


salários, proventos e pensões serão reajustados
automaticamente pela variação acumulada do Índice
de Preços ao Consumidor - IPC, sempre que a
acumulação atingir 20% (vinte por cento).
Parágrafo único. O reajuste concedido nos
termos deste artigo será considerado antecipação
salarial".

- Da orientação desta Corte divergiu o acórdão


recorrido. Recurso extraordinário conhecido e provido,

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declarando-se a inconstitucionalidade do artigo 25 e seu


parágrafo único da Lei Complementar nº 467, de 02.07.86,
do Estado de São Paulo.

Na ocasião, fiquei vencido, consignando:

O fato de haver tomado de empréstimo um índice


federal não contamina, sob minha óptica, o diploma, Lei
Complementar estadual nº 467/86. Poderia ter o Estado
lançado mão, por exemplo, do índice do DIEESE, de um
índice da Fundação Getúlio Vargas ou de outro índice
qualquer. Todavia, acreditando, mesmo, no caráter
fidedigno do Índice de Preços ao Consumidor – IPC,
preferiu se utilizar desse índice federal. Ao fazê-lo, porque
atuou no campo legislativo, numa competência
assegurada constitucionalmente, não assentou qualquer
vinculação, tanto que logo após – isto é, em 1988, por meio
da Lei Complementar estadual nº 535 – revogou tal
“gatilho”.

Apesar de continuar convencido do acerto da óptica por


mim externada, tem-se pronunciamento a discrepar do que
decidido pelo Pleno, o qual afastou a norma da legislação
estadual porque conflitante com a Carta da República.

3. Ante o quadro, assentando o enquadramento do


extraordinário na alínea “c” do inciso III do artigo 102 da
Constituição Federal, conheço do agravo e dou-lhe provimento.
Aciono o disposto nos artigos 544, parágrafos 3º e 4º, e 557, § 1º-
A, do Código de Processo Civil de 1973 e aprecio, desde logo, o
extraordinário, provendo-o para, reformando o acórdão
recorrido, julgar improcedentes os pedidos formulados na
inicial, invertidos os ônus da sucumbência.

4. Publiquem.

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Os agravantes insistem na constitucionalidade da Lei Complementar


nº 467/1986 do Estado de São Paulo. Aludindo aos artigos 24 e 25 do
diploma, afirmam inexistir vinculação ou equiparação de cargos para fins
remuneratórios. Asseveram a ausência de vedação constitucional ao
estabelecimento de sistema de reajuste automático de vencimentos
pautado nos índices de inflação. Dizem inviável a revogação da Lei
Complementar por norma editada pela União, ante a regra constitucional
de competência vigente à época – artigo 13 da Carta de 1967. Sustentam
devidos os reajustes, com a correção monetária pertinente, até a data de
edição da Lei Complementar nº 535/1988, pelo referido ente da Federação.
Pedem seja provido o agravo interno e julgados procedentes os pedidos
veiculados na petição inicial.
O agravado, em contraminuta, referindo-se ao verbete nº 287 da
Súmula do Supremo, frisa não terem sido impugnados os fundamentos
da decisão. No mérito, pede a manutenção do pronunciamento atacado.
É o relatório.

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

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03/10/2017 PRIMEIRA TURMA

SEGUNDO AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 779.185 S ÃO PAULO

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO (RELATOR) – Atendeu-


se aos pressupostos de recorribilidade. A peça, subscrita por advogado
regularmente credenciado, foi protocolada no prazo legal. Conheço.
Não procede a preliminar suscitada na contraminuta. Os agravantes
impugnaram as razões do pronunciamento mediante o qual provido o
recurso extraordinário protocolado pelo agravado, abordando
especificamente a questão da declaração de inconstitucionalidade do
diploma estadual.
Conforme apontado na decisão, a matéria versada neste processo foi
analisada pelo Supremo quando do julgamento do recurso extraordinário
nº 174.184, relator o ministro Moreira Alves. Na oportunidade, fiquei
vencido, tendo o Plenário assentado a inconstitucionalidade da norma
veiculada no artigo 25 da Lei Complementar nº 467/1986 do Estado de
São Paulo, por violar a regra proibitiva do estabelecimento de vinculações
ou equiparações para efeito de reajuste da remuneração do servidor
público. Transcrevo, uma vez mais, a ementa do acórdão:

Recurso extraordinário. Gatilho salarial. Artigo 25 e seu


parágrafo único da Lei Complementar nº 467, de 02.07.86, do
Estado de São Paulo.
- A atual jurisprudência firmada pelo Plenário desta Corte
– assim, entre outros julgados, os prolatados nas ações
originárias 286, 299 e 300 –, ao julgar casos análogos ao presente
em que a lei estadual determinava o automático reajuste da
remuneração do servidor público, a título de antecipação
salarial, pela variação do IPC, ou seu equivalente, toda vez que
tal acumulação atingisse 20%, decidiu pela
inconstitucionalidade dessa norma inclusive por atentar contra
a proibição da vinculação de qualquer natureza para efeito de

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

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remuneração do pessoal do serviço público ao conceder reajuste


automático a índice de correção monetária fixado pela União.
- É o que ocorre no caso, em que o artigo 25 e seu
parágrafo único da Lei Complementar nº 467 , de 02.07.86, do
Estado de São Paulo estabelecem:

"Art. 25. Os vencimentos, remuneração, salários,


proventos e pensões serão reajustados automaticamente
pela variação acumulada do Índice de Preços ao
Consumidor - IPC, sempre que a acumulação atingir 20%
(vinte por cento).
Parágrafo único. O reajuste concedido nos termos
deste artigo será considerado antecipação salarial".

- Da orientação desta Corte divergiu o acórdão recorrido.


Recurso extraordinário conhecido e provido, declarando-se a
inconstitucionalidade do artigo 25 e seu parágrafo único da Lei
Complementar nº 467, de 02.07.86, do Estado de São Paulo.

Frise-se, por oportuno, que o Supremo é o guarda maior da


Constituição Federal. Então, uma vez assentado o conflito de lei local com
o Documento Básico, cumpre a observância do que decidido. A tese
defendida no recurso em jogo discrepa da deliberação do Pleno, o qual
afastou a norma da legislação estadual, tendo-a como conflitante com a
Constituição Federal.
Desprovejo o agravo interno. Considerada a fixação, pelo Tribunal,
dos honorários advocatícios em R$ 1.500,00, majoro os honorários
recursais no patamar de R$ 1.000,00, consoante o artigo 85, § 11, do
Código de Processo Civil.
É como voto.

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Supremo Tribunal Federal
Extrato de Ata - 03/10/2017

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

SEGUNDO AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO 779.185


PROCED. : SÃO PAULO
RELATOR : MIN. MARCO AURÉLIO
AGTE.(S) : ANTENOR DE PONTES E OUTRO(A/S)
ADV.(A/S) : WILSON LUIS DE SOUSA FOZ (19449/SP)
AGDO.(A/S) : DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA - DAEE
ADV.(A/S) : MÁRIO DINIZ FERREIRA FILHO (183172/SP)

Decisão: A Turma negou provimento ao agravo, com imposição de


honorários recursais, nos termos do voto do Relator. Unânime.
Presidência do Ministro Marco Aurélio. Primeira Turma, 3.10.2017.

Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio. Presentes à


Sessão os Senhores Ministros Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto
Barroso e Alexandre de Moraes.

Subprocuradora-Geral da República, Dra. Cláudia Sampaio


Marques.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Secretária da Primeira Turma

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