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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

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11/12/2012 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 106.904 DISTRITO FEDERAL

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


PACTE.(S) : OMAR SANTOS
IMPTE.(S) : EDUARDO ANTONIO MIGUEL ELIAS E
OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

EMENTA

HABEAS CORPUS. PENAL MILITAR E PROCESSUAL PENAL


MILITAR. SUBSTITUTIVO DO RECURSO CONSTITUCIONAL.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. INÉPCIA DA DENÚNCIA.
TRANCAMENTO DE AÇÃO PENAL. DESCRIÇÃO SUFICIENTE DAS
CONDUTAS NA EXORDIAL ACUSATÓRIA.
1. O habeas corpus tem uma rica história, constituindo garantia
fundamental do cidadão. Ação constitucional que é, não pode ser o writ
amesquinhado, mas também não é passível de vulgarização, sob pena de
restar descaracterizado como remédio heroico. Contra a denegação de
habeas corpus por Tribunal Superior prevê a Constituição Federal remédio
jurídico expresso, o recurso ordinário. Diante da dicção do art. 102, II, a,
da Constituição da República, a impetração de novo habeas corpus em
caráter substitutivo escamoteia o instituto recursal próprio, em manifesta
burla do preceito constitucional. Precedente da Primeira Turma desta
Suprema Corte.
2. Paciente denunciado pelo Ministério Público Militar, juntamente
com outros trinta e oito acusados, entre empresários e militares, pela
participação em grupo composto para perpetrar fraudes em licitações
públicas realizadas no Exército Brasileiro.
3. Suficiente a descrição das condutas imputadas ao paciente,
correlatas com os crimes que lhe foram imputados (arts. 303, 308, §1º, e
320 do Código Penal Militar), cumpridos os requisitos do artigo 77 do
Código de Processo Penal Militar.
4. Pode-se confiar no devido processo legal, com o trâmite natural da

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HC 106.904 / DF

ação penal militar, para prevenir de forma suficiente eventuais


ilegalidades, abusos ou injustiças no processo penal, não se justificando o
trancamento da ação, salvo diante situações excepcionalíssimas. Deve-se
dar ao processo uma chance, sem o seu prematuro encerramento.
5. Habeas corpus extinto sem resolução do mérito.
ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os


Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, sob a
Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli, na conformidade da ata de
julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em
julgar extinta a ordem de habeas corpus por inadequação da via
processual, nos termos do voto da relatora.
Brasília, 11 de dezembro de 2012.

Ministra Rosa Weber


Relatora

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Relatório

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11/12/2012 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 106.904 DISTRITO FEDERAL

RELATORA : MIN. ROSA WEBER


PACTE.(S) : OMAR SANTOS
IMPTE.(S) : EDUARDO ANTONIO MIGUEL ELIAS E
OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

RELATÓRIO

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Trata-se de habeas


corpus impetrado por Eduardo Antônio Miguel Elias e outro (a/s) em
favor de Omar Santos contra acórdão do Superior Tribunal Militar que
denegou a ordem no HC 0000059-49.2010.7.00.0000/SP.
Narra a inicial que o Ministério Público Militar ofereceu denúncia
contra o paciente, além de outros trinta e oito acusados, pela suposta
prática dos delitos previstos nos artigos 303, 308, § 1º, e 320 do Código
Penal Militar, por ter participado de um esquema de fraudes envolvendo
licitações de suprimentos destinados a organizações militares do Exército
Brasileiro, mediante conluio entre empresários da cidade de Manaus e
militares.
Os fatos descritos na exordial acusatória resultaram de investigação
deduzida em Inquérito Policial Militar, instaurado a partir do que
apurado na denominada “Operação Saúva”, deflagrada pela Polícia
Federal com o objetivo de desmantelar quadrilha especializada em
fraudar licitações de órgãos públicos no Estado do Amazonas.
A denúncia foi recebida pelo Juízo-Auditor da 11ª Circunscrição
Judiciária Militar.
Irresignada, a Defesa impetrou habeas corpus perante o Superior
Tribunal Militar, denegou a ordem, nos termos da seguinte ementa:

“HABEAS CORPUS. DENÚNCIA OFERECIDA CONTRA


DIVERSOS ENVOLVIDOS, MILITARES E CIVIS, POR
PRÁTICA DE CRIMES DESCRITOS NA LEI SUBSTANTIVA

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Relatório

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HC 106.904 / DF

CASTRENSE. ALEGAÇÃO DE CONSTRANGIMENTO


ILEGAL. PEDIDO DE TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL
POR INÉPCIA DA INICIAL OU FALTA DE JUSTA CAUSA.
LIMINAR NEGADA.
I – Eventual inépcia da denúncia só deve ser acolhida
quando demonstrada inequívoca deficiência na narrativa dos
fatos, de modo a tornar incompreensível a acusação, em
flagrante prejuízo à defesa do acusado;
II – O trancamento da ação penal em sede de Habeas
Corpus, conforme sedimentada jurisprudência dos tribunais
superiores, é medida excepcional, cabível somente quando
demonstrada de plano a atipicidade da conduta, ou, ainda, se
estiver extinta a punibilidade;
III – No presente caso, há justa causa para a ação penal,
tendo em vista que a Denúncia contém a descrição dos fatos
criminosos, a qualificação do Paciente e a sua respectiva
vinculação ao esquema montado para desvio de suprimentos e
fraudes em diversos órgãos provedores do Exército Brasileiro.
Ordem denegada por falta de amparo legal. Decisão
unânime.”

No presente writ, o Impetrante reputa inepta a denúncia, diante da


falta de descrição pormenorizada da conduta atribuída ao paciente, sem o
preenchimento dos requisitos elencados no artigo 77 do Código de
Processo Penal Militar.
Requer a concessão da ordem com o trancamento da ação penal.
Parecer do Ministério Público Federal, da lavra da Subprocuradora-
Geral da República Cláudia Sampaio Marques, pela denegação da ordem.
É o relatório.

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11/12/2012 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 106.904 DISTRITO FEDERAL

VOTO

I.

A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Trata-se de habeas


corpus impetrado contra acórdão denegatório do HC nº 0000059-
49.2010.7.00.0000/SP proferido pelo Superior Tribunal Militar.
Contra a denegação de habeas corpus por Tribunal Superior prevê a
Constituição Federal remédio jurídico expresso, o recurso ordinário (art.
102, II, a). Presente a dicção constitucional, incabível a utilização de novo
habeas corpus, em caráter substitutivo.
A Primeira Turma desta Corte assentou tal entendimento, em
08.8.2012, ao julgar o HC 109.956 (HABEAS CORPUS - JULGAMENTO
POR TRIBUNAL SUPERIOR - IMPUGNAÇÃO. A teor do disposto no artigo
102, inciso II, alínea “a”, da constituição Federal, contra decisão, proferida em
processo revelador de habeas corpus, a implicar a não concessão da ordem, cabível
é o recurso ordinário. Evolução quanto à admissibilidade do substitutivo do
habeas corpus. PROCESSO – CRIME – DILIGÊNCIAS – INADEQUAÇÃO.
Uma vez inexistente base para o implemento de diligências, cumpre ao Juízo, na
condução do processo, indeferi-las. Rel. Min. Marco Aurélio, por maioria, DJe
11.9.2012), tendo a discussão se iniciado no HC 108.715, cujo julgamento
ainda não foi finalizado.
Ora, o habeas corpus constitui garantia fundamental prevista na
Constituição da República para a tutela da liberdade de locomoção - ir,
vir e permanecer -, contra prisão ou ameaça de prisão ilegal ou abusiva
(art. 5º, LXVIII).
Sua origem perde-se no tempo. Na Inglaterra, o seu berço histórico,
afirma-se que é mais antigo que a própria Magna Carta de 1215 (LEVY,
Leonard W. Origins of the Bill of Rights. New Haven and London: Yale
University Press, p. 44).

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Voto - MIN. ROSA WEBER

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HC 106.904 / DF

Originariamente, era utilizado pelos Tribunais para determinar a


apresentação de alguém, um prisioneiro, à Corte, para literalmente "ter o
corpo" em Juízo, e não constituía um instrumento destinado
necessariamente à salvaguarda da liberdade. Ilustrativamente, em 1554, a
Queen's Bench utilizou dois habeas corpus para trazer a julgamento
diversas pessoas envolvidas em rebelião, sendo identificadas nos writs
notas de que os rebeldes deveriam ser enforcados (HALLIDAY, Paul D.
Habeas Corpus: From England to Empire. Cambridge: Harvard University
Press, 2010, p. 29).
Com o tempo, porém, as Cortes inglesas, especialmente a King's
Bench, começaram a utilizar o habeas corpus para avaliar a causa da prisão,
liberando o preso quando reputavam a medida ilegal ou abusiva.
Foi o habeas corpus o veículo para a afirmação progressiva das
liberdades públicas inglesas, uma vez utilizado como instrumento contra
prisões decorrentes de perseguições religiosas e políticas.
Entre o rico histórico de casos, destaco apenas dois para não ser
cansativa. James Somerset obteve, por meio de habeas corpus impetrado
em 1771, a libertação pela King's Bench da condição de escravo por haver
sido deportado da Inglaterra pelo seu proprietário sem seu
consentimento (HALLIDAY, Paul D. op.cit., p. 174-175). No Buschel's Case,
de 1670, o habeas corpus foi concedido pela Court of Common Pleas para
libertar jurados presos por ordem do Juiz Presidente do Júri fundada na
compreensão deste de que eles haviam proferido um veredicto contrário
à prova dos autos. O Buschel's Case confunde-se com o próprio
nascimento do princípio da soberania dos veredictos (HALLIDAY, Paul
D. op.cit., p. 235-236, e LEVY, Leonard W. op.cit., p. 52-53).
Embora o habeas corpus constitua remédio criado pela common law, o
seu prestígio ensejou-lhe posterior consagração legislativa, especialmente,
no âmbito inglês, com o Habeas Corpus Act, de 1679, e, no âmbito norte-
americano, com o artigo I, seção 9, da Constituição norte-americana de
1787, ainda antes da adoção das dez primeiras emendas de 1791.
Interessante nesse breve relato é que, a despeito da importância
histórica do instituto, confundido com a própria essência da liberdade,

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não foi e não é o habeas corpus utilizado, no Direito anglo-saxão, senão


diretamente contra uma prisão, decretada em processo criminal ou não
(v.g. KAMISAR, Yale e outros. Modern Criminal Procedures: Cases,
Comments, Questions. 10. ed. St. Paul: West Group, 2002, p. 1.585-628;
TRECHSEL, Stefan. Human Rights in Criminal Proceedings. Oxford
University Press, 2005, p. 462-495; GUIMARÃES, Isaac Sabbá. Habeas
Corpus: críticas e perspectivas. 3. ed. Curitiba, Juruá, 2009, p. 165-81). Jamais
se cogitou de sua utilização como um substitutivo de recurso no processo
penal.
Também em Portugal, onde o habeas corpus foi adotado apenas no
século XX (Decreto-lei nº 35.043, de 20.10.1945), constitui ação destinada
apenas à impugnação de uma prisão. Como já decidiu o Superior
Tribunal de Justiça português, "a providência de habeas corpus destina-se tão-
só a controlar a legalidade da prisão no momento em que se decide, tendo como
finalidade verificar a legalidade das prisões a que os cidadãos estão sujeitos, nela
não se incluindo a verificação de qualquer ilegalidade que possa ter sido cometida
no processo, seja criminal ou disciplinar, nem qualquer medida contra os
responsáveis por tais ilegalidades" (Acórdão de 26.04.1989, processo 10/89,
BMJ 386, p. 422 - apud GUIMARÃES, Isaac Sabbá. op.cit. , p. 228-229).
No Brasil, o habeas corpus tem igualmente rica história, contada em
diversas obras, entre as quais a famosa de Pontes de Miranda (História e
prática do habeas corpus, primeira edição de 1916).
É certo que, no período colonial, não eram totalmente inexistentes
remédios jurídicos para a proteção da liberdade, entre eles as assim
denominadas "cartas de seguro" (por todos, STRAUS, Flávio Augusto
Saraiva. A tutela da liberdade pessoal antes da instituição formal do
habeas corpus no Brasil. In: PIOVESAN, Flávia e GARCIA, Maria (org.)
Doutrinas essenciais: Direitos Humanos: Instrumentos e garantias de proteção.
São Paulo: RT, 2011, v. 5, p. 799-51), mas somente com o habeas corpus a
liberdade passou a ser assegurada por um remédio pronto, fácil e efetivo.
Devido ao prestígio das instituições inglesas, o writ foi adotado,
entre nós ainda no período imperial. O Código Criminal de 1830 a ele já
faz referência nos arts. 183 a 188. Seu regramento,contudo, veio com o

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Código de Processo Criminal de 1832 ("art. 340. Todo o cidadão que


entender, que elle ou outrem soffre uma prisão ou constrangimento illegal, em
sua liberdade, tem direito de pedir uma ordem de - Habeas-Corpus - em seu
favor"). Ainda no Império ampliou-se o cabimento do habeas corpus, que
passou a ser admitido, com a promulgação da Lei nº 2.033, de 1871,
também contra a ameaça de prisão (art. 18, §1º: “Tem lugar o pedido e
concessão da ordem de habeas-corpus ainda quando o impetrante não tenha
chegado a soffrer o constrangimento corporal, mas se veja delle ameaçado").
Já na primeira Constituição Republicana, de 1891, o habeas corpus foi
constitucionalizado. E o silêncio do art. 72, § 22 quanto ao objetivo de
tutela apenas da liberdade de locomoção propiciou o desenvolvimento da
"Doutrina brasileira do habeas corpus", que levou o writ, na ausência de
outras ações constitucionais, a ser utilizado para a salvaguarda de outras
liberdades que não a de locomoção, caso, v.g., do Habeas Corpus 3.536, em
que concedida ordem, em 05.6.1914, por este Supremo Tribunal Federal,
para garantir o direito do então Senador Ruy Barbosa a publicar os seus
discursos proferidos no Senado, pela imprensa, onde, como e quando lhe convier.
A memorável construção - a maior criação jurisprudencial brasileira, nos
dizeres da historiadora Leda Boechat Rodrigues (História do Supremo
Tribunal Federal: 1910-1926: doutrina brasileira do habeas corpus. 2. ed. Rio de
Janeiro: Civilização brasileira, 1991, vol. 3, p. 17)-, chegou, contudo, ao
fim em 1926, com a reforma constitucional promovida pelo Presidente
Artur Bernardes, que, mediante alteração do mencionado art. 72 da
Constituição de 1891, limitou o emprego do habeas corpus à tutela da
liberdade de locomoção.
Desde então o habeas foi contemplado em todas as Constituições
republicanas, de 1934, 1937, 1946, 1967, 1969 e 1988, para a tutela da
liberdade de locomoção contra violência ou coação ilegal ou abusiva.
Todo esse rico histórico evidencia o caráter nobre da ação
constitucional do habeas corpus, garantia fundamental que, se não pode
ser amesquinhada, também não é passível de vulgarização. No dizer de
Pontes de Miranda, "onde não há remédio do rito do habeas corpus, não há, não
pode haver garantia segura da liberdade física" (História e prática do Habeas

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Corpus. 3. ed. Campinas: Bookseller, 2007, vol. I, p. 160-161).


Assim, é o habeas corpus uma garantia da liberdade de locomoção ir,
vir e permanecer -, contra violência ou coação, pressupondo, portanto,
uma prisão, uma ameaça de prisão ou pelo menos alguma espécie de
constrangimento físico ou moral à liberdade física.
Nos últimos anos, todavia, tem se verificado um desvirtuamento da
garantia constitucional. Ilustrativamente, notícia divulgada no site do
Superior Tribunal de Justiça em 29.5.2011 ("Número de habeas corpus dobra
em três anos e preocupa Ministros") revela atingida naquela data a marca de
duzentos mil habeas corpus impetrados perante aquela Corte. E, segundo
os dados estatísticos disponibilizados, naquele ano nela foram
distribuídos 36.125 habeas corpus, número quase equivalente ao total de
processos distribuídos perante este Supremo Tribunal Federal no mesmo
ano (de 38.109).
Tais números só foram possíveis em virtude da prodigalização e da
vulgarização do habeas corpus .
Embora restrito seu cabimento, segundo a Constituição, a casos de
prisão ou ameaça de prisão, passou-se a admiti-lo como substitutivo de
recursos no processo penal, por vezes até mesmo sem qualquer prisão
vigente ou sem ameaça senão remota de prisão.
A pauta, aliás, da Primeira Turma desta Corte, com mais de uma
centena de habeas corpus sobre os mais variados temas, poucos
relacionados à impugnação da prisão ou efetiva ameaça de, é ilustrativa
do desvirtuamento do habeas corpus, que também tornou sem sentido o
princípio da exaustividade dos recursos no processo legal. De nada
adianta a lei prever um número limitado de recursos contra decisões
finais ou contra decisões interlocutórias se a jurisprudência entender, à
falta de previsão do recurso, manejável o habeas corpus. A par de notório
que a possibilidade de recorrer contra toda e qualquer decisão
interlocutória é fatal para a duração razoável do processo também
assegurada constitucionalmente, há verdadeira avalanche de habeas
corpus a submeterem a mesma questão, sucessiva e até
concomitantemente, a diferentes tribunais.

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O efeito é ainda mais grave nos Tribunais Superiores, diante das


funções precípuas do Superior Tribunal de Justiça - a última palavra na
interpretação da lei federal e desta Suprema Corte - a guarda da
Constituição.
A preservação da racionalidade do sistema processual e recursal,
bem como a necessidade de assegurar a razoável duração do processo
comandada no art. 5º, LXXVIII, da Carta Magna, aconselham seja
retomada a função constitucional do habeas corpus, sem o seu emprego
como substitutivo de recurso no processo penal.
No caso do recurso ordinário contra a denegação do writ por
Tribunal Superior, o uso do habeas corpus em substituição é ainda mais
grave, considerada a expressa previsão do recurso constante do texto
constitucional (art. 102, II, a, da Constituição Federal).
Admitir o habes corpus como substitutivo do recurso, diante de
expressa previsão constitucional, representa burla indireta ao instituto
próprio, cujo manejo está à disposição do sucumbente, observados os
requisitos pertinentes.
Em síntese, o habeas corpus é garantia fundamental que não pode ser
vulgarizada, sob pena de sua descaracterização como remédio heroico, e
seu emprego não pode servir a escamotear o instituto recursal previsto no
texto da Constituição.
Como foi o que ocorreu no presente caso, voto por afirmar a
inadequação do habeas corpus e por sua consequente extinção sem
resolução do mérito.

II.

Como a não admissão do habeas corpus como substitutivo do recurso


ordinário constitucional representa guinada da jurisprudência desta
Corte, entendo que, quanto aos habeas corpus já impetrados, impõe-se o
exame da questão de fundo, uma vez, em tese, possível a concessão de
writ de ofício diante de flagrante ilegalidade ou arbitrariedade.
A questão em debate no presente habeas corpus consiste em verificar a

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validade formal da denúncia oferecida pelo Ministério Público Militar em


desfavor do paciente.
Conforme relatado, o paciente, além de outros trinta e oito acusados,
foi denunciado pela suposta prática dos delitos previstos nos artigos 303,
308, §1º, e 320 do Código Penal Militar, pelo envolvimento em um
esquema de fraudes em licitações de suprimentos destinados a unidades
provedoras do Exército Brasileiro, mediante conluio entre empresários da
cidade de Manaus e militares.
A exordial acusatória foi recebida pelo Juízo-Auditor da 11ª
Circunscrição Judiciária Militar, tendo sido denegada a ordem de habeas
corpus impetrado contra referido ato pelo Superior Tribunal Militar.
Ao exame dos autos, constato de plano que o caso é complexo e a
denúncia bastante longa, com vinte e três páginas, diversas imputações
criminosas e dirigida contra trinta e nove acusados.
Reputo a denúncia apta a inaugurar a persecução penal, conquanto
descreve razoavelmente as ações do grupo criminoso destinadas a
fraudar licitações realizadas pelo 12º Batalhão de Suprimento do Exército,
em Manaus/AM.
A inicial aponta que empresários da cidade de Manaus em conluio
com militares do 12º Batalhão de Suprimento do Exército, contando com
o apoio de outras unidades militares fixadas em pontos estratégicos do
país, teriam perpetrado fraudes em licitações de suprimento de gêneros
alimentícios, no quantitativo de subsistência e no quantitativo de rancho.
Revela que a operacionalização das fraudes eram realizadas em
várias etapas, podendo-se citar como atividades principais para a
manipulação do processo licitatório: a escolha do tipo de licitação mais
favorável aos empresários, com a inclusão de cláusulas difíceis de serem
cumpridas por empresas não ligadas ao esquema, o extravio de
documentos dos concorrentes, a retirada dos concorrentes mediante
pagamento de suborno, o acerto prévio para definição dos vencedores,
além do fornecimento de informações privilegiadas pelos militares
corrompidos.
As empresas, além de vencedoras do certame, forneciam os gêneros

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alimentícios em quantidade e qualidade inferiores ao exigido no edital,


com agilização no pagamento pela entidade contratante.
Noticia outras atividades desenvolvidas pelo grupo, como o desvio
de gêneros do Comando Militar da Amazônia, posteriormente repassados
aos empresários receptadores. Informa que os gêneros recebidos em
quantidades inferiores ao especificado nas guias de fornecimento ou por
meio de guias frias eram transformados em dinheiro e divididos entre as
unidades militares colaboradoras.
Há ainda registro de retaliações funcionais sofridas pelos militares
subordinados que não consentiam com a empreitada, tais como a perda
de função de confiança e a não renovação de tempo de serviço dos
militares temporários.
Extraio, da longa denúncia, os seguintes trechos relativos às
condutas especificamente imputadas ao paciente:

“Caracterizado está, portanto, o repasse de informações


privilegiadas; gestões para troca do local de entrega de produtos
adquiridos; agilização de pagamentos e pressão sobre oficiais de OM
de Suprimento em benefício de empresários, por parte do Cel
FELIPPES.
Mas não é só. Está patenteado nos autos o conluio entre JOÃO
LEITÃO, Cel FELIPPES e Ten Cel OMAR, Scmt 21º B Sup, no final
do mês de dezembro de 2005, para mudança de local de entrega de
33943 Kg de peito de frango, destinadas ao 12º B Sup, de MANAUS-
AM para SÃO PAULO-SP.
Contando com a influência, principalmente de OMAR, JOÃO
LEITÃO e outros empresários articularam uma troca do local da
entrega da mercadoria, que originalmente deveria ir para o 12º B Sup
em MANAUS-AM e posteriormente estava sendo redirecionada para
o 21º B Sup. na capital paulista. Com essa manobra, LEITÃO,
CRISTIANO e ADALTO, estando irregulares no local da entrega de
mercadorias, conseguiriam entregar os produtos ainda em dezembro e,
assim, obtendo êxito na liquidação das mercadorias, contando com a
conivência do Cmt 12º B Sup. do SCmt 21º B Sup.
Cabe ressaltar que, devido à distância entre a origem da

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mercadoria e a cidade de Manaus, os produtos chegariam atrasados e


não poderiam mais ser liquidados em 2005, prejudicando os negócios
dos empresários e dos próprios militares, pois estes, conforme
mencionado em depoimentos, possuem um acordo de receberem 3,5%
de tudo que é liquidado durante o processo licitatório.
Tal negociação, caso não fosse entregue no 12º B Sup.
favoreceria, ainda mais, a empresa de JOÃO LEITÃO, pois o
desobrigava da logística de transporte no trecho SÃO PAULO –
MANAUS. (…)
Foi verificado que houve a liquidação de carnes de frango no 12º
B Sup, no mês de dezembro, onde se constata que há divergência no
processo de recebimento dos produtos especificados:
a) Nota fiscal 243, 7 Dez 05 – percebe-se que o laudo
referenciado na nota fiscal é um laudo de reinspeção, o que não procede
para o recebimento de material de empresas fornecedoras: não foi
encontrado o laudo de inspeção fiscal/LIAB a respeito dessa nota
fiscal.
b)Notas fiscais 280, de 26 Out 05 e 286, de 20 Dez 05 –
referem-se à carga de 33943 KG de peito de frango. Observa-se que há
incoerência entre a data de emissão do laudo fiscal 002/06, de 10 Jan
05 e a data de apropriação no sistema (26 Dez 05) e de pagamento (29
Dez 05). Pode, também, considerar que houve erro no ano de emissão
do laudo, de 2006 para 2005, pois na numeração consta o ano
(002/2006). Em sendo assim, fica caracterizado que houve o
pagamento em 29 Dez 05, sem que o material tenha sido recebido.
c) Não foi identificado o registro de entrada desses materiais no
Sistema Subsistência (SISSUB) do 12º B Sup, através dos números
das respectivas notas fiscais.
d) Não há registro da data de emissão da declaração de
recebimento e exame do material pela comissão, referente às notas
fiscais 280 e 286.
e) Por fim, comprova-se que tais materiais não foram recebidos
pelo 12º B Sup nas datas acima especificadas nas notas de sistema”.

Como se verifica no trecho transcrito, a imputação dirigida


especificamente contra o paciente diz respeito somente aos crimes em

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HC 106.904 / DF

torno dessa específica carga de 33.943 kg de peito de frango.


A denúncia imputa o fato também ao paciente com base na
afirmação de que as provas revelariam seu envolvimento específico na
mudança de local de entrega da mercadoria, o que teria propiciado a
prática dos crimes envolvendo esse fato, o favorecimento da empresa
contratada por não ter que arcar com o transporte até Manaus, a
liquidação do pagamento ainda em 2005, com o pagamento de percentual
de propina destinado aos militares.
Se a afirmada prova do envolvimento do paciente nessa troca de
local de entrega da mercadoria é suficiente para tê-lo como responsável
pelos crimes narrados na denúncia, isso é questão atinente ao mérito e
não à validade formal da denúncia.
Assim, embora a denúncia possa merecer críticas quanto à sua
formulação, dela consta alegação fática hábil a inaugurar a persecução
penal em Juízo, sem prejuízo do exercício da ampla defesa pelo paciente,
ante a suficiente indicação das condutas por ele praticadas e a imputação
nos delitos previstos nos artigos 303, 308, §1º, e 320 do Código Penal
Militar.
Saliento, por oportuno, que, embora o artigo 77 do Código de
Processo Penal Militar, repetindo, nessa parte, o teor do artigo 41 do
Código de Processo Penal, exija a exposição de todas as circunstâncias do
fato criminoso na denúncia, despiciendo que se teçam minúcias -
sobretudo em caso complexo, com diversos fatos delitivos imputados e
trinta e nove acusados. Afinal, a denúncia não necessita exaurir todas as
questões de fato e de direito envolvidas, tarefa reservada às alegações
finais. Nos dizeres de Guilheme Nucci:

“A peça deve indicar o que o agente fez, para que ele possa se
defender. Se envolver argumentos outros, tornará impossível seu
entendimento pelo réu, prejudicando a ampla defesa. (...) E não é na
denúncia nem na queixa que devem fazer as demonstrações da
responsabilidade do réu, o que deve se reservar para a apreciação final
da prova, quando se concretiza (ou não) o pedido da condenação.”
(NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado.

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HC 106.904 / DF

10ª ed. São Paulo: editora Revista dos Tribunais, 2011. P. 162).

Os fatos descritos não recomendam o trancamento da ação penal,


admitido somente diante de situações excepcionalíssimas. Pode-se confiar
no devido processo legal, com o trâmite natural da ação penal militar,
para prevenir de forma suficiente eventuais ilegalidades, abusos ou
injustiças no processo penal.
A esse respeito, a jurisprudência desta Corte orienta-se no sentido de
que “a concessão de habeas corpus com a finalidade de trancamento de
ação penal em curso só é possível em situações excepcionais, quando
estiverem comprovadas, de plano, a atipicidade da conduta, causa
extintiva da punibilidade ou ausência de indícios de autoria.” (HC
107412/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe 23.5.2012).
Do mesmo modo, os arestos verbis:

“(...) 5. É firme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal


quanto à excepcionalidade do trancamento de ação penal pela via
processualmente acanhada do habeas corpus. Jurisprudência, essa,
assentada na idéia-força de que o trancamento da ação penal é medida
restrita a situações que se reportem a conduta não-constitutiva de
crime em tese, ou quando já estiver extinta a punibilidade, ou, ainda,
se não ocorrentes indícios mínimos da autoria (HCs 87.310, 91.005 e
RHC 88.139, da minha relatoria; HC 87.293, da relatoria do ministro
Eros Grau; HC 85.740, da relatoria do ministro Ricardo
Lewandowski; e HC 85.134, da relatoria do ministro Marco Aurélio).
6. Não é inepta a denúncia que descreve, suficientemente, os fatos
supostamente ilícitos e permite o exercício da ampla defesa pelo
acusado. No caso, a peça ministerial pública descreveu as condutas
tidas por delituosas com todas as circunstâncias até então conhecidas,
de modo a permitir o amplo exercício do direito de defesa dos acusados.
7. Não cabe ao Supremo Tribunal Federal examinar, per saltum,
pretensão de desclassificação da conduta debitada ao paciente. 8.
Habeas corpus parcialmente conhecido e, nessa extensão, denegada a
ordem.” (HC 101066/GO), Rel. Min. Ayres Britto, 2ª Turma, DJe
6.3.2012).

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Voto - MIN. ROSA WEBER

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HC 106.904 / DF

“(...) 1. A inépcia da inicial e sua apreciação na via estreita do


habeas corpus exige a demonstração, de plano, de flagrante ilegalidade
ou abuso de poder, prima facie evidente na denúncia oferecida, de tal
sorte que não reclame a apreciação do acervo probatório. Precedentes:
HC 107839, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI,
Primeira Turma, julgado em 07/06/2011; HC 102730, Relator(a):
Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 08/02/2011;
HC 104271, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Segunda Turma,
julgado em 28/09/2010.” (HC 109308/RJ, Rel. Min. Luiz Fux, 1ª
Turma, DJe 26.3.2012).

Logo, deve-se dar ao processo uma chance, sem o seu prematuro


encerramento.
Ante o exposto, voto pela extinção do habeas corpus por sua
inadequação como substitutivo do recurso constitucional.
É como voto.

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Voto - MIN. MARCO AURÉLIO

Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 18

11/12/2012 PRIMEIRA TURMA

HABEAS CORPUS 106.904 DISTRITO FEDERAL

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Acompanho,


Presidente, muito embora saibamos que o Superior Tribunal Militar,
apesar da nomenclatura, não é propriamente um Tribunal Superior. É
uma Corte de Apelação. Mas, de qualquer forma, julgou o habeas corpus, e
aplica-se o preceito constitucional quanto ao cabimento do ordinário para
este Tribunal, para o Supremo, e não do extraordinário.

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Decisão de Julgamento

Inteiro Teor do Acórdão - Página 18 de 18

PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

HABEAS CORPUS 106.904


PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATORA : MIN. ROSA WEBER
PACTE.(S) : OMAR SANTOS
IMPTE.(S) : EDUARDO ANTONIO MIGUEL ELIAS E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL MILITAR

Decisão: A Turma julgou extinta a ordem de habeas corpus por


inadequação da via processual, nos termos do voto da Relatora.
Unânime. Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli. 1ª Turma,
11.12.2012.

Presidência do Senhor Ministro Dias Toffoli. Presentes à


Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Luiz Fux e Rosa Weber.

Subprocurador-Geral da República, Dr. Wagner Mathias.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Secretária da Primeira Turma

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