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Supremo Tribunal Federal

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 1.175.436 SÃO PAULO

RELATOR : MIN. EDSON FACHIN


RECTE.(S) : ESTADO DE SAO PAULO
RECTE.(S) : SÃO PAULO PREVIDÊNCIA - SPPREV
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
RECDO.(A/S) : DORIS GUERRA CABRAL
ADV.(A/S) : DIEGO LEONARDO MILANI GUARNIERI

DECISÃO: Trata-se de recurso extraordinário interposto em face de


acórdão da 1ª Turma Cível e Criminal do Colégio Recursal -
Fernandópolis, do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, assim
ementado (eDOC 4, p. 18):

“Recurso inominado – piso profissional deve ser


observado – professor estadual – recurso da Fazenda Pública a
que se nega provimento.”

Os embargos de declaração foram desprovidos (eDOC 4, p. 32/33).


No recurso extraordinário, com fundamento no art. 102, III, “a”, do
permissivo constitucional, aponta-se ofensa aos arts. 61, II, “c”; e 206, VIII,
da Constituição Federal, bem como ao art. 60, III, do ADCT.
Nas razões recursais, sustenta-se, em síntese, que “o salário base
mensal recebido no período imprescrito foi sempre superior ao piso salarial
pretendido pelo requerente.” (eDOC 4, p. 42).
A Presidência do Colégio Recursal, entendendo que a controvérsia
foi devidamente prequestionada, admitiu o recurso extraordinário.
(eDOC 4, p. 64).
É o relatório. Decido.
A irresignação não merece prosperar.
Verifica-se que o Tribunal de origem, quando do julgamento do
recurso inominado, assim asseverou (eDOC 4, p. 18):

“A recorrida sentença bem resolveu as questões


apresentadas, seja ao apreciar as provas, seja ao aplicar o direito
ao caso concreto.

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RE 1175436 / SP

A Lei n. 11.738/2008, de constitucionalidade reconhecida


pelo Supremo Tribunal Federal (ADI 4167), instituiu o piso
salarial profissional para os profissionais do magistério.
Tal, no entanto, conforme se infere da tabela anexa à Lei
Complementar Estadual n. 836/1997, não vem sendo observado,
de modo que a parte recorrida,conforme reconheceu o juízo a
quo, faz jus ao recálculo do salário-base e diferenças apuradas.”

Como se depreende desses fundamentos, eventual divergência em


relação ao entendimento adotado pelo juízo a quo demandaria o reexame
da legislação local (Lei Complementar Estadual 836/1997), o que
inviabiliza o processamento do apelo extremo, tendo em vista a vedação
contida na Súmula 280 do STF. Nesse sentido:

“EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO


EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. DIREITO
ADMINISTRATIVO. SERVIDORA PÚBLICA MUNICIPAL.
PROFESSORA. ALTERAÇÃO DE CARGA HORÁRIA E DO
LOCAL DE TRABALHO. ACÓRDÃO FUNDAMENTADO NA
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL LOCAL. SÚMULA N.
280 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. CONTRARRAZÕES
APRESENTADAS. VERBA HONORÁRIA MAJORADA EM 1%,
PERCENTUAL O QUAL SE SOMA AO FIXADO NA ORIGEM,
OBEDECIDOS OS LIMITES DO ART. 85, § 2º, § 3º E § 11, DO
CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL/2015, COM A RESSALVA DE
EVENTUAL CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA
GRATUITA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA
PROVIMENTO.” (ARE 926.848-AgR, Rel. Min. Cármen Lúcia,
Segunda Turma, DJe 29.8.2016).

“Agravo regimental em recurso extraordinário. 2. Direito


administrativo. Jornada de trabalho de professor
de educação física. Conflito aparente de normas.
Impossibilidade de análise de legislação local. Ofensa reflexa à
Constituição Federal. Incidência do Enunciado 280 da
Súmula desta Corte. 3. Ausência de argumentos suficientes para

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Supremo Tribunal Federal

RE 1175436 / SP

infirmar a decisão agravada. 4. Agravo regimental a que se nega


provimento.” (RE 647.059-AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
Segunda Turma, DJe 27.3.2012).

Ante o exposto, nego provimento ao recurso, nos termos do art. 932,


IV, a, do CPC e majoro em ¼ (um quarto) a verba honorária fixada
anteriormente, devendo ser observados os limites dos §§ 2º e 3º do artigo
85, §11, do Código de Processo Civil.

Publique-se.
Brasília, 15 de fevereiro de 2019.

Ministro EDSON FACHIN


Relator
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