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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 9

26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.229 MINAS GERAIS

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


AGTE.(S) : MARCELO FERREIRA DOS SANTOS
ADV.(A/S) : REGINA LUCIA STANCIOLI SAFE ZANFORLIN
PEREIRA E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : RELATOR DO HC Nº 819.588 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Ementa: PENAL E PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM


HABEAS CORPUS. HOMICÍDIOS QUALIFICADOS TENTADOS. PRISÃO PREVENTIVA.
JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
1. Inexistindo pronunciamento colegiado do Superior
Tribunal de Justiça, não compete a esta Corte examinar a questão de
direito implicada na impetração.
2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é pacífica
no sentido de que se os temas versados na impetração “não foram
examinados no ato coator não podem ser conhecidos originariamente por
esta SUPREMA CORTE, sob pena de indevida supressão de instância e
violação das regras constitucionais de repartição de competências”.
Precedentes.
3. Não há situação de teratologia, ilegalidade flagrante ou
abuso de poder capaz de justificar a concessão da ordem de ofício.
Hipótese de tentativa de homicídio por motivação de somenos
importância, a revelar a periculosidade do investigado “pelo fato de ir a
uma festa, embriagar-se e, concomitantemente, portar uma arma de fogo,
dela fazendo uso em local com várias pessoas, colocando vidas em risco”.
4. Agravo regimental desprovido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da


Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Virtual, na

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HC 228229 AGR / MG

conformidade da ata de julgamento, por unanimidade de votos, em negar


provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do Relator.
Brasília, 16 a 23 de junho de 2023.

Ministro LUÍS ROBERTO BARROSO - Relator

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Relatório

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26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.229 MINAS GERAIS

RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO


AGTE.(S) : MARCELO FERREIRA DOS SANTOS
ADV.(A/S) : REGINA LUCIA STANCIOLI SAFE ZANFORLIN
PEREIRA E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : RELATOR DO HC Nº 819.588 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RELATÓRIO:

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR):

1. Trata-se de agravo regimental contra decisão monocrática


de minha lavra que, com base no art. 21, § 1º, do RI/STF, negou
seguimento ao habeas corpus.

2. A parte agravante reafirma que “a decisão do Tribunal de


origem foi TERATOLÓGICA, porque não apreciou o pedido da defesa de
medidas cautelares adversas da prisão e menos ainda da PRISÃO
DOMICILIAR”. Alega que “não houve em minuto nenhum SUPRESSÃO
DE INSTÂNCIA [...]. O que houve é que o juiz de primeira instância
sequer apreciou o pedido da defesa de prisão domiciliar ou de cautelares
adversas da prisão, não podendo configurar supressão de instância já que
foi pedido em todas as instâncias e não se sabe porque não foram
apreciadas”. Prossegue para reiterar que o “paciente está preso há
aproximadamente 147 (cento e vinte sete) dias” e que “não se consegue
demonstrar a necessidade da prisão preventiva, haja vista se tratar de
policial militar, com residência fixa e responsável pelo filho com
transtorno de TDAH”.

3 Com essa argumentação, a defesa requer seja expedido “o


competente alvará de soltura ou aplicação de medidas cautelares
adversas da prisão, ou ainda prisão domiciliar”.

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Relatório

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HC 228229 AGR / MG

4 É o relatório.

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

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26/06/2023 PRIMEIRA TURMA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.229 MINAS GERAIS

VOTO:

O SENHOR MINISTRO LUÍS ROBERTO BARROSO (RELATOR):

1. O agravo regimental não deve ser provido.

2. A parte recorrente não trouxe novos argumentos


suficientes para modificar a decisão ora agravada, que deve ser mantida
pelos seus próprios fundamentos:

1. Trata-se de habeas corpus, com pedido de concessão de


liminar, impetrado contra decisão que indeferiu liminarmente o
HC 819.588, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).
2. Extrai-se dos autos que o paciente teve a prisão
preventiva decretada pela suposta prática dos crimes previstos
no art. 121, § 2º, II, III e IV, c/c o art. 14, II, no art. 121, §2º, II, III e
VI, §2º-A, II, c/c o art. 14, II, no art. 121, §2º, II, III e IV, c/c o art.
14, II, por quatro vezes, todos do Código Penal.
3. A parte impetrante requer a concessão da ordem, a fim
de que “seja concedida ordem de liberdade, ou, substituída por
medidas cautelares diversas da prisão, com fundamento dos
artigos 282, parágrafo 5º, e 316, ambos do Código de Processo
Penal”. Subsidiariamente, requer “seja concedido ao acusado a
prisão domiciliar como substituição da prisão preventiva, com
base na previsão do artigo 318 do Código de Processo Penal
cumulado com artigo 3º do Código de Processo Penal Militar”.
4. Decido.
5. Do ponto de vista processual, o caso é de habeas corpus
substitutivo de agravo regimental (cabível na origem). Nessas
condições, tendo em vista a jurisprudência da Primeira Turma
do Supremo Tribunal Federal (STF), entendo que o processo
deve ser extinto sem resolução de mérito, por inadequação da
via eleita (HC 115.659, Rel. Min. Luiz Fux).

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

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HC 228229 AGR / MG

6. Inexistindo pronunciamento colegiado do STJ, não


compete ao STF examinar a questão de direito implicada na
impetração. Nesse sentido foram julgados os seguintes
precedentes: HC 113.468, Rel. Min. Luiz Fux; HC 117.502,
Redator para o acórdão o Ministro Luís Roberto Barroso; HC
108.141-AgR, Rel. Min. Teori Zavascki; e o HC 122.166-AgR,
julgado sob a relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski,
assim ementado:
[...]
7. Ainda do ponto de vista processual, verifico que as
alegações da defesa não foram analisadas pelas instâncias
de origem (Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
e STJ). Fato que impede o imediato exame da matéria por
este Tribunal, sob pena de dupla supressão de instâncias.
8. Não é caso de concessão da ordem de ofício.
9. As peças que instruem este processo não
evidenciam situação de ilegalidade flagrante ou abuso de
poder que autorize o imediato acolhimento da pretensão
defensiva. Até porque a petição inicial do habeas corpus
não foi instruída com cópia do decreto prisional,
circunstância que atrai a orientação jurisprudencial do STF
no sentido de que constitui ônus do impetrante instruir a
petição do habeas corpus com as peças necessárias ao
exame da pretensão nela deduzida (HC 95.434, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski; HC 116.523, Rel. Min. Dias Toffoli;
HC 100.994, Relª. Minª. Ellen Gracie).
10. Diante do exposto, com base no art. 21, § 1º, do
RI/STF, nego seguimento ao habeas corpus.

3. Conforme assentado na decisão agravada, o caso é de


habeas corpus substitutivo de agravo regimental (cabível na origem).
Nessas condições, tendo em vista a jurisprudência da Primeira Turma do
Supremo Tribunal Federal (STF), o processo deve ser extinto sem
resolução de mérito, por inadequação da via eleita (HC 115.659, Rel. Min.
Luiz Fux). Inexistindo pronunciamento colegiado do Superior Tribunal
de Justiça, não compete ao STF examinar a questão de direito implicada

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Voto - MIN. ROBERTO BARROSO

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HC 228229 AGR / MG

na impetração.

4. Não bastasse, a jurisprudência do STF é pacífica no sentido


de que se os temas versados na impetração “não foram examinados no
ato coator não podem ser conhecidos originariamente por esta SUPREMA
CORTE, sob pena de indevida supressão de instância e violação das
regras constitucionais de repartição de competências” (HC 212.933-AgR,
Rel. Min. Alexandre de Moraes). Vejam-se, nessa linha, os seguintes
julgados: HC 213.208-AgR, Relª. Minª. Cármen Lúcia; HC 212.535-AgR,
Rel. Min. Gilmar Mendes.

5. Nessas condições, “[a]ssentada a supressão de instância


pela Corte Superior, não cabe o exame originário do tema por esta
Suprema Corte, a qual refuta a análise per saltum de matérias não
apreciadas pelas instâncias antecedentes” (HC 213.125-AgR, Rel. Min.
Rosa Weber).

6. Reitero não ser caso de concessão da ordem de ofício.

7. Ao indeferir o pedido de revogação da prisão preventiva


formulado pela defesa do paciente, o Juízo de origem ressaltou tratar-se
de “tentativa de homicídio por motivação de somenos importância,
revelando-se a periculosidade do investigado pelo fato de ir a uma festa,
embriagar-se e, concomitantemente, portar uma arma de fogo, dela
fazendo uso em local com várias pessoas, colocando vidas em risco”.
Ademais, afirmou que “[n]a FAC do investigado tem-se o registro de um
crime de porte ilegal de arma de fogo, fato ocorrido em São Pedro do
Suaçuí em 13 de dezembro de 2021, ficando demonstrado, pois, que
Marcelo Ferreira dos Santos tem reiterado na prática de delitos”. De
modo que não verifico situação de teratologia, ilegalidade flagrante ou
abuso de poder capaz de justificar o imediato acolhimento da pretensão
defensiva.

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8. Diante do exposto, nego provimento ao agravo regimental.

9. É como voto.

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Extrato de Ata - 26/06/2023

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PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

AG.REG. NO HABEAS CORPUS 228.229


PROCED. : MINAS GERAIS
RELATOR : MIN. ROBERTO BARROSO
AGTE.(S) : MARCELO FERREIRA DOS SANTOS
ADV.(A/S) : REGINA LUCIA STANCIOLI SAFE ZANFORLIN PEREIRA (121096/
MG) E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : RELATOR DO HC Nº 819.588 DO SUPERIOR TRIBUNAL DE
JUSTIÇA

Decisão: A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo


regimental, nos termos do voto do Relator. Primeira Turma, Sessão
Virtual de 16.6.2023 a 23.6.2023.

Composição: Ministros Luís Roberto Barroso (Presidente),


Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luiz Fux e Alexandre de Moraes.

Disponibilizaram processos para esta Sessão os Ministros Dias


Toffoli e Edson Fachin.

Luiz Gustavo Silva Almeida


Secretário da Primeira Turma

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