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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 17

26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.417 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : ALAN DA SILVA PEREIRA
ADV.(A/S) : VICTOR HUGO ANUVALE RODRIGUES E
OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : RELATOR DO ARESP Nº 2.242.041 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


PROCESSUAL PENAL. DESCABIMENTO DE IMPETRAÇÃO CONTRA
DECISÃO MONOCRÁTICA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA.
TRÁFICO DE ENTORPECENTE. PRETENDIDA DESCLASSIFICAÇÃO
DO CRIME DE TRÁFICO PARA O DE USO DE DROGAS.
INVIABILIDADE. NECESSIDADE DE REEXAME DO CONJUNTO
PROBATÓRIO. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do


Supremo Tribunal Federal, em Sessão da Primeira Turma, na
conformidade da ata de julgamento, por unanimidade, negar provimento
ao agravo regimental, nos termos do voto da Relatora. Sessão Virtual de
16.6.2023 a 23.6.2023.

Brasília, 26 de junho de 2023.

Ministra CÁRMEN LÚCIA


Relatora

Documento assinado eletronicamente pelo(a) Min. Cármen Lúcia, conforme o Art. 205, § 2º, do CPC. O documento pode ser acessado pelo endereço
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Relatório

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26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.417 SÃO PAULO

RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA


AGTE.(S) : ALAN DA SILVA PEREIRA
ADV.(A/S) : VICTOR HUGO ANUVALE RODRIGUES E
OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : RELATOR DO ARESP Nº 2.242.041 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RELATÓRIO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Em 26.5.2023, foi negado seguimento ao habeas corpus, com


requerimento de medida liminar, impetrado por Victor Hugo Anuvale
Rodrigues e outro, em benefício de Alan da Silva Pereira, contra decisão
monocrática prolatada pelo Ministro Joel Ilan Paciornik, que, em
22.5.2023, deu parcial provimento ao Agravo em Recurso Especial
n. 2.242.041/SP, pelo qual, embora tenha alterado o regime inicial de
cumprimento da pena para o semiaberto, mantido o decidido nas
instâncias antecedentes quanto à impossibilidade de desclassificação do
delito de tráfico atribuído ao paciente para o de uso de entorpecente,
tipificado no art. 28 da Lei n. 11.343/2006.

2. Publicada essa decisão no DJe de 29.5.2023, foi interposto, em


31.5.2023, tempestivamente, o presente agravo regimental.

3. Neste agravo regimental, a defesa insiste na alegação de que “a


mantença da condenação do paciente pela prática de crime de tráfico de drogas
vem lhe causando flagrante constrangimento ilegal” (fl. 3, e-doc. 1).

Alega que “não se desconhece que o caso demanda certa análise probatória,
entretanto ela não é extenuante, mas, simples e perceptível de plano, e, analisar a
tipicidade aplicada é cumprir a Constituição Federal” (fl. 3, e-doc. 7).

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HC 228417 AGR / SP

Afirma inexistirem “elementos probatórios bastantes para deflagrar a


destinação comercial dos entorpecentes ora apreendidos – que se trata de
elementar do tipo penal do narcotráfico, consoante ao art. 33, caput, da Lei
11.343/06, de sorte que o édito condenatório não merece prosperar” (fl. 5,
e-doc. 7).

Argumenta que “a quantidade de entorpecente se mostra pequena. Com


efeito, a massa total de entorpecente encontrado foi menos de 10 gramas, o que
equivale a bem menos de uma porção de mercado, tendo por base que, segundo o
portal ‘Último Segundo’, no Brasil, normalmente a maconha é vendida em
porções de 25 gramas, ou mesmo em tabletes de 50 gramas” (fl. 6, e-doc. 7).

Assevera que “o delito anteriormente cometido pelo agravante ocorreu há


vários anos, não se podendo considerar tal elemento circunstância que indique a
dedicação do agravante ao tráfico de drogas, visto o considerável decurso de
tempo. Vale dizer: ainda que tal elemento se preste a agravar a pena
eventualmente imposta, não é ele idôneo a justificar o enquadramento da conduta
no artigo 33 da Lei 11.343/06” (fl. 6, e-doc. 7).

Ressalta que “os próprios policiais militares não exararam a certeza da


destinação a terceiros, havendo apenas genéricas menções de que a Polícia Militar
‘tinha informação’ de que o agravante traficava entorpecente” (fl. 8, e-doc. 7).

Conclui que “todos os critérios previstos no artigo 28, § 2º, da Lei


11.343/06 são favoráveis ao defendido, não podendo subsistir a condenação pelo
delito de tráfico de drogas” (fl. 8, e-doc. 7).

Estes os requerimentos e os pedidos:


“requer seja conhecido e provido o presente agravo regimental
para reformar a decisão monocrática que negou seguimento ao habeas
corpus originário, remetendo o remédio heroico estancado ao órgão
colegiado competente para regular julgamento, computando-se o voto
da I. Relatoria, e concedendo a ordem nos termos requeridos,

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HC 228417 AGR / SP

sobretudo em sede de liminar para que:


1. Desclassificar a conduta imputada ao agravante a fim de que
se reconheça o enquadramento na conduta prevista no artigo 28,
caput, da Lei 11.343/2006, conforme critérios previstos no artigo 28,
§ 2º, do referido diploma legal.
2. Por fim, respeitosamente, requer se análise o presente caso e,
se necessário, conceda-se a ordem de ofício, nos termos do art. 654,
§ 2º do CPP” (fl. 10, e-doc. 7).

É o relatório.

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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA

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26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.417 SÃO PAULO

VOTO

A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (Relatora):

1. Razão jurídica não assiste ao agravante.

2. No presente recurso de agravo, insiste-se no pedido de


desclassificação do delito de tráfico atribuído ao agravante para o de uso
de entorpecente, tipificado no art. 28 da Lei n. 11.343/2006.

3. Como anotei na decisão agravada, o presente habeas corpus foi


impetrado contra decisão monocrática do Ministro Joel Ilan Paciornik, do
Superior Tribunal de Justiça, proferida no Agravo em Recurso Especial
n. 2.242.041/SP, pela qual, em 22.5.2023, afastada a pretensão de
desclassificação do delito de tráfico atribuído ao paciente para o de uso
de entorpecente, tipificado no art. 28 da Lei n. 11.343/2006.

Pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, “a não interposição


de agravo regimental no STJ e, portanto, a ausência da análise da decisão
monocrática pelo colegiado impede o conhecimento do habeas corpus por est[e
Supremo Tribunal]” (HC n. 120.259-AgR, Relator o Ministro Ricardo
Lewandowski, DJe 12.2.2014). Confira-se também este julgado:

“AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. PENAL.


HOMICÍDIO QUALIFICADO. DESCABIMENTO DE
IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA.
INEXISTÊNCIA DE NULIDADE. PREJUÍZO NÃO
DEMONSTRADO. PEDIDO MANIFESTAMENTE
IMPROCEDENTE E CONTRÁRIO À JURISPRUDÊNCIA DO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. INEXISTÊNCIA DE
CONTRARIEDADE AO PRINCÍPIO DA COLEGIALIDADE.

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HC 228417 A GR / SP

AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.


1. O habeas corpus impetrado neste Supremo Tribunal se volta
contra decisão monocrática do Ministro Felix Fischer, do Superior
Tribunal de Justiça, no Habeas Corpus n. 472.658. Nos termos da
jurisprudência deste Supremo Tribunal, a não interposição de agravo
regimental no STJ e, portanto, a ausência da análise da decisão
monocrática pelo colegiado impede o conhecimento do habeas corpus
por este Supremo Tribunal] (HC n. 120.259-AgR, Relator o Ministro
Ricardo Lewandowski, DJe 12.2.2014). 2. Inexistência de nulidade.
Agravante acompanhado pela sua Defesa, na pessoa do Dr. Vinícius
Coutinho de Oliveira (fl. 2, vol. 3), na sessão de julgamento pelo
Tribunal do Júri realizada na origem, tendo reiterado o mandato
conferido ao defensor na interposição da apelação (doc. 15). Não
demonstração do efetivo prejuízo ao exercício do direito de defesa do
agravante, sem o que não se decreta nulidade no processo penal, em
atenção ao princípio do pas de nullité sans grief, corolário da
natureza instrumental do processo. 3. Agravo regimental ao qual se
nega provimento” (HC n. 164.535-AgR, de minha relatoria,
Segunda Turma, DJe 20.4.2020).

“HABEAS CORPUS. PROCESSO PENAL.


INDEFERIMENTO DE LIMINAR. SÚMULA 691/STF. TRÁFICO
DE DROGAS, ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO, CONDUÇÃO
DE VEÍCULO AUTOMOTOR SEM HABILITAÇÃO,
ADULTERAÇÃO DE SINAL IDENTIFICADOR DE VEÍCULO
AUTOMOTOR E DESOBEDIÊNCIA. PRISÃO PREVENTIVA.
FUNDAMENTAÇÃO. EXCESSO DE PRAZO.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO CONFIGURADO.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. 1. Não se conhece de habeas
corpus impetrado contra indeferimento de liminar por Relator em
habeas corpus requerido a Tribunal Superior. Súmula 691. Óbice
superável apenas em hipótese de manifesta ilegalidade ou teratologia.
2. Inviável o exame das teses defensivas não analisadas pelo Superior
Tribunal de Justiça, sob pena de indevida supressão de instância.
Precedentes. 3. Habeas corpus não conhecido, com a cassação da
liminar anteriormente deferida” (HC n. 163.568, Redatora para o

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HC 228417 A GR / SP

Acórdão a Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, DJe


30.8.2019).

“AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. PENAL.


HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE REVISÃO CRIMINAL.
IMPETRAÇÃO CONTRA DECISÃO MONOCRÁTICA:
IMPOSSIBILIDADE. TENTATIVA DE FURTO. REINCIDÊNCIA.
ANTECEDENTES NEGATIVOS. PRINCÍPIO DA
INSIGNIFICÂNCIA: AUSÊNCIA DOS REQUISITOS PARA SUA
APLICAÇÃO. AGRAVAMENTO DA PENA-BASE.
FUNDAMENTAÇÃO IDÔNEA. FIXAÇÃO DE REGIME
PRISIONAL ABERTO. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
DESFAVORÁVEIS. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO”
(HC n. 220.076-AgR, de minha relatoria, Primeira Turma, DJe
17.11.2022).

4. Sem adentrar o mérito da causa, mas para afastar eventual


alegação de ilegalidade manifesta ou teratologia, é de se anotar, quanto
ao pleito de desclassificação do delito de tráfico para o de uso de
entorpecente, tipificado no art. 28 da Lei n. 11.343/2006, que melhor sorte
não tem o agravante. Na espécie, assim se manifestou o Tribunal de
Justiça de São Paulo no julgamento do apelo defensivo:

“Ficou demonstrado nos autos que o apelante, ALAN DA


SILVA PEREIRA no dia 01º de agosto de 2020, por volta das
19h45min, na Avenida Inglaterra com a Rua Noruega, Comarca de
Tupã/SP, trazia consigo, para posterior entrega a consumo de
terceiros, 03 (três) porções de CANNABIS SATIVA (‘maconha’),
com peso líquido de 9,95 gramas.
A materialidade do delito está consolidada pelo auto de prisão
em flagrante delito, boletim de ocorrência (fls. 6/8, 9/10), auto de
exibição e apreensão, rebatimento fotográfico (fls. 11/12), laudo
pericial de constatação provisória (fls. 14/16), exame químico
toxicológico (fls. 102/104), que constatou a natureza do entorpecente
apreendido, a denotar nocividade à saúde pública, bem como pela
prova oral colhida.

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A autoria é igualmente incontroversa.


O acusado, ouvido em Juízo, negou a traficância. Conforme
fls. 195: (...)
Sucede, entretanto, que a versão apresentada pelo apelante, além
de inconsistente, não está em consonância com as demais provas dos
autos. (...)
Assim, conforme bem apontado na r. sentença, o acusado foi
alcançado e abordado logo após dispensar sobre o telhado de uma
residência 3 (três) porções de maconha, cujo peso líquido apontou
9,95g. Ele também estava na posse R$ 34,00 (trinta e quatro reais) em
dinheiro (fls. 2/3, 11).
Ainda, em Juízo confirmou ter mantido contato com um
motociclista por ocasião dos fatos, na forma como narrado pelos
militares, entretanto, tentou inverter os papéis, chamando para si a
condição de usuário/comprador dos entorpecentes, o que, pela farta
prova amealhada, se mostrou inverídico (fls. 199).
Percebe-se, assim, que a prova dos autos apurou, de maneira
inequívoca, que o réu trazia consigo o entorpecente apreendido,
quando foi surpreendido e preso em flagrante pela polícia.
Dessa forma, não há que se falar em desclassificação da conduta
do apelante para o delito previsto no art. 28, § 1º, da Lei de Drogas, eis
que o intuito comercial era evidente, comprovado pela elevada
quantidade das drogas apreendidas, e de fato, incompatível com o uso
pessoal. (…)
A circunstância de o acusado ser eventualmente usuário de
drogas, por si só, como se sabe, também não o exime da prática do
tráfico, pois, na maioria das vezes, o vício é sustentado pela venda da
droga.
A quantidade, forma de acondicionamento da droga, bem como
as circunstâncias da prisão, evidenciam que a substância se destinava
ao consumo de terceiros, o que tipifica o tráfico que, como é cediço,
prescinde de ser o agente surpreendido em pleno desenvolvimento de
atos de mercancia.
Em suma, a procedência da acusação, pelo delito de tráfico de
entorpecentes, era mesmo a solução correta para o caso em questão“
(fls. 279-285, e-doc. 3).)

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5. Ao prolatar a decisão objeto da presente impetração, o Relator,


Ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça, manteve o
decidido nas instâncias antecedentes quanto à impossibilidade de
desclassificação do delito de tráfico atribuído ao paciente para o de uso
de entorpecente, tipificado no art. 28 da Lei n. 11.343/2006:

“Sobre a violação ao art. 28, caput, da Lei n. 11.343/06, o


TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO manteve
a condenação do recorrente pelo crime de tráfico de drogas, nos
seguintes termos do voto do relator:
‘Assim, conforme bem apontado na r. sentença, o acusado
foi alcançado e abordado logo após dispensar sobre o telhado de
uma residência 3 (três) porções de maconha, cujo peso líquido
apontou 9,95g. Ele também estava na posse R$34,00 (trinta e
quatro reais) em dinheiro (fls. 2/3, 11).
Ainda, em Juízo confirmou ter mantido contato com um
motociclista por ocasião dos fatos, na forma como narrado pelos
militares, entretanto, tentou inverter os papéis, chamando para
si a condição de usuário/comprador dos entorpecentes, o que,
pela farta prova amealhada, se mostrou inverídico (fls. 199).
Percebe-se, assim, que a prova dos autos apurou, de
maneira inequívoca, que o réu trazia consigo o entorpecente
apreendido, quando foi surpreendido e preso em flagrante pela
polícia.
Dessa forma, não há que se falar em desclassificação da
conduta do apelante para o delito previsto no art. 28, § 1º, da Lei
de Drogas, eis que o intuito comercial era evidente, comprovado
pela elevada quantidade das drogas apreendidas, e de fato
,incompatível com o uso pessoal.
Nem se diga, de outra parte, que os depoimentos dos
policiais são suspeitos ou indignos de credibilidade, eis que eles
não teriam motivos para fazer uma acusação forjada ou mendaz
contra o réu.
Demais disso, o fato de serem policiais, só por só,
igualmente não invalida os seus testemunhos, porquanto eles

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não estão impedidos de depor e se sujeitam a compromisso como


outra testemunha qualquer.
Aliás, o depoimento vale não pela condição do depoente,
mas pelo seu conteúdo de verdade. Sendo assim, estando em
harmonia com as demais provas dos autos, como no caso em
apreço, não há motivo para desprezá-lo apenas por se tratar de
policial.
Por outro enfoque, importa consignar que o delito de
tráfico de drogas se consuma com a prática de uma das condutas
identificadas no núcleo do tipo, todas de natureza permanente,
sendo desnecessária a mercancia da droga em si para a sua
caracterização.
A circunstância de o acusado ser eventualmente usuário
de drogas, por si só, como se sabe, também não o exime da
prática do tráfico, pois, na maioria das vezes, o vício é
sustentado pela venda da droga.
A quantidade, forma de acondicionamento da droga, bem
como as circunstâncias da prisão, evidenciam que a substância
se destinava ao consumo de terceiros, o que tipifica o tráfico que,
como é cediço, prescinde de ser o agente surpreendido em pleno
desenvolvimento de atos de mercancia.
Em suma, a procedência da acusação, pelo delito de tráfico
de entorpecentes, era mesmo a solução correta para o caso em
questão. (...)
A sentença, por sua vez, assim consignou:
‘Entretanto, o conjunto probatório coligido é seguro em
responsabilizar o denunciado pelo crime de tráfico de drogas.
Por toda a prova colhida, mormente os depoimentos dos
militares, forçoso concluir que o réu se dedicava ao comércio
ilícito de drogas.
Vejamos. A testemunha Rodrigo Marcel Morcillo, policial
militar, disse que: ‘Estávamos de patrulhamento de serviço né,
patrulhamento, nós avistamos uma motocicleta defronte ao
endereço aí do Alan, e ele saiu da residência. Aí resolvemos por
abordar. Nesse momento a moto saiu e ele começou andar,
apertou o passo até que ele correu e virou na Rua Noruega. Aí

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avistamos ele colocando algo dentro da boca, e arremessando


alguma coisa em cima do telhado, porque a casa ela fica abaixo
do nível da rua. Aí fomos abordar ele, resistiu a prisão, tivemos
que usar de força física com ele, e aí começou aglomerar pessoas
da rua, parente, pedi apoio, e aí foi feito. Aí em cima da
residência onde ele tinha feito menção de jogar lá foi localizado
as três porções de maconha. Aí perguntado para ele, ele falou
que ele tinha engolido uma, e aquelas três ele não falou nada,
ficou quieto’ (fls. 183/184).
A testemunha ainda acrescentou que informações
apontavam o envolvimento do acusado com o tráfico de drogas.
Nestes termos: ‘Sim, tinha informação. Eu não tinha
visualizado ele ainda porque fazia pouco tempo que ele saiu da
cadeia, mas tinha informação que estava tendo a prática do
tráfico ali sim com ele. A informação chegou para mim e para
minha equipe’
O policial militar José Antonio Mariotti de Souza disse
que: ‘Estávamos em patrulhamento pelo bairro Vila Indústria,
mais precisamente na Avenida Inglaterra, quando avistamos
uma motocicleta parada de frente a casa de Alan, que já é
conhecida ali por ser ponto de tráfico de drogas. E ao nos
aproximar o Alan saiu de dentro da residência e foi fazer contato
com esse motociclista. Ao avistarem a viatura o motociclista
saiu tomando rumo ignorado, não sendo possível sua
identificação, já o Alan apertou o passo rumo ao contrário da
sua residência, mais precisamente ali na esquina com a
Noruega. No momento da tentativa de abordá-lo ele tentou
correr, resistiu a abordagem, foi necessário uso de força aí para
contê-lo. E no momento antes a abordagem aí o Alan teria
dispensado três porções de maconha, arremessado em cima do
telhado de uma residência, que fica mais ou menos na altura da
rua assim o telhado. Com a chegada do apoio aí, o Alan já
imobilizado, passamos a fazer a busca pelo local ali logrando
êxito em localizar a droga ali em cima do telhado. Diante dos
fatos foi dado voz de prisão e encaminhado ao CPJ’
(fls. 185/186).

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A testemunha ainda acrescentou que informações


apontavam que o réu havia saído recentemente do sistema
prisional e que havia retomado o comércio espúrio.
Dos uníssonos e coerentes relatos acima reproduzidos
depreende-se que policiais militares realizavam patrulhamento
em local conhecido pela ampla traficância de drogas quando
visualizaram movimentação característica da comercialização de
entorpecentes, realizada pelo acusado ALAN DA SILVA
PEREIRA, que mantinha contato com um motociclista,
oportunidade em que estes, ao perceberem a presença da
guarnição, tentaram se evadir.
O acusado foi alcançado e abordado logo após dispensar
sobre o telhado de uma residência 3 (três) porções de maconha,
cujo peso líquido apontou 9,95g. Ele também estava na posse
R$ 34,00 (trinta e quatro reais) em dinheiro.
Em Juízo o acusado confirmou ter mantido contato com
um motociclista por ocasião dos fatos, na forma como narrado
pelos militares, entretanto, tentou inverter os papéis, chamando
para si a condição de usuário/comprador dos entorpecentes, o
que, pela farta prova amealhada, se mostrou inverídico.
Os depoimentos uníssonos dos policiais responsáveis pela
abordagem, os quais apontaram com detalhes as circunstâncias
do fato, constituem meios de provas convincentes a ensejar
condenação, não podendo ser afastado o valor probatório de tais
declarações.
Acerca da validade dos depoimentos dos policiais, há
muito a jurisprudência vem entendendo que o simples fato das
testemunhas serem agentes da polícia não tem o condão de
macular seus depoimentos, até porque seria contraditório
atribuir-lhes uma função e, no momento em que relatam os fatos
ocorridos, negar-lhes veracidade, tornando imprestáveis seus
esclarecimentos.
E nada há que coloque sob suspeita os depoimentos dos
prestimosos militares e o acusado não apresentou reserva em
relação a eles. Não haveria, ou pelo menos isso não sobressai da
prova dos autos, razão ou motivo suficientemente forte para que

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tais agentes da lei incriminassem o réu de forma gratuita. (...)


Adicione-se que o acusado é pessoa que ostenta histórico
criminal por envolvimento no tráfico de drogas (fls.35/38), no
que sua negativa também deve ser tomada com cautela, quando
em confronto com o relato dos prestimosos e aguerridos
milicianos.
No mais, é até possível que, concomitantemente ao tráfico,
fizesse o réu o uso de entorpecente, o que, aliás, não é fato
incomum.
Não obstante, a condição de simples usuário não inibe a
traficância.
Para que a conduta seja desclassificada para o delito de
porte ilegal de substância entorpecente é preciso prova segura da
exclusividade do porte para consumo próprio, o que, no caso,
inexiste. (...).
No caso concreto, as circunstâncias da apreensão do
entorpecente, o local e os depoimentos uníssonos e coerentes dos
policiais responsáveis pela abordagem evidenciam o propósito de
traficância. De rigor, portanto, a condenação do réu por
infringência ao artigo 33, caput, da Lei nº 11.343/06.’
(fls. 197/201).
As instâncias ordinárias embasaram a condenação do recorrente
em elementos fático-probatórios concretos, entre eles, os depoimentos
dos policiais que presenciaram os fatos e realizaram a abordagem do
suspeito, as características do local – ponto conhecido de tráfico –, a
interação entre o recorrente e o motociclista que estacionou em frente à
sua residência, a percepção dos agentes policiais da movimentação
típica de comercialização de entorpecentes, a fuga e a abordagem do
suspeito, e a apreensão de 3 porções de maconha (9,95 g), que o
acusado dispensou sobre o telhado de uma residência. Todos esses
elementos, segundo as instâncias ordinárias, convergem à conclusão
de que o recorrente praticava o delito de tráfico de drogas.
Desconstituir o referido entendimento, para absolver o acusado,
implica no reexame dos fatos e provas carreados aos autos,
procedimento vedado em sede de recurso especial, a teor da Súmula
n. 7 do STJ” (fl. 7, e-doc. 2).

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6. Como anotado pelo Ministro Joel Ilan Paciornik, as instâncias


ordinárias afirmaram a existência de acervo probatório suficiente para a
condenação do agravante pelo crime de tráfico de entorpecente, de forma
que a pretendida desclassificação dessa conduta para a de uso de
entorpecente, tipificada no art. 28 da Lei n. 11.343/2006, exigiria o
reexame do acervo probatório que conduziu à convicção dos órgãos
julgadores, procedimento incabível de ser adotado em habeas corpus.

Esse entendimento harmoniza-se com a orientação jurisprudencial


deste Supremo Tribunal de ser inviável, em habeas corpus, via processual
que não comporta reexame de fatos e provas, considerada a pretensão de
desclassificação do delito de tráfico atribuído ao agravante para o de uso
de entorpecente, previsto no art. 28 da Lei n. 11.343/2006. Assim, por
exemplo:
“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS
CORPUS. CONSTITUCIONAL. PENAL. PROCESSO PENAL.
TRÁFICO DE DROGAS. PRETENSÃO DE
DESCLASSIFICAÇÃO PARA O ART. 28 DA LEI N. 11.343/2006:
INCABÍVEL REVOLVIMENTO DE FATOS E PROVAS EM
HABEAS CORPUS. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE OU
TERATOLOGIA NAS DECISÕES DAS INSTÂNCIAS
ANTECEDENTES. AUSÊNCIA DE OMISSÃO, OBSCURIDADE,
CONTRADIÇÃO OU ERRO MATERIAL. IMPOSSIBILIDADE
DE REDISCUSSÃO DA MATÉRIA. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS” (RHC n. 224.261-AgR-ED, de
minha relatoria, Primeira Turma, DJe 11.5.2023).

“AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS.


TRÁFICO DE DROGAS. PEDIDO DE DESCLASSIFICAÇÃO
PARA O DELITO PREVISTO NO ART. 28 DA LEI 11.343/2006.
REEXAME DE PROVAS. VIA INADEQUADA. 1. A instância
ordinária concluiu pela suficiência do espectro de provas que embasou
a condenação pela prática do crime de tráfico de drogas (art. 33 da Lei

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11.343/2006). Qualquer conclusão desta CORTE em sentido


contrário, ou seja, de que as teses defensivas são consentâneas com as
provas produzidas durante a instrução criminal, demandaria
minuciosa reanálise de questões fáticas, providência incompatível por
esta via processual. 2. Conforme assentado pela jurisprudência desta
SUPREMA CORTE, ‘o pedido de desclassificação da conduta
criminosa também implica revolvimento do conjunto fático-probatório
da causa, o que não é possível nesta via estreita do habeas corpus,
instrumento que exige a demonstração do direito alegado de plano e
que não admite dilação probatória’ (HC 118.349/BA, Rel. Min.
RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe 07.5.2014).
3. Agravo Regimental a que se nega provimento” (HC n. 227.007-
AgR, Relator o Ministro Alexandre de Moraes, Primeira Turma,
DJe 24.5.2023).

“AGRAVO INTERNO NO HABEAS CORPUS. PENAL E


PROCESSUAL PENAL. CRIME DE TRÁFICO ILÍCITO DE
ENTORPECENTES. ARTIGO 33, CAPUT, § 4º, DA LEI Nº
11.343/2006. PRETENSÃO DE DESCLASSIFICAÇÃO.
REDISCUSSÃO DE CRITÉRIOS DE DOSIMETRIA DA PENA.
SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. TESES NÃO APRECIADAS NA
INSTÂNCIA PRECEDENTE. REVOLVIMENTO DO CONJUNTO
FÁTICO-PROBATÓRIO ENGENDRADO AOS AUTOS.
IMPOSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DO HABEAS CORPUS
COMO SUCEDÂNEO DE RECURSO OU REVISÃO CRIMINAL.
INOBSERVÂNCIA DO DEVER DE IMPUGNAÇÃO
ESPECÍFICA DA DECISÃO RECORRIDA. REITERAÇÃO DAS
RAZÕES. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. A supressão de
instância impede o conhecimento de habeas corpus quando ausente a
análise do mérito da matéria posta sob exame do Tribunal a quo.
Precedentes: HC nº 216.782-AgR, Primeira Turma, Rel. Min.
Roberto Barroso, DJe de 31/8/2022; HC nº 210.524-AgR, Segunda
Turma, Rel. Min. Edson Fachin, DJe de 20/7/2022. 2. In casu, o
recorrente foi condenado à pena de 4 (quatro) anos e 2 (dois) meses de
reclusão, em regime inicial semiaberto, bem como ao pagamento de
416 (quatrocentos e dezesseis) dias-multa, pelo crime tipificado no

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artigo 33, caput, § 4º, da Lei nº 11.343/2006. Foram apreendidos


400g (quatrocentos gramas) de ‘maconha’. 3. O habeas corpus é ação
inadequada para a valoração e exame minucioso do acervo
fático-probatório engendrado nos autos. 4. O writ é impassível de ser
manejado como sucedâneo de recurso ou revisão criminal. (...)
7. Agravo interno desprovido” (HC n. 226.408-AgR, Relator o
Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, DJe 15.5.2023).

“AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS.


PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE DE RECURSO DE
COMPETÊNCIA DO STJ: IMPOSSIBILIDADE DE ANÁLISE.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. TRÁFICO DE DROGAS.
MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS.
ABSOLVIÇÃO E DESCLASSIFICAÇÃO. REEXAME DE FATOS
E PROVAS: INVIABILIDADE. ILEGALIDADE MANIFESTA:
AUSÊNCIA. 1. A jurisprudência desta Suprema Corte consolidou-se
no sentido de que não compete ao Supremo Tribunal Federal examinar,
em sede de habeas corpus, pressupostos de admissibilidade de
recurso de competência de outro Tribunal. Precedentes. 2. A superação
do entendimento das instâncias antecedentes quanto ao contexto
probatório, a revelar autoria e materialidade delitivas, demandaria o
revolvimento de fatos e provas, inviável pela via estreita do habeas
corpus. Precedentes. 3. Agravo regimental a que se nega provimento”
(HC n. 213.387-AgR, Relator o Ministro André Mendonça,
Segunda Turma, DJe 24.5.2023).

Não há demonstração de ilegalidade na decisão objeto da presente


impetração, inexistindo fundamento para o seguimento desta ação no
Supremo Tribunal Federal.

7. Pelo exposto, nego provimento ao agravo regimental.

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Extrato de Ata - 26/06/2023

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.417


PROCED. : SÃO PAULO
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
AGTE.(S) : ALAN DA SILVA PEREIRA
ADV.(A/S) : VICTOR HUGO ANUVALE RODRIGUES (28665-A/MS, 331639/SP)
E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : RELATOR DO ARESP Nº 2.242.041 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental, nos termos do voto da Relatora. Primeira Turma, Sessão
Virtual de 16.6.2023 a 23.6.2023.

Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (Presidente),


Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.

Disponibilizaram processos para esta Sessão os Ministros Dias


Toffoli e Edson Fachin.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

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